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LISE, A.A. Tomisideos neotropicais V: Revisão do gênero
Onocolus SIMON, 1895 (Araneae, Thomisidae, Ste-
phanopsinae).......--..-+-.reneseeneneneneenen en p. 3
BRAUN, P.C.; BRAUN, C.A.S. & PINEDA, M.D.S.
Ocorröncia de Physalaemus nanus (BOULENGER,
1888), no Estado do Rio Grande do Sul (Anura, Lep-
todactylidae)..... a a REN ARE ee Rep p. 99
MOTHES DE MORAES, B. Ocorrência de Erylus topsenti
LENDENFELD, 1903 na costa do Rio de Janeiro
(Porifera, Demospongiae)......... cce rsreo p. 105
BRAUN, P.C. & BRAUN, C.A.S. Ocorrência de Hyla
pinima BOKERMAN & SAZIMA, 1973 no Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae).......... p. 113
GASTAL, H.A. de O. Lista preliminar dos Asopinae do
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Insecta, Hemip-
tera, Pentatomidae) ...-- «++ --+++-rrrr er eneennnee ne p. 119
LISE, A.A. Tomisideos neotropicais VI: Sidyma kolpogas-
ter LISE, 1973 descricäo do macho e nova ocorrência
(Araneae, Thomisidae, Stephanopsinae) .............- p. 129
Museu de Ciências Naturais da
Fundacäo Zoobotänica do Rio Grande do Sul
Publicado com auxilio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolögico
(CNPq). Processo nº 40.3065 /79
FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL
Entidade de direito privado, instituída pela Lei Estadual nº 6497 de 20/12/72.
EOCEONANICa: (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura).
Governador do Estado
JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA
Secretário de Estado da agricultura
BALTHAZAR DE BEM E CANTO
Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
JOSE WILLIBALDO THOME
* Diretoria da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul
Diretor-Superintendente 3
JOÃO PEDRO RANQUETAT PAPALEO
Diretores-Executivos
do Jardim Botânica — MARTA ELENA FABIAN
do Museu de Ciências Naturais — HERACLIDES SANTA HELENA
do Parque Zoológico — HELIO FERNANDO SARAIVA
Impresso com autorização e sob a responsabilidade do
Diretor Superintendente da FZB (alínea d),
art. 14, dos Estatutos — Decreto RS
nº 22.683/73).
Tomisideos neotropicais V: Revisão do gênero Onocolus SIMON,
1895 (Aranae, Thomisidae, Stephanopsinae)*
Arno Antonio Lise**
SNITASONA
NOV 3 di
RESUMO
No presente trahã : da fevisão do gênero Onocolus SIMON, 1895. As es-
pécies O. biocellatus MEL D- ITÃO, 1948, O. compactilis SIMON, 1895, O. echinatus
(TACZANOWSKI, 1873), O. echinicauda MELLO- -LEITÃO, 1929, O. echinurus MELLO-
LEITÃO, 1929, O. episcopus MELLO-LEITAO, 1934, O. granulosus MELLO-LEITÃO,
1929, O. infeliz MELLO-LEITÃO, 1940, O. pentagonus (KEYSERLING, 1880), O. per-
ditus MELLO-LEITÃO, 1929, O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915 e O. trifolius MELLO-
LEITÃO, 1929 são redescritas e ilustradas.
O. mendax SOARES & SOARES, 1946 é considerada sinônimo de O. infelix MEL-
LO-LEITÃO, 1940.
Paranocolus intermedius MELLO-LEITÃO,1929, a única espécie que compõe o
gênero é considerada sinônimo de O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934.
O macho de O. simoni descrito por MELLO-LEITÃO em 1915 é, na realidade, o
macho de O. garruchus LISE, 1978.
São descritos pela primeira vez, os machos de O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934
e O. infelix mello-LEITÃO, 1940.
As espécies O. pallescens BRYANT, 1940, O. granulata( sic) BRYANT, 1940 e O.
venustus BRYANT, 1948, as duas primeiras descritas para Cuba e a última para o Haiti
e República Dominicana, não são incluídas no presente trabalho por não pertencerem ao
gênero ora revisto.
É confirmado o status de O. stolzmanni (KEYSERLING, 1880), (CAMBRIDGE,
F.O.P. -, 1900: 160) como Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, concordando com
BANKS (1902).
ABSTRACT
Thespider genus Onocolus SIMON, 1895 is revised.
The twelve known species O. biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948, O. compactilis
SIMON, 1895, O. echinatus (TACZANOWSKI, 1873), O. echinicauda MELLO-LEITAO,
1929, O. echinurus MELLO-LEITÃO, 1929, O. episcopus MELLO-LEITAO, 1934, O.
granulosus MELLO-LEITÃO, 1929, O. infeliz MELLO-LEITÃO, 1940, O. pentagonus
(KEYSERLING, 1880), O. perditus MELLO-LEITÃO, 1929, O. simoni MELLO-
LEITÃO, 1915 and O. trifolius MELLO-LEITÃO, 1929 are redescribed and drawn.
* Trabalho aceito para publicação em 29/X1/1979. Contribuição FZB nº 161.
Parte da Tese defendida e aprovada em Concurso à Livre-Docência de Zoologia, realizado de 16
a 18.05.1977 na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS. Professor Adjunto de Zoologia na PUC-RS.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
4 LISE, A. A.
The specific name O. mendax SOARES & SOARES, 1946 is newly synonymized
with O. infelix MELLO-LEITÃO, 1940.
The male of O. simoni described by MELLO-LEITÃO in 1915 is considered as being
the male of O. garruchus LISE, 1979.
Paranocolus intermedius MELLO-LEITÃO, 1929, the single species described for
the genus is synonymized with O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934.
The male of O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934 and O. infelix MELLO-LEITÃO,
1940 are described for the first time.
The species O. pallescens BRYANT, 1940, O. granulata (sic) BRYANT, 1940 and
O. venustus BRYANT, 1948, the first two ones described from Cuba and the third one
from Haiti and Republica Dominicana are taken out of the genus now revised by not belonging
to it.
The status of O. stolzmanni (KEYSERLING, 1880), (CAMBRIDGE, F.O.P. -
1900:160) is sustained as Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, according to BANKS
(1902).
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é o sexto de uma série que tem por objetivo
realizar a revisão dos gêneros que integram a subfamília Stephanopsi-
nae, com representantes na fauna brasileira.
O gênero Onocolus SIMON, 1895 ora revisaão, tem ocorrência
registrada até o presente, para as Antilhas, América Central e do Sul. A
quase totalidade das espécies que integram o gênero são restritas ao
Brasil.
Face à escassa exploração araneológica da Região Neotropical,
mormente no que diz respeito aos Thomisidae, aliada à raridade de
representantes deste gênero, é bem provável que novas espécies ainda
estejam por ser descobertas.
A exigua quantidade de exemplares de cada espécie encontrada nas
coleções ora examinadas, motivada talvez, pela falta de emprego de tec-
nicas adequadas de coleta, tendo-se em vista o habitat exclusivamente
arboricola e o diminuto tamanho dos espécimes, é um fator limitante no
estudo do gênero em questão.
Coletas intensivas e extensivas, empregando-se uma metodologia
de captura adequada ao habitat eminentemente arboricola das espécies,
utilizando-se o guarda-chuva entomológico, poderiam prover as coleções
de material mais abundante, propiciando o exame de séries regionalmen-
te representativas de espécimes de ambos os sexos e em diferentes es-
tágios de desenvolvimento, o que possibilitaria uma conceituação precisa
das espécies.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 5
A revisão deste gênero tem por objetivo dar uma conceituação
mais sólida às espécies conhecidas, baseada na redescrição dos tipos,
fornecendo elementos para futuros estudos que tentem estabelecer as
relações filogenéticas dos representantes da subfamília Stephanopsinae.
MATERIAL E MÉTODOS
COLEÇÕES ESTUDADAS
Durante a elaboração do presente trabalho foram examinados espécimes depositados
nas seguintes instituições:
BMNH -— British Museum (Natural History), Londres, Inglaterra.
MCZC — Museum of Comparative Zoology, Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos
da America.
MNHN — Museum National D’Histoire Naturelle, Paris, Franca.
MNRJ — Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
MZSP — Museu de Zoologia da Universidade de Säo Paulo, Säo Paulo, SP, Brasil.
MCN — Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, RS, Brasil
ILUSTRAÇÕES
Todas as ilustrações foram elaboradas pelo autor, usando um microscópio estereos-
cópico Wild-M5 com câmara clara.
Machos e fêmeas de todas as espécies para as quais estes são conhecidos são ilus-
trados pela primeira vez sob vários aspectos morfológicos considerados de importância
taxonômica, obedecendo sempre um mesmo critério.
As ilustrações foram elaboradas preferencialmente sobre o tipo. No caso da existên-
cia de séries típicas ou de vários exemplares da espécie configurada e, na impossibilidade
de se particularizar o espécime desenhado através de uma numeração própria, este foi
colocado no mesmo frasco da série, em tubo individual, possibilitando desta forma sua
futura identificação.
MEDIDAS
Todas as medidas são expressas em milímetros e foram obtidas com ocular mi-
crometrica.
Os diâmetros oculares são expressos em relação ao maior diâmetro da córnea, obser-
vada em vista de perfil, o que elimina erros de visualização motivados geralmente pela
maior ou menor pigmentação do olho, quando observado frontalmente.
. Para as distâncias interoculares e para todos os dados biométricos expressos em
função do posicionamento e diâmetro dos olhos, seguimos os conceitos propostos por
LISE (1973:27): O comprimento e a largura da área ocular média (área dos olhos médios)
são sempre tomados em suas maiores dimensões. O comprimento é tomado colocando-se o
espécime de tal forma que o eixo longitudinal do cefalotórax forme um ângulo de apro-
ximadamente 45º com a platina do microscópio. A largura é tomada na borda externa dos
olhos médios posteriores. Assim procedendo tem-se em vista expressar o maior com-
primento e a maior largura da área ocular média, uma vez que os olhos, via de regra, es-
tão dispostos em dois planos, os anteriores frontalmente e os posteriores dorsalmente.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
6 LISE, A. A.
Para referir a curvatura das filas oculares anterior e posterior é utilizada a nomen-
clatura aqui proposta, referida em glossário.
As distâncias entre os olhos da fila anterior são expressas em função do diâmetro
dos olhos médios anteriores e, para os da fila posterior, do diâmetro dos olhos médios
posteriores.
As medidas de comprimento dos artículos das pernas e dos pedipalpos foram to-
madas segundo o esquema da fig. I. O diâmetro do fêmur e a largura dos demais arti-
culos do pedipalpo são tomados em suas porções respectivamente, mais espessa e mais
larga.
O comprimento do cefalotórax é tomado a partir da borda anterior do clipeo, quando
este for proclive e, portanto, visível em vista dorsal ou, então, a partir da borda anterior
dos olhos médios anteriores quando o clipeo for vertical, até sua porção mais distal. A
largura é tomada em seu terço posterior, porção em que atinge a largura máxima.
O comprimento e a largura do abdômen sempre incluem os tubérculos posterior e
laterais.
Face a escassez de material deste gênero, nas coleções examinadas, resumindo-se as
séries típicas, quando existentes, a um número reduzido de espécimes, não raramente
existindo apenas o holótipo e, mesmo este por vêzes não foi localizado, torna-se impos-
sível dar um tratamento estatístico à biometria das espécies. Face a isto, as medidas
referidas nas redescrições representam, sempre que possível, as do tipo.
EXAME DOS TIPOS E SELEÇÃO DOS LECTÓTIPOS
Não foram examinados os tipos de O. echinatus (TACZANOWSKI, 1872), O. pen-
tagonus (KEYSERLING, 1880) e O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915, apesar dos esforços
dispendidos no sentido de localizá-los.
De O. echinatus (TACZANOWSKI, 1872) não foi obtida qualquer informação que
conduzisse à localização do tipo, o mesmo acontecendo em relação ao tipo de O. penta-
gonus (KEYSERLING, 1880) o qual consta estar depositado “In der sammlung der
Universitat in Warschau”.
De O. pentagona SIMON, 1895( sic) (= O. simoni MELLO-LEITÃO. 1915) exami-
namos o material do Museum National d'Histoire Naturelle de Paris, etiquetado como tal,
porém, nenhum dos lotes apresentava dados de coleta referindo “Brasilia: Rio” com o que
não se tem notícia do paradeiro do exemplar fêmea pulus usado por SIMON, (1895: 440-1)
para descrever a espécie e que seria o holótipo.
De Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, referido por CAMBRIDGE, F.O.P.
— (1900:160) como “O. stolzmanni (KEYS)”, recebemos do Dr. Starega do “Institut
Zoologiczy , Polska Akademia Nauk”, dois espécimes etiquetados como “Tmarus stolz-
manni Keyserl Tombillo-Peru leg. Y. Satoleman. detm. E. Keyserling, Syntipi”. Os
exemplares em questão pertencem à família Sicariidae, com o que julga-se ter ocorrido
troca de etiquetas, embora os dados de coleta coincidam com os referidos por KEYSERLING
(1880), para a espécie acima.
Sempre que necessário, foram designados lectótipos e paralectótipos. Neste caso
foram confeccionadas etiquetas com as correções propostas que passam a acompanhar as
etiquetas originais.
GLOSSÁRIO
1. Borda anterior do abdômen: é o segmento antero-dorsal do abdômen. ;
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 7
2. Bordas laterais anteriores do abdômen: são os segmentos latero-dorsais do abdômen
compreendidas entre a borda anterior e os tubérculos laterais.
3. Contornos posteriores: representam a curvatura posterior do cefalotórax a nível da
quarta perna.
4. Fila levemente recurva: diz-se da fila ocular quando, passando-se uma linha tangente
à borda posterior dos olhos médios, esta seccionar os olhos laterais.
5. Fila recurva: é aquela em que ao se passar uma linha tangente à borda posterior dos
olhos médios, esta for tangente à borda anterior dos olhos laterais.
6. Fila fortemente recurva: é aquela em que duas linhas paralelas, uma passando tan-
gente à borda posterior dos olhos médios e outra à borda anterior dos laterais, es-
tiverem separadas por um mínimo de meio diâmetro dos olhos médios.
7. Fila dos olhos médios: corresponde a largura anterior da área ocular média.
8. OMA: olhos médios anteriores.
9. OLA: olhos laterais anteriores.
10. OMP: olhos médios posteriores.
il. OLP: Olhos laterais posteriores.
12. Bulbo espermático: porção mais dilatada dos espermioductos, situada no limite entre
os ductos aferentes, de deslocamento postero-anterior, e os ductos eferentes, de
deslocamento antero-posterior.
HISTÓRICO
SIMON, em 1895a, cria o gênero Onocolus com base na espécie Stephanopis
echinata (TACZANOWSKI, 1873), a qual passa a ser a espécie tipo.
Ainda em 1895b, SIMON descreve O. compactilis e O. pentagona (sic).
Em 1900, CAMBRIDGE, F.O.P. -, cita O. echinatus (TACZANOWSKI, 1873), O.
pentagonus (KEYSERLING, 1880), O. compactilis SIMON, 1895 e O. stolzmanni (REY.
SERLING, 1880) como espécies integrantes do gênero, ao mesmo tempo em que fornece
alguns desenhos do macho e da fêmea de O. pentagonus (KEYSERLING, 1880).
Em 1915, MELLO-LEITÃO, considerando que 0. pentagona( sic )JSIMON, 1895 era
nome pré-ocupado pela espécie O. pentagonus (KEYSERLING, 1880), estabelece O.
simoni como nomem novum.
Em 1929, MELLO-LEITÃO descreve como novas as espécies O. echinurus, O.
granulosus, O. trifolius e O. echinicauda.
Em 1934, MELLO-LEITÃO descreve O. episcopus com base em uma única fêmea
coletada no Rio de Janeiro.
BRYANT, em 1940, descreve O. pallescens e O. granulata (sic )para Cuba.
Em 1940, MELLO-LEITÃO amplia o número de espécies com a descrição de O. in-
felix, com base em uma fêmea coletada em Rio Negro, Paraná, Brasil.
SOARES & SOARES, em 1946, descrevem O. mendax com base em um único macho,
coletado em Rio São José, Colatina, Espírito Santo, Brasil.
MELLO-LEITÃO, em 1948, descreve O. biocellatus do Rio Yawakuri, Guiana.
BRYANT, em 1948, acrescenta ao gênero a espécie O. venustus para o Haiti e
República Dominicana.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Sr LISE, A. A.
As espécies do gênero Onocolus são listadas alfabéticamente, sem serem discutidas,
nos catálogos de PETRUNKEVITCH (1911). ROEWER (1954) e BONNET (1958).
Finalmente, LISE, em 1979a-d descreve O. garruchus, O. mitralis, O. latiductus e
O. eloaeus.
REDESCRIÇÃO DO GÊNERO ONOCOLUS SIMON, 1895.
Onocolus SIMON, 1895a: 1053
Onocolus: PETRUNKEVITCH, 1911:414 (citação).
Onocolus: PETRUNKEVITCH, 1928:162 (citação).
Onocolus: ROEWER, 1954:757 (citação).
Onocolus: BONNET, 1958:3184 (citação).
Paranocolus MELLO-LEITÃO, 1929:79 n. syn.
Espécie tipo: Onocolus echinatus (TACZANOWSKI, 1873) de Gayenne, Guiana.
Dimorfismo sexual bem evidente: Cefalotórax tão longo quanto
largo ou levemente mais longo do que largo, plano ou quase plano nas
fêmeas, nitidamente convexo nos machos. Olhos anteriores em fila le-
vemente recurva ou recurva, os médios geralmente menvres e mais afas-
tados um do outro, mais próximos dos laterais. Olhos posteriores em fila
reta, exceto em O. compactilis em que é levemente recurva. Olhos
médios geralmente mais afastados um do outro do que dos laterais ou
equidistantes.
Lábio mais largo do que longo.
Esterno geralmente mais longo do que largo ou tão longo quanto
largo, de ápice geralmente arredondado nas fêmeas e truncado nos.
machos contornos arredondados ou quase nas fêmeas, muito recortados e
“hanfrados, em geral, nos machos.
Área ocular média retangular ou levemente trapezoidal.
Clipeo baixo com tubérculos setiferos e cerdas na borda inferior.
Pernas I e II muito maiores e mais robustas do que III e IV, com
tubérculos setiferos em número e tamanho variáveis nos fêmures, patelas
e basitarsos; tibias e basitarsos com espinhos bisseriados na face an-
terior; tibias, basitarsos e tarsos com tricobótrias na face posterior. Per-
nas posteriores múticas ou com um número reduzido de pequenos tuber-
culos setiferos. Unhas tarsais pectinadas. Fascículo subunguenal pouco
denso.
Abdômen pentagonal com ou sem tubérculos nos três vértices pos-
teriores, estes, às vezes, muito eminentes.
Queliceras com três dentes na promargem e dois na retromargem
do sulco unguenal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... o
Palpo do macho: patelas e tíbias curtas, com tubérculos setiferos;
a tibia com uma apófise retrolateral, geralmente longa e curva com um sulco
longitudional ou na face lateral. Cymbium ovaldo, de dorso piloso, podendo
apresentar grossos pêlos nas bordas. Tegulum de superfície ventral quase
plana. Embolus emergindo diretamente do tegulum, enrolado em espiral sob
este último.
Genitália da fêmea: aberturas de fecundação diminutas, de difícil
visualização, sem espessamentos quitinosos. Às aberturas seguem-se
dois ductus aferentes cujo comprimento varia conforme a espécie. São de
percurso póstero-anterior e desembocam num par de bulbos espermá-
ticos. Tais canais apresentam-se sob dois padrões bem definidos: curtos,
com leve curvatura, divergentes, até atingirem os bulbos espermáticos;
ou longos, descrevendo um enrolamento póstero-anterior em helicóide,
com um número variável de voltas. Os bulbos espermáticos apresentam
formato e volume variáveis. Ao bulbos seguem-se dois ductos esper-
máticos eferentes, de calibre nitidamente maior do que os anteriores,
que descrevem um movimento ântero-posterior, enrolados ou não em
heliccóide, e que desembocam nas espermatecas. Estas são em número
de um par e de posição posterior às estruturas já mencionadas, logo à
frente de prega epigástrica.
CHAVE DICOTÔMICA PARA AS ESPÉCIES
IPREemen ed a DI o e SRT E jo ROSE AS VS EE 2
= MINAS aiii ro aut te REU DAR O DDR RR DR E STR 15
2. Espermioductos não enrolados em helicöide............:2.22ec2eeeseeeoeeeeann en 3
— Espermioductos enrolados em helicóide; tibias I e II com 3 tubérculos setiferos an-
teriores apicais, o mediano no centro da face anterior .............cccccccccco. 11
guto gumentos muito: CErdOSOSE. eras soro) eita an unia ia gelo ne ne einen ee nee fee a E 4
— Tegumentos pouco cerdosos ou múticos ...........ccccciccscrescrescrasserras 7
4. Abdômen sem tubérculos posteriores, apresentando duas grandes manchas dorsais.
Tegumentos densamente revestidos de longas e delgadas cerdas. Cefalotórax baixis-
SATA OA bro eco MEP Fe a pd esse À cr tora coiso Upside ds O. biocellatus
— Abdömen com tubérculos posteriores bem salientes ............ccccicicicisseeos 5
5. Bulbos espermäticos esféricos muito pequenos, canais aferentes curtissimos, pene-
trando nos bulbos pela face ventral, medianamente. Tubérculo posterior do abdômen
muitoslongo muito cerdosoR e Ra RR RR O. garruchus
— Bulbos espermáticos mais volumosos do que as espermatecas .................... 6
6. Bulbos espermáticos muito mais volumosos do que as espermatecas. Canais aferentes
curtos. Aberturas de fecundação situadas logo acima das hastes longitudinais do
EPIEINOMIRA SOME Gm GB FOR RE ER RT MO o ERA ITA O. echinurus
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
10
LISE, A. A.
— Bulbos espermáticos um pouco mais volumosos do que as espermatecas. Canais
10.
JUL,
12.
13.
14.
15.
aferentes curtíssimos sendo a comunicação entre as aberturas de fecundação e os bul-
bos espermáticos feita quase diretamente. Tegumentos densamente revestidos de cer-
das. Tubérculo posterior do abdômen muito longo e robusto ......... O. echinicauda
. Tegumentos cefalotorácicos. granulosos. Bordas anterior e laterais do abdômen com
curtas e grossas cerdas em tubérculos setiferos bem salientes. Borda do clipeo com
quatro tubérculos setiferos muitoevidentes..............22cceneeeennennen O. mitralis
Tegumentos cefalotorácicos lisos ou muito fracamente granulosos ................ 8
. Abdömen mais longo do que largo, muito espesso, com tubérculos laterais insigni-
ficantes e tuberculc posterior muito conspicuo e grosso. Canais aferentes curtos, bul-
bos espermáticos mais volumosos do queas espermatecas. ........... O. compactilis
Abdômen mais largo do que longo, pouco espesso, nitidamente pentagonal com
tubérculos laterais e posterior conspicuos.............cccccicciccarire cerca 9
. Abdômen com ombros anteriores muito evidentes, tubérculo posterior muito longo.
Tegumentos lisos. Bulbos espermáticos em forma de um grande “U” deitado. Aber-
turas de fecundação na borda posterior das espermatecas................. O. infelix
Abdomên sem ombros anteriores. Borda anterior reta ....... cc 10
Clípeo com uma fila transversal de cerdas em sua borda inferior. Bulbos espermáticos
quase do mesmo volume das espermatecas. Aberturas de fecundação na borda pos-
terior das espermatecas. Abdômen de dorso em geral coberto por uma grande mancha
marrom-avermelhada.. pj sr je cmi re no iodo esto ooo co oUfo PE No RAR ERRA SER O OR O. episcopus
Clipeo com quatro ou cinco cerdas medianas e mais uma em. cada ângulo lateral.
Bulbos espermáticos nitidamente menos volumosos do que as espermatecas, estas es-
féricas. Tubérculos laterais e posterior do abdômen, granulosos. ........ O. trifolius.
Canais aferentes penetrando nos bulbos espermáticos pela promargem. Fêmures I e II
com poucos tubérculos setiferos na face anterior. Tibias I e II pouco arqueadas......
4 de Modo Fa vel pote dedo Va Nao Me a o a tamo EA o opa oo PAR RP RR u LH R O. granulosus
Canais aferentes penetrando nos bulbos espermáticos pela retromargem. Fêmures I e
II com tubérculos setiferos mais abundantes .............cccccciccsirs cs 12
Tubérculos laterais e posterior do abdômen bem pronunciados, o posterior maior .. 13
Tubérculos laterais pouco nítidos, o posterior curto € grosso .............ccccco. 14.
Tubérculos laterais e posterior do abdômen delgados. Os laterais voltados para trás,
pouco cerdosos. Aberturas de fecundação sobre as espermatecas. Canal aferente des-
crevendo duas voltas em helicöide ...........2ccceoeeeeseeeeneanen O. pentagonus
Tubérculos laterais e posterior do abdômen grossos. Aberturas de fecundação muito
pequenas, medianas, imediatamente à frente das hastes longitudinais... O. echinatus
Canais aferentes curtos, descrevendo menos do que duas voltas. Aberturas de fecun-
dação sobre as hastes longitudinais. Região cefálica com uma fila longitudinal de cer-
das nas bordas inferiores, lateralmente ........ con ee en O. simoni
Canais aferentes muito longos. Aberturas de fecundação um pouco à frente das hastes
longitudinais, as STS RO AU DÃO e PAT wer end .. O. latiductus
Área interocular ornada de oito potentíssimos tubérculos munidos de grossissima cer-
da espiniforme, os situados atrás dos OMA nitidamente maiores. Apófise tibial do
pedipalpo longuíssima. Face ventral das coxas I com filas de pequenas cerdas .... 16
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 11
— Área interocular com tubérculos muito menores ou mútica. Apófise tibial de pedipal-
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
‚23.
po dificilmente ultrapassando a metade do cymbium. Coxas I sem as cerdas na face
ventralo RT. Tee ee SE N LE 2 CIR DER Rad 17
Tuberculos laterais e posterior do abdömen longos e delgados, munidos de grossas e
curtas cerdas espiniformes. Gancho dorsal da base da apöfise tibial do tarso, curvo,
mao lespinalad or Ele late auelonsherene bs so MORE] eras dá o tale O. echinatus
Tubérculos laterais e posteriores do abdômen curtos, o posterior mais largo, todos
munidos de duas grossas cerdas apicais. Gancho dorsal da base da apófise tibial do
tarsoreurvorem’espiralt.. tamem a ee dia gás a DA ee MAR a O. pentagonus
Abdômen fortemente cerdoso ...........cccccicc rer rneenn 18
Abdômen fracamente cerdoso ou mÚticO..........cccccc 19
Clipeo com duas grossas cerdas medianas na borda inferior, com uma forte projeção
quitinosa entre e abaixo delas. Cefalotórax com tubérculos setiferos armados de gros-
sas cerdas, dispostas sem filas longitudinais. Embolus curto. ........... O. garruchus
Clípeo com cerdas em toda a borda anterior, dispostas em duas filas transversais,
superpostas. Borda inferior dos contornos laterais do cefalotórax com cerdas curvas,
dispostas longitudinalmente, raras no dorso. Embolus descrevendo uma curvatura de
180yerausHrar.. age bo o ENS E RD el CNS a ba a O. echinicauda
Embolus curto, descrevendo uma curvatura não superior a 180 graus ............ 20
Embolus longo, descrevendo uma curvatura superior a 180 graus................ 21
Abdömen em forma de mitra. Apófise tibial de pedipalpo curta, espatulada. Clipeo
com uma projeção mediana muito saliente armada de quatro cerdas ...... O. mitralis
Abdômen globóide. Apófise tibial de pedipalpo curta, não atingindo o meio do cym-
bium. Clípeo com um par de cerdas medianas na borda inferior e entre estas outras
muitosimenores A Mi MS ee ee O. perditus
Erontejerareaiocular MULICAS). acc can een nee E Va era anta soa eai ab ara RS 22
Frontee área ocular com tubérculos setiferos......... 22.2222 c see eeae onen anne 23
Tuberculos laterais e posterior do abdömen bem demarcados. Bordas anterior e la-
terais anteriores do abdômen com tubérculos setiferos conspicuos. Borda inferior do
clípeo com quatro cerdas medianas ............22n0neeneeneenennnn nenn O. eloaeus
Tubérculos laterais e posterior do abdômen pouco demarcados. Bordas anterior e
laterais do abdômen sem tubérculos setiferos e cerdas. Clipeo com diminutas cerdas
na borda inferior. Embolus descrevendo um enrolamento de aproximadamente 450
ERES od ER Dagps RR Ro Da AS ARENA Rye : O. compactilis
Clipeo com uma fila transversal de grossas cerdas espiniformes na borda inferior,
ocupando todaia sua extensão SAD a een nenne O. episcopus
Clípeo com apenas duas ou quatro cerdas medianas na borda inferior. Com um par de
tubérculos setiferos atrás dos OMA, um de cada lado entre os OLA e OLP e atrás
dosOBP 2 2. Seres a erra a e op MR EPI SRS retas ee ANS ja A O. infelix
REDESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES
Onocolus biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948
(Figs. 6-11)
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev 1981
12. LISE, A. A.
Onocolus biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948:178.
MATERIAL-TIPO: Holótipo q BMNH 1923-VII.23.66, Rio Yawakuri, sec. 3,
Guiana, VII.1919, A.A. Abrahamleg.
LOCALIDADE-TIPO. Rio Yawakuri, Guiana.
REDESCRIÇÃO - Fêmea (macho desconhecido).
Comprimento total — 5,750
Cefalotórax fulvo. Esterno levemente mais claro do que o cefa-
lotórax, tendendo para o amarelado. Lâminas maxilares, lábio, queli-
ceras e pedipalpo amarelos, o mesmo acontecendo com as pernas.
Abdômen de dorso amarelo, reticulado de branco com duas gran-
des manchas circulares ao nivel dos ângulos laterais, de coloração cas-
tunha, com um anel central marrom. Faces laterais amarelo esbran-
quiçadas. Ventre amarelo com algum reticulado branco. Declive pos-
terior amarelo com manchas marrons, esparsas.
Cefalotórax tão longo quanto largo (2,750), baixo (1,125), de lados
regularmente arredondados. Dorso plano revestido de inúmeros tuber-
culos curtos dos quais emergem longas cerdas. Região cefálica estreita,
muito projetada para diante, de lados paralelos.
Olhos anteriores em fila moderadamente recurva, os médios me-
nores do que os laterais (0,100 x 0,150). Olhos médios separados entre si
por um diâmetro e meio (0,150) e por apenas meio diâmetro dos laterais
(0,050).
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho
dos médios anteriores (0,100). Olhos médios posteriores separados entre
si por dois diâmetros e um quarto (0,225) e por um diâmetro e um quarto
(0,125) dos laterais.
Área ocular média mais larga do que longa (0,425 x 0,375), mais
estreita na região anterior (0,375). Atrás dos OMA existem dois pe-
quenos tubérculos munidos de longas e delgadas cerdas e três de cada
lado atrás dos OLA e dos OLP.
Clipeo vertical, transversalmente convexo, com cinco tubérculos
medianos na borda inferior, munidos de fortes cerdas e mais uma série
de pequenos tubérculos lateralmente aos medianos, igualmente munidos
de cerdas bem menores do que as medianas.
Altura do clipeo menor do que a fila dos OMA (0,250 x 0,375),
mais baixo do que a área ocular média (0,250 x 0,425) e equivalente a
dois diâmetros e meio dos OMA.
Queliceras muito mais longas do que largas (0,700 x 0,450) com a
face anterior revestida de longas cerdas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Esterno levemente convexo, quase liso, com apenas alguns pêlos
escassos, região anterior levemente escavada e posterior arredondada,
mais longo do que largo (1,300 x 1,125).
Lâminas maxilares de comprimento exatamente o dobro da largura
(0,600 x 0,300), levemente convergentes no ápice, este subquadrado,
com pêlos na borda interna.
Lábio mais largo (0,500) do que longo (0,350), de ápice arredon-
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares, revestido de lon-
gos pêlos, mais abundantes no ápice.
Abdômen pentagonal, sem tubérculos, mais largo do que longo
(4,250 x 3,375), pouco espesso (1,950), de dorso plano, com algumas cer-
das longas e delgadas. Borda anterior e bordas laterais anteriores, com
longas cerdas espiniformes. Declive posterior com alguns tubérculos
muito salientes, rodeados por uma área granulosa, dos quais emergem
potentes cerdas espiniformes. Faces laterais do abdômen com raras e di-
minutas cerdas. Ventre revestido de densa pubescência. Epigino com recep-
táculos seminais fulvos, muito escuros e duas hastes longitudinais medianas
muito longas, chegando quase ao pedicelo.
Perna I: fêmur com abundante tubérculos principalmente nas faces
anterior e posterior, munidos de longas cerdas espiniformes, erectas.
Patela igualmente munida de tubérculos e cerdas. Tibia com 2-2-2 fortes
espinhos anteriores emergindo de cavidades articulares muito salientes.
Entre os espinhos existem longos pêlos. Face posterior com muitas cer-
das, face dorsal com algumas e face ventral lisa. Basitarso com 2-2-2
fortes espinhos anteriores. As demais faces com raros e diminutos tubér-
culos munidos de pequenas cerdas. Tarso de ápice mais dilatado do que
a base.
Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I, porém, com
menor número de tubérculos e cerdas. Tibia semelhante a I, de espinhos
anteriores maiores. Basitarso com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e
mais 1 dorsal, apical. Demais elementos iguais aos da perna I. Tarso igual ao
da perna I.
Perna III: fêmur praticamente liso. Patela e tibia com poucos
tubérculos na face posterior, munidos de pequenas cerdas. Basitarso de
face anterior munida de fortes e abundantes cerdas e face posterior com
alguns tubérculos setiferos. Tarso com fortes cerdas na face anterior.
Perna IV: semelhante a III, porém, com todos os artículos, exceto
o fêmur, dotados de um maior número de tubérculos setiferos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
14 LISE, A. A.
Pedipaldo: fêmur três vezes mais longo do que o diâmetro (0,750 x
0,250). Patela mais longa do que larga (0,375 x 0,250), densamente
revestida de longas cerdas. Tibia bem mais longa do que larga (0,425 x
0,275), com muitas cerdas e várias tricobótrias no centro da face dorsal.
Tarso quase três vezes mais longo do que largo (0,550 x 0,200), todo
revestido de longas e delgadas cerdas.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Guiana.
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Esta espécie distingue-se das
demais do gênero por apresentar o cefalotórax muito largo e delgado,
totalmente plano; pela ausência de tubérculos abdominais e, finalmente,
por apresentar os tegumentos totalmente revestidos e abundantes e lon-
gas cerdas.
MATERIAL EXAMINADO
GUIANA. Rio Yawakuri, sec. 3, VII.1919, A.A. Abraham leg. 1 9 BMNH 1923-
V11.23.66.
OBSERVAÇÕES
MELLO-LEITÃO (1948), ao se referir à fila dos olhos anteriores,
diz que é fortemente recurva quando, na reasidade, formam uma fila
levemente recurva. Em relação aos olhos médios anteriores, diz serem
duas vezes menores do que os laterais. Tal relação não se verifica, uma
vez que são apenas um terço menores. A equidistância entre os olhos
anteriores também não se verifica, uma vez que os médios distam um
diâmetro e meio um do outro e, apenas meio diâmetro dos laterais. Em
relação aos olhos posteriores diz que os médios estão duas vezes mais
separados um do outro do que dos laterais. Tal relação não é perfeita uma
vez que os médios distam um do outro 0,225 e dos laterais 0,125.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 15
Onocolus compactilis SIMON, 1895
(Figs. 12-26)
Onocolus compactilis SIMON, 1895b:441.
Onocolus compactilis: PETRUNKEVITCH, 1911:414.
Onocolus compactilis: MELLO-LEITÃO, 1929:69.
MATERIAL-TIPO. Lectótipo ? MNHN 3958 e paralectötipos 3 de 4 2? MNHN
3958-A (designação presente), na coleção E. Simon do MNHN com etiqueta contendo os
seguintes dados : “Pebas S. Paulo Oliv. Fonteböa Types”.
LOCALIDADE-TIPO. AMAZONAS.
REDESCRIÇÃO a) Fêmea
Comprimento total - 6,875.
Cefalotórax amarelo, podendo apresentar-se manchado de casta-
nho. Esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipaldo e queliceras amarelos.
Pernas da cor do cefalotórax. Fêmures com uma mancha castanha, apical,
contornando as faces anterior, dorsal e posterior. Patelas fulvas. Chan-
fradura das tibias sombreadas de marrom escuro ou de negro. Porção
mediana da face posterior do basitarso com uma pequena mancha se-
micircular, fulva ou marrom, de onde emergem tricobótrias.
Abdômen fulvo amarelado, bastante reticulado de branco e com
várias manchas enegrecidas, dorso-lateralmente dispostas, na porção
posterior aos tubérculos laterais. Laterais da mesma cor do dorso, com
uma grande mancha quase negra, de cada lado e uma terceira, da me:s-
ma cor, no declive posterior. Ventre amarelo claro com duas filas lon-
gitudinais de pequenas manchas circulares, fulvas. Tubérculos fulvos,
sombreados de negro. Fiandeiras fulvas.
Cefalotórax tão longo quanto largo (2,950), mais espesso atrás
(2,000). Dorso levemente convexo, finamente granuloso, principalmente
na porção mediana e nos contornos laterais. A concentração de grânulos
pode formar uma mancha caliciforme no centro do dorso, como no
macho, porém muito menos evidente do que naquele. Região cefálica lar-
ga, menos projetada para a frente do que nas outras espécies e de lados
não paralelos.
Olhos anteriores em fila recurva, os médios menores do que os
laterais (0,100 x 0,150). Os médios estão afastados um do outro por um
diâmetro e meio (0,150) e por um diâmetro dos laterais.
Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si e do
mesmo diâmetro dos médios anteriores. Os olhos médios separados entre
si por dois diâmetros e meio (0,250) e por dois diâmetros dos laterais
(0,200).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
16 LISE, A. A.
Área ocular média mais larga do que longa (0,450 x 0,350), mais
estreita na porção anterior (0,350), mútica.
Clípeo estreito e proclive com pequenas cerdas na borda inferior.
Altura do clípeo muito menor do que a linha delimitada pelos OMA
(0,200 x 0,350), e de altura equivalente a dois diâmetros destes. Sua al-
tura ainda é igual à distância que separa os OMP dos OLP e à altura do
trapézio formado pelos olhos anteriores.
Esterno bem mais longo do que largo (1,325 x 0,875), levemente
escavado anteriormente, laterais quase paralelas, com uma escavadura
rasa a nível da coxa II, ápice em ponta romba.
Lâminas maxilares de comprimento superior ao dobro da largura
(0,750 x 0,350), convergentes, de ápice arredondado com pêlos apicais na
promargem.
Lábio mais largo do que longo (0,500 x 0,425), de ápice arredon-
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares.
Queliceras curtas e grossas (0,750 x 0,600), de face anterior mu-
nida de fracas cerdas. |
Abdömen mais longo do que largo (3,750 x 3,650), muito espesso
atras (2,500), pouco quitinizado. Dorso fortemente convexo, com alguns
pequenos gränulos esparsos, dos quais emergem diminutissimas cerdas.
Faces laterais e declive posterior lisos. Face ventral pubescente. Epigino
com um par de espermatecas fulvas. Tuberculos laterais inconspicuos,
desprovidos de tuberculos setiferos e de cerdas, o posterior muito gros-
so, de ápice römbico, levemente rugoso.
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de proeminentes tubér-
culos setiferos na face anterior, intercalados por outros bem menores, de
tamanhos variáveis. Demais faces lisas. Patela lisa. Tíbia com 2-2-2 ou
1-2-2 pequenos espinhos anteriores, o basal muito pequeno. Face pos-
terior com uma escavadura no terço basal da qual emergem tricobótrias.
Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores, maiores do que os das tibias.
Face posterior com levissima depressão de onde emerge uma tricobótria.
Tarso uniformemente dilatado com uma tricobótria apical. Unhas pec-
tinadas.
Perna II. fêmur semelhante ao da perna I com tubérculos menores
e menos abundantes. Patela igual a I. Tibia igual a I com 1-2-2 ou 2-2
fracos espinhos anteriores. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores e
mais 1 dorsal, apical, muito pequeno. Tarso igual ao da perna Il.
Pernas III e IV: fêmures e patelas lisos. Tíbias com uma esca-
vadura alongada na face posterior, com duas tricobótrias. Face anterior
com algumas cerdas longas. Basitarsos com alguns pequenos tubérculos
setiferos na face posterior e grossos pêlos curvos na face anterior. Tarsos
uniformemente dilatados com pêlos curvos na face anterior.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 17
E [e [e [mom [om [om
RR 0,825 1,000 0,550
ERES
Pedipaldo: fêmur de comprimento superior ao diâmetro (0,500 x
0,295), liso. Patela mais longa do que larga (0,475 x 0,350), com pe-
quenas cerdas apicais. Tíbia tão longa quanto larga (0,375), pilosa, com
pequenas cerdas e tricobótrias na face dorsal. Tarso longo e estreito
(0,550 x 0,300), piloso.
b) Macho
Comprimento total — 3,050
Cefalotórax castanho escuro de lados enegrecidos. Centralmente,
no dorso, a condensação dos grânulos delimita uma área caliciforme, de
base posterior, de tonalidade nitidamente mais escura do que o restante
do dorso e da mesma cor das laterais. Esterno, lâminas maxilares e lábio
fulvos. Queliceras da mesma cor do cefelotórax, sombreadas de negro, o
mesmo acontecendo com as pernas e o pedipalpo.
Abdômen de dorso amarelo sombreado de negro com inúmeras
manchas circulares, fulvas, irregularmente distribuidas. Uma faixa es-
treita, fulva clara, contorna a borda anterior e as laterais anteriores.
Sobre esta faixa existem tubérculos setiferos e grânulos fulvos, muito
escuros. Laterais da mesma cor do dorso, com um sombreado negro que
se estende a partir do declive anterior, extinguindo-se ao nível dos
tubérculos laterais. Ventre fulvo levemente sombreado de negro. Região
epigästrica castanha. Tubérculos fulvos. Fiandeiras fulvas, rodeadas por
um anel fortemente quitinizado, castanho escuro.
Cefalotórax levemente mais longo do que largo (1,600 x 1,500),
mais espesso atrás (0,950), um pouco mais convexo do que na fêmea,
porém muito mais quitinizado e nitidamente mais granuloso, principal-
mente no centro da face dorsal e nos contornos laterais. Região cefalica,
como na fêmea, pouco projetada para a frente, de lados fortemente
divergentes.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97,-9.fev. 1981
18 LISE, A. A.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios anteriores
menores do que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos médios afastados entre si
por um diâmetro e dois terços (0,125) e por um diâmetro (0,075) dos laterais.
(0,075) dos laterais.
Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si e dos
mesmo tamanho dos médios anteriores. Olhos médios separados entre si
por três diâmetros (0,225) e por dois diâmetros e um terço (0,175) dos
laterias.
Área ocular média tão longa quanto larga (0,325), mais estreita na
região anterior (0,250), totalmente desprovida de tubérculos e cerdas.
Clipeo vertical, com pequenas cerdas na margem inferior, todas
emergindo de tubérculos bem salientes, dispostos medianamente. Clipeo
de altura igual a do trapézio formado pelos olhos anteriores (0,175),
mais baixo do que o comprimento da fila dos OMA (0,175 x 0,250),
equivalendo a dois diâmetros e dois terços dosOMA.
Esterno um pouco mais longo do que largo (0,650 x 0,575), ova-
lado, muito convexo, levemente escavado na borda anterior, bordas
laterais arredondadas, ápice rômbico.
Lâminas maxilares de comprimento superior a duas vezes a largura
(0,375 x 0,175), levemente convergentes, ápice arredondado com pêlos
apicais pouco abundantes na borda interna.
Lábio nitidamente mais largo do que longo (0,250 x 0,200), de
ápice arredondado, com pêlos apicais.
Queliceras curtas e muito largas (0,425 x 0,300), de face anterior
microgranulosa.
Abdömen mais largo do que longo (1,875 x 1,650), espesso (1,275),
de borda anterior reta. Dorso plano com gränulos pouco salientes, po-
dendo apresentar diminutissimas cerdas. Laterais lisas. Ventre piloso.
Declive posterior com cerdas pouco eminentes, dispostas em filas lon-
gitudinais. Tuberculos laterais e posterior, pouco salientes, granulosos.
Pernas I e II: fêmur com dois grossos e eminentes tubérculos na
margem dorsal da face anterior, encimados por curtissima e grossa cer-
da. Entre estes dois existem outros muito menores, munidos de cerdas.
Face posterior com alguns tubérculos pouco salientes no terço apical.
Tibia arqueada, espessa com 2-2 pequenos espinhos anteriores, o par
apical muito menor. Face posterior com escavadura no terço basal da
qual emergem tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores.
Face posterior levemente escavada no terço apical de onde emergem
tricobótrias. Tarso todo piloso, levemente mais dilatado no áudio. Unhas
pectinadas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais Vea 19
Tegumento dos dois primeiros pares de pernas muito quitinizado e
finamente granuloso.
Pernas III e IV: fêmur e patela múticas, podendo ocorrer dimi-
nutissimas cerdas na face posterior. Tibia muito espessa, levemente ar-
queada e escavada no terço basal da face posterior. Basitarso e tarso
com grossos pêlos curvos na face anterior e alguns tubérculos munidos
de cerdas na face posterior. No terço apical do basitarso e no ápice do
tarso emergem tricobótrias, a do basitarso é muito longa e curva.
er
Pedipalpo: fêmur de comprimento superior e duas vezes o diâmetro
(0,450 x 0,200). Patela levemente mais longa do que larga (0,275 x
0,250), com pequenas cerdas na face dorsal. Tibia de comprimento na
base do tarso menor do que a largura (0,175 x 0,300), com uma longa
apófise na fase retrolateral. A apófise é curva dorsiventralmente,
apresentando um dente curvo, muito proeminente, na base, dorsalmente.
Longitudinalmente, na face externa, a apófise apresenta-se sulcada. Tar-
so mais longo do que largo (0,550 x 0,475), espesso (0,370). Cymbium
piloso. Embolus longo, descrevendo uma curvatura aproximada de 450
graus.
BASITARSO TARSO
0,375 0,275 2,200
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Peru: Pebas. Brasil: Amazonas
(São Paulo de Olivença e Fonte Boa) e Mato Grosso.
DISCUSSÃO TAXONÔMICA .
As fêmeas desta espécie distinguem-se das demais espécies pela.
forma alongada do abdômen, pelo reduzido tamanho dos tubérculos
laterais e grande eminência e espessura do tubérculo posterior; pela
ausência de cerdas no cefalotórax e no abdômen. Os machos distinguem-
se das demais espécies pela ampla largura da área cefálica; pelos
tegumentos cefalotorácicos e abdominais múticos; pela acentuada espes-
sura do bulbo, e por apresentar a fila ocular posterior levemente recurva.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
20 LISE, A. A.
MATERIAL EXAMINADO
PERU. Pebas. BRASIL. Amazonas: São Paulo de Olivença e Fonte Boa,1 9 MNHN
3958, 36 e 4 9 MNHN 3958-1; Mato Grosso: 19 MNHN 10355-C (todos sem coletor e
data).
OBSERVAÇÕES
Ao redescrever a fêmea, MELLO-LEITÃO (1929) diz que os olhos
médios posteriores são maiores do que os laterais, quando na realidade
são do mesmo tamanho. Em relação à altı:ra do clipeo diz: “Clypeo da
altura da fila dos olhos anteriores”. Se considerarmos que ao se referir à
altura do clipeo a tenha comparado com a altura do trapézio determi-
nado pela fila dos olhos anteriores, neste caso, a altura do clipeo será
geralmente maior. Se a comparou com a fila dos olhos anteriores, neste
caso, será sempre muito mais baixa.
Ao se referir aos basitarsos dos dois primeiros pares de pernas diz
SIMON (1895b): “metatarsi aculeis longioribus 3-3 muniti”, quando na
realidade tem 2-2-2.
Na descrição original diz: “Abdômen circiter aeque longus ac la-
tum”. Esta relação também apresenta variações pois, ora é mais longo
do que largo, ora mais largo do que longo. A relação tão longo quanto
largo só se verificou em um único exemplar, subadulto, prevalecendo a
relação mais longo do que largo, em cinco das seis fêmeas examina-
das.
Onocolus echinatus (TACZANOWSKI, 1873)
(Figs. 27-41)
Thomisusechinatus TACZANOWSKI, 1873.97.
Thomisus sexpunctatus TACZANOWSKI, 1873:101.
Stephanopis echinata: REYSERLING, 1880:189.
Stephanopis echinata: KEYSERLING, 1891:248
Onocolus echinatus: SIMON, 1895a:1053.
Onocolus echinatus: CAMBRIDGE, F.O.P. — 1900:160.
Onocolus echinatus: PETRUNKEVITCH, 1911:415.
Onocolus echinatus: MELLO-LEITÃO, 1929:77.
Onocolusechinatus: MELLO-LEITÄO, 1940:242.
Onocolus echinatus: MELLO-LEITÃO, 1943:207.
MATERIAL-TIPO. TACZANOWSKI (1873), ao descrever a espécie diz: “Deux
mäles et une femelle, de Cayenne” sem contudo mencionar a Instituição em que estariam
depositados. O mesmo autor, op. cit., ao descrever Thomisus sexpunctatus-, sinonimi-
sada por KEYSERLING (1880) com a presente espécie refere “Femelle unique, de Cayen-
ne, mäle inconu”. Como no caso anterior, não menciona o local em que foi depositada.
KEYSERLING (1880), ao redescrever a fêmea diz, apenas “Brasilien, Para. Ein Exem-
a der Sammlung desHerrn E. Simon. Aus Cayenne in Warchau”. Tipos não loca-
lizados.
LOCALIDADE-TIPO. Caiena, Guiana Francesa.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 21
REDESCRIÇÃO — a) Fêmea.
Comprimento total — 4,825.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e que-
liceras amarelos. Pernas amarelas, de tonalidade um pouco mais clara do
que a do cefalotórax, apresentando uma mancha marrom, no terço apical
da face dorsal dos basitarsos.
Abdômen de dorso amarelo, de tonalidade levemente mais clara do
que a do cefalotórax, com duas grandes manchas brancas que ocupam
quase todo o dorso. Borda anterior e laterais anteriores sombreadas de
marrom, reticulado. Sobre as manchas brancas há quatro depressões cir-
culares, duas de cada lado, de cor amarela. Laterais e ventre amarelos.
Tubérculos laterais e posterior amarelos, algo sombreados de marrom.
Fiandeiras amarelas. Espermatecas fulvas e hastes longitudinais
amarelo-escuras.
Cefalotórax levemente mais longo do que largo (2,250 x 2,125), de
espessura quase igual em toda a sua extensão (1,000), de contornos cir-
culares. Dorso plano, não granuloso, com alguns tubérculos setiferos
mais evidentes nos contornos posteriores e outros muito menores, espar-
sos. Região cefálica muito estreita, de largura nitidamente inferior a do
cefalotörax, de bordas laterais não paralelas e armadas de vários tubér-
culos setiferos bem evidentes, todos encimados por cerdas.
Olhos anteriores dispostos em fila levemente recurva, os médios
um pouco menores (0,125 x 0,100). Olhos médios afastados um do outro
por um diâmetro (0,100) e por meio diâmetro dos laterais.
Olhos posteriores formando uma linha reta, iguais entre si e do
mesmo tamanho dos OMA, Olhos médios afastados um do outro por um
diâmetro e um quarto (0,125), sendo equidistantes dos laterais.
Area ocular média tão longa quanto larga (0,275), mais estreita na
região anterior (0,225), apresentando dois tubérculos setiferos atrás dos
OMA, armados de cerdas muito menores do que as do macho, e mais
três de cada lado entre os OLA e OLP, como no macho, porém bem
menores.
Clipeo vertical, com quatro cerdas centrais, curvas para o centro,
na borda inferior, uma de cada lado nos ângulos laterais e mais uma
série de outras muito menores do que as anteriores, na borda inferior.
Altura do clipeo muito menor do que a fila dos CMA (0,100 x 0,225),
mais baixo do que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,100 x
0,175), muito mais baixo do que a área ocular média (0,100 x 0,275),
correspondendo sua altura a um diâmetro dos OMA.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
22 LISE, A. A.
Esterno muito mais longo do que largo (1,025 x 0,800), levemente
escavado na porção anterior, laterais arredondadas, levemente angulosas
a nível da coxa I e ápice rômbico.
Lâminas maxilares duas vezes mais longas do que largas (0,500 x
0,250), convergentes, de ápice arredondado na promargem e atenua-
damente anguloso na retromargem.
Lábio bem mais largo do que longo (0,350 x 0,250), de ápice largo,
pouco arredondado, com fracos e raros pêlos apicais.
Queliceras mais longas do que largas (0,500 x 0,350), face anterior
quase plana com alguns pêlos e fracas cerdas.
Abdômen mais largo do que longo (2,625 x 2,500), baixo, de espes-
sura mais ou menos uniformes em toda a sua extensão (1,125), pouco
quitinizado. Dorso plano, mútico. Bordas anterior e laterais anteriores
com curtos tubérculos armados de curtas e grossas cerdas espiniformes.
Faces laterais e ventre, fracamente pubescentes. Declive posterior com
pequenos tubérculos munidos de cerdas de tamanho e diâmetro diferen-
tes.
Tubérculos laterais não muito pronunciados. Tubérculo posterior
saliente. Todos munidos de pequenas cerdas.
Epigino com um par de espermatecas esféricas situadas logo acima
da fenda epigástrica. Ductos espermáticos longos, enrolados em heli-
cóide. Ductos que desembocam nos bulbos espermáticos cilindricos e de
pequeno calibre, descrevendo quase duas voltas, atingindo os bulbos es-
permáticos retrolateralmente. Ductos que vão do bulbo às espermatecas
de diâmetro quase três vezes maior do que os anteriores. Aberturas de
fecundação pequenas e de dificil visualização, situadas centralmente,
logo acima da haste longitudinal.
Perna I: fêmur com duas filas longitudinais de grossos tubérculos
setiferos, na face anterior, todos munidos de grossas e curtas cerdas es-
piniformes e entre eles outros muitissimo menores, munidos de longas e
delgadas cerdas. Face posterior semelhante à anterior, com tubérculos
menores e menos abundantes. Patela com alguns pequenos tubérculos no
ápice da face anterior e uma fila longitudinal de tubérculos setiferos
bem mais evidentes, na face posterior. Tibia cilindrica, levemente ar-
queada, com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 3 tubérculos
apicais munidos de grossa e curta cerda espiniforme. Face posterior com
uma fila longitudinal de tubérculos setiferos e algumas tricobótrias no
terço basal. Basitarso com 2-2-2 potentissimos espinhos anteriores, o
apical bem menor e curvo. Demais faces fracamente cerdosas. Tarso
fracamente mais dilatado no ápice, todo piloso. Fascículo subunguenal
pouco espesso. Unhas grandes e bidenteadas. *
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V.. 23
Perna II: fêmur e E semelhante aos da perna I, o fêmur menos
cerdoso. Tibia cilindrica, mais delgada e mais arqueada, com 2-2-2 es-
pinhos anteriores, mais finos do que os da tíbia I e mais 3 grossos
tubérculos apicais, encimados por grossa e curta cerda espiniforme.
Demais faces como em I. Basitarso com 2-2-2 potentissimos espinhos
anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase médio e o outro apical. Demais
faces como em I. Tarso como o da perna I.
Pernas III e IV: fêmures múticos ou com diminutissimas cerdas na
face anterior. Patelas e tíbias com tubérculos setiferos na face posterior,
as tibias com longa tricobótria. Basitarsos com algumas cerdas apicais
na face posterior e grossos pêlos curvos, na face anterior. Tarsos curtos
e de mesma espessura em toda a sua extensão, com grossos pêlos curvos
na face anterior, fascículo subunguenal pouco espesso, formado por pêlos
curtos, unhas pequenas e bidenteadas.
PATELA TÍBIA BASITARSO br TOTAL
1,050 0,450 0,825
Pedipaldo: fêmur de comprimento quase três vezes superior ao
diâmetro (0,500 x 0,175), com apenas duas diminutas cerdas espinifor-
mes, apicais. Patela mais longa do que larga (0,350 x 0,250) com um
tubérculo setifero apical na face prolateral, algumas cerdas dorsais e
retrolaterais. Tibia um pouco mais longo do que larga (0,300 x 0,250),
nitidamente mais cerdosa do que a patela, apresentando duas áreas dor-
sais de tricobótrias. Tarso longo e delgado (0,500 x 0,175), piloso, com
uma unha apical.
b) Macho
Comprimento total — 3,250.
Cefalotórax fulvo, mais escuro centralmente e nas bordas laterais,
onde os grânulos são mais concentrados. Esterno, lâminas maxilares e
lábio fulvos, de tonalidade um pouco mais clara do que a do cefalotórax.
Queliceras, pedipalpos e pernas fulvos.
IHERINGIA. Sér. Zooi., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
24 LISE, A. A.
Abdômen de dorso amarelo, algo reticulado de branco e sombreado
de negro formando áreas de contornos indefinidos, mais escuras.
Apresenta ainda quatro depressões circulares fulvo-escuras, duas de
cada lado, a nível dos tubérculos laterais e várias manchas circulares, de
tamanhos variáveis, fulvas. Laterais fulvo-amareladas. Ventre amare-
lado com filas longitudinais de manchas elípticas de cor fulva. Central-
mente há cinco ou seis pares de manchas circulares longitudinalmente dis-
postas em linha curva, fulvas. Fiandeiras amarelas, rodeadas por um anel
saliente, fortemente quitinizado. Tubérculos laterais e posterior da mes-
ma cor e tonalidade do cefalotórax. Cefalotórax um pouco mais longo do
que largo (1,525 x 1,375), fracamente mais espesso atrás (0,800). Dorso
fortemente granuloso, convexo, com dois potentes tubérculos setiferos
nos contornos posteriores, um de cada lado, atras dos OLP, ambos
munidos de grossa cerda espinoforme. Além destes tubérculos ocorrem
outros bem menores, irregularmente distribuidos em todo o dorso e
laterais. Região cefálica estreita, de lados não paralelos, muito proje-
tada para a frente, muito quitinizada e granulosa, com pequenos tubér-
culos nas bordas inferiores.
Olhos anteriores dispostos em fila levemente recurva, os olhos
médios um pouco menores do que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos
médios afastados um do outro por cerca de um diâmetro e um terço
(0,100) e por cerca de meio diâmetro dos laterais (0,030).
Olhos posteriores dispostos em fila reta, iguais entre si e dos mes-
mo diâmetro dos OMA (0,075). Olhos médios separados um do outro por
um diâmetro e dois terços (0,125), equidistantes dos laterais.
Area ocular média levissimamente mais longa do que larga (0,300
x 0,275), um pouco mais estreita na região anterior (0,250), fortemente
quitinizada, apresentando um potentissimo tubérculo bifido colocado
atrás do OMA. Cada um dos dois ramos do tubérculo está encimado por
potente cerda espiniforme. Entre os OLA, OLP e OMP há uma pro-
tuberância de ápice trituberculado de onde emergem grossas cerdas es-
piniformes.
Clipeo vertical, fortemente convexo centralmente, granuloso, com
dois pares de tubérculos, o par mediano maior e ituado em plano in-
ferior ao par externo, todos munidos de cerdas espiniformes. Altura do
clipeo muito inferior à linha dos OMA (0,125 x 0,250), mais baixo do
que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,125 x 0,175), muito
mais baixo do que a área ocular média (0,125 x 0,300), equivalendo sua
altura a um diâmetro e dois terços dos OMA (0,125).
Esterno quase tão longo quanto largo (0,650 x 0,600), quase plano,
região anterior escavada, laterais recortadas e ápice rômbico.
-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 25
Läminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas
(0,325 x 0,175), convergentes, de ápice subquadrado, com pêlos apicais.
Lábio mais largo do que longo (0,225 x 0,175), de ápice arredon-
dado, não escavado na base, não ultrapassando o meio das lâminas
maxilares.
Queliceras mais longas do que largas (0,375 x 0,225), de face an-
terior quase plana, com alguns pêlos.
Abdômen mais largo do que longo (1,875 x 1,775), de espessura
quase uniforme em toda a sua extensão (0,850) e tegumento bem qui-
tinizado. Dorso fracamente convexo, com algumas cerdas pouco notá-
veis. Borda anterior e laterais anteriores ornadas por grossos tubér-
culos, encimados por curtas e grossas cerdas espiniformes, curvas.
Laterais levemente pilosas, ventre revestido por curtos e grossos pêlos.
Declive posterior fortemente cerdoso. As cerdas estão dispostas em filas
longitudinais contornando o abdômen. Tubérculos laterais e posterior
muito eminentes, quase cilindricos, ornados por grossas cerdas espinifor-
mes.
Perna I: coxa com duas filas longitudinais de pequenos denticulos
na face ventral. Fêmur com duas filas longitudinais anteriores e duas
posteriores de tubérculos setiferos armados de grossas cerdas espinifor-
mes. Patela com dois tubérculos apicais anteriores e três filhas longi-
tudinais de potentes tubérculos setiferos na face posterior. Tibia cilin-
drica, fortemente arqueada, com 2-2-2 potentissimos espinhos anteriores
emergindo de cavidades articulares muito salientes, o ânterodorsal apical
é fixo e mais três tubérculos apicais armados de potente cerda espinifor-
me. Face posterior com uma fila longitudinal de tubérculos armados de
cerdas espiniformes e algumas tricobótrias no terço basal, de ambos os
lados dos tubérculos longitudinais. Basitarso com 2-2-2 potentes espi-
nhos anteriores, o par apical menor. Faces dorsal e posterior pilosas, es-
ta com uma ou duas tricobótrias, medianamente dispostas. Tarso piloso,
com fasciculo subunguenal pouco denso, unhas com diminutos dentes.
Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I. Tibia mais
delgada, fortemente arqueada, de quetotaxia igual à I. Basitarso e tarso
de caracteristicas iguais aos da perna I.
Pernas III e IV: fêmures múticos ou com pequenas cerdas na face
posterior. Patelas e tíbias com tubérculos na face posterior, tibia IV
mais cerdosa. Basitarsos com alguns pequenos tubérculos na face pos-
terior e grossos pêlos curvos, na face anterior. Tarsos pilosos, com gros-!
sos pêlos curvos na face anterior, unhas com dentes muito pequenos.
Tegumentos das pernas muito quitinizados e microgranulosos, ex-
ceto nos tarsos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
26 LISE, A. A.
3,475
e
Br.
Pedipalpo: fêmur de comprimento muito superior ao diâmetro
(0,425 x 0,175), com dois curtos tubérculos apicais. Patela levemente
mais longa do que larga (0,250 x 0,225), com grossos tubérculos pro-
laterais e retrolaterais, outros menores, dorsais. Tibia de comprimento
na base do tarso menor do que a largura (0,200 x 0,250), munida de uma
longuissima apöfise (0,550), que atinge quase o äpice do cymbium. A
apófise é levemente curva dorsiventralmente e percorrida ventralmente
por um profundo sulco longitudinal.
Na base da apófise a tibia apresenta uma saliência de posição
retrolateral, em forma de uma braçadeira, que envolve a base da apófise,
em cuja porção dorsal ha um dente curvo. Face dorsal da tíbia com al-
gumas cerdas e longuissimas tricobótrias. Tarso um pouco mais longo
do que largo (0,575 x 0,450), espesso (0,350). Cymbium muito convexo,
piloso, com uma escavadura na face retrolateral no ponto de tângência
com a apófise. Tegulum fracamente convexo. Embolus muito longo,
descrevendo uma curvatura em torno de 810 graus.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Pará. KEYSERLING
(1880) refere a espécie para a Guiana Francesa (Caiena). MELLO-
LEITÃO (1929 e 1943) a refere para a Venezuela, Guiana Francesa
(Caiena), Peru e Brasil (Rio Grande do Sul). A etiqueta original de E.
Simon (MNHN), que acompanha os espécimes, refere apenas “Plusieurs
endroits”.
DISCUSSÃO TAXONÓMICA. Esta espécie é muito próxima de
O. pentagonus e de O. granulosus. As fêmeas de O. echinatus são dis-
tinguidas das de O. pentagonus, pelas aberturas de fecundação muito
pequenas, de dificil visualização, colocadas logo acima das hastes lon-
gitudinais do epigino; pela menor altura do clípeo, e pela curvatura das
tibias I e II um pouco mais acentuada. De O. granulosus distingue-se
pelo grau de enrolamento dos ductos espermáticos em que o ducto
aferente atinge o bulbo espermático correspondente pela promargem;
“pelo maior comprimento e curvatura das tibias I e II, e pelo maior
número de tubérculos e cerdas nos fêmures, patelas e tibias I e II.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 97
Os machos de O. echinatus diferenciam-se dos de O. pentagonus
pelo acentuado comprimento e espessura dos tubérculos e cerdas si-
tuadas atrás dos OMA e entre os OLA, OLP e OMP; pelo maior número
e tamanho dos tubérculos da patela e tibia do pedipalpo, e pela menor
curvatura do gancho existente na retromargem apical da tíbia, dorsal-
mente à apófise tibial. O macho de O. granulosus é desconhecido.
VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Nas fêmeas, o colorido dorsal
do abdômen pode ser branco reticulado, amarelo reticulado de branco
com algum sombreado marrom, ou amarelo com manchas brancas e ful-
vas e contornos sombreados de marrom, de modo a formar um retículo
de malhas irregulares. Nelas, os basitarsos são totalmente amarelos ou
fulvo-claros, podendo apresentar ou não um sombreado ou uma mancha
bem definida, da mesma cor, no terço basal da face posterior.
Nos machos o colorido do cefalotórax é muito uniforme, apresen-
tando no entanto, variações cromáticas na face dorsal do abdômen. Este
pode ser totalmente amarelo, muito claro; fulvo-amarelado com manchas
esparsas, brancas e fulvas; fulvo-amarelado sombreado de negro, ou
mesmo com uma grande mancha negra a qual pode se estender da borda
anterior ao tubérculo posterior.
MATERIAL EXAMINADO
VENEZUELA. San Esteban: 19 MNHN 10861. BRASIL.Goiás: 19 MNHN
21670-C; São Paulo: Lussanvira 1 & MNRJ 1169, R. Arle leg.; 4 9 ell S MNHN
2670, plusieurs endroits.
OBSERVAÇÕES
KEYSERLING (1880), ao redescrever a fêmea e ao se referir aos
olhos anteriores, diz: “Die vorderen S.A. sind fast doppelt so gross als
die übrigen ziemlich gleichgrossen”. Em nenhum dos exemplares exa-
minados encontramos tal relação uma vez que os OLA são no máximo
dois terços maiores do que os OMA; o mesmo acontecendo em relação
aos olhos posteriores. Estes, em apenas uma fêmea imatura demons-
traram ser menores do que os OMA, sendo iguais a estes em todos os
demais espécimes.
Ao se referir aos olhos posteriores, diz: “Die hinteren MA, liegen
reichlinch um ihren doppelten Durchmesser von einander und nicht so
weit von den hinter SA., die mit den vorderen SA. und MA. eine gerade
Linie bilden’. Na maioria dos espécimes examinados, os OMP acham-se
afastados entre si por menos do que dois diâmetros, sendo na realidade
equidistantes aos OLP.
Ao fazer menção à quetotaxia das tibias e basitarsos I e II afirma
que: “An den Tibien der beiden vorderen Fuss paare sitzen 4 Paar und
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Ap
28 LISE, A. A.
an den Metatarsen 3 Paar recht langer Kräftiger und am Ende meist
etwas gekrümmter Stacheln”. As tibias apresentam 2-2-2 fortes espinhos
na face anterior e mais 3 tuberculos apicais, munidos de grossa cerda es-
piniforme. O basitarso I tem 2-2-2 fortes espinhos anteriores e o II
apresenta 2-2-2 anteriores e mais 1-1 dorsais.
MELLO-LEITÃO (1929), diz: “Área dos olhos médios muito mais
alta que larga, mais estreita adiante”. Em nenhum dos exemplares
examinados verificou-se tal relação. Na maioria ela é tão longa quanto
larga, havendo casos em que ela demonstrou ser levemente mais larga
do que longa.
MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho e ao se referir à al-
tura do clipeo, diz “clypeo muito pouco mais alto que a área dos olhos
médios”. Este, na realidade demonstrou ser mais baixo do que o tra-
pézio formado pelos olhos anteriores.
Onocolus echinicauda MELLO-LEITÃO, 1929
(Figs. 42-57)
Onocolus echinicauda MELLO-LEITÃO, 1929:70.
MATERIAL-TIPO. MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever a espécie em questão,
que segundo se deduz foi nominada por SIMON mas não descrita por ele, diz: “Desta es-
pécie inédita de E. Simon, dou a descripção pelos typos” dizendo ainda estarem os “Ty-
pos e Cotypos” 8789, 10355, 21630 e 22459 na coleção de E. Simon do Museum National
d'Histoire Naturelle de Paris.
Das três fêmeas que compunham o lote nº 8789, provenientes do Paraguai, com
etiqueta manuscrita de E. Simon e designadas por ele como “Types”, elegemos uma como
lectötipo, conservando-lhe o nº 8789 e às outras duas atribuímos o nº 8789-A e as con-
sideramos como paralectotipos.
Oslotes nº 10355, 21630 e 22459 (MNHN) não têm qualquer indicação tipolögica.
LOCALIDADE-TIPO. Paraguai.
REDESCRIÇÃO — a) Fêmea
Comprimento total — 8,300.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipal-
po e pernas amarelos.
Abdômen: dorso amarelo esbranquiçado, levemente sombreado de
marrom escuro. Laterais amarelas, muito reticuladas. Ventre amarelo
muito reticulado de branco, apresentando uma larga faixa longitudinal,
mediana, amarela, quase da mesma tonalidade do cefalotórax. Tubér-
culos laterais e posterior amarelos, sombreados de marrom muito escuro.
Fiandeiras amarelas. Epigino com duas espermatecas, esféricas logo à
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais Ve: 29 —
frente da prega epigástrica e um par de bulbos espermáticos muito
volumosos, anteriores às espermatecas. Aberturas de fecundação na
promargem dos bulbos espermáticos.
Cefalotórax tão longo quanto largo (3,000), bem mais espesso no
terço posterior (1,500). Dorso quase plano, com a área correspondente à
região cefálica bem saliente, bastante convexa, nitidamente demarcada.
Tegumento moderadamente quitinizado, totalmente revestido de tubér-
culos, muito evidentes, todos munidos de cerdas conspicuas, maiores e
mais abundantes a nível dos contornos posteriores. Região cefálica muito
estreita, fortemente projetada para a frente, de lados paralelos, com
muitas cerdas embasadas em pequenos tubérculos.
Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios um pouco
menores do que os laterais (0,100 x 0,125). Os olhos médios distam um
do outro dois diâmetro (0,200) e dos laterais, um diâmetro.
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo diâmetro
dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro dois diä-
metros e três quartos (0,275) e dos laterais, um diâmetro e três quartos.
Área ocular média tão longa quanto larga (0,425), mais estreita na
região anterior (0,375), com várias cerdas emergindo de pequenos tubér-
culos. Destaca-se pelo maior tamanho, o par situado no centro da área,
atrás dos OMA. Entre os OLA e OLP ha uma crista transversal encimada
por três tubérculos com cerdas longas e finas.
Clipeo vertical, fortemente convexo no centro, munido de quatro
cerdas medianamente dispostas, na borda inferior, todas emergindo de
tubérculos conspicuos, mais duas de cada lado nos ângulos e outras bem
menores irregularmente dispostas. Altura do clipeo bem menor do que a
fila dos olhos médios (0,200 x 0,375), da mesma altura do trapézio formado
pelos olhos anteriores, igual à distância que separa os olhos médios ante-
riores e equivalente a dois diâmetros dos OMA.
Esterno ovalado um pouco mais longo do que largo (1,425 x
1,125), de superfície levemente convexa, revestido por diminutos pêlos,
esparsos. Borda anterior quase reta, laterais curvas, não recortadas e
ápice largamente rômbico.
Lâminas maxilares muito mais longas do que largas (0,625 x
0,375), levemente convergentes, de promargem arredondada, pilosa, e
retromargem reta, subangulosa.
Lábio bem mais largo do que longo (0,500 x 0,400), de ápice ar-
redondado.
Queliceras longas (0,625 x 0,375), mais salientes no terço basal da
face anterior, de onde emergem longos pêlos e tubérculos encimados por
cerdas longas e delgadas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
30° LISE, A. A.
Abdômen mais largo do que longo (5,300 x 5,050), espesso (2,700),
pouco quitinizado. Dorso moderadamente convexo, totalmente revestido
de cerdas emergindo de tubérculos de vários tamanhos, irregularmente
distribuídos, mais abundantes e maiores nas bordas anterior e laterais
anteriores. Laterais lisas, com diminutíssimos pêlos, ventre piloso.
Declive posterior densamente revestido de cerdas implantadas em tubér-
culos conspicuos, ordenados em filas longitudinais, as quais contornam o
abdômen posteriormente. Tubérculos laterais bem salientes, totalmente
revestidos de cerdas. Tubérculo posterior muito longo, cônico, fortemen-
te setifero.
Perna I: fêmur densamente revestido de tubérculos setiferos,
maiores na margem anterior. Patela de mesmo aspecto do fêmur, com os
tubérculos maiores na face posterior. Tibia cilindrica, não arqueada e
nem escavada, com 2-2-2 fracos espinhos anteriores, implantados em
cavidades articulares muito salientes. Faces dorsal e posterior fortemen-
te cerdosas, encontrando-se várias tricobótrias no terço basal da face
posterior. Basitarso com 2-2-2 fortes espinhos anteriores, bem mais
potentes do que os das tibias. Tegumento semelhante ao dos demais ar-
ticulos, com tricobótrias no centro da face posterior. Tarso levemente
mais dilatado no ápice; unhas fortes, pectinadas.
Perna II: fêmur, patela e tibia muito semelhante às do primeiro
par, um pouco menos cerdosas. Basitarso com 2-2-2 fortes espinhos an-
teriores, muito mais longos e grossos do que os da tíbia e mais 1-1 dor-
sais, um mediano entre o primeiro e segundo pares anteriores e o outro
apical. Tarso igual ao da perna I.
Pernas III e IV: fêmures com pequenos e raros tubérculos setiferos
na face anterior. Patelas e tibias muito semelhantes às dos dois pri-
meiros pares de pernas. Basitarsos semelhantes aos das pernas I eII,o
IV com um maior número de tubérculos e cerdas e em ambos há longos
pêlos grossos e curvos na face anterior. Tarsos normalmente dilatados,
apresentando grossos pêlos na face anterior. Unhas munidas de dois
grandes dentes curvos e longos. Tibias, basitarsos e tarsos com trico-
bötrias na face posterior, como nas pernas I e II.
Ei
0,400 4,500
FEMUR
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 31
Pedipalpo: fêmur muito longo (0,750 x :0,275), mútico. Patela mais
longa do que larga (0,500 x 0,350), com muitas cerdas dorsais. Tibia
mais longa do que larga (0,425 x 0,375), com muitas cerdas e tricobó-
trias na face dorsal. Tarso de comprimento superior à duas vezes à lar-
gura (0,725 x 0,325).
b) Macho
Comprimento total — 3,500.
Cefalotorax fulvo escuro. Na região dorsal medianamente e nas
laterais, onde há uma grande concentração de grânulos, é negro ou cas-
tanho muito escuro. Esterno, lâminas maxilares e lábio amarelos, da
mesma tonalidade das coxas. Queliceras fulvas escuras.
Pedipalpo: fêmur amarelo na região basal e quase negro da metade
até o ápice. Patela, tibia e tarso fulvos, muito escuros.
Abdômen: dorso amarelo, reticulado de branco, todo sombreado de
negro, com várias manchas fulvas, amarelas e negras distribuidas ir-
regularmente. Laterais quase negras com uma mancha amarela na base
dos tubérculos laterais. Ventre amarelo, sombreado de negro. Tubérculos
laterais e posterior fulvos, percebendo-se, por transparência, um cone
longitudinal mediano, negro. Fiandeiras fusco amareladas.
Cefalotórax mais longo do que largo (1,650 x 1,550), de espessura
mais ou menos uniforme em toda sua extensão (0,875), de tegumento:
fortemente quitinizado. Dorso convexo, mais saliente na região cefálica,
forte e grosseiramente granuloso. Centralmente, os grânulos se concen-
tram em toda a extensão longitudinal de modo a delimitarem uma área
caliciforme de base posterior. No espaço entre esta área central e as
laterais, que são igualmente muito granulosas, há espaços de rarefação
dos grânulos e mesmo inexistência deles, formando-se pequenas áreas
completamente lisas, facilmente visualizadas pela sua cor muito mais
clara. As estrias torácicas são demarcadas por segiiências lineares de
grânulos. Dos tubérculos dorsais são principalmente notáveis os situados
atrás dos olhos laterais posteriores, os dos contornos posteriores e dois
centrais, quase medianos. Menção especial merece uma série linear de
tubérculos conspicuos na borda inferior do cefalotórax a nível do pri-
meiro par de pernas. Todos os tubérculos são encimados por grossas cer-
das espiniformes, erectas.
Região cefálica larga, correspondendo a um pouco mais do que a
metade da maior largura do cefalotórax, bem projetada para a frente e
de lados paralelos, com alguns tubérculos armados de curtas e grossas
cerdas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
32 | LISE,A.A.
Olhos anteriores alinhados em fila recurva, iguais entre si (0,100),
os médios distando um do outro um diâmetro e meio e apenas meio
diâmetro (0,050) dos laterais.
Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si (0,075)
e menores do que os anteriores. Olhos médios afastados um do outro por
dois diâmetros e dois terços (0,200) e por dois diâmetros (0,150), dos
laterais.
Área ocular média tão alta quanto larga (0,325), levemente mais es-
treita na porção anterior (0,300), fortemente granulosa, com dois grossos
tubérculos atrás dos OMA, “armados de grossissima cerda espiniforme
erecta, dirigida para a frente e mais três tubérculos um pouco menores,
colocados em uma carena transversal situada entre os OLA eOLP.
Clipeo vertical, fortemente quitinizado e muito convexo transver-
salmente, com quatro potentes tubérculos centrais na borda inferior,
cada um armado de grossissima e longa cerda espiniforme, ladeado por
mais duas de cada lado bem menores nos ângulos e mais uma igualmen-
te pequena abaixo dos OMA. No espaço que separa a borda do clipeo
das queliceras há oito pequenas cerdas. Altura do clipeo menor do que a
fila dos OMA (0,225 x 0,300), maior do que a altura do trapézio (0,175)
formado pelos olhos anteriores e de altura equivalente a dois diâmetros e
um quarto dos OMA.
Esterno tão longo quanto largo (0,675), de superficie quase plana.
Borda anterior bem escavada, laterais muito recortadas e ápice muito
largo e reto.
Lâminas maxilares convergentes, de promargem arredondada e
pilosa e retromargem reta, apicalmente subangulosa, de comprimento
superior a duas vezes a largura (0,375 x 0,175).
Lábio muito mais largo do que longo (0,275 x 0,175), de ápice
arredondado e piloso, não atingindo o meio das lâminas maxilares.
Abdômen mais largo do que longo (2,075 x 1,925), de espessura
uniforme em quase toda sua extensão (1,000). Bordas anterior e laterais
anteriores munidas de grossas cerdas espiniformes, implantadas em
tubérculos curtos e grossos. Tegumento muito quitinizado. Dorso com
muitas cerdas. Laterais e ventre desprovidos de cerdas, apenas pilosos.
Declive posterior com inúmeros tubérculos setiferos conspicuos, dispos-
tos em filas longitudinais que contornam o abdômem. Tubérculos la-
terais e posterior muito longos e delgados, quase cilindricos, os, laterais
voltados para cima, levemente dirigidos para trás, o posterior não in-
clinado, todos com grossos tubérculos, encimados por grossas cerdas es-
piniformes.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 33
Perna I: fêmur com grossos tubérculos armados de potentes cerdas
espiniformes, nas faces anterior e posterior. Patela de face posterior or-
nada por grossos tubérculos dos quais emergem macrocerdas. Tibia
muito dilatada, muito arqueada, com 2-2-2 potentissimos espinhos
anteriores, postos em cavidades articulares muitissimo salientes e mais
um par de tubérculos apicais muito conspicuos, encimados por grossis-
simas cerdas. Face dorsal com uma fila longitudinal média de grossos
tubérculos setiferos e várias tricobótrias no terço basal. Basitarso mar-
cantemente mais delgada do que a tíbia, com 2-2-2 longuíssimos es-
pinhos anteriores, algumas cerdas nas faces dorsal e posterior e trico-
bótrias no centro da face posterior. Tarso levemente mais dilatado no
ápice, com unhas grandes e bidenteadas.
Perna II em tudo semelhante à I, porém com a tíbia muito menos
dilatada e francamente arqueada. E
Todos os artículos dos dois primeiros pares de pernas, exceto os
tarsos, com o tegumento muito Pata ga e finalmente granuloso, à
semelhança de uma lixa.
Pernas III e IV muito semelhantes às da een
0,750 0,325 0,500 0,425 0,300
Pedipaldo: fêmur de comprimento superior ao dobro do diâmetro
(0,425 x 0,200). Patela de comprimento levemente superior à largura
(0,275 x 0,250), com várias cerdas dorsais e dorsilaterais de tamanhos
variáveis. Tibia de comprimento na base do tarso bem menor do que a
largura (0,175 x 0,250), com uma grosa e longa apófise na face retro-
lateral a qual atinge quase o meio do cymbium. A apófise tem quase o
dobro do comprimento da tíbia, tomado ao nível do embasamento do
tarso. Apresenta-se levemente curva, com profundo sulco longitudinal e
um pequeno dente curvo, na base, dorsalmente. No dorso a tíbia
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
34 LISE, A. A.
apresenta longas tricobótrias e algumas cerdas muito longas embasadas
em curtos tubérculos. Na face prolateral apresenta algumas cerdas gran-
des e outras menores na face retrolateral. Tarso bem mais longo do que
largo (0,550 x 0,375), com 0,325 de espessura. Cymbium muito convexo,
com grossos pêlos ventrais, na pro e na retromargem. Tegulum mais ou .
menos conveso. Emboloso curto, descrevendo uma curvatura de cerca de
180º.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Pará (Santarém): Goiás:
Mato Grosso; Minas Gerais (Diamantina); Rio Grande do Sul (Cerro
Largo e Garruchos). Paraguai.
DISCUSSÃO TAXONOMICA. Espécie próxima à O. garruchus
LISE, 1979, da qual as fêmeas se diferenciam por terem todos os te-
gumentos muito mais cerdosos, com cerdas menores e mais delgadas; o
abdômen mais largo do que longo com o tubérculo posterior muito
eminente; o clipeo vertical com muitas cerdas em sua margem; as tibias
I e II apresentando 2-2-2 espinhos anteriores; os bulbos espermáticos
são maiores do que as espermatecas, aqueles, muito maiores do que os
de O. garruchus. Os machos de O. echinicauda diferenciam-se dos de O.
garruchus pelo cefalotórax menos cerdosos e menos granulso; por
apresentarem várias cerdas no clipeo, dispostas em duas filas transver-
sais superpostas; pelo maior achatamento e alargamento do abdômen;
pelos tubérculos laterais e tubérculo posterior do abdômen mais delgados
e pelo maior comprimento da apófise tibial do pedipalpo.
MATERIAL EXAMINADO
BRASIL. Pará: Santarém, 1 q MNHN 16098; Mato Grosso: 5 © e5 d& MNHN
10355; Goiás: 2 9 MNHN 21630, 1 é MNHN 21629-D; Minas Gerais: Diamantina,
1 9 MNHN 22459; Rio Grande do Sul: Cerro Largo, 1 q MCN 4313, 12.11.1943,
P.Buck leg.; Garruchus, 2 9 el & MCN 4213, 6.X11.1975, A. Lise leg.. PARA-
GUAI. 1 9 MNHN 8789, 2 q MNHN 8789-A.
OBSERVAÇÕES
Fêmea — Ao descrevê-la, MELLO-LEITÃO (1929) diz que o clípeo
é bem mais largo do que a fila dos olhos médios. Ao mencionar largura,
deveria estar se referindo à altura, que em todos os exemplares exa-
minados é muito menor do que a fila dos olhos médios antericres e
muitissimo menor do que a fila transversal dos olhos anteriores. Sua al-
tura é geralmente maior do que o do trapézio formado pelos olhos an-
teriores, mas verificou-se em quatro dos exemplares examinados que
ambas as alturas se igualam.
Ao se referir às distâncias dos olhos anteriores diz serem quase
equidistantes. Do exame biométrico de todos os espécimes que
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 35
compõem o lote verificou-se que os médios distam entre si num mínimo
de um diâmetro e três quartos e num máximo de dois diâmetros e um
quarto, enquanto que os laterais anteriores distam dos médios num
mínimo de meio diâmetro e num máximo de um diâmetro, prevalecendo
os afastamentos de três quartos de diâmetro a um diâmetro. Parte des-
tas variações talvez se devam à dificuldade de obter-se medidas precisas,
principalmente em animais muito claros nos quais os limites das córneas
são mais dificeis de serem precisados.
Menciona, também: “Área dos olhos médios muito mais alta que
larga, mais estreita adiante”. Apenas em três espécimes verificou-se ser
ela levemente mais longa do que larga e em todos os demais é tão longa
quanto larga, confirmando contudo a menor largura na região anterior.
Sobre a quetotaxia das pernas, diz estarem as tibias armadas de 2-
2 pequenos espinhos, quando na realidade apresentam 2-2-2, raramente
1-2-2, no caso o impar de posição ântero-ventral. O basitarso I tem 2-2-2
anteriores e o basitarso II tem 2-2-2 mais 1-1 dorsais.
No que diz respeito ao colorido do abdômen, as variações são
notáveis, dentro dos seguintes padrões:
a) pardo, muito reticulado de branco com intenso sombreado
marrom muito escuro e duas manchas circulares brancas, medianas;
b) quase todo marrom com quatro manchas circulares de cor bran-
ca e mais duas grandes manchas de contornos irregulares, uma de cada
lado, ao nível dos tubérculos laterais, ocupando quase toda a metade an-
terior do abdômen;
c) todo amarelo, levemente sombreado de marrom;
d) fusco, todo reticulado de um marrom muito escuro, quase negro,
provavelmente vermelho no animal vivo.
As faces laterais e ventrais são normalmente amarelas, algo som-
breadas de marrom ou mesmo totalmente brancas, às vezes reticuladas
em intensidades variáveis.
Macho — MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho diz:
“Olhos posteriores em fila direita, os médios mais afastados”. Em
apenas dois exemplares de toda a série examinada verificou-se a dis-
posição em linha reta, sendo levemente recurva em todos os demais. Ao
se referir aos olhos anteriores diz: “Olhos anteriores quasi equidistan-
tes, em fila muito recurva, os médios um nada menores”. Em relação ao
diâmetro verificou-se serem iguais a não ser em casos isolados nos quais
pode-se observar diferenças minimas e nestes casos o olho esquerdo
diferia em tamanho do direito. A equidistância entre olhos médios e
laterais nunca se verifica uma vez que os médios são sempre muito mais
afastados um do outro do que os laterais. Os médios distam um do outro
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
36 LISE, A. A.
no minimo em um diâmetro e dois terços, prevalecendo um afastamento
de dois diâmetros. Quanto ao afastamento dos olhos médios anteriores
dos laterais, nunca se verifica um distanciamento maior do que dois ter-
ços de diâmetro, ocorrendo uma predominância quase absoluta de apenas
meio diâmetro.
No que diz respeito ao colorido dos machos, as variações são
pequenas, apenas o abdômen pode estar mais ou menos intensamente
manchado de castanho e negro.
Onocolus echinurus MELLO-LEITÃO, 1929
(Figs. 58-63)
Onocolus echinurus MELLO-LEITÃO, 1929:76.
MATERIAL-TIPO. Holótipo % MNHN 17808, Parahyba do Norte, atual João
Pessoa, Paraiba, Brasil (sem coletor e sem data) na coleção E. Simon.
LOCALIDADE-TIPO. João Pessoa, Paraiba, Brasil.
REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido).
Comprimento total — 9,500.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpos, que-
liceras e pernas amarelos claros.
Abdômen: dorso marrom com inúmeras pequenas manchas esbran-
quiçadas. Borda anterior marginada de branco. Laterais brancas, muito
reticuladas. Ventre amarelo pardacento muito reticulado de branco. .
Tubérculos laterais e posterior brancos. Fiandeiras amarelas. Epigino
com as espermatecas e as hastes medianas fulvas.
Cefalotórax tão longo quanto largo (3,250), mais espesso no terço
posterior (1,750). Dorso moderadamente convexo, pouco quitinizado,
todo revestido por diminutos tubérculos setiferos, irregularmente dispos-
tos, dos quais emergem diminutas cerdas, meiores e mais abundantes
nos contornos posteriores. Região cefálica muito estreita e muitissimo
projetada para a frente, de lados paralelos, com vários tubérculos
munidos de cerdas.
Olhos anteriores em fila recurva, os médios muito menores do que
os laterais (0,075 x 0,125). Olhos médios afastados um do outro por três
diâmetros e dos laterais por um diâmetro (0,075)
Olhos posteriores formam uma fila reta, iguais entre si e do mesmo
diâmetro dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro
por três diâmetros e dois terços (0,275) e dos laterais por dois diâmetros
e um terço (0,175).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 37
Area ocular media täo larga quanto longa (0,450), mais estreita
adiante (0,375), toda revestida de pequenos tuberculos encimados por del-
gadas cerdas. No centro da área ocular, atrás dos OMA, há dois grossos
tubérculos encimados por longa e delgada cerda espiniforme e mais três
ig de cada lado, sobre uma carena transversal, entre os OLA e
Clipeo vertical, transversalmente convexo, com 16 tubérculos dis-
postos em duas filas transversais, superpostas, cada uma com oito
tubérculos, todos munidos de longa cerda curva e mais um tubérculo
bem mais grosso, no centro do clípeo, acima dos demais. Altura do
clipeo menor do que a fila dos OMA (0,325 x 0,375), muito mais baixo
do que a área dos olhos médios, equivalente a quatro diâmetros e um
terço dos OMA.
Esterno bem mais longo do que largo (1,625 x 1,200), de superficie
levemente convexa, toda revestida de pêlos. Borda anterior quase reta,
laterais levemente recortadas a nível das coxas dos dois primeiros pares
de pernas, e ápice arredondado terminando além do embasamento da
coxa IV.
Lâminas maxilares de comprimento duas vezes superior à largura
(0,750 x 0,375), convergentes, de ápice piloso e arredondado.
Lábio mais largo do que longo (0,525 x 0,425), de ápice arredon-
dado, com raros pêlos apicais.
Queliceras longas (1,000 x 0,625), mais salientes no terço basal da
face anterior, com vários tubérculos munidos de longas e delgadas cer-
das.
Abdômen mais largo do que longo (6,300 x 5,850), muitíssimo es-
pesso (5,150), fracamente quitinizado. Dorso muito convexo totalmente
revestido de pequenos tubérculos encimados por finas e curtas cerdas.
Faces laterais lisas. Declive posterior fracamente ornado de tubérculos,
estes muito pequenos e com cerdas pouco eminentes. Ventre pubescente.
Tubérculos laterais pequenos, totalmente revestidos de tubérculos, en-
cimados por cerdas delgadas e longas. Tubérculos posterior muito sa-
liente, grosso, de ápice curvo dorsiventralmente, total e densamente
revestido de tubérculos de tamanhos variáveis, todos munidos de cerdas.
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de longuissimos tubér-
culos na face anterior. Face dorsal e posterior com pequenos tubérculos
encimados por finas e curtas cerdas. Patela com grossissimos e abun-
dantes tubérculos setiferos na face posterior e alguns muitissimo me-
nores na face dorsal. Tibia cilindrica, levemente arqueada, com 2-2-2 es-
pinhos anteriores e mais dois tubérculos apicais munidos de grossa cerda
espiniforme. Face posterior com grossos e abundantes tubérculos se-
tiferos e várias tricobótrias curtas no terço basal. Face dorsal com al-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
38 LISE, A. A.
guns pequenos tubérculos setiferos. Basitarso muito menos espesso do
que a tibia, com 2-2-2 grossos espinhos anteriores, o par apical muito
menor, de ápice curvo. Face posterior com tubérculos muito menos
abundantes do que na tíbia e longa tricobótria mediana. Tarso mais
dilatado no ápice, todo piloso, com uma tricobótria apical. Unhas fortes
e pectinadas.
Perna II. fêmur e patela iguais aos do par anterior. Tibia levemen-
te menos arqueada que a I, com 2-2-2 fracos espinhos anteriores e mais
um par apical de tubérculos com cerda espiniforme. Basitarso com 2-2-2
espinhos anteriores, maiores do que os da tíbia e mais 1 dorsal, apical,
muito pequeno. Tarso como em I.
Pernas III e IV: fêmures com alguns pequenos tubérculos setiferos
na face anterior. Patela e tíbia como em I e II. Basitarso com tuber-
culos setiferos na face posterior e longos e fortes pêlos curvos na face
anterior. Tarso uniformemente dilatado em toda sua extensão, com lon-
gos e grossos pêlos na face anterior. Unhas grandes tridenteadas.
EEE SE — [om
Seiser
pe ri ia a
Pedipalpo: fêmur uma vez e dois terços mais longo do que seu
diâmetro (0,500 x 0,300). Patela e tíbia de mesmo comprimento e de
mesma largura (0,500 x 0,400), ambas com muitos tubérculos setiferos
dorsais, munidos de longas cerdas. Tibia com tricobótrias dorsais. Tarso
de comprimento superior a duas vezes a largura (0,750 x 0,300), muito
piloso, com algumas cerdas e uma forte unha apical.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil, Paraiba.
DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Distingue-se de O. echinicauda da
qual é espécie próxima, pela genitália; pela maior altura do clipeo e pelo
maior arqueamento das tibias I e II.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 39
MATERIAL EXAMINADO.
BRASIL. Paraiba: João Pessoa, 1 9 MNHN 17808.
OBSERVAÇÕES
Em relação a altura do clipeo, diz MELLO-LEITÃO (1929) que este é
mais alto que a área dos olhos médios. Pelo exame do tipo constata-se
ser um pouco mais baixo.
Ao se referir à area dos olhos médios diz ser ela mais alta do que
larga, paralela. Nenhuma das duas afirmativas é real já que a área
n .,0 º I 2 o o D
ocular e nitidamente mais larga do que longa e & mais estreita anterior-
mente.
Quanto ao lábio, diz ser mais longo do que largo quanto na rea-
lidade é bem mais largo do que longo.
Em relação é quetotaxia das tíbias dos dois primeiros pares de per-
nas, diz possuirem 2-2-2-2 espinhos anteriores. Tanto a tíbia I como a
II apresentam 2-2-2 espinhos móveis em cavidades articulares muito
proeminentes e mais um par de tubérculos com uma cerda espiniforme,
iguais aos que ocorrem nas faces dorsal e posterior de todos os artículos.
Onocolus episcopus MELLO-LEITÃO, 1934
(Figs. 64-78)
Onocolus episcopus MELLO-LEITÃO, 1934:48.
Paranocolus intermedius MELLO-LEITAO, 1929:79.
MATERIAL-TIPO. Holótipo ? MNRJ 41770, Gávea, Rio de Janeiro, R. Arlé leg.
LOCALIDADE-TIPO. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
REDESCRIÇÃO a) Fêmea.
Comprimento total — 8,625.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras; pedipal-
po e pernas amarelas.
Abdômen: Dorso amarelo, fortemente reticulado de branco com
uma enorme mancha marrom, mais ou menos descontinua, que reveste
todo o dorso, deixando apenas uma estreita faixa transversal na borda
anterior, de cor branca. A nível dos tubérculos existem duas depressões
côncavas, uma de cada lado, de coloração fulva. Laterais amarelas, den-
samente reticuladas de branco. Ventre com uma larguissima faixa cen-
tral longitudinal, amarela, contornada de branco, pouco reticulada.
Tubérculos laterais e posterior da mesma cor do dorso. 'Fiandeiras
amarelas. ; Ea
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
40 LISE, A. A.
Cefalotórax tão longo quanto largo (3,750), mais elevado atrás
(1,500). Dorso muito pouco convexo, pouco quitinizado, quase liso,
apresentando alguns tubérculos setiferos pequenos, nos contornos pos- .
teriores. Região cefálica muito estreita, muito projetada para diante, de
lados paralelos.
Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios menores do
que os laterais (0,125 x 0,162). Olhos médios afastados entre si por um
diâmetro e um quinto (0,150) e por apenas três quintos de diâmetro
(0,075) dos laterais.
Olhos posteriores dispostos em fila reta, de mesmo tamanho e de
diâmetro igual aos olhos médios anteriores. Olhos médios afastados en-
tre si por dois diâmetros (0,250) e por apenas um diâmetro e um quinto
(0,150) dos laterais.
Área ocular mais larga do que longa (0,475 x 0,400), mais estreita
na região anterior (0,400), totalmente lisa, apenas com diminutissimas
cerdas entre os OLA e OLP, em pequeno cômoro transversal que as
separa.
Clipeo muito proclive, transversalmente convexo, munido de oito
tubérculos setiferos medianos, na borda inferior e mais dois de cada
lado, nos ângulos laterais, o interro bem mais evidente, curvo para o
centro, todos encimados por cerdas curtas e finas. Altura do clípeo
muito menor do que a fila dos OMA (0,275 x 0,400), de altura equiyalons
te a dois diâmetros e dois quintos destes.
Esterno mais longo do que largo (1,875 x 1,250), convexo, borda
anterior quase reta, laterais quase paralelas ou levemente recortadas a
nível do segundo par de pernas. Äpice termina em ponta estreita e rôm-
bica.
Lâminas maxilares de comprimento superior e a duas vezes a
dimensão da largura (0,850 x 0,400), convergentes, de ápice arredon-
dado, munido de pêlos na promargem.
Lábio muito mais largo do que longo (0,600 x 0,425), de ápice
arredondado.
Queliceras curtas e grossas (0,750 x 0,600) com diminutas cerdas
na face anterior.
Abdômen mais largo do que longo (5,750 x 4,850), espesso (3,000),
pouco quitinizado. Dorso quase plano com diminutissimas e raras cerdas
dorsais na borda anterior, laterais anteriores e no declive posterior.
Tubérculos laterais pequenos, posterior bem desenvolvido, cônicos, de
ápice arredondado e rugoso, com pequenas e raras cerdas. Laterais e
ventre lisos. Epígino com duas espermatecas castanhas e, entre elas,
duas hastes paralelas, longitudinais, fulvas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal, anterior, de fortes tu-
bérculos setiferos encimados por curta cerda. Face posterior lisa ou com
diminutas cerdas. Patela lisa. Tíbia cilindrica, não arqueada, com 2-2 ou
1-2-2 fracos espinhos anteriores, o impar no terço basal, muito
menor, o qual geralmente falta, e muito afastado dos outros dois pares,
disposto na margem dorsal. Face posterior com filas longitudinais de
pequenos tubérculos setiferos, a mediana mais evidente. De ambos os
lados da fila longitudinal média, ocorre uma depressão rasa, da qual
emergem quatro tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores,
bem mais potentes do que os das tibias. Face posterior quase lisa com
uma depressão rasa, mediana, da qual emergem quatro tricobótrias.
Tarso levemente mais dilatado no ápice, fascículo subunguenal pouco
denso, apresentando ainda duas tricobótrias apicais na face posterior.
Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I. Tibia com 2-2
ou 1-2-2 fracos espinhos anteriores, o impar na margem ventral. Basitar-
so com 2-2-2 anteriores e mais 1-1 dorsais, um basal e outro apical. Tar-
so como em.
Pernas III e IV: fêmur liso. Patela com diminutas cerdas na face
posterior. Tibia com escavadura rasa, no terço basal da face posterior,
com quatro tricobótrias. Basitarso com pequenas cerdas na face pos-
terior e duas tricobótrias, a apical muito longa e curva. Face anterior
com grossos pêlos apicais curvos. Tarso piloso com duas tricobótrias
apicais.
FEMUR | PATELA | TÍBIA | BASITARSO | TARSO | TOTAL
ERRAR EE nais
[om [Gas [ae o [ese [om
1,650 0,900 | 1,300 0,450 5,275
Pedipalpo: fêmur de comprimento muito superior ao diâmetro
(0,600 x 0,250). Patela de comprimento maior do que o diâmetro (0,550
x 0,400) com alguns tubérculos setiferos apicais e nas laterais. Tibia de
comprimento maior do que o diâmetro (0,500 x 0,400) com abundantes
cerdas e duas áreas dorsais de tricobótrias, uma de cada lado da linha
longitudinal, cada uma com quatro tricobótrias. Tarso piloso, (0,725 x
0,350).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
DESCRIÇÃO — Macho
Comprimento total — 3,125.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipal-
po e pernos, fulvos, sombreados de negro, com intensidades diferentes.
Abdômen de dorso amarelo pardacento, intensamente manchado de
negro, podendo ocorrer algumas manchas brancas, leitosas. Laterais e
declive posterior amarelos pardacentos, manchados de negro. Ventre
pardacento, região epigástrica fulva. Tubérculos laterais não inclinados,
no mesmo plano do dorso, voltados para trás formando um ângulo
aproximado de 45º com o eixo longitudinal. Tubérculos laterais e pos-
terior fulvos, com um eixo mediano negro.
Cefalotórax mais longo do que largo (1,400 x 1,325), quase tão es-
pesso quanto o abdômen (0,850), fortemente quitinizado. Dorso convexo,
de região cefálica bem demarcada pela sua maior convexidade. Tegu-
mento fortemente quitinizado, densamente granuloso, com áreas lisas
entre as estrias torácicas. Atrás dos OLP e na curvatura posterior existe
um tubérculo de cada lado, encimado por grossa e curta cerda espinifor-
me.
Região cefálica estreita, muito projetada para diante, de lados não
paralelos.
Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios menores do
que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos médios afastados entre si por um
diâmetro e um terço e dos laterais por apenas dois terços de diâmetro.
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho
dos médios anteriores. Olhos médios afastados entre si por dois diä-
metros e um terço (0,175) e dos laterais por um diâmetro e um terço
(0,100).
Área ocular média mais larga do que longa (0,300 x 0,250), um
pouco mais estreita na região anterior (0,275), fortemente granulosa,
com um potente tubérculo entre os OLA e os OLP, encimado por uma
curta e grossa cerda espiniforme.
Clípeo vertical, transversalmente convexo, de tegumento fortemen-
te granuloso, ornado por onze grossos tuberculos na borda inferior. A al-
tura do clipeo & menor do que a fila dos OMA (0,200 x 0,275), equi-
valendo a dois diâmetros e dois terços destes, sendo ainda igual a duas
vezes a distância que separa os OMP dos OLP.
Esterno um pouco mais longo do que largo (0,625 x O 1600), con-
vexo, anteriormente entalhado, laterais fortemente recortadas, ápice reto
e largo, tegumento microgranuloso.
Lâminas maxilares convergentes, duas vezes mais ongs do que
largas (0,350 x 0,175), de ápice arredondado, com pêlos apicais na
promargem.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais VS: 43
Lábio muito mais largo do que longo (0,250 x 0,175), de ápice
moderadamente arredondado, munido de uma fila transversal de pêlos
apicais.
Abdômen tão longo quanto largo (1,725), baixo (0,875). Borda an-
terior reta, munida de curtos e grossos tubérculos encimados por cerdas
espiniformes, curtas e grossas, o mesmo acontecendo com a as bordas
laterais anteriores. Declive posterior com as cerdas dispostas em filas
que contornam o abdômen. Laterais lisas, ventre revestido por espessos
e curtos pêlos negros. Tubérculos laterais e posterior pouco eminentes, -
ornados por tubérculos setiferos encimados por curtas e grossas cerdas
espiniformes.
Perna I e II. fêmures com dois ou três tubérculos setíferos an-
teriores na margem ântero-dorsal, munidos de cerdas curtas e grossas.
Face posterior com duas filas longitudinais de tubérculos setiferos, os da
fila dorsal muito mais conspicuos do que os da ventral. Patelas com três
filas longitudinais de tubérculos setiferos na face posterior. Tíbias espes-
sas, levemente arqueadas, com uma escavadura rasa no terço basal, com
um grosso tubérculo setifero atrás e um bem menor à frente da esca-
vadura, da qual emergem oito tricobótrias, quatro de cada lado. Face
anterior com 2-2-2 longos espinhos, o par basal menor, e mais dois
tubérculos apicais, encimados por grossa cerda espiniforme. Basitarsos
com 2-2-2 longos e fortes espinhos anteriores. Face posterior com uma
depressão rasa, mediana, da qual emergem duas longas tricobótrias.
Tarsos mais dilatados no ápice, pilosos, com duas tricobótrias apicais.
Pernas III e IV: fêmures lisos. Patelas com diininutissimos tubér-
culos na face posterior. Tibias levemente escavadas no terço basal de on-
de emergem duas tricobótrias. Apresentam ainda, dois tubérculos se-
tiferos, um mediano e o outro apical. Basitarsos com apenas um tubér-
culo apical na face posterior e duas tricobótrias, a apical muito longa.
Face anterior com grossos pêlos curvos. Tarsos uniformemente dila-
tados com grossos pêlos anteriores e longa tricobótria apical.
pa fra ee
Bee a oeler
Bene] ve |
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 198.
44 LISE, A. A.
Pedipalpo: fêmur com 0,375 de comprimento e 0,125 de diâmetro.
Patela de comprimento e diâmetro quase iguais (0,225 x 0,200), com
tubérculos setiferos dorsais. Tibia de comprimento e diâmetro, na base
do cymbium quase iguais (0,125 x 0,150), com uma longa apófise re-
trolateral. Comprimento da apófise igual ao diâmetro da tíbia. A apófise
é curva dorsiventralmente, com uma profunda concavidade longitudinal,
retrolateral. No terço basal apresenta um forte dente curvo, voltado para
diante. Dorsalmente a tíbia apresenta longas tricobótrias e fortes cerdas
espiniformes dorsais e prolaterais. Tarso mais longo do que largo (0,450
x 0,350), espessura 0,250. Cymbium com grossos pelos curvos na pro e
na retromargem, dorso piloso. Tegulum de superfície levemente convexa.
Embolus longo, descrevendo uma curvatura de aproximadamente 540º.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Ceará (Baturité); Rio de
Janeiro (Gávea e Niterói); Paraná (Rio Negro); Goiás; Rio Grande do
Sul (Viamão e Irai). Paraguai. Há ainda exemplares no MNHN eti-
quetados com “plusieurs localites”.
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. A fêmea desta espécie é proxima a
de O. trifolius, da qual se diferencia porque apresenta o tubérculo pos-
terior do abdômen mais longo, não granuloso; o afastamento dos OLA
dos OMA é maior; o afastamento dos OLP dos OMP é menor; a fila
ocular anterior é mais recurva; o clipeo é mais acentuadamente proclive;
as tibias I e II apresentam apenas 2-2 ou 1-2-2 espinhos anteriores e a
fronte é mais estreita.
VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Desta espécie tivemos a
oportunidade de examinar o material logo após a coleta e em relativa
abundância, se considerarmos a raridade dos mesmos, o que nos permite
fazer algumas considerações sobre as variações no colorido.
Nas fêmeas, o cefalotórax, as pernas e os palpos são quase hia-
linos, tendendo para um branco leitoso, totalmente salpicados de man-
chas verde azuladas, irregularmente dispostas.
O colorido dorsal do abdômen varia de exemplar para exemplar. A
maioria apresenta o dorso totalmente vermelho, como no holótipo. Em
outros o dorso é branco leitoso intensamente manchado de vermelho,
formando um fino retículo. Há exemplares de dorso amarelo reticulado
de branco com duas grandes manchas marrom claras. O exemplar
proveniente de Irai (RS) apresenta o dorso intensamente vermelho com
duas enormes manchas ocelares brancas, uma de cada lado, ao nível dos
tubérculos laterais.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Em todos os espécimes fêmeas, as laterais e o declive posterior são
brancos, reticulados, fracamente sombreados de verde. O ventre é bran-
co, reticulado. As fiandeiras são contornadas anteriormente por um
semicirculo amarelo.
Nos machos, o cefalotórax é geralmente fulvo. Há espécimes em
que as partes granulosas são negras, ou quase, e as lisas são amarelas
ou fulvas.
Os dois primeiros pares de pernas têm fêmures amarelos ou fulvos
muito claros, sombreados de negro. A pigmentação negra dispõe-se em
faixas circulares, contornando as faces. anterior, dorsal e posterior. A
ventral permanece clara. Este desenho ocorre em todos os demais ar-
tículos, tornando-se muito mais evidente e intenso, nos basitarsos e tar-
sos. Os dois pares posteriores são geralmente amarelos, muito claros,
manchados de negro ou de marrom claro.
MATERIAL EXAMINADO
BRASIL. Ceará: Baturité, 1 9 MNHN 17795; Rio de Janeiro: Rio de Janeiro 1
© MNRJ 41770, R. Arle leg.; Niterói 1 ô MNRJ 916; Goiás: 3 9? MNHN 21630-A; |
Paraná: Rio Negro 1 ö MNRJ 58155; Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Saint Hilaire
1 & MEN 4313, 28.VIII.1974, A. Liseleg.; 1 ö MCN 4314, 1.V.1976, A. Lise leg.; 7,
ö MCN 4315, 7.V.1976, A. Lise leg.; 4 6 MCN 4317, 28.VII.1976, A. Lise leg.; 1
& MCN 4316, 28.VII.1974, A. Lise leg.; 3 9 MCN 4312. 1.V.1976, 1. Liseleg.; 1
® MCN 2230, 28.VII.1974, A. Lise leg.; Iraí 1 9 MCN 4353, 20.X1.1975, A. Lise
leg.. PARAGUAI. Plusieurs localités, 1 9 MNHN 8789-B. 3 9 MNHN 7313-D.
OBSERVAÇÕES
Ao descrever a fila dos olhos anteriores, MELLO-LEITÃO (1934)
diz: “Anterior eyes forming a line strongly curved backwards (recurved),
central smaller and closer to each other, less than a diameter apart, than
to the lateral, about two diameters from them”.
A fila na realidade é apenas recurva, os médios distam entre si por
apenas um diâmetro e um quinto e o afastamento deles dos laterais, é de
três quintos de diâmetro.
Para a fila posterior diz: “Posterior row of eyes straight centrals
larger further to each other about three diameters apart than to the
lateral, one and a half diameter from them”.
Do exame do tipo e dos demais exemplares constatou-se que os
olhos posteriores são iguais entre si e do mesmo diâmetro dos médios
anteriores. Verificou-se também que os médios estão afastados um do
outro por dois diâmetros e -por um diâmetro e um quinto dos laterais.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
46 LISE, A. A.
Onocolus granulosus MELLO-LEITÃO, 1929.
(Figs. 79-84)
Onocolus granulosus MELLO-LEITÃO, 1929:75.
MATERIAL-TIPO. Lectótipo 9 MNHN 10342 e paralectótipo 2 MNHN 10342-
A, Moyobamba, Peru.
LOCALIDADE-TIPO. Moyobamba, Peru.
REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido).
Comprimento total — 6,650.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpos, e per-
nas amarelos.
Abdômen de dorso branco com enorme mancha marrom, reticulada .
de branco, recortada posteriormente, entre os tubérculos laterais e o
posterior. Laterais brancas, levemente reticuladas. Ventre amarelo.
Tubérculos laterais e posterior amarelo esbranquiçados, sombreados de
marrom. Fiandeiras amarelas.
Cefalotórax tão longo quanto largo (2,750), bem mais espesso no
terço posterior (1,500). Contornos quase circulares, dorso plano, mútico,
apenas com alguns tubérculos setiferos nos contornos posteriores, te-
gumento pouco quitinizado. Região cefálica estreita, muito projetada
para a frente, de lados quase paralelos, divergentes atrás.
Olhos anteriores em fila recurva, os médios menores do que os
laterais (0,100 x 0,125). Olhos médios afastados entre si por um diä-
metro e por meio diâmetro dos laterais.
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e de mesmo tamanho
dos médios anteriores. Os médios afastados entre si por pouco mais do
que um diâmetro e meio (0,160) e por um diâmetro e meio dos laterais
(0,150).
Área ocular média levemente mais larga do que longa (0,325 x
0,300), levemente mais estreita na porção anterior (0,300), com dois
tubérculos setiferos munidos de cerda atrás dos OMA e mais três fracas
cerdas, de cada lado, postas em uma saliência trifida, transversal, entre
os OLA e OLP.
Clipeo vertical, com dois fortes tubérculos centrais na borda in-
ferior e mais um forte, mediano, acima dos outros dois, todos armados
com forte cerda espiniforme. Há outras cerdas bem menores, uma um
pouco afastada do par central e mais acima e uma de cada lado nos än-
gulos laterais. Altura do clipeo duas vezes menor do que à fila dos OMA
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 47
(0,150 x 0,300), mais baixo do que a altura do trapézio formado pelos
olhos anteriores (0,225 x 0,150), correspondendo sua altura a um diä-
metro e meio dos OMA.
Esterno bem mais longo do que largo (1,250 x 1,050), plano.,
região anterior quase reta, laterais arredondadas com leve angulosidade
ao nível das pernas III e IV e ápice arredondado.
Lâminas maxilares de comprimento quase duas vezes maior do que
a largura (0,575 x 0,300), levemente convergentes, de ápice arredondado,
com pêlos apicais na promargem.
Lábio mais largo do que longo (0,400 x 0,325), de ápice arredon-
dado, com leve escavadura no terço basal.
Queliceras muito mais longas do que largas (0,750 x 0,450), le-
vemente salientes no terço basal da face anterior, com alguns pêlos e
cerdas longas.
Abdômen mais largo do que longo (4,250 x 3,650) de espessura
(2,650) quase uniforme em toda a sua extensão. Dorso pouco quitini-
zado, com diminutas e raras cerdas. Bordas anterior e laterais anteriores
com alguns tubérculos salientes, armados de pequena e delgada cerda.
Faces laterais e ventre múticos, o ventre levemente pubescente. Tubér-
culos laterais curtos e grossos, rugosos, com cerdas muito curtas e del-
gadas. Tubérculo posterior cônico de ápice rômbico, mais rugoso do que
os laterais, revestido por pequenas cerdas. Epigino fulvo, com um par de
espermatecas.
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de potentes tubérculos na
margem dorsal da face anterior e alguns na margem ventral, todos en-
cimados por curta e delgada cerda. Face posterior com duas filas lon-
gitudinais de tubérculos, menores e em menor número do que os an-
teriores. Faces dorsal e ventral múticas. Patela com pequenos tubérculos
ap..ais na face anterior e uma fila longitudinal mediana na face pos-
terior, os apicais maiores. Tibia cilindrica, levemente arqueada, munida
de 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 3 tubérculos apicais ar-
mados de curta e grossa cerda, o mediano no centro da face anterior, um
pouco abaixo dos outros dois. Face posterior com uma fila longitudinal
de conspicuos tubérculos setiferos, de tamanhos variáveis, todos enci-
mados por longa e delgada cerda. No terço basal ocorrem algumas
tricobótrias. Basitarso bem ınais delgado do que as tibias, armado com
2-2-2 potentes espinhos anteriores, mais fortes do que os das tibias e de
ápice curvo para dentro. Demais faces pilosas com tricobótrias medianas
na face posterior. Tarso de ápice um pouco mais dilatado, com fascículo
subunguenal nitido e unhas pectinadas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
48 LISE, A. A.
Perna II: fêmur, patela, tíbia e tarso como na perna I. Basitarso
com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase
mediano e o outro apical.
Pernas III e IV: fêmures múticos ou quase. Patelas semelhantes as
dos dois primeiros pares. Tibias com alguns tubérculos setiferos lon-
gitudinalmente dispostos na face posterior, os da tíbia IV maiores e
mais abundantes. Basitarsos e tarsos como nas demais espécies, com
grossos pêlos curvos na face anterior, face posterior com alguns tubér-
culos setiferos e longas tricobótrias.
- PATELA | TÍBIA | BASITARSO TARSO | TOTAL
[5 | ram [imo [om [rm
[o [im [ua [is [am IE
Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vezes o diâmetro
(0,600 x 0,250), mútico. Patela curta e larga (0,375 x 0,300) com fortes
tubérculos setiferos prolaterais e alguns dorsais menores. Tíbia mais lon-
ga-do que larga (0,375 x 0,325) com fortes tubérculos setiferos prola-
terais, outros bem menores dorsais e retrolaterais e longas tricobótrias
dorsais. Tarso longo e delgado (0,575 x 0,225), muito piloso, com al-
gumas cerdas prolaterais e uma unha apical. .
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Peru: Moyobamba e Brasil:
Amazonas, Fonte Boa (MELLO-LEITÃO, 1929).
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie muito próxima de O. pen-
tagonus da qual se diferencia pela genitália em que o canal aferente atin-
ge o bulbo espermático pela Proqaangem após descrever duas voltas com-
pletas em helicóide.
VARIAÇÃO INTRA- ESPECÍFICA. O lectótipo apresenta uma
enorme marícha marrom que cobre quase toda a face dorsal do abdômen
enquanto que O paralectótipo não a apresenta. No lectótipo os tubér-
culos laterais e posteriores do abdômen são mais granulosos e ab bordas
anterior e laterais anteriores apresentam um menor número de tubér-
culos setiferos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 49
MATERIAL EXAMINADO. —
PERU. Moyobamba: 1 9 MNHN 10342,1 MNHN 10342-A.
OBSERVAÇÕES
Ao descrever a espécie MELLO-LEITÃO (1929) diz: “Clypeo estreito,
da altura da fila de olhos anteriores”. Pelo exame dos tipos constata-se
que este é nitidamente mais baixo do que a fila dos olhos anteriores ou
seja mais baixo, do que a altura do trapézio formado pelos olhos an-
teriores (0,150 x 0,225).
Ao se referir aos olhos posteriores diz serem os médios levemente
maiores quando, na realidade, são iguais entre si. Ao descrever a fila dos
olhos anteriores diz: “Olhos anteriores em fila muito recurva, os
médios nitidamente menores e mais aproximados”. Pela maneira como
se expressou dá a impressão que os médios são mais próximos um do
outro e consequentemente mais afastados dos laterais, o que não acon-,
tece, pois os médios estão afastados um do outro por um diâmetro e por
apenas meio diâmetro dos laterais.
Ao se referir à área ocular média diz ser ela mais alta do que larga,
quando é mais larga do que alta.
Ao se referir à quetotaxia das pernas diz: “tíbias levemente es-
cavadas na face superior, armadas de 2-2-2-2 espinhos inferiores, protar-
sos com 2-2-2 mais robustos”.
Nas tíbias dos dois primeiros pares de pernas há 2-2-2 espinhos
anteriores e mais três tubérculos apicais com grossa cerda. No basitarso
I há 2-2-2 espinhos anteriores, enquanto que no II ocorrem 2-2-2 an-
teriores e mais 1-1 dorsais. 2
Onocolus infelix MELLO-LEITÄO, 1940.
R (Figs. 85-99)
Onocolus infelix MELLO-LEITÃO, 1940:250.
Onocolus mendax SOARES & SOARES, 1946:62.
MATERIAL-TIPO. Holótipo 2 MNRJ 58425; Rio Negro, Paraná; Brasil, Fr. Z.
Rhor leg. Ro
LOCALIDADE-TIPO. Rio Negro, Paraná, Brasil.
REDESCRIÇÃO a) Fêmea
Comprimento total — 7,250.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo, queli-
ceras e pernas amarelas claras.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
50 LISE, A. A.
Abdômen: dorso amarelo esbranquiçado, reticulado. Laterais e
ventre amarelo esbranquicado. Apice dos tubérculos e região compreen-
dida entre os tubérculos laterais e posterior, sombreada de marrom.
Fiandeiras amarelas de mesma tonalidade do ventre.
Cefalotórax levemente mais longo do que largo (3,400 x 3,250),
pouco espesso, mais alto atrás (1,650). Dorso levemente convexo, total-
mente liso. Região cefálica muito estreita, muito projetada para diante,
de lados paralelos.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios menores do
que os laterais (0,125 x 0,175). Os médios afastados entre si por um
diâmetro e por apenas meio diâmetro (0,062) dos laterais.
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho
dos olhos médios anteriores. Olhos médios separados entre si por um
pouco mais do que um diâmetro e três quintos (0,212) e por um diâmetro
e dois quintos (0,175) dos laterais.
Área ocular média mais longa do que larga (0,475 x 0,425), bem
mais estreita na região anterior (0,325), totalmente desprovida de cer-
das.
Clipeo vertical, transversalmente convexo, com algumas cerdas
pouco conspicuas, na borda inferior. Altura do clipeo equivalente a dois
diâmetros dos OMA, mais baixo do que a linha formada pelos OMA
(0,250 x 0,375) e da mesma altura do trapézio formado pelos olhos an-
teriores.
Esterno mais longo do que largo (1,625 x 1,375), levemente con-
vexo, moderadamente escavado na frente, de lados regularmente curvos,
não recortados e ápice arredondado.
Lâminas maxilares de comprimento equivalente a duas vezes sua
largura (0,800 x 0,400), convergentes, de ápice arredondado com pêlos
na promargem.
Lábio mais largo do que longo (0,550 x 0,450), de ápice arredon-
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares.
Queliceras mais longas do que largas (0,600 x 0,425), de face an-
terior lisa.
Abdömen pentagonal, mais largo do qrıe longo (4,500 x 4,000), es-
pesso, pouco q ıitimizado, de borda anterior reta com dois tubérculos com
conspicuos nos ângulos anteriores.
Dorso levemente convexo, totalmente liso bem como as bordas an-
terior, laterais anteriores e declive posterior. Tubérculos laterais salientes,
cônicos, lisos. Tubérculo posterior subcilindrico, de ápice rômbico, muito
IHSRINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 51
longo. Laterais e ventre lisos. Epigino com duas espermatecas esfericas,
castanhas e duas traves longitudinais fulvas.
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de tubérculos cônicos en-
cimados por diminuta cerda, na fase anterior. Demais faces lisas, poden-
do ocorrer uma fila de diminutissimas cerdas na face posterior. Patela
totalmente lisa. Tibia com 2-2-2 fracos e curtos espinhos anteriores, o
par basal bem mais afastado do que os outros dois pares e bem manor.
Face posterior com apenas um tubérculo notável no terço basal, demais
faces lisas. Basitarso armado com 2-2-2 espinhos anteriores, um pouco
maiores do que os da tíbia, demais faces lisas. Tarso longo e mais di-
latado no ápice com fascículo subunguenal bem nítido, unhas biden-
teadas, fulvas.
Perna II. fêmur e patela iguais a I. Tibia com 1-2-2 fracos espinhos
anteriores. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais,
muito pequenos, um mediano e o outro apical. Demais elementos iguais
à perna Il.
Perna III e IV: sem detalhes especiais, apenas com fortes pêlos
curvos na face anterior dos basitarsos e tarsos, como em todas as de-
mais espécies.
FEMUR | PATELA
1,550 2,375
1m 1,750 0,875 0,925
1,050
Pedipalpo: fêmur liso, de comprimento superior ao dobro de
diâmetro (0,625 x 0,250). Patela e tíbia de igual comprimento e diâmetro
(0,500 x 0,375), com alguns tubérculos muito pequenos na face dorsal.
Tarso de comprimento igual ao do fêmur e de diâmetro levemente maior
(0,275).
DESCRIÇÃO — Macho
Comprimento total — 3,075.
Cefalotórax amarelo com todas as áreas granulosas negras ou
denegridas. Arca ocular castanha denegrida. Esterno amarelo de bordas
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
52 LISE, A. A.
negras. Lâminas maxilares, lábio e queliceras castanhos escuros, quase
negros. Pedipalpo fulvo, denegrido. Os três primeiros pares de pernas
fulvas. O quarto par apresenta a porção basal do fêmur fulvo e a porção
apical negra. Patela, tibia e basitarso negros, tarso fulvo.
O abdômen no animal vivo apresenta o dorso amarelo esverdeado,
fracamente reticulado de branco e manchado de negro. Laterais quase
totalmente negras levemente reticuladas de amarelo. Ventre denegrido
com manchas amarelo fulvas, dispostas em filas longitudinais, região
epigástrica fulva. Tubérculos laterais e posterior castanho avermelhados.
Tubérculos setiferos e cerdas fulvos. Fiandeiras denegridas, rodeadas por
um anel quitinoso fulvo.
Cefalotórax mais longo do que largo (1,500 x 1,375), espesso
(0,750), fortemente quitinizado. Dorso convexo, densamente granuloso,
apresentando um grosso tubérculo ornado com uma grossa cerda atrás
dos OLP. No dorso, centralmente, apresenta uma área caliciforme de
base posterior que inicia atrás dos olhos posteriores e vai até o declive
posterior do cefalotórax, a qual é formada por concentração de grânulos.
Entre ela e as bordas laterais, que são igualmente granulosas, interpõe-
se uma larga faixa longitudinal lisa. Contorno cefalotorácico quase cir-
cular. Região cefálica mais estreita, moderadamente projetada para a
frente, de lados não paralelos. Area ocular de tegumento fortemente
granuloso, com dois grossos tubérculos medianos, munidos de grossa
cerda espiniforme, atrás dos OMA.
Entre os OLA e OLP existe um potente tubérculo setifero, maior
do que o par mediano e contiguo äquele e internamente um outro, bem.
menor.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, de diâmetros iguais
(0,120). Olhos médios afastados entre si por menos do que um diâmetro
(0,100) e por apenas um quarto de diâmetro (0,030) dos laterais.
Olhos posteriores iguais entre si (0,075), muito menores do que os
anteriores, dispostos em fila reta. Olhos médios afastados entre si por
dois diâmetros e um terço (0,175) e por dois diâmetros dos laterais.
Área ocular média levemente mais larga do que longa (0,325 x
0,300), levemente mais estreita na região anterior (0,300).
“Clípeo muito levemente proclive, transversalmente convexo, com
dois fortes tubérculos medianos, encimados por cerdas espiniformes,
situados na borda inferior. Todo o clipeo é fortemente granuloso. Altura
do clípeo menor do que a fila dos OMA e altura equivalente à dimensão
de um diâmetro e oito décimos (0,200) destes.
Queliceras: comprimento (0,375), largura (0,250). Face anterior
quase lisa, quitinizada. z
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 53
Esterno mais longo do que largo (0,600 x 0,500), convexo, ante-
riormente entalhado, de bordas laterais recortadas e ápice largo, cortado
em linha reta.
Lâminas maxilares de comprimento duas vezes maior do que a lar-
gura (0,350 x 0,175), convergentes, de ápice arredondado com pêlos na
promargem.
Lábio muito mais largo do que longo (0,250 x 0,175), de ápice
arredondado, com uma fila transversal de pêlos apicais.
Abdômen mais largo do que longo (1,675 x 1,600), espesso (1,000),
tegumentos muito quitinizado. Bordas anterior e laterais anteriores or-
nados por tubérculos setiferos cônicos, encimados por curta e grossa cer-
da espiniforme. Dorso chato com escassas e pequenas cerdas. Laterais
lisas. Declive posterior com tubérculos Setiferos alinhados em filas que
contornam o abdômen. Ventre com curtos e grossos pêlos. Tubérculos
laterais e posterior conspicuos, ornados por cerdas espiniformes curtas e
grossas.
Pernas I e II: fêmur de tegumento microgranuloso, com dois ou
três tubérculos setiferos na face anterior e vários na face posterior, es-
tes dispostos em duas filas longitudinais. Patela microgranulosa. Tibia
levemente arqueada com pequena escavadura no terço basal, armada de
2-2-2 longos e delgados espinhos anteriores e mais um par de tubérculos
setiferos apicais. Face posterior com um forte tubérculo setifero a nível
da escavadura e duas áreas de tricobótrias, uma de cada lado do tubér-
culo. Basitarso com 2-2-2 longos e delgados espinhos anteriores. Todo o
tegumento piloso, com uma área de tricobótrias na face posterior,
medianamente. Tarso levemente mais dilatado no ápice onde apresenta
uma tricobótria. Fascículo subunguenal pouco desenvolvido.
Pernas III e IV: tíbia levemente escavada com longas tricobótrias
a nível da escavadura. Basitarso com duas longas tricobótrias apicais,
na face posterior. Tarso todo piloso com uma longa tricobótria apical.
disc
CE aC Rm
E TEA a ne
om [om e
IHERINGIA. Ser. Zooi., Porto Alegre (57):3-97, 9 iev..iQ8i
54 LISE, A. A.
Pedipalpo: fêmur longo e liso (0,400 x 0,150). Patela de compri-
mento quase igual ao diâmetro (0,225 x 0,200), com cerdas dorsais e
dorsilaterais. Tíbia de comprimento na base do tarso menor do que a
largura (0,150 x 0,200), munida de longa apófise retrolateral, a qual não
ultrapassa a metade do comprimento do cymbium. A apófise é curva
dorsiventralmente, com uma concavidade longitudinal e um forte dente
curvo no terço basal. No dorso da tibia encontram-se longas tricobótrias.
Cymbium bem mais longo do que largo (0,500 x 0,375) com 0,250 de es-
pessura, todo piloso. Tegulum de superficie quase plana com longo em-
bolus que descreve uma curvatura em torno de 720 graus.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Espírito Santo (Co-
latina, Rio São José); Paraná, (Rio Negro); Rio Grande do Sul (Viamão),
onde é simpátrica com O. episcopus, e Canela).
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie bem distinta das demais.
As fêmeas são facilmente separadas das fêmeas das demais espécies por
apresentarem ombros abdominais bem salientes; tegumentos lisos e
tubérculo posterior do abdômen muito longo, quase cilíndrico, além da
genitália apresentar espermatecas cilíndricas, com aberturas de fecun-
dação posteriores a elas. Os machos distinguem-se por apresentarem
dois grossos tubérculos setiferos entre os OLA e OLP; dois tubérculos
atrás dos OMA; um forte tubérculo setifero atrás dos OLP e tegumento
cefalotorácico fortemente granuloso e mútico.
VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Como se teve a oportunidade.
de examinar material logo após a captura, é oportuno fazer-se alguns
comentários sobre as variações do colorido.
Nas fêmeas o cefalotórax e os apêndices são brancos translúcidos,
todos manchados ou pontilhados de verde. O abdômen apresenta o dorso
verde azulado com estrias brancas. Os tubérculos dos ombros e os tubér-
culos laterais, são manchados de marrom avermelhado. Unindo os tubér-
culos anteriores ao posterior ha uma larga faixa marrom avermelhada,
igual a do holótipo. As laterais e o ventre são brancos, levemente som-
breados de verde.
Nos machos a coloração é bastante variável, principalmente no
cefalotórax e pernas. O cefalotórax pode apresentar variações cromáticas
que podem variar desde o amarelo claro ao negro, passando pelo fulvo,
marrom e sombreado de negro, permanecendo sempre claras as áreas on-
de o tegumento é fracamente granuloso ou liso. As pernas, queliceras e
esterno, podem ser amarelos, amarelos manchados de negro, fulvos e
mesmo quase totalmente negros. :
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 55
MATERIAL EXAMINADO
BRASIL. Espirito Santo: Colatina, rio São José, 1 ö MZSP E. 455C 656,
15.IX.1942, B.A.M. Soares leg.; Paraná: Rio Negro 1 ? MNRJ 58425, Fr. Z. Rhor leg.;
Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Saint Hilaire, 1 é MCN 4121, 30.1V.1976, A. Lise
leg.; 1 é MCN 4261, 7.V.1976; A. Lise leg.; 3 é MCN 4262, 7.V.1976, A. Lise leg., 1
9? MCN 357, 15.V.1966, A. Lise leg. 4 9 MCN 4123, 30.1V.1976, A. Lise leg., 1 6
MCN 4122, 30.1V.1976, A. Lise Leg.; Canela, 1 5 MCN 308, 3.11.1967, A. Lise leg..
OBSERVAÇÕES
MELLO-LEITÃO (1940) ao descrever a espécie e ao se referir aos
olhos anteriores diz: “Olhos anteriores em fila fortemente recurva, os
médios muito menores, quasi esquidistantes”. Pelo exame do tipo e dos
demais espécimes constatou-se que a fila ocular anterior é levemente
recurva, os médios são realmente menores do que os laterais, mas não
são equidistantes pois os médios distam um do outro por um diâmetro e
por apenas meio diâmetro dos laterais.
Ao descrever a fila ocular posterior diz: “Olhos posteriores em fila
levemente procurva, os médios maiores, separados entre si quasi dois
diâmetros e a um diâmetro dos laterais”. Os olhos posteriores na rea-
lidade estão dispostos em linha reta, são iguais entre si e do mesmo
diâmetro dos OMA.
Diz ainda ser o “Clípeo de altura igual aos olhos anteriores”.
Acredita-se ao se referir a altura do clipeo a quis comparar com a altura
do trapézio formado pelos olhos anteriores, com o que concordam as
medidas do tipo. Discorda-se, no entanto, se ao expressar a altura deste,
o fez em função do diâmetro dos OMA.
Onocolus pentagonus (KEYSERLING, 1880)
(Figs. 100-114)
Stephanopis pentagona ( TACZ. ) KEYSERLING, 1880:185. [sic )
Onocolus pentagonus: CABRIDGE, 1900:160.
Onocolus pentagonus: PETRUNKEVITCH, 1911:415.
Onocolus pentagonus: MELLO-LEITÃO, 1929:74.
MATERIAL-TIPO. O holótipo não foi localizado e consta estar depositado no
“Sammlung der Universitat in Warschau”.
LOCALIDADE-TIPO. Valmal, Peru.
REDESCRIÇÃO — a) Macho.
Comprimento total — 3,075.
Cefalotórax fulvo. Esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras e
palpo fulvo amarelados. Patas fulvas, da mesma tonalidade do cefalo-
tórax.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
56 LISE, A. A.
Abdômen de dorso amarelo, com uma grande mancha negra des-
continua que cobre toda a região anterior, estendendo-se até os tubér-
culos laterais. Dorsalmente existem ainda quatro manchas circulares ful-
vas, situadas em depressões côncovas. Faces laterais amarelas com uma
grande mancha negra de cada lado, as quais iniciam nos ombros an-
teriores e se extinguem ao nível dos tubérculos laterais. Ventre amarelo.
Cefalotórax mais longo do que largo (1,500 x 1,350), pouco espesso
(0,625), fortemente quitinizado. Dorso convexo, densamente granuloso,
com áreas lisas entre as estrias torácicas e com um potente tubérculo
situado imediatamente atrás dos OLP, do qual emerge uma grossa cerda
espiniforme. Região dorsal mediana mais elevada e mais densamente
granulosa. Lados arredondados, apresentando um potente tubérculo
cônico dotado de grossissima cerda espiniforme, de cada lado, na cur-
vatura posterior. Região cefálica estreita e bem projetada para diante.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, iguais (0,100). Olhos
médios separados entre si por um diâmetro e por apenas um quarto de
diâmetro dos laterais (0,025).
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si (0,075) e menores do
que os anteriores. Olhos médios posteriores equidistantes aos laterais
posteriores, separados entre si por um diâmetro e um quarto (0,100).
Area ocular média tão longa quanto larga (0,275), quadrangular,
com dois potentes tubérculos setiferos medianos, situados atrás dos
OMA e mais três de cada lado, bem menores, transversalmente dispos-
tos entre os OLA e os OLP.
Clípeo vertical, transversalmente convexo e granuloso, com quatro |
pares de cerdas marginais, em planos superpostos. Altura do clipeo
muito menor do que a fila dos olhos médios anteriores (0,275 x 0,175),
de dimensão igual a um diâmetro e três quartos dos OMA e da mesma
altura do trapézio formado pelos olhos anteriores.
Queliceras com 0,325 de comprimento e 0,250 de largura, com a
face anterior revestida de pêlos.
Esterno levemente convexo, revestido por fraca pubescência, região
anterior quase reta, lados pouco recortados e ápice arredondado, tão lon-
go quanto largo (0,625).
Lâminas maxilares de comprimento duas vezes maior do que a lar-
gura (0,350 x 0,175), levemente convergentes, retromargem apical su-
bangulosa e promargem arredondada com pêlos pouco abundantes.
Lábio mais largo do que longo (0,225 x 0,150) de ápice arredon-
dado, munido de abundantes pêlos apicais.
Abdômen pentagonal com tubérculos laterais longos e delgados.
Tubérculo posterior mais grosso do que os laterais. Comprimento igual à
largura (1,625), pouco espesso (0,875), fortemente quitinizado. Dorso
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais ve 57
plano, revestido por curtas cerdas. Borda anterior e laterais anteriores
contornadas por curtas e grossas cerdas espiniformes. Tubérculos la-
terais de ápice dicotômico com curtas e grossas cerdas. Tubérculo pos-
terior mais pronunciado do que os laterais, bem mais setiferos. Faces
laterais quase lisas. Declive posterior fortemente setiferos com as cerdas
dispostas em filas que contornam o abdômen. Ventre revestido por gros-
sos e curtos pêlos.
Perna I: coxa apresenta ventralmente uma série de cerdas curtas,
longitudinalmente dispostas.
Fêmur com três tubérculos setiferos anteriores na metade distal, o
basal bem maior do que os outros dois. Face posterior com duas filas
longitudinais de tubérculos setiferos, uma dorsal e a outra ventralmente
disposta, na metade distal. Face dorsal com diminutas cerdas e ventral
lisa. Patela com curtas cerdas na face posterior, longitudinal e media-
namente dispostas. Tibia fortemente arqueada com 2-2-2 fortes e lon-
guissimos espinhos anteriores. Apicalmente existem mais três tubérculos
com fortes cerdas, o mediano situado no centro da face anterior. Face
posterior com três tubérculos setiferos, um basal, um quase mediano e
o terceiro apical. Entre o basal e o mediano existe uma área de trico-
bótrias. Basitarso muito delgado com 2-2-2 fortes e longuissimos es-
pinhos anteriores, o par apical menor, todos implantados em cavidades
articulares salientes. Tarso um pouco mais dilatado no ápice.
Perna II: fêmur com três diminutos tubérculos anteriores, um
pasal, um mediano e o terceiro apical, todos munidos de diminutas cer-
das. Face posterior semelhante à da perna I, porém com cerdas menos
abundantes. Patela, tíbia, basitarso e tarso semelhantes aos da perna I.
Perna III. fêmur quase mútico. Patela e tibia com algumas curtas
cerdas espiniformes posteriores. Basitarso e tarso com fortes pêlos cur-
vos anteriores.
Perna IV: semelhantes à III, de patela e tibia munidas de um
maior número de cerdas posteriores.
PATELA | TÍBIA | BASITARSO | TARSO mora
OP AS Ei
0,575 0,875 0,700 0,475 3,750
0,350 0,550 0,375 0,250 2,275
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
]
58 LISE, A. A.
Pedipalpo: fêmur cilindrico, mais dilatado no ápice, com alguns
tubérculos setiferos apicais, comprimento 0,425, diâmetro 0,200. Patela
mais longa do que larga (0,425 x 0,225), com dois tubérculos setiferos
anteriores e um pequeno, dorsal, apical. Tibia de comprimento e largura
a nível da inserção com o tarso quase iguais (0,175 x 0,200)), com uma
proeminência retrolateral de onde emerge uma longissima apófise curva,
dorsiventralmente, com um profundo sulco ventral, que a percorre lon-
gitudinalmente.
Dorsalmente à apófise, na base desta, ha um dente curvo em es-
piral. Na face dorsal da tibia existem três longas tricobótrias, a mediana
longuissima. Tarso oval com 0,700 de comprimento, 0,450 de largura e
0,375 de espessura. Cymbium piloso, com uma escavadura longitudinal
em sua face retrolateral, na superfície que faz tangência com a apófise.
Tegulum quase plano. Embolus muito longo, descrevendo uma curva-
tura de aproximadamente 720 graus.
REDESCRIÇÃO b) Fêmea.
Comprimento total — 3,800.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e que-
liceras amarelos. Pernas amarelas com um sombreado marrom, pro-
vavelmente vermelho no animal vivo, na face dorsal do basitarso,
medianamente.
Abdômen de dorso amarelo esbranquiçado, com uma grande man-
cha marrom descontinua, mais ou menos reticulada, que cobre todo o
terço anterior, estendendo-se aos tubérculos laterais e posterior. No cen-
tro apresenta seis depressões circulares de cor fulvo-amarelada, a pos-
terior bem menor do que os dois pares anteriores. Laterais e ventre
‚amarelo-esbranquicados. Tuberculos laterais e posterior amarelo-
esbranquiçados, manchados de marrom. Fiandeiras amarelas.
Cefalotórax mais longo do que largo (2,500 x 2,375), mais espesso
no terço posterior (1,000). Dorso chato muito amplo. Tegumento pouco
quitinizado revestido de diminutissimos tubérculos setiferos. Nos contor-
nos posteriores ha alguns tubérculos setiferos bem maiores do que os
demais, todos encimados por fraca cerda. Região cefálica muito estreita,
muito projetada para diante, de lados quase paralelos, aproximadamente
duas vezes e meia mais estreita do que a largura máxima do cefalotórax.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios um pouco
menores (0,100 x 0,125). Olhos médios afastados um do outro por um
diâmetro e por meio diâmetro dos laterais.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 59
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo ta-
manho dos OMA. Olhos medios afastados um do outro por um diämetro
e meio (0,150) e por um diämetro e um quarto dos laterais (0,125).
Area ocular media täo longa quanto larga (0,325), mais estreita na
região anterior (0,250), com dois grossos tubérculos atrás dos OMA, ar-
mados de grossa e longa cerda espiniforme e mais três de cada lado, em
uma carena transversal, entre os OLA e os OLP, armados de cerdas
muito delgadas.
Clípeo vertical, muito convexo no centro, com quatro cerdas
medianas, na borda inferior, cada uma emergindo de um tubérculo
saliente e mais uma de cada lado, muito menores, nos ângulos laterais.
Altura do clipeo menor do que a fila dos olhos anteriores (0,150 x 0,250),
mais baixo do que trapézio formado pelos olhos anteriores (0,150 x
0,225), de altura equivalente a um diâmetro e meio dos OMA.
Esterno bem mais longo do que largo (1,125 x 0,950), quase plano,
levemente escavado na porção anterior, laterais arredondadas e apice
rômbico.
Lâminas maxilares de comprimento duas vezes superior à largura
(0,575 x 0,300), convergentes, de ápice arredondado na promargem e
levemente angulosas na retromargem.
Lábio mais largo do que longo (0,375 x 0,300), de ápice largamente
arredondado, com raros pélos apicais.
Queliceras mais longas do que largas (0,600 x 0,375), com leve
saliência mediana na face anterior, de onde emergem alguns longos pêlos
e delgadas cerdas.
Abdômen mais largo do que longo (3,000 x 2,700), muito baixo
(1,250). Bordas anterior e laterais anteriores com alguns tubérculos
munidos de delgadas cerdas. Dorso plano, com algumas cerdas pouco
eminentes. Faces laterais e ventre pubescentes. Declive posterior com
longas e delgadas cerdas, pouco numerosas. Tuberculos laterais delgados
e voltados para trás, com algumas cerdas. Tubérculo posterior com
tubérculos setiferos salientes, armados de delgadas cerdas. Epigino com
duas espermatecas cilindricas e longo espermioducto enrolado em he-
licóide. Espermatecas e hastes medianas longitudinais fulvas.
Perna I: fêmur com filas longitudinais de potentes tubérculos ar-
mados de curta cerda espiniforme, na face anterior e posterior, os an-
teriores bem maiores. Patela com uma fila longitudinal mediana de gros-
sos tubérculos setiferos. Tibia cilindrica, arqueada, com 2-2-2 potentes
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
60 LISE, A. A.
espinhos anteriores e mais 3 tubérculos apicais, munidos de grossa cerda
espiniforme. Face posterior com leve escavadura basal de onde emergem
tricobótrias e uma fila longitudinal de fortes tubérculos setiferos enci-
mados por curtissima cerda espiniforme. Basitarso com 2-2-2 potentes
espinhos anteriores e alguns pêlos e tricobótrias na face posterior. Tarso
mais dilatado no ápice, com unhas pectinadas.
Perna II. semelhante à I diferindo dela por apresentar a tíbia um
pouco mais delgada e mais arqueada e pelo basitarso apresentar 1-1 es-
pinhos dorsais além dos 2-2-2 anteriores.
Perna III e IV: fêmures quase múticos, patelas e tíbias com filas
longitudinais de pequenos tubérculos armados de delgadas cerdas,
basitarsos e tarsos com grossos e abundantes pêlos curvos na face an-
terior.
FÊMUR | PATELA TÍBIA BASITARSO | TARSO TOTAL
I 2,500 1,250 1,775 1,250 7,625
II 2,400 1,150 1,775 1,250 0,8550 - 7,425
HI 0,625 0,825 0,700 0,375 3,825
IV 1,250 0,625 1,000 0,850 0,375 4,100
Pedipalpo: fêmur mütico de comprimento muito superior ao diä-
metro (0,600 x 0,225). Patela bem mais longa do que larga (0,375 x
0,250), com filas longitudinais de tuberculos setiferos. Tibia quase täo
longa quanto larga (0,300 x 0,275), muito cerdosa, com longas trico-
bötrias dorsais. Tarso muito longo (0,550 x 0,200), piloso.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Panama: Bugaba (Chiriqui).
Peru: Valmal (KEYSERLING, 1880). Brasil: Goiás (Jataí, Fazenda
Aceiro). Peru e Goiás ( MELLO-LEITÃO, 1929).
DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Espécie muito próxima a O.
echinatus e a O. granulosus. As fêmeas da presente espécie podem ser
diferenciadas das de O. echinatus pelo clipeo um pouco mais aito e pelas
aberturas de fecundação situadas mais para trás, sobre as espermatecas.
Das fêmeas de O. granulosus são diferenciadas pelo menor arqueamento
e menor comprimento das tibias I e II; pela maior número de cerdas nos
fêmures, patelas e tibias I e II e pela genitália, em que o ducto esper-
mático aferente atinge o bulbo espermático pela retromargem.
IHERINGIA .Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 61
Os machos de O. pentagonus diferenciam-se dos de O. echinatus
pelo menor número e tamanho dos tubérculos e das cerdas na patela e na
tibia do pedipalpo; pelo menor comprimento dos tubérculos laterais do
abdômen; pelo esterno menos recortado nas bordas laterais e pelo
enrolamento em espiral do gancho situado na base da apófise tibial.
MATERIAL EXAMINADO.
PANAMÃ. Bugaba: Chiriqui, 3 2 e2 é BMNH 1901.3.3. 504-6, Champion leg.,
na coleção “Godman and Salvin. PERU. 1 ó BMNH 3483-1890-1310. BRASIL. Goiás:
Jataí, Fazenda Aceiro, 1 é MZSP E-2824, Expedição CDZ leg.
OBSERVAÇÕES
KEYSERLING (1880), ao descrever o macho e ao se referir a área
ocular média, diz: “Die 4 MA. bilden ein vorn etwas schmäleres aber
sichtlich höheres als hinten breites Viereck”. Pelo exame dos espécimes
constatou-se ser a área ocular média tão longa quanto larga e não mais
estreita na região anterior. Se a área ocular fosse mais longa do que lar-
ga, não poderia ser quadrangular como ele próprio afirma. Tão pouco
poderia ser retangular uma vez que afima ser ela mais estreita na região
anterior o que a caracterizaria como sendo trapezoidal.
Ao se referir à quetotaxia das pernas I e II do macho diz: “an den
stark gekrümmten Tibien befinden sich unten 4 Paar und an den Me-
tatarsen 3 Paar recht langer starker Stacheln, die auf recht vorspringen-
den Hockern zitzen”. Nas tibias I e II existem 2-2-2 longos espinhos an-
teriores e mais 3 tubérculos apicais com curta e grossa cerda espinifor-
me.
MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho, diz ser a altura do
clípeo superior à da área dos olhos médios. Em todos os espécimes
examinados ela mostrou-se visivelmente mais baixa, concordando com a
descrição de KEYSERLING (1880).
Ao se referir aos olhos anteriores diz MELLO-LEITÃO (op. cit.):
“Olhos anteriores em fila fortemente recurva, os médios muito menores,
separados um do outro por um diâmetro e a meio diâmetro dos laterais”.
A fila ocular anterior é levemente recurva, os olhos são iguais entre si,
os OMA estão afastados um do outro por um diâmetro e apenas um
quarto de diâmetro dos laterais.
MELLO-LEITÃO, (op. cit.) ao se referir à área ocular média da
fêmea, diz ser ela “muito mais alta que larga, mais estreita adiante.”
Também na fêmea a área ocular é tão longa quanto larga, sendo realmente
mais estreita na região anterior.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
62 LISE, A. A.
A não localização do tipo de O. pentagonus (KEYSERLING, 1880)
e o escasso material disponível de O. echinatus (TACZANOWSKI,
1872), levou-rbs a considerá-las como espécies distintas, embora os
caracteres diferenciais nos pareçam pouco consistentes.
Somente o exame do tipo de O. pentagonus e de séries representativas
de machos e fêmeas deste e de O. echinatus permitirá estabelecer com se-
gurança se se tratam de duas espécies distintas ou se O. pentagonus deve ser
sinonimizada a O. exhinatus.
Onocolus perditus MELLO-LEITÃO, 1929.
(Figs. 115-123)
Onocolus perditus MELLO-LEITÃO, 1929:71.
MATERIAL-TIPO. Holótipo d MNHN 11530, Condeúba, antigo Santo Antonio
da Barra, Bahia, Brasil.
LOCALIDADE-TIPO. Coudeúba, Bahia, Brasil
REDESCRIÇÃO — Macho (fêmea desconhecida).
Comprimento total — 2,650.
Cefalotórax fulvo escuro com as bordas laterais e a região mediana
dorsal, onde os grânulos são mais concentrados, marrons. Esterno fulvo
claro, de bordas sombreadas de negro. Lâminas maxilares fulvas. Lábio
de base castanha e ápice fulvo. Queliceras, pedipalpo e pernas fulvos
muito escutos tendendo para o marrom.
Abdômen de dorso amarelo pardacento, algo reticulado de en
sombreado de negro, apresentando algumas manchas negras, bem
evidentes. Laterais da mesma cor do dorso. Ventre amarelo, fortemente
sombreado de negro. Placas epigästricas amarelas. Fiandeiras amarelas
pardacentas, rodeadas por um anel quitiniso conspícuo.
Cefalotórax tão longo quanto largo (1,300), espesso (0,700), de
região mediana mais elevada. Tegumento fortemente quitinizado, den-
samente granuloso, principalmente nas laterais e região mediana dorsal,
totalmente desprovido de tubérculos e cerdas.
Região cefálica larga, correspondendo sua largura a dois terços da
largura máxima do cefalotórax, nitidamente projetada para a frente e de
lados não paralelos.
Olhos anteriores alinhados em fila levemente recurva, os médios
um pouco menores do que os laterais (0,075 x 0,090). Olhos médios afas-
tados um do outro por um diâmetro e um terço (0,100) e por apenas um
diâmetro dos laterais.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 63
Olhos posteriores dispostos em fila reta, iguais entre si e de diä-
metro igual ao dos OMA. Olhos médios afastados um do outro por dois
diâmetros e um terço (0,175) e por um diâmetro e um terço (0,100) dos
. laterais.
Área ocular média muito mais larga do que longa (0,325 x 0,250),
de largura anterior igual ao comprimento. Tegumento muito granuloso,
mútico.
Clípeo vertical, transversalmente convexo, com dois tubérculos ar-
mados de curta e grossa cerda espiniforme, centralmente na borda in-
ferior, e contiguos a estes outros pouco conspicuos. Altura do clipeo
muito menor do que a fila dos OMA (0,175 x 0,250), quase da mesma
altura do trapézio formado pelos olhos anteriores (0,150), de altura igual
à distância que separa os OMA e ainda equivalente a dois diâmetro e um
terço dos OMA.
Esterno mais longo do que largo (0,600 x 0,500), centralmente con-
vexo, de região anterior moderadamente entalhada, laterais recortadas e
ápice estreito e transversalmente reto.
Lâminas maxilares de comprimento quase duas vezes superior à
largura (0,275 x 0,175), levemente convergentes, de ápice arredondado
na promargem e anguloso na retromargeın.
Lábio muito mais largo do que longo (0,200 x 0,175), de ápice
arredondado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares.
Queliceras de comprimento igual à largura (0,250), de face anterior
mútica.
Abdômen mais largo do que longo (1,625 x 1,425), muito espesso
(1,200). Dorso convexo, mais elevado no terço posterior, com poucas e
pequenas cerdas. Laterais e ventre lisos. Declive posterior com raras e
diminutas cerdas. Tubérculos laterais e posterior inconspicuos, fraca-
mente rugosos, ornados por pequenas cerdas.
Pernas I e II: fêmures muito dilatados, com dois tubérculos na
face anterior, encimados por curtissima cerda espiniforme e entre eles al-
gumas cerdas muito finas. Face posterior com duas filas longitudinais de
pequenos tubérculos armados de curtas cerdas. Patelas apenas com um
curto tubérculo apical na face posterior. Tibias pouco dilatadas e le-
vemente arqueadas com 1-2-2 pequenos espinhos anteriores, o impar na
margem ventral. Face posterior com um pequeno tubérculo encimado por
curta e grossa cerda espiniforme no terço basal e, logo à frente deste,
uma leve escavadura da qual emergem algumas tricobótrias. Basitarso
muito menos dilatado do que as tibias, com 2-2-2 curtos e grossos es-
pinhos anteriores. No centro da face posterior há uma leve escavadura
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
64 LISE, A. A.
da qual emergem duas tricobótrias. Tarsos curtos e espessos, pilosos,
com fascículo subunguenal pouco evidente e unhas pectinadas. No terço
apical da face posterior ha duas longas tricobótrias.
Perna III. fêmur curto e espesso, quase mútico. Patela com di-
minutas cerdas posteriores. Tibia espessa com leve escavadura no terço
basal da face posterior de onde emergem tricobótrias. Basitarso e tarso
com grossos pêlos curvos na face anterior e longas tricobótrias na face
posterior.
Perna IV: igual à III, porém com a patela, tibia e basitarso ar-
mados de um maior número de tubérculos conspicuos na face posterior.
Tegumento de todas as pernas muito quitinizado e microgranuloso.
e [um [om | nem o o
Ss [o [oe [tm pi
e Le e =
Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vezes o diâmetro
(0,300 x 0,125). Patela mais curta do que larga (0,175 x 0,200), com cur-
tos tubérculos munidos de pequenas e grossas cerdas dorsais e dorso-
laterais. Tibia de comprimento menor de que a largura (0,125 x 0,175),
ambos tomados na base do tarso. Na face retrolateral da tibia ha uma
grossa apófise de comprimento superior ao da tíbia, sulcada longitu-
dinalmente. Na base da apófise há um grosso dente curvo. No dorso e
na face prolateral da tíbia ocorrem algumas cerdas e longas tricobótrias.
Tarso de comprimento nitidamente maior do que a largura (0,400 x
0,275) e esta quase igual à espessura (0,250). Cymbium dorsalmente
piloso, com fortes pêlos curvos ventrais na promargem. Tegulum pouco
convexo. Embolus muito curto, descrevendo curvatura de cerca de 180
graus. E
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Bahia (Condeúba).
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Esta espécie separa-se facilmente
das demais por apresentar o abdômen muito espesso, com tubérculos
laterais e posteriores insconspicuos; pela falta total de tubérculos e cer-
das dorsais no cefalotórax, na área ocular e na fronte; pelo formato
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos nectropicais V... 65
retilineo da apófise tibial do pedipalpo e pelo avantajado comprimento
do dente basal da apófise.
MATERIAL EXAMINADO
BRASIL. Bahia: Condeúba, 1 ö MNHN 11530.
OBSERVAÇÕES
Ao descrever a espéciee e ao se referir aos olhos posteriores,
MELLO-LEITÃO (1929), diz: “Olhos posteriores em fila direita, os
médios maiores e vez e meia mais afastados”. Pelo exame do tipo cons-
tata-se que apresentam o mesmo diâmetro, estando os médios afastados
entre si por dois diâmetros e dois terços e por um diâmetro e um terço
dos laterais.
Onocolus simoni MELLO-LEITÃO, 1915
(Figs. 124-129)
Onocolus pentagona [E sic ) SIMON, 1895a: 1051.
Onocolus pentagona [sic] SIMON, 1895b: 140 nec O. pentagonus (KEYSERLING,
1880:185).
Onocolus simonis( sic ) MELLO-LEITÃO, 1915:144 (nomen novum).
Onocolus simoni: MELLO-LEITÃO, 1929:72.
Onocolus simoni: MELLO-LEITÃO, 1940:242.
MATERIAL-TIPO. SIMON (1895a) ao descrever a espécie, consta ter alicercado a
descrição em uma fêmea jovem proveniente do Rio de Janeiro, Brasil. MELLO-LEITÃO
(1929), ao redescrevê-la e ao se referir ao material utilizado por SIMON, diz: “Há em sua co-
llecgäo, ao lado do typo, postos por elle no mesmo vidro, várias femeas, algumas sexualmente
maduras, sobre as quaes é calcada a presente redescrição.
Por que teria SIMON usado uma fêmea jovem para a descrição se, pelo que é su-
gerido, haviam espécimes adultos?
A informação de MELLO-LEITÃO (1929) não deixa claro se as “varias femeas” e
mais o holótipo integravam um mesmo lote, colocadas todas num mesmo frasco ou se es-
tavam em frascos separados, colocados juntamente com os das demais espécies do gênero,
tous bocal 1575, de coleção E. Simon, conforme consta na guia de remessa de material
recebida no Museum National d’Histoire Naturelle de Paris.
No primeiro caso é de se supor que tenha havido o acréscimo de espécimes no frasco
do holótipo e que a etiqueta com os dados de coleta, se realmente existiu, tenha sido
trocada por outra onde consta “plusieurs localités” uma vez não existir nenhum lote
referido para o Rio de Janeiro. Tipo não examinado.
LOCALIDADE-TIPO. Rio de Janeiro, Brasil.
REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido).
Comprimento total — 5,700.
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e pernas
amarelos.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
66 LISE, A. A.
Abdômen de dorso amarelo, reticulado de branco, todo sombreado
de marrom, exceto centralmente onde forma uma grande mancha branca
reticulada, com a forma de um “V”, de vértice posterior. Laterais e ven-
tre amarelos, reticulados de branco. Tubérculos laterais e posterior fulvo
amarelados. Fiandeiras amarelas.
Cefalotórax tão longo quanto largo (2,500), mais espesso no terço
posterior (1,325). Dorso plano, pouco quitinizado, com alguns tubérculos
setiferos nos contornos posteriores. Região cefálica muito estreita, de
largura inferior à metade da largura do cefalotórax, muito projetada
para a frente, de lados paralelos, com tubérculos setiferos dispostos lon-
gitudinalmente ao longo das bordas.
Olhos anteriores em fila recurva, os médios bem menores do que os
laterais (0,100 x 0,150). Olhos médios separados um do outro por um
diâmetro e um quarto (0,125) e dos laterais por meio diâmetro (0,050).
Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo diâmetro
dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro por um
diâmetro e meio (0,150), sendo equidistantes aos laterais.
Área ocular média tão longa quanto larga (0,375), mais estreita na
região anterior (0,300), apresentando dois tubérculos setiferos divergen-
tes atrás dos OMA e mais três de cada lado, em uma carena transver-
sal, entre os OLA e OLP, todos armados de cerdas.
Clipeo vertical, fortemente convexo transversalmente, munido de
sete cerdas, das quais quatro são centrais, uma em cada ângulo lateral e
mais uma mediana abaixo dos OMA, todas emergindo de tubérculos
setiferos, as cinco centrais mais evidentes. Clipeo muito baixo, de altura
muito menor do que a fila dos olhos médios anteriores (0,125 x 0,300),
muito mais baixo do que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,125
x 0,225), equivalente a um diâmetro e um quarto dos OMA.
Esterno bem mais longo do que largo (1,325 x 1,000), pouco con-
vexo, levemente escavado na porção anterior, laterais fracamente recor-
tadas e ápice estreito e rômbico.
Lâminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas
(0,575 x 0,300), convergentes, de ápice arredondado na promargem e an-
guloso na retromargem.
Lábio nitidamente mais largo do que longo (0,400 x 0,325), le-
vemente escavado na base, de ápice arredondado.
; Queliceras muito mais longas do que largas (0,625 x 0,400), mais
salientes no centro da face anterior, onde são levemente granulosas e de
onde emergem algumas cerdas delgadas e longas e alguns pêlos igualmente
longos. a
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 67
Abdömen mais largo do que longo (3,600 x 3,000) espesso (1,875),
pouco quitinizado. Dorso levemente convexo, com raras e fracas cerdas.
Bordas anterior e laterais anteriores com alguns tubérculos armados de
curtas cerdas. Laterais e ventre pubescentes. Declive posterior com raras
cerdas, longas e delgadas. Epigino com espermatecas e canais fulvos.
Aberturas de fecundação logo acima das espermatecas.
Perna I: fêmur com quatro filas longitudinais de tubérculos se-
tiferos, duas na face anterior e duas na face posterior. Tuberculos an-
teriores bem maiores e mais abundantes, todos encimados por curta e
grossa cerda espiniforme.
Patela com três filas longitudinais de tubérculos setiferos na face
posterior, a mediana muito mais evidente. Tibia quase cilíndrica, levemente
arqueada com 2-2-2 fracos espinhos anteriores e mais três tubérculos
setiferos apicais armados de grossa e curta certa espiniforme, o mediano
no centro da face anterior. Face posterior com uma fila longitudinal de
fortes tubérculos setiferos dos quais emergem longas e delgadas cerdas,
apresentando-se levemente escavada no terço basal, de onde emergem
tricobótrias. Face dorsal Com diminutas cerdas. Basitarso com 2-2-2
grossos espinhos anteriores, demais faces pilosas. Tarso um pouco mais
dilatado no ápice, piloso, com unhas pectinadas.
Perna II: fêmur semelhante ao da perna I com tubérculos setiferos
menores e em menor número. Patela e tibia iguais à I. Basitarso com 2-
2-2 espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase mediano e o outro
apical. Tarso igual à I.
Pernas III e IV: fêmures múticos. Patelas e tíbias com fracos e
raros tubérculos setiferos na face posterior. Basitarsos e tarsos com
fracos tubérculos na face posterior e com longos e grossos pêlos curvos
na face anterior. Tibias, basitarsos e tarsos com tricobötrias na face pos-
terior.
[fas [has [| us |
pras [am ee EE
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
68 LISE, A. A.
Pedipalpo fêmur de comprimento quase três vezes maior do que o
diâmetro (0,575 x 0,200). Patela bem mais longa do que larga (0,400 x
0,275), com algumas cerdas dorsais, medianas, retrolaterais e prolate-
rais, estas com tubérculos salientes. Tibia mais longa do que larga
(0,375 x 0,300), mais cerdosa do que a patela, com duas áreas de tri-
cobótrias na face dorsal, uma prolateral basal e a outra retrolateral, no
terço apical. Tarso longo e delgado (0,600 x 0,225), piloso, com unha
apical.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. SIMON (1895b), ao descrever a
espécie em questão, a cita para “Brasilia: Rio”. MELLO-LEITÃO
(1929) da como distribuição geográfica “Hab.: Amazonas (Teffé, Fon-
teboa), Rio de Janeiro, S. Paulo (Novo Niagara). Perú (Pebas, Tarapoto,
Cavallo': Cocho). Pernambuco (Communaty) e Ceará (Baturité)”. De
todos os lotes mencionados por MELLO-LEITÃO (1929), apenas o de
número 7313 contém, juntamente com exemplares de outras espécies,
seis fêmeas identificadas como O. simoni MELLO-LEITÄO, 1915. Como
este lote está etiquetado com Plusieurs localités, o lote 17254 como
proveniente de Pernambuco, o lote 17795 como sendo de Baturité, Ceará
e finalmente, o lote 19828 sem qualquer dado de coleta, além destes três
últimos não conterem espécimes de O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915, a
distribuição geográfica proposta por MELLO-LEITÃO (1929) fica su-
jeita a confirmação.
DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Espécie muito próxima de O. pen-
tagonus e de O. granulosus das quais se diferencia pela genitália; pela
equidistância dos olhos posteriores; pelo reduzido tamanho e fraca
granulosidade dos tubérculos laterais e posterior do abdômen.
VARIAÇÕES INTRA-ESPECIFICAS. Colorido dorsal do abdômen
podendo variar segundo os seguintes padrões: a) todo branco e reticulado
sombreado de marrom, com duas manchas circulares amarelas, a nivel
dos tubérculos laterais: b) todo branco, com duas manchas amarelas ao
nível dos tubérculos laterais, estes e o tubérculo posterior sombreados de
marrom; c) todo branco muito reticulado, muito fracamente sombreado
de marrom, deixando uma enorme mancha branca central com a forma
aproximada de um trevo, de ápice posterior; d) branco reticulado com
um grande '“'T” marrom, muito claro, semelhante ao do exemplar de-
senhado (Fig. 124); e) amarelo reticulado, todo contornado de marrom,
deixando uma enorme mancha branca mediana, mais ou menos cordifor-
me. A genitália também apresenta variações de modo que, em certos es-
pécimes, os espermioductos que comunicam as aberturas de fecundação
com os bulbos espermáticos descrevem uma volta ou uma volta e meia .
em helicóide pósteroanterior. Em conseqiência deste alongamento, o es-
permioducto, que vai do bulbo espermático à espermateca, irá descrever
uma volta a mais ou a menos penetrando na espermateca pela face dor-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 69
sal. Pequenas variações ocorrem também na altura do clípeo e no distan-
ciamento dos olhos de ambas as filas.
MATERIAL EXAMINADO. 6 2 MNHN 7313, “plusieurs localités”.
OBSERVAÇÕES
MELLO-LEITÃO (1929), ao redescrever a fêmea, diz: “Clípeo da
altura da fila dos olhos anteriores”. Em nenhum dos seis exemplares
examinados verificou-se tal relação, uma vez que a altura do clipeo é
sempre menor do que a do trapézio formado pelos olhos anteriores. No
que diz respeito à área ocular média diz ser ela mais alta do que larga,
pouco mais estreita adiante. Em todos os exemplares examinados ve-
rificou-se ser ela tão longa quanto larga ou levemente mais larga do que
longa, sendo realmente mais estreita na região anterior.
Em relação às tibias e basitarsos dos dois primeiros pares de per-
nas, SIMON (1895b) diz: “Tíbias subtus, in parte apicali, aculeis robus-
tis fulvis subpellucentibus 3-3, metatarsi aculeis similibus 3-3 armati”, e
por sua vez, MELLO-LEITÄO (1929) diz: “as tíbias com 2-2-2-2 es-
pinhos na metade apical da face inferior e protarsos com 2-2-2 mais
robustos”. Nas tibias I e II existem 2-2-2 espinhos anteriores e mais 3
tubérculos setiferos apicais. No basitarso I e II existem 2-2-2 espinhos
anteriores e mais 1-1 dorsais apenas no basitarso II.
O macho descrito por MELLO-LEITÃO (1929) como sendo de O.
simoni, é na realidade o macho de O garruchus LISE, 1979.
Onocolus trifolius MELLO-LEITÃO, 1929
(figs. 130 - 135)
Onocolus trifolius MELLO-LEITÃO, 1929:72.
MATERIAL-TIPO. Holótipo q MNHN 17820, Parayba do Norte (atual João Pes-
soa), Paraiba, Brasil.
LOCALIDADE-TIPO. João Pessoa, Paraiba.
REDESCRIÇÃO — Femea (macho desconhecido).
Comprimento total — 6,875.
Cefalotörax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipalpo
e pernas amarelos claros.
Abdômen: dorso amarelo, reticulado de branco, com uma faixa
marrom de contornos irregulares nas margens anterior e laterais ante-
riores. Medianamente apresenta quatro concavidades circulares de cor
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
70° LISE, A. A.
amarela. Tuberculos laterais e posterior da mesma cor do dorso do ab-
dömen. Fiandeiras amarelas.
Cefalotórax um pouco mais longo do que largo (3,300 x 3,200),
muito mais espesso no terço posterior (2,375). Dorso quase plano, pouco
quitimizado, quase liso, apresentando raras e dimunutissimas cerdas es-
parsas, um pouco mais desenvolvidas e mais abundantes nos contornos
posteriores. Região cefálica estreita, de largura inferior à metade da lar-
gura do cefalotórax, muito projetada para a frente.
Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios bem me-
nores do que os laterais (0,100 x 0,150). Os olhos médios estão afastados
um do outro por um diâmetro e meio (0,150) e por três quintas de
diâmetro (0,075) dos laterais.
Olhos posteriores dispostos em linha reta, iguais entre si e do
mesmo diâmetro dos médios anteriores. Olhos médios afastados um do
outro por três diâmetros (0,300) e por dois diâmetros (0,200) dos late-
rais.
Área ocular média mais larga do que longa (0,450 x 0,375), niti-
damente mais estreita na região anterior (0,375), de tegumentos total-
mente lisos.
Clipeo levemente proclive com nove cerdas medianas na borda in-
ferior dispostas em dois planos superpostos: cinco no plano superior,
emergindo de tubérculos cônicos bem salientes, e quatro menores, não
emergindo de tubérculos, no plano inferior. Nos ângulos ocorrem mais
três cerdas. Altura do clipeo muito inferior à fila dos OMA (0,250 x
0,375), quase da mesma altura do trapézio formado pelos olhos ante-
riores (0,250 x 0,225), equivalendo a dois diâmetros e meio dos OMA.
Esterno mais longo do que largo (1,550 x 1,250), levemente con-
vexo, de região anterior fracamente escavada; laterais levemente recor-
tadas ao nível das coxas do segundo par de pernas, ápice rômbico.
Lâminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas
(0,725 x 0,375), levemente convergentes, de ápice arredondado e piloso
na promargem.
Lábio mais largo do que longo (0,500 x 0,425), com leve escava-
dura no terço basal e de ápice arredondado, pouco piloso.
Queliceras de largura muito inferior ao comprimento (0,500 x
0,875), mais dilatadas no terço basal da face anterior de onde emergem
alguns pêlos e fracas cerdas.
Abdömen mais largo do que longo (4,350 x 3,500), de espessura
mais ou menos uniforme em toda a sua extensão (2,250). Dorso leve-
mente convexo. Tegumento pouco quitinizado com pequenissimas cerdas
esparsas. Faces laterais e ventral pubescentes. Declive posterior com
IHERINGIA. Ser. Zool., Purio Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 71
cerdas pequenas e pouco numerosas. Tuberculos laterais e posterior
pouco eminentes, grossos, de ápice römbico e rugoso, com raras cerdas.
Epigino com duas espermatecas fulvas e duas hastes medianas longi-
tudinais igualmente fulvas.
Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de potentissimos tubér-
culos encimados por diminutas cerdas espiniformes na face anterior.
Face posterior com pequenissimos tubérculos dos quais emergem fracas
e curtas cerdas. Faces dorsal e ventral lisas. Patela praticamente
mútica. Tíbia quase cilindrica, não arqueada, levemente mais espessa na
base, com 2-2-2 pequenos espinhos anteriores, o basal bem menor do
que os demais e muito afastado deles. Face posterior com apenas um
tubérculo conspicuo no terço basal e outros diminutos, todos dispostos
em fila longitudinal. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores, nitidamen-
te maiores do que os das tibias. Demais faces apenas levemente pilosas.
Tarso longo, levemente mais dilatado no ápice, piloso na face anterior.
Unhas pectinadas.
Perna II: fêmur e patela como em I. Tibia bem mais longa e le-
vemente mais delgada do que a do primeiro par, com 2-2-2 fracos es-
pinhos anteriores, os basais muito pequenos e muito afastados dos
outros dois pares. Face dorsal como na perna I, com leve escavadura no
terço basal da qual emergem tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 fortes es-
pinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um mediano e o outro apical, muito
menores do que os anteriores. Tarso como em T.
Pernas III e IV: fêmures e patelas quase múticas, apenas com
diminutissimas cerdas nas faces anteriores e posteriores. Tibias com leve
escavadura pouco conspicua no terço basal de onde emergem uma ou
duas tricobötrias. Basitarsos e tarsos com longos e grossos pêlos curvos
na face anterior. Face posterior com algumas diminutas cerdas. Unhas
tarsais pectinadas.
BASITARSO | TARSO | TOTAL
e u
Le re 2.050 |
_——
1,650 | 1,050 | 97h00
IHERINGIA. Ser. Zcel., Porto Alegre (57) ::3-97, 9 fev. 1981
12 LISE, A. A.
Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vêzes o diâmetro
(0,625 x 0,300). Patela mais longo do que larga (0,475 x 0,375), com
duas cerdas espiniformes na face anterior e algumas diminutas no ápice
da face posterior. Tibias mais longa do que larga (0,425x 0,350), total-
mente revestida de pequenas cerdas, algumas emergindo de tubérculos
pouco eminentes. Tarso de comprimento bem superior ao dobro da lar-
gura (0,600 x 0,250), totalmente piloso, com unha apical.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Paraiba (João Pessoa);
Pernambuco (Serra do Comonati).
DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie próxima à O. simoni e ão.
granulosus, dos quais se distingue pela ausência de tubérculos setiferos
e cerdas na área ocular e fronte e, principalmente, pela simplicidade da
genitália.
MATERIAL EXAMINADO.
BRASIL. Paraiba: João Pessoa, 1 © MNHN 17820. Pernambuco, Serra do Co-
monati 1 9 MNHN 17254.
OBSERVAÇÕES.
Ao descrever a espécie, MELLO-LEITÃO (1929) diz ser o clipeo
mais alto que a area dos olhos medios.
Pelo exame do holötipo constatou-se que o mesmo é muito mais
baixo do que a área dos olhos médios, uma vez que a altura deste é de
0,250, enquanto que a área ocular média é de 0,375. A altura do clipeo é,
no entanto, levemente superior à do trapézio formado pelos olhos an-
teriores e talvez tenham sido estas as relações que MELLO-LEITÃO
tenha querido estabelecer, quando se referiu altura do clípeo.
Ao se referir ao comprimento e largura da área ocular média, diz
MELLO-LEITÃO, op.cit.: “Area dos olhos médios mais alta do que lar-
ga, bem mais estreita adiante”.
Se, ao comparar o comprimento com a largura da área ocular, for
considerada a largura máxima a qual se verifica na região posterior, a |
area sera bem mais larga do que longa (0,450 x 0,375). Se, no entanto, o
comprimento for comparado com a largura minima (0,375) a qual se
verifica na região anterior, ela será tão longa quanto larga porém, neste
caso, deixa de ter validade a afirmativa > ser ela bem mais estreita
adiante.
Ao se referir ao lábio diz ser ele mais longo do que largo quando,
na realidade, é bem mais largo do que longo.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 73
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
1 — A sistematização com que foram obtidos os dados que figuram
nas descrições, conforme exposto no item Medidas nos leva a afirmar
que a área ocular média não é constantemente mais longa do que larga
como descrita por SIMON (1891) mas sim predominantemente mais lar-
ga do que longa. A ocorrência de área ocular tão longa quanto larga
também se verifica em algumas espécies.
Visto os OMA e OMP delimitarem uma área trapezoidal, cuja base
maior é posterior e delimitada pelos OMP, parece adequado referir como
medida representativa para a largura, na relação comprimento/largura,
aquela ao nível dos OMP.
O fato de diversos autores haverem descrito a área ocular como
sendo mais longa do que larga, e até muito mais longa do que larga,
parece se dever ao fato de haverem tomado como referência para a lar-
gura da mesma, a largura minima, justamente ao nível dos OMA.
2 — A inexistência de coleções representativas, geograficamente
não abrangentes, com uma enorme descontinuidade entre as diversas
localidades de que procedem: os espécimes, dificulta sobremaneira o es-
tudo comparativo entre as espécies. Esta circunstância impossibilita o
estabelecimento da constância e da real validade de certos elementos
morfológicos a níveis específicos.
Pelo exposto torna-se imperioso um colecionamento sistemático e
intensivo em toda a Região Neotropical, para o preenchimento dos claros
existentes na distribuição geográfica, para o real inventário das espécies
ocorrentes, bem como para o estabelecimento de possiveis variações a
níveis. populacionais o que pressentimos, mas que por ora são de im-
praticável comprovação.
3 — Após o estudo intensivo e extensivo dos caracteres morfo-
lógicos que definem o gênero Onocolus, torna-se possível afirmar que se
aproxima de Epicadinus SIMON, 1895 pelo formato pentagonal do ab-
dômen e pela presença dos três tubérculos abdominais nos três ângulos
posteriores do pentágono. Difere, no entanto deste, por apresentar te-
gumentos muito menos granulosos e nitidamente menos cerdosos e pelo
posicionamento dos olhos posteriores em linha reta ao passo que em
Epicadinus estes se dispõem em linha procurva.
Aproxima-se também de Epicadus SIMON, 1895 já que este também
apresenta tubérculos abdominais, mas via de regra, em número superior
a três, que é o máximo verificado em Onocolus. Diferencia-se facilmente
dele pela diminuta altura do clipeo, pela inexistência de tubérculos ou
cômoros centrais no dorso do cefalotórax e ainda por apresentar os olhos
posteriores em fila reta.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
74 LISE, A. A.
E ainda um gênero afim a Tobias SIMON, 1895 também pela
presença dos tubérculos abdominais, mas distingue-se deste pelo menor
comprimento e altura dos cefalotórax, pela fila ocular posterior reta e
não procurava, pela menor altura do clipeo e pela menor espessura e an-
gulosidade do abdômen.
4 — Embora seja limitado o conhecimento sobre as afinidades
filogenéticas entre os representantes do gênero Onocolus, o estudo sobre
a morfologia da genitália de ambos os sexos, pela primeira vez reali-
zado para o mesmo, permite reunir as espécies em dois grupos.
4.1. — As que apresentam genitália muito simples, com canais
aferentes curtos e não enrolados em helicóide e bulbos espermáticos es-
féricos ou esferóides como O. biocellatus, O. compactilis, O. echinicauda,
O. echinurus, O. eloaeus, O. episcopus, O. garruchus, O. mitralis, O.
perditus, e O. trifolius.
4.2. — As que apresentam genitália mais complexa com esper-
mioductos longos e enrolados em helicóide, abrangendo as espécies O.
echinatus, O. granulosus, O. infelix, O. latiductus, O. pentagonus e O.
semoni.
Nas espécies em que os espermioductos são curtos, verifica-se
que o embolus do macho também apresenta-se curto. Da mesma ma-
neira, naquelas dotadas de espermioductos longos e enrolados, os
machos apresentam um embolus significativamente mais longo do que
no grupo precedente.
5 — O gênero Onocolus encontra-se satisfatoriamente caracterizado.
do ponto de vista da morfologia. Por isto não se entende a inclusão no
gênero Onocolus SIMON, 1895 de Tmarus stolzmanni KEYSERLING,
1880 por CAMBRIDGE (1900) sem ter feito qualquer comentário a res-
peito.
Em 1902, BANKS confirma a espécie de KEYSERLING (1880) no
gênero Tmarus SIMON, 1875 invocando fundamentalmente elementos
morfológicos do palpo do macho.
Embora existam algumas diferenças morfológicas no desenho do
palpo apresentado por BANKS (1902) em relação aquele da obra de
KEYSERLING (1880), pode-se confirmar o posicionamento da espécie
em questão no gênero Tmarus em que foi originalmente descrita, por
outras características morfológicas que não as do palpo, dentre as quais
a forte retrocurvatura da fila ocular posterior bem como a grande des-
proporcionalidade entre o comprimento e a largura do abdômen, além do
avantajado comprimento do par anterior de pernas.
As observações de campo fornecidas por SNODGRAS in BANKS
(1902) a respeito de Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880 quando
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 715
diz ‘“When disturbed they attempt to scape notice by remaining perfec-
tely motionless on a twig, with the long anterior legs stretched out
straight in front of the body”, constitue-se comportamento típico de
Tmarus, nunca verificado em Onocolus.
Por outro lado, o gênero Onocolus carece totalmente de estudos
sobre a anatomia, embriologia e cariotipia, todos eles de grande valia na
elucidação de problemas sistemáticos e filogenéticos.
Tais estudos que fogem do escopo do presente trabalho, extensivos
aos demais gêneros que compõem a subfamilia Stephanopsinae, per-
mitiram posicionar melhor o gênero em questão, bem como os demais,
dentro de um sistema geral de classificação, estabelecendo as afinidades
e subordinações filogenéticas entre os mesmos.
6 — Com a exclusão das espécies descritas por BRYANT (1940-
1948) do gênero Onocolus, por ter-se constatado que as mesmas não se
enquadram nele, depreende-se que a distribuição geográfica registrada
até o presente momento, limita-se à America Centrale América do Sul.
Nesta área os registros para o gênero estão compreendidos entre
10ºN e 30ºS e entre 35ºW e 85°W.
A espécie de maior dispersão geográfica é O. pentagonus, a qual
tem em Chiriqui, no Panamá, o seu limite setentrional e em Jataí, no
Estado de Goiás, Brasil, o seu limite meridional.
AGRADECIMENTOS
Queremos externar nossos agradecimentos mais sinceros ao Dr. Max Vachon e Dr.
Michel Hubert, do Museum National d'Histoire Naturelle de Paris, pelo empréstimo dos
tipos e demais exemplares da coleção E. Simon, sem o que teria sido impossível a rea-
lização da presente revisão; ao Dr. Herbert Levi, pelo empréstimo dos tipos de Bryant
depositados no Museum of Comparative Zoology, bem como pela ajuda na obtenção de
material bibliográfico, pelas sugestões e incentivos que sempre nos dispensou durante a
realização deste trabalho; a F.R. Wanless, do Britian Museum — Natural History, ao Dr.
W. Starega do Institut Zoologiczy, Polska Akademia Nauk e a Anna Timotheo da Costa,
do Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelo empréstimo de tipos.
Ao Dr. José Willibaldo Thomé, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
pelos ensinamentos, criticas e sugestões, pelo apoio e constante incentivo, nossos mais
sinceros agradecimentos. Pelas criticas oportunas e sugestões somos reconhecido à Dra.
Miriam Becker. Aos colegas do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul, que de uma maneira ou outra colaboraram tornando exequivel este
trabalho, nossos agradecimentos.
A Rejane Rosa pelo acabamento dos desenhos.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
76 LISE, A. A.
Figs. 1-5: Onocolus spp.: 1. posição de tomada das medidas dos artículos das per-
nas; 2. detalhe das cavidades articulares dos espinhos das tíbias e basitarsos I e II; 3-5.
diferentes tipos de cerdas: 3. conjunto de cerdas da borda anterior do abdômen; 4-5. corte
longitudinal de dois tipos de cerdas das pernas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais V... 17
- 17 6 AdE
DI OA
rn N
Figs. 6.11. Onocolus biocelatus holötipo fêmea BMNH 1923.V11.23.66: 6. vista dor-
sal; 7. vista ventral; 8. vista de perfil; 9. fronte e queliceras, 10-11. genitália: 10. vista
ventral; 11. vista dorsal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
78
LISE, A. A.
Figs. 12-17. Onocolus compactilis paralectótipo fêmea MNHN 3958-A: 12. vista
dorsal; 13. vista ventral; 14. vista de perfil; 15. fronte e queliceras; 16-
vista ventral; 17. vista dorsal.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
17. genitalia: 16.
Tomisideos neotropicais V... 79
imm
Figs. 18-26. Onocolus compactilis paralectötipo macho MNHN 3958-A: 18. vista
dorsal; 19. vista ventral; 20. vista de perfil; 21. fronte e queliceras; 22-26. palpo esquer-
do: 22. vista dorsal; 23. vista ventral; 24. vista prolateral; 25. vista retrolateral; 26. vista
retrolateral, cymbium expandido.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
80
LISE, A. A.
0,5mm
Figs. 27-32. Onocolus echinatus fêmea MNHN 2670: 27. vista dorsal; 28. vista ven-
tral; 29. vista de perfil; 30. fronte e queliceras; 31-32. genitália: 31. vista
ta dorsal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
ventral; 32. vis-
Tomisídeos neotropicais V... 81
SA
(DZ
A RRETEET
tu
SI 5
Figs. 33-41. Onocolus echinatus macho MNHN 2670: 33. vista dorsal; 34. vista
ventral; 35. vista de perfil; 36. fronte e queliceras; 37-41. palpo esquerdo: 37. vista dor-
sal; 38. vista ventral; 39. vista prolateral; 40. vista retrolateral; 41. vista retrolateral.
cymbium expandido.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
82 LISE, A. A.
Figs. 42-48. Onocolus echinicauda sintipo fêmea MNHN 10355: 42. vista dorsal; 43.
vista ventral; 44. vista de perfil; 45. fronte e queliceras; 46-48. geniales 46. vista ven-
tral; 47. vista dorsal; 48. vista anteroposterior.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 83
Figs. 49-57. Onocolus echinicauda sintipo macho MNHN 10355: 49. vista dorsal; 50.
vista ventral; 51. vista de perfil; 52. fronte e queliceras; 53-57. palpo esquerdo: 53. vista
dorsal; 54. vista ventral; 55. vista prolateral; 56. vista retrolateral; 57. vista retrolateral,
cymbium expandido.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
84
LISE, A. A.
O,5mm
Figs. 58-63. Onocolus echinurus holotipo fêmea MNHN 17808: 58. vista dorsal; 59.
vista ventral; 60. vista de perfil; 61. fronte e queliceras; 62-63. Berlin 62. vista ven-
tral; 63. vista dorsal.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos neotropicais V... 85
0,5 mm
Figs. 64-69. Onocolus espiscopus fêmea MCN 2230: 64. vista dorsal; 65. vista ven-
tral; 66. vista de perfil; 67. fronte e queliceras; 68-69. genitália: 68. vista ventral; 69. vis-
ta dorsal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
86
LISE, A. A.
imm
0,5mm
Figs. 70-78. Onocolus episcopus macho MCN 4314: 70. vista dorsal; 71. vista ven-
tral; 72. vista de perfil; 73, fronte e queliceras; 74-78. palpo esquerdo: 74. vista dorsal; 75
vista ventral; 76. vista prolateral; 77. vista retrolateral; 78. vista retrolateral, cymbium
expandido.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97. 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais Vo: 87
Figs. 79-84. Onocolus granulosus paralectötipo fêmea MNHN 10342-A: 79. vista
dorsal; 80. vista ventral; 81. vista de perfil; 82. fronte e queliceras; 83-84. genitália: 83.
vista ventral; 84. vista dorsal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
88 LISE, A. A.
Figs. 85-90. Onocolus infelix fêmea MCN 357: 85. vista dorsal; 86. vista ventral; 87.
vista de perfil; 88. fronte e queliceras; 89-90. genitália: 89. vista ventral;-90. vista dorsal.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981
Tomisídeos nectropicais V... 89
Figs. 91-99. Onocolus infelix macho MCN 4122: 91. vista dorsal; 92. vista ventral;
93. vista de perfil; 94. fronte e quelíceras; 95-99. palpo esquerdo: 95. vista dorsal; 96. vis-
ta ventral; 97. vista prolateral; 98. vista retrolateral:; 99. vista retrolateral, cymbium es-
pandido.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
90 LISE, A. A.
“eco cr" q
ASS
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ESTES
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imm
104 105 106 107
108
Figs. 100-108. Onocolus pentagonus macho BMNH 1901.3.3.504—-6: 100. vista
dorsal; 101. vista ventral; 102. vista de perfil; 103. fronte e queliceras; 104-108, palpo es-
querdo: 104.. vista dorsal; 105. vista ventral; 106. vista prolateral; 107. vista retrolateral;
108. vista retrolateral, cymbium expandido.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos nectropicais V... 91
Figs. 109-114. Onocolus pentagonus fêmea BMNH 1901.3.3.504-6: 109. vista dorsal;
110. vista ventral; 111. vista de perfil; 112. fronte e queliceras; 113-114. genitália: 113. vista
ventral; 114. vista dorsal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
92 LISE, A. A.
Figs. 115-123. Onocolus perditus holótipo macho MNHN 11530: 115. vista dorsal;
116. vista ventral; 117. vista de perfil; 118. fronte e queliceras; 119-123. palpo esquerdo:
119. vista dorsal; 120. vista ventral; 121. vista prolateral; 122. vista retrolateral; 123.
vista retrolateral, cymbium expandido. Et
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais Vers 93
Figs. 124-129. Onocolus simoni fêmea MNHN 7313-A: 124. vista dorsal; 125. vista
ventral; 126. vista de perfil; 127. fronte e queliceras; 128-129, genitälia: 128. vista ven-
tral; 129. vista dorsal.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
94 LISE,A.A.
Figs. 130-135. Onocolus trifolius holótipo fêmea MNHN 17820: 130. vista dorsal: 131.
vista ventral; 132. vista ds perfil; 133. fronte e queliceras; 134-135. genitália: 134. vista
ventral; 135. vista dorsal. o
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
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Tomisideos neotropicais V... 95
io
biocellgtus
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compactilis
O
echinatus
Io
echinicauda
echinurus
HO
IO
elodeus
IO
episcopus
garruchus
granulosus
oO |O IO
infelix
E)
latiductus
IO
mitralis
O
pentagonus
IO
perditus
1º)
simoni
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- trifolius
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
96 LISE,A.A.
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Roret. t.1, n.4, p.761-1084.( cópia xerografada ).
. 1895b. Descriptions d’arachnides nouveaux de la familie des Thomisidae. Annls
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SOARES, B.A.M. & SOARES, H.E.M. 1946. Contribuição ao estudo das aranhas do
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TACZANOWSKI, L. 1873. Les araneides de la Guyane française. Horae Societatis en-
tomologicae rossicae, 9:64-286. (cópia xerografada ) (datada de 1872 mas só pu-
blicado em 1873 ).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981
Ocorrência de Physalaemusnanus (BOULENGER, 1888), no Es-
tado do Rio Grande do Sul, Brasil(Anura, Leptodactylidae)*.
Pedro Canisio Braun**
Cristina Assunção Sirangelo Braun***
Maria Dolores Schuler Pineda****
RESUMO
Neste trabalho é registrada a ocorrência de Physalaemus nanus (BOULENGER,
1888) ro Estado do Rio Grande'do Sul, Brasil, ampliando-se significativamente sua
área de distribuição conhecida, ao mesmo tempo em que são feitas considerações siste-
máticas e ecológicas sobre a referida espécie.
ABSTRACT
The authors report the occurrence of Physalaemus nanus (BOULENGER, 1888) in Rio
Grande do Sul State, Brazil, also enlarging the geographical distribution area at the same time
that make remarks about systematic and ecology of refered species.
INTRODUÇÃO
Baseado em dois exemplares procedentes de Lages, Santa Cata-
rina, Brasil, BOULENGER (1888a) descreveu uma espécie de anfíbio
que denominou Eupemphix nana. Posteriormente (1888b) mencionou-a
novamente para o Estado de Santa Catarina, o mesmo ocorrendo com
BAUMANN (1912) e COCHRAN (1955). MIRANDA-RIBEIRO (1926)
também registrou sua presença para aquele Estado, porém sob o nome
de Engystomops nana. BOKERMANN (1962, 1966) passou a nominá-la
P'hysalaemus nanus, enquanto BARRIO (1965) deixou transparecer
claramente sua dúvida entre as denominações Eupemphix e Physalae-
mus para a referida espécie. LYNCH (1970), reunindo os gêneros Engys-
tomops, Physalaemus e Eupemhix sobe o nome Physalaemus, ordenou
melhor a questão, sendo a espécie denominada atualmente Physalaemus
nanus (BOULENGER, 1888).
* Aceito para publicação em 05/11/1980. Contribuição FZB nº 163
** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio
Grande do Sul. Rua Dr. Salvador França. 1427. Caixa Postal 1188. 90000 Porto Alegre RS.
Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq.
Proc. 30.4532/76-Z0).
*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cier:ifico e
Tecnológico (CNPq. Proc. 30.0206/77-Z0).
**** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Proc.
10262/76) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981
100 BRAUN, P.C. et alii
Physalaemus nanus tinha, até agora, sua distribuição geográfica
restrita a localidades situadas no Estado de Santa Catarina. Em coletas
realizadas no Município de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul (RS),
foram capturados quatro exemplares que são aqui descritos, sendo
acrescidos alguns dados morfológicos e ecológicos.
Os espécimes foram depositados na coleção de anfíbios do Museu
de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
(MCN).
MATERIAL EXAMINADO
MCN 11707 a 11710, machos adultos, Itaimbezinho, Municipio de Cambará do Sul,
RS, Brasil, 21/X11/1976, S. Scherer & A.A. Lise leg.
DESCRIÇÃO DOS EXEMPLARES
MCN 11707 a 11710, quatro machos adultos, com variação mínima
no comprimento do corpo. Cabeça pequena, um pouco mais comprida
que larga. Narinas escuras, mais próximas da ponta do focinho que do
olho. Largura da pálpebra superior menor que o diâmetro ocular e maior
que o diâmetro do timpano. Este é bem visivel, arredondado e situado
para trás e abaixo do olho, que por sua vez é pequeno e apresenta pupila
horizontal.
A coloração dorsal dos quatro espécimes segue dois padrões bá-
sicos, quando em animais vivos. Em dois deles é rosada (MCN 11707 e
MCN 11708), enquanto nos outros dois (MCN 11709 e MCN 11710), é
verde claro, com exceção da cabeça que possui tons amarelados.
Nos exemplares rosados, a mancha interocular é escura, destacan-
do-se nitidamente da coloração de fundo. Essa mancha prolonga-se para
o centro do dorso onde forma duas manchas com aspecto de pontas de
flecha, cuja porção inferior chega até a região inguinal.
Nos exemplares verdes, a mancha interocular é estreira e escura,
separando a coloração amarelada da cabeça, da verde do restante do
dorso. A mancha interocular prolonga-se para trás formando as carac-
teristicas pontas de flecha que, nesse caso, são verdes escuras & se dis-
tinguem perfeitamente da cor de fundo.
Em todos os exemplares, partindo de cada olho, ha uma mancha
escura, em forma de barra, que contorna superiormente o timpano, alar-
gando-se à medida que se aproxima do meio do corpo, terminando
abruptamente antes de atingir a região inguinal.
Região ventral de coloração semelhante em todos. os espécimes,
sendo que a gula e o peito são castanho escuro tendendo para o negro,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981
Ocorrência de Physalaemus... 101
com raras manchas claras intercaladas. Abdômen alaranjado anterior-
mente, com fundo esbranquiçado dotado de intensa pigmentação escura
e escassa pontilhação amarela, posteriormente.
Membros anteriores curtos, dedos delicados e finos. Face superior
de coloração rosada, mesmo nos individuos verdes e apresentando pe-
quenas manchas pretas lateralmente. Mão com palma rosada e ponti-
lhações negras superiormente.
Membros posteriores relativamente curtos, com fêmur maior que a
tibia. Glândula sacral bem desenvolvida, com a evidente mancha negra
cobrindo a parte central. O calcanhar, quando levado para frente, atinge
a orla anterior do olho. Dedos dos pés longos e finos, com ponta aver-
melhada. Face superior do fêmur, tibia e tarso, rosada nos dois exem-
plares cujo padrão dorsal é rosado e verde nos dois em que o padrão é
verde, sempre com faixas e linhas escuras transversais. Algumas man-
chas negras, pequenas e arredondadas, próximas ao calcanhar. Face in-
ferior das coxas com pigmentação escura e face interna com tons alaran-
jados.
Nos exemplares mortos, mantidos em líquido conservador, de-
sapareceram as cores mais vivas, tais como o verde, o vermelho e o
alaranjado. Todos os exemplares tomaram um aspecto uniforme na
coloração, tanto dorsal como ventralmente. Dorsalmente os indivíduos
ficaram castanho escuro e ventralmente castanhos com pequenas manchas
brancas entremeadas.
Medida dos exemplares (mm): MCN 11707 — comprimento do corpo
18,0; comprimento da cabeça 6,2; largura da cabeça 5,9; espaço internari-
nas 1,3; distância olho-narina 1,5; distância narina-focinho 1,2; membros
anteriores 10,5; fêmur 7,9; tibia 7,7; pé 11,5; diâmetro ocular 1,4; pál-
pebras superior 1,2; timpano 0,9. MCN 11708 — comprimento do corpo
17,6; comprimento da cabeça 6,3; largura da cabeça 5,4; espaço inter-
narinas 1,2; distância olho-narina 1,4; distância narina-focinho 1,1;
membros anteriores 11,0; fêmur 7,8; tíbia 7,6; pé 11,6; diâmetro ocular
1,6; pálpebra superior 1,3; timpano 1,0. MCN 11709 — comprimento do
corpo 17,6; comprimento da cabeça 6,1; largura da cabeça 5,2; espaço
internarinas 1,3; distância olho-narina 1,6; distância narina-focinho 1,3;
membros anteriores 10,5; fêmur 7,7; tíbia 7,4; pé 10,8; diâmetro ocular
1,4; pálpebra superior 1,2; timpano 0,9. MCN 11710 — comprimento do
corpo 17,6; comprimento da cabeça 6,3; largura da cabeça 5,3; espaço
internarinas 1,2; distância olho-narina 1,5; distância narina-focinho 1,2;
membros anteriores 10,8; fêmur 7,6; tíbia 7,5; pé 11,0; diâmetro ocular 1,5;
pálpebra superior 1,3; timpano 1,0.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981
102 BRAUN, P. C. et alii
COMENTÁRIOS FINAIS
Os exemplares foram capturados num pequeno banhado situado
próximo a um precipício com cerca de 800m de profundidade. Nesse
mesmo local cantavam e foram apanhados, exemplares de outras es-
pécies, salientando-se entre elas Lysapsus mantidactylus COPE, 1862,
Leptodactylus ocellatus (LINNAEUS, 1758), Leptodactylus gracilis
(DUMERIL & BIBRON, 1841),Physalaemus henseli (PETERS, 1870),
Hyla marginata BOULENGER, 1882 e Hyla fuscovaria A. LUTZ, 1925.
O horário da coleta foi ao escurecer, cerca das 19h, estando a tempe-
ratura ambiente por volta de 15 graus centigrados.
De um modo geral, os espécimes de Physalaemus nanus apa-
nhados no RS, assemelham-se aos da localidade-tipo, situada em Lages,
Santa Catarina. Ocorrem algumas divergências de pequena monta, que
podem ser atribuídas ao elevado grau de variabilidade característico do
gênero Physalaemus. BOKERMANN (1962) menciona que a maior
fêmea por ele examinada media 18mm e o maior macho 17mm. Como
viu-se anteriormente o maior macho capturado aqui atingiu 18mm.
Outra variação diz respeito à coloração, já que nos diversos trabalhos
consultados, nenhum faz menção à existência de individuos com a região
dorsal verde, tal como acontece com dois exemplares descritos.
A ocorrência de Physalaemus nanus no Estado do Rio Grande do
Sul, estende consideravelmente o limite meridional dessa espécie e refor-
ça a constatação da penetração de fauna anura, oriunda de Santa Ca-
tarina, no Estado. A figura de número 1, mostra o mapa da atual dis-
tribuição geográfica de Physalaemus nanus (BOULENGER, 1888), nos
Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARRIO, A. 1965. El genero Physalaemus(Anura, Leptodactylidae) en la Argentina.
Physis, Buenos Aires, 25(70):421-48.
BAUMANN, F. 1912. Brasilianische Batrachier des Berner Naturhistorischen Museums.
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BOKERMANN, W.C.A. 1962. Notas sobre tres especies de Physalaemus(Amphibia,
Salientia, Leptodactylidae). Anais Acad. bras. Ciênc., Rio de Janeiro, 34(4):563-8.
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981
104 ; BRAUN, P.C. et ei
PARANÁ
PN
São Bento
do Sul
STA. CATARINA
da
Combara do
RIO GRANDE DO SUL Sul
à - PHYSALAEMUS NANUS
Fig. 1 - Mapa demonstrativo da atual distribuição geográfica de Physalaemus nanus
(BOULENGER, 1888) , nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
Brasil. gi
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981
Ocorrência de Erylus topsenti LENDENFELD, 1903 na costa do
Rio de Janeiro (Porifera, Demospongiae).*
Beatriz Mothes de Moraes**
RESUMO
No presente estudo é citada pela primeira vez a ocorrência de Erylus topsenti LEN-
DENFELD, 1903 para o Atlântico Sul (25º 01’S — 44º 45' W). O autor, com base no
material coletado, oferece um breve comentário pertinente à espécie, bem como uma
tabela de mensurações micrométricas e desenhos em câmara clara do conjunto espicular,
ampliando desta forma as descrições anteriores.
ABSTRACT
Material de Erylus topsentiLENDEFELD, 1903, was dreged from 918m deep waters at
the Rio de Janeiro littoral, Brazil (25º 01'S - 44º 45'W), by the N/0c. “Almirante Saldanha”.
This is the first record for the species in South Atlantic waters. A detailed study of the spicular
set was made. A table of micrometric measures of the spicules and “camara clara” drawings of
megascleras and microscleres with indications of the morphological gradient of some cate-
gories of spicules are also given.
INTRODUÇÃO
Em 1892, TOPSENT ao observar um espécime que havia sido
coletado no Atlântico Norte (Arquipélago dos Açores), numa profun-
didade de 454m, identificou-o como Erylus mammillaris (SCHMIDT,
1862).
LENDENFELD (1903) ampliando o estudo realizado por TOPSENT
(1892 verificou que o material examinado não se identificava com Erylus
mamıntillaris (SCHMIDT, 1862). Com base neste fato propôs a espécie
Erylus topsenti em cuja sinonimia incluiu Erylus mammillaris TOP-
SENT, 1892 non SCHMIDT, 1862.
TOPSENT (1904) examinando um espécime coletado pelo N/Oc
“Hirondelle” em 1888, nas proximidades da Ilha de São Miguel (Ar-
quipélago dos Açores) numa profundidade de 454m, considerou o mesmo
como sendo uma espécie nova, denominando-a Erylus chavesi.
do Aceito para publicação em 20/TI1/1980. Contribuição FZB nº 166
** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul. Cx. Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS. Bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (T.C. nº 1111. 652/77). Realizado em parte, com
auxílio (10/77) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
106 MOTHES DE MORAES, B.
WIEDENMAYER (1977) registra a semelhança de Erylus mam-
millaris TOPSENT, 1892 non SCHMIDT, 1862 com Erylus chavesi
TOPSENT, 1904, incluindo as duas espécies na sinonimia de Erylus topsen-
ti LENDENFELD, 1903.
Em janeiro de 1972 o N/Oc “Almirante Saldanha” coletou no
litoral do Rio de Janeiro (BR), numa profundidade de 918m, um frag-
mento de espécime, cujo conjunto espicular e alguns caracteres mor-
folögicos nos permitiram identifica-lo como Erylus topsenti LENDEN-
FELD, 1903. Com o registro desta ocorrência para o Atlântico Sul es-
tamos ampliando relatos científicos anteriores no que tange à distri-
buição geográfica e batimétrica da espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
O material estudado encontra-se conservado em álcool 70% e depositado na coleção de
Porifera do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Siglas usadas no texto: MCN, Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; RJ, Rio de Janeiro; RS. Rio Grande do Sul; N/Oc, navio
oceanográfico.
Para o método usado nas preparações de dissociação espicular veja-se MOTHES DE
MORAES (1978). Os desenhos e mensurações micrométricas dos espículos foram elaborados
em microscópio biológico “Leitz” binocular com câmara clara.
Erylus topsenti LENDENFELD, 1903
(Fig. 1-8)
Erylus topsenti LENDENFELD, 1903:87; WIEDENMAYER, 1977:182.
Erylus mammilaris (SCHMIDT) sensu TOPSENT, 1892:46-7.
Erylus chavesi TOPSENT, 1904:75.
MATERIAL EXAMINADO - MCN 352, Rio de Janeiro, RJ, profundidade 918m,
07.1.1972, N/Oc. “Almirante Saldanha” leg..
O especime examinado consta de um fragmento de forma irregular,
apresentando uma pequena expansäo lobosa numa das extremidades da
superfície. O exemplar mede 1,5cm de comprimento 0,5cm de largura e
0,4cm de altura.
A cor do material fixado é cinza-claro com tonalidade mais escura
em algumas zonas da superfície e internamente apresenta cor branco-
amarelada.
Foram observados um grande número de poros e microvilosidades
na esponja, conferindo um aspecto coriáceo à superficie da esponja. Não
foram observados ósculos. O material examinado apresenta consistência
branda.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
Ocorrência do Erylus topsenti... 107
O córtex da esponja é levemente endurecido e constituído de re-
giões nitidamente distintas. Na camada superior foi observada uma den-
sa distribuição de escleras do tipo microstrôngilo e na região subsegüen-
te espículos do tipo esteräster, dispostos em camadas sucessivas e li-
geiramente paratangenciais aos microstrôngilos.
No coanossoma foram observados oxeas, com disposição radial em
relação à superficie da esponja, sendo que a extremidade apical destas
escleras muitas vezes atravessa a zona do córtex, projetando-se exter-
namente. Escleras do tipo dicotriene, também foram observadas sendo
que os cladomas destes espículos encontram-se logo abaixo do córtex,
com disposição tangencial aos esterásteres, algumas vezes mergulhados
entre os mesmos ou projetando-se além da superficie externa da esponja.
Escleras jovens dos tipos microstrôngilo e esteräster em menor quan-
tidade foram registradas espalhadas pelo coanossoma, as quais são mor-
fologicamente um pouco diversas daquelas encontradas no córtex. Os mi-
crostrôngilos apresentam as extremidades mais aguçadas em relação
aqueles que ocorrem na região superior do córtex e os esterästeres por sua
vez exibem a superfície com pouca espinhadura ou lisa, algumas vezes
apresentam em sua superfície estrias radialmente dispostas em torno de um
hilo.
Megascleras
Dicotrienes — rabdoma fusiforme; protoclade constituído por eixos vol-
“tados levemente para cima em relação ao rabdoma e deuteroclade com os
eixos dispostos transversalmente em relação ao protoclade; extremidades
dos eixos do cladoma levemente estrongiliformes.
Oxeas — fusiformes, gradualmente aguçadas; extremidades dos eixos
levemente estrongiliformes ; algumas com uma pequena constrição numa
das extremidades.
Microscleras
Esterásteres — geralmente elípticos, podendo ocorrer formas arredon-
dadas ou com expansões lobulares na superfície; a superfície é ornada
com microespinhos dispostos em pequenas áreas poligonais.
Microstrôngilos — cilindricos, levemente encurvados; não centrotilotes;
superfície com microespinhos, com maior concentração nas extremidades
do eixo.
Oxiásteres — com vários eixos, geralmente aguçados, com as extre-
midades pontiagudas e microespinhadas.
COMENTÁRIOS
Apesar do espécime por nós estudado encontrar-se incompleto e
por este motivo não se apresentar morfologicamente semelhante com
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
108 MOTHES DE MORAES, B.
aquele examinado por TOPSENT (1892, 1904) não tivemos dúvidas em
identificá-lo como sendo Erylus topsenti, uma vez que o seu conjunto
espicular é idêntico ao desta espécie.
A superfície da esponja observada apresenta o mesmo aspecto
coriáceo citado por TOPSENT (1892).
Pequenas variações foram constatadas no que tange ao tamanho
das escleras. No espécime examinado verificou-se que as megascleras do
tipo dicotriene são menores do que as descritas por TOPSENT (1892) e
citadas por LENDENFELD (1903). Não foi possivel estabelecer com-
parações do tamanho das megascleras do tipo oxea, uma vez que TOP-
SENT (1892) e LENDENFELD (1903) referem-se apenas ao aspecto
morfológico deste tipo de espiculo. Quanto ao tamanho, as microscleras
são semelhantes as do espécime coletado no Atlântico Norte. Foram
constatadas pequenas diferenças em relação ao espécimeestudado por
TOPSENT (1904) quanto à distribuição da microespinhadura localizada
nas microscleras do tipo oxiäster e microstrôngilo. O autor acima men-
ciona que estas microscleras são inteiramente cobertas por microespi-
nhos, enquanto que as escleras por nós observadas apresentam uma
maior concentração nas extremidades dos eixos dos microstrôngilos e
nos oxiästeres se confinam nas extremidades dos raios.
Contudo tais diferenças possivelmente refletem a ação de um con-
junto de fatores abióticos diversos daqueles que provavelmente ocorrem
no Atlântico Norte, motivados pelas diferenças batimétricas e geo-
gráficas de ocorrência da espécie. Baseados nesta hipótese as diferenças
verificadas não representariam caracteres suficientemente válidos para
proposição de uma nova espécie.
AGRADECIMENTOS
O autor agradece À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do
Sul, pelo auxílio concedido, durante o desenvolvimento do presente trabalho.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
Ocorrência do Erylustopsenti.. 00 10
TABELA
Comprimento, largura e diâmetro em micrometros dos espículos de
Erylus topsenti LENDENFELD, 1903 (são dadas as dimensões mínima,
média e máxima observadas).
Comprimento largura diâmetro
minima 2628 30
Oxeas média 3500 50
máxima 4295 65
minima 79
Protoclades média 140
8 máxima 254
a
5
3 RR:
A minima 74
Deuteroclades | media 162
máxima 322
| asc tao 65 44
Esterásteres aa A 118 76
165 117
minima 62 6
Microströngilos media 82 8
maxima 112 12
minima
Oxiásteres média 292
máxima
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
110 MOTHES DE MORAES, B.
Fig. 1-2. Erylus topsenti LENDENFELD, 1903. MCN 352: 1 - vista lateral, a base do
fragmento corresponde ao plano de seccionamento; 2 - plano de seccionamento, observan-
do-se o córtex e o coanossoma.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Aiegre (57):105-111, 9 fev. 1981
Ocorrência do Erylus topsenti... | 111
ES
sm
o
so
095
”)
Saas
Fig. 3-8. Erylus topsenti LENDENFELD, 1903. MCN 352: 3-7. Tipos de escleras: 3.
oxiáster; 4. oxea; 5. microstrôngilo; 6. esteräster; 7. dicotriene; 8. ornamentação da es-
clera do tipo esteräster.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981
Ocorrência de Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA, 1973 no
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae).*
Pedro Canisio Braun**
Cristina Assunção Sirangelo Braun***
RESUMO
Os autores registram a ocorrência de Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA,
1973 no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, ampliando sua área de distribuição co-
nhecida, até agora restrita à regiões montanhosas do Estado de Minas Gerais, Brasil, ao
mesmo tempo em que são feitas considerações de ordem zoogeográficas e ecológicas sobre
a referida espécie.
ABSTRACT
The authors report the occurrence of Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA, 1973in
the Rio Grande do Sul State, Brazil, enlarging the geographical distribution area known at the
time that make remarks about zoogeography and ecology of therefered species.
INTRODUÇÃO
BOKERMANN & SAZIMA (1973) em estudos sobre anfíbios da
Serra do Cipó, Município de Jaboticatubas, Minas Gerais (MG), des-
creveram uma espécie nova de Hyla que denominaram Hyla pinima.
Nesse trabalho foram examinados 21 exemplares, sendo 20 machos e
uma fêmea, todos capturados no mesmo local. EA
Em coletas realizadas nos Municípios de Caçapava do Sul, Viamão
e Porto Alegre, todos no Rio Grande do Sul (RS), encontramos uma
série de espécimes de Hyla, posteriormente identificados por SAZIMA
(1980) como sendo H. pinima.
Tratando-se de uma espécie cuja distribuição geográfica era tão
restrita e tendo em vista o fato de não ter H. pinima afinidade com
2 Aceito para publicação em 14/V/1980. Contribuição FZB nº 174.
** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul, Rua Dr. Salvador França, 1427, Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS,
Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq.
Proc. 30.4532/76-Z0).
*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPa, Proc. 30.0206/77-Z0).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981
114 BRAUN, P. C. & BRAUN, C. A. S.
nenhuma das Hyla até agora conhecidas do sudeste brasileiro (BOKER-
MANN & SAZIMA, 1973), nem do extremo sul do Brasil, apresentamos
a descrição dos exemplares capturados, acrescida de algumas obser-
vações ecológicas e zoogeogräficas.
Os exemplares foram depositados na coleção de anfíbios do Museu
de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
(MCN).
MATERIAL EXAMINADO
MCN 2132, fêmea adulta, Morro de Teresópolis, Município de Porto Alegre, RS,
Brasil, 19/X/1956. C.Hartlieb leg.; MCN 9328 e 9329. machos adultos, MCN 9340, fêmea
adulta, MCN 9341 a 9350, machos adultos, MCM 9352, fêmea adulta, MCN 9353, macho
adulto, MCN 9374 a 9380, machos adultos, MCN 9407 a 9413, machos adultos, Município
de Caçapava do Sul,RS, Brasil, 28/X/1975, P.C.Braun, C.A.S. Braun, M.L.M. Alves, S.
Scherer & J.J. Rodrigues leg.; MCN 12613, macho adulto, Jardim Botânico, Município
de Porto Alegre, RS, Brasil, 29/X/1979, P.C. Braun leg..
Na tabela são fornecidos dados biométricos dos 38 exemplares examinados, segundo
critério usado por P.BRAUN & C. BRAUN(1975) e expressos em mm.
DESCRIÇÃO DOS EXEMPLARES
Examinamos 35 exemplares machos e três fêmeas, todos adultos,
apresentando em linhas gerais as mesmas características assinaladas por
BOKERMANN & SAZIMA (1973), variando no entanto em alguns aspec-
tos. Possuem o dorso pardacento claro com manchas marrons escuras
ovaladas. A parte anterior da cabeça e parte da pálpebra superior são de
cor creme amarelada, nunca branca, porém perfeitamente destacadas do
restante da coloração corporal. Entre os olhos ha uma ou mais manchas
marrons de formas e tamanhos variáveis. Membros anteriores e pos-
teriores com manchas marrons muito escuras, entremeadas com pe-
quenas manchas claras. Alguns espécimes apresentam a parte superior
das coxas sem nenhum tipo de desenho, sendo uniformemente amare-
ladas. Pontas dos dedos dos pes e das mãos de cor amarelo alaranjada.
Exemplares colocados em liquido conservador (formol 10% ou álcool
70%) sofrem um escurecimento das partes claras das pálpebras e da par-
te anterior da cabeça.
As medidas máximas, minimas e médias, em mm, são as seguin-
tes, para os 38 espécimes estudados:
Fêmeas — comprimento do corpo 28,3-26 (27,6); largura da cabeça 9-
8,1(8,5); comprimento da tíbia 14,1-12,8(13,4); diâmetro ocular 2,3-
1,9(2,1); distância olho-narina 2,2-1,8(2,0); diâmetro do KINDARO 1,4-
1,2(1,3).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981
Ocorrência de Hyla pinima... 115
Machos — comprimento do corpo 28,5-22,8(25,6); largura da cabeça 8,9-
7,4(8,1); comprimento da tíbia 13,4-11,1(12,2); diâmetro ocular 2,5-
1,9(2,2); distância olho-narina 2,4-1,7(2,0); diâmetro do timpano 1,5-
121153).
O canto nupcial desta especie ja foi estudado, sendo figurado o seu
sonograma (BOKERMANN & SAZIMA, 1973). Em adendo, acrescen-
tamos que os machos podem sustentar o canto por periodos relativamen-
te longos, quer formando coro quer isoladamente. Quando isolado, o
canto assemelha-se ao som do “tic-tac” de um relógio despertador.
Segundo observamos, não escolhem posição para cantar, podendo fazê-lo
tanto em posição vertical como horizontal, próximo ao solo ou em arbustos
mais altos, mas especialmente sobre a grama da margem das lagoas on-
de procriam. Esses locais de reprodução podem ser de águas temporárias
ou permanentes.
Em 28 de outubro de 1975, no Município de Caçapava do Sul, com
uma temperatura ambiente de 23°C, tivemos a oportunidade de cons-
tatar, ao redor de uma lagoa permanente de cerca de 100m de diâmetro,
uma incrível concentração de exemplares dessa espécie. A proporção de
machos para fêmeas coletados foi de 10:1. Nenhum casal foi apanhado
em cópula e o canto nupcial ficava praticamente irreconhecivel, tal o
número de indivíduos cantando ao mesmo tempo. Nos Municípios de
Porto Alegre e Viamão, assinalamos que os espécimes começam a cantar
nos primeiros dias de agosto, não sendo mais ouvidos a partir da metade
de novembro. Assim, em 22 de setembro de 1979, no Distrito de Águas
Claras, Municipio de Viamão, com uma temperatura ambiente de 18°C,
às margens de uma lagoa temporária medindo ao redor de 60m de
diâmetro e com profundidade máxima de Im ouvimos o canto de dois
exemplares dessa espécie, os quais encontravam-se abrigados em arbus-
tos espinhentos, localizados a mais de 2m da água. Eram 20h de uma
noite muito escura e quando nos aproximavamos, mesmo com a lanterna
apagada, cessavam o canto. Esse fato impediu a coleta dos mesmos,
embora um dos exemplares chegasse a ser avistado em determinado
momento. Em 29 de outubro de 1979, a uma temperatura de 28ºC, às
20h 30min, começando a chover, coletamos no meio da vegetação que
margeia uma lagoa, cuja água quase seca durante o verão, no Jardim
Botânico, em Porto Alegre, um exemplar de H. pinima que cantava jun-
tamente com outros de sua espécie.
Revisando a coleção de anfíbios do MCN, encontramos uma fêmea
adulta de H. pinima, apresentando a região abdominal dilatada pela
presença de grande quantidade de ovos, que podiam ser vistos devido a
semi-transparência da pele naquele local. Segundo registros, esse es-
pécime foi capturado durante o dia, tendo sido encontrado sob a uma
pedra, no alto do Morro de Teresópolis, em Porto Alegre, na data de 19
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981
116 BRAUN, P. C. & BRAUN, C. A. S.
de outubro de 1956. A presença de ovos comprova que a espécie ainda
encontrava-se em atividade reprodutora nesse periodo.
COMENTÁRIOS FINAIS
A penetração no Rio Grande do Sul de fauna anfibiológica oriunda
de regiões situadas mais ao norte,tem sido comprovada pelos autores no
decorrer dos últimos anos. P. BRAUN (1978) e P. BRAUN & C.
BRAUN (1979, 1980) constataram a entrada de Hyla flavoguttata A.
LUTZ & B. LUTZ, 1939, Aplastodiscus perviridis A. LUTZ, 1925 e
Dendrophryniscus brevipollicatus ESPADA, 1870, no que caracterizam
como uma zona de influência subtropical. O registro da ocorrência de A.
pinima no Rio Grande do Sul, vem dar maior realce a essas constatações
e desperta, além disso, redobrada atenção, tendo em vista a enorme dis-
tância que medeia os dois locais em que a espécie foi encontrada até
- agora. A Serra do Cipó, Municipio de Jaboticatubas, MG, e os Muni-
cipios de Porto Alegre, Viamão e Caçapava do Sul, RS, estão separados
por aproximadamente 1800Km de distância, o que se constitue num fato
insólito em se tratando de entidades coespecificas (BARRIO, 1977). Não
podemos afirmar categoricamente que não existam outras populações
de H. pinima no território intermediário, mas a ausência de registro para
áreas relativamente bem conhecidas do ponto de vista anfibiológico,
situadas entre os Estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, leva-
nos a crer em tal possibilidade.
Outro fator que merece destaque é a diversidade de altitude dos
habitats onde vivem essas duas populações: uma entre 1000 e 1400m
(BOKERMANN & SAZIMA, 1973) e a outra praticamente desde o nível
do mar (Porto Alegre, Viamão) até cerca de 400m (Caçapava do Sul).
E interessante salientar, ainda que nos locais onde foram encon-
trados exemplares de H. pinima, no Rio Grande do Sul, cantavam
outras espécies de anfíbios, tais como: Hyla minuta PETERS, 1872,
Hyla eringiophila GALLARDO, 1961, Hyla pulchella pulchella DU-
MERIL & BIBRON, 1841, Hyla sanborni SCHMIDT, 1944, Hyla
squalirostris A. LUTZ, 1925, Hyla berthae BARRIO, 1962, Elachis-
tocleis bicolor (GUERIN, 1838),Physalaemus gracilis (BOULENGER,
1883), Physalaemus cuvieri FITZINGER, 1826, Physalaemus biligo-
nigerus (COPE, 1860) Lysapsus mantidactylus COPE, 1862 e Phyllo-
medusa iheringi BOULENGER, 1885. Três das espécies citadas também
foram surpreendidas cantando junto com os espécimes de H. pinima na
Serra do Cipó, ou seja, H. minuta, H. squalirostris e P. cuvieri.
Tendo em vista as considerações anteriormente feitas, expressamos
a convicção de que um mais aprofundado estudo dessas duas popula-
ções, separadas por tão longa distância, é imprescindível para acrescer-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981
Ocorrência de Hyla pinima... TEA
tar novos subsídios ao conhecimento dessa espécie, ao mesmo tempo em
que deverá aclarar alguns aspectos interessantes do ponto de vista
zoogeográfico, ainda um tanto obscuros no momento.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
pelas bolsas concedidas, ao Dr. Ivan P. Sazima pela identificação do material, a José
Jayme Rodrigues e Scherezino Scherer pelo auxílio prestado na coleta dos exemplares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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broni TSCHUDI y Pleurodema kriegi (MULLER) (Amphibia, Anura, Leptodactyli-
dade). Physis, Buenos Aires, 37(93):311-33.
BOKERMANN, W.C.A. & SAZIMA, I.P. 1973. Anfíbios da Serra do Cipó, Minas Gerais,
Brasil. 1: Duas espécies novas de Hyla (Anura, Hylidae). Revista bras. Biol., Rio de
Janeiro, 33(4):457-72.
BRAUN, P.C. 1978. Ocorrência de Hyla flavoguttata A. LUTZ&B. LUTZ, 1939, no Estado
do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre
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BRAUN, P.C. & BRAUN, C.A.S. 1975. Sobre a ocorrência de Hyla berthae BARRIO, 1962
no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto
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Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Bufonidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre
(54):47-52, jan.
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Sul, Brasil. Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre (56). (no prelo)
SAZIMA, I.P. 1980. Comunicação pessoal (carta).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981
BRAUN, P. C. & BRAUN,C.A.S. -
118
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113-118, 9 fev. 1981
.
.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57)
Lista preliminar dos Asopinae do Estado do Rio Grande do Sul,
Brasil (Insecta, Hemiptera, Pentatomidae).*
Hilda Alice de Oliveira Gastal**
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma lista preliminar dos Asopinae (Hemiptera, Penta-
tomidae) do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, com citações de novas ocorrências, feita com
base em material depositado nas coleções do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoo-
botânica do Rio Grande do Sul e do Instituto de Pesquisas Agronômicas da Secretaria de
Agricultura, ambos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT
This work presents a preliminary list of the Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) of
the Rio Grande do Sul StateBrazil, with new occurrences, based upon specimens de posited in
the collections of the “Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul” and “Instituto de Pesquisas Agronômicas da Secretaria de Agricultura”,
both in Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
INTRODUÇÃO
Objetivando atualizar os dados sobre a distribuição da subfamília
Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) no Rio Grande do Sul (RS), uma
vez que BUCKUP foi o único autor a preocupar-se especificamente com
a distribuição desta subfamília no RS, relacionando 8 espécies para 4
localidades, 21 espécies para 17 localidades e 22 espécies para 19 loca-
lidades, respectivamente em 1952, 1960 e 1961, apresentamos uma lista
preliminar dos Asopinae no Estado.
O presente trabalho foi feito com base no exame dos exemplares
depositados nas coleções do Museu de Ciências Naturais da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN) e do Instituto de Pesquisas
E pa da Secretaria de Agricultura (IPAGRO) em Porto Alegre,
Deixamos de incluir nesta lista os exemplares cujos dados de coleta
não nos permitiram precisar a localidade exata de ocorrência. As localidades
seguidas do sinal * não constam nos trabalhos de BUCKUP (1952, 1960,
1961).
ra Aceito para publicação em 09/VI/1980. Contribuição FZB nº 176.
** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zcobotânica do Rio Grande do Sul,
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.0279/78).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
120 GASTAL, H. A. de O.
Os 309 espécimes examinados procedem de 30 localidades (Tabela I)
O genero de maior frequência foi Podisus HERRICH-
SCHAEFFER, 1851 com 128 espécimes, registrando 41,4% do total
examinado, e o de menor fregiiência foi Heteroscelis LATREILLE, 1829
com apenas 2 espécimes (Tabela 2). O gênero Heteroscelis ainda não
havia sido citado para o RS, constituindo-se numa nova ocorrência para
o Estado. Os autores que já relacionaram espécies de Heteroscelis para o
Brasil, citam H. servillei (LAPORTE, 1832) para os Estados de Goiás,
Bahia e Rio de Janeiro (BUCKUP, 1960), H. amazonica PIRAN, 1961 e
H. carcavalloi PIRAN, 1961 para o Amazonas e H. bimaculata (WAL-
KER, 1867) para o Rio de Janeiro (PIRAN, 1961).
LISTA DAS ESPÉCIES E LOCALIDADES
Alcaeorrhynchus BERGROTH, 1891
Alcaeorrhynchus grandis (DALLAS, 1851)
Marcelino Ramos, 3 2 MCN 200, 202 e 203. Torres*, é IPAGRO 256e2 ? IPAGRO
258 e 259, 9/11/1966, E. Kober leg.; ? IPAGRO 257, 9/11/1954, E. Kober leg.. Osório,
Arroio Teixeira*, ö MCN 12895, 15/1/1978, S. Pauls leg.; Atlântida*, 2 2? MCN 2614 e
2620 e é MCN 2622, 26-31/X11/1964, J. W. Thomé leg.; © MCN 12839, 7/1/1968, M.
Becker leg.. Tramandaí, Santa Terezinha*, 2 ? MCN 8469 e 8471, 16/11/1973, M. H.
- Galileo leg.; Imb&e*, 0 MCN 2617, 11/1961, L. Buckup leg.; Pinhal*, © MCN 13291,
2/1/1972, T. de Lema leg.. Santa Maria*,o MCN 13142, 21/X/1967, D. Link leg.;
é MCN 13143, 3/IV/1971, L. C. Heinzeleg.; 5 MCN 13144, 4/IV/1971, E. Santos leg..
Guaiba*, 1 exemplar MCN 9405, 20/11/1974, M. H. Galileo leg.; o MCN 1289,
8/IV/1976, H. A. Gastal leg.; é MCN 12896, 8/IV/1976, M. H. Galileo leg.. Viamão,
5 é MCN 184-187 e 2624 e 2 2? MCN 196 e 208, IV/1956, L. Buckup leg.; Itapuã,
14 3 MCN 169-174, 176-182 e 14213, 5 ©? MCN 191-195 e 3 exemplares MCN 165, 168 e
190, 4/X11/1958. Porto Alegre, S IPAGRO 255, III/1941, M. Nery leg.; & MCN 188,
1/1954, L. Buckup leg.. Pelotas*, 2 MCN 2618, 16/XII/1961, Mantovani-Biezanko
leg.; ? MCN 2619, 21/X/1961, Mantovani-Biezanko leg.; é MCN 2621, 23/11/1962,
Mantovani-Biezanko leg.; 9 MCN 13289, 28/1/1974, E. Heinrichs leg..
Coryzorhaphis SPINOLA, 1837
Coryzorhaphis leucocephala SPINOLA, 1837
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 240; 1 exemplar MCN 242, 3/X11/1940; 1
exemplar MCN 243, 17/X11/1939; 1 exemplar MCN 244, 19/X11/1939. Tramandaí, Santa
Terezinha*, 9? MCN 8482 e ö MCN 8485, 16/11/1973, M. H. Galileo leg.; 4 © MCN
8489, 8500, 8503 e 8504 e 2 é MCN 8501 e 8502, 24/11/1973, M. H. Galileo leg.; Pi-
nhal*,º MCN 13290, 2/1/1972, T. de Lema leg.. Santa Maria*, 2? MCN 13145
17/X1/1969, M. F. Tarragó leg.. E
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
Lista preliminar dos... 121
Heteroscelis LATREILLE, 1829
Heteroscelis sp
Cerro Largo*, © MCN 254, 1/1931, P. Buck leg.. São Francisco de Paula*, 2 MCN
255, 7/11/1940, P. Buck leg..
Marmessulus BERGROTH, 1891
Marmessulus nigricornis (STAL, 1864)
Marcelino Ramos, 2 MCN 112; 9 MCN 113e é MCN 117, 23/X11/1939; © MC-
N 114, 20/X11/1939.
Oplomus SINOLA, 1837
Oplomus (Catostyrax) catena (DRURY, 1782)
Marcelino Ramos, 2 exemplares MCN 135 e 151, 8/X11/1939; 1 exemplar MCN 136,
24/X1/1939; 1 exemplar MCN 137, 25/XI1/1939; 1 exemplar MCN 138, 5/XI1/1939; 1
exemplar MCN 139, 22/X11/1939; 1 exemplar MCN 152, 22/X1/1939; 1 exemplar 153,
17/X11/1939; 1 exemplar MCN 154, 23/XII/1939; 1 exemplar MCN 157, 20/1/1940; 1
exemplar MCN 158; 1 exemplar MCN 164, 12/111/1940. Bom Jesus, ? MCN 142,
1/1955, Baucke leg.; 3 @ MCN 143, 144 e 156, X11/1954, Camargo leg.; 1 exemplar
MCN 150 e 9 MCN 163, XII/1954, Baucke leg.; 2 ? MCN 161 e 162, 1/1955, Camar-
go leg.. São Francisco de Paula, 9 MCN 141, 11/1944; ô MCN 149, 25/1/1939. Porto
Alegre*, © MCN 2613, VIII/1966, M. Becker leg.. Pelotas*, 9 MCN 2612,
24/11/1962, Mantovani-Biezanko leg..
Oplomus (Oplomus) cruentus (BURMEISTER, 1835)
Bom Jesus, é MCN 118, XII/1954, Baucke leg.. São Francisco de Paula, &
MCN 123, 11/1936. Viamão, 3 é MCN 119-121 e 9 MCN 125, IX/1956, L. & E. Buc-
kup leg..Porto Alegre, 9 MCN 201, V/1964, M. Becker leg..; 2 MCN 13204,
11/X1/1959; 2 IPAGRO 315, P. Buck leg.. Pelotas, 9? MCN 166, 7/1/1961, C. M.
Biezanko leg..! 5 MCN 175, 20/1V/1964, Mantovani-Biezanko leg..
Oplomus (Oplomus) lunula HORVATH, 1911
Marcelino Ramos, q MCN 130, 8/XI1/1939.
Oplomus (Oplomus) marginalis (WESTWOOD, 1837)
Marcelino Ramos, 2 q MCN 126 e 128, 17/XII/1939; 9 MCN 127, 5/XI1/1939;
lexemplar MCN 131, 22/X1/1939.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
122 GASTAL, H. A. de O.
Oplomus sp.
Osório, Capivari*, 9 IPAGRO 8222, 13/1/1964, O. Baucke leg..
Podisus HERRICH-SCHAEFFER, 1851
Podisus (Podisus) crassimargo (STAL, 1860)
Porto Alegre, é MCN 261.
Podisus (Podisus) nigrispinus (DALLAS, 1851)
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 266, 30/X1/1939. Santa Maria*, ô MCN
8518, 26/1V/1973. D. Link leg.. Porto Alegre, é MCN 267; 2 MCN 268, 111/1954, L.
Buckup leg.; 9 MCN 270, 20/1V/1949; ? MCN 8425, 29/V/1973, A. Lise leg.. Pän-
tano Grande*, © IPAGRO 8120, 6/11/1962, O. Baucke leg.. :
Podisus (Podisus) obscurus (DALLAS, 1851)
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 275, 8/1X/1939; 1 exemplar MCN 276,
1/X1/1939; 2 exemplares MCN 277 e 279, 29/X1/1939; 1 exemplar MCN 278, 5/X1/1939;
1 exemplar MCN 280, 8/X11/1939.
Podisus (Tylospilus) distans BERGROTH, 1891
Bom Jesus, 2 exemplares MCN 292 e 294, X11/1954, Baucke leg.. Caxias do Sul,
Vila Oliva, é - MCN 290, 29/1/1952.
Podisus (Tylospilus) nigrobinotatus (BERG, 1879)
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 296, 6/X11/1939. Porto Alegre, Ilha do Laje, <q
’MCN 295, 18/1/1953, T. de Lema leg..
Podisus spp.
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 263, 29/X/1939; 1 exemplar MCN 285,
1/XI1/1939; 1 exemplar MCN 287, 26/X/1939; 1 exemplar MCN 288, 15/X/1939; 9
MCN 289, 19/X1/1939; 1 exemplar MCN 303 e 2 exemplares MCN 304, 6/XI1/1939; 1
exemplar MCN 305, 20/1/1940; 1 exemplar MCN 306, 25/X1/1939; 1 exemplar MCN 307,
1/X1/1939; 2 exemplares MCN 308 e 312, 5/X1/1939; 1 exemplar MCN 319, 8/XI1/1939;
1 exemplar MCN 320, 17/X11/1940; 1 exemplar MCN 321; 1 exemplar MCN 338,
18/X1/1939. Carazinho*, é MCN 13355 e < MCN 13357, 10/X1/1979, A. Lise leg.;
ô MCN 13385, 10/X1/1979, H. Bischoff leg.. São Borja*, 2 ? MCN 13386 e 13387,
7/X1/1979, H. Bischoff leg.; 3 © MCN 13388, 13390 e 13391, 8/X1/1979, H. Bischoff
leg.; Garruchos*, © MCN 13358, 6/X1/1979, H. Bischoff leg.; : MCN 13389,
1/X1/1979, A. Lise leg.. São Francisco de Paula, : MCN 264, 11/1944. Caxias do Sul,
Vila Oliva, 2 é MCN 13253 e 13254, 16/1/1961. Farroupilha*, 7 MCN 12899,
29/1X/1978, H. Bischoff leg.; © MCN 12935, 29/IX/1978, A. Lise leg.. Torres*, 5
MCN 8722, 15/11/1974, A. Lise leg.. Canelat, 2 5 MCN 13495 e 13496 e © MCN
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
Lista preliminar dos... 123
13497, 20/1/1972, A. Lise leg.. Tramandaí, Santa Terezinha*, 9 MCN 8475,
16/11/1973, M. H. Galileo leg.. Santa Maria*, 2 MCN 8511, 16/IV/1973, D. Link leg.;
9 _MCN 13149, 24/1X/1971, D. Bergmann leg.; ° MCN 13150, 6/X1/1971, D. M.
Schöninger leg.; © MCN 13151, 21/X/1971, M. V. Beskow leg; 2 MCN 13152,
14/X/1971, H. Antonio leg.; ? MCN 13153, 13/VIII/1971, J. Vasconcelos leg.. Ca-
noas*, é MCN 2626, 23/IV/1966, J. W. Thomé leg.. Guaiba*, 8 ” MCN 8991, 8993-
8995, 9183, 9184, 9187 e 9189 e 3 é MCN 9185, 9188 e 91%, 20/11/1974, M.H. Galileo
leg.: © MCN 9035, 18/1/1974, M. H. Galileo leg.; ” MCN 9207 e é MCN 9208,
19/11/1974, M. H. Galileo leg.; 2? MCN 9664, 15/111/1974, M.H. Galileo leg.; é MC-
N 9891, 20/1/1974, M.H. Galileo leg.; 1 exemplar MCN 10329, 20/1/1975, H.A. Gastal
leg.; é MCN 10536, 6/111/1975, M.H. Galileo & H. A. Gastal leg.; © MCN 13288,
20/11/1974, E. Heinrichs leg.; Petim*, © MCN 12900, 30/1/1979, H. A. Gastal leg..
Viamão*, 2 exemplares MCN 246 e 339, IV/1956, L. Buckup leg.; Itapuã*, 4 é MCN
309-311 e 313, 4/XII/1958. Porto Alegre, * MCN 318; ? MCN 323, 30/VII/1952; &
MCN 325, 15/X/192; é MCN 331, 18/VIII/1948; ©? MCN 333, 20/V/1953; é MC-
N 334, 30/VII/1952; 2? MCN 8094, 15/VII/1971, J. Grazia-Vieira leg.; 2 ? MCN
8118 e 8119, 4/11/1964, F.P.R. Meyer leg.; © MCN 12898, 29/1/1964, F.R.Meyer leg.;
9 MCN 13242, 27/V1/1953; é MCN 13243, 13/VIII/1956; > MCN 13245,
2/IX/1959; © MCN 13246 e é MCN 13256, 27/V/1959; * MCN 13247, 13/V1/1951;
ö MCN 13249, 12/X/1949; © MCN 13251 e ? MCN 13262, 20/1X/1963; © MCN
13252, 16/XI/1949; S MCN 13255, 24/X/1951; ? MCN 13257, 13/1X/1950; ® MC-
N 13258, 11/VII/1956; ? MCN 13261. 7/VIII/1956; é MCN 13263, 27/X/1958; Vila
Assunção” 3 9 MCN 2629, 2630 e 2632 e 3 d MCN 2627, 2628 e 2631, 28/X/1964, L.
Buckup leg.; Morro do Sabiá, é MCN 13241, 12/X1/1963; ? MCN 13260, 3/IX/1963;
Ipanema, 2 ? MCN 329 e 330, X1/1956, M. Palova leg.; Ponta Grossa, * MCN 324,
3/1/1955. Tapes*, 2 MCN 2637 e 2641, X1/1963, P. Buck leg.. Pelotas*, © MCN
283, X11/1948.
Stiretrus LAPORTE; 1832
Stiretrus (Stictonotion) decastigmus (HERRICH-SCHAEF
FER, 1837)
Cerro Largo*, © IPAGRO 928, VII/1934. Bom Jesus, é MCN 515, XII/1954,
Baucke leg.. São Francisco de Paula, - IPAGRO 297, 14/1/1938, P. Buck leg.. Caxias
do Sul, Vila Oliva, © MCN 527, 9/11/1950. Santa Maria*, > MCN 13148, 28/X/1971,
A. Raskoni leg.. Salvador do Sul, © MCN 13207 e 7 MCN 13208, 1960; & MCN
13209, 19/IX/1959. Viamao*, . 2654, V/1966, J. Grazia leg..
Stiretrus (Stictonotion) rugosus GERMAR, 183º
Bom Jesus, 1 exemplar MCN 533, 1/1955, Camargo leg.; ? MCN 535, 1/1955,
Corseuil leg.; ? MCN 536, XII/1954, Baucke leg.. Santa Maria*, é MCN 13146,
6/IX/1971, H. Almeida leg.. Salvador do Sul* 5 MCN 13206, 1960.
Stiretrus (Stiretroides) loratus GERMAR, 1839
Cerro Largo, 3 MCN 538, VIII/1939; É MCN539e © MCN 542, XII/1942.
Stiretrus (Stiretrus) circumdatus (SPINOLA, 1837)
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 492, 29/X1/1939. Cerro Largo, > MCN 485,
11/1944: 2 = MCN 493 e 494, XII/1942. São Francisco de Paula, > MCN 495,
1/1935. Pareci Novo, 2 MCN 486, X/1936.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
124 GASTAL, H. A. de O.
Stiretrus (Stiretrus) decacelis BERG, 1883
Marcelino Ramos, 1 exempiar MCN 504, 1/X/1939. Viadutos, 1 exemplar MCN '
503, X1/1941. Cerro Largo, ö MCN 502e 9 MCN 510, XI1/1942.
Stiretrus (Stiretrus) decemguttatus (LEPELETIER & SERVIL.
LE, 1825)
Marcelino Ramos 1 exemplar MCN 734, 27/X11/1939. Cerro Largo*, 2 9 MCN
13211 e 13222 e ö MCN 13231, XI/1949. Porto Alegre*, ? IPAGRO 300, 1/1932, P.
Buck leg.; & MCN 13233, 11/X1/1959; Belém Novo*, & MCN 2651, I /1959.
Stiretrus (Stiretrus) smaragdulus (LEPELETIER & SERVIL
LE, 1825)
Santa Marie*, © MCN 13147, 8/V/1971, J.C. Kruel leg.. Porto Alegre*, ;
IPAGRO 314, 11/1930, P. Buck leg.; Lami*, © MCN 566, III/1962, O. Baucke leg..
Stiretrus sp.
Cerro Largo,3 ? MCN 13236-13238, X1/1949.
Supputius DISTANT, 1889
Supputius cincticeps (STAL, 1860)
Marcelino Ramos*, 1 exemplar MCN 237, 30/X/1939; 1 exemplar MCN 238,
29/X1/1939. Cotipora*, © MCN 256, 23/11/1962, C. Araujo leg.. Santa Maria*, ©
MCN 13155, 10/V/1971, L. C. Heinze leg.; 9 MCN 13156, 27/X/1971, H. Antonio
leg.. Porto Alegre, é MCN 232, VII/1951, T. de Lema leg.; 9 MCN 236; © MCN
13250, 11/X1/1959; * MCN 13259, 27/V1/1953; Belém Novo, * MCN 257e é MCN
258, 1/1959, P. Buck leg.; Ponta Grossa, ö MCN 233, 3/1/1965. Tapes*, 9 MCN
2642, X1/1963, P. Buck leg...
Tynacantha DALLAS, 1851
Tynacantha marginata DALLAS, 1851
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 229, 30/X1/1939; 1 exemplar MCN 320,
17/XI1/1939; 9 MCN 231. Cerro Largo, * MCN 223, 11/1943; ? MCN 224, 1/1931.
Pareci Novo, ? MCN 222. Guaiba, 9 225, 1/1947, Redaelli leg.. Porto Alegre, 3
MCN 217, 11/VII/1949; 1 exemplar MCN 221, III/1955, Camargo leg.; é MCN 13205,
27/V1/1953.
AGRADECIMENTO
À Bióloga Terezinha Lermen da Silva por permitir-nos o exame dos exemplares da
coleção da Secção de Entomologia do IPAGRO.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
Lista preliminar dos... 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUCKUP, L. 1952. Notas entomológicas do Rio Grande do Sul. Lista preliminar dos
Pentatomidae do Rio Grande do Sul, com algumas informações zoogeográficas e
ecológicas. Ciências e Letras, Porto Alegre, 6(3):46-61.
. 1960. Pentatomideos neotropicais—II. Contribuição ao conhecimento dos Aso-
pinae da América do Sul (Hem. Het.-Pentatomidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto
Alegre (15):1-25.
. 1961. Os pentatomideos do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Hemiptera-
Heteroptera-Pentatomidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto Alegre (16):1-24.
PIRAN, A.A. 1961. Sinopsis del género Heteroscelis LATREILLE, 1829 (Hem. Pen-
tatomidae) con la descripcion de cinco especies nuevas. Revista de Investigaciones
Agricolas, Buenos Aires, 15(1):83-99.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
126 GASTAL, H. A. de O.
Tabela I: Número de espécimes encontrados nas diversas localidades do
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, onde foram coletados exemplares
de Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae).
LOCALIDADES Nº DE ESPÉCIMES
Marcelino Ramos 61
Viadutos
Cerro Largo
Carazinho
São Borja
Garruchos
Bom Jesus
São Francisco de Paula
Vila Oliva
Cotiporã
Farroupilha
Torres
Canela
Arroio Teixeira
Atlântida
Santa Terezinha
Imbé
Osório
Pinhal
Santa Maria
Salvador do Sul
Pareci Novo
Canoas
Guaiba 24
Viamäo 14
Itapuä 26
Porto Alegre 63
Päntano Grande 1
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Pelotas 8
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
Lista preliminar dos... 127
Tabela 2: Número de espécimes encontrados, e respectiva fregüöncia, em
cada um dos gêneros de Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) regis-
trados para o Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
GÊNEROS Nº DE ESPÉCIMES FREQUÊNCIA (%)
Alcaeorrhynchus 57 18,5
Coryzorhaphis 14 4,5
Heteroscelis 2 0,7
Marmessulus 4 1,3
Oplomus 41 13,3
Podisus 128 41,4
Stiretrus 40 12,9
Supputius 13 4,2
Tynacantha 10 3,2
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981
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Thomisideos neotropicais VI: Sidyma kolpogaster LISE, 1973
descrição do macho e nova ocorrência (Araneae, Thomisidae,
Stephanopsinae).*
Arno Antonio Lise**
RESUMO
No presente trabalho faz-se a descrição do macho de Sidyma kolpogaster LISE,
1973, ilustra-se a genitália da fêmea e registra-se a ocorrência da espécie para o Rio Gran-
de do Sul, Brasil.
ABSTRACT
The male of Sidyma kolpogaster LISE, 1973 is described, the genitalia of the female
is illustrated and it is reported for the first time the occurrence of this species from-Rio
Grande do Sul State, Brazil.
INTRODUÇÃO
Sidyma kolpogaster foi descrita por LISE em 1973 tendo por base
um único espécime fêmea cuja localidade-tipo é Rio Negro, Paraná,
Brasil. Em trabalhos de inventário faunistico que o Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul vem desenvol-
vendo no sul do país, foram coletados vários espécimes da espécie em
questão, o que vem a ensejar o registro das novas ocorrências, bem
como, a descrição do macho, até então desconhecido. São acrescentadas
também as ilustrações detalhadas do epigino e da vulva da fêmea uma
vez que ao ser descrita a espécie só se dispunha do holötipo do qual
preferiu-se não retirar a genitália.
MATERIAL E METODOS
O material procede do Rio Grande do Sul e encontra-se depositado nas coleções do
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
As medidas foram aferidas com ocular micrométrica e são expressas em milímetros.
As ilustrações foram elaboradas pelo autor, em câmara clara. Ambas, medidas e ilus-
trações, foram feitas utilizando-se um microscópio estereoscópico Wild-M5. O acabamento
dos desenhos foi feito por Rejane Rosa.
+ Aceito para publicação em 20/V1/1980. Contribuição FZB nº 179.
** | Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio
Grande do Sul (MCN-FZB:, Caixa Postal 1188, 20.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
+
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
130 LISE, A. A.
Material examinado:
BRASIL: Rio Grande do Sul, Arroio do Tigre (Itaúba), 1 & MCN 8150,
23.IV.1978, H. Bischoff leg., 1 9? (subadulta) MCN 8047, 18.1V.1978, A. Lise leg.;
Farroupilha, 1 é MCN 8269, 29.1X.1978, A. Lise leg.; Montenegro, 1 ? (subadulta)
MCN 7613, 20.X11.1977, A. Lise leg.; Triunfo, 2 jovens MCN 7307, 28.X1.1977, E. Buc-
kup leg.; Porto Alegre (Morro Santana), 1 9 (subadulta) MCN 9065, 17.V.1980, A.
Lise leg.; Viamão (Águas Belas), 1? MCN 4995, 17.1.1977, A. Lise leg..
DESCRIÇÃO DO MACHO
Comprimento total:3,062mm
Cefalotórax: baixo (0,750) pouco convexo, quase tão largo
quanto longo (1,350 x 1,375), mais largo a nível da coxa II. Coloração
castanho escura com estrias torácicas quase negras as quais delimitam
áreas microgranulosas. Tegumento dorsal quase mútico. Região cefálica
estreita (0,587), moderadamente elevada e de lados não paralelos.
E stern o: cordiforme, levemente escavado na porção anterior,
ápice arredondado, castanho muito escuro, quase negro, mais largo do
que longo (0,725 x 0,662), não se estendendo além das coxas IV.
L à bio: castanho escuro bem mais largo do que longo (0,287 x
0,150), não alcançando o meio das lâminas maxilares, ápice arredondado
com escassos pêlos apicais.
Lâminas maxilares: bem mais longas do que largas
(0,275 x 0,175), castanho escuras com retromargens denegridas e pro-
margens fulvo amareladas, convergentes, de ápice aproximadamente
quadrangular formando um ângulo quase reto na retromargem, promar-
gem arredondada.
Queliceras: mais longas do que largas (0,437 x 0,250), ful-
vas, com uma larga faixa negra transversal, medianamente disposta.
Face anterior com algumas cerdas pouco conspicuas.
Clipeo: baixo (0,100), altura igual a um diâmetro e um terço
dos olhos médios anteriores, cerca de duas vezes e meia mais baixo do
que a altura da área ocular média, vista de frente e, quase duas vezes e
meio mais baixo do que a linha delimitada pelos olhos médios anteriores.
Olhos: fila ocular anterior, vista de frente, muito recurva. Fila
ocular. posterior, vista dorsalmente, recurva. Olhos de ambas as filas cir-
culares. Olhos médios anteriores menores do que os laterais anteriores
(0,075 x 0,112), afastados entre si por uma vez e meia seu diâmetro
(0,112) e dos laterais por meio diâmetro (0,037). Olhos médios poste-
riores levemente menores do que os laterais posteriores (0,062 x 0,087),
separados entre si por menos do que duas vezes o seu diâmetro (0,112),
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicaisVI... | 131
equidistantes aos laterais. Olhos leterais de ambas as filas separados en-
tre si por duas vezes o diâmetro dos olhos médios anteriores (0,150). Al-
tura do trapézio formado pelos olhos anteriores maior do que a altura do
trapézio delimitado pelos olhos posteriores (0,175 x 0,125). Area ocular
média retangular. Altura vista de frente: 0,262; largura: 0,224.
A b dôm en: comprimento (1,687), largura a nível dos tubérculos
laterais (1,062), espessura (0,812). Face dorsal quase negra com várias
manchas circulares amarelas. Limitando a face dorsal com as laterais há
uma faixa amarela, interrompida, que se estende dos ombros anteriores
até os tubérculos posteriores, contornando-os. Declive posterior um
pouco mais claro do que o dorso. Faces laterais amarelas reticuladas de
branco. Abaixo dos tubérculos posteriores hã uma mancha da mesma
cor do dorso. Ventre com uma larguissima faixa longitudinal mediana
castanha muito escura, quase negra. Tubérculos curtos, de ápice ar-
redondado, do mesmo colorido do dorso do abdômen. Tegumento ab-
dominal pouco quitinizado, pubescente na fase ventral e com microcer-
das pouco abundantes no dorso, nos tubérculos e no declive posterior.
Fiandeiras cônicas, pilosas, castanhas.
Pernas: comprimento relativo I-II-IV-III. Perna I: fêmur com 1-1-1
espinhos dorsais. Tíbia cilindrica, fortemente arqueada. com 2-2-2-2-2 es-
pinhos ventrais, os três primeiros pares longuissimos. Metatarso curvo, com
2-2-2 potentes espinhos ventrais e 1-1-1 prolaterais. Tarso com unha den-
teada e fascículo subunguenal. Perna II: fêmur com 1-1-1 pequenos espinhos
dorsais. Tibia fortemente arqueada com 2-2-2-2 espinhos ventrais, os três
primeiros pares longuissimos. Metatarso curvo, com 2-2-2 potentes espi-
nhos ventrais, e 1-1-1 prolaterais. Tarso como em I. Pernas IIleIV: muitos
menores do que Ie II. Tibia, metatarso e tarso de todas as pernas com uma
fila longitudinal dorsal de tricobótrias. Pernas I e II castanho escuras, os
tarsos fulvo claros. Pernas IIle IV amaralo claras.
FEMUR | PATELA | TÍBIA | MATATARSO
E E
0,350 2,424
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
132 LISE, A. A.
P alp o: Tibia com uma curta apófise retrolateral apical e várias
microcerdas e tricobótrias dorsal, prolateral e retrolateralmente dispos-
tas. Cymbium cerdoso com algumas macrocerdas prolaterais. Tegulum
arredondado. Embolus curvo retrolateralmente.
COMENTÁRIOS FINAIS
A coleta de Sidyma kolpogaster em várias localidades do Rio
Grande do Sul, oportunizou-nos a descrição do macho até então desco-
nhecido bem como a ilustração da genitália da fêmea. Com o registro das
novas ocorrências fica ampliada a área de distribuição geográfica da es-
pécie em questão.
A variação intra-especifica do material examinado é muito pequena
restringindo-se fundamentalmente, em ambos os sexos, a variações
cromáticas. Assim sendo, o colorido do cefalotórax varia do fusco ao
fusco de bordas e região posterior denegridas até o castanho muito es-
curo, quase negro. O abdômen dorsalmente varia do amarelo claro som-
breado de fusco até um castanho quase negro com manchas claras. As
laterais são amarelo. claras. O ventre é amarelo claro com uma larga
faixa mediana que vai do fusco muito escuro até o negro.Os fêmures,
patelas, tibias e metatarsos das pernas I e II variam do fusco escuro
manchados e ou sombreados de castanho ou de negro até o castanho
muito escuro uniforme, quase negro. Os tarsos são geralmente amare-
lados. As pernas III e IV são amarelo claras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LISE, A.A. 1973. Contribuição ao conhecimento do gênero Sidyma no Brasil, com des-
crição de uma nova espécie (Araneae-Thomisidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto
Alegre (43):3-47, nov. 53 fig.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais VI... 133
Fig. 1: Sidyma kolpogaster MCN 8269.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
134 LISE, A. A.
Fig. 2-9: Sidyma kolpogaster MCN 8269. 2. vista ventral; 3. vista lateral; 4. fronte e
queliceras; 5-9. palpc esquerdo. 5. vista dorsal; 6. vista ventral; 7. vista prolateral; 8. vista
retrolateral; 9. vista retrolateral expandido.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
Tomisideos neotropicais VI 135
Fig. 10-12: Sidyma kolpogaster MCN 4995. 10. epigino; 11. genitälia, vista dorsal; 12.
genitälia de perfil, vista antero-posterior.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981
IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA,
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA.
Cada série é editada em fasciculos com numeração corrida independente, podendo conter um ou
mais artigos.
O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuido a Instituições
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis-
ta e demais interessados.
IHERINGIA is the official scientific periodical of the ''Museu de Ciências Naturais”. Its aim is
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação
Zoobotänica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the
Zoological Park.
Articles from other national and foreign Institutions researchers may be accepted. Emphasis is
given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul
State.
IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series
is issued in fascicles consecutively numbered and may contain one or more articles.
IHERINGIA as a whole or as a separate series, is distributed to similar scientific Institutions
on an exchanging basis and may also be available to scientists and other interested parties on pre-
viours arrangements.
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1. Os manuscritos devem ser encaminhados ao Editor, através de ofício, podendo ser aceitos a cri-
tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor-
Superintendente da FZB.
2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e
Parque Zoológico da FZB. A juizo, podem ser aceitos artigos de pesquisadores de Instituições
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nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul.
3. Os artigos em língua postuguesa devem ter um resumo em língua estrangeira e os em língua es-
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em
portugués.
4. Os originais devem ser apresentados em 2 vias datilografadas em espaço dois, com margens
mínimas de 2 cm, sem emendas, em papel branco (tamanho oficial A-4:21x29,7 cm), utilizando-se
um só lado da folha.
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7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtitulos bem como as palavras latinas
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto.
8. Os nomes de autores citados no trabalho, inclusive os constantes das referências bibliográficas
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das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos:
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trabalho, titulo do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e
sublinhado), número ou fascículo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e
final.
10.
ot
12.
13.
14.
15.
Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2 est.
b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, título do
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arabico, seguido de ponto e da
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado
(precedidos de p. e v. respectivamente).
Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet.
335p. Ea
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são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia Consultada ou Referências Bibliográficas.
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Biblioteca
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Brasil
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Concluiu-se esta edição
em fevereiro de 1981
“PROVAS REVISADAS PELO CLIENTE”
Composição, impressão e acabamento:
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Iheringia
serie Zoologia
BL ISSN 0073-4721
SILVEIRA, C.F.B. da & MENEGHETI, J. O. Estudo sobre a
relação peso e sexo em Notura maculosa (TEMMIMCK,
1815) (Aves, Tinamiformes, Tinamidae) .................. p.7
MENEGHETI, J. O. et alii Coments about the relationship
between hunting effort and hunting yielding in birds....... p. 17
MENEGHETI, J. O. et ali Spacial and temporal variations of
density of Notura maculosa (TEMMINCK, 1815) from hun-
ting data 1977, in the Rio Grande do Sul State, Brazil ..... p. 23
BRETSCHNEIDER, D. da S. Nota sobre a alimentação do
marrecão, Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) em Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil (Aves An-
RR RO = pane manso ana en rsss cio p. 31
MELLO, H.F. & MENEGHETI, J.O. Considerações sobre o
uso do solo e sua influência sobre o ecossistema campo, em
Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil ..................... p. 41
SILVA, F. & SANDER, M. Estudo sobre a alimentação da per-
diz Notura maculosa (TEMMINCK, 1815) no Rio Grande
do Sul, Brasil (Aves, Tinamiformes, Tinamidae)........... p. 65
SILVA, F. Contribuição ao conhecimento da biologia do papagaio
charão, Amazona pretrei (TEMMINCK, 1830) (Aves,
DR St eb ASA a p. 79
Museu de Ciências Naturais da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Publicado com auxílio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) “Projeto Pró-fauna,
1980",
FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL
Entidade de direito privado, instituída pela Lei Estadual nº 6497 de 20/12/72.
ROBOT (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura).
Governador do Estado
JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA
Secretário de Estado da agricultura
BALTHAZAR DE BEM E CANTO
Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
JOSE WILLIBALDO THOME
Diretoria da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Diretor-Superintendente N
JOAO PEDRO RANQUETAT PAPALEO
Diretores-Executivos
do Jardim Botânica — MARTA ELENA FABIÄN
do Museu de Ciências Naturais — HERACLIDES SANTA HELENA
do Parque Zoológico — HELIO FERNANDO SARAIVA
Impresso com autorização e sob a responsabilidade do
Diretor Superintendente da FZB (alínea d),
art. 14, dos Estatutos — Decreto RS
nº 22.683/73).
SMITHSONIM
NOV 3 1981
LIBRARIES
APRESENTAÇÃO
Este é um número especial de Iheringia, Série Zoologia, consti-
tuído por sete artigos científicos, cujos autores trabalharam com avifauna
cinegetica no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul.
Sua publicação, bem como o suporte para os estudos realizados,
devem-se ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, órgão
responsável pelo manejo da fauna silvrestre no Brasil.
Nesta Iheringia, homenageia-se a Henrique Luiz Roessler que foi o
primeiro conservacionista no Estado a preocupar-se ativamente com o
tipo de manejo que sofriam as espécies cujo abate era permitido na
atividade de caça.
Os autores agradecem à Fundação Zoobotânica e ao IBDF pelo.
apoio oferecido, e ao médico cirurgião Carlos Henrique Menke pelo ar-
tigo ao homenageado deste número.
ROESSLER — O PROFETA DA ECOLOGIA
“JURO SOLENEMENTE”, como filho do Brasil, orgulhoso de
suas belezas naturais, zelar pelas suas florestas, sítios e campos,
protegendo-os contra fogo e devastação, fomentar o reflorestamen-
to, conservar a fertilidade do solo, a pureza das águas e perenidade
das fontes e impedir o extermínio dos animas.”
H.L. Roessler, União Protetora da Natureza, 1955.
Henrique Luiz Roessler foi, sem dúvida nenhuma, o pioneiro do movimento conser-
vacionista e um dos mais apaixonados defensores dos nossos recursos naturais. Se levar-
mos em conta que ele atuou numa época em que não havia nenhuma conscientização
ecológica, em que a mentalidade corrente era de exploração desenfreada da Natureza —
cresce mais ainda a importância dessa admirável figura. Outro aspecto singular da per-
sonalidade de Roessler é que, além do teórico de gabinete, do escritor de artigos edu-
cativos, ele exercia uma intensa atividade prática, fiscalizando o cumprimento das leis
vigentes. :
Roessler nasceu na cidade de São Leopoldo em 16 de novembro de 1896. Sua profis-
são era contabilista, mas a sua paixão era a Natureza e, desde cedo, iniciou a sua cruzada
de idealismo. Ja em julho de 1942 ele aparece na revista Caça e pesca, editada em São
Paulo.
Em julho de 1942, o editor paulista referia-se assim a Roessler: “O Sr. Roessler, pela
documentação que nos remetem, revelou-se aos nossos olhos uma pessoa pouco comum nos
dias que correm. Imagine-se que às suas expensas, imprime ele cartazes, folhetins, oficios-
circulares contendo instruções para a vigilância de nossa riqueza florestal. Além disso, de
quando em quando, ocupa as colunas dos jornais de larga difusão sobre propaganda educativa
arespeito.”
Em 4 de outubro de 1944, foi nomeado Delegado Florestal em São Leopoldo, função
que desempenhou gratuitamente até 1955, quando foi exonerado em virtude do Estatuto
dos Funcionários Públicos proibir a prestação de serviços não remunerados. Vendo-se
privado dessa forma de atuação, imediatamente fundou a União Protetora da Natureza
(1955), com sede em-São Leopoldo, entidade que passou a reforçar campanhas educativas
nas escolas, na imprensa e junto às prefeituras e autoridades encarregadas da proteção do
nosso patrimônio natural. Roessler que escrevia artigos esparsos para os jornais, passou,
a partir de 1957, a colaborar semanalmente para o Suplemento Rural de um jornal local,
tendo publicado, até 1963, nada menos de 301 crônicas. Foi um período fecundo em que
abordou toda a temática ambiental com clarividência, dissertando sobre a poluição dos
nos, o problema das concentrações urbanas (''monstrópolis”, como ele as chamava), a
derrubada das matas, a matança dos peixes nas granjas de arroz, a caça clandestina e até
dos venenos nas lavouras — assuntos que explodiriam vinte anos depois com o despertar
ecológico. Não esmoreceu nunca nessa pregação até sua morte em 14 de novembro de
1963, seis dias após a publicação de sua última crônica.
Gozava a fama, entre os caçadores, de ser mais rigoroso “duro” dos fiscais, o que,
na realidade, ele era: implacável, inflexível, incorruptivel, zeloso no seu afã de cumprir a
la.
Se Roessler tinha essa imagem para os matadores, para os verdadeiros caçadores ele
era uma pessoa compreendida e admirada. Ele próprio aceitava a caça legal, escrevia
sobre ela em seus artigos, dando conselhos sobre ética esportiva, segurança com armas de
fogo e até como cuidar do perdigueiro. Colaborava na publicação das Portarias Regionais da
Caça e para elas criou um “slogan” que até hoje é impresso nos folhetos distribuídos aos ca-
cadores pelos clubes e lojas especializadas: “PASSARINHO NÃO É CAÇA.”
Para que o Brasil Não se torne um Deserto — Em dezembro de 1957, Roessler foi .
entrevistado por um reporter que lhe perguntou: “Qual o trabalho da União Protetora da
Natureza para que o Brasil não se torne um deserto?” A resposta dada por esse profeta
da ecologia foi antológica, atualissima, inquietante: Somos ainda modesta associação,
fundada há dois anos e tudo quanto temos feito é o resultado da boa vontade e do idealis-
mo de um grupo de cidadãos. Mas não desanimamos. Pretendemos disseminar pelo Es-
tado o maior número possível de núcleos de associação, procurando entrar em todas as
camadas, a começar pelas escolas — pois na juventude devemos incutir o amor à natu-
reza, para preservar as riquezas da Pátria da sanha destruidora dos egoistas, desumanos
e mesmo criminosos. Nossos sócios nos auxiliam bastante através de informações e de-
núncias que trazem, não só quanto à caça e à pesca, como na defesa do patrimônio flores-
tal. Não quero deixar de mencionar aqui a apreciável contribuição para esta campanha
dos Clubes de Caça e Pesca que vem sendo criados neste Estado e que já são em número
de 25. Não basta o interesse do Poder Público, a legislação em vigor. O problema das
nossas riquezas está entregue ao povo: este é que, antes da iniciativa do Estado, deve
compreender os perigos existentes, organizar-se através de associações, de clubes e por
todos os meios proteger o patrimônio imenso que herdamos dos nossos antepassados — e
sobre o qual paira a ameaça de uma destruição implacável. No dia em que forjarmos essa
mentalidade em todos os brasileiros, teremos evitado que o Brasil se torne um deserto e.
assegurado às gerações futuras o aproveitamento de nossas riquezas, a beleza de nossas
paisagens, a graça e a vida plena de nossos pássaros, das aves de todas as espécies, dos
animais, enfim, que devem saltar e povoar livremente os nossos bosques, lagos e rios.”
“ISTO FOI O COMEÇO”
CARLOS HENRIQUE MENKE
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Estudo sobre a relação peso e sexo em Nothura maculosa (TEM-
MINCK, 1815) (Aves, Tinamiformes, Tinamidae).*
Cynthia Fleming Batalha da Silveira**
João Oldair Menegheti***
RESUMO
Pesaram-se 142 exemplares mortos de Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815)
separados por sexo. Estudou-se a distribuição de fregü@ncia de peso de machos e fêmeas
comparando as médias.
ABSTRACT
One hundred forty two dead individuals of Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815)
were weighted and separated by sex. The frequence distributions of weights of males and
females were determined and their means compared.
INTRODUÇÃO
As diferenças de peso entre macho e fêmea de Nothura maculosa
(TEMMINCK, 1815) foram examinadas de forma bastante precária por
BUMP & BUMP (1969), pois trabalharam com um número muito pe-
queno de dados; apenas oito fêmeas e um macho. Além disso sabe-se,
por vários autores, que o peso varia, segundo fatores que adiante serão
discutidos, e que necessita informações suplementares como: a hora do
dia em que se deu o abate e a época do ano, entre outras. Antes disso,
FIORA (1933) apresenta um trabalho com peso máximo, peso mínimo e
peso médio de doze exemplares de Nothura maculosa mas, como o
próprio autor afirma, seu trabalho é uma simples tentativa porque, além
do reduzido número de dados, estes não estão separados por sexo.
A variação de peso das aves e sua relação com fatores fisiológicos e
ambientais, tem sido objeto de estudo de vários autores.
* Aceito para publicação em 11/VIII/1980 Contribuição FZB nº 183 Parte da dissertação de
Bacharelado em Ciências Biológicas — Enfase em Ecologia, apresentada em novembro de 1979 na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq. Proc. 1111.
3576/78) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN-
FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio
Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981
8 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
Um dos fatores que explica a variação de peso nas aves é 0 sexo.
Vários autores constataram que há diferença significativa entre peso de
macho e peso de fêmea em algumas espécies de aves. Em outras espécies
os pesos são iguais. BALDWIN & KENDEIGH (1938) constataram em
onze espécies que o macho era mais pesado do que a fêmea, em quatro
outras a fêmea era mais pesada que o macho. Entretanto os mesmos
autores em outras nove espécies não constataram diferença significativa
entre peso de macho e de fêmea; HELMS et alii (1967), com Junco
hyemalis (LINNE, 1758), verificaram que o macho era mais pesado do
que a fêmea durante o inverno; ROSEBERRY & KLIMSTRA (1971) en-
contraram diferença significativa entre peso de macho e fêmea de Co-
linus virginianus (LINNE, 1758), verificaram que ora o macho era mais
pesado e ora a fêmea, dependendo da época do ano.
Nothura maculosa é uma espécie que não apresenta dimorfismo
sexual conspicuo. A identificação do sexo pode ser feita pelo exame da
cloaca no periodo de reprodução em que o pênis apresenta-se desenvol-
vido. Fora dessa época não é fácil a identificação com o animal vivo.
BUMP & BUMP (1969) referem-se ainda a outro critério, que seria a cor
dos olhos, mas este sofre restrições, já que só é válido em indivíduos
adultos, e como a identificação da idade do animal é difícil, esse critério
só pode ser usado em determinadas circunstâncias. A identificação do
sexo no animal morto é feita através do exame das gônadas.
Este trabslho pretende contribuir com um critério a mais para a
identificação do sexo em Nothura maculosa. A partir da distribuição de
frequências de peso das fêmeas e da distribuição de frequências de pesos
dos machos, é possível tomar-se uma decisão sobre o sexo do indivíduo
com probabilidades conhecidas de acerto. E evidente que se trata de um
critério suplementar uma vez que o problema da variabilidade pode in-
troduzir dificuldades nessa decisão.
MATERIAL E MÉTODOS
A coleta de dados foi realizada junto às barreiras de fiscalização de caça do Insti-
tuto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e Brigada Militar.
Os exemplares foram pesados individualmente e feita a identificação do sexo através
e Utilizou-se, para pesagem, uma balança Marte Modelo 1001, com precisão
e 0,005g.
Além dos dados de peso e sexo, obteve-se informação do local de caçada. Os ca-
çadores indicaram o local num mapa do Rio Grande do Sul, 1974, com escala 1:750.000,
subdividido em quadrículas que foram numeradas conforme a figura 1. As quadriculas
foram traçadas tomando por base as coordenadas geográficas com intervalos de 30'. Uma
mesma quadrícula pode ter áreas de mais de um município, quando incluir regiões limites.
Como há zoneamento de caça, uma quadricula que inclua mais de um município, com
apenas um deles liberado para a caça, não pode ser considerada em sua área total.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981
Estudo sobre a relação peso e sexo em... 9
Foram utilizados 142 exemplares de Nothura maculosa, sendo 132 obtidos em di-
ferentes municípios do Rio Grande do Sul e 10 no Uruguai. Do total de indivíduos 78
eram fêmeas e 64 machos. A tabela 1 mostra a origem dos exemplares abatidos no Rio
Grande do Sul. Para os dez exemplares caçados no Uruguai não se especificou as regiões
daquele País onde se deu o abate.
Os dados foram obtidos nos dias 1º e 2, 29 e 30 de julho de 1979. Nos dois pri-
meiros dias citados, a barreira de fiscalização foi localizada no Posto de Polícia Rodo-
viária, no quilômetro 118 da BR-290 e nos dois últimos no quilômetro 100 da mesma
rodovia, ambas no Município de Rio Pardo.
Os valores de peso verificados para machos e fêmeas de Nothura maculosa neste
trabalho são subestimativas, já que os animais coletados tem perfurações provocadas no
abate, havendo perdas de líquidos do corpo.
A pesagem foi feita sempre aos domingos havendo, no mínimo, uma diferença de 12
horas entre os primeiros e os últimos abates.
Inicialmente foi verificado se a distribuição de fregiência do peso das fêmeas seguia
uma função Normal, fazendo-se o mesmo para os machos. Para isto utilizou-se o teste de
aderência de KOLMOGOROV-SMIRNOV (apud SIEGEL, 1975).
Dada a precisão da balança, não se obteve número suficiente da dados repetidos que
permitisse evidenciar tendência quanto a melhor função ajustante. Devido a isto, foi
necessário usar intervalo de classe e este foi calculado aproximadamente a partir da
equação de STURGES (apud WAUGH sd ).
Posteriormente foi testado se havia diferença significativa entre peso médio dos
machos e peso médio das fêmeas, aplicando-se o teste bicaudal de STUDENT, segundo
BROWNLEE (1965), para um nível de significância de 0,05, para amostras independentes
de duas populações normais com número de fêmeas diferente na amostra do que o número
de machos, com variâncias iguais.
Para verificar-se as variâncias eram iguais ou diferentes, usou-se o teste F(apud
SNEDECOR & COCHRAN, 1967).
RESULTADOS
O peso médio estimado dos machos de Nothura maculosa foi igual
a 257,85g e o peso médio estimado das fêmeas foi de 276,32g.
O desvio padrão estimado de machos foi igual a 16,56g e o desvio
padrão estimado de fêmeas foi igual a 23,61g.
Confia-se em 95% que o peso médio da população de machos de
Nothura maculosa, que tiverem o mesmo tipo de procedimento de coleta
adotado neste trabalho, esteja situado no intervalo entre 254,39g e
261,31g e, para fêmeas, entre 271,86g e 280,72g.
As figuras 2 e 3 indicam que a melhor função ajustante seria uma
Normal. o teste de KOLMOGORON-SMIRNOV confirmou esta hipótese,
pois obteve-se um . para fêmeas de 1,04 e para machos de 1,18, inferiores,
portanto, ao de tabela para um nível de significância de 0,05 e para uma
amostra maior do que 40.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981
10 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
Para discriminar-se a equação de STUDENT, que permite fazer o
teste de significância de pesos médios de machos e pesos médios de
fêmeas, comparou-se as variâncias estimadas obtidas em machos e em
fêmeas. O F. obtido foi de 2,03 que comparado com F$3 para um
nível de significância de 0,05 leva à aceitação da hipótese denulidade.
O tc foi de 5,25, que comparado com o t de tabela para um nível
de significância de 0,05 e 140 GL faz com que se rejeite a hipótese de
nulidade.
Os intervalos de classe utilizados e suas respectivas frequências
absolutas encontram-se nas Tabelas 2 e 3.
DISCUSSÃO
No periodo em que foi realizada a coleta de dados, verificou-se que
o peso médio da fêmea de Nothura maculosa era significativamente
maior do que o peso médio do macho. Ainda não se possui critério que per-
mita a diferenciação rápida entre subadulto e adulto dessa espécie. As-
sim quando se fez a pesagem, considerou-se adultos e subadultos em
conjunto.
Ora BUMP & BUMP (op cit.) constataram que em 2 meses e meio
um macho apresentava o pênis em condições de reprodução; em HARDY
(apud BUMP & BUMP, op. cit) relatou que as fêmeas iniciavam a pos-
tura com menos de 2 meses de idade. Os animais nascidos no início de
março já estariam com mais de 2 meses na abertura da temporada de
caça em 15 de maio, quando se iniciou a amostragem. Os individuos
nascidos em março já seriam considerados como resultantes de re-
produção tardia. Já antes deste mês, não se sabe exatamente quando
houve o pico de reprodução. Isto é, os individuos gerados em março e
em abril são poucos relativamente aos gerados no pico de reprodução.
As distribuições de frequências de peso de machos e fêmeas geram
cada uma, uma função Normal e estas são diferentes entre si. Esta
característica pode ser usada para a identificação do sexo, quando não
houver possibilidade do exame da cloaca e desejar-se manter o animal
vivo.
Pelo número de individuos machos e fêmeas estudados, supõe-se
que haja uma proporcionalidade entre peso médio e variabilidade dos in-
dividuos mortos como os aqui considerados, com o peso médio e a
variabilidade dos individuos pesados vivos. Portanto não se deve usar os
pesos obtidos neste trabalho em termos absolutos e sim seu significado
em termos proporcionais. Por exemplo: verificou-se que a propabilidade
de se encontrar machos, abatidos da mesma forma citada neste trabalho,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981
Estudo sobre a relação peso e sexo em... il
maiores do que 296,43g é de 0,01, ao passo que a probabilidade de se
obter fêmeas maiores do que este peso é de 0,3023. Assim, ao se tra-
balhar com peso de individuos vivos, espera-se que as mesmas propor-
ções, ou próximas, sejam válidas.
A combinação das probabilidades de ocorrências de pesos maiores
do que um determinado peso pode ser feita, neste caso, simplesmente
somando-as, sem que haja necessidade de ponderá-las porque os resul-
tados obtidos com proporção de sexos para: Nothura maculosa, durante
a mesma época deste estudo é de 1:1. Assim, por exemplo, tomando-se
296,43g, a proporção de ocorrência de machos com pesos maiores do que
este seria de 1:31,23, enquanto que para fêmeas a proporção seria de
30,23:31,23.
A dificuldade de se avaliar a idade do animal, impossibilitando
diferenciar entre os individuos, os jovens impediu que se utilizasse as
caudas inferiores das funcöes Normais.
Ha restrições a serem feitas na obtenção dos pesos médios de
machos e fêmeas de Nothura maculosa, neste trabalho. KONTOGIAN-
NIS (1967), com Zonotrichia albicollis (GMELIN, 1789) constatou
variação de peso no decorrer do dia, encontrando uma máxima taxa de
aumento durante as primeiras 2h30min de luz, no período em que o
animal se alimenta. O peso das aves aumentava nas primeiras 16h do
dia e depois decrescia. LACK & LACK (1951) verificaram em Apus apus
(LINNE, 1758) variações de peso no decorrer do dia. BALDWIN &
KENDEIGH (1938) constataram um ritmo diário de peso nas aves que
investigaram, com grandes pesos sendo observados no fim da tarde ou
início da noite e baixos pesos no início da manhã. Períodos de mais
rápido aumento de peso correspondiam a periodos de maior atividade
alimentar. Considerando-se que, Nothura maculosa possa sofrer as mes-
mas variações e que os dados obtidos não correspondem ao mesmo
periodo do dia, o fator variação diária de peso pode estar influindo nos
resultados.
BALDWIN & KENDEICH (1938) verificaram um ritmo anual no peso
das aves observadas: em 85 espécies constataram que os maiores pesos
eram observados na metade do inverno e os menores na metade do
verão. Considerando-se que Nothura maculosa igualmente sofre esta
variação, € importante salientar que os resultados obtidos somente são
válidos para a época em que foram efetuadas as coletas.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981
SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
| rd
bo
AGRADECIMENTOS
Aos professores Sidia Maria Callegari Jacques e Edgar Mário Wagner pelas críticas.
Aos colegas, Dione Bretschneider, Maria Inês Burger Marques, Martin Sander,
João Fabrício Filho e Flávio Silva, pela colaboração na coleta de dados.
À Direção do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande
do Sul, por ter colocado à disposição todo seu equipamento e dependências; ao Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal pelo financiamento das saídas a campo.
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Fig. 1 _ FE pivisso do Estado em Quadriculas. Municipios do Estado do Rio
Grande do Sul liberados para a caça de Nothura maculosa em 1979.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981
14
20
q
(0)
212,32
228,32
244,32
260,32
276,32
252,32
308,32
324,32
340,32
Fig. 2 — Distribuição de fregiências absolutas (f) de peso de fêm
maculosa.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981
SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
peso(g)
eas de Nothura
Estudo sobre a relação peso e sexo em... 15
20
peso(g)
223,35
234,85
246,35
257,85
269,35
280,85
292,35
303,85
Fig. 3 — Distribuição de frequências absolutas (f) de peso de machos de Nothura
maculosa.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (513):7-16, 27 fev. 1981
16 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
Tabela 1. — Origem dos individuos de Nothura maculosa amostrados.
Nº da Quadricula N° de individuos obtidos
Tabela 2. — Distribuição da freqiiência de pesos entre machos de No-
thura maculosa em intervalos de classe.
CLASSE FREQUÊNCIA ABSOLUTA
211,85 223,35 2
223,35 234,85 4
294,85 246,95 9
246,85 o 257,85 19
257,85 f 269,35 15
29,35 + _ 280,85 8
280/85, 27 7232,35 6
292,35 , | 303,85 1
Tabela 3. — Distribuição de frequências de peso entre fêmeas de No-
thura maculosa em intervalos de classe.
CLASSE FREQUÊNCIA ABSOLUTA |
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981
Comments about the relationship between hunting effort and hun-
ting yielding in birds*
João Oldair Meneguetti**
Marisa Ibarra Vieira**
Flávio Silva **
ABSTRACT
We tried to evaluate the stress upon the birds submitted to hunting pressure. For
this, it is used an indirect indicator, that is, the relationship between hunting yielding and
hunting effort. This procedure give indications quickly about the estate of the natural
resources and a picture of the birds in a big area.
RESUMO
Pretende-se avaliar a resposta da espécie de ave submetida à pressão de caça
através de um indicador indireto, resultado da relação entre rendimento de caça e esforço
de caça. Tem a vantagem de fornecer rápidas informações quando se fazem necessárias
decisões urgentes e quando se necessita de um quadro sinótico das aves consideradas
numa área grande.
INTRODUCTION
Despite of its value, the observations got by hunters often are full
of subjectivity that difficults the comparison among them. Thus, these
informations could not be used by managers of the natural resources.
They need other kind of information as the variation of population
density in a given space and its turn over rate. The approach of this
paper makes possible to obtain the variation of relative density from
this kind of data. It is necessary to discipline the informations
mentioned above by using a formulary. This approach allows:
1. To indicate research lines about the subject game and species of
cynegetic birds, including priorities.
2. To obtain working hypothesis to be tested afterwards with more
investigation.
* | Accepted for publication in 21/VIII/1980. Contribution FZBnº 184.
** Researchers of Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):17-21,27 fev. 1981
18 MENEGHETI, J. O. et alii
3. To give pragmatic informations to managers of natural
resources, diagnosing the estate of animal population, and its response
when submitted to hunting pressure, through the densities variation.
This study was possible due to Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul and Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF).
DESCRIPTION OF THE RELATIONSHIP BETWEEN
HUNTING YIELDING AND HUNTING EFFORT
The basic idea consists in the evaluation of relative density and its
variation in space and time comparing it to hunting effort.
Yield by unity of hunting effort (Y) is the number of captured
individuals of a species by a known number of hunters by a known
number of hours expended to do it.
The data are gathered in hunting inspection barriers on the roads.
The hunters give informations according to formulary, that shall
be adapted to regional characteristics.
With the aim of giving more accuracy to the item nn
locality, the map of the region must be divided into squares over the
hunting permitted regions.
Hunting effort (E) is the actual time of incident hunting over one
species in a given area during a given time interval. This is very
important when there is quota that can be attained. Hunters attain this
quota in different times as a function of the local density of animals and
of the capture efficiency.
Capture efficiency is the number of captured animals by the
number of shots necessary to do it. Thus we use hunting yield instead
of using absolute number of captured animals.
As the hunters generally work in group, to estimate the hunting
yield, the formularies of solitary hunters mustn’t be computed.
If the hunters kill individuals of more than one species, it is
difficult to know the time expended in capturing each one; so, these
formularies are not computed.
After the analysis of behaviour of hunting yielding and hunting
effort, it is necessary to relate them, one against the other. The former
as dependent and the last as independent variables. Primarily we plot in
a graphic the points generated by data of two variables in the beginning
and in the end of hunting season. It is advisable to do SESSEWAllES
between these dates to confirm the tendencies.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981
Comments about the relationship... 19
If the maxima quotas (Q) permitted of individuals captured were
reached by all the hunters, the fitness function will be a power function
R= Q.E-1 (Fig. 1). If the proportion of hunters that not attain the
quota is large, it could happen that the best function to describe the
ralationship between Y and E is parabola or exponencial or even a
straight line. If the incidence of hunters with low capture efficiency is
large, there will be the next consequences: 1. The low yielding do not
represent low density of animals, but it is consequence of low efficiency
of capture; 2. A straight line is generated and may be parallel to the
ordinate axis or to the abcis axis, thus proposing that there is nox a
relationship between yielding and hunting effort.
Smaller the number of individuals captured in relation to the
quota, larger will be the dispersion of points, and in consequence, larger
the deviation related to the mathematical functions that shall be
actually got. Therefore it could be used hunting yielding to express
relative density of cynegetic species since fulfilled some requirements:
1. The efficiency of the hunters shall have low variation in such &
way that the standard deviation is so near as possible of the average
efficiency. The species that presented larger probability of escape to the
trial of capture are those that generally origin unlike efficiencies of
capture. Also the kind of hunting that present more complicated
procedures, introduce other factors that contribute for larger variation of
efficiencies. Thus an average efficiency with lower standard deviation
would represent much better the relative density under game pressure.
2. It must have a maximum quota of capture. The efficiency of
capture over one species must be of such way that the hunters could
attain the quota in the normal time interval of hunting, that is, for
instance, a week-end.
A species that due to its characteristics as its distribution, its
ability to escape, running or hiding, does not permit that in the time
interval the hunters do not reach frequently the quota, introduce bias
that mask the actual tendence of a population, especially when if
considering the hunting yielding got against time.
To evaluate the answer of the population it is necessary to
compare two functions, or one power function with an other function.
Characteristics as the slope of the curve, or the points where it touches
the ordinate axis and abcis axis, propose differences on behaviour of
functions.
3. One factor to introduce error in the relationship between
hunting yield and hunting effort is the recruitment of new individuals
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981
20 MENEGHETI, J. O. et alii
during the hunting season. In this case, recruitment would be the
availability of individuals of a new generation be captured by shots. It
means the time interval in wich a new generation begins to fly.
Therefore, it is basic that the maximum limit of the annual reproduction
of the species is known, moreover, how much time in average the
individual delays to fly. If the recruitment is before or after the hunting
season, there is no problem. It arises, when the same occurs during the
season, when a given tendence is broken off without a logic explanation.
There will be clearly a deviation since the population in the beginning of
season will be added of a new generation.
Advantages of the method:
1. It gives general informations in a short time to furnish subsidies
to the rational management of the natural resources.
2. It makes possible to get a synoptic picture of the game birds in
the big area by multiplied activity of hunters.
Disadvantages of the method:
1. In general there is no repetition enough of samples in the big
area what difficults a more accurate evaluation.
2. The method do not inform about the mechanisms involved in
the dynamics of the studied phenomena but often permits to obtain its
diagnosis.
3. It gives informations only about the stratum of individuals that
fly.
It needs to be accomplished with research at the field considering
the other strata.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors are greateful to the Director of the Museu de Ciências Naturais da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul and Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal by the stimulus and support, and to Loretti Portofé Mello by the English re-
vision.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981
Comments about the relationship... 21
R
3
2
|
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 E
Fig.1
Fig. 1 — Theoretical fitness function for the relationship between hunting effort and
hunting yielding (R=Q.E-1)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :17-21, 27 fev. 1981
Ben te
ARE
Spacial and temporal variations of density of Nothura maculosa
(TEMMINCK, 1815) from hunting data 1977, in the Rio Grande
do Sul State, Brasil.*
João Oldair Menegheti**
Flávio Silva**
Marisa Ibarra Vieira**
Dione da Silva Bretschneider**
Maria Inez Burger Marques**
ABSTRACT
The data were got in the barriers of hunting inspection.
The hunting yielding up was used as the expression of density of Nothura maculosa
TEMMINCK, 1815 that is, as the index cf relative abundance.
It was verified a dangerous concentration of hunting effort in Cachoeira do Sul and
Rio Pardo counties, in the Rio Grande do Sul State.
It is compared the observations done in 1977 with the 1976 ones and there was a
significant difference among the average hunting yield from one and other regions.
RESUMO
Os dados foram obtidos junto às barreiras de fiscalização de caça. Obteve-se um in-
dice de abundância relativa a partir do rendimento de caça.
Constatou-se concentração perigosa do esforço de caça em Nothura maculosa TEM-
MINCK, 1815 nas quadriculas correspondentes aos municípios de Cachoeira do Sul e Rio
Pardo, Rio Grande do Sul.
Comparou-se as observações feitas em 1977 com as de 1976 e constatou-se uma
diferença significativa entre os rendimentos médios de caça, obtidos nos municípios zo-
neados, numeoutroano.
INTRODUCTION
In 1976 we started a study of cynegetic species of Rio Grande do
Sul State, based on data gathered in hunting inspection barriers of
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. From that a new
work was scheduled for the 1977 hunting season.
* Accepted for publication in 22 /VIII/1980. Contribution FZB Nº 186.
** Researchers of the Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188. 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 1981
24 MENEGHETI, J. O. et alii
2, que sean e a ada o VENUCHEA IRRE
The hunters referred in this work are those from Porto Alegre
Metropolitan Region and from the Northeast region of the State and
they practised this sport mainly in week-ends. The hunting season
started on May, 15 and finished on July, 31, thus comprising 12 week-
ends, 4 of which were selected at random for the study. The data
series gathering took place in May, 29 and 30; June, 5 and 6; June, 26
and 27; July, 31 and August, 1.
Hunters from other regions of the State, likewise ilegal hunters
were not computed.
This work intends to evaluate the stress upon Nothura maculosa
TEMMINCK, 1815 under hunting pressure, comparing the results got
in 1977 with those from 1976.
Nothura maculosa is the traditional grassland game bird in-the
State; the regions where the hunting sport is allowed change from year
to year, thus alternating its effect upon the bird population.
This study was carried out in agreement with Instituto Brasileiro
de Desenvolvimento Floresta and Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul.
METHODS
All specimens were identified, counted and weighted. Besides, data were provided
by hunter according to formulary. The map of the State was divided into areas with 30
nautical miles of side that received a number.
The method is based on the relationship between Hunting Effort (E) and Hunting
Yielding (Y). Y is the number of individuals dead by hunter in one hour of his activity. E
expresses the number of hours of activity of each hunter. An average Y was obtained
from a large number of hunters and express the relative density of Nothuramaculosa.
The variation of relative density against Hunting Effort permits a diagnosis about the
hunting pressure and its consequences over the population.
RESULTS AND DISCUSSION
The estimate number of Nothura maculosa individuals captured is
about 39,600. The average estimate numbers of individuals dead by
hunter in one hour is 2.5. The average activity time of each hunter by
week-end was about 6hl8min.
The Hunting Effort over Nothura maculosa tended to decrease
from June, 15 on, when the interest of hunters turns to Netta peposaca
VIEILLOT, 1816. The Effort varied from 2254 hours in June (5 and 6) to
1501 hours and 30 minutes in June (26 and 27). The total Effort
estimated over Nothura maculosa was about 20094 hours. .
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981
Spacial and temporal variations of... 25
The localities with larger hunting incidence during the four
considered week-ends were Cachoeira do Sul and Rio Pardo (1596 hours)
and Säo Gabriel (671 hours). They correspond to the areas number 53,
54 and 50, respectively. (Fig. 1).
Figure 2 shows the Y against E relationship in the 53th area. The
best fitting curve was a power function and its residual variance was
0.86. The power function is Y= 10.1267 E-0.9141, The coefiicient of
determination was 0.4953, therefore corresponding to a coefficient of
correlation of -0.7041.
Figure 3 shows the Y against E relationship in the 54th area. The
best fitting curve was a power function and its residual variance was
1.07. The power function is Y=10.0199 E-1.0752, The coefficient of
determination was 0.4732, therefore corresponding to a coefficient of.
correlation of 0.6880.
Every week-end, it is verified that the Yield decreases under
accumulated Hunting Effort. That is, there is an actual reduction of the
density of Nothura maculosa in the areas number 53 and 54 by week-
end. Afterwards, it looks like that there is a regeneration of Nothura
maculosa population during the further week. It is not known what
happens in the area from Monday to Friday: it may be that the density
reduction brings about a replacement of the empty habitats with
individuals from adjacent areas. Thus, this replacement has a different
nature of that of reproduction: it is not an adittion of individuals in the
population, but a dispersion with corresponding decreasing in the
clumping of Nothura maculosa. Therefore the individuals do not always
live in the same place, but walk at random in an area limited by their
own capacity of doing short dislocations in search of food and refuge.
This dissimulates the detection of the consequences of hunting over the
population, but fortunately not so much. So, when we verify a reduction
of population density, the consequences are actually more drastic than
they seem to be.
Figures 2 and 3 show the distribution of points generated by the
relationship Y against E in the areas number 53 and 54: considering the
power function, the points are concentrated at intermediary values of
the interval of Yield got in 1977. This suggests that presently the
situation of Nothura maculosa population is neither of the higher nor of
the lower densities.
Comparison among results obtained in 1976 and 1977 seasons.
The permitted localities in 1976 were more distant from Porto
Alegre than those of 1977. In 1976, the Hunting Effort over distant
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 1981
26 MENEGHETI, J. O. et alii
areas was nearly 53.64%, while in 1977, it was 35.68%. Camaquã, the
locality of the higher hunting concentration in 1976, suffered a Hunting
Effort of 673 hours; the localities with higher hunting concentration in
1977 were Rio Pardo and Cachoeira do Sul, with a Hunting Effort of
1596 hours. These data mean that in 1977 the hunting concentration was
higher over areas near Porto Alegre than over the distant ones.
By comparing data of 1976 with those of 1977, we see that the
cause of the different variation coefficients of Y against E (2% and
40%) is an actual reduction of the relative density in 1977, due to
phenomenon mentioned above.
The factors responsible by this concentration in a small region are:
1 — Rio Pardo and Cachoeira do Sul are traditional localities of
Nothura maculosa game.
2 — The increasing of hunting cost caused the search for nearest
regions.
3 — The alternative grassland cynegetic species in the State is
Rhynchotus rufescens TEMMINCK, 1815; it is used to stimulate the
hunters to travel to distant regions, but since 1976 it is under
moratorium.
Considering the average Yield attained by hunter in the beginning
of the hunting season, it is clear that in 1976 it was lower that in 1977:
1.6 and 2.5. individuals captured by hunter in one hour of activity,
respectively. This difference is significant for a level of 0,05. The same
happened by the end of the hunting season: 1.8 and 2.8 individuals
captured in 1976 and 1977, respectively. Also here the difference is
significant.
Considering the total average Yield, it is seen that in 1976 it
was significantly lower than in 1977, 1.8 and 2.5 individuals captured,
respectively. The differences above suggest that probably the localities
under Nothura maculosa hunting in 1976 (Carazinho, Passo Fundo,
Soledade, Espumoso, General Câmara, Minas do Butiá, São Jerônimo,
Dom Feliciano, Tapes, São Lourenço, Mostardas, Bagé. Lavras do Sul,
Dom Pedrito, São Franscisco de Assis, Jaguari, Santiago, São Borja,
Itaqui, Camaquã) have fewer individuals of the species than those of
1977 (Jaguarão, Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pelotas, Caçapava do
Sul, Cachoeira do Sul, Rio Pardo, São Gabriel, Rosário do Sul, Júlio de
Castilhos, Tupanciretã, Cacequi e Tramandai). The hunting pressure
doesn't explain these differences, since by 1976 season openning, the
Hunting Effort computed was 1855 hours, similar to 1988 hours in 1977.
But by the end of the season, the Hunting Effort was larger in 1977
(1502 hours) than in 1976 (920 hours).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981
Spacial and temporal variations of... 97
In 1976, the best fitting curve describing the relationship between
Yield and Hunting Effort was a straight line: Y=2.59-0.12 E. In 1977,
as mentioned above, the best fitting curve was a power function.
The straight line shows that there was a deviation of the function
that describes the relationship between Y and E, that is, the power
function. This is because a relatively large number of hunters did not
attained the maximum quota, thus indicating low Capture Efficiency.
This factor, plus the scattering of Hunting Effort over Nothura
maculosa on the State, gave rise to protection mechanisms to the
population. Therefore, apparently, it did not get so stressed as the one
from a region under game pressure in 1977. The power function also
means that in 1977 there was a greater selectivity among hunters than
in 1976, a relatively large number of those reached the maximum quota,
what suggests a good average Capture Efficiency by hunters. This
factor, plus the concentration of Hunting Effort in a restricted area,
brought problems to the Nothura maculosa population in 1977.
Fortunately, Nothura maculosa density in the permitted region in 1977
was higher than in the one of 1976. If this were in the opposite way,
probably the consequences upon the population in 1977 would be the
worst.
ACKNOWLEDGEMENTS
The thanks of the authors to the Director of the Museu de Ciências Naturais da Fun-
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul and to Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal by the stimulus and support, and to Loretti Portofé Mello by the English revision.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981
Es
Ic
550 540
Fi — The State of Rio Grande do Sul divided in squares.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 19
ve. DE
gs
I Mn
Spacial and temporal variations of... 29
Fig. 2 — The fitness function in the relationship between Yielding and Hunting
Effort in the square 53.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981
30 MENEGHETI, J. O. et alii
4 8 12 16 2.07 24) 28 73292356 E
Fig. 3 — The fitness function in the relationship between Aeldine and Hunting
Effort in the square 54.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981
Nota sobre a alimentação do marrecão, Netta peposaca (VIEI-
LIOT, 1816) em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do =
Brasil (Aves, Anseriformes, Anatidae).*
Dione da Silva Bretschneider**
RESUMO
Examinou-se o conteúdo do esôfago de 41 indivíduos de Netta peposaca (VIEIL-
LOT, 1816) abatidos durante a temporada de caça de 1978, no município de Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil, identificando-se componentes de sua dieta.
ABSTRACT
Forty-one esophagus of Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) were analysed. The in-
dividuals were dead during the 1978 hunting season. They come from Santa Vitória do
Palmar, Rio Grande do Sul State, Brasil. The esophageal content was examined and food
components were identified.
INTRODUÇÃO
O marrecão, Netta peposaca (VIEILLOT, 1816), tem sua área de
distribuição no sul do Brasil (Estado do Rio Grande do Sul), Chile cen-
tral, Paraguai, no norte e centro da Argentina (DELACOUR, 1959; DE
SCHAUENSEE, 1966).
É uma espécie migratória e ocorre em maior número no Estado do
Rio Grande do Sul (RS), Brasil, principalmente nos meses de inverno,
estando sua densidade aparentemente relacionada às variações ambien-
tais decorrentes dos periodos de cheia ou seca, entre outros fatores.
Por ser ave aquática, supõe-se que em seu deslocamento, acom-
panhe as linhas d'água, o que, pelo menos no Rio Grande do Sul, propõe
sua ocorrência também em áreas de cultivo de arroz, que é feito pre-
dominantemente com arroz irrigado.
* Aceito para publicação em 08/IX/1980. Contribuição FZB Nº 188. Realizado com auxilio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Proc. 1111.5091/77 e Ins-
tituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).
** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Proc.
10.3403/78 no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do dis Grande do Sul (MC-
N-FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
32 BRETSCHNEIDER, D. da S.
O período de reprodução dessa espécie ocorre de outubro a dezem-
bro (CASARES, 1940; WELLER, 1967; BARATTINI & ESCALANTE,
1971), quando os marrecões começam a desaparecer do Rio Grande do
Sul. Entretanto, grupos de indivíduos têm permanecido no Estado, sem
acompanhar a emigração.
Recebeu-se algumas informações de granjeiros e caçadores sobre a
ocorrência de individuos dessa espécie no Estado durante todo o ano.
Em maio de 1978 constatou-se, entre individuos abatidos por caçadores,
exemplares jovens que não tinham ainda condição de vôo, o que indica
sua permanência e reprodução no Estado.
Na literatura constam poucas informações sobre hábitos alimen-
tares dessa espécie e de forma precária. MARELLI (1919) observou o
conteúdo de moela de uma fêmea de marrecäo, encontrando fragmentos:
vegetais. ARAVENA (1927) analisou o conteúdo gástrico de um exemplar,
encontrando sementes e areia. ZOTTA (1934) examinou o conteúdo gás-
trico de dois individuos provenientes de Buenos Aires e Santiago del Es-
tero, Argentina; no primeiro encontrou pequenos peixes muito digeridos,
moluscos e grande quantidade de sementes com restos vegetais e areia
fina, no segundo insetos (Hemiptera, Belostomatidae), pequenos peixes e
grande quantidade de sementes e restos vegetais.
No presente trabalho analisou-se o conteúdo do esôfago de 41
marrecões abatidos durante a temporada de caça de 1978, no município
de Santa Vitória do Palmar, RS.
Características do Município
O município de Santa Vitória do Palmar está localizado no extremo
sul do Rio Grande do Sul e sua sede tem as seguintes coordenadas:
33°31’14” de latitude S e 54°21’47” de longitude W.
Faz limite ao norte com o município de Rio Grande; a leste com o
Oceano Atlântico; ao sul com a República do Uruguai; e a oeste com a
lagoa Mirim e com a República do Uruguai.
Todo o seu território está distribuído sobre parte da planície cos-
teira do Rio Grande do Sul; litologicamente é formado por arenitos
quaternários, tanto do Pleistoceno como do Holoceno, apresentando no
extremo leste lençóis de areia e campo de dunas.
Ocorrem aí muitos banhados e numerosas lagoas, das quais des-
tacam-se pelas suas dimensões, a lagoa Mangueira e a lagoa Mirim, esta
última banha, praticamente, todo o oeste do município. Devido a sua
configuração fisiogräfica, os rios com grande volume são inexistentes,
sendo a drenagem realizada por pequenos arroios, dos quais o Chuí é o
mais expressivo.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
Nota sobre a alimentação do... 33
O clima da região, segundo a classificação de Koeppen, é do tipo
Cfa, isto é, clima subtropical, úmido, sem estiagem. A temperatura do
mês mais quente é superior a 22ºC e a do mês menos quente varia de
3°C a 18ºC.
A área do município é de 558.000 ha, não computadas as grandes
lagoas como Mirim e Mangueira.
Segundo dados da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul,
54% de sua área apresenta solo de Classe IVi, cujas principais carac-
teristicas são: áreas planas ou quase planas, onde encontram-se solos
rasos sobre subsolo de má permeabilidade, até solos profundos, sus-
cetiveis ao alagamento e/ou presença de lençol freático excessivamente
superficial; 9% correspondem a solo de classe V, de encharcamento per-
manente ou frequente, e prolongadas inundações.
Este municipio é atualmente o maior produtor de arroz do Estado.
MATERIAL E MÉTODOS
O material utilizado nesse trabalho foi retirado de animais abatidos por caçadores,
junto a cinco barreiras de fiscalização de caça, realizadas pelo Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal (IBDF), no período de2 de julho a 17 de setembro de 1978.
Os animais foram separados por sexo, etiquetados e retirados os esöfagos e moelas,
que foram conservados em álcool 70%. Simultaneamente foram preenchidos questionários
com informações prestadas pelos cinegetas, como o local de abate.
Analisou-se 41 esöfagos, sendo 21 provenientes de machos e 20 de fêmeas.
O conteúdo de cada esôfago foi separado, identificado e contado. Para identificação
dos diversos tipos de alimento consultou-se pesquisadores e obras como PENNAK (1953),
WARD & WHIPPLE (1959), entre outras.
A identificação foi feita até o nível de espécie ou somente gênero, quando possível,
mas em sua maioria utilizou-se taxa supra-genéricos.
Calculou-se a percentagem de ocorrência dos diferentes tipos de alimento nos 41
esöfagos e realizou-se medidas volumétricas de 33, utilizando-se deslecamento de álcool
em provetas graduadas. Para o cálculo da percentagem de volume foi utilizado a “Ag-
gregate Volume Method" segundo MARTIN et alii (1946).
Em alguns casos foi necessário agrupar volumes muito pequenos apresentados por
diferentes componentes da dieta, pois individualmente não possibilitariam a realização da
medida. Volumes menores do que 0,1cc foram considerados como traço.
Deve-se salientar que as dimensões dos esôfagos variaram, dependendo da quan-
tidade de alimento que continham.
Observou-se a ocorrência de lodo fino nas amostras, cujo volume foi medido jun-
tamente com fragmentos vegetais constituídos por glumas, fibras de celulose e outros, a
fim de não haver perdas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :31-39, 27 fev. 1981
34° BRETSCHNEIDER, D. daS.
RESULTADOS
Listagem do material encontrado nos esöfagos.
Material de origem vegetal:
GRAMINEAE
Oriza sativa (L.)
Echinochloa crusgalli (L.) BEAUV.
Echinochloa sp.
Paspalum plicatulum MICHX.
Paspalum hydrophilum HENR.
Paspalum paspalodes (MICHX.) SCRIB.
Paspalum almum (CHASE)
Paspalum nicorae (ESRODT)
Paspalum sp.
Graminea näo identificada
CYPERACEAE
Frutos näo identificados
COMPOSITAE
Frutos näo identificados
Material näo identificado: frutos e sementes
Material fragmentado constituido por fibras e glumas
Material de origem animal:
MOLLUSCA
PLANORBIDAE
Biomphalaria sp.
Drepanotrema sp.
AMPULLARIIDAE
Pomacea sp.
SPHAERIIDAE
Pisidium sp.
ARTHROPODA
COLEOPTERA (larvas)
CURCULIONIDAE (adultos)
HYDROPHILIDAE {adultos)
DYSTICIDAE (adultos)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
Estudo sobre a relação peso e sexo em... 11
maiores do que 296,43g é de 0,01, ao passo que a probabilidade de se
obter fêmeas maiores do que este peso é de 0,3023. Assim, ao se tra-
balhar com peso de indivíduos vivos, espera-se que as mesmas propor-
ções, ou próximas, sejam válidas.
A combinação das probabilidades de ocorrências de pesos maiores
do que um determinado peso pode ser feita, neste caso, simplesmente
somando-as, sem que haja necessidade de ponderá-las porque os resul-
tados obtidos com proporção de sexos para Nothura maculosa, durante
a mesma época deste estudo é de 1:1. Assim, por exemplo, tomando-se
296,43g, a proporção de ocorrência de machos com pesos maiores do que
este seria de 1:31,23, enquanto que para fêmeas a proporção seria de
30,23:31,23.
A dificuldade de se avaliar a idade do animal, impossibilitando
diferenciar entre os individuos, os jovens impediu que se utilizasse as
caudas inferiores das funções Normais.
Há restrições a serem feitas na obtenção dos pesos médios de
machos e fêmeas de Nothura maculosa, neste trabalho. KONTOGIAN-
NIS (1967), com Zonotrichia albicollis (GMELIN, 1789) constatou
variação de peso no decorrer do dia, encontrando uma máxima taxa de
aumento durante as primeiras 2h30min de luz, no período em que o
animal se alimenta. O peso das aves aumentava nas primeiras 16h do
dia e depois decrescia. LACK & LACK (1951) verificaram em Apus apus
(LINNE, 1758) variações de peso no decorrer do dia. BALDWIN &
KENDEIGH (1938) constataram um ritmo diário de peso nas aves que
investigaram, com grandes pesos sendo observados no fim da tarde ou
início da noite e baixos pesos no início da manhã. Periodos de mais
rápido aumento de peso correspondiam a períodos de maior atividade
alimentar. Considerando-se que, Nothura maculosa possa sofrer as mes-
mas variações e que os dados obtidos não correspondem ao mesmo
período do dia, o fator variação diária de peso pode estar influindo nos
resultados.
BALDWIN & KENDEICH (1938) verificaram um ritmo anual no peso
das aves observadas: em 85 espécies constataram que os maiores pesos
eram observados na metade do inverno e os menores na metade do
verão. Considerando-se que Nothura maculosa igualmente sofre esta
variação, é importante salientar que os resultados obtidos somente são
válidos para a época em que foram efetuadas as coletas.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981
36 BRETSCHNEIDER, D. da S.
A abundância do arroz na dieta do marrecão propõe que ela tenha
se alimentado principalmente em áreas desse cultivo, sendo que na
maioria das amostras observou-se grãos em germinação.
A época principal do plantio do arroz no municipio de Santa Vi-
tória do Palmar, na safra 77/78, ocorreu nos meses de novembro e
dezembro (INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ, 1979). O cul-
tivar de maior expressão plantado na região é o Bluebelle, que apresenta
ciclo vegetativo de 120 dias (PEDROSO et alii 1978), devendo o periodo
de colheita ter-se estendido aproximadamente até o mês de março.
Constatou-se portanto, que os grãos de arroz encontrados nos
esôfagos, coletados a partir de julho, foram procedentes de restevas, já
que o período de amostragem correspondeu à época posterior à colheita e
ainda anterior ao plantio.
No Rio Grande do Sul, cerca de 90% do arroz irrigado é colhido
mecanicamente, havendo na colheita uma perda de grãos, que perma-
necem nas restevas.
Aparentemente, essa disponibilidade de arroz nas restevas, é
elemento de importância na alimentação de Netta peposaca, pelo menos
no periodo observado.
AGRADECIMENTOS
À Direção do Museu de Ciências Naturais, pela utilização de sua infra-estrutura.
À Mestra Marisa Ibarra Vieira, pela orientação e apoio.
Ao Pesquisador João Oldair Menegheti, pelas criticas e sugestões.
À Geógrafa Helena Fonseca Mello, pelo auxílio na descrição geográfica.
“Aos Pesquisadores Inga Veitenheimer Mendes, Tânia Arigony, Pedro Canisio
Braun, Ana Isaura Pereira, Nídia Lacerda, pela identificação de material.
Ao Méd.Vet. Paulo Pacheco, pelas informações referentes à atividade cinegética e
ao cultivo de arroz.
Ao Pesquisador Flávio Silva e colegas Maria Inês B. Marques, Cynthia Silveira,
Martin Sander, João Fabrício Fº e Lorétti Mello, pelo auxílio na coleta de material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Aires, 4(1):38-47.
BARATTINI, L.P. & ESCALANTE, A. 1971. Anseriformes, In: CATÁLOGO de las
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tonio Larrafiaga. Publicaciones Científicas. Serie: La Fauna Indigena).
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DELACOUR, J. 1959-1964. The Waterfowl of the world. London, Country Life, v3.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
Nota sobre a alimentação do... 37
ENS CCC us 4
DE SCHAUENSEE, R.M. 1966. The species of birds of south America end their dis-
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INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ. 1979. Anuário estatístico do arroz. Porto
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
14
SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O.
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Fig. 2 — Distribuição de frequências absolutas (f) de peso de fêmeas de Nothura
maculosa. .
IHERINGIA. Sör, Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981
Nota sobre a alimentação do... 39
Tabela 2. Volume agregado, percentagem para 33 esôfagos, de
Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) procedentes de Santa Vitória do Pal-
Volume agregado (%)
Oriza sativa (arroz)
Echinochloa spp. 16,42
Lodo fino + fragmentos vegetais 5,69
Moluscos 0,74
Anfíbios 0,57
Insetos (adultos + jovens) 0,36
Paspalum spp. 0,32
Cyperacea (frutos) 0,13
Graminea não identificada 0,11
Frutos e sementes não identificadas 0,02
Crustáceos Traço
Miscelânia (material animal)
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981
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Considerações sobre o uso do solo e sua influência sobre o ecossis-
tema campo, em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.*
Helena Fonseca Mello**
João Oldair Menegheti***
RESUMO
Alegrete, município do Rio Grande do Sul, Brasil, esta localizacio na zona fisio-
gráfica da Campanha. Por sua extensão, é o maior município do Estado (782.000 ha) e
por suas características geológicas, geomorfológicas, pedológicas, climáticas e biológicas é
importante para o estudo do ecossistema campo.
Neste trabalho fez-se uma análise do uso do solo enfatizando-se as consequências
originárias do avanço da fronteira agricola sobre a área tradicionalmente usada para a
pecuária, baseados em dados obtidos que foram compilados de forma abrangente, com o
objetivo de se avaliar o estado atual do ecossistema campo e possíveis modificações que
possam ocorrer em futuro próximo.
ABSTRACT
This work analyses the Alegrete county (29º46'59"S and 55º46'43"'W) Rio Grande
do Sul, Brazil, focusing the influences of soil management over the grassland ecossistem,
considering the geological, geomorphological, pedological, climatical and biological
characteristics. These influences are consequence of the increase of agriculture over the
tradicional cattle raizing areas.
INTRODUÇÃO
A área do Rio Grande do Sul, tradicionalmente conhecida por
Campanha, localiza-se na parte oeste-sudoeste deste Estado e correspon-
de à micro-região homogênea 321 (IBGE, 1970). A vegetação natural
dominante é o campo (FORTES, 1959) e, devido aos diferentes usos do
solo do Rio Grande do Sul, os campos da Campanha estão entre aqueles
que se apresentam menos alterados.
O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios para se avaliar, pos-
teriormente, o impacto do uso do solo sobre a fauna do campo. Por esta
razão a zona da Campanha foi escolhida para início dos estudos.
* Aceito para publicação em 06/X1/1980. Contribuição FZB Nº 190.
** Geógrafa da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul à disposição do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
*** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
* (MCN-FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
42 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
Segundo JAEGER (apud SPALDING, 1953) em 1634 foi intro-
duzido o primeiro gado no Rio Grande do Sul, iniciando-se então a
pecuária gaúcha rio-grandense. Antes disso, entretanto, o solo da Cam-
panha já era habitado por gado bravio oriundo do Paraguai, via Uruguai
(SPALDING, 1953). Assim, há mais de 300 anos os campos da Campanha
vem sendo usados para pastejo e, aparentemente, este uso não é incom-
patível com a composição recente da fauna do campo.
A introdução de pastagens artificiais no Rio Grande do Sul que
poderia ser fator alterador, só se verificou a partir do século XX
(BRASIL, 1977) e na zona da Campanha a sua utilização, quando
ocorre, é feita em pequena escala, dada a pouca profundidade do solo
agricultável.
Até um passado recente, a agricultura na Campanha era apenas de
subsistência. Entretanto com o interesse do governo em aumentar a
produção agricola, vários incentivos têm sido oferecidos à agricultura;
isto, mais o baixo preço pago aos pecuaristas, pelo quilo do boi vivo (até
1977) fez com que áreas tradicionalmente de pecuária fosse transfor-
madas em lavouras de arroz, trigo, soja, milho e outros. A dilatação da
fronteira agricola, porém, apresenta pulsação em decorrência de certos
fatores, entre os quais, mencionam-se os insucessos de alguns cultivos e
a reação do preço da carne no mercado interno; entretanto a tendência
de aumento da área agricola permanece (FEE. SEITE).
Este . mento da área traz consigo o aumento de certos insumos,
que são alter.dores do ecossistema, como por exemplo, os defensivos
agricolas (CAVERO et alii, 1976) com consegüente prejuizo sobre a
fauna ali existente antes da aplicação destes insumos. Soma-se a isto a
prática agricola dominante no Estado, que consiste, de um modo geral,
em grandes áreas com monoculturas. Esta prática é incompatível com o
manejo de fauna, onde um dos aspectos fundamentais é a interspersion,
em que é importante a configuração e a área ocupada pelos tipos de
vegetação, necessários à sustentação das espécies. De outra forma,
poder-se-ia dizer que quanto maior for o número de efeitos de borda,
mais favorável será o ambiente à fauna silvestre em geral. E importante
que o animal tenha próximo de si diferentes tipos de vegetação, como os
favoráveis à alimentação, à nidificação, ao repouso e outras atividades.
Descrição do Municipio de Alegrete
E um dos 12 municípios da micro-região homogênea 321 (IBGE,
1970); estã localizado no oeste do Estado do Rio Grande do Sul (RS).
Faz limite ao norte com os municípios de Itaqui e São Francisco de As-
sis, a leste com os municipios de São Vicente do Sul e Cacequi; ao sul
com os municipios de Rosário do Sul e Quaraí; e a oeste com o município
de Uruguaiana.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
Considerações sobre o uso do... 43
As linhas divisórias ao norte, leste e oeste, correspondem respec-
tivamente, ao rio Ibicui e aos arroios Itapevi e Ibirocai (Fig. 1).
As coordenadas geográficas da sede municipal são: 29º46'59”" S e
55º46'43” W; a altitude é de 89m.
É o maior município do Estado; tem 782.000ha (cerca de 2,94% da
área estadual).
Pelo decreto nº 24.622, de 10.07.1976 foi criada a Reserva Bio-
lógica do Ibirapuitã, cuja área é de 351,42ha, em cujos limites são en-
contradas “a mata ciliar do rio Ibirapuitã, o espinilho e parte do campo
nativo” (BRASIL. Ministério do Interior. SUDESUL 1978). Para res-
guardá-la, as Portarias de caça do Instituto Brasiieiro de Desenvolvi-
mento Florestal (IBDF), a partir de 1978, delimitaram uma área de
proteção com cerca de 193.400ha em torno desta Reserva, onde é vu-
dada, entre outras, a atividade cinegética. A área da Reserva de Ibi-
rapuitã corresponde aproximadamente a 0,2% da área de proteção.
Alegrete, do ponto de vista geológico, é constituido principalmente
por rochas basálticas, seguidas de arenitos, arenitos quaternários e ar-
gilitos; estes dois últimos correspondem a planícies e terraços aluviais,
portanto localizados em áreas próximas ao curso dos rios, sendo que os
arenitos sempre à montante em relação aos argilitos, como seria de se
esperar (INCRA, 1972 b).
As áreas, cuja litologia é o arenito, estão situadas, predominan-
temente no leste e nordeste do município, aparecendo também, algumas
ilhas com arenito no sul e nordeste. Nestas áreas a geomorfologia corres-
ponde a coxilhas tabulares, cujos solos apresentam ravinamento, resul-
tante da erosão hídrica ou eólica (INCRA, 1972 b). Estas coxilhas carac-
terizam-se por topos achatados quanto ao perfil, e em planta, arredon-
dados; seu relevo é suave ondulado. (INCRA, 1973).
As áreas, cuja litologia é o basalto, estão localizadas, praticamen-
te, em toda a metade oeste do município e apresentam, predominan-
temente, uma superficie aplainada inferior; apenas no sul, em pequeno
trecho, apresentam relevo escalonado (INCRA, 1972 b).
A superficie aplainada inferior corresponde a superfícies planares
ou suavemente onduladas, originadas do arrasamento quase total da
área ou do transporte do material das áreas adjacentes. O relevo es-
calonado corresponde a superfícies provenientes da erosão diferencial nos
diversos derrames basálticos, constituídos por mesas de extensão va-
riável e dispostas de forma escalonar apresentando seus topos bastante
retalhados (INCRA, 1973). Estes dois tipos geomorfológicos apresentam
superficie com alto grau de denudação (INCRA, 1972 b), isto é, super-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
44 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
ficie onde ocorre desbastamento. acentuado das rochas devido a trabalho
gliptogenético.
A ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros (1959) descreve a
geomorfologia deste município da seguinte forma:
u . . . .
Alegrete não possui serras alterosas, em seu território, apenas aqui
e alí se elevam alguns cerros pitorescos uns, e simples pontos de referên-
cia outros. ;
"O único cerro que pertence a um sistema de cordilheiras é o
Catimbau no divorsum aquarium, do Caverá e Ibirapuitã e que faz parte
dos últimos contrafortes da Serra do Caverd."
Conforme Rio Grande do Sul. Secretaria da Agricultura - CEMAPA
(1974), a isoipsa de maior altitude traçada em seu território é a de 200m
e na realidade, corresponde a quatro pequenos segmentos ao sul do
município. As áreas mais elevadas delimitadas por esta curva de nível
têm cerca de 15.000 ha (1,9% da área do municipio) e estão localizadas:
1 — No limite com Uruguaiana e Quarai a oeste da ferrovia
Alegrete-Quarai.
2 — Na coxilha de São Rafael, no limite com Quaraí.
3 — No limite com Rosário do Sul, entre os arroios São Eustáquio
e Cavera.
4 — Na coxilha do Caverá no limite com Rosário do Sul e Cacequi.
Todos estes locais fazem parte da área de proteção criada pelas
Portarias de Caça do IBDF, para proteger a Reserva de Ibirapuitä.
Além disto parece que há ocorrência de algumas elevações no leste
do município, pois em RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricul-
tura — CEMAPA (1974) aparecem simbolos, não explicados na legenda,
que tradicionalmente indicam pontos cotados, entre os quais estã as-
sinalado um, com cota de 211m.
A hidrografia é representada pelo rio Ibicuí e arroios Itapevi e
Ibirocai, que são linhas divisórias do município; pelo rio Ibirapuitä e
seus afluentes (arroios Inhandui, Pai Passo, Cavera e outros) e por
outros de menor expressão. Todos são, em última instância, tributários
do rio Ibicuí e, de um modo geral, cortam o município no sentido sul-
norte que corresponde ao da corrente.
No que se refere ao clima, segundo a classificação de Koeppen,
neste município ocorre clima subtropical (ou Virginiano), sem estiagem,
onde a temperatura do mês mais quente é superior a 22°C e a do mês
mais frio varia entre - 3º e 18°C (BRASIL. Ministério da Agricultura.
Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária, 1973).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
Considerações sobre o uso do... 45
Na Tabela 1 encontra-se transcrito parcialmente o resumo climático
hidrológico de Alegrete conforme INCRA (1973).
MATERIAL E METODOS
A avaliação foi efetuada fazendo-se uma confrontação dos dados, já existentes e
publicados (ou fornecidos sob a forma de relatórios de computador) oriundos de diversas
fontes, que aparecem discriminadas a seguir:
1. Ministério da Agricultura (BR)
1.1 Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária (DNPEA): descrição das
unidades de mapeamento dos solos do Rio Grande do Sul.
1.2. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA): geomorfologia,
capacidade de uso dos solos, hidrologia, deficiências hídricas do solo, sócio-economia e
setor primério.
2. Secretaria de Coordenação e Planejamento (RS)
2.1. Sistema Estadual de Informação e Estatística (SEITE) da Fundação de
Economia e Estatística: relatórios de computador relativos à área colhida e efetivo de
rebanhos.
3. Secretaria da Agricultura (RS).
3.1. Central de Comandos Mecanizados de Apoio à Agricultura (CEMAPA): divisão
municipal, hidrografia e altitude.
3.2. Coordenadoria Estadual de Planejamento Agricola (CEPA/RS): indicação de
cultura e disponibilidade de solo.
3.3. Departamento de Recursos Naturais Renováveis;: localização das unidades de
Mapeamento dos Solos do Rio Grande do Sul.
4. Instituto Rio-Grandensedo Arroz: area emanejo das lavouras dearroz.
Muitos destes dados correspondem a mapeamentos temáticos do Estado do Rio
Grande do Sul e para melhor interpretar estas informações foram elaboradas transparên-
cias em acetato incolor, da seguinte maneira: delimitou-se o municipio e depois pele
superposição foram transferidas as informações dos mapas para a transparência. Co-
piaram-se apenas as informações que eram úteis ao estudo. Elaboraram-se então cinco
transparências contendo, respectivamente, os seguintes temas:
. geomorfologia e graus de denudação;
. litologia;
. deficiências de umidade nos solos;
. capacidade de uso dos solos;
. adequação entre o uso atual da terra e o indicado pela capacidade de uso dos
pe COAhN HH
solos.
A superposição sucessiva das transparências permitiu analisar a interação dos as-
pectos mapeados e sua relação com os dados fornecidos pelo SEITE e com os publicados
pelo Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura/RS e, a partir dai, elaborar
considerações sobre o uso de solo e suas relações com a fauna nativa.
Para a quantificação da área mapeada utilizou-se um planimetro de marca A.Ott -
Kempten.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
46 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
o en ee I
As figuras foram elaboradas pelos autores e a arte final é da desenhista Rejane
Rosa.
Restrições
Com relação ao desenvolvimento do trabalho fazem-se as seguintes restrições:
1. O mapeamento do INCRA (1972a,b,c,d); de RIO GRANDE DO SUL Secretaria
da Agricultura — CEMAPA (1974); de RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricul-
tura. Departamento de Recursos Naturais Renováveis (1970) é na escala de 1:750.000 e,
portanto, não se pode entrar em pormenores.
2. Os dados mapeados pelo INCRA (1972a,b,c,d) correspondem ao ano agrícola
1966/67 e como ha necessidade de avaliação da situação atual, foi realizada uma tentativa
de projeção com base nos dados FEE. SEITE para o ano de 1977.
3. A áreas de cultivo mapeadas pelo INCRA (1972a,b,c ‚d) enfocam a adequação en-
. tre'uso atual da terra e » indicado pela capacidade de uso dos solos enquanto queos Sans for-
necidos pelo FEE. SEITE, correspondem area colhida.
4. Os dados do SEITE correspondem à área colhida de determinada cultura no
municipio, por ano. Sabe-se que algumas destas culturas são realizadas de forma asso-
ciada em uma mesma área e concomitantemente como, por exemplo, as culturas de soja e
trigo, cujos cultivos, geralmente se sucedem ao longo do ano em uma mesma área. Assim
na impossibilidade de detectar as áreas com associação ou rotação de culturas, e com base
na variação dos dados relativos às áreas colhidas, assumiu-se queo trigo ea soja são cultivados
namesma área. Poristo, subtraiu-se a área relativaà soja, dototaldaárea colhidano município,
por ser esta igual ou menor do que a do trigo. Quanto às demais culturas, onde havia possibili-
dadedeassociação, pornão serem suas áreas significativas, considerou-secomonão associadas.
5. Os dados do INCRA (1972a) relativos à adequação dos cultivos aos tipos de solo
não permitem delimitar a distribuição espacial de cada cultivo e conhecer sua respectiva
adequação às classes de capacidade de uso do solo. Isto porque foram mapeados em es-
cala pequena e, como era de se esperar, as categorias apresentadas na legenda têm alto
grau de generalização.
6. Os dados relativos à área colhida, fornecidos por FEE. SEITE, são na realidade
uma resposta da área cultivada ao comportamento do clima e a outras variáveis. Desta
forma, ela dificilmente corresponde à área, realmente, cultivada. Haverá sempre uma subes-
timativa desta área.
7. Os dados do INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) referem-se às
culturas de arroz cuja área é superior a 9ha.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação do impacto da agricultura sobre as caracteristicas
ecológicas do campo, no município de Alegrete, parte do exame da
Tabela 2. Aí se constata a pulsação da fronteira agricola com tendência
ao crescimento.
Além das alterações esperadas no ecossistema campo, simplesmen-
te, pela substituição destas áreas por áreas agricolas, podem também,
ocorrer problemas mais graves devido ao mau uso do solo. De certa for-
ma o solo pode ser considerado como um recurso natural não renovável e
seu uso inadequado pode levar a perdas irreversíveis com os consegüen-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
Considerações sobre o uso do... 47
tes efeitos deletérios no ecossistema. Assim reuniram-se na Tabela 3 os
dados relativos à indicação de cultivos para o municipio de Alegrete
(RS). Como esta indicação é geral para todo o Estado, (RIO GRANDE
DO SUL. Secretaria da Agricultura, 1978) é provável que a nível de
município ocorram situações particulares diferentes do aqui exposto. En-
tretanto com base nessa tabela constata-se que 82,5% da área colhida
em Alegrete ocorre em zona preferencial e os demais cultivos signifi-
cativos do municipio, em zona tolerada, conforme RIO GRANDE DO
SUL. Secretaria de Agricultura, (1978): (1) zonas preferenciais corres-
pondem “às melhores condições climáticas para a cultura podendo ou não
ser o local ideal para a mesma, se comparando a outras áreas do mundo,
mas apresentando condições boas para o cultivo no Estado; e (2) zonas
toleradas que correspondem áquelas que apresentam um fator limitante
negativo à cultura.
Conforme ainda a mesma fonte cultivos realizados em zon:s
preferenciais (ou toleradas onde foram tomadas as devidas precauções
em relação aos fatores restritivos) garantem entre outros aspectos, alta
produtividade.
Desta forma, genericamente, pode-se dizer que a invasão da
agricultura sobre as áreas de campo, em Alegrete, se dará em função da
necessidade de aumento da produção de alimentos. Assim é provável que
não ocorra um avanço indiscriminado da fronteira agricola devido ao
abandono de áreas com baixa produtividade e consequente busca de
novos locais na tentativa de melhor sucesso nas safras.
Por outro lado a análise da capacidade do uso do solo de Alegrete,
associado aos dados relativos à área cultivada e, ou colhida das culturas
mais significativas neste municipio também permite se fazer uma
avaliação da evolução da fronteira agricola.
Conforme RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura
(1978) os solos do Estado do Rio Grande do Sul foram categorizados
utilizando a classificação de Capacidade de Usos dos Solos, apresentada
no “Manual Brasileiro para Levantamentos Conservacionistas”, que se
baseia no sistema norte-americano Soil Conservation Service, do United
States Departament of Agricultura. Nesta classificação existem cate-
gorias, classes e eventualmente subclasses, que são discriminadas a par-
tir de uma análise detalhada de fatores restritivos ao uso do solo, tais
como, profundidade, drenagem interna, declividade, erosão, fertilidade e
outros, e seu respectivo grau de intensidade.
A Tabela 4 dá uma visão global, quantitativa do solo deste mu-
nicípio, em relação a sua capacidade de uso, e a figura 2 apresenta a dis-
tribuicäo espacial desta capacidade. Como pode ser constatado, em
Alegrete ha dominância da subclasse VI pf (categoria C, classe VI) e da.
48 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
classe III (categoria A). Conforme RIO GRANDE DO SUL. Secretaria
da Agricultura (1979) a classe VI 'compreende terras que não são cul-
tiváveis com cultura anuais, mas adequadas para a produção de certas
culturas permanentes. A sub-classe VI pf tem como fator restritivo a,
profundidade dos solos situados sobre lençóis de rocha intemperizade.
sendo por isto adequadas a pastagens. Localizam-se de forma domi-
nante a sudoeste do municipio. Os solos da classe III, os melhores do
Estado, 'são terras cultiváveis segura e continuamente, com culturas
anuais adaptadas produzindo colheitas de médias a elevadas, com
obrigatoriedade de emprego de práticas intensivas ou complexas de
manejo, como condições para esta utilização.
Observando-se as áreas mapeadas pelo INCRA (1972d) relativas a
cultivos, no ano agricola 1966/67 (Fig. 3), nota-se que estão dissemi-
nadas em grandes ilhas, praticamente, em todo o município, com ex-
ceção, do oeste e do sudoeste, onde ocorre, predominantemente, a sub-
classe VI pf de capacidade de uso do solo (Fig. 2). Desta forma pode-se
esperar que esta área de Alegrete, com solos de subclasse VI pf, se torne
refúgio para parte da avifauna nativa recente, desalojada de áreas com
uso agricola. Isto, porque estas áreas são indicadas para a pecuária
atividade esta que já ha séculos, vem se desenvolvendo ali, e, que
aparentemente, é compatível com este tipo de fauna.
Quanto às dimensões da área com uso agricola constata-se certa
discrepância considerável entre os dados de INCRA (1973) e FEE.
SEITE (Tabela 5) mesmo sabendo-se que a área colhida é geralmente,
menor que a área cultivada.
Até certo ponto pode-se explicar esta superestimativa de IN CRA
(1973), pela utilização, por parte deste Instituto, de categorias mistas,
tais como, culturas e pastagens. Estas 'correspondem a associações de
duas formas de uso da terra que ocorrem muito próximas, em áreas
muito pequenas para serem mapeadas separadamente. Não é levada em
conta a área abrangida, individualmente, mas sim a ocorrência na área
(INCRA, 1973). Desta forma, presume-se que nos 160.310 ha de culturas
e pastagens, ocorram predominância de campos e, a área com culturas
seja inexpressiva, ficando com isto, reduzido o valor total, real da área
cultivada.
Entretanto são, ainda, significativas as discrepâncias entre os
valores das áreas cultivadas relativas ao arroz e às outras culturas. Em
relação ao arroz, pode-se atenuar a diferença ao multiplicar o valor da
área colhida (SEITE) por três, obtendo-se o valor de 29.325ha que
corresponderia ao valor, aproximado, da área com uso destinado à
orizicultura.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
Considerações sobre o uso do... 49
Quanto às demais culturas não sabemos a causa da discrepância.
Assim tomando por base os dados de FEE. SEITE, presume-se que,
atualmente, a configuração da área cultivada em Alegrete seja em forma
de pequenas ilhas dentro das grandes ilhas (superestimadas) mapeadas
pelo INCRA (1972d). Mesmo constatando-se pela Tabela 2, ‚que a area
colhida em 1977 (40. 623ha) corresponde a quase três vezes a área colhida
em 1967, ainda assim, presume-se que a configuração espacial das cul-
turas deve ser em forma de pequenas ilhas. Isto porque a área total cul-
tivada corresponde a 5,19% da área deste E ds ou a 5,67%, seu
valor máximo em 1976.
A localização, o número e o tamnho destas ilhas devem ter mudado
em decorrência das variações nas áreas dos. diferentes cultivos. Futu-
ramente é provável que determinados cultivos aumentem em número ou em
tamanho em decorrência da disponibilidade de solos da classe III que aí exis-
tem. Assumindo-se que toda a área colhida em 1977 (Tabela 2) localiza-se em
solos de classe III restam ainda (Tabela 4) mais de 100.000 ha de'terras cul-
tiváveis segura e continuadamente com culturas anuais... o que é forte con-
vite ao estabelecimento de novas áreas de cultivo.
Quanto ao uso, o solo de Alegrete (Fig. 3) tem em sua quase
totalidade, ou uso adequado ou uso inadequado por subutilização (IN-
CRA, 1972d). Desta forma pode-se supor. que as alterações ambientais
resultantes da atividade humana nesta área, sejam pouco prejudiciais,
pois aí, o aproveitamento do solo na maior parte esta dentro de um
limite compatível com sua preservação. Há entretanto, duas áreas (cerca
de 11.000 ha) na bacia do rio Ibirapuitã que têm uso inadequado por
superutilização (INCRA, 1972b). Este tipo de uso corresponde a um
aproveitamento em excesso do solo, que pode levá-lo ao depauperamento
e desgaste, tornando-se inaproveitado em face da perda de sua poten-
cialidade agricola. Constatou-se que estas duas áreas possuem solo da
subclasse VI pf (INCRA, 1972a) cuja vocação é a pastagem. Estas áreas
correspondem a solos da unidade de mapeamento Pedregal 1 (RIO
GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura. Departamento de Recur-
sos Naturais Renováveis, 1970) classificados como solos "LITÖLICOS
EUTRÓFICOS textura média suavemente ondulado, substrato basalto;
mais especificamente. Os solos destas áreas são rasos e apresentam forte
restrição ao uso de máquinas e implementos agricolas, além da falta de
agua. Quanto à erosão esta é ligeira e moderada (BRASIL. Ministério
da Agricultura. Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária, 1973).
Presume-se que o cultivo aí realizado seja o arroz, pois este solo
localizado próximo aos cursos d'água é, comumente, utilizado para este
cultivo (BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento de Pesquisa
Agropecuária, 1973).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :41-63, 27 fev. 1981
)
50 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
Como foi constatado anteriormente os dados de INCRA (1972d)
superestimam as áreas com cultivos assim é provável que no município de
Alegrete as áreas com superutilização tenham na realidade dimensões
menores que as mapeadas na Fig. 3. Ainda pode-se prever avanços de
fronteira agrícola a leste e noroeste do município, pois principalmente
nestes locais, constata-se, pela superposição da Fig. 2 sobre a Fig. 3, a
ocorrência de solos da classe III com subutilização.
Também, por outro lado, além da análise da indicação e da ade-
quação de culturas e da disponibilidade de uso do solo, se faz necessário
analisar a alteração ambiental proveniente dos diferentes tipos de ma-
nejo das culturas.
O cultivo de arroz por ser o mais expressivo dos usos agricolas do
solo de Alegrete (FEE. SEITE e INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO
ARROZ, 1979) será analisado com maior detalhadamento, neste trabalho.
Conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) as
maiores áreas de cultivo de arroz estão ao longo dos rios Ibirapuitã e
Ibicuí seguidos dos arroios Caverá, Itapororó, Inhandui e outros com
menos de 1.000 ha de área cultivada (Tabela 6).
Além desta área de 15.920 ha, concentrada ao longo destes cursos
d'água, há 6.556 ha de cultivo de arroz irrigado por outros mananciais
(Tabela 7).
Conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978)
mais da metade da área cultivada com arroz (Tabela 8) não recebe defen-
sivos; isto atenua o impacto ambiental provocado, pelos mesmos, em:
Alegrete. Entretanto, as necessárias construções de canais de irrigação e
eventual construção de açudes devidas a este cultivo alteram os habitats
não só nas áreas que distribuem e, ou acumulam água, como também
nas áreas adjacentes que terão modificado o nível do lençol freático com
consequente influência na fauna nativa.
Quanto aos defensivos agricolas, a forma pelo qual são aplicados,
conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) é,
predominantemente, manual (Tabela 9) o que torna mais localizado o impac-
to, diminuindo alcance de seus efeitos deletérios.
Já a área colhida de trigo/soja (12.000 ha) menor que a área co-
lhida de arroz, no ano de 1977, devido à prática de cultivos alternados
(de inverno e verão) suporta, duas vezes ao ano, aplicações de defensivos
agricolas e fertilizantes, o que forçosamente repercutira de alguma forma
sobre a fauna nativa. '
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
Considerações sobre o uso do... 51
Entretanto se todo este avanco da agricultura sobre o campo, leva
à alteração da fauna com prejuízo para certas espécies, outras podem se
beneficiar pelo aumento da capacidade de suporte do habitat com o
aumento do alimento disponível.
CONCLUSÃO
x
Com base nos aspectos mais notórios à modificação do ambiente
natural de Alegrete, pode-se dizer que:
1) A agricultura está avançando sobre o campo — o sistema natural
dominante no municipio — alterando habitats e causando problemas de
sobrevivência à faunanativa.
2) O valor de 40.623 ha (cerca de 5,2% da área do município) para ..
a área colhida em 1977 não corresponde ao maior valor dos anos ana-
lsados. Em 1975 e 1976 as áreas colhidas foram respectivamente de
43.090 ha e 44.301 ha. Portanto é provável que a área alterada em con-
sequência das atividades agricolas já tivesse atingido seu valor máximo
em anos anteriores a 1977.
- 3) A superficie de 44.301 ha da área colhida parece ser significa-
tiva, do ponto de vista do impacto ambiental, uma vez que subestima a
área alterada.
4) A maioria dos cultivos ocorrem em zonas adequadas o que as-
segura um avanço disciplinado da fronteira agricola.
5) E provável que haja um avanço considerável da fronteira
agricola, nos próximos anos, já que existem mais de 100.000 ha de solos
da classe III, os melhores do Estado, sem uso agricola.
6) As áreas de cultivos ocorrem em pequenas ilhas, praticamente,
em todo o município, com exceção da parte sudoeste, onde, devido ao
tipo de solo (subclasse VI pf própria para pastagens) possa haver uma
área continua com campos.
7) O tamanho destas ilhas e seu número, provavelmente, aumen-
tará, principalmente no leste e noroeste do município, onde há solos da
classe III com subutilização.
8) Ocorrem duas áreas na bacia do rio Ibirapuitä; com uso ina-
dequado por superutilização. Possivelmente a área seja bem menor que
os 11.000 ha mapeados por INCRA (1972) e assim os sah: deleterios no
ambiente sejam tambem, menores.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981
52 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O.
9) O cultivo do arroz irrigado, dominante no município,
exige a construção de canais de irrigação e, às vezes, a construção de
açudes, para que a inundação da lavoura possa ser realizada na época
adequada. Isto altera os habitats não só nas áreas que distribuem e, ou
acumulam água, como também, nas áreas justapostas, devido à variação
do nível do lencol freático.
10) A área colhida de trigo/soja apesar de não ser mais expressiva
do que a do arroz, tem valor considerável. Em 1977 foi de 12.000 ha. A
mesma área, além da alteração fisica e biológica do habitat devido ao
cultivo, está sujeita ao impacto dos defensivos agricolas e fertilizantes
de forma mais intensa, já que ocorre, na maioria da área, a rotação des-
tas culturas ao longo do ano.
11) O modo de aplicação dos defensivos agricolas nas áreas de cul-
tivo de arroz é, predominantemente, manual, segundo INSTITUTO
RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) e por isto áreas adjacentes são
menos atingidas.
12) A distribuição em ilhas ou mosaicos da área cultivada de arroz
é favorável à parte da fauna. Sua descontinuidade espacial permite às
diferentes espécies sobreviverem em suas bordas, sendo sua presença
até desejável na medida em que aumenta a capacidade de suporte dos
habitats justapostos.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal e à Fun-
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pelos suportes financeiros e administrativo ., e
ao médico veterinário H. Santa Helena pelas sugestões apresentadas a este estudo.
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Estudo sobre a alimentação da perdiz (Nothura maculosa (TEM-
MINCK, 1815)no Rio Grande do Sul, Brasil (Aves, Tinamiformes,
Tinamidae).*
Flavio Silva**
Martin Sander***
RESUMO
Este trabalho apresenta uma avaliação do regime alimentar de Nothura maculosa
(TEMMINCK, 1815) no Rio Grande do Sul, Brasil, registrando aspectos qualitativos e
dados sobre a diversificação alimentar. Examinou-se 178 papos de perdizes abatidas por
caçadores durante a temporada oficial de caça esportiva.
ABSTRACT
This paper presents an evaluation of the feeding regimen of Nothura maculosa
(TEMMINCK, 1815) in the Rio Grande do Sul State, Brazil. It is described the quali-
tative aspects and data about the feeding diversification. 178 crops of Spotted-Nothura
killed by hunters during the official hunting game, have been examined.
INTRODUÇÃO
Desde 1975 uma equipe do Museu de Ciências Naturais da Fun-
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul começou a estudar espécies de
valor cinegético no Estado. A partir de 1977 iniciaram os trabalhos de
coleta de papos de Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) junto às
barreiras de fiscalização de caça do Instituto Brasileiro de Desenvol-
vimento Florestal, na BR-116, no Municipio de Guaiba, Rio Grande do Sul,
onde convergem caçadores provindos de diferentes municípios da região
sudoeste do Estado.
RAMBO (1956) descreve a região de origem do material como
campo típico, formado por um conjunto de vegetação que se estende
como um tapete constituido essencialmente por gramineas, compostas e
kguminosas, existindo ainda muitas plantas com raizes em forma de
bulbos pertencentes às familias liliaceas, iridäceas, amarilidáceas e
oxalidäceas.
* Aceito para publicação em 06/X1/1980. Contribuição FZB Nº 191. Trabalho executado com
auxílios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — CNPq e Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal — IBDF.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
*** Bolsista do CNPq (Proc. 1111.4995/77) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica
do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981
66 SILVA, F. & SANDER, M.
SERIE (1921) apresenta resultados obtidos através ‚do exame de
seis papos de N. maculosa da região de General Brandzen na Argentina,
ressaltando a importância de complementar as investigações sobre o
alimento desta espécie, pois poderiam contribuir como fator deutilidade
para a agricultura. Também GIACOMELLI (1923) e LIEBERMANN
(1935) citam esta espécie como sendo ave útil para a agricultura. HEM-
PEL (1949) trata sobre o conteúdo alimentar encontrado em papos e
moelas de 117 exemplares de N. maculosa provenientes do Estado de
São Paulo, Brasil. KUHLMANN & JIMBO (1957) tratam dos métodos,
técnicas e importância da investigação sobre a flora na alimentação das
aves brasileiras. JIMBO (1957 e 1962) registra diferentes espécies de
vegetais utilizados como alimento por N. maculosa, fazendo uma análise
qualitativa e quantitativa do conteúdo gástrico de exemplares coletados
em diferentes époças do ano, na região de Boa Esperança do Sul no Es-
tado de São Paulo. ARAVENA (1927) examinou 14 conteúdos gástricos
de N. maculosa de Buenos Aires, Argentina. ZOTTA (1934 e 1940)
examinou três exemplares de N. maculosa da região de Entre Rios e
Buenos Aires.
BUMP & BUMP (1969) apresentam proporções entre alimento
animal e vegetal, listando espécies. encontradas e dados sobre a fregüen-
cia destes alimentos em diferentes estações do ano na Argentina.
BONETTO et alii (1960) referem-se à influência do consumo de
alimento de N. maculosa, com especial atenção à atividade entomófaga
desta espécie, em relação à agropecuária da região de Santa Fé na Ar-
gentina.
SCHUBART et alii (1965) em estudos de conteúdo gástrico de
aves brasileiras, também referem-se à alimentação de N. maculosa de
um exemplar coletado em Minas Gerais e dois no Estado do Rio de
Janeiro.
GRIGERA (1973) examinou material gástrico de 54 exemplares de
N. maculosa, mostrando a variação do consumo de alimento animal e
vegetal nas diferentes épocas do ano em Buenos Aires.
Neste trabalho pretende-se fornecer informações que possibilitem o
manejo da espécie N. maculosa, no que se refere à alimentação.
MATERIAL E MÉTODOS
Os papos examinados foram retirados de perdizes trazidas por caçadores em exer-
cicio da caça amadorista no Estado do Rio Grande do Sul, nos períodos de caça regu-
lamentar (outono e inverno) de 15 de maio à 31 de julho de 1977 e 1978. Entre às peças
trazidas, escolheu-se as que possuiam papos cheios de material alimentar. Seccionou-se o
esôfago superior e inferior ao papo de maneira que o conteúdo ficasse contido no órgão.
Após a retirada e etiquetagem, todos os papos foram acondicionados em vidros com ca-
pacidade de 150ml contendo álcool 70%. 25
IHERINGIA. Ser. Znol., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981
Estudo sobre a alimentação da... 67
O exame e separação do papo foi realizado com auxílio de um microscópic estereos-
cópico, marca Carl Zeiss. Para a determinação de vegetais recorremos à Equipe de Tec-
nologia de Sementes do Instituto de Pesquisas Agronômicas do Rio Grande do Sul, ao
Núcleo de Vegetais Superiores e Intermediários do Museu de Ciências Naturais da Fun-
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, ao Herbário Anchietano da Universidade de
Vale do Rio dos Sinos. O conteúdo de origem animal teve auxílio na determinação pelos
Núcleos de Invertebrados Superiores e Inferiores do Museu de Ciências Naturais da Fun-
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
RESULTADOS
Entre 178 papos de N. maculosa examinados, ficou constatado que
8 (46,07%) continham somente alimento vegetal, 8 (4,50%) somente
alimento animal e 88 (49,43%) continham alimento misto, constituído de
porções de alimento animal e vegetal (Figura 2).
Dos 82 papos que continham somente alimento vegetal, 7 conti-
nham fragmentos minerais. Dos 83 papos com alimento misto em 12 en-
controu-se fragmentos minerais. Em papos que continham somente
alimento animal não foram encontrados fragmentos minerais.
O alimento de origem animal é constituido na maior parte por in-
setos, totalizando uma frequência de 83,08% dos papos examinados.
Aracnideos tiveram uma fregiiência de 13,53%, diplópodos 1,87%,
moluscos 0,75%, quilópodos e crustáceos 0,37% (Figura 3). As ordens e
familias de animais encontrados nos papos são apresentadas na tabela
1.
Dos 8 papos que somente continham alimento animal, em 6 deles
foram encontrados apenas carrapatos com o abdomen intumescido,
apresentando uma media de 17 individuos por papo, totalizando 105
carrapatos em perdizes abatidas no mês de junho.
O alimento animal procurado por N. maculosa se apresenta quase
na totalidade sob a forma de adultos. Crisálidas foram encontradas em
10 papos. Ninfa de hemiptero, (Nezara viridula (LINNAEUS, 1758), foi
encontrada em um papo e, em outro, uma de ortóptero (Acrididae). Lar-
vas de coleópteros (Carabidae e Elateridae) em um papo, larvas de le-
pidópteros (Arctidae e Geometridae) em um papo, noctuídeos em quatro
papos e lepidópteros não identificados em dois papos. Posturas ou ovos
de aranhas foram encontrados em dois papos e de mantideos (louva-a-
deus) em 10 papos. As posturas de mantideos foram encontrados sempre
presasafolhasou pequenos galhos de vegetais.
Do conteúdo de origem vegetal a maior parte eram gramineas
(88,15%). As papilionáceas totalizaram 27,36%, oxalidáceas 10,78%,
malväceas 9,21%, compostas 2,10%, convolvuláceas 1,31%, amarili-
daceas 1,5%, solanáceas 0,52% e ciperáceas 0,26%. Algumas formas de
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
68 SILVA, F. & SANDER, M.
sementes, bulbos, restos de frutos e folhas não determinados, totali-
zaram 9,21% (Figura 4).
Do alimento vegetal 82,89% eram sementes. Frutos foram encon-
trados em 10 papos sendo que 9 continham Oxalis sp. e 1 Solanumsp..
Folhas foram encontradas em 44 papos examinados, sendo que as de
Oxalis sp. (65,90%), sempre estavam inteiras, e o restante das folhas em
forma de fragmentos. Bulbos foram encontrados em 9 papos, 4 contendo
Alstroemeria sp., 3 com Oxalis sp. e 2 não determinados.
As sementes de Oryza sativa LINN. (arroz) geralmente estavam
em início de germinação, e em alguns papos haviam até 310 sementes.
Os 39 papos que continham sementes de Glycine max MERR.
(feijão-soja), pertenciam a perdizes abatidas no periodo de maio a julho.
As espécies de vegetais encontradas são apresentadas na tabela 2.
COMENTÁRIOS
A alimentação da perdiz (N. maculosa) é bastante variada, e por
serem aves essencialmente terrestres a origem do alimento é de camadas
próximas do solo.
HEMPEL (1949) referindo-se à alimentação das perdizes concluiu
que o alimento animal é mais abundante que o alimento vegetal. JIMBO
(1962) constatou que no inverno a alimentação da perdiz é mais vegetal
do que animal, embora a frequência de papos que continham alimento
animal fosse de 70%. Dai resulta a importância de realizar análise
volumétrica do conteúdo alimentar, pois uma fregiiência baixa de ali-
mento encontrado pode indicar um volume maior de alimento consu-
mido, em relação a um alimento encontrado com grande fregiiência.
SCHUBART et alii (1965) -encontraram um maior número de
exemplares de formigas e coleópteros consumidos por perdizes.
GRIGERA (1973) encontrou uma maior proporção de alimento
vegetal em papos examinados nos meses de outono e inverno. Os ve-
getais mais frequentes nesta época foram as gramíneas (38,15%) e
papilionáceas (27,36%) e as formas mais consumidas foram as sementes.
BONETTO et alii (1960) apresentaram como sendo o alimento
vegetal mais frequente as formas de sementes pertencentes a gramineas
e o alimento animal constituido preferencialmente por ortópteros.
Dos 117 papos de N. maculosa examinados por HEMPEL (1949),
109 haviam ingerido alimento misto e os restantes, somente alimento
vegetal. O alimento animal encontrado nos papos estudados por este
autor era formado principalmente por ortópteros, lepidópteros, formi-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
Estudo sobre a alimentação da... 69
cideos e o alimento vegetal estava constituído por sementes de grami-
neas, em grandes quantidades, e de leguminosas (Desmodium sp. e Sida
sordifolia LINN.).
LIEBERMANN (1935), GIACOMELLI (1923), SERIE (1921),
BONETTO et alii (1960), KUHLMANN & JIMBO (1957) e GRIGERA
(1973) concluiram que N. maculosa é uma ave importante para a agricul-
tura e a pecuária porque se alimenta de espécies nocivas, como ortóp-
teros, formicideos, coleópteros, homópteros, larvas de lepidópteros e
carrapatos. Nos resultados obtidos o número de vezes que foram encon-
trados ortópteros, formicideos, homópteros (Cicadellidae) e carrapatos é
significativo. Também na composição do alimento vegetal, frequente-
mente sementes de Sida sp. (guanxuma), Echinocloa sp. (capim-arroz) e
Desmodium sp. (pega-pega) foram encontrados.
As sementes de Oryza sativa (arroz) e Glycine max (feijão-soja)
apareceram frequentemente em papos no periodo de maio a junho.
CONCLUSÕES
Na dieta alimentar de N. maculosa, durante outono e inverno, os
vegetais ocupam a maior porcentagem em relação à frequência, sendo as
sementes de gramíneas as que mais salientam-se, seguidas pelas semen-
tes de papilionáceas.
O alimento de origem animal apresenta uma baixa porcentagem em
relação à frequência dos vegetais. Dos grupos animais mais encontrados,
os insetos na forma adulta são os mais frequentes.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos pelos auxilios prestados na determinação dos vegetais ao Dr. Aloysio
Sehnem do Herbário Anchietano da Unisinos, à pesquisadora Olinda L. Bueno do Núcleo
de Vegetais Superiores e Intermediários do Museu de Ciências Naturais da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul; à Ana M. Formosa e Cleveison S. Borla, dirigentes
da Equipe de Tecnologia de Sementes da Secretaria da Agricultura.
Na determinação dos animais agradecemos aos pesquisadores Arno Antonio Lise,
Tania Heloisa de A. Arigony, Hilda Alice de O. Gastal, Erica Helena Buckup do Núcleo
de Invertebrados Superiores e Vera Lucia L. Pitoni do Núcleo de Invertebrados Inferiores
do Museu de Ciências Naturais; a Cesar Trois pela determinação das larvas.
Aos membros da equipe do Projeto Pró-fauna pelos auxílios nas coletas de material
e por toda a colaboração e apoio no desenvolvimento deste trabalho.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
70 SILVA, F. & SANDER, M.
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SILVA, F. & SANDER, M.
Tabela 1
Relação dos grupos de animais encontrados em papos de Nothura maculosa sob a forma de
adultos (A), crisálidas (C), ninfas (N), larvas (L), pupas (P), postura ou ovos (O) efrequência.
ESSES
Insecta Coleoptera Carabidae
Chrysomelidae
Cureulionidae
Elateridae
Scarabaeidae
Scolytidae
Staphylinidae
Desconhecidos
Gelastocoridae
Lygaeidae
Pentatomidae
Hemiptera
Acledra sp.
Nezara viridula
Pyrrhocoridae Dysdercus sp.
Desconhecidos
Acrididae
Blatteridae
Gryllidae
Mantidae
Orthoptera
Arctiidae
Geometridae
Noctuidae
Desconhecidos
Lepidoptera
Hymenoptera
Homoptera
Cercopidae
Cicadellidae
Desconhecidos
Bibionidae
Desconhecidos
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Arachnida Aranene ‚Araneidae 2
Lycosidae a
Salticidae 1
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Gastropoda Stylommatophora | Bulimulidae Bulimulus sp.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981
Estudo sobre a alimentação da... .73
Tabela 2
Relacäo de especies vegetais encontradas em papos de Nothura maculosa sob forma de sementes
(9 , frutos (Fr), folhas (Fo), bulbos (B) e frequência.
FAMÍLIA ESPÉCIE
Avena sativa
Amaranthus sp.
Brachiaria plantagina
Bromus catharticus
Cyperus sp.
Digitaria abscendens
Digitaria sp.
Echinochloa sp.
Oryza sativa
Panicum sp.
Paspalum dilatatum
Paspalum notatum
Setaria vaginata
Setaria geniculata
Setaria sp.
Sorghum vulgare
Triticum aestivum
Zea mays
Desconhecidos
Papilionaceae Desmodium sp.
Glycine max
Stylosanthes sp.
Vigna sinensis
Desconhecidos
Convolulaceae Ipomea grandifolia
Ipomea sp.
Compositae Bidens pilosa
Desconhecidos
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Malvaceae Sida sp.
Pavonia sp.
Desconhecidos *
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Desconhecidos
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SILVA, F. & SANDER, M.
Esquema do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
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Figura 1 - Mapa do Rio Grande do Sul. Número de papos examinados dos respec- |
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Estudo sobre a alimentação da... 75
50
Est Alimento misto
(animal e vegetal)
IM Alimento vegetal
[__] Alimento animal
25
Porcentagem do alimento
Tipo de alimento
Figura 2 — Tipo de alimento encontrado em 178 papos de Nothura maculosa.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
76 SILVA, F. & SANDER, M.
o
E Insetos
E m
O
(6) É
E ES aracnídeos
E 7
É [+ e] Diplópodos
=
50
E [__] Moluscos
Q
eg
| e -
[7 Quilöpodos e
e ME E Ristaceos
a
Classes animais
Figura 3 — Animais encontrados em 178 papos de Nothura maculosa.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
Demo estimo o Cliocaag o Ci O SO
50
[1] Gramineae
IT] Popitionaceae
3 [O ] Oxalidaceae
-
o
3 ES Malvaceae
HEM Restos n/identificados
2
[ em
o
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o
o
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25
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o
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e
(o)
a
SOIOZOIOZOZSO
| Compositae
Convouvulaceae
[e] Amarylidaceae
[|] Solanaceae
EH Cyperacece
Família dos vegetais
Figura 4 — Vegetais encontrados em 178 paposdeNothuramaculosa.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981
42
einlepsy ach oillmoa dad
ara PEL qo
Contribuição ao conhecimento da biologia do papagaio charão,
Amazona pretrei (TEMMINCK, 1830) (Psittacidae, Aves).*
Flávio Silva**
RESUMO
São relatadas observações sobre deslocamento de Amazona pretrei (TEMMINCK,
1830) dentro do Estado do Rio Grande do Sul e estimativas do número total de indiví-
duos observados na Estação Ecológica de Aracuri, no município de Esmeralda. É feita a
descrição de dois ninhos e ovos, encontrados na Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul.
ABSTRACT
This paper presents the results of observations of movements of “Amazona pretrei,
(TEMMINCK, 1830) and an estimation of the total number of individuals observed on the
Ecological Station of Aracuri, in Esmeralda locality, Rio Grande do Sul State.
The description of two nests and eggs found in the Serra do Sudeste of Rio Grande
do Sul State are presented.
INTRODUÇÃO
O papagaio charão, Amazonapretrei (TEMMINCK, 1830), segun-
do SCHAUENSEE (1966) ocorre no sudeste do Brasil, de São Paulo até
o Rio Grande do Sul, e no nordeste da Argentina, em: Missiones. Tem
alguns registros para o Uruguai, mas ainda sem confirmação segundo
CUELLO & GUERZENSTEIN (1962). GORE & GEPP (1978) não o in-
cluem na lista de aves do Uruguai. PINTO (1978) cita como distribuição
atual o extremo sul do Brasil (Rio Grande do Sul). SICK (1969) coloca
esta espécie na lista das aves brasileiras ameaçadas de extinção FOR-
SHAW & COOPER (1977) acham que a espécie não está em perigo
imediato de extinção, desde que haja preservação adequada das florestas
de Araucaria angustifolia (BERTOLO. KZE).
Neste trabalho pretende-se fazer uma descrição de dois ninhos e de
dois ovos de A. pretrei com algumas considerações sobre a situação da
sobrevivênvia da espécie no Rio Grande do Sul, Brasil.
* Aceito para publicação em 05/X11/1980. Contribuição FZB, Nº 194. Trabalho realizado com
auxílio recebido através de convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.
— IBDF.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :79-85, 27 fev. 1981
80 SILVA, F.
MATERIAL E MÉTODOS
Desde 1975, A. pretrei tem sido observado em várias localidades do Rio Grande do
Sul. Através de informações prestadas por muitas pessoas que residem no meio rural e
observações próprias, obteve-se notícias de que nidificam em várias localidades do Es-
tado. Em uma destas regiões foram realizadas seis excursões em três anos consecutivos.
Na localidade de Muitos Capões, no município do Esmeralda foi criada a Estação Eco-
lógica do Aracuri, local onde os papagaios reunem-se de maio a junho para dormir. Esta
Estação é administrada pelo Núcleo Interdepartamental de Estudos de Ecologia-NIDECO,
do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Neste trabalho são descritos dois ovos coletados em dezembro de 1979 que estão
conservados em álcool etílico a 70% na coleção do Museu de Ciências Naturais. Os locais
onde se encontravam os ninhos foram fotografados e descritos. Para tomar as medidas
necessárias às descrições dos ninhos e substratos foi usada uma fita métrica e um pa-
quimetro para medir os ovos.
RESULTADOS E COMENTÁRIOS
Durante as observações de campo realizadas em várias regiões do
Estado do Rio Grande do Sul, foi possível verificar que A. pretrei des-
loca-se muito durante o ano, mas para observá-lo com maior frequência,
as regiões mais indicadas são: Campos-de-cima-da-serra, Planalto e
Serra do Sudeste. (Fig. 1). -
a)Deslocamento no Estado:
No outono e início do inverno, como menciona IHERING (1887), é
possível encontrá-lo em grandes bandos nos Campos-de-cima-da-serra,
onde ainda existem capões com predominância de Araucaria angustifolia.
Num destes capões no municipio de Esmeralda, onde hoje é a Estação
Ecológica do Aracuri, FORSHAW & COOPER (1977) mencionam que
em 1971 observaram, ao anoitecer, bandos de milhares de indivíduos, es-
timados aproximadamente entre 10.000 a 30.000 papagaios. No mesmo
periodo do dia, de 11 a 14 de maio de 1972, William Belton (informações
pessoais), estimou que o total de papagaios não chegaria a 10.000; de 24
a 26 de maio de 1975 o autor esteve no mesmo local e o número esti-
mado foi inferior a 5.000. Em 13 de julho de 1980, também ao entar-
decer, a estimativa foi de 1.000 individuos aproximadamente. Os mo-
radores desta região do Estado e da Serra do Sudeste, são unânimes em
informar que os bandos de charão estão diminuindo com o passar dos
anos. Sabe-se, também através destas informações, que a reunião em
bandos grandes, para pernoitarem em capões de araucária nos Campos-
de-cima-da-serra acontece em outros locais durante os meses de maio a
junho. Em outras estações do ano 4. pretrei pode ser visto em bandos
por várias regiões do Rio Grande do Sul, à procura de frutos silvestres
como de pinheirinho (Podocarpus lambertii KL.), no verão, gabirova
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981
Contribuição ao conhecimento da... 81
(Campomanesia sp.) e guabijü (Eugenia pungens BERG.). Em 7 de
outubro de 1975 foi observado um bando de 15 individuos que comiam
frutos de cinamomo (Melia sp.) em Cruz Alta. Em fevereiro de 1979
Walter Voss (informações pessoais) observou bandos que estavam co-
mendo frutos de pinheirinho (Podocarpus lambertii) no município de São
Francisco de Paula, sendo que nestes haviam muitos indivíduos com
plumagem de subadultos.
IHERING (1887), menciona a existência de bandos de charões em
colônia do Mundo Novo, hoje município de Taquara, nos meses de mar-
ço e abril que, segundo ele, estariam voltando de uma migração para o
Sul, iniciada em janeiro.
A partir das observações de diferentes pontos do Estado, em
diferentes estações do ano, supõe-se que após a reunião em grandes ban-
dos, nos capões de araucária dos Campos-de-cima-da-serra, durante o
outono, A.pretrei distribui-se em pequenos grupos por outras partes do
sul do Brasil. Na primavera, os individuos que se acasalam vão procriar
em regiões que ainda possuem matas altas, como por exemplo, Rincão
dos Melos, Santana da Boa Vista (Serra do Sudeste). Os individuos que
não procriam permanecem em bandos pequenos, também em locais de
matas altas. Após o período de procriação, jovens e adultos reúnem-se
em grandes bandos e movimentam-se por regiões com florestas nativas
que forneçam frutos dos quais se alimentam. No inverno, quando os
frutos nativos são mais escassos, ficam distribuídos em bandos menores
em várias regiões.
Nós últimos anos as áreas com florestas nativas foram grandemen-
te desflorestadas. Atualmente as maiores áreas do Estado do Rio Gran-
de do Sul cobertas com florestas nativas estão em alguns parques e
reservas, estaduais ou federais, ou nas encostas ingremes de vales dos
maiores rios. Infelizmente as áreas com florestas nativas tendem a di-
minuir cada vez mais, devido ao alto preço da madeira. A caça furtiva e
predatória, a captura para mantê-los em cativeiro, por certo muito con-
tribui para um decréscimo dos charões. Segundo BERLEPSCH &
IHERING (1885) já nesta época os agricultores atiravam com espingar-
da em bandos de charões com a esperança de ferir levemente, uma ou
outra ave, para conserva-las em cativeiro. Hoje em dia, em todas regiões
onde sabe-se que a espécie procria, os moradores relatam nomes de pes-
soas que retiraram filhotes de charões de ninhos e criaram-os em casa.
Para garantir a perpetuação da espécie A. pretrei, as providências mais
acertadas seriam a criação de mais áreas de preservação natural per-
manente e a reprodução em cativeiro.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981
82 SILVA, F.
b)Nidificacäo:
Na primavera (outubro, novembro e dezembro) através de infor-
mações e observações, tem sido constatado movimentos de procriação nas
regiões do Planalto Médio, Alto Uruguai de acordo com SICK (1969),
Campos-de-cima-da-serra, Encosta Superior do Nordeste, Encosta In-
ferior do Nordeste, Depressão Central e Serra do Sudeste (observações
do autor). Atualmente o maior número de informações de nidificação são
das localidades de Serra dos Vargas e Rincão dos Melos, no municipio
de Santana da Boa Vista, na Serra do Sudeste. Neste local (Serra dos
Vargas), de 10 a 14 de dezembro de 1979 foram encontrados dois ninhos
“dos quais fez-se a descrição.
Ninho nº 1: situado em uma árvore (chá-de-bugre, Casearia sp.) com
14 m de altura aproximadamente, dentro da mata, na encosta do vale de
um riacho, em um oco de 51 cm de profundidade da entrada à superficie
côncava do ninho. Após retirado o material que estava dentro do oco,
este ficou em 70 cm de profundidade. O orifício da entrada parecia de
forma circular e tinha 10 cm de diâmetro. O diâmetro interno do oco
mediu 11 x 17 cm, mais ou menos igual em toda a extensão. A entrada
do ninho estava situada a 10m do solo em uma curva do tronco. Parece
que a origem do oco foi a cicatriz de um galho que desprendeu-se. Até o
presente não obteve-se notícias de que A. pretrei nidificasse em Araucaria
angustifolia.
Material do ninho: no fundo do oco existiam pedaços de cipös
muito finos, de coloração preta, farelos de casca de árvores e pedaços de
troncos podres. Havia também pedaços de gravetos e pedaços de um ovo
em decomposição. Os farelos de madeira, provavelmente foram retirados
da própria árvore onde estava o ninho, devido a sua semelhança em cor
e consistência com a madeira do tronco.
Pela narrativa de um morador do local, três ou quatro semanas an-
tes foram retirados deste ninho dois filhotes ainda sem penas, um maior
do que o outro.
Como além dos dois filhotes havia no oco restos de um ovo com
material vitelinico, pode-se supor que a ninhada era de três ovos.
Devido a diferença de tamanho dos dois filhotes, supõe-se que o
choco tenha iniciado após a postura do primeiro ovo.
Ninho nº 2: localizado em um oco de pau-de-sabão (Quillaja bra-
siliensis MART) à 10 m do solo em uma curva do tronco principal da är-
vore, onde havia um galho que já se desprendera (Fig. 2). A entrada do
oco tinha na parte mais larga um diâmetro de 19 cm e a profundidade
até o ninho era de 57 cm. A árvore estava no meio da mata, em uma en-
costa do vale de um riacho.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981
Contribuição ao conhecimento da... 83
Material do ninho: no fundo existiam folhas, farelos de
madeira retirados do próprio tronco, partes de musgos semelhantes aos
que revestiam o tronco da árvore, e algumas penas. Foram encontrados dois
ovosnoninho.
Neste ninho, a pessoa que o localizou afirma ter surpreendido um
papagaio charão adulto sobre dois ovos. Os ovos tinham formato oval,
cor branca, medindo: um 35,4 mm de comprimento x 26,7 mm no
diâmetro maior, e o outro 38,1 mm de comprimento x 26,2 mm no
diâmetro maior. Estes valores assemelham-se aos mencionados por
BOND & SCHAUENSEE (1943) para 4. tucumana (CABANIS, 1885).
CONCLUSÕES
Pelas informações e observações obtidas sobre épocas de nicifi-
ção de Amazona pretrei no Rio Grande do Sul, concluiu-se que procrie
durante a primavera, iniciando as atividades em outubro e terminando
em dezembro. Nidifica em ocos de árvores dentro da mata alta. E uma
espécie realmente ameaçada de extinção que deve ser melhor estudada e
observada. E necessário a criação de mais reservas de preservação per-
manente para que a espécie possa sobreviver.
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84 SILVA, F.
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2. Depressao Central
3. Hissoes
4. Campanha
5. Serra do Sudeste
6. Encosta do Sudeste
7. Alto Uruguai
8. Campos de cima da Serra
9. Planalto Medio
10.Encosta Inferior do Nordeste
11.Encosta Superdor do Nordeste
Fig.1 Cartograma do Estado do Rio Grande do Sul com as onze regiões fisiográficas
segundo FORTES (1979). ie
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981
Contribuição ao conhecimento da... 85
Fig. 2 Desenho esquemático da localização do ninho nº 2, de Amazona pretrei (TEM-
MINK, 1830), em Santana da Boa Vista, Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :79-85, 27 fev. 1981
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IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA,
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA.
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O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuído a Instituições
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ta e demais interessados.
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10.
11.
12.
13.
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BL ISSN 0073-4721
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Sul: Biologia e anilhamento.............zerrcun000. p.89
Museu de Ciências Naturais da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Publicado com o auxílio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Convênio B/29/79/018/00/71.
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art. 14, dos Estatutos — Decreto RS
nº 22.683/73).
NOV 3
LIBRARIES
APRESENTAÇÃO
“O presente número da Iheringia zoologia constitui uma edição es-
pecial patrocinada pela Financiadora Nacional de Estudos e Projetos
(FINEP) dentro do Convênio nº B/29/79/018/00/71 — FINEP — FZB.
Este convênio visou a realização de um projeto com que os biologistas
da FZB iniciaram o aprofundamento da pesquisa dos recursos naturais na
Região da Grande Porto Alegre, atendendo a recomendações contidas na
obra: “Preceituação ecológica para preservação de recursos naturais na
Região da Grande Porto Alegre”, editada pela FZB em 1976. O trabalho
tinha por meta, não só qualificar mas iniciar a quantificação do conhecimen-
to para certos grupos e ecossistemas dentro da área. Parte dos resultados
obtidos são oferecidos nesta edição.
Os zoólogos da FZB dedicam, neste momento, o trabalho realizado à
comunidade metropolitana mas, mais particularmente, aos professores de
ciências bio-ecológicas de todos os níveis, da escola secundária ao de pös-
graduação, esperando que se distanciem cada vez mais os dias em que se
tinha de exemplificar a teoria zoológica com nomes da fauna estrangeira. E é
feita esta dedicatória dentro do pensamento de que só se preserva o que se
ama e só se ama, verdadeiramente o que se conhece. Neste sentido aquele
professor será sempre o elemento indispensável, alavanca mestra, talvez, no
processo de conscientizar uma comunidade sobre a natureza que a cerca”.
Prof. Drº. Cecilia Volkmer Ribeiro
— Coordenador Científico do Convênio —
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Diversidade e similaridade de comunidades de Pentatomidae
(Hemiptera) capturados com armadilha luminosa na Grande Porto
Alegre, Rio Grande do Sul.*
Hilda Alice de Oliveira Gastal **
Maria Elizabeth Lanzer-de Souza**
Maria Helena Mainieri Galileo**
RESUMO
Através da análise dos indices de diversidade e quociente de similaridade de três
comunidades de Pentatomidae (Hemiptera), na Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
constata-se a baixa diversidade destas e a semelhança entre elas, devido a ação de fatores
limitantes locais. Fazem-se recomendações de preservação ecológica visando um aumento
qualitativo das espécies desta família.
ABSTRACT
Three communities of Pentatomidae (Hemiptera) from Grande Porto Alegre, Rio
Grande do Sul State, are analyzed by the index of diversity and quocient of similarity.
The low diversity of the communities and the similarity of them are related with local
factors. It is recommended the ecological preservation to obtain a qualitative improve-
ment of the species diversity.
INTRODUÇÃO
A pesquisa sobre hemipteros, ocorrentes na região da Grande Por-
to Alegre, Rio Grande do Sul (RS), justifica-se, não só devido ao for-
necimento de elementos básicos para os estudos dos recursos faunisticos
locais, como também, pela necessidade de conhecimento da capacidade
de sobrevivência das populações, principalmente em relação aos fregüen-
tes e expressivos graus de poluição a que estão sujeitas.
* Aceito para publicação em 05/X11/1980. Contribuição FZB nº 193. Trabalho parcialmente subven-
cionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71.
** Técnicos Superiores Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul (MCN/FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsistas do Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq., Proc. 30. 0279/78,
30.0278/78-Z0-07 e 30. 0918/80-Z0-07 respectivamente).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
6 GASTAL, H.A. de O. et alii
Sabe-se que todas as populações estão expostas às influências do
meio ambiente, sofrendo com isso alterações quanto ao crescimento,
manutenção, diferenciação, maturidade e, consequentemente, modifican-
do o próprio meio.
A família Pentatomidae é uma das mais importantes entre os
Hemiptera, pois além de apresentar muitas espécies de importância
econômica, destacando-se Nezara viridula (LINNAEUS, 1758), Piezo-
dorus guildinii (WESTWOOD, 1837) e Oebalus poecilus (DALLAS,
1851) é expressiva no contexto dos ecossistemas.
Segundo LARA et alii (1979), quando se trabalha com insetos um
dos aspectos mais importantes em pesquisa ecológica, diz respeito ao
número de espécies existentes na comunidade e o número de individuos,
bem como a comparação de diversas comunidades.
O uso de armadilhas luminosas é bastante difundido na coleta de
insetos, sendo adequado para estudos de: levantamentos populacionais,
distribuição geográfica, épocas de ocorrência, flutuação, influência dos
fatores abióticos, controle de insetos pragas, diversidade e similaridade.
GALLO et alii (1978) define armadilha luminosa como aparelho
destinado a atrair e capturar insetos de atividade e/ou vôo noturnos,
fototrópicos positivos.
No Brasil, os trabalhos de levantamento e flutuação populacional,
utilizando armadilhas luminosas, foram iniciados por WIENDL & SIL-
VEIRA NETO (1967) citados por TARRAGÖ (1973).
A grande maioria dos trabalhos encontrados utilizando armadilhas
luminosas são sobre Lepidoptera, principalmente aqueles de hábitos
noturnos. No entanto, ha registros de Hemiptera coletados com estas
armadilhas. SILVEIRA NETO (1972), utilizando armadilhas luminosas
para um inventário em nove municipios do Estado de São Paulo, coletou
651 espécimes de Pentatomidae pertencentes a 12 espécies, das quais
Loxa flavicollis (DRURY, 1773) foi a mais numerosa, seguida por O.
poecilus e N. viridula.
O objetivo deste trabalho é apresentar, através de um levantamen-
to de Pentatomidae de três diferentes áreas da Região da Grande Porto
Alegre, RS, a análise do índice de diversidade e quociente de similari-
dade das comunidades aí estabelecidas.
O indice de diversidade independe do processo de levantamento e
tamanho da amostra efetuados, sendo uma medida característica de cada
comunidade. Além disto, o estudo da diversidade permite o conhecimen-
to da maior ou menor estabilidade da comunidade.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
Diversidade e similaridade... 7
O quociente de similaridade permite uma comparação quantitativa
e qualitativa entre diferentes locais de amostragens, pois exprime a
semelhança entre duas ou mais comunidades em função da constituição
das espécies.
Assim sendo, o trabalho desenvolvido proporciona uma noção es-
timada da riqueza de espécies das comunidades estabelecidas, da relação
entre elas e o total de individuos, bem como, da analogia entre as três
comunidades de Pentatomidae, constituindo-se numa pesquisa pioneira
no Estado.
MATERIAL E MÉTODOS
Efetuaram-se coletas, três vezes por semana, no periodo de 29 de outubro de 1979 a
24 de outubro de 1980, utilizando armadilhas luminosas modelo “Luiz de Queiroz”, con-
forme descrição de SILVEIRA NETO & SILVEIRA (1969), equipadas com lâmpadas
fluorescentes ultravioleta de 15 watts e células fotoelétricas adaptadas, suspensas do solo
cerca de 2 metros e 50 centimetros (Fig. 1).
Para instalação das armadilhas foram escolhidos os seguintes locais:
a — Arroio Petim, município de Guaíba (4 metros de altitude), na Fazenda Petim
de propriedade do Sr. Italo Corbetta, distante de Porto Alegre sproximadamente 43 quilö-
metros (Fig. 2);
b — Estação Experimental Fitotécnica de Viamão (Estação das Águas Belas), no
município de Viamão (52 metros de altitude) distante cerca de 28 quilômetros de Porto
Alegre (Fig. 3 e 4);
c — Morro Santana, bairro Agronomia, em Porto Alegre, numa altitude de apro-
ximsdamente 150 metros, na propriedade do Instituto Irmão: Miguel Dario (Fundação
Estadual do Bem Estar do Menor — FEBEM) (Fig. 5).
A escolha destes locais esteve condicionada às recomendações de preservação
faunística sugeridas em FUNDAÇÃO ZOOBOTANICA DO RIO GRANDE DO SUL
(1976), onde se adverte sobre a necessidade de resguardo e manutenção dos capões exis-
sentes nas margens da lagoa-represa das Aguas Belas, da mata restante no Morro San-
tana e toda a região de banhados e mata nativa do Arroio Petim.
Na instalação da armadilha luminosa no Morro Santana, escolheu-se um local onde
a incidência luminosa alcançasse a maior parte da mata nativa da encosta sudeste, ainda
predominante nessa região. Na Estação das Aguas Belas, a armadilha foi instalada num
local próximo à represa, permitindo um alcance aos capões de mato e área de cultura expe-
rimental. A localização da armadilha junto ao Arroio Petim previa uma abrangência aos
banhados da área e mata de galeria que se estende pelo curso médio do arroio.
Para a obtenção dos espécimes mantiveram-se tarros plásticos contendo álcool 70 %
junto ao término dos funis de captação das armadilhas (Fig. 1), substituídos numa fre-
qiiência de 2:2:3 noites, havendo ocasiões, esporádicas, onde o periodo de substituição foi
mais dilatado nunca ultrapassando a quatro.
Em laboratório fizeram-se a triagem, identificação e contagem dos insetos captu-
rados, bem como a análise dos dados obtidos. Para cálculo do indice de diversidade ( <©)
foi aplicada a fórmula proposta por MARGALEF (1951) e para cálculo do quociente de si-
milaridade (QS), a proposta por SORENSEN (1948) citadas por SILVEIRA NETO et alii
(1976) e LARA et alii (1979).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
8 GASTAL, H.A. de O. et alii
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Num total de 148 coletas obtiveram-se 1.134 exemplares de Pen-
tatomidae. Entre as espécies coletadas (Tabela 1) as que apresentaram
maior número de indivíduos foram Oebalus sp., O. poecilus, Thyanta sp.
e N. viridula.
Os indices de diversidade (Tabela 2) estabelecidos nas comunidades
amostradas foram baixos, verificando-se que a fauna de Pentatomidae é
pouco variada. Isto indica comunidades específicas com pequeno número
de espécies populosas em conseqiiência da ação de fatores limitantes
locais, como, por exemplo, a especificidade de culturas e desfiguração
do ambiente natural.
Comparando-se as comunidades entre si obtiveram-se os quocientes
de similaridade (Tabela 3), os quais evidenciaram uma maior semelhança
entre as comunidades de Viamão e Morro Santana, bem como, entre as
de Viamão e Guaiba.
Salienta-se que estes resultados de diversidade e similaridade são
válidos apenas para as áreas de atuação das armadilhas luminosas que é
de 20 hectares segundo LEWIS & TAYLOR (1967) citados por SIL-
VEIRA NETO (1972).
Conclui-se que nas três áreas da Grande Porto Alegre amostradas
neste trabalho, a presença predominante de culturas na Estação das
Águas Belas (oleráceas) e Arroio Petim (arroz e oleráceas) e a influência
urbana no Morro Santana, já atingiram proporções tais que, para a
fauna de Pentatomidae, determinam locais pouco diversificados.
A conservação das pequenas matas naturais restantes é recomen-
dada, pois constituem-se em refúgios imprescindíveis que proporcionam
a maior diversificação qualitativa da família.
A maior diversidade de espécies é importante porque propicia uma
maior competição intra-especifica, evitando uma elevação perniciosa no
número de individuos das espécies de pentatomídeos pragas. Além disto,
permite que a familia se mantenha numa estrutura e composição cons-
tantes, pois a comunidade sofre quando a influência dos fatores des-
favoráveis sobrepuja os favoráveis, permitindo uma diminuição da
população. Torna-se necessária a manutenção de espécies que apesar de
serem destituidas de importância para o homem diretamente, são indis-
pensáveis para a conservação das cadeias tróficas e consequentemente,
estabilidade nos ecossistemas formados.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
Diversidade e similaridade... 9
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Diretor do Instituto Irmão Miguel Dario, Dr. Hiram Souza Arden-
ghi, ao Diretor da Estação Experimental Fitotécnica de Viamão, Dr. Osmar Salin e ao
responsável pela Fazenda Petim, Engº Agrº Cândido Deibler, pela permissão para ins-
talação das armadilhas luminosas naqueles locais. Aos senhores Bento Alves Alano, Al-
bery Alvez de Aquino e Erasmo Finkler, nossa gratidão pela prestimosa colaboração
durante o desenvolvimento dos trabalhos de campo. Aos auxiliares Keti Maria Rocha
Zanol, Henrique Antonio Bischoff e Valmir Luis Vieira Ayres, nosso reconhecimento pelo
efetivo desempenho das tarefas que lhes foram confiadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL. 1976. Preceituação eco-
lógica para a preservação de recursos naturais na região da Grande Porto Alegre.
Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Sulina. 151p. (Publi-
cação Avulsa FZB, 1).
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA,
G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA,J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B. 1978.
Manual de entomologia agrícola. São Paulo, Agronômica Ceres. 315p.
LARA, F.M.; GRAVENA, S.; BUSOLI, A.C.; DE BORTOLI, S.A. 1979. Principios
de entomologia. Piracicaba, Livroceres, 295p.
SILVEIRA NETO, S. 1972. Levantamento de insetos e flutuação da população de pragas
da ordem Lepidoptera, com o uso de armadilhas luminosas, em diversas regiões do
Estado de São Paulo. 183f. Tese (Livre Docênc. - Agronomia) ESALQ, USP. Pi-
racicaba. (Não publicada )
SILVEIRA NETO, S. & SILVEIRA, A.C. 1969. Armadilha luminosa modêlo “Luiz de
Queiroz”. Solo, Piracicaba, 61(2):19-21.
SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILLA NOVA, N. A. 1976.Manual de
ecologia dos insetos. São Paulo, Agronômica Ceres. 419p.
TARRAGO, M.F.S. 1973. Levantamento da família Noctuidae, através de armadilhas
luminosas e influência fenológica na flutuação populacional de espécies pragas, em
Santa Maria, RS. 92f. Tese (Mestr. - Agronomia) ESALQ, USP. Piracicaba, ( Não
publicada )
Este trabalho foi examinado por:
Cecilia Volkmer Ribeiro
Tania Heloisa Araujo Arigony
Inga L. Veiteinheimer Mendes
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
10 GASTAL, H.A. de O. et alii
Tabela 1: Pentatomidae (Hemiptera) coletados com armadilha
luminosa em Guaiba (Arroio Petim), Viamão (Estação das Aguas Belas)
e Porto Alegre (Morro Santana), RS, de 29/X/1979 a 24/X/1980.
GUAiBA VIAMÃO PORTO
ALEGRE.
Espécies
Acrosternum musiva (BERG, 1879)
Acrosternum sp. Ä
Alcaeorrhynchus grandis (DALLAS, 1851
Arvelius albopunctatus (DE GEER, 1773)
Banasa sp. 1
Banasa sp. 2
Banasa sp. 3
Banasa sp. 4
Banasa sp. 5
Chloropepla vigens STAL, 1860
Dichelops sp.
Dinocoris gibbus (DALLAS, 1851)
Dinocoris sp.
Edessa meditabunda(FABRICIUS, 1794)
Glyphepomis adroguensis BERG, 1891 .
Glyphepomis setigera KORMILEV & PIRAN, 1952
Lincus sp.
Loxa deducta WALKER, 1867
Loxa viridis (PALISOT DE BEAUVOIS, 1805)
Mayrinia curvidens (MAYR, 1864) .
Mormidea v-luteum (LICHTENSTEIN, 1796)
Mormidea sp.
Nezara viridula (LINNAEUS, 1758)
Oebalus poecilus (DALLAS, 1851)
Oebalus ypsilongriseus (DE GEER, 1773)
Oebalus sp.
Piezodorus guildinii (WESTWOOD, 1837)
Podisus sp. 1
Podisus sp. 2
Proxys albopunctulatus (PALISOT DE BEAUVOIS, 1805)
Serdia sp.
Supputius cincticeps (STAL, 1860)
Thyantha perditor (FABRICIUS, 1794)
Thyantha sp.
Tibraca sp.
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
Diversidade e similaridade...
11
Tabela 2: Indices de diversidade da fauna de Pentatomidae (He-
miptera) coletados com armadilha luminosa em Guaiba (Arroio Petim),
Viamão (Estação das Aguas Belas) e Porto Alegre (Morro Santana), RS,
de 29/X/1979 a 24/X/1980, segundo fórmula de MARGALEF (1951).
Local Número de espécies Número de indivíduos CS
Guaiba 28 661 4,15
Viamão 25 383 4,04
Porto Alegre 16 90 3,94
Tabela 3: Diagrama indicando a similaridade entre as comunidades
de Pentatomidae (Hemiptera) em Guaiba — Arroio Petim (A), Viamão
— Estação das Aguas Belas (B) e Porto Alegre — Morro Santana (C),
RS, de 29/X/1979 a 24/X/1980, segundo fórmula de SORENSEN
(1948).
A = 0,40-0,50; @ =05107%
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
12 GASTAL, H.A. de O. et alii
Fig. 5
Fig. 1-5: 1. Armadilha luminosa modêlo “Luiz de Quiroz” instalada na Fazenda
Petim, Guaiba, RS, vendo-se a mata que margeia o Arroio Petim; 2-5. Aspectos dos
locais da Grande Porto Alegre, RS, onde foram instaladas as armadilhas luminosas, 2.
Fazenda Petim, salientando-se ao fundo parte da mata de galeria do Arroio Petim; 3-4.
Estação Experimental Fitotécnica de Viamão; 3. Ao fundo nota-se a mata que circunda a
lagoa-represa das Águas Belas; 4. Conjunto de pequenos capões isolados, opostos à mata
nativa que circunda a lagoa-represa das Águas Belas; 5. Instituto Irmão Miguel Dario,
vendo-se a mata natural na encosta do Morro Santana.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981
Fauna espongolögica e malacológica bêntica da Lagoa Negra, Par-
que Estadual de Itapuã, Rio Grande do Sul.*
Cecilia Volkmer-Ribeiro**
Rosária De Rosa-Barbosa**
Maria Cristina D.Mansur**
RESUMO
O presente trabalho, realizado na Lagoa Negra, município de Viamão, constitui o
primeiro levantamento de esponjas levado a efeito em uma lagoa de água doce, de zona
costeira, no Rio Grande do Sul. Foram encontradas gêmulas de Heteromeyenia stepa-
nowii, (DYBOWSKY, 1884), Ephydatia facunda, (WELTNER, 1895), Radiospongilla
crateriformis (POTTS, 1882) e Corvospongilla böhmi (HILGENDORF, 1883) e resi-
duos espiculares que indicam ainda a ocorrência Uruguaya corallioides (BOWERBANK,
1863) e Metania sp.. O registro de R. crateritormis é o primeiro para o Estado.
Atribui-se ao elevado teor de matéria orgânica particulada em suspensão,à agitação cons-
tante do meio líquido, causada pelos ventos, à baixa transparência e a acidez da água, a
formação de um ambiente drástico para esponjas e responsável pela redução do desenvol-
vimento dos espécimes.
O levantamento da malacofauna bêntica revelou a ocorrência, na Lagoa Negra, de
Diplodon charruanus (ORBIGNY, 1835), Castalia undosa martensi (IHERING, 1891)
(HYRIIDAE) e Pisidium sp. (SPHAERIIDAE), apresentando-se a primeira como do-
“minante e as demais como muito raras. D. charruanus ocorreu em substrato predominan-
temente arenoso, à profundidade acima de 80 cm, em zonas com vegetação esparsa de
“yuncos” (Cyperaceae) e sujeitas a influência constante dos ventos dominantes.
ABSTRACT
A first surveying for sponges was carried in the “Lagoa Negra”, a freshwater la-
goon with black waters in the coastal strip of the southernmost region of Brazil. The
specimens were reduced to gemmules, pertaining to the species Heteromeyenia stepanowii
(DYBOWSKY, 1884), Ephydatia facunda, (WELTNER, 1895), Radiospongilla craterifor-
mis (POTTS, 1882), and Corvospongilla böhmiü (HILGENDORF, 1883) found in the
roots of the water jacinth Eichornia azurea and E. crassipes. Spicular remains sought for
in the bottom sediments pertained to the upper refered species and yet to Uruguaya
* Aceito para publicação em 10/XII/1980. Contribuição FZB nº 196. Trabalho parcialmente sub-
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71).
** Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. nºs, res-
pectivamente, 30.6134/76-Z0-07, 30.1128/77-Z0-07 e 30.5365/76-Z0-07).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981
14 RIBEIRO, C.V. et alii
corallioides (BOWERBANK, 1863) and Metania sp.. The reduced size of the specimens is
credited to the acidity, low transparency and high content of particulated organic matter
of the water as well as to the strong and steady waving caused by dominant winds.
The surveying for benthic molluscs in the same Lagoon showed this fauna to be
presently reduced to the bivalves Diplodon charruanus (ORBIGNY, 1835), Castalia un-
dosa martensi (IHERING, 1891) both of the family HIRIIDAE and Pisidium sp. of the
family SPHAERIIDAE. D. charruanus is the predominant species, the other two being
rare.
INTRODUÇÃO
Não houve, até o presente, esforço de parte dos poucos autores que
realizaram pesquisa de caráter faunistico ou limnolögico no Rio Grande
do Sul, para levantar a fauna espongológica dos distintos ambientes lên-
ticos proporcionados pelo complexo de lagoas costeiras do Estado.
KLEEREKOPER (1944, 1955), único autor que produziu trabalho de
caráter limnológico mais amplo nesta região, não menciona qualquer
ocorrência de esponjas. WELTNER (1895) descreveu Ephydatia facunda
a partir de material recebido de von IHERING e coletado em um “tüm-
pel bei Rio Grande do Sul, Brazilien”, (p. 141).
Constituindo a Lagoa dos Patos e arredores a área do esforço
maior de trabalho de von IHERING, supõe-se que esta seja também a
localidade de origem do espécime descrito por WELTNER, contida assim na
faixa costeira do Estado.
Em ambiente mais ou menos semelhante no Brasil, apenas CAR-
VALHO (1942) registra a ocorrência de Ephydatia crateriformis, em
lagoas de inundação dos rios Jacupiranga e Ribeira de Iguape, em local
próximo à região litorânea do Estado de São Paulo. Esta espécie foi pos-
teriormente transferida para o gênero Radiospongilla PENNEY &
RACEK (1968).
A primeira citacäo de molusco bivalve (HYRIIDAE) para a regiäo
litorânea do Estado do Rio Grande do Sul, foi de KLEEREKOPER
(1944, 1955). Trata-se de Diplodon berthae ORTMANN, 1921, citado
para o Sangradouro dos Cornélios (ambiente lótico) que liga a lagoa
Itapeva à lagoa dos Quadros, ambas situadas na região Nordeste do Rio
Grande do Sul.
Diplodon berthae foi descrita originalmente para Cachoeira, no Rio
Jacuí, RS, e é considerado: um sinônimo de D. charruanus ORBIGNY,
1835, segundo HAAS (1930 a 1969) e BONETTO (1964); um sinônimo
de D. piceus LEA, 1860 segundo PARODIZ (1968); e sinônimo de D.
pino fontaineanus (WAGNER) segundo BONETTO & MANSUR
1970). >
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981
Fauna espongológica e malacológica... “15
E paia AN
HAAS (1930) cita D. charruanus para a Lagoa da Volta, uma
lagoa costeira do RS, segundo este autor. Até o presente momento não
foi localizada qualquer lagoa com este nome. O mesmo autor oferece
ilustrações de exemplares provenientes desta lagoa. Segundo PARODIZ
(1968:15) a figura 1 da página 186 de HAAS (1930) é de um ver-
dadeiro D. charruanus devido a presença de fracas ondulações (“flutings””)
no declive posterior do ápice umbonal.
MANSUR (1970) com base nos trabalhos acima mencionados cita
D. charruanus e D. berthae para a zona das lagoas costeiras do RS.
Castalia undosa martensi, cuja localidade típica é o rio Camaquã
no Rio Grande do Sul foi citada ainda para o Guaiba (MANSUR, 1972)
e para os rios costeiros da República Oriental do Uruguai (BONETTO &
MANSUR, 1970).
MATERIAL E MÉTODO
Para verificação da ocorrência de esponjas no complexo Lagunar
costeiro do Rio Grande do Sul escolheu-se a Lagoa Negra, situada den-
tro dos limites do Parque Estadual de Itapuã, Município de Viamão. A
razão da escolha bem como demais características de suas águas são
relatados em VOLKMER-RIBEIRO, (no prelo). Numa primeira etapa do
trabalho recorreu-se a análise de algumas amostras esparsas de sedimento
do fundo. Visto haver-se encontrado nestas material espicular, partiu-se
para uma exploração sistemática de vários sítios e substratos que pudessem
conter esta fauna.
O primeiro alvo deste levantamento foi o trecho de praia rochosa,
formado pela encosta do Morro da Grota que limita com a lagoa, VOLK-
MER-RIBEIRO, (no prelo). Verificou-se porém que a zona de praia é
ai constituída por matacões ou extensões continuas de rocha, não
apresentando pedras soltas que pudessem ser retiradas da água para
exame. Como o nível da água na lagoa nunca baixou o suficiente para ex-
por eventuais incrustações de esponjas nestas rochas, o habitat não pode
ser amostrado.
Realizaram-se a seguir perscrutações macroscópicas das partes
submersas da vegetação flutuante ou das macrófitas enraizadas no fun-
do. Destas a mais abundante na lagoa é o junco, Scirpus californicus
(MEY) STEND que teve as porções submersas de suas hastes e seus es-
tolões examinados. Estes exames não revelaram qualquer evidência de
esponjas.
Visto já haver sido constatada a ocorrência de microespécimes de es-
ponjas em raizes de Eichornia azurea no rio Guaíba (VOLKMER-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981
16 RIBEIRO, C.V. et alii
RIBEIRO & alii, 1975) e sendo esta, e principalmente E. crassipes, abun-
dantes na lagoa, foram feitas coletas sistemáticas mensais de abril de
1979 a julho de 1980 das raizes destas plantas para fins de exames
microscópicos. As coletas forarn realizadas principalmente nos pontos 1 e
8 (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo) que eram os de maior concentração
desta vegetação, sendo as raizes postas a secar ao sol e depois obser-
vadas, no laboratório, sob microscópio estereoscópico. Verificou-se en-
tão, em várias delas, a ocorrência de microespécimes de esponjas, cons-
tituidos exclusivamente por gêmulas. Estas gêmulas foram separadas e
preparadas isoladamente (dissociação com ácido nitrico a quente) na
própria lâmina da montagem permanente.
Para abreviar o tempo de exame destas amostras secas foi pos-
teriormente usado o seguinte procedimento: a amostra era colocada den-
tro de um saco plástico e aí desagregada manualmente de modo a que se
depositasse no fundo uma porção pulverizada de raizes. Uma sub-amos-
tra desta porção era então tratada com ácido nitrico, da mesma forma
como a seguir se descreverá para o sedimento do fundo da lagoa. Se o
exame da preparação histológica resultante revelasse um bom conteúdo
espicular voltava-se à amostra para procura de gêmulas isoladas.
Uma vez que as raizes de Eichornia formavam um tipo de habitat
e levariam portanto a uma avaliação parcial da eventual fauna de espon-
jas da lagoa, resolveu-se realizar o exame microscópico de uma serie de
amostras de sedimento de fundo, coletadas com draga de Ekman e que
seriam usadas para análises de granulometria e conteúdo de matéria or-
gânica (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo). De cada uma destas amostras,
homogeneizada e seca, foi retirada uma porção, tratada com ácido nítrico
a quente e lavada, após, por centrifugações sucessivas. Após secagem o
residuo resultante foi suspendido em álcool absoluto e colocado, com
conta-gotas, em lâminas, para montagem permanente com Entelan.
Para coleta de moluscos bentônicos, recolheram-se manualmente
conchas jogadas na zona litorânea como também exemplares vivos
semienterrados dentro da lagoa, até a profundidade de Im. Para as
zonas mais profundas utilizou-se a draga de Ekman operada de bordo de
barco. As coletas foram realizadas mensalmente no período já referido
anteriormente.
RESULTADOS
As gêmulas aderidas às raizes de Eichornia azurea e E. crassipes
foram identificadas como pertencentes as espécies Ephydatia facunda
(WELTNER, 1895) Heteromeynia stepanowii (DYBOWSKY, 1884)
Radiospongilla crateriformis (POTTS, 1882) e ae bohmii
(HILGENDORF, 1883).
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Fauna espongológica e malacológica... 17
Be io io E o gnt ee
O exame das preparações microscópicas realizadas a partir de
amostras do sedimento do fundo da lagoa mostrou, em quantidade
regular, tanto megascleras quanto gemoscleras (estas em menor número)
pertencentes às espécies acima citadas mas, além destas, algumas
megascleras e gemoscleras de Uruguaya corallioides (BOWERBANK,
1863) e gemoscleras de uma espécie do gênero Metania (GRAY, 1867).
Pela quantidade, tanto das gêmulas aderidas às raízes, quanto dos
espículos encontrados no sedimento do fundo da lagoa, H. stepanowii e
E. facunda mostraram ser as espécies predominantes atualmente na
lagoa, seguidas por R. crateriformis. Por outro lado, a coleta da ve-
getação realizada em 19 de janeiro de 1978 foi a que mostrou maior
quantidade de gêmulas.
Merece destaque a quase ausência de espículos esqueletais encon-
trados junto às gêmulas. Para composição das pranchas ilustrativas (fig.
1) foi necessário recorrer às megascleras encontradas nos sedimentos.
Examinando o material de moluscos bivalves coletados na Lagoa
Negra, constatou-se que, com exceção de 1 espécime de Castalia undosa
martensi e 1 espécime de Pisidium sp., obtiveram-se apenas exemplares
de uma espécie cuja forma e característica da concha coincidem com as
ilustrações de HAAS (1930:186), mais especificamente, as figuras ’ e 2
referentes a D. charruanus.
O resultado das coletas indica que a ocorrência de D. charruanus
na Lagoa Negra deve estar restrita às zonas que apresentam fundo
predominantemente arenoso com algum lodo, com um pH em torno de 6.
A distribuição não é uniforme. Ocorrem especialmente no braço mais lar-
go da Lagoa (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo) em zonas atingidas pelos
ventos de maior intensidade. Os exemplares começam a surgir à profun-
didade de 80 cm. Foram coletados até 4 exemplares por dragada, na
profundidade de 1,50m. Geralmente existe uma esparsa vegetação de
juncos nas zonas de ocorrência destes moluscos.
Após periodos de vento intenso, são econtradas grandes quanti-
dades de conchas vazias deste bivalve, jogadas por ondas nas praias ao
norte e ao sul do braço maior da lagoa (Fig. 38).
O exemplar de Castalia undosa martensi foi encontrado nas mar-
gens da lagoa, sem as partes moles, porém com a concha bem conser-
vada. O único espécime de Pisidium sp. foi recolhido junto às raizes da
vegetação marginal.
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18 RIBEIRO, C.V. et alii
DISCUSSÃO
A comunidade de esponjas da Lagoa Negra, levantada no presente
trabalho mostrou em comum com a do rio Guaíba, somente as espécies
H. stepanowii, C. böhmii, e U. corallioides, assim como a ocorrência do
gênero Metania (VOLKMER-RIBEIRO & alii, 1975). E de interesse
notar que U. corallioides e a espécie representante do gênero Metania,
constatados no Guaiba até agora somente por meio indireto (VOLK-
MER-RIBEIRO & GROSSER, no prelo) obtêm aqui nova evidência de
ocorrência na área. Enquanto para o Guaiba identificou-se M. reticulata
(BOWERBANK, 1863), para a Lagoa Negra não foi possível chegar à
identificação da espécie de Metania ocorrente devido ao reduzido número
de gemoscleras encontradas até agora.
A impossibilidade de realizar-se amostragem direta na praia ro-
chosa da Lagoa permite supor que U. corallioides deva ocorrer neste
local, sendo justamente este tipo de substrato o preferido pela espécie.
Por outro lado é permitido supor-se que talvez mais uma ou duas es-
pécies de esponjas possam ocorrer neste mesmo local ou outros da lagoa
dada sua extensão e o caráter sempre tentativo das coletas.
H. stepanowii, espécie cosmopolita, mostrou-se já adaptada a
vários tipos de ambiente lêntico ou semi-lêntico dentro da região da
Grande Porto Alegre, ocorrendo como predominante nas raizes de ve-
getação flutuante nas águas do delta do Jacuí (VOLKMER-RIBEIRO et
alii, 1975) e nos açudes e banhados vizinhos ao curso inferior do rio Cai
(VOLKMER-RIBEIRO, inédito).
E. facunda, descrita por WELTNER como proveniente de charco,
foi recentemente (VOLKMER-RIBEIRO, inédito) encontrada na Lagoa
dos Patos, acreditando-se que tenha por habitat típico esta área lagunar cos-
teira.
R. crateriformis também ocorreu até agora na América do Sul em
ambientes lênticos tendo como substrato raizes. de Eichornia, segundo o
registro de CARVALHO (1942) para lagoas de inundação dos rios Ri-
beira de Iguape e Jacupiranga, nas proximidades do litoral de São Paulo
eBONETTO & EZCURRA DE DRAGO (1964) na laguna Guadalupe, inun-
dada pelo rio Paraná, nas proximidades de Santa Fé, Argentina. Para
esta espécie foram tabelados os dados dimensionais das gemoscleras,
conforme obtidos pelos autores acima citados, juntamente com os das
gemoscleras encontradas na Lagoa Negra (Tabela 1). Desta comparação
se constata que as dimensões do material da Lagoa Negra estão muito
próximas daquelas citadas por CARVALHO (1942) e, ainda, que su-
peram as conhecidas até o presente. Isto indicaria que não está ocorren-
do no meio, redução de sílica disponível para construção do esqueleto, o
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981
Fauna espongológica e malacológica... 19
DT aeee m m nn ER
que de fato, pode ser corroborado pelos valores altos da silica nas
análises de água da Lagoa (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo).
Do cotejo com a bibliografia ecológica existente para esponjas
(HARRISON, 1974), constata-se que ambientes com altos teores de lodo
ou silte em suspensão são deletérios à maioria das espécies de esponjas,
sejam marinhas ou de água doce, pelo impedimento à filtração que
causam. Mas, no que diz respeito às de água doce, os membros do
gênero Ephydatia são particularmente tolerantes a altos níveis de sil-
tização e preferem zonas de baixa intensidade luminosa. É também
Ephydatia fluviatilis a espécie mais eurihalina conhecida, suportando
salinidades de 5 ppt.
Radiospongilla crateriformis, por outro lado, vem demonstrando
ser a espécie que melhor suporta ambientes carregados de lodo. Foi
coletada por CHEATUM & HARRIS (1953), em boas condições, com-
pletamente coberta por lodo. ESHLEMAN (1950) considera esta espécie a
mais passível de ser encontrada na Flórida, E.U.A. em águas muito túr-
bidas ou estagnadas.
O fato de terem sido encontradas praticamente só gêmulas nas
raizes das plantas flutuantes, sendo as megascleras achadas nos se-
dimentos, bem como os dados ecológicos acima citados levam a uma
série de considerações. Uma delas é a de que o ambiente atual da lagoa
apresenta-se drástico para esta fauna, já que as gêmulas são sabidamen-
te corpos de resistência. Assim estas esponjas estariam, após o periodo
de eclosão gemular constituindo novos espécimes caracterizados por um
esqueleto reduzido e formação imediata de novas gêmulas. Uma vez que
o conteúdo de sílica disponível é alto, acredita-se que seja a quantidade
muito grande de matéria orgânica particulada em suspensão que esteja
impedindo o processo alimentar básico de filtração. Além disto o fator
vento, responsável pela agitação constante do meio líquido na lagoa, es-
taria contribuindo mecanicamente para desagregação das esponjas, por
fricção dos substratos (raizes das plantas flutuantes) entre si, tão logo
começassem a ser formadas. Isto explicaria ainda a quantidade de
megascleras encontradas nos sedimentos. As gêmulas, sendo os elemen-
tos constituintes da esponja que apresentam geralmente grau elevado
de aderência ao substrato, teriam justamente melhores condições de
resistir à força de desagregação mecânica imposta pelo ambiente na
lagoa.
Apesar da proximidade da Lagoa Negra com a dos Patos e com o
Guaiba, é interessante notar que no local em apreço, não foram cons-
tatados outros representantes de moluscos bivalves de Hyriidae e ne-
nhum de Mycetopodidae. Por sua vez, para a bacia do Guaiba foram
registradas, além das espécies ocorrentes na Lagoa, mais duas espécies
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20 RIBEIRO, C.V. et alii
de Diplodon e 7 espécies de Mycetopodidae (BONETTO & MANSUR,
1970).
Comparando o material de D. charruanus proveniente da Lagoa
Negra com o do Guaiba, notou-se no primeiro uma redução na charneira,
presença de muitas manchas internas de cor marrom e bronze e exter-
namente uma ampla erosão na área umbonal. Observou-se também que
as valves são tão espessas quanto as dos exemplares do Guaiba, prin-
cipalmente na região antero-inferior. O mesmo não pode ser dito em
relação ao exemplar de Castalia que apresenta uma redução acentuada
em toda a espessura das valves.e da charneira.
De maneira geral os exemplares da Lagoa Negra e do Guaiba
apresentam uma variabilidade muito grande na forma e colorido da con-
cha, diferenciando-se em uma série de aspectos dos exemplares topo-
típicos de D. charruanus (examinados pelos autores), provenientes do
Arroio Colla, Depto. Colonia, Uruguai. Estes aspectos são: um maior
comprimento do ligamento, alongamento geral da concha mais acen-
tuado, presença de dentição cardinal mais reduzida, maior altura na
região posterior, e achatamento na linha ventral com reetrância em
grande parte dos exemplares. Assim, somente pela morfologia da concha
é difícil dizer se a população de Diplodon da Lagoa Negra, os exemplares
similares do Guaíba e o material topotipico, pertencem a mesma espécie
D. charruanus. Seriam necessários estudos comparativos da morfologia
interna e da larva para elucidar o problema.
Cabe observar ainda, que os exemplares de D. charruanus da
Lagoa Negra, fazem parte de uma população praticamente isolada da
Lagoa dos Patos, com a qual se comunica indiretamente através de uma
sucessão de alagados. Assim as diferenças encontradas em relação ao
material do Guaiba, poderiam ser um reflexo do isolamento e, principal-
mente da pressão do meio ambiente.
Tabela 1 — Dimensões das gemoscleras de Radiospongilla cra-
teriformis segundo dados obtidos para o material da Lagoa Negra e os
referidos por outros autores. Os de PENNEY & RACEK dizem respeito
à revisão da espécie. ( Dimensões espiculares em micrômetros).
mma O SM CLS CU Mao Mine om. anaisana as.
Comprimento Largura do eixo
CARVALHO, 1942 55-80
BONETTO & EZCURRA
DE DRAGO, 1964 45-60 4-7
PENNEY & RACEK
, 1968 60-75 3-5
Lagoa Negra 54-95,5 5,5-9,5
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Fauna espongológica e malacológica... 21
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Fig. 1-37: Componentes espiculares das esponjas identificadas para a Lagoa Negra.
1-2 megascleras de E. facunda; 3-4, megascleras de H. stepanowii; 5, megascleras de U.
corallioides; 6-8, megascleras de C. böhmii; 9, microsclera de C. böhmii; 10-12, micros-
cleras de H. stepanowii; 13-15, gemoscleras de C. böhmiüi; 16-22, gemoscleras normais e
malformadas de E. facunda; 23-29, gemoscleras de R. crateriformis (não se conseguiu
identificar nos sedimentos, as megascleras desta espécie); 30-35, gemoscleras de H.
stepanowii; 36-37, gemoscleras de U. corallioides.
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22 RIBEIRO, C.V. et alii
Fig. 38: Depósito de conchas e restos de vegetação na margem norte do braço maior
da Lagoa Negra, deixados pelas ondas, após períodos de vento intenso.
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Fauna espongológica e malacolögica... 23
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Este trabalho foi examinado por:
Tania Heloisa Araujo Arigony
Karin Martha Grosser
Marta Elena Fabian
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981
Constatação e observação de uma população residual de Blas-
tocerus dichotomus (ILLIGER, 1811) (Mammalia, Cervidae)*
Walter Adolfo Voss**
Francisco R. dos Santos Breyer***
Gilberto Conrado Mattes****
Hélio Gerso Konrad*****
RESUMO
Durante o periodo de junho/79 a outubro/80 pode ser observado o comportamento
de alguns animais dum pequeno grupo de cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus
(ILLIGER, 1811), que foi constatado numa região pantanosa nos arredores da Grande
Porto Alegre, RS, Brasil.
Os animais não se ressentem muito da proximidade do homem ou de animais do-
mésticos; podem mesmo viver e procriar em áreas de plantio. Apresentam marcante
atividade diurna, despendida em pastagem e deslocamento vagoroso no habitat. Quando
perseguidos ou quando de intempéries, procuram abrigar-se na vegetação mais alta dos
banhados; em dias muito quentes procuram cursos d'água ou capinzais úmidos. Também
visitam terras altas, secas, às vezes a grandes distâncias de seu ambiente habitual.
ZUSAMMENFASSUNG
Das Verhalten von Einzeltieren einer kleinen Gruppe Sumpfhirsche, Blastocerus
dichotomus (ILLIGER, 1811), die in einem Sumpfgebiet der Umgegend von Gross-Porto
Alegre, RS, Brasilien, festgestellt wurde, konnte während des Zeitraumes von Juni/79 bis
Oktober/80 beobachtet werden.
Die Tiere nehmen die Nähe des Menschen oder von Haustieren nicht sehr übel; sie
können sogar in Pflanzungen leben und sich fortpflanzen. Sie weisen eine markante ta-
gesaktivitat auf, die in grasen und langsamer Fortbewegung im Wohnraum bestht. Wenn
verfolgt oder bei Unilden, suchen sie in dem hoheren Pflanzenwuchs der Súmplfe unter-
* Aceito para publicação em 10/XII/1980. Contribuição FZB bº 196. Trabalho Parcialmente
subvencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/081/00/71).
** Técnico Superior do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (PZ-
FZB), Caixa Postal 36, 93200 Sapucaia do Sul, RS, Brasil.
*+* Técnico Superior do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (PZ-
FZB);
**+** Engenheiro Agrônomo.
**##% Auxiliar de Projeto contratado pelo Convênio FINEP/FZB.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
26 VOSS, W.A. et alii
schlupf; an sehr heissen Tagen suchen sie Wasserläufe oder feuchte Grasflächen auf. Auch
höhergelegene, trockene Gelände, die oftmals weitab von der gewohnten Umgebung
liegen, werden besucht.
ABSTRACT
The behavior of some specimens of a small group of marsh deer, Blastocerus di-
chotomus (ILLIGER, 1811), detected in a marshy region at the outskirts of Great Porto
Alegre, RS, Brazil, could be observed during the period from June, 79 to October, 80.
The animals do not resent much the proximity ofman or domestic animals; they can even
live or breed in plantations. They present a striking diurnal activity spent in grazing and slow
dislocation in the higher vegetation of the swamps; on warm days watercourses or wet grass-
patches are attended. Even dry hills, sometimes far away from the habitual ambient, are
visited.
INTRODUÇÃO
O maior cervideo sul-americano, o cervo-do-pantanal, Blastocerus
dichotomus (ILLIGER, 1811), era outrora abundante no Rio Grande do
Sul onde habitava os grandes banhados da Campanha, do Litoral e da
Depressão Central. HENSEL (1879) dá notícias de sua existência nos
banhados ao longo do rio Gravatai, a uma milha apenas ao norte de
Porto Alegre; IHERING (1892) o cita para o sul do Estado. Hoje em
dia, porém, ele está praticamente erradicado de toda essa área.
Nos países vizinhos, no Uruguai, os últimos exemplares dessa es-
pécie parecem viver no Departamento de Rocha (XIMENEZ et alii,
1972) e, na Argentina, um pequeno número de indivíduos sobrevive no
delta do rio Paraná (SCHMIDT, 1944). Do Paraguai e da Bolívia, outros
paises incluídos em sua distribuição (CABRERA, 1961) não há dados
suficientes quanto a sua ocorrência atual. No Brasil (Mato Grosso,
Goiás, Minas Gerais e Bahia até o Rio Grande do Sul, distribuição con-
forme VIEIRA, 1955), apenas do Estado de Mato Grosso (SCHALLER
& VASCONSELLOS, 1978) tem-se dados mais acurados, indicando in-
clusive o rápido e gradual desaparecimento dessa espécie de seu habitat
natural.
Após buscas demoradas de informações sobre a possível ocorrência
atual do cervo-do-pantanal no Estado do Rio Grande do Sul, levadas a
cabo por Renato Petry Leal e Gilberto Conrado Mattes, ex-zoólogo e ex-
diretor, respectivamente, do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica
do Rio Grande do Sul, houve indícios de que talvez pudessem ser encon-
trados, ainda, raros individuos apenas no Banhado dos Pachecos, no
Municipio de Viamão. ,
Uma pesquisa de campo preliminar, efetuada em três excursões
sucessivas aquele banhado, em 1978 (jan. e maio), provou, através de
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Constatação e observação de... 27
m ——————e nn —
rastos e visualização fugaz de um exemplar, a real existência desse cervo
nesse seu último reduto no Estado.
A configuração geral da região assemelha-se a uma enseada terres-
tre, em forma de um grande U, cujo interior é formado por uma extensa
Planície úmida, com 8-10 km de largura e 15 km ou mais de comprimen-
to e parcialmente circundada por coxilhas de terreno arenoso. A abertura
do U aponta em direção nordeste. Quase toda a área encontra-se dre-
nada, há longa data, apresentando solo de aspecto turfoso que forma
ricos campos de pastagens para gado ou lavouras de milho e arroz, além dos
banhados naturais ainda existentes.
Dentro dos objetivos do trabalho, procurou-se confirmar a ocorrên-
cia dessa espécie na região da Grande Porto Alegre, determinar a po-
pulação existente, descrever o seu habitat e observar os seus hábitos.
MATERIAL E MÉTODOS
Em 1979, agora com recursos do Convênio FINEP/FZB, foi possível dar-se início à
execução de um projeto de levantamento da fauna existente naquela região. Ao total,
foram dispendidos 63 dias (de junho/79 a outubro/80) em pesquisa de campo como
atividade principal do trabalho.
No Banhado dos Pachecos, a parte visitada foi a região mais sulina do mesmo
(localização geográfica: 50°52’W; 30º05'S), situada a leste de Viamão e distando dessa
cidade cerca de 15 Km pela rodovia RS-040.
Grande parte do banhado era percorrida periodicamente com auxilio de veículo
automotor e determinados pontos eram investigados a pé durante caminhadas prolon-
gadas.
Os trabalhos de investigação eram desenvolvidos normalmente durante o dia, a par-
tir das primeiras horas da manhã e indo, ocasionalmente, até depois do anoitecer.
A presença do cervo-do-pantanal foi positivamente confirmada através de vários
registros visuais da equipe, de interpretação de rastos, fezes e camas e por informações
esporádicas de pessoas residentes na região.
Para os registros visuais contou-se com o auxílio de binóculos 8 x (vezes) 40, teles-
cópio 30 x (vezes) 65 e máquinas fotográficas com lentes telescópicas.
RESULTADOS
Nas poucas áreas pantanosas todavia não utilizadas com finalidade
econômica, a cobertura vegetal é composta principalmente de ciperáceas,
Rhynchospora schraderiana STEUD. e Scirpus giganteus KUNTH., de
gramineas, capim-das-roças, Paspalum sp., e Sorgastrum setosum
(GRIS.) HITSCH., de pteridófitas, Blechnum serrulatum RICH. e
Pteridium aquilinum (L.), da bromeliácea, gravata, Bromelia antiacan-
tha BERTOL., da loganiácea, Buddleia malmei KRENZEL, e da com-
posta, Baccharis sp.
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28 VOSS, W.A. et alii
Nas margens da planície e nas encostas das elevações, secas e de
solo arenoso, além de diversas gramineas, entre as quais o capim-
pangola, Digitaria decumbens STENT., encontram-se as cactáceas
Cereus peruvianus (L.) MILL. e Opuntia megapotamica ARECH.,
marica, Mimosa bimucronata (DC.) O. KUNTHE, açoita-cavalo, Luchea
divaricata MART., assobiadeira, Schinus dependens ORT., cha-de-
bugre, Casearia sylvestris SW., pitangueira, Stenocalyx dasyblastus
BERG., capororoca, Rapanea venosa (A.DC.) MEZ., canela Ocotea tris-
tis MART., e branquilho, Sebastiania klotschiania (M.A.) M.A.
Os mamíferos silvestres da região, que foram constatados visual-
mente ou através de informações de terceiros ou por pegadas, fezes e
tocas, são o gamba, Didelphis azarae TEMMINCK, 1825, tatu-mulita,
Dasypus-hybridus (DESMAREST, 1804), tatu-de-rabo-mole, Cabassous
taouay (DESMAREST, 1819, guaraxaim-do-campo, Dusicyon gym-
nocercus (FISCHER, 1814), guaraxaim-do-mato, Cerdocyon thous LIN-
NAEUS, 1766), mão-pelada, Procyon cancrivorus (CUVIER, 1798),
furão. Galictis vittatus (SCHREBER, 1777), zorrilho. Conepatus chinga
Molina, 1782, gato-do-mato, Felis sp., lebre, Lepus europaeus(PAL-
LAS, 1778), rato-de-casa, Rattus rattus (LINNAEUS, 1758), camun-
dongo-de-casa, Mus musculus LINNAEUS, 1758, tuco-tuco, Ctenomys
sp., ratão-do-banhado, Myocastor coypus (MOLINA, 1782), preá, Cavia
sp., e capivara, Hydrochaeris hydrochaeris (LINNAEUS, 1766).
A classe das aves esta representada por mais de 185 espécies
diferentes, destacando-se por seu tamanho ou número com que ocorrem e
pela vistosidade ou raridade as seguintes: ema, Rhea americana (LIN-
NAEUS, 1758), maria-faceira, Syrigma sibilatrix (TEMMINCK, 1824),
curicaca, Theristicus caudatus (BODDAERT, 1783), marreca-piadeira,
Dendrocygna viduata (LINNAEUS, 1766), gaviäo-pombo-branco,
Leucopternis polionota (KAUP, 1847), chimango, Milvago chimango
(VIEILLOT, 1816), quero-quero, Vanellus chilensis MOLINA, 1782,
pombão, Columba picazuro TEMMINCK, 1813, mocho-dos-banhados,
Asio flammeus (PONTOPPIDAN, 1763), junqueiro-de-bico-torto, Lim-
nornis curvirostris GOULD, 1839, viuvinha-de-óculos, Hymenops pers-
picillata (GMELIN, 1789), andorinha-de-sobre-acanelado, Petrochelidon
pyrrhonota (VIEILLOT, 1817), veste-amarela, Xanthopsar flavus
(GMELIN, 1788), cardeal-do-banhado, Amblyrhanphus holosericeus
(SCOPOLI, 1786). sanhaçu-frade, Stephanophorus diadematus (TEM-
MINCK, 1823), coleira-do-brejo, Sporophila collaris (BODDAERT:
1783), e tipiu, Sicalis luteola (SPARRMAN, 1789).
De répteis, foram encontrados: cágado-de-barbicha,Phrynops geof-
froanus (SCHWEIGGER, 1812), lagarto, Tupinambis rufescens (GUN-
THER, 1871), cobra-d'água, Helicops carinicaudus (WIED, 1825),
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
Constatação e observação de... 29
cobra-verde, Leimadophis viridis (GUNTHER, 1862), jararaquinha-de
campo, Liophis jaegerii (GUNTHER, 1858), parelheira, Phylodrias
schotti (SCHLEGEL, 1837), cobra-coral, Micrurus corallinus (WIED,
1820), cruzeira, Bothrops alternata (DUM., BIBR. & DUM., 1854) e
jacaré-de-papo-amarelo, Caiman latirostris (DAUDIN, 1802).
Os peixes que habitam as águas limpidas e correntes dos canais de
drenagem são principalmente a traíra, Hoplias malabaricus (BLOCH,
1794), jundiá, Rhamdia sp., muçum, Symbranchus marmoratus Bloch,
1795, e acara, Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824).
Os animais domésticos encontrados nos campos, em menor ou
maior número, são o cão, Canis familiaris (LINAEUS, 1758), gato, Felis
catus LINNAEUS, 1758, cavalo, Equus caballus (LINNAEUS, 1758),
boi, Bos taurus LINNAEUS, 1758, e ovelha, Ovis aries LINNAEUS,
1758. As aves domésticas: pato, Cairina moschata (LINNAEUS, 1758).
peru, Meleagris gallopavo LINNAEUS, 1758, galinha-d'ângola,
Numida meleagris LINNAEUS, 1766, e galinha, Gallus gallus (LIN-
NAEUS, 1758), são vistas normalmente nas proximidades das habi-
tações humanas. A citação desses animais tem por finalidade completar
a listagem da fauna encontrado, visto que esses animais podem ser
eventuais transmissores de zoonoses, como no caso, o gado bovino
(COIMBRA-FILHO, 1972) ou predadores do cervo-do-pantanal, no caso
de canideos.
O cervo-do-pantanal, com cerca de 1,20m de altura nas cruzes,
apresenta colorido geral dum marrom-avermelhado, sendo as patas e o
focinho de cor anegrada. No campo, a cor clara da parte interna das
orelhas se torna conspicua. Nos meses de inverno, a sua pelagem
apresenta um tom mais apagado. As fêmeas, que não portam galhada,
têm um porte algo menor do que os machos.
O primeiro local intensivamente visitado, à procura do cervo-do
pantanal, foi uma área totalmente cercada de aproximadamente 680 ha
que se reparte em uma área (400 ha) destinada ao plantio de milho, Zea
mays L., subdividida em quadras devido aos canais de dre-
nagem cruzados, e uma área não subdividida (280 ha), também seca pela
ação da drenagem, porém, revestida com vegetação natural. Toda essa área
situa-se praticamente no centro da planície.
Na terra trabalhada das lavouras, constatou-se inicialmente pe-
gadas e fezes de, pelo menos, dois individuos adultos de cervos. Depois,
avistou-se, em ocasiões diferentes, três indivíduos, ou seja, um macho
com galhadas e duas fêmeas, e encontrou-se camas por entre a vegetação
alta da área não subdividida. Posteriormente, houve um encontro com
um macho adulto (talvez não o mesmo de antes) enquanto descansava
num dos canais de drenagem das lavouras de milho (29 dez. 79).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
30 VOSS, W.A. et alii
No sopé e na encosta duma colina alta, situada no lado leste do ba-
nhado e coberta com capim-pangola, Digitaria decumbens STENT, foram
encontradas algumas vezes pegadas de individuos isolados. Uma vez,
porém, puderam ser seguidos rastos de dois individuos juntos, diferentes em
tamanho, por mais de 500m ao longo de um caminho arenoso (15 maio 80).
Um outro local que repetidamente possibilitou constatações a res-
peito da presença do cervo foi a região ao longo de um certo canal na
parte sul do banhado. Em sua margem direita situa-se uma grande ex-
tensão de banhado intacto e, na margem esquerda, estendem-se terras
destinadas ao plantio de arroz, Oryza sativa L. Ali, também foram en-
contrados rastos e camas, principalmente numa mancha formada por ar-
bustos de Buddleia malmei Krenzel e Baccharis sp. Também foram vistos
indivíduos isolados, tanto macho como fêmea, e um par pastando juntos (22
e23 jul. 80).
Numa das elevações descampadas e secas, no lado sul, foram en-
contrados rastos de um individuo junto a uma cerca e longe do ambien-
te úmido (14 ago. 80). Parecia tratar-se de um animal migrante em bus-
ca de outros banhados, que se encontram distantes, seguindo-se naquela
direção.
Por várias vezes, foram vistas pegadas de tamanho menor, acom-
panhando pegadas grandes, sendo que algumas vezes nas cercanias das
lavouras de’arroz, Oryza sativa L. (27 mar. 79, 13 de maio 80 e 22 jul.
80) e, outra vez, nas lavouras de milho, Zea mays L. (19 jun. 80),
tratando-se talvez de dois indivíduos jovens em companhia das mães e
confirmando, assim, informações de pessoas da fazenda.
Em quase todas as ocasiões, em que foram vistos individuos de
cervo, esses demonstravam ser de indole confiante, não prestando muita
atenção à presença próxima (100-200m) de pessoas. Eram vistos geral-
mente pastando enquanto se deslocavam ou afastavam lentamente.
Somente quando de proximidade aquem dessa distância, começavam a
prestar atenção e observar mais atentamente o intruso de seus terri-
torios. Quando esse lhes chegava perto demais (50-30m), afastavam-se
primeiro cautelosamente e depois numa corrida pulada, característica,
refugiando-se quase sempre na vegetação mais alta.
A primeira vez que foi visto de perto um exemplar de cervo foi
quando uma fêmea passou correndo a uns 40m de um dos observadores. Ela
tinha se deslocado ao longo da cerca, em direção a uma porteira aberta na
area do milho, mas refugiou-se no interior das quadras de milho depois deter
sido interceptada pela equipe junto àquela porteira (05 out. 79, 10:00, h, dia
chuvoso). r
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
Constatação e observação de... 31
Certa ocasiäo (03 nov. 79, 18:20h, c&u encoberto), quando um dos
componentes da equipe aproximou-se até uns 25m de uma fêmea que
descansava escondida numa moita, essa fugiu apressadamente. Após 30-
50m de corrida, porém, ela parou e voltou lentamente, sempre descon-
fiada e fixando o local onde se encontrava escondida a pessoa, aproxi-
mando-se até uns 25-20m. Inspecionou por longo espaço de tempo o
causador da perturbação, que por sua vez também a observou com o seu
binóculo, e, após, afastou-se lentamente, parando de vez em quando
para olhar a pessoa. Depois, afastou-se aos saltos, vencendo uma dis-
tância de algumas centenas de metros sem parar uma única vez.
Numa outra ocasião (28 dez. 79, 8:00h, dia chuvoso) um macho
saiu numa disparada de seu esconderijo, num capinzal alto, a menos de
20m da pessoa interceptadora, não parando enquanto não tivesse trans-
posto toda a área não subdividida, já mencionada.
Um macho que estava deitado na parte úmida de um valão pode
ser fotografado a partir de uma distância de uns 150m até chegar-se a
30m, quando levantou-se num salto repentino, transpôs a margem do
valão e refugiou-se num milharal (29 dez. 79, 18:00h, dia ensolarado).
Um casal de cervos que pastava num banhado deixou-se aproximar
até uns 100m quando, então, os dois começaram a tornar-se irrequietos e
se afastaram lentamente. Mais adiante iniciaram uma corrida pulada,
continuando nessa fuga até refugiarem-se numa mancha de Buddleia
malmei Krenzel e Baccharis sp. (23 jul. 80, 12:00h, dia ensolarado).
Ao total, houve 37 ocasiões em que se deram encontros com in-
dividuos de cervos, pela equipe ou por terceiros (gráfico I), e, desses,
em 30 ocasiões puderam ser registrados os horários do acontecimento
(gráfico II). Em termos gerais, pode-se dizer que as atividades normais
do cervo-do-pantanal, tais como pastagens e deslocamento, independiam
das condições do tempo, isto é, que indivíduos podiam ser vistos tanto
em dias ensolarados como em dias de chuva e praticamente a qualquer
hora do dia.
CONCLUSÃO
O cervo-do-pantanal, o único mamífero de grande porte da fauna
brasileira, encontra-se em vias de extinção em toda a sua área de dis-
tribuição (COIMBRA-FILHO, 1972 e IBDF, 1973). Uma pequena
população, composta de 4 a 8 indivíduos e, ao o que tudo indica, os ül-
timos representantes vivos dessa espécie no Estado do Rio Grande do
Sul, foi constatada numa região pantanosa da Grande Porto Alegre
(município de Viamão), habitando ainda um recanto tranquilo e pro-
tegido, apesar de parcialmente modificado pela ação do homem.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
32 VOSS, W.A. et alii
Nesse ambiente, o cervo-do-pantanal desenvolve atividades mar-
cadamente diurnas, com acentuado aumento nas horas de antes do meio-
dia e do entardecer, ocupadas principalmente em pastagem e desloca-
mento vagaroso pelo ambiente. Pode ser visto tanto em dias ensolarados
como em dias chuvosos, mas parece refugiar-se na vegetação mais fe-
chada e alta (capinzais ou vassorais) dos banhados quando de tempo ad-
verso.
De indole um tanto confiante, ou mesmo curiosa, não se ressente
muito da aproximação humana. No entanto, sentindo-se tolhido em sua
intimidade, afasta-se cautelosamente e, depois, empreende uma corrida
pulada, característica, geralmente para refugiar-se na vegetação alta e
fechada.
Também as horas mais quentes do dia parece passar nesses re-
fugios sombreados quando não, principalmente na época de verão,
procura os cursos d'água para tomar banhos demorados ou visita os
capinzais ralos, úmidos, para ali descansar.
Apesar de viver predominantemente em terrenos baixos, de ba-
nhado, a sua presença também pode ser constatada em terras altas,
secas, e, muitas vezes, a distâncias consideráveis de seu ambiente ha-
bitual.
Esse cervideo chega a adaptar-se muito bem à proximidade do
homem e vive e procria mesmo em áreas transformadas em lavouras,
quando não é perseguido.
AGRADECIMENTOS
Aos professores Dr. Aloysio Sehnem, Clemente J. Steffen e Ronaldo A. Wasum, da
UNISINOS, e Bruno E. Irgang, da UFRGS, pela determinação de espécimes botânicos.
A Claudio J. Becker, FZB-MCN, pela determinação de espécimes zoológicos. A Helio F.
Saraiva, Engenheiro Agrônomo e diretor do Parque Zoológico da FZB, pelo apoio logis-
tico dispensado às excursões e pela revisão crítica do manuscrito deste trabalho. À Dra.
Cecilia V. Ribeiro, FZB-MCN, pelo incentivo e pela orientação dispensados. Ao Convênio
FINEP/FZB pelos recursos que possibilitaram a execução deste trabalho.
BIBLIOGRAFIA
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
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Sul, Porto Alegre, 20:96-123.
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Hist. Nat. Montevideo, 2. serie, Montevideo, 7(5):1-49.
Este trabalho foi examinado por:
Cecilia Volkmer Ribeiro
Marta Elena Fabian
Thales de Lema
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
34 VOSS, W.A. et alii
DE OBSERVAÇÕES)
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(MESES)
Gráfico I — Distribuição de frequência das constatações visuais do cer-
vo-do-pantanal nos diversos meses, de um total de 37 observações
realizadas no periodo de junho/79 a outubro/80.
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(HORAS DO DIA)
Gráfico II — Diagrama do horário das atividades do cervo- do. pantanal,
de um total de 30 observações.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
Constatação e observação de... | 35
N...
Fig. 1 e 2. Banhado dos Pachecos, municipio de Viamäo: 1. vista parcial em direcäo
nordeste; 2. vista parcial, na parte sul, destacando uma mancha formada por arbustos de
Buddleia malmei KRENZLER e de Bacharis sp.
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36 VOSS, W.A. et alii
Fig.4
Fig. 3 e 4. Cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus (ILLIGER, 1811): 3. Macho
em fuga; 4. fêmea em seu habitat. es
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981
Contribuição ao conhecimento da alimentação de Alouatta guariba
clamitans CABRERA, 1940 em habitat natural no Rio Grande do
Sul (Cebidae, Alouattinae).*
Olisses P. Chitolina**
Martin Sander***
RESUMO
Este trabalho registra observações realizadas em habitat natural sobre a alimen-
tação do bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans CABRERA, 1940). O estudo desenvol-
veu-se no periodo de 19 de dezembro de 1979 à 30 de agosto de 1980 na mata pluvial
atlântica no município de Sapiranga, Rio Grande do Sul. Os resultados foram obtidos
através de observação direta em campo e do exame das fezes.
ABSTRACT
The present paper reports of feeding behaviour by Brown howler monkey (Alouatta
guariba clamitans CABRERA, 1940) in the wild. The study was carried out from Decem-
ber 19, 1979 to August 30, 1980 in a pluvial atlamtic forest at Sapiranga, Rio Grande do
Sul. The results were obtained with field observation and dregs examination.
INTRODUÇÃO
O bugio-ruivo Alouatta guariba clamitans CABRERA 1940, é uma
subespécie de primata neotropical ameaçada de extinção no Brasil,
COIMBRA-FILHO (1972). A espécie ocorre ao longo da Serra do Mar, no
Brasil meridional até a Bahia segundo IHERING (1892 e 1914).
A subespécie segundo CABRERA (1957), habita o Brasil oriental
desde o estado do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, e em Mi-
siones extremo nordeste na Argentina. A mesma subespécie é citada por
CUNHA-VIEIRA (1955) no litoral do Rio de Janeiro, de São Paulo, do
Paraná, de Santa Catarina e a região norte do Rio Grande do Sul.
* Aceito para publicação em 29/XII/1980. Contribuição FZB nº 197. Trabalho parcialmente sub-
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71).
** Técnico Superior Pesquisador do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do
Sul (PZ-FZB), Caixa Postal 36, 93.200 Sapucaia do Sul, RS, Brasil.
*** Pesquisador em Zoologia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, Caixa Postal
275, 93.000, São Leopoldo, RS.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
CHITOLINA, O.P. & SANDER, M.
[ob]
oo
Em BENTON (1976) poderão ser obtidos descrição do recinto,
alimentação e cuidados veterinários utilizados para Alouatta caraya em
cativeiro. Para a mesma espécie em cativeiro, boas observações e des-
crição sobre a reprodução, fecundidade, maturação dos filhotes, compor-
tamento e estrutura social podem ser obtidos nos trabalhos de
SHOEMAKER (1978, 1979, 1981).
As observações sobre bugio-ruivo, realizadas em habitat natural,
tiveram como objetivo a descrição do habitat, do local do estudo e ob-
servações sobre a alimentação natural.
O trabalho de campo foi realizado em Picada Verão no Município
de Sapiranga (29º33' S; 51º03'0), cerca de 80 km ao norte de Porto
Alegre, RS. A altitude em relação ao nível do mar oscila de 200 a 650
metros. Apresenta uma temperatura média no verão de 28ºC e no inver-
no de 10ºC. A atividade agricola em propriedades do tipo minifúndio é
intensa e destaca-se o cultivo da batata e do feijão. A vegetação natural
existente é típica da encosta da serra, RAMBO (1956), que é também
chamada de pluvial atlântica conforme SEHNEM (1980) e se caracteriza
pelos seguintes elementos típicos: Annona cacans WARM. (araticum -
coração-de-boi), Coussapoa schotii MIQ. (figueira-mata-pau) Rheedia
gardneriana PL. & FR. (bacopari), Schizolobium parahybum (VELL.)
BL. (guapuruvu), Talauna ovata ST. HIL. (baguaçu), e também des-
taca-se pela riqueza em epífitas, filicineas, bromeliáceas e orquidáceas.
Das três espécies de primatas citadas para o Rio Grande do Sul,
vas são de bugios, VOSS (1973). Informações 'sobre a biologia desta es-
pécie estão praticamente ausentes da bibliografia.
MATERIAL E METODOS
As observações sobre os indivíduos em campo, foram realizadas a olho nú e com
auxilio de binóculos 7X50.
Informações sobre a alimentação dos bugios foram obtidas através de observações
diretas e de exame das fezes do animal com o auxílio de microscópio esteroscópico marca
Carl Zeiss. O material vegetal semelhante ao que estava sendo ingerido era coletado para
posterior identificação.
Os dados de campo obtidos, correspondem ao periodo de 19 de dezembro de 1979
até 31 de agosto de 1980. Durante este período, foram efetuados 39 dias de trabalho de
campo, dos quais 32 com observações do bugio-ruivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A alimentação é um dos fatores indispensáveis vara a manutenção
e procriação de primatas em cativeiro, conforme NAPIER & NAPIER
(1967), BECKER (1976) e LINDBERGH (1976).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
Contribuição ao conhecimento... 39
Através das observações de campo constatou-se que A. guariba
clamitans, geralmente alimenta-se nas primeiras 2-3 horas após acordar e
2-3 horas antes de fixar-se no local de dormir. O maior periodo de obten-
ção do alimento está compreendido entre as 8e 10 horase entre 15e
17 horas. THORINGTON Jr. (1970).
Destaca que a alimentação é uma das principais atividades da
maior parte dos primatas e que a maior parte do tempo de atividades é
gasto na obtenção do alimento.
Frequentemente foi observado um intervalo de descanso entre os
dois periodos de obtenção do alimento. Este intervalo é maior, e atinge
cerca de 2 a 3 horas, entre a obtenção do alimento na parta da manhã e
da parte da tarde. Em cativeiro as porções de alimento são oferecidas em
dois intervalos distintos segundo BENTON (1976) para Alouatta caraya
(HUMBOLDT, 1812).
A coleta do alimento é realizada com o auxílio das mãos ou é
diretamente obtida com a boca. A posição mais frequente para a obten-
ção e alimentação é a de cócoras. Também a posição vertical, preso com
a cauda e auxiliado ou não com os pés, em um galho superior pode ser
observada.
Os individuos adultos de um mesmo grupo alimenta-se separa-
damente, a distância mais próxima durante a alimentação foi de cerca
1,50 metros, entre individuos adultos. Um filhote com cerca de três
meses de idade foi observado alimentando-se ao lado de uma fêmea, que
durante o deslocamento, o carrega sobre o dorso, na base da cauda.
Não foi observada troca de alimento entre individuos do mesmo
grupo, assim como não foi constatado qualquer comportamento de
agressão durante a alimentação.
O alimento citado no quadro I, foi observado sendo utilizado por
Alouatta guariba clamitans em habitat natural. A alimentação natural
desta espécie é constituida preferencialmente por folhas e frutos.
Folhas de Ficus anthelmintica MART. (coajuguva) são geralmente
arrancadas dos galhos diretamente com a boca. ALTMANN (1959) ob-
servou este comportamento sendo realizado por Alouatta palliata na ob-
tenção de frutos de Ficus sp., e supõem ser devido ao liquido pegajoso
proveniente do fruto. Geralmente o material foliar é dobrado com o
auxílio da língua. Ramos com mais de 05 mm não são ingeridos e fre-
quentemente são encontrados no chão. Os legumes de Inga marginata
WILD. (ingá-feijão) são abertos com os dentes ou com as mãos. Cada
legume possui em média cerca de 8 sementes envoltas por uma polpa de
sabor adocicado. Fezes examinadas no periodo de utilização de legumes
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
40
de Inga marginata encontram-se repletas de sementes, portanto somente
a polpa é utilizada como alimento.
Frutos de Ficus sp pequenos são ingeridos inteiros, enquanto
frutos de Ficus anthelmintica que são de maior tamanho são encontrados
no chão, frequentemente abertos lateralmente e com marcas dos inci-
sivos.
CHITOLINA, O.P. & SANDER, M.
Quadro I. Alimento de origem vegetal utilizado por Alouatta guariba
clamitans CABRERA em Picada Verão, Sapiranga, RS. (* observado
através do exame das fezes).
NOME DO VEGETAL PARTE UTILIZADA
ÉPOCA
Dezembro 1979
Janeiro 1980
Fevereiro 1980
Março 1980
Abril 1980
Maio 1980
Junho 1980
Julho 1980
Agosto 1980
Ajonea saligma*
Ficus sp*
Não identificado A
Ajonea saligma
Arabidaea- sp
Ficus anthelmintica
Ajonea saligma
Inga marginata*
Arabidaea sp
Não identificado A
Não identificado B
Compositae
Inga marginata
Cecropia adenopus
Ficus anthelmintica
Não identificado C
Cecropia adenopus
Piptadenia rigida
Ficus anthelmintica
Arabidaea sp
Eugenia pungens
Celtis talla
Ficus anthelmintica
Ficus sp
Arabidaea sp
Celtis talla
Arabidaea sp
Lauraceae
Arabidaea sp
Inga marginata
Arabidaea sp
Solanaceae
Arecastrum romanzoffianum*
frutos
frutos
folhas
frutos
folhas
folhas novas
frutos
frutos
sementes dos legumes
folhas
folhas
folhas
folhas
semente dos legumes
frutos
frutos e folhas
folhas
frutos
frutos
folhas novas
folhas
frutos
frutos e folhas
folhas
folhas
folhas
frutos
folhas
folhas
folhas
folhas
folhas
frutos
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
Contribuição ao conhecimento... 41
FIG.1
FIG. 2
Fig. 1-2: 1. Vista panorämica do local de estudo. Picada Veräo, Sapiranga, RS. Fot.
M. Sander; 2. Fruto de Cecropia adenopus (embuaba), maio 1980.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
42 CHITOLINA, O.P. & SANDER, M.
No Panamá, o principal alimento de Alouatta caraya, segundo ALT-
MANN 71959), nas duas primeiras semanas de novembro é constituido
por cerca de 95% de frutos de Ficus sp e de 50% do mesmo fruto nas
duas semanas seguintes.
Frutos de Cecropia adenopus (embaúba) quando maduros possuem
cor amarela, perfume e sabor adocicado e são preferidos por individuos
jovens.
Não foi constatado através de observação direta o consumo de
alimento de origem animal. Somente através do exame das fezes cole-
tadas em dezembro foram observados restos de placas quitinosas,
provavelmente pertencentes a Coleoptera.
Proteína animal pode ser obtida através dos parasitos que se en-
contram em frutos de Ficus sp, segundo ALTMANN (1959). MITTER-
MEIER (1973) acrescenta que nestes frutos frequentemente são obser-
vados vespas. WALKER (1968) escreve que a proteina animal pode ser
obtida pelos bugios através do consumo de aves, ovos, pequenos ma-
miferos e insetos.
Também foi constatado através de fezes de A. guariba clamitans
que os frutos de Arecastrum romanzoffianum (CHAM.) BECC. (gerivá)
e Ajonea saligma MEISSN. (canela) nem sempre sofrem o processo de
digestão, pois são encontrados inteiros, ainda envoltos pela parte car-
nosa do fruto. Semelhante observação foi realizada per L. Flamarion
(Conforme comunicação pessoal 1980) relativo a frutos de Arecastrum
romanzoffianum.
Na zona da mata de Araucária pode ser observado A. guariba
clamitans alimentando-se de brotos foliares de Araucaria angustifolia
(BERTOL.) O. KZE. (pinheiro), segundo L. Flamarion (Conforme
Comunicação pessoal 1980).
CONCLUSÃO
A alimentação de Alouatta guariba clamitans, no local do presente
estudo é quase exclusivamente vegetal e consiste basicamente de folhas
e frutos. As folhas de Arabidaea sp são frequentemente utilizadas assim
como os frutos de Ficus sp e de Ficus anthelmintica. Os demais vegetais
são utilizados como alimento de acordo com a frutificação das diferentes
espécies.
O alimento de origem animal somente pode ser constatado através
do exame de fezes e constituia-se em restos de placas quitinosas de
coleoptera .
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
Contribuição ao conhecimento... 43
A obtenção do alimento é mais frequente e mais intensa nas 2-3
horas após acordarem e antes de fixarem-se no local de dormir.
Devido a semelhança no comportamento entre as espécies de
Alouatta dados sobre a biologia das demais espécies podem ser utili-
zados na manutenção em cativeiro de 4. guariba clamitans.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao biólogo Francisco R.S. Breyer pela introdução ao estudo dos
bugios-ruivo; ao prof. Clemente J. Steffen pela companhia nas excursões e auxílio nas
identificações botânicas; ao prof. Dr. Aloysio Sehnem pelo auxílio nas identificações
botânicas; a bióloga Marlise Becker e Dr. Alan H. Shoemaker pela remessa de biblio-
grafia; ao Prof. Virgilio Adami, chefe do setor audio-visual da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos pela cedência do equipamento fotográfico; ao colega Luiz Flamarion da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelas comunicações pertinentes; ao Eng. Agr.
Hélio F. Saraiva diretor do Parque Zoológico, ao Dr. Pedro E, Haeser diretor do Centro
de Ciências Biomédicas pela simpatia com que acompanham nosso trabalho.
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Este trabalho foi examinado por: |
Cecilia Volkmer Ribeiro
Marta Elena Fabian
Moema Leitäo de Araujo
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Muni-
cipio de Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil.*
Karin Martha Grosser**
Silvia Drügg Hahn**
RESUMO
Apresenta-se uma relacäo de especies de peixes capturados na Lagoa Negra e nos
canais de irrigação que lhe são adjacentes situados no Parque Estadual de Itapuã, mu-
nicípio de Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil.
São feitas algumas observações de caráter ecológico e assinala-se o registro de
ocorrência nova para o Rio Grande do Sul das seguintes espécies: Gobionellus shufeldti
(JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae), Curimatopsis saladensis MEINKEN,
1933 (Curimatidae) e Heptapterus eigenmanni STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae).
ABSTRACT
A list of fishes captured in a black fresh water lagoon as well as in irrigation chan-
nels near the same lagoon located at the coastal area of the Rio Grande do Sul State,
Brazil, is given altogether with some pertaining ecological observations.
A record of Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae),
Curimatopsis saladensis MEINKEN; 1933 (Curimatidae) and Heptapterus eigenmanni
STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae) for Rio Grande do Sul is made for the first time.
INTRODUÇÃO
Diversos autores realizaram trabalhos sobre peixes de água doce do
Rio Grande do Sul, porém quase nada foi feito com material procedente
de ambientes aquáticos situados na faixa costeira. HENSEL (1868 e
1870) foi um dos primeiros a estudar os peixes de água doce do Estado,
contudo, as espécies registradas tiveram seus representantes capturados,
em sua maioria, nas imediações de Porto Alegre, principalmente no rio
Guaiba e seus afluentes.
* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 201. Trabalho parcialmente sub-
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71).
** Pesquisadoras do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS. Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (Proc. nºs 30.4591 /77 - ZO-07 e 1111.6089/77.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
GROSSER, K.M. & HAHN,S.D.
STEINDACHNER (1874, 1875 e 1876) apresenta descrições de
diversas espécies de peixes da região sudeste do Brasil, inclusive do Rio
Grande do Sul, mas não cita nenhuma espécie para a região costeira do
Estado.
BOULENGER (1891), por sua vez, relata os resultados da análise
de material ictiológico pertencente à ordem Siluriformes. Esses peixes
foram coletados por H. von Ihering e S. Wolff nos rios Camaquã e
Icamaquä na região de São Lourenço (Lagoa dos Patos).
Ja o trabalho de COPE (1894) restringe-se a espé ‚es de peixes cap-
turados no rio Jacuí e regiões próximas.
IHERING (1897), embora tratando de peixes da costa marinha do
Rio Grande do Sul, referiu-se também a algumas espécies de água doce
ocorrentes nos rios Camaquã e Guaiba e ainda no Saco da Mangueira em
Rio Grande. Em 1898, o mesmo autor concluiu um estudo sobre peixes
de água doce do Estado, dando maior ênfase ao material capturado no
rio Camaquã, próximo à Lagoa dos Patos, na região do estuário do
Guaiba e afluentes e no rio Uruguai.
KLEEREKOPER (1955) desenvolveu algumas investigações sobre
a limnologia de ambientes aquáticos situados na faixa litorânea, desde
Torres até Tramandaí, porém, deu pouco destaque à fauna íctica. Os
dados apresentados baseiam-se, em grande parte, num trabalho de
LOURENÇO-GOMES (1947) no qual é mencionada uma pequena coleção
- de peixes capturados na costa gaúcha. As observações pessoais de
KLEEREKOPER limitam-se a fenômenos relacionados com a migração
e reprodução dos peixes encontrados na área, no periodo de 1941 a 1947.
Neste trabalho, são relatados os resultados de uma avaliação
preliminar da ictiofauna da Lagoa Negra situada no Parque Estadual de
Itapuã, municipio de Viamão, RS. Também foram explorados alguns
canais de irrigação que conduzem água da Lagoa até as lavouras de
arroz existentes na área estudada.
A Lagoa Negra ocupa uma área de cerca de 1700 hectares e está
separada da Lagoa dos Patos por terreno arenoso constituido de dunas
quase totalmente cobertas por vegetação herbácea e, em parte, arbustiva
e arbórea formando capões. Na margem oposta, o terreno é plano, sendo
utilizado para o cultivo de arroz e podendo ser observados os canais de
irrigação e pequenas áreas isoladas de plantio de Eucalyptus sp., além
de um pequeno capão de mata nativa nas proximidades do canal 4 (fig. 4).
Conforme pôde ser constatado no local, a Lagoa Negra não é um
ambiente totalmente fechado. Embora seu canal de ligação com a Lagoa
dos Patos tenha sido interrompido por uma barragem de terra (taipa)
feita ha alguns anos, durante a época das chuvas (inverno) forma-se uma
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 47.
pequena passagem, numa das extremidades da barragem, que permite a
comunicação entre ambas as lagoas através do canai existente. Atual-
mente, este canal, de traçado sinuoso, serve como escoadouro de uma
extensa área inundável, antes de desembocar na Lagoa dos Patos. Nas
margens de terra firme que o ladeiam, a vegetação é tipicamente her-
bácea e em alguns pontos vêem-se arbustos e árvores (principalmente
Eucalyptus sp.).
Estudos feitos recentemente acerca da limnologia da Lagoa estão
contidos no trabalho de VOLKMER-RIBEIRO (no prelo). Dentre as
principais características do ambiente em questão podem ser citadas a
baixa transparência, devido ao elevado teor de matéria orgânica par-
ticulada em suspensão na água e a acidez decorrente disso. Quanto à
vegetação aquática, predominam juncos (Scirpus californicus MEY
(STEUDEL) em formações mais ou menos esparsas, preferentemente
junto às margens, onde em alguns pontos encontra-se grande quantidade
de macrófitas aquáticas pertencentes às familias Pontederiaceae, Alis-
mataceae, Polygonaceae, Hallorhagaceae, Gramineae, Salviniaceae, entre
outras.
A diversidade dos ambientes existentes na área, tornou imprescin-
divel levar-se em conta as condições de cada local de captura na ava-
liação final da fauna íctica. Assim, considerou-se a vegetação, o subs-
trato e o tipo de ambiente, correlacionando esses fatores com as espécies
de peixes encontradas e seus hábitos.
MATERIAL E METODOS
As atividades de campo tiveram início em abril de 1979 e foram encerradas em
junho de 1980. Em cada estação do ano, exceto no verão, foram realizadas duas expe-
dições com duração de dois dias cada, visando-se a captura de peixes também durante a
noite. No verão, foi feita apenas uma destas excursões. Além disso, houve ainda coletas
diurnas nas margens da Lagoa e nos canais próximos, em todas as estações do ano.
À noite, foram utilizadas várias redes de espera do tipo simples e feiticeira (3 panos)
cuja malha variou de 5,5 cm a 8,0 cm entrenós. Usaram-se também quatro espinhéis com
30 anzóis cada, iscados indiferentemente com minhocas, gastrópodos e peixe cortado em
pedaços. Os equipamentos de pesca eram colocados nos diferentes pontos da Haga; ar
entardecer, ali permanecendo ate a manhä do dia seguinte.
Tanto nos canais de irrigação de maior porte como na própria Lagoa foi usada uma
tarrafa para a captura de peixes, entretanto sem grandes resultados.
Também tentou-se a realização de arrastos com uma rede que era puxada por dois
barcos a motor, pretendendo-se com isso a captura de peixes que preferem ficar junto ao
fundo da Lagoa, onde buscam seu alimento. Contudo, devido a pedras e resíduos vegetais
(galhos e troncos) depositados no fundo, por diversas vezes a rede foi danificada o que
levou a desistir-se desse intento.
IHERINGIÄ.'Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
48 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D.
Nas margens da Lagoa, em meio à vegetação submersa e emergente , bem como
nos canais de irrigação, utilizou-se uma rede de uso manual (puçá), constituida de uma
armação retangular de ferro, medindo 80cm x 50cm, à qual fixou-se uma rede de náilon
com uma malha de 0,2cm entrenós. Esta armação está presa a uma haste de modo a
facilitar seu manuseio.
Todo o material ictiológico capturado foi fixado e etiquetado em campo para pos-
terior catalogação e identificação no laboratório, encontrando-se depositado na coleção
científica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Na identificação dos peixes contou-se com a colaboração dos Profs. Olga B. Oliveros
e Norberto O. Oldani do Instituto Nacional de Limnologia de Santo Tomé (Santa Fe),
Argentina, do Prof. José Lima de Figueiredo do Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (que identificou o exemplar de Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGEN-
MANN, 1886) e da Dra. Vera B.M. Hochberg do Departamento de Genética do Instituto
de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (que analisou os espécimens
do gênero Rhamdia (BLEEKER, 1858).
Dada a grande extensão que a Lagoa Negra ocupa e para que se obtivesse uma
amostra representativa das espécies de peixes ocorrentes, foi necessário realizar as cap-
turas em diversos pontos da mesma. A seleção das áreas de amostragem foi feita levando-
se em conta as características de cada ambiente, tais como: localização, substrato e
presença ou não de vegetação. Para tal escolha, também foram consideradas informações
obtidas com os pescadores da região que opinaram sobre locais com eventual abundância
de pescado. Após terem sido concluídas as atividades de campo, constatou-se, em alguns
casos, a semelhança da fauna e características ambientais em pontos de amostragem
próximos, motivando, assim, o agrupamento dos dados colhidos na tabulação final.
Os pontos de captura de peixes na Lagoa e os canais de irrigação explorados encon-
tram-se assinalados no mapa da fig. 1.
RESULTADOS
Na tabela estão registradas todas as espécies encontradas nos
diversos pontos da Lagoa Negra, bem como no canal de escoamento da
zona palustre que limita a Lagoa e nos canais de irrigação.
As áreas 1 e 2 encontram-se situadas no braço menor da Lagoa
Negra, já nas proximidades de seu antigo canal de desagüe (fig. 1). O
substrato em ambos é arenoso de consistência bastante sólida e a ve-
getação é constituida essencialmente de ciperáceas (Scirpus californicus).
Nesses pontos apenas foram capturados alguns exemplares de Hoplias
malabaricus malabaricus (BLOCH, 1794) (Erythrinidae) e de Rhamdia
sapo (VALENCIENNES, 1840) (Pimelodidae).
Ainda no braço menor da Lagoa, entretanto próximo ao ângulo
formado com a porção mais alargada, localizam-se as áreas 3 e 4 (fig. 1).
O fundo é arenoso e a vegetação dominante é igualmente formada por
ciperáceas, mas numa distribuição bastante dispersa. Somente três es-
pécies de peixes foram registradas para esses pontos: H. malabaricus
malabaricus, Schizodon fasciatus AGASSIZ, 1829 (Anostomidae) e
Loricariichthys anus (VALENCIENNES, 1840) (Loricariidae).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 49
Próximo à margem sul da Lagoa Negra, no local conhecido pelos
pescadores como Capão dos Coqueiros, situa-se a área 5 (fig. 1). Partin-
do desse local em direção ao braço menor da Lagoa, o substrato na mar-
gem é arenoso e a vegetação de ciperáceas e outras macrófitas aquáticas
é mais esparsa. Os peixes capturados nesta faixa pertencem à família
-Characidae (Tetragonopterinae) e à espécie Pimelodus clarias maculatus
LACEPEDE, 1803 (Pimelodidae).
Tambem na margem, porém partindo do Capão dos Coqueiros em
direção à área 8 (fig. 1), o fundo progride de arenoso a lodoso e a ve-
getação torna-se mais densa com uma nitida zonação: um tapete de
macrófitas (principalmente Eichornia sp., Salvinia sp, entre outras),
seguido de ciperáceas (Scirpus ae) e, já próximo à praia, uma
faixa de gramíneas típicas de zona alagada (Leersia sp). Na porção de
terra firme encontra-se uma faixa de vegetação herbácea, seguida de um
pequeno capão de mata nativa formada por arbustos e árvores (fig. 2).
Em meio à vegetação marginal, foram coletados exemplares de Rham-
della sp. e Pimelodella laticeps australis EIGENMANN, 1917, da fa-
milia Pimelodidae, Microlepidogaster sp. (Loricariidae), Eigenmannia
virescens (VALENCIENNES, 1847) (Rhamphichthyidae) e vários Te-
tragonopterinae (Characidae).
Utilizando redes de espera, foram apreendidas, ainda na área 5, as
seguintes espécies: H. malabaricus malabaricus, S. fasciatus, P. clarias
maculatus e L. anus.
As áreas 6 e 7 estão localizadas no centro da Lagoa (fig. 1), não
apresentando qualquer tipo de vegetação. O substrato em ambos é de
natureza lodosa. Os peixes capturados pertencem às espécies P. clarias
maculatus e L. anus.
Nas imediações do Morro da Grota, foram selecionados dois locais
de amostragem (áreas 8 e 9) (fig. 1). Em geral, o fundo é lodoso, mas
em determinados pontos apresenta-se mais consistente. A vegetação
marginal é constituída de arbustos e árvores que atingem a orla da
Lagoa, onde se encontram agrupamentos de ciperáceas e grandes rochas
parcialmente emersas (fig. 3). Nesta área foram capturados exemplares
de três espécies: H. malabaricus malabaricus, P. clarias maculatus e Asty-
anax bimaculatus (LINNAEUS, 1758) (Characidae).
Como área 10, considerou-se uma área situada junto à margem
norte da Lagoa (fig. 1), onde, além da captura com redes de espera e es-
pinheis, procedeu-se à coleta de peixes com o puçá. A vegetação nesta
margem é praticamente inexistente em alguns trechos e constituída de
ciperáceas mais ou menos densas em outros. Foi registrada a ocorrência
de 14 espécies de peixes nesse local (tab.). A família Pimelodidae foi a
predominante, com um total de 5 espécies.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
50 GROSSER, K.M. & HAHN, S.D.
A porção d'água localizada no antigo canal de desagiie da Lagoa
Negra, junto à taipa, apresenta-se quase completamente tomada por
vegetação flutuante e emergente (principalmente Eichornia sp., Salvinia
sp., Leersia sp. e Scirpus californicus. Do outro lado da barreira, pre-
dominam as gramíneas aquáticas, havendo também zonas praticamente
destituidas de vegetação. Somente três espécies de peixes puderam ser
registradas para esse ponto, considerando-se ambos os lados da bar-
ragem: Hyphessobrycon reticulatus ELLIS, 1911 (Characidae), Mi-
croglanis cottoides (BOULENGER, 1891) (Pimelodidae) e Cynopoecilus
melanotaenia (REGAN, 1912) (Cyprinodontidae).
O canal de escoamento da zona palustre que limita com a Lagoa
Negra mede cerca de 11 metros de largura junto à Lagoa dos Patos. O
fundo é predominantemente lodoso e diversos agrupamentos esparsos de
ciperáceas e outras macrófitas aquáticas (aguapes e gramíneas) encon-
tram-se junto às margens. Um total de 23 espécies de peixes foram cap-
turadas no canal perto de seu encontro com a Lagoa dos Patos (tab.).
As famílias Characidae, Pimelodidae e Cichlidae foram as predominantes
no local. Dos peixes registrados, H. malabaricus malabaricus e R. sapo
foram os exemplares de maior porte. Salienta-se ainda o ocorrência de
Asiphonichthys stenopterus COPE, 1894 (Characidae, Characinae),
Characidium fasciatum AGASSIZ, 1829 (Characidiinae) e Gobionellus
shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae) como único
registro para a área estudada.
Os canais de irrigação localizam-se na margem norte da Lagoa
Negra e podem ser agrupados segundo suas características similares.
Assim sendo, os canais 1 e 3, de porte muito reduzido, foram en-
contrados praticamente secos a partir da coleta de inverno. Mesmo as-
sim foram constatadas 2 espécies de Pimelodidae no canal 1 (tab.) e 12
espécies no canal 3, com predomínio de representantes da família
Characidae, especialmente Tetragonopterinae. Registra-se ainda a
ocorrência de Hyphessobrycon lütkenii BOULENGER, 1887 (Chara-
cidae) e Glanidium albescens REINHARDT, 1874 (Auchenipteridae).
O canal 2 somente teve reduzido seu nível de água a partir da
primavera. Em seu leito de fundo arenoso-lodoso, constatou-se vege-
tação de Polygonum sp. (Polygonaceae), vulgarmente conhecida como
erva-de-bicho, e Enhydra sessilis DC. (Compositae). Oito espécies de
peixes foram registradas nesse canal, sendo 5 da família Characidae
(tab.).
De fundo lodoso-arenoso, o canal 4 tem a forma típica de um con-
duto escavado pelo homem (fig. 4). As espécies de vegetais aquáticos
dominantes são Polygonum sp., Myriophyllum sp. (Hallorhagaceae),
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 51
conhecido como pinheirinho-d'água, Azolla sp. (Azollaceae), Hydrocotyle
ranunculoides L. (Umbelliferae) e Hydromistria cf. stolonifera
MEYER (Hydrocharitaceae). Este foi o canal que apresentou a maior
diversidade de espécies de peixes. Das 25 registradas, 8 espécies perten-
cem à família Characidae (tab.). Registra-se a única ocorrência de
Pseudocorynopoma doriae PERUGIA, 1891 (Characidae, Glandulo-
caudinae) e de uma espécie do gênero Otothyris MYERS, 1927 (Lori-
ricariidae, Hypoptomatinae) ainda não identificada.
O canal 5 e o canal 6 são de forma espraiada, suas águas ocupando
extensas áreas ao longo de seu leito principal. No canal 5, o substrato é
lodoso e a vegetação dominante pertence à família Alismataceae, seguida
de gramineas (fig. 5). Neste canal foram encontradas 18 espécies de
peixes, das quais 10 da família Characidae (tab.).
Embora apresentando o fundo lodoso e a mesma forma que o an-
terior, o canal 6 diferencia-se daquele por apresentar uma comunidade
vegetal formada por um grande número de ciperáceas e aguapés em seu
leito, além de outras macrófitas aquáticas menos abundantes (fig. 7).
Quanto à fauna ictica, puderam ser constatadas 18 espécies, sendo 6 da
familia Characidae (tab.). Salienta-se a ocorrência de Crenicichla lepidota
HECKEL, 1840 (Cichlidae) apenas neste canal.
Levando-se em consideração todo o material ictiológico capturado
nos diversos pontos explorados na área, pode-se registrar um total de 46
espécies, das quais 22 são da ordem Cypriniformes, 14 da ordem Silu-
riformes, 6 da ordem Perciformes, 3 da ordem Atheriniformes e 1 da or-
dem Synbrachiformes. A Lagoa Negra em si abriga 16 espécies e nos
canais constatou-se a presença de 35 espécies.
DISCUSSÃO
Baseado na distribuição das espécies de peixes nos distintos am-
bientes estudados, pode-se fazer uma série de considerações acerca da
integração das espécies com seus respectivos habitats. Assim sendo,
verificou-se uma certa constância de espécies em biótopos semelhantes o
que, como é sabido, quase sempre, está relacionado com a alimentação,
a reprodução ou simplesmente a busca de um abrigo para fugir aos
predadores.
De todo material ictiológico capturado na Lagoa Negra, Pimelodus
clarias maculatus foi a espécie mais abundante, tendo ocorrido na área 5,
principalmente, nas coletas de inverno. Isso vem confirmar os dados ob-
tidos com os pescadores locais segundo os quais a área próxima ao
Capão dos Coqueiros é a mais piscosa da Lagoa. Exemplares dessa es-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
52 GROSSER, a.M. & HAHN,S.D.
pecie tambem ocorreram no centro, nos pontos junto ao Morro da Grota
e na margem norte da Lagoa.
Outra espécie bastante comum é Hoplias malabaricus malabaricus,
apreendida em quase todos os pontos da Lagoa. Juntamente com Rham-
dia sapo, esta espécie apresentou os individuos de maior tamanho.
Igualmente de grande porte, os exemplares de Loricariichthys anus
tiveram sua presença registrada em praticamente toda a Lagoa, tendo
sido capturados com redes colocadas junto ao fundo, onde costumam
buscar seu alimento.
As demais espécies aprisionadas em redes tiveram registros muito
esparsos. Nesse caso, estão: Oligosarcus jenynsii (GUNTHER,: 1864)
(Characidae, Acestrorhynchinae) capturado na área 10 e Schizodon fas-
ciatus ocorrente nas áreas 3,4 e 5, demonstrando que suas populações
são de tamanho bastante reduzido na Lagoa.
A porção d'água que se localiza junto às margens sul e norte da
Lagoa e que se apresenta com densa cobertura vegetal constitui um
biótopo onde ocorre uma comunidade ictica bastante tipica e diversi-
ficada. Na área 10, inúmeros exemplares de uma espécie de Cheirodon
GIRARD, 1854 (Characidae, Cheirodontinae) convivem com vários
representantes da familia Pimelodidae (Microglanis cottoides, Parapi-
melodus valenciennis (KROEYER, 1874) e Pimelodella laticeps aus-
tralis).
Além disso, foram encontrados também alguns exemplares de Ei-
genmannia virescens, Bunocephalus iheringi BOULENGER, 1891 (Aspre-
dinidae), Jenynsia lineata lineata (JENYNS, 1842) (Jenynsiidae) e
Phalloceros caudimaculatus (HENSEL, 1868) (Poeciliidae). Com exceção
de B. iheringi que prefere as águas livres, as demais espécies citadas
abrigam-se no meio das plantas, onde também encontram seu alimento
que é preferentemente de origem animal (LOWE-McCONNELL, 1975).
Por outro lado, na àrea 5, E. virescens, uma espécie de Rhamdella
EIGENMANN & EIGENMANN, 1888 (Pimelodidae) e uma do gênero
Microlepidogaster EIGENMANN & EIGENMANN, 1889 (Loricariidae ,
Hypoptomatinae) estavam representadas nas amostragens feitas em
meio à vegetação.
O único ciclideo ocorrente na Lagoa pertence à espécie Crenicichla
saxatilis (LINNAEUS, 1758), tendo sido encontrado, ocasionalmente,
apenas na área 10, junto à vegetação marginal. Isso possivelmente é
decorrente do hábito de vida solitária dessa espécie (LOWE-
McCONNELL, 1975) e pelo fato de sua população ser pequena na
Lagoa.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 53
A taipa que impede o livre escoamento das águas da Lagoa Negra
até a dos Patos cria um ambiente de características muito peculiares. O
denso tapete vegetal que se formou ao longo desta barreira originou um
habitat bastante protegido para os exemplares de Cynopoecilus mela-
notaenia, M. cottoides e Hyphessobrycon reticulatus que provavelmente
buscam as plantas como fonte de abrigo para si e para os organismos
que lhes servem de alimento.
O ponto de maior riqueza íctica da área estudada, sem dúvida, foi
aquele localizado no canal que conduz a água da zona palustre adjacente
à Lagoa Negra até a Lagoa dos Patos. Tipicamente um ambiente de
transição, abriga espécies vindas de ambos os corpos d'água e ainda es-
pécies caracteristicas de um ambiente lótico como é o constituído pelo
próprio canal. Dada a facilidade de manusear-se o puçá junto às hi-
drófitas, foi possível capturarem-se inúmeros peixes da família Chara-
cidae (5 espécies de Tetragonopterinae e 1 de Cheirodontinae). Um
exemplar de Asiphonichthys stenopterus e vários de Characidium fas-
ciatum fizeram parte das amostragens obtidas.
Vários exemplares de Gymnotus carapo LINNAEUS, 1758 (Gym-
notidae) e de Eigenmannia virescens foram apreendidos em meio aos
. Juncos existentes na desembocadura do canal. Os ciclideos, por sua vez,
mais frequentemente concentravam-se entre as macrófitas aquáticas
(aguapés e gramineas), estando representados por Aequidens portale-
grensis (HENSEL, 1870),Cichlaurus facetus (JENYNS, 1842) e Geo-
vhagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824). Phyrrhulina australis
EIGENMANN & KENNEDY, 1903 (Lebiasinidae) e duas espécies de
Pimelodidae (P. laticeps australis e Rhamdella sp.) foram encontradas
também junto à vegetação, enquanto B. iheringi Corydoras paleatus
(JENYNS, 1842) (Callichthyidae), J. lineata lineata e P. caudimaculatus
mostraram-se mais frequentes em águas livres de qualquer planta.
Ainda neste canal, foram capturados espécimens de H. malaba-
ricus e R. sapo, representando os peixes de maior porte. Salienta-se
também a ocorrência de Curimatopsis saladensis MEINKEN, 1933, es-
pécie ainda não registrada para o Estado do Rio Grande do Sul. Segun-
do FOWLER (1950), esta espécie possui como localidade-tipo o rio
Salado, na bacia do rio Paraná na Argentina. Já FERNANDEZ-YEPEZ
(1948) assinala sua ocorrência na bacia do Paraná, no sudoeste brasi-
leiro, na Argentina e no Paraguai. O material coletado na presente in-
vestigação consiste em 5 exemplares medindo de 2,34 cm a 6,82 cm de
comprimento standard e tanto suas proporções corporais como os dados
meristicos coincidem com os apresentados por RINGUELET et al.
(1967) e por FERNANDEZ-YEPEZ (1948). Assim sendo, registra-se a
espécie para a região do canal de desagüe da zona palustre nas proxi-
midades da Lagoa dos Patos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
94 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D.
Outro fato que merece consideração especial é a ocorrência de
Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) no canal de
desembocadura da área palustre. Trata-se de uma espécie pertencente à
família Gobiidae cuja distribuição, segundo DAWSON (1969) abrange a
costa atlântica e o Golfo do México desde a Carolina do Norte até a Baia
de Galveston no Texas. Embora sendo uma familia preferentemente
marinha, algumas espécies sofreram adaptações que lhes permitem viver
em toda escala de salinidade, até mesmo em águas mixohalinas ou
doces. A maioria dos registros da espécie situam-na como habitante
usual de pântanos e habitats estuarinos situados mais afastados do
oceano, embora ocasionalmente consigam sobreviver em baias e es-
tuários. Para o Brasil, há registros de G. oceanicus (PALLAS, 1770)
com ocorrência no Ceará, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e em São
Paulo, e de G. smaragdus (VALENCIENNES, 1837), citado para o Rio
de Janeiro (FOWLER, 1954). No entanto, as características do único
exemplar capturado na área coincidem plenamente com a descrição de G.
shufeldti, conforme DA WSON (1969).
Comparando-se os resultados obtidos nos* diversos canais de ir-
rigação, pouca diferença pôde ser verificada quanto à distribuição das
espécies. Com exceção dos canais 1 e 3, que possuiam um volume de
agua muito reduzido, os demais apresentaram quase que uma constância
nas espécies dominantes.
Os representantes da família Characidae foram os mais comuns,
tanto em número de espécies como de individuos. Das espécies de
Astynax, A. eigenmanniorum (COPE, 1894) e 4. bimaculatus (LIN-
NAEUS, 1758) foram as predominantes, sempre em meio à vegetação. A
única espécie de Glandulocaudinae registrada foi Pseudocorynopoma
doriae, tendo ocorrido apenas no canal 4.
H. malabaricus malabaricus ocorreu praticamente em todos os
canais, mas sempre com dimensões menores que os espécimes captu-
rados na Lagoa. Isso possivelmente ocorreu devido à composição de sua
dieta que, para os mais jovens é constituida de peixes menores, insetos e
outros invertebrados mais facilmente encontrados em ambientes me-
nores e vegetados (LOWE-McCONNELL, 1975).
Nos canais 4 e 6, registrou-se a presença de exemplares jovens de
Curimatus gilberti gilberti (QUOY & GAIMARD, 1824) (Curimatidae),
provavelmente descendentes de indivíduos ocorrentes na Lagoa Negra e
cuja existência não havia sido constatada durante a exploração da mes-
ma. Esses jovens foram encontrados a partir da primavera, época em
que se inicia a reprodução da espécie o que fregiientemente se dá em
areas de inundação ao longo de rios e lagoas, conforme já pôde ser ob-
servado pelos autores e foi referido por KLEEREKOPER (1955) para
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 55
alhbioritas formados pelo transbordamento de rios e lagoas da costa nor-
deste do RS. Nesses ambientes, os peixes jovens têm à sua disposição
uma maior abundância de alimentos, além de mais facilmente fugirem
aos predadores. Isso justifica-se pela modificação do hábito alimentar da
espécie que, inicialmente, possui dentição forte e depois perde os dentes,
passando a nutrir-se de algas e matéria orgânica encontrada no fundo.
No canal 4 ocorreu ainda Curimatopsis saladensis que constitui um
registro novo para o Estado do Rio Grande do Sul, já referido anterior-
mente no presente artigo.
Eigenmannia virescens, mais comumente, e Gymnotus carapo
foram encontrados nos canais com fundo lodoso, onde há abundante
vegetação de ciperáceas (canal 6) ou macrófitas aquáticas (canal 4). Não
foi constatada uma maior preferência em relação a um ou outro tipo de
planta, porem o fundo sempre apresentava-se total ou parcialmente
lodoso. A preferência destas espécies quanto a este tipo de habitat
parece estar relacionado com seu hábito alimentar, já que são basica-
mente carnivoros, buscando crustáceos, insetos e pequenos peixes du-
rante a noite e abrigando-se em meio a vegetação durante o dia, fugindo
de seus predadores naturais (LOWE-McCONNELL, 1975).
Nos canais 5 e 6, de características bastante semelhantes, cons-
tatou-se a presença de alguns exemplares de Heptapterus eigenmanni
STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae). sempre ocultos dentro da ca-
mada vegetal. Esta espécie, segundo FOWLER (1951) ocorre no rio
Uruguai, no Uruguai, enquanto RINGUELET et al. (1967) citam-na
para o rio da Prata e ambientes costeiros do Uruguai. GOSLINE (1945)
indica sua ocorrência em Maldonado, no Uruguai. Não há nenhum regis-
tro da espécie para o Rio Grande do Sul até o momento, o que é feito no
presente trabalho para a região da Lagoa Negra.
Outras cinco espécies da família Pimelodidae estão representadas
nos canais, porém sem uma distribuição definida.
Alguns exemplares de Callichthys callichthys (LINNAEUS, 1758)
(Callichthyidae) foram capturados nos canais 4 e 6, enquanto Corydoras
paleatus (JENYNS, 1842) ocorreu apenas no canal 6. Ambas espécies,
por serem bastante ativas durante o dia quando buscam seu alimento
em meio às plantas aquáticas, foram coletadas com relativa facilidade,
usando-se o puca.
Os pequenos loricarideos do gênero Microlepidogaster foram encon-
trados nos canais 2, 4 e 6, junto à abundante vegetação de onde retiram
sua alimentação (basicamente algas perifiticas) (LOWE-McCONNELL,
1975). O mesmo ocorre com os espécimes de Otothyris sp. no canal 4.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
56 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D.
Também em meio às macrófitas, nos canais 4 e 6, coletou-se al-
guns exemplares de Synbranchus marmoratus BLOCH, 1795 (Synbran-
chidae).
Da familia Cichlidae, Aequidens portalegrensis e Geophagus
brasiliensis foram as espécies mais comuns, especialmente junto à ve-
getação, onde se refugiam dos inimigos e, ao mesmo tempo, encontram
seu alimento constituido principalmente de pequenos invertebrados
(RINGUELET et al., 1967; LOWE-McCONNELL, 1975).
Os dados obtidos durante o periodo coberto pelo presente estudo já
permitem uma caracterização da Lagoa Negra como um ecossistema
atualmente de produção ictica pobre. Embora tenham sido registradas
16 espécies para a Lagoa, a grande maioria é de peixes de reduzido
tamanho e as espécies maiores ocorrem com poucos exemplares. Isso
pôde ser constatado pelo fato de, muitas vezes, os equipamentos de
pesca (redes e espinhéis) terem sido retirados da água sem conterem
nenhum peixe.
Com exceção das espécies com registro novo para o Rio Grande do
Sul, as demais encontradas na Lagoa Negra ocorrem praticamente em
toda a área compreendida pela bacia do Guaiba e pela Lagoa dos Patos.
Tal fato é decorrente da comunicação existente entre esses corpos d'água
o que veio favorecer a dispersão das diversas espécies de peixes. Porém,
a partir do momento em que houve o isolamento da Lagoa Negra
através da construção de uma taipa no canal que permitia o escoamento
de suas águas até a Lagoa dos Patos, ocorreu o confinamento a”.ase
completo da comunidade ictica da Lagoa. A composição desta comu-
nidade encontra-se referida no presente relato.
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Grande do Sul. Iheringia. Ser. bot., Porto Alegre, 27. (no prelo)
Este trabalho foi examinado por.
Cecilia Volkmer Ribeiro
João Oldair Menegheti
Moema Leitão de Araujo
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 198
60 GROSSER, K.M.&HAHN,S.D.
FIGA
Fig. 1 — Pontos de amostragem do material ictico situados na ana Negra e
regiões circunjacentes. Desenho: R. Rosa.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra... 61
Eee EEE e E RM lud in ll ol TR
Fig.3
Fig. 2 e 3: 2. vista parcial do ponto 5 (Capäo dos Coqueiros), salientando-se a faixa
de Ciperäceas e, ao fundo, dunas cobertas por vegetacäo arbustiva e arbörea. Foto: K.M.
Grosser; 3. aspecto do ponto 9 (junto ao Morro da Grota), onde a vegetacäo marginal
atinge a orla da Lagoa Negraeobserva-se a presença de grandes rochas e ciperáceas. Foto:
K.M. Grosser.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
62 GROSSER, K.M.&HAHN,sS.D.
Fig.5
Fig. 4 e 5: 4. vista parcial do canal 4 próximo a sua desembocadura na Lagoa Negra.
Foto: A.A. Lise; 5. vista parcial do canal 5, vendo-se ao fundo uma ampla área inundada ao
longo de seu curso principal. Foto: A.A. Lise. >
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
Ictiofauna da Lagoa Negra...
Fig. 6 e 7: 6. detalhe da comunidade vegetal do canal 5 constituida principalmente
de algumas Ciperáceas e diversas espécies de macrófitas aquáticas. Foto: A.A.Lise; 7. as-
pecto do encontro do canal 6 com a Lagoa Negra, mostrando os densos agrupamentos de
Ciperáceas e outras macrófitas aquáticas. Foto: K.M. Grosser.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
64
GROSSER, K.M. & HAHN,S.D.
ESPÉCIES
Ordem CYPRINIFORMES
CHARACIDAE:
Acestrorhynchinae:
Tetragonopterinae:
Cheirodontinae;
Characinae:
Characidlinae:
ERYTHRINIDAE:
LEBIASINIDAE:
CURIMATIDAE:
ANOSTOMIDAE:
GYMNOTIDAE:
RHAMPHICHTHYIDAE:
Ordem SILURIFORMES
AUCHENIPTERIDAE:
ASPREDINIDAE:
PIMELODIDAE:
CALLICHTHYIDAE:
LORICARIIDAE:
Ordem ATHERINIFORMES
CYPRINODONTIDAE:
JENYNSIIDAE:
POECILIIDAE:
Ordem SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE:
Ordem PERCIFORMES
CICHLIDAE:
GOBIIDAE:
Oligosarcus jenynaii (GUNTHER, 1864)
Oligosarcus robustus MENEZES, 1969
Astyanax bimaculatus (LINNAEUS, 1758)
Astyanax eigenmanniorum (COPE, 1894)
Astyanax fasciatus (CUVIER, 1819)
atyanax scabripinnis EIGENMANN, 1927
Deuterodon sp.
Hyphessobrycon bifasciatus ELLIS, 1911
Hyphessobrycon lütkenii(BOULENGER, 1887)
Hyphessobrycon reticulatus ELLIS, 1911
Cheirodon interruptus (JENYNS, 1842)
Cheirodon sp.
Pseudocorynopoma doriae PERUGIA , 1891.
Asiphonichthys stenopterus COPE, 1894
Characidium fasciatum REINHARDT, 1866
Hoplias malabaricus malabaricus(BLOCH, 1794)
Pyrrhulina australis EIGENMANN & KENNEDY, 1903
Curimatopsis saladensis MEINKEN, 1933 .
Curimatus gilberti gilberti QUOY &GAIMARD, 1824
Schizodon fasciatus AGASSIZ, 1829
Gymnotus carapo LINNAEUS, 1758
Eigenmannia virescens (VALENCIENNES, 1847),
Glanidium albescens REINHARDT, 1874
Bunocephalus iheringi BOULENGER, 1891
Heptapterus eigenmanni STEINDACHNER, 1907
Microglanis cottoides (BOULENGER, 1891)
Parapimelodus valenciennis (KROEYER, 1874)
Pimelodella laticeps australis EIGENMANN, 1917
Pimelodus clarias maculatus LACEPEDE, 1803
Rhamdella sp.
Rhamdia sapo (VALENCIENNES, 1840)
Callichthys callichthys (LINNAEUS, 1768)
Corydoras paleatus JENYNS, 1842
Loricariichthys anus (VALENCIENNES, 1840),
Microlepidogaster ap.
Otothyris sp.
Cynoposcilus melanotaenia (REGAN, 1912)
Jenynsia lineata lineata (JENYNS, 1842)
Phalloceros caudimaculatus (HENSEL, 1868)
Synbranchus marmoratus BLOCH, 1796
Aequidens portalegrensis (HENSEL, 1870)
Cichlaurus facetus (JENYNS, 1842)
Crenicichla lepidota HECKEL, 1840
Crenicichla saxatilis LINNAEUS, 1758
Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824)
Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1888)
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981
LAGOA NEGRA — AREAS DE AMOSTRAGEM em
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Observações preliminares sobre o acasalamento e recrutamento em
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) (Aves, Tinamidae) no Rio
Grande do Sul, Brasil.*
João Oldair Menegheti**
RESUMO
Constataram-se algumas características sobre acasalamento e recrutamento em
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815), bem como suas variações em 15 meses de obser-
vação.
As variações quantitativas de acasalamento geram um diagrama bimodal, ao passo
que aquelas observadas nb recrutamento, geram um unimodal.
ABSTRACT
Characteristics of mating, recruitment and their variations in Nothura maculosa
(TEMMINCK, 1815) were observed during a 15 months period in Rio Grande do Sul,
State, Brazil, and are described. The quantitative evaluation of mating shows a bimodal
diagram, whilst that carried out in the recruitment origins a diagram with a single mode.
INTRODUÇÃO
Em relação à reprodução de N. maculosa, alguns aspectos foram
abordados por BUMP & BUMP (1969). Outros autores possuem regis-
tros isolados sobre a ocorrência de ovos e filhotes desta espécie na
natureza (SERIE, 1921; SERIE & SMITH, 1923; PEREYRA, 1928 e
1938). Há ainda um estudo, no prelo, sobre o desenvolvimento gonadal
(ARRIAGA et alii, no prelo).
Inexistem, entre outros, estudos quantitativos sobre o acasalamen-
to e o recrutamento na espécie. Com esta comunicação pretende-se
preencher, em parte, esta lacuna.
* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 202. Trabalho parcialmente sub-
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71).
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
(MCN), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
66 MENEGHETI, J.O.
Os estudos foram desenvolvidos em três municípios do Rio Grande do
Sul: Guaíba (30° 01’53” Se51º 13' 19” W), Butiá (30° 06’ 47” Se51º 57' 10”
W) e Barra do Ribeiro (30° 17' 00” Se 51º 18’ 20” W). Todos situam-se na
região fisiográfica denominada Depressão Central (Fig. 1).
Como a maior parte do estudo foi realizada na Estação Experimen-
tal Agronômica da UFRGS, município de Guaiba, esta área será carac- .
terizada de forma suscinta a partir da descrição dada por POTT, 1974
(p. 48,49,50 e 51).
1. Localização: Situa-se a 830º01'19"S e 51°13’19’’W a uma altitude de 46m
na sede administrativa (Fig. 2).
2. Clima: Pelo sistema de KOEPPEN tem a classificação Cfa (Sub-
tropical úmido). A precipitação média anual é de 1.822 mm e a tem-
peratura média anual de 19,3°C (normais de Porto Alegre).
3. Solo: Pertence à unidade de mapeamento SÃO JERÔNIMO, a qual
segundo MELLO et alii (1966) apresenta as seguintes características,
entre outras: solo profundo, bem drenado, relevo ondulado, pobre em
matéria orgânica com cerca de 2%, decrescendo a medida que se
aprofunda o perfil, fortemente ácido com pH de 4,5 a 5,0, o horizonte A]
(0 a 25 cm) apresenta canais, devido a atividade biológica e raízes abun-
dantes.
4. Vegetação: A região se caracteriza por campos com mata de galeria
junto aos cursos d'água e nas baixadas, conforme MORENO (1972).
RAMBO (1956) comenta ainda que haviam também porções insignifican-
tes de mata brejosa. E prossegue: o quadro vegetativo é fortemente in-
fluenciado pelas formações campestres de coxilhas secas próprias da
Serra do Sudeste. SCHREINER (1970) fez um estudo quantitativo de
campo em área próxima, restrito a Gramineae. Cita Paspalum notatum
como espécie predominante.
MATERIAL E MÉTODOS
O periodo de observação em campo foi de abril de 1979 a julho de 1980. As obser- ,
vações foram no mínimo, mensais, completando um total de 39 dias de campo:
Os dados sobre acasalamento foram obtidos baseando-se no conhecimento de que N.
maculosa é um animal solitário (BUMP & BUMP, 1969), exceto no periodo de repro-
dução, em que se encontram, com maior fregüencia, pares de individuos. O fato pode ser
utilizado para delimitar o periodo e a intensidade com que se dão os acasalamentos.
Após o acasalamento e a postura, o casal se separa, porque a partir deste momento, é o
macho que incuba e cuida da prole, sem a participação da fêmea (BUMP & BUMP,
1969). Procurou-se confirmar os dados obtidos com este método, aproveitando-se da
- aparente relação existente entre a emissão de um dos tipo de canto emitido por N. ma-
culosa e a atividade gonadal. Determinou-se o periodo durante o qual foi emitido tal con-
to, que é nitidamente diferenciável em relação aos demais. A percepção e identificação
deu-se por audição direta do observador. pr
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
Observações preliminares sobre... 67
Fizeram-se observações sobre o estado das gônadas em julho de 1979, junho e julho
de 1980. A avaliação das gônadas foi visual e rápida. Os individuos examinados, foram
obtidos em barreiras de fiscalização de caça do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal, localizadas na área de estudo.
O recrutamento é aqui considerado como a introdução de novos indivíduos (recrutas)
ao estrato da população que possui capacidade de vôo. Estes novos indivíduos são di-
ferenciáveis dos demais, com mais idade, pelo seu menor tamanho e por certas caracteris-
ticas de vôo, especialmente no momento de levantar o vôo.
Para a constatação da ocorrência de N. maculosa na área em estudo, bem como de
sua abundância, usou-se um cão Pointer, com pedigree registrado no Brasil Kennel Club,
adestrado para o levante de Nothura.
Quando os indíviduos voavam, registravam-se dados como seu número, se estavam
solitários ou em pares e se as características de porte e vôo eram de adultos ou jovens.
As necessidades do uso de cão relacionam-se a duas características principais: 1. as
cores típicas dos individuos, que os identificam com o meio, de tal forma a serem pouco
conspicuos; 2. a parcimönia em voar, já que só o fazem quando ameaçados e já não
podem escapar apenas correndo.
As intensidades dos processos de acasalamento e recrutamento foram expressos
através de índices relativos que são compatíveis entre si, permitindo que se saibam as
magnitudes de suas variações. São considerados como índices relativos porque, por exem-
plo, individuos levantados em duplas nem sempre estariam se acasalando, mas, por coin-
cidência, próximos entre si. Pela sua capacidade de escape ao cão apenas se deslocando
por terra, um dos indivíduos em acasalamento pode fugir desta forma, dando a sensação
de que o outro individuo que escapou voando, estaria solitário. Um terceiro aspecto a
considerar, é que o cão nem sempre percebe todos os indivíduos de Nothura maculosa que
estejam em seu campo de ação. ú
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de pares de indivíduos levantados e sua variação duran-
te o periodo de observação, estão representados na Fig. 3.
A frequência do levante em duplas pode fornecer indicação sobre o
processo de acasalamento. Entretanto, salienta-se que a ocorrência de
duplas pode ser constatada durante todo o ano, mesmo no periodo de
repouso gonadal. Isto é consegiência de que em sua atividade solitária e
aleatória em busca de alimento, dois ou mais indivíduos podem, num
dado momento da observação, por coincidência, estarem próximos entre
Er Apenas um conjunto de dados pode fornecer uma informação con-
fiável.
Ao examinar-se a Fig. 3, constata-se que:
1. O diagrama que descreve a variação do número de pares é bi-
modal. A moda maior ocorre no fim de inverno e início de primavera, e a
menor em pleno outono.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
68 MENEGHETI, J.O.
2. Como se teve a possibilidade de fazer observações no outono de
1979 e outono de 1980, percebe-se que a moda menor no primeiro ano
deu-se em abril, enquanto que no outro ano deu-se em maio. A diferença
propõe variações de ano para ano, o que é dese esperar porque sob o
ponto de vista climático, mesmo anos sucessivos apresentam compor-
tamentos diferentes. A estas variações corresponderiam também diferen-
tes respostas das populações que estão sujeitas a fatores climáticos quer
direta ou indiretamente.
3. Nos meses de verão, janeiro e fevereiro, houve uma diminuição
no número de pares.
Considerando-se a emissão do tipo de canto já mencionado an-
teriormente, verificou-se que iniciou entre 26 de julho e 2 de agosto de
1979, periodo entre duas saídas sucessivas a campo. Prosseguiu até
aproximadamente 23 e 26 de maio de 1980. Ou seja, este canto foi
ouvido durante 10 meses consecutivos. Não foi ouvido em junho e julho
de 1980, meses que coincidem com o periodo de repouso gonadal de
acordo com ARRIAGA et aliilno prelo )
Relativamente ao exame das gônadas, os dados obtidos em 1979 e
1980 encontram-se na tabela abaixo:
DATA Total gônadas % gônadas desenvolvidas
examinadas
MACHOS | FÊMEAS | MACHOS FÊMEAS
07/79 334 417 18 2
06/80 242 274 9 4,7
07/80 210 272 20,5 92
O exame visual e rápido das gönadas como o que foi feito aqui,
não permite identificar-se se o ovário ou testículos desenvolvidos estão
em fase de evolução ou involução. Entretanto, a partir dos dados exis-
tentes, pode-se formar uma expectativa a respeito do tema. Em primeiro
lugar, nota-se que houve uma diferença significativa entre a percenta-
gem de machos com testículos desenvolvidos em junho e julho de 1980
(9% e 20,5%), havendo um aumento de um para outro mês. Este fato
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
Observações preliminares sobre... 69
estaria a indicar uma evolução no desenvolvimento dos testículos. Em
segundo lugar percebe-se a semelhança de percentagens entre julho de
1979 e julho de 1980 (18 e 20,5%), havendo uma ratificação dos resul-
tados.
Usou-se como referência o desenvolvimento de testículos porque
sabe-se que entre as gônadas são os melhores indicadores sobre o pe-
riodo de reprodução em aves, já que estes tem um desenvolvimento lento
e gradativo até chegar o momento de acasalamento. Por outro lado, o
ovário tem um desenvolvimento rápido, de tal forma que num dado
momento, um que se encontre pouco desenvolvido, pode rapidamente
tornar-se apto a reprodução.
Os dados obtidos até agora confirmam que o acasalamento, pri-
meiro momento do processo de reprodução, inicia-se em pleno inverno e
início de primavera. Assim, parece que o acasalamento que se percebe
durante pelo menos 9 meses, atinge sua maior intensidade mais próximo
do início do processo, de tal forma que o diagrama apresenta em viés
positivo (Fig. 3). A continuidade do processo durante os restantes 7
meses dá-se de tal forma a apresentar uma grande variabilidade no
desenvolvimento gonodal (BUMP &BUMP, 1969), o que pode indicar a
ocorrência de mais do que um acasalamento e postura por ano, por in-
dividuo. Esta variabilidade confirma também observações de BUMP &
BUMP )op. cit) de que os individuos que irão se reproduzir pela
primeira vez, atrasam-se em seu desenvolvimento gonadal.
Recrutamento
O periodo de ocorrência de recrutas deu-se entre setembro-outubro de
1979 a julho de 1980 (Fig. 4).
O diagrama de recrutamento é unimodal e a moda deu-se em fe-
vereiro. Como não houve observação em março, é possível que a moda
tivesse se dado neste mês, pois que ainda em abril obteve-se um número
considerável de recrutas.
Entre setembro - outubro até fevereiro, hã uma tendência de
aumento no número de recrutas. A partir de abril há uma redução acen-
tuada de recrutas até maio.
O periodo em que não se feet recrutamento foi o correspon-
dente a julho, agosto e setembro. E importante considerar-se que na in-
terpretação das variações das intensidades de recrutamento, os dados
obtidos numa mesma área, são parcialmente cumulativos, já que cer-
tamente com observações sucessivas no tempo, pelo menos alguns dos
mesmos recrutas podem ter sido levantados mais de uma vez.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
70 MENEGHETI, J.O.
A idade aproximada em que se dá recrutamento foi determinada
considerando-se indivíduos de menor peso obtidos e que possuiam ca-
pacidade de vôo, e observações sobre ganho de peso de individuos nas-
cidos em cativeiro efetuadas por BUMP & BUMP (1969). O individuo
capturado com menor peso tinha 72,5g, este peso corresponde em ca-
tiveiro à idade de 2 a 3 semanas. BUMP & BUMP (op. cit,) fazem res-
trição aos dados quando comentam que na natureza, os animais com
idades correspondentes devem ser mais pesados do que os que vivem em
cativeiro. Mesmo com esta restrição, pode-se supor que o recrutamento
dá-se antes de um mês de idade.
Ao se compararem os diagramas de acasalamento e recrutamen-
to, uma diferença se salienta: o primeiro é bimodal, enquanto que o
segundo é unimodal. Seria de se esperar que correspondentemente, tam-
bém o diagrama de recrutamento contivesse duas modas. No entanto
uma das modas diluiu-se nas fases intermediárias entre o acasalamento e
o recrutamento como são: a postura, a incubação e o cuidado de prole. O
fato pode ser explicado de várias maneiras. Uma das possíveis causas é
que a moda de acasalamento no outono teria pouco sucesso na geração
de novos indivíduos. É possível cogitar-se que fosse conseqiência da al-
ta mortalidade incidente sobre os jovens nascidos em outono. Entretan-
to, pelo menos sob o ponto de vista de exigência alimentar, constata-se
que há disponibilidade de sementes das espécies típicas dos campos
nativos da Depressão Central. Segundo SILVA & SANDER [no prelo)
são as sementes a principal fonte de alimentação de N. maculosa nos
meses mais frios. Entre as espécies de plantas, destacam-se, segundo os
mesmos autores, Paspalum notatum, P. plicatulum, Echinochloa colo-
num, E. crus-galli, Setaria geniculata e outras que, de acordo com
ARAUJO (1971), florescem até abril.
A outra hipótese é de que os acasalamentos de outono não se con-
sumam com o mesmo sucesso do que os verificados no fim de inverno e
início de primavera.
AGRADECIMENTOS
O autor agradece às colegas Maria Inês Burger Marques e Dione Silva Breschneider
pelo inestimável auxílio no trabalho de campo e pela crítica ao manuscrito. Agradece à
Dra. Cecilia Volkmer Ribeiro pelo estímulo, e às direções do FINEP e do Museu de Ciên-
cias Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pelo suporte financeiro e
apoio administrativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ARRIAGA, A., NICORA, O.T. & IBANEZ, N. Variaciones estacionales en ovário de
Perdiz Chica Comun (Nothura maculosa). Physis, Buenos Aires,( no prelo).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
Observações preliminares sobre... 71
BUMP. G. & BUMP. J. W. 1969. A study of the spotted tinamous and the pale spotted
tinamous of Argentina. Special & Scient. Rep-Wildl. United States Departament of
the Interior. Fish and Wildl. Service. Washington D.C. (120):1-160.
PEREYRA, J.A. 1928. Observaciones sobre algunas Aves de Buenos Aires. La Perdiz
Chica. El Hornero. Buenos Aires, 6(1):74-6.
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Gobernación de la Pampa. Las Memórias de la Sociedad: Ornitológica del Plata.
Buenos Aires, 7:1-131.
POTT, A. 1974. Levantamento ecológico da vegetação de um campo natural sob três
condições: pastejado, excluído e melhorado. 177f. Tese (Mestrado em Fitotecnia)
Faculdade de Agronomia da UFRGS, Porto Alegre, 1974 não publicado ).
SERIE, P.B. 1921. Sobre la alimentación de la perdiz comun (Nothura maculosa). El
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Hornero, Buenos Aires, 3(1):37-55.
SILVA, F. & SANDER, M. Estudo sobre alimentação da perdiz (Nothura maculosa,
TEMMINCK, 1815) no RS (TINAMIDAE-AVES). Iheringia, Porto Alegre, [no
prelo].
Este trabalho fo: examinado por:
Cecilia Volkmer Ribeiro
Marta Elena Fabian
Vera Lúcia Lopes Pitoni
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
72 MENEGHETI, J.O.
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FIG. I
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Fig. 1. Depressão Central e respectivos municípios (Rio Grande do Sul) onde
foram realizadas observações.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
Observações preliminares sobre... 713
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Fig. 2. Município de Guaíba, Estação Experimental Agronômica — EEA da Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
74 MENEGHETI, J.O.
38,4
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7,2
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Fig. 3. Variação, durante o período de observação, do número de pares de indivíduos
levantados.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
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Observações preliminares sobre... 75
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Fig. 4. Variação, durante o período de observação, do número de filhotes levantados.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981
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Primeiro registro de Littoridina piscium (Orbigny, 1835) (Pro-
sobranchia, Hidrobidae) para o Rio Guaíba e Delta do Jacuí, Rio
Grande do Sul.*
Maria Cristina Pons da Silva**
José Willibaldo Thomé***
RESUMO
Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) é registrada pela primeira vez para o rio
Guaiba e para o Delta do Jacuí, Rio Grande do Sul. Os locais de ocorrência no rio Guaíba
são caracterizados e tecem-se comentários sobre associações com outros organismos.
ABSTRACT
Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) is reported for the first time from Guaiba
river and from the deltaic area of the Jacuí river, Rio Grande do Sul State, Brazil. The
sites where the species occur in Guaiba river are described and associations of L. piscium
with other organisms in the area are also reported.
INTRODUÇÃO
Littoridina australis (ORBIGNY, 1835) e Littoridina piscium (OR-
BIGNY, 1835) foram as primeiras espécies de Littoridina citadas nara o
Rio Grande do Sul por MARTENS (1868), ambas dentro do gênero Hy-
drobia HARTMANN, 1821. A primeira foi coletada no rio Guaiba e a
segunda em Rödersberg sic . No entanto STROBEL (1874) considera
duvidosa a identificação de Hydrobia australis feita por MARTENS
(1868) e levanta a possibilidade de tratar-se de uma espécie nova.
* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 203. Trabalho parcialmente sub-
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio
B/29/79/018/00/71).
** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), (Proc.
1111.0050/76), no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do
Sul, Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
*** Do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul e Professor
titular de Zoologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
78 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W.
Outras citações foram feitas para o Rio Grande do Sul, sem es-
pecificação do local da ocorrência, por IHERING (1895) que menciona
Paludestrina piscium (ORBIGNY, 1835) e Paludestrina australis (OR-
BIGNY, 1835) e PILSBRY (1911), que afirma ter recebido de Ihering
exemplares de Littoridina australis e Littoridina charruana (ORBIGNY,
1840) procedentes de nosso Estado.
Finalmente SILVA & THOME (NO PRELO) registram Littori-
dina piscium para o açude de Morro Santana, em Porto Alegre, (entre
os paralelos de 30º 03’ 45” e 30° 03' 50"S e entre os meridianos de 51º
08’ 06” e 51° 08’ 15" W).
A importância da ocorrência de exemplares desse gênero nos am-
bientes limnicos é relevante.
GAILLARD & CASTELLANOS (1976) observaram a utilização de
espécies de Littoridina na alimentação de aves e peixes.
CASTELLANOS (1975) afirma, que na Argentina, as Littoridina
servem de vetores a helmintos causadores de dermatites. GAILLARD
(1973a) cita que espécies de Littoridina intervêm como hospedeiros in-
termediários de certos trematódeos, os quais são parasitos de verte-
brados. OSTROWSLI de NUNES (1974 e 1976) registra que trematódeos,
que utilizam L. piscium como hospedeiro intermediário, parasitam peixes,
aves e mamiferos.
Considerando também o problema crescente de poluição de am-
bientes limnicos destacam-se as afirmações de GAILLARD (1973a e b),
de que as espécies desse gênero apresentam grande valor como indi-
cadores biológicos, sendo que segundo esta autora L. piscium apresenta
uma “forma minima”, uma “forma mediana” e uma “forma máxima” de
cordo com as condições do habitat.
Com o objetivo de contribuir para o conhecimento das espécies de
Littoridina ocorrentes no rio Guaiba, realizaram-se coletas e observações
sobre L. piscium ao longo de um ano, nesta área.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas de L. piscium no rio Guaiba foram efetuadas de fevereiro/ 1979 a abril/
1980. Utilizou-se também material incluido na coleção malacológica do Museu de Ciên-
cias Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
São utilizadas no texto as seguintes abreviaturas:
ZMB = Zoologisches Museum de Berlim.
CESB = Centro de Estudos Biológicos do Departamento Municipal de Águas e Esgotos de
Porto Alegre.
Para a coleta utilizou-se peneira de malha fina (0,8 mm de diâmetro), além de coleta
manual, e draga de Eckmann para maiores profundidades.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 -
Primeiro registro de Littoridina piscium... 79
RA E A PGM. ce -. .__.B
Para observações de material “in vivo”, os moluscos foram mantidos em aquários
com as dimensões: 12 cm x 20 cm x 10 cm, contendo 600 ml de água e com aerização cons-
tante.
A identificação da espécie baseou-se nos caracteres sistemáticos estabelecidos por
GAILLARD (19732) e GAILLARD & CASTELLANOS (1976), ou seja na conquilio-
metria e na forma e pigmentação do pênis. Os métodos conquiliométricos descritos em
SILVA & THOME (NO PRELO) foram aplicados a 41 exemplares. A fim de observar a
morfologia do pênis, este foi removido e montado entre lâmina e lamínula, utilizando-se
como conservante o liquido de Faure. Para vedar as bordas da laminula empregou-se o
Bálsamo do Canadá.
Com o objetivo de investigar se os espécimes de Littoridina estavam infestados por
trematódeos, colocaram-se os moluscos em água fresca e luz incidente para que as cer-
cárias, que apresentam fototactismo positivo, abandonassem o hospedeiro e permaneces-
sem nadando na água (VEITENHEIMER-MENDES, comunicação verbal, 1979).
O material examinado encontra-se na coleção malacológica do MCN sob os números:
234, 1559, 1990, 1981, 2197, 2381, 2936, 2952,3713, 4025, 4118, 4149, 4160, 4293, 4303,
4348, 4380, 4440, 4479, 4566, 4643, 5433, 5653, 5657, 5659, 5660, 5662, 5663, 5705, 5935,
5939, 5951, 5953, 5954, 5955, 5956, 5957, 5980, 5987, 5988, 6009, 6050, 6108, 6318, 6319,
6320, 6321, 6322, 6323, 6324, 6325, 6326, 6327, 6328, 6329, 6330.
RESULTADOS
Atraves da conquiliometria e da morfologia e pigmentação do pênis
identificou-se como L. piscium (ORBIGNY, 1835) a espécie encontrada
no Guaiba e Delta do Jacui, tratando-se de primeiro registro para estes
locais.
Durante as coletas no Guaiba encontraram-se exemplares de Lit-
toridina nos seguintes locais: Praia do Veludo, Saco do Arado, Saco do
Lami, Praia de Itay 1ã, Praia da Pedreira, Vila Elza e Praia Florida.
Localizaram-se também espécimens desse gênero nas ilhas do Delta do
Jacuí, especialmente na ilha das Flores. (Fig. 1).
Na Praia da Pedreira (Fig. 7) coletaram-se espécimens de Litto-
ridina sp. convivendo com L. piscium. Aquela espécie distingue-se desta
pela conquiliometria, forma e pigmentação do pênis, sendo que sua iden-
tificação será motivo de futuras pesquisas.
Com base nos característicos conquiliométricos, determinaram-se
como L. piscium os dois exemplares do lote MCN 3713 (parte do lote
13746 da coleção de moluscos do ZMB) coletados por Hensel no rio
Guaiba e identificados por Martens como H. australis.
Caracterização de Littoridina pisciumdo rio guaiba.
Concha: (Fig. 2)
A concha apresenta-se oblonga, subcônica, levemente alongada,
um pouco espessada, lisa ou com algumas linhas de crescimento indis-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
80 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W.
tintas. composta por cinco a seis voltas convexas separadas por suturas
modernamente profundas; espira breve ou elevada, cônica, com ápice um
pouco agudo; abertura oval, peristômio continuo, lábio interno levemen-
te engrossado.
Seu comprimento pode alcançar até 6,5mm e sua largura máxima é
de 3,5mm. A largura da concha é sempre igual ou superior a metade de
seu comprimento.
O ângulo espiral varia em torno de 50º, chegando a alcançar um
máximo de 61º e um mínimo de 39º. Esta medida angular independe do
tamanho do animal, variando de acordo com a forma estreita ou larga da
concha.
No animal vivo o periostraco da concha varia desde o castanho escuro
atéo negro.
Pênis: (Fig. 3)
Localizado na região anterior do animal, dorsalmente, sobre o lado
direito, o pênis apresenta a porção proximal larga, estreitando-se para a
porção distal. Esta estrutura geralmente permanece enrolada com aspec-
to de foice. Em seu lado côncavo acha-se uma única papila, algumas
vezes pouco diferenciada. Sobre o lado convexo localizam-se papilas
pequenas, mamelonadas, algumas vezes pouco diferenciadas, variando
seu número entre 6 e 14.
Habitat: (Fig. 1)
As L. piscium no Guaiba, formam vários agrupamentos em ambas
as margens. Notou-se a preferência desses moluscos pelas praias de
águas calmas e rasas, nas reetrâncias no litoral, denominadas sacos.
Raramente foram encontrados no canal de navegação do rio pelo CESB,
conforme material incluido na coleção do MCN.
Conforme os dados dos lotes MCN 1981 e 4149, exemplares de L.
piscium foram encontrados fixos às raizes de aguapé (Eichhornia sp.)
A seguir caracterizam-se os pontos do rio Guaiba onde foram en-
contradas, pelos autores, as L. piscium no periodo de fevereiro/1979 à
abril/1980:
A praia do Veludo localizada junto ao Morro da Cuica, na Ponta
da Cuica, apresenta em sua margem rochas, cujas depressões são preen-
chidas com água, durante periodo de cheia, formando pequenas poças,
local preferido por moluscos dessa espécie.
O Saco do Arado formado por uma reetrância do litoral, entre a
Ponta do Arado Velho e a Ponta dos Coatis, tem a margem constituida
“principalmente de areia e, junto ao Morro do Arado a margem é pe-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
Primeiro registro de Littoridina piscium... 81
dis Sad
dregosa. O fundo é arenoso e a vegetação é composta por Scirpus ca-
lifornicus (C.A. May) Stend. (Cyperaceae), cujos talos ficam parcialmen-
te submersos. Na zona rochosa, as pedras invadem o rio, revestindo o
seu fundo. Nesse local os espécimens de L. piscium encontravam-se
deslisando sobre a areia, enterrados nesta, presos aos talos dos S. ca-
lifornicus ou às pedras submersas. (Fig. 4).
O Saco do Lami também é formado por uma reetrância do litoral,
localizado entre a Ponta do Cego e a Ponta do Coco. A margem é re-
coberta de gramineas e o fundo é constituído de areia muito fina, com
aspecto de lodo. Ocorrem agrupamentos de S. californicus com talos
submersos. Os caracóis achavam-se sobre a areia ou enterrados nessa e
fixos aos talos das ciperáceas. (Fig. 5).
A Praia de Itapuã localiza-se no Saco de Itapuã, entre a Ponta do
Coco e a Ponta da Fortaleza, junto a Vila de Itapuã. No local onde acha-
se desembocadura do Arroio das Amoras, foi coletado material. Sua
margem estã recoberta por grama, que se estende até a superfície da
água, e seus ramos chegam a penetrar no arroio, ficando com os talos
submersos. O fundo é constituído principalmente por areia, ocorrendo
ainda algumas pedras. Agrupamentos de S. californicus também estão
presentes nessa praia. Os exemplares coletados nesse local encontravam-
se na areia, presos às pedras e às gramíneas. (Fig. 6).
A Praia da Pedreira, situada entre a Ponta da Fortaleza e a Ponta
de Itapuã, junto ao Morro da Pedreira, apresenta sua margem bem
como o seu fundo constituídos por areia. Ocorrem também agrupamen-
tos de S. californicus. Nesse local ha ainda formações rochosas no sopé
do Morro da Pedreira que se estendem para o interior do rio. Nas de-
pressões das pedras a água fica represada formando poças, cujo fundo
apresenta areia e cascalho. Nessa praia localizou-se L. piscium sobre a
areia, enterrada nesta ou fixa às ciperáceas e às pedras. Apenas nesse
local encontrou-se Littoridina sp., nas poças formadas pela depressão
das pedras. (Fig. 7).
A praia da Vila Elza, localizada entre a Ponta da Alegria e a Ponta
da Figueira, apresenta a margem recoberta por grama. O substrato de
fundo é arenoso, e os S. californicus estão presentes. As L. piscium
ocorrentes nesse local achavam-se deslisando na areia, enterradas: nesta
e fixas à ciperáceas.
A praia da Florida também localizada entre a Ponta da Alegria e a
Ponta da Figueira, possui as mesmas caracteristicas de habitat como o
da Vila Elza e os caracóis ai coletados achavam-se, igualmente, sobre ou
enterrados na areia, e fixos às ciperáceas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
82 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W.
Associação com outros organismos
Convivendo com L. piscium, achavam-se moluscos dos gêneros
Potamolithus, Chilina, Eupera, Diplodon e das familias Ampullariidae,
Ancylidae e Corbiculidae.
Constatou-se a presença de Temnocephalida (Platyhelminthes)
locomovendo-se sobre o corpo de L. piscium. Colônias de protozoários
(Carchesium) e de algas (Oedogonium) foram observadas fixas às con-
chas desses caracóis.
Através de dissecação verificou-se a presença de rédias e cercárias
imaturas, parasitando a gônada e glândula digestiva de L. piscium.
Além disso, exemplares coletados em 28.08.1979 na praia de Itapuã,
emitiram cercárias pertencentes à familia Heterophyidae.
Em março/79 na Vila Elza e Praia Florida, foram coletados 289
exemplares de L. piscium, ocasião em que se observou uma grande
floração de Microcystis aeroginosa (Cyanophyta) nas águas do Guaiba.
DISCUSSÃO
A citação de H. australis para o rio Guaiba feita por martens
(1868), consiste num equívoco, pois além dessa espécie não mais ter sido
localizada nesse ambiente, o material de Martens corresponde a L. pis-
cium conforme constatamos através do exame conquiliológico do lote
MCN 3713. Esse engano de MARTENS (1868) já fora constatado por
STROBEL (1874) que, contudo, também ‚equivocou- se ao sugerir que
tais especimens corresponderiam a uma especie nova.
ORBIGNY (1840, traduzido pelo autor senior) descreve L. australis
como tendo; a concha alongada, cônica, espessada, marcada por linhas de
crescimento, subumbilicada; espira cônica, um pouco acuminada, com-
posta por seis voltas planas, contiguas, suturas não profundas; abertura
oval, angulosa por detrás, com bordas delgadas; cor branca ou esver-
deada; com comprimento de 6 mm e largura 3 mm. Conforme GAI-
LLARD (1973a) o pênis de L. australis apresenta uma grande papila,
globosa e negra no lado côncavo; e sobre o lado convexo uma única
papila pequena com pouca pigmentação basal. Sendo assim, essa espécie
distingue-se das L. piscium do Guaiba por apresentar: a concha espes-
sada, subumbilicada, espira cônica um pouco acuminada, sutura não
profunda, abertura angulosa por detrás, cor branca ou esverdeada; o
pênis pigmentado, com uma grande papila no lado côncavo, uma única
papila sobre o lado convexo. L. australis portanto diferencia-se de L.
piscium do Guaiba tanto conquiliológicamente como pelas caracteristicas
do pênis.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
Primeiro registro de Littoridina piscium... 83
Os espécimens da praia da Pedreira apresentam conquiliometria,
morfologia e pigmentação do pênis distintas das L. piscium, e pertencem
a uma outra espécie, ainda não identificada.
O comprimento da concha fornecido por ORBIGNY ( 1835) para L.
piscium do rio da Plata, Argentina é de mm. STROBEL (1874) men-
ciona 3mm, 5mm e 6mm para as medidas de comprimento dessa espécie
e considera esta variação de tamanho como mutação. PILSBRY (1911)
registra o comprimento de 4mm para exemplares da ilha de San Gabriel,
Uruguai. As medidas dadas por WEYRAUCH (1964) para exemplares do rio
da Plata são de 2,9mm e 3,0mm de comprimento. SILVA & THOME
(NO PRELO) registram o comprimento máximo de 5,0mm para L. pis-
cium do açude no Morro Santana. Porto Alegre. GAILLARD (1973a e
b) e GAILLARD & CASTELLANOS (1976) apresentam três “formas
ecológicas” para L. piscium baseadas no comprimento da concha e
caracteres endosomáticos. Classificam os animais em “forma mínima”
para os exemplares que possuam comprimentos compreendidos entre
3,0mm a 3,5mm, em “forma mediana” os que apresentam dimensões de
Segundo OSTROWSKI de NUNEZ (1974a, 1974b e 1976) L. pis-
cium serve de hospedeiro intermediário para trematódeos da família
Heterophyidae no rio da Plata, Argentina, sendo os hospedeiros defi-
nitivos peixes, aves e mamíferos. Dos peixes são citados Cyprinodon
variegatus, Phalloceros caudimaculatus sic |, Cnesterodon decemma-
culatus, Mollienesia latipinua e das aves Nycticorax, Butorides striatus
e Ixobrychus incolucris. Estes peixes (GROSSER, comunicação verbal,
1980) e aves (SILVA, comunicação verbal, 1980) acima mencionados,
ocorrem nas proximidades de Porto Alegre e provavelmente podem ser-
vir de hospedeiros definitivos para os trematódeos da família Hetero-
phyidae constatados em L. piscium em nosso meio.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
84 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W
CONCLUSÃO
— Empregando os critérios adotados por GAILLARD (19734) e GAI-
LLARD & CASTELLANOS (1976) para diagnosticar as espécies de Lit-
toridina, que compreende os estudos da conquiliometria e da morfologia e
pigmentação do pênis, registra-se pela primeira vez a presença de Lit-
toridina piscium no rio Guaiba e Delta do Jacuí.
— Comprovou-se que os espécime: de L. piscium do rio Guaiba são
hospedeiros intermediários = trematödeos da familia Heterophyidae.
AGRADECIMENTOS
Aos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do
Rio Grande do Sul Jorge E. Mariath e Tânia Buselato Toniolli pela identificação da
vegetação aquática, e Inga Ludmila Veinheimer-Mendes pela identificação dos trema-
tódeos.
A desenhista Rejane Rosa pela arte final do mapa.
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Estetrabalho foi examinado por:
Cecilia Volkmer Ribeiro
Inga L. Veiteinheimer Mendes
Vera Lúcia Lopes Pitoni
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
86 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W.
Rio Gravataí
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O a |
Lagoa dos Patos
Fig. 1
rejone
Fig. 1: Mapa do Delta do Jacui e rio Guaiba, Rio Grande do Sul, com registro de
ocorrência de Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) no período de 1966 a 1980.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
Primeiro registro de Littoridina piscium... 87
wu z
Fig. 2
02 mm
Fig.3
Fig. 2-3 Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835), na Vila Elza, rio Guaiba, Rio Gran-
de do Sul: 1. vista frontal da concha; 3. pênis
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
88 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W.
Fig. 4-7: Locais de ocorrência de Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) no rio
Guaiba, Rio Grande do Sul: 4. Saco do Arado; 5. Saco do Lami; 6. Vila Itapuã; 7. Praia
da Pedreira. ta
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do Parque Estadual de Itapuã, Rio Grande do
Sul: Biologia e anilhamento. *
Flávio Silva**
Maria Alice Bello Fallavena***
RESUMO
O presente trabalho pretende dar continuidade ao estudo das aves do Rio Grande do
Sul, enfocando a avifauna do Parque Estadual de Itapuã, situado no Municipio de
Viamão (30º10'S - 51º00'W), com uma área de 5.750 hectares.
Foi realizado anilhamento de aves capturadas com redes e tomadas medidas de
peso, comprimento total, asa, cauda, bico e tarso.
Os dados biométricos das espécies mais frequentes foram tabelados, com comen-
tários sobre variações sazonais, recapturas e status das aves no Parque. As espécies
menos frequentes são apresentadas com médias e limites de variação para cada medida
relacionada.
ABSTRACT
This work is a continuity of the Rio Grande do Sul birds study with particular con-
siderations of the ornithofauna from Parque Estadual de Itapuã, in the Município of
Viamão (30°10’S - 51°00’W), 5.750 hectares area.
A banding work was realized with birds captured in nets. At the same time mea-
sures of total lenght, wing, tail, bill and tarsus were taken.
Biometrical data of the most frequent species deelt with in the banding work are
tabled and additional comments on seasonal variations, recaptures and status are presen-
ted.
For the less frequent species are presented the average and maximun-minimun
limits for each taken measure.
* Aceito para publicação em 19/1/1981. Contribuição FZB nº 204. Trabalho executado parcial-
mente com auxílio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Processo Nº B.
29.79.002.00.00.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
*** Auxiliar de Projeto do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande
do Sul.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
90 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
INTRODUÇÃO
Um primeiro estudo das aves do Rio Grande do Sul foi produzido
por BERLEPESCH & IHERING (1885), que apresentaram uma lis-
tagem de espécies para a região do Municipio de Taquara, Rio Grande
do Sul. IHERING (1887a e 1887b) faz considerações gerais sobre as
aves do Estado e, em 1899 apresenta uma lista de 363 espécies.
GLIESCH (1930) listou 246 espécies, sendo que 28 destas são
novas em relação ao trabalho de IHERING (1899).
CAMARGO (1962) relaciona um total de 284 espécies de aves da
coleção ornitológica do Serviço de Caça e Pesca da Secretaria da
Agricultura do Rio Grande do Sul, sendo que 28 espécies são ocorrências
novas para o Estado.
BELTON (1978) apresenta resultados de observações pessoais e
pesquisa bibliográfica, com registros de ocorrências novas, totalizando
575 espécies.
SILVA (1978), VOSS & BREYER (1979) e ALBUQUERQUE
(1980) citam novas ocorrências para o Estado.
Com a criação do Centro de Estudos de Migrações de Aves
(CEMAVE) em 1978, é iniciado no Brasil, principalmente no Estado,
uma nova fase da ornitologia brasileira. Tendo o IBDF (Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) como órgão incentivador prin-
cipal, foram criadas condições básicas para o estudo de aves através de
marcações.
Em 1979 foi criado o Sub-centro de Anilhamento de Aves do Rio
Grande do Sul, em convênio entre IBDF — FBCN — FZB (Fundação
Brasileira para a Conservação da Natureza e Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul), o que possibilitou o início de trabalhos intensivos de
anilhamento de aves.
O Projeto de Levantamento e Inventário da Flora e Fauna da Área
da Grande Porto Alegre: Prognósticos Ecológicos, desenvolvido desde
1979, através do Convênio FINEP-FZB, oportunizou o estudo da avi-
fauna do Parque Estadual de Itapuã. Neste trabalho foi realizado
anilhamento de espécies de mata, bem como um estudo de movimentos
migratórios, variações biométricas anuais e registro das aves ocorrentes
na área do Parque.
Os resultados obtidos nesta pesquisa servirão inicialmente como
um estudo preliminar das aves desta área e poderão ser futuramente
utilizados em trabalhos de planejamento e manejo do Parque.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudos da avifauna do... | 91
Com a sua continuidade será possível verificar movimentos sa-
zonais de diversas espécies e avaliar o aumento ou decréscimo do número
de indivíduos de algumas espécies na área, com o transcorrer dos anos.
FISK (1979) trabalhando na Flórida, por seis anos consecutivos, demon-
stra a viabilidade de, neste tipo de trabalho, fazer-se uma avaliação do
numero de individuos de populações de algumas espécies. Com isto são
criadas condições que possibilitam detectar a intensidade do impacto
humano sobre a ornitofauna do Parque, o que poderá ser utilizado tam-
bém para avaliações ambientais em outras regiões do Estado.
No desenvolvimento de atividades de manuseio com aves durante o
anilhamento, torna-se possível a obtenção de dados de biometria, o que
tem originado muitas publicações. Entre alguns trabalhos realizados no
Continente Americano, foram consultados os citados abaixo:
BALDWIN & KENDEIGH (1938) publicaram os dados obtidos
em nove anos de trabalhos de anilhamento nos Estados Unidos, listando
os pesos para individuos capturados e recapturados, podendo desta for-
ma fazer estudos sobre variações diurnas, sazonais, individuais e fatores
climáticos que influenciam no peso.
SNOW & SNOW (1963) tentaram relacionar peso com comprimen-
to de asa de espécies que anilharam em Trinidad, listando os valores ob-
tidos e estabelecendo variações como as citadas no trabalho anterior.
HAVERSCHMIDT (1948, 1952) lista os pesos de 316 espécies de
aves coletadas no Suriname. FIORA (1933) e CONTRERAS (1979) lis-
tam pesos de aves coletadas na Argentina.
FISK (1979), em trabalho de anilhamento, faz uma relação de
dados biométricos para espécies capturadas e recapturadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Nos trabalhos de campo para estudo da ornitofauna na área do Parque Estadual de
Itapuã foram realizadas 13 excursões, com acampamento de três a cinco dias, no periodo
de agosto de 1979 a outubro de 1980. Durante todos os períodos de trabalho de campo
foram colocadas de 20 a 23 redes de 2,70m de altura porl2m de comprimento, com
malhas próprias para captura de aves da ordem Passeriformes. Destas, 10 a 13 redes
foram alinhadas em uma picada dentro da mata; circo esparsas em um capoeirão onde
predominavam as vassouras (Dodonea sp. e Baccharis sp.) e cinco dentro de um capão de
mata (Fig. 2). Estas redes foram mantidas abertas desde as primeiras horas com luz da
manhã, até às 12 horas e das 15 horas até a última hora de luz da tarde. O número de
horas em que as redes permaneceram abertas multiplicado pelo número de redes utilizadas
em cada mês originou o somatório de horas-rede.
Nos meses de outubro e novembro de 1979 as redes foram colocadas em lugares
diferentes dos acima mencionados, em caráter experimental, sendo que as aves captu-
radas não foram consideradas para o cálculo do número de aves por horas-rede.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
92 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Para a marcação, foram usadas anilhas do Centro de Estudos de Migrações de
Aves — CEMAVE, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
— IBDF. De todos os exemplares foram tomadas as medidas de peso, comprimento total,
bico, asa, cauda e comprimento do tarso. As medidas de comprimento total, tarso, asa e
cauda foram tomadas de acordo com os métodos de PETTINGILL (1970). Nas medidas
de bico foram tomados, como ponto de referência, a borda anterior da narina externa e a
extremidade distal do bico.
Para as medidas de comprimento total e asa foi utilizada trena métrica de precisão
milimétrica e para a cauda foi usado compasso de ponta seca. O bico e o tarso foram
medidos com paquimetro Mitutoyo 0,05mm. O peso foi tomado com balanças marca
Pesola com capacidade para 100 e 600g e precisão de um grama.
Para identificação das espécies em campo foram utilizados binóculos 9x50 e teles-
cópio 15-60x, 60mm e consultas a SCHAUENSEE (1970). Algumas espécies foram iden-
tificadas através de gravações de vozes, sendo para tal, utilizado gravador Uher, report
4000 IC, com parábola acústica Dan Gibson E.P.M..
Para o inventariamento das aves que ocorrem na área do Parque foram percorridos
trajetos em locais com vegetação do tipo mata, margens da Lagoa Negra e Lagoa dos
Patos onde é possivel observar aves de campo, banhado, praia e aquáticas (Fig. 2).
Para divisão do ano em períodos sazonais convencionou-se como verão os meses de
dezembro, janeiro e fevereiro; outono: março, abril e maio; inverno: junho, julho e agosto;
primavera: setembro, outubro e novembro.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 1980 não foram realizados trabalhos de campo.
No item status pretende-se fornecer apreciação geral sobre a ocorrência de indivi-
duos das espécies mais frequentes e locais onde podem ser encontrados no Parque.
A nomenclatura científica utilizada está de acordo com SCHAUENSEE (1966).
RESULTADOS
De setembro de 1979 a outubro de 1980, com quatro a cinco dias
mensais de trabalho de campo, foram feitas as observações de identi-
ficação e anilhamento. Um total de 208 espécies foram registradas na
área do Parque o que representa 36% do total de aves citadas em todo o
Estado.
Anilhamento
No periodo de outubro de 1979 a outubro de 1980 foram captu-
radas 1.088 aves de 64 espécies, sendo anilhados 741 individucs de 61
espécies. Houve 309 recapturas, sendo que, em algumas espécies, um
mesmo individuo foi recapturado mais de uma vez.
Considerando o total de horas-rede e o número de capturas e re-
capturas nos diferentes meses (Tabela 1), parece haver uma tendência
em aumentar a quantidade de aves capturadas e recapturadas nos meses
de junho a julho. Existem vários fatores que podem ocasionar estas
variações mas como os dados existentes são apenas de um ano (não
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 93
havendo dados para os meses de janeiro e fevereiro), nãose julga opor-
tuno abordar este tópico no presente trabalho. Só com a continuidade
dos trabalhos no mesmo local, em anos seguintes, é que maiores es-
clarecimentos poderão ocorrer.
A média de aves capturadas por 100 horas-rede, no periodo de
dezembro de 1979 a outubro de 1980, é de 23 individuos, sendo que o
maior indice de capturas foi em dezembro de 1979 e o menor em abril de
1980. O menor indice corresponde ao mês em que foi verificado maior
número de aves com mudas nas penas das asas e cauda. Isto implicaria
em menor movimentação dos individuos, diminuindo a probabilidade de
captura nas redes.
Houve uma média de 8 aves recapturadas por 100 horas-rede,
ocorrendo o maior indice em junho e julho e o menor em março e abril.
Estes dados poderão ser usados em anos futuros, em avaliações de
populações de espécies para estudos das condições ambientais.
Espécies capturadas com maior freqiiência
Das espécies anilhadas, 11 mostraram-se mais frequentes nas cap-
turas, durante o ano todo ou em determinadas estações.
Conopophaga lineata (WIED, 1831)
Myiarchus swansoni CABANIS & HEINE, 1859
Empidonax euleri (CABANIS, 1868)
Myiophobus fasciatus (MULLER, 1776)
Elaenia obscura (LAFRESNAYE & D'ORBIGNY, 1837)
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818)
Turdus amaurochalinus CABANIS, 1851
Turdus albicollis VIEILLOT, 1818
Basileuterus culicivorus (LICHTENSTEIN, 1830)
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817)
Haplospiza unicolor (CABANIS, 1851)
Da maioria dos indivíduos anilhados no periodo de dezembro de
1979 a outubro de 1980 foram registradas medidas que estão relacio-
nadas nas tabelas, que seguem,
A ocorrência mais frequente destas espécies possibilitou o agru-
pamento de dados biométricos, com médias, limites sazonais e anual.
Relacionando as médias de comprimento total, asa e cauda, das
diferentes estações, é possível verificar variações devido à modificação
nas estruturas das extremidades distais de retrizes e remiges (desgastes
e mudas).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
94 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
É possível relacionar o número de aves de cada espécie, com nú-
mero de horas-rede, para uma avaliação sobre as populações no local em
estudo. No entanto, estes valores não seriam significativos nesta pri-
meira fase de pesquisa.
Os valores de peso, objetos de vários estudos, conforme biblio-
grafia citada, poderiam apresentar variações sazonais, sexuais e indi-
viduais. Devido ao pequeno número de individuos pesados, as médias
não apresentaram variações sazonais e sexuais significativas.
As médias de bico e tarso poderão ser utilizadas para melhor
caracterização das espécies.
Os limites de cada valor tomado dão idéia da variabilidade indi-
vidual por estações e por ano.
A presença de placas de choco pode indicar os periodos de pro-
criação de determinadas espécies.
A unidade utilizada para os dados métricos foi o milimetro e para
peso, o grama.
Conopophaga lineata (WIED, 1831)
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 25
HORAS/REDE AVES | AVES AVES Nº PLACA
MEDIDAS| ANILHADAS| RECAPTURADAS DE CHOCO
VERÃO 79/80
OUTONO/80 f
INVERNO/80
PRIMAVERA/80 |. .
TOTAL
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudos da avifauna do... 95
VERÃO 79/80 | OUTONO/80 INVERNO/80 | PRIMAVERA/80
Medidas
143 | 140-150 140-150 140-150 | -
[Ho [05 [ [ds [| ess [o]
140-150
DI 19 - 24
5 - 48
4 2 ”
7,1-9,6 - -
O número de indivíduos anilhados no período total de trabalho foi
de 25 aves; as recapturadas foram 27, envolvendo 15 indivíduos. Destes,
5 foram recapturados 3 vezes, 2 recapturados 2 vezes e 8 recapturados 1
vez.
Na primavera de 1980 não houve mais capturas de aves sem anel,
o que pode indicar que todos os indivíduos do local das redes já estavam
anilhados. Ocorreram 6 recapturas.
Nas medidas de comprimento total e asa houve aumento do verão
ao inverno, que é explicado como uma consegiiência da muda de penas
ocorrida no outono.
Nos meses de outubro e novembro 3 indivíduos apresentavam
placa de choco.
Não foi possível sexagem segura com base no tufo de penas bran-
cas da região pós-ocular.
STATUS: Comum nas matas e bosques densos de vegetação secundária.
Observado nas partes baixas da vegetação.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Myiarchus swansoni CABANIS & HEINE, 1859
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80:17
AVES Nº PLACA
RECAPTURADAS
INVERNO/80 PRIMAVERA /80
204 197-211 203,5 197-215
24,2 19-29 23,6 19-29
80,8 76-84 80,2 75-86
VERÃO 79/80 OUTONO/80
Medidas
x Min-Máx | X in-Máx | X
12,8-14,2 14,1 12,8-16
Nas capturas com redes a espécie esteve presente na primavera e
verão de 1979, ausentando-se no outono e inverno subsequentes. Rea-
pareceu novamente na primavera de 1980.
Das aves anilhadas até o verão de 1979 só 2 foram recapturadas
em outubro de 1980. Na primavera e verão 7 individuos apresentavam
placa de choco.
STATUS: Comum nos lugares abertos e bordas da mata. Migrante que
aparece na primavera e desaparece no outono.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
gen
Estudo da avifauna do... 97
Empidonax euleri (CABANIS, 1868)
Nº PLACA
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 45
HORAS/REDE | AVES AVES AVES
’ MEDIDAS | ANILHADAS RECAPTURADAS
= 10
VERÃO 79/80 520 10
a se abe
VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80
Medidas
; Comp 141 135-148
total
56,4
O número total de aves anilhadas foi 45, com 7 recapturadas em
setembro e outubro de 1980. E de supor que os indivíduos recapturados
são os que durante a migração nidificam no Parque.
Placa de choco foi constatada em 3 aves na primavera e 1 no
verão.
STATUS. Muito comum durante a primavera, verão e outono. Difícil de ser
observada, fica dentro da vegetação fechada a pouca altura do solo.
Muito fácil de ser detectada pela voz.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
98 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Myiophobus fasciatus (MULLER, 1776)
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 18
HORAS/REDE AVES AVES AVES .
MEDIDAS | ANILHADAS| RECAPTURADAS
Nº PLACA
VERÃO 79/80 I" 520
OUTONO/80
INVERNO/80
PRIMAVERA/80
VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80
| Medidas
Das 18 aves anilhadas, 4 foram recapturadas na primavera. O maior
número de aves nas redes foi na primavera e verão, sendo que nenhuma
foi anilhada nem recapturada no inverno. Com placa de choco foram en-
contradas 4 aves, na primavera e verão.
STATUS. Comum na primavera e verão nas partes baixas da vegetação
bem fechada. ta
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudos da avifauna do... | 99
Elaenia obscura (LAFRESNAYE & D’ORBIGNY, 1837)
Numero de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 28
AVES N° PLACA
RECAPTURADAS
VERÃO 79/80
OUTONO/80
INVERNO/80
rMAveRA | m [6 | 8
TOTAL 3679 21 21
x
Min-Máx | X Min-Máx anual
175-185 186 180-197 192 185-200 194 189-200 188
87,3 | 82-90 | 87,9 , |
75,6 72-80 E 77-85
De 28 aves anilhadas houve só duas recapturadas, apesar da es-
pécie estar presente durante todo o ano.
Nos valores de comprimento total, asa e cauda verificou-se um sen-
sivel aumento no inverno e primavera, o que poderia ser explicado pelo
desgastes das penas na primavera e verão e aparecimento de penas:
novas com a muda de outono.
Três individuos tinham placa de choco em novembro e dezembro,
sendo que um deles foi recapturado duas vezes.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
100 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Pelas listas de observações mensais e relação ave-rede, verificou-se
a presença da espécie durante as quatro estações anuais, com um au-
mento no número de aves em rede na primavera e verão.
STATUS: Comum nas bordas da mata e nas capoeiras, durante o ano
todo.
Turdus rufiventris VIEILLOT, 1818
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 58
HORA/REDE AVES
MEDIDAS
AVES
ANILHADAS
AVES
RECAPTURADAS
Nº PLACA
DE CHOCO
VERÃO 79/80
OUTONO/80
INVERNO/80 962 9 9
PRIMAVERA /80 943
TOTAL
VERÃO 79/80
INVERNO/80
PRIMAVERA/80
OUTONO/80
Min- Máx
236 230-240 252,6 235. 261 241-259
66,7 60-72 61-78 61-79
1 110-113 118,2 108-125 117 110-125
230-261
60-79
108-125
36,5-41,5
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 101
Das 58 aves anilhadas houve 29 recapturadas nas quatro estações,
o que demonstra as características sedentárias da espécie.
Nas medidas de comprimento total, asa e cauda os valores menores
ocorreram no verão, o que seria explicado pelo período de desgaste
máximo das penas. No vutono houve uma média mais alta novamente,
devido aos individuos que já haviam sofrido a muda.
STATUS. Residente muito comum durante todo o ano, em matas de ve-
getação secundária, capões, pomares e jardins.
Turdus amaurochalinus CABANIS, 1851
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 44
104-123
86-96
AVES AVES AVES Nº PLAC
E o A
HORA/REDE | MEDIDAS |ANILHADAS | RECAPTURADAS DE CHOCO
— - a
VERÃO 79/80 520 2 3
- 17
OUTONO/80 1254 ! 3
INVERNO/80 962 : - 1
en A
PRIMAVERA /80 943 6 6 1
1 ‚m a 7
TOTAL rl nz e 2
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
102 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
O período de maior captura da espécie foi na primavera de 1979,
com 32 aves; tendo no verão e outono decrescido para apenas 3 indi-
víduos e, no inverno, nenhuma captura foi registrada. Neste periodo, no
entanto, a espécie foi observada em áreas próximas aos locais das redes.
As recapturas foram baixas, sendo uma no inverno e uma na
primavera.
Na primavera de 1979 e 1980 foram encontrados 11 individuos com
placa de choco.
STATUS: Presente durante as quatros estações anuais.
Turdus albicollis VIEILLOT, 1818
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 115
AVES AVES AVES Nº PLACA
HORAS/REDE | MEDIDAS | ANILHADAS | RECAPTURADAS
Limite
anual
220-245
52-75
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudos da avifauna do... 103
Foi a espécie com o maior número de aves anilhadas.
Os índices de recaptura foram mais altos no outono, estação em
que se observou uma maior movimentação de aves desta espécie, no
local onde estavam armadas as redes. No mês de maio foi capturado o
maior número de T. albicollis, totalizando 42 aves nas 480 horas-rede. A
hipótese que pode explicar esta maior concentração seria o fato de haver,
nas proximidades das redes, plantas com frutos maduros dos quais os
sabiás alimentam-se, como por exemplo, a capororoca (Raponia sp.) e
erva-de-passarinho (Phoradendron sp.)
f Na primavera e verão foram encontrados 12 indivíduos com placa
e choco.
STATUS: Comum durante todo o ano.
Basileuterus culicivorus (LICHTENSTEIN, 1830)
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 36
AVES AVES AVES Nº PLACA
HORAS/REDE | MEDIDAS | ANILHADAS| RECAPTURADAS
VERÃO 79/80
OUTONO/80
INVERNO/80
PRIMAVERA /80
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
104 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
VERÃO 79/80 OUTONO/80 NVERNO/80 PRIMAVERA/80 =
x Limite
[pesa [x pas X fios [E pias | a |
di de e dp DO
De 36 indivíduos anilhados, 20 foram recapturados com 11 indi-
viduos recapturados uma ou mais vezes.
As medidas de comprimento total, asa e cauda mostraram os
valores mais altos no outono, ocasião do surgimento de penas novas.
STATUS: Comum no estrato médio nas matas e capões, durante todo o
ano.
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817)
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 37
HORAS/REDE AVES AVES AVES
MEDIDAS| ANILHADAS RECAPTURADAS
VERÃO 79/80
PRIMAVERA/80 en
TOTAL 3679
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 105
Limite
anual
140-160
VERÃO 79/80 OUTONO/80 | INVERNO /80 PRIMAVERA/80
Medidas
[E [ess [5 [so e us [7
Comp. 140-148 E 150-160
total
COCO ESEEEIBEG
O grande número de recapturas com as aves desta espécie (37 in-
dividuos anilhados com 46 recapturas) pode ser explicado pela sua
presença durante todo ano no local e provavelmente viver em um pe-
queno território. Sendo uma espécie típica do estrato baixo da mata, na
proximidade com o solo, são aumentadas as probabilidades de captura.
Na primavera não houve anilhamentos novos e somente oito recap-
turas, o que permite supor que todos os indivíduos do lugar onde es-
tavam as redes haviam sido anilhados.
STATUS: Comum durante todo o ano, nas partes baixas de capões e
matas.
Haplospiza unicolor CABANIS, 1851
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 25
HORAS/REDE AVES
MEDIDAS | ANILHADAS |RECAPTURADAS
VERÃO 79/80
OUTONO/80
INVERNO/80
PRIMAVERA/80
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
106 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Medidas
VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80
Limite
E dE E RR
15116 14:18 Bass E Far
per zul
Fee ee
E uma especie dificil de ser observada e que durante o veräo,
outono e inverno foi fregüente nas redes. Não foi capturada na prima-
vera. De 24 aves anilhadas não houve nenhuma recaptura; por este fato,
e por não estar presente na primavera é de supor que faça pequenos
movimentos migratórios.
STATUS: Por sua difícil observação, parece ser rara.
Espécies pouco freqiientes nas redes
As espécies menos fregüentes nas redes foram medidas e rela-
cionadas, sendo apresentadas na seguinte sequência: nome vulgar, nome
científico, número de indivíduos anilhados ou medidos e dados biomé-
tricos das espécies (limites e médias).
Foram utilizadas as seguintes abreviaturas:
IA: número de individuos anilhados
IM: número de individuos medidos
P:peso
CT: comprimento total
C: cauda
A: asa
B: bico
T: tarso
Cada parâmetro está acompanhado por um número entre parên-
teses, que representa o número de individuos medidos para aquela carac-
‚teristica. Quando esse número está ausente, corresponde ao número total
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 .
Estudos da avifauna do... 107
de individuos (IA ou IM), ou seja, todos os individuos foram medidos
para aquela característica.
A média (X) foi calculada para três indivíduos ou mais; para 1
(um) ou 2 (dois) individuos, as medidas foram apenas relacionadas,
separadas por vírgula.
Gaviäozinho — Accipiter striatus (VIEILLOT, 1807) IA:1; C.T.: 280;
C: 130; A: 155; B: 9,2; T: 45.
Rolinha-roxa — Columbina talpacoti TEMMINCK, 1811 IA: CT“
193; C:57; A: 93; B: 11; T:21.
Juriti-pupu — Leptotila verreauxi Be 1855) IA: 5; P: 160-
215 (X= 188,4); C.T.: 285-318 (X= 298,6); C: 94-115 Xi 104,6);
A(2): 155 - 162 (X= 156); B(4): 10,8 - 15,9 (X= 14,1); T: 36,2 -
39,8 (X= 38,1).
Juriti-gemedeira — Leptotila rufaxilla era & BERNARD, 1792)
IA: 1; P: 220; C.T.: 305; C: 105; B: 16,5; T: 41,4.
Pariri — Geotrygon montana ER et 1758) IA: 1; P: 130; C.T.:
240; A: 139; B: 10; T: 34,2.
Papa-lagarta-verdadeiro — Coccyzus melanocoryphus VIEILLOT, 1817
IA: 1; P: 68; C.T.: 265; C: 127; A: 110; B: 20,4; T: 31,4.
Corujinha-do-mato — Otus choliba (VIEILLOT, 1817) IA: 1; P: 114;
C.T.: 225; C: 91; A: 173; B: 13,8; T: 38.
Beija-flor-de-topete — Stephanoxis lalandi (VIEILLOT, 1818) IM: 2
machos, P (1): 10;C.T.: 92, 104; C: 25,3, 32; A: 51,8,50;B (1):15,4;
T (1): 14,8.
Pica-pau-verde-barrado — Chrysoptilus melanochloros (GMELIN,
1788) IA: 1; P: 60; C.T.: 217; C: 68; A: 118; B: 21,8; T: 24,8.
Arapaçu-verde — Sittasomus griseicapillus (VIEILLOT, 1818) IA: 4; Hd
9-13 (X=11,2); C.T.: 162-178 (X=172,5); C: 72-80 (X=77); A
75—82 (X=79,5); B: 8,0-9,2 (X= 8,7); T: 19-21,4 (X= 20,1).
Arapaçu-grande — Dendrocolaptes platyrostris SPIX, 1824 IA: 5; P:
53-70 (X =59,2); C.T.: 275-290 (X=282); C: 108-114 (X=110,6); A:
120-126 (X=122,8); B: 25-25,4 (X=25 2); T: 30,2-31,1 (X=30,7).
‘ Arapaçu-escamoso — Lepidocolaptes squamatus (LICHTENSTEIN,
1822) IA: 1; P: 28; C.T.: 200; C: 83; A: 100; B: 22,4; T: 23.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
108 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Joäo-de-barro — Furnarius rufus (GMELIN, 1788) IA: 2; IM: 1: C.T.:
210; ©: 73; A: 104: Bolos Tu 425
João-tenenem — Sinallaxis spixi SCLATER, 1874 IA: 2; IM: 1; P: 15;
C.T.: 155; C: 72; B: 9,9; T: 20,6.
Arredio-oliváceo — Cranioleuca obsoleta (REICHENBACH, 1853) IA:
5, P (3):10-15 (X= 12,7); C.T. (4):146-155 (X= 15071): "E (4): 62-69
(X= 65,5); A (4):56,6-61 (X=59,2); B (4): 8,2-10,4 (X=8,9);
T(4):21-21,8 (X=21,4).
Trepador-quiete — Syndactila rufosuperciliata (LAFRESNAYE, 1832)
IA: 14; P(10):22-30 (X=26,4); C.T.(11):175-200 (X=188,2);
C(10):69-81 (X=7 4,9); _A(11):70-80 (X=76,4); B(12):11,5-16,0
(X=13,1); T(12): 21-27 (X=25,5).
Vira-folha — Sclerurus scansor (MENETRIES, 1835) IA: 13; P(11): 30-
36 (X=34); C.T.(10):180-201 (X=188,9); C(9):57-75 (X= 65,9);
A(10):79-91 (X=85,1); B(11): 15,9-19 (X=17,1); T(10):23-27
(X=25,3). ’
Joäo-porca — Lochmias nematura (LICHTENSTEIN, 1823) IA: 1; P:
22: C.T.: 150; C: 45: A: 67; B:17; T: 26.
Brujarara-assobiador — Mackensiaena leachii (SUCH, 1825) IA: 1; P:
64; C.T.: 290; C: 135; A: 100; B: 13,9; T:43,8.
Choca-da-mata — Thamnophylus caerulescens VIEILLOT, 1816 IA: 8
fêmeas, 6 machos; 2 indeterminados.
Fêmeas: P(4):18-23 (X=20,7); C.T. (7):155-171 (X=162,9); C(6):59-65
2 =62,3); A(6):62-70 (X =65,8); B(6):8,6-11 (X =10,2); T(6):21-27
(X = 24,7).
Machos: P(5):20-21 (X=20,2): C.T. (6):160-171 (X=166,8); C(5):65-69
(X =66,6); A (6):65-75 (X= 70,2); B(6):9,2-10,2 (X=9,8); T (6):25-
27,5(X = 26,5).
Choca-boné-vermelho — Thamnophylus uficap fine VIEILLOT, 1816)
IA: 2 machos, 2 fêmeas, 1 indeterminado.
Fêmea (1): P: 24; C.T.: 169; C: 65; A: 63; B: 11,1; T: 30,8.
Machos (2): P: 24,2; C.T.: 170,169; C: 68, 67; A: 67, 65; B: 10,1, 10; T:
29,8, 30.
Caneleirinho-verde — Pachyramphus viridis (VIEILLOT, 1816) IA: 1
macho, 1 fêmea.
Macho (1): P: 20; C.T.: 165; C:60; A: 75; B: 10; T: 22,5.
Fêmea (1): P: 22; C.T.: 152; C: 63; A: 72; B: 12,4; T: 22.
Obs.: 1 fêmea com placa de choco em novembro.
Caneleirinho-preto — Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818)
IA: 1 macho, 3 fêmeas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 109
Macho (2): P: 20, 22; C.T.: 169 ; C: 59,56; A: 81, 80; B: 10, 10,4; T:
22,0 w 22,4.
Fêmea (3): P: 20-25 (X=22,3); C.T. (2): 158, 165; C: 57-65 (X=60,7);
A(2): 74, 77; B: 10-12 (X=10,8); T(2): 21,8, 23.
Dançador — Chiroxiphia caudata (SHAW & NODDER, 1793) IA: 4
machos adultos; 7 fêmeas adultas; 7 machos subadultos.
Machos adultos (4): P: 24-25 (X= 24,7); C.T.: 165-172 (X=168); C: 61-
67 X= 64,5); A: 75-78 (X=77,2); B: 7-8,3 (X=7,8); T: 23,2-25,2
(M=24 1).
Fêmeas adultas (7): P(5): 22-26 (X=24,2); C.T. (6): 162-170 (X = 166,3);
C (5):55-58 (X =56,2); A: 73-80 (X= 75,8): T(5):21-23,5 (X=22,7).
Machos subadultos (7): P: 23-26 (X=25); C.T.: 161-175 (X-167 3); C: 51-
62 (X=56,8); A: 73-80 (X=175,8); T: 24-26,5 (X=25,0)
Obs.: 2 fêmeas com placa de choco em outubro.
Suiriri-pequeno — Satrapa icterophrys (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P: 30;
C.T.: 177; C: 69; A: 90; B: 9,8; T: 23,4.
| Tesourinha — Muscivora tyrannus (LINNAEUS, 1766) IA: 6; P(5):30-
34 (X =32.4); C.T.: 289-380 (X=332,2); C: 165-258 (X=212,5); A:
102-115 (X = 109); B(5):12,1-13,9 (X=13,3); T: 19,6-21,3 (X =20,6).
Suiriri — Tyrannus melancholicus VIEILLOT, 1819 IA: 1; P: 54; C.T.:
227; C: 90; A: 109; B: 20,8; T: 21,2.
Obs.: com placa de choco em novembro.
Peitica — Empidonomus varius (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P: 26; C.T.:
190; C: 77; A: 99; B: 12,4; T: 18,4.
Obs.: com placa de choco em outubro.
Bem-te-vi-rajado — Myiodinastes maculatus ee 1776) IA: 3; P:
42-52 (X=45,7); C.T.: 220-230 (X=225); C: 81-86 (X=84,3);
A(2):109, 110; B: 17,9-19,5 (X=18,9); T: 20,5-23,5 (X=21,5).
Bem-te-vi — Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766) IA: 4; P: 60-77
(X =66,3); C.T.: 253-262 (X=258 ‚7); C: 84-91 (X=87,5); A: 118-
127 (X=121,2); B: 23,8-26 (X=24 5): T: 30,4-32 (X=31,2).
Bico-chato-orelha-preta — Tolmomyas sulphurescens (SPIX, 1825) IA:
1: P-17: CT: 155; C: 62; A: 66; B: 9,0; T: 21d.
Obs: com placa de choco em outubro.
Tororó — Todirostrum plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846) IA: 6; P
(4):6-7 (X=6,2); C.T. (4):100-111 (X=106); A (3):41-43 X= 42); B
(5): 7,3-8,9 (X=8,2); T (5):20,9-22 (X =21,2).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
110 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
Borboletinha-do-mato — Phylloscartes ventralis (TEMMINCK, 1824)
IA: 13; P (8): 6,0-9 o (X 37 5);C.T.(10): 115-137(X = 129 ,5);C (10):
47-57 (X = 52,5); A (11): 47-59 (X =52,7); B (11): 6,6-7,8 (X = 7,2);
T(11):20-23(X = 21,6).
Alegrinho — Serpophaga subcristata (VIEILLOT, 1817) IA: 3; P: 6;
C.T.: 102-119 (X=110,3); C: 45-49 (X =46,7), A: 47-49 (X =48); B
6,0-6,6 (X =6,3); T: 16,4-19 (X=18,1).
Risadinha — Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824) IA: 3; P
(2):7,9; C.T.: 117-128 (X=122,7); C: 41-50 (X=46,3); A: 56-62
(X=58,7); B: 5,6-6,7 (X=6,1); T: 16,3-17 (X =16,7).
Corruira — Troglodytes aedon VIEILLOT, 1808 IA: 6; P (5):9-16
(X=11,2); C.T.: 120-129 (X=124,3); C (5):36-43 (X =39,2);
A (4):47-53 (X=49,2); B (5): 8,9-11,5 (X=10,8); T: 19,1-20
(X=19,8).
Obs: 3 indivíduos com placa de choco em outubro.
Gente-de-fora-vem ou pitiguari — Cyclarhis gujanensis GMELIN, 1789
IA: 7; P:27-38 (X=29,8); C.T.: 170-181 (X=174,7); C: 67-71
(X= 69,1) A: 75-82 X=78,4); B: 9,8-12,5 (X=11,1); T: 27-30
(X=28,3).
Obs.: 3 individuos com placa de choco em outubro.
Juruviara — Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766) IA: 15; P (11):13-24
(X=16,8); C.T.: (14):141-160 (X=149,7); C (12):48x56 (X=52,8);
A (14): 67-76 (X = 72,1); B (12): 8,8-11,8 (X = 10,2); T (12): 19-22,5
(X = 21,3).
Obs.: 4 individuos com placas de choco em outubro e novembro.
Mariquita — Parulapitiayumi VIEILLOT, 1817 IA: 4; IM: 1 fêmea.
Fêmea (1): P: 8,0; C.T.: 119; C: 40; A: 52; B: 7,9; T: 19,3.
Pia-cobra — Geothlypis aequinoctialis (GMELIN, 1789) IA: 2 fêmeas, 3
machos, 2 indeterminados.
Fêmea (2): P: 11, 12; C.T. (1)137; C (1):52; A (1): 76; B (1):8,3; T
(1):23. E e
Macho (3): P: 10-11 (X=10,3); C.T.: 139-144 (X=141); C: 52-56
(X=54,3); A:58-60 (X=58,7); B: 8,1-8,4 (X=8,3); T: 23-23,2
(X=21,1).
Cambacica — Coereba flaveola (LINNAEUS, 1758) IA: 7; P: 9,0-10
(X=9,6); C.T.: 115-122 (X=117,4); C: 31-40 (X=36,4); A: 56-
63 (X=59); B: 8,8-10,2 (X=9,4): T: 16 20 (R$ = 18,8).
Sanhaçu-frade — Stephanorus diadematus (TEMMINCK, 1823) IA: 8;
P (7):32- 38 (X=34,2); C.T. (7):191- 207 (X=199,7); C (7):78-87
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudos da avifauna do... 111
(X = 81,4); A.91-101 (X = 98,6); B (7): 7,1-7,9 (X = 7,6): T: 25,4-28
(X = 2(,0).
Sanhaçu-cinzento — Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766) IA: 1; P: 34;
C.T.: 187; C: 65; A: 97; B: 9,6; T: 24,7.
Tie-de-topete — Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P:
DONO TT STS AY STB: 9077
Trinca-ferro-verdadeiro — Saltator similis LAFRESNAYE & d’ORBIG-
NY, 1837 IA: 3; IM: 2; P: 42, 48; C.T.: 235, 225; C (1): 98; A:
114, 95; B: 12, 15; T: 28,6, 29,5. -
Azulinho — Cyanoloxia glaucocaerulea (LAFRESNAYE & d’ORBIGNY,
1837) IA: 7 f&meas, 4 machos, 2 machos jovens.
Macho (4): P: 17-18 (X= 17,7); c. T.: 155-167 (X=159 C: 64-65
(X= 64,7); A: 65-76 (X=71,2); B(3): 8,9-9,6 (X=9,2); T: 20,9-21,8
(X=21,2).
Fêmea (7): P(5):14-21 (X=17,2); C.T.: 150-161 (X=155,1); C(6): 62-65
(X=63); A(6):67-72 (X=170,3); B(5):7,9-11 (X=8,9); T(6):20,6-22
(= 21,6).
Coleirinho — Sporophila caerulescens (VIEILLOT, 1817) IA: 2 fêmeas,
1 macho.
Fêmea (2): P: 8, 10; C.T.: 121, 118; C: 46, 45; A: 59, 55; B: 7,4 7,1; T:
16,4. 17.
Macho (1): P: 12; C.T.: 128; C: 51; A: 59; B: 8, T: 18.
Tico-tico-rei — Coryphospingus cucullatus (MULLER, 1776) IA: 10
machos, 9 fêmeas, 1 indeterminado.
Macho (10): P (9):12-16 X= 14,4); C.T. (9): 140-151 Dr 145,1); C
(9):52-63 (X =57,8); A: 61-68 (X=63,9); B (9): 7,4-9 (X=8,3); T
20-22,4 IN Pi lesiva
Fêmea (9): P (6):13-15 (X=14,3); C.T. (6): 134-147 (X=142,7); C
(7):49-57 (X=54,3); A(7): 61-63 (X=62,4); B (7): 8,2-10 (X =9,0);
T (7):20,7-21,6 (X=20,9).
Tico-tico — Zonotrichia capensis (MÜLLER, 1776) IA: 15 adultos i-
dent., P (9): 19-23 (X=22); C.T. (13):150-167 (X=159,6); C (9):54-
65 (X= 59,8); A (11): 64-72 (X=68,3); B (10):8,3-12 (X=9,8);
T(10):23-27 (X =24,9).
Quem-te-vestiu — Poospiza nigrorufa (LAFRESNAYE & d’ORBIGNY,
1837) IA: 1; C.T.: 160; C: 65; A: 63; B: 9,3; T: 22,7.
Quete — Poospiza lateralis (NORDMANN, 1835) IA:6; P (5):17- a
(X=21:2); C.T. (5):150-167 (X= 157); C (4):63-68 (X= 66,2); A
(5):65-70 (X=67); B (5): 7,0-9,4 (X=8,0); T (5); 24,6-26,5
(X =25,3).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
112 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
DISCUSSÃO
Nos trabalhos de observação e identificação de aves no Parque Es-
tadual de Itapuã foram registradas 208 espécies, perfazendo portanto,
36% da lista de aves registradas para o Estado do Rio Grande do Sul.
Este total demonstra não só a importância do Parque na preservação das
aves da região, como também indica a existência de boas condições
naturais da flora e fauna.
As aves manuseadas apresentaram evidência de estarem em
processo de muda durante os meses do outono. Isto também foi detec-
tado nas médias das medidas de comprimento total, asa e cauda, das es-
pécies mais frequentes nas redes. No período do outono também veri-
ficou-se o menor número de aves capturadas/100 horas-rede (Tab. 1 ),0
que seria explicado pela menor movimentação de indivíduos que estão
sofrendo muda.
No inverno e primavera podem ser notados os maiores valores de
comprimento total, asa e cauda, o que demonstra a presença de penas
novas.
A presença ou ausência de espécies nas redes evidenciou que al-
gumas espécies ausentaram-se do local do estudo, por alguns meses.
Para as espécies migratórias, como Empidonax euleri e Myiarchus
swansoni, isto ficou perfeitamente claro, com a ausência destas espécies
no fim do outono e inverno, e sua presença na primavera e verão.
A recaptura de indivíduos destas espécies em 1980, no mesmo local
do seu anilhamento realizado no ano anterior, demonstra que eles uti-
lizaram a mesma área para procriação ou trânsito.
Haplospiza unicolor, que esteve presente no veräc, outono e inver-
no não foi capturada nem observada na área na primavera. Isto, no en-
tanto, não significa que esteve ausente, pois Chiroxiphia caudata,
,
presente todo o ano, também não foi capturada nas redes na primavera.
A presença de placa-de-choco em indivíduos de algumas espécies
significa que estas aqui nidificam, sendo os meses de outubro e novem-
bro os de maior incidência.
Espécies residentes, como Basileuterus leucoblepharus, B. culi-
civorus e Sclerurus scansor, apresentaram grande número de recapturas,
sendo alguns indivíduos recapturados várias vezes; o que sugere que es-
tas espécies ocupam uma área pequena.
Nas espécies Conopophaga lineata e Basileuterus leucoblepharus,
não houve capturas de aves sem anel, na primavera de 1980 (somente
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 113
recapturas), o que pode indicar que todos os indivíduos do local onde es-
tavam as redes já haviam sido anilhados.
De acordo com BELTON (1973), o Rio Grande do Sul possui uma
ornitofauna muito rica e variada, principalmente devido a sua situação
geográfica e condições ecológicas. Em 1978 o mesmo autor registra para
o Estado um total de 575 espécies, o que constitui 1/3 da ornitofauna
brasileira.
A área do Parque Estadual de Itapuã, devido às suas caracteris-
ticas geográficas e ecológicas, possui boas condições ambientais para
abrigar um variado número de espécies. Segundo RAMBO (1956) a
vegetação das escostas dos morros graniticos é do tipo da encontrada
nos morros da Serra do Sudeste. Parece que isto possibilita a existência
de aves desta região do Estado. Os campos úmidos, praias e banhados
às margens da Lagoa Negra e Lagoa dos Patos possuem características
típicas da região litorânea do Rio Grande do Sul, possibilitando a
ocorrência de espécies do litoral sul, como por exemplo, Lessonia rufa
(GMELIN, 1783). Segundo a divisão do Estado em zonas fisiográficas,
feita por FORTES (1979) (Fig. 1), o Parque Estadual de Itapuã situa-se
na Depressão Central e está próximo à região da Encosta Inferior do
Nordeste, o que pode explicar a ocorrência de espécies típicas do norte do
Estado, como por exemplo, Trichothraupis melanops (VIEILLOT,
1818).
As potencialidades ecológicas originais para manutenção de es-
pécies de aves já foram bastante alteradas, principalmente nos sistemas
de praias, campos úmidos e banhados, o que pode ser indicado pela
ausência de algumas espécies de aves muito notórias. Os moradores
locais mencionam algumas espécies que ocorriam em anos passados e
que hoje, apesar de serem observadas muito próximo da área do Parque,
não mais foram registradas, como por exemplo o capororoca — Cos-
coroba coscoroba (MOLINA, 1782) e cisne-de-pescoço-preto Cygnus
melanocoryphus (MOLINA, 1782).
CONCLUSÕES
— A área do Parque Estadual de Itapuã apresenta condições am-
bientais para a existência de uma avifauna rica em espécie e número de
individuos.
— O periodo de maior número de espécies e indivíduos presentes
no Parque foram os meses de primavera e verão, devido à chegada de
aves migratórias vindas do norte e pelo ingresso de individuos oriundos
da procriação local.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
114 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
— Os meses de outubro e novembro apresentaram uma maior in-
cidência de aves com placa-de-choco.
— No periodo de março e abril verificou-se a presença de maior
número de indivíduos em processo de muda.
AGRADECIMENTOS
Aos funcionários do Setor de Ornitologia do MCN, cujo valioso serviço propiciou 0
bom desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Dr. Helmut Sick, pela determinação sistemática de Caprimulgus longirostris e
Anthus correndera através de gravações e exame de material taxidermizado.
BIBLIOGRAFIA
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Este trabalho foi examinado por:
Cecilia Volkmer Ribeiro
Maria Lúcia Machado Alves
Maria Inês Burger Marques
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
116 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.E
ja
Ao
%
URUGUAI
Divisão Regional do Estado
19 - Litoral
2º - Depressão Central * Parque Estadual de Itapuã, Viama
3º - Missões
49 - Campanha
59 - Serra do Sudeste
6º - Encosta do Sudeste
72 - Alto Uruguai
89 - Campos de cima da Serra
92 - Planalto Medio
109 - Encosta Inferior do Nordeste
119 - Encosta Superior do Nordeste
Fig. 1 — Regiões fisiográficas do Rio Grande do Sul, seg. FORTES (1979).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
Estudo da avifauna do... 117
o A NEINEEN NEE NIREENEEEEEEENIESENEEEABERESEEEHE:.1.A
Colonia de
----| Trojetos periodicos
o
c
= E=] Trajetos ocasionais
o
o
,J
@ _Acampamento c/redes
FIG. 2
Pontal das
desertos
Key Fig. 2 — Mapa do Parque de Itapuä com o local de acampamento, trajetos pe-
riódicos e ocasionais utilizados para observação da avifauna.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
118 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B.
AVES
ANILHADAS
RECAPTURADAS
AVES
CAPTURADAS
>
un
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ZS
AVES RECAPTURA-
DAS/
100 HORAS-REDE
HORAS-REDE
Tab. 1 — Resultados do trabalho de anilhamento no Parque Estadual de
Itapuã.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981
IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos cientificos inéditos do Museu de Ciências
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. É publicado em quatro séries: BOTÂNICA,
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7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtítulos bem como as palavras latinas
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto.
8. Os nomes de autores citados no trabalho, inclusive os constantes das referências bibliográficas
(bibliografia consultada) devem ser escritos com letras MAIUSCULAS
9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos:
a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do
trabalho, título do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e
sublinhado), número ou fascículo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e
final.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2est.
Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, titulo do
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arábico, seguido de ponto e da
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado
(precedidos de p. e v. respectivamente).
b
—
Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet.
335p.
Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al-
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua
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que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este título, bem como as legendas, se
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ÃO
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ingia
serie Zoologia
BL ISSN 0073-4721
VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. Cercärias em Biomphalaria tenagophila
(ORBIGNY, 1835) (Mollusca, Planorbidae) de Guaiba, Rio Grande do
DR ae pi ae ee ee Recke ee p. 8
COIRO, J.R.R. et alii Long-time storange of biological material prepared for
eineizon microscopy. Coll behavior. ....ccsuscersreseseseccsisrscocc. p. 13
BUCKUP, P.A. Microlepidogaster taimensis sp. n., novo Hypoptopomatinae
da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil (Ostariophysi,
RR A e E EUR E DESEN RC ke ED Fa p. 19
MORGADO, E. H. & AMARAL, A.C.Z. Anelideos poliquetos associados a
um briozoário I. Eunicidae, Lumbrineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae.. p. 33
TAVARES, M.L.R. Descrição de uma nova espécie de Discocyrtus HOLM-
BERG, 1878 do Estado do Rio Grande do Sul (Opiliones, Gonyleptidae,
a Re ER ce PESA AA p. 55
VEITEINHEIMER-MENDES, IL, Corbicula manilensis (PHILIPPI,
1844), molusco asiático, na bacia do Jacuí e do Guaíba, Rio Grande do
Sul, Brasil, (Bivalvia, Corblcalidas) ,..cacecussenscensessiscrca p. 63
THOME, J.W. Contribuição ao estudo dos Veronicellidae (Gastropoda,
Mollusca): nova espécie do gênero Angustipes COLOSI, 1922.......... p. 75
GUDYNAS, E. & GERHAU, A. Notas sobre la distribución y ecologia de
Limnomedusa macroglossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) en Uruguay
O aci fest ENS RN TITE O TN PT RE p. 81
| MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. Diferenças morfológicas entre Di-
plodon charruanus ORBGNY, 1835 e D. pilsbryi MARSHALL, 1928
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VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B. Drulia ctenos-
clera, a new species of neotropical spongillid (Porifera, Spongillidae) .... p.117
TRAVI, V.H. Nota sobre nova espécie do gênero Ctenomys BLAINVILLE,
E TN COM RR RP RE Re p.123
SOLE-CAVA, A.M. et alii Study of some sponges (Porifera, Demospongiae)
from the infralitoral of Guarapari, Espirito Santo, Brazil............., p.125
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pras
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pass
prod
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Il:
BB
322
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297
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fosse
pelo SEITE
213p
1969
Rio de Janeiro
Escala
Rio Grande do Sul
(Porto Alegre)
13
Ese22 1: 7507000
Esc.:1:750.000
leia-se
fossem
por FEE.SEITE
431p
1968
/Rio de Janeiro/
Escala 1:750.000
Rio Grande do Sul
/Porto Alegre/
63)
Escala.:1:1.250.000
Escala.:1:1.140.000
Cercárias em Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835)
(Mollusca, Planorbidae) de Guaíba, Rio Grande do Sul, Brasil.*
Inga Ludmila Veitenheirmer-Mendes**
RESUMO
Com base no exame de exemplares de Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835),
coletados em banhado de uma propriedade do município de Guaiba, Rio Grande do Sul,
- Brasil, descreve-se: uma furcocercária, uma xifidiocercária, uma equinocercária e uma
monostomocercária, todas emergidas de diferentesf exemplares de B. tenagophila.
ABSTRACT
Based upon the examination of Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835) collec-
ted at the province of Guaiba, Rio Grande do Sul State, are described: a furcocercaria, a
xiphidiocercaria, a echinostome cercaria and a monostome cercaria, emerged from dif-
ferent,: specimens of B. tenagophila.
INTRODUÇÃO
VEITENHEIMER-MENDES (no prelo) faz um rápido apanhado
de trabalhos existentes até o momento na literatura brasileira, e que
descrevem ou mencionam cercárias emergidas de moluscos. No mesmo
trabalho descreve, pela primeira vez para o Estado do Rio Grande do
Sul, cercárias emergidas de planorbideos procedentes do municipio de
Camaquã, Rio Grande do Sul.
No presente trabalho são descritas diferentes cercárias emergidas
de distintos espécimens de Biomphalaria tenagophila (ORBINY, 1835),
procedentes de uma propriedade localizada no municipio de Guaiba, Rio
Grande do Sul.
* Aceito para publicação em 22.VII1.1980. Contribuição FZB nº 185.
** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul.
Cx. Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul; Bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.6082/76).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov. 1981
R VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
MATERIAL E METODOS
A coleta de moluscos (janeiro de 1979) no banhado da propriedade do Sr. Luiz
Feijó, localizada no municipio de Guaiba, Rio Grande do Sul, e a metodologia para a ob-
tenção, estudo e designação das cercárias, foram as mesmas descritas por VEITE-
NHEIMER-MENDES (1980 e no prelo).
Tentantiva de infestação de dois camundongos (Mus musculus LYNNAEUS, 1758)
com metacercárias de Cercaria guaibensis 4 foi realizada através da colocação de metacer-
cárias em água, e ministrada após aos ratos mediante uso de conta-gotas (16.11.1979),
sendo que um mês mais tarde (16.111.1979) foi feita a necrópsia dos mesmos.
As cercárias aqui estudadas estão incluídas na coleção Helmintológica do Museu de
Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
DESCRIÇÃO DAS CERCÁRIAS
Cercaria guaibensis 1
Forma adulta provável: Diplostomatidae ou Strigeidae, de acordo com
SCHELL (1970)-.
Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um único exemplar
emitiu cercárias maduras, do tipo furcocercária.
Medidas (com base em sete exemplares):
COrpO. .......... 166 a 193um de comprimento X 21 a 30um de largura
tronco caudal ... 187 a 218um de comprimento X 21 a 30um de largura
AUECAS oo ari 200 a 212um de comprimento X 11 a 16um de largura |
órgão de
penetração........ 37 a 43um de comprimento
acetábulo ........ 18 a 19um de diâmetro.
Descrição especifica: (Fig. 1)
Corpo de forma cilindrica, alongado, de lados paralelos, provido de
cinco pares de pêlos sensitivos. O par de pêlos posteriores, localizado ao
nível da vesícula excretora, é mais longo. No extremo anterior está
situado o órgão de penetração, recoberto de diminutos espinhos. O
acetábulo, localizado no terço posterior do corpo, apresenta em torno de
sua abertura cerca de 23 a 26 espinhos, arranjados em uma única fileira.
O sistema digestivo inicia pela boca, localizada no extremo an-
terior; segue-se uma pré-faringe, longa, que atravessa o órgão de pe-
netração, surgindo em seguida a faringe. O esôfago, situado mais ou
menos na metade do comprimento do corpo, bifurca-se formando dois
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 5
cecos, que se dirigem no sentido da região posterior, ultrapassando o
acetábulo. Esses cecos apresentam-se divididos por septos tranversais.
Ha dois pares de glândulas de penetração, anteriores ao acetábulo,
cujos ductos correm lateralmente ao sistema digestivo, até o órgão de
penet. ação, onde formam reservatórios que se abrem próximo ao orifício
oral
A vesicula excretora apresenta a forma aproximada de um Y.
O tronco caudal, mais comprido que o corpo, esta provido de
muitos pares de pêlos sensitivos, uniformemente distribuidos. Ha um
par de corpos caudais elípticos, junto à base do corpo. O canal excretor
se prolonga por todo o tronco caudal, parecendo abrir-se junto à bifur-
cação. As furcas, mais longas que o tronco caudal, são nz de
pêlos sensitivos.
Comentários:
A Cercaria guaibensis 1 aproxima-se muito da Furcocercaria II
descrita por OSTROWSKI DE NUNEZ (1972) e da Furcocercaria IV
também descrita por OSTROWSKI DE NUNEZ (1977). As formas
adultas, provavelmente, são congenéricas. Segundo OSTROWSKI DE
NUNES (1977), a maioria dos gêneros da familia Diplostomatidae
apresentam cercárias com quatro glândulas de ee pre-
acetabulares.
TRAVASSOS et alii (1969) relacionam para o Brasil um grande
número de espécies da família Strigeidae parasitando aves, e da família
Diplostomidae (sic) parasitando aves, mamiferos e répteis.
Cercaria guaibensis 2
Forma adulta provável: Plagiorchidae ou Telorchiidae, de acordo com
SCHELL (1970).
Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um ünico exemplar
emitiu cercarias maduras, do tipo xifidiocercaria.
Medidas (com base em um exemplar):
COLPO sa ni sr spas parti 225um de comprimento X 100um de largura
cauda; EB 163um de comprimento X 23um de largura
ventosajoral. sesta sarro: *% 50um de diâmetro
acetabulo eds stadisno: ge 37um de diâmetro
estilete Baynmienle. qui ‚a 12um de comprimento
Descrição específica: (Fig. 2)
Corpo apresentando forma elipsóide e a cutícula coberta por for-
mações papiliformes. A ventosa oral, de posição sub-terminal, está
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12,30 nov 1981
6 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
provida de um estilete, inserido num sulco próximo à abertura oral. O
acetábulo, menor que a ventosa oral, localiza-se em posição ligeiramente
pös-equatorial.
Sistema digestivo constituido por uma curta pré-faringe, seguida
de faringe musculosa e conspicua, continuada pelo esôfago, que se bifur-
ca em dois curtos cecos, os quais terminam ao nivel da margem anterior
do acetábulo.
Grande número de glândulas de penetração, concentradas, em sua
maioria, anteriormente, e ao nível do acetábulo. Essas glândulas abrem-
se ao exterior através de canais, junto à base do estilete. Esses canais
apresentam reservatórios, localizados próximo à ventosa oral.
A vesicula excretora, com aspecto geral de Y, apresenta-se cons-
tituida de três câmaras, interligadas por finos canais. Duas delas, de
posição anterior, atingem a região acetabular posterior. Na região pos-
terior de cada uma das câmaras excretoras anteriores, abre-se um canal
coletor principal vindo da região anterior do corpo. Foram visualizadas
algumas células flama, não sendo possível contar seu número exato.
Cauda de comprimento menor que o corpo, preenchida por células
glandulares, não apresentando tubo excretor caudal. Encontra-se en-
caixada no sulco ventral posterior do corpo, aparecendo, lateralmente as es-
truturas denominadas por OSTROWSKI DE NUNEZ (1976) como bolsas
locomotoras, e por ITO & BLAS (1978) como “caudal pockets”. Quando a
cercária esta em movimento, a cauda bate no sentido da face ventral do cor-
po; quando em repouso, a cauda permanece dobrada sobre a face ventral do
corpo (Fig. 3).
Comentários:
Com base em ITO & BLAS (1978) constata-se que a presente xifi-
diocercária pertence ao suberupo Daswan de SEWELL e que está in-
cluido no grupo Armatae de LUHE, em virtude da presença dos “caudal
pockets”.
Consultando o trabalho de RUIZ (1952a), verifica-se que ha uma
grande semelhança entre Cercaria guaibensis 2 e as Cercaria lutzi e Cer-
caria santense. Entretanto, a cercária ora em descrição diverge das
outras duas quanto à posição do estilete, tamanho e posição do acetá-
bulo, ornamentação da cutícula, glândulas de penetração e respectivos
canais, aspecto e posição da vesicula excretora, ausência de canal ex-
cretor na cauda e presença de bolsas locomotoras.
Segundo HYMAN (1951) os adultos da familia Plagiorchidae são
encontrados no intestino de diversos vertebrados, principalmente
aquáticos; na cavidade oral, esôfago e sistema respiratório de anfíbios e
répteis; menos frequentemente, na vesícula biliar e sistema urógenital de
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 7
répteis e aves. Segundo TRAVASSOS et alii (1969), os adultos da fa-
milia Telorchiidae parasitam répteis e anfíbios.
TRAVASSOS et alii (1969) citam várias espécies das familias
Plagiorchiidae (sic ]e Telorchiidae como ocorrentes no Brasil.
Cercaria guaibensis 3
Forma adulta provável: Echinostomatidae, de acordo com SCHELL
(1970).
Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um único exemplar
emitiu cercárias maduras, do tipo equinocercária.
Medidas (com base em sete exemplares):
EOEDOR der an 390 a 643m de comprimento X 144 a 225um de largura
eaudar...... 2... 558 a 790um de comprimento X 5 a 75um de largura
ventosa oral............ 31 a 68um de diâmetro
acetäbulo.............- 54 a 106pm de diâmetro
espinho caudal ......... 6pm de comprimento
espinho da coroa cefálica 7um de comprimento
farıngez er... 26 a 30pm de comprimento X 29 a 34um de largura
Descrição especifica: (Fig. 4)
Equinocercária grande, apresentando o corpo fusiforme, com um
proeminente colar anterior, composto por aproximadamente 33 espinhos.
O corpo apresenta-se desprovido de pêlos sensitivos, entretanto a cu-
ticula parece estar revestida por pequenas papilas (material fixado).
Ventosa oral subterminal, e o acetábulo, maior, está situado imedia-
tamente após a metade do comprimento do corpo.
O sistema digestivo inicia-se pela boca, seguida de uma longa pré-
faringe. Logo abaixo ha uma globosa e conspicua faringe; o longo
esôfago bifurca-se em dois cecos intestinais, que terminam ao nível da
margem anterior do acetábulo. O corpo apresenta-se densamente pig-
mentado, impedindo uma perfeita visualização das estruturas.
A vesicula excretora esta formada por uma única câmara, pos-
terior. Hã dois canais coletores principais, que chegam äntero-
lateralmente à vesicula excretora. Estes canais coletores seguem em
direção à região anterior, até mais ou menos à altura da faringe, onde se
voltam novamente em direção à região posterior, terminando junto à
vesícula excretora. Os canais coletores estão repletos de pequenos con-
crementos. Um canal excretor caudal deriva-se do extremo posterior da
vesícula excretora.
Entre o acetábulo e a vesícula excretora observa-se um conjunto de
células, que devem corresponder ao esboço dos órgãos genitais.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
8 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
A cauda é longa, apresentando-se provida de duas membranas
natatórias dorsais: uma delas tem início na região anterior da cauda, e
termina junto a um par de espinhos laterais situados no quarto posterior
da mesma; a outra limita-se, mais ou menos, ao segundo terço do com-
primento caudal. O canal excretor que inicia junto à vesícula excretora
percorre a ca” la até mais ou menos o quarto anterior da mesma, quando
se bifurca em dois ramos laterais que se abrem ao exterior.
Comentários:
LUTZ (1924) descreve e registra a ocorrência de um grande número
de equinocercárias para o Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais (Brasil).
Entretanto, a partir das descrições e das ilustrações por ele apresen-
tadas, não é possivel compará-las para fins de identificação com a
equinocercária aqui descrita. RUIZ (1952b) descreve Cercaria macro-
granulosa emergida de Australorbis glabratus (SAY, 1818) coletados em
Jaboticatubas, Minas Gerais e RUIZ (1952a) identifica a cercária de
Paryphostomum segregatum DIETZ, 1909 (= Cercaria granulifera).
Nenhuma destas cercárias pode ser comparada com Cercaria guaibensis
3, pois há diferenças marcantes no que se refere ao tamanho do corpo,
comprimento dos cecos, ausência de membrana natatória caudal e aspec-
to dos grânulos existentes nos canais coletores.
TRAVASSOS et alii (1969) citam um grande número de espécies
da familia Echinostomatidae para o Brasil, sendo que os hospedeiros
definitivos são aves, répteis e mamiferos.
Cercaria guaibensis 4
Forma adulta provável: Notocotylidae, podendo ainda pertencer à fa-
milia Pronocephalidae, de acordo com SCHELL (1970).
Molusco hospedeiro: Um exemplar de B. tenagophila emitiu cercárias
maduras, do tipo monostomocercária.
Medidas (com base em oito exemplares):
Corpo: .... apt): 140 a 315pm de comprimento X 99 a 138um de largura
cauda E 190 a 410um de comprimento X 28 a 48um de largura
ventosa oral..... 34 a 58um de diâmetro
ocelos laterais... 14 a 16um de diâmetro
ocelo medianc ... 8um de diâmetro
Descrição específica: (Fig. 5)
Corpo muito contrátil, modificando seu formato de quase circular
(140pm de comprimento X 130um de largura) até bastante alongado e
apresentando formato oval. O corpo fortemente pigmentado impede a
visualização de quase todas as estruturas internas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
Cercarias em Biomphalaria tenagophila... 9
A ventosa oral é subterminal. Ha um par de ocelos pigmentados
localizados lateral e anteriormente aos canais excretores. Um terceiro
ocelo, menor, situa-se abaixo da ventosa oral.
A. vesicula excretora está localizada na região posterior e dela par-
tem dois canais excretores, que se dirigem, um de cada lado do corpo,
em direção à região anterior, onde se unem. Os canais excretores
apresentam-se repletos de pequenas partículas sólidas.
Do corpo, na base e lateralmente à vesícula excretora, projetam-se
duas saliências (Fig. 6) que correspondem ao par de órgãos adesivos in-
dicados para as monostomocercárias por SCHELL (1970). A cauda é
simples e muito conträtil.
Estas cercárias foram emitidas preferentemente no periodo da
“manhã. As cercárias começavam a surgir de 15 a 30min após o molusco
ter sido colocado sob a luz de lämpada incandescente e em água fresca.
Observou-se que num periodo de lh 45min o molusco liberou aproxi-
madamente 150 cercárias. Após nadarem algum tempo, cerca de 30min,
fixaram o corpo, tanto às paredes do recipiente como em folhas de al-
face, usadas para alimentar o molusco; após sacudiram fortemente a
cauda até a mesma se desprender; imediatamente começaram a secretar
uma membrana de revestimento em torno do corpo, transformando-se
em metacercárias.
As metacercárias, de forma hemisférica (Fig. 7 e 8), apresentam-se
envoltas por uma membrana de cerca de 14 a 22um de espessura, sendo
que o cisto todo pode apresentar de 140 a 196um de diâmetro, com
aproximadamente 88um de altura.
Tentou-se a infestação de dois camundongos, para obtenção da for-
ma adulta; entretanto, um mês após a tentativa, o resultado foi ne-
gativo.
Comentários:
A cercária aqui estudada assemelha-se àquela descrita por OSTROW-
SKI DE NUNEZ (1976) para Hippocrepsis fuelleborni TRAVESSOS &
VOGELSANG, 1930 (Notocotylidae). Entretanto, como näo foi obtida a
forma adulta, não se pode concluir que a Cercaria guaibensis 4 originaria H.
fuelleborni. Os autores ODENING, STUNKARD e outros, segundo OS-
TROWSKI DE NUNEZ (1976), mostram que há uma grande semelhança
entre as cercárias da familia Notocotylidae, sendo muito difícil separa-las
apenas por caracteristicos morfolögicos, e que apenas conhecendo o adulto
poder-se-ia ter certeza quanto à espécie.
Segundo TRAVASSOS et alii (1969), ocorrem no Brasil várias es-
pécies de trematódeos da família Promocephalidae parasitando quelô-
nios, répteis. e peixes; entretanto, cita apenas uma espécie da familia
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
10 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
Notocotylidae, isto é, Paramonostomun ionorne TRAVASSOS, 1921
parasitando aves.
AGRADECIMENTO
À colega Maria Elizabeth Lanzer de Souza pelo fornecimento do molusco infestado
com Cercaria guaibensis 4 e indicação de sua exata procedência, possibilitando posterior
coleta de novos exemplares de moluscos infestados por outros tipos de cercárias descritas
no presente trabalho.
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bras. Biol., Rio de Janeiro. (no prelo).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 11
Fig. 1-4:Cercaria guaibensis 1 a 3: 1.C.guaibensisl, vista ventral; 2 e3. C. guaibensis2:
2. vista ventral. O conjunto de glândulas de penetração com os respectivos canais e reserva-
tórios não foi apresentado no lado esquerdo da cercária; 3. vista da região póstero-ventral,
mostrando a posição da cauda quando a cercária encontra-se em repouso; 4. C. Guaibensis 3,
vista ventral.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
12 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
Fig. 5-8: Cercaria guaibensis 4:5. vista ventral; 6. vista da região póstero-ventral do
corpo, mostrando o par de órgãos adesivos; 7. vista lateral da metacercária resultante do
encistamento da cercária; 8. vista dorsal da metacercária resultante do encistamento da
cercária. e
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981
Long-time storage of biological material prepared for electron
microscopy. Cell behavior. *
José Rafael Rosito Coiro**
Maria Cristina Fassioni Heuser**
Vera Lúcia Vasconcellos**
ABSTRACT
Cells from a normal breast tissue immersed in glutaraldehyde during 22 months as
well as submission to prolonged rinses do not show ultrastructural injuries. The results
suggest that, if necessary, it is possible to storage biological material during long periods
of time for later use in electron microscopy without producing any damage to endocellular
components.
RESUMO
Celulas de tecido de mama normal imersas em glutaraldeido durante 22 meses, bem
como submetidas a lavagens prolongadas, näo mostram modificagöes ultra-estruturais. Os
resultados sugerem que, se necessario, e possivel estocar material biolögico durante lon-
gos periodos de tempo para mais tarde usar em microscopia eletrônica, sem produzir
qualquer dano aos componentes endocelulares. a =
INTRODUCTION
The biological material must be cut into small blocks not bigger
than 0.5mm3 and buffered glutaraldehyde should not be stocked longer
than 24 hours while fixative temperatures kept between O and 5°C
(MERCER & BIRBECK, 1974). Fixation are usually responsible for the
majority of artifacts and fixation through immersion is the less -
recommended while in situ fixation gives best results but preserves only
the surface of the blocks (JUNQUEIRA & SALLES, 1975) because it
only reaches the cells located down to a depth of 100nm
(MAUNSBACH; MADDEN; LATHA, 1962; MAUNSBACH, 1966;
BOHMAN & MAUNSBACH, 1970). A good fixation is only attained
after uniform penetration of a fixative through the whole tissue
(HAYAT, 1970). Fixation of a big chunks of tissue may produce post-
* Accepted for publication in 15.1X.1980.
** Electron Microscopy Laboratory, Department of Morphologic Sciences, Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):13-17, 30 nov 1981
14 COIRO, J.R.R. et alii
mortem alterations thus the smaller the tissue the better fixation will be
(GONZALEZ-SANTANDER, 1969). Brief isosmotic rinses between
glutaraldehyde and osmium tetroxide are recommended because longer
rinses could cause alterations of intercellular space, mitochondria and
chromatin (TRUMP & ERICSSON, 1965). The purpose of the present
study was to investigate if storage of biological material fixed with
glutaraldehyde during 22 months as well as long rinses could produce
ultrastructural injury.
MATERIAL AND METHODS
A block of breast tissue measuring 1.5cm in diameter by 5.0cm of lenght from a
normal adult woman was excised and immediately fixed with 2% glutaraldehyde in
0.23M Millonig’s buffer (MILLONIG, 1961). The tissue was maintained in the fixative
during 22 months at 5ºC. The volume ratio tissue-fixative being 1:10. After 22 months of
storage the material was cut in smaller pieces (0.5-1.0mm3) and refixed in a new glutaral-
dehyde solution during one hour at room temperature. Two quick (30min each) rinses
were made with isotonic Millonig at room temperature and a third one done at 5°C during
24 hours. Fixation in a 1% osmium tetroxide was performed with the same buffer. Af-
ter staining in an 1% aqueous uranyl acetate solution (KELLENBERGER; RYTER;
SECHAUD, 1958) at 5°C during 24 hours the cells were dehydrated in the alcohol series
and embedded in Polylite 8001-P (COIRO & BRUNNER, 1973). Thin sections were ob-
tained with an Ultrotome IV (LKB) microtome, stained by lead citrate (REYNOLDS,
1963) and examined in an Elmiskop 102 electron microscope at 80kV, from x 3000 to
X 30000 magnification.
RESULTS
Figure 1 shows a circle of epithelial cells. On the center of this
group of cells there is an area with some density which corresponds to
the ductule lumen. The dense material that fills the lumen shows a
discreet retraction which produces a site of less density. On this area it is
possible to see microvilli which belong to the epithelial cells of the
lumen. Within some regions of the lumen it is possible to observe
cellular debris problably derived from membrane systems which show a
myelin-like figure (arrows). These epithelial cells have round nuclei with
occasional indentations.
Figure 2 shows a mitochondrion with transversal lamella
measuring 0.94um in lenght and 0.25nm in diameter. The external
chamber measures 44A while the membrane units that constitue the
external and internal membrane measures 80 A . The Golgi complex is
'morphologically well characterized by cisterna with focal dilatations
(Fig. 3). Parallel tubular structures were interpreted as being the
centriole measuring 5.300 A in lenght and 1.600A in diameter (Fig. 4).
It is possible to located six typical desmosomes linking two epithelial
cells (Fig. 5). The intercellular space measures 120 A (Fig. 6). Figure 7
depicts endoplasmic reticulum measuring 400 in diameter and
ribosomes show themselves well characterized with diameters about
IHERINGIA. Ser Zool., Porto Alegre(60):13-17, 30 nov 1981
Long-time storage of... 15
156,8 The perinuclear cisterna measures 90A and the nuclear envelop
is transversed by nuclear pores measuring about 800A’ . The chromatin
shows itself dense and granulated with concentrations on the nuclear
envelop internal surface (Fig. 8). Figure 9 depicts an endothelial cell
(capillary) with its lumen filled by an erythrocyte.
DISCUSSION
It is well know among electron microscopists that biological
material needs special care in order to avoid ultrastructural alterations
of the cells. Special attentions must be given to specimen size, type of
fixative,- temperature and duration of fixation as well as to rinses.
However, with ultrathin sections of cells submitted to storage during
long periods the results do not agree with assertion of MERCER &
BIRBECK (1974). These cells pertained originally to chunks of tissue
(1.5-5.0cm) that were only cutted in little pieces (0.5.-1.0mm3) for
refixation after 22 months of storage, then immersed in glutaraldehyde.
This procedure shows that penetration of fixative through the whole
tissue presented no significant alterations. This make us believe that
fixation by immersion of big block produces no artifacts as previously
supposed. On the other hand this mode of fixation is also relatively
uniform and quick. This idea agrees with HAYAT (1970) because
otherwise we would find in the deeper regions cells in evident autolysing
process. Figure 1 to 9 show that detectable alterations do not occur. It
follows that morphology and measures of endocellular components are
compatible with measures made in cells from normal breast tissue by
OZZELLO (1975). Therefore, they do not substantiate the
recommendations made by TRUMP & ERICSSON (1965) since we was
performed longer rinses than those recommended by these authors.
Also uranyl acetate staining was performed during exceedingly longer
times which even gave better results to observe chromatin and
ribososomes. These results as well as others obtained with human aorta
(COIRO et alii, unpublished) suggest that the key-point of a reasonable
fixation remains on the time that elapses between tissue excision and
contact with fixative and not on storage time (22months), dimensions of
blocks (1.5-5.0cm) and duration of rinses (24 hours).
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors are in debt to Dr. Celso Paulo Jaeger for the helpful suggestions
and translation.
This research has been supported by Pró-Reitcria de Pesquisa e Pós-Graduação —
UFRGS — Proc. 50379/78, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande
do Sul — Proc. 21/79 and Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Ser. Zool.. Porto Alegre(60):13-17, 30 nov; 1981
16 COIRO, J.R.R. et alii
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IHERINGIA. Ser Zool., Porto Alegre(60):13-17. 30 nov 1981
Long-time storage of... 17
Fig. 1-9: 1. (L) lumen, (v) microvilli, (N) nucleus of epithelial cell, (arrow) myelin-
figure; X5,200; 2. (m) mitochondrion, (arrow) external chamber; X 60,000; 3. (G) Golgi
complex; X53,000; 4. (CT) centriole; X 65,000; 5. (d) desmosones, (arrow) polisomes;
X 41,000; 6. (N) nucleus, (arrow) intercellular space; X 18,000; 7. (er) endoplasmic reti-
culum, (arrow) ribosomes; X 21,000; 8. (N) nucleus, (cr) chromatin, (m) mitochondrion,
(p) pore, (arrow) polisomes; X30,000; 9. (N) nucleus of endothelial cell, (Ec) erythrocyte;
X 6,700.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):13-17,30 nov 1981
Microlepidogaster taimensis sp. n., novo Hypoptopomatinae da
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil (Osta-
riophysi, Loricariidae).*
Paulo Andreas Buckup**
RESUMO
Uma nova espécie de siluriforme da região do Banhado do Taim, Rio Grande do
Sul, Brasil, pertencente à subfamilia Hypoptopomatinae, é descrita: Microlepidogaster
taimensis. São feitas breves observações sobre o habitat e ontogenia da espécie.
ABSTRACT
A new species of catfish from the region of Taim, Rio Grande do Sul State, Brazil,
belonging to the subfamily Hypoptopomatinae, is described: Microlepidogaster taimensis,
with discussion on its status and remarks on its habitat and ontogeny.
INTRODUÇÃO
Estudando os Hypoptopomatinae do Estado do Rio Grande do Sul e
sul de Santa Catarina, deparamo-nos com grandes dificuldades devidas à
inadequação e limitação das descrições de espécies e à falta de revisões
adequadas e recentes. A revisão desta subfamília foi iniciada pelos ic-
tiologos H. A. Britski e J. C. Caravello, de cujo trabalho resultou uma
revisão (GARAVELLO, 1977) do gênero Parotocinclus EIGENMANN &
EIGENMANN, 1889. BOESEMAN (1974) apresentou uma discussão
bibliográfica sobre o gênero Hypoptopoma GUNTHER, 1868. Os gê-
neros nominais Otocinclus COPE, 1871, Hisonotus EIGENMANN &
EIGENMANN, 1889, e Microlepidogaster EIGENMANN & EIGEN-
MANN, 1889, permanecem necessitando uma meticulosa revisão.
Em vista da complexidade e amplitude de tal revisão restringimo-
nos, aqui, à descrição de uma nova espécie da região do banhado do
Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, apresentando apenas aquelas discus-
sões necessárias à correta colocação taxonômica da referida espécie. Cer-
* Aceito para publicação em 06.X1.1980.
** Museu Anchieta, Caixa Postal 358, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil. Estagiário do Departamen-
to de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Paulo Gama, s/n, 90000
Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
20 BUCKUP, P.A.
tamente o numeroso material depositado no Museu de Zoologia da
Universidade de São Paulo, sob a curadoria do Dr. Britski, dará fu-
turamente novas e radicais mudanças na organização sistemática deste
grupo.
O presente trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que visa
inventariar taxonomicamente a ictiofauna da Estação Ecológica do
Taim.
MATERIAL E MÉTODOS
Cento e quarenta e cinco espécimes foram examinados, 65 dos quais foram medidos.
O material encontra-se depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
(MZUSP); Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre (DZUFRGS); Museu Anchieta, Porto Alegre (MAPA); e Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCN). ;
As mensurações, expressas em milimetros, foram feitas com paquimetro e. »n-
tram-se registradas na tabela 1: (A) comprimento total; (B) comprimento padrão, (0)
comprimento da cabeça; (D) comprimento da cabeça até o supra-occipital; (E) compri-
mento da cabeça até o pós-temporal; (F) altura da cabeça; (G) distância infra-orbital da
cabeça; (H) distância interorbital; (I) comprimento do focinho; (J) diâmetro da órbita; (K)
largura do corpo; (L) altura do corpo; (M) distância pré-dorsal; (N) distância pré-peitoral;
(O) distância pré-ventral; (P) distância pré-anal; (Q) comprimento do pedúnculo caudal;
(R) altura do pedúnculo caudal.
As medidas D e E foram tomadas da ponta do focinho à extremidade posterior, res-
pertivamente, do supra-occipital e do pós-temporal. A utilização de três mensurações
diferentes para o comprimento da cabeça justifica-se, tendo em vista a facilitação de
eventuais comparações com descrições de diferentes autores (REGAN, 1904; BOESE-
MAN, 1974).
A distância infra-orbital da cabeça (G) foi tomada entre a margem inferior da órbita
e a face inferior da cabeça. As medidas M, N, O e P foram feitas entre a ponta do focinho
e a margem anterior da base do primeiro raio da respectiva nadadeira. O comprimento do
pendúculo caudal (R) foi medido entre a base do último raio da nadadeira anal e a base da
caudal. As demais mensurações correspondem às utilizadas por GARAVELLO (1977).
Na descrição são dados o menor e o maior valor encontrados para as proporções,
seguidos, entre parêntesis, das médias acompanhadas dos respectivos erros padrões. Os
dados das regressões calculadas encontram-se na tabela 2.
As contagens foram efetuadas com o auxílio de microscópio estereoscópico e agulha
histologica. A série pös-cleitral de escudos laterais foi dividida em duas porções: o último
escudo da porção anterior e o primeiro da porção posterior são definidos como sendo
aqueles cujas margens superiores: se justapõem à margem posterior de um mesmo escudo
da série posterior ao pós-temporal. Este por sua vez é definido como o último desta série.
Na contagem dos escudos da segunda porção da série pós-cleitral não são considerados
aqueles alongados situados sobre os raios da nadadeira caudal. Estas e as demais con-
tagens ficam bem compreendidas com a observação das figuras 1-3.
Os desenhos das figuras 1-3 foram feitos em câmara clara, após clarificação em
solução de KOH a 1% e peróxido de hidrogênio a 0,3% e coloração do espécime com ali-
zarina em solução de KOH a 1%. Os dentes (fig. 4) foram retirados do exemplar co-
rado, montados em lâmina e desenhados ao microscópio dotado de ocular projetora.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
Microlepidogaster taimensis sp.n.... 21
7 POSIÇÃO GENÉRICA
O maior problema na correta colocação da nova espécie reside na
caracterização diferencial entre Otocinclus e Microlepidogaster.
Segundo EIGENMANN & EIGENMANN (1889a, 1889b e 1890),
Microlepidogaster difere de Otocinclus pelo revestimento ventral e
posição da nadadeira dorsal, a qual teria a inserção em posição signi-
ficativamente posterior à das ventrais. REGAN (1904), ao reunir os dois
gêneros, chama a atenção para a pouca importância da posição da dorsal
como característica genérica e aponta M. nigricauda (BOULENGER,
1891) como intermediário entre M. perforatus EIGENMANN & EI-
GENMANN, 1889 e os Otocinclus mais típicos em relação a esta carac-
teristica. O próprio EIGENMANN (1910) reconhece isto ao restringir em
sua chave a diferença à forma do revestimento ventral e incluir em seu
gênero as espécies M. nigricauda e M. lophophanes (EIGENMANN &
EIGENMANN, 1889), a última das quais tem a dorsal inserida sobre as
ventrais.
A distinção entre os dois gêneros pareceria, então, residir no reves-
timento ventral ausente ou constituido por numerosas plaquinhas ir-
regularmente dispostas em Microlepidogaster, ou constituido de três
séries longitudinais de placas em Otocinclus. Entretanto, na espécie do
banhado do Taim, é extraordinariamente grande a variabilidade do
revestimento ventral, não somente do ponto de vista ontogenético, como
também intrapopulacional. Em geral existem duas séries de grandes
placas laterais, entre as quais pode-se inserir uma terceira série de placas
grandes ou uma série de placas fragmentárias. Algumas vezes um mes-
mo exemplar apresenta anteriormente a série central constituida de
grandes placas e posteriormente, várias plaquinhas irregularmente dis-
postas. Em vista disto optamos por seguir a orientação dada por BRIT-
SKI (1972) que utiliza a conformação da cintura escapular e a posição e
tamanho dos olhos, bem como a forma geral da cabeça. Otocinclus teria,
assim, a cabeça alta, olho lateral grande, maior que a porção infra-
orbital da cabeça e a cintura escapular completamente exposta, enquanto
Microlepidogaster teria olho dorso-lateral, menor que a porção infra-
orbital da cabeça e cintura escapular com um forame coberto de pele.
Em vista dos resultados obtidos com as medições do diâmetro do olho e
a distância infra-orbital da cabeça, pode-se acrescentar que Microle-
pidogaster apresenta algumas vezes valores iguais para estas duas
medidas. Com exceção deste pormenor, M. taimensis sp. n. encaixa-se
perfeitamente na definição de Microlepidogaster sugerida por BRITSKI
(1972). =
Desejamos salientar, no entanto, que, levando em consideração a
enorme plasticidade evolutiva deste grupo de peixes e o atraso de sua
sistematica no presente, qualquer conclusão a que se chegue sobre o
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31,30 nov 1981
22 BUCKUP, P.A.
limite dos gêneros, antes de uma completa revisão da subfamília, as-
sume caráter provisório.
Microlepidogaster taimensis sp. n.
Material tipo: Rio Grande do Sul, Brasil. Holótipo MZUSP
14133, (novo canal do Arroio Taim) Estação Ecológica do Taim, Rio
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zação imprecisa) Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 28.V11.1978,
L. Buckup leg.: DZUFRGS 0281 a 0283, (canal de localização imprecisa)
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 07.X.1978, F. D'Incaoleg..
Local idade tipo: banhado do Taim, Municipios de Rio
Grande e Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil.
Diagnose: série pós-cleitral com 26-31 placas (geralmente 28),
as últimas das quais usualmente fragmentadas. Altura do corpo 7 vezes
e largura 5 vezes no comprimento padrão. No adulto o ventre é recoberto
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por series irregulares de placas grandes, podendo a central ser substi-
tulda por um arranjo irregular de placas menores. Alto da cabeça sem
cristas ou depressões. Origem da dorsal apenas um pouco atrás da ori-
gem das ventrais. Denticulos rostrais bastante desenvolvidos. 12-20 e
10-16 dentes na série funcional, respectivamente em cada pré-maxilar e
em cada dentário.
Descrição: nadadeiras — D 1.7; P 1.6; V 1.5; A 1.5; C 1.14.1.
Excepcionalmente pode faltar um raio das nadadeiras dorsal, peitoral ou
caudal.
Forma geral bastante alongada. Cabeça estreita e deprimida com o
perfil dorsal regularmente convexo, sem cristas ou grupos conspicuos de
espinhos no adulto.
Escudos: 4-9, geralmente 6 ou 7, na série posterior ao pós-
temporal; 6-9, geralmente 7 ou 8, na porção anterior da série pós-cleitral;
19-23, geralmente 20, na segunda porção da série pós-cleitral, os últimos
dos quais usualmente fragmentados; 4-6, geralmente 5, na base da dor-
sal; 16-18, geralmente 17, dorso-laterais posteriores à dorsal; 2-4, geral-
mente 3, na base da anal; 12-14, geralmente 13, ventro-laterais poste-
riores à anal. Usualmente 3 pares de escudos separam a região anal da
nadadeira de mesmo nome, existindo entre os últimos um escudo impar
mediano. O mecanismo de trava do acúleo dorsal, descrito por GOS-
LINE (1947) é vestigial: a pequena placa pre-dorsal não apresenta a
forma característica de V, sendo apenas alongada lateralmente e jus-
tapondo-se à margem posterior, côncava, da porção superficial do pri-
meiro interneural, o qual tem a forma pentagonal. Entre este e o proces-
so supra-occipital inserem-se 2 ou 3 escudos ou pares de escudos. Ventre
nu nos jovens; áreas nuas desaparecendo progressivamente com o cres-
cimento; nos adultos recoberto posteriormente por pequenos escudos
numerosos e irregulares que tendem a formar anteriormente 3 séries de
escudos grandes, das quais as laterais, margeando o abdome entre as
bases das peitorais e ventrais, contam com 2-7, geralmente 4, escudos.
Linha lateral: os primeiros poros da linha lateral encontram-se na
abertura da cápsula da bexiga natatória, ligados entre si por um pe-
queno canal ósseo vestigial. Os poros seguintes encontram-se numa série
incompleta de escudos, que se localiza entre a série posterior ao pós-
temporal e a porção anterior da série pos-cleitral. Na região anterior da
segunda porção da série pós-cleitral, a linha lateral não é visível, rea-
parecendo somente no pedúnculo caudal.
Altura do corpo 6,30-7,93 (7,16 + 0,049), largura 4,29-5,40 (4,98
+ 0,027) no comprimento padrão. Pedúnculo caudal comprimido e
arredondado, comprimento 2,63 - 3,19 (2,83 + 0,015) no comprimento
padrão, altura 3,03 - 4,36 (3,72 + 0,034) em seu comprimento. Distância
pré-dorsal 2,04-2,44 (2,30 + 0,010), distância pré-peitoral 3,29-4,60 (4,05
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+ 0,036), distância pre-ventral 2,23-2,73 (2,50 + 0,013) e distância pré-
anal 1,61-1,82 (1,73 + 0,006) no comprimento padrão. Distância pré-
peitoral 1,41-1,78 (1,62 + 0,010) na distância pré-ventral.
Comprimento da cabeça 3,25-4,48 (4,00 + 0,033), até o pós-
temporal 2,63-3,49 (3,18 + 0,029), ate o supra-occipital 2,50-3,42 (3,09
+ 0,027) no comprimento padrão. Olhos com a projeção da iris sobre a
pupila bem definida, diâmetro 4,39-5,90 (5,12 + 0,041) no comprimênto
da cabeça, 5,67-7,48 (6,61 + 0,050) no comprimento da cabeça até o
supra-occipital e 2,00-3,00 (2,56 + 0,029) na distância interorbital, a
qual cabe 2,31-2,91 (2,59 +: 0,020) vezes no comprimento da cabeça
até o supra-occipital. O comprimento do focinho cabe 1,84-2,21 (2,05 +
0,008) vezes neste mesmo comprimento da cabeça. Cada narina situa-se
na extremidade posterior de uma depressão alongada, imediatamente an-
tes da linha que une as margens anteriores das órbitas. Os escudos que
formam as margens anterior e laterais da cabeça são fortemente u. os
entre si, algumas vezes não se podendo distinguir suas linhas de un. .;
o escudo da extremidade anterior do focinho é mais desenvolvido que os
adjacentes; o mais posterior destes escudos possui uma projeção trian-
gular sobre a face inferior nua da cabeça. Esta comunica-se, posterior-
mente, com os forames do cleitro. Boca pequena, com disco adesivo
grande, formado pelo lábio superior moderadamente largo e o inferior
circular e bastante largo, ambos recobertos por papilas, inclusive nas
margens. Barbilhões curtos, cerca de metade do comprimento dos olhos.
Lateralmente à boca existe uma profunda fossa formada pela invagi-
nação da pele entre o maxilar e as placas laterais da cabeça. Dentes com
a cúspide menor situada em oposição ao eixo central do corpo. A região
das cúsnides de cor acastanhada, em forma de colher dobrada para o in-
terior; o corpo do dente tem a porção distal expandida, com uma câmara
interna, e forma forte ângulo com a região basal, bastante expandida e
oca. Duas séries de dentes em cada maxila: a interna encoberta entre
dobras cutâneas, a externa com 12-20 dentes em cada pré-maxilar e 10-
16 dentes em cada dentário.
As placas dérmicas. faltam na maior parte da superficie inferior da
cabeça, na abertura da cápsula da bexiga natatória, nas concavidades
alongadas das narinas, ao redor das. bases das peitorais e ventrais, e na
região do anus. A extremidade das placas na base da dorsal é recoberta
de pele, o mesmo ocorrendo em relação à anal. Todos os escudos são es-
pinulosos; aqueles situados na região posterior das nadeiras, correspon-
dente à sua posição de repouso, são menos espinulosos. A margem do
focinho é provida de espinhos muito grandes e posteriormente dirigidos,
divididos em uma faixa superior a uma inferior, estes, de modo geral,
maiores do que aqueles; entre estas duas faixas ha uma área de pele
nua.
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O pós-temporal chega a ter até a metade de sua superfície irre-
gularmente perfurada. Coracöide e cleitro bem visíveis, o último, mais
estreito, com sua sutura mediana mascarada pela área trapezoidal nua
do seu forame. Acima da peitoral há uma fenda na pele, diagonalmente
disposta entre a porção superior do cleitro e a axila do último raio da
peitoral.
A dorsal e a anal têm seu primeiro raio espinuloso, exceto ao longo
da superficie posterior, sendo as espinulas distalmente dirigidas. Os
acúleos das peitorais são igualmente espinulosos, porém os espinhos dis-
tais são bastante grandes. O acúleo das ventrais é volumoso e subfu-
siforme; suas espinulas exteriores são distalmente dirigidas; as interiores
têm as extremidades proximalmente dirigidas, o que não ocorre com
suas bases. A origem da dorsal situa-se pouco posteriormente à das ven-
trais. Peitorais atingem o meio das ventrais e estas podem terminar a
dois escudos antes da origem da anal ou podem ultrapassar a origem
desta.
Corpo uniformemente acastanhado escuro, sem qualquer listra ou
faixa longitudinal ou transversal definida. Região pös-nucal mais clara
que a lateral; ventre e face inferior da cabeça esbranquiçados. Na mar-
gem interna das depressões nasais existe, em geral, um vestígio de um
par de linhas mais claras. A caudal tem coloração variável, em geral
enegrecida anterior e inferiormente, tornando-se clara com manchas al-
ternadas em direção à extremidade superior. As demais nadadeiras têm
os raios bandeados alternadamente de claro e escuro. Quando recente-
mente coletados, existe, entre os exemplares, uma grande variação da
coloração geral, que vai do castanho claro ao negro; esta variabilidade,
no entanto, fica menos evidente apos a fixação dos exemplares.
pRositer vb utcçãao, habitat e comportamento:
todos os exemplares foram coletados na região do banhado do Taim,
situada entre as lagoas Mirim e Mangueira, no Estado do Rio Grande do
Sul. E extraordinariamente grande a associação destes peixes com o
aguapé-de-baraço (Eichhornia azurea KUNT, Pontederiaceae), que cresce
das margens dos canais cavados pelo Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS). Fixam-se ao caule de E. azurea com o auxílio das
nadadeiras ventrais, que são, por isto, modificadas em sua forma e dis-
posição dos espinhos. Os grandes espinhos rostrais devem contribuir
para este comportamento, como ja foi observado para Parotocinclus por
GARAVELLO (1977). Na ausência de E. azurea, fixam-se em gramineas
ou tipo semelhante de vegetação marginal submersa.
Ontogenia: as variações das proporções com o crescimento do
indivíduo podem ser avaliadas através dos dados de regressão constan-
tes na tabela 2. Exemplares menores tendem a ter as dimensões ante-
riores proporcionalmente maiores em relação às posteriores. Esta forte
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alometria manifesta-se caracteristicamente no comprimento da cabeça
até o supra-occipital (constante de regressão: 3,13), especialmente quan-
do comparado com o comprimento do pendúculo caudal (constante de
regressão: - 1,03). O diâmetro da órbita também comporta-se alome-
tricamente em relação às demais estruturas da cabeça.
Espécimes pequenos tendem a ter cristas e depressões na cabeça,
que desaparecem completamente no adulto. Os jovens têm uma crista
acuminada no processo do supra-occipital precedida de um par anterior,
formando, as três, um triângulo sobre este osso; sobre o pös-temporal há
uma crista mediolateral ao longo de seu cumprimento.
Nos jovens todos os escudos apresentam-se pouco ossificados, tor-
nando dificil, senão impossível, a sua contagem sem o uso de técnicas
especiais. O abdome apresenta-se completamente nu e a área coberta de
pele nos forames da cintura escapular é proporcionalmente maior.
DISCUSSÃO
Dentre as espécies de elevado número de escudos na série lateral, a
nova espécie aproxima-se de Microlepidogaster perforatus e M. lepto-
chilus (COPE, 1894). Distingue-se facilmente desta última, entre outros
aspectos, por ser mais deprimida: em M. leptochilus a altura do corpo
junto à base do acúleo da dorsal cabe 5,5 vezes no comprimento padrão,
enquanto que em M. taimensis a altura cabe cerca de 7 vezes no com-
primento padrão. EIGENMANN & EIGENMANN (1889a
e 1889b) ao fazerem a diagnose do gênero, então criado para in-
cluir a única espécie M. perforatus, dizem: dorsal fin inserted far pos-
terior to the ventrals. Em M. taimensis a distância pré-dorsal re-
presenta 43,5% e a distância pre-ventral 40% do comprimento padrão,
isto é, aquela é somente 8,7% maior do que esta. Este valor torna-se
menos significativo se considerarmos a projeção ortogonal da distância
pre-dorsal sobre a superficie ventral do corpo, que representa 41% do
comprimento padrão e um acréscimo de apenas 2,9% sobre a distância
pre-ventral (desprezando a correção desta última). Em vista destes va-
lores, dificilmente se poderá dizer que a dorsal esteja inserida far pos-
terior to the ventrals. Além disto, M. perforatus tem a região interor-
bital côncava, o que não ocorre em M. taimensis.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Prof. Fernando Rodrigues Meyer, Diretor do Museu Anchieta, on-
de a maior parte deste trabalho foi desenvolvida; ao Núcleo Interdepartamental de Es-
tudos Ecologicos (UFRGS), na pessoa do Prof. Dr. Tuiskon Dick pela viabilização ma-
terial das expedições de coleta; à Profa. Leda Francisca Armani Jardim pelo estimulo e
apoio junto ao Departamento de Zoologia da UFRGS; ao Prof. Heraldo Britski do Museu
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de Zoologia da USP pela acolhida quando de nossa visita âquele Museu, bem como pela
leitura do trabalho e sugestões apresentadas; aos acadêmicos Luiz Roberto Malabarba e
Cláudio Francisco Mota Souto pelo auxílio prestado durante os trabalhos de campo e
processamento das amostras; a João Pedro Griebler, fotógrafo do Departamento de
pan oa e Estratigrafia da UFRGS, pelas fotqgrafias que ilustram o presente
trabalho.
ABREVIATURAS UTILIZADAS NAS FIGURAS
Nas figuras foram usadas as seguintes abreviaturas: abd. — placas
abdominais; a.n.r. — ärea rostral nua; a.pr.n. — área pré-nasal nua;
cap. — abertura da cápsula da bexiga natatória; clei. — cleitro; c.l.lat.
— canal da linha lateral; cor. — coracóide; de. — dentes; pls.pr.d. — placas
pré-dorsais; pop. — pré-opérculo; post. — pós-temporal; soc. — supra-
occipital; tr.d. — placa vestigial do mecanismo de trava da dorsal; u.clei.a.
— último escudo da porção anterior da série pós-cleitral; u.post. — último
escudo da série posterior ao pös-temporal; 1. int. — porção superficial do
primeiro interneural.
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TABELA 1 — Medidas, em milímetros, de Microlepidogaster taimensis sp. n.
Exemplar A B Cc D E F G H ad! K L M N (0) P Q
MAPA 1061 65.6.7 51,4 12/40 15,7) 0158) 16,80 02,5) 6,8) 7,7 21 10,3 66 22,7 11,9 201 29,5 192 4
MAPA 1060 60 RE I o PISO GSI 2740 nn) 9,2 60 20,3 10,5 18,7 274 181 4
MZUSP 14133 60,9 47,8 109 14,2 142 63 24 55 70 2,2 9,4 6,6 20,6 10,7 184 27,5 173 4
MAPA 1063 60,9 47,7 109 14,2 140 62 23 59 70 2,0 8,9) 6;2h 210) 11/07 MBM Bom ARRUDA
MAPA 1065 59,1 471 11,0 14,3 141 64 27 58 73 21 9,2 68 196 112 188 26,6 178 4
DZUFRGS 0345 59,7 468 10,6 140 139 60 26 60 70 21 91 65 198 109 180 267 174 4
MAPA 1025 58,9 46,2 10,6 13,5 134 6,2 24 57 70 2,0 88 64 189 10,3 16,9. 25,3 17,6 4
DZUFRGS 0346 59,0 454 10,7 134 13,0 5,8 22 57 68 22 8.7 .6,2: 19,07 10,4 17,9) 725:8 216,874.
MZUSP 14137 57,7 454 11,1 138 135 66 25 55 69 20 8,9 016,92 18/90/30) 17,72 026,42 2216.05584
MAPA 1027 579 45,0 109 140 13,6 61 23 55 70 21 9517716,577719107210,57 S717/0 25.722 10.80-54
DZUFRGS 0347 58,5 44,9 108 136 131 59 23 55 67 21 88 62 192 109 171 25,5 15,7 3
MZUSP 14136 55,8 448 11,2 139 13,9 5,8 23 55 69 2,0 88 5,9 193 105 17,7 259 14,8 4
MAPA 1026 56,8 44,6 10,6 13,9 13,6 60 24 55 72 1,9 89 6,6 195 10,8 17,6 25,6 15,7 4
MAPA 1066 57,4 4,5 11,0 138 135 62 22 51 67 21 89 6,7 20,0 10,8 18,9 26,5 15,1 4
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DZUFRGS 0359 57,4 44,3 10,5 13,7 131 57 26 5,6 64 2,0 88 5,9 186 10,5 17,3 26,5 15,6 4
DZUFRGS 0353 550) 440) 104) 191 21374 275.72 22 os em Do 85 6,3 18,6 10,4 16,8 25,2 15,6 3
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DZUFRGS 0350 49,1 37,3 9,2 11,8 11,4 47 18 45 5,8 1,9 7,2 50 15,8 88 14,5 214 132 3
MAPA 1053 47,7 36,9 9,1 11,7 11,9 52 20 47 55 18 75 52 16,0 9,0 15,0 21,6 12,9 3
MAPA 1054 48,6 36,8 9,0 116 11,6 53 24 44 54 1,8 7,4 5,5 15,8 9,1 148 21,2 131 3
DZUFRGS 0283 45,1 36,8 ZEIT IT ET AT 6 IES To 49 15,9 8;9. 14,4) 2150) 7921375773
DZUFRGS 0282 46,7 36,7 BIT In CAÇA ZART 2 Amo as 6,8 5,0 15,6 8,6 145 20,2 131 3
MAPA 1057 45,7 35,9 9/0) PINTO 9/60 IB Eiger #66 7,1 DO 15,7 8,6 15,0 20,5 13,6 3
MAPA 1062 46,1 35,7 8:80 CITA ISO TO DIO sb, 6 6,9 5,1 15,6 8,7 14,7 209 12,5 3
MAPA 0725 46,0 35,2 8,7 11,77 10,8 6,4 2/4 6/00 6,3 058 7,3 52 15,5 88 145 20,6 12,5 3
MAPA 1055 44,4 34,8 89 11.6 11,20 47 2,07 4,2 25167778 71 50 15,4 8:92 14:6, 920 2120
MAPA 1051 44,8 34,7 85° 1,1 11,07 44 21 41 5,5 1:6 6,9 4,4 15,0 81 13,7 198 12,7 3
MAPA 1056 44,2 34,2 8570 211.17 OM AB 171 AA 64 ES 6,7: 550 14,9 1,87..13;5° EIgi6ree 12 a3
MAPA 1064 44,6 34,0 8:6: 0. 137272210. 250222 124 AT ARE 69 5,4 15,1 84 141 20,1 121 3
DZUFRGS 0279 42,8 33,8 85 10,8 10,9 46 20 39 5,4 1,8 6,6 44 14,6 8:4. 12,8 19:20 ITS
DZUFRGS 0281 42,7 33,6 857477211537 ISS ASI ARIDI IS BIS 6 6,7 4,6 14,6 83 13,8 199 11.8 3
MZUSP 14142 42,4 22,6 8,0 10,2 84 44 1,8 40 4,9 1,8 6,4 44 14,0 787 012;7 18/60 1,4583
DZUFRGS 0280 40,0 32,5 7,9) 710,4 7710.17 3/9 251%57 78167 50) 5188 LE 71:8 | 12,97 1847 212:275702
DZUFRGS 0349 43,2 32,4 83 11,5 105 46 19 44 5,4 1,8 71 49 14,7 82 131 192 10,9 3
MAPA 1017 40,7 32,0 84 11,3 109 42 15 41 54 1,6 6,4 4,3 13,9 86 13,0 180 111 3
MAPA 1024 39,2 30,4 83 108 10,3 44 18 39 5,4 1,6 6,4 46 13,2 79 12,3 18,4 10,8 3
DZUFRGS 0358 37,2 29,3 IO 2 9,7 40 17 35 47 1,6 6,0 4,2 13,0 MES 12/90 RIMAS 5104553
MZUSP 14141 37,2 28,9 7,9 101 ER co SH SS) elo dopl dyã 6,0 39 13,5 7,82 12/12 179 9,6 2,
:MAPA 1023 35,7 27,8 7,6 EH) 9,8 36 18 36 49 1,5 5,8 3,7 12,8 7,7 11,5 16,0 92
DZUFRGS 0357 34,1 26,4 7,1 9,2 89 38 15 36 45 15 5,4 3,8 11,6 7,1 11,3 16,0 93772,
* MZUSP 14140 32,4 25,0 6,7 9,0 85 34 17 31 42 1,3 52 3,7 11,2 7,2 10,6 15,0 But al
DZUFRGS 0356 31,9 24;8 6,9 9,1 90 36 14 33 44 1,3 56,3 86 111 6,9 10,0 14,3 89 2,
MZUSP 14139 31,5 24,6 6,7 9,0 89 34 15 31 41 1,3 51 35 109 69 107 150 82 2,
MAPA 1052 31,0 241 6,8 8,7 87 33 14 31 41 1,5 5,2 34 11,0 71 10,0 14,6 8,1702:
DZUFRGS 0355 31,1 23,9 6,6 8,5 82 34 16 30 4,2 1,4 5,0 34 10,7 6,5 10,1 14,3 80 2,
MZUSP 14138 29,4 22,3 6,2 9,1 RO ESS Mio MO SED AD BL DO 6,3 9,4 13,3 To. 2,
MAPA 1021 28,3 21,8 6,5 8,0 11.8023, 2051,67 ORAR? 49 32 10,1 6,3 94 132 7, 2,0
MAPA 1020 27,8 21,7 6,5 81 80 31 13 30 4,4. 1,2 4,5 3,0 9,7 6,6° 9,6 .13,4 68 1,
MAPA 1022 28,3 21,0 6,5 8,4 80 31 17 29 42 1,2 49 31 10,3 6,1 9,1 12,4 TD
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
at vrNnaavosnDorsonohilvanvooorvovovunvbwoninii a fa)
JvvoSsowmminaat
co Co oc
[o =)
Microlepidogaster taimensis sp.n.... 29
TABELA 2 — Dados de regressão de Microlepidogaster taimensis sp. n.
REGRESSÃO B a r2
LxB 0,13 + 0,005 0,24 + 0,18 0,92
KxB 0,18 + 0,004 0,83 + 0,14 0,97
QxB 0,38 + 0,008 -1,03 + 0,30 0,97
Rx Q 0,23 + 0,010 0,54 + 0,14 0,89
MxB- 0,40 + 0,007 1,27 + 0,28 0,98
OxB 0,35 + 0;007 1,69 + 0,26 0,98
PxB 0,55 + 0,007 1,20 + 0,28 0,99
NxB 0,18 + 0,005 2,29 + 0,19 0,96
CxB 0,19 + 0,005 2,12 + 0,17 0,97
ExB 0,24 + 0,007 2,77 + 0,25 0,95
DxR 0,24 + 0,005 3,13 + 0,19 0,97
JxG 0,62 + 0,055 0,53 + 0,11 0,67
JxH 0,26 + 0,015 0,59 + 0,07 0,83
JxD 0,13 + 0,007 0,24 + 0,08 0,85
Tx E 0,16 + 0,009 0,32 + 0,08 0,84
b — Coeficiente de regressão + seu desvio padrão
a — Constante de regressão + seu desvio padrão
r2 — coeficiente de determinação
Exemplares computados: 65
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
30 BUCKUP, P.A.
N, Da ee SS en
= 6 =
u. cleia. cap. clei. pop. de.
SEN Se
E ST
= E
Fig. 1-4. Microlepidogastaer taimensis sp. n.: 1. parátipo DZUFRGS 0345, vista
ventral; 2. parátipo DZUFRGS 0347, vista lateral; 3. ardune DZUFRGS 0347, vista dorsal;
4. parátipo DZUFRGS 0344, dente da mandíbula esquerda, vista medial.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
Microlepidogaster taimensis sp.n.... 31
Fig. 5-7. Microlepidogaster taimensis sp. n. Holótipo MZUSP 14133: 5. vista ven-
tral; 6. vista lateral; 7. vista dorsal. Comprimento total: 60,9mm.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a um briozoário I. Eunicidae,
Lumbrineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae*
Eloisa H. Morgado**
A. Cecilia Z. Amaral**
RESUMO
Com este trabalho se inicia uma serie. de contribuições destinadas a divulgar a
composição taxonômica da fauna de anelideos poliquetos provenientes de colônias de
Schizoporella unicornis (JOHNSTON, 1847), fregüentes em praias dos municipios de
Ubatuba e São Sebastião, Estado de São Paulo. Nesta primeira parte são descritas e es-
tabelecidas a distribuição de 14 espécies da superfamilia Eunicea; entre estas, Palola esbelta
é nova para a ciência e 6 são referidas pela primeira vez para a costa brasileira; Eunice
filamentosa GRUBE, 1856, Eunice tenuis (TREADWELL, 1921), Marphysa angelensis
FAUCHALD, 1970, Nematonereis hebes TREADWELL, 1921, Lumbrineris albifrons
CROSSLAND, 1924 e Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861. Entre elas, Lumbrineris
albifrons foi a espécie mais importante por sua abundância.
ABSTRACT
This work starts a series of contributions destined to divulge the taxonomic com-
position of the annelids polychaetes fauna proceeding from Schizoporella - unicornis
(JOHNSTON, 1847), colonies frequent on the beaches of Ubatuba and São Sebastião, São
Paulo State, Brazil. As a result of this first part of the study, are described and settled
the distribution of 14 species of the superfamily Eunicea; among these Palola esbelta is a
new ‘species for science and for the first time, Eunice filamentosa GRUBE, 1856, Eunice
tenuis (TREADWELL, 1921), Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970, Nematonereis
hebes TREADWELL, 1921, Lumbrineris albrifrons CROSSLAND, 1924 and Oenone
diphyllidia SCHMARDA, 1861 has been cited on the Brazilian coast. The most abundant
species was Lumbrineris albifrons.
INTRODUÇÃO
Com este trabalho, damos início a uma série de contribuições des-
tinadas a divulgar a composição taxonômica da fauna de anelideos
poliquetos provenientes de colônias de Schizoporella unicornis (JOHNS-
TON, 1847), fregüentes em praias do municipio de Ubatuba e de São
Sebastião, Estado de São Paulo, Brasil.
* Aceito para publicação em 29.X11.1980.
** Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Zoologia, Caixa Postal 1170, 13.100
Campinas, SP, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
34 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
Schizoporella unicornis é um briozoário cujas colônias iniciam seu
desenvolvimento incrustando substratos orgânicos e inorgânicos; tor-
nam-se sucessivamente muito espessas e crescem em direção vertical,
formando ramos tubuliformes ou sólidos. No interior de seus túbulos e
cavidades, este briozoário abriga uma fauna bastante expressiva e diver-
sificada. Os poliquetos destacam-se por sua abundância e riqueza de es-
pécies: 4.314 exemplares distribuídos em 70 espécies, que contribuem
com 59,2% do número total de individuos e com 53,0% das espécies da
endofauna (MORGADO, 1980).
Entre as 20 familias de poliquetos, identificadas, as melhores
representadas foram: Polynoidae, Hesionidae, Syllidae, Eunicidae, Lum-
brineridae e Cirratulidae. As 4 famílias aqui estudadas: Eunicidae, Lum-
brineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae, foram reunidas por HARTMAN
(1944) na superfamília Eunicea, por apresentarem caracteristicas comuns,
como ausência de tromba verdadeira e faringe provida de peças bucais
quitinosas. Estas familias estão representadas por 14 espécies, sendo
que os Eunicidae, com 10 espécies, estão entre os mais frequentes e com
maior diversidade. Entre estas temos ainda uma espécie do gênero
Palola GRAY, 1847, nova para a ciência.
Familia EUNICIDAE SAVIGNYI, 1818
Gênero Eunice CUVIER, 1817
Eunice binominata QUATREFAGES, 1865
Eunice binominata: NONATO & LUNA, 1970:78-9, fig. 44-50; RUL-
LIER & AMOUREUX, 1979:172. ;
Trinta exemplares, dos quais vários completos, o maior com cerca |
de 118 setigeros, medindo 69mm de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: região an-
terior robusta; corpo ligeiramente comprimido e achatado, afilando
rapidamente na região posterior. Prostômio bilobado; antenas longas,
moniliformes. Um par de olhos grandes, entre os pontos de inserção das
antenas laterais; em alguns exemplares, parcialmente ocultos por uma
dobra do peristômio. Cirros occipitais articulados. Parapódios com cirros
dorsais longos e subulados. Cirros ventrais dos setigeros anteriores cur-
tos, piriformes e inseridos sobre pregas em forma de almofada. Cirros
ventrais dos setigeros medianos e posteriores longos.
Primeira brânquia sempre presente no 5º setigero, sendo consti-
tuida por um único filamento, com cerca da metade do comprimento do
cirro dorsal. Nos setigeros seguintes, brânquias pectinadas alcançando
um número maximo de 10 filamentos entre o 10º e o 20º setigero. A
região posterior é desprovida de brânquias.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 35
Cerdas dos setigeros anteriores de três tipos: a) capilares limbadas;
b) compostas, com artículo bidentado, encapuzado e c) pectinadas, com
dentes numerosos e um processo lateral longo. Ganchos subaciculares
tridentados, amarelos, presentes a partir do 23º setigeros, aproxima-
damente.
Pigídio com 2 cirros anais longos e articulados.
Distribuição: Golfo do México, Nordeste e Sul do Brasil.
Eunice cariboea GRUBE, 1856
Leodice culebra TREADWELL, 1921:49, fig. 144-153, est. 2, fig. 13-16
Eunice (Nicidion) cariboea; HARTMAN, 1944—123-4, est. 7, fig. 157
163, est. 8, fig. 178; NONATO & LUNA, 1970:82, fig. 59; FAUCHALD,
1970:38-9.
Duzentos e vinte e oito exemplares, dos quais vários completos; o
maior com aproximadamente 185 setigeros, medindo cerca de 62mm de
comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo li-
geiramente comprimido na região anterior, afilando-se gradualmente na
região posterior. Prostômio bilobado, mais largo que o peristômio; an-
tenas lisas e curtas. Um par de olhos pequenos, mas distintos. Cirros
occipitais lisos e curtos, não ultrapassando o meio do peristômio. Pa-
rapódios com cirros dorsais lisos e longos; cirros ventrais dos setigeros
anteriores robustos, curtos e cônicos; diminuem de tamanho aproxi-
madamente no 39º setigero e se tornam ausentes a partir do 45º seti-
gero. Os parapódios aumentam gradativamente de tamanho do 6º-7º
setigero até o 20º; a partir do 30º diminuem gradualmente até o 39º,
apôs o qual mantém tamanho uniforme.
Brânquias unifilares, mais longas que o cirro dorsal, com distri-
buição bastante irregular: ocorrem do 20° ao 40° setigero, sendo ausen-
tes na região mediana e reaparecendo na região posterior (140º setigero);
sendo mais proeminente e com distribuição mais regular nos últimos
setigeros.
Cerdas simples, longas e ligeiramente alargadas; compostas, bi-
dentadas; pectinadas, com dentes grandes e um processo lateral longo. e
curvo. Ganchos subaciculares, bidentados e escuros; presentes em todos
os setigeros a partir do 30º, em número de 1 por parapódio.
Pigidio com 2 cirros anais lisos e curtos.
Discussão: Nossos exemplares apresentam todas: as caracteris-
ticas básicas da espécie E. cariboea. Preferimos não considerar o sub-
gênero Nicidion KINBERG, 1865 em face das dificuldades para defini-lo
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
36 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
corretamente; o caráter brânquias presentes ou quase ausentes, como
proposto por HARTMAN (1944) é a nosso ver, de dificil interpretação.
Não incluímos E. cariboea de RULIER & AMOUREUX, 1979, na sino-
nimia, pelo fato de seus exemplares serem totalmente desprovidos de
brânquias.
Em relação a E. cariboea, numerosas observações têm sido feitas
quanto ao número de setigeros que apresentam brânquias. Não julgamos
ser essa variação, um caráter de importância, mas sim distribuição ir-
regular das brânquias: ausentes nos primeiros setigeros, presentes em
um pequeno número de setigeros medianos e novamente presentes na
região terminal do animal.
E istribuição: Antilhas, Golfo da Califórnia, Nordeste e Sul do
o Brasil.
Eunice filamentosa GRUBE, 1856
Eunice filamentosa: HARTMAN, 1944:107, est. 6, fig. 123-126;
FAUCHALD, 1970:31-3, est. 3, fig. c-g; RULLIER, 1974:43; RUL-
LIER & AMOUREUX, 1979:173.
Quatro exemplares incompletos, o maior com 42 setigeros, medindo
aproximadamente 13mm de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: prostômio
com borda anterior provida de lobos arredondados e curtos; antenas cur-
tas e lisas, sendo as laterais internas ligeiramente mais longas que a
mediana. Um par de olhos pequenos e ocultos pelo peristômio, que é tão
largo quanto longo. Cirros occipitais lisos, medindo cerca da metade do
comprimento do peristômio. Parapódios bern desenvolvidos, com cirros
dorsais longos e lisos e cirros ventrais curtos e arredondados, ligeira-
mente mais desenvolvidos nos dois primeiros setigeros.
As brânquias surgem aproximadamente no 23º setigero e são cons-
tituldas por úm ou dois filamentos mais longos que o cirro dorsal.
Cerdas compostas distalmente bidentadas e encapuzadas. Ganchos
subaciculares, bidentados, a partir do 20º setigero.
Distribuição: Amplamente distribuida no Atlântico tropical; no
Pacífico ocorre do Golfo da Califórnia até as Ilhas Galápagos; segundo
RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas.
Eunice rubra GRUBE, 1856
Leodice rubra. TREADWELL, 1921:15-7, fig. 13-20, est., fig. 1-4.
Eunice rubra: HARTMAN, 1944:117, est. 7, fig. 151-153; NONATO &
LUNA, 1970:81; RULLIER, 1974:42-3; RULLIER & AMOUREUX,
1979:172. ão
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54,:30 nov; 1981.
Anel:deos poliquetos associados a... : 37
Sessenta e um exemplares, dos quais vários completos; os maiores
com cerca de 162 setigeros e medindo aproximadamente 125mm de com-
primento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo longo,
cilíndrico na região anterior, elíptico e ligeiramente achatado nas regiões
mediana e posterior. Prostômio estreito, bilobado; antenas longas e
moniliformes. Olhos grandes, na base das antenas laterais. Cirros oc-
cipitais lisos e longos, atingindo cerca de 2/3 do comprimento total do
peristômio. Parapódios bem desenvolvidos, com cirros dorsais lisos e
muito longos.
As brânquias ocorrem a partir do 5º setigeros; inicialmente com
um único filamento, com cerca da metade do comprimento do cirro dor-
sal, tornam-se pectinadas com um máximo de 10-15 filamentos, apro-
ximadamente do 7º ao 30º setigero. Reduzem-se de 4 para 3 filamentos
após o 37º setigero, mantendo-se até os parapódicos posteriores.
Cerdas compostas com artículo longo, bidentadas; cerdas pecti-
nadas com dentes finos e numerosos. Aciculos amarelos, com ponta
saliente, discretamente dilatada e bifida. Ganchos subaciculares triden-
tados, amarelos.
Pigidio com 2 cirros anais lisos e/ou com segmentação indistinta.
"Discussão: Segundo HARTMAN (1944), a diferença básica entre
E. rubra e E. antennata (SAVIGNY, 1820), estã na redução do número
de filamentos branquiais da região mediana para a posterior. Em E.
rubra as brânquias são usualmente reduzidas a 1 ou 2 filamentos nos
setigeros posteriores, o que não acontece em E. antennata, que possui
brânquias com numerosos filamentos até os últimos setigeros. Em nos-
sos exemplares, as brânquias são reduzidas para 4 ou 3 filamentos na
região posterior, mantendo esse número até a porção terminal do animal.
Concordamos com a opinião dos autores que estudaram material bra-
sileiro, considerando os nossos exemplares como E. rubra.
Distribuição: Atlântico americano, da Carolina do Norte ao Sul
do Brasil; segundo RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas.
Eunice tenuis (TREADWELL, 1921)
(Fig. 1-8)
Leodice tenuis TREADWELL, 1921:51-2, est. 4, fig. 11, 154-163.
Eunice tenuis HARTMAN, 1956: 283-4.
Quarenta e dois exemplares dos quais vários completos: proporção
entre o número de setigeros e comprimento variável; exemplar com
aproximadamente 190 setigeros, medindo 73mm de comprimento e exem-
plar com cerca de 138 setigeros, medindo 92mm de comprimento.
IHERINGIA. Ser. Zool.; Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
38 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
Descrição dos exemplares coletados: corpo com sec-
ção: cilíndrica praticamente em toda a sua extensão. Prostômio nitida-
mente bilobado, curto; peristômio quase tão largo quanto longo. An-
tenas ligeiramente aneladas, mais longas que o prostômio (Fig. 1).
Geralmente com olhos. Cirros occipitais lisos e curtos, atingindo cerca de
1/3 do comprimento do peristômio. Parapódios dos setigeros anteriores e
medianos, bem desenvolvidos, reduzidos na região posterior do corpo.
Cirros dorsais lisos, evidentes nos setigeros anteriores e reduzidos na
região mediana e posterior; cirros ventrais digitados, robustos.
Brânquias unifilares e longas, com distribuição irregular; ocorrem
aproximadamente do 22º ao 37º setigeros, reaparecendo nos setigeros
terminais, onde são mais longas, atingindo cerca de quatro vezes o com-
primento do cirro dorsal (Fig. 2 e 5).
Cerdas de três tipos: a) capilares simples, longas; b) compostas
bidentadas (Fig. 7), em maior número nos setigeros anteriores; c) pec-
tinadas (Fig. 6), com cerca de 10 dentes e mais numerosas nos setigeros
posteriores. Ganchos subaciculares, bidentados e amarelos a partir do
30º setigero (Fig. 8).
Mandibulas delicadas e claras, com uma asa triangular em ambos
os lados; uma banda de pontos escuros marca a linha de separação da
parte principal e a asa (Fig. 3). Maxilas de cor escura, com base curta e
alada, forceps robusto, ligeiramente curvado; maxila II com 5-7 dentes;
maxila III com 7; maxila IV, triangular, com 2-4 dentes (Fig. 4).
Pigídio com uma par de cirros anais curtos e lisos (Fig. 2).
Discussão: Nossos exemplares foram considerados como perten-.
centes à espécie E. tenuis, devido a grande semelhança do aparelho
bucal com o de Leodice tenuis TREADWELL (1921) embora quanto aos
parapódios da região posterior e à distribuição e tamanho das brânquias
assemelhem-se à E. cariboea. Tendo em conta a grande variabilidade do
número e distribuição das brânquias, preferimos atribuir maior impor-
tância às características das peças bucais e, consequentemente, consi-
deramos nossos exemplares como pertencendo à espécie descrita por
TREADWELL.
Distribuição: Antilhas e Sul do Brasil.
Gênero Lysidice SAVIGNY, 1818
Lysidice ninetta AUDOIN & MILNE EDWARDS, 1883
Lysidice ninetta: FAUVEL, 1923:411-2, fig. 162 a-g; NONATO &
“LUNA, 1970:84-5; FAUCHALD, 1970:52-3; RULLIER & AMOU-
REUX, 1979:175.
Lysidice collaris: RULLIER, 1974:52.
1
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 39
Dez exemplares dos quais vários completos e alguns com a região
anterior em processo de regeneração. O maior exemplar, com aproxi-
madamente 48 setigeros e medindo 13mm de comprimento.
Descriação dosexemplares coletados: espécie pequena erobus-
ta, ligeiramente achatada na região anterior, estreitando-se na posterior.
Prostômio mais longo que o peristômio, com a borda anterior ligeiramente
fendida; 3 antenas triangulares, subiguais, atingindo cerca da metade do
comprimento do prostômio. Olhos grandes, semilunares, na base das an-
tenas laterais. Região anterior do corpo com parapódios bem desenvolvidos e
cirros dorsais aproximadamente triangulares, delgados; cirros ventrais
robustos, com extremidade arredondada. Região mediana e posterior com
cirros dorsais tão longos quanto os lóbulos parapodiais e cirros ventrais
reduzidos na região posterior.
Cerdas capilares simples e limbadas; compostas falcigeras, biden-
tadas, em todos os parapódios. Ganchos subaciculares, bidentados e en-
capuzados, presentes a partir “> 10º setigero.
Aparelho bucal constituido por uma mandíbula robusta, com bor-
das dobradas para cima, como caracteristica do gênero.
Discussäo: Embora todos os nossos exemplares tenham olhos em
forma de meia lua, concordamos com FAUCHALD (1970), que a forma
do olho e o aparecimento mais ou menos precoce do primeiro gancho
subacicular, estão provavelmente relacionados com o tamanho do ani-
“mal. Consideramos, portanto, L. collaris mencionado por RULLIER
(1974) como sinônimo de L. ninetta.
Distribuição: Cosmopolita em águas temperadas e quentes.
Gênero Marphysa QUATREFAGES, 1865
Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970
Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970:57-9, est. 8, fig. a-h.
Um único exemplar, completo, com 54 setígeros, medindo 14mm
de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: espécime
robusto, de corpo curto; região anterior cilíndrica e região posterior
achatada, com diâmetro aproximadamente constante, em toda a sua ex-
tensão. Prostômio pouco mais largo que longo, ligeiramente afilado na
margem anterior, cuja borda tem uma pequena incisão. Segmento peris-
tomial bianelado, mais longo que o prostômio. Antenas lisas, a mediana
ultrapassando ligeiramente a margem do prostômio. Parapódios com
cirros dorsais lisos, bem desenvolvidos na região pré- -branquial, mais
longos que os löbulos parapodiais. Cirros ventrais mais curtos e robustos
que os dorsais.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
40 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
As brânquias aparecem no 11º setigero, com 1-2 filamentos e se
estendem até o final do corpo, onde são mais curtas.
Cerdas capilares finas, e longas e serrilhadas; cerdas pectinadas
ocorrem na parte superior do feixe; cerdas compostas espinigeras e fal-
cigeras estão presentes na parte inferior do feixe de todos cs parapódios;
nos setigeros posteriores as falcigeras são mais numerosas que as es-
pinigeras. Ganchos subaciculares bidentados e encapuzados.
Pigidio com 2 pares de cirros anais; o dorsal bem mais longo que o
ventral.
Distribuição: costa Oeste do Méxicc, Sul do Brasil
Marphysa sanguinea (MONTAGU, 1815)
Marphysa sanguinea: FAUVEL, 1923:408-9, fig. 161 a-g; HARTMAN,
1944:127-8, est. 8, fig. 179-183; PETTIBONE, 1963:236-8, fig. 62;
FAUCHALD, 1970:64-6; RULLIER & AMOUREUX, 1979:174.
Dois exemplares, dos quais um completo, com 184 setigeros,
medindo aproximadamente 59mm de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo curto,
com prostômio profundamente bilobado; antenas lisas, a mediana li-
geiramente mais longa que o prostômio. Olhos bem pequenos, na base
das antenas laterais internas. Parapódios com cirros dorsais lisos, mais
longos que os lóbulos parapodiais; cirros ventrais digitiformes.
Brânquias a partir do 12º setigero, com um máximo de 5 filamen-
tos, do 30º até a região posterior; os 22 últimos setigeros são despro-
vidos de brânquias.
Cerdas capilares simples e cerdas pectinadas ocorrem no feixe
superior; cerdas compostas espinigeras, nos feixes inferiores. Ganchos
subaciculares, bidentados.
Pigidio com 2 pares de cirros anais, lisos, sendo o dorsal mais longo
que o ventral.
Distribuição: Cosmopolita em águas quentes, exceto no Oceano
Indico (DAY, 1962); comum na costa Oeste do Mexico; Sul do Brasil.
Gênero NematonereisSCHMARDA, 1861
NematonereisS hebes VERRILL, 1900
(Fig. 9-16)
Nematonereis hebes: TREADWELL, 1921:82-4, fig. 288-297; RU-
LLIER, 1974:49-50, fig. 4 a-b.
Dezessete exemplares, dos quais alguns completos; o maior com 93
setigeros e medindo aproximadamente 12mm de comprimento.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 41
Descrição dos exemplares coletados: espécie
pequena e delgada, com setigeros curtos na região anterior e longos nas
regiões mediana e posterior: Prostômio quase tão longo quanto largo
com cerca de duas vezes o comprimento do peristômio; margem antérior
do prostômio, amplamente arredondada. Uma única antena mediana,
subulada, podendo, em alguns exemplares, atingir a borda anterior do
prostômio. Um par de olhos pequenos (Fig. 9). Parapódios a partir do 3º
segmento, com cirros dorsais finos, mais longos que o lóbulo parapodial;
cirros ventrais curtos e cônicos (Fig. 12 e 13).
Cerdas de três tipos: a) capilares simples, longas, alargadas, com
extremidade fina; b) compostas falcigeras, distalmente bidentadas (Fig.
14): c) pectinadas (Fig. 15), visiveis em nossos exemplares a partir do
9º setigero, tornando-se mais robustas e com maior número de dentes
(15), nos parapódios posteriores. Ganchos subaciculares, bidentados, en-
capuzados (Fig. 16), a partir do 8º setigero.
Maxilas delicadas e transparentes, sendo bem visíveis duas es-
treitas faixas, de cor marrom escuro, na junção entre a peça basal e a
parte proximal do forceps. Maxila I longa, com base triangular e um
processo lateral em sua extremidade posterior; maxila II com 4 dentes
proeminentes; maxila III constituida por uma placa impar, com 4 den-
tes; maxila IV composta por uma placa direita com 4 dentes e uma es-
querda, com 3 dentes; maxila V bem visível, formada por 2 placas trian-
gulares, de cor marrom escuro (Fig. 10). A mandíbula é mais longa, que
a maxila, com lâminas delgadas: as margens laterais e as linhas de únião
entre as duas partes (semelhantes a pregas), são escuras, em contraste
com a transparência do restante da mandíbula (Fig. 11).
Pigídio com 2 pares de cirros anais lisos, dispostos lateralmente.
Distribuição: Antilhas; Sul do Brasil. Segundo RULLIER
(1974), em Cuba ocorre em esponjas.
Gênero Palola GRAY, 1847
Palola esbelta sp. n.
(Fig. 17-24)
Cinco fragmentos sem a região posterior; um exemplar completo,
com 86 setigeros, medindo 50mm de comprimento.
Descrição: prostômio curto, mais largo do que longo, com a borda
anterior bilobada; antenas ligeiramente aneladas, mais longas que o
prostômio; a mediana pouco mais longa que as demais. Um par de olhos
grandes, reniformes, entre os pontos de inserção das antenas laterais.
Peristômio constituido por 2 segmentos; o 1º mais largo que o 2º, que
por sua vez é ligeiramente mais longo que o 1º setigero. Cirros occipitais
lisos, atingindo cerca da metade do comprimento do 1º segmento peris-
tomial (Fig. 17). Parapódio bem desenvolvidos nos setigeros anteriores e
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
42 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
reduzidos da região mediana para a posterior, com cirros dorsais lisos ou
ligeiramente anelados, bem mais longos que o lóbulo parapodial. Cirros
ventrais curtos, piriformes (Fig. 21 e 22).
Brânquias longas, com cerca de três vezes o comprimento do cirro
dorsal, presentes na região posterior do corpo (Fig. 22).
Cerdas simples, ligeiramente curvadas (Fig. 24); compostas, biden-
tadas e encapuzadas, serrilhadas na região distral e com base muito lon-
ga (Fig. 23).
Aparelho bucal caracterizado pelas proporções excepcionais da
mandíbula calcificada e muito robusta, com as bordas externas recur-
vadas para cima e para dentro, em forma de calha, sendo mais longa e
larga que o conjunto maxilar (Fig. 20). Maxila com base delgada, com-
preendendo aproximadamente a metade do comprimento total do apa-
relho maxilar, com um forceps delgado e curvo; presença de uma estreita
faixa escura entre a base e o forceps; maxila II com 2 dentes grandes do
lado direito e a peça esquerda com 2 grandes dentes e 1 pequeno; maxila
III com 3 dentes e uma banda escura na base (Fig. 19).
Pigidio com 4 cirros anais curtos, subiguais (Fig. 18).
Discussão: Palola esbelta sp. n. assemelha-se a Palola siciliensis
(GRUBE, 1840). Distingue-se desta por ser uma espécie de proporções
menores e, principalmente, por diferenças no aparelho bucal, como a for-
ma e o tamanho da mandíbula e forma e número de dentes das peças
maxilares (Fig. 19 e 20).
Distribuição: costa Leste da África e Sul do Brasil.
Chave para as espécies da família EUNICIDAE
1 = Com'5syantenasicntkalene: ce vd cio é ss ARO MME ERDE. NE BE 2
= Com.3 antenas: gênero, Lysidice a. ac pprcgs Esc to Bom ehr Se Lysidice ninetta
— Com 1 antena; gênero Nematonereis .........nnceneeeeneenn Nematonereis hebes
2: = aCom: cirros:occipitais: ia ee po pe ar re 3
— + Semjeirros; occipitais;igênero-Marphy Sai: a ee OR O PR 8
3 — Com cerdas pectinadas e ganchos subaciculares; gênero Eunice ................. 4
— Sem cerdas pectinadas e sem ganchos subaciculares; gênero Palola. .. Palola esbelta
4-“Com ganchos subaciculares!bidentados 1». a. DS 5
— "Com ganchos subaciculares tridentados.. .. 15.020 20 04. cousa E 7
5 — Brânquias bem desenvolvidas e pectinadas presentes a partir do 20º setigero..........
RSRS RÃS 5 - MEO ES CEPE PEA SCE as Eis Eunice filamentosa
— Brânquias simples e filamentosas em alguns segmentos da região mediana e pos-
terior 79.43. Sia E CR ren Ze pe A VBA É dp die ern e rar PE gg ET N: 6
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 _
Anelideos poliquetos associados a... 43
6 — Mandibulas delicadas, com uma asa triangular em ambos os lados (Fig. 3) .. Eunice
tenuis
— Mandibulas desprovidas de asa triangular....................... Eunice cariboea
7 — Brânquias até os últimos setigeros; as da região anterior, pectinadas, com 10-12
ENIO Esc aa SU E SA DS Eunice rubra
— Brânquias apenas nos segmentos anteriores<a# +. 63.3. Sepran as Eunice binominata
8 — Com cerdas compostas espinigeras e falcigeras............... Marphysa angelensis
— Somente cerdas compostas espinigeras presentes............. Marphysa sanguinea
Família LUMBRINERIDAE MALMGREN, 1867
Gênero Lumbrineris BLAINVILLE, 1828
Lubrineris albifrons CROSSLAND, 1924
(Fig. 25-33)
Lumbrineris albifrons CROSSLAND, 1924:50-5, fig. 65-72.
Setecentos e três exemplares, dos quais muitos completos; um dos
maiores com 105 setigeros, medindo aproximadamente 35mm de com-
primento.
Descrição dos exemplares coletados: espécie
pequena, com corpo curto e de diâmetro aproximadamente uniforme;
segmentos relativamente mais longos na região posterior. Prostômio
“globular e liso, ligeiramente mais longo do que largo: Peristômio for-
mado por 2 anéis, perceptíveis principalmente devido às marcas que
aparecem lateralmente, indicando que o 1º anel é mais longo que o 2º
(Fig. 25). Parapódios pequenos, ligeiramente mais desenvolvidos na
região anterior, com o lóbulo anterior curto e arredondado e o posterior
alongado, sendo cerca de duas vezes mais longo que o anterior (Fig. 29).
Cerdas limbadas geniculadas nos parapódios anteriores (Fig. 30 e
31); ganchos simples (Fig. 32), em todos os parapódios acompanhados
de ganchos compostos apenas nos setigeros anteriores (Fig. 33).
Mandibula clara e delicada, de tamanho igual ao da maxila (Fig.
28). Maxilas de cor parda, com bordas mais escuras; forceps robusto;
maxila II com 4-5 dentes; maxila III com 5 dentes; maxila IV com 2
dentes (Fig. 27).
Pigídio com 2 pares de cirros anais curtos (Fig. 26).
Distribuição: Costa Leste da África e Sul do Brasil.
Familia LYSARETIDAE. KINBERG, 1865
Gênero Oenone SAVIGNY, 1818
Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861
(Fig. 34-38)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
44 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
Aglaurides diphyllidia TREADWELL, 1921:116-9, est. 7, fig. 13-16, fig
429-434.
Vinte e cinco exemplares, dos quais vários completos; o maior com
cerca de 200 setigeros, medindo aproximadamente 135mm de compri-
mento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo longo,
achatado dorso-ventralmente, com setigeros mais longos, a partir da
região mediana, estreitando-se rapidamente na região terminal. Pros-
tômio tão longo quanto largo, com a borda anterior arredondada (Fig.
34); 3 antenas subiguais, encobertas pela borda anterior do peristômio.
Dois pares de olhos; um par maior escuro, situado externamente às an-
tenas e um par menor, próximo à linha mediana, oculto pelas antenas.
Peristômio ventralmente bianelado, tão longo quanto os 2 setigeros
seguintes. Parapódios bem desenvolvidos, com cirros dorsais foliáceos e
longos, mais desenvolvidos nas regiões mediana e posterior; cirros ven-
trais arredondados, quase tão longos quanto os cirros dorsais (Fig. 38).
Cerdas capilares superiores longas, finas e ligeiramente curvadas e
inferiores mais curtas e curvadas, com uma pequena asa ao longo da
margem. Ganchos subaciculares bifidos.
Maxilas com bases longas, delgadas e simétricas. O forceps
(maxila I) é constituido por um par de peças inteiras e simétricas; com a
parte basal aproximadamente retangular, com 7-9 dentes bem distintos e
a parte terminal recurvada, em forma de gancho robusto. As maxilas II
e III e IV são sucessivamente menores e similares entre si. Cada uma
tem 6 dentes, com nm único dente terminal grande, seguido por 1 dente
pequeno, 2 grandes e finalmente 2 pequenos; maxila V é constituida por
apenas 1 dente. De cada lado da maxila há 4 placas acessórias (Fig. 37).
A mandibula é robusta (Fig. 35), com a porção proximal formando um
ângulo de aproximadamente 45º com a haste (Fig. 36).
Pigidio com 2 pares de cirros anais curtos, lisos e subiguais.
Discussä o: após o exame do material, concluiamos que nossos
exemplares coincidem plenamente com a descrição de TREADWELL
(1921), para 4. diphyllidia. Em todos os exemplares examinados, o
aparelho maxilar apresentou-se bastante semelhante ao dessa espécie,
não ocorrendo diferença entre as maxilas I e II esquerdas. Em Oenone
fulgida (SAVIGNY, 1818), uma das peças do forceps (maxila I) é cons-
tituida por duas partes e a maxila II é assimétrica, como figurado por
DAY (1967).
Distribuição: Golfo do México e Sul do Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 45
Familia DORVILLEIDAE CHAMBERLIN, 1919
Gênero Dorvillea PARFITT, 1866
Dorvillea sociabilis (WEBSTER, 1879)
Staurvcephalus sociabilis WEBSTER, 1879:243-4, est. 7, fig. 89-91.
Dorvillea sociabilis; HARTMAN, 1945:27, est. 5, fig. 1, 4 e 5; NO-
NATO & LUNA, 1970:89; RULLIER, 1974:52-3; PERKINS, 1979:451-
Spa.
Duzentos e seis exemplares, dos quais vários completos; os
maiores com 90-100 setigeros e medindo de 25-30mm de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo li-
geiramente arqueado e alargado anteriormente. Prostômio curto, am-
plamente arredondado; antenas aproximadamente moniliformes, com 7-8
articulos, Palpos robustos, mais longos que as antenas, ligeiramente
anelados, sem palpóstilo evidente. Dois pares de olhos, os anteriores
maiores que os posteriores. Um par de órgãos nucais, parcialmente ocul-
tos por uma dobra peristomial. Parapódios bem desenvolvidos, com
cirros dorsais providos de um cirróforo mais longo que os lobos para-
podiais e um cirróstilo curto e arredondado; cirros ventrais curtos,
digitiformes.
Cerdas superiores capilares simples, delgadas e serrilhadas; in-
feriores, longas; compostas falcigeras, distalmente bidentadas.
Pigidio com dois pares de cirros anais; o par dorsal mais longo que
o ventral.
Discussão: Não foi constatada a presença da cerda notopodial sim-
ples, serrilhada, bidentada, citada por HARTMAN (1945), no material
examinado. Entretanto, os demais caracteres coincidem com os referidos
na diagnose original.
Distribuição: costa Atlântica dos Estados Unidos; Nordeste e
Sul do Brasil; Segundo RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas.
Gênero Stauronereis VERRILL, 1900
Stauronereis rudolphi (DELLE CHIAJE, 1828)
Dorvillea rudolphii; HARTMAN, 1945:27-8, est. 5, fig. 2 e 6.
Stauronereis rudolphi; ORENSANZ, 1973:329-33, est. Tell.
Schistomeringos longicornis; JUMARS, 1974:107-9, fig. 2.
Schistomeringos rudolphi; JUMARS, 1974:104-6, fig. 1.
Nove exemplares completos: o maior com cerca de 70 setigeros,
medindo 18mm de comprimento.
Descrição dos exemplares coletados: corpo robus-
to, mais largo na região mediana, arqueado dorsalmente e ventralmente
plano. Prostômio cônico, às vezes ligeiramente anelado; um par de an-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
46 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
tenas com 8-12 artículos e um par de palpos látero-ventrais, com uma
base longa e larga e um palpóstilo pequeno e piriforme. Quatro olhos; os
anteriores dispostos entre a base dos palpos e as antenas,
maiores que os posteriores, que estão situados junto à inserção das an-
tenas. Parapódios sub-birremes: o cirro dorsal, ausente no 1º setigero, a
partir do 2º é provido de um longo cirróforo com tamanho próximo ao
dos lobos parapodiais e um cirróstilo curto e piriforme. Cirros ventrais
curtos e piriformes.
Cerdas capilares delgadas e finamente serrilhadas; simples, biden-
tadas e denticuladas; frucadas em número de uma por parapódio, com
um ramo mais longo que o outro e denteadas subdistalmente ao longo de
um dos lados; compostas falcigeras, bidentadas e encapuzadas.
Maxilas constituídas por 4 séries de placas denticuladas,: supor-
tadas por 2 bases maxilares em forma de V; a posterior maior que a an-
terior. Peças bucais das 4 séries, mais largas que as demais e providas
de uma fileira de dentes. As mandíbulas são constituídas por placas
alargadas, distalmente denticuladas e unidas a uma série de pequenos
dentículos independentes, que prolongam lateralmente as bordas an-
teriores.
Pigidio, com 2 pares de cirros anais articulados; o dorsal mais longo
que o ventral.
Discussão: Quanto à caracterização da espécie, concordamos
plenamente com a opinião de ORENSANZ (1973). Incluimos na sino-
nimia as espécies sob o novo nome genérico proposto por JUMARS
(1974), Schistomeringos: S. longicornis e S. rudolphi, por considerarmos
que o critério adotado (diferenças nas proporções dos palpos, das cerdas
e principalmente dos ramos das: cerdas furcadas) não é suficientemente
objetivo para caracterizar estas duas espécies. Como outros autores, jul-
gamos correto considerar que diferenças nas proporções dessas estru-
turas, variam significativamente com o tamanho do animal. Observamos
em nossos exemplares, assim como fez ORENSANZ (1973), diferenças
notáveis entre as cerdas furcadas de jovens e adultos de Stauronereis
rudolphi e também diferenças intra-especificas no aparelho bucal.
x
Quanto à presença, em nossos exemplares e em S. longicornis, de
uma cerda simples bidentada, facilmente confundida com as cerdas com-
postas bidentadas por serem muito semelhantes, julgamos poder ser
uma origem da cerda composta, uma vez que falta em alguns espécimes
coletados de uma mesma população. Esses problemas, sem dúvida, acar-
retaram dificuldades em se constatar a presença desse tipo de cerda em
muitas das Stauronereis rudolphi já identificada:
Distribuição: Cosmopolita em águas quentes e temperadas.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30. nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 47
CONSIDERAÇÕES FAUNÍSTICAS
Das quatorze espécies de anelideos poliquetos que ocorreram nas
colônias de Schizoporella unicornis (Tabela), uma é nova para a ciência,
Palola esbelta e seis são referidas pela primeira vez para a costa bra-
sileira: Eunice filamentosa, Eunice tenuis, Marphysa angelensis, Ne-
matonereis hebes, Lumbrineris albifrons e Oenone diphyllidia. Destas,
Lumbrineris albifrons foi a espécie numericamente mais importante.
A fauna de anelideos poliquetos do Nordeste (NONATO & LUNA,
1970) e Sudeste (AMARAL, 1977, 1979) do Brasil, revela uma consi-
derável afinidade com a da região das Antilhas e do Golfo do México.
Com relação à familia Eunicidae, essa afinidade torna-se mais aparente:
das espécies da familia encontradas nas colônias de S. unicornis, apenas
Marphysa angelensis não é referida para a região do Caribe.
O exame dos resultados revelou também uma considerável se-
melhança com a fauna de poliquetos encontrados em esponjas, estudada
por RULLIER (1974) em material proveniente de Cuba. Entretanto,
apenas cinco das espécies ocorrem na zona das marés e infralitoral dos
fundos não consolidados da região de Ubatuba e São Sebastião, onde
foram coletados as colônias de S. unicornis, o que sugere ser a fauna as-
sociada a esse briozoário, específica desse tipo de habitat.
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RULLIER, F. & AMOUREUX, L. 1979. Annelides polychaétes. Annais Institute
Oceanographie, Angers 55:145-206, 8fig.
TREADWELL, A.L. 1921. Leodicidae of the West Indian Region. Carnagie Institution
of Washington, Washington, 15 (293):1-131, 467fig., 9est.
WEBSTER, H.E. 1879. Annelida Chaetopoda of the Virginian Coast. Transactions of
the Albany Institute, New York, 9:202-69, 1lest.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 49
TABELA
Espécies e número de exemplares encontrados nas colônias de
Schizoporella unicornis (JOHNSTON, 1847) coletadas em Ubatuba
(UBA) e São Sebastião (SS), Estado de São Paulo.
Número de exemplares
Espécies
UBA SS TOTAL
1. Eunicidae
Eunice binominata 20 10 30
Eunice cariboea 176 52 228
Eunice filamentosa 4 = 4
Eunice rubra 55 6 61
Eunice tenuis 41 Il 42
Lysidice ninetta 7 3 10
Marphysa angelensis — 1 1
Marphysa sanguinea — 2 2
Nematonereis hebes 12 5 17,
Palola esbelta sp. n. 2 4 6
2. Lumbrineridae
Lumbrineris albifrons 487 216 703
3. Lysaretidae
Oenone diphyllidia 19 6 25
4. Dorvilleidae
Dorvillea sociabilis 189 17, 206
Stauronereis rudolphi 9 — 9
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
50 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
ISTO,
I I) |
Fig. 1-8. Eunice tenuis (TREADWELL, 1921). 1. Regiäo anterior, vista dorsal (a);
2. Região posterior, vista dorsal (a); 3. Mandibulas (b); ‘. Maxilas (b); 5. Parapódio pos-
terior (c); 6. Cerda pectinada (d); 7. Cerda compösta bid'ntada (d); 8. Gancho subacicular
bidentado (d). i
or———— + |,0mm
Gi———10,400mm
Ol 10,250 mm
Sb 0,085mm
e
E]
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov .981
Anelideos poliquetos associados a... - 351
o bc ad
Fig. 9-16. Nematonereis hebes VERRILL, 1900. ” legião anterior, vista dorsal (a);
10. Maxilas (b); 11. Mandibulas (b); 12. Parapódio auceriv: (c); 13. Parapódio posterior
(c); 14. Cerda composta bidentada (d); 15. Cerda pectinada (d); 16. Gancho subacicular
bidentado (e).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
52
MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
|
| |
23
22
am 0,035 mm
Fig. 17-24. Palola esbelta sp. n. 17. Regiäo anterior, vista dorsal (a); 18. Regiäo
posterior, vista dorsal (a); 19. Maxilas (b); 20. Mandibulas (b); 21. Parapódio anterior (c);
22. Parapódio posterior (c); 23. Cerda composta bidentada (d); 24. Cerda simples (d).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
Anelideos poliquetos associados a... 53
ar 1 0,040mn
Fig. 25-33. Lumbrineris albifrons CROSSLAND, 1924. 25. Região anterior, vista
dorsal (a); 26. Região posterior, vista dorsal (a); 27. Maxilas (b); 28. Mandíbulas (b); 29.
Parapodio mediano (c); 30. Cerda limbada, vista lateral (d); 31. Cerda limbada, vista de
frente (d); 32. Gancho encapuzado (d); 33. Gancho composto encapuzado (d).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
54
Fig. 34-38. Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861. 34. Região anterior, vista dorsal
(a); 35. Mandibulas, vista dorsal (b); 36. Mandibulas, vista ventral (b); 37. Maxilas (b);
38. Parapódio mediano (c).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981
MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z.
Descrição de uma nova espécie de Discocyrtus HOLMBERG, 1878
do Estado do Rio Grande do Sul (Opiliones, Gonyleptidae, Pa-
chylinae).*
Maria Lúcia R. Tavares**
RESUMO
Uma nova espécie de Gonyleptidae, Discocyrtus lisei (Arachnida, Opiliones) é des-
crita para Fortaleza dos Aparados, Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Esta es-
pécie é ilustrada e apresenta-se neste trabalho, a morfologia da genitália do exemplar
macho.
ABSTRACT
A new species of Gonyleptidae, Discocyrtus lisei (Arachnida, Opiliones) is described
from Fortaleza dos Aparados, Cambara do Sul, Rio Grande do Sul State, Brazil. This
species is illustrated and in this article it is shown the genitalia morfology of male spe-
cimen.
INTRODUÇÃO
Segundo SOARES & SOARES (1954) já foram descritas para o
gênero Discocyrtus HOLMBERG, 1878, setenta e oito espécies, das
quais apenas quatro para o Rio Grande do Sul (RS).
SOARES, H. (1966) cita Discocyrtus calcarifer ROEWER, 1916
até então conhecida para o Estado de São Paulo (Santos), como inédita _
para o RS.
Em decorrência do estudo dos exemplares da coleção do Museu de
Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e do
exame dos tipos de Discocyrtus HOLMBERG, 1878 pertencentes a
coleção do Museu da Universidade de São Paulo, verificou-se a existên-
cia de uma espécie que não pode ser identificada com as já conhecidas, a.
qual está sendo descrita como nova. Apresenta esta espécie carácteris-
ticas diferenciais bem acentuadas, destacando-se facilmente das: setenta
e oito já conhecidas.
* Aceito para publicação em 05.1.1981. Contribuição FZB nº 198
** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq Proc.
10.10153/76) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul
(MCN), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981
56 TAVARES, M.L.R.
MATERIAL E MÉTODOS
Os exemplares examinados estão depositados na coleção do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
As medidas foram aferidas usando-se um microscópio estereoscópico Olympus SII
com ocular micrométrica e são expressas em milimetros.
As medidas do corpo e dos apêndices foram tomadas sempre em vista dorsal. O
comprimento do corpo é expresso a partir da porção mediana da borda anterior do ce-
falotórax até a porção distal do abdômen. As medidas de largura sempre expressam a lar-
gura máxima.
Para estudo de genitália utilizou-se a técnica exposta em TAVARES (1980).
As ilustrações foram feitas por Rejane Rosa, desenhista do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Ordem — OPILIONES
Familia: GONYLEPTIDAE
Subfamília: PACHYLINAE
Gênero: Discocyrtus HOLMBERG, 1878
Discocyrtus lisei sp. n.
Material tipo: Holótipo é, MCN 0043, Fortaleza dos Aparados, Cambará
do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, 09.1.1976, A. Lise leg.. Parátipo 9, MCN 0467, mes-
mos dados do Holótipo.
Localidade tipo: Fortaleza dos Aparados, Cambará do Sul, Rio Grande do
Sul, Brasil.
Etmologia: A espécie descrita é dedicada ao Prof. Dr. Amo Antonio Du
orientador dos nossos trabalhos de pesquisa ecoletor dos especimes.
DESCRIÇÃO DO MACHO
(Fig. 1-7)
Comprimento do corpo: da borda anterior à borda
posterior da área V 5,28; da borda anterior do cefalotórax à borda pos-
terior do opérculo anal 5,78; largura do cefalotórax 2,58; comprimento
do cefalotórax 2,09; largura do abdômen 9,84; largura do escudo dorsal
6,42.
Face dorsal: borda anterior do cefalotórax com uma fila de
grânulos piliferos e com uma pequena elevação mediana lisa entre as
queliceras. Cefalotórax bastante granuloso. Cômoro ocular alto, com
grânulos na base e com Z robustos espinhos dispostos em forma de V
aberto (fig. 4). Areas I, II, III e IV com granulação densa e irregular.
Areas V e tergitos livres I, II e III com fila irregular de grossos grä-
nulos intercalados por outros menores, alguns destes piliferos. Áreas
laterais irregularmente granulosas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981
Descrição de uma nova espécie... 57
Face ventral: opérculo anal e esternitos livres com uma fila
de grânulos piliferos. Operculo genital pequeno, mais ou menos arredon-
dado com pequenos grânulos piliferos. Anca I a III granulosas com
filas de grânulos piliferos.
Queliceras: pequenas. No ápice do 2º segmento junto aos
dedos um tufo de longos pêlos. Dentes nos dedos como na fig. 5.
Palpos: trocänteres com 2 grânulos piliferos ventrais, sendo o
interno maior que o externo. Fêmures com 1 espinho basal ventral e 1
espinho apical interno. Tibias com 4/4 e tarsos com 3 internos e 4 exter-
nos (Fig. 2-3).
Pernas: os artículos com filas de grânulos piliferos. Fêmures I
a III sub-retos. Anca IV muito desenvolvida, excedendo excessivamente
o escudo dorsal e com grânulos piliferos em toda a sua extensão (Fig. 6).
Apresenta uma robusta apófise apical externa dirigida para baixo e para
trás com um tubérculo na base e outro no terço apical e uma apófise
apical interna dirigida para fora com um tubérculo na base. Trocânter
IV com uma longa apófise basal interna dirigida para frente. Trocânteres
longos e com grossos grânulos que se encontram mais concentrados na
região apical dorsal e uniformemente distribuidos na região ventral.
Fêmur IV curvo com uma longa apófise basal interna dirigida para trás
e com uma fila longitudinal de longos espinhos, sendo os da base
maiores e com filas de grânulos piliferos (Fig. 7). Ventralmente, com
apófise basal dirigida para dentro. Patela IV globosa com grossos
grânulos piliferos. Tibia IV com filas longitudinais de grânulos piliferos.
Articulos tarsais: 6/10/7/7
Medidas dos apêndices:
Trocânter
Fêmur
Patela
Tibia
Metatarso
Tarso
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):55-61,30 nov 1981
58 TAVARES, M.L.R.
Queliceras: 1º segmento 0,82; 2º segmento 1,25 (os dedos não incluí-
dos).; total 2,07.
Colorido: castanho claro. Queliceras e pernas amarelas re-
ticuladas de negro.
Genitália: pênis com o comprimento de 2,8 (Fig. 8-10).
DESCRIÇÃO DA FEMEA
(Fig. 11)
Comprimento do corpo: da borda anterior do cefa-
lotórax à borda posterior da área V 5,78; da borda anterior do cefalo-
tórax à borda posterior do opérculo anal 6,02; comprimento do cefalo-
tórax 2,09; largura do cefalotórax 2,82 e largura do abdômen 6,27.
PE RNA: IV: anca granulosa com espinho apical externo e 1 espinho
interno. Trocanter densamente garnuloso. Fêmur granuloso com uma fila de
pequenos espinhos. Na porção apical, 3 espinhos sendo o interno bem de-
senvolvido. Patela globosa e granulosa.
Assemelha-se ao macho pelo cefalotórax densamente granuloso, pelo
cômoro ocular alto com 2 robustos espinhos dispostos em forma de V e pelo
escudo dorsal com numerosos grânulos piliferos irregularmente distri-
buidos.
Artıculos tarsais: 6/10 e 11/7/7.
Medidas dos apêndices:
Pernas
II
Trocanter
Fêmur 1,23
Patela 0,86
Tíbia 1,10
Metatarso E
Tarso
14,48
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981
Descrição de uma nova espécie... 59
Queliceras: 1° segmento 0,70; 2° segmento 1,15 (os dedos näo estäo in-
cluidos); total 1,85.
DISCUSSÃO TAXONÔMICA
A espécie em questão aproxima-se mais de Discocyrtus antiguus
SOARES, 1946 de São Paulo (Franca) pela forma e tamanho da anca IV
que excede excessivamente o escudo dorsal, diferindo pelo tamanho do
trocanter IV, pela armação do cômoro ocular, pela ausência da dupla
serie inferior de denticulos formando serrilha no fêmur e tíbia IV e pela
ausência de espinho apical dorsal na porção proximal do quarto apical do
fêmur IV.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico
(CNPq) pela bolsa concedida; ao Prof. Dr. Arno Antonio Lise pela orientação durante o
desenvolvimento da bolsa; ao Dr. Benedicto Soares e Dra. Hélia Soares pelos ensinamen-
tos e pela oportunidade de examinar os exemplares tipos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOARES, B. 1946. Opiliões do Departamento de Zoologia. Arqgs. Zool. Est. S. Paulo,
São Paulo, 4 (13):485-534.
SOARES, B.A.M. & SOARES, H.E.M. 1954. Monografia dos gêneros de opiliões
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SOARES, H.E.M. 1966. Opiliöes pertencentes à coleção Eugênio W. Grumann (Opi-
liones: Cosmetidae, Gonyleptidae). Papéis Dep. Zool. S. Paulo, São Paulo, 18
(12):118-23.
TAVARES, M.L. 1980. Novas ocorrências de opiliões no Rio Grande do Sul e descrição
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CHNIDA - OPILIONES - GONYLEPTIDAE). Theringia. Sér. Zool., Porto Alegre
(55):155-9.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60)55-61, 30 nov 1981
60 TAVARES, M.L.R.
WWT
Fig. 1-7: Discocyrtus lisei sp. n.: 1. Holótipo macho (0043 MCN); 2: palpo (vista
interna); 3. palpo (vista externa); 4. cômoro ocular; 5. queliceras; 6. anca e trocanter IV;
7. fêmur e patela IV. :
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981
Descrição de uma nova espécie... 61
Fig. 8-11: Discocyrtus lisei sp. n.: 8-10 genitália do macho: 8. vista ventral; 9. vista
dorsal; 10. vista lateral: 11. exemplar fêmea (0467 MCN).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981
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Corbicula manilensis, (PHILIPPI, 1844) molusco asiático, na
bacia do Jacuí e do Guaiba, Rio Grande do Sul, Brasil (Bivalvia,
Corbiculidae)*
Inga Ludmila Veitenheimer-Mendes**
RESUMO
Registra-se a introdução nas bacias hidrográficas do Jacuí e Guaiba, Rio Grande do
Sul, do bivalve asiático Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844).
Com base nas prováveis idades dos espécimes estudados, conclui-se que a referida
espécie tenha sido introduzida no início da década de 1970. Comenta-se sobre os pro-
blemas que podem advir em consegü£ncia do estabelecimento e dispersão deste molusco em
nosso meio.
ABSTRACT
This paper records the introduction of asiatic clam Corbicula manilensis (PHILIP-
PI, 1844) into the hydrographic basins of Jacui and Guaiba, Rio Grande do Sul State,
Brazil.
Based on the most likely ages of the specimens collected, the species seems to have -
been introduced in the beginning of the seventies. The consequences of this introduction
and dispersion of the clam are discussed.
INTRODUÇÃO
Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844), espécie nativa da Ásia
Oriental, foi registrada pela primeira vez para a América em 1938 para o
Rio Columbia, no estado de Washington, Estados Unidos da América
(EUA) (DUNDEE & DUNDEE, 1958; SINCLAIR & ISOM, 1963;
SCHNEIDER, 1967; CLENCH, 1970; SINCLAIR, 1970).
Diversos autores têm especulado sobre o modo de introdução e de
dispersão deste corbiculideo nos EUA. SINCLAIR & INGRAM (1961)
incriminam, como via de introdução, os conteúdos de aquários, trazidos
do exterior como raridades pelos aficcionados deste hobby. Tais con-
* Aceito para publicação em 05.1.1981. Contribuição FZB nº 199.
** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Cx. Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.6082/76).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
64 VEITENHEIMER-MENDES, I.L.
teúdos, mais tarde, ao serem jogados fora teriam contaminado acidental-
mente os mananciais aquáticos. SINCLAIR (1971) afirma que o homem
trouxe deliberadamente C. manilensis da Asia para a America do Norte.
DUNDEE & HARMAN (1963) comentam que em menos de 25 anos este
bivalve asiático, bentônico, dispersou-se por quase todo o território nor-
te-americano. INGRAM et alii (1964) acreditam que o cascalho resultan-
to da dragagem de rios e carregado em barcos por centenas de milhas,
tenha sido um dos meios de dispersão de C. manilensis no território nor-
te-americano. CLENCH (1970), comenta que a rápida disseminação des-
te bivalve no território norte-americano é a única na história da disper-
são de moluscos de água doce nos EUA. CLENCH, ainda, acredita que
estes pequenos bivalves dulciaquicolas tenham passado, conduzidos
através do trato digestivo de aves aquáticas, em condições viáveis, de
um sistema aquático para outro. SICKEL (1973) comenta que um único
adulto fértil pode produzir descendência suficiente para estabelecer uma
população que, através das larvas do tipo véliger, pode povoar manan-
ciais aquáticos. INGRAM et alii (1964) e RINNE (1974) atribuem a dis-
persão deste molusco ao homem, isto é, aos turistas, pescadores e
aquaristas.
Quanto aos aspectos negativos e positivos que a introdução deste
molusco: possa resultar, ha diversas referências. DUNDEE & DUNDEE
(1958) afirmam ser este bivalve uma praga em áreas onde é necessária a
irrigação, sendo que SINCLAIR & INGRAM (1961) citam este molusco
como prejudicial ao fornecimento de água potável. INGRAM (1959) afir-
ma que com o desenvolvimento dos sistemas de irrigação e do forne-
cimento de água potável, o bivalve asiático é visto, na California (EUA),
como uma peste em potencial, uma continua ameaça pelos encarregados
da manutenção de projetos de água. METCALF (1966) indica C.
manilensis como economicamente negativa em virtude dos espécimes
provocarem a obstrução de canos que servem para o abastecimento de
água, e na exploração de cascalho para o uso na construção civil, pois
este material, contendo corbiculideos, prejudica o concreto fresco, em
virtude das perfurações que os moluscos provocam no mesmo. SIN-
CLAIR (1971) afirma que C. manilensis, na sua terra nativa, é hos-
pedeiro intermediário de trematódeos Echinostome, sendo que esse
bivalve quando ingerido cru ou parcialmente cozido pode provocar a
equinostomose. SINCLAIR (apud RINNE, 1974) diz que C. manilensis
seria, dentre os moluscos exóticos dos EUA a espécie mais perigosa,
GARDNER et alii (1976) e RODGERS et alii (1977) comentam que a in-
vasão de um ambiente por Corbicula MEGERLE, 1811 é acompanhada
por um drástico declínio na população dos outros bivalves.
Quanto aos aspectos positivos, VILLADOLID & DEL ROSARIO
(1939) afirmam que C. manilensis tem um grande valor econômico para
os habitantes das regiões de Laguna de Bay (Filipinas), sendo ampla-
mente utilizada na alimentação de patos domésticos e também como
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Corbicula manilensis... , 65
alimento pelos nativos, principalmente pela classe operária. Em algumas
regiões de Laguna de Bay as conchas são utilizadas na indústria do cal
comercial. METCALF (1966) cita o uso de C. manilensis na alimentação
humana e de animais domésticos e também como isca para peixes.
BRITTON & MURPHY (1977) encontraram especies de Corbicula no es-
tômago de peixes. TAYLOR & COUNTD (1977), baseados no trabalho de
LOWERY, sobre mamiferos da Lousiana (EUA), observam que C.
manilensis é um dos elementos componentes da dieta alimentar do
quati. BURCH (1978) encontrou C. manilensis sendo vendida viva,
para fins de alimentação humana, em mercado-livre no Havai.
No presente trabalho registra-se, pela primeira vez, não só para o
Estado do Rio Grande do Sul, mas para o Brasil e provavelmente para a
América Latina, a ocorrência de C. manilensis, para as bacias hidro-
gráficas do Jacuí e do Guaiba.
MATERIAL E METODOS
Exame do material incluido na coleção malacológica do Museu de Ciências Naturais
da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN), e de material recebido para iden-
tificação do Departamento Municipal de Aguas e Esgotos, Porto Alegre (DMAE).
Os exemplares do lote MCN 8242 foram identificados pelo Dr. Juan Jose Parodiz,
do Carnegie Museum of Natural History, Pittsburgh, Pennsylvania, Estados Unidos da
América.
Para a determinação das prováveis idades dos diferentes exemplares de C. manilen-
sis utilizou-se a tabela de idades apresentada por GARDNER et alii (1976).
Todo o material utilizado para o presente trabalho encontra-se depositado na coleção
de Malacologia do MCN.
RESULTADOS
Através do primeiro registro que se tem de C. manilensis para a
bacia do Guaiba, e pela provável idade deste exemplar e dos demais
coletados a partir de junho de 1978 (Tabela) nas bacias do Jacui e do
Guaiba, pode-se deduzir que essa espécie de bivalve tenha sido intro-
duzida em nosso meio no início da decada de 1970.
Observando-se a Fig. 1, deduz-se que C. manilensis adaptou-se
perfeitamente ao seu novo habitat, encontrando-se espalhada ao longo
do Guaiba e Delta do Jacuí. Registro recente (MCN 6208) indica a dis-
persão de.C. manilensis ao rio Gravatai (bacia do Jacuí). Esse bivalve
pode ser encontrado tanto nas margens, como em profundidades que
variam de 6m (MCN 6105) a 13,8m (MCN 6201).
Distingue-se facilmente C. manilensis de Neocorbicula limosa
(MATON, 1809), espécie nativa e incluida na mesma família, pela
presença, naquela, de esculturações em forma de pregas, que acompa-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
66 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
nham as linhas de crescimento das valves, e pela ausência do sinus
paleal (Fig. 2). Além desses dois característicos, o bivalve asiático atin-
ge tamanhos relativamente maiores, e apresenta maior resistência quan-
do trazido para laboratório e mantido em aquário.
COMENTÁRIOS
Com o registro de C. manilensis para as bacias do Guaiba e do
Jacuí, Rio Grande do Sul fica uma interrogação sobre como teria che-
gado este bivalve asiático até aqui. Possivelmente tenha sido trazido dos
EUA, através do homem ou de aves migratórias, tal como relatam
CLENCH (1970) e RINNE (1974).
Nos EUA, C. manilensis adaptou-se perfeitamente aos novos am-
bientes conquistados, chegando a competir com os demais bivalves
nativos, tal como relatam GARDNER et alii, 1976 e RODGERS et alii,
1977. Através de coletas realizadas no periodo de 1978/80, observa-se
que este bivalve conseguiu dispersar-se ao longo de toda a bacia do
Guaiba, no Delta do Jacuí, e já penetrou no rio Gravatai, tendo sido en-
contrado tanto em locais com correnteza, como em locais abrigados, tan-
to em pequenas como em grandes profundidades. Provavelmente C.
manilensis estã competindo: com os demais bivalves autóctones, prin-
cipalmente N. limosa, quanto à ocupação de espaço e à alimentação.
Trata-se de uma espécie que apresenta um grande grau de tolerância às
variações ambientais (GARDNER et alii, 1976), a periodos de seca, e a
cursos d'água aparentemente poluidos (JENKINSON, 1979), o que não
ocorre com a nossa N. limosa.
Deve-se ficar alerta para os aspectos negativos que podem advir com
a introdução desse molusco alienigena, pois, tal como nos EUA, poderá
também aqui criar problemas, principalmente ao sistema de abasteci-
mento de água. Tal prejuizo é causado em virtude da larva véliger in-
troduzir-se, atingir a forma adulta e reproduzir-se nas tubulações causando a
redução de fluxo e até obstruções. Cabe aqui mencionar a captação de água
no Guaiba pelo DMAE para fins de tratamento e posterior consumo humano
por parte da população de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Caso esse bival-
ve asiático venha a instalar-se em águas utilizadas por hidrelétricas, poderá
introduzir-se na tubulação de captação e mesmo nos condensadores de
vapor, tal como relata MCMAHON (1977), causando posteriores pro-
blemas. Além disso, cumpre mencionar que na preparação de concreto
para uso na Grande Porto Alegre ha utilização de agregados (cascalho e
areia) provenientes das bacias do Guaiba e do Jacui, podendo ocorrer os
prejuizos citados por METCALF (1966).
Sempre que um organismo conquista novos espaços, deve-se acom-
panhar essa ocupação com observações e estudos, a fim de als os
reflexos de sua presença no novo meio.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Corbicula manilensis... 67
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Juan Jose Parodiz, do Carnegie Museum of Natural History, pela identi-
ficação de exemplares de Corbicula manilensis. À geógrafa Helena Melo pelo cálculo da
escala do mapa apresentado no trabalho. À desenhista Rejane Rosa pela arte final do
mapa. Ao colega Arno Lise pela fotografia incluída no trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Corbicula manilensis... 69
Rio Gravatai
MCN 6106 e 6262
MCN 5962 A qi 7
d
MCN 6137,5727 e 6201
eé— N — MCN 8050, 8242, e 6200
Ar. “dera
MCN 8154,6105
Ir =
rop,
%
MCN 8118 ——-
er‘)
o
MCN 7093
MCN 6130
@ ——-MCN 8214,6219 e 6225
D MCN 6226
Cc
o
Cs I)
[02 MCN 6224
A °+-MCN 6310
? A—MCN 8096,
8216 e 622
Lagoa dos Patos
3 3 6 9Km
Fig. 1: Mapa do Delta do Jacui e rio Guaiba, Rio Grande do Sul, indicanao vs
locais de procedência dos lotes de Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) in-
cluidos na coleção malacológica do Museu de Ciências Naturais “da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
70 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L.
FIG. 2
2cm
Fig. 2: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844), MCN 8050: vista externa e interna
da valve direita e esquerda, respectivamente.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Corbicula manilensis... 71
Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluidas na coleção do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
Lote MCN Data coleta Local coleta comprimento altura idade provável
(mm) (mm) (em anos)
5727 — V1.1978 Em frente Ponta Cadeia, 29 23 4
rio Guaiba.
5962 18.1.1979 Ilha da Pintada, Delta 21 18
; Jacuí.
6219 25.1.1979 Propriedade Breno Caldas,
rio Guaiba. 28 22 3
29 23 4
31 25 > 4
32 29 = 4
7093 08.11.1979 Belém Novo, rio Guaíba. 29 25 4
8050 06.VIII.1979 Em frente ETA*José L. da 35 29 > 4
Silva, rio Guaíba.
8096 28.VIII.1979 Praia da Pedreira, rio
Guaíba. 05 04 1
07 06 1
07 06 1
11 09 1
22 19 3
8118 25.1X.1979 Praia Florida, rio Guaíba. 24 19 3
29 22 4
32 27. > 4
8154 04.X11.1979 Em frente ao arroio Ca-
valhada, rio Guaiba. 25 20 3
28 24 3
30 25 4
31 26 > 4
33 27 = 4
35 28 = 4
36 30 = é
38 34 = 4
8214 23.1.1980 Saco do Arado, rio
Guaiba. 37 30 > 4
8216 23.1.1980 Praia da Pedreira, rio
Guaiba. 11 10 1
8242 20.11.1980 Em frente ETA*José L. da
Silva, rio Guaiba. 25 20 3
28 24 3
31 27 =!
31 24 > 4
32 25 > 4
32 26 = 4
32 25 = 4
32 25 = 4
33 26 = (|
33 26 = 4
10 09 1
10 09 1
q 10 1
11 11 1
12 1h 1
12 1 1
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74; 30 nov 1981
VEITENHEIMER-MENDES, I.L.
1
[no]
Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul (MCN).
O ee ee EEE
LoteMCN Local coleta comprimento altura idade provavel
(mm) (mm) (em anos)
De << << — SS = nn
12 11 1
13 11 1
13 11 1
16 14 2
16 14 2
17 15 2
17 15 2
17 15 2
18 14 2
18 17 2
19 16 Bj”
‘20 20 3
20 17 3
20 18 3
20 17 3
21 18 3
21 17 3
23 18 3
24 21 3
24 21 3
24 19 3
24 19 3
25 20 3
25 20 3
25 22 3
26 22 3
26 23 3
26 23 3
27 22 3
27 23 3
34 26 =4
6224 17.X.1980 Praia de Itapuã, rio
Guaiba. 11 10 1
13 11 1
14 11 2
14 11 2
14 13 2
14 12 2
14 12 2
15 13 2
16 12 2
16 12 2
16 12 2
17 12 2
17 13 2
18 14 2
20 15 3
23 19 3
25 12 3
29 23 4
29 23 4
31 27 —=4
6226 17.X.1980 Saco do Lami, rio Guaiba. 12 10° 1
14 11 2
33 26 >4
33 26 = 4
33 26 = 4
34 27 = 4
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Corbicula manilensis... 73
Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul (MCN).
Lote MC Local coleta comprimento altura idade provável
(mm) (mm) (em anos)
34 27 = 4
34 26 > 4
34 25 >= 4
34 27 = 4
35 25 >= 4
35 28 = 4
35 27 = 4
35 28 = (!
35 28 >4
36 30 >4
36 30 = 4
36 30 >= 4
36 28 = (|
37 28 = 4
38 28 = 4
39 30 = 4
6106 22.V.1980 Ilha do Paväo, Delta
Jacui. 24 24 3
6105 25.V.1980 Em frente ao arroio Ca-
valhada, rio Guaíba. 30 24 4
33 26 = 4
6137 28.V.1980 Em frente à Ponta da
Cadeia, rio Guaiba. 34 27. = 4
35 28 = 4
36 28 =4
6130 16.VII.1980 Belém Novo, rio Guaiba. 25 19 3
31 26 =4
6262 04.VIII.1980 Ilha do Pavão, Delta
Jacuí. 17 13 2
6201 20.VIII.1980 Em frente à Ponta da
Cadeia, ric Guaiba. 26 20 3
27 22 3
6200 20.VIII.1980 Em frente ETA*José L. da
Silva, rio Guaiba. 27 22 3
31 25 >4
32 28 >4
35 29 =4
6208 29.VIII.1980 Rio Gravatai. 10 08 1
6225 17.X.1980 Saco do Arado, rio
Guaiba. 18 16 92
19 15 3
20 17 3
21 17 3
25 26 3
25 20 3
27 20 3
30 23 4
33 28 >4
35 28 =4
35 30 =4
37 30 =4
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
74 VEITEINHEIMER-MENDES, IL.
Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do Jacui, Rio
Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências Naturais da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN).
Lote MCN Local coleta comprimento idade provável
(mm) (em anos)
6227 17.X.1980 Praia da Pedreira, rio
Guaiba. 09 07 1
10 10 1
10 09 1
16 13 2
16 13 2
16 13 2
17 12 2
18 14 2
18 13 2
18 15 2
19 16 2
27 21 3
31 27 =4
6310 21.XI.1980 Porto das Pombas, rio
Guaiba. 21 17 3
! 26 21 3
30 24 4
33 25 =4
38 32 =4
* Estação de Tratamento de Água.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981
Contribuição ao estudo dos Veronicellidae (Gastropoda, Mollusca):
nova espécie do gênero Angustipes COLOSI, 1922.*
José Willibaldo Thomé**
RESUMO
Uma nova espécie de Veronicellidae (Mollusca) é proposta sob a denominação de
Angustipes missionis sp.n., com descrição morfo-anatômica caracterizante, baseada em
espécime da coleção do ‘‘Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia”,
Buenos Aires e proveniente de Misiones, Argentina.
ABSTRACT
A new species of Veronicellidae (Mollusca) is described, with the name Angustipes
missionis sp.n., upon a specimen in the collection of the “Museo Argentino de Ciencias,
Naturales Bernardino Rivadavia”, Buenos Aires and proceeding from Misiones, Argen-
tina.
INTRODUÇÃO
Estudando uma pequena coleção de material recebida do ''Museo
Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia” (MACNBR), de
Buenos Aires, deparei com um lote constituido de um espécime maduro,
que após cuidadoso exame, proponho como espécie nova.
O gênero Angustipes COLOSI, 1922, consoante caracterização
proposta por THOME (1975), conta com seis espécies: A. ameghini
(GAMBETTA, 1923), 4. difficilis (COLOSI, 1921), 4. morii (COLOSI,
1921), 4. paraguensis (SIMROTH, 1893, 1914), 4. robustus (COLOSI,
1921) e 4. tarsiai (COIFMANN, 1934). Destas, apenas o tipo de 4.
“ameghini foi encontrado, achando-se danificado a ponto de não permitir
a recaracterização com segurança (THOME, 1970). Nas descrições
originais das espécies acima citadas, não constam todas as caracteri-
zações necessárias a uma boa identificação. Contudo, as ilustrações que
as acompanham e os dados disponíveis permitiram verificar que o es-
* Aceito para publicação em 18.V.1981. Contribuição FZB nº 219.
** Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Caixa Postal, 1188, Porto Alegre-
RS, Brasil) e Professor Titular de Zoologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUC-RS); Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq, Processo 30.1590/79).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981
76 THOME, J.W.
pécime em exame, não pode ser identificado com nenhuma das seis es-
pecies anteriormente propostas. Está em preparo uma revisão do gênero,
dependendo ainda da coleta de material em maior abundância, especial-
mente proveniente das localidades tipicas das descrições originais.
O nome proposto para a presente espécie é uma referência ao local
de origem do espécime.
Angustipes missionissp.n.
Diagnose: Uma espécie do gênero Angustipes com glândula pe-
diosa estreita, alongada, delgada, destacando-se a zona interna ama-
relada em todo seu comprimento e a zona externa esbranquiçada muito
irregular em sua largura, faltando na região distal. A zona amarela, na
região distal, apresenta certo fendilhamento longitudinal mediano (Fig.
4); com pênis de soquete cilíndrico, alargado para a região distal,
apresentando nervuras grossas semicirculares e uma glande claviforme,
algo alongada, assentada obliquamente e concrescida com o soquete,
projetando sobre o mesmo uma curta aba laminar saliente. Abertura do
deferente distal, terminal (Fig. 7-8).
Descrição: 1. Morfologia externa (espécime fixado) (Fig. 1-3).
Animal pequeno, curvado sobre a sola, perinotos marcantes, finos;
sola clara, sem linha mediana; poro genital feminino atrás da metade do
comprimento e próximo ao perinoto. Anus semicircular, estendendo-se
levemente para a direita da linha mediana, totalmente encoberto pela
sola do pé. (Espécime totalmente descolorido, esbranquiçado).
2. Morfologia interna (Fig. 4-8)
Alça intestinal anterior recoberta por um lóbulo da glândula diges-
tiva.
Reto penetrando no tegumento bem junto e acima do oviduto (Fig.
5).
Nervos pediosos juntos, paralelos, em toda a extensão. Algo en-
cobertos pelo tegumento. (Pequena porção da região anterior danificada
por dissecação anterior, não observável o encontro com a aorta — com-
primento desde a ponta da glândula pediosa até atrás: 20mm; dai para
frente, danificados).
Glândula pediosa estreita, alongada, delgada, com pequena cur-
vatura para a esquerda bem junto a região proximal, seguida de cur-
vatura mais forte e ampla para a direita. As duas zonas bem delimi-
tadas: a amarela interna destacando-se em toda extensão da glândula e
apresentando um fendilhamento curto, longitudinal, mediano, próximo a
extremidade distal; a zona clara, na borda direita, desde a extremidade
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79,30 nov 1981
|
Contribuição ao estudo dos... 77
proximai até perto da distal e , na borda esquerda, faltando nas duas
extremidades. Ambas as zonas de largura irregular, ao longo da glän-
dula. Abertura da glândula reta, em fenda. (Comprimento da glândula
em posição natural: 10mm, distendida: 13mm e largura máxima: 1,1mm)
(Fig. 4).
Espermateca globulosa, pequena, séssil, recebe o ducto de ligação
quase axilarmente junto ao tegumento. O ducto de ligação é curtissimo e
levemente sinuoso, bem assim o deferente médio, que penetra no te-
gumento entre a espermateca e o oviduto e este recebe a espermateca
dentro do tegumento. Não ocorre bolsa cessória (Fig. 5).
Glândula penial com papila média, acuminada, de 1,8mm de com-
primento por 1,2mm de diâmetro na base. Os túbulos em número de 20,
uniformes (um interno, levemente mais curto e claro), serpenteantes na
base, onde se acham enfeixados por larga e grossa membrana. Apresen-
tam diâmetro uniforme de até 0,4mm e comprimento até 4mm (Fig. 6).
Pênis pequeno, com soquete cilindrico, que apresenta nervuras ou
rugas circulares numa face e é liso na outra, alargado na região distal,
onde se continua numa glande claviforme, algo alongada, em sentido
obliquo em relação ao eixo do soquete e em ângulo aberto para a face
rugosa do mesmo. A glande tem as bordas algo achatadas e na base
concrescidas com o soquete, formando curtas nervuras. Na borda
proximal da glande, face superior, ha um leve prolongamento sob forma
de aba delgada, recortada, projetada sobre o soquete. A ponta da glande
não é lisa e a abertura do deferente é distal, sem lábios. (Soquete com
Imm de comprimento e 0,8mm de diâmetro; glande com 3mm de com-
primento e Imm de largura máxima) (Fig. 7-8).
Material tipo: Holótipo MACNBR 26.508, rio Uruguai, à 20km de Puerto Bem-
berg, Misiones, Argentina, —. 11.1951, J.A. Cranwell leg.
Loalidade tipo: Puerto Bemberg, Misiones, Argentina.
Observações: O espécime foi mal fixado e possui conservação
precária. Já fora dissecado, com cortes longitudinais da frente para trás
pelos dois hiponotos, o que é altamente prejudicial e resultou em da-
nificação de diversos orgãos, permitindo contudo a caracterização com-
pleta dentro dos critérios que estou adotando no estudo sistemático da
familia.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Hugo Irigoyen do 'Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Ri-
vadavia” pelo empréstimo do material; à Srta. Rejane Rosa pelo acabamento dos desenhos e à
minha esposa Clélia pelas fotos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981
78 ; Í THOME, J.W.
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Bonkzihuignolaofesiudoldon as vs
Fig. 1-8. Angustipes missionis sp.n. Holótipo MACNBR 26.508: 1. vista dorsal; 2.
vista ventral; 3. vista lateral direita; 4. glândula pediosa, aspecto dorsal, em posição
natur>", 5. Órgãos genitais junto ao poro genital feminino, observando-se a espermateca
séssil, a disposição do ducto de ligação e a posição do oviduto e do reto; 6. glândula
penial; 7. pênis em vista lateral; 8. pênis em vista anterior.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981
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glossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) en Uruguay (Anura, Lep-
todactylidae).*
Eduardo Gudynas**
Annelise Gehrau***
RESUMEN
Se describe el biotopo y habitat ocupado por Limnomedusa macroglossa (DU-
MERIL & BIBRON, 1841). Se la compara con otros Anuros del Uruguay, y se dan datos
sobre su comportamiento. Se comenta la morfologia de la larva. El estudio de la distri-
bución de la rana, en Uruguay, corrobora los datos ecológicos, sugiriendose que los suelos
superficiales limitan su dispersión. Estos suelos están relacionados con el biotopo de
serrania, proponiéndose que este constituya una unidad biogeográfica natural.
RESUMO
Descreve-se o biótopo ocupado por Limnomedusa macroglossa (DUMERIL &
BIBRON, 1841). Compara-se com outros anuros do Uruguai, e são fornecidos dados sobre
seu comportamento. Comenta-se a morfologia da larva. O estudo da distribuição da rã no
Uruguai, corrobora os dados ecológicos, sugerindo-se que os solos superficiais limitam sua
dispersão. Esses solos estão relacionados com o biótopo de serrania, propondo-se que este
constitua uma unidade biogeográfica natural.
INTRODUCCIÖON
Limnomedusa macroglossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) es un
anfibio poco conocido, no existiendo estudios sobre su ecologia. Se des-
tribuye por el Sur de Brasil, Noreste de Argentina y Uruguay. Unica-
mente KLAPPENBACH (1969) la sefiala como poco acuática y presente
en lugares pedregosos.
Diversas razones hacen necesario un mejor conocimiento sobre la
biologia de esta especie. No solo porque este género monotipico es con-
* Aceito para publicação 08.V.1981.
hd Coordinador, Programa de Investigacion Costera, del Departamento de Biologia, Centro
Educativo Don Orione, Casilla de Correo 13125, Montevideo, Uruguay.
*** Ayudante, Departamento de Zoologia-Vertebrados, Facultad de Humanidades y Ciencias, Av.
Tristan Narvaja 1674, Montevideo. Uruguay.
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82 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
siderado como uno de los Leptodactylidae mas primitivos (LYNCH,
1971), sino porque también permite evaluar la utilidad de eco-indicadores
(ODUM, 1972) en estudios biogeogräficos.
En la presente nota se describen por primera vez los biotopos y
habitats ocupados por la rana de las piedras en Uruguay. Se discute su
distribucion delimitândose preliminarmente una unidad biogeográfica.
Ademaäs se analizan los datos ecológicos en el contexto de la biologia de
los Anura, especialmente de Uruguay.
MATERIAL Y METODOS
Los datos sobre distribucion se basan en 152 individuos depositados en las colec-
ciones del Departamento de Zoologia-Vertebrados, Facultad de Humanidades y Ciencias
(ZVC-B), y del Museo Nacional de Historia Natural (MNHN).
Materialexaminado
Lo que sigue es una lista de localidades de colecta, por Departamento, según el
material preservado.
Artigas. Rio Cuareim, Potrerocio, ZVC-B 090, 826, 1106; Barra del Yacaré, ZVC-B
09, 12; Barra del Yucutujá, ZVC-B 17; Los Catalanes (Estancia Becker). ZVC-B 127,
1162; Arroyo Catalan Chico (Estancia C. Martinez), ZVC-B 170; Arroyo Tres Cruces
Grande, ZVC-B 1066, 1174, 1183, 1191; Arroyo Tres Cruces Chico, ZVC-B 140, Puntas
Arroyo Tres Cruces Grande (MNHN 0373); Rio Cuareim, ZVC-B 77; Colonia Artigas,
MNHN 369.
Salto. Rio Arapey Grande (4 Km W Termas), ZVC-B 1203, 1209, 1221.
Canelones. Balneario Pinamar (Ruta Interbalnearia km 37), ZVC-B 984; Arroyo La
Lista, ZVC-B 908; Arroyo La Tuna, ZVC-B 665.
Cerro Largo. Puntas Arroyo Quebracho, ZVC-B 142.
Durazno. Arroyo Las Cafas (8 km NE Blanquillo), ZVC-B 1022; Picada de las
Piedras, MNHN 627; Rio Negro (7 km aguas arriba del Rio Tacuarembó), ZVC-B 892;
Rio Negro (costa frente Palmar de Porrúa; Estancia La Paloma), ZVC-B 588; Rio Negro
(costa frente Palmar de Porrúa), MNHN 378; Arroyo Cordobés, ZVC-B 168, 828, 999;
Arroyo Cordobes (Paso de la Cruz), ZVC-B 420.
Florida. Arroyo Milano (Proximidades), ZVC-B 133; Arroyo Chamizo (Estancia
Santa Adela), MNHN 1107.
Lavalleja. Mariscala, Estacion Sosa Diaz (Cafada), ZVC-B 829; Parque Vacaciones
UTE, MNHN 1612; Sierra de Carapé, ZVC-B 224; Ruta 8, km 144, MNHN 1108; Cerro
Arequita, ZVC-B 27, 316, 561, 691: Cerro Marmaraja, ZVC-B 153; Aguas Blancas, ZVC-
B 61, 493, 509, 507, MNHN 312; Rio Cebollati (Picada Rodriguez), ZVC-B 149; Fábrica
Portland ANCAP, ZVC-B 595, 1127; ANCAP (Próximo Cerro Minas), MNHN 1467;
Abra de Zaballeta, ZVC-B 377, MNHN 1189; Arroyo Tapes de Godoy (Sobre Arroyo de
la China), MNHN 1110.
Maldonado. Laguna del Sauce (Costa Norte), ZVC-B 1246; Sierra de Animas, ZVC-
B 191, 270, 1985, MNHN 366, 1109; Abra de Perdomo, ZVC-B 1156; AR MNHN
354; Zanja Alemanes (Pröximo San Carlos), ZVC-B 549.
Montevideo. Costa Arroyo Miguelete, ZVC-B 813.
Paysandú. Rio Queguay (22 km Norte Guichön), ZVC-B 878; Queguay Medio,
MNHN 446.
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Notas sobre la distribucióny,... 83
Notas sobr: bus
Rio Negro. Arroyo Salsipuedes, MNHN 1655; Molles de Porrúa, MNHN 1465;
Arroyo Salsipuedes Grande, MNHN 1605; Rincón de Navarro, ZVC-B 1121.
Rivera. Bella Unión (Ruta 5, Km 465), ZVC-B 1247; Cufapirü, ZVC-B 698; Arroyo
Carpinteria, MNHN 425, 445; Paso de las Piedras, Arroyo Cufiapirú, ZVC-B 802.
Rocha. Puntas Arroyo San Carlos MNHN 307.
San José. Sierra Mahoma, ZVC-B 24, 315, 329, MNHN 2107; Ciudad San José,
ZVC-B 1244: Estancia Santa Clara Chamizo MNHN 695; Arroyo La Lista, ZVC-B 651.
Soriano. Arroyo del Perdido (10 km Arroyo Grande), ZVC-B 757, MNHN 275; Om-
búes de Lavalle (7 km, Estancia La Querencia), ZVC-B 220; Pueblo San Martin (Pro-
ximidades, Estancia Santa Rita, próximo Arroyo San Salvador), ZVC-B 1195; Rio San
Salvador (Proximidades), ZVC-B 357.
Tacuarembó. Arroyo Jabonerias. Valle Eden, ZVC-B 695, MNHN 447; Arroyo
Quebrada Chico (Paso Sternz), MNHN 423, Arroyo Tres Cruces, MNHN 1661; Arroyo
Lourdes (Rincón de la Vasoura), ZVC-B 80, 81, 636; Arroyo Salsipuedes (Paso Horqueta,
próximo Estacion Francia), MNHN 1351; Cementerio de los Rosarios, ZVC-B 681; Tam-
bores (Pozo Hondo), ZVC-B 326, MNHN 306, 367, 333, 374; Puntas del Arroyo Laureles,
MNHN 1570.
Treinta y Tres: Arroyo Avestruz, ZVC-B 1245; Santa Clara de Olimar, ZVC-B 151,
495, 996; Quebrada de los Cuervos, ZVC-B 690; P.A. Pique (6ta. sección), ZVC-B 310;
Rio Tacuarembö (27 km SSE Paso Manuel Diaz), ZVC-B sin número.
Los datos sobre ecologia fueron obtenidos en las localidades que siguen (Fig. 1). Su
ubicación especifica se realiza por la foto aérea (IGM) que le corresponde, según datos del
Instituto Geográfico Militar del Uruguay.
1. Zona del Pozo Hondo (IGM 202-161), Departamento de Tacuarembó.
2. Estación ferroviaria Valle Eden, cerro IGM 202-096, Departamento de Tacuarembo.
Periodo de visita para estas dos localidades: 24 Febrero al 2 Marzo 1978 y 3 al 8 Enero
1979.
3. Aiguá, Cerro Barboza (IGM 175-015), Departamento de Maldonado. Visitado 15 al 16
Octubre 1977, 2 Octubre 1978 y 8 Junio 1980.
4. Cerros' del Pororo (IGM 175-111), Departamento de Lavalleja. Visitado 15 al 16 Oc-
tubre 1977, 1 Octubre 1978 y 7 al 9 Junio 1980.
5. Pajas Blancas (IGM 2-014), Departamento de Montevideo. Visitada regularmente des-
de Setiembre de 1977 hasta Noviembre de 1979, con un mayor -esfuerzo de colecta
durante el verano. Los individuos obtenidos en las áreas de estudio 1 a 5, no se in-
cluyen en elmaterial examinado.
Existe material preservado en colecciones de las localidades siguientes que, aunque
fueron visitadas no se capturaron individuos, pero igualmente contribuyeron con datos:
6. Cerro Arequita (IGM 171-138), Departamento de Lavaileja. Visitado 29 Abril 1977 y 6
Agosto 1978.
7. Zona Sur, Sierra de Animas, Departamento de Maldonado. Visitado 5 Marzo 1977 y 8
al 10 Enero 1980.
8. Sierra Mahoma, sona sur (IGM 10-031), Departamento de San José. Visitado 30 Oc-
tubre 1977 y 6 al 7 Febrero 1978.
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84 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
En cada localidad participaron de dos a cinco investigadores, tomandose datos
topográficos, tipos de suelos y rocas, fisonomia vegetal, habitat y refugios ocupados por
la rana, y fauna concurrente. Los datos del clima son de la Dirección General de Me-
teorologia del Uruguay.
RESULTADOS
En lo que sigue se analizan distribuciôn y biotopos ocupados, los
habitats ocupados por los adultos (término utilizado en contraposición al
de larvas), comportamiento y morfologia de los renacuajos, consideran-
dose separadamente la poblacion de la localidad 5.
Los términos ambiente y biotopo son utilizados como sinónimos, y
se definen como áreas artificialmente delimitadas pero que posee cierta
uniformidad subjetiva en relación con parametros físicos, como el clima,
tipos de suelo y fisonomia vegetal. Ambos términos son referidos al de
área mayor de CRUMP (1971). El habitat es aquella porción del biotopo
ocupado por la especie, suceptible de ser caracterizable. Refugio se aplica
a aquellas estructuras, realizadas o no por la especie (como cuevas o
depresiones) y ocupadas por ella.
Distribución y biotopos ocupados
L. macroglossa esta presente en casi todo el Uruguay (ausente
unicamente en los Departamentos de Paysandú, Flores y Soriano). La
Fig. 1 muestra 75 localidades de colecta registradas en base al material
examinado.
El biotopo ocupado corresponde al de serranias. Características
relevantes para las localidades 1 y 2 aparecen en GUDYNAS & GAM-
BAROTTA (1980). Lo que sigue son caracteres comunes a aquellos
sitios, y a las localidades 3, 4, 6,7 y 8.
Las localidades presentan topografia ondulada (sitio 4) a quebrada
(sitio 1) (Fig. 1). Todos son cerros o grupos de cerros, de pendientes
suaves e abruptas. Los suelos son superficiales (rigosoles y litosoles),
con frecuentes afloramientos rocosos. También existen rocas de diversos
tamanos diseminadas sobre el suelo, a veces constituyendo pedrer ales
(Fig. 3). Las pendientes están usualmente en relación con cursos de agua
transitorios (canadas) o pequenos arroyos. En periodo de lluvias, el
caudal de estos arroyos y canadas es importante y violento, de gran ac-
tividad erosiva, lo que explica el paisaje abrupto.
Las comunidades vegetales son edáficas. Los afloramientos casi no
presentan vegetación, mientras que la flora arborescente densa ocurre
sobre los cursos de agua o depresiones que ocasionalmente la mantienen.
También se observan grupos aislados de árboles y arbustos, en la cima o
ladera de los cerros. Entre otras especies se registran Colletia paradoxa
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas. sobre la distribución y... 85
(SPRENG.) ESCAL., Dodonea viscosa JACQ. Heterothalamus alienus
(SPRENG.) O. KZE., Celtis spinosa SPRENG., Scutia buxifolia REISS
y Jodina rhombifolia HOOK. & ARN. (CHEBATAROFF, 1969b;
CHEBATAROFF & ALCURI, 1975; CABRERA & WILLINK, 1973).
El clima de estas localidades es variable, tendiendo a una mala
distribución de las lluvias, aunque se pueden reconocer periodos secos y
lluviosos (veáse la Fig. 2 como una aproximaciön al clima de algunas de
estas localidades).
Habitatocupado
Dentro del biotopo de serranias se han reconocido preliminarmente
los siguientes habitats (GUDYNAS & SKUK, 1980): (i) afloramientos
rocosos e pedregales; (ii) formaciones abiertas; (iii) matorrales (asociados
o no a cursos de agua). Pueden ocurrir además formaciones locales o
zonas distorsionadas por el hombre (cultivos, montes artificiales, etc.).
Los adultos de L. macroglossa fueron colectados bajo rocas o des-
plazândose entre ellas, en el habitat de afloramientos rocosos o pedre-
gales y en sus inmediaciones, en los suelos superficiales del habitat de
formaciones abiertas, cuando hay rocas diseminadas. Los afloramientos
rocosos solo poseen algunas hierbas, helechos y cactaceas. El ambiente es
seco, de tipo xerófilo. El litosol circudante presenta diversas gramíneas,
con fisonomia de pradera. Los afloramientos de rocas mas extrensos se
dan en las localidades 1 y 2, mientras que en los sitios 4, 6 y 7 estos no
existen o son muy reducidos, y solo hay rocas diseminadas (pedregales)
(Fig. 1). Las zonas del habitat de formaciones abiertas mas alejadas de
los afloramientos rocosos o pedregales, están libres de rocas, y no están
habitadas por la rana. El habitat de matorrales, caracterizado por la
flora arborescente, tampouco esta habitado.
Los adultos colectados bajo rocas utilizaban refugios que corres-
ponden al de espacios estrechos (término introducido por GUDYNAS &
GAMBAROTTA (1980) para la lagartija Homonota uruguayensis (VAZ-
FERREIRA & SIERRA de SORIANO, 1961), que convive con esta
rana en los sitios 1 y 2, Fig. 1). Se reconocen dos modalidades: (i) roca-
sobre-roca, que corresponde a los individuos hallados bajo rocas sobre
un afloramiento rocoso; (ii) roca-sobre-tierra, que incluye a aquellos es-
pecimenes capturados bajo rocas sobre una capa de humus. El tipo de
refugio mas utilizado parece ser el de roca-sobre-tierra, aunque esto tam-
bién coincide con el tipo mas frecuente en los sitios visitados (Tabla 1).
Bajo las rocas, L. macroglossa aparece semi-enterrada o ocupando
depresiones elaboradas que se ajustan a su cuerpo. Estas depresiones
son muy pequenas, y no se extienden por medio de conductos o túneles.
La fauna concurrente incluye Insecta (especialmente diversos Blat-
tidae y Grillidae), Araneae (especialmente las grandes Lycosa sp., Ly-
cosidae, y Grammostola sp., Teraphosidae), y escorpiones (Bothriurus
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
86 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
spp., Bothriuridae) que se encuentran bajo las rocas o en cuevas y
depresiones. Entre los vertebrados se observan especialmente lagartijas
(Homonota uruguayensis, Gekkonidae; Pantodactylus schreibersü
(WIEGMANN, 1834) y Cnemidophorus lacertoides DUMERIL &
BIBRON, 1839, Teiidae) y algunos Colubridae. Otros Anura han sido
también encontrados en los sitios visitados: Odontophrynus americanus
(DUMERIL & BIBRON, 1841), Leptodactylus latinasus JIMENEZ de la
ESPADA, 1875 (Leptodactylidae) y Elachistocleis ovalis (SCHNEI-
DER, 1799) (Microhylidae). Estas especies también ocupan refugios de
espacios estrechos roca-sobre-tierra, aunque no de roca-sobre-roca. En
los mismos sitios, pero en las inmediaciones de arroyos o pequenas
lagunas (con vegetaciôn arbustiva, correspondiente al habitat de ma-
torrales) se hallaron bajo rocas diseminadas Leptodactylus mystacinus
(BURMIESTER, 1858), Physalaemus gracilis (BOULENGER, 1833) y
Pseudopaludicola falcipes (HENSEL, 1867) (Leptodactylidae).
Solo dos individuos fueron observados en actividad: uno durante la
noche (sitio 2) y otro durante la manana (sitio 4) (Fig. 1). Ejemplares
mantenidos en el laboratorio demuestran poca actividad, construyendo
inmediatamente depresiones bajo rocas, donde se alojam. Durante la
noche muestran alguna actividad de desplazamiento, y es raro que lo
hagan durante el dia. Ranas mantenidas en terrarios, con recipientes con
agua apropiados, usualmente no eran halladas en el agua. Esto con-
cuerda con los ambientes secos ocupados en la Naturaleza.
Larvas de L. macroglossa fueron observadas en el sitio 1 y 2 (Fig.
1). En las restantes localidades, aunque fueron investigados los charcos
existentes, no se hallaron renacuajos. Los charcos del sitio 1 se en-
cuentran en el lecho de un arroyo (habitat de matorrales), con rocas sobre
un piso de piedra. En el sitio 2 se las observaron en charcos de un
afloramiento basáltico, en la cima del cerro IGM 202-096, y a su pie, en
la ladera Norte, en un pequefio arroyo (canada), que no presentaba
vegetaciön arbustiva a su lado, siendo un caso particular del habitat de
afloramientos rocosos. Durante las lluvias estos últimos charcos deben
formar una corriente común, aunque en el momento de nuestras visitas
estaban aislados, presentando (para 2 charcos relevados) superficies
aproximadas de 0.49 y 0.66m2, y profundidades máximas de 0.17 y
0.06m respectivamente.
Estos charcos son formaciones lenticas temporales muy pequenas.
Presentan sobre el sustrato rocoso una fina capa de humus y limo, y con
vegetacion muy escasa.
No se encontraron otras larvas coexistiendo con las de L. ma-
croglossa. En la localidad 1, en los mismos charcos, se observaron adul-
tos de Pseudis minutus PETERS, 1872 (Pseudidae) y ne
falcipes.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas sobre la distribución A RE 87
La población de Pajas Blancas
Pajas Blancas (sitio 5, Fig. 1) es una localidad costera, sobre el
Rio de la Plata, en la zona donde las aguas oceânicas se mezclan con las
fluviales (CHEBATAROFF, 1979). En esta localidad se observaron
adultos y larvas de L. macroglossa. Las particulares caracteristicas de
este ambiente hacen necesario una descripción separada y mas detallada.
El biotopo corresponde al de arenales costeros, caracterizado por
arenas cuarzosas recientes, de topografia ondulada y vegetación variada,
distinguiendose preliminarmente los siguientes habitats (GUDYNAS,
1980, GUDYNAS & SKUK, 1980): (i) formaciones abiertas, con pastos
y arbustos aislados; (ii) banados (Asociados a zonas húmedas o pequeiios
charcos o lagunas), con vegetacion hidrofila densa; (iii) bosques arti-
ficiales (usualmente Pinus spp o Eucalyptus spp); (iv) zonas distor-
sionadas (viviendas, etc.). Por mas datos veáse GUDYNAS (1980).
Pajas Blancas corresponde a una fascie local particular, con afloramien-
tos rocosos (puntas) de diversos granitos y gneiss, del basamento cris-
talino de Montevideo, sobre las aguas del Rio de la Plata.
Los adultos fueron observados en el habitat de formaciones abier-
tas, alterado por el hombre. Era habitado un grupo de rocas, acarreadas
al lugar por probladores locales, ocupandose refugios de espacios es-
trechos, bajo y entre las rocas, y en cavidades elaboradas. La vegetación
de la zona presentaba pastos (Panicum racemosum SPR. entre otras es-
pecies) y arbustos diseminados (Dodonea viscosa).
El único Anura en este sitio fue Bufo arenarum HENSEL, 1867
(Bufonidae), aunque habia varias lagartijas (Liolaemus wiegmanni
(DUMERIL & BIBRON, 1837), Iguanidae) y un ratón (Calomys laucha
(OLFERS, 1818), Cricetidae). i
Otros adultos fueron observados bajo una serie de desperdicios
(trozos de carton o laminas de metal), nunca a mas de 10m del grupo de
rocas. Estos refugios tambien pueden considerarse como de espacios es-
trechos. Solo Hyla nasica COPE, 1862 (Hylidae) fue hallada en la misma
situación.
Otras zonas que presentaban rocas diseminadas o desperdicios
fueron intensamente relevadas, pero no se observo a la rana de las
piedras. Todas las demas zonas y habitats de la localidad también
fueron relevados periodicamente, pero sin obtenerse registros adicio-
nales. El origen de esta población es por el momento enigmático.
Las larvas fueron observadas en pequenos charcos, en un aflo-
ramiento rocoso, a aproximadamente 200m del grupo de rocas ocupado
por los adultos. La Fig. 4 muestra la distribucion de los charcos en la
punta rocosa, mientras que la Fig. 5 ejemplifica el aspecto de la zona.
La vegetacion es hidrófila, con Juncus sp. Scirpus sp. sobre el agua,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
88 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
mas alejada Cortadeira sp., y rodeando al banado, interdigitândose con
el habitat de formaciones abiertas, hay pastos, Eryngium sp. y Colletia
* paradoxa. El habitat ocupado por los renacuajos no corresponde al de
banado, sino a una fascie local de punta rocosa.
Los charcos se encontraban tanto sobre el lecho rocoso como sobre
el sustrato arenoso adyacente. Poseen una fina capa de limo en el fondo
y no presentan vegetaciön (a excepciön de la de sus bordes). En ellos
ocurren Amphipodos y cangrejos de aguas salobres (Chasmagnatus
granulata DANA, 1851). La Tabla 2 incluye datos sobre dimensiones y
medidas térmicas instantâneas como guia a las condiciones fisicas en es-
te ambiente. Existen otras puntas rocosas similares en la localidad, que
al igual que esta, limitan pequenas playas arenosas en arco. Todas
fueron relevadas cuidadosamente en varias oportunidades, pero no se
verifico que fuesen ocupadas. El examen de otros charcos, cursos de
agua, bafiados e pequenas lagunas tampoco arrojó la presencia de re-
nacuajos.
La fauna concurrente de Anura, es en esta localidad mas variada,
debido a que otras especies también concurren a estos charcos. En elles
se observaron larvas y adultos de Leptodactylus ocellatus (LINNAEUS,
1758) y Pseudopaludicola falcipes, y un Bufo granulosus SPIX, 1824
adulto. En las cercanias, en un sitio alejado al ocupado por los adultos,
bajo rocas, se obtuvieron Leptodactylus latinasus y L. gracilis.
Comentarios sobre morfologiay comporta
miento delas larvas
Aqui se incluyen algunos datos sobre la morfologia y el compor-.
tamiento de las larvas de L. macroglossa relevantes a su ecologia. Una
descripcion mas detallada se hara en una futura comunicación.
GEHRAU & SA (1980) ya presentaron comentarios sobre los renacuajos
para un estadio XII de ROUGH o 37 de GOSNER (por nomeclatura y
caracteres de los estadios, vease GOSNER, 1960).
Para material de Pajas Blancas, en estadios 38 a 42 de GOSNER
(1960), las larvas son globulosas; cuerpo deprimido ventralmente y
silueta ovoide prolongada anteriormente, ancho 2/3 del largo del cuerpo;
la cola es casi dos veces el largo del cuerpo, y presenta aletas altas, bien
desarrolladas. El pico estã bien desarrollado; filas de dientes 2/3, in-
terrumpidas las inmediatamente anterior y posterior al pico (apenas por
una incisura estrecha esta última), y papilas labiales solo interrumpidas
anteriormente. La coloracion de fondo de! cuerpo es marrón, con man-
chas negras a variadas tonalidades de marrön, junto con zonas claras.
Las larvas se desplazan en los charcos muy lentamente, y a media
profundidad. Ante la presencia humana, especialmente ante movimientos
bruscos, nadan rapidamente en zig-zag, deteniendose repetidamente en
forma brusca en el fondo del charco. Alli pasan desapercibidas por su
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas sobre la distribución y... 89
coloracion criptica. Esta clase de movimiento, realizado por muchas lar-
vas a la vez, puede ser una táctica defensiva. Fue posible observarlas
alimentândose en el fondo de charcos, de material probablemente en vias
de degradaciôn.
DISCUSIÖN
L. macroglossa parece ser el ünico Anuro del Uruguay restringido
a ambientes rocosos xerofilos, ya que no ocupa refugios en la inmediata
cercania del agua. Solo Odontophrynus americanus, Leptodactylus
latinasus y Elachistocleis ovalis se hallan en el mismo tipo de habitat,
aunque no están restringidos a el, observandoselos también en otros
biotopos y en situaciones acuätico marginales. Los refugios utilizados
protegen además contra posibles depredadores.
Los charcos ocupados por las larvas son de vida limitada. El
hallazgo de larvas al pie de cerros, en zonas bajas, puede ser explicado
por lluvias posteriores :. la puesta de huevos que arrastraron a los re-
nacuajos desde los charcos de la cima de los cerros. Ası, este hecho
puede ser habitual en el desarrollo de las larvas, ya que los charcos de la
cima por ser reducidos se evaporan en poco tiempo, mientras que los
charcos en las laderas, por ser mayores, perduran un lapso mas prolon-
gado. GEHRAU & SA (1980) observaron los renacuajos en charcos de
0.50m a varios metros de profundidad, intercomunicados entre si por
agua que corre (lo que refuerza la idea de un transporte de charco a
charco). Los charcos del biotopo de serrania solo son ocupados por lar-
vas de L. macroglossa. Competicion frente a otras especies solo puede
esperarse en charcos mayores o lagunas, las que son también ocupadas
por las especies acuático-marginales. Los charcos ded Pajas Blancas
presentan otras especies, y pueden ilustrar un caso de competición in-
terespecifica. La morfologia de la larva también sugiere que es una es-
pecie de aguas tranquilas o charcos (HEYER, 1976). Tanto su coloracion
como sus tácticas de desplazamiento pueden constituir adaptaciones a
los charcos ocupados.
Los charcos de Pajas Blancas, presentan además como caracteris-
tica particular, el recibir agua del Rio de la Plata, a veces salobres, lo
que puede limitar el desarrollo de las larvas.
KLAPPENBACH (1969) sefiala someramente que L. macroglossa
estã presente en lugares serranos, bajo piedras u otros objetos y que es
una especie poco acuática. A modo de generalidad, LYNCH (1971, 1978)
la ubica en tierras. bajas costeras y en banados. HEYER (1975) en su
tabla de categorias geográficas y ecologicas sehala al genero Limno-
medusa como terrestre y en un area Chaco. Sin embergo, nuestro es-
tudio senala que la rana es terrestre a semifosorial, pero no ocurre en
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
90 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
una zona de fisonomia chaquefia en Uruguay (por la composición vegetal
de la region Chaco, veáse CABRERA & WILLINK, 1973).
LYNCH (1971, 1978) hace coincidir caracteres climáticos antiguos
y la distribucion de leptodactylidos primitivos. Aún no es posible
evaluar esta información para Uruguay. Sin embargo, L. macroglossa
presenta una distribucion discontinua, restringida a formaciones rocosas,
lo que sugiere una dispersión antigua. Así, cuando algunas formaciones
rocosas (como la Arapey en el Noroeste de Uruguay) eran mas extensas
de los que son hoy, pueden haber permitido una amplia dispersión de la
rana, extendiendose por los principales componentes del biotopo de
serrania (veáse mas adelante). Los procesos erosivos y de meteorización
posteriores, pueden haber aislado las poblaciones a cerros u otros grupos
rocosos. Por este motivo el habitat ocupado por la rana en Uruguay es
concebido como antiguo. Por otra parte, la morfologia y comportamiento
de las larvas coinciden con algunos de los caracteres atribuidos al re-
nacuajo leptodactylido primitivo. LYNCH (1971) asume que presentaban
tubo anal medio, mas de 2/3 filas de dientes, papilas labiales anteriores
no interrumpidas (o solo en forma estrecha) y posteriores sin interrup-
ción, cuerpo robusto con aletas caudales anchas, y habitante de charcos.
L. macroglossa coincide con estos caracteres, excepto que el tubo anal es
medio y levogiro, y las papilas están interrumpidas anteriormente, pero
no en forma estrecha. Sin embargo estos datos no permiten relacionar a
L. macroglossa con los Leptodactylinae (como en LYNCH, 1971) o con
los Telmatobiinae (como en LYNCH, 1978).
Existen escasos registros de la dispersiôn de L. macroglossa en
Uruguay. Las primeras menciones son de DUMERIL -«& BIBRON
(1841), mientras que BERG (1896), MIRANDA-RIBEIRO (1926),
FREIBERG (1942), SCHMIDT (1944) y CEI (1956) solo la mencionan
para Uruguay. Mas recientemente BARRIO (1971) de algunas locali-
dades, pero con una nomeclatura errônea, por lo cual no serán consi-
deradas. BRAUN & BRAUN (1974) dan registros precisos para los
Departamentos de Artigas, Rivera y Cerro Largo. Los restantes regis-
tros mencionados en esta comunicación son nuevos. Debe destacarse su
ocurrencia para la zona de la represa de Salto Grande, ya que SIERRA
et al. (1977) presentan interesantes detalles ecológicos. Por otra parte, la
población de Pajas Blancas (34º55' S) se constituye en el limite Sur de
la distribución de esta especie.
Considerando la invalidación de L. misionis SCHMIDT, 1944 por
BARRIO (1971), L. macroglossa también se extiende por Rio Grande do
Sul (BOULENGER, 1885, 1886; BRAUN & BRAUN, 1980), Santa
Catarina (LYNCH, 1971) y Paraná (MIRANDA-RIBEIRO, 1926) en
Brasil; y Misiones en Argentina (BERG, 1896; FREIBERG, 1942;
SCHMIDT, 1944; CEI, 1956; y BARRIO, 1971). Es probable que otros
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas sobre la distribuciöny,... 9
habitats sean ocupados en areas con ambientes diferentes a los de
Uruguay como en Misiones o Paraná.
El patrón de distribución de L. macroglossa en Uruguay puede ser
analizado, paso a paso, considerando los elementos contenidos en la
definicion de biotopo. Esto permitirá evaluar las validez de los datos ob-
tenidos en los sitios visitados, y sehalar que factores pueden limitar su
distribución. Este estudio está limitado por la consideración de fronteras
políticas artificiales (VANZOLINI, 1970).
Las condiciones climáticas se ejemplifican para cinco localidades
diferentes en la Fig. 2. También se analizaron gráficos similares para
otros nueve sitios, asi como valores medios mensuales de evaporacion, e
indices/de aridez y curvas medias anuales (datos de MARCHESI &
DURAN, 1969) de temperatura y precipitaciones. Estos factores no
parecen coincidir ni limitar la distribucion de L. macroglossa. Sin em-
bargo, las condiciones microclimáticas son importantes. Los refugios de
espacios estrechos, especialmente cuando hay cuevas, involucran amor-
tiguacion de los picos diarios de temperatura (CLOUDSLEY-
THOMPSON, 1956). Ademäs, la formacion de charcos temporales, con
la consiguiente brusca aparicion de recursos explotables, sosten de las
larvas, depende de las lluvias (HEYER, 1976).
La Fig. 6 sefiala la dispersion de los suelos superficiales. Parece
existir una buena correlación con la distribución de L. macroglossa, asi
40 de las 75 localidades habitadas conocidas, se encuentran incluidas en
zonas de suelos superficiales. Estos suelos corresponden casi en su
totalidad al biotopo de serranias, ya que están en asociación con aflo-
ramientos rocosos o cursos de agua en lechos rocosos.
Este conjunto de suelos corresponden a tres grupos geomorfolö-
gicos principales (CHEBATAROFF & ALCURI, 1975); Cuesta Basal-
tica, Serranias del Este (interrelacionadas al Norte por enclaves basal-
ticos de la Formación Arapey; BOSSI et al., 1975) y los Mares de
Piedra.
Los datos ecológicos obtenidos en los sitios visitados concuerdan
con una restriccion de L. macroglossa a ambientes rocgsos relacionados
con suelos superficiales, por lo que se asume que esta aproximación es
valida. Por otra parte, aunque Pajas Blancas no corresponde al biotopo
de serranias, si presenta suelos superficiales y ha sido efectivamente
colonizada por la rana. Esto confirma una marcada afinidad entre la dis-
tribución y los afloramientos rocosos, al menos en Uruguay, compartien-
do con ellos el caracter de discontinua. Debe recordarse también que,
varios biotopos y/o fascies locales pueden coexistir en una pequena área,
por lo cual la Fig. 6 y las ideas que sugiere, deben manejarse con
precaución. Algunas localidades no parecen corresponder a suelos super-
ficiales, y es necesario un reconocimiento del terreno.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
92 — GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
Finalmente cabe considerar la inclusion de L. macroglossa por
MULLER (1973) como elemento característico de un centro uruguayo de
dispersión. Esta afirmación, asi como los demäas elementos faunisticos
manejados para el área, necesitan de una reevaluación.
CONCLUSIONES
Se presentan varios nuevos registros de L. macroglossa en Uru-
guay, observândosela en casi todo el território. La rana ocupa el habitat
de afloramientos rocosos y el de formaciones abiertas que lo circunda,
caracterizado por un basamento rocoso o rocas en grupos o diseminadas,
y suelos superficiales limitantes, con gramíneas. Ocupa refugios de es-
pacios estrechos bajo rocas, en depresiones elaboradas, usualmente sobre
tierra, y mas raramente sobre rocas. Estos ambientes son xerófilos,
mientras que la rana se puede caracterizar como terrestre a semifosorial.
Las larvas ocupan ambientes lenticos pequenos y estacionales, sobre un
sustrato rocoso, y en el mismo habitat. Corrientes de agua pueden
comunicar estos charcos con otros de mayor tamafo en zonas bajas,
transportando los renacuajos. Esta especie parece restringida a este
habitat, no habiendo colonizado otros. Los renacuajos presentan una
adaptacion a charcos y algunos de los caracteres atribuibles a la larva
leptodactylida primitiva (LYNCH, 1971). El habitat ocupado es también
considerado como antiguo.
Tanto la seleccion de habitat como la dispersión de L. macroglossa
reflejan su estenoecia, pudiendosela considerar como una especie es-
pecialista de habitat (CRUMP, 1971). Esta rana parece ser un buen
bioindicador de ambientes (ODUM, 1972). Los datos de su ecologia y
distribuciön, sugieren que su dispersión, discontinua, concuerda con la
de suelos superficiales, siendo estos, los elementos limitantes de su dis-
tribución.
Puede plantearse como unidad natural de distribucion para L.
macroglossa los suelos superficiales. Integrando a este hecho, aquellos
elementos contenidos en la definicion de biotopo, el ambiente de ser-
ranias podria considerarse como una unidad biogeogräfica.
La distribucion de L. macroglossa, asociada al biotopo. de serrania
es real, y concuerda con su especificidad de habitat. La posición de otros
suelos superficiales, como la fascie local de Pajas Blancas (de incluirse o
no dentro del biotopo de serrania) no puede discutirse aqui, aunque no
modifica las conclusiones de esta nota. En cambio, la falta de datos
sobre la ecologia de esta especie en Argentina y Brasil, no permiten ex-
tender estas conclusiones.
Las semejanzas geomorfológicas, climáticas y floristicas son cor-
roboradas en este caso por datos ecológicos, lo que refuerza la idea de
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas sobre la distribución y... 93
que las serranias constituyen una unidad biogeográfica, al menos en
Uruguay.
La utilidad de una aproximacion geomorfoclimätica, incluyendo la
composición vegetal, ya fue utilizada por AB'SABER (1977) en la carac-
terizacion preliminar de dominios para America del Sur. Siguiendo li-
neamientos similares, el biotopo de serranias se puede definir por el
siguiente conjunto de caracteres: afloramientos rocosos o rocas dise-
minadas o en grupos, rodeados por suelos superficiales a profundos, con
gramineas y matorrales asociados a cursos de agua (hidrófilos a xeró-
filos) o aislados (xerófilos). El biotopo está integrado por varias uni-
dades geomorfológicas y edáficas (CHEBATAROFF, 1969a; CHE-
BATAROFF & ALCURI, 1975; MARCHESI & DURAN, 1969) con una
gran diversidad vegetal (CHEBATAROFF, 1969b), pero que presentan
caracteres comunes que se ven reflejados en una fauna común.
AGRADECIMENTOS
El Prof. R. Vaz-Ferreira, Prof. E. Palerm y Dr. A. Langguth colaboraron con
comentarios y datos relevantes. El Prof. P.C. Braun brindö comentarios interessantes.
Esto no implica necesariamente que ninguna de estas personas comparta nuestras opi-
niones. Este estudio fue realizado como parte del Programa de Investigación Costera
(Contribucion No. 14) del Centro Educativo Don Orione.
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
96 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
TABLA 1
Se sefiala para cada localidad de estudio el refugio predominante y
los refugios ocupados por Limnomedusa macroglossa. (r/r): Roca-sobre-
roca y (r/t): roca-sobre-tierra)
Sitios Refugio Refugios ocupados
predominante os iyA r/t
1. Pozo Hondo or — Su
2. Cerro IGM 202-096 EM + +
3. Cerro Barboza r/t — EE
4. Cerros del Pororö r/t — st
5. Pajas Blancas r/t — a
TABLA 2
Caracteres de los charcos ocupados por las larvas de Limnomedusa
macroglossa en la localidad Pajas Blancas. La numeración de estos sigue
a la de la Fig. 4.
Charco
1 2 3 4 5)
Área aproximada (m2) 2] 2,66 1,35, TOR TED
Profundidad máxima (m) 0,12 0,30 0,27 0,36 0,22
Temperatura (ºC)* 81 30 29 27 28
Primer registro de
renacuajos 22 nov. 26 ago. 26 ago. 26 ago. 2 set.
*registros 27-nov-1978, 15h, temperatura ambi.ate 25°C.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Nolan _ 2 —W
IE ni
Fig. 1 e 2: 1. Distribución de Limnomedusa macroglossa en Uruguay (cada punto
sefiala una localidad de colecta). Localidades visitadas: 1. Zona del Pozo Hondo, 2. Valle
Eden, 3. Aigua, 4. Cerros del Pororó, 5. Pajas Blancas, 6. Cerro Arequita, 7. Zona Sur
Sierra de Animas, 8. Zona Sur, Sierra Mahoma. Localidades con datos dobre clima: A —
Artigas, B — Paso de los Toros-Pampa, C — Montevideo, D — Rocha, E — Melo. 2.
Gráficas climáticas para las localidades de coleta: Artigas (A), Paso de los Toros-Pampa
(B), Montevideo (C), : Rocha (D) y Melo (E). Se sefialan (ejemplificado en el gráfico A)
valores medios mensuales (eje inferior) de temperaturas (en °C, curva inferior) y preci-
pitaciones (en mm, curva superior). Datos de la Direcion General de Meteorologia del
Uruguay.
2
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
98 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A.
AN AS
ARE EE 8
Rio de ja pLATA AA
Fig. 3 e 4: 3. Aspecto de un cúmulo de rocas (habitat de pedregal), en una pendien-
te próximo a una cafiada, con algunos pequefios arbustos, rodeado por formaciones abier-
tas, y al fondo un bosque artificial. El cúmulo estaba habitado por adultos de Limno-
medusa macroglossa; sitio Cerros del Peroró, 7 junio 1980. 4. Distribución de los charcos
ocupados por larvas de Limnomedusa macroglossa en la punta rocosa de Pajas Blancas.
Los afloramientos de roca (punteado) se extienden sobre el Rio de la Plata (lineas on-
duladas), y entre elos ocurren zonas com suelo con vegetación hidrófila (lineas con tres
puntas). Los charcos habitados se enumeran del 1 al 4. En la parte superior se ejemplifica
en perfil, la punta rocosa (punteado, A), sobre el Rio de La Plata (C), con vegetación
hadrofila, y un charco de sustrato rocoso-arenoso (B, que corresponde al charco 1), y la
primera duna (D) de la playa.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
Notas sobre la distribución y,... 99
Fig. 5 e 6: 5. Aspecto general de los charcos de Pajas Blancas, ocupados por larvas
de Limnomedusa macroglossa, en una punta rocosa, sobre afloranientos y arena adyacen-
te. En primer plano el charco 1; 19 enero 1980. 6. Distribucion de Limnomedusa ma-
croglossa y dispersión de los suelos superficiales en Uruguay (redibajado con modifica-
ciones de MARCHESI & DURAN, 1969). La escala del mapa impide senalar las zonas
con suelos superficiales de pequeiia extension.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981
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Diferenças morfológicas entre Diplodon charruanus ORBIGNY,
1835 e D. pilsbryi MARSHALL, 1928 (Bivalvia, Hyriidae).*
Maria Cristina Dreher Mansur**
Lilia Maria Anflor***
RESUMO
Descreve-se o sistema digestivo das espécies Diplodon charruanus ORBIGNY, 1835
e D. pilsbryi MARSHALL, 1928, com base em estudos da morfologia comparada. Os
exemplares de D. charruanus foram coletados em ambiente de águas correntes na loca-
lidade tipo Arroio Colla próximo a cidade de Rosário, Departamento de Colônia, Uruguai.
Os espécimes de D. pilsbryi provém de um açude pertencente a Bacia do Guaiba e a
Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, Brasil.
Breves comentários. são traçados sobre a variabilidade da concha.
O presente trabalho revela a existência de diferenças à nível mesoscópico, nas
pregas dos palpos labiais, lábios e estômagos, destacando-se da generalizada unifor-
midade anatômica encontrada até agora entre as . espécies de Diplodon SEIS, 1827 es-
tudadas por MANSUR (1973) e HEBLING & PENTEADO (1974).
ABSTRACT
The compared morphology of the digestive system of two species of freshwater
bivalves of the genus Diplodon SPIX, 1827 is described. The specimens of D. charruanus
ORBIGNY, 1835 were collected from running waters at the type locality in Arroyo Colla
near Rosario city, Colonia departament, Uruguay. The specimens of D. pilsbryi MAR-
SHALL, 1928 were taken from a pond inside Guaiba and Patos Lagoon drainage area in
Rio Grande do Sul State, Brazil.
The shell morphology is briefly commented.
The present paper describes mesoscopic differences in the folds of labial palps, lips
and stomach contrasting with the great uniformity found until present in the internal
structures of other species of Diplodon SPIX, 1827 studied by MANSUR (1973) and
HEBLING & PENTEADO (1974).
* Aceito para publicação em 19.V1.1981. Contribuição FZB nº 222. Trabalho apresentado no VI
Encontro da Sociedade Brasileira de Malacologia. Executado em parte com o Auxílio para Pes-
quisa (121/78) e Bolsa Especial de Estágio (334/78) fornecidos pela Fundação de Amparo à Pes-
quisa do Estado do Rio Grande do Sul.
** Pesquisadora no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico (30.5365/76 ZO).
*** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científic; e Tecnológico (10.5754/79 ZO) no
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
102 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
INTRODUÇÃO
Diplodon charruanus ORBIGNY, 1835 é uma espécie comumente
encontrada no Uruguai e Sul do Brasil, estendendo-se possivelmente até
o Rio de Janeiro, segundo BONETTO (1964). une (1930, 1969) amplia a
ocorrência para o Paraguai e Argentina.
BONETTO (1962, 1964, 1965) menciona dificuldades na identi-
ficação de D. charruanus devido a considerável variabilidade da concha,
a existência de formas de reação em relação ao meio, e também pela
notável semelhança que apresentam algumas formas de D. charruanus
com as espécies: Diplodon delodontus (LAMARCK, 1819), D. peraefor-
mis (LEA, 1860), D. variabilis (MATON, 1811), D. besckeanus (DUN-
KER, 1849) e D. funebralis (LEA, 1860). Esta última constou na si-
nonimia de D. charruanus nos trabalhos de BONETTO (1964, 1965). Em
BONETTO & MANSUR (1970) D. funebralis não foi incluida na si-
nonimia de D. charruanus.
Ha grandes divergências e muita insegurança na apresentação da
sinonimia de D. charruanus. BONETTO (1964) relaciona 21 nomes
diferentes, em (1965) menciona 15 nomes. Mais tarde, BONETTO &
MANSUR (1970) passam para 18 nomes. HAAS (1930, 1969) apresenta
14 sinônimos, sendo que alguns destes não constam na lista sinonimica
de BONETTO (1964, 1965) e vice-versa. Inclusive, D. piceus (LEA,
1860) está na sinonimia de D. charruanus para HAAS (1969) e na de D.
rhuacoicus ORBIGNY, 1835 para BONETTO (1965). Segundo PA-
RODIZ (1968), D. piceus é uma espécie válida, resumindo para 5 o
número de sinônimos de D. charruanus.
| D. pilsbryi MARSHALL, 1928 é considerada como sinônimo de D.
rhuacoicus segundo HAAS (1930, 1969) e PARODIZ (1968). PARODIZ
(1973) acrescenta D. rhuacoicus is a very rare one, a fact already stated
by d'Orbigny in 1846. Its habitat is reduced to small streams of sou-
thern Uruguay (Maldonado and especially Canelones), with some eastern
isolated morphological variations (Cerro Largo), to which Marshall gave
the names D. pilsbryi and D. yaguaronis MARSHALL, 1930. Segundo
BONETTO (1963, 1964) estas últimas constam como Diplodon delodon-
tus pilsbryi MARSHALL, 1928 e segundo BONETTO & MANSUR
(1970) constam na sinonimia de Diplodon delodontus wymani (LEA,
1860) com a observação de que as variações desta espécie na bacia do
Guaiba, que apresentam conchas mais ou menos alongadas, achatadas e
valves de escassa espessura como D. imitador ORTMANN, 1921, nunca
atingem as proporções que oferecem as dos rios da bacia atlântica da
República Oriental do Uruguai, as quais MARSHALL, (1928, 1930) disti-
guiu como D. pilsbryi e D. yaguaronis MARSHALL, 1930.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças morfológicas entre... 103
HAAS (1930, 1969) diagnostica as espécies do gênero Diplodon
com base na concha jovem e naquela bem desenvolvida, mencionando a
existência de formas de reação em relação ao meio.
* ONETTO (1962, 1964, 1965) utiliza como critérios as caracteris-
ticas da concha em geral, dando ênfase a escultura umbonal de exem-
plares jovens e a larva. Considera também a existência de formas de
reação.
PARODIZ (1968) considera as características da concha com-
pletamente desenvolvida como critério primordial para a identificação
das espécies do gênero Diplodon.
O primeiro autor que notou diferenças microanatômicas nos palpos
labiais de duas espécies de moluscos bivalves de água doce foi HE-
BLING (1971), quando descreveu a anatomia funcional comparada das
espécies Anodontites trapesialis LAMARCK, 1819 e 4. trapezeus SPIX,
1827. Mais tarde, HEBLING & PENTEADO (1974) descrevem a es-
trutura dos palpos de Diplodon rotundus gratus WAGNER, 1827.
VEITENHEIMER & MANSUR (1978) descrevem a estrutura dos
palpos labiais de Mycetopoda legumen (MARTENS, 1888).
Diante da dificuldade existente em diagnosticar as duas espécies,
D. charruanus e D. pilsbryi, através da morfologia externa, (e, de
maneira geral, esse problema é extensivo a muitas espécies de bivalves
das familias Hyriidae e Mycetopodidae) o presente estudo objetiva es-
tabelecer critérios diferenciais à nível da morfologia interna.
MATERIAL E METODOS
O material dissecado pertencente a espécie D. charruanus provém da localidade tipo
Arroio Colla, afluente do Rio Rosário no Departamento de Colônia República Oriental do
Uruguai, cujo ambiente é de água corrente com fundo de rocha, cascalho e areia gros-
seira.
Os exemplares de D. pilsbryi provém de açude pertencente a vertente da Lagoa dos
Patos: (Açude na margem da auto-estrada BR 116, próximo ao Rio Camaquã) que se
comunica ao sul com a Lagoa Mirim onde desemboca o Rio Jaguarão e Cafiada Grande
(através do Taquari, na República Oriental do Uruguai) que são as localidades tipicas res-
pectivamente de D. yaguaronis e D. pilsbryi. O açude apresenta águas: calmas e fundo
lodoso.
Siglas usadas:
MCN; Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
Brasil.
MNHN: Museu Nacional de História Natural, Montevideu, Uruguai.
Material examinado:
D. charruanus ORBIGNY, 1835.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60)101-116, 30 nov 1981
104 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
URUGUAI (Bacia do Rio da Prata): Colônia, Rosário (Arroio Colla), 18 exemplares,
MNHN 10295, 09.1.1960,: A. Bonetto & M. Klappenbach leg.; 21 exemplares MCN 5929,
15.X11.1978, N. Mansur & M.C. Mansur leg.; 3 exemplares, MCN 7091; 70 exemplares,
15.X11.1978. N. Mansur & M.C. Mansur leg. Localidade Tipo.
D. pilsbryi MARSHALL, 1928.
BRASIL (Bacia da Lagoa dos Patos): Rio Grande do Sul, Municipio de Camaquã
“(açude na margem da auto-estrada BR 116, próximo ao Rio Camaquã), 21 exemplares,
MCN 5554, 08.1V.1978, T. de Lema leg.
D. rhuacoicus ORBIGNY, 1835.
ARGENTINA (Bacia do Rio Uruguai): Entre Rios (Arroio Ayui Grande), 18 exem-
plares. MNHN 14336, 07.X11.1977, J. Olazarri leg.
URUGUAI (Bacia do Rio Uruguai): San Jose (Lagunas de Arazati), 2 exemplares,
MCN 6465, 25.X11.1958. E. Duarte & A. Figueiras leg..
O material coletado foi parcialmente fixado em Bouin-Dubosq-Brasil e o restante
conservado in vivo em aquário. Para realização das dissecações, primeiramente, seccio-
naram-se os músculos adutores e, a seguir, o material permaneceu durante 12 horas em
água com mentol. Após a dissecação o material foi fixado em formol 10% e em álcool
70%, encontrando-se depositado na coleção do MCN. As observações e desenhos foram
realizados ao microscópio estereoscópico Wild M4 com câmara lúcida. Os palpos labiais de
dois exemplares. de cada espécie, foram estudados através de cortes histológicos seriados,
por processo comum de inclusão em parafina, com 10 micrômetros de espessura e colo-
ração com Hematoxilina-Eosina. As observações e desenhos das lâminas foram realizados
com auxílio de microscópio Leitz Dialux com câmara lúcida, utilizando-se o retículo
micrométrico adaptado à ocular para as medições. O estômago foi dissecado através de
corte longitudinal dorsal e as paredes laterais foram rebatidas e distentidas para os lados.
Toda a estrutura, em vista interna, foi representada num só plano. A dissecação do intes-
tino foi realizada com animais fixados em Bouin ou álcool 70% por um período de 24
horas.
MORFOLOGIA EXTERNA
Para distinguir resumidamente as duas espécies, segundo os aspec-
tos da concha, considerou-se:
D. charruanus (Fig. 8-9) - concha espessa, inflada, umbos ele-
vados; região posterior truncada com a extremidade posterior afilada
pösterö-ventralmente; carena elevada larga e arredondada; charneira ar-
queada, reforçada, com dentição cardinal robusta; periostraco de cor
castanho com tonalidades verde-claros e bronze; nacar esbranquiçado
com manchas castanho-claras.
D. pilsoryi (Fig. 10-11) - concha frágil, umbos baixos, região pos-
terior arredondada, com extremidade posterior mediana e raramente
ventral; carena mais baixa e arredondada; charneira muito reduzida e
fraca, principalmente na região umbonal onde geralmente estã reduzida
ao ligamento; dentes cardinais reduzidos a duas lâminas na valve direita
e uma lâmina somente na valve esquerda; periostraco de cor castanho-
escuro uniforme; nacar azulado, muito iridescente com manchas cas-
tanho-claras.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças morfológicas entre... 105
Os exemplares do açude próximo ao Rio Camaquã coincidem com a
descrição e as ilustrações de D. yaguaronis, sinônimo de D. pilsbryi.
Devido a constituição extremamente frágil da charneira considera-se
como pertencentes a uma espécie presentemente revalidada, sob o nome
de D. pilsbryi, distinta de D. rhuacoicus e D. delodontus wymani que
apresentam charneira robusta. As observações e diferenças mencionadas
pelos autores citados na introdução deste trabalho também foram con-
sideradas.
MORFOLOGIA INTERNA
O manto: D. charruanus (Fig. 1) e D. pilsbryi (Fig. 2) apresen-
tam abertura inalante ventralmente aberta, ornada por tentáculos sim-
ples que vão diminuindo de tamanho e número em direção a borda ven-
tral, como observaram HEBLING & PENTEADO (1974) para Diplodon
rotundus gratus WAGNER, 1827.
Em D. charruanus a abcrtura inalante apresenta uma borda mais
espessa e musculosa com tentáculos formando duas fileiras, uma externa
com tentáculos pequenos que normalmente no animal vivo se dirigem
para fora, e a fileira interna com tentáculos grandes voltados para den-
tro da abertura conforme MANSUR (1973). Os tentáculos internos não es-
tão dispostos de maneira uniforme, porém se dispõem intercaladamente
podendo formar uma fileira dupla interna quando o animal está con-
traido.
Em D. pilsbryi a abertura inalante é mais frágil, isto é, apresenta
em relação a D. charruanus a metade em espessura na borda e redução
no número de tentáculos internos. Os tentáculos em geral também se
diferenciam em externos pequenos e internos grandes, porém, estes úl-
timos são esparsos.
A dobra interna do manto (ou lobo interno segundo MANSUR,
1973) em D. charruanus é destacada e fortemente pigmentada pelo lado
externo desde a abertura inalante até a metade do animal, depois segue
com pouca altura e reduzida pigmentação até o músculo adutor anterior.
Em D. pilsbryi a pigmentação termina na metade do animal e a
dobra interna segue com pouca altura, elevando-se moderadamente na
região ântero-inferior por onde sai o pé entre as valves. Esta elevação
anterior da dobra interna é mais perceptível no animal vivo.
YONGE (1957) menciona que a dobra mediana da borda do manto
tem função receptora e usualmente apresenta tentáculos (especialmente
na região inalante); a dobra interna, geralmente a mais larga, é móvel e
tem função de controlar a circulação da água. Em alguns casos pode
apresentar tentáculos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
106 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
Considerou-se, nas duas espécies estudadas, como sendo a dobra
interna, as seguintes estruturas: a abertura inalante, os tentáculos e o
prolongamento ventral desta abertura até o músculo adutor anterior. A
função primordial destas estruturas é controlar a circulação da água na
cavidade paleal.
As dobras mediana e externa são justapostas e situadas na ex-
tremidade distal de toda a borda do manto dos exemplares estudados. O
mesmo já foi observado nas espécies do gênero Diplodon encontradas no
estuário do Guaiba (MANSUR, 1973).
O pe: em D. charruanus é lingüiforme achatado lateralmente com
extremidade ântero-inferior arredondada (Fig. 1). A cor é castanho claro
tendendo para a tonalidade rosada.
Em D. pilsbryi o pé (Fig. 2) é anteriormente truncado com ex-
tremidade afilada, fusiforme e menos achatado que D. charruanus. A cor
é cinza.
Geralmente a cor do pé e da borda do manto permanecem nos
animais fixados em formol a 10%
Brâãânquias: funcionalmente as brânquias de ambas espécies
correspondem ao tipo D de ATKINS (1937). Não apresentam pregas. A
demibrânquia externa encobre parcialmente a interna, permitindo ver-se
a região anterior e a borda ventral desta. As demibrânquias de D. pils-
bryi, vistas lateralmente, apresentam um alongamento maior na região
posterior (Fig. 2), enquanto que em D. charruanus apresentam-se mais
altas e menos alongadas posteriormente (Fig. 1).
Os palpos labiais: nas duas espécies são achatados, com
contorno ventral arredondado, apresentando a região póstero-dorsal
truncada e soldada até um terço da linha dorsal. O tamanho dos palpos,
nas duas espécies, é muito variável, apresentando geralmente altura
considerável.
As superfícies justapostas de cada par de palpos são pregueadas.
Cada prega apresenta duas sub-pregas. Uma lateral anterior e a outra
lateral posterior. Tanto as pregas como sub-pregas apresentam propor-
ções distintas nas duas espécies.
Os palpos dos exemplares examinados de D. charruanus apresen-
tam cada prega (região central do palpo) com altura de 175 micrômetros
(Fig. 6 e 13). A região apical da prega é volumosa com 137 micrômetros
de largura e 94 micrômetros de altura. A sub-prega posterior é dupla e o
sulco existente entre as pregas é relativamente curto, com 12 micrö-
metros.
Os exemplares examinados de D. pilsbryi apresentam pregas (Fig.
7 e 12) um pouco mais estreitas, com 120 micrômetros de largura e
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças morfológicas entre... 107
relativamente mais altas, com 219 micrômetros de altura. A sub-prega
posterior é pequena e única e o sulco entre as prezas é relativamente
mais alto, com 56 micrömetros, mensurados desde a região inferior do
sulco até a base da sub-prega posterior.
Os lábios das duas espécies são lisos. Em D. pilsbryi destaca-se
uma dobra na borda interna dos lábios anterior e posterior. Esta dobra
prolonga-se pela borda ventral anterior dos palpos sob a forma de uma
pequena membrana que é mais notória nos palpos externos (Fig. 12).
Em D. charruanus não ocorre esta membrana e a dobra na borda dos
lábios é reduzida ou ausente.
O esôfago: nas duas espécies é curto e achatado contra o
músculo adutor anterior. E percorrido por estrias longitudinais largas
que se apresentam bem delimitadas emD. pilsbryi(Fig.3e4).
O estômago: (Fig 3 e 4) nas duas espécies pertence fun-
cionalmente ao tipo IV segundo PURCHON (1958) com as mesmas es-
truturas fundamentais descritas por MANSUR (1973). Nota-se, no en-
tantó, que as duas espécies em questão não apresentam uma dobra an-
terior tão elevada, nem um sulco dorsal tão profundo em relação às es-
pécies do rio Guaíba. Também não foi observada, nos exemplares es-
tudados presentemente, a área de seleção (MANSUR, 1973) situada na
volta superior, posterior e dorsal do estômago que segue até o ceco dor-
sal.
Comparando o estômago de D. pilsbryi e D. charruanus, percebe-
se, na primeira, um ceco dorsal (Fig. 4) relativamente mais curto, ou
seja, a metade do comprimento, como também a expansão lateral no
lado esquerdo mais alongada no sentido ântero-posterior, do que em D.
charruanus. A expansão lateral não deixa de ser continuação para o
lado esquerdo da área de seleção número 7, situada na entrada do es-
tômago.
Ambas espécies apresentam uma área de seleção posterior muito
desenvolvida, caracterizada pela presença de duas bolsas junto à parede
direita e inferior do estômago. Em D. pilsbryi existem duas tiflossoles
que percorrem estas duas bolsas. Em D. charruanus (Fig. 3) não ocor-
rem estas tiflossoles junto as bolsas da área de seleção número 3; o ceco
dorsal é mais alongado e a expansão lateral, relativamente pequena.
Além disto, existe um outro sulco na área de seleção posterior que sai da
bolsa do lado direito em direção ao ceco dorsal correndo em sentido
quase paralelo ao sulco de rejeição.
A nomenclatura da maior parte das estruturas corresponde a
tradução dos termos de PURCHON (1958) e DINAMANI (1967) segun-
do MANSUR (1973) e VEITENHEIMER & MANSUR (1978).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
108 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
O intestino: (Fig. 5) é idêntico nas duas espécies apresen-
tando as três porções distintas. O intestino proximal associado ao saco
do estilete, que sai do chão do estômago, atravessa o músculo do dia-
fragma e penetra nas gônadas até a parte posterior da massa visceral.
Segue-se a segunda porção do intestino sem tiflossole e sem saco do es-
tilete. Esta porção forma duas alças. No centro da massa visceral surge
a porção final do intestino também denominada reto. Este apresenta
uma tiflossole volumosa e forma uma longa alça que atravessa o ven-
trículo cardíaco, contorna o músculo adutor posterior e finaliza no ânus
com papila anal.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Reunindo comparativamente todas as características acima obser-
vadas nas duas espécies, depreende-se que:
a — Ambas habitam ambientes limnicos distintos. D. charruanus
em substrato de areia grosseira com água corrente e D. pilsbryi em fun-
do lodoso e águas trangüilas.
b — Ambas apresentam a morfologia do pé e da dobra interna do
manto com caracteristicas diferentes. D. charruanus com pé lingüiforme
provavelmente adaptado a cavar na areia e com uma abertura inalante
mais reforçada e complexa, oferecendo uma maior eficiência na seleção e
filtragem de particulas grosseiras em suspensão num meio agitado. D.
pilsbryi com pé fusiforme, provavelmente adaptado a cavar em substrato
lodoso, apresentando maior eficiência na vedação ventral do manto por
onde sai o pé. Vivendo num ambiente de águas calmas com pequenas
particulas em suspensão, não necessitaria de uma abertura inalante tão
musculosa e tão complexa.
c — As duas espécies apresentam palpos labiais grandes cujas
pregas em D. pilsbryi denotam uma maior simplicidade em relação as
pregas: de D. charruanus. PURCHON (1963) observou que uma maior
especialização nas pregas dos palpos labiais representam uma maior
eficiência na seleção de particulas. Portanto a maior complicação encon-
trada nas pregas dos palpos de D. charruanus estaria provavelmente
relacionada ao tipo e quantidade de particulas em suspensão no meio, ou
seja, as particulas são maiores e em maior quantidade.
d — Na borda da região ântero-inferior de cada palpo labial de D.
pilsbryi, principalmente nos externos, destaca-se uma membrana que
não ocorre em D. charruanus.
e — No estômago das duas espécies foram encontradas pequenas
diferenças quanto ao tamanho do ceco dorsa, e da expansão lateral, e
também na área de seleção posterior. A presença de tiflossoles na área
de seleção posterior em D. pilsbryi poderia estar relacionada a uma
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças morfológicas entre... 109
maior eficiência na seleção de particulas finas no estômago, uma vez que
o número de tentáculos é reduzido na abertura inalante e as pregas dos
palpos labiais são mais simples. O mesmo foi mencionado por HEBLING
(1971) ao comparar o estômago de Anodontites trapezeus e A. tra-
pesial ;. A maior complicação até agora encontrada na área de seleção
posterior foi em Mycetopoda legumen segundo VEITENHEIMER &
MANSUR (1978) que apresenta hábitos de vida séssil e vive em ambien-
tes de águas trangúilas.
E interessante mencionar que a morfologia interna do estômago dos
exemplares de D. charruanus, provenientes da localidade tipo, não
“correspondem a dos exemplares do Rio Guaiba, segundo MANSUR (1973).
Assim, é provável que estes últimos foram mal identificados, e que D.
charruanus não ocorra na bacia do Guaiba.
Amplia-se a ocorrência de D. pilsbryi MARSHALL, 1928 (nec. D.
delodontus pilsbryi sensu BONETTO 1963, 1964) até agora restrita a
vertente da Lagoa Mirim, para a bacia do Guaiba e Lagoa dos Patos.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Miguel Klappenbach, Diretor do Museu Nacional de História Natural, Mon-
tevideu, Uruguai, pela permissão dada ao exame da coleção de moluscos e empréstimos
de material. Ao Lic. José Olazarri e Sr. Eliseo Duarte, pela atenção dispensada e es-
clarecimentos prestados por ocasião do exame da coleção daquele Museu.
Aos pesquisadores do Núcleo de Invertebrados Superiores do MCN, Prof. Cláudio
Becker pelo apoio dado aos trabalhos de Histologia e Prof. Dr. Arno Lise pelas tomadas
das fotografias das valves, dos moluscos.
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981’
Diferenças morfológicas entre... 111
ABREVIATURA DAS FIGURAS
a - Ânus
acdd - Abertura comum para os ductos dos diverticulos digestivos do lado direito.
acde - Abertura comum para os ductos dos diverticulos digestivos do lado esquerdo.
ae - Abertura exalante.
ai - Abertura inalante.
ap - Área pigmentada.
as . Área de seleção (as, ass, as!).
b - Boca
be - Bolso esquerdo.
c - Concha.
cd - Ceco dorsal.
co - Cone.
d - Diafragma.
da - Dobra anterior.
dbe - Demibrânquia externa.
dbi - Demibrânquia interna.
di - Dobra interna do manto.
e - Esôfago.
eg - Escudo gástrico
el - Expansão lateral esquerda.
est - Estômago.
g - Gônodas.
gd - Glândula digestiva.
i - Intestino (ig, ig).
i& se- Intestino associado ao saco do estilete.
| - Ligamento
lp - Linha paleal
m - Manto
maa - Músculo adutor anterior.
map - Músculo adutor posterior.
mpl - Membrana na borda ventral anterior do palpo externo.
Orgão de Keber.
p - Pe.
(o)
a
pa - Papila anal.
Pericárdio.
o)
D
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
pl - Palpos labiais. 5
pr - Prega do palpo labial.
r - Reto.
ri - “Rim”. (nefridio)
sd - Sulco dorsal.
sr - Sulco de rejeição.
sp - Sub-prega posterior.
t - Tiflossole menor.
te - Tentáculos.
tm - Tiflossole maior.
ts - Tiflossoles.
u - Umbo.
vv - Válvula do ventrículo cardiaco.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças “morfológicas entre... 113
FIG.1
FIG. 2
Fig. 1 e 2: Morfologia, manto esquerdo removido. 1. Diplodon charruanus. O palpo
labial externo foi rebatido para cima; 2. D. pilsbryi. Palpos labiais em posição normal.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
114 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
dorsal
ventral
FIG.6 FIG. 7
Fig. 3 - 7: 3, 5 e 6 Diplodon charruanus. 3. Vista interna do esôfago e do estômago,
abertos dorsalmente; 5. Esquema do trato digestivo com destaque das: três porções dis-
tintas do intestino propriamente dito; 6. Corte transversal em pregas do palpo labial; 4 e
7 D. pilsbryi. 4. Vista interna do esôfago e estômago abertos dorsalmente. Foi retirado o
escudo gástrico; 7. Corte transversal em pregas do palpo labial. o
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Diferenças morfológicas entre...
1 cm
1 cm
10
Fig. 8 - 11: 8e 9 Diplodon charruanus. 8. Vista externa da valve direita; 9. Vista
interna da valve esquerda; 10-11. D. pilsbryi 10. Vista externa da valve direita; 11. Vista
interna da valve esquerda.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
116 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M.
FIG. 13 FIG. 14
Fig. 12 - 14: 12. Diplodon pilsbryi. Corte frontal junto à borda anterior do palpo
labial externo evidenciando-se a membrana ali existente; 13 e 14. Corte frontal da superfície
pregueada dos palpos labiais, mostrando o perfil das pregas. A região anterior == -se à di-
reita do observador; 13. D. Eee 14 D. pilsbryi.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981
Drulia ctenosclera, a new species of neotropical spongillid (Po-
rifera, Spongillidae)*
Cecilia Volkmer-Ribeiro**
Beatriz Mothes de Moraes**
ABSTRACT
A new species of freshwater sponge (Spongillidae) is described in genus Drulia
GRAY, 1867, sensu PENNEY & RACEK, 1968. Particular characteristics of Drulia
ctenosclera n.sp. are the shape of its microscleres, gemmoscleres and the minuteness of
its spicular components and gemmules. The new species shares some characteristics in
commom with Drulia cristata (WELTNER, 1895) and Drulia conifera BONETTO &
EZCURRA DE DRAGO, 1973.
RESUMO
Uma nova espécie de esponja é descrita dentro do gênero Drulia GRAY, 1867, sensu
PENNEY & RACEK, 1968. São caracteristicas peculiares a Drulia ctenosclera n.sp. a
forma de suas microscleras e gemoscleras e o tamanho diminuto de seus componentes es-
piculares e de suas gêmulas. A nova espécie tem algumas caracteristicas em comum com
Drulia cristata (WELTNER, 1895) e com Drulia conifera BONETTO & EZCURRA DE
DRAGO, 1973.
Drulia ctenosclera n. sp.
Fig. 1-6
Material: BRAZIL. Amazonas, Negro river (contributor to the left margin of the
Amazon) MCN 82, 178 and 179, X. 1965, E.J. Fittkau leg. (MCN = Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul).
o — MCN 178 (Holotype deposited in Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ,
Brazil)
Paratypes: MCN 82 and 179. (Paratypes deposited in MCN, Porto Alegre, RS, Brazil).
Type locality: Negro River, Amazonas, Brazil.
DESCRIPTION: Sponge incrusting, forming minute alignements of
mamillary elevations connected to each other by lateral expansions in a
rosary like manner, each mammilla topped by a conspicuous oscular
apperture surrounded by a ringlike poral area. Skeleton evenly
* Accepted for publication 19.VI.1981. FZB contribuiton nº 223.
** From Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Pos-
tal, 1188. 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981
118 VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B. .
reticulated, devoid of radial fibers. Surface smooth. Colour of dry
material brownish black. Pinacoderm conspicuous in the poral area.
Consistency of dry sponge britlle.
Megascleres: short, stout, smooth, slightely curved
anfistrongyla, of one single series. Lenght range 136-251 micrometers
width range 20-37 micrometers.
Microscleres: minute anfioxea with abruptly pointed extremities
and covered almost up to their extremities with large, conical, straight
spines with lanceolated tips. Lenght range 64-47 micrometers. Width
range 2-4 micrometers.
Gemoscleres: minute, scutelliform, circular scleres; rotule entire,
ondulated, with slightly recurved margins and shaft reduced to a
conical, large, gradually pointed spine bearing a microgranulation on its
tip. Diameter of rotule 14-17 micrometers.
G em mules: minute, spherical, devoid of gemmular cage, pneu..
layer thin and granular, one single layer of gemmoscleres embedded in
this layer strictly tangentially, their rotules rarely overlapping each
other. Porus tube straight and quite long, also encrusted with
gemmoscleres. Gemmules found only in the larger mammilla, from two
to four. Diameter 234-259 micrometers.
DISCUSSION
| The new species is markedly distinct from the other species of the
genus in its microcleres having a complete covering with large and erect
spines (resembling thus in profile a comb with teeth on both sides), its
gemmoscleres bearing a disproportionally large spine as well as the
general minutness of its spicular components and gemmules.
D. ctenosclera n.sp. does not show radial fibers and has only one
series of megascleres, the same as D. conifera BONETTO & EZCURRA
DE DRAGO, 1973. On the other side it shares with D. conifera and D.
cristata (WELTNER, 1895), strongiliform megascleres, absence of a
gemmular cage, reduced number of gemmules and gemmular coating
with one single layer of gemmoscleres.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors are indebted to Dr. Ernst J. Fittkau of the Zoologische Staatssam-
mlung, Miinchen, West Germany for enthrusting them with study of this material.
Granting of fellowships from Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-
lógico, Brazil, is acknowledged by senior (Proc. nº 30.6134/76-Z0-07) and junior (Proc. -
nº 30.0652/77-0C-07) authors. The authors thank miss Rejane Rosa for the final ela-
boration of the drawings.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981
Drulia ctenosclera, a new... 119
REFERENCES *
BONETTO, A.A. & EZCURRA DE DRAGO, I. 1973. Aportes al conocimiento de las
esponjas del Orinoco. Physis, Bueno Aires, 32 (84):19-27.
PENNEY, J.T. & RACEK, A.A. 1968. Comprehensive revision of a worldwide collec-
tion of freshwater sponges (Porifera: Spongillidae). Bull.U.S. natn. Mus., Washing-
ton, (272):1-184.
WELTNER, W. 1895. Spongillidenstudien III. Katalog und verbreitung der bekannten
Süsswasserschwämme. Arch. Naturgesch., Berlin, 61 (1):114-44.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981
120 VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B.
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Fig. 1-4: Spicular components of Drulia ctenosclera n.sp; 1. megascleres at lower
magnification (x400, young megascleres are anfioxea); 2. microscleres at high magnifi-
cation (x 1.000); 3. gemmoscleres at high magnification (x 1.000); 4. whole spicular set at
low magnification (x 400).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981
Drulia ctenosclera, a new... 121
E ———xssgg— fe
Fig. 6
Fig. 5-6: Holotype of Drulia ctenosclera: 5. general view; 6. closer view.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981
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Nota prévia sobre nova espécie do gênero Ctenomys Blainville, 1826
(Rodentia, Ctenomyidae).*
Vitor Hugo Travi**
No curso de um estudo ecológico sobre tuco-tucos no Rio Grande
do Sul, tivemos, por parte do colega Luis Flamarion Barbosa de Oli-
veira, a atenção despertada para um tuco-tuco que vive nas praias li-
torâneas de nosso Estado. Através do exame de pele e crânio de material
coletado, constatamos tratar-se de uma nova espécie. Uma investigação
mais profunda sobre seus hábitos está em andamento e, aqui, apresen-
tamos uma nota sobre sua posição sistemática. O material encontra-se
depositado na coleção do Departamento de Zoologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, (DZRS 0001), Porto Alegre.
Ctenomys flamarioni sp.n.
Material tipo: Holótipo 9 ad., pele e crânio DZRS 0001,.Fazenda Caçapava,
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 28.V.1981, V.H.
Travi e D. da S. Bretschneider leg.
Localidade tipo: Fazenda Ecapavar Estação Ecológica do Taim, Rio
Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.
Medidas: comprimento total 289,0mm; cauda 74,0mm; pé c/u
42,0mm, s/u 37,0mm. Crânio: total 49,0mm; basal 45,3mm; largura bi-
zigomática 30,9mm; caixa craniana 18,Imm; diástema 14,0mm; série
molar superior 10,9mm.
Diagnose: distingue-se de Ctenomys torquatus LICHTENS-
TEIN, 1830 e de Ctenomys minutus NEHRING, 1887 pela coloração
branco-arenosa e pela estrutura da região zigomática. Os incisivos são
ortodontes. Dorso amarelo-esbranquiçado, lados e ventre mais claros. Os
* Aceito para publicação em 18.VIII.1981.
** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Av. Paulo Gama, s/nº., 90.000, Porto Alegre, RS, Brasil.
Auxiliar de Ensino da disciplina de Zoologia dos Cordados na Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, 90.000, Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):123-124, 30 nov 1981
124 TRAVI, V.H.
pêlos com o cordário ardesiaco, alguns viliformes tem a extremidade
apical cinza. Não apresenta colar nitidamente diferenciado como em C.
torquatus.
Distribuição: desta espécie já colhemos registros de
ocorrência com um limite setentrional atingindo a praia de Morro dos
Conventos, SC, onde coletamos cinco crânios encontrados em um sítio
de Speotyto cunicularia (MOLINA, 1782). Para o Sul, sempre pela linha
da costa, observamos exemplares nas praias gaúchas de Capão da
Canoa, Imbé, Tramandaí, Cidreira e na região da Lagoa do Peixe,
município de Mostardas. O limite meridional, por nós constatado, esten-
de-se até a praia do Hermenegildo e, devido a semelhança da formação
florística e do ambiente fisico, esta espécie deve, provavelmente, se es-
tender mais para o Sul, até o Chui e possivelmente até o Norte da costa
Uruguaia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LICHTENSTEIN, H. 1829. Darsterllung neuer order wenig Bekannter säugethiere.
Berlin, C.G. Lüderite, 1827-1834.
NEHRING, A. 1887. Eine Ctenomys - Art aus Rio Grande do Sul (Süd-Brasilien).
Sber. Ges. naturf. Freunde Berl. Berlin, 4:45-47.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):123-124, 30 nov 1981
Study of some sponges (Porifera, Demospongiae) from the in-
fralitoral of Guarapari, Espirito Santo, Brazil.*
Antonio Mateo Solé-Cava**
Alphonse Kelecom***
Gerard Jules Kannengiesser****
ABSTRACT
Descriptions are given of specimens of demosponges from the infra-litoral of
Guarapari, Espirito Santo, Brazil, a region for which sponges are poorly known. Erylus
formosus SOLLAS, 1888, Chondrilla nucula SCHMIDT, 1852, Anthosigmella varians
(DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864), Pseudaxinella lunaecharta (RIDLEY &
DENDY, 1866), Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864, Mycale fusca
(RIDLEY & DENDY, 1886) and Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS, 1766) are new
records for the State of Espirito Santo. Aaptos aaptos (SCHMIDT, 1864), Chondrosia
reniformis NARDO, 1847 and Darwinella australiensis CARTER, 1885 are new records
for Brazil. Affinities between the lower invertebrate sessil fauna of Guarapari and that of
Brazilian tropical and sub-tropical regions are discussed. Chemical data from the lite-
rature are reviewed.
RESUMO
São apresentadas descrições de espécimens de demospongias do infralitoral de
Guarapari, Espirito Santo, Brasil, região pouco conhecida quanto à sua fauna de pori-
feros. Erylus formosus SOLLAS, 1888, Chondrilla nucula SCHMIDT, 1862, Anthosig-
mella varians (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864), Pseudaxinella lunaecharta
(RIDLEY & DENDY, 1866), Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864,
Mycale fusca (RIDLEY & DENDY, 1886), e Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS,
1766) são ocorrências novas para o estado do Espirito Santo. Aaptos aaptos (SCHMIDT,
1864), Chondrosia reniformis NARDO, 1847 e Darwinella australiensis CARTER, 1885
são ocorrências novas para o Brasil. São discutidas as afinidades entre a fauna de inver-
tebrados inferiores sésseis de Guarapari e a das regiões tropical e sub-tropical brasileiras.
Resultados quimicos da literatura são apresentados.
* Accepted for publication in 18.VIII.1981. Contribution of Laboratório Silva Araújo-Roussel
(SARSA) — Unidade de Pesquisas, rua do Rocha 155, 20960 Rio de Janeiro - RJ, Brazil.
** Fundação Universidade do Rio Grande — Departamento de Quimica. Caixa Postal 474, 96200
Rio Grande — RS, Brazil.
*** SARSA — Unidade de Pesquisas — Rua do Rocha 155, 20960 Rio de Janeiro — RJ, Brazil.
*+** Roussel-Uclaf, Bd des Invalides 35, 75007 Paris, France.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
126 SOLE-CAVA, H.M. et alii
INTRODUCTION
Most of the studies of Brazilian sponges has been undertaken with
material collected from the coasts of Ceará to Bahia (SOLLAS, 1886,
1888; RIDLEY & DENDY, 1887; BURTON, 1940; LAUBENFELS,
1956; JOHNSON, 1971), a tropical area influenced by the warm waters
of the Guianian and Brazilian Currents. South of the Abrolhos
archipelago (Bahia) a smaller number of species have yet been described
and systematic studies deal principally with sponges obtained off the
States of Rio de Janeiro (SELENKA, 1879; PACHECO-COELHO &
MELLO-LEITÃO, 1978; OLIVEIRA-PIRES, 1980), São Paulo
(LAUBENFELS, 1956; MOTHES-DE-MORAES, 1980) and Rio Grande
do Sul (MOTHES-DE-MORAES, 1977, 1978; MOTHES-DE-MORAES
& PAULS, 1979; VOLKMER-RIBEIRO et al., 1973; VOLKMER-
RIBEIRO & MOTHES-DE-MORAES, 1975).
Studied material has been mostly collected either by hand
collecting in intertidal zone (SELENKA, 1879; CARTER, 1890;
LAUBENFELS, 1956; PACHECO-COELHO & MELLO-LEITÃO,
1978; MOTHES-DE-MORAES, 1980; OLIVEIRA-PIRES, 1980) or by.
dragging (SOLLAS, 1886, 1888; RIDLEY & DENDY, 1887; MOTHES-
DE-MORAES, 1977, 1978; MOTHES-DE-MORAES & PAULS, 1979;
VOLKMER-RIBEIRO et al., 1973; VOLKMER-RIBEIRO & MOTHES-
DE-MORAES, 1975). Hence, the bentic fauna between 5 and 15 meters
depth remains poorly known. Reports dealing with material collected
along the Brazilian tropical and sub-tropical coasts, from the intertidal
down to the infralitoral area are thor of BOURY-ESNAULT (1973)
describing sponges collected by the Calypso ship and of HECHTEL
(1976) from the Foster-Lor rel collection. These studies pay little
attention to the coast of Espirito Santo. The present work contributes
to a better knowledge of the sponge fauna from this area.
MATERIAL AND METHODS
Studied sponges are part of the collection obtained in december 1978 during a trip
to Três Ilhas (20º36'S-40º23'W) near Guarapari, two miles off the coast. The material
was obtained on rocky bottom. by Scuba or Narghilé diving between 3 and 12 meters depth.
Material was preserved over ethanol (70%).
For spicules preparations, material was selected under binocular stereoscopic mi-
croscope, thoroughly washed with tap water and dissociated in a test tube with hot con-
centrated nitric acid. Spicules free from the sponge tissues were first washed with dis-
tilled water, then with ethanol (MOTHES-DE-MORAES, 1977) and subsequently placed
on a microscope slide heated until complete evaporation of the solvent and finally moun-
ted with Araldit and kept for 5 minutes at 80-100ºC. For scanning electron microscopy,
preparations were made by drying spicules on small pieces of microscope slides and
coated with gold. Spicules were then observed with a Cambridge Stereoscan Mark II ap-
paratus.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Study of some sponges... 127
For histologic observations, samples were dehydrated in a graded series of ethanol-
water solutions, cleared in xylene and embedded in parafin. Sections obtained with a
Ranvier Microtome were stained by the Trichrome Ramon Cajal Technic (BEHMER et
al., 1976).
Spicule sizes are given in micrometers as x + S (Y-Z) where x is the mean value
(n=30), s the standard deviation and Y and Z the mir imum and maximum observed
values for lenght and width. The terminology used for species description is that of
BOROJEVIC et al. (1967). Classification of sponges in orders families is after BERG-
QUIST (1978) and WIDENMAYER (1977).
SPECIES DESCRIPTIONS
Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI
Order CHORISTIDA SOLLAS
Family GEODIIDAE GRAY
Erylus formosus SOLLAS, 1888
Massive to incrusting sponge (Fig. 1). Outside colour grey to
black, inside beige. Smooth surface. Oscules diameter from 1 to 5mm.
Ostioles irregularly distributed on the surface, varying from 50 to 100
um. Choanosome of radiated structure.
Spicules: (Fig. 11-13)
length width
Oxeas 761 + 89 (597-955) 16,4 + 4.2 (7.5-21,3)
Orthotriaenes
eRhabd 504 + 69 (313-625)
eClad 363 + 50 (250-625)
Aspidasters 210 + 26 (171-305) ddr re 9.3 (19,2-48:0)
Centrotylote microxeas 61 + 8 (45-83)
Oxyasters 47 + 10 (27-64)
Tylasters 12.5 + 1.7 (8.5-16.0)
E. formosus has been described by SOLLAS (1888) with material
collected along the coast of Bahia, Brazil, during the Challenger
expedition. Since then, it has been found in Pernambuco, Brazil, by
BOURY-ESNAULT (1973), in Rio Grande do Sul, Brazil, by
VOLKMER-RIBEIRO & MOTHES-DE-MORAES (1975) and in the
Bahamas area by WIEDENMAYER (1977). This sponge differs from
. the other ones of the genus principally by the shape of its long and tight
aspidasters (SOLLAS, 1888).
Ichtyotoxicity has been claimed for an unidentified Erylus species
(STEMPIEN et al., 1970).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
128 SOLE-CAVA, H.M. et alii
Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI
Order HADROMERIDA TOPSENT
Family CHONDROSIIDAE SCHULZE
Chondrosia reniformis NARDO, 1847
Massive, cartilaginous sponge (Fig. 2) from white to dark grey n
colour. Surface smooth and viscous. Oscules diameter from 2 to 4mm.
Ostioles not visible. Ectosome from 1,5 to 2.5mm thick, rich in
pigments, containing plenty of spongine-A. Choanosome well delimited
(Fig. 21), possessing less spongine-A and pigments, being riddled by
canals from 20 to 200 um wide. Choanocyte chambers 30 pm in size,
spread around them. Spicules absent.
This species has been first found in the Adriatic Sea (NARDO,
1847), then in the Mediterranean Sea (TOPSENT, 1895, 1925, 1928),
and along the coast of Senegal (LEVI, 1952). The specimen of
Chondrosia collected by WIEDENMAYER (1977) in the Bahamas might
not be of the reniformis species (WIEDENMAYER, 1977) as the latter
presents a thicker ectosoma (3-10 mm) than that reported for reniformis
by the other authors (1-2 mm) (TOPSENT, 1928; LEVI, 1952;
WIEDENMAYER, 1977) and shows irregular folds on the outer surface, in
contrast to C. reniformis which is smooth in aspect (WIEDENMAYER,
1977). Whether the Chondrosia of WIEDENMAYER should be kept as C.
reniformis or considered as another species (C. plebeja?, WIEDENMA-
YER, 1977) depends upon the relative importances given to various sys-
tematic characteristics of the genus.
Although widely distributed, very few chemical investigations of
sponges of the genus Chondrosia are available. Antibacterial
activity of ın unidentified Chondrosia species has been associated with
the presence of chondrosine (RAVI et al., 1976). The same activity has
also been observed for various cyclic peroxydes obtained from C.
collectrix (SCHMIDT, 1870), together with a series of ethyl esters
containing a tetrahydrofurane ring (STIERLE & FAULKNER, 1979).
Chondrilla nucula SCHMIDT, 1862
Sponge outside identical to Chondrosia reniformis, having the
same size, diameter of oscules and colour pattern (Fig. 3). Ectosome
from 0.3 to 1.5 mm thick, possessing pigments. Diameter of the canals
from 60 to 200 um. Choanocyte chambers with a mean diameter of 35 um
(Fig. 26).
Spicules: (Fig. 17)
Oxyspherasters 22,5 + 4.3 (12.8-29.9)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981.
Study of some sponges... 129
C. nucula is a cosmopolitan sponge (BOURY-ESNAULT, 1973;
WIEDENMAYER, 1977). In Brazil, it has been found by CARTER
(1890) in the Fernando de Noronha archipelago, by LAUBENFELS
"* (1956) in Pernambuco and São Paulo, by BOURY-ESNAULT (1973) in
Bahia by OLIVEIRA-PIRES (1980) and by the authors (inedited) on the
southern coast of Rio de Janeiro. C. reniformis and C. nucula were al-
ways encountered fixed on the dark side of the rocks.
In environmental transplant experiments with Mediterranean
sponges, WILKINSON & VACELET (1979) have reported a negative
phototactic behaviour for C. reniformis and an indifferent one for C.
nucula. This behaviour has been suggested to be associated with the
presence or absence of symbiotic cyanobacteria in the sponge's ectosome
(WILKINSON, 1978, 1979). Competition for substrate and/or heavy
predation in ecosystems of high diversity, like benthos of the tropical
euphotic zone (MARGALEF, 1972; GLYNN, 1973; SARA & VACE-
LET, 1973; GREEN, 1977), may be factors conditioning a distribution
in iluminated or shaded areas of euryphotic species like C. nucula.
C. nucula has been the subject of intense chemical investigation. It
" has been shown to contain unsaturated fatty acids (LITCHFIELD et
“al., 1980), stanols (DE ROSA et al., 1973), cerebrosides (SCHMITZ et '
al, 1974) and the rare chondrillasterol (24-ethyl-cholesta-7,22-dien-3(301)
(BERGMANN et al., 1948). Grude extracts of C. nucula have been
claimed to exert ichtyotoxic (GREEN, 1977), antitumour (BASLOW,
1971; RUGGIERI, 1976) antibacterial (SIGEL et al., 1970) activities.
The latter has been associated in an unidentified species of Chondrilla
with the presence of chondrillin, an unsaturated peroxyketal derived
from a fatty acid (WELLS, 1976).
Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI
Order HADROMERIDA TOPSENT
Family SPIRASTRELLIDAE RIDLEY & DENDY
Anthosigmella varians (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864)
Massive to incrusting sponge (Fig. 4), fixed on calcareous debris.
Outside colour beige to orange, inside grey to beige. Hispid surface.
Choanosome cavernous (Fig. 22), containing numerous incrustations at
the base. Oscules from 3 to 10 mm in diameter, apparently closed by a
contractil membrane. Ostioles not visible.
Spicules: (Fig. 14-15)
length width
69 (281-547) 1.5 (7.5-12.7)
2.8 (6.3-15.8) 0.2 (1.1-1.8)
Tylostyles 430
Anthosigmata 11.8
fe Se
ndo
+ +
+ +
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
130 SOLE-CAVA, H.M. et alii
This sponge has been described as Thalissias varians by DU-
CHASSAING & MICHELOTTI (1864) for a Caribbean specimen. It has
been found later in Florida, USA (HECHTEL, 1965), Jamaica (LAU-
BENFELS, 1949) and Puerto Rico (ARNDT, 1927). HECHTEL (1976)
reported the species near Recife, Pernambuco, Brazil, without indicating
the actual place, depth and nature of the substrate on which it had been
found. The authors (inedited) collected samples of that species of both
varians and incrustans forms on the Abrolhos reefs (Bahia, Brazil).
The antitumour activity of A. varians has been atributed to 3e-
veral compouds. Among them, only para-hydroxyphenylacetamide has
been identified (SCHMITZ et al., 1977). BERGMANN et al. (1950) also
isolated clionasterol and poriferasterol from A. varians. This species was
shown to contain long chain (C94 - C30) fatty acids (LITCHFIELD et
al., 1976).
Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI
Order HADROMERIDA TOPSENT
Family TETHYIDAE GRAY
Aaptos aaptos (SCHMIDT, 1864)
Massive, hard sponge (Fig. 5). Colour in life yellow, turning dark
brown in ethanol or when drying. Hispid surface. Oscules rare, mea-
suring from 2 to 5 mm in diameter. Ostioles not visible. Choanosome
cavernous. Skeletal structure radiated (Fig. 29).
Spicules: (Fig. 18)
length width
Strongyloxeas 1322 + 100 (1064-1522) 34.2 + 8.7 (17.1-46.9)
Styles 319 + 49 (250-425) 6.0 + 2.4 (3.0-11,5)
This species has been described under the name Ancorina aaptos
by SCHMIDT (1864) for an Adriatic sample. It has been found later in
the Indian Ocean (LEVI, 1961; VACELET & VASSEUR, 1965;
THOMAS, 1973), in the Red Sea (LEVI, 1958), in the Mediterranean
Sea (SARA & SIRIBELLI, 1960; BOURY-ESNAULT, 1971), along the
Atlantic coast of Africa (LEVI, 1959) and in Puerto Rico (WILSON,
1902). The sponge collected by the Calypso off the coast of Pernambuco
and identified as A. aaptos by BOURY-ESNAULT (1973), presents a
spiculation different from that normally found in this species, by having
only styles. HECHTEL (1976), working on material collected near
Bahia, identified A. bergmani LAUBENFELS, 1936, a sponge whose
characters are similar to those described for A. aaptos sensu BOURY-
ESNAULT (1973), which is now synonimous of the former (HECHTEL,
1976).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Study of some sponges... 131
Up to now, 4. aaptos escape to any chemical investigation. 4. papilata
was reported to produce an agglutinine-like compound (ROGERS, 1977).
The sterols of an unidentified Aaptos species have been studied by
BERGMANN et al. (1950), but only cholesterol was identified.
Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI
Order AXINELLIDA BERGQUIST
Family AXINELLIDAE RIDLEY & DENDY
Pseudaxinella lunaecharta (RIDLEY & DENDY, 1866)
Massive, friable sponge. Colour in life red-orange, turning beige in
ethanol. Surface presenting numerous groves which are characteristic of
the species (RIDLEY & DENDY, 1887) (Fig. 9). Oscules measuring
from 2 to 3 mm in diameter. Ostioles not observed. Ectosome not dif-
ferenciated. Skeletal structure plumose, without formation of axial con-
densation (Fig. 24). Spicules entirely or partly included in large amounts
of spongine B.
Spicules: (Fig. 19)
length width
Uxeas 281 + 31 (203-328) 12.7 + 2,1 (9.6-17.5)
Styles 202 + 23 (156-242) 12.0 + 1,5 (10.7-16.6)
Pseudaxinella lunaecharta has been described as Axinella lunae-
charta by RIDLEY & DENDY with material collected by the Challenger
expedition in the Cabo Verde islands (RIDLEY & DENDY, 1887). It
has been found by LAUBENFELS (1949) and WIEDENMAYER (1977)
in the Bahamas and by LEVI (1961) in the Gulf of Guinea. In Brazil it -
has been reported near Recife by HECHTEL (1976) under the name
Axinella lunaecharta.
The work of BERGMANN (1949) describing the identification of
sterols in P. rosacea seems to be the only on a sponge of the genus
Pseudaxinella. Current confusion between the genera Pseudaxinella and
Axinella may invalid this assumption.
Sub-cass TETRACTINOMORPHA LEVI
Order AXINELLIDA BERGQUIST
Family AGELASIDAE VERRIL
Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864
Bulbous sponge. Colour dark brown in life as well as in ethanol.
Groves can be seen on the surface of the sponge which is characteristic
of the species (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864) (Fig. 7).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
e
132 SOLE-CAVA, H.M. et alii
Skeleton plumose (Fig. 27), without axial condensation, having ascen-
dent fibers of spongine-B echinated by acanthostyles having from 9 to
17 whorls of spines.
Spicules: (Fig. 20)
length width
Acanthostyles 167 + 22 (128-188) 11.3 + 2.1 (8.5-18.1)
Agelas dispar is a tropical western Atlantic sponge (DUCHAS-
SAING & MICHELOTTI, 1864; LAUBENFELS, 1936; WIEDEN-
MAYER, 1977), reported by BOURY-ESNAULT (1973) and HECHTEL
(1976) for Brazil near Pernambuco, Bahia and Fernando de Noronha. -
The sponges of the genus Agelas have been intensively studied.
An unidentified species has been claimed to show antibiotic activity
(BURKHOLDER, 1973), associated with the presence of two dihydrox-
yindole derivatives (STEMPIEN, 1966). Extracts of 4. sparsus GRAY,
1867 and 4. dilatata have been found antibiotic (HASHIMOTO, 1979)
and ichtyoxic (GREEN, 1977). New pigments (BUCHECKER et al.,
1977, TANAKA et al., 1978) have been obtained from respectively 4.
schmidtii WILSON, 1902 and A. mauritiana. Sterols (BALLANTINE et
al., 1979) of A. mauritiana and A. oroides TOPSENT, 1920 are satu-
rated or present a double bond in the A 7 position. A. oroides has been
found to be a rich source of various bromopyrole derivatives (FAULK-
NER & ANDERSEN, 1974). Among them, oroidin is characteristic in
having a guanidine in addition to the bromopyrole nucleus (BAKER &
MURPHY, 1976).
Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI
Order POECILOSCLERIDA TOPSENT
Family MYCALIDAE LUNDBECK
Mycale fusca (RIDLEY & DENDY, 1886)
Massive sponge (Fig. 8). Colour in life brown, turning beige in
ethanol. Smooth surface, incrustated by sediments and algae. Oscules
and ostioles not visibles in the studied specimens. Choanocyte chambers
having a diameter of 20 to 30 um. Ectosome easily detachable. Choa-
nosome cavernous and friable. Skeleton plumoreticulated with numerous
anisochela rosettes under the ectosome (Fig. 23).
Spicules: (Fig. 16)
: IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Study of some sponges... 133
length width
Tilostyles 609 + 81 (373-731) 14,0 + 1.8 (10.7-17.7)
Anisochelae 56.3 + 3.8 (44.4-61.8)
Sigmata 35.0 + 3.1 (29.4-42.6)
Raphides
RIDLEY & DENDY (1887) registered Esperella fusca for the
shallow water coastal region of Bahia. Since then, this sponge has not
been found anymore and may be considered endemic for Brazil (HE-
CHTEL, 1976). No chemical work has been reported for M. fusca, but
other species of the genus showed acute toxicity (M. lingua and Mycale
sp.) (GREEN, 1977) and antitumor activity (M. microsigmatosa)
(BASLOW, 1969). Free histamine (METTRICK et al., 1965) has been
isolated from M. laevis
Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI
Order DENDROCERATIDA MINCHIN
Family APLYSILLIDAE VOSMAER
Darwinella australiensis CARTER, 1885
Carmine red massive sponge. Surface covered with conules (Fig.
6). Oscules located along the upper parts of the sponge, 4 to 6 mm large
in diameter. Ostioles (+ 100 um) in groups of 3 to 6 on the vestibular
cavities. Skelton dendritic in the external parts, having some anas-
tomoses in the inner ones. Stratified fibers, measuring from 100 to 180
pm in diameter, showing some incrustations. Choanocyte chambers oval,
the larger diameter measuring from 40 to 120 um. Triactinic spiculoid
formations abundant, having radia of 800 + 85 um (Fig. 25). Tetractinic
ones rare, with radia of 455 + 70 um. Studied specimens did contain
eggs and embryos.
D. australiensis is a common sponge of the Indian Ocean and of
the Mediterranean Sea (CARTER, 1885; TOPSENT, 1892; BOURY-
ESNAULT, 1971; PRONZATO, 1975). It has been found as well in the
Atlantic Ocean near Senegal by LEVI (1952) and in the Bermudas
by LAUBENFELS (1950). Another species of the genus, D. mulleri has
been described by SCHULTZE (1865) with material collected in Brazil.
Due to the presence of some incrustations in the fibers and of
anastomoses in the central parts, the specimens studied are quite similar
to Igernella joyeuxi (TOPSENT, 1889) cited by BOURY-ESNAULT
(1973) for the region of Recife, Brazil. The two species differ in colour,
in the predominantly dendritic character of the fibers and in the presen-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
134 SOLE-CAVA, H.M. et alii
ce of a larger quantity of triactinic spiculoids in D. australiensis
(LAUBENFELS, 1948; PRONZATO, 1975).
No chemical work has been reported for the genus Darwinella.
Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI
Order DICTYOCERATIDA (?) MINCHIN
Family SPONGIIDAE (?) GRAY
Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS, 1766)
Massive to digitated sponge. Diameter of the branches from 10 to
40mm (Fig. 10). Colour in life greenish-yellow turning rapidly brown
when exposed to air. Surface presenting conules 0.5 to 2,0 mm high. Os-
-cules diameter from 1.0 to 5.0mm. Skeleton composed of a reticulation
of golden pithed fibers 100 to 200 um in diameter (Fig. 28). Spherical
choanocyte chambers 39,2 + 2,1 um in diameter.
The species of the genus Aplysina NARDO, 1834 are frequently
named by its synonimous genus Verongia BOWERBANK, 1845
(WIEDENMAYER, 1977). VACELET (1959) gave priority to the name
Verongia owing to the poor existing description in the earliest publi-
cation on Aplysina. However, according to the International Code of
Zoological Nomenclature (1961) the name Aplysina is available (art. 11
and 12) and valid because endowed of a description (art. 50) and a type-
species (art. 67-g and 69-a (ii-2)). Furthemore, Aplysina is the first name
given to the taxon (art. 23) (WIEDENMAYER, 1977).
Placing the genus Aplysina in the family SPONGIIDAE Gray,
WIEDENMAYER (1977) did not take into account neither their ovi-
-parity (GALLISSIAN, 1976), nor their complex histologic structure
(BERGQUIST, 1978). Finally, the presence of both specific amino-acid
patterns (BERGQUIST & HOGG, 1969); BERGQUIST & HARTMANN,
1969) and unique dibromotyrosine derivatives. (CIMINO et al., 1975;
KELECOM & KANNENGIESSER, 1979) are characters favoring the
classification of this genus (together with others such as /anthella
GRAY, 1869 and Smenospongia WIEDENMAYER, 1977) in a different
order (GALISSIAN, 1976; BERGQUIST, 1978, 1980; VAN SOEST,
1978).
A. fistularis forma fulva has been described as Spongia fulva by
PALLAS for the Atlantic Ocean (WIEDENMAYER, 1977). Based on
the list of synonims given by WIEDENMAYER (1977), it can be con-
sidered as a tropical cosmopolitan species (DUCHASSAING DE FOM-
BRESSIM & MICHELOTTI, 1864; LAUBENFELS, 1936, 1948, 1956;
WIEDENMAYER, 1977). In Brazil it has been reported in Ceará
(LAUBENFELS, 1956; JOHNSON, 1971), Pernambuco (JOHNSON,
SO AS
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Study of some sponges... 135
1971; BOURY-ESNAULT, 1973; HECHTEL, 1976) and Bahia (BOURY-
ESNAULT, 1973; HECHTEL, 1976).
A. fistularis forma fulva has been shown to contain several di-tetra-
and hexa-bromotyrosine related metabolites which have been found
responsible for the cytotoxic activity of the sponge (GOPICHAND &
SCHMITZ, 1979). Antibacterial (SHARMA & BURKHOLDER, 1967)
and antitumour (BASLOW, 1969) activities have been claimed for two
other tyrosine derived bromo-compouds isolated from A. fistularis (in
text Verongia fistularis). This sponge also contains aplysterol and 24,28-
didehydroaplysterol, two peculiar C-27 methyl-sterols only found in
sponges of the genus Aplysina (DE ROSA et al., 1973). Many other
species of the genus Aplysina have been investigated affording aeroply-
sin-1 (FATTORUSSO et al., 1972) and aeroplysin-2 (MINALE et al.,
1972), aerothionine and homo-aerothionine (MOODY et al., 1972), as-
taxanthin (TANAKA et al., 1978), 3,4-dihydroxyquinoline-2-carboxylic
acid (FATTORUSSO et al., 1971), 25-dehydroaplysterol, verongulas-
terol, 24R and 24S isopropenyl-cholesterol (KOKKE et al., 1979) and
aplysinopsin (HOLLENBEAK & SCHMITZ, 1977). The latter com-
pound exerts antineoplastic activity (HOLLENBEAK & SCHMITZ,
1977). |
DISCUSSION
Little affinity has been found between tropical and sub-tropical
sponges. More than 220 species have been collected along the Brazilian
coast, but only 8 in both areas. From the 10 sponges of Guarapari iden-
tified in this work, three are new occurrence for Brazil and six were
already known for the Bahian and Northeastern coasts. The region of
Guarapari seems thus to posses a tropical-type sponge fauna.
The lack of information about the sponge fauna of Cabo Frio (Rio
de Janeiro) does not allow comparisons with the one of Guarapari.
However, preliminary observations suggest more affinities with the
fauna of the São Paulo coast (sub-tropical), as happens with madre-
porians and gorgonians (BAYER, 1961; LABOREL, 1967). Thus the
southern limit for sponges of the Brazilian tropical area can be placed
somowhere between Guarapari and Cabo Frio, as it has been suggested
“by HECHTEL (1976), and may be determined by the upwelling of col-
der waters in Cabo Frio, which may act directly, on the sponges of
narrow limits of thermic tolerance, or indirectly, by limiting the esta-
blishment of other organisms such as corals, which would offer a more
diversified environment (i.e. a bigger number of niches) to be occuped by
the sponges.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
136 SOLE-CAVA, H.M. et alii
ACKNOWLEDGMENTS
To Mr. A.J.KOPP for valuable technical assistance during Scubadiving work, Mr.
KERSANACH for useful help in spicule isolation and measurements, the Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Brazil) for Scanning electron-microscopy and to Drs. S.A.
RODRIGUES and C. VOLKMER-RIBEIRO for critical comments on some topics of this
work.
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ER) (a
107,
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
142 SOLE-CAVA, H.M. et alii
linden | 2
Fig. 1-3: 1. Erylus formosus; 2. Chondrosia reniformis; 3. Chondrilla nucula. (Scale
bar =1cm)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
143
- Study of some sponges.
Fig. 4-5: 4. Anthosigmella varians; 5. Asptos aaptos. (Scale bar = lem).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
144 SOLE-CAVA, H.M. et alii
Fig. 6-9: 6. Darwinella australiensis; 7. Agelas dispar; 8. Mycale fusca; 9. Pseu-
daxinella lunaecharta. (Scale bar =1cm).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Study of some sponges... 145
Fig. 10: Aplysina fistularis forma fulva. (Scale bar= cm).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
146 SOLE-CAVA, H.M. et alii
Fig. 11-16: Scanning electron micrographs. 11-13. Erylus formosus; 11. Aspidaster
(90,91); 12. Oxygaster (9,09); 13. Tylaster (3,64); 14-15. Anthosigmella varians: 14.
Tylostyles and anthosigma (42,11); 15. Magnified view “f the anthosigma (10,53); 16.
Mycale fusca, general view of the spicules (44,44). (The number in parenthesis is the
value, in micrometers, of the Scale bar). sas
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Fig. 17-20: Microphotographies of some spicules. 17. Chondrilla nucula: oxys-
pherasters; 18. Aaptos aaptos: styles and strongyloxeas; 19. Pseudaxinella lunaecharta:
styles and oxea; 20. Agelas dispar: acanthostyle (Scale bar=100pm (Fig. 17, 19, 20) and
200 um (Fig. 18)).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
148 SOLE-CAVA, H.M. et alii
ei i 22
23 24
Fig. 21-24: Histologic sections of the sponges. 21. Chondrosiaréniformis; 22. An-
thosigmella varians; 23. Mycale fusca (note the anisochela rosette); 24. Pseudaxinella
lunaecharta. (Scale bar=200 pm (Fig. 21) and 100 um (Fig. 22, 23, 24)). _-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
Fig. 25-27: Histologie sections of the sponges. 25. Darwinella australiensis; 26.
Chondrilla nucula; 27. Agelas dispar. (Scale bar=100 um (Fig. 25) and 200 pm (Fig. 26,
27)).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
150 SOLE-CAVA, H.M. et alii
D
Fig. 28-29: Histologic sections of the sponges. 28. Aplysina fistularis forma fulva; 29.
Aaptos aaptos (Scale bar=100 um (Fig. 28) and 200 um (Fig. 29)).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981
IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências
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IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series
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12.
13.
14.
15.
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los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2est.
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II
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UN.
serie Zoologia
BL ISSN 0073-4721
LEMA, T.de. Sobre a ocorrência de Typhlops brongers-
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dos cicadelideos (Homoptera, Cicadellidae) do Brasil... p. 9
LEMA, T.de. Descricäo de dois especimens bicefalos de
Liophis miliaris (L. 1758) (Serpentes, Colubridae)..... p. 67
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gênero Halictoxenos Pierce, 1908(Insecta, Strepsip-
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1835) (Gastropoda Rissoidea) referida a su ciclo de
vida en poblaciones autrales .........ccccssccrc cs p. 97
TROIS, C.A.C. Strepsiptera brasileiros. I. Uma nova es-
pécie do gênero Elenchus Curtis, 1832 (Insecta, Strep-
Rr RP PAD Ego RPA ER VI p. 119
GRESELE, C.T.G. Osteologia craniana de Lama guanicoe
(Müller, 1776) em estudo comparativo com Camelops
hesternus (Leidy, 1873) (Artiodactyla, Camelidae) ..... p. 125
Museu de Ciências Naturais da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Publicado com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Processo
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Pass 12: Escala a Escala 1:750.000
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ne JD: 13 = 63
2 UNR Esc.: 1:750.000 = Escala.:1:1.250.000
p.62 e 63 -: Esc.:1:750.000 = Escala.:1:1.140.000
RE ES PPS <> ds
Sobre a ocorrência de Typhlops brongersmianus VANZOLINI,
1972, no Estado do Rio Grande do Sul e regiões adjacentes. (Ser-
pentes, Typhlopidae). *
Thales de Lema **
RESUMO
DIXON & HENDRICKS (1979) identificaram como Typhlops brongersmianus
VANZOLINI, 1972, todos os espécimens do gênero procedentes do sul do Brasil e países
vizinhos; identificaram como T. reticulatus (L. 1766) os especimens do Brasil Central para
o norte e oeste. LEMA (1980) descreve espécimens do leste do Rio Grande do Sul, iden-
tificando-os como T. reticulatus. No artigo presente identifica-se o material de LEMA
(1980) como T. brongersmianus, mas levanta-se algumas dúvidas.
ABSTRACT
DIXON & HENDRICKS (1979) determined all specimens from southern Brazil and
adjacent lands as Typhlops brongersmianus VANZOLINI, 1972 while T. reticulatus (L.,
1766) is more from northern and western South America with sympatry between them in
Central Brazil. LEMA (1980) described specimens from eastern Rio Grande do Sul under
the name 7. reticulatus. The LEMA's material is reidentified here as T. brongersmianus
but some doubts on this species are pointed out.
INTRODUÇÃO
LEMA (1980) registra Typhlops reticulatus (L., 1766) para o Es-
tado do Rio Grande do Sul, Brasil meridional. Dos exemplares exa-
minados sete foram capturados e identificados por Carl Gans (Buffalo
University, Estados Unidos da América). Ao identificar os espécimes,
LEMA notou algumas diferenças em relação às descrições existentes de
T. reticulatus. Entretanto, foi mantida a determinação de Gans, tendo
em vista sua autoridade em Squamata ofioforme primitiva e porque o
status de T. reticulatus está carente de revisão.
Recentemente, DIXON & HENDRICKS (1979), apresentam uma
revisão do gênero Typhlops OPPEL, 1811 na América do Sul, com a
_* Aceito para publicação em 19.VIII.1981. Contribuição FZB nº 241.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq TC. IIII-6090/79).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 agof1982
4 LEMA, T. de.
restrição da área geográfica de T. reticulatus (mais setentrional) e am-
pliação da área geográfica de T. brongersmianus VANZOLINI, 1972. Na
região do Rio Grande do Sul e países limitrofes, DIXON & HEN-
DRICKS (op.cit) indicam apenas T. brongersmianus.
Comparando-se os dados do material de LEMA (op.cit.) com os da
descrição original (VANZOLINI, 1972, 1976) e os de DIXON & HEN-
DRICKS (op.cit.) reidentifica-se os exemplares do Rio Grande do Sul
como da espécie de VANZOLINI mas encontra-se algumas diferenças
que são aqui comentadas.
MATERIAL DO RIO GRANDE DO SUL
O espécimen-tipo procede da Bahia, Brasil. O material examinado
por LEMA (1980) procede do leste do Rio Grande do Sul, estando de-
positado na coleção de répteis do Departamento de Zoologia do Instituto
de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e
na do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul (MCN), ambas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brasil.
O diâmetro maior do tronco pelo comprimento total, no holótipo, é
de 24 vezes, enquanto que no exemplar de Emboabas, Tramandai,
(UFRS 0170) é de 27 vezes, e, no de Três Cachoeiras, Torres (MCN
1491) é de 28 vezes.
O comprimento total do holótipo é de 214mm, do espécimen de
Emboabas é de 176,5mm e o de Três Cachoeiras é de 183mm.
O comprimento da cauda do holótipo corresponde a 29,6 vezes do
comprimento total, o do exemplar de Emboabas a 32 vezes e o de Três
Cachoeiras a 30,5 vezes. Os três espécimens estão sem o sexo deter-
minado, pelas mesmas razões expostas por DIXON & HENDRICKS
(op.cit.).
O número de escamas ao longo do corpo-no holótipo é de 204 (con-
tadas pela linha vertebral). LEMA (op.cit.) contou pelo lado ventral, en-
contrando 218 no exemplar de Emboabas e 226 no de Três Cachoeiras.
Nestes dois exemplares do Rio Grande do Sul a contagem foi feita pela
linha mediano-ventral porque aí as escamas apresentam-se um pouco
mais largas que as dorsais, com certa transversalidade, motivando con-
siderá-las como gastrostegas primitivas (pro-ventrais). De acordo com os
parâmetros apresentados por DIXON & HENDRICKS (op.cit) para 7.
brongersmianus, o número de escamas ao longo do corpo dos exemplares
do Rio Grande do Sul estã dentro da variação daqueles parâmetros.
O número de estrias escuras longitudinais é de .II nos três es-
pécimens citados e em todos os demais examinados por DIXON &
HENDRICKS (op.cit) mas apenas nove estrias são conspicuamente pig-
"* IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982
|
Sobre a ocorrência de Typhlops... 5
mentadas, como se pode apreciar na figura 2 de DIXON & HEN-
DRICKS (op.cit). _
A figura “lc” de DIXON & HENDRICKS (op.cit), segundo a
legenda, é de “T. reticulatus/brongersmianus” (sic), mas não confere
com as figuras da descrição original (VANZOLINI, 1972) no que se
refere à forma dos escudetes em vista lateral e ventral.
DIXON & HENDRICKS (op.cit.) indicam a ocorrência de T. bron-
gersmianus no Rio Grande do Sul, com base em espécimens capturados
por Gans em localidade próxima a Tramandaí, no municipio de Osório,
segundo eles. Devem, pois, ser os mesmos exemplares que examinamos
quando estavam depositados na antiga coleção do Instituto de Ciências
Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICNRS), atual
Instituto de Biociências, em parte), sob os números ICNRS 1802 a 1805.
Nessa ocasião LEMA (1980) examinou-os, tomando nota de dados da
coloração somente. Logo apös isso, eles foram mandados para Gans, que
os depositou no Carnegie Museum de Pittsburgh (CMP) sob números
CMP 39029 a 39032, segundo DIXON & HENDRICKS (op.cit). LEMA
(op.cit.) equivocou-se ao supor que estavam na Buffalo University e
pensou assim porque Gans trabalhava nessa Universidade. Sendo assim,
o espécimen UFRS 0170 é do mesmo lote e aqui cabe uma correção na
procedência indicada por DIXON & HENDRICKS (op.cit.): os exem-
plares CMP 39029 a 39032 e o UFRS 0170 procedem de uma região
chamada Emboabas que dista 10km a sudeste da cidade de Osório, mas
no município de Tramandaí, que foi isolado do de Osório posteriormente
à viagem de Gans ao Brasil. É uma área plana dentro da planície cos-
teira, predominando gramados, havendo um capão de mato antigo (mata
primária) junto à Fazenda do Sr. Romário, cujo trator foi usado por
Gans e colaboradores para a coleta. Junto com essas serpentes, foram
coletadas; também, exemplares de Amphisbaenidae. (Amphisbaena dar-
winii trachura Cope, 1885).
COMENTÁRIOS FINAIS E DISCUSSÃO
Ä luz da revisão de DIXON & HENDRICKS (op.cit)., Typhlops
brongersmianús é a espécie de mais ampla distribuição geográfica do
gênero na América do Sul, pois ocorre desde o Uruguai até a Venezuela
e ilhas fronteiras. As citações na literatura para o Paraguai, Argentina e
Uruguai como Typhlops reticulatus são, pois, de T. brongersmianus,
conforme mapa apresentado por DIXON & HENDRICKS (op.cit.), que
indicam a bibliografia para esses paises mas não a sinonimia na apresen-
tação da espécie. A citação de KOSLOWSKI (1898) para o Uruguai é
duvidosa, conforme VAZ-FERREIRA & SORIANO (1960), pois não foi
documentada com a captura de exemplar. Por outro lado, KOSLOWSKI
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982
6 LEMA, T. de.
(1898a) afirma que muitas espécies são transportadas para o sul pelas
cheias dos rios Paraguai-Parana-Uruguai, justificando, dessa forma, a
presença de inúmeras espécies próprias da região de Mato Grosso ao
norte da Argentina.
LEMA (1980), ao examinar material, em mãos, de São Paulo e do
Rio Grande do Sul, Brasil, identificados como T. reticulatus (os de São
Paulo por P. E. Vanzolini e os do Rio Grande do Sul por C. Gans), sen-
tiu diversas divergências com as diferentes descrições de T. reticulatus,
tanto que, em seu artigo, sugere a possibilidade de variação geográfica.
Por outro lado, estando em jogo a autoridade de Vanzolini e de Gans, a
existência de poucos especimens disponiveis para exame e, principalmen-
te, a complexidade do conceito de T. reticulatus, cautelosamente man-
teve as determinações.
A complexidade citada na conceituação de T. reticulatus diminuiu
com a revisão de DIXON & HENDRICKS (op.cit.), mas ainda existe
devido aos inúmeros aportes dos mais diferentes autores em diferentes
épocas, iniciando-se com a descrição original, cujo laconismo é por
demais omisso e impõe-se um reexame de todos os espécimens regis-
trados e depositados com esse nome. DIXON & HENDRICKS (op.cit)
sentem o problema e afirmam que a revisão de T. reticulatus realizada
por eles era, ainda, preliminar.
Finalmente, observando-se em DIXON & HENDRICKS (op.cit.) o
mapa (Fig. 3) e o gráfico da variação das escamas dorsais de T. bron-
gersmianus (Fig. 4a), nota-se a possível existência de, pelo menos,
duas subespécies: (a) uma oriental, distribuída pela planície costeira do
Brasil até Trinidad, onde se enquadra o material do Rio Grande do Sul;
outra (b) ocidental, ocupando as bacias do Paraná, Paraguai e suas ad-
jacências. Quanto ao material do nordeste e setentrional, não poderá ser
o mesmo ocorrente no Brasil Sul-Oriental, à luz de tudo o que se tem
dito em termos de Zoogeografia (MULLER, 1973).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIXON, J.R. & HENDRICKS, F.S. 1979. The wormsnakes (Family Typhlopidae) of
the neotropics, exclusive of the Antilles. Zoologische Verhandelingen, Leiden
(173):1-39, Dec. 10 fig.
KOSLOWSKY, J. 1898. Enumeración sistemática y distribución geográficaf de los rep-
tiles argentinos. Revista del Museo de La Plata, La Plata (Buenos Aires), 8:161-
200.
1898a. Ofidios de Matto-Grosso (Brasil). Revista del Museo de La Plata, La
Plata, 8:25-32.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982
Sobre a ocorrência de Typhlops... 7
LEMA, T.de. 1980. Ocorrência de Typhlops reticulatus (L., 1766) no Estado do Rio
Grande do Sul (Brasil) e comentários sobre a espécie (Ophidia: Typhlopidae).
‚. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre (56):7-14, mar. 5 fig.
MULLER, P. 1973. The dispersal centres of terrestrial vertebrates in the Neotropical
realm. Biogeographica, The Hague, 2:1-244. 101fig., 2 est.
VANZOLINI, P.E. 1972. Typhlops brongersmai spec. nov. from the coast of Bahia, Brasil
(Serpentes: Typholopidae). Zoologische Mededelingem, Leiden, 47 :27-29, Oct. 3fig.
1976. Typhlops brongersmianus, a new name for Typhlops brongersmai Van-
“zolini, 1972, preoccupied (Serpentes, Typhlopidae). Papéis Avulsos de Zoologia, São
Paulo, 29:247.
VAZ-FERREIRA, R. & SORIANO, B.S. de. 1960. Notas sobre reptiles del Uruguay.
Revista de la Facultad de Humanidades y Ciencias, Montevideo (18):133-206. Nov.
10est.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982
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Lista preliminar dos cicadelideos (Homoptera, Cicadellidae) do
Brasil*
Keti Maria Rocha Zanol**
Max de Menezes***
RESUMO
Apresenta-se uma lista preliminar das espécies de Cicadeliidae (Hemiptera, Homop-
tera) ocorrentes no Brasil, transcritas da literatura, com citações de novas ocorrências e
de suas plantas hospedeiras.
ABSTRACT
This work presents a preliminary list of the species of the Cicadellidae (Hemiptera,
Homoptera) from Brazil translated of the literature with new records and host plants.
INTRODUÇÃO
As cigarrinhas da familia Cicadellidae constituem um grupo de in-
setos de reconhecida importância agricola. Além dos prejuízos causados
diretamente às plantas pela retirada da seiva, muitas espécies são to-
xicogênicas e várias outras são vetoras de importantes fitoviroses.
A fauna de Cicadellidae da região Neotropical e, especialmente a
do Brasil, tem permanecido pouco conhecida em comparação a de outras
regiões zoogeográficas, principalmente a Neártica e a Paleártica.
A grande maioria das espécies dessa família referida para a região
Neotropical pode ser conhecida com auxílio de vários trabalhos que
apresentam estudos revisivos a nível de subfamília e de gêneros:
Agalliinae (OMAN, 1933, 1934, 1938; KRAMER, 1964); Cicadellinae
(YOUNG, 1968, 1977); Ledrinae (KRAMER, 1966; NIELSON, 1962); Ty-
phlocybinae (YOUNG, 1952, 1959, 1957; LINNA VOURI, 1954); Gyponinae
(DELONG & FREYTAG, 1972); Iassinae (KRAMER, 1963); Neocoe-
lidiinae (KRAMER, 1964): Deltocephalinae (LINNAVUORI, 1959;
BLOCKER, 1967) Xestocephalinae; Neobalinae; Bythoninae; Nirvaninae
* Trabalho aceito para publicação em 11.1.1982. Contribuição FZB nº 249.
** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 105941-79), no
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1188,
90.000, Porto Alegre, RS, Brasil.
*** Pesquisador do Centro de Pesquisas do cacau, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Ca-
caueira (CEPLAC/CEPEC) Caixa Postal 7, 45.600, Itabuna, Ba, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
10 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
(LINNAVUORI, 1959). Muitos outros trabalhos foram publicados con-
tendo descrições de espécies novas e outras informações sobre a fauna
Neotropical. De enorme valor para o taxonomista de Cicadellidae é o
Catálogo Geral de Homoptera de METCALF (1962 - 1968).
No Brasil, DUTRA (1966, 1967, 1969, 1971, 1972) realizou estudos
com a subfamília Agalliinae descrevendo espécies novas do gênero
Agallia Curtis, 1833; MENEZES (1973, 1974, 1975) descreve gênero e
espécies novas da subfamília Deltocephalinae. SILVA et alii (1968) or-
ganizam o cátalogo dos insetos ocorrentes no Brasil. Nesse catalogo, são
citados 48 espécies de cicadelideos indicando localidade de ocorrência e
plantas hospedeiras.
Sobre a familia Cicadellidae, apesar de apresentar espécies de
reconhecida importância agricola, no Brasil, muito pouco se conhece
quanto a sua distribuição geográfica, plantas hospedeiras e dos danos
por elas causados.
O presente trabalho visa listar as espécies já referidas na literatura
para o Brasil, apresentando também registro de novas ocorrências e suas
plantas hospedeiras, ampliando o conhecimento sobre as espécies bra-
sileiras.
MATERIAL E MÉTODOS
As espécies de Cicadellidae listadas são aquelas referidas na literatura, constando,
também, de observações inéditas, realizadas nos últimos 12 anos (indicadas por *).
As espécies referidas, pela primeira vez, para o Estado da Bahia, foram coletadas
em canteiros de gramíneas e leguminosas, com auxílio do aspirador D'VAC em Ilhéus e,
com rede de varredura, em Teixeira de Freitas. As espécies citadas para o Estado de São
Paulo foram coligidas em gramíneas e em leguminosas com rede de varredura. Utilizou-se
também armadilha luminosa e outras fontes de luz. No Rio Grande do Sul, as coletas
foram processadas com armadilha luminosa do tipo “Luiz de Queiroz”, nos municípios de
Porto Alegre, Guaiba e Viamão.
As subfamilias estão relacionadas conforme LINNAVUORI (1959), adotando-se a
ordem alfabética tanto para as subfamílias como para os gêneros e espécies apresentadas
seguidas da distribuição geográfica, plantas hospedeira e referências bibliográficas.
Quanto à distribuição geográfica, na literatura, em alguns casos, não há nenhum
detalhe sobre a localidade onde o inseto foi coletado, sendo citado apenas “Brasil”; às
vezes, somente é mencionada a região de ocorrência e, em outros casos, apenas o nome da
localidade, com o provável estado ou território ao qual pertence.
As plantas hospedeiras citadas nas novas ocorrências pelo nome vulgar estão lis-
tadas em ordem alfabética no apêndice, seguidas do seu nome científico. No caso de mul-
tiplicidade de denominações vulgares, essas são citadas no texto seguidas por uma letra
(A, B, C, etc.) que também aparece na relação final. Algumas vezes é possivel citar as
plantas hospedeiras transcritas da literatura.
Para evitar o grande número de repetições desnecessárias, todas as referências
bibliográficas são citadas no texto apenas pelo número de ordem no qual aparecem no
capítulo correspondente, ao final do trabalho.
Os espécimens coletados no Rio Grande do Sul nee -se depositados na
coleção entomológica do MCN (Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 11
Rio Grande do Sul), os coligidos na Bahia, estão, em parte, inseridos na coleção do MCN,
e o restante na coleção entomológica do CEPEC (Centro pesquisas do Cacau) e os
coletados em São Paulo, distribuidos entre o MZUSP (Museu de Zoologia da Universi-
dade de São Paulo), Departamento de entomologia da ESALQ (Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”) e no CEPEC.
A.
ES mg de Db 5 já
ESPÉCIES BRASILEIRAS E SUA DISTRIBUIÇÃO
Subfamília AGALLIINAE
Agallia Curtis, 1833
albidula Uhler, 1895. Brasil (102), tomateiro (93). Para (86), San-
tarém (99). Amazonas, Manaus (94). Pernambuco (86, 94). Bahia
(86,99). Mato Grosso (86,94), Chapada dos Guimarães (99). Minas
Gerais (86,94), Jacare (99). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69). Rio
de Janeiro (86,94). São Paulo (69, 86, 94), alface, batata, beterraba,
espinafre, linho, tabaco, tomate (2), Botucatu, alface (*). São Paulo,
Rio Grande do Sul, acelga, alface, batatinha, beterraba, capim
quicúio, chicoria, feijoeiro comum, fumo, girassol, mamoneiro, oró,
pimentão, tomateiro, trigo, Crotalaria juncea (106). Santa Catarina,
Nova Teutonia (69). Rio Grande do Sul, batata inglesa (3,4), girassol
(4).
. alvarengai Dutra, 1971. Rio de Janeiro (Corcovado) (41).
. assimilis (Stal, 1862). Brasil (55, 66). Rio de Janeiro (86,109). Santa
Catarina, Nova Teutonia (69).
blanda Oman, 1938. Rio de Janeiro, Itatiaia (39). Rio Grande (sic)
(69).
. brasiliana Dutra, 1966. Distrito Federal, Brasilia (Parque Zoobo-
tânico) (37).
. brevicauda Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (99).
. carioca Dutra, 1966. Rio de Janeiro (37). São Paulo (serra da Ro-
caina) (41).
cetra Kramer, 1964. Minas Gerais (55).
. cezia Dutra, 1967. Distrito Federal, Brasília (38). Minas Gerais,
Jaboticatubas, Rio de Janeiro, Itatiaia (41).
clara Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(99).
. cobera Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (55).
. configurata Oman, 1933. Goiás (86). Mato Grosso do Sul, Corumbá
(94).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
12
A.
. cucata Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (55).
. depleta Oman, 1938. Pará, Santarém (39,99). Amazonas, Manaus
AS
>>
A.
Do Do DB De
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
corumba Oman, 1938. Mato Grosso do Sul, Corumba (99).
(39,99). Pernambuco (39,86,99). Bahia (39,86,99). Mato Grosso,
Chapada dos Guimarães (39,99). Rio de Janeiro (39,99). São Paulo,
Cachoeiro, São Sebastião (39).
. hyalina Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes (99).
. incerta Oman, 1938. Rio Grande (sic) (69).
. incisa Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes (99).
. inornata Oman, 1938. Pará, Santarém (99). Bahia (86).
. Interrogationis Osborn, 1923. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (99). Minas Gerais (56).
. lauta (Stal, 1862). Brasil (66). Pernambuco, Bahia, Mato Grosso
(86,99). Rio de Janeiro (86,99,109). São Paulo, mamoneira (106). Rio
Grande do Sul (86,99). Rio Grande (sic. (69).
. lineata Osbom, 1923. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes (99). Santa Cruz (sic) (100).
. manaosa Oman, 1938. Amazonas (86), Manaus (99).
minuenda Oman, 1938. Pará (86,99). Bahia (99). Mato Grosso,
Chapada dos Guimarães (99), Cuiaba (69). Mato Grosso do Sul,
Corumbá (99).
- modesta Osborn & Ball, 1898. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada
dos Guimaraes (99). São Paulo (99).
. modestoides Linnavuori, 1956. Brasil (55). Santa Catarina, Nova
Teutonia (69).
. neoalbidula Oman, 1938. Para, Santarém (99). Bahia (86). Mato
Grosso, Chapada dos Guimarães (99).
nigerrima Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (99).
. paulistana Dutra, 1972. São Paulo, São José Barreiro (serra da
Bocaina) (42).
. peregrinans (Stal, 1859). Brasil (55). Rio de Janeiro (86,99,101,108).
. phalerata (Stal, 1859). Brasil (55). Rio de Janeiro (66,86,108).
. quadrata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (99).
. serrana Dutra, 1969. Rio de Janeiro, Terezópolis (serra dos Orgãos)
(39).
. varzeana Dutra, 1970. Rio de Janeiro, Terezópolis (40).
Agalliana Oman, 1933
ensigera Oman, 1934. Brasil (86), tomateiro, tabaco, girassol (93).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 13
> >
Si)
m 8
Säo Paulo, plantas cultivadas (7), algodoeiro, batatinha, girassol,
mamoneiro, tomateiro, trigo (106), Botucatu, alface (*). Rio Grande
do Sul, tomateiro (3,4), girassol (4).
. fusca Oman, 1934. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, Corumbá
(95). São Paulo, pangola E (*).
. sticticollis (Stal, 1859). Brasil, tomateiro (93). Amazonas, Pernam-
buco (86,94,95). Bahia, Ilhéus, Kudzu tropical, Teixeira de Freitas,
estilosantes B (*). Mato Grosso, Minas Gerais (86.94,95). Rio de
Janeiro (66,86,94,95,108). São Paulo, girassol, tomateiro (7), Bo-
tucatu, alface (*). São Paulo, Rio Grande do Sul, batatinha, beter-
raba, fumo, girassol, guanxuma, Solanum gracile, (106). Rio Grande
do Sul, batata, fumo, mata cavalo, Solanum gracile, tomate (3,4),
batata inglesa, girassol (4).
Agalliopsis Kirkaldy, 1907
. atricollis Linnavuori, 1956. Brasil (55). Santo Antonio (sic) (69).
. elegans Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99). Santa Catarina, Nova
Teutonia (69).
. vicosa Oman, 1938. Minas Gerais (86), Vicosa, sobre leguminosas
(99). Espirito Santo (69). Säo Paulo, feijoeiro comum, guanxuma,
tomateiro (106), Botucatu, alface (*). Santa Catarina, Blumenau,
Nova Teutonia (69). Rio Grande (sic) (69).
. ornata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99).
. tincta Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
marães (99).
. zenestra Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral
(55).
“Brasopsis Linnavuori, 1954
. gilvipes (Stal, 1862). Brasil (55,65). Rio de Janeiro (86,109).
Bergallia Oman, 1938
. alternata Oman, 1938. Santa Catarina, Nova Teutonia (69).
Chromagallia Linnavuori, 1954
. flavofasciata (Stal, 1854). Brasil (55,86,107).
. saucia (Stal, 1862). Rio de Janeiro (55,66,86,109).
Euragallia Oman, 1938
. albopunctata Oman, 1938. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul,
Corumbá (55,99)
. attenuata Oman, 1938. Brasil (69). Bahia (86). Mato Grosso, Cha-
pada dos Guimarães (99).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
14
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my ty ty
os
A.
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
. declivata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Guapore (86,99). Mato
Grosso do Sul, Corumbá (99).
. furculata (Osborn, 1923). Pará, Santarém (99). Bahia (86,99). Mato
Grosso, Chapada dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumba
(99). Rio de Janeiro (69).
. lata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(99). Santa Catarina, Nova Teutonia (69).
machaera Kramer, 1964. Minas Gerais, Belo Horizonte (55).
. magnicauda Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (99).
Ê major (Lethierry, 1890). Pará (86,99).
major breviata Oman, 1938. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul,
Corumba (99).
Igerna Kirkaldy, 1903
clavata (Oman, 1938). Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul,
Corumbá (99).
dentata (Oman, 1938). Mato Grosso, Cuiaba (69), Guapore (86).
Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (69). |
parallela (Oman, 1938). Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul,
Corumba (99).
parma (Oman, 1938). Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99). Rio Grande (sic ) (69).
punctata (Oman, 1934). Brasil (55). Santa Catarina, Nova Teutonia
(69).
Megagallia Linnavuori, 1954
punctaticollis (Stal, 1862). Brasil (55,66,86,109). Rio de Janeiro
(109).
Subfamília APHRODINAE
Pagaronia Ball, 1902
. mollicella (Fowler, 1900). Brasil (82). São Paulo, grama, capim
quicúio (106).
Subfamília CICADELLINAE
Tribo PROCONIINI
Acrocampsa Stal, 1869
bakeri Young, 1968. Brasil (84). Para, Santarém, Rio de Janeiro
(113).
A. diminuta (Walker, 1851). Brasil (84). Monat (sic) (113).
Al
pallipes (Fabricius, 1787). Pará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 15
DDD
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Espirito Santo, Rio de Janeiro (84).
. radiata Young, 1968. Pernambuco (113).
. rutilans (Fabricius, 1803). Brasil (84,113).
Acrogonia Stal, 1869
. flaveoloides Young, 1968. Rio de Janeiro (113).
. flavoscutellata (Signoret, 1855). Brasil (113).
. gracilis (Osborn, 1926). Brasil (84,113).
. hastata(Walker, 1858). Para, Santarém (113).
. plana (Fabricius, 1787). Brasil (84).
sagittaria (Walker, 1858). Brasil (84,113).
. sparsuta (Signoret, 1855). Säo Paulo, algodoeiro, cafeeiro, girassol
(106).
. tridentata Young, 1968. Para, Itaituba (113).
. virescens (Metcalf, 1949). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes
(113).
Anacrocampsa Young, 1968
. bidens (Taschenberg, 1884). Brasil (84,113).
. frenata (Melichar, 1926). Brasil (84).
. wagneri Young, 1968. Brasil (84). Rio de Janeiro, Nova Friburgo
(113).
Aulacizes Amyot & Serville, 1843
basalis Walker, 1851. Brasil (84,113).
. clypeata (Signoret, 1855). Brasil (84,113).
conspersa Walker, 1851. Brasil (84). Rio Grande do Sul (113).
. divergens Schmidt, 1928. Brasil (84,113).
. insistans (Walker, 1858). Brasil (84). Minas Gerais (113).
. obsoleta Melichar, 1926. Brasil (84). Rio Grande do Sul (113).
quadripunctata (Germar, 1821). Brasil (94,113).
Cicciana Metcalf, 1952
C. latreillei (Distant, 1908). Brasil (84,113).
Q
N
. Obliqua (Walker, 1851). Santa Catarina (113).
Ciccus Latreille, 1829
. adspersus (Fabricius, 1803). Amazonas, Manaus (113). Rio de Ja-
neiro (84).
C. viridivitta (Walker, 1851). Para (84,113).
Cyrtodisca Stal, 1869
. major (Signoret, 1854). Brasil (84).
Dechacona Young, 1968
. missionum (Berg, 1879). Brasil (113).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
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S 977,007 DS DIE VO CNP
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Desamera Young, 1968
. intersecta (Germar, 1821). Brasil (84,113).
Deselvana Young, 1968
. castanoptera (Melichar, 1925). Brasil (84,113).
. dorsivitta (Walker, 1851). Brasil (84,113).
. excavata (Le Peletier & Serville, 1825). Santa Catarina, Campo Belo,
Hansa Humblout (atualmente Corupá) (113).
. falleni (Stal, 1858). Brasil (84,113).
. ornata (Blanchard, 1840). Brasil (84,113).
. pervirgata (Amyot & Serville, 1843). Brasil (84,113).
Dichrophleps Stal, 1869
aurea (Fabricius, 1803). Para (84).
hamata Young, 1968. Amazonas, Tocantins (113).
Diestostemma Amyot & Serville, 1843
. albipenne (Fabricius, 1803). Brasil (113). Para, Bahia, Mato Grosso,
Rio de Janeiro (84).
. atropunctulatum (Melichar, 1924). Brasil (84,113).
. bituberculatum (Signoret, 1855). Brasil (84,113).
dubium Young, 1968. Amazonas, Taracuá, Mato Grosso, Cuiaba
(113).
. intermedium Young, 1968. Amazonas (84,113).
. ptolyca Distant, 1908. Espirito Santo, Rio de Janeiro (84). Santa
Catarina (84,113).
. rufocirculum Schmidt, 1910. Brasil (84,113).
Egidemia China, 1927
. speculifera (Walker, 1851). Minas Gerais, Rio de Janeiro (84). Santa
Catarina (84,113).
Homalodisca Stal, 1869
. ignota Melichar, 1924. Brasil (113).
. ignorata Melichar, 1924. Santa Catarina (113).
. lucernaria (Linnaeus, 1758). Para, Santarém (113).
. triquetra (Fabricius, 1803). Minas Gerais, Citrus spp (106).
Homoscarta Melichar, 1926
. boliviana Schmidt, 1928, Brasil (84,113).
. irregularis (Signoret, 1855). Brasil (84,113).
Hyogonia China, 1927
. reticulata (Melichar, 1925). Brasil (84,113).
Ichthyobelus Melichar, 1925
regularis Young, 1968. Amazonas, Fonteboã (rio Purús) (113).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 17
Molomea China, 1927
M. alternata (Signoret, 1855). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(113).
M. cincta (Signoret, 1854). Brasil (113). Piaui, Paraiba, carnaúba, co-
queiro-da-bahia (106). Mato Grosso (84).
M. confluens (Melichar, 1925). Brasil (113). Rio Grande do Sul (84).
M. consolida Schröder, 1959. Santa Catarina (113).
M. consorta (Melichar, 1925). Brasil (84,113).
M. exaltata (Melichar, 1925). Brasil (113).
M. flavolimbata (Signoret, 1854). Para, Mato Grosso, São Paulo (84).
Paraná (113).
M. hamleti (Distant, 1908). Brasil (113). Rio de Janeiro, Santa Catarina
(84).
M. insignis (Distant, 1908). Santa Catarina (84). Rio Grande do Sul
(84,113).
M. laminata (Signoret, 1855). Brasil (84,113).
M. lineiceps Young, 1968. Espirito Santo, Santa Catarina, Nova Teu-
tonia, Rio Grande do Sul (113).
M. magna (Walker, 1851). Espirito Santo, Rio de Janeiro, Säo Paulo
(84). Santa Catarina (84,113).
M. malkini Young, 1968. Mato Grosso, Barra do Tapirape, Espirito
Santo (113). |
M. personata (Signoret, 1854). Espirito Santo, Rir de Janeiro (84,113).
Säo Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (84).
M. vermiculata (Signoret, 1855). Brasil (113).
M. xanthocephala (Germar, 1821). Espirito Santo, Rio de Janeiro, Säo
Paulo (84). Parana, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Porto Alegre
(113).
M. zikani Schröder, 1960. Brasil (113).
Ochrostacta Stal, 1869
O. diadema (Burmeister, 1835). Rio Grande do Sul (113).
. physocephala (Signoret, 1854). Rio Grande do Sul (113).
Omagua Melichar, 1925
. fitchi (Signoret, 1855). Amazonas (113).
Oncometopia Stal, 1869
. clarior (Walker, 1851). Brasil (84,113).
. cordata Melichar, 1925. Brasil (84,113).
. facialis (Signoret, 1854). Brasil (113). Säo Paulo, Santa Catarina
(84).
. flavicollis (Signoret, 1853). Brasil (84,113).
; ais Melichar, 1925. Brasil (113). Rio de Janeiro, Santa Catarina
(84).
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
0009090900
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ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
. herpes (Signoret, 1855). Brasil (113). Bahia (84).
| nigricans (Walker, 1851). Brasil (84).
| obtusa (Fabricius, 1787). Rio de Janeiro (84).
. resistens Melichar, 1925. Pará (84).
. rubescens Fowler, 1899. Brasil (84,113).
. tartarea (Stal, 1864). Guanabara (atualmente Rio de Janeiro), ca-
jueiro, videira (106).
Peltocheirus Walker, 1858
. bigibbosus (Signoret, 1855). Amazonas, Mato Grosso (84).
paradoxus Melichar, 1926. Brasil (84,113).
Phera Stal, 1864
. angustata (Melichar, 1924). Brasil (84,113).
. carbonaria (Melichar, 1924). Santa Catarina (113).
. luciola (Signoret, 1855). Brasil (84).
Procandea Young, 1968
. marcia (Distant, 1908). Amazonas (84,113).
Proconia Le Peletier & Serville, 1825
. marmorata (Fabricius, 1803). Amazonas (84,113). Bahia, cacaueiro,
Espirito Santo (106).
Propetes Walker, 1851
. compressa Walker, 1851. Amazonas (84). Para, Mato Grosso
(84,113).
. schmidti Melichar, 1925. Para, Mato Grosso (113).
Pseudometopia Schmidt, 1928
P. amblardii (Signoret, 1855). Brasil (84,113).
as) as)
anna
. latifascia (Walker, 1851). Brasil (84). Ihiranga (sic) (113).
. transversa Young, 1968. Para, Jacareacanga (84,113).
Rhaphirrhinus Laporte, 1832
. phosphoreus (Linnaeus, 1758). Para Amazonas (84). Bahia (84),
cacaueiro (106).
Splonia Signoret, 1891
. brevis (Walker, 1851). Brasil (84).
Stictoscarta Stal, 1869
amazonensis Young, 1968. Amazonas, Olivenca (113).
. dissimilis Schmidt, 1928. Mato Grosso (84,113).
. indebita Melichar, 1926. Brasil (113). Mato Grosso (84).
. linearis (Walker, 1851). Amazonas, (rio Japura) (113).
. sulcicollis (Germar, 1821). Brasil (113). Minas Gerais, Rio de Ja-
neiro, Säo Paulo (84), algodoeiro, videira (106).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 19
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3
Se
DBB BB DB
Tapajosa Melichar, 1924
fulvopunctata (Signoret, 1854). (Fernando de Noronha), chumbinho
(106). Ceará (84,113). Paraiba, algodoeiro, angico, açafrão, cajueiro,
canunzé, espinho de judeu, feijoeiro, freijóô, goiabeira, milho, pimenta
do e tambor (106). Pernambuco, Bahia (84,113). Minas Gerais
(113).
. ocellata (Osborn, 1926). Brasil, pangola E (*). Ceará, Bahia, Mato
Grosso, Chapada dos Guimarães, Minas Gerais (113). São Paulo,
Araras, Campos do Jordão, Itapetininga, pangola D (*).
Teletusa Distant, 1908
: limpida (Signoret, 1855). Amazonas (84,113).
Tretogonia Melichar, 1926
| albicans (Walker, 1858). Brasil (84,113).
bergi Young, 1968. Rio Grande do Sul, Pelotas, Porto Alegre, São
Leopoldo (113).
. callifera Melichar, 1926. Brasil (84,113).
. cinerea (Osborn, 1926). Brasil (84,113).
cribrata Melichar, 1926. Pernambuco (84,113).
. lateritia (Taschenberg, 1884). Brasil (84,113).
notatifrons Melichar, 1926. Para, Pernambuco, Mato Grosso, Es-
pirito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (84),
arrebenta cavalo, cenoura, girassol, milho, pimentão, Solanum
gracile (106), mata cavalo, Solanum gracile, pimentão (3). cenoura,
pimentão (4).
Yotala Melichar, 1925
. boliviana Melichar, 1925. Mato Grosso (84,113).
Tribo CICADELLINI
Acrulogonia Young, 1977
. resima Young, 1977. Amapá, Amapari (114).
Agrosoma Medler, 1960
. pulchella (Guerin, 1829). Brasil (84).
Aguana Melichar, 1926
. imbricata (Signoret, 1854). São Paulo, Santos (114).
. russata Young, 1977. São Paulo, Ribeirão Pires (114).
Amblyscarta Stal, 1869
. alternata Young, 1977. Amazonas, Coary (rio Autaz), Teffe (114).
. aurulenta (Fabricius, 1787). Brasil (114).
. binotata Young, 1977. Amazonas, Fonteboä, Olivenca (rio Purüs)
(114).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
bo
S
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
. grammaca Young,. 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(114).
. incommoda Young, 1977. Amazonas, Teffe (114).
. invenusta Young, 1977. Bahia, Paraná, Santa Catarina (114).
. obscura Young, 1977. Amazonas, Nova Olinda (rio Purús) (114).
. pulchra (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Purüs) (114).
. schaumi (Signoret, 1853). Brasil (114).
. stillifera (Stal, 1862). Brasil (114).
. trinotata Young, 1977. Para, Benevides (114).
; Amblyscartidia Young, 1977
albofasciata (Walker, 1851). Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Campos do Jordão, Santa Catarina (114).
dariona Young, 1977. Rio de Janeiro (Floresta do Macao, Corco-
vado), São Paulo, Ubatuba (Ilha Grande). Santa Catarina, Nova
Teutonia (114).
duodecimpunctata (Germar, 1821). Brasil (114).
. elegantissima(Blanchard, 1840). Brasil (114).
. feminae Young, 1977. Rio de Janeiro, Entre Rios (114).
. incredibilis Young, 1977. Minas Gerais, Caraca, Matusinhos, Passa
Quatro, Espirito Santo, Tijuco Presto, Rio de Janeiro (114).
. Juliacoides Young, 1977. Distrito Federal, Brasilia, Rio de Janeiro,
Teresöpolis, Santa Catarina, Corupa, Rio Grande do Sul, Säo
Leopoldo (114).
. luteolinea (Taschenberg, 1884). Brasil (114).
. pardaliota Young, 1977. Minas Gerais (rio Las Piedras), Espirito
Santo, Säo Paulo, Botocatu (114).
Balacha Melichar, 1926
B. melanocephala (Signoret, 1854). Rio Grande do Sul (114).
Begonalia Young, 1977
B. hydra (Distant, 1908). Brasil (114).
Borogonalia Young, 1977
B. impressifrons (Signoret, 1854). Brasil (114).
Bucephalogonia Melichar, 1926
B. xanthophis (Berg, 1879). Bahia, Teixeira de Freitas, capim-de-burro,
estilosantes B, pangola B (*). Mato Grosso (rio Caraguatãá), Minas
Gerais (114). São Paulo, algodoeiro, batatinha, grama (106), Cer-
queira Cesar, pangola D (*).
Caldwelliola Young, 1977
C. lutea (Signoret, 1855). Brasil (84).
C. solimoeana Young, 1977. Rondônia, Porto Velho (114).
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 21
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Di
Sr)
Caragonalia Young, 1977
.. carminata (Signoret, 1855). Santa Catarina, Corupá, Rio Grande do
Sul (114).
. monstruosa (Signoret, 1853). Brasil (114).
. tarsalis (Signoret, 1855). Minas Gerais (114).
Cardioscarta Melichar, 1932
. albigutta (Walker, 1851). Brasil (114). Espirito Santo (84).
flavifrons (Signoret, 1853). Brasil (114). Espírito Santo (84).
. quadrifasciata (L., 1758). Amazonas (rio Autaz) (114). Pernambuco,
Bahia, Minas Gerais (84).
. sponsa Melichar, 1932. Rio Grande do Sul (84,114).
. vernicosa (Le Peletier & Serville, 1825). Brasil (114). Rio de Janeiro
(84).
Catagonalia Evans, 1947
. conjunctula (Osborn, 1926). Mato Grosso (114).
. lunata (Signoret, 1854). Amazonas, Teffé (114).
Chlorogonalia Young, 1977
. coeruleovittata (Signoret, 1855). Brasil (114).
. tharma Young, 1977. Pará, Itaituba (114).
Ciminius Metcalf & Bruner, 1936
. albolineatus (Taschenberg, 1884). Brasil (114).
. platensis (Berg, 1879). Brasil (114), pangola E (*) São Paulo, Bo-
tucatu, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São
Luiz do Paratinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D
(*).
. yana, Young, 1977. Mato Grosso (rio Caraguata), Rondönia, Guajara
Mirim (114).
Coronigoniella Young, 1977
. bonita Young, 1977. Pernambuco, Bonito (114).
. spinosa (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114).
. yara Young, 1977. Pará, (rio Gurupá), Maranhão, (igarapé Gurupá-
Una) (114).
Crossogonalia Young, 1977
. hectica (Signoret, 1854). Bahia, Rio de Janeiro, aroeira-do-campo
(114). Rio de Janeiro (106).
Cyclogonia Melichar, 1926
. praetextatula (Jacobi, 1905). Para, Latituba (114).
Dasmeusa Melichar, 1926
. flavescens Metcalf, 1965. Brasil (114).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
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Diedrocephala Spinola, 1850
. variegata (Fabricius, 1775). Mato Grosso, (rio Caraguatá), Paraná,
Santa Catarina (114).
Dilobopterus Signoret, 1850
. adocetus Young, 1977. Amazonas, Olivença, (114).
. bracteatulus (Jacobi, 1905). Rio de Janeiro, Itatiaia (114).
. costalimai Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Taparipé, Chapada
dos Guimarães, São Paulo, Campinas (114).
demissus (Fabricius, 1803). Para, Santarém, Mato Grosso, Chapada
(114).
dispar (Germar, 1821). Santa Catarina, Nova Teutonia (114).
disparulus Young, 1977. Pernambuco, Bonito, algodoeiro, Pata
Iguassu (114).
exaltatus (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Autaz) (114).
fastuosus (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Autaz) (114).
fenestratus Young, 1977. Pará, Itaituba (114).
gaudens (Walker, 1851). Brasil (114).
jemima (Distant, 1908). Brasil (114).
laetus (Walker, 1851). Brasil (114).
multicolor (Walker, 1851). Brasil (114).
oliquatulus (Jacobi, 1905). Brasil (114).
ponerus Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114).
segmentalis (Signoret, 1853). Brasil (114).
selvanus Young, 1977. Rondônia, Porto Velho, Mato Grosso (114).
fg (Jacobi, 1905). Mato Grosso, Chapeda dos Guimarães
114).
trinotatus (Signoret, 1853). São Paulo, Santos (114).
vicins (Signoret, 1853). Brasil (114).
Erythrogonia Melichar, 1926
calva (Taschenberg, 1884). Brasil (114). Santa Catarina (84).
colorata (Germar, 1821). Brasil (114).
dorsalis (Signoret, 1853). Brasil (114).
dottaga Medler, 1963. Brasil (114).
dubia Medler, 1963. Brasil (114).
excisa Melichar, 1926. Brasil (84,114).
hertha Medler, 1963. Brasil (114).
jumaca. Medler, 1963. Brasil (114).
laeta (Fabricius, 1787). São Paulo, Rio Grande do Sul (84).
marilis Melichar, 1926. Brasil (84,114).
melichari Schmidt, 1928. Brasil (114). Santa Catarina. (84).
. mixta Medler, 1963. Brasil (114).
. notatula Melichar, 1926. Brasil (84,114).
Lista preliminar dos cicadelídeos... 23
ão ES
o o mm
| notara Medler, 1963. Brasil (114).
| ondosera Medler, 1263. Brasil (114).
partita Melichar, 1926. Espirito Santo (84).
pectinata Young, 1977. Pará, Óbidos, Amazonas (114).
phoenicia (Signoret, 1853). Brasil (114). Minas Gerais, Espirito San-
to, Rio de Janeiro, São Paulo (84).
plagiella Melichar, 1926. Brasil (114).
proterva Melichar, 1926. Brasil (84,114).
quadriplagiata (Walker, 1851). Minas Gerais (84).
separata Melichar, 1926. Brasil (114), Santa Catarina (84).
servilis Melichar, 1926. Brasil (114). Pará (84).
sexguttata (Fabricius, 1803). Brasil (114).
sparta Melichar, 1926. Brasil (114). Para (84).
veiox Melichar, 1926. Brasil (114). Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
(84).
xiperca Medler, 1963. Brasil (114).
Exogonia Melichar, 1926
. assimilis (Signoret, 1853). Bahia, São Paulo (114).
. hyalinosparsa (Melichar, 1932). Espirito Santo (84,114).
. leucampix (Signoret, 1853). São Paulo, Santa Catarina, Nova
Teutonia (114).
. semivitta (Walker, 1851). Bahia (114). Espirito Santo (84).
Ferrariana Young, 1977
. submarginalis (Osborn, 1926). Brasil (114).
. trivittata (Signoret, 1854). São Paulo, Piracicaba (114).
Fonsecaiulus Young, 1977
| cognatus (Schmidt, 1928). Santa Catarina (84,114).
. dorsifascia (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(114).
. flavovittata (Stal, 1859). Espirito Santo (74,114). Rio de Janeiro
(74,84,102,108,114). São Paulo (74).
. sanguineovittata (Signoret, 1855). Bahia (74). Mato Grosso, Chapada
dos Guimarães (114). Espirito Santo (74). Rio de Janeiro (102).
. sciotus Young, 1977. Bahia, Santo Antonio da Barra (114).
Fusigonalia Young, 1977
| obtecta (Signoret, 1855). Pará, Itaituba (114).
Geitogonalia Young, 1977
. quatuordecimmaculata (Taschenberg, 1884). Brasil (114). Rio de
Janeiro (84).
Hanshumba Young, 1977
. brasura Young, 1977. Santa Catarina, Hansa Humboldt (atualmente
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
24
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Corupá) (114).
Hortensia Metcalf & Bruner, 1936
H. innotata (Walker, 1851). Brasil (114).
H. similis (Walker, 1851). Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim estrela,
E
SS
gaton-panic, green-panic, pangola A, soja perene, Teixeira de
Freitas, capim sete-leguas, pangola C (*). Mato Grosso (114). São
Paulo, capim quicúio, grama (106), Araras, Cerqueira Cesar, Ita-
petininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São Luiz do
Paratinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D, Botucatu,
braquiária, grama batatais, pangola D, Rio Grande do Sul, Guaiba,
Porto Alegre, Viamão (*).
Inuyana Young 1977
pendulosa (Osborn, 1926). Rondônia (rio Guaporé) (114).
Iragua Melichar, 1926
nubila Young, 1977. Brasil (114).
vallis Young, 1977. Amazonas, Fonteboa, Olivença, Tocantins (114).
Isogonalia Young, 1977
sexlineata (Signoret, 1855). Pará, Santarém (114).
Jakrama Young, 1977
. Rrameri Young, 1977. Amazonas, Fonteboã, Olivença (114).
. riparia Young, 1977. Amazonas, Olivença, Manaus (rio Negro) (114).
. servillei (Signoret, 1853). Amazonas (rio Purüs) (114).
. taeniata Young, 1977. Amazonas, Olivença, Teffé (114).
Juliaca Melichar, 1926
J. chapini Young, 1977. Minas Gerais, Ouro Preto, Rio de Janeiro
(114).
J. lepida (Signoret, 1855). Pará, Itaituba (114).
GARRA HH S
N
. pergrata (Melichar, 1932). Para, Itaituba (114).
Ladoffa Young, 1977
. comitis Young, 1977., Mato Grosso, Barra do Tapirape (114).
. enochra Young, 1977. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, San-
tos (114).
. insperata Young, 1977. Amazonas, Taracua (rio Uaupes) (114).
nozama Young, 1977. Amazonas, Tocantins (rio Autaz) (114).
. obscurana Young, 1977. Para, Itaituba, Santarem (114).
. paraensis Young, 1977. Para (114).
Laneola Young, 1977
. rubricauda (Signoret, 1854). Minas Gerais, Rio de Janeiro (114). Säo
Paulo (84,114).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 25
— Lautereria Young, 1977
. apperita Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114).
. helvola (Melichar, 1932). Brasil (114). Amazonas (84).
. mozana Young, 1977. Amazonas, Fonteboa, Olivença (114).
. oriunda (Melichar, 1932). Para (84).
. tapirapensis Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114).
Lebaja Young, 1977
. mediana Young, 1977. Minas Gerais, Viçosa, erva daninha, grama,
leguminosa, Mato Grosso do Sul, Corumbá, Espirito Santo, São
Paulo, Piracicaba (114).
Lissoscarta Stal, 1869
. catutara Young, 1977. Amazonas, Taracuá, Umarituba, (rio Negro,
rio Uaupés) (114).
. pebasensis Young, 1977. Brasil (114).
. pereneensis Young, 1977. Brasil (114).
. vespiformis (Fabricius, 1803). Brasil (114).
Macugonalia Young, 1977
M. brasiliensis (Metcalf, 1965). Brasil (114).
M. cavifrons (Stal, 1862). Brasil (114).
M. contristata Young, 1977. Goiás (lago Feio perto de Formosa), Mato
Grosso (rio Caraguata) (114).
M. dallasi (Signoret, 1853). Brasil (114).
M. fritilla Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114).
M. geographica (Signoret, 1855). Brasil (114).
M. leucomelas (Walker, 1851). Bahia, Ilhéus, estilosantes A (*). São
Paulo, algodoeiro, guanxuma, orö (106), Botucatu, alface (*).
M. moesta (Fabricius, 1803). Brasil (114).
M. pyrrhoptera (Stal, 1862). Brasil (114).
M. rufonigra (Taschenberg, 1884). Brasil (114).
M. semiguttata (Signoret, 1853). Brasil (114).
M. sobrina (Stal, 1862). Minas Gerais (114). São Paulo, Itapetininga,
pangola D (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (114).
M. spinolai (Signoret, 1853). Brasil (114).
M. tribunicia (Berg, 1879). Brasil (114).
M. variabilis (Signoret, 1854). São Paulo, aboboreira, cafeeiro, girassol
(106).
(ES EN EE E
a)
egos o
Mesogonia Melichar, 1926
M. braccatula (Jacobi, 1905). Pará, Itaituba (114)
M. ferrugatula (Breddin, 1901). Brasil (114).
M. involuta (Osborn, 1926). Para, Itaituba (114).
M. itaitubana Young, 1977. Pará, Itaituba (114).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65. 28 ago 1982
26
e ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
M. paganula (Jacobi, 1905). Pará, Itaituba (114).
M. semicinctula (Osborn, 1926). Para, Itaituba (114).
M. stillatula (Breddin, 1902). Brasil (114).
M. vinnula Young, 1977. Amapá, Porto Platon (114).
Microgoniella Melichar, 1926
M. illustris (Signoret, 1854). Brasil (114). São Paulo (84).
M. pudica (Fabricius, 1803). Brasil (114). Espirito Santo, Rio de Janeiro
(84).
M. sociata (Fowler, 1900). Minas Gerais (84).
N.
oO
v O 900099000 999909099
Nannogonalia Young, 1977
circumcincta (Signoret, 1855). Santa Catarina, Corupá (114).
Oeogonalia Young, 1977
. fossulata (Signoret, 1855). Brasil (114).
Oragua Melichar, 1926
. alvarengai Young, 1977. Para Jacareacanga (114).
bakeri Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (114).
. discoidula (Osborn, 1926). São Paulo, Piracicaba (114).
. elegantula Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114).
galerula Young, 1977. Amajy:á, (serra do Navio) (114).
hebeta Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114)..
insipida Young, 1977. Amazonas, Manaus ,Uypairanga, (rio Negro)
(114).
jurua Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114).
maculipes (Signoret, 1855). Brasil (114).
maculifera Young, 1977. Santa Catarina, Corupá (114).
nebulosa (Signoret, 1854). Brasil (114).
osborni Young, 1977. Para, Alemquer, Santarém, Taperinha (114).
repetita Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114).
schmidti Young, 1977. Brasil (114).
. stylata (Signoret, 1854). Amapá (serra do Navio) (114).
triplehorni Young, 1977. São Paulo, Piracicaba (114).
Orechona Melichar, 1926
. superba Melichar, 1926. Brasil (84, 114).
Palingonalia Young, 1977
. bigutta (Signoret, 1854). Bahia (114).
Pamplona Melichar, 1926
. ulcerata (Signoret, 1854). Brasil (114).
Pamplonoidea Young, 1977
. yalea Young., 1977. Espirito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina,
Corupá (114).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 27
B:
Parathona Melichar, 1926
albostriata (Signoret, 1853). Minas Gerais, Vicoss- (114).
P. gratiosa (Blanchard, 1840). Mato Grosso (114). São Paulo, algodoeiro
VUNT vomito
alas as
as
EB BL, VI SE ©
(106).
. interstitialis (Signoret, 1855). Brasil (84).
Paratubana Young, 1977
. luteomaculata (Signoret, 1853). Rio de Janeiro (114).
. nigrocincta (Signoret, 1855). Brasil (84, 114).
. vittifacies (Signoret, 1855). Säo Paulo, Guaituba (114).
westwoodi (Signoret, 1853). Minas Gerais (114).
Paromenia Melichar, 1926
auroguttata (Signoret, 1853). Brasil (114).
caicus (Walker, 1862). Brasil (114).
. rossi Young, 1977. Amazonas, (rio Purüs) (114)
. sordida (Signoret, 1855). Amazonas, (rio Autaz) (114).
Pawiloma Young, 1977
ancora Young, 1977. Minas Gerais, Espirito Santo, Säo Paulo,
Ubatuba, (Ilha Grande) (114).
. penancora Young, 1977. Espirito Santo, Santa Catarina (114).
. victima (Germar, 1821). Minas Gerais (84). Rio Grande do Sul,
alamo (106), Pelotas (114).
Platygonia Melichar, 1925
. angrana Young, 1977. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (114).
Plesiommata Provancher, 1889
. corniculata Young, 1977. Bahia, Ilhéus, braquiária, capim, buffel,
cuiabano, capim de-rhodes, capim estrela, carrapicho beiço-de-boi,
green-panic, hemátria, jaragua, jetirana, pangola A, setaria nandi,
scja perena, Teixeira de Freitas, pangola B, pangola D (*). Mato
Grosso (rio Caraguata) (114). São Paulo, Piracicaba (114). Rio Gran-
de do Sul, Guaiba (*).
. mollicella (Fowler, 1900). São Paulo (114), grama (106). Santa Ca-
tarina, Nova Teotonia (114). Rio Grande (sic)(114).
Poeciloscarta Stal, 1869
. aurorula (Breddin, 1901). Brasil (114).
. cardinalis (Fabricius, 1803). Para, Santarém (114).
. extricans (Walker, 1858). Brasil (114).
Ramosulus Young, 1977
bakeri Young, 1977. Para; Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(114).
. corrugipennis (Osborn, 1926). Brasil (114).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
9
(o +}
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Rhopalogonia Melichar, 1926
. scita (Walker, 1851). Rio de Janeiro (114).
Rotigonalia Young, 1977
. limbatula (Osborn, 1926). Brasil (114).
Ruppeliana Young, 1977
coronata (Signoret, 1853). Brasil (114).
coronulifera (Stal, 1862). Brasil (114).
episcopalis (Signoret, 1853). Rio de Janeiro, Independência (114).
fulva (Taschenberg, 1884). Brasil (114).
glaucomaculata (Germar, 1821). Distrito Federal, Brasília (114).
nigripes (Signoret, 1853). Brasil (114).
. signiceps (Stal, 1862). Rio de Janeiro (114).
tatia Young, 1977. Rio de Janeiro, Petropolis (Itatiaia) (114).
taschenbergi (Berg, 1899). Brasil (114).
Sailerana Young, 1977
multiplicatos (Melichar, 1932). Brasil (114). Pará (84).
myersi Young, 1977. Para (114).
solitaris (Signoret, 1853). Para, Amazonas (84), Fonteboã, São
Gabriel (rio Purús) (114).
vanvelzeni Young, 1977. Brasil (114).
Scoposcartula Young, 1977
basimacula (Walker, 1851). Rio de Janeiro (114).
bilimitata (Signoret, 1855). Santa Catarina, Nova Teutonia (114).
bilunata (Signoret, 1855). Brasil (114).
inspergata (Signoret, 1855). Maranhão, Mato Grosso (114).
lancifera Young, 1977. Santa Catarina (114).
limitata (Signoret, 1853). Paraná, Curitiba, Santa Catarina, Nova
Teutonia (114).
. oculata (Signoret, 1853). Brasil (114).
perrisi (Signoret, 1855). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (114).
semipunctulata (Melichar, 1932). Minas Gerais, Espirito Santo (114).
n nun mnonnvovoa dm
Scopogonalia Young, 1977
interruptula (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(114).
nargena Young, 1977. Distrito Federal, Brasília. São Paulo, Santos,
Paraná, Caiubá, Jacarezinho (114).
. paula Young, 1977. São Paulo, Ribeirão Pires (114).
. penicula Young, 1977. São Paulo, Paraná, Curitiba, Santa Catarina,
Nova Teutonia, Rio Grande do Sul, Taquara (114).
. subolivacea (Stal, 1862). Rio de Janeiro (114).
nn mn nn
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 29
Selvitsa Young, 1977
S. cinctosula (Osborn, 1926). Amazonas (rio Purüs) (114).
S.
S. tenofa Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114).
humeralis (Signoret, 1853). Bahia, São Paulo (114).
Sibovia China, 1927
S. nielsoni Young, 1977. Bahia, Salvador, Mato Grosso, Chapada dos
nun
nun
Guimaräes (114).
occatoria (Say, 1830). Minas Gerais (84, 102).
sagata (Signoret, 1854). Brasil (8,44,74). Espirito Santo (74). Rio de
Janeiro (109). São Paulo (74), Botucatu, alface (*). Paraná, Curi-
tiba, Santa Catarina, Nova Teutonia (114). São Paulo, Rio Grande
do Sul, algodoeiro, girassol, malva miúda, quiabeiro (106). Rio Gran-
de do Sul (74,102).
Sonesimia Young, 1977
chinai (Costa Lima, 1963). Rio de Janeiro, Teresópolis (9). Santa
Catarina, Hansa Humboldt (atualmente Corupá), Nova Veneza,
E São José. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, milho, videira
106).
dimidiata Young, 1977. Santa Catarina, Rio Grande do Sul (114).
grandis (Walker, 1851). Rio de Janeiro, Petrópolis (114). São Paulo,
Botucatu, alface (*).
S. grossa {Signoret, 1854). São Paulo, Paraná, coqueiro-da-Bahia,
guanxuma, malvacea selvagem (106). São Paulo, Botucatu, alface,
arroz, chicoria A, B, feijão, jilo, menta, milho, morango, capim
elefante, soja, Piracicaba, cana-de-açúcar (80).
Soosiulus Young, 1977
azatus Young, 1977. Amazonas, (rio Autaz) (114).
configuratus (Walker, 1858). Brasil (114).
dextrorsus Young, 1977. Amazonas, Taracuá, (rio Uaupés) (114).
fabricii (Metcalf, 1965). Brasil (114). Pará, Rio de Janeiro (84).
falcifer Young, 1977. Amapá (Serra do Navio, rio Anicohi), Pará,
Óbidos, Amazonas, Manaus (114).
hastatus Young, 1977. Para, Santarém., Amazonas, Villa Braga
(114).
interpolis Young, 1977. Amazonas, Taracuá (114).
klagesi Young, 1977. Para, Itaituba, Santarém, Amazonas, Villa
Braga (114)
lunatus Young, 1977. Amazonas, Fonteboä (114).
regalis Young, 1977. Amazonas, Fonteboä (114).
ruber Young, 1977. Pará, Benevides, Amazonas, Fonteboã, Teffe
(114).
sermunculus (Melichar, 1932). Brasil (114).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
nm
3
33
nv nn nnnm
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de
servulus (Melichar, 1932). Brasil (114). Pará (84).
solidus (Melichar, 1932). Ceará (84). Pará, Itaituba (114).
umaritubanus Young, 1977. Amazonas, São Gabriel (rio Autaz),
Umarituba (114).
Subrasaca Young, 1977
atronasa Young, 1977. Santa Catarina, Nova Teutonia (114).
austera Young, 1977. Santa Catarina, Nova Teutonia (114).
. flavoornata (Stal, 1862). Brasil (114). Rio de Janeiro (84).
. flavolineata (Signoret, 1855). Minas Gerais (84). Rio de Janeiro,
Petrópolis (114). São Paulo (84).
ignicolor (Signoret, 1854). Minas Gerais (114). Rio de Janeiro, São
Paulo (84).
. nigriventris (Signoret, 1855). Brasil (84, 114).
. rhienetta (Signoret, 1854). Rio de Janeiro (84). Säo Paulo (84, 114).
Syncharina Young, 1977
argentina (Berg, 1879). Brasil (114).
punctatissima (Signoret, 1854). Brasil (114). Säo Paulo, capim
quicúio, grama (106), Araras, Cerqueira Cesar, Itapetininga, São
Luiz do Paraitinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D,
Botucatu, grama batatais, grama seda, pangola D (*).
Tacora Melichar, 1926
. dilecta (Walker, 1851). Amazonas, Teffé (114).
. saturata Young, 1977. Amazonas, Jatahy, Taracuá, (rio Uaupes).
Rondônia, Porto Velho (114).
Tettisama Young, 1977
. bisellata (Signoret, 1862). Rondônia (rio Guaporé) (114).
. quinquemaculata (Germar, 1821). Bahia (84,114). Mato Grosso
(114)., Minas Gerais, Espirito Santo, Rio gs Janeiro (84). Säo Paulo,
arroz (106).
Tipuana Melichar, 1926
albula (Osborn, 1926). Brasil (114).
Torresabela Young, 1977 _
fairmairei (Signoret, 1853). Rio de Janeiro, Nimphacaea sp. (106).
Säo Paulo (114).
Tortigonalia Young, 1977
. torta Young, 1977. Para, Itaituba (114).
Trachygonalia Young, 1977
. germari (Signoret, 1853). Espirito Santo, Santa Catarina, Nova
Teutonia (114).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 81
Tylozygus Fieber, 1866
T. fasciatus (Walker, 1851). Brasil (114).
T. geometricus (Signoret, 1854). Brasil (114).
Versigonalia Young, 1977
V. ruficauda (Walker, 1851). Santa Catarina, Corupá (114).
Vidanoana Young, 1977
V. flavomaculata (Blanchard, 1852). Brasil (84).
Willeiana Young, 1977
W. vallonia (Distant, 1908). Rio de Janeiro, Petrópolis (114).
Xenogonalia Young, 1977
X. longicornis (Osborn, 1926). Amazonas (rio Purús) (114).
Posição Incerta
YOUNG (1977) em seu trabalho revisivo da tribo Cicadellini colocou
13 espécies em posição incerta, devido ao mau estado de conservação em
que se encontravam, impossibilitando uma correta identificação.
Homalogoniella pubescens (Signoret, 1854). Rio de Janeiro (114).
Cardioscarta albonotata Melichar, 1932. Brasil (84).
Cardioscarta mendica (Melichar. 1932). Minas Gerais (84,114).
Microgoniella flavoapicata Melichar, 1951. Espírito Santo (84).
Oncometopia brasiliensis Distant, 1908. Brasil (114). _
Tettigonia cinctovittata Stal, 1855. Minas Gerais (84).
Tettigonia concinna Perty, 1833. Brasil (114). Amazonas, Bahia (84).
Tettigonia divisa Signoret, 1853. Säo Paulo, (Vale do Rio Pardo) (114).
Tettigonia elegantula Germar, 1821. Brasil (84).
Tettigonia pruinina Signoret, 1853. Brasil (114).
Tettigonia reversa Walker, 1858. Rio de Janeiro, Petröpolis (114).
Tettigonia rubripennis Signoret, 1854. Säo Paulo (84).
Tettigonia xanthonota Signoret, 1854. Rio de Janeiro (74,109,114).
Subfamilia COELIDINAE
Tribo COELIDIINI
Coelidia Germar, 1821
C. adspersa Stal, 1854. Brasil (83). Rio Grande (sic) (69).
C. amabilis Linnavuori, 1956. Espírito Santo (69).
C. angulata (Spangberg, 1878). São Paulo (83).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
. atra Walker, 1851. Minas Gerais (83).
. atrata (Fabricius, 1803). Santa Cruz (sic) (69).
| bicolor Stal, 1862. Rio de Janeiro (83).
| bisinuata (Osborn, 1924). Para (83).
brevistylus Linnavuori, 1956. Amazonas, (69).
carinata (Osborn, 1924). Rio de Janeiro (83).
cingulata Stal, 1862. Amazonas, Fonteboã (69). Minas Gerais, Rio de
Janeiro (83).
conspersinervis Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). Rio Grande( sic) (69).
dentatula (Osborn, 1924). Amazonas (83).
. discolor Stal, 1862. Espirito Santo (69). Rio de Janeiro (83). Santa Cruz
(sic)(69).
disintegrans Walker, 1858. Para (83).
distigma (Burmeister, 1838). Brasil (83).
. ensigera (Osborn, 1924). Brasil (83).
espirito-santensis Linnavuori, 1956. Espírito Santo (69).
exoptata (Walker, 1858). Para, Minas Gerais (83).
fascifrons (Osborn, 1924). Pará (83).
ferriplena (Walker, 1858). Brasil (83).
ferruginosa (Osborn, 1924). Minas Gerais (83).
formosa (Spangberg, 1878). Rio de Janeiro (83).
foveata (Osborn, 1924). Brasil (83).
fuscomaculata Stal, 1862. Rio de Janeiro, São Paulo (83).
guttata (Walker, 1851). Brasil (83).
guttulata Stal, 1862. Rio de Janeiro (83).
introducens (Walker, 1858). Amazonas (83).
limpidosparsa Stal, 1859. Brasil (69,83). Rio de Janeiro (83).
meditabunda (Spangberg, 1878). Brasil (83).
munda Stal, 1862. Rio de Janeiro (83).
nervosa (Fabricius, 1803). Bahia (83).
nigripes (Fabricius, 1794). Brasil (83).
pallida (Osborn, 1924). Brasil (83).
pallidipes Stal, 1862. Rio de Janeiro (83.)
paracingulata Linnavuori, 1956. Amazonas, Olivença (69).
plaumanni Linnavuori, 1956. Santa Catarina, Nova Teutonia (69).
plebeja Stal, 1862. Rio de Janeiro (83).
pruinosa Germar, 1821. Brasil (83).
pygmaea Linnavuori, 1956. Minas Gerais (69).
rufipennis Walker, 1851. Para (83).
. signoreti (Spangberg, 1878). Rio de Janeiro (83).
subtangens (Walker, 1858). Rio de Janeiro (83).
triangularis (Osborn, 1924). Brasil (83).
. variegata Germar, 1821. Brasil (83).
Co
D
AEIANIADS:AANNIISAASADAAANSDASSAHN SZ ZEOOAMOAON
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 33
C.
G.
nº) no
ty ty
u
venosa Germar, 1821. Para (83).
Gabrita Walker, 1858
eburata (Walker, 1851). Brasil (83).
Petalopoda Spangberg, 1879
. annulipes Spangberg, 1879. Brasil (83).
. pictifrons Spangberg, 1879. São Paulo (83).
Selenopsis Spinola, 1850
. subaptera Spinola, 1850. Pará (83).
Subfamilia DELTOCEPHALINAE
Tribo LUHERIINI
Luheria Osborn, 1923
constricta Osborn, 1923. Bahia (82), Barra (71,89,100).
Tribo HECALINI
Cerrilus Oman, 1936
notatus (Osborn, 1923). Brasil (43,97). Pará (70,82), Santarém
(89,100).
Egenus Oman, 1936
. acuminatus Oman, 1936. Rio Grande (sic) (69).
. breviceps Linnavuori, 1957. Brasil (70).
Spangbergiella Signoret, 1879
fasciata Osborn, 1923. Bahia (82). Rondônia, Santo Antonio de
Guaporé (100).
uruguayensis (Berg, 1884). São Paulo, Cerqueira Cesar, pangola D
(*).
S. vulnerata (Uhler, 1877). Para, Santarem (100). Mato Grosso do Sul,
Corumbá (69). São Paulo, grama (106). Rio Grande, Santa Cruz (sic)
(69).
vulnerata lacerdae Signoret, 1879. Para, Santarém (82). Mato Grosso
do Sul, Corumbá (70). São Paulo, grama (75,106), Botucatu, São
Manuel, grama batatais, Piracicaba, vegetação rasteira, Santa Fé do
Sul (*). Rio Grande, Santa Cruz [sic ) (69,70).
Tribo SCAPHYTOPIINI
Scaphytopius Ball, 1931
(Convelinus) irrorelus (Delong, 1944). São Paulo (89), Campinas
(12,71), Piracicaba (*).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
34
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
. (C.) marginelineatus (Stal, 1859). Rio de Janeiro (66,71,89,101,108).
Säo Paulo, Araras, Sao Jose do Rio Preto, soja pangola D, Botu-
catu, capim gordura, grama batatais, Mococa, pangola D, Piraci-
caba, vegetação rasteira, São Manuel, grama batatais, Santa Fé do
Sul, Campinas (*), Santos (71). Santa Catarina, Blumenau (71).
S. (Cloanthanus) anticus (Stal, 1860). Brasil (66). Rio de Janeiro
> DB DB
DES)
(71,89).
. (C.) hambletoni (Delong, 1944). São Paulo (71,89), Botucatu (*),
Campinas (12,71).
Tribo DELTOCEPHALINI
Agudus Oman, 1936
. typicus Oman, 1936. Rio Grande do Sul (68,89).
Amplicephalus Delong, 1926
. (Cruciatanus) fasciatus (Osborn, 1900). Brasil (89). Bahia (71,101).
São Paulo, Botucatu, Campinas (*).
. (Amplicephalus) lineatus (Osborn, 1923). São Paulo, Santa Fé do Sul
(*). Rio Grande do Sul (68,71,89). Rio Grande (sic) (69,71).
. (A.) marginellanus (Metcalf, 1955). São Paulo, Aguas de São Pedro
Araras, São José do Rio Preto, pangola D, Botucatu, grama ba-
tatais, pangola D, vegetação rasteira (*). Rio Grande do Sul
(68,69,89).
. (A.) marginellanus faminoides Linnavuori, 1955. São Paulo, Araras,
Sao José do Rio Preto, pangola D, Botucatu, grama batatais, ve-
getação rasteira, Águas de São Pedro (*). Santa Catarina, Nova
Teutonia, Rio Grande do Sul, Rio Grande (71).
. (A.) simpliciusculus Linnavuori, 1955. São Paulo, Itapetininga, pan-
gola D (*).
Bolarga Oman, 1936
. nigriloba Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu, Jundiai (*). Rio
Grande do Sul (71), Nova Petrópolis (serra do Caí) (71), Viamão (*).
Rio Grande (sic) (69,71).
Graminella Delong, 1936
. cognita Caldwell, 1952. Brasil (60), Para, Santarem (71), Säo Paulo,
Piracaia, São José do Rio Preto, pangola D, Rubineia, Santa Fé do
Sul (*).
. Jimi Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78).
. stelliger bipunctella Linnavuori, 1959. São Paulo, Águas de São
Pedro, Botucatu, Campinas, Piracicaba (*).
. stelliger expansa Linnavuori, 1959. Pernambuco, Bonito (71).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 35
G.
G.
N
N mm m mu m mm a
stelliger puncticeps Linnavuori, 1959. Brasil (60,66). Rondönia, San-
to Antonio de Guapore (71).
striatella Linnavuori, 1959. Bahia (lagoa Feia) (71), Ilheus, gra-
mineas (*). Säo Paulo, Botucatu, alface, grama batatais, Barueri,
Campinas, Pardinho, Piracicaba, pangola D, vegetacäo rasteira, Säo
Luiz do Paraitinga, pangola D, Ubatuba (*). Santa Catarina, Nova
Teutonia, Rio Grande do Sul, Rio Grande (71).
Haldorus Oman, 1936
. (Parahaldorus) truncatistylus Linnavuori, 1959. Santa Catarina,
Nova Teutonia (71).
(Haldorus) angulatus (Oman, 1936). Santa Catarina, Nova Teutonia
(71).
(H.) appendiculatus Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78).
(H.) curvatus Linnavuori, 1955. Brasil (89), Rio Grande (sic) (68,71).
(H.) parallelocornis Linnavuori, 1955. São Paulo (68,69,71), Santa Fe
do Sul (*). Rio Grande do Sul (68,69,71,89).
- (H.) sexpunctatus (Berg, 1879). Rio de Janeiro (71,89), Petrópolis
(65). Rio Grande do Sul (68,71,89).
(H.) williamsi Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78).
(Haldorellus) distinctus Menezes, 1973. São Paulo, Águas de São
Pedro, Jundiai (76).
(H.) divergens Menezes, 1973. São Paulo, Piracicaba, Santa Fé do
Sul (76).
(H.) furcatus Caldwell, 1952. Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim
de-rhodes, pangolão (*). São Paulo, Jundiaí, Rubinéia (76).
(H.). krameri Menezes, 1973. São Paulo, Jundiai (76).
Kanorba Oman, 1936
reflexa Oman, 1936. Brasil (43). Mato Grosso (89). Mato Grosso do
Sul, Corumbá (71,97).
Loreta Linnavuori, 1959
. (Loreta) ornaticeps Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu, Jundiaí,
Santa Fé do Sul (*).
Neodeltocephalus Linnavuori, 1959
. asper Linnavuori, 1959. São Paulo, Araras, pangola D (*).
Planicephalus Linnavuori, 1954
. flavicosta (Stal, 1860). Brasil (II). Amazonas, Manaus (71). Bahia
(71,89,101), Ilhéus, braquiária, capim buffel, capim jaragua, carra-
picho beiço-de-boi, gaton-panic, green-panic, kudzu tropical, pan-
golão, setaria nandi, soja perene (*). Mato Grosso do Sul, Corumbá
(69,71). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (71). Rio de Janeiro
(61,69,71,89,109). São Paulo, capim quicúio, grama (75,106), Araras,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
36
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Itapetininga, Mococa, São José do Rio Preto, pangola D, Botucatu,
alface, braquiária, capim gordura, capim marmelada, grama batatais,
pangola D, Piracaia, pangola D, Piracicaba, vegetação rasteira,
Brotas, braquiária, pangola D, Campinas, Ubatuba (*), Santos (71).
Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (71,89),
Guaiba, Porto Alegre, Viamão (*), Nova Parecy (71). Rio Grande
(sic) (69,71).
Sanctanus Ball, 1932
. lepidellus (Stal, 1862). Brasil (71). Rio de Janeiro (66,89,109), Jus-
saral, São Paulo (51).
S. vulpinus Kramer, 1963. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral
(51).
Toldoanus Linnavuori, 1954
. marginellus (Osborn, 1923). Para, Amazonas, Manaus (71). Rio
Grande (sic) (69,71)
Unerus Delong, 1936
. (Unerus) colonus (Uhler, 1895). Amazonas, Manaus, Pernambuco,
Bonito (71), Bahia (89), Ilhéus, vegetação rasteira (*). Mato Grosso,
Chapada dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). Rio
de Janeiro (71). São Paulo, Araras, Campos do Jordão, Cerqueira
Cesar, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São
Luiz do Paraitinga, São Carlos, pangola D, Botucatu, braquiária,
capim barba-de-bode, capim comprido, pangola D, Brotas, bra-
quiária, pangola D, Jaú, braquiária, Piracicaba, vegetação rasteira,
Campinas, Ubatuba (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio
Grande do Sul (68,71,89). Rio Grande (sic) (69).
. (Mattogrossus) colonoides Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada
dos Guimarães (71).
Zilkaria Menezes, 1974
. assymetrica Menezes, 1974. Mato Grosso, Cuiaba, Mato Grosso do
Sul, Aparecida do Taboado (78).
Posição Incerta
LINNAVUORI (1959) em seu trabalho revisivo da subfamília Delto-
cephalinae, na tribo Deltocephalini colocou uma espécie em posição in-
certa.
Deltocephalus acuminatus Uhler, 1895. Rio Grande do Sul, Boqueirão,
Rio Grande (71).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 37
> DD 5
Tribo EUSCELINI
Alaca Oman, 1936
. longicauda Oman, 1936. Santa Catarina, Nova Teutonia (71,97).
Atanus Oman, 1936
. contrarius Linnavuori, 1959, Rio Grande (sic) (67,69,71).
. coronatus (Berg, 1879). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio
Grande (sic) (71).
. curvilinea (Linnavuori, 1955). São Paulo, Águas de São Pedro,
Botucatu, Jundiaí (*), São José do Rio Preto, pangola D (*). Santa
Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (68,71).
. tessellatus (Osborn, 1923). Mato Grosso, chapada dos Guimarães
(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89).
Bahita Oman, 1936
B. (Bahita) furcifer Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia,
O ty
bu to to to to to to to by
Rio Grande do Sul, Nova Parecy (71).
. (B.) infuscata (Osborn, 1923). Brasil (97). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (71,100). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). São
Paulo, Aguas de São Pedro (*). Erroneamente Minas Gerais (89).
. (B.) palliditarsis (Stal, 1860). Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Pe-
trópolis (71). São Paulo (69). Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
. (B.) palliditarsis flavicollis Linnavuori, 1959. Rio de Janeiro, Pe-
trópolis, (66). São Paulo, Botucatu (*), Santos (71). Santa Catarina,
Nova Teutonia (71).
. (Penebahita) cavifrons Linnavuori, 1955. Espirito Santo
(68,69,71,89). São Paulo, Botucatu (*), Santos (71).
. (P.) chapadensis Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (71).
. (P.) clypeata (Osborn, 1923). Pará (71,100). Rondônia, Forte Principe
(rio Guaporé) (71,89,100).
(P.) hasemani (Osborn, 1923). Rondônia (rio Guaporé abaixo do rio
São Miguel) (71,100).
(P.) lacerdae (Signoret, 1879). Pará (100). Pernambuco, Bonito (71).
Bahia (71,89), Barra (100).
(P.) ramosa Linnavuori, 1955. Mato Grosso do Sul, Corumbá
(68,69,71).
(P.) spiniventris Linnavuori, 1955. Santa Catarina, Nova Teutonia
(71). Rio Grande do Sul (68). Nova Parecy (71), Guaiba(*).
. (P.) venosula (Berg, 1879). Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande
(sic) (69,71).
. (Exobahita) fallaciosa Linnavuori, 1955, Rio Grande (sic(68,69,71).
. (E.) fulvula (Osborn, 1923). Bahia (71,100).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
38 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Bergolix Linnavuori, 1959
. signatipennis Linnavuori, 1959. Mato Grosso do Sul, Corumbá (71).
Brasilanus Linnavuori, 1959
. flagellaris Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
Brazosa Oman, 1936
. picturella (Baker, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes
(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89).
Brincadorus Oman, 1936
. laticeps Oman, 1936. Mato Grosso (43,97), Chapada dos Guimarães
(71,87). São Paulo, Piracicaba (*).
Cahya Linnavuori, 1959
. chapadensis (Baker, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(71,100). Rio Grande do Sul, Nova Petrópolis (serra do Cai) (100).
Erroneamente Minas Gerais (89).
Caphodus Oman, 1936
. obliquus (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89).
Cariancha Oman, 1936
. cariboba Oman, 1936. Rio de Janeiro (71,89,97).
Chlorotettix Van Duzee, 1892
. (Chlorotettix) bakeri Sanders & Delong, 1922. Para (71,89,100).
Mato Grosso do Sul, Corumbá (13,71.;100,105).
. (C.) berryi Delong, 1945. Para (71,89), Santarém (13). Rio Grande do
Sul, Guaiba (*).
. (C.) bicoloratus Delong, 1945. Minas Gerais, Vicosa (13,71). Säo
Paulo, Barueri (*).
. (C.) breviceps Baker, 1898. Brasil (13). Mato Grosso (10,71,100),
Chapada dos Guimaräes (1,10,71,100). Bahia (89). Erroneamente
Minas Gerais (89).
. (C.) cuneus Delong & Martison, 1974. São Paulo, Piracicaba (36).
(C.) delicatus Osborn, 1923, Para, Bahia, Mato Grosso (rio Paraguai)
(71,100).
C. (C.) fraterculus (Berg, 1879). Pernambuco, Recife, São Paulo, Cam-
pinas (71), Cerqueira Cesar, Itapetininga, São Luiz do Paraitinga,
pangola D, Jundiai (*).
. (C.) kassiphone Linnavuori, 1959. São Paulo, Águas de São Pedro,
Botucatu (*!).
C. (C.) latocinctus Delong, 1945. Brasil (69,89). Minas Gerais (71),
Viçosa (13). Rio Grande do Sul (68). Rio Grande (sic) (71).
C. (C.) lingulus Delong & Martison, 1974. São Paulo, Piracicaba (36).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 39
C. (C.) luteolus (Baker, 1926). Brasil (89). Minas Gerais, Viçosa (13,71).
São Paulo, Botucatu, Rio Grande do Sul, Guaiba (*).
C. (C.) maximus Berg, 1879. Rio Grande do Sul (68,89).
C. (C.) manimus Baker, 1898. Brasil (13,105). Para (89), Tegerinha
(71,100). Bahia (2,89), Ilheus, capim gordura, capim de-rhodes,
green-panic, pangola A, vegetacäo rasteira (*). Mato Grosso,
Chapada dos Guimaräes (1,10,105). Mato Grosso do Sul, Corumba
(105). Espirito Santo, Cachoeria (71,100). Säo Paulo, batatinha (106),
Araras, Brotas, Itapetininga, Piracaia, São José do Rio Preto, pan-
gola D. Botucatu, alface, grama batatais, Piracicaba, máxime
gramíneas, Vargem Grande do Sul, soja, Capinas (*). Santa Ca-
tarina, Nova Teutonia (71).
C. (C.) nimbuliferus (Berg, 1884). Rio Grande do Sul (68,89), Nova
Petrópolis (serra do Cai) (71).
C. (C.) serius (Stal, 1860). Rio de Janeiro (66,71,89,109).
Copididonus Linnavuori, 1954
C. hyalimipennis (Stal, 1859). Bahia (71,100), Ilhéus, braquiária,
capim buffel, green-panic, pangola A, pangolão, soja perene (*) Mato
Grosso, Chapada dos Guimarães (66,71,100). Rio de Janeiro
(66,71,100). São Paulo (89), Araras, Campos do Jordão, Piracaia,
São Luiz do Paraitinga, pangola D. Botucatu, alface, capim gordura,
grama batatais, Piracicaba, grama batatais, vegetação rasteira,
Campinas, Ubatuba (*), Santos (66,71). Rio Grande do Sul (68,71),
Cachoeiro (sic)(71).
C. vittulatus (Berg, 1884). Bahia (89). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (66,71,100). Minas Gerais, Viçosa(66,68,71,89). São
Paulo. Botucatu, alface, Barueri, Osasco (*), Santos (66,68,89). San-
ta Catarina, Nova Teutonia (66,68,71,89). Rio Grande do Sul
(66,68,89), Nova Parecy (71).
Doleranus Ball, 1936
D. aberrans (Osborn, 1923). Minas Gerais (13,89), Januaria (71,100).
São Paulo, Botucatu, Jundiai (*).
. cyclops Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu (*).
. tethys (Van Duzee, 1907). Pernambuco, Bonito (71).
vão)
Exitianus Ball, 1929
E. obscurinervis (Stal, 1859). Brasil (97,103). Bahia (71,101), Itajú do
Colonia, capim sempre-verde (*). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes (17,71,108). Minas Gerais (71,101). Rio de Janeiro,
(17,71,108). São Paulo, algodoeiro, grama (75;106). mamoneiro (106),
Araras, Campos do Jordão, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José
do Rio Preto, São Luiz do Paraitinga, pangola D, Botucatu, alface,
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
40 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
grama batatais, pangola D, vegetacäo rasteira, Lencois Paulista,
cana-de-açúcar, Piracicaba, capim comprido, vegetação rasteira,
Águas de São Pedro, Campinas, Santa Fé do Sul, Rubinéia, Ubatuba
(*). Rio Grande do Sul (68,69), Porto Alegre (*). Rio Grande (sic)
(71).
E. quadratulus (Osborn, 1923). São Paulo, Itapetininga, pangola D (*).
Boqueirão, Rio Grande (sic )(71).
Garapita Oman, 1936
G. (Garapita) pulchripennis : Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova
Teutonia (71).
G. (Chlamydopita) aurea Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova
Teutonia (71).
Hecaloidia Osborn, 1923
H. nervosa Osborn, 1923. Brasil (89).
Hegira Oman, 1936
H. brunnea Oman, 1936. São Paulo, Aguas de São Pedro, Botucatu,
Rubinéia (*). Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande (sic) (69,71,89).
Linnatanus {Linnavuori, 1955)
L. cineratus (Linnavuori, 1959). Bahia, Barra (71). Minas Gerais (68),
Jacaré (71). São Paulo, Mococa, São José do Rio Preto, pagola D
(*). Rio Grande do Sul (68). Rio Grande (sic)(71).
L. nitidus (Linnavuori, 1955). Bahia (68,71,89). Espirito Santo (69,71).
Rio de Janeiro (68,71). São Paulo (71), Botucatu, alface, Águas de
São Pedro, Santa Fé do Sul (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande (sic) (69,71).
Menosoma Ball, 1931
M. cincta (Osborn & Ball, 1898). Para (71,100). Pernambuco, Recife
(71). Bahia (71,100). Minas Gerais, Januária (71,100). Mato Grosso,
do Sul, Corumbá (69). São Paulo, Santa Fé do Sul (alto da serra) (*)
Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69,71).
M. elegans (Osborn, 1923). Bahia (68,71,89). Mato Grosso do Sul,
Corumba (68,69,71). Säo Paulo, Santos (71), Santa Fe do Sul,
Rubineia (*). Rio Grande do Sul (69,71).
M. laticeps (Osborn, 1923). Rondônia (rio Guapore abaixo do rio São
Miguel) (71,100).
M. taeniata Linnavuori, 1955. Mato Grosso (69). Espírito Santo (69).
São Paulo, Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul
(68,71,89), Guaiba (*). Santa Cruz (sic)(69).
Mesadorus Linnavuori, 1955
M. undatus Linnavuori, 1955. São Paulo, Itapetininga, pangola D (*)
Rio Grande do Sul (68,71,89), Viamão (*).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 41
Mimodorus Linnavuori, 1959
M. (Mimodorus) decempunctatus (Linnavuori, 1955). Rio Grande do Sul
M.
N.
N.
N.
N.
N.
So
So
(68,71,89). Rio Grande (sic) (68,71).
(Megadorus) pseudundatus Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Corumbá
(71).
Neocrassana Linnavuori, 1959
undata Linnavuori, 1959. Rio Grande do Sul (69), Guaíba (*). Rio
Grande (sic) (71).
Neomesus Linnavuori, 1959
. obtusiceps (Berg, 1884). São Paulo, Botucatu (79).
Neophlepsius Linnavuori, 1955
(Neophlepsius) corpulentus Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova
Teutonia (68,71). Rio Grande do Sul (69,71,89). Rio Grande, Santa
Cruz (sic) (68,69,71).
(N.) retrorsus Menezes, 1973. Goiás, Arenópolis, São Paulo, Bo-
tucatu, Campinas, Santa Catarina, Nova Teutonia (77).
(Nesolanus) disonymos Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova
Teutonia (71).
Onura, Oman, 1936
. eburneola Oman, 1936. São Paulo, Botucatu, Pôrto Epitácio (*).
. grisea (Linnavuori , 1955). Rio Grande do Sul (68,89), Nova Pe-
trópolis (serra do Cai) (71).
Osbornellus Ball, 1932
| (Sorbonellus) infuscatus Linnavuori, 1955. Pará, Santarém (71).
Bahia (69). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). Espirito Santo
(69). São Paulo, Botucatu, Piracicaba (*), Santos (71). Santa Ca-
tarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (68,89), Nova Parecy
(71). Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69).
. (S.) lamellaris Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
. (Osbornellus) hyalinus (Osborn, 1923). Bahia, Barra (71,100). Mato
Grosso do Sul, Corumbá, Rio Grande do Sul (71).
Parabahita Linnavuori, 1959
. umbrina (Linnavuori, 1955). Bahia (89). Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Nova Teutonia (68,71). Rio Grande do Sul (68,71,89).
Paratanus Young, 1959
. wygodzinskyi recurvatus Linnavuori, 1959. Rio Grande do Sul,
Guaiba (*).
Pseudalaca Linnavuori, 1959
. multipunctata (Osborn, 1923). Rio Grande do Sul (69). Rio Grande
Csic) (71).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
42 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Scaphoidula Osborn, 1923
. confusa Menezes, 1973. São Paulo, Botucatu (77).
. dentata Oman, 1937. São Paulo, Santa Lucia (71). Tutoyu( sic) (71).
S. unica Oman, 1937. Minas Gerais, Viçosa (71,98). São Paulo, Bo-
tucatu (*).
a ta
Serridonus Linnavuori, 1959
S. longistylus Linnavuori, 1959. São Paulo, Rubinéia (*).
Stirellus Osborn & Ball, 1902
S. bicolor (Van Duzee, 1892). Brasil (71,104). Pará (89). São Paulo
Botucatu, Piracicaba, vegetação rasteira (*).
S. picinus (Berg, 1879). Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim estrela, pan-
gola A, Teixeirade Freitas, pangola B, São Paulo, Araras, Campos
do Jordão, Cerqueira Cesar, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São
José do Rio Preto, São Luiz do Paraitinga, São Carlos, pangola D,
Botucatu, capim comprido, capim gordura, grama batatais, gra-
mineas, pangola D, Brotas, braquiária, pangola D,' Piracicaba,
vegetação rasteira, Santa Fé do Sul (*).
Taperinha Linnavuori, 1959
T. bifurcata Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(71).
T. discigutta Linnavuori, 1959). Pará, Taperinha (71).
Tropicanus Delong, 1944
T. (Tropicanus) annulatus (Osborn, 1923). Pará (89,100), Santarém,
Rondônia, Forte Principe (rio Guaporé) (71).
T. (T.) costomaculatus (Van Duzee, 1894). Brasil (71,100). Pará
(89,101), Santarém (100). Rondônia (101).
Yungasia Linnavuori, 1959
Y. digitata Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
Zabrosa Oman, 1949:
Z. amazonensis (Osborn, 1923). Mato Grosso (71), Chapada dos Gui-
maräes (100), Erroneamente Minas Gerais (89).
Z. unicampi Menezes, 1973. São Paulo, Botucatu, Campinas, Piraci-
caba, Santa Catarina, Nova Teutonia (77).
Posição Incerta
LINNAVUORI (1959) em seu trabalho revisivo da subfamília Delto-
cephalinae na tribo Euscelini colocou 2 espécies em posição incerta.
Alebra dorsalis Gillette, 1898. Mato Grosso (47), Chapada dos Gui-
maräes (71). Erroneamente Minas Gerais (89). 5
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 43
Thamnotettix chapadensis Osborn, 1924. Mato Grosso (101), Chapada
dos Guimaräes (71). Erroneamente Minas Gerais (89).
A.
pol pol un vum to ty
q.
u mu
Tribo MACROSTELINI
Agelina Oman, 1936
punctata Oman, 1936. Brasil (89,97).
Balclutha Kirkaldy, 1900
. abdominalis fuscipennis Linnavuori, 1954. Parana, Curitiba (5). San-
ta Catarina, Nova Teutonia (6).
. delongi Blocker, 1968. Mato Grosso (rio Caraguata) (6). Säo Paulo,
Sao Jose do Rio Preto, pangola D (*).
. diluta Blocker, 1967. Säo Paulo, Itapetininga, pangola D (*).
. flavescens (Baker, 1903). Para (89,101), Santarem (71).
: floridana (Delong & Davidson, 1933). Brasil (5). Bahia, Teixeira de
Freitas, capim sete-leguas (*).
. fuscina Blocker, 1967. Santa Catarina, Nova Teutonia (5).
. guajanae (Delong, 1923). Brasil (5). Pernambuco (71). São Paulo,
Botucatu, Cerqueira Cesar, Itapetininga, Piracaia, pangola D (*).
Santa Catarina, Rio Grande do Sul (71).
. hebe (Kirkaldy, 1906). Brasil (5). Maranhão (71). Bahia, Teixeira de
Freitas, capim buffel, capim sete-léguas, kudzu tropical, pangola A,
pangolão, São Paulo, Araras, Botucatu, Itepetininga, Mococa, Pi-
racaia, São Luiz do Paraitinga, pangola D (*).
. incisa (Matsumura, 1902). Brasil (5). São Paulo, capim, quicúio,
mamoneira (106), Jundiaí (*).
. lineata (Osborn, 1924). Bahia, Ilhéus, braquiária, capim buffel,
capim estrela, capim jaraguá, carrapicho beiço-de-boi, gatonpanic,
green-panic, setária nandi, Teixeira de Freitas, capim sete-léguas,
capim colonião (*).
. neglecta (Delong & Davidson, 1933). São Paulo, grama (106).
. obunca Blocker, 1967. Santa Catarina, Nova Teutonia (5).
. robusta (Caldwell, 1952). Brasil (5). Säo Paulo, Botucatu, Campinas
(*).
. young Blocker, 1967. Säo Paulo, Äguas de Säo Pedro, Botucatu (*).
Santa Catarina, Nova Teutonia (5).
Cicadulina China, 1926
. tortilla Caldwell, 1952. Rio Grande do Sul, Guaiba (*).
Dalbulus Delong, 1950
. (D.) maidis (Delong e Wolcott, 1923). Brasil (14), aveia, beterraba,
cana de acücar, cenoura, centeio, cevada, grama, milho, salsa, sorgo,
trigo, (93). Rio de Janeiro, Itaguai, milho (106). Säo Paulo, (89), al-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
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NN
DZ SIDE
EAN DD
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
odoeiro, batatinha, grama (75), Botucatu, capim pe-de-galinha,
Ajude de São Pedro, Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Santa Fé do
Sul, Ubatuba (*). Rio Grande do Sul, Nova Parecy (71).
Subfamilia GYPONINAE
Acuera Delong & Freytag, 1972
. (Acuera) adspersa (Stal, 1894). Mato Grosso (28). Rondönia, Porto
Velho (25,28). Minas Gerais (81).
. (A.) incepta Delong & Freytag, 1974. Rio Grande do Sul (28).
. (A.) laudara Delong & Freytag, 1974. Säo Paulo, Piracicaba (28).
. (A.) levara Delong & Freytag, 1974. Säo Paulo, Piracicaba (28).
(A.) nigrifrons (Osborn, 1938). Brasil (81).
. (Tortusana) fructa Delong & Freytag, 1974. Mato Grosso, Chapada
dos Guimaräes (28).
. (Parcana) gloma Delong & Freytag, 1974. Minas Gerais, Pouso
Alegre, Säo Paulo, Barueri (28).
Acuponana Delong & Freytag, 1970
. erusa Delong & Freytag, 1970. Rio de Janeiro (Corcovado) (24).
. horella Delong & Freytag, 1970. Mato Grosso, Chapada dos Gui-
maräes; Santa Catarina, Nova Teutonia (24).
Chloronana Delong & Freytag, 1964
. lurida Delong & Freytag, 1964. Amazonas, Teffé (20).
. pallenta Delong & Freytag, 1964. Brasil (81).
Costanana Delong & Freytag, 1972
. asymmetria Delong & Freytag, 1972. Brasil (26).
. cella Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia (26).
. costata Delong & Freytag, 1972. Rio de Janeiro (26).
. flavicosta (Stal, 1862). Rio de Janeiro (26,81).
flavina Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia,
Pinhal (26).
. praecellens (Stal, 1862). Rio de Janeiro (81). Santa Catarina, Mafra
(26).
Curtara Delong & Freytag, 1972
. (Mysticana) mystica (Spangberg, 1878). Bahia (81).
. (Curtara) anchora Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso do Sul
Corumba (34).
. (C.) bivirga Delong & Freytag, 1976. Para, Óbidos, Amazonas, Teffe
(34)
(C.) concava Delong & Freytag, 1976. Minas Gerais, Vicosa, Säo
Paulo, Barueri, Piracicaba, Ubatuba, Santa Catarina, Corupa (34).
. (C.) curvita Delong & Freytag, 1976. Para, Oriximina (34).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 45
RIMINI EO EEE
Pia)
. (C.) deresa delong & Freytag, 1976. Amazonas, Manaus, Uypiranga,
(rio Negro), Mato Grosso do Sul, Corumbá (34).
. (C.) diagonala Delong & Freytag, 1976. Minas Gerais, Viçosa, Es-
pirito Santo, Rio de Janeiro (Corcovado), Santa Catarina, Corupá,
Nova Teutonia (34).
. (C.) esona Delong & Freytag, 1976. Pernambuco, Bonito, algodoeiro
(34).
. (C.) inflata Delong & Freytag, 1976. Amapá, Porto Platon, Para,
Belem (34).
(C.) mellella Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso, Rondonia, Porto
Velho (34).
(C.) pagina Delong & Freytag, 1976. Säo Paulo, Piracicaba (34).
(C.) quala Delong & Freytag, 1976. Bahia (Rio Säo Francisco) (34).
. (C.) rugara Delong & Freytag, 1976. Pernambuco, Bonito (34).
. (C.) samera Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, (Rio Caraguata)
(25). Säo Paulo, Piracicaba (25,34). Santa Catarina, Nova Teutonia
(25).
. (C.) sexteta Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso, Säo Carlos, Ron-
doni, Porto Velho )34).
. (C.) variegata (Ösborn, 1938). Mato Grosso, Chapada dos Guima-
rães, São Paulo (34).
C. (C.) vestiga Delong & Freytag, 1976. Maranhão, Canindé (Igarapé,
Gurupi — aldeia Arocu), Para, Amazonas (lago Jananaca), Pernam-
buco, Bonito, Bahia, Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (34).
Janaria, Minea (sic) (34).
. (Curtarana) luda Delong & Freytag, 1976, Minas Gerais, Viçosa,
grama, erva daninha (34).
Nomen Dubium
Curtara guianae (Metcalf, 1962). São Paulo, capim quicúio (106).
DEPEDPES]
Dumorpha Delong & Freytag, 1975
. dedeca Delong & Freytag, 1975. Pernambuco, Bonito (33).
Folicana Delong & Freytag, 1972
nota Delong & Freytag, 1972. Para, Belém, Amazonas (rio Solimões)
São Paulo, Piracicaba (25).
Gypona Germar, 1821
. (Paragypona) thoracica (Fabricius, 1803). Brasil (19). Amazonas (81).
. (Gypona) affinis Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81).
. (G.) bidens Delong & Freytag, 1962. Brasil (18,19).
. (G.) cerea Delong & Freytag, 1962. Brasil (19). São Paulo, Santa
Catarina, Mafra (18).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
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[e>)
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
99999 m 999 9099090 m 990 99099 m m mn m 99090 Q
(G.) cerina Delong & Martison, 1972. Pará, Belém (Igarapé),
Amazonas (rio Solimões) (35).
(G.) decora Delong & Freytag, 1964. Rio de Janeiro (19).
(G.) fuscinervis Stal, 1864. Brasil (81).
(G.) gilba Delong & Martison, 1972. Rio de Janeiro (Floresta da
Tijuca) (35).
(G.) glauca (Fabricius, 1803). Brasil (19,81). Para, Amazonas (81).
Bahia (18,81). Distrito Federal, Brasília (18).
(G.) glaucina Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81).
(G.) infuscara Delong & Martison, 1972. Pará, Canindé (rio Gurupi)
(35).
(G.) laxa Delong & Martison, 1972. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (35).
(G.) pallida Delong & Martison, 1972. Espirito Santo, Tijuco Pres-
to, São Paulo, Piracicaba (35).
(G.) pallidula Delong & Martison, 1972. São Paulo, São Miguel (35).
(G.) patula Delong & Martison, 1972. Amapá, (rio Anocohi) (35).
(G.) pinguis Stal, 1862. Brasil (18,19). Rio de Janeiro 181).
(G.) plaga Delong & Martison, 1972. Amapá, (serra do Navio) (35).
(G.) reversa Delong & Martison, 1972. Minas Gerais, Viçosa, grama,
erva daninha (35).
(G.) sellata Berg, 1899. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (19).
(G.) sobrina Spangberg. 1881. Brasil (19). Amazonas (81).
(G.) stalii Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81). Rio de Janeiro (18,81).
Rio Grande do Sul (81).
(G.) stalina Delong & Freytag, 1962. Brasil (19). Santa Catarina,
Nova Teutonia (18).
(G.) verecunda Spangberg, 1881. Brasil (19,81).
(G.) vernicosa Spangberg, 1881. Brasil (19,81).
(G.) versuta Spangberg, 1881. Brasil (18,19,81).
(G.) viridans Delong & Martison, 1972. Santa Catarina, Nova
Teutonia (35).
(G.) viridirufa Walker, 1851. Pará (81).
(G.) vulnerata Walker, 1858. Brasil (18,19,81).
(Marganalana) acuta Delong & Freytag, 1964. Rio Grande do Sul
(19).
(M.) aneta Delong & Freytag, 1975. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (31).
(M.) approximata Spangberg, 1883. Brasil (19,81).
(M.) aurifascia (Walker, 1858). Brasil (19).
(M.) aurulenta (Fabricius, 1803). Rio de Janeiro (81).
(M.) bigemmis Spangberg, 1878. Rio de Janeiro (19, 81).
. (M.) brachycephala Spangberg, 1878. Bahia (81).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 47
99909999 9000 mmnmmmman m mm 90999 m m man aan
. (M.) bulbosa Delong & Freytag, 1964. Para (19).
. (M.) candela Delong & Freytag, 1964. Mato Grosso, Rondonia, Porto
Velho (19).
(M.) chalcopetera Burmeister, 1839. Brasil (19). Rio de Janeiro (81).
(M.) concolor Spangberg, 1878. Rio de Janeiro (19).
(M.) cornica Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina, Nova Teutonia
(19).
(M.) costana Delong & Freytag, 1975. São Paulo, Ribeirão Pires
(31).
(M.) cruzana Osborn, 1938. São Paulo, giesta (106). Rio Grande do
Sul (81), Cruz Alta (19).
. (M.) culta Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina (19).
(M.) discicollis Stal, 1862. Brasil (19). Rio de Janeiro (81).
(M.) equestris (Fabricius, 1803). Brasil (18).
(M.) evadera Delong & Freytag, 1975. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (31).
(M.) fastuosa Spangberg, 1881. Brasil (19,81).
(M.) fissura Delong & Freytag, 1964. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (19).
(M.) fulvotincta Osborn, 1938. Mato Grosso do Sul, Corumbá, Santa
Catarina, Nova Teutonia, Rio Grande do Sul (19).
(M.) hyalina Osborn, 1938. Brasil (81). Para, Santarém (19).
(M.) inornata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81).
(M.) insignis Spangberg, 1883. Brasil (19,81).
(M.) lingua Delong & Freytag, 1964. Para, Óbidos (19).
(M.) lita Delong & Freytag, 1964. Rio Grande do Sul (19).
(M.) liturata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81).
(M.) nexa Delong & Freytag, 1975. Santa Catarina, Corupá (31).
(M.) nigronervosa Stal, 1854. Minas Gerais (19,81). Rio de Janeiro
(81). Santa Catarina, Corupá (19).
(M.) nigroterminata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81).
(M.) odora Delong & Freytag, 1975. São Paulo (31).
(M.) pectinata Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina, Corupá (19).
(M.) pudica Spangberg, 1881. Brasil (19,81).
(M.) punctigera Stal, 1862. Brasil (19). Rio de Janeiro (81).
(M.) pulchella Osborn, 1938. Brasil (19).
(M.) reticulata Walker, 1851. Bahia (19,81).
(M.) sanguineosparsa Stal, 1854. Brasil (19,81).
(M.) simulans Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81).
(M.) smaragdula Walker, 1851. Brasil (19,81).
(M.) testacea (Metcalf, 1949). Brasil (81).
(M.) turpis Spangberg, 1881. Bahia (19,81).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
48 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Espécies não localizadas genericamente
DeLONG & FREYTAG (1964) em seu trabalho revisivo do gênero Gy-
pona não conseguiram localizar 6 espécies e por suas descrições originais
não foi possivel identifica-las especificamente.
Gypona albidosparsa Stal, 1854. Brasil (81).
Gypona crassa Spangberg, 1881. Bahia (81).
Gypona fusiformis Walker, 1858. Brasil (81).
Gypona marginata Fabricius, 1787. Brasil (81).
Gypona pallens Burmeister, 1839. Brasil (81).
Gypona prasina Burmeister, 1839, Brasil (81).
Gyponana Ball, 1920
G. (Gyponana) flavilineata (Fitch, 1851). Brasil (81).
Hecalapona Delong & Freytag, 1975
. (Nulapona) quina Delong & Freytag, 1975. Minas Gerais, Viçosa,
Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca) (32).
. (Carapona) ferosa Delong & Freytag, 1975. Rio de Janeiro, Angra
dos Reis , Jussaral (32).
. (C.) vittulata (Stal, 1854). Rio de Janeiro (32,81).
mom nm
Polana Delong, 1942
(Bohemanella) bohemani (Stal, 1864). Distrito Federal, Brasília (27).
(B.) chifama Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Tapirapé (27).
(Bulbusana) laca Delong & Freytag, 1972. Amapá, (rio Anocohi)
(27).
(B.) obtecta Delong & Freytag, 1972. Amazonas, Manaus (27).
(B.) pendula Delong & Freytag, 1972. Distrito Federal, Brasília (27).
(Polana) alitera Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães, Rondônia, Porto Velho (27). _
(P.) flectara Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães, Mato Grosso do Sul, Campo Grande (27).
(P.) lanara Delong & Freytag, 1972. Para, Óbidos, Santarém (27).
(P.) spindella Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Corupá (27).
(Parvulana) alata Delong & Freytag, 1972. Brasil (27).
(P.) bidens Delong & Freytag, 1972. Rio de Janeiro, Angra dos Reis,
Jussaral (27).
(P.) pandara Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Corupá (27).
(P.) tulara Delong & Freytag, 1972. Espirito Santo, Santa Catarina,
Corupá, Rio Grande do Sul nt ).
(Nihilana) agrilia Delong & Freytag, 1972. Minas Gerais, Pouso
Alegre, Mato Grosso do Sul, Corumbá (27).
VU DON UNINDO DUV UT U
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 49
VUVNUT U UI 0
(N.) bena Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos
Guimaräes (27).
(N.) nisa Delong & Freytag, 1972. Alagoas, Mangabeira (27).
(N.) scina Delong & Freytag, 1972. Roraima, Sumuru (27).
(Polanana) macuella Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada
(27).
(P.) parvula Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia
(27):
(P.) sereta Delong & Freytag, 1972. Amapa, (rio Felicio) (27).
(P.) truncata Delong & Freytag, 1972. Goiás, Dianópolis (27).
(P.) venosa (Stal, 1854). Minas Gerais (27,81).
(Polanella) cupida Delong & Freytag, 1972. Rio Grande do Sul (27).
(P.) randa Delong & Freytag, 1972. Minas Gerais, Vicosa, Santa
Catarina, Nova Teutonia (27).
Espécies não localizadas
DeLONG & FREYTAG (1972) em seu trabalho revisivo do gênero
Polana não posicionaram 3 espécies em nenhum subgênero visto que as
descrições foram baseadas em exemplares fêmeas ou sem abdômen.
Polana nebulosa (Stal, 1862). Brasil (27). Rio de Janeiro (81).
P. quadripunctata (Stal, 1862). Brasil (27). Rio de Janeiro (81).
P. praeusta (Stal, 1854). Brasil (27).
Ponanella Delong & Freytag, 1969
P. ena Delong & Freytag, 1969. Santa Catarina, Hansa Humboldt
U
U tu tu u tu
(atualmente Corupa) (23).
. santara Delong & Freytag, 1969. Para, Santarem (23).
Prairiana Ball, 1920
. histrio (Burmeister, 1839). Minas Gerais (81).
. interspersa (Stal, 1854). Rio de Janeiro (81).
. moesta (Spangberg, 1878). Bahia (81).
. robusta Osborn, 1938. Brasil (81).
. sordida (Stal, 1854). Minas Gerais, Rio de Janeiro (81).
Proxima Delong & Freytag, 1975
ocellata Delong & Freytag, 1975. Espirito Santo, Tijuco Presto (29).
Regalana Delong & Freytag, 1975
. corona Delong & Freytag, 1975. Minas Gerais, Vicosa (30).
Reticana Delong & Freytag, 1964
. lineata (Burmeister, 1839). Brasil (19).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
&
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
AA sei fo BESTE BL
pa
(94)
EEN
nt QU Un inAtntn nata U intnntn intntnta
Rhogosana Osborn, 1938
. brasilia Delong, 1975. Minas Gerais, Viçosa (16).
Scaris Le Peletier & Serville, 1825
. alboguttata (Spangberg, 1878). Brasil (22).
. bicolorata (Osborn, 1938). Para, Rocana (22).
. bipunctata (Walker, 1858). Rio de Janeiro (22).
callida (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (22).
decorata (Fowler, 1903). Pará, Rocana (18).
. ferruginea (Fabricius, 1803). Rio de Janeiro (81).
. grossa (Osbom, 1938). Brasil (22).
. ingula (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Pará, Santarém, Ta-
perimbó (22).
lecta (Delong & Freytag, 1969). Pará, Marituba, Santa Isabel do
Para (22).
. lira (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Caunma, Olivença (22).
. marita (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Chapada dos
Guimaräes, Rio de Janeiro (22).
multilinea Walker, 1858. Brasil (81).
picea Walker, 1851. Brasil (22).
pubescens (Delong & Freytag, 1969). Para, Belém, Amazonas (rio
Solimöes) (22).
punctata Blanchard, 1840. Brasil (81).
sida (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Rondônia, Porto Velho
(22).
. setosa (Delong & Freytag, 1969). Para, Santarém, Amazonas, Ta-
perimbó (22).
. setigera (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Manaus (22).
. sulfurea (Osborn, 1938). Brasil (22).
. xantha (Delong & Freytag, 1969). Ceará, Pará, Fordlandia (rio
Tapajós) (22).
Sulcana Delong & Freytag, 1966
. brevis Delong & Freytag, 1966. Mato Grosso, Chapada dos Gui-
marães (21).
. carinata Delong & Freytag, 1966. Mato Grosso, Chapada dos
Guimarães (21).
Subfamília IASSINA E
Bythonia Oman, 1938
. rugosa (Osborn, 1923). Brasil (87).
Tassus Fabricius, 1803
liber (Walker, 1858). Para (87).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 51
ern
nun "q
nun
nigrifrons (Osborn, 1924). Minas Gerais (87).
pallidus (Osborn, 1924). Brasil (87).
smithii (Baker, 1900). Bahia (87).
sordidus (Baker, 1900). Bahia (87).
stramineus (Baker, 1900). Minas Gerais (87).
Pachyopsis Uhler, 1877
. similis Kramer, 1963. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (53).
Scaroidana Osborn, 1938
. flavida Osborn, 1938. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (53).
. fulvula Osborn, 1938. Brasil (81) Pará (53).
Stragania Stal, 1866
. divisa (Stal, 1862). Rio de Janeiro (87).
. ornatula (Stal, 1862). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (87).
Espirito Santo (69). Rio de Janeiro (87).
S. pallescens (Stal, 1862). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães, Rio
N
fee nt BE ES E Fe ES o
de Janeiro (87).
Subfamilia IDIOCERINAE
Adiaerotoma Spinola, 1850
. eupelicoides Spinola, 1850. Brasil (88).
Aglenita Spinola, 1850
. bipunctata Spinola, 1850. Brasil (88).
Chunroides Evans, 1947
. patulus (Walker, 1853). Pará, Santarém (45).
Idiocerus Lewis, 1834
albicollis Osborn, 1924. Minas Gerais (88).
areatus Osborn, 1923. Minas Gerais (88).
bakeri Metcalf, 1955. Brasil (88).
braziliensis (Stal, 1862). Rio de Janeiro (88).
breviatus Osborn, 1924. Minas Gerais (88).
eburneomaculatus Osborn, 1924. Brasil (88).
figuratus Osborn, 1924. Minas Gerais (88).
flavidus Osborn, 1923. Brasil (88).
fulvus Osborn, 1923. Minas Gerais (88).
hyalinus Osborn, 1923. Brasil (88).
intricatus Osborn, 1923. Minas Gerais (88).
maculifrons Osborn, 1923. Brasil (88).
minutus Osborn, 1923. Minas Gerais (88).
occipitalis Osborn, 1924. Pará (88).
ocellatus Osborn, 1923. Brasil (88).
osborni (Osbom, 1923). Brasil (88).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
52 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
principensis Osborn, 1924. Brasil (88).
quadrangularis Osborn, 1923. Brasil (88)..
rubricosta Linnavuori, 1956. Rio Grande (sic) (69).
teutoniae Linnavuori, 1956. Santa Catarina, Nova Teutonia (69).
tumidulus Osborn, 1923. Minas Gerais (88).
unicolor (Stal, 1860). Brasil (66).
viridicatus Osborn, 1923. Brasil (88).
vittatus Osborn, 1924. Brasil (88).
a a a Pa]
Subfamilia LEDRINAE
Clinonana Osborn, 1938
. impensa Kramer, 1966. Brasil (58).
. mirabilis (Spangberg, 1878). Para, Santarém (58).
Platyhynna Berg, 1884
P. bdellostoma (Berg, 1879). Santa Catarina (58).
Proranus Spinola, 1850
P. adspersipennis Stal, 1862. Para, Santarém (58). Bahia, Ilhéus, car-
rapicho beiço-de-boi, jetirana, kudzu tropical (*). Mato Grosso,
Chapada dos Guimaräes, Rio de Janeiro, Parana, Londrina, Santa
Catarina, Nova Teutonia (58).
P. ghilianii Spinola, 1850. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes,
Minas Gerais, Vicosa, Mato Grosso do Sul, Corumba (58).
. infractus Kramer, 1966. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (58).
Xedreota Kramer, 1966
. tuberculata (Osborn, 1938). Para, Santarém (58).
Xerophloea Germar, 1839
. viridis (Fabricius, 1794). Brasil (92,96). Bahia, Teixeira de Freitas,
capim-de-burro (*). Minas Gerais, Rio de Janeiro, batata doce,
batatinha, orö, tomateiro, Solanum flagellare (106). Espirito Santo
(69). São Paulo, Botucatu, alface, erva de São João, guanxuma,
Piracaia, pangola D (*). Rio Grande do Sul, Solanum flagellare (3),
Guaiba, Viamão (*). Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69).
NN
ao)
o
Subfamília MACROPSINAE
Neopsis Oman, 1938
N. elegans (Van Duzee, 1907). Brasil (85). São Paulo (69).
Nionia Ball, 1915
N. postica (Stal, 1862). Rio de Janeiro (85). Santa Catarina, Nova
Teutonia (69).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 53
Subfamilia NEOBALIINAE
Calliscarta Stal, 1869
C. fasciata (Osborn, 1929). São Paulo, Pörto Epitácio (71,91). Santa
Catarina, Nova Teutonia (71). Santa Cruz (sic) (71).
C. magna (Osborn, 1923). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (rio
Guaporé) (71,73,88).
Conala Oman, 1936
C. corumbana Kramer, 1963. Mato Grosso do Sul, Corumbá (54).
C. fasciata (Osborn, 1923). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (71).
C. tijucata Kramer, 1963. Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca) (54).
Exolidia Osborn, 1923
E. picta Osborn, 1923. Brasil (88). Rondônia, Forte Principe (rio
Guaporé) (71,100).
Neobala Oman, 1936
N. guaporensis Oman, 1936. Rondônia, Santo Antonio de Guaporé
(66,71).
N. pallida (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(66,71).
N. permuta Kramer, 1963. Rio de Janeiro (54).
N. quadrimaculata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
marães (71).
N. quinquemaculata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Gui-
marães (71).
Rhobala Kramer, 1963
R. lemur Kramer, 1963. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (54).
Subfamília NEOCOELIDIINAE
N Biza Walker, 1858
B. chinai Kramer, 1962. Para (51).
B. crocea Walker, 1858. Brasil (83). Para, Villa Nova (51).
Chinaia Bruner & Metcalf, 1934
C. serrata Linnavuori, 1965. Brasil (72).
C. smithii (Baker, 1898). Brasil (48,49,83).
Coelidiana Oman, 1938
C. bimaculata (Baker, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes
(15).
C. brasiliensis Linnavuori, 1965. Brasil (72).
C. croceata (Osborn, 1923). Brasil (56). Bahia (83), Barra, Cachoeira
(100). São Paulo (83), Santos (100).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
54 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
8-99
. modesta (Baker, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (15).
. rubrolineata (Baker, 1898). Brasil (56). Mato Grosso (83), Chapada
dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (15).
. spina Delorg, 1953. São Paulo (15,83).
| undata Linnavuori, 1956. Brasil (48). Santa Catarina, Nova Teutonia
(49,69).
Megacoelidia Kramer & Linnavuori, 1959
spendida Kramer & Linnavuori, 1959. Brasil (56). Amazonas, Boa
Esperanca, Capacetes, Säo Paulo de Olivenca, Tabatinga (63), Es-
peranca (50).
Tozzita Kramer, 1964
. petulans Kramer, 1967. Mato Grosso (rio Caraguata) (59).
Xenocoelidia Kramer, 1959
. inflata (Osborn, 1923). Brasil (56). Rondônia, S. Antonio de Guaporé
(rio Guaporé) (100).
Xigilliba Kramer, 1964
. bellator Kramer, 1964. Para, Itaituba (56).
Subfamília NIRVANINAE
Jassosqualus Kramer, 1964
smithii (Baker, 1897). Pará, Benevides, Rio de Janeiro (57).
Krocobella Kramer, 1964
K. colotes Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (57).
99
A.
Neonirvana Oman, 1936
. hyalina Oman, 1936. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (57).
Subfamília PHEREURHININAE
Dayoungia Kramer, 1976
. metron Kramer, 1976. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (62).
. virescens Kramer, 1976. Rio de Janeiro (Corcovado) (62).
Phereurhinus Jacobi, 1905
. enteon Kramer, 1976. Pará, Itaituba (62).
Subfamília TYPHLOCYBINAE
Tribo ALEBRINI
Abrela Young, 1957
robusta (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelídeos... 65
A.
A.
&
Se O o
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U U
Nx ii ii mi nã nt b
Albera Young, 1957
picea (Osborn, 1928). Rondônia, Forte Principe (rio Guaporé): (112).
Aphanalebra McAtee, 1926
unipuncta (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112).
Balera Young, 1952
. caraguatae Young, 1957. Mato Grosso (rio Caraguata) (112).
Blarea Young, 1957
. brasiliensis Young, 1957. Rio de Janeiro, Rezende (112).
Brunerella Young, 1952
flavonigra (Stal, 1862). Brasil (66). Rio de Janeiro (90).
Elabra Young, 1952
parallela (Osborn, 1928). Mato Grosso (rio Caraguata) (112).
parana (Osborn, 1928). Para (112).
Habralebra Young, 1952
. amonea (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112).
bifasciata (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112), Minas Gerais, Bahia (90).
cruciata Young, 1957. São Paulo, Campinas (112).
gillettei Young, 1957. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (rio
Caraguata), São Paulo, Campinas (112).
. trimaculata (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112).
. willinki Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112).
Lallebra McAtee, 1926
. minettae (Baker, 1899). Brasil (110). Minas Gerais (90).
Omegalebra Young, 1957
. barbata Young, 1957. São Paulo, Campinas, Santa Catarina, Nova
Teutonia (112).
. matogrossana Young, 1957). (Mato Grosso (rio Caraguatá), São Paulo
(112).
. ogloblini Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112).
. vexillifera (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112).
Osbornulus Young, 1957
. quadrifasciatus (Osborn, 1928). Mato Grosso (rio Caraguata) (112).
Paralebra McAtee, 1926
. ninettae (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112).
. similis (Baker, 1899). Mato Grosso do Sul, Corumbá (112).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
56 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
P. singularis (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112).
Protalebra Baker, 1899
P. clitellaria Osborn, 1928. Brasil (90).
P. curvilinea (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães
(112). Minas Gerais (90).
P. lenticula Osborn, 1929. Brasil (90).
P. picea Osborn, 1928. Brasil (90).
P. sublunata (Osborn, 1928). Brasil (90).
P. vexillifera Baker, 1899. Minas Gerais (90).
Protalebrella Young, 1952
P. brasiliensis (Baker, 1899). Para, Belém (112). Bahia (90), Ilhéus, es-
tilosantes A, soja perene (*). Mato Grosso (90), Chapada dos Gui-
maräes (rio Caraguata) (112). Minas Gerais (90). Rio de Janeiro,
Niterói Rezende (112). São Paulo, batata doce (106), pangola E (*),
Campinas (112), Araras, Mococa, pangola D, Botucatu, alface (*).
Santa Catarina, Nova Teutonia (112). Rio Grande do Sul, Porto
Alegre (*).
P. iris Young, 1957. Mato Grosso (rio Caraguata) (112).
P. parana Young, 1957. Pará, Jabaty (112).
P. terminata (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (rio
Caraguata), São Paulo, Campinas (112).
Rabela Young, 1952
R. australis Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112).
Rhabdotalebra Young, 1952
. brunnea colorata Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112).
. hambletoni Young, 1957. São Paulo (112).
. ornata Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112).
VV
Espécies de Posição Incerta
Protalebra clitellaria Osborn, 1928. Mato Grosso (112).
Protalebra sublunata Osborn, 1928. Rondônia, Forte Principe (rio
Guaporé) (112).
Tribo DIKRANEURINI
Buritia Young, 1952
B. lepida (McAtee, 1926). Mato Grosso, Buriti, Chapada (110).
Dikrella Oman, 1949
D. (Dikrella) albonasa (McAtee, 1926). Brasil (90).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 57
U "U
achas Ba ES uslasias Pino fine]
Neodikrella Young, 1952
. disconotata (Osborn, 1928). Bahia (90).
Parallaxis McAtee, 1926
. beata McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada (67). Minas Gerais (90).
. donaldsoni (Baker, 1903). Bahia, Ilheus, calopogönio, gaton-panic,
soja perene, Teixeira de Freitas, calopogönio, carrapicho beiço-de-boi,
estilosantes B, guandu, kudzu tropical, jetirana, pangola B, pangola
C, soja perene (*). Mato Grosso do Sul, Corumbá (67). São Paulo,
pangola E (*), Araras, Mococa, Itapetininga, pangola D (*), Cam-
pinas, grama, verbena (106).
. permunda (Stal, 1862). Brasil (66,67). Rio de Janeiro (90).
. respersa McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (67).
respersa decrepita McAtee, 1926. Goiás, Mato Grosso (90).
respersa respersa McAtee, 1926. Brasil (90).
. tessellata McAtee, 1926. Mato Grosso (90), Chapada dos Guimarães,
Mato Grosso do Sul, Corumbá (67). Minas Gerais (90).
. tessellata mendica McAtee, 1926. Rio de Janeiro (90).
. tessellata tessellata McAtee, 1926. Brasil (90).
. vacillans McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (90).
Mato Grosso do Sul, Corumba (67). Minas Gerais, Santa Catarina
(90).
Tribo TYPHLOCYBINI
Empoasca Walsh, 1862
. curveola Oman, 1936. Säo Paulo, batatinha (106).
. decorata Osborn, 1924. Brasil (90).
. fabalis Delong, 1930. Brasil (64,90), batata doce (46). Säo Paulo,
batatinha, batata doce (106).
flavescens (Fabricius, 1794). Brasil (90).
fontesi Young, 1956. Bahia (111).
gossypii Delong, 1932. Pernambuco, Paraiba, algodoeiro (106).
Minas Gerais (90).
kraemeri Ross e Moore, 1957. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Rio Grande do Sul, alface, batatinha, feijoeiro, soja, toma-
teiro, (106). São Paulo, amendoim, ervilha, fava, feijoeiro (46).
. perelegans Oman, 1936. Minas Gerais (90).
picta Osborn, 1924. Para (90).
. plebeia Delong, & Davidson, 1935. Säo Paulo, algodoeiro, batatinha
(106).
prona Davidson & Delong, 1940. Brasil (90).
sativae Poos, 1933. Brasil (90).
. serigera Oman, 1936. Brasil (90).
. tergata (McAtee, 1926). Brasil (90).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
58
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de.
Observação
A espécie Empoasca fabae (Harris, 1841) é descrita erroneamente para o
Brasil e Rio Grande do Sul (3,4,90).
E.
E oe | Sn
2
x
DS
[e Teo:
x
P.
P.
P.
Eualebra Baker, 1899
rufoornata (Stal, 1862). Brasil (66). Rio de Janeiro (90).
Joruma McAtee, 1924
(Joruma) albifrons McAtee, 1926. Brasil (90).
(J.) ascripta McAtee, 1926. Brasil (90).
(J.) aurata McAtee, 1926. Brasil (90).
(J.) cingulata McAtee, 1926. Brasil (90).
(J.) ebria McAtee, 1926. Brasil (90).
(J.) proxima McAtee, 1926. Brasil (90).
(Jorumidia) curvata Osborn, 1928. Brasil (90).
Neojoruma Young, 1952
. adusta (McAtee, 1924). Brasil (90,110).
Subfamilia XESTOCEPHALINAE
Tribo XESTOCEPHALINI
Xestocephalus Van Duzee, 1892
. ancorifer Linnavuori, 1959. Pará, Santarém, Mato Grosso do Sul,
Corumba (71). Santa Catarina, Nova Teutonia (71,89). Rio Grande
Csic](71). i
. desertorum (Berg, 1879). Para, Santarém, Taperinha (71). São Paulo,
Piracaia, pangola D (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71) Rio
Grande do Sul (68,71).
. desertorum brunneus Van Duzee, 1907. Rio Grande do Sul (68).
. desertorum provancheri Knull, 1944. Rio Grande [sic )(71,89).
. immaculatus Linnavuori, 1959. Espirito Santo, Santa Catarina, Nova
Teutonia (71,89).
. irroratus Osborn, 1924. Pará (71,89,101). Espirito Santo (69,71,89).
Rio de Janeiro (67,71). São Paulo, Piracaia, pangola D (*). Santa
Catarina, Nova Teutonia (71,89). Rio Grande do Sul (71). Rio Gran-
de (sic) (68,69,89).
. quadripunctatus Linnavuori, 1955. Rio Grande Csic) (68,71,89).
Tribo PORTANINI
Portanus Ball, 1932
corumba Linnavuori, 1959. Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71).
hasemani (Baker, 1923). Bahia (71,89,100). Rondônia, Forte Principe
(rio Guaporé) (71,89,100).
spiniloba Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
Lista preliminar dos cicadelideos... 59
alface
algodoeiro
aroeira-do-campo
arroz
batata
batata doce
braquiária
calopogônio
cana-de-açúcar
capim barba-de-bode
capim buffel
capim de-burro
capim colonião
capim comprido
capim cuiabano
capim elefante
capim estrela
capim gordura
capim jaraguá
capim marmelada
capim pé-de-galinha
capim quicúio
capim de-rhodes
capim sete-léguas
carrapicho beiço-de-boi
cenoura
chicoria A
chicoria B
erva-de-São João
estilosantes A
estilosantes B
feijão
fumo
gaton-panic
girassol
grama batatais
grama seda
green-panic
guandu
guanxuma
hematria
jiló
kudzu tropical
mamoneira
mata cavalo
menta
milho
morango
pangola A
APÊNDICE
Lactuca sativa L.
Gossypum hirsutum L.
Schinus terebinthifolius Raddi
Oryza sativa L.
Solanum tuberosum L.
Ipomoea batatas Lam.
Brachiaria decumbens Stapf.
Calopogonium muconoides Desv.
Saccharum officinarum L.
Aristida pallens Cav.
Cenchrus ciliaris L. cv. Biloela
Cynodon dactylon Pers. cv. Licia
Panicum maximum Jacg. cv. Colonião
Andropogon minarum Kunth.
Paspalum plicatulum Michx.
Pennisetum purpureum Pers.) Schum.
Cynodon plectostachyum Pielger
Melinis minutiflora Beauv.
Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf.
Brachiaria plantaginea (Limk) Hitch
Eleusine tristachya (Lam.) Kunth
Pennisetum clandestinum Hochst
Chloris gayana Kunth
Brachiaria sp.
Desmodium intortum Urb.
Daucus carota L.
Cichorium intybus L.
Cichorium endivia L.
Ageratum conyzoides L.
Stylosanthes guyanensis Sw. cv. Cook
Stylosanthes guyanensis Sw. cv. Schofield
Phaseolus vulgaris L.
Nicotina tabacum L.
Panicum maximum Jacq. cv. Gaton Panic
Helianthus annus L.
Paspalum notatum Flügge
Cynodon dactylon (L.) Pers.
Panicum maximum Jacg. cv: Green Panic
Cajanus cajan (L.) Mill.
Sida rhombifolia L.
Hemathria altissima (Poir.) Staff & C.E. Hubbard
Centrosema pubescens Benth.
Solanum gilo
Pueraria phaseoloides Benth.
Ricinus communis L.
Solanum ciliatum Lam.
Mentha sp.
Zea mays L.
Fragaria sp
Digitaria swazilandensis Stent
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982
pangola B Digitaria decumbens Stent cv.Transvala
pangola C Digitaria setivalva Stent
pangola D Digitaria 'decubens Stent
pangola E Digitaria sp.
pangolão Digitaria unfolosi
pimentão Capsicum annum L.
setäria nandi Setaria anceps cv. Nandi
soja Glycine max Merr.
soje perene Glycine wightii (Wir.Grah ex Wight & And. Arn.) Verd. Court.
tomateiro Lycopersicum esculentum Mill.
trigo Triticum aestivum L.
REFERENCIAS BIBLIOGRÄFICAS
BAKER, C.F. 1898. Notes on Chlorotettix with some new species. Can. Ent., Guelph,
30:219-20.
BENNET, C.W. & COSTA, A.S. 1949.. The brazilian curly top of tomato and tobacco
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BERTELS, A. 1962.. Insetos-höspedes de solanáceas. Iheringia. Ser. Zool, Porto
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BERTELS, A. & BAUCKE, O. 1966. Segunda relação das pragas das plantas cultivadas
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MN
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Descrição de dois espécimens bicéfalos de Liophis miliaris (L.,
1758) (Serpentes, Colubridae).*
Thales de Lema**
RESUMO
Descrevem-se dois espécimens bicéfalos da serpente Liophis miliaris (L., 1758), en-
contrados no Rio Grande do Sul, Brasil. Possuem dois tipos de bicefalia: o primeiro do
tipo criptoderódimo iniódimo (classificação de BELLUOMINI, 1965) e o segundo é do
tipo opódimo (classificação de NAKAMURA, 1938). É feita adaptação da classificação
das duplicações axiais em serpentes e a resenha dos espécimens com duplicações axiais
anteriores de serpentes até agora encontrados na América do Sul.
ABSTRACT
Two bicephalous specimens of Liophis miliaris (L.,1758), a common swamp-snake of
South America, are described. They are captured in Rio Grande do Sul State, Southern
Brazil, and they present two types of bicephaly: one is a cryptoderodymous iniodimus by
BELLUOMINI classification (1965), and the other is an opodymous by NAKAMURA
classification (1938). A modified classification of double monsters is offered as well as an
account of South American specimens with axial bifurcation found at present.
INTRODUÇÃO
A literatura sobre duplicações axiais em serpentes até cerca de
1931 foi revisada por CUNNINGHAM (1937). Os espécimens ocorrentes
na América do Sul até 1945 foram citados por PRADO (1946) e o ma-
terial depositado nas coleções de São Paulo, Brasil foi reexaminado por
BELLUOMINI (1965).
Das classificações antigas sobre monstruosidades em vertebrados,
destaca-se a de GEOFROY-St. HILAIRE (1836), especifica para ma-
miferos e da qual NAKAMURA (1938) tirou elementos para tipos de
bicefalia em serpentes e que vem sendo seguida internacionalmente.
BELLUOMINI (op.cit) ampliou a classificação de NAKAMURA para
casos de derodimia.
® Aceito para publicação em 19.1.1982. Contribuição FZB-RS nº 250.
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
Bolsista do CNPq (Proc. 1111-6090/76), Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
68 LEMA, T. de.
Sobre a gênese formal das duplicações não se tem ainda, uma ex-
plicação definitiva. No Brasil apenas dois autores tecem comentários
mais explicitados: VANZOLINI (1947) e CUNHA (1968).
Sobre a anatomia das serpentes bicéfalas poucos autores a fizeram,
geralmente porque o material é delicado demais, são recém-nascidos, ou
estão mal-conservados os exemplares. O maior problema com os exem-
plares bicéfalos doados às instituições científicas é que já vêm conser-
vados em álcool ou descalcificados pelo formol, dificultando, inclusive a
radiografia. No Brasil, apenas CUNHA (op.cit) fez a descrição anatô-
mica completa. Na Argentina, ASTORT (1981) descreveu a anatomia de
um bicéfalo.
Para o Rio Grande do Sul, LEMA (1957, 1958, 1961) descreveu
três espécimens bicéfalos de serpentes, sendo um deles da espécie
Liophis miliaris.
Neste trabalho são descritos mais dois espécimens de L. a
com bicefalia, sendo o primeiro baseado em fotos e radiografias cedidas
pelo Prof. Rudolf Gliesch e o segundo com base em especimen da coleção
herpetolögica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica
do Rio Grande do Sul (MCN).
DESCRIÇÃO DOS ESPECIMENS
1. Especimen com 230mm de comprimento total, portanto com
muitos dias de vida, capturado na Agronomia, município de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, em abril de 1930, por Rudolf Gliesch. O
exemplar foi perdido mas foi possível estuda-lo através de 10 fotos e 5
radiografias, mandadas fazer por Gliesch; as radiografias são do es-
pécimen inteiro ou somente da parte anterior.
As fotos mostram claramente o padrão cromático dos jovens muito
novos dessa espécie (Fig. 1) e que se caracteriza pela presença de man-
chas pretas dorsais, desenho da cabeça e colares preto e creme nucais e
que, no material do Rio Grande do Sul, desaparecem totalmente na for-
ma adulta, tendendo a melanina à periferia dos escudos e escamas
(reticulado).
A bifurcação externa dá-se ao nível dos últimos supralabiais, fican-
do o colar nucal preto, bem como o colar contiguo, continuos nos bois
pescoços e que são cobertos pela pele sem sulcos ou pregueamentos.
Pelas radiografias vê-se que há dois crânios independentes com
duas curtas colunas vertebrais (Fig. 2). Pode-se observar com o auxilio
do microscópio estereoscópico sete vértebras completas e isoladas, entre
a oitava à décima vértebras de cada coluna há peças ósseas segmentárias
como prolongamentos laterais vertebrais, mas de menor altura que as
vértebras. As vértebras XI e XII são duplas, da XIII em diante são
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
Descrição de dois espécimes... 69
únicas, desaparecendo a bifurcação. Na X vértebra a peça intermediária
supra citada estã quase fusionada com as vértebras.
As cabeças apresentam uma torção, dificil de medir pelo material
gráfico disponível, mas sendo possivel estima-la em 70º mediante o
traçado de retas tangentes à inclinação das duas cabeças. A coluna ver-
tebral direita afasta-se da esquerda em cerca de 20º, sendo que a esquer-
da segue o alinhamento geral da coluna vertebral única, logo, as duas
cabeças estão em posição assimétrica.
As medidas aferiveis são: comprimento total 231mm, comprimento
tronco + cauda 220mm; comprimento das duas cabeças pelos lados ex-
ternos — direita 13,5mm, esquerda 13,5mm — pelos lados internos, do
ponto de junção até a tangente aos focinhos — direita Ilmm, esquerda
10mm; largura das cabeças ao nível das narinas 14,5mm, ao nível dos
escudos parietais 16mm; maior largura cervical 1lImm. O material ra-
diográfico forneceu: o comprimento de cada crânio 8mm; a largura de
cada crânio ao nivel dos ossos parietais 4mm; largura total dos crânios
ao nível dos ossos nasais 10,2mm, ao nível dos ossos parietais 9,7mm;
comprimento de cada coluna vertebral livre 4mm; comprimento do
trecho fusionado das colunas vertebrais 4mm; comprimento total de cada
coluna (parte livre + fusionada) 8mm; maior largura da coluna na por-
ção fusionada 2,5mm; largura de cada coluna livre 1,3mm.
De acordo com a classificação de NAKAMURA (1938) o presente
espécimen é um Teratodymus derodymus; pela classificação de BEL-
LUOMINI (1965) éum Crypto-derodymus iniodimi.
2. MCN 7782 — Filhote retirado vivo de dentro de ovo que con-
tinha outro exemplar mas normal. O ovo foi encontrado isolado sobre a
grama em local próximo a grande banhado, lado oposto da rodovia, ao
sul da Praia Mariluz, municipio de Tramandaí, Rio Grande do Sul, em
18.X.67. por G. Husman. O doador não fixou o espécimen que se
apresenta um pouco desidratado e descalcificado (Fig. 3-4).
A folidose mostra grande assimetria cefálica principalmente na face
ventral. Escamas dorsais 24 (aproximadamente) no pescoço, 17 no meio
do tronco e 15 na zona pré-anal. Pescoço muito largo na região da
duplicação. Escamas ventrais 134, sulcadas medianamente em toda a
extensão do animal, sendo muito largas inicialmente; vestígio umbilical
presente sob forma de fino filamento que se insere nas ventrais 95 e 96,
que são partidas; anal partida; subcaudais 46 nos dois lados; escudo ter-
minal normal; supralabiais 8 nos lados externos e 5 nos internos; os
primeiros supralabiais são muito baixos e elevam-se para trás, onde são
muito maiores, sendo o maior de todos o VII que tem a forma de tra-
pézio invertido; a fusão das cabeças dá-se no V supralabial, que é gran-
de, em cada lado; ha dois escudetes sob os olhos internos anteriores aos
mesmos, ficando o IV supralabial muito pequeno e baixo de cada lado.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
TO: LEMA, T. de. .
Os seguintes escudos são normais e pares: pré-oculares 1, postoculares
2, loreais 1, internasais 1, pré-frontais 1, supraoculares 1, frontais 1:
nasais partidos, normais; rostrais muito baixos e largos visíveis de cima
porque os focinhos são conspicuamente arredondados e convexos. A
fusão das cabeças dá-se ao nivel dos parietais ocorrendo apenas os
parietais externos pois, os internos, estão fusionados em grande escudo
poligonal em forma de V, com vértice no centro elevado da bifurcação,
invadindo a área dos temporais; desses ha apenas vestígios nas margens
inferior e posterior direita da cabeça esquerda; na cabeça direita não há
escudos temporais, nem vestígios, e a fórmula desses escudos é 1/0 na
cabeça direita e na cabeça esquerda é: vestígio /1-1, sendo o anterior
semelhante a um ázigo pequeno. Escudos nucais marginam parietais
posteriormente tocando no occipital muito grande, que é transversal en-
tre as duas cabeças e de forma poligonal, muito diferente das escamas
dorsais (Fig. 5). A zona gular possui escutelação completamente alterada
pela torsäo das mandíbulas para fora; os infralabiais marginam a domis-
sura bucal das faces internas às duas cabeças e apresentam muitas sub-
divisões resultando diversos escudetes diminutos, que isolam os sinfisais
da comissura; é possível contar cerca de 9/7 infralabiais na cabeça di-
reita e 5/10 na esquerda, contando-se apenas os maiores. Os mentais são
muito alongados e se continuam de um lado para o outro, havendo um
mental mediano curvo entre as cabeças; os escudos gulares e mento-
nianos estão curvados para fora e para trás, mais acentuadamente na
cabeça esquerda (Fig. 6).
As medidas aferidas são: comprimento cabeças, pelo lado externo
9mm, lado interno da direita ômm, lado interno da esquerda 4,5mm; lar-
gura de cada cabeça na altura das narinas 2mm; distância do ponto de
bifurcação à tangente aos focinhos 6mm; largura total das cabeças ao
nível das narinas Ilmm; largura das duas cabeças ao nível dos parietais
5,5mm; maior largura cervical ao nível do colar preto nucal 5,5mm;
comprimento do tronco 75mm; comprimento da cauda 2imm; compri-
mento total do animal 105mm.
As cabeças fusionam-se logo após os olhos internos e apresentam
uma torção de 20º, estando afastadas em um ângulo de 100º, com cur-
vatura para fora das mandíbulas. Ha uma gibosidade no centro da bifur-
cação cefálica, formando uma elevação cônica.
O exame radiográfico mostra só uma coluna vertebral que se ar-
ticula com os dois crânios, os quais estão fusionados por suas bases in-
ternas. A cabeça direita esta no alinhamento do tronco único e a esquer-
da insere-se na direita em ângulo de quase 90º; o crânio esquerdo é in-
completo pois sua porção occipital esta embutida no crânio direito. O
crânio direito é praticamente completo, não fosse a inserção látero-
posterior da outra cabeça; infelizmente o exemplar estã muito descal-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
aà mad em a ID
Descri de dois espécimes ... 71
cificado e as inümeras radiografias efetuadas näo permitem melhor
visualizacäo da ossatura craniana.
Conforme NAKAMURA (1938) este espécimen enquadra-se no
caso de Opodymus.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
O número de espécimens de serpentes encontrados portanto bifur-
cações é grande, sendo menor em Testudines e menor ainda em Sauria;
não conhecemos nenhum espécimen registrado de Crocodilia com bifur-
cação.
No Rio Grande do Sul somam-se a seis os espécimens encontrados
conforme relação que apresentamos mais adiante.
Analisando-se a ocorrência dessas anomalias do ponto de vista de
anos decorridos dos registros e da quantidade de exemplares que che-
garam aos institutos, o número de ocorrências é bastante baixo. Segun-
do BELLUOMINI et alii (1977) a taxa de monstros verificada no Ins-
tituto Butantan de São Paulo é de 1:100.000, conforme o registro da-
quela instituição, que recebe uma média de 250 exemplares de serpentes
por dia, segundo declarações do encarregado de recebimento, labora-
torista Pedro Vilella.
Muitos espécimens colecionados estão em más condições de fi-
xação. A maioria dos autores não examinaram a anatomia dos mesmos.
Por outro lado, os autores que comunicaram essas anomalias apresen-
tam-se muito heterogêneos, desde médicos a curiosos, resultando hetero-
geneidade na apresentação, com omissão de dados. Alguns exemplares estão
em mãos de particulares.
“A observação de BELLUOMINI et alii (1977) de uma ninhada de
Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768) refere um exemplar bicéfalo
que é o menor da ninhada, que as duas cabeças apresentam diferenças
entre elas, como ocorrem entre irmãos.
Outro aspecto digno de nota é a posição das cabeças pois geral-
mente uma delas afasta-se quase em ângulo reto da coluna vertebral en-
quanto que a outra esta no alinhamento da coluna; isso sugere que a
cabeça afastada insere-se na coluna ou na outra cabeça. Disso, aliás,
resultou curiosa teoria por parte de TORNIER (1901).
De um modo geral, o pouco que se sabe sobre a anatomia das ser-
pentes duplas é que a duplicação esqueletal confere com a visceral. En-
tretanto, ASTORT (1981) descreveu a anatomia de um exemplar em que a
anatomia visceral duplica-se mais adiante ainda que a esqueletal: as
duas colunas fusionam-se na XIV vértebra mas, há dois esôfagos, dois
pulmões, dois conjuntos de vasos anteriores pré-cardiacos e dois cora-
ções semi-fusionados.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
72 LEMA, T. de.
As classificações apresentadas para os casos teratológicos maxi-
mizam a morfologia externa. Apresentamos uma classificação modificada
a partir de NAKAMURA (1938) e usando elementos de WELLS (1945),
VIZOTTO (1975) e BELLUOMINI (1965). Propromos a seguinte no-
menclatura para as duplicações axiais anteriores em um só indivíduo:
(II) Teratodymus — um único indivíduo com parte de seu es-
queleto axial duplicado:
II.a. Duplicitas anterior — duplicação anterior:
II.a.1. Rhinodymus — duplicação região nasal.
II.a.2 Opodymus — duplicação cranial incompleta, geralmente
com olhos completos.
Il.a.3. Atlodymus — duplicação cranial completa, com um só
atlas aumentado ou duplo (VIZOTTO, 1975).
II.a.4. Derodymus — duplicação cranial e vértebro-cervical
completas, com duplicação céfalo-cervical completas (= derody-
mus sensu stricto); ou apenas duplicação cefälica (crypto-
derodymi iniodimi BELLUOMINI, 1965).
II.a.5. Deropodymus — duplicação cranial incompleta e ver-
tebro-cervical completa (casos de opodimia x derodimia) (= cryp-
to-derodimi sincipitaliou parietali BELLUOMINI, 1965).
II.a.6. Toracodymus — duplicação crânio-vertebral completas
até, pelo menos, os dois corações (unidos ou não), com ou sem
duplicação cervical (WELLS, 1945).
No última caso enquadra-se o exemplar jovem de Boa constrictor
constrictor Linnaeus, 1758, descrito por CUNHA (1968). Provavelmente,
também o de Crotalus durissus terrificus descrito por VANZOLINI
(1947) e o de ASTORT (1981).
O esquema seguinte posiciona em escala gradativa o grau de
duplicação anterior em serpentes.
TORACÓDIMO
DERODIMO — 5 DEROPÓDIMO
ATLÓDIMO
OPODIMO
RINÓDIMO
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
Descri de dois espécimes... 73
Fazendo-se uma apreciação geral dos casos e exemplares descritos
e/ou figurados de serpentes com duplicações axiais anteriores, nota-se
uma gradiente de variação da duplicação, desde o minimo até o máximo,
isto é, desde a teratodimia inclusive, a teratopagia; ou ainda, em outras
palavras, desde a rinodimia minima à anacatamesodimia ou craniopagia.
Sendo assim, as classificações de duplicações tem valor muito
relativo. Tem maior valor o conhecimento da anatomia e o acompa-
nhamento formativo de monstruosidades (desenvolvimento embrionário).
Os espécimens bicefalos até agora encontrados na America do Sul
são poucos. À lista, que cremos ser atualizada, é a que segue:
a. Familia BOIDAE:
aa. Subfamília BOINA E:
1. Boa constrictor constrictor L., 1758. Belém do Pará, Brasil;
depositado no Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém. Jovem; bifurcação
do tipo torácódimo com pescoços livres (CUNHA, 1968).
b. Familia COLUBRIDAE:
2. Espécie não identificada. América do Sul; depositado no Mu-
seum of Comparative Zoology, Cambridge, Massachusetts, E.U.A.
Filhote; bifurcação do tipo opódimo (JACKSON, 1847; JOHNSON,
1901; CUNNINGHAM, 1937).
bb. Subfamília COLUBRINAE:
3. Alsophis chamissonis chamissonis (Wiegmann, 1835). Praias de
Nieblas, Valdivia, Chile; depositado na coleção particular de A. Sepúl-
veda S. em Concepción, Chile. Jovem; bifurcação do tipo deródimo com
pescoços livres (PFLAUMER, 1945; PRADO, 1946).
4. Helicops carinicaudus infrataeniatus (Jan, 1835). Cai, Rio Gran-
de do Sul, Brasil; depositado no Museu do Departamento de Zoologia do
Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Filhote; bifurcação do tipo opódimo (LEMA, 1958).
5. Leimadophis almadensis (Wagler, 1824). America do Sul; de-
positado no Laboratoire d’Evolution da Sorbonne, Paris. Filhote; bifur-
cação do tipo derödimo com um pescoço externo e duas colunas ver-
tebrais (VELLARD & PENTEADO, 1931; CUNNINGHAM, 1937).
6. Leimadophis poecilogyrus poecilogyrus (Wied, 1825). Pedro
Leopoldo, Minas Gerais, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São
Paulo, Brasil. Jovem; bifurcação do tipo deródimo com apenas um pes-
coço (PRADO, 1942, 1943, 1946; BELLUOMINI, 1965).
7. Liophis miliaris (L., 1758). Taquara, Rio Grande do Sul, Brasil;
depositado no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote; bifurcação do tipo deródimo
com um só pescoço externo (LEMA, 1957).
8. Liophis miliaris (L. 1758). Agronomia, Porto Alegre, Rio Gran-
de do Sul, Brasil; depositado no Museu da Faculdade de Agronomia da
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
14 LEMA, T. de.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (perdido).
Filhote; bifurcação do tipo derödimo com um só pescoço (artigo presen-
te).
9. Liophis miliaris (L., 1758). Praia Mariluz, Tramandaí, Rio
Grande do Sul, Brasil; depositado no Museu de Ciências Naturais da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote;
bifurcação do tipo opódimo (artigo presente).
bbb. Subfamília HETERODONTINAE:
10. Waglerophis merremii (Wagler, 1824). Caxias do Sul, Rio
Grande do Sul, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo.
Filhote; bifurcação do tipo deródimo com um só pescoço (BELLUO-
MINI, 1958,1965).
11. Waglerophis merremii (Wagler, 1824). Farroupilha, Rio Grande
do Sul, Brasil; depositado no Museu de Ciências Naturais da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote; bifurcação do
tipo deródimo com um pescoço (LEMA, 1961).
bbbb. Subfamília BOIGINA E:
12. Leptodeira annulata ashmeadi (Hallowell, 1845). Venezuela;
depositado no Museo de Ciências Naturales da Universidad Central de
Venezuela, Caracas. Filhote; bifurcação do tipo derödimo com pescoços
livres (BELLUOMINI & LANCINI, 1959).
13. Philodryas olfersii ssp. Florida Paulista, São Paulo, Brasil;
depositado no Laboratório de Zoologia da Faculdade de Filosofia, Ciên-
cias e Letras de São José do Rio Preto, São Paulo. Filhote; bifurcação
do tipo atlódimo (VIZOTTO, 1975).
14. Philodryas patagoniensis patagoniensis (Girard, 1857). Jerimu,
São Paulo, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo. Fi-
lhote; bifurcação do tipo opódimo (PRADO, 1946; BELLUOMINI, 1965).
15. Tachymenis peruviana chilensis (Schlegel, 1837). Cherquenco,
Cautin, Chile; depositado no Museu Araucano de Temuco, Chile. Fi-
lhote; bifurcação do tipo deródimo com pescoços livres (LUER, 1944;
PFLAUMER, 1945).
c. Família VIPERIDAE:
cc. Subfamília CROTALINAE:
16. Bothrops alternatus Duméril, Bibron & Dumeril, 1854. Cor-
rientes, Argentina; depositado em (?). Jovem; bifurcação do tipo de-
ródimo (BERST, 1945).
17. Bothrops alternatus Dumeril, Bibron & Dumeril, 1854. Pa-
ranacito, Entre Rios, Argentina; depositado no Instituto Nacional de
Microbiologia Dr. Carlos G. Malbrân, Buenos Aires. Filhote; bifurcação
do tipo derödimo com um pescoço (ASTORT, 1981). '
18. Bothrops atrox (L., 1758). Nascido no New York Zoological
Park. New York, E.U.A.; depositado no Museum of Comparative
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
a e Er
Descrição de dois espécimes ... 75
Zoology, Cambridge. Filhote: bifurcação do tipo toracódimo (AMARAL,
1926; CUNNINGHAM, 1937).
19. Bothrops atrox (L., 1758). Ilhéus, Bahia, Brasil; depositado no
Instituto Butantan, São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deropódimo
com cifose da coluna vertebral (AMARAL, 1926; CUNNINGHAM,
1937, BELLUOMINI, 1965).
20. Bothrops atrox (L., 1758). Ilhéus, Bahia, Brasil; depositado no
Instituto Butantan, São Paulo. Jovem, bifurcação do tipo deródimo com
um pescoço (AMARAL, 1926; CUNNINGHAM, 1937; BELLUOMINI,
1965).
21.Bothrops atrox (L., 1758). Colombia; depositado no Museo del
Colegio San José de Medellin, Colombia. Jovem; bifurcação do tipo
opódimo (DANIEL, 1941, 1955).
22. Bothrops atrox (L., 1758). San Felipe, Yaracuy, Venezuela;
depositado no Museu de Ciências Naturales de Caracas. Filhote; bifur-
cação do tipo deródimo com dois pescoços (DUPOUY, 1958).
23. Bothrops jararaca (Wied, 1824). Vitória, Espirito Santo,
Brasil; depositado na coleção do Instituto Pinheiros, São Paulo (Syntex,
S.A.). Filhote; bifurcação do tipo opódimo (PEREIRA, 1950; BEL-
LUOMINI, 1965).
24. Bothrops jararacussu Lacerda, 1884. Nasceu em cativeiro de
uma fêmea procedente de Vitória, Espirito Santo, Brasil; depositado no
Instituto Pinheiros, São Paulo (Syntex, S.A.). Filhote; bifurcação do
tipo deródimo com um pescoço (PEREIRA, 1944; BELLUOMINI,
1965).
25. Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768). Araçatuba, São
Paulo, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo. Jovem;
bifurcação do tipo deródimo com um pescoço (AMARAL, 1926; CUN-
NINGHAM, 1937; BELLUOMINI, 1965).
26. Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1758). Brasil, provavel-
mente natimorto entre outros oito recem-nascidos; depositado no Ins-
tituto Butantan, São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deródimo com
dois pescoços (BELLUOMINI et alii, 1974, 1977).
27. Crotalus durissus collilineatus Amaral, 1926. Mato Grosso,
Brasil; depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo,
São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deródimo com dois pescoços
fusionados (VANZOLINI, 1947; BELLUOMINI, 1965).
As reidentificações taxonömicas dos exemplares relacionados foram
feitas com base nos dados registrados e material fotográfico publicado.
16
LEMA, T. de.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Rudolf Gliesch, na pessoa de seus descendentes, pelo material cedido. Ao
Dr. Arno Antonio Lise, pelo trabalho fotográfico. Ao Dr. Carlos Horáci
trabalho radiológico e radioscopia. arlos Horácio Genro, pelo
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
78 LEMA, T. de.
Fig. 1-2: Liophis miliaris (L., 1758) procedente de Porto Alegre, RS, Brasil: 1. as-
pecto geral dorsal; 2. radiografia da região anterior.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
Descrição de dois espécimes 79
Fig. 3-6: Liophis miliaris (L., 1758) procedente de Tramandaí, RS, Brasil (MCN
7782): 3. aspecto geral dorsal; 4. aspecto geral ventral; 5 aspecto dorsal das cabeças e
pescoço; 6. aspecto ventral das cabeças e pescoço.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982
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Notas sobre a reprodução de Sporophila albogularis (Spix, 1825)
(Passeriformes, Emberizidae) em cativeiro.*
Luiz Octavio Marcondes Machado***
RESUMO
Foram feitas observações sobre o comportamento reprodutivo e a biologia de
Sporophila albogularis (Spix, 1825) em cativeiro, no Parque Zoológico de São Paulo,
Brasil.
O macho apresenta exibição de corte na época da reprodução que antecede à cons-
trução do ninho. O ninho em forma de taça é construído pela fêmea na forquilha de um
arhusto. Durante esta fase o macho fica próximo cantando e agride pássaros de outras es-
pécies que se aproximam. A ovipostura é constituída por dois ovos, que são incubados
pela fêmea durante 12 dias. Os ninhegos são “cobertos” pela fêmea e a limentados pelo
casal. Nesta época, além de sementes, alimentam-se de insetos. Os ninhegos permanecem
no ninho por 13 dias. Quando saem, voam até algum arbusto onde permanecem. Os pais
vão até eles para alimentá-los. Os filhotes, além da penugem natal, ainda passam por
mais três plumagens até ficarem com a plumagem de adulto.
ABSTRACT
Observations on the reproductive behaviour and biological aspects of a couple of
Sporophila albogularis (Spix, 1825), in captivity were made in the Parque Zoológico, São
Paulo State, Brazil.
The male demonstrated a courtship display previous to the period when the nest is
built. The cup shaped nest is built by the female on branch bifurcations of the bushes.
During this phase, the male remains in the vicinities, singing, and attacks any other bird
that approaches to the area. The clutch consists of two eggs, which are incubated by the
female during 12 days. The nestlings are covered by the female and fed by the couple.
During this phase, appart from seeds, they are fed by insects as well. The nestlings
remain in the nest for 13 days. When leave, they fly to the nearest bush where they
remain. The parents follow to feed them. Apart from the birth feathering, fledglings have
other three plumages until the adult plumage.
* Aceito para publicação em 02.111.1982.
** Professor Assistente Doutor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Univer-
sidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 13100, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão
Geraldo, Campinas, São Paulo, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
82 MACHADO, L.O.M.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho faz parte de um estudo mais amplo sobre o
comportamento e a biologia de espécies da família Emberizidae, com ob-
servações realizadas em cativeiro e na natureza.
O gênero Sporophila Cabanis, 1844, pertence à subfamilia Em-
berizinae, segundo PAYNTER (1970), é representado no Brasil por 20
espécies (SCHAUENSEE, 1971).
Sporophila ee (Spix, 1825) habita vegetação arbustiva
(SCHAUENSEE, 1971); é é monotipica, ocorrendo no Piauí, Cearã e nor-
deste do Brasil, para o sul até a Bahia e Espirito Santo (SCHAUEN-
SEE, 1966). É conhecida popularmente pelo nome de brejal e, devido à
beleza de seu canto territorial (IHERING, 1940 apud NOGUEIRA-
NETO, 1973). é estimado como pássaro de gaiola, o que podera, no fu-
turo, er sua existöncia. Torna-se portanto necessário um
maior conhecimento do comportamento reprodutivo e da biologia desta
espécie, visando coletar dados que possibilitem sua conservação.
MATERIAL E MÉTODOS
As observações sobre o comportamento reprodutivo de S. albogularis foram feitas
durante o período de janeiro de 1975 a março de 1978, no Parque Zoológico de São Paulo.
Estas observações realizadas à vista desarmada, foram feitas no periodo da manhã e no
início do período da tarde, num total de aproximadamente 4 horas por dia durante o
periodo reprodutivo da espécie. Um casal de brejal foi mantido em um viveiro de 5,00 x
2,25 x 1,00m tendo ao chão grama batatais, Paspalum notatum Flügge (Gramineae) e ar-
bustos de sangue-de-Adão, Salvia splendens Ker-Gawl (Labiatae), buxinho, Buxus sem-
pervirens L. (Buxaceae) e ligustro, Ligustrum sinense Lour. (Oleaceae). No viveiro além
dos pássaros estudados, havia um casal de Tiaris fuliginosa (Wied, 1831). -
Embora desconhecida a exata procedência dos pássaros, estes forafn identificados
por comparação com peles existentes na Seção de Aves do Museu de Zoologia da Univer-
sidade de São Paulo. Três exemplares de S. albogularis (números 0527, 0586 e 0668)
foram depositados na coleção do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da
Universidade Estadual de Campinas.
Para construção do ninho foram fornecidas raízes de capim amargoso, Digitaria in-
sularis Mez. ex Ekman (Gramineae). A alimentação constitui-se de alpiste, Phalaris
canariensis L. (Gramineae), painço Setaria italica (L.) Beauv. (Gramineae) e de uma mis-
tura: pão seco moido, leite, almeirão, Chicorium intybus L. (Compositae) picado, Vitagold
(Laboratório Tortuga), Gevral (Laboratório Lederle) e gema de ovo. Além disso foram
fornecidas larvas do inseto Tenebrio molitor Linné, 1758 como indicado por LORDELLO
(1951) para pássaros da família Embirizidae e cascas de ovo de galinha, principalmente na
época da ovipostura.
Para cada média considerada o número de eventos observados virá representando
pela letra n.
RESULTADOS
Corte: Na época que antecede a construção do ninho, o macho
apresenta exibição de corte. As penas do corpo e da cabeça são mantidas
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
Notas sobre a reprodução de Sporophila... 83
erguidas; a cauda, ligeiramente levantada, pode mover-se para baixo,
para cima e para os lados. As pernas permanecem esticadas, e a cabeça
erguida. Dependendo da intensidade da corte, as asas podem tremular,
sem que sejam abertas, a seguir uma das asas pode então ser aberta e
levantada quase na vertical, e depois abaixada; o movimento é realizado
alternadamente pelas asas (Fig. 1). O erguimento das asas é também
observado quando da agressão entre dois machos. Em agressões de baixa
intensidade o erguimento das asas é pequeno e, quando a intensidade
da agressão é alta as asas ficam pressionadas de encontro ao corpo.
Durante a exibição de corte o macho canta com o bico bem aberto e com
as penas brancas da gula eriçadas. A corte não era seguida de postura
de solicitação da fêmea, nem de cópula.
Construção do ninho: O ninho tem a forma de taça e é
construido pela fêmea em arbustos de sangue-de-Adão e buxinho, uti-
lizando a raiz de capim amargoso. Durante a arrumação das raizes na
forquilha do arbusto, a fêmea pode manter as asas desencostadas do
corpo. Por vezes, mantém presa ao bico uma raiz e voa pelo viveiro,
tremulando as asas ao pousar.
Enquanto a fêmea leva as raizes para a forquilha, o macho per-
manece próximo cantando, podendo agredir os pássaros da outra espécie
(T. fuliginosa) que se aproximam. Esporadicamente o macho ajuda na
construção, levando raizes até o ninho.
As medidas de um ninho foram: diâmetro interno 4,8 cm; diâmetro
externo 6,5 cm; profundidade 3,8 cm; altura 4,1 cm e altura do solo 76,0
cm.
A cada nova ovipostura ha construção de um novo ninho.
Ovipostura, incubação ecuidados com a
prole: De nove oviposturas, oito foram constituídas por dois ovos postos
em dias consecutivos, e uma por um ovo. Estes possuem cor de fundo
branco com manchas pretas, salpicos castanho médio e claro, mais con-
centrados no polo mais largo, ou então com salpicos castanho médio e
claro regularmente distribuidos e algumas manchas pretas.
Foi observada uma resposta comportamental quando da passagem
de uma gralha (Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821)) sobre os viveiros
enquanto a fêmea incubava. Concomitante à emissão de piados de alar-
me dados pelos pássaros dos outros viveiros, a fêmea de brejal deixou o
ninho indo pousar nos ramos internos de um arbusto de folhagem densa.
Os ovos foram incubados pela fêmea por um período médio de 12
dias (= 8), com um máximo de 14 e um mínimo de 10 dias.
Os ninhegos foram alimentados tanto pelo macho como pela fêmea.
Durante esta fase o casal forrageia por entre as folhas dos arbustos,
provavelmente capturando pequenos invertebrados. Foram também
alimentados com as larvas de T. molitor e com as sementes fornecidas.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
Após alimentar os filhotes, a fêmea os “cobre”, enquanto o macho se
afasta.
A fêmea “cobre” os ninhegos por um período médio de 13 dias
(n=5), com um máximo de 15 e um minimo de 12 dias, após o que eles
deixam o ninho em conjunto, permanecendo pousados nos arbustos. O
casal vai até eles para alimentá-los. Após alguns dias os filhotes co-
meçam a voar pelo viveiro e, quando os pais estão próximos apresentam
comportamento de pedir alimento, que consiste na emissão de um piado
característico acompanhado por tremular de asas. São alimentados até
que tenham cerca de 48 dias (n=2). A partir dessa idade, o casal passa
a evitá-los, sendo seguidos por eles, que continuam a apresentar o com-
portamento de pedir alimento.
Ao nascer, o ninhego apresenta-se coberto com penugem branca
levemente acinzentada (plumagem natal), em seguida ocorre o apare-
cimento das primeiras penas, ainda no ninho, que vão formar a plu-
magem infantil. Após aproximadamente 2 meses de vida o filhote ad-
quire a plumagem juvenil (semelhante à da fêmea). Com cerca de dm
ano de idade os individuos machos adquirem a plumagem de adulto
(Fig. 2).
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Corte: a exibição de corte apresentado pelo macho pode re-
presentar várias tendências comportamentais. Segundo HINDE (1956),
que estudou alguns fringilideos europeus, o erguimento das penas da
cabeça, pescoço e especialmente garganta, assim como os movimentos
laterais da cauda e a extensão das pernas, evidenciam forte tendência
sexual. O erguimento da cauda parece estar ligado à hesitação para se
aproximar da fêmea; o das asas, por outro lado, à agressividade. No caso
de S. albogularis, o componente erguimento das asas deve estar mais
relacionado à tendência de fuga, pois no caso de agressão de baixa in-
tensidade quando a tendência de fuga parece ser maior, as asas são er-
guidas enquanto que o erguimento da cauda estaria associado ao com-
ponente sexual da exibição, pois visaria a apresentação da região cloacal.
A interpretação do componente de agressividade da exibição de corte
não se mostrou claro.
Construção do ninho:a forma do ninho e o local
utilizado para sua construção é o usual encontrado para as espécies do
gênero. Assim S. americana aurita (Bonaparte, 1851) (GROSS, 1952;
SKUTCH, 1954), S. torqueola (Bonaparte, 1851) (SKUTCH, 1954), S.
nigricollis (Vieillot, 1823) (ALDERTON, 1961 e FFRENCH, 1965) e S.
caerulescens (Vieillot, 1823) (GARDEL, 1980) apresentam este tipo de
ninho, e o constroem em arbustos ou árvores.
IHERINGIA. Sér. Zooi., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
Notas sobre a reprodução de Sporophila... 85
A construção do ninho realizada pela fêmea, quase sem a parti-
cipação do macho, também ocorre em outras espécies do gênero, como S.
americana aurita (GROSS, 1952 e SKUTCH, 1954), S. torqueola
(SKUTCH, 1954); S. nigricollis (FFRENCH, 1965) e S. caerulescens
(GARDEL, 1980).
Na natureza, o material utilizado por S. nigricollis para a cons-
trução do ninho é constituído por talos secos de capim, com algumas
fibras fortes (ALDERTON, 1961), ou de fibras de casca de coco, pedaços
secos de feto de Asparagus L., raizes pequenas e panículos secos de
capim (FFRENCH, 1965). S. americana aurita utiliza fibras de plantas,
talos finos de capim, e raizes pequenas (GROSS, 1952) enquanto que S.
torqueola constrói o corpo do ninho com raizes finas, fibras e delicados
ramos de inflorescências de capim (SKUTCH, 1954). S. caerulescens se
utiliza de raizes de capim e um pouco de crina animal para a forração
(observação pessoal); IHERING (1900) menciona ainda raizes finas
como material empregado por esta espécie para a construção do ninho.
Pode-se verificar que o item raizes de capim se acha presente no ninho
das quatro espécies citadas, indicando portanto, que o material fornecido
para a construção do ninho, provavelmente não estranho à espécie es-
tudada, não deve alterar seu comportamento.
Como na espécie em estudo, o macho de S. nigricollis canta
próximo ao local do ninho (ALDERTON, 1961), e o de S. caerulescens
além disso, também agride pássaros de outras espécies que se aproxi-
mam (Vera C. Silva, comunicação pessoal), como ocorre com o macho de
brejal.
As medidas do ninho de S. albogularis não diferem muito daquelas
obtidas para outras espécies do mesmo gênero. O ninho de S. nigricollis
tem 5,0 cm, de diâmetro interno por 4,3 ou 5,2 cm de fundo, construido
a uma altura máxima do solo de 300 cm e minima de 170 cm (ALDER-
TON, 1961); o de S. caerulescens mede 5,0 cm de diâmetro por 4,0 cm
de fundo (EULER, 1900); o de S. americana aurita mede de diâmetro
externo 7,5 cm; de altura 5,0 cm; diâmetro interno 3,7 e 3,7 cm de fundo
construido a uma altura do solo entre 87 cm a 100 cm (SKUTCH, 1954);
o de S. torqueola mede 4,0 cm de diâmetro interno por 3,0 a 4,0 cm de
fundo (SKUTCH, 1954).
A construção do ninho a cada nova postura ocorre também em S.
nigricollis, pois um casal observado por ALDERTON (1961) construiu 3
ninhos consecutivamente, após cada postura ter sido destruida.
Ovipostura, incubação ecuidadosàã prole:
o número de ovos por ovipostura, em espécies neotropicais da família
Emberizidae, parece estar relacionado ao tipo de ninho, sendo em menor
número naquelas espécies que possuem ninho em forma de taça (MAR-
CONDES-MACHADO, no prelo). Segundo SKUTCH (1954) oviposturas
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
86 MACHADO, L.O.M.
compostas de dois ovos parecem ser a regra entre as espécies tropicais
de Sporophila embora em algumas oviposturas de S. americana corvina
(Sclater, 1859) e S. torqueola tenham sido encontrados três ovos. Em S.
albogularis como em S. nigricollis (FFRENCH, 1965) e S. caerulescens
(EULER, 1900; GARDEL, 1980; Vera C. Silva, informação pessoal), a
maioria das oviposturas foram constituídas por dois ovos.
A incubação também é realizada pela fêmea em S. nigricollis
(FFRENCH, 1965), S. americana aurita (GROSS, 1952), S. torqueola
(SKUTCH, 1954) e S. caerulescens (GARDEL, 1980; Vera C. Silva, in-
formação pessoal). O periodo de incubação para estas espécies é de 12
dias, com exceção de S. torqueola, para a qual SKUTCH (1954) menciona
13 dias.
Segundo PETTINGILL (1971), a alimentação de filhotes nidicolas
é na maioria das vezes, realizada tanto pelo macho como pela fêmea, o
que faz com que a quantidade de alimento levado a eles seja maior
(LACK, 1968). Assim temos que em S. americana aurita (GROSS,
1952), S. nigricollis (FFRENCH, 1965), S. torqueola (SKUTCH, 1954) e
S. albogularis, ambos os pais alimentam os filhotes.
“Quanto ao tipo de alimento levado aos filhotes, sabe-se através de
observação de alguns autores como: CARVALHO (1957), ALDERTON
(1962), LACK (1968) e MARCONDES-MACHADO (1980), que muitas
especies de aves, mesmo as granivoras, incluem insetos em sua alimen-
tação na época de cuidados à prole. O fornecimento de larvas de T.
molitor tem sido recomendado por NOGUEIRA-NETO (1973) para pás-
saros granivoros da família Emberizidae, que se reproduzem em cati-
veiro, especialmente durante a época de cuidados à prole. O exame do
conteúdo estomacal de S. plumbea (Wied, 1831), Oryzoborus angolensis
(Linnaeus, 1766) e Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) evidenciou a exis-
tência de restos de insetos (SCHUBART; AGUIRRE; SICK, 1965).
Portanto, o fato dos pássaros estudados se alimentarem de larvas de T.
molitor somado ao comportamento de forragear, vem corroborar com as
observações da necessidade desta espécie em incluir este tipo de alimento
na nutrição dos filhotes.
Os filhotes de aves nidicolas costumam deixar o ninho em conjunto
e se dirigir a um abrigo onde permanecem imóveis, não muito próximos
um do outro, até que voem melhor (NICE, 1939 e SNOW, 1962). Os
filhotes de brejal usualmente pousam em arbustos fechados e lá per-
manecem, provavelmente obtendo, desta maneira, uma maior proteção
contra predadores.
Os ninhegos recém-nascidos de S. americana aurita possuem tam-
bém penugens acinzentadas recobrindo o corpo (GROSS,: 1952 e SKUT-
CH, 1954), como ocorre com S. albogularis.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
Notas sobre a reprodução de Sporophila... 87
AGRADECIMENTOS
À Eloisa Helena Morgado, Werner C.A. Bokermann, Vera Lúcia Imperatriz Fon-
seca e Maria Aparecida Julião de Carvalho pela leitura e discussão do texto: Suzanne M.
Bennett pela revisão do Abstract; Luiz Fernando R.M. Aguiar pela confecção do desenho
e ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo pela utilização de sua biblioteca e
coleção de aves. À Fundação Parque Co de São Paulo pela possibilidade de realizar
o presente trabalho.
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Notas sobre a reprodução de Sporophila...
Fig. 1-2: Sporophila albogularis: 1. Postura de corte adotada pelo macho (desenho
de Luiz F.R.M. Aguiar); 2. Macho adulto (foto de Werner C.A. Bokermann).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982
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Contribuição para o conhecimento do gênero Halictoxenos Pierce,
1908 (Stylopidae, Strepsiptera, Insecta)*.
Cesar A. C. Trois**
RESUMO
Duas novas espécies de Stylopidae são descritas: Halictoxenos cupreolae sp. n.
parasita de Augochloropsis cupreola (Cockerel, 1900) (Halictidae, Hymenoptera) e H.
proditus sp. n. parasita de Augochloropsis sp., sendo o primeiro registro de espécies
nominais do gênero Halictoxenos Pierce, 1908 para o Brasil.
ABSTRACT
Two new species of Stylopidae are described: Halictoxenos cupreolae sp. n. parasitic
on Auguchloropsis cupreola (Cockere, 1900) (Halictidae, Hymenoptera) and H. proditus
sp. n. parasitic on Augochloropsis sp., the first record of nominal species of the genus
Halictoxenos Pierce, 1908 to Brazil.
INTRODUÇÃO
O primeiro registro da ocorrência da familia Stylopidae no Brasil
foi feito por TEMPLETON (1841) com a descrição de Paraxenos west-
woodi. Outras treze espécies, atualmente incluídas nos gêneros Xenos
(Rossius, 1793), Paraxenos (Saunders, 1872) e Brasixenos Kogan &
Oliveira, 1966, foram registradas por OLIVEIRA & KOGAN (1960,
1962) e por KOGAN & OLIVEIRA (1966).
Esses autores, no entanto, não fizeram nenhuma referência quanto
a ocorrência de espécies de Halictoxenos Pierce, 1908 na fauna brasileira;
do mesmo modo, KINZELBACH (1971) não as registrou para o Brasil.
* Aceito para publicação em 12.111.1982.
Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Entomologia, Campinas (SP), 03 a 09 de
fevereiro de 1980.
** Engenheiro Agrônomo, Professor Assistente na Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Caixa Postal 143, 97.500
Uruguaiana, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
MATERIAL E MÉTODO
Na coleção de Strepsiptera da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOC), Rio de
Janeiro (RJ), estão depositadas algumas abelhas selvagens da família Halictidae, duas
dessas, de espécies do gênero Augochloropsis Cockerel, 1897, estavam estilopizadas por
fêmeas de estrepsipteros do gênero Halictoxenos.
As fêmeas foram extraídas dos abdomens dos hospedeiros e preparadas pela seguin-
te técnica: quinze minutos em álcool etílico absoluto, duas horas em hidróxido de potássio
a quente, dez segundos em fenol-xilol 1:1, dez segundos em xilol puro e montagem em
lâminas para microscopia. Os desenhos do cefalotórax e suas estruturas foram feitos com
câmara clara e sem correções de assimetria. As medidas estão expressas em milímetros.
RESULTADOS
Halictoxenos cupreolae sp. n.
(Fig. 1-2)
F êm e a. Forma geral do cefalotórax: sub-triangular; maior lar-
gura logo além dos espiráculos, constringido fortemente na base, fi-
namente granulado na superfície ventral. Coloração geral castonha-clara.
Cabeça de formato aproximadamente hexagonal; abertura bucal cons-
pícua; esclerito hipo-faringeal com as margens anterior e posterior quase
paralelas; labro da mesma largura do esclerito hipo-faringeal; mandi-
bulas quase tão largas quanto longas, relação axis-transversal/axis-
longitudinal: 0,4; dentes das mandíbulas arredondados nas pontas,
pouco proeminentes, mais curtos do que a projeção da margem externa.
Membrana cefalotorácica semi-circular nas extremidades pela confluência
da cabeça com o protórax, esse bem delimitado, elíptico no contorno,
mais quitinizado que as áreas adjacentes. Orgãos de Nassonov grandes e
dispersos em uma área semi-eliptica. Espiráculos marginais, nos ângulos
posteriores do cefalotórax.
Medidas: comprimento do cefalotórax 0,81; largura na base do
cefalotórax 0,42; largura entre os espiráculos 0,63; largura maior 0,65;
distância entre as mandíbulas 0,09; largura da cabeça ao nível da mem-
brana cefalotorácica 0,31; comprimento da cabeça ao nível da linha
mediana 0,14; comprimento lateral da cabeça 0,12; distância dos espi-
ráculos à extremidade da cabeça 0,51.
Macho e triungulino: desconhecidos.
Hospedeiro: Augochloropsis cupreola (Cockerel, 1900)
(Halictidae, Hymenoptera) (Fig. 3).
Distribuição: BRASIL: Rio de Janeiro.
Material examinado: BRASIL: Rio de Janeiro. Itatiaia, holótipo fêmea FIOC
0136, 15.V.1940, F. Zicanleg.. ;
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
Contribuição para o conhecimento... 93
Halictoxenos proditus sp. n.
(Fig. 4 - 5)
F & m e a. Forma geral do cefalotórax: sub-triangular; maior lar-
gura logo além dos espiráculos, constringido na base, granulado na
superfície ventral. Coloração castanho-escura. Margem anterior da
cabeça arredondada, labro da mesma largura do esclerito hipo-faringeal,
este convexo e estreito; abertura bucal nitida; mandíbulas mais longas
do que largas, relação axis-transversal/axis-longitudinal: 0,8; dentes
retos, truncados no ápice. Membrana cefalotorácica quase semi-circular,
limitada nas extremidades pela confluência do protórax com os prolon-
gamentos cefálicos; segmentos torácicos da mesma textura. Orgãos de
Nassonov pequenos, irregularmente dispersos em uma área de contorno
semi-elíptico. Espiráculos salientes tanto em -vista ventral quanto la-
teral.
Medidas: comprimento do cefalotórax 0,95; largura na base do
cefalotörax 0,50; largura entre os espiräculos 0,69; largura maior 0,72;
distância entre as mandíbulas 0,11; largura da cabeça ao nível da mem-
brana cefalotorácica 0,36; comprimento da cabeça ao nível da linha
mediana 0,14; comprimento lateral da cabeça 0,31; distância dos espi-
ráculos à extremidade da cabeça 0,53.
Macho etriungulino: desconhecidos.
Hospedeiro: Augochloropsis sp. (Halictidae, Hymenoptera)
(Fig. 6).
Distribuição: BRASIL: Mato Grosso do Sul.
Materialexaminado: BRASIL: Mato Grosso do Sul. Campo Grande,
holótipo fêmea FIOC 0137, 05.VII. 1927, Macedo leg.; parátipo fêmea FIOC 0138, mes-
mos dados do holótipo.
DISCUSSÃO
O gênero Halictoxenos Pierce, 1908 (sensu BOHART, 1941) é for-
mado por 17 espécies de ampla distribuição, a seguir discriminadas:
Halictoxenos anneckei Pasteels, 1958; H. arnoldi Perkins, 1918; H.
crawfordi, Pierce, 1909; H. jonesi Pierce, 1908; H. manilae (Pierce,
1909); H. nitidiusculus Oglobin, 1924; H. nymphaeri (Pierce, 1911); H.
puncticollis Noskiewic & Poluzsynski, 1924; H. robbi Pierce, 1909; H.
rubicundi Noskiewic & Poluzsynski, 1924; H. sajoi Noskiewic & Poluz-
synski, 1924; H. schwarzi (Pierce, 1908); H. simplicis Noskiewic & Poluz-
synski, 1924; H. spencei (Nassonov, 1893); H. tumulorum Perkins,
1918; H. ulrichi Hofeneder, 1939; e H. viridulae Pierce, 1911.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
94 TROIS, C.A.C.
Das espécies do gênero Halictoxenos, anteriormente citadas, H.
cupreolae sp. n. e H. proditus sp. n. distinguem-se da maioria pela for-
ma e dimensões do cefalotórax e pelos hospedeiros que estilopizam.
Por esses caractéres assemelham-se ligeiramente a H. viridulae
descrita »or PIERCE (1911); mas, o holótipo dessa espécie (United
States National Museum, número de catálogo 13695) não apresenta o
protórax de contorno semi-eliptico e não apresenta os espiräculos salien-
tes, além do fato de estilopizar abelhas selvagens do gênero Augochlora
Smith, 1853, o que distingue H. viridulae de ambas as espécies brasi-
leiras.
Para a distinção das espécies brasileiras entre si, pode-se utilizar
como caracteres diagnósticos: em H. cupreolae sp n. o protórax é semi-
elíptico, finamente granulado e os espiráculos são marginais; em H.
proditus sp. n. o pró, meso e metatórax são de mesma texturas, sem
suturas, e os espiraculos são salientes tanto em vista ventral quando
lateral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOHART; R.M. 1941. A revision of the Strepsiptera with special reference to the
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KINZELBACH, R. 1971. Morphologische Befunde an Facherfluglem und ihre phylo-
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KOGAN, M. & OLIVEIRA; S.J. 1966. Brazilian Xenidae parasitizing “Polybia” wasps,
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
Contribuição para o conhecimento... 95
dr
Fig. 1-3. Halictoxenos cupreolae sp. n.: 1. Vista ventral do cefalotórax do holótipo
(Aum. 160x); 2. Vista ventral da mandíbula direita do holótipo (Aum. 400x); 3. Holótipo
fêmea (vista ventral) protraido entre o quinto e sexto urosternitos do abdômen de Au-
gochloropsis cupreola, (Cockerel, 1900) vista ventral (Aum. 6,3x).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
96
TROIS, C.A.C.
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Fig. 4-6. Halictoxenos proditus sp. n.: 4. Vista ventral do cefalotórax do holótipo
(Aum. 160x); 5. Vista ventral da mandíbula esquerda do holótipo (Aux. 400x); 6. Ho-
lótipo e parátipo fêmeas (vista ventral) protraídos entre os go do abdômen de
Augochloropsis sp. (vista dorsal) (Aum. 6,3x).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos. 5. Conquiliometria de Lit-
toridina parchappii (D'Orbigny, 1835) (Gastropoda Rissoidea)
referida a su cicio de vida en poblaciones australes*.
Néstor J. Cazzaniga**
RESUMEN
Se estudia la morfologia de la conchilla de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835)
a lo largo de su ciclo de vida en los canales de drenaje del Valle Inferior del Rio Colorado
(Provincia de Buenos Aires, República Argentina), comprendiendo conchillas de tallas en-
tre 300 UM y 7 mm. Se midieron ejemplares de distintos ambientes y en diferentes épocas
del ao, considerando las principales proporciones morfometricas, que se graficaron
mediante curvas exponenciales o polinómicas según el caso.
Mediante una serie de disecciones de ejemplares machos se estudió el proceso de
diferenciación peniana, hallando que la mayor variacion se produce en los ejemplares de
cuatro anfractos, en los que el pene pasa de ser un mamelón digitiforme, incoloro, de
aproximadamente 250 Um a un órgano subadulto de hasta 2,5 mm, con papilas y pigmen-
to. Los ejemplares mayores muestran una insensible gradación hasta la morfologia peniana
adulta ya conocida para la especie.
Mediante cortes histológicos se determinó que en ambos sexos la maduración se
produce en animales de cinco vueltas; la evacuación ovocitaria se inicia en hembras de
seis vueltas y no se produce recuperación gonadal. Se establecieron los siguientes inter-
valos de tallas dentro del ciclo de vida: prerreproductivos subadultos de 2,5 a 4,1 mm,
adultos de 4,1 a 5,55 mm, posreproductivos mayores de 5,55 mm.
RESUMO
Estuda-se a morfologia da concha de Littoridina parchappii (D'Orbignyi, 1835) ao
longo do ciclo de vida nos canais de drenagem do Valle Inferior do Rio Colorado (Provin-
cia de Buenos Aires, República Argentina), compreendendo conchas de tamanhos entre
200 um a 7 mm. Mediram-se exemplares de diferentes ambientes e estações do ano, con-
siderando as principais proporções morfometricas, que foram representadas em gráficos
mediante curvas exponenciais ou polinômicas conforme o caso.
Mediante uma serie de dissecações de exemplares machos estudou-se o processo de
diferenciação peniana, encontrando-se as maiores variações nos exemplares de quatro vol-
tas, nos quais o pênis passa desde um mamiläo digitiforme sem cor, de aproximadamen-
te 250 | m até um órgão subadulto de 2,5 mm, com papilas e pigmentação. Os exemplares
maiores apresentam uma modificação gradativa até a morfologia peniana adulta já co-
nhecida para a espécie.
* Aceotadi para publicación el 15.111.1982. Contribución nº 31 del Centro de Estudios Parasitológicos
y de Vectores (CEPAVE), La Plata, Argentina.
** Professor Adjunto de Introducion a la Ecologia, Departamento de Ciencias Naturales, Univer-
sidad Nacional del Sur, Avenida Alem 1252, 8000 Bahia Blanca, República Argentina.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
98 CAZZANIGA, N.J.
Mediante preparações histológicas determinou-se que em ambos os sexos a matu-
ração se produz em animais de cinco voltas, a evacuação dos ovos inicia-se em fêmeas de
seis voltas mas não se produz recuperação gonodal. Estabeleceram-se os seguintes inter-
valos de tamanhos dentro do ciclo vital: pré- “reprodutivos subadultos de 2,5 a 4,1 mm,
adultos de 4,1 a 5,55 mm, pós-reprodutivos maiores de 5,55 mm.
INTRODUCCION
El conocimiento que se tiene de Littoridina parchappii (D'Orbigny,
1835) es bastante escaso aún, si tenemos en cuenta que es una especie
particularmente abundante en cuerpos de agua dulce de la Pampasia ar-
gentina. Su presencia ha sido registrada en las provincias de Santa Fe,
Entre Rios, Buenos Aires y parte de La Pampa y Córdoba (GAILLARD
& CASTELLANOS, 1976). Según materiales depositados en el Museo
Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia también se ex-
tiende por la República Oriental del Uruguay: Nueva Palmira (lote nº
11353) y Colonia (lote s/n).
Fue descrita en 1835 y 1840 por D'ORBIGNY, quien dio como
localidad tipo Pampas (República Argentina). Vuelven a registrarla
STROBEL (1874) y DOERING (1884), esta vez dentro del gênero Hy-
drobia Hartmann, 1821 y finalmente PILSBRY (1911) la reubicó en el
género Littoridina Souleyet, 1852. Poco mãs es lo que se agregó hasta
épocas recientes.
Es sabido que los integrantes de la familia Hydrobiidae tienden a
una unidad morfológica tal que suele derivar en una imprecisión sis-
temática de difícil soluciön. Con respecto a las formas neotropicales sólo
se tuvieron en cuenta caracteres externos y radulares hasta que HU-
BENDICK (1955) incorporó el estudio del órgano copulador en las for-
mas del Lago Titicaca, descritas por HAAS (1955); en esa oportunidad
no se registraron diferencias en la morfologia del pene ni en otros carac-
teres internos entre los numerosos géneros y especies de Hidrobiidae del
mencionado lago. Sin embargo, siguiendo los mismos lineamientos,
GAILLARD (1973 a) logró definir cuatro grupos de especies dentro del
género Littoridina en la Argentina
El grupo parchappii responde a lo que HAAS (1955) denomino Lit-
toridina pattern, es decir, las formas mas típicas, con pene melanizado y
varias papilas derechas. En la revision de GAILLARD & CASTEL-
LANOS (1976) este grupo compreende nueve especies, algunas de las
cuales tuvieron ya algún tratamiento posterior (CAZZANIGA, 1980,
1981, en prensa a).
El grupo piscium, con pene despigmentado, glande corto y nu-
merosas papilas derechas comprende sólo dos especies, «que se diferen-
cian hasta el momento sólo por rasgos de la conchilla, es que la mor-
fologia peniana y radular es idêntica.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos... 99
El grupo australis con una sola especie marina, cuya morfologia
peniana es mas similar a la de las Hydrobia del hemisferio norte, según
opinion de PARODIZ (in litt.).
El grupo hatcheri, de la Patagonia, es el que presenta mayor
dificultad ya que no se registra un pene desarrollado como en el resto del
género. Por tal motivo fue separado del género Littoridina para cons-
tituir un nuevo género: Strobeliella Cazzaniga, 1981. Según manifestara
el Dr. G.M. Davis en su reciente visita al Museo de La Plata, el criterio
para considerarlo como gênero aparte seria insuficiente por la falta de in-
formaciôn acerca de otros caracteres endosomáticos y otros rasgos no
morfológicos, que se estudiaran oportunamente.
En cuanto a aspectos biológicos y ecológicos de formas sudame-
ricanas, no hay tampoco mucha información, salvo los comentarios am-
bientales que acompafian las descripciones sistemáticas (resumidos y
ampliados por WEYRAUCH, 1963). Varios autores comentaron el hecho
de que las especies de Littoridina depositan las cápsulas de huevos sobre
conchillas de ejemplares de su misma especie.
MARCUS & MARCUS (1963, 1965) aportaron datos sobre com-
portamiento y estudiaron desoves y desarrollo larval de especies marinas
y estuariales.
Entre las formas del Viejo Mundo Potamopyrgus jenkinsi (Smith,
1889) ha recibido especial atencion por su capacidad invasora que la
llevo a dispersarse por todo el subcontinente europeo (ADAM, 1942;
HUBENDICK, 1950; IBANEZ & ALONSO, 1977; LASSEN, 1978). En
1960, LUCAS publicó datos ecológicos sobre esta especie. BOYCOTT
(1929) y WARWICK (1952, 1969) se ocuparon de las causas de la for-
macion de carenas en la conchilla. Recientemente BROWN (1980) la
propuso como especie indicadora de contaminación en rios y FRENZEL
(1979, 1980) encarö aspectos poblacionales y de producción.
La mayor parte de la informacion ecológica sobre Hydrobiidae se
refiere a formas marinas, destacândose los trabajos de ANDERSON
(1971), LEVINTON (1979), LITTLE & NIX (1976) y NEWELL (1962)
sobre comportamiento de Hydrobia y los referidos al metabolismo trófico
(FENCHEL & LAPPALAINEN, 1975; HYLLEBERG, 1975; LOPEZ &
LEVITON, 1978; NEWELL, 1965).
En afios recientes se estudiaron con profundidad aspectos repro-
ductivos (FISH & FISH, 1974; LASSEN, 1979; LASSEN & CLARCK,
1979; MAZURKIEWICZ, 1972). La distribución de las especies de Hy-
drobia y los factores que la afectan fueron estudiados por FENCHEL
(1975 a, b), FENCHEL & KOFOED (1976), FISHER McMILLAN
(1948) y WELLS (1978).
Este trabajo complementa otro anterior (CAZZANIGA, MS) en el
que se estudiaron algunos parâmetros poblacionales de L. parchappii en
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
100 CAZZANIGA, N.J.
los canales de drenaje del Valle Inferior del Rio Colorado (Provincia de
Buenos Aires, Argentina). En esa oportunidad se detectaron diferencias
entre las poblaciones que habitaban canales oligohalinos y aquellas que
provienen de canales con mayor salinidad, en los que aparentemente no
logra asentarse en poblaciones estables y en los que alcanzaria dominan-
cia numérica por falta de una efectiva competencia interespecifica. Sin
embargo, quedaba la posibilidad de que, con distinto tenor salino, el
ciclo sexual se viera afectado y los animales maduraran precozmente.
Ahora se ha estudiado la morfologia de la conchilla lo largo del
desarrollo en los distintos ambientes y se la ha correlacionado con los
eventos fundamentales del ciclo, considerando tales a la diferenciación y
desarrollo del pene y a los procesos de dinâmica gonadal.
Los hidróbidos en general muestran una marcada plasticidad frente
a las modificaciones del medio, como comprobo GAILLARD (1973b) en
Littoridina piscium (D'Orbigny, 1835) del Rio de la Plata. Puesto que L.
parchappii sufre una reduccion en su talla siguiendo un gradiente en
dirección norte-sur, se ha trabajado con poblaciones cuyos individuos al-
canzan el minimo desarrollo conocido para la especie, en funcion de las
condiciones adversas del medio, lo cual acentúa el interes por detectar
efectos secundarios del uso de agentes quimicos en los ambientes que
habita.
Se reitera aqui que la intencion última de estas investigaciones
radica en la posibilidad de que esta especie sirva en el futuro como
animal test en la evaluación de efectos negativos a largo prazo de los
herbicidas que se utilizan en los mencionados canales de drenaje para
combatir el desarrollo de vegetacion acuática sumergida.
Los resultados aqui expuestos serviran, entonces, de referencia.
MATERIAL Y METODOS
El material fue colectado en los canales de drenaje A (oligohalino) y AB (me-
sohalino) del Partido de Villarino y D (mesohalino) de Patagones, cuyas características
químicas y faunisticas fueron descritas en un trabajo previo (CAZZANIGA, en prensa b).
Los gasterópodos fueron obtenidos mediante lavado de plantas de Chara vulgaris L.,
Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1925 y Potamogeton pectinatus var. striatus Ruiz &
Pavón, 1798.
Para el estudio conquiliométrico se midieron 934 conchillas provenientes de tres
muestras representativas de momentos claves del ciclo de vida: una de junio, con pre-
dominio de adultos y una pequerfia proporción de juveniles; otra de enero, en la que ya se
produjo el reemplazo poblacional y la tercera de marzo, en la que el predominio corres-
ponde a juveniles subadultos (CAZZANIGA, MS). En cada casc se anotó el número de
vueltas del ejemplar. Se consideraron las siguientes medidas:
L, largo total; A, ancho máximo; LU, largo del último anfracto; LA, largo de la
abertura; AA, ancho de la abertura.
Con estos datos se calcularon las siguientes proporciones:
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos ... 101
A x 100 “LU x 100 LA x 100 AA x 100
LE ip L LA
Estos indices se correlacionaron con el largo de la conchilla mediante ajustes ex-
ponenciales o polinómicos de cuarto grado, según el caso, y se graficaron en las figuras 2
ad.
En las tablas 1 a 3 se resumieron las frecuencias de tallas en las muestras estu-
diadas. Para cada estado de desarrollo (número de anfractos) se construyeron histogramas
de frecuencias. de tallas para determinar intervalos de tamafios correspondientes a distin-
tos eventos del ciclo de vida, como se explicará más adelante.
En base a una serie de disecciones se anotó el grado de desarrollo peniano en ejem-
plares de distintas tallas, tomando como referencia el número de vueltas visibles en cara
apertural. Se estudiaron 50 machos del canal A (oligohalino) y 70 del canal D (mesoha-
lino). Para esto se descalcifico la conchilla con una solución acuosa al 20 % de HCl y,
bajo lupa binocular, se procedió a abrir la cavidad paleal para la extracción del pene. Este
se colocó sobre una gota de glicerina, entre porta y cubreobjetos, para dibujarlo a câmara
clara.
En la figura 1 se muestra el desarrollo conjunto de la conchilla y el pene en las
poblaciones australes de L. parchappii.
Para obtener una idea muy general del desarrollo gonadal a fines de primavera
(cuando se produce el pico reproductivo), se realizaron cortes histológicos de la masa vis-
ceral de ejemplares de distinta talla provenientes de diferentes canales, colectados en el
mes de diciembre de 1979, anotando el grado de madurez referido al número de anfractos.
La fijación se realizó en formol al 7 % y la tinción con hematoxilina y eosina. Las figuras
6 a 12 ilustran aspectos del desarrollo gonadal en machos y hembras.
Para caracterizar intervalos de tallas correspondientes a cada grupo de edades
ecológicas (prerreproductivos, adultos reproductivos y posreproductivos) se fraccionó cada
muestra por medio de cuatro tamices de malla decreciente. De cada submuestra asi ob-
tenida se midió el largo de 200 ejemplares, anotando en cada caso el número de anfractos.
Se confeccionaron histogramas de frecuencias de tallas para cada estado de crecimiento
(número de anfractos) y se ajustó a cada uno de ellos una curva de distribución normal
(fig. 13). Llevado al plano poblacional, cada uno de estos gráficos representa una fracción
de la muestra, separable del resto por un caracter morfológico (número e vueltas). Para
ponderarlos y poder graficarlos en conjunto, se multiplicaron los valores de cada curva
(que en todos los casos tienen superficie unitaria, 1 = 100%), por la proporción porcentual
que corresponde a cada submuestra dentro de la muestra total. Esta es una forma
equivalente a la estructura de tallas de la población presentada anteriormente (CAZ-
ZANIGA, MS), expresada en esta oportunidad como proporción de indivíduos de distinto
número de anfractos y se graficó en las figuras 14 a 16.
Finalmente se confeccionó el gráfico conjunto de curvas probabilísticas normales en
el cual el punto en el que se cruzan dos curvas corresponde al momento critico en el que
un animal puede pertenecer indistintamente a una u otra distribución, es decir, tiene igual
probalidad de poseer uno u otro número de anfractos. Esto se muestra en la figura 17.
En los casos en que una cruva tiene una gráfica precedente y una sucesiva se con-
sideró cubierto el intervalo completo de tallas para ese número de anfractos. Cuando falta
alguna de las laterales la curva normal puede representar sólo una fracción de la distri-
bución total posible y en tales casos sólo se tuvo en cuenta aquella distribución cuya
media no mostró diferencia significativa (mediante la prueba de t) con respecto a la
hallada para alguna de las muestras restantes.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
102 CAZZANIGA, N.J.
RESULTADOS
Las cápsulas de huevos que suelen adherir a conchillas de ejem-
plares vivos de su misma especies, pero que pueden estar sobre vege-
tales y aun otros sustratos, tienen un diâmetro bastante uniforme. Sobre
treinta cápsulas medidas, quince se ubicaron entre 270 y 330 um; el
promedio de las treinta medidas fue de 297,39 um, con un erros típico de
2,56.
Los animales recien nacidos miden aproximadamente 300 um,
habiendo registrado un mínimo de 270 um. Su contorno es casi esférico,
con un solo anfracto visible en cara apertural, que corresponde a i% -
1% vueltas.
El crecimiento a partir de este estado tiende a una progresiva es-
tilizacion de la forma, siguiendo una espiral equiangular alta, dando a
los adultos un aspecto cônico turriteloide, como lo muestra la figura 1.
Puede apreciarse que las formas adultas muestran una abertura elip-
soidal, aunque en las formas mayores el labro puede expandirse lateral-
mente redondeando nuevamente la abertura.
En las figuras 2 a 5 se graficaron las proporciones morfométricas
consideradas, referidas al largo total de la conchilla. Las proporciones
A/L, LU/L y LA/L se ajustaron mediante curvas exponenciales; la
relación AA/LA se ajustó mediante un polinomio.
Las disecciones practicadas permitieron dibujar los pasos sucesivos
del desarrollo del pene, que en cierto modo refleja el desarrollo reproduc-
tor del animal (Fig. 1).
Sólo por excepciön se hallö una papila peniana, digitiforme, in-
colora, de unos 200 um en ejemplares de tres anfractos. Cuando el
animal alcanza las cuatro vueltas este mamelon comienza una etapa de
rápido crecimiento y diferenciacion, con formación de esbozos de papilas
derechas y. adquisicion de algo de pigmento negro. Las formas algo
mayores, siempre con cuatro vueltas, presentan un glande alargado, del-
gado, que mide un tercio o la mitad del largo total del órgano. Este es un
carácter estable para la especie, que la diferencia de Littoridina occiden-
talis (Doering, 1884) y otras especies afines.
En formas de cinco vueltas pueden aparecer ejemplares algo in-
maduros, pero en general el pene tiene ya una conformación bastante
similar a la del adulto.
En todos los machos de seis y siete vueltas se observaron mor-
fologias penianas tipicas, con numerosas papilas derechas, una papila iz-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos... 103
quierda prominente y pigmentada, y con pigmento negro diseminado por
las papilas derechas y el glande, que es delgado y largo.
Esta situación se observô por igual en los ejemplares provenients
del canal oligohalino como en el mesohalino. No parece haber diferencia
en el momento de adquisiciön del pene adulto.
Em los cortes histológicos de gônadas se revelö que el estado de
cinco vueltas es de actividad intensa de maduración. En las hembras
(Fig. 6) se observan numerosos ovocitos con el citoplasma cargado de
elementos vitelinos y rodeados de celulas nutriciais. El macho de igual
número de anfractos (Fig. 7) muestra abundantes espermatogonias de
núcleo grande, redondeado, con cromatina reticulada, además de esper-
matocitos primarios tardios (leptotenicos), de núcleo menor, con cro-
matina en anillo, y algunas células flageladas.
Las hembras de seis vueltas alcanzan la madurez total y comienzan
la evacuación ovocitaria, por lo que parte del ovario esta desorganizado
(Fig. 8), ocupado sólo por restos vitelínicos y figuras de resorción. El
macho de seis anfractos (Fig. 9) presenta abundancia de elementos
flagelados, bordeados por espermatogonias; la ausencia de espermato-
citos puede deberse a la detención en la producción celular a medida que
se alcanza la madurez avanzada.
El ovario de ejemplares de siete vueltas (Fig. 10) aparece como un
conjunto desorganizado de elementos vitelinos remanentes. En un solo
ejemplar de siete vueltas se observaron ovocitos inmaduros (Fig. 11),
que indican un proceso de recuperaciön que no es generalizado, y que
seguramente no llegaria a completarse puesto que la representacion de
formas tan grandes (mayores de 6 mm) es escasa en esos ambientes.
En la figura 12 se muestran comparativamente cortes de la masa
visceral de una hembra de cinco (izquierda) y siete vueltas (derecha).
Mientras que en el ejemplar en maduraciön la gonada puede ocupar la
mitad o más de la masa encerrada en la espira, en los ejemplares pos-
reproductivos ocupa menos de un terceio de ese volumem y en ocasiones
falta por completo.
Los machos de siete vueltas mantienen aún la estructura del tes-
ticulo maduro, con abundancia de células flageladas, haciendo suponer
un periodo de actividad sexual mas prolongado que el de las hembras.
La evolucion gonadal comentada fue similar en ejemplares pro-
venientes de distintos canales, con diferentes condiciones de salinidad.
Las diferencias, si las hubiere, deberân buscarse en aspectos cuanti-
tativos.
En cuanto a la caracterizaciöon morfométrica de los sucesivos es-
tadios de desarrollo, la figura 13 resume el ajuste de curvas normales a
histogramas de frecuencias de tallas, discriminadas según el número de
vueltas de la conchilla, sobre Myriophyllum elatinoides en el mes de
marzo.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
104 CAZZANIGA, N.J.
En la figura 14 se ponderaron esas curvas graficândolas conjun-
tamente; muestran la estructura de la problacion en ese momento. La
tabla 1 resume los datos necesarios para la construcción de ese gráfico.
Se observa el predomínio de animales de cuarto vueltas, que son
subadultos. No hay ejemplares de siete vueltas (gerontes) y los de seis
vueltas tienen muy baja representatividad.
El mismo tratamiento recibieron una muestra tomada sobre Chara
vulgaris del canal oligohalino y otra sobre el mismo sustrato en el canal
mesohalino. Los datos obtenidos se volcaron en las tablas 2 y 3, gra-
ficândose en las figuras 15 y 16.
Obtenidas estas curvas, se intentó definir los intervalos de tallas
en que la especie presenta un determinado número de anfractos. Esto se
logrô mediante el cálculo de nuevas curvas de distribucion normal,
reuniendo los datos de las distintas muestras (seleccionados según se ex-
plicô, de acuerdo a que estuviera representado todo el rango posible de
tallas).
En la figura 17 se grafican tales curvas probabilisticas para cada
número de vueltas. Todas elias tienen superficie unitaria y el punto en el
que se cortan dos curvas sucesivas representa la talla en que los ani-
males tienen igual probabilidad de poseer uno u otro número de vueltas.
Asi se determinaron los intervalos indicados en la parte superior derecha
de la figura 17.
DISCUSION
Como ya fue dicho, son muy escasos los trabajos previos sobre
biologia de Hydrobiidae neotropicales e incluso, pese a ser una de las es-
pecies más abundantes de la Pampasia, no se conocian aún datos meris-
ticos de series numerosas de L. parchappii.
El desarrollo peniano refleja en cierto modo el grado de actividad
sexual del individuo, por cuanto depende del control endocrino que ejerce
la gônada (FERAL et al., 1972). Del estudio morfológico del pene en
distintas tallas surge que el periodo de maduración se inicia en animales
de cuatro vueltas, que sufren la transformaciôn desde una minúscula
papila hasta una morfologia subadulta, con adquisicion de un glande lar-
go y delgado, papilas y pigmento. En animales de cinco vueltas se al-
canza la morfologia definitiva.
Este importante carácter, que en la actualidad es fundamental para
el reconocimiento especifico, fue descrito por primera vez para L. par-
chappii por GAILLARD (1973 a). Los penes de las variedades pam-
peana y entrerriana fueron ilustrados por GAILLARD y CASTEL-
LANOS (1976). Con estas observaciones se ratifica la uniformidad
peniana de la especie, ya que se realizaron sobre la variedad patagônica
(la de menor tamafio), confirmando el patrón de pigmentación, la pre-
sencia de seis a siete papilas derechas y la longitud del glande, que al-
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos ... 105
canza a un tercio o un medio de la longitud total del órgano, siendo en
todos los casos delgado y agudo, a diferencia de L. occidentalis del oeste
de la Argentina, en la que el glande es corto, romo y mucho más pig-
mentado (CAZZANIGA, 1980). Entre ambas especies las diferencias
conquiliológicas son mínimas.
Del análisis de los cortes histológicos de ejemplares colectados a
fines de primavera en ambientes con distinta salinidad no surgieron
diferencias destacables. Si las hubiere deberan buscarse mediante es-
tudios cuantitativos de fecundidad, esfuerzo reproductivo, etc.
En una contribución previa (CAZZANIGA, MS) se postularon dos
hipótesis para explicar las diferencias poblacionales detectados en ambos
tipos de ambientes. La primera de ellas se refiere a la imposibilidad de
L. parchappii para establecer poblaciones permanentes en ambientes con
mayor salinidad; estã respaldada por las irregularidades observadas en
la dinâmica de la densidad y en la secuencia de estructuras de edades en
los canales mesohalinos, mientras que en los oligohalinos se verificó una
estructura estable de edades para cada mes.
La segunda hipótesis menciona la posibilidad de que en medios
mesohalinos, L. parchappii alcanzara la madurez sexual prematuramen-
te, por lo que la estructura juvenil de las poblaciones, aun en los meses
invernales, corresponderia en realidad a grupos de animales que ya son
sexualmente activos, pese a su reducida talla. GAILLARD (1973 b)
sefialó la reducciön de tamafio de Littoridina piscium del Rio de la Plata
siguiendo un gradiente de contaminación, lo que haria suponer una
maduración sexual en tallas menores (no se ha estudiado el ciclo re-
productivo de esa especie).
Por lo expuesto en este trabajo, se descarta la segunda posibilidad
puesto que, al menos en el momento de máxima reproducción, los
animales maduran en tallas semejantes en todos los ambientes consi-
derados. Por otra parte, una de las condiciones para que se produzca
una estructura estable de edades es que el ciclo sexual sea invariable
para cada grupo de edades, por lo que puede afirmarse que en los ca-
nales oligohalinos los datos obtenidos en diciembre son aplicables al ciclo
general de esas poblaciones. Respecto de las poblaciones de canales
mesohalinos queda propuesta la hipótesis de su inestabilidad.
Se estableciô que en principio los animales en edad reproductiva
son los de seis vueltas, correspondiendo los mayores a formas gerontes
(especialmente en el caso de las hembras), ya que salvo por excepción no
se produce recuperacion gonadal, sugiriendo que el periodo reproductivo
es único (semelparidad), como ocurre en Bithynia tentaculata L.
(BROWNE & RUSSELL-HUNTER, 1978) y en Hydrobia neglecta
(Muus, 1963) e Hydrobia ventrosa (Montagu, 1803) (LASSEN, 1979).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
106 CAZZANIGA, N.J.
El empleo de curvas probabilísticas de distribucion normal per-
mitió definir intervalos de tallas. según los cuales los animales subadul-
tos miden menos de 4,1 mm de largo, los sexualmente adultos entre 4,1
y 5,55 mm y los posreproductivos son mayores de 5,55 mm. Sirva como
dato comparativo que Potamopyrgus jenkinsi, otro hidrobido de ciclo
anual (aunque ovoviviparo), alcanza la madurez sexual alredeor de los
3,5 mm y la actividad reproductiva total a los 5 mm (LASSEN, 1979).
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos ... 109
TABLA 1
Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny,
1835) sobre Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1925, en el mes de mar-
zo.
Número de a Frecuencia
anfsistad Largo de los animales (mm) Folaliva
= 3
1 0,47 0,05 2,24 %
2 0,70 0.11 11,63 %
3 1,04 0,22 17,20 %
4 1,90 0,30 45,48 %
5 3,25 0,40 22,08 %
6 4,20 0,45 1,36 %
7 = io 0,00 %
TABLA 2
Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny,
1835) sobre Chara vulgaris L. (aguas oligohalinas) en el mes de junio.
ee nl de los animales (mm) ae
x s
1 0,57 0,07 1,99 %
2 0,86 0,11 4,48 %
3 0,89 = 0,16 %*
4 2,95 0,26 2,49 %
5 4,06 0,68 18,30 %
6 5,36 0,62 57,78 %
7 6,26 0,48 14,64 %
8 7,60 E 0,16 %*
* Un solo ejemplar.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
110 CAZZANIGA, N.J.
TABLA 3
Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny,
1835) sobre Clara vulgaris L. (aguas mesohalinas) en el mes de enero.
N a Largo de los animales (mm) pass
X s
1 0,39 0,06 6,28 %
D) 0,59 0,09 12,57 %
3 1,10 0,21 15,80 %
4 1,90 0,36 23,16 %
5 2,93 0,47 27,11 %
6 4,34 0,53 12,03 %
7 5,46 0,65 3,05 %
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidrobidos argentinos... 16]
Fig. 1. Crecimiento de conchilla y pene en Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835).
La escala A corresponde a las conchillas y la escala B a los örganos penianos.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
112 CAZZANIGA, N.J.
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A SS 8 = 2
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y = 51,7099 x
10
y = 69,9092 x) “2
410
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250
AS
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S E
5 5
5
E E
ER Reg : —
: +
MS a 1% Ss us CR <a o. Mes Ra a
ERR: s
Fig. 2-5. Proporciones conquiliométricas en Littoridina parchappii (D'Orbigny,
1835). 2. ancho máximo/largo; 3. largo del último anfracto/largo; 4. largo de la aber-
tura/largo; 5. ancho de la abertura/largo de la abertura.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 |
otas sobre hidróbidos argentinos 113
Fig. 6-11. Desarrollo gonadal de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835). Cortes
sagitales de espira: 6.92 de 5 anfractos; 7.óde 5 anfractos; 8.2 de 6 anfractos; 9.2de 6 an-
fractos; 10-11.;opide 7 anfractos. (aumento 250x)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
da I E BEE
Fig. 12. Corte sagital de la espira de una hembra de cinco anfractos (izquierda) y
una de siete anfractos (derecha). Nótese la reducción y desorganización de la gónada. |
(aumento 60x)
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos... 2315
wor u anaoS
0,01
A
27 I; Basasası 5437 vs = 255 {N us 47 a 4 “2 ana
1
LirE
j er
a I - 1.24 1: et a -242 os - 2025 3 y=303x- 148
r=09950
ol
3639424548515 57 “Cs 13 16 19 22 OX ID 1
6 onfractos 5 onfroctos 4 onfroctos 3 anfractos
[) 7
4
GE om 08
13 y=n52-088
= Q99st
0305 0505 0705 0905 1005
2 onfroctos
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I | | I
| | |
05 1 15 2 25 3 3 4 4 5 5 6 mm
Fig. 13-14. Estructura poblacional de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835) sobre
Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1924, en aguas oligohalinas, en el mes de marzo: 13.
ajuste de curvas de distribución normal a los histogramas de frecuencias de tallas de cada
estado de desarrollo (número de anfractos); 14. curvas normales ponderadas (escala se-
milogaritmica).
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
116 CAZZANIGA, N.J.
“2 WyNdos
w anfractos
m anfractos
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| 9
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15
o
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0,07
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n
a
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Ss
Fig. 15. Estructura poblacional de Littoridina parchappii (D’orbigny, 1835) sobre
Chara vulgaris L. en aguas oligohalinas, en junio.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Notas sobre hidróbidos argentinos ... 117
30
won w 94005
01 SE.
i 5 6 7 75 mm.
Fig. 16. Estructura de la población de Littoridina parchappii (D’Orbigny, 1835)
sobre Chara vulgaris L. en aguas mesohalinas en enero.
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
118 CAZZANIGA, N.J.
4 1
3 1 anfracto: 0,27 mm a 0,57 mn
2 2 anfractos: 0,57 mm a 0,87 mm
3 anfractos: 0,87 mm a 1,45 mm
4 anfractos: 1,45 mm a 2,50 mm
5 anfractos: 2,50 mm a 4,10 mm
6 anfractos: 4,10 mm a 5,55 mm
7 anfractos: 5,55 m -
2
3
|
| L
1 |
| 5 7
| 6
SEN
Pá AN e E
0 1 2 3 4 5 6 7 8 mm.
Fig. 17. Rangos de tallas correspondientes a cada estado de crecimiento (nümero de
anfractos) de Littoridina parchappii (D’Orbigny, 1835).
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982
Strepsiptera brasileiros. I. Uma nova espécie do gênero Elenchus
Curtis, 1832 (Elenchidae, Insecta).*
Cesar A. C. Trois**
RESUMO
Uma nova espécie da família Elenchidae (Strepsiptera) é descrita, Elenchus glo-
bulosus sp. n., com base em espécimens coletados em armadilha luminosa em Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
ABSTRACT
A new species of the family Elenchidae (Strepsiptera) is described, Elenchus glo-
bulosus sp. n., based upon speciments caught light-trap in Porto Alegre, Rio Grande do
Sul State, Brazil.
INTRODUÇÃO
O primeiro registro da ocorrência da ordem Strepsiptera no Brasil
foi feito por TEMPLETON (1841) com a descrição de Paraxenos west-
woodi, representante da família Stylopidae.
O segundo registro de ocorrência foi feito por KOGAN (1958) ao
descrever Triozocera paulistana, representante da família Corioxenidae.
Em 1959, OLIVEIRA & KOGAN descreveram mais algumas es-
pécies das familias Myrmecolacidae e Halictophagidae. Em trabalhos
posteriores (OLIVEIRA & KOGAN, 1962, 1963; KOGAN & OLI-
VEIRA, 1966) esses autores descreveram outra espécie de Halicto-
phagidae e várias de Stylopidae. Mais outra espécie de Halictophagidae
foi descrita por CARVALHO (1978), sob a denominação de Halicto-
phagus besucheti.
Até essa época, portanto, havia o registro de quatro famílias de
Strepsiptera para a fauna brasileira: Corioxenidae, Myrmecolacidae,
Halictophagidae e Stylopidae. Os estrepsiteros da família Elenchidae
foram registrados como ocorrendo no Brasil por TROIS (1979), com base
em material coletado no Rio Grande do Sul (RS).
(*) Aceito para publicação em 15.111.1982.
(**) Engenheiro Agrônomo, Professor Assistente na Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agro-
nomia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Caixa Postal 149,
97.500 Uruguaiana, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
120 TROIS, C.A.C.
MATERIAL E METODO
O material foi obtido em coletas realizadas em Porto Alegre, RS (TROIS & COR-
SEUIL, 1978), com armadilha luminosa munida de lâmpada de luz negra do tipo F15T8-
BLB. De um total de 22 cigarrinhas do gênero Liburnia Stal, 1866 (Delphacidae, Ho-
moptera) coletadas, seis estavam estilopizadas por fêmeas e pupas de machos; as fêmeas,
por estarem muito danificadas, não podem ser descritas minuciosamente. Além dessas
formas evolutivas, ainda foi coletado um macho. Todos os espécimes foram montados em
lâminas para microscopia e encontram-se depositados na coleção de Strepsiptera do Setor
de Entomologia da Faculdade de Agronomia (FAGR), Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul, Porto Alegre. Os desenhos foram realizados com câmara clara e sem correções
de assimetria. .
As medidas são expressas em milímetros.
RESULTADOS
Elenchus globulosus sp. n.
(Fig. 1-8)
M a c h o. Coloração geral do especimen em álcool: castanho-
escura, abdômen castanho-claro.
“Cabeça: largura maior 0,45; largura entre os olhos 0,18. Olhos
com 12 omatídios em vista dorsal, circundados por microtriquias den-
samente dispostas. Área occipital membranosa, de coloração mais
clara que as áreas adjacentes. Tubérculo frontal pouco pronunciado. An-
tenas articulando-se em um plano inferior ao do esclerito pós-frontal; o
primeiro e o segundo artículos antenais globulares; o terceiro fundido à
base do quarto artículo e, com este, formando uma pequena dilatação
elipsóide que apresenta o órgão de Hofeneder na porção distal ao flabelo
do terceiro; esse mais o quarto e o quinto artículos cobertos por sensilas
placóides desde acima da dilatação elipsóide até os seus ápices. Com-
primento dos artículos antenais: I-II (juntos) 0,07; III (desde a dilatação
elipsóide, incluindo o flabelo) 0,40; IV (desde a dilatação elipsóide) 0,22;
V 0,43. Mandibulas atingindo a abertura bucal, robustas, sub-
triangulares, alongadas, ápice póstero-interno prolongado em um proces-
so agudo na ponta. Corpos maxilares cilindricos, tão longos quanto lar-
gos, articulados no processo sub-genal muito estreito; palpos maxilares
alongados, achatados, agudos nas pontas.
Tórax: pró e mesotórax estreitos; sutura medio-dorsal estenden-
do-se da margem anterior à posterior do mesotórax. Metatörax cerca de
cinco vezes mais longo do que o prö e o mesotórax juntos.
Abdômen: proctigero muito pequeno, sub-triangular. Ectofalo
sifonado, acúmen arqueado; falobase bulbosa e pilosa na margem exter-
na. Extremidade do IX segmento abdominal pilosa na base e no arco
superior.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
Strepsiptera brasileiros. ... 121
Pernas: trocânteres anteriores e medianos muito longos e com
sulco longitudinal presente e acentuado; trocânteres posteriores muito
pequenos, em forma de taça. Trocânteres, fêmures e tíbias dos três pares
de pernas com pilosidade. Tarso com dois artículos; metatarso muito
pequeno, fusiforme, encaixado em uma concavidade na porção mediana
do basitarso, ambos pilosos.
A sa s: anteriores reduzidas e estruturas halteriformes, aparen-
temente com duas nervuras, uma costal muito curta na base da asa e
fundida à sub-costal, e uma radial que se estende quase desde a base até
o início da expansão apical; as asas mesotorácicas são inteiramente
cobertas por microtriquias. Asas metatoräcicas não observadas.
F êm e a: Coloração geral: castanho-clara.
Cefalotórax: hemisférico; abertura bucal ampla e semi-
circular.
Triungulino: desconhecido.
Hospedeiro: Liburnia sp. (Delphacidae, Homoptera).
Distribuicäo: BRASIL. Rio Grande do Sul.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Porto Alegre, ho-
lötipo macho FAGR 0005, 21.1.1974, A. Oliveira leg.; parätipo imago macho FAGR 0008,
24.1.1979, I. Silva leg.; uma primeira pupa e pupärio FAGR 0009, 25.1.1979, I. Silva
leg.; uma primeira pupa e pupário FAGR 0012, 11.1V.1979, L.N.Ramos leg.; uma segun-
da pupa e pupário FAGR 0011, 11.1V.1979, L.N.Ramos leg.; um pupário de macho sem
imago FAGR 0010, 08.111.1979, I.Silva leg.; duas fêmeas FAGR 0006 e FAGR 0007,
21.1.1974, A. Oliveira leg..
DISCUSSÃO
O gênero Elenchus Curtis, 1832 (sensu KINZELBACH, 1971) é
formado por 12 espécies (parasitas de cigarrinhas da família Delpha-
cidae, ordem Homoptera) citadas a seguir com os respectivos elementos
sinonimicos, hospedeiros e áreas de distribuição, segundo elementos for-
necidos por KINZELBACH (1971) e PIERCE (1961):
1 — E. eastopi Fox, 1967
Hospedeiro: desconhecido
Distribuição: Tanzânia
2 — E. falcipennis Carvalho, 1956
Hospedeiro: Nilaparvata angolensis Synave, 1959
Distribuição: Africa, Angola
3 — E. japonicus Esaki & Hashimoto, 1931
Hospedeiro: Nilaparvata oryzae Matschie, 1919
Distribuição: Japão
IHERINGIA. Ser. Zool.. Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
122
TROIS, C.A.C.
4 — E. koebelei (Pierce, 1908)
10
11
12
(= Mecynocera koebelei Pierce, 1908; Liburnelenchus koebelei
Pierce, 1918; Liburnelenchus heidemanni Pierce, 1918; Elenchinus
heidemanni Pierce, 1918).
Hospedeiros: Liburnia campestris Van Duzee, 1898 e L. lutulenta
Van Duzee, 1898.
E. maorianus Gourlay, 1953
Hospedeiro: desconhecido
Distribuição: Nova Zelândia
E. melanias Perkins, 1910
Hospedeiro: desconhecido
Distribuição: Hawai
E. mexicanus (Pierce, 1961).
(= Sogatelenchus maxicanus Pierce, 1961)
Hospedeiros: Sogata cubana (Crawford, 1910) e S. oryzicola
Muir, 1926 |
Distribuição: México
E. perkinsi (Pierce, 1909)
(= Elenchoides perkinsi Pierce, 1909)
Hospedeiro: Perkinsiella vitiensis Kirkaldy, 1906
Distribuição: Ilhas Fiji
E. solomolensis (Fox, 1967)
Hospedeiro: Sogatella longifurcifera (Esaki & Ishiara, 1931)
Distribuição: Ilhas Salomão
E. spangleri Fox, 1968
Hospedeiro: desconhecido
Distribuição: República Diminicana
E. templetoni Westwood, 1838
Hospedeiros: Discranotropis muiri Kirkaldy, 1907 e Delphacodes
sp.
Distribuição: Ilhas Mauricios
E. tenuicornis (Kirby, 1813)
(= Stylops tenuicornis Kirby, 1813; E. walkeri Curtis, 1832; E.
delphacophilus Ahlberg, 1925; E. carpathicus Oglobin, 1925; E.
dubius Oglobin, 1926; E. forcipatus Oglobin, 1926; E. lugubrinus
Oglobin, 1926; E. chlorionae Lindberg, 1939).
Hospedeiro: várias espécies de Delphacidae.
Distribuição: Europa
Das espécies do gênero Elenchus, anteriormente citadas, E. glo-
bulosus sp. n. pode ser confundida com E. koebelei e E. mexicanus,
pelo facies e por estilopizarem cigarrinhas muito semelhantes entre si,
como são as dos gêneros Liburnia Stal, 1866 e Sogata Distant, 1906.
Mas, também, pode ser facilmente distinguida dessas duas espécies pelo
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
Strepsiptera brasileiros. ... 123
exame de caracteres microscópicos como: o formato globular dos arti-
culos do escapo antenal e a forma das mandibulas, maxilas e ectofalo.
O nome específico globulosus se refere justamente ao formato dos
dois primeiros artículos antenais dos machos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Itabuna, Resumos... p.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
|
124
2" ———
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Fig. 1-8. Elenchus globulosus sp. n. holótipo macho (FAGR 0005):1. antena direita,
vista dorsal; 2. asa anterior, vista dorsal; 3. perna anterior esquerda, vista dorsal; 4.
trocänter mediano esquerdo, vista ventral; 5. perna posterior esquerda, vista dorsal; 6.
maxila esquerda, vista ventral; 7. mandibula esquerda, vista ventral; 8. ectofalo, vista
lateral. (Fig. 1a5e6a 8, respectivamente, na mesma escala). }
0,05 mm
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama guanicoe (Miiller, 1776) em estudo
comparativo com Camelops hesternus (Leidy, 1873) (Artiodactyla,
Camelidae).(*)
Christina Teixeira Guimarães Gresele**
RESUMO
O presente trabalho visa aumentar os conhecimentos da osteologia craniana de
Lama guanicoe (Müller, 1776), em comparação com Camelops hesternus (Leidy, 1873),
segundo o trabalho de WEBB (1965).
ABSTRACT
The scope of this paper is to increase the knowledge of the sincranium of Lama
guanicoe (Müller, 1776), in comparison with Camelops hesternus (Leidy, 1873), as des-
cribed by WEBB (1965).
INTRODUÇÃO
Segundo LA TOUR (1954), a primeira descrição detalhada de
Lama guanicoe foi feita por Molina em 1782, que o chamou de Camelops
huanacus e Waterhouse em 1839 denominou-o de Auchenia lama, clas-
sificando-o na familia Auchenidae, hoje incluida entre os Camelinae.
Frisch em 1775 propôs o gênero Lama para a espécie L. guanicoe e
Miller em 1776 denominou a espécie de Camelops guanicoe. O nome
científico válido de espécie é, pois, Lama guanicoe (Müller, 1776) e não
L. huanacus Molina, 1782.
Segundo HOFFSTETTER (1952), a fauna sul-americana atual, no
que diz respeito à família Camelidae, apresenta dois gêneros com quatro
espécies, duas selvagens e duas exclusivamente domésticas, todas dis-
tribuias no limite das zonas continentais, seja nos altos päramos an-
dinos, seja nas latitudes meridionais da Patagônia. As quatro espécies
SEO
Aceito para publicação em 02.1V.1982.
Dissertação de Mestrado em Geociência pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de-
zembro de 1980.
(**) Estagiária do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MC-
N-FZB), Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982
|
126 GRESELE, C.T.G.
de camelídeos sul-americanos são: a Ima, Lama glama (Linné, 1758), a
alpaca, Lama pacos, (Linné, 1758), o guanaco, Lama guanicoe (Müller,
1776) e a vicunha, Vicugna vicugna (Molina, 1782). Destas, a lama e a
alpaca são animais domesticados, mas o guanaco e a vicunha são es-
pécies selvagens e sua preservação é de grande importância. Algumas
espécies de Lama estão representadas em sedimentos assignáveis do
Pleistoceno da Argentina.
Segundo LA TOUR (1954) L. guanicoe distribue-se ao longo da
Cordilheira dos Andes, Equador, Peru, Bolívia, Chile'e Argentina, mas
seu limite norte ainda não esta bem estabelecido. A oeste, o guanaco en-
contra-se na costa do Pacífico. De Pisco (Peru) a Antofagasta (Chile), os
guanacos são confinados a semi-desertos e a certos pampas a oeste das
cordilheiras. Nas partes do sul dos Andes e na Terra do Fogo, o guanaco
habita zonas pouco florestadas. Ao sul está limitado pelas Ilhas de
Navarino. A leste, o guanaco encontra-se limitado pelos Andes Peruanos
e Bolivianos, em zonas de florestas montanhosas. Na Argentina, ele es-
tende-se para as Pré-Cordilheiras e Serras Pampeanas. Na figura 1,
podemos observar sua distribuição no passado e atual.
O presente trabalho visa aumentar o conhecimento da osteologia
craniana da família Camelidae Gray, 1821, atraves da descrição de L.
guanicoe (Müller, 1776), comparando com outro camelideo da espécie C.
hesternus (Leidy, 1873), com o qual apresenta grandes semelhanças es-
truturais.
MATERIAL E METODOS
Foram examinados dois crânios de L. guanicoe, provenientes de Cafadon de Las
Cuevas, Província de Santa Cruz, República Argentina, coletados pelos professores
Miguel e Elisa Bombin e depositados na coleção Paleontológica do Museu de Ciências
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-NP-06 e 07).
No exemplar FZB-NP-06, falta o esquamosal direito, nas suas partes média e an-
terior, e há pequena fratura na região supra-orbital do frontal esquerdo. Há, também, um
pequeno orifício acidental na região látero-anterior do parietal esquerdo e pequeno ori-
fício, também acidental, na região superior do esquamosal direito. As cristas occipitais,
direita e esquerda, estão também um tanto incompletas, faltando à crista supraoccipital
um fragmento mediano.
O exemplar FZB-NP-07 encontra-se também danificado, faltando-lhe a metade an-
terior do nasal esquerdo, a parte póstero-lateral da pré-maxila e a parte superior da
maxila junto da sutura com o nasal. Falta completamente o arco zigomático esquerdo.
Na sua preparação, os crânios passaram por processos de limpeza prolongados, ten-
do-lhes sido retirados primeiramente, com o auxílio de bisturí e pinça, o pêlo, pele, mús-
culos, nervos e vasos sangiíneos, após o material foi fervido em água, diversas vezes.
Após nova retirada de tecidos e gorduras, os crânios foram submetidos a uma solução de
10% a 20% de hipoclorito de sódio, para a clarificação. Por fim foram lavados em água
corrente e banhados em álcool 90°, para desengordurar e secar. b
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama... 127
O trabalho resume-se na descrição osteológica do crânio de L. guanicoe, comparado
com o de C. hesternus, segundo o trabalho de WEBB (1965).
Os desenhos que ilustram este trabalho foram baseados nas fotografias dos es-
pécimes em consideração e nos originais respectivos. O espécime FZB-NP-07, o mais
danificado, foi serrado longitudinalmente, junto ao plano sagital, para estudo de alguns
aspectos internos. As medidas foram feitas mediante a utilização do paquímetro, segundo
os critérios usados por WEBB em relação a C. hesternus, e estão expressas em milt-
metros.
Utiliza-se a Sistemática de SIMPSON (1945).
Nas figuras utilizaram-se as abreviaturas abaixo.
Al - alisfenóide; bo - basioccipital; bs - basisfenóide; eo - exo-oxxipital; fr - frontal; j
- jugal; la - lacrimal; ma - mastóide; me - mesetmóide; mx - maxila; na - nasal; p - pa-
rietal; pl - palatino; ps - pré-esfenóide; pt - pterigóide; px - pré-maxila; so - supra-
occipital; sq - esquamosal; ty - timpanohial; vo - vômer.
Ordem ARTIODACTYLA Owen, 1848
Subordem TY LOPO DA Illiger, 1811
Familia CAMELIDAE Gray, 1821
Subfamília CAMELINAE Zittel, 1893
Gênero Lama Frisch, 1775
Espécie Lama guanicoe (Müller, 1776)
(Pleistoceno ao Recente)
ASPECTO GERAL DOS CRÂNIOS EM ESTUDO
O conjunto crânio e mandíbula de L. guanicoe, segundo HOFFS-
TETTER (1952), é relativamente alongado e delgado, com a região facial
profunda e o eixo basicranial-basifacial, moderadamente flexionado.
“Considerando o espécime FZB-NP-06, vemos que a região facial é
alongada e a cavidade cerebral ovalada. Na parte dorsal encontra-se an-
teriormente o nasal, seguindo-se-lhe, em série, o frontal, o parietal e o
interparietal. Observam-se as bordas anteriores do processo do molar e
do processo zigomático do esquamosal que formam em conjunto o arco
zigomático, do qual, o do lado direito, encontra-se fracionado. O nasal,
com o processo nasal do frontal, forma o teto da cavidade nasal e fron-
tal, o parietal e o interparietal, formam o teto da cavidade cerebral.
Em vista lateral o crânio apresenta, como elemento mais anterior,
a pre-maxila que forma a maior parte da parede lateral da cavidade
nasal, com o Iº presente. Seguem-se-lhe a maxila e o jugal, este limitan-
do a borda anterior da órbita. Entre a maxila, o jugal e o frontal encon-
tra-se o pequeno osso lacrimal. Acima da maxila e do jugal estã a porção
descendente do frontal. Sob este e, posteriormente à maxila, encontra-se
o orbito-esfenóide e o alisfenóide, limitados, na parte inferior, pelo
pterigóide. O alisfenóide limita-se posteriormente com o esquamosal. O
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
128 GRESELE, C.T.G.
esquamosal emite seu processo zigomätico em direção ao processo zi-
gomático do jugal. Atrás do processo zigomático do esquamosal encon-
tra-se o processo mastóide do periótico e abaixo do esquamosal está
localizada a bula auditiva, composta pelo timpânico e ento-timpânico e
limitada, na parte posterior, pelo occipital.
Em vista ventral, o crânio apresenta anteriormente o palato ósseo,
mais estreito na região anterior onde é formado pela pre-maxila. Em sua
região meseal é formado pela maxila e, posteriormente, pela lâmina
horizontal do palatino. A borda posterior do palato ósseo forma a mar-
gem ventral da abertura nasal posterior. O teto da fossa nasal posterior
(coana) é formado pelo vômer. O palatino estende-se para trás, encontran-
do-se com o pterigóide. Posteriormente ao vômer e a porção anterior abai-
xo dele, encontra-se o pre-esfenöide, seguindo-se em sequência, o basies-
fenóide e o basioccipital que constitui a porção ventral da região occi-
pital. Na extremidade posterior do crânio salientam-se lateralmente os
cöndilos occipitais que limitam o forame magno. Lateralmente ao oc-
cipital, observa-se a superficie inferior da bula auditiva e o processo
mastóide do periótico.
Em vista occipital, o crânio é constituido principalmente pelo exo-
occipital, com o forame magno situado em sua metade inferior. Lateral-
mente ao exo-occipital situa-se a superficie posterior do processo mas-
toide sob o qual se situa a parede posterior da bula timpânica. Vemos a
fossa timpanohial envolvida pelo timpânico.
Segundo WEBB, a flexão craniana entre o plano basifacial e o
plano basicraniano verificada em diversos grupos de artiodáctilos é mais
acentuada em L. guanicoe (8-15º) que em C. hesternus (7-10º). Visto de
perfil o crânio de L. guanicoe apresenta maior convexidade do teto cra-
niano posteriormente aos frontais, que em C. hesternus.
DESCRIÇÃO OSTEOLÓGICA
Vista dorsal do crânio.
Nasal: é um osso par que se une na linha média-sagital do
crânio com seu oposto e que forma a maior parte do teto da cavidade
nasal. Em L. guanicoe os nasais são arqueados transversalmente e es-
treitos. A borda lateral do nasal é um tanto côncava, suturando-se em
sua parte lätero-anterior com a parte póstero-dorsal da pre-maxila em
1/6 de seu comprimento. Sua parte mediana sutura-se com a parte
média superior da maxila em aproximadamente 2/3 de seu comprimento.
Sua parte pöstero-lateral limita-se com a ampla vacuidade lacrimal (1/5
do comprimento). Há ainda curta sutura látero-posterior transversal com
o frontal. A extremidade anterior de cada nasal abre-se em V cujo ramo
externo, que se sutura com a pré-maxila, é bem mais alongado anterior-
mente que seu oposto. ir
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama... 129
Segundo WEBB, os nasais de L. guanicoe são bem mais curtos e
um tanto mais largos que os de C. hesternus. Sua ponta posterior, coin-
cidente com a extremidade livre de cada ramo do V, é muito menos
pronunciada que em C. hesternus, em que a mesma se afila repenti-
namente, sendo separada de sua oposta pela ampla cunha anterior dos
frontais.
Frontal: é um osso par que se une por sutura na linha sagital
com seu oposto e que se situa imediatamente atrás dos nasais. Forma a
parte anterior do teto do crânio e parte da parede lateral da cavidade
cerebral, concorrendo para cobertura da parte posterior da cavidade nasal.
Na região interorbital os frontais são grosseiramente convexos e de acor-
do com WEBB, com uma depressão mediana não presente em C. hester-
nus.
Em L. guanicoe, a parte anterior mediana do frontal forma uma cunha
aberta que se encaixa entre os processos posteriores dos nasais. Na bor-
da lateral anterior do frontal encontra-se a vacuidade lacrimal logo à
frente do osso lacrimal. A porção lateral descendente do frontal limita-se
na parte intraorbital com os órbitoesfenóide e alisfenóide formando a
parte superior da parede interna da órbita e da fossa temporal, e na par-
te extraorbital, numa linha obliqua descendente de trás para diante com
o lacrimal. Posteriormente às órbitas, os frontais formam ampla cunha
posterior, de limite posterior arredondado, que se sutua lateral e meseal-
mente com o parietal. Cada frontal é perfurado lateralmente pouco a
frente do limite posterior da apófise pós-orbitária por um forame vas-
cular de que parte para frente um amplo e um tanto profundo canal de
convexidade meseal que se prolonga até a vacuidade lacrimal.
Em L. guanicoe, segundo WEBB, a parte dorso-lateral do frontal
apresenta plataforma marginal que recobre a parte superior da órbita
com uma estreita e profunda chanfradura de aproximadamente 13mm de
profundidade em sua parte anterior e em C. hesternus, 25mm de profun-
didade.
Parietal: é um osso par, situado imediatamente atrás do fron-
tal e sobre o esquamosal, que se une com seu oposto pela sutura sagital.
Forma a parte dorsal e látero-superior da cobertura craniana. A parte
terminal anterior dos parietais recebe a cunha médio-dorsal dos frontais
prolongando-se lateralmente a estes e descendo, em estreita faixa, entre
a parte póstero-lateral do frontal e a parte anterior do esquamosal até a
sutura do alisfenóide. Nos dois crânios em observação, não foi possível
distinguir-se claramente a linha de sutura pöstero-superior do órbitoes-
fenóide com o alisfenóide, o mesmo acontecendo com a sutura órbitoes-
fenóide-frontal. O que se observa no crânio FZB-NP-07 parece, porém,
indicar ser o órbitoesfenóide afastado de contato com o ramo descenden-
te do frontal por uma expansão anterior do alisfenóide, em sua extre-
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midade dorsal. Não há aqui o pterygoid pit que WEBB cita pelo presen-
te em C. hesternus em que o parietal, o alisfenóide e o órbitoesfenóide
têm encontro num ponto em comum, naquele gênero do Terciário.
Em L. guanicoe os parietais apresentam forma levemente abaulada
no sentido ântero-posterior. Sua parte ântero-dorsal une-se com a cunha
mediana dos frontais pela sutura coronária. A máxima distância, em
linha reta, da parte superior até a extremidade inferior da sutura frontal-
parietal é, nos espécimes vistos, de 80mm. Em C. hesternus, segundo
WEBB, esta distância é maior, ou seja, de 95mm nos espécimes de Ran-
cho La Brea. O parietal se une com o esquamosal através da sutura es-
camosa. Na sua parte posterior encontra-se a crista lambdöide. A crista
sagital é fracamente desenvolvida. Curva-se para baixo em pequeno
trecho de sua parte posterior.
Vista lateral do crânio.
Pré-maxila: é um osso par que forma o rebordo lateral da
abertura nasal externa. É o elemento mais anterior da superficie lateral
do crânio. Em L. guanicoe é relativamente loga, bordejada na parte pös-
tero-superior pelo nasal e, na parte lateral-inferior pote maxila. Sua parte
ventral-anterior forma o rebordo alveolar com o Iº presente. De acordo
com WEBB, sua parte ântero-dorsal é grosseiramente expandida e pouco
rugosa, o que parece estar de acordo com o lábio preênsil fendido que,
nas formas fósseis, teria sido mais pesado.
Em L. guanicoe, em vista ventral, a pre-maxila e a maxila encon-
tram-se a meio caminho entre o I3 e o canino, sendo a pre-maxila in-
clinada para trás num ângulo de aproximadamente 135º. A fenda pre-
maxilar é encontrada geralmente em outros camelideos. Tanto em L.
guanicoe, como em C. hesternus, a pre-maxila limita-se com o nasal no
rebordo dorsal de sua região angular póstero-dorsal onde se sobrepõe ao
mesmo. Ela também sobrepõe-se a maxila em toda sua extensão de seu
rebordo de sutura com esta. Em C. hesternus, segundo WEBB, a pre-
maxila é afastada do nasal, não se suturando com este em virtude de
uma intromissão de uma extensão äntero-dorsal da maxila entre os mes-
mos, atingindo, por fraca extensão, o rebordo da abertura nasal anterior.
Em L. guanicoe a borda alveolar é curta, projetando-se de sua parte
media interna longa e afilada apófise palatal que se dobra logo para trás
e se extende ao longo da linha sagital da parte anterior do palato até en-
contrar-se com a extremidade anterior da apöfise palatal da maxila,
isolando entre si e o rebordo alveolar longo forame incisivo. Tal apófise
pöstero-mesial da pre-maxila sobrepõe-se distalmente à apófise palatal
da maxila, quase ao encontro com a extremidade anterior do vômer. Em
C. hesternus, segundo WEBB, a apófise em questão é muito curta, não
ultrapassando o I3 posteriormente, de tal modo que o longo forame in-
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Osteologia craniana de Lama... 131
cisivo, sem limitação mesial, se funde com seu oposto num só e amplo
forame.
M axila: é um osso que ocupa parte relativamente grande da su-
perficie lateral do rostro, em comparação com outros ossos. Sua amplitu-
de vertical é grande na região facial. Forma a maior parte da parede lateral
da cavidade nasal. Limita-se com o nasal por sua borda dorsal anterior,
com a pré-maxila por sua longa e sinuosa borda anterior, e, por curtis-
sima distância, com a borda äntero-lateral do frontal, sob o limite in-
ferior da fenestra lacrimal. Logo abaixo desta sutura-se com o osso
lacrimal e finalmente com o jugal, cujo rebordo ântero-ventral acom-
panha até a parte média ventral da órbita, terminando logo atrás do M3.
A apofise palatina da maxila forma a maior parte do palato ósseo li-
mitando-se com a borda alveolar. Posteriormente e mesealmente ao M$,
a maxila sutura-se com a parte intra-orbitária do frontal e com a lâmina
descendente do palatino.A maxila é perfurada pelo forame infra-orbital
impar, pouco acima do rebordo alveolar posterior do P4, estendendo-se o
respectivo canal posteriormente até a base do arco zigomático. Atravês
dele passa o segundo ramo do trigêmino. A fossa maxilar, de contorno
posterior subcircular, que é presente em C. hesternus próxima da mar-
gem äntero-dorsal do osso, é representada em L. guanicoe por suave e
rasa concavidade, sem maior significação.
WEBB apresenta três sugestões para esclarecer a função da fossa
maxilar:
a) serviria para alojar o divertículo nasal, semelhante ao que W.K.
Gregory (1924) reconheceu em certos cavalos fósseis e demonstrou exis-
tir em vários outros ungulados;
b) alojaria uma glândula sensitiva especial encontradiça em alguns
antilopes, tragulideos, veados, alguns suídeos e possivelmente nos
oreodontes;
c) serviria como área de inserção muscular;
Segundo este mesmo autor, a última alternativa seria a mais
correta, pois diversos músculos se encontram ali para formar esta região,
como o músculo composto que representa o maxilo — labialis superioris
e o naso — labialis. Isto pode ser observado tanto em C. hesternus como
e L. guanicoe, onde o rostro é relativamente longo necessitando, por is-
so, maior desenvolvimento nestes músculos rostrais longos, especialmente
o maxilo-naso-labiais. A grande expansão vertical da maxila estaria de
acordo com a flexão do crânio, entre a sua parte palatal e a superficie de
sua região basal.
Lacrima |: é um osso par que esta situado entre a maxila, o
frontal, o jugal e o processo anterior lateral intra-orbitrário do palatino,
na borda anterior da órbita. Não se limita com a ampla fenestra lacrimal
de que é separado por estreita expansão ântero-ventral do frontal, que
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132 GRESELE, C.T.G.
não existe em C. hesternus, no qual o ângulo superior do lacrimal está
em contato com a vacuidade lacrimal. Neste caso tal parte do lacrimal
separa entre si a porção facial dos ossos maxilar e frontal que se encon-
tram por curtíssimo espaço. Em L. guanicoe a maior parte do lacrimal
expande-se para dentro da órbita.
Segundo WEBB, a borda orbital do lacrimal é lisa, não marcada
pelos dois proeminentes tubérculo lacrimais, um acima do outro que se
vêm em C. hesternus.
Junto à borda anterior da órbita, o lacrimal é perfurada pelo canal
lacrimal que desemboca anteriormente na cavidade nasal. A grande
vacuidade lacrimal é subtriângular, encontrando-se acima da parte pös-
tero-dorsal do maxilar. O lado anterior ventral limita-se com a maxila e
o lado superior limita-se com o nasal, e o lado posterior com o frontal.
J ug al:é um osso par que concorre para formar a parte anterior
do arco zigomático. Termina distalmente em curta apófise orbitária as-
cendente que se une com a longa apófise orbitária descendente do fron-
tal, limitando a órbita posteriormente. O jugal limita-se com a borda in-
fero-lateral da órbita e a borda inferior do lacrimal ao longo da sutura
denticulada. Na borda äntero-ventral, sutura-se com a maxila. Poste-
riormente, logo abaixo de sua apófise orbitária, recebe a extremidade an-
terior em forma de cunha do processo zigomático do esquamosal, sob o
qual o jugal se extende posteriormente, em longa e afilada apófise de
borda ventral alongadamente côncava. A face inferior do jugal é mar-
cada por uma superfície rugosa e por uma crista longitudinal que acom-
panha a sua convexidade ventral. Tais acidentes da superficie desta área
são destinados à fixação original do músculo masséter anterior.
Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, a raiz anterior do
zigoma é profunda, formando ampla área de fixação para origem do
masséter, que nestes gêneros é vertical e em outros gêneros é horizontal.
Esta diferença está diretamente relacionada com a flexão do crânio, pois
as formas com flexão craniana tem a região facial bastante profunda
para acomodar as placas massetéricas verticais. A parte anterior da ar-
cada zigomática situa-se em plano nitidamente inferior ao da cavidade
glenóide, o que acontece tambem em C. hesternus, segundo WEBB. Ha
dupla curvatura da arcada zigomática no plano vertical, a metade an-
terior ventralmente convexa, a posterior ventralmente côncava, reflete,
segundo WEBB, a flexão do plano basifacial e basicranial do crânio.
Esquamogsal: é um osso par que se limita com o parietal por
seu rebordo dorsal anterior, com o alisfenöide por pequena extensão in-
ferior de seu rebordo anterior, com o periótico por seu rebordo ventral e,
posteriormente, com a crista mastóide. A porção zigomática do es-
quamosal estã em conexão com o jugal e forma a parte posterior do arco .
zigomático. O esquamosal participa, por sua parte posterior, da for-
mação da parede lateral da cavidade cerebral. Ventral e imediatamente
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Osteologia craniana de Lama... 133
superior a arcada zigomática esta a cavidade glenoide, destinada a recepção
do côndilo mandibular. A cavidade glenóide é relativamente larga e äntero-
posteriormente curta e ligeiramente côncava, diferentemente do que se vê
em C. hesternus, em que ela é muito larga e quase plana. Suas bordas an-
terior e medial inclinam-se suavemente para as áreas não articulares, ad-
jacentes, como também em C. hesternus, segundo WEBB.
Em L. guanicoe o processo pös-glenöide é grandemente reduzido,
ao contrário do que acontece em C. hesternus. Posteriormente ao proces-
so e ao forame pös-glenöide, a porção horizontal ventral do esquamosal
estende-se até a crista mastóide. Seu grande processo póstimpânico, de
30mm de comprimento, cobre parcialmente a area do mastóide, entre a
ponta da crista lambóide e o forame estilo-mastóide, suturando-se ven-
tralmente com o processo paroccipital. É situado em posição bem pos-
terior ao meato auditivo, enquanto em C. hesternus ele é fortemente
pressionado anteriormente contra o meato. O processo zigomático do es-
quamosal compõe posteriormente a parte esquamosal da arcada zigo-
mática. É alongado e afilado dorso-ventralmente, com rebordo dorsal
ligeira e alongadamente convexo no sentido ântero-posterior e de rebordo
ventral igualmente côncavo no mesmo sentido e acompanhado ventralmen-
te, em suas 6/7 partes anteriores, pelo processo posterior do jugal. Sua ex-
tremidade anterior afila-se em cunha, penetrando no rebordo póstero-
ventral do jugal.
Orbito-esfenóide: é um osso par limitado anterior e dor-
salmente pelo frontal, posteriormente pelo alisfenóide e ventralmente
pelo palatino. Forma a parede ântero-mediana do enorme forame for-
mado pela união órbito-rotundum e inclui forame óptico, combinando com
o lacerado anterior. Estreita e curta extensão anterior do örbito-
esfenoide, situada sob o forame etmóide, limite anterior da sutura ór-
bito-esfenöide com o frontal, vai até a meia distância entre este e o
forame esfeno-palatino. Em 'C. hesternus, segundo WEBB, tal extensão
äntero-ventral do órbito-esfenóide atinge o forame esfeno-palatino. Tan-
to em L. guanicoe, como em C. hesternus este osso é relativamente
grande.
Alisfenóide: é um osso par, alongado dorsoventralmente,
um tanto inclinado para frente no mesmo sentido em sua metade ven-
tral, em sua metade dorsal (asa do alisfenóide) ampla e estendida
obliquamente de diante para trás, limita-se anteriormente com o órbito-
esfenoide, dorsalmente com o frontal parietal, posteriormente com o es-
quamosal e póstero-ventralmente com o pterigóide. A asa lateral do alis-
fenoide concorre para a formação da parede látero-inferior do crânio. No
limite entre o alisfenóide, esquamosal e pterigóide abre-se o forame oval.
A parte vertical do alisfenöide estende-se do processo hamular externo
em sua parte ventral até o forame órbito-redondo. Limita-se anteriormen-
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134 GRESELE, C.T.G.
te com o: palatino. Entre ela e o amplo timpânico estende-se o espaço
faringeano.
Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, segundo WEBB, os
processos pterigóides externos são menos divergentes entre si e rela-
tivamente mais longos que em Camelus. O alisfenöide apresenta em sua
superficie ântero-externa, logo acima do nível do forame órbito-redondo,
uma projeção que por ser um dos pontos de origem dos músculos pte-
rigóides se chama tubérculo pterigóide que apresenta aproximadamente
o mesmo desenvolvimento que em C. hesternus.
Estrutura da regiäo auditiva:o periótico é um
osso par que contém o labirinto auditivo e o ouvido interno e forma a
maior parte da parede meseal da bula auditiva. Situa-se entre o es-
quamosal, exo-occipital, aliesfenóide e basiefenöide. O periótico apresenta
um forame interno que se abre para a cavidade cerebral, para os nervos
cranianos VII e VIII.
Em L. guanicoe a porção mastoide do osso periótico esta numa área
grosseiramente triangular alongada, entre o esquamosal e o exo-
occipital, na base do processo paraoccipital do osso occipital. Abaixo da
parte anterior do mastóide encontra-se o processo póstimpânico do es-
quamosal. O meato auditivo externo é grande, arredondado, tubular e
dirigido obliquamente para cima e para trás, salientando-se à frente da
porção mastóide do periótico. Em C. hesternus, segundo WEBB, ele é
amplo e achatado äntero- posteriormente e dirigido diretamente para trás
e sua estreita borda dorsal é formada pelo esquamosal.
Em L. guanicoe o meato auditivo externo é formado exclusivamen-
te às expensas do timpânico. O periódico limita-se na parte médio dorsal
com o occipital, na parte inferior limita-se com o entotimpânico e com o
timpânico e lateralmente limita-se como esquamosal. A bula timpänica é
formada por duas placas verticais, uma orientada ântero-posteriormente e
de situação medial e a outra lateral oblíqua, externa à primeira, que se
encontram em longo vértice anterior em V. Segundo Van Kampen, in
WEBB, a placa lateral é a expansão da parte proximal do meato auditivo,
enquanto a outra placa forma a bula timpânica.
Segundo WEBB, em C. hesternus a borda esquamosal do meato
também é pouco extensa e a bula é a encontrada nos camelideos. Em L
guanicoe, como em C. hesternus, a placa laterale a parte anterior da
placa medial (bula) são muito infladas, ao contrário do que se vêem
Camelus. Estas diferenças que parecem estar relacionadas com a si-
tuação mais elevada (em L. guanicoe e em C. hesternus) ou mais baixa,
logo à frente da placa lateral (em Camelus) da cavidade glenöide do es-
quamosal, livrando ou restringindo a expansão anterior da placa tim-
pânica.
Em L. guanicoe, a borda posterior da placa timpânica lateral é
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Osteologia craniana de Lama... 135
francamente vertical em toda sua extensão dorso-ventral, formando um
ângulo bem definido com a borda ventral da mesma.
Em C. hesternus, segundo WEBB, a borda posterior da placa
lateral da bula curva-se gradualmente para frente e para baixo, aban-
donando assim, uma orientação quase vertical por uma orientação ho-
rizontal, nisto diferindo pois nitidamente, do que se vê em L. guanicoe.
A vagina do processo hióide (timpanohial) situa-se posteriormente,
entre as placas timpânicas lateral e medial, sendo profunda e ampla e
também bem limitada posteriormente por expansões das placas tim-
pânicas em consideração. A bula timpânica propriamente dita (placa
medial) sutura-se com a alisfenóide em pequena extensão ântero-dorsal,
e com o esquamosal ao longo de toda a região glenóide. Sua articulação
com o exo-occipital é pöstero-medial, sendo o seu contato com o basies-
fenóide medial.
Vista ventral do crânio
Palatino: é um osso par, de aspecto irregular, que participa
da formação da parede látero-posterior do canal nasal (coana) situado à
frente do pterigóide. Dorsalmente o palatino emite uma ampla lâmina
vertical curvada para dentro, que se limita dorsal e medialmente com a
placa horizontal do vômer e auxilia na formação do teto da parede pos-
terior do canal nasal. Limita-se posteriormente com o alisfenóide e com o
pterigóide, dorsalmente com o órbito-esfenóide numa extensão limitada
anteriormente pelo forame esfeno-palatino e posteriormente pelo forame
orbito-redondo.
Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, a superficie palatal
do palatino é um tanto côncava. Em sua extremidade anterior, tais
processos palatais horizontais do palatino encontram-se na linha sagital
formando, na superficie ventral, um prolongamento posterior do palato
Ósseo e participando, na sua superfície dorsal, da formação do assoalho
da cavidade nasal. O palatino sutura-se ainda com o frontal logo à frente
do órbito-esfenóide, com o lacrimal anteriormente e com a maxila pos-
teriormente. Sua sutura anterior com o lacrimal faz-se através de uma
estreita expansão intra-orbitária, que separa o frontal e o maxilar,
naquela região, logo acima da abertura posterior do forame infra-
orbitärio. Tal situação ocorre também em C. hesternus, segundo WEBB
diferentemente do que ocorre em Camelus, em que tal expansão intra-
orbitária, anterior da lâmina vertical do palatino não existe, tocando-se o
frontal e a maxila entre si naquela região, ou existe sob forma muito
rudimentar.
A parte anterior estreita e alongada do palato ósseo formada pela
junção na linha sagital das apófises palatinas das maxilas, e anterior-
mente das pre-maxilas, é um tanto côncava äntero-posteriormente,
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136 GRESELE, C.T.G.
elevando-se a nivel consideradamente mais elevado que o da região pos-
terior do palato. Seus forames palatinos posteriores (ou anteriores se
forem considerados os palatinos anteriores como forames incisivos) si-
tuam-se logo à frente dos P3, quando em C. hesternus eles são mediais
aos Pá. A chafradura posterior do palato ósseo, entre as apófises pa-
latinas dos palatinos, é mais longa em L. guanicoe, onde seu limite an-
terior se situa entre os sulcos interlobulares dos M2, do que em C. hes-
ternus em que seu limite anterior se situa entre os lóbulos posteriores
dos mesmos dentes ou anteriores dos M3. O palato ósseo, em sua porção
mesial entre os P3 e M3, alarga-se nítida e progressivamente para trás,
sendo bem mais estreito entre os P3 que entre os M3.
Pterigöide:e& um osso par situado atrás da placa vertical do
palatino. Forma propriamente a apófise pterigóide interna do palatino,
com a qual se funde, assim como com o alisfenöide cuja apófise hamülar
(pterigóide) externa, forma par com a apófise pterigóide propriamente
dita interna, como acontece normalmente entre os camelideos.
Vômeremesetmóide: é um osso impar, situado dorsal-
mente às lâminas horizontais da maxila e do palatino. Seus lados entram
em contato com a porção interna do palatino, curvando-se para baixo.
Forma o teto da passagem nasal até a altura da abertura nasal poste-
rior, estendendo-se até o pré-esfenóide. Sua extremidade posterior está sob a
porção anterior do pré-esfenóide. Na linha média o vômer emite ventral-
mente uma lâmina vertical longitudinal que entra em contato com a
superficie superior da lâmina horizontal da maxila e do palatino, forman-
do um septo que divide em duas metades a passagem nasal. Dorsalmen-
te é percorrido por um sulco longitudinal de paredes laterais altas des-
tinado a receber, em sua parte posterior, a lâmina vertical mediana do
etmoide (mesetmóide) e, em sua maior parte anterior, o prolongamento
cartilaginoso da mesma lâmina que completa a separação mediana das
fossas nasais. O mesetmóide é relativamente curto e afilado dorso-
ventralmente em sua extremidade anterior.
Pré-esfenóide: é um osso impar que, em secção horizontal,
apresenta-se triangular ou subcircular estã situado posteriormente ao
vômer. Sua extremidade posterior limita-se com o basisfenóide e lateral-
mente com o palatino, alisfenóide e pterigóide. O pré-esfenóide participa
da formação do teto da fossa nasal posterior e forma a porção anterior
do assoalho da cavidade cerebral. Em L. guanicoe ele é bem menor que
em C. hesternus.
Basisfenóide: é um osso impar situado atrás do pré-
esfenoide na linha média da superficie ventral do crânio. Posteriormente
limita-se com o basioccipital e lateralmente com os pterigóides. Tanto
em L. guanicoe como em C. hesternus, o basisfenóide Ppresenta se alto e
um pouco inclinado para a parte dorsal.
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Osteologia craniana de Lama... 137
No crânio FZB-NP-07 o basisfenóide apresenta maior declividade
para ambos os lados, com sulco longitudinal intermediário mais pronun-
ciado que o de FZB-NP-06, em que o sulco é mais raso, fato que, segun-
do Hibbard & Rigss (1949), citado por WEBB, esta relacionado com
dimorfismo sexual, em que a maior declividade lateral do basisfenóide
corresponde, com outras características femininas, como o menor desen-
volvimento dos dentes caninos. Tal observação esta confirmada no
crânio FZB-NP-06, fêmea.
Segundo WEBB, o basisfenoide de C. hesternus apresenta, no
meio de sua superficie ventral, uma abertura estreita de no máximo
Imm de extensão, que não penetra o osso e cuja depressão não atinge
Imm abaixo da superficie óssea. Acrescenta este autor que caso inter-
pretamos tal estrutura como um forame verdadeiro, este poderia ser con-
siderado como seio venoso esfenoidal. A posição desta fenda sugere, segun-
do Parrington (1947) citado por WEBB, que ela poderia ser o alvéolo de uma
ossificação paraesfenoide, presente nos répteis e identificado entre alguns
mamiferos, principalmente no estágio fetal. Também foi citado por Stark
(1956) em WEBB, como presente num espécime adulto de Camelus maximus
Hay, 1921 em que se situa na mesma posição que a fenda em. hesternus,
presente na maioria dos crânios examinados. Acrescenta WEBB quetal fen-
da aparece na mesma posição em muitos crânios de L. guanicoe.
Vista posterior crânio
Região occipital: limita-se na porção superior, ao longo
da crista supra-occipital com o parietal, lateralmente com o mastóide,
timpânico, entotimpânico e esquamosal. O basioccipital situado ventral-
mente limita-se anteriormente com o basiesfenóide e de cada lado com o
entotimpânico. O forame magno de formato circular é bem desenvolvido.
De cada lado do forame magno, os côndilos occipitais são as estruturas
mais proeminentes desta região, apresentando contorno subtriangular.
Os exo-occipitais apresentam um bem desenvolvido processo paraoc-
cipital que estã no prolongamento do entotimpânico. Abaixo deste
processo paraoccipital ha uma grande depressão rugosa onde estão
localizados dois forames que se comunicam com a cavidade cerebral:
forame hipoglosso no occipital, que da passagem ao XII nervo craniano
e o forame lacerado posterior, entre o occipital e o entotimpânico, que da
passagem aos IX, X e XI nervos cranianos. Esta porção projeta-se no
occiput e serve de alavanca para o controle dos músculos flexores da
cabeça. O basioccipital é mais ou menos plano com os lados levemente
em aclive dorsal.
Segundo WEBB, a parte dorsal do supra-occipital em C. hesternus
é extensa e, em vista lateral, aparece subtriangular com um extenso lado
ântero-dorsal em contorno sutural com o parietal e o esquamosal. Na
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parte da protuberância externa do occipital esta a crista lambdoide com
a sutura esquamosal-occipital. A crista lambóide projeta-se posterior-
mente para além doscôndilos e forma subcirculo continuo desde o lado
da crista sagital até o encontro com a base do processo paroccipital. En-
tre o começo de uma crista e outra uma ligeira concavidade marca a ex-
tremidade proximal ou occipital da crista sagital. Uma bifurcação da
crista lambdóide, posteriormente a entrada do meato auditivo externo,
forma continuidade com o zigoma.
A crista occipital mediana é forte e formada pela jução sagital das
cristas lambdóides; ela prolonga-se ate sobre a borda dorsal do forame
magno, dividindo a região occipital em duas metades ou depressões oc-
cipitais, cuja superfície rugosa serve de inserção aos músculos extensores
da cabeça. Na parte ventro-lateral de cada depressão occipital, ha uma
fossa mastóide separada da primeira por uma crista oblíqua que desce
ao encontro da crista occipital mediana até pouco acima do forame mag-
no. Em C. hesternus a fossa mastöide é bem mais acentuada que em L.
guanicoe.
O processo paroccipital do exo-occipital é achatado lateralmente e
um pouco obliquo em L. guanicoe, como em muitos camelideos, e bem
menos longo que em C. hesternus. A fossa condilóide é extensa e pro-
funda. Os côndilos são grandes e não se encontram na linha média dor-
sal. O basioccipital é modificado e da origem ao músculo rectus capitis
ventralis, cuja area da inserção, curta e ligeiramente rugosa, vai de cada
lado de uma tuberosidade da extremidade posterior (no caso proximal)
do basifenóide, menos marcadas em L. guanicoe do que em C. hester-
nus, ate a parte média de cada côndilo occipital. WEBB opina que tais
estruturas da base do crânio são menos salientes em L. guanicoe do que
em C. hesternus e possivelmente estejam relacionadas com o maior en-
curtamento do crânio na primeira destas espécies, exigindo menor eforço
muscular e portanto menor desenvolvimento do músculo rectus capitis
ventralis.
M andíbula: em sua morfologia geral a mandibula de L.
guanicoe assemelha-se a de C. hesternus sendo, porém, sua região an-
gular bem mais ampla posteriormente do que neste, assim como a região
coronóide em geral. Seu rebordo inferior é ligeiramente convexo em toda
sua extensão contrastando com a retilineidade desta parte em C. hester-
nus. A sinfise é coossificada estendendo-se posteriormente até a meia
distância entre o C e o P4, um pouco mais longa que em C. hesternus.
Segundo WEBB, a sinfise em camelideos hipsodontes lembra mais
a dos equideos que a dos ruminantes em sua coosificação completa. O
ramo horizontal é menos profundo em L. guanicoe que em’C. hesternus.
Em L. guanicoe a crista diastêmica é afiada e ligeiramente côncava
labialmente. Tanto nesta espécie como em C. hesternus, o longo proces-
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Osteologia craniana de Lama... 139
so coronóide vertical é relativamente grande e com forte crista para a in-
serção dos músculos temporais. Em L. guanicoe o côndilo é alongado
transversalmente e fortemente convexo ântero-posteriormente. Como em
muitos camelideos o côndilo é grande e de direção quase vertical. Sua
superficie articular posterior para o processo pös-glenöide é obliquamente
inclinada de cima para baixo e para trás em contraste com a sua ver-
ticalidade em C. hesternus. Em L. guanicoe o côndilo mandibular encon-
tra-se cerca de 50 a 65mm (mandíbulas FZB-NP-06 e 07 respectivamen-
te) acima do nível alveolar do M3, na mesma proporção que em C. hes-
ternus. O processo angular situa-se pouco superior ao do nível alveolar,
menos elevado que em C. hesternus. O forame mentoniano situa-se logo
abaixo e posteriormente à raiz do canino e também abaixo da metade da
altura do ramo mandibular, bem mais próximo da borda ventral que da
borda dorsal do mesmo.
WEBB chama a atenção para o fato de que a maior elevação
proporcional do côndilo articular da mandíbula resulta do flexionamento
entre as porções basi-craniana e basi-rostral do crânio nos camelideos
mais afins com L. guanicoe. Tal flexionamento, provoca maior elevação
da fossa glenöide em relação ao nivel dos molares inferiores exigindo,
portanto, maior elevação do côndilo mandibular acima do nível dos
molares inferiores.
Dentição: em L. guanicoe, como em todos os camelideos, os
dentes são hipsobraquiodontes com cristas e cúspides semilunares
próprios de regime alimentar tipicamente herbivoro.
A fórmula dentária normal de zuanaco é a seguinte:
13 Cl p3p4 MI1M2M3
Iılgl3' Cı ' Pa ' MıMaM3
ou seja
=.
15º €
Lo Le
ae
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
140 GRESELE, C.T.G.
Esta fórmula pode estar sujeita a pequena variação no número de
incisivos e pré-molares superiores. Segundo WEBB, tal fórmula dentária
é idêntica a de C. hesternus em que o Pl, quando presente, é grande e
aproximado do Cl. Os espécimes em estudo apresentam dentição com-
pleta, com exceção do P3 direito no espécime FZB-NP-06 e dos P3
direito e esquerdo no espécime FZB-NP-07, perdidos acidentalmente. No
espécime FZB-NP-06 o Cl direito tem o ápice partido. No espécime FZ-
B-NP-07 os I3 e Cl são muito menos desenvolvidos e bem mais afilados
que seus homólogos no espécime FZB-NP-06, estando ambos os Cl,
além disto, com os âápices partidos.
Incisivos: Il-2 ausentes, I3 falciforme, forte, com ápice vol-
tado para trás no espécime FZB-NP-06. No espécime FZB-NP-07 o 13,
se foi falciforme, foi o que parece, em menor grau que os do espécime FZB-
NP-06 e bem como mais afilado.
Caninos: em L. guanicoe a maxila apresenta um dente falcifor-
me, um tanto comprido, transversalmente e mais forte nos machos
(provavelmente FZB-NP-07) do que nas fêmeas em que são simplesmen-
te retilineos e fracos (provavelmente FZB-NP-06). Os superiores situam-
se logo atrás da sutura entre a pre-maxila e a maxila; os inferiores em
seguida ao I3 de que é separado por um curto diastema presente também
entre o superior e o Id. No espécime FZB-NP-07, provavelmente macho,
o superior tem liImm de diâmetro ântero-posterior na base e o inferior
7,5mm no mesmo sentido. Por sua posição relativa na série dentária tais
dentes podem ser tidos como caninos. Ha, porém, controvérsia entre os
autores a respeito de sua homologia nos camelideos.
Stock (1928) citado por WEBB, referindo-se ao dente em questão
na mandibula, e tendo em conta que em individuos adultos de um ca-
melideo extinto do Pleistoceno norte-americano Tanupolama (Cope,
1893) se observa frequentemente a presença de cinco dentes mandibu-
lares anteriores ao grande diastema, concluiu que o dente inferior, co-
mumente designado em L. guanicoe como canino, seria realmente o P1,
pois interpretou os quatro anteriores como sendoos 11.3 e o Cj. Embora
tal interpretação fosse feita por outros especialistas, sempre houve os
que a pusessem em dúvida mormente pelo fato de que o dito canino in-
ferior de L. guanicoe se encosta em oclusão dentária normal logo à
frente do Cl, este sem homologia contestada, pois sua implantação na
maxila logo atrás da sutura entre a maxila e a pre-maxila, como é caso
normal entre os mamiferos em geral, não deixa dúvida a tal respeito.
Um argumento adicional em favor da homologia do dente inferior em
questão (suposto Pı de Stock) com o canino Cj é a ocorrência acidental
de um pequeno dente no grande diastema posterior ao dente em causa
(entre ele e o P3) em C. hesternus do Pleistoceno norte-americano e em
L. guanicoe. Como o P2 é o primeiro dente inferior a ser perdido na his-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama... é
tória dos camelídeos, sendo ausente em Pliauchenia Cope, 1878, já no
Plioceno e, considerando que o Pı, como o Pl, é o primeiro a perder-se
nos mamiferos em geral, WEBB prefere identificar tal dente inferior, de
ocorrência acidental em C. hesternus, como o P2 embora ao que nos
parece possamos supor também ser ele o P3, também comumente ausen-
te em L. guanicoe em que dos pré-molares inferiores apenas O P4 é nor-
malmente presente. WEBB mostrou também que, em Tanupolama havia
tendência em preservar por longo tempo no estágio adulto o DI3, con-
juntamente com o I3 de dentição permanente, de onde o fato de Stock
ter verificado nos adultos de tal gênero a presença de cinco dentes an-
teriores ao grande diastema anterior, tomando por isto o C1, que é o
dente questionado, pelo Pı. Assim temos por definido que em L.
guanicoe o primeiro dente inferior seguinte ao 13, é de fato o Cj.
Pré-Molares e Molares: em L. guanicoe, nada é
necessário acrescentar-se ao que já foi dito por CABRERA (1932),
apenas salientamos, nos molares superiores, a presença de fortes estilos
externos (parastilo, mesostilo e metastilo, este mais fraco) e a ausência
da coluneta interlobular interna ou oral encontradiça nos molares de
Paleolama Gervais, 1867. O M1 é menos longo que os M2-3 menos lar-
gos que o M3 e de maior largura ou mais ou menos tão largo quanto o
Mº.
Ambos os espécimes em estudo tem seus 11.3, Cj, P4 e M9.3
presentes. No espécime FZB-NP-06 os incisivos e os caninos e principal-
mente estes estão nitidamente mais desenvolvidos que os do espécime
FZB-NP-07. Pre-molares e molares inferiores são mais ou menos igual-
mente desenvolvidos em ambos os espécimes, com maior desgaste no es-
pécime FZB-NP-07, certamente mais idoso. Não há coluneta interlobular
e a dobra em martelo, que nos molares pouco desgastados é bem desen-
volvida, principalmente no Ma, tende a confundir-se com os demais
acidentes coronários nos dentes muito gastos.
ForameseCanais:o crânio apresenta numerosos orifícios
que dão passagem a ramos nervosos, arteriais e venosos. Consideramos
aqui não só os mais importantes, de saída dos doze pares de nervos cra-
nianos, como os demais, em comparação direta com C. hesternus, se-
gundo WEBB.
Os filetes nervosos do bulbo olfativo atingem as mucosas do in-
terior das narinas através dos múltiplos da lâmina crivada do etmöide
que se situa num recesso do conjunto esfenoidal, na extremidade an-
terior da caixa cerebral, logo à frente do óbito-esfenóide. O contorno
deste recesso de bordas salientes é de forma suboval.
O canal infra-orbital ou pré-orbitário abre-se anteriormente na
maxila, acima do Pí ou Mi ou mais precisamente sobre o limite P4 —
MI. Nos crânios em estudo ele é simples e sua abertura posterior encontra-se
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
142 GRESELE, C.T.G.
dentro da parede lateral da órbita no forame esfenopalatino. Sua borda
látero-externa anterior, nos dois crânios em estudo, é ligeiramente inclinado
póstero-dorsalmente menos que em C. hesternus, ou é mesmo verticalmente
orientado. Serve para dar passagem ao nervo maxilar e a artéria suborbi-
tária, da cavidade orbitária até a face. Este canal infra-orbital após percorrer
horizontalmente sobre as raizes dos molares, numa distância de 38 a 47mm,
ele desemboca no interior da órbita sobre a parte anterior ou mediana do M3,
externamente ao forame esfenopalatino. A distância percorrida pelo mesmo
canalemC. hesternus é de 120mm, segundo WEBB.
O canal supra-orbital situa-se no frontal e serve para levar artérias,
veias e nervos do sinus frontais até a superficie dorsal do osso frontal.
Sua abertura dorsal, simples no crânio FZB-NP-06 e dupla no crânio
FZB-NP-07, situa-se na parede dorso-posterior da órbita. Sua abertura
ventral dupla, nos dois crânios situa-se num recesso em forma de curto e
mais ou menos fundo canal ântero-posterior, aberto no teto da parte
dorso-posterior da cavidade ocular. Na superficie dorsal do frontal par-
tem dois grandes sulcos que se dirigem para a linha média e que se tor-
nam logo aproximadamente paralelos sendo separados por uma distância
de 14 a 16mm. Tais sulcos atingem anteriormente a extremidade dorso-
lateral-posterior do nasal, sendo mais ou menos pronunciado em L.
guanicoe.
O forame lacrimal é a abertura externa do conduto lacrimal que
descendo da região anterior da órbita, penetra até as fossas nasais.
Segundo WEBB, em C. hesternus ele é duplo, encontrando-se o menor,
na margem anterior da órbita sob os tubérculos lacrimais, e o maior in-
tra-orbital.
O forame órbito-nasal serve para dar entrada do nervo e da artéria
esfenopalatinos para o interior da cavidade nasal e encontra-se a frente
do orifício óptico.
O forame incisivo(*), alongado e estreito situa-se no palato entre a
pre-maxila e a maxila, lateral e paralelo à sutura inter-maxilar e entre
este e o forame incisivo. A abertura anterior do canal palatino, forame
palatino anterior, pequena e alongada ântero-posteriormente, é de si-
tuação variável. No crânio FZB-NP-06 abre-se mensalmente logo à fren-
te do P3; no crânio FZB-NP-07 situa-se mesealmente ao sulco interlo-
bular interno do Ml. Sua posição comum em C. herternus é de oposição
ao P4. A abertura posterior do mesmo canal, tanto em L. guanicoe como
em C. hesternus, situa-se sob o canal esfenopalatino, no osso palatino,
com seu rebordo externo na linha de sutura com a maxila.
(7 WEBB em sua descrição chama de forame incisivo o que os demais autores chamam de “forame
palatino anterior”. 1
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama... 143
O forame esfenopalatino encontra-se lateral-interno ao canal sub-
orbital, abrindo-se pouco posteriormente a este na juntura entre a
maxila e o palatino, pouco abaixo da sutura entre o frontal e o órbito-
esfenóide. Não é muito grande tanto em L. guanicoe como em C. hester-
nus.
O forame etmoidal é aberto no frontal próximo ao contato comum
deste com o palatino e o órbito-esfenóide, adiante do forame óptico e em
nível pouco superior a este, acima da profunda fossa relativa ao segmen-
to do músculo pterigóide lateral, como se coloca em C. hesternus, segun-
do WEBB.
No fundo da órbita, no órbito-esfenóide, encontra-se o forame óp-
tico que é mais amplo em L. guanicoe que em C. hesternus.
O forame lacerado anterior e o forame redondo abrem-se em co-
mum logo atrás e abaixo do forame óptico, no limite entre o alisfenóide e
o órbito-esfenóide. É o segundo maior forame craniano, tanto em L.
guanicoe como em C. hesternus, servindo de passagem aos ramos ner-
vosos que comumente se distribuem entre os forames lacerados anterior
e redondo.
O forame oval e o forame lacerado médio abrem-se anteriormente a
base da bula auditiva. Estes dois forames que primitivamente eram
separados nos mamiferos, como ainda acontece em alguns grupos, tor-
nam-se eventualmente confluentes em outros, é uma tendência bem clara
entre os camelideos. Em L. guanicoe eles são separados por apenas uma
estreita lâmina óssea do alisfenóide. Ambos estes forames são limitados
lateralmente pela parte ântero-dorsal-externa da bula auditiva. Medial-
mente e sob o forame oval acham-se dois curtos sulcos de direção äntero-
posterior abliquoa, dos quais o mais medial corresponde ao tubo de Eus-
táquio, sendo o externo correspondente ao músculo tensor do véu pa-
latino.
O forame lacerado posterior entre a bula auditiva e o basioccipital
é dividido em duas partes, uma anterior, pequena, arredondada, pro-
vavelmente representando a abertura posterior do canal carotidiano, e
uma posterior bem mais ampla, de contorno suboval, que é o forame
lacerado posterior propriamente dito. Em C. hesternus, segundo WEBB,
não ha tal separação entre o forame em questão e a abertura posterior do
canal corotidiano.
O forame de saída do nervo hipoglosso, motor da lingua, esta
situado logo atrás do forame lacerado posterior, acima da parte lateral
anterior, um tanto côncava do côndilo occipital. É bem menor que o
forame lacerado posterior e de contorno suboval. O forame condilóide na
fossa do mesmo nome, é variável de tamanho, posição e disposição, sen-
do pequeno e simples. No crânio FZB-NP-06 é menos desenvolvido do
lado direito que no lado esquerdo.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
144 GRESELE, C.T.G.
O forame estilomastóide, de saida do nervo VII (facial) encontra-se
sob o processo pös-timpänico do esquamosal, um tanto abaixo da en-
trada do meato auditivo externo e acima da bula timpânica entre o tim-
panohial e o mastoide.
WEBB considera os forames mastödie, glenóide e pósglenoide, no
espécime C. hesternus, em conjunto por serem todos ramos do canal
temporal, em conexão de um complexo sistema de seios com a veia
jugular externa, formam um importante curso de drenagem venosa.
Tanto em L. guanicoe como em C. hesternus, o forame pös-
glenóide é pouco expressivo, sendo às vezes subdividido ou ausente. Ja
os forames glenóides e supra-glenöide são bem desenvolvidos. O forame
supra-glenóide localiza-se no esquamosal, no fundo de ampla e profunda
fossa póstero-mediana da fossa glenóide. Os forames glenöide, supra-
glenóide e pós-glenóide unem-se por curta distância no interior do. es-
quamosal.
O forame zigomático, também um ramo do sistema venoso tem-
poral, situa-se no processo zigomático do esquamosal, acima do processo
pós-glenóide, sendo microscópico ou ausente em L. guanicoe, diferen-
temente do que se vê em C. hesternus em que é relativamente grande.
O forame mastóide, situado em fossa muscular profunda, é de con-
torno subcircular bem menor em L. guanicoe do que em C. hesternus.
WEBB presume que tal forame serviria de saída a grande veia que par-
tindo dos músculos occipitais, adendrava o canal temporal via veia
cerebral dorsal.
Na mandibula na região sinfisiária, sob a parte posterior da raiz
dos caninos, encontram-se o forame mentoniano que serve para suprir de
sangue e enervar a região labial inferior e mentoniana.
Segundo WEBB, em muitos camelideos ainda existe outro forame
na parte terminal anterior do Mı ou terminal posterior do P4, presente
em ambos espécimes em estudo.
Do lado interno do ramo ascendente encontra-se o forame dentário
inferior aberto aproximadamente a altura do rebordo alveolar, bem pos-
teriormente ao último molar (Ms). É dirigido um tanto obliquamente de
cima para baixo e para a frente.
As abreviaturas utilizadas nas tabelas são as seguintes:
aa Mı, apófise alveolar do M1; afm, altura do forame magno; afn,
apófise frontal do nasal; ap, aproximadamente; arh, altura do ramo
horizontal; ato, altura do tubérculo occipital; bai, borda da abertura in-
tercondilar; basi, borda anterior da sutura incisiva; basm, borda anterior
da sinfise mandibular; bci, borda da chanfratura intercondilar; bpam,
borda posterior da apófise mandibular; cs, comprimento da sinfise; csa,
crista sagital; csn, comprimento da sutura nasal; ct, comprimento total;
dapm, diâmetro ântero-posterior máximo; dbac, distância entre as bor-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia craniana de Lama... 145
das alveolares dos caninos; dbfn, distância entre a borda frontal do
nasal; desc, distância entre os centros das superfícies condilares; dfio,
distância entre os forames intra-orbitais; dfpa, distância dos forames
palatinos anteriores; dppct, distância das protuberâncias posteriores das
cristas temporais; di, diastema; dtm, diâmetro transversal máximo: dv,
dimensão vertical; eh, Mı, espessura horizontal do M1; epcm, extre-
midade posterior do côndilo mandibular; epp, espinha posterior do
palatino; es, espaço; fl, forames lacrimais; laco, largura das apófises
condilóides do occipital; lb, largura bizigomática; lc, largura do crânio;
lfm, largura do forame magno; lImaz, largura máxima das arcadas zi-
gomáticas; Imco, largura máxima dos côndilos occipitais; Irh, largura do
ramo horizontal; pps, parte posterior da sinfise; sc, sutura coronal; to,
tubérculo occipital.
CONCLUSÕES
Da descrição osteológica dos crânios dos espécimes de L. guanicoe
em comparação com C. hesternus conclui-se:
1. A flexão do eixo basicraniano e basifacial em L. guanicoe relaciona-
se com a maior convexidade do teto craniano, posteriormente aos
frontais, do que em C. hesternus.
2. Tantoem L. guanicoe como em C. hesternus, o arco zigomático cur-
va-se em “S”, a fossa glenóide e o côndilo mandibular são fortes e
situam-se em nível bem elevado acima do basiesfenóide, as bulas
timpânicas são infladas.
3. O crânio de L. guanicoe é comprido e estreito com grande prolon-
gamento da região rostral, diferindo do de C. hesternus cuja região
rostral é mais larga devido ao fato das órbitas se localizarem mais
posteriormente. O rostro é menos expandido verticalmente em L.
guanicoe.
4. Em L. guanicoe a área de origem do músculo masséter no arco
zigomático é ampla.
5. Em L. guanicoe a fossa maxilar de origem do grande músculo labial
é de área reduzida, sendo relativamente rasa em C. hesternus.
6. Como ocorre em todos os camelideos atuais, a borda anterior da ór-
bita em L. guanicoe corresponde aproximadamente com a linha ver-
tical que passa pelo lóbulo posterior do M2. A fenestra lacrimal,
ampla e subtriangualr em C. hesternus, é de tamanho moderado em
L. guanicoe.
7. A caixa cerebral de L. guanicoe é relativamente mais expandida do
que em C. hesternus.
8. Em L. guanicoe como em C. hesternus, as cristas occipital e lamb-
dóide são bem desenvolvidas, sendo a crista sagital curta e bifur-
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
13.
14.
15.
16.
IT;
18.
9:
20.
GRESELE, C.T.G.
cada logo à frente da sutura entre o parietal eo supra-occipital.
. As fossas ou depressões, tanto do supra-occipital como dos exo-
occipitais, são bem profundas em ambas as espécies.
. A apöfise zigomática do esquamosal apresenta-se bem mais larga em
L. guanicoe do que em C. hesternus.
. O orifício auditivo externo nas duas espécies é pequeno.
. O pequeno orifício que em C. hesternus se vê na superficie ventral
do basisfenóide e que, segundo WEBB pode ser ali o ponto de en-
caixe de um osso paraesfenöide, inexiste em L. guanicoe onde um
orifício semelhante está presente no pré-esfenóide.
Os espécimes oferecem um só forame supra-glenóide em cujo fundo
se vêem dois ou três orifícios de diâmetros distintos que são impor-
tantes para dar passagem ao canal temporal:
— um posterior (forame temporal) que se dirige até atrás, internan-
do-se no diploe ou zona cavernosa do citado osso;
— um anterior (forame supra-glenóide) que se urienta até a frente e
abaixo, atravessando o trecho da cavidade glenöide;
— um terceiro orifício (forame pós-glenóide), o menor de todos, se
dirige para baixo, passando entre a parede posterior da apófise pós-
glenóôide e o timpânico.
Tanto L. an comg, C. hesternus apresentam a mesma formula
dentária: Ia, cj, Pi, Ma
Nas duas espécies e limite meso-posterior do palatino não passa do
metacônulo do mesmo M2, situando-se quase sempre; em posição
mais posterior.
Em L. guanicoe os maxilares tem a superfície oral pouco côncava de
modo que a abóbada palatina fica quase plana.
Em L. guanicoe a sutura maxilo-pre-maxilar é quase completamente
fusionada exceto em sua parte superior.
Em L. pia o amplo orifício pre-orbitärio fica sobre o limite en-
tre o P& eo Mi. Em C. hesternus o forame pre-orbitärio é duplo e
situado em posição idêntica a de L. guanicoe.
Os forames pré-maxilares ou incisivos são em L. guanicoe separados
entre si pelas apófises palatinas de ambos pré-maxilares. Em C. hes-
ternus tais forames formam uma só e ampla abertura pelo não en-
contro das pré-maxilas entre si na superficie palatina, prolongando-se
posteriormente até o limite dos caninos.
Em L. guanicoe o forame palatino anterior é situado em posição
mesial e pouco anterior ao P3 (no espécime FZB-NP-07) ou mesial
ao espaço interlobular do M1 (no espécime FZB-NP-06). Em C. hes-
ternus tal forame é mesial ao P4 ou P3, segundo WEBB. Na ver-
“dade em ambas as espécies há considerável variação na posição
relativa de tal forame.
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Osteologia craniana de Lama... 147
21. Tanto em L. guanicoe como em C. hesternus os malares têm a parte
sub-orbital muito larga e a apófise pös-orbital curta e estreita. Em
ambas espécies a base do masseter é vertical correspondente a grande
flexão basicraniana.
22. Em L. guanicoe a crista massetérica, sempre bem assinalada,
prolonga-se anteriormente em forma de grande tuberosidade sobre a
maxila, o mesmo acontecendo em C. hesternus.
23. Em ambas espécies a mandíbula é muito alongada de acordo
com a forma do crânio. Sua parte precedente à série molar é su-
mariamente baixa, mas a altura do ramo mandibular aumenta
progressivamente para trás. Sob o diastema C-P4 a borda mandi-
bular inferior é ligeiramente côncava em L. guanicoe e, em C. hes-
ternus ela é retilinia. A região da mandibula é acentuadamente mais
ampla em L. guanicoe que em C. hesternus.
24. Em L. guanicoe o ramo ascendente da mandíbula é estreito e seu
diâmetro, ao nivel da apófise angular, é relativamente maior que em
C. hesternus. A distância entre a apófise angular e o côndilo arti-
cular é maior em L. guanicoe que em C. hesternus.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Carlos de Paula Couto pela sua dedicação e in-
cansável orientação durante o transcurso deste trabalho, bem como, o
pronto auxílio na elaboração das fotografias. À Direção da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul e Museu de Ciências Naturais, pelo
livre acesso e utilização de suas instalações como estagiária de Paleon-
tologia. Aos professores Miguel e Elisa Bombin pela coleta dos dois
crânios em estudo e intenso incentivo na realização deste trabalho. Ao
auxiliar de taxidermia da FZB, Sr. Eduardo Borsatto, pela colaboração
na limpeza e clarificação do material. À desenhista da FZB, Srta. Rejane
Rosa, pelo pronto auxilio na elaboração dos desenhos. Ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pelo
auxilio financeiro, através da bolsa de Pós-Graduação.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
148 GRESELE, C.T.G.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WEBB, S.D. 1965. The Osteology of Camelops. Bull. of the Los Angeles County
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
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Osteologia craniana de Lama...
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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
150 GRESELE, C.T.G.
TABELA II
Medidas das mandibulas dos espécimes de Lama guanicoe (Müller, 1776) procedentes de Cariadon de
Las Cuevas, Provincia de Santa Cruz, República Argentina (em milímetros).
Vista lateral Vista superior
Medidas FZB-NP-06 » FZB-NP-07 & Medidas 1 FZB-NP-062 FZB-NP-07
opam-basm 229,5 236,0 dese 81,0 83,0
epem-basm 235,0 244,0 eh Mı 14,0 15,0
bpam-bpac 82,0 82,0 Irh-pps 15,0 14,0
dv-bpam-basm 145,0 145,0 cs 63,0 62,0 °
arh-aa Mı 35,0 33,0
TABELA III
Medidas dos dentes dos especimes de Lama guanicoe (Müller, 1776) procedentes de Canadon de Las
' Cuevas, Província de Santa Cruz, República Argentina (em milimetros).
Medidas da base da coroa Medidas da borda alveolar oral
Dentes FZB-NP-06 9 FZB-NP-07 3 Dentes FZB-NP-06 > FZB-NP-07 ô
dapm dtm damp dtm dapm dtm damp dtm
I 8,5 8,3 7,0 6,8
Io 6,3 9,0 7,0 8,5
I 8,6 6,1 6,0 4,5 Ig 9,3 4,8 8,0 5,0
cl 10,4 6,7 4,6 3,5 Cı 11,8 5H 6,9 3,2
p3 8,0 4,4
pá 10,2 12,0 8,8 12,3 P4 8,6 6,6 9,6 7,4
Mi 16,6 19,3 15,0 17,6 Mı 16,4 11,3 14,3 11,2
M2 21,0 19,3 18,4 18,2 Mo 19,3 13,0 17,5 12,8 |
M3 25,0 18,0 21,5 18,0 Mg 29,0 11,6 27,0 13,2
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
151
Osteologia craniana de Lama...
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C = Nevados de Condoroma
H = Cordillera de Huanzo
Q = Nevado Quenamari
V = Nudo de Vilcanota
del Fuego
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Past distnbution
included
Fig. 1. Distribuição dos camelideos sul-americanos no passado e atual, segundo De
La Tour (1954). 3
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
153
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Osteologia craniana
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Fig. 2.. Crânio de Lama guanicoe FZB-NP-07, vista lateral.
125-57, 28 ago 1982
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61)
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Fig. 3. Cränio de Lama guanicoe FZB-NP.06, vista ventral.
125-57, 28 ago 1982
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61)
Osteologia craniana de Lama... 155
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Forâme pala
fino posterior
Forâme
lacerato
posterior
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A enoi
Forame 9 S
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Abertura orbital
Tubérculo pterigöide
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Forâme
etmoide
Foróme
estilomas-
em töide
Foramina
Forâme orbito- subesqua-
Meatus auditóri
rotundum mosal Orio
externo
Fig. 4-5. Crânio de Lama guanicoe: 4. Vista ventral FZB-NP-06; 5. Vista órbito-
temporal FZB-NP-07.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
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trorio
Meato aud
interno
3cm
Etmoturbinais
Fig. 6. Crânio de Lama guanicoe FZB-NP-07, vista em corte sagital.
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982
Osteologia raninnddlama... HR
Forâme mentoniano
3cm
Processo
angular
Fig. 7. Mandibula de Lama guanicoe FZB-NP-06, vista lateral.
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IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA,
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA.
Cada serie é editada em fascículos com numeração corrida independente, podendo conter um ou
mais artigos.
O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuído a Instituições
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis-
ta e demais interessados.
IHERINGIA is the official scientific periodical of the ''Museu de Ciências Naturais”. Its aim is
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the
Zoological Park.
Articles from other national and foreign Institutions researchers may be accepted. Emphasis is
given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul
State.
IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series
is issued in fascicles consecutively numbered and may contain one or more articles.
IHERINGIA as a whole or as a separate series, is distributed to similar scientific Institutions
on an exchanging basis and may also be available to scientists and other interested parties on pre-
viours arrangements.
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1. Os manuscritos devem ser encaminhados ao Editor, atraves de ofício, podendo ser aceitos a cri-
tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor-
Superintendente da FZB.
2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e
Parque Zoológico da FZB. A juizo, podem ser aceitos artigos de pesquisadores de Instituições
nacionais ou estrangeiras cujas investigações versem preferencialmente sobre assuntos relacio-
nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul.
3. Os artigos em lingua postuguesa devem ter um resumo em lingua estrangeira e os em lingua es-
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em
português.
4. Os originais devem ser apresentados em 2 vias datilografadas em espaço dois, com margens
mínimas de 2 cm, sem emendas, em papel branco (tamanho oficial A-4:21x29,7 cm), utilizando-se
um só lado da folha.
5. Todas as folhas devem ser numeradas na margem superior direita, com numeração corrida e
rubricadas pelo autor ou ao menos por um dos autores.
6. Os nomes cientificos de gênero e dos “taxa” infragenétricos deverão ser sublinhados com um
traço ondulado.
7. O título geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtítulos bem como as palavras latinas
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto.
8. Os nomes de autores que seguem os nomes genéricos, especificos, ou outros devem ser escritos
em caixa baixa e os que dizem respeito a referências bibliográficas em CAIXA ALTA.
9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos:
a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do
trabalho, titulo do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e
sublinhado), número ou fasciculo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e
final.
10.
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12.
13.
14.
15.
Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2 est.
b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, título do
livro (sublinhade com um traço reto). edição (em número arábico, seguido de ponto e da
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do velume consultado
(precedidos de p. e v. respectivamente).
Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet.
335p. Nenn
Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al-
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua
apresentação, respeitando quanto possível as indicações do autor.
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que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este titulo, bem como as legendas, se
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vegetal e as fotografias nos tamanhos que permitam a redução para o máximo de 17emxllcm. As
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Os artigos, sempre que possivel, devem compreender os seguintes tópicos: Título; Nome do autor
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são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia: Consultada ou Referências Bibliográficas.
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Serão fornecidas gratuitamente 100 separatas de cada artigo, independentemente do número de
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solicita-las por ocasião do encaminhamento dos originais ao Editor e arcar com as: despesas
correspondentes.
Prof. Dr. Amo Antonio Lise
EDITOR i
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(Mailing Address) Vera Lúcia L. Pitoni
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Concluiu-se esta edição
em agosto de 1982
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