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Full text of "Iheringia"

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LISE, A.A. Tomisideos neotropicais V: Revisão do gênero 
Onocolus SIMON, 1895 (Araneae, Thomisidae, Ste- 


phanopsinae).......--..-+-.reneseeneneneneenen en p. 3 
BRAUN, P.C.; BRAUN, C.A.S. & PINEDA, M.D.S. 


Ocorröncia de Physalaemus nanus (BOULENGER, 
1888), no Estado do Rio Grande do Sul (Anura, Lep- 


todactylidae)..... a a REN ARE ee Rep p. 99 
MOTHES DE MORAES, B. Ocorrência de Erylus topsenti 

LENDENFELD, 1903 na costa do Rio de Janeiro 

(Porifera, Demospongiae)......... cce rsreo p. 105 


BRAUN, P.C. & BRAUN, C.A.S. Ocorrência de Hyla 
pinima BOKERMAN & SAZIMA, 1973 no Estado do 
Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae).......... p. 113 


GASTAL, H.A. de O. Lista preliminar dos Asopinae do 
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Insecta, Hemip- 
tera, Pentatomidae) ...-- «++ --+++-rrrr er eneennnee ne p. 119 
LISE, A.A. Tomisideos neotropicais VI: Sidyma kolpogas- 
ter LISE, 1973 descricäo do macho e nova ocorrência 
(Araneae, Thomisidae, Stephanopsinae) .............- p. 129 


Museu de Ciências Naturais da 
Fundacäo Zoobotänica do Rio Grande do Sul 


Publicado com auxilio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolögico 
(CNPq). Processo nº 40.3065 /79 


FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL 


Entidade de direito privado, instituída pela Lei Estadual nº 6497 de 20/12/72. 
EOCEONANICa: (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura). 


Governador do Estado 
JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA 


Secretário de Estado da agricultura 
BALTHAZAR DE BEM E CANTO 


Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
JOSE WILLIBALDO THOME 


* Diretoria da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul 


Diretor-Superintendente 3 
JOÃO PEDRO RANQUETAT PAPALEO 


Diretores-Executivos 


do Jardim Botânica — MARTA ELENA FABIAN 
do Museu de Ciências Naturais — HERACLIDES SANTA HELENA 
do Parque Zoológico — HELIO FERNANDO SARAIVA 


Impresso com autorização e sob a responsabilidade do 
Diretor Superintendente da FZB (alínea d), 
art. 14, dos Estatutos — Decreto RS 


nº 22.683/73). 


Tomisideos neotropicais V: Revisão do gênero Onocolus SIMON, 
1895 (Aranae, Thomisidae, Stephanopsinae)* 


Arno Antonio Lise** 


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RESUMO 

No presente trahã : da fevisão do gênero Onocolus SIMON, 1895. As es- 
pécies O. biocellatus MEL D- ITÃO, 1948, O. compactilis SIMON, 1895, O. echinatus 
(TACZANOWSKI, 1873), O. echinicauda MELLO- -LEITÃO, 1929, O. echinurus MELLO- 
LEITÃO, 1929, O. episcopus MELLO-LEITAO, 1934, O. granulosus MELLO-LEITÃO, 
1929, O. infeliz MELLO-LEITÃO, 1940, O. pentagonus (KEYSERLING, 1880), O. per- 
ditus MELLO-LEITÃO, 1929, O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915 e O. trifolius MELLO- 
LEITÃO, 1929 são redescritas e ilustradas. 


O. mendax SOARES & SOARES, 1946 é considerada sinônimo de O. infelix MEL- 
LO-LEITÃO, 1940. 


Paranocolus intermedius MELLO-LEITÃO,1929, a única espécie que compõe o 
gênero é considerada sinônimo de O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934. 


O macho de O. simoni descrito por MELLO-LEITÃO em 1915 é, na realidade, o 
macho de O. garruchus LISE, 1978. 


São descritos pela primeira vez, os machos de O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934 
e O. infelix mello-LEITÃO, 1940. 


As espécies O. pallescens BRYANT, 1940, O. granulata( sic) BRYANT, 1940 e O. 
venustus BRYANT, 1948, as duas primeiras descritas para Cuba e a última para o Haiti 
e República Dominicana, não são incluídas no presente trabalho por não pertencerem ao 
gênero ora revisto. 


É confirmado o status de O. stolzmanni (KEYSERLING, 1880), (CAMBRIDGE, 
F.O.P. -, 1900: 160) como Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, concordando com 
BANKS (1902). 


ABSTRACT 


Thespider genus Onocolus SIMON, 1895 is revised. 


The twelve known species O. biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948, O. compactilis 
SIMON, 1895, O. echinatus (TACZANOWSKI, 1873), O. echinicauda MELLO-LEITAO, 
1929, O. echinurus MELLO-LEITÃO, 1929, O. episcopus MELLO-LEITAO, 1934, O. 
granulosus MELLO-LEITÃO, 1929, O. infeliz MELLO-LEITÃO, 1940, O. pentagonus 
(KEYSERLING, 1880), O. perditus MELLO-LEITÃO, 1929, O. simoni MELLO- 
LEITÃO, 1915 and O. trifolius MELLO-LEITÃO, 1929 are redescribed and drawn. 


* Trabalho aceito para publicação em 29/X1/1979. Contribuição FZB nº 161. 
Parte da Tese defendida e aprovada em Concurso à Livre-Docência de Zoologia, realizado de 16 
a 18.05.1977 na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 


** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS. Professor Adjunto de Zoologia na PUC-RS. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


4 LISE, A. A. 


The specific name O. mendax SOARES & SOARES, 1946 is newly synonymized 
with O. infelix MELLO-LEITÃO, 1940. 

The male of O. simoni described by MELLO-LEITÃO in 1915 is considered as being 
the male of O. garruchus LISE, 1979. 


Paranocolus intermedius MELLO-LEITÃO, 1929, the single species described for 
the genus is synonymized with O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934. 


The male of O. episcopus MELLO-LEITÃO, 1934 and O. infelix MELLO-LEITÃO, 
1940 are described for the first time. 


The species O. pallescens BRYANT, 1940, O. granulata (sic) BRYANT, 1940 and 
O. venustus BRYANT, 1948, the first two ones described from Cuba and the third one 
from Haiti and Republica Dominicana are taken out of the genus now revised by not belonging 


to it. 

The status of O. stolzmanni (KEYSERLING, 1880), (CAMBRIDGE, F.O.P. - 
1900:160) is sustained as Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, according to BANKS 
(1902). 


INTRODUÇÃO 


O presente trabalho é o sexto de uma série que tem por objetivo 
realizar a revisão dos gêneros que integram a subfamília Stephanopsi- 
nae, com representantes na fauna brasileira. 


O gênero Onocolus SIMON, 1895 ora revisaão, tem ocorrência 
registrada até o presente, para as Antilhas, América Central e do Sul. A 
quase totalidade das espécies que integram o gênero são restritas ao 
Brasil. 


Face à escassa exploração araneológica da Região Neotropical, 
mormente no que diz respeito aos Thomisidae, aliada à raridade de 
representantes deste gênero, é bem provável que novas espécies ainda 
estejam por ser descobertas. 


A exigua quantidade de exemplares de cada espécie encontrada nas 
coleções ora examinadas, motivada talvez, pela falta de emprego de tec- 
nicas adequadas de coleta, tendo-se em vista o habitat exclusivamente 
arboricola e o diminuto tamanho dos espécimes, é um fator limitante no 
estudo do gênero em questão. 


Coletas intensivas e extensivas, empregando-se uma metodologia 
de captura adequada ao habitat eminentemente arboricola das espécies, 
utilizando-se o guarda-chuva entomológico, poderiam prover as coleções 
de material mais abundante, propiciando o exame de séries regionalmen- 
te representativas de espécimes de ambos os sexos e em diferentes es- 
tágios de desenvolvimento, o que possibilitaria uma conceituação precisa 
das espécies. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 5 


A revisão deste gênero tem por objetivo dar uma conceituação 
mais sólida às espécies conhecidas, baseada na redescrição dos tipos, 
fornecendo elementos para futuros estudos que tentem estabelecer as 
relações filogenéticas dos representantes da subfamília Stephanopsinae. 


MATERIAL E MÉTODOS 
COLEÇÕES ESTUDADAS 


Durante a elaboração do presente trabalho foram examinados espécimes depositados 
nas seguintes instituições: 


BMNH -— British Museum (Natural History), Londres, Inglaterra. 


MCZC — Museum of Comparative Zoology, Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos 
da America. 


MNHN — Museum National D’Histoire Naturelle, Paris, Franca. 
MNRJ — Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 
MZSP — Museu de Zoologia da Universidade de Säo Paulo, Säo Paulo, SP, Brasil. 


MCN — Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul, 
Porto Alegre, RS, Brasil 


ILUSTRAÇÕES 


Todas as ilustrações foram elaboradas pelo autor, usando um microscópio estereos- 
cópico Wild-M5 com câmara clara. 


Machos e fêmeas de todas as espécies para as quais estes são conhecidos são ilus- 
trados pela primeira vez sob vários aspectos morfológicos considerados de importância 
taxonômica, obedecendo sempre um mesmo critério. 


As ilustrações foram elaboradas preferencialmente sobre o tipo. No caso da existên- 
cia de séries típicas ou de vários exemplares da espécie configurada e, na impossibilidade 
de se particularizar o espécime desenhado através de uma numeração própria, este foi 
colocado no mesmo frasco da série, em tubo individual, possibilitando desta forma sua 
futura identificação. 


MEDIDAS 


Todas as medidas são expressas em milímetros e foram obtidas com ocular mi- 
crometrica. 


Os diâmetros oculares são expressos em relação ao maior diâmetro da córnea, obser- 
vada em vista de perfil, o que elimina erros de visualização motivados geralmente pela 
maior ou menor pigmentação do olho, quando observado frontalmente. 


. Para as distâncias interoculares e para todos os dados biométricos expressos em 
função do posicionamento e diâmetro dos olhos, seguimos os conceitos propostos por 
LISE (1973:27): O comprimento e a largura da área ocular média (área dos olhos médios) 
são sempre tomados em suas maiores dimensões. O comprimento é tomado colocando-se o 
espécime de tal forma que o eixo longitudinal do cefalotórax forme um ângulo de apro- 
ximadamente 45º com a platina do microscópio. A largura é tomada na borda externa dos 
olhos médios posteriores. Assim procedendo tem-se em vista expressar o maior com- 
primento e a maior largura da área ocular média, uma vez que os olhos, via de regra, es- 
tão dispostos em dois planos, os anteriores frontalmente e os posteriores dorsalmente. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


6 LISE, A. A. 


Para referir a curvatura das filas oculares anterior e posterior é utilizada a nomen- 
clatura aqui proposta, referida em glossário. 


As distâncias entre os olhos da fila anterior são expressas em função do diâmetro 
dos olhos médios anteriores e, para os da fila posterior, do diâmetro dos olhos médios 
posteriores. 


As medidas de comprimento dos artículos das pernas e dos pedipalpos foram to- 
madas segundo o esquema da fig. I. O diâmetro do fêmur e a largura dos demais arti- 
culos do pedipalpo são tomados em suas porções respectivamente, mais espessa e mais 
larga. 


O comprimento do cefalotórax é tomado a partir da borda anterior do clipeo, quando 
este for proclive e, portanto, visível em vista dorsal ou, então, a partir da borda anterior 
dos olhos médios anteriores quando o clipeo for vertical, até sua porção mais distal. A 
largura é tomada em seu terço posterior, porção em que atinge a largura máxima. 


O comprimento e a largura do abdômen sempre incluem os tubérculos posterior e 
laterais. 


Face a escassez de material deste gênero, nas coleções examinadas, resumindo-se as 
séries típicas, quando existentes, a um número reduzido de espécimes, não raramente 
existindo apenas o holótipo e, mesmo este por vêzes não foi localizado, torna-se impos- 
sível dar um tratamento estatístico à biometria das espécies. Face a isto, as medidas 
referidas nas redescrições representam, sempre que possível, as do tipo. 


EXAME DOS TIPOS E SELEÇÃO DOS LECTÓTIPOS 


Não foram examinados os tipos de O. echinatus (TACZANOWSKI, 1872), O. pen- 
tagonus (KEYSERLING, 1880) e O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915, apesar dos esforços 
dispendidos no sentido de localizá-los. 


De O. echinatus (TACZANOWSKI, 1872) não foi obtida qualquer informação que 
conduzisse à localização do tipo, o mesmo acontecendo em relação ao tipo de O. penta- 
gonus (KEYSERLING, 1880) o qual consta estar depositado “In der sammlung der 
Universitat in Warschau”. 


De O. pentagona SIMON, 1895( sic) (= O. simoni MELLO-LEITÃO. 1915) exami- 
namos o material do Museum National d'Histoire Naturelle de Paris, etiquetado como tal, 
porém, nenhum dos lotes apresentava dados de coleta referindo “Brasilia: Rio” com o que 
não se tem notícia do paradeiro do exemplar fêmea pulus usado por SIMON, (1895: 440-1) 
para descrever a espécie e que seria o holótipo. 


De Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880, referido por CAMBRIDGE, F.O.P. 
— (1900:160) como “O. stolzmanni (KEYS)”, recebemos do Dr. Starega do “Institut 
Zoologiczy , Polska Akademia Nauk”, dois espécimes etiquetados como “Tmarus stolz- 
manni Keyserl Tombillo-Peru leg. Y. Satoleman. detm. E. Keyserling, Syntipi”. Os 
exemplares em questão pertencem à família Sicariidae, com o que julga-se ter ocorrido 
troca de etiquetas, embora os dados de coleta coincidam com os referidos por KEYSERLING 
(1880), para a espécie acima. 


Sempre que necessário, foram designados lectótipos e paralectótipos. Neste caso 
foram confeccionadas etiquetas com as correções propostas que passam a acompanhar as 
etiquetas originais. 

GLOSSÁRIO 


1. Borda anterior do abdômen: é o segmento antero-dorsal do abdômen. ; 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 7 
2. Bordas laterais anteriores do abdômen: são os segmentos latero-dorsais do abdômen 
compreendidas entre a borda anterior e os tubérculos laterais. 


3. Contornos posteriores: representam a curvatura posterior do cefalotórax a nível da 
quarta perna. 

4. Fila levemente recurva: diz-se da fila ocular quando, passando-se uma linha tangente 
à borda posterior dos olhos médios, esta seccionar os olhos laterais. 


5. Fila recurva: é aquela em que ao se passar uma linha tangente à borda posterior dos 
olhos médios, esta for tangente à borda anterior dos olhos laterais. 


6. Fila fortemente recurva: é aquela em que duas linhas paralelas, uma passando tan- 
gente à borda posterior dos olhos médios e outra à borda anterior dos laterais, es- 
tiverem separadas por um mínimo de meio diâmetro dos olhos médios. 


7. Fila dos olhos médios: corresponde a largura anterior da área ocular média. 
8. OMA: olhos médios anteriores. 

9. OLA: olhos laterais anteriores. 

10. OMP: olhos médios posteriores. 

il. OLP: Olhos laterais posteriores. 


12. Bulbo espermático: porção mais dilatada dos espermioductos, situada no limite entre 
os ductos aferentes, de deslocamento postero-anterior, e os ductos eferentes, de 
deslocamento antero-posterior. 


HISTÓRICO 


SIMON, em 1895a, cria o gênero Onocolus com base na espécie Stephanopis 
echinata (TACZANOWSKI, 1873), a qual passa a ser a espécie tipo. 


Ainda em 1895b, SIMON descreve O. compactilis e O. pentagona (sic). 


Em 1900, CAMBRIDGE, F.O.P. -, cita O. echinatus (TACZANOWSKI, 1873), O. 
pentagonus (KEYSERLING, 1880), O. compactilis SIMON, 1895 e O. stolzmanni (REY. 
SERLING, 1880) como espécies integrantes do gênero, ao mesmo tempo em que fornece 
alguns desenhos do macho e da fêmea de O. pentagonus (KEYSERLING, 1880). 


Em 1915, MELLO-LEITÃO, considerando que 0. pentagona( sic )JSIMON, 1895 era 
nome pré-ocupado pela espécie O. pentagonus (KEYSERLING, 1880), estabelece O. 
simoni como nomem novum. 


Em 1929, MELLO-LEITÃO descreve como novas as espécies O. echinurus, O. 
granulosus, O. trifolius e O. echinicauda. 


Em 1934, MELLO-LEITÃO descreve O. episcopus com base em uma única fêmea 
coletada no Rio de Janeiro. 


BRYANT, em 1940, descreve O. pallescens e O. granulata (sic )para Cuba. 


Em 1940, MELLO-LEITÃO amplia o número de espécies com a descrição de O. in- 
felix, com base em uma fêmea coletada em Rio Negro, Paraná, Brasil. 


SOARES & SOARES, em 1946, descrevem O. mendax com base em um único macho, 
coletado em Rio São José, Colatina, Espírito Santo, Brasil. 


MELLO-LEITÃO, em 1948, descreve O. biocellatus do Rio Yawakuri, Guiana. 


BRYANT, em 1948, acrescenta ao gênero a espécie O. venustus para o Haiti e 
República Dominicana. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Sr LISE, A. A. 


As espécies do gênero Onocolus são listadas alfabéticamente, sem serem discutidas, 
nos catálogos de PETRUNKEVITCH (1911). ROEWER (1954) e BONNET (1958). 


Finalmente, LISE, em 1979a-d descreve O. garruchus, O. mitralis, O. latiductus e 
O. eloaeus. 


REDESCRIÇÃO DO GÊNERO ONOCOLUS SIMON, 1895. 


Onocolus SIMON, 1895a: 1053 

Onocolus: PETRUNKEVITCH, 1911:414 (citação). 
Onocolus: PETRUNKEVITCH, 1928:162 (citação). 
Onocolus: ROEWER, 1954:757 (citação). 
Onocolus: BONNET, 1958:3184 (citação). 
Paranocolus MELLO-LEITÃO, 1929:79 n. syn. 


Espécie tipo: Onocolus echinatus (TACZANOWSKI, 1873) de Gayenne, Guiana. 


Dimorfismo sexual bem evidente: Cefalotórax tão longo quanto 
largo ou levemente mais longo do que largo, plano ou quase plano nas 
fêmeas, nitidamente convexo nos machos. Olhos anteriores em fila le- 
vemente recurva ou recurva, os médios geralmente menvres e mais afas- 
tados um do outro, mais próximos dos laterais. Olhos posteriores em fila 
reta, exceto em O. compactilis em que é levemente recurva. Olhos 
médios geralmente mais afastados um do outro do que dos laterais ou 
equidistantes. 


Lábio mais largo do que longo. 


Esterno geralmente mais longo do que largo ou tão longo quanto 
largo, de ápice geralmente arredondado nas fêmeas e truncado nos. 
machos contornos arredondados ou quase nas fêmeas, muito recortados e 

“hanfrados, em geral, nos machos. 


Área ocular média retangular ou levemente trapezoidal. 
Clipeo baixo com tubérculos setiferos e cerdas na borda inferior. 


Pernas I e II muito maiores e mais robustas do que III e IV, com 
tubérculos setiferos em número e tamanho variáveis nos fêmures, patelas 
e basitarsos; tibias e basitarsos com espinhos bisseriados na face an- 
terior; tibias, basitarsos e tarsos com tricobótrias na face posterior. Per- 
nas posteriores múticas ou com um número reduzido de pequenos tuber- 
culos setiferos. Unhas tarsais pectinadas. Fascículo subunguenal pouco 
denso. 


Abdômen pentagonal com ou sem tubérculos nos três vértices pos- 
teriores, estes, às vezes, muito eminentes. 


Queliceras com três dentes na promargem e dois na retromargem 
do sulco unguenal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... o 


Palpo do macho: patelas e tíbias curtas, com tubérculos setiferos; 
a tibia com uma apófise retrolateral, geralmente longa e curva com um sulco 
longitudional ou na face lateral. Cymbium ovaldo, de dorso piloso, podendo 
apresentar grossos pêlos nas bordas. Tegulum de superfície ventral quase 
plana. Embolus emergindo diretamente do tegulum, enrolado em espiral sob 
este último. 


Genitália da fêmea: aberturas de fecundação diminutas, de difícil 
visualização, sem espessamentos quitinosos. Às aberturas seguem-se 
dois ductus aferentes cujo comprimento varia conforme a espécie. São de 
percurso póstero-anterior e desembocam num par de bulbos espermá- 
ticos. Tais canais apresentam-se sob dois padrões bem definidos: curtos, 
com leve curvatura, divergentes, até atingirem os bulbos espermáticos; 
ou longos, descrevendo um enrolamento póstero-anterior em helicóide, 
com um número variável de voltas. Os bulbos espermáticos apresentam 
formato e volume variáveis. Ao bulbos seguem-se dois ductos esper- 
máticos eferentes, de calibre nitidamente maior do que os anteriores, 
que descrevem um movimento ântero-posterior, enrolados ou não em 
heliccóide, e que desembocam nas espermatecas. Estas são em número 
de um par e de posição posterior às estruturas já mencionadas, logo à 
frente de prega epigástrica. 


CHAVE DICOTÔMICA PARA AS ESPÉCIES 


IPREemen ed a DI o e SRT E jo ROSE AS VS EE 2 
= MINAS aiii ro aut te REU DAR O DDR RR DR E STR 15 
2. Espermioductos não enrolados em helicöide............:2.22ec2eeeseeeoeeeeann en 3 
— Espermioductos enrolados em helicóide; tibias I e II com 3 tubérculos setiferos an- 

teriores apicais, o mediano no centro da face anterior .............cccccccccco. 11 
guto gumentos muito: CErdOSOSE. eras soro) eita an unia ia gelo ne ne einen ee nee fee a E 4 
— Tegumentos pouco cerdosos ou múticos ...........ccccciccscrescrescrasserras 7 


4. Abdômen sem tubérculos posteriores, apresentando duas grandes manchas dorsais. 
Tegumentos densamente revestidos de longas e delgadas cerdas. Cefalotórax baixis- 
SATA OA bro eco MEP Fe a pd esse À cr tora coiso Upside ds O. biocellatus 


— Abdömen com tubérculos posteriores bem salientes ............ccccicicicisseeos 5 


5. Bulbos espermäticos esféricos muito pequenos, canais aferentes curtissimos, pene- 
trando nos bulbos pela face ventral, medianamente. Tubérculo posterior do abdômen 
muitoslongo muito cerdosoR e Ra RR RR O. garruchus 


— Bulbos espermáticos mais volumosos do que as espermatecas .................... 6 


6. Bulbos espermáticos muito mais volumosos do que as espermatecas. Canais aferentes 
curtos. Aberturas de fecundação situadas logo acima das hastes longitudinais do 
EPIEINOMIRA SOME Gm GB FOR RE ER RT MO o ERA ITA O. echinurus 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


10 


LISE, A. A. 


— Bulbos espermáticos um pouco mais volumosos do que as espermatecas. Canais 


10. 


JUL, 


12. 


13. 


14. 


15. 


aferentes curtíssimos sendo a comunicação entre as aberturas de fecundação e os bul- 
bos espermáticos feita quase diretamente. Tegumentos densamente revestidos de cer- 
das. Tubérculo posterior do abdômen muito longo e robusto ......... O. echinicauda 


. Tegumentos cefalotorácicos. granulosos. Bordas anterior e laterais do abdômen com 


curtas e grossas cerdas em tubérculos setiferos bem salientes. Borda do clipeo com 
quatro tubérculos setiferos muitoevidentes..............22cceneeeennennen O. mitralis 


Tegumentos cefalotorácicos lisos ou muito fracamente granulosos ................ 8 


. Abdömen mais longo do que largo, muito espesso, com tubérculos laterais insigni- 


ficantes e tuberculc posterior muito conspicuo e grosso. Canais aferentes curtos, bul- 
bos espermáticos mais volumosos do queas espermatecas. ........... O. compactilis 


Abdômen mais largo do que longo, pouco espesso, nitidamente pentagonal com 
tubérculos laterais e posterior conspicuos.............cccccicciccarire cerca 9 


. Abdômen com ombros anteriores muito evidentes, tubérculo posterior muito longo. 


Tegumentos lisos. Bulbos espermáticos em forma de um grande “U” deitado. Aber- 
turas de fecundação na borda posterior das espermatecas................. O. infelix 


Abdomên sem ombros anteriores. Borda anterior reta ....... cc 10 


Clípeo com uma fila transversal de cerdas em sua borda inferior. Bulbos espermáticos 
quase do mesmo volume das espermatecas. Aberturas de fecundação na borda pos- 
terior das espermatecas. Abdômen de dorso em geral coberto por uma grande mancha 
marrom-avermelhada.. pj sr je cmi re no iodo esto ooo co oUfo PE No RAR ERRA SER O OR O. episcopus 


Clipeo com quatro ou cinco cerdas medianas e mais uma em. cada ângulo lateral. 
Bulbos espermáticos nitidamente menos volumosos do que as espermatecas, estas es- 
féricas. Tubérculos laterais e posterior do abdômen, granulosos. ........ O. trifolius. 


Canais aferentes penetrando nos bulbos espermáticos pela promargem. Fêmures I e II 
com poucos tubérculos setiferos na face anterior. Tibias I e II pouco arqueadas...... 
4 de Modo Fa vel pote dedo Va Nao Me a o a tamo EA o opa oo PAR RP RR u LH R O. granulosus 


Canais aferentes penetrando nos bulbos espermáticos pela retromargem. Fêmures I e 
II com tubérculos setiferos mais abundantes .............cccccciccsirs cs 12 


Tubérculos laterais e posterior do abdômen bem pronunciados, o posterior maior .. 13 
Tubérculos laterais pouco nítidos, o posterior curto € grosso .............ccccco. 14. 


Tubérculos laterais e posterior do abdômen delgados. Os laterais voltados para trás, 
pouco cerdosos. Aberturas de fecundação sobre as espermatecas. Canal aferente des- 
crevendo duas voltas em helicöide ...........2ccceoeeeeseeeeneanen O. pentagonus 


Tubérculos laterais e posterior do abdômen grossos. Aberturas de fecundação muito 
pequenas, medianas, imediatamente à frente das hastes longitudinais... O. echinatus 


Canais aferentes curtos, descrevendo menos do que duas voltas. Aberturas de fecun- 
dação sobre as hastes longitudinais. Região cefálica com uma fila longitudinal de cer- 
das nas bordas inferiores, lateralmente ........ con ee en O. simoni 


Canais aferentes muito longos. Aberturas de fecundação um pouco à frente das hastes 
longitudinais, as STS RO AU DÃO e PAT wer end .. O. latiductus 


Área interocular ornada de oito potentíssimos tubérculos munidos de grossissima cer- 
da espiniforme, os situados atrás dos OMA nitidamente maiores. Apófise tibial do 
pedipalpo longuíssima. Face ventral das coxas I com filas de pequenas cerdas .... 16 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 11 


— Área interocular com tubérculos muito menores ou mútica. Apófise tibial de pedipal- 


16. 


17. 


18. 


19. 


20. 


21. 


22. 


‚23. 


po dificilmente ultrapassando a metade do cymbium. Coxas I sem as cerdas na face 
ventralo RT. Tee ee SE N LE 2 CIR DER Rad 17 


Tuberculos laterais e posterior do abdömen longos e delgados, munidos de grossas e 
curtas cerdas espiniformes. Gancho dorsal da base da apöfise tibial do tarso, curvo, 
mao lespinalad or Ele late auelonsherene bs so MORE] eras dá o tale O. echinatus 


Tubérculos laterais e posteriores do abdômen curtos, o posterior mais largo, todos 
munidos de duas grossas cerdas apicais. Gancho dorsal da base da apófise tibial do 


tarsoreurvorem’espiralt.. tamem a ee dia gás a DA ee MAR a O. pentagonus 
Abdômen fortemente cerdoso ...........cccccicc rer rneenn 18 
Abdômen fracamente cerdoso ou mÚticO..........cccccc 19 


Clipeo com duas grossas cerdas medianas na borda inferior, com uma forte projeção 
quitinosa entre e abaixo delas. Cefalotórax com tubérculos setiferos armados de gros- 
sas cerdas, dispostas sem filas longitudinais. Embolus curto. ........... O. garruchus 


Clípeo com cerdas em toda a borda anterior, dispostas em duas filas transversais, 
superpostas. Borda inferior dos contornos laterais do cefalotórax com cerdas curvas, 
dispostas longitudinalmente, raras no dorso. Embolus descrevendo uma curvatura de 


180yerausHrar.. age bo o ENS E RD el CNS a ba a O. echinicauda 
Embolus curto, descrevendo uma curvatura não superior a 180 graus ............ 20 
Embolus longo, descrevendo uma curvatura superior a 180 graus................ 21 


Abdömen em forma de mitra. Apófise tibial de pedipalpo curta, espatulada. Clipeo 
com uma projeção mediana muito saliente armada de quatro cerdas ...... O. mitralis 


Abdômen globóide. Apófise tibial de pedipalpo curta, não atingindo o meio do cym- 
bium. Clípeo com um par de cerdas medianas na borda inferior e entre estas outras 


muitosimenores A Mi MS ee ee O. perditus 
Erontejerareaiocular MULICAS). acc can een nee E Va era anta soa eai ab ara RS 22 
Frontee área ocular com tubérculos setiferos......... 22.2222 c see eeae onen anne 23 


Tuberculos laterais e posterior do abdömen bem demarcados. Bordas anterior e la- 
terais anteriores do abdômen com tubérculos setiferos conspicuos. Borda inferior do 
clípeo com quatro cerdas medianas ............22n0neeneeneenennnn nenn O. eloaeus 


Tubérculos laterais e posterior do abdômen pouco demarcados. Bordas anterior e 
laterais do abdômen sem tubérculos setiferos e cerdas. Clipeo com diminutas cerdas 
na borda inferior. Embolus descrevendo um enrolamento de aproximadamente 450 


ERES od ER  Dagps RR Ro Da AS ARENA Rye : O. compactilis 
Clipeo com uma fila transversal de grossas cerdas espiniformes na borda inferior, 
ocupando todaia sua extensão SAD a een nenne O. episcopus 


Clípeo com apenas duas ou quatro cerdas medianas na borda inferior. Com um par de 
tubérculos setiferos atrás dos OMA, um de cada lado entre os OLA e OLP e atrás 
dosOBP 2 2. Seres a erra a e op MR EPI SRS retas ee ANS ja A O. infelix 


REDESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES 
Onocolus biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948 
(Figs. 6-11) 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev 1981 


12. LISE, A. A. 


Onocolus biocellatus MELLO-LEITÃO, 1948:178. 


MATERIAL-TIPO: Holótipo q BMNH 1923-VII.23.66, Rio Yawakuri, sec. 3, 
Guiana, VII.1919, A.A. Abrahamleg. 


LOCALIDADE-TIPO. Rio Yawakuri, Guiana. 
REDESCRIÇÃO - Fêmea (macho desconhecido). 


Comprimento total — 5,750 


Cefalotórax fulvo. Esterno levemente mais claro do que o cefa- 
lotórax, tendendo para o amarelado. Lâminas maxilares, lábio, queli- 
ceras e pedipalpo amarelos, o mesmo acontecendo com as pernas. 


Abdômen de dorso amarelo, reticulado de branco com duas gran- 
des manchas circulares ao nivel dos ângulos laterais, de coloração cas- 
tunha, com um anel central marrom. Faces laterais amarelo esbran- 
quiçadas. Ventre amarelo com algum reticulado branco. Declive pos- 
terior amarelo com manchas marrons, esparsas. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (2,750), baixo (1,125), de lados 
regularmente arredondados. Dorso plano revestido de inúmeros tuber- 
culos curtos dos quais emergem longas cerdas. Região cefálica estreita, 
muito projetada para diante, de lados paralelos. 


Olhos anteriores em fila moderadamente recurva, os médios me- 
nores do que os laterais (0,100 x 0,150). Olhos médios separados entre si 
por um diâmetro e meio (0,150) e por apenas meio diâmetro dos laterais 
(0,050). 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho 
dos médios anteriores (0,100). Olhos médios posteriores separados entre 
si por dois diâmetros e um quarto (0,225) e por um diâmetro e um quarto 
(0,125) dos laterais. 


Área ocular média mais larga do que longa (0,425 x 0,375), mais 
estreita na região anterior (0,375). Atrás dos OMA existem dois pe- 
quenos tubérculos munidos de longas e delgadas cerdas e três de cada 
lado atrás dos OLA e dos OLP. 


Clipeo vertical, transversalmente convexo, com cinco tubérculos 
medianos na borda inferior, munidos de fortes cerdas e mais uma série 
de pequenos tubérculos lateralmente aos medianos, igualmente munidos 
de cerdas bem menores do que as medianas. 


Altura do clipeo menor do que a fila dos OMA (0,250 x 0,375), 
mais baixo do que a área ocular média (0,250 x 0,425) e equivalente a 
dois diâmetros e meio dos OMA. 


Queliceras muito mais longas do que largas (0,700 x 0,450) com a 
face anterior revestida de longas cerdas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Esterno levemente convexo, quase liso, com apenas alguns pêlos 
escassos, região anterior levemente escavada e posterior arredondada, 
mais longo do que largo (1,300 x 1,125). 


Lâminas maxilares de comprimento exatamente o dobro da largura 
(0,600 x 0,300), levemente convergentes no ápice, este subquadrado, 
com pêlos na borda interna. 


Lábio mais largo (0,500) do que longo (0,350), de ápice arredon- 
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares, revestido de lon- 
gos pêlos, mais abundantes no ápice. 


Abdômen pentagonal, sem tubérculos, mais largo do que longo 
(4,250 x 3,375), pouco espesso (1,950), de dorso plano, com algumas cer- 
das longas e delgadas. Borda anterior e bordas laterais anteriores, com 
longas cerdas espiniformes. Declive posterior com alguns tubérculos 
muito salientes, rodeados por uma área granulosa, dos quais emergem 
potentes cerdas espiniformes. Faces laterais do abdômen com raras e di- 
minutas cerdas. Ventre revestido de densa pubescência. Epigino com recep- 
táculos seminais fulvos, muito escuros e duas hastes longitudinais medianas 
muito longas, chegando quase ao pedicelo. 


Perna I: fêmur com abundante tubérculos principalmente nas faces 
anterior e posterior, munidos de longas cerdas espiniformes, erectas. 
Patela igualmente munida de tubérculos e cerdas. Tibia com 2-2-2 fortes 
espinhos anteriores emergindo de cavidades articulares muito salientes. 
Entre os espinhos existem longos pêlos. Face posterior com muitas cer- 
das, face dorsal com algumas e face ventral lisa. Basitarso com 2-2-2 
fortes espinhos anteriores. As demais faces com raros e diminutos tubér- 
culos munidos de pequenas cerdas. Tarso de ápice mais dilatado do que 
a base. 


Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I, porém, com 
menor número de tubérculos e cerdas. Tibia semelhante a I, de espinhos 
anteriores maiores. Basitarso com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e 
mais 1 dorsal, apical. Demais elementos iguais aos da perna I. Tarso igual ao 
da perna I. 


Perna III: fêmur praticamente liso. Patela e tibia com poucos 
tubérculos na face posterior, munidos de pequenas cerdas. Basitarso de 
face anterior munida de fortes e abundantes cerdas e face posterior com 
alguns tubérculos setiferos. Tarso com fortes cerdas na face anterior. 


Perna IV: semelhante a III, porém, com todos os artículos, exceto 
o fêmur, dotados de um maior número de tubérculos setiferos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


14 LISE, A. A. 


Pedipaldo: fêmur três vezes mais longo do que o diâmetro (0,750 x 
0,250). Patela mais longa do que larga (0,375 x 0,250), densamente 
revestida de longas cerdas. Tibia bem mais longa do que larga (0,425 x 
0,275), com muitas cerdas e várias tricobótrias no centro da face dorsal. 
Tarso quase três vezes mais longo do que largo (0,550 x 0,200), todo 
revestido de longas e delgadas cerdas. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Guiana. 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Esta espécie distingue-se das 
demais do gênero por apresentar o cefalotórax muito largo e delgado, 
totalmente plano; pela ausência de tubérculos abdominais e, finalmente, 
por apresentar os tegumentos totalmente revestidos e abundantes e lon- 
gas cerdas. 


MATERIAL EXAMINADO 


GUIANA. Rio Yawakuri, sec. 3, VII.1919, A.A. Abraham leg. 1 9 BMNH 1923- 
V11.23.66. 


OBSERVAÇÕES 


MELLO-LEITÃO (1948), ao se referir à fila dos olhos anteriores, 
diz que é fortemente recurva quando, na reasidade, formam uma fila 
levemente recurva. Em relação aos olhos médios anteriores, diz serem 
duas vezes menores do que os laterais. Tal relação não se verifica, uma 
vez que são apenas um terço menores. A equidistância entre os olhos 
anteriores também não se verifica, uma vez que os médios distam um 
diâmetro e meio um do outro e, apenas meio diâmetro dos laterais. Em 
relação aos olhos posteriores diz que os médios estão duas vezes mais 
separados um do outro do que dos laterais. Tal relação não é perfeita uma 
vez que os médios distam um do outro 0,225 e dos laterais 0,125. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 15 


Onocolus compactilis SIMON, 1895 
(Figs. 12-26) 


Onocolus compactilis SIMON, 1895b:441. 
Onocolus compactilis: PETRUNKEVITCH, 1911:414. 
Onocolus compactilis: MELLO-LEITÃO, 1929:69. 


MATERIAL-TIPO. Lectótipo ? MNHN 3958 e paralectötipos 3 de 4 2? MNHN 
3958-A (designação presente), na coleção E. Simon do MNHN com etiqueta contendo os 
seguintes dados : “Pebas S. Paulo Oliv. Fonteböa Types”. 


LOCALIDADE-TIPO. AMAZONAS. 
REDESCRIÇÃO a) Fêmea 


Comprimento total - 6,875. 


Cefalotórax amarelo, podendo apresentar-se manchado de casta- 
nho. Esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipaldo e queliceras amarelos. 
Pernas da cor do cefalotórax. Fêmures com uma mancha castanha, apical, 
contornando as faces anterior, dorsal e posterior. Patelas fulvas. Chan- 
fradura das tibias sombreadas de marrom escuro ou de negro. Porção 
mediana da face posterior do basitarso com uma pequena mancha se- 
micircular, fulva ou marrom, de onde emergem tricobótrias. 


Abdômen fulvo amarelado, bastante reticulado de branco e com 
várias manchas enegrecidas, dorso-lateralmente dispostas, na porção 
posterior aos tubérculos laterais. Laterais da mesma cor do dorso, com 
uma grande mancha quase negra, de cada lado e uma terceira, da me:s- 
ma cor, no declive posterior. Ventre amarelo claro com duas filas lon- 
gitudinais de pequenas manchas circulares, fulvas. Tubérculos fulvos, 


sombreados de negro. Fiandeiras fulvas. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (2,950), mais espesso atrás 
(2,000). Dorso levemente convexo, finamente granuloso, principalmente 
na porção mediana e nos contornos laterais. A concentração de grânulos 
pode formar uma mancha caliciforme no centro do dorso, como no 
macho, porém muito menos evidente do que naquele. Região cefálica lar- 
ga, menos projetada para a frente do que nas outras espécies e de lados 
não paralelos. 


Olhos anteriores em fila recurva, os médios menores do que os 
laterais (0,100 x 0,150). Os médios estão afastados um do outro por um 
diâmetro e meio (0,150) e por um diâmetro dos laterais. 


Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si e do 
mesmo diâmetro dos médios anteriores. Os olhos médios separados entre 
si por dois diâmetros e meio (0,250) e por dois diâmetros dos laterais 
(0,200). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


16 LISE, A. A. 


Área ocular média mais larga do que longa (0,450 x 0,350), mais 
estreita na porção anterior (0,350), mútica. 


Clípeo estreito e proclive com pequenas cerdas na borda inferior. 
Altura do clípeo muito menor do que a linha delimitada pelos OMA 
(0,200 x 0,350), e de altura equivalente a dois diâmetros destes. Sua al- 
tura ainda é igual à distância que separa os OMP dos OLP e à altura do 
trapézio formado pelos olhos anteriores. 


Esterno bem mais longo do que largo (1,325 x 0,875), levemente 
escavado anteriormente, laterais quase paralelas, com uma escavadura 
rasa a nível da coxa II, ápice em ponta romba. 


Lâminas maxilares de comprimento superior ao dobro da largura 
(0,750 x 0,350), convergentes, de ápice arredondado com pêlos apicais na 
promargem. 


Lábio mais largo do que longo (0,500 x 0,425), de ápice arredon- 
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares. 


Queliceras curtas e grossas (0,750 x 0,600), de face anterior mu- 
nida de fracas cerdas. | 

Abdömen mais longo do que largo (3,750 x 3,650), muito espesso 
atras (2,500), pouco quitinizado. Dorso fortemente convexo, com alguns 
pequenos gränulos esparsos, dos quais emergem diminutissimas cerdas. 
Faces laterais e declive posterior lisos. Face ventral pubescente. Epigino 
com um par de espermatecas fulvas. Tuberculos laterais inconspicuos, 
desprovidos de tuberculos setiferos e de cerdas, o posterior muito gros- 
so, de ápice römbico, levemente rugoso. 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de proeminentes tubér- 
culos setiferos na face anterior, intercalados por outros bem menores, de 
tamanhos variáveis. Demais faces lisas. Patela lisa. Tíbia com 2-2-2 ou 
1-2-2 pequenos espinhos anteriores, o basal muito pequeno. Face pos- 
terior com uma escavadura no terço basal da qual emergem tricobótrias. 
Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores, maiores do que os das tibias. 
Face posterior com levissima depressão de onde emerge uma tricobótria. 
Tarso uniformemente dilatado com uma tricobótria apical. Unhas pec- 
tinadas. 


Perna II. fêmur semelhante ao da perna I com tubérculos menores 
e menos abundantes. Patela igual a I. Tibia igual a I com 1-2-2 ou 2-2 
fracos espinhos anteriores. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores e 
mais 1 dorsal, apical, muito pequeno. Tarso igual ao da perna Il. 


Pernas III e IV: fêmures e patelas lisos. Tíbias com uma esca- 
vadura alongada na face posterior, com duas tricobótrias. Face anterior 
com algumas cerdas longas. Basitarsos com alguns pequenos tubérculos 
setiferos na face posterior e grossos pêlos curvos na face anterior. Tarsos 
uniformemente dilatados com pêlos curvos na face anterior. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 17 


E [e [e [mom [om [om 
RR 0,825 1,000 0,550 
ERES 


Pedipaldo: fêmur de comprimento superior ao diâmetro (0,500 x 
0,295), liso. Patela mais longa do que larga (0,475 x 0,350), com pe- 
quenas cerdas apicais. Tíbia tão longa quanto larga (0,375), pilosa, com 
pequenas cerdas e tricobótrias na face dorsal. Tarso longo e estreito 
(0,550 x 0,300), piloso. 


b) Macho 
Comprimento total — 3,050 


Cefalotórax castanho escuro de lados enegrecidos. Centralmente, 
no dorso, a condensação dos grânulos delimita uma área caliciforme, de 
base posterior, de tonalidade nitidamente mais escura do que o restante 
do dorso e da mesma cor das laterais. Esterno, lâminas maxilares e lábio 
fulvos. Queliceras da mesma cor do cefelotórax, sombreadas de negro, o 
mesmo acontecendo com as pernas e o pedipalpo. 


Abdômen de dorso amarelo sombreado de negro com inúmeras 
manchas circulares, fulvas, irregularmente distribuidas. Uma faixa es- 
treita, fulva clara, contorna a borda anterior e as laterais anteriores. 
Sobre esta faixa existem tubérculos setiferos e grânulos fulvos, muito 
escuros. Laterais da mesma cor do dorso, com um sombreado negro que 
se estende a partir do declive anterior, extinguindo-se ao nível dos 
tubérculos laterais. Ventre fulvo levemente sombreado de negro. Região 
epigästrica castanha. Tubérculos fulvos. Fiandeiras fulvas, rodeadas por 
um anel fortemente quitinizado, castanho escuro. 


Cefalotórax levemente mais longo do que largo (1,600 x 1,500), 
mais espesso atrás (0,950), um pouco mais convexo do que na fêmea, 
porém muito mais quitinizado e nitidamente mais granuloso, principal- 
mente no centro da face dorsal e nos contornos laterais. Região cefalica, 
como na fêmea, pouco projetada para a frente, de lados fortemente 
divergentes. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97,-9.fev. 1981 


18 LISE, A. A. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios anteriores 
menores do que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos médios afastados entre si 
por um diâmetro e dois terços (0,125) e por um diâmetro (0,075) dos laterais. 


(0,075) dos laterais. 

Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si e dos 
mesmo tamanho dos médios anteriores. Olhos médios separados entre si 
por três diâmetros (0,225) e por dois diâmetros e um terço (0,175) dos 
laterias. 


Área ocular média tão longa quanto larga (0,325), mais estreita na 
região anterior (0,250), totalmente desprovida de tubérculos e cerdas. 


Clipeo vertical, com pequenas cerdas na margem inferior, todas 
emergindo de tubérculos bem salientes, dispostos medianamente. Clipeo 
de altura igual a do trapézio formado pelos olhos anteriores (0,175), 
mais baixo do que o comprimento da fila dos OMA (0,175 x 0,250), 
equivalendo a dois diâmetros e dois terços dosOMA. 


Esterno um pouco mais longo do que largo (0,650 x 0,575), ova- 
lado, muito convexo, levemente escavado na borda anterior, bordas 
laterais arredondadas, ápice rômbico. 


Lâminas maxilares de comprimento superior a duas vezes a largura 
(0,375 x 0,175), levemente convergentes, ápice arredondado com pêlos 
apicais pouco abundantes na borda interna. 


Lábio nitidamente mais largo do que longo (0,250 x 0,200), de 
ápice arredondado, com pêlos apicais. 


Queliceras curtas e muito largas (0,425 x 0,300), de face anterior 
microgranulosa. 


Abdömen mais largo do que longo (1,875 x 1,650), espesso (1,275), 
de borda anterior reta. Dorso plano com gränulos pouco salientes, po- 
dendo apresentar diminutissimas cerdas. Laterais lisas. Ventre piloso. 
Declive posterior com cerdas pouco eminentes, dispostas em filas lon- 
gitudinais. Tuberculos laterais e posterior, pouco salientes, granulosos. 


Pernas I e II: fêmur com dois grossos e eminentes tubérculos na 
margem dorsal da face anterior, encimados por curtissima e grossa cer- 
da. Entre estes dois existem outros muito menores, munidos de cerdas. 
Face posterior com alguns tubérculos pouco salientes no terço apical. 
Tibia arqueada, espessa com 2-2 pequenos espinhos anteriores, o par 
apical muito menor. Face posterior com escavadura no terço basal da 
qual emergem tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores. 
Face posterior levemente escavada no terço apical de onde emergem 
tricobótrias. Tarso todo piloso, levemente mais dilatado no áudio. Unhas 
pectinadas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais Vea 19 


Tegumento dos dois primeiros pares de pernas muito quitinizado e 
finamente granuloso. 


Pernas III e IV: fêmur e patela múticas, podendo ocorrer dimi- 
nutissimas cerdas na face posterior. Tibia muito espessa, levemente ar- 
queada e escavada no terço basal da face posterior. Basitarso e tarso 
com grossos pêlos curvos na face anterior e alguns tubérculos munidos 
de cerdas na face posterior. No terço apical do basitarso e no ápice do 
tarso emergem tricobótrias, a do basitarso é muito longa e curva. 


er 


Pedipalpo: fêmur de comprimento superior e duas vezes o diâmetro 
(0,450 x 0,200). Patela levemente mais longa do que larga (0,275 x 
0,250), com pequenas cerdas na face dorsal. Tibia de comprimento na 
base do tarso menor do que a largura (0,175 x 0,300), com uma longa 
apófise na fase retrolateral. A apófise é curva dorsiventralmente, 
apresentando um dente curvo, muito proeminente, na base, dorsalmente. 
Longitudinalmente, na face externa, a apófise apresenta-se sulcada. Tar- 
so mais longo do que largo (0,550 x 0,475), espesso (0,370). Cymbium 
piloso. Embolus longo, descrevendo uma curvatura aproximada de 450 
graus. 


BASITARSO TARSO 


0,375 0,275 2,200 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Peru: Pebas. Brasil: Amazonas 
(São Paulo de Olivença e Fonte Boa) e Mato Grosso. 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA . 


As fêmeas desta espécie distinguem-se das demais espécies pela. 
forma alongada do abdômen, pelo reduzido tamanho dos tubérculos 
laterais e grande eminência e espessura do tubérculo posterior; pela 
ausência de cerdas no cefalotórax e no abdômen. Os machos distinguem- 
se das demais espécies pela ampla largura da área cefálica; pelos 
tegumentos cefalotorácicos e abdominais múticos; pela acentuada espes- 
sura do bulbo, e por apresentar a fila ocular posterior levemente recurva. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


20 LISE, A. A. 


MATERIAL EXAMINADO 


PERU. Pebas. BRASIL. Amazonas: São Paulo de Olivença e Fonte Boa,1 9 MNHN 
3958, 36 e 4 9 MNHN 3958-1; Mato Grosso: 19 MNHN 10355-C (todos sem coletor e 


data). 
OBSERVAÇÕES 


Ao redescrever a fêmea, MELLO-LEITÃO (1929) diz que os olhos 
médios posteriores são maiores do que os laterais, quando na realidade 
são do mesmo tamanho. Em relação à altı:ra do clipeo diz: “Clypeo da 
altura da fila dos olhos anteriores”. Se considerarmos que ao se referir à 
altura do clipeo a tenha comparado com a altura do trapézio determi- 
nado pela fila dos olhos anteriores, neste caso, a altura do clipeo será 
geralmente maior. Se a comparou com a fila dos olhos anteriores, neste 
caso, será sempre muito mais baixa. 


Ao se referir aos basitarsos dos dois primeiros pares de pernas diz 
SIMON (1895b): “metatarsi aculeis longioribus 3-3 muniti”, quando na 
realidade tem 2-2-2. 


Na descrição original diz: “Abdômen circiter aeque longus ac la- 
tum”. Esta relação também apresenta variações pois, ora é mais longo 
do que largo, ora mais largo do que longo. A relação tão longo quanto 
largo só se verificou em um único exemplar, subadulto, prevalecendo a 
relação mais longo do que largo, em cinco das seis fêmeas examina- 
das. 


Onocolus echinatus (TACZANOWSKI, 1873) 
(Figs. 27-41) 


Thomisusechinatus TACZANOWSKI, 1873.97. 
Thomisus sexpunctatus TACZANOWSKI, 1873:101. 
Stephanopis echinata: REYSERLING, 1880:189. 
Stephanopis echinata: KEYSERLING, 1891:248 
Onocolus echinatus: SIMON, 1895a:1053. 

Onocolus echinatus: CAMBRIDGE, F.O.P. — 1900:160. 
Onocolus echinatus: PETRUNKEVITCH, 1911:415. 
Onocolus echinatus: MELLO-LEITÃO, 1929:77. 
Onocolusechinatus: MELLO-LEITÄO, 1940:242. 
Onocolus echinatus: MELLO-LEITÃO, 1943:207. 


MATERIAL-TIPO. TACZANOWSKI (1873), ao descrever a espécie diz: “Deux 
mäles et une femelle, de Cayenne” sem contudo mencionar a Instituição em que estariam 
depositados. O mesmo autor, op. cit., ao descrever Thomisus sexpunctatus-, sinonimi- 
sada por KEYSERLING (1880) com a presente espécie refere “Femelle unique, de Cayen- 
ne, mäle inconu”. Como no caso anterior, não menciona o local em que foi depositada. 
KEYSERLING (1880), ao redescrever a fêmea diz, apenas “Brasilien, Para. Ein Exem- 
a der Sammlung desHerrn E. Simon. Aus Cayenne in Warchau”. Tipos não loca- 
lizados. 


LOCALIDADE-TIPO. Caiena, Guiana Francesa. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 21 


REDESCRIÇÃO — a) Fêmea. 


Comprimento total — 4,825. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e que- 
liceras amarelos. Pernas amarelas, de tonalidade um pouco mais clara do 
que a do cefalotórax, apresentando uma mancha marrom, no terço apical 
da face dorsal dos basitarsos. 


Abdômen de dorso amarelo, de tonalidade levemente mais clara do 
que a do cefalotórax, com duas grandes manchas brancas que ocupam 
quase todo o dorso. Borda anterior e laterais anteriores sombreadas de 
marrom, reticulado. Sobre as manchas brancas há quatro depressões cir- 
culares, duas de cada lado, de cor amarela. Laterais e ventre amarelos. 
Tubérculos laterais e posterior amarelos, algo sombreados de marrom. 
Fiandeiras amarelas. Espermatecas fulvas e hastes longitudinais 
amarelo-escuras. 


Cefalotórax levemente mais longo do que largo (2,250 x 2,125), de 
espessura quase igual em toda a sua extensão (1,000), de contornos cir- 
culares. Dorso plano, não granuloso, com alguns tubérculos setiferos 
mais evidentes nos contornos posteriores e outros muito menores, espar- 
sos. Região cefálica muito estreita, de largura nitidamente inferior a do 
cefalotörax, de bordas laterais não paralelas e armadas de vários tubér- 
culos setiferos bem evidentes, todos encimados por cerdas. 


Olhos anteriores dispostos em fila levemente recurva, os médios 
um pouco menores (0,125 x 0,100). Olhos médios afastados um do outro 
por um diâmetro (0,100) e por meio diâmetro dos laterais. 


Olhos posteriores formando uma linha reta, iguais entre si e do 
mesmo tamanho dos OMA, Olhos médios afastados um do outro por um 
diâmetro e um quarto (0,125), sendo equidistantes dos laterais. 


Area ocular média tão longa quanto larga (0,275), mais estreita na 
região anterior (0,225), apresentando dois tubérculos setiferos atrás dos 
OMA, armados de cerdas muito menores do que as do macho, e mais 
três de cada lado entre os OLA e OLP, como no macho, porém bem 
menores. 


Clipeo vertical, com quatro cerdas centrais, curvas para o centro, 
na borda inferior, uma de cada lado nos ângulos laterais e mais uma 
série de outras muito menores do que as anteriores, na borda inferior. 
Altura do clipeo muito menor do que a fila dos CMA (0,100 x 0,225), 
mais baixo do que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,100 x 
0,175), muito mais baixo do que a área ocular média (0,100 x 0,275), 
correspondendo sua altura a um diâmetro dos OMA. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


22 LISE, A. A. 


Esterno muito mais longo do que largo (1,025 x 0,800), levemente 
escavado na porção anterior, laterais arredondadas, levemente angulosas 
a nível da coxa I e ápice rômbico. 


Lâminas maxilares duas vezes mais longas do que largas (0,500 x 
0,250), convergentes, de ápice arredondado na promargem e atenua- 
damente anguloso na retromargem. 


Lábio bem mais largo do que longo (0,350 x 0,250), de ápice largo, 
pouco arredondado, com fracos e raros pêlos apicais. 


Queliceras mais longas do que largas (0,500 x 0,350), face anterior 
quase plana com alguns pêlos e fracas cerdas. 


Abdômen mais largo do que longo (2,625 x 2,500), baixo, de espes- 
sura mais ou menos uniformes em toda a sua extensão (1,125), pouco 
quitinizado. Dorso plano, mútico. Bordas anterior e laterais anteriores 
com curtos tubérculos armados de curtas e grossas cerdas espiniformes. 
Faces laterais e ventre, fracamente pubescentes. Declive posterior com 
pequenos tubérculos munidos de cerdas de tamanho e diâmetro diferen- 
tes. 


Tubérculos laterais não muito pronunciados. Tubérculo posterior 
saliente. Todos munidos de pequenas cerdas. 


Epigino com um par de espermatecas esféricas situadas logo acima 
da fenda epigástrica. Ductos espermáticos longos, enrolados em heli- 
cóide. Ductos que desembocam nos bulbos espermáticos cilindricos e de 
pequeno calibre, descrevendo quase duas voltas, atingindo os bulbos es- 
permáticos retrolateralmente. Ductos que vão do bulbo às espermatecas 
de diâmetro quase três vezes maior do que os anteriores. Aberturas de 
fecundação pequenas e de dificil visualização, situadas centralmente, 
logo acima da haste longitudinal. 


Perna I: fêmur com duas filas longitudinais de grossos tubérculos 
setiferos, na face anterior, todos munidos de grossas e curtas cerdas es- 
piniformes e entre eles outros muitissimo menores, munidos de longas e 
delgadas cerdas. Face posterior semelhante à anterior, com tubérculos 
menores e menos abundantes. Patela com alguns pequenos tubérculos no 
ápice da face anterior e uma fila longitudinal de tubérculos setiferos 
bem mais evidentes, na face posterior. Tibia cilindrica, levemente ar- 
queada, com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 3 tubérculos 
apicais munidos de grossa e curta cerda espiniforme. Face posterior com 
uma fila longitudinal de tubérculos setiferos e algumas tricobótrias no 
terço basal. Basitarso com 2-2-2 potentissimos espinhos anteriores, o 
apical bem menor e curvo. Demais faces fracamente cerdosas. Tarso 
fracamente mais dilatado no ápice, todo piloso. Fascículo subunguenal 
pouco espesso. Unhas grandes e bidenteadas. * 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V.. 23 


Perna II: fêmur e E semelhante aos da perna I, o fêmur menos 
cerdoso. Tibia cilindrica, mais delgada e mais arqueada, com 2-2-2 es- 
pinhos anteriores, mais finos do que os da tíbia I e mais 3 grossos 
tubérculos apicais, encimados por grossa e curta cerda espiniforme. 
Demais faces como em I. Basitarso com 2-2-2 potentissimos espinhos 
anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase médio e o outro apical. Demais 
faces como em I. Tarso como o da perna I. 


Pernas III e IV: fêmures múticos ou com diminutissimas cerdas na 
face anterior. Patelas e tíbias com tubérculos setiferos na face posterior, 
as tibias com longa tricobótria. Basitarsos com algumas cerdas apicais 
na face posterior e grossos pêlos curvos, na face anterior. Tarsos curtos 
e de mesma espessura em toda a sua extensão, com grossos pêlos curvos 
na face anterior, fascículo subunguenal pouco espesso, formado por pêlos 
curtos, unhas pequenas e bidenteadas. 


PATELA TÍBIA BASITARSO br TOTAL 


1,050 0,450 0,825 


Pedipaldo: fêmur de comprimento quase três vezes superior ao 
diâmetro (0,500 x 0,175), com apenas duas diminutas cerdas espinifor- 
mes, apicais. Patela mais longa do que larga (0,350 x 0,250) com um 
tubérculo setifero apical na face prolateral, algumas cerdas dorsais e 
retrolaterais. Tibia um pouco mais longo do que larga (0,300 x 0,250), 
nitidamente mais cerdosa do que a patela, apresentando duas áreas dor- 
sais de tricobótrias. Tarso longo e delgado (0,500 x 0,175), piloso, com 
uma unha apical. 


b) Macho 
Comprimento total — 3,250. 


Cefalotórax fulvo, mais escuro centralmente e nas bordas laterais, 
onde os grânulos são mais concentrados. Esterno, lâminas maxilares e 
lábio fulvos, de tonalidade um pouco mais clara do que a do cefalotórax. 
Queliceras, pedipalpos e pernas fulvos. 


IHERINGIA. Sér. Zooi., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


24 LISE, A. A. 


Abdômen de dorso amarelo, algo reticulado de branco e sombreado 
de negro formando áreas de contornos indefinidos, mais escuras. 
Apresenta ainda quatro depressões circulares fulvo-escuras, duas de 
cada lado, a nível dos tubérculos laterais e várias manchas circulares, de 
tamanhos variáveis, fulvas. Laterais fulvo-amareladas. Ventre amare- 
lado com filas longitudinais de manchas elípticas de cor fulva. Central- 
mente há cinco ou seis pares de manchas circulares longitudinalmente dis- 
postas em linha curva, fulvas. Fiandeiras amarelas, rodeadas por um anel 
saliente, fortemente quitinizado. Tubérculos laterais e posterior da mes- 
ma cor e tonalidade do cefalotórax. Cefalotórax um pouco mais longo do 
que largo (1,525 x 1,375), fracamente mais espesso atrás (0,800). Dorso 
fortemente granuloso, convexo, com dois potentes tubérculos setiferos 
nos contornos posteriores, um de cada lado, atras dos OLP, ambos 
munidos de grossa cerda espinoforme. Além destes tubérculos ocorrem 
outros bem menores, irregularmente distribuidos em todo o dorso e 
laterais. Região cefálica estreita, de lados não paralelos, muito proje- 
tada para a frente, muito quitinizada e granulosa, com pequenos tubér- 
culos nas bordas inferiores. 


Olhos anteriores dispostos em fila levemente recurva, os olhos 
médios um pouco menores do que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos 
médios afastados um do outro por cerca de um diâmetro e um terço 
(0,100) e por cerca de meio diâmetro dos laterais (0,030). 


Olhos posteriores dispostos em fila reta, iguais entre si e dos mes- 
mo diâmetro dos OMA (0,075). Olhos médios separados um do outro por 
um diâmetro e dois terços (0,125), equidistantes dos laterais. 


Area ocular média levissimamente mais longa do que larga (0,300 
x 0,275), um pouco mais estreita na região anterior (0,250), fortemente 
quitinizada, apresentando um potentissimo tubérculo bifido colocado 
atrás do OMA. Cada um dos dois ramos do tubérculo está encimado por 
potente cerda espiniforme. Entre os OLA, OLP e OMP há uma pro- 
tuberância de ápice trituberculado de onde emergem grossas cerdas es- 
piniformes. 


Clipeo vertical, fortemente convexo centralmente, granuloso, com 
dois pares de tubérculos, o par mediano maior e ituado em plano in- 
ferior ao par externo, todos munidos de cerdas espiniformes. Altura do 
clipeo muito inferior à linha dos OMA (0,125 x 0,250), mais baixo do 
que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,125 x 0,175), muito 
mais baixo do que a área ocular média (0,125 x 0,300), equivalendo sua 
altura a um diâmetro e dois terços dos OMA (0,125). 


Esterno quase tão longo quanto largo (0,650 x 0,600), quase plano, 
região anterior escavada, laterais recortadas e ápice rômbico. 


- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 25 


Läminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas 
(0,325 x 0,175), convergentes, de ápice subquadrado, com pêlos apicais. 


Lábio mais largo do que longo (0,225 x 0,175), de ápice arredon- 
dado, não escavado na base, não ultrapassando o meio das lâminas 
maxilares. 


Queliceras mais longas do que largas (0,375 x 0,225), de face an- 
terior quase plana, com alguns pêlos. 


Abdômen mais largo do que longo (1,875 x 1,775), de espessura 
quase uniforme em toda a sua extensão (0,850) e tegumento bem qui- 
tinizado. Dorso fracamente convexo, com algumas cerdas pouco notá- 
veis. Borda anterior e laterais anteriores ornadas por grossos tubér- 
culos, encimados por curtas e grossas cerdas espiniformes, curvas. 
Laterais levemente pilosas, ventre revestido por curtos e grossos pêlos. 
Declive posterior fortemente cerdoso. As cerdas estão dispostas em filas 
longitudinais contornando o abdômen. Tubérculos laterais e posterior 
muito eminentes, quase cilindricos, ornados por grossas cerdas espinifor- 
mes. 


Perna I: coxa com duas filas longitudinais de pequenos denticulos 
na face ventral. Fêmur com duas filas longitudinais anteriores e duas 
posteriores de tubérculos setiferos armados de grossas cerdas espinifor- 
mes. Patela com dois tubérculos apicais anteriores e três filhas longi- 
tudinais de potentes tubérculos setiferos na face posterior. Tibia cilin- 
drica, fortemente arqueada, com 2-2-2 potentissimos espinhos anteriores 
emergindo de cavidades articulares muito salientes, o ânterodorsal apical 
é fixo e mais três tubérculos apicais armados de potente cerda espinifor- 
me. Face posterior com uma fila longitudinal de tubérculos armados de 
cerdas espiniformes e algumas tricobótrias no terço basal, de ambos os 
lados dos tubérculos longitudinais. Basitarso com 2-2-2 potentes espi- 
nhos anteriores, o par apical menor. Faces dorsal e posterior pilosas, es- 
ta com uma ou duas tricobótrias, medianamente dispostas. Tarso piloso, 
com fasciculo subunguenal pouco denso, unhas com diminutos dentes. 


Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I. Tibia mais 
delgada, fortemente arqueada, de quetotaxia igual à I. Basitarso e tarso 
de caracteristicas iguais aos da perna I. 


Pernas III e IV: fêmures múticos ou com pequenas cerdas na face 
posterior. Patelas e tíbias com tubérculos na face posterior, tibia IV 
mais cerdosa. Basitarsos com alguns pequenos tubérculos na face pos- 
terior e grossos pêlos curvos, na face anterior. Tarsos pilosos, com gros-! 
sos pêlos curvos na face anterior, unhas com dentes muito pequenos. 


Tegumentos das pernas muito quitinizados e microgranulosos, ex- 
ceto nos tarsos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


26 LISE, A. A. 


3,475 
e 
Br. 


Pedipalpo: fêmur de comprimento muito superior ao diâmetro 
(0,425 x 0,175), com dois curtos tubérculos apicais. Patela levemente 
mais longa do que larga (0,250 x 0,225), com grossos tubérculos pro- 
laterais e retrolaterais, outros menores, dorsais. Tibia de comprimento 
na base do tarso menor do que a largura (0,200 x 0,250), munida de uma 
longuissima apöfise (0,550), que atinge quase o äpice do cymbium. A 
apófise é levemente curva dorsiventralmente e percorrida ventralmente 
por um profundo sulco longitudinal. 


Na base da apófise a tibia apresenta uma saliência de posição 
retrolateral, em forma de uma braçadeira, que envolve a base da apófise, 
em cuja porção dorsal ha um dente curvo. Face dorsal da tíbia com al- 
gumas cerdas e longuissimas tricobótrias. Tarso um pouco mais longo 
do que largo (0,575 x 0,450), espesso (0,350). Cymbium muito convexo, 
piloso, com uma escavadura na face retrolateral no ponto de tângência 
com a apófise. Tegulum fracamente convexo. Embolus muito longo, 
descrevendo uma curvatura em torno de 810 graus. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Pará. KEYSERLING 
(1880) refere a espécie para a Guiana Francesa (Caiena). MELLO- 
LEITÃO (1929 e 1943) a refere para a Venezuela, Guiana Francesa 
(Caiena), Peru e Brasil (Rio Grande do Sul). A etiqueta original de E. 
Simon (MNHN), que acompanha os espécimes, refere apenas “Plusieurs 
endroits”. 


DISCUSSÃO TAXONÓMICA. Esta espécie é muito próxima de 
O. pentagonus e de O. granulosus. As fêmeas de O. echinatus são dis- 
tinguidas das de O. pentagonus, pelas aberturas de fecundação muito 
pequenas, de dificil visualização, colocadas logo acima das hastes lon- 
gitudinais do epigino; pela menor altura do clípeo, e pela curvatura das 
tibias I e II um pouco mais acentuada. De O. granulosus distingue-se 
pelo grau de enrolamento dos ductos espermáticos em que o ducto 
aferente atinge o bulbo espermático correspondente pela promargem; 
“pelo maior comprimento e curvatura das tibias I e II, e pelo maior 
número de tubérculos e cerdas nos fêmures, patelas e tibias I e II. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 97 


Os machos de O. echinatus diferenciam-se dos de O. pentagonus 
pelo acentuado comprimento e espessura dos tubérculos e cerdas si- 
tuadas atrás dos OMA e entre os OLA, OLP e OMP; pelo maior número 
e tamanho dos tubérculos da patela e tibia do pedipalpo, e pela menor 
curvatura do gancho existente na retromargem apical da tíbia, dorsal- 
mente à apófise tibial. O macho de O. granulosus é desconhecido. 


VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Nas fêmeas, o colorido dorsal 
do abdômen pode ser branco reticulado, amarelo reticulado de branco 
com algum sombreado marrom, ou amarelo com manchas brancas e ful- 
vas e contornos sombreados de marrom, de modo a formar um retículo 
de malhas irregulares. Nelas, os basitarsos são totalmente amarelos ou 
fulvo-claros, podendo apresentar ou não um sombreado ou uma mancha 
bem definida, da mesma cor, no terço basal da face posterior. 


Nos machos o colorido do cefalotórax é muito uniforme, apresen- 
tando no entanto, variações cromáticas na face dorsal do abdômen. Este 
pode ser totalmente amarelo, muito claro; fulvo-amarelado com manchas 
esparsas, brancas e fulvas; fulvo-amarelado sombreado de negro, ou 
mesmo com uma grande mancha negra a qual pode se estender da borda 
anterior ao tubérculo posterior. 


MATERIAL EXAMINADO 

VENEZUELA. San Esteban: 19 MNHN 10861. BRASIL.Goiás: 19 MNHN 
21670-C; São Paulo: Lussanvira 1 & MNRJ 1169, R. Arle leg.; 4 9 ell S MNHN 
2670, plusieurs endroits. 


OBSERVAÇÕES 


KEYSERLING (1880), ao redescrever a fêmea e ao se referir aos 
olhos anteriores, diz: “Die vorderen S.A. sind fast doppelt so gross als 
die übrigen ziemlich gleichgrossen”. Em nenhum dos exemplares exa- 
minados encontramos tal relação uma vez que os OLA são no máximo 
dois terços maiores do que os OMA; o mesmo acontecendo em relação 
aos olhos posteriores. Estes, em apenas uma fêmea imatura demons- 
traram ser menores do que os OMA, sendo iguais a estes em todos os 
demais espécimes. 


Ao se referir aos olhos posteriores, diz: “Die hinteren MA, liegen 
reichlinch um ihren doppelten Durchmesser von einander und nicht so 
weit von den hinter SA., die mit den vorderen SA. und MA. eine gerade 
Linie bilden’. Na maioria dos espécimes examinados, os OMP acham-se 
afastados entre si por menos do que dois diâmetros, sendo na realidade 
equidistantes aos OLP. 


Ao fazer menção à quetotaxia das tibias e basitarsos I e II afirma 
que: “An den Tibien der beiden vorderen Fuss paare sitzen 4 Paar und 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Ap 


28 LISE, A. A. 


an den Metatarsen 3 Paar recht langer Kräftiger und am Ende meist 
etwas gekrümmter Stacheln”. As tibias apresentam 2-2-2 fortes espinhos 
na face anterior e mais 3 tuberculos apicais, munidos de grossa cerda es- 
piniforme. O basitarso I tem 2-2-2 fortes espinhos anteriores e o II 
apresenta 2-2-2 anteriores e mais 1-1 dorsais. 


MELLO-LEITÃO (1929), diz: “Área dos olhos médios muito mais 
alta que larga, mais estreita adiante”. Em nenhum dos exemplares 
examinados verificou-se tal relação. Na maioria ela é tão longa quanto 
larga, havendo casos em que ela demonstrou ser levemente mais larga 
do que longa. 


MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho e ao se referir à al- 
tura do clipeo, diz “clypeo muito pouco mais alto que a área dos olhos 
médios”. Este, na realidade demonstrou ser mais baixo do que o tra- 
pézio formado pelos olhos anteriores. 


Onocolus echinicauda MELLO-LEITÃO, 1929 
(Figs. 42-57) 


Onocolus echinicauda MELLO-LEITÃO, 1929:70. 


MATERIAL-TIPO. MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever a espécie em questão, 
que segundo se deduz foi nominada por SIMON mas não descrita por ele, diz: “Desta es- 
pécie inédita de E. Simon, dou a descripção pelos typos” dizendo ainda estarem os “Ty- 
pos e Cotypos” 8789, 10355, 21630 e 22459 na coleção de E. Simon do Museum National 
d'Histoire Naturelle de Paris. 

Das três fêmeas que compunham o lote nº 8789, provenientes do Paraguai, com 
etiqueta manuscrita de E. Simon e designadas por ele como “Types”, elegemos uma como 
lectötipo, conservando-lhe o nº 8789 e às outras duas atribuímos o nº 8789-A e as con- 
sideramos como paralectotipos. 


Oslotes nº 10355, 21630 e 22459 (MNHN) não têm qualquer indicação tipolögica. 


LOCALIDADE-TIPO. Paraguai. 


REDESCRIÇÃO — a) Fêmea 
Comprimento total — 8,300. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipal- 
po e pernas amarelos. 


Abdômen: dorso amarelo esbranquiçado, levemente sombreado de 
marrom escuro. Laterais amarelas, muito reticuladas. Ventre amarelo 
muito reticulado de branco, apresentando uma larga faixa longitudinal, 
mediana, amarela, quase da mesma tonalidade do cefalotórax. Tubér- 
culos laterais e posterior amarelos, sombreados de marrom muito escuro. 
Fiandeiras amarelas. Epigino com duas espermatecas, esféricas logo à 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais Ve: 29 — 


frente da prega epigástrica e um par de bulbos espermáticos muito 
volumosos, anteriores às espermatecas. Aberturas de fecundação na 
promargem dos bulbos espermáticos. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (3,000), bem mais espesso no 
terço posterior (1,500). Dorso quase plano, com a área correspondente à 
região cefálica bem saliente, bastante convexa, nitidamente demarcada. 
Tegumento moderadamente quitinizado, totalmente revestido de tubér- 
culos, muito evidentes, todos munidos de cerdas conspicuas, maiores e 
mais abundantes a nível dos contornos posteriores. Região cefálica muito 
estreita, fortemente projetada para a frente, de lados paralelos, com 
muitas cerdas embasadas em pequenos tubérculos. 


Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios um pouco 
menores do que os laterais (0,100 x 0,125). Os olhos médios distam um 
do outro dois diâmetro (0,200) e dos laterais, um diâmetro. 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo diâmetro 
dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro dois diä- 
metros e três quartos (0,275) e dos laterais, um diâmetro e três quartos. 


Área ocular média tão longa quanto larga (0,425), mais estreita na 
região anterior (0,375), com várias cerdas emergindo de pequenos tubér- 
culos. Destaca-se pelo maior tamanho, o par situado no centro da área, 
atrás dos OMA. Entre os OLA e OLP ha uma crista transversal encimada 
por três tubérculos com cerdas longas e finas. 


Clipeo vertical, fortemente convexo no centro, munido de quatro 
cerdas medianamente dispostas, na borda inferior, todas emergindo de 
tubérculos conspicuos, mais duas de cada lado nos ângulos e outras bem 
menores irregularmente dispostas. Altura do clipeo bem menor do que a 
fila dos olhos médios (0,200 x 0,375), da mesma altura do trapézio formado 
pelos olhos anteriores, igual à distância que separa os olhos médios ante- 
riores e equivalente a dois diâmetros dos OMA. 


Esterno ovalado um pouco mais longo do que largo (1,425 x 
1,125), de superfície levemente convexa, revestido por diminutos pêlos, 
esparsos. Borda anterior quase reta, laterais curvas, não recortadas e 
ápice largamente rômbico. 


Lâminas maxilares muito mais longas do que largas (0,625 x 
0,375), levemente convergentes, de promargem arredondada, pilosa, e 
retromargem reta, subangulosa. 


Lábio bem mais largo do que longo (0,500 x 0,400), de ápice ar- 
redondado. 


Queliceras longas (0,625 x 0,375), mais salientes no terço basal da 
face anterior, de onde emergem longos pêlos e tubérculos encimados por 
cerdas longas e delgadas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


30° LISE, A. A. 


Abdômen mais largo do que longo (5,300 x 5,050), espesso (2,700), 
pouco quitinizado. Dorso moderadamente convexo, totalmente revestido 
de cerdas emergindo de tubérculos de vários tamanhos, irregularmente 
distribuídos, mais abundantes e maiores nas bordas anterior e laterais 
anteriores. Laterais lisas, com diminutíssimos pêlos, ventre piloso. 
Declive posterior densamente revestido de cerdas implantadas em tubér- 
culos conspicuos, ordenados em filas longitudinais, as quais contornam o 
abdômen posteriormente. Tubérculos laterais bem salientes, totalmente 
revestidos de cerdas. Tubérculo posterior muito longo, cônico, fortemen- 
te setifero. 


Perna I: fêmur densamente revestido de tubérculos setiferos, 
maiores na margem anterior. Patela de mesmo aspecto do fêmur, com os 
tubérculos maiores na face posterior. Tibia cilindrica, não arqueada e 
nem escavada, com 2-2-2 fracos espinhos anteriores, implantados em 
cavidades articulares muito salientes. Faces dorsal e posterior fortemen- 
te cerdosas, encontrando-se várias tricobótrias no terço basal da face 
posterior. Basitarso com 2-2-2 fortes espinhos anteriores, bem mais 
potentes do que os das tibias. Tegumento semelhante ao dos demais ar- 
ticulos, com tricobótrias no centro da face posterior. Tarso levemente 
mais dilatado no ápice; unhas fortes, pectinadas. 


Perna II: fêmur, patela e tibia muito semelhante às do primeiro 
par, um pouco menos cerdosas. Basitarso com 2-2-2 fortes espinhos an- 
teriores, muito mais longos e grossos do que os da tíbia e mais 1-1 dor- 
sais, um mediano entre o primeiro e segundo pares anteriores e o outro 
apical. Tarso igual ao da perna I. 


Pernas III e IV: fêmures com pequenos e raros tubérculos setiferos 
na face anterior. Patelas e tibias muito semelhantes às dos dois pri- 
meiros pares de pernas. Basitarsos semelhantes aos das pernas I eII,o 
IV com um maior número de tubérculos e cerdas e em ambos há longos 
pêlos grossos e curvos na face anterior. Tarsos normalmente dilatados, 
apresentando grossos pêlos na face anterior. Unhas munidas de dois 
grandes dentes curvos e longos. Tibias, basitarsos e tarsos com trico- 
bötrias na face posterior, como nas pernas I e II. 


Ei 
0,400 4,500 


FEMUR 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 31 


Pedipalpo: fêmur muito longo (0,750 x :0,275), mútico. Patela mais 
longa do que larga (0,500 x 0,350), com muitas cerdas dorsais. Tibia 
mais longa do que larga (0,425 x 0,375), com muitas cerdas e tricobó- 
trias na face dorsal. Tarso de comprimento superior à duas vezes à lar- 
gura (0,725 x 0,325). 


b) Macho 
Comprimento total — 3,500. 


Cefalotorax fulvo escuro. Na região dorsal medianamente e nas 
laterais, onde há uma grande concentração de grânulos, é negro ou cas- 
tanho muito escuro. Esterno, lâminas maxilares e lábio amarelos, da 
mesma tonalidade das coxas. Queliceras fulvas escuras. 


Pedipalpo: fêmur amarelo na região basal e quase negro da metade 
até o ápice. Patela, tibia e tarso fulvos, muito escuros. 


Abdômen: dorso amarelo, reticulado de branco, todo sombreado de 
negro, com várias manchas fulvas, amarelas e negras distribuidas ir- 
regularmente. Laterais quase negras com uma mancha amarela na base 
dos tubérculos laterais. Ventre amarelo, sombreado de negro. Tubérculos 
laterais e posterior fulvos, percebendo-se, por transparência, um cone 
longitudinal mediano, negro. Fiandeiras fusco amareladas. 


Cefalotórax mais longo do que largo (1,650 x 1,550), de espessura 
mais ou menos uniforme em toda sua extensão (0,875), de tegumento: 
fortemente quitinizado. Dorso convexo, mais saliente na região cefálica, 
forte e grosseiramente granuloso. Centralmente, os grânulos se concen- 
tram em toda a extensão longitudinal de modo a delimitarem uma área 
caliciforme de base posterior. No espaço entre esta área central e as 
laterais, que são igualmente muito granulosas, há espaços de rarefação 
dos grânulos e mesmo inexistência deles, formando-se pequenas áreas 
completamente lisas, facilmente visualizadas pela sua cor muito mais 
clara. As estrias torácicas são demarcadas por segiiências lineares de 
grânulos. Dos tubérculos dorsais são principalmente notáveis os situados 
atrás dos olhos laterais posteriores, os dos contornos posteriores e dois 
centrais, quase medianos. Menção especial merece uma série linear de 
tubérculos conspicuos na borda inferior do cefalotórax a nível do pri- 
meiro par de pernas. Todos os tubérculos são encimados por grossas cer- 
das espiniformes, erectas. 


Região cefálica larga, correspondendo a um pouco mais do que a 
metade da maior largura do cefalotórax, bem projetada para a frente e 
de lados paralelos, com alguns tubérculos armados de curtas e grossas 
cerdas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


32 | LISE,A.A. 


Olhos anteriores alinhados em fila recurva, iguais entre si (0,100), 
os médios distando um do outro um diâmetro e meio e apenas meio 
diâmetro (0,050) dos laterais. 


Olhos posteriores em fila levemente recurva, iguais entre si (0,075) 
e menores do que os anteriores. Olhos médios afastados um do outro por 
dois diâmetros e dois terços (0,200) e por dois diâmetros (0,150), dos 
laterais. 


Área ocular média tão alta quanto larga (0,325), levemente mais es- 
treita na porção anterior (0,300), fortemente granulosa, com dois grossos 
tubérculos atrás dos OMA, “armados de grossissima cerda espiniforme 
erecta, dirigida para a frente e mais três tubérculos um pouco menores, 
colocados em uma carena transversal situada entre os OLA eOLP. 


Clipeo vertical, fortemente quitinizado e muito convexo transver- 
salmente, com quatro potentes tubérculos centrais na borda inferior, 
cada um armado de grossissima e longa cerda espiniforme, ladeado por 
mais duas de cada lado bem menores nos ângulos e mais uma igualmen- 
te pequena abaixo dos OMA. No espaço que separa a borda do clipeo 
das queliceras há oito pequenas cerdas. Altura do clipeo menor do que a 
fila dos OMA (0,225 x 0,300), maior do que a altura do trapézio (0,175) 
formado pelos olhos anteriores e de altura equivalente a dois diâmetros e 
um quarto dos OMA. 


Esterno tão longo quanto largo (0,675), de superficie quase plana. 
Borda anterior bem escavada, laterais muito recortadas e ápice muito 
largo e reto. 


Lâminas maxilares convergentes, de promargem arredondada e 
pilosa e retromargem reta, apicalmente subangulosa, de comprimento 
superior a duas vezes a largura (0,375 x 0,175). 


Lábio muito mais largo do que longo (0,275 x 0,175), de ápice 
arredondado e piloso, não atingindo o meio das lâminas maxilares. 


Abdômen mais largo do que longo (2,075 x 1,925), de espessura 
uniforme em quase toda sua extensão (1,000). Bordas anterior e laterais 
anteriores munidas de grossas cerdas espiniformes, implantadas em 
tubérculos curtos e grossos. Tegumento muito quitinizado. Dorso com 
muitas cerdas. Laterais e ventre desprovidos de cerdas, apenas pilosos. 
Declive posterior com inúmeros tubérculos setiferos conspicuos, dispos- 
tos em filas longitudinais que contornam o abdômem. Tubérculos la- 
terais e posterior muito longos e delgados, quase cilindricos, os, laterais 
voltados para cima, levemente dirigidos para trás, o posterior não in- 
clinado, todos com grossos tubérculos, encimados por grossas cerdas es- 
piniformes. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 33 


Perna I: fêmur com grossos tubérculos armados de potentes cerdas 
espiniformes, nas faces anterior e posterior. Patela de face posterior or- 
nada por grossos tubérculos dos quais emergem macrocerdas. Tibia 
muito dilatada, muito arqueada, com 2-2-2 potentissimos espinhos 
anteriores, postos em cavidades articulares muitissimo salientes e mais 
um par de tubérculos apicais muito conspicuos, encimados por grossis- 
simas cerdas. Face dorsal com uma fila longitudinal média de grossos 
tubérculos setiferos e várias tricobótrias no terço basal. Basitarso mar- 
cantemente mais delgada do que a tíbia, com 2-2-2 longuíssimos es- 
pinhos anteriores, algumas cerdas nas faces dorsal e posterior e trico- 
bótrias no centro da face posterior. Tarso levemente mais dilatado no 
ápice, com unhas grandes e bidenteadas. 


Perna II em tudo semelhante à I, porém com a tíbia muito menos 
dilatada e francamente arqueada. E 


Todos os artículos dos dois primeiros pares de pernas, exceto os 
tarsos, com o tegumento muito Pata ga e finalmente granuloso, à 
semelhança de uma lixa. 


Pernas III e IV muito semelhantes às da een 


0,750 0,325 0,500 0,425 0,300 


Pedipaldo: fêmur de comprimento superior ao dobro do diâmetro 
(0,425 x 0,200). Patela de comprimento levemente superior à largura 
(0,275 x 0,250), com várias cerdas dorsais e dorsilaterais de tamanhos 
variáveis. Tibia de comprimento na base do tarso bem menor do que a 
largura (0,175 x 0,250), com uma grosa e longa apófise na face retro- 
lateral a qual atinge quase o meio do cymbium. A apófise tem quase o 
dobro do comprimento da tíbia, tomado ao nível do embasamento do 
tarso. Apresenta-se levemente curva, com profundo sulco longitudinal e 
um pequeno dente curvo, na base, dorsalmente. No dorso a tíbia 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


34 LISE, A. A. 


apresenta longas tricobótrias e algumas cerdas muito longas embasadas 
em curtos tubérculos. Na face prolateral apresenta algumas cerdas gran- 
des e outras menores na face retrolateral. Tarso bem mais longo do que 
largo (0,550 x 0,375), com 0,325 de espessura. Cymbium muito convexo, 
com grossos pêlos ventrais, na pro e na retromargem. Tegulum mais ou . 
menos conveso. Emboloso curto, descrevendo uma curvatura de cerca de 
180º. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Pará (Santarém): Goiás: 
Mato Grosso; Minas Gerais (Diamantina); Rio Grande do Sul (Cerro 
Largo e Garruchos). Paraguai. 


DISCUSSÃO TAXONOMICA. Espécie próxima à O. garruchus 
LISE, 1979, da qual as fêmeas se diferenciam por terem todos os te- 
gumentos muito mais cerdosos, com cerdas menores e mais delgadas; o 
abdômen mais largo do que longo com o tubérculo posterior muito 
eminente; o clipeo vertical com muitas cerdas em sua margem; as tibias 
I e II apresentando 2-2-2 espinhos anteriores; os bulbos espermáticos 
são maiores do que as espermatecas, aqueles, muito maiores do que os 
de O. garruchus. Os machos de O. echinicauda diferenciam-se dos de O. 
garruchus pelo cefalotórax menos cerdosos e menos granulso; por 
apresentarem várias cerdas no clipeo, dispostas em duas filas transver- 
sais superpostas; pelo maior achatamento e alargamento do abdômen; 
pelos tubérculos laterais e tubérculo posterior do abdômen mais delgados 
e pelo maior comprimento da apófise tibial do pedipalpo. 


MATERIAL EXAMINADO 


BRASIL. Pará: Santarém, 1 q MNHN 16098; Mato Grosso: 5 © e5 d& MNHN 
10355; Goiás: 2 9 MNHN 21630, 1 é MNHN 21629-D; Minas Gerais: Diamantina, 
1 9 MNHN 22459; Rio Grande do Sul: Cerro Largo, 1 q MCN 4313, 12.11.1943, 
P.Buck leg.; Garruchus, 2 9 el & MCN 4213, 6.X11.1975, A. Lise leg.. PARA- 
GUAI. 1 9 MNHN 8789, 2 q MNHN 8789-A. 


OBSERVAÇÕES 


Fêmea — Ao descrevê-la, MELLO-LEITÃO (1929) diz que o clípeo 
é bem mais largo do que a fila dos olhos médios. Ao mencionar largura, 
deveria estar se referindo à altura, que em todos os exemplares exa- 
minados é muito menor do que a fila dos olhos médios antericres e 
muitissimo menor do que a fila transversal dos olhos anteriores. Sua al- 
tura é geralmente maior do que o do trapézio formado pelos olhos an- 
teriores, mas verificou-se em quatro dos exemplares examinados que 
ambas as alturas se igualam. 


Ao se referir às distâncias dos olhos anteriores diz serem quase 
equidistantes. Do exame biométrico de todos os espécimes que 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 35 


compõem o lote verificou-se que os médios distam entre si num mínimo 
de um diâmetro e três quartos e num máximo de dois diâmetros e um 
quarto, enquanto que os laterais anteriores distam dos médios num 
mínimo de meio diâmetro e num máximo de um diâmetro, prevalecendo 
os afastamentos de três quartos de diâmetro a um diâmetro. Parte des- 
tas variações talvez se devam à dificuldade de obter-se medidas precisas, 
principalmente em animais muito claros nos quais os limites das córneas 
são mais dificeis de serem precisados. 


Menciona, também: “Área dos olhos médios muito mais alta que 
larga, mais estreita adiante”. Apenas em três espécimes verificou-se ser 
ela levemente mais longa do que larga e em todos os demais é tão longa 
quanto larga, confirmando contudo a menor largura na região anterior. 


Sobre a quetotaxia das pernas, diz estarem as tibias armadas de 2- 
2 pequenos espinhos, quando na realidade apresentam 2-2-2, raramente 
1-2-2, no caso o impar de posição ântero-ventral. O basitarso I tem 2-2-2 
anteriores e o basitarso II tem 2-2-2 mais 1-1 dorsais. 


No que diz respeito ao colorido do abdômen, as variações são 
notáveis, dentro dos seguintes padrões: 


a) pardo, muito reticulado de branco com intenso sombreado 
marrom muito escuro e duas manchas circulares brancas, medianas; 


b) quase todo marrom com quatro manchas circulares de cor bran- 
ca e mais duas grandes manchas de contornos irregulares, uma de cada 
lado, ao nível dos tubérculos laterais, ocupando quase toda a metade an- 
terior do abdômen; 


c) todo amarelo, levemente sombreado de marrom; 


d) fusco, todo reticulado de um marrom muito escuro, quase negro, 
provavelmente vermelho no animal vivo. 


As faces laterais e ventrais são normalmente amarelas, algo som- 
breadas de marrom ou mesmo totalmente brancas, às vezes reticuladas 
em intensidades variáveis. 


Macho — MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho diz: 
“Olhos posteriores em fila direita, os médios mais afastados”. Em 
apenas dois exemplares de toda a série examinada verificou-se a dis- 
posição em linha reta, sendo levemente recurva em todos os demais. Ao 
se referir aos olhos anteriores diz: “Olhos anteriores quasi equidistan- 
tes, em fila muito recurva, os médios um nada menores”. Em relação ao 
diâmetro verificou-se serem iguais a não ser em casos isolados nos quais 
pode-se observar diferenças minimas e nestes casos o olho esquerdo 
diferia em tamanho do direito. A equidistância entre olhos médios e 
laterais nunca se verifica uma vez que os médios são sempre muito mais 
afastados um do outro do que os laterais. Os médios distam um do outro 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


36 LISE, A. A. 


no minimo em um diâmetro e dois terços, prevalecendo um afastamento 
de dois diâmetros. Quanto ao afastamento dos olhos médios anteriores 
dos laterais, nunca se verifica um distanciamento maior do que dois ter- 
ços de diâmetro, ocorrendo uma predominância quase absoluta de apenas 
meio diâmetro. 


No que diz respeito ao colorido dos machos, as variações são 
pequenas, apenas o abdômen pode estar mais ou menos intensamente 
manchado de castanho e negro. 


Onocolus echinurus MELLO-LEITÃO, 1929 
(Figs. 58-63) 


Onocolus echinurus MELLO-LEITÃO, 1929:76. 


MATERIAL-TIPO. Holótipo % MNHN 17808, Parahyba do Norte, atual João 
Pessoa, Paraiba, Brasil (sem coletor e sem data) na coleção E. Simon. 


LOCALIDADE-TIPO. João Pessoa, Paraiba, Brasil. 


REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido). 
Comprimento total — 9,500. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpos, que- 
liceras e pernas amarelos claros. 


Abdômen: dorso marrom com inúmeras pequenas manchas esbran- 
quiçadas. Borda anterior marginada de branco. Laterais brancas, muito 
reticuladas. Ventre amarelo pardacento muito reticulado de branco. . 
Tubérculos laterais e posterior brancos. Fiandeiras amarelas. Epigino 
com as espermatecas e as hastes medianas fulvas. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (3,250), mais espesso no terço 
posterior (1,750). Dorso moderadamente convexo, pouco quitinizado, 
todo revestido por diminutos tubérculos setiferos, irregularmente dispos- 
tos, dos quais emergem diminutas cerdas, meiores e mais abundantes 
nos contornos posteriores. Região cefálica muito estreita e muitissimo 
projetada para a frente, de lados paralelos, com vários tubérculos 
munidos de cerdas. 


Olhos anteriores em fila recurva, os médios muito menores do que 
os laterais (0,075 x 0,125). Olhos médios afastados um do outro por três 
diâmetros e dos laterais por um diâmetro (0,075) 


Olhos posteriores formam uma fila reta, iguais entre si e do mesmo 
diâmetro dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro 
por três diâmetros e dois terços (0,275) e dos laterais por dois diâmetros 
e um terço (0,175). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 37 


Area ocular media täo larga quanto longa (0,450), mais estreita 
adiante (0,375), toda revestida de pequenos tuberculos encimados por del- 
gadas cerdas. No centro da área ocular, atrás dos OMA, há dois grossos 
tubérculos encimados por longa e delgada cerda espiniforme e mais três 
ig de cada lado, sobre uma carena transversal, entre os OLA e 


Clipeo vertical, transversalmente convexo, com 16 tubérculos dis- 
postos em duas filas transversais, superpostas, cada uma com oito 
tubérculos, todos munidos de longa cerda curva e mais um tubérculo 
bem mais grosso, no centro do clípeo, acima dos demais. Altura do 
clipeo menor do que a fila dos OMA (0,325 x 0,375), muito mais baixo 
do que a área dos olhos médios, equivalente a quatro diâmetros e um 
terço dos OMA. 


Esterno bem mais longo do que largo (1,625 x 1,200), de superficie 
levemente convexa, toda revestida de pêlos. Borda anterior quase reta, 
laterais levemente recortadas a nível das coxas dos dois primeiros pares 
de pernas, e ápice arredondado terminando além do embasamento da 
coxa IV. 


Lâminas maxilares de comprimento duas vezes superior à largura 
(0,750 x 0,375), convergentes, de ápice piloso e arredondado. 


Lábio mais largo do que longo (0,525 x 0,425), de ápice arredon- 
dado, com raros pêlos apicais. 


Queliceras longas (1,000 x 0,625), mais salientes no terço basal da 
face anterior, com vários tubérculos munidos de longas e delgadas cer- 
das. 


Abdômen mais largo do que longo (6,300 x 5,850), muitíssimo es- 
pesso (5,150), fracamente quitinizado. Dorso muito convexo totalmente 
revestido de pequenos tubérculos encimados por finas e curtas cerdas. 
Faces laterais lisas. Declive posterior fracamente ornado de tubérculos, 
estes muito pequenos e com cerdas pouco eminentes. Ventre pubescente. 
Tubérculos laterais pequenos, totalmente revestidos de tubérculos, en- 
cimados por cerdas delgadas e longas. Tubérculos posterior muito sa- 
liente, grosso, de ápice curvo dorsiventralmente, total e densamente 
revestido de tubérculos de tamanhos variáveis, todos munidos de cerdas. 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de longuissimos tubér- 
culos na face anterior. Face dorsal e posterior com pequenos tubérculos 
encimados por finas e curtas cerdas. Patela com grossissimos e abun- 
dantes tubérculos setiferos na face posterior e alguns muitissimo me- 
nores na face dorsal. Tibia cilindrica, levemente arqueada, com 2-2-2 es- 
pinhos anteriores e mais dois tubérculos apicais munidos de grossa cerda 
espiniforme. Face posterior com grossos e abundantes tubérculos se- 
tiferos e várias tricobótrias curtas no terço basal. Face dorsal com al- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


38 LISE, A. A. 


guns pequenos tubérculos setiferos. Basitarso muito menos espesso do 
que a tibia, com 2-2-2 grossos espinhos anteriores, o par apical muito 
menor, de ápice curvo. Face posterior com tubérculos muito menos 
abundantes do que na tíbia e longa tricobótria mediana. Tarso mais 
dilatado no ápice, todo piloso, com uma tricobótria apical. Unhas fortes 
e pectinadas. 

Perna II. fêmur e patela iguais aos do par anterior. Tibia levemen- 
te menos arqueada que a I, com 2-2-2 fracos espinhos anteriores e mais 
um par apical de tubérculos com cerda espiniforme. Basitarso com 2-2-2 
espinhos anteriores, maiores do que os da tíbia e mais 1 dorsal, apical, 
muito pequeno. Tarso como em I. 


Pernas III e IV: fêmures com alguns pequenos tubérculos setiferos 
na face anterior. Patela e tíbia como em I e II. Basitarso com tuber- 
culos setiferos na face posterior e longos e fortes pêlos curvos na face 
anterior. Tarso uniformemente dilatado em toda sua extensão, com lon- 
gos e grossos pêlos na face anterior. Unhas grandes tridenteadas. 


EEE SE — [om 
Seiser 
pe ri ia a 


Pedipalpo: fêmur uma vez e dois terços mais longo do que seu 
diâmetro (0,500 x 0,300). Patela e tíbia de mesmo comprimento e de 
mesma largura (0,500 x 0,400), ambas com muitos tubérculos setiferos 
dorsais, munidos de longas cerdas. Tibia com tricobótrias dorsais. Tarso 
de comprimento superior a duas vezes a largura (0,750 x 0,300), muito 
piloso, com algumas cerdas e uma forte unha apical. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil, Paraiba. 


DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Distingue-se de O. echinicauda da 
qual é espécie próxima, pela genitália; pela maior altura do clipeo e pelo 
maior arqueamento das tibias I e II. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 39 


MATERIAL EXAMINADO. 
BRASIL. Paraiba: João Pessoa, 1 9 MNHN 17808. 


OBSERVAÇÕES 


Em relação a altura do clipeo, diz MELLO-LEITÃO (1929) que este é 
mais alto que a área dos olhos médios. Pelo exame do tipo constata-se 
ser um pouco mais baixo. 


Ao se referir à area dos olhos médios diz ser ela mais alta do que 
larga, paralela. Nenhuma das duas afirmativas é real já que a área 
n .,0 º I 2 o o D 
ocular e nitidamente mais larga do que longa e & mais estreita anterior- 
mente. 


Quanto ao lábio, diz ser mais longo do que largo quanto na rea- 
lidade é bem mais largo do que longo. 


Em relação é quetotaxia das tíbias dos dois primeiros pares de per- 
nas, diz possuirem 2-2-2-2 espinhos anteriores. Tanto a tíbia I como a 
II apresentam 2-2-2 espinhos móveis em cavidades articulares muito 
proeminentes e mais um par de tubérculos com uma cerda espiniforme, 
iguais aos que ocorrem nas faces dorsal e posterior de todos os artículos. 


Onocolus episcopus MELLO-LEITÃO, 1934 
(Figs. 64-78) 
Onocolus episcopus MELLO-LEITÃO, 1934:48. 
Paranocolus intermedius MELLO-LEITAO, 1929:79. 
MATERIAL-TIPO. Holótipo ? MNRJ 41770, Gávea, Rio de Janeiro, R. Arlé leg. 
LOCALIDADE-TIPO. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. 


REDESCRIÇÃO a) Fêmea. 


Comprimento total — 8,625. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras; pedipal- 
po e pernas amarelas. 


Abdômen: Dorso amarelo, fortemente reticulado de branco com 
uma enorme mancha marrom, mais ou menos descontinua, que reveste 
todo o dorso, deixando apenas uma estreita faixa transversal na borda 
anterior, de cor branca. A nível dos tubérculos existem duas depressões 
côncavas, uma de cada lado, de coloração fulva. Laterais amarelas, den- 
samente reticuladas de branco. Ventre com uma larguissima faixa cen- 
tral longitudinal, amarela, contornada de branco, pouco reticulada. 
Tubérculos laterais e posterior da mesma cor do dorso. 'Fiandeiras 


amarelas. ; Ea 
IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


40 LISE, A. A. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (3,750), mais elevado atrás 
(1,500). Dorso muito pouco convexo, pouco quitinizado, quase liso, 
apresentando alguns tubérculos setiferos pequenos, nos contornos pos- . 
teriores. Região cefálica muito estreita, muito projetada para diante, de 
lados paralelos. 


Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios menores do 
que os laterais (0,125 x 0,162). Olhos médios afastados entre si por um 
diâmetro e um quinto (0,150) e por apenas três quintos de diâmetro 
(0,075) dos laterais. 


Olhos posteriores dispostos em fila reta, de mesmo tamanho e de 
diâmetro igual aos olhos médios anteriores. Olhos médios afastados en- 
tre si por dois diâmetros (0,250) e por apenas um diâmetro e um quinto 
(0,150) dos laterais. 


Área ocular mais larga do que longa (0,475 x 0,400), mais estreita 
na região anterior (0,400), totalmente lisa, apenas com diminutissimas 
cerdas entre os OLA e OLP, em pequeno cômoro transversal que as 
separa. 


Clipeo muito proclive, transversalmente convexo, munido de oito 
tubérculos setiferos medianos, na borda inferior e mais dois de cada 
lado, nos ângulos laterais, o interro bem mais evidente, curvo para o 
centro, todos encimados por cerdas curtas e finas. Altura do clípeo 
muito menor do que a fila dos OMA (0,275 x 0,400), de altura equiyalons 
te a dois diâmetros e dois quintos destes. 


Esterno mais longo do que largo (1,875 x 1,250), convexo, borda 
anterior quase reta, laterais quase paralelas ou levemente recortadas a 
nível do segundo par de pernas. Äpice termina em ponta estreita e rôm- 
bica. 


Lâminas maxilares de comprimento superior e a duas vezes a 
dimensão da largura (0,850 x 0,400), convergentes, de ápice arredon- 
dado, munido de pêlos na promargem. 


Lábio muito mais largo do que longo (0,600 x 0,425), de ápice 
arredondado. 


Queliceras curtas e grossas (0,750 x 0,600) com diminutas cerdas 
na face anterior. 


Abdômen mais largo do que longo (5,750 x 4,850), espesso (3,000), 
pouco quitinizado. Dorso quase plano com diminutissimas e raras cerdas 
dorsais na borda anterior, laterais anteriores e no declive posterior. 
Tubérculos laterais pequenos, posterior bem desenvolvido, cônicos, de 
ápice arredondado e rugoso, com pequenas e raras cerdas. Laterais e 
ventre lisos. Epígino com duas espermatecas castanhas e, entre elas, 
duas hastes paralelas, longitudinais, fulvas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal, anterior, de fortes tu- 
bérculos setiferos encimados por curta cerda. Face posterior lisa ou com 
diminutas cerdas. Patela lisa. Tíbia cilindrica, não arqueada, com 2-2 ou 
1-2-2 fracos espinhos anteriores, o impar no terço basal, muito 
menor, o qual geralmente falta, e muito afastado dos outros dois pares, 
disposto na margem dorsal. Face posterior com filas longitudinais de 
pequenos tubérculos setiferos, a mediana mais evidente. De ambos os 
lados da fila longitudinal média, ocorre uma depressão rasa, da qual 
emergem quatro tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores, 
bem mais potentes do que os das tibias. Face posterior quase lisa com 
uma depressão rasa, mediana, da qual emergem quatro tricobótrias. 
Tarso levemente mais dilatado no ápice, fascículo subunguenal pouco 
denso, apresentando ainda duas tricobótrias apicais na face posterior. 


Perna II: fêmur e patela semelhantes aos da perna I. Tibia com 2-2 
ou 1-2-2 fracos espinhos anteriores, o impar na margem ventral. Basitar- 
so com 2-2-2 anteriores e mais 1-1 dorsais, um basal e outro apical. Tar- 
so como em. 


Pernas III e IV: fêmur liso. Patela com diminutas cerdas na face 
posterior. Tibia com escavadura rasa, no terço basal da face posterior, 
com quatro tricobótrias. Basitarso com pequenas cerdas na face pos- 
terior e duas tricobótrias, a apical muito longa e curva. Face anterior 
com grossos pêlos apicais curvos. Tarso piloso com duas tricobótrias 


apicais. 
FEMUR | PATELA | TÍBIA | BASITARSO | TARSO | TOTAL 


ERRAR EE nais 
[om [Gas [ae o [ese [om 
1,650 0,900 | 1,300 0,450 5,275 


Pedipalpo: fêmur de comprimento muito superior ao diâmetro 
(0,600 x 0,250). Patela de comprimento maior do que o diâmetro (0,550 
x 0,400) com alguns tubérculos setiferos apicais e nas laterais. Tibia de 
comprimento maior do que o diâmetro (0,500 x 0,400) com abundantes 
cerdas e duas áreas dorsais de tricobótrias, uma de cada lado da linha 
longitudinal, cada uma com quatro tricobótrias. Tarso piloso, (0,725 x 
0,350). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


DESCRIÇÃO — Macho 


Comprimento total — 3,125. 
Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipal- 
po e pernos, fulvos, sombreados de negro, com intensidades diferentes. 


Abdômen de dorso amarelo pardacento, intensamente manchado de 
negro, podendo ocorrer algumas manchas brancas, leitosas. Laterais e 
declive posterior amarelos pardacentos, manchados de negro. Ventre 
pardacento, região epigástrica fulva. Tubérculos laterais não inclinados, 
no mesmo plano do dorso, voltados para trás formando um ângulo 
aproximado de 45º com o eixo longitudinal. Tubérculos laterais e pos- 
terior fulvos, com um eixo mediano negro. 


Cefalotórax mais longo do que largo (1,400 x 1,325), quase tão es- 
pesso quanto o abdômen (0,850), fortemente quitinizado. Dorso convexo, 
de região cefálica bem demarcada pela sua maior convexidade. Tegu- 
mento fortemente quitinizado, densamente granuloso, com áreas lisas 
entre as estrias torácicas. Atrás dos OLP e na curvatura posterior existe 
um tubérculo de cada lado, encimado por grossa e curta cerda espinifor- 
me. 
Região cefálica estreita, muito projetada para diante, de lados não 
paralelos. 


Olhos anteriores dispostos em fila recurva, os médios menores do 
que os laterais (0,075 x 0,100). Olhos médios afastados entre si por um 
diâmetro e um terço e dos laterais por apenas dois terços de diâmetro. 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho 
dos médios anteriores. Olhos médios afastados entre si por dois diä- 
metros e um terço (0,175) e dos laterais por um diâmetro e um terço 
(0,100). 


Área ocular média mais larga do que longa (0,300 x 0,250), um 
pouco mais estreita na região anterior (0,275), fortemente granulosa, 
com um potente tubérculo entre os OLA e os OLP, encimado por uma 
curta e grossa cerda espiniforme. 

Clípeo vertical, transversalmente convexo, de tegumento fortemen- 
te granuloso, ornado por onze grossos tuberculos na borda inferior. A al- 
tura do clipeo & menor do que a fila dos OMA (0,200 x 0,275), equi- 
valendo a dois diâmetros e dois terços destes, sendo ainda igual a duas 
vezes a distância que separa os OMP dos OLP. 


Esterno um pouco mais longo do que largo (0,625 x O 1600), con- 
vexo, anteriormente entalhado, laterais fortemente recortadas, ápice reto 
e largo, tegumento microgranuloso. 

Lâminas maxilares convergentes, duas vezes mais ongs do que 
largas (0,350 x 0,175), de ápice arredondado, com pêlos apicais na 
promargem. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais VS: 43 


Lábio muito mais largo do que longo (0,250 x 0,175), de ápice 
moderadamente arredondado, munido de uma fila transversal de pêlos 
apicais. 

Abdômen tão longo quanto largo (1,725), baixo (0,875). Borda an- 
terior reta, munida de curtos e grossos tubérculos encimados por cerdas 
espiniformes, curtas e grossas, o mesmo acontecendo com a as bordas 
laterais anteriores. Declive posterior com as cerdas dispostas em filas 
que contornam o abdômen. Laterais lisas, ventre revestido por espessos 
e curtos pêlos negros. Tubérculos laterais e posterior pouco eminentes, - 
ornados por tubérculos setiferos encimados por curtas e grossas cerdas 
espiniformes. 


Perna I e II. fêmures com dois ou três tubérculos setíferos an- 
teriores na margem ântero-dorsal, munidos de cerdas curtas e grossas. 
Face posterior com duas filas longitudinais de tubérculos setiferos, os da 
fila dorsal muito mais conspicuos do que os da ventral. Patelas com três 
filas longitudinais de tubérculos setiferos na face posterior. Tíbias espes- 
sas, levemente arqueadas, com uma escavadura rasa no terço basal, com 
um grosso tubérculo setifero atrás e um bem menor à frente da esca- 
vadura, da qual emergem oito tricobótrias, quatro de cada lado. Face 
anterior com 2-2-2 longos espinhos, o par basal menor, e mais dois 
tubérculos apicais, encimados por grossa cerda espiniforme. Basitarsos 
com 2-2-2 longos e fortes espinhos anteriores. Face posterior com uma 
depressão rasa, mediana, da qual emergem duas longas tricobótrias. 
Tarsos mais dilatados no ápice, pilosos, com duas tricobótrias apicais. 


Pernas III e IV: fêmures lisos. Patelas com diininutissimos tubér- 
culos na face posterior. Tibias levemente escavadas no terço basal de on- 
de emergem duas tricobótrias. Apresentam ainda, dois tubérculos se- 
tiferos, um mediano e o outro apical. Basitarsos com apenas um tubér- 
culo apical na face posterior e duas tricobótrias, a apical muito longa. 
Face anterior com grossos pêlos curvos. Tarsos uniformemente dila- 
tados com grossos pêlos anteriores e longa tricobótria apical. 


pa fra ee 
Bee a oeler 
Bene] ve | 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 198. 


44 LISE, A. A. 


Pedipalpo: fêmur com 0,375 de comprimento e 0,125 de diâmetro. 
Patela de comprimento e diâmetro quase iguais (0,225 x 0,200), com 
tubérculos setiferos dorsais. Tibia de comprimento e diâmetro, na base 
do cymbium quase iguais (0,125 x 0,150), com uma longa apófise re- 
trolateral. Comprimento da apófise igual ao diâmetro da tíbia. A apófise 
é curva dorsiventralmente, com uma profunda concavidade longitudinal, 
retrolateral. No terço basal apresenta um forte dente curvo, voltado para 
diante. Dorsalmente a tíbia apresenta longas tricobótrias e fortes cerdas 
espiniformes dorsais e prolaterais. Tarso mais longo do que largo (0,450 
x 0,350), espessura 0,250. Cymbium com grossos pelos curvos na pro e 
na retromargem, dorso piloso. Tegulum de superfície levemente convexa. 
Embolus longo, descrevendo uma curvatura de aproximadamente 540º. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Ceará (Baturité); Rio de 
Janeiro (Gávea e Niterói); Paraná (Rio Negro); Goiás; Rio Grande do 
Sul (Viamão e Irai). Paraguai. Há ainda exemplares no MNHN eti- 
quetados com “plusieurs localites”. 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. A fêmea desta espécie é proxima a 
de O. trifolius, da qual se diferencia porque apresenta o tubérculo pos- 
terior do abdômen mais longo, não granuloso; o afastamento dos OLA 
dos OMA é maior; o afastamento dos OLP dos OMP é menor; a fila 
ocular anterior é mais recurva; o clipeo é mais acentuadamente proclive; 
as tibias I e II apresentam apenas 2-2 ou 1-2-2 espinhos anteriores e a 
fronte é mais estreita. 


VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Desta espécie tivemos a 
oportunidade de examinar o material logo após a coleta e em relativa 
abundância, se considerarmos a raridade dos mesmos, o que nos permite 
fazer algumas considerações sobre as variações no colorido. 


Nas fêmeas, o cefalotórax, as pernas e os palpos são quase hia- 
linos, tendendo para um branco leitoso, totalmente salpicados de man- 
chas verde azuladas, irregularmente dispostas. 


O colorido dorsal do abdômen varia de exemplar para exemplar. A 
maioria apresenta o dorso totalmente vermelho, como no holótipo. Em 
outros o dorso é branco leitoso intensamente manchado de vermelho, 
formando um fino retículo. Há exemplares de dorso amarelo reticulado 
de branco com duas grandes manchas marrom claras. O exemplar 
proveniente de Irai (RS) apresenta o dorso intensamente vermelho com 
duas enormes manchas ocelares brancas, uma de cada lado, ao nível dos 
tubérculos laterais. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Em todos os espécimes fêmeas, as laterais e o declive posterior são 
brancos, reticulados, fracamente sombreados de verde. O ventre é bran- 
co, reticulado. As fiandeiras são contornadas anteriormente por um 
semicirculo amarelo. 


Nos machos, o cefalotórax é geralmente fulvo. Há espécimes em 
que as partes granulosas são negras, ou quase, e as lisas são amarelas 
ou fulvas. 


Os dois primeiros pares de pernas têm fêmures amarelos ou fulvos 
muito claros, sombreados de negro. A pigmentação negra dispõe-se em 
faixas circulares, contornando as faces. anterior, dorsal e posterior. A 
ventral permanece clara. Este desenho ocorre em todos os demais ar- 
tículos, tornando-se muito mais evidente e intenso, nos basitarsos e tar- 
sos. Os dois pares posteriores são geralmente amarelos, muito claros, 
manchados de negro ou de marrom claro. 


MATERIAL EXAMINADO 


BRASIL. Ceará: Baturité, 1 9 MNHN 17795; Rio de Janeiro: Rio de Janeiro 1 
© MNRJ 41770, R. Arle leg.; Niterói 1 ô MNRJ 916; Goiás: 3 9? MNHN 21630-A; | 
Paraná: Rio Negro 1 ö MNRJ 58155; Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Saint Hilaire 
1 & MEN 4313, 28.VIII.1974, A. Liseleg.; 1 ö MCN 4314, 1.V.1976, A. Lise leg.; 7, 
ö MCN 4315, 7.V.1976, A. Lise leg.; 4 6 MCN 4317, 28.VII.1976, A. Lise leg.; 1 
& MCN 4316, 28.VII.1974, A. Lise leg.; 3 9 MCN 4312. 1.V.1976, 1. Liseleg.; 1 
® MCN 2230, 28.VII.1974, A. Lise leg.; Iraí 1 9 MCN 4353, 20.X1.1975, A. Lise 
leg.. PARAGUAI. Plusieurs localités, 1 9 MNHN 8789-B. 3 9 MNHN 7313-D. 


OBSERVAÇÕES 


Ao descrever a fila dos olhos anteriores, MELLO-LEITÃO (1934) 
diz: “Anterior eyes forming a line strongly curved backwards (recurved), 
central smaller and closer to each other, less than a diameter apart, than 
to the lateral, about two diameters from them”. 


A fila na realidade é apenas recurva, os médios distam entre si por 
apenas um diâmetro e um quinto e o afastamento deles dos laterais, é de 
três quintos de diâmetro. 


Para a fila posterior diz: “Posterior row of eyes straight centrals 
larger further to each other about three diameters apart than to the 
lateral, one and a half diameter from them”. 


Do exame do tipo e dos demais exemplares constatou-se que os 
olhos posteriores são iguais entre si e do mesmo diâmetro dos médios 
anteriores. Verificou-se também que os médios estão afastados um do 
outro por dois diâmetros e -por um diâmetro e um quinto dos laterais. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


46 LISE, A. A. 


Onocolus granulosus MELLO-LEITÃO, 1929. 
(Figs. 79-84) 


Onocolus granulosus MELLO-LEITÃO, 1929:75. 


MATERIAL-TIPO. Lectótipo 9 MNHN 10342 e paralectótipo 2 MNHN 10342- 
A, Moyobamba, Peru. 


LOCALIDADE-TIPO. Moyobamba, Peru. 


REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido). 


Comprimento total — 6,650. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpos, e per- 
nas amarelos. 


Abdômen de dorso branco com enorme mancha marrom, reticulada . 
de branco, recortada posteriormente, entre os tubérculos laterais e o 
posterior. Laterais brancas, levemente reticuladas. Ventre amarelo. 
Tubérculos laterais e posterior amarelo esbranquiçados, sombreados de 
marrom. Fiandeiras amarelas. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (2,750), bem mais espesso no 
terço posterior (1,500). Contornos quase circulares, dorso plano, mútico, 
apenas com alguns tubérculos setiferos nos contornos posteriores, te- 
gumento pouco quitinizado. Região cefálica estreita, muito projetada 
para a frente, de lados quase paralelos, divergentes atrás. 


Olhos anteriores em fila recurva, os médios menores do que os 
laterais (0,100 x 0,125). Olhos médios afastados entre si por um diä- 
metro e por meio diâmetro dos laterais. 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e de mesmo tamanho 
dos médios anteriores. Os médios afastados entre si por pouco mais do 
que um diâmetro e meio (0,160) e por um diâmetro e meio dos laterais 
(0,150). 


Área ocular média levemente mais larga do que longa (0,325 x 
0,300), levemente mais estreita na porção anterior (0,300), com dois 
tubérculos setiferos munidos de cerda atrás dos OMA e mais três fracas 
cerdas, de cada lado, postas em uma saliência trifida, transversal, entre 
os OLA e OLP. 


Clipeo vertical, com dois fortes tubérculos centrais na borda in- 
ferior e mais um forte, mediano, acima dos outros dois, todos armados 
com forte cerda espiniforme. Há outras cerdas bem menores, uma um 
pouco afastada do par central e mais acima e uma de cada lado nos än- 
gulos laterais. Altura do clipeo duas vezes menor do que à fila dos OMA 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 47 


(0,150 x 0,300), mais baixo do que a altura do trapézio formado pelos 
olhos anteriores (0,225 x 0,150), correspondendo sua altura a um diä- 
metro e meio dos OMA. 


Esterno bem mais longo do que largo (1,250 x 1,050), plano., 
região anterior quase reta, laterais arredondadas com leve angulosidade 
ao nível das pernas III e IV e ápice arredondado. 


Lâminas maxilares de comprimento quase duas vezes maior do que 
a largura (0,575 x 0,300), levemente convergentes, de ápice arredondado, 
com pêlos apicais na promargem. 


Lábio mais largo do que longo (0,400 x 0,325), de ápice arredon- 
dado, com leve escavadura no terço basal. 


Queliceras muito mais longas do que largas (0,750 x 0,450), le- 
vemente salientes no terço basal da face anterior, com alguns pêlos e 
cerdas longas. 


Abdômen mais largo do que longo (4,250 x 3,650) de espessura 
(2,650) quase uniforme em toda a sua extensão. Dorso pouco quitini- 
zado, com diminutas e raras cerdas. Bordas anterior e laterais anteriores 
com alguns tubérculos salientes, armados de pequena e delgada cerda. 
Faces laterais e ventre múticos, o ventre levemente pubescente. Tubér- 
culos laterais curtos e grossos, rugosos, com cerdas muito curtas e del- 
gadas. Tubérculo posterior cônico de ápice rômbico, mais rugoso do que 
os laterais, revestido por pequenas cerdas. Epigino fulvo, com um par de 
espermatecas. 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de potentes tubérculos na 
margem dorsal da face anterior e alguns na margem ventral, todos en- 
cimados por curta e delgada cerda. Face posterior com duas filas lon- 
gitudinais de tubérculos, menores e em menor número do que os an- 
teriores. Faces dorsal e ventral múticas. Patela com pequenos tubérculos 
ap..ais na face anterior e uma fila longitudinal mediana na face pos- 
terior, os apicais maiores. Tibia cilindrica, levemente arqueada, munida 
de 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 3 tubérculos apicais ar- 
mados de curta e grossa cerda, o mediano no centro da face anterior, um 
pouco abaixo dos outros dois. Face posterior com uma fila longitudinal 
de conspicuos tubérculos setiferos, de tamanhos variáveis, todos enci- 
mados por longa e delgada cerda. No terço basal ocorrem algumas 
tricobótrias. Basitarso bem ınais delgado do que as tibias, armado com 
2-2-2 potentes espinhos anteriores, mais fortes do que os das tibias e de 
ápice curvo para dentro. Demais faces pilosas com tricobótrias medianas 
na face posterior. Tarso de ápice um pouco mais dilatado, com fascículo 
subunguenal nitido e unhas pectinadas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


48 LISE, A. A. 


Perna II: fêmur, patela, tíbia e tarso como na perna I. Basitarso 
com 2-2-2 potentes espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase 
mediano e o outro apical. 


Pernas III e IV: fêmures múticos ou quase. Patelas semelhantes as 
dos dois primeiros pares. Tibias com alguns tubérculos setiferos lon- 
gitudinalmente dispostos na face posterior, os da tíbia IV maiores e 
mais abundantes. Basitarsos e tarsos como nas demais espécies, com 
grossos pêlos curvos na face anterior, face posterior com alguns tubér- 
culos setiferos e longas tricobótrias. 


- PATELA | TÍBIA | BASITARSO TARSO | TOTAL 


[5 | ram [imo [om [rm 
[o [im [ua [is [am IE 


Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vezes o diâmetro 
(0,600 x 0,250), mútico. Patela curta e larga (0,375 x 0,300) com fortes 
tubérculos setiferos prolaterais e alguns dorsais menores. Tíbia mais lon- 
ga-do que larga (0,375 x 0,325) com fortes tubérculos setiferos prola- 
terais, outros bem menores dorsais e retrolaterais e longas tricobótrias 
dorsais. Tarso longo e delgado (0,575 x 0,225), muito piloso, com al- 
gumas cerdas prolaterais e uma unha apical. . 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Peru: Moyobamba e Brasil: 
Amazonas, Fonte Boa (MELLO-LEITÃO, 1929). 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie muito próxima de O. pen- 
tagonus da qual se diferencia pela genitália em que o canal aferente atin- 
ge o bulbo espermático pela Proqaangem após descrever duas voltas com- 
pletas em helicóide. 


VARIAÇÃO INTRA- ESPECÍFICA. O lectótipo apresenta uma 
enorme marícha marrom que cobre quase toda a face dorsal do abdômen 
enquanto que O paralectótipo não a apresenta. No lectótipo os tubér- 
culos laterais e posteriores do abdômen são mais granulosos e ab bordas 
anterior e laterais anteriores apresentam um menor número de tubér- 
culos setiferos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 49 


MATERIAL EXAMINADO. — 
PERU. Moyobamba: 1 9 MNHN 10342,1 MNHN 10342-A. 


OBSERVAÇÕES 


Ao descrever a espécie MELLO-LEITÃO (1929) diz: “Clypeo estreito, 
da altura da fila de olhos anteriores”. Pelo exame dos tipos constata-se 
que este é nitidamente mais baixo do que a fila dos olhos anteriores ou 
seja mais baixo, do que a altura do trapézio formado pelos olhos an- 
teriores (0,150 x 0,225). 


Ao se referir aos olhos posteriores diz serem os médios levemente 
maiores quando, na realidade, são iguais entre si. Ao descrever a fila dos 
olhos anteriores diz: “Olhos anteriores em fila muito recurva, os 
médios nitidamente menores e mais aproximados”. Pela maneira como 
se expressou dá a impressão que os médios são mais próximos um do 
outro e consequentemente mais afastados dos laterais, o que não acon-, 
tece, pois os médios estão afastados um do outro por um diâmetro e por 
apenas meio diâmetro dos laterais. 

Ao se referir à área ocular média diz ser ela mais alta do que larga, 
quando é mais larga do que alta. 

Ao se referir à quetotaxia das pernas diz: “tíbias levemente es- 
cavadas na face superior, armadas de 2-2-2-2 espinhos inferiores, protar- 
sos com 2-2-2 mais robustos”. 

Nas tíbias dos dois primeiros pares de pernas há 2-2-2 espinhos 
anteriores e mais três tubérculos apicais com grossa cerda. No basitarso 
I há 2-2-2 espinhos anteriores, enquanto que no II ocorrem 2-2-2 an- 
teriores e mais 1-1 dorsais. 2 


Onocolus infelix MELLO-LEITÄO, 1940. 
R (Figs. 85-99) 


Onocolus infelix MELLO-LEITÃO, 1940:250. 
Onocolus mendax SOARES & SOARES, 1946:62. 


MATERIAL-TIPO. Holótipo 2 MNRJ 58425; Rio Negro, Paraná; Brasil, Fr. Z. 
Rhor leg. Ro 
LOCALIDADE-TIPO. Rio Negro, Paraná, Brasil. 


REDESCRIÇÃO a) Fêmea 


Comprimento total — 7,250. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo, queli- 
ceras e pernas amarelas claras. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


50 LISE, A. A. 


Abdômen: dorso amarelo esbranquiçado, reticulado. Laterais e 
ventre amarelo esbranquicado. Apice dos tubérculos e região compreen- 
dida entre os tubérculos laterais e posterior, sombreada de marrom. 
Fiandeiras amarelas de mesma tonalidade do ventre. 


Cefalotórax levemente mais longo do que largo (3,400 x 3,250), 
pouco espesso, mais alto atrás (1,650). Dorso levemente convexo, total- 
mente liso. Região cefálica muito estreita, muito projetada para diante, 
de lados paralelos. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios menores do 
que os laterais (0,125 x 0,175). Os médios afastados entre si por um 
diâmetro e por apenas meio diâmetro (0,062) dos laterais. 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo tamanho 
dos olhos médios anteriores. Olhos médios separados entre si por um 
pouco mais do que um diâmetro e três quintos (0,212) e por um diâmetro 
e dois quintos (0,175) dos laterais. 


Área ocular média mais longa do que larga (0,475 x 0,425), bem 
mais estreita na região anterior (0,325), totalmente desprovida de cer- 
das. 


Clipeo vertical, transversalmente convexo, com algumas cerdas 
pouco conspicuas, na borda inferior. Altura do clipeo equivalente a dois 
diâmetros dos OMA, mais baixo do que a linha formada pelos OMA 
(0,250 x 0,375) e da mesma altura do trapézio formado pelos olhos an- 
teriores. 


Esterno mais longo do que largo (1,625 x 1,375), levemente con- 
vexo, moderadamente escavado na frente, de lados regularmente curvos, 
não recortados e ápice arredondado. 


Lâminas maxilares de comprimento equivalente a duas vezes sua 
largura (0,800 x 0,400), convergentes, de ápice arredondado com pêlos 
na promargem. 


Lábio mais largo do que longo (0,550 x 0,450), de ápice arredon- 
dado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares. 


Queliceras mais longas do que largas (0,600 x 0,425), de face an- 
terior lisa. 


Abdömen pentagonal, mais largo do qrıe longo (4,500 x 4,000), es- 
pesso, pouco q ıitimizado, de borda anterior reta com dois tubérculos com 
conspicuos nos ângulos anteriores. 


Dorso levemente convexo, totalmente liso bem como as bordas an- 
terior, laterais anteriores e declive posterior. Tubérculos laterais salientes, 
cônicos, lisos. Tubérculo posterior subcilindrico, de ápice rômbico, muito 


IHSRINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 51 


longo. Laterais e ventre lisos. Epigino com duas espermatecas esfericas, 
castanhas e duas traves longitudinais fulvas. 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de tubérculos cônicos en- 
cimados por diminuta cerda, na fase anterior. Demais faces lisas, poden- 
do ocorrer uma fila de diminutissimas cerdas na face posterior. Patela 
totalmente lisa. Tibia com 2-2-2 fracos e curtos espinhos anteriores, o 
par basal bem mais afastado do que os outros dois pares e bem manor. 
Face posterior com apenas um tubérculo notável no terço basal, demais 
faces lisas. Basitarso armado com 2-2-2 espinhos anteriores, um pouco 
maiores do que os da tíbia, demais faces lisas. Tarso longo e mais di- 
latado no ápice com fascículo subunguenal bem nítido, unhas biden- 
teadas, fulvas. 


Perna II. fêmur e patela iguais a I. Tibia com 1-2-2 fracos espinhos 
anteriores. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, 
muito pequenos, um mediano e o outro apical. Demais elementos iguais 
à perna Il. 


Perna III e IV: sem detalhes especiais, apenas com fortes pêlos 
curvos na face anterior dos basitarsos e tarsos, como em todas as de- 
mais espécies. 


FEMUR | PATELA 


1,550 2,375 
1m 1,750 0,875 0,925 


1,050 


Pedipalpo: fêmur liso, de comprimento superior ao dobro de 
diâmetro (0,625 x 0,250). Patela e tíbia de igual comprimento e diâmetro 
(0,500 x 0,375), com alguns tubérculos muito pequenos na face dorsal. 
Tarso de comprimento igual ao do fêmur e de diâmetro levemente maior 
(0,275). 


DESCRIÇÃO — Macho 

Comprimento total — 3,075. 

Cefalotórax amarelo com todas as áreas granulosas negras ou 
denegridas. Arca ocular castanha denegrida. Esterno amarelo de bordas 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


52 LISE, A. A. 


negras. Lâminas maxilares, lábio e queliceras castanhos escuros, quase 
negros. Pedipalpo fulvo, denegrido. Os três primeiros pares de pernas 
fulvas. O quarto par apresenta a porção basal do fêmur fulvo e a porção 
apical negra. Patela, tibia e basitarso negros, tarso fulvo. 


O abdômen no animal vivo apresenta o dorso amarelo esverdeado, 
fracamente reticulado de branco e manchado de negro. Laterais quase 
totalmente negras levemente reticuladas de amarelo. Ventre denegrido 
com manchas amarelo fulvas, dispostas em filas longitudinais, região 
epigástrica fulva. Tubérculos laterais e posterior castanho avermelhados. 
Tubérculos setiferos e cerdas fulvos. Fiandeiras denegridas, rodeadas por 
um anel quitinoso fulvo. 


Cefalotórax mais longo do que largo (1,500 x 1,375), espesso 
(0,750), fortemente quitinizado. Dorso convexo, densamente granuloso, 
apresentando um grosso tubérculo ornado com uma grossa cerda atrás 
dos OLP. No dorso, centralmente, apresenta uma área caliciforme de 
base posterior que inicia atrás dos olhos posteriores e vai até o declive 
posterior do cefalotórax, a qual é formada por concentração de grânulos. 
Entre ela e as bordas laterais, que são igualmente granulosas, interpõe- 
se uma larga faixa longitudinal lisa. Contorno cefalotorácico quase cir- 
cular. Região cefálica mais estreita, moderadamente projetada para a 
frente, de lados não paralelos. Area ocular de tegumento fortemente 
granuloso, com dois grossos tubérculos medianos, munidos de grossa 
cerda espiniforme, atrás dos OMA. 


Entre os OLA e OLP existe um potente tubérculo setifero, maior 
do que o par mediano e contiguo äquele e internamente um outro, bem. 
menor. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, de diâmetros iguais 
(0,120). Olhos médios afastados entre si por menos do que um diâmetro 
(0,100) e por apenas um quarto de diâmetro (0,030) dos laterais. 


Olhos posteriores iguais entre si (0,075), muito menores do que os 
anteriores, dispostos em fila reta. Olhos médios afastados entre si por 
dois diâmetros e um terço (0,175) e por dois diâmetros dos laterais. 


Área ocular média levemente mais larga do que longa (0,325 x 
0,300), levemente mais estreita na região anterior (0,300). 


“Clípeo muito levemente proclive, transversalmente convexo, com 
dois fortes tubérculos medianos, encimados por cerdas espiniformes, 
situados na borda inferior. Todo o clipeo é fortemente granuloso. Altura 
do clípeo menor do que a fila dos OMA e altura equivalente à dimensão 
de um diâmetro e oito décimos (0,200) destes. 


Queliceras: comprimento (0,375), largura (0,250). Face anterior 
quase lisa, quitinizada. z 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 53 


Esterno mais longo do que largo (0,600 x 0,500), convexo, ante- 
riormente entalhado, de bordas laterais recortadas e ápice largo, cortado 
em linha reta. 


Lâminas maxilares de comprimento duas vezes maior do que a lar- 
gura (0,350 x 0,175), convergentes, de ápice arredondado com pêlos na 
promargem. 


Lábio muito mais largo do que longo (0,250 x 0,175), de ápice 
arredondado, com uma fila transversal de pêlos apicais. 


Abdômen mais largo do que longo (1,675 x 1,600), espesso (1,000), 
tegumentos muito quitinizado. Bordas anterior e laterais anteriores or- 
nados por tubérculos setiferos cônicos, encimados por curta e grossa cer- 
da espiniforme. Dorso chato com escassas e pequenas cerdas. Laterais 
lisas. Declive posterior com tubérculos Setiferos alinhados em filas que 
contornam o abdômen. Ventre com curtos e grossos pêlos. Tubérculos 
laterais e posterior conspicuos, ornados por cerdas espiniformes curtas e 
grossas. 


Pernas I e II: fêmur de tegumento microgranuloso, com dois ou 
três tubérculos setiferos na face anterior e vários na face posterior, es- 
tes dispostos em duas filas longitudinais. Patela microgranulosa. Tibia 
levemente arqueada com pequena escavadura no terço basal, armada de 
2-2-2 longos e delgados espinhos anteriores e mais um par de tubérculos 
setiferos apicais. Face posterior com um forte tubérculo setifero a nível 
da escavadura e duas áreas de tricobótrias, uma de cada lado do tubér- 
culo. Basitarso com 2-2-2 longos e delgados espinhos anteriores. Todo o 
tegumento piloso, com uma área de tricobótrias na face posterior, 
medianamente. Tarso levemente mais dilatado no ápice onde apresenta 
uma tricobótria. Fascículo subunguenal pouco desenvolvido. 


Pernas III e IV: tíbia levemente escavada com longas tricobótrias 
a nível da escavadura. Basitarso com duas longas tricobótrias apicais, 
na face posterior. Tarso todo piloso com uma longa tricobótria apical. 


disc 
CE aC Rm 
E TEA a ne 

om [om e 


IHERINGIA. Ser. Zooi., Porto Alegre (57):3-97, 9 iev..iQ8i 


54 LISE, A. A. 


Pedipalpo: fêmur longo e liso (0,400 x 0,150). Patela de compri- 
mento quase igual ao diâmetro (0,225 x 0,200), com cerdas dorsais e 
dorsilaterais. Tíbia de comprimento na base do tarso menor do que a 
largura (0,150 x 0,200), munida de longa apófise retrolateral, a qual não 
ultrapassa a metade do comprimento do cymbium. A apófise é curva 
dorsiventralmente, com uma concavidade longitudinal e um forte dente 
curvo no terço basal. No dorso da tibia encontram-se longas tricobótrias. 
Cymbium bem mais longo do que largo (0,500 x 0,375) com 0,250 de es- 
pessura, todo piloso. Tegulum de superficie quase plana com longo em- 
bolus que descreve uma curvatura em torno de 720 graus. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Espírito Santo (Co- 
latina, Rio São José); Paraná, (Rio Negro); Rio Grande do Sul (Viamão), 
onde é simpátrica com O. episcopus, e Canela). 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie bem distinta das demais. 
As fêmeas são facilmente separadas das fêmeas das demais espécies por 
apresentarem ombros abdominais bem salientes; tegumentos lisos e 
tubérculo posterior do abdômen muito longo, quase cilíndrico, além da 
genitália apresentar espermatecas cilíndricas, com aberturas de fecun- 
dação posteriores a elas. Os machos distinguem-se por apresentarem 
dois grossos tubérculos setiferos entre os OLA e OLP; dois tubérculos 
atrás dos OMA; um forte tubérculo setifero atrás dos OLP e tegumento 
cefalotorácico fortemente granuloso e mútico. 


VARIAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA. Como se teve a oportunidade. 
de examinar material logo após a captura, é oportuno fazer-se alguns 
comentários sobre as variações do colorido. 


Nas fêmeas o cefalotórax e os apêndices são brancos translúcidos, 
todos manchados ou pontilhados de verde. O abdômen apresenta o dorso 
verde azulado com estrias brancas. Os tubérculos dos ombros e os tubér- 
culos laterais, são manchados de marrom avermelhado. Unindo os tubér- 
culos anteriores ao posterior ha uma larga faixa marrom avermelhada, 
igual a do holótipo. As laterais e o ventre são brancos, levemente som- 
breados de verde. 


Nos machos a coloração é bastante variável, principalmente no 
cefalotórax e pernas. O cefalotórax pode apresentar variações cromáticas 
que podem variar desde o amarelo claro ao negro, passando pelo fulvo, 
marrom e sombreado de negro, permanecendo sempre claras as áreas on- 
de o tegumento é fracamente granuloso ou liso. As pernas, queliceras e 
esterno, podem ser amarelos, amarelos manchados de negro, fulvos e 
mesmo quase totalmente negros. : 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 55 


MATERIAL EXAMINADO 


BRASIL. Espirito Santo: Colatina, rio São José, 1 ö MZSP E. 455C 656, 
15.IX.1942, B.A.M. Soares leg.; Paraná: Rio Negro 1 ? MNRJ 58425, Fr. Z. Rhor leg.; 
Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Saint Hilaire, 1 é MCN 4121, 30.1V.1976, A. Lise 
leg.; 1 é MCN 4261, 7.V.1976; A. Lise leg.; 3 é MCN 4262, 7.V.1976, A. Lise leg., 1 
9? MCN 357, 15.V.1966, A. Lise leg. 4 9 MCN 4123, 30.1V.1976, A. Lise leg., 1 6 
MCN 4122, 30.1V.1976, A. Lise Leg.; Canela, 1 5 MCN 308, 3.11.1967, A. Lise leg.. 


OBSERVAÇÕES 


MELLO-LEITÃO (1940) ao descrever a espécie e ao se referir aos 
olhos anteriores diz: “Olhos anteriores em fila fortemente recurva, os 
médios muito menores, quasi esquidistantes”. Pelo exame do tipo e dos 
demais espécimes constatou-se que a fila ocular anterior é levemente 
recurva, os médios são realmente menores do que os laterais, mas não 
são equidistantes pois os médios distam um do outro por um diâmetro e 
por apenas meio diâmetro dos laterais. 


Ao descrever a fila ocular posterior diz: “Olhos posteriores em fila 
levemente procurva, os médios maiores, separados entre si quasi dois 
diâmetros e a um diâmetro dos laterais”. Os olhos posteriores na rea- 
lidade estão dispostos em linha reta, são iguais entre si e do mesmo 
diâmetro dos OMA. 


Diz ainda ser o “Clípeo de altura igual aos olhos anteriores”. 
Acredita-se ao se referir a altura do clipeo a quis comparar com a altura 
do trapézio formado pelos olhos anteriores, com o que concordam as 
medidas do tipo. Discorda-se, no entanto, se ao expressar a altura deste, 
o fez em função do diâmetro dos OMA. 


Onocolus pentagonus (KEYSERLING, 1880) 
(Figs. 100-114) 


Stephanopis pentagona ( TACZ. ) KEYSERLING, 1880:185. [sic ) 
Onocolus pentagonus: CABRIDGE, 1900:160. 

Onocolus pentagonus: PETRUNKEVITCH, 1911:415. 

Onocolus pentagonus: MELLO-LEITÃO, 1929:74. 


MATERIAL-TIPO. O holótipo não foi localizado e consta estar depositado no 
“Sammlung der Universitat in Warschau”. 


LOCALIDADE-TIPO. Valmal, Peru. 
REDESCRIÇÃO — a) Macho. 


Comprimento total — 3,075. 


Cefalotórax fulvo. Esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras e 
palpo fulvo amarelados. Patas fulvas, da mesma tonalidade do cefalo- 
tórax. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


56 LISE, A. A. 


Abdômen de dorso amarelo, com uma grande mancha negra des- 
continua que cobre toda a região anterior, estendendo-se até os tubér- 
culos laterais. Dorsalmente existem ainda quatro manchas circulares ful- 
vas, situadas em depressões côncovas. Faces laterais amarelas com uma 
grande mancha negra de cada lado, as quais iniciam nos ombros an- 
teriores e se extinguem ao nível dos tubérculos laterais. Ventre amarelo. 


Cefalotórax mais longo do que largo (1,500 x 1,350), pouco espesso 
(0,625), fortemente quitinizado. Dorso convexo, densamente granuloso, 
com áreas lisas entre as estrias torácicas e com um potente tubérculo 
situado imediatamente atrás dos OLP, do qual emerge uma grossa cerda 
espiniforme. Região dorsal mediana mais elevada e mais densamente 
granulosa. Lados arredondados, apresentando um potente tubérculo 
cônico dotado de grossissima cerda espiniforme, de cada lado, na cur- 
vatura posterior. Região cefálica estreita e bem projetada para diante. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, iguais (0,100). Olhos 
médios separados entre si por um diâmetro e por apenas um quarto de 
diâmetro dos laterais (0,025). 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si (0,075) e menores do 
que os anteriores. Olhos médios posteriores equidistantes aos laterais 
posteriores, separados entre si por um diâmetro e um quarto (0,100). 


Area ocular média tão longa quanto larga (0,275), quadrangular, 
com dois potentes tubérculos setiferos medianos, situados atrás dos 
OMA e mais três de cada lado, bem menores, transversalmente dispos- 
tos entre os OLA e os OLP. 

Clípeo vertical, transversalmente convexo e granuloso, com quatro | 
pares de cerdas marginais, em planos superpostos. Altura do clipeo 
muito menor do que a fila dos olhos médios anteriores (0,275 x 0,175), 
de dimensão igual a um diâmetro e três quartos dos OMA e da mesma 
altura do trapézio formado pelos olhos anteriores. 


Queliceras com 0,325 de comprimento e 0,250 de largura, com a 
face anterior revestida de pêlos. 


Esterno levemente convexo, revestido por fraca pubescência, região 
anterior quase reta, lados pouco recortados e ápice arredondado, tão lon- 
go quanto largo (0,625). 

Lâminas maxilares de comprimento duas vezes maior do que a lar- 
gura (0,350 x 0,175), levemente convergentes, retromargem apical su- 
bangulosa e promargem arredondada com pêlos pouco abundantes. 


Lábio mais largo do que longo (0,225 x 0,150) de ápice arredon- 
dado, munido de abundantes pêlos apicais. 


Abdômen pentagonal com tubérculos laterais longos e delgados. 
Tubérculo posterior mais grosso do que os laterais. Comprimento igual à 
largura (1,625), pouco espesso (0,875), fortemente quitinizado. Dorso 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais ve 57 


plano, revestido por curtas cerdas. Borda anterior e laterais anteriores 
contornadas por curtas e grossas cerdas espiniformes. Tubérculos la- 
terais de ápice dicotômico com curtas e grossas cerdas. Tubérculo pos- 
terior mais pronunciado do que os laterais, bem mais setiferos. Faces 
laterais quase lisas. Declive posterior fortemente setiferos com as cerdas 
dispostas em filas que contornam o abdômen. Ventre revestido por gros- 
sos e curtos pêlos. 


Perna I: coxa apresenta ventralmente uma série de cerdas curtas, 
longitudinalmente dispostas. 


Fêmur com três tubérculos setiferos anteriores na metade distal, o 
basal bem maior do que os outros dois. Face posterior com duas filas 
longitudinais de tubérculos setiferos, uma dorsal e a outra ventralmente 
disposta, na metade distal. Face dorsal com diminutas cerdas e ventral 
lisa. Patela com curtas cerdas na face posterior, longitudinal e media- 
namente dispostas. Tibia fortemente arqueada com 2-2-2 fortes e lon- 
guissimos espinhos anteriores. Apicalmente existem mais três tubérculos 
com fortes cerdas, o mediano situado no centro da face anterior. Face 
posterior com três tubérculos setiferos, um basal, um quase mediano e 
o terceiro apical. Entre o basal e o mediano existe uma área de trico- 
bótrias. Basitarso muito delgado com 2-2-2 fortes e longuissimos es- 
pinhos anteriores, o par apical menor, todos implantados em cavidades 
articulares salientes. Tarso um pouco mais dilatado no ápice. 


Perna II: fêmur com três diminutos tubérculos anteriores, um 
pasal, um mediano e o terceiro apical, todos munidos de diminutas cer- 
das. Face posterior semelhante à da perna I, porém com cerdas menos 
abundantes. Patela, tíbia, basitarso e tarso semelhantes aos da perna I. 


Perna III. fêmur quase mútico. Patela e tibia com algumas curtas 
cerdas espiniformes posteriores. Basitarso e tarso com fortes pêlos cur- 
vos anteriores. 


Perna IV: semelhantes à III, de patela e tibia munidas de um 
maior número de cerdas posteriores. 


PATELA | TÍBIA | BASITARSO | TARSO mora 
OP AS Ei 


0,575 0,875 0,700 0,475 3,750 
0,350 0,550 0,375 0,250 2,275 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


] 


58 LISE, A. A. 


Pedipalpo: fêmur cilindrico, mais dilatado no ápice, com alguns 
tubérculos setiferos apicais, comprimento 0,425, diâmetro 0,200. Patela 
mais longa do que larga (0,425 x 0,225), com dois tubérculos setiferos 
anteriores e um pequeno, dorsal, apical. Tibia de comprimento e largura 
a nível da inserção com o tarso quase iguais (0,175 x 0,200)), com uma 
proeminência retrolateral de onde emerge uma longissima apófise curva, 
dorsiventralmente, com um profundo sulco ventral, que a percorre lon- 
gitudinalmente. 


Dorsalmente à apófise, na base desta, ha um dente curvo em es- 
piral. Na face dorsal da tibia existem três longas tricobótrias, a mediana 
longuissima. Tarso oval com 0,700 de comprimento, 0,450 de largura e 
0,375 de espessura. Cymbium piloso, com uma escavadura longitudinal 
em sua face retrolateral, na superfície que faz tangência com a apófise. 
Tegulum quase plano. Embolus muito longo, descrevendo uma curva- 
tura de aproximadamente 720 graus. 


REDESCRIÇÃO b) Fêmea. 
Comprimento total — 3,800. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e que- 
liceras amarelos. Pernas amarelas com um sombreado marrom, pro- 
vavelmente vermelho no animal vivo, na face dorsal do basitarso, 
medianamente. 


Abdômen de dorso amarelo esbranquiçado, com uma grande man- 
cha marrom descontinua, mais ou menos reticulada, que cobre todo o 
terço anterior, estendendo-se aos tubérculos laterais e posterior. No cen- 
tro apresenta seis depressões circulares de cor fulvo-amarelada, a pos- 
terior bem menor do que os dois pares anteriores. Laterais e ventre 
‚amarelo-esbranquicados. Tuberculos laterais e posterior amarelo- 
esbranquiçados, manchados de marrom. Fiandeiras amarelas. 


Cefalotórax mais longo do que largo (2,500 x 2,375), mais espesso 
no terço posterior (1,000). Dorso chato muito amplo. Tegumento pouco 
quitinizado revestido de diminutissimos tubérculos setiferos. Nos contor- 
nos posteriores ha alguns tubérculos setiferos bem maiores do que os 
demais, todos encimados por fraca cerda. Região cefálica muito estreita, 
muito projetada para diante, de lados quase paralelos, aproximadamente 
duas vezes e meia mais estreita do que a largura máxima do cefalotórax. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios um pouco 


menores (0,100 x 0,125). Olhos médios afastados um do outro por um 
diâmetro e por meio diâmetro dos laterais. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 59 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo ta- 
manho dos OMA. Olhos medios afastados um do outro por um diämetro 
e meio (0,150) e por um diämetro e um quarto dos laterais (0,125). 


Area ocular media täo longa quanto larga (0,325), mais estreita na 
região anterior (0,250), com dois grossos tubérculos atrás dos OMA, ar- 
mados de grossa e longa cerda espiniforme e mais três de cada lado, em 
uma carena transversal, entre os OLA e os OLP, armados de cerdas 
muito delgadas. 


Clípeo vertical, muito convexo no centro, com quatro cerdas 
medianas, na borda inferior, cada uma emergindo de um tubérculo 
saliente e mais uma de cada lado, muito menores, nos ângulos laterais. 
Altura do clipeo menor do que a fila dos olhos anteriores (0,150 x 0,250), 
mais baixo do que trapézio formado pelos olhos anteriores (0,150 x 
0,225), de altura equivalente a um diâmetro e meio dos OMA. 


Esterno bem mais longo do que largo (1,125 x 0,950), quase plano, 
levemente escavado na porção anterior, laterais arredondadas e apice 
rômbico. 


Lâminas maxilares de comprimento duas vezes superior à largura 
(0,575 x 0,300), convergentes, de ápice arredondado na promargem e 
levemente angulosas na retromargem. 


Lábio mais largo do que longo (0,375 x 0,300), de ápice largamente 
arredondado, com raros pélos apicais. 


Queliceras mais longas do que largas (0,600 x 0,375), com leve 
saliência mediana na face anterior, de onde emergem alguns longos pêlos 
e delgadas cerdas. 


Abdômen mais largo do que longo (3,000 x 2,700), muito baixo 
(1,250). Bordas anterior e laterais anteriores com alguns tubérculos 
munidos de delgadas cerdas. Dorso plano, com algumas cerdas pouco 
eminentes. Faces laterais e ventre pubescentes. Declive posterior com 
longas e delgadas cerdas, pouco numerosas. Tuberculos laterais delgados 
e voltados para trás, com algumas cerdas. Tubérculo posterior com 
tubérculos setiferos salientes, armados de delgadas cerdas. Epigino com 
duas espermatecas cilindricas e longo espermioducto enrolado em he- 
licóide. Espermatecas e hastes medianas longitudinais fulvas. 


Perna I: fêmur com filas longitudinais de potentes tubérculos ar- 
mados de curta cerda espiniforme, na face anterior e posterior, os an- 
teriores bem maiores. Patela com uma fila longitudinal mediana de gros- 
sos tubérculos setiferos. Tibia cilindrica, arqueada, com 2-2-2 potentes 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


60 LISE, A. A. 


espinhos anteriores e mais 3 tubérculos apicais, munidos de grossa cerda 
espiniforme. Face posterior com leve escavadura basal de onde emergem 
tricobótrias e uma fila longitudinal de fortes tubérculos setiferos enci- 
mados por curtissima cerda espiniforme. Basitarso com 2-2-2 potentes 
espinhos anteriores e alguns pêlos e tricobótrias na face posterior. Tarso 
mais dilatado no ápice, com unhas pectinadas. 


Perna II. semelhante à I diferindo dela por apresentar a tíbia um 
pouco mais delgada e mais arqueada e pelo basitarso apresentar 1-1 es- 
pinhos dorsais além dos 2-2-2 anteriores. 


Perna III e IV: fêmures quase múticos, patelas e tíbias com filas 
longitudinais de pequenos tubérculos armados de delgadas cerdas, 
basitarsos e tarsos com grossos e abundantes pêlos curvos na face an- 


terior. 
FÊMUR | PATELA TÍBIA BASITARSO | TARSO TOTAL 
I 2,500 1,250 1,775 1,250 7,625 


II 2,400 1,150 1,775 1,250 0,8550 - 7,425 
HI 0,625 0,825 0,700 0,375 3,825 
IV 1,250 0,625 1,000 0,850 0,375 4,100 


Pedipalpo: fêmur mütico de comprimento muito superior ao diä- 
metro (0,600 x 0,225). Patela bem mais longa do que larga (0,375 x 
0,250), com filas longitudinais de tuberculos setiferos. Tibia quase täo 
longa quanto larga (0,300 x 0,275), muito cerdosa, com longas trico- 
bötrias dorsais. Tarso muito longo (0,550 x 0,200), piloso. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Panama: Bugaba (Chiriqui). 
Peru: Valmal (KEYSERLING, 1880). Brasil: Goiás (Jataí, Fazenda 
Aceiro). Peru e Goiás ( MELLO-LEITÃO, 1929). 


DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Espécie muito próxima a O. 
echinatus e a O. granulosus. As fêmeas da presente espécie podem ser 
diferenciadas das de O. echinatus pelo clipeo um pouco mais aito e pelas 
aberturas de fecundação situadas mais para trás, sobre as espermatecas. 
Das fêmeas de O. granulosus são diferenciadas pelo menor arqueamento 
e menor comprimento das tibias I e II; pela maior número de cerdas nos 
fêmures, patelas e tibias I e II e pela genitália, em que o ducto esper- 
mático aferente atinge o bulbo espermático pela retromargem. 


IHERINGIA .Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 61 


Os machos de O. pentagonus diferenciam-se dos de O. echinatus 
pelo menor número e tamanho dos tubérculos e das cerdas na patela e na 
tibia do pedipalpo; pelo menor comprimento dos tubérculos laterais do 
abdômen; pelo esterno menos recortado nas bordas laterais e pelo 
enrolamento em espiral do gancho situado na base da apófise tibial. 


MATERIAL EXAMINADO. 


PANAMÃ. Bugaba: Chiriqui, 3 2 e2 é BMNH 1901.3.3. 504-6, Champion leg., 
na coleção “Godman and Salvin. PERU. 1 ó  BMNH 3483-1890-1310. BRASIL. Goiás: 
Jataí, Fazenda Aceiro, 1 é MZSP E-2824, Expedição CDZ leg. 


OBSERVAÇÕES 


KEYSERLING (1880), ao descrever o macho e ao se referir a área 
ocular média, diz: “Die 4 MA. bilden ein vorn etwas schmäleres aber 
sichtlich höheres als hinten breites Viereck”. Pelo exame dos espécimes 
constatou-se ser a área ocular média tão longa quanto larga e não mais 
estreita na região anterior. Se a área ocular fosse mais longa do que lar- 
ga, não poderia ser quadrangular como ele próprio afirma. Tão pouco 
poderia ser retangular uma vez que afima ser ela mais estreita na região 
anterior o que a caracterizaria como sendo trapezoidal. 


Ao se referir à quetotaxia das pernas I e II do macho diz: “an den 
stark gekrümmten Tibien befinden sich unten 4 Paar und an den Me- 
tatarsen 3 Paar recht langer starker Stacheln, die auf recht vorspringen- 
den Hockern zitzen”. Nas tibias I e II existem 2-2-2 longos espinhos an- 
teriores e mais 3 tubérculos apicais com curta e grossa cerda espinifor- 
me. 


MELLO-LEITÃO (1929), ao descrever o macho, diz ser a altura do 
clípeo superior à da área dos olhos médios. Em todos os espécimes 


examinados ela mostrou-se visivelmente mais baixa, concordando com a 
descrição de KEYSERLING (1880). 


Ao se referir aos olhos anteriores diz MELLO-LEITÃO (op. cit.): 
“Olhos anteriores em fila fortemente recurva, os médios muito menores, 
separados um do outro por um diâmetro e a meio diâmetro dos laterais”. 
A fila ocular anterior é levemente recurva, os olhos são iguais entre si, 
os OMA estão afastados um do outro por um diâmetro e apenas um 
quarto de diâmetro dos laterais. 


MELLO-LEITÃO, (op. cit.) ao se referir à área ocular média da 
fêmea, diz ser ela “muito mais alta que larga, mais estreita adiante.” 
Também na fêmea a área ocular é tão longa quanto larga, sendo realmente 
mais estreita na região anterior. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


62 LISE, A. A. 


A não localização do tipo de O. pentagonus (KEYSERLING, 1880) 
e o escasso material disponível de O. echinatus (TACZANOWSKI, 
1872), levou-rbs a considerá-las como espécies distintas, embora os 
caracteres diferenciais nos pareçam pouco consistentes. 


Somente o exame do tipo de O. pentagonus e de séries representativas 
de machos e fêmeas deste e de O. echinatus permitirá estabelecer com se- 
gurança se se tratam de duas espécies distintas ou se O. pentagonus deve ser 
sinonimizada a O. exhinatus. 


Onocolus perditus MELLO-LEITÃO, 1929. 
(Figs. 115-123) 


Onocolus perditus MELLO-LEITÃO, 1929:71. 


MATERIAL-TIPO. Holótipo d MNHN 11530, Condeúba, antigo Santo Antonio 
da Barra, Bahia, Brasil. 


LOCALIDADE-TIPO. Coudeúba, Bahia, Brasil 
REDESCRIÇÃO — Macho (fêmea desconhecida). 


Comprimento total — 2,650. 


Cefalotórax fulvo escuro com as bordas laterais e a região mediana 
dorsal, onde os grânulos são mais concentrados, marrons. Esterno fulvo 
claro, de bordas sombreadas de negro. Lâminas maxilares fulvas. Lábio 
de base castanha e ápice fulvo. Queliceras, pedipalpo e pernas fulvos 
muito escutos tendendo para o marrom. 


Abdômen de dorso amarelo pardacento, algo reticulado de en 
sombreado de negro, apresentando algumas manchas negras, bem 
evidentes. Laterais da mesma cor do dorso. Ventre amarelo, fortemente 
sombreado de negro. Placas epigästricas amarelas. Fiandeiras amarelas 
pardacentas, rodeadas por um anel quitiniso conspícuo. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (1,300), espesso (0,700), de 
região mediana mais elevada. Tegumento fortemente quitinizado, den- 
samente granuloso, principalmente nas laterais e região mediana dorsal, 
totalmente desprovido de tubérculos e cerdas. 


Região cefálica larga, correspondendo sua largura a dois terços da 
largura máxima do cefalotórax, nitidamente projetada para a frente e de 
lados não paralelos. 


Olhos anteriores alinhados em fila levemente recurva, os médios 
um pouco menores do que os laterais (0,075 x 0,090). Olhos médios afas- 
tados um do outro por um diâmetro e um terço (0,100) e por apenas um 
diâmetro dos laterais. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 63 


Olhos posteriores dispostos em fila reta, iguais entre si e de diä- 
metro igual ao dos OMA. Olhos médios afastados um do outro por dois 
diâmetros e um terço (0,175) e por um diâmetro e um terço (0,100) dos 
. laterais. 


Área ocular média muito mais larga do que longa (0,325 x 0,250), 
de largura anterior igual ao comprimento. Tegumento muito granuloso, 
mútico. 

Clípeo vertical, transversalmente convexo, com dois tubérculos ar- 
mados de curta e grossa cerda espiniforme, centralmente na borda in- 
ferior, e contiguos a estes outros pouco conspicuos. Altura do clipeo 
muito menor do que a fila dos OMA (0,175 x 0,250), quase da mesma 
altura do trapézio formado pelos olhos anteriores (0,150), de altura igual 
à distância que separa os OMA e ainda equivalente a dois diâmetro e um 
terço dos OMA. 


Esterno mais longo do que largo (0,600 x 0,500), centralmente con- 
vexo, de região anterior moderadamente entalhada, laterais recortadas e 
ápice estreito e transversalmente reto. 


Lâminas maxilares de comprimento quase duas vezes superior à 
largura (0,275 x 0,175), levemente convergentes, de ápice arredondado 
na promargem e anguloso na retromargeın. 


Lábio muito mais largo do que longo (0,200 x 0,175), de ápice 
arredondado, não ultrapassando o meio das lâminas maxilares. 


Queliceras de comprimento igual à largura (0,250), de face anterior 
mútica. 


Abdômen mais largo do que longo (1,625 x 1,425), muito espesso 
(1,200). Dorso convexo, mais elevado no terço posterior, com poucas e 
pequenas cerdas. Laterais e ventre lisos. Declive posterior com raras e 
diminutas cerdas. Tubérculos laterais e posterior inconspicuos, fraca- 
mente rugosos, ornados por pequenas cerdas. 


Pernas I e II: fêmures muito dilatados, com dois tubérculos na 
face anterior, encimados por curtissima cerda espiniforme e entre eles al- 
gumas cerdas muito finas. Face posterior com duas filas longitudinais de 
pequenos tubérculos armados de curtas cerdas. Patelas apenas com um 
curto tubérculo apical na face posterior. Tibias pouco dilatadas e le- 
vemente arqueadas com 1-2-2 pequenos espinhos anteriores, o impar na 
margem ventral. Face posterior com um pequeno tubérculo encimado por 
curta e grossa cerda espiniforme no terço basal e, logo à frente deste, 
uma leve escavadura da qual emergem algumas tricobótrias. Basitarso 
muito menos dilatado do que as tibias, com 2-2-2 curtos e grossos es- 
pinhos anteriores. No centro da face posterior há uma leve escavadura 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


64 LISE, A. A. 


da qual emergem duas tricobótrias. Tarsos curtos e espessos, pilosos, 
com fascículo subunguenal pouco evidente e unhas pectinadas. No terço 
apical da face posterior ha duas longas tricobótrias. 


Perna III. fêmur curto e espesso, quase mútico. Patela com di- 
minutas cerdas posteriores. Tibia espessa com leve escavadura no terço 
basal da face posterior de onde emergem tricobótrias. Basitarso e tarso 
com grossos pêlos curvos na face anterior e longas tricobótrias na face 
posterior. 


Perna IV: igual à III, porém com a patela, tibia e basitarso ar- 
mados de um maior número de tubérculos conspicuos na face posterior. 
Tegumento de todas as pernas muito quitinizado e microgranuloso. 


e [um [om | nem o o 
Ss [o [oe [tm pi 
e Le e = 


Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vezes o diâmetro 
(0,300 x 0,125). Patela mais curta do que larga (0,175 x 0,200), com cur- 
tos tubérculos munidos de pequenas e grossas cerdas dorsais e dorso- 
laterais. Tibia de comprimento menor de que a largura (0,125 x 0,175), 
ambos tomados na base do tarso. Na face retrolateral da tibia ha uma 
grossa apófise de comprimento superior ao da tíbia, sulcada longitu- 
dinalmente. Na base da apófise há um grosso dente curvo. No dorso e 
na face prolateral da tíbia ocorrem algumas cerdas e longas tricobótrias. 
Tarso de comprimento nitidamente maior do que a largura (0,400 x 
0,275) e esta quase igual à espessura (0,250). Cymbium dorsalmente 
piloso, com fortes pêlos curvos ventrais na promargem. Tegulum pouco 
convexo. Embolus muito curto, descrevendo curvatura de cerca de 180 
graus. E 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Bahia (Condeúba). 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Esta espécie separa-se facilmente 
das demais por apresentar o abdômen muito espesso, com tubérculos 
laterais e posteriores insconspicuos; pela falta total de tubérculos e cer- 
das dorsais no cefalotórax, na área ocular e na fronte; pelo formato 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos nectropicais V... 65 


retilineo da apófise tibial do pedipalpo e pelo avantajado comprimento 
do dente basal da apófise. 


MATERIAL EXAMINADO 
BRASIL. Bahia: Condeúba, 1 ö MNHN 11530. 


OBSERVAÇÕES 


Ao descrever a espéciee e ao se referir aos olhos posteriores, 
MELLO-LEITÃO (1929), diz: “Olhos posteriores em fila direita, os 
médios maiores e vez e meia mais afastados”. Pelo exame do tipo cons- 
tata-se que apresentam o mesmo diâmetro, estando os médios afastados 
entre si por dois diâmetros e dois terços e por um diâmetro e um terço 
dos laterais. 


Onocolus simoni MELLO-LEITÃO, 1915 
(Figs. 124-129) 


Onocolus pentagona [E sic ) SIMON, 1895a: 1051. 

Onocolus pentagona [sic] SIMON, 1895b: 140 nec O. pentagonus (KEYSERLING, 
1880:185). 

Onocolus simonis( sic ) MELLO-LEITÃO, 1915:144 (nomen novum). 

Onocolus simoni: MELLO-LEITÃO, 1929:72. 

Onocolus simoni: MELLO-LEITÃO, 1940:242. 


MATERIAL-TIPO. SIMON (1895a) ao descrever a espécie, consta ter alicercado a 
descrição em uma fêmea jovem proveniente do Rio de Janeiro, Brasil. MELLO-LEITÃO 
(1929), ao redescrevê-la e ao se referir ao material utilizado por SIMON, diz: “Há em sua co- 
llecgäo, ao lado do typo, postos por elle no mesmo vidro, várias femeas, algumas sexualmente 
maduras, sobre as quaes é calcada a presente redescrição. 


Por que teria SIMON usado uma fêmea jovem para a descrição se, pelo que é su- 
gerido, haviam espécimes adultos? 


A informação de MELLO-LEITÃO (1929) não deixa claro se as “varias femeas” e 
mais o holótipo integravam um mesmo lote, colocadas todas num mesmo frasco ou se es- 
tavam em frascos separados, colocados juntamente com os das demais espécies do gênero, 
tous bocal 1575, de coleção E. Simon, conforme consta na guia de remessa de material 
recebida no Museum National d’Histoire Naturelle de Paris. 


No primeiro caso é de se supor que tenha havido o acréscimo de espécimes no frasco 
do holótipo e que a etiqueta com os dados de coleta, se realmente existiu, tenha sido 
trocada por outra onde consta “plusieurs localités” uma vez não existir nenhum lote 
referido para o Rio de Janeiro. Tipo não examinado. 


LOCALIDADE-TIPO. Rio de Janeiro, Brasil. 
REDESCRIÇÃO — Fêmea (macho desconhecido). 


Comprimento total — 5,700. 


Cefalotórax, esterno, lâminas maxilares, lábio, pedipalpo e pernas 
amarelos. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


66 LISE, A. A. 


Abdômen de dorso amarelo, reticulado de branco, todo sombreado 
de marrom, exceto centralmente onde forma uma grande mancha branca 
reticulada, com a forma de um “V”, de vértice posterior. Laterais e ven- 
tre amarelos, reticulados de branco. Tubérculos laterais e posterior fulvo 
amarelados. Fiandeiras amarelas. 


Cefalotórax tão longo quanto largo (2,500), mais espesso no terço 
posterior (1,325). Dorso plano, pouco quitinizado, com alguns tubérculos 
setiferos nos contornos posteriores. Região cefálica muito estreita, de 
largura inferior à metade da largura do cefalotórax, muito projetada 
para a frente, de lados paralelos, com tubérculos setiferos dispostos lon- 
gitudinalmente ao longo das bordas. 


Olhos anteriores em fila recurva, os médios bem menores do que os 
laterais (0,100 x 0,150). Olhos médios separados um do outro por um 
diâmetro e um quarto (0,125) e dos laterais por meio diâmetro (0,050). 


Olhos posteriores em fila reta, iguais entre si e do mesmo diâmetro 
dos médios anteriores. Os olhos médios distam um do outro por um 
diâmetro e meio (0,150), sendo equidistantes aos laterais. 


Área ocular média tão longa quanto larga (0,375), mais estreita na 
região anterior (0,300), apresentando dois tubérculos setiferos divergen- 
tes atrás dos OMA e mais três de cada lado, em uma carena transver- 
sal, entre os OLA e OLP, todos armados de cerdas. 


Clipeo vertical, fortemente convexo transversalmente, munido de 
sete cerdas, das quais quatro são centrais, uma em cada ângulo lateral e 
mais uma mediana abaixo dos OMA, todas emergindo de tubérculos 
setiferos, as cinco centrais mais evidentes. Clipeo muito baixo, de altura 
muito menor do que a fila dos olhos médios anteriores (0,125 x 0,300), 
muito mais baixo do que o trapézio formado pelos olhos anteriores (0,125 
x 0,225), equivalente a um diâmetro e um quarto dos OMA. 


Esterno bem mais longo do que largo (1,325 x 1,000), pouco con- 
vexo, levemente escavado na porção anterior, laterais fracamente recor- 
tadas e ápice estreito e rômbico. 


Lâminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas 
(0,575 x 0,300), convergentes, de ápice arredondado na promargem e an- 
guloso na retromargem. 


Lábio nitidamente mais largo do que longo (0,400 x 0,325), le- 
vemente escavado na base, de ápice arredondado. 


; Queliceras muito mais longas do que largas (0,625 x 0,400), mais 
salientes no centro da face anterior, onde são levemente granulosas e de 
onde emergem algumas cerdas delgadas e longas e alguns pêlos igualmente 
longos. a 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 67 

Abdömen mais largo do que longo (3,600 x 3,000) espesso (1,875), 
pouco quitinizado. Dorso levemente convexo, com raras e fracas cerdas. 
Bordas anterior e laterais anteriores com alguns tubérculos armados de 
curtas cerdas. Laterais e ventre pubescentes. Declive posterior com raras 
cerdas, longas e delgadas. Epigino com espermatecas e canais fulvos. 
Aberturas de fecundação logo acima das espermatecas. 


Perna I: fêmur com quatro filas longitudinais de tubérculos se- 
tiferos, duas na face anterior e duas na face posterior. Tuberculos an- 
teriores bem maiores e mais abundantes, todos encimados por curta e 
grossa cerda espiniforme. 


Patela com três filas longitudinais de tubérculos setiferos na face 
posterior, a mediana muito mais evidente. Tibia quase cilíndrica, levemente 
arqueada com 2-2-2 fracos espinhos anteriores e mais três tubérculos 
setiferos apicais armados de grossa e curta certa espiniforme, o mediano 
no centro da face anterior. Face posterior com uma fila longitudinal de 
fortes tubérculos setiferos dos quais emergem longas e delgadas cerdas, 
apresentando-se levemente escavada no terço basal, de onde emergem 
tricobótrias. Face dorsal Com diminutas cerdas. Basitarso com 2-2-2 
grossos espinhos anteriores, demais faces pilosas. Tarso um pouco mais 
dilatado no ápice, piloso, com unhas pectinadas. 


Perna II: fêmur semelhante ao da perna I com tubérculos setiferos 
menores e em menor número. Patela e tibia iguais à I. Basitarso com 2- 
2-2 espinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um quase mediano e o outro 
apical. Tarso igual à I. 


Pernas III e IV: fêmures múticos. Patelas e tíbias com fracos e 
raros tubérculos setiferos na face posterior. Basitarsos e tarsos com 
fracos tubérculos na face posterior e com longos e grossos pêlos curvos 
na face anterior. Tibias, basitarsos e tarsos com tricobötrias na face pos- 


terior. 
[fas [has [| us | 
pras [am ee EE 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


68 LISE, A. A. 


Pedipalpo fêmur de comprimento quase três vezes maior do que o 
diâmetro (0,575 x 0,200). Patela bem mais longa do que larga (0,400 x 
0,275), com algumas cerdas dorsais, medianas, retrolaterais e prolate- 
rais, estas com tubérculos salientes. Tibia mais longa do que larga 
(0,375 x 0,300), mais cerdosa do que a patela, com duas áreas de tri- 
cobótrias na face dorsal, uma prolateral basal e a outra retrolateral, no 
terço apical. Tarso longo e delgado (0,600 x 0,225), piloso, com unha 
apical. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. SIMON (1895b), ao descrever a 
espécie em questão, a cita para “Brasilia: Rio”. MELLO-LEITÃO 
(1929) da como distribuição geográfica “Hab.: Amazonas (Teffé, Fon- 
teboa), Rio de Janeiro, S. Paulo (Novo Niagara). Perú (Pebas, Tarapoto, 
Cavallo': Cocho). Pernambuco (Communaty) e Ceará (Baturité)”. De 
todos os lotes mencionados por MELLO-LEITÃO (1929), apenas o de 
número 7313 contém, juntamente com exemplares de outras espécies, 
seis fêmeas identificadas como O. simoni MELLO-LEITÄO, 1915. Como 
este lote está etiquetado com Plusieurs localités, o lote 17254 como 
proveniente de Pernambuco, o lote 17795 como sendo de Baturité, Ceará 
e finalmente, o lote 19828 sem qualquer dado de coleta, além destes três 
últimos não conterem espécimes de O. simoni MELLO-LEITÃO, 1915, a 
distribuição geográfica proposta por MELLO-LEITÃO (1929) fica su- 
jeita a confirmação. 


DISCUSSÃO TAXONÖMICA. Espécie muito próxima de O. pen- 
tagonus e de O. granulosus das quais se diferencia pela genitália; pela 
equidistância dos olhos posteriores; pelo reduzido tamanho e fraca 
granulosidade dos tubérculos laterais e posterior do abdômen. 


VARIAÇÕES INTRA-ESPECIFICAS. Colorido dorsal do abdômen 
podendo variar segundo os seguintes padrões: a) todo branco e reticulado 
sombreado de marrom, com duas manchas circulares amarelas, a nivel 
dos tubérculos laterais: b) todo branco, com duas manchas amarelas ao 
nível dos tubérculos laterais, estes e o tubérculo posterior sombreados de 
marrom; c) todo branco muito reticulado, muito fracamente sombreado 
de marrom, deixando uma enorme mancha branca central com a forma 
aproximada de um trevo, de ápice posterior; d) branco reticulado com 
um grande '“'T” marrom, muito claro, semelhante ao do exemplar de- 
senhado (Fig. 124); e) amarelo reticulado, todo contornado de marrom, 
deixando uma enorme mancha branca mediana, mais ou menos cordifor- 
me. A genitália também apresenta variações de modo que, em certos es- 
pécimes, os espermioductos que comunicam as aberturas de fecundação 
com os bulbos espermáticos descrevem uma volta ou uma volta e meia . 
em helicóide pósteroanterior. Em conseqiência deste alongamento, o es- 
permioducto, que vai do bulbo espermático à espermateca, irá descrever 
uma volta a mais ou a menos penetrando na espermateca pela face dor- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 69 


sal. Pequenas variações ocorrem também na altura do clípeo e no distan- 
ciamento dos olhos de ambas as filas. 


MATERIAL EXAMINADO. 6 2 MNHN 7313, “plusieurs localités”. 
OBSERVAÇÕES 


MELLO-LEITÃO (1929), ao redescrever a fêmea, diz: “Clípeo da 
altura da fila dos olhos anteriores”. Em nenhum dos seis exemplares 
examinados verificou-se tal relação, uma vez que a altura do clipeo é 
sempre menor do que a do trapézio formado pelos olhos anteriores. No 
que diz respeito à área ocular média diz ser ela mais alta do que larga, 
pouco mais estreita adiante. Em todos os exemplares examinados ve- 
rificou-se ser ela tão longa quanto larga ou levemente mais larga do que 
longa, sendo realmente mais estreita na região anterior. 


Em relação às tibias e basitarsos dos dois primeiros pares de per- 
nas, SIMON (1895b) diz: “Tíbias subtus, in parte apicali, aculeis robus- 
tis fulvis subpellucentibus 3-3, metatarsi aculeis similibus 3-3 armati”, e 
por sua vez, MELLO-LEITÄO (1929) diz: “as tíbias com 2-2-2-2 es- 
pinhos na metade apical da face inferior e protarsos com 2-2-2 mais 
robustos”. Nas tibias I e II existem 2-2-2 espinhos anteriores e mais 3 
tubérculos setiferos apicais. No basitarso I e II existem 2-2-2 espinhos 
anteriores e mais 1-1 dorsais apenas no basitarso II. 


O macho descrito por MELLO-LEITÃO (1929) como sendo de O. 
simoni, é na realidade o macho de O garruchus LISE, 1979. 


Onocolus trifolius MELLO-LEITÃO, 1929 
(figs. 130 - 135) 


Onocolus trifolius MELLO-LEITÃO, 1929:72. 


MATERIAL-TIPO. Holótipo q MNHN 17820, Parayba do Norte (atual João Pes- 
soa), Paraiba, Brasil. 


LOCALIDADE-TIPO. João Pessoa, Paraiba. 
REDESCRIÇÃO — Femea (macho desconhecido). 


Comprimento total — 6,875. 


Cefalotörax, esterno, lâminas maxilares, lábio, queliceras, pedipalpo 
e pernas amarelos claros. 
Abdômen: dorso amarelo, reticulado de branco, com uma faixa 


marrom de contornos irregulares nas margens anterior e laterais ante- 
riores. Medianamente apresenta quatro concavidades circulares de cor 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


70° LISE, A. A. 


amarela. Tuberculos laterais e posterior da mesma cor do dorso do ab- 
dömen. Fiandeiras amarelas. 


Cefalotórax um pouco mais longo do que largo (3,300 x 3,200), 
muito mais espesso no terço posterior (2,375). Dorso quase plano, pouco 
quitimizado, quase liso, apresentando raras e dimunutissimas cerdas es- 
parsas, um pouco mais desenvolvidas e mais abundantes nos contornos 
posteriores. Região cefálica estreita, de largura inferior à metade da lar- 
gura do cefalotórax, muito projetada para a frente. 


Olhos anteriores em fila levemente recurva, os médios bem me- 

nores do que os laterais (0,100 x 0,150). Os olhos médios estão afastados 

um do outro por um diâmetro e meio (0,150) e por três quintas de 
diâmetro (0,075) dos laterais. 


Olhos posteriores dispostos em linha reta, iguais entre si e do 
mesmo diâmetro dos médios anteriores. Olhos médios afastados um do 
outro por três diâmetros (0,300) e por dois diâmetros (0,200) dos late- 
rais. 


Área ocular média mais larga do que longa (0,450 x 0,375), niti- 
damente mais estreita na região anterior (0,375), de tegumentos total- 
mente lisos. 


Clipeo levemente proclive com nove cerdas medianas na borda in- 
ferior dispostas em dois planos superpostos: cinco no plano superior, 
emergindo de tubérculos cônicos bem salientes, e quatro menores, não 
emergindo de tubérculos, no plano inferior. Nos ângulos ocorrem mais 
três cerdas. Altura do clipeo muito inferior à fila dos OMA (0,250 x 
0,375), quase da mesma altura do trapézio formado pelos olhos ante- 
riores (0,250 x 0,225), equivalendo a dois diâmetros e meio dos OMA. 


Esterno mais longo do que largo (1,550 x 1,250), levemente con- 
vexo, de região anterior fracamente escavada; laterais levemente recor- 
tadas ao nível das coxas do segundo par de pernas, ápice rômbico. 


Lâminas maxilares quase duas vezes mais longas do que largas 
(0,725 x 0,375), levemente convergentes, de ápice arredondado e piloso 
na promargem. 


Lábio mais largo do que longo (0,500 x 0,425), com leve escava- 
dura no terço basal e de ápice arredondado, pouco piloso. 


Queliceras de largura muito inferior ao comprimento (0,500 x 
0,875), mais dilatadas no terço basal da face anterior de onde emergem 
alguns pêlos e fracas cerdas. 


Abdömen mais largo do que longo (4,350 x 3,500), de espessura 
mais ou menos uniforme em toda a sua extensão (2,250). Dorso leve- 
mente convexo. Tegumento pouco quitinizado com pequenissimas cerdas 
esparsas. Faces laterais e ventral pubescentes. Declive posterior com 


IHERINGIA. Ser. Zool., Purio Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 71 


cerdas pequenas e pouco numerosas. Tuberculos laterais e posterior 
pouco eminentes, grossos, de ápice römbico e rugoso, com raras cerdas. 
Epigino com duas espermatecas fulvas e duas hastes medianas longi- 
tudinais igualmente fulvas. 


Perna I: fêmur com uma fila longitudinal de potentissimos tubér- 
culos encimados por diminutas cerdas espiniformes na face anterior. 
Face posterior com pequenissimos tubérculos dos quais emergem fracas 
e curtas cerdas. Faces dorsal e ventral lisas. Patela praticamente 
mútica. Tíbia quase cilindrica, não arqueada, levemente mais espessa na 
base, com 2-2-2 pequenos espinhos anteriores, o basal bem menor do 
que os demais e muito afastado deles. Face posterior com apenas um 
tubérculo conspicuo no terço basal e outros diminutos, todos dispostos 
em fila longitudinal. Basitarso com 2-2-2 espinhos anteriores, nitidamen- 
te maiores do que os das tibias. Demais faces apenas levemente pilosas. 
Tarso longo, levemente mais dilatado no ápice, piloso na face anterior. 
Unhas pectinadas. 


Perna II: fêmur e patela como em I. Tibia bem mais longa e le- 
vemente mais delgada do que a do primeiro par, com 2-2-2 fracos es- 
pinhos anteriores, os basais muito pequenos e muito afastados dos 
outros dois pares. Face dorsal como na perna I, com leve escavadura no 
terço basal da qual emergem tricobótrias. Basitarso com 2-2-2 fortes es- 
pinhos anteriores e mais 1-1 dorsais, um mediano e o outro apical, muito 
menores do que os anteriores. Tarso como em T. 


Pernas III e IV: fêmures e patelas quase múticas, apenas com 
diminutissimas cerdas nas faces anteriores e posteriores. Tibias com leve 
escavadura pouco conspicua no terço basal de onde emergem uma ou 
duas tricobötrias. Basitarsos e tarsos com longos e grossos pêlos curvos 
na face anterior. Face posterior com algumas diminutas cerdas. Unhas 
tarsais pectinadas. 


BASITARSO | TARSO | TOTAL 


e u 
Le re 2.050 | 


_—— 


1,650 | 1,050 | 97h00 


IHERINGIA. Ser. Zcel., Porto Alegre (57) ::3-97, 9 fev. 1981 


12 LISE, A. A. 


Pedipalpo: fêmur de comprimento superior a duas vêzes o diâmetro 
(0,625 x 0,300). Patela mais longo do que larga (0,475 x 0,375), com 
duas cerdas espiniformes na face anterior e algumas diminutas no ápice 
da face posterior. Tibias mais longa do que larga (0,425x 0,350), total- 
mente revestida de pequenas cerdas, algumas emergindo de tubérculos 
pouco eminentes. Tarso de comprimento bem superior ao dobro da lar- 
gura (0,600 x 0,250), totalmente piloso, com unha apical. 


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brasil: Paraiba (João Pessoa); 
Pernambuco (Serra do Comonati). 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA. Espécie próxima à O. simoni e ão. 
granulosus, dos quais se distingue pela ausência de tubérculos setiferos 
e cerdas na área ocular e fronte e, principalmente, pela simplicidade da 
genitália. 


MATERIAL EXAMINADO. 


BRASIL. Paraiba: João Pessoa, 1 © MNHN 17820. Pernambuco, Serra do Co- 
monati 1 9 MNHN 17254. 


OBSERVAÇÕES. 


Ao descrever a espécie, MELLO-LEITÃO (1929) diz ser o clipeo 
mais alto que a area dos olhos medios. 


Pelo exame do holötipo constatou-se que o mesmo é muito mais 
baixo do que a área dos olhos médios, uma vez que a altura deste é de 
0,250, enquanto que a área ocular média é de 0,375. A altura do clipeo é, 
no entanto, levemente superior à do trapézio formado pelos olhos an- 
teriores e talvez tenham sido estas as relações que MELLO-LEITÃO 
tenha querido estabelecer, quando se referiu altura do clípeo. 


Ao se referir ao comprimento e largura da área ocular média, diz 
MELLO-LEITÃO, op.cit.: “Area dos olhos médios mais alta do que lar- 
ga, bem mais estreita adiante”. 


Se, ao comparar o comprimento com a largura da área ocular, for 
considerada a largura máxima a qual se verifica na região posterior, a | 
area sera bem mais larga do que longa (0,450 x 0,375). Se, no entanto, o 
comprimento for comparado com a largura minima (0,375) a qual se 
verifica na região anterior, ela será tão longa quanto larga porém, neste 
caso, deixa de ter validade a afirmativa > ser ela bem mais estreita 
adiante. 


Ao se referir ao lábio diz ser ele mais longo do que largo quando, 
na realidade, é bem mais largo do que longo. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 73 


DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 


1 — A sistematização com que foram obtidos os dados que figuram 
nas descrições, conforme exposto no item Medidas nos leva a afirmar 
que a área ocular média não é constantemente mais longa do que larga 
como descrita por SIMON (1891) mas sim predominantemente mais lar- 
ga do que longa. A ocorrência de área ocular tão longa quanto larga 
também se verifica em algumas espécies. 


Visto os OMA e OMP delimitarem uma área trapezoidal, cuja base 
maior é posterior e delimitada pelos OMP, parece adequado referir como 
medida representativa para a largura, na relação comprimento/largura, 
aquela ao nível dos OMP. 


O fato de diversos autores haverem descrito a área ocular como 
sendo mais longa do que larga, e até muito mais longa do que larga, 
parece se dever ao fato de haverem tomado como referência para a lar- 
gura da mesma, a largura minima, justamente ao nível dos OMA. 


2 — A inexistência de coleções representativas, geograficamente 
não abrangentes, com uma enorme descontinuidade entre as diversas 
localidades de que procedem: os espécimes, dificulta sobremaneira o es- 
tudo comparativo entre as espécies. Esta circunstância impossibilita o 
estabelecimento da constância e da real validade de certos elementos 
morfológicos a níveis específicos. 


Pelo exposto torna-se imperioso um colecionamento sistemático e 
intensivo em toda a Região Neotropical, para o preenchimento dos claros 
existentes na distribuição geográfica, para o real inventário das espécies 
ocorrentes, bem como para o estabelecimento de possiveis variações a 
níveis. populacionais o que pressentimos, mas que por ora são de im- 
praticável comprovação. 


3 — Após o estudo intensivo e extensivo dos caracteres morfo- 
lógicos que definem o gênero Onocolus, torna-se possível afirmar que se 
aproxima de Epicadinus SIMON, 1895 pelo formato pentagonal do ab- 
dômen e pela presença dos três tubérculos abdominais nos três ângulos 
posteriores do pentágono. Difere, no entanto deste, por apresentar te- 
gumentos muito menos granulosos e nitidamente menos cerdosos e pelo 
posicionamento dos olhos posteriores em linha reta ao passo que em 
Epicadinus estes se dispõem em linha procurva. 


Aproxima-se também de Epicadus SIMON, 1895 já que este também 
apresenta tubérculos abdominais, mas via de regra, em número superior 
a três, que é o máximo verificado em Onocolus. Diferencia-se facilmente 
dele pela diminuta altura do clipeo, pela inexistência de tubérculos ou 
cômoros centrais no dorso do cefalotórax e ainda por apresentar os olhos 
posteriores em fila reta. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


74 LISE, A. A. 


E ainda um gênero afim a Tobias SIMON, 1895 também pela 
presença dos tubérculos abdominais, mas distingue-se deste pelo menor 
comprimento e altura dos cefalotórax, pela fila ocular posterior reta e 
não procurava, pela menor altura do clipeo e pela menor espessura e an- 


gulosidade do abdômen. 


4 — Embora seja limitado o conhecimento sobre as afinidades 
filogenéticas entre os representantes do gênero Onocolus, o estudo sobre 
a morfologia da genitália de ambos os sexos, pela primeira vez reali- 
zado para o mesmo, permite reunir as espécies em dois grupos. 


4.1. — As que apresentam genitália muito simples, com canais 
aferentes curtos e não enrolados em helicóide e bulbos espermáticos es- 
féricos ou esferóides como O. biocellatus, O. compactilis, O. echinicauda, 
O. echinurus, O. eloaeus, O. episcopus, O. garruchus, O. mitralis, O. 
perditus, e O. trifolius. 


4.2. — As que apresentam genitália mais complexa com esper- 
mioductos longos e enrolados em helicóide, abrangendo as espécies O. 
echinatus, O. granulosus, O. infelix, O. latiductus, O. pentagonus e O. 
semoni. 


Nas espécies em que os espermioductos são curtos, verifica-se 
que o embolus do macho também apresenta-se curto. Da mesma ma- 
neira, naquelas dotadas de espermioductos longos e enrolados, os 
machos apresentam um embolus significativamente mais longo do que 
no grupo precedente. 


5 — O gênero Onocolus encontra-se satisfatoriamente caracterizado. 
do ponto de vista da morfologia. Por isto não se entende a inclusão no 
gênero Onocolus SIMON, 1895 de Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 
1880 por CAMBRIDGE (1900) sem ter feito qualquer comentário a res- 
peito. 


Em 1902, BANKS confirma a espécie de KEYSERLING (1880) no 
gênero Tmarus SIMON, 1875 invocando fundamentalmente elementos 
morfológicos do palpo do macho. 


Embora existam algumas diferenças morfológicas no desenho do 
palpo apresentado por BANKS (1902) em relação aquele da obra de 
KEYSERLING (1880), pode-se confirmar o posicionamento da espécie 
em questão no gênero Tmarus em que foi originalmente descrita, por 
outras características morfológicas que não as do palpo, dentre as quais 
a forte retrocurvatura da fila ocular posterior bem como a grande des- 
proporcionalidade entre o comprimento e a largura do abdômen, além do 
avantajado comprimento do par anterior de pernas. 


As observações de campo fornecidas por SNODGRAS in BANKS 
(1902) a respeito de Tmarus stolzmanni KEYSERLING, 1880 quando 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 715 


diz ‘“When disturbed they attempt to scape notice by remaining perfec- 
tely motionless on a twig, with the long anterior legs stretched out 
straight in front of the body”, constitue-se comportamento típico de 
Tmarus, nunca verificado em Onocolus. 


Por outro lado, o gênero Onocolus carece totalmente de estudos 
sobre a anatomia, embriologia e cariotipia, todos eles de grande valia na 
elucidação de problemas sistemáticos e filogenéticos. 


Tais estudos que fogem do escopo do presente trabalho, extensivos 
aos demais gêneros que compõem a subfamilia Stephanopsinae, per- 
mitiram posicionar melhor o gênero em questão, bem como os demais, 
dentro de um sistema geral de classificação, estabelecendo as afinidades 
e subordinações filogenéticas entre os mesmos. 


6 — Com a exclusão das espécies descritas por BRYANT (1940- 
1948) do gênero Onocolus, por ter-se constatado que as mesmas não se 
enquadram nele, depreende-se que a distribuição geográfica registrada 
até o presente momento, limita-se à America Centrale América do Sul. 


Nesta área os registros para o gênero estão compreendidos entre 
10ºN e 30ºS e entre 35ºW e 85°W. 


A espécie de maior dispersão geográfica é O. pentagonus, a qual 
tem em Chiriqui, no Panamá, o seu limite setentrional e em Jataí, no 
Estado de Goiás, Brasil, o seu limite meridional. 


AGRADECIMENTOS 


Queremos externar nossos agradecimentos mais sinceros ao Dr. Max Vachon e Dr. 
Michel Hubert, do Museum National d'Histoire Naturelle de Paris, pelo empréstimo dos 
tipos e demais exemplares da coleção E. Simon, sem o que teria sido impossível a rea- 
lização da presente revisão; ao Dr. Herbert Levi, pelo empréstimo dos tipos de Bryant 
depositados no Museum of Comparative Zoology, bem como pela ajuda na obtenção de 
material bibliográfico, pelas sugestões e incentivos que sempre nos dispensou durante a 
realização deste trabalho; a F.R. Wanless, do Britian Museum — Natural History, ao Dr. 
W. Starega do Institut Zoologiczy, Polska Akademia Nauk e a Anna Timotheo da Costa, 
do Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelo empréstimo de tipos. 


Ao Dr. José Willibaldo Thomé, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
pelos ensinamentos, criticas e sugestões, pelo apoio e constante incentivo, nossos mais 
sinceros agradecimentos. Pelas criticas oportunas e sugestões somos reconhecido à Dra. 
Miriam Becker. Aos colegas do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do 
Rio Grande do Sul, que de uma maneira ou outra colaboraram tornando exequivel este 
trabalho, nossos agradecimentos. 


A Rejane Rosa pelo acabamento dos desenhos. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


76 LISE, A. A. 


Figs. 1-5: Onocolus spp.: 1. posição de tomada das medidas dos artículos das per- 
nas; 2. detalhe das cavidades articulares dos espinhos das tíbias e basitarsos I e II; 3-5. 
diferentes tipos de cerdas: 3. conjunto de cerdas da borda anterior do abdômen; 4-5. corte 
longitudinal de dois tipos de cerdas das pernas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais V... 17 


- 17 6 AdE 
DI OA 


rn N 


Figs. 6.11. Onocolus biocelatus holötipo fêmea BMNH 1923.V11.23.66: 6. vista dor- 
sal; 7. vista ventral; 8. vista de perfil; 9. fronte e queliceras, 10-11. genitália: 10. vista 
ventral; 11. vista dorsal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


78 


LISE, A. A. 


Figs. 12-17. Onocolus compactilis paralectótipo fêmea MNHN 3958-A: 12. vista 


dorsal; 13. vista ventral; 14. vista de perfil; 15. fronte e queliceras; 16- 
vista ventral; 17. vista dorsal. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


17. genitalia: 16. 


Tomisideos neotropicais V... 79 


imm 


Figs. 18-26. Onocolus compactilis paralectötipo macho MNHN 3958-A: 18. vista 


dorsal; 19. vista ventral; 20. vista de perfil; 21. fronte e queliceras; 22-26. palpo esquer- 
do: 22. vista dorsal; 23. vista ventral; 24. vista prolateral; 25. vista retrolateral; 26. vista 


retrolateral, cymbium expandido. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


80 


LISE, A. A. 


0,5mm 


Figs. 27-32. Onocolus echinatus fêmea MNHN 2670: 27. vista dorsal; 28. vista ven- 


tral; 29. vista de perfil; 30. fronte e queliceras; 31-32. genitália: 31. vista 
ta dorsal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


ventral; 32. vis- 


Tomisídeos neotropicais V... 81 


SA 


(DZ 


A RRETEET 
tu 


SI 5 


Figs. 33-41. Onocolus echinatus macho MNHN 2670: 33. vista dorsal; 34. vista 
ventral; 35. vista de perfil; 36. fronte e queliceras; 37-41. palpo esquerdo: 37. vista dor- 


sal; 38. vista ventral; 39. vista prolateral; 40. vista retrolateral; 41. vista retrolateral. 
cymbium expandido. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


82 LISE, A. A. 


Figs. 42-48. Onocolus echinicauda sintipo fêmea MNHN 10355: 42. vista dorsal; 43. 
vista ventral; 44. vista de perfil; 45. fronte e queliceras; 46-48. geniales 46. vista ven- 
tral; 47. vista dorsal; 48. vista anteroposterior. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 83 


Figs. 49-57. Onocolus echinicauda sintipo macho MNHN 10355: 49. vista dorsal; 50. 
vista ventral; 51. vista de perfil; 52. fronte e queliceras; 53-57. palpo esquerdo: 53. vista 
dorsal; 54. vista ventral; 55. vista prolateral; 56. vista retrolateral; 57. vista retrolateral, 
cymbium expandido. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


84 


LISE, A. A. 


O,5mm 


Figs. 58-63. Onocolus echinurus holotipo fêmea MNHN 17808: 58. vista dorsal; 59. 
vista ventral; 60. vista de perfil; 61. fronte e queliceras; 62-63. Berlin 62. vista ven- 


tral; 63. vista dorsal. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos neotropicais V... 85 


0,5 mm 


Figs. 64-69. Onocolus espiscopus fêmea MCN 2230: 64. vista dorsal; 65. vista ven- 
tral; 66. vista de perfil; 67. fronte e queliceras; 68-69. genitália: 68. vista ventral; 69. vis- 


ta dorsal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


86 


LISE, A. A. 


imm 


0,5mm 


Figs. 70-78. Onocolus episcopus macho MCN 4314: 70. vista dorsal; 71. vista ven- 
tral; 72. vista de perfil; 73, fronte e queliceras; 74-78. palpo esquerdo: 74. vista dorsal; 75 
vista ventral; 76. vista prolateral; 77. vista retrolateral; 78. vista retrolateral, cymbium 


expandido. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97. 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais Vo: 87 


Figs. 79-84. Onocolus granulosus paralectötipo fêmea MNHN 10342-A: 79. vista 
dorsal; 80. vista ventral; 81. vista de perfil; 82. fronte e queliceras; 83-84. genitália: 83. 
vista ventral; 84. vista dorsal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


88 LISE, A. A. 


Figs. 85-90. Onocolus infelix fêmea MCN 357: 85. vista dorsal; 86. vista ventral; 87. 
vista de perfil; 88. fronte e queliceras; 89-90. genitália: 89. vista ventral;-90. vista dorsal. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) :3-97, 9 fev. 1981 


Tomisídeos nectropicais V... 89 


Figs. 91-99. Onocolus infelix macho MCN 4122: 91. vista dorsal; 92. vista ventral; 
93. vista de perfil; 94. fronte e quelíceras; 95-99. palpo esquerdo: 95. vista dorsal; 96. vis- 
ta ventral; 97. vista prolateral; 98. vista retrolateral:; 99. vista retrolateral, cymbium es- 
pandido. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


90 LISE, A. A. 


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imm 


104 105 106 107 


108 


Figs. 100-108. Onocolus pentagonus macho BMNH 1901.3.3.504—-6: 100. vista 
dorsal; 101. vista ventral; 102. vista de perfil; 103. fronte e queliceras; 104-108, palpo es- 


querdo: 104.. vista dorsal; 105. vista ventral; 106. vista prolateral; 107. vista retrolateral; 
108. vista retrolateral, cymbium expandido. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos nectropicais V... 91 


Figs. 109-114. Onocolus pentagonus fêmea BMNH 1901.3.3.504-6: 109. vista dorsal; 
110. vista ventral; 111. vista de perfil; 112. fronte e queliceras; 113-114. genitália: 113. vista 
ventral; 114. vista dorsal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


92 LISE, A. A. 


Figs. 115-123. Onocolus perditus holótipo macho MNHN 11530: 115. vista dorsal; 
116. vista ventral; 117. vista de perfil; 118. fronte e queliceras; 119-123. palpo esquerdo: 
119. vista dorsal; 120. vista ventral; 121. vista prolateral; 122. vista retrolateral; 123. 
vista retrolateral, cymbium expandido. Et 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais Vers 93 


Figs. 124-129. Onocolus simoni fêmea MNHN 7313-A: 124. vista dorsal; 125. vista 
ventral; 126. vista de perfil; 127. fronte e queliceras; 128-129, genitälia: 128. vista ven- 
tral; 129. vista dorsal. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


94 LISE,A.A. 


Figs. 130-135. Onocolus trifolius holótipo fêmea MNHN 17820: 130. vista dorsal: 131. 
vista ventral; 132. vista ds perfil; 133. fronte e queliceras; 134-135. genitália: 134. vista 
ventral; 135. vista dorsal. o 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


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Tomisideos neotropicais V... 95 


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elodeus 


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latiductus 


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O 


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IO 


perditus 


1º) 


simoni 


to 


- trifolius 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


96 LISE,A.A. 


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blicado em 1873 ). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):3-97, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Physalaemusnanus (BOULENGER, 1888), no Es- 
tado do Rio Grande do Sul, Brasil(Anura, Leptodactylidae)*. 


Pedro Canisio Braun** 
Cristina Assunção Sirangelo Braun*** 
Maria Dolores Schuler Pineda**** 


RESUMO 


Neste trabalho é registrada a ocorrência de Physalaemus nanus (BOULENGER, 
1888) ro Estado do Rio Grande'do Sul, Brasil, ampliando-se significativamente sua 
área de distribuição conhecida, ao mesmo tempo em que são feitas considerações siste- 
máticas e ecológicas sobre a referida espécie. 


ABSTRACT 


The authors report the occurrence of Physalaemus nanus (BOULENGER, 1888) in Rio 
Grande do Sul State, Brazil, also enlarging the geographical distribution area at the same time 
that make remarks about systematic and ecology of refered species. 


INTRODUÇÃO 


Baseado em dois exemplares procedentes de Lages, Santa Cata- 
rina, Brasil, BOULENGER (1888a) descreveu uma espécie de anfíbio 
que denominou Eupemphix nana. Posteriormente (1888b) mencionou-a 
novamente para o Estado de Santa Catarina, o mesmo ocorrendo com 
BAUMANN (1912) e COCHRAN (1955). MIRANDA-RIBEIRO (1926) 
também registrou sua presença para aquele Estado, porém sob o nome 
de Engystomops nana. BOKERMANN (1962, 1966) passou a nominá-la 
P'hysalaemus nanus, enquanto BARRIO (1965) deixou transparecer 
claramente sua dúvida entre as denominações Eupemphix e Physalae- 
mus para a referida espécie. LYNCH (1970), reunindo os gêneros Engys- 
tomops, Physalaemus e Eupemhix sobe o nome Physalaemus, ordenou 
melhor a questão, sendo a espécie denominada atualmente Physalaemus 
nanus (BOULENGER, 1888). 


* Aceito para publicação em 05/11/1980. Contribuição FZB nº 163 


** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio 
Grande do Sul. Rua Dr. Salvador França. 1427. Caixa Postal 1188. 90000 Porto Alegre RS. 
Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq. 
Proc. 30.4532/76-Z0). 


*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul. Porto Alegre. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cier:ifico e 
Tecnológico (CNPq. Proc. 30.0206/77-Z0). 


**** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Proc. 
10262/76) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981 


100 BRAUN, P.C. et alii 


Physalaemus nanus tinha, até agora, sua distribuição geográfica 
restrita a localidades situadas no Estado de Santa Catarina. Em coletas 
realizadas no Município de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul (RS), 
foram capturados quatro exemplares que são aqui descritos, sendo 
acrescidos alguns dados morfológicos e ecológicos. 


Os espécimes foram depositados na coleção de anfíbios do Museu 
de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
(MCN). 


MATERIAL EXAMINADO 


MCN 11707 a 11710, machos adultos, Itaimbezinho, Municipio de Cambará do Sul, 
RS, Brasil, 21/X11/1976, S. Scherer & A.A. Lise leg. 


DESCRIÇÃO DOS EXEMPLARES 


MCN 11707 a 11710, quatro machos adultos, com variação mínima 
no comprimento do corpo. Cabeça pequena, um pouco mais comprida 
que larga. Narinas escuras, mais próximas da ponta do focinho que do 
olho. Largura da pálpebra superior menor que o diâmetro ocular e maior 
que o diâmetro do timpano. Este é bem visivel, arredondado e situado 
para trás e abaixo do olho, que por sua vez é pequeno e apresenta pupila 
horizontal. 


A coloração dorsal dos quatro espécimes segue dois padrões bá- 
sicos, quando em animais vivos. Em dois deles é rosada (MCN 11707 e 
MCN 11708), enquanto nos outros dois (MCN 11709 e MCN 11710), é 
verde claro, com exceção da cabeça que possui tons amarelados. 


Nos exemplares rosados, a mancha interocular é escura, destacan- 
do-se nitidamente da coloração de fundo. Essa mancha prolonga-se para 
o centro do dorso onde forma duas manchas com aspecto de pontas de 
flecha, cuja porção inferior chega até a região inguinal. 


Nos exemplares verdes, a mancha interocular é estreira e escura, 
separando a coloração amarelada da cabeça, da verde do restante do 
dorso. A mancha interocular prolonga-se para trás formando as carac- 
teristicas pontas de flecha que, nesse caso, são verdes escuras & se dis- 
tinguem perfeitamente da cor de fundo. 


Em todos os exemplares, partindo de cada olho, ha uma mancha 
escura, em forma de barra, que contorna superiormente o timpano, alar- 
gando-se à medida que se aproxima do meio do corpo, terminando 
abruptamente antes de atingir a região inguinal. 


Região ventral de coloração semelhante em todos. os espécimes, 
sendo que a gula e o peito são castanho escuro tendendo para o negro, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Physalaemus... 101 


com raras manchas claras intercaladas. Abdômen alaranjado anterior- 
mente, com fundo esbranquiçado dotado de intensa pigmentação escura 
e escassa pontilhação amarela, posteriormente. 


Membros anteriores curtos, dedos delicados e finos. Face superior 
de coloração rosada, mesmo nos individuos verdes e apresentando pe- 
quenas manchas pretas lateralmente. Mão com palma rosada e ponti- 
lhações negras superiormente. 


Membros posteriores relativamente curtos, com fêmur maior que a 
tibia. Glândula sacral bem desenvolvida, com a evidente mancha negra 
cobrindo a parte central. O calcanhar, quando levado para frente, atinge 
a orla anterior do olho. Dedos dos pés longos e finos, com ponta aver- 
melhada. Face superior do fêmur, tibia e tarso, rosada nos dois exem- 
plares cujo padrão dorsal é rosado e verde nos dois em que o padrão é 
verde, sempre com faixas e linhas escuras transversais. Algumas man- 
chas negras, pequenas e arredondadas, próximas ao calcanhar. Face in- 
ferior das coxas com pigmentação escura e face interna com tons alaran- 
jados. 


Nos exemplares mortos, mantidos em líquido conservador, de- 
sapareceram as cores mais vivas, tais como o verde, o vermelho e o 
alaranjado. Todos os exemplares tomaram um aspecto uniforme na 
coloração, tanto dorsal como ventralmente. Dorsalmente os indivíduos 
ficaram castanho escuro e ventralmente castanhos com pequenas manchas 
brancas entremeadas. 


Medida dos exemplares (mm): MCN 11707 — comprimento do corpo 
18,0; comprimento da cabeça 6,2; largura da cabeça 5,9; espaço internari- 
nas 1,3; distância olho-narina 1,5; distância narina-focinho 1,2; membros 
anteriores 10,5; fêmur 7,9; tibia 7,7; pé 11,5; diâmetro ocular 1,4; pál- 
pebras superior 1,2; timpano 0,9. MCN 11708 — comprimento do corpo 
17,6; comprimento da cabeça 6,3; largura da cabeça 5,4; espaço inter- 
narinas 1,2; distância olho-narina 1,4; distância narina-focinho 1,1; 
membros anteriores 11,0; fêmur 7,8; tíbia 7,6; pé 11,6; diâmetro ocular 
1,6; pálpebra superior 1,3; timpano 1,0. MCN 11709 — comprimento do 
corpo 17,6; comprimento da cabeça 6,1; largura da cabeça 5,2; espaço 
internarinas 1,3; distância olho-narina 1,6; distância narina-focinho 1,3; 
membros anteriores 10,5; fêmur 7,7; tíbia 7,4; pé 10,8; diâmetro ocular 
1,4; pálpebra superior 1,2; timpano 0,9. MCN 11710 — comprimento do 
corpo 17,6; comprimento da cabeça 6,3; largura da cabeça 5,3; espaço 
internarinas 1,2; distância olho-narina 1,5; distância narina-focinho 1,2; 
membros anteriores 10,8; fêmur 7,6; tíbia 7,5; pé 11,0; diâmetro ocular 1,5; 
pálpebra superior 1,3; timpano 1,0. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981 


102 BRAUN, P. C. et alii 
COMENTÁRIOS FINAIS 


Os exemplares foram capturados num pequeno banhado situado 
próximo a um precipício com cerca de 800m de profundidade. Nesse 
mesmo local cantavam e foram apanhados, exemplares de outras es- 
pécies, salientando-se entre elas Lysapsus mantidactylus COPE, 1862, 
Leptodactylus ocellatus (LINNAEUS, 1758), Leptodactylus gracilis 
(DUMERIL & BIBRON, 1841),Physalaemus henseli (PETERS, 1870), 
Hyla marginata BOULENGER, 1882 e Hyla fuscovaria A. LUTZ, 1925. 
O horário da coleta foi ao escurecer, cerca das 19h, estando a tempe- 
ratura ambiente por volta de 15 graus centigrados. 


De um modo geral, os espécimes de Physalaemus nanus apa- 
nhados no RS, assemelham-se aos da localidade-tipo, situada em Lages, 
Santa Catarina. Ocorrem algumas divergências de pequena monta, que 
podem ser atribuídas ao elevado grau de variabilidade característico do 
gênero Physalaemus. BOKERMANN (1962) menciona que a maior 
fêmea por ele examinada media 18mm e o maior macho 17mm. Como 
viu-se anteriormente o maior macho capturado aqui atingiu 18mm. 
Outra variação diz respeito à coloração, já que nos diversos trabalhos 
consultados, nenhum faz menção à existência de individuos com a região 
dorsal verde, tal como acontece com dois exemplares descritos. 


A ocorrência de Physalaemus nanus no Estado do Rio Grande do 
Sul, estende consideravelmente o limite meridional dessa espécie e refor- 
ça a constatação da penetração de fauna anura, oriunda de Santa Ca- 
tarina, no Estado. A figura de número 1, mostra o mapa da atual dis- 
tribuição geográfica de Physalaemus nanus (BOULENGER, 1888), nos 
Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil. 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (56):99-104, 9 fev. 1981 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981 


104 ; BRAUN, P.C. et ei 


PARANÁ 


PN 
São Bento 
do Sul 


STA. CATARINA 


da 


Combara do 
RIO GRANDE DO SUL Sul 


à - PHYSALAEMUS NANUS 


Fig. 1 - Mapa demonstrativo da atual distribuição geográfica de Physalaemus nanus 
(BOULENGER, 1888) , nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 
Brasil. gi 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):99-104, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Erylus topsenti LENDENFELD, 1903 na costa do 
Rio de Janeiro (Porifera, Demospongiae).* 


Beatriz Mothes de Moraes** 


RESUMO 


No presente estudo é citada pela primeira vez a ocorrência de Erylus topsenti LEN- 
DENFELD, 1903 para o Atlântico Sul (25º 01’S — 44º 45' W). O autor, com base no 
material coletado, oferece um breve comentário pertinente à espécie, bem como uma 
tabela de mensurações micrométricas e desenhos em câmara clara do conjunto espicular, 
ampliando desta forma as descrições anteriores. 


ABSTRACT 


Material de Erylus topsentiLENDEFELD, 1903, was dreged from 918m deep waters at 
the Rio de Janeiro littoral, Brazil (25º 01'S - 44º 45'W), by the N/0c. “Almirante Saldanha”. 
This is the first record for the species in South Atlantic waters. A detailed study of the spicular 
set was made. A table of micrometric measures of the spicules and “camara clara” drawings of 
megascleras and microscleres with indications of the morphological gradient of some cate- 
gories of spicules are also given. 


INTRODUÇÃO 


Em 1892, TOPSENT ao observar um espécime que havia sido 
coletado no Atlântico Norte (Arquipélago dos Açores), numa profun- 
didade de 454m, identificou-o como Erylus mammillaris (SCHMIDT, 
1862). 


LENDENFELD (1903) ampliando o estudo realizado por TOPSENT 
(1892 verificou que o material examinado não se identificava com Erylus 
mamıntillaris (SCHMIDT, 1862). Com base neste fato propôs a espécie 
Erylus topsenti em cuja sinonimia incluiu Erylus mammillaris TOP- 
SENT, 1892 non SCHMIDT, 1862. 


TOPSENT (1904) examinando um espécime coletado pelo N/Oc 
“Hirondelle” em 1888, nas proximidades da Ilha de São Miguel (Ar- 
quipélago dos Açores) numa profundidade de 454m, considerou o mesmo 
como sendo uma espécie nova, denominando-a Erylus chavesi. 


do Aceito para publicação em 20/TI1/1980. Contribuição FZB nº 166 


** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul. Cx. Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS. Bolsista do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (T.C. nº 1111. 652/77). Realizado em parte, com 
auxílio (10/77) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


106 MOTHES DE MORAES, B. 


WIEDENMAYER (1977) registra a semelhança de Erylus mam- 
millaris TOPSENT, 1892 non SCHMIDT, 1862 com Erylus chavesi 
TOPSENT, 1904, incluindo as duas espécies na sinonimia de Erylus topsen- 
ti LENDENFELD, 1903. 


Em janeiro de 1972 o N/Oc “Almirante Saldanha” coletou no 
litoral do Rio de Janeiro (BR), numa profundidade de 918m, um frag- 
mento de espécime, cujo conjunto espicular e alguns caracteres mor- 
folögicos nos permitiram identifica-lo como Erylus topsenti LENDEN- 
FELD, 1903. Com o registro desta ocorrência para o Atlântico Sul es- 
tamos ampliando relatos científicos anteriores no que tange à distri- 
buição geográfica e batimétrica da espécie. 


MATERIAL E MÉTODOS 


O material estudado encontra-se conservado em álcool 70% e depositado na coleção de 
Porifera do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


Siglas usadas no texto: MCN, Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do 
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; RJ, Rio de Janeiro; RS. Rio Grande do Sul; N/Oc, navio 
oceanográfico. 

Para o método usado nas preparações de dissociação espicular veja-se MOTHES DE 


MORAES (1978). Os desenhos e mensurações micrométricas dos espículos foram elaborados 
em microscópio biológico “Leitz” binocular com câmara clara. 


Erylus topsenti LENDENFELD, 1903 
(Fig. 1-8) 


Erylus topsenti LENDENFELD, 1903:87; WIEDENMAYER, 1977:182. 
Erylus mammilaris (SCHMIDT) sensu TOPSENT, 1892:46-7. 
Erylus chavesi TOPSENT, 1904:75. 


MATERIAL EXAMINADO - MCN 352, Rio de Janeiro, RJ, profundidade 918m, 
07.1.1972, N/Oc. “Almirante Saldanha” leg.. 


O especime examinado consta de um fragmento de forma irregular, 
apresentando uma pequena expansäo lobosa numa das extremidades da 
superfície. O exemplar mede 1,5cm de comprimento 0,5cm de largura e 
0,4cm de altura. 


A cor do material fixado é cinza-claro com tonalidade mais escura 
em algumas zonas da superfície e internamente apresenta cor branco- 
amarelada. 


Foram observados um grande número de poros e microvilosidades 
na esponja, conferindo um aspecto coriáceo à superficie da esponja. Não 
foram observados ósculos. O material examinado apresenta consistência 
branda. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


Ocorrência do Erylus topsenti... 107 


O córtex da esponja é levemente endurecido e constituído de re- 
giões nitidamente distintas. Na camada superior foi observada uma den- 
sa distribuição de escleras do tipo microstrôngilo e na região subsegüen- 
te espículos do tipo esteräster, dispostos em camadas sucessivas e li- 
geiramente paratangenciais aos microstrôngilos. 


No coanossoma foram observados oxeas, com disposição radial em 
relação à superficie da esponja, sendo que a extremidade apical destas 
escleras muitas vezes atravessa a zona do córtex, projetando-se exter- 
namente. Escleras do tipo dicotriene, também foram observadas sendo 
que os cladomas destes espículos encontram-se logo abaixo do córtex, 
com disposição tangencial aos esterásteres, algumas vezes mergulhados 
entre os mesmos ou projetando-se além da superficie externa da esponja. 
Escleras jovens dos tipos microstrôngilo e esteräster em menor quan- 
tidade foram registradas espalhadas pelo coanossoma, as quais são mor- 
fologicamente um pouco diversas daquelas encontradas no córtex. Os mi- 
crostrôngilos apresentam as extremidades mais aguçadas em relação 
aqueles que ocorrem na região superior do córtex e os esterästeres por sua 
vez exibem a superfície com pouca espinhadura ou lisa, algumas vezes 
apresentam em sua superfície estrias radialmente dispostas em torno de um 
hilo. 

Megascleras 


Dicotrienes — rabdoma fusiforme; protoclade constituído por eixos vol- 

“tados levemente para cima em relação ao rabdoma e deuteroclade com os 
eixos dispostos transversalmente em relação ao protoclade; extremidades 
dos eixos do cladoma levemente estrongiliformes. 


Oxeas — fusiformes, gradualmente aguçadas; extremidades dos eixos 
levemente estrongiliformes ; algumas com uma pequena constrição numa 
das extremidades. 


Microscleras 


Esterásteres — geralmente elípticos, podendo ocorrer formas arredon- 
dadas ou com expansões lobulares na superfície; a superfície é ornada 
com microespinhos dispostos em pequenas áreas poligonais. 


Microstrôngilos — cilindricos, levemente encurvados; não centrotilotes; 
superfície com microespinhos, com maior concentração nas extremidades 
do eixo. 


Oxiásteres — com vários eixos, geralmente aguçados, com as extre- 
midades pontiagudas e microespinhadas. 


COMENTÁRIOS 


Apesar do espécime por nós estudado encontrar-se incompleto e 
por este motivo não se apresentar morfologicamente semelhante com 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


108 MOTHES DE MORAES, B. 


aquele examinado por TOPSENT (1892, 1904) não tivemos dúvidas em 
identificá-lo como sendo Erylus topsenti, uma vez que o seu conjunto 
espicular é idêntico ao desta espécie. 


A superfície da esponja observada apresenta o mesmo aspecto 
coriáceo citado por TOPSENT (1892). 


Pequenas variações foram constatadas no que tange ao tamanho 
das escleras. No espécime examinado verificou-se que as megascleras do 
tipo dicotriene são menores do que as descritas por TOPSENT (1892) e 
citadas por LENDENFELD (1903). Não foi possivel estabelecer com- 
parações do tamanho das megascleras do tipo oxea, uma vez que TOP- 
SENT (1892) e LENDENFELD (1903) referem-se apenas ao aspecto 
morfológico deste tipo de espiculo. Quanto ao tamanho, as microscleras 
são semelhantes as do espécime coletado no Atlântico Norte. Foram 
constatadas pequenas diferenças em relação ao espécimeestudado por 
TOPSENT (1904) quanto à distribuição da microespinhadura localizada 
nas microscleras do tipo oxiäster e microstrôngilo. O autor acima men- 
ciona que estas microscleras são inteiramente cobertas por microespi- 
nhos, enquanto que as escleras por nós observadas apresentam uma 
maior concentração nas extremidades dos eixos dos microstrôngilos e 
nos oxiästeres se confinam nas extremidades dos raios. 


Contudo tais diferenças possivelmente refletem a ação de um con- 
junto de fatores abióticos diversos daqueles que provavelmente ocorrem 
no Atlântico Norte, motivados pelas diferenças batimétricas e geo- 
gráficas de ocorrência da espécie. Baseados nesta hipótese as diferenças 
verificadas não representariam caracteres suficientemente válidos para 
proposição de uma nova espécie. 


AGRADECIMENTOS 


O autor agradece À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do 
Sul, pelo auxílio concedido, durante o desenvolvimento do presente trabalho. 


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 


LENDENFELD, R von. 1903. Porifera. Tetraxonia. Tierreich, Berlin, 19:87. 

MOTHES DE MORAES, B. 1978. Esponjas tetraxonidas do litoral Sul-brasileiro: II - 
Material coletado pelo N/Oc. “Prof. W. Bernard” durante o programa Rio Grande 
do Sul. Bolm. Inst. Oceanogr. São Paulo, 27(2):57-78,il. 


TOPSENT, E. 1892. Contributions à L'étude des spongiaires de l’Atlantique Nord. 
Result. Camp. Scient Prince Albert I, Monaco (2):46-7. 

. 1904. Spongiaires des Acores. Result. Camp. Scient. Prince Albert I, Monaco 

(25):75,pl.9. 


WIEDENMAYER, F. 1977. Shallow-water sponges of the western Bahamas; Basel, Bir- 
khäuser Verlag. p.182,il, (Experientia. Supplementum, 28). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


Ocorrência do Erylustopsenti.. 00 10 


TABELA 


Comprimento, largura e diâmetro em micrometros dos espículos de 
Erylus topsenti LENDENFELD, 1903 (são dadas as dimensões mínima, 
média e máxima observadas). 


Comprimento largura diâmetro 


minima 2628 30 
Oxeas média 3500 50 
máxima 4295 65 
minima 79 
Protoclades média 140 
8 máxima 254 
a 
5 
3 RR: 
A minima 74 
Deuteroclades | media 162 
máxima 322 
| asc tao 65 44 
Esterásteres aa A 118 76 
165 117 
minima 62 6 
Microströngilos media 82 8 
maxima 112 12 


minima 
Oxiásteres média 292 
máxima 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


110 MOTHES DE MORAES, B. 


Fig. 1-2. Erylus topsenti LENDENFELD, 1903. MCN 352: 1 - vista lateral, a base do 
fragmento corresponde ao plano de seccionamento; 2 - plano de seccionamento, observan- 
do-se o córtex e o coanossoma. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Aiegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


Ocorrência do Erylus topsenti... | 111 


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Saas 


Fig. 3-8. Erylus topsenti LENDENFELD, 1903. MCN 352: 3-7. Tipos de escleras: 3. 


oxiáster; 4. oxea; 5. microstrôngilo; 6. esteräster; 7. dicotriene; 8. ornamentação da es- 
clera do tipo esteräster. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):105-111, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA, 1973 no 
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae).* 


Pedro Canisio Braun** 
Cristina Assunção Sirangelo Braun*** 


RESUMO 


Os autores registram a ocorrência de Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA, 
1973 no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, ampliando sua área de distribuição co- 
nhecida, até agora restrita à regiões montanhosas do Estado de Minas Gerais, Brasil, ao 
mesmo tempo em que são feitas considerações de ordem zoogeográficas e ecológicas sobre 
a referida espécie. 


ABSTRACT 


The authors report the occurrence of Hyla pinima BOKERMANN & SAZIMA, 1973in 
the Rio Grande do Sul State, Brazil, enlarging the geographical distribution area known at the 
time that make remarks about zoogeography and ecology of therefered species. 


INTRODUÇÃO 


BOKERMANN & SAZIMA (1973) em estudos sobre anfíbios da 
Serra do Cipó, Município de Jaboticatubas, Minas Gerais (MG), des- 
creveram uma espécie nova de Hyla que denominaram Hyla pinima. 
Nesse trabalho foram examinados 21 exemplares, sendo 20 machos e 
uma fêmea, todos capturados no mesmo local. EA 


Em coletas realizadas nos Municípios de Caçapava do Sul, Viamão 
e Porto Alegre, todos no Rio Grande do Sul (RS), encontramos uma 
série de espécimes de Hyla, posteriormente identificados por SAZIMA 
(1980) como sendo H. pinima. 


Tratando-se de uma espécie cuja distribuição geográfica era tão 
restrita e tendo em vista o fato de não ter H. pinima afinidade com 


2 Aceito para publicação em 14/V/1980. Contribuição FZB nº 174. 

** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul, Rua Dr. Salvador França, 1427, Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, 
Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq. 
Proc. 30.4532/76-Z0). 


*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul, Porto Alegre. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (CNPa, Proc. 30.0206/77-Z0). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981 


114 BRAUN, P. C. & BRAUN, C. A. S. 


nenhuma das Hyla até agora conhecidas do sudeste brasileiro (BOKER- 
MANN & SAZIMA, 1973), nem do extremo sul do Brasil, apresentamos 
a descrição dos exemplares capturados, acrescida de algumas obser- 
vações ecológicas e zoogeogräficas. 


Os exemplares foram depositados na coleção de anfíbios do Museu 
de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
(MCN). 


MATERIAL EXAMINADO 


MCN 2132, fêmea adulta, Morro de Teresópolis, Município de Porto Alegre, RS, 
Brasil, 19/X/1956. C.Hartlieb leg.; MCN 9328 e 9329. machos adultos, MCN 9340, fêmea 
adulta, MCN 9341 a 9350, machos adultos, MCM 9352, fêmea adulta, MCN 9353, macho 
adulto, MCN 9374 a 9380, machos adultos, MCN 9407 a 9413, machos adultos, Município 
de Caçapava do Sul,RS, Brasil, 28/X/1975, P.C.Braun, C.A.S. Braun, M.L.M. Alves, S. 
Scherer & J.J. Rodrigues leg.; MCN 12613, macho adulto, Jardim Botânico, Município 
de Porto Alegre, RS, Brasil, 29/X/1979, P.C. Braun leg.. 


Na tabela são fornecidos dados biométricos dos 38 exemplares examinados, segundo 
critério usado por P.BRAUN & C. BRAUN(1975) e expressos em mm. 


DESCRIÇÃO DOS EXEMPLARES 


Examinamos 35 exemplares machos e três fêmeas, todos adultos, 
apresentando em linhas gerais as mesmas características assinaladas por 
BOKERMANN & SAZIMA (1973), variando no entanto em alguns aspec- 
tos. Possuem o dorso pardacento claro com manchas marrons escuras 
ovaladas. A parte anterior da cabeça e parte da pálpebra superior são de 
cor creme amarelada, nunca branca, porém perfeitamente destacadas do 
restante da coloração corporal. Entre os olhos ha uma ou mais manchas 
marrons de formas e tamanhos variáveis. Membros anteriores e pos- 
teriores com manchas marrons muito escuras, entremeadas com pe- 
quenas manchas claras. Alguns espécimes apresentam a parte superior 
das coxas sem nenhum tipo de desenho, sendo uniformemente amare- 
ladas. Pontas dos dedos dos pes e das mãos de cor amarelo alaranjada. 
Exemplares colocados em liquido conservador (formol 10% ou álcool 
70%) sofrem um escurecimento das partes claras das pálpebras e da par- 
te anterior da cabeça. 


As medidas máximas, minimas e médias, em mm, são as seguin- 
tes, para os 38 espécimes estudados: 


Fêmeas — comprimento do corpo 28,3-26 (27,6); largura da cabeça 9- 
8,1(8,5); comprimento da tíbia 14,1-12,8(13,4); diâmetro ocular 2,3- 
1,9(2,1); distância olho-narina 2,2-1,8(2,0); diâmetro do KINDARO 1,4- 
1,2(1,3). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Hyla pinima... 115 


Machos — comprimento do corpo 28,5-22,8(25,6); largura da cabeça 8,9- 
7,4(8,1); comprimento da tíbia 13,4-11,1(12,2); diâmetro ocular 2,5- 
1,9(2,2); distância olho-narina 2,4-1,7(2,0); diâmetro do timpano 1,5- 
121153). 


O canto nupcial desta especie ja foi estudado, sendo figurado o seu 
sonograma (BOKERMANN & SAZIMA, 1973). Em adendo, acrescen- 
tamos que os machos podem sustentar o canto por periodos relativamen- 
te longos, quer formando coro quer isoladamente. Quando isolado, o 
canto assemelha-se ao som do “tic-tac” de um relógio despertador. 
Segundo observamos, não escolhem posição para cantar, podendo fazê-lo 
tanto em posição vertical como horizontal, próximo ao solo ou em arbustos 
mais altos, mas especialmente sobre a grama da margem das lagoas on- 
de procriam. Esses locais de reprodução podem ser de águas temporárias 
ou permanentes. 


Em 28 de outubro de 1975, no Município de Caçapava do Sul, com 
uma temperatura ambiente de 23°C, tivemos a oportunidade de cons- 
tatar, ao redor de uma lagoa permanente de cerca de 100m de diâmetro, 
uma incrível concentração de exemplares dessa espécie. A proporção de 
machos para fêmeas coletados foi de 10:1. Nenhum casal foi apanhado 
em cópula e o canto nupcial ficava praticamente irreconhecivel, tal o 
número de indivíduos cantando ao mesmo tempo. Nos Municípios de 
Porto Alegre e Viamão, assinalamos que os espécimes começam a cantar 
nos primeiros dias de agosto, não sendo mais ouvidos a partir da metade 
de novembro. Assim, em 22 de setembro de 1979, no Distrito de Águas 
Claras, Municipio de Viamão, com uma temperatura ambiente de 18°C, 
às margens de uma lagoa temporária medindo ao redor de 60m de 
diâmetro e com profundidade máxima de Im ouvimos o canto de dois 
exemplares dessa espécie, os quais encontravam-se abrigados em arbus- 
tos espinhentos, localizados a mais de 2m da água. Eram 20h de uma 
noite muito escura e quando nos aproximavamos, mesmo com a lanterna 
apagada, cessavam o canto. Esse fato impediu a coleta dos mesmos, 
embora um dos exemplares chegasse a ser avistado em determinado 
momento. Em 29 de outubro de 1979, a uma temperatura de 28ºC, às 
20h 30min, começando a chover, coletamos no meio da vegetação que 
margeia uma lagoa, cuja água quase seca durante o verão, no Jardim 
Botânico, em Porto Alegre, um exemplar de H. pinima que cantava jun- 
tamente com outros de sua espécie. 


Revisando a coleção de anfíbios do MCN, encontramos uma fêmea 
adulta de H. pinima, apresentando a região abdominal dilatada pela 
presença de grande quantidade de ovos, que podiam ser vistos devido a 
semi-transparência da pele naquele local. Segundo registros, esse es- 
pécime foi capturado durante o dia, tendo sido encontrado sob a uma 
pedra, no alto do Morro de Teresópolis, em Porto Alegre, na data de 19 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981 


116 BRAUN, P. C. & BRAUN, C. A. S. 


de outubro de 1956. A presença de ovos comprova que a espécie ainda 
encontrava-se em atividade reprodutora nesse periodo. 


COMENTÁRIOS FINAIS 


A penetração no Rio Grande do Sul de fauna anfibiológica oriunda 
de regiões situadas mais ao norte,tem sido comprovada pelos autores no 
decorrer dos últimos anos. P. BRAUN (1978) e P. BRAUN & C. 
BRAUN (1979, 1980) constataram a entrada de Hyla flavoguttata A. 
LUTZ & B. LUTZ, 1939, Aplastodiscus perviridis A. LUTZ, 1925 e 
Dendrophryniscus brevipollicatus ESPADA, 1870, no que caracterizam 
como uma zona de influência subtropical. O registro da ocorrência de A. 
pinima no Rio Grande do Sul, vem dar maior realce a essas constatações 
e desperta, além disso, redobrada atenção, tendo em vista a enorme dis- 
tância que medeia os dois locais em que a espécie foi encontrada até 
- agora. A Serra do Cipó, Municipio de Jaboticatubas, MG, e os Muni- 
cipios de Porto Alegre, Viamão e Caçapava do Sul, RS, estão separados 
por aproximadamente 1800Km de distância, o que se constitue num fato 
insólito em se tratando de entidades coespecificas (BARRIO, 1977). Não 
podemos afirmar categoricamente que não existam outras populações 
de H. pinima no território intermediário, mas a ausência de registro para 
áreas relativamente bem conhecidas do ponto de vista anfibiológico, 
situadas entre os Estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, leva- 
nos a crer em tal possibilidade. 


Outro fator que merece destaque é a diversidade de altitude dos 
habitats onde vivem essas duas populações: uma entre 1000 e 1400m 
(BOKERMANN & SAZIMA, 1973) e a outra praticamente desde o nível 
do mar (Porto Alegre, Viamão) até cerca de 400m (Caçapava do Sul). 


E interessante salientar, ainda que nos locais onde foram encon- 
trados exemplares de H. pinima, no Rio Grande do Sul, cantavam 
outras espécies de anfíbios, tais como: Hyla minuta PETERS, 1872, 
Hyla eringiophila GALLARDO, 1961, Hyla pulchella pulchella DU- 
MERIL & BIBRON, 1841, Hyla sanborni SCHMIDT, 1944, Hyla 
squalirostris A. LUTZ, 1925, Hyla berthae BARRIO, 1962, Elachis- 
tocleis bicolor (GUERIN, 1838),Physalaemus gracilis (BOULENGER, 
1883), Physalaemus cuvieri FITZINGER, 1826, Physalaemus biligo- 
nigerus (COPE, 1860) Lysapsus mantidactylus COPE, 1862 e Phyllo- 
medusa iheringi BOULENGER, 1885. Três das espécies citadas também 
foram surpreendidas cantando junto com os espécimes de H. pinima na 
Serra do Cipó, ou seja, H. minuta, H. squalirostris e P. cuvieri. 


Tendo em vista as considerações anteriormente feitas, expressamos 
a convicção de que um mais aprofundado estudo dessas duas popula- 
ções, separadas por tão longa distância, é imprescindível para acrescer- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981 


Ocorrência de Hyla pinima... TEA 


tar novos subsídios ao conhecimento dessa espécie, ao mesmo tempo em 
que deverá aclarar alguns aspectos interessantes do ponto de vista 
zoogeográfico, ainda um tanto obscuros no momento. 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
pelas bolsas concedidas, ao Dr. Ivan P. Sazima pela identificação do material, a José 
Jayme Rodrigues e Scherezino Scherer pelo auxílio prestado na coleta dos exemplares. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


BARRIO, A. 1977. Aportes para la elucidacion del “status” taxonomico de Pleurodema bi- 
broni TSCHUDI y Pleurodema kriegi (MULLER) (Amphibia, Anura, Leptodactyli- 
dade). Physis, Buenos Aires, 37(93):311-33. 


BOKERMANN, W.C.A. & SAZIMA, I.P. 1973. Anfíbios da Serra do Cipó, Minas Gerais, 
Brasil. 1: Duas espécies novas de Hyla (Anura, Hylidae). Revista bras. Biol., Rio de 
Janeiro, 33(4):457-72. 


BRAUN, P.C. 1978. Ocorrência de Hyla flavoguttata A. LUTZ&B. LUTZ, 1939, no Estado 
do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre 
(51):43-4, fev. 


BRAUN, P.C. & BRAUN, C.A.S. 1975. Sobre a ocorrência de Hyla berthae BARRIO, 1962 
no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Hylidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto 
Alegre (46):19-24, jun. 


. 1979. Presenca de Dendrophryniscus brevipollicatus ESPADA, 1970 no Estado do 
Rio Grande do Sul, Brasil (Anura, Bufonidae). Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre 
(54):47-52, jan. 


BRAUN, P.C. & BRAUN, C.A.S. 1980. Lista prévia dos anfíbios do Estado do Rio Grande do 
Sul, Brasil. Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre (56). (no prelo) 


SAZIMA, I.P. 1980. Comunicação pessoal (carta). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):113-118, 9 fev. 1981 


BRAUN, P. C. & BRAUN,C.A.S. - 


118 


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113-118, 9 fev. 1981 


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. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57) 


Lista preliminar dos Asopinae do Estado do Rio Grande do Sul, 
Brasil (Insecta, Hemiptera, Pentatomidae).* 


Hilda Alice de Oliveira Gastal** 
RESUMO 


O presente trabalho apresenta uma lista preliminar dos Asopinae (Hemiptera, Penta- 
tomidae) do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, com citações de novas ocorrências, feita com 
base em material depositado nas coleções do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoo- 
botânica do Rio Grande do Sul e do Instituto de Pesquisas Agronômicas da Secretaria de 
Agricultura, ambos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 


ABSTRACT 


This work presents a preliminary list of the Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) of 
the Rio Grande do Sul StateBrazil, with new occurrences, based upon specimens de posited in 
the collections of the “Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul” and “Instituto de Pesquisas Agronômicas da Secretaria de Agricultura”, 
both in Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 


INTRODUÇÃO 


Objetivando atualizar os dados sobre a distribuição da subfamília 
Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) no Rio Grande do Sul (RS), uma 
vez que BUCKUP foi o único autor a preocupar-se especificamente com 
a distribuição desta subfamília no RS, relacionando 8 espécies para 4 
localidades, 21 espécies para 17 localidades e 22 espécies para 19 loca- 
lidades, respectivamente em 1952, 1960 e 1961, apresentamos uma lista 
preliminar dos Asopinae no Estado. 


O presente trabalho foi feito com base no exame dos exemplares 
depositados nas coleções do Museu de Ciências Naturais da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN) e do Instituto de Pesquisas 
E pa da Secretaria de Agricultura (IPAGRO) em Porto Alegre, 


Deixamos de incluir nesta lista os exemplares cujos dados de coleta 
não nos permitiram precisar a localidade exata de ocorrência. As localidades 
seguidas do sinal * não constam nos trabalhos de BUCKUP (1952, 1960, 
1961). 


ra Aceito para publicação em 09/VI/1980. Contribuição FZB nº 176. 


** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zcobotânica do Rio Grande do Sul, 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvol- 
vimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.0279/78). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


120 GASTAL, H. A. de O. 
Os 309 espécimes examinados procedem de 30 localidades (Tabela I) 


O genero de maior frequência foi Podisus HERRICH- 
SCHAEFFER, 1851 com 128 espécimes, registrando 41,4% do total 
examinado, e o de menor fregiiência foi Heteroscelis LATREILLE, 1829 
com apenas 2 espécimes (Tabela 2). O gênero Heteroscelis ainda não 
havia sido citado para o RS, constituindo-se numa nova ocorrência para 
o Estado. Os autores que já relacionaram espécies de Heteroscelis para o 
Brasil, citam H. servillei (LAPORTE, 1832) para os Estados de Goiás, 
Bahia e Rio de Janeiro (BUCKUP, 1960), H. amazonica PIRAN, 1961 e 
H. carcavalloi PIRAN, 1961 para o Amazonas e H. bimaculata (WAL- 
KER, 1867) para o Rio de Janeiro (PIRAN, 1961). 


LISTA DAS ESPÉCIES E LOCALIDADES 


Alcaeorrhynchus BERGROTH, 1891 
Alcaeorrhynchus grandis (DALLAS, 1851) 


Marcelino Ramos, 3 2 MCN 200, 202 e 203. Torres*, é IPAGRO 256e2 ? IPAGRO 
258 e 259, 9/11/1966, E. Kober leg.; ? IPAGRO 257, 9/11/1954, E. Kober leg.. Osório, 
Arroio Teixeira*, ö MCN 12895, 15/1/1978, S. Pauls leg.; Atlântida*, 2 2? MCN 2614 e 
2620 e é MCN 2622, 26-31/X11/1964, J. W. Thomé leg.; © MCN 12839, 7/1/1968, M. 
Becker leg.. Tramandaí, Santa Terezinha*, 2 ? MCN 8469 e 8471, 16/11/1973, M. H. 
- Galileo leg.; Imb&e*, 0 MCN 2617, 11/1961, L. Buckup leg.; Pinhal*, © MCN 13291, 
2/1/1972, T. de Lema leg.. Santa Maria*,o MCN 13142, 21/X/1967, D. Link leg.; 
é MCN 13143, 3/IV/1971, L. C. Heinzeleg.; 5 MCN 13144, 4/IV/1971, E. Santos leg.. 
Guaiba*, 1 exemplar MCN 9405, 20/11/1974, M. H. Galileo leg.; o MCN 1289, 
8/IV/1976, H. A. Gastal leg.; é MCN 12896, 8/IV/1976, M. H. Galileo leg.. Viamão, 
5 é MCN 184-187 e 2624 e 2 2? MCN 196 e 208, IV/1956, L. Buckup leg.; Itapuã, 
14 3 MCN 169-174, 176-182 e 14213, 5 ©? MCN 191-195 e 3 exemplares MCN 165, 168 e 
190, 4/X11/1958. Porto Alegre, S IPAGRO 255, III/1941, M. Nery leg.; & MCN 188, 
1/1954, L. Buckup leg.. Pelotas*, 2 MCN 2618, 16/XII/1961, Mantovani-Biezanko 
leg.; ? MCN 2619, 21/X/1961, Mantovani-Biezanko leg.; é MCN 2621, 23/11/1962, 
Mantovani-Biezanko leg.; 9 MCN 13289, 28/1/1974, E. Heinrichs leg.. 


Coryzorhaphis SPINOLA, 1837 
Coryzorhaphis leucocephala SPINOLA, 1837 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 240; 1 exemplar MCN 242, 3/X11/1940; 1 
exemplar MCN 243, 17/X11/1939; 1 exemplar MCN 244, 19/X11/1939. Tramandaí, Santa 
Terezinha*, 9? MCN 8482 e ö MCN 8485, 16/11/1973, M. H. Galileo leg.; 4 © MCN 
8489, 8500, 8503 e 8504 e 2 é MCN 8501 e 8502, 24/11/1973, M. H. Galileo leg.; Pi- 
nhal*,º MCN 13290, 2/1/1972, T. de Lema leg.. Santa Maria*, 2? MCN 13145 
17/X1/1969, M. F. Tarragó leg.. E 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


Lista preliminar dos... 121 
Heteroscelis LATREILLE, 1829 


Heteroscelis sp 


Cerro Largo*, © MCN 254, 1/1931, P. Buck leg.. São Francisco de Paula*, 2 MCN 
255, 7/11/1940, P. Buck leg.. 


Marmessulus BERGROTH, 1891 
Marmessulus nigricornis (STAL, 1864) 


Marcelino Ramos, 2 MCN 112; 9 MCN 113e é MCN 117, 23/X11/1939; © MC- 
N 114, 20/X11/1939. 


Oplomus SINOLA, 1837 
Oplomus (Catostyrax) catena (DRURY, 1782) 


Marcelino Ramos, 2 exemplares MCN 135 e 151, 8/X11/1939; 1 exemplar MCN 136, 
24/X1/1939; 1 exemplar MCN 137, 25/XI1/1939; 1 exemplar MCN 138, 5/XI1/1939; 1 
exemplar MCN 139, 22/X11/1939; 1 exemplar MCN 152, 22/X1/1939; 1 exemplar 153, 
17/X11/1939; 1 exemplar MCN 154, 23/XII/1939; 1 exemplar MCN 157, 20/1/1940; 1 
exemplar MCN 158; 1 exemplar MCN 164, 12/111/1940. Bom Jesus, ? MCN 142, 
1/1955, Baucke leg.; 3 @ MCN 143, 144 e 156, X11/1954, Camargo leg.; 1 exemplar 
MCN 150 e 9 MCN 163, XII/1954, Baucke leg.; 2 ? MCN 161 e 162, 1/1955, Camar- 
go leg.. São Francisco de Paula, 9 MCN 141, 11/1944; ô MCN 149, 25/1/1939. Porto 
Alegre*, © MCN 2613, VIII/1966, M. Becker leg.. Pelotas*, 9 MCN 2612, 
24/11/1962, Mantovani-Biezanko leg.. 


Oplomus (Oplomus) cruentus (BURMEISTER, 1835) 


Bom Jesus, é MCN 118, XII/1954, Baucke leg.. São Francisco de Paula, & 
MCN 123, 11/1936. Viamão, 3 é MCN 119-121 e 9 MCN 125, IX/1956, L. & E. Buc- 
kup leg..Porto Alegre, 9 MCN 201, V/1964, M. Becker leg..; 2 MCN 13204, 
11/X1/1959; 2 IPAGRO 315, P. Buck leg.. Pelotas, 9? MCN 166, 7/1/1961, C. M. 
Biezanko leg..! 5 MCN 175, 20/1V/1964, Mantovani-Biezanko leg.. 


Oplomus (Oplomus) lunula HORVATH, 1911 


Marcelino Ramos, q MCN 130, 8/XI1/1939. 


Oplomus (Oplomus) marginalis (WESTWOOD, 1837) 


Marcelino Ramos, 2 q MCN 126 e 128, 17/XII/1939; 9 MCN 127, 5/XI1/1939; 
lexemplar MCN 131, 22/X1/1939. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


122 GASTAL, H. A. de O. 
Oplomus sp. 


Osório, Capivari*, 9 IPAGRO 8222, 13/1/1964, O. Baucke leg.. 
Podisus HERRICH-SCHAEFFER, 1851 
Podisus (Podisus) crassimargo (STAL, 1860) 


Porto Alegre, é MCN 261. 
Podisus (Podisus) nigrispinus (DALLAS, 1851) 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 266, 30/X1/1939. Santa Maria*, ô MCN 
8518, 26/1V/1973. D. Link leg.. Porto Alegre, é MCN 267; 2 MCN 268, 111/1954, L. 
Buckup leg.; 9 MCN 270, 20/1V/1949; ? MCN 8425, 29/V/1973, A. Lise leg.. Pän- 
tano Grande*, © IPAGRO 8120, 6/11/1962, O. Baucke leg.. : 


Podisus (Podisus) obscurus (DALLAS, 1851) 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 275, 8/1X/1939; 1 exemplar MCN 276, 
1/X1/1939; 2 exemplares MCN 277 e 279, 29/X1/1939; 1 exemplar MCN 278, 5/X1/1939; 
1 exemplar MCN 280, 8/X11/1939. 


Podisus (Tylospilus) distans BERGROTH, 1891 


Bom Jesus, 2 exemplares MCN 292 e 294, X11/1954, Baucke leg.. Caxias do Sul, 
Vila Oliva, é - MCN 290, 29/1/1952. 


Podisus (Tylospilus) nigrobinotatus (BERG, 1879) 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 296, 6/X11/1939. Porto Alegre, Ilha do Laje, <q 
’MCN 295, 18/1/1953, T. de Lema leg.. 


Podisus spp. 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 263, 29/X/1939; 1 exemplar MCN 285, 
1/XI1/1939; 1 exemplar MCN 287, 26/X/1939; 1 exemplar MCN 288, 15/X/1939; 9 
MCN 289, 19/X1/1939; 1 exemplar MCN 303 e 2 exemplares MCN 304, 6/XI1/1939; 1 
exemplar MCN 305, 20/1/1940; 1 exemplar MCN 306, 25/X1/1939; 1 exemplar MCN 307, 
1/X1/1939; 2 exemplares MCN 308 e 312, 5/X1/1939; 1 exemplar MCN 319, 8/XI1/1939; 
1 exemplar MCN 320, 17/X11/1940; 1 exemplar MCN 321; 1 exemplar MCN 338, 
18/X1/1939. Carazinho*, é MCN 13355 e < MCN 13357, 10/X1/1979, A. Lise leg.; 
ô MCN 13385, 10/X1/1979, H. Bischoff leg.. São Borja*, 2 ? MCN 13386 e 13387, 
7/X1/1979, H. Bischoff leg.; 3 © MCN 13388, 13390 e 13391, 8/X1/1979, H. Bischoff 


leg.; Garruchos*, © MCN 13358, 6/X1/1979, H. Bischoff leg.; : MCN 13389, 
1/X1/1979, A. Lise leg.. São Francisco de Paula, : MCN 264, 11/1944. Caxias do Sul, 
Vila Oliva, 2 é MCN 13253 e 13254, 16/1/1961. Farroupilha*, 7 MCN 12899, 


29/1X/1978, H. Bischoff leg.; © MCN 12935, 29/IX/1978, A. Lise leg.. Torres*, 5 
MCN 8722, 15/11/1974, A. Lise leg.. Canelat, 2 5 MCN 13495 e 13496 e © MCN 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


Lista preliminar dos... 123 


13497, 20/1/1972, A. Lise leg.. Tramandaí, Santa Terezinha*, 9 MCN 8475, 
16/11/1973, M. H. Galileo leg.. Santa Maria*, 2 MCN 8511, 16/IV/1973, D. Link leg.; 
9 _MCN 13149, 24/1X/1971, D. Bergmann leg.; ° MCN 13150, 6/X1/1971, D. M. 
Schöninger leg.; © MCN 13151, 21/X/1971, M. V. Beskow leg; 2 MCN 13152, 
14/X/1971, H. Antonio leg.; ? MCN 13153, 13/VIII/1971, J. Vasconcelos leg.. Ca- 
noas*, é MCN 2626, 23/IV/1966, J. W. Thomé leg.. Guaiba*, 8 ” MCN 8991, 8993- 
8995, 9183, 9184, 9187 e 9189 e 3 é MCN 9185, 9188 e 91%, 20/11/1974, M.H. Galileo 
leg.: © MCN 9035, 18/1/1974, M. H. Galileo leg.; ” MCN 9207 e é MCN 9208, 
19/11/1974, M. H. Galileo leg.; 2? MCN 9664, 15/111/1974, M.H. Galileo leg.; é MC- 
N 9891, 20/1/1974, M.H. Galileo leg.; 1 exemplar MCN 10329, 20/1/1975, H.A. Gastal 
leg.; é MCN 10536, 6/111/1975, M.H. Galileo & H. A. Gastal leg.; © MCN 13288, 
20/11/1974, E. Heinrichs leg.; Petim*, © MCN 12900, 30/1/1979, H. A. Gastal leg.. 
Viamão*, 2 exemplares MCN 246 e 339, IV/1956, L. Buckup leg.; Itapuã*, 4 é MCN 
309-311 e 313, 4/XII/1958. Porto Alegre, * MCN 318; ? MCN 323, 30/VII/1952; & 
MCN 325, 15/X/192; é MCN 331, 18/VIII/1948; ©? MCN 333, 20/V/1953; é MC- 
N 334, 30/VII/1952; 2? MCN 8094, 15/VII/1971, J. Grazia-Vieira leg.; 2 ? MCN 
8118 e 8119, 4/11/1964, F.P.R. Meyer leg.; © MCN 12898, 29/1/1964, F.R.Meyer leg.; 
9 MCN 13242, 27/V1/1953; é MCN 13243, 13/VIII/1956; > MCN 13245, 
2/IX/1959; © MCN 13246 e é MCN 13256, 27/V/1959; * MCN 13247, 13/V1/1951; 


ö MCN 13249, 12/X/1949; © MCN 13251 e ? MCN 13262, 20/1X/1963; © MCN 
13252, 16/XI/1949; S MCN 13255, 24/X/1951; ? MCN 13257, 13/1X/1950; ® MC- 
N 13258, 11/VII/1956; ? MCN 13261. 7/VIII/1956; é MCN 13263, 27/X/1958; Vila 
Assunção” 3 9 MCN 2629, 2630 e 2632 e 3 d MCN 2627, 2628 e 2631, 28/X/1964, L. 
Buckup leg.; Morro do Sabiá, é MCN 13241, 12/X1/1963; ? MCN 13260, 3/IX/1963; 
Ipanema, 2 ? MCN 329 e 330, X1/1956, M. Palova leg.; Ponta Grossa, * MCN 324, 
3/1/1955. Tapes*, 2  MCN 2637 e 2641, X1/1963, P. Buck leg.. Pelotas*, © MCN 


283, X11/1948. 
Stiretrus LAPORTE; 1832 
Stiretrus (Stictonotion) decastigmus (HERRICH-SCHAEF 
FER, 1837) 
Cerro Largo*, © IPAGRO 928, VII/1934. Bom Jesus, é MCN 515, XII/1954, 
Baucke leg.. São Francisco de Paula, - IPAGRO 297, 14/1/1938, P. Buck leg.. Caxias 
do Sul, Vila Oliva, © MCN 527, 9/11/1950. Santa Maria*, > MCN 13148, 28/X/1971, 


A. Raskoni leg.. Salvador do Sul, © MCN 13207 e 7 MCN 13208, 1960; & MCN 
13209, 19/IX/1959. Viamao*, . 2654, V/1966, J. Grazia leg.. 


Stiretrus (Stictonotion) rugosus GERMAR, 183º 


Bom Jesus, 1 exemplar MCN 533, 1/1955, Camargo leg.; ? MCN 535, 1/1955, 
Corseuil leg.; ? MCN 536, XII/1954, Baucke leg.. Santa Maria*, é MCN 13146, 
6/IX/1971, H. Almeida leg.. Salvador do Sul* 5 MCN 13206, 1960. 


Stiretrus (Stiretroides) loratus GERMAR, 1839 
Cerro Largo, 3 MCN 538, VIII/1939; É MCN539e © MCN 542, XII/1942. 


Stiretrus (Stiretrus) circumdatus (SPINOLA, 1837) 
Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 492, 29/X1/1939. Cerro Largo, > MCN 485, 


11/1944: 2 = MCN 493 e 494, XII/1942. São Francisco de Paula, > MCN 495, 
1/1935. Pareci Novo, 2 MCN 486, X/1936. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


124 GASTAL, H. A. de O. 
Stiretrus (Stiretrus) decacelis BERG, 1883 


Marcelino Ramos, 1 exempiar MCN 504, 1/X/1939. Viadutos, 1 exemplar MCN ' 
503, X1/1941. Cerro Largo, ö MCN 502e 9 MCN 510, XI1/1942. 


Stiretrus (Stiretrus) decemguttatus (LEPELETIER & SERVIL. 


LE, 1825) 


Marcelino Ramos 1 exemplar MCN 734, 27/X11/1939. Cerro Largo*, 2 9 MCN 
13211 e 13222 e ö MCN 13231, XI/1949. Porto Alegre*, ? IPAGRO 300, 1/1932, P. 
Buck leg.; & MCN 13233, 11/X1/1959; Belém Novo*, & MCN 2651, I /1959. 


Stiretrus (Stiretrus) smaragdulus (LEPELETIER & SERVIL 


LE, 1825) 


Santa Marie*, © MCN 13147, 8/V/1971, J.C. Kruel leg.. Porto Alegre*, ; 
IPAGRO 314, 11/1930, P. Buck leg.; Lami*, © MCN 566, III/1962, O. Baucke leg.. 


Stiretrus sp. 
Cerro Largo,3 ? MCN 13236-13238, X1/1949. 
Supputius DISTANT, 1889 


Supputius cincticeps (STAL, 1860) 


Marcelino Ramos*, 1 exemplar MCN 237, 30/X/1939; 1 exemplar MCN 238, 
29/X1/1939. Cotipora*, © MCN 256, 23/11/1962, C. Araujo leg.. Santa Maria*, © 
MCN 13155, 10/V/1971, L. C. Heinze leg.; 9 MCN 13156, 27/X/1971, H. Antonio 
leg.. Porto Alegre, é  MCN 232, VII/1951, T. de Lema leg.; 9  MCN 236; © MCN 
13250, 11/X1/1959; * MCN 13259, 27/V1/1953; Belém Novo, * MCN 257e é MCN 
258, 1/1959, P. Buck leg.; Ponta Grossa, ö MCN 233, 3/1/1965. Tapes*, 9 MCN 
2642, X1/1963, P. Buck leg... 


Tynacantha DALLAS, 1851 
Tynacantha marginata DALLAS, 1851 


Marcelino Ramos, 1 exemplar MCN 229, 30/X1/1939; 1 exemplar MCN 320, 
17/XI1/1939; 9 MCN 231. Cerro Largo, * MCN 223, 11/1943; ? MCN 224, 1/1931. 
Pareci Novo, ? MCN 222. Guaiba, 9 225, 1/1947, Redaelli leg.. Porto Alegre, 3 
MCN 217, 11/VII/1949; 1 exemplar MCN 221, III/1955, Camargo leg.; é MCN 13205, 
27/V1/1953. 


AGRADECIMENTO 


À Bióloga Terezinha Lermen da Silva por permitir-nos o exame dos exemplares da 
coleção da Secção de Entomologia do IPAGRO. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


Lista preliminar dos... 125 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


BUCKUP, L. 1952. Notas entomológicas do Rio Grande do Sul. Lista preliminar dos 
Pentatomidae do Rio Grande do Sul, com algumas informações zoogeográficas e 
ecológicas. Ciências e Letras, Porto Alegre, 6(3):46-61. 


. 1960. Pentatomideos neotropicais—II. Contribuição ao conhecimento dos Aso- 
pinae da América do Sul (Hem. Het.-Pentatomidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto 
Alegre (15):1-25. 

. 1961. Os pentatomideos do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Hemiptera- 
Heteroptera-Pentatomidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto Alegre (16):1-24. 


PIRAN, A.A. 1961. Sinopsis del género Heteroscelis LATREILLE, 1829 (Hem. Pen- 
tatomidae) con la descripcion de cinco especies nuevas. Revista de Investigaciones 
Agricolas, Buenos Aires, 15(1):83-99. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


126 GASTAL, H. A. de O. 


Tabela I: Número de espécimes encontrados nas diversas localidades do 
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, onde foram coletados exemplares 
de Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae). 


LOCALIDADES Nº DE ESPÉCIMES 


Marcelino Ramos 61 
Viadutos 

Cerro Largo 

Carazinho 

São Borja 

Garruchos 

Bom Jesus 

São Francisco de Paula 
Vila Oliva 

Cotiporã 

Farroupilha 

Torres 

Canela 

Arroio Teixeira 
Atlântida 

Santa Terezinha 

Imbé 

Osório 

Pinhal 

Santa Maria 

Salvador do Sul 

Pareci Novo 

Canoas 

Guaiba 24 
Viamäo 14 
Itapuä 26 
Porto Alegre 63 
Päntano Grande 1 
Tapes 3 
Pelotas 8 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


Lista preliminar dos... 127 


Tabela 2: Número de espécimes encontrados, e respectiva fregüöncia, em 
cada um dos gêneros de Asopinae (Hemiptera, Pentatomidae) regis- 
trados para o Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 


GÊNEROS Nº DE ESPÉCIMES FREQUÊNCIA (%) 
Alcaeorrhynchus 57 18,5 
Coryzorhaphis 14 4,5 
Heteroscelis 2 0,7 
Marmessulus 4 1,3 
Oplomus 41 13,3 
Podisus 128 41,4 
Stiretrus 40 12,9 
Supputius 13 4,2 
Tynacantha 10 3,2 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):119-127, 9 fev. 1981 


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Thomisideos neotropicais VI: Sidyma kolpogaster LISE, 1973 
descrição do macho e nova ocorrência (Araneae, Thomisidae, 
Stephanopsinae).* 


Arno Antonio Lise** 


RESUMO 


No presente trabalho faz-se a descrição do macho de Sidyma kolpogaster LISE, 
1973, ilustra-se a genitália da fêmea e registra-se a ocorrência da espécie para o Rio Gran- 
de do Sul, Brasil. 


ABSTRACT 


The male of Sidyma kolpogaster LISE, 1973 is described, the genitalia of the female 
is illustrated and it is reported for the first time the occurrence of this species from-Rio 
Grande do Sul State, Brazil. 


INTRODUÇÃO 


Sidyma kolpogaster foi descrita por LISE em 1973 tendo por base 
um único espécime fêmea cuja localidade-tipo é Rio Negro, Paraná, 
Brasil. Em trabalhos de inventário faunistico que o Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul vem desenvol- 
vendo no sul do país, foram coletados vários espécimes da espécie em 
questão, o que vem a ensejar o registro das novas ocorrências, bem 
como, a descrição do macho, até então desconhecido. São acrescentadas 
também as ilustrações detalhadas do epigino e da vulva da fêmea uma 
vez que ao ser descrita a espécie só se dispunha do holötipo do qual 
preferiu-se não retirar a genitália. 


MATERIAL E METODOS 


O material procede do Rio Grande do Sul e encontra-se depositado nas coleções do 
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 


As medidas foram aferidas com ocular micrométrica e são expressas em milímetros. 
As ilustrações foram elaboradas pelo autor, em câmara clara. Ambas, medidas e ilus- 
trações, foram feitas utilizando-se um microscópio estereoscópico Wild-M5. O acabamento 
dos desenhos foi feito por Rejane Rosa. 


+ Aceito para publicação em 20/V1/1980. Contribuição FZB nº 179. 


** | Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio 
Grande do Sul (MCN-FZB:, Caixa Postal 1188, 20.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


+ 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


130 LISE, A. A. 


Material examinado: 


BRASIL: Rio Grande do Sul, Arroio do Tigre (Itaúba), 1 & MCN 8150, 
23.IV.1978, H. Bischoff leg., 1 9? (subadulta) MCN 8047, 18.1V.1978, A. Lise leg.; 
Farroupilha, 1 é MCN 8269, 29.1X.1978, A. Lise leg.; Montenegro, 1 ? (subadulta) 
MCN 7613, 20.X11.1977, A. Lise leg.; Triunfo, 2 jovens MCN 7307, 28.X1.1977, E. Buc- 
kup leg.; Porto Alegre (Morro Santana), 1 9 (subadulta) MCN 9065, 17.V.1980, A. 


Lise leg.; Viamão (Águas Belas), 1? MCN 4995, 17.1.1977, A. Lise leg.. 


DESCRIÇÃO DO MACHO 


Comprimento total:3,062mm 


Cefalotórax: baixo (0,750) pouco convexo, quase tão largo 
quanto longo (1,350 x 1,375), mais largo a nível da coxa II. Coloração 
castanho escura com estrias torácicas quase negras as quais delimitam 
áreas microgranulosas. Tegumento dorsal quase mútico. Região cefálica 
estreita (0,587), moderadamente elevada e de lados não paralelos. 


E stern o: cordiforme, levemente escavado na porção anterior, 
ápice arredondado, castanho muito escuro, quase negro, mais largo do 
que longo (0,725 x 0,662), não se estendendo além das coxas IV. 


L à bio: castanho escuro bem mais largo do que longo (0,287 x 
0,150), não alcançando o meio das lâminas maxilares, ápice arredondado 
com escassos pêlos apicais. 


Lâminas maxilares: bem mais longas do que largas 
(0,275 x 0,175), castanho escuras com retromargens denegridas e pro- 
margens fulvo amareladas, convergentes, de ápice aproximadamente 
quadrangular formando um ângulo quase reto na retromargem, promar- 
gem arredondada. 


Queliceras: mais longas do que largas (0,437 x 0,250), ful- 
vas, com uma larga faixa negra transversal, medianamente disposta. 
Face anterior com algumas cerdas pouco conspicuas. 


Clipeo: baixo (0,100), altura igual a um diâmetro e um terço 
dos olhos médios anteriores, cerca de duas vezes e meia mais baixo do 
que a altura da área ocular média, vista de frente e, quase duas vezes e 
meio mais baixo do que a linha delimitada pelos olhos médios anteriores. 


Olhos: fila ocular anterior, vista de frente, muito recurva. Fila 
ocular. posterior, vista dorsalmente, recurva. Olhos de ambas as filas cir- 
culares. Olhos médios anteriores menores do que os laterais anteriores 
(0,075 x 0,112), afastados entre si por uma vez e meia seu diâmetro 
(0,112) e dos laterais por meio diâmetro (0,037). Olhos médios poste- 
riores levemente menores do que os laterais posteriores (0,062 x 0,087), 
separados entre si por menos do que duas vezes o seu diâmetro (0,112), 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicaisVI... | 131 


equidistantes aos laterais. Olhos leterais de ambas as filas separados en- 
tre si por duas vezes o diâmetro dos olhos médios anteriores (0,150). Al- 
tura do trapézio formado pelos olhos anteriores maior do que a altura do 
trapézio delimitado pelos olhos posteriores (0,175 x 0,125). Area ocular 
média retangular. Altura vista de frente: 0,262; largura: 0,224. 


A b dôm en: comprimento (1,687), largura a nível dos tubérculos 
laterais (1,062), espessura (0,812). Face dorsal quase negra com várias 
manchas circulares amarelas. Limitando a face dorsal com as laterais há 
uma faixa amarela, interrompida, que se estende dos ombros anteriores 
até os tubérculos posteriores, contornando-os. Declive posterior um 
pouco mais claro do que o dorso. Faces laterais amarelas reticuladas de 
branco. Abaixo dos tubérculos posteriores hã uma mancha da mesma 
cor do dorso. Ventre com uma larguissima faixa longitudinal mediana 
castanha muito escura, quase negra. Tubérculos curtos, de ápice ar- 
redondado, do mesmo colorido do dorso do abdômen. Tegumento ab- 
dominal pouco quitinizado, pubescente na fase ventral e com microcer- 
das pouco abundantes no dorso, nos tubérculos e no declive posterior. 
Fiandeiras cônicas, pilosas, castanhas. 


Pernas: comprimento relativo I-II-IV-III. Perna I: fêmur com 1-1-1 
espinhos dorsais. Tíbia cilindrica, fortemente arqueada. com 2-2-2-2-2 es- 
pinhos ventrais, os três primeiros pares longuissimos. Metatarso curvo, com 
2-2-2 potentes espinhos ventrais e 1-1-1 prolaterais. Tarso com unha den- 
teada e fascículo subunguenal. Perna II: fêmur com 1-1-1 pequenos espinhos 
dorsais. Tibia fortemente arqueada com 2-2-2-2 espinhos ventrais, os três 
primeiros pares longuissimos. Metatarso curvo, com 2-2-2 potentes espi- 
nhos ventrais, e 1-1-1 prolaterais. Tarso como em I. Pernas IIleIV: muitos 
menores do que Ie II. Tibia, metatarso e tarso de todas as pernas com uma 
fila longitudinal dorsal de tricobótrias. Pernas I e II castanho escuras, os 
tarsos fulvo claros. Pernas IIle IV amaralo claras. 


FEMUR | PATELA | TÍBIA | MATATARSO 
E E 


0,350 2,424 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


132 LISE, A. A. 


P alp o: Tibia com uma curta apófise retrolateral apical e várias 
microcerdas e tricobótrias dorsal, prolateral e retrolateralmente dispos- 
tas. Cymbium cerdoso com algumas macrocerdas prolaterais. Tegulum 
arredondado. Embolus curvo retrolateralmente. 


COMENTÁRIOS FINAIS 


A coleta de Sidyma kolpogaster em várias localidades do Rio 
Grande do Sul, oportunizou-nos a descrição do macho até então desco- 
nhecido bem como a ilustração da genitália da fêmea. Com o registro das 
novas ocorrências fica ampliada a área de distribuição geográfica da es- 
pécie em questão. 


A variação intra-especifica do material examinado é muito pequena 
restringindo-se fundamentalmente, em ambos os sexos, a variações 
cromáticas. Assim sendo, o colorido do cefalotórax varia do fusco ao 
fusco de bordas e região posterior denegridas até o castanho muito es- 
curo, quase negro. O abdômen dorsalmente varia do amarelo claro som- 
breado de fusco até um castanho quase negro com manchas claras. As 
laterais são amarelo. claras. O ventre é amarelo claro com uma larga 
faixa mediana que vai do fusco muito escuro até o negro.Os fêmures, 
patelas, tibias e metatarsos das pernas I e II variam do fusco escuro 
manchados e ou sombreados de castanho ou de negro até o castanho 
muito escuro uniforme, quase negro. Os tarsos são geralmente amare- 
lados. As pernas III e IV são amarelo claras. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
LISE, A.A. 1973. Contribuição ao conhecimento do gênero Sidyma no Brasil, com des- 


crição de uma nova espécie (Araneae-Thomisidae). Iheringia. Sér. Zool., Porto 
Alegre (43):3-47, nov. 53 fig. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais VI... 133 


Fig. 1: Sidyma kolpogaster MCN 8269. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


134 LISE, A. A. 


Fig. 2-9: Sidyma kolpogaster MCN 8269. 2. vista ventral; 3. vista lateral; 4. fronte e 
queliceras; 5-9. palpc esquerdo. 5. vista dorsal; 6. vista ventral; 7. vista prolateral; 8. vista 
retrolateral; 9. vista retrolateral expandido. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


Tomisideos neotropicais VI 135 


Fig. 10-12: Sidyma kolpogaster MCN 4995. 10. epigino; 11. genitälia, vista dorsal; 12. 
genitälia de perfil, vista antero-posterior. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (57):129-135, 9 fev. 1981 


IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências 
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA, 
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O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuido a Instituições 
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um só lado da folha. 


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traço ondulado. 


7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtitulos bem como as palavras latinas 
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto. 


8. Os nomes de autores citados no trabalho, inclusive os constantes das referências bibliográficas 
(bibliografia consultada) devem ser escritos com letras MAIUSCULAS 


9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro 
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o 
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos: 


a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do 
trabalho, titulo do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de 
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e 
sublinhado), número ou fascículo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e 
final. 


10. 


ot 


12. 


13. 


14. 
15. 


Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en 
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2 est. 


b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, título do 
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arabico, seguido de ponto e da 
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de 
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado 
(precedidos de p. e v. respectivamente). 


Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet. 
335p. Ea 


Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al- 
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua 
apresentação, respeitando quanto possível as indicações do autor. 


Todas as tabelas e figuras devem ter titulo claro, conciso e, se necessário, com explicações breves 
que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este título, bem como as legendas, se 
houver, devem vir em folhas a parte. 


Os desenhos gráficos e mapas devem se feitos a nanquim preto, preferencialmente em papel 
vegetal e as fotografias nos tamanhos que permitam a redução para o máximo de 17cmxllcm. As 
ilustrações a cores devem ser combinadas previamente e seu custo fica a cargo do autor. 


Os artigos, sempre que possível, devem compreender os seguintes tópicos: Título; Nome do autor 
(es); Referências do artigo (data de aceitação para publicação, etc) e do autor (local de trabalho e 
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são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia Consultada ou Referências Bibliográficas. 


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Prof. Dr. Amo Antonio Lise 
EDITOR 


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Brasil Moema Leitão de Araujo 


Vera Lúcia L.Pitoni 


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(Address for exchange) 


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Biblioteca 
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90.000 Porto Alegre, RS 
Brasil 


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Concluiu-se esta edição 
em fevereiro de 1981 


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Iheringia 
serie Zoologia 


BL ISSN 0073-4721 


SILVEIRA, C.F.B. da & MENEGHETI, J. O. Estudo sobre a 
relação peso e sexo em Notura maculosa (TEMMIMCK, 


1815) (Aves, Tinamiformes, Tinamidae) .................. p.7 
MENEGHETI, J. O. et alii Coments about the relationship 
between hunting effort and hunting yielding in birds....... p. 17 


MENEGHETI, J. O. et ali Spacial and temporal variations of 
density of Notura maculosa (TEMMINCK, 1815) from hun- 
ting data 1977, in the Rio Grande do Sul State, Brazil ..... p. 23 
BRETSCHNEIDER, D. da S. Nota sobre a alimentação do 
marrecão, Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) em Santa 
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil (Aves An- 
RR RO = pane manso ana en rsss cio p. 31 
MELLO, H.F. & MENEGHETI, J.O. Considerações sobre o 
uso do solo e sua influência sobre o ecossistema campo, em 
Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil ..................... p. 41 
SILVA, F. & SANDER, M. Estudo sobre a alimentação da per- 
diz Notura maculosa (TEMMINCK, 1815) no Rio Grande 
do Sul, Brasil (Aves, Tinamiformes, Tinamidae)........... p. 65 


SILVA, F. Contribuição ao conhecimento da biologia do papagaio 
charão, Amazona pretrei (TEMMINCK, 1830) (Aves, 
DR St eb ASA a p. 79 


Museu de Ciências Naturais da 
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Publicado com auxílio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) “Projeto Pró-fauna, 
1980", 


FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL 


Entidade de direito privado, instituída pela Lei Estadual nº 6497 de 20/12/72. 
ROBOT (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura). 


Governador do Estado 
JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA 


Secretário de Estado da agricultura 
BALTHAZAR DE BEM E CANTO 


Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
JOSE WILLIBALDO THOME 


Diretoria da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Diretor-Superintendente N 
JOAO PEDRO RANQUETAT PAPALEO 


Diretores-Executivos 


do Jardim Botânica — MARTA ELENA FABIÄN 
do Museu de Ciências Naturais — HERACLIDES SANTA HELENA 
do Parque Zoológico — HELIO FERNANDO SARAIVA 


Impresso com autorização e sob a responsabilidade do 
Diretor Superintendente da FZB (alínea d), 
art. 14, dos Estatutos — Decreto RS 


nº 22.683/73). 


SMITHSONIM 


NOV 3 1981 
LIBRARIES 


APRESENTAÇÃO 


Este é um número especial de Iheringia, Série Zoologia, consti- 
tuído por sete artigos científicos, cujos autores trabalharam com avifauna 
cinegetica no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do 
Rio Grande do Sul. 


Sua publicação, bem como o suporte para os estudos realizados, 
devem-se ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, órgão 
responsável pelo manejo da fauna silvrestre no Brasil. 


Nesta Iheringia, homenageia-se a Henrique Luiz Roessler que foi o 
primeiro conservacionista no Estado a preocupar-se ativamente com o 
tipo de manejo que sofriam as espécies cujo abate era permitido na 
atividade de caça. 


Os autores agradecem à Fundação Zoobotânica e ao IBDF pelo. 
apoio oferecido, e ao médico cirurgião Carlos Henrique Menke pelo ar- 
tigo ao homenageado deste número. 


ROESSLER — O PROFETA DA ECOLOGIA 


“JURO SOLENEMENTE”, como filho do Brasil, orgulhoso de 
suas belezas naturais, zelar pelas suas florestas, sítios e campos, 
protegendo-os contra fogo e devastação, fomentar o reflorestamen- 
to, conservar a fertilidade do solo, a pureza das águas e perenidade 
das fontes e impedir o extermínio dos animas.” 


H.L. Roessler, União Protetora da Natureza, 1955. 


Henrique Luiz Roessler foi, sem dúvida nenhuma, o pioneiro do movimento conser- 
vacionista e um dos mais apaixonados defensores dos nossos recursos naturais. Se levar- 
mos em conta que ele atuou numa época em que não havia nenhuma conscientização 
ecológica, em que a mentalidade corrente era de exploração desenfreada da Natureza — 
cresce mais ainda a importância dessa admirável figura. Outro aspecto singular da per- 
sonalidade de Roessler é que, além do teórico de gabinete, do escritor de artigos edu- 
cativos, ele exercia uma intensa atividade prática, fiscalizando o cumprimento das leis 
vigentes. : 


Roessler nasceu na cidade de São Leopoldo em 16 de novembro de 1896. Sua profis- 
são era contabilista, mas a sua paixão era a Natureza e, desde cedo, iniciou a sua cruzada 
de idealismo. Ja em julho de 1942 ele aparece na revista Caça e pesca, editada em São 
Paulo. 


Em julho de 1942, o editor paulista referia-se assim a Roessler: “O Sr. Roessler, pela 
documentação que nos remetem, revelou-se aos nossos olhos uma pessoa pouco comum nos 
dias que correm. Imagine-se que às suas expensas, imprime ele cartazes, folhetins, oficios- 
circulares contendo instruções para a vigilância de nossa riqueza florestal. Além disso, de 
quando em quando, ocupa as colunas dos jornais de larga difusão sobre propaganda educativa 
arespeito.” 


Em 4 de outubro de 1944, foi nomeado Delegado Florestal em São Leopoldo, função 
que desempenhou gratuitamente até 1955, quando foi exonerado em virtude do Estatuto 
dos Funcionários Públicos proibir a prestação de serviços não remunerados. Vendo-se 
privado dessa forma de atuação, imediatamente fundou a União Protetora da Natureza 
(1955), com sede em-São Leopoldo, entidade que passou a reforçar campanhas educativas 
nas escolas, na imprensa e junto às prefeituras e autoridades encarregadas da proteção do 
nosso patrimônio natural. Roessler que escrevia artigos esparsos para os jornais, passou, 
a partir de 1957, a colaborar semanalmente para o Suplemento Rural de um jornal local, 
tendo publicado, até 1963, nada menos de 301 crônicas. Foi um período fecundo em que 
abordou toda a temática ambiental com clarividência, dissertando sobre a poluição dos 
nos, o problema das concentrações urbanas (''monstrópolis”, como ele as chamava), a 
derrubada das matas, a matança dos peixes nas granjas de arroz, a caça clandestina e até 
dos venenos nas lavouras — assuntos que explodiriam vinte anos depois com o despertar 
ecológico. Não esmoreceu nunca nessa pregação até sua morte em 14 de novembro de 
1963, seis dias após a publicação de sua última crônica. 


Gozava a fama, entre os caçadores, de ser mais rigoroso “duro” dos fiscais, o que, 
na realidade, ele era: implacável, inflexível, incorruptivel, zeloso no seu afã de cumprir a 
la. 

Se Roessler tinha essa imagem para os matadores, para os verdadeiros caçadores ele 
era uma pessoa compreendida e admirada. Ele próprio aceitava a caça legal, escrevia 
sobre ela em seus artigos, dando conselhos sobre ética esportiva, segurança com armas de 
fogo e até como cuidar do perdigueiro. Colaborava na publicação das Portarias Regionais da 
Caça e para elas criou um “slogan” que até hoje é impresso nos folhetos distribuídos aos ca- 
cadores pelos clubes e lojas especializadas: “PASSARINHO NÃO É CAÇA.” 


Para que o Brasil Não se torne um Deserto — Em dezembro de 1957, Roessler foi . 
entrevistado por um reporter que lhe perguntou: “Qual o trabalho da União Protetora da 
Natureza para que o Brasil não se torne um deserto?” A resposta dada por esse profeta 
da ecologia foi antológica, atualissima, inquietante: Somos ainda modesta associação, 
fundada há dois anos e tudo quanto temos feito é o resultado da boa vontade e do idealis- 
mo de um grupo de cidadãos. Mas não desanimamos. Pretendemos disseminar pelo Es- 
tado o maior número possível de núcleos de associação, procurando entrar em todas as 
camadas, a começar pelas escolas — pois na juventude devemos incutir o amor à natu- 
reza, para preservar as riquezas da Pátria da sanha destruidora dos egoistas, desumanos 
e mesmo criminosos. Nossos sócios nos auxiliam bastante através de informações e de- 
núncias que trazem, não só quanto à caça e à pesca, como na defesa do patrimônio flores- 
tal. Não quero deixar de mencionar aqui a apreciável contribuição para esta campanha 
dos Clubes de Caça e Pesca que vem sendo criados neste Estado e que já são em número 
de 25. Não basta o interesse do Poder Público, a legislação em vigor. O problema das 
nossas riquezas está entregue ao povo: este é que, antes da iniciativa do Estado, deve 
compreender os perigos existentes, organizar-se através de associações, de clubes e por 
todos os meios proteger o patrimônio imenso que herdamos dos nossos antepassados — e 
sobre o qual paira a ameaça de uma destruição implacável. No dia em que forjarmos essa 


mentalidade em todos os brasileiros, teremos evitado que o Brasil se torne um deserto e. 
assegurado às gerações futuras o aproveitamento de nossas riquezas, a beleza de nossas 

paisagens, a graça e a vida plena de nossos pássaros, das aves de todas as espécies, dos 

animais, enfim, que devem saltar e povoar livremente os nossos bosques, lagos e rios.” 


“ISTO FOI O COMEÇO” 
CARLOS HENRIQUE MENKE 


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Estudo sobre a relação peso e sexo em Nothura maculosa (TEM- 
MINCK, 1815) (Aves, Tinamiformes, Tinamidae).* 


Cynthia Fleming Batalha da Silveira** 
João Oldair Menegheti*** 


RESUMO 


Pesaram-se 142 exemplares mortos de Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) 
separados por sexo. Estudou-se a distribuição de fregü@ncia de peso de machos e fêmeas 
comparando as médias. 


ABSTRACT 


One hundred forty two dead individuals of Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) 
were weighted and separated by sex. The frequence distributions of weights of males and 
females were determined and their means compared. 


INTRODUÇÃO 


As diferenças de peso entre macho e fêmea de Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) foram examinadas de forma bastante precária por 
BUMP & BUMP (1969), pois trabalharam com um número muito pe- 
queno de dados; apenas oito fêmeas e um macho. Além disso sabe-se, 
por vários autores, que o peso varia, segundo fatores que adiante serão 
discutidos, e que necessita informações suplementares como: a hora do 
dia em que se deu o abate e a época do ano, entre outras. Antes disso, 
FIORA (1933) apresenta um trabalho com peso máximo, peso mínimo e 
peso médio de doze exemplares de Nothura maculosa mas, como o 
próprio autor afirma, seu trabalho é uma simples tentativa porque, além 
do reduzido número de dados, estes não estão separados por sexo. 


A variação de peso das aves e sua relação com fatores fisiológicos e 
ambientais, tem sido objeto de estudo de vários autores. 


* Aceito para publicação em 11/VIII/1980 Contribuição FZB nº 183 Parte da dissertação de 
Bacharelado em Ciências Biológicas — Enfase em Ecologia, apresentada em novembro de 1979 na 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 


** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq. Proc. 1111. 
3576/78) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN- 
FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


*** Técnico Superior Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio 
Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981 


8 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


Um dos fatores que explica a variação de peso nas aves é 0 sexo. 
Vários autores constataram que há diferença significativa entre peso de 
macho e peso de fêmea em algumas espécies de aves. Em outras espécies 
os pesos são iguais. BALDWIN & KENDEIGH (1938) constataram em 
onze espécies que o macho era mais pesado do que a fêmea, em quatro 
outras a fêmea era mais pesada que o macho. Entretanto os mesmos 
autores em outras nove espécies não constataram diferença significativa 
entre peso de macho e de fêmea; HELMS et alii (1967), com Junco 
hyemalis (LINNE, 1758), verificaram que o macho era mais pesado do 
que a fêmea durante o inverno; ROSEBERRY & KLIMSTRA (1971) en- 
contraram diferença significativa entre peso de macho e fêmea de Co- 
linus virginianus (LINNE, 1758), verificaram que ora o macho era mais 
pesado e ora a fêmea, dependendo da época do ano. 


Nothura maculosa é uma espécie que não apresenta dimorfismo 
sexual conspicuo. A identificação do sexo pode ser feita pelo exame da 
cloaca no periodo de reprodução em que o pênis apresenta-se desenvol- 
vido. Fora dessa época não é fácil a identificação com o animal vivo. 
BUMP & BUMP (1969) referem-se ainda a outro critério, que seria a cor 
dos olhos, mas este sofre restrições, já que só é válido em indivíduos 
adultos, e como a identificação da idade do animal é difícil, esse critério 
só pode ser usado em determinadas circunstâncias. A identificação do 
sexo no animal morto é feita através do exame das gônadas. 


Este trabslho pretende contribuir com um critério a mais para a 
identificação do sexo em Nothura maculosa. A partir da distribuição de 
frequências de peso das fêmeas e da distribuição de frequências de pesos 
dos machos, é possível tomar-se uma decisão sobre o sexo do indivíduo 
com probabilidades conhecidas de acerto. E evidente que se trata de um 
critério suplementar uma vez que o problema da variabilidade pode in- 
troduzir dificuldades nessa decisão. 


MATERIAL E MÉTODOS 


A coleta de dados foi realizada junto às barreiras de fiscalização de caça do Insti- 
tuto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e Brigada Militar. 


Os exemplares foram pesados individualmente e feita a identificação do sexo através 
e Utilizou-se, para pesagem, uma balança Marte Modelo 1001, com precisão 
e 0,005g. 


Além dos dados de peso e sexo, obteve-se informação do local de caçada. Os ca- 
çadores indicaram o local num mapa do Rio Grande do Sul, 1974, com escala 1:750.000, 
subdividido em quadrículas que foram numeradas conforme a figura 1. As quadriculas 
foram traçadas tomando por base as coordenadas geográficas com intervalos de 30'. Uma 
mesma quadrícula pode ter áreas de mais de um município, quando incluir regiões limites. 
Como há zoneamento de caça, uma quadricula que inclua mais de um município, com 
apenas um deles liberado para a caça, não pode ser considerada em sua área total. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a relação peso e sexo em... 9 


Foram utilizados 142 exemplares de Nothura maculosa, sendo 132 obtidos em di- 
ferentes municípios do Rio Grande do Sul e 10 no Uruguai. Do total de indivíduos 78 
eram fêmeas e 64 machos. A tabela 1 mostra a origem dos exemplares abatidos no Rio 
Grande do Sul. Para os dez exemplares caçados no Uruguai não se especificou as regiões 
daquele País onde se deu o abate. 


Os dados foram obtidos nos dias 1º e 2, 29 e 30 de julho de 1979. Nos dois pri- 
meiros dias citados, a barreira de fiscalização foi localizada no Posto de Polícia Rodo- 
viária, no quilômetro 118 da BR-290 e nos dois últimos no quilômetro 100 da mesma 
rodovia, ambas no Município de Rio Pardo. 


Os valores de peso verificados para machos e fêmeas de Nothura maculosa neste 
trabalho são subestimativas, já que os animais coletados tem perfurações provocadas no 
abate, havendo perdas de líquidos do corpo. 


A pesagem foi feita sempre aos domingos havendo, no mínimo, uma diferença de 12 
horas entre os primeiros e os últimos abates. 


Inicialmente foi verificado se a distribuição de fregiência do peso das fêmeas seguia 
uma função Normal, fazendo-se o mesmo para os machos. Para isto utilizou-se o teste de 
aderência de KOLMOGOROV-SMIRNOV (apud SIEGEL, 1975). 


Dada a precisão da balança, não se obteve número suficiente da dados repetidos que 
permitisse evidenciar tendência quanto a melhor função ajustante. Devido a isto, foi 
necessário usar intervalo de classe e este foi calculado aproximadamente a partir da 
equação de STURGES (apud WAUGH sd ). 


Posteriormente foi testado se havia diferença significativa entre peso médio dos 
machos e peso médio das fêmeas, aplicando-se o teste bicaudal de STUDENT, segundo 
BROWNLEE (1965), para um nível de significância de 0,05, para amostras independentes 
de duas populações normais com número de fêmeas diferente na amostra do que o número 
de machos, com variâncias iguais. 


Para verificar-se as variâncias eram iguais ou diferentes, usou-se o teste F(apud 
SNEDECOR & COCHRAN, 1967). 


RESULTADOS 


O peso médio estimado dos machos de Nothura maculosa foi igual 
a 257,85g e o peso médio estimado das fêmeas foi de 276,32g. 


O desvio padrão estimado de machos foi igual a 16,56g e o desvio 
padrão estimado de fêmeas foi igual a 23,61g. 


Confia-se em 95% que o peso médio da população de machos de 
Nothura maculosa, que tiverem o mesmo tipo de procedimento de coleta 
adotado neste trabalho, esteja situado no intervalo entre 254,39g e 
261,31g e, para fêmeas, entre 271,86g e 280,72g. 


As figuras 2 e 3 indicam que a melhor função ajustante seria uma 


Normal. o teste de KOLMOGORON-SMIRNOV confirmou esta hipótese, 
pois obteve-se um . para fêmeas de 1,04 e para machos de 1,18, inferiores, 
portanto, ao de tabela para um nível de significância de 0,05 e para uma 
amostra maior do que 40. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981 


10 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


Para discriminar-se a equação de STUDENT, que permite fazer o 
teste de significância de pesos médios de machos e pesos médios de 
fêmeas, comparou-se as variâncias estimadas obtidas em machos e em 


fêmeas. O F. obtido foi de 2,03 que comparado com F$3 para um 
nível de significância de 0,05 leva à aceitação da hipótese denulidade. 


O tc foi de 5,25, que comparado com o t de tabela para um nível 
de significância de 0,05 e 140 GL faz com que se rejeite a hipótese de 
nulidade. 


Os intervalos de classe utilizados e suas respectivas frequências 
absolutas encontram-se nas Tabelas 2 e 3. 


DISCUSSÃO 


No periodo em que foi realizada a coleta de dados, verificou-se que 
o peso médio da fêmea de Nothura maculosa era significativamente 
maior do que o peso médio do macho. Ainda não se possui critério que per- 
mita a diferenciação rápida entre subadulto e adulto dessa espécie. As- 
sim quando se fez a pesagem, considerou-se adultos e subadultos em 
conjunto. 


Ora BUMP & BUMP (op cit.) constataram que em 2 meses e meio 
um macho apresentava o pênis em condições de reprodução; em HARDY 
(apud BUMP & BUMP, op. cit) relatou que as fêmeas iniciavam a pos- 
tura com menos de 2 meses de idade. Os animais nascidos no início de 
março já estariam com mais de 2 meses na abertura da temporada de 
caça em 15 de maio, quando se iniciou a amostragem. Os individuos 
nascidos em março já seriam considerados como resultantes de re- 
produção tardia. Já antes deste mês, não se sabe exatamente quando 
houve o pico de reprodução. Isto é, os individuos gerados em março e 
em abril são poucos relativamente aos gerados no pico de reprodução. 


As distribuições de frequências de peso de machos e fêmeas geram 
cada uma, uma função Normal e estas são diferentes entre si. Esta 
característica pode ser usada para a identificação do sexo, quando não 
houver possibilidade do exame da cloaca e desejar-se manter o animal 
vivo. 


Pelo número de individuos machos e fêmeas estudados, supõe-se 
que haja uma proporcionalidade entre peso médio e variabilidade dos in- 
dividuos mortos como os aqui considerados, com o peso médio e a 
variabilidade dos individuos pesados vivos. Portanto não se deve usar os 
pesos obtidos neste trabalho em termos absolutos e sim seu significado 
em termos proporcionais. Por exemplo: verificou-se que a propabilidade 
de se encontrar machos, abatidos da mesma forma citada neste trabalho, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a relação peso e sexo em... il 


maiores do que 296,43g é de 0,01, ao passo que a probabilidade de se 
obter fêmeas maiores do que este peso é de 0,3023. Assim, ao se tra- 
balhar com peso de individuos vivos, espera-se que as mesmas propor- 
ções, ou próximas, sejam válidas. 


A combinação das probabilidades de ocorrências de pesos maiores 
do que um determinado peso pode ser feita, neste caso, simplesmente 
somando-as, sem que haja necessidade de ponderá-las porque os resul- 
tados obtidos com proporção de sexos para: Nothura maculosa, durante 
a mesma época deste estudo é de 1:1. Assim, por exemplo, tomando-se 
296,43g, a proporção de ocorrência de machos com pesos maiores do que 
este seria de 1:31,23, enquanto que para fêmeas a proporção seria de 
30,23:31,23. 


A dificuldade de se avaliar a idade do animal, impossibilitando 
diferenciar entre os individuos, os jovens impediu que se utilizasse as 
caudas inferiores das funcöes Normais. 


Ha restrições a serem feitas na obtenção dos pesos médios de 
machos e fêmeas de Nothura maculosa, neste trabalho. KONTOGIAN- 
NIS (1967), com Zonotrichia albicollis (GMELIN, 1789) constatou 
variação de peso no decorrer do dia, encontrando uma máxima taxa de 
aumento durante as primeiras 2h30min de luz, no período em que o 
animal se alimenta. O peso das aves aumentava nas primeiras 16h do 
dia e depois decrescia. LACK & LACK (1951) verificaram em Apus apus 
(LINNE, 1758) variações de peso no decorrer do dia. BALDWIN & 
KENDEIGH (1938) constataram um ritmo diário de peso nas aves que 
investigaram, com grandes pesos sendo observados no fim da tarde ou 
início da noite e baixos pesos no início da manhã. Períodos de mais 
rápido aumento de peso correspondiam a periodos de maior atividade 
alimentar. Considerando-se que, Nothura maculosa possa sofrer as mes- 
mas variações e que os dados obtidos não correspondem ao mesmo 
periodo do dia, o fator variação diária de peso pode estar influindo nos 
resultados. 


BALDWIN & KENDEICH (1938) verificaram um ritmo anual no peso 
das aves observadas: em 85 espécies constataram que os maiores pesos 
eram observados na metade do inverno e os menores na metade do 
verão. Considerando-se que Nothura maculosa igualmente sofre esta 
variação, € importante salientar que os resultados obtidos somente são 
válidos para a época em que foram efetuadas as coletas. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981 


SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


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AGRADECIMENTOS 


Aos professores Sidia Maria Callegari Jacques e Edgar Mário Wagner pelas críticas. 


Aos colegas, Dione Bretschneider, Maria Inês Burger Marques, Martin Sander, 
João Fabrício Filho e Flávio Silva, pela colaboração na coleta de dados. 


À Direção do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande 
do Sul, por ter colocado à disposição todo seu equipamento e dependências; ao Instituto 
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal pelo financiamento das saídas a campo. 


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
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Estudo sobre a relação peso e sexo em... 13 


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WAUGH, A.E. Elementos de estatística. Porto Alegre, Globo ( s.d. ) 489., il. 


- Es e: IGabriet: N 
: Adern: 3 


Fig. 1 _ FE pivisso do Estado em Quadriculas. Municipios do Estado do Rio 
Grande do Sul liberados para a caça de Nothura maculosa em 1979. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981 


14 


20 


q 


(0) 


212,32 
228,32 
244,32 
260,32 
276,32 
252,32 
308,32 
324,32 
340,32 


Fig. 2 — Distribuição de fregiências absolutas (f) de peso de fêm 
maculosa. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981 


SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


peso(g) 


eas de Nothura 


Estudo sobre a relação peso e sexo em... 15 


20 


peso(g) 


223,35 
234,85 
246,35 
257,85 
269,35 
280,85 
292,35 
303,85 


Fig. 3 — Distribuição de frequências absolutas (f) de peso de machos de Nothura 
maculosa. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (513):7-16, 27 fev. 1981 


16 SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


Tabela 1. — Origem dos individuos de Nothura maculosa amostrados. 


Nº da Quadricula N° de individuos obtidos 


Tabela 2. — Distribuição da freqiiência de pesos entre machos de No- 
thura maculosa em intervalos de classe. 


CLASSE FREQUÊNCIA ABSOLUTA 
211,85 223,35 2 
223,35 234,85 4 
294,85 246,95 9 
246,85 o 257,85 19 
257,85 f 269,35 15 
29,35 + _ 280,85 8 
280/85, 27 7232,35 6 
292,35 , | 303,85 1 
Tabela 3. — Distribuição de frequências de peso entre fêmeas de No- 
thura maculosa em intervalos de classe. 
CLASSE FREQUÊNCIA ABSOLUTA | 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981 


Comments about the relationship between hunting effort and hun- 
ting yielding in birds* 


João Oldair Meneguetti** 
Marisa Ibarra Vieira** 
Flávio Silva ** 


ABSTRACT 


We tried to evaluate the stress upon the birds submitted to hunting pressure. For 
this, it is used an indirect indicator, that is, the relationship between hunting yielding and 
hunting effort. This procedure give indications quickly about the estate of the natural 
resources and a picture of the birds in a big area. 


RESUMO 


Pretende-se avaliar a resposta da espécie de ave submetida à pressão de caça 
através de um indicador indireto, resultado da relação entre rendimento de caça e esforço 
de caça. Tem a vantagem de fornecer rápidas informações quando se fazem necessárias 
decisões urgentes e quando se necessita de um quadro sinótico das aves consideradas 
numa área grande. 


INTRODUCTION 


Despite of its value, the observations got by hunters often are full 
of subjectivity that difficults the comparison among them. Thus, these 
informations could not be used by managers of the natural resources. 
They need other kind of information as the variation of population 
density in a given space and its turn over rate. The approach of this 
paper makes possible to obtain the variation of relative density from 
this kind of data. It is necessary to discipline the informations 
mentioned above by using a formulary. This approach allows: 


1. To indicate research lines about the subject game and species of 
cynegetic birds, including priorities. 


2. To obtain working hypothesis to be tested afterwards with more 
investigation. 


* | Accepted for publication in 21/VIII/1980. Contribution FZBnº 184. 


** Researchers of Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):17-21,27 fev. 1981 


18 MENEGHETI, J. O. et alii 


3. To give pragmatic informations to managers of natural 
resources, diagnosing the estate of animal population, and its response 
when submitted to hunting pressure, through the densities variation. 


This study was possible due to Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul and Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal 
(IBDF). 


DESCRIPTION OF THE RELATIONSHIP BETWEEN 
HUNTING YIELDING AND HUNTING EFFORT 


The basic idea consists in the evaluation of relative density and its 
variation in space and time comparing it to hunting effort. 


Yield by unity of hunting effort (Y) is the number of captured 
individuals of a species by a known number of hunters by a known 
number of hours expended to do it. 


The data are gathered in hunting inspection barriers on the roads. 


The hunters give informations according to formulary, that shall 
be adapted to regional characteristics. 


With the aim of giving more accuracy to the item nn 
locality, the map of the region must be divided into squares over the 
hunting permitted regions. 


Hunting effort (E) is the actual time of incident hunting over one 
species in a given area during a given time interval. This is very 
important when there is quota that can be attained. Hunters attain this 
quota in different times as a function of the local density of animals and 
of the capture efficiency. 


Capture efficiency is the number of captured animals by the 
number of shots necessary to do it. Thus we use hunting yield instead 
of using absolute number of captured animals. 


As the hunters generally work in group, to estimate the hunting 
yield, the formularies of solitary hunters mustn’t be computed. 


If the hunters kill individuals of more than one species, it is 
difficult to know the time expended in capturing each one; so, these 
formularies are not computed. 


After the analysis of behaviour of hunting yielding and hunting 
effort, it is necessary to relate them, one against the other. The former 
as dependent and the last as independent variables. Primarily we plot in 
a graphic the points generated by data of two variables in the beginning 
and in the end of hunting season. It is advisable to do SESSEWAllES 
between these dates to confirm the tendencies. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981 


Comments about the relationship... 19 


If the maxima quotas (Q) permitted of individuals captured were 
reached by all the hunters, the fitness function will be a power function 
R= Q.E-1 (Fig. 1). If the proportion of hunters that not attain the 
quota is large, it could happen that the best function to describe the 
ralationship between Y and E is parabola or exponencial or even a 
straight line. If the incidence of hunters with low capture efficiency is 
large, there will be the next consequences: 1. The low yielding do not 
represent low density of animals, but it is consequence of low efficiency 
of capture; 2. A straight line is generated and may be parallel to the 
ordinate axis or to the abcis axis, thus proposing that there is nox a 
relationship between yielding and hunting effort. 


Smaller the number of individuals captured in relation to the 
quota, larger will be the dispersion of points, and in consequence, larger 
the deviation related to the mathematical functions that shall be 
actually got. Therefore it could be used hunting yielding to express 
relative density of cynegetic species since fulfilled some requirements: 


1. The efficiency of the hunters shall have low variation in such & 
way that the standard deviation is so near as possible of the average 
efficiency. The species that presented larger probability of escape to the 
trial of capture are those that generally origin unlike efficiencies of 
capture. Also the kind of hunting that present more complicated 
procedures, introduce other factors that contribute for larger variation of 
efficiencies. Thus an average efficiency with lower standard deviation 
would represent much better the relative density under game pressure. 


2. It must have a maximum quota of capture. The efficiency of 
capture over one species must be of such way that the hunters could 
attain the quota in the normal time interval of hunting, that is, for 
instance, a week-end. 


A species that due to its characteristics as its distribution, its 
ability to escape, running or hiding, does not permit that in the time 
interval the hunters do not reach frequently the quota, introduce bias 
that mask the actual tendence of a population, especially when if 
considering the hunting yielding got against time. 

To evaluate the answer of the population it is necessary to 
compare two functions, or one power function with an other function. 
Characteristics as the slope of the curve, or the points where it touches 
the ordinate axis and abcis axis, propose differences on behaviour of 
functions. 

3. One factor to introduce error in the relationship between 
hunting yield and hunting effort is the recruitment of new individuals 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981 


20 MENEGHETI, J. O. et alii 


during the hunting season. In this case, recruitment would be the 
availability of individuals of a new generation be captured by shots. It 
means the time interval in wich a new generation begins to fly. 
Therefore, it is basic that the maximum limit of the annual reproduction 
of the species is known, moreover, how much time in average the 
individual delays to fly. If the recruitment is before or after the hunting 
season, there is no problem. It arises, when the same occurs during the 
season, when a given tendence is broken off without a logic explanation. 
There will be clearly a deviation since the population in the beginning of 
season will be added of a new generation. 


Advantages of the method: 


1. It gives general informations in a short time to furnish subsidies 
to the rational management of the natural resources. 


2. It makes possible to get a synoptic picture of the game birds in 
the big area by multiplied activity of hunters. 

Disadvantages of the method: 

1. In general there is no repetition enough of samples in the big 
area what difficults a more accurate evaluation. 


2. The method do not inform about the mechanisms involved in 
the dynamics of the studied phenomena but often permits to obtain its 
diagnosis. 

3. It gives informations only about the stratum of individuals that 
fly. 

It needs to be accomplished with research at the field considering 
the other strata. 


ACKNOWLEDGEMENTS 


The authors are greateful to the Director of the Museu de Ciências Naturais da 
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul and Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal by the stimulus and support, and to Loretti Portofé Mello by the English re- 
vision. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):17-21, 27 fev. 1981 


Comments about the relationship... 21 


R 
3 
2 
| 
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 E 
Fig.1 


Fig. 1 — Theoretical fitness function for the relationship between hunting effort and 
hunting yielding (R=Q.E-1) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :17-21, 27 fev. 1981 


Ben te 


ARE 


Spacial and temporal variations of density of Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) from hunting data 1977, in the Rio Grande 
do Sul State, Brasil.* 


João Oldair Menegheti** 
Flávio Silva** 

Marisa Ibarra Vieira** 

Dione da Silva Bretschneider** 
Maria Inez Burger Marques** 


ABSTRACT 


The data were got in the barriers of hunting inspection. 


The hunting yielding up was used as the expression of density of Nothura maculosa 
TEMMINCK, 1815 that is, as the index cf relative abundance. 


It was verified a dangerous concentration of hunting effort in Cachoeira do Sul and 
Rio Pardo counties, in the Rio Grande do Sul State. 


It is compared the observations done in 1977 with the 1976 ones and there was a 
significant difference among the average hunting yield from one and other regions. 


RESUMO 


Os dados foram obtidos junto às barreiras de fiscalização de caça. Obteve-se um in- 
dice de abundância relativa a partir do rendimento de caça. 


Constatou-se concentração perigosa do esforço de caça em Nothura maculosa TEM- 
MINCK, 1815 nas quadriculas correspondentes aos municípios de Cachoeira do Sul e Rio 
Pardo, Rio Grande do Sul. 


Comparou-se as observações feitas em 1977 com as de 1976 e constatou-se uma 
diferença significativa entre os rendimentos médios de caça, obtidos nos municípios zo- 
neados, numeoutroano. 


INTRODUCTION 


In 1976 we started a study of cynegetic species of Rio Grande do 
Sul State, based on data gathered in hunting inspection barriers of 
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. From that a new 
work was scheduled for the 1977 hunting season. 


* Accepted for publication in 22 /VIII/1980. Contribution FZB Nº 186. 


** Researchers of the Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188. 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 1981 


24 MENEGHETI, J. O. et alii 
2, que sean e a ada o VENUCHEA IRRE 


The hunters referred in this work are those from Porto Alegre 
Metropolitan Region and from the Northeast region of the State and 
they practised this sport mainly in week-ends. The hunting season 
started on May, 15 and finished on July, 31, thus comprising 12 week- 
ends, 4 of which were selected at random for the study. The data 
series gathering took place in May, 29 and 30; June, 5 and 6; June, 26 
and 27; July, 31 and August, 1. 


Hunters from other regions of the State, likewise ilegal hunters 
were not computed. 


This work intends to evaluate the stress upon Nothura maculosa 
TEMMINCK, 1815 under hunting pressure, comparing the results got 
in 1977 with those from 1976. 


Nothura maculosa is the traditional grassland game bird in-the 
State; the regions where the hunting sport is allowed change from year 
to year, thus alternating its effect upon the bird population. 


This study was carried out in agreement with Instituto Brasileiro 
de Desenvolvimento Floresta and Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul. 


METHODS 


All specimens were identified, counted and weighted. Besides, data were provided 
by hunter according to formulary. The map of the State was divided into areas with 30 
nautical miles of side that received a number. 


The method is based on the relationship between Hunting Effort (E) and Hunting 
Yielding (Y). Y is the number of individuals dead by hunter in one hour of his activity. E 
expresses the number of hours of activity of each hunter. An average Y was obtained 
from a large number of hunters and express the relative density of Nothuramaculosa. 
The variation of relative density against Hunting Effort permits a diagnosis about the 
hunting pressure and its consequences over the population. 


RESULTS AND DISCUSSION 


The estimate number of Nothura maculosa individuals captured is 
about 39,600. The average estimate numbers of individuals dead by 
hunter in one hour is 2.5. The average activity time of each hunter by 
week-end was about 6hl8min. 


The Hunting Effort over Nothura maculosa tended to decrease 
from June, 15 on, when the interest of hunters turns to Netta peposaca 
VIEILLOT, 1816. The Effort varied from 2254 hours in June (5 and 6) to 
1501 hours and 30 minutes in June (26 and 27). The total Effort 
estimated over Nothura maculosa was about 20094 hours. . 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981 


Spacial and temporal variations of... 25 


The localities with larger hunting incidence during the four 
considered week-ends were Cachoeira do Sul and Rio Pardo (1596 hours) 
and Säo Gabriel (671 hours). They correspond to the areas number 53, 
54 and 50, respectively. (Fig. 1). 


Figure 2 shows the Y against E relationship in the 53th area. The 
best fitting curve was a power function and its residual variance was 
0.86. The power function is Y= 10.1267 E-0.9141, The coefiicient of 
determination was 0.4953, therefore corresponding to a coefficient of 
correlation of -0.7041. 


Figure 3 shows the Y against E relationship in the 54th area. The 
best fitting curve was a power function and its residual variance was 
1.07. The power function is Y=10.0199 E-1.0752, The coefficient of 
determination was 0.4732, therefore corresponding to a coefficient of. 
correlation of 0.6880. 


Every week-end, it is verified that the Yield decreases under 
accumulated Hunting Effort. That is, there is an actual reduction of the 
density of Nothura maculosa in the areas number 53 and 54 by week- 
end. Afterwards, it looks like that there is a regeneration of Nothura 
maculosa population during the further week. It is not known what 
happens in the area from Monday to Friday: it may be that the density 
reduction brings about a replacement of the empty habitats with 
individuals from adjacent areas. Thus, this replacement has a different 
nature of that of reproduction: it is not an adittion of individuals in the 
population, but a dispersion with corresponding decreasing in the 
clumping of Nothura maculosa. Therefore the individuals do not always 
live in the same place, but walk at random in an area limited by their 
own capacity of doing short dislocations in search of food and refuge. 
This dissimulates the detection of the consequences of hunting over the 
population, but fortunately not so much. So, when we verify a reduction 
of population density, the consequences are actually more drastic than 
they seem to be. 


Figures 2 and 3 show the distribution of points generated by the 
relationship Y against E in the areas number 53 and 54: considering the 
power function, the points are concentrated at intermediary values of 
the interval of Yield got in 1977. This suggests that presently the 
situation of Nothura maculosa population is neither of the higher nor of 
the lower densities. 


Comparison among results obtained in 1976 and 1977 seasons. 


The permitted localities in 1976 were more distant from Porto 
Alegre than those of 1977. In 1976, the Hunting Effort over distant 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 1981 


26 MENEGHETI, J. O. et alii 
areas was nearly 53.64%, while in 1977, it was 35.68%. Camaquã, the 
locality of the higher hunting concentration in 1976, suffered a Hunting 
Effort of 673 hours; the localities with higher hunting concentration in 
1977 were Rio Pardo and Cachoeira do Sul, with a Hunting Effort of 
1596 hours. These data mean that in 1977 the hunting concentration was 
higher over areas near Porto Alegre than over the distant ones. 


By comparing data of 1976 with those of 1977, we see that the 
cause of the different variation coefficients of Y against E (2% and 
40%) is an actual reduction of the relative density in 1977, due to 
phenomenon mentioned above. 


The factors responsible by this concentration in a small region are: 


1 — Rio Pardo and Cachoeira do Sul are traditional localities of 
Nothura maculosa game. 


2 — The increasing of hunting cost caused the search for nearest 
regions. 


3 — The alternative grassland cynegetic species in the State is 
Rhynchotus rufescens TEMMINCK, 1815; it is used to stimulate the 
hunters to travel to distant regions, but since 1976 it is under 
moratorium. 


Considering the average Yield attained by hunter in the beginning 
of the hunting season, it is clear that in 1976 it was lower that in 1977: 
1.6 and 2.5. individuals captured by hunter in one hour of activity, 
respectively. This difference is significant for a level of 0,05. The same 
happened by the end of the hunting season: 1.8 and 2.8 individuals 
captured in 1976 and 1977, respectively. Also here the difference is 
significant. 


Considering the total average Yield, it is seen that in 1976 it 
was significantly lower than in 1977, 1.8 and 2.5 individuals captured, 
respectively. The differences above suggest that probably the localities 
under Nothura maculosa hunting in 1976 (Carazinho, Passo Fundo, 
Soledade, Espumoso, General Câmara, Minas do Butiá, São Jerônimo, 
Dom Feliciano, Tapes, São Lourenço, Mostardas, Bagé. Lavras do Sul, 
Dom Pedrito, São Franscisco de Assis, Jaguari, Santiago, São Borja, 
Itaqui, Camaquã) have fewer individuals of the species than those of 
1977 (Jaguarão, Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pelotas, Caçapava do 
Sul, Cachoeira do Sul, Rio Pardo, São Gabriel, Rosário do Sul, Júlio de 
Castilhos, Tupanciretã, Cacequi e Tramandai). The hunting pressure 
doesn't explain these differences, since by 1976 season openning, the 
Hunting Effort computed was 1855 hours, similar to 1988 hours in 1977. 
But by the end of the season, the Hunting Effort was larger in 1977 
(1502 hours) than in 1976 (920 hours). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981 


Spacial and temporal variations of... 97 


In 1976, the best fitting curve describing the relationship between 
Yield and Hunting Effort was a straight line: Y=2.59-0.12 E. In 1977, 
as mentioned above, the best fitting curve was a power function. 


The straight line shows that there was a deviation of the function 
that describes the relationship between Y and E, that is, the power 
function. This is because a relatively large number of hunters did not 
attained the maximum quota, thus indicating low Capture Efficiency. 
This factor, plus the scattering of Hunting Effort over Nothura 
maculosa on the State, gave rise to protection mechanisms to the 
population. Therefore, apparently, it did not get so stressed as the one 
from a region under game pressure in 1977. The power function also 
means that in 1977 there was a greater selectivity among hunters than 
in 1976, a relatively large number of those reached the maximum quota, 
what suggests a good average Capture Efficiency by hunters. This 
factor, plus the concentration of Hunting Effort in a restricted area, 
brought problems to the Nothura maculosa population in 1977. 
Fortunately, Nothura maculosa density in the permitted region in 1977 
was higher than in the one of 1976. If this were in the opposite way, 
probably the consequences upon the population in 1977 would be the 
worst. 


ACKNOWLEDGEMENTS 
The thanks of the authors to the Director of the Museu de Ciências Naturais da Fun- 


dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul and to Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal by the stimulus and support, and to Loretti Portofé Mello by the English revision. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981 


Es 


Ic 


550 540 
Fi — The State of Rio Grande do Sul divided in squares. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :23-30, 27 fev. 19 


ve. DE 


gs 


I Mn 


Spacial and temporal variations of... 29 


Fig. 2 — The fitness function in the relationship between Yielding and Hunting 
Effort in the square 53. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981 


30 MENEGHETI, J. O. et alii 


4 8 12 16 2.07 24) 28 73292356 E 


Fig. 3 — The fitness function in the relationship between Aeldine and Hunting 
Effort in the square 54. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):23-30, 27 fev. 1981 


Nota sobre a alimentação do marrecão, Netta peposaca (VIEI- 
LIOT, 1816) em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do = 
Brasil (Aves, Anseriformes, Anatidae).* 


Dione da Silva Bretschneider** 


RESUMO 


Examinou-se o conteúdo do esôfago de 41 indivíduos de Netta peposaca (VIEIL- 
LOT, 1816) abatidos durante a temporada de caça de 1978, no município de Santa 
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil, identificando-se componentes de sua dieta. 


ABSTRACT 


Forty-one esophagus of Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) were analysed. The in- 
dividuals were dead during the 1978 hunting season. They come from Santa Vitória do 
Palmar, Rio Grande do Sul State, Brasil. The esophageal content was examined and food 
components were identified. 


INTRODUÇÃO 


O marrecão, Netta peposaca (VIEILLOT, 1816), tem sua área de 
distribuição no sul do Brasil (Estado do Rio Grande do Sul), Chile cen- 
tral, Paraguai, no norte e centro da Argentina (DELACOUR, 1959; DE 
SCHAUENSEE, 1966). 


É uma espécie migratória e ocorre em maior número no Estado do 
Rio Grande do Sul (RS), Brasil, principalmente nos meses de inverno, 
estando sua densidade aparentemente relacionada às variações ambien- 
tais decorrentes dos periodos de cheia ou seca, entre outros fatores. 


Por ser ave aquática, supõe-se que em seu deslocamento, acom- 
panhe as linhas d'água, o que, pelo menos no Rio Grande do Sul, propõe 
sua ocorrência também em áreas de cultivo de arroz, que é feito pre- 
dominantemente com arroz irrigado. 


* Aceito para publicação em 08/IX/1980. Contribuição FZB Nº 188. Realizado com auxilio do 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Proc. 1111.5091/77 e Ins- 
tituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). 


** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Proc. 
10.3403/78 no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do dis Grande do Sul (MC- 
N-FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


32 BRETSCHNEIDER, D. da S. 


O período de reprodução dessa espécie ocorre de outubro a dezem- 
bro (CASARES, 1940; WELLER, 1967; BARATTINI & ESCALANTE, 
1971), quando os marrecões começam a desaparecer do Rio Grande do 
Sul. Entretanto, grupos de indivíduos têm permanecido no Estado, sem 
acompanhar a emigração. 


Recebeu-se algumas informações de granjeiros e caçadores sobre a 
ocorrência de individuos dessa espécie no Estado durante todo o ano. 
Em maio de 1978 constatou-se, entre individuos abatidos por caçadores, 
exemplares jovens que não tinham ainda condição de vôo, o que indica 
sua permanência e reprodução no Estado. 


Na literatura constam poucas informações sobre hábitos alimen- 
tares dessa espécie e de forma precária. MARELLI (1919) observou o 
conteúdo de moela de uma fêmea de marrecäo, encontrando fragmentos: 
vegetais. ARAVENA (1927) analisou o conteúdo gástrico de um exemplar, 
encontrando sementes e areia. ZOTTA (1934) examinou o conteúdo gás- 
trico de dois individuos provenientes de Buenos Aires e Santiago del Es- 
tero, Argentina; no primeiro encontrou pequenos peixes muito digeridos, 
moluscos e grande quantidade de sementes com restos vegetais e areia 
fina, no segundo insetos (Hemiptera, Belostomatidae), pequenos peixes e 
grande quantidade de sementes e restos vegetais. 


No presente trabalho analisou-se o conteúdo do esôfago de 41 
marrecões abatidos durante a temporada de caça de 1978, no município 
de Santa Vitória do Palmar, RS. 


Características do Município 


O município de Santa Vitória do Palmar está localizado no extremo 
sul do Rio Grande do Sul e sua sede tem as seguintes coordenadas: 
33°31’14” de latitude S e 54°21’47” de longitude W. 


Faz limite ao norte com o município de Rio Grande; a leste com o 
Oceano Atlântico; ao sul com a República do Uruguai; e a oeste com a 
lagoa Mirim e com a República do Uruguai. 


Todo o seu território está distribuído sobre parte da planície cos- 
teira do Rio Grande do Sul; litologicamente é formado por arenitos 
quaternários, tanto do Pleistoceno como do Holoceno, apresentando no 
extremo leste lençóis de areia e campo de dunas. 


Ocorrem aí muitos banhados e numerosas lagoas, das quais des- 
tacam-se pelas suas dimensões, a lagoa Mangueira e a lagoa Mirim, esta 
última banha, praticamente, todo o oeste do município. Devido a sua 
configuração fisiogräfica, os rios com grande volume são inexistentes, 
sendo a drenagem realizada por pequenos arroios, dos quais o Chuí é o 
mais expressivo. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


Nota sobre a alimentação do... 33 


O clima da região, segundo a classificação de Koeppen, é do tipo 
Cfa, isto é, clima subtropical, úmido, sem estiagem. A temperatura do 
mês mais quente é superior a 22ºC e a do mês menos quente varia de 
3°C a 18ºC. 


A área do município é de 558.000 ha, não computadas as grandes 
lagoas como Mirim e Mangueira. 


Segundo dados da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, 
54% de sua área apresenta solo de Classe IVi, cujas principais carac- 
teristicas são: áreas planas ou quase planas, onde encontram-se solos 
rasos sobre subsolo de má permeabilidade, até solos profundos, sus- 
cetiveis ao alagamento e/ou presença de lençol freático excessivamente 
superficial; 9% correspondem a solo de classe V, de encharcamento per- 
manente ou frequente, e prolongadas inundações. 


Este municipio é atualmente o maior produtor de arroz do Estado. 


MATERIAL E MÉTODOS 


O material utilizado nesse trabalho foi retirado de animais abatidos por caçadores, 
junto a cinco barreiras de fiscalização de caça, realizadas pelo Instituto Brasileiro de 
Desenvolvimento Florestal (IBDF), no período de2 de julho a 17 de setembro de 1978. 


Os animais foram separados por sexo, etiquetados e retirados os esöfagos e moelas, 
que foram conservados em álcool 70%. Simultaneamente foram preenchidos questionários 
com informações prestadas pelos cinegetas, como o local de abate. 


Analisou-se 41 esöfagos, sendo 21 provenientes de machos e 20 de fêmeas. 


O conteúdo de cada esôfago foi separado, identificado e contado. Para identificação 
dos diversos tipos de alimento consultou-se pesquisadores e obras como PENNAK (1953), 
WARD & WHIPPLE (1959), entre outras. 


A identificação foi feita até o nível de espécie ou somente gênero, quando possível, 
mas em sua maioria utilizou-se taxa supra-genéricos. 


Calculou-se a percentagem de ocorrência dos diferentes tipos de alimento nos 41 
esöfagos e realizou-se medidas volumétricas de 33, utilizando-se deslecamento de álcool 
em provetas graduadas. Para o cálculo da percentagem de volume foi utilizado a “Ag- 
gregate Volume Method" segundo MARTIN et alii (1946). 


Em alguns casos foi necessário agrupar volumes muito pequenos apresentados por 
diferentes componentes da dieta, pois individualmente não possibilitariam a realização da 
medida. Volumes menores do que 0,1cc foram considerados como traço. 


Deve-se salientar que as dimensões dos esôfagos variaram, dependendo da quan- 
tidade de alimento que continham. 


Observou-se a ocorrência de lodo fino nas amostras, cujo volume foi medido jun- 
tamente com fragmentos vegetais constituídos por glumas, fibras de celulose e outros, a 
fim de não haver perdas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :31-39, 27 fev. 1981 


34° BRETSCHNEIDER, D. daS. 


RESULTADOS 


Listagem do material encontrado nos esöfagos. 
Material de origem vegetal: 


GRAMINEAE 


Oriza sativa (L.) 

Echinochloa crusgalli (L.) BEAUV. 
Echinochloa sp. 

Paspalum plicatulum MICHX. 
Paspalum hydrophilum HENR. 
Paspalum paspalodes (MICHX.) SCRIB. 
Paspalum almum (CHASE) 

Paspalum nicorae (ESRODT) 

Paspalum sp. 

Graminea näo identificada 


CYPERACEAE 
Frutos näo identificados 


COMPOSITAE 
Frutos näo identificados 


Material näo identificado: frutos e sementes 
Material fragmentado constituido por fibras e glumas 
Material de origem animal: 


MOLLUSCA 
PLANORBIDAE 

Biomphalaria sp. 

Drepanotrema sp. 


AMPULLARIIDAE 
Pomacea sp. 

SPHAERIIDAE 
Pisidium sp. 
ARTHROPODA 

COLEOPTERA (larvas) 


CURCULIONIDAE (adultos) 


HYDROPHILIDAE {adultos) 
DYSTICIDAE (adultos) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a relação peso e sexo em... 11 


maiores do que 296,43g é de 0,01, ao passo que a probabilidade de se 
obter fêmeas maiores do que este peso é de 0,3023. Assim, ao se tra- 
balhar com peso de indivíduos vivos, espera-se que as mesmas propor- 
ções, ou próximas, sejam válidas. 


A combinação das probabilidades de ocorrências de pesos maiores 
do que um determinado peso pode ser feita, neste caso, simplesmente 
somando-as, sem que haja necessidade de ponderá-las porque os resul- 
tados obtidos com proporção de sexos para Nothura maculosa, durante 
a mesma época deste estudo é de 1:1. Assim, por exemplo, tomando-se 
296,43g, a proporção de ocorrência de machos com pesos maiores do que 
este seria de 1:31,23, enquanto que para fêmeas a proporção seria de 
30,23:31,23. 


A dificuldade de se avaliar a idade do animal, impossibilitando 
diferenciar entre os individuos, os jovens impediu que se utilizasse as 
caudas inferiores das funções Normais. 


Há restrições a serem feitas na obtenção dos pesos médios de 
machos e fêmeas de Nothura maculosa, neste trabalho. KONTOGIAN- 
NIS (1967), com Zonotrichia albicollis (GMELIN, 1789) constatou 
variação de peso no decorrer do dia, encontrando uma máxima taxa de 
aumento durante as primeiras 2h30min de luz, no período em que o 
animal se alimenta. O peso das aves aumentava nas primeiras 16h do 
dia e depois decrescia. LACK & LACK (1951) verificaram em Apus apus 
(LINNE, 1758) variações de peso no decorrer do dia. BALDWIN & 
KENDEIGH (1938) constataram um ritmo diário de peso nas aves que 
investigaram, com grandes pesos sendo observados no fim da tarde ou 
início da noite e baixos pesos no início da manhã. Periodos de mais 
rápido aumento de peso correspondiam a períodos de maior atividade 
alimentar. Considerando-se que, Nothura maculosa possa sofrer as mes- 
mas variações e que os dados obtidos não correspondem ao mesmo 
período do dia, o fator variação diária de peso pode estar influindo nos 
resultados. 


BALDWIN & KENDEICH (1938) verificaram um ritmo anual no peso 
das aves observadas: em 85 espécies constataram que os maiores pesos 
eram observados na metade do inverno e os menores na metade do 
verão. Considerando-se que Nothura maculosa igualmente sofre esta 
variação, é importante salientar que os resultados obtidos somente são 
válidos para a época em que foram efetuadas as coletas. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :7-16, 27 fev. 1981 


36 BRETSCHNEIDER, D. da S. 


A abundância do arroz na dieta do marrecão propõe que ela tenha 
se alimentado principalmente em áreas desse cultivo, sendo que na 
maioria das amostras observou-se grãos em germinação. 

A época principal do plantio do arroz no municipio de Santa Vi- 
tória do Palmar, na safra 77/78, ocorreu nos meses de novembro e 
dezembro (INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ, 1979). O cul- 
tivar de maior expressão plantado na região é o Bluebelle, que apresenta 
ciclo vegetativo de 120 dias (PEDROSO et alii 1978), devendo o periodo 
de colheita ter-se estendido aproximadamente até o mês de março. 


Constatou-se portanto, que os grãos de arroz encontrados nos 
esôfagos, coletados a partir de julho, foram procedentes de restevas, já 
que o período de amostragem correspondeu à época posterior à colheita e 
ainda anterior ao plantio. 

No Rio Grande do Sul, cerca de 90% do arroz irrigado é colhido 
mecanicamente, havendo na colheita uma perda de grãos, que perma- 
necem nas restevas. 

Aparentemente, essa disponibilidade de arroz nas restevas, é 
elemento de importância na alimentação de Netta peposaca, pelo menos 
no periodo observado. 


AGRADECIMENTOS 


À Direção do Museu de Ciências Naturais, pela utilização de sua infra-estrutura. 
À Mestra Marisa Ibarra Vieira, pela orientação e apoio. 

Ao Pesquisador João Oldair Menegheti, pelas criticas e sugestões. 

À Geógrafa Helena Fonseca Mello, pelo auxílio na descrição geográfica. 


“Aos Pesquisadores Inga Veitenheimer Mendes, Tânia Arigony, Pedro Canisio 
Braun, Ana Isaura Pereira, Nídia Lacerda, pela identificação de material. 


Ao Méd.Vet. Paulo Pacheco, pelas informações referentes à atividade cinegética e 
ao cultivo de arroz. 


Ao Pesquisador Flávio Silva e colegas Maria Inês B. Marques, Cynthia Silveira, 
Martin Sander, João Fabrício Fº e Lorétti Mello, pelo auxílio na coleta de material. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ARAVENA, R.C. 1927. Notas sobre la alimentación de las aves. El Hornero, Buenos 
Aires, 4(1):38-47. 


BARATTINI, L.P. & ESCALANTE, A. 1971. Anseriformes, In: CATÁLOGO de las 
aves uruguayas. Montevideo, Barreiro y Ramos pt.2, 142p., il. (Museo Damaso An- 
tonio Larrafiaga. Publicaciones Científicas. Serie: La Fauna Indigena). 


CASARES, J. 1940. Palmipedes argentinos. El Hornero, Buenos Aires, 7(3):327-58. 
DELACOUR, J. 1959-1964. The Waterfowl of the world. London, Country Life, v3. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


Nota sobre a alimentação do... 37 
ENS CCC us 4 


DE SCHAUENSEE, R.M. 1966. The species of birds of south America end their dis- 
tribution. Philadelphia, Academy of Natural Sciences. p. 43. 


INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ. 1979. Anuário estatístico do arroz. Porto 
Alegre. 104p. 

MARELLI, C.A. 1919. Sobre el contenido del estômago de algunas aves. ElHornero. 
Buenos Aires, 1(4):221-24. 

MARTIN, A,C. et alii. 1946. Alternative methods in upland gamebird food analysis. 
Journal of Wildlife Management, Washington, 10(1):8-12. 


PEDROSO, B.A. et alii. 1978. Cultivares. In: INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO 
ARROZ. Estação Experimental do Arroz. Guia de produção de arroz. Cacho- 
eirinha. p.5-7, tab. (Recomendação da Pesquisa, 1). 


PENNAK, R.W. 1953. Fresh-water invertebrates of the United States. New York, 
Ronald Press. 769p. 


WARD, H.B. & WHIPPLE, G.C. 1959. Fresh-water biology. 2.ed. New York, John 
Wiley. 1248p. 


WELLER,M.W. 1967. Notes on some marsh birds of Cape San Antonio, Argentina. Íuis, 
London, 109:391-411. 


ZOTTA, A. 1934. Sobre el contenido estomacal de aves argentinas. El Hornero, Buenos 
Aires, 5(3):376-83. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


14 


SILVEIRA, C. F. da & MENEGHETI, J. O. 


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15 

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Fig. 2 — Distribuição de frequências absolutas (f) de peso de fêmeas de Nothura 
maculosa. . 


IHERINGIA. Sör, Zool., Porto Alegre (58):7-16, 27 fev. 1981 


Nota sobre a alimentação do... 39 


Tabela 2. Volume agregado, percentagem para 33 esôfagos, de 
Netta peposaca (VIEILLOT, 1816) procedentes de Santa Vitória do Pal- 


Volume agregado (%) 


Oriza sativa (arroz) 


Echinochloa spp. 16,42 


Lodo fino + fragmentos vegetais 5,69 
Moluscos 0,74 
Anfíbios 0,57 
Insetos (adultos + jovens) 0,36 
Paspalum spp. 0,32 
Cyperacea (frutos) 0,13 
Graminea não identificada 0,11 
Frutos e sementes não identificadas 0,02 
Crustáceos Traço 


Miscelânia (material animal) 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):31-39, 27 fev. 1981 


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Considerações sobre o uso do solo e sua influência sobre o ecossis- 
tema campo, em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.* 


Helena Fonseca Mello** 
João Oldair Menegheti*** 


RESUMO 


Alegrete, município do Rio Grande do Sul, Brasil, esta localizacio na zona fisio- 
gráfica da Campanha. Por sua extensão, é o maior município do Estado (782.000 ha) e 
por suas características geológicas, geomorfológicas, pedológicas, climáticas e biológicas é 
importante para o estudo do ecossistema campo. 


Neste trabalho fez-se uma análise do uso do solo enfatizando-se as consequências 
originárias do avanço da fronteira agricola sobre a área tradicionalmente usada para a 
pecuária, baseados em dados obtidos que foram compilados de forma abrangente, com o 
objetivo de se avaliar o estado atual do ecossistema campo e possíveis modificações que 
possam ocorrer em futuro próximo. 


ABSTRACT 


This work analyses the Alegrete county (29º46'59"S and 55º46'43"'W) Rio Grande 
do Sul, Brazil, focusing the influences of soil management over the grassland ecossistem, 
considering the geological, geomorphological, pedological, climatical and biological 
characteristics. These influences are consequence of the increase of agriculture over the 
tradicional cattle raizing areas. 


INTRODUÇÃO 


A área do Rio Grande do Sul, tradicionalmente conhecida por 
Campanha, localiza-se na parte oeste-sudoeste deste Estado e correspon- 
de à micro-região homogênea 321 (IBGE, 1970). A vegetação natural 
dominante é o campo (FORTES, 1959) e, devido aos diferentes usos do 
solo do Rio Grande do Sul, os campos da Campanha estão entre aqueles 
que se apresentam menos alterados. 


O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios para se avaliar, pos- 
teriormente, o impacto do uso do solo sobre a fauna do campo. Por esta 
razão a zona da Campanha foi escolhida para início dos estudos. 


* Aceito para publicação em 06/X1/1980. Contribuição FZB Nº 190. 


** Geógrafa da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul à disposição do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


*** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
* (MCN-FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


42 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 


Segundo JAEGER (apud SPALDING, 1953) em 1634 foi intro- 
duzido o primeiro gado no Rio Grande do Sul, iniciando-se então a 
pecuária gaúcha rio-grandense. Antes disso, entretanto, o solo da Cam- 
panha já era habitado por gado bravio oriundo do Paraguai, via Uruguai 
(SPALDING, 1953). Assim, há mais de 300 anos os campos da Campanha 
vem sendo usados para pastejo e, aparentemente, este uso não é incom- 
patível com a composição recente da fauna do campo. 


A introdução de pastagens artificiais no Rio Grande do Sul que 
poderia ser fator alterador, só se verificou a partir do século XX 
(BRASIL, 1977) e na zona da Campanha a sua utilização, quando 
ocorre, é feita em pequena escala, dada a pouca profundidade do solo 
agricultável. 


Até um passado recente, a agricultura na Campanha era apenas de 
subsistência. Entretanto com o interesse do governo em aumentar a 
produção agricola, vários incentivos têm sido oferecidos à agricultura; 
isto, mais o baixo preço pago aos pecuaristas, pelo quilo do boi vivo (até 
1977) fez com que áreas tradicionalmente de pecuária fosse transfor- 
madas em lavouras de arroz, trigo, soja, milho e outros. A dilatação da 
fronteira agricola, porém, apresenta pulsação em decorrência de certos 
fatores, entre os quais, mencionam-se os insucessos de alguns cultivos e 
a reação do preço da carne no mercado interno; entretanto a tendência 
de aumento da área agricola permanece (FEE. SEITE). 


Este . mento da área traz consigo o aumento de certos insumos, 
que são alter.dores do ecossistema, como por exemplo, os defensivos 
agricolas (CAVERO et alii, 1976) com consegüente prejuizo sobre a 
fauna ali existente antes da aplicação destes insumos. Soma-se a isto a 
prática agricola dominante no Estado, que consiste, de um modo geral, 
em grandes áreas com monoculturas. Esta prática é incompatível com o 
manejo de fauna, onde um dos aspectos fundamentais é a interspersion, 
em que é importante a configuração e a área ocupada pelos tipos de 
vegetação, necessários à sustentação das espécies. De outra forma, 
poder-se-ia dizer que quanto maior for o número de efeitos de borda, 
mais favorável será o ambiente à fauna silvestre em geral. E importante 
que o animal tenha próximo de si diferentes tipos de vegetação, como os 
favoráveis à alimentação, à nidificação, ao repouso e outras atividades. 


Descrição do Municipio de Alegrete 


E um dos 12 municípios da micro-região homogênea 321 (IBGE, 
1970); estã localizado no oeste do Estado do Rio Grande do Sul (RS). 
Faz limite ao norte com os municípios de Itaqui e São Francisco de As- 
sis, a leste com os municipios de São Vicente do Sul e Cacequi; ao sul 
com os municipios de Rosário do Sul e Quaraí; e a oeste com o município 
de Uruguaiana. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 43 


As linhas divisórias ao norte, leste e oeste, correspondem respec- 
tivamente, ao rio Ibicui e aos arroios Itapevi e Ibirocai (Fig. 1). 


As coordenadas geográficas da sede municipal são: 29º46'59”" S e 
55º46'43” W; a altitude é de 89m. 


É o maior município do Estado; tem 782.000ha (cerca de 2,94% da 
área estadual). 


Pelo decreto nº 24.622, de 10.07.1976 foi criada a Reserva Bio- 
lógica do Ibirapuitã, cuja área é de 351,42ha, em cujos limites são en- 
contradas “a mata ciliar do rio Ibirapuitã, o espinilho e parte do campo 
nativo” (BRASIL. Ministério do Interior. SUDESUL 1978). Para res- 
guardá-la, as Portarias de caça do Instituto Brasiieiro de Desenvolvi- 
mento Florestal (IBDF), a partir de 1978, delimitaram uma área de 
proteção com cerca de 193.400ha em torno desta Reserva, onde é vu- 
dada, entre outras, a atividade cinegética. A área da Reserva de Ibi- 
rapuitã corresponde aproximadamente a 0,2% da área de proteção. 


Alegrete, do ponto de vista geológico, é constituido principalmente 
por rochas basálticas, seguidas de arenitos, arenitos quaternários e ar- 
gilitos; estes dois últimos correspondem a planícies e terraços aluviais, 
portanto localizados em áreas próximas ao curso dos rios, sendo que os 
arenitos sempre à montante em relação aos argilitos, como seria de se 
esperar (INCRA, 1972 b). 


As áreas, cuja litologia é o arenito, estão situadas, predominan- 
temente no leste e nordeste do município, aparecendo também, algumas 
ilhas com arenito no sul e nordeste. Nestas áreas a geomorfologia corres- 
ponde a coxilhas tabulares, cujos solos apresentam ravinamento, resul- 
tante da erosão hídrica ou eólica (INCRA, 1972 b). Estas coxilhas carac- 
terizam-se por topos achatados quanto ao perfil, e em planta, arredon- 
dados; seu relevo é suave ondulado. (INCRA, 1973). 


As áreas, cuja litologia é o basalto, estão localizadas, praticamen- 
te, em toda a metade oeste do município e apresentam, predominan- 
temente, uma superficie aplainada inferior; apenas no sul, em pequeno 
trecho, apresentam relevo escalonado (INCRA, 1972 b). 


A superficie aplainada inferior corresponde a superfícies planares 
ou suavemente onduladas, originadas do arrasamento quase total da 
área ou do transporte do material das áreas adjacentes. O relevo es- 
calonado corresponde a superfícies provenientes da erosão diferencial nos 
diversos derrames basálticos, constituídos por mesas de extensão va- 
riável e dispostas de forma escalonar apresentando seus topos bastante 
retalhados (INCRA, 1973). Estes dois tipos geomorfológicos apresentam 
superficie com alto grau de denudação (INCRA, 1972 b), isto é, super- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


44 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 


ficie onde ocorre desbastamento. acentuado das rochas devido a trabalho 
gliptogenético. 

A ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros (1959) descreve a 
geomorfologia deste município da seguinte forma: 


u . . . . 

Alegrete não possui serras alterosas, em seu território, apenas aqui 
e alí se elevam alguns cerros pitorescos uns, e simples pontos de referên- 
cia outros. ; 


"O único cerro que pertence a um sistema de cordilheiras é o 
Catimbau no divorsum aquarium, do Caverá e Ibirapuitã e que faz parte 
dos últimos contrafortes da Serra do Caverd." 


Conforme Rio Grande do Sul. Secretaria da Agricultura - CEMAPA 
(1974), a isoipsa de maior altitude traçada em seu território é a de 200m 
e na realidade, corresponde a quatro pequenos segmentos ao sul do 
município. As áreas mais elevadas delimitadas por esta curva de nível 
têm cerca de 15.000 ha (1,9% da área do municipio) e estão localizadas: 


1 — No limite com Uruguaiana e Quarai a oeste da ferrovia 
Alegrete-Quarai. 


2 — Na coxilha de São Rafael, no limite com Quaraí. 


3 — No limite com Rosário do Sul, entre os arroios São Eustáquio 
e Cavera. 


4 — Na coxilha do Caverá no limite com Rosário do Sul e Cacequi. 


Todos estes locais fazem parte da área de proteção criada pelas 
Portarias de Caça do IBDF, para proteger a Reserva de Ibirapuitä. 


Além disto parece que há ocorrência de algumas elevações no leste 
do município, pois em RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricul- 
tura — CEMAPA (1974) aparecem simbolos, não explicados na legenda, 
que tradicionalmente indicam pontos cotados, entre os quais estã as- 
sinalado um, com cota de 211m. 


A hidrografia é representada pelo rio Ibicuí e arroios Itapevi e 
Ibirocai, que são linhas divisórias do município; pelo rio Ibirapuitä e 
seus afluentes (arroios Inhandui, Pai Passo, Cavera e outros) e por 
outros de menor expressão. Todos são, em última instância, tributários 
do rio Ibicuí e, de um modo geral, cortam o município no sentido sul- 
norte que corresponde ao da corrente. 


No que se refere ao clima, segundo a classificação de Koeppen, 
neste município ocorre clima subtropical (ou Virginiano), sem estiagem, 
onde a temperatura do mês mais quente é superior a 22°C e a do mês 
mais frio varia entre - 3º e 18°C (BRASIL. Ministério da Agricultura. 
Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária, 1973). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 45 


Na Tabela 1 encontra-se transcrito parcialmente o resumo climático 
hidrológico de Alegrete conforme INCRA (1973). 


MATERIAL E METODOS 


A avaliação foi efetuada fazendo-se uma confrontação dos dados, já existentes e 
publicados (ou fornecidos sob a forma de relatórios de computador) oriundos de diversas 
fontes, que aparecem discriminadas a seguir: 


1. Ministério da Agricultura (BR) 


1.1 Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária (DNPEA): descrição das 
unidades de mapeamento dos solos do Rio Grande do Sul. 


1.2. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA): geomorfologia, 
capacidade de uso dos solos, hidrologia, deficiências hídricas do solo, sócio-economia e 
setor primério. 


2. Secretaria de Coordenação e Planejamento (RS) 


2.1. Sistema Estadual de Informação e Estatística (SEITE) da Fundação de 
Economia e Estatística: relatórios de computador relativos à área colhida e efetivo de 
rebanhos. 


3. Secretaria da Agricultura (RS). 


3.1. Central de Comandos Mecanizados de Apoio à Agricultura (CEMAPA): divisão 
municipal, hidrografia e altitude. 


3.2. Coordenadoria Estadual de Planejamento Agricola (CEPA/RS): indicação de 
cultura e disponibilidade de solo. 


3.3. Departamento de Recursos Naturais Renováveis;: localização das unidades de 
Mapeamento dos Solos do Rio Grande do Sul. 


4. Instituto Rio-Grandensedo Arroz: area emanejo das lavouras dearroz. 


Muitos destes dados correspondem a mapeamentos temáticos do Estado do Rio 
Grande do Sul e para melhor interpretar estas informações foram elaboradas transparên- 
cias em acetato incolor, da seguinte maneira: delimitou-se o municipio e depois pele 
superposição foram transferidas as informações dos mapas para a transparência. Co- 
piaram-se apenas as informações que eram úteis ao estudo. Elaboraram-se então cinco 
transparências contendo, respectivamente, os seguintes temas: 


. geomorfologia e graus de denudação; 

. litologia; 

. deficiências de umidade nos solos; 

. capacidade de uso dos solos; 

. adequação entre o uso atual da terra e o indicado pela capacidade de uso dos 


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solos. 


A superposição sucessiva das transparências permitiu analisar a interação dos as- 
pectos mapeados e sua relação com os dados fornecidos pelo SEITE e com os publicados 
pelo Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura/RS e, a partir dai, elaborar 
considerações sobre o uso de solo e suas relações com a fauna nativa. 


Para a quantificação da área mapeada utilizou-se um planimetro de marca A.Ott - 
Kempten. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


46 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 
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As figuras foram elaboradas pelos autores e a arte final é da desenhista Rejane 
Rosa. 


Restrições 
Com relação ao desenvolvimento do trabalho fazem-se as seguintes restrições: 


1. O mapeamento do INCRA (1972a,b,c,d); de RIO GRANDE DO SUL Secretaria 
da Agricultura — CEMAPA (1974); de RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricul- 
tura. Departamento de Recursos Naturais Renováveis (1970) é na escala de 1:750.000 e, 
portanto, não se pode entrar em pormenores. 


2. Os dados mapeados pelo INCRA (1972a,b,c,d) correspondem ao ano agrícola 
1966/67 e como ha necessidade de avaliação da situação atual, foi realizada uma tentativa 
de projeção com base nos dados FEE. SEITE para o ano de 1977. 


3. A áreas de cultivo mapeadas pelo INCRA (1972a,b,c ‚d) enfocam a adequação en- 
. tre'uso atual da terra e » indicado pela capacidade de uso dos solos enquanto queos Sans for- 
necidos pelo FEE. SEITE, correspondem area colhida. 


4. Os dados do SEITE correspondem à área colhida de determinada cultura no 
municipio, por ano. Sabe-se que algumas destas culturas são realizadas de forma asso- 
ciada em uma mesma área e concomitantemente como, por exemplo, as culturas de soja e 
trigo, cujos cultivos, geralmente se sucedem ao longo do ano em uma mesma área. Assim 
na impossibilidade de detectar as áreas com associação ou rotação de culturas, e com base 
na variação dos dados relativos às áreas colhidas, assumiu-se queo trigo ea soja são cultivados 
namesma área. Poristo, subtraiu-se a área relativaà soja, dototaldaárea colhidano município, 
por ser esta igual ou menor do que a do trigo. Quanto às demais culturas, onde havia possibili- 
dadedeassociação, pornão serem suas áreas significativas, considerou-secomonão associadas. 

5. Os dados do INCRA (1972a) relativos à adequação dos cultivos aos tipos de solo 
não permitem delimitar a distribuição espacial de cada cultivo e conhecer sua respectiva 
adequação às classes de capacidade de uso do solo. Isto porque foram mapeados em es- 
cala pequena e, como era de se esperar, as categorias apresentadas na legenda têm alto 
grau de generalização. 


6. Os dados relativos à área colhida, fornecidos por FEE. SEITE, são na realidade 
uma resposta da área cultivada ao comportamento do clima e a outras variáveis. Desta 
forma, ela dificilmente corresponde à área, realmente, cultivada. Haverá sempre uma subes- 
timativa desta área. 


7. Os dados do INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) referem-se às 
culturas de arroz cuja área é superior a 9ha. 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 


A avaliação do impacto da agricultura sobre as caracteristicas 
ecológicas do campo, no município de Alegrete, parte do exame da 
Tabela 2. Aí se constata a pulsação da fronteira agricola com tendência 
ao crescimento. 


Além das alterações esperadas no ecossistema campo, simplesmen- 
te, pela substituição destas áreas por áreas agricolas, podem também, 
ocorrer problemas mais graves devido ao mau uso do solo. De certa for- 
ma o solo pode ser considerado como um recurso natural não renovável e 
seu uso inadequado pode levar a perdas irreversíveis com os consegüen- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 47 


tes efeitos deletérios no ecossistema. Assim reuniram-se na Tabela 3 os 
dados relativos à indicação de cultivos para o municipio de Alegrete 
(RS). Como esta indicação é geral para todo o Estado, (RIO GRANDE 
DO SUL. Secretaria da Agricultura, 1978) é provável que a nível de 
município ocorram situações particulares diferentes do aqui exposto. En- 
tretanto com base nessa tabela constata-se que 82,5% da área colhida 
em Alegrete ocorre em zona preferencial e os demais cultivos signifi- 
cativos do municipio, em zona tolerada, conforme RIO GRANDE DO 
SUL. Secretaria de Agricultura, (1978): (1) zonas preferenciais corres- 
pondem “às melhores condições climáticas para a cultura podendo ou não 
ser o local ideal para a mesma, se comparando a outras áreas do mundo, 
mas apresentando condições boas para o cultivo no Estado; e (2) zonas 
toleradas que correspondem áquelas que apresentam um fator limitante 
negativo à cultura. 


Conforme ainda a mesma fonte cultivos realizados em zon:s 
preferenciais (ou toleradas onde foram tomadas as devidas precauções 
em relação aos fatores restritivos) garantem entre outros aspectos, alta 
produtividade. 


Desta forma, genericamente, pode-se dizer que a invasão da 
agricultura sobre as áreas de campo, em Alegrete, se dará em função da 
necessidade de aumento da produção de alimentos. Assim é provável que 
não ocorra um avanço indiscriminado da fronteira agricola devido ao 
abandono de áreas com baixa produtividade e consequente busca de 
novos locais na tentativa de melhor sucesso nas safras. 


Por outro lado a análise da capacidade do uso do solo de Alegrete, 
associado aos dados relativos à área cultivada e, ou colhida das culturas 
mais significativas neste municipio também permite se fazer uma 
avaliação da evolução da fronteira agricola. 


Conforme RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura 
(1978) os solos do Estado do Rio Grande do Sul foram categorizados 
utilizando a classificação de Capacidade de Usos dos Solos, apresentada 
no “Manual Brasileiro para Levantamentos Conservacionistas”, que se 
baseia no sistema norte-americano Soil Conservation Service, do United 
States Departament of Agricultura. Nesta classificação existem cate- 
gorias, classes e eventualmente subclasses, que são discriminadas a par- 
tir de uma análise detalhada de fatores restritivos ao uso do solo, tais 
como, profundidade, drenagem interna, declividade, erosão, fertilidade e 
outros, e seu respectivo grau de intensidade. 


A Tabela 4 dá uma visão global, quantitativa do solo deste mu- 
nicípio, em relação a sua capacidade de uso, e a figura 2 apresenta a dis- 
tribuicäo espacial desta capacidade. Como pode ser constatado, em 
Alegrete ha dominância da subclasse VI pf (categoria C, classe VI) e da. 


48 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 


classe III (categoria A). Conforme RIO GRANDE DO SUL. Secretaria 
da Agricultura (1979) a classe VI 'compreende terras que não são cul- 
tiváveis com cultura anuais, mas adequadas para a produção de certas 
culturas permanentes. A sub-classe VI pf tem como fator restritivo a, 
profundidade dos solos situados sobre lençóis de rocha intemperizade. 
sendo por isto adequadas a pastagens. Localizam-se de forma domi- 
nante a sudoeste do municipio. Os solos da classe III, os melhores do 
Estado, 'são terras cultiváveis segura e continuamente, com culturas 
anuais adaptadas produzindo colheitas de médias a elevadas, com 
obrigatoriedade de emprego de práticas intensivas ou complexas de 
manejo, como condições para esta utilização. 


Observando-se as áreas mapeadas pelo INCRA (1972d) relativas a 
cultivos, no ano agricola 1966/67 (Fig. 3), nota-se que estão dissemi- 
nadas em grandes ilhas, praticamente, em todo o município, com ex- 
ceção, do oeste e do sudoeste, onde ocorre, predominantemente, a sub- 
classe VI pf de capacidade de uso do solo (Fig. 2). Desta forma pode-se 
esperar que esta área de Alegrete, com solos de subclasse VI pf, se torne 
refúgio para parte da avifauna nativa recente, desalojada de áreas com 
uso agricola. Isto, porque estas áreas são indicadas para a pecuária 
atividade esta que já ha séculos, vem se desenvolvendo ali, e, que 
aparentemente, é compatível com este tipo de fauna. 


Quanto às dimensões da área com uso agricola constata-se certa 
discrepância considerável entre os dados de INCRA (1973) e FEE. 
SEITE (Tabela 5) mesmo sabendo-se que a área colhida é geralmente, 
menor que a área cultivada. 


Até certo ponto pode-se explicar esta superestimativa de IN CRA 
(1973), pela utilização, por parte deste Instituto, de categorias mistas, 
tais como, culturas e pastagens. Estas 'correspondem a associações de 
duas formas de uso da terra que ocorrem muito próximas, em áreas 
muito pequenas para serem mapeadas separadamente. Não é levada em 
conta a área abrangida, individualmente, mas sim a ocorrência na área 
(INCRA, 1973). Desta forma, presume-se que nos 160.310 ha de culturas 
e pastagens, ocorram predominância de campos e, a área com culturas 
seja inexpressiva, ficando com isto, reduzido o valor total, real da área 
cultivada. 


Entretanto são, ainda, significativas as discrepâncias entre os 
valores das áreas cultivadas relativas ao arroz e às outras culturas. Em 
relação ao arroz, pode-se atenuar a diferença ao multiplicar o valor da 
área colhida (SEITE) por três, obtendo-se o valor de 29.325ha que 
corresponderia ao valor, aproximado, da área com uso destinado à 
orizicultura. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 49 


Quanto às demais culturas não sabemos a causa da discrepância. 
Assim tomando por base os dados de FEE. SEITE, presume-se que, 
atualmente, a configuração da área cultivada em Alegrete seja em forma 
de pequenas ilhas dentro das grandes ilhas (superestimadas) mapeadas 
pelo INCRA (1972d). Mesmo constatando-se pela Tabela 2, ‚que a area 
colhida em 1977 (40. 623ha) corresponde a quase três vezes a área colhida 
em 1967, ainda assim, presume-se que a configuração espacial das cul- 
turas deve ser em forma de pequenas ilhas. Isto porque a área total cul- 
tivada corresponde a 5,19% da área deste E ds ou a 5,67%, seu 
valor máximo em 1976. 


A localização, o número e o tamnho destas ilhas devem ter mudado 
em decorrência das variações nas áreas dos. diferentes cultivos. Futu- 
ramente é provável que determinados cultivos aumentem em número ou em 
tamanho em decorrência da disponibilidade de solos da classe III que aí exis- 
tem. Assumindo-se que toda a área colhida em 1977 (Tabela 2) localiza-se em 
solos de classe III restam ainda (Tabela 4) mais de 100.000 ha de'terras cul- 
tiváveis segura e continuadamente com culturas anuais... o que é forte con- 
vite ao estabelecimento de novas áreas de cultivo. 


Quanto ao uso, o solo de Alegrete (Fig. 3) tem em sua quase 
totalidade, ou uso adequado ou uso inadequado por subutilização (IN- 
CRA, 1972d). Desta forma pode-se supor. que as alterações ambientais 
resultantes da atividade humana nesta área, sejam pouco prejudiciais, 
pois aí, o aproveitamento do solo na maior parte esta dentro de um 
limite compatível com sua preservação. Há entretanto, duas áreas (cerca 
de 11.000 ha) na bacia do rio Ibirapuitã que têm uso inadequado por 
superutilização (INCRA, 1972b). Este tipo de uso corresponde a um 
aproveitamento em excesso do solo, que pode levá-lo ao depauperamento 
e desgaste, tornando-se inaproveitado em face da perda de sua poten- 
cialidade agricola. Constatou-se que estas duas áreas possuem solo da 
subclasse VI pf (INCRA, 1972a) cuja vocação é a pastagem. Estas áreas 
correspondem a solos da unidade de mapeamento Pedregal 1 (RIO 
GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura. Departamento de Recur- 
sos Naturais Renováveis, 1970) classificados como solos "LITÖLICOS 
EUTRÓFICOS textura média suavemente ondulado, substrato basalto; 
mais especificamente. Os solos destas áreas são rasos e apresentam forte 
restrição ao uso de máquinas e implementos agricolas, além da falta de 
agua. Quanto à erosão esta é ligeira e moderada (BRASIL. Ministério 
da Agricultura. Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária, 1973). 


Presume-se que o cultivo aí realizado seja o arroz, pois este solo 
localizado próximo aos cursos d'água é, comumente, utilizado para este 
cultivo (BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento de Pesquisa 
Agropecuária, 1973). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :41-63, 27 fev. 1981 


) 
50 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 


Como foi constatado anteriormente os dados de INCRA (1972d) 
superestimam as áreas com cultivos assim é provável que no município de 
Alegrete as áreas com superutilização tenham na realidade dimensões 
menores que as mapeadas na Fig. 3. Ainda pode-se prever avanços de 
fronteira agrícola a leste e noroeste do município, pois principalmente 
nestes locais, constata-se, pela superposição da Fig. 2 sobre a Fig. 3, a 
ocorrência de solos da classe III com subutilização. 


Também, por outro lado, além da análise da indicação e da ade- 
quação de culturas e da disponibilidade de uso do solo, se faz necessário 
analisar a alteração ambiental proveniente dos diferentes tipos de ma- 
nejo das culturas. 


O cultivo de arroz por ser o mais expressivo dos usos agricolas do 
solo de Alegrete (FEE. SEITE e INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO 
ARROZ, 1979) será analisado com maior detalhadamento, neste trabalho. 


Conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) as 
maiores áreas de cultivo de arroz estão ao longo dos rios Ibirapuitã e 
Ibicuí seguidos dos arroios Caverá, Itapororó, Inhandui e outros com 
menos de 1.000 ha de área cultivada (Tabela 6). 


Além desta área de 15.920 ha, concentrada ao longo destes cursos 
d'água, há 6.556 ha de cultivo de arroz irrigado por outros mananciais 
(Tabela 7). 


Conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) 
mais da metade da área cultivada com arroz (Tabela 8) não recebe defen- 
sivos; isto atenua o impacto ambiental provocado, pelos mesmos, em: 
Alegrete. Entretanto, as necessárias construções de canais de irrigação e 
eventual construção de açudes devidas a este cultivo alteram os habitats 
não só nas áreas que distribuem e, ou acumulam água, como também 
nas áreas adjacentes que terão modificado o nível do lençol freático com 
consequente influência na fauna nativa. 


Quanto aos defensivos agricolas, a forma pelo qual são aplicados, 
conforme INSTITUTO RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) é, 
predominantemente, manual (Tabela 9) o que torna mais localizado o impac- 
to, diminuindo alcance de seus efeitos deletérios. 


Já a área colhida de trigo/soja (12.000 ha) menor que a área co- 
lhida de arroz, no ano de 1977, devido à prática de cultivos alternados 
(de inverno e verão) suporta, duas vezes ao ano, aplicações de defensivos 
agricolas e fertilizantes, o que forçosamente repercutira de alguma forma 
sobre a fauna nativa. ' 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 51 


Entretanto se todo este avanco da agricultura sobre o campo, leva 
à alteração da fauna com prejuízo para certas espécies, outras podem se 
beneficiar pelo aumento da capacidade de suporte do habitat com o 
aumento do alimento disponível. 


CONCLUSÃO 


x 


Com base nos aspectos mais notórios à modificação do ambiente 


natural de Alegrete, pode-se dizer que: 


1) A agricultura está avançando sobre o campo — o sistema natural 
dominante no municipio — alterando habitats e causando problemas de 
sobrevivência à faunanativa. 


2) O valor de 40.623 ha (cerca de 5,2% da área do município) para .. 
a área colhida em 1977 não corresponde ao maior valor dos anos ana- 
lsados. Em 1975 e 1976 as áreas colhidas foram respectivamente de 
43.090 ha e 44.301 ha. Portanto é provável que a área alterada em con- 
sequência das atividades agricolas já tivesse atingido seu valor máximo 
em anos anteriores a 1977. 


- 3) A superficie de 44.301 ha da área colhida parece ser significa- 
tiva, do ponto de vista do impacto ambiental, uma vez que subestima a 
área alterada. 


4) A maioria dos cultivos ocorrem em zonas adequadas o que as- 
segura um avanço disciplinado da fronteira agricola. 


5) E provável que haja um avanço considerável da fronteira 
agricola, nos próximos anos, já que existem mais de 100.000 ha de solos 
da classe III, os melhores do Estado, sem uso agricola. 


6) As áreas de cultivos ocorrem em pequenas ilhas, praticamente, 
em todo o município, com exceção da parte sudoeste, onde, devido ao 
tipo de solo (subclasse VI pf própria para pastagens) possa haver uma 
área continua com campos. 


7) O tamanho destas ilhas e seu número, provavelmente, aumen- 
tará, principalmente no leste e noroeste do município, onde há solos da 
classe III com subutilização. 


8) Ocorrem duas áreas na bacia do rio Ibirapuitä; com uso ina- 
dequado por superutilização. Possivelmente a área seja bem menor que 
os 11.000 ha mapeados por INCRA (1972) e assim os sah: deleterios no 
ambiente sejam tambem, menores. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


52 MELLO, H. F. & MENEGHETI, J. O. 


9) O cultivo do arroz irrigado, dominante no município, 
exige a construção de canais de irrigação e, às vezes, a construção de 
açudes, para que a inundação da lavoura possa ser realizada na época 
adequada. Isto altera os habitats não só nas áreas que distribuem e, ou 
acumulam água, como também, nas áreas justapostas, devido à variação 
do nível do lencol freático. 


10) A área colhida de trigo/soja apesar de não ser mais expressiva 
do que a do arroz, tem valor considerável. Em 1977 foi de 12.000 ha. A 
mesma área, além da alteração fisica e biológica do habitat devido ao 
cultivo, está sujeita ao impacto dos defensivos agricolas e fertilizantes 
de forma mais intensa, já que ocorre, na maioria da área, a rotação des- 
tas culturas ao longo do ano. 


11) O modo de aplicação dos defensivos agricolas nas áreas de cul- 
tivo de arroz é, predominantemente, manual, segundo INSTITUTO 
RIO-GRANDENSE DO ARROZ (1978) e por isto áreas adjacentes são 
menos atingidas. 


12) A distribuição em ilhas ou mosaicos da área cultivada de arroz 
é favorável à parte da fauna. Sua descontinuidade espacial permite às 
diferentes espécies sobreviverem em suas bordas, sendo sua presença 
até desejável na medida em que aumenta a capacidade de suporte dos 
habitats justapostos. 


AGRADECIMENTOS 


Os autores agradecem ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal e à Fun- 
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pelos suportes financeiros e administrativo ., e 
ao médico veterinário H. Santa Helena pelas sugestões apresentadas a este estudo. 


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54 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):41-63, 27 fev. 1981 


Considerações sobre o uso do... 63 


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FIG.3 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :41-63, 27 fev. 1981 


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Estudo sobre a alimentação da perdiz (Nothura maculosa (TEM- 
MINCK, 1815)no Rio Grande do Sul, Brasil (Aves, Tinamiformes, 
Tinamidae).* 


Flavio Silva** 
Martin Sander*** 


RESUMO 


Este trabalho apresenta uma avaliação do regime alimentar de Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) no Rio Grande do Sul, Brasil, registrando aspectos qualitativos e 
dados sobre a diversificação alimentar. Examinou-se 178 papos de perdizes abatidas por 
caçadores durante a temporada oficial de caça esportiva. 


ABSTRACT 


This paper presents an evaluation of the feeding regimen of Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) in the Rio Grande do Sul State, Brazil. It is described the quali- 
tative aspects and data about the feeding diversification. 178 crops of Spotted-Nothura 
killed by hunters during the official hunting game, have been examined. 


INTRODUÇÃO 


Desde 1975 uma equipe do Museu de Ciências Naturais da Fun- 
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul começou a estudar espécies de 
valor cinegético no Estado. A partir de 1977 iniciaram os trabalhos de 
coleta de papos de Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) junto às 
barreiras de fiscalização de caça do Instituto Brasileiro de Desenvol- 
vimento Florestal, na BR-116, no Municipio de Guaiba, Rio Grande do Sul, 
onde convergem caçadores provindos de diferentes municípios da região 
sudoeste do Estado. 


RAMBO (1956) descreve a região de origem do material como 
campo típico, formado por um conjunto de vegetação que se estende 
como um tapete constituido essencialmente por gramineas, compostas e 
kguminosas, existindo ainda muitas plantas com raizes em forma de 
bulbos pertencentes às familias liliaceas, iridäceas, amarilidáceas e 
oxalidäceas. 


* Aceito para publicação em 06/X1/1980. Contribuição FZB Nº 191. Trabalho executado com 
auxílios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — CNPq e Instituto 
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal — IBDF. 


** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


*** Bolsista do CNPq (Proc. 1111.4995/77) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica 
do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981 


66 SILVA, F. & SANDER, M. 


SERIE (1921) apresenta resultados obtidos através ‚do exame de 
seis papos de N. maculosa da região de General Brandzen na Argentina, 
ressaltando a importância de complementar as investigações sobre o 
alimento desta espécie, pois poderiam contribuir como fator deutilidade 
para a agricultura. Também GIACOMELLI (1923) e LIEBERMANN 
(1935) citam esta espécie como sendo ave útil para a agricultura. HEM- 
PEL (1949) trata sobre o conteúdo alimentar encontrado em papos e 
moelas de 117 exemplares de N. maculosa provenientes do Estado de 
São Paulo, Brasil. KUHLMANN & JIMBO (1957) tratam dos métodos, 
técnicas e importância da investigação sobre a flora na alimentação das 
aves brasileiras. JIMBO (1957 e 1962) registra diferentes espécies de 
vegetais utilizados como alimento por N. maculosa, fazendo uma análise 
qualitativa e quantitativa do conteúdo gástrico de exemplares coletados 
em diferentes époças do ano, na região de Boa Esperança do Sul no Es- 
tado de São Paulo. ARAVENA (1927) examinou 14 conteúdos gástricos 
de N. maculosa de Buenos Aires, Argentina. ZOTTA (1934 e 1940) 
examinou três exemplares de N. maculosa da região de Entre Rios e 
Buenos Aires. 


BUMP & BUMP (1969) apresentam proporções entre alimento 
animal e vegetal, listando espécies. encontradas e dados sobre a fregüen- 
cia destes alimentos em diferentes estações do ano na Argentina. 


BONETTO et alii (1960) referem-se à influência do consumo de 
alimento de N. maculosa, com especial atenção à atividade entomófaga 
desta espécie, em relação à agropecuária da região de Santa Fé na Ar- 
gentina. 
SCHUBART et alii (1965) em estudos de conteúdo gástrico de 
aves brasileiras, também referem-se à alimentação de N. maculosa de 
um exemplar coletado em Minas Gerais e dois no Estado do Rio de 
Janeiro. 


GRIGERA (1973) examinou material gástrico de 54 exemplares de 
N. maculosa, mostrando a variação do consumo de alimento animal e 
vegetal nas diferentes épocas do ano em Buenos Aires. 


Neste trabalho pretende-se fornecer informações que possibilitem o 
manejo da espécie N. maculosa, no que se refere à alimentação. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Os papos examinados foram retirados de perdizes trazidas por caçadores em exer- 
cicio da caça amadorista no Estado do Rio Grande do Sul, nos períodos de caça regu- 
lamentar (outono e inverno) de 15 de maio à 31 de julho de 1977 e 1978. Entre às peças 
trazidas, escolheu-se as que possuiam papos cheios de material alimentar. Seccionou-se o 
esôfago superior e inferior ao papo de maneira que o conteúdo ficasse contido no órgão. 
Após a retirada e etiquetagem, todos os papos foram acondicionados em vidros com ca- 
pacidade de 150ml contendo álcool 70%. 25 


IHERINGIA. Ser. Znol., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a alimentação da... 67 


O exame e separação do papo foi realizado com auxílio de um microscópic estereos- 
cópico, marca Carl Zeiss. Para a determinação de vegetais recorremos à Equipe de Tec- 
nologia de Sementes do Instituto de Pesquisas Agronômicas do Rio Grande do Sul, ao 
Núcleo de Vegetais Superiores e Intermediários do Museu de Ciências Naturais da Fun- 
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, ao Herbário Anchietano da Universidade de 
Vale do Rio dos Sinos. O conteúdo de origem animal teve auxílio na determinação pelos 
Núcleos de Invertebrados Superiores e Inferiores do Museu de Ciências Naturais da Fun- 
dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


RESULTADOS 


Entre 178 papos de N. maculosa examinados, ficou constatado que 
8 (46,07%) continham somente alimento vegetal, 8 (4,50%) somente 
alimento animal e 88 (49,43%) continham alimento misto, constituído de 
porções de alimento animal e vegetal (Figura 2). 


Dos 82 papos que continham somente alimento vegetal, 7 conti- 
nham fragmentos minerais. Dos 83 papos com alimento misto em 12 en- 
controu-se fragmentos minerais. Em papos que continham somente 
alimento animal não foram encontrados fragmentos minerais. 


O alimento de origem animal é constituido na maior parte por in- 
setos, totalizando uma frequência de 83,08% dos papos examinados. 
Aracnideos tiveram uma fregiiência de 13,53%, diplópodos 1,87%, 
moluscos 0,75%, quilópodos e crustáceos 0,37% (Figura 3). As ordens e 
familias de animais encontrados nos papos são apresentadas na tabela 
1. 


Dos 8 papos que somente continham alimento animal, em 6 deles 
foram encontrados apenas carrapatos com o abdomen intumescido, 
apresentando uma media de 17 individuos por papo, totalizando 105 
carrapatos em perdizes abatidas no mês de junho. 


O alimento animal procurado por N. maculosa se apresenta quase 
na totalidade sob a forma de adultos. Crisálidas foram encontradas em 
10 papos. Ninfa de hemiptero, (Nezara viridula (LINNAEUS, 1758), foi 
encontrada em um papo e, em outro, uma de ortóptero (Acrididae). Lar- 
vas de coleópteros (Carabidae e Elateridae) em um papo, larvas de le- 
pidópteros (Arctidae e Geometridae) em um papo, noctuídeos em quatro 
papos e lepidópteros não identificados em dois papos. Posturas ou ovos 
de aranhas foram encontrados em dois papos e de mantideos (louva-a- 
deus) em 10 papos. As posturas de mantideos foram encontrados sempre 
presasafolhasou pequenos galhos de vegetais. 


Do conteúdo de origem vegetal a maior parte eram gramineas 
(88,15%). As papilionáceas totalizaram 27,36%, oxalidáceas 10,78%, 
malväceas 9,21%, compostas 2,10%, convolvuláceas 1,31%, amarili- 
daceas 1,5%, solanáceas 0,52% e ciperáceas 0,26%. Algumas formas de 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


68 SILVA, F. & SANDER, M. 


sementes, bulbos, restos de frutos e folhas não determinados, totali- 
zaram 9,21% (Figura 4). 


Do alimento vegetal 82,89% eram sementes. Frutos foram encon- 
trados em 10 papos sendo que 9 continham Oxalis sp. e 1 Solanumsp.. 
Folhas foram encontradas em 44 papos examinados, sendo que as de 
Oxalis sp. (65,90%), sempre estavam inteiras, e o restante das folhas em 
forma de fragmentos. Bulbos foram encontrados em 9 papos, 4 contendo 
Alstroemeria sp., 3 com Oxalis sp. e 2 não determinados. 


As sementes de Oryza sativa LINN. (arroz) geralmente estavam 
em início de germinação, e em alguns papos haviam até 310 sementes. 


Os 39 papos que continham sementes de Glycine max MERR. 
(feijão-soja), pertenciam a perdizes abatidas no periodo de maio a julho. 


As espécies de vegetais encontradas são apresentadas na tabela 2. 
COMENTÁRIOS 


A alimentação da perdiz (N. maculosa) é bastante variada, e por 
serem aves essencialmente terrestres a origem do alimento é de camadas 
próximas do solo. 


HEMPEL (1949) referindo-se à alimentação das perdizes concluiu 
que o alimento animal é mais abundante que o alimento vegetal. JIMBO 
(1962) constatou que no inverno a alimentação da perdiz é mais vegetal 
do que animal, embora a frequência de papos que continham alimento 
animal fosse de 70%. Dai resulta a importância de realizar análise 
volumétrica do conteúdo alimentar, pois uma fregiiência baixa de ali- 
mento encontrado pode indicar um volume maior de alimento consu- 
mido, em relação a um alimento encontrado com grande fregiiência. 


SCHUBART et alii (1965) -encontraram um maior número de 
exemplares de formigas e coleópteros consumidos por perdizes. 


GRIGERA (1973) encontrou uma maior proporção de alimento 
vegetal em papos examinados nos meses de outono e inverno. Os ve- 
getais mais frequentes nesta época foram as gramíneas (38,15%) e 
papilionáceas (27,36%) e as formas mais consumidas foram as sementes. 


BONETTO et alii (1960) apresentaram como sendo o alimento 
vegetal mais frequente as formas de sementes pertencentes a gramineas 
e o alimento animal constituido preferencialmente por ortópteros. 


Dos 117 papos de N. maculosa examinados por HEMPEL (1949), 
109 haviam ingerido alimento misto e os restantes, somente alimento 
vegetal. O alimento animal encontrado nos papos estudados por este 
autor era formado principalmente por ortópteros, lepidópteros, formi- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a alimentação da... 69 


cideos e o alimento vegetal estava constituído por sementes de grami- 
neas, em grandes quantidades, e de leguminosas (Desmodium sp. e Sida 
sordifolia LINN.). 


LIEBERMANN (1935), GIACOMELLI (1923), SERIE (1921), 
BONETTO et alii (1960), KUHLMANN & JIMBO (1957) e GRIGERA 
(1973) concluiram que N. maculosa é uma ave importante para a agricul- 
tura e a pecuária porque se alimenta de espécies nocivas, como ortóp- 
teros, formicideos, coleópteros, homópteros, larvas de lepidópteros e 
carrapatos. Nos resultados obtidos o número de vezes que foram encon- 
trados ortópteros, formicideos, homópteros (Cicadellidae) e carrapatos é 
significativo. Também na composição do alimento vegetal, frequente- 
mente sementes de Sida sp. (guanxuma), Echinocloa sp. (capim-arroz) e 
Desmodium sp. (pega-pega) foram encontrados. 


As sementes de Oryza sativa (arroz) e Glycine max (feijão-soja) 
apareceram frequentemente em papos no periodo de maio a junho. 


CONCLUSÕES 


Na dieta alimentar de N. maculosa, durante outono e inverno, os 
vegetais ocupam a maior porcentagem em relação à frequência, sendo as 
sementes de gramíneas as que mais salientam-se, seguidas pelas semen- 
tes de papilionáceas. 


O alimento de origem animal apresenta uma baixa porcentagem em 
relação à frequência dos vegetais. Dos grupos animais mais encontrados, 
os insetos na forma adulta são os mais frequentes. 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos pelos auxilios prestados na determinação dos vegetais ao Dr. Aloysio 
Sehnem do Herbário Anchietano da Unisinos, à pesquisadora Olinda L. Bueno do Núcleo 
de Vegetais Superiores e Intermediários do Museu de Ciências Naturais da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul; à Ana M. Formosa e Cleveison S. Borla, dirigentes 
da Equipe de Tecnologia de Sementes da Secretaria da Agricultura. 


Na determinação dos animais agradecemos aos pesquisadores Arno Antonio Lise, 
Tania Heloisa de A. Arigony, Hilda Alice de O. Gastal, Erica Helena Buckup do Núcleo 
de Invertebrados Superiores e Vera Lucia L. Pitoni do Núcleo de Invertebrados Inferiores 
do Museu de Ciências Naturais; a Cesar Trois pela determinação das larvas. 


Aos membros da equipe do Projeto Pró-fauna pelos auxílios nas coletas de material 
e por toda a colaboração e apoio no desenvolvimento deste trabalho. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


70 SILVA, F. & SANDER, M. 


BIBLIOGRAFIA 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


72 


SILVA, F. & SANDER, M. 


Tabela 1 


Relação dos grupos de animais encontrados em papos de Nothura maculosa sob a forma de 
adultos (A), crisálidas (C), ninfas (N), larvas (L), pupas (P), postura ou ovos (O) efrequência. 


ESSES 


Insecta Coleoptera Carabidae 
Chrysomelidae 
Cureulionidae 
Elateridae 
Scarabaeidae 
Scolytidae 
Staphylinidae 
Desconhecidos 


Gelastocoridae 
Lygaeidae 
Pentatomidae 


Hemiptera 


Acledra sp. 
Nezara viridula 


Pyrrhocoridae Dysdercus sp. 


Desconhecidos 


Acrididae 
Blatteridae 
Gryllidae 

Mantidae 


Orthoptera 


Arctiidae 
Geometridae 
Noctuidae 
Desconhecidos 


Lepidoptera 


Hymenoptera 


Homoptera 


Cercopidae 
Cicadellidae 
Desconhecidos 


Bibionidae 
Desconhecidos 


- ee 


Arachnida Aranene ‚Araneidae 2 
Lycosidae a 
Salticidae 1 


opa ran 


Gastropoda Stylommatophora | Bulimulidae Bulimulus sp. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981 


Estudo sobre a alimentação da... .73 


Tabela 2 


Relacäo de especies vegetais encontradas em papos de Nothura maculosa sob forma de sementes 
(9 , frutos (Fr), folhas (Fo), bulbos (B) e frequência. 


FAMÍLIA ESPÉCIE 


Avena sativa 
Amaranthus sp. 
Brachiaria plantagina 
Bromus catharticus 
Cyperus sp. 
Digitaria abscendens 
Digitaria sp. 
Echinochloa sp. 
Oryza sativa 
Panicum sp. 
Paspalum dilatatum 
Paspalum notatum 
Setaria vaginata 
Setaria geniculata 
Setaria sp. 

Sorghum vulgare 
Triticum aestivum 
Zea mays 
Desconhecidos 


Papilionaceae Desmodium sp. 
Glycine max 
Stylosanthes sp. 
Vigna sinensis 
Desconhecidos 


Convolulaceae Ipomea grandifolia 
Ipomea sp. 


Compositae Bidens pilosa 
Desconhecidos 


DINHO HONHODH HH MW 
oo 


DD w 
O »BP°} 


Malvaceae Sida sp. 
Pavonia sp. 
Desconhecidos * 


Er DE 


Desconhecidos 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


SILVA, F. & SANDER, M. 


Esquema do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 


st 


a x 


| 
| 
| 
| 
| 


Figura 1 - Mapa do Rio Grande do Sul. Número de papos examinados dos respec- | 
ir | 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :65-77, 27 fev. 1981 


tivos Munic 


Estudo sobre a alimentação da... 75 


50 
Est Alimento misto 
(animal e vegetal) 
IM Alimento vegetal 
[__] Alimento animal 
25 


Porcentagem do alimento 


Tipo de alimento 


Figura 2 — Tipo de alimento encontrado em 178 papos de Nothura maculosa. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


76 SILVA, F. & SANDER, M. 


o 
E Insetos 
E m 
O 
(6) É 
E ES aracnídeos 
E 7 
É [+ e] Diplópodos 
= 

50 
E [__] Moluscos 
Q 
eg 
| e - 
[7 Quilöpodos e 
e ME E Ristaceos 
a 


Classes animais 


Figura 3 — Animais encontrados em 178 papos de Nothura maculosa. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


Demo estimo o Cliocaag o Ci O SO 


50 
[1] Gramineae 
IT] Popitionaceae 
3 [O ] Oxalidaceae 
- 
o 
3 ES Malvaceae 
HEM Restos n/identificados 
2 
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o 
E 
o 
o 
oO 
25 
“E 
o 
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(o) 
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SOIOZOIOZOZSO 


| Compositae 
Convouvulaceae 
[e] Amarylidaceae 

[|] Solanaceae 

EH Cyperacece 


Família dos vegetais 


Figura 4 — Vegetais encontrados em 178 paposdeNothuramaculosa. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58):65-77, 27 fev. 1981 


42 


einlepsy ach oillmoa dad 


ara PEL qo 


Contribuição ao conhecimento da biologia do papagaio charão, 
Amazona pretrei (TEMMINCK, 1830) (Psittacidae, Aves).* 


Flávio Silva** 


RESUMO 


São relatadas observações sobre deslocamento de Amazona pretrei (TEMMINCK, 
1830) dentro do Estado do Rio Grande do Sul e estimativas do número total de indiví- 
duos observados na Estação Ecológica de Aracuri, no município de Esmeralda. É feita a 
descrição de dois ninhos e ovos, encontrados na Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul. 


ABSTRACT 


This paper presents the results of observations of movements of “Amazona pretrei, 
(TEMMINCK, 1830) and an estimation of the total number of individuals observed on the 
Ecological Station of Aracuri, in Esmeralda locality, Rio Grande do Sul State. 

The description of two nests and eggs found in the Serra do Sudeste of Rio Grande 
do Sul State are presented. 


INTRODUÇÃO 


O papagaio charão, Amazonapretrei (TEMMINCK, 1830), segun- 
do SCHAUENSEE (1966) ocorre no sudeste do Brasil, de São Paulo até 
o Rio Grande do Sul, e no nordeste da Argentina, em: Missiones. Tem 
alguns registros para o Uruguai, mas ainda sem confirmação segundo 
CUELLO & GUERZENSTEIN (1962). GORE & GEPP (1978) não o in- 
cluem na lista de aves do Uruguai. PINTO (1978) cita como distribuição 
atual o extremo sul do Brasil (Rio Grande do Sul). SICK (1969) coloca 
esta espécie na lista das aves brasileiras ameaçadas de extinção FOR- 
SHAW & COOPER (1977) acham que a espécie não está em perigo 
imediato de extinção, desde que haja preservação adequada das florestas 
de Araucaria angustifolia (BERTOLO. KZE). 


Neste trabalho pretende-se fazer uma descrição de dois ninhos e de 
dois ovos de A. pretrei com algumas considerações sobre a situação da 
sobrevivênvia da espécie no Rio Grande do Sul, Brasil. 


* Aceito para publicação em 05/X11/1980. Contribuição FZB, Nº 194. Trabalho realizado com 
auxílio recebido através de convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. 
— IBDF. 


** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :79-85, 27 fev. 1981 


80 SILVA, F. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Desde 1975, A. pretrei tem sido observado em várias localidades do Rio Grande do 
Sul. Através de informações prestadas por muitas pessoas que residem no meio rural e 
observações próprias, obteve-se notícias de que nidificam em várias localidades do Es- 
tado. Em uma destas regiões foram realizadas seis excursões em três anos consecutivos. 
Na localidade de Muitos Capões, no município do Esmeralda foi criada a Estação Eco- 
lógica do Aracuri, local onde os papagaios reunem-se de maio a junho para dormir. Esta 
Estação é administrada pelo Núcleo Interdepartamental de Estudos de Ecologia-NIDECO, 
do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 


Neste trabalho são descritos dois ovos coletados em dezembro de 1979 que estão 
conservados em álcool etílico a 70% na coleção do Museu de Ciências Naturais. Os locais 
onde se encontravam os ninhos foram fotografados e descritos. Para tomar as medidas 
necessárias às descrições dos ninhos e substratos foi usada uma fita métrica e um pa- 
quimetro para medir os ovos. 


RESULTADOS E COMENTÁRIOS 


Durante as observações de campo realizadas em várias regiões do 
Estado do Rio Grande do Sul, foi possível verificar que A. pretrei des- 
loca-se muito durante o ano, mas para observá-lo com maior frequência, 
as regiões mais indicadas são: Campos-de-cima-da-serra, Planalto e 
Serra do Sudeste. (Fig. 1). - 


a)Deslocamento no Estado: 


No outono e início do inverno, como menciona IHERING (1887), é 
possível encontrá-lo em grandes bandos nos Campos-de-cima-da-serra, 
onde ainda existem capões com predominância de Araucaria angustifolia. 
Num destes capões no municipio de Esmeralda, onde hoje é a Estação 
Ecológica do Aracuri, FORSHAW & COOPER (1977) mencionam que 
em 1971 observaram, ao anoitecer, bandos de milhares de indivíduos, es- 
timados aproximadamente entre 10.000 a 30.000 papagaios. No mesmo 
periodo do dia, de 11 a 14 de maio de 1972, William Belton (informações 
pessoais), estimou que o total de papagaios não chegaria a 10.000; de 24 
a 26 de maio de 1975 o autor esteve no mesmo local e o número esti- 
mado foi inferior a 5.000. Em 13 de julho de 1980, também ao entar- 
decer, a estimativa foi de 1.000 individuos aproximadamente. Os mo- 
radores desta região do Estado e da Serra do Sudeste, são unânimes em 
informar que os bandos de charão estão diminuindo com o passar dos 
anos. Sabe-se, também através destas informações, que a reunião em 
bandos grandes, para pernoitarem em capões de araucária nos Campos- 
de-cima-da-serra acontece em outros locais durante os meses de maio a 
junho. Em outras estações do ano 4. pretrei pode ser visto em bandos 
por várias regiões do Rio Grande do Sul, à procura de frutos silvestres 
como de pinheirinho (Podocarpus lambertii KL.), no verão, gabirova 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981 


Contribuição ao conhecimento da... 81 


(Campomanesia sp.) e guabijü (Eugenia pungens BERG.). Em 7 de 
outubro de 1975 foi observado um bando de 15 individuos que comiam 
frutos de cinamomo (Melia sp.) em Cruz Alta. Em fevereiro de 1979 
Walter Voss (informações pessoais) observou bandos que estavam co- 
mendo frutos de pinheirinho (Podocarpus lambertii) no município de São 
Francisco de Paula, sendo que nestes haviam muitos indivíduos com 
plumagem de subadultos. 


IHERING (1887), menciona a existência de bandos de charões em 
colônia do Mundo Novo, hoje município de Taquara, nos meses de mar- 
ço e abril que, segundo ele, estariam voltando de uma migração para o 
Sul, iniciada em janeiro. 


A partir das observações de diferentes pontos do Estado, em 
diferentes estações do ano, supõe-se que após a reunião em grandes ban- 
dos, nos capões de araucária dos Campos-de-cima-da-serra, durante o 
outono, A.pretrei distribui-se em pequenos grupos por outras partes do 
sul do Brasil. Na primavera, os individuos que se acasalam vão procriar 
em regiões que ainda possuem matas altas, como por exemplo, Rincão 
dos Melos, Santana da Boa Vista (Serra do Sudeste). Os individuos que 
não procriam permanecem em bandos pequenos, também em locais de 
matas altas. Após o período de procriação, jovens e adultos reúnem-se 
em grandes bandos e movimentam-se por regiões com florestas nativas 
que forneçam frutos dos quais se alimentam. No inverno, quando os 
frutos nativos são mais escassos, ficam distribuídos em bandos menores 
em várias regiões. 


Nós últimos anos as áreas com florestas nativas foram grandemen- 
te desflorestadas. Atualmente as maiores áreas do Estado do Rio Gran- 
de do Sul cobertas com florestas nativas estão em alguns parques e 
reservas, estaduais ou federais, ou nas encostas ingremes de vales dos 
maiores rios. Infelizmente as áreas com florestas nativas tendem a di- 
minuir cada vez mais, devido ao alto preço da madeira. A caça furtiva e 
predatória, a captura para mantê-los em cativeiro, por certo muito con- 
tribui para um decréscimo dos charões. Segundo BERLEPSCH & 
IHERING (1885) já nesta época os agricultores atiravam com espingar- 
da em bandos de charões com a esperança de ferir levemente, uma ou 
outra ave, para conserva-las em cativeiro. Hoje em dia, em todas regiões 
onde sabe-se que a espécie procria, os moradores relatam nomes de pes- 
soas que retiraram filhotes de charões de ninhos e criaram-os em casa. 
Para garantir a perpetuação da espécie A. pretrei, as providências mais 
acertadas seriam a criação de mais áreas de preservação natural per- 
manente e a reprodução em cativeiro. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981 


82 SILVA, F. 


b)Nidificacäo: 


Na primavera (outubro, novembro e dezembro) através de infor- 
mações e observações, tem sido constatado movimentos de procriação nas 
regiões do Planalto Médio, Alto Uruguai de acordo com SICK (1969), 
Campos-de-cima-da-serra, Encosta Superior do Nordeste, Encosta In- 
ferior do Nordeste, Depressão Central e Serra do Sudeste (observações 
do autor). Atualmente o maior número de informações de nidificação são 
das localidades de Serra dos Vargas e Rincão dos Melos, no municipio 
de Santana da Boa Vista, na Serra do Sudeste. Neste local (Serra dos 
Vargas), de 10 a 14 de dezembro de 1979 foram encontrados dois ninhos 
“dos quais fez-se a descrição. 


Ninho nº 1: situado em uma árvore (chá-de-bugre, Casearia sp.) com 
14 m de altura aproximadamente, dentro da mata, na encosta do vale de 
um riacho, em um oco de 51 cm de profundidade da entrada à superficie 
côncava do ninho. Após retirado o material que estava dentro do oco, 
este ficou em 70 cm de profundidade. O orifício da entrada parecia de 
forma circular e tinha 10 cm de diâmetro. O diâmetro interno do oco 
mediu 11 x 17 cm, mais ou menos igual em toda a extensão. A entrada 
do ninho estava situada a 10m do solo em uma curva do tronco. Parece 
que a origem do oco foi a cicatriz de um galho que desprendeu-se. Até o 
presente não obteve-se notícias de que A. pretrei nidificasse em Araucaria 
angustifolia. 


Material do ninho: no fundo do oco existiam pedaços de cipös 
muito finos, de coloração preta, farelos de casca de árvores e pedaços de 
troncos podres. Havia também pedaços de gravetos e pedaços de um ovo 
em decomposição. Os farelos de madeira, provavelmente foram retirados 
da própria árvore onde estava o ninho, devido a sua semelhança em cor 
e consistência com a madeira do tronco. 


Pela narrativa de um morador do local, três ou quatro semanas an- 
tes foram retirados deste ninho dois filhotes ainda sem penas, um maior 
do que o outro. 


Como além dos dois filhotes havia no oco restos de um ovo com 
material vitelinico, pode-se supor que a ninhada era de três ovos. 


Devido a diferença de tamanho dos dois filhotes, supõe-se que o 
choco tenha iniciado após a postura do primeiro ovo. 


Ninho nº 2: localizado em um oco de pau-de-sabão (Quillaja bra- 
siliensis MART) à 10 m do solo em uma curva do tronco principal da är- 
vore, onde havia um galho que já se desprendera (Fig. 2). A entrada do 
oco tinha na parte mais larga um diâmetro de 19 cm e a profundidade 
até o ninho era de 57 cm. A árvore estava no meio da mata, em uma en- 
costa do vale de um riacho. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981 


Contribuição ao conhecimento da... 83 


Material do ninho: no fundo existiam folhas, farelos de 
madeira retirados do próprio tronco, partes de musgos semelhantes aos 
que revestiam o tronco da árvore, e algumas penas. Foram encontrados dois 
ovosnoninho. 


Neste ninho, a pessoa que o localizou afirma ter surpreendido um 
papagaio charão adulto sobre dois ovos. Os ovos tinham formato oval, 
cor branca, medindo: um 35,4 mm de comprimento x 26,7 mm no 
diâmetro maior, e o outro 38,1 mm de comprimento x 26,2 mm no 
diâmetro maior. Estes valores assemelham-se aos mencionados por 
BOND & SCHAUENSEE (1943) para 4. tucumana (CABANIS, 1885). 


CONCLUSÕES 


Pelas informações e observações obtidas sobre épocas de nicifi- 
ção de Amazona pretrei no Rio Grande do Sul, concluiu-se que procrie 
durante a primavera, iniciando as atividades em outubro e terminando 
em dezembro. Nidifica em ocos de árvores dentro da mata alta. E uma 
espécie realmente ameaçada de extinção que deve ser melhor estudada e 
observada. E necessário a criação de mais reservas de preservação per- 
manente para que a espécie possa sobreviver. 


BIBLIOGRAFIA 


BERLEPSCH, H. von & IHERING, H. von 1885. Die Vögel der umgegend von Taquara 
do Mundo Novo, Prov. Rio Grande do Sul. Zeitschr. f. ges. Ornith, Budapest. p.1- 
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BOND, J. & SCHAUENSEE, R.M. 1943. The birds of Bolivia. Part. II Philadelphia, 
Academy of Natural Sciences. 95, p.167-221. 

CUELLO, J. & GERZENSTEIN, E. 1962. Las aves del Uruguai. Lista sistemática, dis- 
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FORSHAW, J.M. & COOPER, W.T. 1977. Parrots of the world. Melbourne, Landsdowe. 
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FORTES, A.B. 1979. Compêndio de Geografia geral do Rio Grande do Sul. 6. ed. rev. 
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GORE, M.E.J. & GEPP, A.R.M. 1978. Las aves del Uruguai. Montevidéo, Mosca Hnos. 
283p. 


IHERING,H. von. 1887. Ornithologische Forschung in Brasilien. Ornis, London (3):1-13. 


PINTO, O.M.O. 1938. Novo catálogo das aves do Brasil,Revta. Mus. Paul., São Paulo, 
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SCHAUENSEE, R.M. de. 1966. The species of birds on South America and their dis- 
tribution. Philadelphia, Academy of Natural Sciences. 577p. 


SICK, H. 1969. Aves Brasileiras ameaçadas de extinção e noções gerais de conservação 
de aves no Brasil. Anais Acad. Bras. Cienc., Rio de Janeiro, 41:205-29. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre (58) :79-85, 27 fev. 1981 


84 SILVA, F. 


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2. Depressao Central 

3. Hissoes 

4. Campanha 

5. Serra do Sudeste 

6. Encosta do Sudeste 

7. Alto Uruguai 

8. Campos de cima da Serra 

9. Planalto Medio 

10.Encosta Inferior do Nordeste 
11.Encosta Superdor do Nordeste 


Fig.1 Cartograma do Estado do Rio Grande do Sul com as onze regiões fisiográficas 
segundo FORTES (1979). ie 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58):79-85, 27 fev. 1981 


Contribuição ao conhecimento da... 85 


Fig. 2 Desenho esquemático da localização do ninho nº 2, de Amazona pretrei (TEM- 
MINK, 1830), em Santana da Boa Vista, Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre (58) :79-85, 27 fev. 1981 


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IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências 
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA, 
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA. 


Cada série é editada em fasciculos com numeração corrida independente, podendo conter um ou 
mais artigos. 


O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuído a Instituições 
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis- 
ta e demais interessados. 


IHERINGIA is the official scientific periodical of the ''Museu de Ciências Naturais”. Its aim is 
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the 
Zoological Park. 


Articles from other national and foreign Institutions researchers may be accepted. Emphasis is 
given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul 
State. 


IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series 
is issued in fascicles consecutively numbered and may contain one er more articles. 


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on an exchanging basis and may also be available to scientists and other interested parties on pre- 
viours arrangements. 


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1. Os manuscritos devem ser encaminhados ao Editor, através de ofício, podendo ser aceitos a cri- 
tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor- 
Superintendente da FZB. 


2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e 
Parque Zoológico da FZB. A juizo, podem ser aceitos ertigos de pesquisadores de Instituições 
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nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul. 


3. Os artigos em língua postuguesa devem ter um resumo em língua estrangeira e os em língua es- 
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em 
português. 


4. Os originais devem ser apresentados em 2 vias datilografadas em espaço dois, com margens 
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um só lado da folha. 


5. Todas as folhas devem ser numeradas na margem superior direita, com numeração corrida e 
rubricadas pelo autor ou ao menos por um dos autores. 


6. Os nomes científicos de gênero e dos “taxa” infragenetricos deverão ser sublinhados com um 
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7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtitulos bem como as palavras latinas 
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto. 


8. Os nomes de autores citados no trabalho, inclusive os constantes das referências bibliográficas 
(bibliografia consultada) devem ser escritos com letras MAIUSCULAS 


9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, deniro 
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o 
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos: 


a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do 
trabalho, título do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de 
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e 
sublinhado), número ou fascículo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e 
final. 


10. 


11. 


12. 


13. 


14. 
15. 


Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en 
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2est. 


b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, titulo do 
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arábico, seguido de ponto e da 
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de 
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado 
(precedidos de p. e v. respectivamente). 


Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet. 


335p. 


Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al- 
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua 
apresentação, respeitando quanto possível as indicações do autor. 


Todas as tabelas e figuras devem ter titulo claro, conciso e, se necessário, com explicações breves 
que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este título, bem como as legendas, se 
houver, devem vir em folhas a parte. 


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vegetal e as fotografias nos tamanhos que permitam a redução para o máximo de 17cmxllcm. As 
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Os artigos, sempre que possível, devem compreender os seguintes tópicos: Título; Nome do autor 
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endereço); Resumo (conforme item 3); Introdução; Material e Métodos; Resultados e/ou Discus- 
são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia Consultada ou Referências Bibliográficas. 


A correção das provas tipográficas será, sempre que possivel, de responsabilidade do autor. 


Os autores que tiverem interesse em separatas de seus artigos deverão solicitá-las por ocasião do 
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Prof. Dr. Amo Antonio Lise 
EDITOR 


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Vera Lucia L.Pitoni 


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Concluiu-se esta edição 
em fevereiro de 1981 


“PROVAS REVISADAS PELO CLIENTE” 


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série Zoologia 


BL ISSN 0073-4721 


GASTAL, H.A. de O. et ali — Diversidade e similaridade 
de comunidades de Pentatomidae (Hemiptera) cap- 
turados com armadilha luminosa na Grande Porto 
Do UR ARO UM RD a Gs cus regresse ss ds senrs p. 5 


RIBEIRO, C.V. et ali — Fauna espongológica e mala- 
cológica bêntica da Lagoa Negra, Parque Estadual de 
RR EEE ARRANCA MS EMMA, a ren mse mess corarina css p.13 


VOSS, W.A. et ali — Constatação e observação de uma 
população residual de Blastocerus dichotomus 
(ILLIGER, 1811) (Mammalia, Cervidae) ............ p.25 


CHITOLINA, O.P. & SANDER, M. — Contribuição ao 
conhecimento da alimentação de Alouatta guariba 
clamitans CABRERA, 1940 em habitat natural no Rio 
Grande do Sul (Cebidae, Alouattinae) ............... p.37 


GROSSER, K.M. & HAHN, S.D. — Ictiofauna da Lagoa 
Negra, Parque Estadual de Itapuä, Municipio de 
Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil ................. p.45 


MENEGHETI, J.O. — Observações preliminares sobre o 
acasalamento e recrutamento em Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) (Aves, Tinamidae) no Rio Gran- 
Ra RT 1 RE E O PRE a VS E p.65 

SILVA, M.C.P. da & THOME, J.W. — Primeiro registro 
de Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) (Prosobran- 
chia, Hydrobiidae) para o Rio Guaíba e Delta do 
REN E IE ss ses RN RAU NEE p.77 

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fauna do Parque Estadual de Itapuä, Rio Grande do 
Sul: Biologia e anilhamento.............zerrcun000. p.89 


Museu de Ciências Naturais da 
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Publicado com o auxílio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Convênio B/29/79/018/00/71. 


FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL 


Entidade de direito privado, instituída pela Lei Estadual nº 6497 de 20/12/72. 
ZUOBUITZNEH (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura). 


Governador do Estado 
JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA 


Secretário de Estado da agricultura 
BALTHAZAR DE BEM E CANTO 


Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
JOSE WILLIBALDO THOME 


Diretoria da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Diretor-Superintendente E 
JOÃO PEDRO RANQUETAT PAPALEO 


Diretores-Executivos 


do Jardim Botânica — MARTA ELENA FABIAN 
do Museu de Ciências Naturais — HERACLIDES SANTA HELENA 
do Parque Zoológico — HELIO FERNANDO SARAIVA 


Impresso com autorização e sob a responsabilidade do 
Diretor Superintendente da FZB (alínea d), 
art. 14, dos Estatutos — Decreto RS 


nº 22.683/73). 


NOV 3 
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APRESENTAÇÃO 


“O presente número da Iheringia zoologia constitui uma edição es- 
pecial patrocinada pela Financiadora Nacional de Estudos e Projetos 
(FINEP) dentro do Convênio nº B/29/79/018/00/71 — FINEP — FZB. 


Este convênio visou a realização de um projeto com que os biologistas 
da FZB iniciaram o aprofundamento da pesquisa dos recursos naturais na 
Região da Grande Porto Alegre, atendendo a recomendações contidas na 
obra: “Preceituação ecológica para preservação de recursos naturais na 
Região da Grande Porto Alegre”, editada pela FZB em 1976. O trabalho 
tinha por meta, não só qualificar mas iniciar a quantificação do conhecimen- 
to para certos grupos e ecossistemas dentro da área. Parte dos resultados 
obtidos são oferecidos nesta edição. 


Os zoólogos da FZB dedicam, neste momento, o trabalho realizado à 
comunidade metropolitana mas, mais particularmente, aos professores de 
ciências bio-ecológicas de todos os níveis, da escola secundária ao de pös- 
graduação, esperando que se distanciem cada vez mais os dias em que se 
tinha de exemplificar a teoria zoológica com nomes da fauna estrangeira. E é 
feita esta dedicatória dentro do pensamento de que só se preserva o que se 
ama e só se ama, verdadeiramente o que se conhece. Neste sentido aquele 
professor será sempre o elemento indispensável, alavanca mestra, talvez, no 
processo de conscientizar uma comunidade sobre a natureza que a cerca”. 


Prof. Drº. Cecilia Volkmer Ribeiro 
— Coordenador Científico do Convênio — 


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Diversidade e similaridade de comunidades de Pentatomidae 
(Hemiptera) capturados com armadilha luminosa na Grande Porto 
Alegre, Rio Grande do Sul.* 


Hilda Alice de Oliveira Gastal ** 
Maria Elizabeth Lanzer-de Souza** 
Maria Helena Mainieri Galileo** 


RESUMO 


Através da análise dos indices de diversidade e quociente de similaridade de três 
comunidades de Pentatomidae (Hemiptera), na Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 
constata-se a baixa diversidade destas e a semelhança entre elas, devido a ação de fatores 
limitantes locais. Fazem-se recomendações de preservação ecológica visando um aumento 
qualitativo das espécies desta família. 


ABSTRACT 


Three communities of Pentatomidae (Hemiptera) from Grande Porto Alegre, Rio 
Grande do Sul State, are analyzed by the index of diversity and quocient of similarity. 
The low diversity of the communities and the similarity of them are related with local 
factors. It is recommended the ecological preservation to obtain a qualitative improve- 
ment of the species diversity. 


INTRODUÇÃO 


A pesquisa sobre hemipteros, ocorrentes na região da Grande Por- 
to Alegre, Rio Grande do Sul (RS), justifica-se, não só devido ao for- 
necimento de elementos básicos para os estudos dos recursos faunisticos 
locais, como também, pela necessidade de conhecimento da capacidade 
de sobrevivência das populações, principalmente em relação aos fregüen- 
tes e expressivos graus de poluição a que estão sujeitas. 


* Aceito para publicação em 05/X11/1980. Contribuição FZB nº 193. Trabalho parcialmente subven- 
cionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71. 


** Técnicos Superiores Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul (MCN/FZB), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsistas do Con- 
selho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq., Proc. 30. 0279/78, 
30.0278/78-Z0-07 e 30. 0918/80-Z0-07 respectivamente). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


6 GASTAL, H.A. de O. et alii 


Sabe-se que todas as populações estão expostas às influências do 
meio ambiente, sofrendo com isso alterações quanto ao crescimento, 
manutenção, diferenciação, maturidade e, consequentemente, modifican- 
do o próprio meio. 


A família Pentatomidae é uma das mais importantes entre os 
Hemiptera, pois além de apresentar muitas espécies de importância 
econômica, destacando-se Nezara viridula (LINNAEUS, 1758), Piezo- 
dorus guildinii (WESTWOOD, 1837) e Oebalus poecilus (DALLAS, 
1851) é expressiva no contexto dos ecossistemas. 


Segundo LARA et alii (1979), quando se trabalha com insetos um 
dos aspectos mais importantes em pesquisa ecológica, diz respeito ao 
número de espécies existentes na comunidade e o número de individuos, 
bem como a comparação de diversas comunidades. 


O uso de armadilhas luminosas é bastante difundido na coleta de 
insetos, sendo adequado para estudos de: levantamentos populacionais, 
distribuição geográfica, épocas de ocorrência, flutuação, influência dos 
fatores abióticos, controle de insetos pragas, diversidade e similaridade. 


GALLO et alii (1978) define armadilha luminosa como aparelho 
destinado a atrair e capturar insetos de atividade e/ou vôo noturnos, 
fototrópicos positivos. 


No Brasil, os trabalhos de levantamento e flutuação populacional, 
utilizando armadilhas luminosas, foram iniciados por WIENDL & SIL- 
VEIRA NETO (1967) citados por TARRAGÖ (1973). 


A grande maioria dos trabalhos encontrados utilizando armadilhas 
luminosas são sobre Lepidoptera, principalmente aqueles de hábitos 
noturnos. No entanto, ha registros de Hemiptera coletados com estas 
armadilhas. SILVEIRA NETO (1972), utilizando armadilhas luminosas 
para um inventário em nove municipios do Estado de São Paulo, coletou 
651 espécimes de Pentatomidae pertencentes a 12 espécies, das quais 
Loxa flavicollis (DRURY, 1773) foi a mais numerosa, seguida por O. 
poecilus e N. viridula. 


O objetivo deste trabalho é apresentar, através de um levantamen- 
to de Pentatomidae de três diferentes áreas da Região da Grande Porto 
Alegre, RS, a análise do índice de diversidade e quociente de similari- 
dade das comunidades aí estabelecidas. 


O indice de diversidade independe do processo de levantamento e 
tamanho da amostra efetuados, sendo uma medida característica de cada 
comunidade. Além disto, o estudo da diversidade permite o conhecimen- 
to da maior ou menor estabilidade da comunidade. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


Diversidade e similaridade... 7 


O quociente de similaridade permite uma comparação quantitativa 
e qualitativa entre diferentes locais de amostragens, pois exprime a 
semelhança entre duas ou mais comunidades em função da constituição 
das espécies. 


Assim sendo, o trabalho desenvolvido proporciona uma noção es- 
timada da riqueza de espécies das comunidades estabelecidas, da relação 
entre elas e o total de individuos, bem como, da analogia entre as três 
comunidades de Pentatomidae, constituindo-se numa pesquisa pioneira 
no Estado. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Efetuaram-se coletas, três vezes por semana, no periodo de 29 de outubro de 1979 a 
24 de outubro de 1980, utilizando armadilhas luminosas modelo “Luiz de Queiroz”, con- 
forme descrição de SILVEIRA NETO & SILVEIRA (1969), equipadas com lâmpadas 
fluorescentes ultravioleta de 15 watts e células fotoelétricas adaptadas, suspensas do solo 
cerca de 2 metros e 50 centimetros (Fig. 1). 


Para instalação das armadilhas foram escolhidos os seguintes locais: 


a — Arroio Petim, município de Guaíba (4 metros de altitude), na Fazenda Petim 
de propriedade do Sr. Italo Corbetta, distante de Porto Alegre sproximadamente 43 quilö- 
metros (Fig. 2); 


b — Estação Experimental Fitotécnica de Viamão (Estação das Águas Belas), no 
município de Viamão (52 metros de altitude) distante cerca de 28 quilômetros de Porto 
Alegre (Fig. 3 e 4); 


c — Morro Santana, bairro Agronomia, em Porto Alegre, numa altitude de apro- 
ximsdamente 150 metros, na propriedade do Instituto Irmão: Miguel Dario (Fundação 
Estadual do Bem Estar do Menor — FEBEM) (Fig. 5). 


A escolha destes locais esteve condicionada às recomendações de preservação 
faunística sugeridas em FUNDAÇÃO ZOOBOTANICA DO RIO GRANDE DO SUL 
(1976), onde se adverte sobre a necessidade de resguardo e manutenção dos capões exis- 
sentes nas margens da lagoa-represa das Aguas Belas, da mata restante no Morro San- 
tana e toda a região de banhados e mata nativa do Arroio Petim. 


Na instalação da armadilha luminosa no Morro Santana, escolheu-se um local onde 
a incidência luminosa alcançasse a maior parte da mata nativa da encosta sudeste, ainda 
predominante nessa região. Na Estação das Aguas Belas, a armadilha foi instalada num 
local próximo à represa, permitindo um alcance aos capões de mato e área de cultura expe- 
rimental. A localização da armadilha junto ao Arroio Petim previa uma abrangência aos 
banhados da área e mata de galeria que se estende pelo curso médio do arroio. 


Para a obtenção dos espécimes mantiveram-se tarros plásticos contendo álcool 70 % 
junto ao término dos funis de captação das armadilhas (Fig. 1), substituídos numa fre- 
qiiência de 2:2:3 noites, havendo ocasiões, esporádicas, onde o periodo de substituição foi 
mais dilatado nunca ultrapassando a quatro. 


Em laboratório fizeram-se a triagem, identificação e contagem dos insetos captu- 
rados, bem como a análise dos dados obtidos. Para cálculo do indice de diversidade ( <©) 
foi aplicada a fórmula proposta por MARGALEF (1951) e para cálculo do quociente de si- 
milaridade (QS), a proposta por SORENSEN (1948) citadas por SILVEIRA NETO et alii 
(1976) e LARA et alii (1979). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


8 GASTAL, H.A. de O. et alii 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Num total de 148 coletas obtiveram-se 1.134 exemplares de Pen- 
tatomidae. Entre as espécies coletadas (Tabela 1) as que apresentaram 
maior número de indivíduos foram Oebalus sp., O. poecilus, Thyanta sp. 
e N. viridula. 


Os indices de diversidade (Tabela 2) estabelecidos nas comunidades 
amostradas foram baixos, verificando-se que a fauna de Pentatomidae é 
pouco variada. Isto indica comunidades específicas com pequeno número 
de espécies populosas em conseqiiência da ação de fatores limitantes 
locais, como, por exemplo, a especificidade de culturas e desfiguração 
do ambiente natural. 


Comparando-se as comunidades entre si obtiveram-se os quocientes 
de similaridade (Tabela 3), os quais evidenciaram uma maior semelhança 
entre as comunidades de Viamão e Morro Santana, bem como, entre as 
de Viamão e Guaiba. 


Salienta-se que estes resultados de diversidade e similaridade são 
válidos apenas para as áreas de atuação das armadilhas luminosas que é 
de 20 hectares segundo LEWIS & TAYLOR (1967) citados por SIL- 
VEIRA NETO (1972). 


Conclui-se que nas três áreas da Grande Porto Alegre amostradas 
neste trabalho, a presença predominante de culturas na Estação das 
Águas Belas (oleráceas) e Arroio Petim (arroz e oleráceas) e a influência 
urbana no Morro Santana, já atingiram proporções tais que, para a 
fauna de Pentatomidae, determinam locais pouco diversificados. 


A conservação das pequenas matas naturais restantes é recomen- 
dada, pois constituem-se em refúgios imprescindíveis que proporcionam 
a maior diversificação qualitativa da família. 


A maior diversidade de espécies é importante porque propicia uma 
maior competição intra-especifica, evitando uma elevação perniciosa no 
número de individuos das espécies de pentatomídeos pragas. Além disto, 
permite que a familia se mantenha numa estrutura e composição cons- 
tantes, pois a comunidade sofre quando a influência dos fatores des- 
favoráveis sobrepuja os favoráveis, permitindo uma diminuição da 
população. Torna-se necessária a manutenção de espécies que apesar de 
serem destituidas de importância para o homem diretamente, são indis- 
pensáveis para a conservação das cadeias tróficas e consequentemente, 
estabilidade nos ecossistemas formados. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


Diversidade e similaridade... 9 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos ao Diretor do Instituto Irmão Miguel Dario, Dr. Hiram Souza Arden- 
ghi, ao Diretor da Estação Experimental Fitotécnica de Viamão, Dr. Osmar Salin e ao 
responsável pela Fazenda Petim, Engº Agrº Cândido Deibler, pela permissão para ins- 
talação das armadilhas luminosas naqueles locais. Aos senhores Bento Alves Alano, Al- 
bery Alvez de Aquino e Erasmo Finkler, nossa gratidão pela prestimosa colaboração 
durante o desenvolvimento dos trabalhos de campo. Aos auxiliares Keti Maria Rocha 
Zanol, Henrique Antonio Bischoff e Valmir Luis Vieira Ayres, nosso reconhecimento pelo 
efetivo desempenho das tarefas que lhes foram confiadas. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RIO GRANDE DO SUL. 1976. Preceituação eco- 
lógica para a preservação de recursos naturais na região da Grande Porto Alegre. 
Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Sulina. 151p. (Publi- 
cação Avulsa FZB, 1). 


GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, 
G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA,J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B. 1978. 
Manual de entomologia agrícola. São Paulo, Agronômica Ceres. 315p. 


LARA, F.M.; GRAVENA, S.; BUSOLI, A.C.; DE BORTOLI, S.A. 1979. Principios 
de entomologia. Piracicaba, Livroceres, 295p. 


SILVEIRA NETO, S. 1972. Levantamento de insetos e flutuação da população de pragas 
da ordem Lepidoptera, com o uso de armadilhas luminosas, em diversas regiões do 
Estado de São Paulo. 183f. Tese (Livre Docênc. - Agronomia) ESALQ, USP. Pi- 
racicaba. (Não publicada ) 


SILVEIRA NETO, S. & SILVEIRA, A.C. 1969. Armadilha luminosa modêlo “Luiz de 
Queiroz”. Solo, Piracicaba, 61(2):19-21. 

SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILLA NOVA, N. A. 1976.Manual de 
ecologia dos insetos. São Paulo, Agronômica Ceres. 419p. 


TARRAGO, M.F.S. 1973. Levantamento da família Noctuidae, através de armadilhas 
luminosas e influência fenológica na flutuação populacional de espécies pragas, em 
Santa Maria, RS. 92f. Tese (Mestr. - Agronomia) ESALQ, USP. Piracicaba, ( Não 
publicada ) 


Este trabalho foi examinado por: 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
Tania Heloisa Araujo Arigony 
Inga L. Veiteinheimer Mendes 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


10 GASTAL, H.A. de O. et alii 


Tabela 1: Pentatomidae (Hemiptera) coletados com armadilha 
luminosa em Guaiba (Arroio Petim), Viamão (Estação das Aguas Belas) 
e Porto Alegre (Morro Santana), RS, de 29/X/1979 a 24/X/1980. 


GUAiBA VIAMÃO PORTO 
ALEGRE. 


Espécies 


Acrosternum musiva (BERG, 1879) 
Acrosternum sp. Ä 
Alcaeorrhynchus grandis (DALLAS, 1851 
Arvelius albopunctatus (DE GEER, 1773) 
Banasa sp. 1 

Banasa sp. 2 

Banasa sp. 3 

Banasa sp. 4 

Banasa sp. 5 

Chloropepla vigens STAL, 1860 

Dichelops sp. 

Dinocoris gibbus (DALLAS, 1851) 

Dinocoris sp. 

Edessa meditabunda(FABRICIUS, 1794) 
Glyphepomis adroguensis BERG, 1891 . 
Glyphepomis setigera KORMILEV & PIRAN, 1952 
Lincus sp. 

Loxa deducta WALKER, 1867 

Loxa viridis (PALISOT DE BEAUVOIS, 1805) 
Mayrinia curvidens (MAYR, 1864) . 
Mormidea v-luteum (LICHTENSTEIN, 1796) 
Mormidea sp. 

Nezara viridula (LINNAEUS, 1758) 

Oebalus poecilus (DALLAS, 1851) 

Oebalus ypsilongriseus (DE GEER, 1773) 
Oebalus sp. 

Piezodorus guildinii (WESTWOOD, 1837) 
Podisus sp. 1 

Podisus sp. 2 

Proxys albopunctulatus (PALISOT DE BEAUVOIS, 1805) 
Serdia sp. 

Supputius cincticeps (STAL, 1860) 

Thyantha perditor (FABRICIUS, 1794) 
Thyantha sp. 

Tibraca sp. 

Näo identificado 1 

Näo identificado 2 


|| Dada Da Da Dep De Babe | ae | Pe I I | PSI DS | ix 


Due | DD DA De e De | | De e de el Dana | De Dede | ee I Pe | 
IX Ipe | pede De DDD | eee ee 


pan io ar | 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


Diversidade e similaridade... 


11 


Tabela 2: Indices de diversidade da fauna de Pentatomidae (He- 


miptera) coletados com armadilha luminosa em Guaiba (Arroio Petim), 
Viamão (Estação das Aguas Belas) e Porto Alegre (Morro Santana), RS, 
de 29/X/1979 a 24/X/1980, segundo fórmula de MARGALEF (1951). 


Local Número de espécies Número de indivíduos CS 
Guaiba 28 661 4,15 
Viamão 25 383 4,04 
Porto Alegre 16 90 3,94 


Tabela 3: Diagrama indicando a similaridade entre as comunidades 


de Pentatomidae (Hemiptera) em Guaiba — Arroio Petim (A), Viamão 
— Estação das Aguas Belas (B) e Porto Alegre — Morro Santana (C), 
RS, de 29/X/1979 a 24/X/1980, segundo fórmula de SORENSEN 


(1948). 


A = 0,40-0,50; @ =05107% 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


12 GASTAL, H.A. de O. et alii 


Fig. 5 


Fig. 1-5: 1. Armadilha luminosa modêlo “Luiz de Quiroz” instalada na Fazenda 
Petim, Guaiba, RS, vendo-se a mata que margeia o Arroio Petim; 2-5. Aspectos dos 
locais da Grande Porto Alegre, RS, onde foram instaladas as armadilhas luminosas, 2. 
Fazenda Petim, salientando-se ao fundo parte da mata de galeria do Arroio Petim; 3-4. 
Estação Experimental Fitotécnica de Viamão; 3. Ao fundo nota-se a mata que circunda a 
lagoa-represa das Águas Belas; 4. Conjunto de pequenos capões isolados, opostos à mata 
nativa que circunda a lagoa-represa das Águas Belas; 5. Instituto Irmão Miguel Dario, 
vendo-se a mata natural na encosta do Morro Santana. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):5-12, 24 mar 1981 


Fauna espongolögica e malacológica bêntica da Lagoa Negra, Par- 
que Estadual de Itapuã, Rio Grande do Sul.* 


Cecilia Volkmer-Ribeiro** 
Rosária De Rosa-Barbosa** 
Maria Cristina D.Mansur** 


RESUMO 


O presente trabalho, realizado na Lagoa Negra, município de Viamão, constitui o 
primeiro levantamento de esponjas levado a efeito em uma lagoa de água doce, de zona 
costeira, no Rio Grande do Sul. Foram encontradas gêmulas de Heteromeyenia stepa- 
nowii, (DYBOWSKY, 1884), Ephydatia facunda, (WELTNER, 1895), Radiospongilla 
crateriformis (POTTS, 1882) e Corvospongilla böhmi (HILGENDORF, 1883) e resi- 
duos espiculares que indicam ainda a ocorrência Uruguaya corallioides (BOWERBANK, 
1863) e Metania sp.. O registro de R. crateritormis é o primeiro para o Estado. 
Atribui-se ao elevado teor de matéria orgânica particulada em suspensão,à agitação cons- 
tante do meio líquido, causada pelos ventos, à baixa transparência e a acidez da água, a 
formação de um ambiente drástico para esponjas e responsável pela redução do desenvol- 
vimento dos espécimes. 


O levantamento da malacofauna bêntica revelou a ocorrência, na Lagoa Negra, de 
Diplodon charruanus (ORBIGNY, 1835), Castalia undosa martensi (IHERING, 1891) 
(HYRIIDAE) e Pisidium sp. (SPHAERIIDAE), apresentando-se a primeira como do- 

“minante e as demais como muito raras. D. charruanus ocorreu em substrato predominan- 
temente arenoso, à profundidade acima de 80 cm, em zonas com vegetação esparsa de 
“yuncos” (Cyperaceae) e sujeitas a influência constante dos ventos dominantes. 


ABSTRACT 


A first surveying for sponges was carried in the “Lagoa Negra”, a freshwater la- 
goon with black waters in the coastal strip of the southernmost region of Brazil. The 
specimens were reduced to gemmules, pertaining to the species Heteromeyenia stepanowii 
(DYBOWSKY, 1884), Ephydatia facunda, (WELTNER, 1895), Radiospongilla craterifor- 
mis (POTTS, 1882), and Corvospongilla böhmiü (HILGENDORF, 1883) found in the 
roots of the water jacinth Eichornia azurea and E. crassipes. Spicular remains sought for 
in the bottom sediments pertained to the upper refered species and yet to Uruguaya 


* Aceito para publicação em 10/XII/1980. Contribuição FZB nº 196. Trabalho parcialmente sub- 
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71). 


** Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. nºs, res- 
pectivamente, 30.6134/76-Z0-07, 30.1128/77-Z0-07 e 30.5365/76-Z0-07). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


14 RIBEIRO, C.V. et alii 


corallioides (BOWERBANK, 1863) and Metania sp.. The reduced size of the specimens is 
credited to the acidity, low transparency and high content of particulated organic matter 
of the water as well as to the strong and steady waving caused by dominant winds. 


The surveying for benthic molluscs in the same Lagoon showed this fauna to be 
presently reduced to the bivalves Diplodon charruanus (ORBIGNY, 1835), Castalia un- 
dosa martensi (IHERING, 1891) both of the family HIRIIDAE and Pisidium sp. of the 
family SPHAERIIDAE. D. charruanus is the predominant species, the other two being 
rare. 


INTRODUÇÃO 


Não houve, até o presente, esforço de parte dos poucos autores que 
realizaram pesquisa de caráter faunistico ou limnolögico no Rio Grande 
do Sul, para levantar a fauna espongológica dos distintos ambientes lên- 
ticos proporcionados pelo complexo de lagoas costeiras do Estado. 
KLEEREKOPER (1944, 1955), único autor que produziu trabalho de 
caráter limnológico mais amplo nesta região, não menciona qualquer 
ocorrência de esponjas. WELTNER (1895) descreveu Ephydatia facunda 
a partir de material recebido de von IHERING e coletado em um “tüm- 
pel bei Rio Grande do Sul, Brazilien”, (p. 141). 


Constituindo a Lagoa dos Patos e arredores a área do esforço 
maior de trabalho de von IHERING, supõe-se que esta seja também a 
localidade de origem do espécime descrito por WELTNER, contida assim na 
faixa costeira do Estado. 


Em ambiente mais ou menos semelhante no Brasil, apenas CAR- 
VALHO (1942) registra a ocorrência de Ephydatia crateriformis, em 
lagoas de inundação dos rios Jacupiranga e Ribeira de Iguape, em local 
próximo à região litorânea do Estado de São Paulo. Esta espécie foi pos- 
teriormente transferida para o gênero Radiospongilla PENNEY & 
RACEK (1968). 


A primeira citacäo de molusco bivalve (HYRIIDAE) para a regiäo 
litorânea do Estado do Rio Grande do Sul, foi de KLEEREKOPER 
(1944, 1955). Trata-se de Diplodon berthae ORTMANN, 1921, citado 
para o Sangradouro dos Cornélios (ambiente lótico) que liga a lagoa 
Itapeva à lagoa dos Quadros, ambas situadas na região Nordeste do Rio 
Grande do Sul. 


Diplodon berthae foi descrita originalmente para Cachoeira, no Rio 
Jacuí, RS, e é considerado: um sinônimo de D. charruanus ORBIGNY, 
1835, segundo HAAS (1930 a 1969) e BONETTO (1964); um sinônimo 
de D. piceus LEA, 1860 segundo PARODIZ (1968); e sinônimo de D. 
pino fontaineanus (WAGNER) segundo BONETTO & MANSUR 
1970). > 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Fauna espongológica e malacológica... “15 
E paia AN 


HAAS (1930) cita D. charruanus para a Lagoa da Volta, uma 
lagoa costeira do RS, segundo este autor. Até o presente momento não 
foi localizada qualquer lagoa com este nome. O mesmo autor oferece 
ilustrações de exemplares provenientes desta lagoa. Segundo PARODIZ 
(1968:15) a figura 1 da página 186 de HAAS (1930) é de um ver- 
dadeiro D. charruanus devido a presença de fracas ondulações (“flutings””) 
no declive posterior do ápice umbonal. 


MANSUR (1970) com base nos trabalhos acima mencionados cita 
D. charruanus e D. berthae para a zona das lagoas costeiras do RS. 


Castalia undosa martensi, cuja localidade típica é o rio Camaquã 
no Rio Grande do Sul foi citada ainda para o Guaiba (MANSUR, 1972) 
e para os rios costeiros da República Oriental do Uruguai (BONETTO & 
MANSUR, 1970). 


MATERIAL E MÉTODO 


Para verificação da ocorrência de esponjas no complexo Lagunar 
costeiro do Rio Grande do Sul escolheu-se a Lagoa Negra, situada den- 
tro dos limites do Parque Estadual de Itapuã, Município de Viamão. A 
razão da escolha bem como demais características de suas águas são 
relatados em VOLKMER-RIBEIRO, (no prelo). Numa primeira etapa do 
trabalho recorreu-se a análise de algumas amostras esparsas de sedimento 
do fundo. Visto haver-se encontrado nestas material espicular, partiu-se 
para uma exploração sistemática de vários sítios e substratos que pudessem 
conter esta fauna. 


O primeiro alvo deste levantamento foi o trecho de praia rochosa, 
formado pela encosta do Morro da Grota que limita com a lagoa, VOLK- 
MER-RIBEIRO, (no prelo). Verificou-se porém que a zona de praia é 
ai constituída por matacões ou extensões continuas de rocha, não 
apresentando pedras soltas que pudessem ser retiradas da água para 
exame. Como o nível da água na lagoa nunca baixou o suficiente para ex- 
por eventuais incrustações de esponjas nestas rochas, o habitat não pode 
ser amostrado. 


Realizaram-se a seguir perscrutações macroscópicas das partes 
submersas da vegetação flutuante ou das macrófitas enraizadas no fun- 
do. Destas a mais abundante na lagoa é o junco, Scirpus californicus 
(MEY) STEND que teve as porções submersas de suas hastes e seus es- 
tolões examinados. Estes exames não revelaram qualquer evidência de 
esponjas. 


Visto já haver sido constatada a ocorrência de microespécimes de es- 
ponjas em raizes de Eichornia azurea no rio Guaíba (VOLKMER- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


16 RIBEIRO, C.V. et alii 


RIBEIRO & alii, 1975) e sendo esta, e principalmente E. crassipes, abun- 
dantes na lagoa, foram feitas coletas sistemáticas mensais de abril de 
1979 a julho de 1980 das raizes destas plantas para fins de exames 
microscópicos. As coletas forarn realizadas principalmente nos pontos 1 e 
8 (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo) que eram os de maior concentração 
desta vegetação, sendo as raizes postas a secar ao sol e depois obser- 
vadas, no laboratório, sob microscópio estereoscópico. Verificou-se en- 
tão, em várias delas, a ocorrência de microespécimes de esponjas, cons- 
tituidos exclusivamente por gêmulas. Estas gêmulas foram separadas e 
preparadas isoladamente (dissociação com ácido nitrico a quente) na 
própria lâmina da montagem permanente. 


Para abreviar o tempo de exame destas amostras secas foi pos- 
teriormente usado o seguinte procedimento: a amostra era colocada den- 
tro de um saco plástico e aí desagregada manualmente de modo a que se 
depositasse no fundo uma porção pulverizada de raizes. Uma sub-amos- 
tra desta porção era então tratada com ácido nitrico, da mesma forma 
como a seguir se descreverá para o sedimento do fundo da lagoa. Se o 
exame da preparação histológica resultante revelasse um bom conteúdo 
espicular voltava-se à amostra para procura de gêmulas isoladas. 


Uma vez que as raizes de Eichornia formavam um tipo de habitat 
e levariam portanto a uma avaliação parcial da eventual fauna de espon- 
jas da lagoa, resolveu-se realizar o exame microscópico de uma serie de 
amostras de sedimento de fundo, coletadas com draga de Ekman e que 
seriam usadas para análises de granulometria e conteúdo de matéria or- 
gânica (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo). De cada uma destas amostras, 
homogeneizada e seca, foi retirada uma porção, tratada com ácido nítrico 
a quente e lavada, após, por centrifugações sucessivas. Após secagem o 
residuo resultante foi suspendido em álcool absoluto e colocado, com 
conta-gotas, em lâminas, para montagem permanente com Entelan. 


Para coleta de moluscos bentônicos, recolheram-se manualmente 
conchas jogadas na zona litorânea como também exemplares vivos 
semienterrados dentro da lagoa, até a profundidade de Im. Para as 
zonas mais profundas utilizou-se a draga de Ekman operada de bordo de 
barco. As coletas foram realizadas mensalmente no período já referido 
anteriormente. 


RESULTADOS 


As gêmulas aderidas às raizes de Eichornia azurea e E. crassipes 
foram identificadas como pertencentes as espécies Ephydatia facunda 
(WELTNER, 1895) Heteromeynia stepanowii (DYBOWSKY, 1884) 
Radiospongilla crateriformis (POTTS, 1882) e ae bohmii 
(HILGENDORF, 1883). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Fauna espongológica e malacológica... 17 
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O exame das preparações microscópicas realizadas a partir de 
amostras do sedimento do fundo da lagoa mostrou, em quantidade 
regular, tanto megascleras quanto gemoscleras (estas em menor número) 
pertencentes às espécies acima citadas mas, além destas, algumas 
megascleras e gemoscleras de Uruguaya corallioides (BOWERBANK, 
1863) e gemoscleras de uma espécie do gênero Metania (GRAY, 1867). 


Pela quantidade, tanto das gêmulas aderidas às raízes, quanto dos 
espículos encontrados no sedimento do fundo da lagoa, H. stepanowii e 
E. facunda mostraram ser as espécies predominantes atualmente na 
lagoa, seguidas por R. crateriformis. Por outro lado, a coleta da ve- 
getação realizada em 19 de janeiro de 1978 foi a que mostrou maior 
quantidade de gêmulas. 


Merece destaque a quase ausência de espículos esqueletais encon- 
trados junto às gêmulas. Para composição das pranchas ilustrativas (fig. 
1) foi necessário recorrer às megascleras encontradas nos sedimentos. 


Examinando o material de moluscos bivalves coletados na Lagoa 
Negra, constatou-se que, com exceção de 1 espécime de Castalia undosa 
martensi e 1 espécime de Pisidium sp., obtiveram-se apenas exemplares 
de uma espécie cuja forma e característica da concha coincidem com as 
ilustrações de HAAS (1930:186), mais especificamente, as figuras ’ e 2 
referentes a D. charruanus. 


O resultado das coletas indica que a ocorrência de D. charruanus 
na Lagoa Negra deve estar restrita às zonas que apresentam fundo 
predominantemente arenoso com algum lodo, com um pH em torno de 6. 
A distribuição não é uniforme. Ocorrem especialmente no braço mais lar- 
go da Lagoa (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo) em zonas atingidas pelos 
ventos de maior intensidade. Os exemplares começam a surgir à profun- 
didade de 80 cm. Foram coletados até 4 exemplares por dragada, na 
profundidade de 1,50m. Geralmente existe uma esparsa vegetação de 
juncos nas zonas de ocorrência destes moluscos. 


Após periodos de vento intenso, são econtradas grandes quanti- 
dades de conchas vazias deste bivalve, jogadas por ondas nas praias ao 
norte e ao sul do braço maior da lagoa (Fig. 38). 


O exemplar de Castalia undosa martensi foi encontrado nas mar- 
gens da lagoa, sem as partes moles, porém com a concha bem conser- 
vada. O único espécime de Pisidium sp. foi recolhido junto às raizes da 
vegetação marginal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


18 RIBEIRO, C.V. et alii 


DISCUSSÃO 


A comunidade de esponjas da Lagoa Negra, levantada no presente 
trabalho mostrou em comum com a do rio Guaíba, somente as espécies 
H. stepanowii, C. böhmii, e U. corallioides, assim como a ocorrência do 
gênero Metania (VOLKMER-RIBEIRO & alii, 1975). E de interesse 
notar que U. corallioides e a espécie representante do gênero Metania, 
constatados no Guaiba até agora somente por meio indireto (VOLK- 
MER-RIBEIRO & GROSSER, no prelo) obtêm aqui nova evidência de 
ocorrência na área. Enquanto para o Guaiba identificou-se M. reticulata 
(BOWERBANK, 1863), para a Lagoa Negra não foi possível chegar à 
identificação da espécie de Metania ocorrente devido ao reduzido número 
de gemoscleras encontradas até agora. 


A impossibilidade de realizar-se amostragem direta na praia ro- 
chosa da Lagoa permite supor que U. corallioides deva ocorrer neste 
local, sendo justamente este tipo de substrato o preferido pela espécie. 
Por outro lado é permitido supor-se que talvez mais uma ou duas es- 
pécies de esponjas possam ocorrer neste mesmo local ou outros da lagoa 
dada sua extensão e o caráter sempre tentativo das coletas. 


H. stepanowii, espécie cosmopolita, mostrou-se já adaptada a 
vários tipos de ambiente lêntico ou semi-lêntico dentro da região da 
Grande Porto Alegre, ocorrendo como predominante nas raizes de ve- 
getação flutuante nas águas do delta do Jacuí (VOLKMER-RIBEIRO et 
alii, 1975) e nos açudes e banhados vizinhos ao curso inferior do rio Cai 
(VOLKMER-RIBEIRO, inédito). 


E. facunda, descrita por WELTNER como proveniente de charco, 
foi recentemente (VOLKMER-RIBEIRO, inédito) encontrada na Lagoa 
dos Patos, acreditando-se que tenha por habitat típico esta área lagunar cos- 
teira. 


R. crateriformis também ocorreu até agora na América do Sul em 
ambientes lênticos tendo como substrato raizes. de Eichornia, segundo o 
registro de CARVALHO (1942) para lagoas de inundação dos rios Ri- 
beira de Iguape e Jacupiranga, nas proximidades do litoral de São Paulo 
eBONETTO & EZCURRA DE DRAGO (1964) na laguna Guadalupe, inun- 
dada pelo rio Paraná, nas proximidades de Santa Fé, Argentina. Para 
esta espécie foram tabelados os dados dimensionais das gemoscleras, 
conforme obtidos pelos autores acima citados, juntamente com os das 
gemoscleras encontradas na Lagoa Negra (Tabela 1). Desta comparação 
se constata que as dimensões do material da Lagoa Negra estão muito 
próximas daquelas citadas por CARVALHO (1942) e, ainda, que su- 
peram as conhecidas até o presente. Isto indicaria que não está ocorren- 
do no meio, redução de sílica disponível para construção do esqueleto, o 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Fauna espongológica e malacológica... 19 
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que de fato, pode ser corroborado pelos valores altos da silica nas 
análises de água da Lagoa (VOLKMER-RIBEIRO, no prelo). 


Do cotejo com a bibliografia ecológica existente para esponjas 
(HARRISON, 1974), constata-se que ambientes com altos teores de lodo 
ou silte em suspensão são deletérios à maioria das espécies de esponjas, 
sejam marinhas ou de água doce, pelo impedimento à filtração que 
causam. Mas, no que diz respeito às de água doce, os membros do 
gênero Ephydatia são particularmente tolerantes a altos níveis de sil- 
tização e preferem zonas de baixa intensidade luminosa. É também 
Ephydatia fluviatilis a espécie mais eurihalina conhecida, suportando 
salinidades de 5 ppt. 


Radiospongilla crateriformis, por outro lado, vem demonstrando 
ser a espécie que melhor suporta ambientes carregados de lodo. Foi 
coletada por CHEATUM & HARRIS (1953), em boas condições, com- 
pletamente coberta por lodo. ESHLEMAN (1950) considera esta espécie a 
mais passível de ser encontrada na Flórida, E.U.A. em águas muito túr- 
bidas ou estagnadas. 


O fato de terem sido encontradas praticamente só gêmulas nas 
raizes das plantas flutuantes, sendo as megascleras achadas nos se- 
dimentos, bem como os dados ecológicos acima citados levam a uma 
série de considerações. Uma delas é a de que o ambiente atual da lagoa 
apresenta-se drástico para esta fauna, já que as gêmulas são sabidamen- 
te corpos de resistência. Assim estas esponjas estariam, após o periodo 
de eclosão gemular constituindo novos espécimes caracterizados por um 
esqueleto reduzido e formação imediata de novas gêmulas. Uma vez que 
o conteúdo de sílica disponível é alto, acredita-se que seja a quantidade 
muito grande de matéria orgânica particulada em suspensão que esteja 
impedindo o processo alimentar básico de filtração. Além disto o fator 
vento, responsável pela agitação constante do meio líquido na lagoa, es- 
taria contribuindo mecanicamente para desagregação das esponjas, por 
fricção dos substratos (raizes das plantas flutuantes) entre si, tão logo 
começassem a ser formadas. Isto explicaria ainda a quantidade de 
megascleras encontradas nos sedimentos. As gêmulas, sendo os elemen- 
tos constituintes da esponja que apresentam geralmente grau elevado 
de aderência ao substrato, teriam justamente melhores condições de 
resistir à força de desagregação mecânica imposta pelo ambiente na 
lagoa. 


Apesar da proximidade da Lagoa Negra com a dos Patos e com o 
Guaiba, é interessante notar que no local em apreço, não foram cons- 
tatados outros representantes de moluscos bivalves de Hyriidae e ne- 
nhum de Mycetopodidae. Por sua vez, para a bacia do Guaiba foram 
registradas, além das espécies ocorrentes na Lagoa, mais duas espécies 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


20 RIBEIRO, C.V. et alii 


de Diplodon e 7 espécies de Mycetopodidae (BONETTO & MANSUR, 
1970). 


Comparando o material de D. charruanus proveniente da Lagoa 
Negra com o do Guaiba, notou-se no primeiro uma redução na charneira, 
presença de muitas manchas internas de cor marrom e bronze e exter- 
namente uma ampla erosão na área umbonal. Observou-se também que 
as valves são tão espessas quanto as dos exemplares do Guaiba, prin- 
cipalmente na região antero-inferior. O mesmo não pode ser dito em 
relação ao exemplar de Castalia que apresenta uma redução acentuada 
em toda a espessura das valves.e da charneira. 


De maneira geral os exemplares da Lagoa Negra e do Guaiba 
apresentam uma variabilidade muito grande na forma e colorido da con- 
cha, diferenciando-se em uma série de aspectos dos exemplares topo- 
típicos de D. charruanus (examinados pelos autores), provenientes do 
Arroio Colla, Depto. Colonia, Uruguai. Estes aspectos são: um maior 
comprimento do ligamento, alongamento geral da concha mais acen- 
tuado, presença de dentição cardinal mais reduzida, maior altura na 
região posterior, e achatamento na linha ventral com reetrância em 
grande parte dos exemplares. Assim, somente pela morfologia da concha 
é difícil dizer se a população de Diplodon da Lagoa Negra, os exemplares 
similares do Guaíba e o material topotipico, pertencem a mesma espécie 
D. charruanus. Seriam necessários estudos comparativos da morfologia 
interna e da larva para elucidar o problema. 


Cabe observar ainda, que os exemplares de D. charruanus da 
Lagoa Negra, fazem parte de uma população praticamente isolada da 
Lagoa dos Patos, com a qual se comunica indiretamente através de uma 
sucessão de alagados. Assim as diferenças encontradas em relação ao 
material do Guaiba, poderiam ser um reflexo do isolamento e, principal- 
mente da pressão do meio ambiente. 


Tabela 1 — Dimensões das gemoscleras de Radiospongilla cra- 
teriformis segundo dados obtidos para o material da Lagoa Negra e os 
referidos por outros autores. Os de PENNEY & RACEK dizem respeito 
à revisão da espécie. ( Dimensões espiculares em micrômetros). 


mma O SM CLS CU Mao Mine om. anaisana as. 


Comprimento Largura do eixo 
CARVALHO, 1942 55-80 
BONETTO & EZCURRA 
DE DRAGO, 1964 45-60 4-7 
PENNEY & RACEK 
, 1968 60-75 3-5 
Lagoa Negra 54-95,5 5,5-9,5 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Fauna espongológica e malacológica... 21 
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Fig. 1-37: Componentes espiculares das esponjas identificadas para a Lagoa Negra. 
1-2 megascleras de E. facunda; 3-4, megascleras de H. stepanowii; 5, megascleras de U. 
corallioides; 6-8, megascleras de C. böhmii; 9, microsclera de C. böhmii; 10-12, micros- 
cleras de H. stepanowii; 13-15, gemoscleras de C. böhmiüi; 16-22, gemoscleras normais e 
malformadas de E. facunda; 23-29, gemoscleras de R. crateriformis (não se conseguiu 
identificar nos sedimentos, as megascleras desta espécie); 30-35, gemoscleras de H. 
stepanowii; 36-37, gemoscleras de U. corallioides. 


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22 RIBEIRO, C.V. et alii 


Fig. 38: Depósito de conchas e restos de vegetação na margem norte do braço maior 
da Lagoa Negra, deixados pelas ondas, após períodos de vento intenso. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Fauna espongológica e malacolögica... 23 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


24 RIBEIRO, C.V. et alii 


WELTNER, W. 1895. Spongillidenstudien III. Katalog und Verbreitung der bekannten 
Süsswasserschscwamme. Arch. Naturgesch., Berlin, 61,(1):114-44. 


Este trabalho foi examinado por: 


Tania Heloisa Araujo Arigony 
Karin Martha Grosser 
Marta Elena Fabian 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):13-24, 24 mar 1981 


Constatação e observação de uma população residual de Blas- 
tocerus dichotomus (ILLIGER, 1811) (Mammalia, Cervidae)* 


Walter Adolfo Voss** 

Francisco R. dos Santos Breyer*** 
Gilberto Conrado Mattes**** 
Hélio Gerso Konrad***** 


RESUMO 


Durante o periodo de junho/79 a outubro/80 pode ser observado o comportamento 
de alguns animais dum pequeno grupo de cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus 
(ILLIGER, 1811), que foi constatado numa região pantanosa nos arredores da Grande 
Porto Alegre, RS, Brasil. 


Os animais não se ressentem muito da proximidade do homem ou de animais do- 
mésticos; podem mesmo viver e procriar em áreas de plantio. Apresentam marcante 
atividade diurna, despendida em pastagem e deslocamento vagoroso no habitat. Quando 
perseguidos ou quando de intempéries, procuram abrigar-se na vegetação mais alta dos 
banhados; em dias muito quentes procuram cursos d'água ou capinzais úmidos. Também 
visitam terras altas, secas, às vezes a grandes distâncias de seu ambiente habitual. 


ZUSAMMENFASSUNG 


Das Verhalten von Einzeltieren einer kleinen Gruppe Sumpfhirsche, Blastocerus 
dichotomus (ILLIGER, 1811), die in einem Sumpfgebiet der Umgegend von Gross-Porto 
Alegre, RS, Brasilien, festgestellt wurde, konnte während des Zeitraumes von Juni/79 bis 
Oktober/80 beobachtet werden. 


Die Tiere nehmen die Nähe des Menschen oder von Haustieren nicht sehr übel; sie 
können sogar in Pflanzungen leben und sich fortpflanzen. Sie weisen eine markante ta- 
gesaktivitat auf, die in grasen und langsamer Fortbewegung im Wohnraum bestht. Wenn 
verfolgt oder bei Unilden, suchen sie in dem hoheren Pflanzenwuchs der Súmplfe unter- 


* Aceito para publicação em 10/XII/1980. Contribuição FZB bº 196. Trabalho Parcialmente 
subvencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/081/00/71). 


** Técnico Superior do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (PZ- 
FZB), Caixa Postal 36, 93200 Sapucaia do Sul, RS, Brasil. 


*+* Técnico Superior do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (PZ- 
FZB); 


**+** Engenheiro Agrônomo. 


**##% Auxiliar de Projeto contratado pelo Convênio FINEP/FZB. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


26 VOSS, W.A. et alii 


schlupf; an sehr heissen Tagen suchen sie Wasserläufe oder feuchte Grasflächen auf. Auch 
höhergelegene, trockene Gelände, die oftmals weitab von der gewohnten Umgebung 
liegen, werden besucht. 


ABSTRACT 


The behavior of some specimens of a small group of marsh deer, Blastocerus di- 
chotomus (ILLIGER, 1811), detected in a marshy region at the outskirts of Great Porto 
Alegre, RS, Brazil, could be observed during the period from June, 79 to October, 80. 


The animals do not resent much the proximity ofman or domestic animals; they can even 
live or breed in plantations. They present a striking diurnal activity spent in grazing and slow 
dislocation in the higher vegetation of the swamps; on warm days watercourses or wet grass- 
patches are attended. Even dry hills, sometimes far away from the habitual ambient, are 
visited. 


INTRODUÇÃO 


O maior cervideo sul-americano, o cervo-do-pantanal, Blastocerus 
dichotomus (ILLIGER, 1811), era outrora abundante no Rio Grande do 
Sul onde habitava os grandes banhados da Campanha, do Litoral e da 
Depressão Central. HENSEL (1879) dá notícias de sua existência nos 
banhados ao longo do rio Gravatai, a uma milha apenas ao norte de 
Porto Alegre; IHERING (1892) o cita para o sul do Estado. Hoje em 
dia, porém, ele está praticamente erradicado de toda essa área. 


Nos países vizinhos, no Uruguai, os últimos exemplares dessa es- 
pécie parecem viver no Departamento de Rocha (XIMENEZ et alii, 


1972) e, na Argentina, um pequeno número de indivíduos sobrevive no 


delta do rio Paraná (SCHMIDT, 1944). Do Paraguai e da Bolívia, outros 
paises incluídos em sua distribuição (CABRERA, 1961) não há dados 
suficientes quanto a sua ocorrência atual. No Brasil (Mato Grosso, 
Goiás, Minas Gerais e Bahia até o Rio Grande do Sul, distribuição con- 
forme VIEIRA, 1955), apenas do Estado de Mato Grosso (SCHALLER 
& VASCONSELLOS, 1978) tem-se dados mais acurados, indicando in- 
clusive o rápido e gradual desaparecimento dessa espécie de seu habitat 
natural. 


Após buscas demoradas de informações sobre a possível ocorrência 
atual do cervo-do-pantanal no Estado do Rio Grande do Sul, levadas a 
cabo por Renato Petry Leal e Gilberto Conrado Mattes, ex-zoólogo e ex- 
diretor, respectivamente, do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica 
do Rio Grande do Sul, houve indícios de que talvez pudessem ser encon- 
trados, ainda, raros individuos apenas no Banhado dos Pachecos, no 
Municipio de Viamão. , 


Uma pesquisa de campo preliminar, efetuada em três excursões 
sucessivas aquele banhado, em 1978 (jan. e maio), provou, através de 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


Constatação e observação de... 27 
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rastos e visualização fugaz de um exemplar, a real existência desse cervo 
nesse seu último reduto no Estado. 


A configuração geral da região assemelha-se a uma enseada terres- 
tre, em forma de um grande U, cujo interior é formado por uma extensa 
Planície úmida, com 8-10 km de largura e 15 km ou mais de comprimen- 
to e parcialmente circundada por coxilhas de terreno arenoso. A abertura 
do U aponta em direção nordeste. Quase toda a área encontra-se dre- 
nada, há longa data, apresentando solo de aspecto turfoso que forma 
ricos campos de pastagens para gado ou lavouras de milho e arroz, além dos 
banhados naturais ainda existentes. 


Dentro dos objetivos do trabalho, procurou-se confirmar a ocorrên- 
cia dessa espécie na região da Grande Porto Alegre, determinar a po- 
pulação existente, descrever o seu habitat e observar os seus hábitos. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Em 1979, agora com recursos do Convênio FINEP/FZB, foi possível dar-se início à 
execução de um projeto de levantamento da fauna existente naquela região. Ao total, 
foram dispendidos 63 dias (de junho/79 a outubro/80) em pesquisa de campo como 
atividade principal do trabalho. 


No Banhado dos Pachecos, a parte visitada foi a região mais sulina do mesmo 
(localização geográfica: 50°52’W; 30º05'S), situada a leste de Viamão e distando dessa 
cidade cerca de 15 Km pela rodovia RS-040. 


Grande parte do banhado era percorrida periodicamente com auxilio de veículo 
automotor e determinados pontos eram investigados a pé durante caminhadas prolon- 
gadas. 


Os trabalhos de investigação eram desenvolvidos normalmente durante o dia, a par- 
tir das primeiras horas da manhã e indo, ocasionalmente, até depois do anoitecer. 


A presença do cervo-do-pantanal foi positivamente confirmada através de vários 
registros visuais da equipe, de interpretação de rastos, fezes e camas e por informações 
esporádicas de pessoas residentes na região. 


Para os registros visuais contou-se com o auxílio de binóculos 8 x (vezes) 40, teles- 
cópio 30 x (vezes) 65 e máquinas fotográficas com lentes telescópicas. 


RESULTADOS 


Nas poucas áreas pantanosas todavia não utilizadas com finalidade 
econômica, a cobertura vegetal é composta principalmente de ciperáceas, 
Rhynchospora schraderiana STEUD. e Scirpus giganteus KUNTH., de 
gramineas, capim-das-roças, Paspalum sp., e Sorgastrum setosum 
(GRIS.) HITSCH., de pteridófitas, Blechnum serrulatum RICH. e 
Pteridium aquilinum (L.), da bromeliácea, gravata, Bromelia antiacan- 
tha BERTOL., da loganiácea, Buddleia malmei KRENZEL, e da com- 
posta, Baccharis sp. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


28 VOSS, W.A. et alii 


Nas margens da planície e nas encostas das elevações, secas e de 
solo arenoso, além de diversas gramineas, entre as quais o capim- 
pangola, Digitaria decumbens STENT., encontram-se as cactáceas 
Cereus peruvianus (L.) MILL. e Opuntia megapotamica ARECH., 
marica, Mimosa bimucronata (DC.) O. KUNTHE, açoita-cavalo, Luchea 
divaricata MART., assobiadeira, Schinus dependens ORT., cha-de- 
bugre, Casearia sylvestris SW., pitangueira, Stenocalyx dasyblastus 
BERG., capororoca, Rapanea venosa (A.DC.) MEZ., canela Ocotea tris- 
tis MART., e branquilho, Sebastiania klotschiania (M.A.) M.A. 


Os mamíferos silvestres da região, que foram constatados visual- 
mente ou através de informações de terceiros ou por pegadas, fezes e 
tocas, são o gamba, Didelphis azarae TEMMINCK, 1825, tatu-mulita, 
Dasypus-hybridus (DESMAREST, 1804), tatu-de-rabo-mole, Cabassous 
taouay (DESMAREST, 1819, guaraxaim-do-campo, Dusicyon gym- 
nocercus (FISCHER, 1814), guaraxaim-do-mato, Cerdocyon thous LIN- 
NAEUS, 1766), mão-pelada, Procyon cancrivorus (CUVIER, 1798), 
furão. Galictis vittatus (SCHREBER, 1777), zorrilho. Conepatus chinga 
Molina, 1782, gato-do-mato, Felis sp., lebre, Lepus europaeus(PAL- 
LAS, 1778), rato-de-casa, Rattus rattus (LINNAEUS, 1758), camun- 
dongo-de-casa, Mus musculus LINNAEUS, 1758, tuco-tuco, Ctenomys 
sp., ratão-do-banhado, Myocastor coypus (MOLINA, 1782), preá, Cavia 
sp., e capivara, Hydrochaeris hydrochaeris (LINNAEUS, 1766). 


A classe das aves esta representada por mais de 185 espécies 
diferentes, destacando-se por seu tamanho ou número com que ocorrem e 
pela vistosidade ou raridade as seguintes: ema, Rhea americana (LIN- 
NAEUS, 1758), maria-faceira, Syrigma sibilatrix (TEMMINCK, 1824), 
curicaca, Theristicus caudatus (BODDAERT, 1783), marreca-piadeira, 
Dendrocygna viduata (LINNAEUS, 1766), gaviäo-pombo-branco, 
Leucopternis polionota (KAUP, 1847), chimango, Milvago chimango 
(VIEILLOT, 1816), quero-quero, Vanellus chilensis MOLINA, 1782, 
pombão, Columba picazuro TEMMINCK, 1813, mocho-dos-banhados, 
Asio flammeus (PONTOPPIDAN, 1763), junqueiro-de-bico-torto, Lim- 
nornis curvirostris GOULD, 1839, viuvinha-de-óculos, Hymenops pers- 
picillata (GMELIN, 1789), andorinha-de-sobre-acanelado, Petrochelidon 
pyrrhonota (VIEILLOT, 1817), veste-amarela, Xanthopsar flavus 
(GMELIN, 1788), cardeal-do-banhado, Amblyrhanphus holosericeus 
(SCOPOLI, 1786). sanhaçu-frade, Stephanophorus diadematus (TEM- 
MINCK, 1823), coleira-do-brejo, Sporophila collaris (BODDAERT: 
1783), e tipiu, Sicalis luteola (SPARRMAN, 1789). 


De répteis, foram encontrados: cágado-de-barbicha,Phrynops geof- 
froanus (SCHWEIGGER, 1812), lagarto, Tupinambis rufescens (GUN- 
THER, 1871), cobra-d'água, Helicops carinicaudus (WIED, 1825), 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


Constatação e observação de... 29 


cobra-verde, Leimadophis viridis (GUNTHER, 1862), jararaquinha-de 
campo, Liophis jaegerii (GUNTHER, 1858), parelheira, Phylodrias 
schotti (SCHLEGEL, 1837), cobra-coral, Micrurus corallinus (WIED, 
1820), cruzeira, Bothrops alternata (DUM., BIBR. & DUM., 1854) e 
jacaré-de-papo-amarelo, Caiman latirostris (DAUDIN, 1802). 


Os peixes que habitam as águas limpidas e correntes dos canais de 
drenagem são principalmente a traíra, Hoplias malabaricus (BLOCH, 
1794), jundiá, Rhamdia sp., muçum, Symbranchus marmoratus Bloch, 
1795, e acara, Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824). 


Os animais domésticos encontrados nos campos, em menor ou 
maior número, são o cão, Canis familiaris (LINAEUS, 1758), gato, Felis 
catus LINNAEUS, 1758, cavalo, Equus caballus (LINNAEUS, 1758), 
boi, Bos taurus LINNAEUS, 1758, e ovelha, Ovis aries LINNAEUS, 
1758. As aves domésticas: pato, Cairina moschata (LINNAEUS, 1758). 
peru, Meleagris gallopavo LINNAEUS, 1758, galinha-d'ângola, 
Numida meleagris LINNAEUS, 1766, e galinha, Gallus gallus (LIN- 
NAEUS, 1758), são vistas normalmente nas proximidades das habi- 
tações humanas. A citação desses animais tem por finalidade completar 
a listagem da fauna encontrado, visto que esses animais podem ser 
eventuais transmissores de zoonoses, como no caso, o gado bovino 
(COIMBRA-FILHO, 1972) ou predadores do cervo-do-pantanal, no caso 
de canideos. 


O cervo-do-pantanal, com cerca de 1,20m de altura nas cruzes, 
apresenta colorido geral dum marrom-avermelhado, sendo as patas e o 
focinho de cor anegrada. No campo, a cor clara da parte interna das 
orelhas se torna conspicua. Nos meses de inverno, a sua pelagem 
apresenta um tom mais apagado. As fêmeas, que não portam galhada, 
têm um porte algo menor do que os machos. 


O primeiro local intensivamente visitado, à procura do cervo-do 
pantanal, foi uma área totalmente cercada de aproximadamente 680 ha 
que se reparte em uma área (400 ha) destinada ao plantio de milho, Zea 
mays L., subdividida em quadras devido aos canais de dre- 
nagem cruzados, e uma área não subdividida (280 ha), também seca pela 
ação da drenagem, porém, revestida com vegetação natural. Toda essa área 
situa-se praticamente no centro da planície. 


Na terra trabalhada das lavouras, constatou-se inicialmente pe- 
gadas e fezes de, pelo menos, dois individuos adultos de cervos. Depois, 
avistou-se, em ocasiões diferentes, três indivíduos, ou seja, um macho 
com galhadas e duas fêmeas, e encontrou-se camas por entre a vegetação 
alta da área não subdividida. Posteriormente, houve um encontro com 
um macho adulto (talvez não o mesmo de antes) enquanto descansava 
num dos canais de drenagem das lavouras de milho (29 dez. 79). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


30 VOSS, W.A. et alii 


No sopé e na encosta duma colina alta, situada no lado leste do ba- 
nhado e coberta com capim-pangola, Digitaria decumbens STENT, foram 
encontradas algumas vezes pegadas de individuos isolados. Uma vez, 
porém, puderam ser seguidos rastos de dois individuos juntos, diferentes em 
tamanho, por mais de 500m ao longo de um caminho arenoso (15 maio 80). 


Um outro local que repetidamente possibilitou constatações a res- 
peito da presença do cervo foi a região ao longo de um certo canal na 
parte sul do banhado. Em sua margem direita situa-se uma grande ex- 
tensão de banhado intacto e, na margem esquerda, estendem-se terras 
destinadas ao plantio de arroz, Oryza sativa L. Ali, também foram en- 
contrados rastos e camas, principalmente numa mancha formada por ar- 
bustos de Buddleia malmei Krenzel e Baccharis sp. Também foram vistos 
indivíduos isolados, tanto macho como fêmea, e um par pastando juntos (22 
e23 jul. 80). 


Numa das elevações descampadas e secas, no lado sul, foram en- 
contrados rastos de um individuo junto a uma cerca e longe do ambien- 
te úmido (14 ago. 80). Parecia tratar-se de um animal migrante em bus- 
ca de outros banhados, que se encontram distantes, seguindo-se naquela 
direção. 

Por várias vezes, foram vistas pegadas de tamanho menor, acom- 
panhando pegadas grandes, sendo que algumas vezes nas cercanias das 
lavouras de’arroz, Oryza sativa L. (27 mar. 79, 13 de maio 80 e 22 jul. 
80) e, outra vez, nas lavouras de milho, Zea mays L. (19 jun. 80), 


tratando-se talvez de dois indivíduos jovens em companhia das mães e 


confirmando, assim, informações de pessoas da fazenda. 


Em quase todas as ocasiões, em que foram vistos individuos de 
cervo, esses demonstravam ser de indole confiante, não prestando muita 
atenção à presença próxima (100-200m) de pessoas. Eram vistos geral- 
mente pastando enquanto se deslocavam ou afastavam lentamente. 
Somente quando de proximidade aquem dessa distância, começavam a 
prestar atenção e observar mais atentamente o intruso de seus terri- 
torios. Quando esse lhes chegava perto demais (50-30m), afastavam-se 
primeiro cautelosamente e depois numa corrida pulada, característica, 
refugiando-se quase sempre na vegetação mais alta. 


A primeira vez que foi visto de perto um exemplar de cervo foi 
quando uma fêmea passou correndo a uns 40m de um dos observadores. Ela 
tinha se deslocado ao longo da cerca, em direção a uma porteira aberta na 
area do milho, mas refugiou-se no interior das quadras de milho depois deter 
sido interceptada pela equipe junto àquela porteira (05 out. 79, 10:00, h, dia 
chuvoso). r 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


Constatação e observação de... 31 


Certa ocasiäo (03 nov. 79, 18:20h, c&u encoberto), quando um dos 
componentes da equipe aproximou-se até uns 25m de uma fêmea que 
descansava escondida numa moita, essa fugiu apressadamente. Após 30- 
50m de corrida, porém, ela parou e voltou lentamente, sempre descon- 
fiada e fixando o local onde se encontrava escondida a pessoa, aproxi- 
mando-se até uns 25-20m. Inspecionou por longo espaço de tempo o 
causador da perturbação, que por sua vez também a observou com o seu 
binóculo, e, após, afastou-se lentamente, parando de vez em quando 
para olhar a pessoa. Depois, afastou-se aos saltos, vencendo uma dis- 
tância de algumas centenas de metros sem parar uma única vez. 


Numa outra ocasião (28 dez. 79, 8:00h, dia chuvoso) um macho 
saiu numa disparada de seu esconderijo, num capinzal alto, a menos de 
20m da pessoa interceptadora, não parando enquanto não tivesse trans- 
posto toda a área não subdividida, já mencionada. 


Um macho que estava deitado na parte úmida de um valão pode 
ser fotografado a partir de uma distância de uns 150m até chegar-se a 
30m, quando levantou-se num salto repentino, transpôs a margem do 
valão e refugiou-se num milharal (29 dez. 79, 18:00h, dia ensolarado). 


Um casal de cervos que pastava num banhado deixou-se aproximar 
até uns 100m quando, então, os dois começaram a tornar-se irrequietos e 
se afastaram lentamente. Mais adiante iniciaram uma corrida pulada, 
continuando nessa fuga até refugiarem-se numa mancha de Buddleia 
malmei Krenzel e Baccharis sp. (23 jul. 80, 12:00h, dia ensolarado). 


Ao total, houve 37 ocasiões em que se deram encontros com in- 
dividuos de cervos, pela equipe ou por terceiros (gráfico I), e, desses, 
em 30 ocasiões puderam ser registrados os horários do acontecimento 
(gráfico II). Em termos gerais, pode-se dizer que as atividades normais 
do cervo-do-pantanal, tais como pastagens e deslocamento, independiam 
das condições do tempo, isto é, que indivíduos podiam ser vistos tanto 
em dias ensolarados como em dias de chuva e praticamente a qualquer 
hora do dia. 


CONCLUSÃO 


O cervo-do-pantanal, o único mamífero de grande porte da fauna 
brasileira, encontra-se em vias de extinção em toda a sua área de dis- 
tribuição (COIMBRA-FILHO, 1972 e IBDF, 1973). Uma pequena 
população, composta de 4 a 8 indivíduos e, ao o que tudo indica, os ül- 
timos representantes vivos dessa espécie no Estado do Rio Grande do 
Sul, foi constatada numa região pantanosa da Grande Porto Alegre 
(município de Viamão), habitando ainda um recanto tranquilo e pro- 
tegido, apesar de parcialmente modificado pela ação do homem. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


32 VOSS, W.A. et alii 


Nesse ambiente, o cervo-do-pantanal desenvolve atividades mar- 
cadamente diurnas, com acentuado aumento nas horas de antes do meio- 
dia e do entardecer, ocupadas principalmente em pastagem e desloca- 
mento vagaroso pelo ambiente. Pode ser visto tanto em dias ensolarados 
como em dias chuvosos, mas parece refugiar-se na vegetação mais fe- 
chada e alta (capinzais ou vassorais) dos banhados quando de tempo ad- 
verso. 


De indole um tanto confiante, ou mesmo curiosa, não se ressente 
muito da aproximação humana. No entanto, sentindo-se tolhido em sua 
intimidade, afasta-se cautelosamente e, depois, empreende uma corrida 
pulada, característica, geralmente para refugiar-se na vegetação alta e 
fechada. 


Também as horas mais quentes do dia parece passar nesses re- 
fugios sombreados quando não, principalmente na época de verão, 
procura os cursos d'água para tomar banhos demorados ou visita os 
capinzais ralos, úmidos, para ali descansar. 


Apesar de viver predominantemente em terrenos baixos, de ba- 
nhado, a sua presença também pode ser constatada em terras altas, 
secas, e, muitas vezes, a distâncias consideráveis de seu ambiente ha- 


bitual. 


Esse cervideo chega a adaptar-se muito bem à proximidade do 
homem e vive e procria mesmo em áreas transformadas em lavouras, 
quando não é perseguido. 


AGRADECIMENTOS 


Aos professores Dr. Aloysio Sehnem, Clemente J. Steffen e Ronaldo A. Wasum, da 
UNISINOS, e Bruno E. Irgang, da UFRGS, pela determinação de espécimes botânicos. 
A Claudio J. Becker, FZB-MCN, pela determinação de espécimes zoológicos. A Helio F. 
Saraiva, Engenheiro Agrônomo e diretor do Parque Zoológico da FZB, pelo apoio logis- 
tico dispensado às excursões e pela revisão crítica do manuscrito deste trabalho. À Dra. 
Cecilia V. Ribeiro, FZB-MCN, pelo incentivo e pela orientação dispensados. Ao Convênio 
FINEP/FZB pelos recursos que possibilitaram a execução deste trabalho. 


BIBLIOGRAFIA 


CABRERA, A. 1961. Catálogo de los mamiferos de America del Sur. Revta. Mus. Argent. 
Cienc. Nat. “Bernardino Rivadavia”, Buenos Aires, 4(2): 309-732. 


COIMBRA-FILHO, A.F. 1972. Mamíferos ameaçados de extinção no Brasil. In: ES- 
PECIES da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Rio de Janeiro. p. 13-98. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


o ça no o 


HENSEL, R. 1879. Beitrage zur Kenntnis de Thierwelt Brasiliens: Die Hirsche. Zool. 
Gart., 20(1):3-10. 


IHERING, H. von. 1892. Os mamíferos do Rio Grande do Sul. An Est. Rio Grande do 
Sul, Porto Alegre, 20:96-123. 


INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL. 1973. Portaria 
3.481-DN: lista oficial de espécies animais ameaçadas de extinção da fauna indi- 
gena. Brasilia. 7p. 


SCHALLER, G.B. & VASCONCELLOS, J.M.C. 1978. A marsh deer census in Brazil. 
Oryx, London, 14(4):345-51. 


SCHMIDT, H. 1944. Argentinische Saugetiere. San Andres, Hans Schmidt. 257p. 


VIEIRA, C. da C. 1955. Lista remissiva dos mamíferos do Brasil. Arq. Zool. Est. S. 
Paulo. São Paulo, 8:341-474. 


XIMENEZ, A. et alii. 1972. Lista sistematica de los mamiferos del Uruguay. An. Mus. 
Hist. Nat. Montevideo, 2. serie, Montevideo, 7(5):1-49. 


Este trabalho foi examinado por: 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
Marta Elena Fabian 
Thales de Lema 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


34 VOSS, W.A. et alii 


DE OBSERVAÇÕES) 


(FREQUÊNCIA 


Ei 
EEE RMEREME 
rn Au ERBEN 
br. Limbiol Jeyr. | jul ado ehr aut | 
URSO, 


E 
E no BE En BEE nu 
Fa Ea E o E 


(MESES) 


Gráfico I — Distribuição de frequência das constatações visuais do cer- 
vo-do-pantanal nos diversos meses, de um total de 37 observações 
realizadas no periodo de junho/79 a outubro/80. 


ERPERERE a De 
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(HORAS DO DIA) 


Gráfico II — Diagrama do horário das atividades do cervo- do. pantanal, 
de um total de 30 observações. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


Constatação e observação de... | 35 
N... 


Fig. 1 e 2. Banhado dos Pachecos, municipio de Viamäo: 1. vista parcial em direcäo 
nordeste; 2. vista parcial, na parte sul, destacando uma mancha formada por arbustos de 
Buddleia malmei KRENZLER e de Bacharis sp. 


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36 VOSS, W.A. et alii 


Fig.4 


Fig. 3 e 4. Cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus (ILLIGER, 1811): 3. Macho 
em fuga; 4. fêmea em seu habitat. es 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):25-36, 24 mar 1981 


Contribuição ao conhecimento da alimentação de Alouatta guariba 
clamitans CABRERA, 1940 em habitat natural no Rio Grande do 
Sul (Cebidae, Alouattinae).* 


Olisses P. Chitolina** 
Martin Sander*** 


RESUMO 


Este trabalho registra observações realizadas em habitat natural sobre a alimen- 
tação do bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans CABRERA, 1940). O estudo desenvol- 
veu-se no periodo de 19 de dezembro de 1979 à 30 de agosto de 1980 na mata pluvial 
atlântica no município de Sapiranga, Rio Grande do Sul. Os resultados foram obtidos 
através de observação direta em campo e do exame das fezes. 


ABSTRACT 


The present paper reports of feeding behaviour by Brown howler monkey (Alouatta 
guariba clamitans CABRERA, 1940) in the wild. The study was carried out from Decem- 
ber 19, 1979 to August 30, 1980 in a pluvial atlamtic forest at Sapiranga, Rio Grande do 
Sul. The results were obtained with field observation and dregs examination. 


INTRODUÇÃO 


O bugio-ruivo Alouatta guariba clamitans CABRERA 1940, é uma 
subespécie de primata neotropical ameaçada de extinção no Brasil, 
COIMBRA-FILHO (1972). A espécie ocorre ao longo da Serra do Mar, no 
Brasil meridional até a Bahia segundo IHERING (1892 e 1914). 


A subespécie segundo CABRERA (1957), habita o Brasil oriental 
desde o estado do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, e em Mi- 
siones extremo nordeste na Argentina. A mesma subespécie é citada por 
CUNHA-VIEIRA (1955) no litoral do Rio de Janeiro, de São Paulo, do 
Paraná, de Santa Catarina e a região norte do Rio Grande do Sul. 


* Aceito para publicação em 29/XII/1980. Contribuição FZB nº 197. Trabalho parcialmente sub- 
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71). 


** Técnico Superior Pesquisador do Parque Zoológico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do 
Sul (PZ-FZB), Caixa Postal 36, 93.200 Sapucaia do Sul, RS, Brasil. 


*** Pesquisador em Zoologia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, Caixa Postal 
275, 93.000, São Leopoldo, RS. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


CHITOLINA, O.P. & SANDER, M. 


[ob] 
oo 


Em BENTON (1976) poderão ser obtidos descrição do recinto, 
alimentação e cuidados veterinários utilizados para Alouatta caraya em 
cativeiro. Para a mesma espécie em cativeiro, boas observações e des- 
crição sobre a reprodução, fecundidade, maturação dos filhotes, compor- 
tamento e estrutura social podem ser obtidos nos trabalhos de 
SHOEMAKER (1978, 1979, 1981). 


As observações sobre bugio-ruivo, realizadas em habitat natural, 
tiveram como objetivo a descrição do habitat, do local do estudo e ob- 
servações sobre a alimentação natural. 


O trabalho de campo foi realizado em Picada Verão no Município 
de Sapiranga (29º33' S; 51º03'0), cerca de 80 km ao norte de Porto 
Alegre, RS. A altitude em relação ao nível do mar oscila de 200 a 650 
metros. Apresenta uma temperatura média no verão de 28ºC e no inver- 
no de 10ºC. A atividade agricola em propriedades do tipo minifúndio é 
intensa e destaca-se o cultivo da batata e do feijão. A vegetação natural 
existente é típica da encosta da serra, RAMBO (1956), que é também 
chamada de pluvial atlântica conforme SEHNEM (1980) e se caracteriza 
pelos seguintes elementos típicos: Annona cacans WARM. (araticum - 
coração-de-boi), Coussapoa schotii MIQ. (figueira-mata-pau) Rheedia 
gardneriana PL. & FR. (bacopari), Schizolobium parahybum (VELL.) 
BL. (guapuruvu), Talauna ovata ST. HIL. (baguaçu), e também des- 
taca-se pela riqueza em epífitas, filicineas, bromeliáceas e orquidáceas. 


Das três espécies de primatas citadas para o Rio Grande do Sul, 
vas são de bugios, VOSS (1973). Informações 'sobre a biologia desta es- 
pécie estão praticamente ausentes da bibliografia. 


MATERIAL E METODOS 


As observações sobre os indivíduos em campo, foram realizadas a olho nú e com 
auxilio de binóculos 7X50. 

Informações sobre a alimentação dos bugios foram obtidas através de observações 
diretas e de exame das fezes do animal com o auxílio de microscópio esteroscópico marca 
Carl Zeiss. O material vegetal semelhante ao que estava sendo ingerido era coletado para 
posterior identificação. 


Os dados de campo obtidos, correspondem ao periodo de 19 de dezembro de 1979 
até 31 de agosto de 1980. Durante este período, foram efetuados 39 dias de trabalho de 
campo, dos quais 32 com observações do bugio-ruivo. 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 


A alimentação é um dos fatores indispensáveis vara a manutenção 
e procriação de primatas em cativeiro, conforme NAPIER & NAPIER 
(1967), BECKER (1976) e LINDBERGH (1976). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


Contribuição ao conhecimento... 39 


Através das observações de campo constatou-se que A. guariba 
clamitans, geralmente alimenta-se nas primeiras 2-3 horas após acordar e 
2-3 horas antes de fixar-se no local de dormir. O maior periodo de obten- 
ção do alimento está compreendido entre as 8e 10 horase entre 15e 
17 horas. THORINGTON Jr. (1970). 


Destaca que a alimentação é uma das principais atividades da 
maior parte dos primatas e que a maior parte do tempo de atividades é 
gasto na obtenção do alimento. 


Frequentemente foi observado um intervalo de descanso entre os 
dois periodos de obtenção do alimento. Este intervalo é maior, e atinge 
cerca de 2 a 3 horas, entre a obtenção do alimento na parta da manhã e 
da parte da tarde. Em cativeiro as porções de alimento são oferecidas em 
dois intervalos distintos segundo BENTON (1976) para Alouatta caraya 
(HUMBOLDT, 1812). 


A coleta do alimento é realizada com o auxílio das mãos ou é 
diretamente obtida com a boca. A posição mais frequente para a obten- 
ção e alimentação é a de cócoras. Também a posição vertical, preso com 
a cauda e auxiliado ou não com os pés, em um galho superior pode ser 
observada. 


Os individuos adultos de um mesmo grupo alimenta-se separa- 
damente, a distância mais próxima durante a alimentação foi de cerca 
1,50 metros, entre individuos adultos. Um filhote com cerca de três 
meses de idade foi observado alimentando-se ao lado de uma fêmea, que 
durante o deslocamento, o carrega sobre o dorso, na base da cauda. 


Não foi observada troca de alimento entre individuos do mesmo 
grupo, assim como não foi constatado qualquer comportamento de 
agressão durante a alimentação. 


O alimento citado no quadro I, foi observado sendo utilizado por 
Alouatta guariba clamitans em habitat natural. A alimentação natural 
desta espécie é constituida preferencialmente por folhas e frutos. 


Folhas de Ficus anthelmintica MART. (coajuguva) são geralmente 
arrancadas dos galhos diretamente com a boca. ALTMANN (1959) ob- 
servou este comportamento sendo realizado por Alouatta palliata na ob- 
tenção de frutos de Ficus sp., e supõem ser devido ao liquido pegajoso 
proveniente do fruto. Geralmente o material foliar é dobrado com o 
auxílio da língua. Ramos com mais de 05 mm não são ingeridos e fre- 
quentemente são encontrados no chão. Os legumes de Inga marginata 
WILD. (ingá-feijão) são abertos com os dentes ou com as mãos. Cada 
legume possui em média cerca de 8 sementes envoltas por uma polpa de 
sabor adocicado. Fezes examinadas no periodo de utilização de legumes 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


40 


de Inga marginata encontram-se repletas de sementes, portanto somente 


a polpa é utilizada como alimento. 


Frutos de Ficus sp pequenos são ingeridos inteiros, enquanto 
frutos de Ficus anthelmintica que são de maior tamanho são encontrados 
no chão, frequentemente abertos lateralmente e com marcas dos inci- 


sivos. 


CHITOLINA, O.P. & SANDER, M. 


Quadro I. Alimento de origem vegetal utilizado por Alouatta guariba 
clamitans CABRERA em Picada Verão, Sapiranga, RS. (* observado 
através do exame das fezes). 


NOME DO VEGETAL PARTE UTILIZADA 


ÉPOCA 


Dezembro 1979 


Janeiro 1980 


Fevereiro 1980 


Março 1980 


Abril 1980 


Maio 1980 


Junho 1980 


Julho 1980 


Agosto 1980 


Ajonea saligma* 
Ficus sp* 
Não identificado A 


Ajonea saligma 
Arabidaea- sp 
Ficus anthelmintica 


Ajonea saligma 
Inga marginata* 
Arabidaea sp 

Não identificado A 
Não identificado B 
Compositae 


Inga marginata 
Cecropia adenopus 
Ficus anthelmintica 
Não identificado C 


Cecropia adenopus 
Piptadenia rigida 
Ficus anthelmintica 
Arabidaea sp 
Eugenia pungens 


Celtis talla 
Ficus anthelmintica 


Ficus sp 
Arabidaea sp 


Celtis talla 
Arabidaea sp 
Lauraceae 


Arabidaea sp 
Inga marginata 


Arabidaea sp 
Solanaceae 


Arecastrum romanzoffianum* 


frutos 
frutos 
folhas 


frutos 
folhas 
folhas novas 
frutos 


frutos 
sementes dos legumes 
folhas 
folhas 
folhas 
folhas 


semente dos legumes 
frutos 

frutos e folhas 

folhas 


frutos 
frutos 
folhas novas 
folhas 
frutos 


frutos e folhas 
folhas 
folhas 
folhas 


frutos 
folhas 
folhas 


folhas 
folhas 


folhas 
frutos 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


Contribuição ao conhecimento... 41 


FIG.1 


FIG. 2 


Fig. 1-2: 1. Vista panorämica do local de estudo. Picada Veräo, Sapiranga, RS. Fot. 
M. Sander; 2. Fruto de Cecropia adenopus (embuaba), maio 1980. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


42 CHITOLINA, O.P. & SANDER, M. 


No Panamá, o principal alimento de Alouatta caraya, segundo ALT- 
MANN 71959), nas duas primeiras semanas de novembro é constituido 
por cerca de 95% de frutos de Ficus sp e de 50% do mesmo fruto nas 
duas semanas seguintes. 


Frutos de Cecropia adenopus (embaúba) quando maduros possuem 
cor amarela, perfume e sabor adocicado e são preferidos por individuos 
jovens. 


Não foi constatado através de observação direta o consumo de 
alimento de origem animal. Somente através do exame das fezes cole- 
tadas em dezembro foram observados restos de placas quitinosas, 
provavelmente pertencentes a Coleoptera. 


Proteína animal pode ser obtida através dos parasitos que se en- 
contram em frutos de Ficus sp, segundo ALTMANN (1959). MITTER- 
MEIER (1973) acrescenta que nestes frutos frequentemente são obser- 
vados vespas. WALKER (1968) escreve que a proteina animal pode ser 
obtida pelos bugios através do consumo de aves, ovos, pequenos ma- 
miferos e insetos. 


Também foi constatado através de fezes de A. guariba clamitans 
que os frutos de Arecastrum romanzoffianum (CHAM.) BECC. (gerivá) 
e Ajonea saligma MEISSN. (canela) nem sempre sofrem o processo de 
digestão, pois são encontrados inteiros, ainda envoltos pela parte car- 
nosa do fruto. Semelhante observação foi realizada per L. Flamarion 
(Conforme comunicação pessoal 1980) relativo a frutos de Arecastrum 
romanzoffianum. 


Na zona da mata de Araucária pode ser observado A. guariba 
clamitans alimentando-se de brotos foliares de Araucaria angustifolia 
(BERTOL.) O. KZE. (pinheiro), segundo L. Flamarion (Conforme 
Comunicação pessoal 1980). 


CONCLUSÃO 


A alimentação de Alouatta guariba clamitans, no local do presente 
estudo é quase exclusivamente vegetal e consiste basicamente de folhas 
e frutos. As folhas de Arabidaea sp são frequentemente utilizadas assim 
como os frutos de Ficus sp e de Ficus anthelmintica. Os demais vegetais 
são utilizados como alimento de acordo com a frutificação das diferentes 
espécies. 

O alimento de origem animal somente pode ser constatado através 
do exame de fezes e constituia-se em restos de placas quitinosas de 
coleoptera . 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


Contribuição ao conhecimento... 43 


A obtenção do alimento é mais frequente e mais intensa nas 2-3 
horas após acordarem e antes de fixarem-se no local de dormir. 


Devido a semelhança no comportamento entre as espécies de 
Alouatta dados sobre a biologia das demais espécies podem ser utili- 
zados na manutenção em cativeiro de 4. guariba clamitans. 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos ao biólogo Francisco R.S. Breyer pela introdução ao estudo dos 
bugios-ruivo; ao prof. Clemente J. Steffen pela companhia nas excursões e auxílio nas 
identificações botânicas; ao prof. Dr. Aloysio Sehnem pelo auxílio nas identificações 
botânicas; a bióloga Marlise Becker e Dr. Alan H. Shoemaker pela remessa de biblio- 
grafia; ao Prof. Virgilio Adami, chefe do setor audio-visual da Universidade do Vale do 
Rio dos Sinos pela cedência do equipamento fotográfico; ao colega Luiz Flamarion da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelas comunicações pertinentes; ao Eng. Agr. 
Hélio F. Saraiva diretor do Parque Zoológico, ao Dr. Pedro E, Haeser diretor do Centro 
de Ciências Biomédicas pela simpatia com que acompanham nosso trabalho. 


BIBLIOGRAFIA 


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20. WALKER, E. P. 1980. Mammals of the world. 2.ed. Baltimore, Johnshopkins, v.1. 


Este trabalho foi examinado por: | 
Cecilia Volkmer Ribeiro 
Marta Elena Fabian 
Moema Leitäo de Araujo 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):37-44, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Muni- 
cipio de Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil.* 


Karin Martha Grosser** 
Silvia Drügg Hahn** 


RESUMO 


Apresenta-se uma relacäo de especies de peixes capturados na Lagoa Negra e nos 
canais de irrigação que lhe são adjacentes situados no Parque Estadual de Itapuã, mu- 
nicípio de Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil. 


São feitas algumas observações de caráter ecológico e assinala-se o registro de 
ocorrência nova para o Rio Grande do Sul das seguintes espécies: Gobionellus shufeldti 
(JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae), Curimatopsis saladensis MEINKEN, 
1933 (Curimatidae) e Heptapterus eigenmanni STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae). 


ABSTRACT 


A list of fishes captured in a black fresh water lagoon as well as in irrigation chan- 
nels near the same lagoon located at the coastal area of the Rio Grande do Sul State, 
Brazil, is given altogether with some pertaining ecological observations. 


A record of Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae), 
Curimatopsis saladensis MEINKEN; 1933 (Curimatidae) and Heptapterus eigenmanni 
STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae) for Rio Grande do Sul is made for the first time. 


INTRODUÇÃO 


Diversos autores realizaram trabalhos sobre peixes de água doce do 
Rio Grande do Sul, porém quase nada foi feito com material procedente 
de ambientes aquáticos situados na faixa costeira. HENSEL (1868 e 
1870) foi um dos primeiros a estudar os peixes de água doce do Estado, 
contudo, as espécies registradas tiveram seus representantes capturados, 
em sua maioria, nas imediações de Porto Alegre, principalmente no rio 
Guaiba e seus afluentes. 


* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 201. Trabalho parcialmente sub- 
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71). 


** Pesquisadoras do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS. Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimen- 
to Científico e Tecnológico (Proc. nºs 30.4591 /77 - ZO-07 e 1111.6089/77. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


GROSSER, K.M. & HAHN,S.D. 


STEINDACHNER (1874, 1875 e 1876) apresenta descrições de 
diversas espécies de peixes da região sudeste do Brasil, inclusive do Rio 
Grande do Sul, mas não cita nenhuma espécie para a região costeira do 
Estado. 


BOULENGER (1891), por sua vez, relata os resultados da análise 
de material ictiológico pertencente à ordem Siluriformes. Esses peixes 
foram coletados por H. von Ihering e S. Wolff nos rios Camaquã e 
Icamaquä na região de São Lourenço (Lagoa dos Patos). 


Ja o trabalho de COPE (1894) restringe-se a espé ‚es de peixes cap- 
turados no rio Jacuí e regiões próximas. 


IHERING (1897), embora tratando de peixes da costa marinha do 
Rio Grande do Sul, referiu-se também a algumas espécies de água doce 
ocorrentes nos rios Camaquã e Guaiba e ainda no Saco da Mangueira em 
Rio Grande. Em 1898, o mesmo autor concluiu um estudo sobre peixes 
de água doce do Estado, dando maior ênfase ao material capturado no 
rio Camaquã, próximo à Lagoa dos Patos, na região do estuário do 
Guaiba e afluentes e no rio Uruguai. 


KLEEREKOPER (1955) desenvolveu algumas investigações sobre 
a limnologia de ambientes aquáticos situados na faixa litorânea, desde 
Torres até Tramandaí, porém, deu pouco destaque à fauna íctica. Os 
dados apresentados baseiam-se, em grande parte, num trabalho de 
LOURENÇO-GOMES (1947) no qual é mencionada uma pequena coleção 
- de peixes capturados na costa gaúcha. As observações pessoais de 
KLEEREKOPER limitam-se a fenômenos relacionados com a migração 
e reprodução dos peixes encontrados na área, no periodo de 1941 a 1947. 


Neste trabalho, são relatados os resultados de uma avaliação 
preliminar da ictiofauna da Lagoa Negra situada no Parque Estadual de 
Itapuã, municipio de Viamão, RS. Também foram explorados alguns 
canais de irrigação que conduzem água da Lagoa até as lavouras de 
arroz existentes na área estudada. 


A Lagoa Negra ocupa uma área de cerca de 1700 hectares e está 
separada da Lagoa dos Patos por terreno arenoso constituido de dunas 
quase totalmente cobertas por vegetação herbácea e, em parte, arbustiva 
e arbórea formando capões. Na margem oposta, o terreno é plano, sendo 
utilizado para o cultivo de arroz e podendo ser observados os canais de 
irrigação e pequenas áreas isoladas de plantio de Eucalyptus sp., além 
de um pequeno capão de mata nativa nas proximidades do canal 4 (fig. 4). 


Conforme pôde ser constatado no local, a Lagoa Negra não é um 
ambiente totalmente fechado. Embora seu canal de ligação com a Lagoa 
dos Patos tenha sido interrompido por uma barragem de terra (taipa) 
feita ha alguns anos, durante a época das chuvas (inverno) forma-se uma 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 47. 


pequena passagem, numa das extremidades da barragem, que permite a 
comunicação entre ambas as lagoas através do canai existente. Atual- 
mente, este canal, de traçado sinuoso, serve como escoadouro de uma 
extensa área inundável, antes de desembocar na Lagoa dos Patos. Nas 
margens de terra firme que o ladeiam, a vegetação é tipicamente her- 
bácea e em alguns pontos vêem-se arbustos e árvores (principalmente 
Eucalyptus sp.). 


Estudos feitos recentemente acerca da limnologia da Lagoa estão 
contidos no trabalho de VOLKMER-RIBEIRO (no prelo). Dentre as 
principais características do ambiente em questão podem ser citadas a 
baixa transparência, devido ao elevado teor de matéria orgânica par- 
ticulada em suspensão na água e a acidez decorrente disso. Quanto à 
vegetação aquática, predominam juncos (Scirpus californicus MEY 
(STEUDEL) em formações mais ou menos esparsas, preferentemente 
junto às margens, onde em alguns pontos encontra-se grande quantidade 
de macrófitas aquáticas pertencentes às familias Pontederiaceae, Alis- 
mataceae, Polygonaceae, Hallorhagaceae, Gramineae, Salviniaceae, entre 
outras. 


A diversidade dos ambientes existentes na área, tornou imprescin- 
divel levar-se em conta as condições de cada local de captura na ava- 
liação final da fauna íctica. Assim, considerou-se a vegetação, o subs- 
trato e o tipo de ambiente, correlacionando esses fatores com as espécies 
de peixes encontradas e seus hábitos. 


MATERIAL E METODOS 


As atividades de campo tiveram início em abril de 1979 e foram encerradas em 
junho de 1980. Em cada estação do ano, exceto no verão, foram realizadas duas expe- 
dições com duração de dois dias cada, visando-se a captura de peixes também durante a 
noite. No verão, foi feita apenas uma destas excursões. Além disso, houve ainda coletas 
diurnas nas margens da Lagoa e nos canais próximos, em todas as estações do ano. 


À noite, foram utilizadas várias redes de espera do tipo simples e feiticeira (3 panos) 
cuja malha variou de 5,5 cm a 8,0 cm entrenós. Usaram-se também quatro espinhéis com 
30 anzóis cada, iscados indiferentemente com minhocas, gastrópodos e peixe cortado em 
pedaços. Os equipamentos de pesca eram colocados nos diferentes pontos da Haga; ar 
entardecer, ali permanecendo ate a manhä do dia seguinte. 


Tanto nos canais de irrigação de maior porte como na própria Lagoa foi usada uma 
tarrafa para a captura de peixes, entretanto sem grandes resultados. 


Também tentou-se a realização de arrastos com uma rede que era puxada por dois 
barcos a motor, pretendendo-se com isso a captura de peixes que preferem ficar junto ao 
fundo da Lagoa, onde buscam seu alimento. Contudo, devido a pedras e resíduos vegetais 
(galhos e troncos) depositados no fundo, por diversas vezes a rede foi danificada o que 
levou a desistir-se desse intento. 


IHERINGIÄ.'Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


48 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D. 


Nas margens da Lagoa, em meio à vegetação submersa e emergente , bem como 
nos canais de irrigação, utilizou-se uma rede de uso manual (puçá), constituida de uma 
armação retangular de ferro, medindo 80cm x 50cm, à qual fixou-se uma rede de náilon 
com uma malha de 0,2cm entrenós. Esta armação está presa a uma haste de modo a 
facilitar seu manuseio. 

Todo o material ictiológico capturado foi fixado e etiquetado em campo para pos- 
terior catalogação e identificação no laboratório, encontrando-se depositado na coleção 
científica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


Na identificação dos peixes contou-se com a colaboração dos Profs. Olga B. Oliveros 
e Norberto O. Oldani do Instituto Nacional de Limnologia de Santo Tomé (Santa Fe), 
Argentina, do Prof. José Lima de Figueiredo do Museu de Zoologia da Universidade de 
São Paulo (que identificou o exemplar de Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGEN- 
MANN, 1886) e da Dra. Vera B.M. Hochberg do Departamento de Genética do Instituto 
de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (que analisou os espécimens 
do gênero Rhamdia (BLEEKER, 1858). 


Dada a grande extensão que a Lagoa Negra ocupa e para que se obtivesse uma 
amostra representativa das espécies de peixes ocorrentes, foi necessário realizar as cap- 
turas em diversos pontos da mesma. A seleção das áreas de amostragem foi feita levando- 
se em conta as características de cada ambiente, tais como: localização, substrato e 
presença ou não de vegetação. Para tal escolha, também foram consideradas informações 
obtidas com os pescadores da região que opinaram sobre locais com eventual abundância 
de pescado. Após terem sido concluídas as atividades de campo, constatou-se, em alguns 
casos, a semelhança da fauna e características ambientais em pontos de amostragem 
próximos, motivando, assim, o agrupamento dos dados colhidos na tabulação final. 


Os pontos de captura de peixes na Lagoa e os canais de irrigação explorados encon- 
tram-se assinalados no mapa da fig. 1. 


RESULTADOS 


Na tabela estão registradas todas as espécies encontradas nos 
diversos pontos da Lagoa Negra, bem como no canal de escoamento da 
zona palustre que limita a Lagoa e nos canais de irrigação. 


As áreas 1 e 2 encontram-se situadas no braço menor da Lagoa 
Negra, já nas proximidades de seu antigo canal de desagüe (fig. 1). O 
substrato em ambos é arenoso de consistência bastante sólida e a ve- 
getação é constituida essencialmente de ciperáceas (Scirpus californicus). 
Nesses pontos apenas foram capturados alguns exemplares de Hoplias 
malabaricus malabaricus (BLOCH, 1794) (Erythrinidae) e de Rhamdia 
sapo (VALENCIENNES, 1840) (Pimelodidae). 


Ainda no braço menor da Lagoa, entretanto próximo ao ângulo 
formado com a porção mais alargada, localizam-se as áreas 3 e 4 (fig. 1). 
O fundo é arenoso e a vegetação dominante é igualmente formada por 
ciperáceas, mas numa distribuição bastante dispersa. Somente três es- 
pécies de peixes foram registradas para esses pontos: H. malabaricus 
malabaricus, Schizodon fasciatus AGASSIZ, 1829 (Anostomidae) e 
Loricariichthys anus (VALENCIENNES, 1840) (Loricariidae). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 49 


Próximo à margem sul da Lagoa Negra, no local conhecido pelos 
pescadores como Capão dos Coqueiros, situa-se a área 5 (fig. 1). Partin- 
do desse local em direção ao braço menor da Lagoa, o substrato na mar- 
gem é arenoso e a vegetação de ciperáceas e outras macrófitas aquáticas 
é mais esparsa. Os peixes capturados nesta faixa pertencem à família 
-Characidae (Tetragonopterinae) e à espécie Pimelodus clarias maculatus 
LACEPEDE, 1803 (Pimelodidae). 

Tambem na margem, porém partindo do Capão dos Coqueiros em 
direção à área 8 (fig. 1), o fundo progride de arenoso a lodoso e a ve- 
getação torna-se mais densa com uma nitida zonação: um tapete de 
macrófitas (principalmente Eichornia sp., Salvinia sp, entre outras), 
seguido de ciperáceas (Scirpus ae) e, já próximo à praia, uma 
faixa de gramíneas típicas de zona alagada (Leersia sp). Na porção de 
terra firme encontra-se uma faixa de vegetação herbácea, seguida de um 
pequeno capão de mata nativa formada por arbustos e árvores (fig. 2). 
Em meio à vegetação marginal, foram coletados exemplares de Rham- 
della sp. e Pimelodella laticeps australis EIGENMANN, 1917, da fa- 
milia Pimelodidae, Microlepidogaster sp. (Loricariidae), Eigenmannia 
virescens (VALENCIENNES, 1847) (Rhamphichthyidae) e vários Te- 
tragonopterinae (Characidae). 


Utilizando redes de espera, foram apreendidas, ainda na área 5, as 
seguintes espécies: H. malabaricus malabaricus, S. fasciatus, P. clarias 
maculatus e L. anus. 


As áreas 6 e 7 estão localizadas no centro da Lagoa (fig. 1), não 
apresentando qualquer tipo de vegetação. O substrato em ambos é de 
natureza lodosa. Os peixes capturados pertencem às espécies P. clarias 
maculatus e L. anus. 


Nas imediações do Morro da Grota, foram selecionados dois locais 
de amostragem (áreas 8 e 9) (fig. 1). Em geral, o fundo é lodoso, mas 
em determinados pontos apresenta-se mais consistente. A vegetação 
marginal é constituída de arbustos e árvores que atingem a orla da 
Lagoa, onde se encontram agrupamentos de ciperáceas e grandes rochas 
parcialmente emersas (fig. 3). Nesta área foram capturados exemplares 
de três espécies: H. malabaricus malabaricus, P. clarias maculatus e Asty- 
anax bimaculatus (LINNAEUS, 1758) (Characidae). 


Como área 10, considerou-se uma área situada junto à margem 
norte da Lagoa (fig. 1), onde, além da captura com redes de espera e es- 
pinheis, procedeu-se à coleta de peixes com o puçá. A vegetação nesta 
margem é praticamente inexistente em alguns trechos e constituída de 
ciperáceas mais ou menos densas em outros. Foi registrada a ocorrência 
de 14 espécies de peixes nesse local (tab.). A família Pimelodidae foi a 
predominante, com um total de 5 espécies. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


50 GROSSER, K.M. & HAHN, S.D. 


A porção d'água localizada no antigo canal de desagiie da Lagoa 
Negra, junto à taipa, apresenta-se quase completamente tomada por 
vegetação flutuante e emergente (principalmente Eichornia sp., Salvinia 
sp., Leersia sp. e Scirpus californicus. Do outro lado da barreira, pre- 
dominam as gramíneas aquáticas, havendo também zonas praticamente 
destituidas de vegetação. Somente três espécies de peixes puderam ser 
registradas para esse ponto, considerando-se ambos os lados da bar- 
ragem: Hyphessobrycon reticulatus ELLIS, 1911 (Characidae), Mi- 
croglanis cottoides (BOULENGER, 1891) (Pimelodidae) e Cynopoecilus 
melanotaenia (REGAN, 1912) (Cyprinodontidae). 


O canal de escoamento da zona palustre que limita com a Lagoa 
Negra mede cerca de 11 metros de largura junto à Lagoa dos Patos. O 
fundo é predominantemente lodoso e diversos agrupamentos esparsos de 
ciperáceas e outras macrófitas aquáticas (aguapes e gramíneas) encon- 
tram-se junto às margens. Um total de 23 espécies de peixes foram cap- 
turadas no canal perto de seu encontro com a Lagoa dos Patos (tab.). 
As famílias Characidae, Pimelodidae e Cichlidae foram as predominantes 
no local. Dos peixes registrados, H. malabaricus malabaricus e R. sapo 
foram os exemplares de maior porte. Salienta-se ainda o ocorrência de 
Asiphonichthys stenopterus COPE, 1894 (Characidae, Characinae), 
Characidium fasciatum AGASSIZ, 1829 (Characidiinae) e Gobionellus 
shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) (Gobiidae) como único 
registro para a área estudada. 


Os canais de irrigação localizam-se na margem norte da Lagoa 
Negra e podem ser agrupados segundo suas características similares. 


Assim sendo, os canais 1 e 3, de porte muito reduzido, foram en- 
contrados praticamente secos a partir da coleta de inverno. Mesmo as- 
sim foram constatadas 2 espécies de Pimelodidae no canal 1 (tab.) e 12 
espécies no canal 3, com predomínio de representantes da família 
Characidae, especialmente Tetragonopterinae. Registra-se ainda a 
ocorrência de Hyphessobrycon lütkenii BOULENGER, 1887 (Chara- 
cidae) e Glanidium albescens REINHARDT, 1874 (Auchenipteridae). 


O canal 2 somente teve reduzido seu nível de água a partir da 
primavera. Em seu leito de fundo arenoso-lodoso, constatou-se vege- 
tação de Polygonum sp. (Polygonaceae), vulgarmente conhecida como 
erva-de-bicho, e Enhydra sessilis DC. (Compositae). Oito espécies de 
peixes foram registradas nesse canal, sendo 5 da família Characidae 
(tab.). 


De fundo lodoso-arenoso, o canal 4 tem a forma típica de um con- 
duto escavado pelo homem (fig. 4). As espécies de vegetais aquáticos 
dominantes são Polygonum sp., Myriophyllum sp. (Hallorhagaceae), 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 51 


conhecido como pinheirinho-d'água, Azolla sp. (Azollaceae), Hydrocotyle 
ranunculoides L. (Umbelliferae) e Hydromistria cf. stolonifera 
MEYER (Hydrocharitaceae). Este foi o canal que apresentou a maior 
diversidade de espécies de peixes. Das 25 registradas, 8 espécies perten- 
cem à família Characidae (tab.). Registra-se a única ocorrência de 
Pseudocorynopoma doriae PERUGIA, 1891 (Characidae, Glandulo- 
caudinae) e de uma espécie do gênero Otothyris MYERS, 1927 (Lori- 
ricariidae, Hypoptomatinae) ainda não identificada. 


O canal 5 e o canal 6 são de forma espraiada, suas águas ocupando 
extensas áreas ao longo de seu leito principal. No canal 5, o substrato é 
lodoso e a vegetação dominante pertence à família Alismataceae, seguida 
de gramineas (fig. 5). Neste canal foram encontradas 18 espécies de 
peixes, das quais 10 da família Characidae (tab.). 


Embora apresentando o fundo lodoso e a mesma forma que o an- 
terior, o canal 6 diferencia-se daquele por apresentar uma comunidade 
vegetal formada por um grande número de ciperáceas e aguapés em seu 
leito, além de outras macrófitas aquáticas menos abundantes (fig. 7). 
Quanto à fauna ictica, puderam ser constatadas 18 espécies, sendo 6 da 
familia Characidae (tab.). Salienta-se a ocorrência de Crenicichla lepidota 
HECKEL, 1840 (Cichlidae) apenas neste canal. 


Levando-se em consideração todo o material ictiológico capturado 
nos diversos pontos explorados na área, pode-se registrar um total de 46 
espécies, das quais 22 são da ordem Cypriniformes, 14 da ordem Silu- 
riformes, 6 da ordem Perciformes, 3 da ordem Atheriniformes e 1 da or- 
dem Synbrachiformes. A Lagoa Negra em si abriga 16 espécies e nos 
canais constatou-se a presença de 35 espécies. 


DISCUSSÃO 


Baseado na distribuição das espécies de peixes nos distintos am- 
bientes estudados, pode-se fazer uma série de considerações acerca da 
integração das espécies com seus respectivos habitats. Assim sendo, 
verificou-se uma certa constância de espécies em biótopos semelhantes o 
que, como é sabido, quase sempre, está relacionado com a alimentação, 
a reprodução ou simplesmente a busca de um abrigo para fugir aos 
predadores. 


De todo material ictiológico capturado na Lagoa Negra, Pimelodus 
clarias maculatus foi a espécie mais abundante, tendo ocorrido na área 5, 
principalmente, nas coletas de inverno. Isso vem confirmar os dados ob- 
tidos com os pescadores locais segundo os quais a área próxima ao 
Capão dos Coqueiros é a mais piscosa da Lagoa. Exemplares dessa es- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


52 GROSSER, a.M. & HAHN,S.D. 


pecie tambem ocorreram no centro, nos pontos junto ao Morro da Grota 
e na margem norte da Lagoa. 


Outra espécie bastante comum é Hoplias malabaricus malabaricus, 
apreendida em quase todos os pontos da Lagoa. Juntamente com Rham- 
dia sapo, esta espécie apresentou os individuos de maior tamanho. 


Igualmente de grande porte, os exemplares de Loricariichthys anus 
tiveram sua presença registrada em praticamente toda a Lagoa, tendo 
sido capturados com redes colocadas junto ao fundo, onde costumam 
buscar seu alimento. 


As demais espécies aprisionadas em redes tiveram registros muito 
esparsos. Nesse caso, estão: Oligosarcus jenynsii (GUNTHER,: 1864) 
(Characidae, Acestrorhynchinae) capturado na área 10 e Schizodon fas- 
ciatus ocorrente nas áreas 3,4 e 5, demonstrando que suas populações 
são de tamanho bastante reduzido na Lagoa. 


A porção d'água que se localiza junto às margens sul e norte da 
Lagoa e que se apresenta com densa cobertura vegetal constitui um 
biótopo onde ocorre uma comunidade ictica bastante tipica e diversi- 
ficada. Na área 10, inúmeros exemplares de uma espécie de Cheirodon 
GIRARD, 1854 (Characidae, Cheirodontinae) convivem com vários 
representantes da familia Pimelodidae (Microglanis cottoides, Parapi- 
melodus valenciennis (KROEYER, 1874) e Pimelodella laticeps aus- 
tralis). 


Além disso, foram encontrados também alguns exemplares de Ei- 
genmannia virescens, Bunocephalus iheringi BOULENGER, 1891 (Aspre- 
dinidae), Jenynsia lineata lineata (JENYNS, 1842) (Jenynsiidae) e 
Phalloceros caudimaculatus (HENSEL, 1868) (Poeciliidae). Com exceção 
de B. iheringi que prefere as águas livres, as demais espécies citadas 
abrigam-se no meio das plantas, onde também encontram seu alimento 
que é preferentemente de origem animal (LOWE-McCONNELL, 1975). 
Por outro lado, na àrea 5, E. virescens, uma espécie de Rhamdella 
EIGENMANN & EIGENMANN, 1888 (Pimelodidae) e uma do gênero 
Microlepidogaster EIGENMANN & EIGENMANN, 1889 (Loricariidae , 
Hypoptomatinae) estavam representadas nas amostragens feitas em 
meio à vegetação. 

O único ciclideo ocorrente na Lagoa pertence à espécie Crenicichla 
saxatilis (LINNAEUS, 1758), tendo sido encontrado, ocasionalmente, 
apenas na área 10, junto à vegetação marginal. Isso possivelmente é 
decorrente do hábito de vida solitária dessa espécie (LOWE- 
McCONNELL, 1975) e pelo fato de sua população ser pequena na 
Lagoa. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 53 


A taipa que impede o livre escoamento das águas da Lagoa Negra 
até a dos Patos cria um ambiente de características muito peculiares. O 
denso tapete vegetal que se formou ao longo desta barreira originou um 
habitat bastante protegido para os exemplares de Cynopoecilus mela- 
notaenia, M. cottoides e Hyphessobrycon reticulatus que provavelmente 
buscam as plantas como fonte de abrigo para si e para os organismos 
que lhes servem de alimento. 


O ponto de maior riqueza íctica da área estudada, sem dúvida, foi 
aquele localizado no canal que conduz a água da zona palustre adjacente 
à Lagoa Negra até a Lagoa dos Patos. Tipicamente um ambiente de 
transição, abriga espécies vindas de ambos os corpos d'água e ainda es- 
pécies caracteristicas de um ambiente lótico como é o constituído pelo 
próprio canal. Dada a facilidade de manusear-se o puçá junto às hi- 
drófitas, foi possível capturarem-se inúmeros peixes da família Chara- 
cidae (5 espécies de Tetragonopterinae e 1 de Cheirodontinae). Um 
exemplar de Asiphonichthys stenopterus e vários de Characidium fas- 
ciatum fizeram parte das amostragens obtidas. 


Vários exemplares de Gymnotus carapo LINNAEUS, 1758 (Gym- 
notidae) e de Eigenmannia virescens foram apreendidos em meio aos 
. Juncos existentes na desembocadura do canal. Os ciclideos, por sua vez, 
mais frequentemente concentravam-se entre as macrófitas aquáticas 
(aguapés e gramineas), estando representados por Aequidens portale- 
grensis (HENSEL, 1870),Cichlaurus facetus (JENYNS, 1842) e Geo- 
vhagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824). Phyrrhulina australis 
EIGENMANN & KENNEDY, 1903 (Lebiasinidae) e duas espécies de 
Pimelodidae (P. laticeps australis e Rhamdella sp.) foram encontradas 
também junto à vegetação, enquanto B. iheringi Corydoras paleatus 
(JENYNS, 1842) (Callichthyidae), J. lineata lineata e P. caudimaculatus 
mostraram-se mais frequentes em águas livres de qualquer planta. 


Ainda neste canal, foram capturados espécimens de H. malaba- 
ricus e R. sapo, representando os peixes de maior porte. Salienta-se 
também a ocorrência de Curimatopsis saladensis MEINKEN, 1933, es- 
pécie ainda não registrada para o Estado do Rio Grande do Sul. Segun- 
do FOWLER (1950), esta espécie possui como localidade-tipo o rio 
Salado, na bacia do rio Paraná na Argentina. Já FERNANDEZ-YEPEZ 
(1948) assinala sua ocorrência na bacia do Paraná, no sudoeste brasi- 
leiro, na Argentina e no Paraguai. O material coletado na presente in- 
vestigação consiste em 5 exemplares medindo de 2,34 cm a 6,82 cm de 
comprimento standard e tanto suas proporções corporais como os dados 
meristicos coincidem com os apresentados por RINGUELET et al. 
(1967) e por FERNANDEZ-YEPEZ (1948). Assim sendo, registra-se a 
espécie para a região do canal de desagüe da zona palustre nas proxi- 
midades da Lagoa dos Patos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


94 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D. 


Outro fato que merece consideração especial é a ocorrência de 
Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1886) no canal de 
desembocadura da área palustre. Trata-se de uma espécie pertencente à 
família Gobiidae cuja distribuição, segundo DAWSON (1969) abrange a 
costa atlântica e o Golfo do México desde a Carolina do Norte até a Baia 
de Galveston no Texas. Embora sendo uma familia preferentemente 
marinha, algumas espécies sofreram adaptações que lhes permitem viver 
em toda escala de salinidade, até mesmo em águas mixohalinas ou 
doces. A maioria dos registros da espécie situam-na como habitante 
usual de pântanos e habitats estuarinos situados mais afastados do 
oceano, embora ocasionalmente consigam sobreviver em baias e es- 
tuários. Para o Brasil, há registros de G. oceanicus (PALLAS, 1770) 
com ocorrência no Ceará, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e em São 
Paulo, e de G. smaragdus (VALENCIENNES, 1837), citado para o Rio 
de Janeiro (FOWLER, 1954). No entanto, as características do único 
exemplar capturado na área coincidem plenamente com a descrição de G. 
shufeldti, conforme DA WSON (1969). 


Comparando-se os resultados obtidos nos* diversos canais de ir- 
rigação, pouca diferença pôde ser verificada quanto à distribuição das 
espécies. Com exceção dos canais 1 e 3, que possuiam um volume de 
agua muito reduzido, os demais apresentaram quase que uma constância 
nas espécies dominantes. 


Os representantes da família Characidae foram os mais comuns, 
tanto em número de espécies como de individuos. Das espécies de 
Astynax, A. eigenmanniorum (COPE, 1894) e 4. bimaculatus (LIN- 
NAEUS, 1758) foram as predominantes, sempre em meio à vegetação. A 
única espécie de Glandulocaudinae registrada foi Pseudocorynopoma 
doriae, tendo ocorrido apenas no canal 4. 


H. malabaricus malabaricus ocorreu praticamente em todos os 
canais, mas sempre com dimensões menores que os espécimes captu- 
rados na Lagoa. Isso possivelmente ocorreu devido à composição de sua 
dieta que, para os mais jovens é constituida de peixes menores, insetos e 
outros invertebrados mais facilmente encontrados em ambientes me- 
nores e vegetados (LOWE-McCONNELL, 1975). 


Nos canais 4 e 6, registrou-se a presença de exemplares jovens de 
Curimatus gilberti gilberti (QUOY & GAIMARD, 1824) (Curimatidae), 
provavelmente descendentes de indivíduos ocorrentes na Lagoa Negra e 
cuja existência não havia sido constatada durante a exploração da mes- 
ma. Esses jovens foram encontrados a partir da primavera, época em 
que se inicia a reprodução da espécie o que fregiientemente se dá em 
areas de inundação ao longo de rios e lagoas, conforme já pôde ser ob- 
servado pelos autores e foi referido por KLEEREKOPER (1955) para 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 55 


alhbioritas formados pelo transbordamento de rios e lagoas da costa nor- 
deste do RS. Nesses ambientes, os peixes jovens têm à sua disposição 
uma maior abundância de alimentos, além de mais facilmente fugirem 
aos predadores. Isso justifica-se pela modificação do hábito alimentar da 
espécie que, inicialmente, possui dentição forte e depois perde os dentes, 
passando a nutrir-se de algas e matéria orgânica encontrada no fundo. 
No canal 4 ocorreu ainda Curimatopsis saladensis que constitui um 
registro novo para o Estado do Rio Grande do Sul, já referido anterior- 
mente no presente artigo. 


Eigenmannia virescens, mais comumente, e Gymnotus carapo 
foram encontrados nos canais com fundo lodoso, onde há abundante 
vegetação de ciperáceas (canal 6) ou macrófitas aquáticas (canal 4). Não 
foi constatada uma maior preferência em relação a um ou outro tipo de 
planta, porem o fundo sempre apresentava-se total ou parcialmente 
lodoso. A preferência destas espécies quanto a este tipo de habitat 
parece estar relacionado com seu hábito alimentar, já que são basica- 
mente carnivoros, buscando crustáceos, insetos e pequenos peixes du- 
rante a noite e abrigando-se em meio a vegetação durante o dia, fugindo 
de seus predadores naturais (LOWE-McCONNELL, 1975). 


Nos canais 5 e 6, de características bastante semelhantes, cons- 
tatou-se a presença de alguns exemplares de Heptapterus eigenmanni 
STEINDACHNER, 1907 (Pimelodidae). sempre ocultos dentro da ca- 
mada vegetal. Esta espécie, segundo FOWLER (1951) ocorre no rio 
Uruguai, no Uruguai, enquanto RINGUELET et al. (1967) citam-na 
para o rio da Prata e ambientes costeiros do Uruguai. GOSLINE (1945) 
indica sua ocorrência em Maldonado, no Uruguai. Não há nenhum regis- 
tro da espécie para o Rio Grande do Sul até o momento, o que é feito no 
presente trabalho para a região da Lagoa Negra. 


Outras cinco espécies da família Pimelodidae estão representadas 
nos canais, porém sem uma distribuição definida. 


Alguns exemplares de Callichthys callichthys (LINNAEUS, 1758) 
(Callichthyidae) foram capturados nos canais 4 e 6, enquanto Corydoras 
paleatus (JENYNS, 1842) ocorreu apenas no canal 6. Ambas espécies, 
por serem bastante ativas durante o dia quando buscam seu alimento 
em meio às plantas aquáticas, foram coletadas com relativa facilidade, 
usando-se o puca. 


Os pequenos loricarideos do gênero Microlepidogaster foram encon- 
trados nos canais 2, 4 e 6, junto à abundante vegetação de onde retiram 
sua alimentação (basicamente algas perifiticas) (LOWE-McCONNELL, 
1975). O mesmo ocorre com os espécimes de Otothyris sp. no canal 4. 


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56 GROSSER, K.M. & HAHN,S.D. 


Também em meio às macrófitas, nos canais 4 e 6, coletou-se al- 
guns exemplares de Synbranchus marmoratus BLOCH, 1795 (Synbran- 
chidae). 


Da familia Cichlidae, Aequidens portalegrensis e Geophagus 
brasiliensis foram as espécies mais comuns, especialmente junto à ve- 
getação, onde se refugiam dos inimigos e, ao mesmo tempo, encontram 
seu alimento constituido principalmente de pequenos invertebrados 
(RINGUELET et al., 1967; LOWE-McCONNELL, 1975). 


Os dados obtidos durante o periodo coberto pelo presente estudo já 
permitem uma caracterização da Lagoa Negra como um ecossistema 
atualmente de produção ictica pobre. Embora tenham sido registradas 
16 espécies para a Lagoa, a grande maioria é de peixes de reduzido 
tamanho e as espécies maiores ocorrem com poucos exemplares. Isso 
pôde ser constatado pelo fato de, muitas vezes, os equipamentos de 
pesca (redes e espinhéis) terem sido retirados da água sem conterem 
nenhum peixe. 


Com exceção das espécies com registro novo para o Rio Grande do 
Sul, as demais encontradas na Lagoa Negra ocorrem praticamente em 
toda a área compreendida pela bacia do Guaiba e pela Lagoa dos Patos. 
Tal fato é decorrente da comunicação existente entre esses corpos d'água 
o que veio favorecer a dispersão das diversas espécies de peixes. Porém, 
a partir do momento em que houve o isolamento da Lagoa Negra 
através da construção de uma taipa no canal que permitia o escoamento 
de suas águas até a Lagoa dos Patos, ocorreu o confinamento a”.ase 
completo da comunidade ictica da Lagoa. A composição desta comu- 
nidade encontra-se referida no presente relato. 


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Este trabalho foi examinado por. 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
João Oldair Menegheti 
Moema Leitão de Araujo 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 198 


60 GROSSER, K.M.&HAHN,S.D. 


FIGA 


Fig. 1 — Pontos de amostragem do material ictico situados na ana Negra e 
regiões circunjacentes. Desenho: R. Rosa. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 61 
Eee EEE e E RM lud in ll ol TR 


Fig.3 

Fig. 2 e 3: 2. vista parcial do ponto 5 (Capäo dos Coqueiros), salientando-se a faixa 
de Ciperäceas e, ao fundo, dunas cobertas por vegetacäo arbustiva e arbörea. Foto: K.M. 
Grosser; 3. aspecto do ponto 9 (junto ao Morro da Grota), onde a vegetacäo marginal 


atinge a orla da Lagoa Negraeobserva-se a presença de grandes rochas e ciperáceas. Foto: 
K.M. Grosser. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


62 GROSSER, K.M.&HAHN,sS.D. 


Fig.5 


Fig. 4 e 5: 4. vista parcial do canal 4 próximo a sua desembocadura na Lagoa Negra. 
Foto: A.A. Lise; 5. vista parcial do canal 5, vendo-se ao fundo uma ampla área inundada ao 
longo de seu curso principal. Foto: A.A. Lise. > 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


Ictiofauna da Lagoa Negra... 


Fig. 6 e 7: 6. detalhe da comunidade vegetal do canal 5 constituida principalmente 
de algumas Ciperáceas e diversas espécies de macrófitas aquáticas. Foto: A.A.Lise; 7. as- 


pecto do encontro do canal 6 com a Lagoa Negra, mostrando os densos agrupamentos de 
Ciperáceas e outras macrófitas aquáticas. Foto: K.M. Grosser. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


64 


GROSSER, K.M. & HAHN,S.D. 


ESPÉCIES 


Ordem CYPRINIFORMES 


CHARACIDAE: 
Acestrorhynchinae: 


Tetragonopterinae: 


Cheirodontinae; 


Characinae: 


Characidlinae: 
ERYTHRINIDAE: 


LEBIASINIDAE: 
CURIMATIDAE: 


ANOSTOMIDAE: 
GYMNOTIDAE: 
RHAMPHICHTHYIDAE: 


Ordem SILURIFORMES 


AUCHENIPTERIDAE: 
ASPREDINIDAE: 


PIMELODIDAE: 


CALLICHTHYIDAE: 


LORICARIIDAE: 


Ordem ATHERINIFORMES 
CYPRINODONTIDAE: 


JENYNSIIDAE: 
POECILIIDAE: 


Ordem SYNBRANCHIFORMES 
SYNBRANCHIDAE: 
Ordem PERCIFORMES 


CICHLIDAE: 


GOBIIDAE: 


Oligosarcus jenynaii (GUNTHER, 1864) 
Oligosarcus robustus MENEZES, 1969 


Astyanax bimaculatus (LINNAEUS, 1758) 
Astyanax eigenmanniorum (COPE, 1894) 
Astyanax fasciatus (CUVIER, 1819) 

atyanax scabripinnis EIGENMANN, 1927 
Deuterodon sp. 

Hyphessobrycon bifasciatus ELLIS, 1911 
Hyphessobrycon lütkenii(BOULENGER, 1887) 
Hyphessobrycon reticulatus ELLIS, 1911 


Cheirodon interruptus (JENYNS, 1842) 
Cheirodon sp. 


Pseudocorynopoma doriae PERUGIA , 1891. 
Asiphonichthys stenopterus COPE, 1894 

Characidium fasciatum REINHARDT, 1866 

Hoplias malabaricus malabaricus(BLOCH, 1794) 
Pyrrhulina australis EIGENMANN & KENNEDY, 1903 


Curimatopsis saladensis MEINKEN, 1933 . 
Curimatus gilberti gilberti QUOY &GAIMARD, 1824 


Schizodon fasciatus AGASSIZ, 1829 
Gymnotus carapo LINNAEUS, 1758 
Eigenmannia virescens (VALENCIENNES, 1847), 


Glanidium albescens REINHARDT, 1874 
Bunocephalus iheringi BOULENGER, 1891 


Heptapterus eigenmanni STEINDACHNER, 1907 
Microglanis cottoides (BOULENGER, 1891) 
Parapimelodus valenciennis (KROEYER, 1874) 
Pimelodella laticeps australis EIGENMANN, 1917 
Pimelodus clarias maculatus LACEPEDE, 1803 
Rhamdella sp. 

Rhamdia sapo (VALENCIENNES, 1840) 


Callichthys callichthys (LINNAEUS, 1768) 
Corydoras paleatus JENYNS, 1842 


Loricariichthys anus (VALENCIENNES, 1840), 
Microlepidogaster ap. 
Otothyris sp. 


Cynoposcilus melanotaenia (REGAN, 1912) 
Jenynsia lineata lineata (JENYNS, 1842) 
Phalloceros caudimaculatus (HENSEL, 1868) 


Synbranchus marmoratus BLOCH, 1796 


Aequidens portalegrensis (HENSEL, 1870) 
Cichlaurus facetus (JENYNS, 1842) 

Crenicichla lepidota HECKEL, 1840 

Crenicichla saxatilis LINNAEUS, 1758 

Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824) 


Gobionellus shufeldti (JORDAN & EIGENMANN, 1888) 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):45-64, 24 mar 1981 


LAGOA NEGRA — AREAS DE AMOSTRAGEM em 


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5 6e7 8e9 10 
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CANAIS 


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” 


Observações preliminares sobre o acasalamento e recrutamento em 
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) (Aves, Tinamidae) no Rio 
Grande do Sul, Brasil.* 


João Oldair Menegheti** 


RESUMO 


Constataram-se algumas características sobre acasalamento e recrutamento em 
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815), bem como suas variações em 15 meses de obser- 
vação. 


As variações quantitativas de acasalamento geram um diagrama bimodal, ao passo 
que aquelas observadas nb recrutamento, geram um unimodal. 


ABSTRACT 


Characteristics of mating, recruitment and their variations in Nothura maculosa 
(TEMMINCK, 1815) were observed during a 15 months period in Rio Grande do Sul, 
State, Brazil, and are described. The quantitative evaluation of mating shows a bimodal 
diagram, whilst that carried out in the recruitment origins a diagram with a single mode. 


INTRODUÇÃO 


Em relação à reprodução de N. maculosa, alguns aspectos foram 
abordados por BUMP & BUMP (1969). Outros autores possuem regis- 
tros isolados sobre a ocorrência de ovos e filhotes desta espécie na 
natureza (SERIE, 1921; SERIE & SMITH, 1923; PEREYRA, 1928 e 
1938). Há ainda um estudo, no prelo, sobre o desenvolvimento gonadal 
(ARRIAGA et alii, no prelo). 


Inexistem, entre outros, estudos quantitativos sobre o acasalamen- 
to e o recrutamento na espécie. Com esta comunicação pretende-se 
preencher, em parte, esta lacuna. 


* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 202. Trabalho parcialmente sub- 
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71). 


** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 
(MCN), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


66 MENEGHETI, J.O. 


Os estudos foram desenvolvidos em três municípios do Rio Grande do 
Sul: Guaíba (30° 01’53” Se51º 13' 19” W), Butiá (30° 06’ 47” Se51º 57' 10” 
W) e Barra do Ribeiro (30° 17' 00” Se 51º 18’ 20” W). Todos situam-se na 
região fisiográfica denominada Depressão Central (Fig. 1). 


Como a maior parte do estudo foi realizada na Estação Experimen- 
tal Agronômica da UFRGS, município de Guaiba, esta área será carac- . 
terizada de forma suscinta a partir da descrição dada por POTT, 1974 
(p. 48,49,50 e 51). 


1. Localização: Situa-se a 830º01'19"S e 51°13’19’’W a uma altitude de 46m 
na sede administrativa (Fig. 2). 


2. Clima: Pelo sistema de KOEPPEN tem a classificação Cfa (Sub- 
tropical úmido). A precipitação média anual é de 1.822 mm e a tem- 
peratura média anual de 19,3°C (normais de Porto Alegre). 


3. Solo: Pertence à unidade de mapeamento SÃO JERÔNIMO, a qual 
segundo MELLO et alii (1966) apresenta as seguintes características, 
entre outras: solo profundo, bem drenado, relevo ondulado, pobre em 
matéria orgânica com cerca de 2%, decrescendo a medida que se 
aprofunda o perfil, fortemente ácido com pH de 4,5 a 5,0, o horizonte A] 
(0 a 25 cm) apresenta canais, devido a atividade biológica e raízes abun- 
dantes. 


4. Vegetação: A região se caracteriza por campos com mata de galeria 
junto aos cursos d'água e nas baixadas, conforme MORENO (1972). 
RAMBO (1956) comenta ainda que haviam também porções insignifican- 
tes de mata brejosa. E prossegue: o quadro vegetativo é fortemente in- 
fluenciado pelas formações campestres de coxilhas secas próprias da 
Serra do Sudeste. SCHREINER (1970) fez um estudo quantitativo de 
campo em área próxima, restrito a Gramineae. Cita Paspalum notatum 
como espécie predominante. 


MATERIAL E MÉTODOS 


O periodo de observação em campo foi de abril de 1979 a julho de 1980. As obser- , 
vações foram no mínimo, mensais, completando um total de 39 dias de campo: 


Os dados sobre acasalamento foram obtidos baseando-se no conhecimento de que N. 
maculosa é um animal solitário (BUMP & BUMP, 1969), exceto no periodo de repro- 
dução, em que se encontram, com maior fregüencia, pares de individuos. O fato pode ser 
utilizado para delimitar o periodo e a intensidade com que se dão os acasalamentos. 
Após o acasalamento e a postura, o casal se separa, porque a partir deste momento, é o 
macho que incuba e cuida da prole, sem a participação da fêmea (BUMP & BUMP, 
1969). Procurou-se confirmar os dados obtidos com este método, aproveitando-se da 
- aparente relação existente entre a emissão de um dos tipo de canto emitido por N. ma- 
culosa e a atividade gonadal. Determinou-se o periodo durante o qual foi emitido tal con- 
to, que é nitidamente diferenciável em relação aos demais. A percepção e identificação 
deu-se por audição direta do observador. pr 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


Observações preliminares sobre... 67 


Fizeram-se observações sobre o estado das gônadas em julho de 1979, junho e julho 
de 1980. A avaliação das gônadas foi visual e rápida. Os individuos examinados, foram 
obtidos em barreiras de fiscalização de caça do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal, localizadas na área de estudo. 


O recrutamento é aqui considerado como a introdução de novos indivíduos (recrutas) 
ao estrato da população que possui capacidade de vôo. Estes novos indivíduos são di- 
ferenciáveis dos demais, com mais idade, pelo seu menor tamanho e por certas caracteris- 
ticas de vôo, especialmente no momento de levantar o vôo. 


Para a constatação da ocorrência de N. maculosa na área em estudo, bem como de 
sua abundância, usou-se um cão Pointer, com pedigree registrado no Brasil Kennel Club, 
adestrado para o levante de Nothura. 


Quando os indíviduos voavam, registravam-se dados como seu número, se estavam 
solitários ou em pares e se as características de porte e vôo eram de adultos ou jovens. 


As necessidades do uso de cão relacionam-se a duas características principais: 1. as 
cores típicas dos individuos, que os identificam com o meio, de tal forma a serem pouco 
conspicuos; 2. a parcimönia em voar, já que só o fazem quando ameaçados e já não 
podem escapar apenas correndo. 


As intensidades dos processos de acasalamento e recrutamento foram expressos 
através de índices relativos que são compatíveis entre si, permitindo que se saibam as 
magnitudes de suas variações. São considerados como índices relativos porque, por exem- 
plo, individuos levantados em duplas nem sempre estariam se acasalando, mas, por coin- 
cidência, próximos entre si. Pela sua capacidade de escape ao cão apenas se deslocando 
por terra, um dos indivíduos em acasalamento pode fugir desta forma, dando a sensação 
de que o outro individuo que escapou voando, estaria solitário. Um terceiro aspecto a 
considerar, é que o cão nem sempre percebe todos os indivíduos de Nothura maculosa que 
estejam em seu campo de ação. ú 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 


O número de pares de indivíduos levantados e sua variação duran- 
te o periodo de observação, estão representados na Fig. 3. 


A frequência do levante em duplas pode fornecer indicação sobre o 
processo de acasalamento. Entretanto, salienta-se que a ocorrência de 
duplas pode ser constatada durante todo o ano, mesmo no periodo de 
repouso gonadal. Isto é consegiência de que em sua atividade solitária e 
aleatória em busca de alimento, dois ou mais indivíduos podem, num 
dado momento da observação, por coincidência, estarem próximos entre 
Er Apenas um conjunto de dados pode fornecer uma informação con- 
fiável. 


Ao examinar-se a Fig. 3, constata-se que: 


1. O diagrama que descreve a variação do número de pares é bi- 
modal. A moda maior ocorre no fim de inverno e início de primavera, e a 
menor em pleno outono. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


68 MENEGHETI, J.O. 


2. Como se teve a possibilidade de fazer observações no outono de 
1979 e outono de 1980, percebe-se que a moda menor no primeiro ano 
deu-se em abril, enquanto que no outro ano deu-se em maio. A diferença 
propõe variações de ano para ano, o que é dese esperar porque sob o 
ponto de vista climático, mesmo anos sucessivos apresentam compor- 
tamentos diferentes. A estas variações corresponderiam também diferen- 
tes respostas das populações que estão sujeitas a fatores climáticos quer 
direta ou indiretamente. 


3. Nos meses de verão, janeiro e fevereiro, houve uma diminuição 
no número de pares. 


Considerando-se a emissão do tipo de canto já mencionado an- 
teriormente, verificou-se que iniciou entre 26 de julho e 2 de agosto de 
1979, periodo entre duas saídas sucessivas a campo. Prosseguiu até 
aproximadamente 23 e 26 de maio de 1980. Ou seja, este canto foi 
ouvido durante 10 meses consecutivos. Não foi ouvido em junho e julho 
de 1980, meses que coincidem com o periodo de repouso gonadal de 
acordo com ARRIAGA et aliilno prelo ) 


Relativamente ao exame das gônadas, os dados obtidos em 1979 e 
1980 encontram-se na tabela abaixo: 


DATA Total gônadas % gônadas desenvolvidas 
examinadas 
MACHOS | FÊMEAS | MACHOS FÊMEAS 
07/79 334 417 18 2 
06/80 242 274 9 4,7 


07/80 210 272 20,5 92 


O exame visual e rápido das gönadas como o que foi feito aqui, 
não permite identificar-se se o ovário ou testículos desenvolvidos estão 
em fase de evolução ou involução. Entretanto, a partir dos dados exis- 
tentes, pode-se formar uma expectativa a respeito do tema. Em primeiro 
lugar, nota-se que houve uma diferença significativa entre a percenta- 
gem de machos com testículos desenvolvidos em junho e julho de 1980 
(9% e 20,5%), havendo um aumento de um para outro mês. Este fato 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


Observações preliminares sobre... 69 


estaria a indicar uma evolução no desenvolvimento dos testículos. Em 
segundo lugar percebe-se a semelhança de percentagens entre julho de 
1979 e julho de 1980 (18 e 20,5%), havendo uma ratificação dos resul- 
tados. 


Usou-se como referência o desenvolvimento de testículos porque 
sabe-se que entre as gônadas são os melhores indicadores sobre o pe- 
riodo de reprodução em aves, já que estes tem um desenvolvimento lento 
e gradativo até chegar o momento de acasalamento. Por outro lado, o 
ovário tem um desenvolvimento rápido, de tal forma que num dado 
momento, um que se encontre pouco desenvolvido, pode rapidamente 
tornar-se apto a reprodução. 


Os dados obtidos até agora confirmam que o acasalamento, pri- 
meiro momento do processo de reprodução, inicia-se em pleno inverno e 
início de primavera. Assim, parece que o acasalamento que se percebe 
durante pelo menos 9 meses, atinge sua maior intensidade mais próximo 
do início do processo, de tal forma que o diagrama apresenta em viés 
positivo (Fig. 3). A continuidade do processo durante os restantes 7 
meses dá-se de tal forma a apresentar uma grande variabilidade no 
desenvolvimento gonodal (BUMP &BUMP, 1969), o que pode indicar a 
ocorrência de mais do que um acasalamento e postura por ano, por in- 
dividuo. Esta variabilidade confirma também observações de BUMP & 
BUMP )op. cit) de que os individuos que irão se reproduzir pela 
primeira vez, atrasam-se em seu desenvolvimento gonadal. 


Recrutamento 


O periodo de ocorrência de recrutas deu-se entre setembro-outubro de 
1979 a julho de 1980 (Fig. 4). 


O diagrama de recrutamento é unimodal e a moda deu-se em fe- 
vereiro. Como não houve observação em março, é possível que a moda 
tivesse se dado neste mês, pois que ainda em abril obteve-se um número 
considerável de recrutas. 


Entre setembro - outubro até fevereiro, hã uma tendência de 
aumento no número de recrutas. A partir de abril há uma redução acen- 
tuada de recrutas até maio. 


O periodo em que não se feet recrutamento foi o correspon- 
dente a julho, agosto e setembro. E importante considerar-se que na in- 
terpretação das variações das intensidades de recrutamento, os dados 
obtidos numa mesma área, são parcialmente cumulativos, já que cer- 
tamente com observações sucessivas no tempo, pelo menos alguns dos 
mesmos recrutas podem ter sido levantados mais de uma vez. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


70 MENEGHETI, J.O. 


A idade aproximada em que se dá recrutamento foi determinada 
considerando-se indivíduos de menor peso obtidos e que possuiam ca- 
pacidade de vôo, e observações sobre ganho de peso de individuos nas- 
cidos em cativeiro efetuadas por BUMP & BUMP (1969). O individuo 
capturado com menor peso tinha 72,5g, este peso corresponde em ca- 
tiveiro à idade de 2 a 3 semanas. BUMP & BUMP (op. cit,) fazem res- 
trição aos dados quando comentam que na natureza, os animais com 
idades correspondentes devem ser mais pesados do que os que vivem em 
cativeiro. Mesmo com esta restrição, pode-se supor que o recrutamento 
dá-se antes de um mês de idade. 


Ao se compararem os diagramas de acasalamento e recrutamen- 
to, uma diferença se salienta: o primeiro é bimodal, enquanto que o 
segundo é unimodal. Seria de se esperar que correspondentemente, tam- 
bém o diagrama de recrutamento contivesse duas modas. No entanto 
uma das modas diluiu-se nas fases intermediárias entre o acasalamento e 
o recrutamento como são: a postura, a incubação e o cuidado de prole. O 
fato pode ser explicado de várias maneiras. Uma das possíveis causas é 
que a moda de acasalamento no outono teria pouco sucesso na geração 
de novos indivíduos. É possível cogitar-se que fosse conseqiência da al- 
ta mortalidade incidente sobre os jovens nascidos em outono. Entretan- 
to, pelo menos sob o ponto de vista de exigência alimentar, constata-se 
que há disponibilidade de sementes das espécies típicas dos campos 
nativos da Depressão Central. Segundo SILVA & SANDER [no prelo) 
são as sementes a principal fonte de alimentação de N. maculosa nos 
meses mais frios. Entre as espécies de plantas, destacam-se, segundo os 
mesmos autores, Paspalum notatum, P. plicatulum, Echinochloa colo- 
num, E. crus-galli, Setaria geniculata e outras que, de acordo com 
ARAUJO (1971), florescem até abril. 

A outra hipótese é de que os acasalamentos de outono não se con- 
sumam com o mesmo sucesso do que os verificados no fim de inverno e 
início de primavera. 

AGRADECIMENTOS 
O autor agradece às colegas Maria Inês Burger Marques e Dione Silva Breschneider 
pelo inestimável auxílio no trabalho de campo e pela crítica ao manuscrito. Agradece à 
Dra. Cecilia Volkmer Ribeiro pelo estímulo, e às direções do FINEP e do Museu de Ciên- 


cias Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pelo suporte financeiro e 
apoio administrativo. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


ARAUJO. A.A. 1971. Principais gramineas do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Sulina. 
255p. 


ARRIAGA, A., NICORA, O.T. & IBANEZ, N. Variaciones estacionales en ovário de 
Perdiz Chica Comun (Nothura maculosa). Physis, Buenos Aires,( no prelo). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


Observações preliminares sobre... 71 


BUMP. G. & BUMP. J. W. 1969. A study of the spotted tinamous and the pale spotted 
tinamous of Argentina. Special & Scient. Rep-Wildl. United States Departament of 
the Interior. Fish and Wildl. Service. Washington D.C. (120):1-160. 


PEREYRA, J.A. 1928. Observaciones sobre algunas Aves de Buenos Aires. La Perdiz 
Chica. El Hornero. Buenos Aires, 6(1):74-6. 


. 1938. Contribución al estudio y observaciones ornitolögicas de la zona norte de la 
Gobernación de la Pampa. Las Memórias de la Sociedad: Ornitológica del Plata. 
Buenos Aires, 7:1-131. 


POTT, A. 1974. Levantamento ecológico da vegetação de um campo natural sob três 


condições: pastejado, excluído e melhorado. 177f. Tese (Mestrado em Fitotecnia) 
Faculdade de Agronomia da UFRGS, Porto Alegre, 1974 não publicado ). 


SERIE, P.B. 1921. Sobre la alimentación de la perdiz comun (Nothura maculosa). El 
Hornero, Buenos Aires, 2(3):230-2. 

SERIE, P.B. & SMITH, C.H. 1923. Notas sobre aves de Santa Elena (Entre Rios). El 
Hornero, Buenos Aires, 3(1):37-55. 

SILVA, F. & SANDER, M. Estudo sobre alimentação da perdiz (Nothura maculosa, 
TEMMINCK, 1815) no RS (TINAMIDAE-AVES). Iheringia, Porto Alegre, [no 
prelo]. 


Este trabalho fo: examinado por: 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
Marta Elena Fabian 
Vera Lúcia Lopes Pitoni 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


72 MENEGHETI, J.O. 


nn mm nn 


FIG. I 


| 
. 
v 


Fig. 1. Depressão Central e respectivos municípios (Rio Grande do Sul) onde 
foram realizadas observações. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


Observações preliminares sobre... 713 


a 


RONIMO 


30º 00! 


SAO JE 


GUAIBA 


ARROIO DOS RATOS 


1 30915 


30915! 


BARRA DO 
RIBEIRO 


A 


+ 


SAO JERONIMO 


30030! 


Fig. 2. Município de Guaíba, Estação Experimental Agronômica — EEA da Univer- 
sidade Federal do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


74 MENEGHETI, J.O. 


38,4 
33,6 


28,8 


= 
9,6 
7,2 
4,8 


ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NW DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL MESES 


de pares de Indivíduos 
Mo 
o) 


=| 


Fig. 3. Variação, durante o período de observação, do número de pares de indivíduos 
levantados. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


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IN 


Observações preliminares sobre... 75 


> 


(nº) 


| | 
E Ends hi 


ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL MESES 


Fig. 4. Variação, durante o período de observação, do número de filhotes levantados. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):65-75, 24 mar 1981 


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Primeiro registro de Littoridina piscium (Orbigny, 1835) (Pro- 
sobranchia, Hidrobidae) para o Rio Guaíba e Delta do Jacuí, Rio 
Grande do Sul.* 


Maria Cristina Pons da Silva** 
José Willibaldo Thomé*** 


RESUMO 


Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) é registrada pela primeira vez para o rio 
Guaiba e para o Delta do Jacuí, Rio Grande do Sul. Os locais de ocorrência no rio Guaíba 
são caracterizados e tecem-se comentários sobre associações com outros organismos. 


ABSTRACT 


Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) is reported for the first time from Guaiba 
river and from the deltaic area of the Jacuí river, Rio Grande do Sul State, Brazil. The 
sites where the species occur in Guaiba river are described and associations of L. piscium 
with other organisms in the area are also reported. 


INTRODUÇÃO 


Littoridina australis (ORBIGNY, 1835) e Littoridina piscium (OR- 
BIGNY, 1835) foram as primeiras espécies de Littoridina citadas nara o 
Rio Grande do Sul por MARTENS (1868), ambas dentro do gênero Hy- 
drobia HARTMANN, 1821. A primeira foi coletada no rio Guaiba e a 
segunda em Rödersberg sic . No entanto STROBEL (1874) considera 
duvidosa a identificação de Hydrobia australis feita por MARTENS 
(1868) e levanta a possibilidade de tratar-se de uma espécie nova. 


* Aceito para publicação em 13/1/1981. Contribuição FZB nº 203. Trabalho parcialmente sub- 
vencionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Rio de Janeiro (Convênio 
B/29/79/018/00/71). 


** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), (Proc. 
1111.0050/76), no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do 
Sul, Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


*** Do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul e Professor 
titular de Zoologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


78 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W. 


Outras citações foram feitas para o Rio Grande do Sul, sem es- 
pecificação do local da ocorrência, por IHERING (1895) que menciona 
Paludestrina piscium (ORBIGNY, 1835) e Paludestrina australis (OR- 
BIGNY, 1835) e PILSBRY (1911), que afirma ter recebido de Ihering 
exemplares de Littoridina australis e Littoridina charruana (ORBIGNY, 
1840) procedentes de nosso Estado. 


Finalmente SILVA & THOME (NO PRELO) registram Littori- 
dina piscium para o açude de Morro Santana, em Porto Alegre, (entre 
os paralelos de 30º 03’ 45” e 30° 03' 50"S e entre os meridianos de 51º 
08’ 06” e 51° 08’ 15" W). 


A importância da ocorrência de exemplares desse gênero nos am- 
bientes limnicos é relevante. 


GAILLARD & CASTELLANOS (1976) observaram a utilização de 
espécies de Littoridina na alimentação de aves e peixes. 


CASTELLANOS (1975) afirma, que na Argentina, as Littoridina 
servem de vetores a helmintos causadores de dermatites. GAILLARD 
(1973a) cita que espécies de Littoridina intervêm como hospedeiros in- 
termediários de certos trematódeos, os quais são parasitos de verte- 
brados. OSTROWSLI de NUNES (1974 e 1976) registra que trematódeos, 
que utilizam L. piscium como hospedeiro intermediário, parasitam peixes, 
aves e mamiferos. 


Considerando também o problema crescente de poluição de am- 
bientes limnicos destacam-se as afirmações de GAILLARD (1973a e b), 
de que as espécies desse gênero apresentam grande valor como indi- 
cadores biológicos, sendo que segundo esta autora L. piscium apresenta 
uma “forma minima”, uma “forma mediana” e uma “forma máxima” de 
cordo com as condições do habitat. 


Com o objetivo de contribuir para o conhecimento das espécies de 
Littoridina ocorrentes no rio Guaiba, realizaram-se coletas e observações 
sobre L. piscium ao longo de um ano, nesta área. 


MATERIAL E MÉTODOS 


As coletas de L. piscium no rio Guaiba foram efetuadas de fevereiro/ 1979 a abril/ 
1980. Utilizou-se também material incluido na coleção malacológica do Museu de Ciên- 
cias Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 

São utilizadas no texto as seguintes abreviaturas: 


ZMB = Zoologisches Museum de Berlim. 
CESB = Centro de Estudos Biológicos do Departamento Municipal de Águas e Esgotos de 
Porto Alegre. 


Para a coleta utilizou-se peneira de malha fina (0,8 mm de diâmetro), além de coleta 
manual, e draga de Eckmann para maiores profundidades. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 - 


Primeiro registro de Littoridina piscium... 79 
RA E A PGM. ce -. .__.B 


Para observações de material “in vivo”, os moluscos foram mantidos em aquários 
com as dimensões: 12 cm x 20 cm x 10 cm, contendo 600 ml de água e com aerização cons- 
tante. 

A identificação da espécie baseou-se nos caracteres sistemáticos estabelecidos por 
GAILLARD (19732) e GAILLARD & CASTELLANOS (1976), ou seja na conquilio- 
metria e na forma e pigmentação do pênis. Os métodos conquiliométricos descritos em 
SILVA & THOME (NO PRELO) foram aplicados a 41 exemplares. A fim de observar a 
morfologia do pênis, este foi removido e montado entre lâmina e lamínula, utilizando-se 
como conservante o liquido de Faure. Para vedar as bordas da laminula empregou-se o 
Bálsamo do Canadá. 


Com o objetivo de investigar se os espécimes de Littoridina estavam infestados por 
trematódeos, colocaram-se os moluscos em água fresca e luz incidente para que as cer- 
cárias, que apresentam fototactismo positivo, abandonassem o hospedeiro e permaneces- 
sem nadando na água (VEITENHEIMER-MENDES, comunicação verbal, 1979). 


O material examinado encontra-se na coleção malacológica do MCN sob os números: 
234, 1559, 1990, 1981, 2197, 2381, 2936, 2952,3713, 4025, 4118, 4149, 4160, 4293, 4303, 
4348, 4380, 4440, 4479, 4566, 4643, 5433, 5653, 5657, 5659, 5660, 5662, 5663, 5705, 5935, 
5939, 5951, 5953, 5954, 5955, 5956, 5957, 5980, 5987, 5988, 6009, 6050, 6108, 6318, 6319, 
6320, 6321, 6322, 6323, 6324, 6325, 6326, 6327, 6328, 6329, 6330. 


RESULTADOS 


Atraves da conquiliometria e da morfologia e pigmentação do pênis 
identificou-se como L. piscium (ORBIGNY, 1835) a espécie encontrada 
no Guaiba e Delta do Jacui, tratando-se de primeiro registro para estes 
locais. 


Durante as coletas no Guaiba encontraram-se exemplares de Lit- 
toridina nos seguintes locais: Praia do Veludo, Saco do Arado, Saco do 
Lami, Praia de Itay 1ã, Praia da Pedreira, Vila Elza e Praia Florida. 
Localizaram-se também espécimens desse gênero nas ilhas do Delta do 
Jacuí, especialmente na ilha das Flores. (Fig. 1). 


Na Praia da Pedreira (Fig. 7) coletaram-se espécimens de Litto- 
ridina sp. convivendo com L. piscium. Aquela espécie distingue-se desta 
pela conquiliometria, forma e pigmentação do pênis, sendo que sua iden- 
tificação será motivo de futuras pesquisas. 


Com base nos característicos conquiliométricos, determinaram-se 
como L. piscium os dois exemplares do lote MCN 3713 (parte do lote 
13746 da coleção de moluscos do ZMB) coletados por Hensel no rio 
Guaiba e identificados por Martens como H. australis. 


Caracterização de Littoridina pisciumdo rio guaiba. 


Concha: (Fig. 2) 


A concha apresenta-se oblonga, subcônica, levemente alongada, 
um pouco espessada, lisa ou com algumas linhas de crescimento indis- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


80 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W. 


tintas. composta por cinco a seis voltas convexas separadas por suturas 
modernamente profundas; espira breve ou elevada, cônica, com ápice um 
pouco agudo; abertura oval, peristômio continuo, lábio interno levemen- 
te engrossado. 


Seu comprimento pode alcançar até 6,5mm e sua largura máxima é 
de 3,5mm. A largura da concha é sempre igual ou superior a metade de 
seu comprimento. 


O ângulo espiral varia em torno de 50º, chegando a alcançar um 
máximo de 61º e um mínimo de 39º. Esta medida angular independe do 
tamanho do animal, variando de acordo com a forma estreita ou larga da 

concha. 


No animal vivo o periostraco da concha varia desde o castanho escuro 
atéo negro. 
Pênis: (Fig. 3) 

Localizado na região anterior do animal, dorsalmente, sobre o lado 
direito, o pênis apresenta a porção proximal larga, estreitando-se para a 
porção distal. Esta estrutura geralmente permanece enrolada com aspec- 
to de foice. Em seu lado côncavo acha-se uma única papila, algumas 
vezes pouco diferenciada. Sobre o lado convexo localizam-se papilas 
pequenas, mamelonadas, algumas vezes pouco diferenciadas, variando 
seu número entre 6 e 14. 


Habitat: (Fig. 1) 


As L. piscium no Guaiba, formam vários agrupamentos em ambas 
as margens. Notou-se a preferência desses moluscos pelas praias de 
águas calmas e rasas, nas reetrâncias no litoral, denominadas sacos. 
Raramente foram encontrados no canal de navegação do rio pelo CESB, 
conforme material incluido na coleção do MCN. 


Conforme os dados dos lotes MCN 1981 e 4149, exemplares de L. 
piscium foram encontrados fixos às raizes de aguapé (Eichhornia sp.) 


A seguir caracterizam-se os pontos do rio Guaiba onde foram en- 
contradas, pelos autores, as L. piscium no periodo de fevereiro/1979 à 
abril/1980: 


A praia do Veludo localizada junto ao Morro da Cuica, na Ponta 
da Cuica, apresenta em sua margem rochas, cujas depressões são preen- 
chidas com água, durante periodo de cheia, formando pequenas poças, 
local preferido por moluscos dessa espécie. 


O Saco do Arado formado por uma reetrância do litoral, entre a 
Ponta do Arado Velho e a Ponta dos Coatis, tem a margem constituida 
“principalmente de areia e, junto ao Morro do Arado a margem é pe- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


Primeiro registro de Littoridina piscium... 81 
dis Sad 
dregosa. O fundo é arenoso e a vegetação é composta por Scirpus ca- 
lifornicus (C.A. May) Stend. (Cyperaceae), cujos talos ficam parcialmen- 
te submersos. Na zona rochosa, as pedras invadem o rio, revestindo o 
seu fundo. Nesse local os espécimens de L. piscium encontravam-se 
deslisando sobre a areia, enterrados nesta, presos aos talos dos S. ca- 
lifornicus ou às pedras submersas. (Fig. 4). 


O Saco do Lami também é formado por uma reetrância do litoral, 
localizado entre a Ponta do Cego e a Ponta do Coco. A margem é re- 
coberta de gramineas e o fundo é constituído de areia muito fina, com 
aspecto de lodo. Ocorrem agrupamentos de S. californicus com talos 
submersos. Os caracóis achavam-se sobre a areia ou enterrados nessa e 
fixos aos talos das ciperáceas. (Fig. 5). 


A Praia de Itapuã localiza-se no Saco de Itapuã, entre a Ponta do 
Coco e a Ponta da Fortaleza, junto a Vila de Itapuã. No local onde acha- 
se desembocadura do Arroio das Amoras, foi coletado material. Sua 
margem estã recoberta por grama, que se estende até a superfície da 
água, e seus ramos chegam a penetrar no arroio, ficando com os talos 
submersos. O fundo é constituído principalmente por areia, ocorrendo 
ainda algumas pedras. Agrupamentos de S. californicus também estão 
presentes nessa praia. Os exemplares coletados nesse local encontravam- 
se na areia, presos às pedras e às gramíneas. (Fig. 6). 


A Praia da Pedreira, situada entre a Ponta da Fortaleza e a Ponta 
de Itapuã, junto ao Morro da Pedreira, apresenta sua margem bem 
como o seu fundo constituídos por areia. Ocorrem também agrupamen- 
tos de S. californicus. Nesse local ha ainda formações rochosas no sopé 
do Morro da Pedreira que se estendem para o interior do rio. Nas de- 
pressões das pedras a água fica represada formando poças, cujo fundo 
apresenta areia e cascalho. Nessa praia localizou-se L. piscium sobre a 
areia, enterrada nesta ou fixa às ciperáceas e às pedras. Apenas nesse 
local encontrou-se Littoridina sp., nas poças formadas pela depressão 
das pedras. (Fig. 7). 


A praia da Vila Elza, localizada entre a Ponta da Alegria e a Ponta 
da Figueira, apresenta a margem recoberta por grama. O substrato de 
fundo é arenoso, e os S. californicus estão presentes. As L. piscium 
ocorrentes nesse local achavam-se deslisando na areia, enterradas: nesta 
e fixas à ciperáceas. 


A praia da Florida também localizada entre a Ponta da Alegria e a 
Ponta da Figueira, possui as mesmas caracteristicas de habitat como o 
da Vila Elza e os caracóis ai coletados achavam-se, igualmente, sobre ou 
enterrados na areia, e fixos às ciperáceas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


82 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W. 


Associação com outros organismos 


Convivendo com L. piscium, achavam-se moluscos dos gêneros 
Potamolithus, Chilina, Eupera, Diplodon e das familias Ampullariidae, 
Ancylidae e Corbiculidae. 


Constatou-se a presença de Temnocephalida (Platyhelminthes) 
locomovendo-se sobre o corpo de L. piscium. Colônias de protozoários 
(Carchesium) e de algas (Oedogonium) foram observadas fixas às con- 
chas desses caracóis. 


Através de dissecação verificou-se a presença de rédias e cercárias 
imaturas, parasitando a gônada e glândula digestiva de L. piscium. 
Além disso, exemplares coletados em 28.08.1979 na praia de Itapuã, 
emitiram cercárias pertencentes à familia Heterophyidae. 


Em março/79 na Vila Elza e Praia Florida, foram coletados 289 
exemplares de L. piscium, ocasião em que se observou uma grande 
floração de Microcystis aeroginosa (Cyanophyta) nas águas do Guaiba. 


DISCUSSÃO 


A citação de H. australis para o rio Guaiba feita por martens 
(1868), consiste num equívoco, pois além dessa espécie não mais ter sido 
localizada nesse ambiente, o material de Martens corresponde a L. pis- 
cium conforme constatamos através do exame conquiliológico do lote 
MCN 3713. Esse engano de MARTENS (1868) já fora constatado por 
STROBEL (1874) que, contudo, também ‚equivocou- se ao sugerir que 
tais especimens corresponderiam a uma especie nova. 


ORBIGNY (1840, traduzido pelo autor senior) descreve L. australis 
como tendo; a concha alongada, cônica, espessada, marcada por linhas de 
crescimento, subumbilicada; espira cônica, um pouco acuminada, com- 
posta por seis voltas planas, contiguas, suturas não profundas; abertura 
oval, angulosa por detrás, com bordas delgadas; cor branca ou esver- 
deada; com comprimento de 6 mm e largura 3 mm. Conforme GAI- 
LLARD (1973a) o pênis de L. australis apresenta uma grande papila, 
globosa e negra no lado côncavo; e sobre o lado convexo uma única 
papila pequena com pouca pigmentação basal. Sendo assim, essa espécie 
distingue-se das L. piscium do Guaiba por apresentar: a concha espes- 
sada, subumbilicada, espira cônica um pouco acuminada, sutura não 
profunda, abertura angulosa por detrás, cor branca ou esverdeada; o 
pênis pigmentado, com uma grande papila no lado côncavo, uma única 
papila sobre o lado convexo. L. australis portanto diferencia-se de L. 
piscium do Guaiba tanto conquiliológicamente como pelas caracteristicas 
do pênis. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


Primeiro registro de Littoridina piscium... 83 


Os espécimens da praia da Pedreira apresentam conquiliometria, 
morfologia e pigmentação do pênis distintas das L. piscium, e pertencem 
a uma outra espécie, ainda não identificada. 


O comprimento da concha fornecido por ORBIGNY ( 1835) para L. 
piscium do rio da Plata, Argentina é de mm. STROBEL (1874) men- 
ciona 3mm, 5mm e 6mm para as medidas de comprimento dessa espécie 
e considera esta variação de tamanho como mutação. PILSBRY (1911) 
registra o comprimento de 4mm para exemplares da ilha de San Gabriel, 
Uruguai. As medidas dadas por WEYRAUCH (1964) para exemplares do rio 
da Plata são de 2,9mm e 3,0mm de comprimento. SILVA & THOME 
(NO PRELO) registram o comprimento máximo de 5,0mm para L. pis- 
cium do açude no Morro Santana. Porto Alegre. GAILLARD (1973a e 
b) e GAILLARD & CASTELLANOS (1976) apresentam três “formas 
ecológicas” para L. piscium baseadas no comprimento da concha e 
caracteres endosomáticos. Classificam os animais em “forma mínima” 
para os exemplares que possuam comprimentos compreendidos entre 
3,0mm a 3,5mm, em “forma mediana” os que apresentam dimensões de 


Segundo OSTROWSKI de NUNEZ (1974a, 1974b e 1976) L. pis- 
cium serve de hospedeiro intermediário para trematódeos da família 
Heterophyidae no rio da Plata, Argentina, sendo os hospedeiros defi- 
nitivos peixes, aves e mamíferos. Dos peixes são citados Cyprinodon 
variegatus, Phalloceros caudimaculatus sic |, Cnesterodon decemma- 
culatus, Mollienesia latipinua e das aves Nycticorax, Butorides striatus 
e Ixobrychus incolucris. Estes peixes (GROSSER, comunicação verbal, 
1980) e aves (SILVA, comunicação verbal, 1980) acima mencionados, 
ocorrem nas proximidades de Porto Alegre e provavelmente podem ser- 
vir de hospedeiros definitivos para os trematódeos da família Hetero- 
phyidae constatados em L. piscium em nosso meio. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


84 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W 


CONCLUSÃO 


— Empregando os critérios adotados por GAILLARD (19734) e GAI- 
LLARD & CASTELLANOS (1976) para diagnosticar as espécies de Lit- 
toridina, que compreende os estudos da conquiliometria e da morfologia e 
pigmentação do pênis, registra-se pela primeira vez a presença de Lit- 
toridina piscium no rio Guaiba e Delta do Jacuí. 


— Comprovou-se que os espécime: de L. piscium do rio Guaiba são 
hospedeiros intermediários = trematödeos da familia Heterophyidae. 


AGRADECIMENTOS 


Aos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do 
Rio Grande do Sul Jorge E. Mariath e Tânia Buselato Toniolli pela identificação da 
vegetação aquática, e Inga Ludmila Veinheimer-Mendes pela identificação dos trema- 
tódeos. 


A desenhista Rejane Rosa pela arte final do mapa. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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GAILLARD, C. & CASTELLANOS, Z.A. 1976. Mollusca Gasteropoda; Hydrobiidae. In: 
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IHERING, H. Von. 1895. Die Gattung Paludestrina. NachrBl. dt. Malakozool. Ges., 
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Sammlungen von Dr. R. Hensel. Malakozoolo gische Blatter, Cassel, 15:192-3, 202- 
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OSTROWSKI DE NUNEZ, M. 1974a. Estudio sobre estados larvales de trematodes 
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Primeiro registro de Littoridina piscium... 85 


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STROBEL, P. 1874. Materiali per uma Macostatica di terra e di acqua dolce dell’ Argen- 
tina Maridionale. Biblioteca Malacologia, Pisa, 4;59-66. /cópia fotográfica / 


Estetrabalho foi examinado por: 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
Inga L. Veiteinheimer Mendes 
Vera Lúcia Lopes Pitoni 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


86 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W. 


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Lagoa dos Patos 
Fig. 1 


rejone 


Fig. 1: Mapa do Delta do Jacui e rio Guaiba, Rio Grande do Sul, com registro de 
ocorrência de Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) no período de 1966 a 1980. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


Primeiro registro de Littoridina piscium... 87 


wu z 


Fig. 2 


02 mm 


Fig.3 


Fig. 2-3 Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835), na Vila Elza, rio Guaiba, Rio Gran- 
de do Sul: 1. vista frontal da concha; 3. pênis 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


88 SILVA, M.C.P. da & THOME J.W. 


Fig. 4-7: Locais de ocorrência de Littoridina piscium (ORBIGNY, 1835) no rio 
Guaiba, Rio Grande do Sul: 4. Saco do Arado; 5. Saco do Lami; 6. Vila Itapuã; 7. Praia 
da Pedreira. ta 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):77-88, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do Parque Estadual de Itapuã, Rio Grande do 
Sul: Biologia e anilhamento. * 


Flávio Silva** 
Maria Alice Bello Fallavena*** 


RESUMO 


O presente trabalho pretende dar continuidade ao estudo das aves do Rio Grande do 
Sul, enfocando a avifauna do Parque Estadual de Itapuã, situado no Municipio de 
Viamão (30º10'S - 51º00'W), com uma área de 5.750 hectares. 


Foi realizado anilhamento de aves capturadas com redes e tomadas medidas de 
peso, comprimento total, asa, cauda, bico e tarso. 


Os dados biométricos das espécies mais frequentes foram tabelados, com comen- 
tários sobre variações sazonais, recapturas e status das aves no Parque. As espécies 
menos frequentes são apresentadas com médias e limites de variação para cada medida 
relacionada. 


ABSTRACT 


This work is a continuity of the Rio Grande do Sul birds study with particular con- 
siderations of the ornithofauna from Parque Estadual de Itapuã, in the Município of 
Viamão (30°10’S - 51°00’W), 5.750 hectares area. 


A banding work was realized with birds captured in nets. At the same time mea- 
sures of total lenght, wing, tail, bill and tarsus were taken. 


Biometrical data of the most frequent species deelt with in the banding work are 
tabled and additional comments on seasonal variations, recaptures and status are presen- 
ted. 


For the less frequent species are presented the average and maximun-minimun 
limits for each taken measure. 


* Aceito para publicação em 19/1/1981. Contribuição FZB nº 204. Trabalho executado parcial- 
mente com auxílio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Processo Nº B. 
29.79.002.00.00. 


** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


*** Auxiliar de Projeto do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande 
do Sul. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


90 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


INTRODUÇÃO 


Um primeiro estudo das aves do Rio Grande do Sul foi produzido 
por BERLEPESCH & IHERING (1885), que apresentaram uma lis- 
tagem de espécies para a região do Municipio de Taquara, Rio Grande 
do Sul. IHERING (1887a e 1887b) faz considerações gerais sobre as 
aves do Estado e, em 1899 apresenta uma lista de 363 espécies. 


GLIESCH (1930) listou 246 espécies, sendo que 28 destas são 
novas em relação ao trabalho de IHERING (1899). 


CAMARGO (1962) relaciona um total de 284 espécies de aves da 
coleção ornitológica do Serviço de Caça e Pesca da Secretaria da 
Agricultura do Rio Grande do Sul, sendo que 28 espécies são ocorrências 
novas para o Estado. 


BELTON (1978) apresenta resultados de observações pessoais e 
pesquisa bibliográfica, com registros de ocorrências novas, totalizando 
575 espécies. 


SILVA (1978), VOSS & BREYER (1979) e ALBUQUERQUE 
(1980) citam novas ocorrências para o Estado. 


Com a criação do Centro de Estudos de Migrações de Aves 
(CEMAVE) em 1978, é iniciado no Brasil, principalmente no Estado, 
uma nova fase da ornitologia brasileira. Tendo o IBDF (Instituto 
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) como órgão incentivador prin- 
cipal, foram criadas condições básicas para o estudo de aves através de 
marcações. 


Em 1979 foi criado o Sub-centro de Anilhamento de Aves do Rio 
Grande do Sul, em convênio entre IBDF — FBCN — FZB (Fundação 
Brasileira para a Conservação da Natureza e Fundação Zoobotânica do 
Rio Grande do Sul), o que possibilitou o início de trabalhos intensivos de 
anilhamento de aves. 


O Projeto de Levantamento e Inventário da Flora e Fauna da Área 
da Grande Porto Alegre: Prognósticos Ecológicos, desenvolvido desde 
1979, através do Convênio FINEP-FZB, oportunizou o estudo da avi- 
fauna do Parque Estadual de Itapuã. Neste trabalho foi realizado 
anilhamento de espécies de mata, bem como um estudo de movimentos 
migratórios, variações biométricas anuais e registro das aves ocorrentes 
na área do Parque. 


Os resultados obtidos nesta pesquisa servirão inicialmente como 
um estudo preliminar das aves desta área e poderão ser futuramente 
utilizados em trabalhos de planejamento e manejo do Parque. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudos da avifauna do... | 91 


Com a sua continuidade será possível verificar movimentos sa- 
zonais de diversas espécies e avaliar o aumento ou decréscimo do número 
de indivíduos de algumas espécies na área, com o transcorrer dos anos. 
FISK (1979) trabalhando na Flórida, por seis anos consecutivos, demon- 
stra a viabilidade de, neste tipo de trabalho, fazer-se uma avaliação do 
numero de individuos de populações de algumas espécies. Com isto são 
criadas condições que possibilitam detectar a intensidade do impacto 
humano sobre a ornitofauna do Parque, o que poderá ser utilizado tam- 
bém para avaliações ambientais em outras regiões do Estado. 


No desenvolvimento de atividades de manuseio com aves durante o 
anilhamento, torna-se possível a obtenção de dados de biometria, o que 
tem originado muitas publicações. Entre alguns trabalhos realizados no 
Continente Americano, foram consultados os citados abaixo: 


BALDWIN & KENDEIGH (1938) publicaram os dados obtidos 
em nove anos de trabalhos de anilhamento nos Estados Unidos, listando 
os pesos para individuos capturados e recapturados, podendo desta for- 
ma fazer estudos sobre variações diurnas, sazonais, individuais e fatores 
climáticos que influenciam no peso. 


SNOW & SNOW (1963) tentaram relacionar peso com comprimen- 
to de asa de espécies que anilharam em Trinidad, listando os valores ob- 
tidos e estabelecendo variações como as citadas no trabalho anterior. 


HAVERSCHMIDT (1948, 1952) lista os pesos de 316 espécies de 
aves coletadas no Suriname. FIORA (1933) e CONTRERAS (1979) lis- 
tam pesos de aves coletadas na Argentina. 


FISK (1979), em trabalho de anilhamento, faz uma relação de 
dados biométricos para espécies capturadas e recapturadas. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Nos trabalhos de campo para estudo da ornitofauna na área do Parque Estadual de 
Itapuã foram realizadas 13 excursões, com acampamento de três a cinco dias, no periodo 
de agosto de 1979 a outubro de 1980. Durante todos os períodos de trabalho de campo 
foram colocadas de 20 a 23 redes de 2,70m de altura porl2m de comprimento, com 
malhas próprias para captura de aves da ordem Passeriformes. Destas, 10 a 13 redes 
foram alinhadas em uma picada dentro da mata; circo esparsas em um capoeirão onde 
predominavam as vassouras (Dodonea sp. e Baccharis sp.) e cinco dentro de um capão de 
mata (Fig. 2). Estas redes foram mantidas abertas desde as primeiras horas com luz da 
manhã, até às 12 horas e das 15 horas até a última hora de luz da tarde. O número de 
horas em que as redes permaneceram abertas multiplicado pelo número de redes utilizadas 
em cada mês originou o somatório de horas-rede. 


Nos meses de outubro e novembro de 1979 as redes foram colocadas em lugares 
diferentes dos acima mencionados, em caráter experimental, sendo que as aves captu- 
radas não foram consideradas para o cálculo do número de aves por horas-rede. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


92 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Para a marcação, foram usadas anilhas do Centro de Estudos de Migrações de 
Aves — CEMAVE, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal 
— IBDF. De todos os exemplares foram tomadas as medidas de peso, comprimento total, 
bico, asa, cauda e comprimento do tarso. As medidas de comprimento total, tarso, asa e 
cauda foram tomadas de acordo com os métodos de PETTINGILL (1970). Nas medidas 
de bico foram tomados, como ponto de referência, a borda anterior da narina externa e a 
extremidade distal do bico. 


Para as medidas de comprimento total e asa foi utilizada trena métrica de precisão 
milimétrica e para a cauda foi usado compasso de ponta seca. O bico e o tarso foram 
medidos com paquimetro Mitutoyo 0,05mm. O peso foi tomado com balanças marca 
Pesola com capacidade para 100 e 600g e precisão de um grama. 


Para identificação das espécies em campo foram utilizados binóculos 9x50 e teles- 
cópio 15-60x, 60mm e consultas a SCHAUENSEE (1970). Algumas espécies foram iden- 
tificadas através de gravações de vozes, sendo para tal, utilizado gravador Uher, report 
4000 IC, com parábola acústica Dan Gibson E.P.M.. 


Para o inventariamento das aves que ocorrem na área do Parque foram percorridos 
trajetos em locais com vegetação do tipo mata, margens da Lagoa Negra e Lagoa dos 
Patos onde é possivel observar aves de campo, banhado, praia e aquáticas (Fig. 2). 


Para divisão do ano em períodos sazonais convencionou-se como verão os meses de 
dezembro, janeiro e fevereiro; outono: março, abril e maio; inverno: junho, julho e agosto; 
primavera: setembro, outubro e novembro. 


Nos meses de janeiro e fevereiro de 1980 não foram realizados trabalhos de campo. 


No item status pretende-se fornecer apreciação geral sobre a ocorrência de indivi- 
duos das espécies mais frequentes e locais onde podem ser encontrados no Parque. 


A nomenclatura científica utilizada está de acordo com SCHAUENSEE (1966). 


RESULTADOS 


De setembro de 1979 a outubro de 1980, com quatro a cinco dias 
mensais de trabalho de campo, foram feitas as observações de identi- 
ficação e anilhamento. Um total de 208 espécies foram registradas na 
área do Parque o que representa 36% do total de aves citadas em todo o 
Estado. 


Anilhamento 


No periodo de outubro de 1979 a outubro de 1980 foram captu- 
radas 1.088 aves de 64 espécies, sendo anilhados 741 individucs de 61 
espécies. Houve 309 recapturas, sendo que, em algumas espécies, um 
mesmo individuo foi recapturado mais de uma vez. 


Considerando o total de horas-rede e o número de capturas e re- 
capturas nos diferentes meses (Tabela 1), parece haver uma tendência 
em aumentar a quantidade de aves capturadas e recapturadas nos meses 
de junho a julho. Existem vários fatores que podem ocasionar estas 
variações mas como os dados existentes são apenas de um ano (não 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 93 


havendo dados para os meses de janeiro e fevereiro), nãose julga opor- 
tuno abordar este tópico no presente trabalho. Só com a continuidade 
dos trabalhos no mesmo local, em anos seguintes, é que maiores es- 
clarecimentos poderão ocorrer. 


A média de aves capturadas por 100 horas-rede, no periodo de 
dezembro de 1979 a outubro de 1980, é de 23 individuos, sendo que o 
maior indice de capturas foi em dezembro de 1979 e o menor em abril de 
1980. O menor indice corresponde ao mês em que foi verificado maior 
número de aves com mudas nas penas das asas e cauda. Isto implicaria 
em menor movimentação dos individuos, diminuindo a probabilidade de 
captura nas redes. 


Houve uma média de 8 aves recapturadas por 100 horas-rede, 
ocorrendo o maior indice em junho e julho e o menor em março e abril. 


Estes dados poderão ser usados em anos futuros, em avaliações de 
populações de espécies para estudos das condições ambientais. 


Espécies capturadas com maior freqiiência 


Das espécies anilhadas, 11 mostraram-se mais frequentes nas cap- 
turas, durante o ano todo ou em determinadas estações. 


Conopophaga lineata (WIED, 1831) 

Myiarchus swansoni CABANIS & HEINE, 1859 
Empidonax euleri (CABANIS, 1868) 
Myiophobus fasciatus (MULLER, 1776) 

Elaenia obscura (LAFRESNAYE & D'ORBIGNY, 1837) 
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818) 

Turdus amaurochalinus CABANIS, 1851 

Turdus albicollis VIEILLOT, 1818 

Basileuterus culicivorus (LICHTENSTEIN, 1830) 
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817) 
Haplospiza unicolor (CABANIS, 1851) 


Da maioria dos indivíduos anilhados no periodo de dezembro de 
1979 a outubro de 1980 foram registradas medidas que estão relacio- 
nadas nas tabelas, que seguem, 


A ocorrência mais frequente destas espécies possibilitou o agru- 
pamento de dados biométricos, com médias, limites sazonais e anual. 


Relacionando as médias de comprimento total, asa e cauda, das 
diferentes estações, é possível verificar variações devido à modificação 
nas estruturas das extremidades distais de retrizes e remiges (desgastes 
e mudas). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


94 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


É possível relacionar o número de aves de cada espécie, com nú- 
mero de horas-rede, para uma avaliação sobre as populações no local em 
estudo. No entanto, estes valores não seriam significativos nesta pri- 
meira fase de pesquisa. 

Os valores de peso, objetos de vários estudos, conforme biblio- 
grafia citada, poderiam apresentar variações sazonais, sexuais e indi- 
viduais. Devido ao pequeno número de individuos pesados, as médias 
não apresentaram variações sazonais e sexuais significativas. 

As médias de bico e tarso poderão ser utilizadas para melhor 
caracterização das espécies. 

Os limites de cada valor tomado dão idéia da variabilidade indi- 
vidual por estações e por ano. 

A presença de placas de choco pode indicar os periodos de pro- 
criação de determinadas espécies. 

A unidade utilizada para os dados métricos foi o milimetro e para 
peso, o grama. 


Conopophaga lineata (WIED, 1831) 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 25 


HORAS/REDE AVES | AVES AVES Nº PLACA 
MEDIDAS| ANILHADAS| RECAPTURADAS DE CHOCO 


VERÃO 79/80 


OUTONO/80 f 


INVERNO/80 


PRIMAVERA/80 |. . 
TOTAL 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudos da avifauna do... 95 


VERÃO 79/80 | OUTONO/80 INVERNO/80 | PRIMAVERA/80 
Medidas 
143 | 140-150 140-150 140-150 | - 


[Ho [05 [ [ds [| ess [o] 


140-150 
DI 19 - 24 


5 - 48 


4 2 ” 
7,1-9,6 - - 


O número de indivíduos anilhados no período total de trabalho foi 
de 25 aves; as recapturadas foram 27, envolvendo 15 indivíduos. Destes, 
5 foram recapturados 3 vezes, 2 recapturados 2 vezes e 8 recapturados 1 
vez. 


Na primavera de 1980 não houve mais capturas de aves sem anel, 
o que pode indicar que todos os indivíduos do local das redes já estavam 
anilhados. Ocorreram 6 recapturas. 


Nas medidas de comprimento total e asa houve aumento do verão 
ao inverno, que é explicado como uma consegiiência da muda de penas 
ocorrida no outono. 


Nos meses de outubro e novembro 3 indivíduos apresentavam 
placa de choco. 


Não foi possível sexagem segura com base no tufo de penas bran- 
cas da região pós-ocular. 


STATUS: Comum nas matas e bosques densos de vegetação secundária. 
Observado nas partes baixas da vegetação. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Myiarchus swansoni CABANIS & HEINE, 1859 
Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80:17 


AVES Nº PLACA 
RECAPTURADAS 


INVERNO/80 PRIMAVERA /80 


204 197-211 203,5 197-215 


24,2 19-29 23,6 19-29 


80,8 76-84 80,2 75-86 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 


Medidas 


x Min-Máx | X in-Máx | X 


12,8-14,2 14,1 12,8-16 


Nas capturas com redes a espécie esteve presente na primavera e 
verão de 1979, ausentando-se no outono e inverno subsequentes. Rea- 
pareceu novamente na primavera de 1980. 


Das aves anilhadas até o verão de 1979 só 2 foram recapturadas 
em outubro de 1980. Na primavera e verão 7 individuos apresentavam 
placa de choco. 


STATUS: Comum nos lugares abertos e bordas da mata. Migrante que 
aparece na primavera e desaparece no outono. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


gen 


Estudo da avifauna do... 97 


Empidonax euleri (CABANIS, 1868) 


Nº PLACA 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 45 
HORAS/REDE | AVES AVES AVES 
’ MEDIDAS | ANILHADAS RECAPTURADAS 
= 10 
VERÃO 79/80 520 10 
a se abe 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80 
Medidas 


; Comp 141 135-148 
total 


56,4 


O número total de aves anilhadas foi 45, com 7 recapturadas em 
setembro e outubro de 1980. E de supor que os indivíduos recapturados 
são os que durante a migração nidificam no Parque. 


Placa de choco foi constatada em 3 aves na primavera e 1 no 
verão. 


STATUS. Muito comum durante a primavera, verão e outono. Difícil de ser 
observada, fica dentro da vegetação fechada a pouca altura do solo. 
Muito fácil de ser detectada pela voz. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


98 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Myiophobus fasciatus (MULLER, 1776) 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 18 


HORAS/REDE AVES AVES AVES . 
MEDIDAS | ANILHADAS| RECAPTURADAS 


Nº PLACA 


VERÃO 79/80 I" 520 


OUTONO/80 


INVERNO/80 


PRIMAVERA/80 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80 
| Medidas 


Das 18 aves anilhadas, 4 foram recapturadas na primavera. O maior 
número de aves nas redes foi na primavera e verão, sendo que nenhuma 
foi anilhada nem recapturada no inverno. Com placa de choco foram en- 
contradas 4 aves, na primavera e verão. 


STATUS. Comum na primavera e verão nas partes baixas da vegetação 
bem fechada. ta 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudos da avifauna do... | 99 


Elaenia obscura (LAFRESNAYE & D’ORBIGNY, 1837) 
Numero de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 28 


AVES N° PLACA 
RECAPTURADAS 


VERÃO 79/80 


OUTONO/80 


INVERNO/80 


rMAveRA | m [6 | 8 
TOTAL 3679 21 21 


x 
Min-Máx | X Min-Máx anual 


175-185 186 180-197 192 185-200 194 189-200 188 


87,3 | 82-90 | 87,9 , | 
75,6 72-80 E 77-85 


De 28 aves anilhadas houve só duas recapturadas, apesar da es- 
pécie estar presente durante todo o ano. 


Nos valores de comprimento total, asa e cauda verificou-se um sen- 
sivel aumento no inverno e primavera, o que poderia ser explicado pelo 
desgastes das penas na primavera e verão e aparecimento de penas: 
novas com a muda de outono. 


Três individuos tinham placa de choco em novembro e dezembro, 
sendo que um deles foi recapturado duas vezes. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


100 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Pelas listas de observações mensais e relação ave-rede, verificou-se 
a presença da espécie durante as quatro estações anuais, com um au- 
mento no número de aves em rede na primavera e verão. 


STATUS: Comum nas bordas da mata e nas capoeiras, durante o ano 
todo. 


Turdus rufiventris VIEILLOT, 1818 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 58 


HORA/REDE AVES 


MEDIDAS 


AVES 
ANILHADAS 


AVES 
RECAPTURADAS 


Nº PLACA 
DE CHOCO 


VERÃO 79/80 


OUTONO/80 


INVERNO/80 962 9 9 


PRIMAVERA /80 943 


TOTAL 


VERÃO 79/80 


INVERNO/80 


PRIMAVERA/80 


OUTONO/80 


Min- Máx 


236 230-240 252,6 235. 261 241-259 
66,7 60-72 61-78 61-79 
1 110-113 118,2 108-125 117 110-125 


230-261 


60-79 


108-125 


36,5-41,5 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 101 


Das 58 aves anilhadas houve 29 recapturadas nas quatro estações, 
o que demonstra as características sedentárias da espécie. 


Nas medidas de comprimento total, asa e cauda os valores menores 
ocorreram no verão, o que seria explicado pelo período de desgaste 
máximo das penas. No vutono houve uma média mais alta novamente, 
devido aos individuos que já haviam sofrido a muda. 


STATUS. Residente muito comum durante todo o ano, em matas de ve- 
getação secundária, capões, pomares e jardins. 


Turdus amaurochalinus CABANIS, 1851 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 44 


104-123 


86-96 


AVES AVES AVES Nº PLAC 
E o A 
HORA/REDE | MEDIDAS |ANILHADAS | RECAPTURADAS DE CHOCO 
— - a 
VERÃO 79/80 520 2 3 
- 17 
OUTONO/80 1254 ! 3 
INVERNO/80 962 : - 1 
en A 
PRIMAVERA /80 943 6 6 1 
1 ‚m a 7 
TOTAL rl nz e 2 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


102 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


O período de maior captura da espécie foi na primavera de 1979, 
com 32 aves; tendo no verão e outono decrescido para apenas 3 indi- 
víduos e, no inverno, nenhuma captura foi registrada. Neste periodo, no 
entanto, a espécie foi observada em áreas próximas aos locais das redes. 

As recapturas foram baixas, sendo uma no inverno e uma na 
primavera. 

Na primavera de 1979 e 1980 foram encontrados 11 individuos com 
placa de choco. 


STATUS: Presente durante as quatros estações anuais. 


Turdus albicollis VIEILLOT, 1818 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 115 


AVES AVES AVES Nº PLACA 
HORAS/REDE | MEDIDAS | ANILHADAS | RECAPTURADAS 


Limite 
anual 


220-245 


52-75 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudos da avifauna do... 103 


Foi a espécie com o maior número de aves anilhadas. 


Os índices de recaptura foram mais altos no outono, estação em 
que se observou uma maior movimentação de aves desta espécie, no 
local onde estavam armadas as redes. No mês de maio foi capturado o 
maior número de T. albicollis, totalizando 42 aves nas 480 horas-rede. A 
hipótese que pode explicar esta maior concentração seria o fato de haver, 
nas proximidades das redes, plantas com frutos maduros dos quais os 
sabiás alimentam-se, como por exemplo, a capororoca (Raponia sp.) e 
erva-de-passarinho (Phoradendron sp.) 


f Na primavera e verão foram encontrados 12 indivíduos com placa 
e choco. 


STATUS: Comum durante todo o ano. 


Basileuterus culicivorus (LICHTENSTEIN, 1830) 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 36 


AVES AVES AVES Nº PLACA 
HORAS/REDE | MEDIDAS | ANILHADAS| RECAPTURADAS 


VERÃO 79/80 


OUTONO/80 


INVERNO/80 


PRIMAVERA /80 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


104 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 NVERNO/80 PRIMAVERA/80 = 

x Limite 
[pesa [x pas X fios [E pias | a | 
di de e dp DO 


De 36 indivíduos anilhados, 20 foram recapturados com 11 indi- 
viduos recapturados uma ou mais vezes. 


As medidas de comprimento total, asa e cauda mostraram os 
valores mais altos no outono, ocasião do surgimento de penas novas. 


STATUS: Comum no estrato médio nas matas e capões, durante todo o 
ano. 


Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817) 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 37 


HORAS/REDE AVES AVES AVES 
MEDIDAS| ANILHADAS RECAPTURADAS 


VERÃO 79/80 


PRIMAVERA/80 en 
TOTAL 3679 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 105 


Limite 
anual 


140-160 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 | INVERNO /80 PRIMAVERA/80 
Medidas 

[E [ess [5 [so e us [7 
Comp. 140-148 E 150-160 
total 
COCO ESEEEIBEG 


O grande número de recapturas com as aves desta espécie (37 in- 
dividuos anilhados com 46 recapturas) pode ser explicado pela sua 
presença durante todo ano no local e provavelmente viver em um pe- 
queno território. Sendo uma espécie típica do estrato baixo da mata, na 
proximidade com o solo, são aumentadas as probabilidades de captura. 


Na primavera não houve anilhamentos novos e somente oito recap- 
turas, o que permite supor que todos os indivíduos do lugar onde es- 
tavam as redes haviam sido anilhados. 


STATUS: Comum durante todo o ano, nas partes baixas de capões e 
matas. 


Haplospiza unicolor CABANIS, 1851 


Número de aves anilhadas de outubro/79 a outubro/80: 25 


HORAS/REDE AVES 
MEDIDAS | ANILHADAS |RECAPTURADAS 


VERÃO 79/80 


OUTONO/80 


INVERNO/80 


PRIMAVERA/80 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


106 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Medidas 


VERÃO 79/80 OUTONO/80 INVERNO/80 PRIMAVERA/80 
Limite 


E dE E RR 
15116 14:18 Bass E Far 


per zul 
Fee ee 


E uma especie dificil de ser observada e que durante o veräo, 
outono e inverno foi fregüente nas redes. Não foi capturada na prima- 
vera. De 24 aves anilhadas não houve nenhuma recaptura; por este fato, 
e por não estar presente na primavera é de supor que faça pequenos 
movimentos migratórios. 


STATUS: Por sua difícil observação, parece ser rara. 


Espécies pouco freqiientes nas redes 


As espécies menos fregüentes nas redes foram medidas e rela- 
cionadas, sendo apresentadas na seguinte sequência: nome vulgar, nome 
científico, número de indivíduos anilhados ou medidos e dados biomé- 
tricos das espécies (limites e médias). 


Foram utilizadas as seguintes abreviaturas: 


IA: número de individuos anilhados 
IM: número de individuos medidos 
P:peso 

CT: comprimento total 

C: cauda 

A: asa 

B: bico 

T: tarso 


Cada parâmetro está acompanhado por um número entre parên- 
teses, que representa o número de individuos medidos para aquela carac- 
‚teristica. Quando esse número está ausente, corresponde ao número total 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 . 


Estudos da avifauna do... 107 


de individuos (IA ou IM), ou seja, todos os individuos foram medidos 
para aquela característica. 


A média (X) foi calculada para três indivíduos ou mais; para 1 
(um) ou 2 (dois) individuos, as medidas foram apenas relacionadas, 
separadas por vírgula. 


Gaviäozinho — Accipiter striatus (VIEILLOT, 1807) IA:1; C.T.: 280; 
C: 130; A: 155; B: 9,2; T: 45. 


Rolinha-roxa — Columbina talpacoti TEMMINCK, 1811 IA: CT“ 
193; C:57; A: 93; B: 11; T:21. 


Juriti-pupu — Leptotila verreauxi Be 1855) IA: 5; P: 160- 
215 (X= 188,4); C.T.: 285-318 (X= 298,6); C: 94-115 Xi 104,6); 
A(2): 155 - 162 (X= 156); B(4): 10,8 - 15,9 (X= 14,1); T: 36,2 - 
39,8 (X= 38,1). 


Juriti-gemedeira — Leptotila rufaxilla era & BERNARD, 1792) 
IA: 1; P: 220; C.T.: 305; C: 105; B: 16,5; T: 41,4. 


Pariri — Geotrygon montana ER et 1758) IA: 1; P: 130; C.T.: 
240; A: 139; B: 10; T: 34,2. 


Papa-lagarta-verdadeiro — Coccyzus melanocoryphus VIEILLOT, 1817 
IA: 1; P: 68; C.T.: 265; C: 127; A: 110; B: 20,4; T: 31,4. 


Corujinha-do-mato — Otus choliba (VIEILLOT, 1817) IA: 1; P: 114; 
C.T.: 225; C: 91; A: 173; B: 13,8; T: 38. 


Beija-flor-de-topete — Stephanoxis lalandi (VIEILLOT, 1818) IM: 2 
machos, P (1): 10;C.T.: 92, 104; C: 25,3, 32; A: 51,8,50;B (1):15,4; 
T (1): 14,8. 


Pica-pau-verde-barrado — Chrysoptilus melanochloros (GMELIN, 
1788) IA: 1; P: 60; C.T.: 217; C: 68; A: 118; B: 21,8; T: 24,8. 


Arapaçu-verde — Sittasomus griseicapillus (VIEILLOT, 1818) IA: 4; Hd 
9-13 (X=11,2); C.T.: 162-178 (X=172,5); C: 72-80 (X=77); A 
75—82 (X=79,5); B: 8,0-9,2 (X= 8,7); T: 19-21,4 (X= 20,1). 


Arapaçu-grande — Dendrocolaptes platyrostris SPIX, 1824 IA: 5; P: 
53-70 (X =59,2); C.T.: 275-290 (X=282); C: 108-114 (X=110,6); A: 
120-126 (X=122,8); B: 25-25,4 (X=25 2); T: 30,2-31,1 (X=30,7). 


‘ Arapaçu-escamoso — Lepidocolaptes squamatus (LICHTENSTEIN, 
1822) IA: 1; P: 28; C.T.: 200; C: 83; A: 100; B: 22,4; T: 23. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


108 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Joäo-de-barro — Furnarius rufus (GMELIN, 1788) IA: 2; IM: 1: C.T.: 
210; ©: 73; A: 104: Bolos Tu 425 

João-tenenem — Sinallaxis spixi SCLATER, 1874 IA: 2; IM: 1; P: 15; 
C.T.: 155; C: 72; B: 9,9; T: 20,6. 

Arredio-oliváceo — Cranioleuca obsoleta (REICHENBACH, 1853) IA: 
5, P (3):10-15 (X= 12,7); C.T. (4):146-155 (X= 15071): "E (4): 62-69 
(X= 65,5); A (4):56,6-61 (X=59,2); B (4): 8,2-10,4 (X=8,9); 
T(4):21-21,8 (X=21,4). 


Trepador-quiete — Syndactila rufosuperciliata (LAFRESNAYE, 1832) 
IA: 14; P(10):22-30 (X=26,4); C.T.(11):175-200 (X=188,2); 
C(10):69-81 (X=7 4,9); _A(11):70-80 (X=76,4); B(12):11,5-16,0 
(X=13,1); T(12): 21-27 (X=25,5). 


Vira-folha — Sclerurus scansor (MENETRIES, 1835) IA: 13; P(11): 30- 
36 (X=34); C.T.(10):180-201 (X=188,9); C(9):57-75 (X= 65,9); 
A(10):79-91 (X=85,1); B(11): 15,9-19 (X=17,1); T(10):23-27 
(X=25,3). ’ 


Joäo-porca — Lochmias nematura (LICHTENSTEIN, 1823) IA: 1; P: 
22: C.T.: 150; C: 45: A: 67; B:17; T: 26. 


Brujarara-assobiador — Mackensiaena leachii (SUCH, 1825) IA: 1; P: 
64; C.T.: 290; C: 135; A: 100; B: 13,9; T:43,8. 


Choca-da-mata — Thamnophylus caerulescens VIEILLOT, 1816 IA: 8 
fêmeas, 6 machos; 2 indeterminados. 

Fêmeas: P(4):18-23 (X=20,7); C.T. (7):155-171 (X=162,9); C(6):59-65 
2 =62,3); A(6):62-70 (X =65,8); B(6):8,6-11 (X =10,2); T(6):21-27 
(X = 24,7). 

Machos: P(5):20-21 (X=20,2): C.T. (6):160-171 (X=166,8); C(5):65-69 
(X =66,6); A (6):65-75 (X= 70,2); B(6):9,2-10,2 (X=9,8); T (6):25- 
27,5(X = 26,5). 


Choca-boné-vermelho — Thamnophylus uficap fine VIEILLOT, 1816) 
IA: 2 machos, 2 fêmeas, 1 indeterminado. 

Fêmea (1): P: 24; C.T.: 169; C: 65; A: 63; B: 11,1; T: 30,8. 

Machos (2): P: 24,2; C.T.: 170,169; C: 68, 67; A: 67, 65; B: 10,1, 10; T: 
29,8, 30. 

Caneleirinho-verde — Pachyramphus viridis (VIEILLOT, 1816) IA: 1 
macho, 1 fêmea. 

Macho (1): P: 20; C.T.: 165; C:60; A: 75; B: 10; T: 22,5. 

Fêmea (1): P: 22; C.T.: 152; C: 63; A: 72; B: 12,4; T: 22. 

Obs.: 1 fêmea com placa de choco em novembro. 


Caneleirinho-preto — Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818) 
IA: 1 macho, 3 fêmeas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 109 


Macho (2): P: 20, 22; C.T.: 169 ; C: 59,56; A: 81, 80; B: 10, 10,4; T: 
22,0 w 22,4. 


Fêmea (3): P: 20-25 (X=22,3); C.T. (2): 158, 165; C: 57-65 (X=60,7); 
A(2): 74, 77; B: 10-12 (X=10,8); T(2): 21,8, 23. 


Dançador — Chiroxiphia caudata (SHAW & NODDER, 1793) IA: 4 
machos adultos; 7 fêmeas adultas; 7 machos subadultos. 

Machos adultos (4): P: 24-25 (X= 24,7); C.T.: 165-172 (X=168); C: 61- 
67 X= 64,5); A: 75-78 (X=77,2); B: 7-8,3 (X=7,8); T: 23,2-25,2 
(M=24 1). 

Fêmeas adultas (7): P(5): 22-26 (X=24,2); C.T. (6): 162-170 (X = 166,3); 
C (5):55-58 (X =56,2); A: 73-80 (X= 75,8): T(5):21-23,5 (X=22,7). 


Machos subadultos (7): P: 23-26 (X=25); C.T.: 161-175 (X-167 3); C: 51- 
62 (X=56,8); A: 73-80 (X=175,8); T: 24-26,5 (X=25,0) 
Obs.: 2 fêmeas com placa de choco em outubro. 


Suiriri-pequeno — Satrapa icterophrys (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P: 30; 
C.T.: 177; C: 69; A: 90; B: 9,8; T: 23,4. 


| Tesourinha — Muscivora tyrannus (LINNAEUS, 1766) IA: 6; P(5):30- 
34 (X =32.4); C.T.: 289-380 (X=332,2); C: 165-258 (X=212,5); A: 
102-115 (X = 109); B(5):12,1-13,9 (X=13,3); T: 19,6-21,3 (X =20,6). 

Suiriri — Tyrannus melancholicus VIEILLOT, 1819 IA: 1; P: 54; C.T.: 
227; C: 90; A: 109; B: 20,8; T: 21,2. 

Obs.: com placa de choco em novembro. 


Peitica — Empidonomus varius (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P: 26; C.T.: 
190; C: 77; A: 99; B: 12,4; T: 18,4. 


Obs.: com placa de choco em outubro. 


Bem-te-vi-rajado — Myiodinastes maculatus ee 1776) IA: 3; P: 
42-52 (X=45,7); C.T.: 220-230 (X=225); C: 81-86 (X=84,3); 
A(2):109, 110; B: 17,9-19,5 (X=18,9); T: 20,5-23,5 (X=21,5). 


Bem-te-vi — Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766) IA: 4; P: 60-77 
(X =66,3); C.T.: 253-262 (X=258 ‚7); C: 84-91 (X=87,5); A: 118- 
127 (X=121,2); B: 23,8-26 (X=24 5): T: 30,4-32 (X=31,2). 


Bico-chato-orelha-preta — Tolmomyas sulphurescens (SPIX, 1825) IA: 
1: P-17: CT: 155; C: 62; A: 66; B: 9,0; T: 21d. 
Obs: com placa de choco em outubro. 


Tororó — Todirostrum plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846) IA: 6; P 
(4):6-7 (X=6,2); C.T. (4):100-111 (X=106); A (3):41-43 X= 42); B 
(5): 7,3-8,9 (X=8,2); T (5):20,9-22 (X =21,2). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


110 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


Borboletinha-do-mato — Phylloscartes ventralis (TEMMINCK, 1824) 

IA: 13; P (8): 6,0-9 o (X 37 5);C.T.(10): 115-137(X = 129 ,5);C (10): 
47-57 (X = 52,5); A (11): 47-59 (X =52,7); B (11): 6,6-7,8 (X = 7,2); 
T(11):20-23(X = 21,6). 


Alegrinho — Serpophaga subcristata (VIEILLOT, 1817) IA: 3; P: 6; 
C.T.: 102-119 (X=110,3); C: 45-49 (X =46,7), A: 47-49 (X =48); B 
6,0-6,6 (X =6,3); T: 16,4-19 (X=18,1). 


Risadinha — Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824) IA: 3; P 
(2):7,9; C.T.: 117-128 (X=122,7); C: 41-50 (X=46,3); A: 56-62 
(X=58,7); B: 5,6-6,7 (X=6,1); T: 16,3-17 (X =16,7). 


Corruira — Troglodytes aedon VIEILLOT, 1808 IA: 6; P (5):9-16 
(X=11,2); C.T.: 120-129 (X=124,3); C (5):36-43 (X =39,2); 
A (4):47-53 (X=49,2); B (5): 8,9-11,5 (X=10,8); T: 19,1-20 
(X=19,8). 

Obs: 3 indivíduos com placa de choco em outubro. 


Gente-de-fora-vem ou pitiguari — Cyclarhis gujanensis GMELIN, 1789 
IA: 7; P:27-38 (X=29,8); C.T.: 170-181 (X=174,7); C: 67-71 
(X= 69,1) A: 75-82 X=78,4); B: 9,8-12,5 (X=11,1); T: 27-30 
(X=28,3). 

Obs.: 3 individuos com placa de choco em outubro. 


Juruviara — Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766) IA: 15; P (11):13-24 
(X=16,8); C.T.: (14):141-160 (X=149,7); C (12):48x56 (X=52,8); 
A (14): 67-76 (X = 72,1); B (12): 8,8-11,8 (X = 10,2); T (12): 19-22,5 
(X = 21,3). 

Obs.: 4 individuos com placas de choco em outubro e novembro. 


Mariquita — Parulapitiayumi VIEILLOT, 1817 IA: 4; IM: 1 fêmea. 
Fêmea (1): P: 8,0; C.T.: 119; C: 40; A: 52; B: 7,9; T: 19,3. 


Pia-cobra — Geothlypis aequinoctialis (GMELIN, 1789) IA: 2 fêmeas, 3 
machos, 2 indeterminados. 

Fêmea (2): P: 11, 12; C.T. (1)137; C (1):52; A (1): 76; B (1):8,3; T 
(1):23. E e 

Macho (3): P: 10-11 (X=10,3); C.T.: 139-144 (X=141); C: 52-56 
(X=54,3); A:58-60 (X=58,7); B: 8,1-8,4 (X=8,3); T: 23-23,2 
(X=21,1). 


Cambacica — Coereba flaveola (LINNAEUS, 1758) IA: 7; P: 9,0-10 
(X=9,6); C.T.: 115-122 (X=117,4); C: 31-40 (X=36,4); A: 56- 
63 (X=59); B: 8,8-10,2 (X=9,4): T: 16 20 (R$ = 18,8). 


Sanhaçu-frade — Stephanorus diadematus (TEMMINCK, 1823) IA: 8; 
P (7):32- 38 (X=34,2); C.T. (7):191- 207 (X=199,7); C (7):78-87 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudos da avifauna do... 111 


(X = 81,4); A.91-101 (X = 98,6); B (7): 7,1-7,9 (X = 7,6): T: 25,4-28 
(X = 2(,0). 


Sanhaçu-cinzento — Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766) IA: 1; P: 34; 
C.T.: 187; C: 65; A: 97; B: 9,6; T: 24,7. 


Tie-de-topete — Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818) IA: 1; P: 
DONO TT STS AY STB: 9077 


Trinca-ferro-verdadeiro — Saltator similis LAFRESNAYE & d’ORBIG- 
NY, 1837 IA: 3; IM: 2; P: 42, 48; C.T.: 235, 225; C (1): 98; A: 
114, 95; B: 12, 15; T: 28,6, 29,5. - 


Azulinho — Cyanoloxia glaucocaerulea (LAFRESNAYE & d’ORBIGNY, 
1837) IA: 7 f&meas, 4 machos, 2 machos jovens. 

Macho (4): P: 17-18 (X= 17,7); c. T.: 155-167 (X=159 C: 64-65 
(X= 64,7); A: 65-76 (X=71,2); B(3): 8,9-9,6 (X=9,2); T: 20,9-21,8 
(X=21,2). 

Fêmea (7): P(5):14-21 (X=17,2); C.T.: 150-161 (X=155,1); C(6): 62-65 
(X=63); A(6):67-72 (X=170,3); B(5):7,9-11 (X=8,9); T(6):20,6-22 


(= 21,6). 

Coleirinho — Sporophila caerulescens (VIEILLOT, 1817) IA: 2 fêmeas, 
1 macho. 

Fêmea (2): P: 8, 10; C.T.: 121, 118; C: 46, 45; A: 59, 55; B: 7,4 7,1; T: 
16,4. 17. 


Macho (1): P: 12; C.T.: 128; C: 51; A: 59; B: 8, T: 18. 


Tico-tico-rei — Coryphospingus cucullatus (MULLER, 1776) IA: 10 
machos, 9 fêmeas, 1 indeterminado. 

Macho (10): P (9):12-16 X= 14,4); C.T. (9): 140-151 Dr 145,1); C 
(9):52-63 (X =57,8); A: 61-68 (X=63,9); B (9): 7,4-9 (X=8,3); T 
20-22,4 IN Pi lesiva 


Fêmea (9): P (6):13-15 (X=14,3); C.T. (6): 134-147 (X=142,7); C 
(7):49-57 (X=54,3); A(7): 61-63 (X=62,4); B (7): 8,2-10 (X =9,0); 
T (7):20,7-21,6 (X=20,9). 


Tico-tico — Zonotrichia capensis (MÜLLER, 1776) IA: 15 adultos i- 
dent., P (9): 19-23 (X=22); C.T. (13):150-167 (X=159,6); C (9):54- 
65 (X= 59,8); A (11): 64-72 (X=68,3); B (10):8,3-12 (X=9,8); 
T(10):23-27 (X =24,9). 

Quem-te-vestiu — Poospiza nigrorufa (LAFRESNAYE & d’ORBIGNY, 
1837) IA: 1; C.T.: 160; C: 65; A: 63; B: 9,3; T: 22,7. 


Quete — Poospiza lateralis (NORDMANN, 1835) IA:6; P (5):17- a 
(X=21:2); C.T. (5):150-167 (X= 157); C (4):63-68 (X= 66,2); A 
(5):65-70 (X=67); B (5): 7,0-9,4 (X=8,0); T (5); 24,6-26,5 
(X =25,3). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


112 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


DISCUSSÃO 


Nos trabalhos de observação e identificação de aves no Parque Es- 
tadual de Itapuã foram registradas 208 espécies, perfazendo portanto, 
36% da lista de aves registradas para o Estado do Rio Grande do Sul. 
Este total demonstra não só a importância do Parque na preservação das 
aves da região, como também indica a existência de boas condições 
naturais da flora e fauna. 


As aves manuseadas apresentaram evidência de estarem em 
processo de muda durante os meses do outono. Isto também foi detec- 
tado nas médias das medidas de comprimento total, asa e cauda, das es- 
pécies mais frequentes nas redes. No período do outono também veri- 
ficou-se o menor número de aves capturadas/100 horas-rede (Tab. 1 ),0 
que seria explicado pela menor movimentação de indivíduos que estão 
sofrendo muda. 


No inverno e primavera podem ser notados os maiores valores de 
comprimento total, asa e cauda, o que demonstra a presença de penas 
novas. 


A presença ou ausência de espécies nas redes evidenciou que al- 
gumas espécies ausentaram-se do local do estudo, por alguns meses. 


Para as espécies migratórias, como Empidonax euleri e Myiarchus 
swansoni, isto ficou perfeitamente claro, com a ausência destas espécies 
no fim do outono e inverno, e sua presença na primavera e verão. 


A recaptura de indivíduos destas espécies em 1980, no mesmo local 
do seu anilhamento realizado no ano anterior, demonstra que eles uti- 
lizaram a mesma área para procriação ou trânsito. 


Haplospiza unicolor, que esteve presente no veräc, outono e inver- 
no não foi capturada nem observada na área na primavera. Isto, no en- 
tanto, não significa que esteve ausente, pois Chiroxiphia caudata, 


, 


presente todo o ano, também não foi capturada nas redes na primavera. 


A presença de placa-de-choco em indivíduos de algumas espécies 
significa que estas aqui nidificam, sendo os meses de outubro e novem- 
bro os de maior incidência. 


Espécies residentes, como Basileuterus leucoblepharus, B. culi- 
civorus e Sclerurus scansor, apresentaram grande número de recapturas, 
sendo alguns indivíduos recapturados várias vezes; o que sugere que es- 
tas espécies ocupam uma área pequena. 


Nas espécies Conopophaga lineata e Basileuterus leucoblepharus, 
não houve capturas de aves sem anel, na primavera de 1980 (somente 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 113 


recapturas), o que pode indicar que todos os indivíduos do local onde es- 
tavam as redes já haviam sido anilhados. 


De acordo com BELTON (1973), o Rio Grande do Sul possui uma 
ornitofauna muito rica e variada, principalmente devido a sua situação 
geográfica e condições ecológicas. Em 1978 o mesmo autor registra para 
o Estado um total de 575 espécies, o que constitui 1/3 da ornitofauna 
brasileira. 


A área do Parque Estadual de Itapuã, devido às suas caracteris- 
ticas geográficas e ecológicas, possui boas condições ambientais para 
abrigar um variado número de espécies. Segundo RAMBO (1956) a 
vegetação das escostas dos morros graniticos é do tipo da encontrada 
nos morros da Serra do Sudeste. Parece que isto possibilita a existência 
de aves desta região do Estado. Os campos úmidos, praias e banhados 
às margens da Lagoa Negra e Lagoa dos Patos possuem características 
típicas da região litorânea do Rio Grande do Sul, possibilitando a 
ocorrência de espécies do litoral sul, como por exemplo, Lessonia rufa 
(GMELIN, 1783). Segundo a divisão do Estado em zonas fisiográficas, 
feita por FORTES (1979) (Fig. 1), o Parque Estadual de Itapuã situa-se 
na Depressão Central e está próximo à região da Encosta Inferior do 
Nordeste, o que pode explicar a ocorrência de espécies típicas do norte do 
Estado, como por exemplo, Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 
1818). 


As potencialidades ecológicas originais para manutenção de es- 
pécies de aves já foram bastante alteradas, principalmente nos sistemas 
de praias, campos úmidos e banhados, o que pode ser indicado pela 
ausência de algumas espécies de aves muito notórias. Os moradores 
locais mencionam algumas espécies que ocorriam em anos passados e 
que hoje, apesar de serem observadas muito próximo da área do Parque, 
não mais foram registradas, como por exemplo o capororoca — Cos- 
coroba coscoroba (MOLINA, 1782) e cisne-de-pescoço-preto Cygnus 
melanocoryphus (MOLINA, 1782). 


CONCLUSÕES 


— A área do Parque Estadual de Itapuã apresenta condições am- 
bientais para a existência de uma avifauna rica em espécie e número de 
individuos. 

— O periodo de maior número de espécies e indivíduos presentes 
no Parque foram os meses de primavera e verão, devido à chegada de 
aves migratórias vindas do norte e pelo ingresso de individuos oriundos 
da procriação local. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


114 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


— Os meses de outubro e novembro apresentaram uma maior in- 
cidência de aves com placa-de-choco. 


— No periodo de março e abril verificou-se a presença de maior 
número de indivíduos em processo de muda. 


AGRADECIMENTOS 
Aos funcionários do Setor de Ornitologia do MCN, cujo valioso serviço propiciou 0 
bom desenvolvimento desta pesquisa. 


Ao Dr. Helmut Sick, pela determinação sistemática de Caprimulgus longirostris e 
Anthus correndera através de gravações e exame de material taxidermizado. 


BIBLIOGRAFIA 


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Grande do Sul, Brasil: Myiozetetes similis, Claravis pretiosa (Aves, Tyrannidae e 
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=D" ETF Eu 


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Este trabalho foi examinado por: 


Cecilia Volkmer Ribeiro 
Maria Lúcia Machado Alves 
Maria Inês Burger Marques 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


116 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.E 


ja 


Ao 


% 


URUGUAI 


Divisão Regional do Estado 


19 - Litoral 

2º - Depressão Central * Parque Estadual de Itapuã, Viama 
3º - Missões 

49 - Campanha 

59 - Serra do Sudeste 

6º - Encosta do Sudeste 

72 - Alto Uruguai 

89 - Campos de cima da Serra 

92 - Planalto Medio 
109 - Encosta Inferior do Nordeste 
119 - Encosta Superior do Nordeste 


Fig. 1 — Regiões fisiográficas do Rio Grande do Sul, seg. FORTES (1979). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


Estudo da avifauna do... 117 
o A NEINEEN NEE NIREENEEEEEEENIESENEEEABERESEEEHE:.1.A 


Colonia de 


----| Trojetos periodicos 
o 
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= E=] Trajetos ocasionais 
o 
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@ _Acampamento c/redes 


FIG. 2 


Pontal das 
desertos 


Key Fig. 2 — Mapa do Parque de Itapuä com o local de acampamento, trajetos pe- 
riódicos e ocasionais utilizados para observação da avifauna. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


118 SILVA, F. & FALLAVENA, M.A.B. 


AVES 


ANILHADAS 
RECAPTURADAS 


AVES 
CAPTURADAS 


> 
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AVES RECAPTURA- 


DAS/ 
100 HORAS-REDE 


HORAS-REDE 


Tab. 1 — Resultados do trabalho de anilhamento no Parque Estadual de 


Itapuã. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(59):89-118, 24 mar 1981 


IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos cientificos inéditos do Museu de Ciências 
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. É publicado em quatro séries: BOTÂNICA, 
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA. 


Cada série é editada em fascículos com numeração corrida independente, podendo conter um ou 
mais artigos. 


O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuido a Instituições 
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis- 
ta e demais interessados. 


IHERINGIA is the official scientific periodical of the ''Museu de Ciências Naturais". Its aim is 
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação 
Zoobotänica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the 
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given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul 
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IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series 
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tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor- 
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2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e 
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nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul. 


3. Os artigos em lingua postuguesa devem ter um resumo em língua estrangeira e os em lingua es- 
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em 
português. 


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7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtítulos bem como as palavras latinas 
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto. 


8. Os nomes de autores citados no trabalho, inclusive os constantes das referências bibliográficas 
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9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro 
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o 
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos: 


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trabalho, título do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de 
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e 
sublinhado), número ou fascículo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e 
final. 


10. 


11. 


12. 


13. 


14. 
15. 


Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en 
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2est. 


Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, titulo do 
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arábico, seguido de ponto e da 
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de 
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado 
(precedidos de p. e v. respectivamente). 


b 


— 


Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet. 


335p. 


Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al- 
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua 
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ÃO 

rp 

o. 
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ingia 
serie Zoologia 


BL ISSN 0073-4721 


VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. Cercärias em Biomphalaria tenagophila 
(ORBIGNY, 1835) (Mollusca, Planorbidae) de Guaiba, Rio Grande do 


DR ae pi ae ee ee Recke ee p. 8 
COIRO, J.R.R. et alii Long-time storange of biological material prepared for 
eineizon microscopy. Coll behavior. ....ccsuscersreseseseccsisrscocc. p. 13 


BUCKUP, P.A. Microlepidogaster taimensis sp. n., novo Hypoptopomatinae 
da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil (Ostariophysi, 
RR A e E EUR E DESEN RC ke ED Fa p. 19 


MORGADO, E. H. & AMARAL, A.C.Z. Anelideos poliquetos associados a 
um briozoário I. Eunicidae, Lumbrineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae.. p. 33 


TAVARES, M.L.R. Descrição de uma nova espécie de Discocyrtus HOLM- 
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VEITEINHEIMER-MENDES, IL, Corbicula manilensis (PHILIPPI, 
1844), molusco asiático, na bacia do Jacuí e do Guaíba, Rio Grande do 


Sul, Brasil, (Bivalvia, Corblcalidas) ,..cacecussenscensessiscrca p. 63 
THOME, J.W. Contribuição ao estudo dos Veronicellidae (Gastropoda, 
Mollusca): nova espécie do gênero Angustipes COLOSI, 1922.......... p. 75 


GUDYNAS, E. & GERHAU, A. Notas sobre la distribución y ecologia de 
Limnomedusa macroglossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) en Uruguay 
O aci fest ENS RN TITE O TN PT RE p. 81 


| MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. Diferenças morfológicas entre Di- 
plodon charruanus ORBGNY, 1835 e D. pilsbryi MARSHALL, 1928 


DR ER Ex imo AM ER ENTE LAS SOR IRES p.101 
VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B. Drulia ctenos- 

clera, a new species of neotropical spongillid (Porifera, Spongillidae) .... p.117 
TRAVI, V.H. Nota sobre nova espécie do gênero Ctenomys BLAINVILLE, 

E TN COM RR RP RE Re p.123 
SOLE-CAVA, A.M. et alii Study of some sponges (Porifera, Demospongiae) 

from the infralitoral of Guarapari, Espirito Santo, Brazil............., p.125 


Museu de Ciências Naturais da 
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“2436/80, 


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ZUOBITAMIER. (Supervisionada pela Secretaria de Estado da Agricultura). 


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JOSE AUGUSTO AMARAL DE SOUZA 


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BALTHAZAR DE BEM E CANTO 


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do Museu de Ciências Naturais — GILBERTO CARVALHO FERRAZ 
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IHERINGIA, Ser. Zool., Porto Alegrc(5B):41-63, fev. 198) 


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p-52 
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pros 
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p.54 
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p.62 e 63 


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1969 

Rio de Janeiro 

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Rio Grande do Sul 

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431p 
1968 
/Rio de Janeiro/ 
Escala 1:750.000 
Rio Grande do Sul 
/Porto Alegre/ 
63) 
Escala.:1:1.250.000 
Escala.:1:1.140.000 


Cercárias em Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835) 
(Mollusca, Planorbidae) de Guaíba, Rio Grande do Sul, Brasil.* 


Inga Ludmila Veitenheirmer-Mendes** 


RESUMO 


Com base no exame de exemplares de Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835), 

coletados em banhado de uma propriedade do município de Guaiba, Rio Grande do Sul, 

- Brasil, descreve-se: uma furcocercária, uma xifidiocercária, uma equinocercária e uma 
monostomocercária, todas emergidas de diferentesf exemplares de B. tenagophila. 


ABSTRACT 


Based upon the examination of Biomphalaria tenagophila (ORBIGNY, 1835) collec- 
ted at the province of Guaiba, Rio Grande do Sul State, are described: a furcocercaria, a 
xiphidiocercaria, a echinostome cercaria and a monostome cercaria, emerged from dif- 
ferent,: specimens of B. tenagophila. 


INTRODUÇÃO 


VEITENHEIMER-MENDES (no prelo) faz um rápido apanhado 
de trabalhos existentes até o momento na literatura brasileira, e que 
descrevem ou mencionam cercárias emergidas de moluscos. No mesmo 
trabalho descreve, pela primeira vez para o Estado do Rio Grande do 
Sul, cercárias emergidas de planorbideos procedentes do municipio de 
Camaquã, Rio Grande do Sul. 


No presente trabalho são descritas diferentes cercárias emergidas 
de distintos espécimens de Biomphalaria tenagophila (ORBINY, 1835), 
procedentes de uma propriedade localizada no municipio de Guaiba, Rio 
Grande do Sul. 


* Aceito para publicação em 22.VII1.1980. Contribuição FZB nº 185. 


** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul. 
Cx. Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul; Bolsista do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.6082/76). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov. 1981 


R VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 
MATERIAL E METODOS 


A coleta de moluscos (janeiro de 1979) no banhado da propriedade do Sr. Luiz 
Feijó, localizada no municipio de Guaiba, Rio Grande do Sul, e a metodologia para a ob- 
tenção, estudo e designação das cercárias, foram as mesmas descritas por VEITE- 
NHEIMER-MENDES (1980 e no prelo). 


Tentantiva de infestação de dois camundongos (Mus musculus LYNNAEUS, 1758) 
com metacercárias de Cercaria guaibensis 4 foi realizada através da colocação de metacer- 
cárias em água, e ministrada após aos ratos mediante uso de conta-gotas (16.11.1979), 
sendo que um mês mais tarde (16.111.1979) foi feita a necrópsia dos mesmos. 


As cercárias aqui estudadas estão incluídas na coleção Helmintológica do Museu de 
Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


DESCRIÇÃO DAS CERCÁRIAS 


Cercaria guaibensis 1 


Forma adulta provável: Diplostomatidae ou Strigeidae, de acordo com 
SCHELL (1970)-. 


Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um único exemplar 
emitiu cercárias maduras, do tipo furcocercária. 


Medidas (com base em sete exemplares): 


COrpO. .......... 166 a 193um de comprimento X 21 a 30um de largura 
tronco caudal ... 187 a 218um de comprimento X 21 a 30um de largura 
AUECAS oo ari 200 a 212um de comprimento X 11 a 16um de largura | 
órgão de 

penetração........ 37 a 43um de comprimento 

acetábulo ........ 18 a 19um de diâmetro. 


Descrição especifica: (Fig. 1) 


Corpo de forma cilindrica, alongado, de lados paralelos, provido de 
cinco pares de pêlos sensitivos. O par de pêlos posteriores, localizado ao 
nível da vesícula excretora, é mais longo. No extremo anterior está 
situado o órgão de penetração, recoberto de diminutos espinhos. O 
acetábulo, localizado no terço posterior do corpo, apresenta em torno de 
sua abertura cerca de 23 a 26 espinhos, arranjados em uma única fileira. 


O sistema digestivo inicia pela boca, localizada no extremo an- 
terior; segue-se uma pré-faringe, longa, que atravessa o órgão de pe- 
netração, surgindo em seguida a faringe. O esôfago, situado mais ou 
menos na metade do comprimento do corpo, bifurca-se formando dois 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 5 


cecos, que se dirigem no sentido da região posterior, ultrapassando o 
acetábulo. Esses cecos apresentam-se divididos por septos tranversais. 


Ha dois pares de glândulas de penetração, anteriores ao acetábulo, 
cujos ductos correm lateralmente ao sistema digestivo, até o órgão de 
penet. ação, onde formam reservatórios que se abrem próximo ao orifício 
oral 


A vesicula excretora apresenta a forma aproximada de um Y. 


O tronco caudal, mais comprido que o corpo, esta provido de 
muitos pares de pêlos sensitivos, uniformemente distribuidos. Ha um 
par de corpos caudais elípticos, junto à base do corpo. O canal excretor 
se prolonga por todo o tronco caudal, parecendo abrir-se junto à bifur- 
cação. As furcas, mais longas que o tronco caudal, são nz de 
pêlos sensitivos. 


Comentários: 


A Cercaria guaibensis 1 aproxima-se muito da Furcocercaria II 
descrita por OSTROWSKI DE NUNEZ (1972) e da Furcocercaria IV 
também descrita por OSTROWSKI DE NUNEZ (1977). As formas 
adultas, provavelmente, são congenéricas. Segundo OSTROWSKI DE 
NUNES (1977), a maioria dos gêneros da familia Diplostomatidae 
apresentam cercárias com quatro glândulas de ee pre- 
acetabulares. 


TRAVASSOS et alii (1969) relacionam para o Brasil um grande 
número de espécies da família Strigeidae parasitando aves, e da família 
Diplostomidae (sic) parasitando aves, mamiferos e répteis. 


Cercaria guaibensis 2 


Forma adulta provável: Plagiorchidae ou Telorchiidae, de acordo com 
SCHELL (1970). 


Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um ünico exemplar 
emitiu cercarias maduras, do tipo xifidiocercaria. 


Medidas (com base em um exemplar): 


COLPO sa ni sr spas parti 225um de comprimento X 100um de largura 
cauda; EB 163um de comprimento X 23um de largura 
ventosajoral. sesta sarro: *% 50um de diâmetro 

acetabulo eds stadisno: ge 37um de diâmetro 

estilete Baynmienle. qui ‚a 12um de comprimento 


Descrição específica: (Fig. 2) 


Corpo apresentando forma elipsóide e a cutícula coberta por for- 
mações papiliformes. A ventosa oral, de posição sub-terminal, está 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12,30 nov 1981 


6 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


provida de um estilete, inserido num sulco próximo à abertura oral. O 
acetábulo, menor que a ventosa oral, localiza-se em posição ligeiramente 
pös-equatorial. 


Sistema digestivo constituido por uma curta pré-faringe, seguida 
de faringe musculosa e conspicua, continuada pelo esôfago, que se bifur- 
ca em dois curtos cecos, os quais terminam ao nivel da margem anterior 
do acetábulo. 


Grande número de glândulas de penetração, concentradas, em sua 
maioria, anteriormente, e ao nível do acetábulo. Essas glândulas abrem- 
se ao exterior através de canais, junto à base do estilete. Esses canais 
apresentam reservatórios, localizados próximo à ventosa oral. 


A vesicula excretora, com aspecto geral de Y, apresenta-se cons- 
tituida de três câmaras, interligadas por finos canais. Duas delas, de 
posição anterior, atingem a região acetabular posterior. Na região pos- 
terior de cada uma das câmaras excretoras anteriores, abre-se um canal 
coletor principal vindo da região anterior do corpo. Foram visualizadas 
algumas células flama, não sendo possível contar seu número exato. 


Cauda de comprimento menor que o corpo, preenchida por células 
glandulares, não apresentando tubo excretor caudal. Encontra-se en- 
caixada no sulco ventral posterior do corpo, aparecendo, lateralmente as es- 
truturas denominadas por OSTROWSKI DE NUNEZ (1976) como bolsas 
locomotoras, e por ITO & BLAS (1978) como “caudal pockets”. Quando a 
cercária esta em movimento, a cauda bate no sentido da face ventral do cor- 
po; quando em repouso, a cauda permanece dobrada sobre a face ventral do 
corpo (Fig. 3). 


Comentários: 


Com base em ITO & BLAS (1978) constata-se que a presente xifi- 
diocercária pertence ao suberupo Daswan de SEWELL e que está in- 
cluido no grupo Armatae de LUHE, em virtude da presença dos “caudal 
pockets”. 


Consultando o trabalho de RUIZ (1952a), verifica-se que ha uma 
grande semelhança entre Cercaria guaibensis 2 e as Cercaria lutzi e Cer- 
caria santense. Entretanto, a cercária ora em descrição diverge das 
outras duas quanto à posição do estilete, tamanho e posição do acetá- 
bulo, ornamentação da cutícula, glândulas de penetração e respectivos 
canais, aspecto e posição da vesicula excretora, ausência de canal ex- 
cretor na cauda e presença de bolsas locomotoras. 


Segundo HYMAN (1951) os adultos da familia Plagiorchidae são 
encontrados no intestino de diversos vertebrados, principalmente 
aquáticos; na cavidade oral, esôfago e sistema respiratório de anfíbios e 
répteis; menos frequentemente, na vesícula biliar e sistema urógenital de 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 7 


répteis e aves. Segundo TRAVASSOS et alii (1969), os adultos da fa- 
milia Telorchiidae parasitam répteis e anfíbios. 


TRAVASSOS et alii (1969) citam várias espécies das familias 
Plagiorchiidae (sic ]e Telorchiidae como ocorrentes no Brasil. 


Cercaria guaibensis 3 


Forma adulta provável: Echinostomatidae, de acordo com SCHELL 
(1970). 


Molusco hospedeiro: de 36 B. tenagophila coletados, um único exemplar 
emitiu cercárias maduras, do tipo equinocercária. 


Medidas (com base em sete exemplares): 


EOEDOR der an 390 a 643m de comprimento X 144 a 225um de largura 
eaudar...... 2... 558 a 790um de comprimento X 5 a 75um de largura 
ventosa oral............ 31 a 68um de diâmetro 
acetäbulo.............- 54 a 106pm de diâmetro 

espinho caudal ......... 6pm de comprimento 

espinho da coroa cefálica 7um de comprimento 

farıngez er... 26 a 30pm de comprimento X 29 a 34um de largura 


Descrição especifica: (Fig. 4) 


Equinocercária grande, apresentando o corpo fusiforme, com um 
proeminente colar anterior, composto por aproximadamente 33 espinhos. 
O corpo apresenta-se desprovido de pêlos sensitivos, entretanto a cu- 
ticula parece estar revestida por pequenas papilas (material fixado). 
Ventosa oral subterminal, e o acetábulo, maior, está situado imedia- 
tamente após a metade do comprimento do corpo. 


O sistema digestivo inicia-se pela boca, seguida de uma longa pré- 
faringe. Logo abaixo ha uma globosa e conspicua faringe; o longo 
esôfago bifurca-se em dois cecos intestinais, que terminam ao nível da 
margem anterior do acetábulo. O corpo apresenta-se densamente pig- 
mentado, impedindo uma perfeita visualização das estruturas. 


A vesicula excretora esta formada por uma única câmara, pos- 
terior. Hã dois canais coletores principais, que chegam äntero- 
lateralmente à vesicula excretora. Estes canais coletores seguem em 
direção à região anterior, até mais ou menos à altura da faringe, onde se 
voltam novamente em direção à região posterior, terminando junto à 
vesícula excretora. Os canais coletores estão repletos de pequenos con- 
crementos. Um canal excretor caudal deriva-se do extremo posterior da 


vesícula excretora. 


Entre o acetábulo e a vesícula excretora observa-se um conjunto de 
células, que devem corresponder ao esboço dos órgãos genitais. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


8 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


A cauda é longa, apresentando-se provida de duas membranas 
natatórias dorsais: uma delas tem início na região anterior da cauda, e 
termina junto a um par de espinhos laterais situados no quarto posterior 
da mesma; a outra limita-se, mais ou menos, ao segundo terço do com- 
primento caudal. O canal excretor que inicia junto à vesícula excretora 
percorre a ca” la até mais ou menos o quarto anterior da mesma, quando 
se bifurca em dois ramos laterais que se abrem ao exterior. 


Comentários: 


LUTZ (1924) descreve e registra a ocorrência de um grande número 
de equinocercárias para o Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais (Brasil). 
Entretanto, a partir das descrições e das ilustrações por ele apresen- 
tadas, não é possivel compará-las para fins de identificação com a 
equinocercária aqui descrita. RUIZ (1952b) descreve Cercaria macro- 
granulosa emergida de Australorbis glabratus (SAY, 1818) coletados em 
Jaboticatubas, Minas Gerais e RUIZ (1952a) identifica a cercária de 
Paryphostomum segregatum DIETZ, 1909 (= Cercaria granulifera). 
Nenhuma destas cercárias pode ser comparada com Cercaria guaibensis 
3, pois há diferenças marcantes no que se refere ao tamanho do corpo, 
comprimento dos cecos, ausência de membrana natatória caudal e aspec- 
to dos grânulos existentes nos canais coletores. 


TRAVASSOS et alii (1969) citam um grande número de espécies 
da familia Echinostomatidae para o Brasil, sendo que os hospedeiros 
definitivos são aves, répteis e mamiferos. 

Cercaria guaibensis 4 


Forma adulta provável: Notocotylidae, podendo ainda pertencer à fa- 
milia Pronocephalidae, de acordo com SCHELL (1970). 


Molusco hospedeiro: Um exemplar de B. tenagophila emitiu cercárias 
maduras, do tipo monostomocercária. 


Medidas (com base em oito exemplares): 


Corpo: .... apt): 140 a 315pm de comprimento X 99 a 138um de largura 
cauda E 190 a 410um de comprimento X 28 a 48um de largura 
ventosa oral..... 34 a 58um de diâmetro 

ocelos laterais... 14 a 16um de diâmetro 

ocelo medianc ... 8um de diâmetro 


Descrição específica: (Fig. 5) 


Corpo muito contrátil, modificando seu formato de quase circular 
(140pm de comprimento X 130um de largura) até bastante alongado e 
apresentando formato oval. O corpo fortemente pigmentado impede a 
visualização de quase todas as estruturas internas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


Cercarias em Biomphalaria tenagophila... 9 


A ventosa oral é subterminal. Ha um par de ocelos pigmentados 
localizados lateral e anteriormente aos canais excretores. Um terceiro 
ocelo, menor, situa-se abaixo da ventosa oral. 


A. vesicula excretora está localizada na região posterior e dela par- 
tem dois canais excretores, que se dirigem, um de cada lado do corpo, 
em direção à região anterior, onde se unem. Os canais excretores 
apresentam-se repletos de pequenas partículas sólidas. 


Do corpo, na base e lateralmente à vesícula excretora, projetam-se 
duas saliências (Fig. 6) que correspondem ao par de órgãos adesivos in- 
dicados para as monostomocercárias por SCHELL (1970). A cauda é 
simples e muito conträtil. 


Estas cercárias foram emitidas preferentemente no periodo da 
“manhã. As cercárias começavam a surgir de 15 a 30min após o molusco 
ter sido colocado sob a luz de lämpada incandescente e em água fresca. 
Observou-se que num periodo de lh 45min o molusco liberou aproxi- 
madamente 150 cercárias. Após nadarem algum tempo, cerca de 30min, 
fixaram o corpo, tanto às paredes do recipiente como em folhas de al- 
face, usadas para alimentar o molusco; após sacudiram fortemente a 
cauda até a mesma se desprender; imediatamente começaram a secretar 
uma membrana de revestimento em torno do corpo, transformando-se 
em metacercárias. 


As metacercárias, de forma hemisférica (Fig. 7 e 8), apresentam-se 
envoltas por uma membrana de cerca de 14 a 22um de espessura, sendo 
que o cisto todo pode apresentar de 140 a 196um de diâmetro, com 
aproximadamente 88um de altura. 


Tentou-se a infestação de dois camundongos, para obtenção da for- 
ma adulta; entretanto, um mês após a tentativa, o resultado foi ne- 
gativo. 


Comentários: 


A cercária aqui estudada assemelha-se àquela descrita por OSTROW- 
SKI DE NUNEZ (1976) para Hippocrepsis fuelleborni TRAVESSOS & 
VOGELSANG, 1930 (Notocotylidae). Entretanto, como näo foi obtida a 
forma adulta, não se pode concluir que a Cercaria guaibensis 4 originaria H. 
fuelleborni. Os autores ODENING, STUNKARD e outros, segundo OS- 
TROWSKI DE NUNEZ (1976), mostram que há uma grande semelhança 
entre as cercárias da familia Notocotylidae, sendo muito difícil separa-las 
apenas por caracteristicos morfolögicos, e que apenas conhecendo o adulto 
poder-se-ia ter certeza quanto à espécie. 


Segundo TRAVASSOS et alii (1969), ocorrem no Brasil várias es- 
pécies de trematódeos da família Promocephalidae parasitando quelô- 
nios, répteis. e peixes; entretanto, cita apenas uma espécie da familia 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


10 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


Notocotylidae, isto é, Paramonostomun ionorne TRAVASSOS, 1921 
parasitando aves. 


AGRADECIMENTO 


À colega Maria Elizabeth Lanzer de Souza pelo fornecimento do molusco infestado 
com Cercaria guaibensis 4 e indicação de sua exata procedência, possibilitando posterior 
coleta de novos exemplares de moluscos infestados por outros tipos de cercárias descritas 
no presente trabalho. 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


Cercárias em Biomphalaria tenagophila... 11 


Fig. 1-4:Cercaria guaibensis 1 a 3: 1.C.guaibensisl, vista ventral; 2 e3. C. guaibensis2: 
2. vista ventral. O conjunto de glândulas de penetração com os respectivos canais e reserva- 
tórios não foi apresentado no lado esquerdo da cercária; 3. vista da região póstero-ventral, 
mostrando a posição da cauda quando a cercária encontra-se em repouso; 4. C. Guaibensis 3, 
vista ventral. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


12 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


Fig. 5-8: Cercaria guaibensis 4:5. vista ventral; 6. vista da região póstero-ventral do 
corpo, mostrando o par de órgãos adesivos; 7. vista lateral da metacercária resultante do 
encistamento da cercária; 8. vista dorsal da metacercária resultante do encistamento da 
cercária. e 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):3-12, 30 nov 1981 


Long-time storage of biological material prepared for electron 
microscopy. Cell behavior. * 


José Rafael Rosito Coiro** 
Maria Cristina Fassioni Heuser** 
Vera Lúcia Vasconcellos** 


ABSTRACT 


Cells from a normal breast tissue immersed in glutaraldehyde during 22 months as 
well as submission to prolonged rinses do not show ultrastructural injuries. The results 
suggest that, if necessary, it is possible to storage biological material during long periods 
of time for later use in electron microscopy without producing any damage to endocellular 
components. 


RESUMO 


Celulas de tecido de mama normal imersas em glutaraldeido durante 22 meses, bem 
como submetidas a lavagens prolongadas, näo mostram modificagöes ultra-estruturais. Os 
resultados sugerem que, se necessario, e possivel estocar material biolögico durante lon- 
gos periodos de tempo para mais tarde usar em microscopia eletrônica, sem produzir 
qualquer dano aos componentes endocelulares. a = 


INTRODUCTION 


The biological material must be cut into small blocks not bigger 
than 0.5mm3 and buffered glutaraldehyde should not be stocked longer 
than 24 hours while fixative temperatures kept between O and 5°C 
(MERCER & BIRBECK, 1974). Fixation are usually responsible for the 
majority of artifacts and fixation through immersion is the less - 
recommended while in situ fixation gives best results but preserves only 
the surface of the blocks (JUNQUEIRA & SALLES, 1975) because it 
only reaches the cells located down to a depth of 100nm 
(MAUNSBACH; MADDEN; LATHA, 1962; MAUNSBACH, 1966; 
BOHMAN & MAUNSBACH, 1970). A good fixation is only attained 
after uniform penetration of a fixative through the whole tissue 
(HAYAT, 1970). Fixation of a big chunks of tissue may produce post- 


* Accepted for publication in 15.1X.1980. 


** Electron Microscopy Laboratory, Department of Morphologic Sciences, Instituto de Biociências, 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):13-17, 30 nov 1981 


14 COIRO, J.R.R. et alii 


mortem alterations thus the smaller the tissue the better fixation will be 
(GONZALEZ-SANTANDER, 1969). Brief isosmotic rinses between 
glutaraldehyde and osmium tetroxide are recommended because longer 
rinses could cause alterations of intercellular space, mitochondria and 
chromatin (TRUMP & ERICSSON, 1965). The purpose of the present 
study was to investigate if storage of biological material fixed with 
glutaraldehyde during 22 months as well as long rinses could produce 
ultrastructural injury. 


MATERIAL AND METHODS 


A block of breast tissue measuring 1.5cm in diameter by 5.0cm of lenght from a 
normal adult woman was excised and immediately fixed with 2% glutaraldehyde in 
0.23M Millonig’s buffer (MILLONIG, 1961). The tissue was maintained in the fixative 
during 22 months at 5ºC. The volume ratio tissue-fixative being 1:10. After 22 months of 
storage the material was cut in smaller pieces (0.5-1.0mm3) and refixed in a new glutaral- 
dehyde solution during one hour at room temperature. Two quick (30min each) rinses 
were made with isotonic Millonig at room temperature and a third one done at 5°C during 
24 hours. Fixation in a 1% osmium tetroxide was performed with the same buffer. Af- 
ter staining in an 1% aqueous uranyl acetate solution (KELLENBERGER; RYTER; 
SECHAUD, 1958) at 5°C during 24 hours the cells were dehydrated in the alcohol series 
and embedded in Polylite 8001-P (COIRO & BRUNNER, 1973). Thin sections were ob- 
tained with an Ultrotome IV (LKB) microtome, stained by lead citrate (REYNOLDS, 
1963) and examined in an Elmiskop 102 electron microscope at 80kV, from x 3000 to 
X 30000 magnification. 


RESULTS 


Figure 1 shows a circle of epithelial cells. On the center of this 
group of cells there is an area with some density which corresponds to 
the ductule lumen. The dense material that fills the lumen shows a 
discreet retraction which produces a site of less density. On this area it is 
possible to see microvilli which belong to the epithelial cells of the 
lumen. Within some regions of the lumen it is possible to observe 
cellular debris problably derived from membrane systems which show a 
myelin-like figure (arrows). These epithelial cells have round nuclei with 
occasional indentations. 


Figure 2 shows a mitochondrion with transversal lamella 
measuring 0.94um in lenght and 0.25nm in diameter. The external 
chamber measures 44A while the membrane units that constitue the 
external and internal membrane measures 80 A . The Golgi complex is 
'morphologically well characterized by cisterna with focal dilatations 
(Fig. 3). Parallel tubular structures were interpreted as being the 
centriole measuring 5.300 A in lenght and 1.600A in diameter (Fig. 4). 
It is possible to located six typical desmosomes linking two epithelial 
cells (Fig. 5). The intercellular space measures 120 A (Fig. 6). Figure 7 
depicts endoplasmic reticulum measuring 400 in diameter and 
ribosomes show themselves well characterized with diameters about 


IHERINGIA. Ser Zool., Porto Alegre(60):13-17, 30 nov 1981 


Long-time storage of... 15 


156,8 The perinuclear cisterna measures 90A and the nuclear envelop 
is transversed by nuclear pores measuring about 800A’ . The chromatin 
shows itself dense and granulated with concentrations on the nuclear 
envelop internal surface (Fig. 8). Figure 9 depicts an endothelial cell 
(capillary) with its lumen filled by an erythrocyte. 


DISCUSSION 


It is well know among electron microscopists that biological 
material needs special care in order to avoid ultrastructural alterations 
of the cells. Special attentions must be given to specimen size, type of 
fixative,- temperature and duration of fixation as well as to rinses. 
However, with ultrathin sections of cells submitted to storage during 
long periods the results do not agree with assertion of MERCER & 
BIRBECK (1974). These cells pertained originally to chunks of tissue 
(1.5-5.0cm) that were only cutted in little pieces (0.5.-1.0mm3) for 
refixation after 22 months of storage, then immersed in glutaraldehyde. 
This procedure shows that penetration of fixative through the whole 
tissue presented no significant alterations. This make us believe that 
fixation by immersion of big block produces no artifacts as previously 
supposed. On the other hand this mode of fixation is also relatively 
uniform and quick. This idea agrees with HAYAT (1970) because 
otherwise we would find in the deeper regions cells in evident autolysing 
process. Figure 1 to 9 show that detectable alterations do not occur. It 
follows that morphology and measures of endocellular components are 
compatible with measures made in cells from normal breast tissue by 
OZZELLO (1975). Therefore, they do not substantiate the 
recommendations made by TRUMP & ERICSSON (1965) since we was 
performed longer rinses than those recommended by these authors. 
Also uranyl acetate staining was performed during exceedingly longer 
times which even gave better results to observe chromatin and 
ribososomes. These results as well as others obtained with human aorta 
(COIRO et alii, unpublished) suggest that the key-point of a reasonable 
fixation remains on the time that elapses between tissue excision and 
contact with fixative and not on storage time (22months), dimensions of 
blocks (1.5-5.0cm) and duration of rinses (24 hours). 


ACKNOWLEDGEMENTS 


The authors are in debt to Dr. Celso Paulo Jaeger for the helpful suggestions 
and translation. 


This research has been supported by Pró-Reitcria de Pesquisa e Pós-Graduação — 
UFRGS — Proc. 50379/78, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande 
do Sul — Proc. 21/79 and Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Ser. Zool.. Porto Alegre(60):13-17, 30 nov; 1981 


16 COIRO, J.R.R. et alii 
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proximal convoluted tubule of the rat kidney. Lab. Invest., New York, 14:1245-323. 


IHERINGIA. Ser Zool., Porto Alegre(60):13-17. 30 nov 1981 


Long-time storage of... 17 


Fig. 1-9: 1. (L) lumen, (v) microvilli, (N) nucleus of epithelial cell, (arrow) myelin- 
figure; X5,200; 2. (m) mitochondrion, (arrow) external chamber; X 60,000; 3. (G) Golgi 
complex; X53,000; 4. (CT) centriole; X 65,000; 5. (d) desmosones, (arrow) polisomes; 
X 41,000; 6. (N) nucleus, (arrow) intercellular space; X 18,000; 7. (er) endoplasmic reti- 
culum, (arrow) ribosomes; X 21,000; 8. (N) nucleus, (cr) chromatin, (m) mitochondrion, 
(p) pore, (arrow) polisomes; X30,000; 9. (N) nucleus of endothelial cell, (Ec) erythrocyte; 
X 6,700. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):13-17,30 nov 1981 


Microlepidogaster taimensis sp. n., novo Hypoptopomatinae da 
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil (Osta- 
riophysi, Loricariidae).* 


Paulo Andreas Buckup** 


RESUMO 


Uma nova espécie de siluriforme da região do Banhado do Taim, Rio Grande do 
Sul, Brasil, pertencente à subfamilia Hypoptopomatinae, é descrita: Microlepidogaster 
taimensis. São feitas breves observações sobre o habitat e ontogenia da espécie. 


ABSTRACT 


A new species of catfish from the region of Taim, Rio Grande do Sul State, Brazil, 
belonging to the subfamily Hypoptopomatinae, is described: Microlepidogaster taimensis, 
with discussion on its status and remarks on its habitat and ontogeny. 


INTRODUÇÃO 


Estudando os Hypoptopomatinae do Estado do Rio Grande do Sul e 
sul de Santa Catarina, deparamo-nos com grandes dificuldades devidas à 
inadequação e limitação das descrições de espécies e à falta de revisões 
adequadas e recentes. A revisão desta subfamília foi iniciada pelos ic- 
tiologos H. A. Britski e J. C. Caravello, de cujo trabalho resultou uma 
revisão (GARAVELLO, 1977) do gênero Parotocinclus EIGENMANN & 
EIGENMANN, 1889. BOESEMAN (1974) apresentou uma discussão 
bibliográfica sobre o gênero Hypoptopoma GUNTHER, 1868. Os gê- 
neros nominais Otocinclus COPE, 1871, Hisonotus EIGENMANN & 
EIGENMANN, 1889, e Microlepidogaster EIGENMANN & EIGEN- 
MANN, 1889, permanecem necessitando uma meticulosa revisão. 


Em vista da complexidade e amplitude de tal revisão restringimo- 
nos, aqui, à descrição de uma nova espécie da região do banhado do 
Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, apresentando apenas aquelas discus- 
sões necessárias à correta colocação taxonômica da referida espécie. Cer- 


* Aceito para publicação em 06.X1.1980. 


** Museu Anchieta, Caixa Postal 358, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil. Estagiário do Departamen- 
to de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Paulo Gama, s/n, 90000 
Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


20 BUCKUP, P.A. 


tamente o numeroso material depositado no Museu de Zoologia da 
Universidade de São Paulo, sob a curadoria do Dr. Britski, dará fu- 
turamente novas e radicais mudanças na organização sistemática deste 


grupo. 


O presente trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que visa 
inventariar taxonomicamente a ictiofauna da Estação Ecológica do 
Taim. 


MATERIAL E MÉTODOS 


Cento e quarenta e cinco espécimes foram examinados, 65 dos quais foram medidos. 
O material encontra-se depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo 
(MZUSP); Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 
Porto Alegre (DZUFRGS); Museu Anchieta, Porto Alegre (MAPA); e Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCN). ; 


As mensurações, expressas em milimetros, foram feitas com paquimetro e. »n- 
tram-se registradas na tabela 1: (A) comprimento total; (B) comprimento padrão, (0) 
comprimento da cabeça; (D) comprimento da cabeça até o supra-occipital; (E) compri- 
mento da cabeça até o pós-temporal; (F) altura da cabeça; (G) distância infra-orbital da 
cabeça; (H) distância interorbital; (I) comprimento do focinho; (J) diâmetro da órbita; (K) 
largura do corpo; (L) altura do corpo; (M) distância pré-dorsal; (N) distância pré-peitoral; 
(O) distância pré-ventral; (P) distância pré-anal; (Q) comprimento do pedúnculo caudal; 
(R) altura do pedúnculo caudal. 


As medidas D e E foram tomadas da ponta do focinho à extremidade posterior, res- 
pertivamente, do supra-occipital e do pós-temporal. A utilização de três mensurações 
diferentes para o comprimento da cabeça justifica-se, tendo em vista a facilitação de 
eventuais comparações com descrições de diferentes autores (REGAN, 1904; BOESE- 
MAN, 1974). 


A distância infra-orbital da cabeça (G) foi tomada entre a margem inferior da órbita 
e a face inferior da cabeça. As medidas M, N, O e P foram feitas entre a ponta do focinho 
e a margem anterior da base do primeiro raio da respectiva nadadeira. O comprimento do 
pendúculo caudal (R) foi medido entre a base do último raio da nadadeira anal e a base da 
caudal. As demais mensurações correspondem às utilizadas por GARAVELLO (1977). 


Na descrição são dados o menor e o maior valor encontrados para as proporções, 
seguidos, entre parêntesis, das médias acompanhadas dos respectivos erros padrões. Os 
dados das regressões calculadas encontram-se na tabela 2. 


As contagens foram efetuadas com o auxílio de microscópio estereoscópico e agulha 
histologica. A série pös-cleitral de escudos laterais foi dividida em duas porções: o último 
escudo da porção anterior e o primeiro da porção posterior são definidos como sendo 
aqueles cujas margens superiores: se justapõem à margem posterior de um mesmo escudo 
da série posterior ao pós-temporal. Este por sua vez é definido como o último desta série. 
Na contagem dos escudos da segunda porção da série pós-cleitral não são considerados 
aqueles alongados situados sobre os raios da nadadeira caudal. Estas e as demais con- 
tagens ficam bem compreendidas com a observação das figuras 1-3. 


Os desenhos das figuras 1-3 foram feitos em câmara clara, após clarificação em 
solução de KOH a 1% e peróxido de hidrogênio a 0,3% e coloração do espécime com ali- 
zarina em solução de KOH a 1%. Os dentes (fig. 4) foram retirados do exemplar co- 
rado, montados em lâmina e desenhados ao microscópio dotado de ocular projetora. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


Microlepidogaster taimensis sp.n.... 21 


7 POSIÇÃO GENÉRICA 
O maior problema na correta colocação da nova espécie reside na 
caracterização diferencial entre Otocinclus e Microlepidogaster. 


Segundo EIGENMANN & EIGENMANN (1889a, 1889b e 1890), 
Microlepidogaster difere de Otocinclus pelo revestimento ventral e 
posição da nadadeira dorsal, a qual teria a inserção em posição signi- 
ficativamente posterior à das ventrais. REGAN (1904), ao reunir os dois 
gêneros, chama a atenção para a pouca importância da posição da dorsal 
como característica genérica e aponta M. nigricauda (BOULENGER, 
1891) como intermediário entre M. perforatus EIGENMANN & EI- 
GENMANN, 1889 e os Otocinclus mais típicos em relação a esta carac- 
teristica. O próprio EIGENMANN (1910) reconhece isto ao restringir em 
sua chave a diferença à forma do revestimento ventral e incluir em seu 
gênero as espécies M. nigricauda e M. lophophanes (EIGENMANN & 
EIGENMANN, 1889), a última das quais tem a dorsal inserida sobre as 
ventrais. 


A distinção entre os dois gêneros pareceria, então, residir no reves- 
timento ventral ausente ou constituido por numerosas plaquinhas ir- 
regularmente dispostas em Microlepidogaster, ou constituido de três 
séries longitudinais de placas em Otocinclus. Entretanto, na espécie do 
banhado do Taim, é extraordinariamente grande a variabilidade do 
revestimento ventral, não somente do ponto de vista ontogenético, como 
também intrapopulacional. Em geral existem duas séries de grandes 
placas laterais, entre as quais pode-se inserir uma terceira série de placas 
grandes ou uma série de placas fragmentárias. Algumas vezes um mes- 
mo exemplar apresenta anteriormente a série central constituida de 
grandes placas e posteriormente, várias plaquinhas irregularmente dis- 
postas. Em vista disto optamos por seguir a orientação dada por BRIT- 
SKI (1972) que utiliza a conformação da cintura escapular e a posição e 
tamanho dos olhos, bem como a forma geral da cabeça. Otocinclus teria, 
assim, a cabeça alta, olho lateral grande, maior que a porção infra- 
orbital da cabeça e a cintura escapular completamente exposta, enquanto 
Microlepidogaster teria olho dorso-lateral, menor que a porção infra- 
orbital da cabeça e cintura escapular com um forame coberto de pele. 
Em vista dos resultados obtidos com as medições do diâmetro do olho e 
a distância infra-orbital da cabeça, pode-se acrescentar que Microle- 
pidogaster apresenta algumas vezes valores iguais para estas duas 
medidas. Com exceção deste pormenor, M. taimensis sp. n. encaixa-se 
perfeitamente na definição de Microlepidogaster sugerida por BRITSKI 
(1972). = 


Desejamos salientar, no entanto, que, levando em consideração a 
enorme plasticidade evolutiva deste grupo de peixes e o atraso de sua 
sistematica no presente, qualquer conclusão a que se chegue sobre o 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31,30 nov 1981 


22 BUCKUP, P.A. 


limite dos gêneros, antes de uma completa revisão da subfamília, as- 
sume caráter provisório. 


Microlepidogaster taimensis sp. n. 


Material tipo: Rio Grande do Sul, Brasil. Holótipo MZUSP 
14133, (novo canal do Arroio Taim) Estação Ecológica do Taim, Rio 
Grande, 05.1.1979, P.A. Buckup leg.; Parátipos MAPA 1051, (Arroio 
Aguirre) Taim, Rio Grande, 08.1.1979, F. D'Incao leg.; MAPA 1066, 
(canal) Km 99 da BR-471, Rio Grande, 08.VII.1979, K.L. Leyser leg.; 
DZUFRGS 0279 e 0280, (Arroio da Estiva) Estrada do Albardão, Es- 
tação Ecológica do Taim, Rio Grande, 29.V11.1978, F. D’Incao leg.; 
DZUFRGS 0379 a 0400, (Arroio da Estiva) Estrada do Albardão, Es- 
tação Ecológica do Taim, Rio Grande, 09.VII.1979, P.A. Buckup & 
C.F.M. Souto leg.; MAPA 1070, (antigo leito do Arroio Taim) Estação 
Ecológica do Taim, Santa Vitória do Palmar, 21.1V.1979, P.A. Buckup 
leg.; MAPA 1071 a 1074, (antigo leito do Arroio Taim) Estação Eco- 
lógica do Taim, Santa Vitória do Palmar, 07.VI1.1979, L.F.A. Jardim, 
C.F.M. Souto, K.L. Leyser & P.A. Buckup leg.; MAPA 1012 a 1050, 
MCN 4835 a 4844, MZUSP 14134 a 14142, DZUFRGS 0344 a 0381, 
(novo canal do Arroio Taim) Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 
05.1.1979, P.A. Buckup leg.; MAPA 1062 e 1063, MAPA 1067 a 1069, 
DZUFRGS 0382 a 0387, (novo canal do Arroio Taim) Estação Ecológica 
do Taim, Rio Grande, 21.1V.1979, P.A. Buckup, K.L. Leyser & C.F.M. 
Souto leg.; MAPA 1064 e 1065, DZUFRGS 0388 a 0395, “novo canal do 
Arroio Taim) Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 07.VII.1979, 
L.F.A. Jardim & P.A. Buckup leg.; DZUFRGS 0396, (novo canal do 
Arroio Taim, próximo à BR-471) Estação Ecológica do Taim, Rio Gran- 
de, 07.V11.1979, C.F.M. Souto leg.; MAPA 1055 a 1061, (canal a leste 
da Lagoa do Jacaré), Estação Ecológica do Taim, divisa entre Rio Gran- 
de e Santa Vitória do Palmar, 20.1V.1979, K.L. Leyser e L.F.A. Jardim 
leg.; MAPA 1053, (canal) Km 111,5 da BR-471, Estação Ecológica do 
Taim, Santa Vitoria do Palmar, 04.1.1979, P.A. Buckup leg.; MAPA 
1052, (canal) Km 114 da BR-471, Estação Ecológica do Taim, Santa 
Vitória do Palmar, 04.1.1979, P.A. Buckup leg.; MAPA 1054 (canal) 
Km 114 da BR-471, Estação Ecológica do Taim, Santa Vitória do 
Palmar, 21.IV.1979, C.F.M. Souto leg.; MAPA 0725, (canal de locali- 
zação imprecisa) Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 28.V11.1978, 
L. Buckup leg.: DZUFRGS 0281 a 0283, (canal de localização imprecisa) 
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, 07.X.1978, F. D'Incaoleg.. 


Local idade tipo: banhado do Taim, Municipios de Rio 
Grande e Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil. 


Diagnose: série pós-cleitral com 26-31 placas (geralmente 28), 
as últimas das quais usualmente fragmentadas. Altura do corpo 7 vezes 
e largura 5 vezes no comprimento padrão. No adulto o ventre é recoberto 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


Microlepidogaster taimensis sp.n.... 23 


por series irregulares de placas grandes, podendo a central ser substi- 
tulda por um arranjo irregular de placas menores. Alto da cabeça sem 
cristas ou depressões. Origem da dorsal apenas um pouco atrás da ori- 
gem das ventrais. Denticulos rostrais bastante desenvolvidos. 12-20 e 
10-16 dentes na série funcional, respectivamente em cada pré-maxilar e 
em cada dentário. 


Descrição: nadadeiras — D 1.7; P 1.6; V 1.5; A 1.5; C 1.14.1. 
Excepcionalmente pode faltar um raio das nadadeiras dorsal, peitoral ou 
caudal. 


Forma geral bastante alongada. Cabeça estreita e deprimida com o 
perfil dorsal regularmente convexo, sem cristas ou grupos conspicuos de 
espinhos no adulto. 


Escudos: 4-9, geralmente 6 ou 7, na série posterior ao pós- 
temporal; 6-9, geralmente 7 ou 8, na porção anterior da série pós-cleitral; 
19-23, geralmente 20, na segunda porção da série pós-cleitral, os últimos 
dos quais usualmente fragmentados; 4-6, geralmente 5, na base da dor- 
sal; 16-18, geralmente 17, dorso-laterais posteriores à dorsal; 2-4, geral- 
mente 3, na base da anal; 12-14, geralmente 13, ventro-laterais poste- 
riores à anal. Usualmente 3 pares de escudos separam a região anal da 
nadadeira de mesmo nome, existindo entre os últimos um escudo impar 
mediano. O mecanismo de trava do acúleo dorsal, descrito por GOS- 
LINE (1947) é vestigial: a pequena placa pre-dorsal não apresenta a 
forma característica de V, sendo apenas alongada lateralmente e jus- 
tapondo-se à margem posterior, côncava, da porção superficial do pri- 
meiro interneural, o qual tem a forma pentagonal. Entre este e o proces- 
so supra-occipital inserem-se 2 ou 3 escudos ou pares de escudos. Ventre 
nu nos jovens; áreas nuas desaparecendo progressivamente com o cres- 
cimento; nos adultos recoberto posteriormente por pequenos escudos 
numerosos e irregulares que tendem a formar anteriormente 3 séries de 
escudos grandes, das quais as laterais, margeando o abdome entre as 
bases das peitorais e ventrais, contam com 2-7, geralmente 4, escudos. 


Linha lateral: os primeiros poros da linha lateral encontram-se na 
abertura da cápsula da bexiga natatória, ligados entre si por um pe- 
queno canal ósseo vestigial. Os poros seguintes encontram-se numa série 
incompleta de escudos, que se localiza entre a série posterior ao pós- 
temporal e a porção anterior da série pos-cleitral. Na região anterior da 
segunda porção da série pós-cleitral, a linha lateral não é visível, rea- 
parecendo somente no pedúnculo caudal. 


Altura do corpo 6,30-7,93 (7,16 + 0,049), largura 4,29-5,40 (4,98 
+ 0,027) no comprimento padrão. Pedúnculo caudal comprimido e 
arredondado, comprimento 2,63 - 3,19 (2,83 + 0,015) no comprimento 
padrão, altura 3,03 - 4,36 (3,72 + 0,034) em seu comprimento. Distância 
pré-dorsal 2,04-2,44 (2,30 + 0,010), distância pré-peitoral 3,29-4,60 (4,05 


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+ 0,036), distância pre-ventral 2,23-2,73 (2,50 + 0,013) e distância pré- 
anal 1,61-1,82 (1,73 + 0,006) no comprimento padrão. Distância pré- 
peitoral 1,41-1,78 (1,62 + 0,010) na distância pré-ventral. 


Comprimento da cabeça 3,25-4,48 (4,00 + 0,033), até o pós- 
temporal 2,63-3,49 (3,18 + 0,029), ate o supra-occipital 2,50-3,42 (3,09 
+ 0,027) no comprimento padrão. Olhos com a projeção da iris sobre a 
pupila bem definida, diâmetro 4,39-5,90 (5,12 + 0,041) no comprimênto 
da cabeça, 5,67-7,48 (6,61 + 0,050) no comprimento da cabeça até o 
supra-occipital e 2,00-3,00 (2,56 + 0,029) na distância interorbital, a 
qual cabe 2,31-2,91 (2,59 +: 0,020) vezes no comprimento da cabeça 
até o supra-occipital. O comprimento do focinho cabe 1,84-2,21 (2,05 + 
0,008) vezes neste mesmo comprimento da cabeça. Cada narina situa-se 
na extremidade posterior de uma depressão alongada, imediatamente an- 
tes da linha que une as margens anteriores das órbitas. Os escudos que 
formam as margens anterior e laterais da cabeça são fortemente u. os 
entre si, algumas vezes não se podendo distinguir suas linhas de un. .; 
o escudo da extremidade anterior do focinho é mais desenvolvido que os 
adjacentes; o mais posterior destes escudos possui uma projeção trian- 
gular sobre a face inferior nua da cabeça. Esta comunica-se, posterior- 
mente, com os forames do cleitro. Boca pequena, com disco adesivo 
grande, formado pelo lábio superior moderadamente largo e o inferior 
circular e bastante largo, ambos recobertos por papilas, inclusive nas 
margens. Barbilhões curtos, cerca de metade do comprimento dos olhos. 
Lateralmente à boca existe uma profunda fossa formada pela invagi- 
nação da pele entre o maxilar e as placas laterais da cabeça. Dentes com 
a cúspide menor situada em oposição ao eixo central do corpo. A região 
das cúsnides de cor acastanhada, em forma de colher dobrada para o in- 
terior; o corpo do dente tem a porção distal expandida, com uma câmara 
interna, e forma forte ângulo com a região basal, bastante expandida e 
oca. Duas séries de dentes em cada maxila: a interna encoberta entre 
dobras cutâneas, a externa com 12-20 dentes em cada pré-maxilar e 10- 
16 dentes em cada dentário. 


As placas dérmicas. faltam na maior parte da superficie inferior da 
cabeça, na abertura da cápsula da bexiga natatória, nas concavidades 
alongadas das narinas, ao redor das. bases das peitorais e ventrais, e na 
região do anus. A extremidade das placas na base da dorsal é recoberta 
de pele, o mesmo ocorrendo em relação à anal. Todos os escudos são es- 
pinulosos; aqueles situados na região posterior das nadeiras, correspon- 
dente à sua posição de repouso, são menos espinulosos. A margem do 
focinho é provida de espinhos muito grandes e posteriormente dirigidos, 
divididos em uma faixa superior a uma inferior, estes, de modo geral, 
maiores do que aqueles; entre estas duas faixas ha uma área de pele 
nua. 


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Microlepidogaster taimensis sp.n.... 25 


O pós-temporal chega a ter até a metade de sua superfície irre- 
gularmente perfurada. Coracöide e cleitro bem visíveis, o último, mais 
estreito, com sua sutura mediana mascarada pela área trapezoidal nua 
do seu forame. Acima da peitoral há uma fenda na pele, diagonalmente 
disposta entre a porção superior do cleitro e a axila do último raio da 
peitoral. 


A dorsal e a anal têm seu primeiro raio espinuloso, exceto ao longo 
da superficie posterior, sendo as espinulas distalmente dirigidas. Os 
acúleos das peitorais são igualmente espinulosos, porém os espinhos dis- 
tais são bastante grandes. O acúleo das ventrais é volumoso e subfu- 
siforme; suas espinulas exteriores são distalmente dirigidas; as interiores 
têm as extremidades proximalmente dirigidas, o que não ocorre com 
suas bases. A origem da dorsal situa-se pouco posteriormente à das ven- 
trais. Peitorais atingem o meio das ventrais e estas podem terminar a 
dois escudos antes da origem da anal ou podem ultrapassar a origem 
desta. 


Corpo uniformemente acastanhado escuro, sem qualquer listra ou 
faixa longitudinal ou transversal definida. Região pös-nucal mais clara 
que a lateral; ventre e face inferior da cabeça esbranquiçados. Na mar- 
gem interna das depressões nasais existe, em geral, um vestígio de um 
par de linhas mais claras. A caudal tem coloração variável, em geral 
enegrecida anterior e inferiormente, tornando-se clara com manchas al- 
ternadas em direção à extremidade superior. As demais nadadeiras têm 
os raios bandeados alternadamente de claro e escuro. Quando recente- 
mente coletados, existe, entre os exemplares, uma grande variação da 
coloração geral, que vai do castanho claro ao negro; esta variabilidade, 
no entanto, fica menos evidente apos a fixação dos exemplares. 


pRositer vb utcçãao, habitat e comportamento: 
todos os exemplares foram coletados na região do banhado do Taim, 
situada entre as lagoas Mirim e Mangueira, no Estado do Rio Grande do 
Sul. E extraordinariamente grande a associação destes peixes com o 
aguapé-de-baraço (Eichhornia azurea KUNT, Pontederiaceae), que cresce 
das margens dos canais cavados pelo Departamento Nacional de Obras e 
Saneamento (DNOS). Fixam-se ao caule de E. azurea com o auxílio das 
nadadeiras ventrais, que são, por isto, modificadas em sua forma e dis- 
posição dos espinhos. Os grandes espinhos rostrais devem contribuir 
para este comportamento, como ja foi observado para Parotocinclus por 
GARAVELLO (1977). Na ausência de E. azurea, fixam-se em gramineas 
ou tipo semelhante de vegetação marginal submersa. 


Ontogenia: as variações das proporções com o crescimento do 
indivíduo podem ser avaliadas através dos dados de regressão constan- 
tes na tabela 2. Exemplares menores tendem a ter as dimensões ante- 
riores proporcionalmente maiores em relação às posteriores. Esta forte 


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alometria manifesta-se caracteristicamente no comprimento da cabeça 
até o supra-occipital (constante de regressão: 3,13), especialmente quan- 
do comparado com o comprimento do pendúculo caudal (constante de 
regressão: - 1,03). O diâmetro da órbita também comporta-se alome- 
tricamente em relação às demais estruturas da cabeça. 


Espécimes pequenos tendem a ter cristas e depressões na cabeça, 
que desaparecem completamente no adulto. Os jovens têm uma crista 
acuminada no processo do supra-occipital precedida de um par anterior, 
formando, as três, um triângulo sobre este osso; sobre o pös-temporal há 
uma crista mediolateral ao longo de seu cumprimento. 


Nos jovens todos os escudos apresentam-se pouco ossificados, tor- 
nando dificil, senão impossível, a sua contagem sem o uso de técnicas 
especiais. O abdome apresenta-se completamente nu e a área coberta de 
pele nos forames da cintura escapular é proporcionalmente maior. 


DISCUSSÃO 


Dentre as espécies de elevado número de escudos na série lateral, a 
nova espécie aproxima-se de Microlepidogaster perforatus e M. lepto- 
chilus (COPE, 1894). Distingue-se facilmente desta última, entre outros 
aspectos, por ser mais deprimida: em M. leptochilus a altura do corpo 
junto à base do acúleo da dorsal cabe 5,5 vezes no comprimento padrão, 
enquanto que em M. taimensis a altura cabe cerca de 7 vezes no com- 
primento padrão. EIGENMANN & EIGENMANN (1889a 
e 1889b) ao fazerem a diagnose do gênero, então criado para in- 
cluir a única espécie M. perforatus, dizem: dorsal fin inserted far pos- 
terior to the ventrals. Em M. taimensis a distância pré-dorsal re- 
presenta 43,5% e a distância pre-ventral 40% do comprimento padrão, 
isto é, aquela é somente 8,7% maior do que esta. Este valor torna-se 
menos significativo se considerarmos a projeção ortogonal da distância 
pre-dorsal sobre a superficie ventral do corpo, que representa 41% do 
comprimento padrão e um acréscimo de apenas 2,9% sobre a distância 
pre-ventral (desprezando a correção desta última). Em vista destes va- 
lores, dificilmente se poderá dizer que a dorsal esteja inserida far pos- 
terior to the ventrals. Além disto, M. perforatus tem a região interor- 
bital côncava, o que não ocorre em M. taimensis. 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos ao Prof. Fernando Rodrigues Meyer, Diretor do Museu Anchieta, on- 
de a maior parte deste trabalho foi desenvolvida; ao Núcleo Interdepartamental de Es- 
tudos Ecologicos (UFRGS), na pessoa do Prof. Dr. Tuiskon Dick pela viabilização ma- 
terial das expedições de coleta; à Profa. Leda Francisca Armani Jardim pelo estimulo e 
apoio junto ao Departamento de Zoologia da UFRGS; ao Prof. Heraldo Britski do Museu 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


* Microlepidogaster taimensis sp.n.... 27 


de Zoologia da USP pela acolhida quando de nossa visita âquele Museu, bem como pela 
leitura do trabalho e sugestões apresentadas; aos acadêmicos Luiz Roberto Malabarba e 
Cláudio Francisco Mota Souto pelo auxílio prestado durante os trabalhos de campo e 
processamento das amostras; a João Pedro Griebler, fotógrafo do Departamento de 
pan oa e Estratigrafia da UFRGS, pelas fotqgrafias que ilustram o presente 
trabalho. 


ABREVIATURAS UTILIZADAS NAS FIGURAS 


Nas figuras foram usadas as seguintes abreviaturas: abd. — placas 
abdominais; a.n.r. — ärea rostral nua; a.pr.n. — área pré-nasal nua; 
cap. — abertura da cápsula da bexiga natatória; clei. — cleitro; c.l.lat. 
— canal da linha lateral; cor. — coracóide; de. — dentes; pls.pr.d. — placas 
pré-dorsais; pop. — pré-opérculo; post. — pós-temporal; soc. — supra- 
occipital; tr.d. — placa vestigial do mecanismo de trava da dorsal; u.clei.a. 
— último escudo da porção anterior da série pós-cleitral; u.post. — último 
escudo da série posterior ao pös-temporal; 1. int. — porção superficial do 
primeiro interneural. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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science (Loricariidae, Siluriformes, Ostariophysi). Proc. K. ned. Akad. Wet., Ams- 
terdam, 77(3):257-71, 2pl., 2 fig. 

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piscicultura. São Paulo, Faculdade de Saúde Pública da USP, Instituto de Pesca. 
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TABELA 1 — Medidas, em milímetros, de Microlepidogaster taimensis sp. n. 


Exemplar A B Cc D E F G H ad! K L M N (0) P Q 

MAPA 1061 65.6.7 51,4 12/40 15,7) 0158) 16,80 02,5) 6,8) 7,7 21 10,3 66 22,7 11,9 201 29,5 192 4 
MAPA 1060 60 RE I o PISO GSI 2740 nn) 9,2 60 20,3 10,5 18,7 274 181 4 
MZUSP 14133 60,9 47,8 109 14,2 142 63 24 55 70 2,2 9,4 6,6 20,6 10,7 184 27,5 173 4 
MAPA 1063 60,9 47,7 109 14,2 140 62 23 59 70 2,0 8,9) 6;2h 210) 11/07 MBM Bom ARRUDA 
MAPA 1065 59,1 471 11,0 14,3 141 64 27 58 73 21 9,2 68 196 112 188 26,6 178 4 
DZUFRGS 0345 59,7 468 10,6 140 139 60 26 60 70 21 91 65 198 109 180 267 174 4 
MAPA 1025 58,9 46,2 10,6 13,5 134 6,2 24 57 70 2,0 88 64 189 10,3 16,9. 25,3 17,6 4 
DZUFRGS 0346 59,0 454 10,7 134 13,0 5,8 22 57 68 22 8.7 .6,2: 19,07 10,4 17,9) 725:8 216,874. 
MZUSP 14137 57,7 454 11,1 138 135 66 25 55 69 20 8,9 016,92 18/90/30) 17,72 026,42 2216.05584 
MAPA 1027 579 45,0 109 140 13,6 61 23 55 70 21 9517716,577719107210,57 S717/0 25.722 10.80-54 
DZUFRGS 0347 58,5 44,9 108 136 131 59 23 55 67 21 88 62 192 109 171 25,5 15,7 3 
MZUSP 14136 55,8 448 11,2 139 13,9 5,8 23 55 69 2,0 88 5,9 193 105 17,7 259 14,8 4 
MAPA 1026 56,8 44,6 10,6 13,9 13,6 60 24 55 72 1,9 89 6,6 195 10,8 17,6 25,6 15,7 4 
MAPA 1066 57,4 4,5 11,0 138 135 62 22 51 67 21 89 6,7 20,0 10,8 18,9 26,5 15,1 4 
DZUFRGS 0348 56,1 44,4 10,7 14,3 13,4 59 23 53 68 2,0 87 62 190 10,6" 717,7 “25,6 916,30 A 
DZUFRGS 0359 57,4 44,3 10,5 13,7 131 57 26 5,6 64 2,0 88 5,9 186 10,5 17,3 26,5 15,6 4 
DZUFRGS 0353 550) 440) 104) 191 21374 275.72 22 os em Do 85 6,3 18,6 10,4 16,8 25,2 15,6 3 
MAPA 1028 Boa ABTEI ALGO DIS GG So RD OD 20 9/10 6,90 20,20 0010,8 21773 ob Ds 
MAPA 1013 547 436 10,1 29 26 53 2,2) bl 64 20 81 bt 18,2) 2310,57 16/90 26 RASTA 
MZUSP 14135 bbi2 42:97 10/0 IS 0 713,0 5,b) 912, 3221007 mea o 83 5,9 18,6 10,4 16,8 24,8 15,4 4 
MAPA 1016 54.4 42:80 109 12,8) 01216 05,4 2,20 ha 6 20 8:22 5:.55 218222102 16,9 24,6 15,7 4 
MAPA 1012 52:94 242/00 810:9 TRI 12/30 079:27 721277250020 85 57 17,6 104 166 245 149 3 
MAPA 1019 55,2 41,9 103 13,3 13,0 55 22 53 6 2,0 85 55 180 10,1 16,6 240 15,2 4 
MAPA 1014 65:07 „Ag O SLI 20 LINE I 226er 26,02 119 88 61 189 10,5 174 25,0 13,8 4 
DZUFRGS 0344 58,3 40,9 10,3 13,3 123,7 54 20 54 64 1,8 82 5,5 18,7 10.4 16,4 24,2 15,2 4 
DZUFRGS 0352 DEZ PEA: OM ISO" ee 22 aa Penal 83 6,0 17,4 9,8 16,3 23,8 13,7 4 
DZUFRGS 0354 52,6 40,5 10,1 12,9 12,3 59 22 53 64 1,9 83 62 16,8 10,2 15,3 23,1 14,6 4 
MAPA 1018 51,3 40,3 OO IZIS To O RD 2 DS AO 9 270 7,8 5,4 16,5, 9,2. 15,07 22,5) 4a 
MAPA 1015 50,3 40,0 970 ID 90 11 9E 5710 E93 AB GOTO 78 54 170 9,3 153 227 145 3 
DZUFRGS 0351 50,7 39,4 94 12,4 120 53 22 50 60 1,8 7,6 5,8 16,3 9,22 | 15,2 7214372 15,00 73 
MZUSP 14134 50,5 38,3 93 11,8 11,6 50 21 49 5,9 2,0 7,6 5,4 15,9 9,27 714,6, 216 214797553 
MAPA 1059 50,3 37,7 91 121 120 63 21 49 59 1,8 7,7 53 16,8 9,2215, 100 21.60013,37 53 
MAPA 1058 48,8 37,6 90 12,0 12,2 51 20 47 59 1,8 7,6 51 16,7 9,3 15,4, 22,1 18,24 
DZUFRGS 0350 49,1 37,3 9,2 11,8 11,4 47 18 45 5,8 1,9 7,2 50 15,8 88 14,5 214 132 3 
MAPA 1053 47,7 36,9 9,1 11,7 11,9 52 20 47 55 18 75 52 16,0 9,0 15,0 21,6 12,9 3 
MAPA 1054 48,6 36,8 9,0 116 11,6 53 24 44 54 1,8 7,4 5,5 15,8 9,1 148 21,2 131 3 
DZUFRGS 0283 45,1 36,8 ZEIT IT ET AT 6 IES To 49 15,9 8;9. 14,4) 2150) 7921375773 
DZUFRGS 0282 46,7 36,7 BIT In CAÇA ZART 2 Amo as 6,8 5,0 15,6 8,6 145 20,2 131 3 
MAPA 1057 45,7 35,9 9/0) PINTO 9/60 IB Eiger #66 7,1 DO 15,7 8,6 15,0 20,5 13,6 3 
MAPA 1062 46,1 35,7 8:80 CITA ISO TO DIO sb, 6 6,9 5,1 15,6 8,7 14,7 209 12,5 3 
MAPA 0725 46,0 35,2 8,7 11,77 10,8 6,4 2/4 6/00 6,3 058 7,3 52 15,5 88 145 20,6 12,5 3 
MAPA 1055 44,4 34,8 89 11.6 11,20 47 2,07 4,2 25167778 71 50 15,4 8:92 14:6, 920 2120 
MAPA 1051 44,8 34,7 85° 1,1 11,07 44 21 41 5,5 1:6 6,9 4,4 15,0 81 13,7 198 12,7 3 
MAPA 1056 44,2 34,2 8570 211.17 OM AB 171 AA 64 ES 6,7: 550 14,9 1,87..13;5° EIgi6ree 12 a3 
MAPA 1064 44,6 34,0 8:6: 0. 137272210. 250222 124 AT ARE 69 5,4 15,1 84 141 20,1 121 3 
DZUFRGS 0279 42,8 33,8 85 10,8 10,9 46 20 39 5,4 1,8 6,6 44 14,6 8:4. 12,8 19:20 ITS 
DZUFRGS 0281 42,7 33,6 857477211537 ISS ASI ARIDI IS BIS 6 6,7 4,6 14,6 83 13,8 199 11.8 3 
MZUSP 14142 42,4 22,6 8,0 10,2 84 44 1,8 40 4,9 1,8 6,4 44 14,0 787 012;7 18/60 1,4583 
DZUFRGS 0280 40,0 32,5 7,9) 710,4 7710.17 3/9 251%57 78167 50) 5188 LE 71:8 | 12,97 1847 212:275702 
DZUFRGS 0349 43,2 32,4 83 11,5 105 46 19 44 5,4 1,8 71 49 14,7 82 131 192 10,9 3 
MAPA 1017 40,7 32,0 84 11,3 109 42 15 41 54 1,6 6,4 4,3 13,9 86 13,0 180 111 3 
MAPA 1024 39,2 30,4 83 108 10,3 44 18 39 5,4 1,6 6,4 46 13,2 79 12,3 18,4 10,8 3 
DZUFRGS 0358 37,2 29,3 IO 2 9,7 40 17 35 47 1,6 6,0 4,2 13,0 MES 12/90 RIMAS 5104553 
MZUSP 14141 37,2 28,9 7,9 101 ER co SH SS) elo dopl dyã 6,0 39 13,5 7,82 12/12 179 9,6 2, 
:MAPA 1023 35,7 27,8 7,6 EH) 9,8 36 18 36 49 1,5 5,8 3,7 12,8 7,7 11,5 16,0 92 
DZUFRGS 0357 34,1 26,4 7,1 9,2 89 38 15 36 45 15 5,4 3,8 11,6 7,1 11,3 16,0 93772, 
* MZUSP 14140 32,4 25,0 6,7 9,0 85 34 17 31 42 1,3 52 3,7 11,2 7,2 10,6 15,0 But al 
DZUFRGS 0356 31,9 24;8 6,9 9,1 90 36 14 33 44 1,3 56,3 86 111 6,9 10,0 14,3 89 2, 
MZUSP 14139 31,5 24,6 6,7 9,0 89 34 15 31 41 1,3 51 35 109 69 107 150 82 2, 
MAPA 1052 31,0 241 6,8 8,7 87 33 14 31 41 1,5 5,2 34 11,0 71 10,0 14,6 8,1702: 
DZUFRGS 0355 31,1 23,9 6,6 8,5 82 34 16 30 4,2 1,4 5,0 34 10,7 6,5 10,1 14,3 80 2, 
MZUSP 14138 29,4 22,3 6,2 9,1 RO ESS Mio MO SED AD BL DO 6,3 9,4 13,3 To. 2, 
MAPA 1021 28,3 21,8 6,5 8,0 11.8023, 2051,67 ORAR? 49 32 10,1 6,3 94 132 7, 2,0 
MAPA 1020 27,8 21,7 6,5 81 80 31 13 30 4,4. 1,2 4,5 3,0 9,7 6,6° 9,6 .13,4 68 1, 
MAPA 1022 28,3 21,0 6,5 8,4 80 31 17 29 42 1,2 49 31 10,3 6,1 9,1 12,4 TD 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


at vrNnaavosnDorsonohilvanvooorvovovunvbwoninii a fa) 


JvvoSsowmminaat 


co Co oc 


[o =) 


Microlepidogaster taimensis sp.n.... 29 


TABELA 2 — Dados de regressão de Microlepidogaster taimensis sp. n. 


REGRESSÃO B a r2 
LxB 0,13 + 0,005 0,24 + 0,18 0,92 
KxB 0,18 + 0,004 0,83 + 0,14 0,97 
QxB 0,38 + 0,008 -1,03 + 0,30 0,97 
Rx Q 0,23 + 0,010 0,54 + 0,14 0,89 
MxB- 0,40 + 0,007 1,27 + 0,28 0,98 
OxB 0,35 + 0;007 1,69 + 0,26 0,98 
PxB 0,55 + 0,007 1,20 + 0,28 0,99 
NxB 0,18 + 0,005 2,29 + 0,19 0,96 
CxB 0,19 + 0,005 2,12 + 0,17 0,97 
ExB 0,24 + 0,007 2,77 + 0,25 0,95 
DxR 0,24 + 0,005 3,13 + 0,19 0,97 
JxG 0,62 + 0,055 0,53 + 0,11 0,67 
JxH 0,26 + 0,015 0,59 + 0,07 0,83 
JxD 0,13 + 0,007 0,24 + 0,08 0,85 
Tx E 0,16 + 0,009 0,32 + 0,08 0,84 


b — Coeficiente de regressão + seu desvio padrão 
a — Constante de regressão + seu desvio padrão 
r2 — coeficiente de determinação 


Exemplares computados: 65 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


30 BUCKUP, P.A. 


N, Da ee SS en 


= 6 = 


u. cleia. cap. clei. pop. de. 


SEN Se 
E ST 


= E 


Fig. 1-4. Microlepidogastaer taimensis sp. n.: 1. parátipo DZUFRGS 0345, vista 
ventral; 2. parátipo DZUFRGS 0347, vista lateral; 3. ardune DZUFRGS 0347, vista dorsal; 
4. parátipo DZUFRGS 0344, dente da mandíbula esquerda, vista medial. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


Microlepidogaster taimensis sp.n.... 31 


Fig. 5-7. Microlepidogaster taimensis sp. n. Holótipo MZUSP 14133: 5. vista ven- 
tral; 6. vista lateral; 7. vista dorsal. Comprimento total: 60,9mm. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):19-31, 30 nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a um briozoário I. Eunicidae, 
Lumbrineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae* 


Eloisa H. Morgado** 
A. Cecilia Z. Amaral** 


RESUMO 


Com este trabalho se inicia uma serie. de contribuições destinadas a divulgar a 
composição taxonômica da fauna de anelideos poliquetos provenientes de colônias de 
Schizoporella unicornis (JOHNSTON, 1847), fregüentes em praias dos municipios de 
Ubatuba e São Sebastião, Estado de São Paulo. Nesta primeira parte são descritas e es- 
tabelecidas a distribuição de 14 espécies da superfamilia Eunicea; entre estas, Palola esbelta 
é nova para a ciência e 6 são referidas pela primeira vez para a costa brasileira; Eunice 
filamentosa GRUBE, 1856, Eunice tenuis (TREADWELL, 1921), Marphysa angelensis 
FAUCHALD, 1970, Nematonereis hebes TREADWELL, 1921, Lumbrineris albifrons 
CROSSLAND, 1924 e Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861. Entre elas, Lumbrineris 
albifrons foi a espécie mais importante por sua abundância. 


ABSTRACT 


This work starts a series of contributions destined to divulge the taxonomic com- 
position of the annelids polychaetes fauna proceeding from Schizoporella - unicornis 
(JOHNSTON, 1847), colonies frequent on the beaches of Ubatuba and São Sebastião, São 
Paulo State, Brazil. As a result of this first part of the study, are described and settled 
the distribution of 14 species of the superfamily Eunicea; among these Palola esbelta is a 
new ‘species for science and for the first time, Eunice filamentosa GRUBE, 1856, Eunice 
tenuis (TREADWELL, 1921), Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970, Nematonereis 
hebes TREADWELL, 1921, Lumbrineris albrifrons CROSSLAND, 1924 and Oenone 
diphyllidia SCHMARDA, 1861 has been cited on the Brazilian coast. The most abundant 
species was Lumbrineris albifrons. 


INTRODUÇÃO 


Com este trabalho, damos início a uma série de contribuições des- 
tinadas a divulgar a composição taxonômica da fauna de anelideos 
poliquetos provenientes de colônias de Schizoporella unicornis (JOHNS- 
TON, 1847), fregüentes em praias do municipio de Ubatuba e de São 
Sebastião, Estado de São Paulo, Brasil. 


* Aceito para publicação em 29.X11.1980. 


** Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Zoologia, Caixa Postal 1170, 13.100 
Campinas, SP, Brasil. 


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Schizoporella unicornis é um briozoário cujas colônias iniciam seu 
desenvolvimento incrustando substratos orgânicos e inorgânicos; tor- 
nam-se sucessivamente muito espessas e crescem em direção vertical, 
formando ramos tubuliformes ou sólidos. No interior de seus túbulos e 
cavidades, este briozoário abriga uma fauna bastante expressiva e diver- 
sificada. Os poliquetos destacam-se por sua abundância e riqueza de es- 
pécies: 4.314 exemplares distribuídos em 70 espécies, que contribuem 
com 59,2% do número total de individuos e com 53,0% das espécies da 
endofauna (MORGADO, 1980). 


Entre as 20 familias de poliquetos, identificadas, as melhores 
representadas foram: Polynoidae, Hesionidae, Syllidae, Eunicidae, Lum- 
brineridae e Cirratulidae. As 4 famílias aqui estudadas: Eunicidae, Lum- 
brineridae, Lysaretidae e Dorvilleidae, foram reunidas por HARTMAN 
(1944) na superfamília Eunicea, por apresentarem caracteristicas comuns, 
como ausência de tromba verdadeira e faringe provida de peças bucais 
quitinosas. Estas familias estão representadas por 14 espécies, sendo 
que os Eunicidae, com 10 espécies, estão entre os mais frequentes e com 
maior diversidade. Entre estas temos ainda uma espécie do gênero 
Palola GRAY, 1847, nova para a ciência. 


Familia EUNICIDAE SAVIGNYI, 1818 
Gênero Eunice CUVIER, 1817 


Eunice binominata QUATREFAGES, 1865 


Eunice binominata: NONATO & LUNA, 1970:78-9, fig. 44-50; RUL- 
LIER & AMOUREUX, 1979:172. ; 


Trinta exemplares, dos quais vários completos, o maior com cerca | 
de 118 setigeros, medindo 69mm de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: região an- 
terior robusta; corpo ligeiramente comprimido e achatado, afilando 
rapidamente na região posterior. Prostômio bilobado; antenas longas, 
moniliformes. Um par de olhos grandes, entre os pontos de inserção das 
antenas laterais; em alguns exemplares, parcialmente ocultos por uma 
dobra do peristômio. Cirros occipitais articulados. Parapódios com cirros 
dorsais longos e subulados. Cirros ventrais dos setigeros anteriores cur- 
tos, piriformes e inseridos sobre pregas em forma de almofada. Cirros 
ventrais dos setigeros medianos e posteriores longos. 


Primeira brânquia sempre presente no 5º setigero, sendo consti- 
tuida por um único filamento, com cerca da metade do comprimento do 
cirro dorsal. Nos setigeros seguintes, brânquias pectinadas alcançando 
um número maximo de 10 filamentos entre o 10º e o 20º setigero. A 
região posterior é desprovida de brânquias. 


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Anelideos poliquetos associados a... 35 


Cerdas dos setigeros anteriores de três tipos: a) capilares limbadas; 
b) compostas, com artículo bidentado, encapuzado e c) pectinadas, com 
dentes numerosos e um processo lateral longo. Ganchos subaciculares 
tridentados, amarelos, presentes a partir do 23º setigeros, aproxima- 
damente. 


Pigídio com 2 cirros anais longos e articulados. 
Distribuição: Golfo do México, Nordeste e Sul do Brasil. 


Eunice cariboea GRUBE, 1856 
Leodice culebra TREADWELL, 1921:49, fig. 144-153, est. 2, fig. 13-16 


Eunice (Nicidion) cariboea; HARTMAN, 1944—123-4, est. 7, fig. 157 
163, est. 8, fig. 178; NONATO & LUNA, 1970:82, fig. 59; FAUCHALD, 
1970:38-9. 


Duzentos e vinte e oito exemplares, dos quais vários completos; o 
maior com aproximadamente 185 setigeros, medindo cerca de 62mm de 
comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo li- 
geiramente comprimido na região anterior, afilando-se gradualmente na 
região posterior. Prostômio bilobado, mais largo que o peristômio; an- 
tenas lisas e curtas. Um par de olhos pequenos, mas distintos. Cirros 
occipitais lisos e curtos, não ultrapassando o meio do peristômio. Pa- 
rapódios com cirros dorsais lisos e longos; cirros ventrais dos setigeros 
anteriores robustos, curtos e cônicos; diminuem de tamanho aproxi- 
madamente no 39º setigero e se tornam ausentes a partir do 45º seti- 
gero. Os parapódios aumentam gradativamente de tamanho do 6º-7º 
setigero até o 20º; a partir do 30º diminuem gradualmente até o 39º, 
apôs o qual mantém tamanho uniforme. 


Brânquias unifilares, mais longas que o cirro dorsal, com distri- 
buição bastante irregular: ocorrem do 20° ao 40° setigero, sendo ausen- 
tes na região mediana e reaparecendo na região posterior (140º setigero); 
sendo mais proeminente e com distribuição mais regular nos últimos 
setigeros. 


Cerdas simples, longas e ligeiramente alargadas; compostas, bi- 
dentadas; pectinadas, com dentes grandes e um processo lateral longo. e 
curvo. Ganchos subaciculares, bidentados e escuros; presentes em todos 
os setigeros a partir do 30º, em número de 1 por parapódio. 


Pigidio com 2 cirros anais lisos e curtos. 


Discussão: Nossos exemplares apresentam todas: as caracteris- 
ticas básicas da espécie E. cariboea. Preferimos não considerar o sub- 
gênero Nicidion KINBERG, 1865 em face das dificuldades para defini-lo 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


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corretamente; o caráter brânquias presentes ou quase ausentes, como 
proposto por HARTMAN (1944) é a nosso ver, de dificil interpretação. 
Não incluímos E. cariboea de RULIER & AMOUREUX, 1979, na sino- 
nimia, pelo fato de seus exemplares serem totalmente desprovidos de 
brânquias. 


Em relação a E. cariboea, numerosas observações têm sido feitas 
quanto ao número de setigeros que apresentam brânquias. Não julgamos 
ser essa variação, um caráter de importância, mas sim distribuição ir- 
regular das brânquias: ausentes nos primeiros setigeros, presentes em 
um pequeno número de setigeros medianos e novamente presentes na 
região terminal do animal. 


E istribuição: Antilhas, Golfo da Califórnia, Nordeste e Sul do 
o Brasil. 


Eunice filamentosa GRUBE, 1856 


Eunice filamentosa: HARTMAN, 1944:107, est. 6, fig. 123-126; 
FAUCHALD, 1970:31-3, est. 3, fig. c-g; RULLIER, 1974:43; RUL- 
LIER & AMOUREUX, 1979:173. 


Quatro exemplares incompletos, o maior com 42 setigeros, medindo 
aproximadamente 13mm de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: prostômio 
com borda anterior provida de lobos arredondados e curtos; antenas cur- 
tas e lisas, sendo as laterais internas ligeiramente mais longas que a 
mediana. Um par de olhos pequenos e ocultos pelo peristômio, que é tão 
largo quanto longo. Cirros occipitais lisos, medindo cerca da metade do 
comprimento do peristômio. Parapódios bern desenvolvidos, com cirros 
dorsais longos e lisos e cirros ventrais curtos e arredondados, ligeira- 
mente mais desenvolvidos nos dois primeiros setigeros. 


As brânquias surgem aproximadamente no 23º setigero e são cons- 
tituldas por úm ou dois filamentos mais longos que o cirro dorsal. 


Cerdas compostas distalmente bidentadas e encapuzadas. Ganchos 
subaciculares, bidentados, a partir do 20º setigero. 


Distribuição: Amplamente distribuida no Atlântico tropical; no 
Pacífico ocorre do Golfo da Califórnia até as Ilhas Galápagos; segundo 
RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas. 


Eunice rubra GRUBE, 1856 
Leodice rubra. TREADWELL, 1921:15-7, fig. 13-20, est., fig. 1-4. 
Eunice rubra: HARTMAN, 1944:117, est. 7, fig. 151-153; NONATO & 
LUNA, 1970:81; RULLIER, 1974:42-3; RULLIER & AMOUREUX, 
1979:172. ão 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54,:30 nov; 1981. 


Anel:deos poliquetos associados a... : 37 


Sessenta e um exemplares, dos quais vários completos; os maiores 
com cerca de 162 setigeros e medindo aproximadamente 125mm de com- 
primento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo longo, 
cilíndrico na região anterior, elíptico e ligeiramente achatado nas regiões 
mediana e posterior. Prostômio estreito, bilobado; antenas longas e 
moniliformes. Olhos grandes, na base das antenas laterais. Cirros oc- 
cipitais lisos e longos, atingindo cerca de 2/3 do comprimento total do 
peristômio. Parapódios bem desenvolvidos, com cirros dorsais lisos e 
muito longos. 


As brânquias ocorrem a partir do 5º setigeros; inicialmente com 
um único filamento, com cerca da metade do comprimento do cirro dor- 
sal, tornam-se pectinadas com um máximo de 10-15 filamentos, apro- 
ximadamente do 7º ao 30º setigero. Reduzem-se de 4 para 3 filamentos 
após o 37º setigero, mantendo-se até os parapódicos posteriores. 


Cerdas compostas com artículo longo, bidentadas; cerdas pecti- 
nadas com dentes finos e numerosos. Aciculos amarelos, com ponta 
saliente, discretamente dilatada e bifida. Ganchos subaciculares triden- 
tados, amarelos. 


Pigidio com 2 cirros anais lisos e/ou com segmentação indistinta. 


"Discussão: Segundo HARTMAN (1944), a diferença básica entre 
E. rubra e E. antennata (SAVIGNY, 1820), estã na redução do número 
de filamentos branquiais da região mediana para a posterior. Em E. 
rubra as brânquias são usualmente reduzidas a 1 ou 2 filamentos nos 
setigeros posteriores, o que não acontece em E. antennata, que possui 
brânquias com numerosos filamentos até os últimos setigeros. Em nos- 
sos exemplares, as brânquias são reduzidas para 4 ou 3 filamentos na 
região posterior, mantendo esse número até a porção terminal do animal. 
Concordamos com a opinião dos autores que estudaram material bra- 
sileiro, considerando os nossos exemplares como E. rubra. 


Distribuição: Atlântico americano, da Carolina do Norte ao Sul 
do Brasil; segundo RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas. 


Eunice tenuis (TREADWELL, 1921) 
(Fig. 1-8) 
Leodice tenuis TREADWELL, 1921:51-2, est. 4, fig. 11, 154-163. 
Eunice tenuis HARTMAN, 1956: 283-4. 


Quarenta e dois exemplares dos quais vários completos: proporção 
entre o número de setigeros e comprimento variável; exemplar com 
aproximadamente 190 setigeros, medindo 73mm de comprimento e exem- 
plar com cerca de 138 setigeros, medindo 92mm de comprimento. 


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Descrição dos exemplares coletados: corpo com sec- 
ção: cilíndrica praticamente em toda a sua extensão. Prostômio nitida- 
mente bilobado, curto; peristômio quase tão largo quanto longo. An- 
tenas ligeiramente aneladas, mais longas que o prostômio (Fig. 1). 
Geralmente com olhos. Cirros occipitais lisos e curtos, atingindo cerca de 
1/3 do comprimento do peristômio. Parapódios dos setigeros anteriores e 
medianos, bem desenvolvidos, reduzidos na região posterior do corpo. 
Cirros dorsais lisos, evidentes nos setigeros anteriores e reduzidos na 
região mediana e posterior; cirros ventrais digitados, robustos. 


Brânquias unifilares e longas, com distribuição irregular; ocorrem 
aproximadamente do 22º ao 37º setigeros, reaparecendo nos setigeros 
terminais, onde são mais longas, atingindo cerca de quatro vezes o com- 
primento do cirro dorsal (Fig. 2 e 5). 


Cerdas de três tipos: a) capilares simples, longas; b) compostas 
bidentadas (Fig. 7), em maior número nos setigeros anteriores; c) pec- 
tinadas (Fig. 6), com cerca de 10 dentes e mais numerosas nos setigeros 
posteriores. Ganchos subaciculares, bidentados e amarelos a partir do 
30º setigero (Fig. 8). 


Mandibulas delicadas e claras, com uma asa triangular em ambos 
os lados; uma banda de pontos escuros marca a linha de separação da 
parte principal e a asa (Fig. 3). Maxilas de cor escura, com base curta e 
alada, forceps robusto, ligeiramente curvado; maxila II com 5-7 dentes; 
maxila III com 7; maxila IV, triangular, com 2-4 dentes (Fig. 4). 


Pigídio com uma par de cirros anais curtos e lisos (Fig. 2). 


Discussão: Nossos exemplares foram considerados como perten-. 
centes à espécie E. tenuis, devido a grande semelhança do aparelho 
bucal com o de Leodice tenuis TREADWELL (1921) embora quanto aos 
parapódios da região posterior e à distribuição e tamanho das brânquias 
assemelhem-se à E. cariboea. Tendo em conta a grande variabilidade do 
número e distribuição das brânquias, preferimos atribuir maior impor- 
tância às características das peças bucais e, consequentemente, consi- 
deramos nossos exemplares como pertencendo à espécie descrita por 
TREADWELL. 


Distribuição: Antilhas e Sul do Brasil. 


Gênero Lysidice SAVIGNY, 1818 
Lysidice ninetta AUDOIN & MILNE EDWARDS, 1883 


Lysidice ninetta: FAUVEL, 1923:411-2, fig. 162 a-g; NONATO & 
“LUNA, 1970:84-5; FAUCHALD, 1970:52-3; RULLIER & AMOU- 
REUX, 1979:175. 

Lysidice collaris: RULLIER, 1974:52. 


1 
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Anelideos poliquetos associados a... 39 


Dez exemplares dos quais vários completos e alguns com a região 
anterior em processo de regeneração. O maior exemplar, com aproxi- 
madamente 48 setigeros e medindo 13mm de comprimento. 


Descriação dosexemplares coletados: espécie pequena erobus- 
ta, ligeiramente achatada na região anterior, estreitando-se na posterior. 
Prostômio mais longo que o peristômio, com a borda anterior ligeiramente 
fendida; 3 antenas triangulares, subiguais, atingindo cerca da metade do 
comprimento do prostômio. Olhos grandes, semilunares, na base das an- 
tenas laterais. Região anterior do corpo com parapódios bem desenvolvidos e 
cirros dorsais aproximadamente triangulares, delgados; cirros ventrais 
robustos, com extremidade arredondada. Região mediana e posterior com 
cirros dorsais tão longos quanto os lóbulos parapodiais e cirros ventrais 
reduzidos na região posterior. 


Cerdas capilares simples e limbadas; compostas falcigeras, biden- 
tadas, em todos os parapódios. Ganchos subaciculares, bidentados e en- 
capuzados, presentes a partir “> 10º setigero. 


Aparelho bucal constituido por uma mandíbula robusta, com bor- 
das dobradas para cima, como caracteristica do gênero. 


Discussäo: Embora todos os nossos exemplares tenham olhos em 
forma de meia lua, concordamos com FAUCHALD (1970), que a forma 
do olho e o aparecimento mais ou menos precoce do primeiro gancho 
subacicular, estão provavelmente relacionados com o tamanho do ani- 
“mal. Consideramos, portanto, L. collaris mencionado por RULLIER 
(1974) como sinônimo de L. ninetta. 


Distribuição: Cosmopolita em águas temperadas e quentes. 


Gênero Marphysa QUATREFAGES, 1865 


Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970 
Marphysa angelensis FAUCHALD, 1970:57-9, est. 8, fig. a-h. 


Um único exemplar, completo, com 54 setígeros, medindo 14mm 
de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: espécime 
robusto, de corpo curto; região anterior cilíndrica e região posterior 
achatada, com diâmetro aproximadamente constante, em toda a sua ex- 
tensão. Prostômio pouco mais largo que longo, ligeiramente afilado na 
margem anterior, cuja borda tem uma pequena incisão. Segmento peris- 
tomial bianelado, mais longo que o prostômio. Antenas lisas, a mediana 
ultrapassando ligeiramente a margem do prostômio. Parapódios com 
cirros dorsais lisos, bem desenvolvidos na região pré- -branquial, mais 
longos que os löbulos parapodiais. Cirros ventrais mais curtos e robustos 
que os dorsais. 


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As brânquias aparecem no 11º setigero, com 1-2 filamentos e se 
estendem até o final do corpo, onde são mais curtas. 


Cerdas capilares finas, e longas e serrilhadas; cerdas pectinadas 
ocorrem na parte superior do feixe; cerdas compostas espinigeras e fal- 
cigeras estão presentes na parte inferior do feixe de todos cs parapódios; 
nos setigeros posteriores as falcigeras são mais numerosas que as es- 
pinigeras. Ganchos subaciculares bidentados e encapuzados. 


Pigidio com 2 pares de cirros anais; o dorsal bem mais longo que o 
ventral. 


Distribuição: costa Oeste do Méxicc, Sul do Brasil 
Marphysa sanguinea (MONTAGU, 1815) 


Marphysa sanguinea: FAUVEL, 1923:408-9, fig. 161 a-g; HARTMAN, 
1944:127-8, est. 8, fig. 179-183; PETTIBONE, 1963:236-8, fig. 62; 
FAUCHALD, 1970:64-6; RULLIER & AMOUREUX, 1979:174. 


Dois exemplares, dos quais um completo, com 184 setigeros, 
medindo aproximadamente 59mm de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo curto, 
com prostômio profundamente bilobado; antenas lisas, a mediana li- 
geiramente mais longa que o prostômio. Olhos bem pequenos, na base 
das antenas laterais internas. Parapódios com cirros dorsais lisos, mais 
longos que os lóbulos parapodiais; cirros ventrais digitiformes. 


Brânquias a partir do 12º setigero, com um máximo de 5 filamen- 
tos, do 30º até a região posterior; os 22 últimos setigeros são despro- 
vidos de brânquias. 


Cerdas capilares simples e cerdas pectinadas ocorrem no feixe 
superior; cerdas compostas espinigeras, nos feixes inferiores. Ganchos 
subaciculares, bidentados. 


Pigidio com 2 pares de cirros anais, lisos, sendo o dorsal mais longo 
que o ventral. 


Distribuição: Cosmopolita em águas quentes, exceto no Oceano 
Indico (DAY, 1962); comum na costa Oeste do Mexico; Sul do Brasil. 


Gênero NematonereisSCHMARDA, 1861 


NematonereisS hebes VERRILL, 1900 
(Fig. 9-16) 


Nematonereis hebes: TREADWELL, 1921:82-4, fig. 288-297; RU- 
LLIER, 1974:49-50, fig. 4 a-b. 


Dezessete exemplares, dos quais alguns completos; o maior com 93 
setigeros e medindo aproximadamente 12mm de comprimento. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a... 41 


Descrição dos exemplares coletados: espécie 
pequena e delgada, com setigeros curtos na região anterior e longos nas 
regiões mediana e posterior: Prostômio quase tão longo quanto largo 
com cerca de duas vezes o comprimento do peristômio; margem antérior 
do prostômio, amplamente arredondada. Uma única antena mediana, 
subulada, podendo, em alguns exemplares, atingir a borda anterior do 
prostômio. Um par de olhos pequenos (Fig. 9). Parapódios a partir do 3º 
segmento, com cirros dorsais finos, mais longos que o lóbulo parapodial; 
cirros ventrais curtos e cônicos (Fig. 12 e 13). 


Cerdas de três tipos: a) capilares simples, longas, alargadas, com 
extremidade fina; b) compostas falcigeras, distalmente bidentadas (Fig. 
14): c) pectinadas (Fig. 15), visiveis em nossos exemplares a partir do 
9º setigero, tornando-se mais robustas e com maior número de dentes 
(15), nos parapódios posteriores. Ganchos subaciculares, bidentados, en- 
capuzados (Fig. 16), a partir do 8º setigero. 


Maxilas delicadas e transparentes, sendo bem visíveis duas es- 
treitas faixas, de cor marrom escuro, na junção entre a peça basal e a 
parte proximal do forceps. Maxila I longa, com base triangular e um 
processo lateral em sua extremidade posterior; maxila II com 4 dentes 
proeminentes; maxila III constituida por uma placa impar, com 4 den- 
tes; maxila IV composta por uma placa direita com 4 dentes e uma es- 
querda, com 3 dentes; maxila V bem visível, formada por 2 placas trian- 
gulares, de cor marrom escuro (Fig. 10). A mandíbula é mais longa, que 
a maxila, com lâminas delgadas: as margens laterais e as linhas de únião 
entre as duas partes (semelhantes a pregas), são escuras, em contraste 
com a transparência do restante da mandíbula (Fig. 11). 


Pigídio com 2 pares de cirros anais lisos, dispostos lateralmente. 


Distribuição: Antilhas; Sul do Brasil. Segundo RULLIER 
(1974), em Cuba ocorre em esponjas. 


Gênero Palola GRAY, 1847 
Palola esbelta sp. n. 
(Fig. 17-24) 


Cinco fragmentos sem a região posterior; um exemplar completo, 
com 86 setigeros, medindo 50mm de comprimento. 


Descrição: prostômio curto, mais largo do que longo, com a borda 
anterior bilobada; antenas ligeiramente aneladas, mais longas que o 
prostômio; a mediana pouco mais longa que as demais. Um par de olhos 
grandes, reniformes, entre os pontos de inserção das antenas laterais. 
Peristômio constituido por 2 segmentos; o 1º mais largo que o 2º, que 
por sua vez é ligeiramente mais longo que o 1º setigero. Cirros occipitais 
lisos, atingindo cerca da metade do comprimento do 1º segmento peris- 
tomial (Fig. 17). Parapódio bem desenvolvidos nos setigeros anteriores e 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


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reduzidos da região mediana para a posterior, com cirros dorsais lisos ou 
ligeiramente anelados, bem mais longos que o lóbulo parapodial. Cirros 
ventrais curtos, piriformes (Fig. 21 e 22). 


Brânquias longas, com cerca de três vezes o comprimento do cirro 
dorsal, presentes na região posterior do corpo (Fig. 22). 


Cerdas simples, ligeiramente curvadas (Fig. 24); compostas, biden- 
tadas e encapuzadas, serrilhadas na região distral e com base muito lon- 
ga (Fig. 23). 


Aparelho bucal caracterizado pelas proporções excepcionais da 
mandíbula calcificada e muito robusta, com as bordas externas recur- 
vadas para cima e para dentro, em forma de calha, sendo mais longa e 
larga que o conjunto maxilar (Fig. 20). Maxila com base delgada, com- 
preendendo aproximadamente a metade do comprimento total do apa- 
relho maxilar, com um forceps delgado e curvo; presença de uma estreita 
faixa escura entre a base e o forceps; maxila II com 2 dentes grandes do 
lado direito e a peça esquerda com 2 grandes dentes e 1 pequeno; maxila 
III com 3 dentes e uma banda escura na base (Fig. 19). 


Pigidio com 4 cirros anais curtos, subiguais (Fig. 18). 


Discussão: Palola esbelta sp. n. assemelha-se a Palola siciliensis 
(GRUBE, 1840). Distingue-se desta por ser uma espécie de proporções 
menores e, principalmente, por diferenças no aparelho bucal, como a for- 
ma e o tamanho da mandíbula e forma e número de dentes das peças 
maxilares (Fig. 19 e 20). 


Distribuição: costa Leste da África e Sul do Brasil. 


Chave para as espécies da família EUNICIDAE 


1 = Com'5syantenasicntkalene: ce vd cio é ss ARO MME ERDE. NE BE 2 
= Com.3 antenas: gênero, Lysidice a. ac pprcgs Esc to Bom ehr Se Lysidice ninetta 
— Com 1 antena; gênero Nematonereis .........nnceneeeeneenn Nematonereis hebes 

2: = aCom: cirros:occipitais: ia ee po pe ar re 3 
— + Semjeirros; occipitais;igênero-Marphy Sai: a ee OR O PR 8 

3 — Com cerdas pectinadas e ganchos subaciculares; gênero Eunice ................. 4 


— Sem cerdas pectinadas e sem ganchos subaciculares; gênero Palola. .. Palola esbelta 
4-“Com ganchos subaciculares!bidentados 1». a. DS 5 
— "Com ganchos subaciculares tridentados.. .. 15.020 20 04. cousa E 7 


5 — Brânquias bem desenvolvidas e pectinadas presentes a partir do 20º setigero.......... 
RSRS RÃS 5 - MEO ES CEPE PEA SCE as Eis Eunice filamentosa 


— Brânquias simples e filamentosas em alguns segmentos da região mediana e pos- 
terior 79.43. Sia E CR ren Ze pe A VBA É dp die ern e rar PE gg ET N: 6 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 _ 


Anelideos poliquetos associados a... 43 


6 — Mandibulas delicadas, com uma asa triangular em ambos os lados (Fig. 3) .. Eunice 


tenuis 
— Mandibulas desprovidas de asa triangular....................... Eunice cariboea 
7 — Brânquias até os últimos setigeros; as da região anterior, pectinadas, com 10-12 
ENIO Esc aa SU E SA DS Eunice rubra 
— Brânquias apenas nos segmentos anteriores<a# +. 63.3. Sepran as Eunice binominata 
8 — Com cerdas compostas espinigeras e falcigeras............... Marphysa angelensis 
— Somente cerdas compostas espinigeras presentes............. Marphysa sanguinea 


Família LUMBRINERIDAE MALMGREN, 1867 


Gênero Lumbrineris BLAINVILLE, 1828 
Lubrineris albifrons CROSSLAND, 1924 
(Fig. 25-33) 


Lumbrineris albifrons CROSSLAND, 1924:50-5, fig. 65-72. 


Setecentos e três exemplares, dos quais muitos completos; um dos 
maiores com 105 setigeros, medindo aproximadamente 35mm de com- 
primento. 


Descrição dos exemplares coletados: espécie 
pequena, com corpo curto e de diâmetro aproximadamente uniforme; 
segmentos relativamente mais longos na região posterior. Prostômio 
“globular e liso, ligeiramente mais longo do que largo: Peristômio for- 
mado por 2 anéis, perceptíveis principalmente devido às marcas que 
aparecem lateralmente, indicando que o 1º anel é mais longo que o 2º 
(Fig. 25). Parapódios pequenos, ligeiramente mais desenvolvidos na 
região anterior, com o lóbulo anterior curto e arredondado e o posterior 
alongado, sendo cerca de duas vezes mais longo que o anterior (Fig. 29). 


Cerdas limbadas geniculadas nos parapódios anteriores (Fig. 30 e 
31); ganchos simples (Fig. 32), em todos os parapódios acompanhados 
de ganchos compostos apenas nos setigeros anteriores (Fig. 33). 


Mandibula clara e delicada, de tamanho igual ao da maxila (Fig. 
28). Maxilas de cor parda, com bordas mais escuras; forceps robusto; 
maxila II com 4-5 dentes; maxila III com 5 dentes; maxila IV com 2 
dentes (Fig. 27). 


Pigídio com 2 pares de cirros anais curtos (Fig. 26). 
Distribuição: Costa Leste da África e Sul do Brasil. 


Familia LYSARETIDAE. KINBERG, 1865 


Gênero Oenone SAVIGNY, 1818 
Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861 
(Fig. 34-38) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


44 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


Aglaurides diphyllidia TREADWELL, 1921:116-9, est. 7, fig. 13-16, fig 
429-434. 


Vinte e cinco exemplares, dos quais vários completos; o maior com 
cerca de 200 setigeros, medindo aproximadamente 135mm de compri- 
mento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo longo, 
achatado dorso-ventralmente, com setigeros mais longos, a partir da 
região mediana, estreitando-se rapidamente na região terminal. Pros- 
tômio tão longo quanto largo, com a borda anterior arredondada (Fig. 
34); 3 antenas subiguais, encobertas pela borda anterior do peristômio. 
Dois pares de olhos; um par maior escuro, situado externamente às an- 
tenas e um par menor, próximo à linha mediana, oculto pelas antenas. 
Peristômio ventralmente bianelado, tão longo quanto os 2 setigeros 
seguintes. Parapódios bem desenvolvidos, com cirros dorsais foliáceos e 
longos, mais desenvolvidos nas regiões mediana e posterior; cirros ven- 
trais arredondados, quase tão longos quanto os cirros dorsais (Fig. 38). 


Cerdas capilares superiores longas, finas e ligeiramente curvadas e 
inferiores mais curtas e curvadas, com uma pequena asa ao longo da 
margem. Ganchos subaciculares bifidos. 


Maxilas com bases longas, delgadas e simétricas. O forceps 
(maxila I) é constituido por um par de peças inteiras e simétricas; com a 
parte basal aproximadamente retangular, com 7-9 dentes bem distintos e 
a parte terminal recurvada, em forma de gancho robusto. As maxilas II 
e III e IV são sucessivamente menores e similares entre si. Cada uma 
tem 6 dentes, com nm único dente terminal grande, seguido por 1 dente 
pequeno, 2 grandes e finalmente 2 pequenos; maxila V é constituida por 
apenas 1 dente. De cada lado da maxila há 4 placas acessórias (Fig. 37). 
A mandibula é robusta (Fig. 35), com a porção proximal formando um 
ângulo de aproximadamente 45º com a haste (Fig. 36). 


Pigidio com 2 pares de cirros anais curtos, lisos e subiguais. 
Discussä o: após o exame do material, concluiamos que nossos 
exemplares coincidem plenamente com a descrição de TREADWELL 
(1921), para 4. diphyllidia. Em todos os exemplares examinados, o 
aparelho maxilar apresentou-se bastante semelhante ao dessa espécie, 
não ocorrendo diferença entre as maxilas I e II esquerdas. Em Oenone 
fulgida (SAVIGNY, 1818), uma das peças do forceps (maxila I) é cons- 
tituida por duas partes e a maxila II é assimétrica, como figurado por 
DAY (1967). 


Distribuição: Golfo do México e Sul do Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a... 45 
Familia DORVILLEIDAE CHAMBERLIN, 1919 


Gênero Dorvillea PARFITT, 1866 
Dorvillea sociabilis (WEBSTER, 1879) 


Staurvcephalus sociabilis WEBSTER, 1879:243-4, est. 7, fig. 89-91. 
Dorvillea sociabilis; HARTMAN, 1945:27, est. 5, fig. 1, 4 e 5; NO- 
NATO & LUNA, 1970:89; RULLIER, 1974:52-3; PERKINS, 1979:451- 
Spa. 


Duzentos e seis exemplares, dos quais vários completos; os 
maiores com 90-100 setigeros e medindo de 25-30mm de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo li- 
geiramente arqueado e alargado anteriormente. Prostômio curto, am- 
plamente arredondado; antenas aproximadamente moniliformes, com 7-8 
articulos, Palpos robustos, mais longos que as antenas, ligeiramente 
anelados, sem palpóstilo evidente. Dois pares de olhos, os anteriores 
maiores que os posteriores. Um par de órgãos nucais, parcialmente ocul- 
tos por uma dobra peristomial. Parapódios bem desenvolvidos, com 
cirros dorsais providos de um cirróforo mais longo que os lobos para- 
podiais e um cirróstilo curto e arredondado; cirros ventrais curtos, 
digitiformes. 


Cerdas superiores capilares simples, delgadas e serrilhadas; in- 
feriores, longas; compostas falcigeras, distalmente bidentadas. 


Pigidio com dois pares de cirros anais; o par dorsal mais longo que 
o ventral. 


Discussão: Não foi constatada a presença da cerda notopodial sim- 
ples, serrilhada, bidentada, citada por HARTMAN (1945), no material 
examinado. Entretanto, os demais caracteres coincidem com os referidos 
na diagnose original. 


Distribuição: costa Atlântica dos Estados Unidos; Nordeste e 
Sul do Brasil; Segundo RULLIER (1974), em Cuba ocorre em esponjas. 


Gênero Stauronereis VERRILL, 1900 
Stauronereis rudolphi (DELLE CHIAJE, 1828) 


Dorvillea rudolphii; HARTMAN, 1945:27-8, est. 5, fig. 2 e 6. 
Stauronereis rudolphi; ORENSANZ, 1973:329-33, est. Tell. 
Schistomeringos longicornis; JUMARS, 1974:107-9, fig. 2. 
Schistomeringos rudolphi; JUMARS, 1974:104-6, fig. 1. 


Nove exemplares completos: o maior com cerca de 70 setigeros, 
medindo 18mm de comprimento. 


Descrição dos exemplares coletados: corpo robus- 
to, mais largo na região mediana, arqueado dorsalmente e ventralmente 
plano. Prostômio cônico, às vezes ligeiramente anelado; um par de an- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


46 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


tenas com 8-12 artículos e um par de palpos látero-ventrais, com uma 
base longa e larga e um palpóstilo pequeno e piriforme. Quatro olhos; os 
anteriores dispostos entre a base dos palpos e as antenas, 
maiores que os posteriores, que estão situados junto à inserção das an- 
tenas. Parapódios sub-birremes: o cirro dorsal, ausente no 1º setigero, a 
partir do 2º é provido de um longo cirróforo com tamanho próximo ao 
dos lobos parapodiais e um cirróstilo curto e piriforme. Cirros ventrais 
curtos e piriformes. 


Cerdas capilares delgadas e finamente serrilhadas; simples, biden- 
tadas e denticuladas; frucadas em número de uma por parapódio, com 
um ramo mais longo que o outro e denteadas subdistalmente ao longo de 
um dos lados; compostas falcigeras, bidentadas e encapuzadas. 


Maxilas constituídas por 4 séries de placas denticuladas,: supor- 
tadas por 2 bases maxilares em forma de V; a posterior maior que a an- 
terior. Peças bucais das 4 séries, mais largas que as demais e providas 
de uma fileira de dentes. As mandíbulas são constituídas por placas 
alargadas, distalmente denticuladas e unidas a uma série de pequenos 
dentículos independentes, que prolongam lateralmente as bordas an- 
teriores. 


Pigidio, com 2 pares de cirros anais articulados; o dorsal mais longo 
que o ventral. 


Discussão: Quanto à caracterização da espécie, concordamos 
plenamente com a opinião de ORENSANZ (1973). Incluimos na sino- 
nimia as espécies sob o novo nome genérico proposto por JUMARS 
(1974), Schistomeringos: S. longicornis e S. rudolphi, por considerarmos 
que o critério adotado (diferenças nas proporções dos palpos, das cerdas 
e principalmente dos ramos das: cerdas furcadas) não é suficientemente 
objetivo para caracterizar estas duas espécies. Como outros autores, jul- 
gamos correto considerar que diferenças nas proporções dessas estru- 
turas, variam significativamente com o tamanho do animal. Observamos 
em nossos exemplares, assim como fez ORENSANZ (1973), diferenças 
notáveis entre as cerdas furcadas de jovens e adultos de Stauronereis 
rudolphi e também diferenças intra-especificas no aparelho bucal. 


x 


Quanto à presença, em nossos exemplares e em S. longicornis, de 
uma cerda simples bidentada, facilmente confundida com as cerdas com- 
postas bidentadas por serem muito semelhantes, julgamos poder ser 
uma origem da cerda composta, uma vez que falta em alguns espécimes 
coletados de uma mesma população. Esses problemas, sem dúvida, acar- 
retaram dificuldades em se constatar a presença desse tipo de cerda em 
muitas das Stauronereis rudolphi já identificada: 


Distribuição: Cosmopolita em águas quentes e temperadas. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30. nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a... 47 


CONSIDERAÇÕES FAUNÍSTICAS 


Das quatorze espécies de anelideos poliquetos que ocorreram nas 
colônias de Schizoporella unicornis (Tabela), uma é nova para a ciência, 
Palola esbelta e seis são referidas pela primeira vez para a costa bra- 
sileira: Eunice filamentosa, Eunice tenuis, Marphysa angelensis, Ne- 
matonereis hebes, Lumbrineris albifrons e Oenone diphyllidia. Destas, 
Lumbrineris albifrons foi a espécie numericamente mais importante. 


A fauna de anelideos poliquetos do Nordeste (NONATO & LUNA, 
1970) e Sudeste (AMARAL, 1977, 1979) do Brasil, revela uma consi- 
derável afinidade com a da região das Antilhas e do Golfo do México. 
Com relação à familia Eunicidae, essa afinidade torna-se mais aparente: 
das espécies da familia encontradas nas colônias de S. unicornis, apenas 
Marphysa angelensis não é referida para a região do Caribe. 


O exame dos resultados revelou também uma considerável se- 
melhança com a fauna de poliquetos encontrados em esponjas, estudada 
por RULLIER (1974) em material proveniente de Cuba. Entretanto, 
apenas cinco das espécies ocorrem na zona das marés e infralitoral dos 
fundos não consolidados da região de Ubatuba e São Sebastião, onde 
foram coletados as colônias de S. unicornis, o que sugere ser a fauna as- 
sociada a esse briozoário, específica desse tipo de habitat. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


AMARAL, A.C.Z. 1977. Anelideos poliquetos do infralitoral em duas enseadas da 
Região de Ubatuba: - Aspectos Ecológicos. 137 F. Tese (Doutoramento - Ocea- 
nografia Biológica) Instituto Oceanográfico, USP. São Paulo (Não publicado ). 


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zonas das marés, no litoral norte do Estado de São Paulo. Bolm. Inst. Oceanogr., S. 
Paulo, São Paulo, 28 (1):1-52. 


CROSSLAND, C. 1924. Polychaeta of tropical East Africa, the Red Sea, and Cape Ver- 
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DAY, J.H. 1962. Polychaeta from several localities in the Western Indian Ocean. Proc. 
zool. Soc. London, London, 139:627-56, 5 fig. 


1967. A monograph on the Polychaeta of Southern Africa. Parte 1. Errantia. 
British Museum, London (Nat. Hist.), 458p. + XXIX, 17 est., Imapa. 


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Iphitimidae, Arabellidae, Lysaretidae and Dorvilleidae from Western Mexico. Allan 
Hancock Monographs in Marine Biology, Los Angeles, (5):1-335, 27 est. 


FAUVEL, P. 1923. Polychetes Errantes. Faune de France, Lechevallier, Paris. v.5, 
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HARTMANN; O. 1944. Polychaetous annelids. Part V. Eunicea. Allan Hancock Pacif. 
Exped., Los Angeles, 10(1):1-238, 18est. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


48 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


HARTMAN, O. 1945. The marine annelids of North Carolina. Bull. Duke Univ. mar. snt., 
Durham (2):1-54, 10est., 2mapas. 


— | 1956. Polychaetous annelids erected by TREADWELL, 1891 to 1948, together 
with a brief chronology. Bull. Am. Mus. nat. Hist., New York, 109:239-310, 
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JUMARS, P.A. j 1974. A generic revision of the Dorvilleidae (Polychaeta) with six new 
species from the deep North Pacific. Journal of the Linnean Society of London - 
Zoology, London 54:101-35, 14fig. 


MORGADO, E.H. 1980. A endofauna de Schizoporella unicornis (JOHNSTON, 1847) 
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Ecologia) Instituto de Biologia, UNICAMP. Campinas 1980.( Não publicado ]. 


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Poliquetas bentônicos da costa de Alagoas e Sergipe. Bolm. Inst. Oceanogr., S. 
Paulo, São Paulo; 19:57-130, 180fig., Imapa. 


ORENSANZ, J.M. 1973. Los anelidos poliquetos de la Provincia Biogeografica Argen- 
tina. III. Dorvilleidae. PHYSIS. Sección A, Buenos Aires, 32 (85):325-42, 3fig., 
4est. a 


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cipally from Florida, with descriptions of six new species. Proc. biol. Soc. Wash., 
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PETTIBONE, M.H. 1963. Marine polychaete worms of the New England Region. 1. 
Aphroditidae through Trochochaetidae. Nat. Mus., Bull., (227, pt.1): 1-356, 83fig. 


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TREADWELL, A.L. 1921. Leodicidae of the West Indian Region. Carnagie Institution 
of Washington, Washington, 15 (293):1-131, 467fig., 9est. 


WEBSTER, H.E. 1879. Annelida Chaetopoda of the Virginian Coast. Transactions of 
the Albany Institute, New York, 9:202-69, 1lest. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a... 49 
TABELA 
Espécies e número de exemplares encontrados nas colônias de 


Schizoporella unicornis (JOHNSTON, 1847) coletadas em Ubatuba 
(UBA) e São Sebastião (SS), Estado de São Paulo. 


Número de exemplares 


Espécies 
UBA SS TOTAL 


1. Eunicidae 


Eunice binominata 20 10 30 
Eunice cariboea 176 52 228 
Eunice filamentosa 4 = 4 
Eunice rubra 55 6 61 
Eunice tenuis 41 Il 42 
Lysidice ninetta 7 3 10 
Marphysa angelensis — 1 1 
Marphysa sanguinea — 2 2 
Nematonereis hebes 12 5 17, 
Palola esbelta sp. n. 2 4 6 
2. Lumbrineridae 
Lumbrineris albifrons 487 216 703 
3. Lysaretidae 
Oenone diphyllidia 19 6 25 
4. Dorvilleidae 
Dorvillea sociabilis 189 17, 206 
Stauronereis rudolphi 9 — 9 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


50 MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


ISTO, 


I I) | 


Fig. 1-8. Eunice tenuis (TREADWELL, 1921). 1. Regiäo anterior, vista dorsal (a); 
2. Região posterior, vista dorsal (a); 3. Mandibulas (b); ‘. Maxilas (b); 5. Parapódio pos- 
terior (c); 6. Cerda pectinada (d); 7. Cerda compösta bid'ntada (d); 8. Gancho subacicular 
bidentado (d). i 


or———— + |,0mm 
Gi———10,400mm 
Ol 10,250 mm 
Sb 0,085mm 
e 
E] 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov .981 


Anelideos poliquetos associados a... - 351 


o bc ad 


Fig. 9-16. Nematonereis hebes VERRILL, 1900. ” legião anterior, vista dorsal (a); 
10. Maxilas (b); 11. Mandibulas (b); 12. Parapódio auceriv: (c); 13. Parapódio posterior 
(c); 14. Cerda composta bidentada (d); 15. Cerda pectinada (d); 16. Gancho subacicular 
bidentado (e). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


52 


MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


| 
| | 


23 


22 


am 0,035 mm 


Fig. 17-24. Palola esbelta sp. n. 17. Regiäo anterior, vista dorsal (a); 18. Regiäo 
posterior, vista dorsal (a); 19. Maxilas (b); 20. Mandibulas (b); 21. Parapódio anterior (c); 
22. Parapódio posterior (c); 23. Cerda composta bidentada (d); 24. Cerda simples (d). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


Anelideos poliquetos associados a... 53 


ar 1 0,040mn 


Fig. 25-33. Lumbrineris albifrons CROSSLAND, 1924. 25. Região anterior, vista 
dorsal (a); 26. Região posterior, vista dorsal (a); 27. Maxilas (b); 28. Mandíbulas (b); 29. 
Parapodio mediano (c); 30. Cerda limbada, vista lateral (d); 31. Cerda limbada, vista de 
frente (d); 32. Gancho encapuzado (d); 33. Gancho composto encapuzado (d). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


54 


Fig. 34-38. Oenone diphyllidia SCHMARDA, 1861. 34. Região anterior, vista dorsal 


(a); 35. Mandibulas, vista dorsal (b); 36. Mandibulas, vista ventral (b); 37. Maxilas (b); 
38. Parapódio mediano (c). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):33-54, 30 nov 1981 


MORGADO, E.H. & AMARAL, A.C.Z. 


Descrição de uma nova espécie de Discocyrtus HOLMBERG, 1878 
do Estado do Rio Grande do Sul (Opiliones, Gonyleptidae, Pa- 
chylinae).* 


Maria Lúcia R. Tavares** 
RESUMO 


Uma nova espécie de Gonyleptidae, Discocyrtus lisei (Arachnida, Opiliones) é des- 
crita para Fortaleza dos Aparados, Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Esta es- 
pécie é ilustrada e apresenta-se neste trabalho, a morfologia da genitália do exemplar 
macho. 


ABSTRACT 


A new species of Gonyleptidae, Discocyrtus lisei (Arachnida, Opiliones) is described 
from Fortaleza dos Aparados, Cambara do Sul, Rio Grande do Sul State, Brazil. This 
species is illustrated and in this article it is shown the genitalia morfology of male spe- 
cimen. 


INTRODUÇÃO 


Segundo SOARES & SOARES (1954) já foram descritas para o 
gênero Discocyrtus HOLMBERG, 1878, setenta e oito espécies, das 
quais apenas quatro para o Rio Grande do Sul (RS). 


SOARES, H. (1966) cita Discocyrtus calcarifer ROEWER, 1916 
até então conhecida para o Estado de São Paulo (Santos), como inédita _ 
para o RS. 


Em decorrência do estudo dos exemplares da coleção do Museu de 
Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e do 
exame dos tipos de Discocyrtus HOLMBERG, 1878 pertencentes a 
coleção do Museu da Universidade de São Paulo, verificou-se a existên- 
cia de uma espécie que não pode ser identificada com as já conhecidas, a. 
qual está sendo descrita como nova. Apresenta esta espécie carácteris- 
ticas diferenciais bem acentuadas, destacando-se facilmente das: setenta 
e oito já conhecidas. 


* Aceito para publicação em 05.1.1981. Contribuição FZB nº 198 


** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq Proc. 
10.10153/76) no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul 
(MCN), Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981 


56 TAVARES, M.L.R. 
MATERIAL E MÉTODOS 


Os exemplares examinados estão depositados na coleção do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 


As medidas foram aferidas usando-se um microscópio estereoscópico Olympus SII 
com ocular micrométrica e são expressas em milimetros. 


As medidas do corpo e dos apêndices foram tomadas sempre em vista dorsal. O 
comprimento do corpo é expresso a partir da porção mediana da borda anterior do ce- 
falotórax até a porção distal do abdômen. As medidas de largura sempre expressam a lar- 
gura máxima. 


Para estudo de genitália utilizou-se a técnica exposta em TAVARES (1980). 


As ilustrações foram feitas por Rejane Rosa, desenhista do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


Ordem — OPILIONES 

Familia: GONYLEPTIDAE 

Subfamília: PACHYLINAE 

Gênero: Discocyrtus HOLMBERG, 1878 


Discocyrtus lisei sp. n. 


Material tipo: Holótipo é, MCN 0043, Fortaleza dos Aparados, Cambará 
do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, 09.1.1976, A. Lise leg.. Parátipo 9, MCN 0467, mes- 
mos dados do Holótipo. 


Localidade tipo: Fortaleza dos Aparados, Cambará do Sul, Rio Grande do 
Sul, Brasil. 


Etmologia: A espécie descrita é dedicada ao Prof. Dr. Amo Antonio Du 
orientador dos nossos trabalhos de pesquisa ecoletor dos especimes. 


DESCRIÇÃO DO MACHO 
(Fig. 1-7) 


Comprimento do corpo: da borda anterior à borda 
posterior da área V 5,28; da borda anterior do cefalotórax à borda pos- 
terior do opérculo anal 5,78; largura do cefalotórax 2,58; comprimento 
do cefalotórax 2,09; largura do abdômen 9,84; largura do escudo dorsal 
6,42. 


Face dorsal: borda anterior do cefalotórax com uma fila de 
grânulos piliferos e com uma pequena elevação mediana lisa entre as 
queliceras. Cefalotórax bastante granuloso. Cômoro ocular alto, com 
grânulos na base e com Z robustos espinhos dispostos em forma de V 
aberto (fig. 4). Areas I, II, III e IV com granulação densa e irregular. 
Areas V e tergitos livres I, II e III com fila irregular de grossos grä- 
nulos intercalados por outros menores, alguns destes piliferos. Áreas 
laterais irregularmente granulosas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981 


Descrição de uma nova espécie... 57 


Face ventral: opérculo anal e esternitos livres com uma fila 
de grânulos piliferos. Operculo genital pequeno, mais ou menos arredon- 
dado com pequenos grânulos piliferos. Anca I a III granulosas com 
filas de grânulos piliferos. 


Queliceras: pequenas. No ápice do 2º segmento junto aos 
dedos um tufo de longos pêlos. Dentes nos dedos como na fig. 5. 


Palpos: trocänteres com 2 grânulos piliferos ventrais, sendo o 
interno maior que o externo. Fêmures com 1 espinho basal ventral e 1 
espinho apical interno. Tibias com 4/4 e tarsos com 3 internos e 4 exter- 
nos (Fig. 2-3). 


Pernas: os artículos com filas de grânulos piliferos. Fêmures I 
a III sub-retos. Anca IV muito desenvolvida, excedendo excessivamente 
o escudo dorsal e com grânulos piliferos em toda a sua extensão (Fig. 6). 
Apresenta uma robusta apófise apical externa dirigida para baixo e para 
trás com um tubérculo na base e outro no terço apical e uma apófise 
apical interna dirigida para fora com um tubérculo na base. Trocânter 
IV com uma longa apófise basal interna dirigida para frente. Trocânteres 
longos e com grossos grânulos que se encontram mais concentrados na 
região apical dorsal e uniformemente distribuidos na região ventral. 
Fêmur IV curvo com uma longa apófise basal interna dirigida para trás 
e com uma fila longitudinal de longos espinhos, sendo os da base 
maiores e com filas de grânulos piliferos (Fig. 7). Ventralmente, com 
apófise basal dirigida para dentro. Patela IV globosa com grossos 
grânulos piliferos. Tibia IV com filas longitudinais de grânulos piliferos. 


Articulos tarsais: 6/10/7/7 


Medidas dos apêndices: 


Trocânter 
Fêmur 
Patela 
Tibia 
Metatarso 
Tarso 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):55-61,30 nov 1981 


58 TAVARES, M.L.R. 


Queliceras: 1º segmento 0,82; 2º segmento 1,25 (os dedos não incluí- 
dos).; total 2,07. 


Colorido: castanho claro. Queliceras e pernas amarelas re- 
ticuladas de negro. 


Genitália: pênis com o comprimento de 2,8 (Fig. 8-10). 


DESCRIÇÃO DA FEMEA 
(Fig. 11) 


Comprimento do corpo: da borda anterior do cefa- 
lotórax à borda posterior da área V 5,78; da borda anterior do cefalo- 
tórax à borda posterior do opérculo anal 6,02; comprimento do cefalo- 
tórax 2,09; largura do cefalotórax 2,82 e largura do abdômen 6,27. 


PE RNA: IV: anca granulosa com espinho apical externo e 1 espinho 
interno. Trocanter densamente garnuloso. Fêmur granuloso com uma fila de 
pequenos espinhos. Na porção apical, 3 espinhos sendo o interno bem de- 
senvolvido. Patela globosa e granulosa. 


Assemelha-se ao macho pelo cefalotórax densamente granuloso, pelo 
cômoro ocular alto com 2 robustos espinhos dispostos em forma de V e pelo 
escudo dorsal com numerosos grânulos piliferos irregularmente distri- 
buidos. 


Artıculos tarsais: 6/10 e 11/7/7. 
Medidas dos apêndices: 


Pernas 


II 


Trocanter 

Fêmur 1,23 
Patela 0,86 
Tíbia 1,10 
Metatarso E 


Tarso 


14,48 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981 


Descrição de uma nova espécie... 59 


Queliceras: 1° segmento 0,70; 2° segmento 1,15 (os dedos näo estäo in- 
cluidos); total 1,85. 


DISCUSSÃO TAXONÔMICA 


A espécie em questão aproxima-se mais de Discocyrtus antiguus 
SOARES, 1946 de São Paulo (Franca) pela forma e tamanho da anca IV 
que excede excessivamente o escudo dorsal, diferindo pelo tamanho do 
trocanter IV, pela armação do cômoro ocular, pela ausência da dupla 
serie inferior de denticulos formando serrilha no fêmur e tíbia IV e pela 
ausência de espinho apical dorsal na porção proximal do quarto apical do 
fêmur IV. 


AGRADECIMENTOS 


Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico 
(CNPq) pela bolsa concedida; ao Prof. Dr. Arno Antonio Lise pela orientação durante o 
desenvolvimento da bolsa; ao Dr. Benedicto Soares e Dra. Hélia Soares pelos ensinamen- 
tos e pela oportunidade de examinar os exemplares tipos. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


SOARES, B. 1946. Opiliões do Departamento de Zoologia. Arqgs. Zool. Est. S. Paulo, 
São Paulo, 4 (13):485-534. 


SOARES, B.A.M. & SOARES, H.E.M. 1954. Monografia dos gêneros de opiliões 
neotropicos. Args. Zool. Est. S. Paulo, São Paulo, 8 (9):225-302. 


SOARES, H.E.M. 1966. Opiliöes pertencentes à coleção Eugênio W. Grumann (Opi- 
liones: Cosmetidae, Gonyleptidae). Papéis Dep. Zool. S. Paulo, São Paulo, 18 
(12):118-23. 


TAVARES, M.L. 1980. Novas ocorrências de opiliões no Rio Grande do Sul e descrição 
da fêmea de Melloleitaniana riodariensis SOARES & SOARES, 1945, (ARA- 
CHNIDA - OPILIONES - GONYLEPTIDAE). Theringia. Sér. Zool., Porto Alegre 
(55):155-9. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60)55-61, 30 nov 1981 


60 TAVARES, M.L.R. 


WWT 


Fig. 1-7: Discocyrtus lisei sp. n.: 1. Holótipo macho (0043 MCN); 2: palpo (vista 
interna); 3. palpo (vista externa); 4. cômoro ocular; 5. queliceras; 6. anca e trocanter IV; 
7. fêmur e patela IV. : 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981 


Descrição de uma nova espécie... 61 


Fig. 8-11: Discocyrtus lisei sp. n.: 8-10 genitália do macho: 8. vista ventral; 9. vista 
dorsal; 10. vista lateral: 11. exemplar fêmea (0467 MCN). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):55-61, 30 nov 1981 


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Corbicula manilensis, (PHILIPPI, 1844) molusco asiático, na 
bacia do Jacuí e do Guaiba, Rio Grande do Sul, Brasil (Bivalvia, 
Corbiculidae)* 


Inga Ludmila Veitenheimer-Mendes** 


RESUMO 


Registra-se a introdução nas bacias hidrográficas do Jacuí e Guaiba, Rio Grande do 
Sul, do bivalve asiático Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844). 


Com base nas prováveis idades dos espécimes estudados, conclui-se que a referida 
espécie tenha sido introduzida no início da década de 1970. Comenta-se sobre os pro- 
blemas que podem advir em consegü£ncia do estabelecimento e dispersão deste molusco em 


nosso meio. 
ABSTRACT 


This paper records the introduction of asiatic clam Corbicula manilensis (PHILIP- 
PI, 1844) into the hydrographic basins of Jacui and Guaiba, Rio Grande do Sul State, 
Brazil. 


Based on the most likely ages of the specimens collected, the species seems to have - 
been introduced in the beginning of the seventies. The consequences of this introduction 
and dispersion of the clam are discussed. 


INTRODUÇÃO 


Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844), espécie nativa da Ásia 
Oriental, foi registrada pela primeira vez para a América em 1938 para o 
Rio Columbia, no estado de Washington, Estados Unidos da América 
(EUA) (DUNDEE & DUNDEE, 1958; SINCLAIR & ISOM, 1963; 
SCHNEIDER, 1967; CLENCH, 1970; SINCLAIR, 1970). 


Diversos autores têm especulado sobre o modo de introdução e de 
dispersão deste corbiculideo nos EUA. SINCLAIR & INGRAM (1961) 
incriminam, como via de introdução, os conteúdos de aquários, trazidos 
do exterior como raridades pelos aficcionados deste hobby. Tais con- 


* Aceito para publicação em 05.1.1981. Contribuição FZB nº 199. 


** Pesquisadora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Cx. Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Bolsista do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 30.6082/76). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


64 VEITENHEIMER-MENDES, I.L. 


teúdos, mais tarde, ao serem jogados fora teriam contaminado acidental- 
mente os mananciais aquáticos. SINCLAIR (1971) afirma que o homem 
trouxe deliberadamente C. manilensis da Asia para a America do Norte. 
DUNDEE & HARMAN (1963) comentam que em menos de 25 anos este 
bivalve asiático, bentônico, dispersou-se por quase todo o território nor- 
te-americano. INGRAM et alii (1964) acreditam que o cascalho resultan- 
to da dragagem de rios e carregado em barcos por centenas de milhas, 
tenha sido um dos meios de dispersão de C. manilensis no território nor- 
te-americano. CLENCH (1970), comenta que a rápida disseminação des- 
te bivalve no território norte-americano é a única na história da disper- 
são de moluscos de água doce nos EUA. CLENCH, ainda, acredita que 
estes pequenos bivalves dulciaquicolas tenham passado, conduzidos 
através do trato digestivo de aves aquáticas, em condições viáveis, de 
um sistema aquático para outro. SICKEL (1973) comenta que um único 
adulto fértil pode produzir descendência suficiente para estabelecer uma 
população que, através das larvas do tipo véliger, pode povoar manan- 
ciais aquáticos. INGRAM et alii (1964) e RINNE (1974) atribuem a dis- 
persão deste molusco ao homem, isto é, aos turistas, pescadores e 
aquaristas. 


Quanto aos aspectos negativos e positivos que a introdução deste 
molusco: possa resultar, ha diversas referências. DUNDEE & DUNDEE 
(1958) afirmam ser este bivalve uma praga em áreas onde é necessária a 
irrigação, sendo que SINCLAIR & INGRAM (1961) citam este molusco 
como prejudicial ao fornecimento de água potável. INGRAM (1959) afir- 
ma que com o desenvolvimento dos sistemas de irrigação e do forne- 
cimento de água potável, o bivalve asiático é visto, na California (EUA), 
como uma peste em potencial, uma continua ameaça pelos encarregados 
da manutenção de projetos de água. METCALF (1966) indica C. 
manilensis como economicamente negativa em virtude dos espécimes 
provocarem a obstrução de canos que servem para o abastecimento de 
água, e na exploração de cascalho para o uso na construção civil, pois 
este material, contendo corbiculideos, prejudica o concreto fresco, em 
virtude das perfurações que os moluscos provocam no mesmo. SIN- 
CLAIR (1971) afirma que C. manilensis, na sua terra nativa, é hos- 
pedeiro intermediário de trematódeos Echinostome, sendo que esse 
bivalve quando ingerido cru ou parcialmente cozido pode provocar a 
equinostomose. SINCLAIR (apud RINNE, 1974) diz que C. manilensis 
seria, dentre os moluscos exóticos dos EUA a espécie mais perigosa, 
GARDNER et alii (1976) e RODGERS et alii (1977) comentam que a in- 
vasão de um ambiente por Corbicula MEGERLE, 1811 é acompanhada 
por um drástico declínio na população dos outros bivalves. 


Quanto aos aspectos positivos, VILLADOLID & DEL ROSARIO 
(1939) afirmam que C. manilensis tem um grande valor econômico para 
os habitantes das regiões de Laguna de Bay (Filipinas), sendo ampla- 
mente utilizada na alimentação de patos domésticos e também como 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


Corbicula manilensis... , 65 


alimento pelos nativos, principalmente pela classe operária. Em algumas 
regiões de Laguna de Bay as conchas são utilizadas na indústria do cal 
comercial. METCALF (1966) cita o uso de C. manilensis na alimentação 
humana e de animais domésticos e também como isca para peixes. 
BRITTON & MURPHY (1977) encontraram especies de Corbicula no es- 
tômago de peixes. TAYLOR & COUNTD (1977), baseados no trabalho de 
LOWERY, sobre mamiferos da Lousiana (EUA), observam que C. 
manilensis é um dos elementos componentes da dieta alimentar do 
quati. BURCH (1978) encontrou C. manilensis sendo vendida viva, 
para fins de alimentação humana, em mercado-livre no Havai. 


No presente trabalho registra-se, pela primeira vez, não só para o 
Estado do Rio Grande do Sul, mas para o Brasil e provavelmente para a 
América Latina, a ocorrência de C. manilensis, para as bacias hidro- 
gráficas do Jacuí e do Guaiba. 


MATERIAL E METODOS 


Exame do material incluido na coleção malacológica do Museu de Ciências Naturais 
da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN), e de material recebido para iden- 
tificação do Departamento Municipal de Aguas e Esgotos, Porto Alegre (DMAE). 


Os exemplares do lote MCN 8242 foram identificados pelo Dr. Juan Jose Parodiz, 
do Carnegie Museum of Natural History, Pittsburgh, Pennsylvania, Estados Unidos da 
América. 


Para a determinação das prováveis idades dos diferentes exemplares de C. manilen- 
sis utilizou-se a tabela de idades apresentada por GARDNER et alii (1976). 


Todo o material utilizado para o presente trabalho encontra-se depositado na coleção 
de Malacologia do MCN. 


RESULTADOS 


Através do primeiro registro que se tem de C. manilensis para a 
bacia do Guaiba, e pela provável idade deste exemplar e dos demais 
coletados a partir de junho de 1978 (Tabela) nas bacias do Jacui e do 
Guaiba, pode-se deduzir que essa espécie de bivalve tenha sido intro- 
duzida em nosso meio no início da decada de 1970. 


Observando-se a Fig. 1, deduz-se que C. manilensis adaptou-se 
perfeitamente ao seu novo habitat, encontrando-se espalhada ao longo 
do Guaiba e Delta do Jacuí. Registro recente (MCN 6208) indica a dis- 
persão de.C. manilensis ao rio Gravatai (bacia do Jacuí). Esse bivalve 
pode ser encontrado tanto nas margens, como em profundidades que 
variam de 6m (MCN 6105) a 13,8m (MCN 6201). 


Distingue-se facilmente C. manilensis de Neocorbicula limosa 
(MATON, 1809), espécie nativa e incluida na mesma família, pela 
presença, naquela, de esculturações em forma de pregas, que acompa- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


66 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


nham as linhas de crescimento das valves, e pela ausência do sinus 
paleal (Fig. 2). Além desses dois característicos, o bivalve asiático atin- 
ge tamanhos relativamente maiores, e apresenta maior resistência quan- 
do trazido para laboratório e mantido em aquário. 


COMENTÁRIOS 


Com o registro de C. manilensis para as bacias do Guaiba e do 
Jacuí, Rio Grande do Sul fica uma interrogação sobre como teria che- 
gado este bivalve asiático até aqui. Possivelmente tenha sido trazido dos 
EUA, através do homem ou de aves migratórias, tal como relatam 
CLENCH (1970) e RINNE (1974). 


Nos EUA, C. manilensis adaptou-se perfeitamente aos novos am- 
bientes conquistados, chegando a competir com os demais bivalves 
nativos, tal como relatam GARDNER et alii, 1976 e RODGERS et alii, 
1977. Através de coletas realizadas no periodo de 1978/80, observa-se 
que este bivalve conseguiu dispersar-se ao longo de toda a bacia do 
Guaiba, no Delta do Jacuí, e já penetrou no rio Gravatai, tendo sido en- 
contrado tanto em locais com correnteza, como em locais abrigados, tan- 
to em pequenas como em grandes profundidades. Provavelmente C. 
manilensis estã competindo: com os demais bivalves autóctones, prin- 
cipalmente N. limosa, quanto à ocupação de espaço e à alimentação. 
Trata-se de uma espécie que apresenta um grande grau de tolerância às 
variações ambientais (GARDNER et alii, 1976), a periodos de seca, e a 
cursos d'água aparentemente poluidos (JENKINSON, 1979), o que não 
ocorre com a nossa N. limosa. 


Deve-se ficar alerta para os aspectos negativos que podem advir com 
a introdução desse molusco alienigena, pois, tal como nos EUA, poderá 
também aqui criar problemas, principalmente ao sistema de abasteci- 
mento de água. Tal prejuizo é causado em virtude da larva véliger in- 
troduzir-se, atingir a forma adulta e reproduzir-se nas tubulações causando a 
redução de fluxo e até obstruções. Cabe aqui mencionar a captação de água 
no Guaiba pelo DMAE para fins de tratamento e posterior consumo humano 
por parte da população de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Caso esse bival- 
ve asiático venha a instalar-se em águas utilizadas por hidrelétricas, poderá 
introduzir-se na tubulação de captação e mesmo nos condensadores de 
vapor, tal como relata MCMAHON (1977), causando posteriores pro- 
blemas. Além disso, cumpre mencionar que na preparação de concreto 
para uso na Grande Porto Alegre ha utilização de agregados (cascalho e 
areia) provenientes das bacias do Guaiba e do Jacui, podendo ocorrer os 
prejuizos citados por METCALF (1966). 


Sempre que um organismo conquista novos espaços, deve-se acom- 
panhar essa ocupação com observações e estudos, a fim de als os 
reflexos de sua presença no novo meio. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


Corbicula manilensis... 67 


AGRADECIMENTOS 


Ao Dr. Juan Jose Parodiz, do Carnegie Museum of Natural History, pela identi- 
ficação de exemplares de Corbicula manilensis. À geógrafa Helena Melo pelo cálculo da 
escala do mapa apresentado no trabalho. À desenhista Rejane Rosa pela arte final do 
mapa. Ao colega Arno Lise pela fotografia incluída no trabalho. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


BRITTON, J.C. & MURPHY, C.E. 1977. New records and ecological notes for Cor- 
bicula manilensis in Texas. Nautilus, Philadelphia, 91 (1):20-3. 


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DUNDEE, D.S. & HARMAN, W.J. 1963. Corbicula fluminea (MULLER) in Lousiana. 
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GARDNER, J.A.; WOODALL, W.R.; STAATS, A.A.; NAPOLI, J.F. 1976. The in- 
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INGRAM, W.M. 1959. Asiatic clams as potential pests in California water supplies. 
J.Am. Wat. Wks Ass., Baltimore, 51 (3):367-70. 


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JENKINSON, J.J. 1979. The ocurrence an spread of Corbicula manilenlis in Eats-Central 
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Mexico. Nautilus, Philadelphia, 80 (1):16-20. 

RINNE, J.N. 1974. The introduced asiatic clam, Corbicula, in Central Arizona Resc”- 
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RODGERS, J.H.; CHERRY, D.S.; CLARK, J.R.; DICKSON, K.L.; CAIRNS, J. 1977. 
The invasion of asiatic clam, Corbicula manilensis, in the New River, Virginia. 
Nautilus, Philadelphia, 91 (2):43-6. 


SCHNEIDER, R.F. 1967. Range of the asiatic clam in Florida. Nautilus,Philadelphia, 
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SINCLAIR, R.M. 1971. Annotated bibliography on the exotic bivalve Corbicula in Nor- 
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VILLADOLID, D.V. & DEL ROSARIO, F.G. 1939. Some studies on the biology of 
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Corbicula manilensis... 69 


Rio Gravatai 
MCN 6106 e 6262 


MCN 5962 A qi 7 
d 


MCN 6137,5727 e 6201 


eé— N — MCN 8050, 8242, e 6200 
Ar. “dera 


MCN 8154,6105 


Ir = 
rop, 
% 
MCN 8118 ——- 
er‘) 
o 
MCN 7093 
MCN 6130 
@ ——-MCN 8214,6219 e 6225 
D MCN 6226 
Cc 
o 
Cs I) 
[02 MCN 6224 


A °+-MCN 6310 


? A—MCN 8096, 
8216 e 622 


Lagoa dos Patos 


3 3 6 9Km 


Fig. 1: Mapa do Delta do Jacui e rio Guaiba, Rio Grande do Sul, indicanao vs 
locais de procedência dos lotes de Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) in- 
cluidos na coleção malacológica do Museu de Ciências Naturais “da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


70 VEITEINHEIMER-MENDES, I.L. 


FIG. 2 


2cm 


Fig. 2: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844), MCN 8050: vista externa e interna 
da valve direita e esquerda, respectivamente. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


Corbicula manilensis... 71 


Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do 
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluidas na coleção do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 


Lote MCN Data coleta Local coleta comprimento altura idade provável 
(mm) (mm) (em anos) 
5727 — V1.1978 Em frente Ponta Cadeia, 29 23 4 
rio Guaiba. 
5962 18.1.1979 Ilha da Pintada, Delta 21 18 
; Jacuí. 
6219 25.1.1979 Propriedade Breno Caldas, 
rio Guaiba. 28 22 3 
29 23 4 
31 25 > 4 
32 29 = 4 
7093 08.11.1979 Belém Novo, rio Guaíba. 29 25 4 
8050 06.VIII.1979 Em frente ETA*José L. da 35 29 > 4 
Silva, rio Guaíba. 
8096 28.VIII.1979 Praia da Pedreira, rio 
Guaíba. 05 04 1 
07 06 1 
07 06 1 
11 09 1 
22 19 3 
8118 25.1X.1979 Praia Florida, rio Guaíba. 24 19 3 
29 22 4 
32 27. > 4 
8154 04.X11.1979 Em frente ao arroio Ca- 
valhada, rio Guaiba. 25 20 3 
28 24 3 
30 25 4 
31 26 > 4 
33 27 = 4 
35 28 = 4 
36 30 = é 
38 34 = 4 
8214 23.1.1980 Saco do Arado, rio 
Guaiba. 37 30 > 4 
8216 23.1.1980 Praia da Pedreira, rio 
Guaiba. 11 10 1 
8242 20.11.1980 Em frente ETA*José L. da 
Silva, rio Guaiba. 25 20 3 
28 24 3 
31 27 =! 
31 24 > 4 
32 25 > 4 
32 26 = 4 
32 25 = 4 
32 25 = 4 
33 26 = (| 
33 26 = 4 
10 09 1 
10 09 1 
q 10 1 
11 11 1 
12 1h 1 
12 1 1 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74; 30 nov 1981 


VEITENHEIMER-MENDES, I.L. 


1 
[no] 


Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do 
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul (MCN). 


O ee ee EEE 


LoteMCN Local coleta comprimento altura idade provavel 
(mm) (mm) (em anos) 
De << << — SS = nn 

12 11 1 
13 11 1 
13 11 1 
16 14 2 
16 14 2 
17 15 2 
17 15 2 
17 15 2 
18 14 2 
18 17 2 

19 16 Bj” 
‘20 20 3 
20 17 3 
20 18 3 
20 17 3 
21 18 3 
21 17 3 
23 18 3 
24 21 3 
24 21 3 
24 19 3 
24 19 3 
25 20 3 
25 20 3 
25 22 3 
26 22 3 
26 23 3 
26 23 3 
27 22 3 
27 23 3 
34 26 =4 

6224 17.X.1980 Praia de Itapuã, rio 

Guaiba. 11 10 1 
13 11 1 
14 11 2 
14 11 2 
14 13 2 
14 12 2 
14 12 2 
15 13 2 
16 12 2 
16 12 2 
16 12 2 
17 12 2 
17 13 2 
18 14 2 
20 15 3 
23 19 3 
25 12 3 
29 23 4 
29 23 4 
31 27 —=4 
6226 17.X.1980 Saco do Lami, rio Guaiba. 12 10° 1 
14 11 2 
33 26 >4 
33 26 = 4 
33 26 = 4 
34 27 = 4 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


Corbicula manilensis... 73 


Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do 
Jacuí, Rio Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotänica do Rio Grande do Sul (MCN). 


Lote MC Local coleta comprimento altura idade provável 
(mm) (mm) (em anos) 
34 27 = 4 
34 26 > 4 
34 25 >= 4 
34 27 = 4 
35 25 >= 4 
35 28 = 4 
35 27 = 4 
35 28 = (! 
35 28 >4 
36 30 >4 
36 30 = 4 
36 30 >= 4 
36 28 = (| 
37 28 = 4 
38 28 = 4 
39 30 = 4 
6106 22.V.1980 Ilha do Paväo, Delta 
Jacui. 24 24 3 
6105 25.V.1980 Em frente ao arroio Ca- 
valhada, rio Guaíba. 30 24 4 
33 26 = 4 
6137 28.V.1980 Em frente à Ponta da 
Cadeia, rio Guaiba. 34 27. = 4 
35 28 = 4 
36 28 =4 
6130 16.VII.1980 Belém Novo, rio Guaiba. 25 19 3 
31 26 =4 
6262 04.VIII.1980 Ilha do Pavão, Delta 
Jacuí. 17 13 2 
6201 20.VIII.1980 Em frente à Ponta da 
Cadeia, ric Guaiba. 26 20 3 
27 22 3 
6200 20.VIII.1980 Em frente ETA*José L. da 
Silva, rio Guaiba. 27 22 3 
31 25 >4 
32 28 >4 
35 29 =4 
6208 29.VIII.1980 Rio Gravatai. 10 08 1 
6225 17.X.1980 Saco do Arado, rio 
Guaiba. 18 16 92 
19 15 3 
20 17 3 
21 17 3 
25 26 3 
25 20 3 
27 20 3 
30 23 4 
33 28 >4 
35 28 =4 
35 30 =4 
37 30 =4 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


74 VEITEINHEIMER-MENDES, IL. 


Tabela: Corbicula manilensis (PHILIPPI, 1844) ocorrentes na bacia do Guaiba e do Jacui, Rio 
Grande do Sul, Brasil e incluídas na coleção do Museu de Ciências Naturais da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). 


Lote MCN Local coleta comprimento idade provável 
(mm) (em anos) 
6227 17.X.1980 Praia da Pedreira, rio 
Guaiba. 09 07 1 
10 10 1 
10 09 1 
16 13 2 
16 13 2 
16 13 2 
17 12 2 
18 14 2 
18 13 2 
18 15 2 
19 16 2 
27 21 3 
31 27 =4 
6310 21.XI.1980 Porto das Pombas, rio 
Guaiba. 21 17 3 
! 26 21 3 
30 24 4 
33 25 =4 
38 32 =4 


* Estação de Tratamento de Água. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):63-74, 30 nov 1981 


Contribuição ao estudo dos Veronicellidae (Gastropoda, Mollusca): 
nova espécie do gênero Angustipes COLOSI, 1922.* 


José Willibaldo Thomé** 


RESUMO 


Uma nova espécie de Veronicellidae (Mollusca) é proposta sob a denominação de 
Angustipes missionis sp.n., com descrição morfo-anatômica caracterizante, baseada em 
espécime da coleção do ‘‘Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia”, 
Buenos Aires e proveniente de Misiones, Argentina. 


ABSTRACT 


A new species of Veronicellidae (Mollusca) is described, with the name Angustipes 
missionis sp.n., upon a specimen in the collection of the “Museo Argentino de Ciencias, 
Naturales Bernardino Rivadavia”, Buenos Aires and proceeding from Misiones, Argen- 
tina. 


INTRODUÇÃO 


Estudando uma pequena coleção de material recebida do ''Museo 
Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia” (MACNBR), de 
Buenos Aires, deparei com um lote constituido de um espécime maduro, 
que após cuidadoso exame, proponho como espécie nova. 


O gênero Angustipes COLOSI, 1922, consoante caracterização 
proposta por THOME (1975), conta com seis espécies: A. ameghini 
(GAMBETTA, 1923), 4. difficilis (COLOSI, 1921), 4. morii (COLOSI, 
1921), 4. paraguensis (SIMROTH, 1893, 1914), 4. robustus (COLOSI, 
1921) e 4. tarsiai (COIFMANN, 1934). Destas, apenas o tipo de 4. 
“ameghini foi encontrado, achando-se danificado a ponto de não permitir 
a recaracterização com segurança (THOME, 1970). Nas descrições 
originais das espécies acima citadas, não constam todas as caracteri- 
zações necessárias a uma boa identificação. Contudo, as ilustrações que 
as acompanham e os dados disponíveis permitiram verificar que o es- 


* Aceito para publicação em 18.V.1981. Contribuição FZB nº 219. 


** Presidente da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Caixa Postal, 1188, Porto Alegre- 
RS, Brasil) e Professor Titular de Zoologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande 
do Sul (PUC-RS); Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
(CNPq, Processo 30.1590/79). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981 


76 THOME, J.W. 


pécime em exame, não pode ser identificado com nenhuma das seis es- 
pecies anteriormente propostas. Está em preparo uma revisão do gênero, 
dependendo ainda da coleta de material em maior abundância, especial- 
mente proveniente das localidades tipicas das descrições originais. 


O nome proposto para a presente espécie é uma referência ao local 
de origem do espécime. 


Angustipes missionissp.n. 


Diagnose: Uma espécie do gênero Angustipes com glândula pe- 
diosa estreita, alongada, delgada, destacando-se a zona interna ama- 
relada em todo seu comprimento e a zona externa esbranquiçada muito 
irregular em sua largura, faltando na região distal. A zona amarela, na 
região distal, apresenta certo fendilhamento longitudinal mediano (Fig. 
4); com pênis de soquete cilíndrico, alargado para a região distal, 
apresentando nervuras grossas semicirculares e uma glande claviforme, 
algo alongada, assentada obliquamente e concrescida com o soquete, 
projetando sobre o mesmo uma curta aba laminar saliente. Abertura do 
deferente distal, terminal (Fig. 7-8). 


Descrição: 1. Morfologia externa (espécime fixado) (Fig. 1-3). 


Animal pequeno, curvado sobre a sola, perinotos marcantes, finos; 
sola clara, sem linha mediana; poro genital feminino atrás da metade do 
comprimento e próximo ao perinoto. Anus semicircular, estendendo-se 
levemente para a direita da linha mediana, totalmente encoberto pela 
sola do pé. (Espécime totalmente descolorido, esbranquiçado). 


2. Morfologia interna (Fig. 4-8) 


Alça intestinal anterior recoberta por um lóbulo da glândula diges- 
tiva. 


Reto penetrando no tegumento bem junto e acima do oviduto (Fig. 
5). 


Nervos pediosos juntos, paralelos, em toda a extensão. Algo en- 
cobertos pelo tegumento. (Pequena porção da região anterior danificada 
por dissecação anterior, não observável o encontro com a aorta — com- 
primento desde a ponta da glândula pediosa até atrás: 20mm; dai para 
frente, danificados). 


Glândula pediosa estreita, alongada, delgada, com pequena cur- 
vatura para a esquerda bem junto a região proximal, seguida de cur- 
vatura mais forte e ampla para a direita. As duas zonas bem delimi- 
tadas: a amarela interna destacando-se em toda extensão da glândula e 
apresentando um fendilhamento curto, longitudinal, mediano, próximo a 
extremidade distal; a zona clara, na borda direita, desde a extremidade 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79,30 nov 1981 


| 
Contribuição ao estudo dos... 77 


proximai até perto da distal e , na borda esquerda, faltando nas duas 
extremidades. Ambas as zonas de largura irregular, ao longo da glän- 
dula. Abertura da glândula reta, em fenda. (Comprimento da glândula 
em posição natural: 10mm, distendida: 13mm e largura máxima: 1,1mm) 
(Fig. 4). 


Espermateca globulosa, pequena, séssil, recebe o ducto de ligação 
quase axilarmente junto ao tegumento. O ducto de ligação é curtissimo e 
levemente sinuoso, bem assim o deferente médio, que penetra no te- 
gumento entre a espermateca e o oviduto e este recebe a espermateca 
dentro do tegumento. Não ocorre bolsa cessória (Fig. 5). 


Glândula penial com papila média, acuminada, de 1,8mm de com- 
primento por 1,2mm de diâmetro na base. Os túbulos em número de 20, 
uniformes (um interno, levemente mais curto e claro), serpenteantes na 
base, onde se acham enfeixados por larga e grossa membrana. Apresen- 
tam diâmetro uniforme de até 0,4mm e comprimento até 4mm (Fig. 6). 


Pênis pequeno, com soquete cilindrico, que apresenta nervuras ou 
rugas circulares numa face e é liso na outra, alargado na região distal, 
onde se continua numa glande claviforme, algo alongada, em sentido 
obliquo em relação ao eixo do soquete e em ângulo aberto para a face 
rugosa do mesmo. A glande tem as bordas algo achatadas e na base 
concrescidas com o soquete, formando curtas nervuras. Na borda 
proximal da glande, face superior, ha um leve prolongamento sob forma 
de aba delgada, recortada, projetada sobre o soquete. A ponta da glande 
não é lisa e a abertura do deferente é distal, sem lábios. (Soquete com 
Imm de comprimento e 0,8mm de diâmetro; glande com 3mm de com- 
primento e Imm de largura máxima) (Fig. 7-8). 


Material tipo: Holótipo MACNBR 26.508, rio Uruguai, à 20km de Puerto Bem- 
berg, Misiones, Argentina, —. 11.1951, J.A. Cranwell leg. 


Loalidade tipo: Puerto Bemberg, Misiones, Argentina. 


Observações: O espécime foi mal fixado e possui conservação 
precária. Já fora dissecado, com cortes longitudinais da frente para trás 
pelos dois hiponotos, o que é altamente prejudicial e resultou em da- 
nificação de diversos orgãos, permitindo contudo a caracterização com- 
pleta dentro dos critérios que estou adotando no estudo sistemático da 
familia. 


AGRADECIMENTOS 


Ao Prof. Hugo Irigoyen do 'Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Ri- 
vadavia” pelo empréstimo do material; à Srta. Rejane Rosa pelo acabamento dos desenhos e à 
minha esposa Clélia pelas fotos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981 


78 ; Í THOME, J.W. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


COIFMANN, I. 1934. Su una nuova specie de Vaginula Sud-Americana. Bollettino di 
Zoologia, Napoli, 5 (2):25-31. 

COLOSI, G. 1921. Diagnosi di Vaginulidi (Gasteropodi terrestri). Atti. Soc. ital. Sci. 
nat., Milano, 60:156-60. 


— |, 1922. Contributo alle conoscenza anatomica e sistematica dei Vaginulidi sud- 
americani. An. Mus. nac. Hist. Nat. B. Aires., Buenos Aires, 31:475-517. 


GAMBETTA, L. 1923. Alcuni Vaginulidi sud-americani. Boll. Musei. Zool. Anat. 
comp. R. Univ. Torino. Nova Serie, Torino, 38 (11):1-10. 


SIMROTH, H. 1893. Ueber eine Reihe von Vaginulaarten; Einen Nachtrag zu seinem 
Bericht ueber die Vaginuliden. Sber. naturf. Ges. Lpz., Leipzig, 17/18:58-73; 84-8. 


— |, 1914. Beitrag zur Kentniss der Nackschneken Columbiens. Zugleich.... Mém. Soc. 
neuchät. Sci. nat., Neuchâtel, 5:270-341, est. 11-4. 


THOME, J.W. 1970. Redescrição dos tipos de Veronicellidae (Mollusca, Gastropoda) 
neotropicais: V. Espécies depositadas no “Museo ed Istituto di Zoologia Sistematica 
della Universitá” de Turim, Itália. Iheringia. Ser. Zool., Porto Alegre (39):19-31. 


— . 1975. Os gêneros da familia Veronicellidae nas Americas (Mollusca; Gastropoda). 
Iheringia. Sér. Zool., Porto Alegre (48):3-56. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981 


Bonkzihuignolaofesiudoldon as vs 


Fig. 1-8. Angustipes missionis sp.n. Holótipo MACNBR 26.508: 1. vista dorsal; 2. 
vista ventral; 3. vista lateral direita; 4. glândula pediosa, aspecto dorsal, em posição 
natur>", 5. Órgãos genitais junto ao poro genital feminino, observando-se a espermateca 


séssil, a disposição do ducto de ligação e a posição do oviduto e do reto; 6. glândula 
penial; 7. pênis em vista lateral; 8. pênis em vista anterior. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):75-79, 30 nov 1981 


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Notas sobre la distribucion y ecologia de Limnomedusa macro- 
glossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) en Uruguay (Anura, Lep- 
todactylidae).* 


Eduardo Gudynas** 
Annelise Gehrau*** 


RESUMEN 


Se describe el biotopo y habitat ocupado por Limnomedusa macroglossa (DU- 
MERIL & BIBRON, 1841). Se la compara con otros Anuros del Uruguay, y se dan datos 
sobre su comportamiento. Se comenta la morfologia de la larva. El estudio de la distri- 
bución de la rana, en Uruguay, corrobora los datos ecológicos, sugiriendose que los suelos 
superficiales limitan su dispersión. Estos suelos están relacionados con el biotopo de 
serrania, proponiéndose que este constituya una unidad biogeográfica natural. 


RESUMO 


Descreve-se o biótopo ocupado por Limnomedusa macroglossa (DUMERIL & 
BIBRON, 1841). Compara-se com outros anuros do Uruguai, e são fornecidos dados sobre 
seu comportamento. Comenta-se a morfologia da larva. O estudo da distribuição da rã no 
Uruguai, corrobora os dados ecológicos, sugerindo-se que os solos superficiais limitam sua 
dispersão. Esses solos estão relacionados com o biótopo de serrania, propondo-se que este 
constitua uma unidade biogeográfica natural. 


INTRODUCCIÖON 


Limnomedusa macroglossa (DUMERIL & BIBRON, 1841) es un 
anfibio poco conocido, no existiendo estudios sobre su ecologia. Se des- 
tribuye por el Sur de Brasil, Noreste de Argentina y Uruguay. Unica- 
mente KLAPPENBACH (1969) la sefiala como poco acuática y presente 
en lugares pedregosos. 


Diversas razones hacen necesario un mejor conocimiento sobre la 
biologia de esta especie. No solo porque este género monotipico es con- 


* Aceito para publicação 08.V.1981. 


hd Coordinador, Programa de Investigacion Costera, del Departamento de Biologia, Centro 
Educativo Don Orione, Casilla de Correo 13125, Montevideo, Uruguay. 


*** Ayudante, Departamento de Zoologia-Vertebrados, Facultad de Humanidades y Ciencias, Av. 
Tristan Narvaja 1674, Montevideo. Uruguay. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


82 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


siderado como uno de los Leptodactylidae mas primitivos (LYNCH, 
1971), sino porque también permite evaluar la utilidad de eco-indicadores 
(ODUM, 1972) en estudios biogeogräficos. 


En la presente nota se describen por primera vez los biotopos y 
habitats ocupados por la rana de las piedras en Uruguay. Se discute su 
distribucion delimitândose preliminarmente una unidad biogeográfica. 
Ademaäs se analizan los datos ecológicos en el contexto de la biologia de 
los Anura, especialmente de Uruguay. 


MATERIAL Y METODOS 


Los datos sobre distribucion se basan en 152 individuos depositados en las colec- 
ciones del Departamento de Zoologia-Vertebrados, Facultad de Humanidades y Ciencias 
(ZVC-B), y del Museo Nacional de Historia Natural (MNHN). 


Materialexaminado 


Lo que sigue es una lista de localidades de colecta, por Departamento, según el 
material preservado. 


Artigas. Rio Cuareim, Potrerocio, ZVC-B 090, 826, 1106; Barra del Yacaré, ZVC-B 
09, 12; Barra del Yucutujá, ZVC-B 17; Los Catalanes (Estancia Becker). ZVC-B 127, 
1162; Arroyo Catalan Chico (Estancia C. Martinez), ZVC-B 170; Arroyo Tres Cruces 
Grande, ZVC-B 1066, 1174, 1183, 1191; Arroyo Tres Cruces Chico, ZVC-B 140, Puntas 
Arroyo Tres Cruces Grande (MNHN 0373); Rio Cuareim, ZVC-B 77; Colonia Artigas, 
MNHN 369. 


Salto. Rio Arapey Grande (4 Km W Termas), ZVC-B 1203, 1209, 1221. 


Canelones. Balneario Pinamar (Ruta Interbalnearia km 37), ZVC-B 984; Arroyo La 
Lista, ZVC-B 908; Arroyo La Tuna, ZVC-B 665. 


Cerro Largo. Puntas Arroyo Quebracho, ZVC-B 142. 


Durazno. Arroyo Las Cafas (8 km NE Blanquillo), ZVC-B 1022; Picada de las 
Piedras, MNHN 627; Rio Negro (7 km aguas arriba del Rio Tacuarembó), ZVC-B 892; 
Rio Negro (costa frente Palmar de Porrúa; Estancia La Paloma), ZVC-B 588; Rio Negro 
(costa frente Palmar de Porrúa), MNHN 378; Arroyo Cordobés, ZVC-B 168, 828, 999; 
Arroyo Cordobes (Paso de la Cruz), ZVC-B 420. 


Florida. Arroyo Milano (Proximidades), ZVC-B 133; Arroyo Chamizo (Estancia 
Santa Adela), MNHN 1107. 


Lavalleja. Mariscala, Estacion Sosa Diaz (Cafada), ZVC-B 829; Parque Vacaciones 
UTE, MNHN 1612; Sierra de Carapé, ZVC-B 224; Ruta 8, km 144, MNHN 1108; Cerro 
Arequita, ZVC-B 27, 316, 561, 691: Cerro Marmaraja, ZVC-B 153; Aguas Blancas, ZVC- 
B 61, 493, 509, 507, MNHN 312; Rio Cebollati (Picada Rodriguez), ZVC-B 149; Fábrica 
Portland ANCAP, ZVC-B 595, 1127; ANCAP (Próximo Cerro Minas), MNHN 1467; 
Abra de Zaballeta, ZVC-B 377, MNHN 1189; Arroyo Tapes de Godoy (Sobre Arroyo de 
la China), MNHN 1110. 


Maldonado. Laguna del Sauce (Costa Norte), ZVC-B 1246; Sierra de Animas, ZVC- 
B 191, 270, 1985, MNHN 366, 1109; Abra de Perdomo, ZVC-B 1156; AR MNHN 
354; Zanja Alemanes (Pröximo San Carlos), ZVC-B 549. 


Montevideo. Costa Arroyo Miguelete, ZVC-B 813. 
Paysandú. Rio Queguay (22 km Norte Guichön), ZVC-B 878; Queguay Medio, 
MNHN 446. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribucióny,... 83 
Notas sobr: bus 


Rio Negro. Arroyo Salsipuedes, MNHN 1655; Molles de Porrúa, MNHN 1465; 
Arroyo Salsipuedes Grande, MNHN 1605; Rincón de Navarro, ZVC-B 1121. 


Rivera. Bella Unión (Ruta 5, Km 465), ZVC-B 1247; Cufapirü, ZVC-B 698; Arroyo 
Carpinteria, MNHN 425, 445; Paso de las Piedras, Arroyo Cufiapirú, ZVC-B 802. 


Rocha. Puntas Arroyo San Carlos MNHN 307. 


San José. Sierra Mahoma, ZVC-B 24, 315, 329, MNHN 2107; Ciudad San José, 
ZVC-B 1244: Estancia Santa Clara Chamizo MNHN 695; Arroyo La Lista, ZVC-B 651. 


Soriano. Arroyo del Perdido (10 km Arroyo Grande), ZVC-B 757, MNHN 275; Om- 
búes de Lavalle (7 km, Estancia La Querencia), ZVC-B 220; Pueblo San Martin (Pro- 
ximidades, Estancia Santa Rita, próximo Arroyo San Salvador), ZVC-B 1195; Rio San 
Salvador (Proximidades), ZVC-B 357. 


Tacuarembó. Arroyo Jabonerias. Valle Eden, ZVC-B 695, MNHN 447; Arroyo 
Quebrada Chico (Paso Sternz), MNHN 423, Arroyo Tres Cruces, MNHN 1661; Arroyo 
Lourdes (Rincón de la Vasoura), ZVC-B 80, 81, 636; Arroyo Salsipuedes (Paso Horqueta, 
próximo Estacion Francia), MNHN 1351; Cementerio de los Rosarios, ZVC-B 681; Tam- 
bores (Pozo Hondo), ZVC-B 326, MNHN 306, 367, 333, 374; Puntas del Arroyo Laureles, 
MNHN 1570. 


Treinta y Tres: Arroyo Avestruz, ZVC-B 1245; Santa Clara de Olimar, ZVC-B 151, 
495, 996; Quebrada de los Cuervos, ZVC-B 690; P.A. Pique (6ta. sección), ZVC-B 310; 
Rio Tacuarembö (27 km SSE Paso Manuel Diaz), ZVC-B sin número. 


Los datos sobre ecologia fueron obtenidos en las localidades que siguen (Fig. 1). Su 
ubicación especifica se realiza por la foto aérea (IGM) que le corresponde, según datos del 
Instituto Geográfico Militar del Uruguay. 


1. Zona del Pozo Hondo (IGM 202-161), Departamento de Tacuarembó. 


2. Estación ferroviaria Valle Eden, cerro IGM 202-096, Departamento de Tacuarembo. 
Periodo de visita para estas dos localidades: 24 Febrero al 2 Marzo 1978 y 3 al 8 Enero 
1979. 


3. Aiguá, Cerro Barboza (IGM 175-015), Departamento de Maldonado. Visitado 15 al 16 
Octubre 1977, 2 Octubre 1978 y 8 Junio 1980. 


4. Cerros' del Pororo (IGM 175-111), Departamento de Lavalleja. Visitado 15 al 16 Oc- 
tubre 1977, 1 Octubre 1978 y 7 al 9 Junio 1980. 

5. Pajas Blancas (IGM 2-014), Departamento de Montevideo. Visitada regularmente des- 
de Setiembre de 1977 hasta Noviembre de 1979, con un mayor -esfuerzo de colecta 
durante el verano. Los individuos obtenidos en las áreas de estudio 1 a 5, no se in- 
cluyen en elmaterial examinado. 


Existe material preservado en colecciones de las localidades siguientes que, aunque 
fueron visitadas no se capturaron individuos, pero igualmente contribuyeron con datos: 


6. Cerro Arequita (IGM 171-138), Departamento de Lavaileja. Visitado 29 Abril 1977 y 6 
Agosto 1978. 


7. Zona Sur, Sierra de Animas, Departamento de Maldonado. Visitado 5 Marzo 1977 y 8 
al 10 Enero 1980. 


8. Sierra Mahoma, sona sur (IGM 10-031), Departamento de San José. Visitado 30 Oc- 
tubre 1977 y 6 al 7 Febrero 1978. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


84 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


En cada localidad participaron de dos a cinco investigadores, tomandose datos 
topográficos, tipos de suelos y rocas, fisonomia vegetal, habitat y refugios ocupados por 
la rana, y fauna concurrente. Los datos del clima son de la Dirección General de Me- 
teorologia del Uruguay. 


RESULTADOS 


En lo que sigue se analizan distribuciôn y biotopos ocupados, los 
habitats ocupados por los adultos (término utilizado en contraposición al 
de larvas), comportamiento y morfologia de los renacuajos, consideran- 
dose separadamente la poblacion de la localidad 5. 


Los términos ambiente y biotopo son utilizados como sinónimos, y 
se definen como áreas artificialmente delimitadas pero que posee cierta 
uniformidad subjetiva en relación con parametros físicos, como el clima, 
tipos de suelo y fisonomia vegetal. Ambos términos son referidos al de 
área mayor de CRUMP (1971). El habitat es aquella porción del biotopo 
ocupado por la especie, suceptible de ser caracterizable. Refugio se aplica 
a aquellas estructuras, realizadas o no por la especie (como cuevas o 
depresiones) y ocupadas por ella. 


Distribución y biotopos ocupados 


L. macroglossa esta presente en casi todo el Uruguay (ausente 
unicamente en los Departamentos de Paysandú, Flores y Soriano). La 
Fig. 1 muestra 75 localidades de colecta registradas en base al material 
examinado. 


El biotopo ocupado corresponde al de serranias. Características 
relevantes para las localidades 1 y 2 aparecen en GUDYNAS & GAM- 
BAROTTA (1980). Lo que sigue son caracteres comunes a aquellos 
sitios, y a las localidades 3, 4, 6,7 y 8. 


Las localidades presentan topografia ondulada (sitio 4) a quebrada 
(sitio 1) (Fig. 1). Todos son cerros o grupos de cerros, de pendientes 
suaves e abruptas. Los suelos son superficiales (rigosoles y litosoles), 
con frecuentes afloramientos rocosos. También existen rocas de diversos 
tamanos diseminadas sobre el suelo, a veces constituyendo pedrer ales 
(Fig. 3). Las pendientes están usualmente en relación con cursos de agua 
transitorios (canadas) o pequenos arroyos. En periodo de lluvias, el 
caudal de estos arroyos y canadas es importante y violento, de gran ac- 
tividad erosiva, lo que explica el paisaje abrupto. 


Las comunidades vegetales son edáficas. Los afloramientos casi no 
presentan vegetación, mientras que la flora arborescente densa ocurre 
sobre los cursos de agua o depresiones que ocasionalmente la mantienen. 
También se observan grupos aislados de árboles y arbustos, en la cima o 
ladera de los cerros. Entre otras especies se registran Colletia paradoxa 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas. sobre la distribución y... 85 


(SPRENG.) ESCAL., Dodonea viscosa JACQ. Heterothalamus alienus 
(SPRENG.) O. KZE., Celtis spinosa SPRENG., Scutia buxifolia REISS 
y Jodina rhombifolia HOOK. & ARN. (CHEBATAROFF, 1969b; 
CHEBATAROFF & ALCURI, 1975; CABRERA & WILLINK, 1973). 


El clima de estas localidades es variable, tendiendo a una mala 
distribución de las lluvias, aunque se pueden reconocer periodos secos y 
lluviosos (veáse la Fig. 2 como una aproximaciön al clima de algunas de 
estas localidades). 


Habitatocupado 


Dentro del biotopo de serranias se han reconocido preliminarmente 
los siguientes habitats (GUDYNAS & SKUK, 1980): (i) afloramientos 
rocosos e pedregales; (ii) formaciones abiertas; (iii) matorrales (asociados 
o no a cursos de agua). Pueden ocurrir además formaciones locales o 
zonas distorsionadas por el hombre (cultivos, montes artificiales, etc.). 


Los adultos de L. macroglossa fueron colectados bajo rocas o des- 
plazândose entre ellas, en el habitat de afloramientos rocosos o pedre- 
gales y en sus inmediaciones, en los suelos superficiales del habitat de 
formaciones abiertas, cuando hay rocas diseminadas. Los afloramientos 
rocosos solo poseen algunas hierbas, helechos y cactaceas. El ambiente es 
seco, de tipo xerófilo. El litosol circudante presenta diversas gramíneas, 
con fisonomia de pradera. Los afloramientos de rocas mas extrensos se 
dan en las localidades 1 y 2, mientras que en los sitios 4, 6 y 7 estos no 
existen o son muy reducidos, y solo hay rocas diseminadas (pedregales) 
(Fig. 1). Las zonas del habitat de formaciones abiertas mas alejadas de 
los afloramientos rocosos o pedregales, están libres de rocas, y no están 
habitadas por la rana. El habitat de matorrales, caracterizado por la 
flora arborescente, tampouco esta habitado. 


Los adultos colectados bajo rocas utilizaban refugios que corres- 
ponden al de espacios estrechos (término introducido por GUDYNAS & 
GAMBAROTTA (1980) para la lagartija Homonota uruguayensis (VAZ- 
FERREIRA & SIERRA de SORIANO, 1961), que convive con esta 
rana en los sitios 1 y 2, Fig. 1). Se reconocen dos modalidades: (i) roca- 
sobre-roca, que corresponde a los individuos hallados bajo rocas sobre 
un afloramiento rocoso; (ii) roca-sobre-tierra, que incluye a aquellos es- 
pecimenes capturados bajo rocas sobre una capa de humus. El tipo de 
refugio mas utilizado parece ser el de roca-sobre-tierra, aunque esto tam- 
bién coincide con el tipo mas frecuente en los sitios visitados (Tabla 1). 
Bajo las rocas, L. macroglossa aparece semi-enterrada o ocupando 
depresiones elaboradas que se ajustan a su cuerpo. Estas depresiones 
son muy pequenas, y no se extienden por medio de conductos o túneles. 


La fauna concurrente incluye Insecta (especialmente diversos Blat- 
tidae y Grillidae), Araneae (especialmente las grandes Lycosa sp., Ly- 
cosidae, y Grammostola sp., Teraphosidae), y escorpiones (Bothriurus 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


86 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


spp., Bothriuridae) que se encuentran bajo las rocas o en cuevas y 
depresiones. Entre los vertebrados se observan especialmente lagartijas 
(Homonota uruguayensis, Gekkonidae; Pantodactylus schreibersü 
(WIEGMANN, 1834) y Cnemidophorus lacertoides DUMERIL & 
BIBRON, 1839, Teiidae) y algunos Colubridae. Otros Anura han sido 
también encontrados en los sitios visitados: Odontophrynus americanus 
(DUMERIL & BIBRON, 1841), Leptodactylus latinasus JIMENEZ de la 
ESPADA, 1875 (Leptodactylidae) y Elachistocleis ovalis (SCHNEI- 
DER, 1799) (Microhylidae). Estas especies también ocupan refugios de 
espacios estrechos roca-sobre-tierra, aunque no de roca-sobre-roca. En 
los mismos sitios, pero en las inmediaciones de arroyos o pequenas 
lagunas (con vegetaciôn arbustiva, correspondiente al habitat de ma- 
torrales) se hallaron bajo rocas diseminadas Leptodactylus mystacinus 
(BURMIESTER, 1858), Physalaemus gracilis (BOULENGER, 1833) y 
Pseudopaludicola falcipes (HENSEL, 1867) (Leptodactylidae). 


Solo dos individuos fueron observados en actividad: uno durante la 
noche (sitio 2) y otro durante la manana (sitio 4) (Fig. 1). Ejemplares 
mantenidos en el laboratorio demuestran poca actividad, construyendo 
inmediatamente depresiones bajo rocas, donde se alojam. Durante la 
noche muestran alguna actividad de desplazamiento, y es raro que lo 
hagan durante el dia. Ranas mantenidas en terrarios, con recipientes con 
agua apropiados, usualmente no eran halladas en el agua. Esto con- 
cuerda con los ambientes secos ocupados en la Naturaleza. 


Larvas de L. macroglossa fueron observadas en el sitio 1 y 2 (Fig. 
1). En las restantes localidades, aunque fueron investigados los charcos 
existentes, no se hallaron renacuajos. Los charcos del sitio 1 se en- 
cuentran en el lecho de un arroyo (habitat de matorrales), con rocas sobre 
un piso de piedra. En el sitio 2 se las observaron en charcos de un 
afloramiento basáltico, en la cima del cerro IGM 202-096, y a su pie, en 
la ladera Norte, en un pequefio arroyo (canada), que no presentaba 
vegetaciön arbustiva a su lado, siendo un caso particular del habitat de 
afloramientos rocosos. Durante las lluvias estos últimos charcos deben 
formar una corriente común, aunque en el momento de nuestras visitas 
estaban aislados, presentando (para 2 charcos relevados) superficies 
aproximadas de 0.49 y 0.66m2, y profundidades máximas de 0.17 y 
0.06m respectivamente. 


Estos charcos son formaciones lenticas temporales muy pequenas. 
Presentan sobre el sustrato rocoso una fina capa de humus y limo, y con 
vegetacion muy escasa. 


No se encontraron otras larvas coexistiendo con las de L. ma- 
croglossa. En la localidad 1, en los mismos charcos, se observaron adul- 
tos de Pseudis minutus PETERS, 1872 (Pseudidae) y ne 
falcipes. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribución A RE 87 
La población de Pajas Blancas 


Pajas Blancas (sitio 5, Fig. 1) es una localidad costera, sobre el 
Rio de la Plata, en la zona donde las aguas oceânicas se mezclan con las 
fluviales (CHEBATAROFF, 1979). En esta localidad se observaron 
adultos y larvas de L. macroglossa. Las particulares caracteristicas de 
este ambiente hacen necesario una descripción separada y mas detallada. 


El biotopo corresponde al de arenales costeros, caracterizado por 
arenas cuarzosas recientes, de topografia ondulada y vegetación variada, 
distinguiendose preliminarmente los siguientes habitats (GUDYNAS, 
1980, GUDYNAS & SKUK, 1980): (i) formaciones abiertas, con pastos 
y arbustos aislados; (ii) banados (Asociados a zonas húmedas o pequeiios 
charcos o lagunas), con vegetacion hidrofila densa; (iii) bosques arti- 
ficiales (usualmente Pinus spp o Eucalyptus spp); (iv) zonas distor- 
sionadas (viviendas, etc.). Por mas datos veáse GUDYNAS (1980). 
Pajas Blancas corresponde a una fascie local particular, con afloramien- 
tos rocosos (puntas) de diversos granitos y gneiss, del basamento cris- 
talino de Montevideo, sobre las aguas del Rio de la Plata. 


Los adultos fueron observados en el habitat de formaciones abier- 
tas, alterado por el hombre. Era habitado un grupo de rocas, acarreadas 
al lugar por probladores locales, ocupandose refugios de espacios es- 
trechos, bajo y entre las rocas, y en cavidades elaboradas. La vegetación 
de la zona presentaba pastos (Panicum racemosum SPR. entre otras es- 
pecies) y arbustos diseminados (Dodonea viscosa). 


El único Anura en este sitio fue Bufo arenarum HENSEL, 1867 
(Bufonidae), aunque habia varias lagartijas (Liolaemus wiegmanni 
(DUMERIL & BIBRON, 1837), Iguanidae) y un ratón (Calomys laucha 
(OLFERS, 1818), Cricetidae). i 


Otros adultos fueron observados bajo una serie de desperdicios 
(trozos de carton o laminas de metal), nunca a mas de 10m del grupo de 
rocas. Estos refugios tambien pueden considerarse como de espacios es- 
trechos. Solo Hyla nasica COPE, 1862 (Hylidae) fue hallada en la misma 
situación. 

Otras zonas que presentaban rocas diseminadas o desperdicios 
fueron intensamente relevadas, pero no se observo a la rana de las 
piedras. Todas las demas zonas y habitats de la localidad también 
fueron relevados periodicamente, pero sin obtenerse registros adicio- 
nales. El origen de esta población es por el momento enigmático. 


Las larvas fueron observadas en pequenos charcos, en un aflo- 
ramiento rocoso, a aproximadamente 200m del grupo de rocas ocupado 
por los adultos. La Fig. 4 muestra la distribucion de los charcos en la 
punta rocosa, mientras que la Fig. 5 ejemplifica el aspecto de la zona. 
La vegetacion es hidrófila, con Juncus sp. Scirpus sp. sobre el agua, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


88 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


mas alejada Cortadeira sp., y rodeando al banado, interdigitândose con 
el habitat de formaciones abiertas, hay pastos, Eryngium sp. y Colletia 
* paradoxa. El habitat ocupado por los renacuajos no corresponde al de 
banado, sino a una fascie local de punta rocosa. 


Los charcos se encontraban tanto sobre el lecho rocoso como sobre 
el sustrato arenoso adyacente. Poseen una fina capa de limo en el fondo 
y no presentan vegetaciön (a excepciön de la de sus bordes). En ellos 
ocurren Amphipodos y cangrejos de aguas salobres (Chasmagnatus 
granulata DANA, 1851). La Tabla 2 incluye datos sobre dimensiones y 
medidas térmicas instantâneas como guia a las condiciones fisicas en es- 
te ambiente. Existen otras puntas rocosas similares en la localidad, que 
al igual que esta, limitan pequenas playas arenosas en arco. Todas 
fueron relevadas cuidadosamente en varias oportunidades, pero no se 
verifico que fuesen ocupadas. El examen de otros charcos, cursos de 
agua, bafiados e pequenas lagunas tampoco arrojó la presencia de re- 
nacuajos. 


La fauna concurrente de Anura, es en esta localidad mas variada, 
debido a que otras especies también concurren a estos charcos. En elles 
se observaron larvas y adultos de Leptodactylus ocellatus (LINNAEUS, 
1758) y Pseudopaludicola falcipes, y un Bufo granulosus SPIX, 1824 
adulto. En las cercanias, en un sitio alejado al ocupado por los adultos, 
bajo rocas, se obtuvieron Leptodactylus latinasus y L. gracilis. 


Comentarios sobre morfologiay comporta 
miento delas larvas 


Aqui se incluyen algunos datos sobre la morfologia y el compor-. 
tamiento de las larvas de L. macroglossa relevantes a su ecologia. Una 
descripcion mas detallada se hara en una futura comunicación. 
GEHRAU & SA (1980) ya presentaron comentarios sobre los renacuajos 
para un estadio XII de ROUGH o 37 de GOSNER (por nomeclatura y 
caracteres de los estadios, vease GOSNER, 1960). 


Para material de Pajas Blancas, en estadios 38 a 42 de GOSNER 
(1960), las larvas son globulosas; cuerpo deprimido ventralmente y 
silueta ovoide prolongada anteriormente, ancho 2/3 del largo del cuerpo; 
la cola es casi dos veces el largo del cuerpo, y presenta aletas altas, bien 
desarrolladas. El pico estã bien desarrollado; filas de dientes 2/3, in- 
terrumpidas las inmediatamente anterior y posterior al pico (apenas por 
una incisura estrecha esta última), y papilas labiales solo interrumpidas 
anteriormente. La coloracion de fondo de! cuerpo es marrón, con man- 
chas negras a variadas tonalidades de marrön, junto con zonas claras. 


Las larvas se desplazan en los charcos muy lentamente, y a media 
profundidad. Ante la presencia humana, especialmente ante movimientos 
bruscos, nadan rapidamente en zig-zag, deteniendose repetidamente en 
forma brusca en el fondo del charco. Alli pasan desapercibidas por su 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribución y... 89 


coloracion criptica. Esta clase de movimiento, realizado por muchas lar- 
vas a la vez, puede ser una táctica defensiva. Fue posible observarlas 
alimentândose en el fondo de charcos, de material probablemente en vias 
de degradaciôn. 


DISCUSIÖN 


L. macroglossa parece ser el ünico Anuro del Uruguay restringido 
a ambientes rocosos xerofilos, ya que no ocupa refugios en la inmediata 
cercania del agua. Solo Odontophrynus americanus, Leptodactylus 
latinasus y Elachistocleis ovalis se hallan en el mismo tipo de habitat, 
aunque no están restringidos a el, observandoselos también en otros 
biotopos y en situaciones acuätico marginales. Los refugios utilizados 
protegen además contra posibles depredadores. 


Los charcos ocupados por las larvas son de vida limitada. El 
hallazgo de larvas al pie de cerros, en zonas bajas, puede ser explicado 
por lluvias posteriores :. la puesta de huevos que arrastraron a los re- 
nacuajos desde los charcos de la cima de los cerros. Ası, este hecho 
puede ser habitual en el desarrollo de las larvas, ya que los charcos de la 
cima por ser reducidos se evaporan en poco tiempo, mientras que los 
charcos en las laderas, por ser mayores, perduran un lapso mas prolon- 
gado. GEHRAU & SA (1980) observaron los renacuajos en charcos de 
0.50m a varios metros de profundidad, intercomunicados entre si por 
agua que corre (lo que refuerza la idea de un transporte de charco a 
charco). Los charcos del biotopo de serrania solo son ocupados por lar- 
vas de L. macroglossa. Competicion frente a otras especies solo puede 
esperarse en charcos mayores o lagunas, las que son también ocupadas 
por las especies acuático-marginales. Los charcos ded Pajas Blancas 
presentan otras especies, y pueden ilustrar un caso de competición in- 
terespecifica. La morfologia de la larva también sugiere que es una es- 
pecie de aguas tranquilas o charcos (HEYER, 1976). Tanto su coloracion 
como sus tácticas de desplazamiento pueden constituir adaptaciones a 
los charcos ocupados. 


Los charcos de Pajas Blancas, presentan además como caracteris- 
tica particular, el recibir agua del Rio de la Plata, a veces salobres, lo 
que puede limitar el desarrollo de las larvas. 


KLAPPENBACH (1969) sefiala someramente que L. macroglossa 
estã presente en lugares serranos, bajo piedras u otros objetos y que es 
una especie poco acuática. A modo de generalidad, LYNCH (1971, 1978) 
la ubica en tierras. bajas costeras y en banados. HEYER (1975) en su 
tabla de categorias geográficas y ecologicas sehala al genero Limno- 
medusa como terrestre y en un area Chaco. Sin embergo, nuestro es- 
tudio senala que la rana es terrestre a semifosorial, pero no ocurre en 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


90 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


una zona de fisonomia chaquefia en Uruguay (por la composición vegetal 
de la region Chaco, veáse CABRERA & WILLINK, 1973). 


LYNCH (1971, 1978) hace coincidir caracteres climáticos antiguos 
y la distribucion de leptodactylidos primitivos. Aún no es posible 
evaluar esta información para Uruguay. Sin embargo, L. macroglossa 
presenta una distribucion discontinua, restringida a formaciones rocosas, 
lo que sugiere una dispersión antigua. Así, cuando algunas formaciones 
rocosas (como la Arapey en el Noroeste de Uruguay) eran mas extensas 
de los que son hoy, pueden haber permitido una amplia dispersión de la 
rana, extendiendose por los principales componentes del biotopo de 
serrania (veáse mas adelante). Los procesos erosivos y de meteorización 
posteriores, pueden haber aislado las poblaciones a cerros u otros grupos 
rocosos. Por este motivo el habitat ocupado por la rana en Uruguay es 
concebido como antiguo. Por otra parte, la morfologia y comportamiento 
de las larvas coinciden con algunos de los caracteres atribuidos al re- 
nacuajo leptodactylido primitivo. LYNCH (1971) asume que presentaban 
tubo anal medio, mas de 2/3 filas de dientes, papilas labiales anteriores 
no interrumpidas (o solo en forma estrecha) y posteriores sin interrup- 
ción, cuerpo robusto con aletas caudales anchas, y habitante de charcos. 
L. macroglossa coincide con estos caracteres, excepto que el tubo anal es 
medio y levogiro, y las papilas están interrumpidas anteriormente, pero 
no en forma estrecha. Sin embargo estos datos no permiten relacionar a 
L. macroglossa con los Leptodactylinae (como en LYNCH, 1971) o con 
los Telmatobiinae (como en LYNCH, 1978). 


Existen escasos registros de la dispersiôn de L. macroglossa en 
Uruguay. Las primeras menciones son de DUMERIL -«& BIBRON 
(1841), mientras que BERG (1896), MIRANDA-RIBEIRO (1926), 
FREIBERG (1942), SCHMIDT (1944) y CEI (1956) solo la mencionan 
para Uruguay. Mas recientemente BARRIO (1971) de algunas locali- 
dades, pero con una nomeclatura errônea, por lo cual no serán consi- 
deradas. BRAUN & BRAUN (1974) dan registros precisos para los 
Departamentos de Artigas, Rivera y Cerro Largo. Los restantes regis- 
tros mencionados en esta comunicación son nuevos. Debe destacarse su 
ocurrencia para la zona de la represa de Salto Grande, ya que SIERRA 
et al. (1977) presentan interesantes detalles ecológicos. Por otra parte, la 
población de Pajas Blancas (34º55' S) se constituye en el limite Sur de 
la distribución de esta especie. 


Considerando la invalidación de L. misionis SCHMIDT, 1944 por 
BARRIO (1971), L. macroglossa también se extiende por Rio Grande do 
Sul (BOULENGER, 1885, 1886; BRAUN & BRAUN, 1980), Santa 
Catarina (LYNCH, 1971) y Paraná (MIRANDA-RIBEIRO, 1926) en 
Brasil; y Misiones en Argentina (BERG, 1896; FREIBERG, 1942; 
SCHMIDT, 1944; CEI, 1956; y BARRIO, 1971). Es probable que otros 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribuciöny,... 9 


habitats sean ocupados en areas con ambientes diferentes a los de 
Uruguay como en Misiones o Paraná. 


El patrón de distribución de L. macroglossa en Uruguay puede ser 
analizado, paso a paso, considerando los elementos contenidos en la 
definicion de biotopo. Esto permitirá evaluar las validez de los datos ob- 
tenidos en los sitios visitados, y sehalar que factores pueden limitar su 
distribución. Este estudio está limitado por la consideración de fronteras 
políticas artificiales (VANZOLINI, 1970). 


Las condiciones climáticas se ejemplifican para cinco localidades 
diferentes en la Fig. 2. También se analizaron gráficos similares para 
otros nueve sitios, asi como valores medios mensuales de evaporacion, e 
indices/de aridez y curvas medias anuales (datos de MARCHESI & 
DURAN, 1969) de temperatura y precipitaciones. Estos factores no 
parecen coincidir ni limitar la distribucion de L. macroglossa. Sin em- 
bargo, las condiciones microclimáticas son importantes. Los refugios de 
espacios estrechos, especialmente cuando hay cuevas, involucran amor- 
tiguacion de los picos diarios de temperatura (CLOUDSLEY- 
THOMPSON, 1956). Ademäs, la formacion de charcos temporales, con 
la consiguiente brusca aparicion de recursos explotables, sosten de las 
larvas, depende de las lluvias (HEYER, 1976). 


La Fig. 6 sefiala la dispersion de los suelos superficiales. Parece 
existir una buena correlación con la distribución de L. macroglossa, asi 
40 de las 75 localidades habitadas conocidas, se encuentran incluidas en 
zonas de suelos superficiales. Estos suelos corresponden casi en su 
totalidad al biotopo de serranias, ya que están en asociación con aflo- 
ramientos rocosos o cursos de agua en lechos rocosos. 


Este conjunto de suelos corresponden a tres grupos geomorfolö- 
gicos principales (CHEBATAROFF & ALCURI, 1975); Cuesta Basal- 
tica, Serranias del Este (interrelacionadas al Norte por enclaves basal- 
ticos de la Formación Arapey; BOSSI et al., 1975) y los Mares de 
Piedra. 


Los datos ecológicos obtenidos en los sitios visitados concuerdan 
con una restriccion de L. macroglossa a ambientes rocgsos relacionados 
con suelos superficiales, por lo que se asume que esta aproximación es 
valida. Por otra parte, aunque Pajas Blancas no corresponde al biotopo 
de serranias, si presenta suelos superficiales y ha sido efectivamente 
colonizada por la rana. Esto confirma una marcada afinidad entre la dis- 
tribución y los afloramientos rocosos, al menos en Uruguay, compartien- 
do con ellos el caracter de discontinua. Debe recordarse también que, 
varios biotopos y/o fascies locales pueden coexistir en una pequena área, 
por lo cual la Fig. 6 y las ideas que sugiere, deben manejarse con 
precaución. Algunas localidades no parecen corresponder a suelos super- 
ficiales, y es necesario un reconocimiento del terreno. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


92 —  GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


Finalmente cabe considerar la inclusion de L. macroglossa por 
MULLER (1973) como elemento característico de un centro uruguayo de 
dispersión. Esta afirmación, asi como los demäas elementos faunisticos 
manejados para el área, necesitan de una reevaluación. 


CONCLUSIONES 


Se presentan varios nuevos registros de L. macroglossa en Uru- 
guay, observândosela en casi todo el território. La rana ocupa el habitat 
de afloramientos rocosos y el de formaciones abiertas que lo circunda, 
caracterizado por un basamento rocoso o rocas en grupos o diseminadas, 
y suelos superficiales limitantes, con gramíneas. Ocupa refugios de es- 
pacios estrechos bajo rocas, en depresiones elaboradas, usualmente sobre 
tierra, y mas raramente sobre rocas. Estos ambientes son xerófilos, 
mientras que la rana se puede caracterizar como terrestre a semifosorial. 
Las larvas ocupan ambientes lenticos pequenos y estacionales, sobre un 
sustrato rocoso, y en el mismo habitat. Corrientes de agua pueden 
comunicar estos charcos con otros de mayor tamafo en zonas bajas, 
transportando los renacuajos. Esta especie parece restringida a este 
habitat, no habiendo colonizado otros. Los renacuajos presentan una 
adaptacion a charcos y algunos de los caracteres atribuibles a la larva 
leptodactylida primitiva (LYNCH, 1971). El habitat ocupado es también 
considerado como antiguo. 


Tanto la seleccion de habitat como la dispersión de L. macroglossa 
reflejan su estenoecia, pudiendosela considerar como una especie es- 
pecialista de habitat (CRUMP, 1971). Esta rana parece ser un buen 
bioindicador de ambientes (ODUM, 1972). Los datos de su ecologia y 
distribuciön, sugieren que su dispersión, discontinua, concuerda con la 
de suelos superficiales, siendo estos, los elementos limitantes de su dis- 
tribución. 

Puede plantearse como unidad natural de distribucion para L. 
macroglossa los suelos superficiales. Integrando a este hecho, aquellos 
elementos contenidos en la definicion de biotopo, el ambiente de ser- 
ranias podria considerarse como una unidad biogeogräfica. 


La distribucion de L. macroglossa, asociada al biotopo. de serrania 
es real, y concuerda con su especificidad de habitat. La posición de otros 
suelos superficiales, como la fascie local de Pajas Blancas (de incluirse o 
no dentro del biotopo de serrania) no puede discutirse aqui, aunque no 
modifica las conclusiones de esta nota. En cambio, la falta de datos 
sobre la ecologia de esta especie en Argentina y Brasil, no permiten ex- 
tender estas conclusiones. 


Las semejanzas geomorfológicas, climáticas y floristicas son cor- 
roboradas en este caso por datos ecológicos, lo que refuerza la idea de 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribución y... 93 


que las serranias constituyen una unidad biogeográfica, al menos en 
Uruguay. 


La utilidad de una aproximacion geomorfoclimätica, incluyendo la 
composición vegetal, ya fue utilizada por AB'SABER (1977) en la carac- 
terizacion preliminar de dominios para America del Sur. Siguiendo li- 
neamientos similares, el biotopo de serranias se puede definir por el 
siguiente conjunto de caracteres: afloramientos rocosos o rocas dise- 
minadas o en grupos, rodeados por suelos superficiales a profundos, con 
gramineas y matorrales asociados a cursos de agua (hidrófilos a xeró- 
filos) o aislados (xerófilos). El biotopo está integrado por varias uni- 
dades geomorfológicas y edáficas (CHEBATAROFF, 1969a; CHE- 
BATAROFF & ALCURI, 1975; MARCHESI & DURAN, 1969) con una 
gran diversidad vegetal (CHEBATAROFF, 1969b), pero que presentan 
caracteres comunes que se ven reflejados en una fauna común. 


AGRADECIMENTOS 


El Prof. R. Vaz-Ferreira, Prof. E. Palerm y Dr. A. Langguth colaboraron con 
comentarios y datos relevantes. El Prof. P.C. Braun brindö comentarios interessantes. 
Esto no implica necesariamente que ninguna de estas personas comparta nuestras opi- 
niones. Este estudio fue realizado como parte del Programa de Investigación Costera 
(Contribucion No. 14) del Centro Educativo Don Orione. 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


96 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 
TABLA 1 


Se sefiala para cada localidad de estudio el refugio predominante y 
los refugios ocupados por Limnomedusa macroglossa. (r/r): Roca-sobre- 
roca y (r/t): roca-sobre-tierra) 


Sitios Refugio Refugios ocupados 
predominante os iyA r/t 

1. Pozo Hondo or — Su 

2. Cerro IGM 202-096 EM + + 

3. Cerro Barboza r/t — EE 

4. Cerros del Pororö r/t — st 

5. Pajas Blancas r/t — a 

TABLA 2 


Caracteres de los charcos ocupados por las larvas de Limnomedusa 
macroglossa en la localidad Pajas Blancas. La numeración de estos sigue 
a la de la Fig. 4. 


Charco 
1 2 3 4 5) 
Área aproximada (m2) 2] 2,66 1,35, TOR TED 
Profundidad máxima (m) 0,12 0,30 0,27 0,36 0,22 
Temperatura (ºC)* 81 30 29 27 28 
Primer registro de 
renacuajos 22 nov. 26 ago. 26 ago. 26 ago. 2 set. 


*registros 27-nov-1978, 15h, temperatura ambi.ate 25°C. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


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Fig. 1 e 2: 1. Distribución de Limnomedusa macroglossa en Uruguay (cada punto 
sefiala una localidad de colecta). Localidades visitadas: 1. Zona del Pozo Hondo, 2. Valle 
Eden, 3. Aigua, 4. Cerros del Pororó, 5. Pajas Blancas, 6. Cerro Arequita, 7. Zona Sur 
Sierra de Animas, 8. Zona Sur, Sierra Mahoma. Localidades con datos dobre clima: A — 
Artigas, B — Paso de los Toros-Pampa, C — Montevideo, D — Rocha, E — Melo. 2. 
Gráficas climáticas para las localidades de coleta: Artigas (A), Paso de los Toros-Pampa 
(B), Montevideo (C), : Rocha (D) y Melo (E). Se sefialan (ejemplificado en el gráfico A) 
valores medios mensuales (eje inferior) de temperaturas (en °C, curva inferior) y preci- 
pitaciones (en mm, curva superior). Datos de la Direcion General de Meteorologia del 
Uruguay. 


2 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


98 GUDYNAS, E. & GEHRAU, A. 


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ARE EE 8 
Rio de ja pLATA AA 


Fig. 3 e 4: 3. Aspecto de un cúmulo de rocas (habitat de pedregal), en una pendien- 
te próximo a una cafiada, con algunos pequefios arbustos, rodeado por formaciones abier- 
tas, y al fondo un bosque artificial. El cúmulo estaba habitado por adultos de Limno- 
medusa macroglossa; sitio Cerros del Peroró, 7 junio 1980. 4. Distribución de los charcos 
ocupados por larvas de Limnomedusa macroglossa en la punta rocosa de Pajas Blancas. 
Los afloramientos de roca (punteado) se extienden sobre el Rio de la Plata (lineas on- 
duladas), y entre elos ocurren zonas com suelo con vegetación hidrófila (lineas con tres 
puntas). Los charcos habitados se enumeran del 1 al 4. En la parte superior se ejemplifica 
en perfil, la punta rocosa (punteado, A), sobre el Rio de La Plata (C), con vegetación 
hadrofila, y un charco de sustrato rocoso-arenoso (B, que corresponde al charco 1), y la 
primera duna (D) de la playa. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


Notas sobre la distribución y,... 99 


Fig. 5 e 6: 5. Aspecto general de los charcos de Pajas Blancas, ocupados por larvas 
de Limnomedusa macroglossa, en una punta rocosa, sobre afloranientos y arena adyacen- 
te. En primer plano el charco 1; 19 enero 1980. 6. Distribucion de Limnomedusa ma- 
croglossa y dispersión de los suelos superficiales en Uruguay (redibajado con modifica- 
ciones de MARCHESI & DURAN, 1969). La escala del mapa impide senalar las zonas 
con suelos superficiales de pequeiia extension. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):81-99, 30 nov 1981 


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Diferenças morfológicas entre Diplodon charruanus ORBIGNY, 
1835 e D. pilsbryi MARSHALL, 1928 (Bivalvia, Hyriidae).* 


Maria Cristina Dreher Mansur** 
Lilia Maria Anflor*** 


RESUMO 


Descreve-se o sistema digestivo das espécies Diplodon charruanus ORBIGNY, 1835 
e D. pilsbryi MARSHALL, 1928, com base em estudos da morfologia comparada. Os 
exemplares de D. charruanus foram coletados em ambiente de águas correntes na loca- 
lidade tipo Arroio Colla próximo a cidade de Rosário, Departamento de Colônia, Uruguai. 
Os espécimes de D. pilsbryi provém de um açude pertencente a Bacia do Guaiba e a 
Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, Brasil. 


Breves comentários. são traçados sobre a variabilidade da concha. 


O presente trabalho revela a existência de diferenças à nível mesoscópico, nas 
pregas dos palpos labiais, lábios e estômagos, destacando-se da generalizada unifor- 
midade anatômica encontrada até agora entre as . espécies de Diplodon SEIS, 1827 es- 
tudadas por MANSUR (1973) e HEBLING & PENTEADO (1974). 


ABSTRACT 


The compared morphology of the digestive system of two species of freshwater 
bivalves of the genus Diplodon SPIX, 1827 is described. The specimens of D. charruanus 
ORBIGNY, 1835 were collected from running waters at the type locality in Arroyo Colla 
near Rosario city, Colonia departament, Uruguay. The specimens of D. pilsbryi MAR- 
SHALL, 1928 were taken from a pond inside Guaiba and Patos Lagoon drainage area in 
Rio Grande do Sul State, Brazil. 


The shell morphology is briefly commented. 


The present paper describes mesoscopic differences in the folds of labial palps, lips 
and stomach contrasting with the great uniformity found until present in the internal 
structures of other species of Diplodon SPIX, 1827 studied by MANSUR (1973) and 
HEBLING & PENTEADO (1974). 


* Aceito para publicação em 19.V1.1981. Contribuição FZB nº 222. Trabalho apresentado no VI 
Encontro da Sociedade Brasileira de Malacologia. Executado em parte com o Auxílio para Pes- 
quisa (121/78) e Bolsa Especial de Estágio (334/78) fornecidos pela Fundação de Amparo à Pes- 
quisa do Estado do Rio Grande do Sul. 


** Pesquisadora no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 
Caixa Postal 1188, 90.000 Porto Alegre, RS, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvol- 
vimento Científico e Tecnológico (30.5365/76 ZO). 


*** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científic; e Tecnológico (10.5754/79 ZO) no 
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


102 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 
INTRODUÇÃO 


Diplodon charruanus ORBIGNY, 1835 é uma espécie comumente 
encontrada no Uruguai e Sul do Brasil, estendendo-se possivelmente até 
o Rio de Janeiro, segundo BONETTO (1964). une (1930, 1969) amplia a 


ocorrência para o Paraguai e Argentina. 


BONETTO (1962, 1964, 1965) menciona dificuldades na identi- 
ficação de D. charruanus devido a considerável variabilidade da concha, 
a existência de formas de reação em relação ao meio, e também pela 
notável semelhança que apresentam algumas formas de D. charruanus 
com as espécies: Diplodon delodontus (LAMARCK, 1819), D. peraefor- 
mis (LEA, 1860), D. variabilis (MATON, 1811), D. besckeanus (DUN- 
KER, 1849) e D. funebralis (LEA, 1860). Esta última constou na si- 
nonimia de D. charruanus nos trabalhos de BONETTO (1964, 1965). Em 
BONETTO & MANSUR (1970) D. funebralis não foi incluida na si- 
nonimia de D. charruanus. 


Ha grandes divergências e muita insegurança na apresentação da 
sinonimia de D. charruanus. BONETTO (1964) relaciona 21 nomes 
diferentes, em (1965) menciona 15 nomes. Mais tarde, BONETTO & 
MANSUR (1970) passam para 18 nomes. HAAS (1930, 1969) apresenta 
14 sinônimos, sendo que alguns destes não constam na lista sinonimica 
de BONETTO (1964, 1965) e vice-versa. Inclusive, D. piceus (LEA, 
1860) está na sinonimia de D. charruanus para HAAS (1969) e na de D. 
rhuacoicus ORBIGNY, 1835 para BONETTO (1965). Segundo PA- 
RODIZ (1968), D. piceus é uma espécie válida, resumindo para 5 o 
número de sinônimos de D. charruanus. 


| D. pilsbryi MARSHALL, 1928 é considerada como sinônimo de D. 
rhuacoicus segundo HAAS (1930, 1969) e PARODIZ (1968). PARODIZ 
(1973) acrescenta D. rhuacoicus is a very rare one, a fact already stated 
by d'Orbigny in 1846. Its habitat is reduced to small streams of sou- 
thern Uruguay (Maldonado and especially Canelones), with some eastern 
isolated morphological variations (Cerro Largo), to which Marshall gave 
the names D. pilsbryi and D. yaguaronis MARSHALL, 1930. Segundo 
BONETTO (1963, 1964) estas últimas constam como Diplodon delodon- 
tus pilsbryi MARSHALL, 1928 e segundo BONETTO & MANSUR 
(1970) constam na sinonimia de Diplodon delodontus wymani (LEA, 
1860) com a observação de que as variações desta espécie na bacia do 
Guaiba, que apresentam conchas mais ou menos alongadas, achatadas e 
valves de escassa espessura como D. imitador ORTMANN, 1921, nunca 
atingem as proporções que oferecem as dos rios da bacia atlântica da 
República Oriental do Uruguai, as quais MARSHALL, (1928, 1930) disti- 
guiu como D. pilsbryi e D. yaguaronis MARSHALL, 1930. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças morfológicas entre... 103 


HAAS (1930, 1969) diagnostica as espécies do gênero Diplodon 
com base na concha jovem e naquela bem desenvolvida, mencionando a 
existência de formas de reação em relação ao meio. 


* ONETTO (1962, 1964, 1965) utiliza como critérios as caracteris- 
ticas da concha em geral, dando ênfase a escultura umbonal de exem- 
plares jovens e a larva. Considera também a existência de formas de 
reação. 


PARODIZ (1968) considera as características da concha com- 
pletamente desenvolvida como critério primordial para a identificação 
das espécies do gênero Diplodon. 


O primeiro autor que notou diferenças microanatômicas nos palpos 
labiais de duas espécies de moluscos bivalves de água doce foi HE- 
BLING (1971), quando descreveu a anatomia funcional comparada das 
espécies Anodontites trapesialis LAMARCK, 1819 e 4. trapezeus SPIX, 
1827. Mais tarde, HEBLING & PENTEADO (1974) descrevem a es- 
trutura dos palpos de Diplodon rotundus gratus WAGNER, 1827. 


VEITENHEIMER & MANSUR (1978) descrevem a estrutura dos 
palpos labiais de Mycetopoda legumen (MARTENS, 1888). 


Diante da dificuldade existente em diagnosticar as duas espécies, 
D. charruanus e D. pilsbryi, através da morfologia externa, (e, de 
maneira geral, esse problema é extensivo a muitas espécies de bivalves 
das familias Hyriidae e Mycetopodidae) o presente estudo objetiva es- 
tabelecer critérios diferenciais à nível da morfologia interna. 


MATERIAL E METODOS 


O material dissecado pertencente a espécie D. charruanus provém da localidade tipo 
Arroio Colla, afluente do Rio Rosário no Departamento de Colônia República Oriental do 
Uruguai, cujo ambiente é de água corrente com fundo de rocha, cascalho e areia gros- 
seira. 


Os exemplares de D. pilsbryi provém de açude pertencente a vertente da Lagoa dos 
Patos: (Açude na margem da auto-estrada BR 116, próximo ao Rio Camaquã) que se 
comunica ao sul com a Lagoa Mirim onde desemboca o Rio Jaguarão e Cafiada Grande 
(através do Taquari, na República Oriental do Uruguai) que são as localidades tipicas res- 
pectivamente de D. yaguaronis e D. pilsbryi. O açude apresenta águas: calmas e fundo 
lodoso. 


Siglas usadas: 


MCN; Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
Brasil. 


MNHN: Museu Nacional de História Natural, Montevideu, Uruguai. 
Material examinado: 
D. charruanus ORBIGNY, 1835. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60)101-116, 30 nov 1981 


104 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 


URUGUAI (Bacia do Rio da Prata): Colônia, Rosário (Arroio Colla), 18 exemplares, 
MNHN 10295, 09.1.1960,: A. Bonetto & M. Klappenbach leg.; 21 exemplares MCN 5929, 
15.X11.1978, N. Mansur & M.C. Mansur leg.; 3 exemplares, MCN 7091; 70 exemplares, 
15.X11.1978. N. Mansur & M.C. Mansur leg. Localidade Tipo. 


D. pilsbryi MARSHALL, 1928. 


BRASIL (Bacia da Lagoa dos Patos): Rio Grande do Sul, Municipio de Camaquã 
“(açude na margem da auto-estrada BR 116, próximo ao Rio Camaquã), 21 exemplares, 
MCN 5554, 08.1V.1978, T. de Lema leg. 


D. rhuacoicus ORBIGNY, 1835. 


ARGENTINA (Bacia do Rio Uruguai): Entre Rios (Arroio Ayui Grande), 18 exem- 
plares. MNHN 14336, 07.X11.1977, J. Olazarri leg. 


URUGUAI (Bacia do Rio Uruguai): San Jose (Lagunas de Arazati), 2 exemplares, 
MCN 6465, 25.X11.1958. E. Duarte & A. Figueiras leg.. 


O material coletado foi parcialmente fixado em Bouin-Dubosq-Brasil e o restante 
conservado in vivo em aquário. Para realização das dissecações, primeiramente, seccio- 
naram-se os músculos adutores e, a seguir, o material permaneceu durante 12 horas em 
água com mentol. Após a dissecação o material foi fixado em formol 10% e em álcool 
70%, encontrando-se depositado na coleção do MCN. As observações e desenhos foram 
realizados ao microscópio estereoscópico Wild M4 com câmara lúcida. Os palpos labiais de 
dois exemplares. de cada espécie, foram estudados através de cortes histológicos seriados, 
por processo comum de inclusão em parafina, com 10 micrômetros de espessura e colo- 
ração com Hematoxilina-Eosina. As observações e desenhos das lâminas foram realizados 
com auxílio de microscópio Leitz Dialux com câmara lúcida, utilizando-se o retículo 
micrométrico adaptado à ocular para as medições. O estômago foi dissecado através de 
corte longitudinal dorsal e as paredes laterais foram rebatidas e distentidas para os lados. 
Toda a estrutura, em vista interna, foi representada num só plano. A dissecação do intes- 
tino foi realizada com animais fixados em Bouin ou álcool 70% por um período de 24 
horas. 


MORFOLOGIA EXTERNA 


Para distinguir resumidamente as duas espécies, segundo os aspec- 
tos da concha, considerou-se: 


D. charruanus (Fig. 8-9) - concha espessa, inflada, umbos ele- 
vados; região posterior truncada com a extremidade posterior afilada 
pösterö-ventralmente; carena elevada larga e arredondada; charneira ar- 
queada, reforçada, com dentição cardinal robusta; periostraco de cor 
castanho com tonalidades verde-claros e bronze; nacar esbranquiçado 
com manchas castanho-claras. 


D. pilsoryi (Fig. 10-11) - concha frágil, umbos baixos, região pos- 
terior arredondada, com extremidade posterior mediana e raramente 
ventral; carena mais baixa e arredondada; charneira muito reduzida e 
fraca, principalmente na região umbonal onde geralmente estã reduzida 
ao ligamento; dentes cardinais reduzidos a duas lâminas na valve direita 
e uma lâmina somente na valve esquerda; periostraco de cor castanho- 
escuro uniforme; nacar azulado, muito iridescente com manchas cas- 
tanho-claras. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças morfológicas entre... 105 


Os exemplares do açude próximo ao Rio Camaquã coincidem com a 
descrição e as ilustrações de D. yaguaronis, sinônimo de D. pilsbryi. 
Devido a constituição extremamente frágil da charneira considera-se 
como pertencentes a uma espécie presentemente revalidada, sob o nome 
de D. pilsbryi, distinta de D. rhuacoicus e D. delodontus wymani que 
apresentam charneira robusta. As observações e diferenças mencionadas 
pelos autores citados na introdução deste trabalho também foram con- 
sideradas. 


MORFOLOGIA INTERNA 


O manto: D. charruanus (Fig. 1) e D. pilsbryi (Fig. 2) apresen- 
tam abertura inalante ventralmente aberta, ornada por tentáculos sim- 
ples que vão diminuindo de tamanho e número em direção a borda ven- 
tral, como observaram HEBLING & PENTEADO (1974) para Diplodon 
rotundus gratus WAGNER, 1827. 


Em D. charruanus a abcrtura inalante apresenta uma borda mais 
espessa e musculosa com tentáculos formando duas fileiras, uma externa 
com tentáculos pequenos que normalmente no animal vivo se dirigem 
para fora, e a fileira interna com tentáculos grandes voltados para den- 
tro da abertura conforme MANSUR (1973). Os tentáculos internos não es- 
tão dispostos de maneira uniforme, porém se dispõem intercaladamente 
podendo formar uma fileira dupla interna quando o animal está con- 
traido. 


Em D. pilsbryi a abertura inalante é mais frágil, isto é, apresenta 
em relação a D. charruanus a metade em espessura na borda e redução 
no número de tentáculos internos. Os tentáculos em geral também se 
diferenciam em externos pequenos e internos grandes, porém, estes úl- 
timos são esparsos. 


A dobra interna do manto (ou lobo interno segundo MANSUR, 
1973) em D. charruanus é destacada e fortemente pigmentada pelo lado 
externo desde a abertura inalante até a metade do animal, depois segue 
com pouca altura e reduzida pigmentação até o músculo adutor anterior. 


Em D. pilsbryi a pigmentação termina na metade do animal e a 
dobra interna segue com pouca altura, elevando-se moderadamente na 
região ântero-inferior por onde sai o pé entre as valves. Esta elevação 
anterior da dobra interna é mais perceptível no animal vivo. 


YONGE (1957) menciona que a dobra mediana da borda do manto 
tem função receptora e usualmente apresenta tentáculos (especialmente 
na região inalante); a dobra interna, geralmente a mais larga, é móvel e 
tem função de controlar a circulação da água. Em alguns casos pode 
apresentar tentáculos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


106 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 


Considerou-se, nas duas espécies estudadas, como sendo a dobra 
interna, as seguintes estruturas: a abertura inalante, os tentáculos e o 
prolongamento ventral desta abertura até o músculo adutor anterior. A 
função primordial destas estruturas é controlar a circulação da água na 
cavidade paleal. 


As dobras mediana e externa são justapostas e situadas na ex- 
tremidade distal de toda a borda do manto dos exemplares estudados. O 
mesmo já foi observado nas espécies do gênero Diplodon encontradas no 
estuário do Guaiba (MANSUR, 1973). 


O pe: em D. charruanus é lingüiforme achatado lateralmente com 
extremidade ântero-inferior arredondada (Fig. 1). A cor é castanho claro 
tendendo para a tonalidade rosada. 


Em D. pilsbryi o pé (Fig. 2) é anteriormente truncado com ex- 
tremidade afilada, fusiforme e menos achatado que D. charruanus. A cor 
é cinza. 

Geralmente a cor do pé e da borda do manto permanecem nos 
animais fixados em formol a 10% 


Brâãânquias: funcionalmente as brânquias de ambas espécies 
correspondem ao tipo D de ATKINS (1937). Não apresentam pregas. A 
demibrânquia externa encobre parcialmente a interna, permitindo ver-se 
a região anterior e a borda ventral desta. As demibrânquias de D. pils- 
bryi, vistas lateralmente, apresentam um alongamento maior na região 
posterior (Fig. 2), enquanto que em D. charruanus apresentam-se mais 
altas e menos alongadas posteriormente (Fig. 1). 


Os palpos labiais: nas duas espécies são achatados, com 
contorno ventral arredondado, apresentando a região póstero-dorsal 
truncada e soldada até um terço da linha dorsal. O tamanho dos palpos, 
nas duas espécies, é muito variável, apresentando geralmente altura 
considerável. 


As superfícies justapostas de cada par de palpos são pregueadas. 
Cada prega apresenta duas sub-pregas. Uma lateral anterior e a outra 
lateral posterior. Tanto as pregas como sub-pregas apresentam propor- 
ções distintas nas duas espécies. 


Os palpos dos exemplares examinados de D. charruanus apresen- 
tam cada prega (região central do palpo) com altura de 175 micrômetros 
(Fig. 6 e 13). A região apical da prega é volumosa com 137 micrômetros 
de largura e 94 micrômetros de altura. A sub-prega posterior é dupla e o 
sulco existente entre as pregas é relativamente curto, com 12 micrö- 
metros. 


Os exemplares examinados de D. pilsbryi apresentam pregas (Fig. 
7 e 12) um pouco mais estreitas, com 120 micrômetros de largura e 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças morfológicas entre... 107 


relativamente mais altas, com 219 micrômetros de altura. A sub-prega 
posterior é pequena e única e o sulco entre as prezas é relativamente 
mais alto, com 56 micrömetros, mensurados desde a região inferior do 
sulco até a base da sub-prega posterior. 


Os lábios das duas espécies são lisos. Em D. pilsbryi destaca-se 
uma dobra na borda interna dos lábios anterior e posterior. Esta dobra 
prolonga-se pela borda ventral anterior dos palpos sob a forma de uma 
pequena membrana que é mais notória nos palpos externos (Fig. 12). 
Em D. charruanus não ocorre esta membrana e a dobra na borda dos 
lábios é reduzida ou ausente. 


O esôfago: nas duas espécies é curto e achatado contra o 
músculo adutor anterior. E percorrido por estrias longitudinais largas 
que se apresentam bem delimitadas emD. pilsbryi(Fig.3e4). 


O estômago: (Fig 3 e 4) nas duas espécies pertence fun- 
cionalmente ao tipo IV segundo PURCHON (1958) com as mesmas es- 
truturas fundamentais descritas por MANSUR (1973). Nota-se, no en- 
tantó, que as duas espécies em questão não apresentam uma dobra an- 
terior tão elevada, nem um sulco dorsal tão profundo em relação às es- 
pécies do rio Guaíba. Também não foi observada, nos exemplares es- 
tudados presentemente, a área de seleção (MANSUR, 1973) situada na 
volta superior, posterior e dorsal do estômago que segue até o ceco dor- 
sal. 


Comparando o estômago de D. pilsbryi e D. charruanus, percebe- 
se, na primeira, um ceco dorsal (Fig. 4) relativamente mais curto, ou 
seja, a metade do comprimento, como também a expansão lateral no 
lado esquerdo mais alongada no sentido ântero-posterior, do que em D. 
charruanus. A expansão lateral não deixa de ser continuação para o 
lado esquerdo da área de seleção número 7, situada na entrada do es- 
tômago. 


Ambas espécies apresentam uma área de seleção posterior muito 
desenvolvida, caracterizada pela presença de duas bolsas junto à parede 
direita e inferior do estômago. Em D. pilsbryi existem duas tiflossoles 
que percorrem estas duas bolsas. Em D. charruanus (Fig. 3) não ocor- 
rem estas tiflossoles junto as bolsas da área de seleção número 3; o ceco 
dorsal é mais alongado e a expansão lateral, relativamente pequena. 
Além disto, existe um outro sulco na área de seleção posterior que sai da 
bolsa do lado direito em direção ao ceco dorsal correndo em sentido 
quase paralelo ao sulco de rejeição. 


A nomenclatura da maior parte das estruturas corresponde a 
tradução dos termos de PURCHON (1958) e DINAMANI (1967) segun- 
do MANSUR (1973) e VEITENHEIMER & MANSUR (1978). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


108 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 


O intestino: (Fig. 5) é idêntico nas duas espécies apresen- 
tando as três porções distintas. O intestino proximal associado ao saco 
do estilete, que sai do chão do estômago, atravessa o músculo do dia- 
fragma e penetra nas gônadas até a parte posterior da massa visceral. 
Segue-se a segunda porção do intestino sem tiflossole e sem saco do es- 
tilete. Esta porção forma duas alças. No centro da massa visceral surge 
a porção final do intestino também denominada reto. Este apresenta 
uma tiflossole volumosa e forma uma longa alça que atravessa o ven- 
trículo cardíaco, contorna o músculo adutor posterior e finaliza no ânus 
com papila anal. 


DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 


Reunindo comparativamente todas as características acima obser- 
vadas nas duas espécies, depreende-se que: 


a — Ambas habitam ambientes limnicos distintos. D. charruanus 
em substrato de areia grosseira com água corrente e D. pilsbryi em fun- 
do lodoso e águas trangüilas. 


b — Ambas apresentam a morfologia do pé e da dobra interna do 
manto com caracteristicas diferentes. D. charruanus com pé lingüiforme 
provavelmente adaptado a cavar na areia e com uma abertura inalante 
mais reforçada e complexa, oferecendo uma maior eficiência na seleção e 
filtragem de particulas grosseiras em suspensão num meio agitado. D. 
pilsbryi com pé fusiforme, provavelmente adaptado a cavar em substrato 
lodoso, apresentando maior eficiência na vedação ventral do manto por 
onde sai o pé. Vivendo num ambiente de águas calmas com pequenas 
particulas em suspensão, não necessitaria de uma abertura inalante tão 
musculosa e tão complexa. 


c — As duas espécies apresentam palpos labiais grandes cujas 
pregas em D. pilsbryi denotam uma maior simplicidade em relação as 
pregas: de D. charruanus. PURCHON (1963) observou que uma maior 
especialização nas pregas dos palpos labiais representam uma maior 
eficiência na seleção de particulas. Portanto a maior complicação encon- 
trada nas pregas dos palpos de D. charruanus estaria provavelmente 
relacionada ao tipo e quantidade de particulas em suspensão no meio, ou 
seja, as particulas são maiores e em maior quantidade. 


d — Na borda da região ântero-inferior de cada palpo labial de D. 
pilsbryi, principalmente nos externos, destaca-se uma membrana que 
não ocorre em D. charruanus. 


e — No estômago das duas espécies foram encontradas pequenas 
diferenças quanto ao tamanho do ceco dorsa, e da expansão lateral, e 
também na área de seleção posterior. A presença de tiflossoles na área 
de seleção posterior em D. pilsbryi poderia estar relacionada a uma 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças morfológicas entre... 109 


maior eficiência na seleção de particulas finas no estômago, uma vez que 
o número de tentáculos é reduzido na abertura inalante e as pregas dos 
palpos labiais são mais simples. O mesmo foi mencionado por HEBLING 
(1971) ao comparar o estômago de Anodontites trapezeus e A. tra- 
pesial ;. A maior complicação até agora encontrada na área de seleção 
posterior foi em Mycetopoda legumen segundo VEITENHEIMER & 
MANSUR (1978) que apresenta hábitos de vida séssil e vive em ambien- 
tes de águas trangúilas. 


E interessante mencionar que a morfologia interna do estômago dos 
exemplares de D. charruanus, provenientes da localidade tipo, não 
“correspondem a dos exemplares do Rio Guaiba, segundo MANSUR (1973). 
Assim, é provável que estes últimos foram mal identificados, e que D. 
charruanus não ocorra na bacia do Guaiba. 


Amplia-se a ocorrência de D. pilsbryi MARSHALL, 1928 (nec. D. 
delodontus pilsbryi sensu BONETTO 1963, 1964) até agora restrita a 
vertente da Lagoa Mirim, para a bacia do Guaiba e Lagoa dos Patos. 


AGRADECIMENTOS 


Ao Dr. Miguel Klappenbach, Diretor do Museu Nacional de História Natural, Mon- 
tevideu, Uruguai, pela permissão dada ao exame da coleção de moluscos e empréstimos 
de material. Ao Lic. José Olazarri e Sr. Eliseo Duarte, pela atenção dispensada e es- 
clarecimentos prestados por ocasião do exame da coleção daquele Museu. 


Aos pesquisadores do Núcleo de Invertebrados Superiores do MCN, Prof. Cláudio 
Becker pelo apoio dado aos trabalhos de Histologia e Prof. Dr. Arno Lise pelas tomadas 
das fotografias das valves, dos moluscos. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981’ 


Diferenças morfológicas entre... 111 
ABREVIATURA DAS FIGURAS 

a - Ânus 

acdd - Abertura comum para os ductos dos diverticulos digestivos do lado direito. 


acde - Abertura comum para os ductos dos diverticulos digestivos do lado esquerdo. 


ae - Abertura exalante. 
ai - Abertura inalante. 
ap - Área pigmentada. 
as . Área de seleção (as, ass, as!). 
b - Boca 

be - Bolso esquerdo. 

c - Concha. 

cd - Ceco dorsal. 

co - Cone. 

d - Diafragma. 

da - Dobra anterior. 


dbe - Demibrânquia externa. 


dbi - Demibrânquia interna. 

di - Dobra interna do manto. 

e - Esôfago. 

eg - Escudo gástrico 

el - Expansão lateral esquerda. 
est - Estômago. 

g - Gônodas. 


gd - Glândula digestiva. 

i - Intestino (ig, ig). 

i& se- Intestino associado ao saco do estilete. 
| - Ligamento 

lp - Linha paleal 

m - Manto 

maa - Músculo adutor anterior. 

map - Músculo adutor posterior. 

mpl - Membrana na borda ventral anterior do palpo externo. 
Orgão de Keber. 

p - Pe. 


(o) 
a 


pa - Papila anal. 
Pericárdio. 


o) 
D 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


pl - Palpos labiais. 5 
pr - Prega do palpo labial. 


r - Reto. 

ri - “Rim”. (nefridio) 
sd - Sulco dorsal. 

sr - Sulco de rejeição. 


sp - Sub-prega posterior. 


t - Tiflossole menor. 

te - Tentáculos. 

tm - Tiflossole maior. 

ts - Tiflossoles. 

u - Umbo. 

vv - Válvula do ventrículo cardiaco. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças “morfológicas entre... 113 


FIG.1 


FIG. 2 


Fig. 1 e 2: Morfologia, manto esquerdo removido. 1. Diplodon charruanus. O palpo 
labial externo foi rebatido para cima; 2. D. pilsbryi. Palpos labiais em posição normal. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


114 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 


dorsal 


ventral 
FIG.6 FIG. 7 


Fig. 3 - 7: 3, 5 e 6 Diplodon charruanus. 3. Vista interna do esôfago e do estômago, 
abertos dorsalmente; 5. Esquema do trato digestivo com destaque das: três porções dis- 
tintas do intestino propriamente dito; 6. Corte transversal em pregas do palpo labial; 4 e 
7 D. pilsbryi. 4. Vista interna do esôfago e estômago abertos dorsalmente. Foi retirado o 
escudo gástrico; 7. Corte transversal em pregas do palpo labial. o 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Diferenças morfológicas entre... 


1 cm 
1 cm 


10 


Fig. 8 - 11: 8e 9 Diplodon charruanus. 8. Vista externa da valve direita; 9. Vista 
interna da valve esquerda; 10-11. D. pilsbryi 10. Vista externa da valve direita; 11. Vista 
interna da valve esquerda. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


116 MANSUR, M.C.D. & ANFLOR, L.M. 


FIG. 13 FIG. 14 


Fig. 12 - 14: 12. Diplodon pilsbryi. Corte frontal junto à borda anterior do palpo 
labial externo evidenciando-se a membrana ali existente; 13 e 14. Corte frontal da superfície 
pregueada dos palpos labiais, mostrando o perfil das pregas. A região anterior == -se à di- 
reita do observador; 13. D. Eee 14 D. pilsbryi. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):101-116, 30 nov 1981 


Drulia ctenosclera, a new species of neotropical spongillid (Po- 
rifera, Spongillidae)* 


Cecilia Volkmer-Ribeiro** 
Beatriz Mothes de Moraes** 


ABSTRACT 


A new species of freshwater sponge (Spongillidae) is described in genus Drulia 
GRAY, 1867, sensu PENNEY & RACEK, 1968. Particular characteristics of Drulia 
ctenosclera n.sp. are the shape of its microscleres, gemmoscleres and the minuteness of 
its spicular components and gemmules. The new species shares some characteristics in 
commom with Drulia cristata (WELTNER, 1895) and Drulia conifera BONETTO & 
EZCURRA DE DRAGO, 1973. 


RESUMO 


Uma nova espécie de esponja é descrita dentro do gênero Drulia GRAY, 1867, sensu 
PENNEY & RACEK, 1968. São caracteristicas peculiares a Drulia ctenosclera n.sp. a 
forma de suas microscleras e gemoscleras e o tamanho diminuto de seus componentes es- 
piculares e de suas gêmulas. A nova espécie tem algumas caracteristicas em comum com 
Drulia cristata (WELTNER, 1895) e com Drulia conifera BONETTO & EZCURRA DE 
DRAGO, 1973. 


Drulia ctenosclera n. sp. 
Fig. 1-6 


Material: BRAZIL. Amazonas, Negro river (contributor to the left margin of the 
Amazon) MCN 82, 178 and 179, X. 1965, E.J. Fittkau leg. (MCN = Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul). 


o — MCN 178 (Holotype deposited in Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ, 
Brazil) 


Paratypes: MCN 82 and 179. (Paratypes deposited in MCN, Porto Alegre, RS, Brazil). 
Type locality: Negro River, Amazonas, Brazil. 


DESCRIPTION: Sponge incrusting, forming minute alignements of 
mamillary elevations connected to each other by lateral expansions in a 
rosary like manner, each mammilla topped by a conspicuous oscular 
apperture surrounded by a ringlike poral area. Skeleton evenly 


* Accepted for publication 19.VI.1981. FZB contribuiton nº 223. 


** From Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Pos- 
tal, 1188. 90.000 Porto Alegre, RS, Brazil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981 


118 VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B. . 


reticulated, devoid of radial fibers. Surface smooth. Colour of dry 
material brownish black. Pinacoderm conspicuous in the poral area. 
Consistency of dry sponge britlle. 


Megascleres: short, stout, smooth, slightely curved 
anfistrongyla, of one single series. Lenght range 136-251 micrometers 
width range 20-37 micrometers. 


Microscleres: minute anfioxea with abruptly pointed extremities 
and covered almost up to their extremities with large, conical, straight 
spines with lanceolated tips. Lenght range 64-47 micrometers. Width 
range 2-4 micrometers. 


Gemoscleres: minute, scutelliform, circular scleres; rotule entire, 
ondulated, with slightly recurved margins and shaft reduced to a 
conical, large, gradually pointed spine bearing a microgranulation on its 
tip. Diameter of rotule 14-17 micrometers. 


G em mules: minute, spherical, devoid of gemmular cage, pneu.. 
layer thin and granular, one single layer of gemmoscleres embedded in 
this layer strictly tangentially, their rotules rarely overlapping each 
other. Porus tube straight and quite long, also encrusted with 
gemmoscleres. Gemmules found only in the larger mammilla, from two 
to four. Diameter 234-259 micrometers. 


DISCUSSION 


| The new species is markedly distinct from the other species of the 
genus in its microcleres having a complete covering with large and erect 
spines (resembling thus in profile a comb with teeth on both sides), its 
gemmoscleres bearing a disproportionally large spine as well as the 
general minutness of its spicular components and gemmules. 


D. ctenosclera n.sp. does not show radial fibers and has only one 
series of megascleres, the same as D. conifera BONETTO & EZCURRA 
DE DRAGO, 1973. On the other side it shares with D. conifera and D. 
cristata (WELTNER, 1895), strongiliform megascleres, absence of a 
gemmular cage, reduced number of gemmules and gemmular coating 
with one single layer of gemmoscleres. 


ACKNOWLEDGEMENTS 


The authors are indebted to Dr. Ernst J. Fittkau of the Zoologische Staatssam- 
mlung, Miinchen, West Germany for enthrusting them with study of this material. 
Granting of fellowships from Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno- 
lógico, Brazil, is acknowledged by senior (Proc. nº 30.6134/76-Z0-07) and junior (Proc. - 
nº 30.0652/77-0C-07) authors. The authors thank miss Rejane Rosa for the final ela- 
boration of the drawings. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981 


Drulia ctenosclera, a new... 119 


REFERENCES * 


BONETTO, A.A. & EZCURRA DE DRAGO, I. 1973. Aportes al conocimiento de las 
esponjas del Orinoco. Physis, Bueno Aires, 32 (84):19-27. 


PENNEY, J.T. & RACEK, A.A. 1968. Comprehensive revision of a worldwide collec- 
tion of freshwater sponges (Porifera: Spongillidae). Bull.U.S. natn. Mus., Washing- 
ton, (272):1-184. 


WELTNER, W. 1895. Spongillidenstudien III. Katalog und verbreitung der bekannten 
Süsswasserschwämme. Arch. Naturgesch., Berlin, 61 (1):114-44. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981 


120 VOLKMER-RIBEIRO, C. & MOTHES DE MORAES, B. 


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Fig. 1-4: Spicular components of Drulia ctenosclera n.sp; 1. megascleres at lower 
magnification (x400, young megascleres are anfioxea); 2. microscleres at high magnifi- 
cation (x 1.000); 3. gemmoscleres at high magnification (x 1.000); 4. whole spicular set at 
low magnification (x 400). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981 


Drulia ctenosclera, a new... 121 
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Fig. 6 


Fig. 5-6: Holotype of Drulia ctenosclera: 5. general view; 6. closer view. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):117-121, 30 nov 1981 


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& 


Nota prévia sobre nova espécie do gênero Ctenomys Blainville, 1826 
(Rodentia, Ctenomyidae).* 


Vitor Hugo Travi** 


No curso de um estudo ecológico sobre tuco-tucos no Rio Grande 
do Sul, tivemos, por parte do colega Luis Flamarion Barbosa de Oli- 
veira, a atenção despertada para um tuco-tuco que vive nas praias li- 
torâneas de nosso Estado. Através do exame de pele e crânio de material 
coletado, constatamos tratar-se de uma nova espécie. Uma investigação 
mais profunda sobre seus hábitos está em andamento e, aqui, apresen- 
tamos uma nota sobre sua posição sistemática. O material encontra-se 
depositado na coleção do Departamento de Zoologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, (DZRS 0001), Porto Alegre. 


Ctenomys flamarioni sp.n. 


Material tipo: Holótipo 9 ad., pele e crânio DZRS 0001,.Fazenda Caçapava, 
Estação Ecológica do Taim, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 28.V.1981, V.H. 
Travi e D. da S. Bretschneider leg. 


Localidade tipo: Fazenda Ecapavar Estação Ecológica do Taim, Rio 
Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. 


Medidas: comprimento total 289,0mm; cauda 74,0mm; pé c/u 
42,0mm, s/u 37,0mm. Crânio: total 49,0mm; basal 45,3mm; largura bi- 
zigomática 30,9mm; caixa craniana 18,Imm; diástema 14,0mm; série 
molar superior 10,9mm. 


Diagnose: distingue-se de Ctenomys torquatus LICHTENS- 
TEIN, 1830 e de Ctenomys minutus NEHRING, 1887 pela coloração 
branco-arenosa e pela estrutura da região zigomática. Os incisivos são 
ortodontes. Dorso amarelo-esbranquiçado, lados e ventre mais claros. Os 


* Aceito para publicação em 18.VIII.1981. 


** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
Av. Paulo Gama, s/nº., 90.000, Porto Alegre, RS, Brasil. 


Auxiliar de Ensino da disciplina de Zoologia dos Cordados na Pontifícia Universidade Católica 
do Rio Grande do Sul, 90.000, Porto Alegre, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):123-124, 30 nov 1981 


124 TRAVI, V.H. 


pêlos com o cordário ardesiaco, alguns viliformes tem a extremidade 
apical cinza. Não apresenta colar nitidamente diferenciado como em C. 
torquatus. 


Distribuição: desta espécie já colhemos registros de 
ocorrência com um limite setentrional atingindo a praia de Morro dos 
Conventos, SC, onde coletamos cinco crânios encontrados em um sítio 
de Speotyto cunicularia (MOLINA, 1782). Para o Sul, sempre pela linha 
da costa, observamos exemplares nas praias gaúchas de Capão da 
Canoa, Imbé, Tramandaí, Cidreira e na região da Lagoa do Peixe, 
município de Mostardas. O limite meridional, por nós constatado, esten- 
de-se até a praia do Hermenegildo e, devido a semelhança da formação 
florística e do ambiente fisico, esta espécie deve, provavelmente, se es- 
tender mais para o Sul, até o Chui e possivelmente até o Norte da costa 
Uruguaia. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


LICHTENSTEIN, H. 1829. Darsterllung neuer order wenig Bekannter säugethiere. 
Berlin, C.G. Lüderite, 1827-1834. 


NEHRING, A. 1887. Eine Ctenomys - Art aus Rio Grande do Sul (Süd-Brasilien). 
Sber. Ges. naturf. Freunde Berl. Berlin, 4:45-47. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):123-124, 30 nov 1981 


Study of some sponges (Porifera, Demospongiae) from the in- 
fralitoral of Guarapari, Espirito Santo, Brazil.* 


Antonio Mateo Solé-Cava** 
Alphonse Kelecom*** 
Gerard Jules Kannengiesser**** 


ABSTRACT 


Descriptions are given of specimens of demosponges from the infra-litoral of 
Guarapari, Espirito Santo, Brazil, a region for which sponges are poorly known. Erylus 
formosus SOLLAS, 1888, Chondrilla nucula SCHMIDT, 1852, Anthosigmella varians 
(DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864), Pseudaxinella lunaecharta (RIDLEY & 
DENDY, 1866), Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864, Mycale fusca 
(RIDLEY & DENDY, 1886) and Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS, 1766) are new 
records for the State of Espirito Santo. Aaptos aaptos (SCHMIDT, 1864), Chondrosia 
reniformis NARDO, 1847 and Darwinella australiensis CARTER, 1885 are new records 
for Brazil. Affinities between the lower invertebrate sessil fauna of Guarapari and that of 
Brazilian tropical and sub-tropical regions are discussed. Chemical data from the lite- 
rature are reviewed. 


RESUMO 


São apresentadas descrições de espécimens de demospongias do infralitoral de 
Guarapari, Espirito Santo, Brasil, região pouco conhecida quanto à sua fauna de pori- 
feros. Erylus formosus SOLLAS, 1888, Chondrilla nucula SCHMIDT, 1862, Anthosig- 
mella varians (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864), Pseudaxinella lunaecharta 
(RIDLEY & DENDY, 1866), Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864, 
Mycale fusca (RIDLEY & DENDY, 1886), e Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS, 
1766) são ocorrências novas para o estado do Espirito Santo. Aaptos aaptos (SCHMIDT, 
1864), Chondrosia reniformis NARDO, 1847 e Darwinella australiensis CARTER, 1885 
são ocorrências novas para o Brasil. São discutidas as afinidades entre a fauna de inver- 
tebrados inferiores sésseis de Guarapari e a das regiões tropical e sub-tropical brasileiras. 
Resultados quimicos da literatura são apresentados. 


* Accepted for publication in 18.VIII.1981. Contribution of Laboratório Silva Araújo-Roussel 
(SARSA) — Unidade de Pesquisas, rua do Rocha 155, 20960 Rio de Janeiro - RJ, Brazil. 


** Fundação Universidade do Rio Grande — Departamento de Quimica. Caixa Postal 474, 96200 
Rio Grande — RS, Brazil. 


*** SARSA — Unidade de Pesquisas — Rua do Rocha 155, 20960 Rio de Janeiro — RJ, Brazil. 
*+** Roussel-Uclaf, Bd des Invalides 35, 75007 Paris, France. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


126 SOLE-CAVA, H.M. et alii 
INTRODUCTION 


Most of the studies of Brazilian sponges has been undertaken with 
material collected from the coasts of Ceará to Bahia (SOLLAS, 1886, 
1888; RIDLEY & DENDY, 1887; BURTON, 1940; LAUBENFELS, 
1956; JOHNSON, 1971), a tropical area influenced by the warm waters 
of the Guianian and Brazilian Currents. South of the Abrolhos 
archipelago (Bahia) a smaller number of species have yet been described 
and systematic studies deal principally with sponges obtained off the 
States of Rio de Janeiro (SELENKA, 1879; PACHECO-COELHO & 
MELLO-LEITÃO, 1978; OLIVEIRA-PIRES, 1980), São Paulo 
(LAUBENFELS, 1956; MOTHES-DE-MORAES, 1980) and Rio Grande 
do Sul (MOTHES-DE-MORAES, 1977, 1978; MOTHES-DE-MORAES 
& PAULS, 1979; VOLKMER-RIBEIRO et al., 1973; VOLKMER- 
RIBEIRO & MOTHES-DE-MORAES, 1975). 


Studied material has been mostly collected either by hand 
collecting in intertidal zone (SELENKA, 1879; CARTER, 1890; 
LAUBENFELS, 1956; PACHECO-COELHO & MELLO-LEITÃO, 
1978; MOTHES-DE-MORAES, 1980; OLIVEIRA-PIRES, 1980) or by. 
dragging (SOLLAS, 1886, 1888; RIDLEY & DENDY, 1887; MOTHES- 
DE-MORAES, 1977, 1978; MOTHES-DE-MORAES & PAULS, 1979; 
VOLKMER-RIBEIRO et al., 1973; VOLKMER-RIBEIRO & MOTHES- 
DE-MORAES, 1975). Hence, the bentic fauna between 5 and 15 meters 
depth remains poorly known. Reports dealing with material collected 
along the Brazilian tropical and sub-tropical coasts, from the intertidal 
down to the infralitoral area are thor of BOURY-ESNAULT (1973) 
describing sponges collected by the Calypso ship and of HECHTEL 
(1976) from the Foster-Lor rel collection. These studies pay little 
attention to the coast of Espirito Santo. The present work contributes 
to a better knowledge of the sponge fauna from this area. 


MATERIAL AND METHODS 


Studied sponges are part of the collection obtained in december 1978 during a trip 
to Três Ilhas (20º36'S-40º23'W) near Guarapari, two miles off the coast. The material 
was obtained on rocky bottom. by Scuba or Narghilé diving between 3 and 12 meters depth. 
Material was preserved over ethanol (70%). 


For spicules preparations, material was selected under binocular stereoscopic mi- 
croscope, thoroughly washed with tap water and dissociated in a test tube with hot con- 
centrated nitric acid. Spicules free from the sponge tissues were first washed with dis- 
tilled water, then with ethanol (MOTHES-DE-MORAES, 1977) and subsequently placed 
on a microscope slide heated until complete evaporation of the solvent and finally moun- 
ted with Araldit and kept for 5 minutes at 80-100ºC. For scanning electron microscopy, 
preparations were made by drying spicules on small pieces of microscope slides and 
coated with gold. Spicules were then observed with a Cambridge Stereoscan Mark II ap- 
paratus. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Study of some sponges... 127 


For histologic observations, samples were dehydrated in a graded series of ethanol- 
water solutions, cleared in xylene and embedded in parafin. Sections obtained with a 
Ranvier Microtome were stained by the Trichrome Ramon Cajal Technic (BEHMER et 
al., 1976). 


Spicule sizes are given in micrometers as x + S (Y-Z) where x is the mean value 
(n=30), s the standard deviation and Y and Z the mir imum and maximum observed 
values for lenght and width. The terminology used for species description is that of 
BOROJEVIC et al. (1967). Classification of sponges in orders families is after BERG- 
QUIST (1978) and WIDENMAYER (1977). 


SPECIES DESCRIPTIONS 


Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI 
Order CHORISTIDA SOLLAS 
Family GEODIIDAE GRAY 


Erylus formosus SOLLAS, 1888 


Massive to incrusting sponge (Fig. 1). Outside colour grey to 
black, inside beige. Smooth surface. Oscules diameter from 1 to 5mm. 
Ostioles irregularly distributed on the surface, varying from 50 to 100 
um. Choanosome of radiated structure. 


Spicules: (Fig. 11-13) 


length width 

Oxeas 761 + 89 (597-955) 16,4 + 4.2 (7.5-21,3) 
Orthotriaenes 

eRhabd 504 + 69 (313-625) 

eClad 363 + 50 (250-625) 
Aspidasters 210 + 26 (171-305) ddr re 9.3 (19,2-48:0) 
Centrotylote microxeas 61 + 8 (45-83) 
Oxyasters 47 + 10 (27-64) 
Tylasters 12.5 + 1.7 (8.5-16.0) 


E. formosus has been described by SOLLAS (1888) with material 
collected along the coast of Bahia, Brazil, during the Challenger 
expedition. Since then, it has been found in Pernambuco, Brazil, by 
BOURY-ESNAULT (1973), in Rio Grande do Sul, Brazil, by 
VOLKMER-RIBEIRO & MOTHES-DE-MORAES (1975) and in the 
Bahamas area by WIEDENMAYER (1977). This sponge differs from 
. the other ones of the genus principally by the shape of its long and tight 
aspidasters (SOLLAS, 1888). 

Ichtyotoxicity has been claimed for an unidentified Erylus species 
(STEMPIEN et al., 1970). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


128 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI 
Order HADROMERIDA TOPSENT 
Family CHONDROSIIDAE SCHULZE 


Chondrosia reniformis NARDO, 1847 


Massive, cartilaginous sponge (Fig. 2) from white to dark grey n 
colour. Surface smooth and viscous. Oscules diameter from 2 to 4mm. 
Ostioles not visible. Ectosome from 1,5 to 2.5mm thick, rich in 
pigments, containing plenty of spongine-A. Choanosome well delimited 
(Fig. 21), possessing less spongine-A and pigments, being riddled by 
canals from 20 to 200 um wide. Choanocyte chambers 30 pm in size, 
spread around them. Spicules absent. 


This species has been first found in the Adriatic Sea (NARDO, 
1847), then in the Mediterranean Sea (TOPSENT, 1895, 1925, 1928), 
and along the coast of Senegal (LEVI, 1952). The specimen of 
Chondrosia collected by WIEDENMAYER (1977) in the Bahamas might 
not be of the reniformis species (WIEDENMAYER, 1977) as the latter 
presents a thicker ectosoma (3-10 mm) than that reported for reniformis 
by the other authors (1-2 mm) (TOPSENT, 1928; LEVI, 1952; 
WIEDENMAYER, 1977) and shows irregular folds on the outer surface, in 
contrast to C. reniformis which is smooth in aspect (WIEDENMAYER, 
1977). Whether the Chondrosia of WIEDENMAYER should be kept as C. 
reniformis or considered as another species (C. plebeja?, WIEDENMA- 
YER, 1977) depends upon the relative importances given to various sys- 
tematic characteristics of the genus. 


Although widely distributed, very few chemical investigations of 
sponges of the genus Chondrosia are available. Antibacterial 
activity of ın unidentified Chondrosia species has been associated with 
the presence of chondrosine (RAVI et al., 1976). The same activity has 
also been observed for various cyclic peroxydes obtained from C. 
collectrix (SCHMIDT, 1870), together with a series of ethyl esters 
containing a tetrahydrofurane ring (STIERLE & FAULKNER, 1979). 


Chondrilla nucula SCHMIDT, 1862 


Sponge outside identical to Chondrosia reniformis, having the 
same size, diameter of oscules and colour pattern (Fig. 3). Ectosome 
from 0.3 to 1.5 mm thick, possessing pigments. Diameter of the canals 
from 60 to 200 um. Choanocyte chambers with a mean diameter of 35 um 
(Fig. 26). 

Spicules: (Fig. 17) 


Oxyspherasters 22,5 + 4.3 (12.8-29.9) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981. 


Study of some sponges... 129 


C. nucula is a cosmopolitan sponge (BOURY-ESNAULT, 1973; 
WIEDENMAYER, 1977). In Brazil, it has been found by CARTER 
(1890) in the Fernando de Noronha archipelago, by LAUBENFELS 
"* (1956) in Pernambuco and São Paulo, by BOURY-ESNAULT (1973) in 
Bahia by OLIVEIRA-PIRES (1980) and by the authors (inedited) on the 
southern coast of Rio de Janeiro. C. reniformis and C. nucula were al- 
ways encountered fixed on the dark side of the rocks. 


In environmental transplant experiments with Mediterranean 
sponges, WILKINSON & VACELET (1979) have reported a negative 
phototactic behaviour for C. reniformis and an indifferent one for C. 
nucula. This behaviour has been suggested to be associated with the 
presence or absence of symbiotic cyanobacteria in the sponge's ectosome 
(WILKINSON, 1978, 1979). Competition for substrate and/or heavy 
predation in ecosystems of high diversity, like benthos of the tropical 
euphotic zone (MARGALEF, 1972; GLYNN, 1973; SARA & VACE- 
LET, 1973; GREEN, 1977), may be factors conditioning a distribution 
in iluminated or shaded areas of euryphotic species like C. nucula. 


C. nucula has been the subject of intense chemical investigation. It 

" has been shown to contain unsaturated fatty acids (LITCHFIELD et 

“al., 1980), stanols (DE ROSA et al., 1973), cerebrosides (SCHMITZ et ' 
al, 1974) and the rare chondrillasterol (24-ethyl-cholesta-7,22-dien-3(301) 

(BERGMANN et al., 1948). Grude extracts of C. nucula have been 

claimed to exert ichtyotoxic (GREEN, 1977), antitumour (BASLOW, 

1971; RUGGIERI, 1976) antibacterial (SIGEL et al., 1970) activities. 

The latter has been associated in an unidentified species of Chondrilla 

with the presence of chondrillin, an unsaturated peroxyketal derived 

from a fatty acid (WELLS, 1976). 


Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI 

Order HADROMERIDA TOPSENT 

Family SPIRASTRELLIDAE RIDLEY & DENDY 
Anthosigmella varians (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864) 


Massive to incrusting sponge (Fig. 4), fixed on calcareous debris. 
Outside colour beige to orange, inside grey to beige. Hispid surface. 
Choanosome cavernous (Fig. 22), containing numerous incrustations at 
the base. Oscules from 3 to 10 mm in diameter, apparently closed by a 
contractil membrane. Ostioles not visible. 


Spicules: (Fig. 14-15) 
length width 


69 (281-547) 1.5 (7.5-12.7) 
2.8 (6.3-15.8) 0.2 (1.1-1.8) 


Tylostyles 430 
Anthosigmata 11.8 


fe Se 
ndo 


+ + 
+ + 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


130 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


This sponge has been described as Thalissias varians by DU- 
CHASSAING & MICHELOTTI (1864) for a Caribbean specimen. It has 
been found later in Florida, USA (HECHTEL, 1965), Jamaica (LAU- 
BENFELS, 1949) and Puerto Rico (ARNDT, 1927). HECHTEL (1976) 
reported the species near Recife, Pernambuco, Brazil, without indicating 
the actual place, depth and nature of the substrate on which it had been 
found. The authors (inedited) collected samples of that species of both 
varians and incrustans forms on the Abrolhos reefs (Bahia, Brazil). 


The antitumour activity of A. varians has been atributed to 3e- 
veral compouds. Among them, only para-hydroxyphenylacetamide has 
been identified (SCHMITZ et al., 1977). BERGMANN et al. (1950) also 
isolated clionasterol and poriferasterol from A. varians. This species was 
shown to contain long chain (C94 - C30) fatty acids (LITCHFIELD et 
al., 1976). 


Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI 
Order HADROMERIDA TOPSENT 

Family TETHYIDAE GRAY 

Aaptos aaptos (SCHMIDT, 1864) 


Massive, hard sponge (Fig. 5). Colour in life yellow, turning dark 
brown in ethanol or when drying. Hispid surface. Oscules rare, mea- 
suring from 2 to 5 mm in diameter. Ostioles not visible. Choanosome 
cavernous. Skeletal structure radiated (Fig. 29). 


Spicules: (Fig. 18) 


length width 
Strongyloxeas 1322 + 100 (1064-1522) 34.2 + 8.7 (17.1-46.9) 
Styles 319 + 49 (250-425) 6.0 + 2.4 (3.0-11,5) 


This species has been described under the name Ancorina aaptos 
by SCHMIDT (1864) for an Adriatic sample. It has been found later in 
the Indian Ocean (LEVI, 1961; VACELET & VASSEUR, 1965; 
THOMAS, 1973), in the Red Sea (LEVI, 1958), in the Mediterranean 
Sea (SARA & SIRIBELLI, 1960; BOURY-ESNAULT, 1971), along the 
Atlantic coast of Africa (LEVI, 1959) and in Puerto Rico (WILSON, 
1902). The sponge collected by the Calypso off the coast of Pernambuco 
and identified as A. aaptos by BOURY-ESNAULT (1973), presents a 
spiculation different from that normally found in this species, by having 
only styles. HECHTEL (1976), working on material collected near 
Bahia, identified A. bergmani LAUBENFELS, 1936, a sponge whose 
characters are similar to those described for A. aaptos sensu BOURY- 
ESNAULT (1973), which is now synonimous of the former (HECHTEL, 
1976). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Study of some sponges... 131 


Up to now, 4. aaptos escape to any chemical investigation. 4. papilata 
was reported to produce an agglutinine-like compound (ROGERS, 1977). 
The sterols of an unidentified Aaptos species have been studied by 
BERGMANN et al. (1950), but only cholesterol was identified. 


Sub-class TETRACTINOMORPHA LEVI 
Order AXINELLIDA BERGQUIST 

Family AXINELLIDAE RIDLEY & DENDY 
Pseudaxinella lunaecharta (RIDLEY & DENDY, 1866) 


Massive, friable sponge. Colour in life red-orange, turning beige in 
ethanol. Surface presenting numerous groves which are characteristic of 
the species (RIDLEY & DENDY, 1887) (Fig. 9). Oscules measuring 
from 2 to 3 mm in diameter. Ostioles not observed. Ectosome not dif- 
ferenciated. Skeletal structure plumose, without formation of axial con- 
densation (Fig. 24). Spicules entirely or partly included in large amounts 
of spongine B. 


Spicules: (Fig. 19) 


length width 
Uxeas 281 + 31 (203-328) 12.7 + 2,1 (9.6-17.5) 
Styles 202 + 23 (156-242) 12.0 + 1,5 (10.7-16.6) 


Pseudaxinella lunaecharta has been described as Axinella lunae- 
charta by RIDLEY & DENDY with material collected by the Challenger 
expedition in the Cabo Verde islands (RIDLEY & DENDY, 1887). It 
has been found by LAUBENFELS (1949) and WIEDENMAYER (1977) 
in the Bahamas and by LEVI (1961) in the Gulf of Guinea. In Brazil it - 
has been reported near Recife by HECHTEL (1976) under the name 
Axinella lunaecharta. 


The work of BERGMANN (1949) describing the identification of 
sterols in P. rosacea seems to be the only on a sponge of the genus 
Pseudaxinella. Current confusion between the genera Pseudaxinella and 
Axinella may invalid this assumption. 


Sub-cass TETRACTINOMORPHA LEVI 
Order AXINELLIDA BERGQUIST 

Family AGELASIDAE VERRIL 

Agelas dispar DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864 


Bulbous sponge. Colour dark brown in life as well as in ethanol. 
Groves can be seen on the surface of the sponge which is characteristic 
of the species (DUCHASSAING & MICHELOTTI, 1864) (Fig. 7). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


e 


132 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


Skeleton plumose (Fig. 27), without axial condensation, having ascen- 
dent fibers of spongine-B echinated by acanthostyles having from 9 to 
17 whorls of spines. 


Spicules: (Fig. 20) 


length width 
Acanthostyles 167 + 22 (128-188) 11.3 + 2.1 (8.5-18.1) 


Agelas dispar is a tropical western Atlantic sponge (DUCHAS- 
SAING & MICHELOTTI, 1864; LAUBENFELS, 1936; WIEDEN- 
MAYER, 1977), reported by BOURY-ESNAULT (1973) and HECHTEL 
(1976) for Brazil near Pernambuco, Bahia and Fernando de Noronha. - 


The sponges of the genus Agelas have been intensively studied. 
An unidentified species has been claimed to show antibiotic activity 
(BURKHOLDER, 1973), associated with the presence of two dihydrox- 
yindole derivatives (STEMPIEN, 1966). Extracts of 4. sparsus GRAY, 
1867 and 4. dilatata have been found antibiotic (HASHIMOTO, 1979) 
and ichtyoxic (GREEN, 1977). New pigments (BUCHECKER et al., 
1977, TANAKA et al., 1978) have been obtained from respectively 4. 
schmidtii WILSON, 1902 and A. mauritiana. Sterols (BALLANTINE et 
al., 1979) of A. mauritiana and A. oroides TOPSENT, 1920 are satu- 
rated or present a double bond in the A 7 position. A. oroides has been 
found to be a rich source of various bromopyrole derivatives (FAULK- 
NER & ANDERSEN, 1974). Among them, oroidin is characteristic in 
having a guanidine in addition to the bromopyrole nucleus (BAKER & 
MURPHY, 1976). 


Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI 
Order POECILOSCLERIDA TOPSENT 


Family MYCALIDAE LUNDBECK 
Mycale fusca (RIDLEY & DENDY, 1886) 


Massive sponge (Fig. 8). Colour in life brown, turning beige in 
ethanol. Smooth surface, incrustated by sediments and algae. Oscules 
and ostioles not visibles in the studied specimens. Choanocyte chambers 
having a diameter of 20 to 30 um. Ectosome easily detachable. Choa- 
nosome cavernous and friable. Skeleton plumoreticulated with numerous 
anisochela rosettes under the ectosome (Fig. 23). 


Spicules: (Fig. 16) 


: IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Study of some sponges... 133 


length width 


Tilostyles 609 + 81 (373-731) 14,0 + 1.8 (10.7-17.7) 
Anisochelae 56.3 + 3.8 (44.4-61.8) 

Sigmata 35.0 + 3.1 (29.4-42.6) 

Raphides 


RIDLEY & DENDY (1887) registered Esperella fusca for the 
shallow water coastal region of Bahia. Since then, this sponge has not 
been found anymore and may be considered endemic for Brazil (HE- 
CHTEL, 1976). No chemical work has been reported for M. fusca, but 
other species of the genus showed acute toxicity (M. lingua and Mycale 
sp.) (GREEN, 1977) and antitumor activity (M. microsigmatosa) 
(BASLOW, 1969). Free histamine (METTRICK et al., 1965) has been 
isolated from M. laevis 


Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI 
Order DENDROCERATIDA MINCHIN 
Family APLYSILLIDAE VOSMAER 
Darwinella australiensis CARTER, 1885 


Carmine red massive sponge. Surface covered with conules (Fig. 
6). Oscules located along the upper parts of the sponge, 4 to 6 mm large 
in diameter. Ostioles (+ 100 um) in groups of 3 to 6 on the vestibular 
cavities. Skelton dendritic in the external parts, having some anas- 
tomoses in the inner ones. Stratified fibers, measuring from 100 to 180 
pm in diameter, showing some incrustations. Choanocyte chambers oval, 
the larger diameter measuring from 40 to 120 um. Triactinic spiculoid 
formations abundant, having radia of 800 + 85 um (Fig. 25). Tetractinic 
ones rare, with radia of 455 + 70 um. Studied specimens did contain 
eggs and embryos. 


D. australiensis is a common sponge of the Indian Ocean and of 
the Mediterranean Sea (CARTER, 1885; TOPSENT, 1892; BOURY- 
ESNAULT, 1971; PRONZATO, 1975). It has been found as well in the 
Atlantic Ocean near Senegal by LEVI (1952) and in the Bermudas 
by LAUBENFELS (1950). Another species of the genus, D. mulleri has 
been described by SCHULTZE (1865) with material collected in Brazil. 


Due to the presence of some incrustations in the fibers and of 
anastomoses in the central parts, the specimens studied are quite similar 
to Igernella joyeuxi (TOPSENT, 1889) cited by BOURY-ESNAULT 
(1973) for the region of Recife, Brazil. The two species differ in colour, 
in the predominantly dendritic character of the fibers and in the presen- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


134 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


ce of a larger quantity of triactinic spiculoids in D. australiensis 
 (LAUBENFELS, 1948; PRONZATO, 1975). 


No chemical work has been reported for the genus Darwinella. 


Sub-class CERACTINOMORPHA LEVI 
Order DICTYOCERATIDA (?) MINCHIN 
Family SPONGIIDAE (?) GRAY 

Aplysina fistularis forma fulva (PALLAS, 1766) 


Massive to digitated sponge. Diameter of the branches from 10 to 
40mm (Fig. 10). Colour in life greenish-yellow turning rapidly brown 
when exposed to air. Surface presenting conules 0.5 to 2,0 mm high. Os- 
-cules diameter from 1.0 to 5.0mm. Skeleton composed of a reticulation 
of golden pithed fibers 100 to 200 um in diameter (Fig. 28). Spherical 
choanocyte chambers 39,2 + 2,1 um in diameter. 


The species of the genus Aplysina NARDO, 1834 are frequently 
named by its synonimous genus Verongia BOWERBANK, 1845 
(WIEDENMAYER, 1977). VACELET (1959) gave priority to the name 
Verongia owing to the poor existing description in the earliest publi- 
cation on Aplysina. However, according to the International Code of 
Zoological Nomenclature (1961) the name Aplysina is available (art. 11 
and 12) and valid because endowed of a description (art. 50) and a type- 
species (art. 67-g and 69-a (ii-2)). Furthemore, Aplysina is the first name 
given to the taxon (art. 23) (WIEDENMAYER, 1977). 


Placing the genus Aplysina in the family SPONGIIDAE Gray, 
WIEDENMAYER (1977) did not take into account neither their ovi- 
-parity (GALLISSIAN, 1976), nor their complex histologic structure 
(BERGQUIST, 1978). Finally, the presence of both specific amino-acid 
patterns (BERGQUIST & HOGG, 1969); BERGQUIST & HARTMANN, 
1969) and unique dibromotyrosine derivatives. (CIMINO et al., 1975; 
KELECOM & KANNENGIESSER, 1979) are characters favoring the 
classification of this genus (together with others such as /anthella 
GRAY, 1869 and Smenospongia WIEDENMAYER, 1977) in a different 
order (GALISSIAN, 1976; BERGQUIST, 1978, 1980; VAN SOEST, 
1978). 


A. fistularis forma fulva has been described as Spongia fulva by 
PALLAS for the Atlantic Ocean (WIEDENMAYER, 1977). Based on 
the list of synonims given by WIEDENMAYER (1977), it can be con- 
sidered as a tropical cosmopolitan species (DUCHASSAING DE FOM- 
BRESSIM & MICHELOTTI, 1864; LAUBENFELS, 1936, 1948, 1956; 
WIEDENMAYER, 1977). In Brazil it has been reported in Ceará 
(LAUBENFELS, 1956; JOHNSON, 1971), Pernambuco (JOHNSON, 


SO AS 
IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Study of some sponges... 135 


1971; BOURY-ESNAULT, 1973; HECHTEL, 1976) and Bahia (BOURY- 
ESNAULT, 1973; HECHTEL, 1976). 


A. fistularis forma fulva has been shown to contain several di-tetra- 
and hexa-bromotyrosine related metabolites which have been found 
responsible for the cytotoxic activity of the sponge (GOPICHAND & 
SCHMITZ, 1979). Antibacterial (SHARMA & BURKHOLDER, 1967) 
and antitumour (BASLOW, 1969) activities have been claimed for two 
other tyrosine derived bromo-compouds isolated from A. fistularis (in 
text Verongia fistularis). This sponge also contains aplysterol and 24,28- 
didehydroaplysterol, two peculiar C-27 methyl-sterols only found in 
sponges of the genus Aplysina (DE ROSA et al., 1973). Many other 
species of the genus Aplysina have been investigated affording aeroply- 
sin-1 (FATTORUSSO et al., 1972) and aeroplysin-2 (MINALE et al., 
1972), aerothionine and homo-aerothionine (MOODY et al., 1972), as- 
taxanthin (TANAKA et al., 1978), 3,4-dihydroxyquinoline-2-carboxylic 
acid (FATTORUSSO et al., 1971), 25-dehydroaplysterol, verongulas- 
terol, 24R and 24S isopropenyl-cholesterol (KOKKE et al., 1979) and 
aplysinopsin (HOLLENBEAK & SCHMITZ, 1977). The latter com- 
pound exerts antineoplastic activity (HOLLENBEAK & SCHMITZ, 
1977). | 


DISCUSSION 


Little affinity has been found between tropical and sub-tropical 
sponges. More than 220 species have been collected along the Brazilian 
coast, but only 8 in both areas. From the 10 sponges of Guarapari iden- 
tified in this work, three are new occurrence for Brazil and six were 
already known for the Bahian and Northeastern coasts. The region of 
Guarapari seems thus to posses a tropical-type sponge fauna. 


The lack of information about the sponge fauna of Cabo Frio (Rio 
de Janeiro) does not allow comparisons with the one of Guarapari. 
However, preliminary observations suggest more affinities with the 
fauna of the São Paulo coast (sub-tropical), as happens with madre- 
porians and gorgonians (BAYER, 1961; LABOREL, 1967). Thus the 
southern limit for sponges of the Brazilian tropical area can be placed 
somowhere between Guarapari and Cabo Frio, as it has been suggested 
“by HECHTEL (1976), and may be determined by the upwelling of col- 
der waters in Cabo Frio, which may act directly, on the sponges of 
narrow limits of thermic tolerance, or indirectly, by limiting the esta- 
blishment of other organisms such as corals, which would offer a more 
diversified environment (i.e. a bigger number of niches) to be occuped by 
the sponges. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


136 SOLE-CAVA, H.M. et alii 
ACKNOWLEDGMENTS 


To Mr. A.J.KOPP for valuable technical assistance during Scubadiving work, Mr. 
KERSANACH for useful help in spicule isolation and measurements, the Universidade 
Federal do Rio de Janeiro (Brazil) for Scanning electron-microscopy and to Drs. S.A. 
RODRIGUES and C. VOLKMER-RIBEIRO for critical comments on some topics of this 


work. 


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ER) (a 


107, 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


142 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


linden | 2 


Fig. 1-3: 1. Erylus formosus; 2. Chondrosia reniformis; 3. Chondrilla nucula. (Scale 
bar =1cm) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


143 


- Study of some sponges. 


Fig. 4-5: 4. Anthosigmella varians; 5. Asptos aaptos. (Scale bar = lem). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


144 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


Fig. 6-9: 6. Darwinella australiensis; 7. Agelas dispar; 8. Mycale fusca; 9. Pseu- 
daxinella lunaecharta. (Scale bar =1cm). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Study of some sponges... 145 


Fig. 10: Aplysina fistularis forma fulva. (Scale bar= cm). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


146 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


Fig. 11-16: Scanning electron micrographs. 11-13. Erylus formosus; 11. Aspidaster 
(90,91); 12. Oxygaster (9,09); 13. Tylaster (3,64); 14-15. Anthosigmella varians: 14. 
Tylostyles and anthosigma (42,11); 15. Magnified view “f the anthosigma (10,53); 16. 
Mycale fusca, general view of the spicules (44,44). (The number in parenthesis is the 
value, in micrometers, of the Scale bar). sas 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Fig. 17-20: Microphotographies of some spicules. 17. Chondrilla nucula: oxys- 
pherasters; 18. Aaptos aaptos: styles and strongyloxeas; 19. Pseudaxinella lunaecharta: 
styles and oxea; 20. Agelas dispar: acanthostyle (Scale bar=100pm (Fig. 17, 19, 20) and 
200 um (Fig. 18)). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


148 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


ei i 22 


23 24 
Fig. 21-24: Histologic sections of the sponges. 21. Chondrosiaréniformis; 22. An- 


thosigmella varians; 23. Mycale fusca (note the anisochela rosette); 24. Pseudaxinella 
lunaecharta. (Scale bar=200 pm (Fig. 21) and 100 um (Fig. 22, 23, 24)). _- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


Fig. 25-27: Histologie sections of the sponges. 25. Darwinella australiensis; 26. 
Chondrilla nucula; 27. Agelas dispar. (Scale bar=100 um (Fig. 25) and 200 pm (Fig. 26, 
27)). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


150 SOLE-CAVA, H.M. et alii 


D 


Fig. 28-29: Histologic sections of the sponges. 28. Aplysina fistularis forma fulva; 29. 
Aaptos aaptos (Scale bar=100 um (Fig. 28) and 200 um (Fig. 29)). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(60):125-150, 30 nov 1981 


IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências 
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. É publicado em quatro séries: BOTÂNICA, 
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA. 


Cada série é editada em fascículos com numeração corrida independente, podendo conter um ou 
mais artigos. 

O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuido a Instituições 
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis- 
ta e demais interessados. 


IHERINGIA is the official scientific periodical of the “Museu de Ciências Naturais”. Its aim is 
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the 
Zoological Park. 


Articles from other national and foreign Institutions researchers may be accepted. Emphasis is 
given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul 
State. 


IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series 
is issued in fascicles consecutively numbered and may contain one or more articles. 


IHERINGIA an, whole or as a separate series, is distributed to similar scientific Institutions 
on an exchanging basis and may also be available to scientists and other interested parties on pre- 
viours arrangements. 


RECOMENDAÇÕES AOS AUTORES: 


1. Os manuscritos devem ser encaminhados ao Editor, através de ofício, podendo ser aceitos a cri- 
tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor- 
Superintendente da FZB. 


2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e 
Parque Zoológico da FZB. A juizo, podem ser aceitos artigos de pesquisadores de Instituições 
nacionais ou estrangeiras cujas investigações versem preferencialmente sobre assuntos relacio- 
nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul. 


3. Os artigos em lingua postuguesa devem ter um resumo em lingua estrangeira e os em lingua es- 
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em 
português. 


4. Os originais devem ser apresentados em 2 vias datilografadas em espaço dois, com margens 
mínimas de 2 cm, sem emendas, em papel branco (tamanho oficial A-4:21x29,7 cm), utilizando-se 
um só lado da folha. 


5. Todas as folhas devem ser numeradas na margem superior direita, com numeração corrida e 
rubricadas pelo autor ou ao menos por um dos autores. 


6. Os nomes científicos de gênero e dos “taxa” infragenetricos deverão ser sublinhados com um 
traço ondulado. 


7. O titulo geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtítulos bem como as palavras latinas 
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto. 


8. Os nomes de autores que seguem os nomes genéricos, específicos, ou outros devem ser escritos 
em caixa baixa e os que dizem respeito a referências bibliográficas em CAIXA ALTA. 


9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro 
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o 
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos: 


a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do 
trabalho, título do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de 
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e 
sublinhado), número ou fascículo (entre parcuteses) seguido de dois pontos, página inical e 
final. 


12. 


13. 


14. 
15. 


Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en 
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2est. 


b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, título do 
livro (sublinhade com um traço reto), edição (em número arabico, seguido de ponto e da 
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de 
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do volume consultado 


(precedidos de p. e v. respectivamente). 


Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet. 


335p. 


. Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al- 


garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua 
apresentação, respeitando quanto possivel as indicações do autor. 


. Todas as tabelas e figuras devem ter título claro, conciso e, se necessário, com explicações breves 


que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este titulo, bem como as legendas, se 
houver, devem vir em folhas a parte. 


Os desenhos gráficos e mapas devem se feitos a nanquim preto, preferencialmente em papel 
vegetal e as fotografias nos tamanhos que permitam a redução para o máximo de 17cmxllcm. As 
ilustrações a cores devem ser combinadas previamente e seu custo fica a cargo do autor. 


Os artigos, sempre que possível, devem compreender os seguintes tópicos: Título; Nome do autor 
(es); Referências do artigo (data de aceitação para publicação, etc) e do autor (local de trabalho e 
endereço); Resumo (conforme item 3); Introdução; Material e Métodos; Resultados e/ou Discus- 
são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia: Consultada ou Referências Bibliográficas. 


A correção das provas tipográficas será, sempre que possivel, de responsabilidade do autor. 


Serão fornecidas gratuitamente 100 separatas de cada artigo, independentemente do número de 
autores. Aqueles que tiverem interesse em um maior número de separatas de seus artigos deverão 
solicitá-las por ocasião do encaminhamento dos originais ao Editor e arcar. com | as : despesas 
correspondentes. 

Prof. Dr. Amo Antonio Lise 


EDITOR 
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA COMISSÃO zZ 
(Mailing Address) Moema Leitäo de Araújo 
Museu de Ciências Naturais Vera L. Lopes Pitoni 
Caixa Postal 1188 Maria Helena M. Galileo 
90.000 Porto Alegre, RS 
Brasil 


ENDEREÇO PARA PERMUTA 
(Address for exchange) 


Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Biblioteca 
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Concluiu-se esta edição 
em dezembro de 1981 


“PROVAS REVISADAS PELO CLIENTE” 


Composição, impressão e acabamento: 
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UN. 


serie Zoologia 


BL ISSN 0073-4721 


LEMA, T.de. Sobre a ocorrência de Typhlops brongers- 
mianus Vanzolini, 1972 no Estado do Rio Grande do 


Sul e regiões adjacentes. (Serpentes, Typhlopidae).... D.:8 
ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M.de. Lista preliminar 

dos cicadelideos (Homoptera, Cicadellidae) do Brasil... p. 9 
LEMA, T.de. Descricäo de dois especimens bicefalos de 

Liophis miliaris (L. 1758) (Serpentes, Colubridae)..... p. 67 


MACHADO, L.O.M. Notas sobre a reprodução de Spo- 

rophila albogularis (Spix, 1825) (Passeriformes, Em- 

a EN. 2 o na Raro ee ia, p. 81 
TROIS, C.A.C. Contribuição para o conhecimento do 

gênero Halictoxenos Pierce, 1908(Insecta, Strepsip- 

DR no o poses Emo a ns kn ao ca p. 91 
CAZZANIGA, M.J. Notas sobre hidróbidos argentinos. V 

Coquiliometria de Littordina parchappii (D'Orbigny, 

1835) (Gastropoda Rissoidea) referida a su ciclo de 

vida en poblaciones autrales .........ccccssccrc cs p. 97 
TROIS, C.A.C. Strepsiptera brasileiros. I. Uma nova es- 

pécie do gênero Elenchus Curtis, 1832 (Insecta, Strep- 

Rr RP PAD Ego RPA ER VI p. 119 
GRESELE, C.T.G. Osteologia craniana de Lama guanicoe 

(Müller, 1776) em estudo comparativo com Camelops 

hesternus (Leidy, 1873) (Artiodactyla, Camelidae) ..... p. 125 


Museu de Ciências Naturais da 
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Publicado com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Processo 
40.245] /81. 


Senhores: 
Dear Sirs: 


Queiram ter a gentileza de preencher o presente, devolvendo-o ao 
Museu, a fira de que não haja interrupção na remessa do número seguin- 
te de IHERINGIA. 


Please complete the requested below and return it to us, so that 
we can send you the next number of IHERINGIA. 
1: Recebemos e agradecemos: IHERINGIA, Série Zoologianº 61 
We have received: 


2. Faltam-NOS: sc cms 2... 2 4 un een een E a RE 
We are in want of: 

3. Enviamosempermüta:!.........-:-.u.n.e.s nenne. oo A 
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4. Nosso campo de interesse: 
Our field of activities: 


Local e data: 
City an date: 


Assinatura: 
Signature : 


ErRATA 


JHERINCIA, Ser. Zool., Forto hegre(SB):4)-63, Ser. 198) 


p-42 lin. 12: fosse Jesa-se fossem 

p.as ” 3B: pelo SEITE er por FEE.SEITE 
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2 UNR Esc.: 1:750.000 = Escala.:1:1.250.000 


p.62 e 63 -: Esc.:1:750.000 = Escala.:1:1.140.000 


RE ES PPS <> ds 


Sobre a ocorrência de Typhlops brongersmianus VANZOLINI, 
1972, no Estado do Rio Grande do Sul e regiões adjacentes. (Ser- 
pentes, Typhlopidae). * 


Thales de Lema ** 


RESUMO 


DIXON & HENDRICKS (1979) identificaram como Typhlops brongersmianus 
VANZOLINI, 1972, todos os espécimens do gênero procedentes do sul do Brasil e países 
vizinhos; identificaram como T. reticulatus (L. 1766) os especimens do Brasil Central para 
o norte e oeste. LEMA (1980) descreve espécimens do leste do Rio Grande do Sul, iden- 
tificando-os como T. reticulatus. No artigo presente identifica-se o material de LEMA 
(1980) como T. brongersmianus, mas levanta-se algumas dúvidas. 


ABSTRACT 


DIXON & HENDRICKS (1979) determined all specimens from southern Brazil and 
adjacent lands as Typhlops brongersmianus VANZOLINI, 1972 while T. reticulatus (L., 
1766) is more from northern and western South America with sympatry between them in 
Central Brazil. LEMA (1980) described specimens from eastern Rio Grande do Sul under 
the name 7. reticulatus. The LEMA's material is reidentified here as T. brongersmianus 
but some doubts on this species are pointed out. 


INTRODUÇÃO 


LEMA (1980) registra Typhlops reticulatus (L., 1766) para o Es- 
tado do Rio Grande do Sul, Brasil meridional. Dos exemplares exa- 
minados sete foram capturados e identificados por Carl Gans (Buffalo 
University, Estados Unidos da América). Ao identificar os espécimes, 
LEMA notou algumas diferenças em relação às descrições existentes de 
T. reticulatus. Entretanto, foi mantida a determinação de Gans, tendo 
em vista sua autoridade em Squamata ofioforme primitiva e porque o 
status de T. reticulatus está carente de revisão. 

Recentemente, DIXON & HENDRICKS (1979), apresentam uma 
revisão do gênero Typhlops OPPEL, 1811 na América do Sul, com a 


_* Aceito para publicação em 19.VIII.1981. Contribuição FZB nº 241. 

** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq TC. IIII-6090/79). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 agof1982 


4 LEMA, T. de. 


restrição da área geográfica de T. reticulatus (mais setentrional) e am- 
pliação da área geográfica de T. brongersmianus VANZOLINI, 1972. Na 
região do Rio Grande do Sul e países limitrofes, DIXON & HEN- 
DRICKS (op.cit) indicam apenas T. brongersmianus. 

Comparando-se os dados do material de LEMA (op.cit.) com os da 
descrição original (VANZOLINI, 1972, 1976) e os de DIXON & HEN- 
DRICKS (op.cit.) reidentifica-se os exemplares do Rio Grande do Sul 
como da espécie de VANZOLINI mas encontra-se algumas diferenças 
que são aqui comentadas. 


MATERIAL DO RIO GRANDE DO SUL 


O espécimen-tipo procede da Bahia, Brasil. O material examinado 
por LEMA (1980) procede do leste do Rio Grande do Sul, estando de- 
positado na coleção de répteis do Departamento de Zoologia do Instituto 
de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e 
na do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio 
Grande do Sul (MCN), ambas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 
Brasil. 

O diâmetro maior do tronco pelo comprimento total, no holótipo, é 
de 24 vezes, enquanto que no exemplar de Emboabas, Tramandai, 
(UFRS 0170) é de 27 vezes, e, no de Três Cachoeiras, Torres (MCN 
1491) é de 28 vezes. 

O comprimento total do holótipo é de 214mm, do espécimen de 
Emboabas é de 176,5mm e o de Três Cachoeiras é de 183mm. 

O comprimento da cauda do holótipo corresponde a 29,6 vezes do 
comprimento total, o do exemplar de Emboabas a 32 vezes e o de Três 
Cachoeiras a 30,5 vezes. Os três espécimens estão sem o sexo deter- 
minado, pelas mesmas razões expostas por DIXON & HENDRICKS 
(op.cit.). 

O número de escamas ao longo do corpo-no holótipo é de 204 (con- 
tadas pela linha vertebral). LEMA (op.cit.) contou pelo lado ventral, en- 
contrando 218 no exemplar de Emboabas e 226 no de Três Cachoeiras. 
Nestes dois exemplares do Rio Grande do Sul a contagem foi feita pela 
linha mediano-ventral porque aí as escamas apresentam-se um pouco 
mais largas que as dorsais, com certa transversalidade, motivando con- 
siderá-las como gastrostegas primitivas (pro-ventrais). De acordo com os 
parâmetros apresentados por DIXON & HENDRICKS (op.cit) para 7. 
brongersmianus, o número de escamas ao longo do corpo dos exemplares 
do Rio Grande do Sul estã dentro da variação daqueles parâmetros. 

O número de estrias escuras longitudinais é de .II nos três es- 
pécimens citados e em todos os demais examinados por DIXON & 
HENDRICKS (op.cit) mas apenas nove estrias são conspicuamente pig- 


"* IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982 


| 


Sobre a ocorrência de Typhlops... 5 


mentadas, como se pode apreciar na figura 2 de DIXON & HEN- 
DRICKS (op.cit). _ 


A figura “lc” de DIXON & HENDRICKS (op.cit), segundo a 
legenda, é de “T. reticulatus/brongersmianus” (sic), mas não confere 
com as figuras da descrição original (VANZOLINI, 1972) no que se 
refere à forma dos escudetes em vista lateral e ventral. 

DIXON & HENDRICKS (op.cit.) indicam a ocorrência de T. bron- 
gersmianus no Rio Grande do Sul, com base em espécimens capturados 
por Gans em localidade próxima a Tramandaí, no municipio de Osório, 
segundo eles. Devem, pois, ser os mesmos exemplares que examinamos 
quando estavam depositados na antiga coleção do Instituto de Ciências 
Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICNRS), atual 
Instituto de Biociências, em parte), sob os números ICNRS 1802 a 1805. 
Nessa ocasião LEMA (1980) examinou-os, tomando nota de dados da 
coloração somente. Logo apös isso, eles foram mandados para Gans, que 
os depositou no Carnegie Museum de Pittsburgh (CMP) sob números 
CMP 39029 a 39032, segundo DIXON & HENDRICKS (op.cit). LEMA 
(op.cit.) equivocou-se ao supor que estavam na Buffalo University e 
pensou assim porque Gans trabalhava nessa Universidade. Sendo assim, 
o espécimen UFRS 0170 é do mesmo lote e aqui cabe uma correção na 
procedência indicada por DIXON & HENDRICKS (op.cit.): os exem- 
plares CMP 39029 a 39032 e o UFRS 0170 procedem de uma região 
chamada Emboabas que dista 10km a sudeste da cidade de Osório, mas 
no município de Tramandaí, que foi isolado do de Osório posteriormente 
à viagem de Gans ao Brasil. É uma área plana dentro da planície cos- 
teira, predominando gramados, havendo um capão de mato antigo (mata 
primária) junto à Fazenda do Sr. Romário, cujo trator foi usado por 
Gans e colaboradores para a coleta. Junto com essas serpentes, foram 
coletadas; também, exemplares de Amphisbaenidae. (Amphisbaena dar- 
winii trachura Cope, 1885). 


COMENTÁRIOS FINAIS E DISCUSSÃO 


Ä luz da revisão de DIXON & HENDRICKS (op.cit)., Typhlops 
brongersmianús é a espécie de mais ampla distribuição geográfica do 
gênero na América do Sul, pois ocorre desde o Uruguai até a Venezuela 
e ilhas fronteiras. As citações na literatura para o Paraguai, Argentina e 
Uruguai como Typhlops reticulatus são, pois, de T. brongersmianus, 
conforme mapa apresentado por DIXON & HENDRICKS (op.cit.), que 
indicam a bibliografia para esses paises mas não a sinonimia na apresen- 
tação da espécie. A citação de KOSLOWSKI (1898) para o Uruguai é 
duvidosa, conforme VAZ-FERREIRA & SORIANO (1960), pois não foi 
documentada com a captura de exemplar. Por outro lado, KOSLOWSKI 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982 


6 LEMA, T. de. 


(1898a) afirma que muitas espécies são transportadas para o sul pelas 
cheias dos rios Paraguai-Parana-Uruguai, justificando, dessa forma, a 
presença de inúmeras espécies próprias da região de Mato Grosso ao 
norte da Argentina. 

LEMA (1980), ao examinar material, em mãos, de São Paulo e do 
Rio Grande do Sul, Brasil, identificados como T. reticulatus (os de São 
Paulo por P. E. Vanzolini e os do Rio Grande do Sul por C. Gans), sen- 
tiu diversas divergências com as diferentes descrições de T. reticulatus, 
tanto que, em seu artigo, sugere a possibilidade de variação geográfica. 
Por outro lado, estando em jogo a autoridade de Vanzolini e de Gans, a 
existência de poucos especimens disponiveis para exame e, principalmen- 
te, a complexidade do conceito de T. reticulatus, cautelosamente man- 
teve as determinações. 

A complexidade citada na conceituação de T. reticulatus diminuiu 
com a revisão de DIXON & HENDRICKS (op.cit.), mas ainda existe 
devido aos inúmeros aportes dos mais diferentes autores em diferentes 
épocas, iniciando-se com a descrição original, cujo laconismo é por 
demais omisso e impõe-se um reexame de todos os espécimens regis- 
trados e depositados com esse nome. DIXON & HENDRICKS (op.cit) 
sentem o problema e afirmam que a revisão de T. reticulatus realizada 
por eles era, ainda, preliminar. 

Finalmente, observando-se em DIXON & HENDRICKS (op.cit.) o 
mapa (Fig. 3) e o gráfico da variação das escamas dorsais de T. bron- 
gersmianus (Fig. 4a), nota-se a possível existência de, pelo menos, 
duas subespécies: (a) uma oriental, distribuída pela planície costeira do 
Brasil até Trinidad, onde se enquadra o material do Rio Grande do Sul; 
outra (b) ocidental, ocupando as bacias do Paraná, Paraguai e suas ad- 
jacências. Quanto ao material do nordeste e setentrional, não poderá ser 
o mesmo ocorrente no Brasil Sul-Oriental, à luz de tudo o que se tem 
dito em termos de Zoogeografia (MULLER, 1973). 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


DIXON, J.R. & HENDRICKS, F.S. 1979. The wormsnakes (Family Typhlopidae) of 
the neotropics, exclusive of the Antilles. Zoologische Verhandelingen, Leiden 
(173):1-39, Dec. 10 fig. 

KOSLOWSKY, J. 1898. Enumeración sistemática y distribución geográficaf de los rep- 
tiles argentinos. Revista del Museo de La Plata, La Plata (Buenos Aires), 8:161- 
200. 


1898a. Ofidios de Matto-Grosso (Brasil). Revista del Museo de La Plata, La 
Plata, 8:25-32. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982 


Sobre a ocorrência de Typhlops... 7 


LEMA, T.de. 1980. Ocorrência de Typhlops reticulatus (L., 1766) no Estado do Rio 

Grande do Sul (Brasil) e comentários sobre a espécie (Ophidia: Typhlopidae). 
‚. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre (56):7-14, mar. 5 fig. 

MULLER, P. 1973. The dispersal centres of terrestrial vertebrates in the Neotropical 
realm. Biogeographica, The Hague, 2:1-244. 101fig., 2 est. 

VANZOLINI, P.E. 1972. Typhlops brongersmai spec. nov. from the coast of Bahia, Brasil 
(Serpentes: Typholopidae). Zoologische Mededelingem, Leiden, 47 :27-29, Oct. 3fig. 

1976. Typhlops brongersmianus, a new name for Typhlops brongersmai Van- 

“zolini, 1972, preoccupied (Serpentes, Typhlopidae). Papéis Avulsos de Zoologia, São 
Paulo, 29:247. 

VAZ-FERREIRA, R. & SORIANO, B.S. de. 1960. Notas sobre reptiles del Uruguay. 
Revista de la Facultad de Humanidades y Ciencias, Montevideo (18):133-206. Nov. 


10est. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):3-7, 28 ago 1982 


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Lista preliminar dos cicadelideos (Homoptera, Cicadellidae) do 
Brasil* 


Keti Maria Rocha Zanol** 
Max de Menezes*** 


RESUMO 


Apresenta-se uma lista preliminar das espécies de Cicadeliidae (Hemiptera, Homop- 
tera) ocorrentes no Brasil, transcritas da literatura, com citações de novas ocorrências e 
de suas plantas hospedeiras. 


ABSTRACT 


This work presents a preliminary list of the species of the Cicadellidae (Hemiptera, 
Homoptera) from Brazil translated of the literature with new records and host plants. 


INTRODUÇÃO 


As cigarrinhas da familia Cicadellidae constituem um grupo de in- 
setos de reconhecida importância agricola. Além dos prejuízos causados 
diretamente às plantas pela retirada da seiva, muitas espécies são to- 
xicogênicas e várias outras são vetoras de importantes fitoviroses. 

A fauna de Cicadellidae da região Neotropical e, especialmente a 
do Brasil, tem permanecido pouco conhecida em comparação a de outras 
regiões zoogeográficas, principalmente a Neártica e a Paleártica. 

A grande maioria das espécies dessa família referida para a região 
Neotropical pode ser conhecida com auxílio de vários trabalhos que 
apresentam estudos revisivos a nível de subfamília e de gêneros: 
Agalliinae (OMAN, 1933, 1934, 1938; KRAMER, 1964); Cicadellinae 
(YOUNG, 1968, 1977); Ledrinae (KRAMER, 1966; NIELSON, 1962); Ty- 
phlocybinae (YOUNG, 1952, 1959, 1957; LINNA VOURI, 1954); Gyponinae 
(DELONG & FREYTAG, 1972); Iassinae (KRAMER, 1963); Neocoe- 
lidiinae (KRAMER, 1964): Deltocephalinae (LINNAVUORI, 1959; 
BLOCKER, 1967) Xestocephalinae; Neobalinae; Bythoninae; Nirvaninae 


* Trabalho aceito para publicação em 11.1.1982. Contribuição FZB nº 249. 

** Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 105941-79), no 
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1188, 
90.000, Porto Alegre, RS, Brasil. 

*** Pesquisador do Centro de Pesquisas do cacau, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Ca- 
caueira (CEPLAC/CEPEC) Caixa Postal 7, 45.600, Itabuna, Ba, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


10 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


(LINNAVUORI, 1959). Muitos outros trabalhos foram publicados con- 
tendo descrições de espécies novas e outras informações sobre a fauna 
Neotropical. De enorme valor para o taxonomista de Cicadellidae é o 
Catálogo Geral de Homoptera de METCALF (1962 - 1968). 

No Brasil, DUTRA (1966, 1967, 1969, 1971, 1972) realizou estudos 
com a subfamília Agalliinae descrevendo espécies novas do gênero 
Agallia Curtis, 1833; MENEZES (1973, 1974, 1975) descreve gênero e 
espécies novas da subfamília Deltocephalinae. SILVA et alii (1968) or- 
ganizam o cátalogo dos insetos ocorrentes no Brasil. Nesse catalogo, são 
citados 48 espécies de cicadelideos indicando localidade de ocorrência e 
plantas hospedeiras. 

Sobre a familia Cicadellidae, apesar de apresentar espécies de 
reconhecida importância agricola, no Brasil, muito pouco se conhece 
quanto a sua distribuição geográfica, plantas hospedeiras e dos danos 
por elas causados. 

O presente trabalho visa listar as espécies já referidas na literatura 
para o Brasil, apresentando também registro de novas ocorrências e suas 
plantas hospedeiras, ampliando o conhecimento sobre as espécies bra- 
sileiras. 


MATERIAL E MÉTODOS 


As espécies de Cicadellidae listadas são aquelas referidas na literatura, constando, 
também, de observações inéditas, realizadas nos últimos 12 anos (indicadas por *). 

As espécies referidas, pela primeira vez, para o Estado da Bahia, foram coletadas 
em canteiros de gramíneas e leguminosas, com auxílio do aspirador D'VAC em Ilhéus e, 
com rede de varredura, em Teixeira de Freitas. As espécies citadas para o Estado de São 
Paulo foram coligidas em gramíneas e em leguminosas com rede de varredura. Utilizou-se 
também armadilha luminosa e outras fontes de luz. No Rio Grande do Sul, as coletas 
foram processadas com armadilha luminosa do tipo “Luiz de Queiroz”, nos municípios de 
Porto Alegre, Guaiba e Viamão. 

As subfamilias estão relacionadas conforme LINNAVUORI (1959), adotando-se a 
ordem alfabética tanto para as subfamílias como para os gêneros e espécies apresentadas 
seguidas da distribuição geográfica, plantas hospedeira e referências bibliográficas. 

Quanto à distribuição geográfica, na literatura, em alguns casos, não há nenhum 
detalhe sobre a localidade onde o inseto foi coletado, sendo citado apenas “Brasil”; às 
vezes, somente é mencionada a região de ocorrência e, em outros casos, apenas o nome da 
localidade, com o provável estado ou território ao qual pertence. 

As plantas hospedeiras citadas nas novas ocorrências pelo nome vulgar estão lis- 
tadas em ordem alfabética no apêndice, seguidas do seu nome científico. No caso de mul- 
tiplicidade de denominações vulgares, essas são citadas no texto seguidas por uma letra 
(A, B, C, etc.) que também aparece na relação final. Algumas vezes é possivel citar as 
plantas hospedeiras transcritas da literatura. 

Para evitar o grande número de repetições desnecessárias, todas as referências 
bibliográficas são citadas no texto apenas pelo número de ordem no qual aparecem no 
capítulo correspondente, ao final do trabalho. 

Os espécimens coletados no Rio Grande do Sul nee -se depositados na 
coleção entomológica do MCN (Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotänica do 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 11 


Rio Grande do Sul), os coligidos na Bahia, estão, em parte, inseridos na coleção do MCN, 
e o restante na coleção entomológica do CEPEC (Centro pesquisas do Cacau) e os 
coletados em São Paulo, distribuidos entre o MZUSP (Museu de Zoologia da Universi- 
dade de São Paulo), Departamento de entomologia da ESALQ (Escola Superior de 
Agricultura “Luiz de Queiroz”) e no CEPEC. 


A. 


ES mg de Db 5 já 


ESPÉCIES BRASILEIRAS E SUA DISTRIBUIÇÃO 
Subfamília AGALLIINAE 


Agallia Curtis, 1833 


albidula Uhler, 1895. Brasil (102), tomateiro (93). Para (86), San- 
tarém (99). Amazonas, Manaus (94). Pernambuco (86, 94). Bahia 
(86,99). Mato Grosso (86,94), Chapada dos Guimarães (99). Minas 
Gerais (86,94), Jacare (99). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69). Rio 
de Janeiro (86,94). São Paulo (69, 86, 94), alface, batata, beterraba, 
espinafre, linho, tabaco, tomate (2), Botucatu, alface (*). São Paulo, 
Rio Grande do Sul, acelga, alface, batatinha, beterraba, capim 
quicúio, chicoria, feijoeiro comum, fumo, girassol, mamoneiro, oró, 
pimentão, tomateiro, trigo, Crotalaria juncea (106). Santa Catarina, 
Nova Teutonia (69). Rio Grande do Sul, batata inglesa (3,4), girassol 
(4). 


. alvarengai Dutra, 1971. Rio de Janeiro (Corcovado) (41). 

. assimilis (Stal, 1862). Brasil (55, 66). Rio de Janeiro (86,109). Santa 
Catarina, Nova Teutonia (69). 
blanda Oman, 1938. Rio de Janeiro, Itatiaia (39). Rio Grande (sic) 
(69). 

. brasiliana Dutra, 1966. Distrito Federal, Brasilia (Parque Zoobo- 
tânico) (37). 

. brevicauda Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (99). 

. carioca Dutra, 1966. Rio de Janeiro (37). São Paulo (serra da Ro- 
caina) (41). 
cetra Kramer, 1964. Minas Gerais (55). 

. cezia Dutra, 1967. Distrito Federal, Brasília (38). Minas Gerais, 
Jaboticatubas, Rio de Janeiro, Itatiaia (41). 
clara Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(99). 

. cobera Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (55). 

. configurata Oman, 1933. Goiás (86). Mato Grosso do Sul, Corumbá 


(94). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


12 


A. 
. cucata Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (55). 
. depleta Oman, 1938. Pará, Santarém (39,99). Amazonas, Manaus 


AS 


>> 


A. 


Do Do DB De 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


corumba Oman, 1938. Mato Grosso do Sul, Corumba (99). 


(39,99). Pernambuco (39,86,99). Bahia (39,86,99). Mato Grosso, 
Chapada dos Guimarães (39,99). Rio de Janeiro (39,99). São Paulo, 
Cachoeiro, São Sebastião (39). 


. hyalina Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes (99). 


. incerta Oman, 1938. Rio Grande (sic) (69). 
. incisa Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes (99). 


. inornata Oman, 1938. Pará, Santarém (99). Bahia (86). 
. Interrogationis Osborn, 1923. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (99). Minas Gerais (56). 


. lauta (Stal, 1862). Brasil (66). Pernambuco, Bahia, Mato Grosso 


(86,99). Rio de Janeiro (86,99,109). São Paulo, mamoneira (106). Rio 
Grande do Sul (86,99). Rio Grande (sic. (69). 


. lineata Osbom, 1923. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes (99). Santa Cruz (sic) (100). 


. manaosa Oman, 1938. Amazonas (86), Manaus (99). 


minuenda Oman, 1938. Pará (86,99). Bahia (99). Mato Grosso, 
Chapada dos Guimarães (99), Cuiaba (69). Mato Grosso do Sul, 
Corumbá (99). 


- modesta Osborn & Ball, 1898. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada 


dos Guimaraes (99). São Paulo (99). 


. modestoides Linnavuori, 1956. Brasil (55). Santa Catarina, Nova 


Teutonia (69). 


. neoalbidula Oman, 1938. Para, Santarém (99). Bahia (86). Mato 


Grosso, Chapada dos Guimarães (99). 
nigerrima Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (99). 


. paulistana Dutra, 1972. São Paulo, São José Barreiro (serra da 


Bocaina) (42). 


. peregrinans (Stal, 1859). Brasil (55). Rio de Janeiro (86,99,101,108). 
. phalerata (Stal, 1859). Brasil (55). Rio de Janeiro (66,86,108). 
. quadrata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (99). 


. serrana Dutra, 1969. Rio de Janeiro, Terezópolis (serra dos Orgãos) 


(39). 


. varzeana Dutra, 1970. Rio de Janeiro, Terezópolis (40). 


Agalliana Oman, 1933 
ensigera Oman, 1934. Brasil (86), tomateiro, tabaco, girassol (93). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 13 


> > 


Si) 


m 8 


Säo Paulo, plantas cultivadas (7), algodoeiro, batatinha, girassol, 
mamoneiro, tomateiro, trigo (106), Botucatu, alface (*). Rio Grande 
do Sul, tomateiro (3,4), girassol (4). 


. fusca Oman, 1934. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, Corumbá 


(95). São Paulo, pangola E (*). 


. sticticollis (Stal, 1859). Brasil, tomateiro (93). Amazonas, Pernam- 


buco (86,94,95). Bahia, Ilhéus, Kudzu tropical, Teixeira de Freitas, 
estilosantes B (*). Mato Grosso, Minas Gerais (86.94,95). Rio de 
Janeiro (66,86,94,95,108). São Paulo, girassol, tomateiro (7), Bo- 
tucatu, alface (*). São Paulo, Rio Grande do Sul, batatinha, beter- 
raba, fumo, girassol, guanxuma, Solanum gracile, (106). Rio Grande 
do Sul, batata, fumo, mata cavalo, Solanum gracile, tomate (3,4), 
batata inglesa, girassol (4). 


Agalliopsis Kirkaldy, 1907 


. atricollis Linnavuori, 1956. Brasil (55). Santo Antonio (sic) (69). 
. elegans Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99). Santa Catarina, Nova 
Teutonia (69). 


. vicosa Oman, 1938. Minas Gerais (86), Vicosa, sobre leguminosas 


(99). Espirito Santo (69). Säo Paulo, feijoeiro comum, guanxuma, 
tomateiro (106), Botucatu, alface (*). Santa Catarina, Blumenau, 
Nova Teutonia (69). Rio Grande (sic) (69). 


. ornata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99). 


. tincta Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 
marães (99). 
. zenestra Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral 


(55). 


“Brasopsis Linnavuori, 1954 


. gilvipes (Stal, 1862). Brasil (55,65). Rio de Janeiro (86,109). 


Bergallia Oman, 1938 


. alternata Oman, 1938. Santa Catarina, Nova Teutonia (69). 


Chromagallia Linnavuori, 1954 


. flavofasciata (Stal, 1854). Brasil (55,86,107). 
. saucia (Stal, 1862). Rio de Janeiro (55,66,86,109). 


Euragallia Oman, 1938 


. albopunctata Oman, 1938. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, 


Corumbá (55,99) 


. attenuata Oman, 1938. Brasil (69). Bahia (86). Mato Grosso, Cha- 


pada dos Guimarães (99). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


14 


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A. 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


. declivata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Guapore (86,99). Mato 


Grosso do Sul, Corumbá (99). 


. furculata (Osborn, 1923). Pará, Santarém (99). Bahia (86,99). Mato 


Grosso, Chapada dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumba 
(99). Rio de Janeiro (69). 


. lata Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(99). Santa Catarina, Nova Teutonia (69). 
machaera Kramer, 1964. Minas Gerais, Belo Horizonte (55). 


. magnicauda Oman, 1938. Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (99). 


Ê major (Lethierry, 1890). Pará (86,99). 


major breviata Oman, 1938. Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, 
Corumba (99). 


Igerna Kirkaldy, 1903 
clavata (Oman, 1938). Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, 
Corumbá (99). 
dentata (Oman, 1938). Mato Grosso, Cuiaba (69), Guapore (86). 
Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (69). | 
parallela (Oman, 1938). Mato Grosso (86). Mato Grosso do Sul, 
Corumba (99). 
parma (Oman, 1938). Bahia (86). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 
maräes, Mato Grosso do Sul, Corumba (99). Rio Grande (sic ) (69). 
punctata (Oman, 1934). Brasil (55). Santa Catarina, Nova Teutonia 
(69). 


Megagallia Linnavuori, 1954 
punctaticollis (Stal, 1862). Brasil (55,66,86,109). Rio de Janeiro 
(109). 

Subfamília APHRODINAE 


Pagaronia Ball, 1902 


. mollicella (Fowler, 1900). Brasil (82). São Paulo, grama, capim 


quicúio (106). 


Subfamília CICADELLINAE 
Tribo PROCONIINI 


Acrocampsa Stal, 1869 
bakeri Young, 1968. Brasil (84). Para, Santarém, Rio de Janeiro 
(113). 


A. diminuta (Walker, 1851). Brasil (84). Monat (sic) (113). 


Al 


pallipes (Fabricius, 1787). Pará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 15 


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Espirito Santo, Rio de Janeiro (84). 


. radiata Young, 1968. Pernambuco (113). 
. rutilans (Fabricius, 1803). Brasil (84,113). 


Acrogonia Stal, 1869 


. flaveoloides Young, 1968. Rio de Janeiro (113). 
. flavoscutellata (Signoret, 1855). Brasil (113). 

. gracilis (Osborn, 1926). Brasil (84,113). 

. hastata(Walker, 1858). Para, Santarém (113). 

. plana (Fabricius, 1787). Brasil (84). 


sagittaria (Walker, 1858). Brasil (84,113). 


. sparsuta (Signoret, 1855). Säo Paulo, algodoeiro, cafeeiro, girassol 


(106). 


. tridentata Young, 1968. Para, Itaituba (113). 
. virescens (Metcalf, 1949). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes 


(113). 
Anacrocampsa Young, 1968 


. bidens (Taschenberg, 1884). Brasil (84,113). 
. frenata (Melichar, 1926). Brasil (84). 
. wagneri Young, 1968. Brasil (84). Rio de Janeiro, Nova Friburgo 


(113). 


Aulacizes Amyot & Serville, 1843 
basalis Walker, 1851. Brasil (84,113). 


. clypeata (Signoret, 1855). Brasil (84,113). 


conspersa Walker, 1851. Brasil (84). Rio Grande do Sul (113). 


. divergens Schmidt, 1928. Brasil (84,113). 
. insistans (Walker, 1858). Brasil (84). Minas Gerais (113). 
. obsoleta Melichar, 1926. Brasil (84). Rio Grande do Sul (113). 


quadripunctata (Germar, 1821). Brasil (94,113). 
Cicciana Metcalf, 1952 


C. latreillei (Distant, 1908). Brasil (84,113). 


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. Obliqua (Walker, 1851). Santa Catarina (113). 


Ciccus Latreille, 1829 


. adspersus (Fabricius, 1803). Amazonas, Manaus (113). Rio de Ja- 


neiro (84). 


C. viridivitta (Walker, 1851). Para (84,113). 


Cyrtodisca Stal, 1869 


. major (Signoret, 1854). Brasil (84). 


Dechacona Young, 1968 


. missionum (Berg, 1879). Brasil (113). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Desamera Young, 1968 


. intersecta (Germar, 1821). Brasil (84,113). 


Deselvana Young, 1968 


. castanoptera (Melichar, 1925). Brasil (84,113). 
. dorsivitta (Walker, 1851). Brasil (84,113). 
. excavata (Le Peletier & Serville, 1825). Santa Catarina, Campo Belo, 


Hansa Humblout (atualmente Corupá) (113). 


. falleni (Stal, 1858). Brasil (84,113). 
. ornata (Blanchard, 1840). Brasil (84,113). 
. pervirgata (Amyot & Serville, 1843). Brasil (84,113). 


Dichrophleps Stal, 1869 
aurea (Fabricius, 1803). Para (84). 
hamata Young, 1968. Amazonas, Tocantins (113). 


Diestostemma Amyot & Serville, 1843 


. albipenne (Fabricius, 1803). Brasil (113). Para, Bahia, Mato Grosso, 


Rio de Janeiro (84). 


. atropunctulatum (Melichar, 1924). Brasil (84,113). 
. bituberculatum (Signoret, 1855). Brasil (84,113). 


dubium Young, 1968. Amazonas, Taracuá, Mato Grosso, Cuiaba 
(113). 


. intermedium Young, 1968. Amazonas (84,113). 
. ptolyca Distant, 1908. Espirito Santo, Rio de Janeiro (84). Santa 


Catarina (84,113). 


. rufocirculum Schmidt, 1910. Brasil (84,113). 


Egidemia China, 1927 


. speculifera (Walker, 1851). Minas Gerais, Rio de Janeiro (84). Santa 


Catarina (84,113). 
Homalodisca Stal, 1869 


. ignota Melichar, 1924. Brasil (113). 

. ignorata Melichar, 1924. Santa Catarina (113). 

. lucernaria (Linnaeus, 1758). Para, Santarém (113). 

. triquetra (Fabricius, 1803). Minas Gerais, Citrus spp (106). 


Homoscarta Melichar, 1926 


. boliviana Schmidt, 1928, Brasil (84,113). 
. irregularis (Signoret, 1855). Brasil (84,113). 


Hyogonia China, 1927 


. reticulata (Melichar, 1925). Brasil (84,113). 


Ichthyobelus Melichar, 1925 
regularis Young, 1968. Amazonas, Fonteboã (rio Purús) (113). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 17 


Molomea China, 1927 

M. alternata (Signoret, 1855). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(113). 

M. cincta (Signoret, 1854). Brasil (113). Piaui, Paraiba, carnaúba, co- 
queiro-da-bahia (106). Mato Grosso (84). 

M. confluens (Melichar, 1925). Brasil (113). Rio Grande do Sul (84). 

M. consolida Schröder, 1959. Santa Catarina (113). 

M. consorta (Melichar, 1925). Brasil (84,113). 

M. exaltata (Melichar, 1925). Brasil (113). 

M. flavolimbata (Signoret, 1854). Para, Mato Grosso, São Paulo (84). 
Paraná (113). 

M. hamleti (Distant, 1908). Brasil (113). Rio de Janeiro, Santa Catarina 
(84). 

M. insignis (Distant, 1908). Santa Catarina (84). Rio Grande do Sul 
(84,113). 

M. laminata (Signoret, 1855). Brasil (84,113). 

M. lineiceps Young, 1968. Espirito Santo, Santa Catarina, Nova Teu- 
tonia, Rio Grande do Sul (113). 

M. magna (Walker, 1851). Espirito Santo, Rio de Janeiro, Säo Paulo 
(84). Santa Catarina (84,113). 

M. malkini Young, 1968. Mato Grosso, Barra do Tapirape, Espirito 
Santo (113). | 

M. personata (Signoret, 1854). Espirito Santo, Rir de Janeiro (84,113). 
Säo Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (84). 

M. vermiculata (Signoret, 1855). Brasil (113). 

M. xanthocephala (Germar, 1821). Espirito Santo, Rio de Janeiro, Säo 
Paulo (84). Parana, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Porto Alegre 
(113). 

M. zikani Schröder, 1960. Brasil (113). 


Ochrostacta Stal, 1869 
O. diadema (Burmeister, 1835). Rio Grande do Sul (113). 
. physocephala (Signoret, 1854). Rio Grande do Sul (113). 


Omagua Melichar, 1925 
. fitchi (Signoret, 1855). Amazonas (113). 


Oncometopia Stal, 1869 

. clarior (Walker, 1851). Brasil (84,113). 

. cordata Melichar, 1925. Brasil (84,113). 

. facialis (Signoret, 1854). Brasil (113). Säo Paulo, Santa Catarina 
(84). 

. flavicollis (Signoret, 1853). Brasil (84,113). 

; ais Melichar, 1925. Brasil (113). Rio de Janeiro, Santa Catarina 
(84). 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


. herpes (Signoret, 1855). Brasil (113). Bahia (84). 

| nigricans (Walker, 1851). Brasil (84). 

| obtusa (Fabricius, 1787). Rio de Janeiro (84). 

. resistens Melichar, 1925. Pará (84). 

. rubescens Fowler, 1899. Brasil (84,113). 

. tartarea (Stal, 1864). Guanabara (atualmente Rio de Janeiro), ca- 


jueiro, videira (106). 
Peltocheirus Walker, 1858 


. bigibbosus (Signoret, 1855). Amazonas, Mato Grosso (84). 


paradoxus Melichar, 1926. Brasil (84,113). 
Phera Stal, 1864 


. angustata (Melichar, 1924). Brasil (84,113). 
. carbonaria (Melichar, 1924). Santa Catarina (113). 
. luciola (Signoret, 1855). Brasil (84). 


Procandea Young, 1968 


. marcia (Distant, 1908). Amazonas (84,113). 


Proconia Le Peletier & Serville, 1825 


. marmorata (Fabricius, 1803). Amazonas (84,113). Bahia, cacaueiro, 


Espirito Santo (106). 
Propetes Walker, 1851 


. compressa Walker, 1851. Amazonas (84). Para, Mato Grosso 


(84,113). 


. schmidti Melichar, 1925. Para, Mato Grosso (113). 


Pseudometopia Schmidt, 1928 


P. amblardii (Signoret, 1855). Brasil (84,113). 


as) as) 


anna 


. latifascia (Walker, 1851). Brasil (84). Ihiranga (sic) (113). 
. transversa Young, 1968. Para, Jacareacanga (84,113). 


Rhaphirrhinus Laporte, 1832 


. phosphoreus (Linnaeus, 1758). Para Amazonas (84). Bahia (84), 


cacaueiro (106). 
Splonia Signoret, 1891 


. brevis (Walker, 1851). Brasil (84). 


Stictoscarta Stal, 1869 
amazonensis Young, 1968. Amazonas, Olivenca (113). 


. dissimilis Schmidt, 1928. Mato Grosso (84,113). 

. indebita Melichar, 1926. Brasil (113). Mato Grosso (84). 

. linearis (Walker, 1851). Amazonas, (rio Japura) (113). 

. sulcicollis (Germar, 1821). Brasil (113). Minas Gerais, Rio de Ja- 


neiro, Säo Paulo (84), algodoeiro, videira (106). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 19 


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Tapajosa Melichar, 1924 
fulvopunctata (Signoret, 1854). (Fernando de Noronha), chumbinho 
(106). Ceará (84,113). Paraiba, algodoeiro, angico, açafrão, cajueiro, 
canunzé, espinho de judeu, feijoeiro, freijóô, goiabeira, milho, pimenta 
do e tambor (106). Pernambuco, Bahia (84,113). Minas Gerais 
(113). 


. ocellata (Osborn, 1926). Brasil, pangola E (*). Ceará, Bahia, Mato 


Grosso, Chapada dos Guimarães, Minas Gerais (113). São Paulo, 
Araras, Campos do Jordão, Itapetininga, pangola D (*). 


Teletusa Distant, 1908 


: limpida (Signoret, 1855). Amazonas (84,113). 


Tretogonia Melichar, 1926 


| albicans (Walker, 1858). Brasil (84,113). 


bergi Young, 1968. Rio Grande do Sul, Pelotas, Porto Alegre, São 
Leopoldo (113). 


. callifera Melichar, 1926. Brasil (84,113). 
. cinerea (Osborn, 1926). Brasil (84,113). 


cribrata Melichar, 1926. Pernambuco (84,113). 


. lateritia (Taschenberg, 1884). Brasil (84,113). 


notatifrons Melichar, 1926. Para, Pernambuco, Mato Grosso, Es- 
pirito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (84), 
arrebenta cavalo, cenoura, girassol, milho, pimentão, Solanum 
gracile (106), mata cavalo, Solanum gracile, pimentão (3). cenoura, 
pimentão (4). 


Yotala Melichar, 1925 


. boliviana Melichar, 1925. Mato Grosso (84,113). 


Tribo CICADELLINI 
Acrulogonia Young, 1977 


. resima Young, 1977. Amapá, Amapari (114). 


Agrosoma Medler, 1960 


. pulchella (Guerin, 1829). Brasil (84). 


Aguana Melichar, 1926 


. imbricata (Signoret, 1854). São Paulo, Santos (114). 
. russata Young, 1977. São Paulo, Ribeirão Pires (114). 


Amblyscarta Stal, 1869 


. alternata Young, 1977. Amazonas, Coary (rio Autaz), Teffe (114). 
. aurulenta (Fabricius, 1787). Brasil (114). 
. binotata Young, 1977. Amazonas, Fonteboä, Olivenca (rio Purüs) 


(114). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


. grammaca Young,. 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(114). 

. incommoda Young, 1977. Amazonas, Teffe (114). 

. invenusta Young, 1977. Bahia, Paraná, Santa Catarina (114). 

. obscura Young, 1977. Amazonas, Nova Olinda (rio Purús) (114). 

. pulchra (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Purüs) (114). 

. schaumi (Signoret, 1853). Brasil (114). 

. stillifera (Stal, 1862). Brasil (114). 

. trinotata Young, 1977. Para, Benevides (114). 


; Amblyscartidia Young, 1977 

albofasciata (Walker, 1851). Minas Gerais, Rio de Janeiro, São 

Paulo, Campos do Jordão, Santa Catarina (114). 

dariona Young, 1977. Rio de Janeiro (Floresta do Macao, Corco- 

vado), São Paulo, Ubatuba (Ilha Grande). Santa Catarina, Nova 

Teutonia (114). 

duodecimpunctata (Germar, 1821). Brasil (114). 

. elegantissima(Blanchard, 1840). Brasil (114). 

. feminae Young, 1977. Rio de Janeiro, Entre Rios (114). 

. incredibilis Young, 1977. Minas Gerais, Caraca, Matusinhos, Passa 

Quatro, Espirito Santo, Tijuco Presto, Rio de Janeiro (114). 

. Juliacoides Young, 1977. Distrito Federal, Brasilia, Rio de Janeiro, 
Teresöpolis, Santa Catarina, Corupa, Rio Grande do Sul, Säo 
Leopoldo (114). 

. luteolinea (Taschenberg, 1884). Brasil (114). 

. pardaliota Young, 1977. Minas Gerais (rio Las Piedras), Espirito 

Santo, Säo Paulo, Botocatu (114). 


Balacha Melichar, 1926 
B. melanocephala (Signoret, 1854). Rio Grande do Sul (114). 


Begonalia Young, 1977 
B. hydra (Distant, 1908). Brasil (114). 


Borogonalia Young, 1977 
B. impressifrons (Signoret, 1854). Brasil (114). 


Bucephalogonia Melichar, 1926 
B. xanthophis (Berg, 1879). Bahia, Teixeira de Freitas, capim-de-burro, 
estilosantes B, pangola B (*). Mato Grosso (rio Caraguatãá), Minas 
Gerais (114). São Paulo, algodoeiro, batatinha, grama (106), Cer- 
queira Cesar, pangola D (*). 


Caldwelliola Young, 1977 
C. lutea (Signoret, 1855). Brasil (84). 
C. solimoeana Young, 1977. Rondônia, Porto Velho (114). 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 21 


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Caragonalia Young, 1977 


.. carminata (Signoret, 1855). Santa Catarina, Corupá, Rio Grande do 


Sul (114). 


. monstruosa (Signoret, 1853). Brasil (114). 
. tarsalis (Signoret, 1855). Minas Gerais (114). 


Cardioscarta Melichar, 1932 


. albigutta (Walker, 1851). Brasil (114). Espirito Santo (84). 


flavifrons (Signoret, 1853). Brasil (114). Espírito Santo (84). 


. quadrifasciata (L., 1758). Amazonas (rio Autaz) (114). Pernambuco, 


Bahia, Minas Gerais (84). 


. sponsa Melichar, 1932. Rio Grande do Sul (84,114). 
. vernicosa (Le Peletier & Serville, 1825). Brasil (114). Rio de Janeiro 


(84). 
Catagonalia Evans, 1947 


. conjunctula (Osborn, 1926). Mato Grosso (114). 
. lunata (Signoret, 1854). Amazonas, Teffé (114). 


Chlorogonalia Young, 1977 


. coeruleovittata (Signoret, 1855). Brasil (114). 
. tharma Young, 1977. Pará, Itaituba (114). 


Ciminius Metcalf & Bruner, 1936 


. albolineatus (Taschenberg, 1884). Brasil (114). 
. platensis (Berg, 1879). Brasil (114), pangola E (*) São Paulo, Bo- 


tucatu, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São 
Luiz do Paratinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D 


(*). 


. yana, Young, 1977. Mato Grosso (rio Caraguata), Rondönia, Guajara 


Mirim (114). 
Coronigoniella Young, 1977 


. bonita Young, 1977. Pernambuco, Bonito (114). 
. spinosa (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114). 
. yara Young, 1977. Pará, (rio Gurupá), Maranhão, (igarapé Gurupá- 


Una) (114). 
Crossogonalia Young, 1977 


. hectica (Signoret, 1854). Bahia, Rio de Janeiro, aroeira-do-campo 


(114). Rio de Janeiro (106). 
Cyclogonia Melichar, 1926 


. praetextatula (Jacobi, 1905). Para, Latituba (114). 


Dasmeusa Melichar, 1926 


. flavescens Metcalf, 1965. Brasil (114). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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Diedrocephala Spinola, 1850 


. variegata (Fabricius, 1775). Mato Grosso, (rio Caraguatá), Paraná, 


Santa Catarina (114). 
Dilobopterus Signoret, 1850 


. adocetus Young, 1977. Amazonas, Olivença, (114). 
. bracteatulus (Jacobi, 1905). Rio de Janeiro, Itatiaia (114). 
. costalimai Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Taparipé, Chapada 


dos Guimarães, São Paulo, Campinas (114). 
demissus (Fabricius, 1803). Para, Santarém, Mato Grosso, Chapada 
(114). 
dispar (Germar, 1821). Santa Catarina, Nova Teutonia (114). 
disparulus Young, 1977. Pernambuco, Bonito, algodoeiro, Pata 
Iguassu (114). 
exaltatus (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Autaz) (114). 
fastuosus (Fabricius, 1803). Amazonas (rio Autaz) (114). 
fenestratus Young, 1977. Pará, Itaituba (114). 
gaudens (Walker, 1851). Brasil (114). 
jemima (Distant, 1908). Brasil (114). 
laetus (Walker, 1851). Brasil (114). 
multicolor (Walker, 1851). Brasil (114). 
oliquatulus (Jacobi, 1905). Brasil (114). 
ponerus Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114). 
segmentalis (Signoret, 1853). Brasil (114). 
selvanus Young, 1977. Rondônia, Porto Velho, Mato Grosso (114). 
fg (Jacobi, 1905). Mato Grosso, Chapeda dos Guimarães 
114). 
trinotatus (Signoret, 1853). São Paulo, Santos (114). 
vicins (Signoret, 1853). Brasil (114). 


Erythrogonia Melichar, 1926 
calva (Taschenberg, 1884). Brasil (114). Santa Catarina (84). 
colorata (Germar, 1821). Brasil (114). 
dorsalis (Signoret, 1853). Brasil (114). 
dottaga Medler, 1963. Brasil (114). 
dubia Medler, 1963. Brasil (114). 
excisa Melichar, 1926. Brasil (84,114). 
hertha Medler, 1963. Brasil (114). 
jumaca. Medler, 1963. Brasil (114). 
laeta (Fabricius, 1787). São Paulo, Rio Grande do Sul (84). 
marilis Melichar, 1926. Brasil (84,114). 
melichari Schmidt, 1928. Brasil (114). Santa Catarina. (84). 


. mixta Medler, 1963. Brasil (114). 
. notatula Melichar, 1926. Brasil (84,114). 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 23 


ão ES 


o o mm 


| notara Medler, 1963. Brasil (114). 
| ondosera Medler, 1263. Brasil (114). 


partita Melichar, 1926. Espirito Santo (84). 

pectinata Young, 1977. Pará, Óbidos, Amazonas (114). 

phoenicia (Signoret, 1853). Brasil (114). Minas Gerais, Espirito San- 
to, Rio de Janeiro, São Paulo (84). 

plagiella Melichar, 1926. Brasil (114). 

proterva Melichar, 1926. Brasil (84,114). 

quadriplagiata (Walker, 1851). Minas Gerais (84). 

separata Melichar, 1926. Brasil (114), Santa Catarina (84). 

servilis Melichar, 1926. Brasil (114). Pará (84). 

sexguttata (Fabricius, 1803). Brasil (114). 

sparta Melichar, 1926. Brasil (114). Para (84). 

veiox Melichar, 1926. Brasil (114). Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo 
(84). 

xiperca Medler, 1963. Brasil (114). 


Exogonia Melichar, 1926 


. assimilis (Signoret, 1853). Bahia, São Paulo (114). 
. hyalinosparsa (Melichar, 1932). Espirito Santo (84,114). 
. leucampix (Signoret, 1853). São Paulo, Santa Catarina, Nova 


Teutonia (114). 


. semivitta (Walker, 1851). Bahia (114). Espirito Santo (84). 


Ferrariana Young, 1977 


. submarginalis (Osborn, 1926). Brasil (114). 
. trivittata (Signoret, 1854). São Paulo, Piracicaba (114). 


Fonsecaiulus Young, 1977 


| cognatus (Schmidt, 1928). Santa Catarina (84,114). 
. dorsifascia (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(114). 


. flavovittata (Stal, 1859). Espirito Santo (74,114). Rio de Janeiro 


(74,84,102,108,114). São Paulo (74). 


. sanguineovittata (Signoret, 1855). Bahia (74). Mato Grosso, Chapada 


dos Guimarães (114). Espirito Santo (74). Rio de Janeiro (102). 


. sciotus Young, 1977. Bahia, Santo Antonio da Barra (114). 


Fusigonalia Young, 1977 


| obtecta (Signoret, 1855). Pará, Itaituba (114). 


Geitogonalia Young, 1977 


. quatuordecimmaculata (Taschenberg, 1884). Brasil (114). Rio de 


Janeiro (84). 
Hanshumba Young, 1977 


. brasura Young, 1977. Santa Catarina, Hansa Humboldt (atualmente 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


24 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Corupá) (114). 
Hortensia Metcalf & Bruner, 1936 


H. innotata (Walker, 1851). Brasil (114). 
H. similis (Walker, 1851). Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim estrela, 


E 


SS 


gaton-panic, green-panic, pangola A, soja perene, Teixeira de 
Freitas, capim sete-leguas, pangola C (*). Mato Grosso (114). São 
Paulo, capim quicúio, grama (106), Araras, Cerqueira Cesar, Ita- 
petininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São Luiz do 
Paratinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D, Botucatu, 
braquiária, grama batatais, pangola D, Rio Grande do Sul, Guaiba, 
Porto Alegre, Viamão (*). 


Inuyana Young 1977 
pendulosa (Osborn, 1926). Rondônia (rio Guaporé) (114). 


Iragua Melichar, 1926 
nubila Young, 1977. Brasil (114). 
vallis Young, 1977. Amazonas, Fonteboa, Olivença, Tocantins (114). 


Isogonalia Young, 1977 
sexlineata (Signoret, 1855). Pará, Santarém (114). 


Jakrama Young, 1977 


. Rrameri Young, 1977. Amazonas, Fonteboã, Olivença (114). 

. riparia Young, 1977. Amazonas, Olivença, Manaus (rio Negro) (114). 
. servillei (Signoret, 1853). Amazonas (rio Purüs) (114). 

. taeniata Young, 1977. Amazonas, Olivença, Teffé (114). 


Juliaca Melichar, 1926 


J. chapini Young, 1977. Minas Gerais, Ouro Preto, Rio de Janeiro 


(114). 


J. lepida (Signoret, 1855). Pará, Itaituba (114). 


GARRA HH S 


N 


. pergrata (Melichar, 1932). Para, Itaituba (114). 


Ladoffa Young, 1977 


. comitis Young, 1977., Mato Grosso, Barra do Tapirape (114). 
. enochra Young, 1977. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, San- 


tos (114). 


. insperata Young, 1977. Amazonas, Taracua (rio Uaupes) (114). 


nozama Young, 1977. Amazonas, Tocantins (rio Autaz) (114). 


. obscurana Young, 1977. Para, Itaituba, Santarem (114). 
. paraensis Young, 1977. Para (114). 


Laneola Young, 1977 


. rubricauda (Signoret, 1854). Minas Gerais, Rio de Janeiro (114). Säo 


Paulo (84,114). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 25 


— Lautereria Young, 1977 
. apperita Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114). 
. helvola (Melichar, 1932). Brasil (114). Amazonas (84). 
. mozana Young, 1977. Amazonas, Fonteboa, Olivença (114). 
. oriunda (Melichar, 1932). Para (84). 
. tapirapensis Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114). 


Lebaja Young, 1977 
. mediana Young, 1977. Minas Gerais, Viçosa, erva daninha, grama, 
leguminosa, Mato Grosso do Sul, Corumbá, Espirito Santo, São 
Paulo, Piracicaba (114). 


Lissoscarta Stal, 1869 
. catutara Young, 1977. Amazonas, Taracuá, Umarituba, (rio Negro, 
rio Uaupés) (114). 
. pebasensis Young, 1977. Brasil (114). 
. pereneensis Young, 1977. Brasil (114). 
. vespiformis (Fabricius, 1803). Brasil (114). 


Macugonalia Young, 1977 

M. brasiliensis (Metcalf, 1965). Brasil (114). 

M. cavifrons (Stal, 1862). Brasil (114). 

M. contristata Young, 1977. Goiás (lago Feio perto de Formosa), Mato 
Grosso (rio Caraguata) (114). 

M. dallasi (Signoret, 1853). Brasil (114). 

M. fritilla Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114). 

M. geographica (Signoret, 1855). Brasil (114). 

M. leucomelas (Walker, 1851). Bahia, Ilhéus, estilosantes A (*). São 
Paulo, algodoeiro, guanxuma, orö (106), Botucatu, alface (*). 

M. moesta (Fabricius, 1803). Brasil (114). 

M. pyrrhoptera (Stal, 1862). Brasil (114). 

M. rufonigra (Taschenberg, 1884). Brasil (114). 

M. semiguttata (Signoret, 1853). Brasil (114). 

M. sobrina (Stal, 1862). Minas Gerais (114). São Paulo, Itapetininga, 
pangola D (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (114). 

M. spinolai (Signoret, 1853). Brasil (114). 

M. tribunicia (Berg, 1879). Brasil (114). 

M. variabilis (Signoret, 1854). São Paulo, aboboreira, cafeeiro, girassol 
(106). 


(ES EN EE E 


a) 


egos o 


Mesogonia Melichar, 1926 
M. braccatula (Jacobi, 1905). Pará, Itaituba (114) 
M. ferrugatula (Breddin, 1901). Brasil (114). 
M. involuta (Osborn, 1926). Para, Itaituba (114). 
M. itaitubana Young, 1977. Pará, Itaituba (114). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65. 28 ago 1982 


26 


e ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


M. paganula (Jacobi, 1905). Pará, Itaituba (114). 

M. semicinctula (Osborn, 1926). Para, Itaituba (114). 
M. stillatula (Breddin, 1902). Brasil (114). 

M. vinnula Young, 1977. Amapá, Porto Platon (114). 


Microgoniella Melichar, 1926 


M. illustris (Signoret, 1854). Brasil (114). São Paulo (84). 
M. pudica (Fabricius, 1803). Brasil (114). Espirito Santo, Rio de Janeiro 


(84). 


M. sociata (Fowler, 1900). Minas Gerais (84). 


N. 


oO 


v O 900099000 999909099 


Nannogonalia Young, 1977 
circumcincta (Signoret, 1855). Santa Catarina, Corupá (114). 


Oeogonalia Young, 1977 


. fossulata (Signoret, 1855). Brasil (114). 


Oragua Melichar, 1926 


. alvarengai Young, 1977. Para Jacareacanga (114). 


bakeri Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (114). 


. discoidula (Osborn, 1926). São Paulo, Piracicaba (114). 
. elegantula Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114). 


galerula Young, 1977. Amajy:á, (serra do Navio) (114). 

hebeta Young, 1977. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (114).. 
insipida Young, 1977. Amazonas, Manaus ,Uypairanga, (rio Negro) 
(114). 

jurua Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114). 

maculipes (Signoret, 1855). Brasil (114). 

maculifera Young, 1977. Santa Catarina, Corupá (114). 

nebulosa (Signoret, 1854). Brasil (114). 

osborni Young, 1977. Para, Alemquer, Santarém, Taperinha (114). 
repetita Young, 1977. Mato Grosso, Barra do Tapirapé (114). 
schmidti Young, 1977. Brasil (114). 


. stylata (Signoret, 1854). Amapá (serra do Navio) (114). 


triplehorni Young, 1977. São Paulo, Piracicaba (114). 
Orechona Melichar, 1926 


. superba Melichar, 1926. Brasil (84, 114). 


Palingonalia Young, 1977 


. bigutta (Signoret, 1854). Bahia (114). 


Pamplona Melichar, 1926 


. ulcerata (Signoret, 1854). Brasil (114). 


Pamplonoidea Young, 1977 


. yalea Young., 1977. Espirito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, 


Corupá (114). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 27 


B: 


Parathona Melichar, 1926 
albostriata (Signoret, 1853). Minas Gerais, Vicoss- (114). 


P. gratiosa (Blanchard, 1840). Mato Grosso (114). São Paulo, algodoeiro 


VUNT vomito 


alas as 


as 


EB BL, VI SE © 


(106). 


. interstitialis (Signoret, 1855). Brasil (84). 


Paratubana Young, 1977 


. luteomaculata (Signoret, 1853). Rio de Janeiro (114). 
. nigrocincta (Signoret, 1855). Brasil (84, 114). 
. vittifacies (Signoret, 1855). Säo Paulo, Guaituba (114). 


westwoodi (Signoret, 1853). Minas Gerais (114). 


Paromenia Melichar, 1926 
auroguttata (Signoret, 1853). Brasil (114). 
caicus (Walker, 1862). Brasil (114). 


. rossi Young, 1977. Amazonas, (rio Purüs) (114) 
. sordida (Signoret, 1855). Amazonas, (rio Autaz) (114). 


Pawiloma Young, 1977 
ancora Young, 1977. Minas Gerais, Espirito Santo, Säo Paulo, 
Ubatuba, (Ilha Grande) (114). 


. penancora Young, 1977. Espirito Santo, Santa Catarina (114). 
. victima (Germar, 1821). Minas Gerais (84). Rio Grande do Sul, 


alamo (106), Pelotas (114). 
Platygonia Melichar, 1925 


. angrana Young, 1977. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (114). 


Plesiommata Provancher, 1889 


. corniculata Young, 1977. Bahia, Ilhéus, braquiária, capim, buffel, 


cuiabano, capim de-rhodes, capim estrela, carrapicho beiço-de-boi, 
green-panic, hemátria, jaragua, jetirana, pangola A, setaria nandi, 
scja perena, Teixeira de Freitas, pangola B, pangola D (*). Mato 
Grosso (rio Caraguata) (114). São Paulo, Piracicaba (114). Rio Gran- 
de do Sul, Guaiba (*). 


. mollicella (Fowler, 1900). São Paulo (114), grama (106). Santa Ca- 


tarina, Nova Teotonia (114). Rio Grande (sic)(114). 
Poeciloscarta Stal, 1869 


. aurorula (Breddin, 1901). Brasil (114). 
. cardinalis (Fabricius, 1803). Para, Santarém (114). 
. extricans (Walker, 1858). Brasil (114). 


Ramosulus Young, 1977 
bakeri Young, 1977. Para; Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(114). 


. corrugipennis (Osborn, 1926). Brasil (114). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


9 
(o +} 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Rhopalogonia Melichar, 1926 
. scita (Walker, 1851). Rio de Janeiro (114). 


Rotigonalia Young, 1977 
. limbatula (Osborn, 1926). Brasil (114). 


Ruppeliana Young, 1977 
coronata (Signoret, 1853). Brasil (114). 
coronulifera (Stal, 1862). Brasil (114). 
episcopalis (Signoret, 1853). Rio de Janeiro, Independência (114). 
fulva (Taschenberg, 1884). Brasil (114). 
glaucomaculata (Germar, 1821). Distrito Federal, Brasília (114). 
nigripes (Signoret, 1853). Brasil (114). 
. signiceps (Stal, 1862). Rio de Janeiro (114). 
tatia Young, 1977. Rio de Janeiro, Petropolis (Itatiaia) (114). 
taschenbergi (Berg, 1899). Brasil (114). 


Sailerana Young, 1977 


multiplicatos (Melichar, 1932). Brasil (114). Pará (84). 

myersi Young, 1977. Para (114). 

solitaris (Signoret, 1853). Para, Amazonas (84), Fonteboã, São 
Gabriel (rio Purús) (114). 

vanvelzeni Young, 1977. Brasil (114). 


Scoposcartula Young, 1977 
basimacula (Walker, 1851). Rio de Janeiro (114). 
bilimitata (Signoret, 1855). Santa Catarina, Nova Teutonia (114). 
bilunata (Signoret, 1855). Brasil (114). 
inspergata (Signoret, 1855). Maranhão, Mato Grosso (114). 
lancifera Young, 1977. Santa Catarina (114). 
limitata (Signoret, 1853). Paraná, Curitiba, Santa Catarina, Nova 
Teutonia (114). 
. oculata (Signoret, 1853). Brasil (114). 
perrisi (Signoret, 1855). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (114). 
semipunctulata (Melichar, 1932). Minas Gerais, Espirito Santo (114). 


n nun mnonnvovoa dm 


Scopogonalia Young, 1977 
interruptula (Osborn, 1926). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(114). 
nargena Young, 1977. Distrito Federal, Brasília. São Paulo, Santos, 
Paraná, Caiubá, Jacarezinho (114). 
. paula Young, 1977. São Paulo, Ribeirão Pires (114). 
. penicula Young, 1977. São Paulo, Paraná, Curitiba, Santa Catarina, 
Nova Teutonia, Rio Grande do Sul, Taquara (114). 
. subolivacea (Stal, 1862). Rio de Janeiro (114). 


nn mn nn 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 29 


Selvitsa Young, 1977 


S. cinctosula (Osborn, 1926). Amazonas (rio Purüs) (114). 
S. 
S. tenofa Young, 1977. Amazonas, Fonteboa (114). 


humeralis (Signoret, 1853). Bahia, São Paulo (114). 


Sibovia China, 1927 


S. nielsoni Young, 1977. Bahia, Salvador, Mato Grosso, Chapada dos 


nun 


nun 


Guimaräes (114). 

occatoria (Say, 1830). Minas Gerais (84, 102). 

sagata (Signoret, 1854). Brasil (8,44,74). Espirito Santo (74). Rio de 
Janeiro (109). São Paulo (74), Botucatu, alface (*). Paraná, Curi- 
tiba, Santa Catarina, Nova Teutonia (114). São Paulo, Rio Grande 
do Sul, algodoeiro, girassol, malva miúda, quiabeiro (106). Rio Gran- 
de do Sul (74,102). 


Sonesimia Young, 1977 
chinai (Costa Lima, 1963). Rio de Janeiro, Teresópolis (9). Santa 
Catarina, Hansa Humboldt (atualmente Corupá), Nova Veneza, 
E São José. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, milho, videira 
106). 
dimidiata Young, 1977. Santa Catarina, Rio Grande do Sul (114). 
grandis (Walker, 1851). Rio de Janeiro, Petrópolis (114). São Paulo, 
Botucatu, alface (*). 


S. grossa {Signoret, 1854). São Paulo, Paraná, coqueiro-da-Bahia, 


guanxuma, malvacea selvagem (106). São Paulo, Botucatu, alface, 
arroz, chicoria A, B, feijão, jilo, menta, milho, morango, capim 
elefante, soja, Piracicaba, cana-de-açúcar (80). 


Soosiulus Young, 1977 
azatus Young, 1977. Amazonas, (rio Autaz) (114). 
configuratus (Walker, 1858). Brasil (114). 

dextrorsus Young, 1977. Amazonas, Taracuá, (rio Uaupés) (114). 
fabricii (Metcalf, 1965). Brasil (114). Pará, Rio de Janeiro (84). 
falcifer Young, 1977. Amapá (Serra do Navio, rio Anicohi), Pará, 
Óbidos, Amazonas, Manaus (114). 
hastatus Young, 1977. Para, Santarém., Amazonas, Villa Braga 
(114). 
interpolis Young, 1977. Amazonas, Taracuá (114). 
klagesi Young, 1977. Para, Itaituba, Santarém, Amazonas, Villa 
Braga (114) 
lunatus Young, 1977. Amazonas, Fonteboä (114). 
regalis Young, 1977. Amazonas, Fonteboä (114). 
ruber Young, 1977. Pará, Benevides, Amazonas, Fonteboã, Teffe 
(114). 
sermunculus (Melichar, 1932). Brasil (114). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


nm 


3 


33 


nv nn nnnm 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de 


servulus (Melichar, 1932). Brasil (114). Pará (84). 

solidus (Melichar, 1932). Ceará (84). Pará, Itaituba (114). 
umaritubanus Young, 1977. Amazonas, São Gabriel (rio Autaz), 
Umarituba (114). 


Subrasaca Young, 1977 
atronasa Young, 1977. Santa Catarina, Nova Teutonia (114). 
austera Young, 1977. Santa Catarina, Nova Teutonia (114). 


. flavoornata (Stal, 1862). Brasil (114). Rio de Janeiro (84). 
. flavolineata (Signoret, 1855). Minas Gerais (84). Rio de Janeiro, 


Petrópolis (114). São Paulo (84). 
ignicolor (Signoret, 1854). Minas Gerais (114). Rio de Janeiro, São 
Paulo (84). 


. nigriventris (Signoret, 1855). Brasil (84, 114). 
. rhienetta (Signoret, 1854). Rio de Janeiro (84). Säo Paulo (84, 114). 


Syncharina Young, 1977 
argentina (Berg, 1879). Brasil (114). 
punctatissima (Signoret, 1854). Brasil (114). Säo Paulo, capim 
quicúio, grama (106), Araras, Cerqueira Cesar, Itapetininga, São 
Luiz do Paraitinga, pangola D, Brotas, Jaú, braquiária, pangola D, 
Botucatu, grama batatais, grama seda, pangola D (*). 


Tacora Melichar, 1926 


. dilecta (Walker, 1851). Amazonas, Teffé (114). 
. saturata Young, 1977. Amazonas, Jatahy, Taracuá, (rio Uaupes). 


Rondônia, Porto Velho (114). 
Tettisama Young, 1977 


. bisellata (Signoret, 1862). Rondônia (rio Guaporé) (114). 
. quinquemaculata (Germar, 1821). Bahia (84,114). Mato Grosso 


(114)., Minas Gerais, Espirito Santo, Rio gs Janeiro (84). Säo Paulo, 
arroz (106). 


Tipuana Melichar, 1926 
albula (Osborn, 1926). Brasil (114). 


Torresabela Young, 1977 _ 
fairmairei (Signoret, 1853). Rio de Janeiro, Nimphacaea sp. (106). 
Säo Paulo (114). 


Tortigonalia Young, 1977 


. torta Young, 1977. Para, Itaituba (114). 


Trachygonalia Young, 1977 


. germari (Signoret, 1853). Espirito Santo, Santa Catarina, Nova 


Teutonia (114). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 81 


Tylozygus Fieber, 1866 
T. fasciatus (Walker, 1851). Brasil (114). 
T. geometricus (Signoret, 1854). Brasil (114). 


Versigonalia Young, 1977 
V. ruficauda (Walker, 1851). Santa Catarina, Corupá (114). 


Vidanoana Young, 1977 
V. flavomaculata (Blanchard, 1852). Brasil (84). 


Willeiana Young, 1977 
W. vallonia (Distant, 1908). Rio de Janeiro, Petrópolis (114). 


Xenogonalia Young, 1977 
X. longicornis (Osborn, 1926). Amazonas (rio Purús) (114). 


Posição Incerta 


YOUNG (1977) em seu trabalho revisivo da tribo Cicadellini colocou 
13 espécies em posição incerta, devido ao mau estado de conservação em 
que se encontravam, impossibilitando uma correta identificação. 


Homalogoniella pubescens (Signoret, 1854). Rio de Janeiro (114). 
Cardioscarta albonotata Melichar, 1932. Brasil (84). 

Cardioscarta mendica (Melichar. 1932). Minas Gerais (84,114). 
Microgoniella flavoapicata Melichar, 1951. Espírito Santo (84). 
Oncometopia brasiliensis Distant, 1908. Brasil (114). _ 

Tettigonia cinctovittata Stal, 1855. Minas Gerais (84). 

Tettigonia concinna Perty, 1833. Brasil (114). Amazonas, Bahia (84). 
Tettigonia divisa Signoret, 1853. Säo Paulo, (Vale do Rio Pardo) (114). 
Tettigonia elegantula Germar, 1821. Brasil (84). 

Tettigonia pruinina Signoret, 1853. Brasil (114). 

Tettigonia reversa Walker, 1858. Rio de Janeiro, Petröpolis (114). 
Tettigonia rubripennis Signoret, 1854. Säo Paulo (84). 

Tettigonia xanthonota Signoret, 1854. Rio de Janeiro (74,109,114). 


Subfamilia COELIDINAE 
Tribo COELIDIINI 
Coelidia Germar, 1821 


C. adspersa Stal, 1854. Brasil (83). Rio Grande (sic) (69). 
C. amabilis Linnavuori, 1956. Espírito Santo (69). 
C. angulata (Spangberg, 1878). São Paulo (83). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


. atra Walker, 1851. Minas Gerais (83). 

. atrata (Fabricius, 1803). Santa Cruz (sic) (69). 

| bicolor Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). 

| bisinuata (Osborn, 1924). Para (83). 

brevistylus Linnavuori, 1956. Amazonas, (69). 

carinata (Osborn, 1924). Rio de Janeiro (83). 

cingulata Stal, 1862. Amazonas, Fonteboã (69). Minas Gerais, Rio de 
Janeiro (83). 

conspersinervis Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). Rio Grande( sic) (69). 
dentatula (Osborn, 1924). Amazonas (83). 

. discolor Stal, 1862. Espirito Santo (69). Rio de Janeiro (83). Santa Cruz 
(sic)(69). 

disintegrans Walker, 1858. Para (83). 


distigma (Burmeister, 1838). Brasil (83). 

. ensigera (Osborn, 1924). Brasil (83). 

espirito-santensis Linnavuori, 1956. Espírito Santo (69). 
exoptata (Walker, 1858). Para, Minas Gerais (83). 
fascifrons (Osborn, 1924). Pará (83). 

ferriplena (Walker, 1858). Brasil (83). 

ferruginosa (Osborn, 1924). Minas Gerais (83). 

formosa (Spangberg, 1878). Rio de Janeiro (83). 

foveata (Osborn, 1924). Brasil (83). 

fuscomaculata Stal, 1862. Rio de Janeiro, São Paulo (83). 
guttata (Walker, 1851). Brasil (83). 

guttulata Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). 

introducens (Walker, 1858). Amazonas (83). 
limpidosparsa Stal, 1859. Brasil (69,83). Rio de Janeiro (83). 
meditabunda (Spangberg, 1878). Brasil (83). 

munda Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). 

nervosa (Fabricius, 1803). Bahia (83). 

nigripes (Fabricius, 1794). Brasil (83). 

pallida (Osborn, 1924). Brasil (83). 

pallidipes Stal, 1862. Rio de Janeiro (83.) 

paracingulata Linnavuori, 1956. Amazonas, Olivença (69). 
plaumanni Linnavuori, 1956. Santa Catarina, Nova Teutonia (69). 
plebeja Stal, 1862. Rio de Janeiro (83). 

pruinosa Germar, 1821. Brasil (83). 

pygmaea Linnavuori, 1956. Minas Gerais (69). 

rufipennis Walker, 1851. Para (83). 

. signoreti (Spangberg, 1878). Rio de Janeiro (83). 
subtangens (Walker, 1858). Rio de Janeiro (83). 
triangularis (Osborn, 1924). Brasil (83). 

. variegata Germar, 1821. Brasil (83). 


Co 
D 


AEIANIADS:AANNIISAASADAAANSDASSAHN SZ ZEOOAMOAON 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 33 


C. 


G. 


nº) no 


ty ty 


u 


venosa Germar, 1821. Para (83). 


Gabrita Walker, 1858 
eburata (Walker, 1851). Brasil (83). 


Petalopoda Spangberg, 1879 


. annulipes Spangberg, 1879. Brasil (83). 
. pictifrons Spangberg, 1879. São Paulo (83). 


Selenopsis Spinola, 1850 


. subaptera Spinola, 1850. Pará (83). 


Subfamilia DELTOCEPHALINAE 
Tribo LUHERIINI 
Luheria Osborn, 1923 
constricta Osborn, 1923. Bahia (82), Barra (71,89,100). 
Tribo HECALINI 


Cerrilus Oman, 1936 
notatus (Osborn, 1923). Brasil (43,97). Pará (70,82), Santarém 
(89,100). 


Egenus Oman, 1936 


. acuminatus Oman, 1936. Rio Grande (sic) (69). 
. breviceps Linnavuori, 1957. Brasil (70). 


Spangbergiella Signoret, 1879 
fasciata Osborn, 1923. Bahia (82). Rondônia, Santo Antonio de 
Guaporé (100). 
uruguayensis (Berg, 1884). São Paulo, Cerqueira Cesar, pangola D 
(*). 


S. vulnerata (Uhler, 1877). Para, Santarem (100). Mato Grosso do Sul, 


Corumbá (69). São Paulo, grama (106). Rio Grande, Santa Cruz (sic) 
(69). 

vulnerata lacerdae Signoret, 1879. Para, Santarém (82). Mato Grosso 
do Sul, Corumbá (70). São Paulo, grama (75,106), Botucatu, São 
Manuel, grama batatais, Piracicaba, vegetação rasteira, Santa Fé do 
Sul (*). Rio Grande, Santa Cruz [sic ) (69,70). 


Tribo SCAPHYTOPIINI 


Scaphytopius Ball, 1931 
(Convelinus) irrorelus (Delong, 1944). São Paulo (89), Campinas 
(12,71), Piracicaba (*). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


34 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


. (C.) marginelineatus (Stal, 1859). Rio de Janeiro (66,71,89,101,108). 


Säo Paulo, Araras, Sao Jose do Rio Preto, soja pangola D, Botu- 
catu, capim gordura, grama batatais, Mococa, pangola D, Piraci- 
caba, vegetação rasteira, São Manuel, grama batatais, Santa Fé do 
Sul, Campinas (*), Santos (71). Santa Catarina, Blumenau (71). 


S. (Cloanthanus) anticus (Stal, 1860). Brasil (66). Rio de Janeiro 


> DB DB 


DES) 


(71,89). 


. (C.) hambletoni (Delong, 1944). São Paulo (71,89), Botucatu (*), 


Campinas (12,71). 


Tribo DELTOCEPHALINI 
Agudus Oman, 1936 


. typicus Oman, 1936. Rio Grande do Sul (68,89). 


Amplicephalus Delong, 1926 


. (Cruciatanus) fasciatus (Osborn, 1900). Brasil (89). Bahia (71,101). 


São Paulo, Botucatu, Campinas (*). 


. (Amplicephalus) lineatus (Osborn, 1923). São Paulo, Santa Fé do Sul 


(*). Rio Grande do Sul (68,71,89). Rio Grande (sic) (69,71). 


. (A.) marginellanus (Metcalf, 1955). São Paulo, Aguas de São Pedro 


Araras, São José do Rio Preto, pangola D, Botucatu, grama ba- 
tatais, pangola D, vegetação rasteira (*). Rio Grande do Sul 
(68,69,89). 


. (A.) marginellanus faminoides Linnavuori, 1955. São Paulo, Araras, 


Sao José do Rio Preto, pangola D, Botucatu, grama batatais, ve- 
getação rasteira, Águas de São Pedro (*). Santa Catarina, Nova 
Teutonia, Rio Grande do Sul, Rio Grande (71). 


. (A.) simpliciusculus Linnavuori, 1955. São Paulo, Itapetininga, pan- 


gola D (*). 
Bolarga Oman, 1936 


. nigriloba Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu, Jundiai (*). Rio 


Grande do Sul (71), Nova Petrópolis (serra do Caí) (71), Viamão (*). 
Rio Grande (sic) (69,71). 


Graminella Delong, 1936 


. cognita Caldwell, 1952. Brasil (60), Para, Santarem (71), Säo Paulo, 


Piracaia, São José do Rio Preto, pangola D, Rubineia, Santa Fé do 
Sul (*). 


. Jimi Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78). 
. stelliger bipunctella Linnavuori, 1959. São Paulo, Águas de São 


Pedro, Botucatu, Campinas, Piracicaba (*). 


. stelliger expansa Linnavuori, 1959. Pernambuco, Bonito (71). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 35 


G. 
G. 


N 


N mm m mu m mm a 


stelliger puncticeps Linnavuori, 1959. Brasil (60,66). Rondönia, San- 
to Antonio de Guapore (71). 

striatella Linnavuori, 1959. Bahia (lagoa Feia) (71), Ilheus, gra- 
mineas (*). Säo Paulo, Botucatu, alface, grama batatais, Barueri, 
Campinas, Pardinho, Piracicaba, pangola D, vegetacäo rasteira, Säo 
Luiz do Paraitinga, pangola D, Ubatuba (*). Santa Catarina, Nova 
Teutonia, Rio Grande do Sul, Rio Grande (71). 


Haldorus Oman, 1936 


. (Parahaldorus) truncatistylus Linnavuori, 1959. Santa Catarina, 


Nova Teutonia (71). 

(Haldorus) angulatus (Oman, 1936). Santa Catarina, Nova Teutonia 
(71). 

(H.) appendiculatus Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78). 

(H.) curvatus Linnavuori, 1955. Brasil (89), Rio Grande (sic) (68,71). 
(H.) parallelocornis Linnavuori, 1955. São Paulo (68,69,71), Santa Fe 
do Sul (*). Rio Grande do Sul (68,69,71,89). 


- (H.) sexpunctatus (Berg, 1879). Rio de Janeiro (71,89), Petrópolis 


(65). Rio Grande do Sul (68,71,89). 

(H.) williamsi Menezes, 1974. São Paulo, Botucatu (78). 

(Haldorellus) distinctus Menezes, 1973. São Paulo, Águas de São 
Pedro, Jundiai (76). 

(H.) divergens Menezes, 1973. São Paulo, Piracicaba, Santa Fé do 
Sul (76). 

(H.) furcatus Caldwell, 1952. Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim 
de-rhodes, pangolão (*). São Paulo, Jundiaí, Rubinéia (76). 

(H.). krameri Menezes, 1973. São Paulo, Jundiai (76). 


Kanorba Oman, 1936 
reflexa Oman, 1936. Brasil (43). Mato Grosso (89). Mato Grosso do 
Sul, Corumbá (71,97). 


Loreta Linnavuori, 1959 


. (Loreta) ornaticeps Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu, Jundiaí, 


Santa Fé do Sul (*). 
Neodeltocephalus Linnavuori, 1959 


. asper Linnavuori, 1959. São Paulo, Araras, pangola D (*). 


Planicephalus Linnavuori, 1954 


. flavicosta (Stal, 1860). Brasil (II). Amazonas, Manaus (71). Bahia 


(71,89,101), Ilhéus, braquiária, capim buffel, capim jaragua, carra- 
picho beiço-de-boi, gaton-panic, green-panic, kudzu tropical, pan- 
golão, setaria nandi, soja perene (*). Mato Grosso do Sul, Corumbá 
(69,71). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (71). Rio de Janeiro 
(61,69,71,89,109). São Paulo, capim quicúio, grama (75,106), Araras, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


36 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Itapetininga, Mococa, São José do Rio Preto, pangola D, Botucatu, 
alface, braquiária, capim gordura, capim marmelada, grama batatais, 
pangola D, Piracaia, pangola D, Piracicaba, vegetação rasteira, 
Brotas, braquiária, pangola D, Campinas, Ubatuba (*), Santos (71). 
Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (71,89), 
Guaiba, Porto Alegre, Viamão (*), Nova Parecy (71). Rio Grande 
(sic) (69,71). 


Sanctanus Ball, 1932 


. lepidellus (Stal, 1862). Brasil (71). Rio de Janeiro (66,89,109), Jus- 


saral, São Paulo (51). 


S. vulpinus Kramer, 1963. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral 


(51). 
Toldoanus Linnavuori, 1954 


. marginellus (Osborn, 1923). Para, Amazonas, Manaus (71). Rio 


Grande (sic) (69,71) 
Unerus Delong, 1936 


. (Unerus) colonus (Uhler, 1895). Amazonas, Manaus, Pernambuco, 


Bonito (71), Bahia (89), Ilhéus, vegetação rasteira (*). Mato Grosso, 
Chapada dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). Rio 
de Janeiro (71). São Paulo, Araras, Campos do Jordão, Cerqueira 
Cesar, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José do Rio Preto, São 
Luiz do Paraitinga, São Carlos, pangola D, Botucatu, braquiária, 
capim barba-de-bode, capim comprido, pangola D, Brotas, bra- 
quiária, pangola D, Jaú, braquiária, Piracicaba, vegetação rasteira, 
Campinas, Ubatuba (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio 
Grande do Sul (68,71,89). Rio Grande (sic) (69). 


. (Mattogrossus) colonoides Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada 


dos Guimarães (71). 
Zilkaria Menezes, 1974 


. assymetrica Menezes, 1974. Mato Grosso, Cuiaba, Mato Grosso do 


Sul, Aparecida do Taboado (78). 


Posição Incerta 


LINNAVUORI (1959) em seu trabalho revisivo da subfamília Delto- 
cephalinae, na tribo Deltocephalini colocou uma espécie em posição in- 
certa. 
Deltocephalus acuminatus Uhler, 1895. Rio Grande do Sul, Boqueirão, 
Rio Grande (71). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 37 


> DD 5 


Tribo EUSCELINI 
Alaca Oman, 1936 


. longicauda Oman, 1936. Santa Catarina, Nova Teutonia (71,97). 


Atanus Oman, 1936 


. contrarius Linnavuori, 1959, Rio Grande (sic) (67,69,71). 
. coronatus (Berg, 1879). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio 


Grande (sic) (71). 


. curvilinea (Linnavuori, 1955). São Paulo, Águas de São Pedro, 


Botucatu, Jundiaí (*), São José do Rio Preto, pangola D (*). Santa 
Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (68,71). 


. tessellatus (Osborn, 1923). Mato Grosso, chapada dos Guimarães 


(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89). 
Bahita Oman, 1936 


B. (Bahita) furcifer Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia, 


O ty 


bu to to to to to to to by 


Rio Grande do Sul, Nova Parecy (71). 


. (B.) infuscata (Osborn, 1923). Brasil (97). Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (71,100). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). São 
Paulo, Aguas de São Pedro (*). Erroneamente Minas Gerais (89). 


. (B.) palliditarsis (Stal, 1860). Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Pe- 


trópolis (71). São Paulo (69). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 


. (B.) palliditarsis flavicollis Linnavuori, 1959. Rio de Janeiro, Pe- 


trópolis, (66). São Paulo, Botucatu (*), Santos (71). Santa Catarina, 
Nova Teutonia (71). 


. (Penebahita) cavifrons Linnavuori, 1955. Espirito Santo 


(68,69,71,89). São Paulo, Botucatu (*), Santos (71). 


. (P.) chapadensis Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (71). 


. (P.) clypeata (Osborn, 1923). Pará (71,100). Rondônia, Forte Principe 


(rio Guaporé) (71,89,100). 

(P.) hasemani (Osborn, 1923). Rondônia (rio Guaporé abaixo do rio 
São Miguel) (71,100). 

(P.) lacerdae (Signoret, 1879). Pará (100). Pernambuco, Bonito (71). 
Bahia (71,89), Barra (100). 

(P.) ramosa Linnavuori, 1955. Mato Grosso do Sul, Corumbá 
(68,69,71). 

(P.) spiniventris Linnavuori, 1955. Santa Catarina, Nova Teutonia 
(71). Rio Grande do Sul (68). Nova Parecy (71), Guaiba(*). 


. (P.) venosula (Berg, 1879). Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande 


(sic) (69,71). 


. (Exobahita) fallaciosa Linnavuori, 1955, Rio Grande (sic(68,69,71). 
. (E.) fulvula (Osborn, 1923). Bahia (71,100). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


38 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Bergolix Linnavuori, 1959 


. signatipennis Linnavuori, 1959. Mato Grosso do Sul, Corumbá (71). 


Brasilanus Linnavuori, 1959 


. flagellaris Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 


Brazosa Oman, 1936 


. picturella (Baker, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes 


(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89). 
Brincadorus Oman, 1936 


. laticeps Oman, 1936. Mato Grosso (43,97), Chapada dos Guimarães 


(71,87). São Paulo, Piracicaba (*). 
Cahya Linnavuori, 1959 


. chapadensis (Baker, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(71,100). Rio Grande do Sul, Nova Petrópolis (serra do Cai) (100). 
Erroneamente Minas Gerais (89). 


Caphodus Oman, 1936 


. obliquus (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(71,100). Erroneamente Minas Gerais (89). 
Cariancha Oman, 1936 


. cariboba Oman, 1936. Rio de Janeiro (71,89,97). 


Chlorotettix Van Duzee, 1892 


. (Chlorotettix) bakeri Sanders & Delong, 1922. Para (71,89,100). 


Mato Grosso do Sul, Corumbá (13,71.;100,105). 


. (C.) berryi Delong, 1945. Para (71,89), Santarém (13). Rio Grande do 


Sul, Guaiba (*). 


. (C.) bicoloratus Delong, 1945. Minas Gerais, Vicosa (13,71). Säo 


Paulo, Barueri (*). 


. (C.) breviceps Baker, 1898. Brasil (13). Mato Grosso (10,71,100), 


Chapada dos Guimaräes (1,10,71,100). Bahia (89). Erroneamente 
Minas Gerais (89). 


. (C.) cuneus Delong & Martison, 1974. São Paulo, Piracicaba (36). 


(C.) delicatus Osborn, 1923, Para, Bahia, Mato Grosso (rio Paraguai) 
(71,100). 


C. (C.) fraterculus (Berg, 1879). Pernambuco, Recife, São Paulo, Cam- 


pinas (71), Cerqueira Cesar, Itapetininga, São Luiz do Paraitinga, 
pangola D, Jundiai (*). 


. (C.) kassiphone Linnavuori, 1959. São Paulo, Águas de São Pedro, 


Botucatu (*!). 


C. (C.) latocinctus Delong, 1945. Brasil (69,89). Minas Gerais (71), 


Viçosa (13). Rio Grande do Sul (68). Rio Grande (sic) (71). 


C. (C.) lingulus Delong & Martison, 1974. São Paulo, Piracicaba (36). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 39 


C. (C.) luteolus (Baker, 1926). Brasil (89). Minas Gerais, Viçosa (13,71). 
São Paulo, Botucatu, Rio Grande do Sul, Guaiba (*). 

C. (C.) maximus Berg, 1879. Rio Grande do Sul (68,89). 

C. (C.) manimus Baker, 1898. Brasil (13,105). Para (89), Tegerinha 
(71,100). Bahia (2,89), Ilheus, capim gordura, capim de-rhodes, 
green-panic, pangola A, vegetacäo rasteira (*). Mato Grosso, 
Chapada dos Guimaräes (1,10,105). Mato Grosso do Sul, Corumba 
(105). Espirito Santo, Cachoeria (71,100). Säo Paulo, batatinha (106), 
Araras, Brotas, Itapetininga, Piracaia, São José do Rio Preto, pan- 
gola D. Botucatu, alface, grama batatais, Piracicaba, máxime 
gramíneas, Vargem Grande do Sul, soja, Capinas (*). Santa Ca- 
tarina, Nova Teutonia (71). 

C. (C.) nimbuliferus (Berg, 1884). Rio Grande do Sul (68,89), Nova 
Petrópolis (serra do Cai) (71). 

C. (C.) serius (Stal, 1860). Rio de Janeiro (66,71,89,109). 


Copididonus Linnavuori, 1954 

C. hyalimipennis (Stal, 1859). Bahia (71,100), Ilhéus, braquiária, 
capim buffel, green-panic, pangola A, pangolão, soja perene (*) Mato 
Grosso, Chapada dos Guimarães (66,71,100). Rio de Janeiro 
(66,71,100). São Paulo (89), Araras, Campos do Jordão, Piracaia, 
São Luiz do Paraitinga, pangola D. Botucatu, alface, capim gordura, 
grama batatais, Piracicaba, grama batatais, vegetação rasteira, 
Campinas, Ubatuba (*), Santos (66,71). Rio Grande do Sul (68,71), 
Cachoeiro (sic)(71). 

C. vittulatus (Berg, 1884). Bahia (89). Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (66,71,100). Minas Gerais, Viçosa(66,68,71,89). São 
Paulo. Botucatu, alface, Barueri, Osasco (*), Santos (66,68,89). San- 
ta Catarina, Nova Teutonia (66,68,71,89). Rio Grande do Sul 
(66,68,89), Nova Parecy (71). 


Doleranus Ball, 1936 
D. aberrans (Osborn, 1923). Minas Gerais (13,89), Januaria (71,100). 
São Paulo, Botucatu, Jundiai (*). 
. cyclops Linnavuori, 1959. São Paulo, Botucatu (*). 
. tethys (Van Duzee, 1907). Pernambuco, Bonito (71). 


vão) 


Exitianus Ball, 1929 
E. obscurinervis (Stal, 1859). Brasil (97,103). Bahia (71,101), Itajú do 
Colonia, capim sempre-verde (*). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 
maräes (17,71,108). Minas Gerais (71,101). Rio de Janeiro, 
(17,71,108). São Paulo, algodoeiro, grama (75;106). mamoneiro (106), 
Araras, Campos do Jordão, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São José 
do Rio Preto, São Luiz do Paraitinga, pangola D, Botucatu, alface, 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


40 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


grama batatais, pangola D, vegetacäo rasteira, Lencois Paulista, 
cana-de-açúcar, Piracicaba, capim comprido, vegetação rasteira, 
Águas de São Pedro, Campinas, Santa Fé do Sul, Rubinéia, Ubatuba 
(*). Rio Grande do Sul (68,69), Porto Alegre (*). Rio Grande (sic) 
(71). 

E. quadratulus (Osborn, 1923). São Paulo, Itapetininga, pangola D (*). 
Boqueirão, Rio Grande (sic )(71). 


Garapita Oman, 1936 
G. (Garapita) pulchripennis : Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova 
Teutonia (71). 
G. (Chlamydopita) aurea Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova 
Teutonia (71). 


Hecaloidia Osborn, 1923 
H. nervosa Osborn, 1923. Brasil (89). 


Hegira Oman, 1936 
H. brunnea Oman, 1936. São Paulo, Aguas de São Pedro, Botucatu, 
Rubinéia (*). Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande (sic) (69,71,89). 


Linnatanus {Linnavuori, 1955) 

L. cineratus (Linnavuori, 1959). Bahia, Barra (71). Minas Gerais (68), 
Jacaré (71). São Paulo, Mococa, São José do Rio Preto, pagola D 
(*). Rio Grande do Sul (68). Rio Grande (sic)(71). 

L. nitidus (Linnavuori, 1955). Bahia (68,71,89). Espirito Santo (69,71). 
Rio de Janeiro (68,71). São Paulo (71), Botucatu, alface, Águas de 
São Pedro, Santa Fé do Sul (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 
Rio Grande do Sul (68,89). Rio Grande (sic) (69,71). 


Menosoma Ball, 1931 

M. cincta (Osborn & Ball, 1898). Para (71,100). Pernambuco, Recife 
(71). Bahia (71,100). Minas Gerais, Januária (71,100). Mato Grosso, 
do Sul, Corumbá (69). São Paulo, Santa Fé do Sul (alto da serra) (*) 
Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69,71). 

M. elegans (Osborn, 1923). Bahia (68,71,89). Mato Grosso do Sul, 
Corumba (68,69,71). Säo Paulo, Santos (71), Santa Fe do Sul, 
Rubineia (*). Rio Grande do Sul (69,71). 

M. laticeps (Osborn, 1923). Rondônia (rio Guapore abaixo do rio São 
Miguel) (71,100). 

M. taeniata Linnavuori, 1955. Mato Grosso (69). Espírito Santo (69). 
São Paulo, Santa Catarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul 
(68,71,89), Guaiba (*). Santa Cruz (sic)(69). 

Mesadorus Linnavuori, 1955 

M. undatus Linnavuori, 1955. São Paulo, Itapetininga, pangola D (*) 

Rio Grande do Sul (68,71,89), Viamão (*). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 41 


Mimodorus Linnavuori, 1959 


M. (Mimodorus) decempunctatus (Linnavuori, 1955). Rio Grande do Sul 


M. 


N. 
N. 
N. 


N. 
N. 


So 


So 


(68,71,89). Rio Grande (sic) (68,71). 
(Megadorus) pseudundatus Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Corumbá 
(71). 


Neocrassana Linnavuori, 1959 


undata Linnavuori, 1959. Rio Grande do Sul (69), Guaíba (*). Rio 
Grande (sic) (71). 
Neomesus Linnavuori, 1959 
. obtusiceps (Berg, 1884). São Paulo, Botucatu (79). 
Neophlepsius Linnavuori, 1955 
(Neophlepsius) corpulentus Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova 
Teutonia (68,71). Rio Grande do Sul (69,71,89). Rio Grande, Santa 
Cruz (sic) (68,69,71). 
(N.) retrorsus Menezes, 1973. Goiás, Arenópolis, São Paulo, Bo- 
tucatu, Campinas, Santa Catarina, Nova Teutonia (77). 
(Nesolanus) disonymos Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova 
Teutonia (71). 
Onura, Oman, 1936 
. eburneola Oman, 1936. São Paulo, Botucatu, Pôrto Epitácio (*). 
. grisea (Linnavuori , 1955). Rio Grande do Sul (68,89), Nova Pe- 
trópolis (serra do Cai) (71). 
Osbornellus Ball, 1932 
| (Sorbonellus) infuscatus Linnavuori, 1955. Pará, Santarém (71). 
Bahia (69). Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). Espirito Santo 
(69). São Paulo, Botucatu, Piracicaba (*), Santos (71). Santa Ca- 
tarina, Nova Teutonia (71). Rio Grande do Sul (68,89), Nova Parecy 
(71). Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69). 
. (S.) lamellaris Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 
. (Osbornellus) hyalinus (Osborn, 1923). Bahia, Barra (71,100). Mato 
Grosso do Sul, Corumbá, Rio Grande do Sul (71). 
Parabahita Linnavuori, 1959 
. umbrina (Linnavuori, 1955). Bahia (89). Rio de Janeiro, Santa 
Catarina, Nova Teutonia (68,71). Rio Grande do Sul (68,71,89). 
Paratanus Young, 1959 
. wygodzinskyi recurvatus Linnavuori, 1959. Rio Grande do Sul, 
Guaiba (*). 
Pseudalaca Linnavuori, 1959 
. multipunctata (Osborn, 1923). Rio Grande do Sul (69). Rio Grande 
Csic) (71). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


42 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 
Scaphoidula Osborn, 1923 
. confusa Menezes, 1973. São Paulo, Botucatu (77). 
. dentata Oman, 1937. São Paulo, Santa Lucia (71). Tutoyu( sic) (71). 
S. unica Oman, 1937. Minas Gerais, Viçosa (71,98). São Paulo, Bo- 
tucatu (*). 


a ta 


Serridonus Linnavuori, 1959 
S. longistylus Linnavuori, 1959. São Paulo, Rubinéia (*). 


Stirellus Osborn & Ball, 1902 

S. bicolor (Van Duzee, 1892). Brasil (71,104). Pará (89). São Paulo 
Botucatu, Piracicaba, vegetação rasteira (*). 

S. picinus (Berg, 1879). Bahia, Ilhéus, capim buffel, capim estrela, pan- 
gola A, Teixeirade Freitas, pangola B, São Paulo, Araras, Campos 
do Jordão, Cerqueira Cesar, Itapetininga, Mococa, Piracaia, São 
José do Rio Preto, São Luiz do Paraitinga, São Carlos, pangola D, 
Botucatu, capim comprido, capim gordura, grama batatais, gra- 
mineas, pangola D, Brotas, braquiária, pangola D,' Piracicaba, 
vegetação rasteira, Santa Fé do Sul (*). 


Taperinha Linnavuori, 1959 
T. bifurcata Linnavuori, 1959. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(71). 
T. discigutta Linnavuori, 1959). Pará, Taperinha (71). 


Tropicanus Delong, 1944 
T. (Tropicanus) annulatus (Osborn, 1923). Pará (89,100), Santarém, 
Rondônia, Forte Principe (rio Guaporé) (71). 
T. (T.) costomaculatus (Van Duzee, 1894). Brasil (71,100). Pará 
(89,101), Santarém (100). Rondônia (101). 
Yungasia Linnavuori, 1959 
Y. digitata Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 


Zabrosa Oman, 1949: 
Z. amazonensis (Osborn, 1923). Mato Grosso (71), Chapada dos Gui- 
maräes (100), Erroneamente Minas Gerais (89). 
Z. unicampi Menezes, 1973. São Paulo, Botucatu, Campinas, Piraci- 
caba, Santa Catarina, Nova Teutonia (77). 


Posição Incerta 


LINNAVUORI (1959) em seu trabalho revisivo da subfamília Delto- 
cephalinae na tribo Euscelini colocou 2 espécies em posição incerta. 


Alebra dorsalis Gillette, 1898. Mato Grosso (47), Chapada dos Gui- 
maräes (71). Erroneamente Minas Gerais (89). 5 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 43 


Thamnotettix chapadensis Osborn, 1924. Mato Grosso (101), Chapada 
dos Guimaräes (71). Erroneamente Minas Gerais (89). 


A. 


pol pol un vum to ty 


q. 


u mu 


Tribo MACROSTELINI 
Agelina Oman, 1936 
punctata Oman, 1936. Brasil (89,97). 
Balclutha Kirkaldy, 1900 


. abdominalis fuscipennis Linnavuori, 1954. Parana, Curitiba (5). San- 


ta Catarina, Nova Teutonia (6). 


. delongi Blocker, 1968. Mato Grosso (rio Caraguata) (6). Säo Paulo, 


Sao Jose do Rio Preto, pangola D (*). 


. diluta Blocker, 1967. Säo Paulo, Itapetininga, pangola D (*). 
. flavescens (Baker, 1903). Para (89,101), Santarem (71). 
: floridana (Delong & Davidson, 1933). Brasil (5). Bahia, Teixeira de 


Freitas, capim sete-leguas (*). 


. fuscina Blocker, 1967. Santa Catarina, Nova Teutonia (5). 
. guajanae (Delong, 1923). Brasil (5). Pernambuco (71). São Paulo, 


Botucatu, Cerqueira Cesar, Itapetininga, Piracaia, pangola D (*). 
Santa Catarina, Rio Grande do Sul (71). 


. hebe (Kirkaldy, 1906). Brasil (5). Maranhão (71). Bahia, Teixeira de 


Freitas, capim buffel, capim sete-léguas, kudzu tropical, pangola A, 
pangolão, São Paulo, Araras, Botucatu, Itepetininga, Mococa, Pi- 
racaia, São Luiz do Paraitinga, pangola D (*). 


. incisa (Matsumura, 1902). Brasil (5). São Paulo, capim, quicúio, 


mamoneira (106), Jundiaí (*). 


. lineata (Osborn, 1924). Bahia, Ilhéus, braquiária, capim buffel, 


capim estrela, capim jaraguá, carrapicho beiço-de-boi, gatonpanic, 
green-panic, setária nandi, Teixeira de Freitas, capim sete-léguas, 
capim colonião (*). 


. neglecta (Delong & Davidson, 1933). São Paulo, grama (106). 
. obunca Blocker, 1967. Santa Catarina, Nova Teutonia (5). 
. robusta (Caldwell, 1952). Brasil (5). Säo Paulo, Botucatu, Campinas 


(*). 


. young Blocker, 1967. Säo Paulo, Äguas de Säo Pedro, Botucatu (*). 


Santa Catarina, Nova Teutonia (5). 
Cicadulina China, 1926 


. tortilla Caldwell, 1952. Rio Grande do Sul, Guaiba (*). 


Dalbulus Delong, 1950 


. (D.) maidis (Delong e Wolcott, 1923). Brasil (14), aveia, beterraba, 


cana de acücar, cenoura, centeio, cevada, grama, milho, salsa, sorgo, 
trigo, (93). Rio de Janeiro, Itaguai, milho (106). Säo Paulo, (89), al- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


I ah aa ir à 


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NN 


DZ SIDE 


EAN DD 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


odoeiro, batatinha, grama (75), Botucatu, capim pe-de-galinha, 
Ajude de São Pedro, Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Santa Fé do 
Sul, Ubatuba (*). Rio Grande do Sul, Nova Parecy (71). 
Subfamilia GYPONINAE 


Acuera Delong & Freytag, 1972 


. (Acuera) adspersa (Stal, 1894). Mato Grosso (28). Rondönia, Porto 


Velho (25,28). Minas Gerais (81). 


. (A.) incepta Delong & Freytag, 1974. Rio Grande do Sul (28). 
. (A.) laudara Delong & Freytag, 1974. Säo Paulo, Piracicaba (28). 
. (A.) levara Delong & Freytag, 1974. Säo Paulo, Piracicaba (28). 


(A.) nigrifrons (Osborn, 1938). Brasil (81). 


. (Tortusana) fructa Delong & Freytag, 1974. Mato Grosso, Chapada 


dos Guimaräes (28). 


. (Parcana) gloma Delong & Freytag, 1974. Minas Gerais, Pouso 


Alegre, Säo Paulo, Barueri (28). 
Acuponana Delong & Freytag, 1970 


. erusa Delong & Freytag, 1970. Rio de Janeiro (Corcovado) (24). 
. horella Delong & Freytag, 1970. Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


maräes; Santa Catarina, Nova Teutonia (24). 
Chloronana Delong & Freytag, 1964 


. lurida Delong & Freytag, 1964. Amazonas, Teffé (20). 
. pallenta Delong & Freytag, 1964. Brasil (81). 


Costanana Delong & Freytag, 1972 


. asymmetria Delong & Freytag, 1972. Brasil (26). 

. cella Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia (26). 
. costata Delong & Freytag, 1972. Rio de Janeiro (26). 

. flavicosta (Stal, 1862). Rio de Janeiro (26,81). 


flavina Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia, 
Pinhal (26). 


. praecellens (Stal, 1862). Rio de Janeiro (81). Santa Catarina, Mafra 


(26). 
Curtara Delong & Freytag, 1972 


. (Mysticana) mystica (Spangberg, 1878). Bahia (81). 
. (Curtara) anchora Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso do Sul 


Corumba (34). 


. (C.) bivirga Delong & Freytag, 1976. Para, Óbidos, Amazonas, Teffe 


(34) 
(C.) concava Delong & Freytag, 1976. Minas Gerais, Vicosa, Säo 
Paulo, Barueri, Piracicaba, Ubatuba, Santa Catarina, Corupa (34). 


. (C.) curvita Delong & Freytag, 1976. Para, Oriximina (34). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 45 


RIMINI EO EEE 


Pia) 


. (C.) deresa delong & Freytag, 1976. Amazonas, Manaus, Uypiranga, 


(rio Negro), Mato Grosso do Sul, Corumbá (34). 


. (C.) diagonala Delong & Freytag, 1976. Minas Gerais, Viçosa, Es- 


pirito Santo, Rio de Janeiro (Corcovado), Santa Catarina, Corupá, 
Nova Teutonia (34). 


. (C.) esona Delong & Freytag, 1976. Pernambuco, Bonito, algodoeiro 


(34). 


. (C.) inflata Delong & Freytag, 1976. Amapá, Porto Platon, Para, 


Belem (34). 

(C.) mellella Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso, Rondonia, Porto 
Velho (34). 

(C.) pagina Delong & Freytag, 1976. Säo Paulo, Piracicaba (34). 

(C.) quala Delong & Freytag, 1976. Bahia (Rio Säo Francisco) (34). 


. (C.) rugara Delong & Freytag, 1976. Pernambuco, Bonito (34). 
. (C.) samera Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, (Rio Caraguata) 


(25). Säo Paulo, Piracicaba (25,34). Santa Catarina, Nova Teutonia 
(25). 


. (C.) sexteta Delong & Freytag, 1976. Mato Grosso, Säo Carlos, Ron- 


doni, Porto Velho )34). 


. (C.) variegata (Ösborn, 1938). Mato Grosso, Chapada dos Guima- 


rães, São Paulo (34). 


C. (C.) vestiga Delong & Freytag, 1976. Maranhão, Canindé (Igarapé, 


Gurupi — aldeia Arocu), Para, Amazonas (lago Jananaca), Pernam- 
buco, Bonito, Bahia, Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (34). 
Janaria, Minea (sic) (34). 


. (Curtarana) luda Delong & Freytag, 1976, Minas Gerais, Viçosa, 


grama, erva daninha (34). 
Nomen Dubium 


Curtara guianae (Metcalf, 1962). São Paulo, capim quicúio (106). 


DEPEDPES] 


Dumorpha Delong & Freytag, 1975 


. dedeca Delong & Freytag, 1975. Pernambuco, Bonito (33). 


Folicana Delong & Freytag, 1972 
nota Delong & Freytag, 1972. Para, Belém, Amazonas (rio Solimões) 
São Paulo, Piracicaba (25). 


Gypona Germar, 1821 


. (Paragypona) thoracica (Fabricius, 1803). Brasil (19). Amazonas (81). 
. (Gypona) affinis Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81). 

. (G.) bidens Delong & Freytag, 1962. Brasil (18,19). 

. (G.) cerea Delong & Freytag, 1962. Brasil (19). São Paulo, Santa 


Catarina, Mafra (18). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


99999 m 999 9099090 m 990 99099 m m mn m 99090 Q 


(G.) cerina Delong & Martison, 1972. Pará, Belém (Igarapé), 
Amazonas (rio Solimões) (35). 

(G.) decora Delong & Freytag, 1964. Rio de Janeiro (19). 

(G.) fuscinervis Stal, 1864. Brasil (81). 

(G.) gilba Delong & Martison, 1972. Rio de Janeiro (Floresta da 
Tijuca) (35). 

(G.) glauca (Fabricius, 1803). Brasil (19,81). Para, Amazonas (81). 
Bahia (18,81). Distrito Federal, Brasília (18). 

(G.) glaucina Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81). 

(G.) infuscara Delong & Martison, 1972. Pará, Canindé (rio Gurupi) 

(35). 

(G.) laxa Delong & Martison, 1972. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (35). 

(G.) pallida Delong & Martison, 1972. Espirito Santo, Tijuco Pres- 
to, São Paulo, Piracicaba (35). 

(G.) pallidula Delong & Martison, 1972. São Paulo, São Miguel (35). 

(G.) patula Delong & Martison, 1972. Amapá, (rio Anocohi) (35). 

(G.) pinguis Stal, 1862. Brasil (18,19). Rio de Janeiro 181). 

(G.) plaga Delong & Martison, 1972. Amapá, (serra do Navio) (35). 
(G.) reversa Delong & Martison, 1972. Minas Gerais, Viçosa, grama, 
erva daninha (35). 

(G.) sellata Berg, 1899. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (19). 
(G.) sobrina Spangberg. 1881. Brasil (19). Amazonas (81). 

(G.) stalii Spangberg, 1878. Brasil (18,19,81). Rio de Janeiro (18,81). 
Rio Grande do Sul (81). 

(G.) stalina Delong & Freytag, 1962. Brasil (19). Santa Catarina, 
Nova Teutonia (18). 

(G.) verecunda Spangberg, 1881. Brasil (19,81). 

(G.) vernicosa Spangberg, 1881. Brasil (19,81). 

(G.) versuta Spangberg, 1881. Brasil (18,19,81). 

(G.) viridans Delong & Martison, 1972. Santa Catarina, Nova 
Teutonia (35). 

(G.) viridirufa Walker, 1851. Pará (81). 

(G.) vulnerata Walker, 1858. Brasil (18,19,81). 

(Marganalana) acuta Delong & Freytag, 1964. Rio Grande do Sul 
(19). 

(M.) aneta Delong & Freytag, 1975. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (31). 

(M.) approximata Spangberg, 1883. Brasil (19,81). 

(M.) aurifascia (Walker, 1858). Brasil (19). 

(M.) aurulenta (Fabricius, 1803). Rio de Janeiro (81). 

(M.) bigemmis Spangberg, 1878. Rio de Janeiro (19, 81). 


. (M.) brachycephala Spangberg, 1878. Bahia (81). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 47 


99909999 9000 mmnmmmman m mm 90999 m m man aan 


. (M.) bulbosa Delong & Freytag, 1964. Para (19). 
. (M.) candela Delong & Freytag, 1964. Mato Grosso, Rondonia, Porto 


Velho (19). 
(M.) chalcopetera Burmeister, 1839. Brasil (19). Rio de Janeiro (81). 
(M.) concolor Spangberg, 1878. Rio de Janeiro (19). 


(M.) cornica Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina, Nova Teutonia 
(19). 

(M.) costana Delong & Freytag, 1975. São Paulo, Ribeirão Pires 
(31). 

(M.) cruzana Osborn, 1938. São Paulo, giesta (106). Rio Grande do 
Sul (81), Cruz Alta (19). 


. (M.) culta Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina (19). 


(M.) discicollis Stal, 1862. Brasil (19). Rio de Janeiro (81). 

(M.) equestris (Fabricius, 1803). Brasil (18). 

(M.) evadera Delong & Freytag, 1975. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (31). 

(M.) fastuosa Spangberg, 1881. Brasil (19,81). 

(M.) fissura Delong & Freytag, 1964. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (19). 

(M.) fulvotincta Osborn, 1938. Mato Grosso do Sul, Corumbá, Santa 
Catarina, Nova Teutonia, Rio Grande do Sul (19). 

(M.) hyalina Osborn, 1938. Brasil (81). Para, Santarém (19). 

(M.) inornata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81). 

(M.) insignis Spangberg, 1883. Brasil (19,81). 

(M.) lingua Delong & Freytag, 1964. Para, Óbidos (19). 

(M.) lita Delong & Freytag, 1964. Rio Grande do Sul (19). 

(M.) liturata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81). 

(M.) nexa Delong & Freytag, 1975. Santa Catarina, Corupá (31). 
(M.) nigronervosa Stal, 1854. Minas Gerais (19,81). Rio de Janeiro 
(81). Santa Catarina, Corupá (19). 

(M.) nigroterminata Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81). 

(M.) odora Delong & Freytag, 1975. São Paulo (31). 

(M.) pectinata Delong & Freytag, 1964. Santa Catarina, Corupá (19). 
(M.) pudica Spangberg, 1881. Brasil (19,81). 

(M.) punctigera Stal, 1862. Brasil (19). Rio de Janeiro (81). 

(M.) pulchella Osborn, 1938. Brasil (19). 

(M.) reticulata Walker, 1851. Bahia (19,81). 

(M.) sanguineosparsa Stal, 1854. Brasil (19,81). 

(M.) simulans Stal, 1862. Rio de Janeiro (19,81). 

(M.) smaragdula Walker, 1851. Brasil (19,81). 

(M.) testacea (Metcalf, 1949). Brasil (81). 

(M.) turpis Spangberg, 1881. Bahia (19,81). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


48 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Espécies não localizadas genericamente 


DeLONG & FREYTAG (1964) em seu trabalho revisivo do gênero Gy- 
pona não conseguiram localizar 6 espécies e por suas descrições originais 
não foi possivel identifica-las especificamente. 


Gypona albidosparsa Stal, 1854. Brasil (81). 
Gypona crassa Spangberg, 1881. Bahia (81). 
Gypona fusiformis Walker, 1858. Brasil (81). 
Gypona marginata Fabricius, 1787. Brasil (81). 
Gypona pallens Burmeister, 1839. Brasil (81). 
Gypona prasina Burmeister, 1839, Brasil (81). 


Gyponana Ball, 1920 
G. (Gyponana) flavilineata (Fitch, 1851). Brasil (81). 


Hecalapona Delong & Freytag, 1975 
. (Nulapona) quina Delong & Freytag, 1975. Minas Gerais, Viçosa, 
Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca) (32). 
. (Carapona) ferosa Delong & Freytag, 1975. Rio de Janeiro, Angra 
dos Reis , Jussaral (32). 
. (C.) vittulata (Stal, 1854). Rio de Janeiro (32,81). 


mom nm 


Polana Delong, 1942 
(Bohemanella) bohemani (Stal, 1864). Distrito Federal, Brasília (27). 
(B.) chifama Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Tapirapé (27). 
(Bulbusana) laca Delong & Freytag, 1972. Amapá, (rio Anocohi) 
(27). 
(B.) obtecta Delong & Freytag, 1972. Amazonas, Manaus (27). 
(B.) pendula Delong & Freytag, 1972. Distrito Federal, Brasília (27). 
(Polana) alitera Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães, Rondônia, Porto Velho (27). _ 
(P.) flectara Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães, Mato Grosso do Sul, Campo Grande (27). 
(P.) lanara Delong & Freytag, 1972. Para, Óbidos, Santarém (27). 
(P.) spindella Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Corupá (27). 
(Parvulana) alata Delong & Freytag, 1972. Brasil (27). 
(P.) bidens Delong & Freytag, 1972. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, 
Jussaral (27). 
(P.) pandara Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Corupá (27). 
(P.) tulara Delong & Freytag, 1972. Espirito Santo, Santa Catarina, 
Corupá, Rio Grande do Sul nt ). 
(Nihilana) agrilia Delong & Freytag, 1972. Minas Gerais, Pouso 
Alegre, Mato Grosso do Sul, Corumbá (27). 


VU DON UNINDO DUV UT U 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 49 


VUVNUT U UI 0 


(N.) bena Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada dos 
Guimaräes (27). 

(N.) nisa Delong & Freytag, 1972. Alagoas, Mangabeira (27). 

(N.) scina Delong & Freytag, 1972. Roraima, Sumuru (27). 
(Polanana) macuella Delong & Freytag, 1972. Mato Grosso, Chapada 
(27). 

(P.) parvula Delong & Freytag, 1972. Santa Catarina, Nova Teutonia 
(27): 

(P.) sereta Delong & Freytag, 1972. Amapa, (rio Felicio) (27). 

(P.) truncata Delong & Freytag, 1972. Goiás, Dianópolis (27). 

(P.) venosa (Stal, 1854). Minas Gerais (27,81). 

(Polanella) cupida Delong & Freytag, 1972. Rio Grande do Sul (27). 
(P.) randa Delong & Freytag, 1972. Minas Gerais, Vicosa, Santa 
Catarina, Nova Teutonia (27). 


Espécies não localizadas 


DeLONG & FREYTAG (1972) em seu trabalho revisivo do gênero 
Polana não posicionaram 3 espécies em nenhum subgênero visto que as 
descrições foram baseadas em exemplares fêmeas ou sem abdômen. 


Polana nebulosa (Stal, 1862). Brasil (27). Rio de Janeiro (81). 


P. quadripunctata (Stal, 1862). Brasil (27). Rio de Janeiro (81). 
P. praeusta (Stal, 1854). Brasil (27). 


Ponanella Delong & Freytag, 1969 


P. ena Delong & Freytag, 1969. Santa Catarina, Hansa Humboldt 


U 


U tu tu u tu 


(atualmente Corupa) (23). 


. santara Delong & Freytag, 1969. Para, Santarem (23). 


Prairiana Ball, 1920 


. histrio (Burmeister, 1839). Minas Gerais (81). 

. interspersa (Stal, 1854). Rio de Janeiro (81). 

. moesta (Spangberg, 1878). Bahia (81). 

. robusta Osborn, 1938. Brasil (81). 

. sordida (Stal, 1854). Minas Gerais, Rio de Janeiro (81). 


Proxima Delong & Freytag, 1975 
ocellata Delong & Freytag, 1975. Espirito Santo, Tijuco Presto (29). 


Regalana Delong & Freytag, 1975 


. corona Delong & Freytag, 1975. Minas Gerais, Vicosa (30). 


Reticana Delong & Freytag, 1964 


. lineata (Burmeister, 1839). Brasil (19). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


& 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


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(94) 


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nt QU Un inAtntn nata U intnntn intntnta 


Rhogosana Osborn, 1938 


. brasilia Delong, 1975. Minas Gerais, Viçosa (16). 


Scaris Le Peletier & Serville, 1825 


. alboguttata (Spangberg, 1878). Brasil (22). 
. bicolorata (Osborn, 1938). Para, Rocana (22). 
. bipunctata (Walker, 1858). Rio de Janeiro (22). 


callida (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Chapada dos 
Guimarães (22). 
decorata (Fowler, 1903). Pará, Rocana (18). 


. ferruginea (Fabricius, 1803). Rio de Janeiro (81). 
. grossa (Osbom, 1938). Brasil (22). 
. ingula (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Pará, Santarém, Ta- 


perimbó (22). 
lecta (Delong & Freytag, 1969). Pará, Marituba, Santa Isabel do 
Para (22). 


. lira (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Caunma, Olivença (22). 
. marita (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Chapada dos 


Guimaräes, Rio de Janeiro (22). 

multilinea Walker, 1858. Brasil (81). 

picea Walker, 1851. Brasil (22). 

pubescens (Delong & Freytag, 1969). Para, Belém, Amazonas (rio 
Solimöes) (22). 

punctata Blanchard, 1840. Brasil (81). 

sida (Delong & Freytag, 1969). Mato Grosso, Rondônia, Porto Velho 
(22). 


. setosa (Delong & Freytag, 1969). Para, Santarém, Amazonas, Ta- 


perimbó (22). 


. setigera (Delong & Freytag, 1969). Amazonas, Manaus (22). 
. sulfurea (Osborn, 1938). Brasil (22). 
. xantha (Delong & Freytag, 1969). Ceará, Pará, Fordlandia (rio 


Tapajós) (22). 
Sulcana Delong & Freytag, 1966 


. brevis Delong & Freytag, 1966. Mato Grosso, Chapada dos Gui- 


marães (21). 


. carinata Delong & Freytag, 1966. Mato Grosso, Chapada dos 


Guimarães (21). 
Subfamília IASSINA E 
Bythonia Oman, 1938 


. rugosa (Osborn, 1923). Brasil (87). 


Tassus Fabricius, 1803 
liber (Walker, 1858). Para (87). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 51 


ern 


nun "q 


nun 


nigrifrons (Osborn, 1924). Minas Gerais (87). 
pallidus (Osborn, 1924). Brasil (87). 

smithii (Baker, 1900). Bahia (87). 

sordidus (Baker, 1900). Bahia (87). 
stramineus (Baker, 1900). Minas Gerais (87). 


Pachyopsis Uhler, 1877 


. similis Kramer, 1963. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (53). 


Scaroidana Osborn, 1938 


. flavida Osborn, 1938. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (53). 
. fulvula Osborn, 1938. Brasil (81) Pará (53). 


Stragania Stal, 1866 


. divisa (Stal, 1862). Rio de Janeiro (87). 
. ornatula (Stal, 1862). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (87). 


Espirito Santo (69). Rio de Janeiro (87). 


S. pallescens (Stal, 1862). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães, Rio 


N 


fee nt BE ES E Fe ES o 


de Janeiro (87). 
Subfamilia IDIOCERINAE 
Adiaerotoma Spinola, 1850 


. eupelicoides Spinola, 1850. Brasil (88). 


Aglenita Spinola, 1850 


. bipunctata Spinola, 1850. Brasil (88). 


Chunroides Evans, 1947 


. patulus (Walker, 1853). Pará, Santarém (45). 


Idiocerus Lewis, 1834 
albicollis Osborn, 1924. Minas Gerais (88). 
areatus Osborn, 1923. Minas Gerais (88). 
bakeri Metcalf, 1955. Brasil (88). 
braziliensis (Stal, 1862). Rio de Janeiro (88). 
breviatus Osborn, 1924. Minas Gerais (88). 
eburneomaculatus Osborn, 1924. Brasil (88). 
figuratus Osborn, 1924. Minas Gerais (88). 
flavidus Osborn, 1923. Brasil (88). 
fulvus Osborn, 1923. Minas Gerais (88). 
hyalinus Osborn, 1923. Brasil (88). 
intricatus Osborn, 1923. Minas Gerais (88). 
maculifrons Osborn, 1923. Brasil (88). 
minutus Osborn, 1923. Minas Gerais (88). 
occipitalis Osborn, 1924. Pará (88). 
ocellatus Osborn, 1923. Brasil (88). 
osborni (Osbom, 1923). Brasil (88). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


52 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


principensis Osborn, 1924. Brasil (88). 

quadrangularis Osborn, 1923. Brasil (88).. 

rubricosta Linnavuori, 1956. Rio Grande (sic) (69). 

teutoniae Linnavuori, 1956. Santa Catarina, Nova Teutonia (69). 
tumidulus Osborn, 1923. Minas Gerais (88). 

unicolor (Stal, 1860). Brasil (66). 

viridicatus Osborn, 1923. Brasil (88). 

vittatus Osborn, 1924. Brasil (88). 


a a a Pa] 


Subfamilia LEDRINAE 


Clinonana Osborn, 1938 
. impensa Kramer, 1966. Brasil (58). 
. mirabilis (Spangberg, 1878). Para, Santarém (58). 


Platyhynna Berg, 1884 
P. bdellostoma (Berg, 1879). Santa Catarina (58). 


Proranus Spinola, 1850 

P. adspersipennis Stal, 1862. Para, Santarém (58). Bahia, Ilhéus, car- 
rapicho beiço-de-boi, jetirana, kudzu tropical (*). Mato Grosso, 
Chapada dos Guimaräes, Rio de Janeiro, Parana, Londrina, Santa 
Catarina, Nova Teutonia (58). 

P. ghilianii Spinola, 1850. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes, 

Minas Gerais, Vicosa, Mato Grosso do Sul, Corumba (58). 
. infractus Kramer, 1966. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (58). 


Xedreota Kramer, 1966 
. tuberculata (Osborn, 1938). Para, Santarém (58). 


Xerophloea Germar, 1839 
. viridis (Fabricius, 1794). Brasil (92,96). Bahia, Teixeira de Freitas, 
capim-de-burro (*). Minas Gerais, Rio de Janeiro, batata doce, 
batatinha, orö, tomateiro, Solanum flagellare (106). Espirito Santo 
(69). São Paulo, Botucatu, alface, erva de São João, guanxuma, 
Piracaia, pangola D (*). Rio Grande do Sul, Solanum flagellare (3), 
Guaiba, Viamão (*). Rio Grande, Santa Cruz (sic) (69). 


NN 


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Subfamília MACROPSINAE 


Neopsis Oman, 1938 
N. elegans (Van Duzee, 1907). Brasil (85). São Paulo (69). 


Nionia Ball, 1915 
N. postica (Stal, 1862). Rio de Janeiro (85). Santa Catarina, Nova 
Teutonia (69). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 53 
Subfamilia NEOBALIINAE 


Calliscarta Stal, 1869 
C. fasciata (Osborn, 1929). São Paulo, Pörto Epitácio (71,91). Santa 
Catarina, Nova Teutonia (71). Santa Cruz (sic) (71). 
C. magna (Osborn, 1923). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (rio 
Guaporé) (71,73,88). 


Conala Oman, 1936 
C. corumbana Kramer, 1963. Mato Grosso do Sul, Corumbá (54). 
C. fasciata (Osborn, 1923). Rondônia, Santo Antonio de Guaporé (71). 
C. tijucata Kramer, 1963. Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca) (54). 


Exolidia Osborn, 1923 
E. picta Osborn, 1923. Brasil (88). Rondônia, Forte Principe (rio 
Guaporé) (71,100). 


Neobala Oman, 1936 

N. guaporensis Oman, 1936. Rondônia, Santo Antonio de Guaporé 
(66,71). 

N. pallida (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(66,71). 

N. permuta Kramer, 1963. Rio de Janeiro (54). 

N. quadrimaculata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 
marães (71). 

N. quinquemaculata (Osborn, 1923). Mato Grosso, Chapada dos Gui- 
marães (71). 


Rhobala Kramer, 1963 
R. lemur Kramer, 1963. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (54). 


Subfamília NEOCOELIDIINAE 


N Biza Walker, 1858 
B. chinai Kramer, 1962. Para (51). 
B. crocea Walker, 1858. Brasil (83). Para, Villa Nova (51). 


Chinaia Bruner & Metcalf, 1934 
C. serrata Linnavuori, 1965. Brasil (72). 
C. smithii (Baker, 1898). Brasil (48,49,83). 


Coelidiana Oman, 1938 
C. bimaculata (Baker, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes 
(15). 
C. brasiliensis Linnavuori, 1965. Brasil (72). 
C. croceata (Osborn, 1923). Brasil (56). Bahia (83), Barra, Cachoeira 
(100). São Paulo (83), Santos (100). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


54 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


8-99 


. modesta (Baker, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (15). 
. rubrolineata (Baker, 1898). Brasil (56). Mato Grosso (83), Chapada 


dos Guimarães, Mato Grosso do Sul, Corumbá (15). 


. spina Delorg, 1953. São Paulo (15,83). 
| undata Linnavuori, 1956. Brasil (48). Santa Catarina, Nova Teutonia 


(49,69). 


Megacoelidia Kramer & Linnavuori, 1959 
spendida Kramer & Linnavuori, 1959. Brasil (56). Amazonas, Boa 
Esperanca, Capacetes, Säo Paulo de Olivenca, Tabatinga (63), Es- 
peranca (50). 


Tozzita Kramer, 1964 


. petulans Kramer, 1967. Mato Grosso (rio Caraguata) (59). 


Xenocoelidia Kramer, 1959 


. inflata (Osborn, 1923). Brasil (56). Rondônia, S. Antonio de Guaporé 


(rio Guaporé) (100). 
Xigilliba Kramer, 1964 


. bellator Kramer, 1964. Para, Itaituba (56). 


Subfamília NIRVANINAE 


Jassosqualus Kramer, 1964 
smithii (Baker, 1897). Pará, Benevides, Rio de Janeiro (57). 


Krocobella Kramer, 1964 


K. colotes Kramer, 1964. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (57). 


99 


A. 


Neonirvana Oman, 1936 


. hyalina Oman, 1936. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Jussaral (57). 


Subfamília PHEREURHININAE 
Dayoungia Kramer, 1976 


. metron Kramer, 1976. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (62). 
. virescens Kramer, 1976. Rio de Janeiro (Corcovado) (62). 


Phereurhinus Jacobi, 1905 


. enteon Kramer, 1976. Pará, Itaituba (62). 


Subfamília TYPHLOCYBINAE 
Tribo ALEBRINI 


Abrela Young, 1957 
robusta (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelídeos... 65 


A. 


A. 


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Nx ii ii mi nã nt b 


Albera Young, 1957 
picea (Osborn, 1928). Rondônia, Forte Principe (rio Guaporé): (112). 


Aphanalebra McAtee, 1926 
unipuncta (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(112). 


Balera Young, 1952 


. caraguatae Young, 1957. Mato Grosso (rio Caraguata) (112). 


Blarea Young, 1957 


. brasiliensis Young, 1957. Rio de Janeiro, Rezende (112). 


Brunerella Young, 1952 
flavonigra (Stal, 1862). Brasil (66). Rio de Janeiro (90). 


Elabra Young, 1952 
parallela (Osborn, 1928). Mato Grosso (rio Caraguata) (112). 
parana (Osborn, 1928). Para (112). 


Habralebra Young, 1952 


. amonea (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112). 


bifasciata (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(112), Minas Gerais, Bahia (90). 

cruciata Young, 1957. São Paulo, Campinas (112). 

gillettei Young, 1957. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (rio 
Caraguata), São Paulo, Campinas (112). 


. trimaculata (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(112). 


. willinki Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112). 


Lallebra McAtee, 1926 


. minettae (Baker, 1899). Brasil (110). Minas Gerais (90). 


Omegalebra Young, 1957 


. barbata Young, 1957. São Paulo, Campinas, Santa Catarina, Nova 


Teutonia (112). 


. matogrossana Young, 1957). (Mato Grosso (rio Caraguatá), São Paulo 


(112). 


. ogloblini Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112). 
. vexillifera (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 


(112). 
Osbornulus Young, 1957 


. quadrifasciatus (Osborn, 1928). Mato Grosso (rio Caraguata) (112). 


Paralebra McAtee, 1926 


. ninettae (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (112). 
. similis (Baker, 1899). Mato Grosso do Sul, Corumbá (112). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


56 ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


P. singularis (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 

(112). 
Protalebra Baker, 1899 

P. clitellaria Osborn, 1928. Brasil (90). 

P. curvilinea (Gillette, 1898). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães 
(112). Minas Gerais (90). 

P. lenticula Osborn, 1929. Brasil (90). 

P. picea Osborn, 1928. Brasil (90). 

P. sublunata (Osborn, 1928). Brasil (90). 

P. vexillifera Baker, 1899. Minas Gerais (90). 

Protalebrella Young, 1952 

P. brasiliensis (Baker, 1899). Para, Belém (112). Bahia (90), Ilhéus, es- 
tilosantes A, soja perene (*). Mato Grosso (90), Chapada dos Gui- 
maräes (rio Caraguata) (112). Minas Gerais (90). Rio de Janeiro, 
Niterói Rezende (112). São Paulo, batata doce (106), pangola E (*), 
Campinas (112), Araras, Mococa, pangola D, Botucatu, alface (*). 
Santa Catarina, Nova Teutonia (112). Rio Grande do Sul, Porto 
Alegre (*). 

P. iris Young, 1957. Mato Grosso (rio Caraguata) (112). 

P. parana Young, 1957. Pará, Jabaty (112). 

P. terminata (Baker, 1899). Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (rio 


Caraguata), São Paulo, Campinas (112). 


Rabela Young, 1952 
R. australis Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112). 


Rhabdotalebra Young, 1952 
. brunnea colorata Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112). 
. hambletoni Young, 1957. São Paulo (112). 
. ornata Young, 1957. Santa Catarina, Nova Teutonia (112). 


VV 


Espécies de Posição Incerta 


Protalebra clitellaria Osborn, 1928. Mato Grosso (112). 
Protalebra sublunata Osborn, 1928. Rondônia, Forte Principe (rio 
Guaporé) (112). 

Tribo DIKRANEURINI 


Buritia Young, 1952 
B. lepida (McAtee, 1926). Mato Grosso, Buriti, Chapada (110). 


Dikrella Oman, 1949 
D. (Dikrella) albonasa (McAtee, 1926). Brasil (90). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 57 


U "U 


achas Ba ES uslasias Pino fine] 


Neodikrella Young, 1952 


. disconotata (Osborn, 1928). Bahia (90). 


Parallaxis McAtee, 1926 


. beata McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada (67). Minas Gerais (90). 
. donaldsoni (Baker, 1903). Bahia, Ilheus, calopogönio, gaton-panic, 


soja perene, Teixeira de Freitas, calopogönio, carrapicho beiço-de-boi, 
estilosantes B, guandu, kudzu tropical, jetirana, pangola B, pangola 
C, soja perene (*). Mato Grosso do Sul, Corumbá (67). São Paulo, 
pangola E (*), Araras, Mococa, Itapetininga, pangola D (*), Cam- 
pinas, grama, verbena (106). 


. permunda (Stal, 1862). Brasil (66,67). Rio de Janeiro (90). 
. respersa McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (67). 


respersa decrepita McAtee, 1926. Goiás, Mato Grosso (90). 
respersa respersa McAtee, 1926. Brasil (90). 


. tessellata McAtee, 1926. Mato Grosso (90), Chapada dos Guimarães, 


Mato Grosso do Sul, Corumbá (67). Minas Gerais (90). 


. tessellata mendica McAtee, 1926. Rio de Janeiro (90). 
. tessellata tessellata McAtee, 1926. Brasil (90). 
. vacillans McAtee, 1926. Mato Grosso, Chapada dos Guimaräes (90). 


Mato Grosso do Sul, Corumba (67). Minas Gerais, Santa Catarina 
(90). 


Tribo TYPHLOCYBINI 
Empoasca Walsh, 1862 


. curveola Oman, 1936. Säo Paulo, batatinha (106). 
. decorata Osborn, 1924. Brasil (90). 
. fabalis Delong, 1930. Brasil (64,90), batata doce (46). Säo Paulo, 


batatinha, batata doce (106). 

flavescens (Fabricius, 1794). Brasil (90). 

fontesi Young, 1956. Bahia (111). 

gossypii Delong, 1932. Pernambuco, Paraiba, algodoeiro (106). 
Minas Gerais (90). 

kraemeri Ross e Moore, 1957. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Rio Grande do Sul, alface, batatinha, feijoeiro, soja, toma- 
teiro, (106). São Paulo, amendoim, ervilha, fava, feijoeiro (46). 


. perelegans Oman, 1936. Minas Gerais (90). 


picta Osborn, 1924. Para (90). 


. plebeia Delong, & Davidson, 1935. Säo Paulo, algodoeiro, batatinha 


(106). 
prona Davidson & Delong, 1940. Brasil (90). 
sativae Poos, 1933. Brasil (90). 


. serigera Oman, 1936. Brasil (90). 
. tergata (McAtee, 1926). Brasil (90). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


58 


ZANOL, K.M.R. & MENEZES, M. de. 


Observação 


A espécie Empoasca fabae (Harris, 1841) é descrita erroneamente para o 
Brasil e Rio Grande do Sul (3,4,90). 


E. 


E oe | Sn 


2 


x 


DS 


[e Teo: 


x 


P. 
P. 


P. 


Eualebra Baker, 1899 
rufoornata (Stal, 1862). Brasil (66). Rio de Janeiro (90). 


Joruma McAtee, 1924 
(Joruma) albifrons McAtee, 1926. Brasil (90). 
(J.) ascripta McAtee, 1926. Brasil (90). 
(J.) aurata McAtee, 1926. Brasil (90). 
(J.) cingulata McAtee, 1926. Brasil (90). 
(J.) ebria McAtee, 1926. Brasil (90). 
(J.) proxima McAtee, 1926. Brasil (90). 
(Jorumidia) curvata Osborn, 1928. Brasil (90). 


Neojoruma Young, 1952 


. adusta (McAtee, 1924). Brasil (90,110). 


Subfamilia XESTOCEPHALINAE 
Tribo XESTOCEPHALINI 
Xestocephalus Van Duzee, 1892 


. ancorifer Linnavuori, 1959. Pará, Santarém, Mato Grosso do Sul, 


Corumba (71). Santa Catarina, Nova Teutonia (71,89). Rio Grande 
Csic](71). i 


. desertorum (Berg, 1879). Para, Santarém, Taperinha (71). São Paulo, 


Piracaia, pangola D (*). Santa Catarina, Nova Teutonia (71) Rio 
Grande do Sul (68,71). 


. desertorum brunneus Van Duzee, 1907. Rio Grande do Sul (68). 
. desertorum provancheri Knull, 1944. Rio Grande [sic )(71,89). 
. immaculatus Linnavuori, 1959. Espirito Santo, Santa Catarina, Nova 


Teutonia (71,89). 


. irroratus Osborn, 1924. Pará (71,89,101). Espirito Santo (69,71,89). 


Rio de Janeiro (67,71). São Paulo, Piracaia, pangola D (*). Santa 
Catarina, Nova Teutonia (71,89). Rio Grande do Sul (71). Rio Gran- 
de (sic) (68,69,89). 


. quadripunctatus Linnavuori, 1955. Rio Grande Csic) (68,71,89). 


Tribo PORTANINI 


Portanus Ball, 1932 
corumba Linnavuori, 1959. Mato Grosso do Sul, Corumbá (69,71). 
hasemani (Baker, 1923). Bahia (71,89,100). Rondônia, Forte Principe 
(rio Guaporé) (71,89,100). 
spiniloba Linnavuori, 1959. Santa Catarina, Nova Teutonia (71). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


Lista preliminar dos cicadelideos... 59 


alface 

algodoeiro 
aroeira-do-campo 
arroz 

batata 

batata doce 
braquiária 
calopogônio 
cana-de-açúcar 
capim barba-de-bode 
capim buffel 
capim de-burro 
capim colonião 
capim comprido 
capim cuiabano 
capim elefante 
capim estrela 
capim gordura 
capim jaraguá 
capim marmelada 
capim pé-de-galinha 
capim quicúio 
capim de-rhodes 
capim sete-léguas 
carrapicho beiço-de-boi 
cenoura 

chicoria A 
chicoria B 
erva-de-São João 
estilosantes A 
estilosantes B 
feijão 

fumo 

gaton-panic 
girassol 

grama batatais 
grama seda 
green-panic 
guandu 
guanxuma 
hematria 


jiló 

kudzu tropical 
mamoneira 
mata cavalo 
menta 

milho 
morango 
pangola A 


APÊNDICE 


Lactuca sativa L. 

Gossypum hirsutum L. 

Schinus terebinthifolius Raddi 

Oryza sativa L. 

Solanum tuberosum L. 

Ipomoea batatas Lam. 

Brachiaria decumbens Stapf. 
Calopogonium muconoides Desv. 
Saccharum officinarum L. 

Aristida pallens Cav. 

Cenchrus ciliaris L. cv. Biloela 
Cynodon dactylon Pers. cv. Licia 
Panicum maximum Jacg. cv. Colonião 
Andropogon minarum Kunth. 
Paspalum plicatulum Michx. 
Pennisetum purpureum Pers.) Schum. 
Cynodon plectostachyum Pielger 
Melinis minutiflora Beauv. 
Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf. 
Brachiaria plantaginea (Limk) Hitch 
Eleusine tristachya (Lam.) Kunth 
Pennisetum clandestinum Hochst 
Chloris gayana Kunth 

Brachiaria sp. 

Desmodium intortum Urb. 

Daucus carota L. 

Cichorium intybus L. 

Cichorium endivia L. 

Ageratum conyzoides L. 

Stylosanthes guyanensis Sw. cv. Cook 
Stylosanthes guyanensis Sw. cv. Schofield 
Phaseolus vulgaris L. 

Nicotina tabacum L. 

Panicum maximum Jacq. cv. Gaton Panic 
Helianthus annus L. 

Paspalum notatum Flügge 

Cynodon dactylon (L.) Pers. 

Panicum maximum Jacg. cv: Green Panic 
Cajanus cajan (L.) Mill. 

Sida rhombifolia L. 

Hemathria altissima (Poir.) Staff & C.E. Hubbard 
Centrosema pubescens Benth. 
Solanum gilo 

Pueraria phaseoloides Benth. 

Ricinus communis L. 

Solanum ciliatum Lam. 

Mentha sp. 

Zea mays L. 

Fragaria sp 

Digitaria swazilandensis Stent 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


pangola B Digitaria decumbens Stent cv.Transvala 
pangola C Digitaria setivalva Stent 

pangola D Digitaria 'decubens Stent 

pangola E Digitaria sp. 

pangolão Digitaria unfolosi 

pimentão Capsicum annum L. 

setäria nandi Setaria anceps cv. Nandi 

soja Glycine max Merr. 

soje perene Glycine wightii (Wir.Grah ex Wight & And. Arn.) Verd. Court. 
tomateiro Lycopersicum esculentum Mill. 

trigo Triticum aestivum L. 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):9-65, 28 ago 1982 


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Descrição de dois espécimens bicéfalos de Liophis miliaris (L., 
1758) (Serpentes, Colubridae).* 


Thales de Lema** 


RESUMO 


Descrevem-se dois espécimens bicéfalos da serpente Liophis miliaris (L., 1758), en- 
contrados no Rio Grande do Sul, Brasil. Possuem dois tipos de bicefalia: o primeiro do 
tipo criptoderódimo iniódimo (classificação de BELLUOMINI, 1965) e o segundo é do 
tipo opódimo (classificação de NAKAMURA, 1938). É feita adaptação da classificação 
das duplicações axiais em serpentes e a resenha dos espécimens com duplicações axiais 
anteriores de serpentes até agora encontrados na América do Sul. 


ABSTRACT 


Two bicephalous specimens of Liophis miliaris (L.,1758), a common swamp-snake of 
South America, are described. They are captured in Rio Grande do Sul State, Southern 
Brazil, and they present two types of bicephaly: one is a cryptoderodymous iniodimus by 
BELLUOMINI classification (1965), and the other is an opodymous by NAKAMURA 
classification (1938). A modified classification of double monsters is offered as well as an 
account of South American specimens with axial bifurcation found at present. 


INTRODUÇÃO 


A literatura sobre duplicações axiais em serpentes até cerca de 
1931 foi revisada por CUNNINGHAM (1937). Os espécimens ocorrentes 
na América do Sul até 1945 foram citados por PRADO (1946) e o ma- 
terial depositado nas coleções de São Paulo, Brasil foi reexaminado por 
BELLUOMINI (1965). 

Das classificações antigas sobre monstruosidades em vertebrados, 
destaca-se a de GEOFROY-St. HILAIRE (1836), especifica para ma- 
miferos e da qual NAKAMURA (1938) tirou elementos para tipos de 
bicefalia em serpentes e que vem sendo seguida internacionalmente. 
BELLUOMINI (op.cit) ampliou a classificação de NAKAMURA para 
casos de derodimia. 


® Aceito para publicação em 19.1.1982. Contribuição FZB-RS nº 250. 
** Pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 
Bolsista do CNPq (Proc. 1111-6090/76), Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


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68 LEMA, T. de. 


Sobre a gênese formal das duplicações não se tem ainda, uma ex- 
plicação definitiva. No Brasil apenas dois autores tecem comentários 
mais explicitados: VANZOLINI (1947) e CUNHA (1968). 

Sobre a anatomia das serpentes bicéfalas poucos autores a fizeram, 
geralmente porque o material é delicado demais, são recém-nascidos, ou 
estão mal-conservados os exemplares. O maior problema com os exem- 
plares bicéfalos doados às instituições científicas é que já vêm conser- 
vados em álcool ou descalcificados pelo formol, dificultando, inclusive a 
radiografia. No Brasil, apenas CUNHA (op.cit) fez a descrição anatô- 
mica completa. Na Argentina, ASTORT (1981) descreveu a anatomia de 
um bicéfalo. 

Para o Rio Grande do Sul, LEMA (1957, 1958, 1961) descreveu 
três espécimens bicéfalos de serpentes, sendo um deles da espécie 
Liophis miliaris. 

Neste trabalho são descritos mais dois espécimens de L. a 
com bicefalia, sendo o primeiro baseado em fotos e radiografias cedidas 
pelo Prof. Rudolf Gliesch e o segundo com base em especimen da coleção 
herpetolögica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica 
do Rio Grande do Sul (MCN). 


DESCRIÇÃO DOS ESPECIMENS 


1. Especimen com 230mm de comprimento total, portanto com 
muitos dias de vida, capturado na Agronomia, município de Porto 
Alegre, Rio Grande do Sul, em abril de 1930, por Rudolf Gliesch. O 
exemplar foi perdido mas foi possível estuda-lo através de 10 fotos e 5 
radiografias, mandadas fazer por Gliesch; as radiografias são do es- 
pécimen inteiro ou somente da parte anterior. 

As fotos mostram claramente o padrão cromático dos jovens muito 
novos dessa espécie (Fig. 1) e que se caracteriza pela presença de man- 
chas pretas dorsais, desenho da cabeça e colares preto e creme nucais e 
que, no material do Rio Grande do Sul, desaparecem totalmente na for- 
ma adulta, tendendo a melanina à periferia dos escudos e escamas 
(reticulado). 

A bifurcação externa dá-se ao nível dos últimos supralabiais, fican- 
do o colar nucal preto, bem como o colar contiguo, continuos nos bois 
pescoços e que são cobertos pela pele sem sulcos ou pregueamentos. 

Pelas radiografias vê-se que há dois crânios independentes com 
duas curtas colunas vertebrais (Fig. 2). Pode-se observar com o auxilio 
do microscópio estereoscópico sete vértebras completas e isoladas, entre 
a oitava à décima vértebras de cada coluna há peças ósseas segmentárias 
como prolongamentos laterais vertebrais, mas de menor altura que as 
vértebras. As vértebras XI e XII são duplas, da XIII em diante são 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982 


Descrição de dois espécimes... 69 


únicas, desaparecendo a bifurcação. Na X vértebra a peça intermediária 
supra citada estã quase fusionada com as vértebras. 

As cabeças apresentam uma torção, dificil de medir pelo material 
gráfico disponível, mas sendo possivel estima-la em 70º mediante o 
traçado de retas tangentes à inclinação das duas cabeças. A coluna ver- 
tebral direita afasta-se da esquerda em cerca de 20º, sendo que a esquer- 
da segue o alinhamento geral da coluna vertebral única, logo, as duas 
cabeças estão em posição assimétrica. 

As medidas aferiveis são: comprimento total 231mm, comprimento 
tronco + cauda 220mm; comprimento das duas cabeças pelos lados ex- 
ternos — direita 13,5mm, esquerda 13,5mm — pelos lados internos, do 
ponto de junção até a tangente aos focinhos — direita Ilmm, esquerda 
10mm; largura das cabeças ao nível das narinas 14,5mm, ao nível dos 
escudos parietais 16mm; maior largura cervical 1lImm. O material ra- 
diográfico forneceu: o comprimento de cada crânio 8mm; a largura de 
cada crânio ao nivel dos ossos parietais 4mm; largura total dos crânios 
ao nível dos ossos nasais 10,2mm, ao nível dos ossos parietais 9,7mm; 
comprimento de cada coluna vertebral livre 4mm; comprimento do 
trecho fusionado das colunas vertebrais 4mm; comprimento total de cada 
coluna (parte livre + fusionada) 8mm; maior largura da coluna na por- 
ção fusionada 2,5mm; largura de cada coluna livre 1,3mm. 

De acordo com a classificação de NAKAMURA (1938) o presente 
espécimen é um Teratodymus derodymus; pela classificação de BEL- 
LUOMINI (1965) éum Crypto-derodymus iniodimi. 

2. MCN 7782 — Filhote retirado vivo de dentro de ovo que con- 
tinha outro exemplar mas normal. O ovo foi encontrado isolado sobre a 
grama em local próximo a grande banhado, lado oposto da rodovia, ao 
sul da Praia Mariluz, municipio de Tramandaí, Rio Grande do Sul, em 
18.X.67. por G. Husman. O doador não fixou o espécimen que se 
apresenta um pouco desidratado e descalcificado (Fig. 3-4). 

A folidose mostra grande assimetria cefálica principalmente na face 
ventral. Escamas dorsais 24 (aproximadamente) no pescoço, 17 no meio 
do tronco e 15 na zona pré-anal. Pescoço muito largo na região da 
duplicação. Escamas ventrais 134, sulcadas medianamente em toda a 
extensão do animal, sendo muito largas inicialmente; vestígio umbilical 
presente sob forma de fino filamento que se insere nas ventrais 95 e 96, 
que são partidas; anal partida; subcaudais 46 nos dois lados; escudo ter- 
minal normal; supralabiais 8 nos lados externos e 5 nos internos; os 
primeiros supralabiais são muito baixos e elevam-se para trás, onde são 
muito maiores, sendo o maior de todos o VII que tem a forma de tra- 
pézio invertido; a fusão das cabeças dá-se no V supralabial, que é gran- 
de, em cada lado; ha dois escudetes sob os olhos internos anteriores aos 
mesmos, ficando o IV supralabial muito pequeno e baixo de cada lado. 


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TO: LEMA, T. de. . 


Os seguintes escudos são normais e pares: pré-oculares 1, postoculares 
2, loreais 1, internasais 1, pré-frontais 1, supraoculares 1, frontais 1: 
nasais partidos, normais; rostrais muito baixos e largos visíveis de cima 
porque os focinhos são conspicuamente arredondados e convexos. A 
fusão das cabeças dá-se ao nivel dos parietais ocorrendo apenas os 
parietais externos pois, os internos, estão fusionados em grande escudo 
poligonal em forma de V, com vértice no centro elevado da bifurcação, 
invadindo a área dos temporais; desses ha apenas vestígios nas margens 
inferior e posterior direita da cabeça esquerda; na cabeça direita não há 
escudos temporais, nem vestígios, e a fórmula desses escudos é 1/0 na 
cabeça direita e na cabeça esquerda é: vestígio /1-1, sendo o anterior 
semelhante a um ázigo pequeno. Escudos nucais marginam parietais 
posteriormente tocando no occipital muito grande, que é transversal en- 
tre as duas cabeças e de forma poligonal, muito diferente das escamas 
dorsais (Fig. 5). A zona gular possui escutelação completamente alterada 
pela torsäo das mandíbulas para fora; os infralabiais marginam a domis- 
sura bucal das faces internas às duas cabeças e apresentam muitas sub- 
divisões resultando diversos escudetes diminutos, que isolam os sinfisais 
da comissura; é possível contar cerca de 9/7 infralabiais na cabeça di- 
reita e 5/10 na esquerda, contando-se apenas os maiores. Os mentais são 
muito alongados e se continuam de um lado para o outro, havendo um 
mental mediano curvo entre as cabeças; os escudos gulares e mento- 
nianos estão curvados para fora e para trás, mais acentuadamente na 
cabeça esquerda (Fig. 6). 

As medidas aferidas são: comprimento cabeças, pelo lado externo 
9mm, lado interno da direita ômm, lado interno da esquerda 4,5mm; lar- 
gura de cada cabeça na altura das narinas 2mm; distância do ponto de 
bifurcação à tangente aos focinhos 6mm; largura total das cabeças ao 
nível das narinas Ilmm; largura das duas cabeças ao nível dos parietais 
5,5mm; maior largura cervical ao nível do colar preto nucal 5,5mm; 
comprimento do tronco 75mm; comprimento da cauda 2imm; compri- 
mento total do animal 105mm. 

As cabeças fusionam-se logo após os olhos internos e apresentam 
uma torção de 20º, estando afastadas em um ângulo de 100º, com cur- 
vatura para fora das mandíbulas. Ha uma gibosidade no centro da bifur- 
cação cefálica, formando uma elevação cônica. 

O exame radiográfico mostra só uma coluna vertebral que se ar- 
ticula com os dois crânios, os quais estão fusionados por suas bases in- 
ternas. A cabeça direita esta no alinhamento do tronco único e a esquer- 
da insere-se na direita em ângulo de quase 90º; o crânio esquerdo é in- 
completo pois sua porção occipital esta embutida no crânio direito. O 
crânio direito é praticamente completo, não fosse a inserção látero- 
posterior da outra cabeça; infelizmente o exemplar estã muito descal- 


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aà mad em a ID 


Descri de dois espécimes ... 71 


cificado e as inümeras radiografias efetuadas näo permitem melhor 
visualizacäo da ossatura craniana. 

Conforme NAKAMURA (1938) este espécimen enquadra-se no 
caso de Opodymus. 


DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 


O número de espécimens de serpentes encontrados portanto bifur- 
cações é grande, sendo menor em Testudines e menor ainda em Sauria; 
não conhecemos nenhum espécimen registrado de Crocodilia com bifur- 
cação. 
No Rio Grande do Sul somam-se a seis os espécimens encontrados 
conforme relação que apresentamos mais adiante. 

Analisando-se a ocorrência dessas anomalias do ponto de vista de 
anos decorridos dos registros e da quantidade de exemplares que che- 
garam aos institutos, o número de ocorrências é bastante baixo. Segun- 
do BELLUOMINI et alii (1977) a taxa de monstros verificada no Ins- 
tituto Butantan de São Paulo é de 1:100.000, conforme o registro da- 
quela instituição, que recebe uma média de 250 exemplares de serpentes 
por dia, segundo declarações do encarregado de recebimento, labora- 
torista Pedro Vilella. 

Muitos espécimens colecionados estão em más condições de fi- 
xação. A maioria dos autores não examinaram a anatomia dos mesmos. 
Por outro lado, os autores que comunicaram essas anomalias apresen- 
tam-se muito heterogêneos, desde médicos a curiosos, resultando hetero- 
geneidade na apresentação, com omissão de dados. Alguns exemplares estão 
em mãos de particulares. 

“A observação de BELLUOMINI et alii (1977) de uma ninhada de 
Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768) refere um exemplar bicéfalo 
que é o menor da ninhada, que as duas cabeças apresentam diferenças 
entre elas, como ocorrem entre irmãos. 

Outro aspecto digno de nota é a posição das cabeças pois geral- 
mente uma delas afasta-se quase em ângulo reto da coluna vertebral en- 
quanto que a outra esta no alinhamento da coluna; isso sugere que a 
cabeça afastada insere-se na coluna ou na outra cabeça. Disso, aliás, 
resultou curiosa teoria por parte de TORNIER (1901). 

De um modo geral, o pouco que se sabe sobre a anatomia das ser- 
pentes duplas é que a duplicação esqueletal confere com a visceral. En- 
tretanto, ASTORT (1981) descreveu a anatomia de um exemplar em que a 
anatomia visceral duplica-se mais adiante ainda que a esqueletal: as 
duas colunas fusionam-se na XIV vértebra mas, há dois esôfagos, dois 
pulmões, dois conjuntos de vasos anteriores pré-cardiacos e dois cora- 
ções semi-fusionados. 


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72 LEMA, T. de. 


As classificações apresentadas para os casos teratológicos maxi- 
mizam a morfologia externa. Apresentamos uma classificação modificada 
a partir de NAKAMURA (1938) e usando elementos de WELLS (1945), 
VIZOTTO (1975) e BELLUOMINI (1965). Propromos a seguinte no- 
menclatura para as duplicações axiais anteriores em um só indivíduo: 

(II) Teratodymus — um único indivíduo com parte de seu es- 
queleto axial duplicado: 

II.a. Duplicitas anterior — duplicação anterior: 


II.a.1. Rhinodymus — duplicação região nasal. 

II.a.2 Opodymus — duplicação cranial incompleta, geralmente 
com olhos completos. 

Il.a.3. Atlodymus — duplicação cranial completa, com um só 
atlas aumentado ou duplo (VIZOTTO, 1975). 

II.a.4. Derodymus — duplicação cranial e vértebro-cervical 
completas, com duplicação céfalo-cervical completas (= derody- 
mus sensu stricto); ou apenas duplicação cefälica (crypto- 
derodymi iniodimi BELLUOMINI, 1965). 

II.a.5. Deropodymus — duplicação cranial incompleta e ver- 
tebro-cervical completa (casos de opodimia x derodimia) (= cryp- 
to-derodimi sincipitaliou parietali BELLUOMINI, 1965). 

II.a.6. Toracodymus — duplicação crânio-vertebral completas 
até, pelo menos, os dois corações (unidos ou não), com ou sem 
duplicação cervical (WELLS, 1945). 


No última caso enquadra-se o exemplar jovem de Boa constrictor 
constrictor Linnaeus, 1758, descrito por CUNHA (1968). Provavelmente, 
também o de Crotalus durissus terrificus descrito por VANZOLINI 
(1947) e o de ASTORT (1981). 

O esquema seguinte posiciona em escala gradativa o grau de 
duplicação anterior em serpentes. 


TORACÓDIMO 

DERODIMO — 5 DEROPÓDIMO 
ATLÓDIMO 

OPODIMO 

RINÓDIMO 


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Descri de dois espécimes... 73 


Fazendo-se uma apreciação geral dos casos e exemplares descritos 
e/ou figurados de serpentes com duplicações axiais anteriores, nota-se 
uma gradiente de variação da duplicação, desde o minimo até o máximo, 
isto é, desde a teratodimia inclusive, a teratopagia; ou ainda, em outras 
palavras, desde a rinodimia minima à anacatamesodimia ou craniopagia. 

Sendo assim, as classificações de duplicações tem valor muito 
relativo. Tem maior valor o conhecimento da anatomia e o acompa- 
nhamento formativo de monstruosidades (desenvolvimento embrionário). 

Os espécimens bicefalos até agora encontrados na America do Sul 
são poucos. À lista, que cremos ser atualizada, é a que segue: 

a. Familia BOIDAE: 

aa. Subfamília BOINA E: 

1. Boa constrictor constrictor L., 1758. Belém do Pará, Brasil; 
depositado no Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém. Jovem; bifurcação 
do tipo torácódimo com pescoços livres (CUNHA, 1968). 

b. Familia COLUBRIDAE: 

2. Espécie não identificada. América do Sul; depositado no Mu- 
seum of Comparative Zoology, Cambridge, Massachusetts, E.U.A. 
Filhote; bifurcação do tipo opódimo (JACKSON, 1847; JOHNSON, 
1901; CUNNINGHAM, 1937). 

bb. Subfamília COLUBRINAE: 

3. Alsophis chamissonis chamissonis (Wiegmann, 1835). Praias de 
Nieblas, Valdivia, Chile; depositado na coleção particular de A. Sepúl- 
veda S. em Concepción, Chile. Jovem; bifurcação do tipo deródimo com 
pescoços livres (PFLAUMER, 1945; PRADO, 1946). 

4. Helicops carinicaudus infrataeniatus (Jan, 1835). Cai, Rio Gran- 
de do Sul, Brasil; depositado no Museu do Departamento de Zoologia do 
Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
Filhote; bifurcação do tipo opódimo (LEMA, 1958). 

5. Leimadophis almadensis (Wagler, 1824). America do Sul; de- 
positado no Laboratoire d’Evolution da Sorbonne, Paris. Filhote; bifur- 
cação do tipo derödimo com um pescoço externo e duas colunas ver- 
tebrais (VELLARD & PENTEADO, 1931; CUNNINGHAM, 1937). 

6. Leimadophis poecilogyrus poecilogyrus (Wied, 1825). Pedro 
Leopoldo, Minas Gerais, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São 
Paulo, Brasil. Jovem; bifurcação do tipo deródimo com apenas um pes- 
coço (PRADO, 1942, 1943, 1946; BELLUOMINI, 1965). 

7. Liophis miliaris (L., 1758). Taquara, Rio Grande do Sul, Brasil; 
depositado no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do 
Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote; bifurcação do tipo deródimo 
com um só pescoço externo (LEMA, 1957). 

8. Liophis miliaris (L. 1758). Agronomia, Porto Alegre, Rio Gran- 
de do Sul, Brasil; depositado no Museu da Faculdade de Agronomia da 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982 


14 LEMA, T. de. 


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (perdido). 
Filhote; bifurcação do tipo derödimo com um só pescoço (artigo presen- 
te). 


9. Liophis miliaris (L., 1758). Praia Mariluz, Tramandaí, Rio 
Grande do Sul, Brasil; depositado no Museu de Ciências Naturais da 
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote; 
bifurcação do tipo opódimo (artigo presente). 

bbb. Subfamília HETERODONTINAE: 

10. Waglerophis merremii (Wagler, 1824). Caxias do Sul, Rio 
Grande do Sul, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo. 
Filhote; bifurcação do tipo deródimo com um só pescoço (BELLUO- 
MINI, 1958,1965). 

11. Waglerophis merremii (Wagler, 1824). Farroupilha, Rio Grande 
do Sul, Brasil; depositado no Museu de Ciências Naturais da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Filhote; bifurcação do 
tipo deródimo com um pescoço (LEMA, 1961). 

bbbb. Subfamília BOIGINA E: 

12. Leptodeira annulata ashmeadi (Hallowell, 1845). Venezuela; 
depositado no Museo de Ciências Naturales da Universidad Central de 
Venezuela, Caracas. Filhote; bifurcação do tipo derödimo com pescoços 
livres (BELLUOMINI & LANCINI, 1959). 

13. Philodryas olfersii ssp. Florida Paulista, São Paulo, Brasil; 
depositado no Laboratório de Zoologia da Faculdade de Filosofia, Ciên- 
cias e Letras de São José do Rio Preto, São Paulo. Filhote; bifurcação 
do tipo atlódimo (VIZOTTO, 1975). 

14. Philodryas patagoniensis patagoniensis (Girard, 1857). Jerimu, 
São Paulo, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo. Fi- 
lhote; bifurcação do tipo opódimo (PRADO, 1946; BELLUOMINI, 1965). 

15. Tachymenis peruviana chilensis (Schlegel, 1837). Cherquenco, 
Cautin, Chile; depositado no Museu Araucano de Temuco, Chile. Fi- 
lhote; bifurcação do tipo deródimo com pescoços livres (LUER, 1944; 
PFLAUMER, 1945). 

c. Família VIPERIDAE: 

cc. Subfamília CROTALINAE: 

16. Bothrops alternatus Duméril, Bibron & Dumeril, 1854. Cor- 
rientes, Argentina; depositado em (?). Jovem; bifurcação do tipo de- 
ródimo (BERST, 1945). 

17. Bothrops alternatus Dumeril, Bibron & Dumeril, 1854. Pa- 
ranacito, Entre Rios, Argentina; depositado no Instituto Nacional de 
Microbiologia Dr. Carlos G. Malbrân, Buenos Aires. Filhote; bifurcação 
do tipo derödimo com um pescoço (ASTORT, 1981). ' 

18. Bothrops atrox (L., 1758). Nascido no New York Zoological 
Park. New York, E.U.A.; depositado no Museum of Comparative 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982 


a e Er 


Descrição de dois espécimes ... 75 


Zoology, Cambridge. Filhote: bifurcação do tipo toracódimo (AMARAL, 
1926; CUNNINGHAM, 1937). 

19. Bothrops atrox (L., 1758). Ilhéus, Bahia, Brasil; depositado no 
Instituto Butantan, São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deropódimo 
com cifose da coluna vertebral (AMARAL, 1926; CUNNINGHAM, 
1937, BELLUOMINI, 1965). 

20. Bothrops atrox (L., 1758). Ilhéus, Bahia, Brasil; depositado no 
Instituto Butantan, São Paulo. Jovem, bifurcação do tipo deródimo com 
um pescoço (AMARAL, 1926; CUNNINGHAM, 1937; BELLUOMINI, 
1965). 

21.Bothrops atrox (L., 1758). Colombia; depositado no Museo del 
Colegio San José de Medellin, Colombia. Jovem; bifurcação do tipo 
opódimo (DANIEL, 1941, 1955). 

22. Bothrops atrox (L., 1758). San Felipe, Yaracuy, Venezuela; 
depositado no Museu de Ciências Naturales de Caracas. Filhote; bifur- 
cação do tipo deródimo com dois pescoços (DUPOUY, 1958). 

23. Bothrops jararaca (Wied, 1824). Vitória, Espirito Santo, 
Brasil; depositado na coleção do Instituto Pinheiros, São Paulo (Syntex, 
S.A.). Filhote; bifurcação do tipo opódimo (PEREIRA, 1950; BEL- 
LUOMINI, 1965). 

24. Bothrops jararacussu Lacerda, 1884. Nasceu em cativeiro de 
uma fêmea procedente de Vitória, Espirito Santo, Brasil; depositado no 
Instituto Pinheiros, São Paulo (Syntex, S.A.). Filhote; bifurcação do 
tipo deródimo com um pescoço (PEREIRA, 1944; BELLUOMINI, 
1965). 

25. Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768). Araçatuba, São 
Paulo, Brasil; depositado no Instituto Butantan, São Paulo. Jovem; 
bifurcação do tipo deródimo com um pescoço (AMARAL, 1926; CUN- 
NINGHAM, 1937; BELLUOMINI, 1965). 

26. Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1758). Brasil, provavel- 
mente natimorto entre outros oito recem-nascidos; depositado no Ins- 
tituto Butantan, São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deródimo com 
dois pescoços (BELLUOMINI et alii, 1974, 1977). 

27. Crotalus durissus collilineatus Amaral, 1926. Mato Grosso, 
Brasil; depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, 
São Paulo. Filhote; bifurcação do tipo deródimo com dois pescoços 
fusionados (VANZOLINI, 1947; BELLUOMINI, 1965). 

As reidentificações taxonömicas dos exemplares relacionados foram 
feitas com base nos dados registrados e material fotográfico publicado. 


16 


LEMA, T. de. 


AGRADECIMENTOS 


Ao Prof. Rudolf Gliesch, na pessoa de seus descendentes, pelo material cedido. Ao 


Dr. Arno Antonio Lise, pelo trabalho fotográfico. Ao Dr. Carlos Horáci 
trabalho radiológico e radioscopia. arlos Horácio Genro, pelo 


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78 LEMA, T. de. 


Fig. 1-2: Liophis miliaris (L., 1758) procedente de Porto Alegre, RS, Brasil: 1. as- 
pecto geral dorsal; 2. radiografia da região anterior. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982 


Descrição de dois espécimes 79 


Fig. 3-6: Liophis miliaris (L., 1758) procedente de Tramandaí, RS, Brasil (MCN 
7782): 3. aspecto geral dorsal; 4. aspecto geral ventral; 5 aspecto dorsal das cabeças e 
pescoço; 6. aspecto ventral das cabeças e pescoço. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):67-79, 28 ago 1982 


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Notas sobre a reprodução de Sporophila albogularis (Spix, 1825) 
(Passeriformes, Emberizidae) em cativeiro.* 


Luiz Octavio Marcondes Machado*** 


RESUMO 


Foram feitas observações sobre o comportamento reprodutivo e a biologia de 
Sporophila albogularis (Spix, 1825) em cativeiro, no Parque Zoológico de São Paulo, 
Brasil. 

O macho apresenta exibição de corte na época da reprodução que antecede à cons- 
trução do ninho. O ninho em forma de taça é construído pela fêmea na forquilha de um 
arhusto. Durante esta fase o macho fica próximo cantando e agride pássaros de outras es- 
pécies que se aproximam. A ovipostura é constituída por dois ovos, que são incubados 
pela fêmea durante 12 dias. Os ninhegos são “cobertos” pela fêmea e a limentados pelo 
casal. Nesta época, além de sementes, alimentam-se de insetos. Os ninhegos permanecem 
no ninho por 13 dias. Quando saem, voam até algum arbusto onde permanecem. Os pais 
vão até eles para alimentá-los. Os filhotes, além da penugem natal, ainda passam por 
mais três plumagens até ficarem com a plumagem de adulto. 


ABSTRACT 


Observations on the reproductive behaviour and biological aspects of a couple of 
Sporophila albogularis (Spix, 1825), in captivity were made in the Parque Zoológico, São 
Paulo State, Brazil. 

The male demonstrated a courtship display previous to the period when the nest is 
built. The cup shaped nest is built by the female on branch bifurcations of the bushes. 
During this phase, the male remains in the vicinities, singing, and attacks any other bird 
that approaches to the area. The clutch consists of two eggs, which are incubated by the 
female during 12 days. The nestlings are covered by the female and fed by the couple. 
During this phase, appart from seeds, they are fed by insects as well. The nestlings 
remain in the nest for 13 days. When leave, they fly to the nearest bush where they 
remain. The parents follow to feed them. Apart from the birth feathering, fledglings have 
other three plumages until the adult plumage. 


* Aceito para publicação em 02.111.1982. 
** Professor Assistente Doutor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Univer- 
sidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 13100, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão 

Geraldo, Campinas, São Paulo, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


82 MACHADO, L.O.M. 


INTRODUÇÃO 


O presente trabalho faz parte de um estudo mais amplo sobre o 
comportamento e a biologia de espécies da família Emberizidae, com ob- 
servações realizadas em cativeiro e na natureza. 

O gênero Sporophila Cabanis, 1844, pertence à subfamilia Em- 
berizinae, segundo PAYNTER (1970), é representado no Brasil por 20 
espécies (SCHAUENSEE, 1971). 

Sporophila ee (Spix, 1825) habita vegetação arbustiva 
(SCHAUENSEE, 1971); é é monotipica, ocorrendo no Piauí, Cearã e nor- 
deste do Brasil, para o sul até a Bahia e Espirito Santo (SCHAUEN- 
SEE, 1966). É conhecida popularmente pelo nome de brejal e, devido à 
beleza de seu canto territorial (IHERING, 1940 apud NOGUEIRA- 
NETO, 1973). é estimado como pássaro de gaiola, o que podera, no fu- 
turo, er sua existöncia. Torna-se portanto necessário um 
maior conhecimento do comportamento reprodutivo e da biologia desta 
espécie, visando coletar dados que possibilitem sua conservação. 


MATERIAL E MÉTODOS 


As observações sobre o comportamento reprodutivo de S. albogularis foram feitas 
durante o período de janeiro de 1975 a março de 1978, no Parque Zoológico de São Paulo. 
Estas observações realizadas à vista desarmada, foram feitas no periodo da manhã e no 
início do período da tarde, num total de aproximadamente 4 horas por dia durante o 
periodo reprodutivo da espécie. Um casal de brejal foi mantido em um viveiro de 5,00 x 
2,25 x 1,00m tendo ao chão grama batatais, Paspalum notatum Flügge (Gramineae) e ar- 
bustos de sangue-de-Adão, Salvia splendens Ker-Gawl (Labiatae), buxinho, Buxus sem- 
pervirens L. (Buxaceae) e ligustro, Ligustrum sinense Lour. (Oleaceae). No viveiro além 
dos pássaros estudados, havia um casal de Tiaris fuliginosa (Wied, 1831). - 

Embora desconhecida a exata procedência dos pássaros, estes forafn identificados 
por comparação com peles existentes na Seção de Aves do Museu de Zoologia da Univer- 
sidade de São Paulo. Três exemplares de S. albogularis (números 0527, 0586 e 0668) 
foram depositados na coleção do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da 
Universidade Estadual de Campinas. 

Para construção do ninho foram fornecidas raízes de capim amargoso, Digitaria in- 
sularis Mez. ex Ekman (Gramineae). A alimentação constitui-se de alpiste, Phalaris 
canariensis L. (Gramineae), painço Setaria italica (L.) Beauv. (Gramineae) e de uma mis- 
tura: pão seco moido, leite, almeirão, Chicorium intybus L. (Compositae) picado, Vitagold 
(Laboratório Tortuga), Gevral (Laboratório Lederle) e gema de ovo. Além disso foram 
fornecidas larvas do inseto Tenebrio molitor Linné, 1758 como indicado por LORDELLO 
(1951) para pássaros da família Embirizidae e cascas de ovo de galinha, principalmente na 
época da ovipostura. 

Para cada média considerada o número de eventos observados virá representando 
pela letra n. 


RESULTADOS 


Corte: Na época que antecede a construção do ninho, o macho 
apresenta exibição de corte. As penas do corpo e da cabeça são mantidas 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


Notas sobre a reprodução de Sporophila... 83 


erguidas; a cauda, ligeiramente levantada, pode mover-se para baixo, 
para cima e para os lados. As pernas permanecem esticadas, e a cabeça 
erguida. Dependendo da intensidade da corte, as asas podem tremular, 
sem que sejam abertas, a seguir uma das asas pode então ser aberta e 
levantada quase na vertical, e depois abaixada; o movimento é realizado 
alternadamente pelas asas (Fig. 1). O erguimento das asas é também 
observado quando da agressão entre dois machos. Em agressões de baixa 
intensidade o erguimento das asas é pequeno e, quando a intensidade 
da agressão é alta as asas ficam pressionadas de encontro ao corpo. 
Durante a exibição de corte o macho canta com o bico bem aberto e com 
as penas brancas da gula eriçadas. A corte não era seguida de postura 
de solicitação da fêmea, nem de cópula. 

Construção do ninho: O ninho tem a forma de taça e é 
construido pela fêmea em arbustos de sangue-de-Adão e buxinho, uti- 
lizando a raiz de capim amargoso. Durante a arrumação das raizes na 
forquilha do arbusto, a fêmea pode manter as asas desencostadas do 
corpo. Por vezes, mantém presa ao bico uma raiz e voa pelo viveiro, 
tremulando as asas ao pousar. 

Enquanto a fêmea leva as raizes para a forquilha, o macho per- 
manece próximo cantando, podendo agredir os pássaros da outra espécie 
(T. fuliginosa) que se aproximam. Esporadicamente o macho ajuda na 
construção, levando raizes até o ninho. 

As medidas de um ninho foram: diâmetro interno 4,8 cm; diâmetro 
externo 6,5 cm; profundidade 3,8 cm; altura 4,1 cm e altura do solo 76,0 
cm. 

A cada nova ovipostura ha construção de um novo ninho. 

Ovipostura, incubação ecuidados com a 
prole: De nove oviposturas, oito foram constituídas por dois ovos postos 
em dias consecutivos, e uma por um ovo. Estes possuem cor de fundo 
branco com manchas pretas, salpicos castanho médio e claro, mais con- 
centrados no polo mais largo, ou então com salpicos castanho médio e 
claro regularmente distribuidos e algumas manchas pretas. 

Foi observada uma resposta comportamental quando da passagem 
de uma gralha (Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821)) sobre os viveiros 
enquanto a fêmea incubava. Concomitante à emissão de piados de alar- 
me dados pelos pássaros dos outros viveiros, a fêmea de brejal deixou o 
ninho indo pousar nos ramos internos de um arbusto de folhagem densa. 

Os ovos foram incubados pela fêmea por um período médio de 12 
dias (= 8), com um máximo de 14 e um mínimo de 10 dias. 

Os ninhegos foram alimentados tanto pelo macho como pela fêmea. 
Durante esta fase o casal forrageia por entre as folhas dos arbustos, 
provavelmente capturando pequenos invertebrados. Foram também 
alimentados com as larvas de T. molitor e com as sementes fornecidas. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


Após alimentar os filhotes, a fêmea os “cobre”, enquanto o macho se 
afasta. 

A fêmea “cobre” os ninhegos por um período médio de 13 dias 
(n=5), com um máximo de 15 e um minimo de 12 dias, após o que eles 
deixam o ninho em conjunto, permanecendo pousados nos arbustos. O 
casal vai até eles para alimentá-los. Após alguns dias os filhotes co- 
meçam a voar pelo viveiro e, quando os pais estão próximos apresentam 
comportamento de pedir alimento, que consiste na emissão de um piado 
característico acompanhado por tremular de asas. São alimentados até 
que tenham cerca de 48 dias (n=2). A partir dessa idade, o casal passa 
a evitá-los, sendo seguidos por eles, que continuam a apresentar o com- 
portamento de pedir alimento. 

Ao nascer, o ninhego apresenta-se coberto com penugem branca 
levemente acinzentada (plumagem natal), em seguida ocorre o apare- 
cimento das primeiras penas, ainda no ninho, que vão formar a plu- 
magem infantil. Após aproximadamente 2 meses de vida o filhote ad- 
quire a plumagem juvenil (semelhante à da fêmea). Com cerca de dm 
ano de idade os individuos machos adquirem a plumagem de adulto 
(Fig. 2). 


DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 


Corte: a exibição de corte apresentado pelo macho pode re- 
presentar várias tendências comportamentais. Segundo HINDE (1956), 
que estudou alguns fringilideos europeus, o erguimento das penas da 
cabeça, pescoço e especialmente garganta, assim como os movimentos 
laterais da cauda e a extensão das pernas, evidenciam forte tendência 
sexual. O erguimento da cauda parece estar ligado à hesitação para se 
aproximar da fêmea; o das asas, por outro lado, à agressividade. No caso 
de S. albogularis, o componente erguimento das asas deve estar mais 
relacionado à tendência de fuga, pois no caso de agressão de baixa in- 
tensidade quando a tendência de fuga parece ser maior, as asas são er- 
guidas enquanto que o erguimento da cauda estaria associado ao com- 
ponente sexual da exibição, pois visaria a apresentação da região cloacal. 
A interpretação do componente de agressividade da exibição de corte 
não se mostrou claro. 

Construção do ninho:a forma do ninho e o local 
utilizado para sua construção é o usual encontrado para as espécies do 
gênero. Assim S. americana aurita (Bonaparte, 1851) (GROSS, 1952; 
SKUTCH, 1954), S. torqueola (Bonaparte, 1851) (SKUTCH, 1954), S. 
nigricollis (Vieillot, 1823) (ALDERTON, 1961 e FFRENCH, 1965) e S. 
caerulescens (Vieillot, 1823) (GARDEL, 1980) apresentam este tipo de 
ninho, e o constroem em arbustos ou árvores. 


IHERINGIA. Sér. Zooi., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


Notas sobre a reprodução de Sporophila... 85 


A construção do ninho realizada pela fêmea, quase sem a parti- 
cipação do macho, também ocorre em outras espécies do gênero, como S. 
americana aurita (GROSS, 1952 e SKUTCH, 1954), S. torqueola 
(SKUTCH, 1954); S. nigricollis (FFRENCH, 1965) e S. caerulescens 
(GARDEL, 1980). 

Na natureza, o material utilizado por S. nigricollis para a cons- 
trução do ninho é constituído por talos secos de capim, com algumas 
fibras fortes (ALDERTON, 1961), ou de fibras de casca de coco, pedaços 
secos de feto de Asparagus L., raizes pequenas e panículos secos de 
capim (FFRENCH, 1965). S. americana aurita utiliza fibras de plantas, 
talos finos de capim, e raizes pequenas (GROSS, 1952) enquanto que S. 
torqueola constrói o corpo do ninho com raizes finas, fibras e delicados 
ramos de inflorescências de capim (SKUTCH, 1954). S. caerulescens se 
utiliza de raizes de capim e um pouco de crina animal para a forração 
(observação pessoal); IHERING (1900) menciona ainda raizes finas 
como material empregado por esta espécie para a construção do ninho. 
Pode-se verificar que o item raizes de capim se acha presente no ninho 
das quatro espécies citadas, indicando portanto, que o material fornecido 
para a construção do ninho, provavelmente não estranho à espécie es- 
tudada, não deve alterar seu comportamento. 

Como na espécie em estudo, o macho de S. nigricollis canta 
próximo ao local do ninho (ALDERTON, 1961), e o de S. caerulescens 
além disso, também agride pássaros de outras espécies que se aproxi- 
mam (Vera C. Silva, comunicação pessoal), como ocorre com o macho de 
brejal. 

As medidas do ninho de S. albogularis não diferem muito daquelas 
obtidas para outras espécies do mesmo gênero. O ninho de S. nigricollis 
tem 5,0 cm, de diâmetro interno por 4,3 ou 5,2 cm de fundo, construido 
a uma altura máxima do solo de 300 cm e minima de 170 cm (ALDER- 
TON, 1961); o de S. caerulescens mede 5,0 cm de diâmetro por 4,0 cm 
de fundo (EULER, 1900); o de S. americana aurita mede de diâmetro 
externo 7,5 cm; de altura 5,0 cm; diâmetro interno 3,7 e 3,7 cm de fundo 
construido a uma altura do solo entre 87 cm a 100 cm (SKUTCH, 1954); 
o de S. torqueola mede 4,0 cm de diâmetro interno por 3,0 a 4,0 cm de 
fundo (SKUTCH, 1954). 

A construção do ninho a cada nova postura ocorre também em S. 
nigricollis, pois um casal observado por ALDERTON (1961) construiu 3 
ninhos consecutivamente, após cada postura ter sido destruida. 

Ovipostura, incubação ecuidadosàã prole: 
o número de ovos por ovipostura, em espécies neotropicais da família 
Emberizidae, parece estar relacionado ao tipo de ninho, sendo em menor 
número naquelas espécies que possuem ninho em forma de taça (MAR- 
CONDES-MACHADO, no prelo). Segundo SKUTCH (1954) oviposturas 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


86 MACHADO, L.O.M. 


compostas de dois ovos parecem ser a regra entre as espécies tropicais 
de Sporophila embora em algumas oviposturas de S. americana corvina 
(Sclater, 1859) e S. torqueola tenham sido encontrados três ovos. Em S. 
albogularis como em S. nigricollis (FFRENCH, 1965) e S. caerulescens 
(EULER, 1900; GARDEL, 1980; Vera C. Silva, informação pessoal), a 
maioria das oviposturas foram constituídas por dois ovos. 

A incubação também é realizada pela fêmea em S. nigricollis 
(FFRENCH, 1965), S. americana aurita (GROSS, 1952), S. torqueola 
(SKUTCH, 1954) e S. caerulescens (GARDEL, 1980; Vera C. Silva, in- 
formação pessoal). O periodo de incubação para estas espécies é de 12 
dias, com exceção de S. torqueola, para a qual SKUTCH (1954) menciona 
13 dias. 

Segundo PETTINGILL (1971), a alimentação de filhotes nidicolas 
é na maioria das vezes, realizada tanto pelo macho como pela fêmea, o 
que faz com que a quantidade de alimento levado a eles seja maior 
(LACK, 1968). Assim temos que em S. americana aurita (GROSS, 
1952), S. nigricollis (FFRENCH, 1965), S. torqueola (SKUTCH, 1954) e 
S. albogularis, ambos os pais alimentam os filhotes. 

“Quanto ao tipo de alimento levado aos filhotes, sabe-se através de 
observação de alguns autores como: CARVALHO (1957), ALDERTON 
(1962), LACK (1968) e MARCONDES-MACHADO (1980), que muitas 
especies de aves, mesmo as granivoras, incluem insetos em sua alimen- 
tação na época de cuidados à prole. O fornecimento de larvas de T. 
molitor tem sido recomendado por NOGUEIRA-NETO (1973) para pás- 
saros granivoros da família Emberizidae, que se reproduzem em cati- 
veiro, especialmente durante a época de cuidados à prole. O exame do 
conteúdo estomacal de S. plumbea (Wied, 1831), Oryzoborus angolensis 
(Linnaeus, 1766) e Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) evidenciou a exis- 
tência de restos de insetos (SCHUBART; AGUIRRE; SICK, 1965). 
Portanto, o fato dos pássaros estudados se alimentarem de larvas de T. 
molitor somado ao comportamento de forragear, vem corroborar com as 
observações da necessidade desta espécie em incluir este tipo de alimento 
na nutrição dos filhotes. 

Os filhotes de aves nidicolas costumam deixar o ninho em conjunto 
e se dirigir a um abrigo onde permanecem imóveis, não muito próximos 
um do outro, até que voem melhor (NICE, 1939 e SNOW, 1962). Os 
filhotes de brejal usualmente pousam em arbustos fechados e lá per- 
manecem, provavelmente obtendo, desta maneira, uma maior proteção 
contra predadores. 

Os ninhegos recém-nascidos de S. americana aurita possuem tam- 
bém penugens acinzentadas recobrindo o corpo (GROSS,: 1952 e SKUT- 
CH, 1954), como ocorre com S. albogularis. 


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Notas sobre a reprodução de Sporophila... 87 


AGRADECIMENTOS 


À Eloisa Helena Morgado, Werner C.A. Bokermann, Vera Lúcia Imperatriz Fon- 
seca e Maria Aparecida Julião de Carvalho pela leitura e discussão do texto: Suzanne M. 
Bennett pela revisão do Abstract; Luiz Fernando R.M. Aguiar pela confecção do desenho 
e ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo pela utilização de sua biblioteca e 
coleção de aves. À Fundação Parque Co de São Paulo pela possibilidade de realizar 
o presente trabalho. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


Notas sobre a reprodução de Sporophila... 


Fig. 1-2: Sporophila albogularis: 1. Postura de corte adotada pelo macho (desenho 
de Luiz F.R.M. Aguiar); 2. Macho adulto (foto de Werner C.A. Bokermann). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):81-9, 28 ago 1982 


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Contribuição para o conhecimento do gênero Halictoxenos Pierce, 
1908 (Stylopidae, Strepsiptera, Insecta)*. 


Cesar A. C. Trois** 


RESUMO 


Duas novas espécies de Stylopidae são descritas: Halictoxenos cupreolae sp. n. 
parasita de Augochloropsis cupreola (Cockerel, 1900) (Halictidae, Hymenoptera) e H. 
proditus sp. n. parasita de Augochloropsis sp., sendo o primeiro registro de espécies 
nominais do gênero Halictoxenos Pierce, 1908 para o Brasil. 


ABSTRACT 


Two new species of Stylopidae are described: Halictoxenos cupreolae sp. n. parasitic 
on Auguchloropsis cupreola (Cockere, 1900) (Halictidae, Hymenoptera) and H. proditus 
sp. n. parasitic on Augochloropsis sp., the first record of nominal species of the genus 
Halictoxenos Pierce, 1908 to Brazil. 


INTRODUÇÃO 


O primeiro registro da ocorrência da familia Stylopidae no Brasil 
foi feito por TEMPLETON (1841) com a descrição de Paraxenos west- 
woodi. Outras treze espécies, atualmente incluídas nos gêneros Xenos 
(Rossius, 1793), Paraxenos (Saunders, 1872) e Brasixenos Kogan & 
Oliveira, 1966, foram registradas por OLIVEIRA & KOGAN (1960, 
1962) e por KOGAN & OLIVEIRA (1966). 

Esses autores, no entanto, não fizeram nenhuma referência quanto 
a ocorrência de espécies de Halictoxenos Pierce, 1908 na fauna brasileira; 
do mesmo modo, KINZELBACH (1971) não as registrou para o Brasil. 


* Aceito para publicação em 12.111.1982. 
Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Entomologia, Campinas (SP), 03 a 09 de 
fevereiro de 1980. 
** Engenheiro Agrônomo, Professor Assistente na Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia 
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Caixa Postal 143, 97.500 
Uruguaiana, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


MATERIAL E MÉTODO 


Na coleção de Strepsiptera da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOC), Rio de 
Janeiro (RJ), estão depositadas algumas abelhas selvagens da família Halictidae, duas 
dessas, de espécies do gênero Augochloropsis Cockerel, 1897, estavam estilopizadas por 
fêmeas de estrepsipteros do gênero Halictoxenos. 

As fêmeas foram extraídas dos abdomens dos hospedeiros e preparadas pela seguin- 
te técnica: quinze minutos em álcool etílico absoluto, duas horas em hidróxido de potássio 
a quente, dez segundos em fenol-xilol 1:1, dez segundos em xilol puro e montagem em 
lâminas para microscopia. Os desenhos do cefalotórax e suas estruturas foram feitos com 
câmara clara e sem correções de assimetria. As medidas estão expressas em milímetros. 


RESULTADOS 


Halictoxenos cupreolae sp. n. 
(Fig. 1-2) 


F êm e a. Forma geral do cefalotórax: sub-triangular; maior lar- 
gura logo além dos espiráculos, constringido fortemente na base, fi- 
namente granulado na superfície ventral. Coloração geral castonha-clara. 
Cabeça de formato aproximadamente hexagonal; abertura bucal cons- 
pícua; esclerito hipo-faringeal com as margens anterior e posterior quase 
paralelas; labro da mesma largura do esclerito hipo-faringeal; mandi- 
bulas quase tão largas quanto longas, relação axis-transversal/axis- 
longitudinal: 0,4; dentes das mandíbulas arredondados nas pontas, 
pouco proeminentes, mais curtos do que a projeção da margem externa. 
Membrana cefalotorácica semi-circular nas extremidades pela confluência 
da cabeça com o protórax, esse bem delimitado, elíptico no contorno, 
mais quitinizado que as áreas adjacentes. Orgãos de Nassonov grandes e 
dispersos em uma área semi-eliptica. Espiráculos marginais, nos ângulos 
posteriores do cefalotórax. 

Medidas: comprimento do cefalotórax 0,81; largura na base do 
cefalotórax 0,42; largura entre os espiráculos 0,63; largura maior 0,65; 
distância entre as mandíbulas 0,09; largura da cabeça ao nível da mem- 
brana cefalotorácica 0,31; comprimento da cabeça ao nível da linha 
mediana 0,14; comprimento lateral da cabeça 0,12; distância dos espi- 
ráculos à extremidade da cabeça 0,51. 


Macho e triungulino: desconhecidos. 


Hospedeiro: Augochloropsis cupreola (Cockerel, 1900) 
(Halictidae, Hymenoptera) (Fig. 3). 


Distribuição: BRASIL: Rio de Janeiro. 


Material examinado: BRASIL: Rio de Janeiro. Itatiaia, holótipo fêmea FIOC 
0136, 15.V.1940, F. Zicanleg.. ; 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


Contribuição para o conhecimento... 93 


Halictoxenos proditus sp. n. 
(Fig. 4 - 5) 


F & m e a. Forma geral do cefalotórax: sub-triangular; maior lar- 
gura logo além dos espiráculos, constringido na base, granulado na 
superfície ventral. Coloração castanho-escura. Margem anterior da 
cabeça arredondada, labro da mesma largura do esclerito hipo-faringeal, 
este convexo e estreito; abertura bucal nitida; mandíbulas mais longas 
do que largas, relação axis-transversal/axis-longitudinal: 0,8; dentes 
retos, truncados no ápice. Membrana cefalotorácica quase semi-circular, 
limitada nas extremidades pela confluência do protórax com os prolon- 
gamentos cefálicos; segmentos torácicos da mesma textura. Orgãos de 
Nassonov pequenos, irregularmente dispersos em uma área de contorno 
semi-elíptico. Espiráculos salientes tanto em -vista ventral quanto la- 
teral. 

Medidas: comprimento do cefalotórax 0,95; largura na base do 
cefalotörax 0,50; largura entre os espiräculos 0,69; largura maior 0,72; 
distância entre as mandíbulas 0,11; largura da cabeça ao nível da mem- 
brana cefalotorácica 0,36; comprimento da cabeça ao nível da linha 
mediana 0,14; comprimento lateral da cabeça 0,31; distância dos espi- 
ráculos à extremidade da cabeça 0,53. 


Macho etriungulino: desconhecidos. 


Hospedeiro: Augochloropsis sp. (Halictidae, Hymenoptera) 
(Fig. 6). 


Distribuição: BRASIL: Mato Grosso do Sul. 


Materialexaminado: BRASIL: Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 
holótipo fêmea FIOC 0137, 05.VII. 1927, Macedo leg.; parátipo fêmea FIOC 0138, mes- 
mos dados do holótipo. 


DISCUSSÃO 


O gênero Halictoxenos Pierce, 1908 (sensu BOHART, 1941) é for- 
mado por 17 espécies de ampla distribuição, a seguir discriminadas: 
Halictoxenos anneckei Pasteels, 1958; H. arnoldi Perkins, 1918; H. 
crawfordi, Pierce, 1909; H. jonesi Pierce, 1908; H. manilae (Pierce, 
1909); H. nitidiusculus Oglobin, 1924; H. nymphaeri (Pierce, 1911); H. 
puncticollis Noskiewic & Poluzsynski, 1924; H. robbi Pierce, 1909; H. 
rubicundi Noskiewic & Poluzsynski, 1924; H. sajoi Noskiewic & Poluz- 
synski, 1924; H. schwarzi (Pierce, 1908); H. simplicis Noskiewic & Poluz- 
synski, 1924; H. spencei (Nassonov, 1893); H. tumulorum Perkins, 
1918; H. ulrichi Hofeneder, 1939; e H. viridulae Pierce, 1911. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


94 TROIS, C.A.C. 


Das espécies do gênero Halictoxenos, anteriormente citadas, H. 
cupreolae sp. n. e H. proditus sp. n. distinguem-se da maioria pela for- 
ma e dimensões do cefalotórax e pelos hospedeiros que estilopizam. 

Por esses caractéres assemelham-se ligeiramente a H. viridulae 
descrita »or PIERCE (1911); mas, o holótipo dessa espécie (United 
States National Museum, número de catálogo 13695) não apresenta o 
protórax de contorno semi-eliptico e não apresenta os espiräculos salien- 
tes, além do fato de estilopizar abelhas selvagens do gênero Augochlora 
Smith, 1853, o que distingue H. viridulae de ambas as espécies brasi- 
leiras. 

Para a distinção das espécies brasileiras entre si, pode-se utilizar 
como caracteres diagnósticos: em H. cupreolae sp n. o protórax é semi- 
elíptico, finamente granulado e os espiráculos são marginais; em H. 
proditus sp. n. o pró, meso e metatórax são de mesma texturas, sem 
suturas, e os espiraculos são salientes tanto em vista ventral quando 
lateral. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


BOHART; R.M. 1941. A revision of the Strepsiptera with special reference to the 
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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


Contribuição para o conhecimento... 95 


dr 


Fig. 1-3. Halictoxenos cupreolae sp. n.: 1. Vista ventral do cefalotórax do holótipo 
(Aum. 160x); 2. Vista ventral da mandíbula direita do holótipo (Aum. 400x); 3. Holótipo 
fêmea (vista ventral) protraido entre o quinto e sexto urosternitos do abdômen de Au- 
gochloropsis cupreola, (Cockerel, 1900) vista ventral (Aum. 6,3x). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


96 


TROIS, C.A.C. 


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Fig. 4-6. Halictoxenos proditus sp. n.: 4. Vista ventral do cefalotórax do holótipo 


(Aum. 160x); 5. Vista ventral da mandíbula esquerda do holótipo (Aux. 400x); 6. Ho- 
lótipo e parátipo fêmeas (vista ventral) protraídos entre os go do abdômen de 


Augochloropsis sp. (vista dorsal) (Aum. 6,3x). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):91-6, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos. 5. Conquiliometria de Lit- 
toridina parchappii (D'Orbigny, 1835) (Gastropoda Rissoidea) 
referida a su cicio de vida en poblaciones australes*. 


Néstor J. Cazzaniga** 


RESUMEN 


Se estudia la morfologia de la conchilla de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835) 
a lo largo de su ciclo de vida en los canales de drenaje del Valle Inferior del Rio Colorado 
(Provincia de Buenos Aires, República Argentina), comprendiendo conchillas de tallas en- 
tre 300 UM y 7 mm. Se midieron ejemplares de distintos ambientes y en diferentes épocas 
del ao, considerando las principales proporciones morfometricas, que se graficaron 
mediante curvas exponenciales o polinómicas según el caso. 

Mediante una serie de disecciones de ejemplares machos se estudió el proceso de 
diferenciación peniana, hallando que la mayor variacion se produce en los ejemplares de 
cuatro anfractos, en los que el pene pasa de ser un mamelón digitiforme, incoloro, de 
aproximadamente 250 Um a un órgano subadulto de hasta 2,5 mm, con papilas y pigmen- 
to. Los ejemplares mayores muestran una insensible gradación hasta la morfologia peniana 
adulta ya conocida para la especie. 

Mediante cortes histológicos se determinó que en ambos sexos la maduración se 
produce en animales de cinco vueltas; la evacuación ovocitaria se inicia en hembras de 
seis vueltas y no se produce recuperación gonadal. Se establecieron los siguientes inter- 
valos de tallas dentro del ciclo de vida: prerreproductivos subadultos de 2,5 a 4,1 mm, 
adultos de 4,1 a 5,55 mm, posreproductivos mayores de 5,55 mm. 


RESUMO 


Estuda-se a morfologia da concha de Littoridina parchappii (D'Orbignyi, 1835) ao 
longo do ciclo de vida nos canais de drenagem do Valle Inferior do Rio Colorado (Provin- 
cia de Buenos Aires, República Argentina), compreendendo conchas de tamanhos entre 
200 um a 7 mm. Mediram-se exemplares de diferentes ambientes e estações do ano, con- 
siderando as principais proporções morfometricas, que foram representadas em gráficos 
mediante curvas exponenciais ou polinômicas conforme o caso. 

Mediante uma serie de dissecações de exemplares machos estudou-se o processo de 
diferenciação peniana, encontrando-se as maiores variações nos exemplares de quatro vol- 
tas, nos quais o pênis passa desde um mamiläo digitiforme sem cor, de aproximadamen- 
te 250 | m até um órgão subadulto de 2,5 mm, com papilas e pigmentação. Os exemplares 
maiores apresentam uma modificação gradativa até a morfologia peniana adulta já co- 
nhecida para a espécie. 


* Aceotadi para publicación el 15.111.1982. Contribución nº 31 del Centro de Estudios Parasitológicos 
y de Vectores (CEPAVE), La Plata, Argentina. 

** Professor Adjunto de Introducion a la Ecologia, Departamento de Ciencias Naturales, Univer- 
sidad Nacional del Sur, Avenida Alem 1252, 8000 Bahia Blanca, República Argentina. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


98 CAZZANIGA, N.J. 


Mediante preparações histológicas determinou-se que em ambos os sexos a matu- 
ração se produz em animais de cinco voltas, a evacuação dos ovos inicia-se em fêmeas de 
seis voltas mas não se produz recuperação gonodal. Estabeleceram-se os seguintes inter- 
valos de tamanhos dentro do ciclo vital: pré- “reprodutivos subadultos de 2,5 a 4,1 mm, 
adultos de 4,1 a 5,55 mm, pós-reprodutivos maiores de 5,55 mm. 


INTRODUCCION 


El conocimiento que se tiene de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 
1835) es bastante escaso aún, si tenemos en cuenta que es una especie 
particularmente abundante en cuerpos de agua dulce de la Pampasia ar- 
gentina. Su presencia ha sido registrada en las provincias de Santa Fe, 
Entre Rios, Buenos Aires y parte de La Pampa y Córdoba (GAILLARD 
& CASTELLANOS, 1976). Según materiales depositados en el Museo 
Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia también se ex- 
tiende por la República Oriental del Uruguay: Nueva Palmira (lote nº 
11353) y Colonia (lote s/n). 

Fue descrita en 1835 y 1840 por D'ORBIGNY, quien dio como 
localidad tipo Pampas (República Argentina). Vuelven a registrarla 
STROBEL (1874) y DOERING (1884), esta vez dentro del gênero Hy- 
drobia Hartmann, 1821 y finalmente PILSBRY (1911) la reubicó en el 
género Littoridina Souleyet, 1852. Poco mãs es lo que se agregó hasta 
épocas recientes. 

Es sabido que los integrantes de la familia Hydrobiidae tienden a 
una unidad morfológica tal que suele derivar en una imprecisión sis- 
temática de difícil soluciön. Con respecto a las formas neotropicales sólo 
se tuvieron en cuenta caracteres externos y radulares hasta que HU- 
BENDICK (1955) incorporó el estudio del órgano copulador en las for- 
mas del Lago Titicaca, descritas por HAAS (1955); en esa oportunidad 
no se registraron diferencias en la morfologia del pene ni en otros carac- 
teres internos entre los numerosos géneros y especies de Hidrobiidae del 
mencionado lago. Sin embargo, siguiendo los mismos lineamientos, 
GAILLARD (1973 a) logró definir cuatro grupos de especies dentro del 
género Littoridina en la Argentina 

El grupo parchappii responde a lo que HAAS (1955) denomino Lit- 
toridina pattern, es decir, las formas mas típicas, con pene melanizado y 
varias papilas derechas. En la revision de GAILLARD & CASTEL- 
LANOS (1976) este grupo compreende nueve especies, algunas de las 
cuales tuvieron ya algún tratamiento posterior (CAZZANIGA, 1980, 
1981, en prensa a). 

El grupo piscium, con pene despigmentado, glande corto y nu- 
merosas papilas derechas comprende sólo dos especies, «que se diferen- 
cian hasta el momento sólo por rasgos de la conchilla, es que la mor- 
fologia peniana y radular es idêntica. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos... 99 


El grupo australis con una sola especie marina, cuya morfologia 
peniana es mas similar a la de las Hydrobia del hemisferio norte, según 
opinion de PARODIZ (in litt.). 

El grupo hatcheri, de la Patagonia, es el que presenta mayor 
dificultad ya que no se registra un pene desarrollado como en el resto del 
género. Por tal motivo fue separado del género Littoridina para cons- 
tituir un nuevo género: Strobeliella Cazzaniga, 1981. Según manifestara 
el Dr. G.M. Davis en su reciente visita al Museo de La Plata, el criterio 
para considerarlo como gênero aparte seria insuficiente por la falta de in- 
formaciôn acerca de otros caracteres endosomáticos y otros rasgos no 
morfológicos, que se estudiaran oportunamente. 

En cuanto a aspectos biológicos y ecológicos de formas sudame- 
ricanas, no hay tampoco mucha información, salvo los comentarios am- 
bientales que acompafian las descripciones sistemáticas (resumidos y 
ampliados por WEYRAUCH, 1963). Varios autores comentaron el hecho 
de que las especies de Littoridina depositan las cápsulas de huevos sobre 
conchillas de ejemplares de su misma especie. 

MARCUS & MARCUS (1963, 1965) aportaron datos sobre com- 
portamiento y estudiaron desoves y desarrollo larval de especies marinas 
y estuariales. 

Entre las formas del Viejo Mundo Potamopyrgus jenkinsi (Smith, 
1889) ha recibido especial atencion por su capacidad invasora que la 
llevo a dispersarse por todo el subcontinente europeo (ADAM, 1942; 
HUBENDICK, 1950; IBANEZ & ALONSO, 1977; LASSEN, 1978). En 
1960, LUCAS publicó datos ecológicos sobre esta especie. BOYCOTT 
(1929) y WARWICK (1952, 1969) se ocuparon de las causas de la for- 
macion de carenas en la conchilla. Recientemente BROWN (1980) la 
propuso como especie indicadora de contaminación en rios y FRENZEL 
(1979, 1980) encarö aspectos poblacionales y de producción. 

La mayor parte de la informacion ecológica sobre Hydrobiidae se 
refiere a formas marinas, destacândose los trabajos de ANDERSON 
(1971), LEVINTON (1979), LITTLE & NIX (1976) y NEWELL (1962) 
sobre comportamiento de Hydrobia y los referidos al metabolismo trófico 
(FENCHEL & LAPPALAINEN, 1975; HYLLEBERG, 1975; LOPEZ & 
LEVITON, 1978; NEWELL, 1965). 

En afios recientes se estudiaron con profundidad aspectos repro- 
ductivos (FISH & FISH, 1974; LASSEN, 1979; LASSEN & CLARCK, 
1979; MAZURKIEWICZ, 1972). La distribución de las especies de Hy- 
drobia y los factores que la afectan fueron estudiados por FENCHEL 
(1975 a, b), FENCHEL & KOFOED (1976), FISHER McMILLAN 
(1948) y WELLS (1978). 

Este trabajo complementa otro anterior (CAZZANIGA, MS) en el 
que se estudiaron algunos parâmetros poblacionales de L. parchappii en 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


100 CAZZANIGA, N.J. 


los canales de drenaje del Valle Inferior del Rio Colorado (Provincia de 
Buenos Aires, Argentina). En esa oportunidad se detectaron diferencias 
entre las poblaciones que habitaban canales oligohalinos y aquellas que 
provienen de canales con mayor salinidad, en los que aparentemente no 
logra asentarse en poblaciones estables y en los que alcanzaria dominan- 
cia numérica por falta de una efectiva competencia interespecifica. Sin 
embargo, quedaba la posibilidad de que, con distinto tenor salino, el 
ciclo sexual se viera afectado y los animales maduraran precozmente. 

Ahora se ha estudiado la morfologia de la conchilla lo largo del 
desarrollo en los distintos ambientes y se la ha correlacionado con los 
eventos fundamentales del ciclo, considerando tales a la diferenciación y 
desarrollo del pene y a los procesos de dinâmica gonadal. 

Los hidróbidos en general muestran una marcada plasticidad frente 
a las modificaciones del medio, como comprobo GAILLARD (1973b) en 
Littoridina piscium (D'Orbigny, 1835) del Rio de la Plata. Puesto que L. 
parchappii sufre una reduccion en su talla siguiendo un gradiente en 
dirección norte-sur, se ha trabajado con poblaciones cuyos individuos al- 
canzan el minimo desarrollo conocido para la especie, en funcion de las 
condiciones adversas del medio, lo cual acentúa el interes por detectar 
efectos secundarios del uso de agentes quimicos en los ambientes que 
habita. 

Se reitera aqui que la intencion última de estas investigaciones 
radica en la posibilidad de que esta especie sirva en el futuro como 
animal test en la evaluación de efectos negativos a largo prazo de los 
herbicidas que se utilizan en los mencionados canales de drenaje para 
combatir el desarrollo de vegetacion acuática sumergida. 

Los resultados aqui expuestos serviran, entonces, de referencia. 


MATERIAL Y METODOS 


El material fue colectado en los canales de drenaje A (oligohalino) y AB (me- 
sohalino) del Partido de Villarino y D (mesohalino) de Patagones, cuyas características 
químicas y faunisticas fueron descritas en un trabajo previo (CAZZANIGA, en prensa b). 
Los gasterópodos fueron obtenidos mediante lavado de plantas de Chara vulgaris L., 
Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1925 y Potamogeton pectinatus var. striatus Ruiz & 
Pavón, 1798. 

Para el estudio conquiliométrico se midieron 934 conchillas provenientes de tres 
muestras representativas de momentos claves del ciclo de vida: una de junio, con pre- 
dominio de adultos y una pequerfia proporción de juveniles; otra de enero, en la que ya se 
produjo el reemplazo poblacional y la tercera de marzo, en la que el predominio corres- 
ponde a juveniles subadultos (CAZZANIGA, MS). En cada casc se anotó el número de 
vueltas del ejemplar. Se consideraron las siguientes medidas: 

L, largo total; A, ancho máximo; LU, largo del último anfracto; LA, largo de la 
abertura; AA, ancho de la abertura. 

Con estos datos se calcularon las siguientes proporciones: 


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Notas sobre hidróbidos argentinos ... 101 


A x 100 “LU x 100 LA x 100 AA x 100 
LE ip L LA 


Estos indices se correlacionaron con el largo de la conchilla mediante ajustes ex- 
ponenciales o polinómicos de cuarto grado, según el caso, y se graficaron en las figuras 2 
ad. 

En las tablas 1 a 3 se resumieron las frecuencias de tallas en las muestras estu- 
diadas. Para cada estado de desarrollo (número de anfractos) se construyeron histogramas 
de frecuencias. de tallas para determinar intervalos de tamafios correspondientes a distin- 
tos eventos del ciclo de vida, como se explicará más adelante. 

En base a una serie de disecciones se anotó el grado de desarrollo peniano en ejem- 
plares de distintas tallas, tomando como referencia el número de vueltas visibles en cara 
apertural. Se estudiaron 50 machos del canal A (oligohalino) y 70 del canal D (mesoha- 
lino). Para esto se descalcifico la conchilla con una solución acuosa al 20 % de HCl y, 
bajo lupa binocular, se procedió a abrir la cavidad paleal para la extracción del pene. Este 
se colocó sobre una gota de glicerina, entre porta y cubreobjetos, para dibujarlo a câmara 
clara. 

En la figura 1 se muestra el desarrollo conjunto de la conchilla y el pene en las 
poblaciones australes de L. parchappii. 

Para obtener una idea muy general del desarrollo gonadal a fines de primavera 
(cuando se produce el pico reproductivo), se realizaron cortes histológicos de la masa vis- 
ceral de ejemplares de distinta talla provenientes de diferentes canales, colectados en el 
mes de diciembre de 1979, anotando el grado de madurez referido al número de anfractos. 
La fijación se realizó en formol al 7 % y la tinción con hematoxilina y eosina. Las figuras 
6 a 12 ilustran aspectos del desarrollo gonadal en machos y hembras. 

Para caracterizar intervalos de tallas correspondientes a cada grupo de edades 
ecológicas (prerreproductivos, adultos reproductivos y posreproductivos) se fraccionó cada 
muestra por medio de cuatro tamices de malla decreciente. De cada submuestra asi ob- 
tenida se midió el largo de 200 ejemplares, anotando en cada caso el número de anfractos. 
Se confeccionaron histogramas de frecuencias de tallas para cada estado de crecimiento 
(número de anfractos) y se ajustó a cada uno de ellos una curva de distribución normal 
(fig. 13). Llevado al plano poblacional, cada uno de estos gráficos representa una fracción 
de la muestra, separable del resto por un caracter morfológico (número e vueltas). Para 
ponderarlos y poder graficarlos en conjunto, se multiplicaron los valores de cada curva 
(que en todos los casos tienen superficie unitaria, 1 = 100%), por la proporción porcentual 
que corresponde a cada submuestra dentro de la muestra total. Esta es una forma 
equivalente a la estructura de tallas de la población presentada anteriormente (CAZ- 
ZANIGA, MS), expresada en esta oportunidad como proporción de indivíduos de distinto 
número de anfractos y se graficó en las figuras 14 a 16. 

Finalmente se confeccionó el gráfico conjunto de curvas probabilísticas normales en 
el cual el punto en el que se cruzan dos curvas corresponde al momento critico en el que 
un animal puede pertenecer indistintamente a una u otra distribución, es decir, tiene igual 
probalidad de poseer uno u otro número de anfractos. Esto se muestra en la figura 17. 

En los casos en que una cruva tiene una gráfica precedente y una sucesiva se con- 
sideró cubierto el intervalo completo de tallas para ese número de anfractos. Cuando falta 
alguna de las laterales la curva normal puede representar sólo una fracción de la distri- 
bución total posible y en tales casos sólo se tuvo en cuenta aquella distribución cuya 
media no mostró diferencia significativa (mediante la prueba de t) con respecto a la 
hallada para alguna de las muestras restantes. 


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102 CAZZANIGA, N.J. 


RESULTADOS 


Las cápsulas de huevos que suelen adherir a conchillas de ejem- 
plares vivos de su misma especies, pero que pueden estar sobre vege- 
tales y aun otros sustratos, tienen un diâmetro bastante uniforme. Sobre 
treinta cápsulas medidas, quince se ubicaron entre 270 y 330 um; el 
promedio de las treinta medidas fue de 297,39 um, con un erros típico de 
2,56. 

Los animales recien nacidos miden aproximadamente 300 um, 
habiendo registrado un mínimo de 270 um. Su contorno es casi esférico, 
con un solo anfracto visible en cara apertural, que corresponde a i% - 
1% vueltas. 

El crecimiento a partir de este estado tiende a una progresiva es- 
tilizacion de la forma, siguiendo una espiral equiangular alta, dando a 
los adultos un aspecto cônico turriteloide, como lo muestra la figura 1. 
Puede apreciarse que las formas adultas muestran una abertura elip- 
soidal, aunque en las formas mayores el labro puede expandirse lateral- 
mente redondeando nuevamente la abertura. 


En las figuras 2 a 5 se graficaron las proporciones morfométricas 
consideradas, referidas al largo total de la conchilla. Las proporciones 
A/L, LU/L y LA/L se ajustaron mediante curvas exponenciales; la 
relación AA/LA se ajustó mediante un polinomio. 


Las disecciones practicadas permitieron dibujar los pasos sucesivos 
del desarrollo del pene, que en cierto modo refleja el desarrollo reproduc- 
tor del animal (Fig. 1). 

Sólo por excepciön se hallö una papila peniana, digitiforme, in- 
colora, de unos 200 um en ejemplares de tres anfractos. Cuando el 
animal alcanza las cuatro vueltas este mamelon comienza una etapa de 
rápido crecimiento y diferenciacion, con formación de esbozos de papilas 
derechas y. adquisicion de algo de pigmento negro. Las formas algo 
mayores, siempre con cuatro vueltas, presentan un glande alargado, del- 
gado, que mide un tercio o la mitad del largo total del órgano. Este es un 
carácter estable para la especie, que la diferencia de Littoridina occiden- 
talis (Doering, 1884) y otras especies afines. 

En formas de cinco vueltas pueden aparecer ejemplares algo in- 
maduros, pero en general el pene tiene ya una conformación bastante 
similar a la del adulto. 

En todos los machos de seis y siete vueltas se observaron mor- 
fologias penianas tipicas, con numerosas papilas derechas, una papila iz- 


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Notas sobre hidróbidos argentinos... 103 


quierda prominente y pigmentada, y con pigmento negro diseminado por 
las papilas derechas y el glande, que es delgado y largo. 

Esta situación se observô por igual en los ejemplares provenients 
del canal oligohalino como en el mesohalino. No parece haber diferencia 
en el momento de adquisiciön del pene adulto. 

Em los cortes histológicos de gônadas se revelö que el estado de 
cinco vueltas es de actividad intensa de maduración. En las hembras 
(Fig. 6) se observan numerosos ovocitos con el citoplasma cargado de 
elementos vitelinos y rodeados de celulas nutriciais. El macho de igual 
número de anfractos (Fig. 7) muestra abundantes espermatogonias de 
núcleo grande, redondeado, con cromatina reticulada, además de esper- 
matocitos primarios tardios (leptotenicos), de núcleo menor, con cro- 
matina en anillo, y algunas células flageladas. 

Las hembras de seis vueltas alcanzan la madurez total y comienzan 
la evacuación ovocitaria, por lo que parte del ovario esta desorganizado 
(Fig. 8), ocupado sólo por restos vitelínicos y figuras de resorción. El 
macho de seis anfractos (Fig. 9) presenta abundancia de elementos 
flagelados, bordeados por espermatogonias; la ausencia de espermato- 
citos puede deberse a la detención en la producción celular a medida que 
se alcanza la madurez avanzada. 

El ovario de ejemplares de siete vueltas (Fig. 10) aparece como un 
conjunto desorganizado de elementos vitelinos remanentes. En un solo 
ejemplar de siete vueltas se observaron ovocitos inmaduros (Fig. 11), 
que indican un proceso de recuperaciön que no es generalizado, y que 
seguramente no llegaria a completarse puesto que la representacion de 
formas tan grandes (mayores de 6 mm) es escasa en esos ambientes. 

En la figura 12 se muestran comparativamente cortes de la masa 
visceral de una hembra de cinco (izquierda) y siete vueltas (derecha). 
Mientras que en el ejemplar en maduraciön la gonada puede ocupar la 
mitad o más de la masa encerrada en la espira, en los ejemplares pos- 
reproductivos ocupa menos de un terceio de ese volumem y en ocasiones 
falta por completo. 


Los machos de siete vueltas mantienen aún la estructura del tes- 
ticulo maduro, con abundancia de células flageladas, haciendo suponer 
un periodo de actividad sexual mas prolongado que el de las hembras. 

La evolucion gonadal comentada fue similar en ejemplares pro- 
venientes de distintos canales, con diferentes condiciones de salinidad. 
Las diferencias, si las hubiere, deberân buscarse en aspectos cuanti- 
tativos. 

En cuanto a la caracterizaciöon morfométrica de los sucesivos es- 
tadios de desarrollo, la figura 13 resume el ajuste de curvas normales a 
histogramas de frecuencias de tallas, discriminadas según el número de 
vueltas de la conchilla, sobre Myriophyllum elatinoides en el mes de 
marzo. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


104 CAZZANIGA, N.J. 


En la figura 14 se ponderaron esas curvas graficândolas conjun- 
tamente; muestran la estructura de la problacion en ese momento. La 
tabla 1 resume los datos necesarios para la construcción de ese gráfico. 


Se observa el predomínio de animales de cuarto vueltas, que son 
subadultos. No hay ejemplares de siete vueltas (gerontes) y los de seis 
vueltas tienen muy baja representatividad. 

El mismo tratamiento recibieron una muestra tomada sobre Chara 
vulgaris del canal oligohalino y otra sobre el mismo sustrato en el canal 
mesohalino. Los datos obtenidos se volcaron en las tablas 2 y 3, gra- 
ficândose en las figuras 15 y 16. 

Obtenidas estas curvas, se intentó definir los intervalos de tallas 
en que la especie presenta un determinado número de anfractos. Esto se 
logrô mediante el cálculo de nuevas curvas de distribucion normal, 
reuniendo los datos de las distintas muestras (seleccionados según se ex- 
plicô, de acuerdo a que estuviera representado todo el rango posible de 
tallas). 

En la figura 17 se grafican tales curvas probabilisticas para cada 
número de vueltas. Todas elias tienen superficie unitaria y el punto en el 
que se cortan dos curvas sucesivas representa la talla en que los ani- 
males tienen igual probabilidad de poseer uno u otro número de vueltas. 
Asi se determinaron los intervalos indicados en la parte superior derecha 
de la figura 17. 

DISCUSION 


Como ya fue dicho, son muy escasos los trabajos previos sobre 
biologia de Hydrobiidae neotropicales e incluso, pese a ser una de las es- 
pecies más abundantes de la Pampasia, no se conocian aún datos meris- 
ticos de series numerosas de L. parchappii. 

El desarrollo peniano refleja en cierto modo el grado de actividad 
sexual del individuo, por cuanto depende del control endocrino que ejerce 
la gônada (FERAL et al., 1972). Del estudio morfológico del pene en 
distintas tallas surge que el periodo de maduración se inicia en animales 
de cuatro vueltas, que sufren la transformaciôn desde una minúscula 
papila hasta una morfologia subadulta, con adquisicion de un glande lar- 
go y delgado, papilas y pigmento. En animales de cinco vueltas se al- 
canza la morfologia definitiva. 

Este importante carácter, que en la actualidad es fundamental para 
el reconocimiento especifico, fue descrito por primera vez para L. par- 
chappii por GAILLARD (1973 a). Los penes de las variedades pam- 
peana y entrerriana fueron ilustrados por GAILLARD y CASTEL- 
LANOS (1976). Con estas observaciones se ratifica la uniformidad 
peniana de la especie, ya que se realizaron sobre la variedad patagônica 
(la de menor tamafio), confirmando el patrón de pigmentación, la pre- 
sencia de seis a siete papilas derechas y la longitud del glande, que al- 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos ... 105 


canza a un tercio o un medio de la longitud total del órgano, siendo en 
todos los casos delgado y agudo, a diferencia de L. occidentalis del oeste 
de la Argentina, en la que el glande es corto, romo y mucho más pig- 
mentado (CAZZANIGA, 1980). Entre ambas especies las diferencias 
conquiliológicas son mínimas. 

Del análisis de los cortes histológicos de ejemplares colectados a 
fines de primavera en ambientes con distinta salinidad no surgieron 
diferencias destacables. Si las hubiere deberan buscarse mediante es- 
tudios cuantitativos de fecundidad, esfuerzo reproductivo, etc. 

En una contribución previa (CAZZANIGA, MS) se postularon dos 
hipótesis para explicar las diferencias poblacionales detectados en ambos 
tipos de ambientes. La primera de ellas se refiere a la imposibilidad de 
L. parchappii para establecer poblaciones permanentes en ambientes con 
mayor salinidad; estã respaldada por las irregularidades observadas en 
la dinâmica de la densidad y en la secuencia de estructuras de edades en 
los canales mesohalinos, mientras que en los oligohalinos se verificó una 
estructura estable de edades para cada mes. 

La segunda hipótesis menciona la posibilidad de que en medios 
mesohalinos, L. parchappii alcanzara la madurez sexual prematuramen- 
te, por lo que la estructura juvenil de las poblaciones, aun en los meses 
invernales, corresponderia en realidad a grupos de animales que ya son 
sexualmente activos, pese a su reducida talla. GAILLARD (1973 b) 
sefialó la reducciön de tamafio de Littoridina piscium del Rio de la Plata 
siguiendo un gradiente de contaminación, lo que haria suponer una 
maduración sexual en tallas menores (no se ha estudiado el ciclo re- 
productivo de esa especie). 

Por lo expuesto en este trabajo, se descarta la segunda posibilidad 
puesto que, al menos en el momento de máxima reproducción, los 
animales maduran en tallas semejantes en todos los ambientes consi- 
derados. Por otra parte, una de las condiciones para que se produzca 
una estructura estable de edades es que el ciclo sexual sea invariable 
para cada grupo de edades, por lo que puede afirmarse que en los ca- 
nales oligohalinos los datos obtenidos en diciembre son aplicables al ciclo 
general de esas poblaciones. Respecto de las poblaciones de canales 
mesohalinos queda propuesta la hipótesis de su inestabilidad. 

Se estableciô que en principio los animales en edad reproductiva 
son los de seis vueltas, correspondiendo los mayores a formas gerontes 
(especialmente en el caso de las hembras), ya que salvo por excepción no 
se produce recuperacion gonadal, sugiriendo que el periodo reproductivo 
es único (semelparidad), como ocurre en Bithynia tentaculata L. 
(BROWNE & RUSSELL-HUNTER, 1978) y en Hydrobia neglecta 
(Muus, 1963) e Hydrobia ventrosa (Montagu, 1803) (LASSEN, 1979). 


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106 CAZZANIGA, N.J. 


El empleo de curvas probabilísticas de distribucion normal per- 
mitió definir intervalos de tallas. según los cuales los animales subadul- 
tos miden menos de 4,1 mm de largo, los sexualmente adultos entre 4,1 
y 5,55 mm y los posreproductivos son mayores de 5,55 mm. Sirva como 
dato comparativo que Potamopyrgus jenkinsi, otro hidrobido de ciclo 
anual (aunque ovoviviparo), alcanza la madurez sexual alredeor de los 
3,5 mm y la actividad reproductiva total a los 5 mm (LASSEN, 1979). 


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IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos ... 109 


TABLA 1 
Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 
1835) sobre Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1925, en el mes de mar- 
zo. 


Número de a Frecuencia 
anfsistad Largo de los animales (mm) Folaliva 
= 3 
1 0,47 0,05 2,24 % 
2 0,70 0.11 11,63 % 
3 1,04 0,22 17,20 % 
4 1,90 0,30 45,48 % 
5 3,25 0,40 22,08 % 
6 4,20 0,45 1,36 % 
7 = io 0,00 % 
TABLA 2 


Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 
1835) sobre Chara vulgaris L. (aguas oligohalinas) en el mes de junio. 


ee nl de los animales (mm) ae 
x s 

1 0,57 0,07 1,99 % 
2 0,86 0,11 4,48 % 
3 0,89 = 0,16 %* 
4 2,95 0,26 2,49 % 
5 4,06 0,68 18,30 % 
6 5,36 0,62 57,78 % 
7 6,26 0,48 14,64 % 
8 7,60 E 0,16 %* 


* Un solo ejemplar. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


110 CAZZANIGA, N.J. 


TABLA 3 
Estructura de la población de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 
1835) sobre Clara vulgaris L. (aguas mesohalinas) en el mes de enero. 


N a Largo de los animales (mm) pass 
X s 
1 0,39 0,06 6,28 % 
D) 0,59 0,09 12,57 % 
3 1,10 0,21 15,80 % 
4 1,90 0,36 23,16 % 
5 2,93 0,47 27,11 % 
6 4,34 0,53 12,03 % 
7 5,46 0,65 3,05 % 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidrobidos argentinos... 16] 


Fig. 1. Crecimiento de conchilla y pene en Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835). 
La escala A corresponde a las conchillas y la escala B a los örganos penianos. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


112 CAZZANIGA, N.J. 


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- 524 jm 
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38 8 3 2 e 8 = = 
A SS 8 = 2 
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e ES 
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= dem 


555 


45 
y = 51,7099 x 


10 


y = 69,9092 x) “2 
410 


DECS EE 
250 


AS 


s 
S E 
5 5 
5 
E E 
ER Reg : — 
: + 
MS a 1% Ss us CR <a o. Mes Ra a 
ERR: s 


Fig. 2-5. Proporciones conquiliométricas en Littoridina parchappii (D'Orbigny, 
1835). 2. ancho máximo/largo; 3. largo del último anfracto/largo; 4. largo de la aber- 
tura/largo; 5. ancho de la abertura/largo de la abertura. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 | 


otas sobre hidróbidos argentinos 113 


Fig. 6-11. Desarrollo gonadal de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835). Cortes 
sagitales de espira: 6.92 de 5 anfractos; 7.óde 5 anfractos; 8.2 de 6 anfractos; 9.2de 6 an- 
fractos; 10-11.;opide 7 anfractos. (aumento 250x) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


da I E BEE 


Fig. 12. Corte sagital de la espira de una hembra de cinco anfractos (izquierda) y 
una de siete anfractos (derecha). Nótese la reducción y desorganización de la gónada. | 
(aumento 60x) 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos... 2315 


wor u anaoS 


0,01 


A 
27 I; Basasası 5437 vs = 255 {N us 47 a 4 “2 ana 


1 


LirE 


j er 
a I - 1.24 1: et a -242 os - 2025 3 y=303x- 148 
r=09950 
ol 


3639424548515 57 “Cs 13 16 19 22 OX ID 1 
6 onfractos 5 onfroctos 4 onfroctos 3 anfractos 
[) 7 
4 
GE om 08 
13 y=n52-088 
= Q99st 
0305 0505 0705 0905 1005 
2 onfroctos 
[A 
I 
3 I 
2 | 
5 
I | 
| 
I I ; 
| | | 
I | | 14 
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Ur I 1 
| i | I 
I | | I 
| | | 
05 1 15 2 25 3 3 4 4 5 5 6 mm 


Fig. 13-14. Estructura poblacional de Littoridina parchappii (D'Orbigny, 1835) sobre 
Myriophyllum elatinoides Gaudich., 1924, en aguas oligohalinas, en el mes de marzo: 13. 
ajuste de curvas de distribución normal a los histogramas de frecuencias de tallas de cada 
estado de desarrollo (número de anfractos); 14. curvas normales ponderadas (escala se- 


milogaritmica). 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


116 CAZZANIGA, N.J. 


“2 WyNdos 
w anfractos 


m anfractos 


s 


E) 
| 9 
— onfracto 


15 


o 
[=] 
S 

4= anfractos 


>} 
Oo 
e 


== (Wanfroctos 


0,07 


= 
Ay 
w 
n 
a 
[=] 
Ss 


Fig. 15. Estructura poblacional de Littoridina parchappii (D’orbigny, 1835) sobre 
Chara vulgaris L. en aguas oligohalinas, en junio. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Notas sobre hidróbidos argentinos ... 117 


30 


won w 94005 


01 SE. 
i 5 6 7 75 mm. 


Fig. 16. Estructura de la población de Littoridina parchappii (D’Orbigny, 1835) 
sobre Chara vulgaris L. en aguas mesohalinas en enero. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


118 CAZZANIGA, N.J. 


4 1 
3 1 anfracto: 0,27 mm a 0,57 mn 
2 2 anfractos: 0,57 mm a 0,87 mm 
3 anfractos: 0,87 mm a 1,45 mm 
4 anfractos: 1,45 mm a 2,50 mm 
5 anfractos: 2,50 mm a 4,10 mm 
6 anfractos: 4,10 mm a 5,55 mm 
7 anfractos: 5,55 m - 
2 
3 
| 
| L 
1 | 
| 5 7 
| 6 
SEN 
Pá AN e E 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 mm. 


Fig. 17. Rangos de tallas correspondientes a cada estado de crecimiento (nümero de 
anfractos) de Littoridina parchappii (D’Orbigny, 1835). 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):97-118, 28 ago 1982 


Strepsiptera brasileiros. I. Uma nova espécie do gênero Elenchus 
Curtis, 1832 (Elenchidae, Insecta).* 


Cesar A. C. Trois** 


RESUMO 


Uma nova espécie da família Elenchidae (Strepsiptera) é descrita, Elenchus glo- 
bulosus sp. n., com base em espécimens coletados em armadilha luminosa em Porto 
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 


ABSTRACT 


A new species of the family Elenchidae (Strepsiptera) is described, Elenchus glo- 
bulosus sp. n., based upon speciments caught light-trap in Porto Alegre, Rio Grande do 
Sul State, Brazil. 


INTRODUÇÃO 


O primeiro registro da ocorrência da ordem Strepsiptera no Brasil 
foi feito por TEMPLETON (1841) com a descrição de Paraxenos west- 
woodi, representante da família Stylopidae. 

O segundo registro de ocorrência foi feito por KOGAN (1958) ao 
descrever Triozocera paulistana, representante da família Corioxenidae. 

Em 1959, OLIVEIRA & KOGAN descreveram mais algumas es- 
pécies das familias Myrmecolacidae e Halictophagidae. Em trabalhos 
posteriores (OLIVEIRA & KOGAN, 1962, 1963; KOGAN & OLI- 
VEIRA, 1966) esses autores descreveram outra espécie de Halicto- 
phagidae e várias de Stylopidae. Mais outra espécie de Halictophagidae 
foi descrita por CARVALHO (1978), sob a denominação de Halicto- 
phagus besucheti. 

Até essa época, portanto, havia o registro de quatro famílias de 
Strepsiptera para a fauna brasileira: Corioxenidae, Myrmecolacidae, 
Halictophagidae e Stylopidae. Os estrepsiteros da família Elenchidae 
foram registrados como ocorrendo no Brasil por TROIS (1979), com base 
em material coletado no Rio Grande do Sul (RS). 


(*) Aceito para publicação em 15.111.1982. 

(**) Engenheiro Agrônomo, Professor Assistente na Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agro- 
nomia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Caixa Postal 149, 
97.500 Uruguaiana, RS, Brasil. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982 


120 TROIS, C.A.C. 


MATERIAL E METODO 


O material foi obtido em coletas realizadas em Porto Alegre, RS (TROIS & COR- 
SEUIL, 1978), com armadilha luminosa munida de lâmpada de luz negra do tipo F15T8- 
BLB. De um total de 22 cigarrinhas do gênero Liburnia Stal, 1866 (Delphacidae, Ho- 
moptera) coletadas, seis estavam estilopizadas por fêmeas e pupas de machos; as fêmeas, 
por estarem muito danificadas, não podem ser descritas minuciosamente. Além dessas 
formas evolutivas, ainda foi coletado um macho. Todos os espécimes foram montados em 
lâminas para microscopia e encontram-se depositados na coleção de Strepsiptera do Setor 
de Entomologia da Faculdade de Agronomia (FAGR), Universidade Federal do Rio Gran- 
de do Sul, Porto Alegre. Os desenhos foram realizados com câmara clara e sem correções 
de assimetria. . 

As medidas são expressas em milímetros. 


RESULTADOS 
Elenchus globulosus sp. n. 
(Fig. 1-8) 


M a c h o. Coloração geral do especimen em álcool: castanho- 
escura, abdômen castanho-claro. 

“Cabeça: largura maior 0,45; largura entre os olhos 0,18. Olhos 
com 12 omatídios em vista dorsal, circundados por microtriquias den- 
samente dispostas. Área occipital membranosa, de coloração mais 
clara que as áreas adjacentes. Tubérculo frontal pouco pronunciado. An- 
tenas articulando-se em um plano inferior ao do esclerito pós-frontal; o 
primeiro e o segundo artículos antenais globulares; o terceiro fundido à 
base do quarto artículo e, com este, formando uma pequena dilatação 
elipsóide que apresenta o órgão de Hofeneder na porção distal ao flabelo 
do terceiro; esse mais o quarto e o quinto artículos cobertos por sensilas 
placóides desde acima da dilatação elipsóide até os seus ápices. Com- 
primento dos artículos antenais: I-II (juntos) 0,07; III (desde a dilatação 
elipsóide, incluindo o flabelo) 0,40; IV (desde a dilatação elipsóide) 0,22; 
V 0,43. Mandibulas atingindo a abertura bucal, robustas, sub- 
triangulares, alongadas, ápice póstero-interno prolongado em um proces- 
so agudo na ponta. Corpos maxilares cilindricos, tão longos quanto lar- 
gos, articulados no processo sub-genal muito estreito; palpos maxilares 
alongados, achatados, agudos nas pontas. 

Tórax: pró e mesotórax estreitos; sutura medio-dorsal estenden- 
do-se da margem anterior à posterior do mesotórax. Metatörax cerca de 
cinco vezes mais longo do que o prö e o mesotórax juntos. 

Abdômen: proctigero muito pequeno, sub-triangular. Ectofalo 
sifonado, acúmen arqueado; falobase bulbosa e pilosa na margem exter- 
na. Extremidade do IX segmento abdominal pilosa na base e no arco 
superior. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982 


Strepsiptera brasileiros. ... 121 


Pernas: trocânteres anteriores e medianos muito longos e com 
sulco longitudinal presente e acentuado; trocânteres posteriores muito 
pequenos, em forma de taça. Trocânteres, fêmures e tíbias dos três pares 
de pernas com pilosidade. Tarso com dois artículos; metatarso muito 
pequeno, fusiforme, encaixado em uma concavidade na porção mediana 
do basitarso, ambos pilosos. 

A sa s: anteriores reduzidas e estruturas halteriformes, aparen- 
temente com duas nervuras, uma costal muito curta na base da asa e 
fundida à sub-costal, e uma radial que se estende quase desde a base até 
o início da expansão apical; as asas mesotorácicas são inteiramente 
cobertas por microtriquias. Asas metatoräcicas não observadas. 

F êm e a: Coloração geral: castanho-clara. 

Cefalotórax: hemisférico; abertura bucal ampla e semi- 
circular. 

Triungulino: desconhecido. 

Hospedeiro: Liburnia sp. (Delphacidae, Homoptera). 

Distribuicäo: BRASIL. Rio Grande do Sul. 


Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Porto Alegre, ho- 
lötipo macho FAGR 0005, 21.1.1974, A. Oliveira leg.; parätipo imago macho FAGR 0008, 
24.1.1979, I. Silva leg.; uma primeira pupa e pupärio FAGR 0009, 25.1.1979, I. Silva 
leg.; uma primeira pupa e pupário FAGR 0012, 11.1V.1979, L.N.Ramos leg.; uma segun- 
da pupa e pupário FAGR 0011, 11.1V.1979, L.N.Ramos leg.; um pupário de macho sem 
imago FAGR 0010, 08.111.1979, I.Silva leg.; duas fêmeas FAGR 0006 e FAGR 0007, 
21.1.1974, A. Oliveira leg.. 


DISCUSSÃO 


O gênero Elenchus Curtis, 1832 (sensu KINZELBACH, 1971) é 
formado por 12 espécies (parasitas de cigarrinhas da família Delpha- 
cidae, ordem Homoptera) citadas a seguir com os respectivos elementos 
sinonimicos, hospedeiros e áreas de distribuição, segundo elementos for- 
necidos por KINZELBACH (1971) e PIERCE (1961): 


1 — E. eastopi Fox, 1967 
Hospedeiro: desconhecido 
Distribuição: Tanzânia 

2 — E. falcipennis Carvalho, 1956 
Hospedeiro: Nilaparvata angolensis Synave, 1959 
Distribuição: Africa, Angola 

3 — E. japonicus Esaki & Hashimoto, 1931 
Hospedeiro: Nilaparvata oryzae Matschie, 1919 
Distribuição: Japão 


IHERINGIA. Ser. Zool.. Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982 


122 


TROIS, C.A.C. 


4 — E. koebelei (Pierce, 1908) 


10 


11 


12 


(= Mecynocera koebelei Pierce, 1908; Liburnelenchus koebelei 
Pierce, 1918; Liburnelenchus heidemanni Pierce, 1918; Elenchinus 
heidemanni Pierce, 1918). 

Hospedeiros: Liburnia campestris Van Duzee, 1898 e L. lutulenta 
Van Duzee, 1898. 

E. maorianus Gourlay, 1953 

Hospedeiro: desconhecido 

Distribuição: Nova Zelândia 

E. melanias Perkins, 1910 

Hospedeiro: desconhecido 

Distribuição: Hawai 

E. mexicanus (Pierce, 1961). 

(= Sogatelenchus maxicanus Pierce, 1961) 
Hospedeiros: Sogata cubana (Crawford, 1910) e S. oryzicola 
Muir, 1926 | 

Distribuição: México 

E. perkinsi (Pierce, 1909) 

(= Elenchoides perkinsi Pierce, 1909) 

Hospedeiro: Perkinsiella vitiensis Kirkaldy, 1906 

Distribuição: Ilhas Fiji 

E. solomolensis (Fox, 1967) 

Hospedeiro: Sogatella longifurcifera (Esaki & Ishiara, 1931) 
Distribuição: Ilhas Salomão 

E. spangleri Fox, 1968 

Hospedeiro: desconhecido 

Distribuição: República Diminicana 

E. templetoni Westwood, 1838 

Hospedeiros: Discranotropis muiri Kirkaldy, 1907 e Delphacodes 
sp. 

Distribuição: Ilhas Mauricios 

E. tenuicornis (Kirby, 1813) 

(= Stylops tenuicornis Kirby, 1813; E. walkeri Curtis, 1832; E. 
delphacophilus Ahlberg, 1925; E. carpathicus Oglobin, 1925; E. 
dubius Oglobin, 1926; E. forcipatus Oglobin, 1926; E. lugubrinus 
Oglobin, 1926; E. chlorionae Lindberg, 1939). 

Hospedeiro: várias espécies de Delphacidae. 

Distribuição: Europa 


Das espécies do gênero Elenchus, anteriormente citadas, E. glo- 


bulosus sp. n. pode ser confundida com E. koebelei e E. mexicanus, 
pelo facies e por estilopizarem cigarrinhas muito semelhantes entre si, 
como são as dos gêneros Liburnia Stal, 1866 e Sogata Distant, 1906. 
Mas, também, pode ser facilmente distinguida dessas duas espécies pelo 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):119-24, 28 ago 1982 


Strepsiptera brasileiros. ... 123 


exame de caracteres microscópicos como: o formato globular dos arti- 
culos do escapo antenal e a forma das mandibulas, maxilas e ectofalo. 

O nome específico globulosus se refere justamente ao formato dos 
dois primeiros artículos antenais dos machos. 


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124 


2" ——— 
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Fig. 1-8. Elenchus globulosus sp. n. holótipo macho (FAGR 0005):1. antena direita, 
vista dorsal; 2. asa anterior, vista dorsal; 3. perna anterior esquerda, vista dorsal; 4. 
trocänter mediano esquerdo, vista ventral; 5. perna posterior esquerda, vista dorsal; 6. 
maxila esquerda, vista ventral; 7. mandibula esquerda, vista ventral; 8. ectofalo, vista 
lateral. (Fig. 1a5e6a 8, respectivamente, na mesma escala). } 


0,05 mm 


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Osteologia craniana de Lama guanicoe (Miiller, 1776) em estudo 
comparativo com Camelops hesternus (Leidy, 1873) (Artiodactyla, 
Camelidae).(*) 


Christina Teixeira Guimarães Gresele** 


RESUMO 


O presente trabalho visa aumentar os conhecimentos da osteologia craniana de 
Lama guanicoe (Müller, 1776), em comparação com Camelops hesternus (Leidy, 1873), 
segundo o trabalho de WEBB (1965). 


ABSTRACT 


The scope of this paper is to increase the knowledge of the sincranium of Lama 
guanicoe (Müller, 1776), in comparison with Camelops hesternus (Leidy, 1873), as des- 
cribed by WEBB (1965). 


INTRODUÇÃO 


Segundo LA TOUR (1954), a primeira descrição detalhada de 
Lama guanicoe foi feita por Molina em 1782, que o chamou de Camelops 
huanacus e Waterhouse em 1839 denominou-o de Auchenia lama, clas- 
sificando-o na familia Auchenidae, hoje incluida entre os Camelinae. 
Frisch em 1775 propôs o gênero Lama para a espécie L. guanicoe e 
Miller em 1776 denominou a espécie de Camelops guanicoe. O nome 
científico válido de espécie é, pois, Lama guanicoe (Müller, 1776) e não 
L. huanacus Molina, 1782. 

Segundo HOFFSTETTER (1952), a fauna sul-americana atual, no 
que diz respeito à família Camelidae, apresenta dois gêneros com quatro 
espécies, duas selvagens e duas exclusivamente domésticas, todas dis- 
tribuias no limite das zonas continentais, seja nos altos päramos an- 
dinos, seja nas latitudes meridionais da Patagônia. As quatro espécies 


SEO 
Aceito para publicação em 02.1V.1982. 


Dissertação de Mestrado em Geociência pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de- 
zembro de 1980. 


(**) Estagiária do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MC- 
N-FZB), Caixa Postal 1188, 90000 Porto Alegre, RS, Brasil. 


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de camelídeos sul-americanos são: a Ima, Lama glama (Linné, 1758), a 
alpaca, Lama pacos, (Linné, 1758), o guanaco, Lama guanicoe (Müller, 
1776) e a vicunha, Vicugna vicugna (Molina, 1782). Destas, a lama e a 
alpaca são animais domesticados, mas o guanaco e a vicunha são es- 
pécies selvagens e sua preservação é de grande importância. Algumas 
espécies de Lama estão representadas em sedimentos assignáveis do 
Pleistoceno da Argentina. 

Segundo LA TOUR (1954) L. guanicoe distribue-se ao longo da 
Cordilheira dos Andes, Equador, Peru, Bolívia, Chile'e Argentina, mas 
seu limite norte ainda não esta bem estabelecido. A oeste, o guanaco en- 
contra-se na costa do Pacífico. De Pisco (Peru) a Antofagasta (Chile), os 
guanacos são confinados a semi-desertos e a certos pampas a oeste das 
cordilheiras. Nas partes do sul dos Andes e na Terra do Fogo, o guanaco 
habita zonas pouco florestadas. Ao sul está limitado pelas Ilhas de 
Navarino. A leste, o guanaco encontra-se limitado pelos Andes Peruanos 
e Bolivianos, em zonas de florestas montanhosas. Na Argentina, ele es- 
tende-se para as Pré-Cordilheiras e Serras Pampeanas. Na figura 1, 
podemos observar sua distribuição no passado e atual. 

O presente trabalho visa aumentar o conhecimento da osteologia 
craniana da família Camelidae Gray, 1821, atraves da descrição de L. 
guanicoe (Müller, 1776), comparando com outro camelideo da espécie C. 
hesternus (Leidy, 1873), com o qual apresenta grandes semelhanças es- 
truturais. 


MATERIAL E METODOS 


Foram examinados dois crânios de L. guanicoe, provenientes de Cafadon de Las 
Cuevas, Província de Santa Cruz, República Argentina, coletados pelos professores 
Miguel e Elisa Bombin e depositados na coleção Paleontológica do Museu de Ciências 
Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-NP-06 e 07). 

No exemplar FZB-NP-06, falta o esquamosal direito, nas suas partes média e an- 
terior, e há pequena fratura na região supra-orbital do frontal esquerdo. Há, também, um 
pequeno orifício acidental na região látero-anterior do parietal esquerdo e pequeno ori- 
fício, também acidental, na região superior do esquamosal direito. As cristas occipitais, 
direita e esquerda, estão também um tanto incompletas, faltando à crista supraoccipital 
um fragmento mediano. 

O exemplar FZB-NP-07 encontra-se também danificado, faltando-lhe a metade an- 
terior do nasal esquerdo, a parte póstero-lateral da pré-maxila e a parte superior da 
maxila junto da sutura com o nasal. Falta completamente o arco zigomático esquerdo. 

Na sua preparação, os crânios passaram por processos de limpeza prolongados, ten- 
do-lhes sido retirados primeiramente, com o auxílio de bisturí e pinça, o pêlo, pele, mús- 
culos, nervos e vasos sangiíneos, após o material foi fervido em água, diversas vezes. 
Após nova retirada de tecidos e gorduras, os crânios foram submetidos a uma solução de 
10% a 20% de hipoclorito de sódio, para a clarificação. Por fim foram lavados em água 
corrente e banhados em álcool 90°, para desengordurar e secar. b 


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Osteologia craniana de Lama... 127 


O trabalho resume-se na descrição osteológica do crânio de L. guanicoe, comparado 
com o de C. hesternus, segundo o trabalho de WEBB (1965). 

Os desenhos que ilustram este trabalho foram baseados nas fotografias dos es- 
pécimes em consideração e nos originais respectivos. O espécime FZB-NP-07, o mais 
danificado, foi serrado longitudinalmente, junto ao plano sagital, para estudo de alguns 
aspectos internos. As medidas foram feitas mediante a utilização do paquímetro, segundo 
os critérios usados por WEBB em relação a C. hesternus, e estão expressas em milt- 
metros. 

Utiliza-se a Sistemática de SIMPSON (1945). 

Nas figuras utilizaram-se as abreviaturas abaixo. 

Al - alisfenóide; bo - basioccipital; bs - basisfenóide; eo - exo-oxxipital; fr - frontal; j 
- jugal; la - lacrimal; ma - mastóide; me - mesetmóide; mx - maxila; na - nasal; p - pa- 
rietal; pl - palatino; ps - pré-esfenóide; pt - pterigóide; px - pré-maxila; so - supra- 
occipital; sq - esquamosal; ty - timpanohial; vo - vômer. 


Ordem ARTIODACTYLA Owen, 1848 

Subordem TY LOPO DA Illiger, 1811 

Familia CAMELIDAE Gray, 1821 

Subfamília CAMELINAE Zittel, 1893 

Gênero Lama Frisch, 1775 

Espécie Lama guanicoe (Müller, 1776) 
(Pleistoceno ao Recente) 


ASPECTO GERAL DOS CRÂNIOS EM ESTUDO 


O conjunto crânio e mandíbula de L. guanicoe, segundo HOFFS- 
TETTER (1952), é relativamente alongado e delgado, com a região facial 
profunda e o eixo basicranial-basifacial, moderadamente flexionado. 

“Considerando o espécime FZB-NP-06, vemos que a região facial é 
alongada e a cavidade cerebral ovalada. Na parte dorsal encontra-se an- 
teriormente o nasal, seguindo-se-lhe, em série, o frontal, o parietal e o 
interparietal. Observam-se as bordas anteriores do processo do molar e 
do processo zigomático do esquamosal que formam em conjunto o arco 
zigomático, do qual, o do lado direito, encontra-se fracionado. O nasal, 
com o processo nasal do frontal, forma o teto da cavidade nasal e fron- 
tal, o parietal e o interparietal, formam o teto da cavidade cerebral. 

Em vista lateral o crânio apresenta, como elemento mais anterior, 
a pre-maxila que forma a maior parte da parede lateral da cavidade 
nasal, com o Iº presente. Seguem-se-lhe a maxila e o jugal, este limitan- 
do a borda anterior da órbita. Entre a maxila, o jugal e o frontal encon- 
tra-se o pequeno osso lacrimal. Acima da maxila e do jugal estã a porção 
descendente do frontal. Sob este e, posteriormente à maxila, encontra-se 
o orbito-esfenóide e o alisfenóide, limitados, na parte inferior, pelo 
pterigóide. O alisfenóide limita-se posteriormente com o esquamosal. O 


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esquamosal emite seu processo zigomätico em direção ao processo zi- 
gomático do jugal. Atrás do processo zigomático do esquamosal encon- 
tra-se o processo mastóide do periótico e abaixo do esquamosal está 
localizada a bula auditiva, composta pelo timpânico e ento-timpânico e 
limitada, na parte posterior, pelo occipital. 

Em vista ventral, o crânio apresenta anteriormente o palato ósseo, 
mais estreito na região anterior onde é formado pela pre-maxila. Em sua 
região meseal é formado pela maxila e, posteriormente, pela lâmina 
horizontal do palatino. A borda posterior do palato ósseo forma a mar- 
gem ventral da abertura nasal posterior. O teto da fossa nasal posterior 
(coana) é formado pelo vômer. O palatino estende-se para trás, encontran- 
do-se com o pterigóide. Posteriormente ao vômer e a porção anterior abai- 
xo dele, encontra-se o pre-esfenöide, seguindo-se em sequência, o basies- 
fenóide e o basioccipital que constitui a porção ventral da região occi- 
pital. Na extremidade posterior do crânio salientam-se lateralmente os 
cöndilos occipitais que limitam o forame magno. Lateralmente ao oc- 
cipital, observa-se a superficie inferior da bula auditiva e o processo 
mastóide do periótico. 

Em vista occipital, o crânio é constituido principalmente pelo exo- 
occipital, com o forame magno situado em sua metade inferior. Lateral- 
mente ao exo-occipital situa-se a superficie posterior do processo mas- 
toide sob o qual se situa a parede posterior da bula timpânica. Vemos a 
fossa timpanohial envolvida pelo timpânico. 

Segundo WEBB, a flexão craniana entre o plano basifacial e o 
plano basicraniano verificada em diversos grupos de artiodáctilos é mais 
acentuada em L. guanicoe (8-15º) que em C. hesternus (7-10º). Visto de 
perfil o crânio de L. guanicoe apresenta maior convexidade do teto cra- 
niano posteriormente aos frontais, que em C. hesternus. 


DESCRIÇÃO OSTEOLÓGICA 


Vista dorsal do crânio. 

Nasal: é um osso par que se une na linha média-sagital do 
crânio com seu oposto e que forma a maior parte do teto da cavidade 
nasal. Em L. guanicoe os nasais são arqueados transversalmente e es- 
treitos. A borda lateral do nasal é um tanto côncava, suturando-se em 
sua parte lätero-anterior com a parte póstero-dorsal da pre-maxila em 
1/6 de seu comprimento. Sua parte mediana sutura-se com a parte 
média superior da maxila em aproximadamente 2/3 de seu comprimento. 
Sua parte pöstero-lateral limita-se com a ampla vacuidade lacrimal (1/5 
do comprimento). Há ainda curta sutura látero-posterior transversal com 
o frontal. A extremidade anterior de cada nasal abre-se em V cujo ramo 
externo, que se sutura com a pré-maxila, é bem mais alongado anterior- 
mente que seu oposto. ir 


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Osteologia craniana de Lama... 129 


Segundo WEBB, os nasais de L. guanicoe são bem mais curtos e 
um tanto mais largos que os de C. hesternus. Sua ponta posterior, coin- 
cidente com a extremidade livre de cada ramo do V, é muito menos 
pronunciada que em C. hesternus, em que a mesma se afila repenti- 
namente, sendo separada de sua oposta pela ampla cunha anterior dos 
frontais. 

Frontal: é um osso par que se une por sutura na linha sagital 
com seu oposto e que se situa imediatamente atrás dos nasais. Forma a 
parte anterior do teto do crânio e parte da parede lateral da cavidade 
cerebral, concorrendo para cobertura da parte posterior da cavidade nasal. 
Na região interorbital os frontais são grosseiramente convexos e de acor- 
do com WEBB, com uma depressão mediana não presente em C. hester- 
nus. 

Em L. guanicoe, a parte anterior mediana do frontal forma uma cunha 
aberta que se encaixa entre os processos posteriores dos nasais. Na bor- 
da lateral anterior do frontal encontra-se a vacuidade lacrimal logo à 
frente do osso lacrimal. A porção lateral descendente do frontal limita-se 
na parte intraorbital com os órbitoesfenóide e alisfenóide formando a 
parte superior da parede interna da órbita e da fossa temporal, e na par- 
te extraorbital, numa linha obliqua descendente de trás para diante com 
o lacrimal. Posteriormente às órbitas, os frontais formam ampla cunha 
posterior, de limite posterior arredondado, que se sutua lateral e meseal- 
mente com o parietal. Cada frontal é perfurado lateralmente pouco a 
frente do limite posterior da apófise pós-orbitária por um forame vas- 
cular de que parte para frente um amplo e um tanto profundo canal de 
convexidade meseal que se prolonga até a vacuidade lacrimal. 

Em L. guanicoe, segundo WEBB, a parte dorso-lateral do frontal 
apresenta plataforma marginal que recobre a parte superior da órbita 
com uma estreita e profunda chanfradura de aproximadamente 13mm de 
profundidade em sua parte anterior e em C. hesternus, 25mm de profun- 
didade. 

Parietal: é um osso par, situado imediatamente atrás do fron- 
tal e sobre o esquamosal, que se une com seu oposto pela sutura sagital. 
Forma a parte dorsal e látero-superior da cobertura craniana. A parte 
terminal anterior dos parietais recebe a cunha médio-dorsal dos frontais 
prolongando-se lateralmente a estes e descendo, em estreita faixa, entre 
a parte póstero-lateral do frontal e a parte anterior do esquamosal até a 
sutura do alisfenóide. Nos dois crânios em observação, não foi possível 
distinguir-se claramente a linha de sutura pöstero-superior do órbitoes- 
fenóide com o alisfenóide, o mesmo acontecendo com a sutura órbitoes- 
fenóide-frontal. O que se observa no crânio FZB-NP-07 parece, porém, 
indicar ser o órbitoesfenóide afastado de contato com o ramo descenden- 
te do frontal por uma expansão anterior do alisfenóide, em sua extre- 


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130 GRESELE, C.T.G. 


midade dorsal. Não há aqui o pterygoid pit que WEBB cita pelo presen- 
te em C. hesternus em que o parietal, o alisfenóide e o órbitoesfenóide 
têm encontro num ponto em comum, naquele gênero do Terciário. 

Em L. guanicoe os parietais apresentam forma levemente abaulada 
no sentido ântero-posterior. Sua parte ântero-dorsal une-se com a cunha 
mediana dos frontais pela sutura coronária. A máxima distância, em 
linha reta, da parte superior até a extremidade inferior da sutura frontal- 
parietal é, nos espécimes vistos, de 80mm. Em C. hesternus, segundo 
WEBB, esta distância é maior, ou seja, de 95mm nos espécimes de Ran- 
cho La Brea. O parietal se une com o esquamosal através da sutura es- 
camosa. Na sua parte posterior encontra-se a crista lambdöide. A crista 
sagital é fracamente desenvolvida. Curva-se para baixo em pequeno 
trecho de sua parte posterior. 


Vista lateral do crânio. 

Pré-maxila: é um osso par que forma o rebordo lateral da 
abertura nasal externa. É o elemento mais anterior da superficie lateral 
do crânio. Em L. guanicoe é relativamente loga, bordejada na parte pös- 
tero-superior pelo nasal e, na parte lateral-inferior pote maxila. Sua parte 
ventral-anterior forma o rebordo alveolar com o Iº presente. De acordo 
com WEBB, sua parte ântero-dorsal é grosseiramente expandida e pouco 
rugosa, o que parece estar de acordo com o lábio preênsil fendido que, 
nas formas fósseis, teria sido mais pesado. 

Em L. guanicoe, em vista ventral, a pre-maxila e a maxila encon- 
tram-se a meio caminho entre o I3 e o canino, sendo a pre-maxila in- 
clinada para trás num ângulo de aproximadamente 135º. A fenda pre- 
maxilar é encontrada geralmente em outros camelideos. Tanto em L. 
guanicoe, como em C. hesternus, a pre-maxila limita-se com o nasal no 
rebordo dorsal de sua região angular póstero-dorsal onde se sobrepõe ao 
mesmo. Ela também sobrepõe-se a maxila em toda sua extensão de seu 
rebordo de sutura com esta. Em C. hesternus, segundo WEBB, a pre- 
maxila é afastada do nasal, não se suturando com este em virtude de 
uma intromissão de uma extensão äntero-dorsal da maxila entre os mes- 
mos, atingindo, por fraca extensão, o rebordo da abertura nasal anterior. 
Em L. guanicoe a borda alveolar é curta, projetando-se de sua parte 
media interna longa e afilada apófise palatal que se dobra logo para trás 
e se extende ao longo da linha sagital da parte anterior do palato até en- 
contrar-se com a extremidade anterior da apöfise palatal da maxila, 
isolando entre si e o rebordo alveolar longo forame incisivo. Tal apófise 
pöstero-mesial da pre-maxila sobrepõe-se distalmente à apófise palatal 
da maxila, quase ao encontro com a extremidade anterior do vômer. Em 
C. hesternus, segundo WEBB, a apófise em questão é muito curta, não 
ultrapassando o I3 posteriormente, de tal modo que o longo forame in- 


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Osteologia craniana de Lama... 131 


cisivo, sem limitação mesial, se funde com seu oposto num só e amplo 
forame. 

M axila: é um osso que ocupa parte relativamente grande da su- 
perficie lateral do rostro, em comparação com outros ossos. Sua amplitu- 
de vertical é grande na região facial. Forma a maior parte da parede lateral 
da cavidade nasal. Limita-se com o nasal por sua borda dorsal anterior, 
com a pré-maxila por sua longa e sinuosa borda anterior, e, por curtis- 
sima distância, com a borda äntero-lateral do frontal, sob o limite in- 
ferior da fenestra lacrimal. Logo abaixo desta sutura-se com o osso 
lacrimal e finalmente com o jugal, cujo rebordo ântero-ventral acom- 
panha até a parte média ventral da órbita, terminando logo atrás do M3. 
A apofise palatina da maxila forma a maior parte do palato ósseo li- 
mitando-se com a borda alveolar. Posteriormente e mesealmente ao M$, 
a maxila sutura-se com a parte intra-orbitária do frontal e com a lâmina 
descendente do palatino.A maxila é perfurada pelo forame infra-orbital 
impar, pouco acima do rebordo alveolar posterior do P4, estendendo-se o 
respectivo canal posteriormente até a base do arco zigomático. Atravês 
dele passa o segundo ramo do trigêmino. A fossa maxilar, de contorno 
posterior subcircular, que é presente em C. hesternus próxima da mar- 
gem äntero-dorsal do osso, é representada em L. guanicoe por suave e 
rasa concavidade, sem maior significação. 

WEBB apresenta três sugestões para esclarecer a função da fossa 
maxilar: 

a) serviria para alojar o divertículo nasal, semelhante ao que W.K. 
Gregory (1924) reconheceu em certos cavalos fósseis e demonstrou exis- 
tir em vários outros ungulados; 

b) alojaria uma glândula sensitiva especial encontradiça em alguns 
antilopes, tragulideos, veados, alguns suídeos e possivelmente nos 
oreodontes; 

c) serviria como área de inserção muscular; 

Segundo este mesmo autor, a última alternativa seria a mais 
correta, pois diversos músculos se encontram ali para formar esta região, 
como o músculo composto que representa o maxilo — labialis superioris 
e o naso — labialis. Isto pode ser observado tanto em C. hesternus como 
e L. guanicoe, onde o rostro é relativamente longo necessitando, por is- 
so, maior desenvolvimento nestes músculos rostrais longos, especialmente 
o maxilo-naso-labiais. A grande expansão vertical da maxila estaria de 
acordo com a flexão do crânio, entre a sua parte palatal e a superficie de 
sua região basal. 

Lacrima |: é um osso par que esta situado entre a maxila, o 
frontal, o jugal e o processo anterior lateral intra-orbitrário do palatino, 
na borda anterior da órbita. Não se limita com a ampla fenestra lacrimal 
de que é separado por estreita expansão ântero-ventral do frontal, que 


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132 GRESELE, C.T.G. 


não existe em C. hesternus, no qual o ângulo superior do lacrimal está 
em contato com a vacuidade lacrimal. Neste caso tal parte do lacrimal 
separa entre si a porção facial dos ossos maxilar e frontal que se encon- 
tram por curtíssimo espaço. Em L. guanicoe a maior parte do lacrimal 
expande-se para dentro da órbita. 

Segundo WEBB, a borda orbital do lacrimal é lisa, não marcada 
pelos dois proeminentes tubérculo lacrimais, um acima do outro que se 
vêm em C. hesternus. 

Junto à borda anterior da órbita, o lacrimal é perfurada pelo canal 
lacrimal que desemboca anteriormente na cavidade nasal. A grande 
vacuidade lacrimal é subtriângular, encontrando-se acima da parte pös- 
tero-dorsal do maxilar. O lado anterior ventral limita-se com a maxila e 
o lado superior limita-se com o nasal, e o lado posterior com o frontal. 

J ug al:é um osso par que concorre para formar a parte anterior 
do arco zigomático. Termina distalmente em curta apófise orbitária as- 
cendente que se une com a longa apófise orbitária descendente do fron- 
tal, limitando a órbita posteriormente. O jugal limita-se com a borda in- 
fero-lateral da órbita e a borda inferior do lacrimal ao longo da sutura 
denticulada. Na borda äntero-ventral, sutura-se com a maxila. Poste- 
riormente, logo abaixo de sua apófise orbitária, recebe a extremidade an- 
terior em forma de cunha do processo zigomático do esquamosal, sob o 
qual o jugal se extende posteriormente, em longa e afilada apófise de 
borda ventral alongadamente côncava. A face inferior do jugal é mar- 
cada por uma superfície rugosa e por uma crista longitudinal que acom- 
panha a sua convexidade ventral. Tais acidentes da superficie desta área 
são destinados à fixação original do músculo masséter anterior. 

Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, a raiz anterior do 
zigoma é profunda, formando ampla área de fixação para origem do 
masséter, que nestes gêneros é vertical e em outros gêneros é horizontal. 
Esta diferença está diretamente relacionada com a flexão do crânio, pois 
as formas com flexão craniana tem a região facial bastante profunda 
para acomodar as placas massetéricas verticais. A parte anterior da ar- 
cada zigomática situa-se em plano nitidamente inferior ao da cavidade 
glenóide, o que acontece tambem em C. hesternus, segundo WEBB. Ha 
dupla curvatura da arcada zigomática no plano vertical, a metade an- 
terior ventralmente convexa, a posterior ventralmente côncava, reflete, 
segundo WEBB, a flexão do plano basifacial e basicranial do crânio. 

Esquamogsal: é um osso par que se limita com o parietal por 
seu rebordo dorsal anterior, com o alisfenöide por pequena extensão in- 
ferior de seu rebordo anterior, com o periótico por seu rebordo ventral e, 
posteriormente, com a crista mastóide. A porção zigomática do es- 
quamosal estã em conexão com o jugal e forma a parte posterior do arco . 
zigomático. O esquamosal participa, por sua parte posterior, da for- 
mação da parede lateral da cavidade cerebral. Ventral e imediatamente 


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Osteologia craniana de Lama... 133 


superior a arcada zigomática esta a cavidade glenoide, destinada a recepção 
do côndilo mandibular. A cavidade glenóide é relativamente larga e äntero- 
posteriormente curta e ligeiramente côncava, diferentemente do que se vê 
em C. hesternus, em que ela é muito larga e quase plana. Suas bordas an- 
terior e medial inclinam-se suavemente para as áreas não articulares, ad- 
jacentes, como também em C. hesternus, segundo WEBB. 


Em L. guanicoe o processo pös-glenöide é grandemente reduzido, 
ao contrário do que acontece em C. hesternus. Posteriormente ao proces- 
so e ao forame pös-glenöide, a porção horizontal ventral do esquamosal 
estende-se até a crista mastóide. Seu grande processo póstimpânico, de 
30mm de comprimento, cobre parcialmente a area do mastóide, entre a 
ponta da crista lambóide e o forame estilo-mastóide, suturando-se ven- 
tralmente com o processo paroccipital. É situado em posição bem pos- 
terior ao meato auditivo, enquanto em C. hesternus ele é fortemente 
pressionado anteriormente contra o meato. O processo zigomático do es- 
quamosal compõe posteriormente a parte esquamosal da arcada zigo- 
mática. É alongado e afilado dorso-ventralmente, com rebordo dorsal 
ligeira e alongadamente convexo no sentido ântero-posterior e de rebordo 
ventral igualmente côncavo no mesmo sentido e acompanhado ventralmen- 
te, em suas 6/7 partes anteriores, pelo processo posterior do jugal. Sua ex- 
tremidade anterior afila-se em cunha, penetrando no rebordo póstero- 
ventral do jugal. 


Orbito-esfenóide: é um osso par limitado anterior e dor- 
salmente pelo frontal, posteriormente pelo alisfenóide e ventralmente 
pelo palatino. Forma a parede ântero-mediana do enorme forame for- 
mado pela união órbito-rotundum e inclui forame óptico, combinando com 
o lacerado anterior. Estreita e curta extensão anterior do örbito- 
esfenoide, situada sob o forame etmóide, limite anterior da sutura ór- 
bito-esfenöide com o frontal, vai até a meia distância entre este e o 
forame esfeno-palatino. Em 'C. hesternus, segundo WEBB, tal extensão 
äntero-ventral do órbito-esfenóide atinge o forame esfeno-palatino. Tan- 
to em L. guanicoe, como em C. hesternus este osso é relativamente 
grande. 

Alisfenóide: é um osso par, alongado dorsoventralmente, 
um tanto inclinado para frente no mesmo sentido em sua metade ven- 
tral, em sua metade dorsal (asa do alisfenóide) ampla e estendida 
obliquamente de diante para trás, limita-se anteriormente com o órbito- 
esfenoide, dorsalmente com o frontal parietal, posteriormente com o es- 
quamosal e póstero-ventralmente com o pterigóide. A asa lateral do alis- 
fenoide concorre para a formação da parede látero-inferior do crânio. No 
limite entre o alisfenóide, esquamosal e pterigóide abre-se o forame oval. 
A parte vertical do alisfenöide estende-se do processo hamular externo 
em sua parte ventral até o forame órbito-redondo. Limita-se anteriormen- 


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134 GRESELE, C.T.G. 


te com o: palatino. Entre ela e o amplo timpânico estende-se o espaço 
faringeano. 

Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, segundo WEBB, os 
processos pterigóides externos são menos divergentes entre si e rela- 
tivamente mais longos que em Camelus. O alisfenöide apresenta em sua 
superficie ântero-externa, logo acima do nível do forame órbito-redondo, 
uma projeção que por ser um dos pontos de origem dos músculos pte- 
rigóides se chama tubérculo pterigóide que apresenta aproximadamente 
o mesmo desenvolvimento que em C. hesternus. 

Estrutura da regiäo auditiva:o periótico é um 
osso par que contém o labirinto auditivo e o ouvido interno e forma a 
maior parte da parede meseal da bula auditiva. Situa-se entre o es- 
quamosal, exo-occipital, aliesfenóide e basiefenöide. O periótico apresenta 
um forame interno que se abre para a cavidade cerebral, para os nervos 
cranianos VII e VIII. 

Em L. guanicoe a porção mastoide do osso periótico esta numa área 
grosseiramente triangular alongada, entre o esquamosal e o exo- 
occipital, na base do processo paraoccipital do osso occipital. Abaixo da 
parte anterior do mastóide encontra-se o processo póstimpânico do es- 
quamosal. O meato auditivo externo é grande, arredondado, tubular e 
dirigido obliquamente para cima e para trás, salientando-se à frente da 
porção mastóide do periótico. Em C. hesternus, segundo WEBB, ele é 
amplo e achatado äntero- posteriormente e dirigido diretamente para trás 
e sua estreita borda dorsal é formada pelo esquamosal. 

Em L. guanicoe o meato auditivo externo é formado exclusivamen- 
te às expensas do timpânico. O periódico limita-se na parte médio dorsal 
com o occipital, na parte inferior limita-se com o entotimpânico e com o 
timpânico e lateralmente limita-se como esquamosal. A bula timpänica é 
formada por duas placas verticais, uma orientada ântero-posteriormente e 
de situação medial e a outra lateral oblíqua, externa à primeira, que se 
encontram em longo vértice anterior em V. Segundo Van Kampen, in 
WEBB, a placa lateral é a expansão da parte proximal do meato auditivo, 
enquanto a outra placa forma a bula timpânica. 

Segundo WEBB, em C. hesternus a borda esquamosal do meato 
também é pouco extensa e a bula é a encontrada nos camelideos. Em L 
guanicoe, como em C. hesternus, a placa laterale a parte anterior da 
placa medial (bula) são muito infladas, ao contrário do que se vêem 
Camelus. Estas diferenças que parecem estar relacionadas com a si- 
tuação mais elevada (em L. guanicoe e em C. hesternus) ou mais baixa, 
logo à frente da placa lateral (em Camelus) da cavidade glenöide do es- 
quamosal, livrando ou restringindo a expansão anterior da placa tim- 
pânica. 

Em L. guanicoe, a borda posterior da placa timpânica lateral é 


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Osteologia craniana de Lama... 135 


francamente vertical em toda sua extensão dorso-ventral, formando um 
ângulo bem definido com a borda ventral da mesma. 

Em C. hesternus, segundo WEBB, a borda posterior da placa 
lateral da bula curva-se gradualmente para frente e para baixo, aban- 
donando assim, uma orientação quase vertical por uma orientação ho- 
rizontal, nisto diferindo pois nitidamente, do que se vê em L. guanicoe. 

A vagina do processo hióide (timpanohial) situa-se posteriormente, 
entre as placas timpânicas lateral e medial, sendo profunda e ampla e 
também bem limitada posteriormente por expansões das placas tim- 
pânicas em consideração. A bula timpânica propriamente dita (placa 
medial) sutura-se com a alisfenóide em pequena extensão ântero-dorsal, 
e com o esquamosal ao longo de toda a região glenóide. Sua articulação 
com o exo-occipital é pöstero-medial, sendo o seu contato com o basies- 
fenóide medial. 


Vista ventral do crânio 

Palatino: é um osso par, de aspecto irregular, que participa 
da formação da parede látero-posterior do canal nasal (coana) situado à 
frente do pterigóide. Dorsalmente o palatino emite uma ampla lâmina 
vertical curvada para dentro, que se limita dorsal e medialmente com a 
placa horizontal do vômer e auxilia na formação do teto da parede pos- 
terior do canal nasal. Limita-se posteriormente com o alisfenóide e com o 
pterigóide, dorsalmente com o órbito-esfenóide numa extensão limitada 
anteriormente pelo forame esfeno-palatino e posteriormente pelo forame 
orbito-redondo. 

Tanto em L. guanicoe, como em C. hesternus, a superficie palatal 
do palatino é um tanto côncava. Em sua extremidade anterior, tais 
processos palatais horizontais do palatino encontram-se na linha sagital 
formando, na superficie ventral, um prolongamento posterior do palato 
Ósseo e participando, na sua superfície dorsal, da formação do assoalho 
da cavidade nasal. O palatino sutura-se ainda com o frontal logo à frente 
do órbito-esfenóide, com o lacrimal anteriormente e com a maxila pos- 
teriormente. Sua sutura anterior com o lacrimal faz-se através de uma 
estreita expansão intra-orbitária, que separa o frontal e o maxilar, 
naquela região, logo acima da abertura posterior do forame infra- 
orbitärio. Tal situação ocorre também em C. hesternus, segundo WEBB 
diferentemente do que ocorre em Camelus, em que tal expansão intra- 
orbitária, anterior da lâmina vertical do palatino não existe, tocando-se o 
frontal e a maxila entre si naquela região, ou existe sob forma muito 
rudimentar. 

A parte anterior estreita e alongada do palato ósseo formada pela 
junção na linha sagital das apófises palatinas das maxilas, e anterior- 
mente das pre-maxilas, é um tanto côncava äntero-posteriormente, 


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elevando-se a nivel consideradamente mais elevado que o da região pos- 
terior do palato. Seus forames palatinos posteriores (ou anteriores se 
forem considerados os palatinos anteriores como forames incisivos) si- 
tuam-se logo à frente dos P3, quando em C. hesternus eles são mediais 
aos Pá. A chafradura posterior do palato ósseo, entre as apófises pa- 
latinas dos palatinos, é mais longa em L. guanicoe, onde seu limite an- 
terior se situa entre os sulcos interlobulares dos M2, do que em C. hes- 
ternus em que seu limite anterior se situa entre os lóbulos posteriores 
dos mesmos dentes ou anteriores dos M3. O palato ósseo, em sua porção 
mesial entre os P3 e M3, alarga-se nítida e progressivamente para trás, 
sendo bem mais estreito entre os P3 que entre os M3. 

Pterigöide:e& um osso par situado atrás da placa vertical do 
palatino. Forma propriamente a apófise pterigóide interna do palatino, 
com a qual se funde, assim como com o alisfenöide cuja apófise hamülar 
(pterigóide) externa, forma par com a apófise pterigóide propriamente 
dita interna, como acontece normalmente entre os camelideos. 

Vômeremesetmóide: é um osso impar, situado dorsal- 
mente às lâminas horizontais da maxila e do palatino. Seus lados entram 
em contato com a porção interna do palatino, curvando-se para baixo. 
Forma o teto da passagem nasal até a altura da abertura nasal poste- 
rior, estendendo-se até o pré-esfenóide. Sua extremidade posterior está sob a 
porção anterior do pré-esfenóide. Na linha média o vômer emite ventral- 
mente uma lâmina vertical longitudinal que entra em contato com a 
superficie superior da lâmina horizontal da maxila e do palatino, forman- 
do um septo que divide em duas metades a passagem nasal. Dorsalmen- 
te é percorrido por um sulco longitudinal de paredes laterais altas des- 
tinado a receber, em sua parte posterior, a lâmina vertical mediana do 
etmoide (mesetmóide) e, em sua maior parte anterior, o prolongamento 
cartilaginoso da mesma lâmina que completa a separação mediana das 
fossas nasais. O mesetmóide é relativamente curto e afilado dorso- 
ventralmente em sua extremidade anterior. 

Pré-esfenóide: é um osso impar que, em secção horizontal, 
apresenta-se triangular ou subcircular estã situado posteriormente ao 
vômer. Sua extremidade posterior limita-se com o basisfenóide e lateral- 
mente com o palatino, alisfenóide e pterigóide. O pré-esfenóide participa 
da formação do teto da fossa nasal posterior e forma a porção anterior 
do assoalho da cavidade cerebral. Em L. guanicoe ele é bem menor que 
em C. hesternus. 

Basisfenóide: é um osso impar situado atrás do pré- 
esfenoide na linha média da superficie ventral do crânio. Posteriormente 
limita-se com o basioccipital e lateralmente com os pterigóides. Tanto 
em L. guanicoe como em C. hesternus, o basisfenóide Ppresenta se alto e 
um pouco inclinado para a parte dorsal. 


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Osteologia craniana de Lama... 137 


No crânio FZB-NP-07 o basisfenóide apresenta maior declividade 
para ambos os lados, com sulco longitudinal intermediário mais pronun- 
ciado que o de FZB-NP-06, em que o sulco é mais raso, fato que, segun- 
do Hibbard & Rigss (1949), citado por WEBB, esta relacionado com 
dimorfismo sexual, em que a maior declividade lateral do basisfenóide 
corresponde, com outras características femininas, como o menor desen- 
volvimento dos dentes caninos. Tal observação esta confirmada no 
crânio FZB-NP-06, fêmea. 

Segundo WEBB, o basisfenoide de C. hesternus apresenta, no 
meio de sua superficie ventral, uma abertura estreita de no máximo 
Imm de extensão, que não penetra o osso e cuja depressão não atinge 
Imm abaixo da superficie óssea. Acrescenta este autor que caso inter- 
pretamos tal estrutura como um forame verdadeiro, este poderia ser con- 
siderado como seio venoso esfenoidal. A posição desta fenda sugere, segun- 
do Parrington (1947) citado por WEBB, que ela poderia ser o alvéolo de uma 
ossificação paraesfenoide, presente nos répteis e identificado entre alguns 
mamiferos, principalmente no estágio fetal. Também foi citado por Stark 
(1956) em WEBB, como presente num espécime adulto de Camelus maximus 
Hay, 1921 em que se situa na mesma posição que a fenda em. hesternus, 
presente na maioria dos crânios examinados. Acrescenta WEBB quetal fen- 
da aparece na mesma posição em muitos crânios de L. guanicoe. 


Vista posterior crânio 

Região occipital: limita-se na porção superior, ao longo 
da crista supra-occipital com o parietal, lateralmente com o mastóide, 
timpânico, entotimpânico e esquamosal. O basioccipital situado ventral- 
mente limita-se anteriormente com o basiesfenóide e de cada lado com o 
entotimpânico. O forame magno de formato circular é bem desenvolvido. 
De cada lado do forame magno, os côndilos occipitais são as estruturas 
mais proeminentes desta região, apresentando contorno subtriangular. 
Os exo-occipitais apresentam um bem desenvolvido processo paraoc- 
cipital que estã no prolongamento do entotimpânico. Abaixo deste 
processo paraoccipital ha uma grande depressão rugosa onde estão 
localizados dois forames que se comunicam com a cavidade cerebral: 
forame hipoglosso no occipital, que da passagem ao XII nervo craniano 
e o forame lacerado posterior, entre o occipital e o entotimpânico, que da 
passagem aos IX, X e XI nervos cranianos. Esta porção projeta-se no 
occiput e serve de alavanca para o controle dos músculos flexores da 
cabeça. O basioccipital é mais ou menos plano com os lados levemente 
em aclive dorsal. 

Segundo WEBB, a parte dorsal do supra-occipital em C. hesternus 
é extensa e, em vista lateral, aparece subtriangular com um extenso lado 
ântero-dorsal em contorno sutural com o parietal e o esquamosal. Na 


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parte da protuberância externa do occipital esta a crista lambdoide com 
a sutura esquamosal-occipital. A crista lambóide projeta-se posterior- 
mente para além doscôndilos e forma subcirculo continuo desde o lado 
da crista sagital até o encontro com a base do processo paroccipital. En- 
tre o começo de uma crista e outra uma ligeira concavidade marca a ex- 
tremidade proximal ou occipital da crista sagital. Uma bifurcação da 
crista lambdóide, posteriormente a entrada do meato auditivo externo, 
forma continuidade com o zigoma. 

A crista occipital mediana é forte e formada pela jução sagital das 
cristas lambdóides; ela prolonga-se ate sobre a borda dorsal do forame 
magno, dividindo a região occipital em duas metades ou depressões oc- 
cipitais, cuja superfície rugosa serve de inserção aos músculos extensores 
da cabeça. Na parte ventro-lateral de cada depressão occipital, ha uma 
fossa mastóide separada da primeira por uma crista oblíqua que desce 
ao encontro da crista occipital mediana até pouco acima do forame mag- 
no. Em C. hesternus a fossa mastöide é bem mais acentuada que em L. 
guanicoe. 

O processo paroccipital do exo-occipital é achatado lateralmente e 
um pouco obliquo em L. guanicoe, como em muitos camelideos, e bem 
menos longo que em C. hesternus. A fossa condilóide é extensa e pro- 
funda. Os côndilos são grandes e não se encontram na linha média dor- 
sal. O basioccipital é modificado e da origem ao músculo rectus capitis 
ventralis, cuja area da inserção, curta e ligeiramente rugosa, vai de cada 
lado de uma tuberosidade da extremidade posterior (no caso proximal) 
do basifenóide, menos marcadas em L. guanicoe do que em C. hester- 
nus, ate a parte média de cada côndilo occipital. WEBB opina que tais 
estruturas da base do crânio são menos salientes em L. guanicoe do que 
em C. hesternus e possivelmente estejam relacionadas com o maior en- 
curtamento do crânio na primeira destas espécies, exigindo menor eforço 
muscular e portanto menor desenvolvimento do músculo rectus capitis 
ventralis. 

M andíbula: em sua morfologia geral a mandibula de L. 
guanicoe assemelha-se a de C. hesternus sendo, porém, sua região an- 
gular bem mais ampla posteriormente do que neste, assim como a região 
coronóide em geral. Seu rebordo inferior é ligeiramente convexo em toda 
sua extensão contrastando com a retilineidade desta parte em C. hester- 
nus. A sinfise é coossificada estendendo-se posteriormente até a meia 
distância entre o C e o P4, um pouco mais longa que em C. hesternus. 

Segundo WEBB, a sinfise em camelideos hipsodontes lembra mais 
a dos equideos que a dos ruminantes em sua coosificação completa. O 
ramo horizontal é menos profundo em L. guanicoe que em’C. hesternus. 

Em L. guanicoe a crista diastêmica é afiada e ligeiramente côncava 
labialmente. Tanto nesta espécie como em C. hesternus, o longo proces- 


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Osteologia craniana de Lama... 139 


so coronóide vertical é relativamente grande e com forte crista para a in- 
serção dos músculos temporais. Em L. guanicoe o côndilo é alongado 
transversalmente e fortemente convexo ântero-posteriormente. Como em 
muitos camelideos o côndilo é grande e de direção quase vertical. Sua 
superficie articular posterior para o processo pös-glenöide é obliquamente 
inclinada de cima para baixo e para trás em contraste com a sua ver- 
ticalidade em C. hesternus. Em L. guanicoe o côndilo mandibular encon- 
tra-se cerca de 50 a 65mm (mandíbulas FZB-NP-06 e 07 respectivamen- 
te) acima do nível alveolar do M3, na mesma proporção que em C. hes- 
ternus. O processo angular situa-se pouco superior ao do nível alveolar, 
menos elevado que em C. hesternus. O forame mentoniano situa-se logo 
abaixo e posteriormente à raiz do canino e também abaixo da metade da 
altura do ramo mandibular, bem mais próximo da borda ventral que da 
borda dorsal do mesmo. 

WEBB chama a atenção para o fato de que a maior elevação 
proporcional do côndilo articular da mandíbula resulta do flexionamento 
entre as porções basi-craniana e basi-rostral do crânio nos camelideos 
mais afins com L. guanicoe. Tal flexionamento, provoca maior elevação 
da fossa glenöide em relação ao nivel dos molares inferiores exigindo, 
portanto, maior elevação do côndilo mandibular acima do nível dos 
molares inferiores. 

Dentição: em L. guanicoe, como em todos os camelideos, os 
dentes são hipsobraquiodontes com cristas e cúspides semilunares 
próprios de regime alimentar tipicamente herbivoro. 

A fórmula dentária normal de zuanaco é a seguinte: 


13 Cl p3p4 MI1M2M3 


Iılgl3' Cı ' Pa ' MıMaM3 


ou seja 


=. 
15º € 


Lo Le 
ae 


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140 GRESELE, C.T.G. 


Esta fórmula pode estar sujeita a pequena variação no número de 
incisivos e pré-molares superiores. Segundo WEBB, tal fórmula dentária 
é idêntica a de C. hesternus em que o Pl, quando presente, é grande e 
aproximado do Cl. Os espécimes em estudo apresentam dentição com- 
pleta, com exceção do P3 direito no espécime FZB-NP-06 e dos P3 
direito e esquerdo no espécime FZB-NP-07, perdidos acidentalmente. No 
espécime FZB-NP-06 o Cl direito tem o ápice partido. No espécime FZ- 
B-NP-07 os I3 e Cl são muito menos desenvolvidos e bem mais afilados 
que seus homólogos no espécime FZB-NP-06, estando ambos os Cl, 
além disto, com os âápices partidos. 

Incisivos: Il-2 ausentes, I3 falciforme, forte, com ápice vol- 
tado para trás no espécime FZB-NP-06. No espécime FZB-NP-07 o 13, 
se foi falciforme, foi o que parece, em menor grau que os do espécime FZB- 
NP-06 e bem como mais afilado. 

Caninos: em L. guanicoe a maxila apresenta um dente falcifor- 
me, um tanto comprido, transversalmente e mais forte nos machos 
(provavelmente FZB-NP-07) do que nas fêmeas em que são simplesmen- 
te retilineos e fracos (provavelmente FZB-NP-06). Os superiores situam- 
se logo atrás da sutura entre a pre-maxila e a maxila; os inferiores em 
seguida ao I3 de que é separado por um curto diastema presente também 
entre o superior e o Id. No espécime FZB-NP-07, provavelmente macho, 
o superior tem liImm de diâmetro ântero-posterior na base e o inferior 
7,5mm no mesmo sentido. Por sua posição relativa na série dentária tais 
dentes podem ser tidos como caninos. Ha, porém, controvérsia entre os 
autores a respeito de sua homologia nos camelideos. 

Stock (1928) citado por WEBB, referindo-se ao dente em questão 
na mandibula, e tendo em conta que em individuos adultos de um ca- 
melideo extinto do Pleistoceno norte-americano Tanupolama (Cope, 
1893) se observa frequentemente a presença de cinco dentes mandibu- 
lares anteriores ao grande diastema, concluiu que o dente inferior, co- 
mumente designado em L. guanicoe como canino, seria realmente o P1, 
pois interpretou os quatro anteriores como sendoos 11.3 e o Cj. Embora 
tal interpretação fosse feita por outros especialistas, sempre houve os 
que a pusessem em dúvida mormente pelo fato de que o dito canino in- 
ferior de L. guanicoe se encosta em oclusão dentária normal logo à 
frente do Cl, este sem homologia contestada, pois sua implantação na 
maxila logo atrás da sutura entre a maxila e a pre-maxila, como é caso 
normal entre os mamiferos em geral, não deixa dúvida a tal respeito. 
Um argumento adicional em favor da homologia do dente inferior em 
questão (suposto Pı de Stock) com o canino Cj é a ocorrência acidental 
de um pequeno dente no grande diastema posterior ao dente em causa 
(entre ele e o P3) em C. hesternus do Pleistoceno norte-americano e em 
L. guanicoe. Como o P2 é o primeiro dente inferior a ser perdido na his- 


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Osteologia craniana de Lama... é 


tória dos camelídeos, sendo ausente em Pliauchenia Cope, 1878, já no 
Plioceno e, considerando que o Pı, como o Pl, é o primeiro a perder-se 
nos mamiferos em geral, WEBB prefere identificar tal dente inferior, de 
ocorrência acidental em C. hesternus, como o P2 embora ao que nos 
parece possamos supor também ser ele o P3, também comumente ausen- 
te em L. guanicoe em que dos pré-molares inferiores apenas O P4 é nor- 
malmente presente. WEBB mostrou também que, em Tanupolama havia 
tendência em preservar por longo tempo no estágio adulto o DI3, con- 
juntamente com o I3 de dentição permanente, de onde o fato de Stock 
ter verificado nos adultos de tal gênero a presença de cinco dentes an- 
teriores ao grande diastema anterior, tomando por isto o C1, que é o 
dente questionado, pelo Pı. Assim temos por definido que em L. 
guanicoe o primeiro dente inferior seguinte ao 13, é de fato o Cj. 

Pré-Molares e Molares: em L. guanicoe, nada é 
necessário acrescentar-se ao que já foi dito por CABRERA (1932), 
apenas salientamos, nos molares superiores, a presença de fortes estilos 
externos (parastilo, mesostilo e metastilo, este mais fraco) e a ausência 
da coluneta interlobular interna ou oral encontradiça nos molares de 
Paleolama Gervais, 1867. O M1 é menos longo que os M2-3 menos lar- 
gos que o M3 e de maior largura ou mais ou menos tão largo quanto o 
Mº. 


Ambos os espécimes em estudo tem seus 11.3, Cj, P4 e M9.3 
presentes. No espécime FZB-NP-06 os incisivos e os caninos e principal- 
mente estes estão nitidamente mais desenvolvidos que os do espécime 
FZB-NP-07. Pre-molares e molares inferiores são mais ou menos igual- 
mente desenvolvidos em ambos os espécimes, com maior desgaste no es- 
pécime FZB-NP-07, certamente mais idoso. Não há coluneta interlobular 
e a dobra em martelo, que nos molares pouco desgastados é bem desen- 
volvida, principalmente no Ma, tende a confundir-se com os demais 
acidentes coronários nos dentes muito gastos. 

ForameseCanais:o crânio apresenta numerosos orifícios 
que dão passagem a ramos nervosos, arteriais e venosos. Consideramos 
aqui não só os mais importantes, de saída dos doze pares de nervos cra- 
nianos, como os demais, em comparação direta com C. hesternus, se- 
gundo WEBB. 

Os filetes nervosos do bulbo olfativo atingem as mucosas do in- 
terior das narinas através dos múltiplos da lâmina crivada do etmöide 
que se situa num recesso do conjunto esfenoidal, na extremidade an- 
terior da caixa cerebral, logo à frente do óbito-esfenóide. O contorno 
deste recesso de bordas salientes é de forma suboval. 

O canal infra-orbital ou pré-orbitário abre-se anteriormente na 
maxila, acima do Pí ou Mi ou mais precisamente sobre o limite P4 — 
MI. Nos crânios em estudo ele é simples e sua abertura posterior encontra-se 


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142 GRESELE, C.T.G. 


dentro da parede lateral da órbita no forame esfenopalatino. Sua borda 
látero-externa anterior, nos dois crânios em estudo, é ligeiramente inclinado 
póstero-dorsalmente menos que em C. hesternus, ou é mesmo verticalmente 
orientado. Serve para dar passagem ao nervo maxilar e a artéria suborbi- 
tária, da cavidade orbitária até a face. Este canal infra-orbital após percorrer 
horizontalmente sobre as raizes dos molares, numa distância de 38 a 47mm, 
ele desemboca no interior da órbita sobre a parte anterior ou mediana do M3, 
externamente ao forame esfenopalatino. A distância percorrida pelo mesmo 
canalemC. hesternus é de 120mm, segundo WEBB. 

O canal supra-orbital situa-se no frontal e serve para levar artérias, 
veias e nervos do sinus frontais até a superficie dorsal do osso frontal. 
Sua abertura dorsal, simples no crânio FZB-NP-06 e dupla no crânio 
FZB-NP-07, situa-se na parede dorso-posterior da órbita. Sua abertura 
ventral dupla, nos dois crânios situa-se num recesso em forma de curto e 
mais ou menos fundo canal ântero-posterior, aberto no teto da parte 
dorso-posterior da cavidade ocular. Na superficie dorsal do frontal par- 
tem dois grandes sulcos que se dirigem para a linha média e que se tor- 
nam logo aproximadamente paralelos sendo separados por uma distância 
de 14 a 16mm. Tais sulcos atingem anteriormente a extremidade dorso- 
lateral-posterior do nasal, sendo mais ou menos pronunciado em L. 
guanicoe. 

O forame lacrimal é a abertura externa do conduto lacrimal que 
descendo da região anterior da órbita, penetra até as fossas nasais. 
Segundo WEBB, em C. hesternus ele é duplo, encontrando-se o menor, 
na margem anterior da órbita sob os tubérculos lacrimais, e o maior in- 
tra-orbital. 

O forame órbito-nasal serve para dar entrada do nervo e da artéria 
esfenopalatinos para o interior da cavidade nasal e encontra-se a frente 
do orifício óptico. 

O forame incisivo(*), alongado e estreito situa-se no palato entre a 
pre-maxila e a maxila, lateral e paralelo à sutura inter-maxilar e entre 
este e o forame incisivo. A abertura anterior do canal palatino, forame 
palatino anterior, pequena e alongada ântero-posteriormente, é de si- 
tuação variável. No crânio FZB-NP-06 abre-se mensalmente logo à fren- 
te do P3; no crânio FZB-NP-07 situa-se mesealmente ao sulco interlo- 
bular interno do Ml. Sua posição comum em C. herternus é de oposição 
ao P4. A abertura posterior do mesmo canal, tanto em L. guanicoe como 
em C. hesternus, situa-se sob o canal esfenopalatino, no osso palatino, 
com seu rebordo externo na linha de sutura com a maxila. 


(7 WEBB em sua descrição chama de forame incisivo o que os demais autores chamam de “forame 
palatino anterior”. 1 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


Osteologia craniana de Lama... 143 


O forame esfenopalatino encontra-se lateral-interno ao canal sub- 
orbital, abrindo-se pouco posteriormente a este na juntura entre a 
maxila e o palatino, pouco abaixo da sutura entre o frontal e o órbito- 
esfenóide. Não é muito grande tanto em L. guanicoe como em C. hester- 
nus. 

O forame etmoidal é aberto no frontal próximo ao contato comum 
deste com o palatino e o órbito-esfenóide, adiante do forame óptico e em 
nível pouco superior a este, acima da profunda fossa relativa ao segmen- 
to do músculo pterigóide lateral, como se coloca em C. hesternus, segun- 
do WEBB. 

No fundo da órbita, no órbito-esfenóide, encontra-se o forame óp- 
tico que é mais amplo em L. guanicoe que em C. hesternus. 

O forame lacerado anterior e o forame redondo abrem-se em co- 
mum logo atrás e abaixo do forame óptico, no limite entre o alisfenóide e 
o órbito-esfenóide. É o segundo maior forame craniano, tanto em L. 
guanicoe como em C. hesternus, servindo de passagem aos ramos ner- 
vosos que comumente se distribuem entre os forames lacerados anterior 
e redondo. 

O forame oval e o forame lacerado médio abrem-se anteriormente a 
base da bula auditiva. Estes dois forames que primitivamente eram 
separados nos mamiferos, como ainda acontece em alguns grupos, tor- 
nam-se eventualmente confluentes em outros, é uma tendência bem clara 
entre os camelideos. Em L. guanicoe eles são separados por apenas uma 
estreita lâmina óssea do alisfenóide. Ambos estes forames são limitados 
lateralmente pela parte ântero-dorsal-externa da bula auditiva. Medial- 
mente e sob o forame oval acham-se dois curtos sulcos de direção äntero- 
posterior abliquoa, dos quais o mais medial corresponde ao tubo de Eus- 
táquio, sendo o externo correspondente ao músculo tensor do véu pa- 
latino. 

O forame lacerado posterior entre a bula auditiva e o basioccipital 
é dividido em duas partes, uma anterior, pequena, arredondada, pro- 
vavelmente representando a abertura posterior do canal carotidiano, e 
uma posterior bem mais ampla, de contorno suboval, que é o forame 
lacerado posterior propriamente dito. Em C. hesternus, segundo WEBB, 
não ha tal separação entre o forame em questão e a abertura posterior do 
canal corotidiano. 

O forame de saída do nervo hipoglosso, motor da lingua, esta 
situado logo atrás do forame lacerado posterior, acima da parte lateral 
anterior, um tanto côncava do côndilo occipital. É bem menor que o 
forame lacerado posterior e de contorno suboval. O forame condilóide na 
fossa do mesmo nome, é variável de tamanho, posição e disposição, sen- 
do pequeno e simples. No crânio FZB-NP-06 é menos desenvolvido do 
lado direito que no lado esquerdo. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


144 GRESELE, C.T.G. 


O forame estilomastóide, de saida do nervo VII (facial) encontra-se 
sob o processo pös-timpänico do esquamosal, um tanto abaixo da en- 
trada do meato auditivo externo e acima da bula timpânica entre o tim- 
panohial e o mastoide. 

WEBB considera os forames mastödie, glenóide e pósglenoide, no 
espécime C. hesternus, em conjunto por serem todos ramos do canal 
temporal, em conexão de um complexo sistema de seios com a veia 
jugular externa, formam um importante curso de drenagem venosa. 

Tanto em L. guanicoe como em C. hesternus, o forame pös- 
glenóide é pouco expressivo, sendo às vezes subdividido ou ausente. Ja 
os forames glenóides e supra-glenöide são bem desenvolvidos. O forame 
supra-glenóide localiza-se no esquamosal, no fundo de ampla e profunda 
fossa póstero-mediana da fossa glenóide. Os forames glenöide, supra- 
glenóide e pós-glenóide unem-se por curta distância no interior do. es- 
quamosal. 

O forame zigomático, também um ramo do sistema venoso tem- 
poral, situa-se no processo zigomático do esquamosal, acima do processo 
pós-glenóide, sendo microscópico ou ausente em L. guanicoe, diferen- 
temente do que se vê em C. hesternus em que é relativamente grande. 

O forame mastóide, situado em fossa muscular profunda, é de con- 
torno subcircular bem menor em L. guanicoe do que em C. hesternus. 
WEBB presume que tal forame serviria de saída a grande veia que par- 
tindo dos músculos occipitais, adendrava o canal temporal via veia 
cerebral dorsal. 

Na mandibula na região sinfisiária, sob a parte posterior da raiz 
dos caninos, encontram-se o forame mentoniano que serve para suprir de 
sangue e enervar a região labial inferior e mentoniana. 

Segundo WEBB, em muitos camelideos ainda existe outro forame 
na parte terminal anterior do Mı ou terminal posterior do P4, presente 
em ambos espécimes em estudo. 

Do lado interno do ramo ascendente encontra-se o forame dentário 
inferior aberto aproximadamente a altura do rebordo alveolar, bem pos- 
teriormente ao último molar (Ms). É dirigido um tanto obliquamente de 
cima para baixo e para a frente. 

As abreviaturas utilizadas nas tabelas são as seguintes: 

aa Mı, apófise alveolar do M1; afm, altura do forame magno; afn, 
apófise frontal do nasal; ap, aproximadamente; arh, altura do ramo 
horizontal; ato, altura do tubérculo occipital; bai, borda da abertura in- 
tercondilar; basi, borda anterior da sutura incisiva; basm, borda anterior 
da sinfise mandibular; bci, borda da chanfratura intercondilar; bpam, 
borda posterior da apófise mandibular; cs, comprimento da sinfise; csa, 
crista sagital; csn, comprimento da sutura nasal; ct, comprimento total; 
dapm, diâmetro ântero-posterior máximo; dbac, distância entre as bor- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


Osteologia craniana de Lama... 145 


das alveolares dos caninos; dbfn, distância entre a borda frontal do 
nasal; desc, distância entre os centros das superfícies condilares; dfio, 
distância entre os forames intra-orbitais; dfpa, distância dos forames 
palatinos anteriores; dppct, distância das protuberâncias posteriores das 
cristas temporais; di, diastema; dtm, diâmetro transversal máximo: dv, 
dimensão vertical; eh, Mı, espessura horizontal do M1; epcm, extre- 
midade posterior do côndilo mandibular; epp, espinha posterior do 
palatino; es, espaço; fl, forames lacrimais; laco, largura das apófises 
condilóides do occipital; lb, largura bizigomática; lc, largura do crânio; 
lfm, largura do forame magno; lImaz, largura máxima das arcadas zi- 
gomáticas; Imco, largura máxima dos côndilos occipitais; Irh, largura do 
ramo horizontal; pps, parte posterior da sinfise; sc, sutura coronal; to, 
tubérculo occipital. 


CONCLUSÕES 


Da descrição osteológica dos crânios dos espécimes de L. guanicoe 
em comparação com C. hesternus conclui-se: 


1. A flexão do eixo basicraniano e basifacial em L. guanicoe relaciona- 
se com a maior convexidade do teto craniano, posteriormente aos 
frontais, do que em C. hesternus. 

2. Tantoem L. guanicoe como em C. hesternus, o arco zigomático cur- 
va-se em “S”, a fossa glenóide e o côndilo mandibular são fortes e 
situam-se em nível bem elevado acima do basiesfenóide, as bulas 
timpânicas são infladas. 

3. O crânio de L. guanicoe é comprido e estreito com grande prolon- 
gamento da região rostral, diferindo do de C. hesternus cuja região 
rostral é mais larga devido ao fato das órbitas se localizarem mais 
posteriormente. O rostro é menos expandido verticalmente em L. 
guanicoe. 

4. Em L. guanicoe a área de origem do músculo masséter no arco 
zigomático é ampla. 

5. Em L. guanicoe a fossa maxilar de origem do grande músculo labial 
é de área reduzida, sendo relativamente rasa em C. hesternus. 

6. Como ocorre em todos os camelideos atuais, a borda anterior da ór- 
bita em L. guanicoe corresponde aproximadamente com a linha ver- 
tical que passa pelo lóbulo posterior do M2. A fenestra lacrimal, 
ampla e subtriangualr em C. hesternus, é de tamanho moderado em 
L. guanicoe. 

7. A caixa cerebral de L. guanicoe é relativamente mais expandida do 
que em C. hesternus. 

8. Em L. guanicoe como em C. hesternus, as cristas occipital e lamb- 
dóide são bem desenvolvidas, sendo a crista sagital curta e bifur- 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


13. 


14. 


15. 


16. 
IT; 
18. 


9: 


20. 


GRESELE, C.T.G. 


cada logo à frente da sutura entre o parietal eo supra-occipital. 


. As fossas ou depressões, tanto do supra-occipital como dos exo- 


occipitais, são bem profundas em ambas as espécies. 


. A apöfise zigomática do esquamosal apresenta-se bem mais larga em 


L. guanicoe do que em C. hesternus. 


. O orifício auditivo externo nas duas espécies é pequeno. 
. O pequeno orifício que em C. hesternus se vê na superficie ventral 


do basisfenóide e que, segundo WEBB pode ser ali o ponto de en- 
caixe de um osso paraesfenöide, inexiste em L. guanicoe onde um 
orifício semelhante está presente no pré-esfenóide. 

Os espécimes oferecem um só forame supra-glenóide em cujo fundo 
se vêem dois ou três orifícios de diâmetros distintos que são impor- 
tantes para dar passagem ao canal temporal: 

— um posterior (forame temporal) que se dirige até atrás, internan- 
do-se no diploe ou zona cavernosa do citado osso; 

— um anterior (forame supra-glenóide) que se urienta até a frente e 
abaixo, atravessando o trecho da cavidade glenöide; 

— um terceiro orifício (forame pós-glenóide), o menor de todos, se 
dirige para baixo, passando entre a parede posterior da apófise pós- 
glenóôide e o timpânico. 

Tanto L. an comg, C. hesternus apresentam a mesma formula 
dentária: Ia, cj, Pi, Ma 

Nas duas espécies e limite meso-posterior do palatino não passa do 
metacônulo do mesmo M2, situando-se quase sempre; em posição 
mais posterior. 

Em L. guanicoe os maxilares tem a superfície oral pouco côncava de 
modo que a abóbada palatina fica quase plana. 

Em L. guanicoe a sutura maxilo-pre-maxilar é quase completamente 
fusionada exceto em sua parte superior. 

Em L. pia o amplo orifício pre-orbitärio fica sobre o limite en- 
tre o P& eo Mi. Em C. hesternus o forame pre-orbitärio é duplo e 
situado em posição idêntica a de L. guanicoe. 

Os forames pré-maxilares ou incisivos são em L. guanicoe separados 
entre si pelas apófises palatinas de ambos pré-maxilares. Em C. hes- 
ternus tais forames formam uma só e ampla abertura pelo não en- 
contro das pré-maxilas entre si na superficie palatina, prolongando-se 
posteriormente até o limite dos caninos. 

Em L. guanicoe o forame palatino anterior é situado em posição 
mesial e pouco anterior ao P3 (no espécime FZB-NP-07) ou mesial 
ao espaço interlobular do M1 (no espécime FZB-NP-06). Em C. hes- 
ternus tal forame é mesial ao P4 ou P3, segundo WEBB. Na ver- 


“dade em ambas as espécies há considerável variação na posição 


relativa de tal forame. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


Osteologia craniana de Lama... 147 


21. Tanto em L. guanicoe como em C. hesternus os malares têm a parte 
sub-orbital muito larga e a apófise pös-orbital curta e estreita. Em 
ambas espécies a base do masseter é vertical correspondente a grande 
flexão basicraniana. 

22. Em L. guanicoe a crista massetérica, sempre bem assinalada, 
prolonga-se anteriormente em forma de grande tuberosidade sobre a 
maxila, o mesmo acontecendo em C. hesternus. 

23. Em ambas espécies a mandíbula é muito alongada de acordo 
com a forma do crânio. Sua parte precedente à série molar é su- 
mariamente baixa, mas a altura do ramo mandibular aumenta 
progressivamente para trás. Sob o diastema C-P4 a borda mandi- 
bular inferior é ligeiramente côncava em L. guanicoe e, em C. hes- 
ternus ela é retilinia. A região da mandibula é acentuadamente mais 
ampla em L. guanicoe que em C. hesternus. 

24. Em L. guanicoe o ramo ascendente da mandíbula é estreito e seu 
diâmetro, ao nivel da apófise angular, é relativamente maior que em 
C. hesternus. A distância entre a apófise angular e o côndilo arti- 
cular é maior em L. guanicoe que em C. hesternus. 


AGRADECIMENTOS 


Ao professor Dr. Carlos de Paula Couto pela sua dedicação e in- 
cansável orientação durante o transcurso deste trabalho, bem como, o 
pronto auxílio na elaboração das fotografias. À Direção da Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul e Museu de Ciências Naturais, pelo 
livre acesso e utilização de suas instalações como estagiária de Paleon- 
tologia. Aos professores Miguel e Elisa Bombin pela coleta dos dois 
crânios em estudo e intenso incentivo na realização deste trabalho. Ao 
auxiliar de taxidermia da FZB, Sr. Eduardo Borsatto, pela colaboração 
na limpeza e clarificação do material. À desenhista da FZB, Srta. Rejane 
Rosa, pelo pronto auxilio na elaboração dos desenhos. Ao Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pelo 
auxilio financeiro, através da bolsa de Pós-Graduação. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


148 GRESELE, C.T.G. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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Revta. Mus. La Plata, Buenos Aires, (33):89-117, 4fig. 

HOFFSTETTER, R. 1952. Les Mammiferes Pléstocêne de La Repúblique d'Equador. 
Mem. Soc. géol. Fr., Paris, 31(66):1-391, est.1-8. 

LA TOUR, G.D. 1954. The Guanaco. Oryx, New York, 2:273-9, 1fig. 

SIMPSON, G.G. 1945. The principles of classification and classification of mammals. 


Bull. Am. Mus. nat. Hist., New York, 85(1-16):1-350. 
WEBB, S.D. 1965. The Osteology of Camelops. Bull. of the Los Angeles County 


Museum Science, Los Angeles, (1):1-54, 22fig. 12est. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


149 


Osteologia craniana de Lama... 


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IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


150 GRESELE, C.T.G. 


TABELA II 


Medidas das mandibulas dos espécimes de Lama guanicoe (Müller, 1776) procedentes de Cariadon de 
Las Cuevas, Provincia de Santa Cruz, República Argentina (em milímetros). 


Vista lateral Vista superior 
Medidas FZB-NP-06 »  FZB-NP-07 & Medidas 1 FZB-NP-062  FZB-NP-07 
opam-basm 229,5 236,0 dese 81,0 83,0 
epem-basm 235,0 244,0 eh Mı 14,0 15,0 
bpam-bpac 82,0 82,0 Irh-pps 15,0 14,0 
dv-bpam-basm 145,0 145,0 cs 63,0 62,0 ° 
arh-aa Mı 35,0 33,0 
TABELA III 


Medidas dos dentes dos especimes de Lama guanicoe (Müller, 1776) procedentes de Canadon de Las 
' Cuevas, Província de Santa Cruz, República Argentina (em milimetros). 


Medidas da base da coroa Medidas da borda alveolar oral 
Dentes FZB-NP-06 9 FZB-NP-07 3 Dentes FZB-NP-06 > FZB-NP-07 ô 
dapm dtm damp dtm dapm dtm damp dtm 
I 8,5 8,3 7,0 6,8 
Io 6,3 9,0 7,0 8,5 
I 8,6 6,1 6,0 4,5 Ig 9,3 4,8 8,0 5,0 
cl 10,4 6,7 4,6 3,5 Cı 11,8 5H 6,9 3,2 
p3 8,0 4,4 
pá 10,2 12,0 8,8 12,3 P4 8,6 6,6 9,6 7,4 
Mi 16,6 19,3 15,0 17,6 Mı 16,4 11,3 14,3 11,2 
M2 21,0 19,3 18,4 18,2 Mo 19,3 13,0 17,5 12,8 | 
M3 25,0 18,0 21,5 18,0 Mg 29,0 11,6 27,0 13,2 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


151 


Osteologia craniana de Lama... 


9:89 O'yL EIN-Ed' so q'89 9'LL gN 9 pd'so 

0'99 gır Ed º Typ 0'TS g'gp gd º 10’ P 

o'el q'pI Igº Ir'p DET 202 zo º pl'Tp 

9 WdNHZA 5 M-AN-IZA Sejuad º W-AN-AZA ô,90-AN ZA sequad] 
[810 18[09Afe Bpıoq EU SEPIPIIN 80109 BP 988g BU SEPIPIJ 


*(S019UN[tur we) suryuedıy Borqnday 'Zn19 BJueg ap BIUTAOI] ‘sBAeN) SBT ap uopeueo 
ep seyuepeooıd (9,21 'ISIMIN) 2007u0n5 vuwoT ap seuroçdsa sop saJuap sop sodedso o seuisgseIp sop sepIpayI 


AI VTHAVAL 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


GRESELE, C.T.G. 


fá 
[eu 
Ro 


DISTRIBUTION MAP 


Antofagasta 


Between Pisco and East of 
Caccili :— 

A = Cordillera de Ampato 

C = Nevados de Condoroma 

H = Cordillera de Huanzo 

Q = Nevado Quenamari 

V = Nudo de Vilcanota 


del Fuego 


= eNayarıne Is. Present distribution 


Past distnbution 
included 


Fig. 1. Distribuição dos camelideos sul-americanos no passado e atual, segundo De 
La Tour (1954). 3 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


153 


de Lama... 


Osteologia craniana 


10419 JoDAyu1 


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DUIBDA 


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epiojsDu! SUDJOA 


Fig. 2.. Crânio de Lama guanicoe FZB-NP-07, vista lateral. 


125-57, 28 ago 1982 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61) 


GRESELE, C.T.G. 


154 


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0}D.199D| SUDIOS Oul}D|Dd 

-OU9JS9 QUIDJOS 

101194sod = 
030.890] BWD.J0J 


epiouejb 
9UIDJOS 


epiojipuoa 


-IQuaJsoDIDA É 
BUIDJO V% : 2 191110 
ossojbodiuy Pa RL 
SUIDIO A AM 
Vs 


snxajd 
-WOI DSSO- 


apıousıBjsod aulDJoJ 


|JDAO 3WD.J04 


a JO119S0d OUIJD|Dd aWd.10oJ 


WNPpun4oJ - OJIQIO QUDJO 


WIE 


Fig. 3. Cränio de Lama guanicoe FZB-NP.06, vista ventral. 


125-57, 28 ago 1982 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Alegre(61) 


Osteologia craniana de Lama... 155 


Fordme orbito-rotundum 


Forâme pala 
fino posterior 


Forâme 
lacerato 
posterior 


m ne S came 
A enoi 
Forame 9 S 


esfenopalatino 


hipoglosso 


orifício ,. x Deja 
parcesfenoide Forame lacerato medio 


Abertura orbital 


Tubérculo pterigöide 
do canal supraorbital FÊ - 


Forâme 
etmoide 


Foróme 
estilomas- 
em töide 
Foramina 
Forâme orbito- subesqua- 


Meatus auditóri 
rotundum mosal Orio 


externo 


Fig. 4-5. Crânio de Lama guanicoe: 4. Vista ventral FZB-NP-06; 5. Vista órbito- 
temporal FZB-NP-07. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


156 GRESELE, C.T.G. 


z 


trorio 


Meato aud 
interno 


3cm 


Etmoturbinais 


Fig. 6. Crânio de Lama guanicoe FZB-NP-07, vista em corte sagital. 


IHERINGIA. Sér. Zool., Porto Alegre(61):125-57, 28 ago 1982 


Osteologia raninnddlama... HR 


Forâme mentoniano 


3cm 


Processo 
angular 


Fig. 7. Mandibula de Lama guanicoe FZB-NP-06, vista lateral. 


IHERINGIA. Ser. Zool., Porto Aiegre(61):125-57, 28 ago 1982 


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IHERINGIA é o periódico de divulgação de trabalhos científicos inéditos do Museu de Ciências 
Naturais, Jardim Botânico e Parque Zoológico da FZB. E publicado em quatro séries: BOTÂNICA, 
ZOOLOGIA, ANTROPOLOGIA e GEOLOGIA. 


Cada serie é editada em fascículos com numeração corrida independente, podendo conter um ou 
mais artigos. 


O periódico em seu todo ou cada uma das séries individualmente é distribuído a Instituições 
congêneres em regime de permuta. Mediante entendimento prévio pode também ser enviado a cientis- 
ta e demais interessados. 


IHERINGIA is the official scientific periodical of the ''Museu de Ciências Naturais”. Its aim is 
the publishing of reports elaborated by the scientific staff of the three joining Instituts of “Fundação 
Zoobotânica do Rio Grande do Sul”, the Museum of Natural Sciences, the Botanical Garden and the 
Zoological Park. 


Articles from other national and foreign Institutions researchers may be accepted. Emphasis is 
given to articles dealing with the flora, the fauna and the natural resourses of Rio Grande do Sul 
State. 


IHERINGIA is issued in four series, Botany, Zoology, Anthropology and Geology. Each series 
is issued in fascicles consecutively numbered and may contain one or more articles. 


IHERINGIA as a whole or as a separate series, is distributed to similar scientific Institutions 
on an exchanging basis and may also be available to scientists and other interested parties on pre- 
viours arrangements. 


RECOMENDAÇÕES AOS AUTORES: 


1. Os manuscritos devem ser encaminhados ao Editor, atraves de ofício, podendo ser aceitos a cri- 
tério da Comissão Redatorial, ficando sua publicação condicionada a autorização do Diretor- 
Superintendente da FZB. 


2. Terão prioridade os artigos dos pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, Jardim Botânico e 
Parque Zoológico da FZB. A juizo, podem ser aceitos artigos de pesquisadores de Instituições 
nacionais ou estrangeiras cujas investigações versem preferencialmente sobre assuntos relacio- 
nados à flora, à fauna e os recursos naturais do Rio Grande do Sul. 


3. Os artigos em lingua postuguesa devem ter um resumo em lingua estrangeira e os em lingua es- 
trangeira (alemão, inglês, espanhol, italiano e latim) devem ter, obrigatoriamente um resumo em 
português. 


4. Os originais devem ser apresentados em 2 vias datilografadas em espaço dois, com margens 
mínimas de 2 cm, sem emendas, em papel branco (tamanho oficial A-4:21x29,7 cm), utilizando-se 
um só lado da folha. 


5. Todas as folhas devem ser numeradas na margem superior direita, com numeração corrida e 
rubricadas pelo autor ou ao menos por um dos autores. 


6. Os nomes cientificos de gênero e dos “taxa” infragenétricos deverão ser sublinhados com um 
traço ondulado. 


7. O título geral do trabalho, o nome do autor, os eventuais subtítulos bem como as palavras latinas 
ou gregas usadas no texto devem ser sublinhados com um traço reto. 


8. Os nomes de autores que seguem os nomes genéricos, especificos, ou outros devem ser escritos 
em caixa baixa e os que dizem respeito a referências bibliográficas em CAIXA ALTA. 


9. As referências bibliográficas deverão estar dispostas em ordem alfabética e cronológica, dentro 
das normas da NB-66 da ABNT, salvo a indicação do ano de publicação que deverá seguir o 
nome do autor, obedecendo a seguinte ordem de elementos: 

a) Para artigos de periódicos: sobrenome do autor seguido das iniciais do(s) prenome(s), ano do 
trabalho, titulo do trabalho, nome do periódico (sublinhado com um traço reto e abreviado de 
acordo com o “World List of Scientific Periodicals”) local, volume (em algarismos arábicos e 
sublinhado), número ou fasciculo (entre parênteses) seguido de dois pontos, página inical e 
final. 


10. 


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13. 


14. 
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Ex.: FRENGUELLI, J. 1925. Diatomeas de los arroyos del Durazno y en las Brusquitas en 
los arredores de Miramar. Physis, Buenos Aires, 8(29):19-79. set. 2 est. 


b) Para livros: sobrenome do autor seguido das inicias do(s) prenome(s), ano da edição, título do 
livro (sublinhade com um traço reto). edição (em número arábico, seguido de ponto e da 
abreviatura no idioma da edição), local, editora número de páginas (seguida de p.), número de 
volumes (seguida de v.) ou então, páginas consultadas ou número do velume consultado 
(precedidos de p. e v. respectivamente). 


Ex.: SANTOS, E. “1952. Da ema ao beija-flor. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, F. Briquiet. 
335p. Nenn 


Desenhos, fotos, mapas e gráficos devem ser citados como fig., com numeração corrida, em al- 
garismos arábicos. O editor distribuirá as figuras do modo mais econômico, sem prejudicar sua 
apresentação, respeitando quanto possível as indicações do autor. 


Todas as tabelas e figuras devem ter titulo claro, conciso e, se necessário, com explicações breves 
que possibilitem seu entendimento sem consultas ao texto. Este titulo, bem como as legendas, se 
houver, devem vir em folhas a parte. 


Os desenhos gráficos e mapas devem se feitos a nanquim preto, preferencialmente em papel 
vegetal e as fotografias nos tamanhos que permitam a redução para o máximo de 17emxllcm. As 
ilustrações a cores devem ser combinadas previamente e seu custo fica a cargo do autor. 


Os artigos, sempre que possivel, devem compreender os seguintes tópicos: Título; Nome do autor 
(es); Referências do artigo (data de aceitação para publicação, etc) e do autor (local de trabalho e 
endereço); Resumo (conforme item 3); Introdução; Material e Métodos; Resultados e/ou Discus- 
são: Conclusões; Agradecimentos; Bibliografia: Consultada ou Referências Bibliográficas. 


A correção das provas tipográficas será, sempre que possivel, de responsabilidade do autor. 


Serão fornecidas gratuitamente 100 separatas de cada artigo, independentemente do número de 
autores. Aqueles que tiverem interesse em um maior número de separatas de seus artigos deverão 
solicita-las por ocasião do encaminhamento dos originais ao Editor e arcar com as: despesas 
correspondentes. 

Prof. Dr. Amo Antonio Lise 


EDITOR i 

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA COMISSÃO REDATORIAL 
(Mailing Address) Vera Lúcia L. Pitoni 
Museu de Ciências Naturais Erica Helena Buckup 


Caixa Postal 1188 
90.000 Porto Alegre, RS 
Brasil 


Silvia Drügg Hahn 


ENDEREÇO PARA PERMUTA 
(Address for exchange) 


Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul 


Biblioteca 
Caixa Posta 1188 
90.000 Porto Alegre, RS 
Brasil 


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(617) 744-3350 


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Concluiu-se esta edição 
em agosto de 1982 
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Composição, impressão e acabamento: 


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Indüstria Gräfica e Editora Ltda. 

Rua Gen. Vitorino, 41 — Porto Alegre — RS 
Fones: 21-5566 e 25-8079 

Rua Monsenhor Veras, 678 — Porto Alegre — RS 
Fones: 23-0523 e 23-5512 


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