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Full text of "Portugal e os estrangeiros. Segunda parte"

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ESTRANGEIROS 


PORTIGAL 


K  OS 


ESTRANGEIROS 


SEGUNDA  PARTE 


PO  a 


MANUEL  BERNARDES  BRANCO 


VOJLUiMK  111 


LISBOA 


OCT  121971 


V.  3 


DICGIONARIO 


nos 


ESCRIPTORES  ESTRANGEIROS 

QUE  ESCHEVERAM  ACERCA  DE  ASSUMPTOS  PORTUf.UEZES 


N 


«Mais  la  beauté  des  détails,  la  force  d'expression,  la  poèsie  du 
stile,  la  variélé  qu'il  a  jettó  dans  ses  récits,  la  noblcsse  et  Téléva- 
lion  de  ses  sentiments,  feront  toujours  regarder  le  Camoêns  comme 
un  grand  poete,  par  ceux-même  qui  sont  persuades  qu'il  n'y  a  quun 
Intêret  national,  qiii  ait  pu  persuader  à  les  portugais  que  la  Luúade 
cst  supérieure  au  Tasse  et  à  lout  ce  qui  a  été  fait  dans  ce  genre 
depuis  Homère  et  Virgile». 

Journal  des  Sçauants,  1735,  pag.  535. 


IVADASI  (JOANNE ).— Auclore,  ejiisdem  Societatis  Jesu. 

Annus  dierum  memorabiliwn  Societatis  Jesu,  sive  Commentarius  qiiotidianae 
virtutiSj  notahilem  unius  vel  plurium  in  Societate  vita  [unclorum,  virtute  quapiam 
insignium  memoriam  in  menses  diesque  quibus  obiere  partite  distribuíam  comple- 

xus .  Anluerpiae.  Apud  Jacohum  Meursiutn,  anno  1665,  8."  gr.,  373  pag. 

afora  as  não  paginadas. 

Falia  de  um  grande  numero  de  porluguezes;  por  exemplo:  Adão  Francisco, 
fallecido  no  Cabo  Comorim  em  1549;  João  da  Beira;  Duarte  da  Silva,  uprimus 
fuit  qui  Japonicam  Grammaticam  Lexicaque  copiosa  composuit  magno  Sociorum 
usu»,  pag.  10;  o  lisboeta  Affonso  de  Castio,  inartyrisado  nas  Molucas;  Pedro 
Mascarenhas,  martyr  em  Salcele;  o  coadjuctor  Am])rosio  Fernandes,  fallecido 
n'um  cárcere  no  Japão;  o  padre  Balthazar  Gago,  que  escreveu  um  livro  contra 
os  bonzos;  Paulo  do  Valle,  inartyrisado  na  costa  da  Pescaria;  Francisco  da 
Costa,  que  ensinou  em  Roma  e  em  Évora,  e  foi  a  Marselha  visitar  a  cova  de 
Santa  Maria  Magdalena  ;  Francisco  Pinto,  rnartyrisado  nas  serras  desertas  do 
Ibiapana;  Martinho  de  Mello,  notável  pela  sua  obediência;  Vicente  Álvaro,  rnar- 
tyrisado pelos  mouros;  Jeronymo  Alvarez,  que  dava  nas  vistas  por  causa  da  sua 
pobreza;  o  padre  brazileiro  João  de  Almeida;  Melchior  de  Siqueira,  lisboeta;  o 
algarvio  Manuel  Martins;  Balthazar  Barreira,  o  chefe  da  missão  da  Guiné;  Luiz 
de  Queiroz,  missionário  na  Florida;  Henrique  Henriquez,  missionário  por  cin- 
coenla  annos  na  costa  da  Pescaria;  o  padre  Gabriel  da  Cruz,  missionário  na 
índia  ;  António  de  Mello,  mestre  de  grammatica;  Rodrigo  de  Menezes,  estudante; 
AíTonso  Nunes  Barreto,  reitor  do  coUegio  de  Lisboa  (Santo  Antão),  contando 

1 


2  NA         ■ 

apenas  vinte  e  sete  annos  de  idade;  Christovão  Rodrigues,  que  viajou  pelo  Cairo 
e  Alexandria,  tornando-se  notável  pelas  suas  penitencias;  Francisco  Peres,  que 
foi  o  reitor  de  quasi  todas  as  casas  dos  jesuitas  na  índia;  o  noviço  Francisco  de 
Andrade;  iManuel  Fernandes;  Luiz  de  Gouveia,  mestre  de  noviços  em  Cochim  e 
Coulão ;  Pedro  Martins,  bispo  do  Japão ;  João  Cardim,  natural  de  Braga ;  Luiz 
de  Cerqueira,  bispo  do  Japão ;  Alexandre  Coelho,  que  pelejou  contra  os  turcos ; 
o  padre  Ignacio  Martins;  o  noviço  Gaspar  da  Fonseca;  Pedro  Bastos  Duarte  da 
Costa,  fundador  de  um  coUegio;  Bartliolomeu  Gonçalves,  estudante;  Manuel 
Barreto,  pregador  no  Japão;  Gonçalo  da  Silveira,  pregador  no  Monomotapa; 
Luiz  Gonçalves  da  (Gamara,  bem  conhecido  no  reinado  de  El-Rei  D.  Sebastião ; 
Fernão  Gomes,  pregador  no  México;  António  de  Andrade,  missionário  na  índia; 
Vasco  Ferraz,  natural  do  Porto;  Paulo  de  Azevedo,  mestre  de  philosophia  eui 
Évora;  Gonçalves  de  Medeiros,  um  dos  primeiros  jesuitas  que  entraram  para  a 
companhia  de  Jesus;  George  de  Távora,  natural  de  Coimbra;  Leão  Henriques, 
grande  zelador  da  companhia  de  Jesus;  Bento  Goez,  missionário  na  índia  Orien- 
tal; Manuel  de  Barros,  grande  missionário;  Luiz  Caldeira,  grande  missionário  na 
Ethiopia;  Sebastião  Barradas;  Balthazar,  que  acompanhou  D.  Sebastião  á  Africa; 
Teixeira,  que  sabia  grego  e  hebraico ;  etc,  etc,  etc. 

Hebdomada  SS.  Ignatii  et  Xaverii  cultui  et  imitationi  sacra;  auctore ;, 

cum  ejiisdem  Hehdomada  meditandae  aeternitatis  et  hymnis  variis.  Coloniae,  apud 
Joannem  Busaeum,  1668.  285  pag. 

Hebdomas  SS.  Ignatii  et  Xaverii  cultui  et  imitationi  sacra.  Coloniae,  1668. 

Somnium  Xaverii.  Tyrnaviae.  Typis  academicis,  1636,  in-8.° 

NAIVTES  (FR.  BERNARDO  DE ). 

Katecismo  Indico  da  lingua  Kariris,  acrescentado  de  varias  praticas  doutri- 
naes  e  moraes,  adaptadas  ao  génio  e  capacidade  dos  índios  do  Brazil.  Lisboa, 
1709,  8.°,  1  vol.,  WÀ  pag. 

NAPIER  (ADMIRAL  CHARLES ). 

An  account  of  the  rvar  in  Portugal,  between  Don  Pedro  and  Don  Michel. 
By .  London,  8.°,  T.  &  W.  Boone,  1836.  l.«  vol.,  xvi-369  pag.;  2.°,  xi-336  pag. 

NAPIER  (HON.  WILLIAM ). 

Further  strictures  on  those  parts  of  Napiers  history  of  the  Peninstdar  war, 
ivhich  relieved  to  the  military  opinions  and  conduct  of  General  Beresford.  Added 
a  report  of  the  operations  in  the  Alemtejo  and  Spanish  Ec^tremadiira,  during  the 
campaign  of  1811,  hy  B.  D.  Urban.  London,  1828. 

Reply  to  Beresford^s  Observations,  by  W.  Napier.  Londres,  1832. 

Carta  dirigida  ao  ill."'"  e  ex.^°  sr.  António  de  Serpa  Pimentel,  ministro  das 
obras  publicas,  por .  Lisboa,  lypographia  franco-portugueza,  1860,  8.",  8  pag. 

Napier  pretendia,  em  nome  de  sir  Morton  Peto,  a  entrega  do  deposito  feito 
conforme  um  primeiro  contrato  que  havia  sido  realisado  com  referencia  á  con- 
strucção  de  um  caminho  de  ferro  em  Portugal,  e  ser  embolsado  das  despezas  que 
tinha  feito  em  estudos  c  plantas. 

NAPIONE  (G.  GALEANI  ). 

Esame  critico  dei  primo  viaggio  di  Amerigo  Vespucci  ai  Nuovo  Mundo.  Letto 


NA  3 

i>ell'  Academia  Imperiale  delle  Scienze,  Leíteratiira,  e  Belle  Arti  di  Torino,  li  6 
decemhre  1810.  Torino,  1810,  in-i.°,  106  p.ig. 

O  Catalogo  Maisonneiive,  de  1867,  di/ :  «Este  extracto  não  é  citado  por 
Brunet  na  nomenclatura  das  obras  d'esle  historiador;  mas  Brunet  nunca  citou 
as  Memorias  da  academia,  e  nem  mesmo  as  da  Academia  imperial,  e  apenas 
mencionaremos  este  discurso,  porque  deu  origem  a  uma  resposta  tão  rara  como 
interessante :  Osservazioni  suW  esame  critico  dei  primo  viaggio  di  Amerigo  Vea- 
pucci  ai  Nnovo  Mondo.  Firenze,  1811  (?).» 

Esta  resposta  foi  vendida  por  31  francos  no  leilão  Maisonneuve,  e  o  Esame 
ipenas  tinha  subido  a  9  francos  e  50  cêntimos.  ^ 

NAUBONA  (EUGEIVIO  DE ).— Parocho  de  S.Christovâo  de  Toledo. 

Heciiperacion  dei  Brasil. 

Falla-nos  Nicolau  António  d'esta  obra  a  pag.  362  do  vol.  i  da  sua  Biblio- 
theca  Nova,  não  nos  dando,  comtudo,  nenhuma  outra  indicação  a  tal  respeito. 

NARRATIO  epistolica  Alberti  Balazy,  philosophiae  in  Collegio  S.  J.  Leopo- 
liensi  aiiditoris  ad  A.  R.  P.  Joannem  Argentum  S.  J.  nuperrime  in  Polónia  Prae- 
positum  Provinciae,  in  qua  referuntur  feriae  post  acceptum  de  SS.  Jgnaíio  et  Xa- 
verio  inter  Divos  cooptatis  nuntiiim  institutae  Leopoli.  1622,  Jeroslaviae,  in-4.<* 

NAURATIO  eorum  quae  Duaci  pro  celebranda  Sanctorum  Ignatii  et  Fran- 
cisei  Xaverii  Canoninatione  gesta  sunt.  Duaci,  apud  Viduam  Petri  Telu,  1622, 
in  8.°  63  pag.  com  estampas. 

«Volumesinho  raro  e  curioso,  contendo  a  narração  e  a  descripção  dos  feste- 
jos que  foram  celebrados  em  Douai  a  12  de  junho  de  1622,  por  occasião  da  ca- 
nonisação  de  Santo  Ignacio  e  de  S.  Francisco  Xavier.  É  ornado  com  doze  estam- 
pas mui  mediocremente  gravadas  a  agua  forte,  mas  que  bastam  para  darem  uma 
idéa  dos  monumentos  occidentaes  que  ellas  representam.  Nota-se  entre  esses 
monumentos  uma  representação  do  Monte  Parnaso,  executado  pelos  cuidados  de 
Marc  Wion,  impressor,  bem  como  uma  Pyramide,  erigida  por  meio  de  sociedade 
por  dois  outros  impressores  João  Bogard  e  Ballbasar  Bellère.  N'uma  das  faces 
d'esla  pyramide,  lia-se  a  inscripção  seguinte: 

Jesu  Curisto,  Pontífice  Máximo 
Aeterno  Europae  Sospitatori 

porque  de  poucos  annos  subjugou  a  Bohemia  e  a  Pannonia;  derrotou  o  Palatino 
'  outros  rebeldes,  matou  os  lluguenotes  francezes  junto  de  Rupella,  arrebatou 
Juliaco  ao  inimigo  para  perturbar  o  monstro  da  heresia  outras  tanías  vezes  der- 
rotado n'estas  provincias  por  Santo  Ignacio  e  pelos  sócios  da  mesma  milicia, 
com  a  espada  da  palavra- 

«Pequena  collecção  de  retratos  de  alguns  homens  illustres  e  dos  mais  abali- 
sados  martyres  da  companhia  de  Jesus,  foram  expostos  em  Douai  quando  se  ee- 


'  Deschamps  et  G.  Burncl,  Manuel  du  libraire  et  de  1'amateur  de  livres.  Supplemetit.  CParis,  1880), 
tomo  II,  pag.  6. 


4  NA 

lebrava  a  festa  da  canonisação  de  Santo  Ignacio,  fundador  d'esta,  e  de  S.  Fran- 
cisco Xavier,  seu  companheiro.  Douai,  veuve  Laurent  Kellan,  in-8.%  1622,  2 
partes,  pag.  103  et  3i.»^ 

W AU U ATIVE  (A)  of  the  late  accident  in  the  new-exchange,  on  lhe  21  and 
22  of  November^  1653  Stylo  Vet.  Written  hy  the  most  ISoble  and  Itlustrious  Lord, 
Dou  Pantaleon  Sa^  Brother  to  His  Excellency  of  Portugal ^  Exlraordinary  Legate 
in  Etiglandj  to  his  much  esteemed  Nobilities  of  England,  and  to  ali  of  the  beloved 
and  famons  City  of  London,  from  Newgate's  Prison.  London,  printed  in  tiie 
year,  1653,  S."  gr.,  ii  pag. 

Biblioltieca  publica  de  Lisboa. 

NAIIRATIVE  of  the  plans  and  proceedings  of  a  comittee  acting  on  behalf  of 
the  British  civil  and  military  claimants  on  Portugal.  London,  1839,  4.** 

NARRATIVE  of  the  persecution  of  H.  Joseph  da  Costa  Pereira  Furtado  de 
Mendonça,  to  which  are  added  the  Bye-Laws  of  the  inquisition  of  Lisbon.  With 
portraits.  London,  ISU.  2  vol. 

NARRATIVE  of  the  politicai  changes  and  events  which  have  recently  taken 
place  in  the  Island  of  Terceira,  describing  the  manner  in  which  the  natives  have 
been  oppressed  by  a  licentious  soldiery  under  the  direction  of  a  few  ambitious  and 
designing  demagogues.  By  an  eye-witness.  London,  printed  by  Bedford  and  Ro- 
bins,  1829,  4.°,  41  pag. 

NARRATIVE  personal  of  adventures  in  the  Península  during  the  war 
1812-1813.  By  an  Officier.  London,  1827. 

NARRATIVES  of  the  career  of  Hernando  de  Soto  in  the  conquest  Florida, 
as  told  by  a  knight  of  Elvas,  and  in  a  Relation  by  Luiz  Hernandez  de  Biedma, 
factor  of  the  expedition.  Translated  by  Buckingham  Smith.  New-Yoik,  1806. 

NATIOIVAL  Museum.  Jaargang  VIL  fase.  7.  8.  S.  Gravenhage,  1865,  8.» 

Toni.  VII.  1865,  7,  8.  Maandei.  (fase.  Julli,  Augustus)  cont.  pp.  263, a  264. 

Brievea  uit  mijn  Dagboek  1858-1861.  Aan  board  van  Z.  M.  fregat  Evertsen. 
Brief  17  a  18.  Lissabon,  31  mai  28  Junij  1860,  p.ig.  273  a  274.  Camoens.  Son 
monument  au  Campo  de  S.  Anna. 

Jaargang  VIII.  fase.  1,  2.  S.  Gravenhage,  1866,  8.° 

Cont.  pp.  20  a  28  (1  Aflev.  Januírij)  I.  1.  Belinfante.  De  Africaine,  Vasco 
de  Gama,  Camoens,  De  Lusiade  Pp.  41  a  4i.  (2  Aflev.  Februarij),  Camoens,  Lu- 
iade  lli  Zaiig  118  en  vol.  Strofen.  Overzetling  door  Dr.  Wap. 

NATOLl  (D.  FRAIVCESCO ). 

Dellc  gr  alie  e  miracoli  02)erati  dali'  Apostolo  deli'  Indie  S.  Francesco  Saverio 
in  Potami  Tetra  di  Calábria.  Relatione  di .  Raccolta  per  ordine  di  Mons. 


Auguslin  cl  Alois  de  Backcr,  Bibliothéque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  iv,  pag.  184. 


NA  8 

Illustriss.  Vescovo  di  Mileto  ali  Ilhistriss.  ed  Excellent.  Sign.  Marchesa  d'Arena. 
Bologna,  1653.  Presso  Gio.  Baltista  Ferroni. 

NAUTIAT  (J.). 

Map  of  Spain  and  Portugal  exhibiting  the  chains  of  mountains  tvith  their 
passes,  &c.  London,  1812. 

NAVAUCHUS  (SCUIPMAIV )  JACQUES.— Natural  de  Hanscotte, 

povoação  da  Flandres  franceza.  Foi  um  dos  primeiros  missionários  da  província 
belga.  Em  loGi  professou  em  Louvain.  Morreu  em  Anvers  em  12  de  maio  de 
1576. 

Epistolas  Indicae  de  Stupendis  et  praeclaris  rebus,  quas  Divina  Bonitas  in 
índia,  et  variis  Insulis  per  Societatem  nominis  Jesu  operari  dignata  est,  in  tam 
copiosa  Genthm  ad  fideni  conversione.  Lovanii,  apud  Rutgerum  Velpium,  Biblio- 
pol.  lurat.  Sub  Castro  Angélico.  Cum  privileg.  Reg.  ad  4  annos.  1566,  8.°  peq. 

Contém  : 

Francisms  Xavier  Petri  Ignatio  Generali  Societatis  PraepositOj  et  Fratrihus 
Romae,  Patavii,  ParisUs,  Colonioe,  Valentiae,  et  in  Lusitânia  literis  operam 
dantihns.  Datada  de  Cochim,  a  15  de  janeiro  de  1544,  pag.  1  a  26. 

Epistola  M.  Gaspari  Belgae  ex  Soe.  Jesu  Preshyteri,  quas  (sic)  ex  Ormutio 
Insula  siniis  Persici  Co7iimbricam  ad  suos  fratres  oc  sócios  dedit  anno  49,  Ormu- 
tii  IV  Idus  Decemb.,  pag.  27  a  94. 

Alia  epistola  eivsdem  M.  Gaspari  ex  Soe.  lesu  Presbyteri  in  Lusitaniam  data. 
Ormulti,  1551,  pag,  95  a  130. 

Alia  epistola  P.  M.  Gasparis  Belgae  ad  fratres  suos  Soe.  lesu,  &c.  Goae, 
1553,  pag.  131  a  136. 

Alia  epistola  R.  P.  Gasparis  rectoris  coUegii  Soe.  Jesu  Goa  in  Índia,  ad  R. 
P.  M.  Ignatium,  eiusdem  Societatis  Praepositum  Generalem.  An.  1553.  Goae,  prid. 
Id.  lanua.,  pag.  137  a  154. 

Ex  litteris  Rev.  P.  Henrici  Henriquez  missis  ex  Urbe  Punieali  8  Idib.  No- 
vemb.  anu.  1550  ad  Rev.  M.  P.  Ignatium,  pag.  155  a  159. 

Novella  exeerpta  ex  epistola  Rev.  P.  Magistri  Franeisei  Xavieri  Soe.  lesu  in 
Índia  Praepositi  Provineialis,  ad  Rev.  P.  nostrum  P.  Ignatium  de  Laiola  (sic) 
Praep.  eiusdem  Soe.  generalem.  Anno  1553,  pag.  160  a  163. 

loannes  de  Beyra  Sacerdos  Soe.  lesu  ad  R.  P.  Ignatium  Praepos.  generalem 
eiusdem  Soe.  Ex  Cochim  VI.  Id.  Febr.  1553,  pag.  164  a  174. 

Descriptio  rituum  et  morum  quae  in  tnsida  nuper  inventa  ad  septentriona- 
lem  plagam  lapam  nuncupata  servatur,  pag.  175  a  198. 

P.  Ignatio  a  Laiola  (sic)  Generali  Soe.  Jesu  Melchior  Nunezius.  Anno  1554, 
pag.  199  a  225. 

Litterae  Patris  Antonii  Quadra  ad  P.  Magistrum  Mironem.  Goae,  8  dec. 
1553,  pag.  226  a  259. 

Ex  Epistola  P.  Antonii  Quadri,  anno  1550,  missa:  ex  hoc  D.  Pauli  Collegio 
(GoanoJ.  13  Cal.  Decemb.  1559,  pag.  260  a  333. 

Ex  Epistola  Ludoviei  Frois.  Goae,  1  Dec.  1560,  pag.  334  a  354. 

Ex  Epistola  Ludovi  Frois,  ad  Fratres  suos  in  Europa  agentes.  Goae,  VI  Id. 
Decembr.,  1560,  pag.  355  a  387. 


6  NA 

Ex  Epistola  P.  Emanuelis  Tercierae  ad  fratres  Soe.  lesu.  Goae,  8  Cal.  lanuar. 
1560,  pag.  388  a  399. 

Ex  alia  Ludovici  Frois,  ad  fratres  in  Europa  decentes.  Goae,  Idib.  Deeeinb. 
1560,  pag.  400  a  477. 

Excerpta  ex  litteris  P.  Michaelis  Bariili,  Goae  scriptis  ad  eos  qiii  sunt  de  Soe. 
nominis  lesu  in  Lusitânia  (1555).  Pag.  478  a  481. 

Capita  quaedam  selecta  ex  literis  Arii  Brandonii,  datis  ad  Collegiales  Socie- 
tatis  lesu  Conimhrieenses,  X  Cal.  Jan.  1554,  pag.  482  a  489. 

Paraenesis  Doctoris  lannis  Agricolae  Ammoniij  quis  fructus  ex  hujus  libelli 
lectione  sit  eoUigendus,  pag.  490  a  496. 

Eis  o  conteúdo^  da  primeira  edição  de  Louvain;  é  mister  indicar  as  diíTe- 
renras  das  duas  edições  seguintes,  e  fazer  notar  que  a  data  de  1659  citada  por 
Sotwel,  está  errada. 

Epistolae  laponicaej  de  multoruni  gentihum  in  variis  Insulis  ad  Christi  fídem 
per  Societatis  nominis  lesu  Theologos  conversione.  In  quibus  etiani  mores,  leges, 
locoimmque  situs,  lueulenter  describuntur.  Lovanii,  apud  Rutgerum  Velpium,  Sub 
Castro  Angélico.  Gum  privilegio  Régio  ad  4  Annos,  1569,  in-8.^  2  yoI. 

A  epistola  dedicada  ao  conde  Palatino  do  Rheno  e  duque  de  Baviera,  Gui- 
lherme, é  assignada  por  M.  Hannardus  de  Gameren  Mosaeus,  poeta  laureatus  et 
in  numero  Aulicorum  Bavariae  minimus,  é  datada:  Lovanii,  Calend.  Januar.  An. 
1569.  Contém  esta  epistola  a  historia  do  estabelecimento  da  companhia  na  Bél- 
gica. 

Excerpta  quaedam  ex  Epistola  R.  P.  Franeisci  Xavier,  Praepositi  Provinda- 
lis  Indiae,  ad  Praepositum  generalem.  An.  1549,  19  Cal.  Feb.  Coccini. 

Exemplum  litterarum  R.  P.  Magistri  Xavieri  Provincialis  Praepositi  Soe. 
lesu  in  índia  ad  eos  quae  de  eadem  sunt  Societate  in  Europa  dal.  Mart.  an  1553, 
pag.  1  a  42.  Ex  Coceino,  29  Jan.  1563. 

Ex  Epistola  Patri  Dalcenae  Soe.  lesu  e  Japonia  ad  fratres  Conimbricenses 
missa.  Anrio  155i,  pag.  43  a  73. 

P.  Balthazar  Gagus,  P.  Ignatio  Societ.  lesu  Praepos.  gener.  23  Sept.  1555, 
pag.  73  a  82. 

Segue-se  uma  carta:  Vigésima  tertia  Novemb.,  Melchior  Nunesius,  on.  1555, 
a  qual  é  o  complemento  da  precedente. 

Eduardus  Sylvius  Soe.  Jes.  fratribus  stiis  in  índia  agentibus,  e  Bongo,  4  Idus 
Sept.  An.  1555,  pag.  85  a  93. 

Alia  quaedam  desumpta  ex  Epistola  P.  Cosmae  Torres,  pag.  94. 

Ex  literis  Ludovici  Froisii  Malaccae  scriptis,  ad  fratres  suos,  Goae  agentes  7 
Januarii  Anno  1556,  pag.  95  a  110. 

Segue-se:  Rex  Firandi.  R.  Patri  M.  Melchiori,  pag.  110  a  111. 

Ex  alia  Eduardi  Sylvii,  Bongi  10  Sept.  scripta  anno  1555,  pag.  Hl  a  131. 

Litterae  Melchioris  Nunesii  Provincialis  Soe.  lesu  in  índia,  ex  Chinensi  portu 
Machnan,  ad  suos  in  Christo  fratres  in  Índia  agentes,  pag.  131  a  159. 

Exemplum  Literarum  M.  Melchioris  Nunesii  Coccini,  in  índia  scriptarum.  8 
Januarii  anno  1558,  pag.  160  a  189. 


'  Auguslin  cl  Alois  de  Backer,  Bibliotltrijue  dcs  écrivains  de  la  compagjiic  de  Jesus,  vol.  iv,  pag.  462. 


NA  7 

Exemplum  literarum  P.  Gasparis  Villelae  ex  laponia ;  datum  Bongi  Kalend. 
Sept.  1559,  pag.  189  a  i96. 

Exemplum  epistolae  P.  Balthazaris  Gagi,  ex  laponia.  Anno  1559,  pag.  i97 
a  224. 

Ex  epistola  P.  Francisci  Vierae,  18  febr.  scripta.  Anno  1558,  pag.  225. 

Ex  epistola  P.  Antonii  Quadri,  Praep.  Provinc.  Indiae  ad  fratres  Conimbri- 
censes scripta  mense  novembris  Anno  1559,  pag.  225  a  226. 

Ex  literis  P.  Balthazaris  Diarii  ad  Provincialem  Indiae  3  Decembris  anno 
1559,  pag.  227. 

Ex  epistola  Liidovici  Froysii.  Goae,  6  Mus  Decemb.  scripta  1560,  pag.  227 
a  230. 

Ex  epistola  Casparis  Villelae,  Soe.  Jesu  Sacerdotis,  Meaco  missa  ad  siios 
fratres  17  Aug.  1561,  pag.  230  a  262. 

O  volume  termina  por  um  Cármen  ad  lectoreni,  pag.  262  a  263. 

Epistolae  íaponicae  de  multorum  gentiliuni  ad  Ghristi  fidem  conversione,  per 
Societatis  lesu  Theologos.  Pars  altera.  Lovanii,  apud  Rutgerum  "Velpium,  Sub 
Castro  Angélico,  cnm  privilegio  Reg.  1569. 

Epistola  R.  P.  Cosmae  Torres,  ad  R.  P.  Anthonium  Quadrum  Praep.  Soe. 
lesu  provinda  Indiae  (BongiJ,  8  octob.  anno  1561,  pag.  21a  33. 

Ex  epistola  loannis  Fernandes  Bongo  in  laponia,  ad  Fratres  Goenses  scripta 
8  octob.  1561,  pag.  33  a  70. 

Ex  epistola  Lavrentii  ad  Provincialem  Indiae,  et  alios  Societatis  Fratres. 
Meaci,  2  Jan.  1561,  pag.  71  a  85. 

Ex  literis  Aloysii  Almeidae  ex  laponia  (BongiJ,  1  octob.  1561,  pag.* 85  a  123. 

Ex  epistola  Melchioris  Nunesii  ad  fratres  suos  in  Europa,  21  Decembris 
1561  (Coccini),  pag.  123  a  124. 

Ex  litteris  R.  P.  Ludovici  Froisii,  ad  fratres  suos  in  Christo,  5  Nonas  Octo- 
bris  scriptis,  1564  (Firandi),  pag.  124  a  158. 

Ex  literis  Petri  Mascarenes,  Ternate,  idibus  novembris  scriptis  anno  1564, 
pag.  158  a  167. 

Ex  epistola  P.  Petri  Mascarenes  a  Moluccis  missa,  pag.  167  a  173. 

Ex  alia  epistola  P.  Mascarenae,  pag.  173  a  176. 

Ex  epistola  P.  Emanuelis  Nobregae  ad  suum  Praep.  Generalem  Soe.  lesu,  et 
suos  fratres  in  Europa  agentes,  ex  urbe  Salvatoris,  anno  1552,  pag.  177  a  186. 

Epistolae  Indicae  et  íaponicae  de  multarum  gentium  ad  Christi  fidem,  per 
Societatem  lesu  conversione.  Item  de  Tartarorum  potentia,  moribus,  et  totius  pene 
Asiae  religione.  Tertia  editio  cum  índice  castigatior  et  auctiori.  Lovanii,  apud 
Rutgerum  Velpium,  Sub  Castro  Angélico.  Cum  privilegio  Régio  ad  4  annos  sub 
sig.  I  de  Witte,  1570,  8.-  peq. 

Epistola  dedicatória  ao  cardeal  Olhou  Truchses  e  prefacio  como  na  edição  de 
1566. 

As  seis  primeiras  carias  estão  incluidas  n'esta  epistola,  e  são  as  mesmas  das 
edições  de  1566  e  1570,  mas  a  paginação  é  diílerente;  na  ultima  edição  o  typo  é 
mais  miúdo. 

Ex  litteris  P.  Antonii  Quadri  ad  P.  Magistrum  Mironem  1556.  Goae,  8  de- 
zembro 1555,  pag.  105  a  126. 


8  NA 

Excerpta  ex  litteris  P.  Michaelis  Barulij  Goae  scriptis  ad  eos  qui  sunt  de  So- 
cietate  nominis  Jesu  in  Lusitânia,  Goae,  1555,  pag.  127  a  129. 

Capita  quaedam  selecta  ex  litteris  Arii  Bandonii,  datis  ad  Collegiales  Soe» 
lesu  Conimbricenses,  X  Cal.  Jan  1554,  pag.  129  a  134. 

Ex  epistola  P.  Antonii  Quadri,  Anno  1559  missa,  ex  D.  Patdi  Collegio  Xlll 
Cal.  Dec.  1559,  pag.  135  a  182. 

Ex  epistola  Ludovici  Frois.  Goae,  1  dez  1560,  pag.  182  a  194. 

Ex  epistola  Ludovici  Frois,  ad  Fratres  suos  in  Europa  agentes.  Goae,  VI  Id. 
Dec.  1560,  pag.  195  a  215. 

Ex  epistola  P.  Emmanuelis  Terceirae  ad  Fratres  Societatis  Jesu.  Goae,  8  Cal. 
Jan.  1560,  pag.  216  a  223. 

Ex  alia  Ludovici  Frois,  ad  Fratres  in  Europa  agentes.  Goae,  Id.  Dec.  1560, 
pag.  223  a  272. 

Ex  epistola  P.  Henrici  Henriquez  ad  Rev.  Patrem  Praep.  Generalem,  &c.  Ex 
Manara  Insula  6  Idus  lanuarii  1561,  pag  272  a  275. 

Ex  epistola  P.  Joannis  Meschitae  ex  vinculis  ad  P.  Henricum  in  Commorino 
scripta,  29  Aug.  1560,  pag.  276. 

Ex  altera  ejusdem  epistola  ex  hoc  mari  lafanapatano  XVII  Cal.  Oclob.  1560, 
pag.  277. 

Jo.  Meschita  ad  FF.  Collegii  Conimbricensis  Soe.  lesu.  Coccini,  Vil  Cal.  Feb. 
1561,  pag.  277  a  289. 

Admodum  R.  in  X.to  D"  Florentino  Bouchortio  Soe.  lesu. 

Estfi  carta,  a  qual  narra  o  marlyrio  de  alguns  inglezes  mortos  no  seio  da 
pátria,  é  datada  de  Lovanii,  Cal.  Oclob.  1565,  e  assignada  Jacobus  Namarchus 
Ondischotanus,  pag.  290  a  298. 

fi.  P.  Ignatio  Praep.  Gener.  Soe.  Jesu.  É  assignada  por  João  da  Beira,  Co- 
chim,  6  dos  idos  de  fevereiro  1553.  De  pag.  299  a  305. 

Ex  litteris  Petri  Mascar  enes.  Ternatae.  Idibus  Nov.  scriptis  1564,  pag.  305 
a  311. 

Ex  epistola  Petri  Mascarenas  a  Moluccis  missa.  Sem  data.  Pag.  311  a  314. 

Ex  epistola  Petri  Mascarenae.  Sem  data,  pag.  314  (numerada  74)  a  316  (nu- 
merada 314). 

Epistolae  laponicae,  de  multorum  in  variis  Insulis  Gentilium  ad  Christi  fidem 
conversione,  Illustrissimo  Principi  Domino  D.  Gidiel.  Bavariae  Duci  dicatae.  Ac- 
cessit  demum  rerum  ac  verborum  Index  locupletissimus.  Lovanii,  apud  Ruiegerum 
Velpium  sub  Castro  Angélico.  Cum  privilegio  Régio.  1570,  in-8.° 

Excerpta  quaedam  ex  epistola  R.  P.  Francisci  Xavier,  Praep.  Provincialis 
bidiae,  ad  Praepositum  Generalem.  An.  1549.  Coccinii  19  Kal.  Feb.,  pag.  3  a  5. 

Descriptio  rituum  et  morum  Japonicae,  pag.  6  a  20.  Uma  nota  marginal 
attribue  esta  descripção  a  Paulo  Sanfidio,  japonez  baptisado  por  S.  Francisco 
Xavier. 

Epistola,  pag.  20  a  36.  Esta  carta  é  datada:  Congaxima,  5  de  novembro  de 
1549,  e  assignada  por  Francisco  Xavier. 

Exemplum  literarum  R.  P.  Francisci  Xavieri  ad  eos  qui  de  eadem  sunt  So- 
cietate  in  Europa.  Anno  1552,  ex  Coccino,  29  Jan.  1552,  pag.  37  a  62. 

Ex  duabus  R.  P.  Francisci  Xavierii  ad  R.  P.  Ignatium  Praep.  Generalem 
ejusdem  argomenti  epistolis  anui  1552,  pag.  62  a  67. 


NA  9 

Ex  epistola  Petri  Dalcenae  Soe.  lesu  e  Japonia  ad  fratres  Conimbricenses 
missa  anno  1554,  pag.  68  a  86. 

Rev.  P.  Ignatio  a  Loyola  Gener.  Soe.  lesu  Melehior  Nunesius,  1554,  H6  a  103. 

Eduardtis  Sylvius  Soe.  lesu  fratribus  in  índia  ogentibus,  4  Idus  Sept.  1555, 
pag.  103  a  109.  Alia  quaedum  desumpta  ex  epistola  P.  Cosmae  Torres,  mensis 
Aug.  1555,  pag.  108  a  109.  Et  alia  Eduardi  Sylvii,  Bongi  10  Sept.  scripta  anno 
1555y  pag.  109  a  \f{. 

P.  Balthazarus  Gagus  P.  Ignatio  Soe.  Jesu  Praep.  Gen.  23  Sept.  an.  1555, 
pag.  121  a  126. 

Litterae  Melehioris  Nunesii  Prov.  Soe.  Jesu  in  Índia,  ex  Chinensi  portu  Ma- 
chiian  ad  suos  in  Christo  fratres  in  índia  agentes,  Novemb.  23  anno  1555,  pag. 
127  a  14i. 

Ex  litteris  Ludovici  Froisii  Malaecae  scriptis  ad  fratres  suos,  Goae  agentes, 
7  Januarii  anno  1556,  pag.  145  a  153.  Rex  Firandii  Rev.  Patri  M.  Melchiori, 
pag.  154. 

Ex  epistola  Melehioris  Nunesii  Coeeini  8  Jan.  anno  1558,  pag.  154  a  171. 

Ex  epistola  P.  Anthonii  Quadri  ad  fratres  Conimbrieenses  Anno  1559,  pag. 
172.  Ex  litteris  P.  Balthazaris  Diarii  ad  Provincialem  Indiae  3  Dec.  1559, 
pag.  173. 

Ex  epistola  Ludovici  Froisii,  6  Idus  Deeemh.  scripta  anno  1560,  pag.  173 
a  174. 

Exemphim  litterarum  P.  Gasparis  Villela  ex  Japonia,  Bongi  Cal.  Sept. 
1559,  pag.  175  a  179. 

Exemplum  epistolae  P.  Balthazaris  Gagi,  ex  Japonia  anno  1559,  Bongi 
KaL  Nov.,  pag.  179  a  194. 

Epistola  R.  P.  Cosmae  Torres  ad  Antonium  Quadrum  Praep.  Soe.  lesu  Pro- 
vinciae  Indiae,  Bongi  8  Octob.  Anno  1561,  pag.  195  a  207.  Á  frente  (l'esla  carta 
lemos :  Epistolae  Japonicae  Rev.  D.  Domino  Gerardo  ab  Hamericourt  Episc.  Au- 
domnrensi  et  Abbati  S.  Bertini dicatae.  Estas  palavras  indicain-nos  que  a  segunda 
parte  da  edição  de  1569  vae  ser  eni  grande  parte  reproduzida,  e  por  isso  nos 
contentaremos  com  citar  as  palavras  das  cartas  e  a  paginação; 

Ex  epistola  íoannis,  &c.,  pag.  207  a  229. 

Ex  epistola  Laurentii,  &c.,  pag.  230  a  238. 

Ex  litteris  Aloysii  Almeidae,  &c.,  pag.  138  a  260. 

Ex  epistola  Melehioris,  &e.,  pag.  261. 

Ex  epistola  Gaspari  Villelae,  Meaco  missa,  Saquariae,  17  Augusti,  pag.  262 
a  280. 

Ex  litteris  R.  P.  Ludovici  Froisii.  Anni  1564.  Firandi,  III  Non.  Oct.,  pag. 
280  a  296.  E  a  mesma  carta  que  na  edição  de  1569. 

Fx  epistola  P.  Manuelis  Nobregae  ad  suum  Praep.  Gen.  Soe.  Jesu  ad  suos 
fratres  in  Europa  agentes.  Anno  1552.  (E.r  urbe  Salvotoris),  pag.  396  a  401. 


IXWAUKKTE  (D.  MAirJíIV  FEUIVAIVDEZ  DE ).— Ministro  ju- 
bilado dei  supremo  consejo  de  aimiiantazgo. 

Dissertaeion  histórica  sobre  la  parte  que  tuvieron  los  espafioles  en  las  guerras 
de  ultramar  ó  de  las  cruzadas,  y  como  influyeron  estas  expediciones  desde  el  siglo 
XI  hasta  el  xv,  en  la  extension  dei  comercio  marítimo  y  en  los  progresos  dei  arte 


10  NA 

de  navcfjar.   Leida  cn  la  Real  Academia  de  la  Historia  por  su  individuo  de  nu- 
mero   . 

No  vol.  V  das  Memorias  da  academia  real  de  historia  de  Madrid  trata  tam- 
bém (los  cruzados  portuguezes  e  cita  os  nossos  auctores. 

NAVARRO  (D.  JOAQUI3I  J ). 

Apuntes  sobre  el  estado  de  la  costa  occidental  de  Africa  y  prmcipalmnite  de 

las  possessiones  espaíiolas  en  el  golpho  de  Giiinéa,  por .  Madrid,  1859, 

Esta  obra  trata  também  das  nossas  ilhas  de  S.  Thomé  e  Principe. 

NAVERY  (UAOUL  DE  ). OÍEcier  d'academie. 

Les  voyages  de  Camoèns,  par .  Paris,  A.  Hennuyer,  1880,  8.",  vi-;36i  pag. 

«Ao  escrever  este  livro,  não  teve  o  auctor  em  vista  mais  do  que  popularisar 
um  dos  maiores  vultos  de  que  as  letras  se  ufanam,  e  de  collocar  n'um  verdadeiro 
quadro  as  scenas  da  vida  tormentosa  do  Luiz  de  Camões.  Se  os  Lusíadas  não 
são  muito  conhecidos  na  França,  a  existência  do  poeta  que  os  escreveu  ainda  o 
é  menos. 

«Ao  darmos  n'este  volume  um  grande  logar  ás  viagens  de  Camões,  esboçá- 
mos a  historia  da  descoberta  das  índias,  poema  escripto  com  a  espada  pelo  Gama 
e  pelo  Albuquerque  anles  de  Luiz  de  Camões  ter  composto  os  Lusiadas.  A  im- 
portância que  tomam  hoje  todas  as  questões  que  se  ligam  á  historia  do  nosso 
globo,  poderá  ajuntar-se  ao  interesse  d'esta  parte  do  livro.  Finalmente,  na  ultima, 
graças  à  documentos  novos,  foi-nos  possível  restabelecer  com  toda  a  sua  verdade 
certos  factos  relativos  aos  últimos  annos  do  poeta.  Teria  este  estudo  ficado  in- 
completo, se  não  houvéssemos  colhido  das  obras  soltas  de  Luiz  de  Camões,  suas 
canções,  elegias  e  sonetos,  as  passagens  nas  quaes  elle  patenteia  seus  mais  recôn- 
ditos pensamentos.  Era  mister  mostrar  ao  leitor,  quanto  possível,  Camões  pin- 
tado por  elle  mesmo.  Pedinios,  por  isso,  a  Mr.  Ferdinand  Denis,  esse  viajante 
infatigável,  esse  sábio,  cuja  erudição  só  é  igualada  pela  sua  benevolência,  a  au- 
ctorisação  para  extrahirmos  da  sua  traducção  diversas  poesias  do  illustre  portu- 
guez.  Testemunhãmos-lhe  aqui  nosso  vivo  reconhecimento  por  ter  tido  a  bondade 
de  nos  ajudar  com  suas  luzes  e  seus  conselhos. 

«Possa  este  livro,  tributo  de  homenagem  prestado  á  memoria  do  maior 
poeta  de  Portugal,  ajudar  a  propagar  pela  França  o  nome  e  as  obras  de  Luiz  de 
Camões. 

* 
#     # 

«A  universidade  de  Coimbra  occupava  então  um  logar  tão  dislincto  no  meio 
das  mais  doutas  escolas,  que  o  erudito  Clenardo  aííirmava  nas  suas  cartas:  que 
n'ella  se  explicava  Homero  como  o  teriam  explicado  em  Athenas.  Alem  d'isto, 
contava  ella  então  em  o  numero  de  seus  professores,^a  AfTonso^^ Prado,  que  veiu 
a  ser  um  dos  mais  celebres  reitores  d'ella ;  Francisco  Manzon,  o  hábil  doutor  de 
Alcalá;  mestre  Pires  João  Pedrezza,  da  ordem  dos  pregadores,  do  qual  seus 
contemporâneos  faliam  coni^admiração.^O  licenciado  Francisco  Coelho  n'eila  en- 
sinava o  direito  canónico.  Alguns  annos  depois  de  ter  dado  todo  o  esplendor  á 
univorsidade  de  Coimbra,  D.  João  III  estabelecia  sessenta  e  quatro  bolsas  no 
collegio  de  Santa  Barbara,  em  Paris,  para  os  mancebos  portuguezes  que  desejas- 


V^     se 


NA  » 


sem  n'esta  cidade  continuar  ou  terminar  seus  estudos;  ao  mesmo  tempo,  Diogo 
de  Teive,  que  tivera  a  iionra  de  ser  reitor  da  universidade  de  Paris,  voltava  para 
Coimbra  com  o  fim  de  n'e]la  continuar  seu  ensino,  o  qual  tinha  de  dotar  a  pe- 
ninsula  com  tantos  homens  de  merecimento;  então,  todos  os  talentos  se  forma- 
vam e  desenvolviam  em  Coimbra.  Entre  os  poetas  e  os  sábios  aventureiros  que 
mais  tarde  visitaram  as  costas  de  Africa,  e  desembarcaram  na  Tndia  para  n'esla 
região  procurar  impressões  e  inspirações  novas,  não  ha  um  só  que  recebesse  em 
outra  parte  o  ensino,  a  não  ser  em  Coimbra,  do  humanista  Diogo  de  Gouveia, 
antigo  reitor  da  universidade  de  Paris;  de  Pedro  Nunes,  o  mais  hábil  cosmogra- 
pho  e  o  maior  mathematico  de  seu  tempo;  de  Vicente  Fabrício,  professor  de 
grego,  de  quem  se  honrava  a  Allemanha,  e  de  quem  Glenardo  (Klenartz)  falia 
em  termos  cheios  de  enthusiasmo;  finalmente  de  Brisset,  o  professor  mais  velho 
da  universidade  de  Paris,  que  tentava  encaminhar  em  Portugal  a  sciencia  da 
medicina  para  os  princípios  de  Hippocrates,  e  livral-a  do  ensino  exclusivo  da 
sciencia  árabe.» 

NAXERA  (MANUEL  DF: ). —  De  la  compafiia  de  Jesus,  predicador 

de  Su  Majestad,  catedrático  de  escritura  de  la  compania  de  Jesus  en  la  univer- 
sidad  de  Al  cala. 

Sermon  en  las  sumptuosas  exéquias  que  celebro  el  muy  religioso  convento  de 
las  carmelitas  recoletas  de  Madrid,  en  14  de  febrero  de  1660.  A  sua  fundadora 
la  Sefiora  Baronesa  D.  Beatriz  de  Sylveiraj  Seilora  de  las  villas  de  Sylveira, 
Cuevas  de  Canatazor,  y  de  Valde  Colmenas,  &c.,  Predicole  el  Recerendisimo  P. 

i|/. .  Ordenado  por  el  Reverendisimo  P.  M-  Fr.  Diego  Ramires,  de  la  Orden 

de  Santo  Domingo,  Calificador  dei  Consejo  supremo  de  la  Santa  Inquisicion;  Prior 
Que  ha  sido  de  los  Conventos  de  Nuestra  Seilora  de  Atocha,  y  de  S.  Thomas  de 
Madrid;  Definidor  de  la  Provinda  de  Espoiía,  Visitador  y  Vicário  General  de 
los  Reynos  de  Aragon,  Confesor  y  Testamentero  de  la  dicha  Senora,  con  un  Epi- 
toinedesu  Testamento.  Em  Lisboa.  Com  todas  as  licenças  necessárias.  Na  officina 
de  Domingos  Carneiro,  anno  de  1661,  4." 

O  testamento  tem  10  pag.  e  a  oração  fúnebre  2Í2. 

"Foi  a  senhora  baroneza  D.  Beatriz  da  Silveira,  natural  de  Lisboa,  casada 
com  o  sr.  barão  D.  Jorge  da  Paz  da  Silveira,  cavalleiro  da  ordem  de  S.  Thiago, 
commendador  de  S.  Quintino  de  Monte  Agraço,  senhor  das  villas  de  Silveira, 
Cuevas  de  Cafiatazor,  etc,  o  qual  falleceu  em  30  de  dezembro  de  1647.» 

Sermon  de  la  Dominica  de  la  Quinquagesima  en  festividad  dei  Santissimo 
Sacramento  y  quarenta  horas.  Lisboa,  por  Paulo  Craesbeck,  647,  4.",  65  folhas. 

Ha  vários  outros  sermões  (feste  mesmo  auctor,  também  em  iiespanhol,  e 
estampados  na  mesma  typographia. 

IV E ALE  (ADAM ). 

Letters  from  Portugal  and  Spain ;  containing  an  account  of  lhe  operations  of 
the  armies  under  their  E.rcellencies  Sir  Arthur  Wellesley  and  Sir  John  Moore, 
jrom  the  landing  of  the  troops  in  Maundego  by  to  the  battle  at  Corunna.  Illustra- 
ted  with  engravings  by  Healh,  Tittles,  Warrcn,  &c.  London,  1809,  4.",  1  vol. 
XVI  348-116  pag.  Com  um  mappa  e  estampas. 

NED  CLINTOX^  or  the  Commissary.  Comprising  adventures  and  events 
during  the  Peninsidar  War.  London,  182o.  3  vol. 


12  NE 

IVÉE  DE  LA  ROCHELLE  (J.  FR.). 

Recherches  historiqiies^  et  critiques  sur  Vétablissement  de  Vart  typogrophiqxie 
en  Espagne  et  en  Portugal,  pendant  le  xv  siècle.  Bourges,  1830,  in-8.° 

NEGOCIO  de  las  cuentas  de  D.  António  de  Ramon  y  Carhonel  con  el  go- 
bierno  de  S.  M.  F.  Lisboa,  typ.  de  Lallemant,  &c.,  1858.  55  pag. 

iXELLA  solenne  Professione  nel  venerabile  Monasterio  di  Santa  Margarita 
in  Trastevere  di  Roma  deW  Ordine  di  S.  Francesco  delia  Signora  suor  Maria 
Rosa  Geltrude  de  Sousa.  Sonetto  dedicato  alV  Illustrissimo  &  Eccellentissimo  Si- 
gnor  Don  Rodrigo  Annes  de  Saa  Almeida  (sic)  e  Menezes,  Marchese  di  Fontes,  éc. 
In  Roma.  Nella  slamperia  delia  Reverenda  Camera  Apostólica,  1716,  foi. 

IVEMNICU  (PHILIPl»  AN    RE  AS  ).— J.  U.  L. 

Portugisisches  Waaren  —  Lexicon  in  drey  Abtheihmgen. 

Portugisisch,  Deutsch  und  Englisch. 

Englisch  und  Portugisisch. 

Deutsch  und  Portugisisch. 

Von .  Hambourg,  1817.  Gedruckt  in  der  Bõrsen-Halle  bei  Conrad  Miiller. 

4."*  gr.,  muito  largo.  342  pag. 

Esta  obra  foi  pelo  seu  auclor  submeltida  .1  approvação  do  P.  G.  de  Massa- 
rellos,  o  qual  diz  em  carta  datada  de  Hamburgo  em  janeiro  de  1817: 

«Tenho  a  honra  de  devolver-lhe  o  manuscripto  do  Diccionario  das  Mercan- 
cias—  porlugucz-inglez-allemão,  que  V.  M.  me  communicou  para  eu  revisar, 
emendar  e  amplifical-o.  Ainda  que  pela  minha  longa  ausência  da  pátria  me  sen- 
tisse já  pouco  apto  para  tal  empreza,  comtudo  fiz  o  que  pude  para  desempenhar 
o  seu  honroso  conceito . . . 

"Sem  lisonja  lhe  declaro  agora  que  o  resultado  passou  muito  a  minha  espe- 
ctativa,  pois  a  riqueza  e  perspicuidade  que  n'este  diccionario  original  e  único  no 
seu  género  achei  em  todos  os  artigos  da  minha  competência,  bem  pouco  rumo 
me  deixaram  para  emendas  ou  addições.» 

\EOMEMA  Tuba  máxima  clangens  sicut  olim  clanxerunt  unisonae  prima 
ft  secunda  Tuba  magna  Lusitânia  buccinante  ad  Principes  universos.  Itálico  dia- 
lecto translato  Romae,  hispânica  phrasi  transcripta  Matriti.  Gallico  stilo  exarata 
Parisiis.  Typis  mandata  Ulissis-Augustae,  1759.  4."  de  xvin-l)3  pag. 

\ Eli VI  (ANTOMO ). 

/  ÍAisiadi  di  Luigi  Camoens.  Traduzione  di .  Seconda  edizione  illustrata 

con  note  di  D.  li.  Si  aggiungono  le  notizie  biografichc  deli'  Autore.  Varii  Cenni  e 
Giudizio  intorno  ai  poema  e  gli  argomenti  de  Canti.  Milano.  Dalla  Socielà  Typo- 
graph.  Dei  Classici  Italiani.  1821.  8."  gr.  l.«,  xxxvii-271  pag.;  2.°,  segue  de 
273  a  517  pag.  Óptimo  papei,  e  estampas  de  Gallo  Gallina. 

O  1."  volume  contém: 

1."  Avvertimento  degli  editori ; 

2."  Compendio  delta  vila  di  Luigi  Camoens,  scritto  dalla  Signora  baroneza 
di  Stael; 

3."  Giunta  dei  Signor  Villenave  ai  Compendio  delia  vita  dei  Camoens; 


NE  *3 

4."  Cenni  dei  Sig.  Sismondo  de'  Sismondi  sopra  una  miova  edizione  de'  Lu- 
siadi  e  sopra  esso  Poema ; 

5.°  Giudizio  de  Giovanni  Andreas  sopra  1  Liisiadi  di  Camoens ; 
6."  Prefazione  dei  Traduttore ; 
7.0  Soggetto  storico  dei  Poema. 

]\ETO  (D.). 

Noticias  recônditas  y  posthumas  dei  proceding  de  las  Inquisiciones  de  Espana 
y  Portugal.  2  vol.  Villa  Franca,  1722. 

INETSCttER  (P.  M.). 

Les  hollandais  au  Brésil.  Un  mot  de  replique  à  M.  Varnhagen.  La  Haye, 
1873.  8.^  gr.,  19  pag. 

NEUBALER  (M.). 

Notes  sur  des  manuscrits  héhreux  existant  dans  quelques  Bihliothèques  de 
VEspagne  et  du  Portugal.  1868. 

Vem  no  vol.  v  da  obra:  Arrhives  des  Missions  scientifiques  et  littéraires. 
Paris,  1868.  Começa  a  pag.  423. 

Diz  que  em  Lisboa  encontrou  sómeole  dois  manuscriplos  liebraicos:  um  é 
uma  Bíblia  escripla  em  5060  (1300  de  J.  C),  contendo  no  fim  o  Scpher  han 
Nikkoiid,  de  H.  D.  Kamhi.  E  o  outro  uma  parte  das  lamentações  que  se  recitam 
nas  synagogas  a  9  do  Ab.  Algumas  d'estas  lamentações  têem  sido  desconhecidas 
até  hoje,  principalmente  a  que  trata  da  expulsão  dos  judeus  da  Ilespanha. 

Este  relatório  é  deficientissimo. 

\EUGEBAUER  (JOSEPIl ).— Jesuíta,  da  província  de  Áustria. 

Suas  carias  escriptas  acerca  das  missões,  foram  impressas  no  Weltbott  do 
P.  Slõklein: 

Erster  Brief  F.  Josephi  Neugebauer,  eines  zeUlichen  Mithelfers,  aus  der  Gesell- 
schafft  Jesu,  Ocsterreiclmchen  Provinz,  an  F.  Ignatium  HeindI,  derselhen  Gesell- 
schafft  und  Provinz  Religiosen  geschrieben  zu  Lissabon,  dem  26  April  1737,  pag.  9 
a  12. 

Ziceyter  Brief  Fratris  Jofephi  Neugebauer,  Soe.  Jcsu  aus  der  Oesterreichi- 
schen  Provinz  íind  Gesellschoffl  Geisllichen,  geschrieben  in  der  Ilalblnsid  Sahete, 
ndchst  Goa,  in  Ost-Indien,  dcm  20  Jennef  1738,  pag.  12. 

Drities  Brieflein  F.  Josephi  Neugebauer,  Soe.  Jesu,  an  gemeldeten  F.  Ignatium 
Heindl,  Soe.  Jesu,  geschrieben  zu  Goa,  dem  30  April  1738,  pag.  26. 

Vierter  Brief  F.  Josephi  Neugebauer,  S.  J.  an  F.  Ignatium  HeÍ7idl,  derselben 
Gesellschafft,  geschrieben  zu  Macao  in  China  in  21  November  1739,  pag.  27. 

Zehentes  Brieflein  F.  P.  Josephi  Neugebauer,  Soe.  Jesu  Missionarii  aus  der 
Oesterreichischen  Provinz,  an  F.  Ignatium  Heindl,  derselben  Gesellschafft  und  Pro- 
vinz Religiosen,  geschrieben  zu  Macao,  dem  20  Christmonats.  1750,  pag.  108. 

Eilfter  Brief  R.  P.  Josephi  Neugebauer,  Missionarii  Soe.  Jesu,  an  F.  Igna- 
tium Heindl,  derselhen  Gesellschafft,  geschrieben  zu  Macao,  in  China  dem  29 
Christmonats  1750,  pag.  110  a  124. 

Zôlftes  Brieflein  R.  P.  Josephi  Neugebauer,  der  Gessellschaffl  Jesu  in  Cochin- 
china,  an  F.  Ignatium  Heindl,  derselben  Gesellschafft,  geschrieben  zu  Macao,  dem 
3  November  1752,  pag.  144  a  145. 


i4  NE 

\EU]tf  A\N  (JAMES  L ). 

The  ivine  and  its  fruit,  embracing  an  historical  and  deseriptive  account  ofthe 
gi'appe,  its  cuUure  and  treatement  in  ali  countries  ancient  and  modem.  London, 
18o4,  8.°,  1  vol.  xii-388  pag. 

j\EUVAIi\E  à  S.  François  Xavier ^  Ajmtre  des  Indes  et  du  Japon,  contenont 
Vahrégé  de  sa  vie,  Vorigine  de  la  Neuvaine.  Des  réflexions  sur  les  vertus  du  Saint 
et  son  éloge.  Par  un  Père  de  la  Compagnie  de  Jesus.  A  Lyon.  (^hez  Jacques  J^ons. 
1710». 

NEUVILLE  (MR.  JACQUES  DE  QUIEIV ). 

Na  Gazeta  de  Lisboa,  de  1716,  a  pag.  48,  diz: 

«Também  fez  mercê  do  habito  da  ordem  de  Christo,  com  300iêOOO  réis  de 
renda  eíYecliva,  ao  cavalheiro  Le  Quien  de  la  Neufviile,  francez,  académico  real 
das  inscjipções  e  medalhas,  em  gratificação  de  haver  escripto  no  seu  idioma  a 
Historia  de  Portugal  » 

NEUVIIED  (Pi;i.\CE  WIED  DE  ). 

Voyage  au  Brésil  dans  les  années  Í815j  1816  et  1817. 

NEVELTES  Bemalde  von  Lissabon.  Leipzig,  bey  Karl  Wilhelm  Kiichler 
1799.  4.",  504  pag. 

NEW  ENGLISH  and  portiiguese  Spelling  Book.  London,  1747. 

NEW  MILITAR Y  map  of  Spain  and  Portugal.  Published  by  J.  Stockdale. 
London,  1811 

Carte  colorée,  en  2  feuilles  l'",63  X  0'",213. 

NEW  PASKAilUT  van  V  ophomen  der  Straat  Gibraltar  tussen  de  kusten 
van  Algarve j  Andalusiaj  Barbaria  en  Marrocco,  dcc.  Carte  de  navigation.  Amster- 
dam.  0"',57  x  O^SO. 

NEW  (A)  POUTDGUESE  GRAMMAR.  London,  1768. 

5.«  edição.  Lishon,  1812. 

10.»  edição.  Londres,  1827. 

NEW  YORK  HERALD. 

Em  o  numero  de  26  de  abril  de  1880  publica  um  artigo  sobre  a  traducção 
ingleza  dos  Lusíadas,  de  DuíT,  com  extraordinários  elogios  a  Camões. 

NEWE  UMREKANTIII'^  landte  und  in  newe  weldte  in  kurtz  verganger 
zeylhe  erfunden.  Níireinbergk,  George  Sliichss,  20  setembris  1508,  in-fol. 

Livro  dos  mais  raros;  alem  da  viagem  dos  portuguezes  em  volla  da  Africa 
e  nas  índias,  e  das  relações  das  viagens  de  Colombo  e  de  Vespucci,  contém  uma 


AugastiD  el  Alois  de  Uacker,  Dilliolhèque  des  icrivains  de  la  compagnie  ae  Jé$us,  vol.  vii,  pag.  203. 


NO  *s 

caria  do  Rei  D.  Manuel.de  Portugal  ao  Papa  Júlio  II,  datada  de  12  de  junho  de 
1508,  na  qual  relata  as  novas  descobertas  dos  portuguezes.  Foi  vendido  por  210 
francos  no  leilão  Asher,  em  1865  ^ 

NEWELANDES  (OF  TOE)  and  of  lhe  people  \  founde  hy  the  messengers 
of  the  kyn  ge  |  ofportygale  named  Emanuel.  \  Of  the  |  dyvi  rs  vacyovs  cristened.  Oj  pope 
John  and  his  landes  and  of  the  costely  keyes  and  wonders  melo  |  dyes  that  in  that 
lande  is.  |  Emprented  hy  me  John  of  Desborove,  s.  l.  n.  d.,  in-4,  gotli.  de  24  ÍT,  in- 
numeradas,  e  30  linhas  na  pag.  inteira. 

É  o  primeiro  livro  inglez  que  contém  uma  noticia  a  respeito  da  America 
(chamada  aqui  Armenka,  assim  como  Lisboa  é  baptisada  LassaboeneJ.  É  uma 
obra  infinitamente  preciosa,  a  qual  foi  paga  por  vinte  e  cinco  libras  e  dez  schillings 
no  leilão  Caldecotl.  Mr.  Harrisse,  segundo  o  que  assevera  Herberl  e  Dibdin,  diz 
que  o  nome  do  Rei  de  Portugal,  Manuel,  fallecido  em  13  de  dezembro  de  1521, 
e  os  insultos  dirigidos  a  Luthero,  que  foi  queimado  em  effigie  no  anno  de  1522, 
podem  servir  de  base  para  marcar  a  data  da  impressão. 

Emquanto  ao  typographo  John  of  Doesborough  ou  antes  Jan  vau  Doesborhj 
exercia  pelo  menos  sua  profissão  em  Anvers  até  15252. 

IVICOLAUS  VISSCOEU. 

Hispânia  et  Portiigalliae  regna^  per .  1680. 

Niemve  ende  perfecte  Caerte  van  het  Coningryck  ende  Portugal  end  Algarve. 

MCERON  (PÈUE ). 

Mémoires  pour  servir  à  Vhistoire  des  hommes  illustres,  par  le .  Paris, 

1737. 

Traz  uma  biographia  de  Camões  traduzida  de  apontamentos  dados  pelo 
conde  da  Ericeira. 

NICOLAS  (CHEVALIER  ). 

Relation  des  fétes  que  le  comte  de  Tarouca  a  donné  au  snjet  de  naissances  de 
deux  Primes  de  Portugal.  Utrecht,  1714,  in-12. 

NICOLAS  (FRAY  PABLO  DE  S.  ). 

Antiguedades  eclesiásticas  de  Espana,  en  los  cuatro  primeros  siglos  de  la 
Iglesia.  Dedicadas  ai  I^Jxcelentisimo  Seíwr  Don  Balthazar  de  Zufiiga  Guzmnn 
Sotomayor  y  Mendoza,  Duque  de  Arion,  &c.,  por .  Madrid,  1725,  foi. 

Trata  extensamente  das  discórdias  enti'e  Braga  e  Toledo,  por  causa  da  pri- 
mazia. 

NIEREMBEIIG  (JOÃO  EDSEBIO ).— Natural  de  Madrid. 

Vida  de  Santo  Ignacio  y  de  S.  Francisco  Xavier.  Madrid,  1645,  foi. 

NOBILE  (GAETANO ).— Cavaliere  de'  Reale  ordine  dei  Salvatore 

di  Grécia  e  di  S.  Michele  di  Baviera,  decorato  delle  medaglie  di  oro  dei  mérito 


'  Deschanips  et  G.  Burnel,  Snpplément  au  Manuel  da  Uhralre  de  Biirnet,  vol.  ii,  pag.  2?. 
«  Id.,  id. 


16  NO 

civile,  lii  Francesco  I  di  Napoli,  de'  benemerenti  di  prima  classe  di  Roma  e  di 
altre  simili  di  onore,  premialo  con  le  medaglie  di  mérito  nella  prima  esposizione 
italiana  di  Firenze  dei  1861,  e  nel  iniernazionale  dei  1862. 

Omagio  Hpographico.  Napoli.  Slabilimeiíto  cromo-tipographico  di  Gaetano 
Nobili,  1862,  foi.  max. 

NOBLE  (LE ).— liitendant  militaire,  chevalier  des  ordres  royaux  et 

militaires  de  Saint-Louis  et  de  la  Légion  d'Honneur. 

Mémoires  sur  les  opérations  mililaires  des  (rançais  en  Galice^  en  Portugal  et 
dans  la  vallée  du  Tage  en  1809,  sons  le  commandement  du  Marechal  Soiãt,  àtic  de 

Dalmatie,  avec  un  Atlas  militaire,  par  .  A  Paris,  chez  Barrois  Tainé,  1821. 

4.°,  360  pag. 

NOBOZENSTWO  ku  czci  S.  Francitzka  Xawera  S.  J.  Liców,  Dr.  S.  Froycy, 
1748.  Leopoli,  typ.  SS.  Trin.  Id.  sem  logar  nem  data. 

NONIUS  (L.). 

Hispânia  s.  populorum,  urbium,  insularum  ac  fluminum  in  ea  descriptio. 
Antuerpiae,  1607. 

NOÚIE  (J.  W.). 

A  new  eharte  of  the  Cape  Verde  Islands,  draivn  from  the  lotest  authorities. 
Lisbon,  1824. 

NORIS. 

Songes  de  François  Macedo  dans  son  itinéraire  de  S.  Augustin,  dissipes  avec 
facilite  par  Fidgence  Fosseus,  augustin,  professeur  en  theologie,  addressés  au  R. 
P.  Macedo. 

«Francisco  Macedo,  portuguez,  da  ordem  dos  frades  menores,  auctor  mui 
fecundo,  com  mais  de  oitenta  annos  de  idade,  publicou  um  livro  a  respeito  da 
Encarnação,  ao  qual  dá  o  epithelo  de  singular;  nome,  diz  Norris  (pois  é  este 
quem  se  occuita  sob  o  pseudonymo  de  Fosseus),  que  não  merece,  por  causa  de 
sua  doutrina  singular,  mas  por  causa  de  ser  único.  Lembrou-se  o  auctor  de  pôr 
no  fim  d*esla  obra  uma  dissertação  contra  o  monachismo  de  Santo  Agostinho,  e 
um  ilinorario  de  Santo  Agostinho.  Como  diz  que  sente  prazer  em  se  lembrar  e 
em  fallar  de  Santo  Agostinho,  e  que  tem  mesmo  gosto  de  se  lembrar  d'elle,  deu 
isto  motivo  ao  cardeal  iNorris  para  colleccionar  e  refutar,  debaixo  do  nome  de 
Sonhos,  as  falsidades  que  notou  n'este  itinerário.  Menciona  cerca  de  cincoenta  e 
uma,  que  lhe  dão  motivo  para  se  divertir  á  cus^a  do  pobre  padre  Macedo 

«Julgarão  das  outras  por  esta :  Macedo  declara  que  para  o  futuro  o  anno 
indui)ilavel  do  nascimento,  baptismo  e  morte  de  Santo  Agostinho,  ha  de  ser, 
para  o  nascimento  355,  para  o  baptismo  3H8,  e  para  a  morte  431.  Vós  sois  bem 
imperioso,  diz- lhe  Norris,  fazendo  assim  leis  sonhando,  mas  apenas  sereis  obede- 
cido pelos  sonhadores.  Vosso  anno  do  nascimento  de  "Santo  Agostinho  é  um 
sonho,  pois  nasceu  a  13  de  novembro  de  354;  o  do  baptismo  não  o  é  inferior, 
pois  foi  baplisado  a  2'i-  de  abril  de  387 ;  e  finalmente  o  da  morte  não  passa  de 
phantasia,  pois  morreu  a  28  de  setembro  do  anno  430  í. 


Joumat  det  Sçavans.  17U2,  (lag.  44. 


NO  17 

NOlllSll  (UEiVUICI ).  — S.  U. 

Cirdinalis,  Paraenesis  ad  V.  C. 

Joannem  Hardiiinum  S.  J.  P.  Opus  poslhumnm.  Accessit  ejusdem  Thraso,  seu 
miles  Mticedonicus,  Plautino  sale  perfrictuSj,  opera  Annibalis  Corradini  Veronen- 
siSj  apud  Paulum  Marret.  1709. 

«Eis-aqui  duas  obrinhas,  que  não  deixaram  de  parecer  bem  longas  ás  pessoas 
que,  nenbuiii  interesse  tornando  pelas  questões  pessoaes  dos  sábios,  lêem  tão  so- 
mente para  utilisarcm  com  as  leituras. 

«A  primeira  é  eonlra  o  padre  Hardouín,  jesuila,  e  a  segunda  contra  o  padre 
Macedo,  franciscano  portuguez. 

«Encontramos  á  frente  do  volume  dois  pequenos  prefácios,  um  do  que 
cuidou  da  edição,  e  o  outro  do  impressor.  O  primeiro  só  diz  respeito  á  Parae- 
nesis, que  foi,  segundo  dizem,  composto  por  occasião  da  apparição  de  uma  folha 
volante,  impressa  ha  vinte  annos,  sob  o  pseudonymo  de  Eumenkus  Pacatus,  e 
que  foi  por  aquelle  tempo  attribuida  ao  padre  Hardouín.  Era  a  critica  de  algumas 
passagens  do  livro  de  Epochis  Syro-Macedonum,  composto  pelo  padre  Norris. 
Este  sábio  religioso,  que  depois  morreu  cardeal,  coinpoz  então  este  escripto  para 
responder,  tanto  á  critica  de  sua  obra,  quanto  a  uma  outra  folha  volante  dirigida 
pelo  mesmo  auctor  ao  fallecido  Mr.  Vaillant,  celebre  antiquário. 

«No  seu  seguudo  prefacio,  que  diz  respeito  igualmente  ao  padre  Hardouín  e 
ao  padre  Macedo,  pretende  o  impressor  que  o  padre  Norris,  pouco  tempo  antes 
da  sua  elevação  ao  cardinalado,  havendo  composto  sua  Paraenesis,  não  julgou 
depois  que  fosse  de  sua  dignidade  tornal-a  publica,  nem  entrar  em  disputa,  sendo 
cardeal,  como  o  houvera  feito  não  sendo  mais  que  religioso  agostinho;  suppri- 
miu,  portanto,  a  obra  que  vê  hoje  a  luz  da  publicidade.  Talvez  o  azedume  e  os 
gracejos  que,  de  uma  obra  de  critica  fizeram  uma  peça  cómica  e  uma  satyra, 
contribuissem  tanto,  como  nenhuma  outra  consideração,  para  a  fazerem  suppri- 
mir.  O  escripto  contra  o  padre  Macedo,  publicado  pelo  padre  Norris  sob  um 
pseudonymo,  é  ainda  cousa  bem  diíFerente,  tanto  pela  aspereza  das  exprobações, 
como  pelo  numero  e  acerbidade  dos  gracejos. 

«O  auctor  sabia  de  cór  todos  os  ditos  picantes  de  Plauto,  e  não  se  poupava 
muito  no  tocante  ás  applicações  que  d'estes  fazia. 

«O  impressor  acrescenta  que,  entre  as  obras  do  padre  Hardouín,  que  agora 
mesmo  acabaram  dé  ser  impressas  em  Amsterdam,  não  se  encontram  as  duas 
folhas  das  quaes  se  trata  aqui. 

«O  padre  Macedo  tinha  então  oitenta  annos  e  havia  escripto  44  volumes,  53 
panegyricos,  60  discursos  latinos,  105  epitaphios,  500  elegias,  110  odes,  212  epis- 
tolas dedicatórias,  500  epistolas  familiares . . .« 

NORMANN  (II.). 

Perlen  der  Weltlileratur.  Aesthetisc-kritische  Erlãuterung  Massischer  Dichíer- 
werke  aller  Nationen.  Stuttgart,  1883. 

No  vol.  I.  Die  Lusiaden  von  Camoens.  Resume  de  1'action  avec  heaucoup  de 
citations  et  notices  biographiques  et  littéraires. 

NOTAS  (LAS)  dei  relator  con  muchas  otras  anadidas.  E  no  fim:  Esta 
obra  fué  impresa  en  Salamanca,  y  acabóse  á  xx  de  mayo.  Afio  de  mil  y  cccc  y 
xcix  anos. 


í8  NO 

Edição  não  citada.  Mendez  attribue  a  paternidade  do  opúsculo  ao  dr.  Fer- 
nando Diaz  de  Toledo,  secretario  do  Rei  de  Portugal,  D.  João  II,  e  indica  uma 
edição  anterior,  de  Valiadolid,  de  1493  ^ 

NOTE  siir  Ventrée  de  vive  force  d'une  escadre  française  dans  le  Tage,  le  14 
judiei  1831,  Paris,  1844. 

IVOTES  on  the  'pretended  riqht  of  the  Princess  of  Grand  Para  to  the  jwrtu- 
guese  throne.  London,  1830.     , 

NOTIOE  BIOGRAPUIQUE  sur  Son  Aliesse  Impériale  Dona  Marie  Amé- 
lie  de  Bragance,  Princesse  du  Brêsilj  Leipsic,  1857.  Imprinierie  de  B.  G.  Teubner. 
4.°  77  pag. 

iVOTlCE  et  juslification  du  titre  et  bonne  foy  avec  la  quelle  Von  a  étahly  la 
nouvelle  colonie  du  Sacrement  de  S.  Vincent  en  la  situation  appellée  de  S.  Gabriel, 
snr  les  hords  du  Rio  da  Prata.  Suivant  la  de  Lisbonne.  Haye,  1713. 

NOTICE  of  the  life  and  writings  of  dr.  Félix  Avellar  Brotero. 
Foi  publicada  no  Botanical  Magazine.  London.  (Septembro  e  outubro  de 
1845.) 

JVOTICE  sur  André  Alvares  d'Andrade  et  sa  description  de  la  Guinée. 
Paris,  1842. 

NOTICIA  breve  de  la  enfer^medad  de  la  Duqueza  de  Aveiro  y  Maqueda. 
Madrid,  1715,  4.'» 

.  NOTICIA  cierta  de  la  famosa  batalha  y  victoria  que  cortsegnieron  los  por- 
tugueses e  aliados  a  las  armas  dei  Rey  D.  Felipe  V  en  el  campo  de  Almanza  a  25 
de  abril  de  1707.  4.° 


NOTICIA  de  la  milagrosa  imagen  de  S.  Francisco  Javier,  que  se  venera  en 
el  real  Collegio  de  S.  Ildefonso  de  Mejico.  1802,  in-12. 

NOTICIA  de  las  funcciones  y  fiestas  con  que  se  ha  celebrado  el  desposorio  de 
la  Serenissima  Seíiora  Infanta  Dona  Carlota  Joachina,  nieta  dei  Bey,  hija  de  los 
Príncipes  Nuestros  Senores,  con  el  Serenisimo  Seíior  Infante  de  Portugal  Dou  Juan, 
hijo  de  la  Beyna  y  dei  Rey  Fidelisimos.  Para  Supplemento  de  la  Gaceta  de  Madrid, 
de  1  de  abril  de  1785. 

Existe  um  exemplar  na  bibliolheca  publica  de  Lisboa. 


'  Descliamps  et  G.  Brunei,  Suppltment  au  Manuel  du  libraire,  vol.  ii,  pag.  39. 


NO  1« 

NOTICIAS  extraordinárias  que  contienen  lo  mas  tracte  que  han  fet  los  Im- 
periais ai  germa  dei  Rei  de  Portugal  que  tenian  prés.  Barcelona,  Staiup.  de  J. 
Romeu,  1643. 

NOTICIAS  individuales  de  lo  obrado  en  cinco  dias  en  Castilla,  porias  armas 
dei  Rey,  comandadas  por  el  conde  de  la  Piiehla,  de  Portugal.  Zaragoza,  4.°,  por 
F.  R.  e  Mendoça.     • 

NOTICIiVS  recônditas  y  posthumas  dei  procedimiento  de  las  Inquisiciones  de 
Espana  y  Portugal j  con  sus  ^yresos.  Por  un  anónimo.  Villa  Franca,  1722,  4.»,  1 
vol.,  140  pag. 

NOTIZIE  intorno  agli  scritti  di  Manuel  Maria  Barbosa  du  Bocage.  Lettera 
Del  Cav.  Giovenale  Vegezzi-Ruscalla.  Al  Marchese  Dâmaso  Pareto.  Asti,  1860. 
Tipografia  de'  Fratelli  Paglieri,  47  pag. 

Dolce  è  vedere  nel  primo  tempo  estivo 
Adornarsi  il  mattin  di  vagiu  fiori, 
E  r  arena  lambendo  i  chiari  umori 
Scorrer  dei  moUe  e  lamentoso  rivo. 

Dolce  è  1'  udire  il  tenzonar  giulivo. 
D'  innamorati  aligeri  cantori 
Fra  r  ombre  fresche  ed  i  suavi  odori 
D'  opaca  selva  o  cespuglioso  olivo 

Dolce  è  veder  ne  la  stagion  di  Flora 
Stagion  d'  amore  azzurri  i  cieli  e  i  mari, 
E  r  erba  giovinetta  che  s'  infiora. 
Però  piú  dolce  è  aver,  se  a  ciò  t'  invita   ' 
11  mio  dolor,  dagli  occhi  tuoi  si  cari 
Morte  d'  amor,  che  senza  amor  tal  vita 

Te  ne  presento  un  altro  ugualmente  di  genere  erótico  nel  quale  parmi  siano 
osservate  tutle  quelle  condizioni  che  il  Tasso  nel  terzo  discorso  sull'  Arte  poética 
vuol  si  trovino  ne' sonnetli,  cioè  quella  soavità,  questa  venustà  e  quella  amenità 
di  concetli  que  fan  belli  i  lirici  componimenti:  ' 

Deh  I  vieni  a  liberar,  diletta  Armia, 
II  triste  schiavo  e  a  consolar  V  amante, 
Che  sconforlato,  e  in  lacrime  ogni  instante 
Un  pensiero,  un  sospir,  Donna,  t'  invia. 
Giorno  piu  puro  1'  occhio  tuo  mi  dia ; 
Piú  vago  fior  mi  moslri  il  tuo  semblante 
Del  fior  di  Citerea ;  fior  corruscanle, 
Che  coir  aura  d'aprile  comparia. 
Inimica  d'amor  ô  la  tardanza; 
Qui  vieni,  amica,  a  compiere  il  riscatto 
D'  uom  che  mal  freiía  Tavida  speranza. 


»»  NO 

Vien  nel  rivo  a  specchiarti,  e  dalla  sponda 
Aniirar  come,  illuse  dal  ritralto. 
L'  aure  amorose  ne  accarenzau  1'  ouda. 
E  per  ultimo  ne  reco  uno  che  discovre  in  pensieri 
Ben  altri  clie  erolici,  e  ci  riduce  alia  memoria 
Quello  dei  cigno  di  Valchiusa,  che  dice : 
•Padre  dei  Ciei  dopo  i  perduli  giorni». 
Ovvero  quello  delio  svenluralo  cantore  di  <"  ^tTr.^  ^^  • 
■  Padre  dei  Ciei,  ch'aitrâ  nabe  ii  calle». 
Picciati  de  farne  lettura: 

La  face  de'  miei  di  si  è  fatia  oseura  * 

Di  milie  affetti  fra  la  turba  ardita, 

Eppur  credelli,  oh  mia  fatal  svenlura  I 

Fosse  eterno  il  cammino  delia  mia  vita. 

Comnie  tutto  quagiu  píissa  e  uou  dura 

Or  veggo  appieno;  è  ilusiou  svanila ; 

Io  pur  dovrò  morire !  sluzí  >'alura 

1/  estrema  fossa  a  me  vícina  addita. 

Oh !  piacer'.  miei  compagni  e  miei  tiraiini, 

Quest'  anima  che  sento  illanguidire, 

Per  voi  fu  tratta  in  braccio  ai  disinganni 

Oh  Dio  I . . .  vicino  ali'  ultimo  parlire 

M'acquisli  un  punto  ciò  cb'hao  perso  gli  anni; 

Chi  viver  non  sapea  sappia  morire. 

Nel  quarto  verso  delia  prima  slrofa,  V  autore  rifieri  un  veríssimo  pensiero^ 
che  mi  ricorda  quello  dello  celeberrimo  Younç'  '  -^''-^  ""ima  delle  sue  n^"-  ^■'*'» 
egli  dice  deli'  uomo  : 

He  thinks  himself  ímmortal ; 

AU  men  thiok  ali  men  mortal  but  themselves. 

Egli  è  genlile  como  Anacreonte  allcr  che  tocca  pid  leggiere  corde ;  ed  ecco- 
(ene  pur  un  bel  saggio  nella  seguente  canzonetta  indritta  alia  rosa : 

Tu  fior  de  Venere  Quanto  ai  diurno 

Purpúrea  rosa.  Sol  fiammeg^Maiite 

Lieta,  fraganle.  Cede  la  pallida 

Pura,  odorosa ;  Luna  inconstante, 

Tu  eh'  a  ogni  fiore  Tanto  a  Marilia 

ínvidia  fai.  Rosa,  tu  cedi 

Come  Marilia  Tu  che  il  prímieio 

Grazia  non  hai.  He'  fior  ti  credi. 


lim  ser  ariporpi 


NO 


21 


1/  onnipossente 
Fervido  Amore 
Le  pose  fiamma 
Pid  vi^-a  in  core. 
Tu  vesli  acuie 
Spine  pungenli ; 
Eir  ha  soavi 
Labbra  riiienti. 


S'  inorgoglisce 
De'  fior  la  Oea, 
Flora,  tua  madre, 
Quando  li  crea. 
Pêro  Marília 
Nel  dolc«  viso 
Bellezza  accoglie 
Di  Paradiso. 


i.on  is^>oiuieniar 
Da  te  non  hanno 
L'  aure  che  mille 
Baci  te  danno 
.Marília  belia 
Sente,  respira, 
Miei  doici  canui 
Ode  e  sospira. 


Amore  dica 
Se  bella  sei 
Pià  di  Marii 

Lo  dica  Venere, 
Ch*  noi  sen  viene 
Ma  no ...  m'  inganno, 
Egli  è  il  mio  bene! 


Volgiamoci  ad  un  genere  ancor  piti  semplice  di  poesia,  quello  di  Pilpai  o 
Bidbai  neirindia. 

Qnesto  poeta,  nativo  di  Villa  Rica  (Brasile),  fu  fâcciato  da  suoi  malevoli 
d'  aver  preso  parte  in  una  cospirazione  contra  il  Governo;  fu  quindi  trasportato 
ad  Angola  nell'  Africa,  dove  mori  nei  ferri.  II  suo  aiFetto  per  Marília  fu  reailà, 
non  ctiimera.  Egli  veramente  i' amava,  e  negli  orrori  dei  cárcere  il  cjinlare  di 
Lei  e  sol  di  Lei,  fu  Túnica  e  rx>stanle  sua  occupazione.  Nel  1844  io  publicai  la 
traduzione  deirintiero  canzionière  di  questo  poela  (Torino,  stamperia  sociale). 
Cosi  oitre  il  Camões  abbiamo  in  italiano  anche  il  Gonzaga. 

n  passero  in  gabbia 


Neiia  gabbia  imprigioiiaio 
Lamentando  il  suo  destino, 
Slava  un  x-ago  passerino, 
Che  fra  sè  dicea  cosi : 

No,  non,  v'  è  nel  mondo  ai  certo 
In  angel  piíi  sfortunalo. 
Pai  mio  nascer  fui  dannato 
A  trar  vila  in  servitíi. 
E  accresce  il  mio  dolore 
I!  pensier  ch'un  di  contento 
Svolazzava  a  mio  talento 
Sn  le  piante,  in  mez^o  ai  fior. 
Maledella  mií»  imprudenza, 
Ed  il  visco  Iradilorel 
Ah  ti  venga.  o  cacciatore, 
Fulmin  tosto  a  incenerir ! 


Peccai  forse?  A  tue  semenli 
Dimmi,  ho  dato  forse  il  guasto? 
Feci  il  corvo  suole  usar? 
No;  d'agrestj  inculte  piante 
In  que  giomi  mi  nutriva, 
Epperó  nulla  rapiva 
Air  umana  società. 
Airumana . . .  No,  crudeli, 
Di  ragione  il  l)enefizio 
rx)lmi  v'  ha  d'  inganno,  vixio 
E  bruttura  il  fero  cor. 
Se  voi  siele  si  gelosi 
Delia  vostra  libertate, 
(kín  qual  dritlo  v'  usurpate 
Poi  la  noslra  liberlà? 
Ciò  che  in  voi  tesori  vale 
NuHo  avrà  per  noi  valore  ? 


Í22 


NO 


Ogni  dritto  1'  oppressore 

Deir  oppresso  scancellô 

Debolezza  sol  ne  tarpa 

O  c'  irifrena  in  gabbia  i  vanni, 

Che  il  diritto  dei  tiranni 

Sul  Ia  forza  assiso  slà. 

Ebbe  r  uom  la  primazia 

Sovra  Tordine  animale 

Pur  1*  iniquo  sen  prevale 

A  oitraggiar  la  Deita 

Ma  che  dico?  Ah  triste!  iiivanno 

Mihi  querelo  di  mia  sorte, 


Nulla  monta  in  faceia  ai  forte 
Di  giustizia  ragionar. 
Qui  r  angel  cesso  il  raceonto 
Di  sue  pene  e  di  sua  rabbia, 
Perche  presso  delia  gabbia 
Giunger  vede  il  suo  signor. 
Su  le  spalle  ha  1*  archibugio, 
E  nel  suo  carniere  ei  porta 
Selvaggina  meta  morta 
E  meta  presso  a  morir. 
Dalle  barbare  ferite. 


A  D.  Ignez  de  Castro 


Coprito  r  ara, 
Sfogliate  i  flori, 
Morite,  amori, 
Ch'Ines  mori. 

Misero  sposo 
Stemprati  in  pianto, 
Chè  il  vago  incauto 
Per  te  spari. 


L'  ebúrneo  seno, 
Tesoro  occulto, 
Da  duro  insulto 
Non  la  salvo. 

II  sol,  che  vide 
Gr  immani  oltraggi. 
Nasiosi  i  raggi,    . 
Si  spaventó 


Queir  alma  pura 
II  cielo  or  serra, 
Trista  la  terra 
Che  la  perdô ! 


Qui  canta  il  gufo, 
Qui  r  lupo  rugge, 
La  terra  muge, 
S'  oscura  il  di. 


Centro  la  cruda 
Rabbia  ferina 
Forma  divina 
Nulla  pote. 


Coprite  r  ara, 
Sfogliate  i  fiori, 
Morite,  amori 
Ch'  Inês  mori. 


NOTLEY  (EDWIIV  A,). 

A  comparative  grammar  of  the  frenchy  italian,  spanish,  and  portugíiese  lan- 
guages.  A  copious  vocabiilanj  alphabetically  arranged  is  appended.  London,  18G8, 
8."  oblongo,  xv-396  pag. 


NOUGARET  (P.  J.  B.). 

Aventures  les  plus  remarqnables  des  rnaríns,  ou  Précis  des  naufrages  et  acci- 
dents  sur  mer  les  plus  extraordinaireSj  depuis  le  xv  siècle  jusqu'á  7ios  jours.  Ou- 
vrage  utile  aux  navigateurSj  aux  naturalistes,  et  rédigé  pour  Vinstruction  et 

Vamusement  de  la  jeunesse.  Orne  de  quatre  estampes  en  laille  douce.  Par . 

A  Paris,  cliez  Tourneux,  1821,  in-8.^  viii-444  pag. 

Relativamente  a  Portugal,  traz  o  seguinte: 

Naufrníjfí  (lo  Manuel  de  Sousa,  pag.  1  a  li; 


xNO  23 

Le  vaisseaux  portiigais  Lc  Saint-Jacqiies,  monte  par  Vamiral  Fernando  Men- 
doza,  hrisé  sur  les  écueils  appellés  Baixos  de  Judia,  à  soixante  dix  lieiíx  des  cotes 
orientales  de  l' Afrique  en  1586,  pag.  32  a  39 ; 

Nanfrages  dans  la  mer  des  Indes  et  sur  les  cotes  de  Siam,  au  seizième  siècíe, 
par  Fernando  Mendes  Pinto,  pag.  45  a  55 ; 

Natifrage  Doccum  Chamnam,  mandarin  siamois,  au  cap  des  Aiguilles,  à  Vex- 
tremité  méridionale  de  V Afrique,  en  1686,  pag.  168  a  193 ; 

Naufrage  d'ime  patache  portugaise  sur  un  bane  de  sable,  vis-à-vis  des  iles 
Calamianes,  mer  des  Indes,  en  1668,  pag.  194  a  200. 

IVOUVEAU  guide  de  conversations  modernes  ou  dialogues  usuels  et  familiers, 
contenant,  en  outre,  des  nouvelles  conversations  sur  les  voyages,  les  chemins  de  fer, 
les  bateaux  à  vapeur,  éc.  En  six  langues :  français,  anglais,  allemand,  italien, 
espagnol,  portugais.  A  1'usage  des  voyageurs  et  des  personnes  qui  se  livrent  à  Vétude 
d'une  ou  de  plusieurs  de  ces  langues,  par  MM.  Bellenger,  Witcomb,  Stener,  Zi- 
rardini.  Pardal  et  Moura.  Paris,  librairie  européenne  de  Baudry,  1875,  8.®  peq., 
217  pag. 

IVOUVEAUX  Advis  des  Indes  Orientales  et  du  Jappon,  concernant  la  con- 
version  des  gentils,  envoyez  au  General  des  Jésuites.  Paris,  1581,  in-8.'' 

Volume  mui  raro.  Foi  reimpresso  no  anno  seguinte  em  Lyon,  em  casa  de 
Benoist  Rigaud,  1582,  8.» 

IVOUVEL  Abregé  de  tous  les  voyages  aiitour  du  Monde  depuis  Magellan  jus- 
qu'à  D'Urville  et  Laplace  (1519-1832),  orne  de  seize  gravures  en  taille  douce. 
Nouvelle  édition  revue  et  corrigée  par  une  Société  d'Ecclesiastiques.  Tours,  1838. 
2  vol.  in-S." 

NOUVELLES  de  Van  1587,  des  royaiimes  de  Japon  et  de  Chine,  situes  aux 
Indes  Orientales;  tirées  d'une  lettre  du  Provincial  de  la  Compagnie  de  Jesus. 
Douay,  1588,  in-S.»  peq.  , 

NOUVELLES  interessantes  au  sujet  de-Vattentat  commis  le  3  septembre 
1758,  sur  la  personne  sacré  de  Sa  Majesté  Très-Fidèle,  le  Roi  de  Portugal.  Romae, 
ex-typis  Reverendae  Camerae  Apostolicae.  1760. 

Segue : 

Recueil  des  pièces  qui  n'avaient  pas  encore  paini  en  France,  concernant  le 
procès  des  Jésuites  et  de  leurs  complices  en  Portugal.  Sem  logar  nem  data. 

NOVA  UEGNI  Portugalliae  et  Algarbiae  descriptio  multis  in  locis  emendata 
a  Joanne  de  Ram.  Amstaelodami,  apud  Joannem  Ramires,  1720. 

NOVA  RELATIO  Histórica  de  rebus  in  índia  Orientuli  a  Patribus  Socie- 
latis  Jesu,  anno  1598  et  1599  gestis  a  R.  P.  Nicolai  Pimenta,  visitatore  Societatis 
Jesu,  ad  R.  P.  Claudium  Aquavivam  ejusdem  Societatis  Praepositum  Generalem 
missa.  Moguntiae,  ex-oflicina  typographica  Joaunis  Albini,  1601,  in-8.»  200  pag. 

Esta  carta  é  datada  de  Goa,  8  das  Cal.  de  Janeiro  1599. 


24  NO 

IVOVA  VICTOUIA  dei  S.  Re  de  Portugallo  in  índia  et  de  Ia  presa  de  la 
cita  de  Malacha  che  fa  Fochi  25  milia  et  de  molli  altri  insule  et  regni  Uqiiali  asu- 
bingati  ala  Fede  Cristiana  &c.,  de  loro  habiti  e  costumi portature  de  arme  co  lo 
carricho  de  ire  nane  grosse  de  mercatantia  portate  da  índia  in  Portugallo,  la  uia 
e  lo  modo  de  conquisfare  terra  Sancta  con  malte  altre  gentileze . . .  cavata  da  una 
lectera  dei  Re  de  Portugallo;  mandata  alia  Sa^itità  dei  Nostro  Sanctissimo  Leone 
Decimo  Pontífice  Máximo. 

NOVAS  EXTRAOUDIIVARTAS  que  cojitenen  lo  mal  tracte  que  han  [et 
los  Imperiales  ai  germa  dd  Rey  de  Portugal  que  tenian  prés  Cartas  que  donan 
noticia  de  las  cosas  de  Alemanya ;  y  la  preparado  de  guerra  en  Inglaterra.  Ab 
Llicencia  en  Bnrcelona.  En  Ia  Estampa  de  laume  Romeu  davant  sant  laume. 
Any  16i2.  4  folhas  nâo  paginadas. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

IVOVELLE  interessante  in  propósito  degli  affari  dei  PortogaUo  e  delV  atten- 
tato  commesso  a  3  settembro  1758  sulla  sagra  e  Real  Persona  di  S.  M.  Fedelissima 
Ginseppe  1.  Traduzione  dalV  originale  francese.  Derna,  1760-1761,  in-4.",  3  vol. 

novíssima  et  accuratissima  regnorum  Hispaniae  et  Portugalliae  mappa 
gcographícus  cura  M.  Sciitteri.  1740. 

novíssima  regnorum  Portugalliae  et  Algarbiae  descriptio  emendata  a 
F.  de  Wit.  Amstaelodami,  1680. 

novo  mundo  (O).  Periódico  {Ilustrado  do  progresso,  da  politica,  litte- 
ratura,  arte  e  industria.  Nova- York.  Escriptorio  do  Novo  Mundo,  39  e  41.  Park 
Bow.  1870. 

Também  n'aqui!lla  cidade  se  pubh'cava  ao  mesmo  tempo  La  America  illus- 
irada.  Nova-York,  .1.  C.  Rodrigues. 

'  Hoje  (março  de  1892),  estou  habilitado  a  provar  que  a  lingua  portugueza 
nos  Estados  Unidos  é  mui  cultivada,  e  que  é  muito  grande  o  numero  das  obras 
portuguezas  estampadas  n'aquellá  celebre  republica. 

NUEVA  UELACION^  y  curioso  romance,  en  que  se  declara  el  con  flicto  que 
causo  á  la  Ciudad  de  Lisboa,  y  su  jurisdiccion,  á  la  disformidad  de  un  Monsiruo 
Marino,  que  se  encalló  en  el  margen  dei  Mar,  arrojado  de  una  grau  tormenta;  y 
el  pavoi'  que  les  occasionó  los  repetidos  bramidos,  que  para  dar  el  ultimo  aliento, 
expedia ;  con  lo  demás  que  verá  el  discreto  Lecior.  Succedió  á  23  de  Enero  de  este 
presente  ano  de  1137. 

No  fim:  (^on  licencia.  En  Madrid.  4  pag.  em  verso.  4." 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

NUEVA 8  y  curiosas  coplas  sacadas  de  el  Juego  de  los  Cientos,  a  la  feliz 
ricloria  de  Nuestro  Catholico  Monarca  Felipe  V,  que  Dios  guarde  y  prospere 
muchos  afios  para  e.rãltacion  de  nuestra  Santa  Fé  Catholica  y  frcno  de  rebeldes. 
Conipuestas  por  un  particular  ingenio. 


NY  25 

NUIV  (TIIE)  of  Arouca.  A  tale.  London,  1822. 

IVUOVA  delia  prese  delia  gran  Cita  di  Diu  per  lo  invictissimo  Re  de  Por- 
togallo  et  de  Vartegliaria^  et  grandissimo  tesore  che  dentre  vi  si  trovo.  1536,  4.° 
peq.  Com  o  titulo  em  letra  gothica  e  armas  de  Portugal. 

Um  exemplar  vendido  no  leilão  Tross  em  1872,  subiu  a  90  francos i. 

NUOVO  y  curioso  romance  dei  estrago  causado  el  dia  de  Todos  Santos  en  la 
villa  de  Huelva ;  declarase  como  reverto  la  Mar,  y  el  Rio,  pereciendo  mas  de  dos 
mil  personas,  arruinados  los  Templos  y  las  casas,  y  assistiendo  los  poços  vecinos, 
que  han  quedado,  en  chozas,  dando  noticia,  como  cayendo  en  el  Convento  de  la 
Victoria  parte  de  su  Templo,  y  Altar  Mayor,  entre  sus  ruínas  se  encontro  el  Sa- 
grario  todo  rompido,  menos  el  Sagrado  Copon,  que  lo  cuhria  milagrosamente  en 
médio  ladrillo ;  con  otras  particularidades.  Ano  1755  Sevilla,  en  la  Imprenta  de 
Joseph  Padrino. 

NYEL. —  Jésuite,  préceptcur  dcs  Infants  d'Espagne. 

Lettre  oii  il  est  parle  de  Varrivce  de  D.  Alexandre  Metello  Sousa  e  Menezes, 
ambassadeur  de  Portugal  vers  rEwpcreur  de  la  Chine,  des  honnenrs  qu'on  lui  fit, 
des  cérémonies  observées  en  cette  occasion.  Pekin,  8  octobre  1827. 

Vem  nas  Lettres  Édifiantes,  tomo  in,  pag.  449  a  456. 

IVYE  DIGTE5  Af  SchacJi  Staffell.  Kiel,  1808,  8.» 

A  pag.  17o  vem  um  poemeto  intitulado  Camões,  em  versos  do  diíTerentes 
medidas,  e  a  modo  dramático,  sendo  interlocutores:  Camões,  um  frade,  o  Jau  de 
Camões,  e  vozes  de  Anjos.  Contém  24  pag. 2 


Dcsclíanips  ol  G.  Bnincl,  Supplcmevt  au  Mannel  dn  (ihrairc,  vol.  n,  pag.  51. 
Garrett,  Gamõoí,  pag.  278,  edição  de  Lisboa,  18i4. 


«Lo  Princo  Heiíri,  fils  dun  sonverain,  donl  Ics  ciais  n"ólaiont 
pas  plus  gratids  que  la  inoilió  (l'unc  do  nos  módiocrcs  provinces, 
cnlreprit  de  pénétrer  le  reste  de  la  terre,  et  de  s'en  rendrc  le  mailre, 
à  litro  de  découverte.» 

fL'Espion  Chinois,  vol.  i,  pag.  218.) 


OATII  and  no  Oath,  or  Le  serment  de  D.  Miguel.  Translated  froiii  Lêfjiíi- 
mité  portugaise.  London,  1830. 

Partie  seconde  du  complot  contre  le  Prince  D.  Michel.  Paris,  1827. 

OBERSTEINTEU  (H.). 

Nach  Spanien  and  Portugal.  Reise-Erinnerungen  aiis  deu  Jahren  Í880  und 
1882.  Wien,  1803.  203  pag.  in-8." 

Cap.  III  e  IV :  Lissahon,  Porto,  Braga,  Coimbra,  Camões. 

OBSERVACIOXES  criticas  acerca  de  la  conoersacion  entre  un  foraslero 
y  vecino  de  la  islã  de  Leon  sobre  los  derechos  de  la  Princeza  dei  Brasil  á  la  suce- 
sion  eventual  dei  throno  de  Espana.  Cadiz,  1811,  4." 

OBSERVAÇÕES  sobre  a  historia  natural  de  Goa,  feitas  no  anno  de  1784, 
por  Manuel  Galvão  da  Silva.  Nova  Goa,  1862. 

OBSERVATIO^S  critiques  d'iin  romain  sur  Ics  rejléxions  d'un  portugais, 
ou  Nouveau  Supplement  aux  dites  reflexions  sur  le  Memorial  des  Jésuites  presente 
ã  N.  Saint  Père  le  Pape  Clement  XIII  en  Europe.  1760.  Sem  logar  de  impressão. 

OBSERVATIONS  des  Jésuites  de  Borne  sur  le  manifeste  de  Portugal  de  12 
Janvier.  1758. 


28  OL 

OBSERVATIONS  siir  la  conduite  du  ministre  de  Portugal  dans  1'affaire 
des  Jésuites.  Traduction  de  Vitalien.  2  parties.  1761. 

OBSKIWATIOIVS  sur  lesdroits  au  throne  de  Portugal.  P;iris,  I8â9.  67  pag. 

OBSERVATIO]\S  sur  1'attmtat  du  8  sepiembre  1758  contre  la  vie  du  Boi 
de  Portugal. 

OBSEIWATIONS  sur  un  livre  intitule  Philippes  le  Prudente  fils  de  Charles 
Ic  Quint,  verifié  Roíj  legitime  de  Portugal,  des  Algarves,  des  Indes  et  du  Brésil; 
composé  en  latin  par  D.  Jean  Caramuel  Lobkowitz,  religieu.r  de  Vordre  de  Cis- 
teaux,  docteur  de  Louvaín  &  ahhé  de  Melrosc:  à  Anvers.  A  Paris,  chez  P.  Rocolet, 
Imprimeiír  et  libraire  ordinaire  du  Roy,  au  Palais,  en  la  galerie  des  prisonniers, 
aux  armes  du  Roy  et  de  la  ville,  1641. 

ODDI  (LONGAUO  DE  GLI ). 

Vita  e  virtu  delia  Serenissima  Mariana  d' Áustria  Begina  di  Portogallo.  Roma, 
1766,  in-8.« 

ODE  per  Vanniversario  de  S.  M.  il  Be  D.  Fernando  di  Portogallo.  Lisbona, 
1856,  in-fol.  (II  ventinove  ottobre). 

OFFICIA  Sanctorum  Francisci  Xaveni,  Thoniae  a  Villa  Nova,  Bernardim 
Senensis,  Petri  Nolasco,  Francisci  Salesii,  Andreae  Corsini,  mandato  AlexaU' 
dri  VI]  Breviariis  rowanis  apponenda.  Vilnae,  1667,  in-4.** 

OFFICIER  (A]V ).— An  employed  in  his  army. 

Memoir  of  the  campaigns  of  the  Duke  of  Wellington  in  Portugal  and  Spain. 
London,  1820. 

OFFICIER  FRANCAi;S,  attaché  au  service  de  D.  Miguel. 

Campagnes  de  Portugal  en  1833  et  1834;  relation  des  principaux  événemens 

et  des  operations  militaires  de  cette  guerre  par  un .  Paris,  1833,  8.»  gr., 

viii-311  pag. 

O  auctor,  que  é  o  barão  de  Saint  Pardoux,  é  um  verdadeiro  amigo  de 
D.  Miguel,  e  logo  na  primeira  folha  do  livro  põe  a  seguinte  epigraphe: 

«Un  Rol  si  aimé  de  son  peuple,  un  peuple  si  aimé  de  son  Roi,  étaient 
dignes  d'un  meilleur  sorl.» 

0>KELLE\  (JOAIVNES ).-- Praienses  Collegii  Ciconini  Conviclor. 

Sa?icto  Francisco  Xaverio  Indiarum  apostolo  se  svasque  philosophicas  theses 
puhlic.e  propugnandas.  Data  post  tertium  pro  arhitrio  vénia  apponendi.  Floren- 
tiao.  1706.  Ex  lypograpliia  Paperiana,  in-fol.,  32  pag. 

OLI>E^'Bl  I\(;ERI  (PIIILIPPI  ANDBEAE ).  J.  Cli.  Jiirispruden- 

liae  Iam  publica^,  quain  privatne  in  int-lila  Genevensi  Republica  professoris. 

Thesaiiri  rernm  puhlicnrum  pars  prima  contincns  regna  llispaniae,  Lnsiía- 
niae;  regna  Asiae;  regnum  Asiac ;  rcgmim  Jnponiruni :  Tartaricum:  Chincme ; 


OL 


áo 


MiKjni  Muijons ,  Pemiae^  Turciae^  Tartariae ;  Regnum  Tessanum  et  Maroceanum 
denique  regnum  Abyssiiwrum.  Cura  et  stiidio.  Genevae.  Apud  Samuelem  de  Tour- 
nes.  1075. 

Bibliotheca  publica  de  Ajuda. 

OLDKIVOW  (REV.  JOSEPH ).— M.  A.  of  Chrisfs  Gollège,  Cam- 
bridge, perpetuai  curato  of  Holy  Trinity  Chapei,  liordesley,  Birmingham. 

A  month  in  Portugal.  By  tJie  .  London,  1855,  8.^  ix-165  pag. 

«As  margens  do  Minho  são  mui  bellas,  tanto  no  território  hespanhol  como 
no  portuguéz.  Enxergavam-se  bellos  montes,  algumas  vezes  com  capellas  nos 
seus  pincaros,  e  férteis  valles.  Aqui  e  alli  ob*ervam-se  eastellos  e  agradáveis 
aldeias,  algumas  das  quaes  me  traziam  á  lembrança  as  praias  de  Loch-Lomond. 
Entre  eslas  eu  fiquei  particularmente  encantado  de  Villa  Nova  da  Cerveira. 
Podiainos  também  avistar  as  alturas  de  Caminha.  O  rio  alargava-se  á  medida 
que  o  Íamos  descendo,  e  por  fim  lornou-se  tão  largo  como  o  Tamisa  em  Chelsea, 
ou  mesmo  ainda  mais  largo.»  Pag.  16. 

«Vianna  está  lindamente  situada  na  foz  do  Lima.»  Pag.  21. 

f'A  vista  que  se  observa  da  ponte  do  Lima  é  magnifica.»  Pag,  24. 

«Portugal  torna-se  notável  por  suas  más  estradas.»  Pag.  24. 

"Os  portuguezes  conservam  as  suas  estradas  em  péssimas  condições  para 
ohslarem  á  invasão  dos  hespanhoes.»  Pag.  25. 

«Em  Harcellinhos  íiquei  e.spanlado  por  encontrar  sete  igrejas!»  Pag.  20. 

«As  publicações  mais  vulgares  em  Portugal  são  livros  de  indignos  escripto- 
res  francezes.»  Pag.  28. 

«Fiquei  espantadíssimo  de  que  os  presos  das  cadeias  me  pedissem  esmola.» 

«A  igreja  de  S.  Pedro  de  Rates  é  uma  bella  construcção  normanda  do  sé- 
culo XI.»  Pag.  31. 

«Os  mouros  deixaram  evidentes  traços  de  sua  primeira  oceupação  n'estc 
paiz,  tanto  pelo  estylo  das  construcções,  como  pelas  feições  dos  seus  habitantes.» 
Pag.  34. 

«Porto,  onde  entrámos  a  5  de  maio,  é  na  realidade  uma  cidade  muito  linda 
e  imponente.»  Pag.  35. 

«A  vista  do  rio  e  do  mar  é  encantadora.»  Pag.  36. 

«As  margens  do  Douro  são  mui  bellas  e  românticas,  e  otferecem  á  gente  do 
Porto  muitas  vistas  encantadoras  de  diíTerentes  partes  da  cidade.»  Pag.  36. 

«O  Douro  é  muito  menos  considerável  do  que  o  Tejo,  mas  as  bellezas  que 
do  Douro  se  observam  são  muito  superiores.»  Pag.  37. 

«A  vista  que  das  Fontainhas  se  gosa  ainda  é  mais  brilhante  e  esplendida. 

A  pag.  39  declama  contra  a  extincção  dos  conventos  em  Portugal. 

«O  Porto,  visto  de  Villa  Nova,  apresenta  uma  vista  muito  linda  e  soberba.» 
Pag.  49. 

A  pag.  51  faz  bastantes  censuras  á  sé  do  Porto*. 

«Todas  as  sés  de  Portugal  são  pequenas,  mas  o  eífeito  geral  da  de  Vizeu 
é  mais  solemne  do  que  o  de  qualquer  outra  que  tínhamos  visto.»  Pag.  78. 


'  Esle  escriplor  inglez,  apesar  de  protestante,  é  um  ervido  apologista  das  ordens  monásticas  em 
Portugal.  Esle  padre  inglez  approva  a  existência  das  imagens.  (Pag.  90.) 


OL 

30 

«O  rio  Zêzere  é  afamado  por  sua  belleza,  mesmo  entre  os  bellos  rios  de 
Portugal.»  Pag.  99. 

"Thoinar  é  uma  povoação  muito  bonita.»  Pag.  107. 

«A  Tentativa  theologica  do  padre  António  Vieira  é  uma  das  mais  hábeis 
defezas  contra  as  usurpações  dos  Papas. «  Pag.  108. 

«Em  Ourem,  as  eôres  das  arvores,  dos  arbustos  e  das  flores  são  muito 
bonitas. «  Pag.  liO. 

«O  templo  da  Batalha  é  uma  construcção  de  estupenda  magnificência,  e  a 
gloria  architectural  de  Portugal. «>  Pag..lll. 

«Tudo  ai  li  nos  penetra  com  o  senso  da  sua  sublimidade».  Pag.  111. 

"É  impossível  dar  uma  idéa  dos  claustros.»  Pag.  114. 

«A  porta  Occidental  da  igreja  é  admiravelmente  magnifica.»  Pag.  115. 

Batalha 

We  were  kneeling  in  Batalha,  about  the  dawn  of  day, 

When  the  aisles  were  dim  and  shadowy,  and  the  roof  was  wan  and  grey, 

Hand  by  our  own  Philippa's  tomb,  where,  neath  that  royal  pile, 

Upon  the  cold  and  marble  lips  still  dwells  a  heav'nly  smile. 

And  by  her  victor-hushband's  side,  through  Him  That  died  to  save, 

She  testifies  that  earthly  love  is  njightier  than  the  grave. 

And  we  thought  of  our  dear  land  and  hers,  that  lies  beyond  the  sea, 

And  we  prayed  for  swift  and  safe  return,  if  God'.s  good  pleasure  be. 

Then,  once  more  gazing  on  the  scene,  we  turned  and  went  our  way. 

For  o'er  lhe  mountains,  many  a  league,  our  weary  journey  lay. 

But  ne'er  to  see  such  church  as  this  so  thought  we  as  we  pass'd 

Till  we  reach  the  New  Jerusalém,  which  God  us  grant  at  last. 


O  caso  é^que  esta  estirada  poesia,  á  qual  o  auctor  dá  o  pomposo  nome  de 
Batalha,  em  vez  de  cantar  as  bellezas  d'este  edifício,  só  trata  de  considerações 
religiosas. 

Diz  a  pag.  118  que  no  tempo  da  missa  estavam  reunidas  na  igreja  da  Ba- 
talha não  menos  de  duas  mil  pessoas. 

«A  situação  de  Lisboa,  erguendo-se  sobre  vários  montes  na  margem  direita 
do  Tejo,  é  realmente  magnifica;  e  também  o  é  a  vista  d'el]a  do  rio.»  Pag.  130. 

«A  immundicie,  porém,  é  extraordinária,  como  o  confessam  Beckford  em 
1787,  Southey  em  1796,  Lord  Byron  em  1809  e  Mr.  Matthews  em  1817.  Oldknow, 
porém,  confessa  que  no  seu  tempo  as  cousas  estavam  já  em  melhor  estado.» 

Pag.  i:h. 

«Lisboa  é  agora  uma  das  mais  aceiadas  cidades  da  Europa,  pelo  menos 
(Paquellas  que  eu  tenho  visto.»  Pag.  131. 

Faz  ardentes  votos,  a  pag.  134,  para  que  a  igreja  do  Carmo  em  Lisboa  seja 
restaurada  e  entregue  ao  culto. 

<«0  aqueducto  das  aguas  livres  é  estupendo.»  Pag.  135. 

Concorda  com  Southey,  que  diz  ser  Cintra  «mais  bella  que  sublime,  mais 
grotesca  do  que  bella».  Pag.  140 

E  remata  este  volumesinho  acerca  da  innnundicie  em  Portugal. 


OM  :fi 

OLISIPO5  sive  ul  perveiustae  lapidtitn  inscriptiones  habentj  Ulyssippo,  vulgo 
■Lisbona  florcntiss.  Portugalliae  empormm.  Grande  viie  tirée  de  Braun  et  Hogenherg. 
15710'",20xO'",48. 

Na  mesma  folha  uma  outra  vista:  Cascale  oppididum  et  Bethelem;  prope 
OUsiponem.  O"",  12  x  0"',48. 

OLIVEIRA  (SATURNINO  DE  SOUSA  E  ). 

Elementos  grammaticaes  da  língua  nbundu.  Loanda,  1804,  4.*'  xv-71  pag. 

OLIVE!\ZA  LUFFMANN. 

A  strong  fortress  of  Portugal.  London,  1801. 

Mertola,  from  the  north.  Belle  gravure^  colorée.  By  J.  C.  Stadler.  (\ers  1800). 

OLLA  POTRIDA  literarische  Quartalschrift  von  O.  Richard.  1779.  Berlin, 
Wevei'sclie  Buchh.  2  vr  1.,  8.° 

Vol.  i:  (  VierteljahrgangJ  cont:  Abhandlungen  und  vermischte  Adfsãtze,  pag.  246 
a  260.  Portugiesische  Dichter:  Luiz  de  Camões  (Vida  e  litteratura.) 

OLLENDORF  (D.  H.  G.). 

Nouvelle  Méthode  pour  apprendre  à  lire^  á  écrire  et  à  parler  une  langue  en 
six  móis,  appliquée  au  portugais.  Ouvrage  entièrement  neuf  à  1'usage  de  tous  les 

établissements  d' instruction  publique  et  particuliers  de  Vun  et  Vautre  sexepar . 

Paris,  8."  gr.,  478  pag. 

OLLOQUI  (D.  EMÍLIO  ). 

Fray  Luis  de  Sousa.  Drama  histórico  en  três  actos  dei  Visconde  de  Almeida 
Garrett,  traducido  por .  Lisboa,  imprensa  nacional,  1859. 

OMAGICO  ILDO  A.  A.  R. 

Per  gli  gloriosi  sponsali  effectuati  fra'  gli  reali  figliuoli  deisempre  Massimo 
Monarca  Giovanni  Quinto,  Be  di  Portogallo  e  d'  Algarbe,  e  dei  Re  Catholico  Fi- 
lippo  Quinto  di  Castiglia.  Sonetto  di . 

OMAGGIO    TIPOGRÁFICO. 

Per  le  nozze  di  Sua  Altezza  Reale  Maria  Pia  di  Savoja  con  Sua  Maestá 
Don  Luigi  I,  Re  di  Portogallo  e  delle  Algarvie.  Omaggio  dei  tipógrafo  fiapoletano 
Caetano  Nobile,  cavaliere  de'  reali  ordini  dei  Salvatore  di  Grécia  e-di  S.  Michele 
di  Baviera,  decorato  delle  medaglie  di  oro  dei  mérito  civile,  di  Francesco  I,  di  Na- 
poli,  de'  benemerenti  di  prima  classe  di  Roma  e  di  altre  sirnili  di  onore,  premiato 
con  le  medaglie  di  mérito  nella  prima  esposizione  italiana  di  Firenze  dei  1861,  e 
nella  internazionale  di  Londra  dei  18G2.  Napoii,  stabilimento  cromo  tipográfico 
di  Caetano  Nobile,  1862.  Foi.  max. 

E  un  altro  fior  di  tua  regai  corona 

O  Itália  si  scompagna ! 
E  sen  fregia  la  terra,  a  cui  fan  zona 

L'Atlantico  e  la  Spagna ; 

Antiqua,  Ínclita  terra, 
Che  novi  fali  nel  suo  grembo  cr  serra. 


32  OM 

Qual  dagli  eterei  padiglion  la  liice 
Rutila  si  riversa, 

E  gioia  e  vila  sfolgorando  adducc 
Ove  natura  aspersa 
Tacea  di  nebbia  folta, 

Ne'  granii  veli  delia  noite  avvoKa; 

Tale,  o  sabauda  vergine,  risplendi 
D'  ai  te  speranze  opirne, 

E  dei  tuo  amore  i  Liisitani  accendi ; 
Popol  che  un  di  la  cima 
Deir  alma  gloria  tenne, 

Quando  spiegava  a  nevi  mar  le  antenne. 

E  01-  le  occidue  varcando  afriche  spume, 
Or  d'America  l'onda, 

Gli  ozi  sdegnando  delle  ignavo  piume, 
S'  ebbe  1'  aura  seconda 
In  mille  audaci  eventi 

Emulator  di  glorie  e  di  porfenti. 

D'  egregi  fatli  Lusitânia  è  piena, 
Cui  nnlla  musa  oblia. 

Quando  ne  aspirerai  Taura  serena, 
Formosissima  Pia 

Ne  udrai  la  gloria  e  il  vanto, 

E  dei  gran  cigno  portoghese  il  canto. 

Oht  spiega  il  vello  sulle  ambrosie  trecce, 
E  nella  tua  belleza 

Vola,  come  d'  amor  volan  le  freece, 
Al  tripudio,  ali'  ebbrezza 
Delia  pátria  novclla, 

A  cui  sei  raggio  d'  amorosa  stella. 

Bello,  di  rósea  giuventíi,  sul  Tago, 
Te  lo  scettralo  aspetta 

Sposo,  delle  tue  grazie  altero  e  vago, 
Che  nella  sua  diletta 
Vede  con  giusto  orgoglio 

Crescer,  gloria  e  spendore  ai  próprio  soglio. 

Stabile  soglio,  cui  giiistizia  e  fede 
Porgon  sostegno  e  nerbo, 

E  il  viril  senno  deli'  illuslre  erede, 
Che  amor  degli  anni  acerbo 
L'  arte  di  Tilo  apprese, 

Per  cui  ]'  amor  dei  popoli  se  rese. 

Iií  lui  t' inebria,  e  il  careo  dei  diadema. 

Si  ponderoso  (í  grave, 
T-u  generosa  si  gli  alleggiá  e  scenia. 


OM  33 


Che  torni  a  Lui  soave; 

E  in  Te  d'  ogni  dolore 
Trovi  r  angiolo  suo  consolatore. 
E  come  per  le  aduste  árabe  lande 

Geme  dal  tronco  inciso 
L'  albero  deli'  aroma,  e  intorno  spande 

Aura  di  paradiso, 
Che  appresta  dolei  unguenti 
Sollievo  di  feriti  e  di  languenti ; 

Cosi  larga  d'  ai  ta  e  di  sussidi 

Ne'  dolorati  ostelli 
La  man  benigna  porgerai,  che  affidi 

Gli  aíIVanti  poverelli. 

Dolce  é  col  régio  manto 
Terger  dal  ciglio  degli  aíllitti  il  pianto. 

Salvete  o  sposi  alia  piú  tarda  etade! 

Nè  mai  sui  vostri  ealli 
S'  oda  rumoreggiar  d*  estranie  spade, 

E  fremer  di  cavalli ; 

Ma  dei  bel  Tago  in  riva 
Fiorisca  eterna  la  palladia  oliva. 
E  tu,  dei  nostro  amor  parte  si  cara, 

Non  porre  in  oblianza 
Questa  di  tanti  eroi  madre  preclara 
Terra  che  ogni  altra  avanza, 

Ove  per  bel  li  ca  arte 
Nomasi  il  Padre  tuo  Titalo  Marte. 

Ma  dov'erra  il  mio  carme?  Ecco  repente 
L' onde  il  naviglio  sfiora, 

Ed  ElJa  in  suo  fuggir  par  che  dolente 
Dica  dair  áurea  prora 
Ohl  salve  Itália  mia, 

Rieordati  di  me  che  son  la  Pia. 

Giacea  nel  sonno  dei  piíi  triste  obblio 
Itália  nostra  oppressa  in  rio  servaggio, 
Del  vecchio  orgoglio  inesorato  il  fio 
Scontando,  in  suo  misérrimo  retaggio. 

Ma,  nunzio  etéreo  dei  comune  disio, 
D' una  steirapparia  cândido  il  raggio; 
Ed  il  mancipio  allor  frangere  ardio 
II  giogo  reo  che  ne  fea  turpe  oltraggio. 


34  OR 

Cosi  vedrai,  da'  tuoi  disgiunto,  chino. 

O  Pia  diletta,  un  popolo  d'eroi, 

Che  ansioso  aspetta  il  raggio  tuo  divino. 

Quel  divin  raggio  onde  l'u  largo  a  noi 
II  Padre,  or  per  Te  compia  il  suo  destino. 
E  sfolgori  dal  Norle  ai  lidi  Eoi. 

OMBRA  (L')  delia  marchesa  di  Távora.  Génova,  17C0. 
Opusculelo  in-8." 

OIVGOYS  (JEAN ). 

Les  voyages  et  conquestes  des  Roís  de  Portugal,  &c.,  recueillies  de  fidèles  te- 
moings  et  memoirs  du  sietir  Joachin  de  Centellas,  gentilhomme  portugais.  Paris,  1578. 

R.  Francisque  MicheP  diz  ser  este  livro  um  dos  mais  raros,  e  parecer-lhe 
que  tal  volume  trata  das  questões  entre  D.  João  III  et  Angot. 

ONUFRI  (DIEGO  CALMET ). 

Vexame  Theologico- Moral  da  escandalosa  parte  que  no  Santo  Sacramento  da 
Penitencia  usavam  alguns  confessores,  de  perguntarem  aos  i^enitentes  os  nomes  e 
habitação  de  seus  cúmplices.  Vindicia  dos  editaes  do  Eminentissimo  e  Reverendis- 
simo  Se7ihor  Cardeal  da  Cunha,  Inquisidor  geral,  em  que  prohibiu  a  dita  escanda- 
losa praxe.  Critica  das  Pastoraes  dos  Excellentissimos  e  Reverendissimos  Senhores 
Arcebispos  de  Évora  e  do  Algarve,  por  que  mandaram  se  não  denunciasse  a  mesma 

praxe  ao  Santo  Officio.  Author .  En  Madrid,  en  la  imprenta  de  la  Viuda  de 

Francisco  dei  Uierro,  1746,  4.",  82  pag. 

OPIIVIOIV  légale  et  observative  sur  une  correspondance  dernière  adressée  par 
le  cônsul  [rançais,  gérant  de  Lisbonne  au  gouvernement  portugais.  Traduction  de 
Vanglais.  London,  1832. 

OPISAIVIE  królestwa  Portugalii  y  historya  przednieysze  w  sobie  Panstwa 
lego  dzieje  y  kilku  wiekoiv  rewolucye  zamykajaca  z  roznych  Piszarzoiv  niianowicie 
z  slawnego  Francuza  imieuiem  1'Abbé  de  Vertot,  zebram  i  dia  pozytku  narodu 
poskieego  ividane.  Lublin.  Dr.  S.  J.  17oi,  8."  267  pag. 

(Uescripção  do  reino  de  Portugal  e  historia  que  abrange  os  principaes  factos 
e  as  revoluções  d'este  reino  em  vários  séculos,  obra  extrahida  de  vários  auctores 
e  principalmente  do  celebre  ahbade  Vertot,  compilada  e  dada  á  luz  para  utilidade 
da  nação  polaca  2.) 

OPUSCULA  aliquot  in  laudem  Joannis  tertii  Lusitaniae  regis  et  principis 
filii,  et  fratris  Ludovici  atque  item  Sebastiani  primi.  Salmanticae,  1568. 

ORATIO  junebris  in  obitu  Serenissimi  Theodosii  Lusitanorum  Principis 
Joannis  IV.  Portugalliae  Regis  Invictissimi  Primogeniti.  Eminentiss.  &c.  Reveren- 
dm.  Principi  Virginio  S.  R.  E.  Cordinali  Ursino.  xxx  pag. 


•  R.  Francisqiifj  Michel,  Les  portiigah  en  France  et  les  français  en  Portugal,  pag.  i^l. 

'  Aiiguslin  et  Alois  de  Backer,  liibliothcque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  iii,  pag.  Ci: 


OR  ^s 

ORFEU VUE  (B.). 

Les  pleurs  de  Camoens 

Poete,  lui  dit  Dieu,  chant  et  soufTre  sans  crainte: 
Le  martyre  se  change  en  rayon  lumineux; 
Et  puis  j'ai  dans  moii  sein  une  urne  trois  fois  sainie, 
Ou  je  reçois  les  pleurs  de  Thomme  malheureux. 

Le  poete  obéil ;  il  chante,  et  de  ses  yeux 
On  voit  eouler  ses  pleurs,  douee  et  teiidre  rosée 
Qui  descend  lentenient  dans  le  sein  de  Dieu 
Pour  être  avec  grand  soin  dans  Turne  déposée. 

Elle  se  change  bientôl  en  millions  de  diamants 
Que  le  bon  Dieu  attaehe  à  la  voilte  azurée, 
Plus  les  pleurs  sont,  plus  sont  les  refleets  scintillanl  , 
Et  si  grands  I  qu'il  seront  d'eternelle  durée  I 

Mon  Dieu  I  je  suis  surpris  que  dans  rimmensité 
II  se  puisse  encore  voir  des  lieux  sans  lumière : 
Les  pleurs  du  Camoens,  d'une  douee  clarté 
Auraient  pu  súrement  la  remplir  toute  entière. 
Paris. 

Appareceu  esta  poesia  na  obra  impressa  no  Porto  em  1883,  intitulada  Scin- 
tillações  e  sombras. 

ORGANTINUS.— Natural  de  Brescia,  e  admittido  na  companhia  em  1556, 
na  idade  de  vinte  e  cinco  annos.  Era  reitor  no  Loretto,  quando  entrou  para  as 
missões  da  índia.  Embarcou  em  Lisboa  no  anno  de  1567,  e  passou  o  resío  da 
sua  vida  no  Japão,  nos  trabalhos  e  nas  perseguições.  Morreu  em  Nangasaki,  no 
anno  de  1609^ 

Epistola  ad  Fratres  Romani  Collegii  data  Goae,  5  Cal.  Januarii  1568. 

Encontra-se  nas  Epistolae  de  rebus  Indicis.  Parisiis,  apud  Michaelem  So- 
mnium,  1572,  in-8." 

É  provavelmente  esta  carta  que  se  encontra  na  coUecção  seguinte: 

Recueil  des  plus  fraisches  lettreSj  écrites  des  Indes  Orientales  par  ceiíx  de  la 
Compagnie  de  Jesus  qui  y  font  résidence  fies  PP.  Organtin  de  Bresce^  Christofle  de 
Acohta  (Acosta),  Lys  de  Govea,  Emanuel  Tesseira,  Nicolo  Nugnez,  Pierre  Masca- 
reynas,  Sebastien  Fernandez,  Martin  de  Sylva,  Hierosme  Ruiz. . .)  et  envoyées  Vau 
1568,  1569  it  1570  en  Europe,  sur  la  grande  conversion  des  infidèles  á  J.  C,  tra- 
duit  de  Vitalieii  en  [rançais. 

ORIGEM  DA  língua  PORTUGUEZA. 

«Debaixo  do  estandarte  do  christianismo  é  sabido  que  os  wisigjodos  se  con- 
fundiram e  fraternisaram  com  a  povoação  romana;  mas  não  é  menos  exacto  que 


Augustin  et  Alois  de  Backer,  Bibliolhègue  des  écrivaivs  dela  compagnie  de  Jésiis, \oli,  pag.  525. 


36  OR 

a  subversão  geral  que  elles  causaram  na  sociedade  hispano-romana,  se  estendeu 
até  á  linguagem.  Áquella  que  então  se  ficou  fallando,  deram  os  linguisticos  o 
nome  genérico  de  romance  ou  romanzo.  Este  formou-se  da  mescla  latino  e  teu- 
tonico,  predominando  especialmente  aquelle,  tanto  que  o  seu  typo  ainda  teste- 
munha evidentemente  a  origem  latina,  o  que  foi  devido  em  grande  parte  á,  con- 
versão dos  bárbaros  á  religião  do  Crucificado. 

«Durante  a  dominação  dos  árabes,  posto  que  ao  latim  se  aggregaram  vocá- 
bulos, phrases  e  idiotismos  próprios  da  lingua  d'aquelle  povo,  todavia  nem  se 
extinguiu,  nem  se  mudou  o  génio  e  a  Índole,  nem  finalmente  seus  caracteres  mais 
essenciaes  e  salientes  soíTreram  transformações,  sendo  por  certo  um  dos  motivos 
que  para  isso  mais  contribuiu,  a  tolerância  dos  sarracenos,  que  permittiram  aos 
christãos  o  uso  da  sua  religião. 

«No  tempo  de  Henrique  de  Borgonha  as  alterações  causadas  pelo  francez 
relativamente  ás  anteriores,  são  de  menor  importância,  apesar  de  os  trovado- 
res, que  no  reinado  d'este  Príncipe  vieram  a  Portugal  terem  dado  ao  provençal 
alguma  influencia  sobre  a  nossa  lingua  ^. 

«O  predomínio  que  o  latim  sempre  teve  na  Península,  apesar  de  fusões  tão 
hetorogeneas,  não  é  motivo  para  admiração.  Os  romanos  tinham  occupado  por 
tal  forma  a  Lusitânia,  tinham  peoduzido  n'ella  un)a  tal  identificação  de  costumes. 
Irages  e  linguagem,  que  era  impossível  apagar  jamais  os  vestígios  tão  vivos  e 
profundos,  de  sua  longa  existência  n'esta  província. 


ORIGIIVAL  (THE)  Journals  of  the  campaigns  of  lhe  Península  oj  Field- 
Marshall  the  Duhe  of  Wellington,  to  tvhich  is  added  an  appendix  containing  the 
State  papers.  London,  1815. 

OUIGIiVE  (DE  L»)  des  Róis  de  Portugal.  Paris,  1612,  1G14,  in4.° 
Falia  d'esta  obra  o  nosso  grande  escríptor,  sr.  Gamillo  (>astello  Branco,  nos 
Narcóticos j  vol.  ii,  pag.  43. 


'  o  Instituto,  jornal  de  Coimbra,  1853. 

É  para  notar  uma  espécie  de  contradicção  em  que  parece  ter  caído  o  nosso  orudilissimo  escriptor 
e  philologo  dislincto,  D.  Francisco  de  S.  Luiz.  E  é  que,  perguntando  elle  qual  foi  o  privilegio  que  tive- 
ram os  romanos  na  Lusitânia,  para  que  fizessem  esquecer  aos  habitantes  indígenas  a  lingua  natural, 
para  adoi.tarem  o  idioma  estrangeiro,  fallando  mais  adiante  dos  árabes,  diz  que  a  sua  lingua  foi  vulgar 
c  cemmum  na  Lusitânia;  e  para  corroborar  isto  apresenta,  alem  da  opinião  de  André  Terreros  y  Paudo, 
um  trecho  copiado  de  Álvaro  Cordovez,  o  qual  aíBrma  que  na  llespanha  não  havia  de  1:000  cliristãos 
om  que  sonbi^sse  escrever  umi  caria  familiar  senSo  em  árabe.  Agora  perguntamos  nós  com  todo  o  res- 
poito  que  lhe  é  devido  á  sua  memoria,  o  mesmo  que  o  auctor  do  opúsculo :  «A  lingua  portugucza  é  lilha 
da  latina,  e  qual  foi  o  privilegio  que  tiveram  os  árabes  na  Lusitânia  para  que  fizessem  esquecer  aos  ha- 
bitantes indígenas  a  lingua  natural,  para  adoptarem  um  idioma  estrangeiro?  Como  se  ha  de  conceder 
aos  árabes  o  privilegio  que  se  negou  aos  romanos,  quando  de  mais  a  mais  estes  foram  auxiliados  (o  que 
áquolles  nào  aronieceu),  por  circumstancias  muito  poderosas  e  excepcionaes. 

É  também  para  advertir  que  as  citacfies  que  n"este  logar  faz  o  sr.  S.  Luiz,  parecem  conliaprodu- 
centes.  Porque,  querendo  elle  provar  que  o  latim  nunca  fora  vulgar  na  Hespanlia,  exirahe  uma  passagem 
de  Terreros  y  Paudo,  onde  este  escríptor  se  queixa  de,  sob  a  dominaçSo  dos  mouros,  sor  esquecida  a 
lingua  latina,  própria  da  nação  e  da  religiilo,  como  em  suas  obras  lamenta  Santo  Eulogío,  arcebispo  de 
Toledo. 


OR  37 

«IlLEANS  (LE  PEllE  JOSEPH  DE ). 

Vita  di  Maria  de  Savoyaj  Reyna  de  Portogallo.  Tradotte  dei  francese  da 
P.  Carlos  G.  Ferreira.  Torino,  1698. 

ORLEANS  (P.  D'). —  De  la  compagnie  de  Jesus. 

Histoire  de  M.  Conslancej  premier  ministre  du  Roi  de  Sianij  et  de  la  dernière 
revohition  de  cet  État.  Nouvelle  édition  A  Lyon,  chez  les  Frères  Duphin,  1754, 
in-12.  xviii-233  pag. 

Vem  uma  noticia  d'esla  obra  no  Journal  des  Sçavans  de  1690,  de  pag.  249 
a  252. 

Foram  mui  grandes  as  relações  havidas  outr'ora  entre  Portugal  e  Siam,  c 
alguma  cousa  de  útil  se  topa  n*este  livrinho  para  quem  desejar  estudar  um  tal 
assumpto,  bem  glorioso  para  Portugal. 

A  obra  é  dedicada  ao  Papa  Alexandre  VIII. 

«Constantin  Phaulkon,  e  depois  Constâncio,  nasceu  cm  Cephalnia,  na  Grécia. 
Seguiu  a  religião  protestante,  e  converteu-se  á  catholica  por  conselhos  e  admoes- 
tações do  padre  António  Thomaz,  jesuíta  flamengo,  que  se  dirigia  a  Sião  para 
tomar  parte  nas  missões  portuguezas  da  China  e  do  Japão  (pag.  14).  E  com 
effeito  o  grego  abjurou  solemnemente  o  protestantismo  no  dia  2  de  maio  de  1682 
na  igreja  dos  jesuítas  portuguezes  em  Sião,  achando-se  presente  o  governador  de 
Macau.  Casou  depois  com  uma  japoneza  christã,  c  veiu  a  ser  o  primeiro  ministro 
do  Rei  de  Sião,  ou  para  melhor  dizer  uma  espécie  de  marquez  de  Pombal  d'aquellc 
Bei.  Houve,  porém,  uma  revolta  no  paiz.  O  Rei  e  seu  ministro  Constâncio  foram 
mortos,  a  religião  christã  perseguida,  e  os  meninos  ensinados  a  dizerem  em  por- 
tugueza  aos  algozes:  «Corta  cabeça»,  isto  é,  que  antes  queriam  ser  degolados  do 
que  mudarem  de  religião.» 

OUAIIZ  (ROMERO  ). 

Litteratura  portugueza  no  seado  xviii.  Madrid,  1870. 

ORMSBY  (J.  WIL3IOT ). 

Account  of  the  operations  of  the  British  army,  and  of  lhe  state  and  sentiments 
of  the  people  of  Portugal  and  Spain.  1808-1809.  London,  1809. 

ORMUZ. 

Vue  de  cette  ville  poriugaise,  en  1515  à  1622,  tirêe  de  Braun  et  Hogenb. 
1617. 

ORTIZ  (ALONSO ). 

Los  tratados  dei  doctor .  Tratado  consolatório  á  la  Princesa  de  Portu,- 

gal.  Item  una  oracion  á  los  reyes  en  latiu  y  en  romance.  Item  dos  cartas  mensage- 
ras  á  los  reyes,  una  que  emhió  la  cibdad,  la  otra  el  cabildo  de  la  yglesia  de  Toledo . 
Tratado  contra  la  carta  dei  prolhonotario  de  Lucena.  Foi.  peq. 

Fué  imprimido  en  la  muy  noble  &  muy  leal  cibdad  de  Sevilla  por  Alemanes 
cõpafieros.  En  el  ano  dei  senor  1493. 

ORTIZ  (LOREINZO ). 

El  Princepe  dei  Mar,  San  Francisco  Xavier.  Brussellas,  1682,  8.« 


38  OS 

ORTOLANO  (GIOVANNE ).—  Dotlore  deli'  una,  e  i'  allra  híggc  e, 

nella  Fisica,  e  speculativa  Filosofia  Laureado. 

La  fama  in  trionfo.  Serenata  da  cantarsi  nel  Porto  di  Messina  per  la  nascila 
dei  Quinto  Real  Genito  deli'  ubbidientissimo  alia  Sede  Apostólica  D.  Giovanni  V, 
per  la  Dio  grazia  Re  di  Portogallo,  ed  Algarhi,  di  qua  e  di  la  Maré,  ed  Africa : 
Signore  di  Ghiné  e  delia  Conquista,  Navigazione,  e  Commercio  d'Ethiopia,  Ará- 
bia, Pérsia,  ed  Índia.  E  di  D.  Maria  Anna  d' Áustria  Regina.  Consegrata  alie  sue 
Maestà  in  rimarco  delia  sua  Umile  Devozione  dalV  JJbbidiente  Génio  di  Thomaso 
Theiscera  Leal  Providitor  Generale  di  tutta  l'Armata:  in  occasione  delia  Festa 
fatia  nel  mdetto  Porto  dalle  Navi  di  Guerra  Portughesi  per  il  detto  Gloriosissimo 

Natale.  Poesia  dei  .  Musica  dei  Sig.  D.  Francisco  GrUlo,  Musico  delta  Real 

Cappella  di  Messina.  In  Messina,  nella  stamp.  di  D.  Giuseppe  Maífei,  1717. 

ORSEY  (REV.  ALEXANDER  J.  D.).— Chaplain  to  theenglish  cliurch, 
beco  das  Aranhas,  Funchal. 

Colloquial  Portuguese :  or,  the  Words  and  Phrases  of  every  doy  life.  Com- 
piled  from  dictation  and  conversation,  for  the  use  of  English  tourists  and  visitors 
in  Portugal,  the  Brazils,  Madeira,  and  the  Azores.  With  a  brief  Collection  o\ 

Epistolary  Phrases.  By  the  .  Second  edition,  considerably  enlarged  and  im- 

proved.  London,  Longman,  Green,  Longman.  1860.  viii-126  pag.,  8.° 

ORTIZ  (D.  ANTÓNIO  ROMERO ). 

Os  seus  estudos  sobre  a  litteratura  portugueza  no  século  xix  foram  primei- 
ranaente  publicados  na  Revista  de  Espana  ^. 

ORTMANN  (FRANCISCO ).—  Jesuita  allemão  do  século  xvni. 

Francisci  Ortmann,  Societatis  Jesu  Presbyteri  Liber  de  vita  et  pretiosa  morte 
V.  P.  Jo.  Caspari  Cratz  ex  agri  Juliacensis  oppido  Goltzheim  Germani  ac  Socio- 
rum  ejus  V.  Bartholomaei  Alvarez  V.  Emmanuel  de  Abreu,  V.  Vincentii  de  Cunha, 
Lusitanorum  e  Societate  Jesu  Sacerdotum  Fidei  christianae  ódio  in  regno  Tunkini 
obiruncatorum  die  XII  Januarii  anuo  Domini  1787  conscripta  ex  litteris  ipsius 
Ven. . .  Martyris  ad  suos  familiares,  et  aliis  gravium  Virorum  testimoniis,  qui 
omnium  erant  conscii.  Augustae  Vindel.  et  Oeniponti.  Sumptibiis  Josephi  Wolf. 
1770,  in-8.«,  3i3pag.2 

OS  GRANDES  DIAS  DA  BRUXARIA ^^  por  M.  Jules  Baissac .  Paris, 
Klincksiek,  1890,  v-735  pag.  in-8.° 

Os  grandes  dias  do  bruxedo  começaram,  no  dizer  de  M.  J.  Baissac,  pelo  fim 
do  século  XIV.  Não  é  contestável  que  se  acreditasse,  durante  a  idade  média,  na 
intervenção  do  diabo  nos  negócios  humanos,  e  nos  dos  seus  subalternos,  alguns 
loucos  e  feiticeiros,  e  não  é  também  menos  certo  que  um  certo  numero  de  pobres 
loucos  fossem  então  condemnados  e  queimados  como  plenamente  convencidos  de 
terem  tido  commercio  com  o  demónio,  por  outro  nome  diabo,  e  ainda  por  outro, 


'  Luiz  Vidart,  Los  poetas  líricos  contemporâneos  de  PortiKjaL  Madrid,  187t>.  Pag.  H. 

'  Aiigiislin  et  Alois  de  liackcr,  Bibliothè(juc  des  écrivains  de  la  Compagnie  de  Jesus,  vol.  v,  pag.  361 . 

•  JountU  des  Sçavans,  julho  de  1890,  pag.  454. 


os  39 

O  careca.  Todavia  é  a  bulia  Summis  desiderantes  affectibtis,  datada  de  9  de  de- 
zembro de  1484,  a  primeira  que  deline  canonicamente  o  crime  de  feiticeria,  e 
prescreve  que  os  persigam  com  um  constante  rigor  em  todas  as  regiões  da  chris- 
tandade.  Tal  é  a  these  de  M.  Baissac,  e  as  provas  históricas  d'esta  Ihese  são 
depois  apresentadas ;  são  os  numerosos  processos  intentados  contra  feiticeiros 
imaginários  na  França,  na  Allemanha,  na  Hespanha  e  até  mesmo  na  Inglaterra  e 
na  America,  até  ao  meiado  século  xix,  por  meio  dos  tribunaes  ecciesiasticos  ou 
civis,  catholicos  ou  protestantes. 

«A  leitura  dos  documentos  integralmente  reproduzidos  ou  fielmente  analy- 
sados  pelo  auctor  d'este  grosso  livro,  não  causa  menor  vergonha  do  que  susto. 
(Juantas  victimas,  immoladas  sobre  o  altar,  de  um  preconceito  nascido  de  uma 
illusão  metaphysica  ! » 

OSAU  (JOSÉ  PELLICIEU  DE  TOVAll  Y  ). 

Mision  evangélica  ai  reyno  dei  CongOj  &c.  Madrid,  1619,  in-4." 

CSHEA  (HENRY  ). 

Guide  to  Spain  and  Portugal^  including  the  Balearic  Islands.  Sixth  edition. 
1879,  in-S.",  562  pag. 

É  um  dos  melhores  guias  que  conheço  no  tocante  á  Hespanha,  á  qual  deu 
528  pag.  e  a  Portugal  somente  27 !  1 

Diz,  porém,  ao  leitor,  que  n'este  paiz  é  que  reside  como  rainha  a  Indolên- 
cia, tão  querida  dos  portuguezes! 

Diz  que  no  paiz  ainda  ha  sebastianistas  (pag.  531). 

Os  portuguezes  só  não  chamam  á  Inglaterra  pérfida  Albion,  quando  precisam 
do  soecorro  d'ella  (pag.  531). 

O  exercito  anglo  portuguez  ficou  victorioso  por  toda  a  parte,  e  depois  de 
varias  campanhas  e  operações  estratégicas,  que  hão  de  colloear  alta  a  Inglaterra 
nos  annaes  da  gloria  militar,  os  francezes  foram  expulsos. 

Diz  que  as  melhores  pinturas  do  Grão  Vasco  estão  em  Lisboa. 

No  Porto  costumam  dar  o  nome  de  taralhões  ás  pessoas  que  faliam  e  escre- 
vem como  fez  este  inglez. 

OSORII,  R.  P.,  Liisitani,  Societatis  Jesu  Concionum  Epitome.  Pars  hyema- 
lisj,  ah  Adventu  tisque  ad  Pascha,  opera  ac  studio  Jacobi  Theodardi  Sartorii,  Boi- 
swerdiensis  Frisii  P.  D.  (Pastoris  DurstensisJ.  Colónia  Aggrippinae,  Arnoldus 
Mylius,  1602,  in-8.«,  325  pag. 

Pars  aestivnlis,  a  Dominica  PascJiatis  usqiie  ad  Adventum  Domini.  Ibid.,  id., 
1602,  in-8.%  371  pag.  (por  erro,  317). 

R.  P.  Jo.  Osorii.  . .  Concionum  Epitome  de  Sanctis  Ecclesiae  Dei,  quorum 
Festa  per  totum  annum  in  Catholica  Ecclesia  celebrantur ;  opera  ac  studio  Theo- 
dardi Pauli,  Bolswerdiensis  Frisii,  P.  D.  Ibid.,  id.,  1602,  in-8.",  277  pag. 

A  dedicatória  d'este  epitome  é  de  6  de  fevereiro  de  1598.  Colónia,  1613, 
in-8.° 

A  primeira  edição  é  de  Colónia,  1598. 

Mas  será  com  effeito  portuguez  (lusitani),  este  padre  Osório?  A  bibliotheca 
dos  escriptores  da  companhia  de  Jesus  (vol.  i,  pag.  529),  pouco  antes  o  apresenta 
como  natural  de  Burgos. 


40  OT 

OSSORIO  (D.  PEDRO  LUIZ  DE ). 

Brei^e  epilogo  de  glorias  de  el  incomparable,  doclOj  y  generoso  heroe,  Bayo  de 
Lusitânia,  el  Ilustrisimo  Senor  Don  António  Lxds  Ribeiro  de  Barros.  Befeindo 
por .  En  Madrid,  afio  de  1673,  4." 

É  uma  poesia  em  quatro  folhas  innumeradas  em  honra  d'este  portuguez. 

Termina  o  folheio  pelo  Elogio  estimable  de  el  Excelentisimo  Senor  Duque  de 
Linares  á  los  siete  GeroglificoSj  aviendo  introvenido  con  el  Excelentisimo  Seiíor 
Duque,  Mayordomo  Mayor,  para  que  el  autor  de  ellos  dilatasse  su  pluma  á  tau 
soberano  assumpto. 

OSTEKWALD  (W.). 

Vasko  da  Gama  und  die  Portugiesen.  Nach  Luiz  de  Camões  epischem  Gedicht 
Die  Lusiaden  bearbeitet.  Glogau,  sem  data,  mas  é  de  1865,  com  o  retrato  de 
Camões. 

Vem  no  Masius  der  Jugend  Lust  u.  Lehre.  Jahrg.  ix-572  pag.  8.«  (pag.  185 
a  242. 

OTTENSHEI3I   (DR.   G.  FRAIVCK  PFENDLER  D' ^).— Doctor 

en  medicina,  cirurjia  y  farmácia  de  Ias  universidades  de  Viena  y  Paris,  licen- 
ciado en  medicina  y  cirurjia  de  la  universidad  de  Sevilla,  miembro  de  la  acade- 
mia imperial  de  medicina  de  Viena,  consejero  de  Ia  comision  sanitária,  cathe- 
dratico  de  química  e  de  medicina  legal,  ex-cirurjiano  dei  dispensário  oftálmico  y 
auricular,  ex-medico  de  la  embajada  de  Áustria,  miembro  corresponsal  de  la  aca- 
demia real  de  medicina  y  cirurjia  de  Granada,  miembro  de  la  sociedad  medica 
dei  norte,  de  la  sociedad  para  el  progreso  de  la  cirurjia,  dei  circulo  medicai  de 
Paris,  de  la  sociedad  hidrosupatiea  dei  Sud  de  Allemania,  y  de  otras  varias  so- 
ciedades de  medicina  y  de  historia  natural. 

Madera,  Nice,  Andalucia,  la  Sierra  Nevada  y  los  Pireneos.  Considerados 
como  locales  los  más  inter esantes  y  pintor escos  para  viajar,  y  más  convenientes 
para  curar  ó  conservar  los  tísicos  y  otros  enfermos  crónicos,  preservando  á  los 
descendientes  de  parientes  tisicos  dei  desarrollo  de  esta  enfermedad.  Seguido  de 

algunas  notas,  episódios  de  viajes  y  óbservaciones  sicologicas  y  filosóficas,  por  el . 

Obra  ilustrada  con  8  laminas,  24  vifietas  y  un  panorama  de  la  Sierra  Nevada. 
Sevilla,  imprenta  de  D.  Carlos  Santigosa,  1848,  8.",  xiv-174  pag. 

«Do  alto  oceano,  a  cento  e  trinta  léguas  do  continente,  nasce  uma  formosa  e 
fértil  ilha  com  costas  brancas  escarpadas  e  nuas,  coroada  por  uma  fileira  de 
montanhas  entrecortadas  por  valles  férteis  e  bem  cultivados,  formados  por  um 
terreno  de  destroços  de  basaKo,  que  indica  sua  origem  vulcânica.  Por  todas  as 
partes  se  apresentam  hervosos  e  floridos  bosques,  áureos  campos  e  ricos  vinhe- 
dos. Vindo  do  mar  apparece  n'uma  bahia  risonha  e  pintoresca,  a  capital  Funchal, 
elevando-se  em  amphitheatro,  povoada  por  20:000  almas,  residência  do  governa- 
dor e  do  bispo.  A  cidade  está  bem  construída,  mas  as  ruas  do  interior  são  estrei- 
tas e  pouca  aceiadas. 

As  casas,  erigidas  segundo  o  gosto  inglez,  fornecidas  de  todas  quantas  com- 
modidades  .se  podem  desejar,  estão  situadas  no  centro  de  uma  multidão  de  jar- 
dins, dominados  por  terraços,  cobertos  de  dahiias,  camélias  do  Japão,  laureies, 
galaaga  da  Índia,  armanazes,  anona  squamosa,  agace  americana,  que  .se  geram 
em  plena  almosphera,  e  ricos  bosques  alimentam  numerosas  abelhas,  que  abas- 


00  " 

tecem  aquelles  simples  habitantes  de  um  delicioso  c  perfumado  mel.  Estes  jardins 
ascendentes  est.lo  assombreados  pelas  palmeiras  ffelix  dactiliferasj  c  bananas  da 
Africa,  que,  com  seus  cachos  dourados,  produzem  as  deliciosas  tâmaras  e  a  perfu- 
mada figueira  de  banana,  que  á  maneira  de  pão  caido  milagrosamente  do  céu,  se 
oíTerece  aos  habitantes  como  ameno  e  maravilhoso  merendero.  O  guiaba,  o  papayo, 
a  cana  de  assucar,  formam  maravilhosas  paredes  de  verdura.  Em  todas  as  partes 
onde  a  natureza  deixou  um  logar  livre,  se  acham  plantios  de  vinhas,  oriundas 
da  ilha  de  Chyprc,  onde  a  cultura  forma  a  riqueza  de  paiz:  as  uvas  brancas  pro- 
duzem essa  primeira  qualidade  de  vinho  chamado  tnadeiVa-secco ;  a  producção 
de  vinhos  em  toda  a  ilha  sobe  a  10:000  pipas,  pelas  quaes  remetteni  de  Ingla- 
terra Lisboa  e  colónias,  uns  vinte  milhões  de  reales. 

* 

#      # 

«No  inverno  passado  houve  uma  grande  concorrência,  e  a  sociedade  mais 
elevada  se  achou  no  Funchal;  as  habitações  eram  caras  e  diíTiceis  de  encontrar. 
A  mãe  da  rainha  Victoria,  duqueza  de  Kent,  com  uma  numerosa  comitiva  attra- 
hiu  um  crescido  numero  de  inglezes.  O  duque  de  Saxonia  Weimar  e  seu  íilho,  o 
Príncipe  Alexandre  da  Hollanda,  que  desgraçadamente  alli  pereceu  aos  trinta  e 
um  annos,  o  conde  Taalin,  o  duque  de  Palmei  la  c  grande  numero  de  pessoas  da 
alta  arislocracia  ingleza  e  portugueza,  e  tysieos  de  todos  os  paizes  do  mundo, 
foram  alli  buscar  um  asylo  que  os  abrigou  contra  o  rigor  cruel  do  inverno. 


* 
#     # 


«Este  clima  convcm  a  todos  os  enfermos,  o  por  isso  ha  estrangeiros  que  per- 
manecem alli  durante  todo  o  anno.  Encontrei  muitos  americanos  da  Trindade  e 
das  Antilhas,  que  passam  o  verão  para  sublrahir-se  ao  calor  das  suas  ilhas.  É 
impossível  achar  situação  mais  adequada  do  que  a  Madeira  para  os  enfermos.» 

OTTOLIIVI  (VITTOUE ). 

//  Teatro  in  Itália.  Storia  dedicata  agli  artisti  teatrali  e  agli  allievi  dei  con- 
servatori.  Milano,  1876,  268  pag.  in-8.° 
Trata  de  Camões. 

OUDIIV  (FUANÇOIS ).— Nascido  no  anno  de  1675  em  Vignory,  na 

Champagne.  Entrou  para  o  noviciado  da  companhia  de  Jesus  em  1691.  Morreu 
em  Dijon  no  anno  de  17621. 

S,  Francisco  Xaverio  hymni  novem  et  officium.  Divione,  J.  Hessayre,  1705, 
in-12 

Ha  varias  outras  edições. 

Foi  este  pequeno  oíficio  traduzido  para  verso  por  François  Boudot,  mairc 
da  cidade  de  Dijon,  no  livro  intitulado :  La  dévotion  à  Saint  François  Xavier. 


Auguslin  cl  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  i,  pag.  532 


42  OV 

Dijon,  Bessayre,  1705,  in-12.  Paris,  Mariette,  1717,  in-12.  Eiiconlra-se  ainda  tMi> 
differentes  edições  das  Pratiques  de  pieté  à  Vhonneur  de  Saint  François  Xavier j 
pelo  padre  Duponcet. 

Mémoires  sur  la  vie  et  les  ouvrages  des  PP.  Antoine  Vieyra,  Melchior  Incho- 
fer,  Denis  Petau,  Fronton  du  Duc,  Jtdes  Clément  Scolti,  Jacques  de  Billy,  Jean 
Garniei-.  nas  Mémoires  du  P.  Niceron,  tomo  24,  2o,  27,  28,  29  e  40. 

OLTftElIAN,  ou  OIJLTIIE3IAIV  (PIERKE  D') — Nasceu  em  Valen 
ciennes  no  anno  de  1591.  Foi  admittido  na  companhia  de  Jesus  na  idade  de 
vinte  annos.  Morreu  em  1656  ^ 

La  vie  miractdeuse  du  P.  Joseph  Anchieta  de  la  Compagnie  de  Jesus :  écrite  en 
portugais  par  le  P.  Pierre  Roderiges,  puis  en  latin^  augmentée  de  beaucoiip  par  le 
P.  Sebastien  Baretaire,  finalement  traduite  du  latin  en  (rançais  par  un  religieux 
de  la  même  Compagnie.  A  Douay,  de  Timprimerie  de  Marc  Wion,  1619,  in-12 
peq.,  462  pag. 

Tableau  des  personnages  signalés  de  la  Compagnie  de  Jesus.  Exposés  en  la  so- 
lemnité  des  SS.  Ignace  et  Xavier  celebrée  par  le  Collège  de  la  Compagnie  de  Jesus. 
A  Douay,  chez  Balthazar  Bellère,  1623,  in-8.«,  511  pag. 

Tableau  des  personnages  signalés  de  la  Compagnie  de  Jesus.  Exposés  en  la  so- 
lomnité  des  SS.  Ignace  et  François  Xavier,  par  un  père  de  la  même  compagnie.  A 
Lyon,  chez  Claude  Pigaud  et  Glaude  Obert,  1627,  in-8.°,  511  pag. 

OVIEDO  (ANDRÉ  DE ).— Patriareha  da  Ethiopia,  natural  de  Illes- 

cas,  e  enviado  em  1541  por  Santo  Ignacio  a  Paris,  para  frequentar  os  estudos 
da  universidade.  A  pedido  de  El-Hei  D.  João  III  de  Portugal,  foi  enviado  á 
Ethiopia,  e  falleceu  em  1580. 

Duas  cartas  datadas  dos  annos  1566  e  1568  foram  insertas  pelo  padre  Fcr 
não  Guerreiro  n'uma  de  suas  obras:  De  Abyssinornm  rebus. 

O  padre  António  Arana  escreveu  a  vida  d'este  patriareha,  e  o  padre  Nierem- 
berg  deu  nma  noticia  acerca  do  padre  Oviedo  no  seus  Claros  Varoyies,  tomo  i, 
pag.  312-347. 

OVINGTON  (JEAN ). 

Voyages  de ,  faits  á  Surrate  et  en  d'autres  lieux  de  VAsie  et  de  V Afrique ; 

avec  la  révolution  du  royaume  de  Golconde  et  des  observations  sur  les  vers  à  soie. 
Traduit  de  Vanglais.  A  Paris,  chez  Guillaume  Caveliers  íils,  1725. 

«O  calor  é  violento  apesar  de  jazer  a  ilha  da  Madeira  a  30°  e  40"  de  latitu- 
de. Aqui  as  febres  são  mui  perigosas  ;}or  causa  do  calor  desmedido  da  ilha.  N'esla 
ilha  os  cônjuges  casam-se  sem  que  anteriormente  se  tenham  visto  um  ao  outro, 
em  conformidade  com  o  costume  de  Portugal. 

«Emquanto  eu  estive  na  Madeira,  certo  mancebo  mui  rico  não  conseguni  ver 
sua  joven  esposa  senão  na  véspera  da  ceremonia.  Acompanhado  do  irmão  da 
mesma  permittiram-lhe  que  olhasse  por  uma  fresta.  Viu  então  duas  meninas. 
Perguntou  qual  d'ellas  lhe  estava  destinada.  Deram-lhe  em  resposta:  «Amanhã  o 


Augasliii  el  Aloi,  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivaivs  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  i,  pag.  537. 


OW  " 

sabereis.»  E  eis  porque  o  aiictor  dá  a  entender  que  a  ilha  eslá  clieia  de  maridos 
em  desharnionia  com  as  mulheres,  e  as  mulheres  em  desharmonia  com  os  ma- 
ridos. 

«No  Malabar  os  maridos  oílerecem  suas  mulheres  aos  hospedes  que  vão 
llcar  em  casa  d'elles. 

«Na  lingua  do  Mogol  não  se  admittem  palavras  estrangeiras,  embora  ás  vezes 
se  vejam  obrigados  a  servirem  de  grandes  circumlo(juios. 

«Não  Ira  lingua  tão  galante  e  tão  engraçada  como  a  lingua  dos  siamezes. 
N'ella  não  ha  distincçâo  entre  género  masculino  e  feminino.» 

Ol^ENSOlV  (MISS ). 

The  Missionary:  an  Indian  Tale.  (Portwjuese  in  East-Indies).  4tli  ediliou. 
3  vol.  With  portraits.  London,  1811. 


«Ceux  qui,  avant  ce  Prince  (D.  Henri),  s'étaient  exposés  aux  fn- 
reurs  des  flots,  avaienl  ('jcouvert  la  fin  du  monde,  qu'ils  avaient 
fixes  à  certains  degrés  du  Iropique  des  européens ;  mais  Henri  fit 
voir  que  ce  n'en  élait-là  que  le  commencement.  Ses  pilots  fnrcèrent 
celte  barrière,  et  se  Irouvèrent  toul  d'un  coup  dansun  aulre  univcrs. 
Ou  vit,  pour  la  première  fois,  des  hommes  d'une  espèce  nouveile, 
qui  faisaient  peur ;  car  ils  élaienl  noirs  dopuis  Ics  pieds  jusqu"à  la 
tôte.  On  découvrit  un  autre  firmament,  des  monstros  et  des  plantes 
nouvelles. 

(L'E$pion  Chinois,  vol.  i,  pag.  219.) 
P. 

Visit  to  the  portuguese  possessions  in  SW.  Africa.  Translated  by  H.  E.  L. 
2  partes.  London,  1845. 

P.  D.  M.  E. 

In  aplauso  de  la  primeva  Dama  de  la  compania  cástellana,  en  la  primera 
comedia  que  represento  en  Lisboa^  este  ano  de  1739,  intitulada :  También  hay  duelo 
en  las  damas.  Soneto  acróstico. 

P.  D.  P. 

Description  de  la  Nigritie  par  ,  ancien  Conseiller  au  Conseil  Souverain 

du  Senegal,  et  ensuite  commandant  du  Fort  Saint  Louis  de  Gregoy,  au  royaume 
de  Juda,  et  à  présent  Gouverneur  pour  le  Boi  de  la  Ville  Saint-Dié-sur-Loire. 
Enrichie  de  cartes.  A  Amsterdam,  et  se  trouve  à  Paris  chez  Maradan,  iibraire. 
1789,  8.0,  VI1I-28Í  pag.  Com  mappas  e  belias  estampas. 

«...  De  maneira  que,  desde  Cabo  Branco  até  Seralionne,  inclusivamente, 
não  ha  mais  do  que  pavilhão  francez  que  alli  pôde  commerciar;  as  embarcações 
de  qualquer  outra  nação  podem  alli  ser  captivadas,  e  tomadas  como  navios  de 
contrabando,  exceptuadas  as  embarcações  portuguezas  nos  rios  de  Casamansa, 
Cacheu  e  Bissau.»  Pag.  87. 

«...  conviria  também,  com  o  fim  de  evitar  para  o  futuro  qualquer  espécie 
de  dissensão,  que  fosse  inserto  no  tratado  com  a  Inglaterra,  acerca  d'esta  con- 


46  P 

cessão,  alem  do  termo  geral  desde  Cabo  Branco  até  á  ribeira  de  Seralionne. 
inclusive,  que  n'elle  se  addicionasse  o  que  abrange  desde  Cabo  Branco,  Portan- 
dia,  rio  do  Senegal  e  suas  dependências,  Gorée,  a  ribeira  de  Gambia  e  suas  de- 
pendências, e  todas  as  ribeiras  entre  esta  ultima  e  a  de  Seralionne,  inclusivamente, 
e  suas  dependências,  sem  prejudicar  os  direitos  dos  portuguezes  nas  ribeiras  de 
Casamansa,  Cachou,  etc. 

«Os  portuguezes  recusaram  algumas  vezes  admiltir  navios  francezes  a  com- 
merciarem  em  Bissau,  direito  que  a  França  sempre  teve  e  que  sempre  exerceu 
com  elles,  com  exclusão  de  qualquer  outra  nação.»  Pag.  88. 

«Antes  que  os  portuguezes  houvessem  construído  o  forte  que  têem  no  Bissau, 
faziam  alli  os  francezes  o  mesmo  commercio  que  os  portuguezes,  tanto  na  ilha 
como  na  ribeira  e  suas  ilhas  vizinhas.  Pretendem  hoje  que  o  seu  forte  deve  do- 
minar a  bahia,  e  prohibem  aos  francezes  o  commercio  que  sempre  fizeram  n'esta 
parle  da  costa ;  e  achando-se  alli  mais  fortes,  desde  alguns  annos  que  têem  afu- 
gentado nossos  navios.»  Pag.  134. 

Traz  esta  obra  bastantes  noticias  acerca  de  Dahomey. 

«Como  aquelles  povos  são  creados  na  mais  profunda  ignorância,  não  podem 
deixar  de  ser  supersticiosos,  pois  os  portuguezes  por  estôs  paizes  o  são  extraor- 
dinariamente.» Pag.  202. 

«Quando  os  padres  d'esta  nação  se  dispõem  a  ir  dizer  missa,  téem  cuidado, 
antes  de  seus  actos  de  galanteria,  de  cobrirem  com  um  lenço  ou  com  um  trapo 
,  as  imagens  que  estiverem  no  quarto,  com  o  fim  de  que  não  vejam  o  delicto.  Este 
acto,  dizem  elles,  não  passa  de  um  peccado  venial,  e  vemol-os  no  mar,  quando  o 
navio  é  surprehendido  por  um  temporal,  dirigirem  orações  a  um  pequenino 
Santo  António  de  pau,  que  trazem  sempre  nas  suas  embarcações. 

«Depois  de  orações  repetidas,  se  não  volta  o  bom  tempo,  lançam  uma  corda 
ao  pescoço  de  Santo  António  e  o  lançam  ao  mar,  sendo  rebocado  pelo  navio. 
Vae,  poi?,  o  Santo  António  á  sirga.  Finalmente  quando  ao  mau  tempo  succede  o 
bello,  puxam  então  pelo  Santo  António,  lavam-o  muito  bem,  vestem-lhe  seus 
melhores  fatos  e  lhe  dirigem  novas  orações;  pedem-lhe  que  lhes  perdoe  por 
assim  o  haverem  tratado,  mas  que  se  o  foi  a  culpa  teve-a  elle,  pois  não  deu  bom 
tempo.  E  por  fim  vão  com  muita  devoção  polo  no  seu  nicho.»  Pag.  203 

No  fim  do  volume  apparece  uma  lista  e  diálogos  na  lingua  de  Guiné. 

P.  G. 

Th(^  hhlory  of  lhe  empire  of  Mnsulmans  in  Spain  and  Portugal.  \  vol.  in-4." 
liOndon,  1815. 

P.  M.  F.  U.  V. 

A  la  inmortul  Infanta  de  Castilla  la  Seiiora  D.  Maria  Francisca  de  Anis, 
poi'  su  incomparabíe  heroismo  y  sagacidad  en  la  partida  de  Cadiz,  de  donde  la 
Heyna  nuestra  Senora  y  las  Serenisiinas  Sefioras  Infantas  D.  Maria  Francisca  y 
I).  Maria  Teresa.  Sevilla,  Imprenta  real  y  mayor,  1823,  i.*»  de  8  pag. 

P.  V. 

Escreveu  amplamente  no  Messager  de  Vexposition,  a  respeito  da  secção  por- 
lugueza  na  exposição  de  Paris  em  1868. 


PA  " 

«Le  grand  service  que  les  portugais  rendirent  à  la  civilisation,  e'est  donc 
d'avoir  les  preiniers  élargi  le  eercle  du  monde  eivilisé  par  leurs  voyages  de  dé- 
couYcrtes  autour  de  TAfrique  jusqu'aux  Indes.» 

PACCA  (CAUDIIVAL ). 

Notizie  sul  Portogallo  con  una  breve  relazione  delia  nunziatura  di  Lishona. 
1795.  1802.  Modena,  1836,  8.«,  1  vol.  xv-i;i()  pag. 

Mmoires  historiqiies  sur  les  affaires  ecclesiasliqiies  d'Alleínn(]ne  et  de  Portu- 
gal pendant  ses  mmtiatures.  Tradmt  par  Sioiínet.  Pai'is,  1844. 

PACHECO   (FU.  DUARTE  ).— Del  orden  de  nuestro  padre  San 

Agustin. 

Sermon  de  la  Santisima  Trinidad:  predicado  por  el  P.  Maestro  á 

Marcos  Fernandez  Monsanto^,  Caballero  dei  habito  de  Cristo,  Fidalgo  de  la  Casa 
de  Su  Majestad,  y  administrador  general  de  todos  almoxarifazgos  de  Sevilla  e 
índias.  Aíio  1636.  Con  licencia.  Impresso  em  Córdova  por  Salvador  de  Ca.  4.", 
9  folhas. 

PACHECO  (FR.  PLÁCIDO" ).—  Monge  y  Abbad  de  S.  Benito  eii 

el  monasterio  de  Sevilla. 

Traduziu  para  castelhano  o  Compendio  da  vida  espiritual^  obra  do  arce- 
bispo de  Braga,  D.  Fr.  Barlholomeu  dos  Martyres.  Valladolid,  1604. 

PACHECO  (P.  M.  FR.  MIGUEL ).— Religioso  da  ordem  do  Cbristo 

e  administrador  do  hospital  de  Santo  António  dos  portuguezes  da  villa  de  Ma- 
drid, na  mesma  igreja  pregado. 

Sermon  dei  glorioso  padre  Santo  António.  Lisboa,  offieina  de  Manuel  Lopes 
Ferreira,  1694,  4.°,  20  pag. 

PADISHANAMAH  (HISTORIA  DO  MOGOL ). 

Obra  escripta  em  lingua  persa,  onde  se  trata  dos  feitos  dos  nossos  no  Oriente. 
Entre  muitas  outras  cousas  apresenta  uma  narração  minuciosa  do  cerco  e  tomada 
de  Hugli  e  a  relação  dos  feitos  dos  nossos  em  Chitagong. 

A  pag.  433  do  vol.  i,  dá  uma  conta  por  miúdo  do  cerco  e  tomada  de  Hugli. 
Mais  adiante  ainda  se  refere  a  elle  nas  cartas  a  Nazr  Mohammed  Khan,  domi- 
nante de  Balki,  e  ao  Schah  da  Pérsia. 

A  pag.  534  descreve-se  a  sorte  dos  captivos.  No  segundo  volume  ha  uma 
relação  dos  portuguezes  em  Chitagong  i. 

PADRE  FEIJÓO  (O). 

É  o  mais  moderno  e  o  melhor  de  todos  os  críticos  de  Hespanha,  e  o  que 
melhor  e  mais  soube  raciocinar.  Este  celebre  padre  benidictino  é  mui  conhecido 


'  Tolboit,  Audoridades  para  a  historia  dos  portuguezes  na  índia.  No  Instituto  Vasco  da  Gama. 
Nova  Goa,  1874,  pag.  186. 


48  ,  PA 

pelo  seu  theatro  critico  e  universal,  acerca  dos  erros  communs  em  todos  os 
géneros. 

Durante  o  tempo  que  este  religioso  trabalhou  n'essa  grande  obra,  não  cessou 
de  servir  de  alvo  ás  settas  da  superstição  e  da  intriga.  É  para  assombrar  que 
tenha  escripto  com  tanta  liberdade  n'um  paiz  como  a  Hespanha,  sem  se  compro- 
metter  com  a  inquisição.  Não  teve,  porém,  menos  inimigos,  que,  sem  o  poderem 
perder,  lhe  occasionaram  muitas  desgraças.  Foi  confessor  da  verdade,  com  risco, 
mais  de  uma  vez  a  vir  a  ser  martyr. 

Atacar  a  maioria  dos  milagres,  a  relaxação  do  clero,  a  ignorância  dos  monges, 
a  injustiça  dos  reis,  a  escravidão  dos  povos,  a  falsa  philosophia,  os  preconceitos, 
os  abusos  da  peregrinações,  os  exorcismos  e  a  incerteza  da  medicina,  era  attrahir 
contra  si  o  ódio  de  todas  as  ordens  do  estado. 

Os  escriptos  satyricos  e  os  libellos  diffamatorios  corriam  contra  elle,  e  com 
furor.  Consideraram,  sobretudo,  como  um  crime,  o  ter  elogiado  Bacon,  Descartes 
e  Newton,  uns  por  serem  hereges,  e  outros  por  se  terem  desviado  da  doutrina  de 
Aristóteles. 

Todavia  o  padre  Feijóo  tinha  do  seu  lado  os  verdadeiros  sábios  e  os  suífra- 
gio  de  todos  que  tinham  sacudido  o  jugo  dos  preconceitos. 

Apenas  um  volume  do  seu  theatro  critico  apparecia  impresso,  toda  a  edição 
n'um  ápice  era  vendida,  e  era  mister  recomeçar  outra.  Escreviam-lhe  de  todos 
os  togares  pedindo-lhe  avisos  e  esclarecimentos,  e  propunham-lhe  duvidas.  Apesar 
de  tudo  quanto  tinha  publicado  contra  os  médicos,  a  faculdade  de  Sevilha  consi- 
derou como  um  dever  o  pol-o  em  o  numero  dos  seus  sábios,  como  um  dos 
homens  que  tinham  fallado  mais  racionalmente  acerca  de  um  tal  assumpto. 

Suas  obras,  que  consistem  em  quatorze  tomos,  abrangem  todos  os  géneros 
de  assumptos,  e  são  as  mais  próprias  a  esclarecerem  os  hespanhoes. 

Discute,  esclarece,  julga  e  pronuncia,  ou,  se  não  se  atreve  a  isso,  põe  os 
leitores  a  caminho,  e  deixa  entrever  sua  opinião,  que  é  sempre  o  mais  justo. 

PADUOIV  (D.  ANTÓNIO  JOSÉ  RUIZ ). 

Diputado  proponendo  para  regente  dei  reyno  á  la  Serenisima  Seiíora  D.  Car- 
lota Joaquina  de  Bourbon^  Princesa  dei  Brasil  tj  Infanta  de  las  Espanas.  Entre- 
gado á  uno  de  los  secretários  de  las  Cortes  generales  y  extraordinárias  para  leerse 
m  una  de  las  sesiones  de  marzo  de  1813.  Precede  una  advertência  dei  editor,  que 
la  publica  con  licencia  dei  mismo.  Madrid,  imprenta  de  Davilo,  1814,  4.°  de  3  pag. 

PAES  (PEDRO ), —  Celebre  missionário,  natural  de  Olmeda,  na  dio- 
cese de  Toledo.  Aos  dezoito  annos  entrou  para  a  companhia,  em  1582,  e  embar- 
cou para  Goa  em  1588.  No  anno  seguinte  quiz  penetrar  na  Ethiopia  disfarçado 
em  arménio,  mas  caiu  nas  mãos  dos  turcos,  e  padeceu  um  duro  captiveiro  pelo 
espaço  de  sete  annos.  Hesgatado  em  1596  voltou  a  Goa,  e  embarcou  segunda  vez 
para  a  Ethiopia  em  !()03.  Foi  tão  feliz  que  penetrou  n'este  paiz  e  n'elle  viajou 
durante  dezenove  annos.  Falleceu  em  1022.  Escreveu  vários  trabalhos  na  lingua 
ethiopica. 

Pierre  Jarric  traz  duas  cartas  d'elle  na  sua  Historia  das  Índias  Orientaes, 
tomo  III,  livro  i,  cap.  xxxii  e  xxxvi. 

Lettres  annueles  de  VEthiopie,  pour  Van  1611.  Traduzidas  para  italiano. 
Milão,  1621.  Nápoles,  1624. 


PA  49 

PACKS  (  ILPIIOWSE ). 

"No  Aationalj  de  Paris,  de  1  do  corrente,  chegado  honlem,  publica  Alplionse 
Pagés  uma  nova  correspondência  de  Lisboa  descrevendo  as  duas  ultimas  sessões 
do  congresso  lillerario,  e  da  ida  a  Cintra,  com  apreciações  ii.uilo  correctas  e  muito 
justas  a  respeito  do  nosso  paiz,  e  dando  demonstrações  de  muito  aífceto  aos 
membros  portuguezes  do  congresso.  Do  panorama  que  se  desfructa  próximo  do 
hotel  Victor,  elle  diz:  «É  bello  acima  de  toda  a  descripção,  embora  seja  a  do 
grande  poeta  britannieo». 

« — Qual  é  a  cousa  de  que  mais  gostou  em  Portugal?  —  perguntou  o  Hei 
D,  Fernando  a  Ladislau  Mickiewicz,  o  filho  do  grande  eseriptor  polaco. 

«Da  liberdade  I  —  lhe  respondeu  este*.» 

PAGUETTI  (ALESSANDRO  MARIA ). 

Alia  nobilita  di  Poríogallo  in  engraziamento  delia  generosa  assistenza  prés- 
tatá  ai  divertimento  musicale  nelV  anuo  1737. 
R  um  soneto. 

PAGUETTI  (FRAIVCESCA  Dl  BOLOGNA). 

Livietla  e  Tracollo.  Jntermezzo  posto  in  musica  dal  Signore  Gioranni  Battista 

Pergolesi.  Bappresentato  in  Lisboa  nel  Teatro  alia  Trinità.  Dalli  Signori . 

Cario  Passerini  di  Bologna.  16  pag. 

PAGNONE.— Capellano  di  S.  Maestà  il  Re  d'  Itália. 

A  Sua  Maestà  Maria  Pia,  Principessa  di  Savoia,  eposa  a,  Don  Luigi  di  Bra- 
ganza,  Re  di  Portogallo  nel  giorno  delle  augusto  nozze  27  settembre  1862.  Omagio 
dei  teólogo  cavaliere .  Torino,  1862.  São  doze  sextilhas. 

PAKAI  (JOÃO ).— Jesuíta,  húngaro. 

Amoris  ac  doloris  duellum  pro  Magno  Indiarum  Apostolo  S.  Francisco  Xave- 
rio.  Cassoviae,  16732. 

PALÁCIO  (D.  MANUEL  DEL ).— Poeta  hespanhol. 

Separado  dei  rebafio  entre  los  dos  se  entabló : 

en  una  noche  de  enero  — Buenas  noches. 

con  otro  animal  estrano  — Donde  vas? 

Iropezó  un  pobre  cordero.  ,,^^„  ^^^^,^,.^^               ^ 

Al  verle  más  grande  que  él  _  ^^  ^|  . ,  ^^  ,„^  ^^^  ,^ 

y  de  aspecto  muy  decenle,  ^,,  ^1  ^^^^^  ^^ 

pues  llevar  gaban  de  piel  _  ^^^^^^^  [,^„,^^^  ^ 

no  es  para  toda  la  gente, 

con  la  pata  entumecida  "^  '"^"^  ^  frio. 

afable  le  saludó;  —  Conmigo  á  mi  lado  ven, 

y  esta  platica  sentida  y  será  lo  tuyo  mio. . . 


Diário  de  noticias  de  7  de  outubro  de  1880. 

Auguslin  el  Aleis  de  Backer,  BibUotMque  des  êcrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vi,  png.  413. 


3() 


PA 


— Y  lo  de  entrambos? 

—  También. 
En  la  carldad  me  empleo 
y  soy  persona  formal. 

—  Eres  rico  ? 

— Ya  lo  creo. 

—  Como  le  11  amas  ? 

—  Chacal. 
—Vamos,  pues,  a  mi  guarida. . . 
— Admito  tu  proteccion. 

—  Al  li  te  daré  en  seguida 
buena  ropa  de  algodoa. 

Ya  verás  que  bien  se  come. 


Y  de  que  te  cobrirás? 

—  De  aquelio  que  yo  me  tome 
y  lo  que  tu  me  darás. 

—  En  el  Africa  lejana 
soy  propietario,  eso  si  1 . . . 
Pues  tengo  yo  poça  gana 
de  esparcirme  por  allí. . . 

Desgraciado  Portugal ! 

Hasta  hoy  que  usurpo  tu  lierra 

no  viste,  por  tu  mal, 

bajo  la  pel  dei  chacal 

las  orejas  de  Ingkterra? 


Recitou  em  Madrid,  no  anno  de  1871,  a  seguinte  poesia:  A  los  escritores 
portugueses j  por  occasião  da  ida  áquella  cidade  de  vários  escriptores  portugueses: 


Juntos  ayer,  el  Indico  oceano 
acometiendo  hazanas  de  titanes 
vió  á  Pizarro,  Cabral  y  Magallanes, 
Meneses  y  Quirós,  Gama  y  el  Cano. 

Juntos  dieron  su  sangre  ai  africano 
cien  de  nuestros  valientes  capitanes, 
y  juntos  lamentaron  sus  afanes 
dos  génios,  gloria  dei  linage  humano. 


Si  ambiciosa  y  feroz  la  tirania 
robaros  pudo  vuestra  dulce  calma 
en  triste  edad  para  la  {)atria  mia, 

Ya  agostado  el  laurel,  seca  la  palma, 
por  otra  union  brindemos  este  dia : 
la  que  enlaza  el  cuerpo,  sino  cl  alma. 

PALÁCIO  (P.  PAULO  DE ).— Natural  de  Granada  e  lente  de  theo- 

logia  em  Coimbra. 

Suma  Caietana,  sacada  en  lenguaje  castellana :  con  annotaciones  de  miichas 
duhdas  y  casos  de  consciência  por  el  M."  Paulo  de  Palácio,  naiural  de  Granada. 
Por  mandado  y  con  appi'ohacion  dei  /?et\"'°  e  Serenissimo  S.  D.  Henrique:,  Carde- 
nal,  Inf.  de  Portugal  y  Arçobispo  de  Ebora.  Fué  impreso  en  Lisboa  en  casa  de 
Joannes  Blavio  de  Colónia.  Acabóse  a  los  xx  dias  de  mayo  de  1557.  Con  privi- 
legio real. 


PALAU  (FIIAY  FttAIVCISCO ).— Maestro  en  S.  Teologia,  de  la 

orden  de  predicadores,  natural  de  Barcelona. 

Sermo7ies  de  ticmpo,  dei  Padre  Francisco  Mendoça  de  la  Compaiiia  de  Jesus, 
doctor  en  la  Sagi'ada  Theologia,  y  Lecíor  que  fué  de  Escritura  en  la  universidad 


PA  sí 

de  Ecora.  Traduzidos  de  Icngua  portutjuesa  en  castellana  por  el  muij  reverendo 
padre .  En  Barcelona,  por  Pedro  Laeavalleria,  1C42,  in-4.'',  2  vol. 

PALAZZI  (CAULO  FKAIVCKSCO  DK  CESEiVA). 

L'  Er  cole  Lusitano  per  l'íllusírissimo  <£•  Eccellcntissimo  Sig.  D.  Francesco  de 
Sousa  Conte  di  Prado,  Marchese  delle  Mine,  cCc.  Ambasciator  Straordinario  d'Obe- 
dienza  alia  Santità  di  N.  S.  Clemente  IX,  per  V  Altezza  Reale  dei  Sereníssimo 
Príncipe,  Governatore  e  Siiccessore  de  i  Begni  di  Portogallo.  Poesia  aW  lllustriss. 
&  Eccellentiss.  Sig.  D.  Pietro  de  Sousa.  ín  Roma,  per  Francesco  Tizzonni.  1669,  4.° 

PALLOTTA  (D03IENICO ). 

Per  la  partenza  deli'  Illiistrissimo  ed  Eccelentissimo  Signore  Dou  Rodrigo 
Afines  de  Saa,  Almeida  y  Meneses,  Marchese  di  Fontes,  &c.  Roma  cosi  parla. 
Soneto.  In  Roma,  per  António  de'  Rossi  alia  Piazza  di  Geri.  1617. 

PALME RSTON  (VISCOUNT ). 

Speecli,  tíie  1  June  1829,  in  Portugal.  London,  1829. 
Speecli  of  upon  tlie  relation  of  England  with  Portugal.  London,  1830. 
Speecli  in  the  house  of  Commons.  19  April  37  on  the  Civil  War  in  Spain. 
London,  1837. 

SpeecJi  respecting  the  relations  of  England  icith  Portugal.  London,  1829. 

PAL03IARES  (D.  MAIITIN  DAVILA  Y ). 

Poema  natalicio  en  celebracion  dei  nacimiento  dei  muy  augusto  senor  Infante 
de  Portugal,  hijo  segundo  de  la  Mogestad  dei  senor  Rey  Don  Pedro,  segundo  de 
9Ste  nombre,  a  quien  se  te  dedica  por  mano,  y  direccion  dei  ilustrisimo  senor 
Don  Jospph  Farta,  cavallero  de  la  Orden  y  Cavalleria  de  Christo,  embiado  que 
fm  en  Inglaterra  por  el  senor  Rey  de  Portugal,  y  oy  en  esta  Corte  de  Madrid. 

É  uma  poesia. 

PALUDANO  (FR.  HENRIQUE ).— Minorita  da  província  da  Ger- 
mânia inferior. 

Vita  Sanctae  Elisabethae  Reginae  Portugalliae.^ 

PAiVDOLFO  (BERNARDO ). 

La  vita  dei  Beato  Giovanne  di  Dio.  Neapoli,  1631.^ 

PANEGYRICO  apologético  por  la  desqgraviada  Lusitânia,  de  la  servitud 
injusta,  dei  tyrannico  yugo,  de  la  insuportable  tirannia  de  Castilla.  Con  el  derecho, 
virlud,  y  cuydado  de  Don  Juan  1 V,  Rey  justo,  legitimo  senor  y  buen  padre.  Aílo 
sessenta  de  su  cautividad. 

Al  terrible  y  magestuoso  y  ai  que  quita  la  vida  y  espiritu  á  los  Principes,  el 
espantoso  con  los  Rey  es  de  la  tierra.  Psalm.  75. 

Traducido  de  latin  en  castellano.  Ailo  1641.  Con  licencia  y  privilegio.  Im- 


'  Nicol.  Anl.  Bibliot.  Nov.,  vol.  n,  pag.  379. 
'  Ibi.,  vol.  11,  pag.  377. 


32  PA 

presso  en  Paris,  y  ahora  en  Barcelona,  en  la  imprenta  de  Jaime  Hoineu,  delanie 
Santiago.  Y  a  su  custa.  8.°  16  íl.  numeradas. 
Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

PAOLO,  P.  Dl  G.  M.  G. 

Rislretto  di  grammatica  portoghese.  Roma,  1846. 

PAOLUCCI  (SCIPIO ).— Jesuita,  napolitano. 

Francisci  Xaverii  prodigium  in  P.  Marcello  MastriUo  momento  temporis 
curato.  Neapoli,  apud  Lazzarum  Scorigiam,  1634,  in-8." 

PAPEBUOCHIO.— Critico  celebre. 

Escreveu  acerca  das  Rainhas  portuguezas  santas  Tbereza  e  Sancha,  no  Acta 
Sanctorumj  a  17  de  julho. 

Impugnou  um  livro  composto  pelo  nosso  celebre  padre  Macedo  acerca  das 
mesmas  santas.  Porém  na  conferencia  do  dia  14  de  agoslo  de  1721,  o  soeio  da 
academia  de  historia,  Martinho  de  Mendonça  de  Pina  defendeu  Macedo  das  ar- 
guições que  lhe  fizera  Papebrochio. 

PAPEL  CURIOSO  entre  Bobos  anda  en  juego,  unos  muy  tontos  y  otros 
muy  cuerdos.  Rasonamiento  entre  un  cavallero  y  una  dama. 
Guerra  da  acclamação. 

PAPEUS  relative  to  Portugal.  Correspondence  relative  to  the  Britísh  deman- 
des upon  the  government  of  Portugal.  London,  1831,  2  vol.,  foi. 

PAQUIS  (MR. ). 

Histoire  d'Espagne  et  de  Portugal,  par .  2  vol.  Paris,  1836. 

PARADA  (D.  JUAIV  DE  RAENA ).— Presbytero,  natural  de  la 

coronada  villa  de  Madrid. 

Epitome  de  la  vida  y  hedios  de  Don  Sehastian,  dizimo  sexto  Rey  de  Portu- 
gal y  único  de  este  nomhre.  Jornadas  que  hizo  á  las  Conquistas  de  Africa^  y  sti 
muerte  dagraciada.  Con  discursos  escolásticos,  políticos,  historiales  y  morales, 
deduzidos  de  la  misma  historia.  Dirigido  á  la  Serenisima  Reyna  de  los  Angeles, 

Maria  Santisima,  Senora  nuestra,  con  titulo  de  la  Soledad.  Por  el  licenciado . 

Con  privilegio.  En  Madrid,  por  António  Gonzales  de  Reyes.  Ano  de  1692,  8.°  gr. 
210  pag.  afora  muitas  innumeradas. 

Esta  obra  é  precedida  de  um  grande  numero  de  poesias  hespanholas,  entre 
as  quaes  as  seguintes,  de  D.  Pedro  Francisco  Lanini,  sagrado  censor  de  las 

comedias. 

Más  á  tu  pluma  que  á  tu  pátria  deve 
El  Lusitano  Marte  Esclarecido ; 
Puas  á  luz  la  verdad  has  reducido. 
De  su  fama  inmortal  su  vida  breve. 

La  incrédula  Opinion  de  su  fiel  Plebe 
De  esperarle  aun  ay  vivo,  has  convencido: 
Oh  I  Leallad,  que  á  borrarte,  ni  el  olvido, 
La  muerte,  ni  aun  el  liempo  no  se  atrebe 


PA  .53 

Triunfar  dei  Rey  el  nú(nero  excessivo, 
Pudo,  de  la  infiel  hueste  agarena ; 
Morir  pudo  á  su  mismo  ardor  valiente: 

Mas  conservale  en  la  nriemoria  vivo, 

(Aun  más  que  el  bronee  puede,  ó  gran  Roma, 

Tu  ingenio  con  rhetorica  eloquente). 

E  lambem  esfoutra  de  D.  Pedro  de  Zayas : 

Triunfa  la  muerte  de  la  humana  Vida : 
Mas  menguando  la  fama  sus  Vietorias 
En  Marmoles,  en  Bronces  y  en  Historias, 
Ecos  resuena  su  Altivez  rendida. 

El  tiempo  en  su  earrera  envejecida, 
Borra  á  la  Fanja  sus  mayores  glorias, 
Ya  entregando  ai  olvido  sus  memorias, 
Ya  dejandola  en  dudas  sumergida. 

Tu  pluma  (ingeniosisimo  Baena), 
De  estos  comunes  lindes  elegante 
Tranciende  ai  lusitano  defendido. 

De  la  mentira,  que  su  ser  condena, 
Triunfando  eterna  la  verdad  constante, 
De  la  Muerte,  la  Fama  y  el  olvido. 

PARALLÈLE.— F.  R.  P.  B.  ## 

UApocalypse  d'wi  jésiiitej  oii  rélation  véritable  d'un  voyage  merveilleux  à 
Lishonne.  A  la  Flèche,  1761. 

PARAVICINO  (HORTCNSIO  FÉLIX ) —  Predicador  de  su  Ma- 

gestad,  dei  orden  de  la  Santísima  Trinidad,  y  Redencion  de  cautivos. 

Santa  Isabel,  gloriosisima  Reyna  de  Portugal ;  Sermon  ú  oracion  evangélica 
en  la  Solenidad  de  su  Canonizacion  el  Maestro  Fray  la  dixo.  En  Madrid,  en  la 
imprenia  real,  afio  1625. 

Aora  en  Lisboa,  en  la  imprenta  de  Domingos  Lopes  Rosa,  afio  1664.  4.°, 
32  pag. 

PAUDIES   (IGIVACE  GASTOIV ).— Jesuita  natural  de  Pau,  onde 

nasceu  em  1632.  línsinou  malhematicas  no  collegio  de  Luiz  o  Grande  e  falleceu 
em  16731. 


Auguslin  cl  Alois  de  Backcr  Bibliothcquc  des  écrivains  de  la  Compagnic  de  Jesus,  vol.  i,  pag.  537. 


Si  PA 

Les  miracles  de  S.  François  Xavier^  Apolre  des  Indcs,  traduit  de  1'italien  du 
P.  BartoH.  Avec  un  discours  sur  la  a^éande  des  miracles.  Paris,  chez  Michelet  le 
Petit,  1672,  in-12,  312  pag.  afora  o  prefacio. 

Nouvelle  édition.  Paris,  le  Petit,  1710,  inl2. 

PARDO   (GERONOIO ).— Antes  lector  de  Iheologia  en  Alcalá  y 

Salamanca,  y  ahora  assistente  provincial  de  los  clérigos  regulares  menores;  eali- 
íicador  de  la  suprema  y  visitador  de  los  libros  y  librerias  de  estes  reynos,  por 
eomision  dei  consejo  de  la  santa  y  general  inquisieion. 

Discursos  evangélicos,  para  las  solenidades  'principales  de  los  Santos.  Con  três 
Índices  copiosos  de  escritura,  de  cosas  notables,  y  para  las  ferias  mayores  de  la 
Quaresma,  y  otro  ai  principio  de  los  discursos.  En  Lisboa,  por  Domingos  Car- 
neiro, ano  1661. 

Vem  n'esta  collecção  um  sermão  do  nosso  Santo  António,  pregado  em  Ma- 
drid na  igreja  de  Los  Angeles. 

PARIS  (G ASTON ). 

No  seu  admirável  livro  Histoire  poétique  de  Charles  Magne,  caractcrisa  em 
uma  pagina  toda  a  acção  que  os  portuguezes  exerceram  sobre  a  transformação 
das  Gestas  Carolinas  francezas^. 

PARISOT  (VAL ). 

Petite  histoire  du  Portugal,  d'Angleterre,  d'Allemagne  et  d'Espagne.  Paris, 
1841. 

Petite  histoire  du  Portugal.  Paris,  1841. 

PARLIAMCIVTARY  papers  in  session  51,  George  III.  London,  1811. 
Treaty  of  alliance  ivith  Portugal. 

PARRA  (JUAIV  ADAM  DE  LA ).^  Advogado  de  ia  Inquisieion. 

Apologético  contra  el  tirano  y  rebelde  Verganza  y  conjurados  Arzobispo  de 
Lisboa  y  sus  parciales  en  respuesta  á  los  doze  fundamentos  dei  padre  Mascarenas. 
Zaragoza,  por  Diego  Dormer,  1642,  in-4." 

E  um  ataque  á  obra  do  jesuita  porluguez  Ignacio  Mascarenhas,  em  defeza 
dos  direitos  do  duque  de  Bragança,  com  o  seguinte  titulo: 

Juslicia  dei  inclyto  D.  Juan  el  IV  de  Portugal,  arbol  de  los  fíeycs  portugueses 
y  Casa  de  Braganza,  Leyes  de  Lamego,  &c.  Barcelona,  por  Jacques  Bomeu,  1642, 
in-4.'' 

PARRA  (JUAN  MARTIIVEZ  DE  LA ).— Jesuita,  natural  de  Pue- 

bla  de  los  Angeles. 

Panegirico  de  S.  Francisco  Javier.  En  Mejico,  por  Calderon,  1690,  in-4.° 

PARRIXO  (DOMENICO  ANTÓNIO ). 

Tributo  Ossequioso  alia  grandezza  e  resguardevolissime  Prerogatice  di  Sua 
Eccelenza  il  Signor  D.  Rodrigo  Annes  de  Sa,  Marchese  di  Fontes,  cDt;.  Ambascia- 


'  ApoDlamcnto  fornecido  polo  sr.  dr.  Theophilo  Braga. 


PA  ôs 

dore  Estraordinario  per  Sim  Maestà  Portvghese  alia  Corte  Romana.  Soneto  dedi- 
cato  ali'  Illustrissimo  &  Eccelentissimo  Signor,  il  Signor  D.  Gioacchino  Annes  de 
Sa,  Conte  de  Penavió,  digníssimo  Figlio  di  Sua  Eccelenza.  Roma,  nella  Stamperia 
delia  Rev.  Camará  Apostólica,  1715. 

II  plaiiso  tributário;  espressione  d'ossequiosissima  Lede  ai  mérito  impareggia- 
hile  di  S.  E.  il  Signor  D.  Rodrigo  Annes  de  Sá  Almeida  e  Menezes,  MarcJiesi  di 
Fontes  d-  Ambasciatore  Estraordinario  di  S.  Maestà  il  Re  D.  Gio.  Vdi  Portogallo 
alia  Corte  dei  Romano  Pontifice.  Soneto. 

Espressione  Rispettosissima  ai  mérito  sublime  delV  Illustrissimo  e  Reverendis- 
simo  Signor Cj,  il  Signor  Abbate  D.  Giuseppe  César e  di  Meneses,  Priore  delia  Reate 
ed  Insigne  Collegiata  di  Sedufeita.  Sonetto.  Per  novella  testimonianza  deli'  Umilis- 

simo  Ossequio  di .  In   Roma,  nella  stamperia  delia  Rev.  Cam.  Apostólica, 

1715,  foi. 

PAUTICULARS  and  correspondent  documents  relative  to  lhe  frendi  aggres- 
sion  on  Portugal.  London,  1831. 

PASIO  (FR.)- 

Copia  d'una  breve  relatione  delia  Christianità  di  Giappone,  dei  mese  di  marzo 
1598,  insino  ai  octobre  dei  medesimo  anno,  e  delia  morte  di  Taicosoma,  signora 
d'il  deito  Regno.  Roma,  1601,  8."  peq. 

Existem  alguns  exemplares  em  que  se  lê:  Venezia,  appr.  Ciotti,  1601,  in-8.«i 

PASKAART  van  een  gedeelte  vau  de  kust  van  Portugal,  van  Zurara  tot  7 
a  8  myl  besiiyde  de  Berlefiges.  Amsterdam,  J.  van  Keulen  (1708). 
Carta  de  navegação.  0"',50  x  O'".o7. 

PASKAART  van  Galissien  van  C.  de  Finisterra  tot  aen  Zurara,  mel  ai 
zyn  diepte  cn  drooghte.  Amsterdam,  J.  van  Ceulen,  1708. 

PASSAR  GE   (L.). 

Aus  dem  heutigen  Spanien  und  Portugal.  Reise-Erinnerungen  und  Kultur- 
studien.  Leipzig,  1883,  2  vol. 

Vol.  II,  cap.  ni,  BataUta,  pag.  263.  (Camões,  eslrophe  dos  Lusiadas:  O  vence- 
dor Joanne;  texto  portuguez  e  versão  allemã,  por  Donner.  Cap.  iv:  Coimbra; 
Porto;  Monumento  a  Camões. 

PASTORET. 

Moyse  considere  comme  législateur. 

O  auctor  cita  n'esta  obra  os  escriptos  c  opiniões  de  vários  judeus  portu- 
guezes. 

PATERNINA  (ESTEVÃO  DE )  ou  PERALTA.— Jesuíta,  natural 

de  Logrofio. 

Vida  dei  padre  Joseph  de  Anchieta,  de  la  compania  de  Jesus  y  provincial  dei 


Deschamps  et  G.  Brunei,  Supplément  au  Manuel  du  libraire  de  Brunei,  vol.  ii,  pag.  171. 


S6  PA  , 

Brasil.  Traducidú.  de  latin  en  casíellano  por  el  padre .  Salamanca,  en  la  im- 

prenta  de  António  Ramirez.  Ano  1618.  8.°,  430  pag. 

PATIIV. 

Na  sua  obra :  Étndes  siir  les  tragiques  grecs,  3."  edição,  Paris,  1865,  trata  da 
Ignez  de  Castro  portugueza. 

PATUIGIVAIVI   (GIUSEPPE    ANTOIVIO  ).  —  Da  companhia  de 

Jesus. 

Lettere  di  San  Francesco  Saverio,  delia  compagnia  di  Giesú,  dal  padre  Orazio 

Forsellino  già  in  latino  e  ora  in  vulgar,  pubblicate  dal  P. .  In  Venezia,  per 

Niccoló  Pezzana,  1716,  in-8.°,  332  pag. 

PATTYN. 

Le  commerce  maritime  fondé  sur  le  droit  de  la  naiure  et  des  gens . . .  Malines, 
1727. 

Contient:  «Les  lois  de  la  navigation  des  portugais  et  une  recherelie  très- 
profonde  sur  le  commerce  des  espagnols  aux  Indes  Orientales.» 

PAUKE. 

Reise  in  der  Missionen  nach  Paraguay.  Zur  Gesch,  der  Missionen  und  der 
Jesuiten.  Wien,  1829,  in-8.« 

PAIJLET  (JULES ). 

Don  Luís  de  Camoèns,  ou  le  poete  voyageur. 

No  Buletin  de  la  société  de  géographie,  23  de  março  de  t86l.  Pag.  I  a  15. 

PAUTHIER  (G.). 

Histoire  des  relations  politiques  de  la  Chine  avec  les  puissances  occi  dental  es, 
depuis  les  temps  les  plus  anciens  jusqu'á  nos  jours^  suivie  du  cérémonial  observe  à 
la  cour  de  Pekin  pour  la  reception  des  ambassadeiirs.  Traduit  pour  la  premièrc 
fois  dans  une  langne  européenne,  par .  Paris,  1859,  8."  de  xx-238  pag. 

PAW  (M.  DE  ). 

Recherches  philosophiques  sur  les  grecs,  par .  Berliíi,  1788,  2  vol.,  in-8.° 

A  pag.  Ill  do  vol.  I,  diz  o  seguinte,  fallando  acerca  da  degeneração  dos 
gregos : 

«Em  Portugal  e  na  Ilespanha  notou-se  até  mesmo  que  as  famílias  nobres 
s5o  constantemente  as  mais  estúpidas;  e,  se  acerca  de  outros  paizes  houvéssemos 
feito  observações  similhantes,  haveríamos  talvez  obtido  os  mesmos  resultados. 
Sem  fallarmos  das  consequências  de  uma  educaçilo  viciosa,  que  não  queremos 
confundir  absolutamente  com  as  causas  physicas,  podemos  facilmente  explicar  o 
que  se  observa  na  Hespanha  e  em  todo  o  Portugal  por  causas  mui  simplfs.  Sup- 
punhanhos  que  existem  n'um  pequeno  paiz  isolado  noventa  fidalgos  imbecis,  e 
que  somente  ha  casamentos  entre  os  membros  d'estas  famílias,  e  nunca  fora 
d'esla8 ;  n'e8se  caso  a  fraqueza  dos  pães  se  Iransmiltirá  de  tal  modo  aos  filhos, 
que  o  estado  nada  de  bom  poderá  esperar  da  posteridade  de  uma  tal  raça,  e  cila 


PE  57 

ha  de  acabar  por  se  a ssi milhar  a  esses  arbustos  qu6  nunca  foram  enxertados,  c 
cuja  seiva  somente  pôde  ser  melhorada  com  a  infusão  de  uma  seiva  estranha.» 

PECCIIIO  (JOSEPH  ). 

Trois  7nois  in  Portugal.  Lettres.  Traduction  de  Vitalien,  par  L.  Gallois.  Paris, 
1822. 

Tre  mesi  in  Portogallo  nel  1822.  Madrid,  1822. 

Lettres  historiques  e  politiques  sur  le  Portugal,  par  le  comte j  publiées 

par  M-  Leonard  Gallois.  Paris,  ...  1  yoI.,  in-8.° 

PEDRO  ATVD  IIVES.  Ein  deutsches  Originaltvanerspiel  in  versen  von  funf 
Aufzugen.  Wien,  1771. 

No  prefacio  ha  referencias  a  Camões  e  vem  traduzida  a  estancia  dos  Liisia- 
das  que  começa:  «Passada  esta  tão  prospera  victoria«.i 

PELLICIER  (D.  JOSEPH   DE  TOVAR  ). 

Siiccesion  de  los  Reynos  de  Portugal  y  el  Algarve.  Logrono,  1641. 

Casa  de  los  Condes  de  Torres  Vedi^as  en  el  reyno  de  Portugal.  xMadrid,  1646,  foi. 

PENA  (FR.  JOSEPH  IGNACIO  DE  LA ).— Jubilado  en  sagrada 

teologia,  presentado  de  cathedra  de  los  de  justicia,  y  numero  en  sua  província 
de  Castilla,  de  dicho  real  orden. 

Sermon  de  la  gloriosisima  Virgen  Senora  Nuestra,  Maria  Santissima  de  la 
Merced,  ò  Misericórdia,  en  la  festividad  de  su  admirable  Descension  de  el  Celestial, 
Real  y  Militar  Orden  de  la  Merced,  Redencion  de  Cautivos.  Predicole  el  M.  R.  P. 

M. .  Dixole  en  su  Hospicio  de  la  Corte  de  Lisboa  Occidental.  Ofrecele  ai  Ex- 

celentisimo  Senor  D.  Francisco  Xavier  de  Meneses,  Conde  de  Ericeira,  Senor  per- 
petuo de  esta  Villa,  Puerto,  y  su  partido,  y  de  la  Villa  de  Ancião,  Escampados, 
S.  Blas,  y  sus  dependências ;  Seíior  de  la  Casa  de  Louriçal,  y  de  el  Patronazgo  de 
Santa  Maria  de  Aguiar  y  otros;  Comendador  en  la  Orden  de  Christo,  de  las  en- 
comiendas  de  Santa  Christina  de  Sarcedelo,  S.  Pedro  de  Helvos,  S.  Bartholome  de 
Covillan,  San  Martin  de  Frazão,  S.  Cypriano  de  Angueira,  S.  Peloyo  de  Fragoas; 
de  el  Consejo  de  Su  Majestad,  Mariscai  de  Campo  de  sus  Ejercitos,  Diputado  de 
la  Junta  de  los  três  estados  de  el  Reyno,  Director,  y  Censor  de  la  Academia  Real 
de  la  Historia  Portuguesa,  Académico  de  los  Árcades  de  Roma,  &c.  Lisboa  Occi- 
dental. En  la  oficina  Ferreiriana,  1733,  4.",  27  pag. 

PENE  (M.  HENRI  DE ). 

Esquisses  portugais. 

Vem  citada  esta  obra  a  pag.  22  do  Parallèle  entre  Ic  Marquis  de  Pombal  et 
le  Raron  Haussmann.  Paris,  1869. 

PENINSULAR  (THE)  historie,  romantic  and  literary  magazine.  Edited 
by  lí.  de  Lazeu  Juas.  First  quarter.  London,  1820.  With  four  illustrations. 


Thoophilo  Braga,  Bibliographia  camoneana,  pag  219. 


58  PE 

PENITENTE  reconocimiento  de  un  pecador  á  la  piedad  inmensa  de  sn  Bios, 
que  usando  de  su  alta  misericórdia  no  confundia  en  desolacion  total  á  la  ciiidad 
de  Sevillaj  en  el  formidable  terramoto  de  el  primero  de  Noviemhre  de  1755,  á  las 
diez  y  cinco  minutos  de  la  mariana,  cuijo  justo  castigo  solo  puJo  detenerlo  el  amor 
de  Nuestra  Reyna  Soberana  Virgen  Maria,  con  el  didce  titido  de  Su  Santisimo 
Rosário.  Romance  endecasj/Uaho.  En  Sevilla,  por  Pedro  Padrino. 


PEjVNY  (THE)  Pictorial  News  and  famihj  story  paper.  Saturday,  July  19, 
1880.  London,  foi. 

Na  1/  folha  Iraz  os  retratos  de  Vasco  da  Gama,  de  Camões,  e  a  vista  do 
desembarque  dos  restos  mortaes  d'estes  dois  personagens  em  Belém,  e  a  pag.  3  a 
procissão  civica  desfilando  por  defronte  do  pavilhão  real,  e  um  pequeno  artigo 
intitulado:  Os  festejos  em  Lisboa  em  honra  de  Camões  e  Vasco  da  Gama. 

«O  povo  de  l.isboa  tem  recentemente  celebrado  o  tricentenário  do  seu  poeta 
nacional  de  modo  que  todos  que  presencearam  o  ceremonial  declaram  ter  sido 
realmente  magnifico.  Prestando  d'esta  maneira  honra  á  memoria  de  um  homem 
que  tem  lançado  grande  honra  sobre  o  seu  paiz,  apresentou  aquelle  um  exemplo 
que  as  outras  nações  poderiam  aproveitar  com  vantagem;  pois  não  ha  festejos 
mais  caros  ao  coração  do  povo  patriota  do  que  os  conferidos  como  tributo  de 
respeito  a  pessoas  cujas  obras  se  téem  tornado  como  bens  moveis,  de  que  as 
gerações  téem  gosado.»  ...  ali  combining  to  prove  in  the  most  enlhusiastic 
manner  that  the  portuguese  people  of  our  day  possess  a  lively  sense  of  the  ho- 
nour  reflected  on  them  by  their  fellow-countrymen  who  fought  and  sung  and 
sailed  the  sea  more  than  300  years  ago.» 

PEPPER  (CHARLES  ROCKLAND ). 

Le  Portugal.  Ses  origines,  son  histoire,  ses  productions,  le  traité  de  Methucn 
et  Viinion  ibérique.  Paris.  E.  Dentu,  1879,  8.»  gr.,  xiv-327  pag. 

Esta  obra  é  dedicada  ao  duque  de  Ávila. 

«Eis  a  occasião  em  que  o  auctor  concebeu  o  projecto  de  escrever  acerca  de 
Portugal  uma  monographia,  que  procurou  tornar  tão  completa  quanto  possivel. 
Visitava,  como  tantos  outros,  a  exposição  universal,  e  tinha  admirado  a  repro- 
ducção  architectural  do  monumento  portuguez,  de  que  se  linham  servido  para  a 
construeção  da  fachada  e  da  secção  portugueza. 

"Tinha  percorrido  a  exposição  interessante  d'este  pequeno  paiz,  e  tinha  até 
mesmo  procurado,  para  tornar  esta  visita  mais  fructuosa,  o  catalogo  especial  da 
secção.  Sua  leitura  lhe  havia  deixado  a  vaga  lembrança  de  que  Portugal  se 
achava,  na  escala  das  nações,  nos  últimos  togares,  e  n'um  estado  de  profunda 
decadência.  Na  França,  como  também  em  outros  muitos  paizes,  conhece-sc  tão 
pouco  a  historia  e  mormente  a  historia  moderna,  que  era  bem  desculpável.  Por 
isso  não  ficou  mediocremente  espantado  ao  ver  e  saber  que  Portugal  tinha,  desde 
vinte  e  cinco  annos,  feito  progressos  consideráveis,  sob  o  activo  impulso  de  um 
governo  sábio  e  liberal,  tendo  á  sua  frente  um  Príncipe  instruído,  e  applicando-se 
ás  letras  e  ás  sciencias. 

«Esta  contradicção  entre  o  que  via.e  o  que  sabia,  lhe  deu  a  idéa  de  recorrer 
ás  fontes,  nas  quaes  tinha  bebido  seus  coidiecimentos,  aliás  muito  imperfeitos, 
acerca  do  paiz.  Releu  uma  historia  de  Portugal  muito  bem  feita,  n'um  muito  bom 


PE  ^9 

estylo,  c  devida  á  sabia  penna  de  mr.  Bouciíot,  professor  de  historia,  distineto  e 
erudito,  da  faculdade  de  Paris. 

«Esta  historia,  publicada  em  1854,  exprirnia-se  em  termos  mui  severos.  .  • 
o  historiador  descrevia  o  sombrio  quadro  em  que  o  paiz  tinha  caído.  Fallava  da 
ilesorganisação  da  marinha,  da  desorganisação  horrível  das  colónias,  tornadas 
onerosas  á  metrópole,  do  estado  miserável  da  agricultura  e  do  commercio,  da 
venalidade  dos  agentes  públicos,  do  contrabando,  da  falta  de  estradas  e  de  vias 
de  communieação,  e,  o  que  contribuía  para  tornar  o  quadro  mais  lamentável,  do 
preconceito  invencível  da  nação  contra  a  instrucçâo. 

«Eis  o  que  era  Portugal  em  1854,  e  em  1878  o  auetor  d'este  livro  o  achava 
rejuvenescido,  resuscitado,  para  assim  dizer,  iniciado  em  todos  os  progressos, 
vogando  a  todo  o  panno  para  uma  situação  prospera,  cheia  de  força  e  de  futuro. 
Esta  resurrreição  foi  a  seus  olhos  como  um  milagre.  Julgavam  Portugal  morto, 
e  elle  attestava  uma  vitalidade  extraordinária,  e  um  vigor  incrível. 

«Este  espectáculo  era  próprio  para  fazer  pensar  o  auetor,  e  dar-lhc  o  desejo 
de  penetrar  mais  avante  no  conhecimento  d'este  povo.  E  viu  então  quão  pouco 
sabiam  o  que  era  esta  nação,  o  que  eram  seus  annaes,  e  que  úteis  documentos 
n'elles  podiam  ser  encontrados.  Que  de  maior  do  que  a  epocha  heróica  de  sua 
historia?  Que  de  mais  maravilhoso  do  que  a  epocha  da  conquista  das  índias? 

«Camões  apenas  tinha  tido  o  trabalho  de  relatar  fielmente,  n'uma  linguagem 
digna  dos  altos  feitos  que  elle  celebrava,  e  do  heroe  cuja  gloria  cantava,  os 
grandes  acontecimentos  que  tinham  assignalado  a  historia  do  seu  paiz,  para 
escrever  um  poema  esplendido,  pois  os  factos  mais  se  assimilhavam  a  ficção  da 
epopéa,  do  que  á  realidade  da  historia. 

O  augmento  rápido  d'este  pequeno  paiz  conquistado  sobre  os  infiéis,  sua 
grandeza  tão  assombrosa  quanto  súbita,  o  brilhantismo  das  proezas  de  seus 
heroes,  a  successão  não  interrompida  de  tantos  soberanos  gloriosos,  a  phalange 
apinhada  de  seus  grandes  homens,  depois,  repentinamente,  uma  decadência  pro- 
funda e  a  escravidão,  e  depois  de  um  lethargo  mortal,  e  que  parecia  definitivo, 
um  livramento  vigoroso  e  rápido,  qual  outro  quadro,  devia  commover  mais  na 
historia  do  que  este,  e  qualquer  outra  nação  o  poderia  apresentar? 

«A  historia  de  Portugal  é  uma  escola  de  heroísmo,  como  disse  o  grande 
Imperador;  é,  alem  d'isto,  uma  historia  maravilhosa,  por  causa  das  bellas  acções 
de  Henrique  de  Borgonha,  AíTonso  Henriques,  Egas  Moniz,  Bernardo  Froias,  o 
Cid  portugiieZj  Álvaro  Paes,  Peres  Correia,  Martim  de  Freitas,  Giraldo  Giraldes, 
AíTonso  II,  Aílbnso  IH,  o  bom  Rei  Diniz,  O  pae  do  povo,  AíYonso,  o  DravOj, 
D.  João  de  Aviz,  o  santo  condestavel  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  o  Infante  D.Henri- 
que, o  Rei  D.  João  II,  D.  Manuel,  o  Afortunado,  e  todos  esses  heroes  da  índia,  Vasco 
da  Gama,  Cabral,  Pacheco,  Albuquerque,  Castro,  Athayde,  até  Vieira  e  Pombal. 

PER  LE  FAUSTISSI3IE  nozze  di  S.  A.  R.  la  Príjicipessa  Maria  Pia  di 
Savoia  con  S.  M.  Don  Luigi  I,  Re  di  Porlogallo,  festiggiate  in  Génova  la  será  dei 
xxvin  Settemhre  mdccclxxii  nel  Teatro  Cario  Felice.  Génova,  per  Tommaso  Fer- 
rando, typographo  dei  município. 

PERALTA    (D.  MATIIIAS    DE   CALDEIlOIV  ) — Primiciero  de 

la  Congregacion  de  S.  Francisco  Xavier. 

El  Apostol  de  las  índias  y  nuevas  gentes,  S.  Francisco  Xavier,  de  la  Conipa- 


60  PE 

ília  de  Jesus.  Epitome  de  sus  apostólicos  hechoSj  virtudes^  ensenanza,  y  prodigios 
antiguos  y  nuevos.  México,  imprenta  de  A.  &  Santistevan  y  Fr.  Luperck»,  1661, 
in-4.° 

Obra  raríssima,  dividida  em  cinco  partes,  uma  das  quaes  trata  dos  milagres 
operados  pelo  apostolo  nas  índias.  Não  foi  citada  nem  por  António,  nem  por 
Pinelo. 

Em  1867  vendeu-se  um  exemplar  por  130  francos  i. 

» 
PERAMBULATION  (LA)  de  Espana  y  de  Portugal,  y  discurso  entre 

Carlos  y  Felipe.  En  espagnol  et  anglais.  London,  d  750. 

PERCIVAL  (ROBERT ). 

Voyage  á  Ceylan,  fait  dam  les  années  1797  à  1800 ;  contenant  1'histoire,  la 
géographie,  et  la  description  des  moours  des  habitaras,  ainsi  que  celle  des  produ- 

ctions  natuvelles  du  pays,  par ,  suivi  de  la  relation  d'une  ambassade  envoyée 

en  1800,  au  rol  de  Candy;  traduit  de  V anglais  par  P.  F.  Henry.  Paris,  an  xi 
(1803);  2  vol. 

PERDOUX  (VICTOR ). 

Le  Camõens,  drame  historique  en  un  acte  et  en  vers,  par .  Paris,  1872, 

in-i2.° 

PÈRE  BELOY. 

Déclaration  du  droit  de  legitime  succession  sur  le  royanme  de  Portugal  appar- 
tenant  à  la  fíeyne  mère,  Cathérine  de  Médicis.  Anvers,  1582. 

PÈRE  DE  LA  COMPAGNIE  DE  JESUS. 

Rudiments  de  la  langue  latine,  composés  sur  la  grammaire  du  P.  Emmanuel 

Alvarez,  de  la  Compagnie  de  Jesus.  Par  un .  A  Paris,  chez  la  veuve  de  Ho- 

race  Molin,  1709,  in-S.",  126  pag.  No  fim:  Lugduni,  typis  Marcelini  Sibert,  1709. 

mesmo  titulo.  Nouvelle  édition,  revue,  a^igmentée  et  cotTigée  avec  soin  par 

Vauteur.  A  Lyon,  chez  Anloine  Molin,  1713,  in-i.",  136  pag. 

PEREIRA   (D.  JUAIV  DE  SOLORZAIVO ). 

Politica  Indiana,  cowpuesta  por  el  Doutor ,  Caballero  dei  Orden  de 

Santiago,  dei  Consejo  dei  Rey  Nuestro  Senor  en  los  Supremos  de  Castilla  y  de  las 
índias.  Dividida  en  seis  libros.  En  Amberes.  Henrico  y  Cornelio  Verdussen. 
1703,  in-fol. 

«Todos  estes  descobrimentos  e  noticias  foram  mui  confusos  para  o  muito 
que  havia  a  penetrar  e  a  inquerir  em  tão  varias  e  estendidas  províncias.  E  todas 
essas  ainda  assim  se  vieram  a  perder  de  todo  na  Europa,  como  bem  adverte 
Tbomaz  Bozio,  por  causa  da  ignorância  da  navegação,  e  pela  diíliculdade  de  irem 
por  terra  a  laes  índias,  havendo  de  atravessar  tanto,  que  foram  occupando  ini- 
migos, de  leis  e  nações  diversas,  até  que,  no  tempo  de  nossos  pães,  os  valorosos 
lusitanos,  que  são  os  que  mais  t(5em  conquistado,  começaram  a  tentar  sua  nave- 
gação, e  depois  foram  penetrando  no  interior  e  exterior  de  todo  o  oriente,  dando 


'  Deschamps  et  G.  Brunei,  Supjjlément  au  Manuel  du  libraire  de  Brunei,  vol.  ii,  pag.  198. 


PE  .  «» 

não  só  vista  ás  suas  immensas  e  dilatadas  provincias,  mas  até  mesmo  illuslran- 
do-as  com  a  fé  de  Christo,  e  tirando  muitas  d'ellas  aos  mouros,  que  injustamente 
as  occupavam.  E  a  taes  historias  e  recordações  de  gloriosas  emprezas  encarecem 
com  rasão  muitos  e  graves  auclores.  E  também  as  não  pôde  negar  o  francez  Tor- 
catulo,  embora  patenteando  o  ódio  ou  inveja,  que  os  de  sua  nação  têem  á  Hes- 
panha,  dizendo  que  os  portuguezes  obraram  façanhas  taes  para  fugirem  da  misé- 
ria em  que  viviam. . . 

PEUEIUA  (ISAAC  DE  LA ). 

Publicou  em  1655  um  livro  intitulado:  PrcBdamitae,  e  acompanhou-o  de  um 
outro  Systema  Theologicum  ex  Praeadamitarum  hypothesi. 

«Pereira,  auctor  do  systema  das  Praedamitas,  sustentava:  «Que  a  creação 
do  mundo,  da  qual  se  falia  no  capitulo  ii  do  Génesis,  é  differente  d'aquella  de 
que  se  falia  no  capitulo  i.  Que  Moysés,  no  capitulo  i,  fallou  da  creação  dos  ho- 
mens em  geral  em  todas  as  partes  do  mundo,  que  no  capitulo  ii  só  fallou  da 
creação  particular  de  Adão  e  Eva.  E  suppõe  que  entre  estas  duas  creações  me- 
deia, talvez,  um  grande  numero  de  séculos;  que  Moysés  distinguiu  Adão  dos 
outros  homens  só  pela  rasão  de  ler  sido  o  tronco  da  nação  judaica;  que  o  diluvio 
não  foi  geral,  mas  sim  particular  á  Judéa,  e  que  nem  todos  os  homens  descendem 
de  Noé,  que  os  gentios  ereados  nas  diíTerentes  regiões  da  terra  habitável,  muito 
tempo  antes  de  Adão,  morriam,  não  por  haverem  peccado,  mas  por  serem  com- 
postos de  uma  matéria  sujeita  á  corrupção.» 

PEREYRA  (FRANCISCO ).— Missionário  no  Madure,  no  século  xviii. 

Brief  R.  P.  Francisci  Pereyra,  Missionarii  S.  J.  in  dem  Reich  Madura,  an 
einen  Priester  aus  gemeldter  Gessellschafft;  geschrieben  zu  Cunampattitu,  dem  1 
Christmonats  1739.  Inhalt.  P.  Pereyra,  erzehlet  die  Armut  seiner  von  denen  hey- 
dnischen  Freinden  selir  hedrangten  Mission.  Die  wunderbarliche  Wãrclungen  des 
im  Namen  des  H.  Fraiiç.  Xav.  geweyhten  Wassers.  Die  Andacht  deren  Indianern 
zu  diesem  Ileiligen.  Verschiedene  Bekehrungen  derenselben.  Die  heilwúrckende 
krafft  der  Erde  vom  dem  Grab  Ven.  Patris  Joatinis  de  Britto.  Den  hulfreichen 
Beystand  des  H.  Aposteis  Jacobi  in  Wiedererhaltung  verlohrner  Sachen.  Die  Krafft 
des  H.  Tauff-  Wassers  in  Abtreibung  deren  Teufeln  iind  derer  Leibs-Kranckheiten. 
Den  Schutz  Mariae  iiher  ihre  Pfleg-Kinder.  Maria  erscheinet  einer  bedrangten 
Hof-Dume  im  Schlaff.  Die  Bildnuss  der  Mutter  Gottes  bekehret  eine  heydnische 
Edel  Frau.  Die  Gunst  Gewogenheit  einiger  heydnischen  Fursten  gegen  die  Christeu 
und  Missionarien.  Die  schimpfliche  Bezikhtigung  eines  hoffartigen  Brachmans. 
Sanda-sachebi,  eines  Mahometanischen  Feld-Fiirstens  sonderbare  Lieb  gegen  einen 
Jesuiten.  Seine  Hochachtung  unseres  Gesazes.  Standhafftigkeit  deren  Christen  unter 
denen  Verfolgungen.  Zweyer  Matronen  aus  Kòniglichem  Gebliit  herzhaffíe  Gedult 
in  Verlust  aller  zeitlichen  Gúter,  &c.,  cêc.  Freyheit  eines  Kinds  in  Verachtung 
deren  Gòzen-Bildern.  Einer  abdrinnigen  Missionarien  in  Madura.  ^ 

PERES  (DOMIXGO  GARCIA  ). 

Catalogo  razonado  y  bibliográfico  de  los  autores  portugueses  que  escribieron  en 
castellano,  por .  Madrid,  1890. 


'  Anguslin  cl  Móis  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jésua,  vol.Vi,  pag.  433. 


6â  PE 

PERES  (NICOLAU ). —  Hespanhol,  domiciiiado  em  Lisboa. 

Encycbpedia  portugueza,  mais  augmentada  de  novos  artigos  (em  duas  terças 
partes)  que  as  encyclopedias  franceza^  ingleza  e  latina  de  Leão:  por  N.  P.  0.  S. 
D.  E.  S.  Lisboa,  iinpr.  regia.  1817,  8.»  gr. 

Collecção  de  viagens,  ib.  na  mesma  imprensa,  1818.  (Só  se  imprimiu  até  á 
folha  7-2. 

Viagem  ao  interior  do  Brasil,  com  uma  exacta  descripção  das  ilhas  dos 
Açores.  íb.,  na  mesma  imprensa,  1819,  4.»  com  estampas.  (Transcriptas  em  fran- 
eez  pelo  viajante  John  Mawe,  mas  a  traducção  não  chegou  a  ultimar-se.) 

PEREZ  (ALONSO ). 

Los  siete  libros  de  La  Diana,  agora  nuevamente  ailadida  con  la  segunda 
parte,  por .  2  vol.  in-16.  Anvers,  Pedro  Bellero,  I08O-I08I. 

La  Diane  mis  en  nouveau  langage,  par  madame  de  Saintonge.  Avec  un  Idile 
pour  le  mariage  de  la  Diichesse  de  Lorraine.  Paris,  1699. 

Diana.  A  pastoral  novel.  From  the  Spanish.  in-12.  London,  17;j7. 

Le  Roman  espagnol  ou  nouvelle  traduciion  de  la  Diane  écrite  en  espagnol. 
Paris,  1735. 

La  Diana,  de  Jorge  Monte  Maior.  Parte  11.  Milão,  1616. 

PEREZ  (ÁRIAS ). 

Primavera  y  flor  de  los  mejores  romances  y  sátiras  que  se  han  cantado. 
Anadidas  diversas  poesias.  Y  aora  nuevamente  anadido  el  romance  que  se  hizo  á 
la  entrada  de  Galicia  en  Portugal,  en  esta  primcra  y  segunda  parle.  Madrid,  por 
Pablo  de  Vai.  1659. 

PEREZ  (J.  ALVAREZ ). 

Los  companeros  de  Vasco  da  Gama.  (Aventuras  de  un  pintor).  Quarta  edicion. 
Madrid.  Medina  y  Navarro,  editores.  8."  241  pag. 

É  um  romance,  e  faz  parte  da  collecção:  Bibliotheca  de  instruccion  y  recreo. 

PEREZ  (JEROIVYMO ) — Jesuita,  natural  de  Saragoça. 

Relacion  completa  de  muchos  portuguezes  que  derramaron  su  sangre  por  la 
Fê  de  Christo  en  el  Japon.  Manila,  in-4.<' 

PEREZ  (I).  NICOLAS  DIAZ  Y  ). 

De  Madrid  a  Lisboa  (Impresiones  de  un  viaje),  por .  Segunda  edicion. 

Madrid,  1877.  8."  gr.  vi-474  pag.  Precedida  de  uma  caria  a  Alexandre  Herculano. 


("uanto  (sic)  é  bella  esta  vida  assim  vivida! 
Agora,  logo,  aqui,  alem  notando 
Uma  pedra,  uma  ílor,  uma  lindeza. 
Um  seixo  da  corrente,  uma  conchinha 
Á  beira-mar  colhida  . . . 

'Não  é  verdade  ser  muito  suavemente  lyrico  o  terno  Gonçalves  Dias  ? 


PE  «» 

«Parece  um  grego.  Um  mármore  pentelico  derretendo-se  sob  o  ardente  sol 
americano.  Porém  em  Portugal  todos  os  génios  são  assim  como  Gil  Vicente, 
como  Gamões,  como  Garrett. . .» 


«Os  povos  chrislãos  (pag.  345),  rendiam  um  culto  extraordinário  ao  corpo 
de  Christo  desde  o  anno  220,  em  que  foi  introduzido  o  uso  dos  altares  sem 
imagens  nos  templos,  e  em  787,  quando  o  concilio  de  Nicea  creou  o  culto  defi- 
nitivo para  todas  as  imagens.  Não  havia,  porém,  uma  festa  especial  para  celebrar 
a  de  Christo,  e  no  anno  de  1264  a  instituiu  o  Papa  Urbano  IV,  e  dois  annos 
depois  a  do  sagrado  coração  de  Christo. 

«Nos  dias  em  que  festividades  taes  eram  celebradas,  havia  grandes  funcções 
nos  povos.  As  celebradas  n'esta  cidade^,  relativas  á  procissão  de  Corpus  Christi, 
no  anno  de  1438,  eram  cousa  digna  de  ser  vista. 

«Alem  da  extraordinária  pompa  do  culto,  as  danças,  musicas,  cavalgatas,  e 
jogos  de  alegria,  não  eram  menor  incentivo  para  attrahir  á  romaria  todas  as 
pessoas  das  aldeias  circumvizinhas. 

«E  os  bons  portuguezes  d'aquella  epocha,  esquecendo-se  por  um  momento 
das  rivalidades  nacionaes,  atravessavam  alegremente  a  fronteira,  e  nem  mesmo 
queriam  lembrar-se  se  algum  dia  a  tinham  atravessado  para  actos  de  hostilidade. 

«Entre  os  muitos  festejos  celebrados  em  Badajoz  por  occasião  de  uma  tal 
festividade,  era  costume  conferir  um  premio  ao  cavalleiro  que  desse  maior  nu- 
mero de  voltas  a  cavallo,  a  uma  distancia  anteriormente  marcada,  sustentando 
com  a  mão  direita  um  estandante  castelhano,  que  era  o  pendão  da  cidade. 

«Na  véspera  da  folgasã  romaria,  achando-ss  reunidos  vários,  jovens  na  sala 
das  armas  do  governador  de  Elvas,  um  d'elles  concebeu  o  arrojado  propósito  de 
fazer  uma  aposta  em  como  era  capaz  de  roubar  a  celebrada  bandeira  de  Badajoz 
o  Irazel-a  para  dentro  das  muralhas  da  praça  porlugueza. 

«E  o  intrépido  portuguez  cumpriu  sua  palavra. 

«Chegado  que  foi  o  dia  seguinte,  e  havendo  conseguido  penetrar  com  outros 
portuguezes  nas  corridas,  empunhou,  quando  lhe  tocou  a  vez,  o  glorioso  estan- 
darte, e  a  galope  sobre  um  fogoso  cavallo  deu  a  primeira  volta,  e  depois  a  se- 
gunda. E  á  terceira,  em  logar  de  volver  desde  o  angulo  da  estacada,  emprehendeu 
uma  corrida  a  galope  em  direcção  a  Portugal. 

«Ficaram  todos  os  hespanhoes  extáticos  e  absortos  nos  primeiros  momentos; 
porém,  recuperando  dentro  em  pouco  a  energia  momentaneamente  perdida, 
correram  a  galope  atraz  do  portuguez. 

«E  o  portuguez  galopava,  galopava  sem  descanço,  levando  uma  grande 
dianteira  aos  hespanhoes. 

«Viam-se  já  os  muros  da  cidade  de  Elvas...  E  estando  já  próximo  da 
praça,  caminhou  o  portuguez  em  direcção  a  uma  de  suas  portas,  esporeando  seu 
cavallo.  Porém  a  ponte  levadiça  eslava  erguida,  e  os  de  dentro,  talvez  por  teme- 
rem represálias,  tinham  fechado  as  portas. 


Falla-se  de  Badajoz. 


«4  PE 

«Porém  o  portuguez,  coberto  de  suor,  e  com  o  cavallo  nadando  em  espuma, 
não  se  resolveu  a  dirigir-se  para  outra  porta,  porque  os  que  estavam  nas  mura- 
llias  llie  diziam  que  todas  estavam  fechadas. 

«O  governador,  que  tinha  visto  grande  numero  de  hespanhoes  caminhando 
em  direcção  á  praça,  já  com  receio  do  perigo,  já  com  inveja  da  proeza  que  o 
joven  tinha  obrado,  mandou  fechar  todas  as  portas. 

«Em  vão  o  joven  gritava  que  lh'a  abrissem.  Vendo  que  suas  supplicas  eram 
inúteis,  e  que  as  espadas  inimigas  já  o  alcançavam,  arrojou  o  estandarte  por  cima 
das  muralhas,  exclamando  ao  precipitar-se  do  seu  cavallo  para  o  fosso: 

« —  Morra  o  homem,  fique  a  fama  I 

«Arrojaram -se  immediãtamcnte  os  castelhanos  sobre  o  corpo  do  cavalleiro 
poitnguez,  levando-o  para  Badajoz,  e  prenderam-o  n'uma  prisão  mui  segura. 
Poucos  dias  depois  d'este  successo,  accendia-se  alli,  em  frente,  junto  á  porta  da 
cathedial,  uma  fogueira  immensa,  e  por  cima  das  chammas  pozeram  um  grande 
caldeirão  cheio  de  azeite.  E  quando  este  eslava  a  ferver,  lançaram  para  dentro  do 
caldeirão  ao  portuguez,  como  lhe  fossem  dar  um  banho. 

«E  desde  então,  por  muitos  annos  depois,  esteve  em  costume  que  no  dia  da 
procissão  de  Corpus  Christi  hasteavam  o  estandarte  hespanhol  na  fortaleza  de 
Elvas,  e  na  procissão  levavam  uma  caldeira  de  cobre  conduzida  por  quatro 
homens,  a  qual  recordava  o  lastimoso  íim  do  portuguez. 

# 
#      # 


«Que  bonito  panorama  oíTereee  Lisboa,  vista  do  rio!  O  céu  claro  que  a 
cobre,  as  douradas  areias  d'aquellas  praias  sempre  alegres,  e  todos  os  edifícios 
com  suas  torres,  seus  escudos,  seus  zimbórios,  reflectindo-se  na  superfície  das 
aguas,  é  mais  encantador  que  o  de  Veneza  e  o  de  Moscow !« 

De  pag.  453  a  467  falia  o  auctor  acerca  de  Camões. 

O  auctor  dá  a  entender  que  está  preparando  um  livro  intitulado  a  Curte  (Jr 
Lisboa. 

PEIIICO  Y  ANEXA.— Archiducal  matraca  lusitana. 
Poesias  alhisivas  á  entrada  do  exercito  portuguez  em  Madrid. 

PERIÉ  (EDOUARD ). 

Cliro)nque  de  Lisbonne.  Na  Revue  des  races  latines,  vol.  8.°,  pag.  553,  anno 
de  i8o3. 

Este  volume  é  acompanhado  dos  retratos  de  D.  Pedro  V  e  D.  Estephania. 

«Lisboa  quasi  que  em  nada  se  parece  com  a  maior  parle  das  cidades  euro- 
péas  que  lenho  visitado  Compõe-se  de  duas  cidades,  as  quaes  nenhuma  muralha 
separa,  mas  que  nem  por  isso  são  menos  distinctas,  embora  confundidas  no  am- 
phitheatro  encantador  que  se  prolonga  da  Torre  de  Belém  até  á  barra  do  Tejo. 

«<As  arvores  de  seus  jardins,  seus  palácios  antigos,  seus  edifícios  modernos  e 
seus  zimbórios  se  confundem  n'um  céu  quasi  constantemente  puro.  Suas  collinas 
revestidas  de  verdura,  e  matizadas  com  lindas  habitações,  palácios,  o  passeio  de 
S.  Pedro  de  Alcântara,  que  a  domina,  tudo  encanta  os  olhos  do  viajante  recem- 
chegado,  e  para  elle  é  Lisboa  a  pérola  das  cidades. 


PE  «s 

«Uma  das  cousas  que  logo  chamauí  a  allenção  do  recemchegado  é  a  praça 
do  Couimercio  e  a  magnifica  estatua  de  El-Rei  D.  José,  inaugurada  na  epoclia  do 
famoso  marquez  de  Pombal,  que  occupa  o  centro  d'esta  praça.  Quasi  todas  as 
grandes  ruas  da  cidade  eslão  aceiadas,  e  são  direitas  e  largas,  bordadas  por  altos 
prédios,  em  geral  ao  gosto  moderno. 

* 


"O  lindo  Iheatro  de  D.  Maria  II  enfeita  esta  praça.  Do  seu  peristylo  enxer- 
gámos o  antigo  convento  do  Carmo,  com  seus  muros  arruinados,  mas  ao  mesmo 
tempo  repassado  d'esse  ar  de  severidade  que  nos  peneira  nos  velhos  templos  ca- 
tholicos.  Ao  contemplarmos  suas  ogivas,  e  suas  abobadas,  julgar-nos-hiamos 
antes  na  presença  dos  restos  de  uma  fortaleza,  do  que  em  frente  de  um  templo 
christão.  E  tenho  observado  que  todos  os  ediíicios  religiosos,  construídos  durante 
a  idade  media,  inspiram  a  mesma  reflexão. 

«Mormente  na  península  ibérica  era  mister  que  assim  fosse.  Não  vinham  os 
mouros  em  epoehas  não  mui  distantes  umas  das  outras  tentarem  converter  as 
igrejas  em  mesquitas,  como  nós  havíamos  convertido  suas  mesquitas  em  igrejas? 
Quando  os  olhos  se  desviam  do  velho  edifício  para  o  moderno  Iheatro,  pergun- 
támos a  n6s  njesmos  se  na  realidade  o  mundo  andou. 

"Da  praça  de  D.  Pedro  IV  entrámos  n'um  passeio  publico,  tão  bello  como 
o  podemos  imaginar,  e  tão  bem  tratado  como  os  parques  mais  estimados  da 
Inglaterra.  É  cingido  pelas  alturas  da  cidade,  e  ao  abrigo  de  sua  sombra  se  pôde, 
comtudo,  julgar  isolado  no  mundo,  quando  se  passear  nas  horas  em  que  a  socie- 
dade portugueza  não  está  no  costume  de  o  fazer.  Emquanto  ao  mais,  a  influencia 
lunica  é  grande  nas  ruas  e  nos  passeios  de  Lisboa,  a  não  ser  em  epòchas  solemnes. 
A  chusma  raras  vezes  vem  interromper  as  phanlasias  do  poeta. 

«Lisboa,  todavia,  occupa  uma  área  tão  grande  dez  vezes  como  aquella  de 
que  teria  necessidade  para  estar  assentada  á  sua  vontade  nas  margens  do  rio. 

«Os  portuguezes  conservam  um  orgulho  de  raça,  uma  independência  de 
movimentos,  e  uma  poética  indolência  que  ainda  mais  contribue  para  a  tranquil- 
lidade  da  sua  capital.  Logo  que  as  relações  estão  estabelecidas,  conhece-se  que  o 
isolamento  do  exterior  occulta  uma  doce  familiariedade  do  lar  domestico,  o  que 
não  é  mais  do  que  um  encanto  acrescentado  á  residência  da  rainha  do  Tejo. 

"Fui  acolhido  com  uma  amizade  cavalheiresca,  da  qual  ainda  estou  maravi- 
lhado, e  cujos  eíTeitos  se  não  fazem  esperar  para  a  Revista  das  raças  latinas. 

"El-Rei  D.  Pedro  V  recebeume  a  6  do  mez  ultimo  em  audiência  particular. 
Basta  conversar  um  momento  com  este  Príncipe  para  adquirirmos  as  provas  de 
sua  precoce  e  elevada  intelligencia,  fecunda  por  meio  de  mui  sérios  estudos.  Sua 
conversação,  um  pouco  sabia,  é  por  extremo  agradável.  Seu  primeiro  cuidado  foi 
o  de  me  auctorisar  a  inscrevel-o,  assim  como  a  seu  pae  e  a  seus  irmãos,  na  lista 
dos  assignantes  da  Revista. 

"O  marquez  de  Loulé,  presidente  do  conselho  e  seus  collegas,  acolheram-me 
como  não  acolhem  senão  nas  terras  latinas  :  o  acolhimento  foi  o  mesmo  em  todos 
os  grandes  personagens-jornalistas,  presidentes  dos  estabelecimentos  publicos,  e 
grandes  iiidustriaes  que  vêem  com  prazer  que  a  Revista  das  raças  latinas  se  propõe 
a  coadjuvar  em  tudo  quanto  pôde  secundar  a  prosperidade  de  Portugal. 

õ 


CG  PE 

«Lisboa  é  a  villa  do  mundo,  um  jardim  da  Europa.  Alli  falla-se  tanto  o 
francez  como  o  portuguez,  e  por  toda  a  parte  a  civilisação  se  desenvolve  mila- 
grosamente. 

«Como  se  dá  então  o  caso  de  que  suas  artes,  sua  índuslria,  seu  commercio, 
sejam  apenas  conhecidos,  a  não  ser  da  Inglaterra,  a  qual  apenas  se  inquieta  em 
relação  áquillo  que  elles  podem  ter  de  commum  com  seus  próprios  interesses? 

«Provém  isso  da  culpada  preoceupação  d'aquelles  que  deveriam  ser  os  defen- 
sores das  raças  catholicas.  Emquanto  aos  portuguezes  elles  têem  bastante  con- 
sciência no  seu  próprio  valor  para  não  esperarem  com  paciência  que  lhes  seja 
feita  justiça.  Entre  elles  o  espirilo  de  nacionalidade  é  dominante;  seu  desejo  de 
bem  estar  não  é  tal  que  lhes  faça  immolar  tudo  ao  novilho  de  oiro. 

«O  culto  da  apparencia  lhes  é  muito  menos  caro  que  o  da  verdade.  Acolhem 
todos  os  progressos,  mas  estão  de  pé  alraz,  contra  Iodas  as  loucuras.  Foram  os 
primeiros  na  Europa  que  souberam  fazer  entrar  em  seus  logares  certos  grandes 
linanceiros  que  se  tinham  esquecido  de  mais  que  o  dinheiro  deve  estar  ás  ordens 
das  nações.» 

O  resto  do  artigo  versa  sobi'e  o  casamento  de  D.  Pedro  V. 

PEUPIANtS.— P.  J. 

Oraliones  in  Beatam  Elisabetham  Lusitaniae  Reginam  XVIIl.  Romae,  1587. 
Oratio  1  ad  IIL  Laiidationes  in  B.  Elisabetam. 

PEUPIlViVlV  (JOÃO  ) — Nasceu  em   1530  em  Elche,  no  reino  de 

Valência,  e  entrou  para  a  companhia  em  1551.  Brilhou  em  Coimbra  e  em  Roma 
por  suas  lições  de  eloquência:  em  Lyon  e  em  Paris  por  suas  explicações  de  es- 
criptura  sagrada.  Morreu  em  Paris  no  anno  de  15CG^ 

I.  De  Societalis  Jesn  gymnasiis  ac  de  ejus  doctrinae  ratione  coram  Joanne  111 
Lusitaniae  rege  habita  Conimbricae  Kal.  Oct.  1555. 

II.  Laudatio  fiinebris  Ludovici  Principis  cjusdcm  Joannis  111  Regis  fratris  Ger- 
mânia ibidem  dieta  eodem  anno. 

III.  IV  e  v.  Quae  triíim  librornm  vicem  gerunt  Laudationis  in  B.  Elisabelham 
Lusitaniae  Reginam^,  anniversariis  natalis  ejus  diebus  nonarum  Jidii  annoriim  1556, 
1557  et  1558  dictae. 

Vem  estas  orações  na  obra  intitulada:  Petri  Joannis  Perpignintii  Societatis 
Jesn  Presbyteri  Orationes  duaedevinti.  Additae  siint  orationes  qiiinque,  quinque 
Presbjjterorum  Societ.  Jesn,  Romae  pritnuni  dictae.  llac  tertia  meo  edilione  a  men- 
dis  plurimis  repurgatae  novis  additionibus  marginaUbus  et  Índice  duplici  tam  Ora- 
tionum  quam  Rerum  et  Verborum  in  commodum  juventulis  adouctae.  Cólon iae 
Aggrippinae,  sumptibus  Petri  Henningii,  1650,  in-i2,  565  pag.  afora  a  epistola 
dedicatória,  o  prefacio  e  os  Índices.  Coloniae,  16G1,  in-12. 

VI.  R.  P.  Petri  Perpiniani  Societatis  Jesu,  de  vita  et  moribns  li.  FAisabethae 
Lusitaniae  Reginae  Historia.  Coloniae  Agrippinae,  sumptibus  Bernardi  Guallheri, 
1G09,  in-8.",  188  pag. 

No  fim:  Coloniae  Agrippinae,  excudebat  Stephaiius  Ileimníuden,  sumptibus 
Bernardi  Gualtheri,  Anno  mocix. 


'  Auguslio  cl  Alois  (Ic  Dacker,  Bibliolhèijue  dts  écrivains  de  la  compaguie  de  Jést(S,  vol.  i,  píig.  5Í8. 


PE  "7 

MI.  Petri  Lazeri  Soe.  Jesu,  de  vita  eí  scriptis  Petri  Joatmis  Perpiniani  Dia- 
triba.  Homae,  1749,  in-8.«,  599  pag.  com  o  retrato  do  aiictor. 

Esta  edição,  feita  pelo  padre  Pedro  Lazeri,  é  dedicada  á  Raiiilia  de  Hespa- 
nlía,  reinante,  pelo  padre  Manuel  de  Azevedo,  jesuíta  portuguez.  Contém : 

1.°  Dezenove  discursos,  entrando  n'eiies  o  Panegyrko  de  Santa  Izuhel  de 
Portugal,  divididos  em  3  livros; 

á."  Vie  de  Saint  Elisabeth  de  Portugal,  eu  trois  livres. 

PEIUVEY310\D  (CUAULES  ). 

Le  Portugal  devant  1'Eiirope  et  le  monde  ou  les  trailés  et  la  jiolitique  du  ira- 
rail.  Lisbonne,  1854,  8.°,  xiv-168  pag. 

O  auetor  quer  provar  que  l^rtugal  precisa  tratar  da  siu  politica  de  trabalho. 

PEUUOT  (VICT.  )  et  AU3IAIND  1>U  3IESNIL. 

Camoiins.  Brame  ^i  cinq  actes  et  en  prose.  Paris,  1845. 

Foi  representado  pela  primeira  vez  em  Paris  no  real  theatro  do  Odéon,  a  29 
de  abril  de  1845. 

A  noticia  sobre  a  representação  do  mencionado  drama  Camões  vem  na  obra 
de  Paul  Porei  e  de  Georges  Monval,  intitulada:  Histoire  administrative,  anêcdo- 
tique  et  littéraire  du  second  tJtêãtre  frauçais  (1818  à  1853).  Paris,  1882,  vol.  n, 
cap.  XIII,  18i'4.  Notice  siir  la  representation  du  drame  Camoens,  par  Perrot  et 
Dumesnil. 

PEUSIA. 

Memorias  dos  Cónegos  Regulares,  por  D.  Caetano  do  Bem.  Pag.  112. 

«Na  primeira  conferencia  da  academia  real  d'este  anno,  1731,  se  deu  parle 
aos  académicos  de  baver  avisado  João  de  Saldanha  da  Gama,  vice-rei  do  estado 
da  índia,  que  em  uma  pequena  ilha  situada  no  mar  pérsico,  pouco  distante  da 
ilha  de  Ormuz  (que  pôde  ser  a  que  se  conhece  com  o  nome  de  Lareca),  havia 
uma  antiga  mesquita,  e  corria  por  tradição  entre  todos  os  mouros,  que  n'ella  se 
conservam  certos  depósitos,  que  nenhuma  pessoa  podia  tirar,  porque  logo,  em  o 
emprehendendo,  morria  repentinamente;  porém  que  alguns  portuguezes,  despre- 
zando este  agouro,  entraram  na  mesquita  e  trouxeram  d'ella  dois  caixões  cheios 
de  livros  antiquissimos,  uns  escriptos  em  lingua  arábica,  outros  na  persiana,  os 
quaes  foram  entregues  ao  mesmo  vice-rei,  que,  fazendo-os  examinar,  se  achara 
que  alguns  tratavam  de  medicina,  outros  de  historia,  suíTicientemente  encaderna- 
dos, e  que  muitos,  especialmente  os  de  medicina,  tinham  mil  annos  de  antigui- 
dade, tão  bem  escriptos  que  pareciam  impressos;  que  se  ficava  fazendo  extractos 
do  que  cada  um  continha  para  os  remetter  a  este  reino.  (Gazeta  de  Lisboa,  de 
1731,  pag.  48.) 

PESCE  (JOSÉ  E. ). —  Superintendente  do  palácio  do  governo. 

Guia  do  emigrante  para  a  Republica  Oriental  do  Paraguay.  Com  breves  notas 

e  observações,  por .  Segunda  edição  correcta  eaugmentada.  Imprensa  a  vapor 

da  nação,  rua  Solis,  69.  1885,  8.«,  174  pag. 

«A  lingua  hespanhola  é  a  que  se  falia  em  todo  o  paiz.  É  muito  raro  que  um 
filho  do  paiz,  regularmente  instruido,  não  conheça  o  francez,  o  inglez,  o  italiano 
e  o  portuguez  (pag.  43). 


68  PE 

«A  população  nacional  dispõe  de  sobrados  meios  ao  seu  alcance  para  intei- 
rar-se  dos  suecessos  locaes,  da  marcha  económica  e  administrativa  do  paiz,  e  das 
outras  nações,  e  por  fim  para  seguir  nas  differenles  phases  do  seu  progresso  o 
movimento  inleliecfual  do  mundo  inteiro,  pois  existem  muitos  periódicos  eseri- 
ptos  nos  idiomas  liespanliol,  francez,  inglez,  italiano  e  portuguez,  e  varias  revis- 
tas scientificas,  litterarias,  commerciaes,  industriaes,  etc. 

PESSIIVUS  (P.  PETRUS  ). 

De  vila  et  morte  P.  Ignatii  Azevedii  et  sociornm  ejm  e  Societate  Jesu.  Romae, 
1679,  4.» 

PESTANA  (D.  CYPUIAIVO  DE  PINA ).— Natural  de  Lisboa  Oc- 
cidental. 

Poema  heroi/co  ai  nuevo  natalicio  dei  Sereníssimo  Seíior  Don  Alexamlro,  In- 
fante de  Portugal.  Ofrecido  a  el  miiy  augusto  Seíior  D.  Jmeph  Francisco  António 

Ignacio  Roberto  Augustino,  Príncipe  dei  Brasil.  Eseripto  por .  En  Madrid, 

1723. 

PETAN  (em  latim  Petavius)  DENTS. —  Um  dos  sábios  mais  distinctos  do 
seu  século.  Nasceu  em  Orleans  no  anno  de  1583.  Morreu  no  coilegio  de  Glermont 
em  16521. 

Basílica  in  honorem  S.  Francísci  Xaverii  a  fundamentis  exstructa,  miimficen- 
tia  Francísci  Sublet  de  Noyers,  a  Collegíi  Claromontani  Alumnis  S.  J.  luudata  et 
descnpta.  Parisiis,  Cramoisy,  1641,  1664,  in-4.» 

S.  Franciscus  Xaverius  Crucis  In  incidam  marí  ahsorptam  vectore  cancro  re- 
cuperai, pag.  121. 

Visus  humano  major  bárbaros  Bodagas  fugat,  pag.  123. 

Acenos  pugnantes  longe  díssitus  videt  ac  vincit,  pag.  126. 

Apparecem  estas  três  poesias  na  collecção  intitulada:  Parnassns  Societatis 


PETEUBOnOUGH  (BENOIT ). 

De  vila  et  gestis  Henríci.  Edição  Th.  Hearn,  tomo  ii,  pag.  403. 

Trata  da  viagem  de  Mathilde,  que  para  se  dirigir  de  Portugal  a  Flandres 
desembarcou  na  Rochella. 

Acerca  d'esta  njulher  de  D.  AÍTonso  líf,  Rei  de  Portugal,  V.  também  Raoul 
de  Dicet,  na  Collecç.ão  de  Ttoisden,  col.  623;  Madox,  The  Jlistory  of  lhe  Exche- 
quer,  pag.  252;  Léopold  Deliste,  Chronique  de  fíobert  de  Torígní,  Rouen,  1873, 
pag.  128  2- 

PETIIEO  (ESTEVÃO  ).—  Jesuita,  húngaro. 

Ilei^culis  Christíani,  seu  S.  Francisci  Xaverii  S.  J.  hidiarum  Apostoli  ac  Thau- 
maturgi  Labores  duodecim.  Tyrnaviae,  typis  academicis,  1664,  in-8." 


•  Aujçuslin  el  Alois  de  Backcr,  Bibliolhèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  \-o\.  i,  p.ig.  5,')8. 

*  R.  Franci.'((iuc  Michel,  Les  portuyais  en  France,  ele,  pag.  6. 


PI  69 

PETICIOIV  lamenlahle  ai  Reij  nnestro  Senor  D.  Felipe  V  (que  Dios  guarde), 
que  haze  un  afectuosíssimo  vassallo  sui/o,  en  médio  de  la  captividad  de  la  Imperial 
Toledo;  notada  por  cl  lieal  Prophela  David,  ai  Psalvio  136  Super  flumina  Bahy- 
lonis,  &c. 

TETRO  (NICOLAU  ).— Jesuila,  húngaro. 

Vanegipicus  D.  Francisco  Xavcrio.  Claudiupoli,  1734. 

PETKACCIO    (IMUTIIOLOMEU  ).— Jesuíta,  italiano,  natural  de 

Messina. 

Vila  dei  B.  Francesco  Xaverio,  raccolta  da  diversi  aidori.  Messina,  Pietro 
Biea,  IGOo,  in-4.° 

PEZERAT  (P.  J.). —  Ingenieur  chef  de  la  repartition  technique  de  la 
chambre  niunieipale. 

Mémoire  sur  les  eludes  d'améUoratio'ns  et  embelissements  de  Lisbonne,par . 

Lisbonne,  1865,  8.",  24  pag. 

PIIILAUETE  (CHARLES ). 

Eludes  sur  Vontiquité.  Paris,  1849. 

A  pag.  114  falia  com  extraordinário  elogio  de  Camões  i. 

PHILIP  AU  (FU,  II.). 

Notice  sur  la  serradelle,  plante  foxirragère  de  Portugal,  in-8.*' 

PIANO    (FR.    MARIANO   DE  ).  —  Capuchinho   da  província  de 

Toscana. 

Compendiosa  narração  da  vida  do  venerável  padre  fr.  Lourenço  de  Brindise, 
capuchinho  italiano,  natural  do  reyno  de  Nápoles,  professo  na  província  de  Veneza, 
fallecido  em  Lisboa  aos  22  de  julho  do  anno  1619,  e  depositado  no  convento  das 
freiras  descalças  de  Santa  Clara  de  Villa  Franca,  do  reyno  de  Leão,  que  a  Santa 
Sé  trata  de  beatificar.  Offerecida  á  Fidelissima  Augusta  Magestade  da  Rainha  Mãy 

N.  Senhora  D.  Mariana  de  Áustria,  pelo  P. .  Lisboa,  na  regia  oííicina  Syl- 

viana,  e  da  academia  real,  1752,  8.^  24  pag.  afora  a  dedicatória  e  as  licenças. 

PICAMITH  (CH.  DE  ). 

Vimprimerie  nationale  de  Lisborine  à  Vexposition  universelle  de  1867.  In-8.° 

PíCULER  ((iUI ).  — Jesuita,  e  eanonista  celebre.  Nasceu  em  PerckoíT, 

na  Baviera,  e  morreu  no  anno  de  1736  em  Munich^. 

Béponse  á  un  ami  sur  la  queslion  proposée,  touchant  un  contrai  de  prêt  à  in- 
tei-ét,  par  lepère  Antoine  Cardoso,  de  1'Oratoire  de  Porto.  Lisbonne,  1788,  2  vol., 
in-12. 


'  Thcophilo  Braga,  Bibliographia  camoneana,  pag.  219. 

*  Augustin  et  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  dela  compagnie  de  Jesus,  yoli,  pag.  570. 


70  PI 

O  auctor  alaca  principalmente  o  padre  Pichler,  o  qual  sustentava  que  as  leis 
civis  e  o  costume  são  títulos  sufficientes  para  legitimar  os  juros  recebidos  da 
quantia  mutuada. 

PICO  (DR.  RANUCCIO  ). 

La  Principessa  Santa,  overo  la  vita  di  Santa  Elisahetha  Reina  dí  Portugallo. 
Venelia,  appresso  Giovanni  Gueriglio,  1627,  4." 

PICQUET  (CHARLES  ). 

Carte  chorographique  des  environs  de  Lishonne.  Lisbonne,  1821. 
Livre  des  postes  d'Espagne  et  de  Portugal  en  Espagne  et  eu  France.  Avec  carlc' 
Paris,  1810. 

PICTURE  (A)  of  Lisbon,  taken  on  the  spot,  hy  an  inhahitant.  With  sketcJm. 
Second  edition.  Lisboa,  1811. 
Ibid.  London,  1809,  242  pag. 

PIÈCES  nouvelles  du  procès  des  Jésuites  de  Portugal.  Ânecdotes  sur  raffaire 
du  Paraguay.  Traduction  de  ritalien.  Lisbonne,  1760,  23  png. 

PIEDADE  (DIOGO  DA ). 

Dialogo  sobre  a  Historia  de  Portugal,  emportuguez  e  [rancei.  Coinjbra,  1830, 
8.",  1  vol.,  303  pag. 

PIELAT  (B.). 

Octoglotton  or  phraseology  in  8  langues :  [rançais,  latin,  cspagnol,  poriugais, 
italien,  [laniang  et  anglais.  Amsterdam,  1700. 

PIERRE  (LA)  de  touchc  politique  1691.  VAnneaude  Gigès.  XXV  Dialogue. 
Jiixte  la  copie  imprimée.  A  Venise.  Chez  Penetrante  Penelranti  sur  la  Placo 
S.  Marc,  à  la  Tine  Doublere.  1791,  8." 

oÉ  obra  que  se  compõe  de  vários  volumes,  ataviados  com  lindas  eslampas, 
criticas  e  politicas.  O  auctor  queria  a  todo  o  custo  que  Portugal  seguisse  o  par- 
tido de  Inglaterra,  e  deixasse  de  ver  a  França,  promettendo  mundos  c  fundos  a 
Portugal  se  tal  fizesse. 

«Neptuno. —  Cumpriste  bem  todas  as  ordens  que  te  dei?  E  liouve  alguma 
cousa  que  obstasse  a  peneirar,  sob  as  diíTerenles  figuras  que  tomaste,  todos  os 
segredos  acerca  dos  quaes  cu  quero  ser  informado  ? 

"Phothko. —  Os  homens  são  tao  fáceis  de  ser  enganados,  comianto  que  lin- 
j.lmos  que  vamos  atraz  de  suas  paixões,  sabendo-rne  eu,  alem  d'isso,  masrarar  c 
disfarçar,  que  me  não  foi  diílicil  allrabir  todos  quantos  vi  que  me  abriam  sou 
coração  acerca  de  tudo  quanto  eu  quiz  saber  relativamente  ás  cousas  que  dizem  ■ 
respeito  ao  vosso  império  maritimo.  Eis  porque  vos  direi  que  podeis  loniar 
medidas  seguras  acerca  das  resoluções  que  tendes  formado. 

«Nkptuno. —  Duas  cousas  tenbo  na  mente:  uma,  vero  commcrcio  livremente 
restabelecido  sobre  toda  a  extensão  de  meus  dominios.  A  segunda,  assegurar  ao 
maior  monarcha  da  terra  o  império  do  mar,  e  lornal-o  cm  uma  de  minhas  ondas, 


PI  n 

tSo  superior  a  seus  inimigos,  que  a  despeito  da  união  dos  inglczcs,  dos  holiamle- 
zes  c  dos  hespanhoes,  Iodas  as  nações  sojain  obrigadas  a  abaixar  o  seu  pavilbão 
em  frente  dos  francezes. 

«Protheo.— Emquanío  vós  os  favorecerdes  com  tempos  tão  propicies,  como 
aquclles  que  lhes  tendes  dado,  o  poder  prodigioso  que  elles  toem  por  mar,  não 
pôde  deixar  de  triumphar  de  todos  os  esforços  de  seus  inimigos. 

«Neptuno. —  Se  esse  Eolo  enredador  houvesse  querido  no  anno  passado,  de 
accordo  comigo,  a  esquadra  de  Inglaterra,  não  poderia  ter  fugido  á  sorte  que  teve 
a  da  HoUanda.  Porém  aquelle  senhor  dos  ventos,  por  um  capricho  obstinado, 
não  quiz  jamais  fazer  com  que  eiles  soprassem  sobre  a  popa  dos  navios  francezes, 
que,  todavia,  embora  não  fossem  favorecidos  por  tal  deus,  que  me  faz  muitas 
vezes  roncar  e  bramir  mais  do  que  eu  teria  vontade,  não  deixaram,  não  obstante 
o  sopro  contrario  dos  ventos,  de  atacar  e  de  fazer  em  estilhaços  toda  aquella 
esquadra. 

«Protheo. —  Parece-me,  porém,  que  Eolo  n'este  anno  não  coadjuvou  mal 
vossas  intenções;  a  esquadra  franceza  não  soffreu  a  mais  pequena  borrasca,  e  os 
inglezes,  tendo  querido  vir  depois  da  retirada  d'aquelles,  arrostar  com  o  capricho 
vulgar  do  equinoxio,  viram  perecer  uma  parte  de  seus  navios,  e  abortar  sua 
segunda  tentativa. 

«Neptuno. —  Por  maior  que  tenha  sido  a  perda  d'esta  nação  infiel,  está  ella 
bem  longe  d'aquiIlo  que  merecem  seus  crimes.  Enguli  debaixo  de  minhas  ondas 
aquelle  grande  navio  a  qnem  seu  nome  torna  de  mau  agouro  para  a  coroa,  que 
o  tyranno  de  Inglaterra  injustamente  usurpou;  em  mim  mesmo  figurava  ver  com 
aquelle  navio  oscillar  aquella  desgraçada  coroa  sobre  a  cabeça  d'aquelle  tyranno. 
Olhava  para  elle,  arrastado  pela  tempestade,  fazendo  vãos  esforços  para  chegar 
ao  porto.  E  por  fim  minhas  ondas  fenderam-se  para  lançar  no  fundo  aquelles. 
scelerados.  Schelton  e  sua  equipagem  beberam  o  cálix  amargo  que  a  vingança 
divina  lhes  tinha  destinado.  Felizes  se  sua  morte  podesse  abrir  os  olhos  a  tantos 
traidores  que  se  obstinam  na  perversidade,  na  qual  minhas  ondas  os  sepultaram. 

«Protheo.— Duas  vezes  cheguei  a  Portugal:  uma,  quando  eu  quiz  peneirar 
as  intrigas  do  velhaco  Mercúrio,  o  qual,  sob  o  nome  e  physionomia  do  conde  de 
Martinitz,  alli  foi  enviado  no  tempo  que  a  liga  de  Augsbourg  estava  no  seu  auge 
com  o  fim  de  acabar  de  seduzir  D.  Pedro,  e  de  fazer  com  que  elle  entrasse  em 
resoluções  propicias  aos  da  liga.  E  na  outra,  depois  que  tendo  eu  visto  D.Pedro 
algum  tanto  desenganado,  tomei  a  figura  de  um  dos  descendentes  de  Vasconcellos, 
para  me  introduzir  junto  d'erse  Rei,  que  é  pouco  mais  ou  menos  tão  penteado 
por  sua  mulher,  como  o  Rei  da  Polónia  o  é  pela  sua,  e  fiz-lhe  comprehender 
quanto  lhe  seria  vantajoso  não  dar  ouvidos  a  esses  da  liga,  e  retirando  sua  irmã 
de  Inglaterra,  romper  com  o  inimigo  de  sua  religião,  e  aproveitar-se  da  oecupa- 
ção  desgraçada  dos  hespanhoes  para  lhes  declarar  guerra  e  tornar  a  ganhar  a 
Extremadura. 

«É  verdade  que  parece  que  cada  um  deixa  alli  D.  Pedro  viver  tranquilla- 
menle  no  fim  do  mundo,  no  seu  beco  sem  saída,  como  se  fora  um  Príncipe  que 
não  pesasse  um  grão  na  balança.  Todavia,  se  quizesse  penetrar  nas  rasões  solidas 
que  lhe  devem  inspirar,  não  só  sua  religião,  mas  também  seu  interesse,  estaria 
em  estado  de  dar  cá  liga  terríveis  dores  de  barriga.  E  pagando  os  serviços  que  a 
França  lhe  prestou,  mantendo  a  casa  de  Bragança  no  throno  de  Portugal,  vingar- 


7Í  PI 

se-hia  bem  facilmente  do  êxito  que  tiveram  outr'ora  as  astúcias  c  as  crueldades 
de  Filippe  II. 

«Neptuno. —  Quando  a  casa  de  Bragança  subiu  ao  throno,  que  o  Rei  de 
Hespanha  lhe  tinha  usurpado,  fora  difficil  que  se  podesse  n'elle  conservar  sem  o 
apoio  da  França.  Esta  monarchia,  que  em  todos  os  séculos  teve  um  cuidado  par- 
ticular de  alliar  sempre  a  justiça  em  sua  politica,  e  ser  protectora  dos  direitos 
legitimos  dos  Principes  que  uma  potencia  injusta  despojou,  julgou  nSo  dever 
recusar  seu  soccorro  aos  novos  Reis  de  Portugal,  e  sabe-se  o  que. fez  em  prol 
d'este  paiz,  o  valor  do  conde  de  Schomberg,  o  qual,  depois  de  ter  grangeado 
tanta  gloria  n'uma  guerra  tão  justa,  se  lembrou,  para  a  macular,  de  desertar  da 
França,  e  de  ir  perder  indignamente  a  vida  nas  margens  do  Boyne,  sustentando 
o  mais  detestável  de  todos  os  crimes  e  o  mais  pérfido  de  todos  os  usurpadores. 

«Não  se  pôde,  portanto,  pôr  em  duvida  que  a  casa  de  Bragança  é  devedora 
aos  Reis  da  França  da  coroa  que  cinge;  e  que,  por  dever,  por  justiça,  por  inte- 
resse do  estado,  estão  obrigados  a  serem  amigos  dos  francezes,  assim  como  ini- 
migos eternos  dos  hespanhoes.  E  então  porque  privilegio  vemos  que,  em  vez  de 
satisfazerem  a  um  tal  dever  e  a  um  tal  interesse,  tomando  ás  escancaras  o  partido 
da  Europa,  D.  Pedro  âe  sepultou  nos  braços  de  sua  mulher  ...» 

O  leitor  vé  já  perfeitamente  de  que  tratam  taes  livrinhos  —  cantilenas  para 
fazer  com  que  os  portuguezes  deixassem  os  inglezes  e  se  unissem,  fazendo  causa 
commum  com  os  francezes. 

Mas  lá  que  as  estampas  são  muito  bonitas  e  aquellas  allegorias  mui  engra- 
çadas, isso  é  uma  verdade  puríssima. 

E  como  é  linda  a  estampa  representando  a  Rainha  a  cortar  os  cabellos  ao 
marido! 

PIGAFETTA. 

Premier  voyage  nutour  ãii  monde,  siir  Vescadre  de  Magellan,  pcndnnt  les  an- 
nées  1519, 1520, 1521  et  1522.  Suivi  de  Vextrait  du  traité  de  navigation  du  même 
auleur,  et  d'une  notice  siir  le  chevalier  Martim  Behaim,  avec  la  desrription  de  son 
globe  terrestre.  Orne  de  cartes  et  de  figures.  Paris,  8.",  1  vol.,  lxiv-4ío  pag. 

PIKIELIUS  (SEBASTIÃO ).— Jesuíta,  natural  da  Baviera. 

Nomen  Francisci  Xaverii  anagrammatibus  XVI 11,  carmine  latino  ex  iisdem 
confecto  explicatum.  A.  D.  1792,  d.  3  Dec.  iiromulgalum,  111."''*  Rev.  D.  D.  Fran- 
cisco Xav.  de  OssoHnsko  Comiti  Jablonowski,  Caíhedratis  Ecclesiae  Kujaviensis 
Canónico  die  nominis  oblatum.  Tarnoviae,  typ.  G.  Malhiaszwski,  in-i.",  44  pag. 

PIMEIVTA.  Sendschreiben  von  dem  glilckseligen  Forlgaiig  dor  Cltristmhrít 
in  deu  Orientalischen  Jndien.  Constanz,  1602,  in-8.® 

PIMEIVTAE  (1V.)9  de  felici  statu  et  progressu  liei  Christianae  in  Indta 
OnVn(a/i.  Constantiae,  1603,  in-8.° 

PINEYUO  ou  PIlVEIlUS,ou  PIMIEIIVO  ou  PI^AUIUS  (LUIZ       ).— 

Escriplor  de  origem  portugueza.  Nasceu  em  Talavera,  na  Caslella  Nova.  Foi  reitor 


PI  " 

de  nm  collegio  de  jesuítas  na  ilha  de  S.  Miguel.  Falleceu  em  Lisboa  no  anno  de 
1620. 

Rclacion  dei  siiceso  que  tuvo  miestra  santa  fé  en  los  reynos  dei  Japon,  desde 
el  afio  1612  hasta  el  de  1615,  imperando  Cvbosano.  Madrid,  viuda  de  Alonso 
Martin,  1617,  in-fol. 

La  nouveUe  histoire  du  Japon,  divisée  en  cinq  livres,  oit  il  est  traité  ample- 
ment  de  Vétat  de  sa  Christianté,  du  progrès  de  la  foy  Catholique,  des  grandes  pcr- 
secutions  qui  y  sont  arrivèes  aux  chrétiens^  et  des  divers  martyres  quun  grand 
nomhre,  tant  religieux  qtie  seculiers  ont  souffert  soiibs  VEmpire  de  Cohusama, 
jnsquà  Vannée  mil  six  cents  quinze.  Composée  en  espagnol  par  le  R.  P.  Louis  Pi- 
gneyra,  de  la  compagnie  de  Jesus.  Et  traduite  en  [rançais  par  J.  B.  A  Paris,  cliez 
Jean  Fotiet,  rue  S.  Jacques,  au  Rosier,  1618.  Avec  privilège  du  Roy,  in-S.",  16 
pag.  e  879,  afora  o  índice. 

A  epistola  dedicatória  tem  a  seguinte  assignatura:  J.  F.  A.  F. 

PIXHEIUO  (MAIVLiEL ).— Natural  da  ilha  de  S.Miguel,  onde  nasceu 

em  1556.  Entrou  para  a  companhia  de  Jesus  no  anno  de  1575.  Embarcou  para 
as  missões  em  1595.  Prestou  grandes  serviços  em  Goa,  onde  morreu  no  aiuio  de 
16181. 

Carta  escripta  em  3  de  setembro  de  1595  ao  P.  João  Alvares,  em  que  relata 
tudo  quanto  passou  no  Mogor  nos  annos  de  1582,  1592  e  1595. 

Foi  esta  obra  traduzida  para  italiano: 

Informatione  dei  regno,  e  stato  dei  gran  re  di  Mogor,  delia  sua  persona,  qua- 
lità  e  costumi,  e  delli  buoni  segni,  e  congietture  delia  sua  conversione  alia  nostra 
santa  fede.  Cavate  dalla  relatione,  e  da  molti  particolari  havuti  di  lá  Vanno  dei 
1582  e  dei  1591  e  1595,  raccolta  per  il  R.  P.  Gio.  Battista  Peruschi  Romano, 
delia  Compagnia  di  Giesii.  In  Roma,  appresso  Luigi  Zannetli,  1595,  pag.  71. 

Encontrámos  aqui  a  obra  enunciada  debaixo  do  seguinte  titulo: 

Capitolo  d'  una  lettera  dei  P.  Emanuel  Pinnero  ai  P.  Provinciale  deli'  Indie 
Orientale  a  Goa,  pag.  41  a  53. 

Copia  d'  una  lettera  dei  P.  Gieronimo  Sciavier  scritta  ai  P.  Gcneralc  delia 
Compagnia  di  Giesii,  pag.  56  a  59. 

Copia  d' una  lettera  che  scrive  il  P.  Emanuel  Pinnero,  dal  Mogor,  ai  P.  Gio- 
vanni  Alvarez,  assistente  alli  3  di  settembre  dei  1595,  pag.  60  a  70. 

Avvisi  delia  missione  dei  Gran  Mogor,  cavato  da  tina  lettera  dei  P.  Manuel 
Pinnero,  dei  anno  1599.  Âbbreviata  per  il  P.  Gasparo  Spitelli.  Roma,  per  Ludo- 
vico Zannetti,  1599,  in-8.° 

Em  latim:  Moguntiae,  apud  Joannem  Albinum,  160J,  in-8.° 

PINHEIRO  DE  SOUSA  (F.) 

Grammatik  der  portugiesischen  Sprache  mit  zahlreichen  Beispielen  aus  áltcren 
uiul  neueren  Schriftstellern.  Leipzig,  1851,  325  pag.,  in-S." 

De  pag.  200  a  232:  Vianna  (B.  L.).  Von  der  portugiesischen  Verskunst,  con- 
tendo diversos  extractos  dos  Lusiadas  de  Camões. 


Aiigvistin  et  Alois  de  Backcr,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  ii,  pag.  492. 


74  .  PL 

PliVTO  (J.  I>E  ). 

Prcds  dcs  argumcnls  contre  Ics  matcrialhtcs.  2^  cdifion.  íia  Ilnyo,  1775,  8.°, 
1  vol.,  245  pag. 

PIf\ES  (ANTÓNIO ).— Jcsiiita,  nalural  de  Caslello  Branco.  Foi  mis- 
sionário no  Brazil. 

Duas  carias  aos  padres  do  coUegío  de  Coimbra,  em  que  trata  das  missões  de 
Pernambuco. 

Saíram  vertidas  em  italiano:  Venecia,  por  Miguel  Tramesino,  1590,  in-S."! 

PIUIMALO.  Tragedia  da  recitarsi  nel  CõUrgio  Romano  dagli  Acadcmici 
Partenii  nelle  [este  delia  Canonizatione  di  Francesco  Saverio  spiegata  in  breve  ar- 
gomento  d'  At  li  e  scene  da  Gino  Angelo  Cappani.  Roma,  apprcsso  Alessandro  Zan- 
nelfi,  1623,  in-4.° 

PITHOU  (PIERRE ). 

De  Vorigine  des  Roíjs  de  Portugal  yssus  en  ligue  masctdine  de  la  maison  de 
France.  Paris,  1610,  cliez  Pierre  Chevalier,  in-i." 

Primitivamente  tinha  só  18  pag.  b^oi  porém  aiigmentado  por  Dcnis  Gode- 
froy.  Paris,  162'i.,  in-4.« 

PLACE  du  marche  à  Cintra.  Vue  litlwgraphique  vers  18S0.  0'",2()  X  0"',20. 

PLAIV  VON  LTSSABON.  Weimar,  Gcogr.  Inslit.,  1806.  Plan  grave  avec 
legende.  O-jlS  X  0'»,29. 

PLANA    (D.  PEDRO   JOSEPII   DE   LA  )  —  Notário  apostólico, 

secretario  y  visitador  de  el  llusírisimo  Sefior  Arzobispo,  Obispo  diocesis  de  Bar- 
hastro,  cura  de  la  íglesia  parocliial  de  Sé,  beneficiado  de  Ia  Santa  Iglesia  metro- 
politana de  Nuestra  Senora  dei  Pilar,  de  la  ciudad  de  Zaragoza,  y  de  Ias  Tglesias 
de  Riola,  y  Savifian,  en  el  reyno  de  Aragon. 

Preludio  encomiástico  y  reprcsentacion  panegyrica,  con  que  la  familia  de  el 
llustrisimo  Sefior  D.  Emanuel  de  Sentmanat,  y  de  la  Nuza,  Marquês  de  Castel  dos 
Rios,  de  el  Consejo  de  Su  Mojestad  Católica^  en  el  supremo  de  guerra,  y  su  em- 
hiado  extraordinário  en  esta  corte  de  Portugal,  en  que  el  Serenisimo  Senor  Prin- 

cipe  D.  Juan,  cumple  sus  cuatro  dichosisimos  anos.  Compuesta  por  el  lizenciado . 

Lisboa,  olieina  de  Manuel  Manescal,  1603,  4.» 

Lustral  celebridad  con  que  las  esclarecidas  provindas  de  el  nolnlisimo  reyno 
de  Portugal  concurren  reverentes  y  obsequiosas  ai  aplauso  de  el  felicisimo  primcr 
lustro,  que  cumple  el  Serenisimo  Príncipe  D.  Juan,  en  el  faustisinio  dia  22  de 
oclobre  de  1604,  conbidando  á  que  le  publique  el  afectuoso  respeto  de  la  familia 
de  el  llustrisimo  Seíwr  D.  Manuel  de  Sentmanat,  etc.  Lisboa,  1604. 

Concurso  festivo  de  las  gradas  con  que  obsequiosamente  unidas  empemn  los 
afectos  á  celebrar  el  faustisimo  dia  22  de  octubre  de  1695,  en  que  cumple  su  sexto 
uno  el  Serenisimo  Sefior  Prindpe  D.  Juan.  Continuando  esta  celebridad  en  su  casa. 


'  Atigiislin  çl  Alois  de  Baekrr,  Dibliolhcqnc  ilcs  krivains  de  la  rompagnie  de  Jé^u$,  vol.  iv,  pag.  56" 


PO  7» 

á  la  gloria  de  tanto  dia,  la  rcspetuosa  atencion  de  d  Ilustrisimo  Sefwr  D.  Maimcl 
de  OriZy  y  de  Santa  Pau,  oUm  de  Sentmanat . . .  y  repite  cn  igual  feslividad  su 
humilde  afecto,  la  pluma  de  el  Lizenciado .  Lisboa,  1695. 

PLATEL  (.VBBADE ).— (Mais  conhecido  pelo  nome  de  P.  Norberto.) 

Francez. 

Mémoires  historiques  contenant  les  entreprises  de  Jésuites  contre  le  Saint- 
Siège.  1766. 

Lettre  contenant  une  rélaíion  de  Vexécution  du  Père  Malagrida.  Lisboiíne, 
1761. 

PLATI  (GUGLIELMO ). 

fíiflessioni  Istoriche  morali  e  poetiche  nella  vita  e  gesti  dl  D.  Fernando  de 
Lisbona,  António  el  Santo.  Pesaro,  per  Gio.  Paoli  Gotli.  1649,  8.° 

PLAUSIBLE  y  verdadera  noticia  de  las  celebres  bodas  ajustadas  y  concluí- 
das entre  las  dos  coronas,  de  Espana  y  Portugal,  en  las  personas  reales  dei  Sere- 
nisimo  Príncipe  de  Astúrias,  nuestro  Senor,  co7i  la  Senora  Princeza  de  Portugal, 
Dona  Marianna  Victoria  de  Bourbon,  con  el  Sefior  Príncipe  de  los  Brasiles,  D.  Jo- 
seph  I,  de  este  nombre;  y  se  celebraron,  asi  en  la  corte  de  San  Ildefonso  el  Real, 
como  en  la  de  Madrid,  su  Reyno,  Lisboa  y  sus  domínios,  los  três  primeros  dias  dcl 
mes  de  octubre  dei  afio  1725.  con  luminárias  generales  y  comunes  rcgocijos.  Madrid. 
En  verso. 

PLOECRNEIl  (WOLFGANG ).—  Jesiiila,  auslriaco. 

Relatio  fada  in  Consistório  secreto  coram  S.  D.  N.  Gregório  XV  super  vita, 
sanctitate,  adis,  canonizationis  et  miracnlis  Francísci  Xaverii  e  S.  J.  Indiaruni 
Aposioli  e.v  antographo  Romano  recusa.  Viennae,  1669  i. 

PLUIVQUETUS   (F.  FRAIVCISCUS ).— Hibernus  Ordinis  S.  Ber- 

nardi  nepos  ejus  maternus. 

Heroum  Specidum  de  vita  DD.  Francísci  Frcgeon  cujus  corpus  septendecim 

post  annis  aede  D.  Rochi  integrum  inventum  est.  Kdidit .  Ulisipone,  cuin 

facullate.  Ex  officina  Craesbeei:kiana.  Anno  1655.  56  png. 

É  dedicada  a  EI-Rei  D.  João  IV. 

POETES  DRAMATIQUES  qORTUGAIS^. 

"O  tbeatro  porliiguez  põe  em  o  numero  de  seus  auctores  dramáticos  uni 
Ballhazar  Dias,  da  ilha  da  Madeira,  que  fez  alguns  d'esses  dramas  antigos  cha- 
mados Autos,  dos  quaes  a  maioria  versa  acerca  de  assumptos  piedosos,  como  na 
França  os  antigos  mysterios;  um  Henrique  Gomes,  auclor  de  vinte  e  duas  come- 
dias, das  quaes  mal  sn  conhecem  alguns  titulos  originaes,  laes,  por  exemplo, 
como  estes:  PJngtínae  para  reinar ;  As  desconfianças  não  ojfuscani  o  sol  á  meia 
noite,  e  O  sol  parado.  Gil  Vicente,  que  c  considerado  como  o  Plauto  de  Portugal, 


'  Aiigustin  et  Alois  de  Backer,  Bibliolhòqiic  des  écrivaitis  de  la  rompagnie  de  Jesus.,  vol.  vi,  pag.  451. 
*  Nouvellc  hibliothèqne  d'un  homme  de  (joúl.  Paris,  1777. 


76  PO 

serviu  de  modelo  a  Lope  Vega  e  a  Quevedo.  Erasmo  aprendeu  o  portuguez  de 
propósito  para  ler  suas  comedias.  Fizeram  uma  coliccção  em  quatro  volumes,  e 
representam  algumas  vezes  na  capital  as  peças  de  António  José,  que  foi  quei- 
mado pelo  crime  de  judaismo;  á  terceira  recaída  preferiu  morrer  do  que  retra- 
ctar-se. 

«Em  Lisboa  representam-se,  na  maioria,  peças  hespanholas. 

«Os  únicos  poetas  dramáticos  que  os  portuguezes  possuem,  são:  Mello, 
Gomes,  Matlios,  Fragoso  e  Cordeiro,  dos  quaes  fazem  grande  caso. 

«A  língua  hespanhola  apropriou-se  de  todos  os  géneros  de  poesia.  Os  jor- 
naes,  que  multiplicam  as  azas  da  fama,  níio  sendo  ainda,  n'aquelles  tempos,  esla- 
helecidos  em  Portugal,  nada  nos  poderam  ensinar  relativamente  á  litteratura  d'esle 
paiz;  e  os  Lusíadas  de  Camões,  do  qual  em  outra  parte  tratámos,  é  quasi  a  única 
das  obras  que  nos  dá  uma  idéa  da  poesia  lusitana.  Honra-se  ella  ainda  mais  com 
a  Ulysséa,  de  Pereira  de  Castro,  da  Fundação  de  Lisboa,  por  António  de  Sousa, 
do  poema  Machabeo,  por  Miguel  da  Silveira ;  do  Affonso,  por  Vasconcellos,  do 
Portugal  reconquistado ,  por  Menezes;  da  Enriada,  por  seu  filho,  o  conde  da 
Ericeira.  E  ainda  outros  poetas,  como  Bacellar,  Montemór,-Ribeiro,  Manuel  c 
Rodrigues  Lobo,  se  distinguiram  no  género  pastoril. 

«Também  não  devo  esquecer  Sá  de  Miranda,  cujas  éclogas  para  elle  gran- 
gearam  o  nome  de  Virgilia  portuguez,  como  a  Rodrigues  Lobo  o  de  theocrila. 

«Miranda  é  o  primeiro  que  mostrou  a  satyra  ás  pessoas  de  sua  nação,  e 
introduziu-se  sob  o  vestuário  de  comedia. 

«D.  Fernando  Soto-mayor,  que  tinha  desposado  uma  neta  d'aquelle  poeta, 
fazia  tanto  caso  de  seus  manuscriplos,  que  os  tomou  por  uma  quantia  considerá- 
vel do  dote  de  sua  mulher.  Conhecemos  de  Joseph  Freire  uma  centúria  de  epi- 
grammas;  de  Flávio  Jacobo,  dois  volumes  de  dísticos  moraes;  de  Diogo  de  An- 
drade, um  poema  acerca  das  victorias  dos  índios;  de  Henriques  Gomes  um  poema 
heróico  de  Sansão;  de  António  dos  Reis,  a  Fabula  de  PolypJtemOj  e  uma  grande 
parte  das  Metamorphoses,  de  Ovidio,  em  versos  burlescos.  O  sapateiro  Bandarra 
foi  ao  rnesmo  tempo  o  Nostradamus  e  o  Mestre  Adam  dos  portuguezes.  Poeta  e 
propheta,  era  demais  para  se  tornar  assumpto  da  attenção  do  santo  oílicio.  E  por 
isso  foi  também  também  um  dos  criminosos  que  foram  julgados  por  occasiSo  de 
um  auto  de  fé  em  16il,  mas  consentiram  que  se  retirasse  depois  de  alguns  mezes 
de  prisão.  AíTirmam  que  elle  linha  predito  em  seus  versos  a  revolução  que  poz 
no  throno  a  casa  de  Bragança.  Este  paiz  glorifica- se  ainda  com  as  poesias  do 
padre  Caetano  de  Lima,  Eustachio  de  Almeida,  Pereira  da  Costa,  Félix  Mendes, 
Villar  Maior,  Teixeira  e  vários  outros.» 

poiíurr. 

Urn  escriptor  d'este  nome  compoz  um  trabalho  acerca  do  nosso  padre  Antó- 
nio Vieira,  trabalho  que  é  citado  a  pag.  ix  da  obra  do  abbadc  Carel:  Vieira.  Sa 
vie  cl  ses  ceuvres.  Paris,  1879. 

pomsoiv. 

Curte  d'Espagnc  et  de  Portugal,  divisée  en  tous  ses  royaumcs. 

POLITICAL  teslament  des  Marquis  von  Pombal.  Dessau,  178.'J.  Rolher 
llalbmaroq. 


PO  77 

POLITIQUE  d'Espagne  envers  le  Portugal.  Paris,  1832. 

POLO  (GASPAR  GIL ).— Natural  de  Valência.  Jurisconsulto. 

Diana  enamorada  em  cinco  libros  que  prosiguen  los  sieíe  de  Jorge  Montemayor. 
Madrid,  1802. 

É  uma  continuação  d'aquella  elegantíssima  composição  da  Diana  de  Jorge 
de  Montemayor,  e  cá  qual,  em  tempos  de  Nicolau  António,  se  chamava  a  Primeira 
parte  da  Diana. 

Um  certo  Perez,  natural  de  Salamanca,  continuou  esta  novella,  e  cedeu  a 
palma  ao  nosso  Polo  (diz  N.  António),  o  qual  ou  igualou  ou  excedeu  o  próprio 
Jorge.  Publicou-se  em  Valência  no  anno  de  15()'i.,  em  casa  de  João  Mey,  in-S.",  e 
também  sei  que  se  deu  á  luz  em  Antuérpia,  esta  terceira  parte,  no  anno  de  1574, 
in-12,  e  em  Bruxellas,  em  casa  de  Roger  Velpio,  no  anno  de  1613,  in-12. 

Gaspar  Berthio  traduziu-a  para  latim,  e  acrescenta: 

«Egrégia  vero  compositio  est,  et  quae,  si  Graeco  Latinoque  sermone  ante 
aliquot  haec  saecula  cont^epta  fuisset,  dúbio  procul  cum  principibus  scriptorum 
amabilium  censeretur  jam  olim.  Monita  insunt  insígnia,  et  ex  médio  rerum  usu 
petita,  quae  palmam  mérito  omnibus  aliis  eripere  ceiísentur.  Scopus  ipse  libelli 
minime  turpis,  aut  fanlitatis  consectator  est,  quo  vitio  non  pauca  etiam  antiquo- 
rum  scriptorum  monumenta  vere  prudentibus  sordere  debent.  Historiae  obiter 
recensitae  nulla  prorsus  obscenitale,  multa  vero  venere  artificiose  et  suaviter,  ne 
jacluram  videas  inlextae.  Procul  omnis  sormonis  et  allusionum  quae  vernilitas 
dicitur,  re  ipsa  autem  lascívia  est.  Carmina  faventibus  adeo  musis  et  gratiis  nata 
t  horum  inventiones  potissimum  omnibus  memoriae  artiíicibus  hoc  quidem  in 
genere  opponere  velim^» 

POLYANTHOS  (THE)  BOSfORÍj  published  by  J.  T.  Buckingham,  1806. 

No  vol.  II  encontram- se: 

Pag.  26  a  31:  D.  Pedro  I  of  Portugal.  {É  uma  resumida  historia  de  D.  Pedro  I 
e  de  D.  Ignez  de  Castro). 

Pag.  48:  Dezeseis  linhas  contando  o  homicídio  do  duque  de  Vizeu,  praticado 
por  D.  João  II. 

P03IPILI  (G.). —  Sócio  deir  academia  omiopatica  di  Palermo,  membro 
deir  instituto  omiopalico  de  Rio  de  Janeiro,  membro  delia  soeietà  medica  omio- 
patica di  Francia,  sócio  delia  riunione  centrale  dei  mediei  omiopatici  tedeschi, 
diretlore  delia  Revista  omiopatica  di  Roma,  etc. 

//  maresciallo  diica  di  Saldanha  e  Vantiomiopatia.  Difesa  esposUiva  delia  dot- 
trina  di  Hahnemann  in  risposta  ai  discorso  di  anónimo  professore  dei  Dolt.  ín 
Roma.  Tipografia  di  Gaetano  Menicanti.  1864. 

POXTANO  (GERARDO  ). 

Epigrammas  acerca  do  martyrio  de  uns  cincoenta  jesuítas,  qiiasi  todos  portu- 


'  Nicol.  Ãnt.,  Bihl.  Nova,  vol.  i,  pag.  529.  Sismondc  de  Sismon.li.  De  la  lUlêralnre  ilu  Midi  de 
'Europe,  vol.  ii,  pag.  209. 


78  PO 

(jiiezeSj  martyrisados  no  mar,  quando  navegavam  para  o  Brazil,,  pelos  hiiguenotes. 
i^Valientes  epigrammas h  lhes  chama  Cienfuego.s*. 

POPPLAU  (XICOLAUS  VON ). 

Viagem  por  Hespanha  e  Portugal. 

Vem  esta  viagem  mencionada  na  coilecyão  Liske. 

POIl  LA  ADMIINISTRACION  y  prelada  eclesiástica  dei  Rio  de  Janeiro^ 
en  el  estado  y  provindas  dei  Brasil  y  de  lo  que  en  ella  tiene  gran  necessidad  de 
remédio  espiritual.  Foi.  de  16  pag.,  sem  data  nem  logar  de  impressão. 

Ha  um  exemplar  na  hihliotheca  da  Ajuda. 

POllCEL  (D.  FUANCISCO  MORENO  ).— Natural  de  Sevilha. 

Uetralo  de  Manuel  de  Faria  e  Sousa,  dei  orden  militar  de  Christo.  Matriti, 
in-4.« 

poRCnESTcn  (lord  — ). 

lhe  last  days  of  ihe  Portugiiese  Constitui ion.  London,  1830. 

PORQIJET. 

The  portuguese  tresor;  or  lhe  art  of  translating  easy  english  into  portuguese 
at  sight.  London,  1820. 

(L.  Ph.  R.  F.  de J.  Kcy  to  the  portuguese  tresor  being  a  literal  translation 

of  that  loork.  London,  1820. 

PORRES  (DR.   D.  FRANCISCO  IGNACIO  DE ). 

Fscuela  ^e  discursos.  Formada  de  sermones  vários,  escritos  por  diferentes 
autores,  maestros  grundes  de  la  predication.  En  Lishoa,  en  la  imprenta  de  Pahlo 
Craeshteck. 

PORTO,  Praia  S.  Thiago,  Cap  of  Verd  Islamls.  Plan  grave  par  J.  Luffman. 
London,  1801.  0"',12  x  0"',15. 

PORTOGALLO. 

f<In  queslo  regno  nom  abbiamo  da  cilare  verum  alto  uíliciale  governalivo  in 
favore  delia  dottrina  di  Hahnemann. 

«Dohhiamo  peiò,  con  un  tributo  di  massima  Iode,  additaie  in  esempio  ai 
grandi  ai  dolti  di  ogni  paese,  1' illuslre  slatista  e  scienziafo  maresciallo  duca  di 
Saldanha,  il  quale  le  deite  grandíssimo  favore  ed  impulso  eontribuendo  eolla  sua 
alta  influenza  alia  fondazione  di  dispensari,  giornale  e  farmacie  omiopathice  nella 
ca|)ilale  dei  Portogallo.  Uno  di  lale  Mecenati  per  eillà,  e  il  trionfo  completo 
deir  omiopalhia  non  sarebbe  ritardato.» 

O  duque  de  Saldanha  tornou-se  nos  paizes  estrangeiros  muito  conhecido, 
tornandose  um  acirrado  fautor  da  homuiopathia. 


•  Álvaro  Cicnfucfos,  La  heroyca  vida  dei  (jiandc  S.  lianasco  de  Bvrja.  Madrid,  1717,  pag.  4111. 


PO  7» 

POKTS  (LES)  de  Lhhonne,  Setúbal  et  Imrs  environs.  1707. 
Existe  um  exemplar  na  bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

POllTCGAL.  A  review  of  the  causes,  íemlencij  and  in-ogress  of  lhe  revolu- 
tio»j  which  commenced  in  Oporto  on  the  24  auijusl  1S20.  Loiídon,  i821. 

POUTUfiAL  avant  et  après  1846.  Notes  pour  servir  á  1'histoire  contempo- 
raine  de  ce  pays.  Paris,  Juies  i^enouaril  &  C.*,  8.",  77  pag. 

"A  nação  inteira  tem  saudades  hoje  d'esses  tempos  de  bem-estar  nacional  a 
propósito  dos  quaes  o  Diário  do  governo  em  maio  de  18i7  diz  em  poucas  pala- 
vras, mas  com  \erdade: 

«Antes  do  começo  das  perturbações  (haja  um  anno),  o  commercio  era  pros- 
pero, o  credito  sustenlava-se,  trabalhavam  activamente  nos  grandes  melhoramen- 
tos nacionaes;  alguns  milhares  de  operários  estavam  empregados  na  construcção 
de  estradas  e  de  canaes;  as  famiiias  viviam  na  abastança,  cada  um  entregue  a 
seus  negócios  e  aos  cuidados  de  seus  interesses,  gosava  da  paz  e  vivia  na  segu- 
rança.» 

«Não  basta,  todavia,  recordar  o  bem  de  que  se  gosava  então,  e  que  ninguém 
pode  contestar;  cumpre  examinar  attentamenle  o  conjuncto  dos  actos  da  admi- 
nistr£ção  e  deduzir  d'esle  exame  a  solução  das  ires  questões  seguintes: 

«1.°  Tem  executado  seu  programma  especial  —  restauração  da  carta? 

«2.''  Satisfez  ás  condições  de  um  governo  constitucional  —  beneílco  e  re- 
formador ? 

«3.°  Ha,  porventura,  uma  causa  sufficiente  para  motivar  a  revolução  que  a 
supplantou? 

«A  restauração  da  carta  constitucional  da  monarchia,  dada  por  D.  Pedro  IV 
fora  unanimemente  reconhecida  necessária  desde  o  Minho  até  o  Guadiana;  ella 
era  indispensável  para  um  povo  desgostoso,  pela  experiência  da  revolução  de 
setembro  e  da  constituição  de  1838,  frueto  amargo  e  apodrecido  d'essa  arvore 
venenosa.  Mas  não  bastava  restaurar  a  carta;  era  mister  crear  um  syslema  admi- 
nistrativo que  estivesse  em  harmonia  com  esta  lei  fundamental. 

«Não  havia  código  administrativo;  aquelle  que  tinha  este  titulo,  forjado  d 
pressa  no  meio  da  febre  legislativa  dietatorial  de  1836,  tinha  sido  já  declarado 
não  viável  pela  legislação  de  10  de  outubro  de  1840.  Em  18  de  março  de  1842, 
appareceu  o  novo  código  administrativo,  destinado  a  preencher  esla  lucuna. 

«Faltava  um  conselho  d'estado  organisado  de  maneira  que  podesse  satisfazer 
a  todos  os  encargos  que  lhe  impõe  o  artigo  110.°  da  carta  constitucional,  sobre- 
tudo como  tribunal  de  revisão  e  de  appellaçâo  dos  conselhos  de  districto,  cojno 
instancia  superior  dos  poderes  executivo  e  moderador. 

«Via-se  organisado  em  Portugal,  pela  primeira  vez,  esse  corpo  venerável,  a 
que  os  publicistas  consideram  como  a  chave  da  abobada  do  edifício  monarchico- 
constitucional. 

«Bestabeleceu-se  igualmente  o  tribunal  do  thesouro,  como  consequência  da 
restauração  da  carta,  e  annexaram-lhe  o  tribunal  de  contas,  tantas  vezes  recla- 
mado e  tão  necessatio. 

«Completou- se,  pois,  a  obra  da  restauração,  tomando  a  organisação  social 
mais  perfeita  do  que  ella  o  tinha  jamais  sido.  Prouvera  a  Ueus  que  se  tivessem 


80  PO 

operado  ao  mesmo  tempo  às  reformas  reclamadas  pela  camará  dos  pares,  o  the- 
souro,  as  secretarias,  a  posta,  os  arsenaes  e  muitas  outras  administrações  do 
estado.  Prouvera  a  Deus,  principalmente,  que  se  hou\esse  reformado  a  organisa- 
ção  judicial,  cuja  corrupção  anarchica  paralysa  a  acção  da  justiça.  A  intervenção 
da  politica  nos  actos  judiciaes  introduz  no  corpo  social  o  desprezo  das  leis,  com 
o  qual  a  existência  das  sociedades  se  torna  impossível. 

•Mas  para  estas  reformas  uma  dictadura  se  tornava  indispensável,  e  a  res- 
tauração não  quiz  ser  dictadora.  Pelo  contrario,  separando-se  da  força  militar 
que  a  cercava,  quando  a  carta  foi  proclamada  em  Lisboa,  a  restauração  não 
pensou  em  mais  do  que  oppor  o  voto  nacional  aos  esforços  dos  ambiciosos  liga- 
dos contra  ella. 

('Elevada  ao  poder  pela  força  da  opinião  publica,  a  despeito  das  intrigas  do 
palácio  e  das  cabalas  dos  clubs,  não  quiz  ella  abusar  de  sua  força  para  reformar 
largamente  e  sem  vã  piedade,  como  o  deveria  fazer.  Longe  d'alli  pensou  em  pro- 
ceder immediatamente  as  eleições  para  esta  legislatura,  a  primeira  que  entre  nós 
desempenhou  sua  missão  até  ao  íim. 

«Desde  então  jamais  este  ministério  governou  sem  cortes;  conforme  uma 
marcha  politica  verdadeiramente  constitucional,  mostrou  sempre  sua  tendência 
para  largar  o  poder  no  seio  da  representação  nacional,  composta  em  grande 
maioria  dos  caracteres  os  mais  dislinctos,  dos  homens  os  mais  illustres  que 
possue  a  nação  portugueza.  Os  grandes  luminares  d*esta  assembléa  legislativa, 
teriam,  porventura,  produzido  essas  pretendidas  faltas,  que  serviram  mais  tarde 
de  pretexto  para  as  perturbações  populares  previamente  combinadas?  A  falta 
principal,  é  que  se  tem  querido  fazer  a  applicação  dos  princípios  os  mais  lumi- 
nosos e  os  mais  salutares  do  systema  governamental  adoptado  hoje  com  proveito 
pelas  nações  mais  íllustradas,  a  um  povo  que  ainda  não  está  preparado  para  os 
comprehender  e  d'elles  sentir  as  vantagens. 

«Muito  longe  nos  levaria  esta  discussão  apologética  dos  actos  do  corpo  legis- 
lativo, sobre  quem  recáe,  em  grande  parte,  a  responsabilidade  d'essas  leis  sen- 
satas, taxadas  de  «servis»,  porque  as  desfiguraram,  e  ao  qual  cabe  o  mérito  de 
vários  outros  actos  universalmente  applaudídos.  Virá  um  tempo  em  que  esta 
polemica  ha  de  merecer  elogios. 

•  Agora  voltemos  os  olhos  para  os  actos  emanados  d'esla  administração, 
actos  que  produziram  esta  epocha  de  paz  e  de  prosperidade,  da  qual  toda  a 
gente,  tanto  ricos  como  pobres,  se  lembra  hoje  com  prazer.  Traz  ella  á  memoria 
as  lembranças  do  reinado  de  D.  Manuel,  o  Venturoso,  ou  ainda  a  administração 
vigorosa  e  civílisadora  do  marquez  de  Pombal,  esse  campeão  do  verdadeiro 
progresso,  odiado  pelos  inglezes,  inimigo  dos  jesuítas  e  perseguido  com  tenaci- 
dade por  uma  eaballa  oligarchica  de  alguns  nobres  degenerados ;  nobres  tão 
orgulhosos  como  maus,  que  se  esforçavam  para  o  supplantar,  de  oecultar  sua 
própria  capacidade  com  os  privilégios  de  seus  antepassados,  gravados  nos  perga- 
minhos, velhos,  na  verdade,  mas  manchados  I . . . 

«E  quantos  argumentos  não  nos  forneceria  a  analogia...  Quantas  relações 
ou  pontos  de  contacto  não  acharíamos  entre  dois  homens  d'estado  separados  por 
um  lapso  de  noventa  annos  I 

«Voltemos,  porém,  a  esse  risonho  quadro  da  tranquillidade,  da  qual  os  por- 
tuguezes  (e  ninguém  o  ignora),  toem  gosado  durante  seis  annos;  cada  um  então 
occupava-se  exclusivamente  de  augmentar  sua  fortuna  Estranhos  á  profissão  das 


PO  81 

armas,  quasi  que  eram  iiulifferenles  a  essas  revoltas  parciaes,  suscitadas  nas 
classes  militares  por  alguns  indivíduos  reconhecidos  como  revolucionários  de 
profissão. 

«Quando  taes  symptonjas  de  desordem  appareciam,  os  cidadãos  diziam  uns 
para  os  outros: 

«  —  Nós  lemos  um  governo  bastante  previdente,  e  assas  forte  para  restabe- 
lecer a  ordem,  e  para  governar  bem  o  reino.  Vamos  governar  nossas  casas.» 

«K  o  industrial  corria  a  activar  sua  forja,  o  negociante  ia  para  a  bolsa  con- 
cluir uma  transacção  vantajosa,  o  mercador  occupava-se  em  servir  os  freguezes 
que  aflQuiam  a  seus  armazéns.  O  capitalista  associava-se  a  novas  emprezas  para 
augmentar  sua  fortuna,  melhorando  a  do  paiz.  Toda  a  gente  ganhava  o  bastante 
para  viver,  e  por  conseguinte  pagavam  sem  reluctancia  os  impostos  legalmente 
estabelecidos.  Se  alguém  se  mostrava  refractário,  exerciam  contra  elle  a  acção 
das  leis,  porque  a  justiça  não  tinha  cadeias,  e  não  receiava  os  punhaes  dos  uial- 
feitores.  Á  sombra  da  paz,  da  ordem  e  da  justiça,  a  agricultura  annualmente 
fazia  progressos;  os  cereaes  estavam  baratos,  e  o  povo  comprava  o  pão  e  os 
géneros  de  primeira  necessidade  pelo  preço  mais  baixo  que  jamais  se  viu  em 
nossos  dias. 

«Empregavam  mais  de  onze  mil  pessoas  só  nas  estradas,  assegurando  a 
todos  trabalho  permanente  e  bem  remunerado.  Os  trabalhadores  não  eram  os 
únicos  que  recebiam  um  salário  vantajoso;  os  artistas  também  encontravam 
alguns  beneficios  nas  fabricas,  que  por  todos  os  lados  se  estabeleciam.  Emquanto 
ás  manufacturas,  principalmente  de  ferro,  de  seda  e  de  algodão,  bastavam  em 
grande  parte  para  o  consumo  do  paiz.  E  ainda  mais,  alimentavam  ellas  o  com- 
mercio  do  ultramar,  que  tinha  tomado  um  grande  desenvolvimento,  e  cada  se- 
mana viam  partir  para  as  nossas  possessões  africanas  alguns  navios  carregados 
com  os  productos  da  nossa  industria  e  da  nossa  cultura,  e  voltavam  com  carre- 
gamentos de  urzella,  couros,  gommas  e  varias  outras  matérias  primas,  das  quaes 
uma  parte  era  reexportada  para  os  portos  da  Europa  conjunctamente  com  os 
vinhos,  fructas  e  sal  do  nosso  solo. 

«Estas  trocas  davam  vida  e  movimento  ao  commercio,  bem  como  o  compro- 
vavam os  rendimentos  das  alfandegas.  O  povo  portuguez  tinha,  portanto,  rasão 
para  viver  contente  na  abastança,  ao  passo  que  o  da  Irlanda  e  de  outros  cantões 
da  Inglaterra  se  revoltava  por  causa  da  falta  de  trabalho  e  da  carestia  dos  vive- 
res. Mais  contentes  ainda  viviam  os  empregados  do  estado,  que  recebiam  os  seus 
ordenados  de  um  mez  em  cada  trinta  dias,  e  eis  porque  elles  eram  exactos  no 
cumprimento  dos  seus  deveres.  O  credito,  esse  thermometro  da  confiança  que 
merecem  os  governos,  em  que  altura  estava  n'aquella  epocha  ?  Pergunlae-o  ás 
folhas  commerciaes  d'aquelle  tempo,  consultae  os  algarismos  da  bolsa,  e  lá  vereis 
que  as  inscripções  de  5  por  cento  tinham  subido  a  73,  ao  passo  que  em  18'i2 
não  passavam  ellas  alem  de  i8.  Vereis  também  que  as  acções  do  banco  de  Lisboa 
têem  subido  muito  alem  de  8001000  réis.  Recordae-vos  da  massa  de  metaes 
amoedados  que  affluiu  para  Lisboa,  a  ponto  de  produzirem  uma  depreciação  nas 
(specirs  metallicas.  Recordae-vos  d'esses  enthusiasmos  para  com  as  novas  em- 
prezas, esse  espirito  de  especulação  associativa  que  predominava  em  1844  e  1845. 
Talvez  fossem  excessivas  e  desregradas;  mas  era  um  indicio  incontestável  da 
confiança  de  que  no  paiz  e  fora  do  paiz  gosavam  esses  homens  que  governavam 
Portugal.  Era  a  marca  de  uma  tendência  rápida  para  uma  civilisação  progressiva, 

6 


82  PO 

presagiando  brilhantes  fortunas,  que  dois  annos  de  estabilidade  bastariam  para  a 
consolidar.  E  com  eifeito  a  prompta  abertura  das  estradas  e  dos  canaes  dava  aos 
capitães  improductivos  e  accumulados  em  Lisboa  e  Porto  uma  passagem  fácil 
para  irem  levar  uma  maior  fertilidade  para  as  províncias,  para  animarem  cada 
vez  mais  a  agricultura  e  as  artes,  para  darem  um  maior  valor  á  terra,  e  um  maior 
valor  ao  trabalho  ...» 

PORTUGAL  heing  some  accoimt  of  Lishon  and  of  a  tour  in  the  Alemtejo. 
With  four  coloured  plates.  London  (about  1860). 

PORTUGAL  UV  1872.  Constitutional  Life  of  a  Nation  of  the  Latin  Race. 
An  Essay  piiblished  in  January  1873.  In  the  diplomatic  Memorial  of  Paris,  prc- 
sented  hy  the  translator  to  the  portuguese  bond-holders.  8.»  gr.  Lisbon,  National 
Printing  Office,  1873.  40  pag. 

No  Memorial  diplomatique.  Paris,  1873. 

«No  começo  do  século  xv  o  Infante  D.  Henrique  adoptou  para  sua  divisa  as 
palavras  francezas:  Talent  de  bien  faire.  Fundou  a  escola  náutica  e  o  observató- 
rio de  Sagres,  no  cabo  de  S.  Vicente,  no  extremo  da  península  e  da  Europa.  Seus 
discípulos,  os  navegadores  Tristão  Vaz,  Pereslrello,  Zarco,  Gil  Annes  e  muitos 
outros,  começaram  essa  não  interrompida  serie  de  viagens  e  explorações  maríti- 
mas, que  terminaram  dois  séculos  depois.» 

PORTUGAL  et  Vunion  ihériqne.  Le  Brésil  sons  la  domination  portugaise. 
UEspagne  et  Gibraltar.  Paris,  1872  a  1873. 

PORTUGAL  her  King  and  her  Comtitution.  Dy  a  British  Officer.  London, 
1829. 

PORTUGAL  (HISTORY )  by  S.  P.  London,  1667,  8.» 

PORTUGAL  (LE)  devant  1'Europe  et  le  monde,  ou  les  traités  de  1815  et 
la  politique  du  travaíL  Lisbonne,  1854,  8.«,  168  pag. 

tTodavia,  ao  lado  das  potencias  de  primeira  ordem,  que  possuem  por  sua 
numerosa  população  forças  formidáveis,  existem  estados  secundários,  cuja  in- 
fluencia exterior  é  de  fraco  peso  na  balança  do  mundo. 

«Entre  esses  estados,  Portugal,  pela  sua  posição  excêntrica,  e  fora  das  gran- 
des correntes  internacionaes  que  decidem  os  destinos  dos  povos,  merece  uma 
attenção  muito  particular. 

«A  Bélgica,  a  Suissa,  o  Piemonte,  que  marcham  a  par  com  Portugal,  apre- 
sentam um  caracter  particularmente  dilTerenle.  Ou  são  alternadamente  satélites 
ou  viclimas  das  potencias  de  primeira  ordem.  Apertados  entre  a  França,  Prússia 
e  Áustria,  estes  estados  independentes  só  nominalmente,  não  o  são  de  facto,  A 
neutralidade  é  lhes  prohibida,  e  os  campos  de  batalha  se  abrem  sobre  território. 

«Esta  dependência  faz  da  Bélgica,  da  Suissa  e  do  Piemonte  estados  políticos, 
dos  quaes  prescindiriam  muito  bem,  pois  esta  servidão  os  destróe,  esmaga  e 
arruina. 

«Portugal  é  independente  e  não  perderia  sua  liberdade,  porque  a  Inglaterra 


PO  83 

podesso  em  algum  dica  tlesembarcar  alli  algum  troço  de  tropas.  Pelo  contrario, 
na  sua  posição  aelual  na  Europa,  a  Ini^laterra  representa  a  liberdade;  e  no  caso 
de  uma  guerra  contra  o  império  de  Napoleão,  tem  necessidade  do  ter  um  pé  no 
continente,  e  por  isso  a  alliança  d'esta  potencia  não  seria  uma  calamidade  para 
Portugal. 

tUma  guerra  continental  entre  a  França  e  as  potencias  do  norte  apenas  teria 
um  ténue  echo  em  Portegal. 

«Uma  guerra  de  Napoleão  III  contra  a  Hespanha,  é  impossivel;  a  áspera 
lição  que  d'aUi  recebeu  Napoleão  I  deve  ter  passado  para  as  tradições  de  familia. 
Ora,  é  o  único  dos  casos,  em  que  Portugal,  para  salvar  a  independência  da  pe- 
nínsula, deveria  levantar-se  em  massa  e  pegar  em  armas.  Porém  é  difficil  admit- 
lir  uma  tal  supposição. 

«Uma  guerra  franco- hespanhola,  e  por  conseguinte  contra  Portugal,  é  im- 
possivel; não  sendo  a  Hespanha  uma  potencia  marítima,  teria  tudo  a  perder  para 
uma  alliança,  cujo  resultado  certo  seria  arrancar-lhe  suas  colónias.  Alem  d'isto  é 
pouco  provável  que  o  povo  hespanhol  se  deixe  lançar  em  uma  guerra  desastrosa 
no  interesse  do  despotismo  de  Napoleão  III  contra  as  idéas  de  liberdade  apre- 
sentadas pela  Inglaterra. 

«É  verdade  que  poderíamos  suppor  que  a  Hespanha  se  decidiria  a  uma 
alliança  franceza  contra  a  Inglaterra,  para  empolgar  Portugal;  mas  uma  tal  sup- 
posição não  tem  base  alguma.  Se  uma  confederação  ibérica  tem  de  surgir  algum 
dia,  não  ha  de  ser  a  conquista,  mas  sim  a  paz,  que  a  ha  de  trazer. 

«Portanto,  Portugal,  quer  por  sua  situação  excêntrica,  quer  pela  alliança 
ingleza,  acha-se  n'uma  feliz  posição  para  não  ter  um  papel  importante  a  repre- 
sentar na  política  externa  do  drama  europeu  que  se  preparar. 

«Esta  posição  é  inapreciável,  e  nem  por  isso  Portugal  deixa  de  ser  um 
membro  da  grande  familia  européa,  e  sob  este  ponto  pesam  sobre  elle  deveres  de 
solidariedade. 

«Taes  deveres,  embora  sejam  de  uma  ordem  diíferente,  nem  por  isso  deixam 
de  ser  menos  gloriosos.  Se  não  provém  da  politica  guerreira,  provém  da  poli- 
tica pacifica,  o  que  ainda  é  melhor.  E  Portugal,  como  já  o  dissemos,  gosa  do 
privilegio  de  se  encontrar  ao  abrigo  dos  abalos  tumultuosos  que  agitam  a  Bélgica, 
a  Suíssa  e  o  Piemonte. 

«A  Portugal,  pois,  pertence  a  iniciativa  de  oíTerecer  á  Europa  o  exemplo  de 
um  estado  ou  as  leis  da  economia  administrativa  social,  as  mais  perfeitas  que 
hão  de  reger  a  nação. 

«E  a  Portugal,  também,  a  gloria  de  instaurar  a  politica  do  trabalho,  a  poli- 
tica do  bem  estar  ...» 


PORTUGAL  (LE)  et  son  emprunt  extéi^ieur  (1832),  devant  les  tribunaux 
[rançais.  Suite  des  appréciations  de  la  presse  portngaise.  Ce  qu'il  faut  penser  des 
articles  depuis  le  jugement  de  première  instance  dans  quelques  journanx  (rançais, 
suivi  de  documents  complémentaires  pour  servir  1'histoire  de  Vempnmt  1832,  ex- 
traits  de  VHistoíre  chronologique  de  Portugal  et  du  Moniteur  1828-1834.  Paris, 
Librairie  Moderne,  1880,  4.",  216  pag. 

PORTUGAL  (LE)  vis-à-vis  de  1'Espagne.  Londres,  1842. 


84  PO 

PORTUGAL  IVA   ALLEMATVBA. 

O  sábio  escriptor  germânico  tlr.  Williem  Storck  devotou-se,  póile  tlizer-se 
que  inteiramente,  á  vulgarisação  no  seu  paiz  da  nossa  iitteralura.  A  ollc  se  deve 
já  a  traducção  dos  sonetos  de  Anthero  e  de  outros  trabalhos. 

Em  (ai  empenqo,  embora  o  dr.  Storck  comece  por  ter  n'esse  trabalho  um 
prazer  pessoal  compensando  todas  as  eanceiras,  tem  o  sábio  lusophilo  um  novo 
livro  no  prelo  para  breve  apparecimento.  Intitula-se: 

Aus  Portugal  und  Brasilien.  1250-1890.  Ansgewahol.  Grdichte  verclputscht. 

É  uma  preciosa  collecção  de  poesias  de  todos  os  séculos  da  litteratura  por- 
tugueza,  traduzidas  nos  mesmos  metros  em  que  originalmente  foram  escriptas. 

Contém  225  números. 

PORTUGAL  or  the  young  travellers:  being  some  account  of  TJsbon  and  ils 
environs  and  of  a  tour  in  Alemtejo.  London,  1830.  in-12. 

PORTUGAL  (TIIE)  history,  or  a  relation  of  the  troubles  that  happened  in 
the  coutt  o f  Portugal,  in  the  years  1661  and  1668.  By  S.  P.  London,  1677. 

PORTUGALLIA  ET  ALGARBIA,  quae  olim  Lusitânia,  auctore  Veu- 
nando  Álvaro  Secco.  Amsterdam,  apud  G.  et  J.  Hleuw,  1647. 

PORTUGUESE  (THE)  question  from  n."  89  of  the  Edimburgh  ReviewA\o\. 


PORTUGUESE  (THE)  Shisme  investigated  and  the  danger  of  adhering  to 
it  plainly  for  the  inslruclion  of  ali  good  Catholics  in  a  few  words.  Colombo,  1846. 

Ha  um  exemplar  na  bibliotheca  publica  de  Évora. 

Em  Madrasta  também  muito  se  escreve  a  respeito  do  nosso  padroado  no 
Oriente. 

PORTUGUEZES  (OS)   EM  MADRASTA  (UVDIA  ),  por  Joaquim 

Heliodoro  da  Cunha  Eivara. 

«7  de  junho  de  1861— Pelo  fallecimenlo  do  arcebispo  de  Carlhago,  e  con- 
sequente interrupção  dos  trabalhes  da  commissão,  teria  eu  logo  recolhido  a  Goa 
se  não  coincidisse  aquelle  lamentável  suceesso  justamente  com  a  epocha  em  que 
era  acabada  a  navegação  da  costa  Occidental. 

«De  todos  os  expedientes  o  que  me  pareceu  melhor,  foi  ir  passar  a  Madrasta 
O  tempo  que  era  assim  forçado  a  estar  ausente  de  Goa,  não  só  pela  commodidade 
de  me  achar  em  Madrasta  entre  os  nossos  padres,  mas  para  poder  visitar  aquellas 
missões,  e  habilitar-me  melhor  para  o  futuro  cumprimento  de  meu  cargo,  se  o 
pensamento  da  circumscripção  das  dioceses  fosse  avante. 

«Sai,  pois,  de  Konur,  n'este  dia  7  de  junho,  ás  seis  horas  da  manhã.  Acom- 
panhou-nos  a  pé  mais  de  uma  milha  o  capitão  Nichol,  e  ahi  nos  despedimos. 
De  Konur  a  Metapoliam  fui  em  rnachila,  conduzida  por  bargares,  que  lêem  um 
choto  que  parece  que  manteam  o  pobre  passageiro  e  recorda  a  celebre  scena  da 
manteação  de  D.  Quixote,  e  a  mim  me  fez  lembrar  a  que  usava  no  meu  tempo 
de  Coimbra,  certa  troça  de  estudantes  que  moravam  na  rua  das  Cozinhas,  em 
que  entrava  um  cavalleiro  de  iiraga,  conhecido  pelo  nome  do  seu  solar,  que  hoje 
lhe  serve  de  titulo  de  viscondado. 


PO  8S 

«Mas,  continuemos  a  descida  da  montanha  e  descancemos  um  pouco  em 
Metapoliam,  onde  chegámos  ás  onze  horas  e  três  quartos  da  manhã.  Se  pela 
manhã  sentíramos  frio  em  Konur,  ás  dez  horns  sentíamos  calor  na  planície. 
D'aqui  fomos  em  carro  a  Coimbatorc,  a  cujo  hotel  chegáínos  ás  novo  e  meia  da 
noite. 

« — Não  ha  quarto,  mas  podem  ficar  no  salão. 

« —  Sim. 

ff  Deram -nos  de  ceíar  quatro  costeletas  de  carneiro,  sem  carne. 

'<  — Pois  não  ha  mais  nada,  rapaz?  Nem  ovos,  nem  manteiga,  nem  queijo. . . 

« — Sim,  senhor,  ha. 

«—  Pois  traze. 

««Depois  de  alguína  hesitação  trouxe  uma  côdea  de  queijo  nojenta.  No  dia 
seguinte,  quatro  rnpías  e  meia  pelas  costelletas,  e  mais  ainda,  duas  rupias  e  meia 
pelo  carro  que  nos  havia  de  levar  de  Coimbatore  á  estação,  e  que  nós  já  havíamos 
pago  em  Maliapurão,  quando  ajustámos  o  carro.  É  emprezario  e  arrematante  um 
senhor  Smitli,  que  lira  couro  e  cabello  aos  passageiros. 

«Não  pararam  aqui  as  nossas  desventuras  de  Coimbatore.  Antes  da  ceia, 
quando  éramos  ainda  crentes  que  haveria  ceia,  chegou-se  a  nós  um  inglez  velhote, 
a  fazer-nos  muitas  cortezias.  Maravilhou  o  caso,  por  ser  fora  do  ordinário;  mas 
tudo  foi  explicado  quando  o  homem  pediu  de  ceiar,  e  ainda  depois  da  ceia,  boa 
ou  má,  alguma  cousa  de  esmola. 

«8  de  junho. —  Chegámos  á  estação  ás  onze  horas  da  manhã.  Partiu  o  trem 
para  Salem  ás  doze  e  cinco  minutos;  chegada  a  Salem  ás  cinco  e  meia  da  tarde. 
Hotel  ainda  incompleto,  mas  não  houve  rasão  de  queixa. 

«9  de  junho. —  Saída  de  Salem  ás  dez  horas  e  meia  da  manhã.  Chegada  á 
estação  de  Madrasta  em  Rayapurão  ás  oito  e  meia  da  noite.  Esperava-nos  o  padre 
Amarante,  governador  do  bispado  de  S.  Thomé  de  Meliapor  e  outros  padres,  e 
tinham  prestes  carruagens,  em  que  fomos  d'alli  para  o  palácio  episcopal  de 
S.  Thomé,  distancia  de  4  milhas. 

«O  padre  Benjamim  Francisco  de  Amarante,  natural  de  Carmona,  em  Sal- 
cele,  residia  no  bispado  de  S.  Thomé  de  Meliapor,  havia  já  mais  de  trinta  annos. 
Homem  de  porte  grave,  peritissimo  na  lingua  tamul,  depois  de  ser  mestre  no 
seminário  d'aquella  diocese,  a  governava  então,  e  governa  ainda  hoje  com  muita 
honra  sua,  pi'oveito  da  missão  e  gloria  do  nome  portuguez. 

"Fui  seu  hospede  cmquanto  estive  em  Madrasta;  e  sígnificando-lhe  aqui 
meus  agradecimentos,  não  faço  mais  do  que  o  que  devo  ao  bom  e  esmerado  tra- 
tamento que  d'elle  recebi. 

"Também  conservo  gratas  lembranças  dos  mais  padres  da  missão,  com  que 
tratei. 

«10  de  junho. —  De  Madrasta  pouco  ou  nada  direi,  que  não  seja  relativo  a 
cousas  portuguezas,  como  acerca  das  outras  terras  fica  advertido. 

«O  palácio  episcopal  é  casa  soíTrivel,  feita  ao  gosto  portuguez  antigo,  mui 
diverso  da  elegância  e  conforto  das  edificações  modernas  inglezas  de  Madrasta. 
Junto  d'elle  ha  outra  casa  também  antiga,  que  servia  de  seminário.  Separada  do 
palácio  episcopal,  por  uma  rua  lateral,  cslá  a  igreja  eathedral,  boa  para  uma 


86  PO 

parochia,  mas  inferior  ao  que  devia  ser,  na  sua  qualidade  de  sé  episcopal.  Não 
pude  saber  ao  certo  o  tempo  de  sua  fabricação,  mas  só  que  não  é  a  primitiva 
igreja ;  e,  ao  que  parece,  é  obra  do  século  passado.  Sobre  a  porta  lateral  d'esta 
igreja  está  o  escudo  das  armas  de  Portugal  com  coroa  aberta  e  outra  similhante 
sobre  a  porta  do  palácio  episcopal. 

«Tanto  na  igreja  como  n'um  adro  adjacente  á  porta  lateral,  ha  muitas  campas 
com  epitaphios,  de  entre  os  quaes  lançaremos  aqui  os  que  dizem  respeito  aos 
bispos  da  diocese. 

«No  dito  adro  interior  ha  um  fragmento  de  campa,  que  tem  restos  de  armas 
de  bispo,  cujo  brazão  é  um  coração  trespassado  de  settas,  e  ao  redor  levanla-se 
também  no  resto  de  uma  inscripção,  estas  palavras : 

S.  B.  1.  Episcopus  Meluporensis.  ' 

'fparece  referir-se  ao  primeiro  bispo  de  Meliapor,  que  foi  D.  Fr.  Sebastião 
de  S.  Pedro,  que  morreu  arcebispo  de  Goa. 

«Na  capella  de  S.  Thomé : 

(Armas) 

Aqui  jaz  D.  Fr.  Paulo 

DA  ESTRELLA,  FrADE  DA  3.^  OrDEM 

Da  Penitencia,  3."  Bispo  de 

Meliapor,  Provincial  da  (?) 

SUA  religião 

governou  2  ANNOS  E  7  MEZES 
morreu  A  9  DE  JANEIRO  DE  .  .  . 

(O  resto  está  apagado.) 

«Como,  porém,  este  bispo  chegou  sagrado  a  Goa  em  1633,  e  partiu  para  o 
seu  bispado  em  1634,  vem  o  dia  da  sua  morte  a  ser  o  de  9  de  janeiro  de  1637. 

«Na  capella  mór  da  sé: 

(Armas) 

Sepultura  do  Ill.'"°  Senhor  D.  Gaspar 
Affonso,  da  companhia  de  Jesus 

QUARTO  bispo  DE  MeLIAPOR. 
Foi  SAGRADO  A  2  DE  AGOSTO 

DE  1693.  Falleceu  aos  24 
DE  Novembro  de  1708. 

«E  no  alrio  interior  já  referido,  ha  outra  campa  que  diz: 

D.  D.  Gaspar  Alphonsus 

Episcopus  Meliaporensis 

Anno  1695. 

(Armas) 


PO  87 


«x\a  capclla  mór: 


(Armas) 

JOSEPH 

Soe.  Jesu 
Ep.  Mail 

CONSAG. 

DiE  XXIV  Martii 
1726 

SUPREMUM  DIEM 
EXPLEVIT  DIE 

XV  Martii  1744. 
(É  o  bispo  D.  Joseph  Pinheiro.) 

«Na  capei  la  mór: 

(Armas) 

Sepultura  do  Ex.™°  e  Rev.  Senhor 

D.  Fr.  António  da  Encarnação 

Religioso  de  Santo  Agostinho 

Sagrouce  (sic) 

Bispo  de  Meliapor 

em  o  convento  de  Nossa  Senhora  da  Graça  de  Goa 

AOS  22  DE 
POSSE  DO  BISPADO  AOS 

14  DE  Maio  de  1750,  e 

FALLECEU  AOS  22  DE  SETEMBRO 
DE  1752 

«Na  capella  mór: 

Sepultura  do  Excellentissimo 

E  Rm"  Senhor  D.  Fre 

Bernardo  de  Santo  Caetano, 

Religioso  Eremita  de 

Santo  Agostinho 

Bispo  de  Meliapor. 

FaLLECEU  aos  4  DE 

Novembro  de  1780 

«Na  capella  de  S.  fhomé: 

(Armas) 

HlC  JACET 
ExIMIUS  AC  REVERENDISSIMUS  DOMINUS 

Dnus 

Emmanuel  a  Jesu  Maria  Joseph 
Ordinis  Eremitarum 

s.  augustini 

QUi  Electus  Episcopus 

Meliaporensis 

DIE  29  Januaru  anni  1787 

ET  CONSECRATUS  DIE   13  APRILIS  ANNI  1788 

Obiit  DIE  13  Januaru  anni  1800 

52  aetatis  anno  nondum  expleto 

Requiescat  IN  page 


88  PO 

«Pela  singularidade  do  conceito  ponho  mais  estes  dois  epitaphios,  ambos 
no  átrio  interior  da  porta  lateral : 

Nesta  calheta  segura 

Livre  de  correntes  e  mares 

Abaixo  desta  pedra  dura 

Jaz  Maria  de  Linhares 


«O  outro  é : 


Aqui  jaz  nada 


«Havia  o  hospício  de  Santa  Rita,  dos  frades  de  Santo  Agostinho  em  S.  Thomé. 
É  boa  casa;  estava  arrendada  para  collegio  e  escoln  protestante,  mas  á  hora  que 
isto  se  escreve  acha-se  transformada  em  novo  seminário  diocesano  pelo  padre 
Amarante.» 

PORTUGISISKA  Nationens  Manifest  til  Europas  Suverana  Jurista  och 
Jolk.  Stockholm,  1822. 

POSSART  (DR.)»—  Professor. 

Grammatik  Portugiesischen  Sprache,  von .  Leipzig,  1851,  8."  gr.  iv- 

323  pag. 

O  auctor  ailemão  parece  achar-se  muito  versado  na  lilteratura  portugueza. 

POSSINI  (PETRI ) — Soe.  Jesu. 

De  Amio  Natali  S.  Francisci  Xaverii  Dissertatio.  Editio  tertia  prioribus 
emendatior.  Lisulis,  typis  Francisci  Fievet,  1680,  in-8.'' 

De  vita  et  morte  P.  Ignatii  Azevedii  et  Sociorum  ejus  e  Societate  Jesu  libri 
quatuor.  Autore  Petro  Possinn  ejusãem  Societatis.  Romae.  Ex  lypographia  Varesii, 
1679,  in-4.«,  611  pag. 

POUR  SA  MA J ESTE  Marte  Anne,  Reine  de  Porlngolle.  Née  Archidu- 
chesse  d'Autriche  à  son  passage  à  Prague,  lorsquelle  se  reiídit  avprès  du  Roy  son 
Èpoux.  Et  pour  Son  ExceUence  Monsigneur  Ferdinand  Teles  de  Sylva,  Comle  de 
Villarmayorj  Ambassadeur  de  Sa  Majesté  Portugaise. 

POURCELLE  (EDGAR )  et  ROIVAVE^TURE  (E.). 

Essais  historiques  sur  le  Portugal;  statistique.  1872. 

P0USS1NE8  (PIERRE ).— Jesuita,  francez,  nascido  em  1609  e  lal- 

lecido  em  1686. 

S.  Francisci  Xaverii  Epistolae  novae  18  ex  Archetypis  Lusitanicis  et  Ilispa- 
nicis  latinitate  donatae.  Romae,  apud  Varesium,  1661,  in-8."  Parisiis,  apud  Sc- 
baslianuin  Cramoisy,  1661,  in-8." 

S.  Francisci  Xaverii  Novarum  Epistolarum  libri  septem,  quibus  priores  18 
suis  locis  inseruntur.  Romae,  typis  Varesii,  1667,  in-8.«  Pragae,  1667,  etc. 


PO  «9 

S.  P.  Francisci  Xaverii  e  Soe.  Jesu,  Epistolarum  lihri  iv.  Ex  hispano  in  lati- 
num  conversi  ah  Horatio  TurseUino,  ejusdem  Socictatis  Jesu  sacerdote.  Editio  no- 
vissima,  recensita,  et  epistolarum  summariis  aiicta.  Anluerpiae,  ex-oííicina  Plan- 
tiiiiana  Balthasaris  Moreti,  1657,  in-2i,  474  pag.  afora  o  Índice.  Appendix  sive 
liber  V.  Epistolarum  S.  P.  Francisci  Xaverii. . .  a  Petro  Possino  ejusdem  Societa- 
tis  Jesu  nunc  primum  ex  autographis  partim  Hispanicis,  partim  Lusitanicis  lati- 
nitate  et  luce  ducatarum. 

S.  Francisci  Xaverii  Epistolae  veteres  quinque,  et  novae  per  sejHem  libros 
distinctae,  ex  ipsismet  autographis  manu  S.  F.  Xaverii  Hispânico  vel  Lusitanico 
idiomate  conscriptis,  &c.,  a  P.  Horatio  TurseUino  et  a  P.  Petro  Possino  ejusdem 
Societaiis  Sacerdotibus  latinitate  ac  luce  donatae,  postea  nova  cum  archetypis  in 
IndiiSj,  aliisque  terrae  partihus  facta  collatione  accuratius  emendatae.  Pro  appen- 
dice  accedit  retalio  de  statu  Japoniae  brevis  et  curiosa  a  P.  Adamo  Weidenfeldt 
Coloniensiy  e  Societate  Jesu  conscripta,  et  nuperrime  Turnaviae  impressa.  Coloniae 
Agrippinae,  apuii  Haeredes  Jo.  God.  de  Berges,  16912,  in-12,  864  pag.  e  58  para 
a  carta  do  P.  Weidenfeldt  i. 

POWER. 

The  history  of  the  empire  of  the  musulmans  in  Spain  and  Portugal^  by . 

London,  1815,  in-4.° 

POZZE  (LA^UREi\T  DELLE )  ou  DE  PUXEIS — Nasceu  em  Flo- 
rença em  1568;  fez-se  leligioso  na  idade  de  dezoito  annos;  veiu  a  ser  reitor  dos 
coUegios  de  Montepulciano  e  de  Tivoli,  e  morreu  na  sua  pátria  em  16532. 

Lettere  annue  dei  Giapone,  China,  Goa  e  Ethiopia.  Scritte  ai  M.  B.  P.  Gene- 
rale  delia  Compagnia  di  Giesú.  Da  Padri  deli'  istessa  Compagnia,  neglianni  1615, 
1616,  1617,  1618,  1619.  Volgarizati  dal  P.  Lorenzo  delle  Pozze  delia  medesima 
Compagnia.  In  Milano,  appresso  l'  heredi  di  Pacifico  Pontio,  e  Gio.  baptista 
Piccaglia,  16âl,  in-8.°,  368  pag.  Mesmo  titulo:  In  Napoli,  per  Lazzaro  Scorrigio, 
1621,  in-8.«,  404  pag. 

Esta  ultima  edição  é  mais  completa  do  que  a  anterior.  Contém : 

Leltera  annua  dei  Giapone.  Scritta  dà  Padri  delia  Compogyiia  de  Giesii  ai 
M.  H.  P.  Generale  deli'  istessa  Compagnia,  gli  amii  1615  e  1616.  Di  Macao,  13  di 
Decembre  1616.  Assignado :  Gio.  Vreman,  pag.  3-93. 

Lettere  annue  di  Goa,  scntte  da  i  Padri  delia  Compagnia  di  Giesú,  ai  molto 
R.  P.  Muttio  Vitelleschi,  Generale  Vanno  1618  e  1619,  di  Goa  1  di  Febraro  1620. 
Assignado  Gaspar  Luiz,  pag.  94-137. 

Lettera  scritta  d' Etiópia,  ai  M.  H.  P.  Mutio  Vitelleschi,  Generale  delia  Com- 
pagnia di  Giesíi,  Vanno  1611,  daí  P.  Pedro  Paes,  delia  stessa  Compagnia,  pag. 
138-1 7á.  De  Goa,  18  Febraio  1620.  Assignado:  xMiclielle  delia  Pace. 

Lettera  annua,  scritta  ai  M-  fí-  P.  Mutio  Vitelleschi,  Generale  delia  Compa- 
gnia di  Giesii,  dalla  Cim,  per  ordine  dei  P.  Francesco  Viera,  Visitatore  Vanno 
1618. . .  Di  Marão  li  15  di  Gennaio  1618.  Assignado,  Gamillo  di  Costanzo,  pag. 
173-254. 


Aiigiislin  et  Alois  dt;  Backer,  BiblioUièque  dcs  écrivains  de  la  CompagviedcJésiis,  vol.  i,  pag.  593. 
Id.,  vol.  II,  pag.  502. 


90  PO 

Lettera  delia  Cina.  Al  medesimo  R.  P.  Generale  nel  1618.  Di  Macao  20  di 
Nov  1618.  Assignado:  Affonso  Vagnane,  pag.  255-277. 

Letlera  annva  dei  Giapone.  Al  medesimo  P.  Generale  nel  1618.  De  Macao 
(sic)  28  dl  Dec.  16 Í8.  Assignado:  Camillo  Coslanzo,  pag.  277-372. 

Lettera  annua  dei  Collegio  di  Macao,  Porto  delia  Cina,  ai  M.  R.  P.  Miitio 
Vitelleschi,  Generale  delia  Compagnia  di  Giesú,  1617.  Di  Macao,  8  di  Gennaio 
1618.  Assignado:  António  di  Sousa,  pag.  373-380. 

Lettera  anmiale  dei  Collegio  di  Macao,  ai  Moita  Reverente  (sic)  P.  Mutio  Vi- 
tclleschi,  Generale  delia  Compagnia  di  Giesú  1'anno  1618.  Di  Macao,  21  di  Gen- 
naio 1619.  Assignado:  Francisco  Eugénio,  pag.  387-40Í. 

PKADO  (D.  JACINTO  DE  AGUILAR  Y ).— Natural  de  la  ciu- 

dad  de  Granada  y  soldado  de  Su  Majeslad,  que  en  esta  jornada  se  halló. 

Certisima  relacion  de  la  entrada  que  hizo  Su  Majestad,  y  sus  Altezas  en  Lisboa ; 
y  de  la  jornada  que  hicieron  las  galeras  de  Espana  y  de  Portugal,  desde  el  Piierto 
de  Santa  Maria  hasta  la  famosa  ciudad  de  Lisboa.  Donde  se  refiere  las  pret^encio- 
nes,  fiestas  y  grandezas  que  se  hicieron  en  ella,  y  otras  nmchas  cosas  notables,  su- 
cedidas en  esta  jacion.  Compuesta  por  .  Dirigida  ai  generoso  Conde  de  Sa- 

lana,  Apolo  presente  de  la  nacion  espanola,  cavellerizo  maijor  dei  Principe  de 
Castilla,  gentilhombre  de  camará  dei  Rey  nueslro  senor,  y  primer  gentilhombre  de 
la  de  su  Alteza,  comendador  mayor  de  Calatrava,  capitan  de  una  de  las  companias 
de  los  hombres  de  armas  de  Castilla,  hijo  dei  llustrisimo  y  excelente  cardenal  de 
Lerma,  tan  conocido  en  el  mundo  por  sus  grandezas,  como  por  sua  antigua  calidad. 
ímpreso  en  Lisboa  por  Pedro  Graesbeek,  afio  de  mdcxix.  8.",  20  pag. 

Escrito  histórico  de  la  insigne  y  valiente  jornada  dei  Brasil,  que  se  hizo  en 
Espana  el  ano  de  1625.  Al  capitan  Martin  de  Juztiz,  noble  de  la  muy  antigua  y 
leal  Provinda  de  Guipuzcoa.  Por .  4.° 

Bibliotheea  publica  de  Lisboa. 

PRADT  (M.  DE ). — Aneien  arí^hevéque  de  Malines. 

UEurope  après  le  Congrès  d'Aix-la-Chapelle,  faisant  suite  au  congrès  de 
Vienne;  par .  A  Paris,  chez  F.  Bechet  Ainé,  8.",  xxviii-377  pag.  1819. 

Les  trois  derniers  mots  de  VAmérique  méridionale  et  du  Brésil.  2^  édition, 
revue,  corrigée  et  augmentée. 

A  1."  edição  parece  ler  sido  feita  em  1817. 

Les  six  derniers  mots  de  VAmtrique  et  du  Brésil,  faisant  suite  aux  deux  ou- 
vrages  ci-dessus  sur  les  colonies. 

PRANDOMONTANUM  (FR.  ANTONIUM  MARIAM ).— Concio- 

natorem  Capucinuin. 

Gentilis  Angollae  fidei  mysteriis  Lusitano  idiomate  per  R.  P.  Antonium  de 

Coucto,  Soe.  Jes.  nunc  autem  Latino  per .  Admodum  Rev.  Patris  Procurato- 

ris  Generalis  Commissarii  socium  instructus,  atque  locupletalus.  Romac,  typis  S. 
Ojngreg.  de  Propaganda  Fide,  1061,  in-4.",  115  pag.  afora  a  dedicatória,  prefa- 
cio, etc. 

Este  catechismo'  é  impresso  em  três  volumes,  dos  quaes  o  primeiro  é  em 
latim,  o  segundo  na  lingua  de  Angola  e  o  terceiro  em  portuguez.  Francisco 
Pacconio  é  o  auctor  d'elle,  segundo  se  v6  na  epistola  dedicatória.  O  padre  Anto- 


PO  91 

nio  do  Couto  o  resumiu,  c  o  padre  António  Maria  Prandomenlano  ou  de  Monte 
Prandone  ou  Prodomontano  o  verteu  para  latim  ^ 

PRAT.--  De  la  Gompagnie  de  Jesus. 

Hisloire  du  bienheurenx  Jean  de  Britto,  de  la  Compagnie  de  Jesus,  missionaire 
du  Madure,  et  martyr  de  la  foi,  composée  sur  des  documents  aiithentiques  par  le 
R.  P.  de  la  même  Compagnie.  Société  de  Saint  Victor  pour  la  propagation  des  bons 
livres.  Paris,  librairie  cenlrale  de  la  société,  1853,  in-8.°,  xyi-438  pag.  Bruxeiles, 
libraiiie  calholique  de  L.  de  Wageneer,  1853,  in-12,  xv-il4  pag.  Imprimeric  de 
F.  Parent,  à  Bruxeiles. 

Esta  Vida  foi  vertida  para  allemão. 

A  primeira  edição  foi  dada  á  luz  em  França  2. 

PRAXL  (FRANCISCO ).— Jesuíta,  natural  de  Crem. 

Panegyricus  Francisco  Xaverio  dictus.  Tyrnaviae,  1758,  in-12. 

PREDICIIE  dei  P.  António  Vieira,  dette  e  stainpate  in  lingiia  portoghese, 
tradotte  nelV  italiano  dal  P.  Annibale  Adami.  Roma,  1(383,  in-4.° 

PREDICHE  varie  dei  P.  António  Vieyra,  tradotte  delia  língua  spagnuola 
nella  italiana.  Venezia,  1690. 

PREFUMO  (ANTÓNIO ). 

Grammatica  da  lingua  italiana  para  os  portuguezes,  por .  Lisboa.  Na 

typographia  de  Bulhões.  1829,  4.»  260  pag. 
É  oíferecida  ao  barão  de  Quintella. 

PRELÚDIOS  encomiásticos  ao  que  obrarão  D.  Manuel  Pereira  Coutinho  e 
seus  filhos  D.  Francisco  Joseph  Coutinho  e  D.  Pedro  da  Sylva  Coutinho,  no  choque 
que  no  Campo  de  Monsanto  teve  com  o  inimigo,  em  11  de  junho  de  1704,  o  Real 
Exeixito  da  Deyra,  mandado  pelo  Excelentisimo  Marquez  das  Minas,  governador 
das  armas  de  aquella  provinda,  do  conselho  de  estado,  &c.  London.  Pi  inted  by 
Fr.  Leach,  1704.  4.°,  54  pag. 

É  uma  coUecção  de  poesias  compostas  por  vários  auctores. 

PRESCOTT  (WILLIAM ). 

Historia  dei  reinado  de  los  reyes  Católicos  D.  Fernando  y  D.  Isabel.  Madrid, 
1845. 

Historia  dei  reinado  de  Felippe  II.  Madrid,  1856. 

PRESSERVE  (Hl.  DE ). 

Le  mariage  ou  Vavenir  de  Portugal.  Paris,  1862. 


'  Augnslin  et  Alois  de  Backer,  Billiothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  ni,  pag.  550. 
»  Id.,  vol.  V,  pag.  103. 


92  PO 

PUIEZAC  (31.  DE ). 

Observations  sur  un  livre  intitule:  Philippe  le  Prudent,  fils  de  Charles  le  Quint, 
vérifié  roy  legitime  de  Portugal,  des  Algarves,  cC-c.^  composé  en  latiu  par  D.  Jiian 
Caramuel  Libkowitz.  Paris,  1640,  8.° 

PRIÍVCE  (LE)  vendu  ou  Contrai  de  Vent  de  la  Personne  du  Prince  libre  et 
innocent  D.  Edouard,  infant  de  Portugal.  Paris,  16i3,  in-4.« 

PROELESS  (JOH.). 

Luiz  de  Camoens.  leipzig,  1880.  2  pag.  in  foi.,  eoni  o  retraio  do  nosso 
poeta. 

Camoens.  Feier  in  Lissabon. 

PROEZAS  dei  senor  general  Gvido  Estaremberg,  quando  passo  á  Madrid  á 
coronar  por  Rey  ai  senor  archiduque  Carlos  de  Áustria. 

PRONOSTICO  FELIZ.  Nihil  sub  sole  novum.  Soneto. 
É  relativo  á  guerra  ila  successão. 

PROPAGANDIST  (THE)  imposture  unmasked,  and  the  Indian  catholics 
undeceived  in  regard  to  the  celebrated  portugucse  schism  in  Índia,  by  a  Bomnn 
Catholic  Poriuguese^  submissive  to  the  Pope,  and  to  his  Queen.  Caicutta,  í8'j7. 

PROSPECTUS  pour  placer  à  la  tête  de  1'ouvrage  intitule:  Administration 
du  Marquis  de  Pombal.  Contenant  les  causes  de  la  jouissance  et  de  la  faiblesse  de 
Portugal.  Ouvrage  préliminaire.  Anisterdam,  1 786,  8.°,  108  pag. 

íla  outra  edição :  Amsterdam,  8.",  348  pag. 

PROSPER  (SAIIVT  AUGUSTE  ). 

Histoire  de  Portugal.  Paris,  1844,  in-8.° 

PROSPERO  PERAGALLO.—  Prior  da  igreja  do  Loreto,  em  Lisboa. 

Cristoforo  Colombo  in  Portugal.  Studi  critici.  Génova,  lipog.  Sordo-Muli, 
1882. 

Cristoforo  Colombo  e  la  sva  famiglia.  Rerista  generale  degli  errori  dei  Sig. 

E.  Barrisse.  Studi  storico  critici  de  .  Lisboa,  typographia  Portuense,  1888, 

in^.",  336  pag. 

O  auctor  d'esta  obra,  servindo-se  também  ás  vezes  de  escriptores  portuguc- 
zes,  refuta  um  grandissimo  numero  de  asserções  falsas,  attribuidas  a  Christovão 
Colombo,  entrando  n'eiias  também  uma  nacionalidade  falsa  que  lhe  queriam 
atlribuir,  ernbora  seja  notório  o  ser  genovez. 

Versadissimo  no  eonhecimenio  dos  escriptores  portuguezes,  o  que  é  muito 
para  admirar,  por  ser  estrangeiro. 

«Nelle  prossime  feste  dei  centenário  di  Colombo,  il  Portogallo  lia  pertanto 
un  seggio  d'  onore.  Fa  pena  solo  che  il  suo  He,  sviato  da  suptTbi  consiglieri  o 
forse  diílidente  delio  slraniero,  iion  eseguisse  1' impresa  da  coslui  proposta:  ma 
ad  ogni  fnodo  la  piccola  nazione,  su  cui  regnava,  ha  in  opera  di  scoperle  geogra- 


PO  93 

fische  una  soma  tale  di  meriti,  da  non  invidiare  nulla  alio  piíi  grandi  nazione 
d' Europa,  fiioria  ai  Porlogallo.))  (Pag.  187.) 

E  i]uer-iiie  parecer  que  d'aqui  por  diante  ninguém  deverá  escrever  acerca 
de  Cliristovão  l^oiombo  sem  consultar  a  citada  obra  do  sr.  Peragallo. 

PUOSSESO  (sic)  verbal,  no  qual  se  conléni  a  declaração  que  o  Marquez  de 
la  Fuente,  embaixador  extraordinário  de  El- Hei  Catholico  na  corte  de  França 
tem  ftito  a  Sua  Maçjestade,  em  nome  de  El- liei  seu  senhor y  para  dar  satisfação  a 
Sua  Magcstade  no  tocante  ao  que  succedeu  com  a  cidade  de  Londres,  aos  dez  dias 
do  mez  de  outubro  próximo  passado,  de  166 J,  entre  os  embaixadores  de  França  e 
de  liespauha,  e  juntamente  tudo  o  que  se  passou  n'esta  primeira  audiência,  de  24 
de  março  de  1662.  Em  Paris,  I6t)2,  4.° 

liibliotheca  publica  de  Lisboa. 

rUOUDIIOX  (PEOUO  JOSÉ  ). 

Na  obra:  Justice  dans  la  révolution  et  VèijUse,  elogia  (Camões. 

PRZIKRIL  (CARLOS  ).—  Jesuila,  natural  de  Praga.  Viveu  na  índia 

portugiieza. 

Grammatica  linguae  Canarinae,  quam  gentiles  Goani  et  circumjacentes  Elhnici 
inter  se  loquuntur. 

Epistolae,  quibus  Civiías,  Colleyium  et  portus  Goani,  mores  Orientalium  des- 
cribiintur,  et  errores  plurium  scriptoriim ,  qui  in  hac  matéria  versati  sunl,  dele- 
giintur^. 

PUFENDORF. 

Escreveu  em  allemão,  e  publicou  em  1686  a  Introducção  á  historia  dos 
principaes  estados  da  Europa.  Está  vertida  em  franeez. 

No  tomo  I,  liv.  III,  trata  da  lucta  do  prior  do  Crato  com  Castella,  e  espe- 
cialmente da  conquista  dos  Açores  pelo  marquez  de  Santa  Cruz,  cujos  triumpbos 
desconsidera  por  não  ter  soífrido  resistência  o  general  hespanliol.2 

PULCUAUELLI  (COIVSTAIVCIO ) — Jesuita,  italiano. 

Panegyris  in  B.  Franciscum  Xaverium  Societalis  Jesu. 
Appárece  este  panegyrico  na  obra  intitulada:  Parmassus,  Societalis  Jesu. 
Francofurti,  1654. 

PITIION  (PIERRE ).— Jesuita,  allemão. 

Vda  S.  Francisci  Xaverii  Societalis  Jesu  Indiarum  et  Japoniae  Âpostoli,  a 
P.  Dominico  Boidiours,  Societalis  Jesu,  gallice  scripta  a  P.  PytJton,  ejusdem  Socie- 
talis latine  reddita.  Monachii,  surnptibus  Joannis  Jacobi  Remy,  typis  Malhiae 
liiedl,  1712,  816  pag. 

PUPPIRUOFFER  (AGOSTINHO ).— Jesuita,  bungaro. 

Panegyris  D.  Francisco  Xaverio.  Tyrnaviae,  1761. 


Auguslia  el  Alois  do  Backer,  BiUiothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.vi,  pag.  474. 
Sr.  Cainillo  Caslello  Branco,  Narcóticos,  vol.  ii,  pag.  45. 


«No  momber  of  the  honourable  Guild  of  Lilcralure  ever  fulfilled 
liis  Iraditional  dostiny  more  completely  Ihan  did  Camoens.  Like 
Milton,  Olway,  Goldsmilli,  Chatterton,  and  many  others,  lie  com- 
poscd  his  immortal  work  ofton  in  sorrow  and  his  misery,  and  so  lie 
died  :  bui  lliegem  ofgenius,  brilliantandendiiringaslhc  diamond, 
was  always  Ihere,  and  as  is  lhe  wont  of  lho  woiks  of  Ihose  npon 
wliom,  according  to  lhe  old  classic  legend,  and  gods  brcalhed  in 
Ihoir  cradlc,  it  has  flashed  out  aflcr  Ihiee  ccnluries.» 

(Tlie  Graphic.  An  illustrated  weckly  Newspaper.  10  julho  1880. 


QUADROS  (ANTÓNIO  DE ).— Jesuíta,  missionário  na  índia  por- 

tugueza. 

Letra  escripta  ao  P.  Diogo  MirãOj  em  8  de  dezembro  de  1855.  (Saiu  vertida 
para  latim  com  outras  cartas  indicas.)  Lovanii,  apud  Rutgerum  Velpium,  1570, 
in-8.«,  desde  pag.  105  a  126.  Ibid.,  ibid..  1566,  in-8.°,  desde  pag.  226  a  259.  Em 
italiano,  per  Michele  Tramezino,  1565,  in-8.°  Saiu  também  no  livro:  Avisi  jmr- 
ticolari  dair  Indie  de  Portugall,  parte  iii,  a  foi.  204. 

Outra  escripta  a  18  de  dezembro  de  1855,  a  qual  saiu,  com  a  precedente, 
vertida  em  latim :  Cum  aliis  Epistolis  Indkis  et  Japonicis.  Lovanii,  apud  Rutge- 
rum Velpium,  1570,  de  pag.  135  a  182.  Vertida  para  italiano  por  Michele  Tra- 
mezino, 1565.  Também  saiu  no  livro:  Diversi  avisi,  &c.,  a  foi.  215. 

Outra  escripta  a  19  de  novembro  de  1559,  vertida  em  italiano  com  outras. 
Venetia,  por  Tramezino,  1562,  in-8.",  e  para  latim:  In  Epistolis  Indicis  et  Japo- 
nicis.  Lovanii,  apud  Rutgerum  Velpium,  1566,  in  8.°,  de  pag.  260  a  333,  e  na 
mesma  obra  e  typographia,  1569,  in-8.« 

QUAUTEULY  REVIEW  (TOE). 

O  n.«  54  de  outubro  de  1822,  London,  John  Mnrray,  traz  a  biographia  do 
nosso  Luiz  de  Camões. 

O  de  2  de  abril  de  1822,  pag.  1  a  39,  traz  um  artigo  de  critica  sobre  as 
Memorias  da  vida  e  escriptos  de  Camões,  por  Adamson,  o  sobre  o  Oriente,  do 
padre  J.  A.  de  Macedo. 


«6  QU 

QUARTETO  glosado  á  la  amorosa  y  Christiana  respuesía  que  su  Majestad 
Católica  dió  ai  excclenlisimo  scnor  marquês  de  ValdecaíiaSj  ai  íiempo  que  le  dió  la 
noticia  de  que  sus  reales  armas  avian  vencido  á  las  dei  enemigo^  deciendo  no  son 
las  suyas,  sino  las  dei  poderoso  brazo  de  Dios.  Glosa. 

QUATTINI   (MIGUEL  ANGE  DE  )  et  DEKIS   DE  PLAISAN- 

CE,  — Missioimaires. 

Ohservations  de  quelques  animaux,  et  d' une  plante  extraordinaire,  faites  dans 
un  voyage  an  royaume  de  Congo^  par . 

Encontra-sc  esta  carta  a  pag.  48o  do  vol.  ii  da  obra  iíititiilada :  Collecfion 
académique,  composée  des  mémoires,  arts  ou  journaux  des  plus  celebres  academies 
et  sociétés  littéraires  étrangèresj  &c.,  Dijon. 

Diz  o  auclor  d'esta  carta,  que  no  Brazii  certos  animaes,  a  que  ainda  o  auctor 
dá  o  nome  de  piolhos  de  Piíaraó,  inlroduzem-se  no  pé,  entre  a  pelle  e  a  carne, 
e  de  um  dia  para  o  outro  crescem  até  ao  tamanho  de  uma  fava,  e  não  os  arran- 
cando produzem  uma  ulcera  insupportavel,  a  qual  corrompe  todo  o  pé. 

No  reino  do  Congo  ha  serpentes  de  vinte  e  cinco  pés  de  comprido,  as  quacs 
engolem  uma  ovelha. 

Ha  também  n'este  paiz  formigas  de  um  tamanho  tal,  que  o  auctor,  acban- 
do-se  doente  n'um  certo  dia,  foi  obrigado  a  pedir  que  o  tirassem  para  fora  do 
seu  quarto,  com  medo  de  ser  devorado  por  ellas,  como  acontecia  muitas  vezes 
aos  habitantes  de  Angola,  entre  os  quaes  se  encontram  ás  vezes  pela  manhã 
esqueletos  de  vaccas  que  as  formigas  comeram  em  uma  noite. 

No  vol.  Ill  falla-se  do  nosso  Zacuto  como  auetoridade. 


QIJESTION  importante  touchant  les  Jésuites.  La  Société  mêrite-t^elle  les 
égards  qiion  a  pour  elle  à  Rome  et  en  France,  relativement  à  Vajfaire  de  Portu- 
gal? 46  pag.,  in-8.« 

QIJESTIONS  au  minislère  sur  la  situation  de  la  France  avec  l'Angleterre, 
VEspagne  et  le  Portugal. 

QUETELET  (Mil.)* — Secretario  perpetuo  da  academia  real  de  Bruxellas. 

Publicou  o  Episodio  de  D.  Ignez  de  Castro,  do  Adamastor  e  a  Batalha  de 
Ourique,  encontrando-se  os  dois  últimos  fragmentos  nas  Lições  de  littcratura, 
publicadas  em  ("íand  em  1822,  na  oílicina  de  MM.  de  Busscher. 

Apparecem  estas  noticias  a  pag.  241  do  vol.  i  das  Obras  de  Camões,  do  vis- 
conde de  Juromenha. 


QUEVEDO  (D.  JUAIV ). 

Descripcion  de  la  solcmnidad  con  que  en  esta  corte  se  celebro  la  noticia  de  las 
felices  bodas  de  la  Majestad  de  Dou  Pedro  Segundo,  con  la  muy  alta  y  sobei-ona 
senora  Dofia  Maria  Sofia  Isabel,  oufjustisimos  Ileyes  de  Portugal.  Por  el  seíior 
Don  Joseph  de  Faria,  enbiado  extraordinário  de  Sus  Majestades  y  cavallero  de  la 

orden  de  Christo;  ã  quien  la  consagra,  dedica  e  ofrece  con  toda  veneracion . 

4.«,  15  pag. 


QU  «7 

QUEXAS  de  la  tibieza  de  Espana  ai  ver  tan  ultrajada  la  fé;  y  elogios  á  su 
defensor  Felipe  V,  nuestro  senor,  que  Bios  guarde.  Komance. 
Guerra  da  successão. 

QUICIII::K/\T  (J.)  —  ProfesscLir  à  l'ócole  impériale  de  Chartres. 

llistoire  de  Sainte  Barbe.  Collège.  (Jommunauté.  Instiluliou.  Par .  Paris. 

Librairie  de  L.  Ilaclielte  tV  C.*^,  18()0.  3  tomos:  1.",  :]8:2  png.;  %'',  4lo  pag.;  3.", 
't25  pag. 

Esta  obra  é  dedicada  á  memoria  de  Pierre  Anloine  Victor  de  Lar.neau, 
quando  Sainte  Darbe,  graças  a  elie,  entra  no  quinto  século  da  sua  existência,  no 
dia  1  de  outubro  de  1860. 

«A  universidade  de  Paris  existiu  por  muito  tempo  sem  coilegios,  e  quando 
começaram  a  fundar  alguns  oslabelecimentos  d'este  género,  não  passaram  de 
pequenas  casas  de  caridade,  nas  quaes  alguns  estudantes  pobres  de  uma  mesma 
cidade,  de  uma  mesma  diocese  e  de  uma  mesma  província,  achavam  abrigo  c 
sustento  alé  que  elles  tivessem  obtido  seus  graus.  Davam  o  nome  de  porcionis- 
las  (boiírsiers)  aos  que  eram  admillidos  a  gosarem  d'este  beneficio.  Quando 
reunidos  todos,  formavam  uma  fracção  imperceptível  do  povo  universitário. 
N'aquelle  tempo  não  havia  ensino  publico  senão  para  a  philosopbia.  Mas  no  fim 
do  século  XIV  o  exereieio  das  classes  foi  instituído  em  alguns* coilegios  com  tão 
bom  exito,  que  animou  outros  a  imitai-os.  Professores  de  latim  deram  em  horas 
fixas  lições,  ás  quaes  poderam  assistir  estudantes  externos.  Dentro  em  pouco 
receberam,  com  residência  dentro  dos  coilegios,  debaixo  do  mesmo  tecto,  e  á 
mesma  mesa  dos  poreionistas,  aquelles  estudantes  que  podiam  pagar  pensão; 
mais  tarde  a  falta  de  logar  nos  coilegios  fez  estabelecer,  debaixo  do  nome  de 
pedagogias  algumas  casas  que  se  podem  comparar  aos  nossos  pensionados,  se- 
guindo os  cursos  da  universidade.  Citam-se,  finahriente,  três  pedagogias,  que, 
por  causa  do  grande  numero  de  seus  estudantes,  tiveram  três  classes  suas,  e  que 
mereceram  dar-se-lhes  o  nome  de  coilegios,  embora  não  tivessem  doação  nem 
poreionistas.  Sainte  Barbe,  na  sua  origem,  foi  um  d'esses  estabelecimentos  exce- 
pcionaesi. 

«Todos  os  historiadores  de  Paris  repetiram,  de  accordo  com  Félibien^,  que 
Sainte  Barbe  deve  sua  fundação  a  um  professor  de  direito  canónico,  por  nome 
Jean  Hubert,  o  qual  tomou,  com  obrigação  de  pagar  censo  á  abbadia  de  Sainte 
Geneviòve,  uma  casa  com  um  terreno  situados  na  rua  de  Reims,  em  face  do 
collegio  d'este  nome.  Citam  como  prova  de  um  tal  arrendamento  um  contraio 
lavrado  perante  o  prevoste  de  Paris,  com  a  data  de  10  de  maio  de  1430.  Porém 
este  contrato,  cujo  original  nos  foi  conservado  3,  não  diz  que  João  Hubert  tenha 
feito  sua  acquisição  para  fundar  uma  pedagogia,  e  o  contrario  é  demonstrado 
por  outros  documentos,  de  onde  se  segue,  que  a  casa  occupada  por  elle  se  con- 
verteu em  propriedade  de  um  "mercador  de  pannos  e  de  meias,  estabelecido  na 
encruzilhada  Saint  Severin.  Alem  d'isto  o  nome  de  Sainte  Barbe  não  se  encontra 
nem  durante  a  vida  de  Jean  Hubert,  nem  durante  os  primeiros  annos  que  se 


'  Roberi  Goulel,  Compendium  de  multiplid  parisiensis  universitatis  magnificentia.  1517. 
*  Histoire  de  la  ville  de  Paris  (pubUée  en  17  25),  tomo  ii,  pag.  1047. 
"  Archivos  do  império.  S.  1:509.  N."  3. 

7 


98  QU 

seguiram  á  sua  morte.  Foi  em  1463  somente  que  o  vemos  apparecer,  a  propósito 
de  censo  pago  á  abbadia  de  Sainte  Geneviève:  «pela  casa  que  se  costumava 
chamar  o  botei  ChAlon,  e  que  presentemente  tem  o  nome  de  Collegio  de  Sainte 
Barbe«;  de  sorte  que  a  existcneia  de  Sainte  Barbe  começou,  não  em  a  casa  de 
Jean  Hubert,  mas  no  hotel  de  Ghálun,  e  muito  tempo  depois  de  li30. 

«Em  que  data,  com  certeza? 

«O  registo  de  censo  de  Sainte  Geneviève  nol-o  diria,  se  estivesse  completo; 
mas  vê-se  que  este  documento  apresenta  entre  1449  e  1403  a  mais  lastimosa 
lacuna. 

«Felizmente  outros  testemunhos  se  acham  alli  para  fall.írem  em  logar  d'elle. 
Interrogando  os  titulos  do  hotel  Chalon  e  a  vida  do  personagem  inscripto  como 
censuario  diante  da  menção  que  se  acaba  de  ler,  é  possível  'chegarmos  á  verdade 
de  maneira  tão  precisa  como  se  ella  estivesse  consignada  em  todas  as  cartas  em 
um  acto  authentieo. 

«Sauval,  auctor  melhor  informado  do  que  Félibien,  e  no  qual  nada  se  en- 
contra para  a  gloria  de  João  Hubert,  designou  o  hotel  de  Chalon  como  o  berço 
de  Sainte  Barbe  *,  Somente  a  parecença  dos  nomes  o  enganou.  Julgou  ser  neces- 
sário escrever  Chalons  em  vez  de  Chalon,  e  sob  este  fundamento  construiu  no 
alto  da  montanha  casa  para  uso  dos  bispos  de  Chalons-sur-Marne,  domiciliados 
em  todo  o  tempo  no  bairro  Saint  Martin.  Nada  toem  que  fazer  aqui,  bem  como 
os  outros  dignitários  ou  originários  da  cidade  champenesa.  O  velho  historiador 
de  Paris  suscitou,  pelo  seu  engano,  um  erro  monstruoso,  quando  algqns  escripto- 
res,  querendo  conciliar  as  palavras  d'elle  com  as  de  Félibien,  attribuiram  a  João 
Hubert  a  propriedade  do  pretendido  hotel  de  Chalons,  transportado  por  elles 
para  o  meio  da  rua  de  Reims, 

«O  hotel  de  Chalons  estava  situado  nas  ruas  des  Chiens  e  des  Cholets,  e 
Sainte  Barbe  foi  fundado  no  1.°  de  outubro  de  1460,  no  ultimo  anno  do  reinado 
de  Carlos  VH,  sendo  reitor  da  universidade  Martin  Lcmaistre. 


# 

#      # 


«GeoíTroi  Lenormant  fundou  Sainte  Barbe,  não  como  pedagogia,  mas  como 
collegio,  instituindo  n'elle  algumas  classes,  e  dando-Ihe  professores,  que  deviam, 
debaixo  da  sua  direcção,  applicar  os  methodos  e  repetir  as  lições.  Não  tratou  de 
dotação.  Ateve-se  á  boa  rasão,  que  lhe  dizia  que  o  futuro  de  um  collegio  tem  sua 
segurança,  menos  nas  riquezas  que  possue,  do  que  na  boa  disciplina  e  na  excel- 
lencia  do  ensino.  Foi  este  regimen  a  primeira  feição  pela  qual  se  distinguiu  uma 
casa,  cujo  destino  era  conservar  sempre  um  caracter  á  parte  entre  os  outros 
estabelecimentos  da  universidade. 

«Não  era  costume  em  Paris  estarem  os  collegios  debaixo  da  invocação  dos 
santos.  Tinham  todos  o  nome  do  seu  fundador,  ou  o  do  paiz  do  qual  recebiam 
porcionistas.  Ao  asylo  que  GeoíTroi  Lenormant  abriu  aos  estudos,  devendo  abrigar 


llisloire  el  recherches  des  antiquités  de  la  ville  de  Varis,  tomo  ii,  pag.  108  e  380. 


a  mocidade  de  todos  os  paizos,  não  teve  que  llie  dar  o  nome  de  tal  ou  qual 
logar;  e  teve  modéstia  bastante  para  não  querer  que  tivesse  seu  próprio  nome. 
Procurou  no  inartyrologio  um  patrono  mais  elevado,  e  sua  escolha  recaiu  sobre 
a  virgem  sabia,  que,  dizem,  passou  na  mais  tenra  mocidade  para  a  eternidade, 
depois  de  ter  conseguido  só  pela  forra  do  raciocinio  o  conhecimento  do  verda- 
deiro Deus,  depois  de  haver  mesmo,  da  boca  de  Origenes,  recebido  o  comple- 
mento da  fé,  depois  de  ter  vencido  na  discussão  os  mais  babeis  defensores  do 
paganismo  grego. 

«Taes  são  os  factos  que  a  legenda  nos  fornece  acerca  da  bemaventurada 
Barbara,  martyrisada  em  Nicomedia  no  tempo  do  Imperador  Maximiniano.  Uma 
santa  cercada  d'esla  gloria,  era  para  os  litteratos  da  idade  media  o  que  teria  sido 
Minerva  no  espirito  da  antiguidade,  Minerva  na  qual  ninguém  pensava  no  anno 
da  graça  de  1460,  e  cuja  lembrança,  no  entanto,  estava  em  vésperas  de  ser  res- 
taurada; de  tal  modo  que  a  Santa  Barbara  de  GeofTroi  Lenormant  teria  talvez 
sido  o  Atheneu  de  Paris,  se  este  doutor  houvesse  formado  seu  estabelecimento 
cincoenia  annos  mais  tarde,  na  epocha  em  que,  pelo  effeito  das  reminiscências 
clássicas,  os  collegios  começaram  a  intitular-se  gymnasios,  e  as  universidades 
academias. 

«Mas  Barbe,  isto  é,  Barbara,  na  sua  forma  latina  e  universitária,  não  era 
somente  o  nome  de  uma  santa;  foi  este  também  o  termo  que,  na  linguagem  das 
escolas,  significava  o  argumento  elementar,  o  syllogismo  articulado  por — maior — 
menor — e  consequência  sobre  generalidades  positivas.  A  exposição  da  lógica 
começava  pela  definição  de  bainhara,  e  a  maior  parte  das  grandes  verdades  mo- 
raes  se  resolviam  em  barbara.  Não  haveria  alli,  por  causa  da  dupla  significação, 
um  motivo  para  o  nosso  fundador  ter  preferido  o  vocábulo  Santa  Barbara  ? 

«Estas  sortes  de  considerações,  que  taxaríamos  de  puerilidades,  eram  muito 
do  gosto  da  epocha.  Se  Geoffroi  Lenormant  não  pensou  n'isso,  podemos  apostar 
que  a  allegoria  foi  notada  por  outros,  e  que  mais  de  um  adivinhador  de  horós- 
copo predisse  os  altos  destinos  do  ensino  das  artes,  que  se  inaugurava  debaixo 
da  invocação  de  Barbara^. 


«CAPITULO  XIV.—  Principalado  de  Diogo  do  Gouveia  —  Fundação  do  Rei  do  Portugal  em  Sainle 
Barbe'. 

«Os  Reis  D.  João  II,  D.  Manuel  e  D.  João  III,  em  cujos  reinados  Portugal 
se  tornou  tão  florescente  pelo  commercio  com  a  índia,  foram  homens  piedosos, 
tanto  quanto  amigos  das  luzes.  As  conquistas  de  seus  navegadores  fizeram  nascer 
n'elles  menos  prazer  do  ganho  que  ambição  de  converter  á  fé  os  reinos  e  as  ilhas 
do  Oriente.  Faltando-lhes  gente  para  uma  tão  grande  empreza,  mandaram  estudar 
á  sua  custa  nas  diversas  universidades  da  Europa,  e  particularmente  na  de  Paris, 
um  grande  numero  de  rapazes,  por  meio  dos  quaes  contavam  formar  missioná- 
rios, depois  que  elles  tivessem  sido  instruídos.  Pertenciam  estes  rapazes  quasi 
todos  á  pequena  nobreza,  muito  empobrecida  depois  que  toda  a  actividade  do 


'  Depois  de  Malhurin  Morei  começa  a  serie  do?  Gouveias,  cuja  cliegada  cerra  aquilio  a  que  se 
pôde  dar  o  nome  de  tempos  heróicos  do  «Sainte  Barbe».  V^ol.  i,  pag.  7). 
'  Idem,  vol.  i,  pag.  122. 


100  QU 

paiz  se  linha  voltado  para  o  negocio.  Uma  familia  de  Gouveias,  que  tinha  rami- 
llcações  em  Évora,  Beja  e  Coimbra,  só  ella  forneceu  uma  dúzia  de  piofessores, 
todos  os  quaes  tomaram  seus  graus  em  Paris.  (Pag.  123.) 

«O  primeiro  que  se  encontra  com  este  nome  é  Diogo,  o  qual  foi  cognomi- 
nado O  antigo  em  a  nossa  universidade,  para  o  distinguirem  de  alguns  de  seus 
parentes,  que  tiveram  o  mesmo  prenome.  Mandaram-no  para  França  em  tempo 
de  Carlos  VJII.  Seu  epitaphio,  que  se  via  outr'ora  na  calhedral  de  Lisboa  ^  dizia 
que  fora  reitor  em  Paris,  embora  seu  nome  se  não  encontre  na  lista  dos  reitores 
formada  por  Duboulay;  mas  como  ha  n'esta  lisla  uma  lacuna  de  1500  a  1507,  é 
mui  natural  o  pensarmos  que  exerceu  n'este  intervallo  de  tempo  a  magistratura, 
da  qual  seus  compatriotas  lhe  fizeram  um  titulo  de  honra  depois  de  sua  morte. 
Fez-se  depois  receber  como  doutor  em  Iheologia.  Como  tal,  Uobert  Estienne 
muito  o  maltratou,  por  ter  feito  parte  das  diversas  edições  que  censuraram  suas 
edições  da  Bíblia: 

«Eu  lhes  apresento  no  seu  conclave  nos  Mathurins,  são  as  palavras  de 
Robert  Estienne,  o  Novo  Testamento  por  mim  impresso;  e  presidiam  então 
Gouveia  e  Le  Roux,  que  me  tinham  grande  ódio,  pessoas  muito  ignorantes  em 
tudo,  mas  njuito  cautelosas  em  armarem  ciladas  aos  innocentes.  Viam  ser  grego 
o  que  está  impresso.  Pedem  que  se  lhes  apresente  o  velho  exemplar  (o  manus- 
criplo).  Imaginae  que  era  para  lerem  n'elle  I  - 

«Pôde  haver  motivo  para  esta  censura  de  ignorância  do  grego,  porque  o 
tempo  em  que  o  Gouveia  tinha  estudado,  não  era  aquelle  em  que  o  grego  fazia 
parte  da  instrucção;  mas  a  accusação  de  perfídia  não  nos  parece  justificada. 
Longe  d'isso,  é  contradicta  pelo  próprio  auctor,  contando  em  um  outro  logar, 
que  quando  Gouveia  e  seus  consortes  appareceram  no  grande  conselho  para  onde 
o  Rei  os  tinha  convacado  a  respeito  da  questão  das  biblias,  provocaram  a  risota 
da  asseuibléa  «por  causa  de  suas  altercações  tumultuosas,  por  discordarem  todos 
juntos,  e  estarem  furiosos  um  contra  o  outro.»  Seguramente  adversários  que,  em 
um  momento  tão  solemne,  dão  o  espectáculo  de  sua  discórdia,  não  são  pessoas 
bem  cautelosas.  Deixavam-se  elles  arrastar  pela  paixão,  assim  como  Robert  Es- 
tienne fallava  com  azedume  contra  um  homem  ulcerado  pelos  actos  judiciaes, 
dos  quaes  se  via  ser  victima. 

«N'uma  peça  burlesca,  escripta  em  forma  de  caria,  Theodoro  de  Beze  recor- 
dou uma  certa  visita  da  Sorbonna  a  Francisco  I,  com  o  ílm  de  ter  occasião  de 
dizer  que  os  cardeaes  da  comitiva  do  Rei  se  divertiam  muito  á  vista  dos  sublimes 
doutores,  que  se  apresentaram  «todos  cheios  de  muco  e  enlameados»,  e  o  próprio 
nome  de  Gouveia  está  approximado  d'esta  scena  com  uma  intenção  accentuada 
de  malicia. 

«Mas  não  passa  isto  ainda  de  uma  insinuação  sem  alcance.  Os  ares  e  a 
apparencia  de  prefeito  de  coUegio  não  deviam  ser  próprios  de  Diogo  de  Gouveia, 


'  Diojjo  Barbosa  Machado,  Bibliolheca  Lusitana,  tomo  i,  pag.  G36. 

'  Os  censores  dos  Uieologos  de  Paris,  pelos  quaes  elles  linliam  falsamente  condemnado  as  biblias, 
sendo  impressões  de  Robert  Estionne,  pamphleto  impresso  cm  parte  em  a  Nouvellc  biographie  généruleí 
de  Didot,  art.  Estienne. 


QU  KH 

que  linha  frequentado  a  côrtu.  Durante  todo  o  tempo  que  passou  na  França  teve 
accesso  junto  de  nossos  Reis,  para  os  negócios  do  seu  paiz:  «Approximou-se  e 
serviu  a  cinco  Heis  de  Portugal  e  a  quatro  de  França»,  dizia  ainda  o  seu  epi- 
tapliio. 

«Se  a  estes  aggravos,  articulados  antes  contra  a  Sorbonna  do  que  contra  o 
próprio  Gouveia,  ajuntarmos  uma  alcunha  ridícula,  a  de  Devora  mostarda  (Sina- 
pivorusj,  que  seus  inimigos  de  religião  apanharam  no  vocabulário  dos  collegios*, 
teremos  tudo  quanto  o  século  do  nosso  doutor  nos  disse  em  desabono  d'elle,  e 
concordaremos  que  não  é  d  mais  o  ter  sido  exposto  só  a  taes  censuras  quem 
andou  envolvido  em  uma  das  mais  terríveis  luctas  de  que  ha  memoria. 

«Em  1516  escrevia-lhe  El-Rei  D.  Manuel  para  que  viesse  ser  oppositor  a 
uma  cadeira  de  theologia  então  vaga  em  Lisboa 2.  Pediu  e  obteve  a  graça  de  se 
subtrahir  a  este  convite,  tendo  na  mente  um  projecto,  cuja  execução  lhe  parecia 
dever  ser  mais  agradável  ao  Rei.  Tratava-se  de  comprar  Sainte  Barbe,  e  de  reunir 
n'aquelle  edifício  todos  os  pensionistas  portnguezes.  A  reputação  do  collegio 
estava  então  no  seu  npogeo. 

«Encorporar  seus  jovens  compatriotas  na  legião  barbista,  era,  nos  cálculos 
de  Gouveia,  ajun'ar  um  novo  estimulante  a  emulação;  e  por  outro  lado  tinha  a 
convicção  que  esses  mesmos  rapazes,  até  então  disseminados  por  uma  e  outra 
parte,  se  fossem  submettidos  á  mesma  disciplina,  e  fornecidos  com  a  mesma 
instrucção,  formariam  um  corpo  mais  homogéneo  para  a  missão  á  qual  eram 
destinados. 

«Mas,  comprar  Sainte  Barbe,  apresentava  diíficuldades  insuperáveis.  Robert 
Dugart,  de  proprietário  dos  edifícios  e  do  terreno,  que  elle  era  ao  principio, 
linha-se  tornado  proprietário  do  estabelecimento,  e  não  queria  ceder  a  posse  por 
dinheiro  algum.  Diogo  de  Gouveia  não  obteve  tratar  com  elle  senão  na  qualidade 
de  arrendatário,  e  conheceu,  pelos  processos  que  surgiram  pouco  depois,  com  que 
homem  tinha  de  tratar.  Havendo  entrado  na  posse  em  1520,  foi  citado  e  condem- 
nado  ao  Châtelet  desde  o  mez  de  fevereiro  de  1523,  por  um  atrazo  no  paga- 
mento do  seu  arrendamento  3. 

"Eis,  comtudo,  o  nosso  collegio  aberto  aos  portuguezes,  e  posto,  por  isso, 
debaixo  da  protecção  do  Rei  d'elles.  Algumas  parccllas  de  oiro  que  trazem 
annualmente  das  índias,  se  desviaram  para  elle,  e  hão  de  contribuir  a  tornar 
n'elle  o  ensino  ainda  mais  activo  e  brilhante.  Sabe-se  isto  na  universidade,  e 
falla-se  com  louvor  do  principal,  a  quem  é  devida  esta  boa  fortuna.  Elle,  porém, 
não  está  contente  sem  que  tenha  tornado  o  seu  privilegio  regular  e  duradouro. 
Faz  uma  viagem  a  Lisboa  com  o  fim  de  ir  expor  ao  Rei  D.  João  III,  successor 
de  D.  Manuel,  que,  não  tendo  nenhuma  segurança  para  o  numero  dos  pensionis- 
tas da  coroa,  não  sabe  sobre  que  base  assentar  sua  casa;  concedem- lhe  que  o 
numero  permanente  da  colónia  portugueza  seria  de  cincoenta  estudantes'^. 


'  Epistola  magislri  Benedicti  Pasxavantii.  Theodoro  cie  Bòzc  applica  esta  mesma  alcunha  a  André 
de  Gouveia,  sobrinho  de  Dioso,  na  (làloria  das  igrejas  reformadas,  liv.  i,  pag.  28. 

'  Francisco  Leitão  Ferreira,  Noticias  chronologicas  da  universidade  de  Coimbra,  em  a  narração 
intiluiada:  Collecçam  dos  documentos  e  memorias  da  academia  real  da  historia  portugueza,  anno  1729, 
parle  i,  patr.  4^2. 

'  Velho  inventario  dos  títulos  de  Sainte  Barbe,  nos  archivos  do  império,  S.  6:351  bis. 

*  Epistola  de  João  Fernel  a  Diogo  de  Gouveia,  á  frente  do  Monolosphaerium. 


102  QU 

«Esta  fundação  data  de  1526.  Foi  celebrada  em  Sainle  Barbe  eom  festejos, 
versos  e  discursos,  nos  quaes  associavam  em  commun)  elogio  o  [\ei  D.  João  e  o 
cardeal  Infante  D.  AíTonso,  seu  irmão,  Príncipe  a  quem  achavam  sempre  lendo 
latim  ou  grego,  e  que  tinha  contribuído  com  todo  o  seu  poder  para  o  estabele- 
cimento das  cíncoenta  bolsas  i. 

«A  universidade  ufanou- se  com  uma  preferencia  que  a  elevava  aos  olhos  da 
Europa,  e  se  se  concebeu  algum  ciúme  do  estrangeiro,  não  se  deixou  de  applau- 
dir  a  homenagem  publica  que  um  Rei  poderoso  rendia  ás  leiras  2. 

«Diogo  de  Gouveia  é  representado  por  aquelles  que  estiveram  ás  suas  ordens 
como  um  mestre  vigilante  e  capaz,  cheio  de  gravidade,  de  uma  probidade  a  toda 
a  prova,  e  que  sabia  mais  do  que  tudo  conservar  nos  mancebos  o  fogo  da  emula- 
ção 3.  É  verdade  que  veiu  n'um  momento  propicio.  Quando  tomou  o  governo  do 
Sainte  Barbe,  a  grande  geração  que  encheu  o  século  xvi  com  suas  idéas,  come- 
çava seus  estudos.  O  desejo  de  chegar  á  perfeição  em  todos  os  géneros  abrasava 
os  corações,  e  não  era  preciso  puxar  muito  por  discipulos  que  não  desejavam 
outra  cousa  senão  excederem  seus  mestres. 

«O  merecimento  de  Gouveia  consiste  em  ter  favorecido  um  ardor  que  era 
para  muitos  collegas  um  motivo  de  medo.  Por  este  meio  attrahiu  a  Sainte  Barbe 
o  que  havia  de  mais  distincto,  como  discipulos  ou  como  mestres,  e  seu  eollegio 
foi  mais  do  que  em  nenhum  outro  tempo,  um  viveiro  de  grandes  homens. 

•A  continuação  dos  seus  actos  administrativos  achar-se-ha  mais  longe, 
quando  houvermos  feito  conhecer  os  outros  portuguezes,  seus  parentes  pela  maior 
parte,  dos  quaes  fez  seus  auxiliares,  depois  de  ter  sido  seu  instituidor. 

«CAPITULO  XV.— Os  Gouveias  sobrinhos. —  Outros  professores  e  discipulos  portuguezes  cm  Sainte 
Barbe. 

«Quatro  sobrinhos  de  Diogo  de  Gouveia  O  antigo,  filhos  de  uma  irmã  d'este 
e  de  um  gentilhomem  castelhano  da  casa  de  Ayala,  tiveram  o  nome  de  sua  mãe, 
para  maior  gloria  da  família.  É  d'estes  que  se  torna  indispensável  fallar  primeiro. 

«Manuel  de  Gouveia,  o  primogénito  dos  quatro,  foi  um  professor  de  huma- 
nidades de  primeira  ordem.  Ensinou  rhetorica  em  Poitiers  e  em  Coimbra^,  tinha, 
porém,  anteriormente,  feito  uma  longa  residência  em  Sainte  Barbe.  Foi  alli  que 
se  estreiou  depois  da  sua  inceptio;  tomou  parle,  primeiramente,  nas  classes  de 
grammatica,  para  uso  das  quaes  mandou  imprimir  em  1534  uma  grammatica 
latina,  pelo  syslema  da  de  Donat^. 

«Quando  começaram  os  cursos  do  eollegio  real  (mais  tarde  eollegio  de 
França),  fundado  por  Francisco  I,  foi  um  dos  ouvintes  assíduos  de  Paulo  Paradis, 
o  primeiro  que  occupou  a  cadeira  de  hebraico.  Fez-se  notar  por  este  sábio  a 
ponto  que  este,  quando  compoz  um  tratado  de  pronuncia,  o  formou  em  forma  de 
dialogo,  entre  Marcial  de  Budé  e  Matheus  Budé,  e  é  Gouveia  quem  toma  a  lição 


'  Epistola  de  João  Ferncl  ao  fíei  de  Porlwjal,  á  frente  do  Cosmothcoria. 

*  Epistola  de  Vives  ao  Rei  de  Portugal,  á  frente  do  tratado  De  (kiisis  corruplorum  arlium. 

'  Epistola  de  Fernel  cilada  acima;  de  João  Gelidio,  á  frente  do  tratado  De  quinqvc  universalibus  ; 
de  António  Pin,  á  frente  do  seu  fiommentario  ao  terceiro  livro  de  Quintiliano ;  Discurso  de  Belliayo  cm 
Coimbra,  citado  por  Diojío  Barbosa  ;  Bibliolheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  656. 

*  Diogo  Barbosa^Macbado,  Bibliolheca  lusitana,  Joiuo  iii,  pag.  404. 

*  Institutioncs  in  octo  orationis  partes.  In-S.*"  Paris,  1534. 


QU 


103 


a  Budé^.  Não  se  entregavam,  n'aqiielle  tempo,  ao  mesquinho  calculo,  em  virtude 
do  qual  vemos  cada  um  reduzir  seus  conhecimentos  á  medida  do  proveito  que 
d'elies  pôde  tirar.  Nosso  portuguez  aprendeu  o  hebreu  pela  única  satisfação  dQ 
augmentar  os  recursos  do  seu  espirito.  Possuiu  o  talento  de  compor  versos  latinos 
com  uma  facilidade  e  graça  que  os  comparavam  com  os  de  Ovidio.  Tinha  feito 
uma  collecção  d'elles,  cujo  manuscripto  viu  Elias  V-inet  em  Poitiers^.  Perdida 
ou  destruída,  esta  obra  para  nós  está  perdida.  Sua  grammatica,  apesar  de  im- 
pressa, também  se  não  encontra  em  nossas  bibliolhecas. 

«Depois  de  Marcial  vinha  André,  excellente  orador  no  dizer  de  seus  contem- 
porâneos e  d'aquelles  que  escreveram  nos  tempos  modernos,  como  se  escrevia 
no  século  de  Augusto.  Empregando-se  em  ajudar  seu  tio,  fez  em  nosso  coliegio 
o  aprendizado  de  um  mister,  no  qual  Montaigne  testemunha  que  excedeu  todos 
os  outros.  «As  palavras  do  illustre  pensador  são:  «Que  foi  elle,  sem  compara- 
ção, o  maior  principal  da  França  ^.w 

«Tinha  elle  deixado  um  grosso  volume  maiiuscripto,  dos  discursos  que  reci- 
tou em  Santa  Barbara.  Esta  obra,  a  ser  que  ainda  exista,  deve  encontrar-se  em 
Portugal,  onde  a  viram  aquelles  que  d'ella  deram  noticiai 

«Apenas  nos  restam  de  André  de  Gouveia  dezeseis  versos  jambicos,  compos- 
tos por  elle  para  servirem  de  epilogo  ao  curso  impresso  do  seu  professor  de  phi- 
losophia  ^ 

LlBRI  COLLOQUIUM 

Nefanda  iniquae  cerno  linguae  vulnera. 
Abire  noilem,  sed  manere  têmpora 
Quieta;  nam  nunc  non  licet  per  invidos. 
Dolent  (quod  acre  est)  blaterones  ethnici 
Quod  exeam. 

Andreae  Goveani 
Imo  te  ut  queant  altingere, 
Deum  precantur ;  nam  volentes  ruribus 
Inserere  amomum,  seminarunt  stercora, 
Quae  adhuc  manu  tangi  recusant,  ni  prius 
Crocos  in  hortis  eolligant,  quos  omnibus 
Dedit  legendos  praepotens  Valentia. 
Subinde  magni  litterarum  principes 
Tulere  morsus.  Adde  quod  solum  boni 
Ilabent  Catones  et  protervos  judices. 
Ob  id  quid,  oro,  est  quod  timere  debeas  ? 
Loquaculos  ne  hujus,  libeíle,  feceris. 

LlBRI  COLLOQUIUM 

Nihil  laboro:  laetus  imo  prodeo. 


'  Paiili  Paiadisi,  Vendi,  hebrakanim  lilterarum  regii  inlcrprelis,  De  modo  lajcndi  hebraico  dialo- 
(jtis,  in-8.'  Paris,  Gorment,  1534. 

'  Carla  de  Vinet  a  Scholt,  Hispaniae  bibliothcca,  tomo  iii,  pag  475. 

'  Essais,  lib.  I,  chap.  xxv. 

*  Diogo  Barbosa,  Dibliotheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  150. 

"  No  fim  lio  Iralado  do  Gdidius:  De  quinque  unioersalibus. 


lOi  QU 

«Aiilonio  de  Gouveia,  o  mais  novo  da  família,  oíruseou  a  reputação  de  seus 
irmãos  mais  velhos.  É  um  d'esses  espíritos  raros  que  lião  de  fazer  o  ornamento 
da  Renascença.  Só  foi  enviado  a  Paris  depois  de  seus  outros  irmãos,  tendo  sido 
guardado  por  muito  tempo  por  seu  avô,  que  teria  querido  ver  continuada  por 
elle  a  gloria  militar  de  seu  pae.  Elle  próprio  diz  que,  apenas  seu  tio  Diogo  de 
Gouveia  o  fez  beber  pela  taça  das  musas,  sentiu-se  nascido  para  outro  género  de 
cavallaria.  Foi,  com  eíTeito,  o  cavalleiro  errante  da  eloquência  e  da  erudição. 
Sua  vida  passou-se  em  viagens  para  ir  oíferecer  desafio  aos  professores  afamados. 
Ficou  vencedor  de  todos  quantos  ousaram  medir-se  com  elle.  Bordeaux,  Toulouse, 
Paris,  Cahors  e  Valence  podem  attestar  seus  triumplios.  Não  ligava  importância 
senão  aos  applausos  dos  francezes,  pondo  o  nosso  paiz  acima  de  todos  os  outros, 
convencido  de  que  devia  ao  ar  que  na  França  se  respira  o  ter-se  elevado  acima 
de  seus  compatriotas.  Nunca  se  consolou  de  ter  sido  constrangido  a  deixal-o  nos 
últimos  tempos  da  sua  vida  ^ 

«De  Thou  o  mencionou  na  sua  Historia  como  o  único  a  quem  os  doutos 
concederam  a  gloria  tão  rara  de  ter  sido  ao  mesmo  tempo  um  grande  philosopho, 
um  grande  jurisconsulto  e  um  grande  poeta 2.  Sua  reputação  como  philosopho 
proveiu-lhe  da  lucta  que  sustentou  contra  Ramus,  e  da  qual  se  faltará  depois. 
Gomo  jurisconsulto  é  ainda  contado  em  o  numero  d'aquelles  que  abriram  aos 
modernos  a  intelligencia  do  direito  romano.  Na  primeira  vez  que  foi  ouvido  por 
Gujas  explicar  o  código,  esteve  a  ponto  de  renunciar  ao  ensino,  tanto  este  conhe- 
ceu sua  inferioridade!  Não  nmdou  de  pensar  senão  porque  reconheceu  que  no 
seu  formidável  antagonista  a  perseverança  não  era  companheira  do  génio  ^. 

«Como  poeta,  António  de  Gouveia  recebeu  as  homenagens  da  Europa  inteira. 
O  prussiano  Knobeldorf  o  attcstã:  foi  aos  olhos  de  todos  o  mestre  dos  mestres '*. 
Marco  António  Moret  lhe  submelteu,  tremendo,  sua  primeira  collecção,  pedin- 
do-lhe  que  introduzisse  n'el!a  todas  as  correcções  que  julgasse  convenientes-''. 
Seus  versos  latinos  são,  com  effeito,  de  uma  graça  perfeita.  Eis  alguns  epigrarn- 
mas  do  tempo  em  que,  já  professor  em  Sainte  Barbe  (3nsinou  alli  desde  Í527) 
aperfeiçoava  seus  estudos  por  meio  da  leitura  constante  dos  auctores. 

«Acerca  de  lhe  ter  pedido  seu  irmão  Marcial  alguma  cousa  d'elle  para  inse- 
rir na  sua  própria  collecção  : 

Frater  amice,  tibi  nostro  dare  carmina  libro 
Esset  in  argutum  meltere  ligna  nemus. 

«A  seu  irmão,  que  tinha  caçado  para  elle  uma  lebre,  enviada  á  direcção  de 
António : 

Accepi,  frater,  leporem,  tibi  ponitur:  annon 
Id  vere  est  leporem  perdere  et  accipere? 


'  Diogo  Barbosa,  Bibliolheca  liaitana,  tomo  i,  paj;.  291 ;  iJayle,  Dictioimirc  llistorique  j  Duboulay, 
Uist.  univers.,  tomo  vi,  pag.  1)20. 

'  De  1  liou,  Ilistoire  universelle,  lomo  v,  pag.  101 . 

*  Papirius  Masson,  citado  por  Barbosa. 

*  Epistola  a  António  de  Gouveia,  em  seguida  ao  poema  intitulado :  Luletiae  Parisiorum  descriptio, 
authore  Euslathio  a  Kiiobcldorf,  Prutheno.  Paris,  Wccíh'1,  15i3. 

*  Epigramma  de  .\luret,  uus  Flores  epigrammaíum  exoptimis  quibusquc  aucloribus ''  ligcntcrcxcerpti 
per  Lodegerinm  a  Quereu. 


QU 


105 


«A  não  )|uerci'  Diogo  de  Teive  acreditar  que  um  espirito  rombo  fosse  capaz 
de  um  roubo  na  cozinha,  respondeu  : 

Sepositas  cpulas  media  invenisse  culina, 
A  stupido  faclum  Tevius  esse  negat. 
Sepositas  epulas,  Tevi,  invenisse  culina, 
Nare  valere  quidem,  mente  carçre  puto. 

«A  Clemente  Marot,  de  quem  havia  traduzido  em  versos  latinos  algumas 
poesias  ligeiras: 

Marotte,  niagnum  os  Galliae, 
E  gallicis  tuis  bonis 
Latina  si  faeio  mala, 
Ignosce  bárbaro  et  hospili. 

«Citaremos  ainda  dois  distichos  de  uma  de  suas  epistolas,  para  provar  que 
Elias  Vinel*  e  lodos  os  biographos  depois  d'elle  se  enganaram  não  dando  a 
António  de  Gou^^eia  senão  dois  irmãos,  em  logar  de  três: 

Três  vidi  fratres,  três  me  videre  sorores, 
Sorsque  tui  partus  ultima,  mater,  ego. 
Gallia  três  studiis  florens  ignobilis  oti 
Ceperat:  accessi  quartus  et  ipse  tribus^. 

«Assim,  um  quarto  Gouveia,  do  ramo  de  Ayala,  se  collocava,  pelo  seu  nas- 
cimento, antes  de  António,  e  veiu  a  Sainte  Barbe  ao  mesmo  tempo  que  Marcial 
e  André.  Qual  era  o  seu  pronome? 

«Temos  motivo  para  crer  que  se  chamava  Diogo,  como  seu  tio;  pelo  menos 
um  Diogo  de  Gouveia,  chamado  de  Paris  para  a  universidade  de  Coimbra,  aqui 
ensinou  grammatica,  de  1539  a  1556;  foi  depois  professor  de  theologia  e  cónego 
na  cathedral  de  Lisboa.  Pôde,  porém,  haver  duvida  em  o  considerar  como  per- 
tencente ao  ramo  de  Ayala,  cujos  membros  tinham  nascido  em  Beja,  ao  passo 
que  elle  nasceu  em  Coimbra 3. 

«Um  terceiro  Diogo  de  Gouveia,  sobrinho  também  do  antigo,  mas  por  um 
irmão  d'este,  distingue-se  em  nossos  fastos  universitários  pelo  cognome  de  Júnior, 
Foi  durante  seis  annos  principal  de  Sainte  Barbe.  Tudo  quanto  lhe  diz  respeito 
encontrará  seu  logar  na  historia  de  sua  administração. 

«Emquanto  aos  outros  Gouveius  que  fizeram  seus  estudos  em  Paris,  apenas 
sabemos  seus  nomes  e  a  data  do  juramento  que  prestaram  á  faculdade  das  artes, 
quando  receberam  suas  cartas  de  escolaridade.  Roque  e  Simão  juraram  em  1525; 
Damião,  João  e  Miguel,  em  1527,  e  Diogo  Rodrigues  em  1533.  É  singular  que 
este  ultimo  esteja  indicado  no  registro  como  natural  da  diocese  de  Paris.  Emfim, 


'  Carta  a  Schott,  já  cilada. 

^  Esles  versos  e  todos  quantos  os  precedem,  são  tirados  da  coIlccçSo  impressa  cm  Leão,  em  casa 
de  Sebastião  Grypho :  Antonii  Goveani  epigrammata. 

'  Leitão  Fcrri'ira,  Noticias  rkronologicas  da  universidade  de  Coimbra,  pag.  754  e  segg. 


106  QU 

um  António  de  Gouveia,  natural  de  Évora,  começou  um  curso  de  philosophia 
em  15121. 

«Fora  d'esta  fecunda  descendência,  eis  os  portuguezes  que  se  apresentam: 
«Diogo  de  Teive,  o  Tcvius,  fallado  em  um  dos  epigrammas  precedentes.  Veiu 
muito  novo  para  a  França;  ensinou  em  Paris,  Bordeaux  e  Coimbra,  e  pensou  na 
sua  madureza  em  dotar  seu  paiz  com  uma  historia  em  latim,  da  qual  apenas 
escreveu  um  episodio:  O  cerco  de  Diu  pelos  turcos.  Seus  discursos  e  versos,  re- 
putados admiráveis  pelos  auctores  portuguezes 2;  e  louvados  também  por  Tlieo- 
doro  de  Bèzc^,  não  se  encontram  nas  nossas  bibliolhecas  publicas'*.  Uma  stricta 
amizade,  que  durou  toda  a  vida,  tinha-se  formado  em  Sainle  Barbe,  entre  elle, 
António  Gouveia  e  Buchanan. 

«Inspirou  ella  a  este  ullimo  um  improviso  encantador^: 

Si  quidquam,  Goveane,  fas  mibi  esset 

Invidere  tibive  Teviove, 

Et  te  nostro  ego  Tevio  invidercm, 

Et  nostrum  tibi  Tevium  inviderem. 

Sed  cum  me  nihil  invidere  sit  fas 

Vel  tibi,  Goveane,  Teviove, 

Si  fas  est  quod  amor  dolorque  cogit, 

Vobis  imprecor  usque  imprecabor. 

Utcrque  ut  mihi,  sed  cito,  rependat. 

Hoc  pravum  ob  facinus  malun.quc  pcenas: 

Te  mi  Tevius  invidere  possit, 

Tu  possis  mihi  Tevium  invidere. 

Ambobus  mihi  si  frui  lieebit, 

Coelum  dis  ego  non  suum  invidebo, 

Sed  sortem  mihi  di  meam  invidebunl. 


* 
#     * 


«Houve  também  em  Sainte  Barbe  um  Manuel  de  Teive,  talvez  irmão  de 
Diogo,  mas  de  quem  nada  se  sabe,  senão  que  seguiu  em  1528  o  curso  de  mathe- 
mathicas  de  João  Fernel^.  Esla  familia  era  de  Braga. 

«António  Leitão,  também  de  Braga,  foi  reitor  no  primeiro  trimestre  de  1533, 
e  ao  mesmo  tempo  ensinava  philosophia  em  nosso  collegio"'.  Aqui  occupou  a 
cadeira  de  physica  desde  1547.  No  mez  de  março  d'este  anno,  seus  collegas  da 


'  Dubonlay,  Ilistoire  iiniversellc,  pag.  920. 

'  Barbosa,  Bibliotheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  702. 

'  Prefacio  á  segunda  edição  do  suas  poesias  ligeiras:  Thcod.  liczac  VczcUi  pocmalum  cdilio  se- 
cunda. Paris,  II.  Eslicnne,  1569. 

*  Fez-se  uma  edição  em  Salamanca,  em  IS.^iS. 

"  Hendecasyllabon,  liber  n."  5. 

«  Ad  omnimoda  virlute  pranditos  jwenes,  Joanncm  Ximenez,  Emaiiuelcm  de  Tievcs  caclerosque 
condiscípulos,  Joannis  Daplistae  Lusitani  exhorlatio,  no  fim  do  Monalosphaerium  de  Fernel. 

'  Duboulay,  Uistoirc  miverselle,  lomo  vi,  pag.  -453. 


QU 


107 


nação  de  França  o  investiram  nas  fiincções  de  procurador.  Sua  assignalura  no 
registro  da  nação  está  acompanhada  de  uma  divisa  em  grego,  da  qual  o  sentido 
é  este:  «Eu  não  procuro  ser  rico,  nem  faço  votos  para  o  vir  a  ser.  Meu  desejo  é 
viver  na  mediocridade,  onde  estamos  ao  abrigo  das  catastrophes'». 

«Parece  que  n'estas  palavras  está  o  echo  do  preceito  gravado  sobre  o  pedes- 
tal de  uma  estatua  da  Sabedoria^  que  foi  erigida  pelo  mesmo  tempo  em  Coimbra, 
na  sala  dos  actos  solemnes  da  universidade :  Disce  vivente  in  servitute  et  mori  in 
paupertaíe^. 

«Belchior  Belliago,  fdho  de  um  empregado  da  alfandega,  não  tinha  génio 
para  praticar  a  moral  de  Leitão.  Desde  o  tempo  de  collegio  mostrou  uma  pro- 
pensão pouco  vulgar  para  mercadejar  com  totlas  as  cousas,  e  mais  tarde,  embora 
se  tivesse  dedicado  ao  ensino  da  philosophia,  fez  do  seu  aposento  em  Paris,  como 
em  Coimbra,  um  verdadeiro  gabinete  de  negócios: 

Belleago  cunctas  tractat  artes  commodc, 
lias  praeler  unas  quas  docet ; 
Nec  fíEneralor  alter  illo  doctior, 
Nec  campo  quisquam  argutior', 

«Tinham-lhe  posto  o  alcunha  de  Judeu.  Era,  no  entanto,  um  homem  de 
talento.  Subjugou  o  Rei  D.  João  III  pela  sua  eloquência,  e  fez  com  que  o  nomeas- 
sem bispo  de  Fez  in  partihiis,  e  serviu  na  capella  real  até  á  sua  morte  4.  Temos 
pena  de  não  havermos  podido  encontrar  um  elogio  de  Sainte  Barbe,  que  proferiu 
em  Coimbra,  como  discurso  de  abertura,  na  entrada  de  1548  ^ 

«António  Pinho,  ou  Pinheiro  (Pin),  nascido  de  uma  família  obscura  e  pobre, 
deu  nas  vistas  a  António  de  Gouveia  por  causa  das  suas  felizes  disposições,  que 
o  mandou  pôr  na  lista  dos  porcionistas  da  coroa  6.  Recebido  mestre  cm  artes, 
distinguiu-se  pelo  ensino  de  humanidades.  Do  curso  que  professou  em  Sainte 
Barbe  em  1537,  saiu  a  primeira  interpretação  completa  que  houve  do  terceiro 
ivro  de  Quintiliano.  Impresso  primeiramente  á  parte  ^;  este  commenlario  foi 
fundido  depois  nas  edições  Varionim. 

ff  António  Pinheiro  propunha-se  a  elucidar  do  mesmo  modo  o  resto  das  in- 
stituições oratórias.  Desviou-o  d'isso  a  theologia.  Voltou  para  Portugal  com  o 
íim  de  fazer  a  educação  do  Príncipe  Real  D.  Sebastião,  e  morreu  bispo  8. 

«Simão  Rodrigues  e  Sebastião  Rodrigues  de  Azevedo,  seu  irmão,  foram 
gentis-homens  da  diocese  de  Vizeu,  dos  quaes  havemos  de  encontrar  o  primeiro 


'  Oò  po'jXo  u.ai  ttXouO-Iv  {úc)  oò^'  £'j-/,oaai,  àXXa  [j/a  £Í'r,  ^viv  aTTO  rwv  óxí^fov  {^k)^  jr/i^iv 
sy/vv  TO'.  {$ic)  /.axíóv.  Manuscripto  da  Bibliotheca  Mazarina,  n.°  H  2682  A,  fl.  32. 

*  Fcrdinand  Denis,  Camoens  et  ses  conlemporains. 

'  Bachanan,  Hendecaxyllabon,  liber  n."'  9,  cf.  7  e  8. 

*  Barbosa,  Bibliotheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  487. 

*  De  disciplinarum  omnium  studiis  ad  urnvcrsam  arademiam  conimbricensem  oralio  habita  Kat. 
Ocl.  15Í8,  in-4.°  Coimbra,  J.  Barrerius  et  J.  Alvares.  Citado  por  Barbosa. 

"  Epistola  de  António  Pin  (?)  a  Diogo  de  Gouveia,  no  começo  do  seu  Commentario  Quintiliano. 

'  Ncão  temos  podido  encontrar  a  edição  original,  que  c  de  1538,  mas  bouve  uma  reimpressão 
textual  no  Quintiliano,  editado  por  Ouen  Pelit:  M.  Fahii  Quinliliaui  oratoris  eloquentissimi  de  institu- 
tione  oratória,  libri  xii.  In-fol.  Paris,  1549. 

"  Scbolt,  Hhpaniac  bibliolhcca,  tomo  iii,  pag.  47G. 


•08  QU 

entre  os  fundadores  da  sociedade  de  Jesus.  Foram  formados  no  lempo  de  Diogo 
de  Gouveia,  O  antigo^.  Ignorámos  se  era  a  mesma  família  a  que  pertencia  um 
Peiagio  Rodrigues,  regendo  uma  cadeira  de  philosophia  em  1542  2. 

«João  Ribeiro,  de  Lisboa,  por  ordem  chronologica,  deveria  ser  mencionado 
antes  de  todos  aquelles  que  vimos  de  mencionar.  Começou  por  se  entregar  ao 
commercio.  Arruinado  n'uma  viagem  que  fez  á  Abyssinia,  pensou  em  se  eongra- 
çar  com  as  letras,  das  quaes  elle  nunca  tinha  lido  mais  do  que  um  conhecimento 
imperfeito  3.  Era  do  tempo  de  El-Rei  D.  Mauuel.  Seguiu  as  lições  de  Coqueret, 
assistiu  ás  brilhantes  estreias  de  Celaia,  n'este  coUegio,  e  desde  então  se  affei- 
çoou  ao  professor  valenciano,  que  para  elle  foi  como  um  idolo.  Depois  de  ter 
repetido  suas  lições  de  dialéctica  em  Beauvais,  veiu  desferrar- se  para  Saintc 
Barbe,  quando  Celaia  alli  veiu  domiciliar  se,  com  o  fim  de  se  impregnar  da  sua 
doutrina  sobre  a  metaphysica^.  A  suas  mãos  foi  confiado  o  facho  do  celaismo, 
depois  da  retirada  do  mestre  para  o  seu  paiz.  Ribeiro  sustentou-o  com  mão  firme 
durante  os  primeiros  annos  do  prineipalado  de  Diogo  de  Gouveia  5,  sendo  coadju- 
vado n'este  cuidado  piedoso  por  um  professor  champenez,  por  nome  João  Papil- 
lon,  primeiramente  seu  domestico,  o  qual  morreu  vinte  annos  depois  no  posto 
eminente  de  grão  mestre  de  Navarra  6. 

«Resta-nos  de  João  Ribeiro  uma  curiosa  carta  que  escreveu  em  1517  a  seu 
irmão  Gonçalo  Dias,  camarista  do  palácio,  para  o  converter  á  philosophia  e  attra- 
hil-o  para  o  seu  lado  n'este  eollegio,  onde  elle  tinha  encontrado  a  felicidade'^. 


# 
#     # 


«A  perfeita  orlhodoxia  de  Diogo  de  Gouveia  provinha,  talvez,  da  sua  ami- 
zade aos  jesuítas  e  dos  sarcasmos  que  elle  experimentou  da  parte  de  Roberto 
Estevão,  se  ella  não  fosse  comprovada  por  testemunhos  directos.  Fernel  louvou 
a  firmeza  de  que  elle  deu  provas  na  defeza  da  religião  *.  Diogo  Barbosa  falia  de 
um  tratado  manuscripto  que  elle  compoz  para  refutar  as  proposições  de  Lulhero^ 
Finalmente  foi  sub-deão  da  faculdade  de  theologia  durante  quasi  todo  o  tempo 
que  os  princípios  religiosos  se  discutiram  na  França  sem  ajuda  das  armas.  Deve, 
portanto,  ser  contado  em  o  numero  dos  bons  calholicos  de  sua  epocha,  e  segura- 
mente não  foi  elle  culpado  de  que  todos  os  seus  mestres  c  discijiulos  se  não 
parecessem  com  elle. 


'  Diogo  Barbosa,  Bibliothcca  lusitana,  lomo  in,  pag.  7Í21. 
'  Duboulay,  Histoire  univcncUe,  tomo  vi,  pag.  920. 

*  Epistola  do  Ribeiro  a  sf^u  irmão,  indicada  abaixo. 

*  Epistola  de  Ribeiro  a  João  Gonlier,  cm  seguida  á  Pelri  Hispani  summulae  logicalcs,  cum  aposi- 
onibus  Joannis  de  Celaya.  Pari»,  .1.  Duprc,  1515. 

*  João  Gclidins,  no  prefacio  do  sen  tratado:  De  quinque  universaitbus. 

"  Duboulay,  Histoire  uvivcrselle,  tomo  vi,  pag.  955;  L;iunoy,  llerjii  Navarrae  gymnasii  hist., 
pa^'.  696. 

^  Joannes  Ilibeyro  Olisiponensis  spcctata  índole  adolesccnii  Gnnsalo  Jacobi,  fclicissimi  Lusitaiiormn 
regis  a  cubículo  mínislro  fratrique  suo,  cm  seguida  ao  Commcnlario  do  Celaya  sobro  a  Vhysira  de 
Aristóteles. 

"  Epistola  dedicatória  de  Monalosphafrium. 

"  Dhiliothcra  lusílava,  tomo  i,  pag.  r56. 


ou  •»« 

«Mas,  como  deler  o  espirito  de  exame  quando  elle  começa  a  voar?  Como, 
finalmente,  impedir  que  se  exercite  em  um  assumpto,  quaudo  applaudem  suas 
conquistas  em  outros?  A  imprensa  tinha  multiplicado  as  edições  dos  livros 
santos;  envergonhavam-se  do  tempo  tão  pouco  afastado,  em  que  alguns  doutores, 
mesmo  eminentes,  não  lintiam  jamais  aberto  um  evangelho,  e  não  conheciam  o 
texto  fundamental  da  religião  senão  pelo  missal  ou  pelas  cilações  dos  auctores^ 
Cada  um  estava  habilitado  para  ler  e  comparar;  e  assim  como  fora  das  lições  do 
collegio,  pelo  estudo  das  obras  primas  da  antiguidade,  muitos  adquirirarn  saber 
e  gosto  superiores  ao  de  seus  mestres,  da  mesma  forma,  fora  das  instrucções 
religiosas,  pela  leitura  de  textos  sagrados  adquiriram  opiniões  propriamente 
d'elles,  as  quaes  coníirmaram  uns  na  fé  recebida  e  afastaram  outros  para  uma 
distancia  maior  au  menor. 

«D'aqui  procede,  que  todos  os  matizes  da  orthodoxia,  como  da  heresia,  se 
encontraram  na  geração  que  passou  por  Sainte  Barbe,  entre  1520  e  1530.  Ao 
lado  do  ascetismo  communicativo  dos  primeiros  jesuitas,  achámos  o  myslicismo 
desenfreado  de  Postei;  ao  lado  do  rigorismo  inquisitorial  de  Demochares,  a  tole- 
rância de  Gélida  e  de  António  de  Gouveia,  que  não  obstou  a  que  estes  homens 
virtuosos  fossem  irrepreliensiveis  na  sua  fé;  ou  ainda  mais  é  o  septicismo  mal 
sopeado  de  Buchanan,  ou  a  independência  philosophica  de  António  de  Gouveia, 
que  uma  voz  inimiga  taxou  de  materialismo,  e  que  fez  associar  o  nome  d'esle 
homem  distincto  com  os  de  Boaventura  Despcrriers  e  Babelais'^.  Emquanlo  ao 
espirito  de  seita,  é  representado  por  aquella  que  d'ella  foi  a  encarnação,  por  João 
Calvino. 

«Não  concordam,  a  maior  parte  dos  biographos,  em  que  estivesse  Calvino 
em  Sainle  Barbe.  Decidem-se  a  favor  do  collegio  de  La  Marche,  na  alternativa 
posta  por  Duboulay,  de  que  fosse  Calvino  discipulo  de  Sainte  Barbe,  na  opinião 
de  uns,  e  de  La  Marche,  segundo  outros  3.  Comtudo,  se  procurarmos  quaes  são 
esses  uns  e  outros,  dos  quaes  quiz  fallar  o  historiador  da  universidade,  acharemos 
que  se  reduzem  a  u.m  único  e  mesmo  auctor,  o  qual  é  Theodoro  de  Bèze. 

«Com  eíTeilo,  Bèze  escreveu  duas  vezes  a  vida  de  Calvino.  Na  primeira 
d'estas  obras,  composta  em  1563^,  diz  que  recebeu  Calvino  as  lições  de  Maíhu- 
rin  Cordier  no  collegio  de  La  Marche;  e  na  segunda  vida,  que  é  de  15Gi,  diz 
que  Cordier  foi  o  mestre  de  Calvino  em  Sainte  Barbe.  Assim  vemo  nos  em  du- 
vida, conduzidos  pela  única  testemunha  que  se  exprimiu  acerca  da  circumslancia 
de  que  se  trata.  E  não  ha  meio  de  nos  decidirmos  pelos  factos  conhecidos  da  vida 
de  Cordier,  pois  na  sua  passagem,  quer  seja  por  Sainte  Barbe,  quer  por  La  Marche, 
não  se  baseia,  igualmente,  senão  sobre  a  dupla  asserção  de  Bèze  a  respeito  de 
Calvino. 

«Pelo  que  nos  toca  cortámos  já  a  diíTiculdade,  contando  Malhurin  Cordier 
entre  os  professores  de  Sainte  Barbe.  Dois  motivos  mui  plausíveis  nos  determi- 


'  As  censuras  dos  Iheologos  de  Paris,  pelas  quaes  tinham  falsamente  condemnado  as  bíblias 
impressas  na  typographia  de  Rob^írlo  Estevão. 

'  Gaivino,  De  scandalis. 

^  Histoire  de  la  vie  et  morl  de  M.  Jean  de  Calvin,  de  Noyon,  ministre  de  Genève. 

*  Discours  de  M.  Theodore  de  Bezze,  contenant  en  bref  l'histoire  de  la  vie  et  te  la  morl  de  maistre 
Jean  Calvin,  pag.  32. 


110     .  ou 

narain  a  esle  partido.  Por  um  lado  é  a  estima  dos  barbistas  a  favor  de  Cordier, 
do  que  nos  fornecem  a  prova,  não  somente  os  versos  de  Voulté  em  seu  louvor, 
mas  até  mesmo  uma  associação  que  se  formou  mais  tarde  entre  André  de  Gou- 
veia e  elle.  Por  outro  lado,  estando  necessariamente  errada  uma  das  asserções  de 
Theodoro  de  Bèze,  tinha  a  verdade  mais  probabilidade  de  se  achar  n'aquella,  que 
é  posterior  na  data,  altendendo  a  que  as  mudanças  introduzidas  na  segunda 
redacção  de  uma  mesma  obra,  téem  sempre  passado  por  serem  correcções. 

«Alem  d'isto,  algumas  investigações  ás  quaes  nos  entregámos  a  respeito  do 
collegio  de  La  Marche,  nos  convenceram  de  que  esta  casa  não  teve  celebridade 
até  depois  de  1530.  O  exercício  das  classes  era  n^este  collegio  tão  restricto  no 
começo  do  século  xvi,  que  apenas  alli  se  contavam  dois  regentes  de  grammatica'; 
e  é  este  um  estado  de  cousas  que  se  não  compadece  com  uma  circumstancia 
conhecida  dos  primeiros  estudos  de  ('alvino.  Sainte  Barbe,  pelo  contrario,  estava 
no  mais  alto  ponto  de  fama,  e  particularmente  recommendado  na  calhedral  de 
Noyon  (de  onde  se  pôde  dizer  que  saiu  Calvino),  por  isso  que  uma  dignidade 
d'esta  igreja  fora  um  dos  agentes  do  nosso  principal  António  Pelin,  por  isso  que 
um  outro,  natural  de  Noyon,  Pierre  Billory,  educado  para  ser  cónego  da  cathe- 
dral.  foi  certamente  discípulo  do  barbista  Democharòs  assim  como  o  provam 
estes  versos  do  mesmo  Democharès : 

Nescius  non  sum  tenerae  juventutae, 
Qua  simul  gratae  studim  Minervae 
Ac  satis  doetos  tulimus  magistros^. 
Dubis  amice. 

«Podemos  acreditar  o  próprio  Calvino,  quando  aíTirma  que  foi  ao  principio 
mui  fervente  catholico^.  Jejuava  mais  do  que  se  exige  á  mocidade,  e  só  achava 
prazer  em  meditar  e  em  fallar  da  religião,  considerando  os  brinquedos  como  uma 
cousa  insupportavel.  Emquanto  ao  trabalho,  foi  em  suas  classes  o  que  o  viram  ser 
em  Genebra  até  ao  derradeiro  dia  da  sua  vida;  teve-lhe  paixão^  para  não  dizer 
febre.  Era  uma  tal  disposição,  que,  junto  a  uma  memoria  prodigiosa,  e  a  um 
raro  poder  de  raciocínio,  fez  fructificar  no  seu  espirito  as  lições  de  Cordier; 
preparou  n'elle  um  dos  grandes  escriptores  do  século  xvi  e  de  todos  os  séculos. 

«Acabou  suas  classes  ao  inverso  de  Ignacio  de  Loyola;  pois  ao  passo  que 
este,  depois  de  recordar  precipitadamente  seu  latim  em  Montaigu,  veiu  estudar 
philosophia  em  Sainte  Barbe,  Calvino,  deplorando  a  rapidez  de  seus  estudos 
litterarios  em  Sainte  Barbe,  foi  estudar  a  philosophia  em  Montaigu.  Ha  motivo 
para  crer  que  se  viu  obrigado  a  isto  pelas  queixas  a  que  a  sua  falta  de  assistên- 
cia no  capitulo  de  Noyon  dava  origem.  No  momento  em  que  seguia  as  lições  de 
Montaigu,  põde-se  dizer  que  elle  estava  em  uma  escola  ecclesiastica,  e  que  se 
preparava,  por  meio  de  uma  instrucção  especial,  para  possuir  dignamente  os 


'  Thurot.  De  1'organisation  de  l'enseignement  dans  1'universitè  de  Paris,  au  moyen  âge,  pag.  90. 

'  No  principio  do  livro  intitulado:  Divi  Thomae  Aquinatis  commentaria  in  três  Ariítotelis  Ubros 
De  anima,  cum  duplici  lextus  interprclalionc,  d-c,  recognita  ab  Anionio  Democharo,  Ressoneo,  et  illuslrala. 
In-foi.  Paris.  Kerver,  1539. 

*  Primo  quidem,  quum  superstitioni  papalus  magis  pertinaciler  addictuf  essem  qnam  uí  facile  csset 
a  tam  profundo  luto  me  extrahi.  (Prae falia  Commentarii  inpsalmos.) 


QU 


111 


beiíelicios,  cuja  posso  llie  havia  sido  conferida  antes  da  idade.  Eis  a  única  expli- 
cação racional  que  se  pôde  dar  ás  duas  culpas  assacaJas  contra  elle  pela  asseni- 
bléa  capitular,  e  cuja  menção,  consignada  nos  registos  da  catliedral,  sem  o  motivo 
que  tinha  provocado,  foi  glosada  do  modo  mais  malévolo  por  seus  detractores i. 

«Do  collegio  Forlet,  onde  se  domiciliou,  travou  relações  com  os  adeptos  de 
Luthero  e  de  Zvvinglo,  já  numerosos  na  cidade.  Dirigiu  os  conciliábulos  d'elles,  e 
por  elles  íicou  no  costume  de  ser  considerado  como  um  apostolo,  e  não  poupou 
passos  com  o  fim  de  ir  preparar  nos  coUegios  visinhos,  e  aitida  inteiramente 
cheios  de  seus  mestres  e  de  seus  condiscípulos,  aquiilo  que  elle  chamava  «a  ceara 
do  Senhor».  Como  ainda  não  tinha  abjurado  publicamente  o  catholicismo,  e  como 
o  viam  assistir  aos  oflicios,  seus  passos  não  despertavam  suspeitas  2. 

••Temos  motivos  ])ara  crer  que  a  porta  de  Sainte  Barbe  lhe  foi  aberta  todas 
as  vezes  que  se  apresentou.  E  a  este  tempo  devem  remontar  as  conversas  que 
teve,  certamente  con»  António  de  Gouveia,  e  nas  quaes  se  baseou  mais  tarde  para 
dizer  que  o  sobrinho  do  orthodoxissimo  Diogo  tinha  provado  primeiramente  a 
a  verdade  evangélica'-^. 

u , , 

«Uma  outra  conversão,  que  elle  operou  no  rebanho  harbista,  veiu  a  terna- 
nar  n'um  grande  dissabor  para  o  collegio  e  para  a  universidade  inteira. 

«Uma  das  cadeiras  de  philosophia  estava  occupada  em  Sainte  Barbe  por 
Nicolau  Copus,  ou  Kopp,  allemão  de  origem,  mas  franeez  de  nascimento,  pois 
era  filho  do  medico  de  Francisco  I,  Guilherme  Kopp,  um  dos  antigos  e  mais 
gloriosos  membros  subalternos*  (siirpótj  da  universidade  de  Paris.  Este  Nicolau 
Kopp  entreg('U-se  a  João  Calvino,  a  ponto  tal,  que  havendo  sido  nomeado  reitor, 
para  o  ultimo  trimestre  do  anno  1533,  não  viu  n'esta  honra  mais  do  que  uma 
oecasião  de  prestar  serviços  ás  idéas  do  seu  mestre. 

«Em  primeiro  logar  teve  a  seu  favor  as  circumstancias.  Quando  tomou  na 
mão  o  leme  académico,  um  temporal  levantado  em  logar  alto  veiu  desfechar 
sobre  a  douta  corporação. 

«N'uma  tomadia  de  maus  livros  executada  recentemente  nas  lojas  dos  livrei- 
ros de  Paris,  tinham  tido  a  insolência  de  comprehender  um  poema  devoto:  O 
espelho  da  alma  peccadora,  composto  pela  sabia  IVlargarida,  irmã  de  Francisco  I. 
Toda  a  corte  estava  indignada  contrai  os  pedantes  da  universidade,  que  tal  tinham 
auctorisado.  O  Rei  pediu,  eneolerisado,  explicações  em  termos  taes,  que  a  resposta 
tinha  de  ser  uma  confissão  publica  de  delicto. 

«Mestre  Kopp  sabia  melhor  do  que  ninguém  que  a  tomadia  tinha  sido  pra- 
ticada pelas  indicações  da  faculdade  de  theologia.  Comtudo,  quando  deu  commu- 
nieação  da  carta  do  Rei,  fingiu  ignorância,  esgotou  lodos  os  termos  que  expri- 
miam espanto  sobre  o  ter  sido  commettido  um  tão  grande  attentado,  e  em  ultimo 
logar  conjurou  os  criminosos  a  que  se  nomeassem. 

«As  faculdades,  que  nada  mais  tinham  feito  do  que  prescrever  em  termos 
geraes  a  perseguição  dos  livros  perigosos,  não  tiveram  diíSculdade  em  testemu- 


'  Jacques  Desmay,  Remarques  sur  la  vie  de  Calvin. 

'  Theodore  de  Bèze,  Hisloire  de  la  vie  et  de  la  mort  de  Calvin  ;  Uisloire  des  Églises  du  royaume 
de  France,  tomo  i,  pag.  14 ;  Calvino,  Fraefatio  Commentarii  in  psalmos. 

*  No  tralado  De  scandalis. 

*  Duboulay,  Hisloire  universelle parisiensis,  tomo  vi,  pag.  66. 


nhar  a  innocencia  cl'elies.  Mas  que  fizeram  os  Iheologos?  Descarregaram-se  bra- 
vamente sobre  o  censor,  investido  do  mandato  d'ellos,  de  sorte  que  não  ficou, 
para  aguentar  a  carga  do  mal,  outro  a  não  ser  um  bomem  muito  atarantado,  que 
não  ousou  gritar  contra  os  seus  collegas  e  que  foi  reduzido  a  balbuciar  uma  tal 
ou  qual  justiíicação,  de  onde  resultava  que  a  lomadia,  considerada  como  boa,  a 
respeito  do  Pantagruel  e  de  outros  romances  do  mesmo  jaez,  não  tinba  esse  cara- 
cter relativamente  a  O  espeUio  da  alma  peccadora^. 

«Que  se  julgue  da  alegria  que  foi  levaJa,  não  só  para  Sainte  Barbe,  ao 
aposento  do  reitor,  mas  também  para  Fortet,  para  o  quarto  de  Calvino,  como 
consequência  d'este  assignalado  triumpho:  a  faculdade  de  theologia  constrangida 
a  declinar  de  seus  juizos;  um  livro  escripto  com  um  espirito  suspeito  arrancado 
á  censura ;  uma  Princeza  que  protegia  os  innovadores,  defendida  publicamente 
pelo  Rei.  Parecia  cbegada  a  bora  de  tentarem  um  golpe  arrojado,  e  tentaram-no. 

«Estava  em  costume  pregar  o  reitor  da  universidade  no  dia  de  Todos  os 
Santos,  nos  Matburins,  perante  todo  o  corpo  docente.  Calvino  encarregou-se  de 
escrever  o  sermão  de  Nicolau  Kopp,  o  qual,  consoante  a  expressão  de  Theodoro 
de  Bèze,  apresentava  um  sentido  bem  diíferente  d'aquelle  que  se  estava  no  cos- 
tume de  ouvir  2. 

«Tudo  correu  tão  bem  durante  e  depois  da  cerimonia,  que  se  pôde  crer 
como  certo  uma  nova  victoria;  mas  no  fim  de  algumas  semanas  recebeu  o  pre- 
gador uma  intimação  para  comparecer  no  parlamento;  os  franciscanos  tinham  ido 
fazer  denuncias  ao  procurador  geral,  segundo  o  boato  que  então  se  espalhou. 
Elle,  porém,  começou  a  protestar  contra  a  violação  dos  privilégios  da  universi- 
dade ;  pois,  se  tivesse  errado  no  tocante  á  doutrina,  d'isso  devia  dar  conta  ao 
tribunal  académico,  e  não  ao  tribunal  supremo. 

«Roune  as  faculdades  para  que  estas  se  decidam.  Os  das  artes  e  médicos  são 
a  favor  d'elle;  os  decretistas  votam  no  sentido  contrario,  com  os  Iheologos;  nu- 
mero de  votos  igual ;  nada  de  conclusão  possível.  Arrasta  a  faculdade  das  artes 
para  o  logar  particular  de  suas  sessões;  o  tempo  passa-se  em  gritarias,  em  inter- 
rupções, em  discussões  estéreis  acerca  do  objecto  que  se  deve  pôr  em  discussão, 
e  ainda  não  chegaram  a  entender-se  e  já  os  archeiros  do  parlamento  avançam 
para  prenderem  o  presidente  da  assembléa.  Sabe-o  este,  e  em  vez  de  se  encami- 
nhar para  Sainte  Barbe,  dirige-se  para  a  porta  de  S.  Martinho.  Por  aqui  saiu  elle, 
e  caminhou  sem  parar  até  ter  chegado  a  Basilea,  de  onde  nunca  mais  voltou  3. 

«Pelo  que  loca  a  Calvino,  a  policia  desceu  até  á  morada  d'elle.  Já  tinha 
fugido,  mas  apoderaram-se  de  papeis,  entre  os  quaes  havia  quantidade  de  cartas, 
que  serviram  mais  tarde  para  fazer  queimar  algumas  pessoas. 

«Foi  elle  procurar  como  refugio  a  casa  de  Luiz  de  Tillet,  cónego  de  An- 
gouléme. 

«CAPITULO  XXII.—  Reitoria  (Priíicipalat)  de  André  de  Gouveia.—  Barlholomeu  Lalomus. 

«Quando  oecorreu  o  caso  desagradável,  cuja  narraçSo  acabámos  de  ler,  con- 
sagrava já  Diogo  de  Gouveia  pouca  altenção  ao  seu  collegio.  Absorvido  pelos 


'  Calvini  Epistolae,  n.°  l,  tomo  ix  das  obras  completas. 
'  Hif loire  lies  Éylises  du  royaume,  tomo  i,  j/ag.  d 4. 
'  Duboulay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  239. 


QU  H3 

trabalhos  da  faculdade  de  theologia,  tinha  coníiado,  havia  algum  tempo,  a  direc- 
ção de  Sainte  Barbe  a  seu  sobrinho  André.  É,  pois,  sobre  este  iiobre  mancebo, 
que  vem  a  recair  o  trabalho,  por  causa  da  fuga  de  Nicolau  Kopp.  Era  elle  extra- 
ordinariamente considerado  na  universidade,  e  eis  porque  o  não  tornavam  res- 
ponsável ;  todavia  foi  necessário  recorrt-r  a  elle  para  fazer  as  contestações  oíTiciaes, 
e  sem  duvida  queria  elle  estar  tão  longe  como  o  fugitivo,  quando  veiu  o  momento 
d'esta  formalidade. 

«A  16  de  dezembro  de  1533,  em  virtude  de  uma  deliberação  da  faculdade 
das  artes,  um  eommissario  d'esta  faculdade,  acompanhado  pelo  escrivão  da  uni- 
versidade e  por  três  bedéis,  se  apresentou  em  Sainte  Barbe  para  fazer  o  processo 
verbal.  Pediu  ao  chefe  da  casa  noticias  do  reitor;  a  resposta  foi  que  o  reitor  se 
tinha  ausentado  havia  mais  de  quinze  dias,  e  que  desde  então  não  tinha  tornado 
a  appareeer.  Inqueriu  depois  a  respeito  do  que  se  tinha  feito  dos  objectos  per- 
tencentes á  universidade,  que  o  reitor  guardava  na  sua  casa  como  deposito. 
André  de  Gouveia  declarou  ter  Kopp  levado  o  sêllo,  mas  que  tinham  encontrado 
no  seu  quarto  o  registo  das  inscripções  dos  mestres  em  artes  e  uma  enfiada  de 
chaves.  Acrescentou  que  alguém  o  tivera  vindo  procurar  na  ante- véspera  e  tinha 
depositado  em  suas  mãos,  da  parte  do  mesmo  Kopp,  tresentas  libras  e  três 
dinheiros,  representando  o  estado  da  caixa  académica  no  momento  da  sua  des- 
apparição. 

«Dinheiro,  chaves  e  registo  foram  entregues  ao  eommissario,  que  passou  o 
competente  recibo,  e  segundo  a  relação  lançada  no  registo  da  universidade i,  tudo 
se  limitou  a  estas  palavras,  tanto  estudo  houve  em  excluir  de  uma  redacção 
oíficial  os  desenvolvimentos  que  podessem  causar  desgosto  ao  honrado  Gouveia. 

«Este  incidente  não  aíFectou  mais  a  reputação  de  Sainte  Barbe  do  que  a  de 
seu  director.  Como  a  heresia  estava  já  nas  famílias,  havia  bem  poucos  collegios 
nos  quaes  ella  não  houvesse  já  penetrado,  e  a  faculdade  das  artes  não  se  assus- 
tava muito,  não  obstante  as  gritarias  incessantes  que  um  tal  proceder  fazia  soltar 
aos  theologos.  A  Sorbonne  teria  querido  que  se  esgotassem  os  meios  de  rigor; 
o  corpo  docente  illudia  o  mais  que  podia  propostas  d'este  género.  O  mais  urgente, 
no  pensar  d'este,  era  favorecer  o  progresso  dos  bons  estudos,  no  que  elle  via  a 
salvação  do  futuro.  Ora,  por  este  lado,  o  nosso  collegio  attrahia  a  si  todos  os 
suífragios. 

«É  certo  que  Sainte  Barbe  sobresaía  então,  sem  contestação,  a  todo  o  grupo 
de  estabelecimentos  em  cujo  meio  se  achava  collocado.  A  mediocridade  em  que 
vegetavam  os  Cholets,  Reims  e  Fortet  nos  dispensa  contal-as.  Le  Mans  apenas 
acabava  de  nascer;  Coqueret,  apenas  entregue  ás  discussões  intestinas,  tinha 
perdido  o  chefe,  por  decreto  da  universidade,  ao  qual  tinha  devido  sua  prospe- 
ridade; um  desastre  ainda  maior  acabava  de  ferir  Lisieux.  Um  principal  visioná- 
rio, que  queria  fazer  d'esta  casa  a  escola  modelo  das  línguas,  em  concorrência 
com  o  collegio  real,  que  tinha  já  estabelecido  algumas  cadeiras  de  grego  e  de 
hebraico,  que  se  propunha  a  estabelecer  ainda  outras  para  o  ensino  do  chaldaico 
e  do  árabe  2,  unicamente  occupado  por  taes  pensamentos,  tinha  deixado  ir  a 
administração  por  agua  abaixo  e  tomado  a  liberdade  de  vender  algumas  proprie- 


Archivos  (la  universidade,  registo  13,  cora  data  de  16  de  dezembro  de  1533. 

Epilogo  das  MedKationes  graecanicae  in  artem  grammalicam  autore  Nic.  Clenardo.  Paris,  1531. 


114  QU 

dades  do  seu  collegio,  com  o  lim  de  acudir  ás  despezas,  e  por  íim  linha-se  visto 
obrigado  a  fugira 

«Montaigu,  modelo  de  bom  governo  e  regorgitando  sempre  de  alumnos, 
tinha  decaído,  comtudo..  na  opinião,  por  causa  do  seu  apego  ás  cousas  velhas. 
Foi  por  isto  que  se  tinha  deixado  íicyr  a  distancia  do  seu  rival.  Emquanlo  á 
mocidade  que  detestava  os  capettos,  foi  uma  alegria  publicai -o,  mormente  quando 
o  governo  de  Sainte  Barbe  foi  entregue  nas  mãos  de  António  de  Gouveia,  mais 
approximado  d'ella  por  sua  idade,  embebido  de  todas  idéas  generosas  do  seu 
século,  e  no  qual  não  se  sabia  a  que  dar  a  preferencia,  se  ao  caracter,  se  ao 
talento. 

«Mais  de  uma  vez,  sem  duvida,  a  poesia  das  classes  foi  empregada  a  pintar 
o  contraste  dos  dois  impérios  separados  pela  largura  de  uma  rua;  aqui,  voltada 
para  o  meio  dia,  e  inundada  de  luz,  uma  Athenas  que  florescia  debaixo  das  leis 
de  um  nobre  íilho  familia,  provido  de  todos  os  géneros  de  humanidade ;  acolá, 
balida  incessantemente  pelo  Aquilão,  uma  Sparta  doentia  e  retrograda,  cujos  dois 
soberanos  não  excitavam  cá  por  fora  mais  do  que  a  repulsa  e  a  mofa;  Noel 
Baide,  o  doutor  corcunda,  enfadonho,  sempre  prompto  a  zangar-se  e  a  gritar: 
«anathemal»;  Pedro  Tempête,  o  grande  castigador  dos  estudantes 2,  que  tomava 
por  tarefa  justificar  seu  nome  pelo  barulho  da  palmatória. 

«A  sympathia  do  maior  numero  dos  professores  para  com  Sainte  Barbe 
mostra-se  pela  honra  tão  rara  que  lhe  coube  em  1533,  de  fornecer  dois  reitores 
consecutivos  á  universidade.  Quando  Nicolau  Kopp  foi  eleito,  recebeu  as  insignias 
das  mãos  de  André  de  Gouveia,  o  qual  acabava  de  fazer  uso  d'ellas  antes  d'elle3. 

«A  brisa  do  favor  continuou  a  soprar  em  1534.  Quatro  mezes  depois  da  fuga 
de  Nicolau  Kopp,  foi  ainda  um  regente  do  nosso  collegio,  a  quem  os  eleitores 
(intrants)  proclamaram  na  igreja  de  S.  Julião,  o  pobre. 

«Era  este  ultimo  António  de  Mery,  estudante  de  medicina,  já  chegado  ao 
grau  de  licenciado.  Fez-se  conhecer  por  um  compendio  de  therapeutica  de  Ga- 
leno, que  elle  entregou  aos  prelos  de  Simão  de  Colines  durante  a  sua  magis- 
tratura'*. 

«OíTereceu,  na  dedicatória,  esta  obra,  ao  embaixador  de  Portugal,  D.  Fer- 
nandes Buy  de  Almada,  navegante  distincto,  o  qual  vinha  de  pacificar  .por  meio 
de  uma  feliz  negociação,  graves  discórdias  sobrevindas  entre  as  duas  coroas.  Este 
grande  personagem  honrava  com  suas  visitas  os  Gouveias  e  o  collegio,  no  qual 
tinha  numerosos  protegidos. 

«Tendo  alguns  estudantes  portuguezes  sido  obrigados  a  sair  de  Paris  por 
causa  da  miséria,  elle  para  alli  os  tornou  a  mandar  á  sua  custa,  e  estabeleceu 
para  elles  bolsas  que  se  addicionaram  ao  numero  d'aquellas  que  o  thesouro  real 
pagava  já.  Durante  todo  o  tempo  que  se  conservou  em  Paris  procedeu  de  modo 


'  Voullé,  Epigrammala,  liv.  i,  pag.  71  c  87,  in  Tarterium :  Ephlola  preliminar  de  ílubert  Sussa- 
naeus  a  Georges  de  Combes,  no  principio  da  obra  intitulada :  Alexandri  quanlilates  cmendal<ie  a  S\ma- 
naco,  quibus  tampauca  sunt  detracla  ut  aucloris  vetus  fácies  agnosci  pomit.  Paris,  1539. 

«  Rabelais,  liv.  iv,  cap.  xxt. 

*  Duboulay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  238. 

*  Perioche  septem  lihrornm  primorum  melhodi  Galcni  cum  quibusdam  Itim  ah  eodem  lum  aliis  au- 
thoribus  tradtictis  (ul  vocant)  receptionibus,  per  Antonium  de  Mery,  mcdicum.  In-i6,  Paris,  i83t,  com 
uma  epistola  dedicatória  datada:  Ex  aedibus  Barbaranis  nostri  vero  rectoralus  parisiensis  mense  terlio. 


QU 


115 


qiie  seu  comportamento  fosse  a  expressão  dos  sentimentos  do  seu  soberano  para 
com  as  letras  e  os  litteratos.  Viram-no  certo  dia  acompanhar  elle  mesmo  um 
licenciado  portuguez,  que  ia  buscar  o  barrete  de  doutor  a  Nôtre  Dame^. 

«Voltemos,  porém,  a  André  de  Gouveia. 

«Sua  regência  académica,  tendo  sido  tão  pacifica  quanto  a  do  seu  anteces- 
sor foi  agitada;  não  deixou,  para  assim  dizermos,  vesligios  nos  documentos.  Foi 
a  continuação  da  obra  de  Diogo  de  Gouveia  por  um  homem  que  era  capaz  de 
ainda  aperfeiçoal-a. 

«^^unca  a  disciplina  foi  mais  religiosamente  observada,  nem  o  pessoal  do- 
cente mais  completo.  Com  Marcial,  António  e  Diogo  de  Gouveia,  o  moço,  com 
Teive  e  Belliago,  a  constellação  portugueza  brilhava  com  todo  o  seu  esplendor; 
Strebeo  continuava  a  formar  os  rhetoricos ;  pelos  cuidados  do  joven  principal, 
um  d'esses  cursos  extraordinários,  em  que  todas  as  novidades  se  podiam  produ- 
zir, coube  a  um  mestre  que  occupava  todas  as  trombetas  da  fama;  queremos 
fallar  de  Bartholomeu  Latonus. 

"Latomus,  ou  Mauer,  ou  iVIemaçon,  natural  de  Luxemburgo,  era  um  amigo 
de  Erasmo,  e  um  representante  da  philosophia  allemã.  Formado  nas  universida- 
des das  margens  do  Rheno,  não  conheceu  jamais  a  scolastica,  senão  pelo  desprezo 
que  lhe  davam  seus  mestres  2.  A  exemplo  d'este,  as  idéas  de  Platão  se  entrelaça- 
vam n'elle  com  as  de  Aristóteles;  porém  nas  suas  meditações  tinham-se  appli- 
cado  principalmente  á  composição  litteraria,  e  era  um  d'aquelles  que  limitavam 
a  dialéctica  ao  estudo  dos  processos  empregados  pelos  grandes  mestres  na  arte 
de  escrever.  João  Sturn  e  elle  trouxeram  á  França  o  tratado  de  Rodolpho  Agri- 
cola.  De  inventione  dialéctica,  que  era  o  livro  fundamental  d'esta  doutrina.  Foram 
acolhidos  como  os  apóstolos  do  evangelho,  dos  quaes  Jacques  Lefèvre  não  tinlia 
sido  mais  do  que  o  precursor. 

«Por  mais  que  os  theologos  denunciavam  como  am  symptoma  de  pestilência 
o  abandono  de  Aristóteles  por  Agrícola^,  aeceitaram  a  nova  dialéctica  com  uma 
predilecção  sem  igual,  e  o  terreno  da  philosophia  foi  invadido  pela  rhetorica. 

«Deu  isto  origem,  em  1534,  a  uma  revolução  na  faculdade  das  artes.  Os 
professores  de  humanidades,  e  os  de  grammatica  atraz  d'estes,  exigiram  que  os 
fizessem  sair  da  inferioridade  aviltante,  na  qual  os  estatutos  universitários  os 
tinham  conservado  até  enlão  a  respeito  de  seus  collegas,  os  philosophos. 

«Com  effeito,  ao  passo  que  estes,  depois  de  cinco  annos  de  exercício  (eis  a 
que  se  dava  o  nome  de  quinquennitimjj  podiam  aspirar  aos  benefícios  que  a 
igreja  reservava  para  os  que  se  entregavam  ás  letras,  de  regentes  das  outras 
classes,  no  tempo  da  velhice  nada  mais  podiam  fazer  do  que  entrar  como  per- 
ceptores  nas  casas  ricas  ou  trabalharem  nas  lypographias. 

«A  universidade  não  oppoz  resistência.  Inscreveu  os  grammaticos  e  os  rhe- 
toricos entre  os  candidatos  aos  benefícios,  declarando  que  as  cousas  que  elles 
ensinavam  deviam  ser  reputadas  como  artes  liberaes,  debaixo  do  mesmo  titulo 
que  os  diversos  ramos  da  philosophia  4. 


'  Lpilão  Ferreira,  Noticias  chronologicas  da  universidade  de  Coimbra,  n.°  í:187. 

*  Goujcl,  Mémoires  sur  le  collhje  royal,  parte  ii,  pag.  ii6. 
■''  Dubonlay,  Hístoirc  tmiverselle,  tomo  vi,  pag.  235. 

*  Duboulay,  Jlistoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  251. 


"6  QU 

«Latomus  assignalou  sua  entrada  em  Sainte  Barbe,  pela  impressão  de  um 
resumo  de  Agrícola.  Foi  o  presente  que  oífereceú  a  André  de  Gouveia,  para  lhe 
agradecer  a  hospitalidade  que  recebia  em  sua  casa,  e  ao  mesmo  tempo  um  instru- 
mento de  trabalho  para  apressar  os  progressos  de  seus  discípulos  ^.  Foram  estes 
mui  numerosos;  vieram-nos  ouvir  de  todos  os  collegios,  e  talvez  contasse  Ramus 
entre  os  seus  ouvintes. 

«Pedro  Ramus,  creado  de  um  gentil  homem  que  estudava  no  collegio  de 
Navarra,  fez  seu  curso  de  philosophia  de  1531  a  1534.  Lê-se  na  interessante 
historia  da  sua  vida,  escripta  recentemente  por  D.  Waddington^,  que,  emquanto 
se  estava  preparando  para  seus  exames  de  licenciado,  ia  mui  frequentemente  a 
Sainte  Barbe,  com  o  íim  de  assistir  ás  lições  de  João  Penna,  o  mestre  com  quem 
Santo  Ignacio  aprendeu  philosophia. 

«M.  Waddington  certamente  peccou  por  excesso  de  confiança,  acceitando 
sem  verificação,  emquanto  ás  visitas  de  Ramus  a  Sainte  Barbe,  o  testemunho  do 
abbade  Goujet,  pois  a  única  base  d'este  para  aíTirmar  o  facto  é  um  contrasenso 
commettido  por  elle  sobre  o  texto  do  auctor  a  este  propósito  **. 

«É  de  receiar  que  M.  Waddington  tenha  ainda  peccado  por  temeridade  de 
inducção,  estabelecendo  por  sua  alta  recreação  entre  Ramus  e  João  Penna  um 
commercio  que  nunca  podia  existir,  pois  João  Penna  seguia  a  doutrina  de  Aris- 
tóteles, da  qual  Ramus  estava  a  ponto  de  se  declarar  publicamente  adversário, 
não  esperando,  para  isso,  mais  do  que  a  occasião  do  exame.  Assim,  á  primeira 
vista,  nada  ficaria  da  anecdota  introduzida  em  a  nova  vida  de  Ramus.  Gomtudo 
é  permittido  conserval-a,  se  lhe  substituirmos  o  nome  de  Bartholomeu  Latomus 
pelo  de  João  Penna. 

««Emquanto  Ramus  viveu,  gloriou-se  de  proceder  conforme  Sturn  e  Lato- 
mus, relativamente  ao  methodo  de  analyse  que  elle  applicava  aos  auctores  da 
antiguidade 'í.  Este  methodo  era-lhe  já  familiar  antes  de  ter  obtido  seus  graus. 
Não  ha  motivo,  á  vista  d'isto,  para  conjecturar  que,  emquanto  a  nova  dialéctica 
foi  professada  em  o  nosso  collegio,  Ramus,  para  vir  ouvil-o,  se  subtrahiu  a  maior 
parte  das  vezes  que  pôde  ás  lições  exclusivamente  aristotélicas  de  Navarro? 

«O  curso  do  professor  allemão  deu  mais  brado  do  que  se  teria  desejado  em 
Sainte  Barbe.  Attrahiu  a  atlenção  de  Francisco  I,  e  decidiu  este  Príncipe  a  fazer 
uma  cousa,  diante  da  qual  tinha  recuado  até  então.  O  collegio  de  França  funceio- 
nava  desde  1530,  não  consistindo  ainda  senão  em  duas  cadeiras,  uma  de  hebraico 
e  a  outra  de  grego.  Budes  instava  com  o  Rei  para  que  ajuntasse  a  este  ensino  o 
de  latim;  mas  o  Rei  objectava  as  queixas  que  os  principaes  não  deixariam  de 
levantar  contra  uma  extensão,  na  qual  haviam  de  ver  uma  concorrência  funesta 
para  o  exercio  dos  collegios. 


'  Epitome  commentariorum  dialecticae  inventionis  Rodolphi  Agricelae,  per  Barlholomaetim  Lalo- 
mum  arlanensem,  com  uma  epistola  dedicatória  a  António  de  Gouveia,  datada  do  16  de  setembro  de 
1533. 

»  Riimus,  su  vida  y  escriptos,  pag.  21.  In-8.*  Paris,  Meyrueis,  1S55. 

"  Goujet  cita  o  discurso  pronunciado  em  Santa  Carbara  no  anno  de  1557,  por  Legcr  Duchesne, 
que  nomeia  somente  entre  os  estudantes  celebres  do  collegio,  a  António  de  Gouveia,  adversário  de 
Ramus:  Antomus  GoveaniíS,  de  cujus  incredibili  doctrina  nemo  dubitat,  qid  illius  festiva  epigrammata, 
argulum  conclusionum  libram,  acutam  in  P.  Ramum  dispnlationem  graves  ín  jus  civile  commentarios 
viderit. 

*  Petri  Rami  vita  a  Nicolauo  Nancellio.  Paris,  1599. 


QU 


117 


«Finalmente  a  cadeira  de  latim  foi  creada  a  favor  de  Latomus.  As  gritarias 
excederam  tudo  quanto  se  tinha  calculado;  mas  Latomus  nem  por  isso  deixou 
de  íicar  sendo  professor  régio,  e  retribuído  pelo  thesouro.  Reuniu  em  volta  de 
si  ainda  mais  ouvintes  do  que  linha  reunido  quando  esteve  a  serviço  de  Gouveia ^ 

«A  retirada  de  Streheo  para  junto  do  bispo  de  Lisieux,  occorreu  pelo  mesmo 
tempo  que  a  de  Latomus,  de  sorte  que  foi  como  uma  conspiração  dos  grandes 
para  arrebatarem  á  universidade  os  individuos  que  faziam  o  orgulho  d'ella.  Uma 
recordação  amarga  se  associou  com  o  anno  que  viu  tirar  estas  duas  bellas  colum- 
nas  do  templo  académico:  Strebeo  e  Latomus;  testemunhas,  esses  dois  versos 
introduzidos  vinte  e  cinco  annos  mais  tarde  no  elogio  fúnebre  de  Pierre  Galland : 

Et  dum  mutarent  académica  tecta,  remotis 
Strebaei  et  Latomi  non  bene  cardinibus^. 

«Os  adeuses  de  António  de  Gouveia  a  Sainte  Barbe  seguiram  de  perto  os  de 
seus  iliustres  collaboradores.  Resignou  o  governo  no  qual  seu  tio  o  tinha  inves- 
tido, para  acceitar  propostas  que  lhe  foram  trazidas  de  Bordeaux. 


»CAPirULO  XXIÍI.— Os  collegios  de  Guyenna  cm  Bordeaux  e  das  Artes  em  Coimbra.— Nova  ordem  de 
estudos. 

«Não  é  sair  do  nosso  assumpto  o  seguir  os  barbistas  nas  colónias  que  fun- 
daram ao  longe,  e  onde  levaram  as  instituições  da  mãe  pátria. 

«Havia  um  século  que  a  cidade  de  Bordéus  possuia  nos  seus  archivos  o 
alvará  para  uma  universidade,  que  não  tinha  ainda  conseguido  estabelecer,  quando 
o  consulado  pelo  qual  aquella  era  administrada,  em  1534,  pediu  a  André  de 
Gouveia  que  viesse  ajudal-o  em  uma  empreza,  que  os  progressos  das  luzes  não 
permittiam  que  se  adiasse  por  mais  tempo.  Tratava-se  de  fundar  ura  collegio 
único,  acima  do  qual  funccionariam  uma  escola  de  direito  civil  e  uma  escola  de 
medicina.  Um  mau  collegio  municipal,  ao  qual  davam  o  nome  de  collegio  de 
Guyenna,  existia  já  em  Bordéus.  Nunca  tinham  podido  resolver  as  familias  con- 
sideráveis da  terra  a  mandar  a  elle  seus  filhos. 

«Mui  recentemente,  um  certo  Tartesius  ou  Tartois,  que  não  é  outro  senão 
esse  grande  propagador  dos  estudos  das  linguas,  que  vimos  trabalhar  tão  desas- 
tradamente em  Lisieux,  tinha-se  vindo  offerecer  como  devendo  pôr  n'um  abrir  e 
fechar  de  olhos  o  collegio  de  Guyenna  acima  de  todos  os  outros,  e  nada  mais 
tinha  conseguido  do  que  sossobrar  em  um  novo  naufrágio.  É  este  pobre  estabe- 
lecimento que  tinha  de  fornecer  á  fundação  projectada,  seu  nome  e  casas,  que  se 
augmentariam  com  as  vizinhas.  André  de  Gouveia  teria  a  direcção :  e  para  alli 
havia  de  levar  mestres  de  sua  escolha.  A  cidade  encarregava -se  de  todas  as  des- 


'  Goujet,  Mémoires  sur  le  collèrjc  royaly  parle  i,  pag.  28.  Duboulay,  Ilistoire  universelk,  tomo  vi, 
pag.  2U. 

*  Ode  ad  Guillelmum  Gallandium,  tjymnasiarcham  becodianum,  anctore  Cláudio  Roilleto  Belnensi, 
cui  accessit  ejusdem  de  obiti  P.  GcUlandii,  latinarum  litterarum  regii  professoris,  secunda  edilione  aucta 
et  recognila  elegia.  Paris,  1559. 


íf8  QU 

pezas,  e  estabelecia  para  o  pessoal  docente  ordenados  capazes  de  attrahirem  os 
homens  de  merecimento^. 

«André  de  Gouveia  só  tomou  conselhos  do  seu  amigo  Gélida;  decidiu-se 
promptamente,  e  entrou  a  trabalhar  para  formar  o  seu  contingente  de  professores 2. 

«O  primeiro  que  poz  na  lista  foi  Mathurin  Cordier,  recentemente  chegado 
de  Nevers  a  Paris.  Deu-lhe  para  col legas  a  João  Binet,  Cláudio  Boudin,  Diogo 
de  Teive,  Nicolau  de  Grouchy,  Guilherme  de  Guerente  e  vários  outros  que  se  não 
conhecem. 

«Disse-se  no  seu  logar  que  Teive  foi  educado  em  Sainte  Barbe;  Grouchy  e 
Guerente  por  alli  tinham  passado,  quer  como  estudantes,  quer  como  professores; 
ambos  normandos  e  genlis-homens,  ambos  unidos  por  uma  amizade  exemplar, 
da  qual  a  communidade  de  talento  formava  o  primeiro  élo :  Guerente,  huma- 
nista ;  Grouchy,  philosopho  e  antiquário.  Seus  nomes  andam  como  inseparáveis 
em  todos  os  livros  nos  quaes  se  trata  d'elles3. 

«O  collegio  de  Guyenna  participa  ainda  com  Sainte  Barbe  da  honra  de  ter 
possuído  Gélida  e  Buchanan ;  mas  tanto  um  como  outro  só  mais  tarde  se  junta- 
ram á  colónia,  o  primeiro  por  causa  de  questões  que  o  obrigaram  a  deixar  o 
collegio  do  cardeal  Lemoine,  do  qual  tinha  chegado  a  ser  principal;  o  segundo 
fugindo  á  cólera  do  primaz  da  Escossia,  a  quem  elle  tinha  oíTendido ''. 

f<0  bom  êxito  do  novo  estabelecimento  não  sé  fez  esperar.  Desde  o  primeiro 
anno  o  numero  dos  alumnos  foi  considerável,  e  com  o  andar  dos  tempos  não  fez 
mais  do  que  augmentar,  á  medida  que  se  foram  deshabituando  de  enviar  a  moci- 
dade bordeleza  a  aprender  o  latim,  quer  em  Bourges,  quer  em  Poiliers  ou  Tou- 
louse. Nomes  que  ficaram  sendo  immortaes  não  tardaram  em  figurar  sobre  a 
lista  dos  discípulos  formados  pelos  nossos  professores  barbistas:  Montaigne,  La 
Boetie,  Joseph  Scaligero,  e  Diogo  Mendes  de  Vasconeellos,  que  lhes  foi  levado 
de  Portugal  pelo  bispo  de  Vizeu  \ 

«Difficuldades  foram  suscitadas,  todavia,  por  aquelles  aos  quaes  offusca  qual- 
quer empreza  que  tem  bom  resultado.  Censuraram,  como  uma  cousa  incompatível 
com  o  interesse  publico,  a  independência  excessivamente  grande  deixada  á  admi- 
nistração do  collegio,  e  com  o  concurso  dos  empregados  fcommisj  da  cidade, 
que  estavam  afiQictos  por  não  terem  maior  ingerência  n'esta  parte  do  serviço, 
esforçaram-se  por  provocar  uma  reforma,  espalhando  o  boato  de  que  a  reforma 
estava  decidida. 

«Assustaram- se  os  professores  a  tal  ponto,  que  alguns  se  dispunham  já  a 
abandonar  o  logar,  quando  o  parlamento,  instruído  do  que  se  passava,  os  mandou 
vir  á  sua  presença,  achando-se  André  de  Gouveia  á  frente  d'elles.  O  primeiro 
presidente,  fallando  em  nome  da  sua  companhia  e  do  consulado,  lhes  deu  agVa- 
decimentos  em  termos  magníficos  pelos  serviços  que  diariamente  estavam  pres- 
tando á  cidade ;  exhortou-os  a  perseverarem,  tranquillisou-os  acerca  da  sua  situa- 


'  De  Lourbe,  De  scholis  litlerariis  omuiuin  gentiuin;  Voullc,  Epigrammata,  liv.  1,  pag.  71 ;  Víiiel, 
Schola  aijiiitanica. 

'  Jjusinus,  Vita  J.  Gclidac;  lioberli  Brilanni  Alrehatis  einstolarum  libri  duo,  II.  29. 

*  De  Lurbc,  Chi  tniqne  bordeiam ;  Montaigne,  Essais,  loino  i,  caj).  xxv;  de  'lUou,  Uisloire  univer- 
selle,  lomo  iii,  pag.  419. 

*  Businus,  Vila  J.  Gelidae;  Biiclianan,  De  vita  sua. 

■*  Diogo  Barbosa,  Dibíiotheca  tusilana,  tomo  i,  pag.  675. 


QU 


119 


ção,  mostrou- lhes  a  futilidade  das  conversas  com  as  quaes  se  tinham  prematura- 
mente assustado,  e  por  fim  mandou-os  para  seus  trabalhos,  declarando-lhes  que 
a  camará  os  tomava  de  ora  avante  debaixo  da  sua  protecção  especial  i. 

«Em  outra  occasião  procurou  a  malevolencia  comprometter  o  collegio  por 
meio  de  pasquins,  que  foram  aílixados  pelas  ruas,  depois  da  execução  do  pri- 
meiro protestante,  a  quem  suppliciaram  em  Bordéus.  Todos  os  estudantes  de 
uma  camarata  foram  lançados  na  prisão,  por  este  facto,  mas,  depois  de  tomadas 
informações,  tudo  se  reduziu  a  simples  suspeitas  contra  a  pessoa  de  um  creado. 
O  pobre  diabo  foi  entregue  ás  mãos  de  Gouveia  para  receber  o  castigo  da  sala-, 

«Mas,  é  menos  a  historia  do  collegio  de  Guyenne  que  nos  convém  expor 
aqui,  do  que  o  quadro  do  seu  regimen  interior,  pois  ver-se-ha  que  a  pedagogia 
tinha  feito  progressos  n'um  quarto  de  século,  e  ter-se-ha  a  imagem  dos  regula- 
mentos que  estavam  em  vigor  em  Sainte  Barbe;  imagem  aperfeiçoada,  é  verdade, 
tendo  podido  ser  eirectuados  alguns  melhoramentos,  aos  quaes  se  oppunha  a  força 
das  tradições  universitárias  sobre  esta  terra  virgem  do  bordelez'. 

«Applicou-se  André  de  Gouveia  a  pôr  em  pratica  a  doutrina  dos  humanistas, 
os  quaes  queriam  que  os  jovens  espíritos  fossem  familiarisados  com  as  formas 
oratórias  do  pensamento,  antes  do  que  exercitados  na  investigação  de  sua  natu- 
reza. Reduzia  a  dois  annos  o  curso  de  philosophia,  o  qual  era  de  três  em  Paris, 
e  baniu  dos  estudos  litterariõs  todo  o  exercício'  preparatório  sobre  a  lógica. 

«Empregou  depois  uma  solicitude,  que  não  poderíamos  louvar  demais,  em 
que  todos  os  estudantes  de  cada  uma  das  classes  tirassem  proveito  das  solicitudes 
do  professor.  Eis  porque  augmentou  o  numero  das  classes  denominadas  de 
grammatica,  elevando-as  de  dez  a  doze,  e  quiz  que  em  todas  as  classes,  particu- 
larmente nas  baixas,  houvesse  algumas  secções  em  que  os  estudantes,  repartidos 
segundo  sua  força  respectiva,  fossem  submettidos  a  exercícios  graduados.  Fez- se 
isto  sem  alongar  o  tempo  dos  estudos,  havendo  exames  contínuos  no  decurso  do 
anno  para  comprovarem  os  progressos  feitos,  e  para  fazerem  passar  os  alumnos 
de  uma  secção  ou  de  uma  classe  para  a  secção  ou  para  a  classe  superior. 

«As  classes,  como  em  Paris,  eram  comparáveis  com  as  legiões  romanas,  e  os 
que  as  compunham,  designados,  assim  como  antigamente  os  legionários,  por  seu 
adjectivo  ordinal,  desde  os  primários^  os  quaes  correspondiam  aos  rhetorieos 
actuaes,  até  aos  decumanos,  ou  principiantes.  As  duas  classes  addicionadas  por 
Gouveia,  formaram  subdivisões  da  sétima  e  da  sexta;  os  estudantes,  segundo  o 
que  elles  aprendiam  em  uma  ou  em  outra  subdivisão,  ajuntaram  á  sua  denomina- 
ção ordinária  o  epilheto  majores  ou  maiores. 

«Reinavam  a  ordem  e  o  aceio  nas  salas  destinadas  para  as  lições.  Os  meni- 
nos já  se  não  rolavam  no  pó  do  ladrilho ;  estavam  sentados  em  banquinhos  cui- 
dadosamente alinhados.  A  nona  e  a  oitava,  incomparavelmente  mais  frequentadas 
do  que  as  outras  classes,  porque  davam  n'ella  a  instrueção  elementar  sufficiente 
ao  maior  numero,  estavam  dispostas  em  amphitheatro,  e  os  banquinhos  separados 
cm  dez  secções  sobre  onze  estrados  successivos. 


'  Carla  do  Roberto  Breton  a  Gélida,  foi.  37. 

-  Theodorc  de  Bèze,  Ilistoire  des  Églises  du  royaume  de  France,  tomo  i,  pag.  28. 
'  Quanto  se  segue  é  cxtraclado  do  regulamento  de  André  de  Gouveia,  impresso  em  Bordeaux, 
debaixo  do  titulo  de:  Schola  aqiiitanica,  in-12,  com  um  prefacio  de  Elias  Vinel,  datado  de  1583. 


120  QU 

«Tres  vezes  no  dia,  segundo  o  antigo  uso,  o  som  da  campainha  trazia  os 
estudantes  á  presença  de  seus  professores;  mas  as  horas  eram  mudadas.  A  classe 
curta,  reunia-se  ás  12,  depois  do  jantar;  as  duas  classes  de  duas  horas  tinham 
logar :  de  manhã,  ás  8  horas,  e  de  tarde  ás  3. 

«A  classe  do  meio  dia  era  para  a  exposição  dos  principios;  as  da  manhã  e 
da  tarde  para  a  explicação  dos  auctores.  Tudo  isto  se  dava  em  pequena  dose.  A 
partir  da  oitava,  copiavam  os  alumnos  algumas  linhas  de  um  auctor,  ou  uma 
regra  do  rudimento,  as  quaes  deviam  servir  de  texto  á  lição,  e  o  que  elles  tinham 
copiado  eram  obrigados  a  sabel-o  de  cór.  Um  d*elles  recitava  o  primeiro  membro 
da  passagem  transcripta,  um  outro  fazia  a  paraphrase  d'elle  em  latim,  um  ter- 
ceiro traduzia  palavra  por  palavra  para  francez,  e  assim  por  diante.  O  mestre 
introduzia  a  pouco  e  pouco  as  observações  que  julgava  convenientes,  e  depois 
entregava-se  por  fim  a  um  género  de  interrogação,  o  mais  útil  possivel,  alterando 
de  todos  os  modos  o  pensamento  do  auctor  explicado,  e  perguntando  o  que 
queria  dizer  n'este  ou  n'aquelle  caso.  Os  meninos  aprendiam  por  este  meio  a 
propriedade  dos  termos,  ao  mesmo  terppo  que  se  familiarisavam  com  as  regras 
de  grammatica,  e  com  os  recursos  da  syntaxe. 

«Emquanto  ao  gothico  processo  das  disputas,  já  se  não  conservava  senão 
como  exercicio  da  memoria  nas  classes  de  grammatica,  sendo  reservado  somente 
uma  meia  hora  depois  da  classe  da  manhã  para  qUe  os  estudantes,  sem  deixarem 
seus  logares,  se  interrogassem  mutuamente  acerca  d'aquillo  que  acabavam  de 
ouvir. 

«O  tempo  que  lhes  sobrava,  depois  do  cumprimento  dos  deveres  de  cada 
dia,  empregavam-no  em  compor  themas  ou  versos  latinos,  acerca  de  matérias 
dictadas  pelo  mestre,  e  levavam  copias  que  eram  tiradas  publicamente. 

«As  classes  do  sabbado  eram  empregadas  na  recitação  geral  de  tudo  quanto 
se  tinha  aprendido  durante  a  semana.  As  disputas  d'este  dia  eram  mais  longas, 
e  estabelecidas  sobre  um  outro  pé.  Consistiam  n'um  verdadeiro  exame,  pelo  qual 
seis  estudantes  de  cada  classe,  cada  um  por  sua  vez,  eram  examinados  por  outros 
seis  estudantes  da  classe  superior;  assim  os  primani  eram  juizes  dos  secundam, 
os  secundam  dos  tertiani,  etc.  A  prova  consistia  em  composições,  cujo  assumpto 
era  deixado  á  escolha  dos  auctores.  Faziam  copias  em  grossos  caracteres,  os 
quaes  se  fixavam  á  entrada  de  cada  classe.  Os  examinadores  liam,  faziam  em 
voz  alta  suas  observações,  discutiam  as  objecções  de  quem  lh'as  queria  apresentar, 
e  classificavam,  finalmente,  por  ordem  de  merecimento,  as  seis  copias,  das  quaes 
não  declaravam  os  auctores  senão  depois  da  sentença  dada. 

«Esta  parte  que  a  mocidade  tomava  no  ensino  não  existia  senão  a  partir  da 
oitava.  Nas  duas  classes  inferiores  o  professor  fazia  tudo,  exceptuando  o  dos  de- 
cumonos,  o  qual  delegava  aos  mais  fortes  de  seus  triarios  o  cuidado  de  ensina- 
rem suas  letras  aos  novos,  que  as  não  sabiam.  Toda  a  parle  do  programma  rela- 
tiva á  instrucção  elementar  foi  escripta,  sendo  dictada  pelo  bom  Cordier,  que 
n'ella  fez  passar  a  ternura  do  seu  coração  para  com  a  joven  idade.  Enconlram-se 
n'ella  minuciosidades  encantadoras,  como,  por  exemplo,  a  tolerância  recommen- 
dada  ao  mestre. 

«Cicero,  Terêncio  e  o  rudimento  de  Despauterio,  eram  a  base  do  ensino  do 
latim.  Na  quinta  começavam  a  compor  versos,  e  a  explicação  de  Ovidio  era 
addicionada  á  dos  prosadores.  Só  começavam  com  Virgílio  na  segunda  e  com 
Horácio  na  primeira.  Os  preceitos  da  rhetorica  eram  expostos  desde  a  terceira. 


QU 


121 


A  classe  do  meio  dia,  na  segunda  e  na  primeira,  era  consagrada  ao  estudo  da 
historia,  em  conformidade  com  Justino  e  Tito  Lívio.  Havia,  alem  d'isto,  para  os 
primários,  concursos  de  declamação,  que  tinham  logar  aos  domingos,  na  grande 
sala,  perante  todas  as  classes  reunidas. 

«Foi  para  estes  exercícios  que  Buchanan  escreveu  suas  tragedias  S.  João 
Baptista  e  Alcestes,  sendo  esta  ultima  traduzida  de  Euripides. 

«Guerente  e  Muret,  que  se  estrearam  em  Bordéus  no  anno  de  1543,  traba- 
lharam, também,  para  o  mesmo  reportório.  Aquelles  dos  discípulos  que  recitavam 
melhor  eram  escolhidos  para  representarem  a  peça  com  o  apparato  Iheatral, 
perante  o  publico  convidado.  Montaigne  louva  muito  este  divertimento. 

«Cinco  classes  superiores,  das  quaes  o  aceesso  está  franco  aos  ouvintes 
externos,  representavam  ao  mesmo  tempo  no  collegio  de  Guyenne,  o  duplo  curso 
de  phílosophia  e  as  lições  extraordinárias  de  Sainte  Barbe. 

«Eram,  primeiramente,  os  dois  annos  de  phílosophia,  cujos  discípulos  se 
distinguiam  pelos  nomes  de  dialectici  e  physici.  Os  exercícios  estavam  aqui  regu- 
lados como  nas  classes  de  grammatica,  exceptuando  que  os  argumentos  duravam 
duas  horas.  Cada  anno  teve  seu  professor,  contrario  ao  uso  de  Paris,  segundo  o 
qual  um  só  regente  era  encarregado  de  toda  a  instrucção  philosophica  de  uma 
mesma  promoção  de  estudantes. 

«Emquanto  Gouveia  foi  principal  em  Bordéus,  a  cadeira  de  dialéctica  foi 
orcupada  por  Nicolau  Grouchy.  Este  sábio  mandou  imprimir  um  resumo  de  suas 
lições,  que  Elias  Vinet  considerava  como  obra  prima  n'este  género.  Eram  as 
Praeceptiones  dialecticae. 

«Duas  outras  cadeiras,  uma  para  o  grego  e  outra  para  as  mathematicas,  es- 
tavam estabelecidas  em  condições  inteiramente  diíferentes.  Davam  todos  os  dias 
alli  uma  lição  de  uma  hora,  no  intervallo  que  mediava  entre  a  classe  do  meio  dia 
e  a  da  tarde.  Todos  os  estudantes  de  grammatica,  desde  a  quinta,  eram  obrigados 
a  frequentar  o  curso  de  grego.  A  assistência  ao  de  mathematicas  era  obrigatória 
somente  para  os  secundam^  primários  e  philosophos.  Como  o  curso  de  nialhe- 
matieas  durava  dois  annos,  d'aqui  resultava  a  obrigação  de  que,  quando  chega- 
vam ao  fim  de  seus  estudos,  o  tinham  frequentado  duas  vezes.  Emquanto  ao  de 
grego,  o  professor,  por  causa  da  composição  do  seu  auditório,  o  tornava  a  come- 
çar todos  os  annos,  de  modo  que  repisavam  cinco  annos  a  seguir  a  mesma  cousa. 
Alem  d'isto,  nenhum  trabalho  eífectivo  sendo  exigido,  o  resultado  d'estas  lições 
era  para  o  maior  numero  o  terem  de  confessar  ao  sair  d<rcollegio  que  «emquanto 
ao  grego  quasi  que  não  percebiam  palavra». 

«Eis  a  confissão  que  fez  Montaigne i  depois  de  ter  recebido  este  defeituoso 
ensino;  mas  o  methodo  parisiense  era  tal,  e  tão  enraizado  nos  espíritos,  que,  até 
ao  fim  do  século  foi  impossível  fazer  n'elle  alguma  alteração,  mesmo  depois  que 
Hamus,  pondo  o  estudo  do  grego  na  mesma  altura  que  o  latim,  no  collegio  de 
Presles,  fez  a  experiência  a  mais  feliz  e  a  mais  decisiva  2. 

«O  quinto  curso  publico  instituído  no  collegio  de  Guyenna  consistia  em  uma 
lição  de  tlieologia,  que  linha  logar  no  primeiro  domingo  de  cada  mez.  Foi  uma 
fundação  devida  ao  tão  bom,  Ião  virtuoso,  tão  douto  e  tão  equitalivo  presidente, 


'  Eísais,  liv.  I,  cap.  xxv. 
'  Nanccl,  Pelri  Rami  vita. 


122 


QU 


Briand  de  Vallée,  senhor  do  Douhet^  quando  ainda  nSo  era  mais  do  que  conse- 
lheiro no  parlamento  de  Bordéus. 

«A  ordem  dos  esludos  estabelecida,  como  acabámos  de  ver,  repousava  sobre 
uma  excellente  disciplina,  a  qual  tinha  por  base  a  unidade  do  governo. 

«André  de  Gouveia  foi  um  verdadeiro  monarcha  no  seu  reino,  e  um  monar- 
cha  segundo  o  ideal  da  idade  media,  isto  é,  que  governava  com  a  assistência  dos 
seus  pares.  Tinha  como  taes  todos  seus  professores,  nada  tinha  de  escondido 
para  elles,  nem  queria  que  elles  tivessem  menos  franqueza  para  com  elle.  Com  o 
fim  de  que  não  enfeudassem  seus  discípulos  respectivos,  investiu  cada  um  d'elles 
com  o  mesmo  direito  de  inspecção  e  de  correcção  sobre  todas  as  partes  do  col- 
legio,  e  esla  igualdade  manteve-a  elle  por  sua  attenção  em  os  tratar  a  todos  com 
a  mesma  delicadeza,  e  a  não  reconhecer  entre  elles  nem  primeiro  nem  ultimo,  a 
representar  em  seus  discursos  o  professorado  como  um  sacerdócio,  cujo  caracter 
em  nada  era  mudado,  qualquer  que  fosse  o  objecto  ou  o  grau  do  ensino.  Por  um 
outro  lado  anniquilou  a  importância  dos  pedagogos  ou  perceptores  dos  discípulos 
em  particular.  Prohibiu-lhes  que  ensinassem  por  outros  livros  que  não  fossem  os 
das  classes,  que  dessem  themas  particulares  e  até  mesmo  que  se  servissem  das 
vergastas.  Eram  apenas  superintendentes  obrigados  a  obedecerem  em  tudo,  quer 
ao  mestre,  quer  ao  principal  2. 

«Tal  é  a  constituição  que  fez  do  collegio  de  Guyenna,  um  dos  mais  flores- 
centes e  o  melhor  collegio  da  França. 

«No  mais  bello  momento  d'esta  prosperidade,  André  de  Gouveia  foi  desviado 
da  sua  obra  pelas  instancias  de  um  solicitador  do  qual  foi  impossível  ver- se 
livre. 

«A  universidade  de  Coimbra,  transferida  para  Lisboa  desde  1377,  tinha  sido, 
havia  pouco,  restabelecida  no  logar  da  sua  fundação.  O  Rei  D.  João  III  quiz  que 
d'esta  deslocação  datasse  para  o  seu  reino  uma  era  nova,  e  que  Portugal  se 
mostrasse  emfim  capaz  de  marchar  a  par,  no  ensino,  com  os  outros  estados  da 
Europa. 

"Empregou-se  n'isto  como  n'um  dos  cuidados  mais  essenciaes  do  seu  governo. 
Dizem  que  obrigava  a  que  lhe  dessem  conta  dos  trabalhos  dos  collegios,  e  que 
conhecia  pelos  seus  nomes  sendo  dotado  de  uma  rara  memoria,  a  todos  os  estu- 
dantes que  alli  estudavam  3.  Todavia,  nem  esta  solicitude,  nem  a  dedicação  com 
a  qual  o  serviam  tantos  professores  formados  pela  sua  munificência  nas  univer- 
sidades estrangeiras,  lhe  tinham  podido  ainda  dar  uma  Sainte  Barbe,  ou  um 
collegio  de  Guyenne.  Eis  porque  mandou  fazer  propostas  e  escreveu  elle  mesmo 
para  Bordéus,  com  o  fim  de  obter  de  André  de  Gouveia  que  viesse  para  Coimbra, 
com  o  fim  de  n'esta  cidade  estabelecer  uma  casa  que  fosse  digna  filha  da  escola 
bordeleza.  O  Rei  não  tencionava  arrancar  seu  vassallo  a  uma  cidade,  da  qual  elle 
era  o  ornamento;  depois  do  primeiro  impulso  dado,  Gouveia  ficaria  livre  para 
regressar  á  sua  pátria  adoptiva. 

«O  maire  e  os  jurados  de  Bordéus,  tendo  concedido  ao  seu  principal  uma 
licença  de  dois  annos,  conferiu  este  a  Gélida  o  cuidado  de  o  substituir  durante 


'  Rabelais,  liv.  iv,  c.ip.  xxlvii. 

'  Monl.ai>;ne,  Essais,  liv.  i,  cap.  xxv. 

*  Diogo  barboía,  Bibliotheca  lusitana,  lomo  11,  pag.  569. 


QU 


123 


sua  ausência,  e  poz-se  a  caminho  para  Portugal.  Levava  comsigo  a  Grouchy  e 
Guerente,  Teive  e  um  oulro  porluguez  chamado  Mendes,  Arnoul  Fabrício  de 
Bazas,  Elias  Vinet  e  George  Duchanan,  que' tinha  regressado,  depois  de  uma 
ausência,  na  companhia  de  Patrix  Buchanan,  seu  irmão ^ 

«Gouveia  poz  em  actividade  o  celebre  collegio  das  artes,  mas  não  teve  tempo 
de  o  ver  prosperar.  Succumbiu  a  uma  doença  a  9  de  junho  de  15i8,  menos  de 
um  anno  depois  da  sua  chegada  a  Coimbra.  Antes  de  expirar  exprimiu  os  dese- 
jos, postos  em  execução  logo  depois,  de  que  Diogo  de  Teive  lhe  succedesse  em 
Coimbra,  e  Gélida  em  Bordéus.  Gravaram  no  seu  tumulo  o  seguinte  epitaphio, 
inspirado  pelo  de  Viigilio: 

JuLiA  Fax  genuit,  bapuit  Conimbrica  corpus, 

EXCOLUIT  MENTEM  GalLIA,  OlYMPUS  HABET.  2 

«Sua  morte  foi  o  preludio  de  toda  a  sorte  de  desgraças,  que  vieram  a  cair 
como  a  saraiva  sobre  seus  companheiros. 

tPrimeiramente  Georges  Buchanan  foi  lançado  na  prisão  por  causa  de  uma 
satyra  contra  os  franciscanos,  a  qual  tinha  elle  escripto  na  Escossia.  Solto  pouco 
depois,  apesar  dos  esforços  dos  seus  inimigos,  julgou  que  não  tinha  mais  socego 
a  esperar,  e  embarcou  para  Inglaterra  na  primeira  occasião^. 

«Emquanto  a  Grouchy,  tendo  querido  dar  aos  estudantes  de  Coimbra  uma 
edição  latina  de  Aristóteles,  tomou  para  base  da  sua  traducção  a  que  o  benedi- 
ctino  Joachim  Périou  tinha  publicado  alguns  annos  antes.  Era  uma  obra  muilo 
bem  escripta,  mas  defeiada  por  numerosos  còntrasensos,  os  quaes  Grouchy  cor- 
rigiu. Um  exemplar  da  edição  portugueza  caiu  nas  mãos  de  Vascosan,  o  qual 
propoz  a  Grouchy  que  reimprimisse  aparte  a  Lógica.  O  volume  appareceu  com 
o  titulo  de:  Lógica  de  Aristóteles,  traduzida  por  alguns  sábios. 

«Havia  á  frente  um  prefacio  enviado  por  Guerente,  no  qual  se  fazia  toda  a 
justiça  ao  talento  de  Périon ;  mas  como  os  auctores  não  estavam  dispostos  em 
concordarem  que  se  enganaram,  mesmo  quando  os  louvam  n'aquillo  que  fizeram 
bem,  Périon  zangou-se,  gritou  por  toda  a  parte  que  o  tinham  «barbarisado«,  e 
para  se  vingar  abriu  contra  Grouchy  um  fogo  com  folhetos  diffamatorios,  que 
fizeram  grande  estrondo  em  Portugal,  estrondo  que  se  prolongou  mesmo  depois 
do  regresso  de  Grouchy  para  França'^. 

«Em  ultimo  logar,  Diogo  de  Gouveia  e  a  maior  parte  de  seus  professores, 
atacados  em  suas  doutrinas  pelos  adversários  occultos,  foram  alvo  de  denuncias 
que  estiveram  a  ponto  de  os  indispor  com  o  santo  oííicio.  Não  comprehenderam 
a  que  tendiam  tiros  taes,  senão  por  uma  ordem  do  Rei,  com  a  qual  o  provincial 
dos  jesuítas  se  apresentou  uma  manhã,  para  tomar  posse  do  collegio  das  artes. 

«Nosso  Simão  Rodrigues,  tendo  tomado  um  império  absoluto  sobre  o  espi- 


'  liusinus,  Viti  Gelidae. 

*  Diogo  Barbosa,  Bibliotheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  Í50. 

'  Buch.inan,  De  vila  sua. 

'  Joachimi  Perionii  benedictini  Cormariaceni  oratio  qua  Nicotai  Groscii  caltiviiiias  atque  injurias 
oslemlit  et  rcfellit,  Paris,  Thomas  Richard,  1354.  Aristotetis  lógica  ah  cruditissimis  hominibus  conversa, 
(oin  um  aviso  ao  leilor  por  Guerente,  e  uma  poesia  do  mesmo  dada  por  Tliomas  Richard  em  1561. 


1Í4 


QU 


rito  de  D.  Jo5o  III,  arrancou  de  sua  fraqueza  essa  medida,  que  foi  o  primeiro 
passo  para  submetter  a  universidade  de  Coimbra  á  sociedade  de  Jesus  ^  Sic  non 
vobis. 

«Os  que  tinham  vindo  de  tão  longe  para  dotar  Portugal  com  um  de  seus 
mais  famosos  estabelecimentos  litterarios,  tiveram  esta  recompensa  dos  trabalhos 
que  tinham  tido,  e  o  mais  duro  para  elles  foi  que  receberam  taes  favores  de  um 
antigo  condiscípulo  1 

«Teive  foi  enterrar-se  em  um  canonicato,  que  lhe  foi  dado  para  consolação 2. 

«Dos  francezes,  uns  voltaram  para  Bordéus,  outros  para  Paris. 


«(CAPITULO  XXIV. —  Principalado  de  Diogo  de  Gouveia,  o  moço.— Turnebo  e  outros  mestres  afama- 
dos —  A  cadeira  de  rhelorica  dividida  entre  dois  professores. —  Processo  relativo  a  um  estudante 
de  pbilosophia  fugido. 

•  Sainte  Barbe,  com  os  Gouveias,  era  como  a  arvore  com  ramo  de  oiro, 
plantada  nas  margens  do  Averno,  onde,  á  medida  que  arrancavam  um,  vinha 
immediatamente  outro  para  o  substituir.  Quando  André  partiu  para  Bordéus, 
teve  por  successor  a  seu  primo  Diogo,  cognominado  O  moço,  cujo  governo  em  o 
nosso  collegio  foi  mais  longo  que  o  d'elle,  pois  durou  sete  annos.  Foram  ectes 
ainda  bellos  annos,  embora  a  prosperidade  não  reinasse  sem  seus  desgostos.  Mas 
se  houve  dias  nefastos,  não  cessaram,  comtudo,  os  estudos  de  ser  bons,  e  as  ca- 
deiras de  algumas  classes  foram  occupadas  por  homens  de  merecimento  de  pri- 
meira ordem.  O  ensino  de  António  Pinheiro  (Pin)  é  d'esse  tempo. 

«Os  nomes  de  Laberio  e  de  Turnebo  formaram  com  o  d'este  portuguez  uma 
trindade  que  bastaria  para  a  gloria  da  administração  debaixo  da  qual  elles  ensi- 
naram. 

«Henrique  Laberio,  Lorreno,  oriundo  de  Noncourt,  foi  um  discipulo  aífe- 
cluoso  de  Ravisio  Textor,  o  que  parece  indicar  que  estudou  em  Navarra 3.  Os 
doutos  do  tempo  reputaram-no  como  um  dos  melhores  humanistas.  Talento  cheio 
de  doçura  e  de  graça,  foi  d'aquelles  cuja  reputação  se  estendeu  alé  pelo  mundo 
que  não  fallava  latim:  Lutetiae  ornamentiim  et  dulce  decus,  chama-lhe  Léger 
Duchesne.  Debaixo  d'este  titulo  attrahiu  a  atlenção  do  duque  de  Longueville, 
que  o  retirou  da  universidade  para  o  ter  na  sua  casa'*.  Esta  mudança  de  condi- 
ção occorreu  quando  elle  estava  em  Sainte  Barbe,  pelo  anno  de  1540.  Apenas 
nos  restam  d'elle  algumas  poesias  com  excellentes  versos,  disseminadas  pelas 
collecrões  contemporâneas,  uma,  entre  outras,  que  elle  addieionou  ás  inscripções 
de  Voulié,  na  edição  publicada  por  Simon  Colines^  É  um  elogio  do  próprio 


•  Compendio  histórico  da  universidade  de  Coimbra  no  tempo  da  invasão  dos  denominados  jesuítas, 
pag.  3,  Lisboa.  1771. 

-  Diogo  Barbosa,  Bibliotheca  lusitana,  tomo  t,  pag.  7(,2. 

'■^  Ilenrici  Labeni  Noncuriani  quacrimonia  de  mvrte  sni  Ravisii  Textoris,  ad  Ludovirum  Miletum, 
virum  scientia  etprobitate  spectabilem,  hypodidasculum  Savarrensem,  no  principio  da  Opus  epithetorum 
de  Ravisius  Textor. 

'  Lodegarii  a  Quercu  oraliuncula  habita  Parisiis,  in  Athaeneo  barbarano,  1557. 

'  Joan.  Vulteii,  lihcmi  inscriptionum  libri  duo,  1538.  Ha  no  fim  das  Xenia,  que  terminam  a 
mesma  collecvào,  uma  outra  poesia  de  Laberio,  suljre  a  morto  de  Vouité:  ad  Joanuem  Venellum,  Me- 
tensem  arcliidiaronum. 


QU 


li25 


Voulté,  lie  onde  resulta  que  este  mancebo,  caro  a  loclos  os  grandes  escriplores 
da  Renascença,  tinha  cursado  seus  estudos  em  Sainte  Barbe : 

Nostrae  Vulteius  decus  palaestrae, 
,       Qui  in  ianugine  et  ulili  Juventa 
Jam  sibi  cumulavit  hoc  honoris 
Emblema,  ut  studio  senes  adaequet, 
Scribendi  in  ratione  purus,  uber; 
Nulla  ampulla,  labor  loboris  insons; 
Pro  nutu  varius,  faeetus,  asper, 
Doctis  mentibus  auribusque  adhaerens^ 
Ut  saxis  hedera  arborique  bacea,  etc. 

«Laberio  dirige  estes  endecasyllabos  a  um  de  seus  discípulos,  Honoré  Vera- 
cius,  a  favor  do  qual  mostra  desejos  de  o  ver  coUocar-se  em  primeiro  logar 
depois  de  Voulté : 

Tantum  hoc  te  volo,  si  sequaris  ausus, 

Ante  te  atnbulet  hic  poeta  rarus, 

Sed  post  te  immodicum  ordinem  relinquas. 

«Exprimindo-se  assim  acerca  do  celebre  poeta,  nada  mais  fazia  Laberio  do 
que  pagar-lbe  em  admiração  o  tributo  que  d'elle  recebia  em  aíTeieão  e  em  res- 
peito, do  que  é  testemunho  um  trecho  do  próprio  Voulté,  cuja  versão  aqui  vae: 

«Publicou-se  um  opúsculo  diífamatorio,  do  qual  suspeitas  que  uma  passagem 
é  dirigida  contra  ti,  Laberio,  e  tu  me  fazes  passar  por  auctor  d'elle.  Seria  eu, 
pois,  tão  privado  de  senso,  e  tão  aguilhoado  pelo  desejo  de  fazer  mal,  que  viesse 
a  querer  perturbar  com  miríhas  aggressões,  perseguir  com  mofas,  e  dizer  raios  e 
coriscos  contra  aquelle  que  nenhum  motivo  de  queixa  me  deu,  que  não  faz  mal 
a  ninguém,  e  que  é  a  própria  bondade  para  com  todos?  Se  o  crés,  Laberio,  en- 
ganas-te.  Eu  quasi  nenhum  caso  faço  dos  ataques  dos  maus,  e  para  que  eu  me 
vingue  é  mister  que  tenha  sido  por  longo  tempo  provocado;  tão  longe  estou  de 
começar  guerra  contra  ti.  Quer  tu  queiras,  quer  não,  sou  teu  amigo»  ^ 

"Tanto  um  como  o  outro  foram  arrebatados  ás  letras  por  uma  morte  pre- 
matura. 

«O  nome  de  Adriano  de  Turnebo  é  immorredouro.  Seus  contemporâneos 
tudo  admiravam  n'elle:  o  saber,  a  eloquência,  o  estylo,  o  caracter  e  até  mesmo 
a  distinceão  de  maneiras;  pois,  ao  passo  que  a  vida  de  collega  marcava  então  os 
homens  com  um  sainete  inextinguível,  não  teve  elle  de  pedante  mais  do  que  a 
túnica  e  o  gorro.  São  as  expressões  que  Ronsard  folgava  de  empregar  a  respeito 
de  Buchanan,  António  de  Gouveia  e  Turnebo  2. 


Bendecasyllabon,  liv.  iv. 

De  Thou,  Histoire  universelle,  tomo  v,  pag.  100,  e  lomo  vin,  pag.  665. 


i2t^         .  QU 

«Seu  patriotismo  tem  seu  tanto  de  assombroso,  se  olharmos  á  epocha  em 
que  viveu.  Ás  offertas  magnificas,  que  recebeu  de  quasi  lodos  os  governos  es- 
trangeiros, preferiu  a  residência  na  França,  onde,  todavia,  não  saiu  de  um  estado 
próximo  da  penúria,  e  onde  sua  alma  terna  teve  que  soffrer  tanto,  por  causa  das 
desordens  civis,  das  quaes  foi  testemunha,  chegando  isto  ao  ponto  de  lhe  abreviar 
a  vida. 

«Emquanto  a  talento,  teve  elle  mais  do  que  ninguém,  o  de  restabelecer  ao 
seu  brilho  o  pensamento  mutilado  dos  auctores.  O  que  n'este  género  fez,  não 
cansou  ainda  a  admiração  dos  críticos. 

«Entrou  em  Sainte  Barbe  no  anno  de  1538,  com  o  fim  de  substituir  António 
Pinheiro  (Pin),  quando  este  deu  de  mão  ás  letras  para  se  entregar  á  Iheologia. 
Ensinava  havia  seis  annos,  e  já  a  restituição  dos  textos  era  sua  preoccupação 
constante,  a  ponto  que  Pedro  Ramus  o  censurava  de  sacrificar  todos  os  outros 
exercícios  áquelle.  Porém  Ramus  nunca  poupou  as  pessoas  que  lhe  desagradavam, 
e  Turnebo  entrou  n'este  numero.  Dava-lhe  o  nome  de  «espirito  litterario«,  o  que 
na  boca  d'elle  era  synonymo  de  intelligencia  acanhada.  Turnebo,  por  outro  lado, 
fugia  de  Ramus,  a  quem  elle  considerava  como  nada  mais  do  que  um  ladrador 
perigoso.  Acabaram  por  se  estimarem  como  deviam  fazel-o  dois  corações  tão 
nobres,  mas  foi  depois  de  longas  altercações,  ás  quaes  algumas  diatribes  arroja- 
das tanto  de  uma  parte  como  da  outra,  deram  maior  brado  do  que  seria  conve- 
niente, embora  os  dois  adversários  fossem  conduzidos,  por  uma  sorte  de  respeito 
humano,  a  não  se  combaterem  senão  com  armas  emprestadas.  Ramus  escreveu 
contra  Turnebo,  debaixo  do  nome  de  Omer  Talon,  e  Turnebo  contra  Ramus  sob 
o  de  Leger  Duchesne.  Foi  por  esta  occasião  que  proferiram  contra  Turnebo  a 
accusação  de  se  entregar  com  excesso  á  correcção  dos  auctores.  Eis  em  que 
termos  se  exprimia  o  pretendido  Omer  Talon : 

«Lembro-te  de  qual  foi  o  teu  ensino  em  Sainte  Barbe,  quando  eu  comecei  a 
reger  a  primeira  classe  em  Dormans.  Succedias  tu  a  mestres  consummados  na 
arte  de  instruírem  a  mocidade,  a  um  Diogo  Strebeo  e  a  um  António  Pinheiro. 
Em  que  passate  um  anno  inteiro?  Em  marcar  variantes  e  em  propor  emendas. 
Nunca  te  aconteceu  uma  só  vez  sequer  o  dictares  a  menor  matéria  de  discurso, 
nem  de  epistola,  nem  de  verso;  não  corrigiste  um  só  thema;  de  maneira  que 
toda  a  erudição  ostentada  por  ti  me  fez  o  eíTeito  de  cobrir  uma  bem  pequena 
bagagem,  e  me  deu  suspeitas  de  que  te  abstinhas  de  tantas  parles  indispensáveis 
antes  por  impotência  do  que  por  systema. 

«Ha  mais.  Quiz  verificar  uma  conjectura.  Certo  dia  em  que  nossos  discípu- 
los tinham  de  argumentar  uns  com  os  outros,  recommendei  a  um  que  te  recitasse 
uma  poesia  feita  por  elle,  na  qual  eu  quiz,  para  te  experimentar,  que  elle  intro- 
duzisse certos  erros.  Pois  é  verdade;  tu  levaste  tudo,  tu  approvaste  tudo  com 
esse  ar  desabrido,  que  te  faz  assimilar  a  uma  rapariga  modesta  e  acanhada  ^» 

«Dar  a  entender  que  Turnebo  não  sabia  conhecer  os  erros  contra  a  prosódia  I 
A  maledicência  não  pôde  chegar  mais  longe.  Ramus,  em  uma  outra  passagem 
também  não  recuou  a  ponto  de  se  não  fazer  o  echo  da  caiumnia : 


'  Admonilio  Talaei,  pag.  G09  da  collecçílo  intitulada  :  Petri  liami  et  Andomari  Talaei  collectauae 
praefcUiones,  oraliones,  epistolae.  Paris,  1577. 


QV  >27 

«Chega  da  Itália  ou  da  Allemariha  um  auctor  emendado  em  dois  ou  Ires 
legares?  Immedialamente  tu  te  lanças  por  cima  d'elle,  e  compras  todos  os  exem- 
plares. Pouco  depois  ouve-se  dizer,  com  um  grande  estrondo  de  elogios,  que 
Turnebo  restituiu  isto  e  aquillo;  e  comludo  tiveste  cuidado  de  pôr  á  vista  de 
teus  discípulos  a  edição  errada;  a  edição  correcta  só  está  nas  tuas  mãos^» 

«Eis  as  aberrações  do  Ímpeto.  Ramus  tinha  em  si  sangue  liegense.  Irritava-se 
facilmente,  saltava,  como  o  touro,  sobre  tudo  quanto  lhe  fazia  sombra,  e  passava 
muitas  vezes  além  das  balizas  ás  quaes  pretendia  chegar.  Comtudo,  tinha  uma 
sagacidade  admirável.  Despojando  seu  juizo  d'aquillo  que  tem  de  excessivo 
ficará  talvez  esta  opinião,  que  Turnebo  dava  um  logar  excessivo  á  critica  nas 
lições,  em  que  a  doutrina  deveria  occupar  o  tempo  primeiro  que  tudo.  Esto 
grande  mestre  era  antes  feito  para  o  ensino  superior  do  que  para  a  regência  de 
uma  cadeira  em  um  collegio.  Viu-se  no  seu  logar  no  dia  em  que  a  morte  de 
Tusanus  lhe  abriu  as  portas  do  collegio  real. 

«Turnebo  teve  um  amigo  intimo,  um  outro  elle  mesmo,  normando,  como 
elle,  educado,  como  elle,  no  collegio  de  justiça,  e  que  tinha  tomado  seus  graus 
ao  mesmo  tempo  que  elle,  para  lambem  reg^ntar,  como  elle,  nas  classes  de  hu- 
manidades 2;  foi  Léger  Duchesne,  o  personagem  do  qual  dizíamos  ha  pouco  que 
o  nome  serviu  para  cobrir  as  invectivas  do  Turnebo  contra  Ramus.  Julgados 
dignos,  desde  o  começo,  de  exercerem  o  commando  sobre  os  primarii,  os  dois 
amigos,  por  uma  associação  singular,  concordaram  em  repartirem  entre  si  os 
cuidados  da  mesma  classe 3;  um  enearregava-se  do  ensino  de  manhã,  ao  passo 
que  o  outro  dava  o  ensino  de  tarde.  Tinham  os  seus  nomes  entre  o  pessoal  do- 
cente do  collegio,  onde  ensinavam  como  se  não  tivessem  sido  mais  do  que  um ; 
e  recebiam  de  seus  discípulos  a  simples  retribuição  estabelecida  para  cada  regente 
pelos  estatutos  académicos. 

«Ignorámos  se  elles  hauriram  a  idéa  d'esta  alliança  na  terna  affeição  que  os 
unia,  ou  então  se  foram  induzidos  a  elia  pela  emulação,  pois  uma  fraternidade 
inteiramente  igual  existiu  ao  mesmo  tempo  entre  Ramus  e  Omer  Talon.  Seja 
como  for,  a  universidade  ficou  commovida  ao  ver  dois  talentos  de  primeira 
ordem  entrelaçarem-se  em  laços  tão  apertados  e  confundirem-se  até  certo  ponto 
para  o  cumprimento  de  um  mesmo  dever.  Se  o  exemplo  não  teve  muitos  imita- 
dores, é  porque  havia  poucos  homens  dispostos  a  eontentarem-se  com  tal  salário, 
ao  qual  um  só  podia  aspirar;  pelo  menos  a  admiração  foi  geral. 

«Muito  tempo  depois  de  terem  as  duas  sociedades  sido  desfeitas  pela  morte 
prematura  de  Talon,  e  pela  promoção  de  Turnebo,  fallaram  d'elles  como  de  um 
rasgo  que  fazia  empallideeer  a  amizade  proverbial  de  Damão  e  Pythias,  de  Har- 
modio  e  Aristogiton ;  fallava-se  ainda  d'elles,  quando  os  jesuítas  adquiriram  sua 
reputação  como  instruidores  da  mocidade,  de  sorte  que  estes  padres,  que  anda- 
davam  na  pesquiza  de  boas  tradições,  julgaram  haver  n'esta  alguma  cousa  que 


'  Admonilio  Talaei,  pag.  577. 

'  Lodeuarii  a  Quercu  oratio  fiinebris  de  Vila  et  interitu  Adriani  TurneU,  nas  obras  completas  do 
Turn.'ho. 

•^  Edinond  Richcr,  Apologia  pro  Senaliisconsiilto  advcrsus  schohe  Lexovcae  paranomum  (1C02), 
pag.  19. 


1Í8  QU 

aproveitar  para  utilidade  dos  estudos,  e  desde  enlâo  repartiram  nos  seus  collegios 
o  ensino  da  rhetorica  entre  dois  professores *.  A  universidade  vein  a  fazer  o 
mesmo  que  os  jesuítas,  e  ainda  hoje  vemos  observar-se  a  mesma  pratica  nos 
lyceus. 

«Para  voltarmos  a  Léger  Duehesne,  temos  a  certeza  que  elle  regentou  de- 
baixo da  direcção  de  Diogo  de  Gouveia,  O  moço,  no  momento  em  que  se  provar 
que  Turnebo  se  poz  ao  serviço  d'este  principal.  Só  elles  dois  regeram  a  classe 
de  rhetorica,  e  eis  o  que  explica  que  durante  um  anno  inteiro  de  ensino  Turnebo 
não  dictou  a  seus  discípulos  nem  assumpto  para  versos,  nem  argumento  para 
discursos.  Tinha  destinado  para  si  a  parle  das  explicações,  deixando  a  seu  amigo 
o  cuidado  de  dirigir  os  exercícios  da  composição.  N'isto  achava  Turnebo  em  que 
reparar,  porque  o  trabalho  era  dividido  de  diverso  modo  entre  Talon  e  elle;  mas 
comprehende-se  que  não  passava  isso  de  um  caso  de  conveniência  pessoal,  que 
não  obstou  a  que  o  programma  do  curso  fosse  desempenhado  em  Sainte  Barbe 
tão  bem  como  em  Dormans. 

«Se  as  rasões  que  vem  de  ser  dadas  não  são  julgadas  sufificientes  para  lan- 
çarem o  nome  de  Léger  Duehesne  na  lista  d'aquelles  que  regentaram  entre  nós 
em  1538-1539,  allegaremos  o  testemunho  do  próprio  Duehesne. 

«N'um  discurso  recitado  em  Sainte  Barbe  em  1557,  este  professor  lembrou 
como  cousa  já  antiga,  que  elle  tinha  tido  debaixo  das  suas  ordens  os  primarii  do 
collegio;  limitou-se  tão  somente  a  louvar  a  attenção,  docilidade  e  boa  ordem, 
que  tinha  então  encontrado  em  seus  discípulos  2,  visto  não  ter  tido  necessidade, 
aitendendo  ás  cireumstancias,  de  fallar  de  uma  associação,  cuja  lembrança  estava 
ainda  presente  a  todas  as  memorias. 

«Turnebo  e  Léger  Duehesne  deixaram  Sainte  Barbe  para  se  dirigirem  a  Tou- 
louse á  custa  do  cardeal  de  Châtillon.  Pretendem  alguns  que  no  seu  regresso 
para  Paris,  em  1544  ou  1545,  teria  Turnebo  feito  um  novo  contrato  com  Gouveia  3. 
Baseia-se  esta  opinião  sobre  uma  proposta  de  Nicolau  Bourbon,  o  qual  morreu 
-quasi  centenário,  em  tempo  de  Luiz  XílL  Dizia  este  velho  professor,  muitas 
vezes,  que  tinha  visto  Turnebo,  Buchanan  e  Muret  regenlarem  juntos  no  mesmo 
collegio,  e  não  deixava  nunca  de  acrescentar  que  cada  uma  das  três  partes  do 
mundo  ter-se-hia  julgado  bem  ditosa  com  ter  um  só  d'estes  três  homens.  Seu 
encontro  deve  ter  occorrido,  eíTectivamente,  depois  da  vinda  de  Turnebo  para 
Paris,  visto  que  Buchanan  e  Muret  para  alli  vieram  de  Bordéus  por  aquelle 
tempo,  e  que,  emquanto  a  Muret,  na  idade  somente  de  vinte  annos,  e  que  via 
pela  primeira  vez  a  capital,  não  é  possível  que  tenha  regentado  n'uma  epocha 
anterior  a  qualquer  dos  nossos  collegios.  Mas  é  mister  que  Sainte  Barbe  renuncie 
a  reivindicar  para  ella  a  posse  simultânea  dos  três  illustres  humanistas.  Ménage, 
que  tinha  interrogado  a  este  respeito  a  Nicolau  Bourbon,  ouvira  d'este  mesmo 
que  tal  honra  coube  ao  Collegio  de  La  Marche*. 

«Sem  sairmos  dos  nomes  ahalísados  nos  fastos  universitários,  podemos  citar 
ainda  outros  coUaboradores  de  (jouveia,  O  moço. 


'  Goajet,  Memoires  historiques  sur  le  collège  nyal,  parlic  11,  pag.  179. 

'  Lodegarii  a  Quercu  oratiuncula  habita  Paiisus,  in  Alhaeneo  barbarano. 

'  AnnolaçTies  de  Thomas  Ruddiman  á  vida  de  Biiclianan,  no  principio  das  olirascompl<'lasd'esle. 

*  M('nage,  Antibaillet,  tomo  i,  pag.  328. 


QU 


129 


«Em  primeiro  logar,  ISieoias  de  Martimbos,  homem  de  uma  condição  eon- 
summada,  um  dos  bons  professores  de  philosophia  do  seu  tempo.  Oriundo  de 
flournai,  pertencia  na  universidade  á  nação  de  Normandia,  que  o  escolheu  para 
seu  procurador  no  fim  de  1539.  Pouco  depois  foi  reitor.  Fez  apparecer,  emquanto 
ensinou  em  Sante  Barbe,  uma  traducção  do  tratado  de  Aristóteles,  Peri  her- 
menias^.  É  a  mesma  de  que  se  falia  na  historia  das  igrejas  reformadas,  por 
causa  do  brado  que  deram  em  Senlis  certos  sermões,  em  que  o  accusavam  de 
favorecer  com  excesso  os  heréticos.  Parece  que  elle  acreditou,  eíTectivaniente,  na 
possibilidade  de  fazer  concordar  as  duas  communhões;  mas  abandonou  esta  idéa 
quando  viu  os  desgostos  que  ella  lhe  trazia.  Comprou  por  uma  retirada  honrosa 
o  prazer  de  morrer  em  repouso  2. 

«João  Calmus,  natural  do  valle  d'Aillan,  perto  de  Sens^,  foi  um  bom  huma- 
nista, mas  de  um  caracter  petulante  e  altivo,  que  obstou  a  que  elle  se  fixasse  em 
nenhuma  parte,  e  tornou-se  incommodo  em  lodos  os  collegios  que  o  contrataram. 
Acharemos  as  provas  d'isto  mais  adiante.  Quasi  que  não  empregou  o  seu  talento 
em  mais  do  que  em  compor  peças  para  as  representações  do  collegio.  Tendia 
para  o  género  cómico ;  mas,  em  vez  de  se  arrastar  pelo  trilho  das  velhas  farças, 
resuscitou,  pela  imitação  de  Terêncio,  a  comedia  de  caracter. 

«Michel  de  Villenes,  regente  de  grammatica,  foi  nomeado  procurador  da 
nação  de  França  em  1518,  quando  j.á  tinha  ganho  em  Sainle  Barbe  as  prerogati- 
vas  do  quinquennmm '^ . 

«Nicolau  Ilirigaray,  basco,  da  villa  de  Mongellos,  ensinou  philosophia  em 
Lisieux,  depois  em  Sainte  Barbe,  onde  regeu  o  anno  de  physica  de  1539  a  1540. 
Foi,  como  o  precedente,  piocurador  da  nação  de  França ^. 

«Resta- nos  a  relação  de  um  processo,  ao  qual  deu  origem  por  ter  recebido 
na  sua  classe  um  physico,  transfuga  de  Calvi^.  Tinha  este  discípulo  vindo  a 
Sainte  Barbe  para  se  sublrahir  á  rapina  do  principal,  e  do  professor  de  Galvi,  e 
ao  fazer  isto,  tinha  obedecido  a  seu  tio,  a  quem  pertencia  a  superintendência  de 
seus  estudos.  Foi,  todavia,  citado  a  comparecer  perante  o  tribunal  académico, 
porque  o  discípulo  de  philosophia  que  tinha  estado  um  anno  e  um  dia  leccionado 
pelo  mesmo  regente,  já  não  podia  acabar  o  sou  curso  com  outro  que  não  fosse 
aquelle.  Todo  o  que  faltava  a  esta  obrigação  era  reputado  como  desertor,  e  se  se 
viesse  a  saber  que  tinha  ido  para  um  outro  collegio,  a  lei  pronunciava  a  privação 
dos  privilégios  universitários  contra  o  principal  e  contra  o  professor  que  lhe 
tivesse  dado  asylo. 

««Vários  collegios  de  Paris  (e  parece-nos  que  Sainte  Barbe  pertence  ao  nu- 
mero) começaram  então  a  ter  regentes  especiaes  para  cada  um  dos  annos  de  phi- 
losophia, como  se  viu  que  tal  se  praticava  em  Bordéus.  Gouveia  viu  o  inconve- 
niente que  teria  para  o  novo  regimen  a  manutenção  do  antigo  estatuto;  julgou 


'  Liber  Arislolelis  de  inlevpreíalione.  Paris,  J.  L.  Tisletan,  1339. 

-  Lannoy,  Regii  Navarrae  gymnasii  historia,  pag.  737.  Diiboiílay,  Hisloire  univcrselle,  forno  vf, 
pag.  9G5.  Archives  de  Vuniversilé,  reg.  19,  foi.  129.  Thoodore  de  Bòze,  tomo  i,  pag. 

*  Duboiílay,  Hisloire  uniuerselle,  tomo  vi,  pag.  398;  Ms.  II.  2:682-A,  ãã  Bibhotkeca  Mazarina^ 
foi.  18. 

M.S.  II.  2:682-.\  da  Dibliotheca  Mazarina,  foi.  16. 
"■  Ibid.,  foi.  18. 

•  .\rchivos  da  universidade,  regijio  19,  foi.  115,  1:21  e  151,  novembro  de  1339  a  março  de  1340. 

9 


130  QU 

que  era  tempo  de  deitar  por  terra  um  costume  secular,  mas  ao  mesmo  tempo 
julgou  dever  disfarçar  seu  ataque.  Tendo  a  responsabilidade  penosa  d'aquelles 
que  acolhiam  os  desertores,  tendo  do  seu  lado  a  maioria  dos  principaes  e  regen- 
tes de  philosophia,  tanto  Martimbos  como  elle  portaram -se  como  defensores  do 
interesse  geral.  N'esta  qualidade  fizeram  opposição  á  sentença  que  constrangia  a 
voltar  para  Calvi  o  estudante  de  novo  recebido  em  Sainte  Barbe. 

«Nossos  dois  mestres  manobraram  com  a  experiência  de  advogados  consu- 
mados. Faltaram  ás  primeiras  citações,  depois  compareceram  na  hora  precisa, 
certo  dia  em  que  o  tribunal  se  não  tinha  aberto  ás  horas  competentes;  mas  foi 
para  se  retirarem,  depois  de  terem  pedido  certidão  da  negligencia  de  seus  juizes. 
Em  breve  esgotaram  todos  os  termos  juridicos,  de  modo  que  podessem  cansar  a 
paciência  da  parte  adver.sa,  e  atlrahissem  injurias,  as  quaes  teriam  de  ser  julgadas 
pelos  tribunaes.  Por  fim  embaraçaram  muito  o  tribunal,  porque  empregaram  um 
novo  meio  de  defeza,  que  era  o  respeito  devido  ao  direito  das  familias.  Não  se 
tinha  nas  leis  universitárias  prestado  jamais  attenção  á  vontade  do  paiz,  e  com- 
tudo  a  razão,  que  começava  a  illuminar  os  espíritos,  dizia  haver  alli  alguma 
cousa  que  se  devia  tomar  em  consideração.  Aproveitaram-se  também  de  uma 
falta  que  se  achou.  O  professor  de  Calvi  não  pôde  apresentar  a  prova  material 
de  que  o  discípulo  tivesse  estado  no  seu  ensino  pelo  espaço  de  um  anno  e  dia, 
embora  fosse  isto  notoriamente  publico.  A  primeira  sentença  foi  annullada,  e 
assim  Gouveia,  Martimbos  e  Mirigary  retiraram-se  triumphantes,  tendo  ficado 
bem  no  seu  processo. 

cCAPlTULO  XXV.— Reitoria  de  Diogo  de  Gouveia,  o  moço.— As  comedias  do  collegio.—  O  Lendil.— 
Revista  em  Santa  Barbara.—  Batalha  no  bairro  de  Sainl  Marceau. 

«Disse-se  que  antigamente  os  grandes  eleitores,  encarregados  de  designarem 
o  reitor  da  universidade,  recebiam  seus  poderes  das  nações  por  meio  do  suíTragio 
universal,  e  que  eram  nomeados  mesmo  na  igreja  de  S.  Julião,  o  pobre,  aonde 
tinham  ido,  em  sessão  publica,  desempenhar-se  do  seu  mandato.  Mudou-se  isto 
em  1524,  por  causa  das  rixas  frequentes  ás  quaes  dava  logar  esta  eleição  preli- 
liminar.  O  parlamento  lavrou  uma  sentença,  a  qual  constrangia  as  nações  a 
votarem  por  secções  nos  collegios  designados  para  este  effeito';  medida  efficassi- 
sima,  para  se  opporem  aos  sopapos  dados  nas  igrejas,  mas  não  para  obstarem  aos 
próprios  sopapos. 

«Appareceram  as  provas  nas  eleições  de  16  de  dezembro  de  1538.  Diogo  de 
Gouveia,  O  moço,  tinha-se  apresentado  para  ser  reitor.  A  escolha  de  um  intrante^, 
que  lhe  foi  favorável,  causou  uma  lucta  entre  os  Picardos,  reunidos  no  collegio 
de  la  Marche.  Felizmente  para  o  resultado  final,  as  outras  nações  rendidas  desde 
o  principio  ao  partido  barbista,  usaram  de  termos  mais  pacíficos.  A  Allemanha 
não  hesitou  em  investir  do  seu  mandato  a  um  professor  nomeado  de  Sainte  Barbe, 
mestre  Simão  Snesson.  Em  S.  Julião,  o  pobre,  as  cousas  caminharam  ás  mil 
maravilhas ;  foi  de  curta  duração  o  conclave ;  a  formula  de  proclamação  decla- 
rou :  «nomeado  por  unanimidad.e  e  por  inspiração  do  Espirito  Santo,  a  scienti- 


•  Duboulay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  162. 

*  Pessoa  escolhida  pela  respectiva  nação  para  eleger  o  reitor  da  universidade  de  Coimbra. 


QU  13» 

fica  pessoa  e  gentil  liomeai  perfeito,  mestre  Diogo  de  Gouveia,  vigilantíssimo 
principal  da  casa  de  Sainte  Barbe  i. 

"Ha\ia  rasão  para  gabar  a  vigilância  do  novo  eleito.  Deu  provas  d'ella  desde 
as  primeiras  assembléas  a  que  presidiu,  vindo  denunciar  vários  ataques  pratica- 
dos contra  a  consideração  ou  contra  os  interesses  da  universidade.  Levantou-se 
também  contra  muitos  usos  incompatíveis  com  a  disciplina  dos  collegios,  tal 
como  elle  a  eomprehendia,  e  fez  publicar  outros  tantos  decretos  para  dar  remé- 
dio a  tudo  aquillo.  Entre  outras  cousas  obteve  a  abolição  das  farças  que  se  re- 
presentavam por  occasião  das  festas  dos  Reis  2. 

«Três  mezes  de  exercício  eram  muitissimo  pouco  para  um  reformador  como 
elle.  Tinha  na  mente  um  plano  inteiro  de  reorganisação,  para  vantagem  dos  estu- 
dos e  da  boa  ordem.  Queria  que,  por  um  rompimento  completo  com  as  tradições 
do  passado,  se  supprimissem  todos  os  divertimentos,  todos  os  jogos,  todos  os 
exercícios  escolares  susceptíveis  de  se  tornarem  uma  occasião  de  tumulto  e  de 
escândalo ;  queria  ainda  que  o  curso  de  philosophia  fosse  reduzido  a  dois  annos, 
que  as  disciplinas  pagassem  um  direito  ao  collegio,  que  os  actos  fossem  taxados 
de  tal  sorte,  que  toda  a  exacção  cessasse  a  respeito  dos  aspirantes  aos  graus. 

«Prevendo  as  diíliculdades  que  haviam  de  ter  os  principaes  em  fazerem 
triumphar  taes  innovações,  e  a  fraqueza  com  que  haviam  de  ser  sustentados 
n'esta  tarefa  pelo  tribunal  académico,  era  seu  desígnio  provocar  a  intervenção  do 
parlamento  e  fazer  lavrar  uma  sentença,  a  qual  não  podasse  deixar  de  cumprir-se, 
sem  as  penas  impostas  pelo  tribunal. 

•Não  teve  vagar  para  apresentar  tal  projecto  em  nenhuma  das  assembléas 
que  se  reuniram  emquanto  elle  esteve  na  posse  do  cargo;  mas  desenvolveu-o 
perante  seu  conselho  na  ultima  vez  em  que  elle  o  reuniu  em  Sainte  Barbe ^. 
Escutaram-no  com  frieza,  por  verem  um  ataque  á  independência  do  corpo,  na 
aúctoridade  do  qual  elle  pretendia  investir  o  parlamento.  Sem  lhe  fazer  objecção 
acerca  do  fundo  das  cousas,  subordinavam  o  tomal-o  em  consideração  a  uma  im- 
mensidade  de  exigências  preliminares,  que  eram  tão  somente  um  meio  de  recuar 
tanto  quanto  possível  a  execução. 

«Gouveia  comprehendeu  que  pedia  excessivamente  de  uma  só  vez.  Abateu 
sua  ambição  a  ponto  de  executar  no  interior  de  seu  collegio  uma  parle  do  que 
linha  no  pensamento,  renovando  comtudo  suas  instancias  em  pontos  separados, 
todas  as  vezes  que  visse  ensejo  favorável. 

«Começou  por  dirigir  seus  esforços  contra  as  representações  scenicas  e 
passeios  com  armas,  duas  cousas  que  faziam  então  o  supplicio  dos  principaes, 
amigos  da  boa  ordem. 

«Se  reflectirmos  que  o  theatro  francez,  repudiando  por  um  momento  suas 
origens  populares,  se  conformou  com  o  reportório  escolástico,  e  que  por  alli  co- 
meçou seus  illustres  destinos,  poder- se-ha  entrever  a  importância  que  teve  a 
comedia  nos  collegios.  N'elles  se  ergueu  ella  quasi  ao  estado  de  uma  instituição, 
tantas  circumstancias  se  reuniram  para  a  protegerem  e  fazerem  florescer.  Inde- 


'  Aixhivos  da  universidade,  registo  19,  foi.  29. 

*  Duboulay,  Histoire  tiniverselle,  tonio  vi,  pag.  330. 

*  Duboulay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag,  334. 


13â  QU 

pendentemente  do  prazer  extremo  que  n'ella  achava  a  mocidade,  tinha-se  tornado 
uma  necessidade  para  o  publico,  convidado  para  todas  as  grandes  representações. 
Por  outra  parte,  os  melhores  pedagogistas  viam  n'ella  um  exercício  sem  igual 
para  aperfeiçoar  a  memoria,  a  pronunciarão  e  a  gesticulação.  Aftectou  ella  con- 
verter-se  em  uma  escola  para  os  costumes,  quando  a  superintendência  da  policia 
tornou  perigoso  o  género  satyrico,  o  qual  atacava  o  caracter  dos  grandes  perso- 
nagens ou  os  actos  do  governo. 

«Appareceram  então  essas  tentativas  á  moda  de  Terêncio,  sobre  as  quaes 
João  Calmus  baseou  sua  reputação.  Porém  taes  composições  foram  geralmente  a 
obra  de  auctores  mui  jovens,  aos  quaes  faltava  a  observação  e  o  fundo  pbiloso- 
phico  necessário  para  alcançar  o  fim  a  que  se  propunham.  Procuravam  fazer  rir 
não  sabendo  ao  justo  quaes  eram  os  personagens  que  convinha  ridicularisar  para 
triumpho  da  moral. 

«A  obra  prima  de  Calmus,  que  nos  foi  conservada,  é  d'isto  a  prova  evidente^ . 
O  assumpto  da  peça  é  o  infortúnio  de  um  rapaz  provido  n'um  beneficio  ecclesias- 
tico  por  seu  pae,  com  o  fim  de  o  mandar  estudar  nas  escolas.  Em  vez  de  conti- 
nuar seus  estudos  enamora-se  de  uma  joven  harpista,  com  quem  se  quer  casar 
por  força.  Porém  a  familia  da  donzella  põe  por  condição  ao  seu  consentimento  a 
resignação  do  beneficio,  que  será  cedido  ao  futuro  cunhado  do  noivo.  Dirigem-se 
a  um  d'esses  medianeiros,  que  faziam  a  corretagem  dos  beneficios  por  meio  de 
assignados  em  branco,  comprados  por  elles  na  corte  de  Roma.  O  da  peça  é  um 
trampolineiro ;  quando  se  vê  senhor  da  resignação  vae  negocial-a  com  um  fre- 
guez,  que  lhe  dá  muitos  escudos.  Está  o  casamento  a  ponto  de  se  romper;  é 
mister  que  o  apaixonado  pague  uma  quantia  mais  forte  para  fazer  entrar  o  tilulo 
nas  mãos  d'aquelle  para  quem  elle  o  destinava,  e  assim  se  consummam  as  bodas 
do  estudante  com  a  harpista.  É  bastante  para  Calmus  o  ter  vilipendiado  o  ven- 
dedor de  bulias,  e  feito  rir  á  custa  do  comprador  um  pedante  enriquecido,  que 
saboreia  por  alguns  momentos  o  prazer  de  ser  chamado  «senhor  cura»;  as  honras 
da  guerra  ficam  definitivamente  para  aquelle  que,  sem  seus  pães  o  saberem,  con- 
trahe  um  louco  matrimonio  á  custa  de  um  acto  de  simonia. 

«Concebe- se  o  asco  do  severo  Gouveia  contra  divertimentos,  no  fundo  dos 
quaes  se  achava  a  approvação  de  similhantes  exemplos. 

•  Emquanto  aos  passeios  militares,  provocados  primeiramente  pelo  arma- 
mento da  universidade  em  tempo  de  Luiz  XI,  tomaram  elles  em  tempo  de  Fran- 
cisco I  uma  extensão  intolerável.  Já  não  queriam  os  estudantes  irem  aos  passeios 
sem  terem  á  sua  frente,  não  somente  tambores  e  pifanos,  mas  até  mesmo  solda- 
dos alugados,  que  lhes  servissem  para  os  respeitarem,  ao  passo  que  estudavam  os 
que  passavam  pelas  ruas.  Faziam  com  que  aquelles  lhes  fornecessem  também 
arcabuzes  e  pólvora  para  darem  tiros  quando  saíam  da  cidade.  Era  no  tempo  do 
Londit,  feira  que  se  fazia  em  Saint  Denis,  durante  os  mezes  de  junho  e  julho. 
Primitivamente  a  universidade  para  alli  se  dirigia  em  corporação,  com  todos  seus 
subalternos,  para  darem  maior  solemnidade  á  inspecção,  que  o  reitor  ia  fazer  alli, 
do  pergaminho  posto  á  venda ;  pois  a  jurisdicção  do  reitor  se  estendia  até  ao 


'  Comcedia  receniev  edita  authore  Joanne  Calmo,  quinonnullaper  eundem  adjecta  sunl  quae  nm 
parum  ad  cognoscendam  et  scribendam  comcediam  conferunt.  Paris,  chez  les  succcsscurs  de  Maurice  de 
la  Porte.  Cora  uma  dedicaloria:  Adolesccntibus  primi  ordinis  Sexovei. 


QU 


133 


commercio  do  pergaminho  e  do  papel,  e  não  podiam  estas  matérias  ser  expostas 
á  venda  sem  que  anteriormente  se  tivesse  examinado  a  boa  qualidade  do  seu 
fabrico. 

«Alguns  inspectores  auclorisados  (attritésj^  visitavam  o  papel  em  nome 
d'e]le,  e  elle  mesmo  era  obrigado  a  visitar  o  pergaminho. 

«Na  occasião,  pois,  em  que  ia  a  Saint  Denis  para  approvar  ou  rejeitar  aquelle 
que  tinham  trazido  os  vendedores  feirantes,  da  escolta  que  lhe  fazia  toda  a  mo- 
cidade escolar,  resultava  uma  interminável  fileira;  a  circulação  ficava  suspensa 
na  cidade  durante  horas  inteiras,  e  se  algum  acompanhamento  muito  apressado 
tentava  cortar  o  cortejo,  o  motim  rebentava  infallivelmente.  Por  causa  d'isto 
foram  os  collegios  eliminados  em  1504  da  profissão  de  reitor.  Desde  então  iam 
ao  Lendit  em  separado,  como  para  passeio  recreativo.  Os  mestres  aprovcitaram-se 
da  occasião  para  darem,  dentro  de  uma  barraca  ou  na  hospedaria  da  aldeia,  o 
jantar  da  «grande  segunda  feira  de  verão»  2.  Durante  os  preparativos  visitavam 
os  discípulos  o  thesouro  de  Saint  Denis,  forneciam-se  nas  exposições  das  fazendas 
das  miudezas  necessárias  para  o  estudo,  ou  banhavam-se  no  rio,  cousa  prohibida 
em  Paris,  como  opposta  á  decência  3. 

«Tudo  isto  se  poderia  ter  levado  ao  cabo  na  maior  harmonia,  se,  por  uma 
tradição  funesta,  o  passeio  do  Lendit  não  tivesse  sido  posto  em  o  numero  das 
festas  populares,  durante  as  quaes  toda  a  disciplina  era  suspensa.  Começava  por 
algazarras  e  terminava  por  actos  de  intemperança,  que  davam  logar  a  toda  a  sorte 
de  excessos.  Como  o  porte  de  armas  de  fogo  e  a  companhia  dos  soldados  nada 
mais  faziam  do  que  aggravar  as  consequências  de  u.na  tal  relaxação,  o  nosso 
principal,  depois  da  salda  da  reitoria,  fez  tantos  esforços  que  induziu  os  que 
pensavam  como  elle  a  fazer  com  que  o  parlamento  prohibisse  as  saídas  com 
acompanhamento  de  tambores  e  homens  armados.  Uni  decreto  foi  lavrado  n'este 
sentido  e  publicado  ao  som  de  trombeta  nas  immediações  da  universidade  e  da 
cidade '». 

«Esta  medida  foi  muito  mal  recebida  em  Sainte  Barbe.  Dispoz  ella  os  espí- 
ritos para  uma  revolta,  que  outras  Decorrências  não  tardaram  em  fazer  rebentar^. 

«Tinha  composto  Calmus,  de  combinação  com  alguns  dos  seus  coUegas, 
varias  comedias  latinas  e  francezas,  cujos  papeis  foram  distribuídos  sem  que  o 
principal  o  soubesse.  Parece  que  estas  peças  não  eram  d'aquellas  que  devessem 
ser  approvadas.  Houve  sussurro  na  repetição,  e  por  isso  prohibíu-se  que  fossem 
representadas  em  publico.  Calmus  e  seus  collaboradores,  asperamente  reprehen- 
didos,  concentraram  o  rancor,  jurando  vingarem-se  por  meio  de  desgostos  os 
mais  cruéis  que  haviam  de  causar  ao  mestre  Gouveia.  Um  hespanhol,  matreiro 
de  força  maior,  sub-regente,  chamado  Manuel  Cervere,  poz-se  á  frente  da  sua 
colligação.  Inspiraram  a  seus  discípulos  a  ídéa  de  irem  a  Lendit  em  apparato  de 
guerra,  sem  se  importarem  de  modo  algum  do  principal  e  da  sentença  do  parla- 


'  A  palavra  altrité  nem  sequer  se  encontra  no  diccionario  de  Littré. 

*  Richer,  Historiae  academiae  parisiensis,  vol.  iv,  1. 1.  Ms.  suppl.  lat.  da  bibliollieca  imperial. 
'  De  disciplina  et  inslitutione  ptierorum  Othonis  Bi'unfelsii  paraenesis. 

*  Duboulay,  Histoire  iiniverselle,  tomo  vi,  pag.  336. 

'  A  narração  que  se  segue  é  tirada  dos  documentos  perlcncenles  a  este  processo,  dos  quaes  Du- 
boulay imprimiu  tão  somente  uma  parte  (Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  339  e  segg.) ;  o  resto  acha-se 
nos  archivos  da  universidade,  registo  19,  foi.  83  c  seg. 


134  QU 

mento.  Elles  próprios  recolheram  a  subscripção  para  alugarem  tambores,  assim 
como  os  espadachins,  fornecedores  de  mosquetes  e  de  espadaihões.  Pela  manhã 
do  dia  lixado  para  a  execução  da  conspiração,  abriram  uma  porta  trazeira.  Toda 
a  comitiva  desfilou  sem  barulho ;  depois,  apenas  se  viu  na  rua,  achando  alli  os 
companheiros  que  deviam  formar  sua  vanguarda,  começou  a  berraria,  executando 
uma  marcha  triumphal  em  volta  do  collegio.  O  passeio  a  Saint  Denis  executou-se 
nas  bochechas  de  toda  a  auctoridade. 

«Outras  violências  assignalaram  o  regresso.  A  grande  porta  do  collegio  foi 
forçada,  e  pancadas  distribuídas  pelos  creados  que  a  defendiam.  Embora  tivessem 
regressado  cedo,  a  eífervescencia  se  prolongou  até  á  noite  fechada  nas  salas  e  no 
pateo.  A  porta  da  escadaria,  que  deitava  para  os  quartos  dos  regentes,  tinha  sido 
fechada  e  aferrolhada  por  ordem  superior;  voou  em  estilhaços  debaixo  dos  es- 
forços repetidos  dos  pés,  dos  punhos,  e  das  alavancas,  com  que  foi  empurrada. 
O  interior  de  Sainte  Barbe  assimilhou-se  a  uma  cidade  tomada  por  assalto. 

«Comtudo,  Gouveia,  muitíssimo  experimentado  para  se  coniprometter  no 
meio  d'este  motim,  estava  conferenciando  com  seu  tio,  a  quem  elle  tinha  cha- 
mado para  junto  de  si,  para  se  tratar  de  uma  repressão  exemplar.  O  mais  sensato 
parecia-lhe  largar  o  sceptro  até  que  se  tivesse  feito  justiça.  A  ordem  renasceria 
por  si  mesmo  á  vista  do  velho  Gouveia  tornando  a  tomar  o  governo  da  casa.  Não 
seriam  punidos  os  estudantes,  mas  somente  os  mestres  que  os  tinham  excitado  á 
rebellião.  Era  indispensável  que  estes  fossem  expulsos  immediatamente;  seus 
substituidores  estavam  já  escolhidos.  Mas  o  castigo  não  devia  limitar-se  a  isto  só. 

«O  principal,  ultrajado,  passou  a  noite  a  escrever  um  relatório  do  occorrido, 
depois  uma  supplica  ao  parlamento,  pela  qual,  declarando  Galmus  e  seus  cúm- 
plices expulsos  de  Sainte  Barbe  por  causa  da  sua  desobediência  á  auctoridade 
suprema,  pedia  ao  tribunal  que  lhe  prohibisse  o  ensino  nos  outros  collegios  da 
universidade. 

«No  dia  seguinte,  depois  do  levantar,  o  tio,  em  pé  diante  do  collegio  reunido 
e  silencioso,  exprimiu-se  em  termos  severos  acerca  das  desordens  da  véspera.  Os 
grandes  criminosos  tinham  ficado  nos  seus  quartos,  não  ousando  affrontar  sua 
presença.  Fallou  da  expulsão  d'elles,  de  serem  a  causa  dos  eslragos  causados,  e 
dos  actos  judiciaes,  a  que  ficavam  expostos;  depois  tornou  a  fallar  do  comporta- 
mento d'elles  para  o  vituperar  com  vivacidade  tal,  que  usando  contra  elles  do 
termo  mais  desprezível  que  existia  no  vocabulário  das  escolas,  chamou-lhes 
marmittons  (bichos  da  cozinha). 

«A  sua  indignação  communicou-se  extraordinariamente  aos  regentes  que 
tinham  ficado  do  lado  do  partido  da  ordem.  Um  d'elles  esteve  a  ponto  de  pôr 
Galmus  em  graves  embaraços;  pois  tendo  encontrado  Galmus  em  um  corredor, 
e  vendo  que  este  procurava  encetar  uma  discussão,  não  contente  de  lhe  fechar  a 
boca  com  um  violento  sopapo,  arremetleu  contra  elle  e  o  perseguiu  com  a  espada 
desembainhada  até  ao  meio  do  pateo. 

«Muito  embaraçados  com  a  sua  situação,  pois  se  viam  tratados  como  Ímpios, 
excluídos  do  refeitório,  assim  como  de  suas  classes,  e,  o  que  é  peior,  ameaçados 
de  perderem  seus  meios  de  existência,  nossos  conspiradores  resolveram  sairem-se 
bem  por  um  conflicto  de  jurisdicção.  Manuel  Gervere  apresentou  a  causa  á  assem- 
bléa  da  universidade.  Gomo  hábil  advogado,  attenuou  seus  maus  procedimentos 
sem  08  negar;  insistiu,  pelo  contrario,  sobre  o  aggravo  de  Gouveia  o  novo,  aliás 
grave,  que  tinha  tentado  subtrahir  alguns  desgraçados  accusados  a  seus  juizes 


QU  *3S 

naturaes.  Mas  este  meio  não  aproveitou,  visto  que  se  tratava  da  violação  de  uma 
sentença  do  parlamento,  e  que  o  juiz  legitimo  em  caso  tal  era  o  parlamento. 

«A  universidade  decidiu  que  havia  de  observar  a  neutralidade,  exprimindo, 
todavia,  o  vivo  desejo  que  teria  de  ver  os  dois  partidos  accommodados  um  com 
o  outro. 

«Gouveia,  que  tinha  a  firme  resolução  de  não  chegar  a  nenhum  accordo, 
commetteu  o  erro  de  se  deixar  adormecer  depois  dò  seu  bom  resultado.  Ao  passo 
que  estava  esperando  o  eíTeito  do  seu  requerimento,  algumas  solicitações,  das 
quaes  elle  não  desconfiava,  determinaram  o  tribunal  a  largar  o  requerimento, 
para  o  enviar  ao  tribunal  do  reitor.  Al  li,  por  mais  que  se  defendeu  como  um 
leão,  no  terreno  da  legalidade,  o  partido  da  indulgência  o  supplantou.  Teve  de 
acceitar,  embora  protestando,  uma  sentença  que  condemnava  seus  adversários  a 
evacuarem  Sainte  Barbe,  depois  de  terem  pago  os  memoriaes  apresentados  a  res- 
peito d'elles,  e  sem  levarem  comsigo  nenhum  dos  seus  discípulos,  mas  também 
sem  serem  privados  do  direito  de  ensinarem  em  outros  collegios. 

«Mal  se  estava  no  desfecho  d'esta  tragedia  (tragedia  engendrada  por  come- 
dias, como  o  tinha  dito  Cervere  no  seu  arrasoado)  que  a  desordem  começou  sob 
uma  outra  forma. 

«Os  barbistas  n'um  passeio  foram  espancados  pelos  guardas  campestres  do 
arrabalde  Saint  Martin,  por  terem  estragado  as  vinhas  que  guarneciam  as  encos- 
tas de  ia  Bièvre.  Os  outros  collegios,  tomando  o  partido  do  de  Sainte  Barbe, 
tiveram  uma  grande  batalha  contra  os  operários  do  arrabalde,  que  tinham  con- 
corrido para  a  defeza  de  suas  propriedades.  Eis  em  que  termos  o  caso  é  narrado 
n'um  dos  discursos  de  Eutrapel : 

«No  meu  tempo,  diz  Polygamo,  corriam  as  cousas  de  um  modo  bem  diverso 
de  quando  esse  doutíssimo  Turnebo  lia  no  collegio  de  Sainte  Barbe  o  terceiro  de 
Quintilianno,  pois  então  um  bando  e  companhia  de  carapuceiros  do  bairro  de 
Saint  Marceau,  juntos  e  reunidos  a  esses  bellos  senhores  e  guardadores  de  vinhas, 
tendo-nos  soccado  e  apanhando  em  flagrante,  apanhando  e  saqueando  como  es- 
torninhos as  uvas  alem  do  que  a  escriptura  sagrada  permitte  o  que  é  honesta  e 
discretamente,  nos  bateram  e  chegaram  muito  bem  ás  nossas  costellas,  fossem 
quaes  fossem  as  representações  que  nós  soubéssemos  allegar,  que,  por  nossas 
cartas  e  titulos  relativos  aos  Mathurins,  todos  os  vinhedos  e  terras  adjacentes  de 
Vauvert  pertenciam  a  nós  e  eram  próprios  da  universidade.  Jamais  na  batalha 
de  Cerisoles,  onde  estive  debaixo  das  ordens  do  capitão  La  Mole,  que  alli  se 
manteve,  não  se  encontraram  tantos  cossoletes,  arcabuzes,  chuços,  morriões  e 
alabardas  dos  imperiaes,  espalhados  por  aqui  e  por  acolá,  como  se  viu  n'este 
renhido  encontro  das  vindimas,  Terencios,  de  Octo  partibiis,  de  Pellissons^  de  Pro 
Milone,  de  Bucólicas  de  Virgílio  e  tinteiros  abandonados  n'aquelle  grande  susto. 
Mas  antes  de  ter  passado  um  mez,  a  universidade,  todas  as  camarás  reunidas, 
com  bastões  ferrados  e  não  ferrados,  apoiadas  por  um  regimento  de  impressores, 
todos  altos  na  mão,  se  arrojou,  sem  outro  reconhecimento,  sobre  estes  mestres 
fabricantes  de  bonnets  e  sócios,  que,  derribados  e  postos  em  fuga,  tiveram  todos 
suas  ferramentas,  caldeiras,  espetos  e  outros  instrumentos,  quebrados  e  derriba- 
dos, o  que  deu  occasião  aos  chapelleiros  de  se  fazerem  subrogar  no  direito  dos 
bonnets,  o  uso  dos  quaes  é  bem  prejudicado. 

«Foi  como  uma  calamidade  o  renovarem-se  os  tumultos  no  tempo  do  homem 
o  mais  amante  da  disciplina,  e  que  professava  sobre  este  ponto  opiniões  fixas. 


136  QU 

Parece  que  isto  inspirou  a  Gouveia  o  novo  o  desgosto  para  com  uma  carreira, 
onde  se  estava  exposto  a  taes  dissabores;  talvez  que  também  elle  confessasse  que 
no  seu  caracter  havia  alguma  cousa  de  imiompalivel  com  a  flexibilidade  do  qual 
é  muitas  vezes  indispensável  fazer  uso,  quando  ha  rapazes  para  encaminhar. 

«No  principio  do  anno  de  15iO,  tendo-se  feito  receber  na  sociedade  de  Na- 
varra, abdicou  o  governo  de  Sainte  Barbe  para  se  entregar  exclusivamente  á 
theologia^  Apenas  foi  doutor  partiu  para  o  seu  paiz,  onde  sua  capacidade  lhe 
abriu  o  accesso  dos  grandes  negócios.  Foi  conselheiro  do  Hei  D.  Sebastião  depois 
de  ter  servido  a  D.  João  III  como  embaixador  no  concilio  de  Trento.  Morreu 
grão  prior  da  ordem  de  S.  Thiago,  em  Palmella,  no  anno  de  17562. 


cCAPITULO  XXVI.— Renovação  do  priacipalado  por  Diogo  de  Gouveia,  o  antigo.— Esforços  de  Mar- 
timbos  para  o  encurlaracnlo  do  curso  de  philosophia.— Ducllo  philosophico  de  .\ntonio  de  Gouveia 
c  de  Ramus. 

«Depois  de  dez  annos  de  retiro,  Diogo  de  Gouveia,  o  antigo,  tornou  a  tomar 
o  cargo  de  principal,  embora  tivesse  bastantes  outras  occupações,  porquanto, 
depois  que  a  heresia  se  propagou  no  reino,  foi  investido  de  uma  sorte  de  dele- 
gação permanente,  para  substituir  nos  conselhos  da  universidade  ao  deão  da 
faculdade  de  theologia,  que  quasi  de  outra  coiísa  não  se  occupava  senão  de 
demandas  judiciaes.  Mas  como  um  relógio  trabalha  por  si  mesmo  quando  está 
montado,  um  collegio  não  tem  necessidade  de  sentir  a  todos  os  momentos  a  mão 
que  o  dirige,  uma  vez  que  tenha  sido  posto  a  bom  caminho  e  que  o  tenham 
provido  de  mestres  experimentados. 

«A  principio  a  faculdade  das  artes  quiz  patentear  sua  satisfação  do  governo 
que  ia  começar  em  Sainte  Barbe,  erigindo  alli  uma  nova  eathedra  recloral.  Foi 
a  favor  d'este  «homem  exeellente  e  philosopho  illustrissimo^»,  Nicolau  Martim- 
bos,  que  soube  dar  provas,  duiante  a  sua  magistratura,  de  actividade  e  de  deci- 
são, embora  houvesse  passado  a  idade  em  que  ordinariamente  se  escolhiam  os 
reitores.  Um  acto  de  auctoridade,  pelo  qual  poz  termo  a  um  tumulto  que  punha 
difiQculdades  na  eleição  de  seu  suecessor,  acabou  de  o  pór  na  opinião  como  um 
homem  decidido'^.  Por  isso  a  administração  lhe  convinha  menos  do  que  a  direc- 
ção dos  estudos.  As  ameaças  dos  theologos  contra  o  novo  ensino  philosophico 
chamaram-no  para  um  campo  de  batalha  menos  conveniente  aos  seus  meios. 

«Tinha-se  implantado  o  melhodo  allemão  nos  collegas  de  facto,  sem  que  se 
houvesse  posto  cousa  alguma  nos  programmas  para  auclorisar  a  inlroducção  d'elle. 
O  theor  dos  estatutos  académicos  era  sempre  o  dos  séculos  passados.  Não  tinham 
cessado  de  prescrever  as  disputas  sem  fim,  os  exercícios  sobre  os  soplnsmata,  e 
os  quod  libeta,  o  estudo  diurno  e  nocturno  dos  questionar ii,  isto  é,  dos  escolás- 
ticos, que  tinham  reduzido  o  texto  de  Aristóteles  a  theoremas  =*. 


•  Launoy,  fíegii  Navarrae  gymnasii  historia,  pag.  271,  408  e  409, 
»  Diogo  Barbosa,  Bibliotheca  lusitana,  tomo  i,  pag.  657. 

•  Archivos  da  universidade,  registo  19,  foi  174. 

*  O  intrante  de  Picardia  faziase  esperar;  a  assistência  exigiu  que  se  fizesse  a  eleição  sem  elle- 
Enlâo  Marlimbos  se  retirou  para  ir  procurar  o  eleitor  ausente,  e  como  no  seu  regresso  já  estivesse  no- 
meado uni  reitor,  fez  improvisar  novos  tnlranles. 

*  Estatuto  de  1534,  renovado  em  1542.  em  Duboulay,  Histoire  univenelle,  tomo  vi,  pag.  247  e  378. 


QU 


137 


«Havia,  pois,  um  desaccorilo  eoinplelo  entre  o  que  se  ensinava  e  o  que  se 
devia  ensinar.  D'ahi  as  lamentações  continuas  dos  partidários  do  velho  methodo. 
Quando  iam  aos  exames  da  rua  do  Fouarre,  e  tentavam  introduzir  nas  argumen- 
tações publicas  alguma  cousa  dos  seus  tempos  de  rapazes,  acolhidos  pelas  mofas 
dos  concorrentes  e  dos  examinadores,  elles  alli  eslavam  para  sua  vergonha,  e  vol- 
tavam com  a  morte  na  alma,  publicando  em  todos  os  tons  que  o  sentido  de  Aris- 
tóteles estava  perdido,  que  d'alli,  com  certeza,  derivava  a  peste  da  heresia. 

«Era  principalmente  no  seio  da  faculilade  de  theologia,  que  taes  cousas, 
repetidas  á  saciedade,  produziram  seu  eíTeito.  A  Sorbonne  não  dormiu  mais,  até 
que  os  antigos  estatutos  houvessem  sido  tornados  a  pôr  em  vigor  por  um  decreto 
especial,  que  prohibiria  aos  humanistas  tocarem  no  quer  que  fosse  da  dialéctica, 
que  obrigaria  os  regentes  de  philosophia  a  prestarem  juramento  em  como  haviam 
de  exercitar  seus  discípulos  nos  bons  questionários. 

"Martimbos,  que  se  contava  entre  os  innovadores,  não  tratou  de  deixar 
passar  isto  sem  replica.  Foi  á  assembléa  da  universidade  perguntar:  «Que  se 
entende  por  questionários?»  Acrescentou  que  se  submetleria,  se  lhe  podessem 
indicar  um  d'esses  aurtores,  que  tivesse  senso  commum ;  que  elle  protestava  que, 
se  queriam  fallar  d'aquelles  pelos  quaes  elle  linha  começado  antigamente  sua 
instrucçâo,  ou  para  melhor  dizer,  consumido  n'uma  pura  perda  o  tempo  de 
seus  verdes  annos.  Ousou  dizer  isto  perante  o  deão  da  faculdade  de  theologia, 
que  viera  pessoalmente  para  sustentar  uma  Ihese,  na  qual  se  sabia  que  Diogo  de 
Gouveia  não  teria  desenvolvido  assas  de  firmeza;  professando  a  este  respeito 
uma  opinião  contraria  á  da  corporação,  a  única  resposta  que  deram  a  Martimbos, 
foi  a  apologia  do  antigo  ensino,  com  o  qnal  nem  elle  nem  os  collegas  se  queriam 
mais  conformar'. 

«O  professor  barbista  pensou  enlão  em  pôr  termo  cás  recriminações,  obri- 
gando a  universidade  a  tirar  um  anno  ao  curso  de  philosophia.  Era  uma  idéa  de 
Gouveia.  Vimos  que  André  a  tinha  já  posto  em  execução  no  seu  collegio  de 
Guyenne,  e  que  Diogo,  o  moço,  a  tinha  lançado  por  escripto  no  seu  projecto  de 
reforma  académica.  É  certo  que,  reduzindo  a  dois  annos  o  curso  que  durava  três, 
achando-se  lodo  o  tempo  absorvido  pela  exposição  das  matérias,  já  não  havia 
margem  para  questões  e  dichotes. 

«Este  projecto  reuniu  um  tão  grande  numero  de  adhesôes,  que  a  faculdade 
de  theologia,  certa  de  o  ver  approvar  de  improviso  para  a  discussão  publica, 
poz-lhe  antecipadamente  opposição  por  um  appello  para  o  parlamento.  Apesar 
do  appello,  a  deliberação  teve  logar.  Martimbos  proferiu  um  discurso  cheio  de 
senso  e  de  força,  onde  reclamava,  primeiramente  para  a  faculdade  das  artes,  o 
direito  de  retocar  seus  regulamentos  e  programmas,  sem  a  intervenção  das  outras 
faculdades;  era  de  toda  a  justiça,  pois  que  as  outras  faculdades  não  tinham  que 
consultar  a  das  artes  para  modificar,  como  ellas  o  entendiam,  seus  eslalutos  res- 
pectivos. 

«Demonstrou  depois  a  possibilidade  de  expor  em  dois  annos  a  totalidade 
das  matérias  philosophicas,  visto  que  o  curso  quasi  que  não  durava  mais  tempo 
nos  conventos,  onde  se  ensinava;  porque  se  negava  então  aos  regentes  de  toga 


'  SessíSo  de  28  de  novembro  de  1542,  no  registo  20  dos  arcliivos  da  universidade. 


138  QU 

aquillo  que  se  concedia  áos  regentes  de  habito  i.  Terminou  accentuando  de  que 
importância  é  um  anno  na  idade  da  vida,  onde  se  tem  de  escolher  uma  carreira. 

«A  discussão,  continuada  na  assembléa  seguinte,  foi  encerrada  por  uma  cri- 
tica mui  viva  do  reitor  (era  então  Paulo  Galiand),  acerca  da  connexidade  que  se 
tinha  estabelecido  entre  a  conservação  da  religião  e  o  modo  de  ensino  de  uma 
sciencia  que  não  concordava  com  a  religião  em  vários  pontos  esseneiaes.  Os  theo- 
logos,  segundo  o  orador,  achariam  armas  muito  mais  para  sua  vantagem  no  es- 
tudo da  rhetorica  e  das  linguas,  e  não  tinham  motivo  para  se  inquietarem  tanto 
acerca  de  Aristóteles. 

«Não  obstou  isto  a  que  os  theologos  persistissem  na  sua  opposição.  Procu- 
raram arrastar  n'ella  os  decretistas  na  occasião  do  voto;  mas  estes,  inspirados  de 
outro  modo  pelo  barbista  João  Quintin,  que  era  então  seu  deão,  oppozeram-se  á 
reforma.  Foi  dito  que  a  universidade,  reunidas  todas  as  faculdades,  por  decreto 
lavrado  á  maioria  de  votos,  reduzia  um  anno  á  duração  do  curso  de  philosophia. 
Não  restava  mais  do  que  a  diíTieuldade  do  appello  ao  parlamento,  que  se  tinha 
quasi  a  certeza  de  ganhar,  fazendo  intervir  a  auctoridade  do  Rei  2. 

«Quando  as  cousas  iam  n'um  tão  bom  caminho,  foram  subitamente  detidas 
por  um  incidente  que  ninguém  poderia  esperar.  Pedro  Ramus  fez  appareeer  ao 
mesmo  tempo  dois  tratados,  nos  quaes  negava  todo  o  valor  á  lógica  ensinada 
segundo  o  Organon  de  Aristóteles^,  e  esta  exageração,  cuja  audácia  revoltou  a 
universidade  inteira,  veiu  a  ser  um  espantalho  nas  mãos  dos  collegas  retrógrados, 
que  representaram  o  desprezo  escandaloso  de  Ramus  a  respeito  de  Aristóteles, 
prestes  a  tornar- se  opinião  geral,  se  se  persistisse  em  querer  encurtar  o  ensino  da 
philosophia.  Por  isto  o  decreto  já  promulgado  ficou  sem  forças,  e  a  reforma  de 
Martimbos  foi  afugentada  ainda  por  um  meio  século,  como  pertencendo  ao  nu- 
mero das  utopias  perigosas. 

«Mas  o  que  fez  entrar  na  obscuridade  ao  regente  dos  dialécticos  do  collegio 
de  Sainte  Barbe  fez  entrar  em  scena  o  dos  rhetoricos,  que  era  então  António  de 
Gouveia.  Segundo  a  expressão  de  um  auctor  do  tempo,  se  o  sol  tivesse  sido  tirado 
do  firmamento,  isto  não  despertava  clamores  mais  formidáveis  do  que  os  que 
acolheram  os  livros  de  Ramus'-.  Todos  os  partidos  se  approximaram  para  ferirem 
com  analhema  esses  perigosos  escriptos.  Os  fanáticos  de  nada  menos  fallavam  do 
que  de  rodar,  de  enforcar  e  de  queimar  o  infame;  houve  mesmo  requerimentos 
n'este  sentido  apresentados  ao  parlamento  e  ao  Rei.  Felizmente,  pessoas  podero- 
sas pensaram  com  mais  prudência,  que  o  raciocínio  era  a  única  arma  conveniente 
a  empregar  contra  o  paradoxo,  e  que  para  honra  da  philosophia  convinha  mais 
confundir  Ramus  do  que  envial-o  para  o  outro  mundo.  Esta  opinião  foi  a  do 
bispo  Duchastel,  que  se  achava  junto  de  Francisco  I  na  posição  de  um  ministro 
de  instrucção  publica.  Aconselhou  ao  Rei  que  mandasse  preparar  um  campo 
fechado,  onde  o  calumniador  de  Aristóteles  seria  posto  ás  bulhas  com  um  dos 
valentes  membros  subalternos  da  universidade.  António  de  Gouveia  já  se  tinha 


'  tNon  posse  minus  regentes  in  toga  quam  in  cvciillo.*  Duboulay,  Hhtoire  rmiverselle,  tomo  yi, 
pag.  381. 

*  Ibid.,  p.ig.  384. 

*  Irislilutiones  dialecHcae  e  Animadversiones  in  dialecticam  Aristotelis. 

*  Avdomari  Talaei,  ephtnla  ad  C.arnJnm,  cardinalem  Lotlioringiae,  á  fronte  das  Académica. 


QU 


139 


offerecido  para  este  combate,  do  qual,  segundo  todas  as  apparencias,  a  idéa  tinha 
vindo  d'elle.  As  cousas  deviam  passar  segundo  o  ceremonial  usado  para  estes 
dueilos  a  todo  o  transe,  que  eram  ainda  auctorisados  algumas  vezes,  quando 
alguns  gentis  homens  tinham  de  decidir  entre  si  graves  questões  de  honra. 

«Francisco  I  viu  n'aquillo  alguma  cousa  que  sorria  ao  seu  génio  cavalhei- 
resco. Por  cartas  regias,  a  batalha  foi  ordenada  entre  Ramus  e  Gouveia,  assisti- 
dos cada  um  de  dois  tenentes  da  sua  escolha.  O  commissario  designado  como  juiz 
do  combate,  foi  um  doutor  chamado  João  de  Salignac^.  Gouveia  tomou  para  lhe 
fazerem  companhia  a  Pedro  Danes  e  Francisco  de  Vimercato;  Ramus,  um  medico 
chamado  João  de  Bomont  e  o  nosso  João  Quintin,  seu  amigo  intimo,  a  quem  elle 
tinha  devido  mil  léguas  do  celaismo,  pois  o  tinha  subjugado  ás  suas  opiniões 
philosophicas.  Em  compensação  Quintin  exercia  sobre  o  caracter  de  Ramus  a 
mais  salutar  influencia.  Este  mentor  o  corrigiu,  por  seus  salutares  conselhos,  de 
muitos  defeitos;  alguém  notou,  comtudo,  que  não  chegou  a  reprimir  uma  dispo- 
sição para  o  riso,  que  era  tão  forte  em  Ramus,  que  mesmo  na  cadeira  se  deixava 
ir  atraz  d'ella  pela  causa  mais  fútil. 

«Todos  os  auctores  que  narraram  o  duello  sobre  Aristóteles,  não  prestando 
attenção  mais  do  que  a  Ramus,  omittiram  dizer,  ou  não  souberam,  que  foi  do 
coilegio  de  Sainte  Barbe  que  saiu  seu  adversário  para  o  ir  combater.  Nada,  com- 
tudo, é  mais  certo.  Elias  Vinet  conta  que  na  sua  viagem  de  Bordéus  a  Paris,  em 
loi2,  achou  António  de  Gouveia  dirigindo  uma  classe  no  collegio  de  seu  tio;  ora, 
era  no  principio  do  anno  escolástico  que  foi  testemunha  da  tentativa  de  Ramus^. 
Ha  lambem  um  commentario  do  discurso  de  Cicero  contra  Vatinius,  datado  de 
1542,  que  dá  lodos  os  ares  de  ter  saído  dos  preparativos  aos  quaes  se  entregava 
Gouveia,  e  que  foi  impresso,  póde-se  dizer,  sobre  o  território  de  Sainte  Barbe, 
na  officina  de  João  Luiz  Tilletan  ou  de  Thielt^. 

«Este  impressor,  discípulo  de  Estienne,  e  sogro  de  Guilherme  Morei,  a  quem 
elle  en)pregou  como  corrector  de  provas  desde  1540 ^  morava  defronte  do  colle- 
gio de  Reims,  em  uma  casa  construída  havia  pouco  tempo,  ao  lado  do  velho 
hotel  des  Coulons.  Seu  estabelecimento  é  o  mesmo  que  Thomas  Richard  illustrou 
depois,  debaixo  da  insígnia  da  Bíblia  de  oiro.  Os  impressores,  sendo  contados 
entre  os  subalternos  (siippots)  da  universidade^  procuravam  assim  a  vizinhança 
dos  collegíos.  Por  aquelles  tempos,  Conrad  Bade,  da  família  dos  Ascensius,  esta- 
beleceu suas  imprensas  em  frente  da  grande  porta  de  Sainte  Barbei  nos  casebres 
que  se  escostavam  á  igreja  de  Saint-Symphorien,  de  sorte  que  o  nobre  navio  do 
qual  Diogo  de  Gouveia  aguentava  o  leme,  teve  ao  mesmo  tempo,  tanto  pela  proa 
como  pela  popa,  dois  pharoes  accêsos,  para  espalharem  ao  longe  a  luz,  a  typo- 
graphia  de  Tilletan  e  a  de  Conrad  Bade. 


'  Duboulay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  388. 

'  Carta  a  Schott,  Bibliotheca  Hispaniae,  tomo  iti,  pag.  475. 

'  Antonii  Goveani  in  M.  Tullii  Ciceronis  orationem  inVatinium  testem  commentarius  ad  Aemilmm 
Ferret  tum  jurisconsultorum  facile  principem.  Parisiis,  apad  Joan.  Lodoicum  Tiletanum,  ex  adverso 
collegii  Ramensis,  1542. 

*  Prefacio  de  um  livro  intitulado:  Observationes  Guill.  Morelii  Tilliani  in  M.  T.  Ciceronis  libros 
quinque  de  finibus  honorum  et  malorum,  etc.  Parisiis,  apud  Joannem  Lodoicum  Tiletanum,  ex  adverso 
collegii  Ramensis,  1545.  Este  fado  nio  se  encontra  nem  em  Chevilier  nem  em  La  Caille. 

*  Theodori  Bezae  Vezelii  poemata;  Luteliae,  ex  oflicioa  Conradi  Badii,  sub  prelo  ascensiano,  et 
regione  gymnasii  D.  Barbarae,  1548. 


140 


QU 


«Para  voltarmos  ao  caso  de  Ramus  e  de  António  de  Gouveia,  elle  se  passou 
á  porta  fechada.  Esta  medida,  que  fez  soltar  grandes  gritos  ao  ramistas,  era, 
comtudo,  dictada  pela  prudência;  pois,  se  tivessem  admittido  um  auditório,  com 
a  eíTervescencia  que  estava  nos  espiritos,  teria  sido  impossível  obstar  ás  interru- 
pções, e  provavelmente  ás  vias  de  facto.  O  peior  inconveniente  do  segredo  é  o 
de  ter  dado  origem  a  narrações  contradictorias,  entre  as  quaes  não  é  fácil  dis- 
cernir a  verdade  ^.  Diremos,  pois,  senão  como  as  cousas  se  passaram,  ao  menos 
como  eljas  parecem  ter-se  passado. 

«Em  primeiro  logar  suscitou-se  uma  invencível  diíficuldade  relativamente  á 
posição  do  debate.  Ramus  entendia  começar  theoricamente  pela  definição  e  pela 
divisão  da  dialéctica,  ao  passo  que  Gouveia  queria  que  pozessem  immediatamente 
em  discussão  a  competência  de  Aristóteles  como  dialéctico.  Passou-se  o  dia  em 
argumentações,  que  nenhuma  cousa  decidiram ;  a  hora  separou  os  dois  adversá- 
rios, sem  que,  nem  um  nem  outro  tivesse  recuado  uma  pollegada. 

«Segundo  toda  a  apparencia,  o  portuguez  reconheceu,  depois  d'esta  primeira 
prova,  que  luctava  com  um  adversário  mais  vigoroso  do  que  tinha  pensado  ao 
principio,  e  na  previsão  da  inflexibilidade  de  Ramus,  preparou  para  o  dia  se- 
guinte uma  manobra,  que  devia  ser  um  tropeço.  Com  eíTeito,  depois  de  ler  come- 
çado a  segunda  sessão  pela  repetição  dos  assaltos  da  véspera,  de  repente  Gouveia 
propoz  transigir,  acceitando  o  debate  sobre  a  divisão  da  dialéctica.  Mas,  em  boa 
lógica,  era  possivel  encetar  a  divisão,  deixando  de  parte  a  definição?  Sem  duvida 
Ramus  fe/  ouvir  a  este  respeito  as  cousas  as  mais  fortes,  e  se  o  seu  antagonista 
achou  na  flexibilidade  de  seu  espirito  bastantes  recursos  para  não  ficar  calado, 
não  se  retirou  com  as  honras  do  dia.  É  certo  que  á  saída  se  ouviu  desapprova- 
rem  a  concessão  que  tinha  feito. 

«Vollou  no  terceiro  dia  com  a  idea  que  tinha  tido  no  principio,  de  disputar 
sem  preliminares  sobre  o  valor  de  Aristóteles.  Ramus,  a  quem  isto  não  fazia 
conta,  pediu  a  Salignac  que  tornasse  a  pôr  a  questão  nos  termos  em  que  a  tinha 
deixado  na  véspera.  Á  vista  da  recusa  d'elle  ficou  despeitado  e  disse  que  renun- 
ciava á  lucta.  Offereceu  a  seus  tenentes  o  tomarem  a  parte  no  logar  d'elle;  recu- 
saram. Perguntaram  a  Ramus  se  lhe  agradava  o  designar  outrem;  respondeu  que 
não.  Então  o  juiz  do  campo  conferiu  a  victoria  a  António  de  Gouveia. 

«Embora  o  resultado  não  houvesse  sido  mui  brilhante,  a  universidade  aco- 
lheu a  noticia  d'elle  com  transporte.  Foi  celebrado  por  alguns  panegyricos,  no 
dizer  dos  quaes  nem  Hercules  nem  Theseo,  nem  todos  os  domadores  de  monstros 
tinham  feito  cousa  alguma  comparável.  O  vencedor,  embaraçado  com  tantas  ho- 
menagens, jul>rou  de  seu  dever  merecelas  mais,  recomeçandu  o  combate,  de 
modo  que  percorresse  todo  o  sladio.  Fez  um  livro  contra  Ramus-,  livro  elegante, 
mas  mui  cheio  de  cólera,  e  no  qual  conviria  que  as  cousas  fosseni  consideradas 
de  mais  alto.  N'elle  se  encontram  observações  judiciosas,  mas  não  um  corpo  de 
doutrinas  que  se  antepozessem  áquillo  que  se  tratava  de  refutar.  D'aqui  fica 


'  Duboulay,  Hisloire  universeUe,  pag.  388.  Epistola  de  Omer  Talon,  ao  cardeal  de  Lorena,  já 
citado:  Ramm,  sua  vida  e  seus  escriptos,  par  M.  Waddinglon,  pag.  47. 

*  Antonii  Goveani  pro  Arislotele  responsio  adversus  Petri  Rami  calumnias  adJacobnm  Spifamium, 
gymnasii  parisiensis  cancellarium.  Paris,  Siinon  de  Colmes,  1543,  datado  de  27  de  novembro,  no  Om  do 
prefacio. 


QU 


141 


sendo  a  prova  palpável  que  Ramus,  apesar  dos  seus  desvios,  possuía  n'um  grau 
superior  o  alcance  philosophieo. 

«Não  se  reconheceu  isto  no  momento.  O  livro  que  servia  ás  paixões  do 
publico,  quando  mesmo  tivesse  sido  cem  vezes  mais  fraco,  teria  ainda  passado 
por  uma  obra  primorosa.  A  faculdade  das  artes  votou  por  acciamação  que  seria 
impresso  á  sua  custai  Foi  por  todas  as  universidades  da  Europa  levar  a  gloria 
do  seu  auetor. 

«Tal  é  o  grande  triumpho  que  Sainte  Barbe  teve  para  registar  nos  seus 
fastos  de  1543. 


«CAPITULO  XXVn.—  Dccrescimenio  da  prosperidade  de  Sainte  Barbe.—  Processo.—  Insurreição  dos 
esludantes  da  universidade  era  I5í8. —  Diogo  de  Gouveia,  o  anligo,  expulso  por  Robert  Dugasl. 

«O  estado  de  repartição  de  uma  laxa  á  qual  a  universidade  foi  submettida 
em  1540,  nos  mostra  Sainte  Barbe  occiípando,  por  sua  importância  material,  o 
quinto  logar  entre  os  collegios  de  Paiís.  Tinha  ella  adiante  de  si.  Navarra,  Mon- 
taigu,  Bourgogne  e  Calvi^.  Como  n'um  tempo  ella  tinha  participado  do  segundo 
logar  com  Bourgogne  e  Montaigu,  deixando  Calvi  atraz,  e  que  d'esta  vez,  pelo 
contrario,  é  ella  quem  marcha  atraz  de  Calvi 3,  a  uma  tão  grande  distancia  que 
sua  cota  é  de  cinco  escudos  de  oiro,  denota  isto  uma  diminuição  notável  do  pen- 
sionado. É  preciso,  talvez,  attribuir  a  causa  ao  virem  os  portuguezes  em  menor 
numero,  desde  que  a  universidade  do  seu  paiz  foi  restabelecida  em  Coimbra,  ou 
a  ter  a  fundação  das  cincoenta  bolsas  sido  abolida,  ou  a  tsr  sido  consideravel- 
mente reduzida. 

«Também  a  epocha,  á  qual  havíamos  chegado,  é  aquella  em  que  os  estudos 
começaram  a  ser  perturbados  profundamente  pela  sinistra  preocuppação  do  dogma. 
Alguns  estudantes  figuraram  entre  as  victimas  devoradas  diariamente  pelas  fo- 
gueiras da  greve ^,  de  sorte  que  as  famílias  ricas  para  alli  olharam  com  muita 
attenção,  antes  de  exporem  seus  filhos  a  tão  medonha  sorte.  Quasi  que  se  não  viu 
mais  nos  collegios  a  accumulação  de  porrionislas,  que  quasi  por  toda  a  parte 
tinham  obrigado  a  suspender  camas  de  rede  por  cima  dos  leitos  nos  dormitórios. 
Houve  menos  d'esses  discípulos  que  ajudavam  a  supporlar  os  encargos  de  seus 
estabelecimentos,  mas  houve  outros  tantos,  se  não  foram  mais,  d'aquelles  que, 
para  proveito,  traziam  tão  somente  a  desordem  para  aquelles  estabelecimentos, 
para  os  quaes  sua  phantasia  lhes  dizia  que  se  encaminhassem. 

«Na  entrada  de  1541,  uma  nuvem  de  hespanhoes  caiu  em  Santa  Barbara^. 
Viíiham,  a  exemplo  de  seu  compatriota  Ignacio  de  Loyola,  reparar  tarde  uma 
instrucção,  cujos  princípios  haviam  sido  inteiramente  baldados.  Tendo  já  estu- 


'  Archivos  da  universidade,  registo  20,  sessSo  de  20  de  novembro  de  I5'i3. 
»  Ibid.,  registo  19,  foi.  136. 

^  É  a  ordem  respectiva,  na  qual  Roberto  Gonlet  a  colloca,  como  pedagogia:  Compendium  de  mui- 
liplici  parisíensis  Universitatis  magnificcntia. 

*  Carta  de  Knobeldorf  a  Gcorge  Cassander,  principal  do  collegio  de  Bruges,  na  collecçào  de  Ilcin- 
sins,  intitulada:  Illtislrium  et  clarorum  virorum  epislolae  sclccliores,  contur.  i,  pag.  37. 

*  Jo.  Matth.  Magnus,  De praesenti  Parisiensis  Academiae  rerum  statu  oratio,  1388. 

*  A  narração  que  se  segue  é  tirada  do  registo  20,  foi.  65,  dos  archivos  da  universidade. 


í«  QU 

dado  uma  parte  da  sua  philosophia  em  Salamanca,  debaixo  da  direcção  do  moii- 
tacucciano  Gaspard  Lax,  foram  obrigados,  a  maior  parte,  a  seguirem  os  exerci- 
cios  do  terceiro  anno,  ao  mesmo  tempo  que  voltavam  aos  primeiros  elementos  da 
lógica. 

«Entraram  primeiramente  como  pensionistas  para  casa  de  Diogo  de  Gouveia; 
depois,  no  fim  de  alguns  mezes,  foram  morar  para  a  cidade,  debaixo  do  pretexto 
de  pobreza,  e  outros  porque  diziam  ser  o  collegio  insalubre,  por  causa  de  algunjas 
doenças  que  appareceram  na  primavera.  Na  realidade  preferiram  a  liberdade  do 
discípulo  a  um  constrangimento  que  era  já  excessivo  para  elles  o  supportarem 
durante  o  tempo  das  lições.  N'uma  classe  de  sessenta  estudantes  Gouveia  viu  que 
não  tinba  mais  de  quatro  pensionistas. 

tO  bom  do  principal  não  teve  necessidade  de  calcular  por  muito  teij)po  para 
perceber  que  em  taes  circumstancias  se  arruinava.  A  classe  foi  feebada.  Come- 
çaram então  as  lamentações  dos  hespanhoes,  quando,  vindo  como  de  costume 
para  as  lições,  acharam  a  porta  fechada.  Dirigiram-se  ao  reitor  com  o  seu  regente, 
que  não  perdia  menos  do  que  elles  em  serem  despedidos  de  uma  tal  forma.  Diogo 
de  Gouveia  foi  chamado  para  dar  explicações.  Declarou  que  o  estado  financeiro 
do  seu  collegio  lhe  não  permittia  pagar  a  um  professor  só  para  cinco  aiumnos 
que  lhe  pagavam  mezada,  e  provou  que  os  estabelecimentos  académicos  o  aucto- 
risavam  a  proceder  como  procedeu. 

«Comtudo,  o  professor  desapossado  eia  um  certo  Firmin  Dure,  homem  de 
talento,  porque  Nicolau  de  Grouchy  o  empregou  mais  tarde  na  revisão  das  suas 
traducções  de  Aristóteles *;  e  era  igualmente  tido  em  consideração  por  causa  da 
grande  reputação  que  tinha  deixado  na  universidade  seu  parente  Roberto  Dure, 
cognominade  O  afortunado,  outr'ora  principal  de  Plessis^.  Por  attenção  para  com 
elle,  o  reitor  exigiu  que  aquelles  de  entre  os  queixosos  que  tivessem  meios 
tomassem  domicilio  no  collegio,  e  por  este  meio  o  curso  foi  continuado  até  ao  fim 
do  anno  escolar,  mas  é  duvidoso  o  ter  sido  recomeçado  no  anno  seguinte.» 

QUIEN  PEIVSAUA. 

El  viaje  en  valde,  dei  licenciado ^  y  venida  de  los  portugueses  á  Madrid. 

Existe  um  exemplar  na  bibliotheea  publica  de  Lisboa. 


Ha  venido,  á  que  sepamos, 
de  Portugal  la  miséria, 
á  vista  de  la  lacedia, 
que  en  su  exercito  palpamos, 
y  no  nos  enveigonzamos 
que  tenga  en  Madrid  entrada 
gente  tan  despilfarrada, 
sin  aliento  y  sin  comida, 
a  que  ha  sido  esta  venida? 


'  Aristotelis  Urganum  Joachimo  Jferionio,  Nicolao  Gruchio,  Fitituno  Durio  inUrprclibui.  1563. 
'  Dubouiay,  Histoire  universelle,  tomo  vi,  pag.  140  e  970. 


QU 


143 


QUl^ET  (EDGAU  ). 

Nas  Vacances  en  Espmjne  e  no  Génie  des  religions,  encoiitrain-se  paginas 
maravilhosas  sobre  a  epopéa  de  Camões  relacionada  com  a  nacionalidade  portu- 
guezo  e  com  a  civilisação  européa*. 

QUIIVTANA  (I).  MA]\UEL  JOSÉ ) Nasceu  em  Madrid  no  anno 

de  1772. 

Obras  completas,  na  Colleccion  de  autores  espaíioles  desde  la  formacion  dei 
lenguage  hasta  nuestros  dias.  Madrid,  1851. 

El  duque  de  Viseo.  Tragedia  en  três  actoSj,  representada  la  primera  vez  por 
los  actores  dei  Coliseo  dei  Príncipe,  en  19  de  mayo  de  1801. 

Poesias.  Nueva  edicion  aiigmentada  y  corrigida.  Madrid,  en  la  imprenta 
nacional,  afio  de  1813. 

A  seguinte  poesia  é  dedicada  a  Luiza  Todi,  quando  cantou  no  thealro  de 
Madrid  as  duas  operas  de  Armida  y  Dido. 

Que  se  nego  de  la  falaz  Armida 
Al  magico  poder?  Su  voz  sonaba ; 

Y  el  báratro  profundo 

De  sus  lóbregos  senos  alanzaba 
El  tremendo  escuadron  que  la  servia. 
Vierase  ai  punto  de  infernal  veneno 
Toda  inundarse  en  derredor  la  esfera ; 
Arder  el  rayo  y  retumbar  el  trueno ; 

La  rápida  carrera 
Suspenderse  dei  sol ;  bramar  los  vientos ; 

En  sus  hondos  cimientos 
Estremecerse  ai  mar ;  y  mal  segura 

La  tierra  contrastada. 
De  sus  exes  eternos  desquiciada. 

Mas  quando  ai  fin  enamorada  y  ciega 
El  corazon  indómito  rendia, 
Y  de  perder  su  amante  recelosa 
En  los  fines  dei  orbe  le  escondia ; 
Ya  no  era  enlonces  la  espantosa  maga, 
Era  ya  una  deidad.  El  polo  yerto 

Ostentose  cubierto 

Con  el  manto  de  Flora; 

Por  los  fecundos  prados 

Las  fuentes  murmuraban, 

Y  de  esencias  banados 

Los  céfiros  jugaban  con  las  flores ; 

Volaban  los  amores, 
Las  gracias  y  el  deleite  en  pos  de  Armida. 


•  Theophilo  Braga,  Bibliographia  camoneana,  pag.  221. 


iU  QU 


Y  ella  entretanto,  de  Rinaldo  asida, 
El  coro  de  las  aves  escuchaba, 

Que  ai  placer  y  ai  amor  la  eonvidaba. 

Tal  fué  entonces  Armida;  y  tal  ahora 
Tui  oh  poderosa  Todi !  la  presentas 
Ya  en  ternura  y  delicias  anegada, 
Temerosa  después,  y  ai  íln  furiosa, 
Viendo  su  gloria  y  su  beldad  bollada. 
fnvencion  celestial !  No,  no  es  Armida 
La  que  así  nos  enciende, 

Y  el  agitado  espíritu  suspende: 

El  menlido  poder,  que  por  su  encanto 
Tuvo  en  los  elementos  contundidos, 

Hoy  en  nueslros  sentidos 
Lo  alcanza  el  arte,  y  lo  renueva  el  canto. 

Soberana  armonía  1 
En  qué  sus  dulces  y  halagíieilas  flores 

Mas  bien  que  en  tus  loore^ 

Esparcir  deberá  la  poesia? 

Pêro  ?  como  en  su  vuelo 
La  poderosa  voz  seguir  podria. 
Que  pasma  ai  mundo,  y  maravilla  ai  cielo? 

Ella  parte  suave: 

Y  ora  orgullosa  y  grave 
Del  espado  los  âmbitos  domina; 
Ora  en  quibros  dulrisimos  se  pierde 

Y  delicada  trina: 

Ora  sube  ai  Olympo,  ora  desciende, 

Y  ora  como  un  caudal  rico  y  sonoro 
Vierte  subitamente  en  los  oidos 

De  su  riquesa  armónica  el  tesoro. 

Sola,  la  admiracion  enmudecida 
Seguiria  puede  en  su  veloz  carrera; 

Y  do  ha  vivido  el  corazon  de  fiera 

Que  se  negáse  esquivo 
De  su  expresion  celeste  ai  atractivo? 
Ohl  No  es  posible  el  evitar  su  império: 

La  fogosa  energia 
De  su  gesto  y  accion  se  le  prometten, 

Y  su  magico  accento  y  melodia 

Aqui  vence,  aqui  triunfa,  aqui  arrebata: 
Vedia  de  gloria  y  majeslad  vestida 
Quando  dei  sólio  el  esplendor  retrata: 
Vedla  después  desesperada  y  llena 
De  cólera  y  soberbia  amenazando : 


QU  145 


Nube  parece,  que  espantosa  truena, 
O  terrible  Aquilon  quando  soplando 

Con  hórrido  silbido 
Sacuda  el  universo  combatido. 

Mas  qual  benigna  suavidad  se  siente? 
Él  es,  el  blando  amor,  el  hijo  ardiente 
De  Ia  lierniosa  y  divina  Citeréa. 
Más  dulce  y  grato  que  la  miei  hibléa, 
Más  puro  que  los  céfiros  su  acento 
Sale  inflamando  el  viento, 

Y  por  do.quiera  su  ternura  inspira. 

Ya  Irás  el  bien  perdido 
Vaga  anhelante  y  con  dolor  sospira  : 
En  el  dulce  trinar  pinta  el  gemido, 

En  los  lilandos  gorgeos 
Aparecen  los  tímidos  deseos, 
La  amorosa  inquietud,  las  ânsias  tiernas, 
La  risa  alegre  y  apacible  juego 
Que  ceban  tanto  el  delicioso  fuego. 

Ya  con  tono  más  grave 
La  sublime  constância  se  ve  ornada, 
Ó  en  celeste  delíquio  modulada 
Del  caro  bien  Ia  posesion  suave. 

Entonces  gime  el  insensible;  entonces 
Hasta  los  duros  mármoles  se  agitan ; 
Amor  aprende  á  amar;  á  amar  ineitan 
El  éco,  el  viento,  y  de  tu  voz  herido 
Por  su  divino  impulso  es  arrastrado 

Mi  corazon  vencido. 
Salta  en  pecho,  y  sin  césar  palpita, 
Todo  anegado  en  el  amante  anhelo 
Que  inspira  el  canto ;  su  vehemente  Ilama 
Veloz  discurre  por  mi  sangre  y  venas, 

Y  en  todas  ellas  su  calor  derrama: 
Derrama  su  calor,  que  vuelto  en  llanto 
Sin  ser  posible  á  contenerle  el  seno. 
Salta  á  la  vista  en  delicioso  encanto. 


Quien  de  tu  Génio  mensurar  podria     " 

La  extension  y  el  ardor?  Dinos,  en  donde 

Tuvo  su  oriente?  En  donde 

Se  adestro  á  desplegar  tal  osadia, 

Y  de  tanta  riqueza  salió  Ueno? 

Fué  acaso  allá  donde  el  felis  Ismeno 

Corrió  bailando  Ia  sonora  Tebas? 


iO 


446  QU 


Ó  mas  bien  sobre  el  Ismaro  sombrio, 

Do  por  la  vez  primera 
Los  ecos  de  la  musica  sonaron, 

Y  trás  si  arrebataron 
Los  hombres  y  las  íieras, 

Las  rocas  y  los  árboles  ?  Do  Orfeo 
Su  lira  de  oro  celestial  pulsaba, 
Los  vientos  á  su  voz  se  condolian, 

Y  á  Euridice  llamaba 

Y  Euridice  los  montes  respondian? 

Igual  empezo,  ó  superior  tu  impeles 

Al  seno  dei  olvido 
Los  pesares  amargos  y  crueles. 
Yo  lo  vi,  lo  senti.  Del  hondo  Avicrno 

Por  mi  mal  abortado 
Un  esquivo  cuidado  devoraba 
Mi  triste  corazon ;  quando  presente 
Vi  la  Sidónia  Reyna,  que  clamaba 
Contra  el  Troyano  pérfido,  inclemente. 

Barbara  atrocidad  I  huye  el  ingrato 

Sin  que  bastantes  sean 
De  la  misera  amante  las  querellas 
Su  fuga  á  suspender;  huye,  no  cura 

Los  preciosos  tesoros 
Que  fiel  le  prodigaba  la  hermosura; 
Tesoros  1  ay  1  de  amor  y  de  ternura. 

Y  se  entrega  á  la  mar!  que  de  lamentos I 

Que  horrorosos  acentos  I 
Que  desesperacion !  En  vano  Hora 
La  triste,  y  corre  enfurecida  y  gime ; 
En  vano  ai  cielo  en  su  dolor  implora, 

Y  á  los  hombres  tambien  ;  hombres  y  dioses 
Al  dolor  y  ai  horror  la  abandonaron. . . 

Morirá  la  infelice 
Sin  hallar  compasion?...  Grande,  sublime, 
Terrible  situacion,  que  sorprendido 
Mi  espíritu  admiraba, 

Y  olvido  su  afliccion  llorando  á  Dido. 

Y  que  tan  dulces 

Hayan  de  fenecer!  Mantua  te  pierde, 
Mantua,  que  tanto  te  admiro ;  desierto 
Se  verá  el  gran  teatro,  donde  un  dia 
Al  éco  de  tu  canto  y  los  aplausos 
El  soberbio  arleson  se  estremecia. 


QU  1" 

Mustio  el  espectador  irá  á  busearte, 

Y  no  te  encontrará;  y  en  tal  vacio, 
Do  está,  dirá,  la  enamorada  Elírida? 
La  encantadora  Eifrida?  Adonde  fueron 

La  diílce  Hipermenestra, 
La  arrogante  (Cleópatra  y  (^leofilda? 
Sombras  sublimes,  cuya  hermosa  idéa 
Inventar  y  animar  ai  Génio  pudo. 
Será  que  nunca  ya  mi  mente  os  vea  ? 

Anda,  vive  feliz,  corre  el  sendero 

Que  á  tu  briilante  gloria  abrió  eJ  destino; 

Mas  que  le  falta  á  su  esplendor  divino  ? 

El  universo  entero 
Su  honor,  su  encanto,  su  deidad  te  aclama 

Llevada  en  raudo  vuelo 
Por  la  sonante  trompa  de  la  fama, 
Pasmarás  las  edades ;  y  asombrado 
Te  nombrará  el  artista,  y  confundido 
Por  más  osado  que  su  Génio  sea. 
Tu  el  término  serás  de  su  esperanza. 
Dique  á  su  presuncion ;  el  desde  lejos 
Adorará  tus  soberanas  huellas, 

Y  lucirá  tal  vez  con  tus  reflexos. 
Así  en  el  alto  Olympo  las  estrellas 
Drillan ;  mas  solamente  en  noche  umbria 
Cediendo  el  resplendor  y  la  victoria 

Al  gran  planeta  que  preside  ai  dia. 

QUIIVTIIS  (CAMILLO  EUCOERE  ).— Jesuita,  napolitano. 

Camilli  Eiicherii  de  Quintiis.  Inarime  seu  de  Balneis  Pithecusarum  libri  VI 
Sei^enissirno  Lusiíaniae  Regi  Joanni  V  dicati.  Neapoli,  excudebat  Félix  Mosca, 
1727,  8.^  320  pag. 

QUIROG/V  (JOSEPH ) — Jesuita,  hespanhol. 

Descripcion  dei  rio  Paraguay,  desde  la  Boca  dei  Xaura  hasta  la  confluência 
dei  Paranáj  por  el  P.  Buenos- Aires.  Imprenta  dei  estado,,  1836. 


Le  portugais  est  bon,  charilable,  lolerant,  sincere,  amical,  inde- 
pendaut,  digne,  courageux,  et  plus  dévoué  à  la  pairie  qu  a  sa  famille 
et  à  ses  amis.  II  est  franchement  hospitalier.  L'ótraDger  est  toujours 
le  bienvenu  en  Portugal. 

(Grand  dictionaire  universel  du  XIX  siècle.  (Pierre  Laroasse.) 


R.  n. —  Auctore  Júris  civilis,  doclore  Anglo. 

De  Successione  Regni  Portugalliae  Dissertatio  Jurídica:  Jus  Philippi  Serenis- 
simi  Hispaniarum  Regis  prae  Braganto  jam  intruso  astruitur,  et  impostura  Lusi- 
tanorum  in  suo  supero  Manifesto  varie  detegitur.  Burges  Flandrorum.  Ex  typo- 
graphia  Nicolai  Breygelii,  1643,  in^.*»,  in-12,  120  pag. 

RABBE  (ALPHONSE  ). 

Resume  de  VHistoire  du  Portugal^  depuis  les  premiers  temps  de  la  monarchie 
jusqu'en  1823,  par  Alphonse  Rabbe.  Paris,  1827,  1  voi.  in-18. 

RACCOLTA  di  alcuni  Discorsi  composti  da  alcuni  insigni  Oratori  delia 
Compagnia  di  Gesú.  Deca  Prima.  Seconda  edizione.  Napoli,  nella  stamperia  di 
Felice  Mosca,  1718,  5  vol. 

Vem  o  seguinte : 

Problema  agitato  nella  Reale  Academia  delia  Sereníssima  Cristina  Regina  di 
Suezia,  in  Roma;  qual  fosse  piu  Ragionevole,  se  il  riso  di  Demócrito,  che  tutto 
scherniva,  o'  V  pianto  di  Eraclito,  che  di  tutto  piangeava.  Discorso  primo,  a  favore 
di  Demócrito,  dei  Padre  Girolamo  Cataneo,  delia  Compagnia  di  Giesu,  pag.  69. 

Discorso  secondo,  a  favore  d'  Eraclito,  dei  Padre  António  Vieyra,  delia  Com- 
pagnia di  Gesu,  pag.  83. 


150  RA 

Panegirico  di  S.  Francesco  Saverio,  do  padre  António  Balzo,  pag.  177. 

Panegírico  di  S.  Francesco  Saverio,  recitato  in  Benevento,  anuo  1105.  Alia 
presenza  deli'  Emin.  e  fíev.  Cardinal  Arcivescovo,  Fr,  Vicenzo  Maria  Orani,  do 
padre  Nicolo  Vulcano. 

RACCOLTA  dl  relationi  de'  regni  dei  Giapone,  nel  quali  si  intende  non 
solo  il  frutto  et  progressi  de*  nuovi  christiani  deli'  índia,  ma  si  raccontano  ancora 
molti  particolari  avisi  Venezia,  Quinti  e  Ciotti,  1608,  in-S.*»  pequeno. 

RACKZINSKY  (CONDE  DE ). 

Esteve  em  Portugal  e  analysou  varias  pinturas,  no  que  se  mostrou  co- 
nhecedor. 

Na  sua  excursão  artística  pelo  nosso  paiz  mostrou-se  bem  atilado  e  sensato. 

Confessa  ingenuamente  que  não  pôde  esclarecer  o  problema  da  nacionalidade 
dos  quadros  de  Vizeu,  uma  das  mais  bellas  riquezas  artísticas  que  possuimos  em 
Portugal. 

Passados  bastantes  annos,  quando  se  tratava  de  commemorar  os  descobri- 
mentos portuguezes  e  os  de  Colombo,  tratou-se  no  Porto  de  analysar  os  quadros 
e  obras  artísticas  da  misericórdia  d'aquella  cidade,  e  veiu  á  lembrança  uma  ou 
outra  obra  artística. 

Um  caso  de  arte  entreve  alguns  dias  as  attençôes  do  publico.  Foi  a  exposi- 
ção do  celebre  retábulo  Fons  vitae,  na  galeria  dos  retratos  da  misericórdia. 

O  conde  de  Rackzinsky,  na  sua  excursão  artística  pelo  nosso  paiz,  teve 
occasião  de  ver  a  afamada  preciosidade.  No  seu  livro:  Les  arts  en  Portugal,  o 
conde  cita  a  opinião  corrente  de  que  o  retábulo  é  do  grão  Vasco,  mas  não  lhe  dá 
grande  credito.  Parece-lhe  pertencer  ao  primeiro  quartel  do  século  xvi  (lol8), 
concebido  segundo  a  influencia  allemã,  talvez  de  Holbein. 

Outros  críticos,  portuguezes  e  estrangeiros,  vindos  depois,  têem  perfilhado 
esta  ultima  bypolhese. 

O  conservador  da  galeria  da  Rainha  Victoria,  o  sr.  Robínson,  n'um  estudo 
feito  sobre  a  pintura  portugueza,  declara-se  em  sentido  diverso,  e  acha  que  é 
«uma  obra  superior,  a  única  obra  prima  da  arte  nacional  portugueza». 

O  quadro  é  realmente  feito  no  estylo  gothico,  e  segundo  o  plano  e  a  escola 
representada  na  Allemanha  por  llolbein,  e  entre  nós  pelo  supposto  auctor  do 
S.  Pedro,  da  cathedral  de  Vizeu. 

Deixando  aos  archeologos  e  aos  críticos  da  arte  a  paternidade  do  Fons  vitae, 
historiarei  apenas  as  peripécias  que  precederam  a  sua  restauração. 

Ha  dois  ou  três  annos,  como  o  quadro  apresentasse  estragos,  cujo  progresso 
poderia  inulilisar  para  a  historia  da  arte  aquella  verdadeira  maravilha,  resolveu 
a  misericórdia  mandal-o  restaurar,  ouvindo  previamente  um  jury  competente, 
que  se  pronunciasse  sobre  a  conveniência  ou  inopportunidade  da  reparação. 

Um  grupo  de  professores  da  academia  de  bellas- artes  portuense  decidiu-se, 
por  maioria,  pela  restauração,  e  por  unanimidade  sobre  o  restaurador,  que  seria 
António  de  Moura. 

Posteriormente  o  sr.  conde  de  Samodães,  provedor  da  misericórdia  e  também 
inspector  da  academia,  resolveu,  por  descargo  de  consciência  e  desafogo  de  res- 
ponsabilidades, consultar  um  jury  mixto  d(í  professores  dcí  Lisboa  e  Porlo,  ([ue 
se  manifestou  a  favor  da  restauração,  lambem  por  maioria.  O  restaurador  seria  o 


RA  isi 

sr.  Moura  ou  o  sr.  Greno;  estando  o  segundo  impossibilitado  de  executar  aquelle 
trabaliio  peias  suas  occupações  artísticas,  íicou  em  campo  o  sr.  Moura. 


RADA  (D.  JUAN  DE  DIOS  Y  DELGADO ). 

Mujeres  celebres  de  Espana  y  Portugal.  Barcelona,  foi. 

RADONVILLIERS  (ADBÉ  ). 

Este  abbade,  na  sua  obra  Traité  de  la  manière  d'appre7idre  les  langues,  Paris, 
1768,  in-12,  faz  elogio  ao  merecimento  d'este  sábio  portuguez,  e  dos  serviços  que 
prestou  ao  desenvolvimento  do  ensino  na  França  i. 

RAFFLE. 

A  Java,  de  Raílle,  raras  referencias  tem  aos  portuguezes,  mas  a  sua  Vida  e 
Jornal  dão  uma  relação  da  chegada  dos  portuguezes  a  Malaca,  segundo  a  conser- 
vam os  indigenas2. 

RAGOZI  (SAUL  RADA ). 

Numeroso  universal  lamento  á  la  muerte  de  la  Excelentisima  Seilora  Dona 
Maria  de  Guadelupe  Lancaster  y  Cardenas,  duquesa  de  Aveyro,  Arcos  y  Maqueda, 
Fénix  de  su  siglo,  en  que  a  vista  de  su  excelente  vida  se  precisa  el  dolor  á  lamentar 
su  muerte.  Dedicado  ai  Excelentisimo  Duque  de  Arcos^  Aveyro  y  Maqueda.  Escrito 
y  consagrado  á  Su  Excelenza,  por .  8.",  12  pag. 

RAJATUS  (FRAIVCISCO ).— Jesuita,  natural  de  Palermo. 

Symbola  et  inscriptiones  adornatae  honori  SS.  ígnatii  et  Xaverii.  (Encon- 
tram-se  na  obra  composta  por  António  Aíllitto,  intitulada:  Idea  deli' apparato 
per  la  Canonizatione  de  SS.  Ignatio  Loyola  e  Francesco  Xaverio,  nella  Casa  Pro- 
fessa delia  Compagnia  di  Giesu,  di  Palermo.  Palermo,  Giov.  Battista  Maringhi, 
1622,  in-4.« 

Reguaglio  degli  Apparati^  e  Feste  fatte  in  Palermo  per  la  Canonizatione  de* 
SS.  Ignatio  Loyola  e  Francesco  Xaverio  Vanno  1622.  Ibid.,  1622,  in^.*» 

Foi  esta  descripção  reimpressa,  lib.  iii,  pag.  36,  da  obra  de  Francisco  Baro- 
nio:  De  Majestate  Panormitana,  libri  quatuor.  Panormi,  apud  Alphonsum  de 
isola,  1630,  in-fol. 

RALSTOIV. 

Um  jornal  portuguez,  em  1880,  publicou  a  seguinte  noticia: 
«O  sr.  Ralston,  a  maior  auctoridade  da  Inglaterra  com  relação  ao  estudo  das 
tradições  populares,  consagra  no  Academy,  n.**  433,  a  parte  de  um  artigo  ás  inte- 
ressantes publicações  do  sr.  Gonsiglieri  Pedroso :  Contribuições  para  uma  Mytho- 
logia  popular  portugueza,  e  aos  Contos  populares  portuguezes^  publicados  pelo 
sr.  Adolpho  Coelho.  Com  relação  á  ultima  obra  diz  o  sr.  Ralston:  «Uma  excel- 


'  Vicomle  de  Grouchy,  Elude  sur  Nicolas  de  Grouchy,  pag.  25. 

"  Tolbort,  Aiicloridades  para  a  historia  dos  portuguezes  na  índia.  No  Instituto  Vasco  da  Gama, 
Nova  Goa,  1874,  pag.  135. 


1S2  RA 

lente  inlrodueção  (pp.  v-xxxii),  se  acha  prefixada  aos  Contos,  na  qual  o  auctor 
exprime  mui  judiciosas  opiniões  em  relação  á  transmissão  dos  contos  populares, 
Elle  não  quer  adinittir  que  os  contos  te-niiam  uma  só  origem  m}  thica,  por  exem- 
plo, considerando  o  mylho  como  um  dos  productos  radicalmente  differentes, 
ainda  que  elementos  mythicos  entram  livremente  nos  contos.  Nem  crê  n'um 
vehiculo  unieo  para  a  transmissão  das  historias,  quer  na  Europa  em  geral,  quer 
em  qualquer  paiz  em  particular.» 

O  sr.  Gaston  Paris,  a  primeira  auetoridade  de  França  com  relação  ás  tradi- 
ções populares,  julgou  também  mui  favoravelmente,  na  Rumania,  a  publicação 
do  sr.  Adolpho  Coelho. 

RAMBLES  in  Madeira  and  Portugal 

É  atlribuidà  a  composição  d'esta  obra  a  um  certo  Mr.  Lyall  i. 

UAMIREZ  (DIEGO ).— Jesuita,  hespanhol. 

Del  insigne  milagro  en  Nápoles  por  S.  Francis  Xavier  con  el  P.  Marcello  Mas- 
trilloj  de  la  Compania  de  Jesus,  a  3  de  enero  de  1634.  Madrid,  1634.  Vienna, 
1635.  Traduzido  do  italiano. 

RAMIREZ  (D.  MANUEL  ANTÓNIO ). 

Verteu  para  hespanhol  a  obra  do  padre  Lafitau :  Histoire  des  découvertes  et 
conquêtes  des  portugais  dans  le  nouveau  monde. 

Esta  versão  hespanhola  foi  estampada  em  Madrid,  no  anno  de  1774,  8.» 

RAMOS  DEL  MANZANO  (D.  FRANCISCO ). 

A  nuestro  Santisimo  Padre  Alexandre  Vil,  sobre  la  provision  de  los  obispados 
vacantes  m  la  corona  de  Portugal.  Madrid,  por  José  Fernandez  de  Buendia,  1659, 
in-fol. 

RAMUSIO'S  (GIOVANI  BATTISTA ). 

Viaggio  di  Giovani  Leone  (Descrizione  deli'  Africa)  e  le  Navigatione  di  Alvise 
da  Cadamosto;  di  Pietro  di  Cintra;  di  Annone ;  di  un  Piloto  Portoghese;  e  di  Vasco 
diUjama.  Vinezia,  1837. 

RAN  (HERIBERT  ). 

Geschichte  der  Entwickclimg  des  menschlichen  Geistes.  Allgemeine  Ktdlurge- 
schichte  ron  iJtren  Uranfángen  bis  auf  die  Gegenwart.  Ein  Buch  fiir  jedes  Haus. 
Neue  Augs.  Neustadt  a.  d.  H.  1881.  2  vol.  em  um  só. 

No  tomo  II,  cap.  ix,  a  pag.  379  e  seguintes,  falia  da  poesia  e  litteratura  na 
Hespanha  e  em  Portugal  e  de  Camões. 

RANQUE. 

Lettres  sur  le  Portugal.  Sem  data. 


Roberl  While  and  James  Y.  .íolirison,  ^]ade^ra,  pag.  223 


RA  1S3 

RANSOMER  (JACOBI ) Societatis  Jesu. 

Annuae  Paraquariae  annorum  1626  et  1627. 

Trata  das  missões  do  Paraguny  e  vem  citada  esta  obra  a  pag.  xxi  do  livro 
Relation  des  missions  du  Paraxjuay,  traduite  de  1'italien  de  Muratori. 

RASIS  (GAYANGOS )K 

«Gabriel  Rodrigues  Escabias,  no  seu  Discurso  apologético,  já,  citado,  intro- 
duz a  propósito  de  Illiberio  ou  Elvira,  que  quer  que  seja  a  mesma  que  Ilipula 
Magna  e  Granada,  varias  citações  de  Rasis  trocadas  e  augmentadas  á  sua  maneira, 
affirmando  que  o  códice  antiquíssimo  de  onde  as  extrahiu  foi  dado  de  presente 
a  seu  senhor  o  almirante  de  Aragão  pelo  imperador  da  Ailemanha  Rodolpho  II, 
e  provinha  da  livraria  do  famoso  mosteiro  de  Fulda,  vasto  arsenal  em  que  o 
padre  Roman  de  la  Higuera  e  outros  improvisadores  litterarios  pretendiam  en- 
contrar as  monstruosas  novidades  e  ridiculas  patranhas,  com  que  conseguiram 
obscurecer  e  embrulhar  por  algum  tempo  a  historia  ecclesiastica  d'estes  reinos  2. 

«Assentes  estes  preliminares,  vamos  tratar  do  ponto  principal  que  nos  pro- 
pozemos  investigar,  isto  é: — se  houve  na  Hespanha  um  historiador  chamado 
Rasis,  que  obras  deixou  escriplas,  e  por  fim  se  é  ou  não  traducção  do  árabe  a 
Chronica  castelhana  que  apparece  debaixo  do  seu  nome. 


«Rasis  é  corrupção  de  Razi,  e  com  o  artigo  Ar-Razi,  nome  ethnieo,  que 
significa  «o  oriundo  ou  natural  de  Ray  ou  Rayya»,  cidade  e  districto  da  Pérsia. 
Costumam  os  árabes  designar  seus  escriptores  ou  personagens  celebres  pelo  nome 
de  sua  pátria  ou  domicilio,  assim  como  nós  também  dizemos  Nebrissense  a  Elio 
António  de  Lebrija ;  Abulense  a  Tostado ;  Brocense  a  Francisco  Sanchez  das  Brozas, 
e  assim  a  outros.  Razij  pois,  significa  um  individuo  qualquer,  nascido,  oriundo 
ou  domiciliado  em  Rayya;  sendo  vários  os  escriptores  árabes  conhecidos  por 
este  appellido,  como :  Abu  Requer  Mohammed  ben  Zakaryya,  Ar-Razi,  medico 
famoso,  cujas  obras,  vertidas  para  latim,  formaram,  juntamente  com  as  de  Avi- 
cenna,  e  Averves,  a  base  dos  conhecinjentos  médicos  na  idade  media  3,  Mohammed 
ben  Ornar  At-temini  Al  bekri  Ar-Razi-^,  theologo  distincto  e  doutor  da  seita 


'  V.  Gayangos,  pag.  254,  vol.  11. 

•  Unem  desejar  ler  o  muito  que  Rodrigues  Escabias  acrescentou  de  sua  própria  invenção  ao  texto 
genuíno  de  Rasis,  pôde  cotejar  a  obra  do  dilo  escriplor  (foi.  12-14),  com  os  extractos  da  Chronica,  que 
addicionàmos  como  appondice  a  esta  memoria.  k\\\  se  verá  como,  só  com  o  fim  de  confundir  seus  adver- 
sários, e  sustentar  opiniões  ridiculas  acerca  do  sitio  e  povoação  de  Granada,  faz  dizer  a  Rasis  que  Gra- 
nada foi  fundada  por  Hercules,  o  qual  lhe  poz  o  nome  de  Illiheris,  de  uma  nela  d'elle,  e  que  os  antigos 
lhe  chamaram  depois  Ilipula  Magna,  e  outras  novidades  por  este  teor. 

"  Gerardo  de  Carmona,  e  nào  de  Cremona,  como  alguns  acreditaram,  traduziu  para  latira  algumas 
obras  de  Ar  Razi,  e  entre  outras  seu  Al-hawi  on  Contiens,  que  se  imprimiu  pela  primeira  vez  em  Brescia, 
no  anno  do  1486. 

*  Trata  d'elle  Ben  Jallecan  no  seu  Diccionario  de  homens  illustres.  Era  natural  de  Ray,  c  oriundo 
de  Tabaristan ;  teve  os  sobrenomes  de  Beu  \l-jattib  e  Tajro-d-din. 


»3i  RA 

xafeita,  a  cuja  consolidação  e  luzimento  contribuiu  sobremaneira  com  seus  escri- 
ptos,  Abdo-r-rabman  ben  Om;ir  ben  Sahl  Abu-1-buseyn  Ar-Razi,  fundador  de 
uma  escola  de  sufies  ou  mysticos ;  Ahmed  hen  Faris  Ar-Razi,  philologo  erudito» 
do  qual  se  conserva  um  diccionario  mui  copioso  e  estimado,  da  lingua  árabe ; 
Abu  Yusuf  Yâcub  ben  Mohammed  Ar-Razi,  Iraductor  dos  Elementos,  de  Euclides, 
e  muitos  outros,  que  poderiamos  citar. 

Nenhum  dos  escriptores  acima  mencionados  foi  historiador,  nem  residiu  na 
Hespanha  ^ ;  e  portanto  será  indispensável  ir  procurar  o  auctor  da  nossa  Chronica 
entre  os  árabes  andaluzes.  Porém,  como  são  muitos  os  que,  ou  por  terem  nascido 
no  referido  districto  de  Rayya^  ou  por  serem  oriundos  d'a]li,  usaram  do  sobre- 
nome ou  appellido  de  Ar-Razi,  ahster-nos-hemos  de  apontar  aqui  seus  nomes  e 
profissões,  e  passaremos  desde  já  a  tratar  dos  três  historiadores  que  houve  na 
Hespanha  conhecidos  por  este  nome. 

•  Mohammed  ben  Musa  ben  Boxeyr  ben  Chenad  ben  Lakit  Al-Quenani,  ou 
da  tribu  de  Quenana  y  Ar-Razi,  isto  é,  natural  de  Ray,  na  Pérsia,  veiu  á  Hes- 
panha pelo  anno  250  da  hégira,  ou  86o  de  Christo.  Mercador  de  profissão,  trouxe 
comsigo  jóias,  drogas  e  outras  producções  do  Oriente,  e  estabeleceu-se  em  Córdova, 
corte  então  dos  Reis  da  familia  de  Umeyya.  Sua  afí'abilidade  e  bom  trato,  assim 
como  sua  instrucção  e  honradez,  lhe  grangearam  o  favor  de  um  poderoso  guazir, 
e  ultimamente  de  Mohammed  ben  Abdo-r-rahman,  quinto  monarcha  d'aquella 
esclarecida  estirpe,  que  lhe  conferiu  destinos  de  importância,  e  o  empregou  em 
vários  negócios  árduos  de  seu  serviço.  Foi  um  d'estes,  o  apaziguar  certas  dissen- 
ções  occorridas  em  Granada  entre  árabes  e  mulados^,  por  causa  da  morte  vio- 


'  Embora  se  acreJilasse  geralmente  que  Abu  Bcquer  Ar-Razi  veiu  á  Hespanha  e  habitou  por 
algum  tempo  em  Córdova,  onde  dizem  que  escreveu  para  Almansor  um  livro,  ao  qual  poz  o  nome  deste 
celebre  ministro,  é  um  erro  que  propagou  Hotlinger  no  seu  Bibliothecario,  pag.  253.  Rasis  morreu  na 
hégira  de  311,  isto  é,  16  annos  antes  de  q^scer  Almanzor;  nunca  veiu  á  Hespanha  e  dedicou  sua  obra  a 
Abu  Saleli  Mansor  Ben  Nuh,  sultão  de  Sumanida. 

*  Apesar  de  ter  havido  também  na  Hespanha  uma  provincia  chamada  Rayya,  por  se  haverem 
flxado  n'clla  os  árabes  originários  d'aquella  região,  e  de  terem  Archidona,  primeiro,  e  depois  Málaga, 
obtido  o  nome  de  Medina  Rayya,  por  terem  sido  cabeças  ou  capitães  d'aqueile  districto,  os  naluraes  das 
ditas  cidades  usavam  do  patronímico  ou  nome  ethnico  áeAr-rayyi,  seguindo  uma  formação  grammatical 
differente. 

■  Na  relação  da  viagem  e  embaixada  feita  em  tempo  de  Carlos  lí,  por  um  ministro  do  Imperador 
de  Marrocos,  enviado  a  Hespanha  para  tratar,  se  encontra  acerca  d'este  Ar-Razi  uma  noticia  mui  im- 
portante, que  nào  podemos  deixar  passar  era  silencio.  Fallando  de  Tarifa,  ponto  onde  desembarcou, 
refere  o  embaixador  a  entrada  de  Tarif,  que,  como  é  sabido,  foi  dislincta,  e  precedeu  um  anno  a  da 
Tarik,  tomando  d'aqui  pretexto  para  introduzir  na  mera  narração  de  uma  viagem  ou  itinerário  desde 
aquelle  porto  á  còrle,  passando  por  Sevilha  e  (;ordova,  um  sem  (im  de  noticias,  cada  qual  a  mais  curiosa, 
extrahidas  de  livros  que  nos  são  inteiramente  desconhecidos,  porém  que  sem  duvida  eram  vulgares  no 
seu  tempo. 

Tratando,  pois,  de  Algeciras  e  da  sua  mesquita,  chamada  em  outro  tempo  «das  bandoiras»,  ex- 
plica a  origem  do  dito  nome,  e  em  seguida  acrescenta:  «Diz  Mohammad  ben  iMozeyn :  Achei  na  biblio- 
theca  de  Sevilha,  no  anno  de  471,  nos  dias  de  Ar-Radhi,  fdho  de  Al-molamed,  um  pequeno  volume,  com- 
posto por  Mohammed  Ben  Musa  Ar-Razi,  O  livro  das  bandeiras,  no  qual  livro  trata  de  como  entrou 
Muza  ben  Noseyr,  e  de  quantas  bandeiras  entraram  com  ello  na  Hespanha,  dos  corayxítas  e  outros 
árabes.  Enumora-as  o  auctor,  e  diz  que  oram  mais  de  vinte,  a  saber:  duas  d'cllas  eram  do  mesmo  Muza 
ben  iNoscyr:  uma  deu  o  principe  dos  crentes,  Abdo-l-malcq-ben-Al-waIid,  quando  lhe  conferiu  o  governo 
de  Ifrigniya  (Africa  orientai)  e  das  regiões  situadas  mais  alem  ;  e  a  outra  a  deu  o  principe  dos  crentes, 
Alwalid  b>.'n  Abdo-1-maleq,  quando  o  connrraou  no  governo  de  Africa  oriental  c  mais  paizes  que  conquis- 


RA  iss 

lenta  de  um  renegado  chrisláo  por  um  habitante  de  Elvira.  Morreu  Ar-Razi  no 
regresso  d'esta  embaixada,  em  a  lua  de  Rabi,  ultima  do  anno  273,  que  corres- 
ponde ao  mez  de  outubro  de  886  ^ 

«Deixou  escripto  um  livro  de  historia  e  genealogia,  intitulado:  O  livro  das 
bandeiras^;  alem  d'isso  um  filho  seu,  de  quem  fatiaremos  mais  adiante,  cita-o  a 
miúdo  em  suas  obras  como  narrador  de  feitos,  que  presenciou  no  Oriente,  ou  de 
que  foi  testemunha  ocular  na  Hespanha. 

«Filho  do  acima  mencionado,  foi  Ahmed  ben  Mohammed  ben  Musa  Abu 
Bequer  Ar-Razi,  celebre  escriptor,  a  quem  sua  extraordinária  erudição  em  maté- 
rias históricas,  lhe  obteve  o  sobrenome  de  At-tariji  ou  O  c/<rom'sía.  A ttribuem-lhe 
varias  obras  sobre  historia  e  geographia  da  Hespanha  árabe,  entre  as  quaes  me- 
recem particular  menção  as  seguintes :  Uma  descripção  topographica  da  cidade  de 
Córdova;  uma  historia  genealógica  das  familias  mais  notáveis  e  illustres  que 
vieram  morar  na  Hespanha ;  Uns  annaes  da  Hespanha  árabe,  desde  sua  conquista 
por  Tarik  ben  Zeyyad  e  Musa  ben  Noseyr,  até  aos  tempos  de  Abdo-r-rahman  Hl, 
oitavo  Rei  de  Córdova  3.  Ignora-se  o  anno  da  sua  morte,  mas  é  presumir  que 
vivesse  ainda  pelos  annos  de  325  da  hégira,  ou  936  de  Christo.  Faliam  d'elle 
Ben  Hayyan,  Ben  Bessan,  Al-homaydi,  Adh-dhabbi,  Ben  Rexqual,  Ben  Al-abbar, 
Ben  Al-jattib,  e  quantos  historiadores  hão  escripto  acerca  de  nossas  cousas, 
citando-o  a  miúdo,  e  copiando  amplos  fragmentos  de  suas  differentes  obras  his- 
tóricas. 

«Mas  ouçamos  o  que  acerca  d'este  Ar-Razi  e  de  seus  escriptos  diz  Almaccari 
no  liv.  II,  cap.  IV  de  sua  historia,  tratando  das  obras  litterarias  dos  árabes  anda- 
luzes :  «Ahmed  ben  Mohammad  ben  Musa  Ar-Razi  Ar-tariji,  escreveu  varias 
obras  de  historia  e  de  topographia  de  Hespanha,  e  com  especialidade  um  bastante 
volumoso,  em  que  descreve  os  caminhos,  portos,  montes,  rios  e  cidades  principaes 
da  peninsula;  os  seis  chund^j  ou  districlos  militares,  em  que  então  estava  divi- 
dida, o  numero  e  qualidade  de  suas  províncias,  as  producções  tanto  vegetaes 
como  mineraes  de  seu  solo,  e  até  mesmo  outras  noticias  individuaes,  que  em  vão 
se  procurariam  em  outras  obras  d'aquelle  tempo.» 


lasse  até  Al  magreb.  Outra  terceira  bandeira  era  a  de  seu  filho  Abdo-1-aziz,  o  que  entrou  cona  clle  na 
Hespanha;  e  as  outras  eram  do  coraxylas,  caudilhos  árabes,  e  principaes  governadores,  que  vieram  com 
clle.  Também  traia  Ar-Razi  no  seu  livro  de  outras  familias  que  entraram  com  Muza  e  não  traziam 
bandeira, 

E  mais  adiante:  «E  dizem  que  a  reunião  dos  caudilhos  (para  deliberar)  n'aqueile  honrado  consis- 
tório, se  verificou  no  sitio  mesmo  da  mesquita  das  bandeiras,  em  Algeciras,  o  qual  se  chamou  desde 
então  assim,  e  que  por  isso  mesmo  Al-Razi  intitulou  sua  obra  O  livro  das  bandeiras. 

O  manuscripto,  que  ó  copia  de  letra  de  D,  Manuel  Vacas  Lepina,  pára  hoje  nas  mãos  do  meu 
amigo  c  companheiro  D.  Serafin  Eslevanez  Calderon. 

'  «Mulado»,  corrupção  de  «Muwailad»,  que  vale  tanto  como  filho  ou  descendente  de  paos  que  não 
são  árabes.  Dava-se  este  nome  aos  filhos  de  renrgados  christàos. 

'  Estas  noticias  são  tiradas  da  Historia  de  Al-maccari,  livro  vi. 

•  Desta  ultima  obra,  que  devia  ser  mui  importante,  acham-se  frequentemente  citações  e  extractos 
em  Ben  Hayyan,  Ben  Al-abbar,  Ben  Al  jaltib  e  outros. 

*  Chund,  que  faz  seu  plural  achnad,  significa  propriamente  exercito,  reunião  de  homens  alistados 
formando  corpo;  lambem:  divisão  ou  districto  militar.  Deu-se  este  nome  a  cinco  províncias  de  Syria, 
chamadas  Damasco,  Emessa,  Kennesrin,  Al-ordan  e  Filistin.  Quando  Baich  e  os  árabes  da  Syria  ou 
chaldeos,  como  Ihet,  chamam  nossos  antigos  clironistas,  vieram  á  Hespanha,  foi  preciso  dar-lhes  terras 
e  províncias  em  que  morassem,  segundo  o  chund,  a  que  pertenciam  ;  de  onde  proveiu  chamarem  a  <ira- 
nada,  Damasco;  a  Sevilha,  Emassa;  a  Jaen,  Kennesrin;  a  Málaga,  Ai-ordan,  e  Xerez,  Filistin. 


ÍS6  RA 

«E  em  outro  logar:  «Alem  da  obra  citada  acima,  Ahmed  Ar-Razi  escreveu 
uma  historia  dos  Beis  de  Córdova,  na  qual  refere  seus  memoráveis  feitos  e  ditos, 
desgraças,  victorias  e  derrotas.  Também  eompoz  uma  deseripção  topograptiica 
de  Córdova,  igual  em  tudo  á  que  escreveu  de  Bagdad  o  celebre  historiador 
Ahmed  ben  Abi  Tahir,  e  na  qual  assignala  os  nomes  de  todas  suas  ruas,  praças, 
arrabaldes  e  descreve  seus  edifícios  públicos,  mesquitas,  palácios,  banhos,  pontes 
e  jardins^» 

«Esta  noticia  foi  copiada  por  Al-maccari  da  obra  de  Adh-dhabbi,  o  qual  a 
tomou  de  seu  mestre  Al-homaydi,  sábio  mallorquim,  que  eompoz  varias  obras  de 
historia,  e  entre  outras  uma  biographia  de  homens  celebres  intitulada  Ihigyato- 
l-moltamis  fi  tarij  rechali-l-andalus.  Da  obra  de  Adh-dhab-bi  se  conserva  uma 
copia  antiga,  ainda  que  bastante  maltratada,  no  Escurial ;  a  de  Al-homaydi  não 
se  encontra  (que  nós  saibamos),  senão  na  bibliotheca  Bodleyana  de  Oxford. 
Como  Al-maccari  é  auctor  comparativamente  moderno,  pois  escreveu  pelos  annos 
àò  1634,  e  poderia  parecer  suspeito,  vamos  trasladar  aqui  a  noticia  de  Ar-Bazi, 
segundo  se  acha  no  códice  de  Oxford. 

«Ahmed  ben  Mohammed  At-tariji,  O  chronistaj  versado  nas  historias,  escre- 
veu acerca  das  cousas  notáveis  de  Almagreb  (Occidente),  vários  livros  e  entre 
elles  um  mui  grosso,  no  qual  descreve  os  caminhos  ou  itinerários  de  Hespanha, 
seus  portos  e  principaes  cidades;  os  sete  chund  ou  districtos  militares,  as  parti- 
cularidades de  cada  uma  de  suas  provindas,  e  aquillo  que  n'ellas  se  acha,  que 
se  não  encontra  em  outras.  Assim  o  refere  Abu-Mohammed  ben  Hazm,  o  qual 
faz  o  elogio  de  Ar-Razi.» 

«Depois  d'este  artigo,  aeha-se  o  seguinte:  «Ahmed  ben  Mohammed  ben 
Miisa-Ar-Bazi  Abu  Bequer  Andalusi  (domiciliado  em  Hespanha),  Cortobi  (vizinho 
de  Córdova),  era  oriundo  de  Ray  ou  Bayya.  Escreveu  acerca  da  historia  dos  Beis 
de  Hespanha,  de  seus  ministros,  de  suas  desgraças  e  guerras,  um  livro  mui  volu- 
moso. Corapoz  também  uma  obra  em  que  descreve  Córdova,  seus  limites  e  prin- 
cipaes edifícios,  parecida  com  a  que  a  respeito  de  Bagdad  eompoz  Ahmed  ben 
Abi  Tahir,  na  qual  este  referiu  a  historia  da  dita  cidade,  e  tratou  dos  companhei- 
ros e  cortezãos  de  Almansor.  Assim  o  diz  Abu  Mohammad  ben  Hazm,  o  qual 
acrescenta  que  Ahmed  ben  Mohammad  ben  Musa  escreveu  também  a  respeito  de 
linhagens  de  Hespanha ^  uma  obra  em  cinco  tomos  grossos,  do  melhor  e  mais 
abundante  em  noticias  que  jamais  se  escreveu.  Assim  o  affirma  o  dito  Abu  Mo- 
hammed ben  Hazm,  ainda  que  não  está  claro  se  este  Ahmed  ben  Mohammad  ben 
Musa  é  o  mesmo  a  quem  chama  Ahmed  ben  Mohammad  Attariji,  ou  diíTerente, 
dois  logares  da  sua  historia,  ainda  que  são  para  mim  um  mesmo  3;  porém,  só 
Deus  sabe  a  verdade  das  cousas.» 


'  Cousa  desejada  para  aquelle  que  appelcco  insliuir-sc  na  historia  dos  varões  illuslres  de  Hes- 
panha. 

'  Ben  Al-Abbar  cita  uma  obra  de  Ar-Razi,  intitulada:  Collecção  de  linhagens,  a  qual,  sem  duvida, 
é  a  mesma  aqui  citada.  (Cod.  Escur.,  foi.  119,  na  Vida  do  guacir  ChehwarJ 

•  Segundo  B^'n  Jallccan,  em  suas  Mortes  dos  varões  illuslres,  Abu  Mohammed  foi  uma  espccie  de 
Tostado,  poslo  que,  por  seu  fallecimento,  occonido  na  iiecira  de  466,  se  acharam  escriptas  por  seu 
punho  muitas  das  obras  originaes,  as  quaes  formavam  cerca  do  400  volumes  in-1'olio,  ou  80:000  cadernos 
de  papel.  Veja-so  taiubcm  AI-Maccari,  tomoi,  foi.  147  da  Iraduci-âo  iugleza. 


RA  157 

«o  Abu  Mohammed  ben  ílazm  aqui  cilado,  foi  fillio  de  Ahmed  ben  Hazm, 
guacir  de  Hixem  II.  Pela  morte  de  seu  pae,  Decorrida  na  hégira  de  402,  sucee- 
deu-lhe  no  emprego;  foi,  alem  d'isso,  eseriptor  diligenlissimo  em  todas  as  maté- 
rias, e  deixou S  entre  outras  obras,  uma  historia  de  Hespanha  intitulada:  Os 
bordados  da  noiva,  ou  noticias  dos  califas  de  Córdova^  e  uma  risela  ou  epistola, 
em  que  trata  da  aptidão  dos  árabes  hespanhoes  para  todo  o  género  de  sciencias, 
e  dos  progressos  que  n'ellas  fizeram  2.  D'esta  ultima  tiraria  Al-homaydi,  que  foi 
discípulo  de  ben  Hazm,  as  noticias  que  dá  a  respeito  de  Ar-Razi. 

«Filho  d'este,  e  neto  do  primeiro,  foi  Iza  ben  Ahmed  ben  Mohammad  ben 
Musa  Ar-Razi,  que  também  devia  ser  eseriptor,  posto  que  Ben-Hayyan,  Ben-AI- 
jatibb  e  outros  o  citem  a  miúdo  nars  suas  respectivas  chronicas.  Nada  dizem 
d'elle  os  biographos  andaluzes,  do  que  se  infere  que,  ou  não  alcançou  a  celebri- 
dade de  seu  pae,  ou  as  obras  que  escreveu  não  foram  mais  do  que  um  extracto 
ou  compêndio  das  d'este,  achaque  mui  commum  nos  litteratos  árabes,  entre  os 
quaes  o  jilho  ou  discípulo  de  um  auctor  trasladava  e  copiava  sem  acanhamento 
algum  as  obras  de  seu  mestre.  Sem  embargo  o  valenciano  Ben-Ab-abbar  Al-codhai 
attribue  a  este  Ar-Razi,  isto  é,  a  Iza,  íilho  de  Ahmed,  e  neto  de  Mohammed, 
umas  memorias  históricas  dos  hachebes,  ou  primeiros  ministros  dos  Reis  de  Cór- 
dova, e  ha  fundamentos  para  crer  que  ao  dar  á  luz  as  obras  históricas  de  seu 
pae  Ahmed,  as  continuaria  até  seu  tempo.  Não  existindo  nos  diccionarios  biogra- 
phicos  do  Escurial  noticia  alguma  a  respeito  d'este  eseriptor,  não  sabemos  dizer 
de  um  modo  positivo  em  que  epocha  floresceu;  porém  se  seu  pae  Ahmed  vivia, 
segundo  temos  dito,  no  reinado  de  Abdo-r-rahman  111,  ou  seja  pelo  meiado  do 
século  x  da  nossa  era,  ha  rasão  sobrada  para  crer  que  alcançou  os  tempos  de 
Hixem  II,  decimo  Rei  de  Córdova,  o  qual  começou  a  reinar  no  anno  366  da  hé- 
gira (ou  976  de  Christo)  administrando  seu  império,  ou  melhor,  reinando  em  seu 
nome  o  celebre  guacir  Mohammed  ben  Abi  Aamer,  mais  conhecido  pelo  cognome 
de  Almanzor. 

«Fica  pois  provado  que  houve  na  Hespanha  três  historiadores  com  o  nome 
de  Ar-Razi:  o  primeiro,  chamado  Mohammad  ben  Musa,  que  floresceu  durante  os 
reinados  de  Al-haquem  T,  Abdo-r-rahman  11  e  Mohammed  I;  o  segundo,  Ahmed 
ben  Mohommad  ben  Musa,  que  provavelmente  vivia  ainda  no  anno  323,  no  rei- 
nado de  Abdo-r-rahman  IH ;  e  o  terceiro  e  ultimo,  Isa  ben  Ahmed  ben  Mo- 
hammad ben  Musa,  que  alcançou  os  tempos  de  Hixem  II.  Temos  visto  pelos 
extractos  de  Al-homaydi,  que  Ahmed  deixou  eseriptas  duas  obras  parecidas  no 
seu  texto  á  Chronica  castelhana,  a  saber :  uma  descripção  da  Hespanha  árabe  e 
uma  historia  dos  seus  Reis;  a  mesma  que,  segundo  todas  as  probabilidades, 
addicionou  e  continuou  até  seu  tempo,  seu  filho  Isa.  Se  a  isto  se  acrescentar  que 
o  exemplar  que  foi  de  Ambrósio  de  Morales  se  altribue  a  Ahmed,  filho  de  Mo- 
hammad ben  Musa  Ar-Razi,  fica  desde  logo  estabelecida  a  identidade  do  auctor. 

«Falta-ncs  agora  provar  que  a  Chronica  castelhana  é  traducção,  embora 
má,  de  uma  d'estas  obras,  talvez  de  ambas,  e  não,  como  se  acreditou  até  hoje, 
uma  novel  la,  á  qual  se  poz,  para  a  auctorisarem,  o  nome  de  tão  celebre  eseriptor. 


'  Al-Maccari  (lomo  1,  foi.  171-190),  copia  uma  grande  parte  d'csta  epistola,  na  qual  se  dão  inte- 
ressantes pormenores  acerca  das  obras  lilterarias  dos  árabes  hespanhoes. 
»  Cod.  Escur.,  num.  1:649,  foi.  9,  v. 


158  RA 

•Al-maccari,  se  não  teve  presentes  as  obras  originaes  de  Ar-Razi,  teve  ao 
menos  presentes  as  de  outros  historiadores  mais  modernos,  que  seguiram  as 
pegadas  d'aquelle  escriptor,  e  o  copiaram  á  letra,  como  são:  Ben  Hayyan,  Ben 
Baxcual,  Ben  Said,  Al-homaydi,  Ben  Alabbar  de  Valência,  e  Ben  Al-jatlib  de 
Granada;  introduz  no  liv.  i,  cap.  i,  de  sua  Historia,  vários  fragmentos  da  des- 
cripção  de  Hespanba,  de  Ahmed,  os  quaes,  cotejados  com  seus  correspondentes 
paragraphos  da  Chronica  castelhana^  tornam  clara  sua  identidade,  e  confirmam 
nossa  asserção. 

«Para  maior  segurança,  porém,  eis  aqui  o  seguinte,  traduzido  do  árabe: 
«Disse  o  Xeque  Ahmed  ben  Mohammad  ben  Musa  Ar-Razi:  «A  terra  de  Anda- 
luz é  o  ultima  do  quarto  clima  até  ao  presente,  e  é  tida  entre  os  sábios  por 
terras  de  bons  campos  e  férteis  veigas,  ricas  em  fruclos  de  todas  as  espécies, 
regada  por  caudalosos  rios,  e  cheia  de  mananciaes  de  agua  doce.  Acham-se 
n'ella  mui  poucos  reptis  venenosos;  é  bafejada  por  bons  ares  e  temperatura;  a 
primavera,  outono,  inverno  e  estio  se  succedem  sem  que  se  note  differença  na 
passagem  de  uma  estação  para  outra.  Os  fructos  nascem  sem  interrupção,  succe- 
dendo-se  uns  aos  outros  na  maior  parte  dos  mezes  do  anno.  Por  isso  nas  costas 
e  districtos  adjacentes  todos  os  fructos  são  mui  temporãos,  ao  passo  que  no 
Tseguer^  e  na  sua  terra,  nos  paizes  montanhosos,  são  geralmente  mais  tardios; 
de  sorte  que  duram  todo  o  anno  as  bondades  da  terra  e  nunca  faltam  seus  fructos 
em  qualquer  estação  que  seja.  Tem,  alem  d'isso,  uma  propriedade,  a  qual  con- 
siste em  se  assimilhar  á  índia  em  vários  fructos  e  producções  singulares,  produ- 
zindo plantas,  que  são  peculiares  áquellas  regiões,  taes  como  o  mahaleb^,  que  é 
o  mais  excellente  dos  tónicos  ou  refrigerantes,  e  a  mais  avantajada  entre  as  varias 
espécies  de  aikaii,  e  tão  somente  se  cria  na  índia  e  n'esta  terra. 

«Hespanba  tem  cidades  fortes  e  castellos  inexpugnáveis,  torres  bem  presi- 
diadas e  alcaçares  excellentissimos.  Tem,  outrosim,  terra  e  mar,  planícies  e  mon- 
tanhas; sua  figura  é  triangular,  apoiando-se  em  três  ângulos  ou  pontas,  dos  quaes 
o  primeiro  é  o  sitio  em  que  se  acha  o  ídolo  ^  de  Cadiz,  bem  conhecido  em  toda  a 
Hespanba,  alli  onde  está  a  saída  do  Mar  Mediterrâneo,  chamado  também  o  Xemi 
ou  de  Syria,  o  que  banha  as  costas  meridionaes  da  Península.  Com  o  segundo 
até  ás  parles  orientaeá  de  Hespanba,  entre  as  cidades  de  Narbonna  e  de  Bordhil 
(Bordéus),  as  quaes  se  acham  hoje  em  dia  nas  mãos  dos  Francos,  olhando  para 
as  duas  ilhas  de  Malhorca  e  de  Menorca,  e  para  a  proximidade  dos  dois  mares,  a 
saber:  o  mar  que  circumda  toda  a  terra  (Oceano),  e  o  mar  que  lhe  corre  pelo 
meio  (Mediterrâneo).  Entre  estes  dois  mares  está  a  terra,  que  chamam  as  portas, 
e  serve  de  entrada  para  os  que  vem  á  Hespanba  desde  a  terra  grande  ou  conti- 
nente, ou  desde  o  paiz  dos  Francos.  A  distancia  entre  os  dois  mais  é  de  dois 
dias  de  jornada,  e  a  cidade  de  Narbonna  olha  para  o  Mediterrâneo. 


'  Por  Tseguer,  que  hoje  em  dia  se  pronuncia  teguer,  entendem  os  árabes  o  Aragão  e  sua  fronteira, 
de  onde  proveiu  darem  o  nome  de  tagarinos  aos  mouros  d' aquellc  reino.  Os  zegrés  de  Granada  eram 
também  oriundos  de  Aragão. 

*  Mahaleb  ou  Magalep,  espécie  de  cerejeira  brava,  chamada  por  outro  nome  arvore  de  Santa  Luzia, 
cujo  fruclo  era  antigamente  usado  como  perfume. 

•  ídolo,  spnam;  assim  chamavam  os  árabes  a  todo  o  lemplo  ou  construcçâo,  como  lambem  a  toda 
.a  figura  ou  estatua  do  tempo  dos  romanos.  Al-Maccari  diz  que  no  alto  da  torre  ou  vigia  de  Hercules,  em 
Cadiz,  havia  uma  estatua  de  bronze  que  tinha  na  mão  direita  as  chaves  do  estreito.  Veja-se  acerca  d' isto 
o  que  diz  a  Chronica  gerai  de  El-Rei  D.  Âffonso,  cap.  V. 


RA  1S9 

«Fixa-se  o  terceiro  angulo  entre  o  Soptentrião  e  o  Occidente,  na  terra  cha- 
mada Chaliquiya  (Galliza),  alli  onde  os  montes  chegam  ao  mar,  e  no  píncaro  de 
um  dVlles  se  ergue  um  alto  edifício  parecido  com  o  idoio  de  Cadiz,  o  qual  serve 
de  alalaya  para  a  terra  da  Bretanha  ^. 

«Disse  Al-Hazi:  «As  Hespanlias  são  duas,  segundo  a  diversidade  do  sopro 
de  seus  ventos,  a  queda  de  suas  aguas  e  o  curso  de  seus  rios,  a  saber:  Hespanha 
Occidental  e  Hespanha  oriental.  A  occidental  é  aquella  cujos  rios  desembocam  no 
Oceano  occidental,  e  na  qual  chove  com  ventos  do  poente.  Seus  limites  são,  co- 
meçando nas  partes  do  Levante  juntamente  com  a  mefaza^^  que  sáe  do  norte  até 
o  districto  de  Santa  Maria,  subindo  um  pouco  até  ao  partido  de  Agreda,  nas  im- 
mediações  de  Toledo,  inciinando-se  depois  para  o  poente  e  chegando  até  aquella 
parte  do  Mediterrâneo  que  fica  em  frente  de  Garthagena,  a  nova,  na  terra  de 
Lorca.  Toda  aquella  parte  que  se  defronta  com  o  occidente  d'esta  linha,  chama-se 
Hespanha  occidental.  A  oriental,  conhecida  também  pelo  nome  de  Hespanha  a 
rcn)ola,  é  aquella  cujos  rios  correm  para  o  oriente,  e  na  qual  chove  com  os  ventos 
de  levante.  Seus  limites  são,  partindo  desde  a  extremidade  dos  montes  dos  vas- 
cões, e  seguindo  o  curso  do  Ebro  até  ao  paiz  de  Santa  Maria ■^.  Ao  norte  d'esta 
zona  e  ao  occidente,  está  o  mar  Oceano,  ao  sul  o  mar  do  Algarve,  do  qual,  se- 
gundo já  dissemos,  sáe  o  mar  que  banha  as  costas  de  Xam  ou  Syria,  chamado 
por  outro  nome  Mar  Tyren  (Tyrrhenum  maré),  que  vale  tanto  como  mar  que 
corta  a  redondeza  da  terra;  outros  lhe  chamam  Mar  Grande. 

«Os  anteriores  extractos,  feitos,  segundo  já  dissemos,  da  obra  de  Almaccari, 
correspondem  aos  paragraphos  3,  4  e  o  da  Chronica  casielhanaj  e  se  hão  de  en- 
contrar no  appendice  n.*»  1.  Por  elles  se  virá  no  conhecimento  de  que,  mesmo 
barbaramente  feita,  e  mui  interpolada;^  segundo  mais  adiante  diremos,  a  Chronica 
é  real  e  eífectivamente  traducção  de  uma  obra  de  Ar-Razi.  É  preciso  não  perder 
de  vista  que  Gil  Perez  não  sabia  a  lingua  arábica,  e  também  não  fez  mais  do 
que  escrever  o  que  Mohammad  e  outros  lhe  dictavam,  como  elle  mesmo  declara 
no  seu  prologo;  que  n'aquelles  tempos  as  traducçôes  que  se  faziam  antes  apre- 
sentavam o  sentido  do  que  a  letra*;  que  o  original  está  escripto  em  sentido  ele- 
vado e  conciso,  e  portanto  mui  diílicil  de  trasladar  para  uma  lingua  tão  pobre 
como  devia  então  ser  a  gallega  ou  portugueza;  e  por  ultimo,  que  não  existindo  a 
versão  primitiva,  não  sabemos  até  que  ponto  as  duas  castelhanas,  que  sobre  ella 
se  fizeram,  foram  posteriormente  alteradas  ou  corrompidas.  Que  o  foram  muito, 
e  de  um  modo  tão  cruel,  que  apenas  ha  só  um  nome  próprio  que  conserve  sua 
forma  original,  se  collige  do  mesmo  texto  da  chronica,  e  principalmente  da  parle 
relativa  á  descripção  de  Hespanha,  que  a  nosso  ver  é  a  mais  importante. 


'  Aqui  por  terra  de  Bretanha  poderá  enlender-se  a  Inglaterra. 

.  Mefaza,  significa,  pois,  árido  e  inculto,  linha  de  fronteira,  e  por  conseguinte  não  é  facil  deter- 
minar sua  situação. 

'  Santa  Maria  de  Abreu  Razin,  chamada  por  outro  nome. 

*  As  versões  latinas  de  Averroes,  Avicenna,  Abulcassis  e  até  do  mesmo  Rasis,  feitas  por  Gerardo 
Carmonense,  impropriamente  chamado  por  alguém  Cremonense,  ou  de  Cremona,  Mantino  e  outros,  são 
uma  prova  de  como  se  traduzia  na  idade  media.  Quem  houver  tido  ensejo  de  comparar  as  traducçôes 
com  o  original,  ha  de  concordar  comnosco,  em  que  os  iraduclorcs  d'aquelles  remotos  tempos  não  se 
recommcndam  pela  sua  fidelidade. 


160  RA 

«Não  nos  será  Ião  fácil  o  provar  que  a  segunda  parte  da  Chronica  é  também 
iraducção  do  árabe.  Ê  provável  que  o  traductor  portuguez,  não  encontrando  nos 
escriptos  de  Ar-Razi  uma  noticia  bastante  extensa  dos  Reis  da  Hespanha  primi- 
tiva, da  vinda  dos  phenieios,  carthaginezes  e  mouros ;  da  irrupção  dos  alanos, 
suevos,  vândalos  e  outras  nações  do  norte,  dos  godos  e  seus  Reis  até  aos  tempos 
de  D.  Rodrigo,  supprimiria  a  dita  falta  com  a  ajuda  dos  chronicões  e  memorias 
que  existissem  no  seu  tempo;  talvez,  também,  com  as  poéticas  tradições  de  uma 
idade,  em  que  a  fabula  e  as  ficções  cavalherescas  substituíam  as  mais  das  vezes 
a  historiai 

«Do  mesmo  modo,  no  século  a  que  alludimos,  Affonso,  o  Sábio,  introduzia 
na  sua  Historia  da  grande  conquista  do  ultramar,  as  aventuras  do  cavalleiro  do 
Cisne,  e  um  escriplor  anonymo  fazia  da  historia  de  Roma  um  livro  de  cavallaria. 
Ainda  assim,  comtudo,  é  evidente  que  o  traductor  deu  mais  apreço  ás  memorias 
fabulosas  dos  árabes,  do  que  és  tradições  christãs.  Por  exemplo,  a  vinda  de  His- 
pan  á  Hespanha  2  ou  Espan,  filho  de  Japet,  e  os  vários  feitos  do  seu  reinado, 
taes  como  se  referem  na  Chronica,  podem-se  ler  em  Al-maccari,  copiados  de  um 
liostoriador  que  floresceu  em  Córdova  pelos  meiados  do  século  ix  da  nossa  era 
vulgar.  A  tradição  de  que  um  Rei  de  fíespanha  tomou  á  força  de  armas  a  Ria  ou 
Jerusalém,  saqueou  seu  templo  e  trouxe  para  Hespanha,  entre  outros  objectos 
preciosos,  a  celebre  mesa  de  Salomão,  e  uma  esmeralda  ou  carbúnculo  magnifico, 
que  o  conquistador  Musa  achou  depois  n'uma  igreja  de  Merida,  acha- se  referida 
pelos  mesmos  termos,  por  quantos  escriptores  antigos  ou  modernos  trataram  com 
individualidade  os  successos  da  conquista  3. 

«É  lambem  para  advertir  que  em  nenhuma  parte  da  Chronica  castelhana  se 
notam  tantos  e  tão  frequentes  indicios  de  gratuita  interpolação  como  n'esta;  mui 
a  niiudo  o  traductor,  esquecendo  que  é  interprete  de  outro  auctor,  falia  elle 
mesmo,  como  se  a  relação  fora  sua  própria,  e  não  de  outro;  e  por  ultimo  é  aqui 
onde  se  encontra  a  celebre  divisão  dos  bispados,  attribuida  a  Constantino ^  e  que 
tanto  ha  dado  que  pensar  a  nossos  críticos  modernos,  e  o  nome  de  um  Rei  godo, 
chamado  Acosta,  successor  de  D.  Rodrigo,  que  alguns  pretendem,  sem  mais  fun- 
damento, incluir  na  serie  de  nossos  Reis. 

«Apesar  do  exposto,  não  nos  atrevemos  a  dizer  que  esta  parte  da  Chronica 
soja  inteiramente  uma  addição  de  Gil  Perez,  ou  de  quem  quer  que  for  o  traductor 
de  Rasis  ^  Os  árabes  conheciam  nossa  historia  muito  melhor  do  que  pensámos ; 


'  Muitas  d'estas  fabulas  acharam  cabimento  na  Chronica  geral  de  El-Rei  D.  Affonso,  e  Marianna, 
e  alguns  outros  de  nossos  melhores  historiadores,  admittiram-as  «em  rebuço. 

*  Gesta  Romanorum  con  applicationibus  moralisalis  ac  misticis.  1489,  foi. 

'  E  dizem  que  um  Rei  reinou  na  maior  parte  da  terra  e  saiu  de  Sevilha  depois  que  leve  Hespanha 
em  seu  poder,  e  foi  a  ília,  e  tomou-a  á  força,  e  matou  e  destruiu  cem  vezes  mil  judeus  e  captivou  outros 
tantos,  e  espalhou  pelas  terras  outros  tantos,  e  trouxe  muitas  pedras  maravilhosas  para  Sevilha,  Cór- 
dova e  foledo,  e  esto  Rei  esteve  na  tutrada  da  casa  santa  de  Jerusalém . . .  c  El-Rei .  .  .  Depois  vieram 
sobre  a  casa  santa  de  Jerusalém  muitas  hostes,  que  de  todas  as  partes  dos  Reis  alli  havia,  e  este  Rei, 
que  sairá  de  Sevilha,  manteve-se  no  senhorio  de  Hespanha  vinte  annos,  o  qual  nunca  eraprehendea 
cousa  que  não  levasse  a  cabo,  e  este  tomou  a  mesa  de  Salomão,  e  a  pedra  que  depois  tomaram  em  Me- 
rida, c  o  cântaro  de  aljôfar  que  para  alli  trouxera  lambem  o  Rei  do  Hespanha.  V.  Al-Maccari,  tomo  i, 
Apen.,  p.  XXV. 

*  V.  Flores,  Espana  Sagrada,  tomo  iv. 

*  A  versão  portu;íueza  da  Chronica  suppõe-se  feita  por  um  clérigo  porluguez,  chamado  Gil  Perez, 
com  auxilio  de  um  mouro  chamado  Meslro  Mabomat  (outros  acrescentam  el-Aalarife) ;  e  dizemos  que  se 


RA  «61 

nâo  poucos  fallavam  e  até  mesino  escreviam  em  latim  ou  em  romance,  e  houve 
sempre  em  Córdova,  Toledo,  Sevilha  e  outras  cidades  principaes,  infinitos  mosara- 
bes  versados  na  historia  e  antiguidades  de  sua  pátria,  os  quaes  traduziram  para 
o  árabe  varias  obras  latinas.  Durante  o  reinado  de  Al-haquem  II,  e  cabalmente 
até  ao  tempo  em  que  devia  florescer  Ar-Razi,  se  fez  uma  traducção  de  Paulo 
Orosio,  citado  frequentemente  pelo  geographo  Al-becri  e  por  outros.  A  que  escre- 
veu o  bispo  francez  Edelberto,  corria  também  traduzida  para  o  árabe,  pois  a  cita 
Al-mesudi,  escriptor  do  século  x,  nos  seus  Prados  de  oiro.  Um  dos  tomos  da 
Chronica  de  Ben  Hayyan,  de  Córdova,  trata  exclusivamente  dos  reinos  de  Astú- 
rias e  de  Leão,  e  está  compilado,  segundo  o  declara  seu  auclor,  sobre  memorias 
originaes  de  christãos  refugiados  em  Córdova.  Outro  tanto  pôde  dizer-se  de  Mo- 
hammad  Al-hichari,  ou  de  Guadalaxara,  escriptor  do  século  xi,  quem  deixou 
escripta,  entre  outras,  uma  historia  dos  Reis  de  Leão  e  de  França,  e  outra  dos  da 
Sicilia,  desde  sua  reconquista  pelos  normandos.  Por  ultimo,  Ahen  Jaldun,  escri- 
ptor africano,  mas  oriundo  de  Sevilha,  e  que  fez  uma  viagem  a  Granada,  consa- 
gra um  capitulo  de  sua  vasta  e  excellente  cyclopedia  histórica  á  historia  e  chro- 
nologia  de  vários  reinos  christãos  da  Península  no  século  xiv  i,  sendo  para  adver- 
tir que  é  tanta  a  clareza  e  acerto  com  que  trata  de  successos  tão  antigos  e 
estranhos  á  sua  nação,  que  mais  de  um  ponto  histórico,  obscuro  até  agora,  e 
embrulhado,  pôde  ser  illustrado  com  o  seu  auxilio. 

«Porém,  se  cabem  duvidas,  e  mui  rasoaveis,  emquanto  á  authenticidade 
d'esta  parte  da  Chronica,  não  se  dá  o  mesmo  com  a  que,  começando  na  batalha 
de  Guadelete,  refere  as  cousas  dos  árabes,  e  contém  a  chronologia  dos  Reis  de 
Córdova.  Ao  nosso  modo  de  ver,  nada  se  oppõe  a  que  esta  parte  seja  traducção 
de  Ar-Razi,  o  qual,  segundo  já  dissemos,  escreveu  a  historia  dos  Beni  Umeyya. 
Deixando  de  um  lado  os  infinitos  erros  de  traductores  e  copistas,  demasiado  fre- 
quentes, desgraçadamente,  em  obras  d'esta  espécie,  a  consequente  corrupção  dos 
nomes  próprios,  e  a  escassa  intelligencia  dos  que  ajudaram  a  Gil  Perez  na  sua 
difficil  tarefa,  não  ha  nenhum  dos  successos  que  alli  se  referem,  nem  das  datas 
que  alli  se  assignalam,  que  não  estejam  auctorisados  pelos  historiadores  de  maior 
reputação;  e  por  mais  que  Casiri  se  tenha  esforçado  em  provar  o  contrario,  seus 
argumentos  são  de  pouco  peso,  na  presença  dos  testemunhos  irrecusáveis  da 
historia. 


suppõe,  por  se  não  encontrar  outra  prova  da  dita  asserção,  que  o  declara  assim  a  copia,  que  foi  do  por* 
tuguez  Rezende.  Acrescent-vse  que  a  versão  foi  feita  por  mandado  de  El-Rei  D.  Diniz  de  [Portugal, 
sobrinho  de  D.  Alonso,  o  Sábio  (1279-1325);  mas  nem  na  Chronica  d'esle  Rei,  composição  de  Ruy  de 
Pina,  nem  em  outros  livros  que  temos  consultado,  se  acha  a  menor  noticia  relativa  a  este  assumpto. 

É  pena  que  Gayangos  nem  sequer  lesse  no  vol.  v  da  Monarchia  lusitana,  as  seguintes  palavras 
cscriptas  por  fr.  Francisco  Brandão  (pag.  10):  «Trabalhou  muito  El-Rei  D.  Diniz  por  enriquecer  a 
lingua  portugueza,  e  para  este  fim  mandou  traduzir  u'ella  muitos  livros  escriptos  em  varias  linguas,  que 
hoje  nos  faltam.  E  em  particular  se  traduziu  por  sua  ordem,  da  lingua  arábiga,  a  Historia  do  mouro 
Rasis,  chronista  do  primeiro  Almançor,  Rei  de  Córdova,  na  qual  se  deu  uma  noticia  das  cousas  de  Hes- 
panha  anliguas  mui  necessárias.» 

Gil  Porez,  segundo  aífirma  Rezende  na  epistola  latina  a  Barlholomeu  Quevedo,  foicapellão  de 
Pedreanes  Porsel,  nobre  cavalleiro  da  illustre  casa  de  Avoim,  cuja  genealogia  e  descendência  &e  encon- 
tra, com  effeito,  em  o  Nobiliário  do  conde  de  Barceílos,  filho  de  El-Rei  D.  Diniz,  ediç.  Lavanha,  pag.  335. 

'  Memoriales  á  la  academia,  na  sua  junta  ordinária  de  5  de  outubro  de  1847 ,  traducção  caste- 
lhana deste  interessante  capitulo,  illustrada  com  annotações e  observações  chronologicas. 

11 


16i  RA 

«Citaremos  um  exemplo :  Diz  a  Chronica  que  Mohámmad  I,  a  quem  chama 
Mafoma,  morreu  no  anno  273  da  hégira,  depois  de  um  reinado  de  trinta  e  quatro 
annos  e  dez  mezes,  e  que  seu  filho  Abdollah  morreu  quando  andava  a  era  dos 
mouros  em  trezentos  annos,  datas  que  estão  concordes  ambas  com  a  chronologia 
dos  melhores  auctores,  havendo  decorrido  vinte  e  sete  annos  inteiros  entre  a 
morte  do  primeiro  e  a  do  segundo.  Casiri,  comtudo,  funda  n'este  anno  um  dos 
seus  prineipaes  argumentos  contra  a  Chronica  castelhana,  sem  reparar  que  entre 
Mohámmad  e  Abdollah  houve  em  Córdova  outro  Rei  chamado  Almondzer,  irmão 
de  Mohámmad,  o  qual,  segundo  a  mesma  Chronica  e  as  melhores  memorias  dos 
árabes,  reinou  um  anno,  onze  mezes  e  quinze  dias. 

«Porém,  se  é  bem  certo  que  temos  a  convicção  mais  intima  de  que  esta 
parte  da  Chronica  castelhana  é  igualmente  traducção  de  uma  historia  dos  Reis  de 
Córdova,  composta  por  Almed  Ar-Razi,  e  continuada  por  seu  filho  Iza^,  até  aos 
tempos  de  Hixem  11,  também  o  é  que  não  temos  achado  entre  as  muitas  passa- 
gens que  da  dita  obra  copiam  ou  extractam  Ben  Hayyan^,  Al-hoomaydi',  Ben 
Bessan^,  Ben  Al-abbar^  e  Hen  Aljatib^  nenhuma  que  prove  tão  completamente 
nossa  asserção,  como  as  relativas  á  descripção  de  Hespanha,  que  já  deixámos 
copiadas  em  outro  logar.  Sem  embargo,  como  teremos  de  ver  opportunamente  em 
as  notas  a  esta  parte  da  Chronica  castelhana,  na  mesma  relação  e  ordem  dos 
feitos  se  nota  certa  unidade  e  similhança,  que,  a  nosso  modo  de  ver,  não  deixam 
duvida  alguma  emquanto  a  ser  traducção  de  Ar-Razi  ou  de  algum  escriptor  que 
seguiu  suas  pegadas.  É  provável  que  o  traductor  portuguez,  a  quem  não  deviam 
interessar  muito  as  cousas  dos  mouros,  supprimisse  certos  pormeneres  alheios  ao 
seu  propósito;  talvez  a  obra  também  não  chegasse  a  suas  mãos  senão  em  com- 
pendio, cousa  mui  vulgar  na  historia  da  litteratura  árabe. 

«Poremos  remate  a  esta  historia  trasladando  para  aqui  uma  passagem  de 
certa  chronica  árabe,  que  se  conserva  na  bibliolheca  real  de  Paris,  escripta  por 
un)  anonymo  até  aos  fins  do  século  x.  É  tal  a  similhança  que  n'ella  se  nota  com 
a  Chronica  castelhana,  que  se  poderia  conjecturar  ser  obra  de  Ar-Razi,  ou  de 
algum  escriptor  que  o  copiou  á  letra,  tanto  mais  quanto  termina  no  reinado  de 
Al-haquem  II,  epocha  em  que,  segundo  o  que  fica  dito,  floresceu  e  escreveu  Isa 
Ar-Razi,  filho  de  Ahmed  Ar-Razi,  e  neto  de  Mohámmad  ben  Musa  Ar-Razi,  e 
onde  conclue  também  a  Chronica  castelha7ia'' . 


*  São  commuDS  entre  os  árabes  bespauhoes  os  exemplos  d'esta  classo.  A  historia  que  cscrcvPQ 
Abdollah-AI-hichari  (ou  de  Goadalajara),  foi  a.idicionada  em  primeiro  logar  por  Abdo-I-malcq  ben  Said, 
depois  por  dois  filhos  d'esles,  chamados  Ahmed  e  Mohammed,  em  seguida  por  Musa,  o  Olho  de  Moham- 
meil,  e  ultimamente  por  Abu-1-hasan,  filho  de  Musa,  n'um  período  de  cento  e  vinte  e  cinco  annos. 
Al-Mnrcari,  liv.  ii,  cap.  v. 

'  Bill.  Bodl.,  n.  137. 
«  Ibid.,  n.  464. 

*  Ibid.,  D.  749. 

»  Bihl  Escur.,  n.  1:670. 

«  Ibid.,  n.  1:667. 

^  Encontra-se  no  fim  da  obra  de  Abu  Bequer  Mobammed  ben  Ornar  ben  Abdo-I-azis,  escriptor  do 
século  X,  mais  conhecido  pelo  cognome  de  Ben  Alrulyya,  ou  o  Descendente  da  goda,  por  trazer  sua  ori- 
gem de  Sarah,  neta  do  Rei  Witiza.  Intitula-se  Collecção  de  memorias  históricas  sobre  a  conquista  de 
Hespanha,  e  começa  pelo  reinado  de  Al-walid  ben  Abdo-1-maleq,  em  cujo  tempo  invadiram  e  conquista- 
ram 08  árabes  nossa  península. 


RA  í«3 

"Depois  de  referir  com  mui  e  mui  interessantes  pormenores  a  primeira 
entrada  de  Tarif,  a  quem  nossos  chronistas  e  historiadores  confundem  com  Tariq 
ben  Zeyyad,  a  que  este  fez  um  anno  depois,  a  Ijatalha  de  Guadaleto  e  a  tomada 
de  Ecija,  diz  assim  : 

«E  enviou  (Táriq)  a  Mugueitz  el  rumi,  liberto  de  Al-walid  ben  Abdo-1-ma- 
leq,  sobre  Córdova,  a  qual  era  n'aqueHe  tempo  a  maior  de  suas  cidades,  e  hoje 
em  dia  é  a  casba  de  Hespanha  e  seu  cairoioan^,  e  a  sede  de  seu  império.  Ia 
Mogueitz  com  700  ginetes,  que  não  enviou  Táriq  com  peão  algum,  fazendo-se  os 
muzlimes  lodos  montados  (á  custa  dos  infiéis)  ~. 

«Também  hábil  nas  cousas  da  guerra  e  ao  mesmo  tempo  mui  astuto,  pois 
como  visse  que  a  gente  que  tinha  ás  suas  ordens,  não  mostrava  animo  para 
defender-se,  dispoz  que  as  mulheres  de  Oriola,  vestidas  de  homem,  com  o  cabello 
solto  e  lanças  nas  mãos  se  deixassem  ver  sobre  os  muros  da  cidade,  misturadas 
entre  os  poucos  soldados  que  o  deixavam,  e  postas  á  vista  do  exercito  sitiador, 
até  que  podesse  obter  uma  capitulação  honrosa.  Isto  assim  disposto,  o  mesmo  se 
disfarçou  em  faraute,  e  havendo  antes  solicitado  e  obtido  o  competente  salvo 
conducto,  se  apresentou  no  campo  dos  muslimes,  e  não  cessou  de  negociar  com 
o  que  os  mandava,  até  que  obteve  uma  capitulação  para  si  e  para  os  seus,  de- 
baixo das  condições  seguintes:  que  toda  a  província  de  Tudmir  disfructaria  a 
paz  outorgada,  sem  que  se  lhe  fizesse  violência  3,  nem  pouca  nem  muita,  e  que 
elle,  Theodomiro,  ficaria  por  governador  da  província,  conservando  seus  bens  e 
propriedades.  Concluída  (e  firmada)  a  capitulação,  Theodomiro  se  deu  a  conhe- 
cer, e  lhes  disse  seu  nome,  e  em  seguida  os  introduziu  na  cidade.  E  os  muzlimes, 
como  não  vissem  dentro  ninguém  capaz  de  resistir,  se  arrependeram  do  que 
tinham  feito,  de  modo  tal,  que  não  deixaram,  por  isso,  de  cumprir  com  o  pa- 
ctuado. Escreveram  logo  a  Tariq,  dando-lhe  noticia  do  occorrido;  e  pouco  depois, 
tendo  deixado  em  Tudmir  alguma  gente,  o  resto  do  exercito  se  poz  em  marcha 
para  reunir-se  com  Tariq  em  Toledo. 

«Emquanto  isto  se  passava  em  Oriolas,  Mogueitz  tinha  ao  Rei  de  Córdova 
sitiado  na  igreja.  Havia  já  três  mezes  que  o  tinha  cercado,  e  tanto  os  sitiados 
como  os  sitiadores  estavam  fartos  e  cansados  do  sitio,  quando  certo  dia,  ao  ama- 
nhecer, veiu  alguém  a  Mogueitz,  e  lhe  disse :  «Oelche  saiu  sósinho,  e  fugindo 
em  direcção  á  serra  de  Córdova,  é  seu  intento  reunir-se  com  os  seus  em  Toledo; 
deixou  sua  gente  dentro  da  igreja.» 

«Partiu,  pois,  Mugueitz,  em  seu  seguimento,  sósinho  e  sem  levar  a  ninguém 
dos  seus;  e,  quando  o  christão  o  viu,  turvou-se,  e  mettendo  esporas  ao  cavallo, 
saiu  do  caminho,  e  chegou  a  um  fosso,  por  cima  do  qual  quiz  que  seu  cavallo 
saltasse;  este  tropeçou,  partiram-se-lhe  os  braços  e  caiu.  Chegou  logo  Mogueitz 


'  Quer  dizer:  «Sua  capital  e  sua  metrópole».  A  casha  ou  alcazaba,  como  nos  outros  dizemos,  é  o 
centro  da  cidade,  a  parle  mais  nobre  d'ella,  onde  reside  ordinariamente  El-Rei  ou  o  governador.  Cairowan 
é  o  nome  de  uma  cidade  fundada  por  Ocba  ben  Nafe,  um  dos  conquistadores  da  Africa,  a  qual  foi  por 
long  )s  tempos  capital  das  possessões  árabes  n'aquella  re{,'ião. 

*  Os  barberescos,  que  vioram  cora  Tariq,  eram  pela  maior  parte  gente  apé;  e  não  pôde  ser  de 
outro  modo,  não  tendo  então  os  árabes  marinha  para  tr  insportar  á  Hespanha  12:000  cavallos.  Todos, 
ou  a  maior  parle,  segundo  dá  a  entender  Al-Maccari,  se  achavam  monlados  depois  da  batalha  de  Gua- 
dalele. 

*  Isto  é,  que  nenhuma  parte  da  província,  nem  pouca,  nem  muita,  seria  tralada  como  paiz  con- 
quistado. 


164  RA 

seu  captivo,  sendo  esle  o  único  Príncipe  godo  que  veiu  a  cair  nas  mãos  dos 
musulmanos,'  porquanto  os  restantes,  uns  fugiram  para  as  Astúrias  e  outros 
capitularam. 

«Depois  d'isto  voltou  Mogueitz  contra  os  christâos  que  ficaram  em  Córdova, 
e  os  fez  a  todos  prisioneiros,  passando-os  logo  a  cutello,  rasão  pela  qual  aquella 
igreja  se  ficou  chamando  desde  então  a  «igreja  dos  captivos  ^ 

«Emquanto  ao  Rei  seu  prisioneiro,  guardou-o  perto  da  sua  pessoa  para  o 
apresentar  a  seu  tempo  ao  Príncipe  dos  fieis.  Reuniu  logo  aos  judeus  de  Córdova 
e  os  fez  morar  juntos  (n'um  bairro  separado) ;  elle  mesmo  fixou  sua  residência 
na  alcáçova,  e  deu  a  cidade  por  habitação  a  seus  soldados. 

«Tal  é  a  relação  do  anonymo  parisiense;  compare-se  com  os  respectivos 
paragraphos  da  Chronica  castelhana,  e  ver-se-ha  não  ser  tão  arrojada  a  nossa 
proposição  de  attríbuir  a  Ar  Razi,  ou,  pelo  menos,  a  algum  escriplor  da  sua 
escola,  e  que  seguiu  suas  pegadas,  a  obra  de  que  se  trata,  a  qual,  seja  dito  de 
passagem,  "é  uma  das  mais  importantes  para  a  historia  nacional,  e  mereceria  bem 
ser  vertida  para  o  nosso  idioma. 

«Seja  como  for,  e  voltando  á  Chronica  castelhana,  tanto  a  parte  geographica 
como  a  histórica  merecem  ser  tiradas  do  olvido  em  que  têem  jazido  até  hoje,  e 
cremos,  portanto,  dever  publicai- as  em  appendice,  com  as  opportunas  declarações 
e  correcções,  com  o  fim  de  que  os  affeiçoados  a  esta  ordem  de  estudos  possam 
julgar  do  seu  merecimento  respectivo,  e  aproveitarem-se  das  noticias  que  encerram. 

«Ainda  que  não  tivemos  á  vista  nem  o  códice  de  Toledano,  nem  o  que  foi 
de  Ambrósio  Morales,  e  se  julga  estar  boje  na  livraria  do  Escoriai,  consultamos 
duas  copias,  ao  parecer  fieis  e  exactas,  que  se  conservam  entre  os  manuscriptos 
d' esta  academia,  e  das  quaes  uma  que  foi  do  marquez  de  Valdeflores,  está  feita 
sobre  o  códice  de  Toledo,  tem  nas  margens  as  variantes  do  de  Morales.  Tivemos 
também  á  vista  a  que  foi  do  doutor  Bernardo  de  Aldrete,  e  que  se  conserva  no 
archivo  da  secretaria  de  estado. 


«Et  nos  maestre  Mohammad,  et  Gil  Perez,  clérigo  de  Don  Peynos  Porcel, 
por  mandado  dei  mui  noble  rrei  Don  Dionis,  por  la  gracia  de  Dios,  rrei  de  Por- 
tugal, trasladamos  este  libro  de  arábigo  en  lengua  portogalesa,  e  tememos  por 
bien  de  seguir  el  su  curso  de  Rasi.  De  mi,  Gil  Perez,  os  digo  que  non  menti  mas 
sin  menos  de  quanto  me  dixeron  Mohammed,  et  los  otros  que  me  leieron. 


* 


«E  Merida  é  aíamada  por  todas  as  terras  como  forte.  E  digo-vos  que  não  ha 
homem  no  mundo  que  por  miúdo  possa  contar  as  maravilhas  de  Merida.  Estando 


'  Al-Maccari  copiou  ludo  islo  quasi  á  letra,  sem  dizer,  comludo,  que  o  auclor,  segundo  ootra 
▼ersâo,  diz  que  Mogueitz  intimou  os  christâos  a  que  se  rendessem,  p  como  clles  se  negassem  a  isto 
lançou  fogo  á  igreja,  a  qual  se  ficou  cbamaudo,  desde  aqucllc  dia,  «a  igreja  dos  queimados>« 


RA  165 

alli  Ixim,  certo  dia  em  que  sua  corte  regressava  das  cidades  de  Hespanha,  disse 
Ornar,  seu  filho:  «Ouvi  eu  dizer  ao  alcaide  Gablotte,  filho  de  Audalla,  quando 
fallava  das  cousas  que  seu  pae  vira  e  ouvira  ao  passarem  á  Hespanha»;  e  f aliando 
d'isto  como  das  bondades  de  Menda,  disse :  «Tendo  eu  grande  desejo  de  pedras 
de  mármore  para  aformosear  com  ellas  minhas  obras,  que  estava  fazendo  de 
novo,  aconteceu  assim  que  eu  entrei  em  Merida,  depois  que  ella  foi  destruída,  e 
encontrei  tão  boas  obras  de  pedras  mármores  e  de  outras  qualidades,  que  muito 
me  maravilhei,  e  fiz  tomar  e  levar  todas  aquellas  de  que  julguei  meu  pae  gostar, 
e  andei  um  dia  pela  cidade  e  vi  no  muro  uma  pedra  mármore  tão  lisa  e  lusidia, 
que  tão  somente  se  parecia  com  o  aljôfar,  e  tão  clara  era,  que  a  mandei  arrancar 
do  muro.  E  depois  de  a  terem  arrancado,  empregando  muita  força,  pozeram  n'a 
diante  de  mim,  e  havia  n'ellas  letras  de  ehristãos,  que  estavam  n'ella  gravadas; 
e  fiz  ajuntar  os  ehristãos  que  havia  em  Merida  para  que  vissem  o  que  estava 
escripto  n'ella,  e  que  m'o  dissessem,  e  não  achei  quem  me  soubesse  dizer  em 
linguagem  nenhuma  cousa  do  que  ella  dizia,  tanto  estava  escripto  em  escuro 
latim.  E  disseram-me  que  não  conheciam  ninguém  que  a  soubesse  ler,  senão  um 
clérigo,  que  havia  em  Coimbra.  Mandei-o  vir  á  minha  presença,  e  era  admira- 
velmente velho. 

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#     # 

«Beja  é  uma  das  antigas  cidades  que  ha  Hespanha,  porque  foi  feita  em 
tempo  de  Hercules,  o  valente,  vindo  a  ella  Júlio  César,  que  foi  o  primeiro  que 
começou  a  repartir  a  terra.  E  Beja  é  mui  boa  terra,  de  mui  boa  sementeira,  e 
mui  boa  para  creações  e  para  colmeias,  e  de  muitas  flores  e  proveitosas,  e  mui 
boas  para  as  abelhas.  E  Beja  tem  villas  e  castellos  que  lhe  obedecem,  dos  quaes 
Merlola  é  um.  E  Mertola  jaz  sobre  o  rio  Guadiana,  e  é  castello  mui  antigo.  E  no 
seu  termo  jaz  uma  villa,  á  qual  os  antigos  chamaram  Ebris,  e  agora  chamam 
Évora.  E  o  termo  de  Beja  confronta  com  o  mar  e  com  o  Algarve  todo. 

«Confronta  o  termo  de  Beja  com  o  de  Santarém.  E  Santarém  jaz  ao  poente 
de  Beja  e  ao  poente  de  Córdova.  E  jaz  sobre  o  rio  Tejo.  E  no  termo  de  Santa- 
rém ha  cousas  mui  boas,  e  é  terra  mui  saborosa;  e  na  planície  pôde  haver  duas 
sementeiras  no  anno,  se  quizerem,  tanto  a  .terra  é  hoa  por  natureza.  E  o  castello 
de  Santarém  jaz  n'um  monte  grande,  e  mui  alto,  e  mui  forte.  E  não  ha  logar  por 
onde  o  possam  combater  senão  com  mui  grande  perigo. 

«Confronta  o  termo  de  Santarém  com  o  de  Coimbra.  E  a  cidade  de  Coim- 
bra é  mui  forte,  e  é  castello  mui  alto  e  mui  nobre  e  jaz  sobre  o  rio  que  tem  o 
nome  de  Mudei,  e  este  rio  nasce  na  serra  da  Eslrella,  e  jaz  sobre  muitos  castellos 
e  mui  bons,  e  mui  fortes,  que  obedecem  a  Coimbra.  E  a  cidade  de  Coimbra  é 
mui  boa  e  mui  abundante  de  todos  os  bens,  e  tem  uma  ribeira  de  sementeira  na 
ribeira  do  rio,  que  não  ha  tão  boa  em  toda  a  Hespanha.  E  a  cidade  de  Coimbra 
é  de  muitas  hortas  e  de  muitos  fructos  de  todas  as  qualidades,  são  na  maior 
parte  olivaes  e  produzem  o  melhor  azeite  que  ha  em  todo  o  mundo. 

«Confronta  o  termo  de  Coimbra  com  o  de  Exilania.  E  Exitania  jaz  ao  le- 
vante de  Coimbra  1.  E  é  cidade  mui  antiga,  c  jaz  sobre  o  rio  Tejo,  e  é  um  logar 


'  Ktitania  corresponde  a  Idanha  a  Velha. 


1C6        •  RA 

mui  forte  e  comprido,  e  bom  de  pão  e  de  vinhas  e  de  pescado.  E  é  terra  mui 
deleitosa.  E  no  seu  termo  ha  muitos  castellos  e  mui  fortes,  e  mui  sãos  para  a 
vida  dos  homens,  um  dos  quaes  é  Montesanto. 

«Confronta  o  termo  de  Exitania.com  o  de  Lisboa  e  com  o  de  Santarém.  E 
o  termo  de  Lisboa  é  dotado  de  muitos  bens,  e  ha  n'eiio  muitas  cousas  saborosas. 
E  a  cidade  de  Lisboa  ajuntou  a  si  toda  a  terra,  e  os  bens  d'ella  e  do  mar,  em 
todos  os  tempos.  E  no  seu  termo  criam  mui  bons  açores. 


#     # 


«E  o  outro  rio  é  o  que  chamam  Douro,  e  nasce  na  serra  de  Moncaio,  e  é 
mui  grande  rio  e  leva  muita  agua,  e  entra  no  mar  ao  poente,  perto  de  uma  cidade 
a  que  chamam  Gaia,  e  agora  é  chamada  o  porto  de  Portugal. 


# 

#      # 


Segue-se  um  appendice  (talvez  um  acrescentamento  feito  por  Gil  Peres  ou 
por  qualquer  que  fosse  o  traduclor  de  Ar-Razi),  extraliido  de  varias  obras,  con- 
stando: 1."  breve  resenha  da  povoação  de  Hespanha,  e  sua  historia  nos  tempos 
fabulosos;  2.°  vinda  dos  phenicios  e  carthaginezes;  3."  dominação  romana; 
4."  serie  dos  Reis  godos  até  D.  Rodrigo. 

KATTAZZI  (MADAME  MARIA  ). 

//  matrimonio  ossia  Vavvenire  dei  Portogallo.  (Prima  versione  italiana.)  To- 
rino,  stamperia  de  compositori  tipographi,  1863,  in-8."  de  40  pag.,  com  o  retrato 
da  auctora. 


RATTAZZI  (PRIIVCESSE ). 

Le  Portugal  á  vol  d'oiseau.  Portugais  et  portvgaises.  Deuxième  édition.  Paris, 
in-S.",  xix-410  pag. 

Faltando  acerca  do  sr.  marquez  de  Vallada,  diz:  «Que  se  fora  Hei  de  Portu- 
gal, prohibiria  que  elle  se  apresentasse  em  publico  com  o  seu  coche  de  gala,  em- 
bora n'uma  tal  prohibição  arriscasse  a  coroa.  (Pag.  36.) 

«O  duque  de  Saldanha,  que  eu  gostava  de  receber  algumas  vezes  com  01o- 
zaga,  quando  ambos  eram  embaixadores  em  Paris,  era  um  dos  vultos  mais  curio- 
sos e  mais  populares  de  Portugal.  iNa  qualidade  de  marechal  era  adorado  pelo 
exercito;  seus  serviços,  agudeza  de  espirito  e  talento,  o  tinham  collocado  na 
mais  elevada  gerarchia,  e  por  muitos  annos  gosou  de  admiração  universal.  Para 
o  fim  da  sua  carreira  desappareceu,  porém,  o  seu  prestigio,  ou  pelo  menos  dimi- 
nuiu notavelmente.  Foi  porque  o  valente  tinha  obrigado  a  que  lhe  pagassem 
caro  seus  serviços,  e  Portugal,  embora  assas  rico  para  lhe  pagar  sua  gloria,  não 
deixava,  por  isso,  de  achar  assas  pesado  o  encargo.  Na  verdade  ha  bem  poucos 
homens  que  trnliam  ficado  Ião  caros  ao  paiz,  por  isso  que  suas  despezas  eslan- 


RA  '«7 

cavam  um  orçamento  inteiro.  Quando  linha  necessidade  de  dinheiro,  o  governo 
abria  os  cofres,  e  as  chaves  não  creavam  ferrugem.  O  duque  ameaçava  com  a 
revolta  do  exercito,  e  por  isso  mandavam -no  immedilamenle  para  uma  missão 
ou  embaixada. 

«O  governo,  enraivecido,  imaginou  dar-lhe  para  addido  um  homem  dedi- 
cado, encarregado  de  telegraphar  para  Lisboa  todas  as  vezes  que  o  marechal 
desse  indícios  de  querer  embarcar. 

«A  este  nada  custou  adivinhar  de  que  funcções  vinha  encarregado  o  novo 
diplomata,  agora  addido  á  sua  pessoa  como  um  vade  mecum  indispensável.  Por 
isso,  quando  a  bolsa  do  marechal  se  achava  despejada,  convidava  o  vade  mecum 
para  almoçar,  e  por  essa  occasião  participava-lhe  com  uns  ares  de  confidencia, 
que,  achando  se  necessitado  da  quantia  tal,  dentro  de  dois  dias  partiria  para  as 
margens  do  Tejo. 

«O  diplomata-vigia  corria  logo  ao  telegrapho  e  dava  parte  ao  governo  do 
expediente  argentifero  do  duque.  E  o  governo,  para  evitar  ao  velho  guerreiro  as 
fadigas  e  as  despezas  da  viagem,  enviava-lhe  de  prompto  a  quantia  de  que  neces- 
sitava, isenta  das  despezas  da  remessa.  Devo,  porém,  declarar,  que  o  dinheiro 
não  se  agarrava  aos  dedos  do  marechal,  pois  ambas  suas  mãos  estavam  estendi- 
das para  os  desgraçados.  Poucos  homens  na  sua  vida,  têem,  tanto  como  elle, 
soccorido  seus  similhantes.  Bastava  ser  pobre  para  ser  bem  acolhido.» 

«O  povo  portuguez  (pag.  66),  alem  da  bondade  de  coração  e  mansidão  de 
coslumes  que  lhe  é  própria,  tem  a  seu  favor  ainda  outras  duas  qualidades  —  a 
docilidade  e  a  paciência.  Os  expedientes  os  mais  arbitrários,  os  actos  os  mais 
violentos  em  nada  perturbam  sua  mansidão.  É  o  estoicismo  e  o  fanatismo  de 
mãos  dadas  e  elevados  ao  seu  requinte. 

«Póde-se  até  mesmo  comprehender  por  meio  de  duas  locuções.  Falla-se  de 
miséria,  de  vexames,  de  abusos;  responder-vos-hão:  «Tenha  paciência!»  Dizem 
que  esta  ou  aquella  cousa  seria  necessária,  e  que  seria  mister  tomar  uma  resolu- 
ção, mostrar  energia  e  defender  seus  direitos;  respondem-vos:  «Tenha  paciência  I 
Amanhã!»  E  se  eu  morrer  de  fome?  «Tenha  paciência!»  E  se  for  preciso  come- 
çar já  a  trabalhar :  «Amanhã.» 

haudensis  (alexander  — ). 

Resj)onsum  secundam  de  legitima  successione  in  Portugaliae  regnum.  Médio- 
lani,  apud  Paulum  Gothardum  Pontium,  1580,  4.°  ♦ 

RAULIIV  (R.  P.  JOAM  FAGUNDES ). 

Historiae  Ecclesiae  Malabaricae. 

Falia  desta  obra  a  Gazeta  de  Lisboa  do  dia  30  de  maio  de  1754,  acrescen- 
tando que  é  illustrada  com  dissertações  no  nosso  arcebispo  D.  fr.  Aleixo  de  Me- 
nezes. 

RAUMER  (FREDERICH  VON ). 

Historisches  Faschenhuch.  Folge  III,  Jahrg  11.  Leipzig,  18o0,  in-S." 
A  pag.  He  seguintes  vem:  Strophes  de  Camões  et  histoire  critique  de  1'epi- 
$ode  de  Inês  de  Castro. 


168        ,  RE 

RAVARA  (GALEANO ). —  Poeta  italiano  que  residiu  em  Portugal 

110  anno  de  1850. 

Appareceu  uma  poesia  fúnebre  á  memoria  da  failecida  Princeza  D.  Maria 
Amélia,  na  Revista  universal  lisbonense,  de  1852,  pag.  389. 

RAY  (JOANNES  ). 

Stirpium  europaearum  extra  Britannias  nascentium  Sylloge.  Londres,  por 
Smith  e  Walford,  1694,  S.^,  45-400  pag.  Ibid.,  1696. 

Estão  reunidos  ii'este  livro  vários  trabalhos  alheios  a  outros  próprios  do 
auctor,  interessando  aos  botânicos  hespanhoes  os  seguintes :  Plantae  rariores  his- 
panicae  et  lusitanicae  et  C.  Clusii  Historia  et  aliis  collectae  Plantarum  Alpinarum, 
pyrenaicarum  rariorum  manipulus  ex  Horti  Regii  Parisicnsis  Catalogo  D.  Tour- 
nefort  collectus:  Viridarium  lusitanium  Grisley^  resectis  duntaxat  indicis,  ameri- 
canis,  hispaniciSj  nostriSj  inque  Europa  passim  sponte  nascentibus. 

RAYMOIVD  (E.). 

UEspagne  et  le  Portugal. 

RAYIVAL  (L.  ABRE  ). 

Só  depois  de  cinco  edições,  sempre  diíferentes,  foi  que  a  Historia  do  Sta- 
thouderat  (1  vol.  in-12),  pelo  abbade  Raynal,  chegou  a  essa  perfeição,  onde  nós 
a  vemos.  Durante  muito  tempo  lançaram-lhe  em  rosto  que  não  passava  de  ser 
agradável;  mas  hoje  encontram-lhe  menos  verdade  do  que  attractivos,  e  quasj 
que  n'ella  não  se  deparam  trechos  da  historia  que  se  façam  ler  com  uma  agradá- 
vel attenção.  Os  personagens  são  encadeados  com  arte,  e  o  auctor  soube  enca- 
minhar tão  bem  seus  heroes,  que  só  com  o  retrato  que  d'elles  faz,  adivinhar-sc- 
hiam  quasi  todas  suas  acções.  Eis  o  que  torna  a  narração  tão  interessante,  pois 
toma-se  sempre  muita  parte  em  occorrencias,  cujos  auctores  nem  sempre  ficam 
tão  bem  conhecidos. 

READ  (W.  HARDING ). 

Charte  of  the  Island  of  Saint  Michael  Ponta  Delgada,  1806. 

REBOLLEDO  (COIVDE  DE ).— Natural  de  Léon. 

Voto  dei sobre  las  tréguas  de  Portugal.  Lisboa,  en  Ia  imprenla  de  Diego 

Soares  de  Bullones.  Ano  1667.  4.° 
Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

RERUS  (DE)  gestis  Joannis  H  Lusitanorum  Regis  optimi  Principis  nuncu- 
patij  ad  ougustissimum  Regem  Petrum  11.  Auctore  Emmamiele  Tellesis  Sylvioj 
Marchio7ie  Alegretenti  &  juxtus  Editionem  Ulyssiponensem.  Hagae  Comitis,  apud 
Adrianum  Moetjens,  1712. 

No  Journal  des  SavantSj  de  1713,  vem  uma  noticia  d'esta  obra  em  quasi 
ires  paginas  (de  76  a  78). 

REGIIERCIIES  historiques,  critiques  et  bibliographiques  sur  Améric  Ves- 
puce  et  ses  voyages.  Paris  (sem  data). 


RE  Í69 

IVECHERCUES  stir  Améric  Vesptice  et  sur  ses  prétendues  découvertes  en 
1501  et  1503.  Paris,  1836. 

REGHERGBES  sur  la  priorité  de  la  découverte  des  pays  situes  sur  la  cote 
occidentale  d'Afriqae,  au  dela  du  Cap  Bojador,  et  sur  les  progrès  de  la  science 
géographiquej  après  les  navigations  des  portugais  au  xv  siècle.  Paris,  1842,  in-8.'* 

RECIT  du  nouveau  monde  qui  fut  découvert  par  Christophe  Cólon  genevois, 
en  1'an  1492  et  cinq  ans  après.  Améric  Vespuce  florentin  fit  les  plus  grandes  dé- 
couvertes. 

RÉCLUS  (ELISÉE ). 

Nouvelle  géographie  universelle.  Paris,  1876. 

«Portugal  é  um  dos  mais  pequenos  estados  soberanos  da  Europa,  ainda  que, 
durante  um  curto  periodo  da  tiistoria,  tenha  sido  o  mais  possante. 

«Oecupa  uma  superfície  inferior  á  de  muitos  governos  da  Rússia  da  Europa, 
e  até  mesmo  n'essa  pequena  extensão  é  muito  pouco  povoado,  exceptuada  a 
parte  septentrional,  que  é  uma  das  regiões  do  continente  em  que  os  habitantes 
estão  mais  chegados  uns  aos  outros. 

«Pareceria  á  primeira  vista,  que,  por  um  resultado  natural  das  attracçôes 
geographieas,  Portugal  deveria  fazer  parte  integrante  de  um  estado  ibérico, 
abrangendo  todas  as  províncias  alem  dos  Pyrenéus. 

«E  todavia  não  é  um  eífeito  do  acaso,  nem  a  consequência  de  oceorrencias 
puramente  históricas,  o  ter  tido  Portugal  quasi  sempre  uma  existência  nacional 
independente  da  Hespanha. 

«Em  primeiro  logar  cumpre  que  notemos  ser  a  parte  da  margem  que  veiu  a 
ser  portugueza,  quasi  rectilínea,  e  que  se  distingue  ella  pela  extrema  uniformi- 
dade de  suas  margens,  e  contrasta  absolutamente  com  as  costas  hespanholas. 

«As  mesmas  condições  de  ventos,  correntes,  clima,  fauna  e  vegetação  se 
encontram  sobre  todo  o  desenvolvimento  do  littoral  lusitano,  e  por  consequência 
os  habitantes  dever-se-hiam  acostumar  ao  mesmo  género,  nutrir  as  mesmas 
idéas  e  tenderem  naturalmente  a  agruparem-se  n'um  mesmo  grupo  politico.  Foi 
por  meio  do  littoral  e  a  pouco  e  pouco,  que  Portugal  se  organisou  em  estado 
independente;  o  reino  formou-se  successivamente  de  um  valle  fluvial  ao  outro 
valie  fluvial,  do  Douro  ao  Minho,  do  Tejo  ao  Guadiana,  passando  por  todos  os 
graus  intermédios,  conforme  a  expressão  do  geographo  Kohl.  E  em  segunda 
depois  de  ter  sido  m4Bsientaneamente  destruído,  foi  reconstituído  da  mesma  forma. 

«Assim  como  praticaram  os  Reis  de  Hespanha,  praticaram-no  também  os 
soberanos  de  Portugal,  aconselhados  pelo  tribunal  da  inquisição,  expulsando  do 
paiz  todos  os  súbditos,  dos  quaes  desconfiavam  não  serem  ferventes  calholicos. 

«Contra  os  mouros,  os  expedientes  aproveitados  para  os  expulsarem,  foram 
sem  misericórdia,  mas  houve  alguns  períodos  de  espera  na  perseguição  dos 
israelitas. 

«Milhares  de  judeus  hespanhoes,  arrostando  com  a  escravidão  e  com  a  morte, 
se  domiciliaram  em  Portugal,  perto  da  fronteira  da  Hespanha,  e,  graças  uma 
conversão  apparente,  fundaram  na  terra  do  exílio  importantes  communidades. 
Muitos  vestígios  ainda  existem  da  antiga  população  israelita,  mormente,  conforme 
dizem,  nos  arrabaldes  de  Bragança  e  em  toda  a  província  de  Traz-os-Montes. 


170  .  RE 

•É  conhecida  a  acção  que  os  judeus  portuguezes  exerceram  e  ainda  exercem 
na  Hollanda,  na  França  e  na  Gran-Bretanha. 

«Na  epoi-ha  do  exilio  eram  estes  escriptores,  médicos  e  legistas,  bem  como 
os  graniies  especuladores  de  Portugal. 

«Tinham  fundado  em  Lisboa  uma  academia,  de  onde  saíam  os  homens  mais 
instruidos  do  reino. 

«O  primeiro  livro  impresso  em  Portugal,  foi-o  por  um  judeu. 

«Spinosa,  esse  pensador  tão  nobre  e  tão  poderoso,  também  era  descendente 
de  judeus  portuguezes. 

«Os  portuguezes  não  estão  somente  eivados  do  sangue  árabe,  berber  e  judeu, 
mas  alé  mesmo,  em  grande  escala,  participam  do  sangue  dos  negros,  mormente 
dos  da  parte  meridional,  e  dos  do  litoral  marilimo. 

«Antes  de  serem  os  negros  da  Guiné  exportados  em  chusmas  para  as  plan- 
tações africanas,  a  escravatura  não  só  era  menos  activa,  mas  era  nos  portos  me- 
ridionaes  de  Hespanha  e  Portugal  que  se  vendiam  os  escravos  africanos. 

«O  historiador  portuguez  Damião  de  Góes,  calcula  que  seriam  uns  dez  ou 
doze  mil  por  anno  os  pretos  importados  para  Lisboa  no  século  xvii,  não  entrando 
n'esle  numero  os  mouros. 

«Em  harmonia  com  testemunhos  contemporâneos,  eram  tão  numerosos  os 
brancos  como  os  negros  que  se  encontravam  em  Lisboa. 

«Em  cada  casa  burgueza  os  serventes  eram  pretos  ou  pretas.  E  os  ricos 
possuíam  grandes  chusmas,  que  compravam  nos  mercados. 

«No  fim  do  ultimo  século  as  pessoas  de  côr  formavam  ainda  a  quinta  parte 
da  população  de  Lisboa.  E  quando  taes  pessoas  vinham  de  Nossa  Senhora  da 
Atalaia,  igreja  erguida  n'uma  collina  no  lado  opposto  do  Tejo,  poderíamos  crer, 
na  presença  de  taes  chusmas  de  pretos,  que  nos  achávamos  n'um  paiz  africano. 

«A  pouco  e  pouco  os  cruzamentos  fizeram  entrar  na  massa  do  povo  todos  os 
elementos  elhnicos  provenientes  das  populações  as  mais  diversas  da  Africa  tro- 
pical. E  os  portuguezes  tomaram  das  feições  d'elles  e  de  sua  constituição  physica 
um  caracter  mais  m<TÍdional  do  que  o  comportava  sua  primitiva  origem.  E  na 
realidade  tornaram-se  um  povo  de  côr. 

«Attribuem  alguns  aucfores  á  influencia  persistente  do  sangue  negro  a  no- 
tável immunidade  dos  immigrantes  portuguezes,  que  se  expõem  ao  clima  do 
Brazil,  das  índias  e  da  Africa  austral,  paizes  temíveis,  onde  morrem  quasi  todos 
os  outros  colonos  da  Europa. 

«É  verdade  que  a  maioria  dos  portuguezes  dão-se  bem  e  prosperam  no 
Brazil,  mas  precisamente  a  maioria  de  taes  immigrantes  lusitanos  é  originaria 
das  províncias  montantiosas  do  norte,  onde  os  cruzamentos  com  os  africanos 
foram  raros.  A  sobriedade  dos  colonos  portuguezes  parece  ser  a  principal  rasão 
de  sua  facilidade  na  acclimação. 

«Actualmente  os  estrangeiros  que  têem  mais  influencia  sobre  a  população 
portugueza*,  são  os  gallegos,  os  quaes  se  encaminham  em  grande  numero  para 
Lisboa  e  para  outras  cidades  de  Portugal,  com  o  íirn  de  n'ellas  exercerem  os 
misteres  de  padeiro,  carregador,  guarda  portão,  capataz  c  creado. 


'  R6clu8  assim  o  diz,  vol.  i,  pag.  924. 


RE  171 

«Em  geral  pouco  se  mesclam  com  os  ouiros  habitantes,  e  tanto  menos, 
quanto  os  meltem  a  ridículo  por  causa  de  sua  linguagem  tosca  e  de  sua  ruslici- 
dade ;  porém  suas  colónias  medram  incessantemente  e  sua  acçSo  sobre  a  popula- 
ção que  os  rodeia,  aiigmenta  na  proporção. 

«Alem  d'islo,  a  abastança  que  elles  quasi  sempre  acabam  por  adquirir, 
graças  á  sua  sobriedade  e  ao  seu  espirito  de  economia,  faz  esquecer  facilmente 
sua  origem, 

«A  mescla  de  todgs  estes  elementos  diversos  não  produziu  uma  raça  bel  la. 
É  raro  que  os  portuguezes  se  possam  comparar  com  seus  vizinhos  os  hespanhoes 
no  tocante  á  nobreza  do  rosto. 

«Suas  feições,  em  geral,  nenhuma  regularidade  têem.  Seus  narizes  são  arre- 
bitados, seus  lábios  grossos. 

«Se  entre  elles  encontrámos  mui  poucos  aleijados  e  enfermos,  em  compen- 
sação entre  elles  diíTicilmente  encontrámos  homens  de  boa  figura.  Rechonchudos, 
com  bom  cachaço,  e  com  uma  grande  disposição  para  engordarem.  E  em  certos 
districtos  ainda  encontrámos  resquícios  de  lepra.  A  maior  parte  das  mulheres 
são  baixas  e  gordas.  Não  possuem  a  belleza  varonil  das  hespanholas,  mas  distin- 
guem-se  pelo  brilho  dos  olhos,  cabello  abundante,  vivacidade  de  physionomia, 
e  maneiras  amáveis. 

Gabam  muito  os  viajantes  as  boas  maneiras,  desejos  de  obsequiar  e  bondade 
natural  dos  camponezes  de  Portugal,  não  estragados  ainda  pelos  hábitos  eom- 
merciaes. 

«Ainda  que  tendo  entre  os  estrangeiros  uma  reputação  de  barbaria,  devida, 
á  recordação  de  seus  crimes  nas  conquistas  da  índia  e  do  Novo  Mundo,  a  maio- 
ria dos  portuguezes  tem  uma  compadecida  ternura  para  com  aquelles  que  padecem. 

«Gostam  do  jogo,  mas  não  brilham  por  causa  d'elle.  São  apaixonados  das 
corridas  de  touros,  mas  têem  o  cuidado  de  lhes  pôr  cortiças  nas  pontas  dos  cha- 
velhos, e  o  animal  é  reservado  para  novos  simulacros  de  luctas. 

«Bem  diíTerentes,  emquanto  a  isto,  de  seus  vizinhos  hespanhoes;  tratam 
bem  os  animaes  domésticos,  e  até  mesmo  se  distinguem  por  um  talento  especial 
para  amansarem  feras. 

•Nas  margens  do  Guadiana  criam  fuinhas,  das  quaes  se  servem  como  de  um 
gato,  contra  os  ratos  e  cobras. 

«Em  suas  relações  mutuas,  são  os  portuguezes  obsequiadores  e  polidos. 
Dizer  acerca  de  uns  lusitano,  que  elle  é  malcreado,  corresponde  a  oíTendel-o  do 
modo  o  mais  sensível. 

«Também  nos  espantámos  da  elegância  excessivamente  ceremoniosa  de  seus 
discursos. . 

"Distinguem-se  com  vantagem  d'elles,  portuguezes,  contra  os  gallegos,  que 
faliam  uma  geringonça  diíBcil  de  se  comprehender,  os  camponios  portuguezes, 
que  téem,  em  geral,  uma  grande  pureza  de  linguagem.  Exprimem-se  até  mesmo 
com  uma  facilidade  e  uma  escolha  de  palavras  das  mais  notáveis  n'um  povo  tão 
pobre  de  instrucção.  Nunca  se  ouve  nenhum  juramento*,  nenhuma  expressão 
indecente  sair  da  sua  boca. 


Mr.  Rédus  parocia  eslar  no  reino  da  Lua,  quando  escrevia  estas  asserções. 


*«  RE 

«Embora  grandes  palradores,  e  até  mesmo  falladores,  acautelam-se  cuida- 
dosamente nas  suas  conversas. 

«Portugal  forneceu  grandes  oradores;  um  de  seus  poetas  —  Camões  — tem 
logar  entre  os  mais  illustres  que  o  mundo  viu  nascer. 

«Podemos,  porém,  pôr  em  duvida  se  a  Lusitânia  pôde  dar  nascimento  a 
artistas  propriamente  ditos,  pois,  exceptuado  o  mythico  Grão  Vasco  S  do  qual 
até  mesmo  não  sabemos  a  nacionalidade,  não  tem  tido  nem  pintores,  nem  escul- 
ptores  2. 

«O  próprio  Camões  o  confessava:  «Nossa  nação,  dizia  elle,  é  a  primeira  em 
«todas  as  grandes  qualidades;  nossos  homens  são  mais  heróicos  do  que  os  outros 
«homens;  nossas  mulheres  são  mais  bellas  do  que  as  outras  mulheres.  Nós,  porém, 
«sobresaímos  em  todas  as  artes  da  paz  e  da  guerra,  exceptuando  tão  somente  a 
«arte  da  pintura.» 

«A  lingua  dos  portuguezes  muito  se  parece  com  a  dos  castelhanos  emquanto 
ás  radicaes  e  á  construcção  geral,  mas  é  menos  ampla  e  menos  sonora. 

«Bem  pouco  numerosos,  quando  comparados  com  as  centenas  de  milhões  de 
homens  que  povoam  a  Europa,  não  pesam  os  portuguezes,  actualmente,  mais  do 
que  com  um  ténue  peso  nos  destinos  do  mundo. 

«Durante,  porém,  um  momento  histórico,  foram  elles  os  primeiros  no  com- 
mercio ;  seu  génio  precedeu  o  de  todos  os  outros  povos. 

«É  verdade  que  os  hespanhoes  repartiram  com  os  portuguezes  a  gloria  das 
grandes  descobertas  no  século  xv. 

«Foram  os  portuguezes  que,  depois  dos  venezianos  e  dos  genovezes,  torna- 
ram essas  descobertas  possíveis,  sendo  os  primeiros  a  emanciparem  a  navegação, 
cessando  de  costear  o  litoral,  para  se  arrojarem  ao  alto  mar,  longe  de  qualquer 
praia. 

«Foi  lambem  o  portuguez  Magalhães  o  primeiro  que  emprehendeua  circum- 
navegação,  terminada  somente  depois  da  sua  morte.  Igual  proeminência  não  se 
encontrará  mais. 

«As  forças  equilibram-se  entre  os  povos;  uma  tendência  de  igualdade,  de 
valor  geographico,  se  produz  nas  diversas  regiões,  por  causa  da  crescente  facili- 
dade dos  meios  de  troca  e  de  communicação.  Não  poderia,  portanto,  Portugal 
esperar  tornar  a  representar  o  papel  que  representou  outr'ora  entre  as  nações. 

«Porém  seus  recursos  bem  utilisados,  e  a  grande  vantagem  da  sua  posição 
na  extremidade  do  continente,  bastam  para  lhe  assegurar  no  futuro  um  logar  dos 
mais  honrosos. 


IIECOIVVEIVÇÃO  apologética  e  resposta  a  uma  carta  que  ao  Eminentissimo 
e  Reverendíssimo  Senhor  Cardeal  da  Cunha,  Inquisidor,  escreveu  o  Excellentissimo 
e  Reverendissimo  Senhor  Bispo  de  Elvas,  na  qual  se  dissolvem  as  suas  duvidas,  e 
se  desvanecem  os  seus  escrúpulos,  escripta  por  um  seu  amigo  verdadeiro,  ainda  que 
encoberto.  Madrid,  na  officina  dos  herdeiros  de  Francisco  dei  Hierro,  anno  1746, 
4.",  85  pag.  afora  o  Protesto  e  a  Declaração  do  auctor. 


<  Pois  não  fallaremos  do  GrSo  Vasco  e  fal  lemos  do  grande  Sequeira. 
*  Nfto  Icm  tido  escuiptorcs?  Esta  é  muito  boal 


RE  "3 

RECORD  (A)  of  Church  Reformation  Work  in  Sjmin,  Portugal,  México 
and  other  parts  Christendom. 

É  uma  obra  de  propaganda  protestante. 

Por  exemplo,  a  pag.  213  do  vol.  iii,  1882,  diz  que  o  sr.  Casseis  adiantou, 
com  muita  generosidade,  mil  libras  para  se  comprar  terreno  e  construir  um 
templo  que  podesse  conter  tresentas  pessoas.  Faz  elogios  ao  sr.  Dias,  do  qual  diz 
ser  mui  versado  na  Biblia. 

Assevera  que  para  o  livro  das  orações  aproveitaram-se  do  Missal  de  Braga, 
e  os  baptisados  se  faziam  cá  moda  dos  anglicanos. 

No  dia  18  de  julho  de  1882  reuniram-se  103  creanças  na  escola  de  Villa 
Nova  de  Gaia,  as  quaes  andaram  a  brincar  na  quinta  do  visconde  de  Silva 
Monteiro. 

«Nós  não  desejámos  (pag.  99)  fundar  uma  nova  religião,  mas  simplesmente 
limpal-a  (isto  é,  a  própria  religião)  da  corrupção  dos  séculos,  e  reconquistar  as 
antigas  liberdades  da  igreja  lusitana,  por  tanto  tempo  sujeitas  ao  estrangeiro  jugo 
de  Roma,  e  espalhar  por  todo  este  paiz  uma  doutrina,  que  ha  de  ser  a  eatholica 
e  apostólica,  para  uma  igreja  que  ha  de  ser  portugueza  e  não  romana.» 

Dá  também  noticia  de  um  casamento  em  Villa  Nova  de  Gaia. 

«Em  Rio  de  Mouro  tudo  corre  muito  bem.  O  sr.  Costa  e  sua  mulher  traba- 
lham com  lealdade  na  congregação  e  na  escola.  A  escola  lusitana  tem  chegado  a 
reunir  250  creanças ;  este  numero,  porém,  ainda  pôde  ser  augmentado.  Morreu 
uma  creança,  e  o  sr.  Costa,  com  alguns  amigos  e  com  os  alumnos,  foi  acompa- 
nhar o  enterro.»  (N.°  6,  junho  de  1882.) 

Em  o  n.o  9,  de  1882,  setembro,  figura  Portugal  conjunctamente  com  a  Hes- 
panha  e  o  México.  N'estes  Ires  paizes,  dentro  de  vinte  e  cinco  annos,  pelo  menos 
25:000  pessoas  renegaram  da  sua  adhesão  á  igreja  de  Roma.  E  d'este  numero 
quasi  a  metade  organisou-se  para  as  igrejas,  tendo  uma  constituição  episcopal. 

No  Porto,  n'estes  últimos  e  poucos  mezes,  os  serviços  do  reverendo  dr.  Dias, 
ministro  instruído  e  hábil,  oulr'ora  padre  da  igreja  de  Roma,  têem  sido  seguros, 
e  podem  ter  grande  alcance  coadjuvados  pelo  sr.  Casseis. 

Em  dezembro  de  1882,  tinha  ido  estabelecer  um  serviço  n'um  logar  cha- 
mado Marzo,  ao  sul  do  Douro.  (Pag.  213.) 

Em  Portugal  está  patente  um  vasto  campo.  Praticamente,  prevalece  em 
plena  liberdade  e  consente-se  que  os  protestantes  abram  igrejas  e  escolas  onde 
quizerem,  e  as  annunciam  publicamente  nos  jornaes. 

RECUEIL  (BREF)  des  particularités  contenues  aux  leitres  envoyées  par 
M.  de  Perieu  à  MM.  ses  parents  et  amis  de  Fr  ame,  de  le  Marignan  (sic),  au  Brésil, 
ou  il  est  encore  à  présent,  pour  le  service  de  Sa  Majesté  três  chrétienne  Loiíis  XIII. 
Lyon,  par  J.  Poyet,  1613,  in-8.° 

RECUEIL  de  divers  voyages  faits  en  Afrique  et  en  Amérique,  qui  n'ont 
point  été  encore  publiées;  contenant  V origine,  les  mcsurs,  les  coutumes  et  le  com- 
mercê  des  habitants  des  deux  parties  du  monde,  avec  des  traités  curieux  íouchant 
la  haute  Ethyopie,  le  débordement  du  Nil,  la  Mer  Rouge  et  le  Preste- Jean.  Le  tout 
enrichi  de  figures  et  de  cartes  géographiques.  Paris,  L.  Billaire,  1674,  4." 

Traz  de  pag.  253  a  262  um  extracto  da  Ethiopia,  de  Balthazar  Telles. 


174  RE 

RECUEIL  des  pièces  importantes  concemant  la  rupture  declarée  entre  la 
Cour  de  Rome  et  celle  de  Portugal.  8.",  1  vol.,  lxiv-14  pag. 

RECUEIL  des  pièces  qui  navaient  pas  encore  paru  en  France,  concemant 
le  Procès  des  Jésuites  et  de  leurs  complices  en  Portugal.  176i,  in-12,  47  pag. 

Estes  documentos  não  se  encontram  na  Collecção  impressa  em  Amsterdam. 

Seconde  suite  de  pièces  nécessaires  et  interessantes  relatives  au  Procès  des  Jé- 
suites en  Portugal.  In- 12,  84  pag. 

Contém  o  decreto  do  Rei  Catholico  Filippe  V,  acerca  de  varias  accusações 
intentadas  contra  os  jesuítas  do  Paraguay. 

Dernière  suite  de  nouvelles  pièces  interessantes  et  nécessaires  à  1'instruction  du 
Procès  des  Jésuites  PortugaiSj  avec  un  détail  historique  de  ce  qui  s'est  passe  à 
1'occasion  de  leur  expulsion  de  tous  les  États  de  la  Couronne  de  Portugal.  In- 12, 
22  pag. 

RECUEIL  des  pièces  pour  servir  d'addition  et  de  preuve  à  la  Relation 
abrégée  concemant  la  republique  établie  par  les  Jésuites  dans  les  domaines  d^outre- 
mer,  dos  Róis  d'Espagne  et  de  Portugal,  et  la  guerre  qu'ils  soutiennent  contre  les 
armées  de  ces  deux  Monarques.  1758. 

RECUEIL  de  toutes  les  pièces  et  nouvelles  ijui  ont  paru  sur  les  affaires  des 
Jésuites,  principalement  dans  1'Amérique  et  le  Portugal.  Sem  logar  de  impressão, 
1760,  3  voi. 

RECUEIL  de  tous  les  écrits  de  la  Cour  du  Portugal  et  autres  faits  par  des 
particuliers  à  Voccasion  de  Vaffaire  des  jésuites,  traduites  en  langue  hollandaise. 

Dá-nos  esta  noticia,  a  pag.  15,  a  Quinzième  suite  des  nouvelles  interessantes 
au  sujet  de  Vattentat  commis  le  3  septembre  1758,  sur  la  personne  sacrée  de  Sa 
Majesté  Très-Fidèle  le  Roi  de  Portugal. 

REDARES  (H.)* 

Emploi  du  vin  iodo  laudanisé.  Paris,  1883,  in-i.*» 

REDI. 

Observations  sur  diverses  choses  naturelles. 

Apparece  este  traballio  na  Collectioji  académique,  composée  des  mémoires, 
actes  ou  journaux  des  plus  celebres  academies  et  sociétés  liltéraires  étrangères,  etc. 
Dijon,  1757,  vol.  v,  pag.  5il. 

«Contam  que  em  1662  vieram  das  índias  Orientaes  três  religiosos  da  ordem 
de  S.  Francisco  á  côrle  da  Toscana,  e  fizeram  ver  ao  grão-duque  Fernando  II 
certas  pedras,  que  se  achavam  na  cabeça  de  varias  serpentes,  e  das  quaes  pedras 
falia  Garcia  da  Horta.» 

O  auctor  trata  com  desenvolvimento  este  assumpto,  e  um  tal  trabalho,  no 
qual  muito  se  falia  dos  nossos  poriuguezes,  por  me  parecer  mui  curioso,  tradu- 
ziria eu  com  todo  o  gosto,  se  tivesse  a  meu  dispor,  em  casa,  a  obia  de  Redi. 

REDUCCION  y  redituycion  dei  reyno  de  Portugal  a  D.  João  IV,  por  frei 
Fulgencio  Leitão.  Turim,  1648,  4.» 


RE  «'3 

REFLtXlOlVS  stir  le  desastre  de  Lisbonne  et  sur  les  autres  phenomenes  qui 
ont  accompagné  ou  suivi  ce  desastre.  Europe,  aux  depens  de  la  compagnie,  1756, 
in-12. 


ttEFORMAÇAo  das  Escamoth.  Amsterdam,  5513,  4.°,  1  tomo,  3i  pag. 
Vem  esta  obra  citada  no  catalogo  maiiuscripto  do  biibliomanico  Pedro  José 
da  Silva. 

REGKLSPERGER  (CHUISTOVÃO ).— Jesuita,  austríaco. 

Hym)ii  duo  ad  B.  Virginem  Mar  iam  et  S.  Franciscum  Xaverium. 
Cnltus  S.  Francisci  Xaverii^  ex  itálico  P.  Marianna.  Viennae,  1761. 
Devotio  decem  dierum  Veneris  ad  S.  Franciscum  Xaverium^  ex  itálico.  Vien- 
nae, 1763. 

UEGIAE  Suae  Majestati  Mariae  Annae  Portugalliae  et  Algarbiae  Reginae, 
Austriae  Archi-duci  natae.  Pragae.  Ad  despensatum  Regem  transeunti  Simid  et 
Excellentissimo  ac  lllustrissimo  Domino  Ferdinando  Teles  de  Silvãj  A  Villarmajor 
Comiti  Portugalliae  Regis  Legatio. 

REGGIO  (P.  MICHEL  ANGELO  DE  GUATTINI  DA  ). 

«Aquillo  que  o  padre  Miguel  Angelo  notou  de  mais  curioso  na  sua  viagem 
de  Génova  a  Lisboa,  de  Lisboa  a  Pernambuco,  no  Brazii,  e  d'alli  até  Loanda  e 
ao  reino  do  Congo,  onde  morreu,  faz  o  começo  d'esla  relação,  e  o  remate  abrange 
o  que  o  padre  Diniz  observou  de  mais  particular  na  sua  missão  do  Congo,  mas, 
principalmente,  na  província  de  Bamba,  e  no  seu  regresso  á  Itália  pela  Hespanha^ 

«Alem  dos  portos,  cidades  e  iogares,  cuja  descripção  se  encontra  n'esla  obra, 
vemos  n'ella  ainda  os  diversos  costumes  dos  habitantes  de  todos  estes  paizes,  os 
animaes,  as  plantas  e  os  fructos  que  n'elles  se  encontram. 

«Em  Pernambuco,  que  é  uma  das  províncias  do  Brazii,  encontram-se  diver- 
sas sortes  de  povos,  que  andam  totalmente  nús  Alguns  outros  ha  que  tão  so- 
mente se  sustentam  de  carne  humana  ou  de  carne  de  feras.  Distinguem-nos  dos 
outros,  porque  trazem  diversos  bocadinhos  de  pau,  ou  pedras  de  diíferentes  cores, 
no  rosto,  ao  qual  cobrem. 

«Quando  algum  d'elles  cáe  doente,  marcam-lhe  um  praso  para  dentro  d'elle 
se  curar,  e  se  ao  fim  d'este  tempo  não  recuperam  sua  saúde,  matam-no  e  co- 
mem-no,  para  caritativamente  o  livrarem  de  todos  os  males  que  padeceriam,  se 
por  mais  tempo  estivessem  doentes.  Os  filhos  procedem  de  idêntico  modo  para 
com  seus  pães,  quando  se  acham  velhos,  e  pretendem  d'esle  modo  teslemunhar- 
Ihes  muito  maior  amor,  fazendo  cessar  de  uma  só  vez  todos  os  incommodos  da 
velhice,  do  que  procurando  tão  somente  allivial-os,  como  se  pratica  nas  outras 
partes. 

«Porém,  se  este  costume  é  horrível  e  cruel,  ha  um  outro,  assas  divertido, 
n'um  logar  mais  no  interior  do  paiz,  ao  qual  dão  o  nome  de  S.  Paulo,  pois  dão  a 
cada  estrangeiro  que  alli  chega  uma  mulher,  que  toma  o  cuidado  de  lhe  dar  toda 


'  Journal  des  Sçavans,  11  de  julho  de  1678,  pag.  148. 


176  RE 

a  qualidade  de  satisfações,  sem  que  tenha  outro  cuidado  mais  do  que  o  de  comer, 
de  beber  e  de  se  divertir.  A  mulher  se  encarrega  de  tudo  o  mais,  e  cada  uma 
d'ellas  faz  alardo  de  apresentar  a  seu  marido,  mais  do  que  a  todos  os  outros ; 
deve,  porém,  ter  cuidado  em  não  lhe  dar  ciúmes,  pois  n'esse  caso  seria  d^  prom- 
pto  envenenado. 

«O  porto  de  Loanda,  capital  do  reino  de  Angola,  é  mui  bello.  As  riquezas 
dos  habitantes  consistem,  principalmente,  em  o  numero  de  escravos  que  servem 
para  transportar  as  pessoas  em  vehiculos  similhantes  ás  cadeirinhas.  Alguns  ha 
que  chegam  a  ter  12:000. 

«Não  ha  moeda  n'este  paiz,  porém  servem-se,  para  o  commereio,  de  certos 
bocados  de  tecido  ou  de  esteira,  que  têem  diversos  preços,  segundo  sua  grandeza. 
O  muys  de  vinho  alli  se  vende  até  150  escudos,  mas  também  vale  dois  e  meio 
dos  nossos.  Gostam  d'elle  extraordinariamente,  e  contam  a  tal  respeito  um  caso 
engraçado  do  grão  duque  de  Bomba,  que  é  uma  província  do  reino  do  Congo, 
que  uma  vez  recusou  a  coroa,  como  elle  mesmo  confessou  áquelles  padres,  para 
poder  sempre  ser  vizinho  de  portuguezes,  e  beber  de  vez  em  quando,  por  inter- 
venção d'elles  uma  pinga  de  vinho  ou  de  aguardente. 

«Ha  no  Congo  um  Rei,  um  grão  duque,  um  duque,  um  marquez  e  um  conde, 
cada  um  dos  quaes  governa  uma  das  cinco  províncias,  as  quaes  compõem  o  reino. 
Na  de  Bamba,  onde  estão  grão  duque,  só  elle  pôde  apresentarem  guerra  160:000 
homens,  mas  não  ha  mais  do  que  miseráveis.  Logo  que  seus  filhos  se  acham 
alguma  cousa  crescidos,  já  não  fazem  mais  caso  d'elles,  como  se  não  lhes  perten- 
cessem.. Na  sua  linguagem  vulgar,  fallando  de  alguém,  põem  o  titulo  depois  do 
nome;  assim,  em  vez  de  dizerem  o  senhor padre^  como  os  italianos  e  hespanhoes, 
dizem :  Ngamgo  Fonet,  Padre  Se7ihor.  Não  téem  médicos,  nem  remédios.  Curam 
as  doenças  tirando-lhes  sangue.  Prohibem-lhes  principalmente  os  ovos,  e  até 
mesmo  julgam  serem  muitos  maus  para  áquelles  que  têem  boa  saúde.  No  emtanto 
as  gallinhas  são  mui  caras  em  todos  áquelles  paizes.  No  Brazil  uma  gallinha  vale 
uma  piastra;  no  reino  de  Angola  vendem-na  por  um  sequim,  e  no  Congo  não  se 
poderia  obter  por  menos  de  uma  pistola. 

«Encontram-se  no  Brazil  certos  animaes,  aos  quaes  dão  o  nome  de  piolhos 
de  Pharaô,  os  quaes  se  introduzem  nos  pés,  entre  a  pelle  e  a  carne.  E  se  não  os 
fazem  extrahir  quanto  antes,  introduz-se  n'ella  uma  chaga  e  uma  ulcera  insup- 
portável,  e  todo  o  pé  apodrece. 

«No  reino  do  Congo  não  vemos  taes  sortes  de  animaes,  mas  encontrámos 
n'elle  serpentes  de  vinte  e  cinco  e  pés  de  comprimento,  que  engolem  de  um 
trago  ovelhas  inteiras,  como  aquella  de  que  já  falíamos,  que  enguliu  uma  rapa- 
riga de  dezoito  annos.  É  mui  divertida  a  maneira  como  as  apanham,  pois,  como 
para  fazerem  a  digestão,  ellas  se  estendem  ao  sol,  os  mouros  as  surprehendem 
n*este  estado,  matam-nas,  e  depois  de  lhes  haverem  tirado  a  cabeça,  a  cauda  e 
as  entranhas,  comera -nas,  e  acham- nas  ordinariamente  gordas  como  porcos. 
Alem  d'estas  serpentes  ha  no  Congo  uma  quantidade  espantosa  de  ratos  e  de 
formigas.  São  estas  ultimas  tão  grossas  e  em  tão  grande  numero,  que  o  padre 
Diniz  conta  que,  achando-se  certo  dia  na  cama,  doente,  foi  obrigado  a  pedir  que 
o  levassem  para  fora  da  sua  cabana  com  medo  de  ser  devorado  por  ellas,  como 
acontece  muitas  vezes  em  Angola,  onde  pela  manhã  se  encontram  esqueletos  de 
vaccas  que  foram  devorad.is  pelas  formigas  durante  a  noite. 

«As  plantas  e  os  fructos  não  são  tão  bons  no  gosto  como  os  da  Europa. 


RE  Í77 

Fazem  a  vindima  duas  vezes  no  anno,  porém  as  uvas  nunca  são  bem  doces. 
Entre  os  fructos  raros  que  se  acham  no  Brazil,  existe  um  chamado  Niceífo,  que 
sendo  cortado  pelo  meio  faz  ver  a  imagem  de  um  crucifixo;  e  a  arvore  que  pro- 
duz este  fruclo  tem  isto  de  particular — o  ter  só  duas  folhas,  cada  uma  das  quaes 
pôde  cobrir  inteiramente  um  homem. 

REGLI  (CAV.  DOTT.  FRAIVCESCO  ). 

A  Sua  Maestà  Maria  II  da  Gloria^  Regina  dei  Portugallo.  Carme  in  morte 
di  Cario  Alberto.  Typ.  Fory  et  Dalmazzo,  sem  logar  de  impressão  nem  anno. 
In-8.»,  de  29  folhas. 

REGNUM  Portugalliae  divisum  in  quinque  provindas  et  subdivisum,  una 
cum  regno  Algarbiae  speciali  mappa  exhiberis  per  J.  B.  Hamannum.  1736. 
É  carta  colorida.  O-^jS?  X  0'",45. 

IIEGIVORUM  Hispaniae  et  Portugalliae  tabula  generalis  in  provindas  di- 
visa, per  D.  F.  Lopes,  emend.  F.  L.  Giissefeld.  Editio  Hommanianis  haered.  1782. 

REGNORUM  Hispaniae  et  Portugalliae  tabula  generalis  Delisliana,  aucta  a 
J.  B.  Homanno  Noribergersi.  1730.  0«',47  x  0">,58. 

REGNORUM  Hispaniae  et  Portugalliae  tabula  generalis  Delisliana  jam 
nuper  edita,  nunc  denuo  revisa  a  J.  B,  Homanno.  1730. 

REICHARD  (M.). 

An  Itinerary  of  Spain  and  Portugal.  London,  1820.  In- 12. 

REIG  (JOSEFH ).— Jesuíta,  natural  de  Murla. 

Josephi  Reigii,  Presbyteri  Valentini,  epistolaram  et  orationum  libri  três.  Bo- 
noniae,  1 790. 

Um  d'estes  discursos  é  a  respeito  de  S.  Francisco  Xavier. 

REIIVHARDSTOETTNER  (CARL  VON ).— Docenten  und  der  K. 

Polyt.  Hachschule  zu  Míinchen,  ele. 

Luiz  de  Camoens  der  Sãnger  der  Lusiaden.  Biographische  Skizze  von . 

Zweite  Auflage.  Leipzig,  verlag  des  Hausfreundes,  1879,  8.°,  69  pag. 

Die  Plautinischen  Lustspiele  in  Spãteren  Bearbeitungen  L  Amphitoriovon . 

Leipzig,  Wilhelm  Friederich,  1880,  8.«  gr.  77  pag. 

Beitrage  zur  texthritik  der  Lusiadas  de  Camões.  Habilitationsschrift  von . 

Mtinchen,  1872,  in-8.0 

No  n."  4  do  Litteraturblatt  filr  germanische  und  romanische  philologie,  refuta 
opiniões  de  Lindner  sobre  Portugal,  e  de  Schmitz  sobre  o  maravilhoso  de  Luiz 
de  Camões  ^ 


Theophilo  Braga,  Bibliographia  camoneam,  pag.  223. 

12 


178  RE 

REISE  des  OesteiTeichischen  Fregate  Novara  tm  die  Erde  in  den  Jahren 
1857,  1858,  1859. 

Foram  destinadas  64  paginas  no  1."  volume  d'esta  obra  monumental  para 
deseripção  da  ilha  da  Madeira,  á  qual  tecem  os  maiores  elogios. 

RELAÇAM  da  Roda  da  Fortuna  ou  Inconstância  mundana  jococeria  curiosa, 
noticiosa  e  proveitosa,  dividida  em  duas  partes,  com  duas  meditaçoens.  Primeira 
para  consolação  dos  afflictos  ou  pouco  afortunados;  segunda  para  desengano  dos 
fofos,  soberbos  e  exaltados  da  fortuna.  Impresso  em  Sevilha  por  D.  Florêncio 
Joseph  de  Blas  y  Quesada,  impressor  mayor  de  dicha  ciudad. 

RELAÇÃO  da  grandiosa  embaixada  que  em  nome  das  Magestades  dos  Se- 
nhores Reys  de  Portugal  deu  n'esta  corte  de  Madrid  as  Magestades  dos  Senhores 
Reys  Catholicos,  o  Excellentissimo  Senhor  D.  Rodrigo  Annes  de  Sa  Almeida  e 
Menezes,  Marquez  de  Abrantes,  em  dia  de  Natal  de  25  de  dezembro  de  1727.  Es- 
crita na  lingua  portugueza  em  obsequio  do  mesmo  Excellentissimo  Embaixador  e 
de  todos  os  seus  nacionaes.  Por  Lourenço  Cardana,  mercador  de  livros  na  rua  da 
Tocha.  Impressa  em  Madrid  na  oíTicina  da  Musica,  por  Miguel  de  Rezola.  Ano  de 
1728.  4.",  16  pag. 

RELACIÓ  de  la  entrada  dei  ejercito  português  en  la,  Galicia.  Barcelona 
por  J.  Montevat,  1643. 

RELACIÓ  de  la  presa  y  capitulacion  de  la  gran  y  rica  Villa  de  Paymogo, 
per  lo  general  de  las  armas  dei  Rey  de  Portugal,  D.  Juan  IV,  a  19  de  Mars  de 
1644.  Barcelona,  1644. 

RELACIÓ  deis  successos  de  Portugal  desde  tot  Gener  fins  ai  Comensament 
de  Mars  dei  any  1642,  ahont  se  relatan  alguns  combats  entre  castellans  y  portu- 
guesas en  terras  de  Castella  y  de  Portugal.  La  professo  feta  en  Lisboa  en  memoria 
de  la  coronacio  dei  Senor  Rey  de  Portugal.  Lo  baptisme  de  dos  Princeps  Maomé- 
tans.  La  Redamontada  dei  Duch  de  Medina  Sydonia,  y  la  Rurla  que  un  Capellà 
castella  feu  a  un  soldat  de  la  matexa  nacio  ah  altres  successos.  Traducida  de  fran- 
cês en  Catalã.  Ab  llicencia.  En  Barcelona,  en  casa  de  Jaume  Matthevat  devant  la 
Rectoria  dei  Pi,  any  1642.  4  folhas  innumeras. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

RELACIÓ  deis  successos  venturosos  de  las  armas  de  Portugal,  ha  hon  tan 
guanyat  moitas  banderas  deis  Castellans,  y  cremat  moitas  vilas  y  llochs,  y  entre 
eUs  a  Monterey.  Barcelona,  en  casa  de  Jaume  Mathevat,  estamper  de  la  ciutat  y 
su  universitat,  any  1642. 

RELACIÓ  molt  certa  y  verdadera  deis  ditxosos  y  felices  sucessos  de  las  armas 
dei  Rey  de  Portugal,  y  deis  embelecos  usan  los  Castellans.  Y  tambe  de  las  virtuts 
particulars  dei  dit  Rey.  Juntamente  lo  modo  dei  Rendiment  de  Badajòs,  y  Estre- 
madura, y  de  la  Resolucio  ha  presa  la  Galicia.  Tambe  se  dona  relacio  de  las 
grans  prevencions  ha  fetas,  y  fá  dit  Rey.  Any  1642.  Ab  licencia  deis  superiors. 
En  Barcelona,  per  Gabriel  Negues,  en  lo  Carrer  de  Sanl  Domingo,  4.» 


RE 


179 


RELACIO  molt  verdadera  de  la  victoria  que  han  tingut  las  armas  dei  Rey 
de  Portugal  contra  las  de  El  Rey  de  Castella^  a  17  novembre  1642.  Ah  licentia. 
En  Barcelona,  en  casa  de  Jaume  Mathevat.  any  1642,  8.*',  4  folhas. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

REL  ACIOIV  de  algunas  perdidas  que  tuvo  Felipe  IVy  Rey  de  Castilla,  para 
siempre  jamás.  Amen.  Lisboa,  na  officina  de  Domingos  Lopes  Rosa.  Anno  1642, 
8.**,  4  folhas  não  paginadas. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

RELACIO  verdadera  de  la  navegacion  que  han  fet  los  vaxelles  dei  Rey 
Christianissim  (que  Deu  guart)  desdel  Port  de  la  Rochella,  fins  ai  Moll  de  Barce- 
lona, y  las  cosas  particulars  que  en  dita  navegado  los  ha  succehit:  Ab  las  salvas 
quês  feren  en  Lisboa  a  la  desembarcado  dei  senor  Marques  de  Brezé,  General  de 
dita  Armada.  Ab  llicencia.  En  Barcelona,  en  Ia  Estampa  de  Jaume  Romeu,  devant 
S.  Jaume.  Any  1642,  4.°,  4  folhas  não  paginadas. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

RELACIO  verdadera  que  ha  portai  un  religioso  de  Valência  donant  avis  de 
una  grau  victoria  que  han  tingut  las  armas  portuguesas  contra  las  castellanas,  a 
28  de  agosto  de  1643.  Barcelona. 

RELACIOIV  de  algunas  cosas  notables  que  en  estos  últimos  anos  de  82 ,  83  y 
84  han  acontecido  en  los  reynos  dei  Japon,  sacadas  de  las  ultimas  cartas  de  los 
padres  de  la  Compania  de  Jesus ^  que  llegaron  este  ano.de  85 j  en  el  galeon  de  Mo- 
lucca.  (Sem  logar  nem  anno.)  i 

RELACTON  succinta  en  un  curioso  romance  que  refiere  por  menor  el  vis- 
toso apparato  con  que  entro  en  la  plaza  de  Yelves  el  Ex."""  Duque  de  Ossuna  a 
dar  el  parabien  a  el  Rey  D.  Juan  V  de  Portugal  de  los  felices  casamientos  y  los 
carinos  afetos  con  que  fueron  recebidos  de  la  Infanta  de  Espana.  Sevilla. 

RELACION  verdadera  de  la  feliz  expugnacion  y  rendimiento  de  la  plaza  de 
Alcântara,  que  consiguieron  en  nombre  de  Carlos  III  las  armas  lusitanas  con  las 
de  los  altos  Aliados  desde  el  dia  10  hasta  17  de  abril  de  1706.  Barcelona,  1706. 

RELACIOIV  veridica,  escrita  en  reales  octavas  dedicadas  ai  nacimento,  vida 
y  virtudes  dei  Bemaventurado  Padre  San  Juan  de  Dios.  Foi.  Em  verso. 
Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

RELACION  de  la  forma  en  que  se  celebro  en  la  Corte  de  Vienna  el  despo- 
sorio  dei  Rey  de  Portugal  D.  Juan  V,  con  la  Archiduquesa  D.  Marianna  de  Áus- 
tria. Barcelona,  1708. 


Auguslin  et  Alois  de  Baoker,  Bibilothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vi,  pag.  238. 


180  RE 

UELACION  de  las  fiestas  que  los  hermanos  de  la  Tercera  Ovden  de  la  Villa 
de  Madrid  hicieron  en  el  Convento  de  S.  Francisco  á  la  Canonizacion  de  Santa 
Isabel j  reyna  de  Portugal,  en  18  de  octobre  y  duraronnuevedias.  Barcelona,  Í6i5. 

RELaCION  de  las  fiestas  que  se  hicieron  en  Lisboa,  con  la  nueva  dei  casa- 
miento  de  la  Serenissima  Infanta  de  Portugal,  Dona  Catalina  (ya  Reyna  de  la 
Gran-Bretana),  con  el  Serenissimo  Rey  de  la  Gran-Brelana,  Carlos  Segundo  de 
este  nombre,  y  todo  lo  que  succedió  hasta  embarcarse  para  Inglaterra.  Con  licen- 
cia. En  la  oficina  de  Henrique  Valente  de  Oliveira,  impresor  de  El  Rey  Nueslro 
Sefior.  Ano  1662,  4.°,  12  folhas  não  paginadas. 

RELACION  dei  martyrio  de  quatro  embaxadores  portugueses  de  la  Ciudad 
de  Macau.  Manila,  1641. 

RELACION  de  la  solemnidad  y  pompa  con  que  en  Malta  fiié  recebido  el 
sombreiro  y  espada  bendecidos,  embiados  a  el  Emin.  Sr.  Gran  Maestro  dei  Orden 
de  S.  Juan,  Fr.  D.  António  Villena.  Sevilla. 

RELACION  de  la  victoria  que  los  portugueses  de  Pernambuco  alcanzaron 
de  los  de  la  Compania  dei  Brasil,  en  los  Carerapes,  en  1649.  Traducida  dei  ale- 
man.  Vienna  de  Áustria,  1649. 

RELACION  de  lo  sucedido  en  la  islã  de  la  Tercera,  desde  el  veynte  y  três 
de  Júlio  hasta  veynte  y  seys  dei  mismo,  mil  y  quinientos  y  ochenta  y  três  anos. . . 
Impresa  en  Alcalá  de  Henares,  en  casa  de  Sebastian  Martinez,  1583,  in-4.«»,  gothico, 
4  folhas. 

Um  livreiro  de  Paris  pedia,  em  1876,  400  francos  por  um  exemplara 

RELACION  de  três  victorias  que  han  alcanzado  las  armas  portuguesas 
contra  las  castellanas,  ora  nuevamente  succedido  a  dos  dei  mes  de  febrero  hasta 
quatro  de  marzo  de  1643.  Barcelona,  1643. 

RELACION  (nueva  y  curiosa);  romance  en  que  declara,  y  da  cuenta  de  la 
feliz  victoria  que  han  conseguido  las  católicas  armas  dei  reyno  de  Portugal  contra 
las  dei  soberbio  y  bárbaro  rey  de  Mequinez,  en  la  ciudad  de  Mazagan.  Madrid, 
4  pag.,  in-4.°,  sem  data. 

Appareeeu  um  exemplar  no  leilão  da  livraria  do  marquez  de  Pombal,  no 
anno  de  1888. 

RELATION  de  ce  qui  s'est  passe  en  Portugal  par  rapport  aux  opérations  de 
la  campagne  de  1108.  In- 12. 

RELATION  de  la  conjuration  de  Portugal.  Leon,  1703. 


'  Dcschamps  el  G.  Brunei,  Supplément  au  Manuel  du  libraire  de  Brunei,  vol.  ir,  pag.  U5. 


RE  181 

RELATION  de  ce  qui  s'est  passe  dans  les  Indes  Orientales  en  ses  trois  pro- 
vinces  de  Goa,  dé  Malabar ,  du  Japon,  de  la  Chine  et  autres  pais  nouvellement 
découverts.  Par  les  PP.  de  la  Compagnie  de  Jesus.  Paris,  Seb.  CraQioysi,  1651, 
in-8.°,  114  pag.,  com  o  retrato  de  S.  Francisco  Xavier ^ 

RELATIOIV  de  Vétahlissement  du  Christianisme  dans  le  royaume  de  Corée, 
redigée  en  lalin  par  Mgr.  de  Gouveia,  évéque  de  Pékin,  et  adressée  le  15  aoút  1797 
à  Mgr.  de  Sainl  Martin,  évéque  de  Caradre  et  vicaire  apostolique  de  la  province 
de  Sutchuen,  en  Chine.  Traduction  faite  sur  une  copie  7'eçue  à  Londres  le  12  juillet 
1798.  Londres,  1800,  32  pag.,  in-12. 

RELATIOIV  de  la  Inquisition  de  Goa.  Amsterdam,  1719. 

RELATIOJV  des  Missions  du  Paraguay,  traduite  de  Vitalien  de  M.  Mura- 
tori.  A  Paris,  chez  ia  Veuve  Bordelet.  1757,  8.",  xii-403  pag. 

Esta  obra  é  mui  favorável  ás  missões  jesuiticas  no  Paraguay. 

O  traductor  confessa  que  fez  algumas  alterações  quando  traduziu  de  italiano 
para  francez. 

Muratori  asseverava  que  a  igreja  catholica  nâo  tinha  missões  mais  flores- 
centes que  as  da  igreja  catholica.  «A  cruz  triumpha  n'estes  paizes  bárbaros.  Um 
grande  numero  de  povos  adora  o  verdadeiro  Deus,  e  gosa  hoje  da  sorte  a  mais 
digna  de  inveja.»  Pag.  xxxiii. 

«Vou  apresentar  ao  leitor  um  quadro  fiel  d'este  paiz  tão  afortunado;  ver-se- 
hão  n'elie  homens  os  mais  bárbaros  talvez  que  existissem  no  mundo,  mudados 
em  ferventes  christãos,  republicas  que  não  conhecem  quasi  outras  leis  senão  as 
do  Evangelho,  e  nas  quaes  as  virtudes  as  mais  perfeitas  do  christianismo  se  con- 
verteram em  virtudes  communs. 

«Cumpre,  para  a  edificação  do  mundo  christão  e  para  a  gloria  da  igreja 
romana,  que  um  tão  belio  estabelecimento,  e  que  tantas  virtudes  dignas  da  nossa 
veneração,  quer  nos  missionários,  quer  nos  neophytos,  não  fiquem  desconheci- 
das. (Pag.  4.) 

«Toda  a  costa  marítima  do  Brazil  pertence  aos  portuguezes.  Pretenderam 
elles  outr'ora  estender  seu  domínio  até  ás  margens  do  rio  La  Plata;  mas  apesar 
de  suas  pretensões,  attribuiram  sempre  os  hespanhoes  a  si  essa  parte  da  costa 
que  está  situada  entre  o  Cabo  S.Vicente  e  a  embocadura  do  Rio,  embora  para 
alli  não  enviassem  colónia  alguma.  Comludo  os  portuguezes  conseguiram  fundar 
um  forte  na  ilha  de  S.  Gabriel,  defronte  de  Buenos  Ayres,  e  n'aquelle  sitio  se 
mantiveram  até  agora,  apesar  de  todos  os  esforços  empregados  para  os  deitarem 
fora.  Este  estabelecimento  foi  sempre  muito  prejudicial  á  nação  hespanhola. 

«Alem  do  Rio  de  Janeiro  e  para  o  Cabo  de  S.  Vicente,  onde  termina  o 
Brazil,  construíram  os  portuguezes  sobre  um  rochedo  mui  escarpado,  a  cidade 
de  S.  Paulo,  á  qual  alguns  dão  o  nome  de  «Piratíninga». 

"Os  habitantes  d'esta  cidade,  que  não  tinham  mulheres  europêas,  as  foram 
tomar  entre  os  índios.  Da  mistura  de  um  sangue  tão  vil  com  o  nobre  sangue  dos 
portuguezes,  nasceram   filhos  que  tiveram  todos  os  defeitos  de  suas  mães  e  não 


Deschamps  et  G.  Brunei,  Supplément  au  Manuel  du  Ubraire  de  Briinet,  vol.  n,  pag.  446, 


182  RE 

tiveram  nenhuma  das  virtudes  paternas.  Caíram  n'um  tal  descrédito,  por  causa 
do  desregramento  de  suas  mães,  que  as  cidades  vizinhas  teriam  crido  perder 
sua  reputação,  se  tivessem  continuado  a  ter  alguma  communicação  com  os  habi- 
tantes de  S.  Paulo.  Embora  fossem  originariamente  portuguezes,  julgaram-os 
indignos  de  usarem  de  um  nome  ao  qual  deshonravam  com  suas  acções  infames. 
Deram-lhes  o  nome  de  Mamelus,  que  ficaram  tendo  no  paiz,  embora  sejam  mais 
vulgarmente  chamados,  pelos  historiadores,  Paiãinos,  Paidicianos  e  Paulopoli- 
tanos. 

«Tinham-se,  no  emtanto,  conservado  fieis  a  Deus  e  a  seus  Príncipes  durante 
alguns  annos,  e  devia-se  isto,  principalmente,  aos  cuidados  do  famoso  padre 
José  Anchieta,  o  apostolo  do  Brazil,  e  de  outros  padres  da  companhia  de  Jesus, 
que  tinham  em  S.  Paulo  um  collegio  fundado  pela  cidade.  Mas  por  fim,  quer 
achassem  n'aquelles  padres  um  forte  dique,  oppondo-se  a  seu  desregramento, 
quer  não  tivessem  sido  muito  bem  tratados  pelos  governadores  do  Brazil,  expul- 
saram os  jesuítas  e  sacudiram  quasi  inteiramente  o  jugo  do  dominio  portuguez, 
pois  só  obedecem  aos  governadores  quando  o  querem  fazer,  isto  é,  quando  o  seu 
interesse  é  obedecer,  de  modo  que  se  forma  n'esta  cidade  uma  espécie  de  repu- 
blica que  se  governa  por  suas  leis  particulares. 

«S.  Paulo,  que  não  tinha  ao  principio  mais  de  400  habitantes,  entrando 
n'esse  numero  os  escravos  negros  e  os  Índios,  conta  hoje  alguns  milhares  dentro 
das  suas  muralhas.  Admittem  indistinctamente  o  refugo  de  todas  as  nações.  É  o 
asylo  de  todos  os  salteadores  porluguezes,  hespanhoes,  inglezes,  hollandezes  e 
italianos,  que  na  Europa  fugiram  aos  supplicios  merecidos  pelos  seus  crimes,  ou 
que  procuram  passar  impunemente  uma  vida  licenciosa.  Um  negro  que  se  possa 
subtrahir  ás  mãos  de  seu  senhor,  tem  a  certeza  de  ser  alli  bem  recebido. 

«Os  mamelus  dizem  bem  alto  que  não  dependem  de  ninguém.  Pagam,  com- 
tudo,  annual mente,  ao  Rei  de  Portugal,  um  quinto  do  oiro  que  extrahem  de  suas 
montanhas,  pois  também  elles  têem  minas.  Não  deixam  de  protestar,  quando 
pagam,  de  que  o  não  fazem  por  medo,  nem  para  cumprirem  uma  obrigação  in- 
dispensável ;  mas  sim  unicamente  como  respeito  e  attenção  a  este  monarcha. 

«A  situação  vantajosa  de  S.  Paulo,  e  as  fortificações  que  os  habitantes 
n'aquelle  sitio  augmentaram,  fizeram  perder  aos  portuguezes,  se  não  a  vontade, 
ao  menos  a  esperança  de  submetterem  a  cidade. 

«Alem  das  armas  que  são  communs  a  todos  os  índios,  os  mamelus  tèem 
ainda  um  grande  numero  de  armas  de  fogo,  que  lhes  foram  levadas  pelos  negros 
fugitivos,  ou  que  elles  próprios  roubaram  aos  viajantes  nas  estradas.  Parece  que 
sabem  fabricar  pólvora  para  artilheria. 

«'Dizem  também  que  ha  no  meio  d'elles  alguns  padres  e  frades,  mas  ha  com 
certeza  bem  pouca  religião  em  S.  Paulo;  e  se  os  mamelus  tomam  ainda  o  nome 
de  christãos,  respeitam  bem  pouco  as  leis  do  christianismo. 

«Com  eíTeilo,  depois  que  os  mamelus  se  subtrahiram  á  auctoridade  dos  vice- 
reis  do  Brazil,  applicaram-se  a  uma  espécie  de  rapina  digna  das  nações  mais 
barbaras.  Viram-nos  espalharem-se  todos  os  annos  pelas  terras  dos  Índios,  leva- 
rem escravos,  uma  infinidade  d'esses  desgraçados,  para  os  fazerem  trabalhar  nas 
minas  e  nas  plantações  de  assucar.  As  terras  dos  arrabaldes  de  S.  Paulo  só 
foram  cultivadas  por  esses  escravos  índios.  As  províncias  de  Guaíra,  do  Paraguay 
e  do  Bio  da  Prata  eram  as  mais  expostas  ás  incursões  dos  mamelus;  foram 
também  a  estas  que  eíles  maltrataram  mais.  Destruíram  algumas  povoações  índia- 


RE  183 

nas  muito  numerosas,  e  n5o  conservaram  senSo  aquellas  que  lhes  pagavam  tri- 
buto. Depois  de  terem  saqueado  os  paizes  vizinhos,  levaram  a  assolação  aos 
paizes  mais  remotos.  Haveria,  sem  duvida,  difficuldade  em  acreditar,  se  este  facto 
nSo  fosse  attestado  por  todas  as  relações,  que  os  mamelus  penetraram  varias 
vezes  até  ás  margens  do  lago  dos  Xaraies,  e  do  rio  Maranhão,  que  elles  algumas 
vezes  percorreram  em  cinco  ou  seis  mezes  até  mil  léguas  do  paiz,  sem  que  se 
possa  comprehender  como  achavam  meio  de  viverem  tão  longe  da  sua  terra, 
sendo  obrigados  a  atravessarem  povoações  que  se  achavam  em  grande  numero 
nas  margens  do  lago  de  que  já  fallei,  e  poucos  houve  que  escapassem  ao  seu 
furor. 

«Nem  sequer  as  cidades  e  colónias  hespanholas  foram  respeitadas  por  estes 
bárbaros,  que  saquearam  algumas  e  roubaram  seus  habitantes.  Quatorze  povoa- 
ções christãs  foram  destruídas  por  estes  salteadores,  e  no  espaço  de  cento  e  trinta 
annos  fizeram  escravos  a  mais  de  dois  milhões  de  Índios,  dos  quaes  cincoenta 
mil  tinham  abraçado  a  religião  christã. 

«De  tantos  homens  que  elles  levaram,  apenas  houve  um  entre  cem  que  lhe 
fosse  de  alguma  utilidade.  A  maior  parte  pereceu  de  miséria  antes  de  chegar  a 
S.  Paulo.  Aquelles  que  para  alli  levaram  sãos  e  salvos,  dentro  em  pouco  morre- 
ram por  causa  do  mau  ar  que  se  respira  n'aquellas  minas  e  por  causa  do  trabalho 
excessivo  das  plantações  de  assuear.  Viu-se  um  registo  authentico,  pelo  qual  se 
provava  que  de  trezentos  mil  Índios  captivados  e  levados  pelos  mamelus  em 
cinco  annos,  apenas  restavam  vinte  mil. 

«Reclamou-se  com  muita  instancia  á  piedade  dos  Reis  de  Portugal,  e  estas 
queixas  reiteradas  fizeram  publicar  diversos  éditos  mui  rigorosos  contra  os  ma- 
melus, que  d'elles  pouco  se  importaram,  e  esses  éditos  não  obstaram  a  que  se 
continuasse  a  assolar  o  paiz,  como  anteriormente. 

«Os  Reis  de  Portugal  adiaram  talvez  de  mais  o  tomarem  as  medidas  neces- 
sárias para  destruírem  esse  asylo  aberto  a  todos  os  crimes. 

«Os  padres  da  companhia  de  Jesus  achavam  já  nos  logares  da  America 
meridional,  onde  tinham  coUegios,  um  vasto  campo  para  exercerem  seu  zelo, 
quer  fosse  necessário  manter  e  augmentar  a  piedade  entre  os  habitantes  das 
cidades,  quer  fosse  mister  dar  missões  á  gente  dos  campos,  indianos  pela  maior 
parte,  os  quaes  cultivavam  as  terras  dos  hespanhoes.  Espalhavam-se  de  vez  em 
quando  pelos  paizes  infiéis.  Todos  seus  cuidados  se  limitavam  então  a  baptisar 
as  creanças  moribundas,  e  a  instruir  alguns  adultos  que  pareciam  mais  dóceis  a 
suas  instrucções.  Mas  suas  residências  n'estes  paizes  selvagens  era  apenas  pas- 
sageira-. 

«Pelo  meio  do  século  passado  estes  heroes  christãos  formaram  a  corajosa 
empreza  de  se  irem  estabelecer  no  meio  dos  selvagens  os  mais  distantes  das 
cidades  e  das  habitações  hespanholas.  A  experiência  lhes  tinha  ensinado  ser  o 
único  meio  de  colher  fruclos  sólidos  e  duráveis  entre  estes  povos. 

«Mas  como  fazer  receber  o  christianismo  a  homens  dispersos  por  aqui  e  por 
alli,  como  feras  embrenhadas  nos  bosques  ou  escondidas  em  cavernas,  sempre 
desunidos,  sempre  errantes,  continuamente  armados  uns  contra  os  outros,  que  só 
respiravam  vingança,  e  que  levavam  a  barbaria  até  fazerem  suas  comidas  as  mais 
deliciosas  da  carne  dos  seus  similhantes? 

«Julgaram  os  missionários  que  para  o  conseguirem  era  preciso  ir  empre- 
gando pouco  a  pouco  os  mesmos  meios  de  que  se  serviram  antigamente  nos 


184  RE 

séculos  os  mais  remotos  aquelles  que  emprehenderam  civilisar  os  povos  selva- 
gens com  os  quaes  a  Ásia  e  a  Europa  estavam  então  cheias.  O  primeiro  cuidado 
dos  antigos  sábios  foi  reduzir  a  bárbaros  a  sociedade,  e  mostrar-lhes  quanto  a 
vida  civil,  quer  em  relação  ao  alimento,  quer  em  relação  á  habitação,  quer  nas 
guerras  mesmo  que  faziam  uns  contra  os  outros,  era  preferível  á  vida  brutal  que 
aquelles  povos  tinham  passado  até  então.  Tnduziram-nos  habilmente  a  fazer  um 
ensaio  d'ella.  Estes  indianos  tornaram-se  mais  tratáveis  pelo  uso  da  sociedade  e 
acostumaram-se  a  praticar,  como  de  combinação,  as  virtudes  que  convêem  a 
seres  racionaes. 

«Os  primeiros  estabelecimentos  foram  fundados  na  província  de  Uruguay, 
para  a  qual  os  missionários  tinham  anteriormente  lançado  os  olhos,  por  lhes  ter 
parecido  mais  própria  para  a  execução  de  seus  desígnios. 

«Aquelles  homens  que  de  humanos  quasi  nada  tinham  senão  a  figura,  que 
não  estavam  occupados  em  mais  do  que  em  contentar  seus  appetites  brutaes,  são 
hoje  modelos  de  todas  as  virtudes  ehristãs.  A  pureza  de  seus  costumes,  e  sua 
devoção,  pintam  aos  olhos  a  perfeita  imagem  da  primitiva  igreja.» 

Esta  obra  trata  lambem  das  guerras  que  os  portuguezes  sustentaram  por 
causa  da  colónia  do  Sacramento. 

RELATION  des  trouhles  arrivés  dans  la  cour  de  Portugal  en  Vannèe  1667, 
et  m  Vannée  1668,  ou  Von  voit  la  rénondation  d'Alphonse  VI.  1674,  S.*»,  1  vol., 
336  pag. 

RELATION  du  voyage  du  Sieur  de  Montauhan,  Capitaine  des  Filibustiers 
en  Guinée,  dans  Vannée  mil  six  cent  quatre-vingt- quinze ;  avec  une  description  du 
royaume  de  Cap  Lopes,  des  ma^urs,  des  coutumes,  &  religion  du  pays.  In- 12.  A 
Bordeaux,  1697. 

O  Journal  des  Sçavans,  de  26  de  maio  de  1698,  dá  noticia  d'esta  obra. 

RELATION  du  voyage  et  retour  des  Indes  Orientales,  pendant  les  années 
1690  &  1691,  par  un  garde  de  la  Marine  servant  sur  le  bord  de  M.  Duquesne, 
Commandant  de  VEscadre.  In-12.  Paris,  chez  la  veuve  de  J.  B.  Coignard  &  J.  B. 
Coignard  le  fils.  1692. 

«A  França,  apesar  de  estar  inteiramente  occupada  ha  quatro  annos  em  sus- 
tentar a  guerra  na  Europa,  tem  ainda  lido  forças  assas  consideráveis,  não  somente 
para  manter  seu  commercio  nas  índias  Orientaes,  mas  para  também  n'ellas  in- 
commodar  o  dos  inimigos!. 

«Foi  com  um  tal  fim  que  em  1690  poz  do  verga  de  alto  uma  frota  de  seis 
navios,  que  partiu  para  Port-Louis  a  24  de  fevereiro,  dobrou  o  Cabo  de  Finis- 
terra a  2  de  março,  deixou  á  direita  as  ilhas  da  Madeira,  sem  as  reconhecer,  e 
achou-se  perto  do  Pico  de  Teneriífe  no  dia  11  ao  meio  dia. 

«Passou  o  trópico  de  Câncer  em  a  noite  de  15  ou  16,  e  fundeou  a  meia 
légua  da  ilha  de  S.  Thiago  no  dia  18  ás  duas  horas  da  tarde. 

«O  padre  Tachard,  jesuita,  o  guarda  marinha,  auctor  d'esta  relação  e  um 
official,  desembarcaram  e  viram  n'ella  os  negros  inteiramente  nús,  á  excepção  de 


'  Journal  des  Sçavans,  março  de  1693. 


RE  t85 

um  panno  que  tapava  as  partes  pudendas.  Foram  procurar  o  governador  a  uma 
igreja,  onde  um  padre  preto  celebrou  a  missa,  acolytado  por  um  diácono  pobre- 
mente vestido. 

«'A  cidade  de  S.  Thiago  tem  approximadamente  uns  cem  fogos,  e  o  bispo  é 
um  franciscano  vindo  de  Lisboa.» 

RELATION  succinte  et  sincère  de  la  missio7i  du  P.  Martin  de  Nantes j  capu- 
cirij  missionaire  apostolique  dans  le  Brésil,  parmi  les  indiens  appelés  Cariris. 
Quimper,  chez  Jean  Perier,  1706,  in-l2. 

«O  padre  Martin  foi  missionário  de  1671  até  1688  *. 

RELATIOIV  véritable  de  ce  qui  s'est  passe  à  Lisbonne^  aii  sujet  de  franchi- 
ses  des  quartiers  que  prétendent  les  ambassadeurs  et  envoyés  des  puissances  étran- 
gères.  1710,  4.« 

RELATIOIV  véritable  de  ce  qui  s'est  passe  dans  1'armée  du  Prince  Eugène. . . 
avec  les  nouvelles  de  1'Armée  Venitienne  et  celles  d'Espagne  et  de  Portugal.  1777. 

RELATIOIV  von  der  freudenreiche  Bekehrung  des  Kònigreichs  Yota  in  Ja- 
ponien.  Augsburg,  1617,  'm-L° 

RELATIONE  delia  festa  celebrata  in  Malta  ad  honore  di  Santo  Francesco 
XaberiOj  Apostolo  delV  Indie,  drizzata  alV  Illustrissimo  Conte  Xavier.  In  Malta, 
con  licenza  de'  superiori,  1649,  m-L"" 

RELATIOIVES  três:  I.  Aus  Japan  was  sich  darin,  anno  1601.  DenJcwúrdi- 
ges  zugetragen.  II.  Von  den  Reisen  etlicher  Priester  der  S.  J.  in  das  Kõnigreich 
México.  III.  Von  Ableiben  des  mãchtigen  Kônigs  Magor.  Ausgburg,  16H,  in-4." 

RELATIONS  véritables  et  curieuses  de  Visle  de  Madagáscar  et  du  Brésil, 
avec  Vhistoire  de  la  dernière  guerre  faite  au  Brésil  entre  les  portugais  et  les  hol- 
landaiSj  trois  relations  d'Égypte  et  une  du  royaume  de  Perse.  Paris,  Courbé,  1  vol., 
in-4.° 

Encontra- se  na  obra  Histoire  des  dernières  troubles  du  Brésil,  par  P.  Moreau. 

RELAZIOIVE  delia  condamna  ed  esecuzione  dei  Gesuita  Gabriele  Malagrida, 
dal  Abbate  Platel  scritta  ad  un  Vescovo  di  Fr  anda  ^  tradotta  dal  francese  in  ita- 
liano. Lisbona,  1761,  in-8.°,  29  pag. 

RELAZIOIVE  delia  morte  de  Padres  Bartolomeo  Alvares,  Vincenzo  de  Cunha, 
Gio.  Gaspare  Crata,  &c.  Roma,  1739. 

RELAZIOIVE  delia  vita  e  martirio  dei  venerabil  padre  Ignazio  de  Azevedo, 
ucciso  degli  Eretici,  con  altri  trentanove  delia  Compagnia  di  Gesu,  cavata  da'  pro- 
cessi  autentici  formati  per  la  loro  canonizzazione.  Dedicata  alia  Sacra  Real  Maestà 


Dcscliamps  cl  G.  Brunei,  Siipplcment  au  Manuel  du  Ubraire,  vol.  n,  pag.  150. 


186  RE 

di  D.  Giovanni  V,  Be  di  Portogallo.  In  Roma,  noUa  stamperia  di  António  de'  Rossi, 
1743,  4.°  gr.,  202  pag.  Com  uma  bella  estampa  representando  o  martyrio  dos 
padres  jesuítas. 

A  este  respeito  V.  também  Cienfuegos. 

HEMARKS  (A  FEAV)  on  the  present  state  of  the  commercial  relalions  of 
Englaiid  with  Portugal,  Spain  and  Italy,  and  on  the  means  of  improving  them. 
Second  edition.  London,  4872,  1  vol.,  118  pag. 

REUf  ARHS  on  the  letter  and  Review  of  one  in  Unity  and  Delta,  both 
which  appeared  in  the  Catholic  Expositor  for  May  1848,  pages  118-115.  Madrid, 
1843.  4.°,  15  pag. 

Versa  sobre  a  questão  dos  direitos  do  padroado  portuguez  no  Oriente.  É  a 
favor  dos  direitos  de  Portugal. 

REMOND  (FRANÇOIS ).— Jesuita,  natural  de  Dijon. 

Panegyricae  Orationes  XV  de  S.  Ignatio  Loyola,  et  XV  de  S.  Francisco  Xa- 
verio.  Epitome  Vitae  eorum.  Una  de  S.  Carolo  Borromaeo  cum  aliqiiot  clarorum 
Virorum  Elogiis.  Plaeentiae,  apud  Jacobum  Ardizzonum.  1626,  in-4.° 

Francisci  Remondi  Divionensis  e  Societate  Jesu  Panegyricae  Orationes  XXX, 
in  laudem  Sanctorum  Ignatii  Loyolae  Soe.  Jesu  Fundatoris  et  Francisci  Xaverii 
ejusdem  Societatis,  Indiae  et  Japoniae  Apostoli.  Antuerpiae,  ex-oííicina  Maltini 
Nulii,  1627,  in-8.«,  371  pag.  afora  o  Índice. 

Francisci  Remondi  Divionensis  e  Societate  Jesu  Panegyricae  Orationes  XXX, 
in  laudem  SS.  Ignatii  Loyolae,  Societatis  Jesu  Fundatoris,  et  Francisci  Xaverii, 
ejusdem  Societatis,  Indiae  et  Japoniae  Apostoli.  Cum  panegyrica  Oratione  in 
laudem  S.  Caroli  Cardinalis.  His  accesserunt  elogia  quaedam  doctissima,  ah  eodem 
auctore  conscripta.  Lugduni,  apud  Jacobum  Cardou,  1627,  in-16. 

IVENAUD  (J.). 

Essais  sur  l'huítre  portugaise.  Bordeaux,  1876. 

RENIER  CHALONS. 

D.  António,  Roi  de  Portugal.  Son  histoire  et  ses  monnaies.  Par .  Bru- 

xelles,  1868,  in-8.",  com  4  estampas  com  as  moedas  de  D.  António. 
Tem  um  supplemento. 

IIEIVTERIA  (MARTIM )•— Jesuita,  hespanhol.  Viveu  no  México. 

Panegirico  de  S.  Francisco  Javier,  Apostol  de  las  índias  Orientales,  y  Patron 
de  Megico.  En  Megico,  1682,  in-4.» 

RÉPOIVSE  à  la  Relalion  (envoyée  par  le  cardinal  Torregiani  aux  ministres 
clrangers  résidens  à  Rome),  de  ce  qui  a  précédé  et  accompagné  1'cxpulsion  dii  Car- 
dinal Acciojuoli,  de  la  Cour  et  du  Royaume  de  Portugal,  ou  Von  montre  qucls  sont 
les  égards  que  les  ministres  du  Pape  prétendent  avoir  eus  pour  Sa  Majeslé  Trcs 
Fidèle  le  Roi  de  Portugal.  Sem  designar  o  local  da  impressão,  1760. 

RÉP0N8E  au  jésuite,  auteur  de  la  lettre  sur  la  conjuration  contre  le  Roi  de 
Portugal.  1759,  8.<» 


RE  Í87 

REPORT  of  the  Committee  nppointed  to  direct  the  distribtition  of  the  grant 
voted  hy  the  Parliament  of  the  United  Kingdom  of  Great  Britain  and  Ireland,  for 
the  relief  of  the  inhahitants  of  the  distrids  in  Portugal^  laid  traste  hy  the  enemy 
in  the  year  1810.  Ordered  hy  the  House  of  Commons,  to  be  printed  6  July  1814. 
In-fol.,  31  pag. 

REPORT  af  the  Commissioners  appointed  hy  the  Government  of  Portugal  for 
the  construction  of  raihvays  in  that  country.  London,  Bridgewater,  Printer.  1852, 
8.«  gr.,  24  pag. 

REPORTS  of  the  portuguese  commissions  and  financial  agents.  Expeditions 
in  favour  of  Donna  Maria  II.  London,  1833. 

REPORTS  transmitted  to  the  Portuguese  Government  of  the  proceed  of  the 
commission  for  the  expedition  to  Portugal  in  favour  of  D.  Maria  II.  18S1-183S. 
London,  1835. 

RESCRIPTIOJV  (LA)  du  Boy  de  Portugal,  envoyée  à  Notre  Saint  Père  le 
Pape  des  gestes  faictz  en  la  mer  Rouge,  et  de  la  paix,  paction,  convenance  et 
alliance  commencée  par  luy  avec  presbytre  Jehan  Roy  de  Ethiopie.  Escript  à  Lis- 
bonne  le  huytièsme  cour  de  may  de  Vincarnacion.  1521,  golhico,  in-8."  peq.  4  folhas. 

«Folheto  mui  curioso  e  de  uma  extrema  raridade;  fazia  parte  da  collecção 
Vallière  (n."  3:071  do  catalogo)  e  foi  tornado  a  vender  por  3:900  francos  no 
leilão  do  barão  Pichon. 

«Esta  collecção  de  Vallière  não  figura  no  catalogo  impresso,  mas  acha-se 
no  catalogo  manuscripto  redigido  por  Du  Bure,  em  o  n.°  1:013,  com  estas  pala- 
vras :  trocado  por  um  outro  ^ 

RESEXA  dei  negocio  de  las  cuentas  dei  Ex."""  Sr.  Juan  Alvarez  y  Mendiza- 
bal,  con  el  gohierno  de  S.  M.  F.  Lisboa,  typographia  franco-portugueza,  Lalle- 
mant  &  G.**,  1858,  in-8.<',  44  pag.  E  segue-se  um  appendice  com  xxiv  pag. 

RESPOSTA  a  huma  carta  que  da  Cidade  de  Coimbra  se  escreveu  á  de  Lis- 
boa ;  na  qual  se  pedia  com  grande  encarecimento  lhe  dissesse  o  seu  parecer  sobre  o 
presente  caso,  e  de  tudo  o  mais  que  tivesse  succedido.  Escripta  pelo  anonymo,  que 
se  constatou.  Barcelona,  na  officina  de  Domingos  Zuzarle,  anno  1746.  4.",  20  pag. 

Versa  sobre  o  sigillo  da  confissão. 

RESPOSTA  ás  duas  cartas,  com  que  o  Cirurgiam  Portuguez,  assistente  em 
Londres,  fingiu  responder  ás  outras  duas  que  se  tinham  escrito  ao  A.  da  Gazeta 
Litteraria,  sobre  reparos  que  este  jez  á  Oraçam  Inaugural,  recitada  na  Real  Aca- 
demia de  Cirurgia  Portuense  em  30  de  janeiro  de  1751.  Mostram-se  os  erros  e 
imposturas  dos  AA.  da  Gazeta,  e  das  Cartas :  Expostos  em  outras  que  escreve  ao 
dito  Cirurgiam  Porttiguez,  hum  praticante  de  cirtirgia  assistente  na  Cidade  do 
Porto.  Carta  primeira.  Con  licencia.  Barcelona,  por  Pablo  Serras,  ano  de  1765. 


Dc3ch;imps  et  G.  Brunnl,  Supplément  au  Manuel  du  libraire,  vol.  ii,  pag.  407. 


188  •  RE 

RFSPUESTA  ai  Sermon  predicado  por  el  Arzohispo  de  Cranganor  en  el 
Auto  de  Fé  celebrado  en  Lisboa  en  6  de  setiembre  afio  1105,  por  el  autor  de  las 
«Nolicias  recônditas  de  la  inquisicion».  Obra  posthuma,  impressa  em  Villa  Franca. 
8.",  1  vol.j  x-104  pag. 

RESUMEM'  breve  de  la  vida  dei  P.  António  Vieira,  sacada  de  las  obras  que 
se  imprimieron  en  Barcelona  en  1134.  Barcelona.  Id.  Pamplona,  Imp.  de  Aífonso 
Biirguete,  1735,  8.» 

REUIVIONE  delia  Reale  Famiglia  in  Torino  nélV  anno  1865.  Epigraphi  dei 
cavaliere  ed  uffiziale  Isidoro  Bertente.  Tipografia  Giuiiani,  1865,  in-fol. 

A  I  Sua  Maestà  \  Luigi  I  di  Braganza,  Re  Portogallo.  j  //  Cielo  \  Conservi  e 
Protegga  |  Tutta  \  La  Reale  Famiglia  \  Delizia.  Amore.  Decoro  |  E.  Con.  Essa  \ 
II.  Re.  Luigi.  1  \  Felicita  dei  Portugallo  \.Ed.  II.  Prode.  Principe  \  Cario  Nopo- 
leone  Bonaparte.  |  Sia  Loro  Propizio  di  fausto  viaggio  |  É  di  vita  diuturna  \  Pros- 
pera e  Felice. 

REUSl\EUO  (ELIAS ). 

Opus  Genealogicum  Catholicum  de  praecipuis  Familiis  Imperatorum,  Regum, 
Principum,  aliorumque  Procerum  Obis  Christiani.  Francfort,  1592,  foi. 
«A  foi.  98  refere  a  serie  dos  Reis  de  Portugal. i» 

REVEL  (ADÉLE ). 

Naples,  Rome  et  Florence.  Impressions  de  voyage. 

Abrégé  d'un  journal  écrit  pour  ma  famille.  Turin,  imprimerie  typographique 
éditrice.  1863,  in-8.°,  71  pag. 

REVISTA  dela  cultura  hispano-portugueza-latino-americana.  Madrid,  1877 
in^.*» 

REVUE  espagnolCj  portugaise,  brésilienne  et  hispano -américaine.  Année  de 
1858  (septième). 

«N'este  volume,  a  pag.  120,  apparece  a  Diana  de  George  de  Montemor. 

«Pelos  íins  do  século  x\i  e  nos  primeiros  annos  do  xvii,  a  França  tinha-se 
hespanholisado;  António  Perez  foi  então  o  lieroe  da  epocha  e  o  idolo  de  Paris. 
Este  homem  leviano,  orgulhoso,  amável,  intrigante,  apaixonado  e  desgraçado, 
tornou-se  o  prototypo,  o  ideal  d'esse  povo,  completamente  embrulhado  no  mys- 
terio  e  na  poesia.  Suas  romanescas  aventuras,  sua  proscripção,  que  foram  sua 
gloria  e  quasi  sua  apotheose,  patentearam  a  peninsula  sob  sua  verdadeira  cla- 
ridade. 

«Quando  essa  velha  Hespanha,  que  se  julgava  imponente  e  magestosa  como 
a  côrle  de  Filippe  11,  serena  e  santa  como  seus  lúgubres  mosteiros,  appareceu 
toda  fervente  em  ódios,  intrigas,  crimes  e  amores,  as  mulheres  não  pensaram  em 
mais  do  que  em  as  noites  de  Valência,  serenatas  e  duellos  debaixo  das  janellas 
das  sacadas. 


'  D.  António  Caelano  de  Sousa,  Historia  genealógica  da  casa  real  portugíieza,  vol.  i,  pag.  209. 


RE  i»« 

«Antes  do  século  xvii  os  grandes  nomes  que  tinham  illustrado  a  França  n5o 
eram  conhecidos  senão  pelos  eruditos ;  depois  de  António  Perez  foi  uma  verda- 
deira invasão ;  multiplicadas  ao  in(  lito,  as  traducções  boas  ou  más  eram  recebi- 
das com  enthusiasmo;  toda  a  gente  lia:  a  corte,  a  cidade,  nobres,  damas  e  bur- 
guezes. 

«A  Diana  de  Montemor  é  um  dos  melhores  livros  entre  aquelles  que  sobre- 
viveram á  ephemera  attracção.  Muito  antes  de  chegar  á  França,  no  fim  do 
século  XVI,  este  romance  já  tinha  muita  celebridade  na  Hespanha.  A  primeira 
edição  appareceu  em  1560.  Havendo  a  morte  surprehendido  o  auctor  no  momento 
de  terminar  sua  obra,  D.  Alonso  Perez,  medico  de  Salamanca,  se  encarregou  de 
a  continuar.  Em  1564  imprimiram  sob  o  seu  nome,  em  Alcalá  de  Henares,  um 
supplemento  da  Diana  em  oito  livros,  dedicados  a  D.  Berenguier  de  Castro  y 
Cerbellon.  Embora  este  ultimo  trabalho  fosse  mais  amplo  do  que  o  original  de 
Montemor,  o  romance  só  appareceu  completo  quando  Gaspar  Gil  Polo  lhe  addi- 
cionou  uma  terceira  parle,  dividida  em  cinco  livros,  e  os  quaes  dedicou  a  D.  Je- 
ronyma  de  Castro  y  Bolea.  De  entre  estes  três  escriplores,  só  são  mais  estimáveis 
o  primeiro  e  o  ultimo. 

«Cervantes,  no  exame  da  bibliolheca  de  D.  Quixote,  põe  em  primeiro  logar 
a  Diana  de  Montemor,  e  condemna  ao  fogo  a  segunda ;  mas  emquanto  á  terceira 
deve  ser  conservada,  como  se  o  próprio  Apollo  d'ella  fosse  o  auctor.  Com  eífeito, 
na  Diana  de  Montemor  ha  mais  imaginação  do  que  na  de  Gil  Polo ;  mas  este 
ultimo  também  escreve  bem.  Sempre  elegante,  raras  vezes  lhe  falta  a  precisão. 
Suas  situações  são  bem  pintadas;  suas  descripções  vivas  e  coloridas i,  e  até 
mesmo  muitas  vezes  é  de  uma  ingenuidade  encantadora,  e  suas  imagens  em 
algumas  occasiões  são  arrebatadoras  no  tocante  á  frescura  é  a  poesia. 

«Sarrazin  marca  grandes  bellezas  n'esta  obra,  e  lambem  falia  de  seus  nume- 
rosos defeitos.  «A  historia  do  mouro  Abindarraez,  diz  elle  n'um  de  seus  opúscu- 
los, parece-me  tão  ingenuamente  narrada,  que,  se  a  separássemos  do  romance, 
poderia  ella  ser  comparada  com  as  passagens  mais  bellas  que  n'este  género  a 
antiguidade  nos  legou.» 

«Lope  de  Vega  disse: 

Quando  Montemayor  con  su  Diana 
Ennobleció  la  lengua  castellana. 

«Lemos  na  Historia  da  litteratura  hespanhola^  por  Bouterweck,  que  o  maior 
mérito  de  Montemor  consiste  em  fallar  sempre  de  ternura,  sem  cair  na  monoto- 
nia. A  versificação  de  algumas  passagens,  diz  elle,  nem  sempre  é^  harmoniosa  e 
correcta;  mas,  em  outros  casos,  une-se  a  harmonia  com  a  arte  no  encadeamento 
dos  pensamentos.  Sua  prosa  serviu  de  modelo  a  todos  os  auctores  de  romances 
d'este  género;  jamais  é  trivial  nos  seus  termos;  suas  phrases  são  sempre  bem 
cadenciadas. 

«A  Diana  é  do  teor  seguinte,  julgada  por  Florian:  «Esta  obra  pecca  por 
causa  do  encadeamento,  da  inverosimilhança  e  da  multiplicidade  dos  episódios. 
Tem  alem  d'isso  o  defeito  capital  de  começar  pela  infidelidade  não  motivada  da 


'  V.  Adolphe  de  Puibusque,  Histoire  comparée  des  liltéralures  espagnole  et  française. 


190  RE 

heroina,  e  de  empregar  a  magia  para  curar  o  heroe  da  sua  paixSo ;  mas  um 
nunca  acabar  de  pormenores  e  muitos  trechos  de  poesias  infiltram  um  caracter 
de  sensibilidade,  que  penetra  o  leitor  e  o  faz  derramar  lagrimas.  Muitas  vezes  o 
bom  gosto  é  oflendido,  e  faz  com  que  as  lagrimas  sejam  derramadas. 

«A  primeira  traducção  conhecida  é  a  de  Gabriel  Chappuis.  Foi  impressa 
em  Lyon,  no  anno  de  1582,  chez  Louis  Cloquemin. 

«Passado  algum  tempo  um  anonyrao  publicou  em  Paris  a  primeira  parte, 
somente  com  o  hespanhol  ao  lado.  Em  1621  Jean  Bertranet  corrigiu  esta  edição. 
Em  1631  appareceu  uma  nova,  onde  se  acham  reunidos  os  três  auctores,  embora 
Montemor  seja  unicamente  assignalado  no  prefacio.  A  enfadonha  exactidão  que  o 
distinguiu  não  obstou  a  que  se  saísse  bem.  Não  é  preciso  citar,  entre  as  versões, 
mesmo  as  peores,  o  livro  que  madame  Saintonge  publicou  em  1665,  sob  o  titulo 
de  Diana  de  Montemayor.  E  não  passa  de  ser,  quando  muito,  mais  do  que  uma 
imitação  não  boa  do  original. 

«Cousa  para  admirar  1  Na  França,  no  século  xvii,  o  êxito  da  Diana  é  pro- 
digioso, e,  não  obstante,  nenhum  dos  traductores  tinha  sabido,  pelo  menos,  dar 
d'ella  uma  leve  idéa.  Alguns,  indo  atraz  do  que  tinham  ouvido  dizer,  tinham 
d'ella  uma  idéa  disparatada  e  obscura.  Outros,  crendo,  sem  duvida,  embellezar  o 
hespanhol,  afogavam- no  no  palavreado  emphatico  que  afflige  a  litteratura  d'aquella 
epocha.  E  não  foi  senão  no  século  xviii,  quando  estava  quasi  no  esquecimento, 
que  a  obra  de  Montemor  foi  verdadeiramente  bem  comprehendida  e  vertida  com 
gosto.  Queremos  fallar  do  romance  hespanhol  ou  nova  traducção  da  Diana  de 
Montemor,  que  appareceu  em  1735.  O  auctor  anonymo  cortou  no  seu  trabalho 
quasi  todos  os  versos  do  original.  Aquelles  que  se  encontram  no  seu  livro  são 
menos  uma  traducção  do  que  uma  imitação,  imitação  superior,  quando  elle  esea- 
bicha  o  pensamento  das  inchaduras  ridículas  do  hespanhol,  mas  muito  inferior 
quando  tenta  traduzir  essas  phrases  ingénuas,  breves,  sonoras,  brilhantes,  onde 
cada  palavra  é  uma  imagem,  um  pensamento;  em  francez  uma  pagina  bastaria, 
um  pensamento  bastaria  para  resumir  o  sentido,  e  a  belleza  d'essas  passagens 
está  precisamente  na  concisão  e  na  simplicidade.  Eis  porque  não  é  para  assom- 
brar que  seja  fraco  n'esse  caso.  Mas  como  indemni sacão  verga  com  arte  e  sem  os 
desfigurar  certos  trechos  que  muitíssimo  pertenciam  aos  contadores  antigos;  sob 
sua  penna  intelligente  conservam  elles  sua  originalidade  e  se  afastam  menos  dos 
nossos  costumes.  O  traductor  tem  rasão  para  introduzir  levemente  a  descripção 
do  palácio  de  Felícia,  e  sobre  os  costumes  dos  heroes.  Minúcias  laes,  privadas 
de  côr  e  caracter  nenhuma  altenção  merecem. 

«O  romance  em  Montemor,  não  estando  acabado,  o  traductor  foi  buscar  o 
fim  em  Gil  Polo. 

# 

#     # 

«Sabemos  melhor  a  historia  do  livro  do  que  a  do  auctor. 

«George  de  Montemor  veiu  ao  mundo  em  1520,  em  Montemor,  pequena  villa 
de  Portugal,  não  longe  de  Coimbra.  Filho  de  parentes  obscuros,  tomou  volunta- 
riamente o  nome  de  sua  villa  natal.  Não  tendo  recebido  a  mínima  inslrucção, 
entregou-se  ao  estudo  da  musica,  que  cultivou  com  bom  êxito.  Sua  voz  era  tão 
bella,  que  foi  collocado  em  o  numero  dos  artistas  de  que  se  compunha  a  capella 
do  infante,  que  mais  tarde  veiu  também  a  ser  musico  de  Filippe  II.  Este  logar 


RE  19» 

lhe  deu  ensejo  para  ver  o  mundo,  e  foi  então  que  desenvolveu  em  si  tudo  quanto 
havia  de  observação,  em  sua  feliz  natureza.  Percebendo  quanto  a  instrucção  lhe 
era  indispensável,  cercou-se  de  livros  e  entregou-se  ao  trabalho.  No  meio  d'essas 
numerosas  occupações  tornou-se  amoroso  e  portanto  poeta.  Em  versos  elegantes, 
harmoniosos  e  ingénuos,  cantou  seus  amores.  Marfida  é  o  nome  que  deu  em  suas 
poesias  á  bella  andaluza  a  quem  elle  adorava. 

«Mas  este  romance,  embora  bem  começado,  teve  um  triste  desenlace.  George 
voltando  para  a  Hespanha  depois  de  uma  bem  longa  ausência,  achou  o  seu  idolo 
casado.  Não  morreu  repentinamente,  mas  sente-se  na  Diana,  que  compoz  então 
para  se  distrahir,  que  a  ferida  não  podia  ser  por  longo  tempo  cicatrizada.  Seu 
livro  teve  uma  tão  grande  acceitação,  que  a  Rainha  de  Portugal  o  chamou  para  a 
sua  corte  e  o  accumulou  de  benefícios.  Mas  no  coração  de  um  poeta  a  fortuna 
não  pôde  substituir  o  amor.  George,  esgotado  pelas  insomnias,  morreu  em  1561. 

# 
#      # 

«Sismondi  conta  um  a  um  os  defeitos  de  um  tal  romance: 

«A  scena  pastoril  de  Montemor,  diz  elle,  passa-se  nos  sopés  das  montanhas 
de  Leon;  o  tempo  não  é  fácil  de  reconhecer;  a  geographia,  os  nomes,  o  que  ha 
de  natural  nos  costumes  e  nos  usos,  é  moderno,  mas  a  mythologia  é  toda  pagã. 
Se  os  pastores  dansarem  aos  domingos  com  as  pastoras,  só  invocam  a  ApoUo  e  a 
Diana,  e  também  ás  nymphas  e  aos  faunos. 

«A  pastora  Felismena  é  educada  em  casa  de  sua  tia,  a  abbadessa  de  um 
mosteiro;  sua  creada  de  quarto,  justificando-se  junto  d'ella,  invoca  o  nome  de 
Jesus,  e  todavia  sua  vida  inteira  é  regulada  pelos  deuses  pagãos.  Vénus,  irritada 
contra  sua  mãe,  a  condemnou  desde  o  seu  nascimento  a  não  experimentar  jamais 
senão  desgraças  nos  seus  amores,  ao  passo  que  Palias  lhe  tinha  promettido  alguns 
triumphos  guerreiros.  Por  fim  refere  como  já  eram  antigas  as  aventuras  de  Abin- 
darraez,  contemporâneo  de  Fernando  o  Catholico;  todos  os  nomes  dos  heroes  da 
corte,  ou  que  com  elles  travam  relações,  são  imaginários. 

«Alem  d'isto,  a  Diana  de  Montemor  está  collocada  n'um  mundo  de  tal  modo 
poético  e  tão  afaslado  da  verdade,  que  cumpre  que  não  nos  detenhamos  n'elle 
com  o  fim  de  examinar  os  anachronismos  ou  inverosimilhanças. 

«Eis,  pois,  bastantes  defeitos  de  Montemor;  mas  ainda  ha  mais  que  dizer. 

«Cervantes,  Florian,  Bouterweke  e  o  próprio  Sismondi  dizem  somente  que 
sua  prosa  é  mais  elegante,  mais  simples,  mais  harmoniosa  que  a  dos  escriptores 
que  o  tinham  precedido,  e  que  seus  versos  graciosos  e  sonoros  o  collocam  entre 
os  melhores  poetas  hespanhoes.  Mas  nenhum  d'esses  homens  celebres  ao  lerem 
a  historia  de  Belisa,  a  de  Felismena,  principalmente,  não  parece  ter  visto  que 
ha  uma  outra  cousa  que  um  amável  narrador  ou  contador  —  um  poeta  brilhante. 
O  auctor,  todavia,  n'estas  paginas,  melhor  que  em  outras,  dá  a  medida  de  sua 
intelligencia:  a  comedia  Rosina,  as  hesitações  de  sua  joven  amante,  a  scena  das 
exprobações,  trazem  á  lembrança  Molière  e  Galderon.  Emquanto  aos  pormenores, 
são  finos,  delicados  e  verdadeiros.  Lendo  no  original  estas  palavras  nimiamente 
curtas  e  excessivamente  raras,  é  para  sentir  que  o  auctor  não  tenha  podido  des- 
envolver o  gérmen  precioso  que  n'elle  se  percebe.  Se  Montemor,  em  vez  de  ser 
arrastado  pela  imaginação  para  fora  da  sua  natureza,  tivesse  lançado  os  olhos  em 


192  RH 

volta  de  si,  na  vida  real,  ter-se-hia  convertido  em  observador  judicioso  e  pro- 
fundo. E  se  não  seguiu  o  caminho  brilhantemente  traçado  por  Cervantes  e  Cal- 
deron,  seria  menos  pela  impotência  de  sua  organisação  do  que  pela.  bizarria  do 
seu  destino. 

«No  momento  em  que  seu  espirito,  engrandecido  por  estudos  sérios,  lhe 
permittia  sentir  a  verdade,  comprehender  o  mundo,  tornou-se  apaixonado  — 
como  apaixonados  nos  tornámos  aos  trinta  annos,  quando  somos  um  homem  de 
intelligencia  e  de  coração. 

«Sismondi  admira-se  de  ver  Montemor,  que  foi  soldado,  não  se  occupar  da 
vida  dos  campos  n'um  tempo  em  que  tudo  ardia  em  enthusiasmo  e  em  ambição. 

«Ha  em  todos  os  seus  versos,  diz  elle,  uma  moUeza  lydiana,  que  poderíamos 
esperar  dos  italianos  effeminados  pela  escravidão,  mas  que  confunde  em  homens 
tão  homens  —  nos  guerreiros  de  Carlos  V. 

«Se  Montemor  se  tivesse  desviado  do  seu  século,  da  natureza  e  da  verdade, 
poderia  elle  ser  uma  outra  entidade  ?  Seria  bastantemente  forte  para  separar  a 
cabeça  do  coração?  Não.  Elle  era  fraco.  Sua  Diana  o  comprava,  e  muito  mais 
sua  historia  —  pois  elle  morreu  vencido  por  sua  indomável  paixão.» 

REYBAUD  (M.  CHARLES  ). 

Le  Brésil.  Paris,  imprimerie  de  Henri  Plon,  1856,  in-8.°  244  pag. 

RHAY  (THE ODORO ). 

Diz  a  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  por  Augustin  et 
Alois  de  Backer,  vol.  vii,  pag.  20,  que  a  maior  parte  das  noticias  com  que  ampliou 
a  Historia  latina,  que  escreveu  da  descripção  d'aquelle  reino,  que  saiu  impressa 
em  Paderbornae,  apud  Henricum  Pontanum,  foram  extrahidas,  pela  maior  parte, 
da  obra  composta  pelo  padre  António  de  Andrade,  e  intitulada:  Relação  do  novo 
descobrimento  de  Tibet. 

RHO  ou  RHAUDENSIS  (JACQUES ).— Jesuita,  natural  de  Milão. 

Em  1620  partiu  para  a  China,  residiu  por  algum  tempo  em  Macau  e  defendeu 
esta  cidade  contra  os  hollandezes.  Havendo,  finalmente,  penetrado  no  interior  da 
China,  pregou  a  fé  na  província  de  Chansi,  e  em  1631  foi  mandado  á  corte  para 
alli  se  applicar  á  redacção  do  Calendário  imperial.  Entregou-se  a  este  trabalho 
conjunctamente  com  o  padre  Scliall,  até  1638.  Durante  sua  residência  na  China 
usou  do  nome  de  Zo-ya-kou  e  do  sobrenome  de  Wei-Chao.  Estes  nomes  encon- 
tram-se  no  rosto  das  numerosas  obras  por  elle  compostas  em  lingua  chinesa. 

Lettere  due  delia  sua  navigazione  e  delle  cose  deli'  índia.  Milano,  per  il  Bideli, 
16201. 

Todas  as  outras  obras  são  em  chinez. 

RHY8  (UDAL  AP. ). 

An  account  of  the  most  remarkable  places  and  curiosities  in  Spain  and  Por- 
tugal By .  London,  printed  for  J.  Osborn,  1749.  4."  iv-332  pag. 


Augustin  et  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  dela  compagnie  de  Jesus, \o\.  v,  pag.  619. 


RI  '  .  1^3 

lilBADEIVEYUA  (F.  3IARCELLO ) Hespanhol. 

Historia  de  las  ]slas  dei  Archipehujo,  China,  Tartaria,  Cochinchina,  Malaca, 
Sianij  Camboja  y  Japon.  Barcelona,  1601,  4."i. 

RIBAS  (GIOV ). 

//  Giubilo  Nazionale,  elogio  in  musica  nel  Régio  Teatro  dei  Porto  in  occasione 
deli'  entrada  di  S.  A.  S.  il  Reggente  D.  Migíiel  di  Braganza  e  Bourbon,  nei  regii 
stati  di  Portogallo,  (acendo  il  giuramento  alia  Constituzione  dal  Re  suo  Augusto 
FrateUo.  Scritto  in  Italiano  e  trádotto  letteralmente  in  Portoghese  dal  Cavalier 
Gandra,  Segretario  dei  Governatore  Militare  delia  Província,  &.  Musica  dei  Pro- 
fessore   .  Porto.  Stamperia  nella  Slrada  Santo  António,  n.«  80.  1828.  8.«, 

7  pag. 

RIBEIUO  (JOHN ). 

Hislory  of  Ceylon,  presented  by  captain  John  Ribeiro  to  lhe  King  of  Portugal 
in  1685.  Translated  from  the  portuguese  by  the  Abbé  Le  Grand.  Re-translated 
from  the  french,  with  an  appendix  on  the  past  and  present  condition  ofthe  Island, 
by .  Ceylon,  1847,  in-8.» 

RIBERA  (EL  DOCTOR  D.  FRANCISCO  SUAREZ  DE ^).— Me- 
dico de  camará  de  Su  Majestad,  dei  Grémio  y  Claustro  de  la  Universidad  de 
Salamanca,  sócio  de  la  Regia  Sociedad,  medico  chimico  de  Sevilha,  etc. 

llustracion  y  publicacion  de  los  diez  y  siete  secretos  dei  doctor  Juan  Curvo 

Semmedo,  confirmadas  sus  virtudes  con  maravilhosas  observaciones.  Su  autor . 

Dedicado  ai  Eminentisimo  e  Reverendisimo  Senor  Don  Carlos  de  Borja,  y  Cen- 
tellas  Ponce  de  Leon,  presbytero  Cardenal  de  la  Santa  Iglesia  de  Roma,  &.  Con 
privilegio.  En  Madrid,  en  la  imprenta  de  Domingos  Fernandez  de  Arrojo.  Ano  de 
173t  8.",  240  pag.,  alem  de  um  grande  numero  de  folhas  não  paginadas. 

Traz  o  retrato  do  cardeal  D.  Carlos  de  Borja,  a  quem  a  obra  é  offerecida. 

O  auctor  hespanhol  faz  n'este  livro  muitas  censuras  ao  nosso  medico  Curvo 
Semmedo,  asseverando  que  alguns  segredos  d'este  medico  eram  anteriormente 
conhecidos,  e  que  outros  não  dão  o  resultado  favorável  por  elle  apregoado. 

É  obra  que  deve  ser  consultada  por  quem  desejar  escrever  minuciosamente 
ííeerca  da  medicina  em  Portugal. 

RICARDO— Allemâo. 

Escreveu  um  compendio  grammatieal,  formado  dos  commentaHos  com  que 
Vellez  enriqueceu  a  grammatica  latina  do  nosso  Manuel  Alvarez.  Falla-se  d'estH 
trabalho  na  grammatica  latina  do  mesmo  Alvarez,  impressa  em  Paris  no  anno 
de  1839. 

RICCI  (LOURENÇO  ).— Jesuíta,  natural  de  Florença,  onde  nasceu 

em  1703. 

Epistola  ad  universam  Societatem,  data  7  Octob.  1758,  pro  novendialibus 


■*  Nicol.  Ant.  Bibliot.  Nova,  vol.  n,  pa^í.  81. 

13 


194  RI 

obsequiis  Dei  praestandis  Deiparae  sine  labe  concejHae  ad  ejusdem  opem  impetran- 

danij  <^C' 

Epistola  subscripta  8  Decemb.  1159  de  Societatis  calamitatibus,  incipit.  Anno 
praeterito  fiisis  de  communi  precibus,  dòc. 

Epistola  de  eodem  argumento  data  30  Novenib.  1762  et  incipit.  In  tot  tantis- 
que  calamitatibus,  &c. 

Epistola  data  10  Decemb,  1768,  ejusdem  argumenti  et  incipit.  Etsi  ad  ferven- 
tem  in  orationibus  perseverantium,  &c.  ^ 

RICCI  (MATIIEUS ).— Fundador  da  missão  da  China.  Nasceu  em 

Macerata,  no  Marca  d'Ancona,  em  1552.  Tinham -no  destinado  para  o  estudo  do 
direito,  mas  preferiu  a  vida  religiosa,  e  entrou  para  a  companhia  em  1571.  Quem 
o  dirigiu  em  o  noviciado  foi  o  padre  Alexandre  Valignano,  missionário  celebre, 
a  quem  um  príncipe  de  Portugal  chamava  o  Apostolo  do  Oriente.  Ricei  concebeu 
a  idéa  de  o  acompanhar  até  ás  índias,  e  tão  somente  se  deteve  na  Europa  o  tempo 
necessário  para  estudar  o  que  era  necessário  para  uma  tal  empreza.  Veiu  até 
mesmo  acabar  seu  curso  de  Iheologia  em  Goa,  onde  chegou  em  1578.  O  padre 
Valignano  tinha-se  já  dirigido  a  Macau,  onde  se  preparava  para  abrir  a  seus 
collegas  as  portas  da  China.  A  escolha  d'aquelles  que  tinham  de  ser  os  primeiros 
n'esta  nova  carreira,  era  de  summa  importância.  Caiu  sobre  os  padres  Roger, 
Pasio  e  Ricci,  todos  três  italianos.  Tiveram,  em  primeiro  logar,  de  aprender  a 
lingua  do  paiz,  e  depois  de  algum  tempo  de  estudo,  aproveitaram-se  os  missio- 
nários da  faculdade  que  os  portuguezes  de  Macau  tinham  obtido,  de  se  dirigirem 
a  Macau  para  commerciarem,  e  elles  os  foram  acompanhando,  cada  um  por  sua 
vez.  O  ultimo  foi  Ricci,  e  seus  primeiros  esforços  não  pareceram  ao  principio 
mais  effieazes  do  que  tinham  sido  os  do  padre  Roger.  Viram-se  ambos  obrigados 
a  voltar  a  Macau.  Só  foi  em  1583,  que,  tendo  o  governo  da  provincia  de  Cantão 
sido  confiado  a  um  novo  vice-rei,  tiveram  os  padres  licença  para  se  estabelece- 
rem em  Tchao-King-fu.  Ricci,  que  tivera  occasião  de  conhecer  o  génio  do  povo 
ao  qual  queria  converter,  percebeu  desde  logo  que  o  melhor  meio  de  conseguir  a 
estima  dos  chinezes,  era  mostrarem-se  nas  pregações  do  Evangelho  homens  es- 
clarecidos, dedicados  ao  estudo  das  sciencias,  e  bem  diíferenles  n'isso  dos  bonzos, 
com  os  quaes  estes  povos  estão  sempre  promptos  a  confundi I -os.  Foi  desde  esse 
tempo  que  Ricci,  que  tinha  aprendido  geographia  em  Roma,  debaixo  da  direcção 
do  celebre  Clavius,  fez  para  os  chinezes  um  mappa-mundo,  no  qual  se  conformou 
com  os  hábitos  d'este  povo,  collocando  a  China  no  centro  da  carta,  e  dispondo 
os  outros  paizes  em  volta  do  Reino  do  Meio.  Riccioli  acrescenta  (Almageit.  nov., 
1651,  foi.,  pag.  xl),  que,  para  se  conformar  ainda  mais  com  as  idéas  dos  chine- 
zes, Ricci  em  vez  de  seguir  a  projecção  stereographica  ordinária,  em  viitude  da 
qual  a  parte  central  é  vista  mais  por  miúdo  que  nenhuma  outra,  n'elle,  pelo 
contrario,  representou  a  China  em  ponto  maior. . .  O  continuador  de  Leon  Pineio 
julga  que  este  mappa-mundo  de  Ricci  é  o  mesmo  que  diz  Gemello-Carreri  ter 
visto  na  bibliotheca  de  Pekin.  fGÍ7'o  dei  mundo,  parte  iv,  foi.  198.)  Ricci  compoz 
lambem  um  pequeno  catechismo  em  lingua  chineza,  o  qual  foi  recebido,  segundo 


'  Augustin  cl  Alois  de  Dacker,  Bibliothcque  des  écrivains  de  la  compagiiie  de  Jesus,  vol.  iv,  pag.  G20. 


RI  Í95 

(lizom,  com  grandes  applausos,  pelas  pessoas  do  paiz.  Desde  1589  *  era  ello  o 
único  encarregado  da  missão  de  Tchao-King,  sendo  seus  companheiros  levados 
para  outros  logares  pelos  desejos  de  multiplicarem  os  meios  de  converter  os  chi- 
nezes  ao  christianismo.  Teve  muitas  vezes  de  luctar  com  diíTiculdades  que  lhe 
suscitavam  os  governadores  da  província,  e  até  mesmo  se  viu  obrigado  a  deixar 
o  estabelecimento  que  linha  formado  com  grandes  diflQculdades  na  cidade  de 
Tchao-King,  e  vir  fazer  a  residência  em  Tehao-tcheou.  N'este  ultimo  logar,  um 
chinez  chamado  Tchin-tai-so,  pediu  ao  padre  Ricci  que  lhe  ensina§se  chimica  e 
mathematicas.  O  missionário  prestou-se  de  bom  grado  a  este  desejo,  e  seu  discí- 
pulo veiu  a  ser  mais  tarde  um  dos  seus  primeiros  catechumenos.  Havia  muito 
tempo  qiie  Ricci  tinha  formado  o  projecto  de  se  dirigir  á  corte,  persuadido  de 
que  os  menores  êxitos  que  elle  podesse  obter  n'ella,  serviriam  mais  efficazmente 
em  prol  da  causa  que  elle  linha  abraçado,  do  que  todos  os  esforços  que  se  qui- 
zessem  empregar  nas  províncias.  Até  então  os  missionários  tinham  usado  do 
habito  dos  religiosos  da  China,  aos  quaes  as  relações  chamavam  bonzos;  mas 
para  se  mostrarem  na  capital,  era  mister  renunciar  a  esse  trajo,  que  não  era  pró- 
prio senão  para  fazer  com  que  fossem  desprezados  pelos  chinezes.  Pela  opinião 
do  visitador  e  do  bispo  do  Japão,  que  residia  em  Macau,  Ricci  e  seus  companhei- 
ros adoptaram  o  vestuário  dos  letrados.  Fez- se  d'isto  um  assumpto  de  censura 
aos  jesuítas  da  China;  mas  era  indispensável  n'um  império  onde  a  consideração 
só  é  concedida  á  cultura  das  letras.  Ricci  resolveu  executar  seu  projecto  em 
1595,  e  partiu,  eífecti vãmente,  no  séquito  de  um  magistrado  que  ia  a  Pekin. 
Porém  diversas  circumstancias  o  constrangeram  a  deter-se  em  Nan-tchang-fu, 
capital  da  provinda  de  Kiang-si.  Foi  alli  que  elle  compoz  uín  tratado  sobre  a 
memoria  artificial,  e  um  dialogo  a  respeito  da  amisade,  á  imitação  do  de  Cicero. 
Asseveram  que  este  livro  foi  olhado  pelos  chinezes  como  um  modelo  que  os  mais 
hábeis  letrados  teriam  diffieuldade  em  exceder.  Por  esta  epocha  tinha-se  espa- 
lhado o  boato  na  China,  de  que  Taikosama,  Rei  do  Japão,  projectava  uma  irru- 
pção na  Coréa,  e  até  mesmo  no  império.  O  temor  que  elle  tinha  inspirado,  au- 
gmentava  até  mesn  o  a  desconfiança  que  os  chinezes  nutrem  geralmente  contra 
os  estrangeiros;  Ricci  e  alguns  de  seus  neophytos,  tendo-se  dirigido  successiva- 
mente  a  Nankin  e  a  Pekin,  alli  foram  tomados  por  japonezes,  e  ninguém  consen- 
tiu em  se  encarregar  de  os  apresentar  na  corte.  Viram-se,  pois,  obrigados  a 
retroceder.  A  única  vantagem  produzida  por  esta  jornada,  foi  a  certeza  que  Ricci 
adquiriu,  de  que  Pekin  era  com  certeza  a  celebre  Cambaiu,  de  Marco  Paolo,  e  a 
China  o  reino  de  Catai,  do  qual  tanto  se  faltava  na  Europa,  sem  conhecerem  a 
verdadeira  situação  d'elle.  O  missionário  fez  depois  alguma  residência  em  Pekin, 
onde  sua  reputação  de  sábio  medrou  consideravelmente.  Tendo-lhe  os  portugue- 
zes  feito  chegar  alguns  presentes  destinados  para  o  imperador,  obteve  dos  ma- 
gistrados a  licença  de  vir  á  corte,  para  elle  próprio  os  oífereeer,  na  qualidade  de 
embaixador.  Poz-se  a  caminho  no  mez  de  maio  de  1600,  acompanhado  do  padre 
D.  Pantoja,  hespanhol,  de  dois  jesuítas  chinezes  e  de  dois  jovens  catechumenos. 
Apesar  de  alguns  obstáculos  encontrados  na  viagem,  conseguiu  ser  admittido  no 
palácio  do  Imperador,  que  lhe  mandou  fazer  um  bom  acolhimento,  e  viu  com 
curiosidade  alguns  de  seus  presentes,  um  relógio  e  um  relógio  de  algibeira  com 


'  Auguslin  et  Alois  de  Backer,  Bibliolhèqtie  des  écrivains  dela  compagnie  de  Jesus,  vol.  v,  pag.  < 


196  RI 

musica,  dois  objectos  ainda  novos  na  Cl)ina,  por  aquelies  tempos.  Voltado  uma 
vez  para  elle  o  favor  imperial,  não  teve  o  padre  Hicci  mais  do  que  occupar-se 
dos  cuidados  exigidos  pelos  interesses  da  missão.  Algumas  conversões  ruidosas 
foram,  segundo  parece,  o  fructo  d'esles  desvelos;  e  os  trabalhos  litterarios  e 
scientiíicos,  aos  quaes  o  missionário  se  entregava  ao  mesmo  tempo^  contribuiram 
para  lhe  assegurar  a  estima  dos  homens  mais  distinctos  da  capital.  Um  trabalho 
de  um  outro  género  foi  o  que  lhe  confiou  o  geral  da  companhia:  recolher  as 
memorias  sobre  todas  as  diversas  missões  por  elle  fundadas  na  China.  Tantas 
occupações  diííerentes,  os  incommodos  que  ia  ter  para  manter  com  um  tão  grande 
numero  de  pessoas  distinetas,  relações  que  os  usos  da  China  tornavam  infinita- 
mente enfadonhas,  esgotaram  de  prompto  as  forças  do  padre  Ricci.  Morreu  a  11 
de  maio  de  1610,  deixando  por  successor  o  padre  Adam  Schall,  quasi  tão  celebre 
como  aquelle,  pelos  importantes  serviços  prestados  á  religião  e  ás  letras.  Escreveu 
quinze  obras  em  lingua  chineza. 

Annuae  íitterae  e  Sinis  annorum  1594,  1606  e  1601,  quas  binas  posteriores 
latine  reddiderunt  Rhetores.  Antuerpienses  typis  Plantinianis,  1611,  in-8.° 

Annua  delia  Cina  dei  mdgvi  e  mdgvií^  dei  Padre  Matteo  Ricci,  delia  Compa- 
gnia  di  Giesu.  Al  moita  R.  P.  Cláudio  Aquaviva,  delia  medesima  Religione.  In 
Roma,  nella  stamperia  di  Bartholomeo  Zanetti,  1610,  in-S." 

Litterae  Japonicae  anni  mdcvt  e  mdgvii^  illae  a  R.  P.  Joanne  Rodriguez,  hae 
a  R.  P.  Matthaeo  Ricci,  Societatis  Jesu  Sacerdotibus,  transmissae  ad  admodum 
R.  P.  Claudium  Aquavivam,  ejusdem  Societatis  Praepositum  Generalem  latine 
redditae  a  Rhetoribus  Collegii  Soe.  Jesu.  Antuerpiae,  ex-oílicina  Plantiniana,  apud 
Viduam  et  Filios  Jo.  Moreti,  1611,  in-12,  201  pag. 

richeuii  (petui  — ). 

Libri  duo  apologetici  ad  refutandas  naenias,  et  coarguendos  blasphemos  erro- 
res, detegendaque  mendacia  Nic.  Durandi  qui  se  Villegagnonem  cognominai.  Excu- 
sum  Hyerapoli  (sic),  Genève,  per  Trasibulum  Phoenicum,  anno  1561,  in-4.<* 

Contém  uma  gravura  em  madeira  representando  Polyphemo. 

Cem  francos  no  leilão  do  barão  Pichon. 

Pierre  Richer  era  um  dos  dois  ministros  pedidos  por  Villegagnon  e  enviados 
de  Genebra  ao  Brazil ;  póde-se  ver  em  Théodore  de  Bèze,  em  Jean  de  Lery  e  em 
outros  historiadores,  qual  foi  a  amenidade  que  regulou  as  relações  entre  Villega- 
gnon e  estes  dois  ministros. 

Este  opúsculo  virulento  foi  traduzido : 

La  réfutation  des  folies  rêveries,  execrables  blasphemes,  erreurs  et  mensonges 
de  Nic.  Durand,  qui  se  nomme  Villegaignon;  divisée  en  deux  livres;  auteur  Pierre 
Richer.  Sem  logar  de  impressão,  1562,  in-8.®,  com  uma  estampa  representando 
Polyphemo. 

Esta  figura  satyrica  é  o  emblema  de  Villegaignon,  o  qual,  pela  sua  estatura 
e  ferocidade,  podia  ser  comparado  com  o  cyclope. 

Trautz,  210  francos,  barão  Pichon. 

La  suffisance  de  maistre  Colas  Durand,  dit  chev.  de  Villegaignon,  pour  sa 
retenue  en  VÉtat  du  Roy.  Item,  espousette  des  armoiries  de  Villegainnon.  Sem  logar 
do  impressão,  1561,  8.°  peq.,  24  pag. 

Barão  Pichon,  105  francos. 

Mr.  Brunet,  que  cita  este  folheto,  só  lhe  dá  11  folhas,  isto  é,  22  pag. 


RI  iJ^ 

Uma  outra  edição  de  14  pag.,  52  francos,  Putier. 

L'EstriHe  de  Nicolas  Durant,  dit  le  chevalier  de  Villerjaignon,  sem  logar  de 
impressão,  1501,  8."  peq.,  k  folhas. 

Barão  Pichon,  85  francos.  Potier,  40  francos  *. 

RICIION  (VICTOR ). 

Gomes  de  Amorim  diz  a  seu  respeito  o  seguinte : 

«O  sr.  Victor  Richon  era  um  escriptor  dislincto,  que  foi  acolhido  em  Lisboa 
pela  melhor  sociedade,  e  que  fundou  aqui  um  jornal  intitulado  Le  Lishonnin. 
Depois  de  ter  estudado  a  lingua  porlugueza,  traduziu  alguns  escriptos  do  sr.  Ale- 
xandre Herculano,  e  fez-me  a  honra  de  verter  o  Ódio  de  raça^  para  a  lingua 
franceza.» 

Acerca  d'esse  drama  escrevia  Richon: 

«Como  é  nossa  intenção  não  dar  conta  senão  das  obras  autochtonas  que 
apparecerem  na  scena  portugueza.  abstemo-nos  de  fallar  d'ellas  hoje,  contentan- 
do-nos  com  prevenir  os  srs.  assignantes  que  o  nosso  próximo  numero  ha  de 
conter  uma  analyse  critica  e  litteraria  do  drama  tão  cheio  de  interesse,  de  vida  e 
de  originalidade,  do  sr.  Gomes  de  Amorim,  Ódio  de  raça,  o  mais  bem  interpre- 
tado, talvez,  de  todos  quantos  temos  visto  representar  pelos  actores  portuguezes. 

«Este  quadro  tão  vigorosamente  traçado  pelo  auctor,  torna-se  de  medonlia  e 
atroz  realidade  sob  o  desempenho  de  Tasso,  Theodorico,  e  principalmente  da 
formidável  tapuia,  a  Sinhá  Deljjhina,  que,  descendo  á  ultima  escala  da  degradação 
humana,  soube  elevar-se  até  ao  sublime  do  horror,  sem  jamais  parecer  nem 
ignóbil  nem  repellente. 

«II  n'est  pas  de  serpent,  pas  de  monslre  odieux 
Qui,  par  l'art  embelli,  ne  puisse  plaire  aux  yeux. 

«O  auctor  abriu  caminho  aos  escriptores  dramáticos:  compoz  uma  peça, 
verdadeira  peça,  e  digam  o  que  disserem,  as  quarenta  e  tantas  representações  que 
a  peça  já  conta,  devem-lhe  provar  bem  quanto  outros  jovens  auctores  que  hesitam 
ás  apalpadellas,  e  ainda  não  sabem  em  qual  caminho  hão  de  entrar,  que  elle 
achou  o  verdadeiro,  e  se  n'elle  perseverar,  o  bom  êxito  que  lhe  desejámos  de 
todo  o  coração  ha  de  ser  verdadeiramente  conseguido.» 

RICORDATI  (D.  PlETllO ). 

Historia  monástica  di  — — ,  dedicada  ai  Sereníssimo  è  Potentíssimo  Re  di  Por- 
tugallo  (D.  Sebastião).  Veneza,  1575,  in-4.° 

«Por  varias  vezes  o  monge  dedica  ao  neto  de  D.  João  III  o  seu  livro;  e 
citando  a  primeira :  «...  havendo  io  per  ispazio  di  forse  venti  anni,  che  ho  con- 
sumati  in  comporre  questa  mia  opera,  letto  e  riletto  molte  historie  universaU  e 
croniche  de  diversi  paesi,  ho  trovato  in  esse  molte  segnalate,  gran  vittorie,  otte- 
nute  per  favor  divino  contra  o  nemici  dei  nome  de  Christo,  in  Africa,  neli'  Etió- 
pia, nelfindie,  et  in  molte  isole  dei  mundo  nuovo,  non  solo  da  V.  M.,  ma  ancora 


'  Deschamps  el  G.  Burnol,  Supplemeut  au  Manuel  du  libraire  de  Brunei,  voJ.  n,  jjaj,'. 
*  Francisco  Gomes  de  Anionin  (Thealro),  Ódio  de  Raça,  pag.  i59. 


895. 


1<J8  RI 

de  gl'  antenati  suoi,  e  particolarmente  difendendo  la  parte  noslra  contra  Tempia 
setta  di  Mahometani,  etc.» 

"Este  frade  era  melhor  escriptor  que  propheta,  e  nâo  me  parece  que  Deus 
lhe  desse  grande  importância  aos  rogos.  No  remate  da  dedicatória  dizia  elle  ao 
Rei,  acutilado  três  annos  depois  em  Africa:  «baeiãdo  gli  riverentemente  la  Regia 
mano,  faro  fine :  pregado  Iddio  ehe  si  come  gl'  ha  coneesso  d'  agguagliare  la 
grãdeza  e  felicita  de'  maggior  Re  dei  modo :  cosi  gli  cõservi  il  Regno  quieto  e 
pacifico  in  molti  secoli  e  accresca  gl'  anni  suoi  in  lunga  età.^» 

RICORRENDO  il  giorno  delia  Coronazione  delia  Saniità  di  N.  Signore 
Papa  Pio  Sesto  felicemente  regnante.  Componimento  poético  da  cantarsi  nel  palazzo 
dei  Signor  D.  Giovanni  d' Almeida  de  Mello  e  Castro,  Ministro  Plenipotenziario  di 
Sua  Maestà  Fedelissima  presso  la  Santa  Sede,  il  di  7  Aprile  1190.  In  Roma, 
nella  stamperia  Pagliarini. 

RIENSI  (LOUIS  DE ). 

Patané,  lieu  charmant  et  si  cher  au  Poete 

Je  n'oublierai  jamais  ton  illustre  retraite; 

lei  Camoens,  au  bruit  du  flot  relintissant. 

Mela  Taecord  plaintif  de  son  luth  gémissant. 

Au  flambeau  d'Apollon  allumant  son  Génie 

II  chanta  les  Héros  de  la  Lusitanie: 

Du  Tage  à  Turne  d'or,  loin  des  bords  paternels 

De  Bellone  il  cueillit  les  lauriers  immortels: 

Malheureux  exile,  cet  emule  de  Homère 

Acheta  son  Génie  au  prix  de  sa  misère. 

II  posséda,  du  moins,  pour  charmer  ses  douleurs, 

Les  baisers  de  Tamour  et  les  chants  des  neuf  soeurs. 

Lusus  et  les  chinois  honorent  sa  mémoire : 

Le  temps  qui  détruit  tout,  agrandira  sa  gloire. 

Moi,  qui  chéris  ses  vers,  qui  pleurai  ses  malheurs 

J'aimais  à  saluer  ces  bois  inspirateurs. 

Je  visitais  cent  fois  cet  humble  et  noble  asile; 

Dans  ta  grotte,  ó  Louis,  mon  coeur  fut  plus  tranquilie. 

Agite  plus  que  toi,  je  fuyais  dans  les  champs. 

Et  le  monde  et  mon  Cdíur,  Tenvie  et  les  tyrans. 

Au  Grand  Louis  de  ('amoens,  portugais  d'origine  castillane, 
Soldat  rehgieux,  voyageur  et  poete  exile; 
L'humble  Louis  de  Riensi,  français  d'origine  romane, 
Voyageur  religieux,  soldat  et  poete  expatrie. 
:{0  mars,  1827. 

RIER/IS  (IVICOLAU  MARTI.\EZ ).  — .lesuila,  hespanhol. 

Explicações  e  notas  á  Prosódia  do  P.  Manuel  Alvares.  Valência,  1099. 


Camillo  Caslrllo  Branco,  Narrotiros,  vol.  ii,  paj.'.  42. 


RI  '         199 

IIIGAUD  (LUCAS ). Ignora-se  a  nacionalidade,  mas  era  estran- 
geiro. 

Cozinheiro  moderno,  ou  nova  arte  de  cozinha,  onde  se  ensina  pelo  methodo 
mais  fácil  e  mais  breve  o  modo  de  se  prepararem  vários  manjares,  tanto  de  carne 
como  de  peixe,  mariscos,  legumes,  ovos,  lacticinios,  varias  qualidades  de  massas 
para  pães,  empadas,  tortas,  timbales,  pasteis,  bolos  e  outros  pratos  de  entremeio; 
varias  receitas  de  caldas  para  diferentes  sopas ;  caldos  para  doentes,  e  um  caldo 
para  viagens  longas,  ele,  etc.  Terceira  edição,  correcta  e  emendada.  Lisboa,  na 
oflQcina  de  Simão  Thaddeo  Ferreira,  1798.  S.°  de  viii-461  pag. 

RIO  (S.  GOMEZ ). 

Les  deportes  brésiliens  en  1822. 

Foram  publicadas  estas  scenas  históricas,  nas  quaes  figuram  os  portuguezes, 
na  Revue  des  races  latines,  1858,  dezembro. 

RIOS  (DON  ANGEL  FERNANDEZ  DE  LOS ). 

Mi  mision  en  Portugal.  Diário  de  ayer  para  ensenanza  de  maííana.  Paris, 
1877,  726  pag. 

Escreveu  sob  o  pseudonymo  de  Rosi  na  llustracion  de  Madrid,  em  1870, 
uma  serie  de  curiosos  artigos  acerca  do  que  de  mais  notável  se  encontra  na 
capital  da  monarchia  portuguezai. 

RIOS  (GUILHERME  DE  LOS ).— Jesuita,  hespanhol,  natural  de 

Ecija. 

Panegirico  dei  Apostol  de  las  índias  S.  Francisco  Javier.  México,  por  Diogo 
Garrido,  1621,  in-4.° 

RIOS  (D.  JOSÉ  AMADOR  DE  LOS ).— Individuo  numerário  de 

las  rcales  academias  de  la  historia  y  bellas-artes  de  San  Fernando,  catedrático 
dei  doctoradó  en  la  facultad  de  filosofia  y  letras  de  la  universidad  central,  inspe- 
ctor general  de  instruccion  pública. 

Historia  social,  politica  y  religiosa  de  los  judios  de  Espana  y  Portugal,  por  el 
llustrisimo  seíior  .  Madrid,  imprenta  de  T.  Fortanet,  1875-1876,  in-4.« 

Começa  a  tratar  dos  judeus  portuguezes  no  cap.  vr  do  vol.  i. 

Las  razas  históricas  de  la  Península  Ibérica.  Carta  ai.  Senur  Doctor  Don  Júlio 
Vilhena,  Miemhro  effectivo  dei  Instituto  de  Coimbra.  Madrid,  30  de  junho  de  1873. 

Foi  publicada  esta  carta  em  o  n.°  5  do  Instituto,  jornal  de  Coimbra,  setem- 
bro de  1873. 

Amador  de  los  Rios  toma  o  partido  do  sr.  Júlio  de  Vilhena  contra  o  sr.  Theo- 
philo  Braga.  Tinha  este  ultimo  escriptor  asseverado  que  Roma  conquistara  com 
a  espada,  mas  que  não  povoava,  deixando  ás  povoações  submettidas  seu  dominio 
e  costumes,  e  submetlendo-as  com  a  absorvente  adminislração  do  seu  governo 
militar. 


Luiz  ViJarl,  Los  poetas  lirkos  contemporâneos  de  ForlunaL  Madrid,  187á,  {lag. 


200  RI 

Porém  o  sr.  Amador  de  los  Rios  assevera  que  a  população  ibérica  da  penín- 
sula foi  quasi  exterminada;  que  no  tempo  do  Imperador  Antonino  gosava  a 
peninsula  de  unidade  de  direito  «debaixo  das  azas  do  império  romano^,  achan- 
do-se  feita  a  fusão  dos  povos  ibéricos  e  constituída  a  família  hispano-latina. 

Assevera,  outrosim,  que  se  não  chegou  (pag.  213)  a  constituir  durante  a 
dominação  wisigothica  uma  verdadeira  unidade  nacional,  como  se  não  constituiu 
também  um  verdadeiro  império,  manlendo-se  até  á  calastroptie  de  Guadalete  as 
leis  deletérias  e  privilégios  irritantes  que  se  oppunham  á  realisação  de  tão  grande 
obra. 

Revista  de  Espana.  Quinto  ano.  Tomo  xxix.  (Noviemhre  y  Deciembre.J  Ma- 
drid, 1872. 

Começa  n'este  volume,  a  pag.  402,  o  trabalho  de  Amador  de  los  Rios,  inti- 
tulado :  Estúdios  arqueológicos  y  monumentales.  Portugal. 

Principia  por  tratar  com  algum  desenvolvimento  dos  sarcophagos  romanos 
cm  Portugal  (pag.  468,  etc.) ;  falia  depois  nas  estatuas  do  jardim  botânico  de 
Ajuda,  estados  das  artes  nas  monarchias  christãs  ao  eíTectuar-se  sua  conquista 
(vol.  xxx),  e  da  igreja  de  Cedofeita,  cuja  fundação  attribue  á  primeira  metade 
do  século  XIII  (pag.  153),  Sé  Velha  de  Coimbra,  e  na  discrepante  versão  de  uns 
caracteres  árabes  que  n'ella  se  encontraram  (pag.  166).  Trata  largamente  da  Sé 
de  Lisboa,  asseverando  que  as  capellas  do  claustro  foram  fundadas  entrado  já  o 
século  XIV  (pag.  159). 

Em  summa,  este  trabalho  de  Amador  de  los  Rios  deve  ser  lido  por  quantos 
se  applicam  ao  estudo  da  historia  da  arte. 

No  vol.  xxxiii  falia  por  miúdo  da  Batalha,  de  Cintra,  e  assevera  que  o  estylo 
do  palácio  real  é  mudejar;  nota  que  a  estatua  de  D.  Pedro  IV  no  Rocio  é  obra 
de  francezes,  e  que  francezes  estavam  fazendo  estatuas  para  o  arco  triumphal  do 
Terreiro  do  Paço,  e  que  notava  tanto  mais  este  facto,  quanto  se  fallava  em  Por- 
tugal em  renascimento  das  artes  1  (Pag.  18,  vol.  xxxiii.) 

A  igreja  de  Belém  e  muitos  outros  edifícios  não  foram  esquecidos  no  volume 
seguinte.  No  vol.  xxxvi  trata  largamente  do  palácio  de  Subripas,  em  Coimbra; 
falia  com  enthusíasmo  do  púlpito  de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  e  exclama :  «el 
púlpito  de  Santa  Cruz  de  Coimbra  constituye  en  el  suelo  português  la  más  esti- 
mable  presea  dei  renacimiento  plateresco.»  (Vol.  xxxvi,  pag.  465.)  Pergunta, 
porém,  se  a  obra  é  portugueza  e  em  que  se  baseiam  para  o  aíTirmarem.- 

AíTirma  no  seguinte  volume  que  as  construcções  de  Lisboa  e  de  Coimbra 
em  tempo  do  marquez  de  Pombal  são  obras  de  estrangeiros,  e  termina  asseve- 
rando que  nos  últimos  séculos  os  monumentos  architectonicos,  tanto  d'esta  cidade 
como  dos  tempos  médios,  justificam  a  unidade  ibérica. 


RISTRETTO  (BKEVE)  delia  vila  e  miracoH  di  S.  Gonzalo  d' Amarante^ 
jjortoghese,  deli'  Ordine  de  Predioatori.  Roma,  1672. 

IVITTEK  (J08EPII ).— Sacerdote  de  la  Compania  de  Jesus  y  doctor 

en  sagrada  teologia. 

Vida  y  virtudes  de  la  Serenisima  Seilora  Dona  Maria  Ana,  lieyna  de  Portu- 
gal y  los  Aljarvps,  Princesa  Heal  de  Hungria  y  liohemia,  y  Archiduquesa  de  Aus- 


-        RI  201 

triaj  etc.   Escrita  en  idioma  latino  por  el  padre ,  y  traducida  ai  castellano 

por  el  padre  Joseph  Gverra,  sacerdote  de  la  misma  Compania  y  predicador  de  los 
dei  número  de  S.  Al.  Católica.  Impresa  de  Orden  y  á  expensas  de  la  íieyna  Nuestra 
Seúot^a  (que  Dios  guarde).  En  Madrid,  en  la  oficina  de  António  Marin,  1757. 

Lehen  und  Tugenden  Mariae  Annae  Kônigin  in  Portugall  imd  Algarhien, 
gebohrnen  Kòniglichen  Prinzessin  in  Hungarn  und  Bôheini,  &&.  Lateinisch  be- 

schrieben  von .  In  das  Teutsche  iibersetzet  vou  einen  Priestern  geiibersetzeí  von 

einen  andem  Priestern  gemelter  Gesellschaft.  Passau,  gedruckt  bey  Friedrich 
Gabriel  Mangold,  HochfUrstl.  Hot  Buchdruckerern,  i7o9,  in-8.",  308  pag. 

RITTKUSUUSIO  (IVICOLAU  ). 

Genealogia  Imperatorum,  Regum,  Ducum,  Comitum,  praecipuorumqiie  aliorum 
Procerum  Orbis  Christiani.  Tubinge,  16C4,  2  vol.^fol. 

Na  taboa  23  trata  dos  serenissimos  duques  de  Bragança,  c  nas  laboas  152  e 
e  153  dos  Reis  de  Portugal.  Obr?i  exacta,  e  que  corre  com  estimação  i. 

RI  VER  A  (D.  luís  ). 

Poesias  de  .  Lisboa,  typographia  da  Revista  universal,  1852,  8.",  ix- 

114  pag. 

Alem  de  poesias  n'um  álbum  do  poeta  portuguez  António  Xavier  liodrigues 
Cordeiro  e  no  de  Lopes  de  Mendonça,  escreveu  a  seguinte  ode  A  Camões,  dedi- 
cada á  ex.""  sr.^  condessa  dei  Casal: 

Perdóname,  poeta,  si  profano 
En  rimas  di  mi  lengua  casteliana, 
Tu  nombre  de  los  angeles  hermano, 
Tu  inspiraeion  de  lo  inmortal  hermana. 
El  génio  vive  cuando  el  hombre  espira; 

Y  en  los  cristales  dei  sonante  rio, 

Y  en  la  espesura  de  la  humbrosa  selva, 

Cantando  el  aura  gira 
•  Su  nombre  por  el  côncavo  vacio : 

Y  cuando  acabe  de  estinguirse  el  hombre 
Del  mundo  envuelto  en  la  hedionda  escoria, 
La  última  luz  dei  astro  de  su  gloria 
Reflejerá  la  gloria  de  su  nombre. 

Ya  las  alegres  playas  de  Occidente 
No  escuchan  I  ayl  ai  espirar  el  dia 

Tu  cântico  doliente, 
Relâmpago  feliz  de  la  poesia. 

En  majestad  sombria 
Salada  el  mar  tu  cuna  y  tu  sepulcro. . . 


D.  António  (Caetano  »lc  Sousa,  Hi'itor ia  genealógica  da  casa  real portugueza,  vol.  i,  pag.  212. 


202  RI 

Y  ai  agitarse  las  revueltas  olas 

Del  pielago  que  brarna, 
No  miran  en  tropel  las  banderolas 
Del  noble  vencedor  Vasco  da  Gama. 


El  génio,  donde  está?  —  Porque  apagado 

El  resplendor  de  su  divina  antorcha, 

No  alumbra  ai  mundo  con  sus  rayos  de  oro  ? 

Ayer  orlado  con  su  luz  el  prado 

De  Helicona,  ostentaba  su  tesoro 

De  ricas  perlas  y  sublimes  dones. 

Tudo  acabo  !  — y  el  manto  de  la  muerle 

Apago  — ai  cubijar  su  cuerpo  inerte  — 

La  más  dulce  cancion  de  sus  cauciones  1 


La  gloria  dei  poeta  está  en  la  tumba  — 

Nacen  los  ecos  de  su  fama  en  ella  — 

El  hombre  vive  y  se  escarnece  ai  hombre  — 

Camões,  Milton  y  Homero  babeis  llorado 

Lagrimas  de  abandono  y  amargura. . . 

—  Solo  queda  ai  poeta  desdichado 

El  amor  de  su  propia  desventura  I  — 

Augustas  sombras  de  divina  raza, 

Dormid,  dormid  en  paz  I  —  bien  los  desprecios 

Tolerasteis  dei  mundo  y  sus  agravios  — 

Dornjid  en  paz,  poetas  I  — 
No  temais  que  las  fiestas  de  los  necios 
Interrumpam  los  suenos  de  los  sábios  I 


Camões!  Camões!  la  vida  es  un  inlierno 
Cuando  la  vida  Ia  comprende  el  hombre. 
—  Amar  la  dicha  y  ai  correr  trás  ella 
Veria  desparecer  como  en  el  cielo 
El  lânguido  reflejo  de  una  estrella. — 

Y  esto  es  vivir  1  Ilevar  siempre  en  el  alma 
La  historia  de  los  íieros  desenganos, 

Y  unas  trás  otras  escribir  en  calma 
Las  horas  de  dolor  que  llaman  anos 
Ay !  tu  tambien  para  llorar  naciste... 

Tu  —  como  yo  —  la  vida  has  maldecido  — 
Tu  —  como  yo —  llevaste  un  infierno 
En  las  rolas  entranas  escondido. — 
Pêro  cantaste. . .  y  ai  cantar  tus  penas 

En  médio  Ia  agonia, 
Fué  tu  muerte  tu  última  poesia. 


RI 


Aguas  que  en  vuestro  curso  hábeis  bafiado 

El  fértil  suelo  di  mi  pátria  amada, 

Tal  vez  en  Portugal  hais  escuchado 

Sq  primera  cancion  enamorada. 

No  murmurasteis  su  tranquilo  acento? 

Su  voz  enternecida 
No  llegó  hasta  vosotras  por  el  viento 

Y  el  aura  eonducida? 
Y  no  os  parasteis  á  escuehar  atentas 

Su  angélica  armonía, 
Como  el  hombre  en  mitad  de  sus  tormentas. 


Escuchó  la  primera  profecia? — 

Ay,  nol  — que  indiferentes  á  sus  versos, 

Sin  comprender  la  voz  de  sus  cantares, 

Arrojasteis  sus  ecos 
Entre  las  ondas  de  los  roncos  mares. 
Un  presagio  tal  vez  fué  vuestra  huida ! . 

El  mundo  le  esperaba  — 
Su  corazon  ardiente  le  llevaba 
Á  los  revueltos  mares  de  la  vida. 


Amor,  amor,  ardia  en  esperanzas 
Tu  corazon  — á  un  angel  adoraste  — 

Pêro  ai  sonar  amores. 
Tu  tambien  —  como  todos  —  le  enganaste. 
La  dicha,  quando  jovenes,  buscamos, 
Corremos  trás  la  gloria  y  los  placeres . . . 
Y  todos  á  la  vez  nos  enganamos. . . 
No  hay  angeles  aqui  —  aqui  hay  niujeres  f 
Débil  tu  corazon  se  estremecia 
Al  recordar  las  gracias  de  tu  amada  — 

Maldicion  dei  destino ! 
Tu,  que  arrojastes  inspirado  ai  mundo 
El  libro  de  tu  pueblo  lusitano, 
De  amor  llorastes  en  amargo  duelo 

Por  su  desden  tirano. . . 
No  era  tu  pátria  el  mundo,  que  era  el  cielo ! 


Yo,  que  he  de  hacer  en  mi  dolor  profundo 
Sin  el  fuego  inmortal  que  Dios  inspira? 
Seguir  indiíTerente  por  el  mundo  — 
Mas  ya  que  entre  los  necios  me  confundo, 
Rompo  á  tus  pies  mi  desdichada  lira  I 


203 


20i 


RI 


A  la  fiiente  de  las  lágrimas.  A  la  ex."""  senora  D.  Maria  de  la  Concepcion 
Ferreira  da  Silva. 


Una  idéa,  pensamiento  I 
Alma  triste,  una  ilusionl 

Y  llevadme  por  el  viento 
(^on  rápido  movimiento 
A  Ia  celeste  mansion, 

El  huracan  de  la  vida 
Por  mi  frente  dolorida 
Zumba  con  hórrido  afan  I 
Para  una  idéa  querida 
Nunca  falta  un  huracan. . . 

llusiones,  ay  I  ya  han  muerto 
Sobre  este  pecho  vacío. . . 
Solo  queda  en  el  desierto 
De  Su  concavo  sombrio 
Un  corazon  casi  yerto. 

Corazon  que  sin  ca  ri  fio 

Y  enfermo  para  adorar, 
Solo  puede  conservar 
Algun  recuerdo  de  nifio 

Y  un  harpa  para  cantar. 

Cantar!  y  á  quien?  A  las  flores? 
Qué  ha  de  cantar  á  flor 
Quien  no  vé  en  ella  colores; 
Quien  ha  perdido  el  amor 
De  la  flor  de  sus  amores?. 

Clara  luz  dei  médio  dia 
Angélica  melodia 
De  una  alta  lira  inspirada, 
Lanzad  en  mi  frente  helada 
Un  pielago  de  poesia  I 

Dadme  á  conocer  la  lira 
Que  tiernamente  se  inspira 
Cantando  el  amor  de  Incs, 
Poeta  por  quien  respira 
Un  amor  que  ya  no  es. 


—  Aqui  fuel — dice  una  fuente 
A  cuya  limpia  corriente 
Lágrimas  le  dieron  ser. 
Mostrando  asi  tristemente 
El  amor  y  el  padecer. 

Del  alba  á  los  resplandores 
Un  cedro  les  presta  paso, 

Y  entre  las  dormidas  flores 
Una  voz  que  se  oye  acaso 
Canta  lágrimas  y  amores. 

Lágrimas  y  amores !  —  si  — 
El  amor  es  un  desvelo, 
Que  nos  eleva  hasta  el  cielo, 

Y  las  lágrimas  aqui 
Presta  ai  amor  consuelo. 

A  la  sombra  de  ese  cedro 
Lloraste  de  amor,  Inês  — 
Ayl  no  temas,  que  á  tus  pies 
Viene  á  rendirse  D.  Pedro 
Con  su  cetro  português. 

Qué  importa  el  dolor  interno 
De  esta  vida  transitória, 
Si  hizo  Dios  por  tu  memoria, 
Á  tu  verdugo  un  infierno, 
Para  tu  amor  una  glona? 

Todos  cantan  tus  amores; 
El  guerrero  en  sus  empresas, 
Las  damas  en  sus  loores, 

Y  aun  los  pobres  pescadores 
De  las  playas  portuguesas. 

Camões,  que  amaba  y  sufria, 
Canto  y  se  llevó  la  palma. 
Mostrando  en  su  melodia, 
Que  si  tu  le  distes  alma, 
El  te  regalo  poesia. 


Mas  yo,  pobre  passajero, 
Y  en  esta  tierra  extranjero, 
Oue  puedo  darle  á  tu  amor?. 
Un  recuerdo  de  dolor 
En  mi  suspiro  prostrero  I 

Coimbra,  16  de  enero  de  1850. 


RO 


205 


Coíjipoz  ainda,  entre  outras,  a  seguinte  poesia  intitulada  Lisboa: 


Quien  es  esa  encantada 
Vision  que  sobre  ei  rio, 
Duena  de  su  albedrio 
Tan  adormida  está? 
Adonde  va  esa  fada 
Que  en  caprichoso  vuelo 
Su  frente  eleva  ai  eielo, 
Sus  pies  hunde  en  la  mar? 


Qué  hermosa  !  —  Gomo  juega 
En  su  lábio  la  sonrisa  I 
Tórtola  de  los  valles 
Y  perla  de  la  mar. 
Sobre  esta  cinta  de  aguas 
Que  mansa  se  divisa, 
Perdida  en  lontananza, 
Perdida  mas  ailá. 


Porquê  murmuran  lentas 
Las  auras  vagarosas, 
Porquê  si  el  sol  declina 
La  baila  de  fulgor? 
Porque  lanzan  su  aroma 
Los  lírios  y  las  rosas, 
Suspiros  de  las  bellas 
Y  emblemas  dei  amor? 


Sultana  de  occideute 
Que  en  tu  dormido  espacio 
Remedas  un  palácio 
De  magico  esplendor 
Guardada  de  las  fúrias 
Del  viento  y  las  tormentas 
Te  ries  y  sustentas 
A  su  feliz  rumor. 


Porquê  si  con  su  planta 
Va  destrozando  flores, 
La  fé  de  sus  mayores 
Holló  tal  vez  ahi? 
Porquê  si  nació  hermosa, 
De  su  hermosura  esclava, 
En  su  indolência  acaba 
La  fê  dei  porvenir? 


Siempre  sereno  y  limpio, 
Su  pabellon  flotante 
Suelta*sobre  tu  frente 
La  mano  dei  cenit. 
Amada  de  las  luces, 
Del  oceano  amante. 
Arbusto  dei  Oriente, 
Porquê  naciste  aqui? 


Has  escuchado  esas  vocês 
Que  en  las  alas  dei  viento  van; 
Eco  de  futuros  goces, 
Diehas  que  llegando  estan  ? 
Es  un  pueblo  que  levanta 
Su  cabeza,  y  que  quebranta 
Su  tremenda  esclavitud ! 
La  humanidad  que  camina  I . . . 
La  libertad  que  fulmina 
Del  cenit  en  la  altilud  I . . . 


ROBERT  (CLÉMENCE ), 

Le  Mar  quis  de  Pombal.  In- 12. 


TVOBERT  (WHITE  ). 

Madeira,  its  dimate  and  scenery,  by 


4857. 


nOBITVSOIV  (J.  C). 

The  early  j^ortugiiese  school  of  painting.  ln-4. 


206  RO 

Catalogue  of  the  special  loan  exhibition  of  Spanish  and  Portuguese  ornamen- 
tal arty  Kensington  Museum,  1881.  Edited  hy  .  London.  Clay,  Sons  and 

Taylor,  8.«,  208  pag. 

ROBIXSON  (CIPTAIX ). 

Peninsular  War.  By . 

ROBLES  (D.  RODRIGO  DE  CARAVAJAL  Y ), 

Batalha  de  Toro.  Poema.  Limae  Indorum  ^ 

ROr.A  (D.  ALGLSTllV  DE  LA ). 

Discurso  sobre  las  Dissertationes  Académicas^  impresas  en  Lisboa,  que  tratan 
de  la  venida  y  predicacion  dei  Apostol  Santiago  en  Espana.  Madrid,  sem  data. 

ROCCA  (LlJIGl ). 

AIV  Augusta  Regina  di  Portogallo  Maria  Pia,  in  morte  dei  Principe  Odone. 
Carme.  Torino,  1866,  8.«,  2  folhas. 

Donna  Regai  perdona 

Se  dei  tuo  lulto  amaro 
Questo  mio  carme  ancora  oggi  ragiona! ... 

Egi  era  a  Noi  si  caro 
I!  giovin  Prence,  e  a  Te  vive  coslrello 

Con  si  possente  affetto, 
Che  Tudirne  ridir  le  miti  impresse 
Sempre  fia  dolce  ali'  alma  tua  cortese. 

ROCIIEL  (FILIPPE  )  —  Jesiiila. 

Panegyricus  D.  Francisco  Xaverio  ducius.  Tyrnaviae,  1769. 

ROCUETTE  (L.  S.  DE  LA  ). 

A  Chart  of  the  coasts  of  Spain  and  Portugal,  tvith  the  Balearic  Islands  and 
part  of  the  coast  of  Bombay.  London,  1779. 

ROCOLES  (J.  B.). 

De  la  fortnne  marastre  de  plusieurs  princes  et  grands  seigneurs  de  tontos 
nations,  depuis  environ  deux  siècles. 

Falia  de  Montezuma,  Rei  do  México;  de  Atalalipa,  Rei  de  Cuzco,  pag.  74  a 
78;  de  D.  Sebastião,  Rei  de  Portugal,  pag.  184  a  186;  de  Miguel  de  Vascnnrellos 
(ministro  de  eslado  em  Portugal),  de  pag.  229  a  230,  e  do  duque  de  Caminha,  de 
pag.  231  a  232. 

ROEDER  (MARTIUS  ). 

Publicou  Martins  Roeeder  na  Gazeta  Musical,  de  Mil3o,  em  os  números  4  e 
18  de  março  de  1877  o  retrato  e  uma  honrosissima  biographia  do  falleddo  com- 
positor portuguez  Joaquim  Silvestre  Serrão. 


•  Nicol.  Anl.,  Bibliot.  Nova,  vol.  ii,  pag.  262. 


RO  '^0' 

E  dá-se,  pois,  o  caso,  de  que  este  é  desconhecido  em  Portugal,  ao  passo  que 
na  Itália  é  considerado  como  compositor  de  musica  sacra. 

Nasceu  em  Setúbal,  em  16  de  agosto  de  1801,  e  morreu  na  ilha  de  S.  Miguel 
a  20  de  fevereiro  de  1877. 

ROEMEll  (JOAN\ES  JACOBLS ). 

Scriptores  de  plantis  Hispaniae  et  Lusitaniae.  Naremherg,  1796. 

Encontram-se  n'esta  obra : 

Domingos  Vandelli :  Fasciculus  planíarum  cum  novis  generibus  et  speciebm. 

Do  mesmo  aucíor:  Florae  hisitanicae  et  brasiliensis  specimen. 

Cartas  de  Linneo  e  de  Haen  a  Vandelli. 

UOI    (LE  )  DE  PORTUGAL,  conte,  siiivi  deíi  Deiix  Achilles,  conte 

dédicatoire,  et  d'une  építre  au  Juif  HerscheL  1788,  8.°,  1  vol.,  160  pag. 

UOJAS  (JUAN  luís  DE ). 

Relaciones  de  algunos  successos  postreros  de  Berbéria.  Salida  de  los  Mouriscos 
de  Espana  e  entrega  de  Alarache.  Dirigidos  á  Don  Fernando  Mascarenhas,  Caba- 
llero  de  la  Orden  militar  de  Christo. 

«Trata  largamente  de  Ceuta  e  das  façanhas  do  marquez  de  Villa  Real,  de 
D.  AlTonso  de  Noronha  e  outros  sustentáculos  da  gloria  portugueza  de  Africa, 
onde  até  mais  tarde  luziu  o  astro  do  puro,  nobre  e  desinteressado  portuguez, 
convertido  na  Ásia  em  cobiça  sanguinária  de  mercadores. —  Alexandre  Hercu- 
lano, Advertência  preliminar  aos  Annaes  de  D.  João  IIl^. 

ROMAN  FREI  (AIXTOMO  DE  SAN ). 

Jornada  y  muer te  dei  Rey  D.  Sebastian  de  Portugal.  Vailadolid,  1603,  4.°  peq. 

Historia  general  de  la  índia  Oriental.  Los  descubrimentos  y  conquistas  que 
han  hecho  las  armas  de  Portugal  y  nel  Brasil,  y  en  otras  partes  de  Africa  y  de  la 
Ásia,  y  de  la  dilatacion  dei  Evangelio  por  aquellas  grandes  provindas  desde  sus 
principios  hasta  el  ano  de  1557.  Vailadolid,  por  Luís  Sanches,  1603,  in-fol. 

ROMAX  (FR.  JEROIXYMO ).— Da  ordem  dos  eremitas  de  Santo 

Agostinho;  chronista  da  casa  de  Bragança. 

Historia  da  Serenissima  Casa  de  Bragança,  na  qual  comprehende  muita  ge- 
nealogia, e  a  ascendência  do  conde  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  manuscripta. 

Vi  a  copia,  que  tem  o  duque  do  Cadaval,  tirada  da  que  se  conserva  na  biblio- 
theca  regia;  o  mesmo  auctor,  nas  obras  militares  d'estc  reino,  de  Alcobaça  e 
Santa  Cruz,  trata  de  muitos  commendadores,  dos  quaes  tem  feito,  em  muitos 
volumes,  larga  e  exacta  menção,  Manuel  Coelho  Velloso,  secretario  da  Mesa  da 
Consciência  e  Ordens  ^ 

R03IAXCE  CÓMICO,  en  que  un  leal  vasalo  dá  cuenta  á  la  Reyna  Nites- 
tra  Seiiora  de  lo  que  ha  succedido  desde  que  sus  Majestades  se  ausentaron  de  la 
Corte,  haíta  la  feliz  victoria  conseguida  de  las  Católicas  armas  en  Villa  Viciosa; 


*  Camillo  Caslello  Branco,  Narcóticos,  vol.  u,  pag.  41. 


208  RO 

y  juntamente  glosada  la  respuesta  que  el  Rey  nuestro  Senor  dió  ai  Excelentisimo 
Senor  Marquês  de  Valdecanas,  diciendo  que  sus  armas  no  habian  vencido,,  sino  el 
Bravo  poderoso  de  Dios. 

Guerra  da  successão. 

Bibliotheea  publica  de  Lisboa. 

ROx^IANCE  CURIOSO  en  elogio  dei  Rey  Nuestro  Seíior  Don  Felipe  Quinto 
(que  Dios  guarde),  en  titulo  de  Comedia.  Compuesto  por  una  Senora  de  esta  Corte. 

ROMANCE  DE  LOS  CIEGOS  de  Madrid  á  nuestro  Rey  y  Senor  Don  Fe- 
lipe Quinto  (que  Dios  guarde  muchos  anos). 

ROMER  (I.  I.). 

Scriptores  de  plantis  Hispanicis,  Lusitanicis,  Brasiliensibus.  Nurembergae, 
179(),  8.",  184  pag. 

ROIVCESVALLES  (SATVTA  MARIA  DE  ).— Na  Navarra. 

Corre  como  tradição  que  a  Rainha  Santa  Izabel  visitara  em  romaria  este 
celebre  sanctuario,  e  que  n'elle  se  conserva  ainda  hoje  um  manto  de  seda  encar- 
nado, bordado  por  suas  próprias  mãos  2. 

RONDINA  (F.  X.). 

A  Divindade  de  Nosso  Senhor  Jesus  Christo  reivindicada  contra  Ernesto 

Renan;  discurso  do  padre ,  recitado  na  Sé  de  Macau;  com  additamentos  e 

notas  pelo  mesmo.  Offerecido  ao  ex.°"^  e  ref.""*  sr.  José  Luiz  Alves  Feijó,  bispo 
eleito  de  Macau.  Macau.  Na  imprensa  do  seminário  diocesano,  1864,  4.°,  61  pag. 

Pio  IX  perante  a  revolução.  Discurso  recitado  na  Sé  de  Macau  pela  occasião 
de  se  solemnisar  o  25."  anno  do  Pontificado  de  Pio  IX.  Por .  Com  additamen- 
tos e  notas  do  auctor.  Offerecido  pelo  mesmo  ao  J//."'"  Leal  Senado.  Macau,  ál  de 
junho  de  1871.  Typographia  Mercantil,  4.°  peq.,  40  pag. 

ROQUEFORT  (K.  MOIJGIIVS ).— Conseiller  de  Ia  Cour  Impériale 

d'Aix,  membre  du  conseil  general  du  département  des  Alpes  maritimes. 
Histoire  chevaleresque  du  Portugal.  Paris,  1862,  8.°  de  xv-156  pag. 

ROSEINKRANZ  (K.)* 

Handbuch  einer  allgemeinen  Geschichte  der  Poesie.  Halle,  1832,  1883.  3  vol. 
33o,  282,  444  pag.,  in-8.« 

(Vol.  ni.  Geschichte  und  ihre  Geschichte.  Eine  Entwicklung  der  poetischen 
Ideale  der  Vòlker.  Konigsberg,  1855,  xviii-775  pag.,  in-8.''  Cant.  in.  Das  Roma- 
nische  Ideal  der  Ritterlichkeit,  pag.  616  a  623.  Die  Portugiesen  und  Camoens.J 

» 
ROSSELL. — Actor  cómico  hespanhol. 
Recitou  no  theatro  dos  Buffos,  em  Madrid,  em  uma  occasião  que  n'aquella 


í).  António  CaPlano  de  Sousa,  Historia  genealógica  da  casa  real portugueza,  vol.  i,  pag.  210. 
Madoz,  Dicionário  geográfico  de  Espana,  vol.  xiii. 


RO  209 

cidade  obsequiaram  os  nossos  compatriotas  que  aili  tinham  ido,  as  seguintes 
coplas : 

A  San  Isidro  Somos  hermanos 

de  Portugal  y  es  natural 

vienen  personas  que  hoy  estrechemos 

de  calidad,  nuestra  amistad, 

y  en  la  pradera  porque  supimos 

les  vi  comprar  los  dos  luchar 

muchas  rosquillas  por  nuestra  pátria 

de  Fuen  Labrá.  y  la  libertad. 

Al  gran  Camoens 
se  admira  acá, 
como  á  Cervantes 
el  In  mortal. 
Vaya  un  aplauso 
para  acabar 
á  los  hermanos 
de  Portugal. 

ROSSI. 

Frei  Luiz  de  Sousa. 

Foi  representado  no  theatro  do  Gymnasio  pela  companhia  Rossi  na  noite 
de  27  de  janeiro  de  188i. 

A  distribuição  foi  a  seguinte: 

Manuel  de  Sousa Rossi. 

Magdalena  de  Vilhena A.  Brignone. 

Maria Belli-Blanes. 

Fr.  Coutinho P.  Viseardi. 

Um  Peregrino G,  Brizzi. 

Elmo  Paes E.  Cassini. 

Prior  de  Remfica V.  Andreani. 

Um  Leigo Maillard. 

Miranda Pisani. 

Houve  applausos. 


ROSSI  (JACQUES  TllOMAS  DE ).— Jesuíta,  napolitano. 

Letlera  dei  P.  Giacomo  Tomasso  de'  Rossi  delia  Compagnia  di  Giesu,  scritta  a 
12  Ottobre  l'  anno  1741,  dal  Madure  ai  Padri  N.  N.,  che  contiene  un  insiyno  mi- 
racolo  di  San  Francesco  Saverio.  In  Palermo,  nella  stamperia  de  Giuseppe  Gra- 
migniani,  1743,  in-8.» 

Vierter  Brief  R.  P.  Jacobi  da  Rossi,  S.  J.,  an  seinen  Brudern  P.  Salvalorem 
de  Rossi,  S.  J.,  geschriehen  zu  Madura,  dem  29  Heumonats  1738.  Inhalt.  Verschie- 
dene  Gnaden,  die  Gott  denen  Christen  durch  die  Fúrhitt  der  seeligsten  Jungfrau 
und  des  H.  Francisci  Xaverii  ertheilet  hat. 

Fiinfter  Brief  R.  P.  Jacobi  de  Rossi,  S.  J.  geschrieben  an  einen  Priester  der- 
selben  Gesellschaft,  nach  Rom,  aus  dem  Reich  Madura,  dem  20  May  1739.  Inhalt 

14 


m  RO 

P.  Rossi  erzehlt,  loie  viel  er  verflossenes  Jahr  getouffet,  und  Bcicht  gehoret.  Die 
Andacht  deren  Indiadern  in  Madura  gegen  der  Maiter  GotteSj  den  Heil.  Francis- 
cum  Xaveriunij  und  V.  P.  Joannem  de  Britto.  Den  Zustand  cines  Apostolischen 
Arbeiters  in  dieser  Mission^  pag.  15  a  17. 

UOSSI  (TOMASO  ) — Patrizio  di  cillà  di  Castello 

A  Sua  Altezza  Reale  D.  Isabella  Maria  di  Broganza  e  Borbone  per  il  régio 
sangue  e  per  le  piú  specchiate  virtú  chiarissima  che  si  compiacqiie  assistere  la  don- 
zella  Brígida  Rossi,  quando  il  giorno  5  giugno  1864  vestiva  l'  abito  religioso  nel 
nobilc  monastero  deite  Domenicane  di  S.  Caterina  da  Siena  in  Roma,  prendendo  il 

nome  di  Maria  Domenicaj,  il  Padre  delia  donzella dedica  questa  poesia  alle- 

grandosi  dei  bel  destino  delia  sua  figlia  amantissima.  In-4.°,  uma  lauda. 


Tre  volte  benedetta! 
Che  da  questo  atro  vórtice  d'aíranni, 

Siccome  uii  Angioletta, 
In  alto  spieghi  intemerata  i  vanni, 

E  ascosa  in  sacro  velo 
Sparisei  ai  mondo  e  ti  avvicini  ai  Cielo. 


ROTUKEAU.-— Membre  de  la  société  d'hydrologie  medique  de  Paris. 
Quando  trata  na  sua  obra  acerca  de  Portugal,  das  principaes  aguas  mineraes, 
somente  descreve  os  banhos  de  Lisboa  como  puramente  hygienicos. 

ROUFFEYRAUX  (LÉONCE  DE  ). 

Le  Portugal.  Paris,  1880.  In-S."  gr.  Librairie  Dentu,  289  pag. 

ROURE   (CONUAT ). 

Na  obra  impressa  no  Porto  em  1883,  Srintillações  e  sombras,  appareceu  esta 
poesia  intitulada:  A  Camões: 

Mana  Deu  ai  poela:  «Canta  e  piora; 
La  gloria  vé  després  dei  sofriment; 
ai  pit  tinch  un'  urna  hont  à  tot  hora 
las  llagrimas  dei  triste  hi  van  cayent.» 

Lo  poeta  obeheix.  Al  temps  que  canta, 
en  cristal  Is  lo  seu  pior  surt  convertit, 
y  va  cayent  com  una  pluja  santa 
en  Turna  que  Deu  guarda  dintre'l  pit. 

Y  transformai  alli  en  milions  d'estrellas, 
per  la  volta  dei  cel  1'  escampa  Deu. 
Quan  més  piora  '1  poeta,  més  son  ellas, 
y  van  brillant  las  llagrimas  arreu. 

No  sé,  Deu  meu,  com  en  lo  cel  s'  hi  nota 
un  sol  espay  sense  gentils  clarors  I 
Pêra  inundar  dei  cella  volta  tota, 
han  de  bastar  de  Camoens  tants  de  plors ! 
Barcelona. 


RO  211 

UOUSSE.\U  (JOSUÉ )  —  Impiimeur. 

Ensaio  da  arte  grammatical  porttigueza  e  franceza,  para  aquelles  que,  sa- 
bendo a  Hngua  franceza,  querem  aprender  a  porttigueza.  Lisboa,  na  oíficina  de 
António  Pedroso  Galvão.  1703,  in-4.°  de  8-176  pag. 

Este  aiictor,  no  prologo,  diz  o  seguinte  com  relação  a  si:  «Eu,  na  imitação 
de  Zenon,  tendo  perdido  o  que  me  restava  na  frota  onde  o  senhor  de  Walstain, 
embaixador  do  império,  foi  aprisionado  dos  francezes,  me  íiz  grammatico.» 

Esta  grammatica  tem  uma  dedicatória  ao  marquez  de  Fontes,  I).  Rodrigo 
Pedro  de  Sá  e  Menezes. 

Histoire  (L')  de  Portugal  et  des  Algarves,  qui  contient  ce  qiii  s'est  passe  de 
plus  considérable  dans  ces  devx  royaumes  depiiís  que  Ttibal  y  amena  les  Coíonies, 

jiisqiià  la  mort  du  Cardinal  Roy  Don  Henri ;  par ^  qui  a  orne  son  ouvrage 

des  figures  des  liois  de  Portugal,  d'une  carte  géographique  et  de  quelques  remar- 
ques, dont  la  principale  est  Vétablissement  de  1'inquisition  dans  Lisbonne.  Dans 
Amslerdam,  chez  l'auteur,  demeurant  dans  le  Goudt-bloem-straat,  in  de  glaze, 
maakers  gang.,  1714,  in-4.°i 

O  estylo  d'esta  historia  é  o  que  n'ella  encontrámos  de  mais  notável.  É  tão 
avelhado,  que  se  o  auctor  tivesse  de  idade  dois  ou  três  séculos,  poderiamos  sus- 
peitar que  a  teria  composto  em  idade  bem  tenra.  O  estylo  de  que  fazemos  uso 
actualmente,  parece  insupporlavel  ao  sr.  Josué  Rousseau,  o  qual  tem  bastante 
cuidado  de  informar  a  tal  respeito  o  betievolo  leitor  fbienvceiUant  lecteur),  n'um 
prefacio  tão  curioso,  quanto  o  é  o  próprio  livro.  Dá  a  este  prefacio  o  nome  de 
Prologo,  porque  diz  respeito  á  Historia  de  Portugal  «como  um  tecido  do  acções 
trágicas». 

«Emquanto  ao  meu  estylo  de  escrever  em  lingua  franceza,  diz  elle,  eu  te 
declaro,  benévolo  leitor,  que  a  tinha  começado  em  estylo  ordinário;  mas,  quando 
a  tornei  a  ler,  achei-a  n*uma  tal  confusão  e  tão  afastada  das  quatro  regras  gram- 
maticaes,  que  minha  vontade  ficou  suspensa.  Considerei  em  primeiro  logar,  que, 
se  escrevesse  esta  historia  em  deformidade  do  estylo  ordinário,  uma  quantidade 
de  pessoas,  que  não  íôem  erudição  e  que  estão  acostumadas  a  este  mesmo  estylo, 
enfadarse-iam  da  leitura,  desapprovando-o;  mas  veiu-me  depois  ao  pensa- 
mento que  este  estylo  commum  está  todos  os  dias  sujeito  a  mudanças,  e  que 
pouco  importaria  que  elle  desagradasse  ás  pessoas  não  letradas,  comtanto  que  os 
grammaticos  o  approvassem.  Porque  se  podessemos  uma  vez  suj-^itar  o  estylo  de 
escrever  ás  leis  da  grammatica,  ficaria  fixo,  assim  como  o  grego  litteral  e  o  latim, 
emquanto  esteve  sujeito  ás  vicissitudes  do  vulgar. 

«Continuando,  pois,  n'este  pensamento,  principiei  a  purifical-a  dos  erros 
communs  á  medida  que  se  imprimia  esta  historia,  continuando-a  assim  até  ao 
fim;  eis  o  motivo  por  que  não  é  uniforme  por  toda  a  parte.» 

Parece  que,  com  eíTeito,  compondo  a  primeira  parte,  que  termina  no  nasci- 
mento de  Jesus  Christo,  não  tinha  ao  principio  procurado  ornar  seu  estylo  com 
as  graças  que  depois  procurou  ajuntar-lhe,  e  que  só  têem  toda  a  sua  perfeição  na 
segunda  parle  e  na  terceira.  O  franco  gothieo  mana  um  tanto  em  maior  abundan- 


'  Vem  esta  apreciação  da  Historia  de  Portugal  de  Roussoac,  no  Journal  des  Sçavans,  a  pag.  188, 
do  anno  1715. 


212  RO 

cia  da  fonte,  n'estas  duas  partes.  A  segunda  comprehende  o  que  os  romanos,  os 
godos  e  as  outras  nações  do  norte  fizeram  em  Portugal  até  ao  tempo  do  conde 
D.  Henrique. 

Começa  por  estes  termos:  «A  paz  derramava  em  flocos  suas  benignas  in- 
fluencias sobre  todo  o  universo  no  anno  em  que  o  Redemptor  do  género  humano 
nasceu;  Octaviano  Augusto  mandou  fechar  o  templo  de  Juno  (o  que  então  foi 
pela  terceira  e  ultima  vez),  por  uma  alegre  demonstração  d'es8a  tranquillidade 
universal,  da  qual  participou  durante  o  resto  de  seus  dias,  n'uma  nobre  felicidade. 
Gosavam  então  os  portuguezes  também  das  graças  que  esta  bemaventurada  filha 
do  Céu  prodigalisava  então  nas  provindas  portuguezas,  que  tinham  sido  inter- 
rompidas, pelo  estimável  apreço  da  honra,  que  se  adquire  no  campo  de  Marte, 
quando  se  combate  a  favor  da  liberdade  de  sua  pátria.  Mas  todos  seus  esforços 
foram  vãos,  pois  não  se  poderam  librar  de  ser  subjugados  pelos  romanos. . . 

«Embora,  porém,  fossem  subjugados,'©  senado  romano  os  deixava  viver  em 
repouso,  com  o  fim  de  os  conservarem  com  poucas  despezas  debaixo  do  seu  jugo. 
Sendo  assim,  a  escravidão  em  que  elles  se  encontravam,  abrandada  pela  mansi- 
dão de  Quadratus  e  de  Titus  Flavius  Claudianus,  legados  de  Augusto,  que  esta- 
vam então  na  Hespanha,  lhes  era  respeitável. . . 

«No  anno  decimo  quinto,  a  morte,  diligente  escrava  de  Alropos,  foi  a  Roma 
fechar  as  pálpebras  ao  Imperador  Augusto.  A  republica  portugueza  com  isso 
ficou  dorida,  e  para  manifestar  sua  dor  assignalou-se  com  pompas  fúnebres, 
quasi  tanto  como  em  Roma.» 

A  terceira  parte  abrange  a  continuação  do  dominio  romano  e  godo;  a  in- 
vasão dos  mouros  e  sua  derrota ;  a  historia  dos  Reis  que  os  expulsaram  e  a  dos 
successores  d'estes  principes  até  á  morte  do  cardeal  Rei  D.  Henrique. 

A  respeito  d'esta  morte  o  sr.  Josué  Rousseau  exprime-se  assim:  «A  morte, 
que  viu  a  inquietação  em  que  o  Rei  cardeal  se  tinha  abysmado  por  excessiva 
ambição  mundana,  veiu  sem  demora  desatolal-o.  Signifieou-lhe,  pois,  apesar 
d'elle  estar  muito  inquieto,  que  sendo  curto  o  tempo  do  seu  reinado,  como  o  era, 
com  eífeito,  ella  lhe  concedia  um  pouco  de  praso  com  o  fim  de  poder  acabar  de 
discutir  seus  negócios  emmaranhados ;  ella,  porém,  zombou  d'elle,  e  o  tratou  do 
mesmo  modo  como  trata  aos  outros  humanos,  u  fim  de  abrir  para  o  povo  um 
caminho  seguro  para  se  desembaraçar  de  um  Rei  actualmente  irresoluto,  pois  elle 
não  tinha  procedido  até  então  senão  por  meio  de  irresoluções  inquietantes,  em 
detrimento  dos  bons  conselhos  que  lhe  suggeria. . .» 

As  observações  chronologicas  que  acompanham  o  texto  chamam-se  na 
linguagem  do  sr.  Rousseau  Noticias  chronicaes.  É  um  pequeno  amontoado  de 
occorrencias  acontecidas  em  outras  partes,  mas  não  em  Portugal.  Eis  a  primeira 
d'estas  noticias,  e  servirá  para  dar  idéa  das  outras: 

«Durante  o  tempo  d'esta  primeira  epocha,  Melchisedec  mandou  construir  a 
cidade  de  Jerusalém,  durante  o  reinado  de  Tubal  (em  Portugal)  e  um  pouco 
depois  Semiramis  mandou  edificar  os  muros  de  Babylonia.  Noé  morreu  na  Itália, 
o  qual  n'este  paiz  inventou,  antes  de  morrer,  as  fechaduras  para  fecharem  com 
segurança  as  portas.  Vesta,  que  era  a  mulher  d'elle,  instituiu  a  ordem  das  Veslaes. 
Abrahão  florescia  durante  o  reinado  de  Brigo.  As  Amazonas  tornaram-se  notá- 
veis. Phaeton  foi  á  Itália,  e  depois  de  lá  estar  occorreu  uma  sécca  tão  grande, 
que  forneceu  ensejo  aos  poetas  para  inventarem  uma  fabula.  O  Rei  de  Salem 
morreu  durante  o  reinado  de  Beto.  Durante  todos  estes  mencionados  annos.  Mel- 


RO  «13 

chisedec  morreu,  no  qual  estava  o  suinmo  sacerdócio,  que  passou  a  Jacob,  porque 
Esaú  se  tinha  tornado  indigno  d'elie.  Jacob  servia  a  Labão  durante  o  reinado  de 
Gerião.» 

Nosso  impressor  conta  a  seu  modo,  no  fim  de  suas  Noticias  chronicaes,  o 
estabelecimento  da  inquisição  no  reino  de  Portugal.  «No  tempo  em  que,  diz  elle, 
se  estabelecia  na  Hespanlia,  havia  na  corte  de  D.  Fernando  um  mancebo,  bem 
disposto,  por  nome  Saavedra,  natural  de  Córdova,  o  qual  tinha  uma  incompará- 
vel facilidade  em  contrafazer  a  letra  de  outrem.  Subtrahia  algumas  vezes  cartas 
a  seus  amigos,  imitava-as,  e  depois  de  estarem  imitadas  ficava  com  o  original  e 
entregava  as  que  tinha  imitado.  Recebiam-as  elles,  e  liam-as  sem  desconfiarem 
de  que  ellas  eram  escriptas  por  uma  outra  mão.  Depois  de  ter  assim  varias  vezes 
experimentado  sua  destreza,  fez  diligencia  para  saber  como  o  núncio  de  Roma, 
que  estava  então  na  corte  de  Hespanlia,  expedia  as  bulias  e  breves  apostólicos. 
Quando  o  soube  perfeitamente,  eommunicou  seu  projecto  a  alguns  mancebos  seus 
amigos,  o  qual  era  contrafazer  as  bulias  selladas  em  Roma,  e  ir  a  Portugal,  na 
qualidade  de  Núncio  do  Papa,  para  alli  estabelecer  um  tribunal  de  inquisição. 
Approvaram  elles  o  projecto,  e  offereceram-se  para  o  acompanharem.  Quando 
tudo  esteve  prompto,  o  falso  núncio  partiu,  devidamente  trajado,  e  lá  chegou. 
Depois  de  lá  ter  chegado  com  vestes  de  núncio,  lá  foi  recebido  sem  dififieuldade. 
Manifestou  suas  patentes  ao  Rei  e  ao  clero  de  Lisboa,  que  foram  tidas  por  ver- 
dadeiras, e  d*elle  teve  para  hospedagem  uma  casa  situada  perto  da  Ribeira,  onde 
presentemente  está  a  alfandega.  Depois  de  residir  n'aquella  casa,  mandou  prender 
uma  grande  quantidade  de  judeus,  e  mandou  processal-os  em  conformidade  com 
o  tribunal  de  Hespanha.  Estava  prompto  para  celebrar  em  publico  um  auto  de 
fé,  quando  o  Papa  ínnocencio  III,  que  já  estava  advertido  do  que  se  tinha  pas- 
sado, mandou  ordem  a  D.  João  III,  Rei  de  Portugal,  para  que  mandasse  prender 
Saavedra  como  impostor,  até  que  elle  desse  outras  ordens.  Foi,  pois,  preso  em 
Lisboa,  e  d'alli  remettido  para  Roma,  onde  foi  condemnado  ás  galés.  Porém  este 
castigo  foi  modificado,  continua  o  impressor,  por  isso  que  o  crime  commeltido 
era  em  beneficio  da  jerarehia  romana. 

«O  Papa  Pio  enviou  Luiz  Lipomano,  na  qualidade  de  núncio,  ao  Rei  de 
Portugal,  para  occupar  o  logar  de  Saavedra.  Logo  que  chegou  a  Lisboa  mandou 
continuar  os  processos  que  Saavedra  tinha  principiado  a  instaurar,  sem  innovar 
cousa  alguma  na  maneira  como  tinha  começado.  O  Rei  D.  João  proveu  então 
D.  Henrique,  arcebispo  de  Rraga,  no  cargo  de  inquisidor  geral,  e  mandou  fazer 
prisões  e  seu  auto  de  fé  no  anno  de  1540,  ao  qual  o  Rei  e  os  prelados  assistiram.» 

Algumas  estampas,  toscamente  gravadas,  acompanham  esta  observação.  Os 
pretendidos  retratos  dos  Reis  de  Portugal,  não  são  de  mão  mais  delicada,  bem 
como  as  vinhetas.  Tudo  isto  é  do  mesmo  gosto  que  o  estylo.  A  respeito  do  mappa 
de  Portugal,  que  precede  o  volume,  é  assas  bem  executado.  Os  caracteres  que  o 
sr.  Josué  Rousseau  empregou  na  impressão  são  perfeitamente  bellos,  e  nada 
obsta  a  que,  na  qualidade  de  impressor,  não  passe  por  um  bom  artista. 

nOY  (ALEXANDER ). 

La  Maison  de  Bragance.  Paris,  Edouard  Vert,  imprimeur,  in-S.»  de  29  pag. 

ROY  (M.). 

lllustrations  de  IHistoire  d'Espagne  et  du  Portugal.  Limoges,  1843,  8." 


âii  RU 

ROYAUMES  (LKS)  d'Espagne  et  de  Portvgalj  divises  par  grandes  provin- 

ceSy  colores  avec  une  belle  cartovche.  0'",30  X  0'",44. 

ROYAUMES  (LKS)  d'Espagne  et  de  Portugal,  divises  par  grandes  provin- 
ces,  dressés  sur  les  observotions  astronomiques. 

ROYAUMES  (LES)  de  Portugal.  Par  le  Sr.  Bellin.  Yem&e,chez  se.  Paris 
1776. 

ROYER  (ALPIIO.\SE ). 

ilistoire  universelle  du  Théátre.  Par .  Paris,  1869,  6  vol. 

A  Historia  do  theatto  portuguez  apparece  iio  vol.  ii,  de  pag.  263  a  312. 

ROZALES  (UZIAU ).— Porluguez. 

Panegyrico  ao  Excellentissimo  Senhor  Tristão  de  Mendonça  Furtado,  digno 
Embaixador  em  os  Estados  de  Flandres,  feia  Magestade  Serenissima  de  El-Bei 

D.  João  IV  de  Portugal.  Por .  Em  Arnslerdaín,  impresso  por  mandado  de 

Mosseh  Belmonte,  em  casa  de  Paul  Matheus,  a  2  de  Mayo.  Anno  16il. 

É  em  verso. 

RUDERS  (C.  J.). 

Nagra  anmãrkningar  ôfver  Portugall.  Slockholm,  1803. 
Portugisisk  resa  beskrifern  i  bref  til  Vãnner.  Stoekholm,  1845. 

RUE  (DR.  MR.  DE  LA ). 

Novo  methodo  de  grammatica  para  aprender  com  perfeição  e  ainda  sem  uso 

de  mestre,  a  lingua  franceza,  e  de  aUium  modo  a  portugueza.  Pelo .  Lisboa, 

na  oíBcina  patriarchal  de  Francisco  Luiz  Ameno.  8.°,  320  pag. 

RUINKEL. 

Traduziu  pára  lingua  ingleza  o  poema  dramático  Camões,  de  SlaíTeldt,  ori- 
ginal em  dinamarquez. 

RUSCALLA  (VEGEZZI ). 

11  Giodeo  portoghese,  per .  Torino,  1852. 

É  a  vida  do  celebre  cómico  portugue?  António  José  da  Silva,  auctor  de 
muitas  comedias  notáveis,  e  a  quem  a  inquisição  mandou  queimar  em  19  de 
outubro  de  1739. 

RUY  DE  PINA. 

«Muito  poucas  nações,  ou  antes  nenhuma,  nos  séculos  xv  e  xvi  causou 
maior  espanto  por  seus  feitos  heróicos;  nenhuma  fez  brilhar  tanto  a  sua  nacio- 
nalidade; nenhuma  mostrou  a  coragem,  energia  e  independência,  que  caracterisou 
este  pequeno  canto  da  Europa.  Enlâo,  abençoado  por  Deus,  ousou,  com  a  cruz 
n'uma  mão  e  a  espada  na  outra,  levar  o  pharol  da  civilisação  e  o  bálsamo  da  fé 
a  nações  descor»hecidas  e  barbaras,  adquirindo  d'est'arte  novos  florões  para  as 
coroas  dos  seus  monarchas. 


RU  íis 

«E  com  rasão  se  chama  ao  século  xv  a  epoclia  heróica  da  historia  de  Portu- 
gal, assim  como  ao  xvi  a  idade  de  oiro  da  língua  portugueza.  No  primeiro  d'estes 
séculos  vemos  apparecer  gloriosa  a  espada  de  ura  Affonso  V,  gravando  em  cara- 
cteres indeléveis  o  nome  portuguez  sobre  os  muros  ensanguentados  de  Arzila  e 
Tanger,  com  o  que  mereceu  á  historia  o  appellido  de  Africano. 

«Em  seguida,  a  imprensa,  que  apenas  se  achava  na  sua  infância,  começando 
a  publicar  importantissimas  composições  em  prosa  1  A  poesia  tomando  um  cara- 
cter singelo,  terno  e  apaixonado!  Um  sábio  infante  soltando  dos  lábios  um  su- 
bliíne  fiat  lux,  e  do  immenso  dédalo  da  nossa  legislação  formar-se  o  primeiro 
corpo  systematico  de  leis ! 

«No  reinado  de  D.  Manuel,  finalmente,  Portugal,  rico,  feliz  e  poderoso;  é 
então  que  Duarte  Galvão  e  Huy  de  Pina  publicam  as  suas  Chronkas,  que  as 
letras  e  as  artes  florescem,  que  o  celebre  Vasco  da  Gama  descobre  a  índia,  e 
Portugal  se  enriquece  com  o  commercio  do  Oriente  I 


'  Enconlram-se,  infelizmente,  nos  escriptores  das  outras  nações,  numerosas  provas  da  pouca  im- 
portância Ulleraria  que  se  nos  attribue.  Um  exemplo  bem  frisauto  achámos  na  Encydopedia  moderna, 
começada  a  publicar-se  em  Paris  em  1850,  debaixo  da  direcção  de  Mr.  Léon  Renier.  Ahi  vemos  que, 
sendo  bem  longos  os  artigos  sobre  a  historia  lilteraria  e  a  historia  politica  dos  outros  paizes,  os  que  nos 
dizem  respeito  são  relativamente  os  mais  curtos  e  mais  deficientes,  acrescendo  alem  d'islo  a  circumstan- 
cia  de  serem  todos  escriplos  por  Mr.  Léon  Vaisse,  o  qual,  por  uma  raridade  inacreditável,  se  dedicou  a 
estudar  os  annaes  tão  abundantes  e  variados  do  nosso  Portugal, 

Mencionaremos  também  o  Curso  de  litteratiira  moderna,  de  Eduardo  Menechet,  publicado  depois 
da  sua  morte,  em  1848,  o  qual,  constando  de  quatro  volumes,  apenas  consagra  trinta  e  três  paginas  á 
nossa  litteralura,  e  n'ellas  falia  somente  de  Miranda,  Ferreira  e  Camões.  Um  Bouterwek,  um  Ferdinand 
Denis  6  um  Schaefer  apparecem  raras  vezes  e  também  um  Sismondi. 


Cesl  dans  Tarchiteclure  navale  que  les  porlngais  se  sonl  toujours 
disUnguées,  et  il  faut  avouer  que  si  leurs  architecles  ne  sont  pas 
supérieurs,  ils  ne  sont  pas  non  plus  inférieurs  à  ceux  d'aucune 
aulre  nation ;  aussi  tous  les  connaisseurs  étrangers  et  nalionaux 
s'accordent-iis  à  dire  que  les  vaisseaux  portugais  sont  remarquables, 
surlout  par  Télégance  de  la  coupe,  la  soliditó  de  la  construclion  et 
Ia  céléritó  de  leur  marche. 

Balbi,  Essai  statistique,  vol.  ii,  pag.  2H. 


S,   #  #  # 

Voyages  de  France,  d'Espagne,  de  Portugal  et  dltalie.  Amsterdam,  1770, 
8."  4  vol. 

S.  P. 

The  Portugal  histonj:  or  a  relation  ofthe  troubles  that  happened  in  the  Court 
of  Portugal  in  the  years  1667  and  1668.  Lisbon,  1677,  8.%  1  vol.  347  pag. 

S.  Z.  B. 

Parecer  de  un  buen  espanol  sobre  una  question  interesante.  Cadiz,  imprenta 
palrioiica,  1813,  foi. 

«Começa  assim:  «Se  trata  de  si  conviene  poner  ai  frente  de  la  regência  de 
Espana  á  la  Sefiora  Doila  Carlota  Joaquina,  Princeza  dei  Brasil. > 

O  auctor  favorece  esta  opinião. 

SÁ  (DOX  ANTÓNIO  DE  AZEVEDO  Y ).— Portuguez. 

Sermones  dei  D.  F.  Francisco  Fernandez  Galvan,  Arcediano  de  Cerbera  en  el 
Arzobispado  de  Braga.  Los  qiiales  contienen  desde  el  ultimo  Miercoles  de  Ceniza, 
hasta  la  Dominica  de  la  Octava  de  Pascua.  Traducidos  de  lengua  portuguesa  en 

caslellana,  por .  Con  licencia.  En  Barcelona,  en  casa  de  Sebastian  Matevad. 

A  costa  de  Juan  Simon,  mercader  de  libros.  Ano  1615,  4.",  185  folhas. 


■2i«  SA 

SAARS  (JOHANIV  JACOB  ). 

«Sir  Eirierson  Tennent  faz  menção  de  Saars  como  auctor  de  uma  relação 
allemã  da  campanha  em  que  Colombo  foi  tomada  ^k 

SAAVEDRA  (D.  HEI\lVAI\DO  DE  MOLINA  Y  ). 

Epistola  apologética  a  D.  Felipe  el  Grande  contra  el  parecer  de  cierto  minis- 
tro consultado  por  S.  Magestad  sobr&la  recuperacion  de  Portugal.  Colónia  Agrippi- 
na,  1650,  4." 

SABRAN  (LUÍS ).— Natural  de  Londres. 

Sermon  préché  à  Londres^  1687  lors  de  la  fête  de  Saint  François  Xavier. 
Imprime  à  Londres,  1687,  in-4.°,  39  pag. 

SACRA  RITUUM  Congregatione  Ex.'"''  et  Rev  ■"'»  D.  Card.  Origo  Meliapu- 
ren.  Beatificationis  sen  Declarationis  Martyrii  Ven.  Servi  Dei  loannis  de  Brito 
Sacerdotis  Professi  Societatis  Jesu.  In  odium  Fidei  a  Regulo  Marava  interfecti. 
Positio  super,  dúbio  an  sit  signanda  Commissio  Introductionis  Causae  in  casu,  et 
ad  effectum  de  quo  agitur,  Romae,  1714.  Typis  Reverendae  Camerae  Apostolicae. 
Foi.,  10  pag. 

Summarium  super  Introductione  Causae  et  Signatura  Commissionis.  In- foi.» 
pag.  51. 

Animadversiones  R.  P.  D.  Fidei  Promotoris  super  Dúbio;  an  signanda  Com- 
missio introductionis  Causae  in  casu,  etc.  In-fol.,  pag.  4. 

Responsio  ad  Animadversiones  R.  P.  D.  Fidei  Promotoris  super  Dúbio  an  sit 
signanda  Commissio  introductionis  Causae  in  casu,  etc.  Foi.  pag.  20. 

Summarium  additionale  super  Dúbio  an  sit  signanda  Commissio  Introductio- 
nis Causae  in  casu,  etc.  In-fol.,  pag.  11. 

Sacra  Rituum  Congregationis  Ex."""  et  iíej?.™"  Card.  S.  Clementis  Meliapuren. 
Beatificationis  seu  Declarationis  Martyrii  Ven.  Servi  Dei  Joannis  de  Britto  Sacer- 
dotis Professi  Societatis  Jesu.  Secunda  positio  super  dúbio  an  constei  de  Martyrio, 
et  causa  Martyrii;  nec  non  de  Signis,  seu  Miraculis  in  casu  et  ad  affectum  de  quo 
agitur.  Homae,  1744,  ex  typographia  Rev.  Camarae  Apostolicae,  Foi.,  18  pag. 

São  as  novas  Animadversiones  R.  P.  Fidei  Promotoris  super  dúbio  an  constei 
de  Martyrio  et  causa  Martyrii  in  casu  et  ad  effectum,  etc. 

Responsio  ad  Novas  Animadversiones  R.  P.  Fidei  Promotoris,  super  dúbio, 
etc.  Pag.  114. 

Aliae  Animadversiones  R.  P.  Fidei  Promotoris  super  dúbio,  et  de  quibus 
Signis  seu  Miraculis  constei  in  casu  et  ad  effectum,  etc.  Pag.  11. 

Responsio  ad  Alias  Animadversiones  R.  P.  Fidei  Promotoris  super  dúbio  an, 
et  de  quibus  signis,  etc.  Pag.  68. 

Summarium  additionale  super  dúbio  an,  et  de  quibus  signis,  etc.  Pag.  10. 

Consilia  Medico -Phisica  (sic)  in  sensu  ventatis  de  mandato  Eminentissimi 
Ponentis  tradita  ab  Alexandra  Pascoli  archiatrorum  in  Vrbe  Collega  consiliario, 
et  in  archigymnasio  Romano  praxis  medicae  professore  primário.  Pag.  23. 


'  Tolbort,  Audoridades  para  a  lãsturia  dos  porlufiuezes  na  índia.  Nn  Instituto  Vasco  da  Gama. 
Nova  Goa,  1874,  pag.  136. 


SA 


âi9 


O  processo  foi  interrompido  e  continuado  em  1851.  O  padre  Joseph  Boero, 
postulador  das  causas  da  bealificação  e  da  canoiíisnção,  continuou  com  ardor  e 
levou  a  bom  termo  este  processo  tão  importante  para  os  ritos  malabares,  que 
encontram  sua  jusliíicação  na  beatificação  do  venerável  João  de  Brito. 

Sacra  Rituutn  Congregatione  Ex."^"  et  fieu."'»  Domino  delia  Genga.  Meliapnren. 
Beatificationis,  seu  dedarationis  martyrii  Ven.  Servi  Dei  Joanni.^  de  Britto  Sa- 
cerdotis  Professi  Societatis  Jesu.  Prima  Positio  svper  dúbio  an  constei  de  Martyrio 
et  causa  Martyrii;  necnon  de  signis  seu  miraculis,  in  casUj  et  ad  elfectum,  de  quo 
agiíur.  Romae,  1S51.  Ex  typographia  Josepbi  Brancadoro,  in-fol.,  3(>  e  3á4  pag. 

Secunda  Positio  super  diihio  an  constet  de  Martyrio  et  causa  Martyrii^  nec  non 
de  signis  seu  miraculis j  in  casu  et  ed  elfectum,  de  quo  ogitur.  Romae,  1851.  Ex 
typographia  Josepbi  Brancadoro,  in-foi.,  245  pag. 

Novissima  positio  super  dúbio  an  constet  de  Martyrio  et  causa  Martyrii,  nec 
non  de  signis  seu  miraculis  in  casu  et  ad  effeclum  de  quo  agitur.  Romae,  1851. 
Ex  typograpbia  Brancadori,  in-fol.,  7  pag. 

Novissimae  animadversiones  R.  P.  Promotoris  Fidei  super  dúbio  an  constet 
de  Martyrio  et  de  causa  Martyrii  in  casu,  etc.  Pag.  19. 

ílesponsio  ad  novissimas  animadversiones  R.  P.  Promotoris  fidei  super  dúbio 
an  constet  de  Martyrio  et  de  causa  Martyrii,  nec  non  de  signis  seu  miraculis  in 
casu,  etc.  Pag.  32. 

Summarium  additionale.  Pag.  6. 

Votum  quod  super  quatuor  miraculis  pro  veritate  ferebat  Joseph  de  Matthaeis 
publicus  medicinae  professor  in  Romana  Universitate,  ex  Archiatrorum  Collegio, 
Pag.  5. 

Informatio  super  dúbio  an  constet  de  Martyrio  et  causa  Martyrii,  nec  non  de 
signis  seu  miraculis.  Homae,  1851.  Ex  typographia  Josepbi  Brancadoro,  in-fol., 
9  pag. 

Positio  super  dúbio,  an  stante  approbatione  Martyrii  et  signorum  Tuto  pro- 
cedi possit  ad  solemnem  V.  S.  D.  Beattficationem?  Romae,  1851.  Ex  typographia 
Josephi  Brancadoro,  in-fol.,  10  pag. 

O  padre  Boero  lavrou,  emíim,  os  decretos:  do  Martyrio,  datado  de  29  de 
outubro  de  1851;  do  Tulo,  datado  de  17  de  fevereiro  de  1852;  da  Beatificação, 
datado  de  18  de  maio  de  1852,  e  compoz  o  ofiQcio  do  beato  João  de  Brito. 

Lettre  du  P.  Lainez,  supérieur  de  la  mission  du.  Madure,  aux  Peres  de  la 
Compagnie,  traduite  du  portugais,  sur  la  mort  du  vénérable  Père  Jean  de  Brito. 
Le  10  Février.  Nas  Letlres  édifiantes  et  curieuses.  Paris,  1839,  in-8.°,  tomo  ii, 
pag.  2i9-2o7. 

Traduzida  para  allemão  no  Wetl  Bott  do  P.  Stõcklein,  tomo  ii,  n.''57,  pag.  88 
a  96.  Brief  R.  P.  Francisci  Lainez  S.  J.  an  gesamte  Missionários  in  Madura,  ge- 
schrieben  allda  den  10  Febr.  1693.  Von  dem  Helden  miithigen  Tod  V.  P.  Joannis 
de  Britto  e  S.  J.  so  den  4  Febr.  1693  um  des  Glaubens  willen  ist  hingerichtet 
werden. 

Illustre  certamen  R.  P.  Joannis  de  Britto  e  Societate  Jesu  Lusitani,  in  odium 
Fidei  a  Regulo  Marava  trucidati,  quarta  die  Februarii  1693.  Auture  R.  P.  Joanne 
Baptista  de  Maldonado,  Societatis  Jesu.  Antuerpiae,  apud  Petrum  Jouret,  1697, 
in-i.»,  50  pag. 


m  SA 

SAGGIO  di  Storia  Americana  do  P.  Ph.  S.  Gilii.  Serie  i,  pag.  337. 

Encontra-se : 

Descriptio  cursm  fluminisj  cui  nomen  Orinoco  domini  Survillé  ad  minores 
mensuras  redacta. 

É  obra  do  jesuíta  portuguez  Eusébio  da  Veiga,  fallecido  em  Roma  no  anno 
de  1798. 

Descriptio  cursus  fluminis  nomine  Madalena. 

Foi  estampada  na  Perla  Americana  do  padre  António  Julian,  serie  vi,  pag.  243. 

SAGNIER  (HENRI  ). 

Diz  o  Jornal  do  Commercio,  n.°  7:408,  que  este  escriptor  francez  tem  publi- 
cado trabalhos  notáveis  sobre  a  estatística  agrícola,  tanto  de  Portugal  como  da 
Holianda. 


SAIGNE  (LUCIEIV  DE  LA ). 

Le  Portugal  historique,  commercial  et  industriei,  par .  Paris,  A.  Levy, 

libraire  éditeur,  4.«,  v-83  pag. 

É  dedicada  esta  obra  a  Sua  Magestade  El-Rei  D.  Luiz. 

«...  Como  se  vê,  Portugal  tem  em  tudo  uma  grande  prioridade  sobre  a 
Hespanha,  mormente  considerado  pelo  lado  histórico,  pois  já  estava  livre  dos 
sarracenos,  e  possuia  seus  limites  naturaes  muito  tempo  antes  que  a  Hespanha 
houvesse  libertado  seu  solo  do  jugo  mahometano. 

«...  Que  povo  occupa  um  logar  mais  glorioso  nos  fastos  da  idade  media, 
do  que  o  que,  durante  mais  de  dois  séculos,  conquistou  uma  multidão  de  ilhas, 
dictou  leis  nas  margens  do  Ganges,  fundou  na  índia  cidades  immensas  e  feitorias, 
cobriu  com  seus  numerosos  navios  todos  os  mares,  e  repartiu  com  a  nação  hes- 
panhola  immensas  regiões,  das  quaes  um  Papa  marcava  os  limites?» 

SAINT-HILATRE  (AUGUSTE ). 

Voyage  dans  les  provinces  de  Rio  de  Janeiro  et  de  Minas  Geraes.  Voyage 
dnns  le  district  des  diamants  et  sur  le  littoral  du  Brésil.  Paris,  1830  a  1833,  4  vol. 

SAINT-LO  (ALEXIS  DE ). 

Relation  du  Voyage  de  Cap-  Verd,  par  le  R.  P.  ^  Capucin.  A  Paris,  chez 

Fr.  Targa,  1637,  in-8.o 

«Volume  raro.  Foi  publicado  por  Bernardim  de  Renouard,  o  qual  collabo- 
rou  na  sua  redacção.  O  auctor  morreu  em  Rouen,  no  anno  de  1638  ^  Vale  25  a 
30  francos.» 

SAINTE  BARBE. 

Escreveu  um  livro  acerca  de  Camões. 

V.  Diário  de  noticias  de  5  de  março  de  1880. 


•  Descbamps  cl  G.  Brnoet,  SuppUment  au  Manuel  du  libraire  de  Bumet,  vol.  ii,  pag.  563. 


SA  221 

SAIiVTE  3IARTHE. 

A  Genealogical  Hi^tory  of  the  Kings  of  Portugal.  Writtm  in  french  by  Scevole 
and  Lovis  de  Sainte  Marthe.  1628.  Rendercd  into  english  and  continued  by 
Fr.  Sandford.  London,  1662,  foi. 

SAIXCTONGE  (GILLOT ). 

Histoire  sécrète  de  Dou  Antoine,  Roy  de  Portugal.  Paris,  au  Palais,  chez  Jean 
Gingnaid,  1696,  ia-8.« 

SAL  V  (OUATIO  ). 

Vita  dei  P.  Amadeo  de  Portogallo,  Min.  Osser.  di  S.  Francesco.  Milano. 

SALANIO  (LUSITANO ), 

Discursos  potiticos  y  militares  en  la  vida  dei  Conde  D.  Nuno  Alvares  Pereyra. 
Zaragoza,  1670,  k." 

SALCEDA  (PAULO ).— Jesuíta,  hespanhol,  natural  de  Valladolid. 

Elogio  de  S.  Juan  de  Dios.  En  Mejico,  por  Ribera,  1625. 

SALDE  (JUAIV  OCHOA  DE  LA ).— Prior  perpetuo  de  San  Juan 

de  Latran. 

Primera  Parte  de  la  Carolea  Inchiridion,  que  trata  de  la  vida  y  hechos  dei 
Invictissimo  Emperador  Don  Carlos  Quinto  de  este  Nombre^  y  de  muchas  notables 
cosas  en  ella  succedidas  hasta  el  ano  de  1555.  Dirigida  ai  Excelentisimo  Seiior 
Don  Álvaro  de  Baçan,  Marquês  de  Santa  Cruz,  Comendador  mayor  de  Leon,  dei 
Consejo  de  Su  Majestad  y  su  Capitan  general  dei  Mar  Oceano  y  Reynos  de  Portu- 
gal. Recopilada  en  dos  Partes,  por .  Impresa  con  licencia  dei  Consejo  general 

de  la  Santa  Inquisicion.  Afio  de  1585.  Con  privilegio  real.  Foi.,  444  folhas. 

No  fim : 

«Fué  impresa  esta  primera  parte  de  la  Carolea  Inchiridion  a  costa  de  su 
mismo  auctor,  en  su  própria  posada,  en  Lisboa,  por  Marcos  Borges,  António 
Ribero  e  António  Alvares,  impresores,  con  licencia  dei  supremo  consejo  de  la 
Santa  inquisicion,  como  es  costumbre  en  estos  reynos.  Acabóse  a  los  xx  dei  mes 
de  deciembre  de  1585.» 

Parece  que  a  segunda  parle  promettida  d'esta  obra  nunca  se  publicou.  Pelo 
menos  assim  era  até  ao  tempo  de  Nicolau  António  i. 

Embora  seja  esta  obra  destinada  a  tratar  das  acções  do  Imperador  Carlos  V, 
comtudo  ainda  ignoro  se  trata  mais  d'elle  ou  dos  feitos  dos  portuguezes.  Salde 
escreve  muito  por  miúdo  acerca  de  tudo  quanto  os  nossos  praticaram  durante  a 
vida  de  Carlos  V. 

O  escriptor  portuguez  que  pretender  escrever  a  respeito  dos  reinados  de 
D.  Manuel  e  D.  João  III,  deve  consultar  esta  obra,  que  é  importante. 

SALT  (HEIVUY ). 

A  voyage  to  Abyssinia,  and  traveis  into  the  interior  of  that  country,  in  1809 
and  1810,  in  which  are  included  an  account  of  the  portuguese  settlements  on  the 


Nicol.  Ant.,  Bibliot.  Nova,  vol.  i,  pag  750. 


222  SA 

east  coast  of  Africa,  iogelher  with  vocahularies  oftheir  respective  languarjes,  by . 

London,  1814. 

SALVA  (VIIVCENT ). 

A  Catalogue  of  Spanish  and  Porluguese  books  ivith  occasional  Utterary  and 
hibliographical  remarJcs.  London,  1826,  in-8.*» 

SALVADOR  (JUAX ). 

Catalogtis  plantarum  qiiae  in  herbariis  méis  demonstrantur,  por . 

Manuscripto  guardado  na  bibliotheca  de  sua  família,  existente  em  Barcelona*. 

«Estão  notadas  n'elle  as  diversas  localidades  onde  as  plantas  foram  colhidas. 
Emquatito  ás  peninsulares,  particularmente,  guarda-se  também  n'esta  família  uma 
nota  manuscripta  d'aquellas  que  foram  observadas  pelo  mesmo  Juan  Salvador, 
na  companhia  de  Jussieu  (António  e  Bernardo),  na  viagem  que  fizeram  desde 
outubro  de  1716  até  fevereiro  de  1717,  percorrendo  Catalunha,  Valência,  Murcia, 
Andaluzia,  Estremadura  e  Portugal,  atravessando  depois  Galliza,  Leão  e  as  Cas- 
tellas,  quando  se  retiravam.  Do  itinerário  de  Jussieu  (António),  junto  com  o  de 
Tournefort,  possuiu  Pourret  uma  copia,  tendo-lhe  acrescentado  a  nomenclatura 
lineana,  como  o  fez  no  herbario  da  familía  de  Salvador,  que  se  conserva 
também  em  Barcelona.  Alem  d'isto,  na  bibliotheca  de  Jussieu  existia  um  Cata- 
logns  plantarum  rarioriim  in  insulis  Balenribm,  anno  1712  observatarum.  Por 
Juan  Salvador.  4  foi.,  in-12. 

SALVATORI  (FILIPPE  MARIA ).— Jesuita,  natural  de  Roma. 

Compendio  delia  vila  di  S.  Francesco  Saverio.  Roma,  Puccinelli,  1795. 

SALVE  querem  un  fidelisimovasalo  que  por  verlo  a  su  legitimo  dueno  estuvo 
preso  en  una  carcel,  dando  gradas  a  Nuestra  Senora  de  Atocha,  en  aplauso  y  re- 
gocijo  de  la  feliz  restauracion  de  Madrid,  ai  apaoble  dominio  de  sus  Reyes  Cató- 
licos, D.  Felipe  V  y  Dona  Maria  Luisa  Gabriela,  por  sus  felicisimas  y  victoriosos 
armas  Dedicala  su  Autor  ai  fíev.  P.  D.  Fr.  Francisco  Lozano,  Prior  dei  muy 
religioso  y  afectisimo  Monasterio  de  Monges  de  San  Basilio,  de  esta  muy  leal  y 
coronada  vila  de  Madrid. 

Guerra  da  successão. 

SAMPAYO  (PETRO  DE  VILLAS  BOAS ).— Júris  Civilís  Doctore, 

S.  Inquisitionis  Júdice  df^putato,  Portuensis  Curiae  Senatore,  in  Conimbricensí 
Academia  publico  Institutionum  professore,  quondam  in  Ponlíficio,  Regalique 
simul  D.  Petri  Collegio  Collega. 

Epitome  Juridica  in  qua  prcecipua  fundamenta,  quibus  Doclorum  Legum  jus 
ad  Canonicatus  Doctorales  asseritur,  compendiario  contrahuntur.  Ad  Joannem  V 

Lusilaniae  Regem.  Authore .  Conímbricae,  Ex  typographia  Antonií  Simoens 

Ferreyra,  Universítalis  Typog.  Ano  Dní.  1736,  4.%  76  pag. 


D.  Miguel  Colmeiro,  La  bolanica  y  los  botânicos  de  la  península  hispano-lusUana,  pag.  69. 


SA  223 

SAMPEUE  (GEUOXYMO ). 

Soneto  a  George  de  Monte  Mayor^: 

Parnaso,  monte  sacro  y  celebrado, 
Museo  de  Poetas  deleyloso, 
Venido  ai  parangon  con  el  famoso, 
Pareceme  que  estás  desconsolado. 

.    Esfoylo  con  razon,  pués  se  han  passado 
Las  Musas  y  su  coro  glorioso, 
A  ese  que  és  Mayor  Monte  dichoso, 
Eu  quieu  mi  fama  y  gloria  se  han  mudado. 

Dichosa  fué  en  estremo  su  Diana, 
Pues  para  ser  dei  orbe  más  mirada, 
Mostro  en  nl  Monte  excelso  su  grandeza. 

Al  li  vive  en  su  loa  soberana. 
Por  todo  el  universo  celebrada, 
Gosando  celsitud,  que  és  mas  que  alteza. 

SAMSEDE  DIGTE.  Kjobenhavn.  1843,  2  vol. 

No  vol.  II,  pag.  269  a  287,  vem  um  poemeto  intitniado:  Camoens.  Acha-se 
traduzida  nos  Eccos  da  Lyra  teiitonica.  A  primeira  edição  é  de  1808. 

SANCHEZ    (EL    MAESTllO    FRAIVCISCO  ).— Cathedratico    de 

prima  de  rbetorica  en  la  universidad  de  Salamanca. 

Na  traducção  dos  Limadas j  de  Luiz  Gomes  de  Tapia,  edição  de  1580,  faz 
um  grande  elogio  a  Camões. 

SANCTO   (FR.  JOSEPH  DO  ESPIRITO ).— Carmelita  descalço. 

Sermam  decimo  do  Menino  Jesu  em  seu  nascimento,  pregado  em  Madrid  no 
Convento  das  Descalças  Carmelitas.  1671,  4.",  18  pag. 

Sermam  undécimo  da  Exallaçam  da  Santa  Cruz,  entrada  dos  jejuns  da 
Ordem,  e  memoria  do  resgate  da  Santa  Imagem  do  Crucifixo  captivo.  Em  o  Con- 
vento dos  Carmelitas  Descalços  de  Madrid.  Anno  1671. 

Sermam  duodécimo  de  acçam  de  graças  ao  Anjo  da  Guarda  da  Senhora  Du- 
qiieza  de  Maqueda,  por  ovella  livrado  do  perigo  de  húa  queda  que  deu  de  hum 
coche  alheyo.  Pregado  na  Igreja  de  Santo  António  dos  Portuguezes,  em  Madrid. 

Todos  estes  sermões  são  em  portuguez. 

SANCTO    (SALVADOR   DO   ESPIRITO  ).  — Pregador  de   Suas 

Magestades,  capucho  arrabido  e  prelado  das  religiosas  da  sua  proyincia  Capel- 
laens  (sic)  da  mesma  Rainha  e  Senhora  Nossa. 

Sermam  da  Cinza  pregado  na  corte  de  Londres,  na  Capella  da  Real  Mages 


'  Enconlra-sc  na  edição  de  Lijboa,  de  1624. 


22*  SA 

tade  da  Sereníssima  Rainha  da  Gr an- Bretanha,  em  8  de  fevereiro  de  1665.  Por 
Fr. .  Impresso  por  mandado  de  Sua  Magestade.  4.»,  23  pag. 

SANCTORUftl  ígnatii  et  Xaveri  in  Divos  relatorum  Triumphus  Bruxellae 
ah  Aula  et  Urbe  ceJebratus.  Bruxellae,  apud  Joannem  Pepermannum  Typogra- 
phum  Civitatis  sub  Bibliis  aureis  (sem  data),  in-8.",  105  pag. 

A  dedicatória  ao  senado  de  Bruxellas  é  assignada  por  G.  van  Bemmell. 

SANDOVAL  (D.  JUAN  DE ). 

Ensayos  poéticos, por .  Lisboa,  en  la  Imprenla  Nacional,  1855, 4.°,  106  pag. 

SANE  (A,  M. ). —  Traducteur  des  Poésies  lyriques  portugaises  et  de 

VHistoire  Chevaleresque  des  Maures  de  Grenade. 

Nouvelle  Grammaire  portugaise,  suivie  de  plusieurs  essais  de  traduction 
française  interlinéaire,  et  de  différents  morceaux  de  prose  et  de  poésie  extraits  des 
meilleurs  classiques  portvgais.  Paris,  8.°  gr.,  xv-381  pag. 

SANNA  (D.  VICENTE  BACALLAR  Y ).— Marquês  de  San  Felipe. 

Commentarios  de  la  Guerra  de  Espana  desde  el  principio  dei  reinado  de  Fe- 
lipe Quinto  hasta  la  paz  general,  &e.  Por .  A  Bruxelles,  chez  François 

Foppens,  1712,  in-fol.,  483  pag. 

Traduzidas  para  francez  com  o  titulo  de :  Mémoires  pour  servir  à  VHistoire 

sous  le  règne  de  Felipe  V,  &c.,  par .  Tradnits  de  1'Espagnol.  A  Amsterdam, 

chez  Zacharie  Chalelain,  1756,  4  voL,  in-8.« 

Pôde  esta  obra  ser  útil  a  quem  tratar  de  escrever  acerca  da  guerra  da  suc- 
cessão. 

SANSON  (M.  P.  MOULLART ) — Géographe  ordinaire  du  Roi. 

Carte  de  VAmérique  Méridionale,  représentée  selon  le  rapport  que  toutes  ses 
parties  ont  avec  les  Cieux,  entr'elles  et  avec  VHistoire;  ou  Von  trouve  les  climats  et 
les  principales  régions  soudivisées  en  moindres;  les  Ètats  des  Français,  des  Cas- 
tillans,  des  Portugais,  des  Hollandais,  et  plusieurs  peuples  naturels  libres.  Duas 
folhas.  Obra  dedicada  ao  abbade  Mignon. 

Vem  noticia  d'esla  obra  no  Journal  des  Sçavans,  de  1707,  supplemento, 
pag.  85. 

SANSON  (SR.   ). 

Le  Royaume  de  Portugal  et  des  Algarves,  divise  en  ses  archevechés,  evêches  et 
territoires.  Par  .  Paris,  chez  Jaillot,  1695. 

L'Espagne  divise  en  ious  ses  royaumes  et  principautés,  suivant  quils  sont 
compris  sous  les  couronnes  de  Caslille,  d'Aragon  et  de  Portugal.  Tire  de  plusieurs 
mémoires  par  le .  Paris,  Juillet,  1692. 

SANSON  D^ABBENVILLE. 

El  Regno  de  Portugallo.  Paris,  1654. 

SANTA  MARTIIA. 

Wine  trade  of  Portugal  (Meetiag).  Translated.  London,  18i5. 


SA  225 

SANTARÉM  (VISCOUNT  OF ). 

A  Statement  of  facts,  proving  the  right  of  the  Croivn  o f  Portugal ,  etc.  Trans- 
lated  into  english  from  the  original  portuguese  of  Viscount  of  Santarém.  London 
1856,  8.0,  foi.  de  44  pag. 

SAXTILIIER  (ALEIXO  COLLOTES  DE ). 

A  pag.  165  do  vol.  ii  da  Academia  dos  singulares  de  Lisboa,  apparece  uma 
poesia  latina  d'este  auctor. 

SANTIS  (GTO.  BATTISTA  DE ). 

La  fama  per  Varrivo  in  Roma  delV  Eccellentiss.  Signor  Francesco  Sosa,  Am- 

basciador  di  Portugallo.  Oda  di .  Indrizzata  ai  medessimo  Eccelentissimo  Am- 

basciador  di  Portogallo.  In  Roma,  per  Nicol'  Angelo  Tinassi.  1670,  4.» 

SAIVTISTEBAIV. 

Recitou  em  1871,  em  Madrid,  por  oceasião  de  irem  visitar  aqueila  cidade 
vários  escriptores  portuguezes,  a  seguinte  poesia: 

Yo  brindo  por  San  Izidro  invento  Ia  homeopatia, 

Santo  plebeyo  y  vulgar,  más  de  diez  siglos  hará, 

que  hoy,  si  no  estuviera  muerto  que  siendo  el  agua  un  protesto, 

quizás  fuera  federal.  la  fé  es  la  que  ha  de  salvar. 

Que  él  dei  vapor  en  las  alas,  Pêro  á  fé  que  daha  punto 

por  ser  su  festividad,  á  su  milagrosidad, 

nos  trajo  a  nuestros  hermanos  se  usando  de  su  influencia 

que  viven  en  Portugal.  en  la  corte  celestial. 

Si  muchos  milagros  hizo,  alcanzaba  dei  Eterno 

milagro  mayor  hará  que  hubiere  ventura  y  paz, 

estrechando  antiguos  lazos  buen  gobierno  y  mucho  orden 

que  no  se  rompam  ya  mas.  en  Espana  y  Portugal; 

Fué  un  milagro  de  importância  y  cada  hermano  en  su  casa 

dar  salida  á  un  manancial  dijere:  «Que  bien  se  está; 

que  curase  calenturas,  por  lo  amable  y  lo  pacifica 

que  es  el  método  aleman.  me  gusta  la  vecindad.» 

Los  hermanos  viven  juntos, 
cada  cual  con  su  caudal ; 
se  aman ;  se  sirven,  se  abrazan, 
y  Dios  hace  la  demas. 

SAIVTOS  (J.  DE ). 

Chronologia  hospitalera  y  resumen  historial  de  la  sagrada  religion  dei  glorioso 
Patriarcha  S.  Juan  de  Dios.  Madrid,  1715-1716,  2  vol.,  foi. 

SANVITORES  (DIEGO  LUIZ ).— Jesuita,  natural  de  Burgos. 

El  Apostol  de  los  índias  S.  Francisco  Xavier.  En  Mejico,  por  Lupercio,  1662, 
in-4." 

i5 


m  SA 

S  AR  ABI  A  (DO]\  ANTÓNIO  DE ).  — Secretario,  que  fué,  dei  eer- 

tamen  poético. 

Justa  literária^  Certamen  poético,  o  sagrado  influxo,  en  la  solemne,  quanto 
deseada  Canonizacion  dei  Pasmo  de  la  Caridad,  el  glorioso  Patriarca  y  padre  de 
pobres,  San  Jiian  de  Dios,  fundador  de  la  Religion  de  la  Hospitalidad.  Celebròse 
en  el  claustro  dei  Convento  Hospital  de  Nuestra  Senora  dei  Amor  de  Dios,  y  Vene- 
rabie  Padre  Anlon  Martin,  de  esta  Corte,  el  domingo  diez  de  Junio  dei  ano  de  mil 
seiscientos  y  noventa  y  uno.  Dedicada  ai  Revere^idisimo  P.  Fr.  Francisco  de  S.  An- 
tónio, General  que  ha  sido  dos  veces  de  dicha  Religion,  su  primer  discreto  y  defini- 
dor perpetuo,  Comisario,  que  fué,  en  las  fiestas  de  la  referida  Canonizacion,  y  la 
descrive.  En  Madrid,  en  la  imprenta  de  Bernardo  de  Vilia-Diego,  afio  de  1698. 
8.**,  375  pag.  Em  prosa  e  verso. 

SAUDOU  (VICTORIEN )  e  NAJAC. 

«Subiu  á  scena  no  thealro  da  opera  em  Paris  uma  peça  em  três  actos:  Les 
noces  de  Fernande,  cuja  acção  se  passa  em  Lisboa,  entre  personagens  portugue- 
zes  de  pura  phantasia. 

«A  musica  é  de  Daífés  e  o  libreto  de  Victorien  Sardou  e  Nanjac.  Teve 
pouco  mais  de  mediocre  acolhimento*» 

SARUABAT  (NICOLAU ).— Jesuita,  natural  de  Lyon. 

Daphnis  Pastor,  seu  S.  Franciscus  Xaverius  Philosophiae  Patronus,  per  após- 
tolicos  suos  vitae  labores  sacris  Eclogis  celebratas.  Viennae  Austríae.  Typis  Si- 
monis  Schmid,  1719,  in-8.« 

SARRAZIN    (DOM   JEAN ) — Abbé  de  Saint  Vaast,  du  Conseil 

d'État  de  Sa  Majesté  Gatholique,  Son  Premier  Conseiller  en  Arthois,  &e. 

Ambassade  en  Espagne  et  en  Portugal  (en  1582)  du  R.  P.  en  Dieu .  Par 

Philippe  de  Caverel,  religieux  de  Saint-Vaast.  Arras,  typographia  de  A.  Courtin, 
1860. 

SARUCCO  (JAHACOB  DE  SALOMOH  HIRQUIAN ). 

P7'axe  da  arithmetica.  Amsterdam,  1766,  4.",  1  vol.,  63  pag. 

O  sr.  Pedro  José  da  Silva,  lente  no  instituto  agrícola,  teve  um  exemplar. 

SASSETTI  (RICARDUS  RAIMUNDUS  DE  NOGUEIRA ).— Ex 

(]intra  Lusitanus,  Medicinae  Candidatus. 

Theses  quas  annuente  Summo  Numine,  ex-auctoritate  Rectoris  magnifici  Petri 
Franc.  Xav.  de  Ram,  Eccl.  Metrop.  Mechl  Can.  Hon.,  S.  Theoíog.  et  SS.  Can. 
Doctoris,  Ord.  Leopold.  Eq.  Acad.  Cath.  et  Reg.  Brux.  Sodalis,  et  consensu  Facul- 
tatis  Medicae,  Praeside  Joan.  Maria  Baud,  Med.  Chir.  et  Art.  Obstetr.  Doct.,  Medic. 
Pathol.  Prof.  Ord.  Leopold  et  Leon.  Delg.  Eq.  Fac.  Med.  P.  T.  Deano.  Pro  gradu 
Doctoris  Medicinae,  in  Universitate  Catholica  in  Oppido  Lovaniensi  rite  et  legitime 
consequendo  publica  propugnabat .  Die  Xlmensis  Junii,horaXI.  an.  MDCCcxLir. 


Diário  illustrado  de  26  de  novembro  do  1878. 


SA  2" 

Lovanii,  Excudebant  Vanlinthout  et  Vandenzande,  Universilatis  Typographi.  8." 
gr.  As  respostas  são  em  francez. 

SAUTER  (Dll.  IR.  ). 

Aesthetische  Exciírsionen.  Leipzig,  1875,  255  pag.  in-8.° 
Cap.  X.   Rúckhlicke,  kleine  Siluationsbilder.  iv.  Dichterelend  u.  Dichtertod^ 
pag.  225.  Camoens. 

SAUVAGES  (LOUIS ). 

Six  móis  en  Portugal.  1861. 

SAVARY  (M.). 

Lettres  sur  VEgypte,  ou  Von  offre  le  parallèle  des  moeurs  anciennes  et  moder- 
nes  de  ses  habitants;  ou  Von  décrit  1'état,  le  commerce,  Vagriculture,  le  gouverne- 
ment  et  la  réligion  du  pays;  la  descente  de  Saint-Louis  à  Damiette,  tirée  de  Join- 
ville et  des  auteurs  árabes;  et  Vhistoire  interessante  d' Ali  Bey  et  de  ses  successeurs. 

Par .  Deuxième  édition.  Ornée  de  cartes  géographiques  et  augmentée  dune 

table  alphabétique  des  matières.  A  Paris,  chez  Arthus  Bertrand.  1801.  4  vol., 
in-8.° 

No  vol.  II,  a  pag.  177,  acha-se  a  seguinte  passagem,  que  nos  diz  respeito: 

«Os  antigos,  exceptuados  os  egypcios  (trata-se  do  Nilo),  ignoraram  sua  nas- 
cente. No  ultimo  século  um  jesuita  portuguez  pretendeu  tel-a  descoberto.  Eis  o 
que  elle  diz: 

«Na  provincia  de  Sahal,  situada  ao  occidente  do  reino  de  Goiam,  e  a  cujos 
habitantes  dão  o  nome  de  Agus,  encontram-se  as  nascentes  do  Nilo.  São  duas 
fontes  profundas,  colloeadas  n'um  logar  elevado.  A  terra  em  volta  é  pantanosa, 
e  treme  debaixo  das  passadas.  A  agua  esguicha  do  pé  da  montanha  com  um  som 
parecido  com  o  de  um  tiro  de  peça.  Depois  de  ter  corrido  durante  algum  tempo 
pelo  valle,  recebe  um  segundo  regato,  que  vem  do  lado  do  Oriente.  Reunidos, 
dirigem  seu  curso  para  o  norte.  Outras  duas  correntes  alli  desaguam  e  formam 
um  ribeiro  que  descarrega  no  rio  leman,  e,  depois  de  longos  circuitos  para  o 
poente,  lança-se  n'um  grande  lago.  Ao  sair  d'este  lago  forma  o  rio  Nilo,  que  pre- 
cipita seu  curso  para  o  Mediterrâneo.» 

«Pense- se  o  que  se  pensar  acerca  d*estas  explicações,  estas  aguas  não  bas- 
tariam para  a  inundação  geral,  que  inunda  um  espaço  de  quatrocentas  léguas, 
pois  ella  se  faz  também  sentir  na  Ethiopia.» 

# 

#       # 

«Veneza  commerciante  (vol.  m,  pag.  85),  tocava  no  mais  alto  ponto  da  sua 
prosperidade,  ao  passo  que  uma  nação  corajosa,  animada  por  um  Príncipe  geo- 
grapho  e  astrónomo,  trabalhava  em  abrir  um  caminho  novo  para  chegar  ás  índias. 
Henrique,  irmão  do  Rei  de  Portugal,  instruído  pela  historia,  sabia  que  se  podia 
dar  a  volta  da  Africa.  Armou  vários  navios,  que,  com  o  auxilio  da  bússola,  des- 
cobriram os  Açores  e  as  Canárias. 

«Um  de  seus  capitães  avançou  até  ao  cabo  que  termina  a  Africa;  alli  foi  assal- 
tado pelos  ventos  furiosos :  deu  ao  cabo  o  nome  Cabo  das  Tormentas,  e  tornou 


228  SA 

para  traz.  O  Hei,  porém,  trocou  este  nome  pelo  de  Boa  Espetwiça.  Estas  tenta- 
tivas, por  muito  tempo  infructiferas,  devem  dar  uma  alta  idéa  da  arte  da  nave- 
gação entre  os  egypcios,  pois  tinham  elles  duas  vezes  executado  tão  alta  em- 
preza  senj  outros  guias  n.ais  do  que  a  vista  das  estreitas  e  o  seu  génio.  Emfim,  a 
gloria  de  dobrar  este  cabo  famoso  estava  reservada  a  Vasco  da  Gama,  gentil-homem 
portuguez,  que  abordou  á  costa  de  Malabar  e  voltou  triumphante  a  Lisboa.  As 
pedras  preciosas  que  trouxe  de  sua  expedição,  a  descripção  pomposa  que  fez 
dos  tliesouros  dos  Reis  indianos,  inílammaram  os  porluguezes;  e,  dentro  de 
poucos  annos,  conquistaram  í^ochim,  Goa  e  varias  outras  cidades,  d'onde  reco- 
lheram immensas  riquezas. 

* 

#  # 

«Os  ottomanos  tinham  tirado  o  Egypto  aos  árabes.  Animados  pelos  vene- 
zianos, que  lhes  forneceram  alguns  materiaes  e  madeiras  de  construcção,  com  os 
quaes  armaram  uma  frota  no  Mar  Vermelho,  tentaram  deter  as  conquistas  dos 
portuguezes  e  expulsal-os  de  seus  novos  estabelecimentos.  Albuquerque,  que  os 
governava  então,  combateu  gloriosamente  a  marinha  ottomana,  penetrou  no 
golpho  arábico,  apoderou-se  de  alguns  portos,  e  resolveu  aniquilar  o  Egypto. 
Havendo  concluído  um  tratado  de  alliança  com  o  Imperador  da  Abyssinia,  acon- 
selhou-o  a  derramar  as  aguas  do  Nilo  no  Mar  Vermelho  I  A  que  horrores  a  ambi- 
ção induz  os  homens!  Para  consolidar  na  sua  nação  o  commercio  exclusivo  da 
índia,  não  hesitava  este  almirante  em  fazer  com  que  perecessem  quatro  milhões 
de  homens,  reduzindo  seu  paiz  a  um  medonho  deserto !  Depois  do  que  temos 
visto  n'estas  cartas,  acerca  da  possibilidade  de  desviar  o  Nilo,  temos  o  direito  de 
pensar  qne  a  empreza  era  realisavel.  Felizmente  para  os  egypcios  a  morte  levou 
o  fogoso  Albuquerque  e  o  Imperador  da  Abyssinia  não  executou  seu  iniquo 
projecto!»  (Pag.  87.) 

* 

#  # 

«Emquanto  os  portuguezes  disputavam  aos  venezianos  e  aos  egypcios  as 
riquezas  das  regiões  orientaes,  os  hespanhoes,  conduzidos  pelo  génio  de  Colombo, 
tinham  descobei  to  a  America.  Dentro  cm  pouco  o  novo  mundo  já  não  bastou  a 
seus  desejos  ambiciosos.  Os  marinheiros  de  Lisboa,  marchando  nas  pegadas  de 
Vasco  da  Gama,  tocavam  a  costa  de  Malabar,  e  penetravam  no  archipelago  indiano. 
Os  navegadores  de  Cadiz  abordaram  ás  Molucas  Estes  dois  povos  rivaes,  par- 
tindo quasi  do  mesmo  paiz,  e  percorrendo  cada  um  a  metade  da  circumferencia 
do  globo,  encontraram -se  na  extremidade  do  mundo,  vindo  de  dois  lados  oppos- 
tos.  Gosaram  ambos  dos  thesouros  d'estes  climas,  não  sem  os  regarem  com  o  seu 
próprio  sangue  e  com  o  dos  desgraçados  habitantes  das  (]elebes,  aos  quaes  des- 
pojaram á  porfia,  depois  de  os  haverem  reduzido  á  escravidão. . .» 

SAY  (HOUACE ). 

Histoire  des  relations  commerciales  de  la  France  et  du  Brésil.  Paris,  1839. 

SCARLATTI  (DOMEIVICO ).—  Maestro  di  Capelia  di  Sua  Eccelenza. 

Ajyplauso  Genetliaco  alia  reale  Altezza  dei  Signor  Infante  di  Poríogallo,  da 
cantarsi  nel  palazzo  deW  Eccelentissimo  Signor  Marchese  di  Fontes^  Ambasciadore 


SA  M9 

Straordinario  delia  Maestà  Portogese  alia  Santità  di  N.  S.  Papa  Clemente  XI. 

Posto  en  musica  dal  Signor .  In  Lucca,  per  Girulamo  Rabetli,  1714,  4.*', 

20  pag. 

SCARUON   II  (I.  R.  31.). 

Les  Lusiades  travesties.  Parodie  en  vers.  Porto,  1883. 

Que  o  leitor  não  se  illuda.  O  mencionado  livro  é  obra  de  um  portuguez. 

SCEIVOGRAPHI/V  degli  Apparati  dei  Collegio  di  Palermo  che  si  fecero  per 
la  Canonizatione  di  Santo  Ignatio  de  Loiola  e  Santo  Francesco  Xaverio.  Palermo, 
per  Decio  CiriMo,  1622,  in^.»,  24  pag.i 

SCHACHT  (DR.  IIERRMANIV ). 

Madeira  und  Teneiiffe.  Berlin,  1859,  4.",  176  pag. 

SCHAFER  (DR.  UEIXRICH ). 

Geschichte  der  europãischen  Staaten  Herausgegeben  von  A.  H.  L.  Heeren  und 

T.  U.  Ukert.  Geschichte  von  Portugal  von  .  Erster  Band.  Hamburgh,  1836. 

Bei  Friedrich  Perthes.  5  vol.  in-8.°  gr. 

SCHALL  (JOÃO  ADÃO ). —  Missionário  e  astrónomo,  natural  de 

Colónia,  onde  nasceu  em  1591.  Embarcou  para  a  China  com  o  padre  Nicolau 
Trigfiult,  e  chegou  áquelle  império  em  1622,  sendo  nomeado  presidente  do  tri- 
bunal das  mathematieas. 

^  Histórica  narratio  de  inilio  et  progressu  Missionis  Societatis  Jesu  apud  Chi- 
nenseSj  ac  praesertim  in  Regia  Pequinensi;  ex  litteris  R.  P.  Adami  Schall  ex  eadem 
Societate,  Supremi  ac  Regii  Mathematum  Tribwialis  ibidem  Praesides  collecta. 
Viennae  Austriae,  anno  1665.  Typis  Matthaei  Cosmerovii,  Sacrae  Gaesareae  Majes- 
tatis  Aulae  Typographi,  in-8.«,  267  pag. 

Histórica  relatio  de  ortu  et  progressu  fidei  orlhodoxae  in  regno  Chinensi  per 
Missionários  Societatis  Jesu  ab  anno  1581  usque  ad  annum  1669,  novissime  colle- 
cta ex  litteris  eorumdem  Patrum  Societatis  Jesu,  praecipue  R.  P.  Joannis  Adami 
Schall  coloniensis  ex  eadem  Societate.  Editio  altera  et  aucta,  geographica  regni 
Chinensis  descriptione.  Compendiosa  narratione  de  Statu  Missionis  Chinensis ; 
Prodigiis,  quae  in  ultima  Persecutione  contigerunt  et  Índice.  Sumptibus  Joann. 
Conradi  Ewmerich.  Ratisbonae,  typis  Augusti  Hanckwitz,.  1672. 

SCHAW  (COL.  CHAR. ). 

Memoir  and  correspondence.  A  narrative  of  the  War  in  the  Peninsula  from 
1831-1837.  London,  1837,  2  vol. 

SCHELLEY  (M.  MM.).  , 

Biographia  de  Camões  na  obra :  Lives  of  eminent  litlerary  and  scientific  men 
of  Italy,  Spain  and  Portugal.  1837. 


Aogastin  et  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vi,  pag.  414, 


230  SC 

SCHEPELER  (3IR.  DE ).— Colonel  et  ci-devant  chargé  d'aífaire8 

de  Prusse  à  Madrid. 

Histoire  de  la  revolution  d'Espagnej  ainsi  que  de  la  guerre  qui  en  resulta, 
par .  Liège,  1829,  3  vol.,  4.» 

Gesch.  d.  Revolution  Spaniem  und  Portugals  u.  d.  daraus  entstand.  Krieges. 
Berlim,  1826-1827,  in-8.» 

SCHERR  (DR.  JOH. ). 

Dichterkônige.  2  verm.  Aufl.  Leipzig,  1861,  2  vol.  in-12.°,  pag.  316  e  454. 

Tomo  I,  pag. 27 7  a  316  pag.:  Camões  (Vida  e  resumo  dos  Lusíadas)  e  traducção 
de  quatro  episódios  dos  Lusíadas  (Donner):  Vénus  (ii-29  a  44);  Inês  de  Castro 
(III,  118  a  136);  Die  Trombe  (v,  18  a  22);  Liebesinsel  (ix,  51  a  84). 

Allgemeine  Geschichte  der  Literatur.  Ein  Handbuch  in  zwei  Bãnden.  6  dern. 
Ed.  Sluttgart,  1880,  2  vol.,  8.»  gr. 

Vol.  I,  pag.  458  a  466.  Camoens.  Sa  vie  et  résumé  du  contenu  des  Lusiades, 
en  outre  pour  servir  de  specimen  cinq  vers  de  la  Lusiade ;  texte  et  traduction  alie- 
mandet  par  Donner. 

SCHILLER.—  Poeta  celebre. 

Escreveu  na  lingua  allemã  uma  linda  poesia,  em  referencia  á  lenda  do  pagem 
e  da  Rainha  Santa  Izabel. 

SGHIMBECK  (ADAMI  ). 

Missis  P  ar  aguar  iensis,  sive  Annales  illius  Provinciae  ab  anno  1688  ad 
1643. 

SCHLEGEL  (FRIEDRICU  - — ). 

Sãmmtliche  Werke.  Wien,  1822. 

Vol.  i:  Geschichte  der  alten  und  neuen  Litteratur.  Vorlesungen,  gehalten  zu 
Wien  im  Jahre  1812,  Augs.  2  vol.  in-8.°,  320-341  pag. 

Cap.  XI.  Poésie  des  Portvgais;  pag.  95  a  97,  Camoens. 

Geschichte  der  alten  und  neuen  Literatur.  Vorlesungen  gehalten  zu  Wien  im 
Jahre,  1812.  Wien,  1847. 

Vol.  II :  Poesie  der  Spanier.  Portugiesen  u.  Italiener,  pag.  66  e  67.  Camoens 
et  ses  Lusiades. 

Histoire  de  la  littérature  moderne  et  ancieune,  par .  Paris,  1829,  2  vol. 

•  É  n'este  livro  que  se  encontram  os  mais  extraordinários  louvores  sobre  o 
mérito  de  Camões. 

«Frederico  von  Schlegel  dedicou  um  dos  seus  melhores  sonetos  á  memoria 
de  Camões;  chama  ao  poeta  portuguez  um  modelo,  e  quer,  crendo  no  futuro 
como  elle,  salvar  das  ondas  o  documento  da  gloria  allemã.»  (Hardung,  Portugal 
na  Allemanha.J  ^ 

Schlegel  no  jornal  Europa  «prodigalisou  os  mais  honrosos  elogios  á  litteralura 
porlugueza»,  segundo  o  P.  G.  do  Massarellos  na  Pequena  Chrestomathia  Porlu- 
gueza,  Hamburgo,  1809,  pag.  xii. 


'  Theophilo  Braga,  Bibliographia  camoneaua,  pag.  225. 


SC  23* 

SCHLOEZEn  (MU.  LE  PROFE8SEUR ). 

Extrahiu  da  obra :  Petri  Martyris  Anglerii  McdiolanmsiSf  Protonotarii  Após- 
tolici  atque  a  consiliis  rerum  Indicarwn  Opus  Epistolarum.  Compluli,  1530,  foi., 
algumas  cartas  relativas  a  Colombo,  que  mandou  imprimir  no  IO.*»  fasciculo  da 
sua  Correspondence  épistolaire,  pag.  207  a  226. 

SCHLOSSER>S  (F.  C). 

Weltgeschichte  fiir  das  deutsche  Volk.  Band.  XIIL  Franckfurt  a.  M.  1852, 
482  pag.,  in-8.° 

Cap.  XVI :  Bildung  u.  Literatur  des  16,  Jahrhunderts.  Spanische  (u.portugie- 
sischej  Dichtkunst,  pag.  456  e  457  —  Camoens:  Lusiade. 

SCOMAU8S. 

Portugiesische  Geschichte  der  ãltesten  Zeiten  dieses  Volkes  his  aufunsere  Zeit. 
Leipzig,  1759,  in-4.« 

íHistoria  portugueza  desde  os  tempos  mais  remotos  d' este  povo  até  nossos  dias.) 

SCH3IID  (DR.  HERMAIVN  TH. ). 

Camoens.  Traverspiel  in  fúnk  Acten,  von .  Drama.  Miinchen,  1843,  S.° 

155  pag. 


SCHMIDEL  (UULDERICUS ). 

Vera  historia  admirandae  ciijusdam  navigationes,  quam ab  anno  1534 

ad  annum  1554,  in  Americam  juxta  Brasiliam  et  Rio  de  la  Plata  confecit.  Nu- 
rembergae,  1599. 

A  edição  primitiva  foi  publicada  em  allemão,  Francfort,  1567,  in-fol.:  Histor. 
prim.  de  las  índias,  por  Gonzalez  de  Barda  (Andrès).  Madrid,  1749  e  17791. 

SCHMIDT  (DR.  G.  L. ). 

Portugal  seit  der  Usurpation  Don  Migueis.  Ilmenau,  1829,  S.°,  1  vol.  238  pag. 

SCHMIDT  (JOHANIV  ANTON.  ). 

Beitráge  zur  Flora  der  Cap  Verdischen  Inseln.  Heidelberg,  1852,  S.*',  1  vol., 
viii-356  pag. 

SCHMIDT  (JUL.  ). 

Zur  Vorgeschichte  unserer  classischen.  Literatur.  Berlin,  1883. 
Pag.  471 :  Camoens  Lusiaden.  1572.  Notice  littéraire. 

SCHMITZ  (E.).— Ingénieur. 

Études  géologiques  sur  le  terrain  des  environs  de  Porto.  Gisements  et  exploi- 
tations  des  comhustibles  fossiles. 

No  vol.  II  da  Revue  lusitanienne,  de  Lisbonne,  pag.  52  a  65. 
Id.,  de  pag.  92  a  101. 
Id.,  pag.  208  a  219. 


'  D.  Miguel  Colineiro,  La  botânica  y  los  botânicos  de  lapeninsula  hispano-lusitana,  Madrid,  1858, 
pag.  28. 


m  SC 

SCUMITZ  (F.  J.). 

Zur  dreihundertjãhrigen  Gedáchtnissfeier  des  Dichters  der  Lusiaden,  zugleich 
der  Programm  zu  dem  Jahresberichte  der  h.  Realschule  zu  Aschaffenburg  fur  das 
Studienjahrs  1878-1879,  verfasst  von . 

(Observações  sobi^e  a  Allegorii  no;  Lusíadas  de  Camões.  Para  o  tricentenário 
á  Memoria  do  poeta  dos  LusiadaSj  ao  mesmo  tempo  como  Programma  para  circu- 
lar de  um  anuo  do  Real  Collegio  em  Aschaffenburg  para  o  anno  lectivo  1878-70, 
composto  por J.  Waiiandt'  sche  Druekerei  Aclien-Gesellschafl,  S.*»,  15  pag. 

É  escripto  em  porluguez,  mas  não  bom. 

SCHMITZ  (FRANCISCO ).— Jesuíta,  natural  de  Colónia. 

Xaverius  cogitans,  das  ist:  Rciffliches  Erwegen  der  Gnind-  Wahrheiten,  durch 
welcJies  eine  recht  glaubige  Seele  gleich  jenem  grossen  Indianer  Apostei  zur  Clirist 
Wollkemmenheit  und  gewisser  Heiligkeit  gelangen  kan.  Cõllen,  bey  Casp.  Drimborn, 
1727,  in-8.« 

SGHODER  (LEOPOLDO  ). 

Duo  Philosophiae  Columina  Boethius  et  Xaverius,  ille  fortunae,  hic  mundi 
victor.  Graecii,  typis  Widmanstadii,  1713,  in-8.° 

SCHOMBUUG  (L.  H.  V.  UEISE  VON ). 

Kopenhagen  nach  Lissabon  dem  Vorgebirge  der  Guten  Hoffmmg  u.  den  Azor. 
Inseln.  Mit  Einleitg.  úb  den  Seedienst  (auf  Shiffen. . .).  Odense,  1784. 

SCHOTT  (ANDREA8 ).— Belga. 

Censura  Gasparis  Barrerii  Lusitani  de  Pseudo- Beroso,  Manethone  Aegyptio, 
Marco  Porcio  Catone  &  Fábio  Pictore  ^ 

SCnOUTEN  (GAIJTHIER ). 

Voyage  aux  Indes  Orientales,  commencée  Van  1658,  et  fini  le  1665.  Traduit 
de  1'hollandois.  Amsterdam,  1707,  2  tomos. 

Obra  muito  interessante,  principalmente  para  os  portuguezes. 

8CHOUTEN  (WONTER  ). 

Oostindiche  Voyagie. 

Trata  esta  obra  dos  feitos  dos  portuguezes  em  Ceilão. 

8CHOUVILLE  (PIIILIPPE  ).— Jesuíta,  natural  de   Luxembourg, 

onde  nasceu  em  1622. 

fíéglemens  de  la  Confrérie  de  Jesus  et  de  Marie,  établie  pour  Vavaneemeni  de 
la  doctrine  chrétienne,  sous  la  proteccion  de  S.  Vrançois  Xavier.  Luxembourg, 
chez  les  héritiers  de  Jacques  Ferry,  in-16.® 


'  Alegambe,  Bibliotheca  scriplorum  societatis  Jesu,  pag.  58. 


SC 


233 


Régies  et  indidgences  de  la  Confrérie  de  Jesus  et  de  Marie,  sons  la  protection 
de  S.  François  Xavier ypour  Vavancement  de  la  dévoíion  chrétienne  poiír  garantir 
Vhomme  des  cinq  plus  grands  maux  et  lui  procurer  une  sainte  vie  et  une  morte 
heurevse.  A  Luxembourg,  cliez  la  veuve  de  J.  P.  Kleber,  1770,  in-lS." 

Régies  et  indulgences  de  la  confrérie  de  Jesus  et  Marie^  sons  la  protection  de 
S.  François  Xavier^  pour  Vavancement  de  la  doctrine  chrétienne,  pour  garantir 
Vhomme  des  cinq  plus  grands  maux,  et  lui  procurer  une  sainte  vie  et  une  morl 
heureuse.  Par  le  R.  P. ,  de  la  Compagnie  de  Jesus.  In- 18.",  68  pag. 

Pcíit  abregé  de  1'ouvrage  précédent.  Luxembourg,  héritiers  de  Jacques  Ferry, 
iii-16.° 

Abregé  de  la  vie  apostolique  de  S.  François  Xavier,  avec  la  relation  de  cent 
miracles  qui  ont  élé  opérés  par  sou  intercession.  En  allemand.  Trèves,  Christophe 
Ruiandt,  1670,  in-12.°  Cologne,  Pierre  Alstorf,  in-12." 

Em  francez.  Luxembourg,  Paul  Barbier,  1696,  in-12.» 

Catechisnms  R.  P.  Canisii  Societatis  Jesu  theologi,  loeitlàufig,  verstãndlich, 
und  Gesprãchiveiss  vou  newen  auss-Exemplen  gesieret.  Mit  einigen  auss  jeder 
Vndcrsveisung  folgelden  Sitten-Schluss  bereichet.  Und  der  hochlòblichen  Bruder- 
schaft  Jesu  und  Marie.  Under  dem  Schutz  und  Schirm  des  H.  Francisci  Xaverii . . . 
Cõlln,  bey  Petro  AIsforff,  anno  1676. 

SCHUCHARDT  (HUGO ).— Corresp.  Mitgliede  der  Kais.  Akademie 

der  Wissenschaften. 

Ueber  die  Benguela  Sprache.  Wien,  1883.  In  coinmission  bei  Cari  GcroId's 
sohn.,  in-8.°  gr.,  14  pag. 


Estás  bom? 

Estou,  sim.  De  onde  vens? 
Venho  do  sertão. 
O  caminho  está  bom  ? 
Sim,  senhor,  está  bom. 
As  chuvas  já  passaram? 
Não,  senhor,  não  passaram;  os  rios 
ainda  vão  cheios. 


Uaripó? 
Si.  Uatunda  pi  ? 
Co  nano. 

Co  onghira  occassi  tchiuá? 
Si,  ungana,  occassi  tchiuá. 
Endemdi  buapitare? 
Date  ungana,  eapitare;  molui  baiucare, 
andi. 


Ueber  das  Indoportugiesischen  von  Cochim.  Wien,  1883,  20  pag. 
Encontro  entre  amigos  avizinhados : 


«Bom  dia.  Senhor,  quilai  tem  saúde? 

«Tem  bom,  muito  merece;  que  noves? 

«Nuca  ouvi  nada  de  particular  de  fallar.  Hojo  sedo  eu  ja  foi  por  Aracudy 
por  compre  caringuejo.  Eu  ja  olha  ali  baslanti  cambron  grandi  e  pequinino. 
Grande  he  fresco  bunilo  por  faze  alathi  (ou  azetipimenta),  e  cambron  pequinino 
nuca  vale:  tudo  ja  fica  podri.  Mas  caringuejo  bem  pouco;  eu  ja  acha  dez  carin- 
guejo. Todo  tem  ouvo  bem  dilicado  por  fazer  temprado. 

«Mas  quanto  ja  da  por  dez  caringuejo? 

«O  I  eu  ja  da  dos  fano.  Pouco  car  he;  mas  que  pode  faze!  si  quere  cume, 


Í34  SC 

meste  paga,  seja  caro.  Mas  na  mez  de  Novembro,  Dezembro  bastanti  caringuejo 
lo  acha. 

«Aquelora  lo  acha  bastanti  e  tem  bom  carni  também.» 


# 
#     * 


«Vambos  nos  vai  pesca  hoje? 

«Vambos  vai. 

«Porqui  te  vai?  agora  nâo  tem  maré  por  pegue  malom. 

«Quem  ja  fala?  agora  tem  bom  maré  por  pegue  malom. 

«Ante  tarde  ja  foi  dos  manchu  nossa  jente,  cada  manchu  ja  pega  sinco  pcixi 
Si  nos  vai,  nos  lo  pegue  peixi,  sigur. 

«Antos  faze  pronto.  Nos  pode  vai  justo  sinco  hora. 

«Vossa  mez  compre  isca;  eu  lo  faze  pronto  corda,  fates  e  tanas. 

«Vosse  podi  impresta  por  mi  hum  anzol? 

«Deixa  eu  olha  si  tem  na  casa. 

«Quelai  ja  passa  ante  su  pescaria? 

«Ja  passa  bom.  Mas  peixi  bem  ladrão,  te  tama  isca  sem  faze  sinti.  Eu  ja 
mata  dos  peixi  ordenado;  eu  ja  sinte  peixi  bem  tardi,  ja  tinha  8  hora  de  noite. 
Vicente  ja  mata  hum  peixi  grande  de  ouvo  bem  delicado.  Eu  ja  mate  depois 
inguia  grande  três.  Mas  he  grande  miserio,  quande  pegue  inguia  noite;  aqueli 
quande  cai  na  manchua,  lo  danfica  tudo  linha  e  nuca  vale  por  cari :  mas  por 
salga  e  faze  caruvado  bem  gostoso. 

«Hoje  A.  toma  logo  vai? 

«Eu  toma  deixe  vi  junto? 

«Bom,  podi  vi  junto,  mas  hum  coza.  Se  vos  lo  mata  peixi,  meste  faze  igoal 
quinho.  Eu  si  lo  mate,  eu  tama  lo  faze  mesmo  modo. 

«Tem  bom.  Senhor.  Si  nos  tem  fortuna,  nos  lo  mata  bom  peixi,  sejo  jatem 
por  conta  de  manchu  su  luguer. 

«Hoje  noite  agu  luzenti.  No  he  bom  maré.  Vambos  vai  por  casa.  Ja  tem  8 
hora  passado ;  jente  de  caza  lotem  esperando  por  nos.  Amanhãa  di  dia  nos  podi 
vai  por  pesca  bagri  com  chingali.  Puixa  fatez,  omi. 

«Vambos  nos  vai  por  caza;  hojo  su  pescaria  armação  completo. 

«Cabeça  de  bagri  dilicado  por  faze  seco  seco,  por  toca  boca  com  apa  ou  bolo 
quenti;  mais  antes  meste  dali  bom  ca  de  grog,  aquelora  lotem  bom  apetita.» 


*      # 


«Este  anno  festa  de  Paliport  bem  tristi,  prezidente  com  dos  sua  crianças  ja 
quime  com  poivra;  tudo  tem  na  grande  perigo  de  morte.  Dos  crianças  ja  more 
onte,  inda  tem  prezidente  com  hum  servidor  na  perigo ;  jenti  te  fala  que  nada 
escapa.  Prezidente  diz  que  he  bem  cainhoso ;  nu  tem  da  esmola  por  pobres  coma 
outro  prezidentes  passado.  Este  anno  bem  pouco  jenti  lo  vai  por  festa  de  Pali- 
port. 5  de  Agosto  lo  caba  festa.» 


SC  *35 

«Senhor  Jazinho,  que  dia  vosse  te  parti  por  Vainaad? 

«Nuca  fica  seguro  inda ;  podi  ser  nesti  seman. 

«Agora  ai  li  he  bom  tempo,  nutem  muito  febri.  Nos  quatro  pesso  lame  tem 
lembrança  por  vai  busca  algum  serviço;  na  nossa  terra  ja  nutem  remedi  por 
passe  vida. 

«Quanto  lo  pedi  divida? 

«Nos,  quanto  lo  santa  na  casa.  Vosse  sabe :  quem  quer  ande,  quem  niquer 
mande ;  por  isso  si  busca  lo  ache,  assi  quelai  te  fala :  «o  diligenti  lo  fica  rico,  o 
perguisozo  cada  vez  lo  vai  discaindo».  Por  isso  he  qui  nos  quere  vai  busque. 

«Mas,  amigo,  por  conserta  fermento,  nada  nutem  na  mo.  Qui  vida  lo  faze? 
Com  quem  lo  valo  e  pedi?  Qui  lo  faze? 

Meste  busca  hum  remedi ;  Deus  he  grandi.» 

*  # 

«Ouvi,  senhor,  hoje  tem  um  bautizada. 

«Di  quem? 

«Criança  di  Miglinho.  Vosse  lo  vai? 

«Eu  nu  tem  sigur. 

«Vi  emi,  nos  podi  vai  dali  dos  cantigo. 

«Deixa  olhe,  talvez  nos  podi  vai  junto. 

# 

#  # 


«Quelai  ja  passa  Putari?  ja  mcUa  a  vela? 

«Qui  te  fala,  Nona  Anji,  ja  mella  avela? 

«O  ja  passa  hum  modo.  Esti  anno  inverno  muito  forti;  varjeiros  ja  sufri 
grandi  pediçom.  Avella  bem  pouca  ja  pile.  Crianças  tinha  condina  por  mi  qui  ja 
fica  obrigado  de  pila  pouco  avella.  Por  quem  ja  vi,  taraa  jada;  nos  tama  ja  cume. 
Aquel  dia  tame  ja  passa. 

«Ainde  tem  vare  de  Oitubro  dia  de  Samatre,  bom  festa  de  konclio  c  saltão. 

*     # 

«Ouvi,  Acha  Peni,  que  noves  tem  de  vinda  de  governador  de  Madrasta? 

«O,  elle  lo  chega  na  fim  deste  mez  (31  de  Agosto).  Tudo  genti  de  Cochime 
Vaipim  ja  faze  miting  por  dar  pilição  por  governo  sobre  tax  de  municipal  por 
faze  menus.  Commissioneros  de  municipal  te  faze  preparo  por  receber  por  gover- 
nador; Ires  partidas  te  prepere  addresso  por  presente  por  governo. 

''Que  diz,  senhor  Mano?  assim  governador  tame  ja  chega  no  6  Vi  de  manhão 
bojo. 

«Ouvi,  senhor,  tudo  esti  grandi  jenti  te  vi,  te  vai.  Por  nos  nutem  nehum 
bondade  1  nehum  serviço  tama  não  quer  ordene  por  nos  por  passa  nossa  dia  e 
nossa  íamilia.  Governo  ja  fica  muito  tristi,  quando  ja  ouvi  cauz  de  Vaipim;  tem 
na  hum  triste  estado,  pode  ser  que  lo  faze  algum  bondade,  si  elle  quere.  Tem 


2W  SC 

noticia  que  governo  lo  vai  por  Trivandrum  logo ;  te  vae  por  encontra  por  rei 
dalli.  Governador  te  parece  coma  bom  home,  e  eu  te  parece  que  lotem  quazi  60 
annos  de  idade.  Nossa  sinlior  bispo  já  foi  por  encontre  por  governador  e  ja  fica 
recebido  com  grande  altenção  e  respeito.  Governador  ja  fica  contente,  quiora  ja 
olha  redichina,  quando  ja  passa  por  caminho  da  cidade ;  pouco  hora  ja  impe  por 
olha  quelai  te  bota  redi  e  te  puixa.  Mas  aquelie  hora  nenhum  pexi  nuca  cai  na 
redi.  E  dispôs  governador  com  outro  gente  bastanto,  com  senhor,  senhor,  tudo  ja 
foi  por  lugar  de  Ligh  House.  E  dispôs  na  retorna  ja  entre  na  igreja  catholica  de 
cidadi.  E  logo  ja  sahi  e  ja  parti  por  Bolgatti.  Naquele  dia  tinha  grande  jante 
por  governador  conta  de  rei.  Na  mesmo  noiti  governo  com  outro  su  jenti  ja  parti 
por  Trivandrum.  Mas  ja  ouvi  qui  governador  nuca  vai  olha  por  rei  dalli,  por 
caus  que  hum  pesso  de  familha  de  rei  ja  morre.  Governo  con  su  jente  ja  foi  por 
Madrasta  por  outro  caminho.  Ellotro  qui  tem  falia  senhor,  pesso  de  grande  paga, 
quiora  te  lembre  pode  vai,  quiora  te  lembre  pode  vi.  Coitadinho  de  nos  pobre  I 
si  quere  vai  hum  lugar,  com  quem  tudo  meste  vale  de  divida?  tame  tem  grande 
travalho  por  acha  divida.  Nossa  cosa  nute  qui  fale.  Hojo  por  onze  aras,  nutem 
na  cosa.  Qui  vida  lo  faze,  nuca  sabe.» 

# 

#  # 

«Ouvi,  omi,  hoji  tem  um  bom  dia,  hoji  he  anno  de  Acha  Peni.  Vamus  nos 
vai  da  folga  muito,  vamos  vai,  lalvez  nos  lo  passa  bem.  Acha  Joaquim,  Acha 
Pedrinho,  Acha  Domingo  tudo  lotem.  Si  tem  cazio,  podi  canta  dos  canligo; 
bastanto  dia  ja  tem  qui  ja  canta.» 

# 

#  # 


«Ouvi,  omi,  vosse  tem  algum  serviço  agora? 

«Nutem  nada.  Eu,  ja  tem  mas  que  um  mez  que  eu  ja  pega  escopro  macety 
na  mo.  Dos  semana  eu  ja  foi  por  sirvi  na  barco  na  mar  fora ;  hum  suman  ja 
sirvi,  con  dos  dia  depôs  ja  caba  sirviço.  Eu  tem  lembrança  por  vai  por  Vainaad 
por  busca  hum  sirviço.  Aqui  fica  nuca  vale. 

«Vosse  si  quere  vi,  nos  podi  vai  junto.» 

# 

*      # 

«Hojo  tem  hum  bautizada,  criança  de  Acha  Nicola.  Vosse  tem  convidado  ? 

«Por  mi  ja  convida. 

«Vosse  lo  vai  ? 

«Vamus,  olha,  talvez  eu  lo  vai. 

«Vi,  sinhor,  nos  tudo  podi  vai  c  junto  podi  sai. 

«Quem  é  padrinho  de  creança  e  madrinho? 

«Acha  Mano  com  mulher. 

«Quiora  he  bautizado? 

«Acha  Padri  meste  vi  de  cidadi ;  lo  fica  sinco  ora. 

«Assim  cabou  bautizado. 


SC  237 

«Folga  muito,  senhor  padrinho  e  madrinho,  folga  muito,  Acha  Nicolo  e 
outra  mas  família. 

«Faze  meçe  passa  dentro;  vamos  nos  tama  hum  copi  de  cha. 

«Sem,  sinhor,  neste  chuiva  bem  bom. 

«Faze  meçe  tama  bibinca,  tama  papada. 

«Este  he  bunito  bom. 

«Cânfora  ja  tem  agora? 

«Eu  te  lembre  qui  ja  tem  oifora  passado. 

«Acha  Nicolo,  da  liberdade  por  nos;  ja  he  tardi. 

«Espero,  sinhor,  niquar  fica  pressada. 

«Antos  meste  escuza  por  nos.  Da  liberdade  neste  hora,  ja  tardi  por  nos  dos 
de  cantar  um  cantigo. 

«Sim  sinhor,  com  tudo  prazer. 

«Então,  antes  de  principiar  vambos  nos  muJba  garganto. 

«Com  tudo  prazer. 

«Acha  Peni,  faze  favor  principiar. 

Con  sangui  de  própria  veas, 
Bella  noite  escreveu. 
Com  poucos  letras,  jamais  que  diga 
Eu  hei  de  amar  até  morre. 

Em  coro 

Eu  ha  de  amar  a  ti, 

Tu  ha  de  amar  a  mim, 

Eu  ha  de  amar  a  ti  até  morre. 


* 
* 


Hum  conversa. — Hum  dia  eu  tamou  opportunidade  de  conversar  com  hum 
mulher  sobre  salvação  de  sua  alma.  Eu,  perguntou  ella  si  ella  foi  salvado.  Eu 
lembra  que  semelhante  pergunta  he  mui  forte  por  qualquer  pessoa  por  dizer 
«sim».  Bom,  diz  eu,  si  vos  não  recebeu  (^hristo  e  não  foi  nacido  de  novo,  por 
certa  esta  pergunta  he  mui  forte  por  vos  fallar  «sim».  Ja  quazi  a  dezeseis  annos 
que  eu  fui  salvado,  não  por  causa  que  sou  pela  natureza  melhor  do  que  outros, 
mas  somente  por  rezão  que  eu  tamou  lugar  de  hum  culpado  peccador  diante  de 
Deus  e  eu  creo  no  Senhor  Jesu  Chrislo  coma  a  meu  salvador,  e  seu  palavras 
declarão  que  por  mim  vida  eterna,  e  eu  creo  nella. 

«Então  fallou  a  mulher:  Senhor,  eu  sou  um  membro  da  igreja  de  ##*,  este 
dezseis  annos  passado  e  desde  aquelle  tempo  até  agora  eu  paga  bom  soma  de 
dinheiro  por  sustente  de  ministro  e  outro  gastos  de  igreja  e  tamon  trabalho  de 
fazer  com  os  outi-os  aquelle  he  dereito  e  espera  na  misericórdia  de  Deus,  porque 
elle  he  misericordioso. 

«Respondeu  eu :  Verdade,  Deus  é  misericordioso.  Deus  não  pode  mentir,  e 
elle  diz.  Digo  então  si  vos  sois  nacido  de  novo. 

«Respondeu  ella :  Não  sinhor,  eu  não  lembra  que  eu  foi  nacido  de  novo. 


238  SC 

«EntSo  respondeu  eu :  Vos  não  posse  ver  o  reino  de  Deus,  si  morre  antes 
de  nascer  de  novo;  inferno  será  vossa  porção,  si  non  nasce  de  novo. 

•Então  diz  a  mulher:  Si  aqueIJe  he  verdade,  que  vale  pertenciar  a  hum 
igreja  pagando  dinheiro  por  sustente  da  igreja  e  depois  de  todo  este  vai  no  in- 
ferno, senão  nascido  de  novo? 

«Respondeu  eu :  O  Senhor  Jesu  Christo  sozinho  que  salva  peecadores.  Na 
lugar  ou  parte  de  nos  descançar  naquella  completa  ou  acabado  obra  de  Christo, 
o  Satanás  busca  para  enganar  vossa  alma,  consolando  vos  com  mentos  de  vossa 
charactro  moral,  vosso  posição  de  membro  de  igreja  e  de  vosso  bom  obras. 

«Então  diz  a  mulher  com  suspir:  Eu  soponha  que  devemos  fazer  melhor 
que  pode  e  esperar  na  misericórdia  de  Deus. 

«Depois  de  algum  mais  palavras  com  este  mulher,  eu  mostrou  ella  sua  falsa 
esperança. 

«Este  mulher,  meu  querido  leitor,  foi  enganado  pella  diabo,  o  inimigo  de 
Deus  e  dos  homens,  com  vão  confiança  que  ella  tinha  no  caminho  por  ceos, 
ainda  que  foi  nunca  nascido  de  novo.  Por  fallar  com  hum  pobre  peccador  que 
Deus  heida  tamar  elle  no  ceos  por  causa  que  elle  he  hum  membro  da  igreja  e  por 
muitos  de  sua  bom  obras,  não  ha  o  evangelho  de  biblia,  mas  outro  hum  evange- 
lho invenlido  pela  Satanás,  soa  fim  de  levar  muitas  almas  no  inferno.  E  porisso, 
querido  irmão,  cuidai  de  vos,  não  descançar  vossa  alma  na  qualquer  cousa,  senão 
no  Christo  Nossa  Senhor  e  aquelle  que  elle  fez  na  cruz. 

«Deus  falia:  O  pagamento  do  peccado  he  a  morte,  mas  a  graça  de  Deus  he 
vida  eterno  pela  Jesu  Christo  Nosso  Senhor.  Amarcai  então  que  vida  eterno  não 
ha  pagamento,  mas  somente  dom  ou  graça  de  Deos  e  o  mesmo  será  recebido,  e 
não  comprado  com  preço  algum. 

«E  nos  lemos  outro  vez:  Pela  graça  he  que  sois  salvas  mediante  a  fé,  e  isto 
não  vem  de  vos,  porque  he  hum  dom  de  Deus ;  não  vem  das  nossas  obras,  para 
que  ninguém  se  glorie. 

«Pergunteis  vos:  Que  he  necessário  que  eu  faça  para  me  salvar? 

«Eu  responde  no  palavra  de  escritura:  Cre  no  Senhor  Jesu  Christo  e  tu 
serás  salva.» 

«Na  hum  certa  cidade  tinha  um  mulher;  por  este  mulher  tinha  um  casa. 
Hum  dia  esta  casa  pegou  fogo.  A  mulher  foi  bem  activa  e  removeu  todas  suas 
fatas  da  sua  casa,  mas  esquecei  de  remover  sua  criança  que  estava  dormindo  na 
versa  dentro  de  casa.  Por  fim  ella  lembrou  da  sua  criança  e  andou  com  todo 
aprestado  para  salvar  sua  criança.  Mas  ja  ero  muito  tarde ;  ella  não  podia  agora 
na  eaza  por  causa  de  tanta  flamas  de  fogo.  Julgai  da  sua  tristezes  e  agonia,  gri- 
tando: «Oh!  minha  criança  1  minha  criança  1 

«Mesmo  mode  será  com  muito  peccador  quem  inteiro  tempo  da  sua  vida  vae 
cuidozo  e  tributado  sobre  muito  cousas,  mas  esquecido  daquelle  hum  cousa  ne- 
cessário, a  saber  salvação  das  almas.  Que  vallé  naquelle  hora  para  hum  homem 
fallar:  Eu  achou  um  bom  legar  ou  bom  oíficio,  mas  perdeu  minha  alma,  eu  tem 
bastante  camerados,  mas  Deus  he  meu  inimigo ;  eu  vivei  em  prazer,  mas  agora 
minhas  penas  he  elerno  porção ;  eu  envislio  meo  corpo  com  bunito  vestimentos, 
mas  minlia  alma  he  nu  diante  de  Deus.  Oh !  minha  alma  1  minha  alma ! » 

«Quando  Abrahão  sentou  na  porta  de  sua  tenda  conforme  sua  custume, 
esperando  por  accomoder  estrangeros,  elle  olhou  hum  velho  vindo  sua  perto, 


SC  «39 

quazi  a  centa  annos  de  idade.  Abrahão  recebeu  este  homem  com  todo  bondade, 
lavou  seu  pe  e  aperelhou  cea  e  deu  elle  lugar  por  sentar.  Mas  olhando  que  o 
velho  comei  antes  de  pedir  bensa  de  Deus  sobre  sua  comer,  perguntou  porque 
resão  elle  não  adorou  o  Deu»  dos  eeus  ? 

«O  velho  fallou  que  não,  adorou  somente  fogo  e  não  cunheceu  outro  nenhum 
Deus. 

«Abrahão  ovindo  esto  ficou  raiva  e  botou  fora  o  velho  fora  de  su  tenda,  e 
elle  foi  expozado  por  todos  mal  de  noite,  na  condição  que  nunca  lembrou. 
Quando  o  velho  ja  foi.  Deus  chamou  Abrahão  e  perguntou  sobre  o  estrangero. 

«Abrahão  respondeu:  Eu  botou  elle  fora,  porquanto  elle  não  adora  ti. 

«Então  respondeu  Deus:  Eu  soffrio  elle  este  centa  annos,  ainda  que  elle 
não  deu  respeito  a  mim ;  não  podia  vos  suífrir  elle  por  hum  noite,  quando  elle 
deu  vos  nenhum  trabalho  ? 

«Abrahão  ovindo  este,  mandou  trizer  o  velho  outro  vez  na  sua  casa  e  tratar 
com  grande  hospide. 

«Vai  nos  faze  mesmo  mode,  e  vossa  caridade  achara  recompensa  pella  Deus 
de  Abrahão. 

# 

*  * 

«Homem  misericordiozo  faze  bem  por  sua  mesmo  alma. 

«Misericórdia  dos  malditos  é  cruel. 

«Língua  da  verdade  será  establisido. 

«Testemunhos  verdade  livra  as  almas. 

«Olhos  de  Deus  tem  na  todo  logar. 

«Melhor  correcção  aberto  do  que  amor  escondido. 

«Olhos  dos  homens  nunca  se  (?)  satisfeito. 

«Caminhos  das  loucas  he  direito  na  sua  mesmo  olhos. 

«Prosperidade  fazem  (?)  amigos. 

«Por  errar  he  human,  por  perdoar  he  divino. 

«Sem  trabalho  não  tem  ganho. 

«Gata  escaldado  teme  agua  fria. 

«Todo  que  luzia  não  ha  (he?)  ouro. 

«Melhor  palha  do  que  nada. 

«Tardança  não  ha  mudança. 

«Mel  pega  mais  mosquitos  do  que  vinagre. 

«Agua  calado  sempre  he  fundo. 

«Bom  palavras  custa  nada.» 

* 

*  # 

Ueber  das  Indoportugiesische  von  Diu.  Wien,  1883.  In  commission  bei  Gari 
GeroId's  sohn.  In-4.<',  18  pag. 

Creolo  de  Ceylào.—  A  parábola  do  fliho  pródigo  Creolo  de  Diu.-Parab  d'um  filh  estravagant 

Per  um  certo  homem  tinha  dois  fi-  Um  homm  tinh  doiz  filh : 
lhos : 

E  o  mais  moço  d'elles  ja  falia  per  o  Ja  fallou  par  su  pai  aquél  mais  pi- 

pai,  Pai,  da  par  mi  a  quinhão  de  a  fa-  quin,  que  da-cá  su  quião  que  ta  per- 


no 


SC 


zenda  que  par  mi  te  compete.  E  elle 
ja  reparti  per  ellotros  seus  bens. 

E  não  muitos  dias  depois  o  filho 
mais  moço  ajuntando  tudo,  ja  parti 
per  huã  terra  longe,  e  ali  ja  desperdiça 
sua  fazenda  viv(  ndo  dissolutamente. 

E  quando  delle  tinha  gastado  tudo, 
húa  grande  fome  ja  sucede  n'aquella 
terra ;  e  elle  ja  começa  pêra  padece 
necessidade. 

E  elle  ja  foi  e  ja  ajunta  si  mesmo 
per  um  de  os  cidadiâos  d'aquella  terra; 
e  elle  ja  manda  per  elle  per  seus  var- 
zes  pêra  pastia  os  porcos. 

E  elle  linha  desejado  pêra  enchi  seu 
barriga  de  os  mondadums  que  os  por- 
cas ja  come :  e  ninguém  nunca  ja  da 
per  elle. 

E  tornando  em  si  mesmo  elle  ja  falia: 
Quantas  jornaleiros  de  meu  pai  tem 
abundância  de  pão,  e  "eu  te  perece  de 
fome! 

Eu  lo  irgue  e  lo  anda  per  meu  pai, 
e  per  elle  lo  falia:  Pai,  eu  ja  pecca 
contra  Céos  e  diante  de  ti. 

E  mais  não  tem  digno  pêra  ser  cha- 
mado teu  filho ;  faze  por  mim  com  hum 
de  teus  jornaleiros. 

E  elle  irguindo,  ja  foi  per  seu  pai. 
E  quando  ainda  elle  tinha  de  longe, 
seu  pae  ja  olha  par  elle,  e  já  senti 
grande  compaixão,  e  correndo,  ja  cahi 
sobre  seu  pescoço,  e  ja  beija  per  elle. 

E  o  filho  ja  falia  per  elle:  Pai,  eu  ja 
peeco  conlra  Céos,  e  diante  de  ti,  e 
mais  não  tem  digno  pêra  ser  chomado 
teu  filho. 

Mas  o  pai  ja  falia  per  seus  servido- 
res: Trize  aqui  o  melhor  vestido,  e 
vesti  per  elle ;  e  bota  hum  annela  em 
sua  mão,  e  sapatos  em  os  pés; 

E  trize  aqui  o  vaccinha  gourda,  e 
mata ;  e  comemos  e  alegramos  nos : 

Videque  este  meu  filho  linha  morto, 
e  torna  tem  vida;  elle  tinha  perdido, 
e  tem  achado.  E  ellotros  ja  começa 
pêra  alegra. 


tencê  a  éll.  E  êll  ja  repartiu  por  tud 
quant  tinh. 

Depois  de  passa  algum  temp  fez  um 
imbrui  de  tud  su  fat  aquell' rapaz  pi- 
quin  e  ja  foi  fieá  n'um  lerr  baslant 
lonj  e  estranh  e  ali  ja  deu  cab  de  tud, 
fazend  munt  estragação. 

E  depois  de  ter  dad  cab  de  tud,  su- 
cedeu vi  n'aquôll  lerr  grand  carisli  e 
êll  prinspiou  ler  pricizão. 

Ja  sahiu  d'ali  e  ja  ficou  com  um 
homm  d'aquêll  lerr.  Mais  est  ja  mandou 
par  aquêll  par  um  quintal  d'êll  par 
toma  cuidad  de  su  criação  de  porc  porc. 

Nest  lugar  tinh  busca  êll  inche  su 
barrig  com  comer  d'aquêll  porc  porc, 
mais  ninguém  nã  tinh  dá. 

Ate  qui  ja  pensou  e  ja  fallou:  na 
caz  de  mim  pai  lê  baslant  criad  qui  tê 
munt  comer  e  eu  lá  morre  fom ! 

Eu  had  levanta  e  had  vai  busca  par 
mim  pai  e  had  fallá:  Pai,  eu  ja  pecou 
contr  Céo  e  diant  de  ós. 

Ja  nã  ta  mercê  nom  de  su  filh ;  fazê 
de  mim  como  de  ós  criad  criad. 

Eli  ja  levantou  e  ja  foi  busca  su  pai. 
E  quand  tinh  ind  lonj,  su  pai  olhou 
par  êll  e  ja  ficou  com  pen  qui  ja  correu 
e  butou  mão  na  su  gargant  par  abraça 
e  ja  bijou. 

E  su  filh  ja  fallou:  Pai,  eu  ja  pecou 
contr  Céo  e  diant  de  ós,  ja  uã  tá  mercê 
de  ós  filh. 

Então  ja  fallou  su  pai  par  su  criad: 
Tira  de  press  su  melhor  rôp  e  dá  visti 
par  êll  e  bula  um  anel  na  su  dôd  e 
sapal  na  su  pé; 

Trasê  tamêm  um  vaquinh  bem  gord 
e  mata  par  nós  come  e  par  nos  regala: 

Parqui  est  mim  filh  er  mórt  e  agor 
ja  ficou  viv:  linh  perdid  e  ja  achou. 
E  tud  ja  começou  fase  banquei. 


SC 


241 


E  seu  íilho  o  mais  yelho  tinha  ne  o 
varze:  e  como  que  elle  ja  vi  e  ja  chega 
per  a  casa,  elle  ja  ouvi  o  musico  e  as 
danças. 

E  chamando  liuma  de  os  servidors, 
elle  ja  enculca  que  tinha  isto. 

E  elle  ja  falia  per  elle :  vosso  irmão 
ja  vi  tem,  e  vosso  pai  ja  mata  a  vacci- 
nha  gourda,  videque  elle  ja  recehe  per 
elle  em  bom  saúde. 

E  elle  tinha  irado  e  nada  entra. 
Videaquel  seu  pai  ja  sahi,  e  ja  roga 
com  elle  pêra  entra. 

E  elle  repostando  ja  falia  per  seu 
pai :  Olha,  estes  tantos  annos  eu  ja 
servi  per  ti,  nem  eu  nenhum  tempo 
nunca  traspassa  teu  mandamento,  e 
ainda  nenhum  tempo  tu  nunca  ja  da 
par  mi  até  hum  cabrito,  que  eu  pode 
alegra  com  meus  amizades: 

Mas  este  teu  filho  quem  ja  desper- 
diça tua  fazenda  com  mundanas  quan- 
do ja  vi,  tu  ja  mata  por  elle  o  vaccinha 
gourda. 

E  elle  ja  falia  per  elle:  Filho,  vosse 
sempre  tem  com  mi,  e  todas  minhas 
cousas  tem  vossas. 

Tinha  competido  que  nos  ja  fica  ale- 
grados, e  ja  folga ;  vide  que  este  vosso 
irmão  tinha  morto,  e  torna  tem  vida; 
e  tinha  perdido  e  tem  achado. 


E  su  tilh  mais  grand  tinh  andad  na 
camp  e  quand  vt^-o  e  chegou  pert  de  su 
caz,  ja  ouvio  music  e  cant. 

E  ja  chamou  um  criad  e  ja  pergun- 
tou qui  couz  er  aquôll. 

E  criad  ja  fallou:  Ja  vêo  ós  irmão  e 
ós  pai  ja  mandou  mala  um  vaquinh 
parqui  éll  ja  chegou  com  saud. 

Eli  então  ja  ficou  zangad  e  não  queri 
entra.  Mais  su  pai  ja  saiu  e  ja  rogou 
par  ôll  par  entra. 

Mais  éll  ja  deu  est  repost  par  su  pai : 
.la  passou  bastant  ann  que  eu  ta  servi 
sem  nunc  deixa  de  repetá  ós  manda- 
ment  e  ós  nunc  par  mim  na  deu  um 
cabrit  par  eu  regala  com  mim  amig: 


Mais  log  que  vêo  est  ós  filh  que  ja 
gastou  tud  quant  tinh  com  mulher  de 
má  vid,  log  la  mandou  mata  cabrit 
gord. 

Então  seu  pai  ja  fallou:  Filh,  ós 
sempi  tem  junto  de  mim  e  tud  de  mim 
é  de  ós. 

Er  preciz  íazC^,  banquet  e  função 
parqui  est  ós  irmão  tinh  morrid  e  agor 
ja  ficou  viv;  tinh  perdid  e  achou. 


Portugnez  de  Diu : 

«Meu  pay  tem  quebrad,  seu  corp  não  prest. 

«A  senhora  dá  par  mim  licença  par  vai  casa,  porque  minh  filh  tá  corp  não  prest. 
«Muito  dinheir  gaslá  quand  butá  putyi,  e  fitinh  no  vestids. 
«Quando  veu  de  Goa  par  qui,  minh  vid  puligava. 
«Muito  susto  toma  meu  corp  na  viaz. 
«Eu  veu  par  qui  nú  vum  vapor. 

«Murrê  vú  infelix  Custod,  não  deixa  nem  busurucam  par  su  famil. 
«A  senhára  já  merca  de  hoj  pamirá. 

«Particip  Voss  Senhori  que  honte  nov  vor  noiti  minh  mulher  ja  tem  parid, 
e  dá  par  luz  vuma  bahy-chocory. 


Guarnições  do  vestido. 


16 


242  SC 

«Senhora  visinh  sabô  prepara  vú  doce  bibinc? 

«Eu  bu  fazê  minh  vid. 

«Duvás  tem  cabec  brut,  voutras  nad  prend,  eu  minh  cust  gast  tud,  dá  par 
el loires,  mas  não  prend. 

«Eu  agora  mesmo  janta,  e  veu  par  qui. 

«A  senhára  dá  vúm  boceó  a  su  babasinh,  ham? 

«Meu  coração  ta  madurecid,  com  disgost  ja  não  ta  meché. 

«A  crians  tá  fazê  datanação  e  estão  garreand. 

«Estam  dand  rundad  vum  para  \otro. 

«Par  mim  já  tá  dá. 

«Voú  eavail  já  tá  dá  vum  ponpé  que  acerta  no  bossó  du  minh  filh. 

«Vú  sú  íiJh  Domingui  stá  muit  traquin. 

«Eu  vai  egrej  e  deixa  ficar  junto  se  minh  filh  Pasquin. 

«Quand  eu  desembarc  du  cavali,  cahiu  e  dovou  minh  braç. 

«O  cavali  faz  bom  pass. 

«Não  deixa  alá  a  babesinh,  que  macurá  pode  ruvi  culat. 

«Ná  tá  dá  doldol  du  minh  filh,  porque  leva  e  estraga. 

«Visinh  eumê  di  d' hoje  baífi  du  peix? 

«Não  vé  nad  par  fazê,  butá  picinh  azeit,  picinh  alh,  picinh  safrão. 

«Assi  fazend  fica  vum  prat  que  não  tá  pode  larga  du  boec. 

«Visinh,  sabe  que  tá  seiítid  muit  com  aquelle  outrvisinh  de  corção  dur, 
aquella  sú  lingu  dur  não  quebr  porque  está  curnund,  nem  par  (^hrist  poupa. 

«Senhor,  eu  tá  vai  hoje  par  Muchavará,  aminhã  ad  vi,  depois  Malaia  vai, 
tud  concert  fase. 

•Mê  filh  lá  incommod,  porque  vêu  no  sú  bocc  vúm  preg. 

«Estaphand  d'aquelle  mand  mude. 

«Mê  pay  tá  foi  di  de  hoj  par  hort  Dangravary. 

«Dá  por  mim  um  picinh  d'aquell  coiz. 

«Estou  augmentando  com  o  sustento  da  minha  família,  tenho  alem  de  pagar 
os  operários  que  trabalham  em  casa:  Sobre  minh  cabeç  tá  cahi  sustent  du  tud 
minh  famil,  tem  eu  de  paga  lambem  os  operes  que  trabalham  em  casa. 

«Qunta  é  a  terra  que  aqui  existe?  Quant  mate  tem  aqui? 

# 

*     # 

.  Papagai  verd 
Com  bicc  du  lacre, 
Levai  est  cart 
Aquell  ingrat. 

Coro 
Oh  I  bahy  cur-cu-ry 
Pentiá  cabel  pela  manh  côd. 

Amarai  chendó  grand  Noibo  com  noibinh, 

Com  ping  du  azeite,  Galinh  com  pentinh 

Se  nao  tem  azeite,  Baix  de  janell 

Butá  sangue  do  meu  peil.  Ja  Irucá  annel. 


SC 


243 


Debaixo  du  ramad 
Ja  naceu  luvar, 
La  v6  su  noibo 
De  chape  arniad. 


Comem  arec  betie, 
Não  cuspi  nú  cham, 
Cuspi  nú  me  peit, 
Regai  mé  corção. 


Raminh,  raminh, 
Pega  na  mão. 
Se  querê  amor, 
Larga  nu  chão. 

Coro 

Ohl  rê  manhã, 
Oh!  rê  manhã 
Rê  manhã. 
Manda  panhá 
Vuruvalh  du  manhã 


Oh!  boiá,  ohl  boiá 
Ohl  boiá,  que  é  de  leit? 
Não  vá  Jeit, 
Não  vá  leit 
Vacc  fugi  oileir. 


Capitão  forma  companhia, 
Marche  Go-go-lá, 
Marche  Go-go-lá, 
Marche  Go-go-lá, 
Go-go-lá,  Go-go-lá. 


Dol,  babá,  dol, 
Rabá  querê  col, 
Ni-nim,  babo  nínim, 
Babá  piquinim. 


Sam  Paulo,  ja  bate  eino, 
Meia  noite,  ja  nacê  minino, 
Meia  noile,  ja  nacê  minino. 


Amblá-indó, 

Amblá-indó, 

Babá,  porque  chor  ? 

Mama,  papá  querê  babá, 

A  mã  butá  fór. 


A  ventolla  ja  pedi  vento 
Para  nosso  casamento. 
Casamento  du  senhara, 
Du  senhara  D.  Rita. 


SCHULTZE  (DR.  RUDOLF ). 

Die  insel  Madeira.  Stuttgart,  1864,  8.*>,  1  tomo,  446  pag. 

8CHULZE  (HERMAIVIV ).—  Professor, 

Die  portugiesische  thronfolge  geschichtUch  erorfert.  lena,  1854,  in-8.°  de  vi- 
53  pag. 

E  no  fim  do  volume :  Druck  von  Fromman  in  Jena. 


SCHURK  (AD.  FRTD.  ), 

Boefie  und  kaaft  der  Araher  in  Spanien  und  Sicilien.  Berlin,  1865,  2  vol. 
in-12.« 


244  SC 

SGUVVAB  (MOISE  ). 

Abravanel  et  sou  époqiie:  les  deim,iers  jours  de  Vhistòire  des  Juifs  d'Espagne 
et  leur  exil  fxiv  et  xv  sièclesj.  Par .  Paris,  1865,  ii\-8.«* 

SCORTIA  (FRANCISCO ).— Jesuíta,  natural  de  Génova. 

Ristretto  delia  santa  Vila  dei  Patriarca  S.  Ignacio  Loiola,  fondatore  delia 
Compagnia  di  Giesii  e  suo  primo  Generale.  Tn  Bologna,  per  1'  Herede  dei  Benaca. 
Bologna,  1624. 

SGRIBE  (EUGÉNIO  ). 

A  Africana.  Poesia  de  Eugénio  Scrihe,  vertida  em  italiano  por  M.  Marcello. 
MusicM  de  G.  Meyerheer.  Lisboa,  8.",  vii-99  pag. 
Personagens : 

D.  Pedro,  primeiro  ministro Galvani. 

D.  Diogo,  almirante Lisboa. 

D.  Ignez,  sua  filha Corradi. 

GuiDO  DE  Arezzo,  navegante Naudin. 

D.  Álvaro,  membro  do  conselho Sinigaglia. 

Nelusko,  escravo Merly. 

Selika,  escrava Rey-Balla. 

Grão  Sacerdote  de  Brahma Galvani. 

.  Anna,  confidente  de  D.  Ignez Grassi. 

O  Presidente  do  Conselho Reduzi. 

Um  porteiro Manfredi. 

«Advertência. —  A  empreza  d'este  thealro  entendeu  conveniente  lirarafeiç5o 
histórica  ao  libretto  da  Africana,  e  entendeu  bem.  As  tradições  gloriosas  dos 
nossos  descobrimentos  maritimos  não  esmorecem,  de  certo,  por  Scribe  se  ter 
lembrado  de  fazer  de  um  dos  nossos  mais  audaciosos  e  i Ilustres  navegadores  um 
ridiculo  personagem,  como  o  pôde  idear  a  phaiitasia  apoucada  de  qualquer  vau- 
deviiista;  no  emtanto  é  sempre  repugnante,  seja  para  que  indi\iduo  for,  e  muito 
mais  a  um  publico  inteiro,  ter  de  assistir  á  exposição  de  um  enredo,  onde  antes 
se  amesquinha  um  dos  maiores  factos  da  sua  historia,  do  que  se  desenha  com  os 
verdadeiros  conhecimentos  gravados  na  memoria  de  todos. 

«Na  Africana  nada  subsiste  de  verdadeiro,  e,  por  conseguinte,  de  histórico, 
senão  o  nome  de  Vasco  da  Gama.  Ao  próprio  antecessor  do  feliz  argonauta,  a 
Bartholomeu  Dias,  chama  Scribe  «Bernardo  Dias». 

«Historia,  geographia,  elhnographia,  n'uma  palavra  todos  os  conhecimentos 
subsidiários  de  uma  obra  que  toma  para  assumpto  um  facto  histórico,  contiecido, 
bem  notório  e  preclaro,  nada  d'isto  se  encontra  no  libretto,  notável  só  pela  levian- 
dade e  ignorância  com  que  foi  concebido  e  depois  escripto. 

«Nós,  em  portuguez,  temos  um  drama:  Os  portuguezes  na  índia,  do  sr.  An- 
tónio Augusto  Correia  de  Lacerda,  que,  sem  ser  uma  obra  acabada,  como  quadro 
dramático,  abrange,  todavia,  o  mesmo  intento,  que  é  fazer  pomposa  mostra  da 
sumptuosidade  do  nosso  poder  n'aquellas  regiões,  onde  o  valor  temerário  dos 
portuguezes  foi  tão  largamente  retribuído  pelas  ricas  paréas  dos  potentados  que 
avassallou. 


SC  "» 

«Sem  tamanhos  absurdos,  sem  desprezar  a  historia,  podia  Scribe  servir-se 
do  trabalho  do  sr.  Lacerda,  e  crear  sobre  elle  um  apparaloso  libretto,  que  ser- 
visse de  estimulo  e  de  quadro  ao  famoso  maestro  allemão  para  architectar  os 
seus  notáveis  monumentos  musicaes.  Mas  Scribe  ignorava  a  existência  do  drama 
porluguez,  o  que  não  admira,  porqu3,  a  julgar  pelo  seu  hbretto  da  Africana, 
ignora  cousas  muito  mais  essenciaes,  e  entendeu  adequado  lançar  mão  de  um 
velho  dramalhão  do  repertório  hespanhol,  por  titulo  Christovão  Colombo,  ou  Con- 
quista de  Granada,  de  que  se  aproveitou  por  inteiro,  nas  scenas  vi  e  vii  do  pri- 
meiro acto;  e  foi,  decerto,  este  copiar  sem  critério,  que  o  levou  a  pôr  a  inquisi- 
ção em  Portugal  no  reinado  de  D.  Manuel,  quando  é  bem  sabido  que  a  inquisição 
só  foi  instituída  depois,  no  tempo  do  seu  successor  D.  João  III,  em  1536, 

«Mas  estes  anachronismos  ainda  seriam  desculpáveis,  se  d'elles  resultasse 
eíTeito  dramático  ou  alguma  apreciável  combinação  para  o  libretto.  Porém  nada 
d'isto.  A  inquisição  é  alli  trazida  para  personificar  a  opposição  ignara  e  rancorosa 
ás  idéas  audazes  do  illustre  descobridor,  opposição  que  Vasco  da  Gama  nunca 
teve  em  Portugal,  onde,  n'aquella  era,  pelo  contrario,  se  padecia  até  da  febre  das 
conquistas,  como  é  fácil  de  conhecer  pelas  obras  de  Manuel  de  Faria  Severim. 
Porém,  como  no  drama  hespanhol  a  que  me  referi,  lá  está  a  inquisição  a  perse- 
guir o  intento  de  Christovão  Colombo,  isto  é,  o  obscurantissimo  fanático  a  con- 
trapor-se  ao  progresso  ào  espirito  humano,  Scribe  não  curou  de  ver  se  esta  ordem 
de  factos  se  ageilava  ao  que  se  passava  entre  nós,  e  fez- nos  hespanhoes  á  força. 
,  «Não  é  isto,  comtudo,  que  lhe  devemos  levar  tanto  a  mal,  visto  não  passar 
das  scenas  de  um  libretto,  porém,  sim  a  fabula  ridícula  que  depois  urde,  cuja 
ignorância  transpira  logo  no  próprio  titulo. 

«Á  heroina  da  opera  chama  elle  «africana»,  e  todavia  esta  africana  não  é  de 
Africa,  mas  sim  uma  Rainha  do  Indostão  I . . . 

...  ò  di  la  (isto  é,  do  Indoslão)  che  il  mio  frágil  canto 
Coito  de  la  tempesta,  in  mar  tranquillo, 
Ripercosso  dali'  onde,  in  preda  ai  venti, 

Alfin  sospinto  fu 
Nei  trisli  lidi  delia  schiavitu. 

«São  estas  as  palavras  do  libretto. 

«N'outros  versos  declara  positivamente  Vasco  da  Gama 

. . .  tutto  svela 

Che  d'oltre  Africa  vengano  costoro, 

isto  é,  que  tudo  patentea  que  de  alem  da  Africa  vinham  aquelles  escravos,  Ne- 
lusko  e  Selika,  que  dá  o  nome  á  opera. 

«Mas  esbocemos  cm  breves  traços  a  intriga  do  libretto,  para  mostrar  que 
era  incompativel  deixar  alli  permanecer  o  nome  de  Vasco  da  Gama  sem  injuria 
para  o  nosso  publico,  ainda  o  menos  esclarecido  e  exigente. 

«É  sobretudo  notório  que  Vasco  da  Gama  se  tornou  celebrado  como  argo- 
nauta intrépido  e  feliz  descobridor  da  índia.  Pois  são  estas  mesmas  qualidades 
que  lhe  rouba  Scribe.  O  aventuroso  almirante,  na  Africana,  não  passa  de  um 
pobre  homem  a  quem  Selika  ensina  a  passagem  da  Índia,  indicando-lh'a  no 


S46  SC 

mappa  (uma  selvagem  a  saber  geographial),  e  a  quem  elle  paga  tamanho  benefi- 
cio acceitando-a  por  esposa,  a  fim  de  subtrahir-se  á  morte,  fugindo-lhe  logo 
depois,  tanto  que  se  lhe  proporciona  o  ensejo. 

«O  Vasco  da  Gama  histórico  parte  do  Tejo  em  1497,  n'uma  armada  de 
quatro  naus.  Anima  esta  empreza  o  desejo  de  levar  a  cabo  o  descobrimento  da 
índia,  complemento  glorioso  de  antecedentes  expedições  maritimas.  Não  ha  oppo- 
siçáo  a  que  a  frota  parta,  nem  a  que  o  almirante  se  arrisque  ás  incertezas  d'aquel- 
las  longiquas  paragens;  ha,  pelo  contrario,  a  anciedade  de  conquistar,  que  nos 
tornou  os  primeiros  navegantes  d'aquellas  eras,  audácia  de  que  resultou  um  dos 
primeiros  e  mais  valiosos  passos  para  a  civilisação  moderna. 

«Note-se  que  já  antes  de  Vasco  da  Gama,  em  1486,  Bartholomeu  Dias,  e  não 
Bernardo  Dias,  como  lhe  chama  Seribe,  havia  dobrado  o  famoso  promontório 
que,  pelos  perigos  de  navegação  que  o  rodeiam,  suscitou  o  nome  de  Cabo  das 
Tormentas  ao  impávido  navegador,  e  a  Camões  a  sublime  fabula  de  Adamastor. 
D.  João  II,  porém,  confiando  que  alli  estava  a  porta  aberta  para  a  conquista  de 
novos  e  ricos  dominios,  substituiu-lhe  a  denominação  pela  mais  auspiciosa  de 
Cabo  da  Boa  Esperança. 

«No  libretto  tudo  isto  se  altera,  e  sem  necessidade.  O  cabo  dá-se  como  não 
dobrado,  e  a  passagem  da  índia  ainda  como  desconhecida ;  a  Bartholomeu  Dias 
como  ignorado  o  seu  destino,  naufragado  e  perdida  toda  a  frota  que  levara,  quando 
elle  voltou  ao  reino,  onde  foi  celebrado  o  feito  pelo  monarcha  portuguez,  e  fes- 
tejado pela  Europa  inteira. 

«Na  Africana,  Vasco  da  Gama  parte  de  Lisboa,  n'uma  posição  obscura  e 
subalterna,  e  tão  subalterna,  que,  quando  D.  Ignez  pergunta  por  elle,  na  occasião 
que  annunciam  a  perda  da  esquadra,  D.  Pedro  responde-lhe  que  ninguém  o 
conhece. 

«Depois  Vasco  da  Gama,  o  de  Seribe,  compra  n'um  mercado  de  negros  na 
Cafraria  (um  mercado  de  negros  na  Cafrarial),  dois  escravos,  Selika  e  Nelusko, 
que  vieram  alli  parar,  trazidos  por  temporaes  n'uma  canoa,  das  bandas  do  Indos- 
tão, sua  pátria,  e  onde  Selika  é  Princeza  herdeira  da  coroa. 

«Pense-se  bem  n'esta  vinda  dos  dois  escravos  das  alturas  do  Ceylão  até  á 
Ethiopia !  Que  de  léguas  através  de  mares  tormentosos  n'uma  piroga  I  Seribe 
nunca  olharia  para  um  mappa  geographico  ? 

«É,  emfim,  com  estes  dois  escravos  que  o  Vasco  da  Gama  da  Africana  volve 
á  Europa,  os  quaes  lhe  servem  de  documento  vivo  para  demonstrar  a  existência 
de  terras  habitadas  alem  do  Cabo ! 

«A  inquisição,  comtudo,  toma-o  por  visionário.  Elle  vocifera,  e  afinal  é 
meltido  ii'um  dos  cárceres  d'aquelle  fanático  tribunal,  mas  cárcere  aonde  todos 
entranj  e  saem,  como  se  não  fosse  uma  das  condições  peculiares  d'aquellas  pavo- 
rosas masmorras  a  isolação  de  todo  o  contacto  exterior.  É  n'este  cárcere  que 
Selika  ensina  a  Vasco  da  Gama  a  passagem  da  índia,  quando  o  vé  a  scismar,  com 
os  olhos  pregados  no  mappa. 

«D.  Ignez  obtém  o  perdão  de  Vasco  da  Gama,  que  sáe  da  inquisição,  alcança 
um  navio,  e  se  põe  a  caminho  para  os  mares  da  índia. 

«Mas  o  commando  da  expedição  ainda  não  é  dado  a  elle,  senão  a  um  tal 
D.  Pedro,  presidente  do  conselho  do  Rei  de  Portugal  I 

«A  bordo  dos  navios  de  D.  Pedro  vão  os  dois  escravos ;  e  Nelusko,  a  quem 
como  pratico  é  confiada  a  rota  da  esquadra,  faz  logo  que  parte  dos  navios  se 


SC  2" 

percam,  e  quanto  á  nau  almirante,  dispõe  elle  as  cousas  de  maneira  que  em  certa 
altura  é  abordada  por  uma  nuvem  de  chalupas  de  naturaes  da  sua  terra,  que  a 
tomam,  levando  todos  os  portuguezes  prisioneiros. 

«Notem  como  o  selvagem,  aqui  da  Europa,  havia  concertado  esta  surpreza, 
como  se  para  alli  houvesse  já  telegrapho  eléctrico,  e  como  se  uma  porção  de 
canoas  se  atrevesse  com  um  galeão  de  alio  bordo  1 

«Vasco  da  Gama  também  fica  prisioneiro,  e  é  condemnado  a  morrer,  porque 
Nelusko,  que  tece  aqui  a  intriga,  o  odeia  como  rival  feliz. 

«É  n'este  lance  que  Selika  declara  que  Vasco  da  Gama  não  pôde  ser  conde- 
mnado á  morte  como  estrangeiro  que  ousasse  tocar  aquella  terra  vedada  a  todos 
que  não  sejam  seus  naluraes,  porque  Vasco  da  Gama  é  seu  esposo. 

«Esta  lembrança  toca  o  sublime  do  desvario,  porque,  segundo  a  seita  de 
Brahma,  que  não  tolera  a  menor  ligação  civil  fora  da  sua  communhão,  a  declara- 
ção de  Selika,  em  vez  de  salvar  Vasco  da  Gama  condemnava-o,  e  também  a  ella, 
a  perecerem,  sem  haver  cousa  alguma  que  os  salvasse.  Mas  não  é  somente  aqui  o 
erro  histórico,  senão  também  em  levar  Vasco  da  Gama  a  terras  onde  dominava 
a  religião  brahmanica ! » 


The  Africana.  An  opera  in  five  acts,  by .  The  italian  translation  by  M. 

Marcello.  Music  by  G.  Meyevbeer.  Malta.  Printed  at  the  Anglo-Maltese  Press,  1870, 
in-i2.",  119  pag. 

D.  Pedro,  presidente  do  conselho  do  Hei  de  Portugal  P.  Mazzarini. 

D.  Diogo,  almirante G.  Zambellini. 

Ignez,  sua  filha E.  Cinti. 

Vasco  da  Gama A.  O.  Pavani. 

D.  Álvaro,  membro  do  conselho G.  Fleri. 

Nelusko,  escravo F.  Proni. 

Selika,  escrava R.  Pantaleoni. 

O  SuMMO  Sacerdote  de  Brahma G.  Ohvieri. 

Anna,  confidente  de  Ignez C.  Leonardi. 

O  Inquisidor  Mór L.  Del  Riccio. 

Um  padre B.  Perez. 

SEBASTIÃO  VIEIRA.—  Jesuíta,  natural  de  Castro  Daire. 

Littera  anima  dei  Giappone  deli'  Anno  mdcxiii,  nella  cjuale  si  raccontono  molte 
cose  d'edificatione,  e  martyrii  occorsi  nella  persecutio7ie  di  questo  AnnOj,  scritta  dal 
P.  Sehastiano  Vieira  delia  Compagnia  di  Giesu.  Al  molto  R.  P.  Generais  deW  istessa 
Compaynia.  In  Roma,  per  Bartolomeo  Zanetti,  1617,  in-S.",  72  pag. 

Animae  titterae  ex  Japonia  16  martii  1613.  Romae,  apud  Bartholomaeum 
Zaiíettum,  1617,  in-8.° 

Lettres  Annuelles  du  Japon,  des  Années  1618  et  1614,  oii  plusieurs  choses 
d'édification  sont  raccontées  fidèlement,  et  les  Martyres  arrivés  durant  la  jjersécu- 
tion  des  dictes  années.  Escrite  au  Reverend  Père  General  de  la  Compagnie  de  Jesus j 
par  le  P.  Sebastien  Vieií-a,  de  la  même  Compagnie.  Mises  d'italien  en  [rançais  au 
Collège  de  Lyon,  par  le  P.  Michel  Coyssard.  A  Lyon,  par  (alaúde  Morillon,  1618, 
in-8.»,  280  pag. 


Í48  SE 

Lettre  annuelle  du  Jappon  de  Van  mil  six  cent  Ireize,  conlenant  plusieurs 
exemples  de  vare  vertu  et  divers  actes  des  Martyrs,  qui  ont  souffert  pou7-  la  confession 
de  la  foy  chrétienne  durant  la  méme  année.  Escrite  par  le  Père  Sebastien  Vieira, 
de  la  Compagnie  de  Jesus.  Au  Revercnd  Père  Géiiéral  de  la  même  Compagnie.  Tra- 
duite  dHtalien  eu  [rançais  par  le  Père  François  Solier,  de  la  même  Compagnie. 
A  Bordeaux,  par  Simon  Millanges  (sem  data),  in-8.^  92  pag. 

Duas  cartas  escriptas  do  carcei^e  de  ledo  a  7  de  Abril  de  1634,  na  Imagem 
de  Virtude  no  noviciado  de  Coimbra. 

em  latim,  pelo  padre  Math.  Tanner. 

em  francez,  pelo  padre  Crasset,  na  Histoire  du  Japon,  tomo  ii,  liv.  20. 

SEBASTIEIV  (D03I).  Roy  de.  Portugal.  Nouvelle  historique.  Paris,  chcz 
Claude  Barbin,  1680,  3  partes. 

SEBASTIEN  (DOM)  ET  FILIPPE  II.  Exposé  des  négociations  cntâmés 
en  viie  du  mariage  du  Roi  de  Portugal  avec  Margueritc  de  Valois.  Par  le  comte  de 
S.  Mamede.  Paris,  1884,  in-8.« 

SECULAU  PRIEST. 

The  Life  of  Saint  Elisabeth,  Queen  of  Portugal.  London,  1859. 

SEGURA  (FRANCISCO ).— Hespanhol. 

Primera  parte  dei  Romancero  historiado :  trata  de  los  hazaíiosos  hechos  de 
los  christianisimos  reyes  de  Portugal.  Dirigido  ai  ilustrisimo  sefior  Don  Miguel  de 
Norona,  meritisimo  conde  de  Linares,  ele,  etc.  Lisboa,  por  Vicente  Alvarez,  1610, 
8.°  de  XIV  (innumeradas),  182  folhas  numeradas  pela  frente. 

«Compõe-se  esle  romanceiro  de  trinta  e  oito  romances,  em  que  se  guarda, 
pouco  mais  ou  menos,  a  ordem  rigorosamente  chronologica,  sendo  assumpto  do 
primeiro  a  batalha  e  victoria  de  Ourique,  e  do  trigésimo  oitavo  a  tomada  de  Faro 
por  Aífonso  III.  No  principio  do  livro,  de  fl.  viii  a  x,  vem  uma  curiosa  carta 
escripta  ao  auctor  por  Gonçalo  Vaz  Coutinho,  governador,  que  fora,  da  ilha  de 
S.  Miguel. 

«O  tomo  II,  ou  parte  ii,  não  consta  que  chegasse  a  ver  a  luz*.» 

SEGURA  (NICOLAU   ). 

Foi  um  dos  maiores  admiradores  do  nosso  grande  padre  António  Vieira.  Não 
só  lhe  compoz  um  elogio  em  hespanhol,  que  se  encontra  nas  Vozes  saudosas,  do 
padre  Vieira,  mas  até  mesmo  fez  o  retraio  d'este  nosso  orador  na  collecção  que 
este  padre  hespanhol  publicou  de  seus  próprios  sermões. 

SEIXAS  (FRANCISCO  PARDO  DE  ). 

Loa  en  que  la  heroyca  y  noble  ciudad  de  Cadix  manifesta  a  S.  M.  Elrcy  N.  S. 
el  goso  y  placer  de  que  está  poseida  por  los  fclices  esponsalrs  que  S.  M.  ha  rontraido 
con  la  Senora  Infanta  de  Portugal,  D.  Maria  Isabel  de  liorbou,  y  por  el  digno 
exemplo  que  recibe  e  imita  su  amable  hermano,  el  Serenisimo  Senor  D.  Carlos 


lonoceDcio  Francisco  da  Silva,  Diccionario  bibUographico,  vol.  vi,  pag.  244. 


SE  2W 

Maria,  contrayendo  iguales  esponsal  es  con  la  Sefiora  Infanta  D.  Maria  Francisca 
de  Assis  de  Borbon.  1816,  24  pag.,  in-24. 

SELECTAK  DEVOTIOIVES  ad  S.  Judam  Thadaeum,  S.  Joannem  Nepo- 
muccnum,  S.  Dismam  pwnitentem  lalroncm,  et  S.  Francisciim  Xaverium  adjunctis 
orationibus  S.  Brigittae.  Leopoldi,  lyp.  S.  J.,  1711. 

SELECTIOIVS  m  PORTUGUESE  and  English  with  Porlugucse  words 
properly  accented,  for  the  use  of  persons  learning  those  languages.  8.° 

SEMANA  (UNA)  IN  LTSBONA.  Infol. 

«Descuellan  en  los  dos  pueblos  peninsulares  dos  génios  inmensos,  dos  vidas 
cuyo  paralelismo  senaló  incompletamente  Clemencin  y  cuya  semejanza  es  absoluta. 
Madrid  y  Alcalá,  la  ciudad  complutense,  se  han  disputado  el  nacimiento  dei  uno; 
Lisboa  y  Coimbra,  la  ciudad  universitária,  el  de  oiro;  el  que  nació  en  Alcalá  era 
de  mediana  estatura,  blanco,  de  buen  color,  pelo  castafio,  barba  y  bigole  rubios, 
ojos  alegres,  nariz  larga,  con  una  elevacion  non  desairada  en  la  mitad  (testígo  de 
ingenio);  los  dos  eran  de  afable,  ameno  y  festivo  caracter;  los  dos  fueron  hidal- 
gos,  soldados,  poetas  y  pobres;  los  dos  hieieron  largas  y  penosas  peregrinaciones ; 
el  uno  perdió  la  mano  izquierda  en  Lepanto,  el  otro  el  ojo  derecho  en  el  Estrecho 
de  Gibraltar;  el  uno  tuvo  por  recompensa  de  sus  servicios  una  plaza  de  recau- 
dador  de  alcabalas,  que  dió  con  el  en  la  cárcel ;  el  otro  un  cargo  de  provedor  de 
defunctos,  y  fué  a  parar  á  una  prision ;  los  dos  escribieron  desde  su  calabozo  ;  los 
dos  recibieron  algun  tiempo  pensiones,  aunque  tan  escasas,  que  pasaron  en  la 
mayor  miséria  los  últimos  anos. 

Al  final  de  esto  decia  uno : 

Fuime  con  esto,  y  lleno  de  despecho 
Busque  mi  antigua  y  lobrega  posada, 
Y  arrojéme  molido  sobre  el  lecbo ; 
Que  cansa,  quando  es  larga,  una  jornada. 

«Y  cscribia  el  otro: 

«Quien  habia  de  decir  que  en  tan  pequeno  teatro  como  el  de  un  pobre  lecho, 
queria  la  fortuna  representar  tan  grandes  desventuras!» 

«Al  dia  seguiente  de  recibir  la  Extrema  unccion,  escribia  el  uno : 

4 

Puesto  ya  el  pié  en  el  estribo, 
Con  las  ânsias  de  la  muerte, 
Gran  senor,  esta  te  escribo. 

«Poço  antes  de  morir  escribia  el  otro: 

«En  fin,  acabaré  la  vida  y  veran  todos  que  tan  aficionado  fui  á  mi  pátria, 
que  no  me  contente  solamente  con  morir  en  ella,  sino  de  morir  con  ella.» 


2S0  SE 

«El  que  murió  en  Madrid  fué  pobremente  enterrado  en  Ia  iglesia  de  las 
monjas  trinitarias,  y  no  tuvo  quien  grabara  sobre  su  sepultura  estas  nueve  letras: 

Cervantes 

«El  que  murió  en  Lisboa  fué  pobremente  enterrado  en  ia  iglesia  de  las 
monjas  franciscanas  y  á  los  dieziseis  anos  tuvo  sobre  su  tumulo  la  seguiente 
inscripeion : 

Aqui  jaz  Luiz  de  Camões 

Príncipe  dos  poetas  do  seu  tempo 

Viveu  pobre  e  miseravelmente 

E  assim  morreu 

8ENEX. 

Spain  and  Portugal  distinguished  into  their  kingdoms  and  principalities. 
Revised  by  Senex.  1719. 

SENTENCE  the  gmuine  legal,  pronounced  by  lhe  High  Court  of  Judicature 
of  Portugal,  upon  the  conspirators  against  the  life  ofhis  Majesty  (From  theportu- 
guesej.  London,  1759. 

SEPTENVILLE  (BARON  DE ).— Membre  de  la  chambre  des  depu- 
tes pour  le  département  de  la  Somme.  Officier  d'académie,  commandeur  avec 
plaque  de  rordre  royal  et  militaire  du  Christ,  de  Portugal;  commandeur  du 
nombre  extraordinaire  des  ordres  de  Charles  111  et  d'Isabelle  la  Catholique,  d'Es- 
pagne;  chevalier  des  ordres  de  Nôtre-Dame  de  Viila  Viciosa,  de  Portugal,  de 
Nôtre-Dame  de  Guadalupe,  du  Méxique,  etc.  Membre  de  plusieurs  académies  et 
sociétés  savantes  de  France  et  de  Télranger. 

Fastes  militaires  et  maritimes  du  Portugal.  Uexpédition  de  Ceuta  en  1415 ^ 
par .  Paris,  1879,  8.°,  xn-143  pag. 

É  dedicada  esta  obra  ao  ministro  de  Portugal  em  França,  J.  da  Silva  Mendes 
Leal ;  no  principio  da  mesma  obra  tem  mencionadas  mais  as  seguintes : 

Découvertes  et  conquêtes  du  Portugal  dans  les  Deux  Mondes. 

Étude  historique  sur  le  Marquis  de  Pombal  1733-1777. 

Le  Portugal  et  Vuriité  Ibérique. 

Le  Portugal  et  ses  colonies. 

Notice  biographique  sur  S.  M.  1.  Don  Pedro  IV. 

Les  droits  de  la  Couronne  de  Portugal  sur  la  bate  de  Lourenço  Marques. 

Le  Brésil  sous  la  domination  portugaise. 

Jean  de  Lery  ou  le  Hrésil  et  Genève,  1534-1611. 

SERENATA  da  cantarsi  nel  fíeal  Palazzo  il  di  24  Giugno  1726  per  il  nome 
delia  Sacra  Real  Maestà  di  Giovanni  V.  Re  di  Portogallo.  Lisbona  occidentale, 
nella  oíl.  di  Giuseppe  António  da  Sylva,  1726,  4.° 

SERENATA. çwe  se  ha  de  cantar  en  el  salon  dei  Excelentisimo  Seíior  Em- 
baxador  de  Portugal  en  esta  Corte  He  Madrid,  con  el  plausible  motivo  dei  doble 
desposorio  de  los  Senores  Don  Juan,  Infante  de  Portugal,  con  Dona  Carlota  Joa- 


SH  2« 

quina,  Infanta  de  Espana,  y  Don  Gabriel  António,  Infante  de  Espana,  con 
Doíia  Maria  Ana  Victoria,  Infanta  de  Portugal.  Descripcion  dei  Salon  y  demás 
piezas,  construídas  y  adornadas,  de  orden  de  S.  E.,  baxo  la  direccion  de  Don  Pedro 
Amai.  Explicacion  de  los  asuntos  Mitológicos  alusivos  á  esta  funccion,  pintados  en 
el  salon  y  galeria.  En  la  ímprenta  Real,  ano  1785,  8.**,  31  pag. 

SERMAM  undécimo  da  Exoltaçam  da  Santa  Cruz,  entradíi  dos  jejuns  da 
Ordem  e  memoria  do  resgate  da  Sancta  Imagem  do  Crucifixo  captivo.  Em,  o  Con- 
vento dos  Carmelitas  Descalços  de  Madrid.  1671. 

SERRA  (PEDRO  DA )•— Da  companhia  de  Jesus;  lente  de  prima 

de  theologia  no  real  collegio  de  Máximo,  de  Coimbra;  qualificador  do  santo  oíiicio; 
examinador  das  três  ordens  militares;  consultor  da  Bulia  da  Cruzada  e  revisor 
geral  da  mesma  companhia  em  Roma. 

Sermão  panegyrico  de  S.  João  Baptista,  celebrado  na  sua  milagrosa  imagem 
de  pedra  que  está  collocada  na  parede  á  porta  da  Santa  Sé  de  Coimbra,  pelo  M. 

R.  Cabido  em  24  de  junho  de  1146.  Prégou-o  o  M.  R.  P.  M. .  En  Génova,  na 

officina  Lrrziana,  1751,  foi.,  xii-lvi  pag. 

SERTO  Dl  DOCUMENTI  attenenti  alie  Reale  Case  di  Savoia  e  di  Bra- 
ganza  per  le  auspicatissime  nozze  di  Sua  A.  R.  la  Principessa  Pia  di  Savoia,  con 
Sua  Maestà  Don  Luigi  I  Re  de  Portogallo.  Publicazione  delia  Stamperia  reale  de 
Firenze.  Setembre  1862,  foi...  237  pag.,  edição  primorosa. 

SEYRIG  (T.). 

Le  pont  sur  le  Douro  à  Porto,  de  MM.  G.  Eiffel  &  C.«.  Mémoire  par . 

Description  des  projects  presentes  au  concours,  description  détaillé  de  Vouvrage 
execute,  calculs  de  résistance  relatifs  à  celui-ci.  Avec  quatre  plaiiches  renfermant 
les  divers  projets.  Extrait  des  mémoires  de  la  société  des  ingénieurs  civils.  Mémoire 
qui  a  obtenu  la  médaille  d'or  à  la  société  des  ingénieurs  civils. 

S II  ARPE  (DANIEL ). 

On  geology  of  the  neighbourhood  of  Lisbon.  London,  1841,  in-4." 

SIIEIL  (MIGUEL ).— Professor  da  lingua  ingleza. 

Grammatica  ingleza  de  L.  Murray,  approvada  pelos  melhores  escriptores 
d'esta  lingua,  adoptada  para  uso  da  real  academia  de  marinha,  e  commercio  da 
cidade  do  Porto.  Offerecida  ao  III.""'  Sr.  Dr.  Joaquim  Navarro  de  Andrade,  Ca- 
valleiro  Professo  na  Ordem  de  Christo,  Primeiro  Lente  Director  e  Decano  da  Fa- 
culdade de  Medicina  na  Universidade  de  Coimbra,  Deputado  da  Real  Junta  da 
Directoria  Geral  dos  Estudos  e  Escolas  do  Reino,  e  Director  Litterario  da  mesma 
Real  Academia.  Poilo,  na  typ.  da  viuva  Alvarez  Ribeiro  &  Filhos.  Aiino  1820, 
8.°,  235  pag. 

SHERER  (CAPTAirV  MOYLE ). 

Milttary  Memoirs  of  Field-Marshal  the  Duke  of  Wellington,  by .  London, 

1830,2  vol.,  8.° 


m  SI 

SHERIDAN  (B.). 

La  duègne  et  le  juif  portugais,  farce  en  trois  actes,  pour  le  Carnaval.  Tra- 
duiíe  par  A.  H.  Chateauneuf. 

SIBELO  (BARROS ). 

Plano  general  estadísticos  arqueológico,  geográfico  y  geológico  de  la  tercera 
via  militar  romana  que  dei  Convento  Jnridico  de  Braga  se  dirigia  a  Aslorga.  1860. 

O  superintendente  d'estas  obras  foi  o  legado  de  Vespasiano,  Caio  Calpetanus 
Rantius  Quirinalis  Valerius  Festns,  do  qual  faz  menção  Tácito. 

SICARDO  (JOSEPH ). 

Christiandad  dei  Japon,  y  dilatada  persecucion  que  padeceo,  memorias  sacras 
de  los  martyres  de  las  religiones  de  Santo  Domingo^  S.Francisco,  ele.  Madrid,  i698. 

Cap.  v:  Voyage  de  Inigo  de  Biervillas,  Portug.  à  la  Cote  de  Malabar,  Goa, 
Batavia  e  outros  logares  das  Índias  Orientaes.  Paris,  1736. 

Trata  das  missões  p<»rtuguezas  n'aquelle  remoto  império,  segundo  assevera 
Tolbort  no  Instituto  Vasco  da  Gama,  1874,  pag.  135. 

SIEGEIVBEECK  (MATTHIJS ). 

Museum  of  Verzameling  van  Stukken  ter  Bevordering  van  fraaije  kunsten  en 
Wetenschap])en.  Haarlem,  1814. 

Pag.  3o  a  88 :  Over  Camoens  en  zijne  Lusiade,  avec  specimen  d\me  tradu- 
ction  de  VEpisode  de  Inês  de  Castro. 

SIENA  (VIIVCENZO  MARIA  Dl  S.  CATERINA  DA  ).— Car- 
melita descalço,  residente  em  Itália. 

//  Viaggio  alV  Indie  Orientali  deli ,  diviso  in  cinque  libri.  In  Roma. 

Filippomaria  Mancini,  1672,  foi. 

Foi  em  1656  enviado  pelo  papa  Alexandre  VII  com  outros  três  religiosos  da 
sua  ordem  ao  Malabar,  com  o  fim  de  pôr  termo  ao  schisma  que  se  tinha  levan- 
tado entre  os  christãos  e  o  bispo  jesuíta,  que  o  papa  lhes  tinha  dado. 

Escreveu  o  padre  Siena  uma  minuciosa  obra  relativa  a  estas  discórdias,  e 
da  qual  tem  de  tomar  conhecimento  quem  desejar  escrever  por  miúdo  a  respeito 
do  nosso  padroado  no  Oriente.  D'esta  obra  se  serviu  Crozer  na  sua  Historia  dç 
Christianismo  nas  índias. 

Siena  mostra-se  inimigo  dos  portuguezes. 

SIEUR  SANSOX. 

UEspagne  divisée  en  tous  ses  royaumes  et  pnncipautés . . .  sous  les  couronnes 

de  Castille,  de  Aragon  et  de  Portugal,  par  le .  Dedié  au  Boi  par  H.  Jaillot. 

1695. 

81  FACE,  Drammu  per  musica,  da  raprcsentarsi  in  Lisbona  nclla  Sala 
deli'  Academia  alia  Piazza  delia  Triuilà.  Auno  de  1737,  federalo  alia  Nobilita  di 
Portogallo.  In  Lisbona  occidentale,  nella  stamperia  di  António  Isidoro  da  Fonseca. 
Anno  1737. 

SIGEA  (LUÍSA )•— Natural  de  Toledo,  celebre  pelos  seus  conheci- 
mentos da  lingua  latina,  grega  e  hebraica,  syriaca  e  chaldaica.  Viveu  muitos 


SI  ís:! 

annos  em  Portugal,  no  palácio  da  celebre  infanta  D.  Maria,  filha  de  El-Rei  D.Ma- 
nuel. Falleceu  no  dia  13  de  outubro  de  1560  ^ 
Sintra.  Poema. 

SILIO. 

Camões. 

Poesia  recitada  pelo  escriptor  Silió,  quando  um  grupo  de  escriplores  portu- 
guezes  foram,  em  1872,  a  Madrid: 

Salud  y  paz,  hermanos,  la  tierra  de  Castilla, 
Hidalga  en  sus  deseos,  os  brinda  solo  el  bien; 
Que  solo  el  bien  se  deben,  cual  es  el  que  aqui  brilla, 
La  pátria  de  Cervantes  y  el  piieblo  de  Camoens! 

La  misma  es  nuestra  lengua ;  lo  mismo,  igual  se  llama 
La  pátria  que  en  seno  nos  dá  igual  corazon ; 
El  sol  de  vuestros  heroes  brilló  Vasco  de  Gama, 
Cual  brilla  entre  los  nuestros  y  brillará  Cólon  f 

Mas  grandes  que  nosolros,  de  libertad  en  nombre, 
Hábeis  desvanecido  las  sombras  dei  ayer ; 
Ya  vuestra  ley  corrije,  la  nuestra  mata  ai  hombre, 
Ejemplo  sois  de  un  pueblo  que  libre  sabe  ser! 

Unidos  los  recuerdos  estan  en  nuestra  historia ; 
Que  una  nuestras  almas  mayor  fraternidad. 
Que  el  sacrosanto  grito  que  inspire  nuestra  gloria 
Eternamente  sea  de  —  pátria  y  libertad ! 

SILVA  (AIVTONIO  DA ).—  Gallego. 

Primevas  tragedias  espanolas :  Nise  lastimosa  y  Nise  laureada ;  Dona  Ignes 
de  Castro  y  Valladares,  Princesa  de  Portugal.  Madrid,  1577,  in-8.*,  por  Francisco 
Sanchez. 

Falia  d'esta  obra  Nicolau  António,  Bihliotheca  Nova,  vol.  i,  pag.  161. 

SILVA    (DUARTE    DA  ).  —  Irmão  coadjutor,  portuguez,  que,  no 

anno  de  1552,  S.  Francisco  Xavier  enviou  a  Goa,  distinguindo-se  por  seu  zelo  em 
catechisar  os  infiéis,  e  morreu  no  reino  do  Bungo,  no  anno  de  1564. 

Carta  escrita  do  Japão  aos  Irmãos  da  Companhia  da  Índia  a  20  de  setembro 
de  1555.  Évora,  por  Manuel  da  Silva.  Coimbra,  por  António  de  Mariz,  1570, 
in-4.« 

Foi  vertida  para  latim  pelo  padre  Manuel  da  Costa:  Rerum  Societatis  in 
Índia  gestarum,  lib.  ii,  epist.  iv.  Dilingae,  apud  Sebaldum  Mayer,  1571,  in-8.", 
pag.  93  a  103.  Coloniae,  apud  Gervinum  Calenium,  1574,  in-8.*»,  pag.  199  a  210; 
nas  Epistolas  Japonezas,  Lovanii,  apud  Rutgerum  Velpium,  1570,  in-8.«,  pag.  103 


'  Nicol.  Ant.,  Bibliotheca  Nova,  vol.  i,  pag.  73. 


254  SI 

a  108.  Ibid.,  1569,  in-8.°,  pag.  85  a  93 ;  e  por  Maífejo :  Epist.  Indic,  lib.  i.  Flo- 
rentiae,  apud  Philippum  Junclam,  r,88,  in-fol. 

Em  hespanhol,  pelo  padre  Cypriano  Soares,  Coimbra,  por  João  Alvares  e 
João  de  Barreira,  1565,  in-4.°,  pag.  95.  Alcalá,  por  Juan  Iniguez  Lequerica,  1575, 
in-4.°,  pag.  73. 

Em  italiano,  nos  Diversi  avisi  particolart  delV  Indie,  parte  in.  Venetia,  per 
Michele  Tramezzino,  1565,  in-8.°,  pag.  250. 

Summario  de  algumas  cartas  que  escreveu  de  Amanguchi  a  20  de  setembro  de 
1555.  Reimpresso  com  outras.  Évora,  1598,  foi. 

Traduzido  para  latim  nas  Epistolis  Japonicis,  Lovanii,  1569,  in-8.^  pag.  111 
a  131,  e  ibid.,  1570,  in-8.«,  pag.  109  a  121. 

SILVA  (J.  M.  PEREIRA ).— Brazileiro. 

Biographie  de  Jorge  de  Albuquerque  Coelho. 

Appareceu  publicada  em  francez  na  Revue  des  races  latines,  2«  année,  vol.  viii. 
Junho  de  1858. 

SILVEIRA  (BARONEZA  D.  BEATRIZ  DA ). 

«A  baroneza  D.  Beatriz  da  Silveira  nasceu  em  Lisboa,  e  foi  casada  com  o 
barão  Jorge  Paz  da  Silveira,  eavalleiro  da  ordem  de  S.  Thiago,  commendador  de 
S.  Quititino  de  Monte  Agraço,  senhor  das  vi  lias  da  Silveira,  Cuevas  de  Catana- 
zor,  etc.i 

«Viveram  e  morreram  ambos  na  corte  de  Madrid,  e  herdaram  e  adquiriram 
grandes  riquezas,  de  modo  que  a  sua  casa  era  uma  das  mais  opulentas  de  toda  a 
Hespanha. 

«Não  tiveram  filhos,  e  como  tinham  casado  por  carta  de  metade,  se  achou 
por  morte  de  ambos  que  cada  um  d'elles  possuía  80:000  cruzados  de  renda 
annual  e  perpetua,  de  que  o  barão  instituiu  dois  morgados  para  dois  sobrinhos 
seus,  e  edificou  em  Alcalá  um  collegio  para  quarenta  irlandezes,  com  grande 
ronda,  para  alli  estudarem  e  saírem  a  pregar  a  fé  ao  seu  paiz. 

«Fundou  mais  um  magnifico  hospital  e  um  grandioso  mosteiro  de  freiras 
franciscanas,  e  deixou  grande  porção  de  rendas  perpetuas  a  presos,  captivos  e 
orphãos,  com  outras  muitas  obras  de  piedade. 

«A  baroneza,  que  sobreviveu  a  seu  marido,  despendeu  os  seus  80:000  cru- 
zados, que  couberam  á  sua  parte,  e  as  muito  avantajadas  sommas  que  importa- 
vam os  seus  bens  moveis,  pela  maneira  seguinte,  como  consta  do  seu  testamento, 
impresso  em  vinte  folhas  de  papel.  E  d'elle  consta  o  seguinte: 

«Fundou  em  Madrid  o  famoso  convento  da  Natividade  e  S.  José,  de  carme- 
litas descalças,  a  que,  em  rasão  da  sua  fundadora  ser  baroneza,  eram  admiltidas 
quarenta  religiosas  de  conhecida  nobreza  de  pae  e  mãe,  as  quaes  entravam  sem 
dote,  sem  propina  nem  tença,  gastando  n'esta  fundação  mais  de  160:000  cruza- 
dos, e  lhe  applicou  de  renda  perpetua  annual  20:000  cruzados  para  sustento  das 
ditas  religiosas  do  coro  e  de  oito  leigas  para  o  serviço  de  casa,  e  para  seis  capel- 
lâes  e  um  sacristâo-mór  e  outro  menor,  um  mestre  de  cerimonias  e  quatro 
moços  para  o  serviço  da  igreja.  Ordenou  que  dos  20:000  cruzados  se  depositas- 


0  Ramalhete,  vol.  iii,  pag.  37. 


SI  *ss 

sem  2:000  cada  anno  em  um  cofre,  e  que  cada  três  annos  se  empregassem  estes 
6:000  cruzados  em  novas  rendas,  para  que  as  do  convento  se  fossem  augmen- 
tando  sempre. 

«Em  Alcalá  reedificou,  quasi  desde  os  fundamentos,  outro  mosteiro  também 
de  carmelitas,  com  grande  dispêndio,  e  lhe  applicou  2:000  cruzados  de  renda 
perpetua. 

«Na  viiia  de  Yepes  edificou  outro  convento  das  mesmas  religiosas,  com 
3:000  cruzados  de  renda.  Edificou  em  Salamanca  um  collegio  aos  frades  trinita- 
rios  descalços,  e  aos  mesmos  fundou  uma  casa  de  deserto  com  grandes  despezas 
e  lhe  dotou  outros  3:000  cruzados.  Aos  jesuítas  da  casa  professa  de  Madrid 
apphcou  de  renda  perpetua  2:000  cruzados;  aos  dominicos  da  mesma  corte, 
outros  2:000;  aos  noviços  do  mesmo  convento,  400  cruzados.  Aos  clérigos  me- 
nores 700  cruzados ;  aos  clérigos  agonisantes,  200 ;  aos  carmelitas  calçados  de 
Valle  de  Mouro,  400;  ás  carmelitas  descalças  de  Toledo,  400;  ás  carmelitas  des- 
calças de  Guadalajara,  200;  ás  trinas  descalças  de  Madrid,  200;  ao  mosteiro  de 
Santa  Catliarina  de  Sena,  da  mesma  cidade,  1:500;  ás  capuchinhas  descalças  da 
mesma,  400;  etc,  etc.» 

SILVEIRA  (GONÇALVES  DA  ).— Natural  de  Almeirim.  Entrou 

para  a  companhia  de  Jesus,  com  dezoito  annos,  em  junho  de  1543.  Foi  pregar  a 
fé  para  a  Ethiopia,  e  foi  mandado  matar  cruelmente  pelo  Rei  de  Monomotapa 
em  março  de  1561. 

Carta  escripta  de  Cochim  em  o  anno  de  1557  ao  P.  Gonçalo  Vaz  de  Mello,  em 
que  lhe  relata  os  successos  desde  Lisboa  até  Goa,  e  o  fructo  que  fizera  em  Cochim. 
(Foi  traduzida  para  latim  com  outras  carias.)  Venezia,  per  Michele  Tramezzino, 
1559,  in-S.» 

Varias  outras  cartas,  impressas  em  Veneza,  na  língua  italiana,  1555  e  1562, 
conjunctamente  com  outras  cartas  de  missionários. 

'  Algumas  cartas  manuscriptas  que  existiam  na  casa  professa  de  S.  Roque, 
saíram  vertidas  para  italiano.  Venezia,  1562,  por  Mich.  Tramezzino. 

SIMEONIBUS  (OOIV  FERDINANDO  DE  ).— Conli  di  Montorio. 

Alia  Sereníssima  Maria  Anna,  Regina,  Archiduchessa  de  Áustria,  Regia 
Sposa  delia  Maestà  di  Don  Giovanni  V,  Re  di  Portogallo  et  di  Algarbia.  Augúrio 
di  felice  Viaggio.  Soneto.  Sem  data  nem  logar  de  impressão. 

SIMON  (EUGÈNE  AUGUSTE  ).— Professeur  de  français. 

Petite  versification  française,  par .  Lisboa,  typographia  de  Gulierres  da 

Silva,  1880,  8.«,  33  pag. 

8IMONET. 

La  fièvre  jaune  à  Lisbonne.  i  863. 

SIRET  (L.  P.). 

Grammaire  française  et  portugaise.  Paris,  an  8  de  la  Republique,  4.®,  1  vol, 
158  pag. 

Grammaire  portugaise  de ,  augmentéepar  Joseph  da  Fonseca.  Paris,  1854. 


m  SI 

SIRI  (VITTORIO ).— Gonseiller  d'état  et  historiographe  de  Sa  Ma- 

jesté  très-chrétienne. 

Historiador  italiano,  nascido  em  Parma  no  anno  de  1608  e  fallecido  em 
Paris  no  de  1685. 

Mercure  de .  Contenant  1'histoire  générale  de  l'Europe  depuis  1640  jus- 

qiien  1655.  Traduit  de  Vitalien  par  M.  Requier.  A  Paris,  chez  Didot,  1756. 

Tendo  os  primeiros  volumes  do  seu  Mercúrio  propagado  sua  reputação, 
mandou-lhe  o  cardeal  de  Mazarin  dar  uma  pensão  com  os  títulos  de  conselheiro, 
esmoler  e  historiograplio  do  Hei  i. 

Como  é  de  suppor,  muitas  passagens  se  encontram  n'esta  obra  relativas  a 
Portugal.  Mencionarei  uma  ou  outra. 

Trata  por  miúdo  da  revolta  dos  portuguezes  contra  o  jugo  castelhano  em 
4640,  e  esta  narração  corre  de  pag.  167  (vol.  i),  até  224. 

«As  victorias  da  França  tinham  anteriormente  dado  extraordinários  abalos 
á  monarchia  hespanhola ;  mas  a  revolta  de  Portugal  e  a  da  Catalunha  eram  pre- 
sagios  quasi  seguros  da  queda  da  sua  grandeza.»  (Vol  i,  pag.  225.) 

«A  revolta  de  Portugal  foi  encaminhada  com  tão  grande  segredo,  apesar  de 
tramada  durante  o  espaço  de  cinco  mezes  por  diversas  pessoas  de  todas  as  ordens 
d*aquelle  estado  (vol.  ii,  pag.  118),  e  foi  tão  promptamenle  executada,  apenas 
rebentou,  que  o  Rei  não  pôde  advertir  de  prompto  a  seu  irmão  D.  Duarte  de 
Bragança,  o  qual  havia  muito  tempo  que  estava  servindo  a  AUemanha  debaixo 
das  bandeiras  do  imperador. 

«Havendo  o  rumor  da  revolta  chegado  aos  ouvidos  de  Francisco  de  Mello,  e 
dos  outros  ministros  de  Hespanha,  os  quaes  estavam  em  Ratisbona,  instaram 
estes  immediatamente  com  o  Imperador  para  que  o  mandasse  prender.  Apresen 
lavam  diversas  rasões  para  o  moverem  a  condescender  com  suas  solicitações 
Porém,  vendo  que  diversas  resoluções  e  perplexidades  extremas  o  combatiam 
fizeram  immediatamente  com  que  Diego  Chiroga,  capuchinho,  confessor  da  Im 
peratriz,  andasse  de  modo  que  o  persuadisse,  com  provas  extrahidas  dos  casuis 
tas,  que  a  coisa  convinha  ao  bem  do  estado.  Alguns  ministros  d'esta  corte  disse 
ram  livremente  que  era  isto  violar  não  somente  a  liberdade  do  Império,  mas  até 
mesmo  a  fé  publica  e  as  leis  da  hospitalidade,  e  que  eram  mal  pagos  os  serviços 
prestados  á  casa  de  Áustria  pelo  Infante.  Todas  estas  rasões  e  varias  outras  ce- 
deram, comtudo,  á  mais  importante  de  todas,  que  é  a  salvação  dos  povos,  depen 
dente  da  segurança  dos  estados,  é  a  lei  suprema  dos  que  governam. 

<«Deram-se  as  ordens  necessárias  para  prenderem  D.  Duarte.  Foi  a  prisão 
executada  no  tempo  em  que  elle  passava  de  Donavert  para  a  corte,  que  estava 
em  Ratisbona.  Foi  preso  no  momento  em  que  entrava  n'esta  cidade,  posto  n'uma 
carroça,  fechado  de  todas  as  partes  e  levado  para  uma  casa,  onde  foi  entregue 
aos  ministros  d'estado,  que  o  enviaram,  prinjeiramente  para  Possa,  depois  a  Gratz, 
para  o  fazer  passar  ao  castello  de  Milão. 

«D.  Duarte  queixava  se  energicamente  da  injuria  que  lhe  faziam,  e  tomando 
o  céu  por  testemunha  de  sua  innocencia,  repetia  em  vão  que  suas  queixas  eram 
justas,  que  os  grandes  Principeg  faziam  mal  em  terem  suspeitas  d'elle,  e  que  se 


FirmíD  Didot,  Nouvelte  Uiographie  Universelle,  voi.  xuv,  pag.  39. 


SI  2S7 

lisonjeava  de  que  jamais  o  poderiam  convencer  dos  aggravos  que  lhe  eram  im- 
putados. 

«A  prisão  d'este  valente  Príncipe,  dotado  das  mais  brilhantes  virtudes,  era 
notavelmente  vantajosa  á  coroa  de  Hespanha,  tanto  mais  que,  no  caso  que  o  Rei, 
seu  irmão,  viesse  a  morrer  durante  a  menoridade  de  seus  filhos,  perdiam  os  por- 
tuguezes,  com  a  prisão  d'elle,  o  único  sustentáculo  da  sua  causa,  e  o  único  meio 
de  consolidarem  o  novo  sceptro  nas  mãos  dos  Príncipes  da  casa  de  Bragança. 

«As  Provincias  Unidas  tinham  lambem  enviado  um  embaixador  ao  Rei  da 
Dinamarca,  para  negociar  a  restituição  de  quatro  de  seus  navios,  que  os  officiaes 
d'este  monarcha  tinham  capturado,  e  para  saber  claramente  sua  intenção  a  res- 
peito do  direito  do  Sund,  antes  de  fazerem  com  que  partisse  sua  frota  mercante, 
que  todos  os  annos,  no  mez  de  abril,  se  faz  de  vela  para  o  norte,  pelo  Mar  Bál- 
tico. (Vol.  II,  pag.  171.) 

«N'esle  comenos  o  embaixador  do  Rei  de  Portugal  chegou  a  Marenflous,  de 
onde  fez  saber  sua  chegada  aos  Estados  Geraes,  que  lhe  mandaram  dizer  que 
passasse  a  Rotlerdam,  onde  lhe  marcariam  o  dia  que  se  desejava  que  elle  esco- 
lhesse, com  o  fim  de  fazer  sua  entrada  na  Haya,  onde  seria  recebido  como  embai- 
xador de  testa  coroada. 

«A  entrada  d*este  embaixador,  que  se  chamava  D.  Tristão  de  Mendonça 
Furtado,  fez-se  a  9  de  abril.  Eram  suas  carruagens  seguidas  da  do  Príncipe  de 
Orange,  e  de  grande  numero  de  outras,  todas  cheias  de  nobreza.  Três  dias  depois 
teve  sua  primeira  audiência,  na  qual  apresentou  aos  estados  um  manifesto  do  Rei 
seu  amo.  Fez  depois,  da  parte  d'este,  duas  propostas.  Foi  a  primeira,  que  as 
Provincias  Unidas  cedessem  todas  as  cidades  e  fortalezas  que  ellas  possuíam  nas 
índias  Orientaes,  e  que  consentissem  em  receber  por  troca  o  desembolso  das 
despezas  feitas,  quer  na  conquista,  quer  na  conservação  d'ellas.  Reduziu-se  a 
segunda  a  pedir  alguns  soecorros  de  armas  e  munições,  bem  como  ofiQciaes  de 
guerra. 

«Responderam-lhe  que  a  Hollanda  tinha  conquistado  e  conservado  até  este 
dia,  pela  força  das  armas,  as  praças  da  índia,  e  que  pretendia  manter  a  posse 
d'ellas  pelo  mesmo  meio.  Que,  entquanto  ao  mais,  podia  o  Rei  de  Portugal  livre- 
mente comprar,  na  Hollanda,  armas  e  quaesquer  outras  provisões,  e  que  se  não 
obstaria  a  que  nenhum  dos  seus  habitantes  fosse  servir  nos  estados  d'este  mo- 
narcha. 

«Um  outro  embaixador  do  mesmo  Príncipe  fez  sua  entrada  em  Paris  com 
uma  comitiva  de  trinta  e  cinco  carruagens,  que  tinham  ido  ao  encontro  d'elle,  a 
uma  legna  da  cidade.  D'este  numero  era  a  do  Rei,  na  qual  entrou,  e  onde  se 
achavam  o  marechal  de  Châtillon  e  o  conde  de  Brúlon,  introductor  dos  embai- 
xadores. Era  a  carruagem  seguida  pela  da  Rainha  e  pelas  de  Monsieur,  do  Prín- 
cipe de  Conde,  do  cardeal  de  Richelíeu  e  por  outras.  Foi  conduzido  ao  hotel  dos 
embaixadores  extraordinários,  e  esplendidamente  regalado  durante  alguns  dias. 
Emquanlo  aos'  embaixadores  das  outras  potencias  na  corte  de  França,  só  um 
houve  que  mandou  sua  carruagem  a  esta  entrada.  Foi  o  de  Sahoya.  Todos  os 
outros  se  dispensaram  de  o  fazer,  embora  houvessem  sido  convidados  para 
ella  pelo  de  Portugal,  o  qual  foi*  depois  conduzitlo,  com  as  carruagens  do  Rei, 
pelo  duque  de  Chevreuse,  a  Saint  Germain,  á  audiência  do  Monarcha  e  da  Rainha, 
de  quem  recebeu  o  acolhimento  mai»  favorável,  bem  como  do  cardeal  Richelíeu. 

«Um  outro  embaixador  de  Portugal  appareceu  também  na  Inglaterra,  onde 

i7 


258  SI 

foi  recebido  de  Carlos  como  os  das  testas  coroadas,  apesar  das  fortes  opposições 
do  de  Hespanha,  residente  n'aquella  corte.  O  Rei  lhe  tinha  mandado  primeira- 
mente dizer  que  se  detivesse  em  Salsberi,  até  que  se  houvesse  regulado  sua  re- 
cepção, que  foi  regulada  com  toda  a  satisfação  possivel  para  elle,  porque  o  inte- 
resse do  eommereio  não  permittia  a  este  monarcha  que  se  encerrasse  no  rigor 
das  reservas,  nem  que  temesse  as  ameaças,  que  fazia  o  embaixador  de  Hespanha, 
de  sair  da  sua  corte.  Porém,  tendo  o  tempo  acalmado  este  ministro,  continuou  a 
pedir  audiências  ao  monarcha,  em  uma  das  quaes  lhe  fez  vivas  queixas  a 
respeito  do  que  os  navios  do  Rei  seu  amo  tinham  de  soífrer,  e  lhe  supplicou  qiie 
procedesse  de  sorte  que  o  parlamento  pozesse  cobro  a  esta  desordem.  O  embai- 
xador de  Portugal  foi  depois  introduzido  no  conselho  d'estado  com  a  ajuda  dos 
commerciantes  de  Londres.  Tratou-se  aqui  por  extenso  do  estabelecimento  do 
eommereio  reciproco  das  duas  nações,  e  de  suas  correspondências  nas  índias  em 
particular. 

«O  embaixador  extraordinário  de  Portugal  na  corte  da  Suécia  conservava-se 
n'esta  cidade  para  pôr  a  ultima  demão  no  tratado  de  confederação,  esboçado  entre 
as  duas  coroas.  Embarcou  depois  em  Gothenbourg  com  destino  a  Lisboa,  comple- 
tamente satisfeito  com  a  sua  negociação  e  com  o  bom  acolhimento  que  recebera 
do  publico  e  dos  particulares.  A  regência  da  Suécia  enviou  na  companhia  d'elle 
um  deputado  ao  Rei  de  Portugal,  para  a  ratificação  do  tratado. 

«Mas  pouco  faltou  para  que  um  só  golpe  derribasse  o  throno  d'este  soberano, 
apenas  erguido.  Varias  pessoas  das  primeiras  famílias  de  Portugal,  e  até  mesmo 
seus  parentes  mais  chegados,  conspiraram  contra  a  sua  perda,  e  eram  estes  os 
principaes  cabeças  da  conspiração.  O  primeiro  cabeça,  porém,  foi  D.  Sebastião 
de  Matos,  arcebispo  de  Braga,  que  se  linha  mostrado  tão  avesso  á  revolta  de 
Portugal  1,  o  qual,  como  creatura  apaixonada  do  Conde  Duque,  a  quem  reconhe- 
cia dever  sua  elevação,  em  nada  mais  pensava  do  que  em  arruinar  a  nova  gran- 
deza da  casa  de  Bragança,  e  em  restabelecer  a  dominação  castelhana,  á  qual 
fazia  profissão  de  ser  affecto.  Abriu-se  com  o  marquez  de  Villa  Real,  no  qual 
achou  promptas  disposições,  quer  este  estivesse  desgostoso  com  o  novo  governo, 
quer  pretendesse  engrandecer  mais  sua  fortuna  pela  ruina  da  fortuna  de  outrem. 
Queria  o  arcebispo  fazer  a  mesma  confidencia  ao  duque  de  Caminha,  filho  do 
marquez;  mas  a  isto  se  oppoz  o  pae,  dizendo  que  elle  estava  debaixo  da  sua 
direcção,  e  que  suas  vontades  dependeriam  sempre  das  do  pae. 

«Não  lhe  declarou,  por  conseguinte,  a  conjuração,  a  não  ser  alguns  dias 
antes  d'aquelle  em  que  ella  tinha  de  rebentar. 

«Não  encontrou  o  arcebispo  nenhuma  difficuldade  para  lambem  fazer  entrar 
n'ella  ao  conde  de  Armamar,  seu  sobrinho,  e  outras  pessoas  de  menor  importân- 
cia n*ella  foram  entrando  successivamente,  ou  com  esperança  nas  recompensas, 
ou  desgostosas  do  governo  presente,  ou  com  o  desejo  de  novidades,  ou  por  outros 
motivos  mais  poderosos.  Os  confederados  correspondiam -se  a  occultas  com  a 
corte  de  Hespanha,  a  qual  promettia  coadjuval-os.  Deviam  matar  o  Rei,  a  Rainha 
e  seus  filhos.  Chegam  mesmo  a  dizer  que  o  Infanle  D.  Duarte,  irmão  do  Rei, 
então  preso  em...  tinha  de  ser  comprehendido  n'este  morticínio;  que  o  alvo 


'  Mereure,  vol.  iii,  pag.|123.  U.  Luiz  de  Menezes,  no  seo  Portugal  restaurado,  conl.i  ns  cousas  de 
modo  diOéreole.  V.  vol.  ii,  pa«.  896,  ediçio  de  1751. 


SI  28» 

d'esta  mesma  corte  era  recuperar  Portugal  com  a  menor  difficuldade,  e  tirar 
aos  povos  d'este  paiz  o  alimento  para  novas  revoltas,  aniquilando  a  casa  de 
Bragança. 

«Devia  rebentar  a  conspiração  em  3  de  jullio.  Mas  foi  eila  revelada  de  pro- 
pósito ao  Hei,  por  um  de  seus  servidores,  dotado  de  destreza  e  de  sagacidade,  a 
quem  elle  obrigava  a  fazer  diíferentes  jornadas  a  Gastella,  com  o  fim  de  espiar 
os  passos  de  seus  inimigos.  Tendo  este  encontrado,  por  acaso,  n'uma  hospedaria, 
um  cigano,  portador  de  cartas  dos  conjurados,  travou  com  eile  intimas  relações, 
e  d'estas  se  serviu  para  fazer  com  que  elle  soltasse  algumas  palavras,  as  quaes 
fizeram  com  que  desconfiasse  d'aquillo  que  na  realidade  se  estava  tramando. 
Depois  de  o  ter  embebedado,  e  de  se  ter  afastado  com  elle  para  um  quarto  de 
légua  distante  da  estalagem,  cravou-lhe  algumas  punhaladas,  tirou-lhe  todas  as 
cartas  e  as  levou  ao  Rei. 

«Attribuiram  alguns  a  descoberta  da  conjuração  á  sagacidade  do  conde  de 
Vimioso,  D.  Aflfonso  de  Portugal,  major  general  das  fronteiras  da  província  do 
Alemtejo.  Dizem  que  este  senhor,  despojado  do  seu  cargo  peio  Rei,  mostrou-se 
oíTendido  gravemente,  e,  por  conseguinte,  que  o  arcebispo  de  Braga  julgou  que 
seria  fácil  introduzir  na  sua  alma  um  aguilhão  de  vingança ;  que  algumas  pala- 
vras mysteriosas,  soltas  da  boca  d'este  arcebispo,  juntas  a  outros  indícios  e  a 
outras  suspeitas,  fazendo  com  que  o  Rei  temesse  fortemente  alguma  conspiração 
contra  a  sua  pessoa,  tinha  este  Príncipe  incitado  o  conde  de  Vimioso  a  estudar 
com  finura  as  primeiras  expressões  do  azedume  do  prelado,  para  saber  d'elle  o 
fundo;  e  que,  tendo-lhe  este  prelado  feito  algumas  declarações  acerca  do  atten- 
tado,  as  fora  immediatamente  declarar  ao  Rei.  Querem  outros  que  esta  conspira- 
ção tenha  sido  descoberta  pelo  duque  de  Medina  Sidónia,  parente  d'este  Príncipe. 
Outros,  emfim,  pretendem  que  nem  este  ultimo  nem  os  precedentes  a  descobriram. 
Tanto  o  conhecimento  dos  negócios  dos  grandes  é  pouco  certo. 

«Como  quer  que  seja,  tendi)  o  Rei  descoberto  a  conjuração  tramada  contra 
elle,  deu  por  toda  a  parte  tão  boas  ordens,  que  foram  presos  quasi  todos  os  con- 
jurados. Eis  de  que  maneira  a  coisa  se  executou.  Mandou  este  monarcha  declarar 
á  nobreza,  ao  som  dos  tambores  e  das  trombetas,  segundo  o  uso  d'esta  corte, 
que  queria  passear  pela  cidade.  Correu  ella,  promptamente,  para  o  acompanhar. 
Antes  de  sair  do  palácio  deu  a  entender  que  queria  reunir  o  conselho  d'estado, 
do  qual  os  conjurados  eram  membros.  Depois  de  estarem  reunidos  na  sala  quan- 
tos o  compunham,  mandou  o  Rei  chamar  os  culpados  um  em  seguida  ao  outro, 
de  maneira  que  se  acharam  presos  sem  que  ninguém  de  tal  desse  fé  e  sem  que 
elles  soubessem  entre  si  a  desgraça  de  cada  um.  Para  se  assegurar  melhor  de 
suas  pessoas,  conservou  as  tropas  em  armas,  tanto  as  da  cidade  como  as  de  fora, 
e  promptas  a  cumprirem  suas  ordens,  debaixo  do  pretexto  de  passar  uma  revista 
geral  a  todas. 

«No  tempo  em  que  os  fidalgos  conspiradores  eram  presos  no  palácio,  a  jus- 
tiça ia  deitando  a  mão,  sem  barulho,  a  seus  cúmplices,  entre  os  quaes  se  achava 
D.  Francisco  de  Castro,  inquisidor-mór.  O  crime  d'este  provinha,  não  em  ter 
tomado  parte  na  conjuração,  mas  em  não  a  ter  revelado.  Eis  como  ella  estava 
combinada.  Lourenço  Pidez  (?),  que,  na  qualidade  de  guarda  do  thesouro  real, 
guardava  as  chaves  da  primeira  porta  do  palácio,  devia  entrar  com  cem  homens 
no  quarto  da  Rainha.  Tinham  combinado  algumas  pessoas  para  lançarem  fogo  á 
frota  que  estava  ancorada  em  Belém.  Deviam-n'o  também  lançar  a  Lisboa,  por 


260  SI 

quatro  lados,  com  o  fim  de  que  o  povo,  concorrendo  para  estes  lados,  deixasse 
haver  liberdade  de  entrar  no  palácio,  segundo  o  que  se  tinha  projectado.  Alem 
d'isto,  para  se  encontrar  menos  resistência  no  povo,  tinha-se  resolvido  que  o 
arcebispo  de  Braga  havia  de  sair  da  igreja  com  um  crucifixo  na  mão,  gritando: 
«Viva  a  lei  de  Jesus  Christo!  Morra  a  de  Moysésl»  Depois  de  reconhecidos  os 
culpados  e  presos,  mandou  o  Rei  publicar  um  edito,  pelo  qual  oíferecia  perdão 
a  qualquer  cúmplice,  que  no  espaço  de  quatro  dias  fizesse  espontaneamente 
plena  confissão  do  seu  crime.  Que,  passado  este  praso,  seria  reputado  como 
convencido  do  crime  de  lesa-majestade.  Não  é  possível  exprimir  a  indignação  e 
o  furor  do  povo  contra  os  culpados.  Cada  um  queria  ser  o  seu  algoz. 

«Encerrado  o  processo,  marcaram  o  dia  29  de  agosto  para  o  dia  da  execução 
da  sentença  de  morte  pronunciada  contra  elles.  Em  a  noite  que  precedeu  este 
dia  conduziram  os  guardas  ao  marquez  de  Villa  Real,  ao  duque  de  Caminha,  a 
seu  filho,  parentes  chegados  do  Rei,  o  conde  de  Armamar  e  D.  Agostinho  Ma- 
nuel, para  casa  de  Diogo  Duarte,  contigua  á  praça  Losia  (?)  *,  onde  se  levantava 
um  estrado,  para  o  qual  se  entrava  por  um  passadiço.  Sobre  esse  estrado  havia 
duas  ordens  de  degraus.  Em  cima  do  mais  elevado  estavam  dois  assentos,  um 
para  o  marquez  de  Villa  Real,  e  outro  para  o  duque,  seu  filho.  Em  cima  do 
menos  elevado  via-se  o  do  conde  de  Armamar,  e  sobre  o  pavimento  o  de  D.  Agos- 
tinho ManueK 

«Na  manhã  do  dia  seguinte,  pelas  dez  horas,  quatro  juizes  do  tribunal, 
acompanhados  dos  officiaes  de  justiça,  visitaram  este  funesto  apparato,  para 
verem  se  tudo  estava  em  ordem.  Pouco  depois  appareceu,  perante  uma  chusma 
innumeravel  de  povo,  o  marquez,  com  um  bastão  na  mão,  e  um  manto  pendente 
dos  hombros.  Ao  primeiro  passo  que  deu  no  estrado,  ao  sair  do  passadiço,  poz-se 
de  joelhos,  e  depois  de  ter  recitado  algumas  orações  fez  ao  povo  um  longo  dis- 
curso, que  se  reduzia  a  uma  queixa  sobre  a  sua  desgraçada  sorte.  Perguntou 
depois  a  este  povo  se  havia  algum  perdão  para  elle ;  e  depois  de  todos  exclama- 
rem: «Morra,  morra  o  marquez!»,  replicou:  «Taes  foram  os  gritos  dos  judeus 
contra  Jesus  Christol» 

«Então  disse  o  algoz  em  alta  voz :  «O  Rei,  nosso  senhor,  quer  que  justiça 
seja  feita,  e  que  D.  Luiz,  ex-marquez  de  Villa  Real,  tenha  a  cabeça  cortada,  como 
traidor  a  Sua  Magestade,  aos  principaes  do  reino  e  a  todo  o  povo ;  e  que  por 
causa  do  seu  crime  sejam  seus  bens  confiscados  e  sua  memoria  infamada,  do  que 
desejava  saber  se  o  povo  estava  contente.» 

«Ouviu-se  immediatamente  toda  a  multidão  vociferar  e  gritar:  «Justiçai» 

«Logo  que  se  calou  voltou-se  o  carrasco  para  o  marquez,  e  lhe  amarrou  os 
braços  e  as  pernas  aos  pés  e  aos  braços  da  cadeira  em  que  estava  sentado. 
Depois,  em  vez  de  lhe  cortar  a  cabeça  pela  parte  de  traz,  lh'a  fez  vergar  sobre  a 
cadeira,  feita  de  propósito  para  este  fim;  e  applicando-lhe  a  mão  sobre  a  testa, 
lh*a  cortou  por  diante,  e  cobriu  seu  corpo  com  um  grande  panno  de  seda  preta. 

«O  duque  de  Caminha  apresentou-se  no  tablado  da  mesma  forma  que  seu 
pae,  acompanhado,  como  elle,  por  seus  creados.  O  algoz  repetiu,  em  voz  alta, 
as  mesmas  palavras  que  já  tinha  proferido,  mudando,  somente,  o  nome  do  cri- 


'  k.  eiecDção  foi  na  praça  do  Rocio.  V.  Portugal  restaurado.  O  marquez  de  Villa  Keal  levava  vos- 
lido  UDt  capui. 


SI  26» 

minoso.  Este,  passando  por  diante  da  cadeira  de  seu  pae,  poz-se  de  joelhos  e  lhe 
beijou  mais  de  cem  vezes  os  pés,  fazendo  julgar,  por  isto,  a  todos  os  espectado- 
res, que  lhe  pedia  perdão,  como  reconhecendo-se  auctor  da  desgraça;  e  pediu  ao 
povo  que  resasse  um  padre  nosso  pelo  descanso  de  sua  alma.  Tendo-se  depois 
sentado  na  sua  cadeira,  recebeu  o  mesmo  supplicio  que  elle.  As  turbas  queriam 
que  lhe  cortassem  a  cabeça  pela  parte  de  traz,  como  aos  traidores,  mas  o  Rei 
não  quiz  consentir,  porque  tal  género  de  morte  era  excessivamente  ignominioso 
em  a  nação. 

«O  conde  de  Armamar  appareceu  depois,  acompanhado  de  um  só  moço  de 
camará,  e  pouco  depois  D.  Agostinho  Manuel.  Foram  executados  do  mesmo  modo. 

«Pedro  Baeça,  rico  commerciante  de  Lisboa,  António  Correia  e  os  outros 
foram  enforcados  nas  forcas  levantadas  ao  canto  do  tablado.  Seus  cadáveres,  es- 
quartejados e  expostos  ás  portas  e  principaes  ruas  de  Lisboa,  foram  por  muito 
tempo  um  espectáculo  horroroso  para  os  portuguezes.  O  arcebispo  de  Braga,  e 
vários  outros  ecclesiasticos,  acham-se  até  hoje  rigorosamente  guardados  nas 
prisões.  O  Rei  tomou  lucto  durante  quatro  horas,  por  causa  da  morte  do  mar- 
quez  de  Villa  Real  e  do  duque  seu  filho. 

«Algumas  semanas  antes  tinham  chegado  os  embaixadores  da  Catalunha, 
para  felicitarem  este  Príncipe  pela  sua  elevação  ao  throno  de  seus  antepassados. 
Deu-lhes  a  primeira  audiência,  durante  a  qual  os  mandou  sentarem-se  e  cobri- 
rem-se;  mandou-os  depois  acompanhar  á  pousada  que  lhes  estava  preparada 
pela  fidalguia  que  estava  em  volta  da  pessoa  do  Rei.  Alem  de  lhes  mandar  pagar 
as  despezas  com  magnificência  real,  admittiu-os  também  á  sua  mesa,  e  quiz  que 
fossem  servidos  como  elle  próprio.  Tendo  um  d'elles  adoecido,  honrou-o  por  três 
vezes  com  a  sua  visita.  Os  grandes  do  reino,  conformando- se  com  o  seu  exemplo, 
não  houve  nenhum  que  não  o  seguisse  n'esta  oecasião. 

«Quasi  ao  mesmo  tempo  chegou  o  embaixador  da  HoUanda,  em  duas  naus, 
que  traziam  armas  para  dois  mil  infantes,  e  mil  ca^allei^os,  com  outras  munições 
de  guerra.  Foi  recebido  com  maiores  honras  que  os  de  Catalunha.  A  6  de  agosto 
o  marquez  de  Brezé  appareceu  n'estas  mesmas  costas  com  uma  esquadra  franceza. 
Mais  de  mil  barcos  foram  ao  seu  encontro.  Estavam  cheios  de  refrescos  e  de 
fidalguia,  para  o  servirem,  prestarem-lhe  serviços  e  regalal-o.  A  10  o  Rei  en- 
viou-lhe  uma  galeota,  com  ofiiciaes  da  sua  corte  e  doze  suissos  da  sua  guarda, 
para  lhe  pedirem  que  desembarcasse.  Foi  conduzido  desde  o  logar  em  que  des- 
embarcou até  ao  palácio,  pelo  meio  de  uma  chusma  innumeravel  de  povo,  que 
fazia  ouvir,  em  seus  gritos  repelidos,  o  nome  do  Rei  de  França.  Regressou  na 
tarde  do  mesmo  dia  para  a  esquadra,  depois  dos  cumprimentos  ordinários. 

•  «A  Hespanha  estava  desgostosa  por  causa  do  mau  resultado  de  suas  armas, 
o  qual  diariamente  consolidava  mais  o  sceptro  de  Portugal  nas  mãos  do  duque 
de  Bragança.  (Vol.  iii,  pag.  234.) 

«Tinham  os  castelhanos  saído  de  Badajoz,  em  grande  numero,  para  atacarem 
a  villa  de  Olivença,  distante  da  primeira  umas  quatro  léguas,  e  situada,  como 
aquella,  nas  margens  do  Guadiana,  rio  que  separa  Castella  de  Portugal.  Foi  isto 
sabido  por  D.  Affonso  de  Mello,  general  das  tropas  portuguezas.  Marchava  em 
soccorro  da  praça,  com  a  maior  diligencia,  quando  foi  informado  por  um  correio 
que  os  castelhanos  haviam  sido  tão  bem  recebidos,  que  se  tinham  retirado  com 
perda  considerável.  Vergonhosos  com  a  sua  derrota,  ameaçavam  com  tornar  ao 
ataque,  o  que  obrigou  D.  Afibnso  a  partir  de  Elvas,  com  oito  mil  infantes  e  mil 


262  SI 

e  quinhentos  cavallos,  para  ir  de  novo  em  seu  soccorro.  Marchou  durante  toda  a 
noite,  e  tendo  chegado  á  ponte  do  Guadiana,  al!i  soube  que  os  inimigos,  deses- 
perando da  empreza,  se  tinham  retirado  para  Badajoz.  Mas  apenas  elle  mesmo  se 
tinha  retirado,  pela  terceira  vez  a  accommetteram,  inutilmente,  na  verdade,  e  com 
alguma  perda,  vencidos,  no  emtanto,  mais  por  sua  própria  falta  de  ordem  do  que 
pelo  valor  dos  inimigos. 

«Todavia,  o  Rei  de  Portugal,  attento  em  preservar  seus  estados  dos  ataques 
d'elles,  ordenou  stos  capitães  e  aos  outros  officiaes,  tanto  francezes  como  hollan- 
dezes,  que  estivessem  promptos  a  marchar  d*aquelle  lado,  ao  primeiro  signal  que 
elle  lhes  mandasse  dar. 

<f  A  27  de  setemtiro  chegou  de  Angola  a  Lisboa  uma  frota  de  dezoito  navios, 
carregados  de  grande  quantidade  de  mercadorias,  principalmente  de  assucar. 
Dois  dias  depois  chegou  uma  segunda,  do  Bio  de  Janeiro,  carregada  de  outras 
mercadorias  de  grande  valor.  Traziam  estas  duas  frotas  para  Portngal  tanto  pro- 
veito, quanta  era  a  perda  que  iam  causar  á  Hespanha.  Começou-se  desde  então 
a  cunhar  uma  nova  moeda  de  oiro  e  de  prata,  que  tinha  de  um  lado  a  cruz  de 
Portugal  e  do  outro  as  armas  do  Rei,  com  os  lyrios,  em  signal  da  estreita  união 
e  da  antiga  alliança  das  duas  coroas. 

«Por  este  mesmo  tempo  espalhou-se  o  boato,  cuja  origem  se  ignorava,  de 
que  o  duque  de  Medina  Sidónia  tinha  correspondências  secretas  com  o  Rei  de 
Portugal,  seu  parente,  e  que  se  interessava  pelo  engrandecimento  da  sua  casa. 
Dizem  a  este  respeito  que  o  Rei  de  Hespanha  se  queixou  certo  dia  ao  conde- 
duque,  de  que  a  familia  dos  Guzmans  lhe  era  fatal ;  que  este  ministro,  que  era 
da  mesma  familia,  mandou  immediatamente  ordem  ao  duque  de  Medina  Sidónia 
para  se  apresentar  na  corte,  sem  demora;  apenas  este  chegou,  mandaram-lhe  que 
se  desculpasse,  por  meio  de  um  escripto  publico,  do  crime  que  lhe  imputavam. 
Pretendem  outros  que  este  duque,  sentindo- se  criminoso,  e  vendo  que  suspeita- 
vam da  sua  fidelidade,  espontaneamente  apresentou  este  escripto.  Era  um  cartel  *, 
escripto  por  um  Gabriel  de  Rei,  pelo  qual  chamava  a  desafio  o  Bei  de  Portugal. 

«Eis  como  era  concebido : 

Dom  Gaspar  Alonço  Peres  de  Gusmão,  duque  de  Medina  Sidónia,  marquez,  conde 
e  senhor  de  S.  Lucar  de  Barrameda,  capitão  general  do  Mar  Oceano,  costas 
de  Andaluzia  e  dos  exércitos  de  Portugal,  gentil-homem  da  camará  de  Sua 
Magestade  Catholica,  a  quem  Deus  guarde. 

«Digo  que,  visto  ser  notória  a  todo  o  mundo  a  traição  de  João  de  Bragança, 
antigamente  duque,  também  se  deve  saber  o  detestável  intento,  com  que  elle 
quiz  taxar  de  infidelidade  a  muito  fiei  casa  dos  Gusmão,  que  por  tantos  séculos 
esteve,  e  estará  para  o  futuro  na  obediência  do  seu  Rei,  reconhecida  como  tal 
pelo  muito  sangue  que  os  seus  téem  derramado  em  confirmação  d'isto  mesmo. 
Este  tyranno  persuadiu  aos  Príncipes  estrangeiros  e  aos  vagamundos  porluguezes 
que  seguem  o  seu  partido  (a  fim  de  fazer  acreditar  a  sua  malignidade,  animal -os 
em  seu  favor  e  malquistar-me,  posto  que  em  vão,  com  o  meu  soberano,  a  quem 
Deus  guarde),  que  eu  sou  um  dos  seus  instrumentos;fundando,e  estabelecendo  a 


Servi-me  do  «cariei»  qne  vom  em  Vertol,  Iraiiuzido  por  fr.  Malheus  da  Assnmpçào. 


SI  263 

sua  conservação  no  Ihrono  sobre  este  boato,  que  tem  feito  correr  por  toda  a  parte, 
e  com  o  qual  infectava  a  cada  um  em  particular,  lisonjeando-se,  que  se  elle  podesse 
chegar  a  este  ponto  de  fazer  duvidar  El-Rei  de  Hespanha  da  minha  fidelidade 
no  seu  serviço,  não  encontraria  da  minha  parte  uma  opposição  tão  forte  como 
cada  passo  está  encontrando,  contra  todos  os  seus  designios.  Para  este  fim 
se  serviu  de  um  religioso,  que  fora  mandado  a  Castro  Marim,  em  Portugal,  pelo 
senado,  da  villa  de  Ayamonte,  a  tratar  da  soltura  de  um  prisioneiro,  o  qual  reli- 
gioso, tendo  sido  levado  preso  para  Lisboa,  foi  subornado  para  dizer  que  eu  era 
do  partido  de  João  de  Bragança,  e  até  chegou  a  publicar  algumas  cartas  em  con- 
firmação d'isto  mesmo,  e  a  dizer  que  eu  havia  de  dar  entrada  livre  e  acolhimento 
a  todas  as  esquadras  estrangeiras  que  aportassem  ás  costas  de  Andaluzia ;  tudo 
isto  a  fim  de  facilitar  a  remessa  de  soccorro,  que  pedia  aos  prineipes  estrangei- 
ros. E  aprouvera  a  Deus  que  isto  assim  fosse !  Eu  faria  o  mundo  inteiro  teste- 
munha do  meu  zelo,  e  da  perda  dos  seus  navios,  a  qual  elles  não  podiam  deixar 
de  experimentar,  segundo  as  ordens  que  eu  tinha  dado,  no  caso  que  elles  empre- 
hendessem  similhante  cousa. 

«Eis  aqui  algumas  rasões  de  queixa  que  tenho  contra  elle.  Porém,  o  princi- 
pal motivo  do  meu  desgosto,  é  ser  a  sua  mulher  do  meu  sangue,  o  qual  estando 
agora  maculado  por  esta  rebellião,  eu  o  desejo  derramar,  e  sinto-me  obrigado  a 
mostrar  ao  meu  Rei  e  senhor,  por  esta  acção,  o  resentimento  que  tenho  da  satis- 
fação que  elle  mostra  ter  da  minha  fidelidade,  e  dál-a  igualmente  ao  publico, 
para  tiral-o  da  suspeita,  que  elle  talvez  conceberia,  pebs  falsas  noticias  que  se 
tem  divulgado. 

«É  por  estas  rasões  que  eu  desafio  o  dito  João  de  Bragança,  antigamente 
duque,  como  tendo  faltado  á  fidelidade  que  devia  ao  seu  Deus,  e  ao  seu  Rei, 
convidando-o  para  um  combate  particular,  corpo  a  corpo,  com  padrinho  ou  sem 
elle,  o  que  deixo  á  sua  escolha,  assim  como  a  qualidade  das  armas.  O  campo  do 
combate  será  ao  pé  de  Valência  de  Alcântara,  n'aquelle  logar  que  serve  de  limite 
aos  dois  reinos  de  Portugal  e  de  Castella,  onde  eu  o  esperarei  oitenta  dias,  que  se 
começarão  a  contar  desde  o  1.°  de  outubro  até  19  de  dezembro  do  presente  anno. 
Nos  últimos  vinte  estarei  eu  mesmo  em  pessoa  na  dita  praça  de  Valência,  e  no 
dia  que  elle  me  determinar  o  esperarei  n'esta  raia;  o  qual  tempo,  posto  que  mui 
dilatado,  o  dou  ao  dito  tyranno,  para  que  chegue  á  noticia  d'elle  e  da  maior 
parte  dos  reinos  da  Europa,  e  de  todo  o  mundo ;  com  a  condição  de  que  elle 
certificará,  conforme  o  desejo  dos  eavalleiros,  que  eu  lhe  mandarei,  uma  légua 
dentro  de  Portugal,  da  mesma  sorte  que  eu  certificarei  áquelles,  que  elle  pela 
sua  parte  mandar,  uma  légua  dentro  de  Castella;  e  espero  fazer- lhe  conhecer 
perfeitamente  a  infâmia  da  acção  que  commetteu.  Se  elle  faltar  á  obrigação  que 
como  fidalgo  tem  de  acceitar  o  meu  desafio,  para  exterminar  esse  phantasma 
pelos  únicos  meios  que  n'esse  caso  me  restarem,  vendo  que  elle  não  terá  animo 
para  se  achar  n'este  combate,  e  para  fazer  que  me  mostre  tal  qual  sou,  e  quaes 
foram  sempre  os  meus  antepassados  no  serviço  dos  seus  Reis  (tendo  sido  os  seus, 
pelo  contrario,  uns  traidores),  eu  ofFereço  desde  já,  com  o  consentimento  de  Sua 
Magestade  Catholica  (a  quem  Deus  guarde),  a  minha  cidade  de  S.  Lucar  de  Bar- 
rameda,  residência  principal  dos  duques  de  Medina  Sidónia,  áquelle  que  o  matar; 
e  prostrado  aos  pés  de  Sua  Magestade  eu  lhe  peço  que  me  não  dê  n'esta  occasião 
o  comraando  dos  seus  exércitos,  para  cujo  emprego  é  necessária  uma  prudência 
e  uma  moderação  que  a  minha  cólera  me  não  poderá  dictar  n'estas  circumstan- 


264  SI 

cias,  concedendo -me  unicamente  que  eu  o  sirva  em  pessoa  com  mil  cavallos  dos 
meus  vassallos,  a  tim  de  que,  apoiando- me  então  unicamente  sobre  o  meu  valor, 
eu  sirva  não  só  para  a  restauração  de  Portugal,  e  para  o  castigo  d'este  rebelde, 
mas  também  para  que  eu  mesmo,  e  as  minhas  tropas,  no  caso  que  eile  recuse  o 
meu  desafio,  possam  trazei -o  morto  ou  preso  aos  pés  de  Sua  Magestade,  e  para 
não  omittir  nada  d'aquillo  que  o  meu  zelo  não  pôde,  eu  offereço  uma  das  melho- 
res villas  do  meu  dominio  ao  primeiro  governador  ou  capitão  portuguez  que 
entregar  alguma  praça  da  coroa  de  Portugal,  por  muito  pouco  importante  que 
seja,  ao  serviço  de  Sua  Magestade  Catholica,  ficando  sempre  muito  pouco  satis- 
feito de  tudo  quanto  poder  fazer  a  Sua  Magestade,  porque  tudo  quanto  eu  tenho 
o  devo  a  elle  e  a  seus  gloriosos  antepassados. 

«Feito  em  Toledo,  a  29  de  setembro  de  1641.» 

»N'este  desafio  se  notaram  algumas  faltas  de  sensatez ;  entre  outras,  que  o 
duque  provocava  o  Príncipe  pelos  caminhos  da  honra,  e  o  ameaçava  ao  mesmo 
tempo  de  usar  para  com  elle  de  velhacaria  (vol.  ni,  pag.  243);  que  lhe  promettia 
toda  a  segurança  para  o  duello  para  de  ahi  a  uma  légua  em  Castella,  onde  ello 
não  era  senhor,  mas  sim  o  Bei  de  Hespanha,  cujo  vassallo  era.  Também  não  era 
mui  provável  que  o  Rei  áe  Hespanha  permitisse  que  um  homicida  tivesse  para 
sua  recompensa  a  cidade  de  S.  Lucar,  com  exclusão  de  um  duque,  que  teria 
levado  a  afí'eição  até  renunciar,  por  causa  d'elle,  sua  própria  fortuna.  Em  vão 
publicava  elle  por  toda  a  parte  que  o  seu  desafio  e  a  sua  promessa  tinham  feito 
com  que  accendessem  luminárias  por  causa  do  jubilo  em  todo  o  Portugal :  o  facto 
não  era  crivei.  Alem  do  que,  o  duque  de  Bragança  reconhecido  Rei,  não  somente 
por  seus  povos,  mas  até  mesmo  por  tantos  Príncipes  estrangeiros,  estava  isento 
da  obrigação  de  se  bater  contra  o  vassallo  de  um  outro  Rei.  Não  havia  menos 
loucura  n'aquillo  que  seu  orgulho  lhe  fazia  dizer,  isto  é,  que  elle  tinha  conlami- 
nado  seu  sangue,  dando-lhe  uma  de  suas  irmãs,  porquanto  ella,  por  meio  d'esle 
casamento,  tinha  chegado  a  ser  uma  Rainha.  Era  até  mesmo  uma  hespanholada, 
e  uma  estravagancia,  o  lisonjear-se  de  levar  de  rastos  o  seu  inimigo  até  aos  pés 
do  Rei  de  Hespanha,  e  o  ofí"erecer-se  para  se  despojar  de  seus  mais  bellos  rendi- 
mentos por  causa  de  um  homicídio  imaginário.  Em  summa,  este  desafio  paten- 
teava a  desconfiança  que  o  Rei  de  Hespanha  tinha  do  duque,  na  recusa  que  este 
fazia,  de  commandar  as  tropas  d'este  Príncipe. 

«O  Rei  de  Portugal  tinha  enviado  a  Roma  o  bispo  de  Lamego  na  qualidade 
de  embaixador,  para  prestar  ao  Papa,  em  seu  nome,  a  obediência  de  filho  da 
Egreja.  Sua  Magestade  Christianissima,  por  causa  de  interesses  conhecidos  de 
todo  o  mundo,  empregou  sua  mediação  com  lodo  o  zelo  possível  a  fim  que  fosse 
elle  recebido  e  tratado  como  tal.  O  Papa  recusou- se  a  isto  sob  diversos  pretex- 
tos honrosos.  Para  gosar  do  beneficio  do  tempo,  e  aproveitar- se  das  conjunctu- 
ras  com  o  fim  de  favorecer  as  intenções  da  santa  sé,  dizia  elle  qiie  não  poderia 
admittir  o  bispo  de  Lamego  se  o  Rei  de  Portugal  não  annullasse  antes  uma  antiga 
lei  do  paiz,  que  prohibia  aos  ecciesiasticos  a  herança  de  bens  inimoveis  (vol.  iv, 
pag.  113),  Queria  que  este  Príncipe  mandasse  restituir  aquelles  bens,  que  a  pie- 
dade dos  povos  em  diversas  epochas  tinha  deixado  á  Egreja,  e  os  quaes  tinha 
Sua  Magestade  Catholica,  pouco  tempo  antes  da  revolta  de  Portugal,  impedido 
que  os  ecciesiasticos  gosassem,  em  virtude  dVsta  mesma  lei. 

«O  Papa  queixava-se  ao  mesmo  tempo  de  que  o  Rei  de  Portugal  conservava 


SI  265 

na  prisão  o  arcebispo  de  Braga,  o  inquisidor-mór  e  outros  ecclesiasticos,  princi- 
paes  auctores  da  conspiração  tramada  contra  elle.  Todas  estas  rasões  somente 
serviam  para 'cobrir  a  resolução  já  tomada,  de  não  receber  o  bispo  de  Lamego 
como  embaixador,  por  causa  da  forte  opposição  dos  hespanhoes.  Encontra-se  a 
prova  d'islo  na  recusa  constante  do  soberano  Pontifice  de  se  render  ás  vivas 
instancias  do  Rei  de  França,  não  obstante  a  promessa  que  lhe  fazia,  de  annuir  a 
ellas. 

«A  negociação  do  cardeal  de  Bissi,  para  fazer  admittir  o  bispo  de  Lamego 
como  embaixador  do  Rei  de  Portugal,  teve  o  êxito  mais  feliz  (vol.  iv,  pag.  154)* 
apesar  do  extremo  de  perturbação  que  o  Papa  tinha  mostrado  á  noticia  do  des- 
embarque d'este  embaixador  em  Civitta  Vecchia,  e  a  resolução  inabalável,  que 
tinha  tomado,  de  o  não  reconhecer  como  tal. 

«Esta  eminência,  esperando  sempre  o  momento  próprio  para  executar  as 
ordens  da  corte  de  França,  não  respondeu,  ao  principio,  ás  vivas  queixas  do 
Papa,  senão  por  meio  do  silencio.  Accreseentou,  depois,  com  sua  destreza  ordiná- 
ria: «Se  Vossa  Santidade  persiste  no  desígnio  de  prohibir  ao  bispo  de  Lamego 
a  entrada,  é  mister  fortificar  com  um  forte  e  com  um  numeroso  corpo  de  guarda 
o  palácio  que  elle  para  si  escolheu  fora  dos  nmros,  para  sua  habitação,  com  o 
íim  de  pôr  em  segurança  a  vida  de  um  prelado,  em  cuja  conservação  a  dignidade 
da  santa  sé  e  a  vossa,  estão  interessadas».  Vê-se  perfeitamente  que  D.  João  não 
sabe  ainda  representar  o  papel  de  Rei;  que  é  novato  n'este  mister;  que  em  vez 
de  enviar  para  as  cortes  dos  outros  soberanos,  com  o  fim  de  n'ellas  ganhar  amigos 
e  apoio  para  a  sua  grandeza  nascente,  em  vez  de  empregar  seu  dinheiro  em  for- 
liíiear  suas  fronteiras,  em  reparar  fortalezas,  em  mandar  construir  outras  novas, 
em  logar  de  lançar  ao  mar  frotas  formidáveis  e  reunir  tropas,  armas  e  munições, 
consome  seus  thesouros  e  seu  tempo  em  enviar  embaixadores  aos  pés  de  Vossa 
Santidade.  Devia,  pelo  menos,  antes  de  o  fazer,  pedir  vosso  consentimento.  Esta 
simplicidade  da  sua  parte,  é,  comtudo,  uma  prova  evidente  da  sua  piedade.  A 
santa  sé  nem  por  isso  deixa  de  tirar  uma  vantagem  considerável;  este  Principe, 
sem  reparar  em  tantas  outras  cousas  importantes,  em  nada  mais  pensa  do  que 
no  tributo  de  respeito  e  de  obediência  que  lhe  é  devido  pelo  logar  que  occupa. 
Quer  elle  assignalar,  por  actos  de  religião,  os  começos  do  seu  reinado,  e  dar  ao 
mundo  christão  um  testemunho  illustre  de  que  o  estabelecimento  dos  scepiros 
depende  d'esta  mesma  sé.  Estas  rasões,  e  as  despezas  excessivas,  que  a  guarda 
sufiTiciente  para  defender  a  habitação  do  bispo  de  Lamego,  haviam  de  causar,  o 
risco  ao  qual  sua  vida  se  acha  exposta,  por  causa  dos  hespanhoes,  n'uma  casa 
de  campo,  devem  aconselhar  Vossa  Santidade  a  recebel-o  em  Roma.» 

«O  cardeal  de  Bissi*,  fatiando  com  zelo  a  favor  d'este  bispo,  fingia  desappro- 
var  sua  vinda,  embora  os  francezes  tivessem  empregado  as  mais  vivas  instancias 
para  a  obterem  e  apressarem,  na  crença  em  que  estavam  de  que  o  Papa  não 
poderia  deixar  de  o  receber;  ao  passo  que,  pedindo  antecipadamente  que  elle 
fosse  recebido,  só  d'ahi  a  muito  tempo  teria  podido  isto  ser  conseguido.  As  rasões 
d'esta  eminência  fizeram  reapparecer  a  serenidade  no  rosto  do  Papa.  Consentiu 
immediamente  que  o  bispo  de  Lamego  viesse  a  Roma.  No  emianto,  ao  boato  do 
seu  desembarque,  em  (Civitta  Vecchia,  grande  numero  de  portuguezes,  catalães  e 


Mercure  historique.  vol.  it,  pag.  156.  Passavam-se  estes  factos  no  anno  de  1641. 


266  SI 

francezes  se  dirigiram  áquelle  ponto  sem  demora,  para  o  receberem  e  escoltarem 
até  á  sua  residência.  Estavam  todos  armados  com  pistolas  e  outras  armas  de  fogo. 

«O  cardeal  António  também  tinha  enviado,  para  este  effeito,  quarenta  caval- 
leiros  com  o  fim  de  explorarem  a  estrada,  com  medo  de  alguma  surpreza  da 
parte  dos  hespanhoes,  que  se  tinham  gabado,  antes  da  sua  chegada,  que  o  haviam 
de  fazer  passar  por  alguma  aífronta  notável. 

«Tendo  este  prelado,  pois,  chegado,  com  toda  a  sua  escolta,  a  20  de  novem- 
bro, foi  peia  tarde  apear-se,  sem  ceremonia,  no  palácio  do  embaixador  de  França, 
que  o  recebeu  á  porta,  e  lhe  deu  sempre  a  direita.  Conduziu-o  ao  seu  quarto, 
onde,  depois  de  ter  descançado  por  algum  tempo,  com  os  deputados  da  Catalu- 
nha e  outros,  foi  cear  com  o  mesmo  embaixador.  Todos  os  cardeaes  e  outros 
personagefís  qualificados,  súbditos  ou  partidários  da  coroa  de  Hespanha,  consul- 
taram por  muito  tempo  acerca  da  chegada  d'este  bispo.  O  embaixador  de  Hes- 
panha, que  antecedentemente  não  ia  á  audiência  do  cardeal  Barberin  (é  o  cardeal 
Francisco),  por  causa  de  certos  desgostos,  e  que  tinha  declarado  publicamente, 
que,  se  o  bispo  de  Lamego  entrasse  em  Roma  com  um  cortejo  superior  á  condi- 
ção de  bispo,  abandonaria  immediatamente  a  corte,  fez  tudo  ao  contrario,  no  que 
deu  signaes  verdadeiros  de  uma  rara  prudência.  Dirigiu-se,  no  dia  seguinte,  á 
audiência  do  cardeal,  a  quem  fez  varias  queixas  e  representou ^s  desordens  que 
produziria  a  recepção  do  bispo  de  Lamego,  como  embaixador;  deduzindo  as 
rasões  pelas  quaes  a  côrle  de  Roma  não  o  devia  reconhecer  por  tal,  e  misturando 
de  tempos  a  tempos,  em  seus  discursos,  as  ameaças  de  resentimento  da  parte  da 
casa  de  Áustria 

«Publicaram- se.  por  aquelle  tempo,  diversos  escriptos,  tanto  de  uma  parte 
como  da  outra,  acerca  d'esta  recepção ;  uns,  feitos  para  estabelecerem  a  legitimi- 
dade da  embaixada  do  bispo  de  Lamego,  e  outros  para  a  destruírem.  Eis  o  que 
resulta  d'estes  últimos: 

«Apenas  são  propriamente  embaixadores,  aquelles  que  são  enviados  por 
Príncipes  que  têem  uma  Magestade  soberana,  e  um  poder  absoluto.  Ora,  o  bispo 
de  Lamego,  sendo  enviado  pelo  duque  de  Bragança,  que  não  tem  nem  esse  poder 
nem  essa  Magestade,  mas  que  é  vassallo  do  Rei  Catholico,  não  é  embaixador,  e 
os  outros  Principes  não  o  devem  considerar  como  tal.  O  duque  de  Bragança  é 
vassallo  do  Hei  ('alholico,  porque  este  Rei  é  senhor  legitimo  do  reino  de  Portu- 
gal, por  Filippe  III,  seu  pae,  e  Filippe  II,  seu  avô,  o  qual,  como  varão  e  primo- 
génito de  Calharina*,  avó  do  duque  de  Bragança,  deveu,  n'esta  qualidade,  ser-lhe 
preferido  para  a  successão  ao  throno.  Sendo  o  duque  de  Bragança,  portanto,  um 
rebelde  e  um  usurpador,  que  despreza  a  religião  do  juramento  e  o  respeito  de- 
vido ao  seu  Príncipe  natural,  não  tem  mais  direito  de  enviar  embaixadores,  do 
que  têem  os  usurpadores  e  os  rebeldes. 

«Pretendem  alguns  que  se  o  Turco  chegasse  a  converter-se,  o  Papa  receberia 
sua  conversão  e  seus  embaixadores,  embora  não  restituísse  suas  usurpações.  Sim, 
sem  duvida,  seria  absurdo  prohibir  um  tão  grande  bem,  pela  obrigação  de  resti- 
tuir bens  possuídos  durante  séculos,  adquiridos  por  guerras  injustas,  na  verdade, 
mas  entre  soberanos,  com  os  quaes  se  tem  feito  mais  de  uma  trégua  e  mais  de 


'  Calharioa  era  íilha  de  D.  Dnarte,  ou  £duardo,  irmão  do  Rei  Henrique,  e  filho  do  Rei  Manuel,  e 
Filippe  II  era  filho  de  D.  Izabel,  inni  do  me«mo  Rei  Henrique  e  filha  do  mesmo  Rei  Manuel. 


SI  267 

uma  paz.  Alem  d'isso,  essa  conversão  do  Turco  adquiriria  a  maior  parte  da  Ásia 
á  Europa,  na  qual  entraria  sem  reserva,  renunciando  a  seus  erros.  O  duque  de 
Bragança,  pelo  contrario,  por  sua  alliança  com  os  lierejes*;  pela  liberdade  ile 
consciência  que  dá  aos  seus  súbditos,  em  cujo  numero  entra  uma  grande  quanti- 
dade íle  judeus;  pelo  homicídio  dos  grandes  do  reino 2;  pela  prisão  dos  eccle- 
siasticos^;  e  pelo  arrojo  que  tem  de  despojar  um  Rei,  do  qual  é  vassallo,  afas- 
ta-se,  tanto  quanto  se  pôde,  da  santa  sé,  da  qual  finge  approximar-se  por  meio  de 
um  embaixador.  Mas  o  que  é  uma  abominação,  no  seu  excesso,  é  o  procurar  elle 
fazer  com  que  o  seu  procedimento  seja  auctorisado  por  aquelle  tribunal  supremo, 
e  tornal-o  assim  cúmplice  da  sua  revolta  e  da  sua  usurpação.  Não  deve,  portanto, 
o  bispo  de  Lamego  ser  recebido,  nem  como  embaixador  do  duque  de  Bragança, 
nem  como  embaixador  do  reino  de  Portugal,  mas  ser  castigado  severamente, 
para  exemplo  dos  rebeldes  e  de  seus  fautores.» 

"Eis  o  que  resulta  dos  escriptos  feitos  para  estabelecerem  a  legitimidade  da 
embaixada  do  bispo  de  Lamego: 

«Depois  da  morte  do  cardeal  Rei  D.  Henrique,  filho  do  Rei  D.  Manuel,  houve 
seis  pretendentes  á  coroa  de  Portugal :  a  Rainha  de  França,  Anna  de  Áustria, 
que  foi  excluída  como  não  descendendo  do  dito  Rei  Manuel ;  António,  prior  do 
Crato,  que,  como  bastardo,  foi  declarado  incapaz ;  o  duque  de  Saboya,  filho  de 
Beatriz,  irmã  segunda  da  Imperatriz  ízabel,  que  cedeu  aos  mais  próximos ;  o 
duque  de  Parma,  filho  de  Maria,  filha  primogénita  de  Eduardo,  que  foi  também 
excluído,  porque,  segundo  as  leis  de  Portugal,  as  Princezas  estabelecidas  fora  do 
reino,  taes  como  sua  mãe,  não  têem  parte  na  successão  '* ;  emquanto  á  pretensão 
da  santa  sé,  d'ella  nenhum  caso  fizeram. 

«Sendo  excluídos  todos  os  pretendentes,  ficaram  estes  reduzidos  a  dois: 
Filippe  II,  filho  da  Imperatriz  ízabel,  e  Catharina,  filha  do  Infante  Duarte,  casada 
com  o  duque  de  Bragança,  Theodosio,  pae  d'aquelle  que  vem,  com  justiça,  posto 
na  posse  do  throno.  Filippe  II  baseava  a  sua  pretensão  em  ser  varão  e  superior 
na  idade  a  Catharina.  Mas,  segundo  a  decisão  dos  doutores  de  Coimbra,  devia-lhe 
esta  Princeza  ser  anteposta,  segundo  as  leis  de  Portugal,  confirmadas  por  Inno- 
cencio  IV,  as  quaes  tornam  as  mulheres  babeis  para  succederem  na  coroa  n'este 
estado,  e  excluem,  como  já  se  disse,  da  successão  as  que  se  casam  com  Príncipes 
estrangeiros.  Alem  d'isto,  devia  Catharina  sor  preferida  a  Filippe,  pelo  beneficio 
da  representação  em  primeiro  grau,  que,  segundo  o  uso  de  Portugal,  lhe  dava  a 
prerogativa  de  varão,  sendo  filha  de  Eduardo  (?),  pela  qual  representação  excluia 
ella  a  Filippe,  como  descendente  de  uma  mulher. 

«Foi  sobre  este  fundamento,  que  nas  primeiras  conferencias  que  leve  com 


'  o  auctor  referc-se  aos  seus  tratados  com  a  Hollanda  e  com  a  Infçlaterra. 

'  O  supplicio  do  marquez  de  Villa  Real,  do  duque  do  Caminha,  etc. 

■'  Do  arcebispo  do  Braga  a  do  inquisidor-raór. 

*  Eis  o  que  diz  o  artigo  6.**  destas  leis:  «que  a  filha  primogénita  do  Rei  não  tenha  por  marido 
scnào  a  um  senhor  portuguez,  com  o  fim  de  que  os  Príncipes  estrangeiros  não  venham  a  fazer-se  senhores 
do  reino.  Se  a  filha  do  Rei  desposar  um  Principe  ou  um  senhor  de  uma  nação  estrangeira,  não  será 
eila  reconhecida  como  Rainha,  porque  não  queremos  que  nossos  povos  sejam  obrigados  a  obedecer  a  um 
Rei  que  não  houvesse  nascido  portuguez,  pois  foram  nossos  vassalios  e  nossos  compatriotas,  que,  sem  o 
soccorro  de  outrem,  mas  sim  pelo  seu  valor,  e  á  custa  do  seu  sangue,  nos  tixeram  Rei.» 


Í68  SI 

Filippe,  pretendem  que  ella  lhe  dissera :  «Se  Eduardo,  meu  pae,  fosse  vivo,  como 
entraria  Vossa  Magestade  aqui?»  E  este  Principe  mudou  de  conversa. 

«Reina,  pois,  justamente,  D.  João  ÍV  em  Portugal,  não  obstante  a  posse  em 
que  d'este  paiz  estiveram  os  Reis  catholieos  pelo  espaço  de  sessenta  annos.  Se- 
gundo diz  Caramuel,  não  ha  prescripção  para  justificar  a  posse  de  um  reino.  Mas 
supponhamos  que  a  prescripção  fosse  admittida,  isto  é,  de  cem  annos,  pelo  menos* 
É  o  que  o  mesmo  Caramuel  resume  das  opiniões  dos  jurisconsultos. 

"Comtudo,  qualquer  que  tivesse  de  ser  a  duração,  não  devia  ella  ser  admit- 
tida em  favor  de  Filippe  IV,  por  isso  que  Filippe  II,  seu  avô,  não  tendo  querido 
que  a  causa  fosse  decidida  juridicamente,  este  Principe,  por  conseguinte  seus 
successores,  se  tinham  conservado  possuidores  de  má  fé.  Finalmente,  a  força  das 
armas,  pela  qual  o  mesmo  Filippe  II  se  tinha  apossado  d'elle,  tinha  tornado  a 
usurpação  imprescriptivel,  como  a  das  outras  cousas  roubadas,  segundo  a  lei  de 
Justiniano,  e  a  decisão  dos  mais  celebres  jurisconsultos. 

«Mas  supponhamos,  por  um  momento,  que  João  IV  não  tenha  no  reino  de 
Portugal  um  verdadeiro  titulo  de  propriedade ;  não  se  segue  d'aqui  que  esteja 
privado  do  direito  de  embaixada;  emquanto  está  em  plena  posse  do  reino  exerce 
todas  as  funcções  de  soberano,  e  gosa  livremente  de  todas  as  vantagens  da  sua 
posse.  Póde-se  responder  a  Filippe  IV  o  que  se  conta  ter  Pio  II  respondido  ao 
bispo  de  Marselha,  embaixador  de  René  d'Anjou,  no  tempo  em  que  se  tratava  de 
dar  a  investidura  do  reino  de  Nápoles  a  Fernando,  filho  illegilimo  de  Aífonso: 

« —  Voi  havcte  perso  il  regno,  e  starete  senza,  sin  tanto  eh'  habbiate  forze  dis- 
cacciare  il  nemico.» 

(Perdestes  o  reino;  ficareis  sem  reino  até  terdes  força  para  expulsar  d'elle 
ao  inimigo.) 

«É  assim  que  a  pratica  da  santa  sé,  emquanto  á  recepção  dos  embaixado- 
res, tem  sido  ter  somente  attenção  á  posse  actual. 

«Tira-se  uma  segunda  prova  do  mesmo  Pio  II.  Recebendo  este  Papa  em 
Siena  os  embaixadores  de  Mathias,  Rei  da  Hungria,  respondeu  aos  queixumes 
dos  do  Imperador  Frederico  III,  d'esta  sorte : 

« — O  soberano  Pontifice  declarou  ser  injusto  o  queixume;  foi  sempre  cos- 
tume da  santa  sé  chamar  Rei  áquelle  que  estava  na  posse  do  reino. 

«Achámos,  finalmente,  uma  terceira  prova,  na  resposta  pela  qual,  segundo 
diz  Baroino,  o  Papa  Zacharias  consentiu  que  Pepino,  o  Breve,  fosse  creado  Rei 
de  França. 

« — Vale  mais  —  disse  este  Papa  —  que  seja  proclamado  aquelle,  no  qual  o 
poder  soberano  reside.» 

«Emquanto  aos  outros  aggravos  apresentados  contra  o  Rei  João,  a  saber: 
sua  alliança  com  a  Hollanda,  a  liberdade  de  consciência  que  dá  aos  seus  vassaijos, 
o  homicídio  dos  grandes  do  estado,  e  a  prisão  dos  ecclesiasticos,  esses  aggravos 
caem  por  si  mesmo.  Onde  se  acha  que  a  santa  sé  tenha  recusado  jamais  receber 
os  embaixadores  dos  Príncipes  catholieos,  por  se  terem  alliado  com  Príncipes 
protestanlíís,  por  darem  a  seus  vassallos  a  liberdade  de  consciência,  por  enviarem 
ao  supplicio  os  grandes  do  estado,  e  para  as  prisões  os  ecclesiasticos  armados 
contra  seus  dias?  Os  que  imputam  ao  Rei  João  similhantes  crimes,  ignoram  por- 
ventura, que  uma  chusma  de  ecclesiasticos  foram  mortos  em  Portugal  por  leves 
indícios,  no  tempo  de  Filippe  II ;  que  o  numero  d'estas  víctímas  foi  Ião  grande, 
que  o  arcebispo  de  Lisboa,  D.  George  de  Almeida,  fez  conjurar  o  Tejo  com  as 


SI  269 

eeremonias  ordenadas  pela  Egreja,  com  o  íini  de  responder  á  afflicção  dos  pesca- 
dores, que  se  queixavam  de  estar  excommungado  este  rio,  não  apanhando  suas 
redes  mais  do  que  padres  e  frades  em  logar  de  peixes. 

«Os  primeiros  escriptos  tendiam,  não  somente  a  fazer  com  que  se  recusasse 
o  bispo  de  Lamego,  como  embaixador,  mas  até  mesmo  que  fosse  punido.  Os 
outros  tinham  por  alvo  fazer  com  que  fosse  recebido  não  somente  como  embai- 
xador, mas  ainda  mais  como  enviado  por  um  Principe  zeloso  para  com  a  santa  sé, 
e  cujos  antepassados  tinham  contribuído  mais  para  a  propagação  da  fé,  do  que 
todos  os  outros  Príncipes  da  Europa  juntos  ^  Todavia,  o  ministro  de  França, 
que  tinha  já  feito  que  o  Papa  consentisse  na  vinda  do  bispo  de  Lamego  a  Roma, 
nada  esquecia  para  o  mover  a  approvar  n'elle  a  qualidade  de  embaixador.  Porém, 
este  Pontífice,  dando  umas  vezes  esperanças  que  havia  de  obter  o  que  espe- 
rava, ou  Iras  represenlando-lhe  as  grandes  difíiculdades  que  obstavam  a  que  n'este 
ponto  podesse  satisfazer  a  Sua  Magestade  Christianissima,  em  conformidade  com 
o  desejo  que  elle,  Pontífice,  tinha,  fazia  ver  claramente  que  estava  temporisando 
para  não  irritar  os  hespanhoes,  e  para  os  não  forçar  a  tomar  resoluções  prejudi- 
ciaes  á  corte  de  Roma,  á  dignidade  da  sé  e  á  segurança  da  sua  casa. 

«Emquanto  aos  portuguezes,  para  não  parecerem  que  estavam  a  dormir, 
entraram  armados  na  Galliza,  onde  saquearam  e  lançaram  fogo  a  todos  os  logares 
adjacentes  a  Monterei ;  e  depois  de  terem  destruído  Valência  de  Revezo,  voltaram 
para  seus  quartéis  carregados  de  ricos  despojos.  No  emtanto  tinham-se  publicado 
nas  Províncias  Unidas,  a  i3  de  junho  do  mesmo  anno,  tréguas  entre  a  coroa  de 
Portugal  e  os  hollandezes^.  Por  conseguinte,  publicaram-se  pelo  tempo  de  que 
estamos  falando,  os  artigos  assentes  entre  uma  e  outra  potencia  para  o  commer- 
cio  reciproco  durante  estas  tréguas 3. 


«Emquanto  estas  tréguas  se  concluíam  entre  Portugal  e  as  Províncias  Unidas, 
a  deputação  da  Catalunha,  aferrada  á  sua  primeira  resolução,  fazia  uma  doação 
solemne  d'este  Principado  ao  Rei  Christíaníssímo,  com  prerogulivas  que  nunca 
tinham  sido  concedidas  a  nenhum  Rei. 

«O  embaixador  de  Portugal  tinha  concluído  (15  de  fevereiro  de  1642),  não 
sem  bastante  trabalho,  um  tratado  relativo  á  boa  correspondência  entre  as  duas 
nações.  Os  artigos  d'elle  foram  depois  publicados  com  uma  satisfação  extraordi- 
nária da  parte  d'este  mesmo  embaixador,  por  causa  das  vantagens  que  elle  trazia 
para  seu  amo  4. 

«Quasí  pelo  mesmo  tempo  tinham  os  portuguezes  feito  uma  irrupção  na 
Extremadura  e  na  Galliza,  onde  saquearam  e  reduziram  a  cinzas  alguns  logares 
abertos,  de  pouca  importância,  na  verdade,  mas  cuja  ruína  fazia  ver  a  fraqueza 
das  forças  de  Hespanha  n'estas  fronteiras.  Tinham  feito  uma  irrupção  mais  peri- 
gosa para  a  mesma  Hespanha,  na  velha  Castella,  onde  se  tinham  apossado  de 


'  Por  causa  dos  seus  estabelecimentos  nas  índias  orientaes  e  occidentaes,  bem  como  na  Africa. 
*  Mercure  historique,  vol.  iv,  pag.  328. 

'  Vittorio  Siri  apresenta  n'este  logar  (de  pag.  329  a  335)  o  referido  tratado,  que  nâo  transcrevo 
por  causa  da  brevidade. 

'  Siri  Iraz  os  principaes  artigos  d' este  tratado.  Vol.  ti,  pag.  67  a  71. 


270  SI 

Valverde  e  de  S.  Martinho,  perto  de  Cidade  Rodrigo,  bem  como  da  commenda 
do  duque  Dória*. 

«Para  cobrir  a  fronteira  de  Portugal,  resolveu  o  Rei,  apesar  dos  nmrmurios 
de  toda  a  Hespantia,  declarar  D.  João  Áustria  seu  lilho,  com  vistas  de  se  servir 
d'elle  de  generalissimo  do  exercito,  a  quem  tinha  tenção  de  mandar  para  aquelle 
paiz.  Deu-lhe  um  conselho  de  gueira  para  o  coadjuvar,  e  para  governador  o 
marque/  de  Castagneda,  a  quem  significou  sua  resolução  pela  carta  seguinte: 

«Marquez  de  Castagneda,  meu  parente,  membro  do  meu  conselho  d'estadO; 
gentil  homem  da  minha  camará  e  mordomo  da  Rainha,  minha  esposa,  resolvi 
enviar  D.  João  de  Áustria  (a  quem  declarei  meu  filho,  como  sabereis),  á  guerra 
de  Portugal,  para  n'aquelle  paiz  commandar  o  exercito,  assim  como  o  soccorro 
dos  portos  de  Andaluzia.  £  como  desejo  que  se  governe  no  seu  emprego  como 
convém,  e  que  tudo  esteja  em  ordem  na  sua  casa,  foi  do  meu  agrado,  tomando 
em  conta  a  satisfação  particular  que  de  vós  tenho,  nomear-vos  seu  governador, 
e  superintendente  da  sua  casa.  Recommendo-vos  inteiramente  a  gerência  da  sua 
direcção,  querendo  que  tudo  passe  por  vossas  mãos.  Espero  que,  em  atténção  ao 
zelo  e  solicitude  de  que  sempre  tendes  dado  provas,  n'aquillo  que  mais  convi- 
nha ao  meu  serviço,  que  achareis  n'esta  occasião  motivos  novos,  particulares  e 
numerosos,  para  accrescentardes  em  mim  a  lembrança  de  vossos  serviços.  E  com 
o  fim  de  conhecerdes  tudo  quanto  foi  disposto  para  a  ordem  da  sua  casa,  e  a 
maneira  como  deve  ser  administrada,  entregam-vos  da  minha  parte  duas  instruc- 
ções  a  tal  respeito,,  assim  como  a  copia  de  uma  terceira,  que  lhe  foi  dada  acerca 
de  alguns  pontos  essenciaes,  dos  quaes  era  mister  que  elle  fosse  instruido.  Dar- 
vos-hão  ainda  uma  quarta  sobre  aquillo  que  nos  pareceu  dever- vos  informar. 
Por  meio  d'estas  instrucções  e  de  vossos  cuidados,  couíio  na  Magestade  divina 
que  ella  vos  ha  de  ajudar  a  ganhar  para  nós  centenas  e  centenas  de  prosperidades. 

«Aranjuez,  5  de  março  de  1642.» 

«D.  João  de  Áustria  contava  então  treze  annos  de  idade.  Tinha  um  caracter 
admirável  e  uma  belleza  rara.  Emquanto  ás  graças  parecia -se  com  o  Rei,  seu 
pae.  Diíferençava-se  d*elle  na  tez,  porque  a  sua  atirava  para  o  moreno,  tendo  os 
cabellos  pretos  no  extremo.  Tinha  uma  aptidão  prodigiosa  para  as  sciencias, 
sabendo  perfeitamente  as  linguas  latina,  franceza  e  hespanhola.  Era  tão  versado 
nas  malhematicas,  .que  o  padre  Ricardi,  jesuita,  encarregado  da  sua  educação, 
confessava  ingenuamente  que  não  sabia  mais  para  lhe  ensinar.  Tinha  nascido  de 
uma  cómica,  cognominada  La  Calderona,  de  uma  belleza  medíocre,  mas  cheia  de 
graças. 

«Esta  mulher,  depois  de  ler  parido,  pediu  ao  Rei  a  mercê  de  se  retirar  para 
um  convento,  onde  vivia  ainda,  fazendo,  debaixo  de  secular,  uma  vida  exem- 
plar. Seu  filho,  depois  de  ter  sido  reconhecido  pelo  Rei,  foi  beijar  as  mãos  á 
Rainha  e  ao  Príncipe  das  Astúrias.  A  Rainha  recebeu-o  com  indifl'erença.  O 
Príncipe  disse-lhe,  dando-lhe  o  tratamento  de  «vós»,  que  muito  o  havia  de  amar 
se  servisse  bem  ao  Rei  seu  pae.  Amava-o  este  monarcha  com  ternura,  por  causa 
das  suas  grandes  virtudes  e  habilidade.  Proveu-o  no  grão  priorado  de  Castella,  e 


'  Siri,  Mereurt  historique,  vol.  vi,  pag.  175. 


SI  2» 

lhe  adjudicou  todos  os  rendimentos  d'elle  desde  a  morte  do  Príncipe  Filisberto 
até  então.  Honrou-o  depois  com  o  emprego  de  generalíssimo  de  Porlngal,  tanto 
por  mar  como  por  terra,  com  ordem  de  ir  fazer  sua  residência  em  Zafra,  iogar 
vizinho  de  Castello  Rodrigo,  na  Extremadura. 

«O  favor  concedido  a  D.  João  fez  com  que  murmurassem  todos  os  vassallos 
do  Pei,  mesmo  os  mais  moderados.  Cada  um  estava  surprehendido,  e  se  queixava 
de  que  dessem  uru  melhor  tratamento  ao  bastardo,  do  que  ao  filho  legitimo  ^ 

«O  Rei,  depois  de  se  ter  entregado  ao  divertimento  da  caça  e  ao  da  comedia 
em  Arganda,  dirigiu-se  na  segunda  feira  para  Loecties,  a  umas  quatro  léguas  de 
Madrid,  onde  a  Rainha,  curada  da  sua  indisposição,  veiu  cora  o  Príncipe  das 
Astúrias  e  o  conde  duquevel*o2.  Na  sexta  feira  transportou-se  a  Aranjuez,  onde 
foi  visitado  pela  infanta  Margarida  de  Saboya,  que  tinha  chegado  de  Merida  a 
Ocafla,  logar  que  lhe  tinha  sido  assígnado  para  sua  residência,  cujo  ar  é  bom  e 
está  distante  uma  légua  de  Aranjuez.  Beijou  ella  as  mãos  a  este  monarcha,  por 
quem  foi  recebida  favoravelmente ;  e  depois  de  ter  tido  com  ella  uma  conversa 
secreta  de  duas  horas,  despediu-se  d'elle  e  retirou-se  para  Ocafia.  Desde  a  sua 
expulsão  de  Portugal,  tinha  ella  sempre  feito,  por  ordem  do  Rei,  sua  residência 
em  Merida,  na  Extremadura,  onde  desde  começo  gosou  de  má  saúde,  recebendo, 
alem  d'isso,  da  corte,  tão  pequeno  soccorro  de  dinheiro,  que  seus  creados  diziam 
(para  me  servir  dos  termos  d'elles),  que  tinha  ella  sido  melhor  tratada  pelo 
tyranno  de  Portugal,  do  que  pelo  Rei  de  Hespanha.  Por  sete  mezes  não  teve 
carruagem,  e  até  mesmo  quasi  lhe  faltavam  as  cousas  de  primeira  necessidade. 
Por  este  motivo  enviou  á  corte  o  conde  Bainetti.  seu  mordomo,  para  representar 
suas  necessidades  e  pedir  80:000  escudos,  que  se  lhe  deviam  dos  rendimentos  que 
lhe  haviam  sido  assignados.  No  fim  de  cinco  mezes  com  difficuldade  obteve  para 
ella  a  residência  de  Ocafia,  alguns  ténues  rendimentos  e  uma  modesta  equipagem. 

«Ao  Papa  davam  os  maiores  cuidados  os  movimentos  dos  hespanhoes  em 
aquelle  tempo,  do  lado  do  reino  de  Nápoles,  nos  confins  dos  Estados  da  Egreja. 
Estes  movimentos  eram  oecasionados  pela  aventura  escandalosa,  succedida  em 
Roma  entre  o  embaixador  do  Rei  Catholico,  o  marquez  de  Los  Veles  e  o  bispo 
de  Lamego.  Convém  que  eu  faça  a  relação,  indo  buscar  as  cousas  no  seu  começo, 
relação  muito  mais  diCQcíl  do  que  a  de  uma  acção  militar,  por  mais  embaraçada 
que  seja,  tendo  em  vista  as  asserções  apaixonadas  dos  dois  partidos,  eivadas  de 
diversas  circumstancias  opposlas  entre  si.  O  bispo  de  Lamego,  tendo  cada  vez 
menos  esperanças  de  vir  a  ser  recebido  pelo  Papa,  como  embaixador  do  Rei  de 
Portugal,  por  causa  das  difíiculdades  insuperáveis  que  achava  na  sua  negociação, 
determinou-se  a  sair  da  casa  onde  estava  alojado,  para  ir  informar  os  cardeaes 
da  justiça  do  seu  pedido,  com  o  fim  de  preparar  os  espíritos  d'elles  para  a  sua 
recepção.  Visitou  em  primeiro  logar  o  cardeal  Lanti,  deão  do  sacro  collegío.  Mas 
o  marquez  de  Los  Veles,  que  velava  attentamente  sobre  todos  os  seus  passos, 
pediu  com  as  maiores  instancias  ao  cardeal  Francisco  que  não  consentisse  que 
este  prelado  fosse  a  Roma  com  a  pompa  de  ministro  de  um  Rei,  porque  isso 
havia  de  dar  causa  a  escândalos  capazes  de  perturbarem  o  repouso  de  Sua  San- 
tidade, e  tanto  mais  quanto  parecia  que  a  pessoa  d'esle  mesmo  prelado  de  modo 


'  Mercure  historique,  vol.  vi,  pag.  185. 
»  ibid.,vol.  rm,  pag.263. 


Í7Í  SI 

nenhum  era  necessária,,  trabalhando  o  inquisidor,  Pantaleão  Rodriguez  Pacheco, 
na  negociação  da  qual  o  bispo  queria  ir  tratar. 

«O  eífeito  do  pedido  do  embaixador  do  Rei  Catholico,  foi,  que  a  congregação 
que  tinha  a  cargo  os  negócios  de  Portugal,  julgando  que  não  convinha  impedir 
o^bispo  de  Lamego  de  ir  a  Roma,  lhe  prescreveu  o  cortejo  que  devia  ter,  e  lhe 
ordenou  que  conservasse  abaixados  os  stores  da  sua  carruagem. 

«Foi  assim  que  no  dia  de  S.  Bernardo  (20  de  agosto),  .se  dirigiu  ao  palácio 
do  duque  de  Geri  na  Fonte  deTrevi,  onde  residia  o  marquez  de  Fontaine-Mareuil, 
embaixador  de  França.  Chegou  alli  precisamente  ao  tempo  em  que  o  embaixador 
de  Hespanha,  (endo  ido  a  casa  do  cardeal  Roma  para  o  visitar,  foi,  na  descida  da 
sua  carruagem,  advertido  que  o  bispo  de  Lamego  se  achava  em  casa  do  embai- 
xador do  Rei  de  França.  Combinou  immediatamente  com  o  seu  mordomo  acerca 
do  que  se  deveria  fazer.  Foi  que  se  mandasse  vir,  do  palácio  de  s.  ex.»,  uma  car- 
roça com  quantidade  de  pistolas,  que  se  distribuiriam  pelos  seus  creados.  O  em- 
baixador de  Hespanha,  tendo  entrado  na  sua  carruagem,  fez-se  levar  pelo  caminho 
mais  curto  á  igreja  de  S.  Bernardo,  perto  da  fonte  de  Termini,  com  ordem  que, 
no  caso  de  se  encontrar  com  o  bispo  de  Lamego,  tendo  os  stores  da  carruagem 
abaixados,  o  deixassem  passar,  mas  que  no  caso  de  os  levar  levantados,  e  de  não 
parar,  cortassem  as  pernas  aos  cavallos.  Tinha  o  mesmo  embaixador  por  costume 
levar  comsigo  alguns  soldados  disfarçados  com  a  libré  dos  seus  creados,  para  se 
servir  d'elles  no  caso  de  um  tal  encontro. 

«As  pessoas  da  comitiva  do  bispo  de  Lamego  tinham  n'este  meio  tempo 
observado  um  hespanhol  a  passear  na  praça  Navona,  e  d'Í8So  tinham  avisado 
seu  amo,  que  mandou  que  o  espiassem.  Tendo-o  o  espião  seguido  com  destreza, 
assegurou  que  tinham  carregado  de  armas  de  fogo,  no  palácio  do  embaixador  de 
Hespanha,  a  carrugem  de  que  já  se  fallou. 

«No  mesmo  tempo  em  que  taes  cousas  se  passavam,  negociava  o  inquisidor 
Pantaleão  com  o  cardeal  Francisco,  que  tendo-lhe  por  acaso  perguntado  como 
passava  o  bispo  de  Lamego,  receheu  em  resposta  que  passava  bem  para  o  serviço 
de  sua  eminçneia,  e  que  estava  prestes  a  ir  visitar  o  embaixador  de  França,  no 
tempo  em  que  este  tinha  saído  da  sua  casa  para  ir  a  Monlecavallo  fazer  a  reve- 
rencia a  sua  eminência. 

«A  esta  noticia  mandou  o  cardeal  Francisco  chamar  o  cardeal  Bichi,  que 
estava  na  sua  ante-camara,  fallou-lhe  á  parte  e  enviou  ao  cardeal  António,  seu 
irmão,  com  o  fim  de  que  sem  tardança  desse  ordem  a  uma  força  de  soldados, 
que  elle  commandava,  para  que  prevenissem  as  desordens  que  poderiam  occorrer 
entre  o  embaixador  do  Rei  Catholico  e  o  bispo  de  Lamego.  Tendo  ao  mesmo 
tempo  despedido  o  inquisidor,  pediu-lhe  que  fosse  ter  com  este  prelado  para  o 
obrigar  a  retirar-se  para  sua  casa  antes  do  fim  do  dia,  para  se  evitarem  os  incon- 
venientes ainda  maiores  que  poderiam  dar-se  com  facilidade  no  meio  da  obscu- 
ridade da  noite. 

«O  cardeal  Bichi  achou  que  o  cardeal  António  tinha  ido  para  a  caça.  Por 
conseguinte  ordenou  o  cardeal  Francisco  a  Fachinelti  que  fosse  á  pressa  fazer 
tudo  quanto  lhe  fosse  possível  para  reter  o  embaixador  de  ílespanha,  com  o  fim 
de  obstar  a  que  se  encontrasse  com  o  bispo  de  Lamego.  E.sta  ordem  deu  resultados 
perniciosos.  Tendo  Fachinelti  retido  por  algum  tempo  o  embaixador,  foi  isto  a 
causa  de  se  encontrar  com  este  prelado,  o  que  não  teria  acontecido  se  houvesse 
continuado  o  seu  caminho.  Pelo  que  toca  a  este  mesmo  prelado,  cedendo  ás  per- 


SI  *" 

suações  do  inquisidor,  tinh.a  já  saído  do  rez-do-chão  do  palácio  do  embaixador 
de  França  (^  entrado  no  pateo,  para  tornar  a  entrar  na  carruagem  e  voltar 
prompta  e  tranquillamente  para  sua  casa,  quando  o  embaixador,  receiando  da 
parte  do  de  Hespanha  alguma  violência  ainda  maior  que  a  que  tinha  receiado  a 
principio,  entrou  na  sua  casa  com  o  bispo  de  Lamego  para  examinar  os  meios 
mais  seguros  que  se  deviam  empregar  n'uma  tal  occasião.  Achando-se  então  de 
parecer  diíTerente  d'aquelle  que  tivera  antes,  mandou  a  todos  aquelles  que  se 
'achavam  presentes  que  se  armassem  o  melhor  que  podessem  para  proteger  o 
caminho  do  bispo.  Este  deu  também  ordem,  a  um  dos  seus  gentis  homens,  de  se 
dirigir  n'uma  carruagem  ao  seu  palácio  na  praça  Navona,  para  trazer  quantidade 
de  carabinas,  e  fazer  com  que  todos  os  portuguezes  viessem  promptamente  em 
seu  soccorro,  não  querendo,  por  causa  de  sua  própria  reputação,  conservar-se 
fora  da  sua  casa  sem  uma  ordem  expressa  do  Papa. 

«Em  execução  d'aquellas  que  já  tinham  sido  dadas,  havia  em  todas  as  ruas 
de  Roma  um  tumulto  surdo,  precursor  de  algum  prompto  e  trágico  acontecimento. 
Os  portuguezes  e  os  catalães  corriam  em  chusma  ao  palácio  do  embaixador  de 
França,  o  que  fez  com  que  Spada,  governador  da  cidade,  mandasse  o  prevoste 
com  os  esbirros  para  aquelle  lado. 

«Começava  a  noite  já,  quando  o  embaixador,  tendo  na  sua  carruagem  o  in- 
quisidor e  alguns  de  seus  gentis-homens,  se  dirigia  para  a  sua  residência  pelo 
caminho  ordinário.  Adiante  da  carruagem  caminhava  De  Lusarts,  primeiro  creado 
da  camará  do  embaixador  de  França,  á  frente  de  grande  numero  de  francezes, 
de  portuguezes  e  de  catalães.  Tendo  chegado  ao  principio  da  rua  que,  da  de 
Santa  Maria  in  via,  entre  o  palácio  da  condessa  de  Spada  e  o  dos  Veraldis,  dá 
uma  volta,  avistaram  no  meio  o  embaixador  de  Hespanha.  Este,  advertido  da 
resolução  com  a  qual  as  pessoas  do  bispo  vinham  para  elle,  tendo  suas  armas 
descobertas,  e  vendo  que  lhe  era  impossível  evitar  seu  encontro,  disse:  «Não  ha 
meio  de  o  evitar». 

«Ao  mesmo  tempo  os  castelhanos  gritando:  «Páral»  e  os  francezes  respon- 
dendo: «Pára  tu  primeiro!»,  dispararam  de  um  lado  e  do  outro  vários  tiros  de 
arcabuz  e  de  pistola,  sem  que  jamais  se  podesse  saber  de  qual  dos  dois  lados 
tinham  disparado  primeiro,  accusando  cada  um  o  partido  contrario.  O  cocheiro 
do  embaixador  de  Hespanha  correu  de  modo  tal,  a  toda  a  brida,  que  íazendo-se 
matar,  salvou  a  vida  a  seu.amo,  ao  marquez  de  Taxis,  a  seus  filhos  e  a  D.  Alonso 
Verdugo,  sobrinho  do  cardeal  Albornoz,  que  se  achavam  todos  na  mesma  car- 
ruagem, e  que  se  retiraram  para  o  palácio  d'esse  mesmo,  cardeal. 

«Do  lado  dos  hespanhoes  avançaram  ousadamente  D.  Diego  de  Vargoz  e 
outros  dois,  sem  poderem  chegar  á  carruagem  do  bispo  de  Lamego,  detido  em 
frente  da  porta  do  palácio  de  M.  Dunazetto,  e  da  do  palácio  do  cavalheiro  Serra, 
onde  se  salvou. 

«Entre  os  france^íes,  um  pagem  do  embaixador  de  Malta,  tendo-se  adiantado 
até  á  carruagem  do  de  Hespanha,  n'aquelle  sitio  recebeu  um  golpe  mortal,  que 
lhe  tirou  a  vida  dentro  de  poucas  horas.  Um  cocheiro  do  embaixador  de  França 
e  dois  ereados  de  pé  foram  também  mortos,  o  primeiro  com  uma  cutilada  de 
uma  espada  e  os  outros  dois  a  tiro  de  espingarda.  A  perda  dos  mortos  teria  sido 
maior,  sem  duvida,  se  dois  ereados  de  pé,  portuguezes,  com  a  espada  na  mão, 
não  tivessem  feito  rosto  á  impetuosidade  dos  hespanhoes,  tanto  D.  Diogo  e  um 
chamado  Assencio,  creado  da  camará  do  embaixador  de  Hespanha,  e  ferindo  em 

i8 


274  SI 

vários  logares  um  siciliano,  que  morreu  pouco  depois.  Crêem  alguns  ainda  iioje 
que  houve  um  maior  numero  de  mortos  do  lado  dos  hespanhoes  que  do  dos  fran- 
eezes;  mas  o  processo  instaurado  por  ordem  do  Papa  não  faz  menção  de  outros 
que  não  sejam  os  já  mencionados.  É  verdade  que  liouve  grande  numero  de 
feridos,  entre  os  quaes  o  mordomo  do  embaixador  de  Hespanha  teve  a  mão 
direita  mutilada.  Os  esbirros,  pessoas  naturalmente  vis  e  cobardes,  ainda  que  em 
numero  de  mais  de  cem,  julgaram  prudente  não  se  envolverem  na  separação  dos 
combatentes. 

«Todos  os  vassallos  e  partidários  da  coroa  de  Hespanha,  que  se  achavam  em 
Roma,  se  dirigiram  ao  palácio  do  embaixador.  A  cólera  que  os  inílammava, 
fazendo  receiai-  desordens  maiores  que  as  que  vinham  de  acontecer,  fez  sair 
o  cardeal  António,  acompanhado  de  vários  soldados,  para  interromper  o  curso 
d'ellas.  Postou  duas  companhias  de  infanteria  e  cincoenta  cavallos  em  frente  do 
palácio  do  mesmo  arcebispo,  com  ordem  de  não  deixarem  sair  ninguém.  Postou 
o  mesmo  numero  de  tropas  em  Saint  André  des  Hazes,  para  impedir  que  as  duas 
nações  inimigas  se  aggredissem,  assim  como  na  praça  Navona,  para  guardar  o 
bispo  de  Lamego.  Mandou  ao  mesmo  tempo  fechar  as  portas  de  Montecavallo,  e 
armar  com  espingardas  os  guardas  suissos,  encarregando  as  patrulhas  de  percor- 
rem toda  a  noite  as  ruas  mais  suspeitas.  Fez  depois  ronda  durante  algumas  horas 
com  um  zelo  infatigável,  e  sem  procurar  proteger  a  sua  vida.  Pozeram  também 
guardas  na  chancellaria  e  no  palácio  do  Príncipe  perfeito.  N'uma  tão  grande 
perturbação,  o  cardeal  Francisco,  seu  sobrinho,  procurou  serenar  os  espíritos  dos 
dois  partidos,  mandando  testemunhas  ao  embaixador  de  Hespanha,  porquanto 
estava  penalisado  pelo  que  acabava  de  succeder,  e  pediu- lhe  que  largasse  as 
armas,  servindo  as  do  Papa,  para  defender  tanto  uns  como  os  outros. 

«Porém  este  embaixador,  que  pretendia  ter  a  rasão  do  seu  lado,  queixava-se 
de  que  s.  ex.*  se  não  informara  bem,  e  disse  que  havia  de  desarmar  por  não 
querer  combater  contra  o  Papa. 

«O  embaixador  de  Frarjça  foi  ao  palácio  para  dar  conta  a  Sua  Santidade  e 
ao  cardeal  Francisco  do  que  se  tinha  passado,  queixar-se  da  violência  intentada 
pelo  de  Hespanha  contra  a  pessoa  sagrada  de  um  bispo  e  do  representante  de 
uma  coroa,  e  implorar  a  justiça  de  Sua  Santidade. 

«O  embaixador  de  Hespanha,  pela  sua  parte,  fazia  instancias  as  mais  vivas 
junto  do  Papa,  para  a  reparação  da  oífensa  feita  á  coroa  na  sua  pessoa,  por 
meio  de  um  castigo  proporcionado  á  falta  pretendida  do  bispo  de  Lamego.  E 
como  nada  mais  se  fazia  do  que  entretel-o  com  bellas  palavras,  deliberou,  com 
os  cardeaes  da  nação,  a  respeito  da  resolução  mais  conveniente  que  se  devia 
tomar.  Aconselharam -lhe  estes  que  saísse  do  Estado  da  Egreja,  não  se  podendo 
por  mais  tempo  conservar  tranquillamente  na  corte  de  Roma  sem  ter  recebido  as 
satisfacções  convenientes,  e  havendo  sua  paciência  sido  provocada  até  o  ponto 
em  que  era  difiBcil  que  elle  se  conservasse  nos  limites  da  moderação,  e  sem  faltar 
ao  respeito  devido  á  santa  sé. 

«Em  conformidade  com  este  conselho,  mandou  preparar  suas  equipagens  na 
resolução  de  partir  no  domingo  seguinte,  como  o  linha  declarado  ao  Papa.  Mas 
differiu  ainda  dois  dias,  porque  a  congregação  do  estado,  tendo-se  reunido,  os 
cardeaes  Roma  e  Sacchetti  se  dirigiram  a  casa  d'elle  em  nome  do  Papa,  para  lhe 
testemunharem  o  extremo  desgosto  que  a  Sua  Santidade  causava  a  noticia  da 
8ua  partida,  e  para  de  novo  lhe  assegurarem  que  ella  estava  vivamente  sensibiii- 


SI  "5 

sada  com  o  que  Jhe  Mnha  acontecido  e  declararem- lhe  que  desejava  que  adiasse 
por  algum  tempo  sua  partida,  com  o  fim  de  regular  as  satisfações  que  lhe  deviam 
ser  dadas  no  fim  do  processo. 

«O  embaixador  respondeu; 

<<— Eslou  mui  sensibilisado  pela  honra  que  Sua  Santidade  e  a  Congregação 
me  fazem.  A  aífronta  que  recebi  foi  publica,  e  houve  tempo  de  dar  Sua  Santidade 
as  instrueções  necessárias  para  as  resoluções  que  pensam  em  tomar.  Não  me 
deram,  no  emtanto,  o  minimo  signal  de  que  me  quizessem  dar  satisfações,  como 
a  gravidade  do  caso  exigia ;  embora  de  nada  me  tivesse  esquecido  para  evitar 
todas  as  oceasiôes  de  perturbar  o  repouso  de  Sua  Santidade,  como  assas  o  tes- 
temunham os  protestos  reiterados  que  eu  tinha  feito  ao  cardeal  Francisco,  com 
o  (ifn  de  que  elle  considerasse  os  inconvenientes  inevitáveis  que  nasceriam,  se 
nâo  se  fosse  á  mão  ao  bispo  de  Lamego,  para  nAo  apparecer  em  Roma  com  a 
comitiva  de  um  embaixador,  ou  se  não  se  regulava  a  maneira  como  elle  devia 
alli  apparecer;  e  embora  houvesse  eu  procurado  moderar  o  fogo  da  nação  e 
calmar  o  resentimento  de  meu  amo.  O  receio  de  não  poder  obter  a  satisfação 
que  me  era  devida,  as  delongas  que  n'isso  se  intrometteram,  o  castigo  dos  trai- 
dores, castigo  que  eu  teria  na  mão  se  Sua  Santidade  quizesse  separar  suas  armas 
das  d'elles,  me  obrigam  a  sair  de  Roma,  sem  me  despedir  de  Sua  Santidade,  para 
não  augmentar  n'ella  seu  pezar,  fazendo-lhe  a  narração  de  tudo  que  é  conhe- 
cido na  cidade,  o  que  me  causa  uma  dôr  extrema.  Mas  creio  ser  um  menor  in- 
conveniente que  eu  soífra  esta  dôr,  do  que  occasional-a  a  Sua  Santidade.») 

<'Foi  com  esta  resposta  que  os  dois  cardeaes  se  despediram  do  embaixador, 
dizendo-lhe  que  esperavam  daria  elle  a  Sua  Santidade  a  consolação  que  elle  lhe 
pedia.  Foi  esta  a  rasão  por  que  ainda  se  demorou  dois  dias,  com  o  fim  de  esperar  a 
satisfação  que  pretendia  ser-lhe  devida;  mas  não  vendo  esperança  alguma  de  a 
obter,  escreveu  a  esses  mesmos  cardeaes  «que  o  serem  elles  enviados  a  elle  tinha 
feito  com  que  fosse  retido  todo  aquelle  tempo,  inutilmente». 

«Os  cardeaes  da  nação,  tendo  pesado  maduramente  todas  estas  considerações 
e  as  palavras  que  dirigia  ao  embaixador  em  differentes  occasiões  o  cardeal  Roma 
era  nome  do  Papa  (27  de  agosto),  resolveram  que  adiasse  sua  viagem  até  quarta 
feira  A  tarde ;  que  pediria  antes  audiência  a  Sua  Santidade,  para  a  manhã  do 
mesmo  dia,  e  o  advertiria  que  se  antes  de  receber  esta  audiência  não  tivesse 
recebido  a  satisfação  que  lhe  era  devida,  expor-lhe-hia  francamente  os  motivos 
do  seu  desgosto,  e  que  se  tivesse  recebido  essa  satisfação,  a  audiência  serviria 
para  lhe  dar  os  agradecimentos. 

«Em  conformidade  com  o  que  tinha  sido  resolvido,  escreveu  ao  cardeal 
Roma  uma  carta,  na  qual  o  advertia  de  duas  cousas :  uma,  que  não  adiassem  por 
mais  tempo  o  dar-lhe  audiência,  attendendo  ao  aggravo  que  recebia  sua  reputa- 
ção com  uma  residência  mais  longa ;  a  outra,  que  no  caso  de  lhe  não  darem  as 
satisfações  que  pedia.  Sua  Santidade  não  o  obrigasse  a  adiar  sua  jornada  uma 
hora  sequer,  para  o  não  obrigarem,  ao  mesmo  tempo,  a  uma  recusa  forçada,  con- 
traria á  satisfação  que  tinha  sempre  experimentado  em  lhe  comprazer  em  tudo. 

«Pediu-lhe  o  cardeal  Roma  que  não  solicitasse  audiência  para  quarta  feira, 
porque  Sua  Santidade  tinha  indicado  para  aquelle  dia  a  Congregação  do  Estado, 
mas  para  o  dia  seguinte.  Consentiu  n'isso  o  embaixador,  sem  repugnância. 

«Tendo-se,  por  fim,  reunido  a  Congregação  (a  28),  na  qual  foi  lido  o  resul- 


276  SI 

tado  (lo  processo  relativo  ao  caso  occorrido  entre  eile  e  o^Jjispo  de  Lamego, 
lavraram  n'ella  o  decreto  seguinte : 

«Que  se  diga  ao  embaixador  que  é  necessário  acabar  de  proceder  a  infor- 
mações, por  isso  que  Sua  Santidade  crê  dever  fazer  subir  queixas  ás  duas  coroas 
da  oífensa  feita  ao  governo  e  ao  lepouso  publico,  tanto  por  causa  de  um  como 
de  outro  embaixador,  cujas  pessoas  Sua  Santidade  ama  e  estima;  e  embora  a  do 
bispo  esteja  sujeita  a  Sua  Santidade,  por  causa  de  seu  caracter,  não  se  pôde, 
comtudo,  tomar  uma  resolução  final,  sem  o  processo  estar  concluso  e  o  bispo 
ser  ouvido.» 

«Tendo  este  decreto  sido  examinado,  em  serias  deliberações,  pelo  embaixa- 
dor de  Hespanha,  pelos  cardeaes  da  nação  e  pelo  embaixador  do  Imperador,  o 
qual,  em  conformidade  com  as  ordens  de  seu  amo,  assistia  cuidadosamente  a 
todas  as  deliberações  dos  primeiros,  resolveu-se  n'ellas  que  s.  ex.»  escreveria  ao 
cardeal  Roma  a  carta  seguinte : 

«Depois  de  me  ter  despedido,  amanhã  pela  manhã,  de  Sua  Santidade,  resolvi 
partir  de  tarde  para  Tivoli ;  e  como  o  meu  desejo  tem  sido  em  todos  os  tempos 
ver  Roma  tranquilla,  em  attenção  ao  respeito  que  devo  a  Sua  Santidade,  julguei 
a  propósito  advertir  vossa  eminência  de  que  farei  pela  minha  parte  todo  o  pos- 
sível com  o  fim  de  que  n'este  ultimo  momento  nenhum  dos  meus  creados  dê  a 
menor  sombra  de  inquietação.  Hão  de  levar  pistolas  de  arção,  carabinas  e  arca- 
buzes compridos,  dos  quaes  se  servem  em  campanha.  Ficarei  em  muitas  obriga- 
ções a  vossa  eminência  se  tiver  a  bondade  de  o  participar  assim  a  Sua  Santidade 
e  ao  cardeal  Francisco,  com  o  fim  de  que  este  ultimo  disponha,  pela  sua  parte, 
dos  meios  convenientes  para  que  tudo  se  passe  tranquillamenle,  e  não  haja  en- 
gano igual  ao  de  domingo  á  tarde,  como  eu  espei'0  da  intenção  pura  de  Sua 
Santidade. —  Sou,  de  vossa  eminência,  etc. —  Minha  casa,  hoje,  quarta  feira,  27 
de  agosto  de  1642.» 

«O  engano  de  domingo  á  tarde,  de  que  se  falia  aqui,  foi  que  na  hora  em  que 
o  embaixador  tinha  resolvido  partir,  achando-se  na  praça  uma  grande  chusma 
de  gente,  bem  como  as  carruagens  de  campo  do  embaixador  do  Imperador,  para 
o  acompanhar,  veiu  do  palácio  pontifício  uma  ordem  aos  soldados  para  irem 
immediatamente  fazer  retirar  as  chusmas  de  todas  as  avenidas,  o  que  foi  exe- 
cutado com  tanta  confusão,  que  houve  tumultos  geraes  por  toda  a  cidade;  e, 
se  o  embaixador  não  tivesse  ordenado  aos  da  sua  comitiva,  que  se  retirassem 
para  casa  d'elle,  teria  havido  um  escândalo  e  uma  desgraça  ainda  maior  do  que 
a  que  linha  já  occorrido. 

«A  satisfação,  que  recebeu  o  embaixador  n'e8ta  occasião,  foi  mandarem-lhe 
dizer  que  tinha  aquillo  sido  um  engano  dos  empregados,  que,  não  recebendo  a 
virtude  da  sensatez  d'aquelles  de  quem  recebiam  a  ordem,  tinham  occasionado 
este  tumulto,  com  grande  pezar  de  seus  amos. 

«Respondeu  o  embaixador  a  esta  satisfação:  «Que  tinha  o  maior  desgosto 
ao  ver  que  em  um  assumpto  tão  perigoso  se  não  procedesse  com  a  applicação, 
que  era  mister,  para  afugentar  os  inconvenientes.» 

«Decidiu-se,  por  fim,  que  se  dirigiria  á  audiência  do  Papa,  na  quinta  feira, 
que  lhe  marcasse  o  mais  breve  que  sua  mortificação  o  permittisse,  e  partiria  na 
tarde  dVsse  mesmo  dia ;  que  os  cardeaes  da  nação  se  retirariam  para  Frascati. 


SI  277 

Na  hora  combinada,  foi  beijar  os  pés  a  Sua  Santidade,  á  qual  testemunhou 
«quanto  se  sentia  feliz  por  poder  render-lhe  este  acto  de  respeito,  e  quão  grande 
desgosto  tinha  em  lhe  terem  dado  um  praso  tão  curto  para  se  afastar  de  Sua 
Santidade».  Narrou-lhe  em  poucas  palavras  o  que  se  tinha  passado  «e  a  parte 
que  n'isso  tinham  tomado  os  seus  sobrinhos,  a  saber,  o  cardeal  Francisco,  pelas 
ordens  que  tinha  dado,  e  o  cardeal  António,  sustentando  a  animosidade  do  bispo 
de  Lamego  com  o  conselho,  armas  e  soldados ;  que,  por  conseguinte,  para  desviar 
de  Sua  Santidade  todas  as  occasiôes  de  perturbações,  respeitando-a  até  ao  ponto 
que  ella  mesma  podia  conjecturar,  pela  maneira  como  elle  tinha  vivido  em  Roma, 
tomava  a  resolução  de  sair  d'esta  capital  sem  se  despedir  d'ella,  com  grande 
pezar  seu.  Se  sua  questão  tão  somente  tivesse  sido  com  os  rebeldes,  de  nenhum 
modo  se  teria  desviado,  porque  seu  amo  tinha  alli  vassallos  e  partidários  em 
grande  numero  para  reprimir  seu  orgulho  e  sua  insolência,  e  para  fazer  observar 
o  respeito  devido  a  seus  ministros  e  a  seus  embaixadores ;  mas  que,  vendo  por 
provas  tão  evidentes,  o  poder  e  as  forças  de  Sua  Santidade  sustentarem  o  partido 
dos  rebeldes,  violar-se  o  direito  das  gentes  e  os  privilégios  dos  embaixadores, 
tinha  resolvido,  para  não  faltar  ao  respeito  que  lhe  devia,  evitar  as  occasiões, 
afastando-se  e  dando  parte  ao  Rei,  seu  amo. 

"O  Papa  respondeu-lhe  mui  friamente  «que  até  áquelle  tempo  não  lhe  tinha 
o  processo  dado  a  conhecer  quaes  eram  os  culpados,  se  os  de  dentro,  se  os  de 
fora,  e  que  a  seu  tempo  faria  as  declarações  convenientes.» 

«Deixou,  pois,  o  embaixador,  na  tarde  d'esse  mesmo  dia,  sua  residência  de 
Roma.  Dirigiu-se  para  Aquila,  cheio  de  resentimento,  por  se  mostrarem  os  barbe- 
rinos,  abertamente,  partidários  da  França;  e  lastimando-se  de  que,  na  sua  ma- 
neira de  examinar  as  testemunhas  e  de  instaurar  o  processo,  usavam  de  todos  os 
subterfúgios  possíveis  para  disfarçarem  a  verdade  do  succedido. 

«Os  cardeaes  hespanhoes  e  os  outros  prelados  dedicados  á  coroa,  saíram 
immediatamente  de  Roma.  Poucos  dias  depois,  um  grande  ruido  de  armas  se  fez 
sentir  nas  immediações  do  estado  da  Egreja,  não  sem  dar  muito  que  receiar  em 
Roma,  que  o  vice-rei  de  Nápoles,  tomando  parte  na  questão  do  embaixador,  não 
desse  ajuda  ao  seu  resentimento  e  á  sua  vingança ;  alem  do  que,  este  movimento 
favoreceu  muito  os  projectos  audazes  do  duque  de  Parma. 

« Achando-se,  pois,  o  processo  concluso,  o  bispo  de  Lamego  foi  declarado 
ter  incorrido  em  irregularidade,  e  ter-se  tornado  criminoso  de  lesa  magestade. 
Prohibiram-lhe  o  aceesso  junto  do  Papa,  dos  cardeaes  e  dos  prelados,  para  o 
obrigarem  depois,  como  assim  se  fez,  a  sair  de  Roma. 

«Acerca  d'esta  questão  relativa  á  recepção  em  Roma  do  bispo  de  Lamego 
como  embaixador,  uma  congregação  particular  de  cardeaes,  tendo  examinado 
com  a  maior  exactidão,  e  em  conformidade  com  as  rasões  canomicas  e  politicas  *, 
a  resolução  mais  conveniente  que  o  Papa  devia  tomar,  e  depois  de  diversas  con- 
testações, foi  esta  mesma  congregação  de  parecer  que  o  bispo  de  Lamego  fosse 
recebido  como  embaixador,  comtudo,  com  a  reserva  ordinária,  sem  prejuízo  dos 
direitos  de  outrem ;  o  Papa  quiz,  antes  de  dar  um  passo  de  tal  importância,  por 
meio  do  seu  núncio  em  Madrid,  sondar  os  sentimentos  de  Sua  Magestade  Catho- 
lica.  Tendo,  portanto,  o  núncio  sido  admittido  ao  conselho  de  estado,  disse : 


Vittorio  Sori,  Mercure  historique,  vol.  ix,  pag.  351. 


Í78  SI 

«—O  Papa,  como  vigário  de  Jesus  Ghrislo,  está  na  obrigação  inseparável  do 
legar  que  occupa,  de  manter  por  todos  os  meios  possíveis  a  pureza  da  fé  Calho- 
liça,  cujo  primeiro  fundamento  é  a  obediência  que  os  Principes  em  nome  d'elles 
e  em  nome  de  seus  povos,  juram  publicamente  á  santa  sé  de  Roma.  Os  actos  de 
peccado,  e  a  f é  habitual,  sendo  compatíveis  n  um  mesmo  individuo,  pôde  o  Papa 
e  deve  receber,  mesmo  de  um  ladrão  e  de  um  perjuro,  uma  promessa  authentica 
de  que  se  hão  de  manter  firmes  na  fé  Catholica.  Por  conseguinte,  embora  se 
supponha  o  duque  de  Bragança  criminoso  de  roubo,  como  usurpador  do  reino  de 
Portugal,  e  perjuro,  como  violador  da  fidelidade  que  tinha  jurado  a  Fílippe  IV, 
Rei  de  Hespanha,  o  vigário  pleno  de  Jesus  Christo  nem  por  isso  deixa  de  estar 
obrigado  a  aeceitar  o  juramento  solemne  que  o  bispo  de  Lamego  deve  prestar  a 
seus  pés  em  nome  d'esse  mesmo  duque,  como  de  um  filho  verdadeiro  e  fiel  da 
santa  sé. 

«O  conselho  respondeu; 

"—Pelo  que  diz  respeito  ás  acções  particulares  do  duque  de  Bragança,  e 
mormente  ás  que  pertencem  ás  decisões  da  Egreja,  pôde  o  Papa  e  deve  escutar 
e  receber  esse  duque,  mas  não  o  juramento  solemne  que  o  bispo  de  Lamego 
oífereee  de  prestar  em  seu  nome.  A  rasão  d'isto  é  que,  não  havendo  senão  os 
Príncipes  legítimos  que  estejam  no  uso  de  prestar  á  santa  sé,  por  meio  de  embai- 
xadores públicos,  a  obediência  que  lhe  é  devida,  e  tendo  essa  obediência  sido  já 
prestada  por  Fílippe  IV,  como  Rei  legítimo  de  Portugal,  não  se  pôde  receber  na 
forma  sobredita  a  do  duque  de  Bragança,  sem  que  se  supponha  que  o  mesmo 
Fílippe  já  não  está  de  posse  d'esse  reino,  e  que  essa  posse  passou  para  o  mesmo 
duque.  O  parecer  dos  jurisconsultos  é  que  o  roubo  de  uma  coisa  não  tira  a  posse 
ao  legitimo  dono,  porque  se  não  ha  essa  posse  actual,  não  deixa  elle  de  a  con- 
servar na  alma,  em  virtude  da  qual  posse  todos  os  contratos  que  o  ladrão  faz 
relativos  a  esta  mesma  cousa,  são  sempre  nuUos,  por  causa  da  falta  de  posse 
legitima.  O  duque  de  Bragança,  não  tendo,  pois,  a  legitima  posse  do  reino  de 
Portugal,  não  pôde,  legitimamente,  fazer  alguma  acção  que  a  supponha. 

« — Pôde-se  entender  de  duas  maneiras  o  estar  uma  pessoa  senhora  de  um 
objecto;  a  primeira,  em  virtude  de  posse;  e  a  segunda,  em  virtude  de  retenção. 
Suppondo  que  o  duque  de  Bragança  não  seja  o  possuidor  legitimo  de  Portugal, 
mas  que  o  Rei  Catholico  conserva  aposse  d'elle  na  alma,  como  verdadeiro  senhor, 
náo  se  pôde,  comtudo,  negar  que  o  duque  não  o  retenha  na  actualidade.  Por 
causa,  pois,  d'esta  retenção,  deve  o  .Papa,  não  somente  receber  a  dedicação  do 
duque  de  Bragança  para  com  a  santa  sé,  mas  conserval-a  n'elle,  com  o  fim  de 
que  durante  esta  retenção  se  não  perca  o  respeito  ao  vigário  de  Jesus  Christo,  e 
que  um  reino  inteiro  não  corra  risca  de  vaeillar  na  fé. 

O  conselho : 

«—  Não  passa  isto  de  especulações  metaphysicas,  antes  do  que  de  rasões 
solidas  baseadas  em  leis.  Sendo  a  retenção  injusta  não  pôde  servir  de  fundamento 
para  nenhum  acto  de  justiça,  tanto  mais  (jue,  prestando  obediência  a  Sua  Santi- 
dade, na  forma  ordinária  aos  Principes  legítimos,  lem  o  duque  de  Bragança  em 
mira  fazer  passar  na  idéa  de  lodos  os  outros,  por  justa,  uma  posse  de  um  remo 
tão  injustamente  usurpado.  As  acções  publicas  dos  Papas  são  julgadas  pelo  com- 
mum  dos  fieis,  não  somente  authenticas,  mas  feitas  para  servirem  de  exemplo. 
Que  Sua  Santidade,  pois,  se  acautele  em  não  auctorisar  por  uma  tal  acção  uma 
injustiça,  e  em  não  estabelecer,  para  exemplo  das  virtudes  chrislãs,  a  revolta. 


SI  «'9 

O  nttncio  : 

«—As  santas  intenções  do  Papa  e  as  eircumstancias  mesmo  do  facto,  não 
poderiam  dar  occasião  a  temer  taes  inconvenientes.  Em  primeiro  logar,  porque  a 
clausula  «sem  prejuízo  da  parte  contraria»,  deixa  ao  Rei  CathoJico  todos  os  meios 
para  fazer  valer  suas  rasCes.  Em  segundo  logar,  porque  Sua  Santidade  está 
prompta  a  receber  de  novo  a  obediência  do  mesmo  Rei  Cathoiico  como  Rei  de 
Portugal,  com  o  fim  de  que  o  mundo  conheça  que  sua  intenção  é  edificar  o  espi- 
ritual e  não  destruir  o  temporal. 

O  conselho: 

«— O  Papa  deve  edificar  ao  mesmo  tempo  o  espiritual  e  o  temporal,  man- 
tendo ao  legitimo  senhor  o  seu  reino.  Sua  Santidade,  sabendo  que  ha  no  reino  de 
l^ortugal  três  sortes  de  pessoas,  as  primeiras  rebeldes,  as  segundas  suspeitas  e  as 
terceiras  fieis,  as  quaes  passaram  para  a  corte  do  Rei  Cathoiico,  pôde  perder  a 
todas,  acceitando  por  embaixador  do  Rei  de  Portugal  o  bispo  de  Lamego.  A 
rasão  d'isto  é  porque  esta  acção,  da  sua  parte,  vae  confirmar  as  pessoas  rebeldes 
na  sua  revolta  (crendo  firmemente  terem  um  Rei  legitimo,  por  isso  que  o  vigário 
de  Jesus  Gtiristo  o  haverá  declarado  por  um  acto  pubhco);  fazer  encaminhar 
aquellas  que  vacillam,  quaes  são  as  consciências  timoratas  e  piedosas,  para  o 
partido  dos  rebeldes,  pela  única  rasão  de  que  aquelle  que  é  approvado  pelo  Papa 
não  deve  ser  recusado  pelo  bom  christão;  e,  finalmente,  impellir  a  alguma  estra- 
nha resolução  aquellas  que,  havendo-se  mantido  fieis  ao  Rei  Cathoiico,  passaram 
para  a  sua  corte ;  e  que,  alem  do  amor  da  pátria  e  de  algum  incitamento,  serão 
excitados  por  uma  rasão  tão  apparente  como  a  que  se  acaba  de  dizer.  Se,  pois, 
o  Papa  vier  a  reconhecer  por  embaixador  do  Rei  de  Portugal  ao  bispo  de  La- 
mego, tira  elle,  tanto  quanto  está  na  sua  mão,  ao  Rei  Cathoiico,  o  meio  de 
recuperar  este  reino.  Para  evitar  este  tão  grande  mal,  é  do  seu  dever  empregar 
a  exrommunhão  contra  o  duque  de  Bragança ;  excommunhão  que  fará  entrar  os 
rebeldes  no  seu  dever,  tranquillisará  os  timidos  e  confirmará  ainda  mais  aquellas 
que  forem  fieis  em  renderem  obediência  de  bons  vassallos  a  seu  Rei  verdadeiro. 
D'esta  maneira  o  Papa,  como  bom  pae  de  todos  os  crentes,  obstará  á  eífusão  do 
sangue  christão  e  á  ruina  das  províncias  e  dos  reinos. 

O  núncio: 

«  —  A  excommunhão,  no  caso  presente,  causaria  um  prejuízo  essencial  ao 
Papa  e  ao  Rei  Cathoiico.  Ao  Papa,  pelo  risco  evidentíssimo  de  que  suas  censuras 
não  fossem  temidas,  e  que  até  mesmo  fossem  desprezadas.  Ou  o  duque  de  Bra- 
gança julga  ser  um  Rei  legitimo,  ou  um  usurpador.  Se  julga  ser  um  Rei  legitimo, 
não  teme  a  excommunhão  conjo  sendo  fulminada  contra  o  que  elle  julga  ser  justo. 
Se  elle  crê  ser  usurpador,  também  a  excommunhão  não  terá  maior  effeito,  pois 
não  o  obrigará  ella  a  renunciar  a  um  reino,  cuja  usurpação  elle  bem  soube  que 
lhe  havia  de  custar  a  vida  e  a  ruina  da  sua  casa.  A  excommunhão  não  causaria 
menor  prejuízo  ao  Rei  Cathoiico,  porque  se  o  duque  de  Bragança  e  o  reino  de 
Portugal  caíssem  na  profanação,  como  é  provável  que  isto  aconteceria  pela  ex- 
communhão, succederia  lambem,  como  por  uma  consequência  necessária,  que  o 
calvinismo  ai  li  se  introduziria  com  as  ligações  com  a  Hollanda,  a  Inglaterra  e  a 
Suécia,  ou,  pelo  lunuos,  o  judaísmo,  por  causa  das  indignações  de  alguns  da  nação. 
N'este  caso,  tornar-se-hia  de  uma  diííiculdade  extrema  reconquistar  Portugal,  por- 
que o  Rei  Cathoiico,  castigando  com  o  rigor  da  santa  inquisição  todos  os  heréti- 
cos e  os  judaisantes,  não  somente  com  as  penas  ordinárias,  mas  também  anathe- 


Í80  SI 

niatisando  para  sempre  sua  memoria,  antes  quereriam  morrer  do  que  voltar  para 
debaixo  do  seu  domínio.  O  prejuízo  que  Sua  Magestade  havia  de  receber  seria 
ainda  mais  irreparável,  porque  a  experiência  faz  ver  que  a  diversidade  de  religiões 
n'um  estado  é  a  causa  das  discórdias  civis,  a  faísca  que  accende  o  fogo  da  rebel- 
liáo,  o  que  ella  bem  experimenta  nas  províncias  da  baixa  AUemanha. 

O  conselho : 

« —  São  isto  subtilezas  sophistícas  e  não  rasões  convincentes.  Que  o  Papa 
Urbano  pense  bem  no  que  as  conveniências  e  a  equidade  exigem,  aliás  tomar-se- 
hão  deliberações  que  não  darão  muito  prazer;  guardando^  comtudo,  o  humilde 
respeito  que  os  Reis  de  Hespanba  têem  sempre  tido  no  coração  e  mostrado  no 
seu  proceder  para  com  a  santa  sé  apostólica,  acima  de  todos  os  outros  Reis  ca- 
tholicos. 

O  núncio  : 

«—Não  apresento  rasões  sophisticas,  mas  solidas,  pelos  exemplos  e  casos 
occorridos  entre  os  Papas  e  os  Reis,  em  conjuncturas  iguaes  a  esta.» 

«Citou  para  esse  fim  os  de  Mathias  Corvino  e  de  todos  os  outros  que  os 
portuguezes  allegaram  a  seu  favor  nos  escriptos  que  publicaram  e  que  se  viram 
no  livro  III  d'este  Mercúrio.  Foi  com  elles  que  se  terminou  a  conferencia,  da  qual 
o  núncio  remetteu  para  Roma  uma  descrípção  minuciosa.  Mas,  se  os  tribunaes 
dos  Reis  não  téem  outras  leis  senão  as  armas,  não  vejo  motivo  para  os  partidos 
insistirem  tanto  na  força  das  leis,  ao  passo  que  havia  tão  somente  necessidade  de 
uma  boa  espada.  Tinham  ellas  já  bastante  escripto  e  reclamado  uma  contra  a 
outra,  para  prepararem  os  espíritos  dos  povos;  e  a  causa  do  Rei  Catholico  des- 
vantagem, por  causa  da  posse  em  que  estava,  já  havia  muito  tempo,  da  coroa  de 
Portugal,  e  o  Rei  João  fortificado  com  poderosas  allianças  e  com  a  aífeição  dos 
seus  vassallos. 

«João  IV  de  Bragança  governava  com  vigor  em  Portugal,  inteiramente  appli- 
cado  a  pôr  sua  fortuna  ao  abrigo  das  tentativas  dos  hespanhoes.  Baseando  sobre 
o  amor  de  seus  povos  os  mais  sólidos  alicerces  do  seu  novo  império,  parecia 
governal-o  antes  como  pae,  do  que  como  soberano,  comprando  o  repouso  d'elle, 
povo,  com  os  suores  d'elle.  Rei,  Mas,  não  se  limitavam  a  isto  os  seus  pensamen- 
tos. Applicava-se  a  fazer  com  que  Portugal  recobrasse  todos  os  estados  que  tinha 
outr'ora  possuído ;  persuadido  de  que  não  podia  achar  theatro  assas  amplo  para 
a  sua  gloria,  nem  jamais  reconhecer  a  aífeição  que  os  portuguezes  lhe  tinham 
mostrado,  elevando-o  ao  throno  de  Portugal,  durante  o  seu  reinado  não  quiz  que 
tivesse  limites  mais  acanhados  do  que  os  que  possuía  quando  estava  debaixo  do 
poder  de  Filippe  II.  Era  assim  que  elle  queria  consolidar  a  opinião  geral  que 
tinham  a  seu  respeito.  Mas,  com  o  fim  de  que  njelhor  se  conheça  a  importância 
da  sua  empreza  e  a  grandeza  da  perda  que  experimentou  o  Rei  Catholico  com  a 
perda  de  Portugal,  é  mister  fazer  ver  os  estados  que  possuía  essa  coroa  no  tempo 
em  que  foi  reunida  á  de  Castella. 

«Os  portuguezes,  antepondo  o  exercício  da  guerra  ás  delicias  da  paz,  e  agui- 
Ihoados  pelo  desejo  da  gloria  e  pelo  estender  do  seu  império,  armaram-se  contra 
08  mouros  de  Africa.  Fizeram-se  senhores,  dentro  de  pouco  tempo,  da  Mauritâ- 
nia, Tingitania,  de  Outa,  de  Tanger,  de  Arzília  e  de  ouros  logares,  ainda  que 
depois  08  largaram  a  esses  mesmos  mouros,  por  isso  que  a  conservação  de  taes 
logares  demandava  despezas  consideráveis.  Não  conservaram  senão  os  dois  pri- 
meiros logares,  como  duas  portas  da  navegação  do  Estreito,  e  fundaram^  mais  ao 


SI  28» 

occideiite,  Mazagão,  que  servia  de  freio  a  essa  província.  Fazendo-lhes  estas 
prosperidades  espp-rar  outras  ainda  maiores,  da  industria  e  do  valor  d'elles,  por- 
tuguezes,  descobriram  e  povoaram  a  ilha  da  Madeira,  pouco  afastada  de  Lisboa, 
e  as  ilhas  Terceiras,  que  d'ella  se  afastam  de  oitocentas  e  cincoenta  milhas,  pouco 
mais  ou  menos,  a  40»  de  latitude,  todas  desconhecidas  dos  antigos,  incultas  então, 
e  deshabitadas. 

«Henrique,  filho  de  João  I,  aspirando  a  maiores  emprezas,  mandou  que  seus 
marinheiros  costeassem  a  Africa  pelo  Oceano  e  procurassem  paizes  novos.  Estes, 
correndo  toda  aquella  costa  durante  o  decurso  de  alguns  annos,  penetraram  tanto 
alem,  que  descobriram  toda  a  Ethiopia.  A  guerra  de  Alfonso  V  contra  os  caste- 
lhanos não  obstou  a  que  os  portuguezes  continuassem  a  navegação  das  índias 
com  vantagens  sempre  maiores.  Mas,  depois  de  terem  feito  a  paz  com  Fernando 
o  Catholico,  tiveram  meio  de  se  applicarem  a  novas  conquistas.  Pelo  tratado 
celebrado  entre  elles  e  este  monarcha,  foi  a  paz  particularmente  estabelecida  por 
cento  e  um  annos.  Apresentaram,  segundo  o  costume,  um  termo  finito  por  um 
termo  infinito  e  passou-  se  precisamente  tanto  tempo  entre  a  guerra  que  tiveram 
com  Fernando  e  a  ultima  que  sustentaram  contra  Filippe  ÍI,  na  qual  perderam 
com  a  liberdade  seus  Príncipes  naturaes. 

«Comtudo,  Portugal  tinha  grandemente  medrado  em  homens  e  em  riquezas, 
mormente  com  a  expulsão  dos  mouros  da  Hespanha.  Estes,  mediante  oito  duca- 
dos por  cabeça,  obtiveram  do  Rei  D.  João  ÍI  a  permissão  de  entrarem  n'este 
reino  para  d'elle  saírem  n'um  praso  limitado,  obrigando-se  este  Principe  a  forne- 
cel-os  de  embarcações.  Não  foram  estas  condições  cumpridas  com  boa  fé.  Cerca 
de  vinte  famílias  mouriscas,  em  cada  uma  das  quaes  havia,  pelo  menos,  dez 
pessoas,  tendo  entrado  n'este  mesmo  reino,  quando  o  termo  prescrípto  para  a  sua 
residência  expirou,  foram  feitas  escravas;  alguns  também,  para  não  perderem 
seus  bens,  receberam  o  baptismo,  ao  exemplo  de  uma  grande  parte,  que,  debaixo 
do  pretexto  de  conversão,  tinham  ficado  em  Castella.  Alem  d'isto,  o  maior  numero 
de  judeus  que  se  achavam  em  Portugal,  n'este  paiz  se  deixaram  licar  debaixo  do 
nome  de  christãos  novos,  desconhecidos,  por  não  usarem  distinclivo.  Á  força  de 
dinheiro  foram-se  misturando  a  pouco  e  pouco,  por  meio  de  casamentos,  com  os 
naturaes  do  paiz,  e  vieram  a  ser  cidadãos  d'este  reino. 

«Emquanto  aos  portuguezes,  costeando  a  Africa,  construíram  um  forte  em 
Arguim;  tornaram-se  senhores  das  ilhas  do  Cabo  Verde,  erigiram  na  Ethiopia  o 
castello  de  S.  Thomé,  que  fica  precisamente  debaixo  do  Equador.  Contrahíram 
amizade  com  os  Reis  do  Congo  e  de  Angola,  soberanos  de  povos  negros;  e  ha- 
vendo dobrado  o  Cabo  da  Boa  Esperança  e  a  ilha  de  S.  Lourenço,  fizeram  defronte 
d'esta  ilha,  na  terra  firme,  a  conquista  de  Sofala,  Melinde  e  Moçambique.  O  Rei 
D.  Manuel,  achando  os  caminhos  embaraçados  por  aquelle  lado,  andou  de  maneira 
que,  possuindo  os  portuguezes  a  entrada  do  Mar  Vermelho,  correram  as  costas 
do  golfo  pérsico,  e  havendo  passado  a  embocadura  do  Indo,  entraram  no  paiz  ao 
qual  este  rio  dá  o  seu  nome,  onde,  em  primeiro  logar,  por  meio  do  commercio, 
e  em  seguida  pela  força,  se  estabeleceram  em  Calicut  e  em  outros  logares  vizinhos. 
Depois,  debaixo  do  commando  de  Aftonso  de  Albuquerque,  capitão  famoso,  des- 
embarcaram em  Goa,  pequena  iJha  do  reino  de  Accem,  vizinha  do  paiz  do  Idalcão, 
onde  está  hoje  uma  cidade  com  arcebispado,  capital  dos  estados  que  os  portu- 
guezes possuem  n'estas  regiões,  e  residência  ordinária  do  vice-rei.  D'ahi,  retroce- 
dendo até  á  embocadura  do  golfo  pérsico,  apoderaram-se  das  ilhas  de  Ormuz,  de 


282  SI 

Baçaiiu  e  Diu,  e  voltaram  para  a  embocadura  do  Ganges.  Tornaraiu-se  senhores 
do  commercio  e  da  fortaleza  de  Ceylão,  que  alguns  crêem  ser  a  antiga  Taprobana, 
onde  cresce  a  melhor  canella  do  mundo.  Depois  de  terem  passado  para  o  levante, 
esse  mesmo  golfo  e  embocadura  do  Ganges,  acharam  a  outra  costa,  na  ponta  da 
qual,  chaujada  pelos  antigos  a  «Chersoneso  de  oiro»,  se  apossaram  da  cidade  de 
Malaca,  a  vinte  e  cinco  milhas  da  grande  ilha  de  Sumatra.  Tendo  penetrado  mais, 
não  somente  pelo  commercio,  no  reino  de  Pegu,  e  nos  outros  que  jazem  naTerra- 
íirme,  mas  até  mesmo  pela  navegação,  acharam  a  grande  e  a  pequena  Java,  o 
reino  da  China,  o  grande  archipelago  das  ilhas  Molucas,  de  onde  tiram  a  noz 
moscada,  o  cravo  da  índia  e  outras  especiarias,  e  a  ilha  do  Japão  e  as  que  lhe 
ficam  vizinhas.  Penetraram,  por  fim,  tanto  no  interior,  que  tornaram  invejosos  os 
castelhanos,  que,  debaixo  do  commando  de  Christovão  Colombo,  acabavam  de 
descobrir  os  paizes  occidentaes.  Este  ciúme  deu  occasião  a  algumas  rixas  com 
elles,  as  quaes  Alexandre  VI  terminou  com  essa  linha  imaginaria,  que,  dividindo 
o  globo  em  duas  partes  iguaes,  deixou  aos  portuguezes  a  oriental  e  aos  castelha- 
nos a  Occidental,  o  que  deu  motivo  a  Filippe  II,  quando  se  apoderou  do  reino  de 
Portugal,  para  se  gabar  de  ter  adquirido,  com  uma  tal  conquista,  a  metade  do 
mundo. 

«No  reinado  do  mesmo  Rei  D.  Manuel  apoderaram-se  os  portuguezes  do 
lado  fronteiro  da  Ethiopia  e  do  Cabo  da  Boa  Esperança,  da  grande  provincia  de 
Santa  Cruz,  contigua  ao  Peru,  cuja  costa  tem  1:500  léguas  de  extensão,  e  que, 
no  emlanto,  não  avança  muito  pela  terra  firme.  Dividem-na  em  oito  partes, 
quasi  todas  as  quaes  deram  áquelles  que  as  tinham  conquistado,  debaixo  da 
condição  de  que  a  maior  parte  da  jurisdicção  ficaria  reservada  para  o  Rei.  E 
ainda  que  por  muito  tempo  se  julgou  que  seria  de  pouco  proveito  esta  pro- 
vincia, a  ponto  tal  que  os  juizes  do  crime  de  Portugal  para  ella  mandavam  os 
ladrões,  os  assassinos  e  outros  criminosos,  sua  fertilidade  a  tem,  comtudo,  feito 
povoar  de  maneira  que  não  é  inferior,  emquanto  ao  numero  de  habitantes,  aos 
reinos  vizinhos  do  México  e  do  Peru. 

«Se,  com  estes  vastos  estados,  se  considerar  que  o  reino  de  Portugal  tem 
dezoito  cidades  e  quatrocentas  e  sessenta  e  tantas  villas  e  aldeias  (chateatixj,  e 
está  cheio  de  um  povo  guerreiro  e  de  nobreza,  commodo  para  todas  as  partes  do 
mundo,  no  centro  de  alguns  reinos,  e  favorável  para  a  antiga  e  nova  navegação, 
ver-se-ha  quão  grande  é  o  rasgão  que  fizeram  no  corpo  da  monarchia  de  Hespa- 
nha,  e  quanto  território  perdeu  o  Hei  Catholico  com  a  proclamação  de  D.  João  IV. 
Entre  as  outras  condições,  debaixo  das  quaes  os  portuguezes  se  submetteram  ao 
jugo  castelhano,  em  tempo  do  Rei  Filippe  II,  havia  uma  que  declarava  que  a 
parte  oriental  das  índias  somente  seria  governada  por  portuguezes  naturaes.  Foi 
por  este  meio  fácil  a  todo  o  paiz  o  sacudir  tal  jugo,  e  prestar  homenagem  ao 
novo  Rei,  quando  os  que  alli  governavam  souberam  que  tinham  um  Rei  da  sua 
nação.  Foi  com  esta  mesma  facilidade  que  os  portuguezes  se  apossaram  das  ilhas 
Terceira.*,  abrigo  das  frotas,  e  tão  consideráveis  que  só  ellas  formam  um  grande 
reino,  defendido  por  uma  fortaleza  em  estado  de  resistir  ás  forças  do  mais  pode- 
roso Príncipe,  construída  com  grandes  despezas  por  Filippe  II,  e  cognominada  a 
«Porta  de  ferro  das  índias».  A  situação  d'estas  ilhas  é  tão  commoda  e  tão  van- 
tajosa, que  no  começo  do  desgraçado  reinado  de  D.  Sebastião,  discutiram  se  não 
seria  mais  a  propósito  o  transferir  para  alli  a  sede  da  monarchia,  e  deixar  um 
vicje-rei  em  Portugal. 


SI  »» 

"Pela  expulsão  dos  castelhanos,  os  porluguezes  tornaram  a  entrar  também 
na  posse  do  Brazil,  conjunctamente,  comludo,  com  os  hollandezes.  Não  lhes  falta 
senão  o  que  pertencia  antigamente  á  coroa,  e  Ceuta  e  Tanger,  na  costa  de  Africa, 
defronte  do  estreito. 

«Vou  agora  descrever,  em  poucas  palavras,  de  que  maneira  o  novo  soberano 
recuperou  as  differentes  parles  dos  seus  estados,  afastados  de  Portugal. 

«Apenas  D.  João  se  viu  proclamado  Rei,  pensou  em  prevenir  todas  as  dili- 
gencias que  seus  inimigos  podessem  fazer  para  desviarem  estes  estados  de  o 
reconhecerem  como  legitimo  Hei.  Enviou,  por  conseguinte,  sem  demora,  a  D.  Je- 
ronymo  Fernando  e  D.  Luiz  Miranda,  um  bispo,  e  outro  governador  da  cidade 
do  Funchal,  na  ilha  da  Madeira,  para  lhes  participar  a  sua  elevação  ao  throno 
com  o  consentimento  unanime  dos  povos. 

«Á  nova  d'esta  inslallação  de  um  Rei  portuguez,  infundiu-se  no  coração  de 
lodos  os  habitantes  do  Funchal  uma  alegria  extrema.  Enjpunhando  a  bandeira 
da  cidade,  iam  em  chusma  pelas  ruas  grilando  :  «Viva  o  Rei  D.  João  IV  I»,  dando 
signaes  de  uma  alegria  completa.  Seu  exemplo*  arrastou  todo  o  resto  da  ilha  da 
Madeira. 

«O  governador  do  castello  de  Mazagão,  na  Africa,  D.  Martim  Correia  da 
Silva,  recebeu  a  mesma  noticia  por  uma  carta  do  Rei,  pela  qual  este  Principe 
lhe  promettia  uma  recompensa  magnifica,  se  induzisse  os  habitantes  a  reconhe- 
cel-o.  Não  tiveram  n'isso  a  minima  repugnância.  O  ar  retumbou  immediatamenle 
por  todos  os  lados  com  gritos  de  alegria,  acompanhados  de  descargas  redobradas 
da  artilheria.  Todos  os  habitantes  foram  surdos  ás  insinuações  do  Rei  de  Hespa- 
nha,  o  qual,  por  uma  carta  dirigida  a  este  governador,  e  remettendohe  muni- 
ções de  bôea  e  de  guerra,  tinha  tentado  inutilmente  conserval-o  fiei.  Dava-lhe 
aviso,  com  esta  carta,  de  algum  tumulto  do  povo  excitado  em  Portugal  pelos 
descontentes,  dizendo-lhe  que  estava  prompto  a  pôr-lhe  o  remédio  conveniente, 
e  ordenando-lhe  que  empregasse  sua  prudência  e  vigilância  para  preservar 
Mazagão  do  contagio,  até  que  elle  o  fornecesse  com  um  poderoso  soccorro,  do 
qual  já  tinha  encarregado  o  duque  de  Medina  Sidónia.  O  governador,  depois  de 
ter  feito  desembarcar  as  munições,  respondeu  que  não  sabia  que  houvesse  tumul- 
tos em  Portugal,  e  que,  todavia,  conservaria  a  fortaleza  debaixo  da  submissão 
d'esta  coroa. 

«A  ilha  de  S.  Miguel,  da  qual  era  governador  o  conde  de  Villa  Franca,  pare- 
ceu respirar  com  a  noticia  da  feliz  elevação  de  D.  João  ao  throno.  A  cidade  de 
Loanda,  no  reino  de  Angola,  mostrou  pela  sua  vez  um  jubilo  levado  ao  auge. 
D.  Francisco  de  Ornellas  tinha  sido  enviado,  com  toda  a  diligencia,  de  Lisboa 
para  a  ilha  Terceira,  com  o  fim  de  advertir  secretamente  os  porluguezes  que 
n'ella  se  achavam,  do  que  acabava  de  succeder,  e  para  os  animar,  em  nome  do 
Rei,  a  armarem- se  contra  os  castelhanos,  para  os  deitarem  fora.  D.  Álvaro  de 
Viveros,  mestre  de  campo  da  guarnição  hespanhola,  lendo  sabido  da  chegada  de 
D.  Francisco,  procurou  lançar-lhe  a  mão.  Porém  este,  havendo  sido  avisado  a 
tempo,  retirou-se  para  a  villa  de  Spiaggia  (?),  sua  residência  ordinária,  onde  fez 
unmediataiiienle  proclamar  o  novo  Rei.  Esta  proclamação  tornou  D.  Álvaro  cada 
vez  mais  attento  ao  minimo  movimento.  Mandou  assestar  a  artilheria  da  fortaleza 


'  Viltorio  Siri,  Mercure  hnlorique,  vol.  xi,  pa(f.  333. 


S84  SI 

para  manter  em  respeito  a  cidade  por  ella  dominada,  armou  os  habitantes  e  fez 
correr  o  boato  de  que  uma  pequena  frota  hoIJandeza  estava  prestes  a  approxi  • 
mar-se  d'estas  costas.  Mas,  ao  tempo  que  procurava  assegurar-se  da  inclinação 
d'aquelJes  habitantes,  que  são  os  mais  suspeitos,  juntando-se  estes  com  os  portu- 
guezes,  começaram  a  revolta  e  o  tumulto,  proclamando  Rei  a  D.  João,  atacando  a 
botes  de  lança  e  a  tiros  de  espingarda  os  castelhanos,  obrigados,  para  se  subtra- 
hirem  á  sua  fúria,  a  retirarem-se  para  a  fortaleza,  de  onde  a  artilheria,  começando 
a  trovejar,  prejudicava  consideravelmente  as  casas  da  cidade.  Ao  som  das  des- 
cargas repetidas,  D.  Francisco  de  Ornellas  correu  promptamente  com  algumas 
companhias  da  villa  Spiaggio  em  soccorro  dos  seus.  Apertou  tão  vivamente  com 
os  castelhanos,  que  os  obrigou  a  largarem  o  forte  de  S.  Sebastião,  por  meio  do 
qual  se  fez  senhor  do  porto  e  dos  navios  que  ai  li  se  achavam.  Comtudo,  D.  Álvaro 
não  cessava  de  bombardear  com  a  artilheria  da  cidadella  as  casas  da  cidade  e 
os  habitantes  que  se  achavam  pelas  ruas. 

«Emquanto  ao  Rei  Catholico,  para  dar  aviso  ás  Terceiras  do  que  acabava 
de  acontecer  em  Portugal,  e  corroborar  os  commandantes  e  os  povos  na  fideli- 
dade, tinha  enviado  um  navio  para  aquelle  lado.  Mas  este  navio,  repellido  pelos 
ventos  e  obrigado,  com  outros  dois  carregados  de  especiarias,  a  aportarem  á  ilha 
da  Madeira,  foi  detido  com  elles  pelos  portuguezes,  que  os  enviaram  depois  a 
Lisboa.  A  nova  da  revolta  e  o  estado  perigoso  das  Terceiras,  tendo  chegado  a 
Madrid,  enviaram  de  prompto  três  navios  para  a  conservação  de  um  paiz  tão 
importante,  com  ordem  ao  governo  de  se  defender,  tanto  tempo  quanto  fosse 
necessário,  para  dar  occasião  a  lhe  remetterem  um  poderoso  auxilio.  O  capitão 
de  um  d'estes  navios  era  portuguez.  Este,  accommodando  seu  desenho  á  sua  in- 
tenção particular,  regulou  a  sua  navegação  de  maneira  que  fez  cair  aquelle  que 
commandava  em  poder  dos  portuguezes,  e  que  foi  a  causa  de  também  os  outros 
dois  n'elle  cairem. 

«Tendo-se  passado  tempo  considerável  sem  que  chegasse  da  Hespanha  ás 
Terceiras  não  sómenle  soccorro,  mas  nem  sequer  noticias,  D.  Álvaro,  depois  de 
ter  soífrido  constantemente  todos  os  incommodos  de  um  cerco,  viu-se  obrigado 
pela  fome,  que  é  o  ultimo  dos  supplicios,  e  que  nem  a  natureza  nem  a  virtude 
poderiam  vencer,  como  aos  outros  males  humanos,  a  capitular.  Saiu  da  fortaleza 
com  duzentos  e  quinze  soldados,  tão  extenuados,  que  tinham  antes  apparencia 
de  cadáveres  que  de  homens.  Por  este  meio  Portugal  ficou  senhor  de  uma  praça 
extremamente  forte,  situada  n'um  promontório  do  Oceano,  contra  a  qual  são, 
para  assim  dizer,  obrigados  a  voltar  as  proas,  os  navios  que  da  Hespanha  passam 
para  as  índias. 

«O  Rei  de  Portugal  estava  inquieto  a  respeito  da  inclinação  dos  povos  do 
Brazil,  por  isso  que  este  paiz,  por  sua  extensão  e  riquezas,  é,  como  as  Terceiras, 
importantíssimo;  e  porque,  mantendo-se  debaixo  da  obediência  do  Rei  de  Hes- 
pauha,  podia  occasíonar  uma  diminuição  considerável  á  fortuna  de  Portugal,  pela 
perda  de  uma  parle  de  suas  forças,  tão  poderosa  como  essencial.  Sentindo  pois, 
que  para  conseguil-o  manter  fiel  a  si,  era  mister  que  prevenisse  o  Rei  Catholico, 
resolveu  se  enviar  n'uma  caravella  uma  pessoa  com  uma  carta  para  D.  Jorge 
Mascarent)as,  vice-rei  do  Brazil,  a  qual  continha  promessas  de  reconhecer  por 
amplas  recompensas,  seus  serviços  n'uma  occasião  de  tão  grande  importância. 
Mascarenhas,  tendo  recebido  a  carta  do  Rei,  prohibiu,  debaixo  das  mais  graves 
penas,  ás  pessoas  da  caravella,  o  saírem  d'ella  e  o  fallarem  com  quem  quer  que 


SI  *»8 

tosse.  Ordenou  immedialaniente  que  os  porluguezes  se  formassem  em  batalhões 
nas  duas  praças  da  cidade,  para  reprimirem  os  castelhanos  e  os  napolitanos,  se  ú 
mínima  palavra  da  proclamação  de  D.  João  IV  ousassem  agitar-se.  Ao  mesmo 
tempo,  tendo  mandado  chamar  á  sua  presença  um  atrás  do  outro,  em  separado, 
ao  bispo,  ao  general  de  artilheria,  aos  mestres  de  campo,  aos  officiaes,  aos  supe- 
riores dos  conventos,  leu-lhes  a  carta  do  Rei  e  pediu-lhes  seu  parecer,  e  infor- 
mado dos  seus  sentimentos,  fez  com  que  elles  passassem  para  outros  aposentos, 
onde  eram  guardados,  sem  poderem  communicar  com  os  outros. 

«Tendo  achado  a  todos  concordes  em  seu  parecer  a  favor  do  novo  Rei, 
reuniu,  sem  tardar,  o  conselho,  ao  qual  apresentou  a  carta  do  Rei,  convidando- o 
a  reconhecel-o.  Não  se  tornou  necessária  muita  eloquência  para  empenhar  seus 
memhros  a  um  passo  que  desejavam  de  todo  o  coração  dar. 

«Tendo-se  espalhado  o  boato  n'um  momento  pela  cidade,  viram  o  povo 
correr  pelas  ruas  como  fora  de  si  mesmo,  e  celebrarem  com  as  mais  vivas  accia- 
mações  o  dia  feliz  em  que  o  céu  lhes  fazia  a  graça  de  verem  sentado  sobre  o 
throno  de  Portugal  um  Principe  da  nação.  Eneaminhou-se  em  chusma  e  todo 
fora  de  si  á  cathedral,  onde  foi  cantado  solemnemente  o  Te  Dmm,  retumbando 
os  ares  por  toda  parte  com  gritos  de  jubilo.  A  mesma  alegria  se  fez  sentir  nos 
habitantes  do  Rio  de  Janeiro  e  nas  outras  capitanias  do  Brazil,  apenas  souberam 
a  nova  da  exaltação  de  um  Rei  portuguez. 

«Tendo-se  propagado  o  boato  d'este  successo,  n'um  momento,,  em  toda  a 
índia,  passou  d'ahi  ás  extremidades  mais  remotas  do  Oriente,  sem  que  a  procla  • 
mação  de  D.  João  IV  encontrasse  outra  opposição,  que  não  fosse  a  que  alli  fize- 
ram os  hollandezes,  applicados  então  a  submetterem  ao  seu  dominio,  como  o 
lizeram,  Malaca  e  alguns  outros  logares  da  ilha  de  Ceylão.  Por  outro  lado,  Manuel 
de  Liz,  lendo  chegado  a  Goa  com  a  nova  carta  do  consentimento  das  três  ordens 
do  estado  á  elevação  de  D.  João,  a  exemplo  d'esta  cidade,  todos  os  reinos  e  todas 
as  provindas  da  índia,  sacudindo  o  jugo  da  obediência  ao  Rei  Gatholico,  se  sub- 
metteram  voluntariamente  á  dominação  do  novo  Rei,  dominação  extendida  por 
tantos  paizes  abundantes  em  especiarias,  em  seda,  âmbar,  assucar,  oiro,  pérolas, 
diamantes  e  outras  pedrarias  preciosas,  as  quaes,  levadas  a  Portugal  e  espalhadas 
por  toda  a  Europa,  por  meio  do  commercio,  servem  para  enriquecer  o  Rei  e  os 
povos. 

tA  cidade  de  Macau,  na  China,  lida  por  uma  das  melhores  feitorias  dos 
castelhanos,  submetteu-se  também  á  coroa  de  Portugal,  que  recobrou  assim,  em 
pouco  tempo,  tudo  quanto  possuia  antes  de  estar  unida  á  de  Castella. 

«Â  nova  de  resultados  tão  prósperos,  renovou-se  a  alegria  no  coração  dos 
porluguezes,  pensando  terem  chegado,  d'ora  avante,  ao  termo  dos  seus  desejos. 
Mas  o  do  Rei,  principalmente,  trasbordava  de  alegria,  vendo  claramente  cum- 
prir-se  o  horóscopo  de  sua  grandeza.  Para  tornar  estável  esta  grandeza,  resolveu 
reunir  os  estados  geraes  do  reino,  fazendo  ver  que  procurava  alcançar  para  seus 
vassallos  a  tranquillidade,  por  sua  solicitude  particular,  que  tendia  a  pol-os  ao 
abrigo  dos  insultos  dos  inimigos  e  a  ganhar-lhes  o  meio  de  viverem  agradavel- 
mente no  seio  de  uma  paz  segura. 

«Ás  quatro  horas,  portanto,  depois  do  meio  dia,  de  18  de  setembro,  o  Rei, 
(juerendo  fazer  a  abertura  dos  estados  geraes,  desceu,  com  o  sceptro  de  oiro 
maeisso  na  mão,  com  a  cabeça  coberta  de  um  chapéu  ornado  de  pedras  preciosas, 
e  vestido  com  uma  comprida  túnica  bordada  a  oiro,  cuja  cauda  era  levantada  por 


Í86  SI 

D.  João  (Je  Sá,  seu  camarista-inór,  desceu,  digo,  do  seu  aposento  para  a  grande  sala 
do  palácio,  seguido  de  seus  principaes  officiaes,  e  assentou -se  sobre  um  throno 
erigido  sobre  seis  degraus,  lendo  a  seus  pés  os  sei  los  sobre  uma  abnolada.  Mandou 
assentar  no  quarto  degrau  a  Raymundo  de  Lencaster,  duque  de  Aveiro,  seu 
parente,  da  idade  de  treze  annos.  Atrás  do  assento  do  Rei  estava  em  pé  seu  pri- 
meiro camarista;  á  direita,  D.  Pedro  de  Mendonça,  seu  primeiro  capitão  das 
guardas,  e  Thomás  de  Sousa,  seu  copeiro-mór,  empunhando  a  espada  do  Rei  des- 
embainhada na  sua  mão ;  á  esquerda,  D.  Manriques  da  Silva,  marquez  de  Gouveia, 
seu  primeiro  mordomo ;  D.  Francisco  de  Lucena,  único  secretario  doestado,  e 
D.  João  de  Castello  Branco,  alcaide-mór,  todos  no  logar  onde  o  throno  estava 
erigido.  Ao  pé  achavam-se  D.  João  Mascarenhas,  Jorge  de  Mello,  referendário, 
guarda-sala  e  reposteiro- mór,  o  Rei  de  armas,  os  oito  arautos  de  Portugal,  e  os 
oito  porteiros,  cada  um  d'elles  com  uma  maça  de  prata.  Os  quatro  últimos  loga- 
res  eram  desempenhados  pelo  chanceller,  pelos  intendentes  das  finanças,  os  pro- 
curadores da  coroa,  o  parlamento  de  Lisboa  e  o  da  cidade  do  Porto,  que  são 
os  dois  parlamentos  do  reino.  Ao  lado  direito  da  sala  estavam  sentados  o  arce- 
bispo de  Lisboa,  o  bispo  conde  de  Coimbra,  o  de  Elvas,  esmoler-mór,  o  suífraga- 
neo  de  Évora,  os  priores  da  ordem  de  S.Thiago  e  de  Aviz,  os  conselheiros  d'es- 
lado,  o  alcaide-mór,  como  quem  dissesse  o  chefe  dos  governadores  das  provincias. 
No  lado  esquerdo  estavam  os  marquezes  de  Ferreira,  os  condes  de  Cantanheda, 
Penaguião,  Redondo,  Capiston  (?),  Ponte  do  Lima,  Castanheira,  Olhão,  Arcos, 
Valle  de  Rei,  S.  João,  S.  Miguel  e  de  í.atuar  (?).  O  meio  estava  occupado  pelos 
conselheiros  de  guerra,  e  pelos  outros  alcaides,  pelos  deputados  das  cidades  e  das 
communidades,  todos  em  bancos  preparados  para  este  MFeito.  O  Rei  de  armas, 
tendo  mandado  guardar  silencio,  mandou  assentar  toda  a  gente,  e  cobrir,  segundo 
o  uso,  somente  aos  duques,  arcebispos,  bispos,  marquezes  e  condes.  Depois  do 
que,  D.  Manuel  da  Cunha,  bispo  de  Elvas,  tendo  subido  ao  quarto  degrau  do 
throno,  á  direita,  pronunciou  em  pé,  em  nome  do  Rei,  o  discurso  seguinte: 

«Durante  sessenta  annos  que  os  Reis  de  Castella  foram  senhores  d'este 
reino,  somente  vimos  duas  vezes  as  cortes:  a  primeira  vez  para  nossa  escravidão, 
e  a  segunda  para  conhecermos  o  nosso  erro.  Desde  que  Sua  Magestade,  que  Deus 
guarde,  nos  governa,  vemol-as  já,  pelo  menos,  duas  vezes  eni  dois  annos:  a  pri- 
meira para  nossa  liberdade,  e  a  segunda,  que  é  a  presente,  para  nossa  confiança. 
A  liberdade  do  homem  consiste  em  dizer  livremente  o  que  pensa  e  em  proceder 
á  sua  vontade,  em  conformidade  com  o  dever  na  que  a  rasão  quer  e  pede.  A  con- 
fiança do  vassallo  depende  do  amor  que  elle  vé  no  seu  Rei.  Eis  o  que  foi  a  causa 
de  terem  os  Reis  de  Castella  tantas  difficuldades  em  reunirem  as  cortes  d'este 
reino.  Para  isto  não  os  convidava  o  amor,  e  ainda  menos  a  confiança  em  nós. 
Queriam  elles  que  submettessemos  nossos  pensamentos  e  nossa  vontade  ás  ordens 
d'elles:  usurpavam  nossa  liberdade.  Sua  Magestade  facilita  hoje  as  cortes  geraes, 
porque  seu  amor  vos  chama  para  elle,  e  quer  que  em  vossas  necessidades  vós 
lhe  digaes  livremente  o  que  desejaes,  com  o  fim  que  o  mundo  veja  que  sois  filhos 
e  não  escravos,  nem  estrangeiros;  que  vós  tendes  vossa  confiança  e  vossa  liber- 
dade em  vosso  Rei  e  senhor  (não  digo  bem),  no  vosso  pae.  Não  contente  com 
isto,  seu  amor  é  tão  excessivo,  que  elle  o  força,  para  vossa  satisfação,  a  despo- 
jar-se  de  sua  própria  Magestade  e  a  deixar- vos  a  disposição  absoluta  de  tudo 
que  lhe  pertencia,  contente  com  o  reconhecinjento  que  vós  lhe  deveis  por  isso. 
Está  elle  mortificado  ao  ver  que  seu  amor,  que  basta  para  vossa  confiança  e 


SI  287 

para  vossa  liberdade,  não  liaste  para  vossa  defeza,  á  qual  ipiizera  que  seus  dia?  e 
seu  sangue  podesseni  bastar.  Eis  o  amor,  eis  o  coração  do  Rei  e  do  senhor  que 
para  vós  escolliestes,  do  Rei,  que  o  grande  e  poderoso  Deus  do  céu  vos  deu. 
Julgae  se  merece  ser  amado  e  servido. 

«Nas  ultimas  cortes,  Sua  Magestade  tirou  os  impostos  e  vós  vos  encarregastes 
da  defeza  do  reino.  Vós  regulastes  o  que  vos  pareceu  necessário  para  esta  defeza, 
e  vós  vos  obrigastes  a  meia  contribuição;  mas,  recoihendo-a,  os  primeiros  paga- 
mentos não  pareceram  eífectivos,  os  segundos  pareceram  desiguaes  e  os  terceiros 
insuíficientes,  o  (juc  deu  origem  a  alguns  queixumes,  imaginando  alguns  que 
provinha  isto  do  abuso  que  se  fazia  do  dinheiro  e  dos  géneros,  e  outros,  emfim, 
da  má  ordem  que  havia  na  receita  e  na  despeza.  Digo,  com  segurança,  que 
mesmo  que  tivesse  havido  erro,  seria  digno  de  desculpa*,  porque  em  leuípo 
algum  uma  grande  empreza  ficou  jamais  inteiramente  organisada  na  sua  origem. 
Não  deixará  de  haver  erros  senão  quando  cessar  de  haver  homens.  É  mister 
soífrer  esses  inconvenientes,  como  as  esterilidades,  as  seccas,  as  chuvas  excessi- 
vamente abundantes  e  os  outros  cataclysmos  da  natureza.  A  capacidade  do 
homem  não  pôde  applicar  remédio  a  tudo.  Não  se  achará,  portanto,  motivo 
para  fallar;  haverá,  pelo  contrario,  motivo  para  nos  admirarmos,  se  considerar- 
mos em  que  estado  estava  o  reino  quando  Sua  Magestade  n'elle  foi  reconhecido 
como  senhor.  Todos  nós  o  sabemos :  estava  este  reino  sem  dinheiro,  sem  armas, 
sem  munições,  sem  artilheria,  sem  cavallos,  sem  navios,  sem  nenhum  preparativo 
de  guerra  e  sem  defeza.  Haverá  logar  para  nos  admirarmos,  ao  considerar  que 
em  menos  de  dezoito  mezes  todas  essas  cousas  n*elle  se  encontram  em  quanti- 
dade considerável.  As  praças  mais  importantes  reparadas,  um  tão  grande  numero 
de  soldados  sustentados  nas  fronteiras,  três  poderosas  frotas  lançadas  ao  mar, 
tantas  embaixadas  honrosas,  com  outras  despezas  necessárias,  causam  a  surpreza 
de  todas  as  pessoas  sabias  nos  seus  julgamentos,  porque  tudo  isso  parece  menos 
um  eífeito  da  providencia  humana  do  que  um  milagre.  Mas,  a  fim  de  que  vejaes 
com  vossos  próprios  olhos  a  verdade  das  cousas,  a  qual  Sua  Magestade  quer 
em  tudo  que  seus  vassallos  conheçam,  manda  ella  que  se  declare  aos  três  estados, 
no  primeiro  dia  em  que  se  reunirem  em  separado,  a  resolução  que  foi  tomada 
acerca  das  proposições  que  vós  lhes  dirigistes  nas  ultimas  cortes,  e  que  se  lhes 
mostre  circumstanciadamente  o  emprego  do  dinheiro  que  então  foi  recebido. 
Manda  ella  que,  se  os  meios  que  escolhestes  não  forem  do  vosso  gosto,  lhe  pro- 
punhaes  outros  novos,  que  sejam  mais  brandos,  e  que  deis  vossos  conselhos  sobre 
o  que  julgardes  melhor,  para  applicar  o  remédio  mais  conveniente  á  desigualdade 
dos  pagamentos  ou  das  deducções.  Se  até  este  dia  a  necessidade  se  oppoz  a  que 
se  fizesse,  e  se  as  cousas  foram  reduzidas  a  este  ponto  pela  diversidade  das  cir- 
cumstancias,  convém  também,  é  verdade,  que  os  contratos  feitos  até  este  dia 
cessem,  ou  que  se  proceda  em  conformidade  com  a  resolução  que  se  tomar;  que 
se  receba  o  que  vós  tendes  promettido  para  a  manutenção  dos  exércitos,  que 
vós  mesmos  julgardes  necessários  para  vossa  defeza.  Dae,  por  favor,  attenção  a 
uma  grande  cousa :  é  que,  sendo  o  dar  e  o  pedir  cousas,  entre  si  tão  differentes, 
só  em  Sua  Magestade  concorrem  igualmente  para  o  vosso  bem.  Considerae  que  o 
que  ella  vos  pede  não  é  senão  por  um  tempo  limitado,  e  que  a  vossa  liberdade 


'  Vittorio  Siri,  Mercure  historique,  vol.  xi,  pag .  348. 


m  SI 

é  para  sempre.  C.oiisiderae  que  a  occasiáo  presente  é  a  melhor  que  se  possa  achar 
para  destruir  o  inimigo,  da  destruição  do  qual  depende  a  paz  que  nós  tanto 
desejámos.  Tomae  em  conta  que  os  estrangeiros  n5o  pensam  senão  que  não  tendes 
poder  ou  forças,  ou  então  que  faltaes  á  amizade  constante  que  tendes  mutuamente 
promeltido  uns  aos  outros.  Tomae  lições  da  natureza,  que,  para  conservar  o 
corpo,  arrisca  o  braço.  Os  marinheiros,  durante  a  tempestade,  alijam  ao  mar 
uma  parte  de  suas  fazendas,  para  salvarem  o  que  resta.  Nós  achamo-nos  em  um 
navio  açoutado  pela  tempestade;  não  perigam  somente  nossos  bens,  mas  também 
a  honra,  a  pátria,  a  liberdade  e  a  vida.  O  tratamento  bárbaro,  do  qual  o  Rei  de 
Gaslella  faz  uso  para  com  o  Infante  D.  Duarte, conservando-o  preso,  pede  também 
vingança  contra  esses  estados  (digo  mal),  grita  vingança,  embora  esse  tratamento 
redunde  na  maior  gloria  d'esse  Principe,  serido  causa  de  sua  prisão  o  medo  que 
têera  do  seu  valor.  Goratudo,  vendem-no  como  escravo,  em  desprezo  do  caso  que 
fazemos  d'elle.  A  escravidão,  a  venda,  o  preço  do  justo  e  do  innocente,  pedem 
um  resgate,  mas  um  resgate  de  sangue,  em  sacrifício  do  nosso  amor,  para  satis- 
fazer á  nossa  injuria.  Prometto-vos,  pois,  que  não  deixaremos  de  ter  companhei- 
ros para  a  nossa  vingança.  Ver-se-ha  sair  o  grande  e  invencivel  condestavel, 
d'essas  tapeçarias,  ou  do  seu  tumulo,  para  vir  comnosco  resgatar  seu  descendente. 
Seguil-o-hemos,  será  nosso  chefe,  e  fazer-nos-ha  alcançar  a  victoria,  victoria  que 
sempre  o  acompanhou  e  que  tornou  seu  nome  immortal.  D'esla  forma  acabare- 
mos gloriosamente  a  acção  mais  memorável  que  jamais  tenham  admirado  os 
séculos  antigos  e  novos;  e  o  valor  e  gloria  do  nome  porluguez  conservar-sehão 
gravados  na  lembrança  dos  homens,  serão  postos  em  o  numero  das  maravilhas 
que  a  fama  publica,  e  farão  para  todo  o  sempre  o  assombro  do  universo.» 

«Tendo  acabado  de  fallar  o  bispo  de  Elvas,  mandou  o  rei  de  armas  a  todos, 
em  nome  do  Rei,  que  se  levantassem.  Então  o  dr.  Duarte  Alvarez  de  Abreu 
Caduval  (?),  conselheiro  no  parlamento  de  Lisboa,  apresentou  a  Sua  Magestade  o 
humilimo  requerimento  do  povo;  e  o  marquez  de  Montalvão,  em  nome  dos  habi- 
tantes d'esta  cidade,  agradeceu  ao  Rei  sua  solicitude  e  fadigas  excessivas  para  o 
bem  e  liberdade  d'esta  mesma  cidade  e  de  todos  seus  vassallos,  oíferecendo 
sem  reserva  o  sacrifício  de  suas  fortunas  e  de  seus  dias  para  o  serviço  de  seu 
inonarcha  e  para  o  do  estado,  para  a  manutenção  da  liberdade  e  para  a  salvação 
do  Infante  D.  Eduardo.  Assim  foi  terminada  a  primeira  sessão. 

«No  dia  seguinte,  as  três  differentes  ordens  que  compunham  as  cortes  re- 
uniram-se  em  separado,  a  saber:  o  clero,  em  S.  Domingos;  a  nobreza,  na  Trin 
dade ;  e  o  terceiro  estado  em  S.  Francisco.  Todos  foram  da  mesma  opinião,  isto 
é:  mandarem  offerecer  ao  Rei  liberdade  plena  para  impor  os  tributos  que  elle 
ulgasse  mais  a  propósito,  tributos  nos  quaes  consentiram  desde  logo. 

«Tendo  o  Rei  acceitado  este  poder  e  encerrado  as  cortes,  applicou-se  intei- 
ramente a  defender  seu  reino  com  forças  possantes  para  a  sua  defeza.  Deu  as 
ordens  necessárias  para  armar  e  disciplinar  seus  povos,  aos  quaes  um  longo 
repouso  tinha  tornado  quasi  iiihabeis  para  o  mister  da  guerra,  e  para  os  impostos 
de  dinheiro  necessários  para  a  manutenção  da  frota,  bem  como  para  a  de  uma 
esquadra  destinada  a  cobrir  a  fronteira  do  seu  reino  e  a  infestar  as  costas  de 
Hespanha  e  as  da  Mauritânia.  Mas,  como  Portugal  se  acha  cercado  pelos  estados 
do  Rei  Catholico,  a  cujos  ataques  se  acha  exposto,  começou  dentro  em  pouco  a 
resentir-se  da  vizinhança  dos  castelhanos,  cheios  de  animosidade  contra  seus 
povos.  Porém,  estes  compensaram  dentro  em  pouco  suas  perdas  com  usura,  não 


SI  289 

teiulo  querido  ser  os  primeiros  a  começareiri  as  hostilidades,  para  fazerem  ver  ao 
mundo  que  somente  desembainhavam  a  espada  para  se  vingarem  da  oíTensa,  e 
que  somente  corriam  á  victoria  por  se  verem  obrigados  a  fazel-o,  por  se  verem  a 
isso  obrigados,  por  causa  das  suas  perdas. 

«Todavia,  os  castelhanos,  divididos  em  vários  corpos,  percorreram  os  campos 
de  Portugal  até  Olivença  e  outros  logares,  passando  tudo  a  ferro  e  fogo,  e  fazendo 
aos  portuguezes  todo  o  mal  que  podiam,  com  a  vista  de  lhes  fazerem  esquecer 
seu  afTecto  ao  Rei  D.  João,  e  separal-os  da  sua  obediência.  Mas  os  portuguezes, 
pelo  seu  lado,  tendo  formado  um  corpo  de  exercito  assas  considerável,  e  tendo-se 
tornado  senhores  do  campo,  penetraram  nos  estados  do  Rei  Catholico  e  correram 
sem  ot)staculo  á  vizinhança  de  Salamanca,  saqueando  mais  de  quarenta  logares, 
tanto  na  Gailiza  como  na  Extremadura  e  na  Andaluzia,  obrigando  Monterei  a 
abrir-lhes  suas  portas,  investindo  Giudad  Rodrigo  e  alcançando  ricos  despojos. 
Teriam,  sem  duvida,  feito  d'estas  provincias  o  thealro  da  guerra,  augmentando 
as  desgraças  dos  povos  de  Hespanha,  e  os  perigos  d'esta  coroa,  se  se  tivessem 
encontrado  praças  fortes  em  estado  de  serem  bem  fortificadas  para  poderem  obter 
n'ellas  um  asylo.  Tinham  os  castelhanos  esperado  no  começo  que  a  falta  de  com- 
mercio  na  Andaluzia  havia  de  fazer  com  que  Portugal  soffresse  uma  penúria 
extrema  de  cereaes,  dos  quaes  o  reino  carece  naturalmente.  Mas  a  experiência 
lhes  fez  ver  que  a  Africa,  a  França  e  a  Hollanda  lhe  podem  servir  de  abundante 
celleiro.  Era  assim  que  a  Hespanha,  nas  suas  extremidades,  parecia  cheia  de 
males  incuráveis,  e  o  coração,  isto  é,  Castella,  cercado  de  humores  malignos,  a 
tornava  tão  fraca  e  languida,  que  soffria  continuamente  desmaios  mortaes.» 

Eis  o  que  de  mais  importante  se  encontra  em  dezoito  volumes  do  Mercúrio 
histórico,  de  Vittorio  Siri,  a  respeito  de  assumptos  portuguezes. 

Em  1879  vi  na  bibliotheca  publica  de  Rraga  alguns  volumes  da  edição  ita- 
liana d'esta  obra. 

8ISCAR  (D.  GREGÓRIO  MAYAIVS  Y  ).— Autor  da  obra  Vida 

de  Don  Nicolas  António. 

Censura  de  Historias  fabulosas,  obra  posthuma  de  Don  Nicolas  António,  Ca- 
ballero  de  la  Orden  de  Santiago,  Canonigo  de  la  Santa  Iglesia  de  Sevilla,  dei 
Consejo  dei  Senor  Don  Carlos  Segundo,  y  su  Fiscal  en  el  Beal  Consejo  de  la  Cru- 
sada.  Van  anadidas  algunas  cartas  dei  mismo  Autor  y  de  otros  eruditos.  Publica 

esta  obra  .  En  Valência,  por  António  Bordazar  de  Artazu,  ano  1742,  foi., 

xxxx-752  pag. 

É  útil  a  leitura  d'e8ta  obra  para  os  que  escreverem  dos  tempos  anteriores  á 
fundação  da  monarchia  portugueza. 

ST-SI. —  Escriptor  chinez. 

Traduziu  para  o  seu  idioma  o  immortal  D.  Quijote  de  la  Mancha,  em  1879. 
Foi  coadjuvado,  na  interpretação,  pelo  interprete  sinologo  do  senado  de  Macau, 
Eduardo  Marques. 

8I8MONDI  (J.  C.  L.  8IMONDE  1>E ). 

De  la  littérature  du  midi  de  VEurope.  2."  edição,  revue  et  corrigée.  1829. 4  vol. 
Ha  uma  traducção  (da  l.«  edição),  em  lingua  allemâ,  impressa  em  Leipzig, 
1816-1819.  2  vol.  8." 

19 


m  SO 

SKETCUES  in  Portugal  during  the  war  of  1834,  8.«,  1  vol.,  328  pag. 

SRETCHES  of  Portuguese  life,  manners,  costwns,  and  charader.  By  A.  P. 
D.  G.  London,  18â6. 

SLICHTEIVBORSTI  (AKIVOLDI ). 

Lusitânia  libera,  sive  Inauguratio  Joannis  IV,  Serenissimi  Lusitaniae  Algar- 
biaeque  Regis,  Commerciorum  Guineae,  Aethiopiae,  Arabiae,  Persiae  et  Indiae 
Domini.  Lugduni  Batavorum,  ex-offieina  Wilhelmi  Ghrislianij  1641,  foi. 

É  uma  colleeção  de  poesias  em  honra  dos  portuguezes. 

SLOANE  (JOHIV ). 

A  Voyage  to  the  Islands  Mandera,  Barbados,  Nieves,  S.  Christophers,  and 
Jamaica,  with  the  natural  History  of  the  Herbs,  and  Trees,  Fourfooted  Beasts, 
Fishes,  Birds,  Insects,  Reptiles,  &c.,  of  the  last  of  those  Islands,  <&c.  Londres, 
2  vol.,  in-fol. 

Vem  noticia  d'esta  obra  a  pag.  292  e  segg.  do  Journal  des  Sçavans,  1708. 

SLOCKDALE. 

New  military  map  of  Spain  and  Portugal.  Published  by .  London,  1812. 

SMITH  (A). 

Uile  de  Madère  et  ses  vins.  Paris,  1878,  in-18.° 

SMITH  (JAMES ). 

On  the  Geology  of  Madeira.  (Nos  Proceedings  ofthe  Geological  Society,  vol.  iii.) 

SMITH  (JOHN    — ). 

Memoirs  of  the  Mar  quis  of  Pombal.  With  extra  cts  from  his  writings  and 
from  despatches  never  before  puhlished  by .  (]om  rei  ralos.  London,  1843, 

SMYTH  (C.  PIAZZI  ). 

Madeira  meter eological.  With  2  plats.  Edimbourg,  1882. 

80LAIVD  (AIMÉ  DE ). 

Étude  sur  le  Drosophylum  Lusitanicum. 

SOLEMNITA8  Augustae  Taurinorum  occasione  electionis  Magni  Apostoli 
Indiae  S.  Francisci  Xaverii  in  Patronum.  Taurini,  apud  Zapalam,  1668,  in-4.* 

80LTAU  (D.  W.). 

Gesch.  der  Entdeckungen  der  Porttigiesen  im  Orient.  1415-1539.  Braunschw., 
1821. 

SOMMAIRE  des  Lettres  du  Japon  et  de  la  Chine,  de  Van  1589  et  1590. 
Escrites  au  R.  P.  General  de  la  Compagnie  de  Jesus.  A  Douay,  che*  la  Vefve  Jac. 
Boscard,  1592,  in-8.«,  223  pag. 

Contém  um  Smnmario  de  uma  Carta  Annua  do  Japão,  escripta  em  21  de 
fevereiro  de  1589. 


SO  291 

SOIVOUOS  ecoa  que  pulsa  la  voz  de  el  entendimiento ,  para  advertir  ai  des- 
engaííOj  en  el  feliz  regreso  y  progresos  victoriosos  de  miestro  Católico  Monarca 
Felipe  el  Animoso.  D.  D.  P.  L.  D.  L.  E.  Y.  R. 

Sobre  a  guerra  da  acelamação.  Existe  um  exemplar  na  bibliotheca  publica 
de  Lisboa. 

SOPRANl  (JOÃO  JEUONYMO ).— Jesuíta  genovez. 

Compendio  delia  Vita  dei  S.  P.  Francesco  Savier,  delia  Compagnia  di  Giesu. 
Canonizato  co'l  P.  S.  Ignatio,  Funda tore  deli' istessa  religione  dalla  Santità  di 
N.  S.  Gregório  XV.  Composto  e  dato  in  luce,  per  ordirie  dei  Reverendiss.  P.  Mutio 
Vitelleschij  Preposito  Generale  delia  Comp.  di  Giesu.  In  Roma,  per  THeredi  di 
Bartolomeo  Zannetti,  1622,  in-8.°,  146  pag. 

Outros  exemplares  dizem :  In  Roma,  per  THeredi  di  Bartolomeo  Zanetti,  e 
Neapoli,  per  Lazaro  Seoriggio. 

SORIA  (FRANCISCO  DE ).— De  la  Orden  dei  gran  Patriarca  S.  Ba- 

silio,  caiificador  dei  Santo  Tribunal  de  la  Inquisicion. 

Sermon  predicado  en  la  solemne  octava,  que  la  Congregacion  dei  Santo  Oficio 
celebro  en  el  Real  Convento  de  S.  Domingos,  á  los  desagravios  de  Christo  ofendido 

en  su  Imagen.  Por  el  P.  Fr. .  Con  todas  las  licencias  necesarias.  En  Lisboa. 

En  la  oficina  de  Domingo  Lopes  Rosa.  Ano  1644.  4.°,  15  fl. 

SORTIJA  (LA)  de  Florencia^  de  D.  Sehastian  de  Villa  Viciosa. 
Vem  esta  comedia  citada  a  pag.  22  do  catalogo  de  uma  livraria  que  na  ci- 
dade do  Porto  se  poz  á  venda  em  1877. 

SOTOMAYOR  (D.  JUAN  CBUMACERO  Y  CARRILLO  DE ).— 

Natural  de  Valência  de  Alcântara,  presidente  de  Castella,  e  fallecido  em  24  de 
junho  de  1660 1. 

Pro  legitimo  jure  Philippi  IV  Hispaniarum  et  Portugalliae  Regis.  In-4.° 

SOTOMAYOR  (D.  MIGUEL  DE  HERRERAS ).— Hijo  dei  capi- 

tan  de  infanteria,  governador  en  actual  servicio,  por  el  (Católico  Rey  de  Espana, 
el  sefior  D.  Felipe  V  (que  Dios  guarde),  de  la  Nueva  Galizia,  en  la  Admerica  (sic) 
y  Nueva  Espana.  Notário  publico  y  apostólico  de  todos  los  reynos  y  seilorios  de 
la  Christiandad,  por  la  Sede  Apostólica. 

Motivos  que  expone ,  para  aver  venido  desde  la  ciudad  de  Badajos  a  esta 

Corte,  con  la  milagrosa  Imagen  de  Maria  Santisima,  con  el  titulo  de  Divina  Pas- 
tora de  nuestras  almas,  con  una  dedicatória,  sonetos  y  mas  decimas,  que  rendida- 
mente pone  debajo  dei  Ralamparo,  de  la  Serenissima  Senora  Princesa  dei  Brazil, 
en  reconocido  agradecimento,  por  el  rejio  vestido  que  su  Alteza  ha  dado  a  dicha 
Soberana  PaMora.  Lisboa,  ano  1742,  4." 

SOULÈS  (FR.). 

Voyage  au  Brésil,  par ;,  traduit  de  Vanglais.  Paris,  1806. 


Memoria  histórica  de  la  universidad  de  Salamanca,  pag.  547. 


m  SO 

SOUSA  (A.  DE ). 

Verdadero  origen  dei  Tribunal  de  la  Inquisicion  en  Portugal.  Traducida 
por .  Madrid,  1789. 

SOUSA  tAWTOlVIO ) — Natural  da  Covilhã.  Pereceu  em  Naiigasaki, 

atormentado,  a  !26  de  outubro  de  1633. 

Carta  annua  do  Japão,  do  anno  1617,  ao  Geral  Mutio  Vitelleschi,  em  janeiro 
de  1618. 

Foi  traduzida  para  italiano  pelo  padre  Lorenzo  delle  Pozze. 

Leítera  annua  dei  Collegio  di  Macao,  Porto  delia  Cina,  ai  M.  R.  P.  Mutio 
Vitelleschi,  Generale  delia  Compaynia  di  Giesu.  1617.  Di  Macao  8  di  Gennaio.  1618. 

Acha-se  a  pag.  373  a  380  da  collecção  seguinte,  edição  de  Nápoles : 

Lettere  annue  dei  Giappone,  China,  Goa  e  Ethiopia.  Escrite  ai  M.  R.  P.  Ge- 
nerale delia  Compagnia  di  Giesu.  Da  Padri  delV  istessa  Compagnia  negV  anni 
1615,  1616,  1617,  1618,  1619. . . 

SOUSA  (JOAQUIM  GOMES  DE  ). 

Anthologie  universelle.  Choix  des  meilíeures  poesies  lyriques  de  divei^ses  nations 
dam  les  langues  originales.  Leipzig,  1859. 
Também  apresenta  poesias  de  Camões. 

SOUSA  (MADAME  DE  ). 

Oeuvres  completes.  Nouvelle  edition,  revue,  corrigée  par  1'auteur  et  augmentée 
d'un  volume  inédit.  Les  romans  connus  de  Madame  de  Sousa,  sont:  Adèle  de  Sé- 
nanges,  Emilie  et  Alphonse,  Charles  et  Marie,  Eugène  de  Rothelin,  Eugénie  et 
Mathilde,  Madame  de  Tourmon. 

(V.  Journal  des  Sçavans,  anno  1821,  pag.  184.) 

80UTHEY. 

Letters  tvritten  during  a  short  residence  in  Spain  and  Portugal,  hy . 

Bristol,  1797,  in  8.» 

Escreveu  um  prefacio  ao  Amadis  de  Gaula,  impresso  em  Londres  no  anno 
de  18031. 

History  of  the  Peninsular  War.  3  vol.  London,  1823-1832.  3  vol.  4." 

SOUTH WELL  (SIR  ROBEUT ). 

The  History  of  the  Revolutions  of  Portugal,  from  the  foundation  of  that  King- 
dom  to  the  year  mdclxvií.  With  Letters  of  Sir  Rohert  Southwell  during  his  Em- 
hassy  there,  to  the  Duke  of  Ormond ;  giving  a  particular  account  of  the  deposing 
Alfonso,  and  placing  Don  Pedro  on  the  throne.  London,  printed  for  John  Osborn 
at  the  Golden  Bali  in  Pater-noster  How.  mdccxl.  8.°,  xiv-374  pag. 

Sir  Robert  foi  enviado  extraordinário  do  Rei  Carlos  II  á  corte  de  Lisboa, 
e  aqui  presente  durante  todo  aquelle  tempo  que  o  paiz  esteve  agitado,  e  teste- 
munha de  quanto  diariamente  se  passava. 

Obra  mui  importante  para  quem  desejar  escrever  acerca  do  reinado  de 
D.  Affonso  VL 


*  Gamillo  Castello  Branco,  Narcóticos,  Porto,  1882,  pag.  23. 


SP  2'-»» 

SOUVENIRS  d'tm  militaire  des  armées  françaises  dites  de  Portugal.  Paris, 
1827. 

SOUVEUAIN8  du  Monde.  Paris,  1718,  4  tomos,  8.» 

No  tomo  III,  pag.  233,  traia  da  Sereníssima  Casa  de  Bragança,  dividida  em 
duas  linhas:  a  da  Casa  Real  reinante,  e  aquelies  que  d'ej|a  descendem  por  varo- 
nia,  a  que,  conforme  o  uso  de  França,  diz :  Celles  des  Princes  du  sang,  o  que  na 
verdade  assim  é,  mas  isto  é  tão  breve,  que  não  é  mais  do  que  uma  noticia  do 
presente  ^ 

8PAIN  AND  VOfiTVG AL  — Historical  Sketches.  London,  1835-1836. 

SPAIIV  a7id  the  Bourbon  armies:  a  review  of  affairs  in  Spain  and  Portugal. 
London,  1823. 

SPATVISH  S  Portuguese  Church  Aid  Society  and  Mexican  Episcopal  Aid 
fund.  Report  1880.  London. 

É  obra  de  propaganda  protestante. 

N'este  relatório  do  anno  de  1880,  in-8.°,  com  111  pag.,  vê-se  que  as  cousas 
corriam  em  Portugal  á  vontade  dos  protestantes. 

A  pag.  39  diz  o  referido  relatório:  «We  are  most  Ihankfull  to  be  abie  lo 
report  Ihat,  owing  to  the  marked  biessing  of  Almighly  God  upon  His  work  here, 
lhe  good  seed  of  the  Gospel  is  being  steadity  and  successfuUy  sown.» 

N'este  relatório  encontra-se  uma  estampa  representando  a  escola  de  Rio  de 
Mouro. 

SPANISH  (THE)  History,  or  a  Relation  of  the  differences  that  happened  in 
the  Court  of  Spain  between  Don  John  of  Áustria  and  Cardinal  Nitard:  with 
other  transactions  of  that  kingdom.  Together  with  ali  the  Letters,  Politik  Discour- 
sesy  Decrees,  and  other  Public  Acts,  that  past  between  persons  of  the  highest  qua- 
lity,  relating  to  those  affairs.  London,  1678. 

Quem  desejar  conhecer  a  fundo  as  causas  da  deposição  de  D.  Aífonso  VI, 
deve  ler  este  importante  livro. 

8PECIFIC  answers  to  the  several  demands  of  the  acting  french  cônsul  in 
Lisbon.  London,  1831. 

SPIIVOLA  (ANTOIVTO  ARDIZONE  ).— Clérigo  Regular,  theatino 

da  Divina  Providencia,  napolitano,  doutor  na  sagrada  theologia,  missionário  apos- 
tólico, fundador  dos  conventos  da  Divina  Providencia  da  cidade  de  Lisboa  e  da 
cidade  de  Goa,  e  das  niissões  da  índia  Oriental  de  sua  sagrada  religião,  preposito, 
visitador,  vigário  geral  e  prefeito  das  missões,  etc. 

Divindade  imrticipada  da  Virgem  Mãy  de  Deus,  exposta  com  dous  Sermoens 
de  sua  Immaculada  Conceição.  O  primeyro  da  perfeita  similhança  com  seu  Divino 
Filho  Jesu   Christo.  O  segundo  apologético,  resposta  a  Censura  que  ouve  do  pri- 


D.  Aolonio  Caetano  de  Sousa,  Historia  gene<dogica  da  casa  real  porlugueza,  vol.  i,  pag.  221. 


294  SP 

meirOj  em  que  se  mostra  cõ  grande  agudeza  &  notável  Theologia,  entre  as  muytas 
prerogativas  &  excellencias  que  teve,  que  foy  antes  sanctificada  que  concebida.  Antes 

sancta  que  formada.  Antes  glorificada  que  gerada.  Pregou-os  o  M.  R.  P.  Dom . 

En  Lisboa.  Na  iaipressão  de  António  Graesbeeek  de  Mello,  impressor  de  Sua 
Alteza.  1682.  4.«,  66  pag. 

SPINOZA  (BENEDICTI  DE ). 

Opera  quae  supersunt  omnia.  Ex  editionibus  principibus.  denuo  edidit  et 
praefatus  est  Carolus  Hermannus  Bruder  Philos.  Doct.  AA.  LL.  M.  SS.  Theol. 
Licent.  Editio  stereotypa.  Lipsiae,  Typis  et  Sumptibus  Bsrnh.  Tauchnitz  Jun.  1843. 
3  vols.  8.°  pequeno.  1.",  xxvin-416  pag.;  2.",  xiv-354  pag.;  3.°,  xviii-402  pag. 

Bento  Spinosa,  a  quem  Amando  Saintes  chama:  Le  fondateur  de  la  philoso- 
phie  moderne,  nasceu,  segundo  diz  Carlos  Hermann  Bruder,  no  dia  24  de  novem- 
bro de  1632,  sendo  seu  pae  um  judeu  portuguez,  commerciante,  o  qual,  perse- 
guido na  pátria,  emigrou  para  a  Hollanda.  Teve  o  cognome  de  Baruch,  o  qual 
trocou  pelo  de  Bento  (Benedictus),  quando  largou  a  religião  judaica.  Falleceu  no 
dia  21  de  fevereiro  de  1677,  parece  que  de  tysiea. 

As  fontes  para  a  biographia  d'este  homem  tão  celebre,  são  as  seguintes: 

As  cartas  e  prefácios  das  obras  por  elle  escriptas ; 

Joh.  Colerus,  clericus  ecclesiae  evangel. —  Lutheranae  Eagensis,  Vitae  descri- 
ptiOf  belgice  scripta,  Ultrajecti^  1698. 

Id.  La  vie  de  Spinosa,  tirée  des  écrits  de  ce  fameux  philosophe  et  du  témoi- 
gnage  de  plusieurs  personnes  dignes  de  foi,  qui  Von  connu  particulièrement.  Par 
Jean  ColeruSj  ministre  de  1'église  Lutherienne  de  la  Eaye.  A  la  Haye,  1706,  8." 

Réfutation  des  erreurs  de  Bénoit  de  Spinosa,  par  Mr.  de  Fénélon,  archevêque 
de  Cambray,  par  le  P.  Lamy,  Benedictin,  et  par  Mr.  le  comte  de  Boullainvilliers, 
avec  la  vie  de  Spinosa,  écrite  par  Mr.  Jean  Colerus  . .  .  augmentée  de  beaucmip  de 
particularités  tirées  d'une  vie  manuscrite  de  ce  philosophe,  faite  par  im  de  ses  amis. 
A  Bruxelles,  1731,  in-12. 

P.  Bayle,  Dictionnaire  historique  et  critique.  Edition  5ème_^  revue,  corrigée  et 
augmentée  avec  la  vie  de  Vauteur,  par  Mr.  de  Maizeau.  Amsterdam,  1740,  tomo  iv, 
pag.  253  a  271. 

Foi  traduzida  por  Francisco  Halma :  Het  Leven  van  Ben.  de  Spin.  met  eenige 
Aanteekeningen  over  zyn  Bedryf,  Schriften  en  Gevoelens . . .  verlaalt  door  Fr.  H. 
T  Utrecht,  1698,  8.« 

La  vie  de  Spinosa,  par  un  de  ses  disciples.  Amsterdam,  1719,  8.°  Nouvelle 
edition,  non  tronquée,  par  un  autre  de  ses  disciples.  A  Hambourg,  1735.  É  seu 
auctor,  Lucas,  medico  na  Haya. 

Niceron  Bamabite.  Mémoires  pour  servir  à  Vhistoire  des  hommes  illustres 
dans  la  republique  des  leltres.  Tomo  xiii.  Paris,  1731,  pag.  44  e  segg.,  c  nas 
Addições,  tomo  xx,  pag.  59  e  segg. 

Christiani  Kortholti;  de  tribus  impostoribus  magnis.  (Edouard  Uerbert  de 
Cherbury,  Thomas  Hobbes  et  Benedicto  SptnosaJ,  liber.  Edio  11.  Cura  Seb.  Kortholti. 
Hamburgi,  1700,  8.» 

Mr.  Savérien.  Histoire  des  philosophes  modernes,  avec  leurs  portraits,  par . 

Paris,  1760,  8.»  (Artigo  Spinosa.) 

Joh.  Mart.  Philipson,  Leben  B.  von  Spin.  Braunschw  — 1790,  8.» 


SP  298 

Ainda  outros  escreveram  a  vida  d'este  philosopho,  como  Jenichen,  Jaeger, 
Muenter,  Diez,  Heidem-eich,  etc. 

Obras  de  Bento  Spinosa  contidas  na  edição  de  Leipzig,  1843. 

Tomo  I : 

Renati.  Des  Cartes  Principia  Philosophiae  more  geométrico  demonstrata  per 
Benedictum  de  Spinosa  Amstelodamensem.  Accesserunt  ejusdem  Cogitata  Metaphy- 
sica,  in  qiiibus  difíiciliorihus  quae  tam  in  parte  Metaphysices  generali  quam  speciali 
occurrunt  quaestiones  hreviter  explicantur.  Desde  pag.  1  até  148. 

Benedicti  de  Spinosaj  Ethica  ordine  geométrico  demonstrata  et  in  quinque 
partes  distincta  in  quibus  agitur.  I,  De  Deo.  II,  De  natura  et  origine  mentis. 
lllj  De  origine  et  natura  affectuum.  IV,  De  servitute  humana  seu  de  affectuum 
viribus.  V,  de  potentia  Intellectus  seu  de  Libertate  humana.  De  149  até  415. 

Tomo  II : 

Um  erudito  prefacio  de  (Carlos  Hermann  de  Bruder,  acerca  das  obras  de 
Spinosa  contidas  n"e8te  segundo  volume,  e  datado  de  Leipsik,  29  de  Decemb. 
1843.  Desde  pag.  i  até  xiv. 

Benedicti  de  Spinosa  Tractatus  de  Intellectus  emendatione  et  de  via  qua  optime 
in  veram.  rerum  cognitionem  dirigitur.  De  pag.  1  até  42. 

Benedicti  de  Spinosa  Tractatus  Politicus  in  quo  demonstratur,  quomodo  so- 
cietas  ubi  imperium  monarchicum  locum  habet,  sicut  et  ea  ubi  optimi  imperant, 
debet  institui,  ne  in  tyrannidem  labatur  et  ut  pax  libertasque  civium  inviolata  ma- 
neat.  De  pag.  43  a  136. 

Epistolae  doctorum  quorundam  virorum  ad  Benedictum  de  Spinosa  eusdemque 
Responsiones  ad  aliorum  eius  operum  elucidationem  non  parum  facientes.  Começam 
a  pag.  137  e  terminam  a  pag.  354.  São  75  epistolas. 

É  a  primeira,  com  a  data  de  1661,  de  Henrique,  de  Rhynsburg,  povoação 
perto  de  Leyde,  onde  Spinosa  viveu  desde  1661  até  1664.  Trata,  tanto  esta  como 
algumas  das  seguintes,  da  existência  de  Deus. 

A  epistola  vi,  enviada  ao  mencionado  Henrique,  contém  annotações  ao  livro 
de  R.  Roybe,  sobre  o  nitro,  fluidez  e  firmeza. 

Na  epistola  vii  informa  Henrique  a  Spinosa,  de  que  Boyle  agradece  as  adver- 
tências feitas  por  este  ao  seu  livro,  e  que  tenciona  escrever-lhe  logo  que  seja 
alliviado  de  tantos  negócios  que  o  sobrecarregam. 

Na  epistola  viii  envia  algumas  respostas  de  Boyle.  Replica- lhe  Spinosa  na 
epistola  IX,  datada  de  junho  de  1663. 

Epistola  X.  Falia  Henrique  das  experiências  feitas  na  real  sociedade  de 
Londres,  e  envia  a  Spinosa  um  novo  livro  composto  por  Boyle. 

Epistola  XI.  Manda  recommendações  de  Boyle  a  Spinosa,  e  diz-lhe  qual  é 
o  parecer  d'elle  acerca  das  observações  que  fizera  ao  seu  livro. 

Epistola  xii.  Diz-lhe  que  muitas  vezes  conversa  com  Boyle  acerca  d'elle, 
Spinosa,  e  que  Boyle  acaba  de  compor  um  hvro  notável  acerca  das  cores,  em 
latim  e  inglez,  e  uma  historia  experimental  dos  frios,  e  acerca  dos  thermometros, 
que  n'elles  apparecem  muitas  novidades,  e  que  dentro  em  pouco  lh*os  remetterá. 

Epistola  XIII.  Resposta  de  B.  de  Spinosa.  Falia  das  obras  de  Boyle. 

Epistola  XIV.  Pede  Henrique,  e  informa  de  que  o  mesmo  pedido  fez  também 
Boyle,  que  Spinosa  publique  livros ; 

Epistola  XV.  De  Espinosa.  Das  rasões  pelas  quaes  somos  persuadidos  de  que 


296  SP 

cada  uma  das  partes  da  natureza  concorda  com  o  seu  iodo  c  está  em  harmonia 
com  as  restantes. 

Epistola  XVI.  Entre  outros  assumptos  falia  também  Henrique  do  boato  (jue 
n'aquelie  anno  corria  (1665),  de  que  os  israelitas  iam  regressar  á  pátria. 

Todas  as  epistolas  seguintes,  até  a  xxi,  versam  sobre  vários  assumptos. 
N'esta,  datada  de  1675,  declara  Spinosa  qual  é  a  sua  opinião  acerca  de  Jesus 
Christo:  Denique,  ut  de  tertio  etiam  capite  mentem  meam  clarius  aperiam,  dico, 
ad  salutem  non  esse  omnino  necesse^  Chtistum  secundum  camem  noscere:  sed  de 
(eterno  illo  filio  Dei,  hoc  est.  Dei  cetema  sapientia,  quae  sese  in  emnibus  rebus,  et 
maxime  in  mente  humana,  et  omnium  maocime  in  Christo  lesu  manifestavit,  longe 
aliter  sentiendum.  Nam  nemo  absque  hac  adstatum  beatitudinis  potest  pervenire, 
utpole  quae  sola  docet,  quid  verum  et  falsum,  bonum  et  malum  sit.  Et  quia,  uti 
dixi,  haec  sapientia  per  lesum  Christum  maxime  manifestata  fuitj  ideo  ipsius 
eandem,  quatenus  ab  ipso  ipsis  fuit  revelata,  praedicaverunt,  seseque  spiritu  illo 
Christi  supra  reliquos  gloriari  posse  ostenderunt.  Ceterum  quod  quaedam  ecdesiae 
his  addunt,  quod  Deus  naturam  humanam  assumpserit,  monuí  expresse,  me  quid 
dicam  nescire:  imo,  ut  verum  fatear,  non  minus  absurda  mihi  loqui  videntur, 
quam  si  quis  mihi  diceret,  quod  circulus  naturam  quadrati  induerit.  Atque  haec 
sufficere  arbitror  ad  explicandum,  quid  de  tribus  illi^  capitibus  sentiam.  An  eadem 
Christianis,  quos  nosti,  pladtura  sint,  id  tu  melius  scire  poteris.  (Pag.  196.) 

Na  epistola  xxii  deseja  Henrique  ser  informado  acerca  do  fatalismo,  do  qual 
accusam  Spinosa;  falia  também  da  inleiligencia  limitada  do  homem,  da  encarna- 
ção e  redempção  do  filho  de  Deus :  Deinde,  quum  capere  te  nequire  fatearis,  Deum 
reverá  naturam  humanam  assumpsisse,  quaerere  ex  te  fas  sit  quomodo  illa  evan- 
gelii  nostri  et  epistolae  ad  Haebreos  scriptae  locos  intelligas,  quorum  prior  affir- 
mat,  verbum  camem  factum  esse,  posterior,  filium  Dei  non  angelos,  sed  sémen 
Abrahae  assumpsisse.  Et  totius  evangelii  tenor  em  id  inferre  putem,  filium  Dei  uni- 
genitum  Xopv  fqui  et  Deus  et  apud  Deum  eratj  in  natura  humana  se  ostendisse  et 
pro  nobis  peccatoribus  àvríXurpov,  redemptionis  pretium,  passione  et  morte  sua 
exsolvisse.  Quid  de  his  et  similibus  dicendum,  ut  sua  constet  evangelio  et  Christia- 
nae  religioni,  cui  tu  favere  opinor,  veritas,  lubens  edoceri  vellem.  (Pag.  197.) 

Responde  Bento  de  Spinosa,  na  carta  seguinte,  de  que  modo  elle  entende  a 
fatal  necessidade  de  todas  as  cousas  e  acções :  Nam  Deum  nullo  modo  fato  subido, 
sed  omnia  inevitabili  necessitate  ex  Dd  natura  seqtii  concipio  eodem  modo,  ac 
omnes  concipiunt,  ex  ipsius  Dei  natura  sequi,  ut  Deus  se  ipsum  intelligat ;  quod 
sane  nemo  negat  ex  divina  natura  necessário  sequi,  et  tamen  nemo  concipit,  Deum 
fato  aliquo  coactum,  sed  omnino  libere,  tametsi  necessário,  se  ipsum  intelligere. 
(Pag.  198.) 

Miracula  et  ignorantiam  pro  aequipollentibus  sumpsi,  quia  ii,  qui  Dd  exis- 
tentiam  et  religionetn  miraculis  adsteniere  conantur,  rem  obscuram  per  aliam  magis 
obscuram,  et  quam  maxime  ignorant,  ostendere  volunt,  atque  ita  novum  argumen- 
tandi  genus  adferunt,  redigendo  sdlicet  non  ad  impossibile,  ut  aiunl,  sed  ignoran- 
tiam. Ceterum  meam  de  miraculis  sententiam  satis,  ni  fallor,  eocplicui  in  tractatu 
theologico- politico.  Hoc  tantum  hic  addo,  quod  si  a  d  haec  attendas,  quod  sdlicet 
Christus  non  senatui,  nec  Pilato  nec  cuiquam  infidelium,  sed  sanctis  tantummodo 
apparuerit,  et  quod  Deus  neque  dextram  neque  sinistram  habet,  nec  in  loco,  sed 
ubique  secundum  essentiam  sit,  et  qu^d  matéria  ubique  sit  eadem,  et  quod  Deus 
extra  mundum  m  spalio,  quod  fingunt,  imaginário,  sese  non  manifesti,  et  quod 


gp  297 

denique  corporis  hnmani  compag^s  intra  débitos  limites  solo  aéris  pondere  coèr- 
ccantur:  facile  videbis,  hanc  Christi  apparitionem  non  absimilem  esse  illi,  qua  Deus 
Abrahamo  apparuil,  quando  hic  vidit  homines,  quos  ad  secum  prandendum  invita- 
vit.  At  diceSy  apóstolos  omnes  omnino  credidisse,  quod  Christus  a  morte  resurre- 
xerit  et  ad  ccelum  reverá  ascenderit:  quod  ego  non  nego.  Nam  ipse  etiam  Abraha- 
mus  credidit,  quod  Deus  apttd  ipsum  pransus  fuerit,  et  omnes  Israelitae,  quod 
Deus  e  ccelo  igne  circumdatus  ad  montem  Sinai  descenderit  et  cum  iis  immediate 
locutus  fueritj,  quum  tamen  haec  et  plura  alia  hujusmodi  apparitiones  seu  revela- 
lionês  fuerint,  captui  et  opinionibus  eorum  hominum  accommodatae,  quibus  Deus 
mentem  suam  iisdem  revelar e  voluit.  Concludo  itaque,  Christi  a  nwrtuis  resurre- 
ctionem  reverá  spiritualem  et  solis  fidelibus  ad  eorum  captum  revelatam  fuisse, 
nempe  quod  Christus  aeternitate  donatus  fuit  e  a  mortuis  (mortuos  hic  intelligo  eo 
sensu,  quo  Christus  divit :  sinite  mortuos  sepelire  mortuos  suosj,  surrexit,  simu- 
latque  vita  et  mort  singular  is  sanctitatis  exemplum  dedit;  et  eatenus  discipulos  sitos 
a  mortuis  susdtat,  quatenus  ipsi  hoc  vitae  ejus  et  mortis  exemplar  sequuntur.  Nec 
difficile  esset  totam  evangelii  doctrinam  secundum  hac  hypothesin  explicare . . . 

Na  epistola  xxiv  não  se  conforma  Henrique  com  a  opinião  de  Spinosa;  res- 
ponde este,  porém,  na  seguinte,  e  declara  que  acceita  a  paixão,  a  morte  e  sepul- 
tura de  Christo,  mas  que  emquanto  á  resurreição  não  passa  eiia  de  uma  aHegoria. 
(Pag.  203.) 

A  epistola  xxvi  é  de  Simão  de  Vries,  e  versa  sobre  questões  philosophicas, 
á  qual  Spinosa  responde  na  seguinte. 

Na  XXIX  responde  a  Luiz  Meyer  acerca  do  infinito. 

A  XXX  é  dirigida  a  Pedro  Balling  sobre  as  imaginações. 

Na  XXXI  escreve  Guilherme  de  Blyenberg  a  Spinosa  acerca  da  duvidosa  e 
livre  vontade  do  homem  e  do  decreto  eterno  de  Deus. 

Na  seguinte  responde-lhe  Spinosa,  mas  na  xxxiii,  que  é  extensissima,  impu- 
gna Guilherme  a  opinião  de  Spinosa  acerca  do  peccado  por  mera  negação,  e  a 
sua  opinião  acerca  da  Escriptura  Sagrada ;  na  seguinte  apparece  a  resposta  de 
Spinosa. 

Na  XXXV  responde  Guilherme. 

Na  XXXVI,  dirigida  ao  mesmo  Guilherme,  sustenta  Spinosa  que  se  deve  dis- 
putar acerca  de  Deus  e  das  cousas  divinas  de  modo  diflferente,  fallando  com 
philosophos,  d'aquelle  pelo  qual  se  deve  fazer  argumentando  com  theologos. 

As  seguintes  epistolas  versam  todas  sobre  assumptos  theologicos  e  philoso- 
phicos,  mas  a  xliii,  datada  de  1  de  outubro  de  1666,  é  destinada  a  resolver 
um  problema  de  arithmetica,  e  algumas  das  seguintes  á  solução  de  problemas 
de  physica. 

Na  LI  remette  Leibnitz  um  opúsculo  publicado  acerca  de  óptica,  e  deseja 
saber  a  opinião  d'eile,  e  na  seguinte  declara  Spinosa  não  ter  percebido  bem  a 
nova  opinião  de  Leibnitz,  e  pede-lhe  explicações. 

Na  epistola  liii,  aimo  1673,  olíerece  Fabricio  a  Spinosa.  em  nome  do  Eleitor 
Palatino,  o  cargo  de  professor  de  philosophia  na  academia  de  Heidelbcrg,  com 
amplíssima  liberdade  para  philosophar. 

Na  seguinte  agradece  o  phiíosopho,  e  pede  que  o  deixem  pensar. 

Epistola  Lv  Um  anonymo  consulta  o  phiíosopho  acerca  de  apparições,  es- 
pectros e  lemures,  á  qual  responde,  dizendo  não  saber  o  que  sejam  espectros,  e 
que  a  auctoridade  dos  antigos  e  dos  modernos  a  tal  respeito  nada  vale.  Mas  o 


298  SX 

anonymo  replica,  apresentando  diversos  testemunhos  e  argumentos  para  demons- 
trar a  existência  dos  espectros. 

Epistola  LViii,  Haya,  1674,  sobre  a  creação  do  mundo. 

Epistola  Lix,  dirigida  a  Spinosa.  Sobre  os  espectros,  contra  a  opinião  do 
philosopho. 

Este  responde  na  immediata.  Haya,  1674. 

Epistola  Lxi.  Da  variedade  das  opiniões  dos  philosophos,  Resposta  na  se- 
guinte. 

Epistola  Lxiir,  para  persuadir  o  philosopho  a  publicar  livros  philosophicos. 

As  duas  seguintes  versam  sobre  philosophia  e  theologia.  Resposta  na  im- 
mediata. 

Epistola  LXMi.  Pergunta-se  se  os  attributos  de  Deus  são  dois  ou  mais.  Em 
summa,  a  correspondência  seguinte  versa  sobre  o  infinito,  variedade  das  cousas, 
das  novas  invenções  e  acerca  da  refracção. 

Na  epistola  lxxiii  participa  Alberto  Burg  a  Spinosa  que  elle  se  tinha  passado 
para  a  igreja  calholica,  e  aconselhando  o  philosopho  a  fazer  o  mesmo.  Este, 
porém,  na  carta  seguinte,  lamenta  o  procedimento  de  Burg,  e  refuta  os  seus 
argumentos. 

Epistola  Lxxv.  Informa  Spinosa  a  Lamberto  van  Velthuysen,  que  tenciona 
publicar  um  Tratado  theohgico-politico,  iilustrado  com  annotações. 

Tomo  111 : 

Prefacio  i  a  xviii. 

Benedkli  de  Spinosa,  Tractatus  Theologico-politicus  continens  Disserta tioiies 
aliquotj  quibus  ostenditur  libertatem  philosophandi  non  tantum  salva  pietate  et 
reipublkae  pace  posse  concedi,  sed  eandem  nisi  cum.  pace  reipublicae  ipsaque  pie- 
tate tolli  non  posse.  De  pag.  1  a  271. 

Compendium  Grammatices  linguae  hebraeae;  termina  na  pag,  402. 

SPONDE. 

Annales  historiques  de  Don  Sébastien. 

Falia  d'esta  obra  Viltorio  Siri,  no  seu  Mercure,  vol.  i,  pag.  171.  Paris,  1756. 

SPONTONE  (CIRO  ). 

Raggtiaglio  fedele  et  breve  dei  fatto  d' arme  seguito  nelV  Africa  tra  D.  Sebas- 
tiano  Re  di  Portugallo  et  Mulei  AvÂa  Mtduco  per  riporre  ne'  regni  di  Marocco. 
Bologna,  Benacci,  1601,  in-4.*' 

STACKi:  (L.). 

Inez  de  Castro.  Braunschweig,  1883,  5  pag.,  8." 

É  um  ensaio  histórico  acerca  de  Ignez  de  Castro,  com  referencias  a  (Camões. 

STAEL  (MADAME ). 

Traz  uma  biographia  de  Camões,  e  defende-o  do  syncretismo  dos  mythos 
religiosos.  (Na  Biograpine  universelle.  Paris,  Michaud,  1811.) 

«O  prestigio  de  imaginação  que  persuade  a  Corina  que  o  diamante  adverte 
da  traição  é  apoiado  por  uma  tradição  antiga ;  acha-se  esta  tradição  mencionada 
em  uns  versos  hespanhoes  de  um  caracter  verdadeiramente  singular.  O  Príncipe 


ST  299 

Fernando,  portugiiez,  os  dirige  em  uma  tragedia  de  Calderon  ao  Rei  de  Fez,  de 
quem  elie  era  prisioneiro.  Aquelle  Principe  preferiu  morrer  nos  ferros  á  desgraça 
de  ceder  a  urn  Rei  mouro  uma  cidade  christã,  que  o  Rei  Duarte,  seu  irmão,  oífe- 
recia  para  o  resgatar.  O  Rei  mouro,  irritado  d'aquella  repulsa,  fez  soílrer  os  mais 
indignos  tratamentos  ao  nobre  Principe,  o  qual,  para  Itie  tocar  o  coração,  lhe 
recorda  que  a  misericórdia  e  a  generosidade  são  os  verdadeiros  caracteres  do 
supremo  poder,  citando-lhe,  para  isso,  tudo  quanto  ha  de  real  no  universo ;  o 
leão,  o  delphim  e  a  águia,  entre  os  animaes;  e  entre  as  plantas  e  as  pedras  pro- 
cura também  todos  os  indícios  de  bondade  natural,  que  se  atlribue  áquellas  que 
parecem  domitiar  sobre  as  outras;  é  então  que  faz  menção  do  diamante,  que, 
sabendo  resistir  ao  ferro,  se  parte  por  si  mesmo  e  se  faz  em  pó,  para  adveitir 
aquelle  que  o  traz  comsigo  da  traição  que  o  ameaça.  Não  se  pôde  saber  se  esta 
maneira  de  considerar  a  natureza  em  relação  com  os  sentimentos  e  com  o  des- 
tino humano  é  malhematicamente  verdadeira,  mas  o  que  é  certo  é  que  ella  agrada 
sempre  á  imaginação,  e  que  a  poesia  em  geral,  e  os  poetas  hespanhoes  em  parti- 
cular, d'ella  liram  grandes  bellezas. 

«Calderon  não  me  é  conhecido  seíiSo  pela  traducçâo  em  allemão  de  Augusto 
Wilhelm  Schiegel;  porém  toda  a  gente  enj  Allemanha  sabe  que  este  escripor,  um 
dos  primeiros  poetas  do  seu  paiz,  achou  também  o  meio  de  transportar  para  a 
sua  lingua,  com  a  mais  rara  perfeição,  as  bellezas  poéticas  dos  hespanhoes,  dos 
italianos,  dos  inglezes  e  dos  portuguezes. 

«Póde-se  formar  uma  idéa  viva  do  original,  qualquer  que  seja,  quando  se  lé 
em  uma  traducçâo  feita  d'aquelle  moào. »—  (Corinna  ou  a  Itália,  traduzida  por. 
D.  F.  de  P.  P.  C.  Lisboa,  18.34,  tomo  ni,  pag.  274.) 

STAFFELDT  (SCUAK ). 

Em  uma  collecção  de  poesias  dinamarquezas  que  tem  por  titulo:  Nye  Digte 
af  Schack  Stafeldt.  Kiel,  i  den  academiske  Boghandling,  1808,  1  vol.  in-8.° 
A  pag.  175  vem  um  poemeto  intitulado :  Camões,  em  versos  de  ditierenles  me- 
didas, e  a  modo  dramático,  sendo  interlocutores  Camões,  um  frade,  o  escravo 
Jau  e  vozes  de  anjos.  Contém  24  pag. 

STAFFOUD  ou  LEE  (IGNACIO ).— Jesuita,  natural  de  Statlord- 

shire;  entrou  para  a  Companhia  de  Jesus,  na  Hespanha,  no  anno  de  1618,  com 
dezenove  annos  de  idade.  Ensinou  mathematicas  em  Lisboa,  e  mais  tarde  acom- 
panhou, na  qualidade  de  confessor,  ao  marquez  de  Monte  Albano,  nomeado  vice- 
rei  do  Brazil.  Morreu  em  Lisboa  no  anno  de  1642. 

Historia  de  la  celestial  vocation,  missiones  apostólicas  y  gloriosa  muerte  dei 
Padre  Marcelo  Franco  Mastrdi,  hijo  dei  Marquês  de  S.  Marsana,  Indiatico  felicis- 

úmo  de  la  Compania  de  Jesus.  A  António  Telles  da  Silva.  Por  el  P.    .  In- 4.°, 

136  pag.,  afora  a  epistola  dedicatória.  No  íim:  Em  Lisboa,  por  António  Alvarez, 
ano  de  1639,  com  unia  estampa  representando  o  supplicio  do  P.  Mastrili,  mar- 
tyrisado  no  Japão  em  1637. 

Istoria  delia  celeste  vocatione,  missioni  apostoliche  et  gloriosa  morte  dei  P. 
Marcello  Francesco  Mastrili  Indiano  felicissimo  delia  medesima  Compagnia,  in 
lingua  Castigliana,  e  dedicaia  ai  Sig.  António  Telles  da  Silva,  hora  transportata 
in  Italiano,  et  dedicata  aW  Illustrissimo  Sig.  Cario  Brancaccio.  In  Viterbo,  appresso 
Bernardino  Diotallevi,  1642,  in  4*',  94  pag. 


300  ST 

Histoire  de  la  miraculeuse  giiérison,  celeste  vocatioa,  missions  apostoliques  et 
iflorieiise  mort  du  Père  Mareei  François  Mastrilli,  de  la  Compagnie  de  Jéms,  fils 
(hl  marquis  de  S.  Marmno,  composée  en  espagnol  par  le  R.  P.  Ignace  Stafford, 
de  la  Compagnie  de  Jesus,  et  mise  en  françois  par  le  R.  P.  Laurent  Chiffletj  de  la 
mesme  Compagnie.  A  Douay,  chez  la  Vefve  Baltazar  Bellere,  1640,  in-8.°,  148  pag. 

STANLEY  (LORD  )  OF  ALDERLEY. 

Barbosa.  Coasts  of  East  Africa  and  Malabar ,  translated  by .  1865. 

Magellan's  first  voyage  round  the  W^orld,  from  Pigafetta  and  others  by . 

1874. 

STAVORINUS  (J.  S.).—  Chef  d'escadre  de  le  Republique  Batave. 

Voyage  par  le  Cap  de  Bonne  Esperance  et  Batavia,  a  Samarang,  a  Macassar, 

a  Amboine,  et  a  Surate,  en  1774,  1775,  1776,  1777  et  1778,  par .  Traduit 

du  HoUandois.  Omè  de  Cartes  et  de  figures.  A  Paris,  chez  H.  J.  Jansen.  An  vii  de 
la  Bépublique  Française.  1.°  vol.,  386  pag.;  2.»,  361. 

N'esta  obra  encontram- se  muitas  noticias  relativas  aos  porluguezes  e  seus 
feitos  nas  partes  orientaes. 

STEENACKERS. 

Louis  de  Camoens,  lá  Renaissance  et  les  Lusiades.  Paris. 

8TELZER. 

Vue  du  palais  du  Roi  de  Portugal  à  Lisbomie,  du  cóté  de  la  mer.  J.  J  Stelzer 
SC.  J.  B.  Probst.  excudit.  Vue  à  rebour  colorié,  montrant  le  palays  royal  et  une 
partie  de  la  ville.  0'»,28  xO^.41. 

STENGEL  (EDMIJND ).— Pistincto  romanista  allemão. 

No  supplemento  ao  Allgemeine  Zeilung,  de  30  de  janeiro  de  1873,  descreve 
do  modo  o  mais  lisonjeiro  o  movimento  da  litteratura  em  Portugal. 

STEPHENS  (H.). 

Portugal.  London. 

8TEVENS  (JOUIV ). 

The  ancient  and  present  State  o f  Portugal.  London,  1705. 

A  new  collection  of  voyages  and  traveis,  into  severalparts  of  the  world,  none 
of  them  everfore  printed  in  English.  Containing:  i.  The  description  of  the  Molucco 
and  Philippine  Islands,  by  L  de  Argensola.  ii.  A  new  Account  of  Carolina,  by 
Mr.  Lawson.  iii.  The  traveis  of  the  Jesuits  in  Ethiopia.  iv.  The  traveis  of  P.  de 
Ciei'a  in  Peru.  v.  The  caplivity  of  the  sieur  Mouette  in  Fez  and  Moroco,  &.  Lon- 
don, J.  Knaplon,  1711.  7  partes  em  2  vol.,  com  mappas  e  estampas. 

STEVENS  (TI10MA8 )• 

A  letter  writen  from  Goa,  the  principall  city  of  ali  the  East  Indie»,  by  one- 
and  sent  to  his  father  M.  Thomas  Stevens ;  anno  1579. 

Esta  carta,  escripla  em  inglez  antigo,  e  relativa  á  nossa  íioa,  íoi  pelo  sr.  Ger- 


ST  =«>i 

soa  lia  Cunha  publicada  hui  os  n.""  23  e  24  do  jornal  Institulo  Vasco  da  Gama, 
Nova  Goa,  1873 

O  sr.  Gpison  assevera  que  o  P.  Estevão  era  natural  de  Wiltshire,  na  Ingla- 
terra, e  nilo  de  Londres*. 

STIEU  (H.  C.  G.). 

Vasco  da  Gama's,  zeveite.  Reise,  1502-1503.  in-8." 

STIMIJLUS  pastorum  a  D.  Barlholommo  Martyrihns.  Francopoii,  1765. 

STOCK  (LE  BAttON ). 

Leu  matinées  espagnoles.  Nouvelle  revue  internntionale,  européemip,  anecdoti- 
que,  artistiqiie,  politique  et  littéraire.  Avec  la  coUaboration  des  principaux  écri- 
vains  contemporains. 

Entre  os  collaboradores  vêem-se  os  seguintes  nomes  portuguezes:  Joaquim 
de  Araújo,  Theophilo  Braga,  Visconde  de  Benalcanfor,  Christovão  Ayres,  Pinheiro 
Chagas,  Eça  de  Queiroz,  Júlio  César  Machado,  Rodrigues  e  Lourenço  Pinto. 

O  primeiro  numero  (janeiro  de  1883),  traz  um  soffrivel  retrato  lithogra- 
phado  de  El-Rei  D.  Luiz,  com  um  pequeno  artigo  biographico.  N'elle  se  lê  também 
um  artigo  de  Maria  Letizia  de  Rute  (Princeza  de  Solms,  Madame  Rattazzi),  ana- 
lysando  o  romance  de  Eça  de  Queiroz :  O  Primo  Basilio  ^. 

Parle,  pelo  menos,  do  Primo  Basilio,  foi  estampada  nas  Matinées  espagnoles. 

Barão  Stock  é  o  pseudonymo  de  madame  Rattazzi,  fundadora  da  nova  re- 
vesta. 

STOCKDALE  (J.  J.). 

Proceed  on  the  enquiry  into  the  armistice  and  convention  of  Cintra.  London, 
1809.  With  five  milifary  plans. 

New  military  of  Spain  and  Portugal. 

Nairative  of  the  Campain,  wich  preceded  the  convention  of  Cintra.  London, 
1809.  With  maps. 

Traveis  of  the  duc  of  Chatelet  in  Portugal,  the  manuscript  revised  hy  .J.  Fr. 
Bourgoing,  translated  from  the  french,  hy .  London,  1809,  in-8.*» 

STORCK  (WILHELM  ). 

Camôens  in  Deutschland.  Bibliographische  Beitrãge  zur  Gedãchtnissfeier  des 
Lusiaden  sangers.  Kolozsvar,  1879,  in  16."  gr.,  de  45  pag. 

Luís  de  Camoens.  Sãmmtliche  Gedichte.  Zuni  ersten  Male  deutsch  von . 

Dritter  Band.  Buch  dei'  Elegueen,  Sestinen,  Oden  and  Octaven.  Paderhorn.  Druck 
und  Verlag  von  Ferdinand  Schôning,  1881,  8.«,  xvi-434  pag. 


'  Ce  fut  au  letoiíi  do  Slephens  que  Ics  anglais,  compiftnnanl  par  ses  récits  et  ses  observations 
combien  ils  avaient  négiigé  leiírs  avanlages,  depois  que  le  Portugal  accumulait  des  Irésors  auxqncls 
toules  les  nations  de  lEurope  avaient  leà  raêmes  droits  d'aspirer,  sinflammèrent  des  deux  puissanies 
passioDS  de  Tinlérêt  et  de  la  aloire,  et  pretendirent  à  des  biens  donl  on  ne  pouvait  da  moins  leur  ráfuser 
ie  partage.  (Baron  Walcknaer) 

*  O  oecidente,  i  de  março  de  1883,  pag.  56. 


m  SU 

STOI\Y  (THI-:  AFFECTING)  of  Lionel  and  Arahella,  who  first  discovered 
Madeira.  Added  lhe  dangerous  voyage  of  J.  Gonsalvo  Zarco  to  Madeira.  From  lhe 
Portuguese.  London,  1756. 

STOTiiEirr. 

Narrative  of  the  principal  events  of  the  Campayns  of  1809,  1810  et  1811,  in 
Spain  and  Portugal.  London,  1812. 

STIIADIOTTI  (CAKLOS  ). 

La  galleria  delle  virtú  di  S.  Franceseo  Saverio,  Apostolo  delV  Indie,  aper^ta 
alti  di  lui  divoti,  per  imitarlo,  e  dedicata  alia  Congregazione  de'  Signori  Cavalieri 
nella  Casa  de'  Professi  delia  Compagnia  di  Gesú  di  Napoli.  Napoli,  nella  slampa 
di  Miehele  Luigi  Mutio,  1715,  in-12.° 

SUARCE  (COLONEL  BARON  DE  ). 

Journal  de  Verpédition  des  Algarves,  sous  U  commandement  du  marechal  duc 

de  Terceira,  Année  1833.  Par  le .  Paris,  Baehelier,  imprimeur-libraire,  Quai 

des  Augustins,  n.°  55.  1834.  8."  grande,  ii-69  pag. 

«A  ultima  guerra  de  Portugal  abunda  em  lanços  de  dedicação  e  de  coragem; 
tem  ella  seus  heroes  e  seus  bellos  dias.  Todavia  a  honra  de  ter  levado  esta  glo- 
riosa empreza  a  bom  êxito,  pertence,  em  grande  parte,  ao  Imperador  D.  Pedro, 
cuja  brilhante  bravura  e  nobre  firmeza  de  caracter  nem  sequer  por  um  só  instante 
se  desmentiram. 

«Uma  penna  portugueza  ha  de  pintar,  sem  duvida,  as  misérias  e  os  prodí- 
gios do  cerco  do  Porto,  e  ha  de  celebrar  os  memoráveis  combates  de  Vallongo, 
nos  dias  29  de  setembro,  24  de  janeiro,  5  e  25  de  julho,  10  de  outubro  e  18  de 
fevereiro.» 

A  tarefa  que  o  auctor  d'este  diário  a  si  mesmo  impõe,  é  a  de  fazer  conhe- 
cer a  expedição  dos  Algarves,  debaixo  do  commando  do  duque  da  Terceira. 

8UAREZ  (JUAN ).— Natural  de  esta  Corte;  dei  Sagrado  Orden  de 

los  mínimos  de  S.  Francisco  de  Paula,  lector  jubilado  en  S.  Theologia,  y  actual 
de  Sagrada  Escriptura  y  Theologia  Moral  de  la  Província  de  Sevilla. 

Elogios  fúnebres  de  la  Serenissima  Magestad  de  nuestro  muy  Catholico,  muy 
alto  y  muy  poderoso  S.  D.  Manuel,  única  deste  nombre  de  gloriosa  memoria,  fíey 
de  Portugal,  Principe  Jurado  de  Castilla,  Primer  Conquistador  de  la  índia  Orien- 
tal, dei  Brasil  y  sus  Beynos,  nuebo  Mundo,  Occidental,  de  uno  y  otro  glorioso  mo- 
narcha.  Propagador  de  la  Fé  Catholica  en  ellos,  açote  de  Meros  en  la  Africa, 
siempre  triumphante  dei  Turco  en  la  Ásia,  Gran  Padre  de  Pobres;  Espejo  de 
Principes.  Patrono  y  hermano  de  la  Real  Mesa  de  la  Miseincordia  desta  Corte. 
Dixolos  en  su  Real  Casa  de  la  S.  Misericórdia,  el  dia  de  S.  Luzia,  en  sus  annua- 

les  Exéquias  el  P.  F. ■.  Dedicolo  a  la  S.  Misericórdia  desta  Corte.  Por  Diogo 

Soares  de  Bulhoens.  Anno  de  1670,  4.*»,  38  pag. 

SUB  INGRESSUM  Excellentissimi  Comitis  Cubiliarchi  Domini  Dom.  Joan- 
nis  Saa  Menesii  Extraordinarii  Lusitaniae  Regis  ad  Parlamentum  Angliae  Legati 
Angli  Anonymi  Schediasma.  Londini.  Impensis  Stephan.  Bowtell.  Bibliopolae  in 
viço  vulgo  dicto  Popes-Head-Alley,  1652,  8.°  grande,  H  pag. 

Ha  um  exemplar  d'este  opúsculo  na  bibliotheca  nacional  de  Lisboa. 


SU  303 

SUCCE8S1  (GLI)  (Mia  presa  delia  Goletta  con  altre  particularità  de' pro- 
fjressi  dello  esercito  et  aiinata  Cesárea  insino  alli  XIX  di  luglio.  1535.  Et  anche  la 
presa  de  Tunice.  No  fim :  Data  in  Tnnisi.  Die.  XXVI  luglio.  1535. 

V.  a  respeito  d'eslH  obra  o  vol.  ii  do  Supplènent  au  Manuel  de  Brunetj, 
pag.  702. 

Faz-se  menção  d'esle  opúsculo,  porque  os  portuguezes  tomaram  parle  não 
pequena  na  referida  expedição.  V.  Cienfuegos,  Vida  de  S.  Francisco  de  Borja. 

SUCCESSO  do  segtmdo  cerco  de  Diu,  estando  Dom  Joham  Mascarenhas  por 
capitam  da  fortaleza.  Ano  de  1546.  {  vol.  in-4.''  É  muito  raro. 

SUETVO  dei  General  Stanhope  en  la  imaginaria  Conquista  de  Espana  con 
las  heréticas  armas  de  Inglaterra.  Romance  heroyco. 
Guerra  da  acciamação. 
Existe  um  exemplar  na  bibliotheca  nacional  de  Lisboa. 

SUE]\OS  AY^  que  &on  verdades  y  D.  Phelippe  Ven  Estremadura.  Comedia 
Nueva.  Impresso  em  Lisboa,  8.",  24  pag.,  em  verso. 

São  protogonistas  d'esla  peça,  entre  outros,  D.  Pedro  II,  Rei  de  Portugal, 
D.  Vasco  Figueira,  portuguez,  e  D.  Mendo  Dupraga,  portuguez. 

SUITE  du  Recueil  des  décrets  apostoliques  et  des  ordonances  du  Roi  de  Por- 
tugal au  sujei  des  crimes  commis  par  les  religieux  de  la  Compagnie  dite  de  Jesus 
dans  le  royaume  de  Portugal  et  ses  dépendances.  3  partes. 

SULZEU  (JOH.  GEORG ). 

Allgemeine  Theorie  der  Schônen  Kiinste  in  einzelnen  nach  alphabetischer  Ord- 
dnung  der  Kunstwôrter  auf  einander  folgenden  Artikeln  abgehandelt.  Neue  verm.  2. 
Anfl.  Leipzig,  1792  a  1794 

Vol.  lí :  pag.  546  a  547.  Heldengedichte  in  portugiesischer  SprarAe^  Luis  de 
Camoens.  Vol.  iv:  pag.  168.  Spanische  n.  portugiesische  Satire.  (Camoens.) 

SUMMAIIIO  delle  cose  successe  à  Don  Giovan  di  Castro^  Gou£rnator  dei 
stato  delia  índia  pel  U  potentíssimo  Re  di  Portugallo,  tanto  nelle  guerre  contra  lo 
Idalcaon  Signore  delia  terra  [erma  qual  é  presso  alia  Città  di  Guoa,  come  anche 
principalmente  nella  uittoria  che  Iiebbe  rõpendo  V esercito  dei  Re  di  Cabaia  qual 
teneua  assediata  la  fortalezza  delia  Città  de  Dio,  oue  era  per  Capitanio  di  <?s.so 
don  Giuan  Mascharenhas,  &c.  Stampalo  in  Roma,  per  António  lilado,  1549,  in-4." 
pequeno,  20  folhas. 

SUMMARIO  di  documenti  autentici  citati  nel  Supplementi  alie  Reflessioni  e 
ai  appendice  de  Portoghesi.  Génova,  1760,  4.°,  1  vol.,  136  pag. 

SUPPLÉMEiVT  au^  Refléxions  sur  le  Desastre  de  Lisbonne,  1757. 

SURABAYA.—  (Na  Java.) 

«A  propósito  da  palavra  karrossa,  corrupção  evidente  de  carroça,  em  por- 
tuguez, aproveitarei  a  occasião  para  fazer  notar  que  vi,  e  não  sei  descrever  com 


304  SY 

que  seiítiiiíeiitos,  que  muitíssimas  palavras  da  nossa  iiugua  ainda  hoje  as  conser- 
vam adoptadas  na  sua,  desde  os  antigos  tempos  em  que  Portugal  dominava 
n'aquellas  paragens,  pois,  com  effeito,  eu  lhes  ouvia  pronunciar  vocábulos  per- 
feitamente portuguezes,  taes  como  :  manteiga^  sapato,  garfo,  etc. 

«Não  é  isto  para  admirar,  porque  do  mesmo  modo  ainda  hoje  na  China, 
Malaca  e  nas  índias,  como  depois  verifiquei,  grande  numero  de  individuos  entre 
aquelles  povos  não  só  comprehendem  a  nossa  língua,  mas  até  se  ufanam  de  serem 
nossos  compatriotas,  dízendo-se  descendentes  dos  nossos  antepassados,  e  mos- 
trando, para  o  provar,  as  igrejas  catholícas,  que  ainda  conservam  em  alguns 
pontos,  e  os  innumeraveis  padrões  da  gloria  que  Portugal  alli  adquirira  nos 
tempos  do  nosso  poderio  ^» 

SURIAGY  A]\ÀUDA  RAU. 

Grammatica  da  língua  maralha  explicada  em  língua  portugueza.  Nova  Goa, 
1875. 

8URVEY  Statístical  and  geographical  of  Spaín  and  of  Portugal.  London, 
1808. 

SlJTriVER-EUEIV  WIN  (DR.  HERMANN  VOIV ). 

Camões  ein  phíbsophischer  Dichter,  dargestells  nach  seinen  Lusiaden.  Wien, 
1883,  in-16.« 

SWAIJVSON  (MR.). 

Carta  de ,  de  Liverpool,  escrita  ao  professor  Jameson,  d' Edimburgo,  em 

que  lhe  dá  relação  da  viagem  que  fez  pelo  Brazil  em  1817  e  1818. 

Foi  publicada  em  portuguez  a  pag.  218,  etc,  do  Ramalhete,  vol.  i. 

SWIIVDELLS  (RUPERT ). 

A  mmmer  trip  to  the  Island  of  Saint  Michael  the  Azores.  With  map  and  íllus' 
trations.  Manchester,  printed  for  private  circulation.  1887,  8.°,  de  viii-172  pag. 

SYLVA  (P.  D.  JOSÉ  FRANCISCO  DA ).— Clérigo  Regular,  e  Lei- 
tor, que  foi,  de  Filosophia  e  de  Theologia  na  Universidade  de  Salamanca 2. 

Novena  e  breve  compendio  da  vida  do  glorioso  Santo  André  Avellino,  Clérigo 
Regular,  particular  advogado  para  feridas,  partos  perigosos  e  pessoas  morilmndas. 
List)oa,  1723,  in-lô.»  de  86  pag. 

8YNCHAR1STICON  Amoris  Império  inauguratae  Mariae  Annae,  Archi- 
ducis  Austriae  Joanni  V  Lusitaniae  Regi  nuptiali  foedere  illigatae,  ah  Universitate 
Vimn.  Viennae,  typis  Gosnierovii,  1708,  in-fol. 


*  Francisco  Travassos  Valdez,  Da  Oceania  a  Lisboa,  Rio  áe  Janeiro,  1866,  pag.  158. 

*  D.  Thomaz  Caetano  df  Bem,  Vida  de  Santo  André  Avelino  (no  prologo). 


«Monsieur.— Vous  avcz  fait  une  (puvrenoble,  ulilopl  vnie.  Volre 
Iravail  siir  la  race  latine  ost  excellent.  Au  momenl  ou  le  nortl  ohcr- 
che  à  terrasser  Io  midi,  il  faut  que  le  midi  se  sonlève  avec  loutfts 
ses  forces ;  les  homnies  comme  vous  sont  les  combatants  aujourd'hui 
et  seronl  des  vaioqueurs  dcmain  » 

Victor  Hugo  ao  sr.  Júlio  de  Vilhena,  a  respeito  das  Raças  histo- 
ricax  da  península  ibérica,  obra  d'este  ultimo  oscriptor. 


T.  (A.). 

History  of  the  Azores  or  Western  Islands ;  containing  an  account  of  the  go- 
vernment  laws,  and  reUgiov,  the  manners,  ceremonies  anã  charactei'  of  the  inha- 
hitants  and  demonstrating  the  importance  of  these  vahiable  islands  to  the  Brittsh 
empire.  Hlustrated  by  maps  and  other  engravings.  London,  1813,  4.^  1  vol.  de 
viii-v-310  pag. 

TABAQUAT  I  AKBART,  Historia  do  Mogol 

Contém '  algumas,  posto  que  poucas,  referencias  aos  portuguezes,  incluindo 
a  narrativa  da  morte  do  Rei  de  Badur.  Refere  se  também  á  construcção  da  for- 
taleza de  Surrate,  que  foi  feita  para  obstar  ás  suppostas  depredações  dos  portu- 
guezes. 

TABLEAUX  de  Lisbonne  en  1796  fpar  CarrièreJ ;  suivi  de  lettres  écrites 
de  Portugal  svr  1'état  ancien  et  actuei  de  ce  royaume.  Traduit  de  1'anglais  (de 
Miss  Philadelphie  Stephens),  par  Jansen.  Paris,  1797,  8.* 

TABLETTES  chronologiques  et  historiqties  des  róis  de  Portugal  jusqu'à 
1'année  1116.  Haye,  1761. 


'  Tolbort,  Auctoridades  para  a  historia  dos  porlngnezcs  na  índia.  No  Instituto  Vasco  da  Gama. 
Nova  Goa,  1874,  pag.  18G. 

20 


306  TA 

TAGEMANN  (C.  T.  ). 

Das  Leben  Sebastian  J.  C.  und  Melo  von .  1782,  2  voL,  8.» 

TALASSI  (ANGELO ).— Poete  au  service  de  S.  A.  R.  le  Prinee  du 

Brésil,  Régent  du  Portugal. 

A  Sa  Majesté  Impériale  Alexandre  premier,  empereiír  de  toutes  les  Biíssies, 
1'auguste,  le  'pieux,  le  vainqueur.  Ode  pindarique.  A  Lisbonne,  dans  Tlmprimerie 
Royale,  en  1813. 

UOlmo  abbatuto.  Poema  di .  Dedicato  a  Sua  Altezza  Beale  Don  Gio- 

vanni.  Príncipe  dei  Brasile.  Lisbona,  nella  stamperia  di  António  Rodrigues  Ga- 
Ifiardo,  i79o,  8.°,  453  pag. 

Per  il  felicíssimo  primo  parto  di  Sua  Altezza  Reale  la  Signora  Donna  Car- 
lota Gioacchina,  Infanta  di  Spagna,  Príncipessa  dei  Brasile j  Sc.  Lisbona,  nella 
Stamperia  Reale,  1793. 

TAMS  (G). 

Portug.  Besitzungen  in  Súdwest  Africa.  M.  Voriv.  Ritter,  1845. 

visit  to  the  poiiuguese  possessíons  in  S.  W.  Africa.  Translated  by  Lloyd. 

London,  1845. 

TAPROBANE  Insule  \  Orientalis  Ethiopie  acquisitio  \  Et  potentissimi  inibi 
Regis  iex  alijs  regibus  imperantis  Sub  |  ingatio  \  navalisq  \  belli  victoriosa  cum 
sarracenis  propu  \  gnatio:  ac  alia  gloriosa ^  per  Porlugalen  noviter  de  Anno  \  Do- 
mini  Millessimo  quingentessimo  septimo  gesta. 

No  fim:  Ex  oppido  Abrantes:  XXV septembris.  m.d.vii,  em  golhico,  4.<'  pe- 
queno, 4  folhas. 

«Este  folheto  raro  trata  da  expedição  de  Lourenço  de  Almeida  contra  a 
ilha  de  Ceylão.  É  elevado  ao  preço  excessivo  de  250  francos  n'um  recente  cata- 
logo de  Mr.  Tross  ^» 

TA  SSI-YANG-KUO, 

Semanário  macaense  de  interesses  públicos,  locaeSj  litterario  e  noticioso. 
N.°*  1  a  52.  Outubro  de  1863  a  setembro  de  1864.  Macau,  foi. 

TAVERNIER  (J.  B.).— Écuyer,  baron  d'Aubone. 

Les  six  voyages  de en  Turquie,  en  Perse  et  aux  Indes,  pendant  Vespace 

de  quarante  ans,  et  par  toutes  les  routes  que  Von  peut  tenir.  Suivant  la  copie,  im- 
primée  à  Paris  (Holl.  Elzev.J.  1670,  12.°,  3  vol. 

O  tomo  III  traz :  Uma  noticia  do  Japão,  e  da  causa  da  perseguição  dos  chris- 
tãos  em  suas  ilhas,  etc. 

Becueil  de  plusieurs  relations  et  traités  singuliers  et  curieux,  divisée  en  cinq 
parties.  Paris,  chez  Gervais  Clouzier,  1679,  4." 

«A  diílieuldade  que  ha  de  peneirar  no  Japão  faz  com  que  nós,  alem  do  que 
escrevem  os  hollandezes  nas  suas  relações,  nada  saibamos.  Estes  são  os  únicos 
povos  que  toem  a  permissão  de  irem  commerciar  n'aquellas  ilhas,  que  os  porlu- 


Deschamps  el  G.  Braoet  Siipplément  au  Manuel  du  lihraire,  de  Ijrunel,  vol.  ii,  pag.  727. 


TE  307 

guezes  descobriram  em  1542,  até  que  imi  miserável  cozinheiro  de  um  navio,  que 
de  Amsterdam  navegava  para  as  índias,  tendo  subido  ató  ao  cargo  de  presidente 
tia  feitoria  do  Japão,  teve  a  phanlasia  de  excluir  os  portuguezes  d'este  commer- 
cio,  pois  inventou  para  tal  fim  calumnias  tão  negras  contra  elles  e  contra  os 
christcãos  d'este  paiz  em  geral,  que  o  imperador  do  Japão  se  resolveu  a  expulsar 
os  primeiros  e  a  exterminar  os  outros,  cujo  numero,  que  augmentava  todos  os 
dias  n'este  império,  tinha  subido  até  alem  de  quarenta  mil. 

«É  o  que  Mr.  Tavernier  descreve  na  primeira  das  cinco  partes  que  compõem 
este  volume. 

«A  segunda  é  uma  relação  do  que  se  passou  em  a  negociação  dos  deputados 
que  estiveram  na  Pérsia  e  nas  índias,  tanto  da  parte  do  rei,  como  da  companhia 
franceza,  para  o  estabelecimento  do  commercio. 

«Finalmente,  a  ultima  parte  é  a  historia  do  procedimento  dos  hollandezes  na 
Ásia.» 

TEILLAIS  (C.  DE  LA  ). 

Etude  hisiorique,  économique  et  politique  sur  les  colonies  portugaiseSj  leur 
passéj,  leur  avenir,  d'après  les  décrets  de  novemhre  et  décemhre  1869.  Paris,  Impri- 
merie  administrative  de  Paul  Dupont,  1870,  277  pag. 

TEIXEIRA  (MANUEL ).— Natural  de  Bragança.  Foi  ás  índias  em 

1551.  Foi  reitor  dos  collegios  de  Cocliim  e  de  Baçaim;  provincial  em  1573. 
Acompanhou  mais  tarde  uma  embaixada  á  Cliina.  Morreu  em  Goa  em  1590,  com 
eincoenla  e  dois  annos  de  idade. 

Carta  aos  padres  da  Europa,  escripta  de  Goa  em  25  de  dezembro  de  1560. 
Foi  vertida  para  latim  nas  Epist.  da  índia.  Lovanii,  1569;  ibid.  1570.  Vertida 
piira  italiano.  Venga,  1562,  8." 

Carta  aos  padres  da  Europa,  escripta  de  Baçaim  em  1  de  dezembro  de  1561. 
Vertida  para  italiano.  Venetia,  1562. 

Carta  aos  irmãos  da  Companhia  de  Goa,  escripta  do  porto  de  Cantão  em 
1564.  Vertida  para  hespanhol.  Alcalá,  1575,  4.® 

Carta  escripta  ao  P.  Geral  em  2  de  janeiro  de  1569.  Vertida  para  italiano, 
Roma,  Bladio,  1570,  8.« 

TEMPESTA  (ANTÓNIO  ). 

Vita  di  Santo  António.  Roma,  1597,  foi. 

É  dedicada  ao  cardeal  Cinthio,  e  diz-nos  Descliamps,  a  pag.  735  do  vol.  ii 
do  Supplemento  ao  Manual  de  Brunet,  ser  muito  rara. 

TENAC  (VAN ). 

Histoire  générale  de  la  marine,  comprenant  les  naufrages  célebres,  les  voyages 
autour  du  monde,  les  découvertes  et  colonisations,  Vhistoire  des  pirates,  corsaires, 
et  négriers,  exploits  des  marins  illustres,  voyages  dans  les  mers  glaciales,  guerres  et 
batailles  navales  jusqu'au  bombardement  de  Tanger  et  la  prise  de  Mogador,  par  le 

Prince  de  Joinville.  Édition  splendidement  illusirée.  Publiée  sous  la  direction  de . 

Paris,  Eugène  et  Victor  Penaud,  éditeurs.  8.°  gr.,  4  vol. 

Esta  obra  apresenta  baslantes  noticias  relativas  aos  feitos  da  marinha  portu- 
gueza. 


308  XH 

TERCEUA.  jornada  de  la  comedia  (^Al  freir  de  los  huevos». 
Figura  n'ellca  um  portuguez,  e  é  relativa  á  guerra  da  acclamação. 

TESSIKR  (JULES ).  — Professeur  suppléant  k  la  faculte  de  letlres 

de  Caen. 

Le  Chevalier  de  Gani.  Relations  de  la.  France  avec  le  Portugal  au  tejnps  de. 
Mazaritij  par .  Paris,  librairie  Sandoz  et  Fischbacher,  1877. 

«O  chevalier  de  Gant  teve  muitas  occasiões  de  fallar  com  Luiza  de  Gusmão 
sobre  a  politica  de  Portugal  e  de  França.  Em  uma  memoria,  dirigida  pelo  em- 
baixador franeez  a  Mazarini  sobre  as  entrevistas  que  tivera  com  a  rainha  em 
1655,  lê-se  o  seguinte: 

«A  Son  Eminence  —  Monseigneur.  -  Si  les  grandes  qualités  de  la  reine  de 
Portugal  n'ostoient  cognues  de  Votre  Eminence  ainsy  que  de  toute  la  France,  il 
luy  seroit  difíicile  de  se  persuader  qu*une  femme  peust  estre  esclairée  au  point 
que  Test  cette  princesse,  et  que  ce  qui  est  en  elle  de  naturel  et  d'aequis  se  ren- 
contre  au  degré  d'elevation  ou  son  esprit  la  porte;  son  raisonnement  est  fort 
solide,  son  discours  poly  et  sa  parolle  aceompagnée  de  tant  de  graces  qu'il  y  a 
eu  d'admiier  qu'il  s'y  puisse  trouver  tant  de  douceur,  et  de  fermeté  et  de  resolu- 
tion.  Les  langues  latine  et  italienne  luy  sont  aussy  communes  que  le  eastillan  et 
le  portugais. . .»'. 

É  obra  importante,  e  que  deve  ser  lida  por  aquelles  que  desejarem  estudar 
a  fundo  o  reinado  de  D.  João  IV. 

TESTAMENTO  politico  dei  marchese  de  Pombal  o  sieno  ultimo  istruzioni 
ai  conte  d' Oeiras  suo  figlio  trovate  ira  i  suoi  manoscripto.  Itália,  1782,  8.» 

Vem  mencionada  esta  obra  nos  Narcóticos,  de  Camillo  Gastello  Branco, 
vol.  II,  pag.  44. 

THECO  (IVICOL4ISE ). 

Historia  Provinciae  Parauariae,  Societatis  Jesu. 

Dizem  ser  um  livro  raríssimo,  e  o  qual  apparece  citado  a  pag.  xxii  da  obra, 
Relation  des  missions  du  Paraguay,  traduite  de  1'italien  de  M.  Muratori.  Pai'is, 
1757. 

"Os  historiadores  do  Paraguay  citam-no  debaixo  do  nome  hespanholado  de 
Del  Techo^.»  * 

THERY  (WILIIELM  VOIV  ). 

Camoens,  traverspiel  funf  acten  von .  Bareulh,  1832. 

TUEVENOT  (MELCmSEDECU ). 

Relations  de  divers  voyages  curieux  qui  nont  point  este  publiées  &  qu'on  a 
traduit  ou  tire  des  originaux  des  Voyageurs  Francois,  Espagnols,  Allemands,  Por- 


Francisco  da  Fonseca  Benevidos,  Rainhas  de  Portugal,  vol.  ir,  pag.  79. 

Deschamps  el  G.  Burnel,  Supplement  au  Manuel  du  lihraire  de  Brunei,  vol.  ii,  pag.  734. 


tiigais,  AngloiSj  HoUanâois,  Pevsans,  Árabes  &  aiUres  Orientaux,  données  au  pu- 

blic  par  des  soins  de  [eu  M. .  Le  tout  enrichi  de  figures  de  plantes  non  décrilesy 

d'animaiix  inconyins  ã  VEurope,  &  de  Cartes  Géographiques,  qiii  n'ont  point  encore 
este  puhliées.  Noiwelle  édition  augmentée  de  plusieurs  relations  mrieiíses.  A  Paris, 
cliez  Tliomas  Moette,  1696,  foi.,  2  tomes. 

N'esta  obra,  que  é  muito  elogiada  no  Journal  des  Sçavans,  26  de  março  de 
1696,  encontram  se  extractos  da  Historia  geral  da  Ethiojna  Alta  ou  Preste  João, 
do  P.  Bailhazar  Telles,  e  da  Relation  de  Vempire  des  Abyssins,  do  P.  Lobo;  da  Ásia, 
de  João  de  Barros,  ete. 

THÉVET  (ANDRÉ  ). 

Singularités  (Les)  de  la  France  antarctique.  Paris,  1558;  ibid.,  1878,  publi- 
cada por  Gaffarel. 

Treta  esta  obra  da  bahia  do  Rio  de  Janeiro*. 

TH03IAS  (AIVTOmE ).— Jesuita,  nascido  em  Namur  no  anno  de 

164i. 

Libellus  rationum,  qiiibus  ostenditur  expedire  Sereníssimo  Principi  Lusitaniae 
íentare  fioc  tempore  reditimi  Lusitanorum  in  Japoniam,  missa  ad  ejtis  Imperato- 
rcm  legatione,  oblatus  Excellentissimo  D.  Francisco  de. . .  Comiti  de  Alvor  Indiae 
Proregi  in  Epistola  data  Maçai  3  Decemb.  1683. 

Indicae  expeditiones  Soe.  Jesu  a  calumniis  vindicatae.  Id  est  Apologia  S.  J. 
in  índia  Orientali  Evangelium  pí^aedicarttes  adcersus  accusationes  Romae  [actas  a 
Missionariis  Apostolicis  S.  Congregationis  de  Propaganda  Fide.  Quam  typis  vtd- 
gavit  Doctor  Claudius  von  ^psse/.  Coloniae  Agrippinae,  1684,  4/^. 

TH03IASSY  (M.  lU). 

No  Bulletin  de  la  société  de  géographie,  fevereiro  de  1842,  vem  um  artigo 
acerca  de  Guillaume  Filastre.  Trata-se  ii'e]le  do  Preste  João  das  índias  e  das  des- 
cobertas e  conquistas  dos  portuguezes. 

THOMSOJV  (JAMES ). 

SpaiUj  its  position  and  evangelization :  also  prolestant  religioiís  liberty  abroad. 
Mission  in  Portugal.  London,  1853. 

THWAITES   (R.  G.). 

The  Colonies  1492-1750.  With  4  maps.  London,  1891. 

TICKNER  (GEORGE ). 

Geschichte  der  schúnen  Literatur  in  Spanien.  Deutsch  mit  Zusãtzen  herausg. 
von  N.  H.  Julius.  Ncue  Ausgabe.  Mit  Siipplemenlband  bearb.  von  Adolf  Wolf.  Lei- 
pzig, 18G7,  8.%  2  vol.  e  supplemenlo  de  690,  867,  264  pag. 

Vol.  II,  pag.  180:  L.  de  Camoens:  Sinngedicht  (de  dentro  tengo  mimai). 
Traducção  por  Scblegel;  pag.  195  e  196:  Romanza  —  Arme  quiero,  madre. 


'  Emile  Âllain,  Rio  de  Janeiro.  Havre,  1886,  pag.  17. 

•  .\uguslin  cl  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  d«  Jesus,  vol,  iv,  pag.  696. 


310  XI 

TIECR^S  (LUDWIG ). 

Schriftm,  band  XIX.  Berlin,  8.«,  184o. 
Contém  uma  novella:  Tod  des  Dichters  (Camões). 
Novellenkranz.  Ein  Almanach  auf  das  Jahr  1834.  Berlin. 
De  pag.  1  a  347  falia  de  Camões. 

TIERNOS  SUSPIROS^  y  llorosas  lagrimas  con  que  toda  la  fidelisima 
Monarchia  Espanola  demuestra  su  quebranto  por  la  temprana,  y  mtiy  sensible 
muerte  de  su  Catholka,  augusta  y  magnânima  Reyna  Dona  Maria  Barbara  de 
Portugal,  que  de  Dios  goce.  i."  e  2.«  parte.  Madrid,  en  la  Imprenta  de  Joseph  de 
Castro,  en  la  calle  dei  Correo. 

TIGNEIVA  (LA  ). 

Favola  pastorais  da  cantarsi  nel  palazzo  delV  Eccellenza  dei  Signor  Andrea 
de  Mello  de  Castro,  Conte  das  Galveas,  Ambasciador  Ordinário  dalla  Maestà  dei 
Re  di  Portogallo,  alia  Santità  de  N.  S.  Papa  Innocenzo  XIII.  Nel  giorno  2  Gen- 
naro  deli' anno  1724.  Roma,  per  António  de'Rossi,  1724.  8.°  de  52  pag. 

Existe  a  referida  obra  na  real  bibliotheca  da  Ajuda. 

TILESIUS. 

Falia  da  sua  viagem  em  Portugal  o  conde  de  Hoffii,  francez,  pag.  184. 

TIMES. 

O  numero  de  14  de  maio  de  1880,  pag.  9  e  10,  traz  um  artigo  intitulado: 
Tricentenary  of  Camoens. 

TIMON  (SAMUEL ) Jesuita,  húngaro. 

Syllabus  vocabulorum  Grammaticae  Emmanuelis  Alvari  in  ordinem  digestus. 
Tirnaviae,  1702,  8.» 

TIUION  (J.). 

Nieuwe  Kaart  vau  Spange  en  Portugal,  te  Amsterdam,  by .  176l). 

TISSOT  (P.  F.)» 

Études  sur  Virgile  compare  avec  tous  les  poetes  épiques  et  dramatiqiies  des 
andens  et  des  modernes.  Bruxelles,  de  Vroom,  1826,  8.«»,  2  vol., 

Tomo  I,  pag.  1  a  189 :  Considérations  préliminaires,  contenant  aux  pag.  135- 
130  une  comparaison  des  Lusiades  de  Camoens  avec  la  Jerusalém  du  Tasse. 

TITIIM  Japonem  Trágico- Comaidiam  S.Francisco  Xaverio  Primo  Japonum 
Apostolo  Sacram  per  illustri  Domino  D.  Francisco  Vander  Gracht  Baroni  de 
Wanghej  Dom.  de  Scardau  éc,  Generosis  Dominis  D.  Cosmo  Van  Prandt,  D.  de 
Blaesvelt...  Caeterisque  nobilibus  viris  Reipuhlicae  Mechlinicnsis  Senatoribus. 
Bonarum  literarwn  Maecenatibus  DD.  suis  L.  M.  D  C.  Juventus  Rheloricae  stu- 
diosa  in  Gymnasio  Societatis  Jesu  Mechliniae.  Anni  1623,  4  Dezembro.  Typis 
Henrici  laye  Mechliniae,  1623,  in-4." 


TO  311 

TOFINO  (THE). 

Kingdoms  of  Spain  and  Portugal,  by  D. .  London. 

TOLBORT  (T.  W.  II.).-  B.  C.  S.  Empregado  no  serviço  civil  de  Ben- 
gala. 

On  the  Portiiguese  Settlements  in  índia. 

Auctoridades  para  a  historia  dos  portuguezes  na  índia. 

Este  iiiteressantissimo  trabalho  foi  publicado  no  Instituto  Vasco  da  Gama, 
Nova  Goa,  1874,  que  diz  no  terceiro  anno,  maio  de  1874,  pag.  107: 

«Haros  são  os  estrangeiros  que  se  occupam  em  investigar  as  cousas  portu- 
guczas  nas  genuínas  fontes  históricas.  Entre  esses  raros  adquiriu  agora  um  dos 
primeiros  logares  Mr.  T.  W.  H.  Tolbort,  empregado  no  serviço  civil  de  Bengala. 

tÉ  um  mancebo  de  variadissima  instrucção,  profunda  e  incansavelmente 
investigador.  Tivemos  o  gosto  de  o  conhecer  durante  alguns  dias  que  se  deteve 
em  Goa,  e  n'esse  pouco  tempo  podemos  bem  apreciar  as  parles  e  qualidades  de 
que  é  dotado  como  cavalheiro  e  como  homem  dado  ás  letras.» 

Em  quatro  números  consecutivos  nos  dá  noticia  de  muitissimas  obras,  em 
vários  idiomas,  que  tratam  dos  feitos  dos  nossos  na  Ásia.  É,  porém,  uma  tra- 
ducção  dos  artigos  que  appareceram  no  Jornal  da  sociedade  asiática  de  Bengala 
(vol.  XLir,  parte  i,  1873). 

TOMMASI  (GIUSEPPE  MARIA ).-  Árcade  romano,  col  nome  di 

Litalno  Euristeo,  Accademico  DiíTetuoso,  Oscuro,  Filopono  e  Dissonante  e  secre- 
tario dei  Prineipe  di  Misserano. 

Corona  poética  per  le  reale  felicissime  Nozze  dei  Serenissimo  Infante  di  Por- 
togalloj  Prineipe  dei  Brasile,  con  la  Sereníssima  Infanta  di  Spagna  e  dei  Serenis- 
simo Infante  di  Spagna,  Prineipe  di  Astmia,  con  la  Serenissima  Infanta  di  Por- 
togallo.  Dedicata  ai  Sacra  Reale  Maestà  di  Giovanni  Quinto,  Re  di  Portogallo, 
dal  abbate . 

TO]\NELET  (CLAUDIUS ). 

Ad  Excellentissimum  Ducem  Jamium  Excellentissimu  Ducis  patris  sui  pos- 
trema acta  literis  mandatem. 

foi  publicado  este  epigramma  latino  na  obra  intitulada:  UltÍ7nas  acções  do 
duque  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello.  Lisboa,  1730. 

TORRE  (FRANCISCO  DE  LA ). 

El  Peregrino  Atlante  S.  Francisco  Xavier.  Lisboa,  1674.  Madrid,  1728. 

TORRES  (FR.  JUAN  ). 

Vida  y  milagros  de  Santa  Izabel,  Reyna  de  Portugal.  Madrid,  1625. 

TORRES  (FR.  GASPAR  DE ).— Mestre  de  philosophia  e  artes  na 

universidade  de  Salamanca. 

Diz-nos  Vidal,  a  pag.  494  da  sua  Memoria  histórica  d'esta  universidade,  que 
Torres  escreveu  uma  obra  intitulada:  Sobre  el  derecho  dei  Rey  D.  Felipe  II  ai 
reyno  de  Portugal. 

Nicolau  António,  a  pag.  534  da  sua  Bibliotheca  Nova,  vol.  i,  também  falia 
da  mencionada  obra. 


312  TO 

TORKES  (THEODOSIO  VESTEIRO ). 

Versos.  Madrid,  Imprenta  á  cargo  de  Heliodoro  Perez,  187i.  135  pag. 
Apparecem  ireste  livro  versões  de  algumas  poesias  de  Garrett,  Mendes  Leal, 
C.  Casteilo  Branco  e  Sousa  Viterbo. 


TOURIGIO  (ANTÓNIO  MARIA ROMANO). 

Catalogiis  verborum    difficUiorum   Grammaticae  Emmanuclis   Alvari.  Au- 
dore .  Romae,  1606,  8.» 


TORSELLINO    (TURSELLINUS    HORATILS  ) Historiador   e 

litterato  italiano,  jesuita,  fallecido  em  Roma  no  anno  de  1599. 

Emmanuelis  Alvari  e  Societate  Jesu.  De  Institiitione  Grammatica  libri  iii  in 
Compendium  redacti  ab .  Romae,  . . . 

Emmanuelis  Alvari  e  Societate  Jesu,  De  Institutione  Grammatica  libri  m  olim 
ab  Horatio  Tursellino  ejusdem  Societatis,  in  Compendium  redacti,  priore  editione 
restituti,  editio  altera  diligentur.  Mediolani,  ex-typographia  Bibliothecae  Ambros. 
apud  Joseph  Marellum,  1755,  in-lS.",  de  439  pag. 

TursellinOj  Grammatica  di  Em.  Álvaro  compendiala  e  transportata  in  ita- 
liana favella.  Milano,  1777,  12.» 

L/6ri  três  de  Institutione  Grammatica  Emmanuelis  Alvari  in  Compendium 
redacti  ab  Horatio  Tursellino  ad  S.  J.  Scholas  frequenta ntium  ciiiditionem.  Regii, 
apud  Josephum  Davolium  et  filium,  1823,  12.",  de  569  pag. 

Emmanuelis  Alvari  e  Societate  Jesu,,  de  Institutione  Grammatica  libri  ju,  olim 
ab  Horatio  Tursellino  ejusdem  Societatis  in  Compendium  redacti,  hac  vero  editione, 
qtiae  ad  normam  editionis  Bibliothecae  Ambrosianae  Mediolanensis  in  lucem  prodit 
emendatissime  restituti.  Romae,  ex-typographia  Hospitii  Apostolici,  apud  Garo- 
lum  Mordacchinium,  1824,  12.°,  de  viii-469  pag. 

Emmanuelis  Alvari  Soe.  Jesu,  Institutio  Grammatica  ab  Horatio  Turselim 
S.  J.  in  compendium  redacta.  Romae,  ex  typis  Ven.  Hosp.  Apost.  apud  Petrum 
Aurelium,  1832,  8.°,  de  xviii-428  pag. 

Emmanuelis  Alvari  Soe.  Jesu,  Institutio  Grammatica  ab  Horatio  Tursellino 
S.  J.,  in  Compendium  redacta.  Editio  prima  stereotypa  Taiirinensis  ad  fidem  edit. 
Romae,  anno  1832.  Taurini,  ex  typis  Hyac.  Marieiti,  1839,  12.°,  de  xvi-464  pag. 

Alvari  Emmanuelis  de  Grammatica  Institutione  libri  iii  olim  ab  Horatio  Tur- 
sellino in  Compendium  redacti,  hac  editione  restituti,  mendis  innumeris  sublatis. 
Bassani,  suis  typis  Reinondini  edidit,  1840,  12.*',  de  378  pag. 

Grammatica  di  Emmanuele  Álvaro  de  la  Compagnia  di  Giesu  Compendiala 
da  Orazio  Tursellino,  delia  medesima  Compagnia,  transportata  in  italiana  favella 
ad  uso  delle  Scuole.  Edizione  novissima.  In  Pavia,  nella  slamperia  Bolrani,  1801, 
12.'>,  de  164  pag. 

Emmanuelis  Alvari  e  Societate  Jesu,  de  Institutione  Grammalica  libri  nr,  ob 
Horatio  Tursellino  ejusdem  Societatis  olim  in  Compendium  redacti.  Neapoli,  ex 
typograpbia  Gallicana,  1826,  12.",  de  471  pag. 

Horalii  Tursellini  e  Societate  Jesu,  De  vita  Francisci  Xavei-ii  qui  primus  e 
Societate  Jesu  in  índia  et  Japonia  Evangelium  promulgavit.  Romae,  ex-typogra- 
phia Gabiana,  1594,  8.«,,  de  393  pag. 

Esta  ediçáo,  feita  durante  a  ausência  do  auctor,  está  eivada  do  erros  c  trun- 


TO  »" 

cada ;  e  foi  isto  o  que  obrigou  o  P.  Tursellino  a  retocar  a  obra  e  a  fazel-a  quasi 
de  novo.  A  edição  appareceu  em  Roma,  typis  Zannetti,  lo9tí,  4" 

Iloratii  Turselhni  e  Societate  Jesu  De  vita  Fruncisci  Xaverii,  qui  primvs  ^ 
Societate  Jesu  in  Indiam  et  Japoniam  Evangelium  iuvexit  libri  sex.  Ab  eodem  avcti 
et  recogniti.  Antuerpie,  ex  officina  Joacbimi  Trognaesii,  159(i,  8.°,  de  605  pag. 
Leodii,  ex  officina  Henriei  Honij,  1597,  12.»,  de  317  pag.  Lugduni,  1607,  8."^ 

De  vita  B.  Francisci  Xaverii  qui  primus  Societatis  Jesu  in  Indiam  et  Japo- 
niam Evangelium  invexit.  Libri  sex.  Ab  eodem  aucti  et  recogniti,  in  hac  ultima 
editione.  Coloniae  Agrippinae,  apud  Joannem  Kinckium,  1610,  18.",  de  631  pag. 
Cameraci,  ex  oíTicina  Joannis  Riveri,  1621,  12.*»,  de  550  pag.  Diiaci,  ex  officina 
Joannis  Bogardi,  1621,.  8.°,  de  433  pag.  Coloniae  Agrippinae,  apud  Joannem  Kin- 
ckium, 1621,  631  pag. 

De  Vita  S.  Francisci  Xaverii  qui  primus  e  Societate  Jesu  in  Indiam  et  Japo- 
niam Evangelium  invexit  Libri  sex.  Horatii  Tursellini  e  Societate  Jesu.  Accesse- 
runt  ex  relatione  [acta  in  Consistório  secreto  coram  S.  D.  N.  Gregório  XV  quae- 
dam  miracula  quae  in  vita  non  habentur.  Monachii,  ex  typographia  Hetsrozana, 
apud  Cornelium  Leysserium,  Electoralem  Typographum,  anno  mdcxxvii,  24.",  do 
784  pag.  Rothomagi,  1676,  12." 

Tursellini  Historia  vitae  divi  Fr.  Xaverii  Soe.  J.  Ind.  Apostoli.  Viennae, 
1744,  4.» 

Horatii  Tursellini  e  Societate  Jesu,  de  Vita  S.  Francisci  Xaverii  libri  sex  qiiam 
emendatissime  editi.  Accessere  selecta  de  eodem  Tursellino  praeclassimoram  scri- 
ptonim  testimonia.  Bononiae,  mdccxlvi,  apud  Thomam  Colli  ex  typographia 
S.  Thomae  Aquinatis.  Superiorum  Permissu,  x  8.",  âe  xxxi-404  pag. 

Horatii  Tursellini  e  Societate  Jesu,  De  Vita  S.  Francisci  Xaverii  libri  sex  quam 
emendatissime  editi.  Post  novissimam  editionem  Bononiensem.  Augustae  Vind.  et 
Oeniponti,  suinptibus  Josephi  WolíF,  mdcclii,  8.°  de  564  pag. 

Horatii  Tursellini  e  Societate  Jesu,  de  Vita  S.  Francisci  Xaverii  qui  primus  e 
Societate  Jesu  in  Indiam  et  Japoniam  Evangelium  invexit,  libri  sex,  ab  autho7'e 
aucti  et  recogniti.  Juxta  editionem.  Antuerpensem,  anni  mdxcvIj  quam  emendatissi- 
me editi.  Perniisfeu  Superiorum.  Augustae  Vindelieorum,  sumptibus  Nicolai  Doll, 
Bibliopolae,  mdccxcvii,  8.°,  de  xii-427  pag. 

Vita  dei  B.  Francesco  Saverio  il  primo  delia  Compagnia  di  Giesu,  che  intro- 
dusse  la  Santa  Fede  neW  índia  e  nel  Giappone.  Scritta  in  língua  latina  e  in  sei 
libri  divisa  dal  R.  P.  Orazio  Torsellini,  delia  detta  Compagnia.  Tradotta  nella 
Toscana  da  Ludovico  Serguglielmi,  Cittadin  Fiorentino.  In  Firenze,  appresso  Co- 
simo  Giunti,  1605,  4.°  In  Milano,  appresso  Girolamo  Bordone,  e  Pietromartire 
Locarni  Côpngni,  1606,  4.",  de  307  pag.  Firenze,  1612,  4." 

La  vie  du  Bien-heureux  Père  François  Xavier,  premier  de  la  Compagnie  de 
Jesus,  qui  a  porte  VEvangile  aux  Indes  et  au  Jappon.  Divisée  en  six  livres  par 
Horace  Turselin,  de  la  Compagnie  de  Jesus,  et  traduite  en  François  par  un  Père 
de  la  méme  Compagnie.  A  Douay,  de  Tlmprimerie  de  Balthazar  Bellere,  1608, 
8.",  de  862  pag.  (É  traducção  do  P.  Martin  Christophe.) 

Het  leven  vau  dm  H.  Franciscus  Xaverius  .  .  uyt  R.  P.  Horatius  Tursellinus, 
verdnytst  door  P.  Franc.  de  Smidt.  T'Anlwerpen,  Cornelis  Woons,  1646,  12.^ 


Âuguslin  el  Alois  de  Backcr,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  rol.  i,  pag.  656. 


314  TO 

The  admirahle  life  of  S.  Francis  Xavier.  Writlen  in  latin  by  Horatiiis  Ttw- 
sellinus  and  translated  into  English  by  T.  F.  Paris,  1632,  4.<'  de  616  pag.,  com 
um  rosto  gravado,  representando  o  retrato  de  S.  Francisco. 

Vom  Leben  und  Wunderthaten  B.  Francis  Xaverii,  úbersetzt  von  H.  Hueber. 
Miinchen,  161o,  4.° 

Apostolisches  Leben  und  Thaten  dess  heiligen  Francisci  Xaverii  der  Societet 
Jesu,  Indianer  Aposteis.  In  siben  Biichern  von  Horatio  Tnrselino  Gemeldter  Societet 
Jesu  Priestern  erstlich  in  Latein  beschriebeUj  und  in  die  Teutsche  Sprach  durch 
Martinum  Hueber  Chor-Herr  und  Custoden  bey  S.  Mauritzen  Stifft  in  Augspurg 
úbersetzt.  Anjetzo  aber  mit  Zusàtzen  und  neuen  bevãhrten  Miraken  durch  einen 
anderen  Priester  selbiger  Societet  Jesu  reichlich  verniehret.  Mi  Bewillingung  der 
Oberen.  Miinchen,  gedruckt  bey  Sebaslian  Rauch,  in  Verlegung,  eines  dem  H. 
Apostei  eigebnen  Dieners.  Inn  Jahr  Christi,  1674,  4.**  de  627  pag. 

Aclia-se  uma  outra  traducção  allemã  reunida  á  traducção  das  cartas  de 
S.  Francisco  Xavier. 

Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  iv  ab  Horatio  Tursellino  ex  Hispânico  in 
latinum  conversi.  Romae,  typis  Aloysii  Zaneiti,  1596,  4."  Rhedonis,  1596,  12.« 

Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  quatuor  ab  Horatio  Tursellino  e  Societate 
Jesu  in  latinum  conversi  ex  Hispano  ad  Franciscum  Toletum  S.  R.  E.  Cardinalem. 
Mogunliae,  apud  Balthasarum  Lippium,  sumptibus  Arnoldi  Mylii,  1600,  8.°  de 
302  pag. 

Sancti  Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  quatuor^  ab  Horatio  Tursellino 
e  Societate  Jesu  in  latinum  conversi  ex  Hispano.  Ad  Franciscum  Toletum  S.  R.  E, 
Cardinalem.  Burdigalae,  apud  Peírum  de  la  Court,  1628,  8."  de  324  pag. 

Sancti  Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  quatuor.  Nova  quarumdam  acces- 
sime  opus  omnibus  Operariis  Evangelicis  perutile.  Ab  Horatio  Tursellino  e  Societate 
Jesu  in  Latinum  conversi  ex  Hispânico.  Lugduni,  apud  Franciscum  de  la  Botiere, 
in  via  Mercatoris,  sub  signo  SS.  Trinitatis,  1650.  Lugduni,  ex  typographia  Anto- 
nii  Jullieron. 

S.  P.  Francisci  Xaverii  e  Soe.  Jesu  Epistolarum.  libri  iv.  Ex  Hispano  in  lati- 
num conversi  ab  Horatio  Tursellino  ejusdem  Societatis  Jesu  sacerdote.  Editio  no- 
vissima,  recensita,  et  Epistolarum  Summariis  aucta.  Antuerpiae,  ex  officina  Pian- 
tiniana  Baithasaris  Moreti,  1657,  24. *>  de  474  pag.  Appendix  sive  v.  Epistolarum 
S.  P.  Francisci  Xaverii. . .  Petro  Possino  ejusdem  Societatis  Jesu  nunc  primum  ex 
autographis  partim  Hispanicis  parlim  Lusitanicis  latinitate  et  luce  donatarum. 
24.»  de  357  pag. 

S.  Francisci  Xaverii  e  Societate  Jesu  Indiarum  Apostoli  novarum  Epistola- 
rum libri  septem  nunc  primum  ex  autographis  partim  hispanicis,  partim  Lusita- 
nicis, latinitate  et  luce  donati  a  Petro  Possino  ejusdem  Soe.  Romae,  ex  typographia 
Varesii,  1667. 

Sancti  Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  quatuor.  Nava  quarum  dam  acces- 
sione.  Opus  omnibus  operariis  Evangelicis  perutile.  Ab  Horatio  Tursellino  e  Socie- 
t.te  Jesu  in  Latinum  conversi  ex  Hispânico.  Lugduni,  apud  Ant.  Molin,  e  regione 
('olleg.  SS.  Trinitatis,  1682.  12."  de  328  pag.  Appendix  sive  libei'  V  Epistolarum 
S.  P.  Francisci  Xaverii  e  Societate  Jesu  Indiarum  et  Japoniae  Apostoli ;  a  Petro 
Possino  ejusdem  Societatis  Jesu  nunc  primum  ex  autographis  partim  hispanicisj 
partim  lusitanicis  latÍ7iitate  et  luce  donatarum. 

Sancti  Francisci  Xaverii  Epistolarum  libri  quatuor  nova  quarumdam  acces- 


TO 


31o 


sione  opus  omnibus  operaHis  Evangelkis  perutile.  Ab  Horatio  Tursellino  e  Socie- 
tate  Jesu  in  latinum  conversi  ex  hispano.  Lugduni,  apud  Ant.  Molin,  1692,  12.°  de 
328  pag.  Appendix  sive  Liber  V  Epistolariim  S.  P.  Francisci  Xaverii  e  Societate 
Jesu  Indiarnm  et  Japoniae  Apostoli;  a  Petro  Possino  ejusdem  Societatis  Jesn  niinc 
primum  ex  autographis  parlim  hispanicis,  partim  lusitanicis  latinitate  et  luce  do- 
natarum. 

S.  Francisci  Xaverii. . .  Epistolae  veteres  per  qiiinque,  et  novae  per  septem 
libros  distinctae,  ex  ipsismet  autographis  manu  S.  Xaverii  Hispânico  vel  Lnsita- 
nico  idiomate  conscriptis,  &c.,  a  P.  Horatio  Tursellino,  et  a  P.  Petro  Possino  ejus- 
dem Societatis  Sacerdotibus  latinitate  ac  luce  donatae,  postea  nova  cum  archetypis 
in  Indiis  aliisque  terrae  partibus  [acta  coUatione  accuratius  emendatae.  Pro  appen- 
dice  accedit  relatio  de  statu  Japoniae  brevis  et  curiosa  a  P.  Adamo  Weidenfelt  Co- 
loniensiy  e  Societate  Jesu  conscripta,  et  nuperrime  Tyrnaviae  impressa.  Coloniae 
Agrippinae,  apud  Haeredes  Jo:  Weidenfeldt  et  Jo:  God.  de  Berges,  1692, 86i  pag. 

TOSCAN. 

Description  abrégée  des  ci-devant  royaumes  et  provinces  composant  actuelle- 
ment  le  fíoyaume  d'Espag7ie  et  celui  de  Portugal.  Paris,  1810. 

TOULOTTE.— Ancien  magistrat,  aiiteur  de  VHistoire  Philosophique  des 
Empereurs  Romains,  de  la  Cour  et  la  Ville. 

Histoire  de  la  Barbárie  et  des  lois  au  moyen  age.  Paris,  1829,  3  vol. 

N'esta  obra,  quando  menos  se  espera,  também  não  deixa  de  se  fallar  de 
Portugal. 

Por  exemplo,  no  vol.  ii,  pag.  320,  vemos  citado  um  concilio  de  Braga,  e  logo 
as  pag.  40o  a  408  são  destinadas  (citando  por  auctoridade  Ferreira  Gordo  nas 
Memorias  sobre  os  judeus  de  Portugal)  para  descrever  a  maneira  barbara  como 
os  judeus  foram  tratados  em  Portugal  no  tempo  de  El-Rei  D.  Manuel. 

«No  tocante  a  tolerância  religiosa,  a  Polónia  deve  ganhar  muito  mais,  debaixo 
da  protecção  de  um  príncipe  da  igreja  grega,  do  que  debaixo  do  dominio  de  uma 
potencia  catholica;  as  desgraças  da  Ilespanha  e  os  crimes  do  clero  de  Portugal 
devem  ensinar  aos  povos  quanto  a  religião  é  opposta  aos  direitos  e  á  felicidade 
d'estes  nos  estados  cegamente  submetlidos  ao  Papa.»  Id.,  id.,  vol.  iii,  pag.  116. 

TOUR^VEFOUT  (JOSÉ  PITTON ). 

Éléments  de  botanique,  ou  méthode  por  connaítre  les  plantes.  Paris,  1649, 
8."  grande,  3  tomos.  ^ 

Institutiones  rei  herbariae  edilio  altera,  gallica  longe  auctior.  Paris,  1700, 
3  tomos.  Editio  tertia  appendicibus  aucta  ab  António  de  Jussieu.  Lyon,  1719, 
3  tomos,  etc. 

«Antes  de  publicar  Tournefort  seus  elementos,  tinha  vindo  á  ilespanha  em 
três  differentes  occasiões,  e  na  ultima  estendeu  muito  suas  investigações,  não 
sendo  enlão  acompanhado  por  Jayme  Salvador,  como  o  linha  sido  nas  primeiras 
viagens.  Foi  assim  que  Tournefort  pôde  observar  uma  multidão  de  plantas  na 
Catalunha,  Valência,  Murcia,  Andaluzia  e  Portugal,  e  igualmente  no  centro  da 
Península,  havendo  visitado  o  Escurial,  onde  lhe  mostraram  um  herbario  de 


3iti  TO 

plantas  indígenas  em  logar  do  mexicano  de  Hernanilez.  Era  possivel  ser  o  de 
D.  Diego  de  Mendoza,  lalvez  formado  na  Itália,  o  qual  Filippe  II  tinha  adquirido, 
em  1576,  com  os  livros  de  que  este  se  fez  dono,  e  que  todavia  existia  na  biblio- 
theca  alta  do  Escurial,  assim  como  na  baixa  outro  menos  antigo  de  plantas  hes- 
panholas.  As  Institutiones  rei  herbariae  não  ensinam  outra  cousa  a  respeito  da 
Península  mais  do  que  a  existência  de  varias  plantas,  chamando  Hispânica  ou 
Lusitanica  a  cada  uma  das  tidas  por  próprias  de  Hespanha  ou  Portugal. 

(f Talvez  oíferecesse  maior  interesse,  debaixo  d'este  ponto  de  vista,  a  Topo- 
graphie  botanique,  que  deixou  inédita  o  mesmo  Tournefort^» 

Catalogue  des  plantes  que  M.  Pitton  de  Tournefort  trouva  dans  ses  voyages 
d'Espagne  et  de  Portugal,  copiée  sur  Voriginal  de  M.  de  Tournefort.  Ms.  que 
esteve  na  bibliotheea  de  Banks. 

Também  parece  que  Pourret  possuiu  uma  copia  do  mesmo  original,  au- 
gmentada  com  a  litteratura  linneana.  Outra  copia,  que  pertenceu  á  bibliotheea  de 
Jussieu,  tem  por  titulo :  Dénomhrement  des  plantes  trouvées  en  Espagne  et  en  Por- 
tugal, par  M.  Tournefort,  4."  de  145  pag.  escriptas  pela  mão  de  Jussieu. 

Na  bibliotheea  da  mesma  família  existiam  694  debuxos  de  plantas  colhidas 
por  Tournefort  nas  suas  viagens,  correspondendo  106  a  plantas  de  Hespanha, 
dos  Alpes,  dos  Pyreneus  e  Levante,  todas  copiadas  por  Aubriet. 

TO  VAU    (D.    JOSEPH    DE    PELLIKR   DE    SALAS,    ou    OSSAU, 

DE ).— Cavalleiro  da  ordem  de  Santiago,  senhor  das  casas  de  Pellier  e  de 

Ossau,  chronlsta  niór  de  Gastei  la  e  do  conselho  de  (iastella.  Natural  de  Saragoça, 
onde  nasceu  em  1602  Falleceu  a  16  de  dezembro  de  1679.  Um  dos  mais  insignes 
professores  de  historia,  em  que  loi  sciente,  e  na  genealogia.  Entre  as  muitas  obras 
que  escreveu,  genealógicas,  as  de  que  tenho  noticia,  referentes  a  Portugal,  são: 

Memorial  de  D.  Manuel  Evgenio  de  Portugal,  marquez  de  Trancoso,  impresso 
em  1672 ;  o  qual,  é  preciso  dizer,  traz  erros  de  notável  consideração,  e  nem  por 
isso  arguimos  este  grande  escriptor^. 

Casa  de  los  condes  de  Torres  Vedras,  en  el  Reyno  de  Portugal,  que  procede  de 
los  condes  de  Valverde,  dei  apellido  de  Alarcon,  en  Castilla.  Madrid,  16i6. 

Tablas  genealógicas  de  la  succession,  que  ha  quedado  de  varon  en  varou  dei 
Rei  Don  Enrique  II  de  Castilla,  que  escreveu  a  favor  de  D.  Fernando,  conde  de 
Linhares. 

Genealogia  de  la  casa  de  Ataide. 

Succesion  de  los  Reynos  de  Portugal.  Logrono,  1648.  Em  que  pretendeu 
mostrar  genealógica  e  historicamente  pertenciam  os  reinos  de  Portugal  a  Ei-Rei 
Filippe  IV  de  Gasteila.  Este  livro  impugnou  egrégia  e  doutamente  o  insigne  An- 
tónio de  Sousa  de  Macedo. 

Succesion  de  los  reynos  de  Portugal ;  sive  pro  justo  Regis  Portugalliae  titulo 
in  família  Austríaco- Hispana,  Lucronii,  1640. 

Mision  evangélica  dei  reyno  dei  Congo.  1649  3. 


'  D.  Miguel  Colmeiro,  La  botânica  y  los  botânicos  de  la  península  hispano-lusitana,  pag.  68. 
■  D.  António  Caolano  de  Sousa,  Historia  genealógica  da  casa  real portugueza,  vol.  i,  pag  ccxvi. 
•  Nicol.  Anl.,  Bibliotheea  Nova,  vol.  i. 


TU  3i7 

TRACIIAUI). 

Lettre  Ju  Père ,  missionaire  de  la  Co7npagnie  de  Jesus,  mi  revérend  Pèrc 

(lu  Trevon,  de  la  mi-me  Coinpagnie,  confesseur  de  S.  A.  11.  Monseigneur  le  Dtic 
d'0)iéans,  à  Chandernagor,  18  janvier  1111. 

Trata  da  igreja  poi  lugueza  de  S.  Thomé,  perlo  de  Madrasla.  Vem  esta  carta 
na  obra,  Leltres  édifiantes  et  curimses  écrifes  des  missions  étrangères.  Nouvelle  cdi- 
tion.  Paris,  1871.  Tomo  xii.  Mémoires  des  Indcs.^ 

TUAGICOMEDIE  P.  Gonzavus  Silveira  sal  vertooght  worden  door  de  jon- 
ckeydt  van  hei  Collegie  der  Societeyt  Jesu  tot  Cassei,  anno  16S0,  deu. . .  Septem- 
hris.  Ter  eeren  van  de  achtbare,  Wyse  voorsienighe  Heeren,  myn  Heere  den  Baillu, 
Voocht,  ende  Schepenen  der  stede  ende  Prochie  van  Haeze-broiick.  Door  iviens  libe- 
raelheyt  de  jaerlycksche  Prysen  sidlen  uyt-ghedeelt  worden  aen  de  voor-sede  Jon- 
ckheyt.  Tot  S.  Omaers.  By  Peeter  Genbels,  Boeck-dnicker,  in  den  vergulden  Byhel. 
1630,  4.0  de  4  pag. 

D'esla  tragicomedia  é  protogonista  o  nosso  marlyr,  o  P.  Silveira,  na  casa  dos 
jesuítas  em  Cassei  ^ 

TUANSLAT  de  1'espagnol  en  [rançais  de  ce  qu'est  succedé  à  1'armée  de  Sa 
Majesté,  à  laquelle  commandait  comme  capitaine  general  le  Marquis  de  Saint- 
Croix,  par  la  bataille  donnée  à  celle  qui  conduisait  Don  António  ès  iles  de  los 
Açores.  Dovay,  1592,  8.%  1  vol.  de  32  pag. 

TllA^SLATION  of  a  ciirious  memorial  presented  1768  by  the  portiignese 
nntion  to  the  royal  board  of  censure  to  examine  and  revise  ali  books.  Devises,  1769. 

TRATADO  de  paz  entre  Carlos  IV de  Espana  y  Juan  de  Portugal.  Madrid, 
1801. 

TRAVIíLS  in  Spain  and  Portugal.  With  plates.  London,  1831. 

TREATY  quadruple  between  the  King  of  Great  Britain,  Queen  Reg.  of  Spain, 
K.  of  the  french  and  Reg.  of  Portugal.  London,  1835. 

TUESII.É,  ou  TRESILLEY,  TRESILEUS  (PEDRO  FRANCIS- 
CO   ). —  Jesuíta,  natural  de  Besançon. 

La  .principessa  portoghese  specchio  in  cui  praticamente  se  vede  il  progresso 
deW  Anima  nella  perfettione  deW  Amor  Divino.  Che  non  è  impraticabile,  come 
ultri  pensa;  la  strada  delia  Virtii,  che  conduce  à  conseguiria.  Opera  data  in  luce 
dal  P.  Píer  Francesco  Tresilé,  delia  Compagnia  di  Giesii.  Dedicata  alia  M.  R. 
Madre  Suor  Teresa  Margheritta  Farnese,  Carmelitana  Seabra.  Ri  tampata  con 
V  Aggiunta  di  un  altro  Specchio  espressivo  delle  principali  specie,  e  artipiii  vivi 
dei  amore  di  Giesii  Christo  N.  S.  Reggio,  per  Prospero  Vedrotti,  1678,  12.«  de 
214  pag. 

Ha  uma  edição  anterior.  Bononiae,  1664,  per  Joannem  Baplistam  Ferronium. 


Augiislin  et  Alois  de  Baoker,  Bibilothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  iv,  pag.  105. 


318  TR 

TRESSAN  (C03ITE  DU  ). 

Traduction  libre  d'A)itadis  de  Gaide.  Avec  figures.  A  Paris,  rue  et  Hôlel 
Serpente.  1787,  3  vol. 

TRESSEUVE  (LE  VIC03ITE  MARY  DE  ). 

Le  mariage  ou  Vavenir  de  Portugal.  Paris,  1862. 

TRIAS  EPISCOPORUM  et  Principtan  Paderbornensium  triplici  in  Socie- 
tãtem  Jesu  Paderanam  beneficia  Theodortis  Furstenbergius  Academia  liberaliter 
fiindata,  Ferdinandus  Furstenbergius  Templo  Xaveriano  magnifice  exstructo,  Her- 
mannus  Weríierus  Metternichius  eodem  templo  solemniter  dedicato ;  praeludente  in 
Dramate  parallelo  Salomone,  Theatro  data  a  Perillustri,  Praenobili  et  Ingénua 
Juventute  Académica  Paderbornensi  infra  octavam  Dedicationis  Ecclesiae  S.  Fran- 
cisei  Xaverii  Indiamm  et  Japoniae  Apostoli  solemniter  consecrandae.  Die  14  Mensis 
Septembri  anno  1692.  Cum  ante  decennium  aedificari  coepta  fuissetj  posito  primo 
lapide  IS  Augusti  anui  1682.  Paderbornae,  typis  Davidis  Huberi,  foi.  de  17  folhas 
não  paginadas. 

TRIGAULT  (IVICOLAS  ).— Jesuíta,  natural  de  Douai.  Em   1607 

partiu  de  Lisboa  para  as  missões. 

Copie  de  la  lettre  dii  R.  P.  Nicolas  Trigault,  contenant  Vaccroissement  de  la 
Foy  Calholique  aiix  Indes,  Chinês  et  lieux  voisins.  Etisemble  Vassiegement  de  Mo- 
zambic,  Malaca,  Amboin^  &c.j  par  la  fíotte  Hollandaise.  Escrite  au  R.  B.  Fran- 
çois  FleroUj  Provincial  de  la  mesme  Compognie,  en  la  provincedes  Pays-Bas,  datée 
de  Goa  en  1'Inde  Orientale,  la  veille  de  Noelj  1607.  En  Anvers,  chez  Daniel 
Vervliet,  1609,  12.° 

Copie  d'une  lettre  du  P.  Nicolas  Trigault,  Jésuite,  au  R.  P.  Fleuron,  provin- 
ciale  de  la  Compagnie,  datée  de  Goa  en  Vinde  Orientalej  en  1607.  Chapelet,  1609. 

TRIIVACRIO  (DAF^'I ). —  Accademico  delia  Reale  Academia  Paler- 

mitana  dei  Bum  Gusto. 

Elementi  delia  Lingua  Italiana,  o  modo  facile  e  breve  per  impararla  a  per- 
fezione,  dedicati  a  Sua  Altezza  Reale  II  Sereníssimo  Príncipe  dei  Brasile  nostro 
Signore  da .  Nella  Reale  Stamparia  Silviana,  8.°  de  cxxiv  pag. 

É  precedida  esta  grammalica  de  uma  poesia  italiana :  Per  il  faustissimo 
giorno  natalizio  di  Sua  Altezza  reale,  celebrato  nel  di  Xlll  maggio  1792.  . 

De  pag.  Lxviii  por  diante  seguem -se  também  poesias  italianas: 

In  onore  di  Maria  Santíssima  Immacolata. 

Fervorosa  preghíera  alia  Sacra  Pastora. 

Per  la  ricuperata  salule  di  Sua  Altezza  Reale  il  Príncipe  N.  S. 

Nel  felice  arrívo  da  Madrid  in  Lísbona  dei  real  pvpillo  S.  A.  D.  Pietro  Cario, 
Infante  delle  Spagne,  &.  A  S.  R.  M.  Fedelissíma  D.  Maria  I. 

Per  aver  passato  fra  il  numero  de*  defunti  S.  M.  Cattolica  D.  Cario  III. 

Un  viaggítore  che  arriva  in  Lisbona  nel  di  X  V  novembre  1789,  giorno  delia 
Consagrazione  dei  Sacro  Tempio  deli'  Insigne  Real  Monasterio  dei  RR.  Monache 
Teresiane  detto  Convento  Nuovo,  dedicato  Al  Sacro  Cuor  de  Gesú,  da  S.  Maestà 
Fedelissíma  Fondatrice  Augusta  ne  fa  la  succinta  descrizione. 


XR  319 

A  Sua  R.  M.  Fedelissiiua  nel  di  XVll  dicembre  1189. 

PerVanniversario  delia  grandiosa  nascita  di  S.  A.  Ueale  D.  Carlota  Gioacchi- 
na,  Principessa  delle  Brasile,  celebrato  nel  di  25  aprile  1790. 

Per  li  fansti  sponzali  deW  Excellenze  loro  la  Sifjnora  D.  Eugenia  Maria  Giu- 
seppa,  nata  contessa  delia  Vidigueira,  Marcheza  di  Nizza. 

11  disegno  dei  Nuoco  Tempio.  Dialogo  per  celehrare  il  felicissiino  giorno  nala- 
lizio  di  S.  M.  Fedelissinia  li  XVII  dicembre  1190. 

Per  aver  passato  da  questa  a  miglior  vita  V  III.  e  Rev.  Sig.  D.  Bartolomeo 
Stabili  e  Monticcioli. 

Inno  per  sollennizare  il  fausto  giorno  natalizio  di  Sua  Altezza  reale  la  prin- 
cipessa de  Br  asile,  nel  di  XXV  aprile  1191. 

A  S.  E.  De'  Marchesi  di  Ponte  di  Lima. 

Al  dottore  D.  Giovanni  Abate  Meli. 

Per  festeggiare  il  giorno  natalizio  di  S.  M.  F.,  XVlI  dicendjre,  1191. 

Nella  spedizione  delia  flotta  coniandata  dali'  Almirante  Cavalier  Sanches  de 
Brito. 

A  S.  M.  Fedelissinia.  Supplica. 

TRmiTATE   (II.  P.  F.  PIIILIPPI  A   SANTÍSSIMA  ).--Cai. 

nielitae  Descalceati. 

Itinerariuni  orientale ab  ipso  conscriptum.  In  quo  varii  successns  itine- 

ris,  plures  Orientis  regiones,  series  principum,  incolae  tam  Christiani,  quam  infi- 
deles  popidi  religiosorum  in  Oriente  missiones  S  describuntur.  Lugduni,  A.  Jullie- 
ron,  1669,  8.<'  pequeno. 

Abrange  viagens  á  Syria,  Pérsia,  Terra  Santa  e  Goa,  desde  1629  até  16'i0. 

Voyage  d'Orient  du  R.  P.  Philippe  de  la  três  saincte  Trinité,  carme  déchaiíssé, 
ou  il  descrit  les  divers  succez  de  son  voyage,  plusieurs  régions  d'Orient,  leurs  mon- 
tagnes,  leurs  mers  et  leurs  fleuves,  la  chronologie  des  princes  qui  y  ont  domine, 
leurs  habitants,  tant  chrestiens  quinfidèles,  les  animaux,  les  arbres,  les  plantes,  les 
fruits  qui  s'y  trouvent,  et  enfin  les  Missions  des  Religieux  qui  y  ont  este  fondées  et 
les  divers  événements  qui  y  arriverent.  Composé,  revu  et  augmenté.par  luy  mesme 
et  traduit  du  latinpar  iin  Religieux  du  mesme  ordre.  Lyon,  Ant.  Jullieron,  1660,  8." 

TRIOMPIIE  (LE)  des  Saincts  Ignace  de  Loyola,  fondateur  de  la  Compa- 
gnie  de  Jesus,  et  François  Xavier,  Aposlre  des  Indes,  au  coUège  royal  de  la  mesme 
Compagnie,  à  la  Flèche.  Ou  le  sommaire  de  ce  qui  s'y  est  fait,  en  la  solemnité  de 
leur  canonisation.  Depuis  le  Dimanche  24  Juillet  1622  iusques  au  dernier  iour 
dudit  móis.  Seconde  édition.  A  Ia  Flèehe,  chez  Louis  Hebert,  Impriíneur  du  GolJòge 
Royai,  à  TEnseigne  du  Nom  de  Jesus,  1622,  8.°  de  70  pag. 

TRIOIVFI  sac7Í  di  S.  Ignatio  Loyola  e  S.  Francesco  Saverio  celebrati  in 
Messina  con  V  autoritá  dei  Serenissimo  Prencipe  Filiberto  Emmanuele  General  dei 
maré,  Vicere  di  Sicilia,  &c.  e  col  favor  deli'  Illustrissimo  senato  delia  stessa  Nobi- 
lissima  Città.  Nel  rnese  di  Luglio,  nelV  anno  delia  loro  Canonizatione  falta  in  Roma 
dalla  Santità  di  N.  S.  PP.  Gregório  XV.  A  12  di  Marzo.  In  Messina,  appresso 
Gio.  Francesco  Bianco,  1662^ 


Augustin  cl  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jésus,yo].  vi,  pag.  37G. 


3áo  TR 

TIIIOIXFO  delle  viriú.  Serenata  da  cantarsi  nel  felicisslmo  giorno  natalizio 
delia  S.  R  Maestà  di  Giovanni  Quinto  Re  di  Portogallo,  nel  Régio  Palazzo.  Lis- 
boiía  Occidentale,  nella  OfiQcina  di  Pasquale  da  Sylva,  1720,  4.« 

TRIUMPHO  LUSITANO.  Recibimento  que  mando  hazer  Su  Magestad  el 
Christianisimo  Rey  de  Francia  Luis  XIII  a  los  Embaxad,ores, Extraordinários  que 
S.  M.  el  Serenisimo  Rcy  D.  Jiian  el  IV  de  Portugal  lo  embió  el  afio  de  1641.  Foi 
impreso  en  Francia^  y  aora  de  nuevo  en  esta  Ciudad  de  Lisboa.  Com  todas  as 
licenças  necesarias.  Na  oíTieina  de  Lourenço  de  Anvers.  8.»  grande,  de  30  pag. 

TRIUMPHO  LUSITANO,  applausos  festivos,  sumjjtuosidades  regias,  nos 
desposorios  de  D.  Pedro  II  com  a  Serenis&ima  Maria  Sophia  Izabel  de  Baviera. 
Bruxellas,  1688,  4." 

TROGOFF  (CURISTIEN  DE ). 

Le  Portugal.  Étude  contemporain,  par .  Librairie  Allaward.  8.<»de8  pag. 

TROUIN    (MONSIEUU   DUGUAY ) — Lieutenant  general  des  ar- 

mées  navales,  Com.i;anLleur  de  l'Ordre  Hoyal  &  Militaire  de  Saint  Louis. 

Mémoires. . .  A  Amsterdam,  chez  Pierre  Mortier,  1746,  8.*»  de  xxxix-312  pag. 

Tem  as  seguintes  estampas:  1.^,  retrato  de  Duguay-Trouin ;  2.%  uma  nau; 
3.%  Duguay-Trouin  commandando  o  navio  Jason,  cercado  peia  esquadra  ingleza. 

Em  1693  esteve  Duguay-Trouin  em  Lisboa,  com  o  fitn  de  reparar  o  navio 
de  que  era  commandante,  necessitado  de  concerto. 

No  anno  seguinte  veiu  tanjbem  a  Lisboa  reparar  a  sua  fragata  Diligente,  de 
quarenta  peças. 

Monsieur  Vidame  d'Esvenal,  então  embaixador  de  França  em  Portugal,  en- 
carregou o  de  levar  a  França  o  conde  de  Prado  ^  e  o  niarquez  de  Atalaya,  seu 
primo  co-irmão,  ambos  os  quaes  estavam  no  desagrado  do  Rei  de  Portugal,  e 
eram  perseguidos  com  ardor  por  seu  mandado,  por  terem  matado  o  corregedor 
de  Lislioa.  Duguay-Trouin  recebe-os  com  prazer  a  bordo,  por  isso  que  o  conde 
de  Prado  tinha  casado  com  uma  filha  do  Marechal  de  Villeroy,  «um  dos  nossos 
mais  respeitáveis  senhores». 

Descobriu  na  viagem  quatro  naus  de  Flessing,  de  vinte  a  trinta  peças  cada 
uma;  navegou  para  ellas  e  combateu-as,  e  tornouse  senhor  de  uma  das  mais 
fortes.  A  boa  manobra  e  a  resistência  que  esta  fez,  salvou  as  companheiras,  as 
quaes  se  escaparam  com  o  favor  de  um  nevoeiro  e  da  noite  que  sohreveiu.  Vinham 
todas  as  quatro  de  Curaçáo,  e  estavam  carregadas  de  cacao,  de  anil  e  de  algumas 
piaslras.  Os  dois  fidalgos  portuguezes  quizeram  absolutamente  ser  espectadores 
do  combate,  e  não  cederam  ás  instancias  que  Duguay-Trouin  lhes  fazia,  de  des- 
cerem para  o  fundo  do  porão,  representando-lbes  que  Portugal  não  eslava  em 
guerra  com  a  Hol landa,  e  que  elles  se  expunham,  sem  necessidade,  a  ficarem 
estropiados,  ou  talvez  a  serem  mortos.  Apesar  de  todas  as  supplicas  deixaram-se 
ficar  até  ao  fim  do  combate.  Depois  de  terminado  este  continuou  a  viagem,  e  os 


Duguay-Trouin,  Mémoires,  pag.  13. 


I 


TU  3Í1 

fidalgos  desembarcaram  em  Saint  Maio,  parecendo  ficarem  contentes  das  «atten- 
ções  que  Trouin  teve  para  com  elles». 

Em  1696  o  irmão  de  Duguay-Trouin  foi  mortalmente  ferido  n'uma  refrega 
perlo  de  Vigo  Esle  levou  o  irmão,  que  lhe  tinha  morrido  nos  braços,  a  enterrar 
em  Vianna  do  Castello.  «Tcda  a  nobreza  d'aquellas  immediações  (pag.  bi)  assis- 
tiu ao  funeral,  e  pareceu  sensível  da  perda  de  um  mancebo,  que  attrahia  os  lou- 
vores e  as  saudades  da  nossa  tripulação». 

Em  1705  tomou  outro  navio  inglez  á  entrada  do  Tejo,  e  pouco  depois  tomou 
ainda,  na  altura  de  Lisboa,  um  outro  carregado  de  pólvora. 

Todos  sabem  o  que  elle  praticou  no  Rio  de  Janeiro,  e  como  os  francezes  se 
gloriam  de  um  feito  que,  na  verdade,  não  tem  muito  de  glorioso. 

TROVin  (PELLIER  DE  -. J.). 

Mision  evangélica  ai  Reino  de  Congo,  por  la  Seráfica  Religion  de  los  CapU' 
chinos  (y  descripcion  dei  Reyno  dei  Congo).  Madrid,  1649. 

TRUE  (A)  and  particular  history  of  the  cruelties  and  barbarities  exercised 
on  varions  occasions  by  the  present  usurper  of  the  crown  of  Portugal  D.  Miguel. 

TUBIIVO  (F.  M.). 

El  arte  y  los  artistas  contemporâneos  en  la  Peninsula.  Por .  Libreria 

de  A.  Duran.  1871,  8." 

«Sinto  deveras,  ao  saudar  cortezmente  os  artistas  portuguezes,  não  encon- 
trar motivo  para  elogio  nem  para  louvor.  Apresenta  o  sr.  Fonseca,  professor 
jubilado  da  academia  de  bellas  artes  de  Lisboa,  três  obras:  Uma  nympha  do 
Tejo;  Eneas  fugindo  do  incêndio  de  Troya  e  a  Nympha  Peristezo  refugiada  nos 
braços  de  Vénus.  É  lastima  grande  que  o  apreciável  mestre  tenha  encaminhado 
sua  inspiração  e  seus  talentos  para  este  lado.  Obriga-me  a  cortezia  a  citar  seus 
quadros,  mas  não  me  obrigará  a  severa  lei  da  critica  a  negar  todo  o  merecimento 
ás  créações  do  hospede  que  com  a  sua  presença  nos  favorece.  Estão  eivados  de 
grandes  defeitos,  que  não  são  inteiramente  do  auctor,  mas  sim  do  tempo,  da 
escola  e  maneira  a  que  correspondem  :  tempo,  escola  e  maneira  que  dentro  em 
pouco  hão  de  ser  no  mundo  artístico  um  verdadeiro  archaismo.» 

«Pela  primeira  vez  concorrem  os  artistas  portuguezes  a  medir  suas  armas 
com  os  hespanhoes  em  lucta  artística.  Se  antes  deplorei  não  achar  motivo  para 
encómios  ante  um  quadro  mythologico,  agora  sinto  um  immenso  prazer  em  dar 
os  parabéns  ao  sr.  Andrade,  pela  sua  pintura  Castello  de  Fusano,  nas  immedia- 
ções de  Roma. 

«Revela  este  quadro  um  mestre  que  se  empenha  em  crear  todo  o  género  de 
difiBculdades  para  ter  o  prazer  de  as  vencer.  Longe  de  procurar  o  sitio,  o  pano- 
rama, o  contraste  e  o  momento  mais  favorável,  Andrade  escolhe  o  mais  ingrato, 
o  mais  refractário,  o  menos  pintavel,  o  mais  dififieil  e  compromettedor.  Não  im- 
porta. O  artista  já  sabe  o  que  são  obstáculos,  e  também  sabe  o  que  ha  de  fazer 
para  triumphar  de  todos  elles  e  convertei -os  em  vantagens. 

«Representa  a  tela,  que  examino,  um  pedaço  de  costa  baixa,  uma  espécie 
de  lagoa  ou  marinha,  coberta  de  juncos  e  espadanas.  Levanta-se  á  direita  uma 

21 


3n  TU 

eminência  abrupta,  assombreada  por  uma  mata  de  pinheiros,  e  o  céu,  occulto 
atrás  de  espessa  cortina  de  nuvens,  annuncia  uma  manhã  fria,  húmida  e  chuvosa. 
Quanta  verdade  nas  aguas  estanciadas  I  Quanta  vida  no  celaje!  Quanta  finura  nos 
juncos  e  outras  plantas  que  rompem  a  superfície  monótona  da  agua ! 

«Tem  este  pintor  outros  dois  quadros,  sendo  o  titulo  do  primeiro.  Uma  manhã 
em  Rivara  (Piemonte),  q  o  outro,  Uma  pescaria  na  Liguria.  Reduz-se  aquelle  a 
um  campo  coberto  de  herva  verde,  limitado  por  algumas  arvores,  e,  embora  pin- 
tado com  engenho,  não  agrada. 

•  Recreia  mais  o  segundo:  a  costa  com  seus  cachopos,  a  maré  abaixando,  as 
rochas,  os  pescadores,  tudo  (menos  o  céu)  é  bom.  Não  procure  tanto  o  sr.  An- 
drade a  simplicidade  n'esses  assumptos,  que  chegará  a  exageral-a ;  são  necessá- 
rios maiores  contrastes,  maior  movimento  e  maior  harmonia  nas  suas  creações. 
Não  siga  a  seu  mestre,  o  insigne  Calaume,  senão  no  que  deve  ser  imitado.  Pin- 
tando Calaume,  como  Diday,  os  esplendidos  panoramas  alpestres,  conseguiram 
passageiros  triumphos,  e  isso  porque  a  simplicidade  dos  Alpes  é  a  simplicidade 
do  magestoso  e  do  immenso.» 

«De  outro  paizagista  portuguez,  o  sr.  ísaias  Newton,  vieram  para  o  certa- 
men  três  quadros :  o  Palácio  da  Ajuda,  os  Arrabaldes  de  Santarém  e  as  Frontei- 
ras de  Portugal  e  Hespanha.  O  sr.  Newton  é  vantajosamante  conhecido  no  reino 
vizinho  como  um  artista  consciencioso  e  applicado,  que  procura  reproduzir  com 
a  maior  fidelidade  a  natureza,  embellezando-a  com  primor.  Gelebra-se  muito  sua 
Sei-ra  de  Monsanto,  que  não  conheço.  Julgando  a  este  mestre  um  dislincto  critico 
portuguez,  Luciano  Cordeiro,  diz  o  seguinte  a  respeito  dos  quadros  que  apresen- 
tou em  1868  na  exposição  da  sociedade  promotora  de  bellas  artes:  «Suas  paiza- 
gens  d'este  anno  denotam  um  grande  estudo  technico,  muito  consciência  e  grandes 
progressos.  Ha  n'elle  alguma  cousa  do  pintor  de  Harlem,  alguma  cousa  como 
uma  melancolia  melodiosa  (se  a  phrase  é  permittida),  e  como  um  extasis  no 
meio  de  uma  almosphera  transparente,  cheia  de  luz,  aromas  e  sensualismo.  Ex- 
tasis que,  prolongando-se,  poderia  converter-se  em  monotonia. 

«Encontro,  pela  minha  parte,  nas  paizagens  do  sr.  Newton,  certa  suavidade 
agradável,  certo  repouso  e  calma,  que  os  olhos  percebem  com  gosto.  As  grandes 
massas  verdes  pintadas  com  delicada  finura  e  até  mesmo  minuciosidade,  o  céu 
reproduzido  com  os  movimentos  de  maior  limpidez  e  calma,  revela-se  no  con- 
juncto  a  maestria  do  pincel,  mas  parece-me  descobrir  em  suas  obras  tendência 
para  o  amaciamento,  para  a  nimiedade  e  para  a  repetição.  Sobra  habilidade 
technica  ao  artista,  falta-lhe  ardor,  ousadia  e  aquelles  rasgos  um  tanto  indómitos 
e  indisciplinados  que  denunciam  o  génio.  Apresenta-se  Newton  como  uma  natu- 
reza doce,  equilibrada,  amorosa  de  luz  e  de  harmonioso,  amiga  de  idyllio,  con- 
traria á  lucta,  ao  drama  e  ao  contraste.» 

«Que  diíferença  tão  grande  entre  o  estylo  do  sr.  Newton  e  o  do  nosso  con- 
cidadão Mufioz  Degrain!  Alli,  a  luz  meridiana,  os  dourados  raios  de  sol  alu- 
miando deliciosas  planuras  e  suaves  recostos;  nem  uma  nuvemsinha  na  atmos- 
phera,  nem  um  desaccordo  nas  tintas  do  panorama  f  Aqui,  o  contraste  da  luz  e 
da  sombra,  o  agreste  e  o  escabroso,  o  escarpado  da  rocha  e  a  contraposição  dos 
eíTeitos.  Mufioz  Degrain  exagera  a  expressão,  mas  tem  génio ;  assim  tivera  outras 
cousas!  Porque  abunda  tanto  o  azul  em  todas  suas  creações?  Visto  um  de  seus 


TU  ^2;! 

quadros,  já  se  possue  o  tom  dominante  de  todos  os  outros.  Parece  que  se  forjou 
um  padrão  exclusivo  na  sua  phantasia,  e  por  elle  corta  todas  as  suas  obras.  A 
grande  arte  é  variedade  e  unidade,  e  não  monotonia,  e  as  paizagens  de  Mufioz 
Degrain  estão  monótonas,  porque,  mesmo  feitas  por  distinctos  nomes,  se  repetem 
nos  aceidenles  principaes,  e  não  caracterisam  as  notabilidades  a  que  podem  refe- 
rir-se.  Dir-se-ía  que  todos  estão  pintados  de  cór,  sem  abandonar  o  estudo. 
Debaixo  de  outra  relação  ha  n'elles  amaneiramento,  como  nos  de  Andrade.» 
(Pag.  224.) 

u  Entrada  em  Lisboa,  por  Tomasini,  portuguez.  Este  artisía  apresentou  uns 
dez  quadros  de  variedades,  alguns  d'elles  bastante  lindos.»  (Pag.  228.) 

«Ha  na  sala  primeira  da  exposição  dois  quadros  do  sr.  Talavera:  Um  reque- 
bro e  o  Átrio  de  wmoL  igreja  de  Andaluzia,  que  annunciam  no  artista  aptidões 
excellentes;  tem  na  mesma  o  portuguez,  sr.  Bordallo  Pinheiro  (José),  quatro 
quadrosinhos,  executados  com  vigor  e  intenção,  reclamando  elogio  o  que  repre- 
senta a  Leitura  de  Cervantes.  Também  recordarei  a  Romaria  e  o  Mercado,  do 
sr.  Pereira,  e  a  Famiíia,  de  Lupi,  pintura  correcta,  expressiva  e  com  sentimento, 
embora  de  côr  um  tanto  convencional,  especialmente  nos  contornos.»  (Pag.  234.) 

«Rápida  será  minha  revista  dos  quadros  de  variedades. 

«Hecordo:  Avec  mon  tili  e  o  Alpargatero,  de  D.  Placidc  Francês;  a  Scena 
de  costumes  maritimos,  de  Herrera ;  os  Dois  jiigiietes,  de  Lercano ;  Recordações  de 
Toledo  e  os  Segadores ;  as  Creadas  varrendo  e  esfregando,  de  Martin  ;  A  tarde  de 
Sexta  Feira  Santa,  em  Olot,  de  Vayreda ;  a  Partida  de  Quinote,  de  Araújo ;  O 
baptismo  e  o  Correio  fraudulento,  de  Franco;  a  Gitana,  de  Benso;  o  Menino 
italiano,  de  Vioda ;  a  Cruz  Alta  de  Cintra,  e  a  Fonte  dos  Amores,  do  portuguez 
sr.  Christino;  e  os  Estudos  e  os  Divertimentos,  alguns  apreciáveis,  de  Melida. 
Obras  modestas,  sem  pretensões  nem  grandes  aspirações,  offerecem  defeitos  ao 
lado  de  qualidades,  que  as  fazem  credoras  da  benevolência  e  da  critica.»  (Pag.  254.) 

«tNo  salão  do  throno  ha  duas  telas  de  Rezende,  artista  portuguez,  as  quaes 
annunciam  boas  faculdades.  Intilulam-se:  Vacina  de  Mortosa  e  o  Pescador  por- 
tuguez. Noto  n'ellas  riqueza  de  côr  e  bom  debuxo.»  (Pag.  256.) 

«Carece  a  Hespanha  de  pintores  de  animaes ;  Jimenez  foi  uma  bella  appari- 
ção  e  nada  mais.  Não  floresce  entre  nós  a  fauna,  e  não  é  raro,  quando  com  tão 
pouco  respeito  se  tem  encarado  e  ainda  encara  a  dignidade  humana;  que  inte- 
resse haviam  de  inspirar  os  animaes?  Não  ha  paiz  da  Europa  culta  onde  o 
homem  se  mostre  tão  cruel  para  com  os  animaes.  Aqui  vemos  o  misero  cavallo 
assassinado  nas  praças  de  touros,  para  divertir  os  espectadores;  aqui  annunciam 
as  auctoridades  corridas  de  gansos,  espectáculo  bárbaro,  mais  próprio  de  hoten- 
totes  que  de  homens  civilisados;  aqui,  finalmente,  se  organisa  uma  sociedade,  na 
qual  entra  a  mais  nobre  mocidade,  e  como  primeiro  signal  de  existencia"se  dedica 
a  fuzilar  inoífensivas  pombas  atrás, das  tapadas  do  Retiro I 

«Toda  a  arte  tem  um  reflexo  do  meio  em  que  se  produz.  Será  o  contempo- 
râneo hespanhol  quanto  se  quizer,  menos  uma  arte  humana,  que  aspira  a  grandes 
emprezas.  Modelando- se  a  nossa  fraqueza  de  caracter,  accusa  a  crise  profunda 


324  TU 

que  nos  agita;  seu  caracter  é  a  declamação  e  o  scepticismo.  Em  nada  crê,  salvo 
honrosas,  se  bem  que  singulares,  excepções.  , 

«Mas  se  a  Hespanha  não  gosa  de  um  pintor  d'este  género,  tem-o  Portugal,  e 
tão  competente,  que  bem  nos  podemos  consolar  da  carência  própria.  Thomás 
José  da  Annunciação  só  pinta  animaes.  Não  procureis  nas  suas  telas  a  figura 
humana;  se  alguma  vez  apparece,  comprehende-se  que  representa  no  quadro  o 
que  o  comparsa  sobre  o  palco  scenico.  Até  mesmo  a  paizagem,  a  luz,  a  atmos- 
phera  e  o  céu  são  meros  aecessorios,  aos  quaes  se  dará  importância,  se  assim 
convier,  para  que  a  figura  dos  animaes  se  destaque  sobre  o  fundo  que  mais  a 
favorecer. 

«Seis  obras  a  óleo  expõe  o  sr.  Annunciação,  e  ainda  que  algumas  são  de 
reduzido  tamanho,  nem  por  isso  deixam  de  ter  merecimento.  A  Arribana  e  os 
Extraviados  do  rebanho  são  mui  bel  los.  Associa-se  na  palheta  do  pintor  a  cor- 
recção do  desenho  á  belleza  do  colorido  e  ao  relevo ;  ha  caracter  em  suas  obras, 
e  nas  duas  citadas  a  natureza  se  oíferece  habilmente  reproduzida.  O  fundo  do 
A  Arribana  é  notável.  Andrade,  com  a  sua  paizagem  do  Castello  de  Fmano^  e 
Annunciação,  com  seus  animaes,  representam  dignamente  no  certamen  a  arte  de 
pintura  portugueza,  ainda  que  não  indígena,  mostrando,  embora  seja  em  escala 
modesta,  que  não  é  Portugal  estranho  ao  Renascimento  artístico  que  se  nota  na 
Península  de  ha  quinze  annos  a  esta  parte. 

«Critico  imparcial,  devo  dizer  que  Annunciação  falseia  algum  tanto  a  ver- 
dade realista  no  que  di2  respeito  á  luz  e  á  atmosphera.  Ha  tintas  e  effeitos  pura- 
mente arbitrários  nos  Extraviados.»  (Pag.  260.) 

«Não  são  sufficientes,  comtudo,  as  obras  expostas  para  formarmos  um  juizo 
synthetico  acerca  do  estado  da  arte  de  pintura  entre  os  nossos  vizinhos;  mas  a 
julgarmos  pelos  trabalhos  já  citados,  de  Andrade  e  Annunciação,  pelos  de  Bor- 
dallo  Pinheiro  (José),  Christino,  Chaves,  Fonseca,  Lupi,  Pereira,  Pedroso,  Reis 
(D.  Guilhermina),  Tomasini  e  Rezende,  a  pintura  portugueza  pôde  ir  na  frente 
da  arte  ibérica,  fazendo  seus  cultores  poucos  mais  esforços.»  (Pag.  260.) 

tTambem  devo  recordar  os  bustos  de  Belver,  o  Rossini  de  Alcoverro;  e,  em- 
quanto  aos  portuguezes,  a  Cabeça  expressiva,  de  Almeida,  é  boa,  o  Adónis,  em 
bronze,  de  Fonseca,  é  bello,  os  bustos  de  Rosa  credores  de  menção  especial,  e  a 
Camélia,  de  Nunes,  mui  estimável.»  (Pag.  271.) 

«Dois  projectos  monumentaes  contém  o  salão.  Um  de  Bastos,  portuguez, 
dedicado  á  memoria  dos  navegantes  portuguezes;  outro  de  Gomez,  para  as  cinzas 
do  general  Zurbano.  Aquelle,  ainda  que  um  pouco  pesado,  é  grandioso;  este 
carece  de  unidade  em  sua  exornação,  e  tem  o  seu  tanto  de  catafalco  de  igreja.» 
(Pag.  271.) 

«Os  progressos  da  gravura  em  Portugal  e  Hespanha  são  incontestáveis. 
Abra-se  uma  obra  que  conte  uns  quinze  annos,  compare-se  com  as  que  se  pro- 
duzem actualmente,  e  a  consequência  será  grandemente  consoladora.  Existem  já 
em  o  nosso  território  gravadores  conscienciosos,  que  são  alguma  cousa  mais  do 
que  meros  executores  do  que  faz  o  desenhador.  Ha  n'elles  gosto,  arte  e  persona- 
lidade. O  gravador  alcança  vida  na  Península,  e  tem  futuro.  No  departamento 


que  lhes  eslá  destinatlo,  ofTerecem-se  ao  estudo  os  testemunhos  cautheiílicos  do 
meu  prognostico:  Lemus,  Rico,  Alberto,  Serra,  Sousa,  Alabern,  Pranche  Roselló' 
recommendam-se  alli,  com  seus  trabalhos,  ao  applauso  dos  intelligentes. 

«Notáveis  progressos  ha  realisado  o  sr.  Roselló,  cujas  obras  trazem  á  me- 
moria as  melhores  recordações  de  Carmona,  mas  não  é  menos  delicada  e  bella  a 
serie  de  retratos  de  personagens  celebres  portuguezes  e  estrangeiros,  expostos 
pelo  sr.  Sousa. 

«As  aguarellas  são  género  exótico  na  Hespanha.  Inglaterra  está  reputada 
como  a  terra  clássica  dos  aguarellistas.  Tem  a  Península  alguns  que  merecem 
louvor,  mas  nSo  quizeram  expor  suas  obras,  vedando-nos  assim  a  occasião  de  as 
cstu;jlarmos  e  applaudirmos. 

«Do  sr.  Bordallo  Pinheiro  ha  uma  eollecção  de  typos  bastante  expressivos.» 
(Pag.  276.) 

«Peccâria  por  injusto  se  não  elogiasse  as  miniaturas  de  Tomasini,  que  são 
superiores  em  merecimento;  os  trabalhos  dos  srs.  Molarinho,  portuguez,  c  Pes- 
cador, madrilense,  gravadores  em  talhe-doce ;  os  desenhos  a  carvão  de  Annun- 
ciação ;  os  esmaltes  de  Sala  e  Sanehez,  e  os  desenhos  a  lápis  ou  á  penna  e  as 
aguas-fortes  de  Bartolomé  Maura  y  Tubau. 

«Reclamam  lambem  especialíssima  menção  as  provas  de  gravuras  em  talhe- 
doce,  expostas  pelo  acreditado  sr.  Campos,  primeiro  gravador  da  casa  da  moeda 
de  Portugal,  Tanto  os  trabalhos  d'este  artista  como  as  medalhas  e  sellos  de  Mo- 
larinho, dizem  os  progressos  que  este  ramo  de  bellas  artes  tem  feito  entre  os 
nossos  vizinhos.  Felicito  sinceramente  tanto  a  um  como  a  outro,  e  desejo  que  a 
juventude  lusitana  siga  por  este  caminho,  que  com  tanto  applauso  percorrem 
seus  mestres.»  (Pag.  280.) 

«Ainda  ha  pintores  que  seguem  a  senda  inaugurada  ha  dez  ou  quinze  annos, 
ao  iniciar-se  o  nosso  renascimento  artístico  contemporâneo;  ainda  existe  quem 
se  inspira  na  vida  moderna  e  cultiva  a  historia;  mas,  se  no  tocante  á  idéa  noto 
melhoras  evidentes,  no  particular  da  execução  descubro  perigosas  novidades; 
entre  o  sublime  e  o  ridículo  mette-se  de  permeio  uma  linha;  o  afan  da  origina- 
lidade costuma  trazer  insupportaveis  extravagâncias.  Quando  o  génio  se  faz 
ineomprehensivel  para  o  senso  eommum,  suscita  a  mofa  ou  a  indifferença.  Não 
se  lavram  as  obras  de  arte  para  as  notabilidades,  fazem-se  para  todos  os  homens 
que  toem  sensibilidade,  gosto  e  entendimento.  O  verdadeiro  génio  aborrece  o 
systematico.  É  livre  dentro  da  sublimidade,  que  é  a  summa  harmonia.  Pinta 
como  pinta,  sem  se  importar  de  seguir  esta  moda  ou  de  imitar  aquelle  exemplo. 
O  génio  nem  imita  nem  é  imitavel.  Estude-se  o  que  se  chama  escola  de  Murillo, 
e  não  se  encontrarão  mais  do  que  mediocridades.  Quem  ousou  proclamar-se  dis- 
cípulo de  Velasquez?  Não  se  conhece  similhante  escola. 

«E,  estabelecido  isto,  penso  que  é  chegado  o  momento  de  perguntar  se 
existe  alguma  na  Península.  Entendo  que  não.  Envia  Portugal  uma  dezena  de 
quadros,  e  ainda  que  foram  pintados  pelos  portuguezes,  não  ha  rasão  para  dizer 
que  revelam  a  realidade  de  uma  escola  de  pintura. 

«Pinta  Annunciação  os  animaes,  seguindo,  segundo  parece,  francezes  e  belgas; 
Andrade  vive  na  Itália,  e  suas  paizagens  estão  mui  longe  de  revelar-nos  algum 


326  TU 

caracter  indígena.  Gosta  Bordallo  das  variedades,  e  usa  de  um  colorido  exótico. 
Inspira-se  Newton  das  boas  tradições,  sem  formar  escola.  Se  ha  quadros  na 
exposição,  que  devam  attribuir-se  á  arte  privativa  portugueza  de  nossos  dias, 
são  seguramente  os  de  Fonseca,  que  correspondem  a  um  estylo  de  pura  con- 
venção, que  possue  no  respeitável  ancião  um  de  seus  últimos  representantes». 
(Pag.  288.) 

«Artistas  premiados: 

"Lupi — A  família  —  2.«  medalha,  por  11  votos. 
«Andrade  —  CasteUo  Fusano  —  2.^  medalha,  por  11  votos. 
«Annunciação  —  Anmaes  —  '2^  medalha,  por  12  votos. 
«Sousa;  gravuras  —  2.»  medalha. 

«Almeida;  esculptura —  Ojoven  grego  —  3.^  medalha,  21  votos. 
«Nunes;  esculptura —  Cornélia  —  Idem,  idem. 
oMolarinho;  gravura  —  2.^  medalha,  15  votos. 

«Gaspar;  architectura— T/ieaíro  de  uma  cidade  de  segunda  ordem  —  3."  me- 
dalha.» 

Los  monumentos  megallicos  de  Andálucia^  Estremadura  y  Portugal  y  los  abo- 
rígenes ibéricos.  (Vem  no  Museo  espanol  de  antigúedadeSj  tomo  vii,  pag.  353.) 

TUCREY  (J.  K.). 

Narrativo  of  an  expedition  to  explore  the  river  Zaire,  usually  called  the 

Congo,  in  south  Africa,  1816,  nnder  the  direction  ofcapt. .  To  which  is  added 

thejournal  of  professor  Smith ;  some  general  observations  on  the  country  and  its 
inhabitants,  and  an  appendíx  containing  the  natural  history.  London,  1818. 

TUDÈLE  (GUILLAUME  DE ). 

No  seu  poema  histórico,  escripto  entre  1210  e  1219,  onde  descreve  a  histo- 
ria da  cruzada  contra  os  herejes  albigenses,  falia  desfavoravelmente  do  Rei  de 
Portugal  por  causa  da  sua  lucta  estéril  acerca  das  heranças  de  suas  irmãs.  O  mo- 
narcha  satyrisado  no  poema  é  El-Rei  D.  Aflonso  IH. 

TUHFAT  UL  MUJAHIDIM. 

Obra  valiosa,  escripta  em  árabe,  que  descreve  as  guerras  entre  os  portugue- 
zes  6  08  mahometanos,  entre  os  annos  1498  e  1583. 

Ha  d'ella  uma  traducção  ingleza,  com  o  n."  30,  na  serie  da  commissão  orien- 
tal das  traducções  (Oriental  Translation  Conimilteep. 

TUROTZI  (JOSEPH ) — Jesuíta,  natural  de  i'resburg. 

Panegyris  D.  Francisco  Xaverio.  Tyrnaviae,  1729. 


'  Aponlamenlo  fornecido  pelo  sr.  dr.  Tlieopliilo  llraga. 

'  T.  W.  H,  Toll)orl,  Aurtoridades  para  a  hisloria  dosporluguezes  xa  índia.  No  Insliluto  Vasco  da 
(Jama.  Nova  Goa,  1874,  pag.  185. 


TW 


327 


TUZUK  I  JAUAIVGIUI.  (Historia  do  Mogol.J 

Obra  escripla  em  lingua  persa,  que  trata  dos  leitos  dos  nossos  no  Oriente. 

«Allude  a  vários  logares  do  Muqarrab  Khan  e  aos  negócios  de  Surrate.  Uma 
passagem  parece  referir-se  ao  ataque  sobre  a  armada  de  Downton,  por  Azevedo, 
em  1614.  Em  outros  logares  o  Tuzuk  refere-se  a  presentes  dos  porluguezes  e  a 
alguns  portuguezes  empregados  nos  domínios  de  Jahangir  *. 

TWISS  (RICHARD ). 

Traveis  throiigh  Portugal  and  Spain  in  1772  and  1773j  with  copper-plates 
and  an  appendix.  London,  4775,  4.*'  1  vol.  de  iii-465  pag. 

De  pag.  375  a  465  vem  um  Account  of  the  Spanish  and  Portuguese  Litera- 
ture. 


'  T.  W.  H,  Tolbort,  Auctoridãdes  para  a  historia  dos  portuguezes  na  índia.  No  Instituto  Vasco  da 
Gama,  Nova  Goa,  1S74,  pag.  185. 


I 


u 


Les  portugais,  dont  !a  langue  a  toules  les  niagnificences  de  Tespa- 
gool,  sans  en  avoir  les  défauts,  ont  Ia  supérioriló  dans  ravenlurc  et 
dans  Taudace.  Us  ont  joué  sa  fortunc  sur  les  vagues  de  TOcéan. 
Jamais  pcuple  si  pcu  norabreux  ne  íit  et  n'ccrivil  de  si  grandes 
clioscs.  Son  Camoens  esl  le  poèle  épique  de  son  histoire,  de  ses 
dccouvcrles  et  de  ses  conquêles  dans  Tínde.  Son  erapire,  transborde 
cn  six  móis  de  Lisbonne  en  Amérique,  será  un  jour  le  texle  d'un 
aulre  Camoens;  le  portugais  est  un  grand  aventurier,  ravcnturier 
national,  héroiqne  et  poétique  des  temps  modernes. 

Lamartine,  E^tretiens  familiers. 


UDHE  (C). 

Baudenkmàler  in  Spanien  und  Portugal.  Berlin,  1889. 

ULISSIPEADE  (L').  Poème.  Ou  les  calamités  de  Lisbonne,  par  le  Trem- 
blement  de  Terre,  &c.  Par  un  spectateur  de  ce  desastre,  siiivie  de  IJArchi  Héros, 
admire  de  Tout  l'  Univers  dans  la  personne  Sacrée  de  Frédcric  le  Grand,  Roi  de 
Prusse.  Et  quelqu^autres  pièces,  &c.  12.<*  1  vol.  165  pag. 

ULLOA  (D.  MAUTIN  DE  ). 

Tratado  de  Cronologia  para  la  historia  de  Espana. 

Occupa  este  trabalho  todo  o  vol.  ii  das  Memorias  da  Academia  de  Historia 
de  Madrid. 

É  útil  a  leitura  d'esta  obra  aos  que  desejarem  escrever  acerca  dos  antigos 
tempos  da  historia  de  Portugal,  tanto  anteriores  como  posteriores  ao  nascimento 
de  Christo.  Chega  ato  ao  tempo  da  Bainha  D.  Joanna  de  Castella. 

Tandjem  ahi  encontra  o  leitor,  por  ordem  chronologica,  a  historia  do  domí- 
nio romano  na  peninsula  ibérica. 


330  UR 

UNIO  sive  connubium  amoris  divini  cum  D.  Francisco  Xaverio  Indiarum 
Apostolo  carmine  dediictnm,  et  Néo-Magistris  oUatum^  promotore  P.  Wenceslao 
Aquinate.  Pragae.  Typis  Universilatis.  1660,  in-4.*' 

UNIONE  deli'  Regno  di  PortogallOj  alia  corona  di  Castiglia.  Istoria  dei  signor 
Jeronymo  Conestaggio.  Venelia,  1642. 

UIVJUST  Proclamation  of  his  Serene  Highness  the  Infante  Don  Mig^iel  as 
King  of  Portugal  or  analysis  and  juridical  refutation  of  the  act  passed  by  denomi- 
nated  three  estales  of  the  Kingdom  uf  Portugal  on  the  11  of  July^  by  Desembarga- 
dor António  da  S.  L.  Rocha.  Translated  from  the  portugiiese.  1829. 

URCULLA  (D.  JOSÉ  DE ). 

Cantata  pelo  motivo  da  visita  feita  ú  heróica  cidade  do  Porto  por  S.  M.  F. 
a  Setihora  D.  Maria  II  e  SS.  MM.  II  o  senhor  D.  Pedro,  duque  de  Bragança  e 
Sua  augusta  Esposa.  Por .  Porto,  1834,  12.*»,  13  pag. 

URIEL  DA  COSTA. —  Cognominado  O  jurista,  nasceu  pelos  fins  do 
século  XVI,  em  a  nossa  cidade  do  Porto,  e  falleceu  em  1647. 

Seu  pae  tinha  deixado  a  religião  de  seus  antepassados,  a  de  Israel,  para 
abraçar  o  cliristianismo,  que  professava  com  uma  espécie  de  enlhusiasmo.  O 
joven  Gosta  foi  educado  nos  mesmos  princípios,  e  sua  piedade  attrahiu  sobre  si 
a  attenção. 

Desde  sua  primeira  mocidade  se  occupou  com  ardor  no  estudo  das  Escri- 
pturas,  leu  e  releu  o  l^ovo  testamento,  e  meditou  profundamente  no  sentido  d'elle. 

Nomeado,  na  idade  de  vinte  e  cinco  annos,  thesoureiro  de  uma  capella, 
pareceu  destinado  para  uma  carreira  brilhante.  Mas,  desde  muito  tempo,  algumas 
duvidas  perturbavam  sua  alma,  não  podendo  comprehender  o  mysterio  da  reve- 
lação, e  encontrando  mil  objecções  ao  dogma  da  divindade  de  Christo.  Chegou  a 
negar  a  verdade  do  christianismo  e  hesitou  entre  o  naturalismo  e  a  religião  de 
Moysés;  a  necessidade  de  se  ligar  a  uma  communidade  baseada  sobre  doutrinas 
positivas,  o  decidiu  para  esta  ultima ;  e  com  o  fim  de  se  entregar  a  ella  com  toda 
a  segurança,  deixou  até  mesmo,  com  sua  mãe  e  irmãos,  Portugal,  e  encaminhou-se 
para  Amsterdam,  onde  passou  o  resto  do  seus  dias. 

Tendo-se  submettido  á  cireumeisão,  mudou  o  nome  de  (xabriel  no  de  Uriel, 
e  foi  durante  algum  tempo  membro  zeloso  da  communidade  judaica.  Não  tardou, 
comludo,  em  perceber  que  o  judaismo  d'aquelle  tempo  estava  bem  afastado  da 
religião  dos  hebreus,  tal  como  o  estudo  dos  livros  de  Moysés  lh'o  tinha  feito 
conceber.  Os  rabbinos  e  os  tamudistas  a  tinham  sobrecarregado  com  um  montão 
de  ceremonias  pueris.  Esta  observação  o  aíTectou  profundamente ;  e  não  podendo 
dissimular  a  causa,  a  communicou  ao  publico  n'um  escriplo  a  cuja  publicação  os 
rabbinos  se  oppozeram.  Mas  havendo  sido  divulgadas  algumas  das  suas  theses, 
creram  dever  responder  a  ellas  por  meio  de  uma  refutação,  cujo  auctor  foi  o 
medico  Samuel  da  Silva. 

Provocado  por  um  tal  modo.  Costa  não  pôde  conservar-se  em  silencio,  de- 
fendendo-se  n'um  opúsculo  publicado,  primeiramente  em  portuguez  e  depois 
n'uma  versão  latina,  sob  o  titulo  de:  Exame  das  tradições  pharisaicas  conferidas 
com  a  lei  escripta. 


US  «31 


^Hque  é  de  1624,  causou  muita  sensação.  Costa  já  não  se  contentava  com  atacar  os 
^Hrabbinos,  mas  já  negava  a  missão  divina  de  Moysés,  como  também  já  tinha  feito 
^^^  a  respeito  da  missão  divina  de  Jesus  Gtirislo,  e  chegou  até,  finalmente,  a  alguns 
eommenlarios  acerca  de  todos  os  livros  históricos  do  Antigo  testamento. 

Notou-se  que,  n'um  dos  seus  livros,  Abarbanel,  embora  tivesse  gosado 
muitas  vezes  da  protecção  dos  reis,  tinha  manifestado  opiniões  muito  republica- 
nas. As  obras  d*este  sábio  israelita  são  escriptas  em  hebraico,  e  quasi  todas 
foram  vertidas  para  latim  por  Buxtorfio. 

O  Perosch  ai  Hattorah  (Commentario  do  Pentatheuco),  foi  impresso  en\ 
Veneza  no  anno  de  1579;  Le  Perosch  ai  Nehim  Rishomim  (Commentario  acerca 
dos  últimos  prophetas)  e  o  Perosch  Nehim  Acheroxim  (Commentario  acerca  dos 
primeiros  prophetas),  appareceram  na  collecção  de  Soncini;  Veneza,  1520,  in-fol. 
O  Mtishmia  Jeshuala  (O  pregador  da  salvação),  collecção  das  prophecias  relativas 
ao  Messias,  foi  impresso  em  Amsterdam  no  anno  de  1644,  in-4.°;  o  Rosch  Amana 
(Cabeça  da  Fé),  explicando  os  princípios  da  religião  judaica,  appareceu  em  Ve- 
neza no  anno  de  1545,  in-4.° 

Abarbanel  era  muito  aferrado  á  crença  de  seus  pães ;  mas  embora  não  fosse 
isento  de  azedume  nem  de  irritação  nos  seus  escriptos,  mostrou-se,  todavia,  be- 
névolo nas  suas  relações  com  os  christãos.  Os  judeus  contam  Abarbanel  em  o 
numero  dos  seus  homens  mais  illustres. 

Deixou  dois  filhos,  dos  quaes  um  tornou-se  distincto  na  qualidade  de  me- 
dico e  como  iitterato,  por  um  poema  italiano  intitulado:  Dialogid'amore;  o  outro 
abraçou  a  religião  christã.  E  o  filho  único  d'este  publicou  em  Veneza,  no  anno 
de  1552,  uma  collecção  de  cartas  hebraicas. 

URUETA  (FRAY  LUYS  DE ). 

Historia  eclesiástica j,  politicaj  natural  y  moral,  de  los  grandes  y  remotos 
reynos  de  la  Etiópia,  monarquia  dei  Emperador,  llamado  Preste  Jiian  de  las 
índias. . .  compuesta  por .  Valência,  1610,  in-4.'' 

Historia  de  la  sagrada  orden  de  predicador  es,  en  los  remotos  reynos  de  la 
Etiópia,  &c. 

URsm. 

N.  R.  af  de  Lusitânia  provintia  romana.  Helsingf.,  1884.  150  pag. 

USATO  (L9). 

Giuccolmio  di  sue  reverenze.  O  sia  Lettere  sparse  per  V  Itália  da  Giusuiti  nd 
tempo  deli'  attentato  contra  la  vita  dei  Re  di  Portogallo;  ron  la  risposta  alie  me- 
desime.  Napoli,  1768,  8."  1  vol.  de  56  pag. 


«Também  fui  ás  montanhas  de  Zilza,  aldeia  que  tem  um  mosteiro 
grego  no  sitio  mais  bello  que  eu  jamais  vi,  excepto  Cintra  em  Por- 
tugal. 

Lord  Byron,  Cartas. 


V.  J. 

Models  of  letters  in  portuguese  and  english.  Calcuttá,  1797. 

VAL  (MU.  DU ). 

Description  et  Alphahet  d'Espagne  et  de  Portugal.  Paris,  1660,  12.° 
«A  pag.  105  traz  um  catalogo  dos  nossos  reis,  em  que  se  acha  uma  hrevis- 
sima  summa  das  suas  acções i». 

VALDERAS  (EL  LICENCIADO  JUAN  DE ).— Natural  de  Be- 

nalcaçar. 

Admirable  suceso,  y  verdadera  enarracion  en  que  se  menta  como  una  mujer 
natural  de  la  Villa  de  Avero  en  Portugal  se  hizo  homhre,  y  como  tal  se  embarco 
para  Angola  serviendo  a  un  grumete,  y  despues  en  Mazagan  como  soldado  hizo 
miichas  hazanas,  hasta  que,  enamorada  delia  una  donzella,  fué  causa  de  se  saber  el 
enredo;  vá  repartida  esta  obra  en  quatro  Romances,  y  a  la  postre  un  Esrarrainan 

a  lo  divino  en  loor  dei  Glorioso  S.  Juan  Baptista.  Coiupuesta  por .  Impresa 

con  licencia,  en  Sevilla,  por  Bartholome  Gomes,  a  la  esquina  de  la  cáreel  real.  4  pag. 
Em  verso. 

Bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

VALENTIA  (GEORGE,  VISCOUNT ). 

Voyages  and  traveis  to  índia,  Ceylon,  the  Red  Sea,  Abyssinia  and  Egypt,  in 
1802-1806.  By .  London,  1809,  3  vol. 


'D.  José  Barbosa,  Catalogo  chronologico  das  rainhas  de  Portugal,  no  A  quem  quizer  ler. 


^ 


334  VA 

IrMLENTINUS   (JIILIO   CÉSAR  ).  — Parocho  em  Carpineto,  na 

Sabina. 

Verteu  para  italiano  a  obra  do  nosso  P.  Manuel  Rodrigues,  intitulada :  Ex- 
plicacion  de  la  Bula  de  la  Cruzada,  con  adiciones.  Panihormi,  1620  ^ 

VALERA  (CYPRIAN  DE  ). 

Dos  tratados;  el  yrimero  es  dei  papa  y  de  su  autoridade  colegido  de  su  vida 
y  dotrina.  El  segundo  es  de  la  missa.  Iten,  un  enxambre  de  los  falsos  milagros  con 
que  Maria  dela  Visitacion,  Priora  de  la  Anunciada  de  Lisboa  engano  a  muy  mu- 
chos;  y  de  como  fué  descubierta  y  condenada.  Londres,  en  casa  de  Ricardo  dei 
Campo  (traducção  do  nome  inglez  de  Richard  Field),  1599, 8.*»  pequeno  de  610  pag. 

Tross  vendeu  um  exemplar  por  47  francos  (em  1847),  e  Morante  um  por 
230  francos. 

Foi  reimpressa  esta  obra  em  Londres  no  anno  de  1851  ^. 

VALERA  (D.  aUAN ).— Escriptor  hespanhol. 

Escreveu  na  Revista  Ibérica,  de  Madrid,  vários  artigos  refutando  as  asser- 
ções ultra- bellicosas  de  D.  Pio  Gullon.  Madrid,  1862. 

VALLARROEL  (D.  JOSEPII  ). 

A  la  restituicion  de  Alcântara,  por  el  Ex.'°°  Senor  Marquês  de  Bay,  romance 
heróico  que  ofrece  a  su  Excelência  por  precepto  soberano. 
Guerra  da  successão. 

VALLE  (PIETRO  DELLA ). 

Des  fameux  voyages  de ,  gentilhonie  romain.  Paris,  1665. 

Trata  da  índia  portugueza  d'aquelle  tempo. 

Viaggi  di ,  il  pellegrino,  con  minuto  raguaglio  di  tutte  le  cose  notabile 

osservate  in  essi,  descritti  da  lui  medesimo  in  54  lettere  familiari,  da  diversi  luoghi 
delia  intrapesa  peregrinatione,  mandate  in  Napoli. . .  Divise  in  tre  parti,  cioè,  la 
Turchia,  la  Pérsia  e  V índia.  Seconda  impressione,  con  la  vita  delVautore. . .  Roma, 
1658,  1662,  1663,  4  tomos. 

Voyages  de ,  gentilhomme  romain,  dam  la  Turquie,  VÉgypte,  la  Palestine, 

la  Perse,  les  Indes  Orientales  et  autres  lieux.  Nouvelle  édition.  Rouen,  1745,  12.° 
8vol. 

(A  edição  de  1614-1625  é  traduzida  pelos  padres  Et.  Carneau  e  Fr.  Le- 
eomte.) 

VALLEDOR  (EVARISTO  SAN  MIGUEL  Y  ).— Duque  de  San 

Miguel,  grande  de  Espana  de  primera  dase,  gran-cruz  de  la  real  y  distinguida 
orden  de  Carlos  III,  y  de  las  reaies  militares  de  San  Fernando  y  San  Hermene- 
gildo, ele,  etc. 

Historia  de  Felipe  II,  Rey  de  Espana.  Por  el  Ex.'^^  Sr.  D.  .  Segunda 

edicion,  revista,  corregida  y  reformada  por  su  autor,  y  aumentada  con  su  biogra- 


Nicol.  Ant.,  Bibliotheca  Nova,  vol.  i,  pag.  355.  (Edição  de  Madrid,  1783.) 
Deschamps  et  G.  Brunei,  Supplément  au  Manuel  dii  libraire,  rol.  ii,  pag.  83t. 


( 


VA  333 

[ia,  juicio  critico  de  la  obra,  y  un  estúdio  sobre  la  época  de  Felipe  IL  Barcelona, 
editor,  Salvador  Monero,  1867-1868,  foi.,  2.»  vol.  com  estampas. 

No  paragrapho  destinado  no  vol.  n  (pag.  4oO-i53)  a  narrar  a  conquisla  de 
Portugal,  é  justo  para  com  os  portuguezes. 

VALLERAj^íGE  (P.). 

Le  palantinisme,  alliance  fédêrale  de  la  France,  la  Belgique,  VAngleterre, 
1'Espagne,  le  Portugal  Paris,  1865. 

VAiVE,  CII.  W.  (MARQUIS  DE  LONDONDERIIY). 

Histoire  de  la  guerre  de  la  Peninsule  (a.  1808  et  suivans).  Paris,  1828. 
A  steaiu  voyage  to  Comtantinople,  hy  the  lihine  and  the  Danube  in  1820-1841, 
and  to  Portugal,  Spain,  in  1839.  London,  1842,  2  vol. 

VANDEIV  BUSSCHE. 

Flandre  et  Portugal.  Mémoires  sur  les  relations  qui  existèrent  anlrefois  entre 
les  flamands  de  Flandre  et  particulièrement  ceux  de  Bruges.  Bruges,  1872. 
Ibid.  Bruges,  1872. 

VARGAS  (FRANCISCO  DIAZ  DE  ). 

Discurso  y  sumario  de  la  guerra  de  Portugal  y  sucusos  delia. 

Alem  das  edições  declaradas  no  primeiro  volume  de  Portugal  e  os  estrangei- 
ros, exisiem  ainda  as  seguintes: 

Zaragoza,  por  Pedro  Verges,  1644,  12.»  de  99  pag. 

Nicolau  António  falia  de  outra  edição  estampada  em  Zaragoza,  apud  Domi- 
nicwn  de  Portrariis. 

VARGAS  (D.  TH03IAS  TAMAYO   DE  ).— Natural  de  Madrid, 

chronista  mór  das  Índias,  de  El-Rei  Filippe  IV,  e  ministro  no  conselho  de  ordens, 
bem  conhecido  pelas  suas  eruditas  obras;  ainda  com  o  credito  que  deu  aos 
pseudo-chronicões,  se  lhe  não  pôde  negar  o  muito  que  soube;  falleceu  a  2  de 
setembro  de  1642.  Entre  a  muita  genealogia  que  escreveu,  imprimiu  em  Madrid, 
em  1633,  Memorial  por  la  casa  y  linage  de  Sousa,  a  favor  do  conde  de  Miranda, 
comprovado  nas  margens  com  auctoridades  e  illustrado  com  annotações. 

Restauracion  de  la  ciudad  dei  Salvador,  baia  de  Todos  Santos,  en  la  pro- 
víncia dei  Brasil,  por  las  armas  de  Dou  Felipe  IV,  el  gran  rey  católico  de  las 
Espanas  y  Índias.  Madrid,  1628. 

Um  exemplar,  que  pertencera  a  J.  B.  Colbert,  foi  vendido  na  casa  Tross,  em 
i873,  por  79  francos. 

VÁRIOS  AVISOS  deis  bons  sucesos  dei  Rey  de  Portugal,  y  disposicio  de 
sus  armadas  de  mar  y  terra;  progresos  y  estat  de  las  cosas  de  Alemania  y  Flandes. 
Ab  Licencia.  En  Barcelona,  en  casa  de  Pòre  Lacavalleria,  any  1642. 

VARIVHAGEN  (FRANCISCO  ADOLPUO  DE ).— Barão  de  Porto 

Seguro.  Escriptor  brazileiro. 

Historia  geral  do  Brazil,  isto  é,  do  descobrimento,  colonisação  e  desenvol' 
vimento  d'este  Estado,  hoje  império  independente,  escripta  em  presença  de  muitos 


336  VA. 

docummtos  authenticos  recolhidos  nos  archivos  do  Brazil,  de  Portugal,  da  Hespanha 
e  da  Hollandãj  por  um  sócio  do  instituto  histórico  do  Brazil,  natural  de  Sorocaba. 
Madrid,  1854-1857,  4.«  2  tomos. 

Amerigo  Vespucci.  Sou  caractere,  ses  écrits  (même  les  moins  authentiquesj,  sa 
vie  et  ses  navigations,  avec  une  carte  indiqiiant  les  routes,  par  A.  de  Varnhagen, 
ministre  du  Brésil  au  Pérou.  Lima,  imprimerie  du  Mercúrio,  1865,  foi. 

Le  prender  voyage  de  Vespucci,  définitivement  expliquée  dans  ses  détails . . . 
Nouvelles  recherches  sur  les  derniers  voyages  du  navigatmr  ftorentin,  et  le  reste 
des  documents  et  éclaircissements  sur  lui,  avec  les  textes  dans  les  mêmes  langues 
quils  ont  été  écrits.  Vieiíne,  1869,  foi.,  2-1  vol.  de  viii-48  e  iv-54  pag.,  enrique- 
cido com  numerosos  fac-similes. 

Acha-se  n'esta  publicação  notável  uma  chusma  de  documentos  preciosos, 
escrupulosamente  reproduzidos,  entre  outros  o  texto  integral  de  Vianello,  do 
qual  Mr.  de  Humboldt  apenas  conheceu  algumas  linhas;  também  n'elle  se  encon- 
tra a  reproducção  da  plaquetta  de  Dresde,  a  qual  já  se  não  pôde  achar :  Zeitung 
aus  Presilig  landt». 

O  volume,  para  estar  completo,  deve  ter  a  Postface,  publicada  em  15  de 
abril  de  1869. 

Examen  de  quelques  points  le  Vhistoire  géographique  du  Brésil.  Paris,  1858,  8.« 

La  verdadera  Guanahani  de  Cólon.  Santiago  (de  Chilí),  1864,  8.°,  16  pag.  e 
um  mappa. 

Foi  traduzido  para  allemâo  com  o  titulo  seguinte :  Das  wahre  Guanahani 
des  Colombus.  Wien,  1869,  8."  de  30  pag. 

Os  índios  bravos  e  o  Sr.  Lisboa,  Timon  3.\  pelo  author  da  Historia  geral  do 
Brazil.  Lima,  imprenta  liberal,  1867,  4."  pequeno  de  124  pag. 

Sidí'  importanza  d'un  manoscrito  inédito  delia  Biblioteca  imperial  de  Vienna, 
per  verificare  quale  fu  la  prima  isola  scoperta  dal  Colomb,  ed  anche  altri  punti 
delia  storia  delia  America.  Viejma,  1869,  8.o 

Cancioneirinho  de  trovas  antigas,  colligidas  de  um  grande  cancioneiro  da  Bi- 
bliotheca  do  Vaticano,  precedido  de  uma  noticia  critica  do  mesmo  grande  cancio- 
neiro. Vienna,  typ.  Imp.  e  Re.  do  Imperador  e  da  Corte,  1870,  8.°  pequeno. 

Ainda  Amerigo  Vespucci:  Novos  estudos  e  achegas,  especialmente  em  favor  da 
interpretação  dada  á  sua  primeira  viagem,  em  1497-1498,  ás  costas  do  Yucatan 
e  golfo  mexicano.  Vienna,  C  Gerold,  1874,  foi. 

Uorigine  touranienne  des  américains  tupis-caribes  et  des  anciens  égyptiens, 
indiquée  principalement  par  la  philologie  comparée ;  traces  d'une  ancienne  migra- 
tion  en  Amérique,  invasion  du  Brésil  par  les  tupis.  Yienne,  Faezy  et  Frick,  1876, 
8."  de  xvii-158  pag. 


VASCO  DA  GAMA.   Poême  lyrique,  par  Monsieur  le  Comte  Crmont. 
Manuscrit  [rançais. 


VASCONCELLOS  (CAl\OLl\A  MICHAELIS  DE  ). 

Francisco  de  Sá  de  Miranda.  Poesias.  Edição  critica  feita  sobre  cinco  ma' 
nmcriptos  inéditos  e  todas  as  edições  impressas.  Acompanhada   de  um  estudo 

sobre  o  poeta,  variantes,  notas,  glossário,  um  retrato  e  cinco  facsimiles,por . 

Halle. 


VE  3^7 

VASLET  (LUD. ). 

Regulae  Syllabarum  quantitate:  acc.  aos  métrica ^  &c.  Grammaticae  patri 
Emmanuelis  Alvar i  e  S.  J.  Opera .  Londini,  1730,  S.** 

VATTEMARE  (H.). 

Vasco  da  Gama,  par .  Livre  de  lecture  à  Vusagc  des  écoles  et  de  Ia  classe 

préparatoire  des  lycées  et  collèges.  Paris,  librairie  Hachetle  &  C*,  12.°  de  36  pag. 
com  estampas. 

Faz  parte  da  eollecção  da  Bibliothèque  des  écoles  et  des  familles. 

VAXEL  (PLATÃO  ). 

«Na  sua  these  de  doutoramento  sobre  os  exércitos  de  invasão,  este  distincto 
pensador  define  admiravelmente  a  acção  que  sobre  o  direito  das  gentes  exerceu  o 
nosso  insigne  publicista  Silvestre  Pinheiro  Ferreira,  fazendo  conformar  os  velhos 
usos  bellicos  com  a  comprehensão  da  justiça,  e  sobretudo  excluindo  das  moder- 
nas praticas  internacionaes  o  chamado  direito  de  represálias i.» 

VEDRA  (LUÍS  BRETON  Y ). 

Salve,  Regia  Beldad!^ 

Ya  sois  de  Portugal  1  Ya  vuestra  frente 
Los  rayos  de  su  cielo  esplendoroso 
Iluminan  y  alhajan  dulcemente 
De  las  auras  el  beso  carifioso. 

Excelsa,  pura,  cândida  y  lozana 
Del  Tajo  vais  á  ser  la  flor  más  bella ; 
Lisia  para  acogeros  se  engalana 
Y  de  jasmines  cubre  vuestra  huella. 

j  Oh  cuanto  bienhadada  si  el  futuro 
La  memoria  os  guardare  de  este  dia  I 
Extranjero  cantar,  ai  pueblo  auguro 
En  vos  la  nueva  luz  que  Dios  le  envia. 

ídolo  ya  dei  Lusitano  suelo, 
Mitad  dei  alma  de  su  Rey  amante. 
Vais  á  calmar  tan  generoso  anhelo 
Quando  la  fama  vuestra  gloria  cante. 

El  lloro  que  enjugueis,  perla  divina, 
Será  de  vuestra  fulgida  diadema. 
Cifra  veraz  que  ostente  peregrina 
Tan  dulce  nombre,  de  bondad  emblema. 


'  Apontamento  fornecido  pelo  sr.  dr.  Theophilo  Braga. 

*  Foi  esta  poesia  composta  por  occasião  do  consorcio  de  SS.  MM.  D.  Luiz  com  D.  Maria  Pia  de 
Saboya. 

22 


338  VE 

El  sin  ventura  hiierfano,  el  anciano, 
La  vinda  llorosa,  desvalida, 
Tendrán  alívio  en  vuestra  nívea  mano, 
Recompensa  feliz  de  esta  acogida. 

Salud,  Regia  Beldad  1  cual  rubia  aurora 
Deseollando  entre  nácares  serena 
De  esperanzas  el  animo  atesora 
Tal  asomais  de  mil  encantos  llena. 

Que  las  flores  os  den  su  puro  aliento, 
Las  auras  sus  más  graciles  suspiros, 
El  avecilla  con  sa  vario  acento 
Mil  arrullos  de  amor  en  dulces  giros. 

Y  ai  deponer  colmado  de  alegria, 
Bardo  sin  nombre,  esta  humildosa  ofrenda 
No  desecheis  su  débil  armonía, 
Pués  de  la  voz  dei  corazon  és  prenda. 

VEEUSEIV  (T.  VAN  ) — Docteur  en  droit. 

Dom  Louisy  lioi  d'Espagne  et  de  Portugal^  par  .  Paris,  librairie  Inter- 
nationale Lacroix  Verbockhoven  et  C%  éditeur,  1868,  8.®  de  32  pag. 
Defende  a  candidatura  de  D.  Luiz  para  rei  de  toda  a  Península. 

VEGA.  (GABRIEL  LASSO  DE  LA ).— Natural  de  Madrid. 

«Compoz  diversas  obras,  que  refere  na  Bibliotheca  hispânica  D.  Nicolau  An- 
tónio. Entre  as  manuscriptas  deixou:  Origen  de  los  Reyes  de  Portugal  y  Jerusa- 
lém; Franckeneau,  na  Biblioteca  genealógica^.* 

VEGA  (GARSIAS  LASO  DE  LA ). 

Historia  de  la  Florida  y  jornada  que  a  ella  hizo  el  Governador  Hemando  de 
Soto.  Lisboa,  em  casa  de  Craesbeck,  1695. 

Foi  esta  obra  traduzida  em  francez  pelo  P.  Richelet,  e  publicada  em  París^ 
2  vol.,  por  Gervazio  Gouzier,  1670  2. 

VEGA  (D.  JOSÉ  LOPEZ  DE  LA ). 

Un  recverdo  á  Camões. 

«Encómio  a  Camões,  devido  a  D.  José  Lopes  de  la  Vega,  n'um  escripto  seu 
de  1857,  composto  de  artigos  lilterarios  em  prosa  e  verso.  Tem  por  titulo.  Santa 
Cristina  de  Valeize;  e  foi  impresso  em  Pontevedra,  na  Galliza,  na  typographia 
da  Viuva  e  Filhos  de  Varea,  4.°».  Pereira  Caldas,  Encómio  a  Camões,  n'uma 
poesia  hespanhola  de  D.  José  Lopes  de  la  Vega.  Braga,  1881. 


'  D.  António  Caetano  de  Sousa,  Ilisloria  genealógica  da  casa  real  porttigueza,  vol.  i,  pag.  ccx. 
*  Nicol.  Anl.,  Bibliotheca  Nova,  vol.  i,  pag.  514. 


VE  339 

Al  Dr.  José  Francisco  de  Almeida,  de  Valenza  do  Minho : 

(Pour  juger  des  poetes  il  faut  savoir  sentir;  il  faut  ôtre  né  avee  quelques 
étincelles  du  feu,  qui  anime  ceux  qu'on  veut  connaitre. — Voltaire.) 

Tu  pátria  de  ser  célebre  dejára, 
si  tu  no  hubieses  sido  lusitano; 
ni  hubiera  quien  sus  glorias  recordara, 
faltandóle  tUj  numen  sobrehumano. 

Ni  luz,  ni  heróicos  hechos  ornarian 
Ia  iierra  de  Herculano  y  de  Castillo ; 
y  à  tu  suelo  natal  jamás  darian 
tanta  gloria  inmortal  y  tanto  brillo. 


In  nombre!  quien  dijera  la  historia 
de  un  pMeò/o  para  siempre  inmortalisa? 
quien  piensa,  que  de  un  hombre  la  memoria 
de  un  pueblo  los  laureies  eterniza  ? 

Sin  Horácio  y  Caton,  que  fuera  Roma? 
qué  Grécia  ?  sin  Virgilio  y  sin  Homero  ? 
La  gloria  de  los  pueblos  nunca  asoma, 
si  el  bardo  en  recordaria  no  es  primero ! 

Si  llega  á  degradarse  —  le  reprende; 
si  lauros  gana  altivo  —  le  bendice  : 
sus  penas  y  dolores  el  comprende : 
sus  horas  de  baldon  sábio  predice. 

Misera  humanidad ! . . .  de  ti  que  fuera, 
que  fuera  — si  el  poeta  te  faltara? 
Nadie  su  abnegacion  jamás  tuviera, 
ni  el  oro  por  la  fama  despreciara ! . . . 


Pobre  Gamoens  I  que  instantes  de  amargura, 
de  llanto  y  de  dolor  habrás  sufrido ! . . . 
Quien,  dime,  más  que  António  tu  tristura 
amante  ha  consolado  y  comprendido?. . . 

Un  esclavo !  que  el  mundo  con  desprecio 
miraba,  y  solo  tu  su  amigo  fuiste; 
de  quien  has  recibido  en  el  destierro 
el  pan  —  si  —  negro  pan  que  allí  comíste. 


340  VE 


Vendeme  el  capacete,  António  amigo , 
que  el  resto  es  ya  —  no  más  —  de  mi  fortuna  I 
Tened  por  Dios  —  sefior  —  que  fé  yo  abrigo  ; 
y  no  daran  por  el  cosa  ninguna ! . . . 

Muramos  pués !  que  vale  la  existência, 
viviendo  entre  hombres  pérfidos  é  impuros?. . . 

SeNOR  !  — AUN  PUEDE  HAVER  QUIEN  LA  CLEMÊNCIA 

con  vos  quisiera  ejercer  I . . .  tristes  apuros ! 


Qué  buscamos  aqui?. . .  puede  encontrarse 
un  duradero  instante  de  placer?.  . . 
puede  feliz  el  hombre  reputarse 
con  los  recuerdos  de  su  triste  ayer? 

Que  buscamos  aqui?. . .  no  es  miestra  vida 
una  arista  fugaz  que  lleva  el  viento 
trás  una  otra  iíusion  desvanecida, 
más  leve  que  el  girar  dei  pensamiento  ? 

Pobre  Camoens  1  tu  lapida  regara 
de  perlas,  si  inis  lágrimas  lo  fueran ; 
y  entonces  solo  asi  le  tributara 
recuerdos  que  la  musa  enriquecieran. 

De  flores  yo  ornaré  esa  triste  lapida ; 

plegarias  ai  Senor  ele  vare  1 . . . 

y  mientras  tenga  ai^dor  mi  vidsc  rápida, 

TU  NOMBRE  CON  RESPETO  INVOGARÉ  I 

Tuy,  Junio,  1855. 

DoN  José  Lopez  de  la  Vega. 

«Em  1858  tivemos  largo  convívio  epistolar  con  D.  José  Lopez  de  la  Vega, 
era  elle  então  o  secretario  do  Provenir  Hispano- Lusitano,  em  Vigo,  na  Galliza. 

«O  director  d'este  decennario  —  revista  de  commorcio,  industria,  vias  férreas, 
telegraphos  e  litteratura  —  era  D.  Francisco  Tenreiro  y  Montenegro. 

«N'este  decennario  —  illustrado  com  xilographias  —  dava-nos  specimens  dos 
nossos  poetas,  umas  vezes  por  outras,  o  nosso  dulcíssimo  amigo. 

«No  fecho  de  cada  espécimen  aquilatava-nos  cada  poeta  nosso  com  o  seu 
estro  hispano-americano. 

«No  n.®  2  —  20  de  abril  — dá-nos  a  Adormecida,  de  Palmeirim,  com  este 
aquilatamento :  «Palmeirin  és  el  poeta  más  popular  dei  vecino  reino;  és  el  Bé- 
ranger  português.  Su  estilo,  és  correcto;  su  inspiracion,  animada;  su  vena,  inago- 
table  ;  su  ternura,  indefmible.» 

«No  n."  3  —  30  de  abril  —  dá-nos  a  Violeta,  de  João  de  Lemos,  com  este 


VE  34» 

aquilalamento :  «João  de  Lemos  és  el  Ariiao  espano! ;  algo  dado  á  imilar  lus  poetas 
alemaiies,  pêro  de  una  inspiracion  valienle  —  de  grandes  pensaniieulos  —  fecundo 
como  Zonilla,  y  elegante  eu  la  diccion  como  Martinea  de  la  Rosa.  Portugal  no 
tiene  un  poeta  que  cante  con  tau  melancólica  dulzura.» 

«N'este  mesmo  n.«  3  dá-nos  ainda  um  specimen  do  nosso  Castilho,  uo  Cân- 
tico da  manhã. 

«Em  lineamentos  d'aquilatação  —  àimexos  a  este  specimen  —  ajunlam-se 
estas  palavras:  «Tendremos  ocasion  de  hablar  —  como  corresponde  —  acerca 
de  este  eminentisimo  poeta  lusitano,  llamado  con  razón  el  Homero  português, 
cuyas  obras,  por  si  solas,  bastarian  para  hacer  figurar  á  Portugal  entre  los  pue- 
blos  viás  literários  dei  mundo. 

"No  n.«  6  —  30  de  maio  —  dá-nos  ainda  de  Castilho  um  novo  espécimen, 
no  Cântico  ao  florir  das  arvores. 

«No  n.°  9  —  30  de  junho  — acha-se  uma  bella  poesia,  endereçada  a  Valença 
do  Minho,  em  homenagem  a  um  «ornamento  excelso»  d'esta  villa:  contemporâ- 
neo nosso  na  universidade  de  Coimbra,  e  alumno  alli,  como  nós,  nas  faculdades 
de  mathematica,  philosophia,  medicina  e  cirurgia. 

«Referimo-nos  ao  dr.  José  Francisco  de  Almeida,  a  quem  D.  José  Lope^  de 
la  Vega  endereça  também  o  Encómio  a  Camões. 

«Eis  aqui  o  começo  d'este  Encómio  a  Valença. 

Salve  !  Salve  I  diamante  brillantino 
De  orillas  de  ese  Mino  celebrado  I 
Bello  fanal  que  alumbras  el  camino, 
Al  misero  y  sediento  peregrino, 
Que  vaga  por  tus  campos  estraviado ! 
Pareces  ai  lucero  de  alta  zona. 
Que  alegra  el  corazon  con  su  fulgor ; 
y  perla  que  incrustada  en  Ia  corona 
De  mágica  y  lindisima  amazona. 
Aumenta  su  atrativo  seductor.» 

(Pag.  13.) 

«No  n."  10—  10  de  julho  —  detem-se  D.  José  Lopez  de  la  Vega  com  o  nosso 
poeta,  dedicando-lhe  uma  poesia  maviosa. 

«Tem  esta  poesia  por  titulo  El  Ciego  (Ao  ill.™"  sr.  António  Feliciano  de 
Castilho,  poeta  egrégio  de  Portugal),  e  começa  com  estas  duas  estrophes: 

Cuando  la  luz  de  la  vida 
alumbraba  mi  camino; 
y  cual  planta  bendecida, 
vi  mi  juventud  querida, 
halagada  dei  destino; 

•         No  como  ahora  pí^raba 

dei  campo  sin  ver  las  flores ; 
ni  á  la  vista  se  ocultaba 
el  astro  que  las  besava, 
con  sus  doradus  fulgores. 


342  VE 

«No  n.»  11  —  20  de  julho  — torna-se  a  fallar  de  Castilho,  quando  se  trata 
especialmente  de  Garrett. 

«No  n."  12  —  30  de  julho  —  torna-se  a  fallar  ainda  de  Castilho,  quando  se 
allude  especialmente  a  Mendes  Leal. 


«A  Discreta  Vingança^  que  eu  me  proponho  a  analysar*,  é  a  primeira  come- 
dia do  vigésimo  volume;  é  uma  composição  histórica  e  nacional,  e  em  todo  o 
Iheatro  hespanhol  é  sempre  este  o  género  que  me  parece  ter  um  merecimento 
mais  verdadeiro. 

«A  scena  passa-se  em  Portugal,  durante  o  reinado  de  Affonso  III  (1246  a 
1279);  o  principal  personagem  é  D.  João  de  Menezes,  que  foi  o  favorito  d'este 
rei,  e  que  teve  de  se  defender  contra  as  mais  negras  intrigas  dos  cortezãos  inve- 
josos. No  começo  da  peça  vemol-o  com  o  seu  escudeiro,  Tello,  esperando  ao 
sair  da  igreja  sua  prima  D.  Anna,  da  qual  se  acha  apaixonado.  Seu  rival, 
D.  Nuno,  alli  chega  por  sua  vez  com  seu  amigo  D.  Ramiro,  com  o  mesmo  fim  de 
fazer  sua  corte. 

«A  dama  appareee  á  porta  da  igreja";  deixa  ella,  por  descuido,  cair  sua  luva; 
ambos  se  precipitam  para  a  apanharem;  disputam-n'a  um  ao  outro,  medem-se 
com  os  olhos;  vão  desafiar-se;  mas  D.  Anna,  para  evitar  um  duello,  decide 
contra  seu  primo  a  favor  de  Nuno,  de  quem  ella  não  gosta.  Depois  de  ter  sepa- 
rado a  ambos,  volta  para  a  igreja  com  o  fim  de  se  justificar  para  com  Menezes, 
e  para  lhe  fazer  sentir  que  ella  não  pareceu  preferir  seu  rival  senão  com  o  fim 
de  evitar  um  desafio  perigoso.  Esta  scena,  que  serve  de  exposição,  é  destinada 
para  nos  fazer  conhecer  ao  mesmo  tempo  o  amor  ditoso  de  Menezes,  sua  dispo- 
sição ao  ciúme  e  a  rivalidade  de  Nuno. 

«A  segunda  scena  representa  o  conselho  d'estado  do  rei  D.  Aífonso.  Nas 
peças  inglezas  e  hespanholas  não  é  a  entrada  de  um  novo  actor  que  faz  uma 
scena,  mas  sim  a  reappariç.ão  dos  personagens,  sem  ligação  com  a  scena  que  a 
precede.  AíTonso  foi  elevado  á  coroa  de  Portugal  por  um  partido  que  tinha  de- 
posto a  D.  Sancho,  seu  irmão,  príncipe  negligente,  voluptuoso  e  incapaz  de  reinar. 
Tinham  casado  Aífonso  com  uma  princeza  franceza  (Mathilde,  herdeira  do  conde 
de  Bolonha);  contava  ella  cincoenta  annos,  ao  passo  que  seu  marido  ainda  era 
novo;  não  tivera  filhos  d'ella,  nem  os  esperava  ter;  por  isso  desejava  divorciar-se 
d'esta  princeza,  que  o  não  tinha  acompanhado  a  Portugal. 

«A  rasão  d'estado,  o  desejo  de  segurar  a  successão  á  coroa ;  por  outra  parte, 
os  direitos  da  condessa  e  o  reconhecimento  que  lhe  deve  AfTonso,  são  discutidos 
n'este  conselho  com  muita  nobreza. 

«Vasco,  Nuno  e  Ramiro  movem  o  rei  a  pedir  ao  papa  Clemente  IV  um  di- 
vorcio, que  este  lhe  não  poderá  recusar. 

«D.  João  de  Menezes,  pelo  contrario,  quer  que  elle  reparta  os  gosos  da  rea- 
leza com  a  mulher,  a  quem  deveu  a  subsistência,  quando  não  tinha  estados. 

«Afl'onso  põe  fim  á  discussão,  que  principiava  a  azedar-^Se,  entre  Nuno  e  Me- 
nezes ;  não  conserva  comsigo  senão  a  este  ultimo,  do  qual  tinha  já  experimentado 


Sismonde  de  Sismondi,  De  la  littératun  du  Midi  de  iEurope,  Paris,  1837,  vol,  ii,  pag.  314. 


I 


VE  ^43 

a  fidelidade  nos  tempos  os  mais  desgraçados;  annuncia-lhe  que  está  decidido 
não  somente  ao  divorcio,  mas  a  desposar  Beatriz,  filha  de  AíTonso  X  de  Castella, 
que  lhe  offerece  em  dote  o  reino  dos  Algarves.  Escolhe  a  D.  João  por  embaixa- 
dor á  corte  de  Sevilha;  manda-lhe  que  parta  n'essa  mesma  noite,  e  que  guarde 
o  mais  profundo  segredo.  D.  João  confessa  com  franqueza  que  só  com  pezar  é 
que  se  afasta  de  sua  prima  Anna  de  Menezes,  no  momento  em  que  elle  a  disputa 
a  um  rival  que  lh'a  pôde  arrebatar,  e  Affonso  promette  immediatamente  encarre- 
gar-se  dos  interesses  do  seu  amigo,  e  de  elle  próprio  vigiar  a  bella  de  D.  João. 
Este  não  se  fia  Ião  cegamente,  que  não  ordene  ao  seu  escudeiro,  Tello,  de  vigiar 
durante  a  noite,  em  volta  da  casa  da  sua  namorada.  Todavia  guarda  religiosa- 
mente o  segredo  que  lhe  é  confiado,  e  parte  sem  se  despedir  de  D.  Anna,  faltando 
n'essa  mesma  noite,  sem  a  prevenir,  a  uma  entrevista  que  ella  tinha  combinado 
com  elle. 

«Não  era,  pois,  sem  motivo,  que  Menezes  tinha  recommendado  a  Tello  que 
vigiasse  durante  a  noite;  Nuno,  Ramiro  e  seu  escudeiro,  Rodrigues,  approxi- 
niam-se  da  casa  de  D.  Anna;  era  a  hora  que  ella  tinha  marcado  a  D.  João,  e 
engana-se  tomando  Nuno  por  elle;  mas  Tello,  que  os  espreita,  consegue  por  meio 
de  um  artificio  saber  seus  nomes.  Como  são  três  contra  um,  não  os  ataca  ainda. 
Emquanto  os  observa  de  longe,  o  rei,  que  pretende  cumprir  sua  promessa,  e  ter 
os  olhos  abertos  sobre  a  namorada  de  D.  João,  apparece  no  fundo  d'esta  mesma 
rua.  Tello,  sem  o  reconhecer,  dirige-se  a  elle  para  lhe  pedir  soecorro,  e  esta  scena 
representa  um  excesso  de  cavallaria,  que,  apesar  de  ser  extravagante,  tem,  no 
emtanto,  um  caracter  de  verdade  mui  original.» 

VEGEZZI  (G.). 

Notizie  intorno  agli  scritti  di  M,  M.  Barbosa  dei  Bocage.  Torino,  1831. 

VELASCI  (VELASCO ).— Ferdinandi  utriusque  júris  consulti. 

lUiistrissimi  Regis  Portugalliae  oratoris  ad  Innocenthim  ociaviim  pontificem 
maximum  de  ohedientia  oratio.  Romae,  1485,  4.*»  de  8  pag.  Gothico. 

Vendeu- se  em  1862  um  exemplar  por  80  francos. 

«Acha-se  n'este  opúsculo  a  primeira  menção  das  grandes  descobertas  dos 
portuguezes  na  Africa  e  nas  índias*.» 

VELASQUEZ. 

La  entrada  que  en  el  Reyno  de  Portugal  hizo  la  S.  C.  R.  M.  de  D.  Philippe. 
Lisboa,  1583,  4.° 

VELASQUEZ  (D.  LUÍS  JOSEPII ). 

Geschichte  der  Spanischen  DichtJiimst.  Uebersetzt  und  erlãutert  v.  J.  A.  Dieze. 
Gõttingen,  1769,  8.°  de  355  pag. 

Parte  i,  cap.  v.  Die  portugiesische  Dichtkunst.  Supplemento,  pag.  526  a  538, 
Luiz  de  Camões. 

VERCLARIIVGIIE  vande  eers  te  beghinselen  der  Latynsche  tale,  Waer  in 
verhandelt  ivordt  't  gheen  meest  noodigh  is  oen  de  jonck-heyt  der  eerste  Schole, 


Deschamps  et  G.  Brunet,  Supplément  au  Manuel  du  libraire  de  Brunet,  vol.  ii,"pag.  827. 


344  VE 

onder  de  bestieringhe  van  de  Societeyt  Jesu.  Tot  Antwerpen,  by  de  Weduwe  van 
Henrieus  Thieulier,  anno  1723,  8.°  de  135  pag. 

É  uma  espécie  de  supplemento  á  Grammatica  latina  do  P.  M.  Alvares. 

VERDADES  solidas,  acrisoladas  en  la  lealdad  espanola  que  ofrece  un  fiel 
vasaloj  á  honra  y  gloria  de  Dios,  N.  Sefior  y  de  N.  Católico  Monarca  D.  FelipeV. 

VERDIER.—  Historiographo  de  Luiz  XIV,  Rei  de  França. 

Abrégé  de  1'Histoire  d'Espagne,  contenant  l'origine  des  Espagnols,  leurs  giier- 
res  contre  les  Romains,  les  Cartaginois,  et  autres  nations,  Vinvasion  des  Maures, 
^a  resource  des  Chrestiens,  la  naissance  et  le  progrès  des  Royaumes  d'Oviedo,  de 
Leon,  de  Navarre,  de  Castille,  d'Aragon,  de  Portugal,  de  Grenade  et  autres  Prin- 

cipautésy  recfueilUe  et  divisée  en  deux  parties,  par  le  sieur  de .  Historiographe 

de  France.  Paris,  chez  Estienne  Lassori,  1663,  2  voi. 

VERGARA  (R.  G.). 

Los  descubridores  dei  estrecho  de  Magallanes  y  sus  primevos  exploradores. 
Parte  ii,  1553-1554  e  1584,  e  parte  iii,  1579-1580.  S.  Thiago,  1580-1582. 
Los  descubridores  dei  estrecho  de  Magallanes.  Parte  ii,  1553-1584. 

verídico  ESPANOL  (EL ).  Lisboa,  en  la  imprenta  real,  ano  1812. 

O  n.°  1  tem  a  data  de  2  de  novembro  de  1812. 
O  exemplar  que  vi  tinha  apenas  nove  números ;  ignoro  se  ha  mais. 
O  jornal  era  destinado  a  dar  noticias  da  guerra  e  a  incitar  os  hespanhoes 
contra  os  francezes. 

VERGIER  (MONSIEUR ). 

Juan  (D.)  et  Isabelle.  Nouvelle  portugaise,  par  .  1731,  8.»  de  63  pag. 

Sem  logar  de  impressão. 

VERHEYEIV  (PHILIPPO   ).— In  celeberrima  Universitate  Lova- 

niensi,  Artium  et  Medicinae  Doctore,  Anatomiae  et  Chirurgiae  Professore  Régio. 

Vera  Historia  de  horrendo  Sanguinis  fluam  ex  oculis,  naribus,  et  ore  Reve- 
rendi  Patris  Joannis  Baptistae  Onraet  Societatis  Jesu  et  de  miraculosa  ejusdem 
sanatione  per  inter cessionem  sancti  Francisci  Xaverii  Societatis  Jesu  Sacerdotis, 
Indiarum  et  Japoniae  Apostoli.  Cum  annotationibus  breviqiie  discursu  de  essentia 
miraculi  et  de  cultu  SS.  Authore  .  Lovanii,  apud  Michaelem  Zangrium^ 

Trata-se  de  um  milagre  attribuido  a  S.  Francisco  Xavier,  e  é  bom  que  se 
veja  de  que  assumptos  tratava,  por  aquelle  tempo,  o  Journal  des  Sçavans. 

VERJU8  (P.). 

Este  padre  dizia  de  D.  Pedro  II:  <«0  rei  todos  os  dias  depois  de  jantar  vae 
estar  com  sua  mulher,  e  quasi  que  não  pôde  ficar  sem  a  ver.  Tem  tido  condes- 
cendências para  com  ella,  que  nunca  se  tiveram  senão  para  com  as  pessoas  que 
são  muito  amadas:  e  como  a  paixão  que  tem  para  com  ella  é  a  mais  justa  e  a 
mais  racional  que  se  possa  ter,  podemos  também  asseverar  que  elle  nunca  a  teve 


Journal  des  Sçavans,  2  de  deioiubro  de  1709. 


VE  343 

mais  forte.  E  tanto  mais  provável  que  ha  de  ser  duradoura,  quanto  a  rainlía, 
pela  sua  parte,  está  enternecida  dos  cuidados  e  da  aíFeição  do  rei,  e  procura 
não  ter  menos  condescendências  para  com  elle,  do  que  o  rei  tem  para  com  elia. 
Os  que  melhor  o  conhecem  estão  muito  persuadidos  de  que  elia  tem  já  muita 
influencia  sobre  seu  espirito,  e  que  mais  tarde  ha  de  ter  influencia  inteirai» 

VERNEII  (ALOYSII  ANTÓNIO  ).-Equitis  Torquati  Archidia- 

coni  Eborensis. 

De  Be  Metaphysica  ad  usum  Liisiianorum  adolescentium.  Librí  Qualuor. 
Romae,  cioioccliií,  ex  typographia  Generosi  Salomonii  in  foro  S.  Igiiatii.  8° 
de  xxxii-240  pag. 

De  Re  Lógica  ad  usum  Lusitanorum  adolescentium.  Libri  sex.  Editio  tertia 
emendai ior.  Olisipone,  1762,  ex  typographia  Michaelis  Roderici,  Enjfi.  D.  Card. 
Patriarchae  Typographi,  8.»  grande  de  xxx-362  pag. 

Apparatus  ad  Philosophiam  et  Theologiam  ad  usum  Lusitanorum  adolescen- 
tium. Romae,  1751,  ex  typographia  Palladis,  apud  Nicolaum  et  Marcum  Paleari- 
nus,  8.»  grande  de  xv-536  pag. 

É  dedicada  a  El-Rei  D.  José. 

t  Totum  opus  summo  judicio  ac  fide  conscriptum,  vastissimaque  nec  ea  vulgari 
eruditione  ornatum  est»,  diz  o  abbade  D.  Feiix  Maria  Nerini,  na  approvação  d*esta 
obra. 

E  o  veneziano  Fr.  João  de  Lucca,  acrescenta:  aConcinna  tot  rerum  grains- 
simarum  dispositio,  ut  Auctoris  ingenium^  eruditionenij  judicium^  studiumque  San- 
ctissimae  Religionis  in  aspectum  profert.» 

De  Ortographia  Latina  ad  Didacum  Fratrem  liber  sigularis.  Romae,  1747, 
typis  Generosi  Salomonii  in  Platea  Sancti  Tgnatii,  8." 

Aloysii  Antonii  Verneii  P.  U.  J.  U.  et  T.  D.  Archidiaconi  Eborensis  de  Con- 
jungenda  lectissima  Philosophia  cum  Theologia  Oratio  ad  Academiam  Theologicam 
habita  in  Romano  Achi  gymnasio  XIV Kal.  Dec.  1146.  Romae,  1747,  typis  Joannis 
Generosi  Salomoni  m  Platea  S.  Ignatii,  foi.  de  xx  pag.  Superiorum  permissu. 

Aloysii  Antonii  Verneii  Equitis  Torquati  Archidiaconi  Eborensis  in  funere 
Joannis  V.  Lusitanorum  regis  Fidelissimi  Oratio  ad  Cardinales.  Sem  data  nem 
logar  de  impressão,  foi.  de  xxiii  pag. 

Grammatica  Latina  tratada  por  um  meihodo  novo,  claro  e  fácil,  para  uso 
d'aquellas  pessoas  que  querem  aprejidel-a  brevemente  e  solidamente.  Terceira  edição, 
mais  emendada.  Lisboa,  na  regia  oílicina  typographica,  anno.1775. 

Gramática  latina,  tratada  por  um  methodo  novo,  claro  e  fácil.  Para  uso 
daquellas  pesoas  que  querem  aprendel-a  brevemente.  Traduzida  de  francez  em  ita- 
liano e  de  italiano  em  portuguez.  Barcelona,  1758.  8.**  grande  de  liv-274  pag. 

VERTOT  (M.  L'ABBÉ  DE ).— De  TAcadémie  des  Inscriptions  et 

Belles-Arts. 

Révolutions  de  Portugal.  Troisième  édition,  revue  &  augmentée.  A  Paris,  chez 
Nyon,  1749,  vii-342  pag. 

«Les  Portugais,  nation  brave,  courageuse  et  impatiente  du  joug  étranger.» 


R.  Francisque  Michel,  Les  porlugah  en  France  et  les  [rançais  en  Portugal,  pag.  65. 


346  VE 

É  obra  mui  conhecida.  Porém,  o  que  não  é  mui  conhecido  é  que  Luiz  de 
Boisgeiin  foi  quem  terminou  esta  obra,  e  não  Vertot. 

Révolutions  de  Portugal.  NouveUe  édition,  revue  &  augmcntée.  A  la  Haye, 
chez  Pierre  Gosse  Júnior,  1756,  12.°  de  xii-257  pag. 

Histoire  des  révolutions  de  Portugal.  Amsterdam,  1722. 

3.^  edição,  Paris,  1728;  4.%  Paris,  1737. 

Reimpressão,  par  Dubois:  Paris,  1743;  Paris,  1768;  Paris,  1786;  Paris,  1830. 

Em  inglez:  4.^  edição,  Londres,  1735;  Glasgow,  1758. 

Em  italiano,  par  le  Fabre:  Londra,  1808. 

Hespanhola,  por  Pagés:  Paris,  1825. 

Historia  de  las  revoluciones  de  Portugal^  traducidas  en  lengua  castellana. 
Leon  de  Francia,  1747,  in-12.« 


VERZEICIIiVISS  der  Werke  lebender  Kúnstler  auf  der  Lxr.  Austelhmg  der 
Kgl.  Academie  der  Kúnste  zu  Berlin.  Berhm,  1883,  164  pag.,  8.'' 

«Noticia  acerca  da  pintura  de  Ernst  Slingeneyer,  em  Bruxellas  :  «Der  SchifF- 
bruch  des  Camoens»,  e  conjunctamente  a  critica  d'esta  pintura,  por  R.S.  no  Ber- 
liner  Tageblatt,  1883.»  (Pag.  103.) 

VESPUCCI  (AMEIUGO  ). 

Lettera  dí  Amerigo  Vespvcci  delle  isole  nuovamente  trouate  in  quattro  suai 
viaggi.  In-4.°,  16  folhas  de  quarenta  linhas  em  caracteres  romanos.  As  três  ulti- 
mas linhas  do  verso  da  ultima  folha,  dizem :  Data  in  Lisbona  a  di  4  di  septem 
bre  1504,  servitore  Amerigo  Vespucci  in  Lisbona. 

«Esta  traducção  italiana  da  carta  de  Vespucio  é  de  uma  raridade  extrema ; 
o  Briiish  Museum  possue  o  exemplar  do  hon.  Thomas  Grenville.  (Cat.  Bibl. 
Grenvil.j  pag.  764.) 

Um  exemplar,  muito  bem  conservado,  figura  no  4.'^  catalogo  de  Hermann 
TrosSj  pelo  preço  de  9:000  fr.,  realmente  extraordinário. 

O  exemplar  de  M.  Tross,  como  o  de  Rich.  Heber,  possue,  em  seguida  ás  16 
folhas  da  carta  de  Vespuceio,  a  primeira  carta  de  Andréa  Corsali.  Peignot  fez 
d'este  Corsali  um  logar  tenente  de  Vespucio;  diz  que  tomou  o  commando  da 
frota  depois  da  morte  d'este,  etc.  Tudo  isto  testemunha  a  favor  da  imaginação 
do  excellente  Peignot.  Corsali  e  suas  narrações  nada  têem  de  commum  com  a 
America  nem  com  Vespucio;  suas  duas  cartas  devem  ter  entrada  na  Bibliothèquc 
Asiatique. 

Alberic'  Vespucci'  LaurUio  \  petri  francisci  de  Medíeis  Salutem  plurimã  dicit.  \ 
Sem  logar  nem  dia  de  impressão.  (Paris,  Félix  Baligaultet  Jeham  Lambert,  pelos 
annos  de  1502),  4.°  pequeno,  6  folhas,  caracteres  romanos,  o  verso  da  ultima 
folha  em  branco;  quarenta  linhas  cada  pagina.  A  sentença:  «dex  italiaca  (sic)...» 
está  no  íim  do  texto. 

Mundus  nouiis  \  (depois  a  marca  de  Denys  Rose).  No  verso  do  titulo:  Mundus 
nouus  I  de  natura  moriV  et  ceteris  id  ge  \  neris  gêtis  q  in  nomio  mudo  opa  3.  im  j 
pêsis  serenissimi  portugallie  regis  \  superior ibus  annis  invPto  Alberi  \  cus  Vespu- 
tius  Laurêtio  petri  de  Me  \  dicis  Salutem,  plurimam  dicit.  12.",  de  29  linhas  por 
pagina. 

Um  exemplar  imperfeito,  contendo  somente  11  paginas,  e  que  pertencera  a 


VE  3" 

M.  Libri,  foi  vendido  em  Londres,  em  junho  de  18C5,  e  adquirido  pelo  British 
Museum. 

M.  Harrisse,  na  Bibliotheca  americana  o  nos  addicionameníos,  descreveu  um 
numero  considerável  de  edições  d'este  folheto  tão  precioso. 

A  edição,  que  M.  de  Avezac  adopta  como  primeira,  é  a  de  PariSf  Jeham 
Lambertj  que  M.  Brunet  já  assignalava  como  parecendo  ser  anterior  a  todas  as 
outras. 

A  primeira  edição,  descripta  no  Manuel^  e  em  Harrisse  (Bibl  Americ,  22), 
é  apresentada  por  este  como  tendo  40  linhas  por  pagina,  e  censura  M.  Brunet 
por  lhe  attribuir  42.  É  provável  que  a  edição  seja  difterente;  a  que  foi  descripta 
no  Manuel  tem,  com  eíTeito,  42  linhas,  o  que  se  pôde  verificar  no  exemplar  do 
British  Museum,  o  qual  provém  de  Grenville. 

Mundus  Novus,  \  Alberims  Vesputius  Laurentio  \  Petri  de  Medicis  sahitem 
pluri  I  mam  dicit.  Sem  logar  nem  data.  4."  pequeno  de  4  paginas,  com  42  linhas 
cada  uma ;  gothico. 

M.  Harrisse  fBibL  Americ,  n.«  23),  declara  que  um  só  exemplar  fin  a  pri- 
vate  library  in  New-YorkJ  é  conhecido;  alem  d'este  exemplar  de  M.  Lenox,  dá 
noticia  de  um  outro,  pelo  qual  M.  Quaritch  pedia  100  libras  em  fevereiro  de  1879. 

Eis  os  preços  que  obtiveram  diversas  edições  de  Vespucio  ha  quinze  annos: 

Itinerariíim  Portugallensium . . .  (Mediolani),  anno  1508,  in-fol.  5  libras,  5 
shillings ;  Libri,  40  thalers  5  ng.,  Sobolewski. 

Mundus  Novus.  No  fim:  Magisler  lohafies  Otmar:  Vindelice  impressit  Au- 
guste  I  Anno  millesimo  quingentesimo  Quarto.  |  Gothico,  4  folhas  in-4.°.  (Harrisse, 
Bibl.  americ,  n.°  31.)  Marcam  o  preço  de  1:500  francos,  no  Cat.  Fontaine  de 
1875,  a  um  exemplar  d'este  folheto  precioso.  . 

Le  Noiweau  Monde  et  Nauigationis  faictes  p  Emeric  de  Vespuce  florêtin.  Paris, 
Galiot  du  Pré,  sem  data  (1516),  4.°;  gothico.  O  exemplar  Eyriès,  100  thalers. 
Sobolewski,  exemplar  muito  remendado. 

Sensuyt  le  Nouveau  Monde  &  Nauigations . .  .  trãslate  par  Mathurin  du 
redouer...  Paris,  Denis  lanot,  sem  data,  4.°;  gothico.  Se  esta  impressão  é 
do  primeiro  Denis  Janot,  é  provavelmente  anterior  á  de  Galiot  du  Pré,  que 
só  foi  recebido  por  impressor  em  1512.  O  exemplar  Ch.  Nodier,  1:105  francos, 
Yemeniz. 

Sensuyt  le  Nouveau  Monde  et  Navigations  faictes  par  Emeric  de  Vespuce, 
Florentin,  des  pays  et  isles  nouuellemet  trouuez  auparauant  a  nous  incogneuz  tant 
en  lethiopie  q  Arrabie,  Calichut,  et  aultres  pliisieurs  regions  estranges,  translate  de 
Italien  en  langue  française  par  Mathurin  du  Bedouer.  Cy  finist  le  liure  intitule  le 
Nouveau  Monde  et  Navigacionsde  Almeric  de  Vespuce. . .  Imprime  nouvellement  à 
Paris,  sem  data,  4."  de  iv-lxxxviii  paginas  numeradas.  Edição  não  citada.  Um 
exemplar  foi  vendido  por  200  francos. 

Paesi  novamente  retrovati:  et  Novo  Mundo  da  Alberico  Vespvtio  Florentino 
intitvlato.  Stampato  in  Milano. . .  cura  et  industria  de  Joanne  Angelo  Scinzenze- 
ler,  nel  mgccgcviii,  4.°;  letra  romana.  O  exemplar  Nodier,  1:750  francos;  Yeme- 
niz, 2:015  francos.  Polier. 

Um  exemplar  da  edição  original  de  Vicentia,  Henrico  Vicentino,  1507,  4." 
pequeno,  figura  no  Catalogo  Quaritch,  de  1878,  c  este  celebre  livreiro  pede  140 
libras  por  este  livro  raríssimo. 


348  VI 

Paesi  novamente  ritrouati. . .  Et  de  Albertutio  (sic)  Vesputio  Florentino  inti- 
tulato  Mondo  Nuouo.  Stampata  in  Venetia,  per  Zorzi  de  Rusconi  milaneses  1517, 
8.°,  com  duas  columnas  de  124  folhas.  40  thalers,  Sobolewski. 

Paesi  nuouamente  trouati. . .  Venezia,  Z.  de  Rusconi,  1521,  8."  pequeno.  Um 
exemplar  em  péssimo  estado,  26  thalers,  Sobolewski. 

VIAGEM  de  Goa  a  Bombaim,  por  Luiz  Miguel  de  Abreu.  Nova  Goa,  1875. 

VIAGGI  fatti  da  Vinetia  alia  Tanãj  in  Pérsia,  in  índia  et  in  Constantino- 
poli :  con  la  descrittione  particolare  di  città,  luogki,  siti,  costumi,  et  delia  Porta 
dei  gran  Turco:  e  di  tutte  le  intrate,  spese,  et  modo  di  governo  suo  delia  ultima 
impresa  contra  Portoghesi.  ín  Vinegia,  1543,  8.° 

VIAJE  de  SS.  MM.  y  AA.  á  Portugal,  en  Diciembre  de  1866.  Madrid,  im- 
prenta  e  estereotypia  de  M.  Rivadeneyra,  1867,  8."  de  vin-284  pag. 

«Portugal,  erigindo-se  em  monarchia  pelo  meiado  do  século  xii,  cumpre, 
talvez,  um  destino  mysterioso,  e  contribue  para  os  grandes  fins  da  Providencia, 
o  adorável  plano  do  alto,  a  que  a  vaidade  moderna  chama  philosophia  da  histo- 
ria. Nas  guerras  contra  os  iníieis,  na  exaltação  do  nome  christão,  nas  viagens  a 
remotos  mares,  no  descobrimento  de  terras  longínquas,  na  propagação  da  luz  da 
verdadeira  civilisação  por  paizes  que  jaziam  nas  trevas  e  na  sombra  da  morte, 
a  monarchia  portugueza,  no  tempo  que  medeia  desde  Aífonso  Henriques  até  ao 
tremulo  e  decadente  D.  Henrique,  o  Hei  purpurado,  ostenta  á  face  da  Europa  e 
do  mundo  uma  serie  tal  de  façanhas  e  tantos  e  tão  legítimos  títulos  de  gloria,  que 
todas  as  nações  reconheceram  quão  digna  era  de  ser  independente  e  respeitada, 
a  que,  de  modestos  princípios,  tinha  sabido  chegar  a  maravilhoso  engrandeci- 
mento. » 


«Compunham  a  regia  comitiva  as  damas  de  S.  M.,  grandes  de  Hespanha, 
marqueza  de  Novaliches,  aia  de  SS.  AA.,  a  condessa  de  Punonrostro ;  as  senho- 
ras D.  Fanny  Erskíne  de  Calderon  de  la  Barca,  ajudante  da  aia  de  S.  A.  R.  a 
infanta  D.  Maria  Izabel,  e  D.  Cristina  Sorrondegni,  açafata  de  S.  M.;  o  conde  de 
Punonrostro,  chefe  superior  do  palácio;  o  general  marquez  de  Novaliches,  mor 
domo  de  S.  A.  R.  o  Príncipe  das  Astúrias ;  o  gentil-homem,  grande  de  Hespanha, 
Sefior  de  Roubianes;  o  reverendo  D.  António  Ciaret,  arcebispo  de  Trajanopolis, 
confessor  da  Rainha;  os  gentis-homens  D.  Jzidro  Losa  e  conde  dei  Pilar,  o  inspe- 
ctor geral  de  gastos  e  officios  da  casa  real,  D.  Atanasio  Onate,  o  marquez  de 
San  Gregório,  primeiro  medico  da  camará  de  S.  M.;  os  generaes  Belestá  e  Fitor, 
e  o  ajudante  de  ordens  coronel  Quadros;  o  presidente  do  conselho  de  ministros 
e  o  capitão  general  Narvaez,  duque  de  Valência;  ministro  d'estado,  o  general 
D.  Eusébio  Caloríge,  e  o  ministro  do  fomento  D.  Manuel  de  Orovio;  formando 
também  parte  da  comitiva  o  conde  de  Ávila,  ministro  plenipotenciário  de  Portu- 
gal na  Hespanha,  com  seu  secretario ;  o  director  geral  das  obras  publicas,  D.  Martin 


I 


VI  349 

Belda;  o  director  geral  de  instrucção  publica,  D.  Severo  Catalina;  o  de  adminis- 
tração, no  ministério  da  governação,  D.  Francisco  Botella ;  o  dr.  Asuero,  medico 
consultor  da  real  camará ;  os  officiaes  da  secretaria  da  guerra,  estado  e  fomento, 
Prendergast,  Ruata  e  Sabando ;  os  ajudantes  do  duque  de  Valência,  Barbara  e 
Lora ;  o  inspector  da  linba  e  alguns  empregados  e  vários  indivíduos  da  adminis- 
tração dos  caminhos  de  ferro. 

t  A  Rainha  de  Hespanha,  seu  marido  e  seus  filhos,  o  Principe  das  Astúrias  e 
a  Infanta  D.. Maria  Izabel,  entraram  no  comboio  em  Madrid,  pelas  nove  horas  da 
manhã  do  dia  9  de  dezembro  de  1866.» 

O  auctor  espraia-se  em  altisonosos  elogios  pela  maneira  como  o  povo  hes- 
panhol  acolheu  a  Rainha  por  onde  ella  passava  no  seu  caminhar  para  Portugal. 

Era  um  verdadeiro  deliriol  No  auge  do  seu  jubilo  punham-se  de  joelhos! 
Passado  algum  tempo  teve  de  se  acolher  a  um  paiz  estrangeiro,  e  eis  o  que  faz 
o  povo :  hoje  adora,  amanhã  apedreja. 

«A  Mancha,  diz  o  auctor,  demonstrou  que  pôde  ir  e  iiia  por  sua  Rainha 
até  ao  heroísmo,  porque  a  inspira  o  enthusiasmo.  Extremadura  demonstrou  que 
pôde  ir  e  iria  por  sua  Rainha  até  ao  martyrio,  porque  seu  amor  a  leva  quasi  á 
adoração!»  (Pag.  113.) 

Foi  a  Rainha  de  Hespanha  recebida  em  Elvas  pelo  infante  D.  Augusto,  acom- 
panhado dos  ministros  dos  negócios  estrangeiros,  da  marinha  e  da  justiça,  do 
marquez  de  Ficalho,  D.  Manuel  de  Santa  Iria,  general  Passos,  governador  civil 
do  districto  de  Portalegre  e  seu  secretario,  administrador  do  concelho  de  Elvas, 
camará  municipal,  general  de  divisão,  visconde  de  S.  Thiago,  governador  da 
praça,  procurador  régio,  director  e  empregados  da  alfandega,  vigário  capitular,  e 
por  varias  outras  pessoas. 

A  Rainha  chegou  a  Lisboa  no  dia  11  de  dezembro,  pelas  três  horas  da  tarde. 

«No  es  facil  dar  una  idéa  cabal  dei  aspecto  que  ofrece  la  ciudad  de  Lisboa, 
y  de  Ia  impresion  que  produce  en  quien  por  primera  vez  se  acerca  á  visitaria. 
Aquel  inmenso  anfiteatro,  que  se  pierde  en  las  alturas ;  aquella  multitud  de  jar- 
dines y  de  quintas;  y  sobre  todo,  aquel  Tajo  admirable,  cubierto  de  barcas  y 
buques  de  todas  clases,  aquolla  inmensa  llanura  de  agua,  en  euyo  lejano  apuesto 
confin  se  descubren,  á  los  rayos  de  sol  poniente,  montailas  y  poblaciones,  todo 
contribuye  á  los  encantos  de  un  panorama,  que,  mucho  mejor  que  para  descrito, 
es  para  ser  visto  y  admirado.» 

VICENTIIVO  (NICOLO  ). 

L'antica  Musica  ridotta  alia  moderna  prattica. . .  Roma,  Ant.  Barre,  1555, 
foi. 

'<É  preciso,  para  que  este  raro  volume,  escripto  contra  Vincenlio  Lusitano, 
esteja  completo,  que  tenha  oito  grandes  estampas  dobradas,  gravadas  em  madeira.» 

80  francos,  catai.  Tross.;  60  francos,  Coussemaker. 

VICTOR  HUGO  raconté  par  un  témoin  de  sa  vie,  avec  ceuvres  inédites, 
entre  autres  le  drame  en  trois  actes,  Ignez  de  Castro.  Bruxelles,  1863,  8.",  2  vol. 


350  VI 

VIDA  de  D.  Fr.  Bartholomé  de  los  Mártires,  dei  Orden  de  Santo  Domingo, 
Arzohispo  de  Braga,  en  Portugal ;  traducida  en  caMellano  de  la  que  escrivieron  en 
francês,  de  un  modo  mievo  y  muy  edificante,  los  Reverendos  Padres  de  la  misma 
Orden  de  Predicadores  dei  Noviciado  General  dei  Convento  de  San  Germán,  de 
Paris.  Representada  con  su  espiritu  y  sus  dictames,  tomados  de  sus  propios  escri- 
tos. Y  sacada  de  la  Historia  que  en  diferentes  lenguas  escrivieron  graves  autores, 
de  los  quales  fué  el  primero  el  V.  Fr.  Luis  de  Granada.  Conprivelegio.  En  Madrid, 
en  Ia  imprenta  de  Manuel  Fernandez,  ano  de  mdccxxvii,  4.°  de  512  pag.,  alem 
das  licenças,  dedicatória  e  Índice,  innumerados. 

Começa  peia  dedicatória  de  D.  Juan  Bau lista  de  Darza  a  El- Rei  de  Hespanha. 

Prologo  do  traductor. . .  «Y  segun  mi  cuenta,  desde  que  le  oyeron  discurrir, 
y  le  vieron  obrar  en  el  Concilio  de  Trento,  y  en  Roma,  delante  dei  Papa,  de  los 
cardenales,  y  de  los  obispos,  ya  escrivian  sus  ilustres  acciones  autores  graves  en 
varias  obras  que  nos  han  dejado:  Porque,  sin  contar  ai  Santo  Prelado,  que  muy 
á  lo  vivo  se  copio  á  si  mismo  impensadamente  en  su  libro  Stimulus  pastorum, 
aun  antes  que  viesen  en  él  los  de  aquella  Santa  Asembléa,  como  una  imagen  de 
un  perfecto  obispo  de  la  Iglesia,  hallo  hasta  treinta  escritores  de  distinctas  na- 
ciones,  portugueses,  castellanos,  flameneos,  italianos,  alemanes  y  franceses,  que 
las  reíieren  con  grandes  elogios  en  diversas  lenguas  y  en  diferentes  tiempos ;  y 
que  son  de  su  tiempo,  y  como  testigos  de  vista  los  de  mayor  autoridad.  Pêro 
después  los  autores  franceses,  aviendo  recogido  exactisimamente  todo  lo  que 
sobre  este  asunto  escrivieron  los  otros  en  mucbos  libros,  diciendonos  en  su  lengua 
mucíw  en  poço,  reconozco  que  solamente  ellos  hablan  en  esta  obra  con  aquel 
mismo  espiritu;  aquellos  mismos  dictamenes,  y  con  los  propios  escritos  de  nues- 
tro  Santo  Prelado,  de  quien  dijeron  los  padres  dei  concilio  de  Trento:  Que  sus 
discursos  eran  vivos  y  llenos  de  sentido;  y  que  la  escuela  dei  Arzobispo  de  Braga 
era  la  primera  dei  mundo. 

Advertência  de  los  autores  de  esta  obra:  «No  creemos  necesario  representar 
aqui  qual  ha  sido  D.  Fray  Bartholomé  de  los  Mártires.  Esto  seria  bolver  á  decir 
inutilmente  lo  que  está  dicho  en  la  introduccion,  ó  proemio  de  esta  Historia,  donde 
se  propone  desde  luego  una  recopilacion  de  sus  acciones  y  de  su  vida.  Bastará 
decir  que  después  de  su  morte  dichosa,  que  ha  sido  honrada  con  milagros,  su 
memoria  es  venerada  en  Portugal  y  en  toda  Espana,  y  aun  en  las  províncias  de 
Francia  más  vecinas.  Por  esto  los  obispos  célebres  por  su  suficiência  y  su  piedad, 
y  por  la  vigilância  infatigable  con  que  se  aplican  á  la  salud  de  Ias  almas  que 
Dios  les  ha  confiado,  aviendo  tenido  más  facilmente,  como  más  cercanos  á  Espana, 
algun  conocimiento  de  sus  acciones  y  de  sus  virtudes,  han  manifestado  desear 
mucho  que  Ia  vida  de  un  personage  tan  grande  fuese  tan  conocida  en  la  Iglesia 
de  Francia  como  merece  serio.  Ellos  han  admirado  las  grandes  y  las  raras  qua- 
lidades que  se  hallan  reunidas  en  su  persona,  y  el  amor  que  tienen  á  la  Iglesia 
los  ha  heeho  desear  con  ardor,  que  este  Prelado,  no  aviendo  governado  y  ilustrado 
sino  una  diocese  durante  su  vida,  se  hiziesse  ahora  por  su  exemplo  la  luz  y  el 
modelo  de  todos  los  obispos  de  eple  grande  reyno. . .» 

Censura  dei  Padre  Fr.  Francisco  Faxardo,  dei  Orden  de  N.  P.  S.  Francisco, 
Lector  Jubilado,  Calificador  de  el  Consejo  Supremo  de  la  General  Inquisicion,  y  de 
sus  Juntas  Secretas,  y  Confesor  de  el  Real  Convento  de  Senoras  Descalzas  Fran- 
ciscas  de  esta  Corte. . .;  «Y  en  él  hallo  dos  cosas,  dignas,  para  mi,  de  especial 
consideracion.  Una  es  la  elevada  matéria  de  el  Libro,  que  aun  es  más  fecunda  y 


VI  351 

sublime  de  lo  que  proraete  el  título  de  él :  Porque  el  título  ofrece  solo  la  rela- 
cion  de  la  vida  de  aquel  zelosisimo  Prelado  tan  Apostólico  y  venerable,  que  se 
sefialó  con  adiniracion  entre  todos  los  Padres,  que  coneurrieran  ai  Santo  Conci- 
lio de  Trento;  y  quien  por  su  viriud  y  eminente  sabiduria  niereció  que  San  Carlos 
Borromeo  governase  por  su  dictamen  las  resoluciones  más  árduas  tocantes  ai 
mayor  bien  de  su  alma ;  y  aun  tenerle  el  mismo  Santo  por  modelo  para  copiar 
de  él  heróicas  virtudes. . .»  , 

Licença  do  Ordinário. 

Aprobacion  dei  i?."°  P.  M.  Fr.  Pedro  de  Ayala,  dei  Orden  de  nuestro  Padre 
Sa7ito  Dontingo:  «Obra  sin  duda  utilisima  por  muelios  motivos...  Lo  tercero, 
porque  en  este  libro  se  encuentra  un  gran  tesoro  de  doctrina,  y  erudicion,  que 
no  se  halla  en  los  otros  de  su  vida ;  aquel  dego  libro  de  oro,  que  el  mismo  vene- 
rable seilor  Arzobispo  compuso,  y  intitulo  Stimulus  Pastorunh  dei  qual  baste 
decir  que  el  glorioso  San  Carlos  Borromeo,  no  solo  le  dió  á  la  estampa  para  la 
comun  utilidad,  sino  que.  por  su  doctrina  se  guio  y  arreglo  para  vivir  como 
vivió,  y  governar  como  governo  la  iglesia  de  Milan. 

Papel  de  D.  Luis  de  Salazar  y  Castro,  Comendador  de  Ziirita  en  la  Orden 
de  Calatrava,  dei  Consejo  de  sii  Majestad  en  el  Real  de  las  Ordens,  Superinten- 
dente de  los  Archivos  de  ellas,  y  Chronista  Mayor  de  Castilla  y  de  las  índias. . . : 
«Porque  aunque  creia  estar  bien  informado  de  las  eminentes  virtudes  de  este 
venerable  Arzobispo,  por  lo  que  escrivieron  de  su  vida  los  Padres  Granada, 
Cazegas  y  Sousa,  confieso  que  no  lo  estaba  plenamente,  hasta  que  por  el  favor 
de  V.  m.  vi  esta  excelente  obra.  No  dice  ella  más  por  lo  que  toca  á  la  vida  y  á 
los  sueesos  dei  Arzobispo,  que  lo  que  estampáron  sus  mismos  Religiosos,  testigos 
oculares,  pêro  dicelo  de  otra  forma  más  insinuante  y  más  circunstanciada  por 
las  reflexiones  y  por  las  doctrinas.  La  obra  es,  en  todas  sus  partes,  excelente ; 
pêro  el  último  libro  está  tan  lleno  de  erudicion  sagrada,  y  de  prevenciones  pia- 
dosas,  que  no  deja  que  desear  á  los  amantes  de  la  virtud  en  todas  esferas.» 

1.°  Bartholouueus  a  Martyrihus ; 

2.«  Ampliado  por  fr.  Luiz  de  Sousa.  Paris,  1860; 

3.°  Paris,  1863. 

La  même,  1864. 

La  même  du  espagnol  et  portugais,  par  le  maitre  de  Sacy. 

Abrégé,  par  A.  Caillot.  Paris,  1826. 

VIDA  de  Santo  António.  Columbo. 

Em  lingua  indo-portugueza. 

Possue  um  exemplar  o  ex.""  arcebispo  de  Braga,  D.  João  Chrysostomo. 

VIDA  dei  Bienaventurado  Padre  Gonzalo  de  Silveira.  Madrid,  1614,  in-4.'' 

VIDA  y  virtudes  de  A.  Maria  Anna,  reyna  de  Portugal,  pelo  padre  3.  Guerra. 
Madrid,  1757,  8.° 

VIDAL. 

Description  des  iles  de  Madère,  traduite  de  Vanglais  de  Coriolis.  (Annales 
hydrographiques,  tomo  ii.) 


3o2  VI 

VIDART  (LIIIS ). 

Los  Lusíadas  de  Camoens  y  sus  tradiicciones  ai  castellano.  (Na  Revista  Con- 
temporânea, de  15  de  maio  de  1880,  de  Madrid.) 

Los  poetas  líricos  contemporâneos  de  Portugal.  (Artículo  publicado  en  el  nú- 
mero de  la  Revista  de  Espana,  correspondiente  ai  10  de  marzo  de  1872.)  Madrid, 
imprenta  de  José  Noguera,  Bordadores,  7,  S.»  gr.  15  pag. 

VIE  (LA)  de  Saint  Jean  de  Dieu,  Instituteur  et  Patriarche  de  VOrdre  des 
Religieux  de  la  Charité.  Paris,  chez  Daniel  Harthemels,  1691,  511  pag. 

VIE  (LA)  de  Dou  Barthelémy  des  Martyrs,  religieux  de  VOrdre  de  Saint  Do- 
minique,  archevesque  de  Brague,  en  Portugal.  Tirée  de  son  histoire  écrite  en  espa- 
gnol  et  en  portugais,  par  cinq  auteurs,  dont  le  premier  est  le  père  Louis  de  Gré- 
nade.  2*  édition.  Paris,  1663. 

VIE  du  vénérable  Dom  Jean  de  Palafox,  Évêque  d'Angélopolis,  &c.,  ensuite 
Évêque  d'Osme,  Dedié  à  Sa  Majesté  Catholique.  A  Cologne,  1767, 8.o  lvi-576  pag. 

A  pag.  40  diz-se  que  um  dos  feitos  notáveis  do  bispo  D.  João  de  Palafox, 
foi  o  de  afugentar  de  Vera  Cruz  aos  portuguezes,  aos  quaes  repelliu  paia  fora 
d'alli  a  mais  de  vinte  léguas  da  costa. 

VIE  du  vénérable  père  Jean  de  Britto,  de  la  Compagnie  de  Jesus,  mis  à  mort 
aux  Indes,  dans  le  Madure,  en  haine  de  la  fois.  S.  J. 

VIEGAS  (CEIVT.  P ). 

Principios  dei  Reyno  de  Portugal  con  la  Vida  y  hechos  de  D.  Affonso  Henri- 
ques, su  primero  Rey  y  con  los  principios  de  los  otros  estados  christianos  de  Espana. 
Lisboa,  1641. 

VIENNET  (J.  P.  G.). 

Épitre  aux  mules  de  Don  Miguel.  Poème.  Paris,  1829. 

VIER  (GUSTAV ). 

Prinz  Heinrich  Seefakrer  und  seine  Zeit  mit  einer  Einleitung  úber  des  portu- 
giesischen  Handels . . .  (O  Príncipe  Henrique,  o  Navegador,  e  o  seu  tempo.  Com 
uma  introducção  sobre  a  Historia  do  commercio  portuguez  e  marinha  até  ao 
principio  do  xii  século.  Dantzig,  1864. 

VIETOR  (JOÃO ).— Jesuíta,  natural  de  Spira. 

Publicou  em  allemão: 

Epitome  vitae  S.  Francisci  Xaverii.  Coloniae,  apud  Wilheimum  Friessen, 
16671. 

VIEUX,  An  histarical  —  of  the  revolutiom  of  Portugal.  Londres,  1827. 


Augoslin  el  Alois  de  Backer,  Bibliothè<jue  des  éerivaiiis  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vi,  pag.  749. 


VI  353 

VIE  W  of  lhe  town  of  Elvas,  its  Aqmdact,  and  fort  Lucie.  Fine  colonr  en- 
graved  H.  Smith  delenivit.  Dubourg,  0'",43  X  O^jOG.  London,  1813. 

VIGIER  (JOAm ).— Nacional  do  reino  de  França  &  morador  n'esla 

corte  de  Lisboa. 

Pharmacopea  Ulyssiponense,  Galenica  e  Chimica,  que  contem  os  prhicipios, 
Difiniçoens  e  Termos  geraes  de  hiima  &  outra  Pharmacia ;  &  hum  Lexicon  univer- 
sal de  termos  Pharmaceuticos,  com  as  preparaçoens  Chimicas  &  composiçoens  Ga- 
lenicas,  de  que  se  usa  neste  Reyno ;  &  virtudes  &  dosis  dos  medicamentos  Chimicos. 
Hum  Tratado  da  Eleiçam,  descripção,  dosis  &  virtudes  dos  purgantes  vegetaes,  & 
das  drogas  modernas  de  ambas  as  índias  &  Brasil.  Hum  vocabulário  universal, 
latino  e  portuguez,  de  todas  as  drogas,  animaes,  vegetaes  &  mineraes,  assim  mo- 
dernas, como  antigas.  Offerecida  ao  Senhor  Doutor  Joani  Bernardes  de  Moraes, 
Physico  mor  de  Sua  Magestade.  Lisboa,  na  oíTicina  de  Pascoal  da  Sylva,  impressor 
de  S.  Magestade.  1716,  S."  gr.  de  475  pag.  e  mais  102  do  Vocabulário  Univer- 
sal latino  e  portuguez  de  todos  os  nomes  dos  simplices,  afora  dedicatória,  prologo, 
poesias  laudalivas  do  auctor,  índice,  licenças  e  erratas  não  paginadas. 

VIGNEROIV  (ABBÉ  LUCIEIV ) — Du  clergé  de  Paris,  de  la  société 

de  géographie.  Paris,  8.°  de  291  pag. 

«...  No  zimbório  da  Estrella  podemos  contemplar  uma  vista  soberba  para 
a  cidade,  para  o  Tejo,  e  até  para  o  Oceano.  Esta  vista  faz  scismar.  Eu  via  enião 
passar  por  defronte  de  meus  olhos,  como  n'uma  visão,  a  historia  gloriosa  e  os 
feitos  deslumbrantes  d*este  nobre  Portugal.  Assistia  a  suas  descobertas  nos  rei- 
nados de  D.  João  II  e  D.  Manuel.  É  Barthoiomeu  Dias  o  primeiro  que  toca  na 
extremidade  do  continente  africano  e  que  a  encontra  batida  por  tantas  tempesta- 
des, á  qual  dá  o  nome  de  «Cabo  das  Tormentas»,  mas  que  o  rei,  com  essa  saga- 
cidade de  previsão  que  só  pertence  ao  génio,  chamou  «Cabo  da  Boa  Esperança». 
(Pag.  191.) 

«Vasco  da  Gama,  antes  da  sua  partida,  passou  a  noite  na  capella  da  Virgem 
e  comeu  o  pão  dos  fortes,  o  vialico  dos  viajantes :  cibus  viatorum. 

«Arrosta  então  com  os  temporaes,  dobra  o  Cabo  das  Tormentas,  costeia  a 
margem  africana,  passa  aos  reinos  de  Sofala,  Moçambique,  Melinde,  e  chega  a 
Calicut,  no  Malabar. 

«Alvares  Cabral,  dirigindo -se  para  a  índia,  lança  na  costa  do  Brazil  os  ali- 
cerces do  poder  portuguez. 

«Duarte  Pacheco,  só  em  Cocliim,  com  três  navios  e  iô'0  homens,  resiste  a 
50:000  indianos. 

«Porém  o  Marte  Portuguez,  o  grande  Albuquerque,  apparece  á  minha  imagi- 
nação cingido  de  uma  aureola  mais  gloriosa  ainda,  se  é  possível. 

«Foi  elle  quem  se  apossou  de  Goa,  a  áurea,  e  de  Malaca,  que  é  o  centro  do 
commercio  com  a  China,  Japão  e  Molucas.  Vale  lhe  esta  conquista  immensas  ri- 
quezas: todos  os  rajahs  da  índia  solicitam  sua  alliança;  destroe  depois  a  poten- 
cia dos  árabes  e  dos  persas,  toma  Ormuz,  uma  das  mais  celebres  cidades  ria  Ásia, 
e  seu  génio,  precedendo  os  tempos,  ousa  conceber  projectos  gigantescos,  como  o 
de  entupir  o  porto  de  Suez  ou  deter  o  Nilo  no  seu  curso,  ao  mesmo  tempo  que 
sua  fé  e  sua  piedade  o  impeli  iam  a  destruir  Meca,  a  cidade  santa  do  Islam. 

«Quando  este  arrojado  conquistador  morreu  em  Goa,  calumniado,  e  caído  no 

23 


3o4  VI 

desagrado,  como  todos  os  grandes  homens,  Portugal  estava  no  apogeu  do  seu 
poder;  dominava  em  todo  o  extremo  Oriente,  e  mesmo  na  China,  onde  um  pouco 
ujais  tarde  ohteve  do  Filtio  do  Céu  o  direito  de  se  estabelecer  em  Macau.  É  d'ahi 
que  procedem  as  relações  eommerciaos  estabelecidas  com  o  JapdO;  de  onde  os 
portuguezes  extrahiam  annualmente  uma  quinzena  de  milhões. 

«Mas  não  era  somente  por  meio  da  força  brutal  que  o  génio  porluguez  se 
robustecia  durante  estas  expedições  memoráveis:  com  uma  das  mãos  aguentava 
o  navegador  o  estandarte  da  pátria,  e  com  a  outra  mostrava  o  Evangelho  de  Jesus 
Christo,  e,  com  os  soldados  e  com  os  missionários,  se  espalharam  por  novas  re- 
giões. Como  esquecer  que  foi  D.  .João  III,  rei  de  Portugal,  o  príncipe  mais  chris- 
tão  do  seu  século,  que  mandou  pedir,  por  intervenção  do  seu  embaixador  em 
Roma,  seis  religiosos  da  Companhia  para  irem  levar  as  luzes  da  Fé  ás  índias 
Orientaesl  Então  estes  religiosos,  os  fundadores  da  ordem,  não  passavam  de  dez, 
mas  Ignacio  de  Loyola,  a  pedido  do  monareha,  e  em  conformidade  com  a  ordem 
de  Paulo  III,  inspirado  do  céu,  chama  a  Francisco  Xavier. 

«Não  vos  oíTereeem  uma  província  ou  um  reino  do  Levante  para  converter- 
des, lhe  disse  o  papa,  apresentam-vos  um  mundo  inteiro,  composto  de  mais  reinos 
do  que  ha  em  toda  a  Europa.  Este  campo,  tão  vasto  e  tão  amplo,  só  era  digno 
de  vossa  coragem  e  de  vosso  zelo.  Ide,  pois,  meu  irmão,  aonde  a  voz  de  Deus  vos 
chama  e  a  Santa  Sé  vos  envia,  e  inílammae  tudo  com  o  fogo  divino,  com  o  qual 
vós  mesmo  estaes  inílammado! 

«Francisco  partiu  de  Roma  a  15  de  março  de  1540,  na  companhia  do  em- 
baixador de  Portugal,  sem  mais  bagagem  do  que  uma  túnica,  um  capote  velho  e 
um  breviário.  Passou  próximo  do  castello  de  Xavier,  na  Hespanha,  sem  ver  seus 
parentes,  apesar  das  solicitações  de  seu  coração,  e  chegou  a  Lisboa,  onde,  apesar 
dos  offerecimentos  do  rei,  quiz  hospedar-se  no  hospital. 

«A  7  de  abril  de  1541  embarcou  no  navio  do  vice-rei  D.  Martim  AtTonso  de 
Sousa,  que  solicitava  a  honra  de  o  ter  a  bordo,  e  chegou  a  Goa  a  6  de  maio  de 
1541 

«Que  vida!  Que  heroe!  Que  santo!  E  como  sua  historia  se  entrelaça  inti- 
mamente com  a  d'essas  primeiras  colónias  portuguezas,  cujos  habitantes  entraram 
immedialamente  n'uma  plena  communidade  de  idéas  e  de  sentimentos  com  os 
conquistadores,  e  cuja  união  politica  com  a  mãe  pátria  foi  consagrada  pelos  elos 
de  uma  religião  de  paz  e  de  caridade,  commum  a  lodos. 

«Francisco  Xavier  bem  mereceu,  pois,  de  Portugal,  e  póde-se  dizer  que 
aquelle  que,  por  seus  trabalhos  innumeraveis,  por  sou  conhecimento  perfeito  de 
um  grande  numero  de  idiomas,  por  suas  mulliplas  peregrinações,  por  centenas 
de  milhares  de  almas  que  converteu  ao  verdadeiro  Deus,  pôde  passar  por  um 
cidadão  cosmopolita,  e  póde-se  dizer  que  foi  um  grande  cidadão  portuguez. 

«Aventureiros,  bravos,  perseverantes,  homens  de  uma  raça  excepcional,  taes 
são  os  homens  d'este  paiz  ferlil  em  prodígios! 

«Quão  renhidos  combales!  Quão  dolorosos  sacrifícios!  Que  navios  perse- 
guidos pelos  temporaes !  Mas  que  poder  e  que  triumphos  !  Resuscilaram  ás  vezes 
a  pompa  e  a  magnificência  dos  antigos  romanos,  e  entraram  em  Goa,  como 
D.  João  de  Castro,  em  carros  enfeitados  com  folhas  de  palmeiras  e  ataviados 
com  todas  as  insignias  da  victoria  1 

«Ai  de  mim!  Um  dia  chegou,  nefasto  e  cheio  de  lagrimas,  em  que  sua 
herança  passou  quasi  toda  para  os  estrangeiros,  mas,  antes  de  deixarem  essas 


VI  3^-^ 

immctisas  e  magnificas  regiões  aos  hollamlezes  e  aos  inglezes,  elles  sabiam  ainda 
illuslrarem-se  por  meio  de  feitos  de  armas  admiráveis,  como  praticou  D.  Luiz  de 
Athayde.  E  agora  conservam  elles  sua  independência,  toem  suas  lembranças 
immortaes,  e  eis  porque,  d'isso  estou  bem  seguro,  andam  tão  tristes  e  tão  or- 
gulhosos, e  eis  porque  Lisboa  parece  trajar  o  luto  da  pátria,  um  luto  cheio  de 
grandeza  e  de  magestade. 

«Polidez  e  amenidade,  bom  humor  e  acolhimento  simples  e  cordial,  hospi- 
talidade graciosa,  eis  ainda  qualidades  que  não  podômos  recusar  aos  portuguezes: 
são  vivos,  intelligentes,  liberaes,  amigos  do  progresso,  homens  de  boa  sociedade, 
mui  ceremoniosos  e  amantíssimos  de  sua  dignidade  pessoal.  Pelo  que  me  diz 
respeito,  d'elles  só  tenho  a  dizer  bem,  em  tudo  e  por  tudo.» 

VILL/V  VELHA. 

View  on  lhe  Tagus,  ncar  Villa  Velha.  Pass  in  lhe  mountains  between  Nisa  and 
Villa  Velha. 


VILLACASTIIV  (TOOIIAS  DE  ). 

Apostólica  vida,  virtudes  y  milagros  dei  santo  Padre  y  maestro  Francisco 
Xavier.  Pintiae,  apud  Franciscum  Fernandez,  1602,  S.»! 

VILLALBA  (F.  MARCOS ) — Hespanhol. 

Epktolam  consolatoriam  ad  Philippum  II,  Hispaniarum  Regem,  classe  navali, 
qtiam  in  Anglíam  miserat,  ventis  quassata  et  dispersa.  Salmanticae,  1588,  4." 

VILLAROEL    (FR.   GASPAR  DE  ).  — De  la  orden   de   nucstro 

Padre  S.  Auguslin,  de  Ia  Província  dei  Peru,  Prior  y  Vicário  Provincial  dei 
Convento  de  la  ciudad  dei  Cusco. 

Dos  sermones :  en  la  fiesta  de  N.  P.  S.  Augustin,  el  uno,  y  en  la  Canonisacion 
dei  Glorioso  San  Ignacio  de  Loyola,  el  otro.  Dispuestos  por  el  Padre  Predicador 
Fray  Lids  de  Lagos,  su  companero.  A  nuestro  muy  Reverendo  Padre  Maestro 
Fray  Francisco  de  la  Sema,  Provincial  absoluto  de  la  Provinda  de  nuestro  Padre 
San  Augustin  dei  Peru,  Catedrático  de  Teologia  de  propiedad  en  la  Universidad 
Real  de  la  Ciudad  de  Lima.  En  Lisboa,  por  António  Alvarez,  anno  de  1631,  4.*» 

0  1.*»  sermão  tem  14  folhas  e  o  2.«  16. 

VILLEGAS  (D.  DIEGO  ORTIZ  DE ) Natural  de  Calçadilha,  no 

reino  de  Leão.  Veiu  para  Portugal  em  1476,  acompanhando  a  princeza  D.  Joanna, 
chamada  a  Excellente  Senhora,  na  qualidade  de  seu  confessor.  Foi  nomeado  bispo 
de  (^euta  e  mais  tarde  transferido  para  Vizeu.  Morreu  em  Almeirim  no  anno  de 
lol9. 

Catechismo  pequeno  da  doctrina  e  instruiçam  que  os  Xpaãos  ham  de  creer  e 
obrar  pêra  conseguir  a  henauenturança  eterna  feito  e  copilado  pollo  reuerendissimo 
senor  dom  Diego  Ortiz,  bispo  de  çepta,  &&.  Lisboa  por  venlí  fernãdez  alemã  e 


Nicol.  Ant.,  Bibliotheca  Nova,  vo!.  n,  pag  317. 


356  VI 

Johã  pedro  bõo  honiini  de  cremona  aos  xx  dias  de  Julho.  Era  de  mill  e  quinhêtos 
e  qtro  aniios;  foi.  de  78  folhas,  caracteres  golhicos*. 
Obra  de  grande  raridade. 

VILLEGAS  (D.  DIEGO  EXUIQUEZ  DE ). 

Pyramide  Natalício  y  baptismal  a  la  Soberana^  Augusta,  Excelsa  Magestad  de 
la  Serenissima  Reyna  D.  Maria  Francisca  Isabel  de  Saboya,  Princesa  de  Portugal. 

Delineada .  En  Lisboa,  en  la  Imprenta  de  António  Craesbeck  de  Mello,  afio 

1670,  4.»  de  140  pag. 

VILLENA  (DR.)* — Lente  da  universidad  de  Valência. 

«Este  professor  insigne  não  se  contentou  com  herborisar,  á  inf)itação  de  seus 
predecessores,  dentro  do  reino  de  Valência :  chegou  a  penetrar  nos  montes  de 
Castella  e  de  Portugal  pela  parle  do  occidente  e  pela  do  levante,  até  Monserrate 
e  Pyrenéus*. 

VINCENT     (JEAN     BAPTISTE     GEORGE     MARIE     BORY    DE 

SAINT  ). —  Correspondant  de  Tacadémie  des  seiences,  Tun  des  ofíiciers 

supérieurs  anciennement  atlachés  au  dépôt  de  la  guerre,  et  aide-de-camp  de  son 
exceilence  le  duc  de  Dalmatie,  durant  la  dernière  guerre  d'Espagne  (1808  à 
1813). 

Guide  du  voyageur  en  Espagne.  Paris,  Louis  Janet,  1823,  8.°  gr.  de  xxxviii- 
666  pag.,  avec  deux  cartes  coloriées,  dressées  et  dessinées  par  Tauteur. 

«Portugal  passa  por  ter  sido  muito  mais  povoado  do  que  o  é  actualmente 
(pag.  348) ;  embora  não  apresentem  prova  alguma  em  favor  de  uma  tal  asserção, 
é  provável  que  as  expedições  longínquas,  que  levaram  a  uma  tão  grande  altura  a 
reputação  dos  guerreiros  portuguezes  n'um  tempo  em  que,  arrojando- se  nas  pe- 
gadas que  foram  deixadas  por  seu  immortal  Vasco  da  Gama,  submettiam  os  mais 
bellos  paizes  da  índia,  deveram  trazer  prejuízos  á  metrópole,  alem  das  guerras 
inúteis,  e  que  também  custaram,  mesmo  na  Africa,  tanto  sangue  christão. 

«Seja,  porém,  como  for,  o  que  Portugal  perdeu  em  gloria  parece  ler  ganho 
em  prosperidade  interior;  e  deve-se  esta  justiça  aos  inglezes,  porque,  introdu- 
zindo-se  no  paiz,  quer  para  n  elle  commerciar,  quer  para  o  defender,  lhe  intro- 
duziram algum  tanto  d'essa  ordem  interior  e  asseio  de  domicilio. 

«Com  effeito,  por  qualquer  íogar  da  sua  extensão  que  entremos  em  Portugal, 
ao  deixarmos  a  Hespanha,  nota-se  uma  completa  mudança  no  aspecto  dos  campos, 
das  casas  isoladas  e  das  cidades.  As  pessoas  que  téem  percorrido  a  Allemanha 
farão  lima  idéa  d'esta  mudança,  lembrando-se  da  differença  frisanle  que  lhes  lôem 
apresentado,  com  pequenas  distancias  uns  dos  outros,  os  cantões  catholicos  e  os 
cantões  protestantes.  Por  toda  a  parte,  na  Germânia,  encontrareis  figuras  grotes- 
cas de  santos  nas  pontes,  cruzes  ao  longo  dos  caminhos  e  dos  cemitérios;  os 
mendigos  esfarrapados  apresentam-se  immediatamente  nas  ruas  e  nas  estradas 
reaes;  ás  casas  falta  o  asseio  e  as  cKlades  são  infectas. . . 


'  lonocencio  Francisco  da  Silva,  iJiciwnaiio  OilHioyiuiihico,  vol.  ii,  pag.  168'. 

'  n.  Mign"!  Veiasco  y  Santos,  Resem  hhtorira  dela  universidad  do  Valfnria,  pag.  102.  Valência, 


VI  357 

«O  portiiguez  é  aventureiro,  emprehendedor,  prodigiosamente  agarrado  ao 
solo  que  o  viu  nascer,  irritável,  temerário,  e  todavia  paciente.  A  adversidade  não 
o  poderia  abater  e  a  contradicçâo  o  irrita. 

«Laborioso  como  que  por  acaso,  ás  vezes  é  muito  leviano,  e  quasi  sempre 
preguiçoso.  Alem  d'isto  é  essencialmente  vanglorioso,  e  gosta  muito  de  fallar  de 
si,  ou  de  sua  gloria  nacional.  E  como  esta  gloria  é  real,  porque,  desde  esse  guer- 
reiro, que  não  tinha  necessidade  de  fazer  fallar  um  crucifixo  para  merecer  uma 
coroa  no  campo  de  batalha,  muitos  príncipes  portuguezes  têem  sido  grandes 
homens  por  meio  das  armas  e  da  sciencia;  valentes  téem  saído  de  todas  as  classes 
da  população :  Ásia,  Africa  e  America  têem  retumbado  com  o  ruido  de  suas 
façanhas,  menos  manchadas  de  crimes  que  as  de  seus  vizinhos;  as  mais  bellas 
descobertas  geographicas  dos  primeiros  tempos  lhes  são  devidas ;  finalmente,  a 
poderosa  casa  de  Áustria,  e  o  próprio  Napoleão,  no  tempo  em  que  a  victoria 
ainda  não  o  tinha  desamparado,  não  poderam  submetter  uma  nação  generosa, 
inflammada  pelo  espirito  publico  e  invejosa  da  sua  obediência,  porque  se  não 
poderia  ensoberbecer  o  portuguez  com  uma  gloria  que  não  tem  macula?  Feliz  o 
povo  que  tem  o  direito  de  fallar  sem  ter  de  que  se  envergonhar  de  seus  antigos 
triumphos  I  O  ridículo  consiste  tão  somente  em  nos  gabarmos  de  uma  gloria  que 
já  não  existe  e  que  já  não  poderíamos  ter ! 

ífAlguns  viajantes  modernos,  e  principalmente  os  inglezes,  asseveram  que  a 
litleratura  e  as  sciencias  não  são  muito  cultivadas  em  Portugal,  e  pretendem  até 
mesmo  que  folgam  elles  com  aquella  sorte  de  ignorância  em  que  estão  vivendo. 
Esta  injuriosa  asserção  é  tão  desprovida  de  fundamento,  como  a  de  certos  escri- 
ptores  que,  querendo  embolsar  em  adulação  os  guineos  que  lhes  deram  para  es- 
creverem acerca  da  guerra  de  1808  a  1813,  pretenderam  que  as  tropas  portugue- 
zas  somente  se  tinham  distinguido,  por  lhes  haverem  dado  chefes  e  até  mesmo 
ofíiciaes  subalternos  inglezes.  Ninguém  duvida  de  que  alguns  ofíiciaes  inglezes, 
dados  a  tropas  sem  experiência,  tenham  podido  ser-lhes  muito  úteis,  habituan- 
do-os  ao  salutar  jugo  da  disciplina;  mas  os  portuguezes  não  tinham  necessidade 
dos  inglezes  para  serem  impetuosos,  infatigáveis,  intelligentes  e  sóbrios,  qua- 
lidades, principalmente  estas  duas  ultimas,  das  quaes  os  inglezes  apresentam 
exemplos  na  guerra.  E,  no  tocante  a  sciencias,  basta  consultar  as  Memorias  da 
academia  real  das  sciencias  e  as  Observações  astronómicas  de  (Coimbra  e  outros 
escriptos  luminosos,  recentemente  publicados  em  Portugal  acerca  de  sciencias 
naturaes  e  physicas,  para  nos  compenetrarmos  de  que  os  grandes  conhecimentos 
n'aquelle  paiz  nem  são  desconhecidos  nem  desprezados.»  (Pag.  354.) 


VIIVCKXT  (WILIJAM ). 

The  Periplus  of  the  Erythrean  Sea,  containing  an  account  of  the  navigation 
of  the  ancients  from  the  sea  of  Suez  to  the  coast  of  Zanguebar.  London,  1800-1805, 
duas  parles  n'um  volume. 

Traz  esta  obra  o  retrato  de  Vasco  da  Gama. 

VINVESA  (ANTOIVII  PICOARDO ).— Salmanticensis  Antecesso- 

ris  I.  C.  Hispani. 

Na  sua  obra,  Priores  practicae  scholasticae  Disptitationes,  Salmanticae,  1606, 
faz  um  grande  elogio  ao  jurisconsulto  portuguez,  Pedro  Barbosa,  na  pag.  255. 


358  YI 

VIUEAU  (JEAN ). —  Jesuíta,  da  diocese  de  Bordeaiix.  Enlrou  para  o 

noviciado  em  1577,  na  idade  de  dezenove  annos.  Ensinou  humanidades  por  alguns 
annos,  e  desempenhou  por  muilo  tempo  as  funcções  de  ecónomo.  Morreu  em 
Paris  no  anno  de  16381. 

Histoire  de  ce  qui  s'est passe  au  Royanme  du  Japon  ès  années  1625, 1626  et  1627. 
Tirée  des  lettres  adressées  au  R.  P.  Muíio  Vitelleschi,  General  de  la  Compagnie 
de  Jesus.  Traduite  d'Italien  en  François  par  mi  Père  de  la  mesme  Compagnie.  A 
Paris,  chez  Sebastien  Cramoisy,  1633,  465  pag. 

Contém  este  volume: 

Lettres  anmielles  du  Japon ^  de  Vannée  iã.DC.\\\,\x\i,x\\u,  pag.  1  a  148. 
No  fim :  De  Macao,  a  15  de  março  de  1626.  Assignado,  João  Bonelli. 

Relation  de  la  glorieuse  mort  du  neuf  Réligieux  de  la  Compagnie  de  Jesus  et 
d'autreSj,  au  Japon,  pag.  149  a  252.  No  fim :  De  Macao,  a  31  de  março.  Assi- 
gnado, Pierre  Moreion. 

Lettres  annuelles  du  Japon,  de  Vau  1626,  pag.  253  a  340.  No  fim:  De  Macao, 
a  81  de  março.  Assignado,  João  Rodrigues  Girão. 

Relation  de  la  persécution  somlevé  en  Tacacu  contre  la  Saincte  Foy,  en  Van 
1627,  pag.  341  a  445.  No  fim:  Do  Japão,  a  14  de  setembro  de  1627.  Assignado, 
Christofle  Ferreria. 

La  mort  de  Uonard  Massudadeuzo,  le  quel  fut  decole  pour  la  foy  en  la  ville 
de  Ximaba  le  troisième  de.Decembre  1627,  pag.  446  a  452.  No  fim:  Do  Japão,  a 
25  de  Janeiro  de  1628.  Foi  escripta  pelo  P.  Christofle  Ferreria. 

VISCAUDI  (GUGLIELMO ). 

Una  romanza  portoghese  (Dom  Beltrão).  Génova,  tipografia  Remigio  Schira, 
1884,  15  pag. 

Dá  noticia  d'esta  publicação  o  Occidente,  vol.  viii,  n.«  226,  1  de  abril  de 
1885. 

VISTAS  de  las  Islas  de  los  Azores  sacadas  de  la  Carta  reducida,  que  de 
estas  hlas  publico  M.  Bellini,  ano  1755. 

VITA  dei  Venerabile  Servo  di  Dio  P.  Giovanni  de  Britto,  delia  Compagnia 
Gesu  ucciso  da  Barbari  dei  Malabar  in  ódio  delia  Fede.  In  Roma,  1738,  nella 
slamperia  dei  Komarck,  8."  de  124  pag. 

VITA  dei  Beato  Giovanni  de  Britto,  marlire  delia  Compagnia  di  Gesu,  des- 
critta  dal  P.  G.  Boero,  delia  medesima  Compagnia.  Libri  due.  Roma,  co'  tipi  delia 
Civilla  Callolica,  via  dei  Quirinale,  n.**  56,  1853,  4."  de  135  pag. 

Ha  lambem  exemplares  18."  de  324  pag. 

VITA  dei  P.  Giusefo  Anchieta  delia  Compagnia  di  Gesu.  Dedicata  alia  Pietà 
deW  llluslrissimo  Signore  Giusefo  Cario  Ratta  Garganelli.  In  Bologna,  per  1' lie- 
rede  dei  Renacei,  1643,  12.«  de  235  pag. 


'  Angustin  et  Alois  de  Backcr,  Bibliolhhine  des  ccrivains  de  la  Comjmgnie  de  Jcsm,  vol.  i,  i)ag.  778. 


VITA  dei  P.  Giuseppo  Anchiello,  Religioso  delia  Coinpagnia  di  Gesu,  Apos- 
tolo dei  Brasile.  Composta  in  latino  dal  P.  Sebasliano  Berettario,  e  nel  volgare 
italiano  ndotta  da  un  divoto  religioso,  éc.  Toiiiio,  per  gli  Eredi  di  Gio.  Doiiienico, 
1C2G,  8.» 

VllVV  di  S.  Giovanni  di  Bio,  Padre  de'  Poveri,  e  fondatore  delia  fíeligione 
de'  Padri  ben  Fratelli.  Dcscritto  da  un  Religioso  delia  Conipagnia  di  Giesu  divoto 
dei  medesimo  Santo.  Dedicata  alV  IlL"'^  ed  EcC"^  Signora  la  Signora  D.  Teresa 
Barronei  Albani.  lii  Uoina,  per  Giiolamo  Mainardi,  1725,  8.°  de  2á8  pag. 

VITA  di  Sebasliano  Giuseppe  di  Carvalho  e  Mello,  March.  di  Pombal,  Conte 
di  Oeyras,  &c ,  Segretario  di  Stato  e  primo  ministro  dei  Re  di  Portogallo,  D.  Giu- 
seppe L  Tomo  IV.  1781. 

E  no  fim  (pag.  208) :  11  restante  di  questa  1 V  Parte  formerà  il  principio  dei 
V  tomo.  Isto  faz-me  parecer  que  a  edição  é  differente  d'aquella  de  que  fiz  menção 
nu  tomo  II  do  meu  Portugal  e  os  estrangeiros. 

VITA  Joannis  de  Castro,  Indiaram  Pro  Regis  IV.  In  latinum  conversa,  in- 
terprete Fr.  M.  dei  Rosso.  Romae,  1727. 

VITA  Joannis  de  Castro  ab  Hyacintho  Freire  de  Andrada,  interprete  Fran- 
cisco Maria  dei  Rosso.  Romae,  1727,  8.» 

VITA  S.  Francisci  Xaverii  S.  J.  Lublini,  typis  S.  J.,  1726,  8.« 

VITA  S.  Francisci  Xaverii  compendio  descripta.  Lublini,  typ.  S.  J.,  1691, 12.* 

VITA  venerábilis  Bartholomei  de  Martyribus. . .  cum  opportunis  adnotatio- 
nibus  a  fratre  Joanne  Ghilardi.  Monteregali,  1869. 

VICTOR  (DIOGO  LUIZ  DE  S. ).— Jesuíta,  liespanhol. 

Epitomen  rerum  gestarum,  virtutum,  doctrinae,  prodigiorum  cum  antiqua- 
rum,  tum  recentium  Sancti  Francisci  Xaverii.  Mexici,  typ.  de  Agostinho  de 
Santo  Estevão  e  de  Francisco  Lupeico,  16611. 

VITUÉ  (M.  DE ). 

Description  du  premier  voyage  faict  aux  Indes  Orientales  par  les  François. 
Paris,  1609,  12.° 
Não  citado. 
5  Ihal.  26  ngr.  Sobolewki. 

VOCABULAIUE  [rançais -portug ais.  Bordeaux,  1820. 
VOCABULÁRIO  dei  Japon,  declarado  primero  en  Português  por  los  Pa- 


Al.'gaiiibe,  Bibliolheca  scviplorum  socielaiis  Jesu,  pag.  107. 


m  VO 

dves  de  la  Compaíiia  de  Jesus,  y  agora  en  castellano  en  el  CoUegio  de  S.  Thomas 
de  Manilla.  Manilla,  1630. 

VOCABtlLARY  (The  Complete),  in  Evfjlish  and  Poríiigitese  to  tchich  is 
added  a  collection,  &c.  Madras,  4.",  1  vol.  de  102  pag. 

VOCABLLARY  (A)  in  six  laiigtiageSj  viz:  English,  Latiu,  Italian,  French, 
Spanish  and  Portuguese.  London,  priíited  and  sold  by  Vaillant,  1725,  8.** 

\  OITURE  (MOZVSIEUR  DE ). 

Lettres  de .  íhuxelles,  1677,  8.« 

«Devem  ser  mui  curiosas  as  cartas  d'este  celebre  poeta.  Chama  elle  a  Lisboa, 
aonde  esteve,  o  paiz  da  marmelada,  e  diz  que  (em  uma  maitresse  mais  doce  que 
a  marmelada;  e  não  obstante,  apesar  de  tanta  doçura,  suspira  por  fugir  de  Lisboa, 
como  se  estivesse  na  Noruega. 

«Isto  foi  escripto  ha  uns  duzentos  e  cineoenta  annos.  Voiture,  que  Moreri, 
Bayie  e  Bouillet  diziam  ter  vindo  a  Hespanha  enviado  diplomaticamente  ao 
conde  duque  de  Oli vares,  eslava  em  1634  em  Lisboa,  na  qualidade  de  agente 
secreto  de  Luiz  XIII,  para  instigar  o  duque  de  Bragança  a  fazer-se  acciamar 
rei.*» 

VOMAUNE  (G.). 

Le  crédit  foncier  portvgais.  Lisbonne,  1866. 

VOSS  (JOUIV  HElNll ). 

Mythologische  Briefe.  Kõnigsberg,  1794,  2  vol. 
No  tomo  II  falia  de  Camões  e  dos  Lusiadas. 

VOYAGE  autour  du  monde  par  la  frégate  du  Roi  la  Boudeuse  et  la  flut 
VÉtoile,  en  1766, 1161, 1168  et  1169.  Nouvelle  édition  augmentée.  A.  Neuchatel, 
1762. 

É  uma  obra  muito  curiosa,  e  na  qual  se  encontram  muitas  passagens  que 
dizem  respeito  aos  portuguezes,  como,  por  exemplo,  de  pag.  7  a  8. 

«Existe  em  Buenos  Ayres  um  grande  numero  de  communidades  religiosas, 
tanto  de  um  como  do  outro  sexo.  O  anuo,  alli,  é  todo  cheio  de  festas  de  santos, 
festejados  por  meio  de  procissões  e  de  fogos  de  vista.  As  ceremonias  do  culto 
fazem  as  vezes  dos  espectáculos.  Os  frades  nomeiam  as  primeiras  damas  da 
cidade  mordomas  de  seus  fundadores  e  da  Virgem. 

«Dá-lhes  este  encargo  o  direito  e  o  cuidado  de  enfeitarem  a  igreja,  vestirem 
a  imagem  e  vestirem-se  com  o  habito  da  ordem. 

•É  para  um  estrangeiro  um  espectáculo  bem  singular  o  ver  nas  igrejas  de 
S.  Francisco  e  de  S.  Domingos,  damas  de  todas  as  idades  assistirem  aos  officios 
com  o  habito  d'aquelles  santos  instituidores. 


Camilio  Castpllo  Branco,  Narcóticos,  vol.  ii.  pag.  <3. 


VO  3«i 

"Os  jesuítas  oíTeredam  á  piedade  das  niullieres  um  meio  de  santificação 
mais  austero  que  os  precedentes. 

«Tinham,  pois,  os  jesuitas,  paredes  meias  com  a  casa  d*elles,  a  chamada 
Casa  de  los  ejercicios  de  las  miijeres,  isto  é,  a  «(]asa  dos  exercicios  para  as  mu- 
lheres». 

«Estas,  e  as  raparigas,  sem  o  consentimento  de  seus  maridos  ou  de  seus 
pães,  vinham  alH  saatificar-se  por  meio  de  um  retiro  de  doze  dias.  Eram  aili 
alojadas  e  sustentadas  á  custa  da  companhia.  Nenhum  homem  penetrava  n'aquelle 
sanctuario,  a  não  ser  enroupado  com  o  habito  de  Santo  Ignacio.  E  até  mesmo  as 
creadas  não  podiam  alli  fazer  companhia  a  suas  amas. 

«Os  exercicios  praticados  n'este  santo  logar,  eram  a  meditação,  a  oração,  o 
catechismo,  a  confissão,  a  ílageilação. 

«Chamaram  nossa  attenção  para  as  paredes  da  capella  salpicadas  ainda  de 
sangue,  o  qual  as  disciplinas  faziam  esguichar,  pois  a  penitencia  armava  as  mãos 
d'aquellas  Magdalenas.  Emquanto  ao  mais  todos  os  homens  aqui  são  irmãos,  e  da 
mesma  côr,  aos  olhos  da  religião. 

«Ha  também  ceremonias  sagradas  para  as  escravas,  e  os  dominicanos  insti- 
tuíram uma  confraria  para  prelos. 

«Têem  suas  capellas,  missas,  festas,  e  enterro  muito  decente,  e  tudo  isto 
pela  entrada  de  quatro  reaes  annual mente,  por  cabeça. 

«Os  pretos  têem  por  seus  patronos  S.  Bento  e  a  Virgem,  talvez  por  causa 
d'estas  palavras  da  Escriplura:  Nigra  suin,  sed  formosa  filia  Jerusalém. 

»No  dia  da  sua  festa  elegem  a  dois  reis:  um  representando  o  rei  de  Hespa- 
nha,  e  o  outro  o  rei  de  Portugal.  Dois  bandos,  bem  armados  e  bem  vestidos, 
formam  atrás  dos  reis  uma  procissão,  a  qual  caminha  com  uma  cruz,  bandeiras 
e  musica.  Umas  vezes  cantam,  outras  dansam.  Ás  vezes  figuram  combates  de  um 
lado  contra  o  outro,  e  recitam  ladainhas.  A  festa  dura  desde  manhã  até  á  noitinha, 
e  o  espectáculo  é  bastantemente  agradável. 


«No  dia  22  fomos  fazer  uma  visita  ao  vice-rei  do  Brazil,  o  qual  nos  veiu 
pagar  no  dia  25. 

«N'esta  visita  oíTereeeu-nos  todos  os  soccorros  que  estavam  no  seu  poder. 
E  até  mesmo  me  concedeu  a  licença  que  lhe  pedi  para  comprar  uma  corveta, 
.que  me  era  da  maior  utilidade  para  a  minha  viagem.  E  acrescentou  que  se  alli 
houvesse  alguma  que  fosse  do  rei  de  Portugal,  m'a  oífereceria. 

«As  attenções  do  vice-rei  ainda  continuaram  por  alguns  dias;  fallou-se  até 
mesmo  de  ceias  que  se  propunha  dar-nos  á  margem  do  rio,  debaixo  de  caraman- 
chões de  jasmins  e  de  laranjeiras,  e  mandou-nos  preparar  um  camarote  na  opera. 

«Podemos,  pois,  n'uma  sala  mui  bella,  ver  a  representação  das  peças  primo- 
rosas de  Metastasio,  representadas  por  um  grupo  de  mulatos,  e  ouvir  aquelles 
trechos  divinos  dos  grandes  mestres  italianos,  executados  por  uma  orchestra  diri- 
gida por  um  padre  carcunda  com  fatos  de  padre. 

«Mr.  Commerçon,  sábio  naturalista  que  vinha  a  bordo  do  Étoile  para  acom- 
panhar a  expedição,  asseverou-me  ser  este  paiz  o  mais  abundante  em  plantas  que 
jamais  se  encontrou,  e  que  n'ellas  tinha  encontrado  verdadeiros  thesouros  para  a 
botânica.»  (Pag.  lOi.) 


362  VO 

«A  chegada  das  frotas  torna  o  coinmercio  do  IVio  de  Janeiro  ílorentissimo, 
principalmente  a  frota  de  Lisboa.  A  do  Porto  lr«z  somente  carregamento  de 
vinhos,  aguardentes,  vinagres,  comestíveis  e  alguns  pannos  grossos  fabricados  no 
Porto  ou  nas  immediações.  E  apenas  chegadas  são  logo  as  mercadorias  conduzi- 
das para  a  alfandega,  onde  pagam  ao  rei  10  por  cento. 

«Em  1580  viu-se  os  jesuítas  admíttidos  pela  primeira  vez  n'aquellas  férteis 
regiões,  onde  fundaram  depois,  em  tempo  de  Filippe  IIÍ,  as  famosas  missões,  ás 
quaes  na  Europa  deram  o  nome  de  Paraguaj^  e  mais  a  propósito  na  America  o 
de  Uraguay,  ribeira  sobre  a  qual  se  dividiram  em  tribus,  fracas  no  principio,  e 
em  pequeno  numero,  mas  ás  quaes  progressos  successivos  elevaram  até  o  numero 
de  37,  a  saber,  29  na  margem  direita  do  Uraguay,  e  8  na  esquerda,  governadas 
cada  uma  por  dois  jesuitas  com  o  habito  da  ordem. 

«Dois  motivos  que  é  permitlido  áos  soberanos  alliarem,  quando  um  não  é 
nocivo  ao  outro,  a  religião  e  o  interesse,  tinham  feito  com  que  os  monarchas 
hespanhoes  desejassem  a  conversão  d'aquelles  Índios.  TornanJo-os  calholicos» 
civilisavam  homens  selvagens  e  tornavam-se  possuidores  de  uma  região  vasta  e 
abundante.  Era  também  abrirem  á  metrópole  um  novo  manancial  de  riquezas  e 
adquirirem  adoradores  para  o  verdadeiro  Deus. 

«Encarregaram -se  então  os  jesuitas  de  conseguirem  estes  íins,  mas  represen- 
taram que,  para  facilitarem  o  bom  êxito  de  uma  tão  penosa  empreza,  era  indis- 
pensável serem  independentes  dos  governadores  da  província,  e  até  mesmo  que 
nenhum  hespanhol  penetrasse  n'aquelle  paiz.  (Pag.  12i.) 

«O  motivo  em  que  se  baseava  este  pedido  era  o  receio  de  que  os  vice«reis 
europeus  diminuíssem  o  fervor  dos  neophytos,  que  até  mesmo  os  afastassem  do 
christianismo,  e  que  a  altivez  hespanhola  lhes  tornasse  insupportavel  um  jugo 
extraordinariamente  pesado. 

«A  corte  de  Hespanha,  approvando  eslas  rasões,  ordenou  que  os  missioná- 
rios fossem  sublrahidos  á  aucloridade  dos  governadores,  e  que  o  thesouro  lhes 
desse  annualrnente  60:000  piastras  para  as  despezas  dos  arroteiqs,  sob  a  condição 
de  que  ao  passo  que  as  povoações  fossem  sendo  formadas,  e  as  terras  fossem 
tendo  valor,  os  Índios  haviam  de  pagar  annualmente  ao  rei  uma  piastra  por 
homem  desde  a  idade  de  dezoito  annos  até  á  de  sessenta.  Exigiram,  também,  que 
ensinassem  aos  indíos  a  língua  hespanhola. 

«Começaram  os  jesuitas  seus  trabalhos  com  a  coragem  de  martyres  e  com 
uma  paciência  verdadeiramente  angélica.  Havia  necessidade,  tanto  de  uma  como 
de  outra,  para  altrahirem,  relerem,  dobrarem  á  obediência  e  ao  trabalho  homens 
ferozes,  inconstantes,  e  agarrados  tanto  á  sua  preguiça,  como  á  sua  indepen- 
dência. 

«Os  obstáculos  foram  infinitos,  as  difficuldades  renasciam  a  cada  passo;  o 
zelo  de  tudo  triumphou,  e  a  mansidão  do  missionário  trouxe,  linahuente,  a  seus 
pés  esses  ferozes  habitantes  dos  líosques.  Com  eífeito,  reuníram-n'os  em  habita- 
ções, deramlhes  leis,  introduziram  entre  elles  as  artes  úteis  e  amenas.  E,  por 
fim,  de  um  povo  de  bárbaros  sem  usos,  sem  leis  e  sem  religião,  fizeram  um  povo 
dócil,  policiado  e  exacto  observador  das  leis  christãs. 

«Estes  indianos,  encantados  pela  eloquência  persuasiva  de  seus  apóstolos, 
obedeciam  de  bom  grado  a  homens  que  viam  sacrificarem-se  pela  felicidade 
d'elles,  de  maneira  tal,  que,  quando  queriam  forn)ar  uma  idéa  do  rei  de  Hespanha, 
representavam-no  com  o  habito  de  Santo  Ignacío. 


VO  363 

«Houve,  todavia,  contra  sua  auctoiidade,  um  instante  de  revolta  no  anno 
de  1757. 

«Acabava  o  rei  catholico  de  trocar  com  o  de  Portugal  as  tribus  das  missões 
situadas  na  margem  esquerda  do  Uraguay,  pela  colónia  do  Sacramento. 

«O  desejo  de  aniquilar  o  contrabando  enorme  tinha  instigado  a  corte  de 
Madrid  a  fazer  a  troca. 

«Ficava  sendo  o  Uraguay  o  limite  das  possessões  respectivas  das  duas  coroas. 
Faziam  passar  para  a  margem  direita  os  Índios  das  tribus  cedidas,  indemnisan- 
do-os  com  dinheiro  do  trabalho  de  sua  mudança. 

«Porém,  estes  homens,  habituados  a  seus  lares,  não  poderam  soíTrer  o  ve- 
rem-se  obrigados  a  deixarem  terras  que  já  tinham  bastante  valor,  para  irem  arro- 
tear outras  novas. 

«Pegaram  entdo  em  armas. 

«Tinham-lhes  consentido,  havia  muito  tempo,  o  terem  armas  para  se  defen- 
derem contra  as  incursões  dos  Paulistas,  salteadores  do  Brazil,  que  se  haviam 
formado  em  republica  pelos  fins  do  século  xvi. 

«A  revolta  rebentou  sem  que  jesuita  algum  apparecesse  jamais  á  frente  dos 
Índios. 

«Até  chegaram  a  dizer  que  foram  á  força  retidos  nas  aldeias,  para  n*ellas 
exercerem  as  funções  do  sacerdócio. 

«O  governador  geral  da  província  da  Plata,  D.  José  Andonaighi,  marchou 
contra  os  rebeldes,  seguido  de  D.  Joaquim  Vianna,  governador  de  Montevideu. 

«Derrolou-os  n'uma  batalha,  onde  morreram  mais  de  2:000  homens. 

«Encaminhou-se  depois  para  a  conquista  do  paiz;  e  D.  Joaquim,  vendo  o 
terror  que  uma  primeira  derrota  por  alli  tinha  espalhado,  encarregou-se  de,  com 
600  homens,  submettel-o  completamente.  Com  eífeito,  atacou  a  primeira  tribu, 
apoderou-se  d'ella  sem  resistência,  e,  tomada  esta,  todas  as  outras  submette- 
ram-se. 

«N'este  eomenos  a  corte  de  Ilespanha  chamou  a  D.  José  Andonaighi,  e 
D.  Pedro  Cevallos  chegou  a  Buenos  Ayres  para  o  substituir.  Ao  mesmo  tempo 
Vianna  recebeu  ordem  de  desamparar  as  missões,  e  de  trazer  suas  tropas. 

«Não  se  tratou  então  mais  da  troca  projectada  entre  as  duas  coroas,  e  os 
portuguezes,  que  tinham  marchado  contra  os  Índios  com  os  hespanlioes,  voltaram 
com  elles. 

«Foi  pelo  tempo  d'esta  expedição  que  se  propagou  pela  Europa  o  boato  da 
eleição  do  rei  Nicolau,  indiano,  do  qual,  com  eífeito,  os  rebeldes  fizeram  um 
phantasma  de  realeza. 


«Com  eífeito,  quando  a  gente  representa  a  si  de  longe  e  em  geral  esse 
governo  magico,  fundado  só  pelas  armas  espirituaes,  e  que  não  estava  amarrado 
senão  pelas  cadeias  da  persuasão,  que  instituição  mais  honrosa  para  a  humani- 
dade! 

«É  uma  sociedade  que  habita  uma  terra  fértil,  debaixo  de  um  clima  afortu- 
nado, da  qual  todos  os  membros  são  laboriosos  e  onde  ninguém  trabalha  para  si; 
os  fructos  da  cultura  commum  são  levados  fielmente  para  armazéns  públicos,  de 
onde  distribuem  a  cada  um  aquiilo  que  lhe  é  necessário  para  sustento,  vestuário, 
e  conservarão  de  sua  casa . . . 


3G4  VO 

«Os  Índios  tinham  para  com  seus  curas  uma  submissão  de  tal  modo  servil, 
que  não  somente  se  deixavam  punir  com  o  azorrague,  homens  e  mulheres,  por 
causa  de  faltas  publicas,  mas  até  mesmo  vinham  elles  próprios  solicitar  uma  tal 
punição.»  (Pag.  126.) 

VOYAGE  cflnnigo  de  Biervilla^,  Portugais,  à  la  cote  de  Malabar,  Goa, 
Batavia,  etc.  Paris,  1736. 

VOYAGE  en  Portugal  et  en  Espagne,  1772-1773.  Trad.  de  VAnglais.  Avec 
une  carte.  Berne,  1776. 

VOYAGE  en  Portugal  et  particulièrcment  à  Lisbonne,  ou  lableau  moral, 
civil,  politique,  physique  et  religieux  de  cette  capital.  Paris,  1798,  8." 

VOYAGE  et  aventures  de  François  Leguat  et  de  ses  compagnons  en  deux 
isles  desertes  des  Indes  Orientales,  avec  la  relation  des  choses  les  plus  remarquables 
qiiils  ont  observées  dans  Visle  Maurice,  à  Batavia,  au  cap  de  Bonne  Esperance, 
dans  Visle  de  Sainte  Helène,  &c.  Londres,  17âO,  12.°,  2  vol. 

VOYAGE  (LE  SECOND)  de  Vasco  da  Gama  à  Calicut.  Relation  flamande 
éditée  vers  mdiv^  reproduite  avec  une  traduciion  et  une  introduction,  par  J.  Ph. 
Berjeau.  Paris,  1881,  8." 

VOYAGE  (THE)  and  traveis  of  John  Hugen  van  Linschoten  into  East  of 
Portugales  Indies.  London,  by  J.  Wolfe,  1598,  foi. 

VOYAGES  en  Afrique.  Contenant  les  navigations  des  capitaines  portugais 
et  autres  faites  en  dit  pays  jusqu'aux  Indes,  tant  orientales  quoccidentales.  Paris, 
8.",  4  tomos. 

Vi  esta  oLra  citada  no  catalogo  manuscripto  do  bibliomaniaco  Pedro  José 
da  Silva. 


VOYAGES  en  Espagne,  Portugal,  Allemagne,  France  et  ailleurs.  Amster- 
dani,  1796. 

VOYAGES  historiques  de  VEurope.  Tome  second,  qui  comprend  ce  qu'il  y  a 
de  plus  curieux  en  Espagne  et  en  Portugal.  Paris,  chez  Pierre  Aubouyn,  1693, 
in-12.« 

«A  prompta  venda  que  teve  o  primeiro  volume  d'estas  Viagens,  e  as  duas 
traducções  que  foram  feitas,  uma  em  flamengo  e  a  outra  em  inglez,  adiantaram 
a  publicação  d'este  segundo,  que  representa  tudo  quanto  a  Hespanha  tem  de 
mais  digno  da  curiosidade  dos  estrangeiros.  ^> 


Jounal  des  Sçavans,  1693,  pag.  49. 


vu 


365 


VRAl  DISCOUllS  de  la  cruelle  halaille  donnèe  par  le  sérénissime  roy  de 
Portugal  et  le  roy  Xarise  (sk),  aii  roy  de  Fees  Maluc;  la  mort  dHceux  roys,  le 
nombre  des  geutihhoimnes  sígnalez  tuez  en  lad.  bataille.  Trad.  d'espag7iol  en  fran- 
çois.  Paris,  Nic.  Bonfous.  8."  peq.,  8  follijis'. 

VLILLAUME  <Sc  li.  CLERC. 

Lútcs  ammelles  des  yacJits  [rançais,  belges,  espagnols,  italiens,  porlugais,  &c., 
par  M.  M.  R.  Première  annnée,  188á-188J,  Paris. 

VUILLEMAIiX. 

Carte  physiqite  et  politique  de  Portuga L 


Doschamps  elG.  Brunei,  Supplément  au  Manuel  du  libraire  de  Urunet,  vol.  ir,  pag.  935. 


w 


«The  Porluguese,  wiUi  an  avenigc  of  defocls  ■wliich  are  common 
to  ali  olhcr  langiiagos,  possessos  a  very  licli  vocabulary,  and  is  in 
many  of  ils  fcalurcs  fuU  of  grace,  powcr,  fle.xibilily,  and  beauly.  Its 
■wellknown  cioso  propinquily  wilh  the  Latin  is  suflicienl  lo  subslan- 
liate  lhe  truih  of  Ihcse  observalions.» 

Aubcrlin,  The  Lusiads,  pag.  xvii. 


AV.  BEAWES. 

History  of  Spain  and  Portugal.  London,  1793. 

W,  G.  and  CH.  UOTIIAM. 

Brazilj  the  River  Plale,  and  the  Falkland  Islands;  wilh  nolices  of  Lishon, 

Madeira^  the  Canaries,  and  Cap  Verds.  Illustrated  by .  With  a  large  cal.  map 

and  other  illustrations^  vieivs,  portraits.  London,  18o4. 

AV.  F.  F.  P. 

History  of  the  War  in  the  Peninsvla  and  in  the  south  of  France;  from  the 
year  1807  to  the  year  18Í4,  by  W.  F.  P.  Napier.  New-York,  1844,  2  vol. 

AV.  (J.). 

De  mensuris,  ponderibm  et  numeris,  et  prosódia  Alvarianna  aiicta  et  emen- 
data.  London,  1719.  Ibid.,  1726,  8.»  Dublini,  1786,  12.» 

AVACHLEU  (LUDAV, ). 

Verstich  einer  Allgemeine)i  Geschichte  der  Litteratiir.  Lemgo,  1793-1801,  8.", 
3  \ol. 

No  vol.  III,  Cant.,  l.  4:  Geschichte  der  Spanischen  iind  Portugiesischen  Dicht- 
kunst.  Holdengedicht,  pag.  3o8  a  3G4:  Camoens  Lusiade.  (Assumpto,  vida  e  Jitte- 
ratiira.) 

Handbuch  der  Allgemeinen  Geschichte  der  Litterãrischen  Cnltur.  Marbourg, 
1804-1 80S,  2  vol.  de  1:184  pag.  VoJ.  ii:  Luiz  de  Camões.  Noticias  biographicas 
e  litterarias. 


368  WA 

Handbuch  der  Geschichte  der  Litteratur.  Leipzig,  1822-1833,  4  vol. 
No  vol.  III :  Neuere  Nationallitteratur — XI,  Portugal:  Poesia  e  Camões.  (Bi- 
bliographia.J 

A\  AERDENBUnCU. 

Coppie  de  la  lettre  escriie  à  messievrs  les  Estais  Generavx,  des  provinces 

Vúies  des  Pays-bas;  par  le  sievr  De ,  leur  general^  toiíchant  la  prise  de  la 

ville  de  Olinda  de  Fernabove  sur  VEspagnol,  avec  tous  les  Forts  d'icelle.  Paris, 
".lean  Bftssin,  1630,  8.°  do  15  pag. 

«O  original  d'este  folheto  raio,  contendo  a  narração  da  tomada  de  Olinda, 
cidade  da  província  de  Pernambuco,  foi  publicado  peia  mesma  epocha  em  hol- 
landez,  em  Amsterdam,  por  Hessel  Gerritsz,  4."  de  5  pag. 

«Esta  edição  original  tem  o  preço  de  60  francos  no  Catalogo  Maisonneuve,  de 
i878,  e  a  traducção  franceza  100  francos*.» 

WAGEIVER. 

Portuguese  Sprachlehre.  Hambourg,  1800. 

Ders.y  Uebungen  in  der  Portug.  Sprache.  Hambourg,  1802. 

1L\  AGENER  (im.  JOUANIV  DAIVIEL ). 

Merkanlilische,  notizen  iiber  Portngall.  Hambourg,  1810,  12." 

1¥AGIVER  (IGNACIO).— Jesuíta 

Miracula  1).  Francisci  Xaverii  Oberbiirgi  palrala  ab  anno  1116,  ad  annum 
17ob\  in  latirmm  translata.  Tyrnaviae,  typis  academicis,  1736,  8.*' 

WARELEY  (AIVDRÉ  — -).— Mathematico. 

Agulha  de  Marear  rectificada ;  qiíe  contém  taboadas  para  cojúecer  a  verda- 
deira hora  do  dia,  estando  o  sol  sobre  qualquer  rumo  da  Agulha :  O  verdadeiro 
tempo  do  nascer  e  por  do  Sol  e  das  Estreitas,  e  os  rumos  da  Agulha,  sobre  os  quacs 
cilas  nascem,  e  se  põem :  Juntamente  com  as  Taboadas  das  amplitudes.  Tudo  cal- 
culado.do.  Equador  athé  60  grãos  de  latitude,  tanto  para  o  Norte,  como  para  o 
Sul.  Çí>in:a  dèscripçam  e  Uso  dos  Instrumentos  que  mais  se  usam  na  Navegaçam. 
Comú.  iámbení  hmna  Táboada  das  Latitudes  e  Longitudes  dos  Lugares.  Composto 
por' — '—'.:  Aér^sceutado  de  muntas  proveitosas  Adiçoens,  por  J.  Atkinson.  Tudo 
revisto  e  emcrdadò  com  Taboadas  exactas  da  Declina çani  do  Sol,  conforme  ao  mais 
novo  Estilo.  Por  Gidhelme  Mountaine,  Soçio  da  Real  Academia.  Traduzido  do 
original  inylez,  por  António  Vieira,  Professor  de  Geometria  na  Academia  Magna- 
ne7ise.  Londres,  1762,  8."  gr. 

É  dedicada  ao  sr.  António  Fernandes,  homem  de  negócios  na  cidade  de 
Londres.  Vol.  de  xi-239  pag. 

\\ALDSTEI\  (M VX.  ). 

Volkslieder  der  Portugiesen  und  Catalanen  in  frein  Anchbildungcn.  Milnchon, 
1865,  de  16.«  164  pag. 

Existe  um  exemplar  na  hiblioíhoca  da  Ajuda. 


Dcsdiamps  ol  G.  Brunei,  Supplémcnl  au  Manuel  du  Ubrairc,  vol.  ii,  jia^j.  9.39. 


WA  ^69 

WALTER  (PAULO ).— Jesuita,  liungaro. 

Panegyris  D.  Francisco  Xaveiio  dieta.  Tyrnaviae,  i743,  12." 

WALTOIV  (WILLIAM ). 

A  replij  to  the  ^^Exposé  des  droits  de  Sa  Majesté  Très-Fidèle  Donna  Maria  II». 
London.  1830. 

Lettre  à  Sir  James  Mackintosh  sur  la  motion  relative  aux  affaires  de  Portu- 
gal  du  1"  Juin  1829,  par  A.  Lardier.  Paris,  1829. 

Letter  adressed  to  Viscount  Palmerston,  respeding  the  relations  of  England 
ivith  Portugal.  London,  1830. 

Second  letter  respecting  Portugal  and  the  injustice  and  danger  of  its  conti- 
nuance.  Lisbon,  1833. 

Letter  to  J.  Mackintosh  respecting  the  affairs  of  Portugal,  suhmitting  the 
affairs  of  Portugal  to  the  house  of  commons.  With  appendice;  S  parts. 

Reply  to  two  pamphlets  entitled:  Illustration  of  the  portuguese  question. 
London,  1830. 

Letter s  to  Earl  Grey  and  Sir  Mackintosch  on  the  state  of  our  politicai  and 
commercial  relations  with  Portugal.  London,  1831,  2  vol. 

Reply  to  the  «Exposé  des  Droits  de  Maria  U»,  exhibiting  the  rights  ofD.  Pedro 
and  those  of  his  daughter  to  the  throne  of  Portugal.  London,  1830. 

A  letter  addressed  to  the  right  honourable  Earl  Grey,  &c.,  <èc.,  on  the  state 
of  our  politicai  and  commercial  relations  with  Portugal.  London,  1831,  8.°, 
1  vol.  de  174  pag. 

WAP.  (DR.). 

Bloemlezing  —  honderd  stuks  —  uit  de  Poezy  mijner  laatste  vijf  en  ttointig 
Jarm.  S'  Hertogenboseh,  1865,  8.»  de  192  pag. 

Cap.  vii:  Verscheidenheden,  pag.  180  a  185:  Proeve  eener  overzetting  van 
Camoens  Lusiade.  III  Zang,  118  en  volgende  Strofen.  (Uit  het  Portugeesch,  1844.) 

A^ARING  (SCOTT ). 

Voyage  de  Vinde  à  Chyras  par  le  golphe  persique.  Paris,  1813,  voi  ii : 

«Os  porf.uguezes  e  os  hollandezes,  que  n'oulro  tempo  habitavam  em  Rychir, 
tinham  suas  casas  de  recreio  n'este  logar,  ao  qual  se  dá  o  nome  de  Bahmeny.» 
(Pag.  155.) 

f  Seguindo  a  costa,  vós  vos  eneontraes  em  Asio  (Aslueh)  e  depois  em  Naban 
(Ras  Nabend),  onde  se  encontra  uma  grande  cidade  e  um  largo  rio. 

«Os  portuguezes  tiveram  outr'ora  um  estabelecimento  n'este  sitio.  O  golpho 
começa  então  a  tornar-se  mais  estreito,  e  a  vista  é  recreada  por  uma  chusma  de 
ilhas  e  pela  costa  da  Arábia.»  (Pag.  195.) 

«Ormuz,  tão  celebre  nos  fastos  da  historia  e  da  poesia,  é  na  realidade  bem 
pouco  digna  de  tanta  gloria.  Não  passa  de  uma  rocha  estéril,  privada  de  agua. 

«Gambarun  fornece  uma  grande  quantidade  de  enxofre,  do  qual  o  iman  de 
Mascate  aufere  um  rendimento  considerável. 

«O  auetor  do  Chah-Abbas-Nameh  espraia-se  complacentemente  sobre  as 
victorias  alcançadas  por  seu  soberano  contra  os  infiéis  portuguezes ;  esquece-se, 
porém,  de  prestar  justiça  ao  soccorro  dos  iníieis  inglezes.»  (Pag.  196.) 

24 


370  WE 

Mascate  também  perleiíccu  aos  portuguezes;  porém,  sua  cruelilade  piedosa 
e  sua  santa  perfídia,  liavendo  feito  revoltar  os  habitantes  contra  elJes,  viram-se 
obrigados  a  desamparar  o  iogar. 

WARUE  (J.). 

The  pastj  present  and  probably  the  future  state  of  the  wine  trade.  London, 
1823. 

A  pag.  91  apresenta  uma  relação  do  vinho  produzido  no  Alto  Douro  desde 
1772;  e  de  pag.  95  a  98,  uma  noticia  da  exportação  do  vinho  do  Porto  desde 
1678. 

WATTEIVBACH. 

Viagem  por  Hespanha  e  Portugal.  Berlim,  1869. 

IVAUTEUS  (A.  J.). 

Le  Zamhèse,  son  histoirej,  son  cours^  son  bassin,  ses  produits,  son  avenir. 

Étudiés  par .  Bruxelles,  typographie  V'^  Gh.  Vanderau-wera,  18G9,  8.°  de 

149  pag. 

WEBB  (FELIPPE  BARKER ), 

Iter  hispaniense  or  a  Synopsis  of  plants  collected  in  the  southern  provinces  of 
Spain  and  Portugal.  Paris,  por  Béthun,  e  Londres,  por  Henry  Coxhead,  1838, 
8.»  de  viii-80  pag. 

«É  um  opúsculo  interessante,  cheio  de  observações  úteis  e  opportunas»  *. 

WEBER  (C.  J.). 

Dermlirilo,  oder  hinterlassene  Papiere  eines  lachenden  Philosophen.  Von  dem 
Verfasser  eines  in  Deutschland  reisenden  Deutschen.  Rieger,  1853-1868. 

Vol.  ix:  Die  Nationein;  cap.  15:  Die  Portugiesen.  (Os  quatro  santos  nacionaes 
dos  portuguezes:  Henrique,  o  navegador;  o  almirante  Pacheco;  Gamões,  o  Ho- 
mero de  Portugal ;  Pombal.) 

WEERSEEN  (TRAIV,  ). 

Dom  IjOuís,  Rot  d'Espagne  et  de  Portugal  Paris,  imprimerie  lypograpiíique 
de  G.  Kuhelmann,  1868. 

W^EIDENTELT  (ADAM ).— Jesuíta,  natural  da  província  rhenana. 

Dirigiu-se  em  1679  para  Portugal,  com  o  fim  de  embarcar  para  as  missões  do 
Maranhão.  Morreu  na  viagem  da  missão  para  onde  se  destinava. 

Nigra,  sed  formosa  filia  Jerusalém,  Ecclesia  Aethiopicaj  Romanae  olim  filia 
multis  nominibus  illustris  proponitur.  Primum  Aethiopia  illustris  a  Sanguine  Saio- 
rnonis  per  reginam  Sabam  in  centum  Aelhiopiae  imperatores  ad  nostra  usque  têm- 
pora derivato.  Deinde  Aethiopia  illustrior  a  Christiana  religione  per  Eunuchum 
Candacis  regione  per  S.  Frumentium  Aelhiopiae  apostolum  Aõ  Xti  327  et  episco- 
pum  cujid  vita  attingitur  procurata,  et  per  S.  Aelhiopiae  Imperatorem  Elesbaan 


D.  Miguel  Colmeiro,  La  botânica  y  los  botânicos  de  la  península  hispano-lusitana,  pag.  91. 


WH 


371 


aiiosqiie  víros  Religiosos  stabilita.  Demum  Aethiopia  illusírissima  ah  schimatis 
ejuratione  aã  qiiam  per  Socielatem  Jesii  et  desiguatos  ternos  Aetliiopiae  Patriarchas 
tandem  anuo  Christi  mdc.xxii.  et  sequ.  fuit  adducta;  sed  relapsa  in  scisma  pris- 
timiiii  invitatur  denuo  a  Socielate  Jesu  lievertei-e  Sunainitis.  Uuniversim  Historia 
Aethiopiae  pertexitur  potissiinum  ex  manuscriptis  doctissimi  Patriarchae  Alphonsi 
Mendes  S  J.  in  tabularia  Conimbricensi  fideliter  e  lusitanico  in  latinum  conversis 
A:'  1680  ah  A  fdamo)  W(eindenfelt),  4.«  de  12  folhas. 

Diz  a  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  v,  pag.  774, 
que  este  iiianuscripto  se  conserva  na  bibliotlieca  de  Bourgogne,  em  liruxellas, 
n.«  12:236. 

WKLLIIVGTOJV. 

Original  Journals  of  the  Campaigns  in  the  Pemnsula  of  Wellington.  Campaign 
in  Portugal,  1808.  London,  1815. 

Original  Journals  of  the  Canipaigns  in  the  Península  of  Wellington.  1808- 
1809.  London,  1815-1816. 

^YERNICKE  {DÍK.  C). 

Die  Geschichte  der  Welt.  II:  Thl.  Die  Geschichte  des  Mittelalters.  Berlim,  1881, 
8.»  de  811  pag. 

Pag.  646 :  lynez  de  Castro,  e  episodio  dos  Lusíadas. 

WERMCKE  (A.). 

(Lissabon.)  Portugal  u.  Portugiesische  Litteratur  (Camoens).  Leipzig,  1877. 
Extracto  do  Diccíonario  de  conversação,  de  Meyer. 

AVERTOMANIVUS  (L.). 

Navigatíon  and  voyages  in  1503  to  the  regions  of  Arábia,  Egypte,  Pérsia, 
Syria,  Ethíopia  and  East  índia.  Translated  out  of  latine,  by  R.  Éden.,  1576.  Re- 
prínted,  Edimbourg. 

WESTON  (SAINT ). 

Remains  of  Arabíc  in  the  Spanísh  and  Portuguese  languages.  London,  1810. 
The  englíshman  abroad  (Greece,  Latíum,  Arábia,  Pérsia,  Hínd,  China,  Rús- 
sia, Germany,  Italy,  France,  Spain  and  Portugal).  London,  1824. 

WHITE  (CAPT. ). 

Warning  voice  on  the  affaírs  of  Portugal.  London,  1833. 


WHITE  (ROBERT ). 

Madeira.  Its  clímate  and  scenery :  containing  medicai  and  general  information 
for  invalids  and  visitors :  a  tour  of  the  Island,  &c.,  and  an  appendíx.  Illustrated 
tvith  engravíngs,  from  sketches  taken  on  the  spot,  by  John  Botcherby,  Esq.  and  a 
Map  of  the  Island.  London,  Cradock  &  C",  1851,  8.«  de  yiii-203  pag. 

«O  capitão  Marryatt  descreve  assim  graphicamente  as  sensações  de  um 
-visitante  ao  chegar  a  esta  ilha  pela  primeira  vez : 

«Eu  não  conheço  um  terreno  no  globo  que  nos  assombre  e  deleite  ao  prin- 
cipio da  chegada  tanto  como  a  ilha  da  Madeira.  O  viajante  embarca,  e  está,  com 


372  WH 

toda  a  probablidade,  confinado  no  seu  beliche  padecendo  a  lerrivel  prostaeão  do 
enjoo.  Talvez  tenha  deixado  a  Inglaterra  no  taciturno  principio  do  outono,  ou  na 
frigida  concentração  de  um  inverno  inglez.  Dentro  de  uma  semana  elie  vê  outra 
vez  aquella  terra  firme  que  elle  tinha  deixado  com  pezar,  e  que,  nos  seus  pade- 
cimentos, elle  teria  dado  metade  de  quanto  possue  para  tornar  a  ganhar  1  Quando 
elle  desembarca  na  illi;i,  que  mudança !  O  inverno  converteu-se  em  verão ;  as 
arvores  nuas  que  elle  deixou,  estão  trocadas  pela  luxuriante  e  variada  folhagem; 
neve  e  gelo,  são  calor  e  esplendor;  as  scenas  da  zona  temperada  pela  profusão  e 
magnificência  dos  trópicos;  um  brilhante  céu  azul,  um  sol  rutilante;  montes 
cobertos  de  videiras ;  um  mar  de  azul  carregado ;  um  vestuário  pittoresco  e  novo; 
tudo  encanta  e  delicia  a  vista,  exactamente  no  preciso  momento  em  que  o  ter 
desembarcado  n'uma  ilha  estéril  houvera  sido  considerado  como  uma  grande 
fortuna.» 

Madeira.  Its  climate  and  scenery.  A  handbook  for  visitors,  by  Robert  WJiite 
and  James  I.  Johnson.  Sscond  edition,  with  numerous  illustrations  and  a  map  of 
the  Island.  Edinburgh,  Adam  and  Charles  Black,  1860,  8."  de  xv-338  pag. 

(«Durante  os  cinco  annos  que  decorreram  depois  que  appareceu  a  primeira 
edição,  têem  occorrido  tantas  mudanças,  que  se  tornaram  indispensável  mente 
necessárias  extensas  alterações.» 

«No  place  appeared  to.  me  more  fitted  to  dissipate  melancholy  and  restore 
peace  to  the  perturbed  mind  than  TeneriíTe  or  Madeira.»  (Alex.  von  Humboldt.) 

«If  Homer*s  beautiful  description  of  the  Phoiacian  Isle,  where  fruit  sueceeded 
fruit,  and  flower  followed  flower  in  rich  and  endless  variety,  be  applicable  to 
any  modern  one,  it  is  to  Madeira.»  Bowdich. 

«The  late  dr.  Andrew  Combe,  in  writing  to  a  friend  (veja-se  sua  Vida  e 
Correspondência)  says:  If  I  must  go  abroad,  I  shall  most  likely  return  to  Ma- 
deira, on  the  simple  ground  that,  if  I  must  forego  the  pleasures  of  home,  it  is 
better  to  resort  at  once  to  the  njost  advantageous  climate  than  to  adopt  the  half 
measures  of  going  to  Italy,  Jersey  or  the  south  England. 

«Having  also  made  inquires,  for  some  years  past,  from  invalids  who  have 
wintered  at  diíferent  favourite  localities,  such  as  Pau,  Pisa,  Nice,  Rome,  Malta, 
Málaga  and  Egypte,  how  the  climate  of  Madeira,  ranked  in  comparison  with 
those  they  had  tried,  the  answers  have  universally  been  in  favour  of  Madeira. 
That  of  Egypt  is  the  only  one  approximating  to  it:  but  in  that  country  many 
drawbacks  exist.»  (Robert  White  and  James  1.  Johnson.)  Madeira,  pag.  18. 

«Some  complain  of  the  dulness  of  Madeira,  and  the  want  of  gaiety,  or  places 
of  public  amusement,  but,  niedically  considered,  these  are  far  from  advantageous; 
indeed,  the  late  a  little  worse  than  usual,  bis  patients  generally  progressed  more 
favourably,  for  the  simple  reason  that  they  then  acted  with  greater  prudence.» 
(Pag.  i8.) 

Thus  having  passed  ali  peril  I  have  come 
Within  the  compass  of  this  island's  space; 
The  which  doth  seems  unto  my  simple  doome, 
The  only  pleasant  and  delighfull  place 
That  ever  trodden  was  of  footing's  trace. 

(The  Faerie  Queen.J 


\Y1  373 

Madeira;  its  climate  and  scenery.  A  handhook  for  invalid  and  other  visitors. 
Second  edition,  edited,  and  in  greai  part  rewriten,  toith  tfie  addition  of  mitch  neio 
matter,  by  James  late  Johnson,  with  a  map  of  the  Island.  Edinburgh,  Adani  and 
Charles  Black,  1857,  8."  de  xv-338  pag. 

WHITE  (W.). 

A  tvarning  voice  to  the  British  nation,  on  the  affairs  of  Portugal.  London, 
1833. 

WHITHEAD  (JOHN ). 

Essai  on  the  resources  of  I^rtugal.  London,  1853. 

WHITELEY  (EDWARD ).— A.  M.  British  Chaptain  at  Oporto,  and 

formerly  of  Jesus  College,  Cambridge. 

Macariodos  or  the  happy  Way,  in  the  short,  hut  too  often  sorrowful  Joumey 
oflife.  London,  1853,  S."  gr.  de  iv-188  pag. 

A  obra  nada  tem  que  ver  com  os  feitos  dos  portuguezes,  mas  faz-se  menção 
d'elles  por  ser  trabalho  de  um  estrangeiro  residente  em  Portugal. 

WBITIVEY  (J.  L.). 

Ticknor  Collection.  Catalogue  of  the  Spanish  Libraryj  and  of  the  Portuguese 
Books,  hequeathed  by  George  Ticknor  to  the  Boston  Public  Library,  together  with 
the  Spanish  and  Portuguese  Literature  in  the  General  Library  — -.  Boston,  1879. 

WeiTTlIVGTOlV  (REV.  G.  D. ). 

Traveis  through  Spain  and  part  of  Portugal.  London,  1809,  2  vol. 

IVHO  is  the  lawful  successor  to  the  throne  ?  Being  an  enquiry  into  the  na- 
tional  laws  and  historical  records  relative  to  the  rights  of  the  two  competitors  of 
the  European  throne  of  the  Braganza  family.  By  a  well-wisher  of  both  Portugal 
and  Brazil.  London,  1828. 

WIIOLE  (THE)  proceedings  of  the  Court  of  enquiry  upon  the  conduct  of 
Sir  Hen.  Dalrymple,  relative  to  the  convention  of  Cintra.  London,  1808. 

WIEDEMAIVIV  (FRAUU.  ). 

Pombal  ein  grosser  Mann  seiner  Zeit. 

Neu  Ruppin,  8.°,  1  vol.  de  159  pag.,  com  estampas  coloridas. 

WILDIK  (BARON  ). 

Aperçu  statistique,  économique  et  administratif  sur  le  Portugal  et  ses  colonies. 
Paris,  1878,  8.^ 

W  TEEKOMM  (HENRIQUE   (MAURÍCIO ). 

Ztveijahre  in  Spanien  und  Portugal.  Dresde,  1847,  12.",  3  vol. 
Die  Str-and  und  Steppengebiete  der  Iberisdien  Halbinsel  und  deren  Vegetation. 
Leipzig,  por  Fleisclier,  1852,  8.«  de  172  pag. 


374  WO 

Vei-such  einer  graphischen  Darstelhmg  der  Boderund  Vegetations  verhãltnisse 
Iberischen  Halbinsel.  Leipzig,  por  Payne,  1852. 

«É  um  mappa  geographico-botanico,  e  também  geognostico,  da  península 
hispano-lusitana*.» 

WILLIÍOMM  (IVORIK ). 

Zwei  Jahre  in  Spanien  und  Portugal.  Keiseerinnerungm  von .  Dresden 

und  Leipzig,  1847,  8."  gr.  de  xiy-321  pag. 

WILLKOMM  (MARI ). 

Zwei  Jahre  in  Spanien  und  Portugal.  Dresden  und  Leipzig,  1847, 12.",  3  vol. 

WILSON  (Sm  ROBERT ). 

A  narr ative  of  the  campaigns  of  the  Loyal  Lusitanian  legion  under  the  briga- 

dier  general  .  With  some  account  of  the  military  operations  in  Spain  and 

Portugal  during  the  years  1809, 1810  and  1811,  London,  1812,  8.°  de  346  pag. 

IVINTER  (THOMAZ  ).— Jesuita,  natural  deVienna. 

Annu%  saecularis  consecrationis  SS.  Ignatii  et  Francisci  Xaverii.  Viennae, 
1722,  foi.  2 

WITTICH  (ALEXANDER ) Allemâo. 

Nos  Aannaes  dos  antigos  estudos,  de  Zimmerman,  no  anno  de  1840,  vem 
uma  noticia  de  dez  inseripções  romanas  existentes  em  Portugal,  e  acompanhadas 
de  leves  annotaçôes. 

WOLOIVSKI  (B.). 

Les  fêtes  en  Portugal.  Inauguration  du  chemin  de  fer  de  la  Beira  Alta.  Voyage 
de  la  famille  royale.  Notes  et  souvenirs  de  voyage.  Paris,  chez  Denlu. 

O  auetor  faz  a  descripção  do  que  viu,  da  maneira  a  mais  sympathica  para 
o  paiz  e  para  os  seus  habitantes,  e  promette  mais  tarde  publicar  um  estudo  mais 
desenvolvido  da  nossa  situação  politica  e  económica. 

«Desde  largos  annos,  diz  o  auetor,  temos  percorrido  a  França,  a  Itália,  a 
Áustria,  a  Hungria,  a  Grécia,  a  Turquia  da  Europa  e  da  Ásia,  e  o  Egyplo,  mas 
raras  vezes  nos  foi  dado  encontrar  uma  hospitalidade  tão  lisonjeira  c  tão  cor- 
dial como  a  que  nos  acolheu.»  (O  Luso  Hawaiiano.  Honolalu,  19  de  janeiro  de 
1884). 

WOLF  (FERDINAND  ). 

Dom  (sic)  António  José  da  Silva  der  Verfasser  der  segenauten  Opern  des 
Inden  (Operas  do  Judeu).  Wien,  1860,  8.°  de  32  pag. 

WOLLASTOIV   (T.  VEIINON  ).— M.  A.  F.  L.  S. 

Insecta  Maderensia ;  being  an  Account  of  the  Insects  of  the  Madeiran  Group. 
liOndon,  634  pag.  e  13  estampas  coloridas. 


'  D.  Miguel  Colmeiro,  La  botânica  y  hs  botânicos  de  lapcniuaula  hii^pano-lttsilana,  p.ig.  96. 

*  Augustin  et  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vi,  pag.  79íi. 


Na  obra  d'este  auctor:  On  the  variation  of  Species,  Irala-se  também  dos 
molluscos  da  ilha  da  Madeira  ^ 

WOLLSCHLAGER  (C.  S.). 

Handbuch  der  Allgemeinen  Litteraturgeschichte.  2  Ausg.  Eisenach  (1873),  8." 
de  vin-367  pag. 

Pag.  350  a  352 ;  Die  portugiesische  Litteratur :  Luis  de  Camoens. 

WOODLEY  (G.). 

Portugal  delivered.  A  põem.  London,  1812. 

TVOODWARD. 

Manual  of  the  Molusca. 

Trata  também  dos  molluscos  da  ilha  da  Madeira^. 

WORD  (A)  or  two  on  Port-wine.  Londpn,  1844. 

Houve  quem  respondesse  n'um  opúsculo  com  o  seguinte  titulo :  Appendix, 
a  letter  and  poetic  effusion  exposing  the  falsehood  of  the  author  of  «A  word  or 
two  on  Port-ivine». 

WORDSWORTH  (W.). 

Concerning  the  relations  of  Great  Britain^  Spain  and  Portugal  to  each  other 
and  to  the  common  enemy  of  this  crisis,  and  specialy  as  affected  by  the  convention 
of  Cintra.  London,  1809. 

Dizem  que  esta  obra  é  raríssima.  V.  Bibliotheca  Hispano- Portugueza^  parte  in: 
Catalogue  d'une  importante  collection  de  livres  anciens  et  modernes,  sur  Vhis- 
toire,  la  littérature  et  la  langue  du  Portugal  et  de  1'Espagne,  provenant  de  la  Bi- 
bliothèque  de  João  Evangelista  Guerra  Fontoura.  Leipzig,  1889. 

WRIGHT  (J.  B). 

History  of  Religious  Persecution  from  the  apostolic  age,  to  the  present  time  and 
of  the  Inqiiisition  of  Spain,  Portugal  and  Goa.  Liverpool,  1816. 

WUNDERLICBE  (DIE)  Reisen  Ferdinandi  Mendes  Pinto.  Amsterdam, 
1671. 

WYCHE  (SIR  PETER ). 

Life  of  John  de  Castro  IV.  Seconâ  edition,  translated  by ,  London,  1693. 

WYTFLIET  (CORNEILLE  et  ANTBOIIVE  MAGIN ). 

Histoire  universelle  des  Indes  occidentales  et  orientales  et  de  la  conversion  des 
Indiens ;  divises  en  trois  parties,  par et  autres  historiens.  Douay,  1611,  foi. 


'  Rohcrt  While  and  James  Y.  Johnson,  Madeira,  pag.  277. 
3  Ibid.,  pag.  277. 


«Les  découverlcs,  Ics  cxploits,  les  conquôtes  des  porliigais  rcm- 
plisserit  de  belles  paj^es  dans  l'hisloirc.  Celte  nalion,  i)en  jçrande 
dans  la  géographie  de  I'Europe,  est  três  grande  dans  toolos  los  par- 
tias du  glohe.> 

Chauvain,  Histoire  de  Portugal. 


XARQUE  (DR.  D.  FRAIVCISCO ).— Dean  de  la  catedral  de  Sauta 

Maria  de'  Alberracin,  &c. 

Insignes  misioneros  de  la  Compania  de  Jesus  en  la  Provinda  dei  Paraguay; 
estado  presente  de  sus  misiones  en  Tucuman,  Paraguay  y  rio  de  la  Plata,  que 
comprende  su  distrito.  Pamplona,  imprenta  de  J.  Mieon,  1687. 

XAVERIUS  (FRATVCISCUS ). 

Epistolae  xli. 

«D.  João  Suares,  bispo  de  Coimbra,  foi  quem  as  mandou  imprimir  cm  Al- 
calá  de  Henares  no  anuo  de  1575,  pelo  impressor  João  Ifiiguez  de  Lequerica,  4." 

Foram  traduzidas  para  latim  por  Horatio  Tursellino,  e  impressas  em  Homa 
na  typographia  de  Aloysii  Zanetti,  1596.  Moguncia,  Balthasar  Lippio,  1600.  Em 
portuguez  e  Iiespanhol,  Roma,  na  officina  de  Varesio,  16671. 

XAVEUIUS  (S.)  apud  Sinas  moriens  Tragcedia  a  Sereníssima,  lllustrissi- 
ma^  Perillustri,  Generosa,  Nobili,  Praenobili,  Lectissimaque  Celeberrimi  Trium 
Coronarum  Gymnasii  juventute  acta  Ludis  Autumnalibus.  Coloniae,  1734.  Die 
XX  VII  et  VIII  Septembris.  Personae  S.  Xaverius.  Alvarus  Lusitanus  cum  Sócio. 
Mandarimus.  Mercator  Sinensis.  Iníerpres  Stnicus.  Antonius  S.  Fidei  vianim  Xa- 
verii  Comes  Medicus.  Genielli  Japonês.  Personae  mutae.  Horpes.  Nauta.  CõUen,  bey 
Johan  Engelert  neben  der  Unnaw,  8.**  de  64  pag. 


'  Nicol.  Aul.,  Bibliolheca  Nova,  vol.  i,  pag.  499.  Por  esta  occasião  dá  Nicolau  António  noticia  dos 
escnploies  quo  se  aproveitai am  da  Vida  de  S.  Francisco  Xavier,  por  Lucena. 


378  XU 

A  tragedia  é  em  cinco  actos,  e  tem  1:223  versos.  Os  coros  sâo  em  lingua 
allemãi. 

XAVIER  (FR.  FRAIVCISCO ).— Carmelita  italiano,  missionário  no 

Canará,  arcebispo  de  Sardes,  vigário  apostólico  de  Verapoly^. 
Diccionario  e  Grammatica  Concani-Portiiguez. 

XAVIER  (SAINT  ). 

Lettres  traduites.  Paris,  1855. 

XUAREZ  (GASPAR ).— Jesuita,  natural  de  S.  Thiago,  noTucuman. 

Vida  iconologica  dei  Apostol  de  las  índias  S.  Francisco  Xavier.  Roma,  M. 
Puccinelli,  1798,  8.° 


'  Augastin  et  Alois  de  Backer,  Bibliothèque  des  écrivains  de  la  compagnie  de  Jesus,  vol.  vii,  pag.  198. 
^  Joaquim  Heliodoro  da  Cunha  Rivara;  Grammatica  da  limjua  Concani,  clc.  Nova  Goa,  1857, 
pag.  XXXIX. 


«Inclinábasc  mucho  ella  á  Ia  dos  veccs  buena  Lisboa,  no  tanto 
por  ser  Ia  mayor  poblacion  de  Espana,  uno  de  los  três  empórios  de 
Europa;  que  si  a  otras  ciudades  «e  les  reparton  los  renonibres,  ella 
los  tiene  juntos,  fidalga,  rica,  sana  y  abundante,  quanto  porquê 
jamás  se  halló  português  necio,  en  prueba  de  que  fué  su  fundador 
el  sagaz  Ulises.» 

(Lorenzo  Gracian,  El  criticon,  vol.  i,  pag.  89.) 


YEPES  (DIEGO  DE ).— Toledano. 

Entre  as  obras  que  imprimiu,  de  que  faz  menção  D.  Nicolau  António  na 
Bibliotheca  Hispânica,  deixou  manuseripto:  Notas  ai  Conde  D.  Pedro.  Falleceu 
pelo  anno  de  16061. 

YOUIVG  (GUILHERME  ). 

Copia  do  impresso  em  Londres  extrahido  da  Bíblia  e  offerecido  á  nação  por- 

tuçpieza,  por ^  acrescentado  por  um  verdadeiro  portugiiez.  Lisboa,  na  imprensa 

regia,  1832,  4.°  de  15  pag. 

YOUIVG  (IV.). 

Portugal  in  1828 ,  comprising  sketches  of  the  staie  of  private  society  and  of 
religion  under  D.  Miguel. 

YSLA  (RLY  Dl  AZ  DE ). 

Tractado  cõtra  el  mal  Serpentino:  que  vulgarmente  en  E^ana  es  llamado 
bubas,  q  fue  ordenado  en  el  ospital  de  todos  los  santos  de  Lisbona ;  fecho  por  ruy 
diaz  de  ysla.  Fue  impreso  en  la  muy  noble  y  muy  leal  ciudad  de  Sevilla,  en  casa 
de  Dominica  de  Robertis,  impresor  de  libros.  Acabose  a  veynte  y  siete  de  setiêbre 
ano  D.  MDxxxix,  foi.  de  64  folhas  numeradas,  figuras  em  madeira;  gothico. 


D.  António  Caetano  de  Sousa,  Historia  genealógica  da  casa  real portugueza,  vol.  i,  pag. 


380  YS 

Trata-se  n'este  raro  volume  de  Christovão  Colombo  e  da  America.  Foi  re- 
impresso em  Sevilha,  por  André  de  Burgos,  no  anno  de  1542,  foi.  de  23  folhas, 
e  duas  folhas  innumeradas;  gothico. 

António  cita,  com  a  mesma  data  e  na  mesma  cidade,  uma  edição  impressa 
por  Dominico  de  Robertis^. 


Deschamps  e  G.  Brunet,  Supplément  au  Manuel  du  libraire,  vol.  ii,  pag.  962. 


«Golomb  lenail  son  anibilion  des  portugais:  son  imaginalion 
s'échauíra ;  et  après  pinsieurs  remarques  snr  les  mondes  qu'on 
connaissoit,  il  jugea  qu'il  devait  y  en  avoir  un  aulre  qu'on  ne  con- 
naissoil  pas.  Tous  les  princes  de  TEurope  étoient  si  pauvres  qu'il 
ne  s'en  trouva  aucun  qui  eúl  les  moyens  d'avoir  deux  ou  Irois  vais- 
seaux  pour  alier  prendre  possession  doce  nouvel  univers.  L'Espa- 
gne  en  accepla  Tofíre.  mais  non  pas  la  dépense.  Quelques  citoyens 
se  colisèrent  ensemble  pour  faire  les  frais  d'une  entreprise  qui 
Jevoit  chauger  la  face  de  TEurope.» 

(UEspion  Chinois,  vol.  r,  pag.  221.) 


ZACUTl  Lusitânia  Mediei^  &  Philosophi  prapstantissimi  Operum  lomus  pri- 
mus  in  quo  de  Medicorum  Principum  Historia  libri  sex :  ubi  medicinales  Historiae, 
de  morhis  internis,  quae  passim  apiid  Principe  Médicos  occurrunt,  concinno  ordine 
disponuntur,  Paraphrasi,  &  Commentariis  illustrantur :  necnon  Quaestionihus , 
Duhiis,  &  Observationibus  exqiiisitissimis  exornartur.  Editio  postrema  a  mendis 
purgatissima.  Lugduni,  Sumptibus  Joannis  Antonii  Hiiguetan,  1667,  foi.  de  98ipag. 

É  dedicada  a  Luiz  Xlll,  rei  de  França. 

ZAMBRANA  (D.  JOSEPH  DE  BARCÍA  Y  — ^-).— Oiiispo  de  Cadiz, 
dei  coiisejo  de  Su  Majestad,  canonigo  dei  Sacro  Monte  y  Catedrático  de  Escri- 
tura de  sus  Escuelas. 

Despei'tador  Christiano  Marial  de  varias  sermones  de  Maria  Santissima  en 
sus  festividades,  en  orden  a  excitar  en  los  fideles  la  devocion,  amor,  imilacion  de 

la  Reyna  de  los  angeles  y  hombres.  Su  author .  Lisboa,  na  officina  de  Miguel 

Deslandes,  impressor  de  Sua  Magestade,  á  custa  de  António  Leite  Pereira,  1693, 
4.»  de  632  pag. 

Sermon  que  en  la  fíogativa,  que  celebro  la  Iglesia  Parrochial  de  S.  Gil  de 
Granada  a  N.  Senhora  de  las  três  Necesidades,  ai  empezar  el  contagio  en  dicha 
Ciudad,  predico  el  doctor  D.  —  el  Domingo  23  de  Júlio  de  1679.  Dado  á  luz 
por  Joam  Barbosa  Machado.  Offerecião  a  D.  Diogo  de  Faro  e  Sousa,  Senhor  das 
villas  do  Vimieiro,  e  Alcoentre  com  seus  togares  annexos,  Tagarro,  &.  Quebradas: 


382  ZU 

Comendador  da  Comenda  de  Santo  Ilefonso  de  Monte  Argil,  da  Ordem  de  S.  Bento 
de  Aviz.  Lisboa,  officinas  de  João  de  Gosta,  1680,  4.°  de  26  pag. 

ZAMORA  (D.  ANTOiVlO  DE  ).— Gentil  Hombre  de  la  Casa  dei 

Rey  N.  S.  y  oficial  de  la  Secretaria  de  las  índias,  en  la  negoeiacion  de  la  Nueva 
Espafia. 

Métrico  y  conciso  manifiesto,  en  que  con  doloridas  reverentes  clausidas,  grita 
ai  mundo  su  fama  'posthuma,  las  nunca  bien  aplaudidas  virtudes  de  la  Excelen- 
tisima  Senora  D.  Maria  de  Lencaster  y  CardenaSj  Duquesa  de  Abeyro  y  Maqiieda 
y  oy  da  a  la  prensa  mas  la  buena  Ley,  que  el  numeroso  Canto  de  su  mas  humilde 

Criado ,  qiiien  rendida^nente  le  consagra  ai  justo  inponderable  quebranto  de 

su  dignisimo  hijo  el  Excelentisimo  Senor  Duque  de  Arcos  y  Maqueda,  su  Senor. 
(9  pag.) 

Em  honra  d'esta  duqueza  compozeram  na  Hespanha  muitas  poesias,  algumas 
das  quaes  existem  na  bibliotheca  publica  de  Lisboa. 

ZANELLA  (GIACOMO  ). 

Paralleli  Litterari,  studi.  Verona,  1885,  16.° 
A  pag.  27  e  seguintes  falia  dos  Lusiadas. 

ZANGRONIS  (JACOBO  ZOBEO  DE  ). 

Escreveu  no  Memorial  Numismático  de  Barcelona  uma  serie  de  artigos  onde 
falia  das  moedas  que  elle  attribue  a  Salacia,  artigos  que  mais  tarde  publicou 
n'uma  obra  intitulada;  Historia  da  moeda  antiga  de  Hespanha. 

ZAUATE  (GIL  Y ).— Escriptor  hespanhol. 

D.  Pedro  de  Portugal  ^ 

ZIÍBRAIVIE  doskonalosci  chrzescianskiey  w  zycin  y  cnotach  S.  Franciszka 
Xawerq  S.  J.  indyjskiego  Apostola,  wydajace  sie.  Na  dziesiee  uivag  przez  tylez 
decenny  do  Niego  piatkow  dia  szczcgolniey  naboznych  do  tego  SwiHego  rozlozone. 
Kalisz,  Dr.  S.  J.,  1769,  12.° 

(Summa  da  perfeição  christã  na  vida  e  virtudes  de  S.  Francisco  Xavier,  da 
Companhia  de  Jesus,  apostolo  das  índias,  apparecendo  em  doze  considerações,  &c. 
Galisso.) 

ZIMMERMAIVIV  (W). 

Geschichte  der  Poesie  aller  Vôlket'.  Fiir  Leser  aller  Stande.  2  Aufl.  Stuttgart, 
1856,  8.0  de  viii-327  pag. 

Pag.  152  a  156:  Portugiesische  Rotnantik:  Glorification  chavde  de  Camoens 
et  de  ses  Lusiades. 

ZUCCAROIVE  (FRANCE8CO  ).— Napolitano.  Jesuíta  que  entrou 

para  o  noviciado  com  dezesete  annos  de  idade,  em  1638,  e  falleceu,  tratando  dos 
empestados,  em  1658. 


Alfred  Bongeault,  Uistoire  des  littératures  élrangères,  vol.  iii,  pag.  419. 


I 


zu  »«^ 

Panegirici  sagri.  hí  Bologna,  per  Giuseppe  Longhi,  1671,  12."  de  .'^70  pag. 
In  Roma,  alie  spese  de  Ignalio  de  Lazari,  1071,  12."  de  440  pag. 
Os  títulos  dos  panegyricos  são  os  seguintes  : 
L'  Isola  dei  piacere^  dei  Santissinio  Sacramenlo. 
La  fonte  dei  Paradiso,  di  S.  Nicola  Magno. 
II  mondo  distrutto  e  rifaio,  dei  Patriarcha  Sanflgnatio. 
II  Circolo  perfeclo,  di  S.  Francescô  Xaverio. 

I  quattro  aspetti  dei  Cheruhino,  di  S.  Toniaso  d' Aquino. 

II  Gedeone,  di  S.  Francescô  di  Paolo. 
Le  Tre  Torri,  di  S.  Gennaro. 

II  libro  deli'  Apocalisse^  di  S.  A^itonio  da  Pádua. 

ZUNIGA  (D.  ESTEVAN  DE  AGUILAR  Y ).— Dean  de  la  insi- 
gne colegial  de  la  Villa  de  Escalona. 

Laurea  Lusitana.  Segunda  parte,  ó  Sermones  vários  de  diversos  Oradores 
Portugueses,  cutjos  Autores  se  hallan  á  la  buelta.  Traducidos  de  português  en  cas- 

tellano  por  el  Dr. .  Dedicados  ai  Reverendisimo  Padre  António  Vieyra,  de  la 

Compania  de  lesus,  Predicador  de  su  Majestad.  Ano  1679.  En  Madrid,  por  Andrès 
Garcia  de  la  Iglesia,  a  costa  de  Gabriel  de  Leon,  mercador  de  libros,  4.°  de  426  pag. 

Os  sermões  traduzidos  são  dos  seguintes  auctores:  D.  Rafael  Bluteau; 
fr.  João  de  S.  Francisco;  dr.  Francisco  de  Mendonça,  cathedratico  de  Évora; 
D.  Luiz  da  Ascensão,  cónego  regular  de  Coimbra;  fr.  Domingos  de  S.  Thomás, 
prior  de  S.  Domingos,  de  Lisboa;  fr.  António  dos  Arcangelos,  da  província  dos 
Algarves;  Álvaro  de  Escobar  de  Roubam,  da  parochial  igreja  de  Águeda. 

ZUIVIGA  (D.  JUAN  AIVTOIVIO  DE  VERA  Y ). 

Vida  de  la  gloriosa  Santa  Izahel,  Reyna  de  Portugal.  A  la  III.""^  y  Ex."^^  Se- 
nora  D.  Ines  de  Zuniga,  Duquesa  de  S.  Lucar,  Condesa  de  Olivares.  Buelta  de 
Toscano  en  Espanol.  En  Roma,  1625,  en  la  oficina  de  Jacomo  Mascardi,  8.°  de 
78  pag. 

ZURITA  (JERONYMO ).— Insigne  escriptor,  chronista  de  Aragão, 

do  conselho  de  El- Rei  Catholico,  fallecido  a  3  de  novembro  de  J580. 

Annotaciones  ai  Conde  D.  Pedro  de  Portugal,  de  que  faz  memoria  D.  Nicolau 
António  na  Bibliotheca  Hispânica,  e  nas  largas  e  excellentes  obras  que  escreveu  de 
Aragão  se  valem  os  nossos  genealogistas  para  muitas  prova$  das  nossas  familias^. 


D.  António  Caetano  de  Sousa,  Historia  genealógica  da  casa  real porlugueza,  vol.  i,  pag.  ccvii. 


FIM  DO  TERCEIRO  E  ULTIMO  VOLUME 


I 


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2726 
B522 
V.3 


Bernardes  Branco,   Manoel 

Portiigal  e  os  estrangeiros 


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