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Full text of "Revista de zootechnia e veterinaria"

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OO PUBLICAÇÃO OFFICIAL 
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Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 
SUMMARIO 


— seca erra commons ae | Ra | nn 
| COLLABORAÇÃO: dp | | 


Dr. pau Parreiras Horta e Antonio Sera- 


pião de Figueiredo................. Nuttalliose dos equideos em. Mi- 
nas Geraes......cceseu simao» 3 

Professor Roberto Hottinger............ Assumptos de hygiene veteri- 
à naria brasileira............. 7 
Albert GErtsCi! dem api came piuatra ima As raças bovinas da Suissa..... 21 
do Wilson ida Costa sc nos Os inimigos da avicultura...... 49 
Castro Bromn a bios Industria de lacticinios......... SI 

Dr. Pietro Foschimi..........c.cocrcceo Uma nova discussão sobre a 
trypanosomiase......ccevos 55 

Drs. A. Carini e J. J. Maciel............ Contribuição ao tratamento do 
A nambyuvá pelo trypanblau. 63 

Dr. Thomaz Pompeu Filho.............. O valor do emetico no trata- 

Rd mento da esponja......ccva. 65 
A. Varin d'Ainvelle...........s.sc..... O puro sangue arabe... .......,. 69 

Dr. Diego! Athanassof- tulio. Alimentação das vaccas leitei- 
TAS .ecrercnvro rea ramamenanaro 73 
Decimo Congresso atainicional fe Medicina Veterinaria.,..........2.0. 87 


PELAS INSPECTORIAS : 


Informações referentes aos districtos veterinarios, prestadas pelos 


respectivos rho Les b) Eloi o bah E REAR PR ERA dp a 98 
CONSULTAS E INFORMAÇÕES...............oo. Po Ni são 
PELAS REVISTAS : 

Commercio internacional de ado para córte e de carne de vacca...... TIO 


ÉCOS E NOTICIAS : 


Censo pecuario do Brasil —- Decimo Congresso Internacional de Me- 
dicina Veterinaria — A etiologia da tristeza no Brasil — Feira de 
Tres Corações — Matadouros avicolas — Exposição agro-pecuaria 
-— Assistencia Pasteur — Banheiros carrapaticidas — Carbun- | 
COLOCA LUC, a nrip aro la repara Ha too Ta OO Sa vrá a EN aa TAPA io a! na oa ia Sofia ERA RR USADA (a 


| NL BIBLIOGRAPEIA (loss union Has SE A Ato Eloa ia 


RIO DE JANEIRO 


Typographia do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio, 


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1914 


“ASCURRA BASSE-COUR ” 


do, Ladeira do Ascurra TELEPHONE 5.418 Rio de Janeiro — 1914 


RAÇAS CRANDES Wyandottes.......... Amarella RAÇAS POEOEIRAS 
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Plymouth Rock....... Branca $ Langshans. Andaluza............ Azul 
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PREÇO DOS OVOS: 15$000 a duzia 


Periús Americanos — Faisões — Patos de Pekin 
TEMOS UM STOCK DE PERTO DE 2.000 AVES QUE VENDEMOS : 


Ternos de frango de 608 a DOS | Termos de adultos 1208 a 1508 


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Ternos de animaes premiados em exposições na Europa de 200% para cima 


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REVISTA 


Vetermaria e Lootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria é Commercio 


RM ES O 1914. 


TOMO IV — FASCICULO I 


RIO DE JANEIRO 


Typographia do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 


Publicação Official da Directorla do Serviço de Veterinaria 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


IM da AP A a PN a a a Ma PN a Na Na 


Distribuição gratuita aos criadores do palz que a solicitarem 
PAPA AP a PN a Na Na Ml Mi A AP A ga 
RIO DE JANEIRO - * & Caixa Postal 1.678 * BRASA 
A REDACÇÃO DA (REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 


EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


ANNO IV Hu Fevereiro de 1914 H fo 


JECA MID maNpaca 


Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inscripção. 


COLLABORAÇÃO 


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NUTTALLIOSE DOS BQUIDEOS EM MINAS GERARS 


( A «mijadeira » dos poldrinhos ) 


Desde longo tempo que uma enzootia pertinaz vem lavrando 
entre a criação de equideos existente nas fazendas situadas ao 
redor da cidade de Oliveira e da villa de Passa Tempo em Minas 
Geraes. Os fazendeiros dessas zonas, intelligentes e adiantados, 
têm empregado grandes esforços na criação de equideos, sendo 
porém, muito prejudicados pela mortandade que annualmente vem 
se manifestando nos productos obtidos. Importante criação muar 
existen o local e é tambem prejudicada pela mesma manifestação 
morbida. 

A molestia é geralmente conhecida pelo nome de guzjadeira 
porque tem sido observada a morte dos poldrinhos depois de 


emittirem urina sanguinolenta. 


+ MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Nossos dados são ainda insufficientes quanto à mortandade 
causada pela zoonose ; parece, porém, que o coefficiente de mortan- 
dade tende sempre a augmentar e que, praticamente, se póde 
considerar todas as fazendas da região como infectadas. 

A molestia apparece quasi sempre sob duas modalidades 
clinicas, a que dão os nomes popuiares de ijadeira e de curso. 
À primeira fórma surge com o apparecimento de febre, pigmentação 
amarellada das mucosas e hematuria; a segunda, apresenta tambem 
os mesmos symptomas, exceptuada a hematuria, havendo a mais 
uma forte diarrhéa.. 

Dizem os fazendeiros da região ser facil reconhecer o animal 
que, por acaso, tenha morrido no campo em consequencia da 
mijadeira — basta uma forte compressão da bexiga para que seja 
eliminada urina sanguinolenta. 

Frequentemente, os poldrinhos nascem mortos. 

O material de estudo, constituido pelos elementos colhidos na 
observação dos casos agudos, não é muito facil de ser obtido na 
zona flagellada porque os animaes vivem em pastos muito distantes 
entre si e as fazendas são bastante extensas nessa parte do territorio 
de Minas Geraes. 

Não obstante isso, pudemos recolher um material que permittiu 
estabelecer, desde já, o diagnostico da zoonose de que nos occupa- 
mos e ao mesmo tempo iniciar estudos mais precisos sobre a 
reprodução experimental da mesma, evolução clinica, anatomia e 
histologia pathologicas, e tratamento. 

Em laminas de sangue peripherico, colhidas em poldrinhos 
doentes, encontrámos um parasita endo-globular, pequeno, às vezes 
isolado, outras vezes em numero de quatro com uma disposição em 
cruz, que nos obrigou a classifical-o no genero Nuttallia creado 
por Carlos França, em 1909. 

Trata-se da especie Nuttallia equi ( Laveran, 1901 — França, 
ES 

Podemos, portanto, affirmar que a enzootia reinante em 
Oliveira e Passa Tempo não é mais que a nuítalliose ou tristeza do 
cavallo. 

Todos os poldrinhos e eguas observados estavam com grande 
numero de carrapatos adherentes à pelle. Retiráâmos um certo 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 5 


numero destes ixodideos, alguns repletos de sangue e outros em 
condições de se poder verificar haverem picado recentemente os 
animaes. 

Examinados esses exemplares de carrapatos, com o concurso 
do Dr. Carlos Rohr, ficou demonstrado se tratar do Amblyomina 
cajannense, especie muito commum nos equinos do Brasil. O facto 
de se encontrar nos animaes doentes e sãos exclusivamente esta 
especie de ixodideos parece demonstrar ser ella a transmissora da 
babesiose equina em nosso paiz. | 


Vê-se, pela presente nota, que nos achamos em presença da 
zoonose conhecida em outros paizes com os nomes de qmalaria dos 
cavallos, febre biliosa, febre petechial, pyroplasmose equina, babesiose 
equina. 

Depois do trabalho de Nuttall e Strickland, publicado na 
Parasitology, em 1912, sob o titulo — Ox the occurrence of two species 
of parasites in Equine Pyroplasmosis or Bilhary Fever, é admittido 
pela maioria dos autores que esta entidade morbida péde ser 
produzida quer pelo Nuttallia equi (Laveran, 1901 — França, 1909), 
quer pela Babesta caballi ( Nuttall, 1910). 


O parasita que encontrámos em Minas Geraes deve ser classi- 
ficado como sendo a primeira especie, não obstante já ter sido 
observada por varios autores a associação dos dous parasitas no 
mesmo animal. Non. 2 do volume I dos «Archivos da Sociedade 
de Medicina e Cirurgia de S. Paulo », Carini descreve, em uma nota, 
uma pyroplasmose equina observada em S. Paulo, com o concurso 
do Dr. Paul Maugé, veterinario da Inspectoria de Veterinaria 
desta Directoria, naquelle Estado. 

Carini descreve o seu parasita como sendo o Pyroplasma equi; 
parece-nos, pela leitura de seu trabalho, que se trata da Nuitallia 
equi, não tendo sido ainda vista, portanto, a Babesia caballi no 
Brasil. 

Em 1904, Theiler descreveu no Sul da Africa a Babesia asini, 
como sendo uma especie differente das duas especies acima citadas. 
Na enzootia de Oliveira e Passa Tempo, encontrámos a mesma 


6 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


especie de parasita quer em cavallares, quer em muares; está 
ahi, pois, um ponto interessantissimo a ser devidamente estudado, 
o que já iniciámos. 

O assumpto merece que nos occupemos detidamente com elle 
e, além do resultado do tratamento que vamos iniciar com o trypan- 
blau, esperamos apresentar mais tarde uma nova contribuição para 
o estudo da babesiose equina no Brasil. 


Dr. Paulo Parreiras Horta 
Chefe da Secção Technica. 


Antonio Serapião de Figueiredo 


Interno do Serviço de Veterinaria. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA Cl 


ASSUMPTOS DE HYGIENH VETERINARIA BRASILEIRA 


Nas linhas que se seguem, pretendo entrar nos varios assum- 
ptos de hygiene dos animaes domesticos criados entre nós, e, 
naturalmente, me referirei, em primeiro logar, aos bovideos, 
cavallos e porcos. Será essencialmente um estudo veterinario brasi- 
leiro e terei de mostrar que as variações nos assumptos de hygiene 
são innumeras, em cada caso, conforme a localidade. 

Já varias vezes tive occasião de ler tratados de hygiene escri- 
ptos entre nós; porém, com pouca excepção, não estive de 
accordo com o que disse o autor. Geralmente, trata-se de tra- 
balhos traduzidos de obras estrangeiras, escriptas para condições 
apresentadas por localidades longe dos nossos campos, do nosso 
paiz, e póde-se dizer que muitas exposições assim feitas terão 
nenhuma ou pouca applicação entre nós. Comtudo, não faria 
mal se só assim fosse, mas, ás vezes, taes conselhos, tirados de 
obras estrangeiras, não só deixam de ser uteis mas tornam-se até 
pregudiciaes. Muitos conselhos dados com toda razão para outros 
paizes não são applicaveis entre nós, por varios motivos. Outros 
seriam applicaveis, porém sem offerecer o devido lucro. 

A respeito de doenças contagiosas, que nos occuparão espe- 
cialmente, por terem o maior papel no dominio da nossa hygiene 
veterinaria, ha de ser aconselhado certamente um regimen differente 
por completo daquelle em vigor em paizes europeus. Se lá. 
este assumpto está crystallisado na legislação mais minuciosa no 
sentido de evitar o contagio ou de debellal-o quando houver, entre 
nós, esses preceitos, lá applicaveis com completo exito, não terão 
valor, especialmente porque faltam entre nós as bases essenciaes : 
população agricola numerosa e um corpo grande de veterinarios, 
ao alcance de cada criador. 

Voltaremos sobre isto e citaremos um exemplo classico que 
traducção e importação de regulamentos não têm outro valor senão 
occupar um certo numero de empregados, de cujos serviços 
o estado não póde auferir c lucro que se devia esperar. 

Se abrimos um livro europeu, por exemplo sobre hygiene de 
animaes domesticos e estudamos o mesmo, verificaremos desde logo 


8 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


e 


que o mesmo versa mais sobre Jygiene dos individuos e a protecção 
do animal contra influencias malignas. Achamos estudadas todas as 
condições em que os animaes vivem, com referencia á terra, à agua, 
aos alimentos, à atmosphera, etc. Outros livros entram ainda em 
assumptos de doenças contagiosas e dão os regulamentos que o 
governo achou conveniente pôr em pratica. 


Para nós julgo ter uma grande importancia, talvez a maior 
umportancia, a hygine das regiões inteiras, a hyginee de districtos 
ea hygiene das fazendas, consideradas uma generalidade como 
habitações de animaes domesticos. | 


Não devemos esquecer que em outros paizes o animal domes- 
tico é criado em estrebarias, onde permanece a maior parte de sua 
existencia, tendo raras vezes occasião de pastar. Esta vida é deter- 
minada pelas circumstancias, pelo clima (inverno), pela alimen- 
tação (pobreza dos pastos durante algumas estações do anno), etc. 


Em nosso paiz temos condições completamente differentes. 
O animal não conhece estrebaria (não se trata de animaes de luxo); 
o animal está acostumado a pastar. À fazenda inteira está à dispo- 
sição dos animaes e elles vão procurar o alimento onde mais lhes 
convier. Durante todo o anno e em todas as condições, elles estão 
expostos a influencias malignas, que ás vezes se tornam bastante 
perigosas e causam perdas enormes ás criações. 


Apenas seja lembrada a febre aphtosa que quasi cada anno 
apparece em algum ponto do paiz, para tomar dahi um certo rumo, 
propagando-se nessa direcção, até desapparecer, geralmente, nas 
costas do paiz. A febre aphtosa tambem apparece, e com o mesmo 
caracter contagioso na Europa, porém lá este mal encontra condi- 
ções differentes. À doença ha de entrar em estrebarias, onde o cria- 
dor e possuidor de poucas cabeças vigia os seus animaes, onde logo 
se percebe o mal, onde immediatamente é chamado o veterinario, 
e o proprietario tem a obrigação, sob pena da lei, de chamar 
o auxilio do Estado, para evitar que a doença se propague. Assim 
se consegue que o fóco da doença, desde o primeiro momento, não 
fique occulto, tomando o governo e os seus funccionarios Imme- 
diatamente conhecimento do facto e dando as providencias neces- 


sarias. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 9 


Todas as medidas a serem tomadas, achamos descriptas nos 
livros de hygiene europeus. Cada doença é tratada especialmente, 
conforme o genero, a transmissibilidade e demais característicos. 
Cada uma dessas doenças tem recebido na pratica uma certa fórma 


a ser debellada. 


Supponhamos agora que entre nós essas medidas deviam ser 
tomadas do mesmo modo como naquelles paizes. Claro está que já 
na primeira supposição encontraremos dificuldade. A doença póde 
apparecer em um animal, e como este animal não está mantido em 
estrebaria, não é tratado individualmente, os primeiros symptomas 
não serão percebidos. À doença terá occasião de propagar-se, não 
só entre os animaes da mesma fazenda, mas naturalmente tambem 
entre os animaes dos visinhos, pois a separação consiste apenas 
em uma cerca de arame. A doença se desenvolve, e talvez, até 
muito provavelmente, o criador não conhecerá a sua natureza; 
julga ser uma doença individual, e o auxilio finalmente já vem 
muito tarde. 


Assim consta facilmente que os conselhos nos livros de 
hygiene e de doenças contagiosas, dados para a Europa, terão 
pouca applicação entre nós. 


Tive occasião de estudar os regulamentos vigentes na 
“Argentina, contra doenças contagiosas, e de verificar que quanto 
mais rigorosamente redigidos taes regulamentos, menos valor têm 
na pratica. Os regulamentos de cinco ou seis annos atraz, que vi 
em Buenos Aires, já me pareciam rigorosos demais e pouco apro- 
priados para esse paiz, mas os funccionarios affirmaram-me que os 
regulamentos iam ser completados. Qual o proveito de uma reda- 
cção ainda mais minuciosa, isso não sei, porém duvido della, 
especialmente porque taes regulamentos hão de ser baseados nas 
experiencias no proprio paiz, em estudos profundos das condições 
em que o gado se acha, e finalmente tambem nos costumes do 
criadores. 

Tive occasião de ahi ver a mã vontade contra taes leis e 
executores. 

O fiscal é considerado como um intruso, que nada traz senão 
incommodos e despezas, sem vantagem alguma. O fazendeiro 


o, Vi 2 


10 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA É COMMERCIO 


vê-se impedido em suas funcções e no trabalho zootechnico que 
está executando. O valor de tal protecção para elle não é dire- 
ctamente visivel, e logo que o regulamento é exigente elle procura 
ultrapassal-o. 

A Argentina, ha annos, sendo paiz de criação e tirando grande 
lucro deste ramo da agricultura, mesmo na exportação, maior 
interesse devia se esperar do criador a respeito de uma legislação 
minuciosa, porém a lei ha de tomar conta em primeiro logar do 
bem estar dos cidadãos e de procurar o accordo dos interesses 
publicos e individuaes. A fórma deste convenio deve se basear em 
observações e experiencias longas, para então fixar-se em termos 
convenientes para todos ou à grande maioria dos interessados. 
Fazendo-se tentativas, «abrindo-se picadas para acabar em estradas 
e ruas asphaltadas», seguindo methodicamente, é o que julgo que 
devemos fazer na questão da debellação das doenças contagiosas. 
Eº por este caminho que procurarei nestas linhas dar fundamento 
a leis e regulamentos a estudar mais tarde pela potencia legislativa 
e politica. 

Os dados scientificos são pela maior parte estabelecidos; 
vejamos, pois, como pelo melhor methodo elles se podem applicar 
entre nós. 

Em varias viagens que fiz no Brasil, tive muita occasião de 
conhecer o modo dos criadores, a vida nos campos, as condições 
em que o gado se acha, e nas linhas que se seguem, não vou dar 
conselhos inapplicaveis na pratica. Julgo que as precauções que 
vou aconselhar para precaver contra doenças contagiosas, hão de 
dar lucro, e mais lucro que todos os regulamentos redigidos em 
zonas completamente differentes das nossas. 

Não tenho intenção de entrar em detalhes scientificos mais do 
que necessario para esclarecer os assumptos de que tratamos. 

Não pretendo entrar em estudos de atmosphera, do sol, do 
clima, etc., pois estes assumptos só em segundo logar podem inte- 
ressar na hygiene dos animaes domesticos. 

Tambem não penso em tratar de melhoramentos de terrenos 
por drenagem ou estudar methodos complicados de esterilisação 
de cadaveres, recommendaveis em zonas mais populosas. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 11 


Entre nós teremos, pois, por emquanto, de tomar as cousas tal 
qual estão, escolhendo os meios mais convenientes para a criação 
actual, e muito mais tarde, quando a população fôr densa, outros 
meios poderão ser estutados e applicados. 

Em primeiro logar teremos de occupar-nos com os maiores 
perigos no dominio da zootechnia, como se segue. 

E” bastante conhecido que nas fazendas, 
Doenças contagiosas de vez em quando, apparecem doenças con- 
em relação á hygiene tagiosas, pestes que devastam as criações 

de tal maneira que o lucro de um anno ou 
mesmo de annos fica completamente perdido. Seja lembrada apenas 
a referida febre aphtosa que, se não mata uma certa porcentagem 
de |gado, jpeora o estado do mesmo, a ponto que o lucro se torna 
minimo. Animaes gordos emmagrecem dentro de poucos dias quasi 
a esqueletos, valendo muito menos do que mezes antes. A peste de 
porco acaba às vezes com criações inteiras, e criadores muito ani- 
mados, depois de victimas deste flagello, affirmaram-me que nunca 
mais pensariam em criar porcos. | 

Eº o nosso intuito indagar como será possivel evitar estes 
inconvenientes e julgo muito mais importante tratar de evitar o con- 
tagio do que se occupar de tratamentos, que sempre são dispendiosos 
e o exito não deixa de ser duvidoso. 

Entre nós, as doenças contagiosas certamente hão de ser con- 
sideradas sobre outro ponto de vista do que em outros paizes, e para 
comprehender bem este assumpto teremos em primeiro logar de 
estudar o habitat dos animaes domesticos. Na Europa e em outros 
paizes que se occupam da industria pecuaria, os animaes são criados 
quasi que exclusivamente em estrebarias, e raras vezes (não se tra- 
tando de animaes novos) têm occasião de pastar. Em todo o caso, 
as estrebarias ficam occupadas durante as épocas frias, e a constru- 
cção destas habitações é factor decisivo. Constróem-se casas de pa- 
redes espessas, de fundamento forte, telhados fortes para resistirem 
ao peso da neve; janellas bem calculadas, e ventilação bem vigiavel 
e regulavel, são condições absolutamente exigidas. Entre nós ja vi 
varias estrebarias que se basearam em typos europeus. O proprieta- 
rio, certamente, pensava fazer cousa muito bôa, adoptando plantas 
tiradas dos livros estrangeiros ; parece-me, porém, que a rendibili- 


12 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


dade só póde ser minima, pois toda habitação ha de ser considerada 
como um mal necessario que deve ser restricto, quanto a Gispendio, 
o mais possivel, sob o ponto de vista economico, e apenas estreba- 
rias de luxo podem ser consideradas de modo differente. 

Entre nós, a habitação de animaes domesticos são os pastos, a 
fazenda toda, e, talvez, como vamos ver, serão muito convenientes 
estrebarias apropriadas ao nosso clima e de accordo com as condi- 
ções dadas. Em primeiro logar, teremos de tomar em consideração 
a fazenda toda como habitação dos animaes, e devemos estudal-a em 
dous sentidos, a respeito da zootechnia e da hygiene. A zootechnia 
procura tirar o maior lucro possivel dos animaes, e o fim da hygiene 
é a garantia deste lucro, tratando de evitar todas as influencias 
malignas que podiam minorar o rendimento. 

Teremos logicamente de dividir a hygiene veterinaria brasilei- 
ros em tres capitulos : | 

I. Hygiene na fazenda e no sitio de criadores (formação de 
associações ). 

Il. Hygiene dos districtos (estabelecimentos de concordatas). 

III. Hygiene estadoal (legislação federal). 

Estas disposições não se devem chocar umas ás outras, mas 
bem auxiliarem-se mutuamente na execução. 

Neste assumpto temos de comprehender : 

a) Fazenda de criação, grande e arredondada. 

b) Fazendas pequenas, de situações expostas, sitios de criação 
em pequena escala. 

No capitulo da Mygiene nas fazendas temos de lembrar que uma 
hygiene veterinaria neste caso não póde ser tratada isoladamente. 
Tem-se de procurar as relaçães intimas com a zootechnia, pois a 
hygiene é um auxilio para esta ultima. Não poderemos fazer um 
estudo de uma ou outra, sem entrar em correlação. Em todo caso. 
serão tratados os assumptos zootechnicos neste artigo, apenas 
quanto necessario para a comprehensão do esboço hygienico. 
Temos de procurar estabelecer um convenio entre hygiene e zoote- 
chnia, e este convenio será bem diverso, conforme as condições. 
Nem a hygiene nem a zootechnia póde ser tratada em todo 
o mundo da mesma fórma. Depende de um grande numero de 
condições que fornecem a base para ambos estes ramos de sciencia. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 13 


Já acima mencionei este facto. Sempre procurei saliental-o, porém, 
ao que parece, com effeito quasi negativo. 

Julgo não ter sido bem comprehendido em trabalhos ante- 
riores. Serei mais extenso no presente artigo. Com respeito à zoote- 
chnia, está publicado nesta mesma «Revista» um estudo sobre sele- 
cção que tratará mais detalhadamente sobre os interesses zoote- 
chnicos, especialmente sob o ponto de vista das nossas condições. 
Podia-se bem falar em zootechnia e hygiene tropical, pois em todas 
as zonas tropicaes hão de ser tratadas de modo differente do usual 
nos paizes frios. À definição «tropical», porém, não será sufficiente, 
pois mesmo nas zonas tropicaes notar-se-ão differenças conforme as 
condições locaes. E mesmo no Brasil cumpre bem tomar em consi- 
deração as differenças dadas no Norte e no Sul. 

Devemos estudar a fazenda primeiramente 
Hygiene nas fazendas arespeito da situação orographica, a dis- 

tribuição das aguadas, etc. Cumpre di- 
vidir os terrenos em duas classes, em terrenos mais ou menos 
montanhosos ou accidentados e em terrenos planos. Cada uma 
destas duas classes é muitissimo propicia para criações, natural- 
mente só quando preenchidas todas as condições para o nosso fim: 
terra boa para formar pastos convenientes. Em seguida, vamos ver 
como uma fazenda deve ser utilisada para os fins da zootechnia em 
união com a hygiene, empregando-se as precauções que em outros 
paizes se empregam nas estrebarias para evitar doenças contagiosas 
e para augmentar o lucro zootechnico. 

Relativamente ás doenças contagiosas, não póde padecer duvida 
que em uma fazenda, onde nunca houve criação, cada doença ha de 
ser introduzida de fóra, e, assim sendo, temos de verificar quaes os 
meios para evitar a sua introducção. No caso da fazenda já estar 
empestada, o nosso fim será procurar os meios pelos quaes podemos 
eliminar aos poucos as doenças contagiosas da criação. 

Às doenças contagiosas são introduzidas especialmente pelas 
vias de communicação e pela agua. Por conseguinte, devemos 
encarar estes dous intermediarios do contagio. 

Às estradas e vias de communicação são perigosas, devido às 
tropas de animaes que por ahi passam e a animaes infectos que se 
desviam da estrada, invadindo terrenos da fazenda. Outro perigo 


14 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


offerecem os viajantes provenientes de outros districtos ou fazendas, 
talvez infectas, e que trazem comsigo o contagio. 

À agua tambem é capaz de trazer doenças contagiosas, no caso 
de ter percorrido districtos infeccionados. À situação da fazenda é, 
portanto, muitissimo importante, quanto à hygiene. 

A fazenda, sendo atravessada por varias estradas ou achando-se 
no ponto de cruzamentos que vêm de differentes districtos, estará 
sempre em perigo de ser infeccionada por doenças existentes em 
qualquer desses districtos. Se por ella collea um corrego de longo 
percurso e que já tem passado outras fazendas de criação, a sua agua 
é um perigo para os animaes, pois uma propriedade agricola empes- 
tada rio acima é capaz de infeccionar as outras rio abaixo, pela 
agua corrente. 

Evitemos a possibilidade do contagio por estes meios, pois 
raras vezes o criador terá a faculdade de escolher uma fazenda que 
já se acha em condições favoraveis a respeito da hygiene. Geral- 
mente a fazenda está exposta à infecção pelas vias referidas. 

Para melhor comprehensão dos meios preventivos, vamos 
fallar sobre uma propriedade do interior, de cerca de 2.000 alqueires 
de terras, que nos servirá de exemplo para demonstrar a divisão 
da mesma para os fins zootechnicos e hygienicos. 

A fazenda é um tanto montanhosa; notam-se especialmente 
seis cabeceiras e entre ellas nascem varios ribeirões. Os valles 
percorridos por estas aguas, parte são chatos, parte brejosos. Existe 
uma cascata com uma quéda de oito metros mais ou menos. Os altos 
dos morros estão cobertos com matto, que contra os valles se trans- 
forma em cerrado e capoeira. 

Relativamente ás aguas, a fazenda está completamente isolada. 
Todas as aguadas nascem nella propria. Por conseguinte, não ha 
normalmedte possibilidade de infecção pela mediação da agua. 
O matto que circumda toda a fazenda, excepção feita da parte mais 
baixa, que dá para outras propriedades, impede a invasão do gado 
visinho. 

A fazenda, porém, está em pessimas condições, em relação às 
estradas. E” o ponto do cruzamento das quatro estradas entre Peder- 
neiras, Baurú, Jacutinga e Rio Batalha. Devido a esta circumstancia 
a fazenda estará sempre em perigo de ser infeccionada, e será o 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 15 


nosso fim tratar de pôr o gado fóra do contacto com os districtos 
visinhos e vias de communicação entre elles, que em todo o caso 
temos de considerar como infeccionados. Se bem que este julga- 
mento raras vezes corresponda à realidade, não se deve esquecer 
que não se recebem informações sobre o estado sanitario dos dis- 
trictos, como em outros paizes. Não existem boletins dando a todos 
os criadores promptas noticias sobre o apparecimento de doenças 
contagiosas. Por conseguinte, acho mais prudente considerar con- 
stantemente toda a visinhança como infeccionada. 

Na escolha dos terrenos convenientes para os fins zootechnicos, 
cumpre considerar, em primeiro logar, um terreno capaz de fornecer 
fartas pastagens, sejam pastos naturaes, sejam artificiaes. 

Supponho tratar-se dacriação de gado vaccum, cavallar e suino. 
Especialmente a criação de gado vaccum será convenientemente 
unida à criação de porcos, com o maior proveito dos residuos de 
lacticinios. Quanto à criação de bovideos, supponho que se tem em 
mira criar vaccas leiteiras e animaes de engorda para córte. Como 
vamos ver mais tarde, estes dous fins podem ser preenchidos muito 
bem na mesma fazenda, procedendo-se à selecção entre o mesmo 
gado, para os dous destinos que parecem ser tão estranhos um 
do outro. 

Para a criação de gado vaccum, necessitam-se de pastos 
grandes para os animaes novos, e de pastos pequenos para os 
adultos, em estado de plena producção e de prenhez. As localidades 
devem distar o menos possivel entre si. Outros detalhes daremos 
mais adiante. 

À criação de porcos póde ser com vantagem afastada da 
criação de bovideos. Segundo a natureza destes animaes, poderemos 
destinar aos porcos terreno menos prestavel para gado vaccum ou 
cavallar, isto é, um terreno mais brejoso, porém, com inclusão de 
mais alto e inclinado. 

Para a criação de cavallos poderemos aproveitar terrenos mais 
accidentados, tendo em conta que o exercicio que os cavallos nelles 
têm de fazer, fortalecem os musculos e o esqueleto, e a alimentação 
penosa, funda bem a sua resistencia, como se vê em um ou outro 
exemplar criado no interior, onde os animaes, geralmente, não são 
tão bem tratados como na Argentina. Cavallos que nascem e são 


16 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


criados em condições muito favoraveis costumam ser pouco 
resistentes, cançam-se rapidamente, e ao receberem alimentação 
inferior, o trabalho por elles fornecido torna-se quasi nullo. 

Encontrámos o logar mais apropriado para 
Na fazenda em vista criação. Julgo que uma boa divisão seja: 

bastante conveniente. Cumpre, porém, lem- 
brar que esta divisão só poderá ser feita quando a criação tiver 
attingido um certo desenvolvimento. Com poucos animaes seria 
uma descentralisação inutil e não facilitaria o trabalho. Mas quem 
pretender criar em maior escala, fará bem quando pensa em separar 
as varias criações, e se no principio do emprehendimento não é 
necessario fazer-se a divisão, ella devia ser procurada aos poucos, 
escolhendo-se bem os terrenos e fazendo-se as divisões, segundo as 
necessidades e conveniencias. 

Para criações um tanto extensas, esta separação traz vantagens: 
facilita a fiscalisação tanto dos rebanhos, como do pessoal encarre- 
gado e que sempre procurará se esquivar da responsabilidade ; 
facilita a escripturação, a elaboração dos livros genealogicos e 
diminue, como veremos, o perigo da infecção do gado. Assim, por 
exemplo, os negociantes de gado vaccum não chegarão a ter 
contacto com outro gado, e as cercas impedirão a extranhos a 
entrada nos campos de criação. 

Essencial, porém, será que este systema permitta a execução 
facil do programma que cada ramo de criação tem de preencher. 

Depois a subdivisão dos pastos dos animaes prenhes, animaes 
novos e em plena producção será facil, a qual, entretanto, já seria 
bastante difficil quando a separação primaria não existe, e os cavallos, 
vaccas e porcos pastam no mesmo terreno. Dentro dessas divisões 
serão feitos pastos especiaes, isto é, pastos favoraveis para a 
respectiva criação. Os campos de cultura de forragens, natural- 
mente, serão feitos nos logares mais apropriados e o mais perto 
possivel dos respectivos centros de distribuição. 

Um bom terreno é muito conveniente, e ao mesmo tempo 
poderá ser por parte irrigado facilmente, para a formação de 
pastos artificiaes, culturas, etc.; deve conter bastante agua para 
beber, em condições salubres, fornecida por corregos que nascem 
na mesma fazenda. O logar, porém, está exposto ao perigo que 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 17 


NAL L SS SS ASAS SAS AS LAS AAA A A A SA A AA a a 


offerecem as estradas que vêm de Pederneiras, Baurú, Jacutinga e 
do Rio Batalha. Devemos eliminar este perigo. 

O melhor será deslocar a estrada para a extrema da fazenda 
e fechar a existente por completo. No nosso caso seria isto 
possivel a respeito da estrada de Pederneiras, mudando-se a estrada 
mais para o cume do morro, que, sendo coberto com cerrado, 
não offerece difficuldade para cortar a picada, e assim seria melhor 
a direcção. 

Assim, teriamos removido o perigo desta estrada, mas ainda 
continúa o perigo da infecção, pois nenhuma garantia temos que 
gado de fóra ou viajantes não entrem na fazenda, desviando-se da 
estrada. Outrosim, será difficil deslocar a estrada que vem de 
Baurú, e que passa pelo centro da fazenda. 

Tambem esta estrada ha de ficar isolada de modo a ser 
impedida a introducção do contagio na fazenda. 

Para impedir a invasão de gado da estrada, poder-se-ia cercar 
a beira da estrada com arame farpado. Tal cerca, porém, custa 
dinheiro e exige trabalho e fiscalisação, sem lucro directo para o 
fazendeiro. 

Julgo ser conveniente alinhar as estradas com cerca viva, 
plantando-se arvores para lenha e madeiras de construcção. Esta 
cerca, além de proteger os pastos, torna-se cada anno mais valiosa. 
O córte das arvores á beira da estrada é commodo e poupa o 
transporte. À lenha e as madeiras de lei cada anno terão melhor 
mercado. 

Eº bem verdade que o lucro desta plantação não é immediato 
mas trata-se de um lucro garantido para o futuro, para os quaes 
finalmente tambem temos obrigações. Todavia, mesmo não se 
querendo pensar nisso, a fazenda cada vez mais se valorisa por 
taes bemfeitorias, à medida que essas arvores se desenvolvam, 
Julgo acertado plantar essas cercas com distancia de 50 metros 
entre uma e outra beira. 

Temos para o nosso fim um grande sortimento de madeiras, 
algumas de crescimento muito rapido, como o eucalyptus, outras de 
crescimento demorado, de valiosa qualidade. Aconselharia margear 
as estradas com uma faxa de matto plantado, systema mixto, 
composto de arvores de crescimento rapido, pouco distanciadas 


BE VW 3 


18 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


entre si, a serem aproveitadas para lenha, entremeadas em distan- 


cias de 30 a 40 metros entre si, madeiras de lei, que serão cortadas 
sómente quando completamente desenvolvidas. As madeiras de 
crescimento rapido (eucalyptus) serão cortadas segundo a necessi- 


dade e replantadas conforme fôr preciso para continuamente conser- 


var-se a cerca bem densa. Os eucalyptus da primeira fila, enfren- 
tando a estrada, poderão servir ja no segundo anno de moirões 
vivos para um arame, caso o proprietario o julgar necessario. 
A faixa de matto, estando plantada bem densa, assim que da 
estrada não se enxerga o pasto, não será varada por gado 
caminhando na estrada. Creio que por este meio se poderá isolar 
a fazenda da estrada efficazmente, sem dispendio senão o da 
plantação do matto, que, todavia, promette um bom lucro para 
mais tarde. 

A estrada que vem de Pederneiras, sendo ou não deslocada, 
será isolada por este meio. No caso de ser deslocada, será preciso 
plantar a cerca viva só de um lado, do da fazenda. Da mesma maneira 
será isolada a estrada de Baurú. Esta medida, naturalmente, só se 
torna necessaria em logares onde não tem matto natural, no valle 
baixo, onde a estrada atravessa o centro da fazenda. 

Em todo caso, mesmo assim, a criação não estará isolada com- 
pletamente e fóra de todo perigo. Às pessoas e empregados da 
mesma fazenda, andando nas estradas publicas, podem trazer 
comsigo o contagio e introduzil-o na fazenda. Para diminuir quanto 
possivel este perigo, será conveniente afastar as criações o mais 
possivel das estradas. Para evitar que o gado passe nas estradas, 
será imprescindivel fazer cercas de arame ou curauatá (caragoatá), 
caso não se prefira a plantação de matto em faixas como acima me 
referi e que em todo caso tem a vantagem de serem uma fonte de 
rendimento. '“Taes cercas vivas servem em grande parte para lenha. 
No anno passado determinei o valor calorifico de um certo numero 


das nossas madeiras, e julgo ser de interesse para o fazendeiro 


e criador conhecer o valor da cerca viva que elle resolver plantar, 
com respeito ao effeito na combustão. 

Poderá assim apreciar o valor de cada madeira, devendo tirar 
ainda em consideração a rapidez do desenvolvimento e o crescimento 
da planta, dados estes que aqui não podemos fornecer. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 19 


Pd dd 


Estes dados acham-se no Annuario da Escola Polytechnica 
para 1912, em uma tabella que dá directamente os valores em 
calorias fornecidas pela undade de volume, e não como geralmente 
se Usa, pelo peso de combustivel. A este respeito, cumpre lembrar 
que o modo de se usar a madeira influe naturalmente sobre 
o effeito calorifico. Suppõe-se serem queimadas todas as lenhas 
nas mesmas condições, no mesmo fogão, e assim se precisaria para 
aquecer, por exemplo, 10 litros de agua, quantidades differentes de 
madeira, quantidades estas representadas pela altura das linhas. 
Quanto mais alta a linha, mais lenha será necessaria. Quem preten- 
der fabricar carvão, encontrará alguns dados comparativos sobre o 
valor das lenhas no Annuario ja citado. Estes dados coincidem quasi 
com a tabella do valor calorifico das lenhas, de tal maneira que as 
madeiras de que grande quantidade é necessaria para aquecer 
digamos 10 litros de agua, serão mãos fornecedores de carvão. 

Plantando-se só arvores, eucalyptus e outras, o gado atraves- 
saria a faixa de matto, logo que os troncos embaixo ficassem desga- 
lhados. Para evitar isso, seria necessario aparar e manter baixas 
as primeiras filas, favorecendo-se o crescimento compacto e a 
brotação na parte inferior, com o fito de obter uma cerca viva. 
Por detraz desta cerca, as arvores poderão crescer à vontade. 
Planta-se em filas densas, retirando-se mais tarde para o gasto os 
pés em excesso para permittir o livre desenvolvimento dos outros. 
Cortam-se as arvores quando tiverem um tamanho sufficiente para 
servirem para algum fim na fazenda, como estacas, moirões, etc. 
Finalmente serão eliminadas todas que difficultarem o desenvolvi- 
mento das madeiras de lei. 

Em vez de aparar as primeiras filas, talvez convirá mais outra 
planta que dá cerca impenetravel para o gado. Sobre a escolha destas 
plantas, o fazendeiro poderá melhor julgar qual a que mais vanta- 
gem offerece e de mais facil obtenção. A largura da faixa de matto 
dependerá do fim em vista; tendo-se marcado para lenha, certa- 
mente convirá fazer a faixa mais larga; caso contrario, plantar-se-á 
mais madeira de lei que cada vez mais valor terá no mercado. O fa- 
zendeiro poderá julgar qual a maneira mais conveniente da plantação 
para o seu caso. E' bom lembrar que a plantação deverá ser feita em 
linha, pelo que será facilitado o transporte das madeiras cortadas. 


20 — MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Como, se vê as criações estão isoladas completamente, ficando 
impedido o accesso a pessoas extranhas e gado de fóra. Cada campo 
de criação, porém, ha de ter uma entrada pelo menos e esta será 
sempre um ponto de perigo. Convém, portanto, dar a este ponto 
especial attenção para se precaver contra a introducção do contagio. 
Aconselhamos o estabelecimento de porteiras desinfectantes. Natu- 
ralmente, esta installação ha de ser muito simples e bastante segura 
ao mesmo tempo. 

. Para receber a camada de areia, o caminho deve ser excavado 
convenientemente. O comprimento desta camada desinfectante será 
de quatro metros mais ou menos, occupando, naturalmente, toda 
a largura da estrada, e as margens lateraes devem ser cercadas 
para obrigar-se que o transito se faça por cima da camada desin- 
fectante. À protecção contra a invasão de aguas será dada pela 
declividade da estrada. O portão será collocado de modo a passar 
por cima da areia desinfectante ao abrir. Para que não fique 
ensopada a camada de areia pela chuva cahindo lateralmente, é 
preciso proteger o lado do vento, ou fechando-o com sapé ou 
plantando taquara, etc. 

Sendo a fazenda bem protegida contra doenças contagiosas, a 
respeito da agua de alimentação, temos de prever o caso opposto e 
procurar impedir a introducção de doenças por este meio, e em 
certos casos meihorar este alimento importante. Deste assumpto 
nos occuparemos em proxima publicação. | 


Prof. R. Hottinger 


Do Laboratorio de Biologia Geral e Zootechnia 


a 


da Escola Polytechnica de S. Paulo. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA oh À 


AS RAÇAS BOVINAS DA SUISSA 


O Territorio 


O primeiro povo estabelecido no territorio da Suissa de 
hoje, do qual nos falla a historia, os Helvecios, foi um povo de 
pastores. Em todas as épocas da historia deste povo e do seu 
desenvolvimento, a criação e o commercio do gado occupam um 
logar saliente. De seculos atraz, as raças bovinas da Suissa eram 
conhecidas e apreciadas, adquirindo nos ultimos decennios fama 
universal. 
| A conformação do sólo e as condições climatericas prestam-se 
em alto grão à criação de gado. Os lindos e ricos prados dos nossos 
valles, as pastagens alpestres com suas fontes limpidas, o ar puro, 
os periodos opportunos de chuva, emfim o caracter climaterico, 
topographico e geologico do paiz tudo contribue para o seu desen- 
volvimento. 

A Suissa é um paiz montanhoso, com uma superficie de 
41,000 km?, Duas cadeias de montanhas, os Alpes de um lado, e o 
Jura de outro, atravessam o paiz mais ou menos na direcção do 
sudueste ao nordeste. 

No espaço que essas cadeias deixam entre si, se estende do 
Lago Lemano ao de Constança uma região muito fertil de collinas 
e de montanhas de menor altitude, o planalto da Suissa chamado 
Mittelland. 

Esta região tem na sua maior parte uma altitude de 400 
a 600 metros sobre o nivel do mar, exceptuando-se numerosas 
collinas e montanhas de uma altitude de 1.000 metros e mais. Um 
clima temperado e chuvas frequentes tavorecem, em alto grão, 
a producção de forragem. 


Por este motivo, têm sido convertidas em prados a quasi 
totalidade do terreno apto ao cultivo na região dos Alpes e do 
Jura e a maior parte dos terrenos do Mittelland. Os prados e 
os pastos comprehendem mais ou menos 70% do terreno consa- 
grado à agricultura. 


22 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Ea 


No planalto, no Mittelland, vêem-se em grande numero os 
prados artificiaes (alfafa de tres a seis annos de duração) ao lado dos 
prados naturaes e dos pastos. 


Esta região é o centro da industria do queijo e do leite 
condensado. 


A criação do gado encontra seu sustento principal nos pastos 
que, na região alpestre, se estendem desde a altitude de 2.000 me- 
tros sobre o nivel do mar. Nesta região o gado fica durante o verão 
no campo ; na primavera e no outono está nos prados dos valles 
e nos pastos mais altos, ou alpestres. No Mittelland levam 
o gado ao campo no outono unicamente, porém ja costumam 
leval-o tambem na primavera. Em certas regiões do Mittelland 
e especialmente nas regiões de criação da raça Schwyz, manda-se. 
o gado aos pastos durante todo o verão, e as fazendas baseadas neste 
systema vão se multiplicando. À convicção está fazendo caminho 
que só aproveitando as influencias beneficas do pastegear se póde 
alcançar resultados satisfactorios na criação do gado. Nos pastos, 
os animaes encontram sempre uma forragem substanciosa e sã 
e quasi sempre agua nascente. A vida ao ar livre, fresco e puro; a 
necessidade de buscar por si mesmo a forragem e as naturaes 
correrias, exercem uma influencia muito saudavel sobre o desenvol- 
vimento dos animaes, ao bom funccionamento de seus orgãos, à 
sua força de resistencia e a sua fecundidade ganha muito com este 
systema, que contribue tambem para o augmento do poder de 
transmissão das raças suissas criadas methodicamente desde muitas 
gerações atraz, maximé em se tratando de cria pura ou de cruza- 
mento com raças estrangeiras. 


Desde os tempos mais remotos, as raças foram criadas puras 
na Suissa; a Schwyz e a Simmenthal, que comprehendem a 
Simmenthal propriamente dita, com manchas brancas e vermelhas, 
ea Friburgo, com manchas negras. À criação da raça Sim- 
menthal tem o seu centro na parte noroeste da Suissa, e a 
Schwyz, na parte sudeste. 

As regiões occupadas por estas duas raças principaes acham-se 
separadas por uma linha que vae de Constança por Zurigo e Brienz 
ao Matterhorn (Monte Cervin.) 


REVISTA DE VETERINÁRIA EK ZOOTECHNIA 


23 


O primeiro censo do gado realizou-se na Suissa, em 1886; 


o ultimo, em 1906. Nesses dous annos, os resultados foram os 


seguintes : 


TABELT:.A IN. 2 


Gado vaccum em geral 


fai EO — 
1866 1906 

TH TADNTO o 50 00 4 066 da dad CR 70.199 112.240 
EMA 0 co sc os H ossada Dado d bodas nado dpobdo 195.327 327.399 
IL Ceifia REL SLI ear tio eta deja ita aros coija a óo 65.349 II4.472 
Dic og dc ncbo od doc ana o dna dou Dada sara II.IO7 13.129 
SO TyVAVIZE ER ane hoje Ste aco ja alia aa oa aaa 00 23.473 36.283 
O Divaldo Pero o fee o So tar oio oral 8.988 14.234 
els LET DR o peponole eietalo a oroiornia elo arara dá 6.026 9.466 
CSendiSo oo dão snos nao RSS E E 9.208 12.307 
AVR Eos lo 6 DOC 900 ST adorno Ciara a e ERP 7.226 13.582 
Friburgo......ecseeseesessensesceneanos 59.821 106.373 
Solothurn........cecesteseceseeeserrões 28.315 44.444 
Basileadetdade eee a someone sales sa ss 1.644 aU] 
Basile ieamipana po sie sisjooio rr cisco e jo 14.043 24.370 
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— 


Augmento 


0/9 


59» 
67. 
75- 
18. 
54. 


58. 


57 


33- 
876 


77. 


56 


4. 
73. 
Alto 
49. 
SI. 
59. 

1 
So. 
82. 

2% 
48. 


20. 


89 
62 
27 
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57 
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«234 


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439 
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.522 
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649 
.068 
.988 
.787 
“735 
-394 
.821 
“719 
.589 


«245 


427 


1906 


15.215 


38.351 
14.136 


6.667 


785.577 


24 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Nestes censos as raças não estão classificadas. Entretanto, 
admitte-se, geralmente, que as raças Schwyz e Simmenthal, pro- 
priamente ditas, contam cada uma mais ou menos 650.000 cabeças, 
emquanto que a raça Friburgo, cuja criação se limite ao Cantão 


deste nome e a uma associação do Cantão de Neuchatel, conta umas - 


50.000 cabeças. No Cantão de Valais encontra-se mais uma raça 
pequena, de côr morena, que tem o nome de seu valle, a de Eringen, 

A raça Schwyz é, pelo que se sabe, a mais antiga das da Suis- 
sa, encontrando-se seus vestigios até na época lacustre. A Simmen- 
thal parece descender de uma raça que foi introduzida na Suissa 
pelos Borguinhões, dos que immigraram no seculo V, vindo do 
norte. Desde varias gerações as raças Schwyz, Simmenthal e Fri- 
burgo são criadas puras. ? 

Os fins que se tem com a criação das raças suissas de gado vac- 


cum são varios. O objectivo primordial em todas essas raças é a. 


producção de leite e de carne, tendo os animaes tambem aptidões 
para o trabalho. Em geral, trata-se de obter um peso vivo, mediano, 
sendo este peso um pouco maior e sujeito a menores variações na 
raça Simmenthal que na de Schwyz. 
As altitudes e as declividades, mais ou menos fortes; a diversi- 
dade da composição e a fertilidade do sólo, e, finalmente, a diversi- 
dade correspondente à manutenção e aos cuidados dados aos ani- 
maes influem de uma maneira preponderante sobre o tamanho e o 
peso vivo dos animacs provenientes de regiões e estabelecimentos 
differentes. Assim é que em algumas regiões se cria de preferencia 
gado de peso médio, ou de muito peso, emquanto que em outras se 
criam sómente animaes de peso leve. Nas regiões onde se cria a 
raça Schwyz, as differenças são mais notaveis, por causa da grande 
diversidade nos methodos de criação e da manutenção do gado. Os 
fins, porém, que se visa são os mesmos nas duas raças, com a unica 
differença, que nos animaes leves e menos cuidados a producção da 
carne e a precocidade são em geral menores. Em todos os casos, 
porém, trata-se de obter bôas condições de saúde e uma constituição 
forte. No verão, grande porte dos criadores do Mittelland leva os 
seus animaes ás pastagens alpestres, e demais existe intercambio 
mui activo entre os criadores dos Alpes e os do planalto. Desta 
região, na qual a industria do queijo e do leite condensado tem a sua 


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Raça Schwyz — Touro SUL IAN, nascido em 1895, de 3 annos de 
edade. Premiado varias vezes em Zug, em 12 classe 


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ScHwyz—Pastagem alpestre «Bamberg», perto de Brunnen (Schwyz) 


REVISTA DE VYETERINARIA E ZOOTECHNIA 25 


base principal, muitas crias se vendem aos estabelecimentos das 
regiões alpestres; são criadas alli em bôas condições e voltam ao 
planalto, donde sahirão, uma vez chegadas à edade conveniente, 
Por motivo deste intercambio, que, como já foi dito, é muito activo, 
as differenças que existiam noutros tempos entre os animaes prove- 
nientes de regiões differentes vão desapparecendo pouco a pouco. 


A raça Schwyz 


A criação da raça Schwyz tem a sua séde principal na região 
dos Alpes e suas ramificações. Esta região comprehende os Can- 
tões de Schwyz, St. Gall, Grison, Glarus, Unterwalden, Appenzell, 
Zug, Uri e Tessin em sua totalidade, e, em parte, os de Turgovia, 
Zurigo, Argovia, Berna (o valle do Hasli) e Valais. 


O Cantão de Schwyz era conhecido desde tempos atraz por ter 
o melhor gado desta raça. Conscientes deste facto, os criadores das 
outras regiões compravam nesse Cantão não sómente os touros que 
necessitavam para a criação, mas tambem muitas vaccas e novilhas. 
Por esta razão e pelo intercambio muito activo existente entre os 
estabelecimentos do planalto e os das regiões montanhosas, os 
typos differentes que existiam outr'ora vão se perdendo de tal 
maneira que o que antes era particular ao Cantão de Schwyz se 
encontra hoje em toda parte, onde se cria esta taça. Por este motivo 
têm-se abandonado todas as denominações anteriores e hoje em dia 
não se falla mais senão na raça Schwyz. 


Os animaes leves desta raça encontram-se naturalmente de pre- 
ferencia nas regiões das altas montanhas com suas fortes declivida- 
des, onde a forragem é menos abundante. Assim é que encontra- 
mos os typos mais leves na região do Gothardo e especialmente nas 
partes mais altas dos Cantões de Uri, Valais, Glarus, Grison e 
Tessin; Isto não impede que haja tambem, ás vezes, nas regiões 
alpestres animaes de bastante peso, assim como leves nos valles. 
No que se refere à sua qualidade, succede o mesmo. O Cantão de 
Schwyz mantem-se sempre no primeiro posto, seguido de perto 
pelo de St. Gall; encontram-se, porém, nos demais cantões criações 
inteiras e animaes soltos que valem mais que aquelles, 


E Vá 4 


26 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A côr dos animaes desta raça vae de moreno-escuro ao 
cinzento-escuro (côr de café e de castanha), ao moreno-claro e 
cinzento-claro. As côres extremas vêem-se de preferencia nos 
animaes leves. Predomina, hoje em dia, a côr cinzenta (côr de . 
camondongo) e seus differentes matizes, do claro ao escuro. À côr 
muda com a estação. Nas córes cinzentas (côr de camondongo) e 
castanha, nota-se menos essa mudança. Conforme a parte do corpo, 
a côr é mais ou menos pronunciada. 

Todos os animaes têm o focinho côr de chumbo, com um 
ribete mais claro em redor. Mais claro que o resto do corpo são 
tambem: o labio inferior, o interior das orelhas, a parte interior 
dos membros, especialmente dos anteriores, o ubere e o escudo. 
Em geral, os animaes têm no lombo uma listra mais ou menos 
clara, mais ou menos ampla, às vezes cortada, que se estende da 
cruz à cauda. 

Descripções de épocas anteriores demonstram que as manchas 
brancas nos pés éram bastante frequentes. Até pelo meio do seculo 
passado, os animaes com uma mancha branca na fronte não eram 
ainda excluidos dos concursos, porém desta época em diante foram 
pouco a pouco despreciando-se e hoje em dia não se admitte nos 
concursos e não se premeia animaes com manchas, a não ser que 
estas se encontrem na parte inferior do ventre. Os animaes que 
ostentam manchas mais por cima e em outras partes do corpo 
ficam excluidos. O pello de côr ruiva não encontra muita acceitação 
tampouco. E de notar, porém, que nos animaes expostos ás intem- 
peries nas regiões alpestres cresce um pello sujo, ruivo, que 
desaparece com a mudança de clima. 

No que se refere às fórmas do corpo, os animaes criados e 
mantidos racionalmente ostentam uma figura de certa elegancia e 
fineza, que dão ao mesmo tempo uma idéa de saúde, de força de 
resistencia e de faculdades. À cabeça é quasi sempre pequena e 
fina. As ventas alargadas encontram-se com bastante frequencia. 
Uma fronte ampla, chifres pequenos, virados para cima e uma boca 
grande fazem parte das senhas ordinarias. O collo é de uma largura 
média e coberto de pello fino com rugas. Encontram-se a miude 
animaes com peito estreito, consequencia de tratamento deficiente; 
em geral, porém, esta parte é bem constituida. O lombo é largo 


Raça Schwyz — Novilha SELINA, nascida em 1903, de 
2 14 annos de edade. Peso vivo 650 kilogrammas, prenhada de 
20 semanas. Premiada em Milano em 1906, com diploma de 
honra e medalha de ouro. 


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J) 


Raça Schwyz — Vacca MIGNON, nascida em 1901, de 3  annos 
de edade. Premios: Frauenfeld e Arth, em 1º classe 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA Pl 


e bastante amplo, as ancas são amplas e bem desenvolvidas, 
O tronco inteiro, no seu grande desenvolvimento longitudinal, 
demonstra bôas faculdades leiteiras. 

Os membros são em geral bem aprumados, raras vezes gros- 
seiros, geralmente fortes e robustos, se bem que finos. À maior 
parte dos animaes tem quartos com bôa musculatura, canellas 
curtas, rodilhas, travadouros e cascos fortes. 

Animaes novos, criados nas fortes encostas dos Alpes, têm 
às vezes o corpo um pouco inclinado para traz ; este defeito, porém, 
desapparece quasi sempre com a edade. 

Em geral, o gado da raça Schwyz não é alto sobre as pernas, 
o que lhe dá um aspecto de força. Os ossos são geralmente mais 
fortes que em nenhuma outra raça que tem as mesmas qualidades 
leiteiras. Isto prova que o criador trata por todos os meios de 
manter e augmentar o vigor e a força de resistencia de seus 
animaes. 

Para a qualificação dos animaes recorre-se muitas vezes à 
medição das differentes partes do corpo. Damos em seguida os 
termos médios das medidas tomadas na exposição nacional de 
Frauenfeld, no anno de 1903. 


TABELA N. 2 


TOUROS TOUROS NOVILHAS 
reproductores de 2 | reproductores de 3 de 2 a 3 annos VACCAS 
a3 annos de edade annos acima de edade 
em % | em | % | em | % em % 
patetmanda cabeça! reis ess oro ereine 54 31.8 57 32 50.5 32 52.5 Dita) 
» Go) fu dorae o a ar 170.5 100 179 100 I59 100 165 100 
» COBDSIO es io termcleseieiroe 79.7 47 85.8 48 Tan 46.2 79.9 46 
Profundidade do peito.......... 74 43.5 78.3 44 69.8 44 72.6 44.2 
Amplitude do peito............. 54.1 31.8 58.7 32.6 47.8 30.4 49.2 29.7 
» (nto) MopaofojoJu pia fra Db oia 42 24.7 44 24.7 41.4 25.9 42.2 Dão) 
Paventa da DACIA ee eis e sis era ióia o 57.6 34 60.5 34 52.7 33.5 54.3 22h17 
Amplitude das cadeiras......... 55 32.4 59.1 33.1 54.2 34.2 57.3 34.5 
Espaço entre as articulações das 
CAQCITAS no a piaraio 0reco 1» petaro pavor 54.2 31.8 57.6 32.5 SI DOS 52.6 Pot 
RITA A CUL creio sos ro sis a sois ii o I41 82.9 146.8 82.6 134.1 84.8 135.9 82.4 
Altura do osso sacro... ......... 146 85.9 149 83.7 140.2 88.6 140.9 85.4 


28 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


No que se refere às faculdades de trabalho, deve-se ter presente 
que, tanto no planalto, como nas regiões alpestres, o cultivo do 
trigo tem diminuido constantemente nos ultimos 25 ou 30 annos 
e devido a esta circumstancia não se vê mais, senão raras vezes, 
bois da raça Schwyz. No logar delles empregam-se geralmente 
vaccas ou novilhas para os trabalhos no campo. Nos confins das 
regiões de criação encontramos às vezes bois da raça Simmenthal, 
os quaes são mais precoces e se tornam mais pesados. Isto não 
impede que a raça Schwyz produza bons animaes de trabalho. 
Seus cascos negros, duros e fortes e seu temperamento vivo 
prestam-se muito ao trabalho e permittem seu emprego até nos 
caminhos batidos. 


A faculdade de engordar é bôa e a qualidade da carne excellente. 
O peso vivo dos animaes do typo pesado é satisfactorio e poderia 
ser maior em varias regiões se se tivesse em conta aquella faculdade. 
O peso médio das vaccas adultas do typo pesado é de 600 a 650 
kilogrammas, o dos touros, de 850 a 950 kilogrammas. Muitas 
vezes as vaccas alcançam um peso vivo de 750 a 800 kilogrammas 
e os touros, de 1.000 a 1.100 kilogrammas. 


Damos em seguida o termo médio do peso vivo dos animaes 
que figuraram na Exposição Internacional de Milão, no anno 
de 1906. 

; TABEL TA N. 3 


FRAUENFELD 1913 MILANO 1906 
— ESAdOS E o, pes a en 
Termo médio Maximo Termo médio Maximo 
I 
Touros reproductores de edade de E ' 
SFA 22 ez est Sea Da Ra 595 689 606 680 
“Touros reproductores de edade de 
PRE EO sd DE ad da de U avo wuia Bob ai 888 
“Touros reproductores de mais de SRT 940) 
2 BUD ILOS ASen do papa ane a Rr ENS 941 I.I45 
Novilhas de 18 a 22 mezes de edade. 438 493 404 E 4I5 
Novilha de'2 ais larmnos e A 613 732 
Novilhas de mais de 3 annos de Gem ir 735 ai 
edade. sl s/oriio areloio o/a ioonton tolas A Ro 658 727 
VaccaS bi rev a probe poe rolo e aaa So 674 868 721 865 


-+ Na maior parte animaes de 2 a 3 annos de edade. 


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Raça Schwyz — “Touro TELL, nascido em 1900, de 2 annos de edade, 
Premiado varias vezes em Zug, em 12 classe 


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Raça Schwyz — Vacca LucIA, nascida em 1897, de 6 14 annos de 
edade, Premios: Frauenfeld e Muri, em 12 classe. Producção leiteira, 
entre dous partos, de 11 de Maio de 1903 a 7 de Abril de 1904, 11, 
21 litros por dia, 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 29 


di 


O rendimento em leite é muito bom, tanto pela quantidade, 
como pela qualidade. A raça Schwyz já ha muito tempo tem 
firmada a sua reputação como excellente leiteira. Se bem que na 
verdade no que se refere à quantidade é superada pelas das dos 
paizes baixos, não é menos certo que o seu leite é mais rico e a sua 
força de resistencia é maior. Damos em seguida os resultados de 
algumas observações feitas sobre a producção de leite: 


1— F. ROSLI— FREY, WARTENSEE — SEMPACH 


No verão, os animaes alimentam-se com forragem verde, uni- 
camente; no inverno, recebem forragem secca e, segundo a qualidade 
desta, 1 1/2 até 2 kgs. de farinha de gergelim. Na primavera e no 
outono, o gado vae para o campo pelo espaço de tres a cinco 
cinco semanas. Effectivo do rebanho: 16 a 21 cabeças. 


TABELA N. 4 


ANNO Médio por vacca Por dia Conteúdo em graxa 
160 code de spo dp Ser 3515,4 litros 9,6 litros 3,90 W 
ESCAPE RR RS Lobo a e toi essere anca atari 3707,9 » IO, I « 3,80 ) 
SOR Ep DO an e as Pr A, | 3688,4 » I0,I » 3,55 » 
DV Viera BbmerE ETERNA RAR | 4068, 2 » 11,1 » ES» 
UV so bo OB PR 3625,0 » 9,5 » 3,60 ) 
VS o po beca 5166 era Era OE RR RR | 3534,0 » 9,7 » 3,80 » 
O esco ds Edno À Ro ENA VAR 3825,0 » 10,5 » 2,85) 
DO O E ED bojo to sioMoyaio oro coro aola o feio oo! é cp 65 | 3655,6 » 9,8 AE: o is DD) 


2 — ESTABELECIMENTO DE MAGGI, KEMPTTIHAL (ZURIGO) 


Todos os animaes que se encontram actualmente no estabele- 
cimento foram criados ahi mesmo. A criação se faz da seguinte 
maneira: 

Aos terneiros dá-se a beber em baldes ; recebem por dia, em 
duas vezes nos primeiros quinze dias, de 6 a 7 litros de leite. Desde 
a terceira até a decima semana, as femeas recebem 8, os machos 


30 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


10 litros de leite, diariamente. Depois desde periodo, costuma-se dar 
aveia, na quantidade de 3/4 a 1 kg., conforme o sexo e o destino | 
que se quer dar à cria. 

A aveia, depois de haver sido transformada no mesmo estabe- 
lecimento em farinha grossa, é cozida e misturada com leite. 
Na edade de 16 ou 18 semanas para as femeas e de 26 semanas para 
os machos, dá-se-lhes leite e aveia crúa e quebrada até a edade de 
nove mezes. Se o tempo o permitte, leva-se-os ao campo e na edade. 
de um anno transfere-se-os para a montanha. Em Janeiro ou Feve- 
reiro, as novilhas são reunidas aos touros, porém não se as deixa 
cobrir antes da edade de dous annos. 


As vaccas vão para o campo na primavera e no outono durante 
umas seis ou oito semanas. No verão, recebem exclusivamente tor- 
ragem secca de bôa qualidade: 1/2 kg. de milho, 1/4 kg. de favas e 
3/4 kg. de fezes de cerveja. O milho deve ser quebrado, molhado e 
misturado com as favas e as fezes. 


O rebanho conta mais ou menos 250 a 300 cabeças, das quaes 
100 vaccas; 80 a 90 destas se encontram reunidas no mesmo 
estabulo. 


TABELL A N. GB 


ANNOS Enbecas Producção do leite por anno e vacca Termo médio da riqueza OBSERVAÇÕES 
em litros em graxa 
1900/01..... 72 5309 3875 | Io,61 2267 4,78 4,01 2,98 
1901/02..... 68 5266 3202 8,77 2194 4,65 3,95 3,00 | Febre aphtosa. 
1902/08..... 69 5380 4093 TAL 2 2379 4,9 4,02 3,20 
1903/04..... 71 5207 4071 OE NUS 2416 4,96 4 3,15 
1904/05..... 65 5311 4178 | 1,36 2628 4,79 4,01 3,05 


3 — DADOS RECOLHIDOS PELA UNIÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE CRIADORES 
DA RAÇA SCHWYZ 


Esta União tem feito por si mesmo averiguações sobre produ- 
cção de leite em varios estabelecimentos. Damos em seguida os 
resultados principaes: 


REVISTA DE VETEHRINARIA KH ZOOTECHNIA 


TABEL TA IN. G 


u Ro) E ê Produçã bi 
E E E Producção média por periodo de lactação 1365 Re 
e o E dA So A ES ME o DO IoDA ca di pm 
E] E E (ese aim 
) ) E q Ex [= 05) 
ESTABELECIMENTOS Se |-S5 Leite Substy | P Subs te p Por 
ESPE DAS E Graxa Graxa Total : 
Ss | 'SS | SEE I|Total seccas seccas dia 
dE E 
S| à ã kg. kg. kg. º/0 2/9 kg. | kg. 
Asylo cantonal em Wil 
(St. Gall) : 
TEA usa ER No | Sam Ao No 6rA an ao 66) mona Be) 12,81 || 2262, 1 || 8,94 
DE o o E O AP E PR 8 | 386 397 | 5005,2 | 193,28 | 650,72 3,86 13,00 | 3509,8 | 9,89 
EN o ra pre AN 490 | 4578,7 | 173,70 | 583,37 o DO) 12,74 | 3838,6 | 10,64 
USA Deca e te aus 457 | 4996,1 | 189,70 | 653.68 Sa 13.08 | 3985,8 | 10,92 
Total e termo médio....| 25 | 369 MRS 6a 7 Dara US So o an a men rzior |Pa67a/2!ro; (97 
Casa de pobres de Kap- 
pela. A. (Zurigo): 
GORE nr re e a crerelo o tio 3 | 459 500 | 5890,8 | 241,08 | 787,37 4,09 | 13,37 | 4299,7 | 11,78 
DO 04BE Rn meo ano 4 | 425 495 | 5452,7 | 201,84 | 681,17 TO | moro | AlZis 7 || sbt 
VV cana e ee 4 | 356 442 | 4984,3 | 209,76 | 653,69 A Zi | NAS e, ANDAS | todo 
NO0GE es caos a 2 | CRB 705 | mroojL| | 301,92 | 974,23 AS o ne Te | SDS | 1007 
Total e termo médio....| 13 | 543 535 | 5956,9 | 238,25 | 774,11 | 4,06 | 13,18 | 4094,6 | 11,05 
H. Bryner, administra- 
dor em Riesbach 
(Zurigo) : 
DOS ia manada aviao 392 | 4385,0 | 169,60 | 580,75 e | TO, 2% | ATO | MÓS 
LO aids RG EA 4 | 400 431 | 4957,8 | 177,77 | 636,99 3.58 12,650 | SATA |, 27 
USO Benassi | 265) 501 | 5508,4 | 209,60 | 717,45 25 OA | ROS | OO 
1906 neta aa rar o 2 | 591 699 5759 2] Boto an o 6zi2a So Óp NGpDA | BODE | NO 
Total e termo médio....| 14 | 449 49 | 5152,7 | 193,43 | 674,35 | 3,79 | 13,08 | 3851,8 | 10,45 
Estabelecimento correc- 
cional Bizi (St.Gall): 
DOM es sito orders teca a é o 2 | 445 484 | 3884,4 | 160,24 | 531,49 AL Non po 682952, 8 E 809 
MOO ss is eras lares seita oo 2 357 463 | 3645,4 | 162,90 | 504,88 4,47 13,65 | 2967,5 8,13 
Total e termo médio,...| 4 | 401 473 | 3764,9 | 161,57 | std, I8 Abizon nao No go or NS ir 
J. Ziehlmann em Man- 
nenbach, perto de 
Schlúpfheim (Lu- 
(epolay) d 
LO ER po sas o ves o) va a80] Es229 1 ros) |O ia do Tél 12,96 | 4894,6 | 13,41 
DE A E A atoa sr CRE A IRA q Pzêz 332 | 4554,4 | I74,07 | 58546 neo | nafis || snao yo ID td, DÃO) 
3 | 306 360 | 4888,7 | 184,73 | 631,49 3,78 | 12,90 | 5020,5 | 13,70 
Casa de educação de 
Linth em Ziegelbrii- 
cke (Glaris): 
Mo ares rsss nose ro opala) 378 | 3879,5 | 153,69 | 516,98 amoon Era 32 BoA 20 nO 2 
Casa de educação de 
Linth em Ziegelbrii- 
cke (Glaris) : 
ra DEE RA 5 | 345 395 | 3447,1 | 139,21 | 461,20 4,04 13,38 | 3479,5 | 10,08 
Total e médio do conjunto, 72 | 419 480 | 4985,8 | 196,10 | 658,15 3,88 | 13,08 | 3806,2 | 10,44 


32 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LNLNLNLNLNLNLNLLL RL RSL LS SS SS AS RS RS RS SS RS OS TS AS RS RS SS SS RS RS RS RS NS SS DS RS NS RS TI NA A a a a 


4 — PRODUCÇÃO DE LEITE NO ESTRANGEIRO PELO GADO 
DE RAÇA SCHWYZ 


Na fazenda dependente da Academia Agricola de Bonn-Pop- 
persdorf (Allemanha), estão-se fazendo desde 1896 provas com o. 
objectivo de determinar as faculdades leiteiras de varias raças de 
gado vaccum, submettendo os animaes a uma alimentação mui 
abundante. Para tal fim foram compradas no outono de 1900, nos 
Cantões de Schwyz e de St. Gall, 14 vaccas da raça Schwyz. 
A producção de leite durante 21 periodos inteiros de lactação deu os 
seguintes resultados: 


TABELA N. 7 


Termo médio Minimo Maximo 
Prodiccao annvalspor vacedr eo 5150,01 Kg. 3838 kg. 7315 Jeg 
» » por 1.000 kg. de peso 
POLO sobrava cds doe cda dado dados BDans 9107,46 kg. 6733 kg. 13062 kg. 
Conteúdo em graxa do leite-........... 3,599 % 3,130 W 3,892 % 
» substancias seccas............ 12,759 % 12,092 % 13,371 % 
Rendimento em graxa por anno e vacca 185,3 Jg. 144,4 kg. 269, 4 kg. 
» » » por 1.000 kg. de 
DESOLVANVIO Apto ae der ta Siena aa) cl ao E 327,6 kg. 240,7 Kg. 481,0 
Peso vivo dos animaes...... 567 kg. 451 kg. 657 Kg. 


Annotamos em seguida os quatro periodos de lactação das 


vaccas sujeitas à prova, que tem dado os melhores resultados: 


TABEL TA NN. 8 


Quantidade de leite por | Quantidade de leite cal- | Termo médio da riqueza 
CRIADOR periodo de lactação culada por 365 dias em graxa 
I. J. Burgi-Greiener em Arth (Schwyz) 9308 kg. 6585 kg. 3,81 % 
Di » ERRA ro O 7595 » 7315 » 3,68 % 
2. » DRT BASS dr 7979 - » 6223 » 3,50 % 
4. » D CoBpodoosonc 7983 » 7055 » 3,65 % 


O gado Schwyz goza ha muitos annos já de uma reputação 


estabelecida no estrangeiro. Exportam-se vaccas leiteiras em grande 


HOTEL AVENIDA 


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occupando todo o quarteirão e podendo hospedar 
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Aos Srs. Avicultores “Phosphato Arago” 
aconselharos o uso do 

GRANULADO, PARA GALLINHAS, que é um alimento 

valioso de dosagem natural, dando-lhes faculdades especiaes de 

postura e engorda e preservando-as das multiplas enfermidades 


decorrentes da pobreza de acido phosphorico na sua fórma assi- 
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Analysado pelo Posto Zootechnico Fe- A” venda em todas as casas de 1º ordem 


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spectos dirijam-se ao Agente Geral U h es e a 


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—A HOoRTULANIA, rua do Ouvidor n. 77. — CASA JARDIM, rua Gonçalves 
Dias n. 38.—CAsA FLORA, rua do Ouvidor n. 61.—Fr,. PETROPOLITANA, rua 
Gonçalves Dias n. 17. — SABROSA & Come., rua da Candelaria n. 1.—Hop- | 


4--KINS, CAUSER & HoPKINS, rua Theophilo Ottoni n. 95.4 6-4 | 
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t CARRAPATICIDAS Casa fundada em 1868 e 
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Quatro cousas de que nos devemos lembrar 
1º A MACEINA DE ESTANTE RENINGION Emas amada O mm É 


total destas machinas, em uso no mundo inteiro, excede de 700.000. 


do À MAGRINA RGMNGION- WAL para sommar e subtrahir. Permite 


escrever e sommar ou subtrahir em uma só operação. Cabe incontesta- 
velmente o primeiro logar ás machinas desta categoria. 


à À MACRINA DE CALOULAR TRIUMPRATOR À unica que se presta sa- 


tisfactoriamente para as exigencias das repartições publicas. Faz qual- 
quer das quatro operações com uma méra volta de manivella. 


4 ADBSINOS DE AGO amarei ofereça 


mais as destruições dos roedores. Esta casa tem todos os estylos e tama-— 
nhos adoptados nos departamentos e archivos dos governos estrangeiros. 


CASA PILA'T'T 
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AGÊNCIAS E FILIAES EM TODOS OS ESTADOS 
Peçam maiores esclarecimentos sobre os artigos acima mencionados. o 


( POADEEDOADOIDS ID SIPOIDOIDOADO ADS ADICDOSDO DS IDSADOSFOSDOADOLDOS 


AMAM A ALAS 


APOTDCIDCAL AP OAPEAPOADOLDOSDO. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 33 


SD a) 


numero para a Italia e tambem para a Allemanha, onde já existem 
raças leiteiras muito bôas, assim como para a Hespenha, A França 
tambem fez suas compras na Suissa, antes de tomar na fronteira 
medidas que equivalem a uma prohibição. Os touros reproductores 
encontram seu mercado princiqal na Italia e na Allemanha, porém, 
vão tambem para outros paizes como sejam Estados Unidos, Brasil, 
Mexico e Japão. Por toda parte os resultados obtidos têm sido muito 
satisfactorios, tanto no que se refere ao desenvolvimento de suas 
faculdades e de suas qualidades em geral, como sob o ponto de 
vista de sua resistencia. 


A raça Simmenthal 


O gado desta raça encontra-se principalmente na parte 
noroeste da Suissa. Nos Cantões de Berna (com excepção do valle 
de Oberhasli), Solothurn, Basilea, Schaffhausen, Vaud, Neuchâtel 
e Genebra, cria-se quasi que exclusivamente gado desta raça; nos 
Cantões de Thurgovia, Zurigo, Argovia, Lucerna e Valais, cria-se 
por metade as raças Simmenthal e Schwyz. 


O Cantão de Friburgo cria gado Simmenthal e da raça de seu 
nome, manchado de preto. Os limites das regiões de 'criação tanto 
em geral, como nos Cantões, são bem marcados e por toda parte as 
raças criam-se puras, 


- Nas regiões destinadas à criação do gado Simmenthal, com 
manchas vermelhas, amarellas e amarelladas, existiam em tempos 
anteriores varios typos differentes, que têm desapparecido nos 
ultimos decennios. Desde varios seculos, o valle do Simmenthal, 
no Cantão de Berna, com as suas magníficas pastagens, occupa um 
logar de preferencia na criação do gado desta raça; dahi têm sabido, 
sem interrupção, reprodutores adquiridos pelos criadores doutras 
regiões. O impulso dado por este gado à criação em geral tem sido 
tão forte e sua influencia tão benefica que hoje em dia toda a raça 
traz o nome deste valle. 


À côr do gado desta raça é o vermelho mesclado de branco. 
Os matizes das manchas vão do amarellado ao ruivo escuro (côr de 
cereja). À cabeça, as partes inferiores das pernas, o ventre e o ubere 


Mir We 


34 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIU 


são em geral brancos, porém encontram-se tambem animaes com 
manchas nestas partes do corpo. Animaes inteiramente brancos 
ou com poucas manchas não são apreciados. 


Os chifres, o focinho eos cascos têm pigmento claro e são 
em geral de uma côr branca amarellada à da de palha. Animaes 
com manchas escuras têm, às vezes, as pontas dos chifres de côr 
ruiva, os cascos com listras e manchas escuras no focinho, o que 
não se deve considerar como indício de raça impura. Em geral, 
as manchas vermelhas e brancas são bem marcadas e nitidas. 
Succede, porém, ás vezes que se confundem por meio de uma listra 
de dous ou tres centimetros de largura, formada em consequencia do 
pello branco ou amarello. 


Manchas escuras ou pretas em qualquer parte do corpo são 
indícios seguros da impureza da raça e devidas ao cruzamento com 
outra raça. Essas manchas, quando as ha, vêem-se principalmente 
nas orelhas, na bocca (no beiço inferior), nos chifres, no pescoço, 
nos membros, especialmente nos cascos e na ponta da cauda. No 
gado Simmenthal, as fórmas do corpo e os signaes caracteristicos 
são a expressão fiel de uma raça criada em vista de fins combinados. 
O conjunto tem um aspecto de muita força, sem ser grosseiro 
ou tosco, como o foram os typos das alturas, antes de sua 
selecção. 


A cabeça é de tamanho médio, até pequena e magra; a fronte, 
as queixadas e a bocca são bem desenvolvidas; o pescoço é mediana- 
mente largo, forte e bem atado á cabeça e ás espaduas. O peito é 
largo, amplo e profundo, e o desenvolvimento das costellas, normal. 
As espaduas são amplas e bem atadas á cruz e ao peito; o lombo é 
forte e amplo, as ancas amplas e com bôa musculatura; vêem-se, 
ás vezes, animaes com ancas altas e a cauda plantada demasia- 
damente alto. Este defeito era frequente ha alguns annos, porém 
tende a desapparecer pouco a pouco por uma criação racional. Os 
membros são fortes sem serem toscos, com bons musculos, amplos 
e seccos nas articulações. As canellas são largas e seccas, Os cascos 
de fórma redonda e bem proporcionados. 


A pelle é de espessura média, e ao mesmo tempo elastica 
e movediça. O escudo tem o desenvolvimento normal. As patas 


N q So 


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Raça Simmenthal — Novilha ADLER, nascida em 1º de 
Março de 1906, de 3 annos e 3 mezes de edade, prenhada de 
30 semanas. Premiada na Exposição Agricola do Cantão de 
Lucerna, do anno de 1909, no 5º logar, com 79 14 pontos. 


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Raça Simmenthal —Vacca LoRLE, nascida em 12 de Março 
de 1895, de 6 annos de edade, tres partos. Premios: 1899 e 1910 
em Schmitten (Friburgo), com 82 a 84 pontos. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 35 


posteriores são bem aprumadas, às vezes os curvilhões um 
pouco afastados. 

Animaes com um tronco amplo e baixo e com membros de 
grossura média, fortes, com bons musculos, são os que corre- 
spondem melhor ao typo do animal destinado a varios fins. Animaes 
com pernas altas, tronco estreito e mal desenvolvidos não são em 
geral muito aptos ao trabalho. 

Os animaes expostos na VII Exposição Agricola Nacional, que 
se realizou em Frauenfeld, em 1903, tiveram como termo médio 


as seguintes medidas: 


TABELT.A N. O 


SAN tonida Me 85 vaccas de 42 novilhas de 
dade ala de A gniós edade média de 5 annos | edade média de 2 amnos 
e 4 mezes e mezes 
TSE TT RENT EO PAS Td E 
em a) em o em 0) 

Tasca dlo) (nu ando aco op Pa aa pp pano 188,3 — 168,9 — 160,7 — 

u ÓlEL CAIDECAs 00 ppa oo Dabb ovo do 56,5 30,0 2/61 30,8 50,2 Vi 2 

) do MENTZZgo DDad e POCRBL DES 28,1 14,9 26,8 15,9 25,7 16,0 

» CLONDENLO E seroparenafararavsi e ietareretatire ano 86,5 45,9 74,5 44,1 71,8 44,7 

Profundidade do peito... .......csss. 86,3 45,8 76,5 45,3 73,6 45,8 

Aro ittideldo peito-b Meda 62,1 33,0 207 BZ E 50,6 tos 

» dovlomibos. -=/.». Lies meo erro 46,1 24,5 42,0 24,9 41,4 25,8 

age tnanda Dacia assa sais ans eia orarei 65,6 34,8 55,3 az 52,9 32,9 

» das cadeiras: . mo as eme 63,0 25) 58,1 34,4 TR 24,4 
Espaço entre as articulações das ca- 

SAS 0. do qm o Bloc 61,4 32,6 54,2 pn 52,6 B2. 

Abi colEL (ese biz cur ne ee ENE ARE PPP RR 156,0 82,8 I47,0 87 143,9 89,5 

UT OSS OISACÃO?: sia 0,» eusjsre s aivnjo o oia 156,9 0,9 I51,9 4,9 I50,0 6,1 

» das rodilhas posteriores....... 39,3 20,9 40,2 23,8 40,7 25,3 

PEC O NETO ion s o8o a seres eitisio a aún 55,6 29,6 Sans tl 54,5 28,19 

Circumferencia do peito:......cccs 238,0 — 211,1 q 201,5 | = 


No momento de nascer, os terneiros têm um peso vivo médio 
de 40 a 45 kgs. Com a criação racional de costume alcançam na 
edade de 6 mezes um peso médio de 180 a 225 kgs., a 12 mezes 


36 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


de 280 a 325 kgs., a dous annos de 500 kgs., mais ou menos, e na 
edade de 3 annos, geralmente na occasião do primeiro parto, um 
peso de 600 a 750 kgs. Vaccas adultas do typo meio pesado, não 
prenhes, têm um peso de 600 a 750 kgs. e excepcionalmente 
a 850 kilogrammas. 


O augmento do peso nos machos é mais rapido e o peso final 
muito mais elevado. Na edade de um anno, os touros alcançam um 
peso de 400 kgs., na de 2 annos de 750 kgs. e na de 3 amnos, edade 
na qual acabam geralmente de crescer, de 900 a 1.000 kgs. e mais. 
Aos 4 annos, os touros adultos de um desenvolvimento normal 
têm um peso de 1.000 a 1.200 kgs. Os bois chegam à edade 
adulta aos 4 ou 5 annos e alcançam um peso vivo de 900 a 
1.000 kilogrammas. 


Os animaes em mostra na Exposição Agricola de Frauenfeld, 
no anno de 1903, e na Exposição Internacional de Milão, em 1906, 
tinham como termo médio o peso seguinte : 


TABELA Ns. LO cll 


FRAUENFELD - 1903 MILANO - 1906 
ANIMA ES 
Médio Maximo Médio Maximo 
Touros reproduetares de TS/ai22 mezes de edade Ras: 665 | 784 695 745 
» » de 2'aislannos de edade?r E errar 878 1.099) 
r972/+ | 1,195 + 
» » de mais de 3 annos de edade........... 1.045 Ho |) 
Niovilhaside 18 alzzimiezes deledade cs pia e ss - 842 591 — = 
» deitar ianmos deledalde En aa 662 788 
: PAS) TT 852 + 
» de mais de 3) annosi de 'edade: kina da 739 828 |] 
VENCE a du po vas Diabo da CU AS NAS Va sblaBa 0 dp o dco Bo do da pesado 750 930 792 890 


(*) Na maior parte animaes de tres annos. 


Os touros reproductores levados às feiras-exposições organi- 
nizadas pela União das Associações de Criadores de Gado Sim- 
menthal, e que se realizaram em Ostermundingen, perto de Berna, 
nos annos de 1901 e 1903, foram tambem pesados e deram |os 
seguintes resultados : 


Raça Simmenthal — “Touro BISMARK, nascido em 1902, 
de 3 annos e 9 mezes de edade. Peso vivo 1.200 kilogrammas. 
Premiado varias vezes no Cantão de Lucerna e na Feira-Expo- 
sição de Touros Reproductores de Ostermundigen, Berna, em 
12 classe e em Milano com diploma de honra e medalha de ouro. 


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Raça Friburgo — “Touro CAPIrAINE, nascido em 1900, de 
4 4 annos de edade. Peso vivo 1.210 kilogrammas. Premios : 
Bulle 1904, 1905 e 1906, 12 classe. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 37 


TABELA. IN. 12 


1901 1905 


me A | RA, 
EDADE — MEZES NOMEro Peso vivo Número Peso vivo 
de TT ME E R de E CNA MES TT TÁ 
- animaes Médio — kg. | Maximo — kg. animaes Médio — kg. | Maximo — kg. 

25 era O E RE PETER I6 Ro 347 20 291 350 

lol Dto Rvp  EO R P 53 Geo ua 458 SI 324 393 

ES as a Gera E 7o 353 440 53 347 454 
UM O Lagoa cassa ERA 31 394 465 22 376 485 
1 a Pe a 5 395. 475 IO 412 489 
o abs So o 5 458 524 — — = 
HE Ds 6 cos nona 8 447 620 13 494 554 
UI o De di A I2 525 593 I4 543 649 
EES rsss us I6 549 650 17 556 657 
DOS asc anseios é sarro 22 583 695 32 577 687 
VGA Ro a IA Pe 49 589 743 As 600 695 
Nono Pa Mod Neg oco ao jo 0 76 604 745 69 622 745 
De)! = PAPA SRS RR 49 648 777 45 650- 810 
AA E EEE EN I3 686 838 14 6I5 740 
DE e jao om o js oialo amos 7 738 785 — — — 
rolar do PRE TE PR PA 5 ot o 843 — — — 
EN pe o RN 8 845 956 — — — 
Aid di e PR PR 8 821 859 5 883 941 
CORA a ro Re 8 833 925 5 + 905 978 
De ganhos aeima,-.- si 4 976 I.000 7 TONY 1.060 


-- De 34 a 35 mezes de idade. 


Em caso de engorda racional, a raça Simmenthal dá resultados 
muito bons, tanto pela quantidade como pela qualidade da carne. 
À prova encontramol-a nos mercados de animaes de talho do paiz 
e do estrangeiro, onde esse gado é muito apreciado. À carne é firme, 
“com fibras finas e bem provida de gordura. Os melhores resultados 
obtem-se com bois, novilhas e vaccas novas; porém, as vaccas 
leiteiras de 8 a 10 annos de edade dão em geal bons resultados. 

O rendimento em leite da raça Simmenthal é bom e tem 
augmentado de maneira notavel nos ultimos decennios. Tomando 
em conta sua riqueza em graxa e em substancias seccas, póde-se 
afirmar que o rendimento não é inferior ao das melhores raças 
leiteiras conhecidas. 


38 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A Escola Agricola de Rútti, perto de Berna, que é um estabe- 
lecimento do Estado, possue, desde o anno de 1873, uma conta 
exacta da producção de leite, dando os seguintes resultados : 


TABELT:A N. Is 


MÉDIA DA PRODUCÇÃO LEITEIRA Maximo Minimo 
ANNO da producção | da preducção 

TERMO MÉDIO N. DE VACCAS Por vacca e anno Por dia de annual annual 
Kilogramma manutenção Kilogramma Kilogramma 
ESG STA co to sito 20—26 2.970 8,13 4.288 1.661 
SAS 1SS2 a E I9—22 2.951 8,08 4.091 1.550 
ISS3= ASS et 20—25 3.106 8,50 4.363 2.166 
1894-1895... pes 37—38 3.504 9,60 — — 
1896-—1900................ 35—37 3.792 IO, 38 5.484 2.263 
RD UR RT 6 e RS UE E 39 4.020 | II,OI SAT 2.020 
E RO o Ea ERR DE 39 3.928 Io, 76 5.657 2.067 
DOS res dedo ele RE 43 4.062 LO 5.825 2.585 
1904 es li ae sis e dE 40 3.933 10,75 5.160 2.718 
190 ae ro sopa 6 nai 44 3.700 10, I4 5.656 2.414 


E 


A. riqueza lems graxa «era de 8,76 Vem NO0T dese 
em 1902, de 3,154 em 1903, de 3,76 em 19040 -de 8/90/) Mimio 
anno de 1905. A média do peso vivo das mencionadas vaccas 
variou de 650 a 700 kilogrammas. 

A criação da Escola Agricola de Rúutti comprenhende um 
effectivo médio de 90 a 100 animaes da raça Simmenthal, dos quaes 
36 a 46 vaccas de edade de tres até 14 annos. Às vaccas retiradas 
são quasi sem excepção substituídas por animaes da propria 
criação do estabelecimento. Faz-se a renovação do sangue com- 
prando de vez em quando touros reproductores nos melhores esta- 
belecimentos de criação do paiz. No momento do primeiro parto, 
as vaccas têm a edade de dous annos e nove mezes até tres 
annos e tres mezes e um peso vivo de 600 a 800 kilogrammas, com 
uma média de 650 a 700 kilogrammas. A maior parte das vaccas 
pare nos mezes de Abril a Outubro. 

As femeas destinadas à criação recebem leite durante os 
primeiros cinco ou seis mezes. Dá-se-lhes pouco a pouco até oito 
ou nove litros por dia, quantidade que recebem por espaço de cinco 
a oito semanas e que vae diminuindo desde a decima ou decima 
segunda semana, até que se lh'a retira completamente. 


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FriBurco — Chalet de Gruyére (Friburgo) 


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Raça Simmenthal — ouro DIAMAN', nascido em Zweisimmen 
em 1º de Dezembro de 1903, de 2 annos de edade. Peso vivo 840 ks. 


Premios: Château d'Oex 1904, 1905 e 1906 em 12 classe, e Milano 
em 1906, Grand Prix. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 39 
Za a RS AS ASA ASAS AAA SA AAA AAA A AAA A AA A A A A a 

Acostuma-se-as em tempo ao pasto secco e desde a setima 
ou decima semana dá-se-lhes aveia, trigo quebrado e farello. 
No primeiro verão, conserva-se-as no curral e nos annos seguintes 
leva-se-as à montanha. 

Durante os mezes de verão as vaccas recebem exclusivamente 
forragem verde (alfafa), no outono vão para o campo pelo espaço 
de quatro a seis semanas e no inverno dá-se-lhes forragem secca 
junto com cinco a sete kilogrammas de beterraba e uma média de 
dous kilogrammas de forragem forte (sendo um kilo de torta de 
sesamo e um kilo de trigo quebrado ou em fezes seccas) por dia 
e por animal. Desde 1897 leva-se as vaccas tambem ao campo nz 
primavera pelo espaço de duas a tres semanas. 

A média do rendimento de leite tem sido calculada dividindo 
a producção total do anno pelo total dos dias de manutenção e 
multiplicando o resultado obtido por 365 ou 366 dias. À producção 
de cada vacca é determinada por meio de provas feitas duas vezes por 
mez. À União das Associações de Gado Simmenthal fez, em 1903, 
sobre uma grande escala averiguações a respeito do rendimento 
em leite desta raça, tomando parte nellas varios criadores e 
associações de criadores. 


Damos em seguida os resultados obtidos nos annos de 


1903 e 1904: 
TABELUX:.A N. IA4 


LEITE Graxa stancias da riqueza 
seccas 
TN EN 
ESTABELECIMENTOS ê 8 E E E Z 2 a 
= E E E E E E em |substan- 
to Ge] q e] e) e] q q graxa cias 
[.) Es fm f-. tm a] to Gm 
o So a PS E) bo bo 50 e seccas 
gi |s|s| E E E lel ses = 
Dia pais = = |IZ| ES = % b(a 
I. Testamentaria Hofer Rothaus| 6 |677|336|384 | 3.728 | 3.518 | 9,64 | 520 | 139,6 | 457,6 | 3,97 | 13,01 
2. Asylo de Alienados Bellelay..| 6 |650|322|373| 3.519 | 3.396 | 9,30 |522| 127,9 | 443,8 | 3,77 | 13,07 
Eee o ss mulas tina 725 az aas Armózo Arooa! Bro om 5521] 154,9) 509,8 | 3,67 12,73 


4. Casa de Educação, Sonvilier| 9 |651|313 |385| 3.303 | 3.077 | 8,67 |473 | 118,6 | 394,6 | 3,86 | 12,83 


5. Associação de Criadores, But- 
POSEUONIZ A Ao aistmia e rsigloravo tê ao rdço 8 | 675 | 343 | 406 | 4.811 | 4.338 | 11,88 | 643 | 163,9 | 554,1 | 3,78 | 12,77 


6, Asylo de Kônigsfelden....... 6 |760| 361 | 413 | 4.311 | 3.801 | 10,41 | 500 | 156,8 | 506,4 | 4,13 | 13,32 


7. Asylo de Cery, perto da Lau- 
CE BNDUEL é É LA RED RR PRR I4 | 707 | 349 | 400. | 4.618 | 4.208 | 11,52 | 595 | 158,0 | 545,3 |: 3,75 | 12,96 


8, Associação de criadores, "Isle) 8 |662|301 | 363 | 3.751 | 3.772 | 10,34 | 570 | 146,4 | 493,1 | 3,89 | 13,07 


TOTAES E MÉDIAS...... 61 | 687 | 336 | 393 | 4.119 | 3.798 | 10,41 | 553 | 146,3 | 492,6 | 3,85 | 12,97 


40 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A producção annual maior foi de 5.849 kilogrammas, a 
riqueza em graxa variou entre 3,354 e 4, 43%) e as substancias 
seccas ide: 12/159/ alte TA 4Que lo DR: 

Os resultados dos annos de 1904 e 1905 foram os seguintes: 


TABELA N. IS 


Sub- Média 
LEITE Graxa stancias da riqueza 
seccas 
A 
ESTABELECIMENTOS 2 alaglglalelos pai 
SUS E E S E E E o | Gi 
ars ápapolspaloralos PN 
Sp pa | E = 2 |IZ| & = % | % 
I. Testamentaria Hofer, Ro- 
ERAS Ato ave repo (ra! Salso Raia el & |654|394| 447 | 4.087 | 3.312 | 9,16 | 5I0| 131,3 | 441,2 | 3,99 | 13,29 
2. Asylo de Alienados, Bellelay| 6 |725|358| :04| 3.816 | 3.441 | 9,43 |475| 129,4 | 451.2 | 3,72 | 12,97 
3. Casa de Educação, Sonvilier| I3 |634 | 297 | 367 | 3.0%0 | 3.079 | 8,44 | 456 | 116,5 | 397,4 | 3,79 | 12,92 
4. Associação de Criadores, But- ! 
EISHOZ A 9 |671 | 366 | 446 | 4.699 | 3.862 | 10,58 | 575 | 155,8 | 507,8 | 4,02 | 13,25 


5. Asylo de Kônigsfelden...... 4 |680|317|372] 4.247 | 4.157 | 11,39 |ÓII | 170,2 | 560,7 | 4,10 | 13,49 


6. Asylo de Cery, perto de Lau- 
Samba Seco ao oa I4 |732| 406 | 477 | 5.315 | 4.094 | 11,22 | 559 | 159,2 | 540,6 | 3.94 | 13,13 


7. Associação de Criadores ,"Isle| 5 |649|320| 374 | 3.997 | 3.907 | 10,70 | 602| 152,6 | 514,0 | 3,91 | 13,16 


8. Casa de Pestalozzi da cidade 
OS itoluo von d opa do sos “| 5 |725|370|401 | 4.301 | 3.995 | 10,94 | 551 | 155,8 | 531,8 | 4,05 | 13,33 


9. Instituto Agricola de Grange- ; 
NCUVE vero pato o janare ora Ta a foda e rãS O 8 |737 | 306 | 357 | 3.539 | 3.728 | 10,21 | 506 | 144,1 | 477,6 | 4,00 | 13,24 


10. Escola Agricola de Cernier..| 16 |6x1|393|44€ | 3.798 | 3.268 | 8,95 |480| 126,0 | 422,3 | 3,88 | 12,46 


ToTAES E MÉDIAS...... 88 |687|349|478| 4.123 | 3.608 | 09,89 | 525 | 140,5 | 462,1 | 3,58 | 13,04 


A producção maior do anno foi de 6.006 kgs., a riqueza em 
graxa variou de 3,99% a 4,59% e a porcentagem em substancias 
seccas de 11,26 até 14,06 9%. 

Os estabelecimentos agricolas dependentes da Casa de Educação 
de Sonvilier e do Asyio de Alienados de Bellelay estão situados no 
Jura bernense, a uma altitude respectivamente de 860 e 950 metros 
sobre o nivel do mar. O clima é bastante rigoroso e o inverno de 
longa duração. Em ambos os estabelecimentos, os animaes são 
levados para o campo no verão. Os demais estabelecimentos encon- 
tram-se em paragens melhores, nos quaes a alimentação dos animaes 
corresponde á normal. As condições da vida e da manutenção são 
mais ou menos as mesmas que na Escola de Rutti; as rações de 
forragem no inverno são, entretanto, algo menores. 


Raça de Friburgo — Novilha FuRrkKa, nascida em 2 de Outubro 
de 1903, de 35 mezes de edade, prenhada de 30 semanas. Peso vivo 
730 kilogrammas. Premios : Epagny, 12 classe; Milano 1906, meda- 
lha de ouro, 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 41 


Do estrangeiro, temos os resultados obtidos e annotados na 
fazenda dependente da Academia Agricola de Bonn-Poppelsdorf 
(Allemanha) no correr das provas a que têm sido suvmettidas varias 
raças leiteiras com uma alimentação muito abundante. As 12 vaccas 
submettidas a estas provas foram adquiridas no Simmenthal (Cantão 
de Berna) no mez de Setembro de 1901. A producção de leite, 
durante 12 periodos completos de lactação, foi a seguinte: 


TABELT:A N. 16 


Médio Minimo Maximo 
Producção annual por vacca..........ccereers 5.565,22 kg. 4.866 kg. 6.712 kg. 
» » por mil kg. de peso vivo 8.476,99 » 7.206 » 10.302 » 
Riqueza em sraxa do leites. ss... cessa ss 1,050 % 3,807 | 4,427 | 
» em substancias seccas do leite...... 13.265 % I2,914 % 13,732 % 
Rendimento em graxa por anno e por vacca DPS od Jhefeno 188,6 kg. 270,8. kg: 
» » por mil kg. de peso vivo 343,4 285,3 9) 405,8 » 
PESO VIVO DAS VAÇCEAS”. cleo = elo ela e eos 659 kg. 590 kg. 737 kg: 


Annotamos em seguida os quatro periodos de lactação das. 
vaccas submettidas à prova que tem dado os melhores resultados: 


TABELTA N. 17 


Quantidade de leite Quantidade de leite Termo médio 
CRIADOR ; E : Ê 
por periodo de lactação | calculada por 365 dias | da riqueza em graxa 
I. Rebmann, Deputado ao Conselho Na- 
eronal, em Erlenbach.-... secs 10591 kg. 6078 kg. 3,94 % 
2. Zumwald, J. em Erlenbach......... 8014 » 6c94 » AL 0) 
3. Muller, Christ, em Zweisimmen.... ÓgI4 » Bi dj) 4,04 » 
4. Kung J. W., Styg em Diemtigem.... Ó310 » ÓIO9 » BS) 


A estructura, a constituição e o temperamento do gado Sim- 
menthal o habilitam, em alto grão, para o trabalho. Os ossos fortes, 
o bom desenvolvimento dos musculos de todas as partes do corpo, 
especialmente do lombo, da bacia, das espaduas e dos membros, a 
pelle robusta e elastica, uma grande facilidade de movimentos nas 
articulações, o temperamento vivo, o bom caracter, a saúde e a força 


47, Ro) 


42 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


de resistencia, olhos intelligentes e sua docilidade, são qualidades 
do gado Simmenthal e o fazem mui apto ao trabalho. 


Na Suissa, especialmente nos estabelecimentos agricolas de. 


menor importancia, a maior parte ou quasi a totalidade dos trabalhos 
no campo se fazem com animaes desta raça. São postos à contribuição 
e apreciados nos trabalhos no campo, por sua força muscular; nos 
caminhos batidos, por seus cascos fortes e no manejo de machinas 
agricolas, pcr seu caracter leal, franco, docilidade e agilidade. 
Devido a diminuição do cultivo de trigo e da agricultura em 
geral nos ultimos 20 ou 30 annos, faz-se, porém, trabalhar menos o 


gado Simmenthal do que em outros tempos. Ha muitos estabeleci-. 


mentos, especialmente dos maiores, nos quaes se ha renunciado de 
todo a cangar o gado. Por esta razão tem-se podido prestar uma 
attenção maior à producção do leite e da carne, assim como ao 
desenvolvimento das respectivas faculdades, que já tem chegado 
quasi à perfeição. 

Ha cem annos que já se exporta animaes da raça Simmenthal 
para o estrangeiro e, nos ultimos 50 annos, a procura desse gado 
tem sido geral. No estrangeiro, os animaes são empregados tanto 


na criação pura como em cruzamentos. Tem seu melhor mercado. 


na Allemanha do Sul, especialmente em Baden, Wirtemberg e 
Bavaria, entretanto, são encontrados tambem na Allemanha central 
e ainda no Norte. Exporta-se tambem em numero crescido para 
Austria-Hungria, França, Italia e Russia e para os demais paizes 
europeus, assim como para o Mexico, Brasil, Japão e outros. 

Por toda parte, os resultados obtidos têm sido satisfactorios. 
O gado Simmenthal acclima-se em qualquer parte com facilidade. 
Entretanto, não se presta bem á criação pura em logares de terrenos 
aridos e de pouco pasto. 

Mesmo nestes casos, porém, tem feito suas provas nos cruza- 
mentos e augmentado muito as aptidões das raças cruzadas. Seu 
grande poder de transmissão tem-se feito notar especialmente nos 
cruzamentos com raças atrazadas. Em casos desta natureza, a raça 
Simmenthal tem valor especial, porque chega em tempo relativa- 
mente curto e com bastante segurança a bons resultados. Neste 
ponto, o gado Simmenthal deixa atraz todas as demais raças 
conhecidas. 


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Cabanas e pastagens alpestres do Simmenthal-Diemtigen. 


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Raça Simmenthal — Touro BISMARK, nascido em Erledbach 

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em 1901, de 4annos de edade, Peso vivo 1.120 kilogrammas. Premiado 
varias vezes em Schmitten, em 12 classe, e em Frauenfeld, tambem, 


em 12 classe, 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 43 


a ça a ça a ça aà ag 


A raça de Friburgo 


Noutros tempos, esta raça estava bastaste ditundida na Suissa, 
hoje em dia, porém, cria-se pura quasi que exclusivamente no 
Cantão de Friburgo, onde Governo, criadores e associações de 
criadores fazem grandes esforços em seu favor. 

A côr do pello é preta e branca, em manchas. Encontra-se com 
frequencia animaes que têm a cabeça e os membros brancos e o resto 
do corpo preto, assim como animaes quasi inteiramente brancos ou 
pretos. Animaes deste typo não são muito apreciados e para a 
criação preferem-se animaes com manchas brancas e pretas bem 
repartidas. O focinho, os chifres e os cascos são pretos ou de côr 
amarello-clara, segundo a côr das partes visinhas. Pellos averme- 
lhados ou cinzentos são indícios de impureza da raça. 


Como na raça Simmenthal, a criação do gado Friburgo tem 
varios fins. Os animaes desta raça distinguem-se por seu grande 
peso, constituição robusta e força de resistencia, assim como pelo 
rendimento em leite, facilidade de engorda e aptidões para o traba- 
lho. Nas bôas criações, com alimentação racional, alcança-se uma 
producção média de leite de 3.500 kgs. e mais por anno. O leite é 
rico em graxa e sua porcentagem média é como nas raças Simmen- 
thal e Schwyz, de 4%. A faculdade de engorda e a qualidade da 
carne são bôas, prestando-se a isto a bôa musculatura. Sua consti- 
tuição, bda saúde e mansidão os habilitam em alto grão para o 
trabalho. | 

As vaccas expostas na VII Exposição Agricolo-Suissa de Frau- 
enfeld tinham um peso vivo médio de 771 kgs. com fluctuações de 
695 a 838 kgs. 

As fórmas do corpo não se differenciam essencialmente das do 
gado Simmenthal. Os animaes pesados têm aspecto amplo e pro- 
fundo, o tronco de uma largura regular, membros fortes, bem apru- 
mados e bem providos de musculos. O peito e a bacia são em geral 
bem desenvolvidos, o lombo amplo e carnudo. 

O gado Friburgo encontra sahida tanto nos mercados do paiz 
como nos do estrangeiro. Acclima-se nas paragens baixas como nas 
regiões montanhosas. Nas regiões altas é apreciado especialmente 
por sua grande força de resistencia. Encontrámos animaes deste 


++ MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


typo na França, Austria-Hungria, Italia, Allemanha do Norte, 
Russia, porém, raras vezes se os vê reunidos em criação propria. 
O gado Friburgo presta-se muito bem tanto para a criação pura, 
como para os cruzamentos com outras raças. Algumas raças pretas 
de baixas regiões têm sido cruzadas com sangue Friburgo, com o 
objectivo de melhorar sua constituição e estructura, especialmente 
no trem posterior. 

A Federação dos Syndicatos de Criação da Raça Friburgo, 
fundada em 1898, conta actualmente 27 syndicatos com 374 socios, 
proprietarios de 81 touros e 2.200 vaccas, annotadas nos registros 
genealogicos. 

Com o fim de melhorar e uniformisar os assentamentos nos 
registros genealogicos, a Federação procede cada anno à inspecção 
dos livros administrativos dos syndicatos. Para fomentar a venda 
dos productos da criação organiza mais cada anno uma feira-expo- 
sição de touros reproductores, na occasião da afamada feira de 
St. Denis (na 3º semana de Setembro). O numero dos touros expos- 
tos varia de 150 a 200. Uma somma de Fr. 2.000 reparte-se como 
premios aos proprietarios dos melhores reproductores. 


Medidas communs para o fomento da criação do 
gado vaccum na Suissa 


A Confederação, os Cantões e os particulares contribuem, cada 
um na sua esphera, ao fomento da criação do gado vaccum, pres- 
tando reciproco apoio. No orçamento da Confedeaação figura uma 
rubrica de Fr. 500.000 — que devem ser empregados no interesse 
da criação de gado vaccum e especialmente em premios para touros, 
vaccas e novilhas, assim como no fomento das associações de cri- 
ação. A distribuição destas subvenções faz-se por intermedio dos 
Cantões, que, entretanto, não podem cobrar sua parte, se não desti- 
nam elles tambem uma parte egual ao mesmo fim e cumprem com 
certas condições. Conforme as prescrições federaes, uma vacca não 
póde ser premiada com mais de 100 francos e um touro com menos 
desta somma por anno. Os premios concedidos aos touros não são 
pagos senão nove mezes depois de premiados, tendo o touro ficado 
em poder do proprietario; e os concedidos ás novilhas só depois da 


Raça Simmenthal—Vacca BARONNE, nascida em Zweisimmen em 
9 de Abril de 1901, de 3 annos de edade, suissa. Premios : Exposição 
em Frauenfeld 1903 e Milano 1906, Grand Prix. BARONNE teve dous 
terneiros dos quaes um figura ao lado na edade de 2 annos. 


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Raça de Friburgo — Touro GARIBALDI, nascido em 1903, 
de 3 44 annos de edade. Peso vivo 1.105 kilogrammas. Premios : 
3ulle 1905 e 1906 de 12 classe e Milano 1906, medalha de ouro, 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 45 


aà ÃO 


primeira barriga e do nascimento d'um terneiro vivo, descendente 
de um touro premiado. 

Com a ajuda da Confederação e dos Cantões têm sido fundadas 
nos ultimos vinte annos muitas associações de criadores de gado 
vaccum. Estas associações têm por objectivo fomentar a criação do 
gado não sómente nos grandes estabelecimentos, como tambem 
nos de menor importancia, que são os que dominam na Suissa. 
Para alcançar este fm, empregam os seguintes meios: Compra e 
emprega de reproductores escolhidos com as melhores vaccas ou 
novilhas da raça correspondente, sendo estas ultimas marcadas e 
annotadas no herd-book (registro genealogico), como viveiro de 
criação; criação racional dos terneiros, comprando ou alugando 
para este fim, se fôr necessario, pastagens alpestres; criação de um 
herd-book e instrucção sobre a melhor maneira de mantel-o; certidões 
de origem fidedigna; ensino e discussão sobre todas as questões 
referentes à manutenção do gado e ao fomento da venda do mesmo. 

Actualmente ha na Suissa umas quinhentas associações de 
criadores. As associações que têm unicamente um completo herd-book 
assiste-lhe o direito às subvenções. Nas differentes regiões de 
criação, as associações têm-se constituido em Uniões de Criadores. 

No anno de 1890 fundou-se a União das Associações de 
Criadores da Raça Simmenthal com o effectivo de 10 associações. 
À 1 de Janeiro de 1906 a União contava 166 associações com 4.678 
membros, assim como 443 touros e 11.099 vaccas e novilhas regis- 
trados no herd-book,. Estas associações repartem-se, como se segue, 
pelos differentes Cantões: Berna 42, Lucerna 10, Friburgo 26, 
Soloturn 3, Basiléa (Campanha), Argovia 11, Vaud 67. 

Cada anno a União organiza na ultima semana de Agosto ou 
na primeira de Setembro, em Ostermundingen, perto de Berna, 
uma feira-exposição de reproductores com premios. Nos ultimos 
annos têm sido levados a este mercado cerca de 600 a 750 touros. 
A União occupa-se tambem com muito empenho da confecção dos 
livros nas associações, especialmente da maneira como se mantem 
o herd-book. Desde o anno de 1901 tem se feito inspecções periodicas 
dos livros genealogicos (herd-books) mantidos pelas associações. 

A União dos Criadores do Gado Simmenthal (typo da mon- 
tanha) e para o fomento dos estabelecimentos alpestres (Verband 


46 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Pr Simmenthaler Alprecivichsucht und Alpawirtschaft) contava, em 
1 de Janeiro de 1900, 19 associações municipaes e 579 criadores. 
A União comprehende os districtos de Saanen, Obersimmenthal, 
Untersimmenthal, Frutigen e Interlaken, no Cantão de Berna. Em. 
cada outono, no principio de Setembro, realizam-se nesta região 
grandes feiras de animaes reproductores e de trabalho. As feiras de 
mais fama são as de Saanen, Zweisimmen, Erlenbach, Reichenbach 
e Frutigen. 


A União das Associações de Criadores de Gado Simmenthal 
da Suissa oriental contava, em 1 de Janeiro de 1906, 33 associações 
com 1.560 membros e 2.460 animaes de criação registrados no 
herd-book. As associações repartem-se entre os Cantões de Zurigo, 
Thurgovia e Schaffhausen. Em cada anno, na primeira quinzena 
de Agosto, a União organiza em Winterthur um mereado de touros 
reproductores, que tem ao mesmo tempo caracter de exposição. 
Em geral são levados a este mercado cerca de 200 touros. 


No anno de 1897, 82 associações fundaram a União das Asso- 
ciações de Criadores de Gado da Raça Schwyz. A 1 de Janeiro de 
1906, esta União contava 145 associações e 4.738 membros, assim 
como 13.711 animaes de criações registrados no herd-book. A União 
desempenha-se da mesma maneira como a União dos Criadores da 
Raça Simmenthal. Organiza cada anno uma feira-exposição de 
touros em Zug, à qual levaram nos ultimos annos cerca de 900 
reproductores. Nesta exposição encontram-se tanto criadores do 
paiz, como interessados estrangeiros, que encontram nella a melhor 
opportunidade para fazer as suas compras. Desde o anno de 1898, 
a União procede ás inspecções periodicas dos livros genealogicos 
(herd-book) organizados pelas associações que della fazem parte. 


Ha vinte annos a Confederação, os Cantões e as associações 
dedicam uma attenção especial à instituição de certidões de origem 
fidedigna. Nas exposições e nas feiras, figuram estas certidões, con- 
cedendo-se aos seus portadores premios especiaes. 


Desde 1891, a Confederação entrega, por intermedio dos Can- 
tões, certidões de cobrição aos proprietarios de touros que tenham 
obtido altas recompensas. Os proprietarios destes reproductores 
entregam, por sua vez. as referidas certidões aos proprietarios 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 47 


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de vaccas e novilhas levadas ao touro, sendo declaradas aptas para 
elle por commissões de peritos cantonaes e devidamente marcadas. 


Os terneiros descendentes destes touros levam uma marca na 
orelha. Ao lado das certidões federaes, ha tambem as cantonaes 
que especiaimente no Cantão de Berna têm papel importante. 
A certidão federal, com a marca na orelha, está mais em uso no 
territorio da raça Schwyz que no da Simmenthal. 


Os livros genealogicos (Jherd-books) das associações são man- 
tidos por empregados especiaes. Têm por base as informações das 
commissões de peritos, assim como do dono do touro e as commu- 
nicações dos membros, feitas em formulas especiaes. 


Compras 


Aos que querem estudar as raças bovinas da Suissa e o seu 
modo de viver, recommendamos visitar as escolas agricolas 
seguintes, que têm todas uma fazenda como dependencia : Ruútti, 
perto de Berna; Strickhof, perto de Zurigo; Plantahof, perto de 
Landquard (Grison), e Grangeneuve-Hauterive, perto de Friburgo, 
devendo concluir esta visita por um gyro nos Alpes e suas pas- 
tagens. No outono, especialmente nos mezes de Setembro e Outu- 
bro, realizam-se em todas as regiões concursos e exposições de 
animaes vaccuns, offerecendo esta época melhor opportunidade para 
compras de bons animaes de criação. Os secretarios das varias 
uniões de criadores estão sempre á disposição dos interessados para 
oriental-os, seja no estudo das raças suissas, seja nas compras de 
gado. 


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O mercado de gado de criação está aberto todo anno, porém 
Os principaes negocios fazem-se nos mezes de outono (Agosto 
e Novembro). Em certas regiões fazem-se, entretanto, numerosas 
transacções especialmente no que se refere a touros, tambem nos 
mezes da primavera (Março e Abril). Nas épocas mencionadas 
realizam-se, em differentes partes do paiz, grandes mercados, aos 
quaes são levados, ás vezes, 2.000 e 3.000 animaes. À maioria das 
transacções, especialmente quando se trata de animaes de alto 
preço, faz-se tambem nos estabelecimentos dos criadores mesmos. 


48 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Os preços variam muito, segundo a qualidade e a origem dos 
animaes. Para novilhas de criação e vaccas novas pagam-se 800 
a 3.000 francos; para touros, 800 até 5.000 francos. Excepcional- 
mente ha tambem preços mais altos. : 


Albert. Gertsch. 
Bibliographia 


Os dados contidos neste folheto, que resume brevemente os 
mais importantes sobre as raças bovinas da Suissa, foram tirados na 
sua maior parte das publicações seguintes : 

1. Das Fleckvieh der Schwei. (o gado Simmenthal), por 
F. Káãppeli. «La race bovine tachetée de la Suisse», traducção 
franceza do primeiro. 

2. Das schweizerische Braunvieh (o gado Schwytz), por 
Heinrich Abt. 


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=== RIO DE JANEIRO 


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Um terno de Conchinchinas, brancas, da Ascurra Basse-Cour. 


REVISTA DE VETERINÁRIA É ZOOTECHNIA, 49 


09 INIMIGOS DA AVIGULTURA 


Mal informados andam aquelles que pensam que a avicultura 


é um céo aberto, uma mina do Potosi, onde basta lançar a esmo as 
mãos, para recolhel-as cheias de pepitas e ouro em pó... 


A avicultura é uma industria importantissima, uma das que 
maiores resultados póde dar no mais curto espaço de tempo, mas 
tem tambem os seus graves contratempos, que não me seria licito 
occultar. 

Um de seus maiores inconvenientes, principalmente no campo 
e em um paiz como o nosso, reside no grande numero de inimigos 
que ha a combater: — desde o homem (gatuno) até o minusculo 
piolhinho, que se concertam em perseguir as aves, dando ás vezes 
consideraveis prejuizos ao seu proprietario 

O ladrão de gallinhas tem mais apurado faro e mais fino ouvido 
que o melhor cão perdigueiro! Não seise fareja ou se presente 
a existencia de um gallinheiro no quintal, mas o facto é que elle 
salta muros, arromba portões e limpa o gallinheiro ! 


Em segundo plano temos outros inimigos, não menos perigo- 
Sos, mas aos quaes nos é permittido justiçar sem mais aquellas. São 
os mammiferos sylvestres, que abundam em certas regiões ou por 
toda a parte de nosso paiz e que se alimentam de presas vivas. 


O maracajá ou jaguatirica, formoso felino que toda a gente 
conhece, é um devotado amigo das gallinhas... para comel-as. Esse 
gato selvagem é tão audacioso, que vem roubar as gallinhas que 
O caipira guarda dentro da propria casa! Geralmente elle faz presas 
das que vagueiam nos mattos durante o dia. 

À raposa, a irára, O guará e o cachorro do maito, pertencentes 
todos ao genero canis, quasi sempre atacam os gallinheiros á noite. 
São mais perigosos que o jagualirica, porque não se contentam como 
este com uma só presa por noite: — matam quantas possam alcan- 
gar, a torto e a direito, como se fossem atacados da sêde de exter- 
minio e de sangue ! 

O gambá ou mucura, esse modelo de amor maternal... muito 


mal cheiroso, não obstante alimentar-se de fructos, é tambem 
RV. 7 


50 — MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


grande apreciador da gallinha. Como trepa com agilidade, é quasi 
sempre pelo tecto dos gallinheiros que elle penetra. 

As ratazanas, quando dão para comer ovos e pintos, são ini- 
migos dos mais respeitaveis. Com seus terriveis dentes de 7oedor, 
matam instantaneamente o pobre pinto, que depois devoram nos 
seus covis. 

Os gaviões e as harpias são tambem inimigos volateis diurnos, 
que não se podem desprezar ; assim como o ti ou lagarto, que não 
sómente come ovos como pintos. 

Vemos, portanto, que o avicultor tem de se defender de uma 
quantidade de inimigos, quer diurnos, quer nocturnos, para o que 
lhe serão necessarios meios efficazes e energicos. As ratoeiras e es- 
parrellas, em muitos casos, dão algum resultado, mas se os inimigos 
forem numerosos, nenhum effeito produzirão. | 

O systema de defesa que eu usei, com optimos resultados, e que 
tive ensejo de verificar na Ascurra Basse-Cour, no Rio de Janeiro, 
é muito simples e ao alcance de todos. Consiste apenas em ter 
alguns cães Fox-terrier, que são os mais ageis, espertos, intelligen- 
tes e valentes que conheço. 

O Fox-terrier dá caça aos ratos, gatos e quaesquer outros ani- 
maes perigosos que appareçam no estabelecimento. 

Embora pequenos, são vigilantes, ferozes e destemidos, ata- 
cando com ferocidade quaesquer pessoas extranhas que tentem 
penetrar no terreno. Em numero de tres ou quatro, offerecem 
maior garantia que qualquer molosso dinamarquez ou fila. Disto 
tive repetidas experiencias. 

Uma vez bem educados, elles nenhum mal fazem à criação. 


Jd. Wilson da Costa, 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 51 


INDUSTRIA DE LAGTICINIOS 


Os queijos constituem um alimento 
A fabricação dos queijos de valor nutritivo superior ao do 
leite, por conterem deste todos os 
principios uteis condensados. 
Da technica empregada no seu fabrico dependem a qualidade 
e a digestibilidade dos queijos. Esses methodos seduzem quando 
lidos nos tratados de leiteria; na pratica, porém, desanimam os que 
se dedicam a explorar essa industria, procurando resolver tudo 
summariamente. 
Cada paiz tem seu typo de queijo. 


A industria procura imitar fabricando typos identicos em 
paizes diversos. Essa imitação, porém, no que respeita a esse pro- 
ducto differe muito do que póde, com vantagem, ser feito em relação 
a productos de outra natureza, porquanto o profissional para operar 
em determinada região terá necessidade de verificar primeiro as 
condições topographicas e geologicas dessa região, a raça do 
animal leiteiro, o regimen e natureza da alimentação, além de 
um estudo detido da materia prima com que terá de manipular. 
Nas mesmas condições são sugeitos os indices das analyses. 


Por esse motivo os industriaes estrangeiros não têm conse- 
guido em nosso paiz fabricar typos de queijos identicos aos dos 
seus paizes. O mesmo succederia a um industrial brasileiro que 
se abalançasse a ir para a Suissa fabricar lá o nosso queijo mineiro, 


Finda a operação, encontrar-se-ia diante de um typo de 
queijo muito diverso do que pretenderia fabricar. 

Não entro no desenvolvimento da acção das fermentações do 
coalho, influenciadas pelos factores —raça, luz, calor, ventos, condi- 
ções topographicas, etc., porquanto iria alongar muito este artigo, 

Direi, apenas, que a situação da cava, as condições que deve 
preencher, etc., são factores de elevada importancia na maturação 
dos queijos. 

O problema da fabrica ção dos queijos não é tão simples como 
póde parecer e as condições varias que acabo de passar em revista 


o 


lho indispensavel a uma queiaria. 


o coalho é preparado em temperatura 


quebra-se a massa com o quebrador, 


52 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMEÉRCIO 


e que carecem de realização o demonstram cabalmente ; por isso é 
irrisorio ouvir-se dizer entre nós, com uma ingenuidade admiravel, 
que a fabricação do queijo é cousa facil onde não ha ainda a instru- 
cção profissional bem administrada, para fornecer aos interessados 
os conhecimentos necessarios à industria de lacticinios que, entre- 
tanto, mereceu cuidados especiaes de homens da competencia 
scientifica de Pasteur, Duclau, Storck, etc. | 
Para precipitar a coalhada pelo coalho é 

Processo technico muitas vezes necessario aquecer o leite. “As 
caldeiras de fogo directo têm o inconveniente 

de elevar bruscamente a temperatura, podendo queimar o leite; 
por isso é preferivel empregar o 
aquecimento a vapor ou a banho- 
maria. À fig. 1 representa o appare- 


A sua capacidade é variavel, 
podendo aquecer 50, 100 a 150 litros 
de leite. E” construido pelo enge- 
nheiro francez Gaulin. 

Para os queijos de pasta dura, 


mais elevada; quando está formado 


ao contrario do que se faz com os de 


pasta molle, que devem ser transpor- 


“tados directamente para as fôrmas, por meio de coadores apptro- 


priados a esse fim. 
A remoção da coalhada para as fôrmas deve ser feita len- 
tamente e com cuidado para que os flócos sejam assentados de leve. 
O material necessario a uma queijaria compõe-se de tachos 


“para o aquecimento, fôrmas, prensas, espatulas, coadores, etc. 


Inutil será repetir que o asseio, a asepsia rigorosa deve ser 
inseparavel de todo esse instrumental e estender-se ás salas de 
trabalho, cuja temperatura deve ser mais fresca possivel (18º a 20º). 
À atmosphera pura de uma quejaria, a regularidade da temperatura 
no local do trabalho determinam as condições favoraveis à bôa 


| marcha das fermentações. 


REVISTA DE VETERINARIA É ZOOTECHNICA 53 


bd ci ci cd 


O logar destinado á séca póde ser fresco, arejado ou 
À séca humido, conforme a qualidade do queijo a fabricar. O in- 

dustrial, para estabelecer o grão de humidade de que 
necessita, para regularisar a marcha da fermentação durante a 
séca, recorrerá ao psychrometro. 


Este apparelho é acompanhado de uma tabella de correcção e 
das instrucções precisas ao seu funccionamento. 


Á = Diversas são as classificações dos typos de queijo. 
Classificação 
Eu os classifico em quatro categorias: 
1º. Queijos molles não fermentados. 
2º. Queijos molles afinados. 
3º. Queijos duros e comprimidos. 
4º, Queijos de massa cosida. 


Os de primeira categoria, isto é, os queijos molles não fer- 
mentados, são aquelles que, apresentando uma consistencia molle, 
devem ser consumidos frescos. 

O seu fabrico, tanto póde 
ser feito com leite magro como 
tambem com leite gordo ou 
ainda saturados de crême para 
tornal-os mais succulentos. 

A esta categoria pertencem 


os queijos denominados duplo- 

Fig. 2 crême — Petits-suisses — etc., 

de consumo generalisado em 

toda a parte. Os queijos magros são fabricados com leite que 

soffreu a acção do repouso durante algum tempo. Nessas condições, 

o crême sóbe à superficie, é retirado para se realizar a acção do 

coalho sobre o leite, e, uma vez estabelecida a coalhada, a massa é 
cuidadosamente deposta nas fôrmas. 


Para se operar, junta-se 35 a 36 litros de leite puro ao crême 
fresco, na proporção de 5 a 6 litros, segundo a espessura da 
camada. 


Leva-se à mistura a temperatura de 18º no maximo, quando 
se addiciona o coalho, dosado de modo tal que a coagulação se faça 
lentamente, 


54 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Finda a coagulação, esgota-se o sôro atravez de um panno 
de linho, sempre nas condições anteriormente explicadas e empre- 
gando-se pesos para que o esgotamento seja uniforme. 

No fim de 18a 24 horas bate-se a massa com um pouco de 
crême xovo, deixa-se repousar para enxugar e deita-se nas fôrmas, 
salpicando-se de sal na porporção de 1a 1 oro ii retentetes 


(O leite, suas industrias e falsificações ). 


Castro Brown. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 55 


SP O O a O a 


UMA NOVA DISCUSSÃO SOBRE A TRYPANOSONIASE 


Do seu interesse na hygiene e na zootechnia 


A proposito da molestia do somno surgiu, ha tempos, um 
conflicto entre duas classes de scientistas — medicos e veterinarios, 
de um lado ; zoologos e zoophilos, do outro. 

O conflicto é sobre a questão se se devem ou não conservar 
as disposições legaes protectoras da caça, que figuram na legis- 
lação da maior parte das colonias inglezas e allemãs da Africa 
Central e da do Sul. 

Essas disposições originaram-se principalmente na supposição 
que o abuso dos caçadores provocasse, em breve, a extincção de 
algumas especies de animaes de grande interesse zoologico; e são, 
em geral, observadas com grande rigor pelas autoridades locaes. 

Além disso, as especies de animaes mais protegidas foram 
consideradas sempre como inocuas, tanto para o homem, como 
para a agricultura, de modo que, ao que parece, essas medidas 
foram inspiradas, tambem, por um verdadeiro sentimento de 
zoophilia. 

De algum tempo a esta parte, porém, os medicos e os veterina- 
rios, especialmente os que se dedicam à hygiene, insurgiram-se 
contra as referidas leis e pedem sua revogação em nome da saúde 
individual e publica; tanto dos indigenas, como dos colonos e em 
nome dos grandes interesses que se referem à criação de animaes 
domesticos, porquanto, se teria verificado que o genero de caça 
protegida pela lei, embora por si inocua, «póde diffundir os 
germens de uma das mais terriveis molestias exoticas: a qmolestia 
do somno.» 

Os elementos que foram colhidos a esse respeito, e em torno 
dos quaes se agitam as controversias entre medicos e veterinarios, 
de um lado, zoologos e zoophilos, do outro, especialmente na 
Inglaterra, na Allemanha e Italia, mostram bem quão compli- 
cados são os problemas de hygiene colonial. 

A opinião de que algumas especies de animaes dos tropicos, 
especialmente o antilope — fossem transmissoras de germens de 


56 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


molestia infecciosa, tinha sido exposta pelo Dr. R. Kock, o celebre 
estudioso da malaria africana. Agora essa mesma opinião resurge, 
como já disse, entre os diversos pesquizadores da nolestia do 
somno, entre os quaes Warrington Yorke, da Liverpool School 
of Tropical Medicine, e Sir David Bruce, Director da Commissão 
organizada pela Royal Society para o estudo da olestia do somno, 
além de outros que tomam parte saliente na discussão, na Allema- 
nha e na Italia, entre os quaes destaca-se Afionso Lanfranchi, 
professor da Universidade de Parma, que se infeccionou, ha um 
anno, durante as experiencias e pesquizas sobre a trypanosomiase, 
conseguindo salvar-se, milagrosamente, no Instituto Pasteur em 
Paris, e ao qual me apraz mandar desde já, pelas paginas desta 
Revista, a saudação affectuosa de condiscipulo e admirador. 

Desde 1908 suppunha-se que a golestia do somno estivesse 
espalhada sómente na Africa Central; nesse mesmo anno, porém, 
foi verificado um primeiro caso na Africa do Sul, em Nyassaland; 
outros casos, não raros, foram verificados nos dous annos seguintes, 
em indigenas, europeus e até em animaes domesticos, na Nyssaland 
e na Rhodesia, isto é, nas regiões mais ao norte, pertencentes, ao 
territorio colonial da Africa do Sul, de penetração européa mais 
recente. 

De que modo a molestia do somno se tivesse podido diffundir 
naquellas regiões foi no princípio um mysterio, pois a especie de 
moscas tsé-tsé, glossina, que é o vehiculo do germen dessa molestia | 
nas outras regiões da Africa tropical, a g/ossina palpalis, é des- 
conhecida quer na Nyssaland, como na Rhodesia. 

Por outro lado o exame dos doentes dava em resultado que 
elles eram portadores de trypanosomas. Esses trypanosomas, 
porém, eram bastante differentes dos que produzem a molestia do 
somno na Africa equatorial; tanto que, emquanto que estes se 
chamam Tripanosoma gambiensis, os outros foram denominados 
Trapanosomas rhodestensis. 

Impressionada com essas noticias a sociedade ingleza Sud 
Africana mandou os precitados Drs. Yorke e Kinghorn para 
o noroeste da Rhodesia, afim de estudarem a questão a fundo 
sob o ponto de vista da hygiene e da pathologia. E os dous scien- 
tistas verificaram que naquella região os germens da terrivel 


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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 57 


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molestia são vehiculados por uma mosca Zsé-tsé, differente da g/ossina 
palpalis — isto é, pela g/ossina morsitans. 

Este insecto já era bem conhecido na pathologia tropical, por 
que elle tambem é, como se sabe, o vehiculo da molestia dos 
animaes domesticos, conhecida pelo nome de Nagana. 

Examinando um grande numero de g/ossinas morsitans, captu- 
radas ao ar livre, verificou-se que 2 por 1000 ellas continham o 
trypanosoma Rhodesiensis, isto é, o germen da molestia do somno. 

«Esta é uma proporção muito alta, inexplicavel com a hypo- 
these de que os insectos se tenham infeccionado em tão grande 
numero, exclusivamente sugando o sangue de doentes», diz o 
Dr. Yorke, em seu relatorio, publicado no British Medical Fournal 
de 21 de Junho proximo findo. 

Imptnha-se, portanto, a hypothese de que a g/ossina morsitans 
tivesse qualquer outro meio de infecção, isto é, que além do 
homem, o sangue de outros animaes tambem contivesse germens. 
Para se aquilatar do valor dessa hypothese, Yorke e Ringhorn exa- 
minaram o sangue de 700 animaes escolhidos entre as especies 
mais diversas da fauna local, domesticos e selvagens. Os resultados 
corresponderam amplamente à expectativa: o Trypanosoma rhode- 
stense foi encontrado no estado de virulencia para o homem e para 
muitos dos grandes animaes domesticos, no sangue de uma quanti- 
dade notavel dos antilopes capturados. À infecção é mais frequente 
no Wasserbock : em Nowalia, no valle de Luangue, foi constatada 
na proporção de 16 casos sobre 28 individuos ; em Negoano terri- 
torio de linha de separação das vertentes Congo — Zambése, a 
proporção foi de 12 para 27. 

Tambem outros animaes como a helantilopes, o bOushbock O 
Kudu eram encontrados infeccionados frequentemente. 

Em synthese, a caça grossa, não feroz, foi encontrada infeccio- 
nada 16 % em Nowalia e 3,3 % em Nagoa. 

Nos mammiferos de pequena estatura (ratos) nas ximias (ma- 
cacos ?) (que foram examinados em grande numero), nos grandes 
mammiferos ferozes (examinados — é claro -— em pequeno numero) 
o Trypanosoma vhodesiense nunca foi encontrado. Parece, pois, 
verificado que a antilope é o veservatorio dos germens da molestia do 


somno, tão terrivel no homem e nos animaes domesticos ! 
Bo Vo 6 


58 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A Glossina morsitans infecciona-se sugando o sangue do anti- 
lope sem provocar symptoma algum morbido. Trata-se de uma 
adaptação do animal hospitaleiro para com os germens hospedes, 
adaptação que se realizou para algumas especies de animaes e não 
para outras. No caso presente são as especies que habitam ha mais 
tempo o paiz, que se adaptaram melhor, 

Exemplos analogos de adaptação encontram-se como se sabe, 
a cada passo na pathologia das molestias infecciosas. 

Uma vez que se adquiriu a noção de que é o antilope o veser- 
vatorio das trypanosomas rhodesienses e que a glossina morsitans é O 
vehiculo intermediario entre elles e o homem e algumas especies de 
animaes domesticos mais uteis, surge a questão, como possa essa 
noção ser utilizavel para combater a qxolestia do somno produzida no 
homem e nos referidos animaes. 

Emquanto que a glossina palpalis na Africa equatorial habita 
quasi que exclusivamente as visinhanças dos rios e de outros cursos 
d'agua e que por isso se encontra em muito poucos exemplares 
longe dos rios e dos lagos, a glossina morsitans na Africa do Sul 
é espalhada pelas diversas zonas do territorio, sem relação alguma 
com as aguas. Por isso que emquanto que na Africa equatorial a 
prophilaxia da molestia do somno já obteve brilhantes resultados 
sómente por ter removido os centros de habitações da visinhança 
das aguas (tornando desse modo impossivel ao insecto encontrar 
o homem) as mesmas medidas são de nenhum resultado na Rho- 
desia. 

O methodo radical, ahi, seria destruir por completo a vegeta- 
ção em monta o chamado dushresch) que é a morada da glossina 
morsitans. Mas se isso é possivel na immediata visinhança das 
aldeias, não o é mais além ; além disso a capacidade de reprodu- 
cção daquella vegetaçao é tamanha que tornaria impossivel impe- 
dil-a por muito tempo. 

Em vista disso, Yorke propõe que, em vez de combater os 
insectos, vehiculos dos germens, se o faça ao axntilope, que é o 
veservatorio dos mesmos. Não precisa, diz elle, que se matem 
todas as antilopes do paiz; esses animaes, porém, devem ser 
systematicamente repellidos das localidades habitadas para as desha- 
bitadas. Uma primeira tentativa desse genero teria, porém, apenas | 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 59 


a) 


o caracter de experiencia scientifica, isto é, em algumas localidades, 
far-se-ia a estatistica dos doentes da quolestia do somno e da porcen- 
tagem aproximada das giossinas infeccionadas: — depois afastar- 
se-iam dahi as antilopes, que por espaço conveniente de tempo 
deveriam estar ausentes. Depois de alguns annos, procedendo-se à 
nova estatistica, ter-se-ia uma idéa exacta sobre o valor da 
experiencia. 

Naturalmente que em se tratando de regiões onde existem 
leis de protecção severa em favor das antilopes, estas leis deveriam 
ser revogadas, completamente, no que diz respeito à caça por parte 
dos europeus, e condicionalmente ao que se refere à caça feita pelos 
indigenas. 

As propostas de Yorke levantaram vivas objecções por parte 
dos zoologistas e dos zoophilos. 

Marshall affirma que a golestia do somno é endemica na 
Rhodesia e na Nigeria e que, portanto, os animaes veservatorio são 
representados, na pratica, já não pelas antilopes tão sómente, 
mas por todos os indigenas e pelos diversos animaes domesticos: um 
certo numero destes seria immunisado em relação ao germen 
(elles tambem seriam adaptados, ao germen, como a antilope) e 
constituiriam, assim o veservatorio de onde a glossina tira os 
germens que, inoculados de outros indigenas e aos europeus, não 


resistentes, emfim, a animaes não adaptados, dariam logar á 
molestia. 


Por outro lado Minchin é de opinião que, eliminadas as anti- 
lopes, as glossinas faltando-lhe aquellas victimas, picariam ainda 
mais o homem e os animaes domesticos, augmentando, assim, a 
possibilidade de transmissão da molestia. 

Mas Yorke respondeu a Marshall que os resultados das 
pesquizas feitas por elle e por outros domonstram de modo certo 
que a molestia do somno é recente na Rhodesia e que está longe de 
apresentar a larga difjusão endemica, que apresenta na Nigeria > 
e respondeu a Minchin dizendo que, eliminando de uma localidade 
toda a caça, que constitue a maior parte do material de pasto da 
glossina morsitans, obter-se-ia, immediatamente, a morte pela 
fome, de uma grande quantidade destes insectos e, portanto, seria 
“mais facil livrar-se delles quando fossem em menor numero. 


60 | MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Corroborando as affirmaçães de Yorke veiu agora o relatorio 
sobre outras pesquizas feitas por Sir David Bruce, em Kasu Hill, 


que é a região da Nyassa Land, onde a molestia do somno tem 
maior diffusão. 


Verificou-se pelos trabalhos de Bruce que naquella localidade 
as antilopes que apresentavam trypanosomas virulentos eram em 
porcentagem muito elevada (31,7 º/,) emquanto que a glossina 
morsitans toi encontrada infeccionada em uma proporção de sete 
para 50 — isto é, 14 º/,. 

Trata-se, pois, de resultados analogos obtidos por Yorke 
e Kinghorn, e ainda mais significativos, porquanto foram obtidos 
em localidades mais infeccionadas, das que foram estudadas por 
estes autores. 


E” preciso dizer que Bruce /evantou duvidas sobre a identidade 
da molestia apresentada pelos animaes domesticos, indigenas e europeus 
por elle observados — com a molestia do somno que se observa na 
Africa equatorial, SEGUNDO ELLE PENSA TRATA-SE DE UMA FÓRMA 
ESPECIAL DO NAGANO já conhecido. 


Seja como for, as verificações feitas por Bruce não deixam de 
collimar com as dos outros dous homens de sciencia no que diz 
respeito à zmportancia epidemologica das antilopes e abrem, desse 
modo, novos horizontes para o estudo das relações vitaes existentes 
entre o homem, os animaes domesticos e a fauna de um dos terri- 


torios de maior futuro da Africa do Sul. 


A. discussão acha-se ainda nesse ponto. À grande importancia 


que ella tem para a pathologia e a hygiene não carece de maior 
realce, assim como é evidente o interesse scientifico que ella encerra: 
para a zoologia. 


Não me julgo autorizado — está claro — de emittir opiniões: 
minhas, pessoaes, em uma questão em que brilham altas mentali-. 
dades. Apenas é de notar-se que esteja de que lado estiver a razão, , 
do lado dos zoologistas ou dos medicos — ou caiba um pouco a uns: 
e pouco a outros, o que foi provado é o seguinte : a T7ypanosomiase 
na Africa perdeu extraordinariamente em intensidade, nos logares: 
mais assolados ha annos atraz, mas tende a espalhar-se para outras 
regiões. Resta saber, porém, se, de facto, se trata de uma propa- 


REVISTA DE VETFRINARIA E ZOOTECHNIA 61 


Da do 


dd 


gação, de uma invasão recente a outros logares que eram julgados 
virgens, ou simplesmente, de encontral-a onde já existia em fórma 
endemica. Ú 

Marshall, segundo disse, sustenta que a quo/estia do somno é 
endemica na Rhodesia e na Nigeria, tanto para o homem como 
para alguns animaes domesticos. E”, pois, legitimo duvidar que 
ella exista, sob a mesma fórma, em outras zonas da Africa Central 
e do Sul. E se isso é ainda pouco provavel, não ha, por outro 
lado, razão de crer que as antilopes, ameaçadas de destruição nas 
regiões das quaes agora cogitam, particularmente sabios e governo 
inglezes, por instincto de conservação, emigrem levando a terrivel 
molestia a outros logares, até hoje immunes ou tido como taes ? 

Eis por que, além da hygiene e da pathologia geral a discussão 
interessa tambem à zootechnia. 

Em Março ultimo, alguns fazendeiros do Estado do Rio de 
Janeiro perguntaram-me se não existia na Africa Central e do Sul 
uma raça de zeh, boa productora de leite, e se julgava que 
essa raça bovina pudesse melhorar o zebi que existe actual- 
mente no Brasil, tão escasso no que diz respeito á pr>ducção 
lactifera. As mesmas perguntas foram-me feitas por alguns fazen- 
deiros do Estado de Minas, ainda ha pouco, e dos quaes me apraz 
lembrar o nome do activo Coronel Guaritã, de Uberaba, que, como 
se sabe, é um dos mais intelligentes criadores mineiros e o que, 
entre os meus distinctos interlocutores, me pareceu mais resol- 
vido a tentar a importação do dito zebii. 

Effectivamente existe uma raça de zebi, que se poderia chamar 
africana, que tem uma aptidão a produzir leite superior aos de raças 
asiatica (embora derive desta): é de pequeno porte, a côr de seu 
pello é castanho muito escuro; o typo no conjunto é o de qualquer 
outro zebi. Mas, admittindo (o que não acredito) que essa raça 
pudesse trazer um beneficio, no que diz respeito á producção do leite, 
em prejuizo, bem entendido da producção da carne, ao zebú que se 
cria no Brasil ; a lembrança de que possa trazer para aqui uma das 
molestias mais terríveis que se conheçam, deve fazer pelo modo 
mais absoluto :—abandonar a idéa. Pelo contrario, o governo brasi- 
leiro deve até precaver-se a esse respeito, no interesse supremo da 
Saúde publica e no grande interesse da criação do gado. 


62 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMEÉRCIO 


Ainda ha pouco o governo da America do Norte 4rohibiu 
absolutamente o desembarque em territorio da Republica de uma 
expedição de gado procedente da Africa. 

Os criadores brasileiros, naturalmente, não poderão correr 
nenhum risco; mas se alguem com fim utilitario tentasse essa 


importação, o exemplo dos Estados Unidos da America do Norte 
sem duvida seria seguido. 


Dr. P. Foschini 


Medico Veterinario 


PN Pa PN PN AR PR ARNS A PN PN a PN Na PN NARRA RAR ANA SEN A 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 63 


Dq cc 


CONTRIBUIÇÃO AO TRATAMENTO DO NAMBYUVU 
PELO TRIPANBLAU 


São conhecidos os bons resultados colhidos no tratamento 
de algumas piroplasmoses dos bovideos, dos equideos e dos cães 
( Nuttal, Theiler, Stockmann, Bumann, Belitzer, Moussu, etc. e 
entre nós Carini e Misson) com o trypanblau. 


Tivemos opportunidade de experimentar este medicamento 
em um caso nambyuvú, molestia dos cães, determinada por um 
parasita que apresenta estreito parentesco com os piroplasmas. 


Em 28 de Novembro ultimo enviou o Sr. Flaquer, de São 
Bernardo, a este Instituto, um cão veadeiro, de grande porte, 
gravemente doente. 


O animal, que adoecera havia tres dias, estava muito prostrado, 
mal podia andar e tinha as mucosas muito descoradas e ictericas. 


Nas orelhas e em diversas partes do dôrso notavam-se as hemor- 
rhagias cutaneas tão frequentes no nambyuváú. O animal havia dous 
dias que não se alimentava. A temperatura era de 39º,2. 


O proprietario nos referiu ter perdido dias antes dous outros 
cães com identica molestia e, julgando egualmente perdido o cão 
em questão, trazia-o ao Instituto para o estudo desta zoonoze que 
annualmente dizima grande numero de cães de caça. 


Convencidos que de facto se tratava de um caso grave de 
nambyuvú, occorreu-nos ensaiar o tratamento dessa molestia com 
o trypanblau, 


Então, injeciâmos immediatamente na veia saphena externa, 
20 c.c. de uma solução de trypanblau a 1º/ feita em sõôro 
physiologico. 

Ao mesmo tempo, com o fim de augmentar a resistencia do 
animal, tonificando-o, injectáâmos no peritoneo 250 c. c. de solução 
physiologica cafeinada. 

No dia seguinte notâmos ligeiras melhoras que permittiram ao 
animal alimentar-se com leite, continuando, porém, o estado de 
prostração e as hemorrhagias cutaneas. 


64 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


No terceiro dia, como perdurassem as hemorrhagias e o abati- 
mento, resolvemos fazer nova applicação do trypanblau que foi 
ministrado na mesma dóse, (20 c. c. de uma solução a 1 º/,) pela 
mesma via. 

Depois dessa segunda applicação as melhoras foram se accen- 
tuando cada vez mais e ao fim de alguns dias o animal reanimou-se, 
adquiriu de novo o appetite, desappareceu a icterícia, as mucosas 
retomaram a côr normal e as hemorrhagias cessaram. 

Com o fim de estabelecer o diagnostico, fizemos repetidos e 
cuidadosos exames do sangue periferico, não tendo sido encontrado, 
como é regra nestes casos, nenhum parasita. 

Entretanto, a inoculação de 5 c. c. do sangue do animal, 
recolhido antes da applicação do trypanblau, feita na cavidade 
peritoneal de um outro cão, permittiu-nos firmar o diagnostico. 

O cão inoculado morreu 24 dias depois, apresentando nos 
orgãos numerosos parasitas, especialmente nos rins. 

Tendo tratado um só caso não queremos tirar conclusões. 
Só uma longa experimentação poderá nos permittir um juizo 
sobre o real valor therapeutico desse medicamento no nambyuvá. 
Citamos apenas o caso, esperando que a experiencia de outros 
venha confirmar os nossos resultados no tratamento dessa terrivel 
e frequente molestia dos cães. | 


Drs. À. Carini e J. J. Maciel 


Do Instituto Pasteur de S. Paulo. 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 65 


Dn dd] 


O VALOR DO BMETICO NO TRATAMENTO DA ESPONJA 


Datam de meados de Maio de 1912 as primeiras applicações 
de emetico feitas em animaes atacados de esponjas, no serviço 
polyclinico da Inspectoria de Veterinaria do 3º Districto. 

Por esse tempo, perlustrando o Dr. José Gomes de Faria 
o Estado do Ceará, em missão scientifica, custeada pela Inspectoria 
de Obras Contra as Seccas, fez algumas pesquizas microscopicas 
com o fim de elucidar a etiologia da esponja, chegando à conclusão 
de ser a molestia produzida por um cogumello parasito ( talvez um 
saccharomyces ), cuja identidade, porém, não pôde determinar pela 
deficiencia dos meios de investigação. 

Dessa conclusão nasceu a idéa do emprego do emetico no 
tratamento da esponja. 

Às primeiras experiencias foram feitas em tres muares da 
E. F. Carril do Ceará, os quaes apresentavam lesões diversamente 
localisadas: n'um, a esponja de fórma arredondada, com cerca 
de 12 cm. de diametro, estava situada no lado direito do pescoço, 
proxima ao tronco; no outro, a lesão assestava-se na pata anterior 
esquerda, para diante e logo acima da corôa do casco; no terceiro, 
finalmente, notavam-se tres ulceras: a maior, para diante e acima 
do casco da pata anterior esquerda ; a outra, no rebórdo do prepucio 
e a ultima, de pequeno tamanho, para diante e acima do casco 
trazeiro, do lado direito. > 

O tratamento fôra iniciado cautelosamente, tacteando-se a 
tolerancia dos animaes e empregando-se, apenas, por via endo- 
venosa, 30 centigr. de emetico dissolvido em 150 c.c. de agua 
physiologica a 0,75%. 

Não obstante a insignificancia da dóse, logo ao 4º dia de trata- 
mento, depois de duas injecções, notavam-se sensiveis modificações 
para o lado das lesões, indício de uma reacção local, principalmente 
caracterisada pela hyperhemia das ulcerações, cujos bórdos se 
mostravam entumecidos, salientes, edemaciados, emquanto que a 
superficie dellas se cobria de espêssa secreção clara e viscosa, mais 
ou menos abundante. Tal reacção, intensa no muar, da esponja 
do pescoço fôra, nos outros dous, mais discreta, menos accentuada. 


R. V, 9 


66 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 

PPP PL PAPAS FLA LS E ESTNAP TRAIR FPF LAPA F TA ST SRF ES SST ETR 
Naquelle, os phenomenos congestivos foram rapidamente retro- 
cedendo com o tratamento, ao mesmo tempo que, em todo o 
perimetro da ulcera, se manifestava activo o processo de cicatri-. 
sação; nos outros animaes, porém, as reacções salutares correram 
mais fracas, mais attenuadas, a cura, mais arrastada. 


O primeiro muar restabeleceu-se com cinco injecções endo- 
venosas de 30 centigr. de emetico, feitas de dous em dous dias; os 
outros necessitaram para sarar: um, oito injecções, o ultimo, dez, 
nas mesmas condições de dóse e de tempo. 

Este facto é digno de reparo: traduz o phenomeno clinico 
sempre comprovado de que, de todas as localisações da esponja, 
das extremidades é a que mais lentamente se deixa influenciar pelo 
tratamento estibiado, necessitando, para ser debellada, medicação 
prompta e intensiva. 


Foi mesmo devido à resistencia de certas esponjas das patas 
que se procurou modificar o tratamento primitivo, elevando-se a 
dóse de emetico nas injecções e fazendo-se, ao mesmo tempo, 
applicações, Joco dolente, da mesma substancia. 

Nos casos rebeldes, atonicos, as applicações topicas de emetico 
exercem, effectivamente, acção benefica, “coadjuvadora do trata- 
mento interno, sendo, porém, impotentes, por si sós, para 
determinar a cura das lesões. 


De Maio de 1912 a principios de 1913, trataram-se desse 
modo 38 muares atacados de esponja, obtendo-se em todos elles, 
systematicamente, a cura da molestia. 

De então para cá conseguiram-se, na polyclinica da Inspectoria 
de Veterinaria do 3º Districto novas curas, que deixam, todavia, 
de ser mencionadas, por não ter o autor, presentemente, em mãos, 
os dados que a ellas se referem. 


Dos 38 casos acima referidos ha que deduzir 13, nos quaes se 
fizeram contemporaneamente injecções endo-venosas de emetico e 
applicações locaes de varios antisepticos (sulfato de cobre, ea 
etc.), por cuja influencia se poderia interpretar a cura. 


Restam, todavia, 25 casos tratados e curados exclusivamente 


pelo emetico, abono mais que sufficiente da excellencia desta 
medicina. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 67 


Fôra fastidioso e mesmo improficuo pormenorisar aqui a 
historia de todos elles; assim, apenas, se dirá dos dous extremos. 
isto é, daquelle caso cuja cura correu facil e daquelle outro que, 
por mais rebelde, exigiu tratamento energico e demorado. 

O primeiro diz respeito a um muar portador de uma ulcera 
esponjosa de cerca de 10 cm. de diametro, localisada ao nivel da 
articulação escapulo-humeral direita. Este animal, por occasião da 
segunda injecção na jugular, debateu-se tanto que a agulha sahindo 
da veia, a injecção embebeu-se toda no tecido cellular subcutaneo. 

No dia seguinte ao deste accidente, o animal apresentava 
formidavel edema de toda a região anterior do pescoço, propa- 
gando-se ao peito, à parte superior e anterior dos membros e ao 
esterno, difficultando a marcha. 

Suspendeu-se o tratamento e, por meio de repetidas massagens 
e fricções de therebentina, sobre a região edemaciada, conseguiu-se, 
em oito dias, o desapparecimento da inchação. 

Não obstante ter o animal recebido apenas 1 gr. e 20 de emetico 
em duas injecções, uma endo-venosa, outra accidentalmente sub- 
cutanea, a cicatrisação da esponja evoluiu com celeridade, de 
modo que, ao desapparecer o edema, já a ulcera se achava reduzida 
às dimensões de uma moeda de vintem e fechava definitivamente, 
poucos dias depois, sem outro tratamento. 

Nem sempre, porém, as cousas correm assim tão de feição : 
ulceras ha, geralmente localisadas acima da corôa dos cascos, que 
só se curam com tratamento energico e intensivo. 

Uma mula apresentando uma esponja relativamente pequena, 
situada logo acima do casco e do lado externo da pata posterior 
esquerda, recebeu, para curar-se, 10 grs. e 40 de emetico em 12 
injecções endo-venosas, sendo 4 de 60 centigrs. e 8 de 1 gramma, 
feitas de dous em dous dias, afóra varias applicações locaes do 
mesmo medicamento. 

Em média, faziam-se de 4 a 6 injecções de 1 gramma de 
emetico, durante o tratamento dos casos communs. 

Actualmente, o tratamento da esponja é feito na Inspectoria de 
Veterinaria do 3? Districto por meio de injecções endo-venosas 
de 50c.c. de uma solução de emetico a 2 4% feita em agua physio- 
logica contendo 0,75 % de chlorureto de sodio. 


68 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


O emetico empregado é o tartaro duplo de potassio e antimonio. 

Às injecções são feitas systematicamente na jugular com os 
cuidados de asepsia que o caso requer. 

A solução é preparada, momentos antes de ser injectada, 
em agua physiologica esterilisada, sendo empregada sem prévia 
filtração. 

Nos casos rebeldes, fricciona-se energicamente a ferida com um 
tampão de algodão esteril embebido na mesma solução estibiada 

As injecções são espaçadas de dous dias. 

Conclusões — Do que fica exposto infere-se que : 

1.º O tartaro emetico é agente poderoso, senão especifico, da 
cura da esponja. 

2.º Nem todos os casos se deixam egualmente influenciar pela 
medicação : as ulceras do tronco são menos resistentes do que as 
das extremidades. 

3.º As applicações locaes de emetico reforçam a acção desse 
mesmo medicamento, administrado por via venosa, mas são impo- 
tentes, por si sós, para determinar a cura das lesões. 

4.º As indicações mencionadas neste trabalho referem-se a 
muares de pequeno porte, como sóem ser os do N. E. do paiz. 


Dr. Thomaz Pompeu Filho 


Inspector Veterinario do 3º Districto. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 69 


LA AAA AA 


O PURO SANGUE ARABE 


Reproductor preciso para a creação da 
raça cavallar nacional 


A indicação do sangue arabe para ser o principio da rege- 
neração da raça cavallar brasileira e da fixação do typo nacional, 
parece dada de modo tão claro, por considerações theoricas, que é 
devéras para admirar que não se achem todas as opiniões de accordo 
sobre este ponto. | 

Outrosim, são aquellas considerações a unica base sobre a 
qual possamos, por emquanto, estabelecer nosso systema de criação. 
Seria a experiencia um guia mais certo na via a seguir, porém nos 
falta. E por quantos annos ainda nos faltará? Pois não se deve 
esquecer que, em materia de criação, as qualidades das segundas, 
terceiras e seguintes gerações são aquellas que hão de ser conside- 
radas muito mais do que os resultados do primeiro cruzamento. 
| O puro sangue inglez sendo o reproductor que vejo o mais 
frequentemente oppôr aqui ao puro sangue arabe, indicarei minhas 
razões de preferir este áquelle para iniciar a obra da criação da raça 
cavallar nacional. 

Não direi negar, mas só discutir a excel- 
Puro sangue inglez Jlencia do puro sangue inglez como cavallo 

de sella seria uma asneira imperdoavel da 
parte de quem faz ostentação de alguma sciencia hippica. 

Elle é um corcel tão solido como brilhante, isto é, tendo tantas 
qualidades de fundo quantas de velocidade e póde ser considerado 
com toda a razão como o cavallo de armas ideal. 

Convém, todavia, accrescentar, que essa maravilhosa machina 
para dar seu rendimento completo, exige condições de cuidados e 
conservação mais severos, portanto, mais dificeis a encher do 
que outra menos delicada. 

Della cita-se quantidade de proezas: — raids esplendidos, reco- 
nhecimentos estrategicos de grandes manobras de 110, 120 e mais 
kilometros durante um dia, executados com perfeita facilidade. 

De accordo. Apenas uma palavra. Taes «performances» são 
façanhas de officiaes, cujas cavalgaduras, ainda que compartilhando 


TO | MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


a existencia dos cavallos das fileiras, a das noites de guarda e 
de «bivac», são o objecto, ninguem o póde negar, de cuidados 
muito maiores do que estes. 


E não pensam que a destreza do cavalleiro não deve entrar 
como coefficiente do rendimento ? O cavalleiro inferior que repre- 
senta o soldado em comparação do official estará longe de obter 
resultados eguaes. 


Ensinae 100 soldados de tal modo que sejam capazes de fazer 
a manobra, a escola de regimento, montados sobre cavallos de puro 
sangue inglez, tereis o primeiro esquadrão do mundo, mas per- 
guntae a qualquer official de cavallaria o que pensa a respeito da 
difficuldade da tarefa. De facto, uns cavallos de puro sangue inglez 
que tenho visto nas fileiras, embora confiados aos melhores caval- 
leiros, estavam sempre de manejo difficil. Além disso, o estado 
geral soffria da sua nervosidade; alimentavam-se mal e quasi 
sempre appareciam magros. 


Então julgo: que só é quando tiverdes cavalleiros capazes de 
montal-os que podereis desejar ver toda a remonta do paiz em 
cavallos de puro sangue inglez. 


Ainda não é o caso aqui. 


Porém, o ponto de vista que acaba de ser encarado não é 
exactamente o em que nos devemos collocar para examinar o 
« english thoroughbred ». Trata-se neste momento não de seu 
valor intrinseco, mais sim de seu valor como garanhão a dar 
às eguas indigenas que destinamos a serem a origem da nossa 
futura raça. 


Como reproductor, é de novo um concerto de louvores de 
que é merecedor o puro sangue inglez. Suas qualidades para a 
transmissão do sangue, da acção nervosa são attestadas pelos 
descendentes dos celebres fundadores da raça, Dailey - Arabien, 
Godoiremo Arabien e Byerley Arabien. 


Só arriscar-me-ei a fazer um reparo. Não póde a excellencia 
de um producto ser attribuida exclusivamente a um dos reprodu- 
ctores; o outro tambem tem desemperihado seu papel e, antes 
de tudo, a influencia preponderante que tem agido sobre o mysterio 
de sua união é a do appropriamento de um para outro, 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 71 


Manifesta-se este appropriamento por um certo numero de 
semelhanças. 

A primeira, a que salta aos olhos, é a do tamanho. São pre- 
cisas dimensões em relação. Ora, todos sabem que a altura de 
17,60 já não é grande para o puro sangue inglez, ao passo que 
raras são as eguas daqui que passam de 17,45. As juncções nestas 
condições não só fazem correr grandes riscos aos productos de 
serem desconjuntados, mas ainda mais põem em perigo a vida da 
reproductora. E deveria isto bastar largamente para que seja a 
discussão acabada. 

A procura das outras semelhanças, tão recommendada por 
todos os hippologos, desde que esteja presente à memoria a 
natureza do sangue que corre nas veias do cavallo brasileiro, 
fornece-nos nova razão irrefutavel de dar a preferencia ao puro 
sangue arabe. 

Se esta é a solução mais logica, não tenho receio de dizer que 
tambem é a mais feliz a adoptar-se. 

A autoridade que falta a uma voz escura 
Puro sangue arabe para proclamar a excellencia da raça arabe | 

para a reproducção, apenas tenho eu diffi- 
culdade de escolher para tiral-a dos autores conhecidos. 

Segundo André Sanson, o sangue arabe serviu para melhorar 
todas as raças cavallares do mundo, e não sómente as da sella, 
de tiro leve, de luxo e de guerra, bem como para tornar menos 
lerdas ou menos tardigradas as grandes raças cargueiras e pesadas, 
e isso pela simples infusão de uma dóse minima (1/4). 

O Conde de Comminges relata no seu livro 4 travers ! Alle- 
magne habpique que os allemães, no haras de Neustadt, tendem a 
substituir o puro sangue inglez, cuja influencia energetida desap- 
parece na descendencia pelo puro sangue arabe, tendo verificado 
que os anglo-arabes assim obtidos, isto é, com uma maior proporção 
de sangue arabe, fazem melhores cavallos de guerra, mais duros, 
mais resistentes e mais rusticos, ainda que menores. 

Acabarei por um autor deste paiz, o illustre Dr. Assis Brasil, 
o qual escreveu: — « Se os especialistas dissertam quanto a consi- 
derar o arabe como o tronco original de toda a população cavallina 
do orbe, estão todos de accordo em que do arabe vem o sangue 


72 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


regenerador por excellencia, que tem fundado as mais bellas e 
valiosas raças actualmente existentes. Directa ou indirectamente 
descendem delle: o puro sangue inglez, o veloz americano que 
cobre a milha (160,"s), a trote, em dous minutos e dous segundos; os 
elegantes russos Orloff, os saltadores e valentes hunters, os cavallos 
de guerra da Allemanha, da Austria, da França, etc., os cavallos 
de sella da Europa, das duas Americas, da Africa e da Australia 
e até mesmo os mais ageis e elegantes dos animaes de tiro pesado», 

Ora, a leitura destas linhas suggere uma nova observação 
que vem ainda amparando nossa these. 

O que é o puro sangue inglez, senão o descendente do cavallo 
arabe? Este, na arvore genealogica porque têm costume de se 
apresentar especies e familias, é o tronco, aquelle um dos ramos 
que delle nascem. Não será no tronco, no coração da arvore que 
a seiva terá mais vigor e, portanto, não será lá que é preciso 
procural-a de preferencia à parte mais ou menos remota dos canaes 
divergentes ? | 

Isso é que foi perfeitamente entendido em França, na obra, 
realizada de modo tão admiravel, da regeneração das raças de 
Therbes, das Landes e da Camargue. 

Alli tambem tinham-se achado em presença do sangue oriental 
e a raça tinha, por causas muito parecidas com as daqui, considera- 
velmente definhado. 

Mas encontram nisso a prova fornecida pelas experiencias, 
cuja falta eu lastimava ao principio destas notas. Já se vê que 
por ella está confirmado o ensino theorico, demonstrando até a 
evidencia que o garanhão a dar em primeiro logar ás eguas brasi- 
leiras, em vista de fixar o typo nacional, é o puro sangue arabe. 


Á. Varim d' Ainvelle. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 73 


E dt da A 


ALIMENTAÇÃO DAS VACCAS LEITRIRAS 


IV 
(Vade mi 25 de April de 1912) 


Tendo já sido examinada a influ- 

A ração da vacca leiteira encia dos principios nutritivos das 

e sua composição forragens sobre a secreção lactea, 

compete-nos agora estudar a ração e 

sua composição, afim de melhor podermos satisfazer às necessidades 

proprias do organismo e da secreção lactea, assim como examinar 
as principaes forragens para tal fim empregadas. 

a) Exigencias nutritivas das vaccas leiteiras. — Antes de se 
estabelecer qualquer ração para vaccas leiteiras torna-se necessario 
conhecer: 1º, a quantidade de principios nutritivos indispensaveis 
para satisfazer ás necessidades do organismo; 2º, as necessidades da 


propria producção. 

De numerosas experiencias feitas na Allemanha e na Dinamarca 
póde-se deduzir que para producção unicamente de 10 litros de 
leite são indispensaveis, segundo o Dr. Kellner, 550-650 grs. de 
albumina e 2 kilos a 2 kilos 700 de valor amido, sendo a gordura 
avaliada em 500 a 600 grs. por 1.000 kilos de peso vivo. Se, 
porém, accrescentarmos a estes dados a quantidade de principios 
nutritivos indispensaveis para attender ás proprias exigencias do 
organismo e que é de 600-800 grs. de albumina digestivel e 8-9.5 
kilos de materias não azotadas, inclusive a gordura, facil é esta 


belecer as seguintes normas de rações para vaccas leiteiras: 


Mate- Hydratos Total dos R. N. 
Materia secca Materia graxa principios nu- | Relação nu- 
ESPECIFICAÇÃO ria azotada de carbono tritivos tritiva 
MA(MG x 
Ms, M, A, M, G. M, H, 0. x 2-4) + MHO to 
Vaccas dando É 5 litros....... 22-27 19 0.3 I0.5 I2.5 8.5 
pr dia e por 
1900 kilosde | 10 » ...... 25—29 2.0 0.5 12.7 15.9 TO 
peso vivo: 
DR 07610 1 27—33, 2h 0.6 14.6 18.7 5.9 


OE Mivajo a: 2r51s 27—34 ANA 0.8 16.0 PRE) 5.3 


74 — MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Examinando-se os dados acima, vê-se facilmente que a 
alimentação da vacca leiteira deve ser feita de accordo com a sua 
producção e o seu peso, pois não se póde negar que uma vacca que 
dá diariamente 15 litros deverá exigir maior quantidade de prin- 
cipios nutritivos na sua alimentação do que outra que produz 
apenas 5 litros. 

Na composição das rações convém egualmente lembrarmo-nos 
de que uma vez attingida à normal, as addições a mais não augmens 
tam proporcionalmente a producção, resultando, pois, que o ultimo 
litro obtido, até chegar-se ao maximo do poder transformador da 
glandula, custará mais caro do que os outros. 

Quando, pois, os autores recommendam alimentarem-se as 
vaccas leiteiras ao maximo não se deve concluir que se trata 
de superalimental-as, mas de attingir à normal, que é o limite 
physiologico e, talvez, economico, ao mesmo tempo. 

A alimentação das vaccas, em muitas explorações pastoris, 
é calculada em commum, tomando-se como base a producção 
média; entre nós, porém, convém dizel-o, não preside nenhum 
criterio ou o calculo mais rudimentar. Tanto no primeiro caso 
como no segundo, em consequencia de uma tal alimentação, teremos 
as vaccas divididas em tres grupos: um que será bem alimentado, 
outro mal ou insufficiente e, finalmente, o terceiro superalimentado 
até a engorda. Os effeitos da ração nos dous casos não são, pois, 
racionaes, sendo prejudicada a secreção lactea. Quando as vaccas 
são superalimentadas, a glandula engorda, diminuindo sua activi- 
dade, ao passo que com uma alimentação insufficiente ellas 
emmagrecem, a glandula enfraquece-se, observando-se logo uma 
forte regressão no rendimento. Para poder avaliar-se a conse- 
quencia disto, basta dizer que a secreção lactea, sendo hereditaria e 
resultante de variações individuaes fixadas pela gymnastica funccio- 
nal e boa alimentação, não mais será transmittida ás gerações 
seguintes, desde que deixem de existir as condições que a determi- 
naram. Facil é, pois, comprehender-se a necessidade de alimentar: 
cada vacca de accordo com as suas exigencias, para se manter: 
sempre progressiva a lactação. À alimentação individual é a unica 
capaz de satisfazer a taes exigencias, podendo conseguir-se isso na: 
pratica, dividindo-se as vaccas em quatro a cinco grupos, de confor- 


| 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 75 


ÃO ag 


midade com a producção, sendo a ração para cada grupo composta 
de tal sorte que ellas se conservem em bom estado, sem emmagrecer 
nem engordar, mantendo a secreção constante e a mais abundante 
possivel. 

Na ração das vaccas já velhas, que não se pretende conservar 
para a reproducção, em vista de forte diminuição em sua producção 
e que são destinadas à venda para o córte, uma vez finalisado o 
seu periodo de lactação, convém introduzir-se nos tres ou quatro 
ultimos mezes um pouco de hydrato de carbono, elevando-se 
egualmente a percentagem de albumina até 2.5 kilos, por 1.000 kilos 
de peso vivo. À pratica, por muitos seguida em taes casos, e que 
consiste em iniciar a engorda desde o principio da lactação, é 
irracional, prejudicando a secreção lactea e occasionando maior 
gasto de alimentos. 

Tratando-se de vaccas em gestação, convém tambem augmen- 
tar-se a albumina, particularmente nos ultimos quatro mezes. Neste 
mesmo periodo, a titulo hygienico, é egualmente de vantagem 
diminuir-se a quantidade das forragens fibrosas e muito volumosas. 

b) Exigencias das vaccas leiteiras para os sáes mineraes. — 
Pouca ou quasi nenhuma importancia se tem ligado até hoje aos 
sães mineraes, que a ração das vaccas leiteiras deve conter. 
Entretanto, estudando-se uma analyse de leite, facil é observar-se 
a enorme quantidade de sães mineraes, principalmente de cal, 
acido phosphorico e potassa, que pelo leite são eliminados do 
organismo. Segundo o Dr. Kellner, o leite contém, em média, 
por litro, 7.4 grs. de sães mineraes, das quaes: 1.8 grs. de cal, 
1.5 de acido phosphorico, além de outros de menor importancia. 
Facil é, pois, comprehender-se que os alimentos constitutivos da 
ração devem ser bastante ricos em principios mineraes, afim de 
poderem satisfazer, além das exigencias do proprio organismo, às 
necessidades da secreção lactea, pois em caso contrario aquelle será 
“prejudicado, em bôa parte, em favor desta. 

Pelas analyses feitas, sabe-se que nem todos os principios 
mineraes contidos na ração são utilisados pelo organismo ; para a 
cal e o acido phosphorico calcula-se que é apenas utilisado um 
terço da quantidade introduzida no organismo. Se tomarmos para 
exemplo uma vacca que produz diariamente 20 litros de leite, 


76 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


ser-lhe-ão indispensaveis, só para manter a sua secreção lactea, 
108 grs. de cal e 90 grs. de acido phosphorico. Devemos ainda 
accrescentar a quantidade indispensavel à simples manutenção do 
organismo, e que, conforme o Dr. Kellner, se avalia em 100 grs. 
de cal e 50 grs. de acido phosphorico, para cada 1.000 kilos de 
peso vivo; teremos assim, no total, e por 1.000 kilos de peso vivo, 
para uma producção diaria de 20 litros de leite: 208 grs. de cal 
e 140 grs. de acido phosphorico. 

Em geral, estes dados são sufficientes para orientar o criador 
sobre a quantidade de materias mineraes, particularmente cal e 
acido phosphorico, que devem ser contidas na ração, para que ella 
possa satisfazer às exigencias do organismo e da secreção lactea. 

Na pratica, o criador dispõe de dous meios: 1º, alimentando 
as vaccas com forragens naturalmente ricas em phosphatos e cal 
e 2º, addicionando à ração estes elementos. 

Incontestavelmente, o primeiro methodo é melhor, e geralmente 
as rações bem compostas são bastante ricas para satisfazer a 
essas exigencias, principalmente quando o são de leguminosas, 
como alfafa, trêvo, etc., fenos, capins e alimentos concentrados 
de bôa qualidade. Pelo contrario, quando as forragans são natu- 
ralmente pobres em sães de cal e acido phosphorico, torna-se 
indispensavel corrigir as rações com um supprimento de phosphatos 
alimentícios, taes como: pós e cinzas de ossos, phosphato pre- 
cipitado, etc. A falta prolongada de cal e acido phosphorico na 
ração affecta o esqueleto, observando-se ao mesmo tempo uma 
diminuição quantitativa e qualitativa do leite. Convém notar que 
os phosphatos addicionados à ração não são tão efficazes como as 
forragens naturalmente ricas, porém, ainda assim, na realidade 
pouco se perde, pois a parte que não fôr utilisada pelo organismo 
animal passa a enriquecer o estrume, que vem servir à adubação 
das forragens. 

Para demonstração dos effeitos de uma alimentação mineral 
insufficiente, sobre a qualidade e a quantidade do leite, relatamos 
a seguir duas experiencias de Weiske e Fingerling : 

O primeiro scientista, em 1871, alimentando durante 42 dias 
uma cabra com uma ração pobre em cal e acido phosphorico, 
observou uma forte diminuição da cinza da materia sêcca do leite, 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA pipi 


ça 


Eua! passou de 8º/, para 4.72 º/,; a cal de 1.79º/. passou, para 
Rod “o e o acido phosphorico de 2.05 ºf, para 1.86 “fo. 

Fingerling, por sua vez, em uma experiencia muito mais 
recente, publicada em 1911 no Die Laniwirtschafilichen Versuchs- 
Szationen, com duas cabras, demonstra que com uma alimentação 
prolongada e pobre em sães mineraes (cal e acido phosphorico) a 
secreção é muito prejudicada, sendo diminuida a quantidade de leite 
2 proporcionalmente a de cinza. 

Esta diminuição póde-se avaliar pelas médias diarias consigna- 
las para o 1º e 4º periodos da experiencia, no quadro abaixo : 


CABRA A CABRA 31 
Leite Cinzas | Leite | Cinzas 
(ESA ETs: 9/00 (Crsi | Grs. 0/00 
[º periodo com alimen- 
tação rica em saes 
MIHeraeS cp ihossa h/s | 1958 Te Pa 6.8 IOII 8.59 8.5 
2º periodo com alimen- 
tação pobre em saes, 
MUMLCTAES: 220 xao wo co 1388 8.90 6.4 787 6.55 8.5 
— 570 —4.41 — E 22A — 2.04 


Vê-se, pois, que na cabra 4 a diminuição foi em média, por 
dia, de 570 grs. de leite e 4.41 de cinzas ena cabra 37, foi de 224 grs. 
de leite e 2.04 de cinzas. Resulta mais da experiencia acima referida 
que a composição das cinzas pouco variou, observando-se que com 
a alimentação pobre a porcentagem das cinzas pouco diminuiu, 
sendo até mais elevada a de cal e acido phosphorico nellas contida; 
porém, no total, para ambos, observou-se pequena diminuição ou 
constancia. Dessa experiencia deprehende-se, pois. que, quantitati- 
vamente, a secreção lactea é fortemente prejudicada por uma 
alim entação pcbre em saes mireraes e que sendo bastante constante 
a composição do leite seria difficil se obter, à vontade, um leite 
Mais rico em phosphatos e cal, como diz o Prof. Baron: «Phos- 
phatez vos terrains, vous phosphatez vos luzernes, vos vaches 
gt leur lait». 


c) 4 vação deve ser isenta de alimentos nocivos à qualidade do 
cute. — Na composição da ração para as vaccas de leite, indepen- 
entemente da quantidade de principios nutritivos que ella deve 


78 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
NISSAN AS SNS ESSAS NS NS RS SS NL NS NS PRESS NEH NA NENE NNE NE Ne ENS NÃ NEON NÃ A 
conter, precisa-se evitar a introducção de alimentos capazes de 
prejudicar o sabor, a côr, sua qualidade, emfim, e isto quer pelo 
simples contacto do leite, quer pela ingestão e eliminação pela 
clandula mammaria. Assim é que o leite se resente com a alimen- 
tação composta de plantas de odor activo, taes como o alho, as 
cruciferas em geral, o milho ensilado, o absintho e outras proveni- 
entes de mãos prados, as quaes communicam ao leite o odor 
e o sabor particulares que possuem, tanto mais pronunciadamente | 
quanto maior fôr a quantidade consumida e mais forte o odor da 
planta. A herva doce, o thymo, as cenouras e diversas outras dão, 
ao contrario, ao leite um perfume agradavel, concentrado na 
manteiga, desde que não seja exaggerada sua quantidade. 

Dahi resulta que na producção do leite não se deve olhar 
apenas a quantidade dos alimentos, mas tambem sua qualidade, 
que influirá sobre os productos derivados. E”, pois, indispensavel 
fazer-se uma escolha judiciosa dos alimentos que devem entrar na 
composição da ração, os quaes, além de suas qualidades alimentícias 
e hygienicas, não devem prejudicar a qualidade do leite e da 
manteiga. 

Na pratica, é bem conhecido pelos criadores que os alimentos 
estragados pela humidade, pela fermentação, ou qualquer outra 
causa e utilisados na alimentação das vaccas leiteiras alteram o 
sabor do leite e da manteiga, notando-se ainda que essa alteração 
póde persistir muitos dias depois de sua retirada da ração. A mesma 
alteração observa-se às vezes com o consumo de alimentos fermen- 
tados mal preparados, forragens verdes que ficaram durante muito. 
tempo amontoadas e, finalmente, pela limpeza insufficiente das man- 
jedouras e recipientes que contenham os alimentos. Em todos estes 
casos trata-se, provavelmente, da acção de certas bacterias que 
occasiónam a decomposição dos alimentos, da qual resultam certos 
princípios particulares que passam ao leite e à manteiga, alterando” 
lhes assim o sabor e a qualidade. 

O sabor do leite é egualmente alterado pela ingestão de certas 
sementes de que não foi extrahido o principio amargo; pelo farello. 
de trigo misturado com muito joio; pelas tortas de colza, quando 
distribuidas em dóse diaria, e por cabeça, de mais de um kilo e, 
finalmente, pela ingestão de agua impropria e de mão cheiro. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 79 


dd) 


São consideradas como favoraveis à producção de leite e man- 
teiga saborosos, em primeiro logar, as forragens verdes provenientes 
de boas terras de cultura, das pastagens compostas de gramineas e 
leguminosas, particularmente quando no início da floração; as 
cenouras, as beterrabas, as batatas doces; entre as farinhas, a de 
aveia, a de arroz, etc. Basta lembrar aqui o aroma agradavel, por 
todos conhecido, que possuem as manteigas da Suissa no verão e as 
da Normandia, obtidas de vaccas alimentadas em pastos ricos em 
boas gramineas e leguminosas. 

Outros alimentos são reputados como tendo propriedades 
especiaes para tornarem a manteiga mais dura e consistente. 
Tal inconveniente observado particularmente nos paizes frios, 
onde se torna difficil trabalhar a manteiga, entre nós constitue 
uma vantagem. Esta propriedade é attribuida aos fenos e às 
forragens verdes que centém muitas plantas acidas; os brotos 
novos depois da queima; o verde e os fenos cortados muito tarde ; 
as palhas de cereaes muito maduras; as beterrabas, as ervilhas, 
as farinhas de palmeira, de coqueiros, de linho e de algodão, 

Pelo contrario, a manteiga fica mais molle e menos consistente 
em consequencia da introducção na ração de maior quantidade 
de aveia, fubá, farello de trigo, farinha de arroz, torta de colza, 
gergelim e gyra-sol. Essa diversidade na acção dos alimentos sobre 
a qualidade da manteiga depende naturalmente da quantidade 
consumida e por isso não se a observa sempre na pratica; não 
obstante, muitos criadores europeus recorrem aos alimentos cor- 
respondentes, para corrigir os defeitos apresentados pela manteiga. 

Finalmente, devem ser tomadas precauções especiaes na 
alimentação das vaccas, cujo leite é destinado às crianças ou pessoas 
doentes, evitando-se principalmente o emprego de forragens que 
contenham certas plantas venenosas, cujos princípios toxicos podem 
ser eliminados pela glandula mammaria. A alimentação typo para 
as vaccas leiteiras deve ser constituida, pois, de bôas forragens, 
bem conservadas e provenientes de terras ferteis e adubadas com 
phosphatos ; as farinhas e os sub-productos de fabricação devem ser 
sêccos ou frescos, sem alteração ou falsificação. 

d) A ração deve ser bastante aquosa. — Examinando-se a analyse 
do leite é facil ver-se que elle contém 85 º/, de agua, d'ahi resultando 


80 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


uma sahida pela glandula mammaria de cerca de 17 litros de agua 
para uma producção diaria de 20 litros de leite. As necessidades 
organicas e a tensão sanguinea são por sua vez outras tantas 
exigencias que permittem a conclusão de que a vacca leiteira 
necessita de uma ração bastante aquosa e succulenta, podendo-se 
approximal-a da do capim verde, com cerca de 70 º/, de agua. 
Praticamente, consegue-se isto introduzindo-se na ração forragens 
verdes, raizes, sôpas, alimentos cozidos, etc., que permittem assim 
fornecer-se ao organismo a quantidade de agua que lhe é indis- 
pensavel. O processo muito empregado de se dar ás vaccas forragens 
sêccas, fazendo-as em seguida beber muita agua, não produz o 
mesmo resultado do primeiro caso, porque a agua incorporada às 
proprias forragens torna-as mais digestiveis e, por conseguinte, 
mais aptas a se tirar dellas melhor partido. 


A ração da vacca leiteira deve ser bastante aquosa, sem 
exaggero porém, porque uma alimentação muito aquosa, composta, 
por exemplo, de residuos de distillarias contendo 90-95 º/, de agua, 
beberagens muito diluídas, capins muito aguados, póde reflectir-se 
sobre o organismo, enfraquecendo-o e contribuindo ao mesmo tempo 
para a secreção de um leite muito aguado. 


O Dr. Kellner cita o exemplo da alimentação de um rebanho 
com uma ração muito aquosa e que era assim composta para cada 
1.000 kilos de peso vivo : 


50 kilos de borras de distillarias. 
21 ) D) ) ) cerveja. 
AQE» » beterrabas. 


A riqueza média em gordura foi de 2.10-2.45 º/5, emquanto 
que as mesmas vaccas antes davam um leite normal e mais rico. 
Esta experiencia não quer de modo algum dizer que se póde à 
vontade variar a composição do leite, augmentando ou diminuindo 
a quantidade das forragens aquosas. 

Uma experiencia realizada pelo Sr. M. Lafite, em Reims, em 
1912, teve por fim resolver a questão de se saber se com uma ração 
muito aquosa o leite se tornava aguado. 

Para este fim foram escolhidas oito vaccas hollandezas num 
rebanho de 140 vaccas leiteiras, dividindo-se-as em dous lotes: 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 81 


um de quatro, para a experiencia e outro, tambem de quatro, 
para testemunhas. 


I. A ração foi assim composta: 


Kilos 
La Up lá da O E A RA 3 
Paligalde Mayara > 
Grelos de malta. 2 
INateria” seccal. 1... 16 k 156 Katello! delitriso. cc. Z 
DANNI ato clara eia io: é 22 k 844 Bornalicdeleenyejar na: 10 
2 BeterrajDas sta Pout o 15 
39 k 000 —— 
39 
II. A seguinte ração intermediaria : 
Kilos 
Niciamiorrasem rr. 35 
aillgar tro elton sta hero 17 
Materia! sêeca.. .... 16 k 498 Rarellora a een 4 
ENA O co feio alo a sa S5nko 502 Mielaço Za 
—— —— AEB EL or da 0 0.60 SiS Blood é 4 
52 k 000 —— 
SL 
III. A ração aquosa foi composta de: 
Kilos 
ENS O E raio je E ERR > 
Baba cao so emásios > 
Materia” sêcea.. 4... 17 k 098 Betetra DAS qo o 25 
Je NL py Je A RR 38 k 902 Bornalide cerveja 20 
O TONA Rarello- sd tas JL 
56 k 000 : em 
56 


As tres rações acima enumeradas, empregadas na experiencia, 
que se realizou de 3 de Março a 2 de Junho de 1912, continham a 
a mesma quantidade de principios nutritivos e quasi a mesma de 
materia sêcca, differindo apenas na quantidade da agua : 


12 22.844 kilos. 
ZON np) 
32 38.902 » 


No quadro abaixo acham-se referidos os resultados da expe- 
riencia, que se compunha de seis periodos, de 15 dias cada um: 


R. V, II 


82 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
Ed dd dd din dd dd dd dd dd dm 


x Vaccas de experiencia Vaccas testemunhas 
Ração que receberam as vaccas 
a o —>—>———— A (e e, o 
de experiencia, Ê Observações 
durante os seis periodos Litros de leite Grs. de Litros de leite Grs. de 


Média por dia manteiga Média por dia manteiga 


Ração normal n. IL... 47.8 29.6 52.6 37.4 |I0 periodo de I5 dias 
Agua á discrecção, ração mn. 1 47.8 29.2 54.6 Ao DO) » Do» 
Ração) norimailbinsErd RE RE 48.6 28.0 52.6 32.8 |30 » » DD » 
Ração aquosa n. 3, mais agua 

PE duasivezesiponidiam. 50.5 27.5 52.6 31.8 |40 » D DD 
Ração intermediaria-n. 2..... 46.0 29.8 49.5 32-15) 50 DD 5 
Racaão normal 47.4 27.5 47.8 30.7 |60 » » D» » 


Às vaccas testemunhas receberam a mesma ração n. 1, durante 
toda a experiencia. Examinando-se os resultados consignados no 
quadro acima, verifica-se que a alimentação aquosa muito pouco 
influiu sobre a quantidade e a riqueza do leite. Esta experiencia, 
e outras feitas no mesmo sentido, vem demonstrar que não é possivel 
obter-se à vontade leite mais abundante e aguado, submettendo-se 
as vaccas a uma alimentação aquosa. Resulta, pois, dahi que a 
composição do leite é relativamente pouco variavel em consequencia 
da administração de alimentos mais aquosos, desde que seja 
mantida a dóse de princípios nutritivos. O leite aguado, pois, só é 
secretado em condições muito especiaes, que ainda não são bem 
conhecidas, mas que com toda certeza denotam estado doentio do 
animal. Diz ainda o Dr. Kellner que, para que os effeitos de uma 
alimentação muito aquosa se reflictam sobre a qualidade do leite, é 
preciso que a vacca a receba durante um tempo bastante longo, o 
que sem duvida vem enfraquecer a glandula mammaria. 

e) A alimentação deve ser constante e sem interrupção. — À 
ração, constituida das forragens disponiveis no momento, deverá 
ser aos poucos modificada pela necessidade de se lhe introduzirem 
novas forragens, de accordo com os recursos forrageiros impostos 
pela época do anno, tendo-se, porém, o cuidado de manter con- 
stante a quantidade de principios nutritivos, de accordo com a 
producção e as necessidades do organismo. À constancia no caso 
presente não significa que uma vez constituida a ração de capim e 
fubá, por exemplo, nunca mais se deva alteral-a; ao contrario, 
deve-se modifical-a, introduzindo novas forragens que se apresen- 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 83 


al A A 


tem na occasião em abundancia, substituindo-se umas por outras, 
total ou parcialmente, porém de modo gradativo e mantendo-se 
sempre a dóse necessaria de principios nutritivos. Sabe-se que os 
effeitos da alimentação sobre a secreção lactea são notaveis, até 
attingir-se a normal, partindo-se de uma alimentação insufficiente, 
caso este em que o animal é obrigado frequentemente para ella 
contribuir com seu proprio organismo. Em tal condição a addição 
de novos alimentos produzirá maiores resultados; mas, alcançada a 
normal, a addição não augmenta mais proporcionalmente a quan- 
tidade de leite e predispõe o animal à engorda. Tanto no primeiro, 
como no segundo caso uma tal alimentação é anti-economica e 
prejudicial à secreção lactea, sendo sempre difficil restabelecel-a ao 
nivel primitivo, particularmente quando a diminuição é conse- 
quencia de uma alimentação insufficiente. Diz a respeito o Sr. Mer 
que, segundo as observações feitas, não é possivel restabelecer-se 
a secreção lactea normal antes da parição seguinte, desde que 
ella seja prejudicada temporariamente por uma alimentação 
insufficiente. 

E? de particular recommendação fazerem-se na alimentação as 
modificações impostas pela época do anno gradativamente, passan- 
do-se por um periodo de transição e cuidando-se para que a nova 
ração não seja inferior à antecedente. 

A pontualidade na distribuição das rações, sempre à mesma 
hora, é por sua vez indispensavel e tem as suas consequencias 
beneficas. Quando os alimentos são sempre distribuidos à mesma 
hora, osorgãos digestivos adquirem rapidamente uma especie de 
automatismo favoravel à boa execução da sua funcção e as vaccas 
conservam-se assim mais socegadas, sem agitação. Todos conhe- 
cemos bem quanto agitadas ficam as vaccas quando esperam a 
ração, estado este naturalmente muito desfavoravel à secreção. 
O pequeno criador, para seu beneficio, deve acostumar-se a esta 
exigencia hygienica, e nos grandes estabelecimentos para abasteci- 
mento de leite ás cidades os proprietarios devem obrigar e habituar 
seus vaqueiros à pontualidade no arraçoamento das vaccas. 

f) Do regimen das vaccas leiteiras. — As vaccas leiteiras são 
conservadas quer no pasto exclusivamente, quer no pasto e no 
estabulo, ou regimen mixto, quer em estabulação permanente. 


84 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A alimentação no pasto. — Entre nós é o systema mais commum 
e o predominante, excepção feita nos arredores das cidades, onde, 
por circunstancias especiaes, se adopta o regimen mixto e o da 
estabulação permanente. Em geral, o regimen do pasto póde divi- | 
dir-se em intensivo e extensivo, isto de accordo com o valor das 
pastagens e os cuidados dispensados com seu trato, adubação, etc. 

Na opinião de muitos criadores o regimen do pasto realiza 
melhor as condições economicas e hygienicas para a producção de 
um leite abundante e rico, com a condição unica de que sua com- 
posição seja boa, sejam limpos, livres de pragas, de área sufficiente 
e bem adubados. À composição dos pastos tem, pois, grande impor- 
tancia, particularmente quando consta de gramineas e leguminosas 
de boa qualidade. As pastagens que possuem grande proporção 
de plantas duras, pouco nutritivas e cheias de pragas são pouco 
favoraveis à producção do leite, influindo até em certos casos sobre 
sua qualidade. Nas boas pastagens as vaccas com o exercicio 
moderado ao ar livre têm sempre disposição para consumirem mais, 
notando-se por conseguinte um augmento de rendimento de leite 
com maior quantidade de materia secca e gordura. E”, pois, em 
taes pastagens que ellas encontram uma ração completa, à vontade 
escolhida, abundante, aquosa e bem digestivel. Não nos devemos 
admirar de que seja em taes condições que o criador obtenha maior 
quantidade de leite mais rico e saboroso, sendo a manteiga delle 
proveniente mais reputada e de melhor conservação. À maior 
producção observada no regimen do pasto não deve ser attribuida 
à melhor utilisação dos alimentos, mas a uma alimentação mais 
abundante e mais rica do que a ração bem medida no estabulo. 
E” preciso egualmente reconhecer que em muitas condições este 
systema constitue um verdadeiro desperdicio de alimentos nutriti- 
vos, particularmente de albumina. Mas, nem sempre as pastagens 
são boas; muitas vezes pela propria natureza dos terrenos, a época 
do anno, o clima, a secca prolongada, o verão muito quente, etc., 
escassea o pasto, ao ponto de se ver forçado o criador a sustentar 
seu gado leiteiro em meia estabulação, administrando-lhe uma 
ração composta de diversas forragens cultivadas e de alguns outros 
alimentos, productos da fazenda, ou comprados no mercado. 
Às vaccas recebem este supprimento no estabulo, quando reunidas 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 85 


it cá 


para a ordenha. No verão, quando o tempo está muito quente, 
convém conserval-as durante as horas mais calidas do dia no 
estabulo, soltando-as no pasto, à noite. No inverno, ao contrario, 
ellas devem ser conservadas à noite no estabulo e durante o 
dia no pasto. 


Quando o pasto é muito novo e aguado, recommenda-se dis- 
tribuir um pouco de forragem secca, que as vaccas procuram com 
avidez, à noite, no estabulo ou antes de irem para o pasto. 


Estabulação permanente. — A vacca, como animal productor 
de leite, póde ser explorada nas condições economicas as mais 
variadas. Nos arredores das cidades, até 100-150 e mais kilometros 
de distancia, o leite produzido é vendido em natureza, convindo 
sua transformação em queijo e manteiga quando é difficil o tran- 
sporte. Nas cidades grandes, para a venda do leite fresco, existem 
vaccarias que contam geralmente de 10 a 15 vaccas mantidas em 
estabulação permanente, e conservando-se ahi sómente quando 
em plena producção, devido ao seu elevado custeio, sendo, ter- 
minada a lactação, vendidas ou removidas para fazendas afastadas. 
Na alimentação das vaccas em estabulação permanente o criador 
deve observar todas as regras de hygiene, afim de attenuar os mãos 
effeitos de tal systema, devendo as vaccas sahir diariamente para 
um pasto perto, quando o permitta o tempo. Tal pratica concorre 
ao bom arejamento do estabulo, asseio das manjedouras, facilitando 
até a distribuição da ração da tarde. 


No regimen do estabulo o criador deve tomar as necessarias 
precauções para obter regularmente as forragens indispensaveis e 
poder assim effectuar as substituições gradativamente. Quando são 
administradas forragens verdes muito novas e aguadas, convém 
sempre juntar-se-lhes alguma forragem secca, que se vae dimi- 
nuindo à medida que a forragem verde se approxima da floração, 
mudando bastante sua composição. As farinhas e os grãos cozidos, 
que são previamente preparados, devem ser utilisados no mesmo 
dia, e não depois de ficarem azedos ou fermentados. 


Devido à influencia dietica favoravel das forragens verdes é 
importante para o criador tomar as necessarias providencias para a 
sua producç ão durante o anno inteiro, uma vez que assim o per- 


86 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


mittam as condições de clima e sólo. As forragens verdes, as raizes 
e os tuberculos, no regimen da estabulação, além de favoraveis à 
secreção lactea, são relativamente mais baratos desde que sejam 
produzidos na visinhança, evitando-se transportes muitas vezes 
carissimos. O numero de forragens que podem ser cultivadas para 
consumo verde é grande; no proximo numero passaremos a exami- 
nar as principaes, estudando sua composição, seu rendimento por 
hectare, assim como seus effeitos na alimentação das vaccas 


leiteiras. 


N. Athanassof. 
( Continia ). 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 87 


10º CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEDICINA 
VETERINARIA 


LONDRES —- 1914 


O Sr. Professor STEWART STOCKMAN, Secretario Geral do 
Comité organizador do proximo Congresso de Londres, acaba de 
enviar ao Dr. PauLo PARREIRAS HoRrTA, Chefe da Secção Technica 
do Serviço de Veterinaria e Delegado do Comité no Brasil, a 
seguinte carta: 


« Londres, 20 de Janeiro de 1914. 

Caro collega— Faço chegar as vossas mãos o programma 
preliminar do 10º Congresso Veterinario Internacionale vos 
peço a bondade de fazel-o circular o mais longe possivel por 
intermedio dos jornaes de nossa profissão, 

Desejo vos explicar que o programma está escripto em 
inglez porque pensamos ser melhor deixar a traducção de 
uma cousa tão importante ao Comité de cada paiz em que 
fôr elle publicado. 

Acceitae, caro e honrado collega, os sentimentos mais 


distinctos. — Stewart Stockman ». 


Publicamos em seguida esse documento: 


«O Decimo Congresso Internacional Veterinario deve se 
realizar em Londres, de 3 a 8 de Agosto de 1914. 

Trata-se do Congresso Jubileu, que se reunirá em Londres em 
virtude do desejo expresso dos veterinarios do mundo, em honra do 
distincto veterinario inglez Jomn GAamMcEE, por cuja suggestão 
foram primeiramente instituídos os congressos internacionaes de 
veterinaria. 

Apezar de não ser costume do Governo Britannico fornecer 
auxilio algum aos congressos internacionaes, está elle tomando 
um grande interesse com o proximo Gongresso e convites redigidos 
da seguinte fórma foram enviados pelo British Foreign Ofjice aos 
varios paizes, convidando-os a se representar por meio de delegados 
officiaes. 


88 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


( Cópia) — Foreign Office, Setembro 1913: 


«Senhor — Transmitto-vos, junto a esta, cópias do programma 
do 10º Congresso Internacional Veterinario que se deve realizar 
em Londres, de 3 a 8 de Agosto do proximo anno, com 
o pedido, afim de que o leveis ao conhecimento do Governo, junto 
do qual estaes acreditado, convidando-o ao mesmo tempo de maneira 
que sejam enviados delegados ao mesmo. 


À historia destes congressos é a seguinte: 


Ha 49 annos, por suggestão de um distincto veterinario 
britannico, Jogn (GamcEE, effectuou-se o Primeiro Congresso 
Internacional Veterinario. A suggestão de GAMGEE foi motivada 
pela peste bovina que, proveniente da Russia, se espalhou por toda 
a Europa, devastando as fazendas, resultando d'ahi a convicção 
de que a luta contra as pestes animaes não depende exclusivamente 
de cada paiz, isoladamente, porém deve ser cuidado commum de 
todos. À razão da opinião de GAMGEE foi immediatamente reconhe- 
cida por todos os paizes europeus. Estes congressos, entre outras 
cousas, discutem todas as questões internacionaes que tenham 
ralação com as pestes animaes. 

Infelizmente, não puderam ser feitas as combinações, afim de 
que o primeiro e os outros congressos fossem convocados na 
Grã-Bretanha, porém ficou estabelecido um accordo pelo qual elles 
se realizaram, todos os cinco annos, em varias capitaes da Europa. 
Os Governos dos paizes interessados enviaram sempre convites aos 
outros Governos, afim de que fossem nomeados delegados. 


O 9º Congresso realizou-se em Haya, em 1909, e nessa 
occasião os Governos da Argentina, Austria (inclusive Bohemia, 
Croatia e Slavonia), Baviera, Belgica, Bulgaria, Colombia, Cuba, 
Dinamarca, Allemanha (inclusive Saxe-Weimar), França (inclu- 
sive Algeria e Tunisia), Grecia, Guatemala, Hungria, Italia, 
Japão, Luxemburgo, Mexico, Noruega, Hollanda, Rumania, 
Russia, Saxonia. Servia, Suecia, Suissa, Estados Unidos da 
America, Uruguay e Wurtemberg, estiveram representados, assim 
como a Grã-Bretanha e certos dominios de além mar. 

Ainda que o Congresso não tenha sido promovido pelo Governo 
de Sua Majestade, elle tomou um grande interesse pelo assumpto 


REVISTA DE VETFRINARIA E ZOOTECHNTIA 89 


LO A A 


para o fim a que fôra convocado e terá sciencia com prazer de que 
o convite tenha sido acceito. 

Elle veria tambem com satisfação a representação isolada neste 
Congresso, do mesmo modo que nos de Educação ou meramente 
scientificos ou outros assumptos que interessam aos paizes que pro- 
movem as sciencias veterinarias ou utilitarias.» 

A Commissão Britannica de organização enviou um amavel 
convite aos collegas estrangeiros em cada paiz, e deseja informar 
que as representações do Congresso, estrangeiras, devem fazer o 
possivel para estar em Londres, no sabbado, 1º de Agosto. 

E intenção da Commissão Britannica offerecer uma recepção 
preliminar na tarde de domingo, 2 de Agosto, aos distinctos mem- 
bros que se devem encontrar na capital londrina, afim de discutir a 
solemnidade da abertura official do Congresso e obter alguma 
ulterior deliberação. 


À abertura official será na terça-feira, 3 de Agosto do corrente 
anno, occasião em que a commissão espera assegurar o patrocinio 
de uma pessoa illustre para abrir o Congresso. 


LoGaRr DE « MEETINGS » — Os gueetings do Congresso serão na 
Central Buildings, Westminster, Londres, que offerece bastante 
commodidade. 7 

Este local é contiguo ás casas do Parlamento, pela posição 
é conveniente em relação aos hoteis, restaurants e divertimentos. 


Diversões — O Ministerio das Relações Exteriores resolveu 
dar festas em honra do Congresso. 

O programma para os banquetes e recepções, serão dados 
em honra do Congresso, ainda não se acha completo, porém notas 
completas particulares serão enviadas á Commissão Nacional, afim 
de serem publicadas o mais cedo possivel. 

À Commissão Britannica está tambem organizando excursões 
do seguinte modo: 

1º — Visitas a propriedades ruraes e studs proximos de Londres. 


R, V. 12 


90 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A Commissão já foi informada de que haverá permissão para 
visitar as propriedades reaes em Windsor. 

2º — Visitas ás estações de Quarentena e de Pesquizas do 
Departamento de Agricultura. 

3º — Excursões depois do Congresso aos logares de interesse 
historico ou zonas notaveis pelas bellezas do scenario. 

Podem os congressistas contratar excursões particulares, que 
serão pagas mediante combinações entre elles. 

ViacENs — À Commissão Britannica está preparando o itine- 
rario com varias companhias de estradas de ferro e navegação, na 
Grã-Bretanha e outros paizes, para dar especiaes concessões aos 
congressistas. Ella já scientificou aos Srs. Thos, Cook and Son, 
que têm de dar toda a assistencia e fornecer-lhes interpretes nas 
varias estações, no sabbado, 1º de Agosto, para conveniencia dos 
referidos congressistas que ainda não estejam familiarisados com 
a capital de Londres. 

Estes programmas serão objecto de intensa publicação, quando 
estiverem completos. 

HoTEIS E RESTAURANTS — Existe um grande numero de hoteis 
e restaurantes. 

Os hoteis e restaurants em Londres são excellentese os preços 
são moderados. O preço em bons hoteis varia de 5 shillings pelo 
cima, por um quarto simples, banho e pequeno almoço. 

Os visitantes que não desejarem tomar pensão, não terão 
dificuldade em obter quartos em hoteis de primeira classe por 
preço de 5 shillings. 

Não é possivel nesta nota fornecer uma lista completa dos 
bons hoteis que estão situados proximos do logar do meeting. 

Uma lista completa, contendo, conjuntamente com preços as 
distancias approximadas, do logar do meeting, formará o objecto de 
outra publicação, quando o programma, com os varios assumptos, 
estiver completo. 

ConTRIBUIÇÃO PARA ADHESÃO— À Commissão Britannica fixou 
o preço da subscripção para os membros communs, em uma libra ou 
20 marcos ou 25 francos. 

À subscripção para os profissionaes do sexo feminino foi fixada 
em 5 shillings ou 5 marcos ou 6 francos e 25 centimos. 


REVISTA DK VETERINARIA EK ZOOTECHNIA 91 


nd dd dd da dc ii cc A 


As contribuições devem ser enviadas ao Thesoureiro Honorario 
RW. Carnett, J. P.M.R.C. V.S., 10 Red Lion Square, 
Mondou, W.cC. 

Tem sido lembrado por alguns dos membros dos «National 
Committees» que os varios Secretarios destes «committees» possam 
fazer subscripções em varios dos paizes e envial-as depois englo- 
badamente. 

O Thesoureiro Honorario, conforme é o seu modo de pensar, 
prefere que cada individuo mande sua propria subscripção; elle não 
faz objecção às que lhe sejam enviadas em globo, desde que ellas 
tenham completo detalhe e que sejam fornecidas pelo Secretario de 
cada «Comité National». 


ASSUMPTOS PARA DISCUSSÃO E RELATÓRIOS 


O que se segue é uma lista dos assumptos a serem discutidos, 
conjuntamente com os nomes dos scientistas que devem fazer os 
relatorios. 

REUNIÕES GERAES 


I 
Abertura official 
1 
Febre Aphtosa 


Herr Geheimer Regierungsrat Dr. NEvERMANN — Berlim. 

Sr. E. LECcLAINCHE — Inspector Geral e Chefe dos Serviços 
Sanitarios do Ministerio da Agricultura. — Paris. 

Dr. MowLEr — Departamento da Agricultura dos Estados 
Unidos da America do Norte. 

Dr. REmmELTS — Inspector Chefe do Serviço Veterinario. — 
Haya. 

Sr. Professor E. Hess — Faculdade de Medicina Veterinaria 
da Universidade de Berna. 

Sr. Professor A. E. Morram — Reitor da Real Academia de 
de Veterinaria da Irlanda. 

(9) Sr. Dr. J. Rupowsky — Veterinareferent, Briinn. 


(*) Ainda não respondeu. 


92 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


JI 
Tuberculose 


Sr. Professor Dr. EBEr, Director do Instituto Veterinario.— 
Leipzig. 

Sr. Professor VaLLÉE. — Director da Escola Veterinaria de 
Alfort. 

Professor Sir Jogn Mc FaDvEAN, Reitor da Real Academia de 
Veterinaria de Londres. 


Sr. G. REGNER, Departamento Veterinario. — Ministerio da 
Agricultura. — Stockholmo. 
Sr. Professor DE Jonc. — Universidade de Leiden. 


IV 


Aborto epizootico 


Herr Regierungsrat Professor Dr. Zwicx. — Da Repartição | 


Imperial de Saúde Publica. — Berlim. 

Sr. Professor Moussu. — Escola es a — Alfort. 

Herr Sanitatstierárzt Sven WaLL. — Matadouro Publico. — 
Stockholmo. 

Sit STEWART STOCKMANN, Chefe do Serviço Veterinario, Mi- 
nisterio da Agricultura. — Londres. 


v 


Verificação da distribuição publica e venda do leite no interesse 
da Saude Publica 


Dr. A. D. MELvIN, Chefe do Departamento de Industria | 


Animal. — Washington. 

Herr Geheimer Regierungsrat Professor Dr. von OsTERTAG, 
Director do Serviço Veterinario da Imperial Repartição de Saúde 
Publica. — Berlim. 


Sr.-1S. Po | NystEDZ, Primeiro Medicol) Veterimano ES 


Stockholmo. 
Sr. Jo Wo BRIKTLEBANE, D. VS. MME RE CAS 
Departamento de Saúde Publica. — Manchester. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNICA 3 


dd 


ÇÃO ça 


VI 
Sessão de encerramento 
SECÇÃO 1 
SCIENCIA VETERINÁRIA EM RELAÇÃO Á SAUDE PUBLICA 


(1) — Envenenamentos pelas carnes — Sua Pathogenesis e medidas 
necessarias contra elles 


Sr. Professor BovcERrT, Escola Superior de Veterinaria — 
Berlim. 

Dr. Hans MEssnERr, Director do Matadouro — Karlsbad. 

(*) Dr. GuiLLAUME, Director do Matadouro da cidade de Nice. 


(2) — Principios geraes a serem observados na inspecção do esque- 
leto e dos orgãos dos animaes tuberculosos com o fim de se 
determinar sua segurança como artigos de alimentação humana 


Sr. Dr. SruBBE, Inspector Geral de Veterinaria do Ministerio 
do Interior — Bruxellas. 

Sr. CesARI, Veterinario Sanitario do Sena — Paris. 

Herr Obertierarzt Dr. NigBERLE — Hamburgo. 

(*) Sanitãts Veterinãr Hy Hausson — Stockholmo. 


(3) — Desinfecção dos vagões 


Sr. Professor Ramon BiDART, Faculdade de Medicina Veteri- 
naria da Universidade de Buenos Aires. 

Herr Regierungsrat Dr. Tirzge, Imperial Repartição de Saúde 
Publica — Berlim. 

Sr. RAaBiEAUX, Inspector Geral dos Serviços Sanitarios no 
Ministerio da Agricultura, Paris. 

(*) Sr. Professor MELonI — Napoles. 


SECCNO HI 
PATHOLOGIA E BACTERIOLOGIA 
(1) Molestia de Johne 


Sr. Professor OLsr BANG, Copenhague. 
Sr. Professor Dr. MiessnEr, Escola Superior de Veterinaria, 
Hannover. 


(*) Ainda não respondeu, 


94 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Sr. A. L. Sheather, B. Sc., M. R. €. V. S., Academia Real de 
Veterinaria — Londres. 


(2) — Piroplasmose bovina ( européa) 


Sr. Professor Dr. KnurH, Chefe de Serviço do Instituto de 
Hygiene, da Escola Superior de Veterinaria de Berlim. 

Sr. Professor S. von RaTz, Escola Superior Veterinaria, 
Budapesth. 

Sr. W. G. Wracc, M. R. €C. V.S. Laboratorio do Ministerio 
da Agricultura — Londres. 


(3) — Virus ultra-visiveis 


Dr. K. F. Meyer. — Universidade da Calitornia.— U. S. A, 

Sr. Professor PanIssET.— Escola Veterinaria. — Alfort. 

(*) Sr. Docente Dr. PrEILER. — Chefe do Serviço de Hygiene 
Animal no Instituto Kaiser Wilhelm. — Bromberg. 


(4) — Distemper 


Sr. Professor Dr. S. SicismunD MARKOWSKI.— Escola Superior 
de Veterinaria. — Lemberg. 

Sr. CARRE'.— Chefe do Laboratorio de Pesquizas do Ministerio 
da Agricultura. — Escola Veterinaria. — Alfort. 


SECÇÃO HI 


EPIZOOTIOLOGIA 
(1) — Carbunculo 


Dr. W.H. DazrympLE.—Universidade do Estado da Louisiania 
ES. Au 

Sr. Dr. ALADAR LuKAacs.— Laboratorio de Vaccinação.— Bu- 
dapesth. 

Sr. Reitor c Professor Dr. J. SzpiLmAN.— Escola de Veterinaria. 
— Lemberg. 

Major Hormes. — Bacteriologista Imperial em Muktesor. — 
India. 


(*) Ainda não respondeu. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 95 


ÃO a A 


ALTO A aa a 


(2) — Febre dos porcos 


Dr. Marion Dorser. — U. S. A. — Departamento da Agricul- 
tura. — Washington. 

Herr Hofrat Rektor und Prof. Dr. Hurvra. — Escola 
Superior de Veterinaria. — Budapesth. 

(*) Herr Bezerkstierárzt.—Dr. R. FRAUENBERGER.— Priestadt, 
Austria. 

(*) Sr. Dr. Grasser. — Repetidor na Escola Superior de 
Veterinaria. — Hannover. 


(3) — Mormo 
Sr. M. DE Roo. — Inspector Veterinario Principal. — Minis- 
terio da Agricultura. — Bruxellas. 
Sr. DronNIN. — Director Veterinario da Cavallaria da Com- 
panhia Geral de Carruagens. — Paris. 


Sr. Professor J. ScHaNURER.— Escola Superior de Veterinaria. 
— Vienna. 

Sr. J. R. Jackson. — M. R. C. V. s. — Ministerio da Agri- 
“cultura. — Londres. 

Sr. Professor Dr. Perer — Medico Veterinario Regional — 
Hannover. 


(4) Sarna Sarcoptica do Cavallo 
Sm Veterimnario Chefe A. BarrIBgR. — Paris. 
Coronel BurLge, Ministerio da Guerra. — Londres. 


Sr. Landes veterinareferent TagopHir HaLskI, Czernowitz.— 
Austria. 


SECÇÃO IV 
MEDICINA E CIRURGIA VETERINÁRIAS 


(1) Anesthesia 


Sr. professor HEnDRICKS, Escola Veterinaria. — Bruxellas. 

Dr. L. A. MEerILLAT. — Chicago, U.S. A. 

Sr. Professor VANNERHOLM, Escola Superior de Veterinaria. 
— Stockholmo. 


(*) Ainda não respondeu, 


96 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Professor G. H. WOOLDRIDGE, Academia Real de Veterinaria. 


— Londres. 
(2) Laminitis 
Sr. Professor Li&naux, Escola Veterinaria. — Bruxellas. 
Sr. Veterinario Chefe JoLy, 9º Corpo do Exercito. — Tours. 


Professor JamESs MACQUEEN, Academia Real de Veterinaria. 
— Londres. 


(3) Tratamento Cirurgico do «Roaring» 


Sr. Professor Dr. EBERLEIN, Escola Superior de Veterinaria. 
— Berlim. 

Dr. W. L. WiLiiams, Cornell University, U.S. À. 

Sr. Dr. Professor FonTAINE, Escola de Cavallaria.—Saumier. 

Sr. Po RG. HosDav PMS E ERIC VOS Condes 


(4) Uso de drogas no tratamento das molestias causadas 
por vermes nematoides 


Sr. Professor Von DER EckxHouT, Escola Veterinaria. — 
Bruxellas. 

Sr. Professor RAILLIET, Escola Veterinaria. — Alfort. 

St. Professor JF. Craie M. Av MIR CiMismA ar 
demia Real de Veterinaria da Irlanda. — Dublin. 

Sr. Professor Perronciro, Real Universidade de Turim — 
Instituto de Parasitologia. 


SECÇÃO V 
MOLESTIAS TROUPICAES 


(1) Molestias transmittidas pelos carrapatos; sua classificacão, 
tratamento e prophylaxia 


(*) Dr. D. E. SaLmon, Washington, U.S. A. 

Sr. Professor J. LIGNIERES, Faculdade de Medicina Veterinaria 
da Universidade — Director do Instituto Nacional de Bacteriologia 
do Ministerio da Agricultura — Buenos Aires. 

Sir A. TyeiLer, K. C. M. G. Director de Pesquizas Veterina- 


rias, Transwaal. 


(*) Ainda não respondeu. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 97 


dc a 


Sr. C. E. GrAy, M.R. €C. V. S., Chefe Cirurgião Veterinario, 
Transwaal. 

Sr. Dr. PauLro F. ParrEIRAS Hora, Chefe da Secção Technica 
da Directoria do Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agri- 
cultura — Rio de Janeiro. 


(4) — Molestias transmittidas por insectos alados ; sua 
classificação e prophylaxia 


Sr. CAzALBOU, Veterinario de 1º no 70º de artilheria, Rennes. 

Sr. R. E. Monrcomery, M. R. €C. V. S., Bacteriologista 
Veterinario, Departamento da Agricultura, Nairobi, America 
Ingleza Occidental. 

(*) Dr. L. O. Howarp, Departamento de Entomologia, Minis- 
terio da Agricultura — Washington, 

(*) Dr. Octavio Pinto Guedes, Dr. Christino Cruz Filho, 
Secção Technica do Serviço de Veterinaria do Ministerio da 
Agricultura. nc 
Professor A. LANFRANCHI, Director do Instituto de Pathologia 


Veterinaria, Parma — Italia. 


(*) Ainda não respondeu. 


BR. V. 13 


98 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


PELAS INSPECTORIAS 


mad N a Na PN PN a PN PN PN AMA 


2º Districto ( Maranhão e Piauhy ) 


A Inspectoria do 2º Districto que tem séde em S. Luiz, Estado 
do Maranhão, deu sciencia ao Sr. Dr. Alcides Miranda, Director 
do Serviço de Veterinaria, no boletim sanitario relativo ao mez de 
Dezembro, que para o combate contra o carbunculo symptomatico 
foram distribuidas 800 dóses de vaccinas aos seguintes criadores : 
150, à D. Torquata Rodrigues Machado, em Arayoses; 500, ao 
Barão de Itapary, em Vianna; 100, a Honorato Leite Ferreira, em 
Chapadinha; e 50, a Antonio José Pereira Junior, em S. Bento. 

A tristeza ou babesiose ou pyroplasmose bovina, continúa, 
infelizmente, grassando enzooticamente nos Estados do Maranhão 
e do Piauhy; a poly-arthrite tem sido tambem observada. 

Para todos estes casos aquella repartição veterinaria tem 
tomado as providencias que o caso exige, procurando por todos 
os meios ao seu alcance dar combate às referidas enfermidades. 


3º Districto ( Ceara” e Rio Grande do Norte ) 


Da excursão feita por funccionarios desta Inspectoria pelos 
municipios de Natal, S. Gonçalo, Macahyba e Ceará-Mirim foram 
extrahidos os seguintes e importantissimos dados : 

Estando Natal ameaçada de uma incursão de carbunculo 
bacteridiano, que então grassava, por informações prestadas por 
moradores das localidades de Canguaretama, Ceará-Mirim e Patú, 
alli permaneceu por muito tempo o veterinario respectivo, tomando 
as providencias que a gravidade do caso exigia. 

Com acquiescencia do Inspector Agricola naquella Capital, foi 
estabelecida uma polyclinica publica na séde da Inspectoria, sendo 
aviadas 93 receitas para animaes, gratuitamente. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 99 


A, 


Ed dd da dd dd a A A 


Em todos os municipios percorridos foi constatada a stomatite, 
muito commum nos equinos; a strongilose continúa a dizimar 
os rebanhos de ovinos e caprinos; a durina devasta os equinos 
achando-se toda a criação contaminada, não havendo zm só lóte 
illeso; o carbunculo bacteridiano anniquila todos os esforços dos 
criadores e os prejuizos que acarreta são incalculaveis. 

Em Natal foram vaccinados 54 bezerros e garrotes; em Maca- 
hyba, a vaccinação attingiu a 82; em S. Gonçalo, apenas foram 
vaccinados 54 e em Ceará-Mirim, 45, tudo em um total de 235 
vaccinações contra o carbunculo symptomatico. | 

A conjunctivite purulenta foi notificada em 39 cavallos do 
Regimento de Cavallaria do Estado, assim como em muitos dos 
que estiveram no serviço polyclinico; a ascite, em uma vacca, 
que foi operada ; a polyarthrite, em bovinos, sendo todos salvos; a 
blepharite, em um cavallo; a sarna psorotica, foi notada, com 
frequencia, nos grandes animaes de todas as fazendas; affecção 
catarrhal em animaes do Esquadrão do Regimento de Cavallaria, 
restabelecendo-se todos ; estreitamento do conducto vaginal em 
novilhas, que foram operadas, restabelecendo-se; a anaplasmose 
foi constatada em dous bovinos e, após rigoroso tratamento, 
salvaram-se. 

Em Quixeramobim, foram vaccinados contra o carbunculo 
symptomatico 70 bezerros. | 

Sobre a hygiene e prophylaxia foi feita intensa propaganda, 
em pról da modificação de processos rotineiros. 

À invasão dos ixodideos em todo o Estado é colossal, phan- 
tastica; pela imprensa tem sido feita propaganda da construcção de 
banheiros carrapaticidas. | 

As pastagens são regulares; as aguadas provêm de poços 
artezianos disseminados pelos municipios; o estado sanitario não 
é bom. 

Em Natal existem 1.800 bovinos, 200 asininos e seus hybridos, 
300 equinos, 200 ovinos, 300 caprinos e 150 suinos; em Macahyba, 
9.000 bovinos, 700 equinos, 900 asininos e seus hybridos, 2.000 
ovinos, 2.500 caprinos e 800 suinos ; em S. Gonçalo, 10.000 bovinos, 
800 equinos, 700 asininos e seus hybridos, 2.500 ovinos, 2.800 
caprinos e 2.000 suínos; em Ceará-Mirim, 2.000 bovinos, 1.000 


100 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


equinos, 600 asininos e seus hybridos, 500 ovinos, 300 caprinos 
e 900 suínos. 

A avicultura vae tomando animador incremento e o movimento 
economico vae dia a dia em crescente progresso. 

— Do boletim relativo ao mez de Novembro findo e enviado por 
esta Inspectoria ao Sr. Dr. Alcides Miranda, Director do Serviço de 
Veterinaria, foram extractados os seguintes dados : 

Existe enzooticamente a tristeza ou babesiose ou pyroplasmose 
bovina nos Estados do Maranhão e do Piauhy, bem como a ana- 
plasmose bovina. 

Das molestias microbianas, foi constatada a poly-arthrite e das 
parasitarias nenhuma foi observada. 

Por pessoal da Inspectoria foram vaccinados contra o car- 
bunculo symptomatico 6.500 animaes e distribuidas 150 dóses 
de vaccinas. 


4º Districto ( Pernambuco, Parahyba e Alagõas ) 


Existem no municipio de Taquaratinga cerca de 120 fazendas 
criadoras de gado vaccum, algumas de raça ovina, caprina e uma 
ou outra cavallar. 

Por informações obtidas, calcula-se em 180.000 cabeças a 
existencia do gado vaccum, muar, lanigero, suino e cavallar 
naquella localidade. 

Infelizmente, o estado de saúde do gado é mão, não se sabendo 
se devido à falta de prophylaxia ou à sêcca que alli tem reinado. 

O carrapato concorre com grande contingente para a existencia 
de diversas epizootias; a sarna tambem produz grandes males, 
assim como a peste da manqueira, carbunculo symptomatico e 
mal dos chifres. 

A importação de animaes só se faz para cruzamentos e assim 
mesmo em diminuta escala e quanto à exportação, é feita em grande 
numero não só para o interior como tambem para os Estados de 
Pernambuco e Alagõas. 

Proximo à Taquaratinga encontra-se o povoado Gravatá, centro 
prospero de criação, cortado pelo riacho Salgado, de cuja agua se 
serve o gado, não só desta localidade, como tambem o em transito 
que por alli passa em grandes levas. 


REVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 101 


cd ci ci Si Sc SP) 


— Do boletim sanitario desta Inspectoria, relativo ao mez de 
Dezembro findo, extractâmos as seguintes notas : 

Foram vaccinados contra o carbunculo bacteridiano 201 
animaes como medida preventiva; contra o carbunculo sympto- 
matico distribuiram-se 200 dóses de vaccina. 

A raiva concorreu com um caso no engenho Tabócas, no 
municipio de Escada, Pernambuco, attribuindo-se a sua origem 
pela raposa. 

O animal foi cremado e em diversos pontos onde abunda essa 
especie de carnivoros, foi espalhado veneno para, desta fórma, 
os eliminar. 

Foram visitados por funccionarios da Inspectoria as feiras e 
mercados de Recife, Bôa Vista, Tigipió, Jaboatão, Areias, Cabo, 
Escada e Victoria, todos em Pernambrico. 


5º Districto ( Bahia e Sergipe ) 


Pela Inspectoria deste Districto teve conhecimento o Sr. Dr. 
Alcides Miranda, Director do Serviço de Veterinaria, que nas 
fazendas de Ouro, Agua Branca, Ipoeira, Curral Velho e Pão 
Alto, foram procedidas 550 vaccinações contra o carbunculo 
symptomatico. 

Contra o carbunculo hematico foram feitas 300 vaccinações em 
diversas fazendas. 

Em duas dellas, de propriedade dos Srs. Marcolino Moura e 
Theophilo Cerqueira, onde o carbunculo fazia quotidianamente 
uma média de duas victimas, rarearam-se immediatamente os casos 
com o emprego da vaccina fraca. 

Na feira de gado realizada em Caldeirão, foram inscriptas 8.000 
cabeças de animaes, sendo, porém, apresentadas 2.930, ficando o 
restante invernado em pastagens nos municipios de Boa Nova e 
Poções. 

Dentre os animaes expostos fisuraram E 972 bovinos; 275 
muares e 142 cavallares. | 

No numero de bovinos 34 typos podiam ser considerados 
proprios para reproducção, como Caracú, Nellore, Junqueira e 
Simmenthal, apresentados pelos Srs. Theopompo de Almeida, 


102 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Herminio de Almeida, Cassiano Mendes de Oliveira e Adolpho 
Velloso, criadores no municipio de Fortaleza, norte do Estado de 
Minas. 

Entre os bovinos considerados gado de boiada, realçava um 
grupo de 80 animaes apresentados pelo Sr. João de Almeida, criador 
em Fortaleza, os quaes foram avaliados na média de 300 kilos de 
carne cada um, sendo que foram vendidos ao preço de 1208000. 

O restante dos bovinos era commum e devido à crise não 
attingiu o preço maior de 65$000. 

Os muares foram vendidos pelos preços de 100$000 a 3508000, 
variando o tamanho. 

Os cavallares, a maioria potros de dous annos, alcançaram os 
preços de 45$000 a 508000; os typos para sella attingiram de 
130$000 a 3008000, variando a marcha e figura. 

— Esta Inspectoria, por communicação feita pelo Inspector 
Veterinario interino ao Sr. Dr. Alcides Miranda, Director do 
Serviço de Veterinaria, distribuiu 400 dóses de vaccinas a criadores 
matriculados de diversos municipios do Estado, fornecendo aos que 
não se acham inscriptos as respectivas instrucções. 

Vistoriou 10.380 couros embarcados para o estrangeiro pelas 
firmas Rosback Brasil & Comp., L. Costa & Comp. e Willy See, 
com destino à Italia, Barcelona, Trieste, Napoles e Genova. 

Foram tambem vistoriados 30 estabulos e examinados alguns 
animaes pertencentes ao esquadrão de cavallaria policial. 

Contra o carbunculo symtomatico foram feitas pelo pessoal da 
Inspectoria 300 vaccinações e 80 contra o carbunculo hematico, 
tendo sido distribuidos 20 litros de sarnol e passado um attestado 
de banheiro carrapaticida, construido no municipio de Serrinha. 


6º Districto (S. Paulo ) 


Esta Inspectoria distribuiu, durante o mez de Novembro findo, 
1.960 dóses de vaccina contra a peste da manqueira e 800 contra 
o carbunculo verdadeiro e dous tubos de serum anti-streptococcico, 
a criadores das seguintes localidades e repartições municipaes e 
estadoal : 

Crissiuma, S. Sebastião do Paraizo, Tambahúá, Santa Ger- 
trudes e Jardinopolis; ás Camaras Municipaes de Santa Rosa, 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 103 


cd dd a 


Alfenas e Bebedouro, à Prefeitura de Orlandia, ao Posto Zoote- 
Bhnico Central Dr. Carlos Botelho e aos Srs. Drs. Estanislão do 
Amaral Campos e Luiz Picollo. 


7º Districto ( Minas ) 


Do boletim sanitario, de Novembro findo, enviado ao Sr. Dr. 
Alcides Miranda, Director do Serviço de Veterinaria, destacam-se 
os seguintes e mais importantes pontos: 

Foram constatados alguns casos de carbunculo symptomatico, 
porém sem importancia, assim como de febre aphtosa, de caracter 
benigno. 

À sarna tem concorrido tambem com alguns casos em bovinos 
e equideos, sendo desconhecida a sua procedencia. 

À tristeza, babesiose ou pyroplasmose bovina existe enzooti- 
camente, bem como a anaplasmose. 

Das molestias microbianas têm sido verificados alguns casos 
de gourme, «polmões» e poly-arthrite e das parasitarias, a 
helminthiases. 

À criadores diversos foram distribuidas 500 dóses de vaccinas. 

— Em Dezembro findo, por communicação feita pela Inspecto- 
ria à Directoria do Serviço de Veterinaria, sabe-se ter desembarcado 
em Uberaba uma leva de 40 reproductores bovinos indianos da 
raça Zebá, sendo um de 6 annos e os restantes de 18 mezes a 4 
annos, 14 adquiridos na Fazenda Modelo de Criação do governo 
inglez, situada na província de Punjab e 26 nas provincias de 
Guzerat e Rajahputana. 

— O Sr. Dr. Alcides Miranda, Director do Serviço de Vete- 
rinaria, foi informado, pelo respectivo Inspector Veterinario, da 
constatação de fócos de carbunculo symptomatico em Cataguazes, 
Conquista, Araguary, Monte Alegre e Uberaba, parecendo, porém, 
com o periodo das chuvas, ser possivel que a referida epizootia 
diminua. 

A febre aphtosa tem grassado não só em Uberaba, como em 
Santa Rita de Cassia, Passos, Sacramento, Prata e Villa Platina, 
sendo os meios de contagio provindos de boiadas que procedem de 
outras localidades distantes, Goyaz, por exemplo, e especialmente 
de Matto Grosso, devido a grandes marchas diarias e com isto 


104 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMÉERCIO 


enfraquecendo os animaes e por fm succumbindo sem o menor 
tratamento. 

À sarna, em poucos casos ultimamente apparecidos, tem 
sensivelmente diminuido e isto é attestado pelo pessoal da 
Inspectoria. 

À pyroplasmose bovina, comquanto não haja base segura para 
se affirmar a sua existencia, não é estranha ao gado deste Districto, 
pois é grande a disseminação do carrapato, seu agente transmissor. 

Os meios prophylaticos e de combatividade a estas epizootias 
foram fornecidos pela Inspectoria aos interessados e, em alguns 
casos, por ella postos em pratica. 


Por informações prestadas, em succinto relatorio, ao Sr. 
Dr. Alcides Miranda, Director do Serviço de Veverinaria, pelo 
encarregado da dependencia desta repartição em Barbacena, foi, em 
Dezembro findo, satisfazendo a uma requisição do Sr. Dr. Carlos 
Prates, Director da Agricultura do Estado de Minas, visitada pelo 
referido profissional a fazenda Esmeralda, de propriedade do Sr. 
Dr. Cupertino Teixeira Fontes, situada no municipio de Rio Casca, 
afim de serem examinados suinos atacados por uma molestia 
desconhecida daquelle criador, em mumero approximado de 200 
cabeças. 

A raça predominante é a nacional Canastrão, havendo alguns 
mestiços com varias raças estrangeiras. 

O aspecto geral dos animaes é regular, não sendo boas as | 
condições dos respectivos estabulos. 

À alimentação é boa: milho, farello e mandioca. Ha uns 10 
annos, por informações obtidas, foram verificados casos identicos 
ao actual com uma mortandade de 70 4%. 

A duração da molestia é muito variavel constatando-se casos 
fataes em poucos dias. | 

Foram examinados detidamente quatro suinos que se achavam 
atacados da molestia em questão, achando-se estes capados e bem 
nutridos. 

A temperatura normal era de 39º-39º,5; a defecação difficil e 
às vezes muito secca. Os animaes não apresentavam contracções 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 105 


5, 


dd] 


musculares; conservavam appetite, comendo e bebendo bem, 
deitados. 

Não obstante à primeira vista parecerem paralyticos, conser- 
vavam a sensibilidade em todo o corpo. Não foi encontrada em 
nenhum delles echymoses pelo corpo, só se verificando em dous na 
mucosa buccal. 

Por falta absoluta de elementos não foi possivel diagnosticar a 
molestia, tendo sido, porém, enviados para a Secção Technica do 
Serviço de Veterinaria dous porcos doentes, de cujos estudos foi 
“encarregado o respectivo Laboratorio Bacteriologico. 

Feitos os estudos na Secção Technica foi verificado a presença 
de um grande numero de Stephanurus dentatus na loja peri-ne- 
phretica, além de abcessos em grande quantidade, comprehendendo 
glanglios caseificados, no interior dos quaes se encontra exemplares 
desses vermes. Além disso, não poude ser bem estabelecida a 
natureza da molestia, pois ao lado dessas graves lesões verminosas, 
havia alguns signaes que se costumam observar em casos muito 
chronicos de hog-cholera. E” possivel que na fazenda do Dr. Cuper- 
tino exista esta entidade morbida, contra a qual vão se tomando 
medidas de combate. 

Daquella fazenda seguiu para Estevam Pinto o referido 
funccionario, afim de examinar animaes doentes do Posto Zoote- 
chnizo annexo ao Instituto Bueno Brandão. 

Um touro Hereford e uma novilha Gersey achavam-se atacados 
de tristeza. Como já tivesse, passado o periodo agudo da molestia, 
encontrando-se os mesmos em estado mais ou menos satisfatorio, 
foi aconselhado um tratamento reconstituinte. 

Foi examinado pela segunda vez um garanhão Anglo-Arabe, o 
«Fakir», atacado de osteoporose, sendo o seu estado quasi inaltera- 
vel, apezar de todos os cuidados tomados pelo Sr. Director daquelle 
estabelecimento. Iniciou-se então um novo tratamento, com inje- 
cções mercuriaes, attendendo-se a que em um caso identico se obti- 
veram brilhantes resultados em um garanhão de propriedade do 
Dr. Abelard Pereira, de Lagoa Dourada, segundo informações deste 
criador. 

Foram vaccinados 176 bezerros, contra a peste da manqueira, 
nas fazendas da Estrella, S. Miguel, Machadinho, etc. 


R. V. I4 


106 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


9º Districto ( Goyaz ) 


Por telegramma transmittido ao Sr. Dr. Alcides Miranda, 
Director do Serviço de Veterinaria, communicou o respectivo 
Inspector ter reunido em Rio Verde, importante centro criador, 
grande numero de fazendeiros, fazendo a propaganda dos serviços 
veterinarios, constituindo-se um  syndicato agricola pastoril 
naquella localidade e sendo empossada a sua primeira directoria. 


Accrescenta o referido funccionario que proseguirá na sua 
viagem a outros municipios, onde pretende organizar sociedades 
identicas, conforme o seu programma já submettido à apreciação 
da Directoria do Serviço de Veterinaria. 


12º Districto ( Rio Grande do Sul — Uruguayana ) 


Esta Inspectoria, que tem sua séde em Uruguayana, inspec- 
cionou, durante o mez de Dezembro findo, 370 animaes ovinos da 
raça Lincoln e tres asininos, procedentes da Republica Argentina, 
de propriedade do Sr. Cincinato Jardim de Menezes, criador 
naquella localidade. 


À Inspectoria forneceu 400 dóses de vaccina contra a peste da 
manqueira ao Sr. Antonio Manuel Velho, fazendeiro em Vaccaria 
e quatro tubos de serum anti-ophydico ao Dr. Menezes Pinto, 
residente em Uruguayana. 


Foram inspeccionados dous banheiros carrapaticidas, em 
São Gabriel, pertencentes aos Srs. Paulo de Assis Brasil e 
Manuel Ferreira Bicca e passados os respectivos attestados, 
approvando-os. 


Contra a tristeza, foram feitas duas injecções de trypanblau : 
em um touro Hereford, importado da Inglaterra e de propriedade 
do Sr. José Maria Belleza e em um outro, da mesma raça, tambem 
da referida procedencia, do Sr. Francisco Carvalho Filho, ambos 
fazendeiros em Uruguayana. 


Pelos funccionarios da Iuspectoria foram visitadas diversas 
fazendas nos municipios de Uruguayana e Alegrete, sendo tomadas 
as providencias indicadas contra as molestias notificadas. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 107 


Dc cito cdi co ct O] 


Inspectoria de Campos 


O Sr. Dr. Alcides Miranda, Director do Serviço de Veterinaria, 
teve sciencia de que em Santa Thereza, no Estado do Rio de 
Janeiro, foram percorridas, em Dezembro findo, por funccionarios 
desta Inspectoria, em companhia do respectivo Presidente da 
Camara Municipal, as fazendas de criação pertencentes aos Srs. 
Victoriano Bomfim, Viriato Silva, Bernardo Simões Ferreira, 
Vicente Lucena, Mario Bastos, Manuel da Costa Neves, Antonio 
Pasíielo, Pimentel Carvalho, Antonio Gomes de Oliveira, Pacifico 
Gomes de Oliveira, Luiza Gomes de Oliveira, Antonio Garcia 
Bastos, Joaquim Arantes Silveira e Manuel Pimentel Cesar. 

O clima em Santa Thereza varia entre 20º e 26º, baixando no 
inverno a 10º; as pastagens são regulares; a agua, potavel e 
corTterie:. 

Tanto da especie bovina como da cavallar não existe nenhum 
exemplar de puro sangue; existem, emtanto, da raça bovina, pro- 
ductos de caracú, zebú e vestigios de hollandez e suisso. 

A população bovina é calculada em 10.000 cabeças em todo o 
municipio. 

Existem varias affecções morbidas, de origem parasitaria umas 
e outras microbianas, atacando as diversas especies de gado e até 
os gallinaceos. 

Dentre as molestias parasitarias encontram-se helminthiases, 
broncho-pneumonias parasitarias e trichnose; quanto ás microbia- 
nas: pneumo-enterite dos porcos, diphteria aviaria, typhos das 
gallinhas, carbunctlos symptomatico e hematico e febre aphtosa 
com alguma intensidade. 

A hydrophobia tambem tem a sua acção espalhada em todo o 
municipio de Santa Thereza, na especie canina, de um certo tempo 
a esta parte. 

Felizmente, devido a iniciativa do Sr. Presidente da Camara 
Municipal, mandando eliminar os cães vagabundos, a raiva tem 
sómente se limitado a esta especie animal. 

Existem alguns banheiros carrapaticidas, devidamente con- 


struídos, prestando reaes serviços à pecuaria. 


108 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Os meios prophylaticos e de combate ás molestias verificadas 
foram minuciosamente ministrados pelos profissionaes acima 
referidos. 


Inspectoria do Parana” 


Por esta Inspectoria foram distribuidas, durante o mez de 
Novembro findo, 450 dóses de vaccinas aos Srs. Dario Macedo e 
Herculano Wirmond, criadores em Ponta Grossa, naquelle Estado. 


Pelo Serviço de Veterinaria na capital do Estado do Espirito 
Santo, teve sciencia o Sr. Dr. Parreiras Horta, Chefe da Secção 
Technica, que durante o mez de Novembro findo foram vaccinados 
nos municipios de Santa Isabel e Affonso Claudio, em diversas 
fazendas de criação, 174 animaes. 

A distribuição da vaccina contra o carbunculo symptomatico 
foi feita a criadores de diversos municipios ; a tuberculose bovina 
continúa a ser diagnosticada nas diversas zonas percorridas, sendo 
sempre aconselhado o isolamento dos animaes e prescriptas medica- 
ções tonicas. 

— Do boletim sanitario, relativo ao mez de Novembro findo, 
extractâmos as seguintes notas : 

O carbunculo symptomatico concorreu, em Santa Isabel, 
com um fóco, perecendo oito animaes; a tuberculose bovina, com 
dous fócos, em Jacutinga e Itacibé, constatando-se dous animaes 
clinicamente atacados; a sarna figurou com um fóco em animaes 
de propriedade do Sr. Liberalino Machado; a pneumo-enterite 
infecciosa dos porcos, com um fóco, em quatro animaes, em Itacibé, 
districto de Cariacica, tendo perecido tres e um no ultimo periodo 
da molestia; em Victoria, foi verificado um caso de tetano. 

Para todas estas epizootias foram ministrados os necessarios 
conselhos, não só de prophylaxia como de combatividade. 

Pelo pessoal respectivo tem sido constatado, em quasi todas as 
zonas percorridas, o rachitismo dos porcos. 

Contra o carbunculo symptomatico foram distribuidas 700 
dóses de vaccinas e 45 contra a espirochetose das gallinhas. 

— Esta dependencia do Serviço de Veterinaria enviou ao 
Sr. Dr. Alcides Miranda, Director da respectiva repartição, o 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 109 


nd di dd di dd a ct co O o O co MP 


boletim sanitario de Dezembro findo e do qual extrahiram-se os 
seguintee dados: 

O carbunculo symptomatico registrou um [óco com cinco 
animaes, em Santa Cruz, de propriedade do Sr. Coronel José 
Raymundo de Oliveira; o môrmo foi constatado em um animal, 
em Carapina; a raiva apparece, felizmente, com um caso apenas, 
em um cão de propriedade do Sr. Joviano Monjardim, em Jacutu- 
quara, tendo sido mordido pelo mesmo o Sr. José Aureo Monjardim. 

O material do animal que foi sacrificado enviou-se ao Labora- 
torio Bacteriologico da Secção Technica para ulteriores estudos. 

A victima, a conselho do encarregado da dependencia, veiu 
para esta Capital, afim de se submetter a tratamento no Instituto 
Pasteur. 

As pesquizas sobre esta molestia são feitas sem descanço pelo 
respectivo pessoal e immediatamente tomadas as providencias que 
o caso requer, com urgencia. 

À sarna appareceu com um fóco, em dous animaes em Cariacica; 
o mal de cadeiras com seis casos, sendo dous animaes em Cara- 
pina e os restantes em Piuma; a polyarthrite com dous casos em 
Santa Cruz. 

Continúa, infelizmente, sendo observado em quasi todas as 
zonas percorridas, o rachtismo, sendo pelo respectivo pessoal 
aconselhada a conveniente medicação, bem assim nas diversas 
epizootias. 

Foram distribuidas, gratuitamente, 550 dóses de vaccina a 
diversos criadores, contra o carbunculo symptomatico, e 285 de 
vaccina contra a espirochetose das gallinhas. 


110 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


add ad PP Naa PN pa Nas É Na PP Nag 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 
secção a todas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade). 


PELAS REVISTAS 


COMMERCIO INTERNACIONAL DE GADO PARA CORTE 
E DE CARNE DE VACCA 


Por HERBERT W. MUMEORD, Professor da Industria Animal 
da Universidade de Illinois 


O quadro seguinte mostra as importantes posições occupadas 
pela Argentina e Uruguay, como paizes exportadores de carne para 
o abastecimento dos mercados do mundo. 


Quadro | — Exportação de carne de vacca 


| 1900 | 1905 | 1910 
PAIZES ERR fF———— AD | 4 
Libras Valor | Libras Valor | Libras Valor 

Republica Argentina...... 93,492,000| $ 4,418,000| 398,223,000| $1I8,598,000| 580, 142,000 $25, 480, 000 
Estados Unidos........... 434,258,000) 37,772,000| 359,247,000] 31,836,000| 127,406,000) 2, I96,000 
OPALA /a Dio do dldo Do poda alvo 127,310,000] 6,290,000| 103,050,000| 4,250,000| 125,450,000] 4,934,000 
TA BEElo coDao Docdp do 00000 96, 216, 000 5,529,000] 43,525.000 2,150,000| “7I,I40,000 3,568, 000 
Nova! Zelandia sem 35,895, 000 1,812,000] 17,4I8,000 930,000| 56,012,000 2,847,000 
Canadá” pie e ope 5,727,000 529.000] 39,688,000| 3,631,000 I,312,000 IIS, 000 


ESSE Asa a 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTRCHNIA 111 


dd dd e io co O ca o 


Os paizes para os quaes o gado para córte e productos de carne 
foram exportados dos Estados Unidos são indicados no quadro 
seguinte, juntamente com a importancia relativa de cada um. 


Quadro II — Gado para córte e carne de vacca exportados dos Estados Unidos — 1910 


| Gado em pé | Carne de vacca | Valor | 
PAIZES Por cento 
| Cabeças Libras | Total 

Grã-Bretanha...........ccsccssssssetseneeos 122,139 90,551,837 | $20,596,056 84.32 
CoinaÇA 10 000000000 ardalos MEG R 10, 283 1,676,773 453, 147 1.86 
erra Novalenr aibraciot pes lolo) o eno alado — 5,213,053 364, 264 1.48 
EN EENTÓMEL 0 006 vabo Do da dba o o daroooppano nos = 4, 150, 754 299,927 1129 
AMET ICANCO ESTE sie co e tabeo a a Pr ata TO ela acao 129 3,448,541 298,055 1.22 
Indias Occidentaes Inglezas............... 79 3, 146,318 217,998 I.I4 
IGEZUQO) 6 0 papopi BRO Ear PRETO SR 5, 149 IIO,847 265,958 I.09 
EIA qudao saga ano O SER ERR ER RR 270 2,550,879 250,925 06) 
INV SIGO EI CRC - — I,409,885 126, 148 .52 
CUliflcoo ob voa sda can A RR ese 207 262, 182 39,218 .I6 
(DUELO SRD AIZESEL Rr fofos ora feia fo tolo ieiero) ntore Vaya eai 6 s0 a 10 00 OA! 14,884, 506 1,454, 362 5.95 


ATOM o seen d o DA EEN E RR 139,430 127,405,575 | $24,426,058 100.00 


A importancia da Grã-Bretanha, como um factor no commercio 
de exportação de carne, é claramente demonstrada aqui, pois aquelle 
paiz recebe cerca de 85 º/, do total das carnes exportadas dos 
Estados Unidos. O que é verdade sobre a exportação de carnes 
dos Estados Unidos o é egualmente sobre o commercio dos paizes 
sul americanos. 


Os quadros ns. Ill e IV mostram a situação relativa dos varios 
paizes na exportação de gado em pé. Deve-se notar, porém, que a 
exportação de gado em pé não é de modo algum um factor tão 
importante como a exportação de carnes preparadas. 


À exportação da Argentina é principalmente destinada aos 
visinhos paizes sul americanos. As cifras para o Mexico repre- 
sentam, na maioria, o gado que entrou nos Estados Unidos para 
completar a engorda e, portanto, não devem ser comparadas com o 
excesso do de egual especie de outros paizes. À notavel baixa na 
exportação de gado em pé dos Estados Unidos, bem como dos 
outros paizes exportadores, durante os ultimos cinco annos, é 


112 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


claramente demonstrada nestas cifras. E” devido principalmente ao 
augmento da procura nacional para carne, e, consequentemente, 
uma margem reduzida entre os preços em Chicago e portos inglezes 
que, sob a sta concessão de commercio livre, o gado em pé e carne 
de vacca, de procedencia americana, entram livres de direitos adua- 
neiros. Outras nações européas impedem a entrada do gado e carne 
verde, procedentes dos Estados Unidos e os seus direitos sobre 
carnes xarqueadas e preparadas são tão pesados que limitam o 
commercio comparativamente a pequenas quantidades indicadas. 


Apezar dos Estados Unidos occuparem o primeiro logar como 
exportadores de gado em pé, e o segundo na exportação de carne de 
vacca, em 1910, desde aquella data, o excesso tem diminuído em 
proporção muito rapida, devido ao accelerado incremento da popu- 
lação e a inadequados fornecimentos de gado para córte. A tendencia 
geral do commercio de exportação de carnes póde ser julgada pelo 
quadro que se depara abaixo, no qual a diminuição, durante os 
ultimos cinco annos, é notavel. 


Quadro III — Exportação de gado em pé 


ET tmenimam 


| 1900 | 1905 | 1910 
PAIZES >>> AA | | : 
| Cabeças Valor Cabeças Valor | Cabeças Valor 

Estados Unidos........... 397,000| 30,635, 000 568,000| $40, 598,000 139,000] $12,200, 000 
Canadá pr repete iene 206,000|  9,081,000 167,000|] II,361,000 157,0C0| I0,800,000 
Asrpentina eo eh I51,000]  3,549,000 263,000] 4,979,000 90,000] 3,900, 000 
MEXICO et lo oe ro atlas nepal 184,000]  2,706,000 99,000] 'I,090,000 193,000] 2,500,000 
DRAMAS cod noob dp Bed oaD 61,000 482,060 46,000 402, 000 203, 000 I,400,00 


Não occorrendo qualquer facto imprevisto, por estas cifras é 
evidente que os Estados Unidos da America dentro de pouco tempo 
cessarão a exportação de gado para o córte e carne de vacca. Em ver- 
dade, é muito possivel, que em curto lapso, venham a ser uma nação 
importadora, pelo menos, de carnes de qualidades mais baixas. 
Têm chegado a New York pequenos carregamentos de carnes 
procedentes da America do Sul, e sob certas condições do mercado 
este commercio agora póde ser feito lucrativamente. Tod:s as con- 
siderações preconisam a opportunidade offerecida ás Republicas 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 113 


Sul Americanas para augmentar com visivel interesse a sua 
supremacia nesta industria. 


Quadro IV — Exportação de gado em pé e carne de vacca dos Estados Unidos 


ANNO | bes ro 
RR o lo pesam ares oras erros patas o ess a o dota 1,000 18,000,000 
RR RR e e to) ese ao its teta notar desert eterna ae 6a 9,000 26,000, 000 
“ÉHO a god 50 po 05 00056 Hp or ao a PRC ER PP 28,000 27,000, 000 
| ED so do pv o some da o qnlicie o Grs us RR NPR PER RREO I83,000 130, 000,000 
| CND o coag so cor ab bp EE Beco OR PAN ERREI PRP PP 395,000 354,000, 000 
| CH sc rnad gas bi do o Gn Ca RREO E RNP E RR 397, 000 435,000, 000 
RR SER o Ada on elo crnii esralt io pao o aos a ole 60 esmo 568,000 359,000,000 
DSO corogs sado “Doo do da ár RR 584, 000 414, 000, 000 
“307 soos co oabvos conónos vooo vago doa oo pondo o DobPovbo o vo naaaE 423,000 361,000, 000 
GOB 2. see enero caem en nesses crer en creme anrenenrenccero 349,000 272,000, 000 
| MOD) 9 0056900 00goB ue do ao sf na ano dart UPE or ERR Eis MERECER 208, 000 I83,000,000 
se sao Ber dog e a A LRN Doro eqeiE 139, 000 127,000, 000 


E =. 


( De La Hacienda, de Novembro de 1913). 


EN a PN A a AP ANP SN EN a PN PN PN a Ma O a a A PI SI A SA 


R. V. 15 


114 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


PCos ENOTIERNES 


CATA TIA TA Ti ia a Lai 


Censo Pecuario do Brasil — Após um anno de esforçado serviço, vencendo 
as maiores dificuldades, a Directoria do Serviço de Estatistica do Ministerio da 
Agricultura acaba de concluir o censo pecuario da Republica, satisfazendo assim 


, 


a uma grande necessidade e prestando á nossa industria pastoril inolvidavel: 
serviço. 

Esse importante trabalho, que muito honra á repartição que o elaborou e que 
vem realçar de um modo evidente o nosso valor pecuario, accusa em toda a 
Republica uma população pastoril de 80.303.000 cabeças, assim dividida pelas | 
diversas unidades da Federação : 


POPULAÇÃO PECUARIA 


Numero de cabeças 


Unidades da Federação TOTAERS 
ASININOS 
BOVINOS EQUINOS E MUARES CAPRINOS OVINOS SUINOS 
| 

Districto Federal.... 16.000 10.000 13.000 5.000 * 4.000 16.000 64.000 
PN EIETOESO Dono dn DBo ado 260.000 82.000 21.000 319.000 207 .000 93.000 982.000 
Amazonas. - teles le 242.000 11.000 6.000 6.000 10.000 “40.000 315.000 
EIElado ds cas enaco cas 2.683.000 825.000 572.000 | 3.005.0C0 | 2.224.000 | 2.410.000 | I1.719.000 | 
Cias at ns 1.162.000 421.0 O 281.000 | 1.495.000 | 1.304.000 486.000 5. 149.000 
Espirito Santo....... 161.000 62.000 94.000 37.000 22.000 503.000 879.000 
(CONEVZ o as sebo oo da Bio «| 1.873.000 | 316.000 84.000 | -. 90.000 95.000 710.000 | 3.168.000 
Maranhão............ 640.000 132.000 34.c0o I9O.000 92.000 245.000 1.333.000 
Matto Grosso........ 2. 50.000 270.000 I2.000 17.000 26.000 175.000 3.050.000 
Minas Geraes....e...| 6.861.000 | 1.744.000 779.000 517.000 447.000 | 6.716.000 | 17.064.000 
Pam E 0000 BBa E 541.000 34.000 7.000 13.000 27.000 104.000 726.000 
Parahyba..... ostra o 718.000 173.000 90.000 848.000 486.000 168.000 | 2.483.000 
Paraná es in 540.000 230.000 IOI.000 35.000 70.000 699.000 | 1.675.000 
Pernambiuico....,.... 871.000 274.000 106.000 | 1.692.000 464.000 293.000 | 3.706.000 
PAS dono bd sao 1.163.000 266.000 96.000 638.000 516.000 325.000 | 3.004.000 
Rio de Janeiro..... e SLOLOCO I56.000 IOI.000 124.000 88.000 738.000 | 1.726.000 
Rio Grande do Nortel 537.000 139.000 IO5.000 418.000 357.000 99.000 1.655.000 
Rio Grande do Sul..| 7.249.000 | 1.422.000 201.000 87.000 | 3.745.000 | 2.204.000 | 14.908.000 
Santa Cathaãrina..... 521.000 129.000 46.000 13.000 35.000 360.000 1.104.000 
S> Eaulo» = eis cispdi 1.322.000 509.000 417.000 297.000 282.000 | 1.934.000 | 4.761.000 
Sergipe- == enc mess 269.000 83.000 35.000 202.000 149.000 76.000 814.000 
Territorio do Acre... 7.000 1.000 7 000 1.000 3.000 5.000 24.000 
ESTADOS UNIDOS DO 

RYO o doc vao Dos 30.705.000 | 7.289.000 | 3.208.000 | 10.049.000 | 10.653.000 | 18.399,000 | 80.303.000 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 115 


ZA a A A A A A AA AA ASAS SAS S AI 


Decimo Congresso de Veterinaria, — Publicando, em outro logar, o 
projecto preliminar do 10º Congresso Veterinario Internacional, a realizar-se em 
Londres, no corrente anno, cumpre-nos assignalar a honra que teve o Serviço de 
Veterinaria no convite feito ao seu illustre auxiliar, ( Chefe da Secção Technica ), 
Dr. Paulo de F. Parreiras Horta, para redigir uma das memorias, que devem ser 
apresentadas á consideração do mesmo Congresso, 

Congratulando-nos com o Dr. Parreiras Horta, pela merecida distincção que 
acaba de lhe ser conferida, e de que muito se orgulha o Serviço de Veterinaria, do 
qual é um dos mais distinctos funccionarios, fazemos votos para que corresponda 
com galhardia ao appello que lhe foi feito, honrando o seu nome illustre ea repar- 
tição de que faz parte. 


A etiologia da «Tristeza» no Brasil. — Recebemos do Dr. Guilherme 
Minssen a carta que publicamos abaixo, relativa ao assumpto tratado pelos 
Drs. Alcides Miranda e Paulo Parreiras Horta, no n. 6, de 1913, desta Revista. 

Os autores deste artigo agradecem a contribuição trazida pelo Dr. Minssen e 
se não se referiram aos trabalhos do autor da carta e dos Drs. Francisco R. de 
Araujo e J. F. de Assis Brasil, foi unica e exclusivamente por não possuirem 
notas sobre elles na bibliographia que organizaram sobre a Tristeza». 

* Sempre que os profissionaes, que se occupam com os assumptos tratados por 
esta Revista, ou os nossos leitores tiverem observações relativas aos artigos aqui; 
publicados, teremos o maximo prazer em contar com a sua collaboração. 


Eis a carta a que nos referimos : 


« Porto Alegre, 21 de Janeiro de 1914 — Sr. Redactor da Revista de Veteri- 
naria e Zootechnia do Ministerio da Agricultura — Rio de Janeiro. 

Encontrei no ultimo numero aqui recebido, n. 6—1913, do Boletim de que 
sois digno redactor, um artigo com o titulo — 4 etiologia da «Tristeza» no Brasil 
— um valioso artigo da lavra dos Srs. Drs. Alcides Miranda e Paulo Parreiras Horta. 

Entre outros pontos, é tratado, nesse estudo, o dos primeiros conhecimentos 
da doença no Brasil. Como contribuição para o mesmo, tomo a liberdade de 
communicar-vos que a «Tristeza» era conhecida no Rio Grande do Sul anterior- 
mente ao anno de 1901, citado no artigo alludido como sendo a data em que o 
Sr. Dr. Francisco Fajardo publicou um artigo intitulado — 4 pyroplasmose bovina 
no Rio de Janeiro. Nãoignoraes o contacto constante que os criadores do Rio 
Grande do Sul mantêm com o Estado Oriental, onde muitos dos mesmos possuem 
tambem fazendas. Desde o anno de 1895, a «Tristeza» foi assignalada no Uruguay ; 
causou ahi, nesse anno, prejuizos muito avultados. Os factos que affectam a 
pecuaria uruguaya repercutem immediatamente no Rio Grande do Sul. 

Os fazendeiros rio-grandenses mais illustrados conheciam de nome a «Tristeza» 
quando em 1900 foi publicado na Revista Agricola do Rio Grande do Sul o 
primeiro artigo, provavelmente, impresso no Brasil sobre o assumpto, pelo 
Sr. Dr. Francisco R. de Araujo, distincto medico e lente de zootechnia no Lyceu 
Rio Grandense de Agronomia. Nesse artigo, porém, não se referiu á existencia da 
(Tristeza» no Brasil. 

No mesmo anno, soffri prejuizo em animaes vaceuns de minha propriedade, 
importados do municipio do Rio Grande e do Uruguay, em consequencia de doença 


116 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


desconhecida. Os mesmos prejuizos havia soffrido a Sociedade Agricola Pastoril ou 
varios dos seus membros. Troquei a este respeito correspondencia com o Sr. Pros. 
fessor Lignitres, Director do Instituto Bacteriologico de Palermo. As indicações 
que me forneceu juntamente com a leitura dos trabalhos de Smith e Kilborne. 


Sociedade Agricola Pastoril do Rio Grande do Sul, classificando-o : «o mais serio 
obstacnlo ao aperfeiçoamento do gado vaceum deste Estado». | 


Agricola do Rio Grande do Sul. No mesmo anno, publiquei um estudo sobre 


mesma em uma série de artigos na revista acima citada. 


uma activa propaganda para chamar a attenção sobre os prejuizos causados pela 
«Tristeza» e os meios de minoral-os. Reivindico, pois, a prioridade, senão de. 


verdadeiro de pesquizas, pelo menos da indicação do caracter e da presença enzooti 
da «Tristeza» no Brasil. Na campanha que continuo mantendo todas as vezes que se 
me proporciona a occasião, estou vulgarisando o muito que foi conseguido recentes 
mente pelo distincto corpo de clinicos do Ministerio da Agricultura e do Estado de, 
S. Paulo e, sobretudo, o grande passo dado pelas valiosissimas experiencias do. 
Dr. Luiz Misson ; no emtanto, julgo ter trazido um pequeno clarão de luz, em 1900, 
quando não existia um veterinario formado no Rio Grande do Sul. | 

Muito me obrigará, Sr. Redactor, com a publicação desta carta. Na esperança . 
de que se dignará fazel-o, me subscrevo, etc. ». | 


Feira de Tres Corações. — Durante o mez de Novembro ultimo foram 
vendidas nesta feira 6.924 rezes, que renderam 1.020:0008000. 

Durante o anno passado foram vendidas na mesma feira 136.325 rezes, que 
produziram 19.716:0008000. 


Matadouros avicolas, — Com os Srs. Ugo Leal & Comp. assignou a Prefer 
tura do Districto Federal um contracto para a construcção, installação e exploração. 
de matadouros avicolas. 


Estes estabelecimentos, que deverão ser do typo mais aperfeiçoado, com 
capacidade sufficiente para os serviços a que se destinam, obedecerão a todos 
os requisitos modernos e hygienicos indispensaveis a estabelecimentos desta 
natureza. 


Exposição Agro-Pecuaria. — O Governo do Estado de Minas, attendendo. 
á crise economico-financeira que atravessa neste momento o paiz, resolveu adiar 
para época, que será opportunamente annunciada, a Exposição Agro-Pecuaria que 
se deveria realizar em 21 de Abril do corrente anno na Capital do Estado. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA LIA 
RN 20 ZEN a NANA NARRA SS LA SSL SSD PA AA ÃO AAA A MAM 


— A Sociedade Brasileira de Animação á Agricultura communicou ao presj 
dente da commissão organizadora da Exposição que aquella sociedade resolveu 
offerecer os seguintes premios por occasião daquelle certamen : 

— Um bronze de cavallo arabe, ao criador do melhor cavallo de sella 
reproductor. 

— Um casal de porcos da raça «Large-Black» ao criador dos melhores suínos 
de raça estrangeira nascidos em Minas. 

— Um casal de carneiros da raça «Charmoise», ao criador dos melhores 
carneiros de raça estrangeira, nascidos no Estado. 

— Um bronze allegorico, ao criador do melhor touro, em identicas condições. 


Assistencia Pasteur. — Com esta denominação installou-se em Curityba, 
Estado do Paraná, um instituto anti-rabico, sob a competente direcção do 
Sr. Dr. Leal Ferreira. 


Banheiros carrapaticidas. — Pelo Dr. Camillo Boulte, veterinario do 
Serviço de Veterinaria, foram examinados e approvados, durante o mez de 
Dezembro passado, seis banheiros carrapaticidas nos Estados de Minas e Rio de 
Janeiro. 


Carbunculo hematico. — Tendo os Srs. Corrêa da Silva & Irmãos, criadores 
em Tres Ilhas, Estado do Rio de Janeiro, solicitado da Directoria do Serviço de 
Veterinaria, a ida de um profissional á sua propriedade agricola, afim de verificar 
qual a epizootia que alli reinava, foi designado um dos veterinarios do Serviço, que 
diagnosticou «carbunculo hematico», 

Foram feitas as necessarias vaccinações e dadas as indispensaveis instrucções 
para a exterminação do mal. 


118 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


BIBLIOGRAPHIA 


Ta da da TA Td TI Ti Ti] 


Recebemos durante o mez de Janeiro : 


Monographia sobre a babesiose — Pelo Dr. Domingos Vanzellotti, veteri-) 
nario da Inspectoria do 3º Districto. — E? um livrinho que recommendamos a) 
todos que se interessam pela industria pecuaria e cuja distribuição tem sido feit 
gratuitamente, graças ao valioso apoio do então Governador do Estado do Rio) 
Grande do Norte, Dr. Alberto Maranhão. 

Annales de Médicine Veterinaire — Annos 62 e 63, n. 12, de Dezembro 
de 1913 e 1 de Janeiro passado. 

Annales de Gembloux — Annos 23 e 24, vols. 12º e 1º, de 1º de Dezembro 
de 1913 e 1º de Janeiro de 1914. 

Annales de JInstitut Pasteur — Anno 27, tomo 27, ns. 11 e 12, de 
Novembro e Dezembro de 1913. 

La Vie Agricole et Rurale — Ns. 49 a 532 e 1a 7, de Dezembro e 
Janeiro de 1913 e 1914. 

Bulletin Mensuel de 1'Office de Renseignements Agricoles — Paris, 
ns. 10 e 11, de Outubro e Novembro de 1913. | 

Bulletin de la Société de Pathologie Exotique — Tomo VI, ns. 9 e 10, 
de Novembro e Dezembro de 1913. 

Bulletin du Service de Police Sanitaire des Animaux Domestiques — 
Ns. 20; 21, 22 e 23) de Outubro e Dezembro die 1913; 

Anales de la Sociedad Rural Argentina — Anno 48º, vol. 47, n. 6, de 
Novembro e Dezembro de 1913. 

Boletin de la Sociêdad Florestal Argentina — Anno I, n. 5, de Julho 
a Setemibto (de BOIS; 

Boletin Mensual del Museo Social Argentino — Anno II, n. 23, de 
Novembro de 1913. 

Boletin do Ministerio de Industrias — Montevidéo, ns. 5, 6e 7, de 1913. 

El Pais — Revista Cooperativa de la Campâna, publicada sob a direcção do 
Engenheiro Agronomo Carlos Praderi e dedicada á defesa da producção nacional 
e á diffusão de conhecimentos uteis ás industrias fundamentaes. — Anno 1, n. 1, 
de Janeiro de 1914. — Montevidéo. 

La Campana — Anno IV, ns. 73 a 78, de Novembro a Janeiro, 1913 e 1914. 

Vargas — Revista de sciencias medicas e pharmaceuticas. — Anno IV, n. 23, 
de Dezembro de 1913. — Caracas. 

La Hacienda — Vol. IX, ns. 2 e 3, de Novembro e Dezembro de 1913. 


TOURO DE CHIFRES CURTOS | 
“CHIDDINGSTONE MALCOLM 


DE SIR RICHARD COOPER 
PRIMEIRO CAMPEÃO. 
EXPOSIÇÃO REAL, 1908. 


REMEDIO INFALLIVEL CONTRA OS CURRAPATOS 


Oficialmente approvado pelo Governo dos E. U. da America 


Pe dd = A dd A 


Machinas e instrumentos agricolas, Separadores de leite e outros 


apparelhos para lacticinios 


GAOMBEAC, HACKEA & CD! 


Rio de Janeiro, 8. Paulo, Bello Horizonte, Santos e Bahia 


CASA MATRIZ 


BIRMINGHAM 
e a Ta 


| IMPORTADORES pr GADO DE| 


ACTICGINTOS 


95.RUA THECPHILO OTTONI, 95 


Rio DE JANEIRO. 


PAMPA / NA NbS TRAS R PRA? Ra PNaA Ra P NA SGAN) NASAL REA UENZP AA ARA NN AGA RO TARA a SE Na a ME NMA Dans Pais PN NOR RAR AAA ANANDA PN RR 


fsfesp fot dedo pda 
ei oftotecafefrcsfrdrafot cfunto fee ode foto fato pote 


= FERE 
PEÇA A DO A Ea a O E E E a A A OD E, MD AA NA AA A NO a E 3 A 


q CHOCADEIRAS e CRIADEIRAS 


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NAM | 
Anno IV . — ABRIL 1914 Nua 


REVISTA 


DK 


Veterinaria e Zootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


DO 


Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


camasaannastas cnscmese” 


| SUMMAÁRIO 


4 O o 
| A 2224 exposição de potros e potrancas nacionaes de 2 annos no | 


DOC REM go a Sia na ia Di Ar Di Da pain aii dra lo no (e aih io alia! DATE ap er a jp a II9 
VI road da aro bela MNA] 296 PO PHS PP RAD PRA E PARAR ARRAES PARTA 122 
COLLABORAÇÃO: 
Dr. Nicolão Athanassof.............. - Alimentação das vaccas leiteiras 127 
Dr. Pietro Foschini..............,... Raça bovina de Val de Chiana.... 144 | 
Prof. Roberto Hottinger.............. Assumptos de Biologia e Zoote- 
ehnia seral as 149 | 
Dr. Octavio Dupont...............,.. Contribuição ás pseundo-pestes no 
) EDS RS pa Di DO Da ias 158 
PELAS INSPECTORIAS : ) 
Informações referentes aos districtos veterinarios, prestadas pelos 
PES DECTIVOS AASDEC LOTES A vais bibimio nom oa en gm oia oie lol ralo ja Cla dO atoa A O LU GA A AÍ I60 
CONSULTAS E INFORMAÇÕES : 
Peste da manqueira.....ccserusesumusacos RR DDD PRA 166 
ÉCOS E NOTICIAS: 
Leilão de animaes — As raças bovinas da Suissa — Diarrhéa infecciosa 


cmd Edo bbta Pads 6a de bs DADE DP DAR A DA ROADS DEDO PRADA AGUDA A TERRAS a 


RIO DE JANEIRO 


Typographia do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


LDA 


e-Fboco-dbco-<eco-dh-cs-Lbos-Lco-Lbce-dSh-ce-<L)b-co-L)-ce Eco -L)-s0-Sso-Lb co -Lbvo-Lb-oe-l)-vo Lpb-so Lo Lo 


« ASCURRA BASSE-COUR ” 


dd, di 


eira do Ascurra 


TELEPHONE 5.418 Bão de Janeiro — 1914 


RAÇAS GRANDES 


Conchinchinas. . 


» .. 
» 


» 


Brahamas..... 
Plymouth Rock. 
» » 
» » 
Dorkinss...... 


» RREO 


» 


S 
õ 
= 
vma, 
o 
3 
e 


» 


Wyandottes.. .. 


Perús 


Branca 
Preta 
Amarella 
Perdiz 
Clara 
Branca 
Amarella 
Pedrez 
Branca 
Prateada 
Escura 
Branca 
Preta 
Azul 
Amarella 
Jubileo 
Branca 
Preta 


PREÇO DOS OVOS: 


Americanos — Faisões — Patos de Pekin 
TEMOS UM STOCK DE PERTO DE 2.000 AVES QUE VENDEMOS : 


Ternos de adultos 1208 a 1505 


Wyandottes. 


» coca res 


» co ceras 


» cc 00. 


» eia 
Rhod Island 
Faverolle. 
Langshans. 
Coucou de Malire. 
Modern Langshans. 


Red. 


Amarella 
Prateada 
Perdiz 
Columbian 
Azul 


GALLINHAS DE BRIGA 


Indiana. 
Malaya. 
O!d Inslish Game. 
Phenix. 


Modern Game. 


Tornos de frango de 008 a 808 


RAÇAS POEOEIRAS 


Leghores..... 
» .... 
Hambargos.... 
» .... 
Minorcas..... 
Andaluza. .... 


. 


cce. 


evcco 


Bressel.....c cce 


GALLINHAS BONITAS PARA PARQUE 


Padoues (de topete)... 


» ERRA) 
» CER 2) 


» SIRER RAL 


e 


Branca 
Dourada 
Dourada 
Prateada 
Preta 
Azul 
Branca 


Branca 
Amarella 
Prateada . 
Dourada 


» (topete branco) Preta 


Houdan. 


15$000 a duzia 


Ternos de animaes premiados em exposições na Europa de 2009 para cima 


A 


ofbso-L)se0-LGb-co-Lb-oe-G-co-Lb-os-<Lbosv-fbso-SPce-d-os-4oo-Lboco-<Lp-os-Hbco-L)h0o-E)oo-Loo Lo 


6-2 


Deo LcoL oco LD OLD COLD COL COLO LDO LD SOLDA 


] 


REVISTA 


Vetermaria e Lootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria & Commercio 


SE LE 1914 


TOMO IW — FASCICTUL,O II 


Typographia do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


| ss GOLE RE > k A 
= MAR 15 1915 “a 


4 e mes. usb 


mM, AMA Abu pah o 
| Caib al: eo da feria 


[7 Yruaru. 1915 
Torvar di ão Peba ; 


ana 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 


Publicação Official da Directoria do Serviço de Veterinaria 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


TATI TA TI TIA TIA TIA TA PL Lea La Aa 


Distribuição gratuita aos criadores do paiz que a solicitarem 


TIA TIA TA Ta LT Lda Td TT AT LAT LA 


RIO DE JANEIRO x x Caixa Postal 1.678 Et ig BRASA 


A REDACÇÃO DA «REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 
EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


ANNO IV H Abril de rgr4 H INERZ 


JECA ADA ANA Ra 


Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inscripção. 


À 22º EXPOSIÇÃO DE POTROS E POTRANCAS NACIONAES 
DE 2 ANNOS NO JOCKEY-CLUB 


As exposições annuaes, que se effectuam no Jockey-Club com 
o fim de serem examinados os potros e potrancas de dois annos, 
representam uma contribuição muito interessante para aquelles que 
se dedicam à criação do puro sangue inglez entre nós. 

Não podem, ainda, essas exposições do Jockey-Club, representar 
com exactidão o estado actual dessa criação no paiz, em virtude da 
deficiencia dos meios de transporte e da enorme distancia em que fica 
o Rio de Janeiro de muitos centros criadores, fazendo com que varios 
proprietarios não enviem seus productos para aqui. 

Ha mesmo uma certa tendencia de muitos criadores no Rio 
Grande do Sul em só enviar o producto de seus haras para as expo- 
sições regionaes que, cada vez com maior brilho, se realizam nesse 
Estado. 

Concorre tambem para esse facto, a circumstancia de serem 
quasi todas as exposições do Rio Grande do Sul exposições-feiras, 
dando um resultado proveitoso immediato aos expositores que não 
têm assim as despezas, bem importantes, de estadia no Rio. 


120 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Apezar de tudo isto, porém, não se pôde negar que as exposições 
do Jockey-Club constituem uma demonstração brilhante do esforço e 
dedicação dos nossos criadores e por ellas já se póde acompanhar o 
progresso que o puro sangue inglez tem feito no Brasil. 

A exposição realisada em 29 de Março do corrente anno, orga- 
nisada pelo Jockey-Club, sob a presidencia do Dr. Mariano de Aguiar 
Moreira e tendo como seu principal organisador o Director do 
Stud-Book dessa sociedade, o Sr. Harold Hime Junior, foi um 
brilhante triumpho quer para o Jockey-Club, quer para os criadores 
brasileiros. | 

Entre os animaes considerados de primeira classe, isto é, os puro 
sangue e sete-oitavos, destacaram-se specimens dignos de todos os 
encomios, salientando-se os bellos productos dos haras S. José e 
Pedras Altas, de propriedade dos illustres criadores Drs. Linneu de 
Paula Machado e J. F. de Assis Brasil. Ambos estes criadores tem 
demonstrado uma. pertinacia, energia e intelligencia na direcção de 
seus estabelecimentos que causam a admiração dos que sabem que, 
segundo Lord Rosebery, nada é mais precario, nada mais difficil que 
a criação do puro sangue inglez. 

Os conjunctos que ambos enviaram à exposição trouxeram como 
caracter indelevel uma verdadeira uniformidade e belleza nos produ- 
ctos apresentados. A elles se deve reunir o nome do dedicado criador 
do Paranã, o Sr. Carlos Dietzch, que merece encomios principalmente 
pela apresentação do potro “Patrono”. 

O potro '“ Yago”, tambem se destacou entre os concnimentes 
sendo justa a menção aqui do nome dos Srs. João Ferreira & Irmão. 

O puro sangue “Ipe”, foi um dos productos que demonstram 
o que poderia ter obtido o operoso Dr. João Teixeira Soares, em 
stia fazenda de Santa Alda, se, infelizmente, não iiyesse visto Seis 
esforços anniquilados pela terrivel osteoporose ou cara inchada, contra 
a “qual tem sido até azora improlicias todas as tentaiimastâde 
tratamento e, por vezes, as de prophylaxia. Em comparação com a 
exposição do anno passado, a 22º Exposição do Jockey-Club, salien- 
tou-se pelo bom estado de saude dos animaes e pela pequena quantidade 
de taras encontradas nelles. 

Merece tambem elogios a direcção do Jockey-Club pelo facto de 
ter estabelecido a realisação da exposição, antes da temporada sportiva, 
permittindo assim um melhor exame pela commissão julgadora e ao 
mesmo tempo a possibilidade dos animaes inscriptos tomarem parte 
nas primeiras corridas. 

O Ministerio da Agricultura esteve, este anno, representado na 
commissão julgadora, por designação do Sr. Ministro Dr. Edwiges 


REVISTA DE VETERINARIA EK ZOOTECHNIA 121 


de Queiroz, pelo Dr. Paulo Parreiras Horta, Chefe da Secção Technica 
deste Serviço. Entre os outros membros do Jury se encontravam: 
Sr. Ceneral Caetano de Faria, o Sr. Carlos Coutinho, o Commen- 
dador Thomaz Rabello, o Sr. Raul de Carvalho e o Sr. Victor Magesse. 

Os animaes foram examinados com todo vagar pelo Jury, que 
pôde este anno se pronunciar em condições muito favoraveis de exame, 
em virtude de não se ter realisado a exposição em dias de corridas. 

No dia immediato procedeu o Jury ao julgamento do melhor 
potro e da melhor potranca, unicos que deveriam ser mencionados 
entre os 15 animaes de primeira classe, concurrentes aos premios 
do Jockey-Club. 

Foi unanimemente classificado como o melhor potro, o “Flaneur”, 
de propriedade e criação do Dr. Linneu de Paula Machado, de 
En Danilo Je como a melhor potranca a “Dictadura”, criação da Granja 
de Pedras Altas, do Dr. Assis Brasil, tendo obtido um voto a potranca 
Role” do Dr Paula Machado. 

Entre os de segunda classe coube o premio ao unico concurrente, 
a potranca “Fama”, do Dr. Linneu de Paula Machado. 

O conjuncto representado pelos animaes: “Flaneur”, “Flying- 
Ea oe e França” do Dr. Linneu de Paula Machado, 
impressionou agradavelmente pela uniformidade de linhas, succedendo 
o mesmo aos animaes do Dr. Assis Brasil: “Dictadura”, Disturbio”, 
“Demonio”, Dreadnought” e “Dynamite”. 

Eeridcão do Paraná: esteye: bem representada. pelo “ Patrono”, 
a que coube o premio dos chronistas sportivos. 


122 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


INQUERITO SOBRE O ZEBÚ 


Tendo augmentado ultimamente o movimento de exportação de 
reproductores zebús, da zona do “Triangulo Mimeiro para a zona 
serrana do Estado do Rio Grande do Sul, motivcu este facto um 
officio da “União des Criadores do Rio Grande do Sul” à Sociedade 
Nacional de Agricultura, solicitando o resultado do inquerito sobre 
o zebú, realizado durante a presidencia do Dr. João Baptista de Castro. 

Scientificada desta occurrencia, a redacção desta Revista pediu 
por sua vez à Scciedade Nacional de Agricultura cópia dos pareceres 
que foram agora emittidos pelos Drs. João Baptista de Castro e 
Eduardo Cotrim. 

Agradecendo a gentileza com que a Sociedade Nacional de 
Agricultura nos attendeu, julgamos prestar um bom servico aos 
criadores de nossa paiz, trancrevendo em nossas paginas os doutos 
pareceres dos Drs. Castro e Cotrim. 


UNIÃO DOS CRIADORES DO RIO GRANDE DO SUL 


Porto Alegre, 19 de Janeiro de 19714 — Exm. Sr. Presidente da 
Sociedade Nacional de Agricultura — Rio de Janeiro. 

A annos atraz, essa benemerita Sociedade promoveu um inquerito 
sobre o sebú, sob a prestdencia de: Dr. João Baptista de Castro, cujo 
resultado, sem duvida, do maior interesse para a pecuaria nacional, 
não temos o prazer de conhecer, pois a esse tempo não tinha ainda 
existencia a nossa associação. 

Suppondo que essa Sociedade tenha levada a cabo a sua feliz 
iniciativa e tenha publicado aquelle resultado, entretanto, apesar dos 
nossos melhores esforços, não temos conseguido tomar delle 
conhecimento. | 

Quando mesmo esse resultado não tenha sido publicado, essa 
Sociedade terá archivado os innumeros e abalisados pareceres que a 
respeito de tão importante assumpto recebeu. Seia como fór, seria 
para nós motivo de vivo reconhecimento, si V. Ex. pudesse nos 
fornecer o que essa Scciedade possuir a respeito. As repetidas 
invasões do zebú no norte do nosso Estado, ameaçando de um modo 
muito serio o futuro da nossa pecuaria, nos collaca no dever de estudar 
esse problema; e não o poderiamos tentar de melhor fórma, senão 
indo buscar elementos nos estudos já feitos nas regiões do paiz que 


ao 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 123 


a ça aa A aà AA A A 


de muita cultivam essa raça julgada aqui pelos criadores adiantados 
como um flagello para o melhoramento das raças bovinas o qual desde 
alguns annos vem se intensificando especialmente no sul e centro 
do Estado. 

Esperando da solicitude de V. Ex. a satisfação desse nosso pedido, 
antecipamcs os nossos agradecimentos, aproveitando este ensejo para 
apresentar a V. Ex. os nossos protestas de elevado apreço e distincta 
consideração. | | 

Cordiaes saudações —- (Assignado) D. M. Rick, 1º Vice- 
Presidente em exercicio. 


Resposta á consulta da União dos Criadores do Rio Grande do Sul 


Tomei conhecimento da consulta formulada pela Sociedade de 
Criadores do Ria Grande do Sul, acerca do gado indiano — zebú — 
que em tamanha escala se tem introduzido no Brasil, especialmente 
em Uberaba, Minas Geraes, irradiando-se por Goyaz, Matto Grosso, 
Rio de Janeiro, etc. 

Sem reflexão nem estudos sobre os nossos mais vitaes problemas 
ecinomicos, por quem de direito, alguns espiritos mercantis exploraram 
o zebú, attribuindo-lhe qualidades desconhecidas pelos autores de maior 
nomeada, em assumptos zootechnicos, e, no terreno pratico, pelos 
paizes que mais se têm salientado na exploração da industria animal: 
Estados Unidos, Argentina, Eimstiaã Neva Zelandia) Afmica 
do Sul, etc. 

Com um tal criterio, é manifesto o erro d'ahi derivado com 
incalculaveis prejuizos para os criadores brasileiros, na sua quasi 
totalidade imbuidos do espirito de rotina e ignorancia do que seja a 
zootechnia e veterinaria. 

A questão do zebú tem sido mais que debatida entre nós; e, 
quando em Uberaba mesmo, não ha muito ainda, tirou-se a prova 
pratica, na balança, contra o zebú, na exposiçacs acolá realizada pelo 
Governo de Minas, onde o caracú, vencedor, veio demonstrar a sua 
superioridade, admira que não se convencessem até agora os seus 
impertinentes partidarios, da inconveniencia e falta de patriotismo dos 
seus esforços para sustentarem tamanho erro. Anteriormente, km 
Bello Horizonte, egual triumpho coube a um caracú, o que demonstra 
que não precisavamos senão saber aproveitar as raças existentes no 
paiz, seleccionando-as e melhorando-as antes de tudo, conforme a 
experiencia de cutras nações e os conselhos dos mais competentes 
nestes assumptos. 


124 “MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


O Rio Grande do Sul, tão perto do Uruguay e da Argentina, 
dotado de condições naturaes tão apropriadamente similares às desses 
paizes pastoris, não deve voltar suas vistas senão para elles e imital-os, 
si quizer progredir, caminhar. Infelizmente essa é a verdade inteira, 
em todos os terrencs. 

O Brasil não deve aspirar a produzir carne e outros productos 
derivados do gado para os seus proprios mercados sómente, mas 
tambem para supprir os mercados externos. Os estrangeiros que já 
se veem apossandc! de extensas regiões de pastagens naturaes em 
nosso territorio, nos diversos Estados mais bem dotados à esse respeito, 
estão nos indicando o caminho do futuro. 


Os frigoríficos estac: surgindo embora as mil dificuldades inhe- 
rentes a este nosso meio retrogado, disposto sempre a embaraçar ou 
impedir qualquer progresso, e elles não contam tampovco com o 
abastecimento unico des nossos mercados nacionaes. 


Quem estuda um pouco estas coisas, sabe perfeitamente que nesse 
commercio jámais predominou a carne e mais productos vindos do 
gado indiano, que não possue nenhum dos predicados exigidos peles 
consumidores mais exigentes e conhecedores do artigo. 


A Sociedade dos criadores rio-grandenses terá vantagens em trocar 
idéas com as suas congeneres de Uruguay e Argentina, e, no Brasil, 
recorrer ao Posto Zootechnico Central “Dr. Carlos Batelho”, em São 
Paulo, sob a direcção do nosso distincto amigo Dr. Misson, que lhe 
remetterá, estamos certos, de bôa mente, todas as publicações daquelle 
estabelecimento modelar e utilissimo. 


São estas as considerações que me ocecrrem, e oxalá possam ellas 
conccrrer de alguma sorte para o proveito da Sociedade de criadores 
rio-grandenses. — (Assignado) João Baptista de Castro. 


Resposta á consulta da União dos Criadores do Rio Grande do Sul 


A questão de importação de gado indiano com o fim de melhorar 
o nosso, já estã por demais debatida e parece poúco razcavella 
obstinação dos que suppõem que o gado, por sua natureza, primitivo 
e selvagem, possa melhorar qualquer cousa o nosso gado, que é hoje 
o producto do abandono e da incuria dos criadores desprevenidos. 

Que qualidade se ariribue” ao” boi indiano) para qastiicana 
preferencia, que alguns criadores entendem dever acenselhar ? 


REVISTA DE VETRRINARIA HE ZOOTECHNIA 125 


Là aà A 


A rusticidade? mas isso é attributo de animal selvagem por 
natureza e cujos caracteres são o producto de selecção natural em que 
predomina a força contra a qualidade. 

Não é sem duvida esse o criterio que deve dominar no magno 
problema de melhoramento do gado no territorio do Brasil. 

Se, com a maxima tolerancia, fosse permittida a justificação do 
“gado indiano nas catingas estereis e seccas dos Estados do Norte, 
nunca essa justificativa teria cabida no Estado do Rio Grande, onde 
pelas suas condições climatericas e forrageiras, o gado melhorado de 
origem européa tem inteira applicação, já consagrada por innumeros 
exemplos e pela experiencia bem prolongada. 

Entendo que nenhum erro póde ser maior, para a criação do Rio 
Grande do Sul, do que. permittir a intreducção do zebú nas suas 
mandadas. O Estado de S. Pauló, que não está em relação à industria 
pecuaria, no posto de evidencia do Rio Grande do Sul, já de ha muto 
interdictou a entrada do zebú, apesar de sua -visinhança com o 
municipio de Uberaba, no triangulo mineiro, centro da introducção do 
zebú e da obstinação em julgar a questão pelo seu lado menos racional, 
ou talvez mesmc por 1sso. 


Tenho repetido com insistencia que a solução do problema está 
no correctivo do meio para que o gado melhorado oriundo do bos 
taurus encontre facilidade de adaptação. A experiencia e a observação 
confirmam o meu modo de entender, que parece dciminar já o espirito 
da maioria dos. nossos criadores que não têm o interesse immediato e 
personalissimo na diffusão do zebú. 

A guerra aos parasitas do gado, aos quacs em geral é refractaric 
o zebú, mesmo pelas suas condições selvagens, vem produzindo os 
desejados effeitos: a applicação dos banhos carrapaticidas, que 
mtroduzi no Brasil desde 1909, vae tomando uma extensão que só é 
explicavel pelos effeitos salutares da extincção dos parasitas da pelle, 
entre os quaes avulta o carrapato. 

A solucão que pretende introduzir o animal selvagem e grosseiro, . 
unicamente porque dispensa a hygiene veterinaria do expurgo do meio, 
é anti-racional e scbretudo anti-economica. Não é seguramente com o 
producto do cruzamento do zebú que se conseguirá collocar o Brasil 
no numero dos paizes productores de carne, lugar que fatalmente lhe 
está reservado: pela natureza de sua posição geographica e pela riqueza 
de seus campos. Todos os economistas reconhecem que na America 
do Sul estão concentradas as condições precisas para a grande criação 
de gado que deve abastecer o mundo. Os paizes do Rio da Prata bem 
cedo estão mostrando sua incapacidade para produzir tanto quanto 


126 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
ESET A AE PR 
seria desejavel e o Brasil precisa metter hombros à obra cclossal da 
organização de seus rebanhos, unica alavanca capaz de impulsionar o 
seu progresso e criar verdadeiras fontes de riqueza. 

Ainda agora se observa um facto característico e que já eu previa 
ha cinco annos, quando em uma conferencia realizada na séde da 
Sociedade de Agricultura de S. Paulo, mostrei que o primeiro passo 
a dar-se na organização dos matadouros modelos seria a transformação ' 
da materia prima, isto é, do gado destinado a ser abatido em taes 
estabelecimentos. 

A crise porque passa actualmente a Companhia Frigorifica e 
Pastoril de S. Paulo é consequencia fatal da natureza da materia prima 
que faena no seu matadouro, aliás aperfeiçoadissimo, de Barretos. 

Contra a guerra tenaz que offerecem todos os interessados no 
statu-quo em S. Paulo, a companhiá não póde se defender de uma 
maneira efficaz, porque não dispõe de gado suficientemente aper- 
fe:çoado para offerecer a carne aos mercados estrangeiros. 

O grande obice, talvez unico, se encontra na qualidade da carne 
do mestiço do zebú que só pode ser consumida no paiz e aque não 
supporta a concurrencia tão necessaria no desenvolvimento da 
industria e caimmercio internacional. 

Os mais prejudicados são justamente os criadores que, nesse 
caminho, nunca conseguirão conquistar outros mercados e estarão por 
isso permanentemente atados às imposições da especulação do mercado 
interior onde a parte do leão sempre cabe ao intermediario retalhista 
em prejuizo final do criador. As crises de preço da carne se resolvem 
sempre com o saque à algibeira do criador, cabeça de turco voluntario, 
porque se deixa vencer pela propaganda contra seus proprios interesses. 

O Estado do Ric Grande do Sul é sem duvida o mais interessado 
de todos os da communhão brasileira e por isso eu entendo que a 
controversia constitue um mão indício. Esse problema para o grande 
estado meridional da confederação. brasileira está resolvido de maneira 
peremptoria e o futuro de sua industria de carnes conservadas pelo 
frio, que tem a solução final no. franqueamento da barra do Rio 
Grande do Sul ficará seriamente compromettida se os poderes publices 
ali; a exemplo do que ce fez em SS Panlo não tomarem medidas 
assecuratorias do futuro de sua principal industria, interdictando a 
entrada do zebú, como verdadeira praga nacional. 

Esse é o meu modc de entender, que eu não hesito em proclamar 
todas as vezes que se me offerece uma opportunidade. 

Rio de Janeiro, 19 de Fevereiro de 1914 — (Assignado) Eduardo 
Cotrim. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECIINIA 127 


nd dd dd dd a O SO DD a 


BOPLABORAÇÃO 


Pra NEM NANA NAM 


ALIMENTAÇÃO DAS VACCAS LEITEIRAS 
a 


Uma vez conhecidas as exigencias nutritivas e as nornias recom- 
mendadas para bem satisfazel-as, resta-nos estudar as forragens, que 
com resultado possam ser utilisadas na alimentação das vaccas leiteiras. 
Grande é o numero dessas forragens, mas nosso fim, neste capitulo, 
consiste apenas em examinar sumariamente algumas dellas, das mais 
empregadas, sem portanto pretendermos escrever um tratado completo 
sobre o assumpto. 

Para maior facilidade dividiremos as forragens que vamos estudar 
em tres grupos, bem distinctos entre si, não sómente pela quantidade 
Ele asia e principios nutritivos, como: pela natureza, e estado de 
conservação : 


RE  Morrasens verdes... 1 
Eee | — Forragens verdes 
2 — Raizes e túberculos 
mas sis. aos 
ô b II — Fenos 
PICOS ss» 


4 


5 — Grãos e farinhas de 
cereaes e leguminosas 
6—-Residuos imdustriaes 
SEUÉOS a PER 


HI — Forragens concentradas 


As forragens verdes são, como sabemos, 
1 — As forragens verdes constituídas pela parte aérea das plantas, 
que ainda não terminaram seu completo 
desenvolvimento. Taes são, por exemplo, todas as gramíneas, legu- 
minosas, etc., consumidas verdes pelas vaccas leiteiras. Estas forragens 
são de grande importancia para a alimentação do gado leiteiro nas 
nossas condições, quer sob o ponto de vista economico, quer pelo lado 
Aygienico. Seu valor é muito variavel, dependendo da especie, da 
variedade, da edade, da fertilidade e natureza do sólo, e das condições 
meteorologicas, durante o periodo da vegetação, etc. 
O verde convém muito ao gado leiteiro, podendo entrar em sua 
ração em grande quantidade, podendo chegar em muitas condições 
tê a constituir a ração completa. Os ruminantes, particularmente, 


fab) 


128 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


pela conformação especial de seu estomago, são avidos por ellas e 
comem-nas em grande quantidade e com real proveito. Taes forragens 
contêm geralmente elevada proporção de agua, razão por que o gado 
se vê obrigado a ingeril-as para seu sustento em maior quantidade, 
principalmente quando lhe não são addicionadas outras forragens 
concentradas ou seccas. | 

Algumas das forragens verdes exigem um cuidadoso emprego, 
devido às suas propriedades, podendo occastonar a meteorisação em 
consequencia de uma abundante producção de gazes. Este accidente 
é particularmente frequente com as leguminosas ou quando se 
distribuem as forragens molhadas pela chuva ou pelo orvalho, ou 
então quando fermentadas, devido a ficarem amontoadas durante 
muito tempo. | 

A materia secca varia nas forragens verdes de 10 a 35º/º, sendo 
em média de 16 a 18º/º. São, pois, como já dissemos, muito aquosas, 
principalmente quando muito novas. Devido à pequena quantidade 
de cellulose que contêm, seu coefficiente de digestibilidade é bastante 
elevado. 

As condições climatericas permittem entre nós o emprego dessas 
forragens durante quasi todo o anno; dahi poder-se dizer que ellas 
constituem a base da alimentação do gado leiteiro. Entre as proprias 
para córte, de que mais uso se faz na alimentação do gado leiteiro 
convém citar em primeiro logar os capins nacionges, taes como angola, 
capim fino, marmelada, milha, colonia, jaraguá, chloris, graminha, etc. 
Em nosso paiz são as forragens verdes sem duvida muito bem conhe- 
cidas pelos nossos criadores e devidamente apreciadas não só pelo 
seu valor alimentício, como pela sua rusticidade, seu rendimento 
elevado e cultura extremamente facil, algumas mesmo nascidas espon- 
tancamente dando ainda rendimento satisfactorio. | 

Desses varios capins nacionaes cultivados no Posto Zootechnico 
de S. Paulo foram observados os seguintes rendimentos, consignados 
juntamente com as respectivas quantidades de materia secca nº 
quadro abaixo : 


Rendimento verde 


DG) Materia secca 
por hectare 0 


Nome da forragem calculada por hectar 


ES EEE EEE 


Capim Amigiolar seia Ri Re ee tao 198.000 16.7 33.066 
» SO a dado nabo due asp Ss Ep ndo Rudd I45.000 ol 27.115 
» Ab UU oo do Dos pres «ca nao ces 131.000 16.0 20.960 
» COlomiaçs Sel cio iro See VAR ER ego 102.000 I9.5 19.890 
» JATAGUÁ DO eo aa A 117.000 22.0 25.740 
ChlonisFuig atari EI aa “o aii 134.000 23.8 31.892 
Graminhias SE dco Soria aro aaa Cr Rana 78.000 35.0 26.250 


Paspailtia inata tua fo aj oiee 107.000 18.6 19.902 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 129 


DD a Si e ii e ii ii NE 
Pelo quadro acima ve-se que a materia secca, caiculada por 
hectare, varia de 33.066: a 19.890, emquanto que o verde varia de 


198.000 a 78.000 kilos. Sua composição em principios nutritivos é 
bastante variavel, porém, em média, podemos tomar os seguintes dados, 
que poderão servir para o calculo das rações: 


Princípios brutos Principios digestiveis 
Designação da forragem e É E £ PupE EE z 
RR a PS eo pai | 
E = o a S ts E ES IVO 
= 2 E) NPR RD o o [Don "50 
epa np a eps q 
e? Av (6) e? ENE: A 
(Ciilorats ApibrezaU va ee O E e ERR R  RMR oRBs2 E aan orem orSa miAB | 2h42)iorso| I1.6 | T5u2 ne) 
Cao VAGaLLÃo Elo do Dio Esto RR 23027] Bs Hó Ooo Gas Oro 208) 054! PIO,S! | 12,8 4.9 
(CESTO MOORD A 2 o 0 dom dE o RE RE 29.53] 2.28) 0.68| 11.90] 12.19] 1.6 | 0.4 | 15.5 | 18.2 | 10.0 
Paspalum dilatatiaso eco coeso rss v8h00 obra BRoRÃó) 742) PAES nas! lor28| 8:15) ro 24 Sum 
ari ais ço boo ora fe Vo é oerernodoleiata TÉROo rm NR orz2 sto eus) aa ora mm ora Sus 
IST E 22 e oa o an Pta e Da atracar Vendo A SMo7p  2rEa orógi TG88o| 19:20]! 2roojl 0X4 || 1848) 21.8 Toro 
. á E | 
Capimreolontão:. = cumes miar nro I9LS6) Tr.) 0:34) 7.72) 7:85)! E.23) 0.27) 10.03] 12.76] 6.56 
» PAMCIOATA ne tetorene ano) dmevo onóia enatato arado poros ro o46| os ESroo| ong ora tr | rzi2o as 
» DERRAMA naranoro ot Eram! Pro onda Porebe sabre SL 4 ir ani Rorzo|Pizron Pra TS ro! ora 3.9 5.4 4.1 
DRA ato fao anoistaça (o araiavo nois Paso ana 19.64] 1.26] 0.43] 7.90] 7.45 1.26 0527] 9:03] IMESg 8.3 


Os capins verdes são tambem sob o ponto de vista economico 
muito vantajosos e sob tal consideração elles ainda por muito tempo 
hão de constituir a base da alimentação do gado leiteiro. São muito 
appetecidos e favoraveis à producção do leite de boa qualidade. Sua 
composição melhora, quando cultivados racionalmente em terras boas 
e bem adubadas. Alguns, como a marmelada, crescem exuberante- 
mente no tempo das águas, emquanto outros podem ser aproveitados 
durante todo o anno. Alguns prestam-se egualmente à fenação, dando 
um feno de qualidade regular. O gasto diario, por cabeça, póde variar, 
de 15 a 40 kilos. 


À CANNA — Cultivada entre nós em larga escala, é utilisada 
com grande proveito na alimentação do gado. Emprega-se toda a 
canna ou sómente suas pontas, quando ella é destinada aos engenhos. 
E” uma forragem de grande rendimento, que se torna ainda mais 
preciosa porque sua colheita coincide justamente com 2 falta das 
outras forragens, de Julho a Outubro. Sua composição é variavel, 


Bo Vo 17 


130 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
dd da dd de NS e a a a e e a e e e DD 


como se vê pelo quadro junto, dependendo ella não sómente da 
qualidade da canna como da parte considerada: 


Principios brutos Princípios digestiveis 
eq 
q ! NE ET 
GEO q 7 DD, 
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Designação fal o n DR n oras p 
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Canna de assucar, folhas.......... | 20744] ri42 oras Sr 48 790] oo os] oo Hori Rr 
! | | | | 
| | | | | | | a 
» » » pontas. to es. | 15.58) 0.76) 0.30) 8.62] 4.83] 0.5 o iiz 9/0] Toro Tao 
4 | | | | 
» » » balsacop rr | 27:23] | Or95| 0:62] 12005) 12.47] 0.7 0.4| 16,2)  r7ES| asia 
| | | | | 
| | | 
| 


E uma: forragem que pode entrar na ração) nal doselidelona 
15 kilos, por dia e cabeça, não corvindo ser augmentada para o gado 
leiteiro. E” distribuida sempre fresca, picada, evitando-se amontoal-a 
depois de tal operação, pois fermenta facilmente e assim distribuida 
póde causar perturbações digestivas. Póde ser incorporada aos farelos 
ou às farinhas ou ser distribuida só. As manjedouras devem ser bem 
limpas, pois devido ao assucar a canna attrahe muitas moscas. Para o 


gado leiteiro é preferivel empregar a canna inteira, picada. 


O SORGHO FORRAGEIRO — Fornece uma colheita abundante 
de forragem verde, muito procurada pelo gado bovino e de valor 
alimenticio egual ao do milho forrageiro. Cem partes de sorgho contêm, 
além de 27.5 º]º de materia secca, os seguintes principios digestiveis: 


Erotetna Cn E pl 
Materia” eras ana ta e A Oo8 
Miaterias hydrccarbonadas... 1 ge IO.8 
Motallidos principios aútritivos E I2.9 


A planta tem mais a vantagem de dar annualmente dois a tres 
córtes e na época em que faz mais falta a forragem verde, ao passo 
que o milho dá um só. Algumas vezes, quando é consumido muito novo, 
o sorgho, observam-se alguns casos de envenenamento, os quaes, 
segundo o professor Moussu, são caracterisadas por tremcres, meteo- 
risação e desejo frequente de urinar. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 13] 


Da a a A a a Na a A NS NS A NS NAN LS RALO 


ça aà AA A aà 


Envenenamentos desta natureza foram estudados por R. Dunstan 
e A. Henry, que attribuem a causa à presença de acido cyanhydrico, 
na proporção de 0.2º|º. Este acido não existe em estado livre, mas 
é devido a um enzima hydrolítico, que, agindo, decompõe o glycoside 
cyanogenetico. 

O sorgho póde ser dado ao gado, inteiro, ou então picado, de 
mistura com alguns farinaceos. E” forragem muito appetecida e 
procurada pelo gado leiteiro. Não deve ser cortado muito novo, mem 
dado em dóse superior a 25 ou 30 kilos por dia e cabeça. Quando não 
é possivel consumir verde toda a producção póde-se fenal-o, sendo o 
feno muito nutritivo, saboroso e muito acceito pelo gado leiteiro. 

Outra forragem muito semelhante é o theosinto, possuindo com- 
posição quasi identica à do sorgho e constituindo tambem excellente 
forragem verde. 


O MILHO FORRAGEIRO-—E' consumido verde mais ou menos 
«quando começam: a apparecer as flores masculinas, não convindo 
esperar muito, porque as hastes, tornando-se duras, são regeitadas 
pelo gado, perdendo-se assim grande parte da forragem. Exami- 
nando-se sua composição vê-se que se trata de uma forragem bastante 
aquosa, que convém particularmente ao gado leiteiro, distribuida com 
um complemento de forragens mais ricas, taes como alimentos seccos 
e concentrados. Cem partes de milho verde contém 17.2 de materia 
secca e os seguintes principios digestiveis: 


ema US: PE A 07% 
Renee rasa Ds mentira 0.2 
Materias hydrocarbonadas...... ME RE 8.2 
Mora dos principios muútritivos...-.. 9.4 


Distribuído, como dissemos, de mistura com outros alimentos 
mais ricos, o milho é favoravel à secreção lactea. obtendo-se um: leite 
abundante; dado, porém, só origina uma certa diminuição na lactação. 
Seu consumo póde ser feito verde directamente, ou ensilado, pratica 
muito usada na America do Norte. A conservação, feita em silos, 
onde o milho soffre a fermentação, faz-lhe adquirir uma cór verde- 
amarellada e um odor accentuado, acido ou ligeiramente doce, 
tornando-o bem acceito pelo gado bovino e ovino, quando ella é bem 
feita. Cem partes de milho ensilado contêm 17.7 de materia secca e os 
seguintes principios nutritivos digestiveis : 


RO Lena (US ESTE.» 2a catia ear o.s 
Re ara A srs ts 0.6 
Riapentas nydrocarbonadas.. ul 9.1 


Somma dos principios nutritivos..... 4.3 


132 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIU 


10 aà a aaa SS SS SS SS SS SS SS Sa SS SS SS SS SS SS, 


O milho ensilade póde ser utilisado de preferencia na alimentação 
do gado destinado à engorda, dando-se diariamente mais ou menos 
40 a 50 kilos e por 1.000 kilos de peso vivo. Seu emprego, porém, 
na alimentação do gado leiteiro é de pouco proveito, accrescendo ainda 
a circumstancia de não haver entre nós grande necessidade de se 
fazer a ensilagem, visto como podemos ter o milho verde durante o 
anno inteiro. 

Quando a cultura do milho é bem feita podemos avaliar o seu 
rendimento, por hectare, em 100-130 toneladas, o que corresponde a 
cerca de 32 a 35.000 kilos de materia secca e cerca de 2.600 kilos de 
proteina bruta. E, pois, uma forragem de grande rendimento, que 
offerece enormes recursos ao criador, quando economicamente pro- 
duzida. | 

Com a utilização das flóres verdes, depois da fecundação, quando 
o milho é cultivado para a producção de grãos, tem-se registrado alguns 
accidentes no apparelho wrinario, traduzidos por colicas nephriticas e 
formaçao de calculos nos rins. No milho é a unica parte toxica, desap- 
parecendo, entretanto, os effeitos nocivos desde que se dessequem as 


flóres. Em todo caso é sempre preferível só usal-as em muito pequena 
quantidade. 


4 AVEIA FORRAGEIRA — A aveia é pouco conhecida entre 
nós, como forragem verde, achando-se já, porém, enormemente espa- 
lhada na Europa e nas Republicas do Sul sua cultura para tal fim, 
sendo ella até pastada directamente pelos animaes, cortada para ser 
consumida verde nos estabulos, ou fenada, dando um feno muito apre- 
ciado. Na Republica Oriental a aveia é plantada em varias estancias 
em grandes extensões, onde é pastada pelo gado bovino e ovino. 

Nas nossas condições a aveia podera ser plantada de Dezembro a 
Março, de preferncia no fm das grandes chuvas, podendo dar dois a 
tres córtes, quando cortada antes de formar a panicula. E” uma for- 
ragem que poderia ser aproveitada tambem de Junho em deante, 
quando escasseam as outras. 

Cem partes de aveia contêm de materia secca 19.000 para o verde, 


88.5 para o feno e 83.3 para a mistura de aveia e vicia, e os seguintes 
principios nutritivos : 


Verde Feno Mistura de aveia e vicia 
Materia azotada...... | 1.4 Z.6 FRRE: 
Materia rama (Os 0.9 Je! 
Materias hydrocarbo- 
nadas aims “a 8.5 38.9 35.0 


Total; dos principios 
NUCRILIVOS: 4, (ol 10.4 44.9 J4.8 


REVISTA DE VETERRINARIA E ZOOTECHNIA 133 


a aà ÃO ÃO AAA AAA AA AO 


O feno é bastante rico e muito apreciado pelos equinos. A aveia 
é plantada ainda de mistura com uma leguminosa, ervilhas ou ervi- 
lhacas, que lhe augmentam muito o valor, tornando-a extremamente 
favoravel à producção do leite. Entre nós talvez se pudesse substituir 
em tal caso as ervilhas pela manduvira pequena. Apresenta a aveia O 
inconveniente de serem bastante caras suas sementes, sendo a cultura 
frequentemente atacada pela ferrugem; parece, entretanto, que com 
um córte opportuno se póde fazer desapparecer esse mal. 

Póde-se dar, verde, de 10 a 30 kilos por cabeça, formando-se 
assim com ella um terço da ração, materia secca, e, fenada, quatro a 
cinco kilos. 


A MOHA DA HUNGRIA — EÉ' uma forragem muito espalhada 
nos paizes meridionaes, consumida verde ou fenada, sendo acceita de 
bôa vontade por todos os animaes. Como forragem verde é preferivel 
reserval-a para os bovinos, podendo substituir o milho verde ou ser 
dada de mistura com elle. Seu valor nutritivo é superior ao do milho, 
como se póde ver pela analyse abaixo. Cem partes de moha contêm, 
para o verde, de materia secca, 26.0 e, para o feno, 86.6, e os seguintes 
principios nutritivos : 


Verde Feno 
Ilarenta azotada is... 1.6 Oui 
Materia graxa..... Rol O. 0.9 
Materias hydrocarbonadas. I2.0 41.0 
Total dos principios nutri- 
BRADES Dr e tbio PRP RRA I4.5 49.3 


A moha é colhida na occasião da formação das paniculas e quando 
cortada mais cedo ainda produz uns brotos, que as vaccas e os car- 
neiros gostam de pastar. E” uma forragem verde muito bôa para o 
gado leiteiro, sendo o feno excellente para os equideos. Essa forragem 
"não é conhecida entre nós; entretanto, as experiencias que della estão 
sendo feitas demonstrarão sem duvida affirmativamente a possibili- 
dade de sua cultura e seu valor forrageiro. 


A ESPERGULA — E” uma planta forrageira da iamilia das 
caryophylaceas, cultivada na Allemanha e na Flandres belga, parti- 
cularmente para o gado leiteiro. Cem partes de espergula contêm 20.0 
de materia secca e os seguimtes principios nutritivos digestiveis : 


Md aZOlada! o pude meigo é o are iarsis Ichi 
on a pa o, e NNDDDD A RA 0.3 
Nlaterias hydrocarbonadas. . «e -.es 9.8 


Total dos principios nutritivos.... 12.0 


134 “MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


E poisicomo se ve, uma fortagem de' primeira ordem mito 
acceita pelo gado vaccum, quer consumida verde, no estabulo, quer 
pastada. Da tambem um feno macio e aromatico, quando preparado 
em bôas condições. Expõe um pouco o gado a meteorisações, sendo 
por isso necessarias algumas precauções, distribuindo-se-a de prefe- 
rencia de mistura com uma forragem secca. Experiencias feitas entre 
nós, desde 1908, no; Posto; Zootechnico! Central Ide 5; Banlo indicam 
como rendimento verde, por hectare, 36.265 kilos, o que é muito pouco, 
tornando-se, pois, em taes condições uma forragem relativamente cara. 
E” provavel que em terras de melhor qualidade seja maior a producção, 
deixando ella, porém, sempre um pasto, que o gado come com proveito. 


ASICOUVES RORRAGEIRAS — Utilizadas na alimentação do 
gado leiteiro em certos paizes europeus, seu uso em outros é limitado 
exclusivamente aos suinos. Pouco usadas entre nós, merecem, entre- 
tanto, ser cultivadas em larga escala. 

São conhecidas diversas variedades, distinguindo-se umas das 
outras apenas pelo maior ou menor rendimento, e pouco pela sua 
composição. A colheita é feita progressivamente, principiando-se pelas 
folhas inferiores, tirando-se de cada vez 3-4 por pé, sem offender a 
haste. Finda a colheita das folhas, as proprias hastes são dadas aos 
porcos, ou picadas para o gado. As couves constituem excellente for- 
ragem para o gado vaccum e súino, particularmente quando cultivadas 
por irrigação para a colheita em Maio a Dezembra. 

E” uma forragem que contém até go º|º de agua, variando sua 
materia secca de 9-14 º/º. Cem partes de couve contém, em média, 14.3 
de materia secca e os seguintes principios nutritivos digestiveis : 


Materia azotada ER deiga 1.6 
Nlateriarernana o Mc Po OEA 
atenas ndrocambonadas dE 
Somma dos principios nutritivos... TOME 


Calcula-se, na pratica, que 5-6 kilos de couves podem substituir 
um kilo de feno. Ellas favorecem a secreção do leite e augmentam sua 
manteiga. Malpeaux, estudando as couves forrageiras em comparação 
- com as beterrabas, observou um augmento na quantidade do leite, não 
sendo sensivel a differença quanto à manteiga, cuja qualidade é boa, 
desde que não se exagere la Idóse dessa forragem. CN quanitidadela 
empregar deve ser de cinco a dez kilos por dia e cabeça; uma dóse 
elevada na ração poderá communicar um odor forte e desagradavei 
ao leite e à manteiga. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 135 


Podemos ainda nesta parte mencionar as folhas e hastes da ramic, 
que em certas condições poderão ser utilisadas com resultado na ali- 
mentação das vaccas leiteiras. 


AS LEGUMINOSAS VERDES — São de extraordinaria im- 
portancia na alimentação do gado leiteiro pela sua composição e parti- 
cularmente pela proporção de materias azotadas, que contêm. Seu 
emprego como alimento verde é muito pouco conhecido entre nós, 
devido a certas difficuldades culturaes, que o criador tem de vencer, 
principalmente para as mais valiosas, como a alfafa, o trevo, etc. Per- 
tencem ainda a este grupo as vicias, as ervilhas, os cov-peas, a mandu- 
vira, os desmodium, etc. Todas estas leguminosas distinguem-se das 
gramineas por uma maior proporgão de materias azotadas e riqueza 


Eat Cal e P20s. 


As leguminosas verdes encerram em geral 67-86 º|º de agua, pro- 
porção que é tanto mais elevada quanto mais nova fôr a forragem. 
São ricas em materias azotadas digestiveis, que residem principalmente 
nas folhas e na flór, sendo que as folhas são 2-3 vezes mais ricas do que 


as hastes. 


Entre as leguminosas podemos mencionar em primeiro logar a 
alfafa, que, quando cultivada em terrenos apropriados e bem prepa- 
rados, dá um grande rendimento, sendo economica sua cultura. Seu 
cultivo aqui se acha mais espalhado nos Estados do Sul, onde ella mais 
prospera. Esta forragem em estado verde é muito bem acceita pelo 
gado leiteiro, devendo ser cortada para o consumo um pouco antes de 
florescer. Quando é dada nova, apresenta o inconveniente de occastonar 
meteorisações e até a morte do animal. 


Para evitar a meteorisação deve-se distribuir a alfafa sempre 
depois de uma forragem secca, cu então de mistura com palha ou 
feno. E” preciso egualmente evitar o seu consumo verde, quando ella 
permanece amontoada e principia a entrar em fermentação. E” muito 
apreciada pelo gado leiteiro e extremamente favoravel à secreção 
lactea. 


São numerosas as leguminosas nacionaes, mas até hoje ainda não 
se conseguiu cultival-as racionalmente, de modo a serem preferidas à 
alfafa. Entre ellas merecem referencia os desmodium, principalmente 
“a jiquerana de Goyaz (Desmodium tortuosum) e a marmelada de 
cavallo (Desmodium leiocarpum); e a manduvira (Crotaiaria vitel- 
lina). Estas se não se prestam a formar culturas puras são de grande 
vantagem nos pastos. As manduviras talvez fossem melhor acceitas 
pelo gado de mistura com um cereal. 


136 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Sobre as outras leguminosas nacionaes pouco se póde adeantar, 
desde que se não mostre vantajosa sua cultura, convindo, entretanto, 
espalhal-as pelo menos nas pastagens, 


As raizes e os tuberculos utilisados na 

Raizes e tuberculos alimentação dos animaes caracterisam-se 

particularmente pelo seu elevado ieór em ma- 

terias hydrocarbonadas facilmente digestiveis, as quaes se apresentam 

sob a fórma de amido, assucares e materias pecticas. Uma bôa parte 

egualmente da proteina bruta acha-se nellas sob a fórma de amidos. 

São pobres em cellulose e materias graxas, assim como em cal e acido 
phosphorico, porém, ricas em potassa e sodio. 


Devido à grande proporção de agua que contêm, as raizes e os 
tuberculos precisam ser consumidos simultaneamente com uma for- 
ragem secca e não constituir exclusivamente a ração. Podera ser dados 
na dóse de 10 a 50 kilos, por dia e cabeça, chegando assim a constituir 
um terço da materia secca da ração. Para o gado bovino são fornecidos 
picados, podendo ser dados inteiros aos suinos. 


Entre os mais conhecidos podemos mencionar aqui a beterraba, a 
cenoura, os nabos, a batata doce, a mandioca, etc., que, empregados 
moderadamente, permittem, ao criador tirar vantajosos preveitos 
sabido que quasi todos elles amadurecem justamente na época da secca, 
em que vem a penuria de forragem verde. Podemos tambem incluir 
nesta categoria as aboboras, empregadas preferentemente na alimen- 
tação dos suinos, e cuja composição muito se approxima da das raizes. 


A forte proporção de agua de vegetação, que encerram as raizes 
e os tuberculos, favorece a secreção lactea, sabendo-se que para o bom 
funccionamento da glandula mamaria é sempre indispensavel um re- 
gimen semi-aquoso. Não é possivel constituir-se a ração exclusivamente 
com elles, porque, ricos em agua, são pobres em principios nutritivos, 
especialmente em materias azotadas. Dahi a necessidade de se lhe 
addicionar na ração alguns alimentos seccos, ricos principalmente em 
materias azotadas, taes como residuos indústriaes concentrados, ou 
farinaceos. Para a alimentação do gado, as raizes e os tuberculos 
deverão ser picados com uma machina especial e distribuidos depois de 
juntos à sufficiente quantidade de farinaceos, feno, palha picada e sal. 


A grande proporção de agua que contêm accrescida às vezes de 
elevada dóse de sáes mineraes, quando se excede a quantidade que póde 
sem inconveniente ser dada aos animaes, determina uma diarrhéa mais 
ou menos persistente. E” o que se dá frequentemente com as beterrabas, 
sendo necessario, quando com ellas se alimentam as vaccas, fiscalisar, 
ao mesmo tempo, o rendimento em leite, o peso e o funccionamento 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 137 


ça ÇÃO ÃO ÃO aà 


do apparelho digestivo, as fézes, de modo a poder-se intervir a tempo 
e prevenir o mal, tirando-se assim o melhor partido com o seu emprego, 


4 BETERRABA — E' uma planta da familia das Chenopodia- 
ceas, de raiz carnuda e muito conhecida nos paizes europeus, onde 
principalmente é utilizada na alimentação do gado assim como na ex- 
tracção do assucar conforme a variedade considerada. Dahi sua dis- 
tincção em beterrabas forrageiras, assucareiras e semi-assucareiras. 
A cultura da beterraba é de preferencia recommendavel no sul da 
Republica, onde as condições são mais favoraveis, conforme o têm 
demonstrado varias experiencias. Aqui, no centro do Brasil, sua cultura 
é possivel e remuneradora, variando o rendimento de 25 a 60 toneladas 
por hectare para as variedades pequenas e até go para as grandes. 
Convém todavia observar que o rendimento para determinada varie- 
dade está directamente sob a dependencia da natureza do solo, da 
adubação, do preparo, etc. O rendimento observado aqui em o nosso 
campo de experiencia para a variedade Mamouth foi de go toneladas 
de raizes e 45 de folhas, perfazendo um total de 135 toneladas. 

As variedades forrageiras são mais pobres em assucar, porém, 
mais ricas em materias azotadas e de maior rendimento por hectare. 
Cem partes de beterraba contêm 1I.o de materia secca para as varie- 
dades grandes e 13.0 para as pequenas e os seguintes princípios nutri- 
tivos digestiveis: 


Variedades grandes Var'edades peguenas 


atom cazotada.... sms s T.O 0.9 
Polgntéim a ep ee RR 0.06 0.06 
Materias hydrocarbonadas..... 6.9 [0.2 
Total dos principios nutritivos 8.0 11:22 


A beterraba é um alimento de primeira ordem para os bovideos 
em geral e em particular para as vaccas leiteiras, sendo extremamente 
favoravel à secreção lactea. Contêm pequena quantidade de cellulose 
e é muito digestivel, convindo ser empregada para combater os mãos 
effeitos de um prolongado regimen secco. Póde ser dada na dóse de 
IO a 50 kilos por cabeça e por dia, devendo sua introducção na racção 
ser feita gradativamente, misturando-se de preferencia 10 partes de 
beterraba com uma parte de feno picado. FE” dada geralmente crua, 
picada, sendo tambem dada cosida aos animaes doentes ou convales- 
centes e que soffrem de affecções intestinaes. As beterrabas estragadas 
e podres devem ser retiradas da alimentação, pois pódem occasionar 
accidentes graves. 


OS NABOS — São cultivados em grande escala na Inglaterra, 
na França e outros paizes europeus para a alimentação do gado. Entre 


Do Win LS 


13S MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
PET PI SP a De a am 
nos são cultivados com bons resultados quando plantados em Março 
ou Abril. As experiencias feitas no Posto Zootechnico com a variedade 
“turnips-branco-amarellado” são bastante animadoras, tendo-se obtido 
na primeira 26.500 kilos e na segunda 35.000 kilos por hectare, 

E” uma forragem rica em agua e de valor nutritivo inferior ac 
da beterraba e da cenoura, como se pode ver pela analyse abaixo. Cem 
partes de nabo contém 92 de agua e os seguintes principios nutritivos 
digestiveis : 


PROTEIN a joio RN RR q E ENA toe (07 
Nlateria feras du po SE 0.07 
Materias hydrocarbonadas.......... 5.2 
Total dos principios nutritivos..... 6.1 


Mesmo assim, seu emprego para a alimentação das vaccas leiteiras 
é recommendavel, associado sempre a alimentos concentrados. Ao gado 
vaccum o nabo é dado picado, podendo ser dado inteiro, com as folhas, 
aos suinos. À não ser para a engorda dos suinos e das aves, raramente 
são empregados cosides na alimentação, da qual se elimina sempre 
cuidadosamente todo o que se apresentar estragado. 


AS CENOURAS — São plantas da familia das Ummbellniêças 
cultivadas tambem como forrageiras. Temos experimentado no campo 
de experiencia do Posto Zootechnico Federal particularmente a varie- 
dade “branca de coleo verde”, que tem dado por hectare 54 toneladas 
de raizes e 27 de folhas. Cem partes de cenoura contém 15.0 de materia 
secca e os seguintes principios nutritivos digestiveis : 


Materia lazotada E 0) 
Materias enaxa a da ONES 
Materias) iyidiocarhonadas TPIToA! 
Motal (dos principios nútritimosi a 2:77 


Independentemente dos saes alcalinos e dos phosphatos, as 
cenouras contêm um oleo volatil, ao qual se attribuem suas pro- 
priedades especiaes na alimentação do gado leiteiro. São em geral 
menos aquosas do que as beterrabas, constituindo um excelente 
alimento para vaceas leiteiras, exercendo além da acção favoravel 
sobre a secreção lactea alguma influencia sobre o leite que se torna 
saboroso e a manteiga” que e ma) Segundo o SE MipeaniaaE 
cenouras são mais favoraveis à producção da manteiga do que as 
beterrabas e os nabos. 

São geralmente empregadas na alimentação depois de previamente 
picadas e incorporadas a outras forragens seccas e concentradas. 


REVISTA DE VETPERINARIA E ZOOTECHNIA 139 


a a aà aà a ÃO ÃO AA HA AAA AA 


A dóse para o gado leiteiro varia de 10 à 20 kilos, Para os equideos, 
suinos e ovinos podem ser empregadas em menor dóse, principalmente 
a titulo hygienico para os primeiros. Devido ao seu rendimento, as 
cenouras, pelo menos sob o ponto de vista economico, não offerecem 
as vantagens da beterraba. 


A BATATA DOCE — Empregada na alimentação das classes 
pobres, a batata doce, de cultura muito facil e pouco exigente, p:rlerá 
com vantagem ser utilisada na alimentação das vaccas leiteiras e dos 
suinos. Neste caso tanto são aproveitadas as partes aereas como forra- 
gem verde, como as tuberculos, que têem a seguinte composição; 100 
partes contem 22.3 de materia secca e os seguintes principios nutri- 
tivos digestiveis: 


Iaisidas azotada Asia es quia aa Ie 
eia RASA ea No gra alado SR : 0:02 
Eltenas nydrocarbonadas.. cs SEE 
Total dos principios nutritivos. ...... 102 


Pela sua composição vê-se que ha realmente vantagem no seu 
emprego na alimentação do gado leiteiro, desde que não se exceda 
"a dóse de 10 a 15 kilos diarios, por cabeça. Uma dóse exagerada 
predispõe a vacca à engorda com prejuizo da secreção lactea. Deve ser 
dada picada, podendo tambem ser empregada na alimentação dos bois 
de trabalho, sendo, porém, seu uso mais economico na engorda dos 
porcos. Para isso costuma-se soltar os porcos no batatal, onde elles 
fossam e arrancam os tuberculos, poupando assim maior trabalho ao 
criador. Calcula-se, em média, seu rendimento por hectare em 40.000 
kilos de tuberculos e 115.000 kilos de hastes e folhas. 


A MANDIOCA — E outra planta cultivada entre nós, que maior 
emprego poderia encontrar na alimentação do gado bovino e suíno, 
devido à sua cultura facil e ao seu rendimento elevado e tambem à 
sua riqueza em principios nutritivas. Cem partes de mandioca das 
variedades branca, vermelha, aipim e prata contém, respectivamente, 
40,2, 32.3, 31.4 e 31.0 de materia secca e os seguintes principios 
nutritivos digestiveis: 


Branca Vermelha Aipim Prata 
Rea Razodada, sus. : iLeA iz 0.92 0») 0.82 
ERA. 2. semp o es 0.15 O.14 0.12 0.13 
Materias hydrocarbonadas.... 27.6 aus 211.16) 2106 


Total dos princípios nutritivos 29.4 23.8 22.0 pipi 


140 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Vê-se, pois, que se trata de um alimento rico em materias hydro- 
carbonadas, podendo ser utilisado com grande proveito na alimentação 
de todos os animaes da fazenda. 


As raizes frescas, na dóse de 10 kilos diarios, por cabeça, consti- 
tuem bom alimento para o gado leiteiro e actuam favoravelmente 
sobre a secreção, obtendo-se um leite muito apreciado. As farinhas 
de mandioca, de qualidade inferior, são egualmente empregadas na 
alimentação do gado leiteiro, incorporadas a um alimento aquoso. 
Sao tambem utilisadas com optimo resultado na alimentação artificial 
dos bezerros juntamente com leite desnatado. As raizes podem ser 
empregadas tambem com exito na alimentação das outras especies: 
equina, ovina, caprina e suina. Para esta ultima, quando destinada 
a engorda, convém distribuil-a cosida, tirando assim os animaes maior 
proveito. Póde ser utilisada com optimo resultado na engorda de 
“aves para o preparo de “patés”. Ao gado vaccum a mandioca é dada 
geralmente crua, picada, podendo ser tambem empregada cosida de 
mistura com outros alimentos. 


A mandioca não é sómente aproveitada pelas raizes: toda ella 
póde ser utilisada, hastes e folhas inclusive. Em tal caso devem ser 
cultivadas as variedades doces, que são mais precoces, sendo as hastes 
mais succulentas, tenras e macias. Para forragem verde deve ser 
cortada antes da maturação. Em taes condições o desenvolvimento 
das raizes fica paralysado momentaneamente, mas logo continúa, 
porque o crescimento das hastes novas é muito rapido. 


A utilisação das variedades toxicas na alimentação necessita de 
algumas precauções, que consistem em tirar-se a casca das raizes, onde 
justamente se encontra o principio toxico, e mesmo porque amarga, 
motivo que impede os animaes de acceital-a de boa vontade. A's vezes 
o simples deseccamento ou o cosimento são sufficientes para fazerem 
desapparecer o principio toxico. Este principio, segundo algumas expe- 
riencias, é o acido prussico, que com toda probalidade se origina da 
mesma fórma que no sorgho novo. A intoxicação revela-se por colicas 
fortes, cessação da ruminação e ligeira meteorisação. Como antidoto 
recommenda-se sal, vinho, ipeca, melaço diluído ou leite. 


A ARARUTA — Planta que serve para a extracção de uma 
fecula muito apreciada nos usos domesticos, o emprego de algumas 
variedades de grande rendimento na alimentação do gado póde ser 
tentado com algum resultado. 

Nesta mesma categoria de forragens podemos mencionar as abo- 
boras, o cará, o inhame, cuja composição damos a seguir. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 141 


Là AÇÃO aà Aa A aà 


Cem partes de abobcira, cará e araruta contêm respectivamente 
9.1, 18.2 e 16.3 de materia secca e os seguintes principios nutritivos 
digestiveis: | 

Abobora Cará Araruta 

Rdateria dzotada. ea. ces meire [.O 0.88 0.08 

EATEI (PPAA  ein o elo mia e 0.3 OI 2 0.06 

Materia hydrocarbonada....... 5.8 12.3 [2.6 

Total dos principios nutritivos 7.5 [3.5 13.8 


AVALIAÇÃO DO PREÇO DA FORRAGEM VERDE — O 
preço de uma forragem verde depende em primeiro logar de sua qua- 
lidade e da dóse de principios nutritivos digestiveis que ella contêm; 
entretanto, na pratica, a avaliação é feita sem base alguma. Em certas 
condições, como é o caso dos vaqueiros estabelecidos nas leiteirias ur- 
banas e que na maioria dos casos são obrigados a comprar quasi todas 
as forragens, inclusive o verde, torna-se necessario fazer uma aprecia- 
ção o mais exacta possivel. Tomando-se por base a materia secca e 
o preço do mercado do feno de primeira qualidade podemos facilmente 
estabelecer c preço da forragem verde com o emprego da tabellas que 
dao sua composição. 

Supponhamos que 100 kilos de feno de jaraguã valem 88000 no 
mercado e que apenas contêm 82º|º de materia secca; os 100 kilos 
de materia secca deste feno valem por conseguinte: 


Sgodo X 100 
e = 98756 


O capim angola, por exemplo, que contém sómente 16º/º de 
materia secca valerá, segundo esta base: 


9800 X 16 
IOO 


== 16508 
preço maximo por que o poderia adquirir o criador. 


O feno dos prados naturaes, composto em sua 

II — Os fenos maior parte de gramineas colhidas no momento da 
“floração e fenadas ao ar livre em condições favora- 

veis constitue um alimento de primeira ordem para as vaccas leiteiras. 
Seu valor está em relação com a proporção de principios nutritivos 
que contém, com seu aroma e seu estado de conservação. Actua sobre 
o organismo não sómente pelos principios nutritivos e aromaticos, 
como tambem porque serve de lastro para os orgãos digestivos. 
Sua qualidade e seu valor são muito variaveis e dependem em taes 
condições das plantas que entram em sua composição, assim como 
das condições em que se realizou a fenação. E” consideravel seu valor 


142 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LL LN LNLNLNLNLNLNLLNL LNLS LTLSL SS DS SS SL RS RS RSS SSL SL LS SS RS SL SS TS NS A A A NA a al a a 


na alimentação quando composto de plantas de boa qualidade, parti- 
cularmente ricas em materias azotadas e mineraes, como é o caso dos 
fenos que encerram maior quantidade de leguminosas. Devido ao seu 
estado de secura conserva-se facilmente em fardos ou simplesmente 
depositado em local abrigado, E” rico em cellulose, que augmenta, 
quando a fenação é feita muito depois da floração. Contém apenas 
LO as de agua: 

(Os fenos mais conhecidos entre nós são compostos de uma só ou 
de duas qualidades de plantas, raramente apresentando uma mistura 
complexa de varias, dependendo portanto seu valor exclusivamente 
do da planta predominante. E” a seguinte a composição dos fenos mais 
communs entre nos: 


I0D partes contêm os seguintes | 


es ARA e Ê ER Materias minera 
5 princípios nutritivos digestiveis |. sa 
Designação Ea Ega ido 
: | | | | 
= | : | e E] 
M. Ar | M.G. |M.H.C. ToraL Cinzas POP Cal 
= — ! | | | 
| | | | | 
Feno de jarasuá.......s uso. 81.00 | 4.160 0.630 42.140 | 47.800 | FA ZãO! | O:IS0 | O-S80 
| | | 
| | | | 
» | ONtONbbTEL o 00d alo mpbo aviao 78.90 | 6.070 | 1.000 40.300 | 49.000 | 8.910 | 0.260 | 0.550 
| | | 
» UCA a Pla eo o osso 75.14 | 4.810 | 0.780 | 45.142 | 50.750 | = 0 | | — 
| || | | 
» » graminha seda......... TE O A.4I0 | 0.670 | 42.800 | 48.810 | 6.810 | o.160 | 0.480 
| | | 
| | | | 
» » capim favorito........ | 79-50 | 6.040 O.810 | 37.460 | 45.440 | 5.700 | 0.210 | 0.470 
| || | | 
DUO à | | | | | 
» Ea api ai todo ea o feNai a RN pano aa 84.00 | 10.000 I.000 | 33.500 | 45.900 | To IO 0.650 2.520 
| | | | | || 


Estas e ainda outras gramineas nossas prestam-se, pois, para O 
preparo do feno de qualidade, desde que se faça o córte no momento 
da floração ou antes e que não sobrevenham chuvas durante a fenação. 

As experiencias a respeito feitas durante oito annos, aqui e em 
S. Paulo, com os capins nacionaes: jaraguá, gordura, chloris virgata 
e iavorito têm sido favoraveis dando fenos muito bem acceitos pelos 
animaes. Pela composição chimica acima vê-se que sua riqueza em 
materias azotadas varia de quatro a seis por cento, ao passo que para 
o feno de alfafa, mais rico, ella vae além de 10º|º. Observa-se egual- 
mente que este ultimo feno é muito rico em cal e acido phosphorico ; 
dahi a razao do valor superior que se lhes dá para alimentação dos 
animaes em crescimento ou producção. 

O coefficiente de digestibilidade dos fenos varia muito, segundo 
sua! qualidade sendo embmedia dem ate: 

Praticamente, o julgamento da qualidade de um feno depende 
de sua cór, de seu aspecto, do aroma agradavel e sabor doce, do estado 
de conservação, da edade e variedade das plantas que o compõe, 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 1453 


a a a AS AS AS a a a Sa SS SS Va NS Na a a AAA A A A Aa Da ct DD o a DD q DD 


sabendo-se que é no momento da floração que os capins alcançam 
maior valor nutritivo. O bom feno não deve conter muitas plantas 
lenhosas ou nocivas. Sua digestibilidade está na razão inversa da 
quantidade de cellulose, que contém, e augmenta com a da proteina. 
Deve ser da colheita do anno, porquanto com o tempo diminue muito 


seu valor. Molhado, durante a fenação, ou depois, perde até 20º/º dos 


principios nutritivos. 

Para as vaccas leiteiras, o feno é um alimento salutar, de primeira 
ordem, tornando-se até indispensavel, não sómente pelos principios 
mutritivos que encerra, mas ainda porque exerce sobre us funcções 
digestivas uma acção estimulante, devido à presença dos principios 
aromaticos nos capins que o compõe. Basta aqui lembrarmos o que 
foi dito sobre a influencia dos principios aromaticos sobre a secreção 
lactea, para se avaliar a necessidade de sempre incluir-se na ração uma 
dóse de feno. Sua addição à ração é egualmente vantajosa, para 
diminuir os mãos effeitos de uma alimentação insipida e muito aquosa. 
E” distribuido aos bovinos em dóses de 2 até 15 kilos por dia e cabeça, 
convindo reduzir a dóse à estrictamente necessaria, quando elle fôr de 
qualidade inferior, completando-se então a ração com o verde ou 
alimentos concentrados. 

“Aproveitamo-nos da opportunidade para aconselhar aos criadores 
o emprego do feno nacional composto das principaes gramineas citadas, 
substituindo assim senão toda pelo menos parte da alfafa, cujo preço 
por kilo não raro attinge a 2co e 300 réis. O criador assim procedendo 
poderá effectuar grandes economias, chegando mesmo a produzir o 
feno nacional por 50 ou 60 réis o kilo. 

Em uma experiencia realizada no Posto Zootechnico [ederal no 
anno passado, com 12 vaccas leiteiras, com o fim de se estudar o valor 
comparativo do feno de gordura e do de'jaraguá, foram substituídos 
na ração, no segundo periodo, tres kilos de feno de gordura por egual 
quantidade de feno de jaraguá. Desta substituição resultou, no fim 
da experiencia, uma diminuição attribuida ao feno de Jaraguá, em 
média, por dia e cabeça, de ok.407 de leite e ok.or8 de manteiga, mas 
em compensação as vaccas augmentaram de peso, na razão de 1k.116 
por dia e cabeça. Póde-se, pois, considerar o feno de capim gordura 
como mais favoravel à secreção lactea e o de jaraguá, ao contrario, 
coro mais proprio para a engorda. Esta indicação, de alcance pratico, 
permitte ao criador dar preferencia a um ou outro dos dois fenos, 
conforme o estado em que se encontram suas vaccas. 

(Contimia ). 


NM. Athnassof. 


144 MINISTERIO DA AGRICULTUKA, INDUSTRIA E COMMEKCIO 


RAÇA BOVINA DE VAL DE CHIANA 
CHAMADA TAMBEM « RAÇA GIGANTE CHIANINA » 


Origem e historia — A raça bovina de Val de Chiana (bos tauros 
brachaceros — Diirst) confome Sanson e seus discipulos, é originada 
pelo cruzamento da raça asiatica (podolica) antigamente introduzida 
no logar hoje chamado Val di Chiana, e a raça jurassica, escolhida 
para melhoral-a. 

Os dados historicos, porém, não confirmam essa hypothese. 

Sanstn baseou as suas afirmações sobre os caracteres do Bos 
Frontosus, que apresentavam algumas conformações craneanas dessa 
raça, mas os mais recentes e geniaes estudos de Diirst, sobre a origem 
das fórmas domesticas, levariam a suppor que o typo jrontosus é 
o producto do cruzamento entre o macrocero e.o brachicero. Assim, 
tambem teria herdado os caracteres do typo frontosus não pela 
missão do sangue qurassico, mas pela união entre brachiceros e 
macroceros e pela acção modificadora do meio. 

Si não nos é dado estabelecer de um modo positivo a origem 
dessa raça, podemos, porém, affirmar em absoluto que ella existe na 
zona citada desde tempos immemoriaes. 

Os Etruscos e os Romanos possuiram dois typos de raça bovina: 
uma, de chifres pequenos, pello branco e grande corpo, mui procurada 
para os sacrificios religiosos, e outra, mais rustica, de pello ruivo e 
com chifres mui desenvolvidos. | 

No declinio do imperio remano, abolido o culto de Jupiter e dos 
deuses pagãos — que muito tinha influido e animado a criação do gado 
de pello alvissimo, sobrevindo as invasões dos barbaros, impaludado 
o valle (Cfr. Dante — Divina Comedia — XXIXC. Infernc) sobre- 
pujou a raça mais apta à vida rustica e aos pastos palustres, isto é, a 
ruiva e aquella hoje conhecida sob o nome de maremmana, certamente 
produzida por cruzamentos entre as diversas formas bovinas existentes 
no valle e as zonas limitrophes, sendo os brachiceros alvissimos, finos 
e delicados muito mais escassos, mas muito mais apreciados nas 
melhores zonas quer sob o aspecto agricola quer sob o aspecto salubre. 

As vicissitudes dessa raça estão intimamente ligadas às vicissitudes 
da zona, fertil nc periodo etrusco, palustre e doentia durante quasi 
dezencve seculos, saneada, aterrada e recultivada em 1800, e, desde 
meiado do seculo transacto, sadia e fertilissima. Naturalmente a 
transformação rapida do valle produziu alterações no gado existente. 


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Ojnyjsuj “Y OP « BUIJES2O Y » Ppuazey ep opepondolg (“Sid G76 “A OSod) Sazom ZE ap “euiueiyy váei ap oJnoj “O7HLO 


| 


- "REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 145 


ça a a Da ça a a aà ÃO AA a 


A raça actual foi se reconstituindo "desde 1830, especialmente pelos 
esforços da administração des bens da Corôa, graças 4 abundante 
“alimentação, à hygiene, à 'estabulação aprimorada e à selecção dos 
individuos, que ainda conservassem de modo notavel as qualidades de 
finura tão apreciadas desde a época dos sacrifícios religiosos. 

Area geographica — A zcna originaria desta raça está encravada 
nas provincias de Siena e Arezzo, estendendo-se até comprehender 
pequena parte da provincia de Perusa. Ella diffundiu-se pela Toscana, 
em Val d'Arno superior e inferior, estendendo-se até as campinas 
pisanas e pela Umbria até as planícies do alto valle tiberino e seus 
“afluentes quasi até Cittá di Castello e Todi. 


Constituição geologica do sólo — Ao sudéste de Arezzo apparece 
superficialmente uma extensa formação oceanica de arenarias e de 
schystos arenario-marnoso, que se encontra tambem nos outeiros de 
Castiglione Fiorentino. Ao longo do valle de Chiana desde Cortona a 
“Torontola abundam as aluviões antigas e recentes, que se estendem 
até Sansavino, após ter rodeado ao norte de Iviano, as argillas, os 
saibros e as conglomerações do Plyocenic maritimo. O Plyocenio 
lacustre encontra-se ao norte do lago de Chiusi, ao passo que o outeiro 
de Castiglione, formado pelos calcareos cretaceos, emerge dos depo- 
sitos do Quaternario recente, que rodeia toda a parte occidental do 
lago Trasimeno. 


Nota — Estimei de alguma utilidade citar estes apontamentos 
sobre a constituição geologica dcs terrenos onde se cria a raça bovina 
de Val de Chiana, porque os criadores brasileiros podem se orientar 
melhor sobre as zonas a escolher, sempre que se animem a introduzir 
e criar esta raça de gado, que promette um resultado econcinico- 
zootechnico positivo e proveitoso. 

“Dados estatisticos — Deste gado, espalhado nos differentes pontos 
da Toscana e da Umbria supra-citados, se conhece 'tãc sómente o 
numero indicado pela estatistica de 1908, isto é, 50.000 cabecas em 
numeros redondos: naturalmente nos ultimos cinco annos “este 
algarismo é muito mais avultado. 

Caracteres morphologicos -- Este gado é de grandes dimensões. 
A sua altura varia desde ms. 1.70 a ms. 1.90 nos bois. O seu typo é 
dolicomorpho e falta-lhe ás vezes a coordenação harmonica das massas. 

O grande biologista e zootechnico Leyder, os classificou — os 
gigantes da especie. O seu enorme volume tende a augmentar sempre 
mais nos terrenos de alluvião, ao passo que fóra desses terrenos perde 
um pouco da sua massa, adquirindo, porém, maibr harmonia nas 
fórmas. | 


Ro No 19 


146 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


aa id dá de ci a dc a a a 


Assim na Umbria apresenta menor altura e fórmas maish 


recolhidas, devido em parte às influencias mesologicas e em parte 


, 


talvez a maior, à acção dos criadores, que adquiriram em Chiana os. 
seus reproductores, intelligentemente escolhidos entre os individucs de. 
membros mais curtos e corpo mais largo, proporcionando assim uma. 


opportuna selecção, que visa particularmente harmonizar as fórmas 
nos productos. 


Os tauros de Chiana teem a cabeça levemente brachicefala e 
dolicoprosopa, relativamente pequena, com perfil direito, ligeira 
depressão no começo do nariz, syncipites em fórma de M, ornamentado 


por um pequeno topete de pellos finos. Os chifres são curtos, uns 20 cu. 


25 centimetros apenas, dirigindo-se primeiro aos lados, depois para 
traz e finalmente ao alto. O pavilhão auricular é geralmente grande. 


(O pescoço é curto, musculosc, robusto, assas proeminente. A barbella 


muito desenvolvida. O corpo muito comprido, cylindrico, de costelas 
bem arqueadas. A linha dorso-lombar geralmente sellada. Este caracter 


constitue um defeito, mas é um defeito de somencs importancia) 


attendendo-se a que não é devido a um enfraquecimento da columna 
vertebral, mas é a resultante necessaria do grande desenvolvimento: 
das apophyses espinhaes das primeiras vertebras dorsaes e das sacraes, 


como não se verifica em outra raça nenhuma. Os criadores, porém, com | 
meios cpportunos e intelligentes selecções, estão corrigindo este defeito | 


e é de esperar que elle desappareça completamente. 


A garupa é bem modelada, larga e comprida; os membros, muito | 


compridos, esforçando-se os criadores para obtel-os mais curtos e 
mais grossos; optimos os aplombos anteriores, bons os posteriores; a 
pelle finissima, caracteristica das raças de facil engorda. 


Pigmentação — O pello é branco e de tonalidades difterentes, 
consoante: os: reflexos e a cor da; pelle O focinho, a lingialfpame 
livre e núa) os beiços, os hepitelios e contorno dos olhos, o floco da 
cauda, o anus, a vulva, o fundo do escroto, são pretos assim como a 
ponta des chifres e os cascos. Estes caracteres devem ser sempre 
exigidos nes individuos escolhidos para a reproducção, recusando-se 
aquelles que os não possuirem. 

Um facte muito interessante é que estes bovinos transportados em 
outros terrenos, fóra daquelles considerados como berço da sua raça, 
não é raro apresentarem pellos negros no pescoço, focinho, antebraços 
e joclhos, ae passo que no seu meio originario é rarissima essa 
anomalia. Dão-se tambem cases, excepcionalissimos na verdade, em 
que se encontram algumas pequenas manchas de pellos levemente 
ruivos; c isto explica-se como um retorno atavico a um periodo anterior 


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ROMANA, vacca de raça Chianina, de 7 annos. Criação dos Irmãos Di Frassineto 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 147 


aà AA 


ao imperio romano, pois que dessa época em diante, em trecho nenhum 
das obras litterarias, historicas, scientificas ou philosophicas, se faz 
menção destes bovinos tendo pequenas manchas de pellos ruivos. 

Os bezerros, ao nascer, são de pellos ruivos, da cor do trigo, como 
todas as raças podolicas. 

Aptidões — Esta raça é para corte e para trabalho. Como raça de 
trabalho dá-se muito bem nos terrenos scltos das planicies, porque o 
grande comprimento das alavancas osseas favorece a velocidade e não 
a intensidade das contracções musculares. Todavia, em Chiana, com 
duas juntas de bois, se póde arar em menos de tres dias um hectare dé 
terreno na profundidade de 35-45 centimetros. 

Quanto ás suas aptidões para o córte, é a primeira raça da Italia e 
é considerada entre as melhores do mundo inteiro, em virtude de dois 
requisitos indispensaveis que possue, isto é, grande precocidade de 
desenvolvimento e extraordinario poder assintilativo. A rapidez da sua 
engorda, submettido ao regimen da superalimentação, é realmente 
admiravel, o que a faz preferida pelos cevadores que encontram no 
gado Chianino um incomparavel accumulador de carne e de gordura. 

emp zeros do nascer tcem um peso médio; equivalente a 
48 kgs. os machos, e 45 kgs. as femeas: assumem um accrescimo tão 
rapide, que durante o primeiro mez póde oscillar de 30 a 50 kgs. e 
tambem superal-o. No primeiro anno de idade os vitellos (castrados) 
chegam ao peso de 4co-sc0 kgs. e aos dois annos ultrapassam 800 kgs. 
Nos annaes do Instituto Agrario Superior de Perusa é consignado o 
facto de um vitello que tinha feito só a primeira muda, pesar 892 kgrs. 

Nas exposições pecuarias annuaes de Florença os bois acecusaram 
os seguintes pesos: 


Ebro og um boi” pesou... .. 2.0... A OA los 
99 19 ss bh) 18 
105 Mr Rd o RC DD DR IL OR 
“1 Trroro (6 DR ARE E IRA 
Ricos 7 * Co e o PR LADO 


Os touros têm o peso médio de 850 a 950 kilogrammas e as 
Naecas; de 650 a 750. 

O rendimento em peso liquido é sempre muito elevado, variando 
de 58 a 65º|º, e chegando nos vitellos e nos bois a 72º|º, porcentagem 
não inferior áquella a que podem alcançar os melhores exemplares 
das raças especializadas. 


Não se julgue, porém, que este alto rendimento seja devido ao 
excessivo desenvolvimento dos ossos, mas é tão sómente o fructo das 
suas amplas massas carnosas e dos intestinos pouco volumosos. 


148 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Systema de criação — Nesta raça colossal nctam-se ainda alguns 
defeitos, embora com tendencia a desapparecerem, e devem-se attribuir 
a duas causas: primeira, ao excessivo trabalho a que sempre foram 
submettidas as vaccas; e, segunda, à imercia forçada imposta aos 
bezerros, que, sempre amarrados nos estabulos, se resentem em 
absoluto da necessaria gymnastica funccional que é tão precisa na sua 
idade. Desde alguns annos, porém, se está providenciando afim de 
eliminarem-se: esses inconvenientes. A duração do aleitamento dos 
bezerros varia de quatro a seis mezes. A castração dos machos 
pratica-se entre os tres e os quatro mezes de idade, favorecendo por 
tal fórma o alongamento dos raios osseos. 

Os touros são destinados à reproducção aos 15 ou 18 mezes de 
idade e as femeas aos 16 ou 20. Os touros deixam-se padriar até 
aos cinco annos, no maximo, ao passo que as vaccas são conservadas 
na reproducção até aos II ou I2 annos. 

Existe desde vinte annos um bem organizado Herd-Book desta 
raça, e cs touros são muito procurados em toda parte. 

Esta raça não possue a potencialidade muscular para o trabalho, 
tão peculiar à raça Romanhola; não tem a resistencia necessaria aos 
trabalhos duros e fatigantes nem supporta as privações de boas 
forragens, como se dá com a raça maremmana, mas nos terrenos soltos 
corresponde bem ás exigencias da lavoura, e, o que mais importa — 
devido à sua precocidade, ao seu volume, antes unico que raro, ao seu 
maravilhoso poder assimilativc — torna-se uma verdadeira machina 
accumuladora de carne, que em poucos annos não terá rival, destinada 
a formar a admiração dos criadores do mundo inteiro. 

Os criadores brasileiros, que dispõem de terrenos convenientes e 
de forragens abundantes e variadas, precederão acertadamente, eu o 
creio, firmando a sua attenção sobre “os gigantes da especie bovina”, 


Março, I9IA. 


Dr P. Foschin 


Medico Veterinario. 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 149 


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ASSUMPTOS DE BIOLOGIA E ZOOTEGANIA GERAL 
E SELECÇÃO 


No capitulo anterior passamos uma vista geral sobre a selecção. 
Salientamos que a palavra selecção é usada em sentidos bem differentes 
e constatamos algumas contradições bem nitidas no emprego da 
palavra. Geralmente emprega-se a palavra selecção em processos 
usados na pratica, sem lembrar-se da sua origem e do primeiro emprego 
da mesma, | 


Promettemos estudar a selecção como deve ser, e é hoje scienti- 
ficamente empregada, especialmente na Phytotechnia, e tambem menos 
frequentemente na Zootechnia. Vamos nos occupar dos meios de 
selecção, debaixo do ponto de vista scientifico. 

Um destes meios consiste no conhecimento dos factos histologicos 
que se passam na propagação dos animaes bem como das plantas. 
Teremos por conseguinte de estudar um pouco estes elementos histo- 
logicos, apezar de muitos leitores estarem orientados neste assumpto. 

A maior parte, porém, não conhece a importancia que têm estes 
factos com a hereditariedade e a variação, nos quaes se basêa a selecção. 
Por conseguinte julgo importante dar alguns dados da histologia para 
melhor serem comprehendidas as theorias modernas da selecção. 
Estas theorias nos ultimos se têm baseado, em grande parte, no estudo 
das reacções cellulares. 


DADOS HISTOLOGICOS 


Os elementos de tim organismo, animal ou planta, são chamados 
cellulas. Estes elementos geralmente só podem ser observados com 
augmento forte, isto é, ao microscopio. Se tomamos uma gotta de 
sangue (*) e a espalharmos sobre uma lamina de vidro para em 
seguida olhal-a no microscopio com augmento de umas 200 vezes, 
veremos corpusculos redondos fluctuar em um liquido, os globulos 
de sangue. Se escolhermos o sangue de passaro ou de reptis, peixes, 
etc., (Fig. 1) facilmente verificaremos no centro destes corpusculos, 
uma manchasinha que se differencia claramente do resto. (Fig. 14). 


(*) A palavra «sangue» histologicamente tem outro sentido que na zootechmnia. Fscolhemos 
O sangue como exemplo histologico por possuir cellulas separadas. 


150 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LNLS LL SSIS SS SSIS SS SS SS AS SS DS AS SS SS SS SS SS SS SS A a ps“ 


Esta manchasinha é o nucleo da cellula de sangue, que se chama 
crythrocyto. No sangue, porém, veremos outras cellulas, que não têm 
a mesma fórma, não são nitidamente redondas, mas bem de fórma 
variavel, (Fig. 1B) irregular e nas quaes, em certas condições, se 
póde observar o movimento. Este movimento é caracterisado no pro- 
longamento da cellula, na emissão de um ramo que se fixa na parede, 
porta-objecto, e que arrasta depois toda a cellula. Estas cellulas são 
os leucocytos, cellulas incolores, ao passo que as outras são vermelhas, 
razão porque foram chamadas corpusculos vermelhos do sangue. 


Se tomarmos um pedacinho de figado fresco, fazendo nelle uma 
incisão e raspando levemente a superficie, para em seguida examinar 
um pouco da massa, no microscopio, veremos facilmente mma grande 
quantidade de cellulas, cellulas de gado misturadas ainda com sangue. 
Assim cada orgão é composto de cellulas, cellulas estas que são diffe- 
rentes entre si na fórma e funcção, conforme a funcção do orgão. 


Tomando-se uma gotta de agua podre, deixando-se, por exemplo, 
um pouco de feno em agua durante uns oito dias, e examinando-se este 
Hquido no microscopio, se encontrará uma grande quantidade de cellu- 
las fluctuando na agua, com movimento muito rapido e muito grotesco. 
São animaes pequenos, formados de uma só cellula, infusorios. 


O característico de todas essas cellulas é o corpo. isto é, o proto- 
plasma, e no centro, um corpusculo, o nucleo. A cellula é envolvida 
em uma membrana, a membrana de cellula. Bem assim o nucleo 
acha-se separado da cellula por uma membrana, pela membrana de 
nucleo. O corpo da celiula é composto de uma massa semi-liquida, 
chamada protoplasma. 


As albuminas contidas no protoplasma por parte acham-se em 
solução, por outra parte em estado mais ou menos solido, fluctuando 
na parte liquida. A membrana: do nucleo envolve uma massa corpus- 
cular, que se chama chromatina e que tem o papel mais importante 
nos problemas biologicos e zootechnicos. 


Esta chromatina fluctua em um liquido da mesma maneira como 
no protoplasma fluctuam particulas no sueco protoplasmatico. 


Com methodo especial e em certas phases da vida dessas cellulas, 
póde-se notar ainda um corpusculosinho muito pequeno adherente à 
membrana do nucleo, o centrosoma. Estas partes todas podem ser 
vistas directamente no microscopio; porém, a differenciação destas 
varias partes é bastante difficil e exige muito habito. Tem-se experimen- 
tado colorir as cellulas com tintas, e verificou-se que as cellulas tomam 
córes distinctas, conforme as differentes substancias. A maior parte 
das tintas de anílina, por exemplo, coloram fortemente o nucleo, isto é, 


: 
no 
; 


e 


a 
RR 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 151 


id dd dd DD a 


especialmente aquelles corpusculosinhos chamadcs chromosomas. As 
cellulas, para o fm da coloração, precisam-se fixar, isto é, antes de 
empregar-se a tinta, ficam introduzidas em um meio venenoso, como 
alcool, sublimado, acido chromico, picronitico, etc. Geralmente podemos 
dizer que a cellula não se tinge senão depois de morta. (Algumas 
poucas tintas fazem excepçãc, tingem sem matar a cellula, por exem- 
plo, o azul de methyleno). 


Empregando-se este processo de estudar as cellulas, foram feitas 
as maiores descobertas, especialmente a respeito do nucleo. Viu-se 
que uma cellula, em certas condições, fica com a membrana nuclear 
dissolvida; viu-se que em outras cellulas, nas mesmas condições, a 
massa nuclear, isto é, a chromatina divide-se em duas partes (fig. 2); 
viu-se que estas duas partes, após a separação, formaram outra vez 
uma membrana, de maneira que a cellula continha dois nucleos. 
Mas, no mesmo momento observou-se que a cellula toda segue o 
mesmo processo; a membrana da cellula fica restringida, arrochada, 
e a cellula divide-se em duas, encerrando sempre cada cellula um dos 
dois nucleos recem-formados. 


Este processo de divisão é o mais simples e assim encontra-se 
em algumas cellulas. Hoje, porém, suppõe-se que todas as divisões 
de cellulas são mais complicadas. O processo descripto chama-se 
amitotico. Se nos lembrarmos que um animal, melhor organizado, um 
vertebrado, por exemplc, se propaga, deveremos encontrar o mesmo 
processo de propagação acima descripto. Aquellas cellulas em divisão, 
temos de encontrar em um orgão especialmente dedicadc' à propagação, 
nos ovarios, nos ovos ou ovulos. Sabemos que nestes animaes supe- 
riores, cada propagação exige uma fecundação, isto é, c ovulo ou ovo 
só se desenvolve depois de fecundado por um macho. Na femea encon- 
tramos a cellula de propagação em fórma de ovulo, ao passo que no 
macho temos uma cellula especifica para o fim da fecundação do 
ovulo, o espermatozoide. Unindo-se estas duas cellulas em certas 


condições, resulta a fecundação e, em consequencia, a formação de 
um novo ser. 


O ovulo, como já dissemos, tem nada mais nos caracteres 
elementares do que as cellulas descriptas acima; porém, o processo 
da multiplicação e da divisão é bem differente. O espermatozoide tem 
uma fórma especial, comparavel a uma cobrasinha muito movel. 
A cabeça fórma a cellula, propriamente dita, sendo a cauda o orgão 
de locomoção. 


Vamos ver mais de perto a formação destes dois elementos 
essenciaes para a reprodução. 


152 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Pas 


A MATURAÇÃO DO OVO 


1) — Divisão mitotica do nucleo — Os nucleos dos seres supe- 
ricres e de muitos inferiores não se dividem tão simplesmente, isto é, a 
divisão do nucleo não se dá pela simples divisão em duas partes 
eguaes. Na divisão destes nucleos, em seguida da cellula, nota-se no 
nucleo a formação especifica da substancia chromatica daquelles cor- 
pusculosinhos que se coloram intensivamente com tinta de anilina, 
As figuras 3 e 4 mostram o processo eschematicamente. Nota-se que 
esta chromatina se colloca em fórma de fios e, no exame mais 
minucioso, póde-se verificar que o numero destes fios é quasi sempre 
o mesmo na mesma especie de animal. Devemos lembrar-nos por 
conseguinte, que o nucleo, antes de proceder à divisão, transforma 
toda a massa chromatica em um numero limitado e característico de 
chromosomas. Nesta época, o centrosoma que mencionamos, principia 
a dividir-se (Fig. 34). Separam-se os dois nucleos; solve-se a mem- 
brana do nucleo; os centrosomas vão em opposição, formando dois 
corpusculosinhos polares e os fios chromaticos agrupam-se no equador. 
Em seguida verifica-se a formação de fiosinhos muitissimo tenues, 
pelos quaes os fios chromaticos intercommunicam com os centrosomas. 
Pouco depois, verifica-se a divisão dos fios chromaticos e, o que é 
muito essencial, uma divisão longitudinal dos chromosomas. Após esta 
divisão, ambas as partes separam-se, parecendo serem attrahidas pelos 
centrosomas, e formam dois nucleos, como os vimos rna divisão 
amitotica. | 

O característico desta divisão é a divisão longitudina! dos chro- 
mosomas, e, como veremos mais tarde, acreditando-se que os chro- 
mosomas são os portadores da massa hereditaria, seria garantida pela 
divisão longitudinal, uma divisão bem exacta das qualidades do 
individuo. Cumpre notar que nesta divisão, ambos os nucleos ficam 
outra vez com o mesmo numero e com o mesmo quantum de chro- 
matina. | 


2) — Divisão na maturação dy ovo — A maturação do ovo mostra 
característicos bem importantes, característicos estes que provam por 
parte, que effectivamente a chromatina do nucleo. é portadora da 
massa de herança. O ovulo primitivo é uma cellula do ovario, que 
vae desenvolver-se em um ovo. Este ovo fica, como sabemos, fecun- 
dado pelo espermatozoide, (Fig. 3 G, H, 1) sendo que esta cellula 
macho penetra no ovo e diffunde a sua chromatina com a do ovo. 


Conforme acima verificamos, cada especie de animal tem um 
numero característico de chromosomas. Se se desse o caso de ser intro- 
duzida mais chromatina ou numero identico de chromosoma no ovulo, 


Fig. 3 


o 
TER 
e 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 153 
LIL S SSL SS SSL SL SS SSL LOS A AAA A AAA RA A A AA AA AA Aa 


o resultado seria uma ampliação do numero bem como da massa 
chromatica, facto. este que não estaria em. coincidencia com as theo- 
rias actuaes. 4 maturação do ovo é caracterisada justamente pela 
eliminação da metade da massa chromatica, assim como a fermação dos 
espermatozoides caracterisa-se pela eliminação da metade dos chro- 
mosomas paternos. | ; | 

Na maturação dá-se esta eliminação do modo seguinte (fig. 3): 

O nucleo do ovo fórma chronosomas; o centrosoma divide-se 
como acima descripto e da mesma maneira dá-se a divisão dc nucleo. 
(A e B). Porém, antes de se formar a membrana do nucleo, divide-se 
este ultimo outra vez, e neste caso, a divisão realiza-se de maneira que 
a metade dos chromosomas não experimentam divisão longitudinal, do 
que resulta a diminuição do numero de chromosomas até a metade. 
(E). Effectuada a primeira divisão, uma parte afasta-se do centro do 
ovo, fica eliminada do ovo e fórma um ovulo abortivo. (Da). Este 
cvulo abortivo divide-se mais uma vez, tambem sem divisão longitu- 
dinal dos chromosomas. Na segunda divisão dos chromosomas do nu- 
cleo, tambem é eliminada do ovo uma parte, que fórma o terceiro 
ovulo abortivc. Estes tres ovulos abortivos carregam uma quanti- 
dade minima do protoplasma do ovo e a metade dos chromosomas. 
Elles morrem pouco tempo depois. O ovulo, assim fórma uma 
cellula com à metade do numero dos chromosomas. da especie. 


3) Espermatozoa. (Fig. 4). A cellula reproductora paterna é, 
como vimos, o espermatozoide, e este espermatozoide, na fecundação, 
ha de carregar a metade sómente do numero dos chromcsomas da sua 
especie. (O) processo desta reducção é o mesmo que vimos na mattração 
do ovo; porém, com a differença importante, que não se formam esper- 
matozoides abortivos, analogamente aos ovulos abortivos, mas bem 
quatro cellulas identicas, (Fig. 4 G e H) todas quatro coma mesma 
quantidade de substancia protoplasmatica e todas quatro com vita- 
lidade. A reducção do numero dos chromoomas faz-se como segue: 

Formação dos chromosomas, divisão dos centrosomas, divisão 
longitudinal dos chromosomas, separação em dous nucleos que rapi- 
damente, sem formar cellulas, se dividem outra vez em duas partes, 
cada parte carregando a metade do numero dos chromosomas. Assim 
resultam espermatozcides dotados da metade da massa chromatica ou 
da metade da herança de propriedades paternas. 


4) Fecundação. (Fig. 3 G, He 1). Esta realiza-se pelo encontro 
do espermatozoide com o ovulo. Dado este momento, o espermatozoide 
penetra na cellula e dirige-se contra o. nucleo. Fica absorvida a mem- 
brana nuclear e a massa chromatica paterna mistura-se com a massa 


R. V. 20 


154 MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


chromatica materna. Geralmente, a diffusão das chromatinas é com- 
pleta, de maneira que não se pode mais verificar a sucção de chromo- 
somas paternos e maternos. Misturada a massa chromatica, cuja 
mistura succede pela destruição dos fios chromaticos, verifica-se as 
divisões dc: nucleo da fórma já descripta. Dividem-se as cellulas que, 
formando grupos cada vez maiores, pouco a pouco tomam a fórma de 
um embryão. Este desenvolvimento do embryão, isto é, o desenvolvi- 
mento do ovulo até distinguir-se a fórma do embryão, é muitissimo 
importante, pois liga-se a estes estudos a le» phylogenetica que tambem 
para o zootechnista tem importancia muito grande, lei esta que diz 
que no vertebrado, o embryão ha de passar todas as phases dos anite- 
passados, ou seja, uma recapitulação da formação da especie, resumida 
em algumas semanas. (Verifica-se, por exemplo, a formação de ra- 
nhuras branchiaes nos vertebrados durante alguns dias; verifica-se a 
collocação typica do coração perto da cabeça, o arrastamento do nervus 
recurrens na occasião em que, no vertebrado o coração se afasta para 
a cavidade thoracica). Sobre este assumpto convirá fallar em outro 
artigo, pois muitos caracteristicos teratologicos e atavisticos são ligados 
a esta lei. 


Os acontecimentos, segundo o esboço que acima damos, da histo- 
logia da ovulo e do espermatozoide, bem como da divisão, isto é, multi- 
plicação destas ceilulas, são visíveis no microscopio, parte directamente, 
parte após colorações especificas. O estudo da nucleo, empregando-se 
os varios meios de coloração, revela muitos detalhes, quer no plasma 
do nucleo, quer nos chromosomas. Quasi cada autor que se occupou 
com o estudo do nucleo, descobriu corpusculosinhos novos que andam 
com nome especial, de maneira que, querendo-se tomar em consi- 
deração todas estas descobertas, já resultaria uma obra grande sómente 
em respeito a esta parte do nucleo. Muitos autdres têm descripto deta- 
lies que outros não acharam, ao passo que estes descreveram os 
mesmos detalhes sob outros nomes. Julgo que a classificação desses 
corpusculos é uma questão muita individual, dependendo especialmente 
dos meios empregados na coloração e do methodo de observação. 


Em todo caso temos de suppor que chromosomas, ou melhor, 
as massas chromaticas, são compostas de corpusculosinhos de tamanho 
malecular, invisiveis quando separados, ou então apenas visíveis 
quando impregnados com córes. Estas massas chromaticas, chimica- 
mente, sao albuminas phosphatadas, da serie das proteinas, e bastante 
caracterisadas. Estas proteinas encontram-se especialmente em tecidos 
muito ricos em nucleos, como no figado, no baço e nas glandulas: 
Nucleos isolados mestram uma grande porcentagem desta substancia 


REVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 155 


que, como foi provado, se colora identicamente à chromatina. Assim, 
chimicamente, foi provada a identidade da chromatina com uma certa 
e bem definida proteina (nucleo-proteides, que sempre são caracteri- 
sados pelo conteúdo em acido phosphorico) e com um outro grupo 
que, pela decomposição, fornece acidos puricos, ficando uma aibumina 
“sem acido phosphorico, comparavel com as albuminas do protoplasma 
da cellula. Importa lembrar-se deste facto que revela que a chromatina 
não é albumina simples, mas sim, albumina rica em acido phosphorico 
e substancia purica; por conseguinte, uma albumina bem complexa. 


Na chimica, pôem-se as moleculas como os ultimos fragmentos 
ja não mais divisiveis sem aiteração da composição, ccmmposição esta 
dada por um agrupamento de atomos, no nosso caso de carbono, 
oxygeneo, azoto, phosphoro, como elementos essenciaes. Estas mole- 
culas, suppõe-se, preenchem na chromatina uma funcção na heredita- 
riedade, pois ellas compõem a chromatina e os chromosomas, que tão 
cuidadosamente são tratados pelo corpo. 


Factos physiologicos em relação ao problema. A histologia do 
nucleo não é capaz de dar detalhes mais minuciosos da chromatina, 


pois a visibilidade de um corpo no microscopio commum não passa de 
0,00C1 mm. 


Reconhecida a chromatina comc portadora da massa hereditaria, 
e sabendo-se que um individuo tem innumeras propriedades a serem 
transmittidas, deve-se suppôr que dada uma destas propriedades esteja 
ligada a um corpusculo chromatico que se encarrega da transmissão e 
da conservação dessa propriedade. 1” o plasma germmativo que em 
nome geral se incumbe desta transmissibilidade, e que histolesicamente 
chamamos chromatina. Numerosas são as theorias sobre o methodo 
desta transmissão. Mas qualquer que seja a theoria, ella vem basear-se 
no facto, que propriedades paternas são transmittidas mais ou mencs 
exactamente aos descendentes, e como estas propriedades provêm 
de ambos cs país, como o filho ás vezes não mostra propriedades ncta- 
das nos pais directos, mas sim, que caracterisavam os avós, tem-sé 
de suppor que minuciosamente foram misturadas as massas chroma- 
ticas para não serem perdidos (talvez nos ovulos abortivos) certos 
caracteres. De facto, a mitose garante uma mistura completa do plasma 
germinativo. 

Para fallar vulgarmente, podemes comparar o processo de mitose 
com a fabricação de linguiça. Misturada a massa (pedacinhos de gor- 
dura e carne), passa depois a ser misturada em fórma de linguiça, e, 
comparado com a mitose, esta linguiça seria dividida longitudinalmente, 
para já não acontecer o caso de ficar de um lado, como seria possivel 


156 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
NAN NA ANN NÃ NEN NENE NE NINA NATAS NE NANA NE NA NE NE NAT NE NA ENTANTO ENE NL NTE NT 


na divisão lateral, pelo meio, uma composição differente, talvez uma 
camada transversal, sem que a outro lado (outra cellula) recebesse 
uma porcentagem correspondente. 

Esta divisão longitudinal garante a continuidade do plasma ger- 
minativo na sua qualidade. Assim pode-se comprehender que mesme 
durante algumas gerações, propriedades podem ficar latentes, para 
opportunamente serem, conforme as condições, fortalecidas de modo 
a reapparecerem. Assim póde-se comprehender que em cruzamentos 
persistem, durante muito tempo, o plasma germinativo do primeira 
cruzamento, e o modo de fallar em sangue (meio sangue) histologi- 
mente tem fundamento pelo facto de se dividirem mitoticamente os 
ovulos e espermatczoides. 


Estes e muitos outros factos permittem a conclusão, que o nucleo 
(nos seres superiores) tem a missão essencial de garantir a continui- 
dade da especie, ou a continuidade do plasma germinativo. 

Coma vimos, o ovulo é composto, além do nucleo, de uma massa 
protoplasmatica, na qual o nucleo está mergulhado. Este protcplasma 


tem uma funcção mais conservadora para o nucleo e incumbe o plasma. 


da nutrição das massas chromaticas, ou, podemes bem dizer, da for- 
mação da chromatina. Este facto parece-me muitissimo importante, 
pois ele impõe ao protoplasma directamente uma funcção da heredi- 
tariedade. 

Da divisão do nucleo resulta que a metade da chromatina é elimi- 
nada; seja qual fôr o processe (mitotico ou amitotico), quantitativa- 
mente resulta metade da chromatina que qualitativamente não foi 
modificada. Esta metade, porém, ha de ser substituida, pois como 
vimos, a propagação das cellulas, continua e já depois de umas To 
divisões, a quantidade da chromatina seria diminuída cerca de 0,001, 
de maneira que a chromatina ia cada vez mais desapparecendo. Isto 
não se dá. Nota-se após cada divisão, uma reconstituição da chroma- 
tina de tal maneira, que os chromosomas resultantes são identicos com 
os anteriores da divisão. A massa chromatica, por conseguinte, repro- 
duz-se. Póde-se bem objectar que as moleculas de chromatina se 
dividem; porém, a massa que as compõe, ha de ser arranjada ahi, e o 
unico meio de arranjal-a, é suppondo como fabricante e fornecedor 
do material: o protoplasma da cellula. Este facto histolegico é impor- 
tante, pois, tem-se de attribuir assim tambem ao protoplasma (soma- 
toplasma) uma funcção importante na hereditariedade. Se a chro- 
matina é fornecida pelo protoplasma, talvez até fabricada por elle, é 
claré que o estado deste protoplasma, a alimentação, todas as cireum- 
stancias capazes de influir este protoplasma, poderão ter, indirecta- 


O O o 


Fig. 4 


e LR 
H 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNICA 157 


a 


mente, uma acção sobre o plasma germinativo. Assim chegamos á 
importancia das condições externas para à hereditariedade, como mais 
abaixo será exposto mais detalhadamente, pois supponho que justa- 
mente este facto é dc: maior interesse para o criador brasileiro, a cujo 
alcance estão muito menos as condições internas (plasma germinativo 
“sangue” do que as condições externas do individuo (alimentação, 
tratamento, etc.). 

A relação entre plasma e nucleo, a relação entre condições externas 
e plasma germinativo preoccupam-me já ha muitos annos, e terei 
occasião de expor os resultados das minhas investigações. 


Prof. R. Hottinger 


Do Laboratorio de Biologia Geral e Zootechnia 
da Escola Polytechnica de S, Paulo. 


158 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


CONTRIBUIÇÃO AS PSEUDO-PESTES NO BRASIL 


Os casos de morte, em grande numero, por uma molestia com. 
causa desconhecida, do gado trazido da importante e futurosa zona 
criadora de Guarapuava e Palmas, para os centros consrmidores do 
Parana, deram um desanimo completo na ultima primavera áquelles 
que se entregam a esta especie de commercio. | 

O anno passado não tendo havido materia para autopsia, nada 
pude apurar de concludente sobre a molestia; todavia, cheguei à 
conclusão que a morte só podia ser a consequencia de nerturbações 


graves no “tractus” digestivo do boi, tão complicado e tão facilmente 
perturbavel. 


Os symptomas mais pronunciados são bem conhecidos na região: 
o animal fica triste, com as orelhas cahidas, com os olhos fixos sem 
brilho e afundados; quasi sempre presa de uma grande sêde, empan- 
zina mais ou menos e morre em poucas horas. 

Fóra daquelles signaes, pude constatar que o choque da arteria 
facial era quasi imperceptivel e rapido, a circulação peripherica quasi 
nulla com resfriamento peripherico; constipação e parada nos movi- 
mentos do rumen acompanhavam sempre. 

Em algumas autopsias feitas observei no tubo digestivo o seguinte: 
conteúdo do “livro” secco e duro, quasi sem lesões das paredes, no 
caso de morte rapida. 

Em dois casos nos quaes a morte demorou alguns dias, havia 
inflammação franca das folhas do orgão e descolamento do epithelium, 
tambem com conteúdo resseccado. 

As mesmas lesões, em grão menor, achavam-se nas partes vizi- 
nhas do segundo estomago e do coagulador. O intestino vasto tinha 
alguma inflammação catharral. O rumen, nos casos de morte rapida, 
estava com excesso d'agua e de gazes. 

O sangue era muito espesso e bem coagulado. 


Eis o que se verifica. Logo duas questões se apresentam : qual 
a origem daquelles symptomas e lesões? Como se produz a morte 
que parece tão rapida ? 

A molestia provém de um complexo de causas a que tudo 
concorre: gado meio selvagem, de subito arrancado às pastagens, 
desorientado, em disparada por vezes durante horas e horas, em 
fileiras cerradas, fazendo uma viagem prolongada atravez do sertão 
com pouca agua e sem pasto, em uma primavera secca como a ultima. 
(Por ironia os boiadeiros chamam a estrada conredontes corrida”, 
po emtanto, elles attribuem a molestia a uma herva venenosa.) 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 159 


, 


Portanto temos falta de lastro liquido e solido no “rumen”, 
“surmenage”, inanição, intoxicação, etc., tudo isso durante muitos 
dias; por conseguinte impossibilidade da ruminação durante toda a 
viagem, seguido de paralysia do systema polygastrico. 

Um exemplo bem frisante mostrará com que facilidade o 1º,2º e 
3º estomago se paralysam e se resecca o 3º Colin, fazendo a fistula 
dos canaes de Stenon, dois a tres dias depois, parou totalmente a 
ruminação. Dias após, na autopsia acharam-se massas duras no livro, 
embora durante todo o tempo os animaes, em experiencia, tivessem 
recebido agua à vontade. 

Demais, a histologia e a physiologia demonstram que o 1º,2º e 3º 
estomagos não permittem absorpção nenhuma, estando esta funcção 
reservada ao intestino delgado, pois os tres reservatorios paralysados e 
além disso o terceiro com seu conteudo endurecido, não deixam passar 
liquido nenhum para o intestino, embora os doentes bebam muito na 
sahida do matto. 

Os principaes symptomas, como a falta de circulação e resfria- 
mento periphericos, o afundamento dos olhos, a sede, etc., decorrem 
da diminuição da pressão sanguinea devida “á concentração” do 
sangue, resultado, de um lado, das privações e da perda, de outro 
lado da impossibilidade de renovar a parte dissolvente. O grande 
augmento da densidade do “meio interno” traz, após si, difficuldade 
na circulação, sobretudo dos orgãos das grandes funcções: funcção 
respiratoria, renal, etc., segue-se a auto-intoxicação pelas toxinas da 
desassimilação accumuladas, viciando a composição chimica do sangue. 
Estas perturbações physicas e chimicas tiram ao sangue as suas pro- 
priedades physiologicas de primeira necessidade para a vida. 

Depois, a sobrecarga do “rumen” paralysado e sem escapamento 
determina a difficuldade mecanica da respiração e vem precipitar 
a morte. O prognostico é fatal. 

Tratamento: tanto o curativo é aleatorio, quanto o preventivo 
é certo. A questão é de prevenir: ter estradas orladas de pastagens 
e boas aguadas; fazer as remoções com toda cautela, depois das 
grandes chuvas, quando a pouca pastagem e a agua chegaram ao 
maximo. Assim no mez de Fevereiro proximo passado foram insi- 
gnificantes ou nullas as perdas, quando estas chegaram a mais de 
metade, das manadas introduzidas no mez de Novembro ultimo. 

Acabará em qualquer tempo essa calamidade, depois da constru- 
cção da já projectada estrada de ferro para Guarapuava? 


Dr. Octavio Dupont 


Medico-veterinario da Fazenda Modelo 
de Criação do Paraná. 


UP NaN EM O MAPA PNG N ANa N a N PN a PM a A  PPA AN A PA S ON APM a Na 


160 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COUMMEKRCIO 


PELAS INSPECTORIAS 


NNE Na Na PN PM PM 


2º Districto (Maranhão e Piauhy) 


O Director do Serviço de Veterinaria, Sr. Dr. Alcides Miranda, 
teve conhecimento, de accórdo com o boletim sanitario de Janeiro 
findo, enviado por esta Inspectoria, que contra o carbuncuio sympto- 
matico foram vaccinados 15 bezerros, sendo distribuidas 9goo dóses 
de vaccina contra a referida epizootia a criadores dos municipios de. 
lury-Assú, Iltapecurá e Coroatá, todos no Estado do Maranhão. 

A propaganda contra a tuberculose bovina continúa a ser feita 
sem desfallecimentos. 

A babesiose, ou pyroplasmose bovina, existe enzooticamente nos 
Estados do Maranhão e do Piauhy, bem como a anaplasmose; a 
durina concorreu com um caso no municipio de S. Luiz Gonzaga, 
no Maranhão, não tendo o proprietario acceito os conselhos ministrados 
por esta Inspectoria; a poly-arthrite tem sido tambem observada. 

(Os meios prophylaticos e de combatividade a todas as molestias 
foram ministrados aos respectivos criadores. 

— O boletim sanitario de Fevereiro menciona a distribuição de 
1.550 dóses de vaccina contra o carbunculo symptomatico a nove 
criadores de diversos municipios do Maranhão; pelo pessoal da 
Inspectoria foram vaccinados 25 bezerros. Tanto no Maranhão como 
no Piauhy existem enzooticamente a tristeza, a anaplasmose e a 
pyroplasmose bovina; foi observado um caso de tetano em S. Luiz, 
capital daquelle Estado. 


7º Districto (Uberaba) 


- Um dos funccionarios deste districto, a requisição do Sr. Coronel 
Carlos Rodrigues da Cunha, foi à fazenda das Toldas, onde vaccinou 
190 bovinos contra o carbunculo symptomatico. 

Existem alli cerca de 600 cabeças de gado vaccum, em regulares 
condições de saúde, havendo algumas rezes atacadas de berne. 

A criação das especies suina e equina é em pequena escala e 
encontra-se em boas condições de saúde. 

Registraram-se alguns casos de raiva em cães veadeiros, que 
foram sacrificados, não se tendo, felizmente, propagado a terrivel 
molestia a outras especies de animaes. 


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estudo ou installações | 


CARBOLINA WERN 


Poderoso 6 unico desinfectante nacional, Premiado a Grande Premio 
na EXPOSIÇÃO Nacional dt nya tone de 1909 


ha 


| 
Li 


= | 


Dentre o grande numero de desinfectantes que concorreram á Exposi- | 


ção, apenas dous mereceram o Grande Premio: a Carbolina Werneck e a 
Creolina de Pearson, producto estrangeiro, o que quer dizer que foram 
considerados perfeitamente eguaes, oiferecendo a Carbolina Werneck 
maiores vantagens ao consumidor, pois o seu preço é muito inferior. 

Na industria pastoril ella tem prestado os melhores serviços como 
especifico para destruir completamente as bicheiras, bernes, e no tratamento 
da febre aphtosa os seus effeitos são promptos e satisfactorios. 

Os documentos abaixo transcriptos demonstram á evidencia o valor da 
Carbolina, e devemos assignalar mais o facto importante de ser a unica 
creolina nacional que tem dado resultados identicos á Creolina Pearson, 
no tratamento de bicheiras, conforme a opinião franca e sincera de dis- 
tinctos criadores dos mais conhecidos no Brasil. 


PARECERES 


Não tendo tido tempo de fazer eu mesmo a analyse da nova amostra da Carbolina, 
que me enviou, encarregou-se deste trabalho um illustre chimico de Berlim, o Sr.Dr. Valer 
Kobelt. 

Como se verifica pelo resultado obtido, o seu producto continúa, como as amostras 
anteriores, a cujas analyses procedi pessoalmente, a ser de optima qualidade sendo elle 
mais rico em cresóes do que a maior parte dos productos similares nacionaes e estran- 
geiros que se encontram á venda nesta Capital. 

Com elevada estima e consideração sou de V. S. adm. e amg. obr. — Dr. DANIEL 
HENNINGER, Lente Cathedratico da Escola Polytechnica. 


Nunca encontrei creolina, mesmo a de Pearson, que produzisse tão bons effeitos 
como o seu preparado. A Carbolina destróe rapidamente todos os vermes que apcquentam 
especialmente o gado vaccum. Felicito-o por mais este triumpho Sejam os similares 
estrangeiros.— Dr. PEDRO GORDILHO PAES LEME. 


Ilim- Sr. Vicente Werneck. — Tenho a satisfação de communicar-lhe que tenho 
feito uso em minha fazenda de cultura e criação de diversas qualidades de creolina, 
para desinfectar e matar bicheiras das minhas criações suina. lanigera, cavallar e 
bovina; nenhuma até hoje deu-me resul'ados da sua Carbolina, que, além de tudo, é excel- 
lente para matar bicheiras em poucos minutos, superior á Creolina de Pearsor, que 
considerei melhor do que o mercurio, unico medicamento que até pouco tempo empreguei 
para esse fim. Portanto, posso garantir que a Carbolina é muito bom preparado e conti- 
nuareia preferil-o a qualquer outro conhecido. 

Apparecida, 8 de Julho de 1905.—- M. U. LENGRUBER. 


Experimentei com o maior interesse a sua Carbolina para matar as bicheiras no 
gado de minha fazenda e tenho hoje a satisfação de communicar-lhe que o resultado 
excedeu á toda a expectativa. 

Posso garantir-lhe que ainda não empreguei melhor producto para o fim de 
extinguir os vermes da vareja e afianço-lhes que a Creolina de Pearson não é melhor 
do que o seu producto. 

Felicitando-o calorosamente pelo resultado obtido com seu excellente preparado, 
faço votos para a divulgação do seu producto e subscrevo-me com elevada estima e 
consideração. 

É Campo Bello, 18 de Junho de 1905. - Seu affectuoso amigo obrigado — EDUARDO 
OTRIM. 


Tenho toda a satisfação em participar-lhe que tenho empregado o seu desinfectante, 
Carbolina Werneck, no tratamento das bicheiras nos animaes e obtido em mais de um caso 
resultado verdadeiramente surprehendente. 

Além do meu testemunho pessoal sei que collegas e visinhos meus tambem têm 
colhido excellentes resultados com a applicação da Carbolina Wernnck. 

Felicito-o pela confecção de um producto que vem prestar relevantissimo serv iço á 
Industria Pastoril pelos seus effeitos e modicidade de preços. 

Cantagallo, Fazenda de S. Joaquim, 29 de Junho de 1905. — JosÉ A. FONTAINHA 
SOBRINHO. 


Deposito: PHARMACIA E DROGARIA WERNECK 
RUA: DOS CURIMES Nº 47: RIO DE JANEIRO 


6—2 
I4 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 161 


DS RR IIS SSIS LS NS RASA NARINAS NA ASAS NA A NANA NA ANA NA 


A referida propriedade tem a superficie de 600 alqueires de 
100X100, sendo as terras vermelhas na sua quasi totalidade, as 
invernadas plantadas de Jaraguá e gordura-rôxo francano e os campos 
de branco, lancêta, flexinha, chatinho, etc. 


— Do boletim sanitario, de Janeiro findo, dessa Inspectoria, 
extractâmos o seguinte : 


Em Março foram constatados fócos de carbunculo symptoma- 
tico em quasi todos os municipios do Triangulo Mineiro. Pelo pessoal 
da Inspectoria foram vaccinados 15 bezerros pertencentes ao Sr. José 
da Cunha, Uberaba, e distribuidas 130 dóses aos Srs. Innocencio 
Alves dos Santos, Antonio Sebastião da Costa e D. Elisa Junqueira 
de Almeida; os numerosos pedidos de maior quantidade de vaccina 
foram attendidos directamente pela Directoria de Veterinaria. 

A febre aphtosa existe na fórma muito benigna. 


Os casos de sarna que haviam apparecido em animaes de tracção 
na cidade de Uberaba têm decrescido muito devido ao tratamento e 
prophylaxia aconselhados. 
| Além de casos de gourme e polmmões foi participado à Inspectoria 
que em fazendas do districto de Dores, no municipio de Uberaba, 
haviam succumbido alguns animaes atacados da peste de coçar. 


O carbunculo symptomatico foi notificado em Uberaba, Conquista, 
Ene Uberabinha, Pructal) Sacramento, Prata, etc.; a tebre 
aphtosa, em caracter benigno, em boiadas sertanejas. 
| A sarna é uma dermatose muito frequente nesta zona, sendo 
atacados de preferencia os equinos viajados e enfraquecidos. 

? Foram fornecidas e applicadas pela Inspectoria 2.630 dóses de 
vaccina contra o carbunculo symptomatico nos municipios de Uberaba, 


Eonquista Araguary, Uberabimha, Eructal, e Santo Antonio de 
Guanhães. 


—— Durante o mez de Fevereiro foram constatados fócos de 
carbunculo symptomatico nos municipios de Uberaba, Araguary, 
Conquista, Fructal, Prata, Villa Platina e Guanhães. Contra este mal, 
distribuiram-se 2.650 dóses de vaccina a 15 criadores. 


Em diversos municipios existe a febre aphtosa, embora de fórma 
'* benigna, tendo sido empregados contra ella os meios communs de 
prophylaxia; verificou-se, tanto no municipio de Uberaba como nos 
outros do districto, sensivel diminuição dos fócos e parece que, devido 
em maxima parte, ao grande decrescimento do commercio de gado, 
tende a extinguir-se em breve. 


Verificaram-se na cidade acima casos de sarna produzidos pelo 
parasita scabiés; apezar dos conselhos e prescripções fornecidas pelos 


R. VW. 21, 


162 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


funccionarios, os donos dos animaes preferiram conservar-se indiffe- 
rentes, o que provavelmente determinará a propagação do mal. 

Tambem ha noticia da existencia do gourme e polmões. 

— Esta Inspectoria, à requisição do Sr. José Rezende, proprie- 
tario da fazenda Lageado, procedeu, em Fevereiro findo, à castração, 
pelo systema incruento, em 185 garrotes, com a torquez Burdizzo, 
achando-se o gado em excellentes condições de saude. 


— Em principios de Abril, na fazenda do Dr. Gabriel Junqueira, 
no municipio de Conquista, um auxiliar desta Inspectoria vaccinou 
465 bezerros contra a peste da manqueira. 


8º Districto (Santa Catharina) 


Em Janeiro deste anno o boletim desta Inspectoria accusa a exis- 
tencia de fócos de carbunculo symptomatico, embora não haja recebido 
communicação directa dos interessados; a persistencia da febre aphtosa 
nos municipios da Palhoça, Biguassú e S. José, trazida por tropas da 
região serrana, a forma tem sido benigna e na serra, onde teve inicio, 
tende a diminuir de intensidade. 

A raiva tem produzido poucos casos em Brusque e maior numero 
em Blumenau, apparecendo atacados della cães, bovideos e equinos; 
nenhum caso, porém, foi notificado directamente à Inspectoria; foi 
mordida uma creança por animal idoente: Contra” esta epizooHa 
nenhuma providencia foi tomada pelas autoridades locaes. 

Em Blumenau foram verificados diversos fócos de pneumo-ente- 
rite infecciosa dos porcos, tendo-se aconselhado aos proprietarois a 
desmfecção e isolamento. | 

No mesmo municipio tambem foram verificados fócos de hog- 
cholera ou peste suima, tendo-se dado eguaes instrucções às anteriores. 


Existe ainda a tristeza — pyroplasmose e anaplasmose bovina. 


Foram constatados a existencia do gourme, febre typhoide, ente- 
rite e raiva em um cão, tudo em Blumenau. 


Febre aphtosa — Continuava em Março a grassar neste Estado 


no gado da serra; para impedir a sua propagação foi prohibida a- 


descida ao littoral dos animaes procedentes daquella região quando 
transitassem pela estrada Curitybanos-Blumenau, tendo sido coliocado 
em ponto conveniente da mesma estrada um guarda para tornar 
cffectiva a prohibição. 

Em uma propriedade abaixo da serra, denominada Pouso 
Redondo, appareceram alguns casos da molestia, verificados em 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 163 


rd 


animaes de uma tropa, que por este motivo voltou a Curitybanos, por 
ter sido impedida de proseguir viagem para a costa. 

A Inspectoria não dispõe de elementos para cercear a propagação, 
pois o Superintendente de Tubarão tambem informou o apparecimento 
de casos nesse municipio pedindo instrucções; foi-lhe recommendado 
o isolamento dos animaes e dos pastos onde se acham, prohibindo-se 
tanto a sahida destes como a entrada de outros. 

Um criador do logar informou que a invasão deu-se pelo Rio 
Grande do Sul, pela estrada littoranea do Torres. Parece que as 
medidas aconselhadas deram bom resultado por se terem extinguido 
todos os casos desse municipio. 


Mórmo — Foi verificado um fóco suspeito em Florianopolis, 
tendo sido malleinizados dez animaes sem nenhuma reacção positiva. 


Á raiva — Continúa em Brusque, Joinville e mais intensa em 
Blumenau; as autoridades locaes não tomaram providencias. 


Pneumo-enterite mfecciosa dos porcos — Foi constatado um fóco 
pela autopsia e observação microscopica, tendo morrido uns cem 
animaes; foi aconselhado o isolamento e a desinfecção. 

Enzooticamente existe a tristeza, anaplasmose e pyroplasmose 
bovina. Verificaram-se trinta casos de gourme no Indayal e tres de 
syngame tracheal em gallinhas de raça. 


12º Districto (Rio Grande do Sul) 


Esta Inspectoria deu conhecimento ao Sr. Dr. Alcides Miranda, 
Enrecior do Serviço de Veterinaria, que, durante o mez de Janeiro 
findo, foram inspeccionados 122 animaes vaccuns e 48 equinos, expor- 
tados para a Republica Oriental do Uruguay e pertencentes ao 
Sr. Manoel da Cruz Piegas. 


Foram vaccinados tambem 493 animaes contra o carbunculo 
symptomatico e 428 contra o bacteridiano, na fazenda Milano, em 
Alegrete. 

Na propriedade criadora do Sr. Dr. Antonio Monteiro, sita em 
Uruguayana, foi observado um caso de tristeza, em um touro Jersey, 
que veiu a fallecer no momento em que se lhe applicava uma injecção 
de Trypanblau. 

Outros casos clinicos foram promptamente attendidos. 


Examinaram-se dois banheiros carrapaticidas no municipio de 
Alegrete, nas fazendas Santa Rosa e Bella Vista, sendo os mesmos 
approvados e passados os respectivos attestados. 


164 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Espirito Santo 


Esta dependencia do Serviço enviou ao Dr. Alcides Miranda, 
Director do Serviço de Veterinaria, o boletim sanitario relativo ao 
mez de Janeiro findo, sendo delle extractados os seguintes pontos: 


Foram constatados tres fócos de carbunculo symptomatico, com 
48 casos, em Alfredo Chaves e Santa Cruz, sendo vaccinados 260 
animaes. 


A sarna foi notificada com tres casos, em Santa Cruz; a pneumo- 
enterite infecciosa dos porcos em tres animaes, em Alfredo Chaves. 

O “mal de cadeiras”, pelas informações fornecidas por alguns 
criadores, parece grassar em alguns municipios, não podendo a depen- 
dencia diagnosticar a epizootia por falta de autorização de passagem 
nas estradas de ferro. 


Carbunculo symptomatico — Foram constatados em Março quatro 
focos, tendo succumbido nelles 47 animaes; pelo pessoal do serviço 
foram vaccinados 595 bezerros e distribuidas 400 dóses de vaccina 
aos Srs. Americo Silvares, Padre Manoel Simão, ambos criadores em 
S. Matheus e Manoel Antonio de Azevedo, em Castello. 


A tuberculose bovina verificou-se no municipio de Santa Leopol- 
dina, grassando, porém, com alguma frequencia em quasi todas as 
propriedades agricolas do Estado ; foram tuberculinizados dois bovinos, 
dando um reacção positiva e outro duvidosa; aconselhou-se o isola- 
mento dos animaes e prescreveu-se medicação tonica. 


Verificou-se um fóco de sarna em dois carneiros, no municipio 
de Cariacica, na propriedade do Sr. Antonio Ramiro de Albuquerque. 

Clinicamente foram constatados dois fócos de pneumo-entenrite 
mnfecciosa dos porcos nos municipios de Cariacica e Regencia nos 
quaes morreram cinco animaes; casos desta molestia apparecem fre- 
quentemente em todo o Estado. 


Segundo informações de criadores, parece grassar no municipio 
de Santa Leopoldina o mal de cadeiras. 


Foram tambem observados tres casos de rachitismo em Santa Cruz 
e Alfredo Chaves. 

As providencias ao alcance da dependencia para a debellação das 
epizootias foram tomadas immediatamente, sendo aconselhadas medi- 
das hygienico-prophylaticas. 

Foram distribuidas 200 dóses de vaccina contra o carbunculo 
symptomatico. 


— Do boletim sanitario de Fevereiro constam quatro fócos de 
carbunculo symptomatico, nos quaes morreram 44 animaes; foram 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 165 


DD e o dd dd id 


A A 


vaccinados contra esta molestia 312 cabeças e distribuidas 1.750 dóses 
de vaccina; appareceram dois fócos de sarna, tendo-se determinado 


o isolamento dos animaes atacados e a medicação conveniente, 


Inspectoria de Campos 


O boletim de Janeiro ultimo accusa cinco fócos de carbunculo 
symptomatico, com 17 casos; nelles morreram 12 animaes e pelo 
pessoal foram vaccinados 24, tendo sido distribuidas a 13 criadores 
915 dóses de vaccina. 

O môrmo é constatado frequentemente em animaes de serviço 
que, submettidos à malleinização, têm dado reacções positivas; apezar 
disto os proprietarios recusam-se a sacrifical-os e, portanto, vão 
contaminando os logares por onde transitam. 

Constatou-se um caso de mal de cadeiras; o animal, não obstante 
o rigoroso tratamento, succumbiu. 

Em varios municipios tem havido grande mortandade de gallinhas, 
produzida por uma verminose, parecendo tratar-se da peste aviaria. 

No mez de Fevereiro constataram-se seis fócos de carbunculo 
symptomatico, nos quaes morreram 15 animaes; pelo pessoal da 
Inspectoria foram vaccinadas 103 cabeças de gado e distribuidas aos 
criadores 500 dóses de vaccina. 

Foram annotados dois casos de mórmo; isolaram-se os animaes 
atacados que, submettidos à malleimização, deram reacção positiva ; 
os proprietarios, posteriormente, mandaram sacrifical-os. 

Foi verificada a existencia da febre aphtosa em cinco localidades, 
porém esporadicamente, apenas em seis animaes, todos de caracter 
benigno; foi aconselhado o isolamento dos mesmos, a desinfecção 
dos logares em que estacionavam e communicou-se aos criadores 
vizinhos que vedassem a entrada em suas propriedades aos animaes 
de procedencia suspeita. 

Actualmente estão sendo estudados alguns casos de mal de 
cadeiras. 

Tem havido tambem alguns casos de helminthiase, que estão 
sendo combatidos. | 

A diphteria aviaria está grassando intensamente entre os galli- 


naceos no municipio de Campos, exigindo, segundo parece, estudos 
especiaes, 


166 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


dna NS PN N SE Naa Na Naa Nas, 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 
secção a todas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade). 


N. 14— Sr. Castorino Freitas, Amparo, S. Paulo. 

— Desejando saber qual o meio empregado para a cura da pesta da manqueira 
e para a immunisação dessa molestia, venho pedir se digne responder-me, 
dando-me as necessarias instrucções. 

Tem apparecido meste municipio alguns casos e eu, sempre consultado, nada 
tenho podido fazer. 

Esta molestia aqui tem apparecido todos os annos, atacando de preferencia 
as vezes de idade de 6 mezes a 2 annos. 

— Não existe cura para a peste da manqueira. O tratamento preventivo, porém, 
tem dado já, ha longos annos, um resultado admiravel, não havendo exemplo de 
animal vaccinado ter contrahido a molestia. 

A vaccina para esse tratamento é distribuida gratuitamente pela Directoria 
do Serviço de Veterinaria, sendo suficiente para a sua obtenção um requerimento 
ao Director do Serviço, competentemente estampilhado. 

Para isso, porém, é necessario que o requerente, criador, esteja registrado no 
Registro de Lavradores e Criadores, instituído no Ministerio da Agricultura. 

Com os tubos de vaccina vão as instrucções para o seu emprego. 

Durante o anno passado foram vaccinados mais de 360.000 animaes. 


a. - 


REVISTA DE VETERINÁRIA FE ZOOTECHNIA 67 


ça ça aa 


Recs E NOTICIAS 


Ti TIA TIA PIA A PLA Lad 


Leilão de animaes. — Autorizado pelo Sr. Ministro da Agricultura, o leiloeiro 
Sr. J. Dias vendeu, em 16 do corrente, em hasta publica, varios animaes de raça, 
productos da Fazenda Modelo de Criação Santa Monica, no Estado do Rio de 
Janeiro, estabuladoes nas cocheiras que são uma dependencia do edificio do 
Ministerio da Agicultura. 

Foram vendidos os seguintes animaes: Dous touros Zlereford, de tres annos e 
um de um anno; um /olled Angus, de um anno e quatro de seis mezes a um anno; 
um NVormmando, de seis mezes; oito Caraciús, de um anvo e um de tres annos; 
vinte e duas ovelhas Rogmmmey March; dous carneiros e dez ovelhas Cara Negra. 

Ao meio dia, o aspecto do local era animador, cerca de duzentas pesscas alli 
se achavam, avultando o numero de criadores dos Estados do Rio e Minas Geraes. 
Entre os presentes viam-se os Srs. Ministro da Agricultura e seu Secretario 
Dr. Araujo Castro, Mario Barbosa Carneiro e Dr. Manoel Rodrigues Peixcto, 
Directores Geraes de Contabilidade e Agricultura; Coronel Alberto Level, Director 
da Fazenda Modelo de Criação Santa Monica; General Pinheiro Machado, Senador 
Nilo Peçanha, Conde Modesto Leal e Barão das Duas Barras. 

O leilão rendeu mais de oito centos de réis, sendo os preços obtidos muito 


compensadores. 


As raças hovinas da Suissa. — Com esta epigraphe demos á publicidade 
no ultimo numero desta Revista um trabalho, cuja antoria attribuimos ao nosso 
illustre amigo Sr. Alberto Gertsch, digno Consul da Suissa nesta Capital. 

Satisfazendo a um pedido desse nosso amigo, apressamo-nos em declarar 
que aquelle trabalho não é de sua lavra, mas simplesmente tracuzido por S. S. 


Diarrhéa infecciosa. —- A pedido do Presidente da Camara Municipal de 
Tres Pontas, Estado de Minas, seguiu no dia 18 de Março ultimo fara a fazenda 
do Sr. Luiz Antonio de: Azevedo um veterinario que constatou existir não só 
naquella fazenda como nas adjacentes a diarrhéa infecciosa dos bezerros, aggravada 
de complicações broncho-pulmonares, que tem victimado grande numero desses 
animaes. 

Foi prescripto pelo referido veterinario o isolamento dos doentes, a desinfecção 
dos fócos, a therapeutica 2 empregar e os indispensaveis cuidados em relação ao 
curativo e tratamento dos bezerros recem-nascidos, 


Bibliographia. — 7. Difiloth — Lootechnie 
edition — 1914 — Librairie J. B. Boillitre etohilo — Paris. 

— Acabamos de receber e agradecemos a remessa deste optimo livro, que 
recommendamos a todos que se occupam coma criação de gado bovino. Os alumncs 
das Escolas Medias e da Escola Superior de Agricultura tambem não podem 


Races bovines — Trotsiême 


168 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


dispensar a leitura desse trabalho, que vem consideravelmente augmentado e com 
as ultimas acquisições scientificas, que não se encontram na segunda edição e 
que, no entanto, gosou de tanta reputacão no Brasil. 

Repetindo as palavras do eminente professor Paul Regnard, no prefacio, 
teremos expendido nossa opinião sobre este valioso livro: «Não são simples 
manuaes ou formularios sem criterio que efferecemos aos criadores; são tratados 
leves, nos quaes os resultados incontestaveis são pontos em evidencia, ao lado de 
bases scientificas que lhes deram origem.» 

Uma revista conscienciosa de todas as raças bovinas permitte facilmente aos 


criadores apprehender ensinamentos que lhes serão utilissimos na pratica. 


q 
| 


TOURO DE CHIFRES CURTOS 
MOON KING 5” 


DE SIR RICHARD COOPER 
PRIMEIRO. 
EXPOSIÇÃO REAL, [909 


NEALLIVEL CONTRA 0) GARRAPAI 


RENO 


Oficialmente aprovado pelo Governo dos E. U. da America 


PSI SIS SAS SA 


Machinas e instrumentos agricolas, Separadores de leite e outros 
apparelhos para lacticinios 


BROMBERC, HACKEAR & [º 


| Rio de Janeiro, 8. Paulo, Bello Horizonte, Santos e Bahia E 
I3 


E 


IMPORTAÇÃO DIRECTA DE AVES ESCOLHIDAS 


CASA MATREZ 


BIRMINGHAIvI 
º RR e 


| IMPORTADORES DE GADO DERAÇA. 


LAGCTICINTOS 


SS.RUA THEOPHILO OTTONI,95 


RiO DE JANEIRO. 


ARTIGOS VETERINARIO! 


4 


RR 
RR 


A 


JunHo 1914 


EVISTA 


DE bi, Erin 


eterinaria e Zootec 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


i 'DO 


Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria & Commercio 


PARTE OFFICIAL : 


DAStrIDUICÃO da: VACCINA.» ccigp sinalaisalo usa mn va ma pad 0 panloio dio ao Su otalao ita TÃO 


COLLABORAÇÃO: 
Dr. Nícolão Athanassof........... «+ Alimentação das vaccas leiteiras 174 
Dr. J. V. de Paula Nogueira.......... Fecundação e esterilidade........ 189 


Castro Brown............. 0.0.0». .+» Serviço de inspecção do leite em 
NTOLHELOM so bina ainisn ida nai “o 198 


J. Wilson da Costa..... censos rosso o» Cirurgia Veterinaria = Avicola... 219 
PELAS INSPECTORIAS : 


Informações referentes aos districtos veterinarios, prestadas pelos 
FORDECTIVOS INSDECLOrES> 4 vepap ari onia oie sina a MMS a No ID iNiD ND O imo o pi UU DE 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES : 


ATICOPNV CLA > OEITE) vir sip ais air lgin plo a o ta inio alo ole talo ETA a 226 
ÉCOS E NOTICIAS : 


Congresso Internacional de Medicina Veterinaria — Epizootia de Hog- 
Cholera — Estatistica pecuaria — A proposito do tratamento do 
«nambiuváp».....c.r.. reverse nansanras Chibn Ina pipas a PERL OO É 


BIBLIOGRAPHIA...............,..00. , 


RIO DE JANEIRO 
Typographia 'do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


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RAÇAS CRANDES Wyandottes.......... Amarella RAÇAS POECEIRAS 


» coco co. Prateada 


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Conchinchinas........ Branca . »o crcereecoo Perdiz Leshomes............ Branca 
» “ccc00o Preta »o ccccccc-» Columbian ps a DOUtaAda 
» “cc. Amarella Do recem Azul Hamburgos........... Dourada 
Á, » “cc. Perdiz Rhod Island Red. dO co cc... Prateada 
Brahamas........... Clara Faverolie. Minorcas............ Preta 
Plymouth Rock....... Branca Langshans. Andaluza............ Azul 
» MES Ama tela Coucou de Maline. Bresse.............. Branca 
» ; MO podier Modern Langshans. 
Dorkinss............ Branca —— ; 


» o cccoccoccoo Prateada 


DRE DO pura | GALLINHAS BONITAS PARA PARQUE 


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Orpingtons.......... Branca GALLIRHAS DE BRIGA 
DO cleiton tos sta TPEeta Padoues (de topete)... Branca 
DE aa ot atado (atoa Ea e AZ Indiana. Di im A rAmarelia 
Do c.cccc.0.  Amarella Malaya. 2 con E oii Prateada 
DSi cao ato ato 0 1 TUDÍTCO Old Inglish Game. » — » — .. Dourada 
Wyandottes.......... Branca Phenix. » (topete branco) Preta 
coco cce Preta Modern Game. Houdan. 


PREÇO DOS OVOS: 15$000 a duzia 


Perús Americanos — Faistes — Patos de Pekin 
TEMOS UM STOCK DE PERTO DE 2.000 AVES QUE VENDEMOS : 


Ternos de frango de 008 a 908 | Termos de adultas 1208 a 1506 


———— em 


Ternos de animaes premiados em exposições na Europa de 2008 para cima 
6—3 


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REVISTA 


Vetermaria e Lootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


Serviço de Veterimaria do Ministerio da Agricaltora, Industria e Commercio 


DMERELETO 1914 


TOMO EW — FABSCICOTUHC ILI 


RIO DE JANEIRO 
do Ministerio da Agricultura, Industria e Co 


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DTECANIA 


Publicação Official da Directoria do Serviço de Veterinaria 


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REVISTA DE VETERINÁRIA É dl 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


tl a PP pa PN ga Na EN pa PN a Ma Ma Ma 


Distribuição gratuita aos criadores do paiz que a solicitarem 


PRA PR ga PEN pa PEN a Na 2 MN A a PU PM a Apa PN 


RIO DE JANEÃRO  & q Caixa Postal 1.678 de, de BRASA 


A REDACÇÃO DA «REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 
EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


ANNO IV Hd Junho de Igr4 H NES 


ESC tea: 


Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inseripção. 


PORTE OFFICIAL 


mat NA PS PN a Naa Na PN 


DISTRIBUIÇÃO DE VACCINA 


Sendo constantes os pedidos de vaccina e de outros medicamentos 
contra as diversas epizootias, que assolam o gado vaccum, por parte 
de Camaras Municipaes, de Inspectorias Agricolas, Associações 
Agro-Pecuarias, etc. communicamos a todos os interessados que o 
Sr. Ministro da Agricultura resolveu que, de agora em diante, só 
fossem aquelles medicamentos distribuidos aos proprios lavradores, 
desde que se achem inscriptos no Registro de Lavradores e Criadores 
“deste Ministerio. 

Assim, pois, as Camaras Municipaes, Inspectorias Agricolas e 
Veterinarias, Associações Agro-Pecuarias devem promover e inte- 
ressar-se junto dos criadores de seus municípios, districtos e asso- 
ciados para que inscrevam suas propriedades naquelle Registro. 

Para 1sso basta dirigirem-se a Directoria Geral de Agricultura, 
pedindo instrucções a respeito, ou a cada uma das Inspectorias 
Agricolas ou Veterinarias nos respectivos Estados. 

Desejando entretanto auxiliar os senhores criadores, abaixo 
transcrevemos as instrucções que foram expedidas para a execução 
desse serviço, chamando especialmente a attenção dos interessados 
para as disposições dos arts. GRE rn las mnesmash mstrueções: 


Rev 22 


170 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
E O e e O e A AS DZ a TS DO DE PDAS O ODDS DR DDD mm 


Instrueções para a execução da portaria de 21 de Setembro de 1908, que aprovou as disposições referentes 
ao Registro de Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas 


Art. 1º — O Registro de Lavradores, Criadores e Profissionaes 
de Industrias Connexas, estabelecido no Ministerio da Agricultura, 
Industria e Commercio, de accórdo com a portaria de 271 de Setembro 
de 1909, tem por objecto a estatistica dos profissionaes de agricultura, 
criação e industrias ruraes existentes no paiz, mediante o disposto na 
citada portaria e nas presentes instrucções. 

Art. 2º— Os lavradores, criadores e profissionaes de industrias 
connexas, que se inscreverem no referido registro, gosarão das 
seguintes vantagens: 

a) preferencia na distribuição de sementes, plantas e publicações 
que fizer o Ministerio ; 

b) dispensa de attestado profissional, quando requererem ao 
Ministerio sobre o assumpto em que seja exigido tal documento ; 

c) preferencia na obtenção dos favores contidos no decreto 
n. 7737, de 16 de Dezembro de 1909, (*) relativo à impontação (de 
animaes reproductores ; 

d) preferencia em caso de requisição de veterinarios do Minis- 
terio e no fornecimento de medicamentos, seruns, vaccina, etc., quando 
verificar-se qualquer epizootia em animaes de sua propriedade; 

c) preferencia nos auxilios prestados à agricultura pela Dire- 
ctoria de Inspecção, Estatistica e Defesa Agricolas e por outras depen- 
dencias do Ministerio. 

Art. 3º— O pretendente à inscripção devera requerer ao Mi- 
nistro, apresentando as seguintes informações : 

1º, nome do lavrador, criador ou profissional de industria rural; 

2º, denominação da propriedade ; 

3º, se é propria, arrendada ou alugada (neste caso o nome do 
proprietario) ; 

4”, municipio onde se acha situada ; 

5º, cidade, villa ou povoação mais proxima ; 

6», se é servida por estrada de ferro, ou por navegação maritima 
ou fluvial; 

7º, superficie total e qualidade das terras; 
8º, área cultivada ; É 
9º, área incuita ; 

10”, se existem mattas, e a superficie correspondente ; 
11º, area destinada a pastagens ; 
2º, genero de producção. 


(*) Este Decreto foi alterado pelo de n. 8.537, de 25 de Janeiro de I9II. 


a 
) 
] 
] 


eee eee 


| MAGNESIA FLUIDA 


MURRAY 


Patente pelo processo especial do 
faxernto de 


SIR JAMES MURRAY 


Fabricas em Dublin e Rio de Janeiro 


Todas as familias devem estar providas 
deste precioso medicamento, que tantas vezes já preve- 


niu molestias graves, sendo tomado a tempo, para 


Indigestões, azia do 
estomago, dores de cabeça, 
ulfecções gastro-intestinaes, 
figado e febres em geral. 


== SEU EMPREGO FACILITA A ACÇÃO DO MEDICO 


Por ser chimicamente pura a 


MAGNESIA DE MURRAY | 


conserva-se indefinidamente e nunca se altera 


e p= 


Hivitar as imitações 


12 — 6 
I3 


eojo afenfe Auofo foste afecto facto dacto dpofo pato afeto puto pote Aedo Sete peetopeoto efe 
asfeafeefo <fueto fofo fuofo fuefo fonte ofosfo <fueto feefo afaste foste dente fonte ponto onto fotos 


HH 


ara mea Tia ES ESSES me e 


+ 


Gado de raça 
H CAVALLAR, VACCUM E SUINO | 


Na afamada Granja de Pedras Altas, Rio Grande do Sul, 
propriedade do Sr. Dr. Assis Brasil, vendem-se reproductores 
vaccuns, Jersey e Devon, suínos Berkshire e Tainworth, bem como 
Í potros e cavallos para corridas, sella e tiro, puro sangue inglez, 
Jl arabe, irlandez e anglo-percherons. 


A vacca Jersey é a que dá mais rico leite e melhor manteiga, 
sendo tambem a mais sobria e sadia. 


e de ueto Je douto eat De A A a at Sat 
destes tente ente peote tone nte fo fe fee fo papo feet fee fe tonto 


= 
+ 
Si A Devon é boa leiteira e produz a melhor carne. 
pi O porco Berkshire é o melhor productor do toucinho e de mais 
++5 facil engorda. A Tainworth é especial para carne e presunto, e 
ambas são de grande peso. 

Os interessados podem entender-se com Alipio Teixeira de 
Souza, proprietario do America Hotel, á rua do Cattete n. 234. 


dept et 
ele feet 
NS Sa SS SS 
det o 


d+ 
efe fode 


e A A 
te defe fee onde free fonte fe eae fofo foste tote fee todo fito fonfo foto feno foto fee fado fee fo fita pode 


CASA ESPECIAL DE HORTICULTURA 


4 RUA DOOU VEDO RS Za 
Endereço telegraphico: HORTULANIA — Telephone n. 1.352 — RIO DE JANEIRO 


Grande sortimento de sementes novas de hortaliças, de flores, de plantas 
para agricultura, etc. 


Grande sortimento de ferragens, utensílios e objectos 
para todos os misteres de jardinagem 


&ARNOL TRIPLE FLUIDO 


Vantagens economicas do banho com Sarnol : 


1º, mata todo o carrapato; 2º, não prejudica o animal; 3º, produz 
uma immunisação temporaria, isto é, com um certo numero de banhos 
(para o Brasil calculamos de 4a 6 no anno) obtem-se o ideal de ter o 
gado sempre limpo àe carrapato, e provavelmente tambem do berne. 


SARNOL TRIPLE FLUIDO 
Em latasíde 20» Tiros fo litro” PE a 14600 


SABÃO SARNOL TRIPLE ======- 

Com os mesmos elementos do Fluido Sarnol Triple prepara-se o Sabão 
Sarnol Triple para matar, como aquelle, o carrapato, 
além do piolho e a sarna dos bovinos 
Chacaras de cultura de plantas: rua Haddock Lobo, 228 (deposito geral e cultura 
de palmeiras); rua Santa Alexandrina n. 134 (cultura de arvores 
fructiferas e roseiras) 

Deposito geral de plantas: RUA HADDOCK LOBO 223 — Villa Itala 6—I 
EICKHOFF, CARNEIRO LEÃO & C€C. 13 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA Larg 


a ça aa a a A 


Art. 4º — Tratando-se de propriedade destinada à criação, deve 
o requerente accrescentar os seguintes dados: 

a) numero de cabeças de gado, com designação do sexo; 

b) suas especies ; 

c) se possue prados artificiaes ; 

d) natureza das culturas forrageiras; 

c) seu rendimento por unidade de superficie. 

Art. 5º Se o requerente possuir fabrica ou outro qualquer 
estabelecimento de industria rural, deve additar ás informações exigi- 
das pelos artigos 3º e 4º, na parte que lhe competir, as seguintes: 

a) data da fundação da fabrica; | 

b) natureza da sua producção ; 

c) procedencia da materia prima; 

d) producção média annual; 

e) numero de operarios; 

f) centro de importação dos productos. 

Art. 6º-—O pretendente à inscripção deverá requerer neste sen- 
tido ao Ministro, apresentando certidão do imposto que paga ao 
Estado ou municipio, como lavrador, criador ou profissional de 
industria connexa, além das informações mencionadas nos arts. 3º, 
4º e 5º, conforme a classe a que pertencer. 

Art. 72º — A falta do documento de que trata o artigo anterior 
poderá ser supprida por attestado do Presidente da Municipalidade, 
do Prefeito ou Agente Executivo ou de dois lavradores já inscriptos, 
devendo ser legalmente reconhecida qualquer das respectivas firmas. 

RS As amdicações de que tratam os arts. 3º, 4º, 5% é 6º 
deverão ser renovadas annualmente pelo interessado, em relação aos 
pontos em que se tenha dado qualquer alteração. 

Art. 99 — O Ministro providenciará para que os inspectores 
agricolas, seus ajudantes e os auxiliares da Defesa Agricola tenham 
à sua disposição modelos dos requerimentos que lhe devem ser diri- 
gidos para a inscripção no registro, e della dar-se-á certificado 
assignado pelo Director da Directoria Geral de Agricultura e Industria 
Animal. 

Art. 10 — Haverá na 2º secção da Directoria Geral de Agricultura 
e Industria Animal um livro destinado ás inscripções e outro de 
talões numerados em que as mesmas serão lançadas, sendo entregue 
o talão ao inscripto, conservando a secção a costaneira com a assi- 
gnatura do funccionario que a extrahiu e a rubrica do Director da 
respectiva secção. 

Art. 11 — Os requerimentos e documentos relativos à inscripção 
de que tratam as presentes instrucções estão sujeitos ao sello da lei. 


172 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Rio de Janeiro, 15 de Junho de igro. — Manoel Rodrigues 
Peixoto, Director Geral. 


MODELO DO REQUERIMENTO PARA INSCRIPÇÃO 


Sr. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio. 

F..., desejando inscrever-se no “Registro de Lavradores, Cria- 
dores e Profissionaes de Industrias Connexas” estabelecido nesse 
Ministerio, de accórdo com a portaria de 21 de Setembro de 1909, 
apresenta, para esse fim, o documento exigido pela mesma portaria 
e as inclusas informações e pede-vos autoriseis sua inscripção. 

Pede deferimento. 


Estampilha | 
pe a 
300 reis 


MODELO DAS INFORMAÇÕES 


Informações apresentadas por F..., ao Ministerio da Agricul- 
tura, Industria e Commercio, para inscrever-se no “Registro de 
Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas”,. 
estabelecido de accórdo com a portaria de 21 de Setembro de 1909. 


Nome. 

Profissão. 

Denominação da propriedade. 

Estado. 

Municipio. 

Cidade, villa ou povoação mais proxima. 
E” propria? Nome do proprietario. 
E” arrendada ? Nome do proprietario. 
E” alugada ? Nome do proprietario. 
Servida pela estrada. 

Estação mais proxima. 

Meios de communicação. 

Area total e qualidade das terras. 
Area cultivada. 

Area inculta. 

Area em pastagem. 

Area em mattas. 

Genero de producção. 


Se for lavrado 


| 
| 
| 


Média annual de producção. 


— 
(3 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA ] 


RARAS A SS SAS Aa SS ASAS AS SS AS AAA AL A A A A A A A NA A a AAA A A AA a 


Se fôr criador 


Se fór industrial 


[ 
| 
| 


EA 


Numero de cabeças de gado, com designação do sexo. 
Suas especies. 

Possue prados artificiaes ? 

Natureza das culturas forrageiras. 

Rendimento por hectare, alqueire, etc. 


Data da” fundação da fabrica. 
Natureza da sua producção. 
Procedencia da materia prima. 
Producção média annual. 

Numero de operarios. 

Centro de exportação de productos. 


MODELO DE REQUERIMENTO PARA REQUISIÇÃO DE) VACCINAS 


Ee Director do Servico de Veterinaria. 


E esador em... Estado de:-., inscripto no Registro de 


Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas sob 
RR letra... a fls.... do respectivo livro, possuindo... cabeças de 
gado, pede-vos a remessa de... dóses de vaccina, visto estar o seu 
gado ameaçado da peste da manqueira. 


Estampilha 
e 
300 Téis 


Nora — Para requisição de sarnol ou qualquer outro medica- 


mento serve este mesmo modelo, fazendo, apenas, as indispensaveis 
modificações. 


174 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


COLABORAÇÃO 


PNU NG NENE A NAM AM 


ALIMENTAÇÃO DAS VACCAS LEITEIRAS 


VI 
( Vide n. 2, Abril, 1914) 


Hi -— FORRAGENS CONCENTRADAS 


Um bom numero de grãos das plantas cultivadas, ou seus residuos, 
entra com vantagem, quer pela sua composição, quer pelo seu preço | 
relativamente baixo, na alimentação das vaccas leiteiras, sendo a máior 
parte delles dados depois de reduzidos a farelos ou farinhas, e alguns | 
outros cosidos. São designados commummente pelo nome de alimentos 
concentrados, devido ao seu alto teor em principios nutritivos. Entre 
os mais empregados podemos mencionar aqui as sementes de cereaes, 
de leguminosas e os residuos industriaes seccos. 


a) Grãos e farinhas de cereaes 


O FUBA' — Producto da moagem do milho, póde dizer-se que é o 
alimento concentrado mais usado entre nós, não sómente na engorda 
dos suinos, como na alimentação de quasi todas as especies domesticas, 
Cem partes de fubá contêm 87.3 de materia secca e os seguintes prin- 
cipios nutritivos digestiveis : 


Materiarazotada fr. ia o e A o RR RN 8.00 
Materna o fabea Me ele pr Ro o RED 4.00 
Materias Inydrocarbona das Ra 68.6 
Motalidos principiosfmabritivosE 86.2 


E” o principal alimento de que se dispõe no interior, nunca ou 
raramente produzindo seu emprego perturbações digestivas. Bastante 
rico em materias graxa e hydrocarbonadas, seu emprego na alimen- 
tação das vaccas leiteiras não deve ser exaggerado, visto como a 
engorda viria prejudicar a secreção lactea. Por este motivo a dóse a 
administrar diariamente por cabeça não deve ir além de 1 14 kilos, 
dando-o juntamente com uma forragem picada e pouco appetecida 
pelo gado e humedecido com um pouco de agua salgada, ou como 
beberagem com agua morna, permittindo às vaccas absorverem maior 
quantidade de agua, indispensavel à funcção normal da glandula 
mamaria. Entretanto, ainda muitos criadores hesitam em introduzir 
o fubá na ração de suas vaccas lesteiras, sob o pretexto de que ek 
predispõe à engorda. 


ter 


afipçoA] POSOA:= APNR Na NENE NEM ANA MAPA A PN a PN a PN Na PMN MN Mad Ma A PA AP a PN UPN PN a Mi AMAM AMA AM AR a DADA 
VIP Ra PRA? ME Nu Pu ANNA NAN Add Rara CA Lar CET Tv e mA Parar PRP ar Qua? PSufl Dórdii 


HOTEL AVENIDA 


O maior e mais importante do Brasil - 


oceupando todo o quarteirão e podendo hospedar 
diariamente LO O pessõas 


Situação a mais distincta e concorrida da 


AVENIDA RIO BRANCO 


e ponto central de partida para todos os arrabaldes. 


Serviço de elevadores e telephones electricos 
Diaria completa a partir de 108000 
END. TELEG. : — AVENIDA. SOUZA & CABRAL. 


EE ID E AN ET O $ 
2 
13 & 
EPL LA LT al Lda RT Aa al TA a La TE Lg E LS La Da LA LA TAM 0 TA TT AT a LT LL Aa SL ALT [PLA 
DOADO ==: PEV A PÉ a VD cap efe O ar e e a o AD Ep 
ea Ne ea E Na E Na Na O Na a dO is TN ENT Na Na PN CANA IRINA RIP N ENS Na P NA Na MANN D TAI PNI NPR GPRS NOZES Na [e 


E 
É Ra 


Aos Srs. Avicult tú 
” E uso do .. Phosphato to Árag o 


GRANULADO, PARA GALLINHAS, que é um anta 
valioso de dosagem natural, dando-lhes faculdades especiaes de 
postura e engorda e preservando-as das multiplas enfermidades 
decorrentes da pobreza de acido phosphorico na sua fórma assi- 
milavel de phosphato de cal =— 


Analysado pelo Posto Zootechnico Fe- A" venda em todas as casas de 12 ore 
deral em Pinheiro em saccos de 1.500 grammas 


Pará explicações, noticias e pro- A N E 
spectos dirijam-se ao Agente Geral B " e & & a 


RREO QURIVES NO 105 ss 
CIR CAIXA POSTAL 1,448 


RIO DE JANEIFO ER NS 
FE 


A” venda nas seguintes casas: — A JARDINEIRA, rua 7 de Setembro n. 151. 
—A HORTULANIA, rua do Ouvidor n. 77. — CASA JARDIM, rua Gonçalves 
Dias n. 38.—CASA FLORA, rua do Ouvidor n. 61.—FL,. PEIROPOLITANA, rua 
Gonçalves Dias n. 17. — SaBROSA & Comp»., rua da Candelaria n. 1. —Hor- 
"“4+KINS, CAUSER & HopkKINS, rua Theophilo Ottoni n. 95.4  6—6 


Fi Da 


4 


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tomaes de haça 


DO dd 


REPRODUCTORES FRANCELES 


ADUBOS 
CARRAPATICIDAS 
BANHOS 


E. THIERS & C. 


IMPORTADORES E FABRICANTES 


[e 


DE 


CHAPÉOS DE SOL 


eo A L'ARCHE DE NOÉ co 


Casa fundada em 1868 


RIO DE JANEIRO: 


a E Rua Sete de Setembro, 54 
Tanques carrapaticidas Md 
Pedidos e informações a Rua Boa Vista, 11 
PARIS : 


GEORGES LION 
Caixa, 425 — 3. PAULO 


SD Ca) Rec Rae) Ro Ca Rica) Rc) Ce) 


Boulevard du Temple, 11 


6—4 | 
I3 g 


,€——— 


REBEREVERERE IEEE RE REVELE EEE REE 23 


a MR 


N 


POIPSIDOCDCOIDOESGADOS PEC DD 


Quatro cousas de que nos devemos lembrar 
Lº À MALHINA DE GSCREVER REMINGION A mais afamada. O numero. 


total destas machinas, em uso no mundo inteiro, excede de 700.000. 


do À MALRINA REMINGION-WARL para sommar e subtrahir. Permite 


escrever e sommar ou subtrahir em uma só operação. Cabe incontesta- 
velmente o primeiro logar ás machinas desta categoria. 


é 

| 

é 

$ 
à! À MACRINA DE CALCULAR TRIUMPRATOR, a unica que so presta sa- ; 
tisfactoriamente para as exigencias das repartições publicas. Faz qual- % 
a 


- quer das quatro operações com uma méra volta de manivella. 


+ À ARGRIVOS DE Au A? prova de fogo e humid e humidade. Não se deve temer 


mais as destruições dos roedores. Esta casa tem todos os estylos e tama- 
nhos adoptados nos departamentos e archivos dos governos estrangeiros. 


CASA PRATT 
125, RUA DO OUNVIDOR 125.» Rio dellaneiio 


AGÊNCIAS E FILIAES EM TODOS OS ESTADOS 
Peçam maiores esclarecimentos sobre os artigos acima mencionados. 


| 


(A 


DOAPDIPGADOIDOIDOID DIDO DIPOIDOAD CADA DIDOADCIDOSPIADOSDOSDOADSIDOLDOLPOLA 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 175 


dd cd dA) 


O milho inteiro não é bem aproveitado pelos bovinos, passando 
facilmente ao estrume, sendo-o melhor pelos equinos e muares. 

São egualmente utilisados com proveito na alimentação do gado 
vaccum os farelos de milho, provenientes da trituração das espigas. 
Cem partes de farel ode emo e de farelo com espigas inteiras contêm 
respectivamente 88.2 e 87.3 de materia secca e os seguintes principios 
nutritivos digestiveis: 


Farelo de milho Farelo de milho, espigas inteiras 
iMatera azotada. .. .». RAR Ae o à MRI) Ela dl 
Matia graxa. : ER PO ato . 3.4 Note) 
Materias hy drocarbonadas. . Exa SOON Sl 
Total dos principios nutritive OS Ds 63.6 


E” um farelo grosso, de valor nutritivo bem alto, conforme indica 
a analyse, economico e particularmente vantajoso para ser distribuido 
com as forragens aquosas, ou então molhado com agua quente e sal. 
Emprega-se-o na dóse de dois a cinco kilos por dia e cabeça, podendo 
vir a substituir uma boa parte do feno. Para reducção das espigas a 
“farelo são utilisadas machinas especiaes, como a denominada “Des- 
integrador Dr. Carlos Botelho”. 

RAVENA E À FPARINHA-DE AVEIA -— São pouco ou quasi 
não são empregadas entre nós, devido ao seu preço elevado. A aveia 
reduzida à farinha é empregada com resultado na alimentação das 
vaccas leiteiras, visto agir positivamente sobre a secreção lactea. Seu 
uso talvez seja possivel nos Estados do Sul, quando ella for obtida por 
preços mais vantajosos. Seu preço actual no mercado torna-a impos- 
sivel de figurar na ração das vaccas leiteiras. Cem kilos de aveia 
contêm 86.7 eia de materia secca e os seguintes principios nutritivos 
digestiveis: 


Lata AZ PADA, aims ne náo é urna vo e ala rE aid to a é 
Ria oinagae did no x sine a nado ei ee a e ré jo 
Rivera yúrocarbonada.,..iusetisnntton 47 
Wopal dos principios mttritiyoss >. 222050. PR OS 


En + 00 
O! 


Póde ser dada tambem quebrada ou cosida e tanto num como 
moutro caso a dóse deve regular dois kilos, isto é, mais ou menos uns 
quatro litros por dia e cabeça. 
| FARINHA DE CEVADA — Relativamente pouco usada entre 
nós devido ao seu preço elevado, é empregada com vantagem nos paizes 
europeus e na America do Norte na alimentação dos bovinos e suínos. 
em partes contém 85.7 de materia secca e os seguintes principios 
nutritivos digestiveis: 


“a froiala dada) nad e dr DOR do PERCORRER E ed) 
ADA ROMA Pc Ao An Arda ido paca ai 0 “0 00 c6jjo aà tp 18) 
Niatemas avdrocarhomadas,.. se. session Goro 
MOTO PrICIPIOS IILITIvOS ae msmo ais ste 


Lá a 
1/6 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


li" um alimento rico em materias hydrocarbonadas e mucilagem:; 
é nutritivo e reirescante, agindo favoravelmente sobre a secreção 
lactea. Seu uso, entretanto, só deve ser feito, quando se a puder obter. 
por preço barato. E” empregada com proveito na alimentação das 
vaccas de leite, dos animaes convalescentes ou dos cujo apparelho 
digestivo se acha fatigado por uma alimentação intensiva, sob a fórma 
de beberagens mornas ou incorporada a forragens picadas. A dóse é 
de um a tres kilos por dia e cabeça. 

— FARINHA DE CENmMEno E DE neicoRisi raramente 
utilisadas na alimentação dos animaes, a não ser quando se acharem. 
alteradas ou imprestaveis para o consumo humano. Fóra disto seu uso. 
só será possivel nos paizes productores, quando o preço do grão for 
muito baixo. Nas leiterias suburbanas do sul da França e em alguns 
paizes productores de centeio usa-se a farinha deste cereal com muito 
bom resultado na alimentação das vaccas, desde que a dóse seja 
moderada. 

Pretendem alguns auctores que grande quantidade de centeio na 
ração communica ao leite mão gosto, tornando a manteiga amarga. 
Usado, porém, moderadamente tal inconveniente desapparece. à 

O SÓRGO E O MILHETE — O sôrgo é cultivado para o forne- 
cimento de materia prima para o fabrico de vassouras, produzindo 
neste caso ainda grande quantidade de sementes, que podem ser vanta- 
josamente empregadas na alimentação das especies domesticas. Taes 
sementes não são naturalmente tão apreciadas como a aveia ou o milho, 
porém, sua composição permitte empregal-as, depois de reduzidas à 
farinha, com alguma vantagem. Cem partes de sórgo e de milhete 
contêm respectivamente 84.8 e 86.0 de materia secca e os seguintes 
principios nutritivos digestiveis: 


Sôrgo Milhete 
Material azotadar en 7.8 3.9 
Niigida MD can po nro Us sabe soda 2,1 3.2 
Materia hydrocarbonada......... SU) 45.0 
11.4 61.6 


Total dos principios nutritivos.. 


O milhete cultivado como forragem principalmente na Europa 
Oriental o é tambem para semente, sendo empregado depois de redu- 
zido à farinha na alimentação do gado: As aves é dado mieirol 


b) Sementes e farinhas de leguminosas 


As leguminosas, entre as quaes citamos o feijão, as ervilhas, as 
lentilhas, as favas, etc., empregadas na alimentação do homem, cara- 
cterisam-se pelo seu elevado teor em materias azotadas e phosphatos. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 177 


ZONA AAA AAA SA a A AA a A 


ça A aa 


Seu valor alimentício, sua digestibilidade e seu preço permittem seu 
emprego com vantagem na alimentação do gado bovino, principal- 
mente quando não são proprios para a alimentação do homem, 
A utilisação das leguminosas na alimentação dos animaes tem levan- 
tado algumas discussões, sendo accusadas de occasionar perturbações 
organicas de origem plethorica. Determinam facilmente meteorisação 
e prisão de ventre quando não são bem pulverisadas e são admi- 
nistradas em dóses elevadas. 


As favas e todas as leguminosas em geral são ricas em acido 
phosphorico, cal e azoto, motivo por que são tidas como de grande 
importancia na alimentação dos animaes em crescimento. Devem ser 
introduzidas progressivamente na ração, sendo primeiro quebradas, 
immergidas nagua ou cosidas, facilitando-se assim sua mastigação e 
augmentando sua digestibilidade. São, pois, recommendaveis princi- 
palmente para os animaes de engorda ou para os que são submettidos 
a um trabalho penoso. | 


Segundo a opinião do prof. J. Kuhn, as leguminosas não são 
favoraveis à secreção do leite, razão por que aquelle auctor não as 
classifica entre as forragens destinadas ao gado leiteiro. O professor 
Cornevin, por sua vez, considera-as como causadoras da diminuição 
da manteiga e do extracto secco do leite. O prof. Kellner, finalmente, 
attribue à vicia uma acção desfavoravel sobre a producção do leite, 
tanto quantitativa como qualitativamente. 


Sem contestar as afirmações dos scientistas citados, pensamos 
que mesmo na alimentação das vaccas leiteiras se póde tirar proveito 
com a introducção na ração de leguminosas, administradas sob a 
forma de beberagens mornas, ou reduzidos os grãos a pós finos, ou 
cosidos e transformados em sôpas e incorporados a outros alimentos. 
Convém não levar a dóse além de um a um e meio kilo, por dia 
e cabeça. 


Ao feijão vaqueiro, frequentemente usado nos estabulo urbanos 
do Rio e de S. Paulo, attribue-se a morte, por envenenamento, de 
algumas vaccas, considerando-se mesmo alguns como contendo o acido 
cyanhydrico. (Ex. favas de Belém). 
| E” provavel que os feijões, por serem administrados geralmente 
cosidos e assim conservados durante muitos dias, fermentem, occa- 
sionando graves perturbações e até a morte das vaccas. Na Escola 
Agricola de Piracicaba, em 1909, empregou-se o feijão cosido na 
dóse de 1 72 kilo por dia e cabeça na alimentação das vaccas leiteiras, 
durante cinco mezes, com optimo resultado e sem se registrar O 
minimo accidente na saude das vaccas nem prejuizo na qualidade 
do leite. 


R. V. 23 


178 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


c) Residuos industriaes 


Das operações de preparação dos grãos de cereaes destinados à 
alimentação do homem, da extracção de oleos de sementes de plantas 
oleaginosas resultam varios detrictos de extraordinario valor na ali- 
mentação do gado leiteiro. | 


1. RESIDUOS DE MOINHO 


O FARELO DE TRIGO — Resulta da moagem do trigo, sendo 
constituido principalmente pela camada externa da pellicula, cuja 
proporção varia segundo o processo adoptado. Para se fazer uma idéa 
exacta do valor do farelo basta examinar a composição das differentes 
partes do grão de trigo, podendo-se egualmente dahi deprehender 
quanto influe o modo de preparação da farinha sobre o valor alimen- 
ticio do farelo resultante dessa operação. Cem partes do grão de trigo 
contém: 


Envolucro Amendoa Germen 
INapertartaizo tada Moro Lo) 11.90 as 
Ma teralo nana O 5.60 1.40 lZIão 
Materias mineraes........... 4.68 0.80 Seo 


Os envolucros representam, pois, mais ou menos 1/6 do peso 
total dos grãos e pela composição acima vê-se que são tambem mais 
ricos em materias azotadas e mineraes, ao passo que a farinha consti- 
tuida pela amendoa é mais rica em materias hydrocarbonadas. 

O farelo de trigo é rico em materias azotadas e mineraes e como 
tal constitue um alimento de primeira ordem para as vaccas leiteiras. 

Sua composição é a seguinte: 


Materia fseecal Within am cias o SG or be RR RE 86.4 
Emoterna Railgestiyelr a RR 10.6 
IMaiternlaliora soddimestuimelrr re 2.4 
Materia. hydrocarbonada disestivel........ 0... 44.4 
iMotaliidas) materasidisestiyeis CR 60.8 


Encontram-se no commercio duas qualidades de farelo: o grosso 
e o fino ou farelinho. O peso de um litro é de 250 grammas. E” um 
alimento muito rico em saes mineraes e em acido phosphorico, o que se 
póde ver, comparando-se as tres analyses seguintes : 


No grão Na farinha No farelo 
Saes meras E 1.80 0.760 6.5 
Acido phosphorico.......... 0.80 0.245 SH 


E” de facil digestibilidade, como se verifica pelos respectivos 
coefficientes para os diversos principios nutritivos que contém. Assim 


temos : ! 
Coefficiente de digestibilidade para a proteina...... ho LOS 
» » » para a mat. graxa.. 86.0 
» » » para a cellulose..... O 
» » » para o jamidotd e E 100.0 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 179 


ÇÃO ÇÃO AAA 


Resulta dahi que o farelo de trigo é bem aproveitado pelo orga- 
nismo e não é uma materia inerte, como pretendem alguns. Absorve 
2 vezes seu volume de agua, donde se tira a indicação pratica de 
administral-o aos animaes de preferencia humedecido, evitando-se 
que elles ingiram grande quantidade deste alimento secco. 

O farelo de trigo, quando bem conservado, é particularmente 
favoravel às femeas em gestação, actuando sobre o organismo prin- 
cipalmente com os saes mineraes e o azoto. As vaccas leiteiras devem 
receber o farelo sob a fórma de beberagens mornas, obrigando-se-as, 
assim, a absorver uma quantidade de agua sufficiente, ou então secco, 
incorporados a alguns alimentos picados, como canna, raizes, etc., 
ou ainda ligeiramente molhado de mistura com outros farinaceos. 
Devido aos seus effeitos favoraveis à secreção lactea, o Sr. Alfredo 
Leroy aconselha até que se dê ás vaccas tantos litros de farelo quanto 
os que ellas produzem de leite. Uma vacca, por exemplo, que produz 
diariamente dez litros de leite póde receber até dois kilos e 500 gram- 
mas de farelo, pesando o litro 250 grammas. 

O farelo distribuido em excesso aos adultos póde occasionar per- 
turbações graves no apparelho digestivo e no urinario, pela formação 
de depositos de saes mineraes, em consequencia de insuficiente elimi- 
nação pelos rins. 

O preço do farelo nos mercados do Rio e S. Paulo regula em 
média go réis o kilo, sendo sujeito a falsificações por parte de nego- 
ciantes pouco escrupulosos, motivo por que se torna indispensavel 
examinal-o cuidadosamente. Entre as materias utilisadas para a falsi- 
ficação citamos: 1º, a serragem de madeira; 2º, a areia e alguns pós 
Bnertes: 2º o farelo de arroz. 


2. RESIDUOS DAS FABRICAS DE OLEOS 


Da extracção do oleo de certas sementes oleaginosas resultam 
uns residuos denominados em geral tortas ou farelos, que são utili- 
sados com grande exito na alimentação do gado, mormente porque 
não é possivel o aproveitamento directo dessas sementes, devido á 
sua elevada riqueza em materia graxa. Grande é o numero de tortas 
usadas na alimentação do gado, não sendo possível neste artigo o 
exame de todas ellas. Mas, desde que eliminemos algumas como 
suspeitas, outras que devem ser previamente sujeitas a certas prepa- 
rações, afim de se tornarem proprias para o consumo, e finalmente 
as difficeis de se encontrar a preço vantajoso no mercado, o numero 
das que merecem o nosso exame fica assim muito reduzido. 

O valor das tortas em geral depende da proporção de principios 
nutritivos digestiveis, da sua imocuidade para a saude dos animaes, 


180 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


de sua pureza, identidade e estado de conservação. Importa egualmente | 
saber-se se ellas provêm de sementes brutas, ricas em materias | 
lenhosas, ou de sementes limpas, descascadas, pois neste ultimo caso | 
ellas são mais ricas e nutritivas, e egualmente inoffensivas à saude. | 

Na acquisição das tortas não se deve descuidar desses factores, | 
apreciando-os o mais exactamente possivel. 


Ê X 


necerá os principios nutritivos brutos; ella, porém, por si só, não 
permuttira distinguir-se uma torta comestível de outra nociva. O exame 
microscopico e a experiencia directa com animaes são um auxilio | 
decisivo neste caso. A identidade da torta é determinada por um À 
exame macro e microscopico, observando-se os grãos de amidos e | 
outros detritos das sementes de que ella provém. Isso é de grande | 


importancia, para se reconhecer as misturas fraudulentas com outras | 
de valor inferior. 


K a À BL RE : 
Sua composição será determinada pela analyse chimica, que for- || 


A impureza consiste na mistura com areia, pós inertes, detritos 
organicos, etc., que podem ser introduzidos fraudulentamente ou pro- 
virem de sementes impuras, utilisadas na extracção dos oleos. 


O estado de conservação devera ser apreciado o mais exacta-| 
mente possivel, devendo as tortas ser seccas, isentas de mofo, não 
atacadas por insectos, e não rançosas. Finalmente, possuírem a cór, 
o sabor, a dureza e os outros caracteres, que lhe são normaes. | 

As tortas são utilisadas com resultado na alimentação de quasi 
todas as especies domesticas, porém, melhor partido se tem tirado 
dellas, quando empregadas na alimentação dos bovinos, ovinos e 
caprinos. No commercio são encontradas inteiras, trituradas, e algumas 
até peneiradas e promptas para o consumo. São dadas seccas junta- 
mente com outros alimentos, sob a fórma de beberagens e sopas, ou 
depois de fermentadas ou cosidas com alimentos. 


As tortas seccas, trituradas, são de preferencia incorporadas a 
outros alimentos grosseiros e pouco appetecidos pelos animaes. Às 
beberagens e as sopas são preparadas com agua morna e dadas sempre 
frescas, afim de se evitarem as fermentações, que podem communicar 
4 mistura um sabor desagradavel. São principalmente uteis às vaccas 
leiteiras. Seu cosimento é praticado à vapor, collocando-se-as em 
camadas superpostas com palhas e raizes, num apparelho especial. 
Quando se pratica a fermentação, prepara-se uma mistura de partes 
eguaes de feno picado e torta, bem molhada e addicionada de sal, 
deixa-se-a num recipiente fechado durante 48 horas, sem comprimil-a 
muito. 

Quando utilisadas na alimentação dos equideos e ovideos, as 
tortas são de preferencia dadas seccas. 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 181 


fd di 


4 TORTA DE LINHO — Pela sua composição e propriedades 
a torta de linho é considerada a melhor para a alimentação do gado, 
motivo por que sempre alcança nos mercados um preço mais elevado 
do que as outras. 

No commcrcio é encontrada sob a fórma de galhetas, com 2 cms. 
de espessura, de côr castanho-clara até castanho-escura, pesando cada 
ma de um a tres kilos. Seu sabor é doce e agradavel, o odor asse- 
melha-se ao de amendoas, desmancha-se facilmente nagua, fria ou 
quente, formando abundante mucilagem. Damos a seguir a compo- 
Sicãao da torta e da farinha: 


Torta de linho Farinha de linho 
Ra SECEA à jean te a ua 078 ra de e rato 88.2 89.0 
IMatenia azotada digestivel........0.. 24.7 ZOO 
RE ea E segs e o epeaio caia aro da Eno Doo 
Materia hydrocarbonada digestivel... 29.8 DBO 
Total dos principios nntritivos...... NES 69.8 


E” pois, um alimento rico e ao mesmo tempo hygienico, que 
permitte, na alimentação intensiva do gado, bom funccionamento do 
apparelho digestivo. Convém particularmente para o gado novo, e 
para as vaccas leiteiras deve ser dada na dóse de meio a um kilo, 
como beberagem, ou de mistura com outras forragens. | 

Existe egualmente no commercio a farinha de linho, que provém 
da pulverisação da torta por processo commum ou especial. E” um pó 
fino, pardacento claro, cuja composição demes ao lado da da torta 
e que é empregado na dóse de 20 grammas por litro de leite desnatado, 
na alimentação dos bezerros. 

Muito pouco conhecida entre nós, a farinha de linho póde ser 
obtida por preço medico, sendo util e vantajoso seu emprego na 
alimentação do gado leiteiro, livrando ao mesmo tempo o criador dos 
mãos effeitos produzidos pelo farelo de algodão. 

A TORTA DE AMENDOIM — São conhecidas no commercio 
duas qualidades: 

1º, as tortas de amendoim descascado, que são as melhores e 
mais estimadas, brancas-crême com alguns pontos amarellos, de 
fractura farinacea, desagregando-se facilmente na agua e absorvendo-a 
até tres vezes seu peso, de modo a formarem uma massa bastante 
consistente. A agua proveniente da maceração destas tortas torna-se 
leitosa, branca, devido ao amido que fica em suspensão. 

2º, as tortas não descascadas, de cór parda e textura mais gros- 
seira, mostrando os detritos da casca. Postas nagua formam uma 
massa de aspecto differente da da anterior, deixando sempre um 
deposito de impurezas. 


182 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
PNLNL LL L LNLS SSL LNLS NL LL RLL SL RS RS RSRS RS RS RS TS NL RS RS RS NS ES RS RS RS RA NA A A A A NA A a Na 


Eis as respectivas composições : 


Descascada Não descascada 
IMetenia ce ceant RE 88.9 90.2 
Proteina digestiyiel a 40.4 24.8 
Materia, graxa idigestiyeli ERC RLCEs Grio iz 
Materia hydrocarbonada digestivel... PES) 19d) 
Total dos principios nutritivos...... MSIE Ga! 


Vê-se, pois, pela composição acima, que se trata de um alimento 
muito rico em proteina e portanto recommendavel principalmente para 
enriquecer as rações das vaccas leiteiras em materia azotada. O sabor 
particular que possue este alimento faz com que as vaccas não O 
acceitem facilmente no princípio, sendo preciso addicionar-se-lhe 40 
a 60 grammas de sal, até habitual-as. Emprega-se de 17) a 2 kilos, 
por dia e cabeça. Devido à forte proporção de proteina que contém 
esta torta deve-se sempre começar com pequenas dóses, que serão 
augmentadas progressivamente. Nas zonas onde se acha bastante 
desenvolvida a cultura do amendoim, ellas constituem um alimento 
barato para as vaccas leiteiras e um meio facil de se corrigirem as 
rações pobres em azoto. 

TORTA DE COPRÁ — Designa-se por este nome, no commercio, 
o residuo da extracção do oleo da amendoa do côco (cocus nucifera). 
A extracção é feita tirando-se a pellicula que envolve a amendoa e 
cortando-se em seguida em fatias ou reduzindo-se-a a farelo grosso, 
para depois submettel-o a uma forte pressão. E” geralmente encontrada 
sob a fórma de pães quadrados ou redondos, de tres a quatro cms. 
de espessura, pesando cada um dois a tres kilos; desagregam-se 
facilmente, dando um pó grosso semelhante à serragem de madeira. 
Com agua fria não forma massa, porém possue um poder absorvente 
extraordinario: so grammas de torta em pô durante 12 horas de 
maceração a frio absorvem 295 grammas de agua e augmentam con- 
sideravelmente de volume. 

Encontra-se tambem no commercio a farinha de copra, que é 
obtida pela reducção da torta, frequentemente libertada do oleo pelo 
sulfureto de carbono. E” a seguinte a composição da torta e da 
respectiva farinha: 


Torta Farinha 
Ma teniansecca Rea ue ineo De Reco este 89.17 87.4 
Proteimar digest ER 1550 174 
Materia ierasa disesmell NGS) 6.8 
Materia hydrocarbonada digestivel... 40.3 41.7 
Total dos principios nutritivos...... Si RS 


A torta e a farinha de copra acham-se entre os alimentos 
mais apreciados para as vaccas leiteiras, assim como para a engorda 
dos bovinos e ovinos. São dadas de preferencia em beberagens, pro- 


REVISTA DE VETFRINARIA E ZOO TECHNIA 183 


Pd dt di Si St O ct O ci À 


longando-se sua maceração por 10 a 12 horas. A dóse diaria por 


cabeça vae até dois a tres kilos. Altera-se facilmente, quando exposta 


| ao ar e à luz, rança, podendo em taes condições occasionar intoxicações 
| no gado. Devem ser conservadas em logar secco e escuro. 


A TORTA DE ALGODÃO — Provém do resíduo da extracção 


| do oleo das sementes do algodoeiro e conforme o- modo de preparação 
Fdellas para a extracção temos tortas de sementes descascadas, meio 


descascadas e não descascadas. 
As primeiras, geralmente de procedencia ingleza ou norte-ameri- 


| cana, são de côr amarello-açafranada, ou amarello-esverdeada, sem 
| ou com raros detritos pretos, de textura homogenea, fractura farinacea 
"ou granulosa e dureza variavel. São encontradas em geral no com- 
mercio sob a fórma de pães quadrados, pesando dois a quatro kilos. 


Encontra-se tambem à venda o farelo, de côr amarello-esverdeada, 


| proveniente de grãos descascados ou meio descascados, ou então de 


farinhas peneiradas nos numeros 1, 2 e 3 (ou dupla peneiragem). 


' E” evidente que o melhor será o de farinha obtida de peneiragem 


dupla, ou de sementes descascadas. O mais commum entre nós é de 
sementes não descascadas, contendo todos os detritos do caroço, que 
são vendidas em saccos de 50 kilos, a razão de ro$ooo os 100 kilos. 
Deve ser passado na peneira n. 2, para se ter uma farinha mais limpa, 
dahi resultando uma perda de 16º/º. Damos em seguida a composição 
do farelo bruto, do farelo descascado e da farinha: 


Farelo bruto Farelo descascado Farimba 


ERR o ao cream n a ln 89.4 90.0 SURNZ 
» Agotada digestivel, . es e suisjou vwsio 18.0 COS) 70 

» graxa VR E A EU sas b2/810) Ro 

» hydrocarbonada digestivel......... EA 16.8 J76d: 
Total dos princípios nutritivos digestivos 49.9 FEAR) 87.0 


Examinando-se a composição acima vê-se que o farelo de algodão, 


| commum, é de valor alimentício relativamente inferior ao dos pro- 
* venientes de sementes descascadas. A farinha de sementes descascadas 


é mais rica em proteina; com pequena quantidade della poder-se-á 
corrigir as rações pobres em materias azotadas, sendo seu preço nos 


| mercados sempre menos elevado. Seu uso é preferido para as vaccas 
cujo leite é destinado ao fabrico de manteiga, que por 1sso 


se torna mais dura, mais granulosa e de mais facil trabalho, principal- 
mente no verão. A dóse é de um a um e meio kilos, por dia e cabeça, 
juntamente com outras farinhas, molhada ou de mistura com forra- 
gens picadas. Raramente se preparam beberagens com ella. 

Os farelos de algodão têm sido considerados como toxicos, devido 
à presença de um principio toxico nas sementes; dados em grande 
quantidade podem occasionar verdadeiros envenenamentos. Além 


184 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
NL NL NL NL NL LN AA A A A AAA A A AS A ALAS LS LS DS RS LS SSL STS LS A 


disso, os farelos provenientes de sementes não descascadas occasionam 
obstrucções digestivas, observadas frequentemente nos ovinos e os 
detritos da casca muito duros, produzem irritações constantes, às 
quaes se vem juntar a acção das toxinas. 

E” conveniente conhecer estes factos, para na pratica se dal 
sempre preferencia às farinhas peneiradas e nunca exceder a dóse 
de um e meio kilo, por dia e cabeça. Devem ser conservadas num 
local secco, afastando da alimentação as que estiverem mofadas. 


3%. RESIDUOS DAS CERVEJARIAS 


Nas vizinhanças das grandes fabricas de cerveja os criadores. 
podem com vantagem utilizar na alimentação os residuos do fabrico 
da cerveja. Pelo seu valor nutritivo e pelo seu preço vantajoso são 
dois os que merecem aqui uma referencia: | 

1º, grelos de malt — São os residuos provenientes da germinação 
da cevada para obtenção do malt, que serve para a fabricação da 
cerveja. Apresentam-se sob a fórma de filamentos finos e frageis, de 
de cor branco-cmarellada, pouco amargos e muito hygroscopicos, 
podendo absorver cinco a seis vezes seu peso d'agua. E' a seguinte 
sua composição : | 

Materia iseeca su E ER 
Proteinadigestimelier o as 
Matentatora saldo estimell Er E 


Moteria hydrocarbonada digestivel....... 
Total dos principios nutritivos... .... 


1 HH 00 
= No IS oO) 
DNO-N 


E”, pois, um alimento rico em materias azotadas e hydrocarbona-: 
das, de uma grande digestibilidade, e muito favoravel à secreção 
lactea, qualidades que autorisam seu emprego com exito na alimen= 
tação das vaccas leiteiras. E” dado juntamente com os alimentos 
aquosos, picado, ou então depois de posto em maceração com sal, 
na agua morna. À dóse a empregar é de um kilo por dia e cabeças 

2º, borra fresca de cervejaria — E constituida pelos residuos da 
extracção do malt para o fabrico da cerveja, utilizados ainda frescos 
na alimentação das vaccas leiteiras. E' a seguinte sua composição: 


Fresca Sezca 
Materiadseccal NE RE t aa Ro fo qo 23.8 SO) 
Proteimaldigies ay lRRRE RR R SA 14.4 
Materia oracaldisestiyelE a e 1.4 SP 
Materia hydrocarbonada digestivel.... 88 9216 
Total dos princípios nutritivos........ LS 60.9 


A borra fresca é riça em agua e materias azotadas, não devendo 
ser dada em dóse superior a 25 kilos, por dia e cabeça. E” de dificil 
conservação, alterando-se facilmente, motivo por que se deve ter 
cuidado no seu emprego, afim de se evitarem accidentes, que são 


a a a O a ms mms 


Do 
Revista de Veterinaria e Zootechnia 


PUBLICAÇÃO OPFICIAL DA DIRECTORIA DO SERVIÇO DE VETERINARIA 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
* Distribuição gratuita aos criadores do paiz que a solicitarem x x 
ACCEITAM-SE ANNUNCIOS 


Toda a correspondencia relativa á REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA, pedidos, 
reclamações, etc., devem ser dirigidos a Fernando Werneck, Caixa Postal n. 1678 


RIO DE JANEIRO 5< BRAZIL 


NE A AN DA: 


EEncyclopedia illustrada de publicação mensal, consagrada à agricultura, pecuaria, 
industrias ruraes e commercio dos Estados Unidos do Brazil 


Director — JULIO ARSENIO BARBOSA. 
KRedactor — EDUARDO COTRIM FILHO. 
Secretario — EURICO DE OLIVEIRA SANTOS. 


razao foto ro 128000 | Estrangeiro... ... 13000 
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A Evolução Agricola O Hazendeiro 


Revista mensal de Agricultura, Industria 


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DA LAVOURA, INDUSTRIA E COMMERCIO : E 
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REVISTA DH VETERINARIA E ZOOTECHNIA 185 


a a a a a a a LNLS 


dá 


ind a 


Ed did dci ii 


frequentemente graves. Nos estabulos situados proximo ás fabricas 
“de cerveja seus proprietarios poderão tirar grande proveito, utilisando 
esses residuos, com moderação, principalmente por serem elles obtidos 
a preço baixo. 

Terminando este rapido estudo sobre as principaes forragens 
utilizadas na alimentação do gado leiteiro, resta-nos apenas indicar 
alguns exemplos de rações, que poderão servir de guia aos nossos 
criadores, para a composição de outras, desde que sejam observadas 
a composição das forragens, suas propriedades, e as exigencias ou a 
productibilidade de seu gado. 


EXEMPLOS DE RAÇÕES PARA VACCAS LEITEIRAS 


Os exemplos de rações, que vamos citar, são compostos das 
mesmas forragens, cujo exame acabamos de fazer. O criador, por sua 
vez, podera fazer as necessarias substituições, de accórdo com o preço 
das forragens, observando, como já dissemos, sua composição e pro- 
priedades, assim como a somma de principios nutritivos exigida, 
conforme o peso e a productibilidade de cada vacca. Supponhamos 
que o criador disponha, numa época dada, para a alimentação no 
“estabulo de suas vaccas das seguintes forragens: milho forrageiro, 
feno de aveia com ervilhacas, capim angola, fubá, farelo de trigo e 
torta de linhaça. A ração para cada vacca do peso vivo de 500 kilos 
e producção diaria de dez litros de leite podera ser composta da. 
seguinte maneira: 


El fu) 

É MATERIAS rr | É 

| = O mino CS O e = 

Designação da forragem sz RO 

E Secca | Azotada | Graxa Honda E mbitivo EE 

ê 13.500 | 1.000 | 0.250 |. 6.350 | 7.950 ag 
Milho forrageiro DD AS Nero ora do enero joe ev 25 Ad) | (Dogs | DOE | 25059 | 20850 — 
Ce ATE poa ro o ER PR Do aro) 10720 osso Bo rogo! | orszo! E rioÃo — 
Reno de aveia com ervilhacas............ 5 ANLÓs ora 6o) | oross MTO | DZ) — 
11,51 9 FESP PR E GO GE UT O Cu PO DO Bira Da E Vais) Ben 0.078 | 0.028 | 0.832 | 0.884 = 
Teo CEGA) ERR RP I.5 1.296 | 0.159 | 0.036 | 0.666 | o.g12 — 
“Torta de ECA Aragon ara dolo ain letal o lago 0.5 0.441 0.123 | 0,048 | 0.149 | 0.387 == 
STO IVIIVIZAD 517 o nato droi ao Pelo ap rinio Alan O O) 1.045 0.247 6.267 | MASI | 1 NBS 


is = Sa 


186 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA KR COMMERCIO 


Comparando a somma dos principios nutritivos da ração assim. 
composta com as normas, notamos apenas uma differença, a menos, 
de 147 grammas, o mais quasi coincidindo com ellas. Maior coinci- 
dencia não se justifica na pratica, porque as tabellas apenas fornecem 
a composição média das forragens, sabendo-se que a oscillação na sua 
composição póde variar frequentemente do simples ao duplo. As nor- 
mas indicam para uma vacca com a producção dada acima a relação | 
nutritiva de um para sete; a ração proposta terá a relação egual all 


| 1045 
RN — ê NA == td, 
Dom = Mal A ui) o 


Resulta dahi que a relação nutritiva da ração que compuzemos 
é um pouco mais estreita, isto é, mais rica em materias azotadas, 0h 
que até constitue uma vantagem. A ração assim constituida é boa,) 
sendo seu preço de 18075 réis. A proporção dagua incluida nas for= 
ragens representa pouco mais ou menos 70º|º, pois sendo seu peso 
de 43.5 kilos e o da materia -secca de 15 kilos 191, a quantidadel 
d'agua é de 30 kilos 309. A proporção conservada entre o verdem 
o feno e as forragens concentradas é pouco mais ou menos del 
r:1 Zá:10 e póde variar de accôrdo com a forragem de que se dispõe.) 
passando atela insano leite 

Damos a seguir algumas rações para vaccas leiteiras, de 500 
kilos de pesc vivo e producção diaria de dez litios de leite, podendo-se 
facilmente, a exemplo dcstas, compor outras, com as forragens de 
que se dispõe: | 


I 
Beterrabas AS 15 kilos RELAÇÃO: NUERIMDINA | RSS 
Reno nacional TORI, » PRECO SSD EREIS 
Botralidelceryejar 1249) » 
Rarelolidelalsodão- E EalO) » Agua contida nas forragens 24.346 
Ramelo de igor 1ECÃO) » Materiansecca ai ea 12.654 
37.000 Eeso totallda ração ns 37.000 
Ut 
Capirmtamnsola Ra HO) kilosl RELAÇÃO NUTRITIVA 1: 6.2 
Canmalorma eira as DRA PREÇO — 962 REIS 
Reno/de cordiunarre SO) » 
Rarinha de aveia 0 ) Agua contida nas forragens 28.0 
DEN Bai E RT CA 1510) » Materia, seccar 11.3 
Ramelo Idertigo rn 1910) » — 
Botra! delcerwejali nano » Beso totallidalracão 40.0 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 187 


dd dd dd 


qnt 

Rúrgo forrageiro ....... 30.0 kilos RELAÇÃO NUTRIIIVA 1: 6,3 

Reno de alfafa ........ Rio ) PREÇO — T$U00 

Reno de Jaraguá...... RR INS » 

RR de trigo.........: 1.0 » Agua contida nas forragens 24.769 

ERRO de milho......... 1.0 Mar Materia segca Ur lis BZ) 

Feijão o... e. “eo... 3! O) ) — 

Pano À dado eso total ação aa o 38.000 
38.000 
IV 

Biltafa verde...... ERRAR O kilos RB AGÃO ENTUAR PNI A TS 

Capim angola..... ace PAR O » PREÇO | 7/5 RÉIS 

Eno de gordura....... 5 » 

EEnSlo de triso........, 1 » Agua contida nas forragens 2 lg 

Elrelo de milho....... 1 » Materna Rseccaml rs 12.483 

Feijão enovc o... .. O DUO CO O 1 )) TAPA 

densa Beso totalidaliracãon No, 33.000 
So ] 
No 

Ro forraseira....... 12.5 kilos REAÇÃO NMRIIAÇ 5 

Rpm ansola.......... 12.5 » PREÇO — 19150 

Ro de alfafa..... o LO » 

REMO de favorito...,... 5.0 » Agua contida nas forragens 22.084 

Biscio de trigo........ 11818) » IMaterialceccar a: 13.416 

rclo de algodão....... 1.0 » — ums 

BROS. BRReR PRT(O) Peso totaliidalraçãos e. 35900 

SIDO 
Al 

Eilho torrageiro........ 25.0 kilos RELAÇÃO NUTRITIVA-I: 6 

Reno de favorito....... 5.0 ) PREÇO — 900 REIS 

REHo de jaraguá........ PES ) 

Ro de trigo......... 2.0 ) Agua contida nas forragens 22.568 
RREDá....... 5 Cp RA BUabiO) DR aten nsSe carr Aran 12.932 
oria de amendoim.... 1.0 » ERR 

Ni abteio Besorrotalkida raciorn. SO OM 
DSP), 
ni 
meia forrageira........ 25.0 kilos RELAÇÃO NUTRITIVA I :| 6,2 
aiata doce.......... o A NO » PREÇO — 18075 

Rm de aliafa.......... 2.5 ) 

Reno de jaraguá........ Zu ) » | Agua contida nas forragens BONS 
Erclo de trigo...... E CAR AO) » Iabenia; SSCCA cf sas eleja E (SI 

Farelo de algodão...... 1.0 » EO IS 
osso... EAR O) » Peso total dapração. Ma. 43.000 


43.090 


188 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


nd dd dd dd dd dd di dd do dá dá ND a a 


VIII 
CenQuna sas dl ardor is 10.0 bilos' RELAÇÃO NUTRIIIVA 1: 6.5 
Moha da Hungria...... 150 » PREÇO — 18175 
Feno de gordura... .... SAO) » 
Remnqrde alfarac spo, 2.0 » Agua contida nas forragens 21.2608 
BRarelo de trisosii sas 150 » Materia secea va 13.238 
Morta de ;jcoprals ss 10 » —— — 
do (0 e PARRA OR Ra RR ra pur Peso total ida ração 34:500. 
34.500 
IX 
Capimiverde nad Zi kilos RELAÇÃO NUTRIIIVA-I 2 6 
Mandioca ana 4.0 » PREÇO 795 — RÉIS 
Renolde eramincasi so » 
Farelo de tagsouna 1.0 ) Agua contida nas forragens 21.2198 
Ranelo deimilho- 20) ) Materia secca. Lc a 12.788 
Rarelolde algodidor 1.0 ) TO 
SI id Peso totalidalracão RE 34.000 
34.000 
x 
Capitaiyendes a 35.0 kilos RAÇÃO USADA NA FAZENDA DO 
Monta delcoprar o Za 0 o) SR. NICOLAS, EM D'ARCY, BRIE, FRANÇAR 
Morta de linhaça DD) 
Earelo de rigor PAR) 
Parelo delcacãom is 2201) 
EI 
a Õ | RAÇÕES, USADAS NA INGLATERRA, PARA. 
INalbos aeee so 45.450 25.450 Es. VACCAS CUJO LEIE EK VENDIDO | 
Baila pa AS 970007 Zon) PARA O CONSUMO 
Eartaliatide algodao ZA SOR) 
Rariniia (deravela o OO ISO) 
XII 
Nabos e o lc 19.0 Kilos] RAÇÃO, USADA NA INGLATERRA, PARAÁ 
paia o e PR o 9.0 » VACCAS CUJO LEITE É DESTINADO! 
vetar ao loia e Rr na a 1.8 ei ÁS FABRICAS DE MANTEIGA 
Farinha de algodão...... OZ 
DEN 
Na bos: po Gs ua a ei ao 16.0 kilos) RAÇÃO, USADA NA INGLATERRA, PARAÁ 
Palmar RR PRE Pa  a GERSON) VACCAS CUJO LEITE É DESTINADO) 
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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 189 


ban dd dd Ea dt a a e De DN DD 


FECUNDAÇÃO E ESTERILIDADE 


Fecundação e esterilidade nos animaes domesticos 


(Da Gazeta das Aldeias) 


São frequentes as consultas que dos assignantes da Gazeta das 
Aldeias recebo ácerca de casos em que ora os machos, ora as femeas 
dos animaes domesticos são defeituosos, sob o ponto de vista do acto 
da procreação. Para servir de guia aos agricultores, que desejam 
remediar esses defeitos, vou hoje resumir neste pequeno artigo os 
casos principaes que ordinariamente se observam, e indicarei a 
maneira de intervir com probabilidade de exito. 

“Iremos por partes, para melhor comprehensão do assumpto. 
A falta de cio ou ardor genesico nas femeas 
à — Falta de cio é muito frequente, e causa sérios embaraços e 
prejuizos aos criadores de gado. 

Em regra, as femeas des animaes domesticos não têm a menstrua- 
gão regular ou períodica, tal como se observa na mulher. Todavia 

m muitas femeas das especies domesticas apparece o cio ou aluamento 
com alguma regularidade, embora não seja acompanhado de emissão 
sanguínea, excepto nas cadelias que, às vezes, quando aluadas, mostram 
essas perdas de sangue. | 

A periodicidade média do cio nas differentes especies póde indi- 
car-se do seguinte modo: 


“e ea) Cada 30 dias 
ERR oo sabe co ao fi E 
Wyelmas/e cabras... «v2.0. RR a 2 
“ECA PR a DO 
Meias e jnimentas. «a. o ia e NT o a 


Mamifestando-se, o cio dura, em média, uma a duas semanas na 
jumenta e na egua; dois a tres dias na vacca e na porca; um a dois 
Rs na cabra e ovelha; e meio dia, apenas, na cadella. 

E” de todos sabido que só quando uma femea domestica está 
Bluada é que deve ser levada à cobrição, porque é, sobretudo, nessas 
condições que fica fecundada, ainda que, ás vezes, muito raras, ella, 
Sem estar com o cio, acceite o macho. 

Ordinariamente as femeas domesticas perdem o cio, logo que, 
sendo cobertas, pegam, isto é, quando ficam fecundadas. Por isso é 


regra geral levar a femea ao macho, emquanto ella de bom grado o 
receber. 


190 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Durante a prenhez, o cio só muito excepcionalmente reapparece. 
Effectuado o parto, torna a apparecer o cio, dos quatro aos cinco 
mezes na cadella, ovelha e cabra; de um a dois mezes na porca E 
na vacca; ao fim de uma semana até dez dias na jumenta e na egua, 
O cio manifesta-se a primeira vez, quando a femea attinge a 
puberdade, e esta dá-se, em regra: 
Na egua e na jumenta, aos dois annos e meio; 
Na vacca e na ovelha, ao anno e meio; 
Na cabra, ao anno; 
Na porca, aos dez mezes; 
Na cadella, aos seis mezes; 
a coelha, aos cinco mezes ; 
a gallinha, aos sete mezes ; 
a 
a 


perúa, ao anno; 
pavôa, aos dois annos e meio ; 
a pata aos) dez mezes; 
A egua e a jumenta podem ter periodicamente o cio durante 
cerca de quinze annos; a vacca, dez annos; a ovelha e a cabra, seis) 


annos; a porca, cinco annos. 

Ha femeas sempre frigidas, absolutamente refractarias aos ardores: 
genesicos. Essas recusam todos os machos, furtando-se obstinadamente: 
à cobrição. Não vale a pena tentar corrigir esses temperamentos:. 
o melhor é vender ou eliminar os animaes que possuem tal defeito. 

Outras femeas são parcialmente frigidas faltando-lhes o cio a 
miudo, ou apparecendo-lhes muito fugaz. Estes podem-se modificar 
por diversos meios. 

Devemos começar por introduzir a femea pouco ardorosa nl 
meio de varios machos da sua especie, e ver se com o tempo ella 
mostra preferencia por algum, utilizando então este. 

Se tal meio falhar, tentaremos modificar a nutrição do animal, 
dando-lhe substancias tonificantes, como são, por exemplo, as seguintes: 


Sulnato de Termo! puro li 
Carbonato de sodio puro.. >ana 100 grammas 
Pa ferida fe 

Alcaçuz e althéa em po. 4 so 


bb) 


Farinha e mel, quanto baste para electuaric. (Dóse para tres dias» 
para a egua ou para a vacca). 


Acido arsenioso em pó.... 5o centigrammas 
Cremciana tem DoRi I5 grammas 
(una em! po e 5 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA, 191 


aa OA ÃO AA ÃO A ÃO a a 


ça 


1 a 


Num papel, n. 12. 
(Um papel por dia à egua ou á vacca, polvilhando a ração). 


Carbonato de ferro. saques. 5 centigrammas 
. ts big! 
Cenciamna- em po!...cccs. 20 
% 
Dia em DOS e rec E 


Excipiente—q. b. para uma pilula. N. 50. (Tres por dia, à cadella). 
RR o ava maneiro 6 vs 5 decigrammas 


Um papel, n. 20. (Dois por dia, de manhã e à noite, no leite, à 
cadella). 

Algumas vezes a femea frigida resiste a estes meios; é então 
ipreciso ensaiar outros mais energicos, e por isso mesmo um pouco 
perigosos, exigindo, portanto, muita prudencia. 

A seguinte beberagem aphrodisiaca é muito usada, na Suissa, para 
as vaccas: 


EBagas de zimbro em pó..... ISO grammas 
Meimtanidas em pó... ces. Es 
fita, ra Eira A 6 litros 


Dá-se em dois dias: no primeiro “dia tres litros, sendo um de 
manhã, um ao meio-dia e um à noite; no segundo dia outros tres 
litros dados do mesmo modo. 

Tratando-se de cadellas, podemos tambem administrar-lhes as 
cantáridas, sob a fórma de vinho cantaridado, dez até vinte gottas 
por dia, no leite. 

Por ultimo, poderemos ainda combater a falta do cio por meio 
do alcaloide chamado ioimbina, em injecções sub-cutaneas, da fórma 
seguinte : 


Chlorhydrato de ioimbina.. 
Rena distillada... ss 


centigrammas 
cent. cubicos 


Ui EM 


Para uma injecção hypodermica, na taboa do pescoço da egua, 
podendo-se repetir a injecção no mesmo dia ou nos dias seguintes, 
até que se manifeste o cio. 

Para a vacca a dóse de ioimbina, em cada injecção, deve ser 
reduzida a 2 centigrammas, assim: 


Chlorhydrato de ioimbina 2 centigrammas 
oa distilada seo ss A 3 cent, enbicos 


192 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


NAN aa a a a 


Para a cadella bastam cinco milligrammos do alcaloide, formu- 
lando-se a injecção como segue: 


Chlorhydrato de ioimbina 5 milligrammas 
Roua sdistilladar en Ticent 'cubico 


Tanto na cadella como na vacca, podemos repetir a injecção no 


mesmo dia ou nos dias immediatos. 


Numerosas femeas são infecundas ou incapazes de conceber, já 
por defeito congenito, ja por doença contrahida. 

Os animaes hermaphroditas ou apparentemente dotados dos dois 
sexos são, em geral, estereis. Dos animaes gemeos, tambem quasi 


sempre são infecundos os femininos. Se ambos os gemeos são mas-| 


culinos, um ou os dois, em regra, são hermaphroditas e por isso 
ordinariamente estereis. Todos estes casos de esterilidade, por serem 
congenitos, não têm cura. 


Esualmente são incuraveis os casos de esterilidade congenita ou 
Í 


isto é, dos ovarios, oviductos, utero, vagina ou vulva. 

Quando, porém, esses orgãos são atacados de certas doenças 
curaveis, póde temporariamente tornar-se esteril o animal, voltando, 
todavia, a ser fecundo logo que desappareça a doença. Estes casos 
são os que mais nos interessa agora conhecer, para se lhes applicar 
o tratamento adequado. 7 | 

As inflammações do utero e do seu collo, da vagina e dos ovarios, 
são as causas mais frequentes da esterilidade temporaria. Este defeito: 
é mais de receiar, quando essas inflammações são catarrhaes, isto é, 
quando se acompanham de corrimento. 

Os abortos, as retenções das secundinas e o prolapso ou quéda 
do utero produzem muitas vezes os catarrhos das vias genitaes. 

Vejamos a maneira de tratar esses catarrhos. 

Se a inflammação é uterina ou vaginal, o principal cuidado con- 
siste em desinfectar a vagina e o utero. Para isso recommendam-se 
primeiro as injecções de agua quente, de 38 a 40 grãos, mas prévia- 
mente fervida. Fazem-se assim duas injecções por dia. Depois 
injecta-se tambem duas vezes por dia agua quente, tendo meia gramma 
de iodo por litro. 

Estas injecções ou lavagens fazem-se com um tubo de borracha 
bastante comprido, bem desinfectado em agua a ferver, o qual se 
introduz pela vulva até ao fundo do utero, e O liquido deita-se num 
funil a que se prende devidamente o tubo; levantando alto o funil, 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 193 


Za a AS SS AA AA A A AA A a A A a 


aa ÃO ÃO ÃO 


entra o liquido no utero com a força sufficiente para irrigar. O mesmo 
tubo, solto do funil e voltado para baixo, dá sahida facil ao liquido 
do utero, depois da irrigação. 

Insiste-se todos os dias nestas irrigações, até se obter a cura 
do catarrho. Conseguida esta, e voltando o cio ao animal, tem-se o 
cuidado de não o levar à cobrição, sem que, nas vesperas do cio, se 
faça uma injecção de agua quente tendo por litro 200 grammas de 
assucar. Dissolve-se primeiro o assucar na agua comimum, depois 
ferve-se a agua e injecta-se, quando, tirada do lume, a agua descer 
à temperatura de 38 a 40 grãos. 

Certas femeas, sem terem catarrho ou corrimento do utero ou 
da vagina, possuem comtudo nessas vias um muco tão acido, que mata 
o esperma nellas derramado no acto da cobrição. Quando se notar 
essa acidez do muco, modifica-se este, antes da cobrição, por meio 
le imjecções com: 


Epsaliato de, sodio: ima Mo om amas 
Agua quente préviamente fervida.. E diinco 


Obtem-se o mesmo resultado, injectando o seguinte: 


Eicanrbonato “de sodio! 4. 


EP PA omarnimas 
Eoliiaside encalipto em po... 5 É 
eta tervida: . ss. im ERES si E vio I litro 


A impotencia é a impossibilidade do animal 
III — Impotencia masculino se reproduzir. Umas vezes o animal 
não póde cobrir ou copular, por defeito da 
verga ou por fraqueza geral; outras vezes o animal realiza a cópula, 
mas é incapaz de fecundar a femea, já porque não tem esperma, já 
porque o esperma não encerra espematozoarios, em virtude de doença 
ou de deformidade, congenitas ou adquiridas, dos testículos. 
À impotencia congenita, em regra, não tem remedio, A outra 
“pôde tel-o ou não, conforme os casos. 
Sendo a impotencia causada por debilidade geral do organismo, 
deve-se tentar o emprego de medicamentos tonicos, de que ha diversos. 
Um delles é o arsenico, ou acido arsenioso. Para o administrar 
ao cavallo, podemos servir-nos do acido em pó, na dóse de 25 a 50 
centigrammas por dia, durante vinte dias, cessando depois durante 
dlez dias, para recomeçar; e assim successivamente. O pó dá-se em 
farello ou semeas molhadas, ou dentro de miolo de pão. 
Para o porco e para o cão é preferivel administrar o arsenico 
sob a fórma de licor de Fowler, de que se devem dar, por dia, ao 
Cão umas seis gottas, tres a cada refeição, no leite, e ao porco duas 


LV (25 


194 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
A a e ca q ND a ND a ND e e e a e a a NO a e e dd 


grammas, na bebida. Ao cabo de vinte dias, interrompe-se a admi- 
nistração do licor de Fowler, para recomeçar dez dias depois; e assim 
successivamente. | 

Aos touros póde-se tambem dar o arsenico em pó, exactamente 
como aos cavallos, mas a dóse diaria não deve exceder 20 centi- 
grammas. 

Ao carneiro e ao bóde duas centigrammas do pó. 


O arsenico, tomado assim devagar e com as precauções indicadas, 
fortifica seguramente o organismo. 


As cantáridas tambem se usam muito para augmentar o ardor 
genesico dos machos; mas é preciso ter cautela com esse medicamento 
aphrodisiaco. O cavallo tolera, sem maior inconveniente, TO grammas 
de tintura de cantáridas por dia, dadas por metades, uma a cada 
refeição, na agua da bebida ou, melhor, em semeas ou farelilos. 


Por ultimo, podemos recorrer ao chlorhydrato de ioimbina, nas 
mesmas dóses e condições que foram acima indicadas para as femeas, 


Para se saber se um animal, masculino ou 


IV — Excesso de feminino, tem ardor genesico excessivo, preci- 
ardor genesico | sa-se conhecer um certo numero de dados phy- 
siologicos. 


A duração da virilidade nos animaes masculinos, isto é, o tempo 
durante o qual elles estão aptos para fecundar as femeas da sua 
especie, conta-se da seguinte maneira: 

No cavallo e no burro, dos 3 aos 12 annos. 

No touro, de 1 até aos 6 annos. 

No carneiro, dos 18 mezes aos 5 annos. 
No bóde, dos 18 mezes aos 8 annos. 
porco, dos 8 mezes aos 4 annos. 
caio desde os Ól mezes! 

coelho; desde os! mezes! 

gallo, desde os 7 mezes. 

pesy, desde os 2) mezes, 

pato e ganso, desde os Io mezes. 
pombo, desde os 5 mezes. 

pavão, desde os 2 ate aos 6 amnos; 


A A 


Ce Fome oo oo 


EA, as a, DE 


(o) 


Em regra, as femeas estão aptas para a cobrição em idade um 
pouco mais nova do que os machos, e essa aptidão prolonga-se mais 
tempo ; assim: 

Na egua e na burra vae dos 2 e meio até aos I5 annos. 

Na vacca, dos T6 mezes aos 10 annos. 

Na ovelha e cabra, dos 16 mezes aos 6 annos: 


DS sa 


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a EXPOSIÇÃO Nacio o Hal do Hyciene de 1909 


Dentre o grande numero de desinfectantes que concorreram á Exposi- 
ção, apenas dous mereceram o Grande Premio: a Carbolina Werneck e a 
Creolina de Pearson, producto estrangeiro, o que quer dizer que foram 
considerados perfeitamente eguaes, offerecendo a Carbolina- Werneck 
maiores vantagens ao consumidor, pois o seu preço é muito inferior. 

Na industria pastoril ella tem prestado os melhores serviços como 
especifico para destruir completamente as bicheiras, bernes, eno tratamento 
da febre aphtosa os seus effeitos são promptos e satisfactorios. 

Os documentos abaixo transcriptos demonstram á evidencia o valorda 
Carbolina, e devemos assignalar mais o facto importante de ser a unica 
creolina nacional que tem dado resultados identicos á Creolina Pearson, 
no tratamento de bicheiras, conforme a opinião íranca e sincera de dis- 
tinctos criadores dos mais conhecidos no Brasil. 


PARECERES 


Não tendo tido tempo de fazer eu mesmo a analyvse da nova amostra da Carbolina, 
que me enviou, encarregou-se deste trabalho um illustre chimico de Berlim,o Sr.Dr. Valer 
Kobelt. 

Como se verifica pelo resultado obtido, o seu producto continúa, como as amostras 
anteriores, a cujas analyses procedi pessoalmente, a ser de optima qualidade sendo elle 
imais rico em cresóes do que a maior parte dos productos similares nacionaes e estran- 
geiros que se encontram á venda nesta Capital. 

Com elevada estima e consideração seu de V. S. adm. e amg. obr. — Dr. DANTEL 
HENNINGER, Lente Cathedratico da Escola Polytechnica. 

Nunca encontrei creolina, mesmo a de Pearson, que produzisse tão bons effeitos 
como o seu preparado. A Carbolina destróe rapidamente todos os vermes que apequentam 
especialmente o gado vaccum. Felicito-o por mais este triumpho sobre os similares 
estrangeiros.—Dr. PEDRO GORDILHO PAES LEME. 


Illm. Sr. Vicente Yverneck. — Tenho a satisfação de communicar-lhe que tenho 
feito uso em minha fabenda de cultura e criação de diversas qualidades de Se 
para desinfectar e matar bicheiras das minhas criações suina, lanigera, cavallar 
bovina: nenhuma até hoje deu-me resultados da sua Carbolina, que, além de tudo, é ex CE 
lente para matar bicheiras em poucos minutos, superior á Creclina de Pearso=, que 
considerei melhor do que o mercurio, unico medicamento que até pouco tempo empreguei 
para esse fim. Portanto, posso garantir que a Carbolina é muito bom preparado e conti- 
nuareia preferil-o a qualquer outro conhecido. 

Apparecida, 8 de Julho de 1905.—M. U. LENGRUBER. 


Experimentei com o maior interesse a sua £arbolina para matar as bicheiras no 
gado de minha fazenda e tenho hoje a satisfação de communicar-lhe que o resultado 
excedeu á toda a expectativa. 

Posso garantir-lhe que ainda não empreguei melhor producto para o fim de 
extinguir os vermes da vareja e afianço-lhes que a Creolina de Pearson não é melhor 
do que o seu producto. 

Felicitando-o calorosamente pelo resultado obtido com seu excellente prep rado, 
faço votos para a divulgação do seu producto e subscrevo-me com elevada estima e 
considesação. t 
é Campo Bello, IS de Junho de 1905.--Seu affectuoso amigo obrigado — EDUARDO 

OTRIM. 


Tenho toda a sarisfação em participar-lhe que tenho empregado o seu desinfectante, 
Carbolina Werneck, no tratamento das bicheiras nos animaes e obtido em mais de uni caso 
resultado verdadeiramente surprehendente. 

Além do meu testemunho pessoal sei que collegas e visinhos meus tambem têm 
colhido excellentes resultados com a applicação da Carbolina Wernnck. 

Felicito-o pela confecção de win producto que vem prestar relev antissimo serviço á 
Industria Pastoril pelos seus effeitos e modicidade de preços. 

Cantagallo, Fazenda de S. Joaquim, 29 de Junho de 1905. — Josê A. FONTAINHA 


SOBRINHO. 
Deposito : PHARMACIA E DROGARIA WERNEGK 
RUA DOS OUREMES NE RIOIDE no 


S) 
14 


REVISTA DE VETERINÁRIA É ZOOTECHNIA 195 
a a A AS ASA AS ASA A AS A A A a a a DD o OD 0 O O dd ça ÃO aà 


Na porca, dos 10 mezes aos 5 annos. 
Na cadella, desde os 6 mezes. 
Na coelha, desde os 5 mezes. 
Na gallinha, desde os 7 mezes. 
Na perúa,. desde os 12 mezes. 
Na pata e gansa, desde os 10 mezes. 
Na pomba, desde os 5 mezes. 
Na pavõa, desde os 2 até aos 6 annos. 
Convém egualmente saber qual o numero de femeas que um 
macho póde regularmente cobrir na época propria: 
O cavallo cobre 40 a 5o. 
Onbirro(6o a 70. 
O touro, 30 a 40. 
O porco, 40 a 50. 
Mermeino, 30' à '50. 
(O) bócde, Ico a 200. 
Orevelho, 6a 10. 
Encallo,1oa 15: 
Ol pemi,Ólato: 
O pato e o ganso, 3 a 6. 
O pombo, 1. 
O pavão, 4. 
O faisão, 5. 
A prenhez dura, em média: 
Na egua, II mezes. 
Na burra, 12 mezes. 
Na vacca, o mezes. 
Na ovelha e cabra, 5 mezes. 
Na porca, 4 mezes. 
Na cadella e gata, 2 mezes. 
Na coelha, 1 mez: 
O choco ou mcubação dura: 
Na gallinha, 3 semanas ou 21 dias. 
Na perúa, 4 semanas ou 30 dias. 
Na pata, 4 semanas ou 30 dias. 
Na gansa, 5 semanas ou 35 dias. 
Na pavõa, 4 semanas ou 30 dias. 
Na pintada ou gallinha da India, 25 a 28 dias. 
Na pomba, 18 dias. 


O excesso de cio ou de ardor genesico das femeas tem o nome 
scientifico de nimphomania. 


196 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LON 


São muitas as causas que podem determinar esta doença, que 
é mais frequente na vacca, na egua e na ovelha, do que nas outras 
femeas domesticas. 

Nas vaccas a alimentação muito forte, a estabulação prolongada 
ea falta de exercicio, podem produzir a nimphomania. A tuberculose 
e diversas alterações dos orgãos genitaes tambem provocam a exal- 
tação do cio. Este vicio nota-se mais frequentemente nas femeas que 
foram cobertas mais de uma vez. 

As femeas atacadas de nimphomania tornam-se mas, ageressivas 
até para as pessoas, mostram-se quasi sempre agitadas, comem pouco, 
e emmagrecem portanto, procuram e perseguem os machos e até. 
mesmo as femeas da sua especie. 

Os animaes affectados de nimphomania raramente conseguem ser 
fecundados e, quando o são, geralmente abortam. 

Como havemos de prevenir ou de curar essa desastrosa exaltação 
do instincto genesico das femeas? 

Se o mal tem por causa alguma alteração dos orgãos genitaes, 
só O cirurgião veterinario lhe póde dar o remedio, que consiste em 
operar o animal, conforme a natureza da lesão existente. 

Não se suspeitando ou não se verificando haver lesão desses 
orgãos, trataremos de modificar o regimen do animal, reduzindo-lhe 
a ração, dando-lhe alimentos aquosos ou fracos, e obrigando-o a tra- 
balhar e a passar parte do dia ao ar livre, em pastagem, mas sempre 
longe de animaes masculinos da mesma especie. 

Se isto não bastar para fazer desapparecer a nimphomania, lan- 
caremos mão dos medicamentos calmantes apropriados ao caso. 

O chioral produz bom effeito. Administre-se, pois, à vacca e à 
egua a seguinte bebida: 


Eiydratolide eloa 50 grammas 
E CAD LEVA RR AMD cn 4 litros 


(Para dar por duas vezes, metade de cada, pela manhã e à tarde). 
A” cadella póde tambem dar-se o chloral, mas é bom addicionar- 
lhe a morphina, do seguinte modo : 


Remo pede chlorala 

E ana 30 grammas 
Ramo pedem pa 

Ata, deitar en 40 o 


(A's colheres, das de cha, uma a cada hora). 

O brometo de potassio e os outros brometos, tambem dão bons 
resultados. A” egua e à vacca podemos administrar os brometos em 
beberagem : 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 197 


— VITA VERA REDE 
neneto de POtasso. «ae 
Brometo de sodio... ...u.. Sl Ra 
EA E ab Rr CO 1000 FA 
Patticdha ca o UR q. b. para adoçar 


Dá-se em garrafada, de uma só vez, pela manhã, podendo repe- 
tir-se à noite egual dóse. 
Para as cadellas é preíerivel a formula seguinte: 


Espeto de potassios....... 4 grammas 
Brometo de sodio.;....... á a 
E aan 2 
Brometo de estroncio.t.... 1 
Julepo gommoso...... Mbuc ZOO dá 


(Seis colheres, das de chá, por dia.) 
| O brometo de camphora ainda melhor effeito produz contra o 
excesso de cio da cadella. Emprega-se como segue: 


Brometo de camphora..... : grammas 
“e Neo) AE scan Ri: ! 

ana 100 
sq 1. Ds : 


Ha ainda um meio seguro de curar a nimphomania: é a castração, 
mas exige a intervenção de um veterinario habil em praticar essa 
operação. 

Nos animaes masculinos o excesso de ardor genesico toma o 
nome de satiriase. 

Às causas são quasi as mesmas que indiquei para a nimphomania: 
alimentação demasiadamente forte, falta de exercicio, estabulação 
permanente, alterações dos orgãos genitaes, excitações genesicas muito 
repetidas pela copula ou pela coabitação com as femeas, o onanismo, 
certas doenças nervosas, etc. 

Os symptomas da satiriase são parecidos com os da nimphomania : 
os animaes estão inquietos, tornam-se mãos, aggressivos, furiosos 
mesmo, parecendo às vezes atacados de raiva, atacando os outros 
animaes e as pessoas; téem priapismo ou erecção permanente; mastur- 
bam-se como podem, segundo as especies; entristecem, enfraquecem e 
chegam a inutilizar-se completamente. 

O tratamento a oppór à satiriase é analogo ao da nimphomania ; 
mas a castração é o remedio mais efficaz. 

A castração dos animaes masculinos não tem as difficuldades e 
perigos da castração das femeas. 

Jd. V. de Paula Nogueira 


Lente de medicina veterinaria 


Dad É 


198 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


SERVIÇO DE INSPECÇÃO DO LEITE EM NICTHEROY 


(Relatorio apresentado pelo Dr. Castro Brown, á Dire- 
ctoria do Serviço de Veterinaria) 


Sr Dircetor 


No presente relatorio encontrareis a synopse dos serviços exe- 
utados e dos resultados colhidos no exercício da commissão de 
organização da inspecção do commercio de leite, que, a requisição do 
Str. Dr. Prefeito da cidade de Nictheroy, houvestes por bem confar-me. 

A feitura de um trabalho desta natureza é sempre motivo de 
justas aprehensões para quem, como eu, reconhece que a magnitude 
do assumpto transpõe os limites de meus conhecimentos profissionaes ; 
chamado, porém, a executar essa aspiração dos fluminenses, diz-me 
a consciencia que, seguindo a vossa orientação e auxiliado pela 
competencia do chefe da secção technica, me desobriguei da missão 
com criterio technico e scientifico, imprimindo ao serviço um cunho 
moderno, utilitario e pratico. 

Convém ponderar, que, no exercicio dessa commissão, era eu O 
unico technico, tendo apenas cómo auxiliar o Sr. Godofredo de 
Menezes, que, não sendo profissional, todavia prestou a essa commissão, 
com grande dedicação, o melhor de seus esforços, pelo que exige a 
justiça que, ponha em destaque o muito que fez para o exito obtido 
pela commissão. 

A população unanime desta cidade, a imprensa de todos os matizes 
c as corporações scientificas do paiz, são os testemunhos destes esfor- 
cos, que seriam infructiferos se não encontrassem da parte do Sr. Dr.l 
Prefeito e de seu digno auxiliar o Sr. Dr. Borman Borges) Direciok 
de Hygiene, todo o auxilio e empenho em dotar a cidade do appare- 
lhamento mais moderno e scientifico da hygiene publica. 

Neste particular, não me é licito proseguir sem transcrever as 
uintes palavras pronunciadas pelo eminente hygienista, o Sr. Dr. 


seg 
Carlos Seidl, em memoravel sessão da Academia Nacional de Medicina: 

“Conclusões eguaes foram as adoptadas no Officio Internacional 
de Hygiene Publica, que funcciona em Paris, e do qual faz parte O 
nosso paiz. Deve ser profundamente lisongeiro ao nosso nascente amor 
proprio nacional, em questões sanitarias, quanto garantidor de nosso 
futuro social, podermos afirmar que a 2º conclusão, votada unanime- 
mente pela recente Conferencia Internacional da Tuberculose, acaba 
de ser tomada na devida consideração pela Municipalidade da Capital 


PA 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECENIA 199 


da Republica, reorganizando sob novos moldes o seu serviço de fisca- 
lização do leite; cabendo ao governo do Estado do Rio, a tal respeito, 
o merito da iniciativa de um trabalho util e vantajoso e bem orientado 
pelo Ministerio da Agricultura, commettendo à sta Secção de Medicina 
Meterimania, tareta, correlacta:”* 
Depois de uma inspecção geral das con- 
A organisação geral | dições do commercio de lacticinios e atten- 
do serviço dendo ao estado actual dos estudos bacterio- 
logicos relativos ao leite, procurei estabelecer a 
organização do serviço, realizando : 
ea policia veterinaria e a inspecção do leite: infectuoso ou 
fraudado ; 


2º, a inspecção medica do pessoal entregue a exploração deste 


, 
commercio ; 
3º, a verificação das condições de hygiene c do ambiente dos 


estabulos ; | 
4º, as condições de asseio na ordenha e nas diversas manipulações 


do leite; GA 
=º verificação das condições do vasilhame de entrega e deposito 
e da temperatura de conservação do leite; 
6º, verificação da natureza da agua destinada a ser consumida 
pelo gado e limpeza do vasilhame ; 
7º, inspecção das forragens e condições de transportes, eliminando 
os improprios ou defeituosos e, finalmente, os detalhes assignalados 
nos quadros da organização do serviço, annexos sob os ns. I € 2. 
Cumpre considerar que era muito deficiente a lei municipal desta 
cidade para se poder estabelecer, taxativamente, todas as exigencias 
que a provisão de leite innocuo exige; todavia, o serviço foi organizado 
sem temer os congeneres das mais adiantadas capitaes do mundo. 
Oxalà continue a ser executado com a orientação que lhe foi impressa 
pela commissão.. 
Cotejar o desenvolvimento da nossa 
A industria de lacticinio industria de lacticinios, com o que se 
tem feito de ha vinte annos para cá, 
nos paizes productores da Europa e da America, é totalmente impos- 
sivel, tal o estado em que se encontra ainda, entre nós, esta fonte 
inexgotavel do bem estar das classes ruraes e da riqueza publica de 
todos os paizes productores e civilisados, que se estendem pela redon- 
deza do globo. 
De com effeito, a nossa producção tem augmentado lentamente, 
durante quasi meio seculo de exploração industrial, a technica se tem 
mantido em estado rudimentar, apesar de enriquecida pelo contingente 


200 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO À 
SL LN NNE LR NEL OL LRN S IAS AI LESILLOIL OL I 
scientifico que lhe trouxeram os notaveis trabalhos de Pasteur e de | 
seu mais dilecto discipulo o professor Duclaux. “E 

Imperam ainda com pujança, no exercicio da profissão, suppostos 
industriaes, que desconhecem as regras de technica e todos os prin- + 
cipios de ordem scientifica, applicados ao desenvolvimento desta 
industria, e, por isso, nem se quer transpomos ainda o nosso proprio. 
oceano, em busca de novos mercados, para collocarmos os excessos de | 
nossa producção durante a safra e vivemos limitados aos mercados | 
do Rio e S. Paulo, porque o pouco que exportamos, não é mais, com k 
raras excepções, do que o fructo da fraude e da especulação, que som 
tem servido para o descredito da industria e triumpho do producto | 
estrangeiro. | u 

Ha vinte annos que a industria honesta contempla este obstaculo, | 
em que se detém o seu desenvolvimento, representado pela fraude e) 
pela desorganização dos methodos uniformes de technica, que tanto : 
prejudicam os esforços impulsionadores do trabalho de brasileiros É 
encanecidos na profissão e na tentativa de aproveitar as vastas exten-R 
sões territoriaes de nosso paiz, com as suas diversas modalidades de ] 
climas e de aguas e suas ricas pastagens onde medram expontanea- | 
mente as mais admiraveis qualidades de forragens. É 

Vejamos a Austria, com a sua pequena industria do leite o que E 
conseguiu fazer em 14 annos, apenas, de trabalho, e possuindol 
2.119 cabeças de gado bovino por 100 kilometros quadrados, isto é, | 
muito menos do que a Allemanha, Hollanda, Dinamarca, Suissa, ete., | 
libertando-se do espirito rotineiro de technica, seleccionando o seu | 
gado de origem indigena pela de raça manteigueira, regulamentando Ê 
e fornecendo noções economicas e, finalmente, apparecendo hoje com | 
as suas 700 cooperativas de leiteria e tudo isto em um paiz onde um | 
litro de leite custa, em nossa moedá, apenas 75 réis. 


Os seus esforços não ficaram ahi, o governo austriaco foi secun-| 
dado logo pelo Parlamento que consagrou no orçamento do Ministerio | 
da Agricultura dois milhões de corôas, destinados simplesmente a 
manutenção exclusiva desta imdustria, o que é feito por emprestimo, | 
ora com os juros de 5º/º ora sem onus de especie alguma, todos, | 
porém, amortizaveis em tempo previamente ajustado. 


A Suissa, que contemplamos com o duplo amor de profissional , 
e de brazileiro, conseguiu lançar, não só as bases da sua riqueza) 
publica como tambem o seu nome, em todo o orbe, com os seus. 
admiraveis productos derivados do leite. | ' 

E” pois, chegado o momento de se abordar e resolver este pro- | 
blema entre nós, porque esta industria não é uma creação forçada | 
nem artificial; a sua base é o leite, producto natural, que bem con- | 


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REVISTA DE VEYBRINARIA E ZOOTECHNIA 201 


aà AAA aà a A AO 


duzido dará ao nosso paiz, o logar que ha muito devia occupar entre 


“outros, cujas condições não são superiores às nossas. 


As nossas antigas fazendas estão sendo invadidas pela industria 


“pastoril, crente na orientação promettida pelo governo, e não € preciso 


buscar principios philosophicos para demonstrar a necessidade de não 
se desanimar, cumprindo cada um o seu dever. 

Agora, só os esforços dos industriaes de lacticinios, calcados 
sobre as bases de uma regulamentação official de ordem technica e de 
associação, poderão offerecer as vantagens do ideal visado. 

Nem foi por ordem de consideração diversa que a Dinamarca, 


França e Austria triumpharam. 


A unidade de vistas e de esforços deverão ser a nossa divisa, 
com auxílio, apenas, do Ministerio da Agricultura, creando uma 
inspectoria geral de leiteria, com um bem organizado regulamento 
que salvaguarde os creditos da industria honesta, mantendo a unifor- 
midade de technica nos ensinos, fiscalisando os productos, instruindo 
os productores, melhorando os meios de transportes e a sua hygiene, 
embalagem, cotações, estatisticas, etc. 

O que se vae ler justifica a urgencia desta medida, que todos os 
paizes possuem no interesse economico não só do desenvolvimento 
desta industria, como tambem da sua legislação, etc. 

De todos os ramos do commercio é o leite e seus derivados o mais 
importante, quer considerado do ponto de vista economico, quer do 
da hygiene publica, por servir à alimentação da infancia, ao regimen 
dietetico dos enfermos e dos hospitaes e constituir parte notavel da 
alimentação do homem são. 

Esse ramo de commercio e industria não deve funccionar livre- 
mente, sem uma regulamentação que lhe trace normas garantidoras 
da salubridade publica e da riqueza da patria. 

E a meu ver, é criminoso o governo que mantém esta industria 
ao abandono de todos estes requisitos. 


O contrôle do leite, no ponto de vista 
Contrôle do leite hygienico, offerece bastantes dificuldades e exige 
grande pratica e conhecimento de varios estra- 
tagemas para se evitar a sua acção funesta, porque a fraude do leite 
dispõe de recursos ao alcance das intelligencias mais mediocres, para 
iludir o perito encarregado de pesquizal-a, e é assim que, em toda 
parte, onde se exerce uma fiscalização severa e real, o pessoal é 
primeiramente adestrado, antes de entrar em funcção, nos conheci- 
mentos que a natureza deste serviço comporta. 
Baseado neste criterio, é que elles estabelecem a orientação 
imprescindível aos interesses da industria e dos consumidores, porque, 


BN. 20 


202 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LNLS LOSS LS RSS SAS A a a Sa a a 


se a ninguem é dado prejudicar os interesses da salubridade publica, 
tambem não é licito às autoridades, por deficiencia de conhecimentos, 
affectarem os creditos e a Ma dos productores. 

O contrôle do leite deve, pois, ser executado sem vexame, e de 
fórma a conciliar os interesses economicos da industria com os dos 
consumidores 

Eº por esta intuição muito simples, que em toda a parte este 
serviço constitue uma garantia de interesses reciprocos, chegando as 
autoridades em muitos paizes a trabalharem de accórdo com as socie- 
dades de contrôle, em busca do mesmo ideal de só permittirem a venda 
de leite puro e saudavel. 


Os inimigos que de ordinario apparecem são os intermediarios, 
que procuram atravessar os negocios com o fim manifesto de frau-: 
darem, mas, com estes, é que as autoridades devem estar de sobreaviso 
e serem energicas quando apanhal-os em fraude. 

O contrôle do leite torna-se dificil pela actual deficiencia de 
meios de verificação, porque se a fraude for executada por um falsi- 
ficador inteligente não é o serviço de contrôle que possuimos, que 
ira reveler o estratagema empregado, porque elles possuem meios 
de equilibrar o peso especifico do producto e o seu grão de acidez, etc. 

E” neste particular, justamente, onde se póde avaliar a perícia 
do perito encarregado do serviço de inspecção que, possuindo pratica 
do commercio deste producto e da technica da industria, saberá aban- 
donar muitas vezes o caminho theorico da pesquiza, para surprehender 
nos seus planos os fraudadores do leite. 


Eis aqui um exemplo bem frisante do que se fez em Luxemburgo, 
quando se organizou naquella capital o serviço de contrôle do leite: 

“Le réglement sur la vente du lait au Luxemburg a été pubhé 
à la plus grande satisfaction de tous les milieux intéressés le 31 
Decembre 1901. 

Les préparatifs nécessaires à son execution et Péducation du 
personnel pour le maniement des appareils ont été entrepris sans 
tarder,, et des 1903 le contrôle s'est trouvé suffisamment organisé pour 
pouvoir entrer en vigueur définitivement. 

Pourtant pendant les prender temps, les agents, qui en avaient 
reçu Pordre de ne proceder qu'avec toute la prudence et les menage- 
ments que commandaient les circonstances. 

Ces premiérs temps ne devaient d'ailleurs etre que des temps 
d'essais, d'apprentissage et de tatonnement, et on comprend aisément 
que la moindre faute commise au commencement aurait pu devenir 
néfaste pour le succés de cette entreprise, dont elle aurait à coup sur 
fini par compromettre ['avenir d'une maniére absolument irremediable.” 


REVISTA DE VETERINÁRIA É ZOOTECHNIA 2013 


ça ça aà a a 


| dd dd dd dd di 


Este modo de agir vem demonstrar o criterio que se deve ter na 
execução e organização de um serviço desta natureza, e provar ainda 
que o contrôle do leite não se aprende atravez dos livros, mas sómente 
mo systema de commercio de cada paiz e nos pontos vulneraveis de 
cada typo de leite, de accórdo com as regiões de onde procedem, etc. 

E se o leite é sujeito a estas fraudes, mais facil estarão ainda os 
seus derivados, os queijos, por exemplo, que permittem, com muita 
facilidade, o emprego de agentes conservadores e de antisepticos, que 
zombam dos recursos da chimica, se ella não fôr manejada por mãos 
habeis de especialistas. 


Nós temos o nosso serviço calcado no ponto de vista da fraude, 
tão somente, pois, os seus effeitos tornam-se illusorios, attendendo 
ao estado actual do estudo bacteriologico do leite. Parece-me, pois, 
que, um leite pathologico, é muito mais grave do que aquelles que 
sao fraudados pela agua ou enfraquecidos pela desnatação, mas em 
geral estes factos são entre nós de somenos importancia, existindo, 
infelizmente, centenas de animaes em plena lactação, ardendo syste- 
maticamente em febre por todos estes estabulos e fornecendo tran- 
quillamente leite ao regimen infantil e dietetico dos enfermos e dos 
hospitaes. 

Naturalmente, no ponto de vista bromatologico, nada teremos a 
dizer, mas infelizmente o mesmo não succede no ponto de vista da 
prophylaxia veterinaria, porque o movimento commercial da pecuaria 
annulla por completo as medidas prophylacticas desta repartição, 
tornando-as illusorias. 


Encarado sob este aspecto, o nosso serviço de inspecção de leite 
esta muito atrazado na defesa das molestias contagiosas de origem 
bovina, ou de outras de que o leite é vehiculo. Infelizmente, esta 
verdade é ainda secundada pelas epizootias de raiva, que reinaram 
em dois Estados productores de leite, sem que houvesse medidas 
prophylacticas por parte das autoridades que garantissem os inte- 
resses da salubridade publica, contra a sua invasão e damnos. 

A pratica vem demonstrando, diariamente, varios artificios que 
constituem outras tantas provas da necessidade systematica da policia 
veterinaria do gado estabulado, destinado, ao provimento de leite ao 
consumo publico; os processos da mistura dos leites do interior, com 
os das vaccas estabuladas, mantidos pelo preconceito do consumidor, 
são a prova mais evidente dos cuidados que devem ter todos aquelles 
a quem a lei incumbe a defesa dos interesses da salubridade publica 
de uma cidade. 

Não é naturalmente na inspecção de contrôle, que se irá descobrir 
este artificio, porque os leites misturados estabelecem quasi sempre 


204 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


uma uniformidade de composição e de caracteres normaes, que não 
deixa perceber as misturas nem reconhecer de prompto, as afiecções, 
em começo. 4 

E não se diga que se póde evitar estes processos, porque são 
elles admittidos em toda a parte e, entre nós, são mantidos pelo 
preconceito do consumidor, que paga preços muito mais elevados 
pelo leite dos estabulos, do que pelos outros que procedem do interior, 
apesar de nunca se terem lembrado de bater ás portas de uma peniten- 
ciaria, em busca de uma mulher para alimentar seus filhos, mas 
que entendem dar preferencia ao leite de vaccas sujeitas a uma 
prisão eterna e deslocadas de seu meio natural de vida e de alis 
mentação. y 


| O lucro deste artifício é compensador e o preconceito se torna 
dificil de ser annullado pela desidia no modo hygienico de nossos 
transportes e nos cuidados de pureza que não são observados pelos, 
nossos productores, e finalmente pela especie do vasilhame em que 
são conduzidos os leites do interior. | 


O quadro annexo, do serviço executado em oito mezes, apenas: 
mostra a vigilancia exercida sobre o gado productor, as fraudes do 
leite e os elementos pathologicos e anormaes daquelles que eram 
expostos à venda, etc. “ 


Convém ponderar que a deficiencia do laboratorio montado nesta 
cidade por esta Directoria não comportava as pesquizas multiplas que 
a natureza deste producto comporta, além de que, só dispunha de um 
unico profissional technico para satisfazer a todas as exigencias da 
organização geral do serviço. Ainda assim, foram contrôlados 476 
amostras de leite, das quaes 431 foram reputadas boas, 35 falsificadas, 
cinco pathologicas, e condemnadas 45. Na Inspecção veterinaria, 
foram até a organização deste quadro, tuberculinizadas sete vaccas, 
interdictas 19 em 1.040 visitas feitas. 

Na inspecção medica foram isoladas quatro pessoas e interdictas 
duas, affectadas de molestias transmissíveis e incuraveis. | 

'O serviço de contrôle era feito em diversas horas do dia, desdal 
os pontos de producção até às grandes leiterias da cidade. 

O contrôle do leite é feito em todos os paizes desde as fontes 
productoras até os centros de consumo. j 

A photographia junta, demonstra a precisão deste serviço e O 
modo de sua execução na Allemanha. | 

Vê-se o perito junto das vaccas productoras pesando o leite pelo 
processo ponderal e mais adiante, o chimico, dosando a sua riqueza 
fundamental. 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 205 
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Esta cidade consome, diariamente, 32.687 
A producção, raça e a litros de leite, dos quaes mais de metade, 
estatistica do leite | são procedentes do interior do Estado e 
oriundos de vaccas sujeitas ao regimen de 
campo, situados estes nas zonas de Cantagallo e do ramal de Campos, 
de onde procede tambem não pequena quantidade de leite que é 
destinado ao consumo do Districto Federal e que aqui passa apenas 
em transito, e o restante de vaccas estabuladas, nas zonas urbanas e 
suburbanas da cidade, que se divide em seis districtos, attingindo ao 
total de 587 cabeças de gado bovino, assim destribuido: vaccas em 
“gestação e em lactação, 370; touros, 31; novilhas e vitellas, 186. 

Durante estes oito mezes em que executavamos o serviço, não 
existia epizootias de especie alguma. 

A raça deste gado é a hollandeza mixta, cruzada nesta cidade; 
alguns animaes procedem do interior do Estado e do Districto Federal, 
existindo muitos que constituem bellos especimens, verdadeiras vaccas 
leiteiras de magnifico porte e com o característico de sua raça. 

Na sua totalidade, estes animaes estão bem installados e são suffi- 
cientemente alimentados, sendo ordenhados duas vezes por dia: uma 
uma pela manhã, ao alvorecer e outra à tarde, entre 2 e 3 horas. 

Fóra destes prazos, os animaes não são mungidos. 

O leite é colhido em latas de folha de zinco estanhado e depois 
“acondicionado em garrafas brancas de fundo chato, arrolhadas com 
cortiça ainda não usada. 

Não se admitte lacre nas garrafas, não só para evitar os fra- 
gmentos, como tambem porque em geral esta substancia é colorida 
com materia toxica, verde-paris, etc. 

O lacre posto sobre as rolhas para evitar a fraude do leite, como 
se usa no Districto Federal, durante o trajecto do estabulo para a 
moradia do consumidor, é medida contraproducente e perigosa: con- 
traproducente, porque não evita de modo algum a fraude que póde 
ser praticada em plena rua e novamente lacrada a rolha, pois com 
um pedaço de lacre e um phosphoro essa operação se executará facil- 
mente em qualquer logar; perigosa, porque sendo o lacre muitas vezes 
corado com substancias toxicas, verde-paris e outras, póde haver con- 
taminação do leite, no acto de serem abertas as garrafas, dado o 
pouco escrupulo dos serviçaes e deste modo o leite levado a ser ingesto, 
tendo em dissolução particulas toxicas. 

Não é preciso salientar a importancia 
A hygiene dos estabulos consideravel que exercem os estabulos 
mal mantidos, sobre as condições do leite. 


206 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
PRESO UE a TU RA Am 

Não só a alimentação concorre para influir na boa qualidade, 
a hygiene tem tambem uma grande e importante parte sobre a sua 
fineza, sabor, odor e coloração, etc. | 

São os cuidados hygienicos, que pôem o leite ao abrigo das con- 
taminações, susceptiveis de provocar todas as suas alterações e de 
inquinal-o de uma série consideravel de germens que habitam os 
estabulos que se resentem destes immediatos cuidados. 

E” para este fim que devemos observar não só as suas condições 
topographicas e installações, como tambem as relativas à temperatura, 
alle izi 

O asseio corporal dos animaes e do pessoal encarregado do trato, 
ordenha, é medida indispensavel, bem como a collocação da estrumeira, 
combinada de precauções sobre o ponto de vista pratico de sua utilidade 
cida protecção quicidey em merecenos estabulos contra as suas emana- 
cões e contaminação dos insectos vectores de molestias, como as 
moscas. 

As manjedouras são outra causa que tem passado despercebida 
entre nós, e que requerem, todavia, cuidados hygienicos especiaes, 
porque nellas residem grande numero de germens que os residuos 
das rações accumulam em plena fermentação e que actuam não só 
sobre o ambiente dos estabulos e do leite, como tambem sobre os 
novos alimentos, que são deste modo contaminados e que alteram o 
seu sabor, pelo que os animaes os repugnam e regeitam, enfraque- 
cendo-se pela deficiencia que estes inconvenientes acarretam à sua 
alimentação. 

Seria, pois, prudente, que ellas fossem construidas de ferro 
esmaltado ou de outro qualquer material, que facilitasse as grandes 
lavagens, o que não succede com as de madeira, e que fossem syste- 
maticamente lavadas com uma solução de agua de cal que nenhum 
inconveniente offerece ao leite e às rações dos animaes, e que teria 
ainda a vantagem de dificultar as fermentações. 


Os limites minimos de espaço para as estrumeiras, deviam ser 
tambem previstos, não sendo permittido a sua construcção, se não 
atfastadas pelo menos 10 metros, dos animaes em lactação. 


Neste particular, eram de um descuido entristecedor as condições 
de muitos dos estabulos situados nesta cidade, alguns dos quaes, no 
centro de povoação densa, constituindo verdadeiro perigo para a salu- 
bridade publica, porque o leite produzido em um estabelecimento 
nestas condições, longe de constituir um elemento de vida, é um 
factor de lethalidade que nenhum paiz civilisado admitte, mórmente 


com o testemunho da clinica medica, como infelizmente succede 
entre nós. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 207 


Da ii SO ci 


- 


Não hesito mesmo em alongar-me neste capitulo. As considerações 
que venho fazendo são suggeridas pela minha longa pratica de pro- 
fissional que conhece bem os perigos que póde offerecer o leite, quando 
oriundo de um meio desta natureza. 

Ainda ha pouco mereci, embora capciosamente, a censura de um 
profissional estrangeiro ao serviço do meu paiz, por haver assim, em 
um trabalho technico, me manifestado, tanto quanto possivel, em favor 
do leite esterilisado, porque conhecia os beneficios que estes conselhos 
trariam as gerações futuras e os interesses economicos desta industria, 
mas nem de longe procurei defender-me destas censuras e se ainda 
agora consigno nestas linhas o meu modo de vêr, é tão sómente 
para que a par do que elle escreveu fique tambem consignado aquillo 
que um homem educado no exercicio da profissão e em cujo meio 
sempre viveu pôde apprehender sobre os effeitos que um leite pro- 
duzido nestas condições, póde acarretar ao nosso organismo sem 
modificar o seu aspecto normal, parecendo, entretanto, um alimento 
Inocuo, generoso e rico. 

Se assim penso, é porque conheço perfeitamente os nossos usos 
de commercio, transportes, acondicionamento e contrôle do leite em 
nosso paiz para contestar este direito que todos julgam possuir, de 
sacrificar o proximo em seu proveito pessoal, e deste modo não posso 
acceitar as doutrinas do professor que me honrou com a sua censura. 

Agora deixo áquelles que com effeito entendem de leite, o julga- 
mento de minhas opiniões profissionaes, de accôrdo com o meio onde 
opero. 

Não é, certamente, só o aspecto deste estabulo, situado no centro 
da cidade, que deixa no animo do espectador a mais triste impressão, 
mas tambem o abuso resultante da promiscuidade de vida entre os 
animaes e os membros da familia de seus proprietarios com todos os 
seus objectos de uso domestico, congregando deste modo, todos estes 
elementos de contagio, em torno do leite, que pela sua composição 
especial em materias albuminoides e phosphatadas'o faz tornar um 
meio propício ao seu desenvolvimento. 

Assim, por esta fórma simples, não ha leite que não prejudique 
os nossos organismos, usado em estado natural, não incluindo ainda 
os germens que são muitas vezes adquiridos no seio do proprio animal 
productor. 

Impunha-se pois, da parte das autoridades sanitarias desta cidade 
a mais severa vigilancia contra este estado de cousas e foi natural- 
mente o que impressionou o espirito illustrado do Sr. Dr. Prefeito, 
para solicitar do Sr. Ministro o pessoal de que carecia para organizar 
nesta capital tão importante serviço de hygiene social. 


20S MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
NNE NA NS NA NAS ALTA NS A ALT RS NS SS SSL NS SS SS AS LS NS SNS SSIS SENTES 


O seu modo de vêr foi com maior razão comprehendido pelo 
ilustrado medico, o Sr. Dr. Bormamm Borges, Director de Hygiene 
desta capital. 

Modificações radicaes foram realizadas de prompto, e hoje Nicthe- 
roy possue estabulos que, se não são a ultima palavra em materia de 
hygiene, preenchem, todavia, seus principaes fins. 

Era muito rudimentar e incompa- 
A venda avulsa do leite e tivel com os interesses da salúbridade 
a entrega a domicilio publica e da civilização da cidade, o 
systema adoptado na entrega do leite 

a domicilio e na venda avulsa. 

O leite era conduzido em cangalha de muares, que traziam os 
cavalleiros mercadores de pés descaiços, em mangas de camisa, desa- 
ceiados e maltrapilhos. 

Estes residiam no centro da cidade e nas horas mais movimen- 
tadas entregavam e offereciam a sua mercadoria, nas tristes condições 
descriptas e na supposição de que praticavam uma obra meritoria e de 
que exerciam um commercio innocuo. 

As garrafas em que conduziam este leite eram de formato e de 
córes diversas e vinham na sua totalidade vedadas com folhas de 
vegetaes diversos, arrancadas dos arbustos existentes nas portas dos 
estabulos e onde se encontravam, adherentes, insectos mortos e excre- 
mentos que por esta fórma inquinavam o leite dos mais perigosos 
organismos, accrescendo os que elle mesmo já traz muitas vezes do 
seio do animal productor. 

Os muares, alguns bastante velhos e sem o asseio necessario, 
traziam estas garrafas em caixas immundas e quasi que em contacto 
com o pello mostrando assim por esta intuição muito simples, como 
o leite podia diariamente trazer ao organismo humano os elementos 
geradores das mais graves enfermidades. 

Em consequencia deste estado de cousas, esta commissão pediu 
logo de prompto medidas energicas que modificassem este estado pri- 
mitivo que ainda existia em pratica nesta cidade, ligado aos usos 
primitivos dos tempos coloniaes. 

Uma circular da Directoria de Hygiene foi enviada a todos os 
mercadores, intimando-os a modificar o systema em uso pelos que 
continham a circular; foram, porém, infructiferos todos estes esforços, 
porquanto as novas exigencias não lograram ser attendidas ; exgotados 
todos os meios suasorios, foram então intimados os negociantes nos 
termos do edital abaixo, durante oito dias publicado e que logrou 
efteito pelas disposições em que se achavam as autoridades de agir 
energicamente, caso não fossem obedecidas. 


Tr 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 209 


De ordem do Sr. Dr. Director de Hygiene, 

Edital com faço sciente aos commerciantes de leite, que, 
o prazo de oito dias tendo terminado o prazo concedido pela 

circular de 14 de Março findo, para a substi- 
tuição dos muares, na entrega do leite a domicilio ou na venda avulsa, 
pelas bolsas ou carrocinhas, e das substituições das rolhas de folhas 
de vegetaes, pelas de cortiça, que ainda não tenham sido usadas, bem 
como, das garrafas de córes diversas, pelas de côr branca de fundo 
chato, devidamente authenticadas, com a designação do nome do ven- 
dedor e da procedencia do producto, etc. 

Esta Directoria faz sciente, que a contar desta data e no prazo 
de oito dias, serão aprehendidos e inutilisados todos os productos que 
nestas condições forem ainda encontrados e autoados os infractores 
nos termos da lei. | 

Nictheroy, 2 de Setembro de 1913.— O Inspector Sanitario, 
Dr. Baptista Pereira. 

Só assim cessou o estado deploravel em que era conduzido e 
vendido o leite para dar logar ao uso das garrafas de córes claras ou 
brancas, arrolhadas com cortiça ou porcellana e entregues em bolsas 
ou carrocinhas apropriadas a estes misteres. 

O leite, pelo papel importante que representa como transmissor 
de molestias contagiosas, não podia ser conduzido nas condições em 
que o era, porque ninguem hoje desconhece os cuidados que elle 
requer em todas as administrações publicas dos paizes civilizados, 
para evitar que um alimento salutar e innocuo se torne prejudicial 
ao nosso organismo, como ponderou o Dr. Enock, notavel medico 
hygienista, aconselhando todo o cuidado e lembrando que esse liquido 
é muitas vezes, o unico alimento infantil. 

As autoridades de Nictheroy comprehenderam bem as necessi- 
dade imprescindíveis deste serviço e procuraram traduzil-as em actos 
de poder publico no firme proposito de evitar o prejuizo resultante 
da grande lethalidade da infancia na capital do Estado do Rio, tendo 
por causa as alterações do leite. 

O regimen alimentar das vaccas estabula- 

Regimen alimentar das nesta cidade é o mixto, leguminoso, 

(vaccas estabuladas) gramínio feculento: favas, feijões, farello, 
fubá e finalmente capim d'Angola. 

As qualidades destas forragens eram systematicamente examina- 
das e justo se torna salientar que as suas condições satisfaziam 
perfeitamente aos fins a que eram destinadas, se alguns processos de 
manipulação não se tornassem inconvenientes e prejudiciaes aos 
interesses da saude publica. 


Re. Ve. 27 


210 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
EO DS aa SU 

Quando, linhas atraz, lembrei a importancia capital que incon- 
testavelmente exerce no ponto de vista da hygiene social, o contrôle 
de leite, o fiz, não só levado pelos meus conhecimentos profissionaes 
de mais de duas decadas de annos, como tambem pela impressão 
nitida de processos graves que as investigações e os estudos desta 
commissão vieram revelar. 

Jão é sómente a fraude, como vulgarmente se julga, as causas 
determinantes da grande mortandade infantil, antes pelo contrario, 
estas ficam muitas vezes aquem, dos grandes inconvenientes que a 
desidia de um serviço de veterinaria póde acarretar à salubridade 
de uma cidade. | 

A presença da ammonia no leite é sempre um indício de caracter 
grave, mormente quando o leite é destinado à alimentação infantil, 
mas como em geral a sua existencia tem origem na fraude pela 
aguagem artificial do leite e falta de arejamento do estabulo e pela 
transpiração das mãos dos vaqueiros no acto da ordenha, estas causas, 
abstrahindo as patologicas, se manifestam sempre 10 a 12 horas depois 
da ordenhação do leite, mas aqui, um facto anormal fazia coagular 
o leite ordenhado horas depois e acondicionado em garrafas perfeita- 
mente limpas, apresentando ainda todos os seus caracteres physicos 
perfeitos. 

Era uso no commercio de leite nesta cidade, o emprego de rolhas 
de goiabeiras em cuja composição rica em acido tannico acharia talvez 
explicação a coagulação rapida do leite pela acção daquelle acido 
sobre a caseina e proporcionando o seu desdobramento; as medidas, 
porém, adoptadas na substituição desse systema pelas rolhas de por- 
cellana, cortiça, borracha, etc., vieram demonstrar que outras eram 
as causas determinantes deste grave inconveniente. 

Com effeito, tratava-se de um producto que tinha a origem de sua 
fermentação anormal no proprio ubre da vacca, em virtude de se 
lhe haver ministrado forragens em plena fermentação putrida. 


Ainda ha ipouco o realce dos estabulos de Hamburgo e Berlim, 
ecoou no recinto da nossa Academia de Medicina, sem que todavia 
mnguem se lembrasse que alli, naquelles estabelecimentos, as vaccas 
estão sujeitas a um regimen severo de fiscalização official e de um 
tratamento todo especial, quando destinadas ao aleitamento infantil, 
chegando o escrupulo a ser negado a estes animaes as forragens 
verdes, quando habituadas as forragens seccas. 


Avesso a citações extranhas ao nosso meio, abri apenas este 
parenthesis no firme proposito de manifestar-me contra estas litte- 
raturas estranhas que só têm servido para atrophiar a nossa orien- 
tação e nosso progresso. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 21) 


al ça 


od 


A nós, que vivemos em outro meio diverso do europeu, é que 
compete estudar e estabelecer as regras e verificar a influencia que 
podem ter as nossas forragens sobre a producção do leite, quantitati- 
vamente e qualitativamente, assim como estabelecer quaes as influen- 
cias que podem produzir bacteriologicamente no leite e seus derivados, 
estas mesmas forragens. 

Este modo de ver é ainda corroborado por esta commissão que 
venho desempenhando em obediencia às instrucções que me foram 
ministradas por esta Directoria, de estudar tanto quanto possível, 
todas estas questões prezas naturalmente ao lado economico e social 
do paiz. 

O leite apresentava a existencia da amonia e coagulava rapida- 
mente porque era um producto fermentado antes de ser mungido, em 
virtude de ter sido administrado ás vaccas, favas e feijões em plena 
fermentação putrida, por ser systema dos vaqueiros cozinharem estas 
substancias apenas uma vez por semana e empregarem-nas até à phase 
putrefactoria completa. 

O processo empregado nas pesquizas desta substancia no leste, 
foi o de Nessler, porque infelizmente não pude empregar o de Trillat 
e Sauton, que é o mais adoptado nas pesquizas dos saes de ammonia 
no leite, porque não encontrei em parte alguma o reactivo adoptado 
por estes autores (Trichlorureto de Iodo). 


O fubá de milho empregado na alimentação das vaccas em excesso 
e no percurso da gestação adiantada é outro assumpto que merece ser 
divulgado pelo serviço de veterinaria. 


No processo physiologico da formação do leite, o ubre inflam- 
ma-se e o abuso desse alimento leva ao tubo digestivo não pequena 
quantidade de materias azotadas que, além de perturbar a digestão do 
animal, produzem residuos muito resequidos, que se tornam responsa- 
veis pela prisão de ventre e absorpção de toxinas ou de principios 
toxicos que determinam a formação de grandes abcessos, erysipelas 
e finalmente a morte por septicemia como succedeu nesta capital. 


Este alimento actúa para que o processo inflammatorio da forma- 
ção do leite attinja a proporções consideraveis, não permittindo nem 
Se quer que o animal se possa levantar para se alimentar ou nutrir 
a cria. 


A maior gravidade, porém, deste inconveniente está em serem 
tratados estes animaes enfermos pelos proprios individuos encarre- 
gados da ordenha dos animaes sadios existentes no mesmo estabulo 
e em plena lactação, porquanto sabido é que a estreptococeia é de 
facil contagio e prompta disseminação. 


212  MINISTARIO DA AGRICILIURA, INDLSTRIA E COMMERCIO 
dd dd dd dd a RD) 


LNLS rd PNL 


A proporção desta enfermidade, devido aos inconvenientes apon- 
tados, estaria tomando grande vulto se não fossem conhecidas as 
suas causas a tempo de serem orientados os proprietarios sobre os 
grandes inconvenientes que a sua ignorancia estava mantendo em 
deprimento de seus proprios interesses e dos da salubridade publica, 

Em vinte e cinco vaccas, recem-paridas, cinco foram attingidas 
pelo mal, sendo que uma succumbiu ao ser removida para o isolamento, 
estando presentemente dando os melhores resultados as instrucções 
ministradas a estes homens no sentido de não abusarem do fuba como 
alimento nas proximidades do parto. 

Nas vaccas estabuladas nas zonas suburbanas, o regimen é o de 
meia estabulação, isto é, o gado vem apenas para os estabulos ao 
cahir da tarde onde permanece até o dia seguinte às q horas da 
manhã, quando é de novo conduzido às pastagens. 

Nestes campos não foi encontrada nenhuma variedade de plantas 
nocivas, nem mesmo as denominadas herva de rato ou arrebenta 
cavallo foram alli notadas. 

A natureza da agua, dada como bebida ao gado estabulado,. foi 
tambem objecto de estudos desta commissão, em virtude de sua 
escassez, o que obrigava os proprietarios destes estabulos a retel-a 
durante muitos dias em tanques de cimento e em caixas de ferro, 
algumas das quaes construidas sem o necessario abrigo, pelo que 
se transformavam em deposito de materias organicas que, entrando 
em decomposição, affectavam as condições de pureza do líquido, preju- 
dicando o fim para que era destinado. | 

Nas mesmas condições se achavam as caixas de ferro que 
oxidavam facilmente, contaminando as aguas com saes deleterios e 
indirectamente o leite. 

Além destes inconvenientes eram construidas nas proximidades 
das estrumeiras dos estabulos, que levavam os seus vapores e emana- 
ções, ao contacto d'agua. 

Todos estes inconvenientes foram annotados por esta commissão 
e mereceram da Directoria de Ilygiene desta cidade as mais severas 
medidas de precauções sanitarias. 

Naturalmente, para que se possa pôr ao abrigo destas conta- 
minações, a vida de uma população é preciso que se traduza em factos, 
não só a fiscalização systematica das forragens, como tambem a inspe- 
cção dos animaes estabulados e do pessoal entregue a exploração deste 
importante ramo de industria, com uma organização legislativa capaz 
de produzir todos os beneficios que este assumpto complexo exige. 

O martyrio eterno da estabulação destes animaes, que vivem 
obrigados pela prisão a comerem forragens nocivas, já é por excel- 


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REVISTA DE VETERRINARIA E ZOOTECHNIA 213 


TARSO a La Da O Ci DOR od o do AD A DR ct lin 


lencia factor pernicioso à alimentação da infancia, como é a do 
regimen de uma penitenciaria, em cujas portas ninguem ainda se 
lembrou de bater em busca de uma mulher destinada a alimentar 
uma criança. 


A existencia da ammonia nas leguminosas fermentadas e o 
excesso do fubá de milho nos alimentos das vaccas em gestação 
adiantada, podem acarretar as mais graves enfermidades no organismo 
tenro e delicado da criança, quando imperar a desíidia em um serviço 
desta natureza. 


Do inquerito de todos estes factores, se chegou ao conhecimento 
“de que as “Favas de Belém” foram as causas determinantes da 
mortandade immediata de uma série de vaccas leiteiras nesta cidade, 
como foram tambem a tempos, no Districto Federal. 


Em officio n. 9, esta commissão detalhou minuciosamente esta 
cireumstancia e fez remetter a esta Directoria uma pequena quantidade 
desta leguminosa, que foi mais tarde enviada pela Directoria Geral 
de Agricultura ao Laboratorio de chimica Bromatologica do Posto 
Zootechnico, afim de ser verificada a existencia do acido cyanhydrico, 
tendo este Laboratorio procedido a dois ensaios negativos e semeado 


o restante para estudar o momento exacto em que as favas se podem 
tornar venenosas. 


De posse destes dados, esta commissão procurou orientar todos 
os proprietarios de estabulos sobre a conveniencia de não empregarem 
esta substancia como alimento das vaccas, bem como forneceu áquelles 
que ainda não a conheciam alguns exemplares das ditas favas, que 
são hoje tambem cultivadas no territorio deste Estado, mormente nas 
cidades de Valença e de Vassouras. 


Seria salutar que esta Directoria tornasse conhecidos todos estes 
inconvenientes colhidos com estes estudos, afim de evitar damnos 
que podem e devem ser evitados. 


Não será tarefa difíicil as municipalidades legislarem sobre este 
assumpto, posto que já se acha estudado e consignado em leis especiaes 
na Republica Argentina, Inglaterra, Uruguay, etc. 

O quadro graphico demonstra o serviço 
A tuberculinisação executado até 6 de Dezembro do corrente anno, 

das vaccas época em que o actual Ministro determinou a 

suspensão desta commissão. 


' Por este motivo, esta commissão não póde concluir os estudos 
que vinha encetando para conhecer methodicamente os indícios de 
analyses dos leites tuberculosos, todavia, ainda póde levantar os 
expressos no unico quadro que acompanha o historico deste capítulo. 


214 “MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


10 


Por estes dados se póde verificar que os indices de cinzas, acidez 
deixaram ver anormalidade do producto. 

Deixo de mencionar o numero de vaccas tuberculinizadas, porque 
naturalmente deve fazer parte do relatorio do Sr. Dr. Pietro Foschini, 
veterinario desta Directoria, encarregado desta parte da commissão, 

As forragens e os objectos de uso domestico, bem 
À construeção como os aposentos dos empregados e dos membros 
dos estabulos das familias de seus proprietarios, foram retirados 
do interior dos estabulos e observadas as condições 

de luz e arejamento destes estabelecimentos. 


Os estabulos que não obedeciam a estas condições foram intimados 
às modificações que satisfizessem a estes requisitos e ao conforto dos. 
animaes ; nestas condições muitos delles estão presentemente em obras 
em obediencia a estas exigencias da Directoria de Hygiene. 


A simples menção destas exigencias põe em relevo o modo pelo 
qual procurou esta commissão executar a organização geral deste 
serviço, inspirada nas condições especiaes das leis em vigor que não 
conviria, sem modificações profundas das tradicções de trabalho, ainda 
em uso nesta cidade, exigir mais do que se fez. 


Felizmente, nenhum insuccesso soffreu esta commissão, que 
procurou sempre a praticabilidade do serviço sem affectar o movimento 
industrial e economico da industria. 

A” iniciativa e à disciplina, aliadas ao saber 
O transporte do leite profissional, deve a industria de lacticinios 
| os progressos realizados ha 30 annos a esta 

parte em todos os paizes productores. 


Com effeito, todos nós comprehendemos que a industria de lacti- 
cinios não é uma criação forçada ou artificial que exija medidas 
excepcionaes para se expandir, mas ella requer dos poderes publicos 
os meios adequados de transportes para se poder manter e satisfazer 
as exigencias scientificas da salubridade publica. 


Neste particular estamos atrazadissimos, porque nenhuma das 
nossas estradas de ferro faculta o desenvolvimento desta industria, 
porque todas se resentem dos requisitos de hygiene de transportes 
que a natureza do leite e as suas condições organolepticas exigem no 
interesse economico da industria e da hygiene social. 


Tendo assistido logo no começo da organização deste serviço, a 
chegada do leite procedente dos ramaes de Campos e Cantagallo, na 
Estação de Leopoldina Railway, em Sant'Anna de Maruhy, notei 
o perigo que poderia causar à população desta cidade a norma do 
serviço all instituido. 


REVISTA DE VETRRINARIA I ZOOTECHNIA 215 


Do a dia di di do did dd dd LONA a A aà aà ÇÃO ÃO EO aa 


No meio de moveis e de roupas usadas, aves, fructas, peixe, 
etc., e em latas oxydadas, com tampa de metal, arrombadas e extra- 
vasando, chegava a esta cidade o leite que era destinado a alimentação 
da infancia, ao regimen dietetico dos enfermos e dos hospitaes e final- 
mente da parte notavel da alimentação do homem são. 

A simples intuição mandava interdictar alli mesmo, a venda de 
semelhante producto que, affectando os interesses da saude publica, 
eliminava por completo toda a parte economica da industria de lacti- 
cinios deste Estado. 

Considerando, pois, as condições de fixidez do leite e a sua 
riqueza em substancias albuminoides e phosphatadas que o torna um 
meio dos mais propícios ao desenvolvimento de toda a sorte de ger- 
mens que o cerca, esta commissão reclamou energicas providencias 
Contra este inqualificavel abuso, por todos os meios ao seu alcance, 
dando em resultado a intervenção das autoridades de hygiene desta 
eidade, que conseguiram melhorar consideravelmente os meios de 
transporte do leite. Hoje, o serviço é muito outro. 

Actualmente o leite é conduzido em um magnifico carro que só 
conduz este producto e a sua descarga é feita directamente para os 
caminhões, sem contacto com outras mercadorias incompatíveis com 
a sua natureza e existentes nos armazens para onde, antes, eram 
remettidas as latas que conduziam este producto. 

Eis, Sr. Director, espalhados por varios capitulos deste relatorio, 
os serviços executados na cidade de Nictheroy, à requisição de suas 
autoridades. 

É creio que cumpri eficientemente com o meu dever. 


Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 1913. 


Castro Brown. 


216  MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


| 


Quadro Synoptico da Fiscalisação Geral do Leite em Nictheroy 


SERVIÇO DE VETERINARIA (SECÇÃO TECHNICA) 


Estabulos — Bons n 


veces aa nn even bu anca nn ros ano vo nas non nto os uu nn nan on on uns a da un da 0 4 44 


Leitérias = Dificientes ns. sia fama opdrira ET fado lr bi E EN ga a o Tata aa AN SAVER no A RE 
Depositos — Ruins n 


Crer ns nao ds o ua noso asso sn sv vcs au cecusc nose eau oo nous on sn an sou vor ra gs na 


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INeentes chiimilcos PA EE RN PT : 
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Substancias extranlhasSP..... ais seo ada foto o o 
EXPOENTES NORMAES (PADRAO TYPO) MEDIAS DOS EXPOENTES ENCONTRADOS 
ID asia a se — 1028 A NOM oo sb op sgngs capoonds Densidadela BS CL o oia Ra poa OE o E 
Acidez de Isa 250 Dorino e cf lolo ro ee sofa ea talo NCIdez DONO soro to Re A ES 
Materia erascal minimo! die NO) ele pato a epopeia Matéria Graxa missa sao leinio ola A E 
Extracto secco minimo de 12 9%... casulo o e aisa a als DATA QTO SECCO 0 o qu asa mo qo a dos ya ss sanos vos. ; 
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Coeficiente relativo de riqueza normal . . ........ : 
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Coeficiente relativo de riqueza encontrada .. ..... E 
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O INSPECTOR DE SERVIÇO : ..s.corcnccacenensas ' 


REVISTA DE VYETERINARIA E ZOOTECHNIA 


a a 


217 


Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 
y N. 2 
SERVIÇO DE VETERINARIA (sroção meonNICA) 
Quadro do serviço semanal e mensal do exame e estatistica do leite e inspecção 
das vaccas leiteiras da Cidade de Nictheroy 
Exame do leite E cr Mb 
RE co ente resnosto À VENdA: sie esa piso sido da cjoço luna aja a 6/0 [alado 05 ala aca 60 6 O nte | ala 0 0 aja o 2 a é 
iss oleo E go Ea So ado o CR ARRAIS RUN PO CARR NR  R RR  A E PP Dao ago talo elo ao o 
Chess (ENO pianos (Cb ESQ A 0555 108 00 CompnAd dA Dio poa do po o! o4 do o boda De coa Dos ancorado» 
CS TIESTO Sn dy 00 do RA o A CER VA DAS RIR TE RR APRE RAR A RPA 
DM O IS ERR o are ineo ralo sato a caoio mio o O nnia ona [o catete a idacaiaegeê ata Da apela fo e a ó ae ata var ; 
CEE ASI Soda | 0 cb E Ra E EEE RI RS A UNA VOO CE MIRROR ADO | RD DOM DERA RR RR ER PA 
“Saias de AUS DOSES 0 do paa don de dou aaa on candido da eDo do on dapo co! bo od Quid a seca E Colavo pais dra feia 
“amo die densicladie AUG S e gerais qu ENE ENCERRA FERREIRA ENE ERA PE RE EE CTC 
“dino de matadia crasa Chco qu dade Era o Gio BE BSS EPE EO SPP E ERRA po OP NERD RR 
vio dE extração god Sds de papo oh DE Dar ara Alo Er RP E OD, CU | MG APERTE DO SA E EP 
“NUS O NENE. cod os bind Abin Co Ra POE OCR UR PRERESI 18 GERE DM NPR RE RR RU A RR RAR RR NOR E 
Gun ScÃip alias Fala 5 mn b o or aRdo DI Dede EEN O CR DEVE NE NE IRDO GR RR TR RIR oia su E EEN | ONO RR A ED À 
Inspecção das vaccas leiteiras e estabulos 
Numero dl= estilos Tisdcas(oqnaciosao 50500 0p0ono on opboconapoponoDoDo||DopoDoDaDnod od 900000000 0000D0 
Natureza da sua construcção.........cc. cole coscn srs Scr esse sanar me]| scr os nano cc a)os oco a secas sas 
Co CinhEs dE GSGETe co onp tomba adro ps as ai oa | POR TR RR re e RR 
Rc Acnemmeoneneções de fornecer leste. q. ns dereode ja o jo = opa e fado o eye) [5 61 e a oi ado foloto Lodo [la o) o alado Ja tebo toa eta ao 
“27s ea estado nalholcaico spa caco BA ac Dt ERR E EN RT | SR CRE e SN PR 
“Lc ido sreninSadES é c ess BB mA ao dO RREO PRO rANERA CRS ERE ERR O Ro RD [See CEI e) PCR E RN DTD a RR 
Meca reasínido positivamente 4 tuberenlina-.- ensaio ate a adoro o arara) || ota orata aja evo) Crerobaio sil a jatos aa ia oie bra e 
Re ras reagindo mesativamente á tubereulima... ca oe nro jesmmia to o!) | 6º o oftotajo afo é asa ja o) 0/0] eosa n/a E AT O 
“EE NNE 5 0 nb Boo Sao E Aaron E AS PEER APREENDER A NR PR OR 
CAT Tee hESor (ade E ERR RR RR ss us ce cc sd Aba] Homes ds vaoe 
“Ena CE alimentação 000000 0D GP DOve danado enADa spo dop as oo dp anoa||| a bolo voodoo dpioD| dedo do ds soda Das 
“nadie do caril done o EaD Rr RS ET CRS RE TE Dot Rc AE SR AS a 1 ea So É 
Estado de conservação e asseio do mesmo ............ pace de Do NE Da A lo anda Saaaca 
Inspecção do pessoal dos estabulos 
micro de individios adultos empregados nos estabulos... se... cel secos sen aaa o | ess r as veis aos aa 
CEO dE MEMES cd dn nb Abd d OIE É dia cia CRE DA UR SED ERP ASR SR RR 
“as condições die Games ves dc cap dama po o danpron de das sado So dor dep) do dn ro ERRO O 
RE Co Tisolidorem vituce de imolestias contagiosa. ml... adora aros oia te ie a edaia also fra leao Eb an E Sierala do a 
Pessoal interdicto a trabalhar nesse serviço. ...... CU bos nda pia es Sutra GOB o rs AS SM e EA ER RA 
CONCLUSÃO | CBSERVAÇÕES 
E a 1 SAE » Foram condemnados os leites expostos á 
RR A Pa 4 venda pelos seguintes senhores : 
E É Lui DES INS Pa SIM ie Eras, 
E NS Cr Foram reputados bons os expostos «4 venda 
RR NEN to pelos seguintes senhores; = gde 
Inspector Sanitario do Jeite. 5 ; ERR A ei ARE 
VISTO — Director de Hygiene. a A EETUEÃE TERRAS AD, ART fa 
RUA GUS SR A LA PR - a Ji 


o V, 28 


218 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


SERVIÇO DE VETERINARIA — (Secção technica) 


ANALYSES DE LEITE TUBERCULOSO (Forma pulmonar) 
RAÇA CRUZAMENTO HOLLANDEZ 


A B É 


Agua Lactose Cinzas Materia graxa  Caseina 
835,02 845) 12 25446 09 049 Dao 55,0 a 65 
pon, 


Reação (Expressa em acido Lactico). 1,40 a1,50 —%o 
Densidade a 85º a 1027 6a NB 
Extracto a dO nm 155,0 aus 


As amostras analysadas foram colhidas em Setembro em 
differentes ordenhas de vaccas estabuladas na cidade de Ni- 
ctheroy, em plena lactação, e com febre permanente de 408 
7 decimos 


Temperatura e diagnostico do Dr. Pietro Foschini, ana- 
lyses de Castro Brown. 


— OBSERVAÇÕES: 


Estes animaes foram marcados á fogo e reti- 
rados immediatamente para fóra da cidade pela 
Directoria de Hygiene. 


* REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTRCHNICA 219 


aà a, 


CIRURGIA VETBRINARIO-AVICOLA 


Em um estabelecimento avicola, por mais cuidado que se tenha, é 
muito commum darem-se certos accidentes, que requerem uma imme- 
diata intervenção cirúrgica. Por isso, todo avicultor deve conhecer 
os meios de operar as suas aves, em casos de accidentes. 

À operação mais vezes necessaria e, portanto, mais commum, é 
a sangria. Nos casos de congestão, cyanose da crista, tonturas, con- 
vulsões, etc., uma sangria muitas vezes salva a ave enferma. 

Nas gallinhas, a melhor fórma de sangrar é cortando uma das 
unhas do pé e immergindo este em agua morna, para provocar 
hemorragia. Caso esta não se dê abundante, sufficiente, deve-se cortar 
a crista do animal ou uma das barbellas. 

Aos patos, ou corta-se a unha ou fere-se a veia visivel sob a 
aza da ave. 

As fracturas dos membros são tambem muito communs. 


Se a ave não é de preço nem de estimação ou ainda é tão nova 
que não possa ser aproveitada, convém encannar o membro partido. 


Sendo a fractura no tarso ou em qualquer osso da aza, basta 
reunir a fractura com tiras estreitas de papelão fino e fazer uma 
ligadura que se embeberá com arnica. Nas fracturas da coxa, clavicula, 
etc., depois de applicado o apparelho, reforça-se com gesso, para sua 
permanencia perfeita. Para isso, dissolve-se o gesso em agua e appli- 
ca-se sobre o apparelho conservando-se a ave na posição devida até 
o enturecimento do gesso. 

Quando os casos de empapada não cedem à medicamentação 
apropriada, para salvar a ave só resta o recurso da esophagotomia, 
operação muito delicada, que consiste na abertura do papo. Para 1sso 
depenna-se um trecho do papo e faz-se uma incisão profunda, que 
perfure a pelle e a membrana daquelle orgão. Extrae-se então todo 
o alimento fermentado nelle existente, lava-se com agua morna e 
sotura-se, primeiro a membrana e depois a pelle do papo. 

Nos casos de esparavão, abcessos, tumores, etc., a intervenção 
impõe-se. Lanceta-se o abcesso, extrae-se todo o pús e cauterisa-se 


a ferida. 


220 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


As lancetas, bisturis e demais instrumentos empregados nas opera- 
ções, devem ser cuidadosamente desinfectados em agua fervente, 
durante alguns minutos. 

Em todo estabelecimento avicola, por melhor montado que seja 
e por mais cuidados que se tenha em sua direcção, é indispensavel 
uma enfermaria e um arsenal cirurgico, como já se encontram na 
“Ascurra Basse Cour”, em Aguas Ferreas, Rio de Janeiro, um dos 
mais vastos e melhor dirigido de nossos aviarios. 


Jd. Wilson da Costa. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA piel 


PELAS INSPECTOÓRIAS 


Ta La Lda La ET a a Ta OT] 


1º Districto ( Amazonas e Para”) 


A Inspectoria deste districto informa que no dia 30 de Março, 
'a Directoria do Serviço Sanitario Municipal de Belém, lhe communicou 
'o0 apparecimento de certa molestia infecciosa e transmissível, em avul- 
tado numero de cabeças de gado vaccum, desembarcado no curro 
| modelo do Maguary, no municipio de Belém, ficando atacados dessa 
'molestia cerca de dois terços de todo o gado. 

Algumas autopsias praticadas revelaram a existencia de graves 
| lesões nas visceras. 


2º Districto ( Maranhão e Piauhy ) 


Pelo boletim sanitario do mez de Março, essa Inspectoria informa 
que seu pessoal vaccinou 43 bezerros, contra o carbunculo symptoma- 
tico; distribuiu, além disso, 200 dóses desta vaccina ao criador João 
Manoel Pereira da Silva, do municipio de Cajapió e mais 200 ao 
or. Anesio Carneiro de Araujo, criador no municipio de Cururupú, 
ambos no Estado do Maranhão. 

Nos dois Estados existe enzooticamente a tristeza — babesiose 
ou pyroplasmose bovina — e anaplasmose bovina. 

Durante o mez de Abril, esta Inspectoria vaccinou 75 bezerros, 
contra a peste da manqueira e effectuou activa propaganda contra a 
tuberculose bovina; foi observada a existencia da polyarthrite e, em 
ambos os Estados, a tristeza — piroplasmose e anaplasmose bovina. 


3º Districto ( Ceara” e Rio Grande do Norte ) 


Por telegramma de 13 de Maio, a Inspectoria deste Districto 
informa que o veterinario e um auxiliar, nessa data, seguiram para o 
norte do Estado do Ceará, afim de percorrer, em serviço da repartição, 
os municipios de Quixadá, Santa Quiteria, Entre Rios, Sobral, São 
Francisco, Pentecoste e Maranguape. 


4º Districto ( Pernambuco, Parahyba e Alagoas ) 


Durante o primeiro trimestre do anno corrente, esta Inspectoria 
produziu os serviços seguintes: forneceu 50 dóses de vaccina contra 
o carbunculo hematico ao Sr. Aristides Marques, proprietario da 


222 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMEKCIO 


fazenda Trapió, municipio de Patos, Estado da Parahyba; verificou 
tres fócos dessa molestia nos municipios de Victoria e Jaboatão, em 
Pernambuco, onde morreram 15 animaes, tendo sido vaccinadas contra 
a mesma molestia 465 cabeças. | 

Em Março verificou-se um fóco de carbunculo symptomatico 
na fazenda Agua Branca, do Sr. Egydio Camillo da Silva, em 
Pernambuco. 


Para combater este morbus foram distribuidas 6os dóses de 
vaccina aos criadores seguintes: Francisco Xavier de Andrade, de 
Pesqueira; Luiz do Rego C. de Albuquerque, de Barreiros; Dr. Joa- 
quim Corrêa X. de Andrade, do Recife; Henrique de Castro Guima- 
rães,. de, Rio. Formoso;  Exigenio Cesar | Santojent| de Jabozial 
Francisco Luiz de Mello, de Alagõa Grande, Parahyba; Milanio de 
Barros, de Pernambuco e Maximo de Souza Malheiros, de Pilar, 
Parahyba. 

O pessoal da Inspectoria vaccinou 92 bovinos contra a peste da 
manqueira. j 


5º Districto ( Bahia e Sergipe ) 


Esta Inspectoria informa que durante os tres mezes de Março, 
Abril e Maio, attendeu às solicitações de 31 criadores, distribuidos 
por I5 municipios. 

Não obstante a decisão do Sr. Ministro, recommendando que 
somente aos criadores registrados fosse distribuida vaccina, houve 
um augmento extraordinario de pedidos, bastando apenas dizer que 
em Março foram distribuidas 300 dóses de vaccina contra a manqueira, 
em Abril 700 e em Maio, 5.580. Os municipios que mais aproveitaram 
foram os de Feira de Sant'Anna, Conquista, Amazonas e Muni 
Novo. Além desta vaccina foram ainda distribuidas 2.000 dóses contra 
o carbunculo hematico, uma dóse de sôro anti-tetanico, tres de sóro 
anti-estreptococcico, tres plantas de banheiros de gado e attendidas 
53 consultas. 


7º Districto ( Uberaba ) 


Esta Inspectoria informa, mediante o boletim sanitario mensal, 
que durante o mez de Abril continuou a grassar no Triangulo Mineiro 
o carbunculo symptomatico, em cujos fócos o numero de animaes 
mortos foi bastante elevado; o pessoal da Inspectoria vaccinou contra 
este mal em diversas fazendas, 684 animaes. As informações a respeito 
da febre aphtosa foram insufficientes, mas constatou-se o declínio 
della em Abril, o que parece prenunciar sua breve extincção. Sabe-se 
tambem da existencia da poly-arthrite e polmões; mas o assumpto 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 223 


Pd di 


que no districto exige actualmente trabalhos ou pesquizas especiaes 
é o curso preto. 


— O Inspector Veterinario desse districto, informa que em prin- 
E cipios de Abril realizou uma excursão à propriedade agricola do 
| Sr. Pedro Sabino de Freitas, situada a 35 kilometros de Uberaba e à 
| margem do Rio Grande, com 678 alqueires de superficie, entre campos 
naturaes e invernadas, cortada por tres ribeirões e contendo quatro 
lagõas que resistem às grandes seccas. 


A criação tem sido feita até o presente sem o menor cuidado 
zootechnico, encontrando-se de mistura bovinos de raças differentes, 
indigenas e exoticas, preponderando, porém, os mestiços de zebú com 
Eiraci, chima, bruxa, pedrez, curraleiro, etc. 


Todo o gado, 550 cabeças, está em optimas condições de saude 
e muito gordo. 


Criam-se equinos em pequena escala, sendo as eguas muito bem 
escolhidas; o reproductor empregado é mestiço de arabe. Os productos 
observados, em numero de onze, são todos muito bem conformados 
e excellentes marchadores; tambem se explora a criação de porcos 
em pequena escala. 


A peste da manqueira apparece periodicamente nos mezes de 
Maio, Junho e Julho; a febre aphtosa, com caracter benigno, atacou 
o gado da fazenda pela ultima vez em I9I2. 


Ensinou-se a castração pelo systema incruento, tendo para isso 
operado 7o novilhos; vaccinaram-se contra a peste da manqueira 
188 bezerros de cinco a sete mezes de idade. 


Em seguida, o mesmo Inspector visitou a fazenda do Sr. Ismael 
Machado, onde se criam 530 rezes zebú, de 3% a puro sangue. Este 
fazendeiro, contemporaneamente faz tambem a criação do gado caracú 
puro, possuindo para esse fim tres reproductores e umas 60 vaccas 
“da mesma raça, todos exemplares de rara perfeição. Além desse gado, 
foram notadas egualmente algumas novilhas caracú-durhan e caracú- 
limousino, bem como um reproductor limousino, muito bem acclimatado. 


Todo o gado está limpo, não havendo um só portador de berne. 
Lxiste amda, em pequena escala, uma criação de equinos, que é feita 
com todo o esmero. 


Pelo veterinario desta Inspectoria, segundo seu relatorio de 11 
de Maio, por solicitação do Sr. Director da Fazenda Modelo de 
Criação, de Uberaba, foi tratado um garanhão anglo-arabe, perten- 
cente à mesma fazenda e que se achava affectado de contusão no 
machinho da perna posterior direita, da qual resultaram complicações. 


224 MINISTERIO DA AGRICULTURA, ENDUSTRIA E COMMBRCUTO 


8. L NL NL LAN A A A A A A A RSS LA SS A RS SS SS SS AAA AS SSL SL LS 


O mesmo veterinario apresentou um relatorio sobre experiencias 
feitas para a descoberta de um tratamento efficaz contra as ulceras 
mycoticas, affecção frequente nos bovinos e equinos do municipio. 

Por ora nada se póde affirmar sobre o resultado de taes expe- 
riencias, visto acharem-se ainda no periodo inicial e não autorizarem 
conclusões importantes. | 

Aproveitando sua estadia na fazenda do “Aguirre”, no municipio 
de Conquista, onde o dono dessa fazenda, Coronel Tancredo França, 
é agente executivo, vaccinou o mesmo veterinario 53 bezerros, contra 
a peste da manqueira; attendeu a outro- jumento reproductor, de 
origem italiana, que se achava soffrendo em consequencia das mudas 
e apresentava travagem, febre, gengivas inflammadas, pouco appe- 
tite, etc. 

Os criadores desse municipio já vão adquirindo reproductores 
exoticos, de differentes raças e especies, destinados ao aperfeiçoamento 
da criação por meio da mestiçagem. 

Na referida fazenda do “Aguirre” observou, além de outros 
garanhões, um cavallo inglez e dois jumentos de origem italiana, 
adquiridos para chefiarem os rebanhos de equinos. 


8º Districto ( Santa Catharina ) 


Esta Inspectoria informa que durante o mez de Março forneceu 
200 dóses de vaccina contra a manqueira ao Sr. Henrique Fener- 
schuette, de Tubarão; verificou um caso de tuberculose bovina em 
Blumenau; em ambos estes municipios ainda grassa, embora benigna, 
a febre aphtosa, tendo-se dado novos casos della; como meio pro- 
phylactico tem sido aconselhado o isolamento. Em Blumenau, Brusque 
e Joinville reina a raiva, tendo sido atacada uma vacca neste muni- 
cipio e quatro naquelle. Para o diagnostico serviu o criterio clinico 
e a analyse da urina. 

Enzooticamente existe tambem a tristeza; além disso continúa 
a reinar o gourne; notou-se um cavallo com ascaridiose, um com 
bolanite e acrobustite, um com defeito de nutrição na madre do casco 
e um porco com insolação. 


Victoria 


A Dependencia do Serviço de Veterinaria no Estado do Espirito 
Santo, no boletim sanitario do mez de Abril informa: foram consta- 
tados casos de carbunculo symptomatico nos municipios de Espirito 
Santo, Victoria, Cachoeiro de Santa Leopoldina, Cachoeiro de Itapeme- 
rim e Coriasico. Nesses cinco fócos verificados, morreram 40 animaes. 
O pessoal vaccinou contra o mesmo mal 412 cabeças e distribuiu 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 225 


Eta di di di a 


aà ça ÃO AA ÃO a 


500 dóses de vaccina aos seguintes Srs.: Coronel Joaquim Gomes de 
Paiva, em Mimoso; Eugenio Santos Neves e Manoel Luiz dos Santos, 
em S. Matheus e Coronel Sebastião Monteiro da Gama, municipio 
do Alegre. | 

Foi constatado um fóco de mormo em Cachoeiro de Itapemerim, 
tendo sido sacrificado pelo proprietario o burro que desse mal padecia. 
Verificaram-se tres fócos de pneumo-enterite infecciosa dos porcos 
com sete casos fataes. 

Constataram-se tambem um caso de polmões e alguns de rachi- 
tismo, tendo sido aconselhadas as medidas apropriadas a cada caso. 

Ao Sr. Pulcherio José do Nascimento, criador no municipio de 
Victoria foram concedidas go dóses de vaccina contra a espiroquetose 
das gallinhas. 

A Dependencia, pelo boletim sanitario do mez de Maio, participou 
à Directoria as seguintes occurrencias: foram constatados dois fócos 
de carbunculo symptomatico, um constituido por sete animaes atacados, 
pertencentes ao Sr. Coronel Cyrillo Pinto Machado, municipio de São 
José do Calçado e outro contendo seis animaes, de propriedade do 
or. Casimiro de Araujo, em Ponta de Fructa, municipio do Espirito 
Santo. 

Pelos funccionarios foram vaccinados 100 animaes contra esse 
mal. Verificou-se um caso suspeito de tuberculose em um boi que, 
submettido à tuberculinização, apresentou reacção duvidosa; acon- 
selhou-se ao proprietario, o referido Coronel Cyrillo, que 1solasse 
esse animal e lhe desse medicação tonica. 

Foi verificado um fóco de sarna em dois carneiros do Sr. Coronel 
Bento Lino de Oliveira Carvalho, em Conceição do Muquy, municipio 
de S. Pedro de Itabapoana; ficaram curados pela medicação sulfurosa. 

A Dependencia foi informada da existencia da pneumo-enterite 
infecciosa dos porcos no municipio de Iconha; tambem teve conhe- 
cimento que em Regencia, municipio de Cachoeiro de Santa Leopol- 
dina, morreram alguns animaes de especies differentes e que pelos 
symptomas descriptos pelo proprietario, Sr. Leopoldo Nunes, parece 
tratar-se do mal de cadeiras; verificou ainda um caso de tetano na 
capital; soube haver occorrido casos de polmões em S. José do 
Calçado; constatou, com regular frequencia, casos de rachitismo em 
quasi todas as propriedades visitadas e submetteu a tratamento dois 
coelhos doentes de ophtalmia purulenta, um dos quaes já está restabe- 
lecido. 


R. V. 29 


226 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


di 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


NA PR ANNAN ar NE NG ANE Na 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 


secção a todas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade). 


N. 15 — Sr. Joaquim Candido Ribeiro do Valle, Estação Jnlio Tavares, Rede 


Sul Mineira — Minas. lo 
CONSULTA — Tenho umas vacas, que solffrem da pelle, quecomeça a rachar 
e cuja rachadura vai, pouco a pouco, augmentando, fazendo cahir todo cabello, 


pe 


l 


E" uma especie de impigem, que tem passado das vaccas ás suas crias e mesmo q | 


outros annimaes. 

RESPOSTA — Pelas informações prestadas parece não haver duvida que se 
rata de uma molestia da pelle dos bovideos, produzida por um cogumello que 
vive nos pellos e tambem nas escamas e pequenas vesiculas, que se formam na 
região. 

Trata-se de uma tricophycia, sendo que o parasita encontrado no Brasil é o 
tricophyton faviforme album. 

EK” bom enviar a esta Directoria uma porção dos pellos, que ficam logo ao 
redor da placa da impigem, assim como um pouco de raspas e escamas que se 
destacarem no acto da raspadura. 

Como tratamento, aconselhamos pincelar todos os dias todas as placas cem 
una solução de tintura de iodo diluida ao decimo, solução que pode mandar 
preparar em qualquer pharmacia. 


DRA REIS 


N. 16— Sr. J. da Cruz Zany, Santa Maria — Rio Grande do Sul. 

CONSULTA — Possuindo um amigo meu um cão veadeiro, que solive de 
um dos ouvidos, de onde sahe um corrimento, e sendo tambem um tanto surdo 
devido áquelle mal, consulto como deve ser tratado afim de Jicar curado ? 

RESPOSTA — Pela exposição feita, parece tratar-se de uma Ofite, que pode 
ser aguda, chronica e algumas vezes parasitaria. 

Quando aguda ou simples, manifesta-se pela abundancia de cerumen ou por 
tumores do ouvido ealgumas vezes pela presença e estadia de corpos estranhos 
nesse orgam. 

Apresenta estes symptomas: o tegumento da orelha fica vermelho, quente e 
doloroso. 

A Ofite chronica é geralmente uma consequencia daquella e tambem é 


conhecida pelo nome de catarrho auricular. 


REVISTA DH VETERINARIA KH ZOOTECHNIA 2a 


aà aà aà 


da 


a ça ÃO ÃO a Pa aà a 


Neste caso, nota-se: augmento de volume do tegumento interno, vegetações 
papiliformes e humidade constante, assemelhando-se a eczema bumido, 

Finalmente, será parasitaria quando é produzida pela presença de um parasita 
conhecido pelo nome de Symbiotes auricularmm., 

No catarrho auricular, o cão sacóde frequentemente a cabeça e a parte interna 
da orelha torna-se dolorosa ao toque. 

Na Ofite parasitaria, os symptomas são mais ou menos os mesmos, a não ser 
o apparecimento de convulsões e crises epileptiformes, o que é raro, 

No primeiro caso, isto é, na Otite aguda, deve-se proceder a uma lavagem 
cuidadosa da face interna do pavilhão da orelha e conducto auditivo, com agua 
morna e sabão e irrigações, por meio de uma seringa, com agua iodada a 2 %, duas 
vezes ao dia. 

Nos outros dois casos, procede-se a lavagem, secca-se bem com um tampão 
de algodão eapplicam-se depois 15 a 20 gottas de iodo naphtyl, medicamento este 


especialmente indicado para esta molestia. 


(e 


228 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


ECOSVE ENO TIGIAS 


CATIA TIA TIA PIA PLA La Alia 


Congresso Internacional de Medicina Veterinaria — O S:. Ministro da 
Agricultura designou o Dr. Paulo Parreiras Horta, nosso illustre companheiro de 
redacção e Chefe da Secção Technica do Serviço de Veterinaria, para representar o 
Brazil no Congresso Internacional de Medicina Veterinaria, que se deve reunir em 
Londres, a 3 de Agosto proximo. 

O Dr. Parreiras Horta foi escolhido pelo Comité organisador do Congresso 
para relator da 52 secção — molestias tropicaes — devendo se occupar, de modo 
especial com as molestias transmittidas pelo carrapato, sua classificação, prophy- 
laxia e tratamento. 

Nesse Congresso deve o Dr. Horta encontrar-se com o professor Ligniéres, de 
Buenos Ayres, e interessante vai ser, de certo, a discussão que se deve dar, entre 
os dous, sobre a molestia Zyisteza, no Brazil e na Argentina. 

Este Congresso, que será em honra ao veterinario inglez John Gampger, 
está interessando vivamente o Governo Britanico que, por intermedio do British 
Forein Ofice, tem dirigido convites a varios paizes, convidando-os a se fazerem 
representar por meio de delegados officiaes. 

Ao embarque do Dr. Horta, que se effectuou no dia 24 do corrente, no 
vapor Gelria, compareceram muitos collegas, amigos e admiradores, que foram 
levar ao illustre congressista os seus cumprimentos de non viagem, fazendo 
sinceros votos pelo exito de sua commissão. 


Epizootia do Hog-cholera — Tendo os Srs. Durisch & Comp., criadores 
no districto de Santa Cruz, municipio da Capital, offerecido ao Governo, a titulo 
gratuito, não só o local necessario para o laboratorio e demais dependencias, 
como tambem todos os animaes indispensaveis para colher a vaccina e o sôro des- | 
tinados a combater a epizootia do Hog-cholera que, ha muito, dizima os suinos na 


zona daquelle districto, o Sr. Ministro da Agricultura officiou áquelles criadores, 
agradecendo e acceitando o offerecimento feito e designou para dirigir taes tra- 
balhos o Sr. Antonio Serapião de Figueiredo, interno do embarcadouro e 
dezembarcadouro deste Serviço. 


« Estatistica pecuaria — Segundo um inventario feito pela secção do districto 
do Rio Branco, da extincta Superintendencia da Borracha, existem no municipio 
de Bôa Vista, no Territorio do Acre, 73.496 cabeças de gado, sendo vaceum, 
67.605; cavallar, 3.426; lanigero, 1.741 e suino, 724. 

As molestias, que mais atacam os animaes naquella zona, são a tristeza, O 
carbunculo e a febre aphtosa. 


A proposito do tratamento do «Nambiuvú» — O Sr. Dr. Paulo Mangé, 
do Serviço de Veterinaria de S. Paulo, escreveu ao Sr. Dr. Parreiras Horta, chefe 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 229 


de secção technica do Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura a 
seguinte carta: 

«Non. 1 (anno IV) da Revista de Veterinaria do mez de Fevereiro de 1914, 
pagina 63, appareceu uma communicação interessante sobre o tratamento do 
Nambiuvi, pelo Dr. Carini e Dr. J. J. Maciel, por meio do trypanblau. 

Folgo muito em ver que os estudos do Dr. Carini e Dr. Maciel vieram confir- 
mar os meus, feitos em 1912, conforme meu relatorio desse anno, annexo ao rela- 
torio do Dr. Luiz Ribeiro, Inspector Veterinario do 6º districto, pagina 4, onde 
narro tres casos typicos de gambyuváú, curados pela injecção hypodermica de 
20 a 30 grammas de uma solução de 1 9/6 de trypanblar. 

Dessa época em diante, tenho sempre empregado o !rypanblau em alguns 
casos de Nambyuvi, com successo em muitos, em outros, em cães já moribundos, 
sem successo, e em outros casos sem vir a saber o resultado, por se tratar de 
individuos que não mais tornaram a me procurar para dar noticias. 

Estou, pois, de inteiro accôrdo com os illustres scientistas Dr. Carini e 
Dr. Maciel; apenas avoco os meus direitos de prioridade, conforme documentos 
anteriores aos estudos destes, que vem a ser o citado relatorio de 1912, em vosso 
poder desde esse anno.» 


= > o ame 


230 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


BIBLIOGRAPHIA 


INPE AP TN UPN a Na 


ALLEMANHA 


Transatlantico (0) — Revista mensal illustrada, de litteratura, arte e 
industria — Berlim, Anno 1, us. la 4, 1914. 


ARGENTINA 


Anales de la Sociedad Rural Argentina — Buenos Ayres, Anno XLIX, 
Março e Abril, 1914. 

Boletin del Ministerio de Agricultura — Buenos Ayres, Tomo XVII, 
nd Negro, USAS 

Revista de la Liga Agraria — Buenos Ayres, Anno 18, Tomo 17, n. 3, 
Março 1914. , 


BELGICA 


Annales de Gembloux-- Orgam dos engenheiros do Instituto Agricola do 
Estado — Bruxellas, Anno 24º, n. 5, Maio, 1914. 
Annales de Médécine Vétérinaire — Ixelles-Bruxelles, Anno 63º, n. 5, 
Maio, 1914. 
CANADÁ 


Canadian Poultry News — Ontario, Anno 15º, Maio, 1914. 


ESTADOS UNIDOS 


Boletim da União Pan-Americana — Washington, Vol. VI, ns. 4a 6, 
de Abril a Junho, 1914. 

Hacienda (La) — Buffalo — New-VYork, Vol. IX, ns. 4a68, Janeiro a 
Maio, 1914. 


FRANÇA 


Annales de lInstitut Pasteur — Paris, Anno 28º, ns. 4 es, Abril e 
Maio, 1914. 

Bulletin de la Société de Fathologie Exotique — Paris, Anno 17º, 
ns. de 5, A brille Maio oia 

Bulletin Mensuel de 1'Office de Renseignements Agricola 
Anno, 13% ns. 3 e 4. Março e Abril 1914 

Pathologie Interne — Nutrition, anto-intoxication, appareil urinaire, 
peau, par €. Cadéac. Segunda edição, 1914. Um volume em 8º, com 534 paginas e 
143 figuras. J. B. Bailligre & Fils — Rue Hautefeuille 19, Paris. 

Temos sobre a mesa mais um importante trabalho da encyclopedia Cadéac, 
nome já bastante conhecido e que só por si basta para recommendaro seu livro aos 


interessados no assumpto. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 231 


ça a a a Aa A aà ÇÃO ÃO a A A a 


Em todos os capitulos, as varias molestias vêm estudadas de um modo resu- 
mido, mas trazendo o essencial para tornar o seu trabalho util e indispensavel a 
todas as bibliothecas dos que lidam com assumptos de veterinaria. 

Além disso, traz o livro bôas estampas elucidativas, requisito necessario á 
publicações dessa natureza. 

K', pois, a Pathologie Interne um trabalho util que, com prazer, recommen- 
damos aos interessados. 

Vie Agricole et BRurale (La) — Anno 3º, ns. 19 a 28, Abril a Junho, 1914. 


HONDURAS 


Boletin de la Secretaria de Fomento, Obras Publicas y Agricultura — 
Meoncigalpa -—- Tomo II, n. 12, Dezembro de 1913 e tomo III, ns, 2 e 3, Fevereiro 
e Março, 1914. 


INTERIOR 


Archivos Brasileiros de Medicina — Rio de Janeiro Anno IV, ns. la4, 
Janeiro a Abril, 1914. 

Boletim do Departamento Estadual do Trabalho — S. Paulo. Publicação 
Official da Secretaria da Agricultura. Anno II, ns. 8e 9,3º e 4º trimestres de 1913. 

Chacaras e Quintaes — S. Paulo. Vol. IX, ns. 2a 6, Fevereiro a Junho, 
1914. 

Criador Paulista (0) — S. Paulo. Publicação official da Secretaria da Agri- 
cultura. Anno IX, ns. 81 a 83, Janeiro a Março, 1914. 

Emetina na Framboesia Tropica (A) — Bouba, pelo Dr. Theodoro Bayma, 
do Instituto Bacteriologico de S. Paulo. 

K' esta uma publicação que merece francos elogios, porque vem augmentar 
os recursos de cura de uma molestia que, até bem pouco tempo, antes do appare- 
cimento do Salvarsan e Neosalvarsan, se achava sem defesa. 

O autor teve a idéa de tal ensaio, com os resultados satisfactorios obtidos 
pelo professor Milian no tratamento de varias manifestações da syphilis, que com 
a bouba se assemelha no que diz respeito ao agente etiologico e a algumas mani- 
festações clinicas. 

— Otrabalho traz algumas estampas de doentes de bouba, cujo diagnostico foi 
feito pelo exame bacteriologico, tendo sido encontrado em profusão o seu agente 
causador, o treponema pertenue, nas quaes se verificam com clareza os proveitosos 
resultados, notando-se, após o tratamento, como vestígio da molestia, apenas as 
manchas cicatriciaes. 

K' mais uma das grandes propriedades da emetina, que já tem sido empregada 
com successo no tratamento da desynteria amebica, em alguns casos de syphilis, 
nas hemoptizes e hemorrhagias intestinaes. 

Fazendeiro (0) — S. Paulo. Revista mensal de Agricultura, Industria e 
Commercio. Anno VII, ns. 4e 5, Abril e Maio, 1914. 

Lavoura (A) — Rio de Janeiro. Boletim da Sociedade Nacional de Agricul- 
tura. Anno 17º, ns. 9a 12, Setembro a Dezembro, 1913. 

Memorias do Instituto «Oswaldo Cruz» — Rio de Janeiro. Anno 1914, 


tomo VI, fascículo T. 


ne 


232 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIU 


Norte Medico — Fortaleza, Ceará. Anno II, n. 1, Março, 1914. 
Revista Medica de S. Paulo — S. Paulo. Jornal pratico de Medicina, Ci- 
rurgia e Hygiene. Anuo XVII, ns. 1a 6, Janeiro a Junho, 1914. 


MONTEVIDÉO 


Boletim n. 9 e 10 — Ministerio de Industrias, Inspeccion Nacional de 
Ganaderia y Agricultura — Abril, 1914. 

Campana (La) — Revista dedicada aos interesses ruraes. Anno IV, ns. 79a 
87, Janeiro a Junho, 1914. 

Pais (El) — Armno 1º, n. 13 e 14, Maio, 1914. 


PORTUGAL 


Boletim da Associação Central da Agricultura Portugueza — Jisbôa, 
Anno XVI, vol. III, n. 4e 5 Abril e Maio, 1914. 

Revista de Medicina Veterinaria — Ijisbôa. Anno 13, ns. 145 e 146, 
Março e Abril, 1914. 


SUL DA AFRICA 


Report of the Director of Veterinary Research — Outubro, 1912. 


TOURO DE CHIFRES CURTOS 
“CHIDDINGSTONE MALCOLM 


DE SIR RICHARD COOPER 
PRIMEIRO CAMPEÃO. 
EXPOSIÇÃO REAL, 1908. 


REMEDIO INFALLIVEL CONTRA 08 CARRAPATOS 


Oficialmente aprovada palo Governo dos E. U. da America 


PLS SS ASS 


Machinas e instrumentos agricolas, Separadores de leite e outros 
apparelhos para lacticinios 


AOMBEAG, MACKER à pa 


Rio de Janeiro, 8. Paulo, Bello Horizonte, Santos e Bahia 


CASA MATRIZ 


BIRMINGHAM 
«- INGLATERRA +* 


LAGCTICINTOS 


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RIO DE JANEIRO. 


O ARA ad NM Nai Ne To É TIGT Ia Ti  PA  P Na9 N  N 9 " i a N V a Na Des T ar hs io Netto PR Na EA DM E ASP LAP NUNO RS Na AA NS SE Õ Ro RI NaN a NS RAP Na Pa p 


ARTIGOS VETERIN ARIOS 


AMAS EO 


++ 
direto ont pe att ee tato ate def fe | 


CC O 
EC a rr 
E | 


q à 


PUBLICAÇÃO OFFIOIAL 


DO 


SUMMARIO 


PARTE 0F FICIAE: 


| PELAS INSPECTORIAS : 


Informações referentes aos districtos veterinarios, prestadas pelos 

respectivos inspectores..........c.... PE LST PARA RAD OCO TA DA JAR PRATO A 

* CONSULTAS E INFORMAÇÕES.......... DSR RD e 
ÉCOS E NOTICIAS : 


Estatistica pecuaria — Leilão de animaes — Pecuaria em Minas — In- 
dustria pastoril em S. Paulo — Reproductores zebás 


dm BIBLIOGRAPHIA........ Matata DADA RADARES ATA DMR 
| o 
RIO DE JANEIRO 


Typographla do Ministerio da Apricultura, Industria e Commercio 


“Serviço de Veterinaria (Do relatorio do Sr. Ministro)... ..esecrrenanass 

Registro de Lavradores e Criadores...... PAUTA A RS RA RE ROSA saia 

Vaccinas e outros medicamentos........ccesecertienos PRERRnAaaLAoA ESRE e sad 

COLLABORAÇÃO: 

- Dr. Aleixo de Vasconcelios.............. Sobre um srocesso rapido de collo- 

ração de protozoarios em córtes 

histologicos, pela solução Ge Gi- 

; ema nas uni MCSA ut 

Dr. Gaston Urbain..................... Encephalite chronica complicada de 

pachymeningite cerebral e espi- 

ghal ossificante, no cavailo..... 

Dr. Pietro Foschimi.......... db anta nah Raça bovina maremmana.....v..... 

- Drs. André Gouin e P. Andonarã....... -— O valor productivo attribuido por 
Kellner aos principaes alimentos | 

do gado corresponde ás observa- 

Eiras Ria ches da pratiça Pi same ssiaco nai 

J. Wilson da Costa................ Selecção... ..... Me PRA E EAD TOUR 


233 
243 
244 


Semi e Vet era do Ministerio la Agricnltra, odastria e Comer 


ce asseeeo 


CASA MORENO 


142 UA DO QUNMIDetiddo 


e | | 
o 
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est BETA 
j 


Seringas especiaes para uso veterinario, com agulhas de aço, muito fortes e em fórma de lança, que dispensam 
o uso do trocater 
Estas seringas, de 5,10 e 20º, modelo CASA MORENO, são as unicas usadas ||| 
e recommendadas pela Directoria do Serviço de Veterinaria do Ministerio ||| 


da Agricultura. ! 
| ao o j E ! mo NT i Tm ml | 

DR TESES = 
O | 


Installações completas de laboratorios de chimica, bacteriologia, etc., etc.,a ||. 
gaz, alcool, petroleo e electricidade. 

Estufas, autoclaves, fornos, banho-maria, etc., etc. 

Apparelhos especiaes de Gerber, para exame de leite, manteiga e queijo 

Caixas com comprimidos para exame de agua e urinas. 

Apparelhos especiaes para extincção de formigas e outros insectos por meio 
de vapores de formol, pulverisadores, seringas para desinfecção, estufas, etc., etc. 

Instrumentos de cirurgia, arte dentaria, accessorios de pharmacia e labora- 
torios, fundas, etc., etc. 


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RIO DE JANEIRO 


Correio 


Telegr-: Cod- Ribeiro | 
CAIXA 735 | : 
| 
| 


CASAMORENO 


REVISTA 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 
FP eosToO J9ls 


TOMO IW — FASCICULO IW 


Typographia de Ministerio da Agricultura, Industria ce Commercio 


olimpiada 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 


Publicação Official da Directorla do Serviço do Veterinaria 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Td Td TI TI TA TIA TT TT a LA AT 


Distribuição gratuita aos criadores do paiz que a solicitarem 


TIA TATA TST da TT TT TT 


RIO DE JANEIRO x = Caixa Postal 1.678 * * BRASIL 


A REDACÇÃO DA «REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 
EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


ANNO IV HU Agosto de IgI4 Hu N. 4 


1 ITPDRRSNÇana 
Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inscripção. 


RERNrE OPEICIAL 


mi PRP Na Nu Na P Na PN a ANNAN 


SERVIÇO DE VETERINÁRIA 


(Do relatorio apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da Republica pelo Dr. Manosl Edwiges de Queiroz Vieira, 
Ministro da Agricultura, Industria e Gommercio) 


Continúa esta repartição a prestar à nossa industria pastoril 
Incontestavel e poderoso auxilio, já orientando-a pelo melhor criterio, 
ja amparando-a por uma assistencia constante e systematizada. 
Da capacidade de nossa pecuaria dá uma justa idéa a estimativa que, 
com bons fundamentos, lhe attribue cerca de 30 milhões de bovinos 
ou seja o quinto logar entre os paizes creadores, depois da India, dos 
Estados Unidos, da Russia e da Argentina. 

O movimento de importação de animaes de especies varias, da 
Europa e das Republicas do Prata, tende a augmentar, attendendo-se 
às condições proprias que à pecuaria offerecem dilatadas zonas do 
paiz e à efficacia das medidas officiaes postas em pratica não só para 
a selecção do sangue como para a defeza da producção. Durante 
o anno passado, desembarcaram no porto do Rio de Janeiro, depois 
de inspeccionados pelo pessoal do Serviço, 1.222 animaes, assim discrt- 
minados: 403 bovinos, 189 equinos, 240 ovinos, 54 suinos, 21 caninos, 


NON 3O 


234 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


6 asininos e 309 aves, desembarcando em Santos, onde foram tambem 
inspeccionados, 261 bovinos, IOO equinos, IIÓ asininos, I ovino, 
40 suinos, 56 caninos, 43 caprinos, 52 aves, I gato, 1 elephante e 
3 macacos, ao todo 674 cabeças. 4 

A Inspectoria do 11º districto (Porto Alegre), submetteu à 
inspecção 4.360 animaes, importados da Europa e do Estado Oriental; 
os oriundos da Europa entraram pelo porto do Rio Grande e os 
do Estado Oriental pela fronteira do Livramento. 

A Inspectoria do 12º districto (Uruguayana), em igual periodo, 
examinou 18.624 animaes, procedentes da Argentina e do Uruguay, 
sendo 9.450 bovinos, 8.330 ovinos, 449 equinos, 392 asininos e muares 
e 3 aves, notando-se que, só no primeiro semestre, as entradas se 
elevaram a 16.191 cabeças, das especies acima referidas. 

(Verifica-se um sensivel declinio na importação de animaes da 
Republica Argentina e do Uruguay, no segundo semestre do anno 
passado, concorrendo poderosamente para esse resultado a alta do 
preço do gado de cria alli observada e o imposto cobrado pelo poder 
publico sobre o gado exportado do seu territorio, exportação que 
tomava tanto maior intensidade quanto mais urgente era a necessidade 
dos creadores do Rio Grande do Sul, de repovoarem os seus campos, 
largamente devastados pelas prolongadas seccas dos ultimos annos. 

Encontra pronunciada acolhida por parte dos creadores a 
construcção de banheiros carrapaticidas, como poderoso meio de 
expurgar o gado desse terrivel parasita, substituindo-se assim, por 
este remedio efficaz, os antigos processos. de prophylaxia constantes 
de benzeduras, queimada de pastos, etc. Tem incontestavelmente, 
contribuido para esse resultado a propaganda feita pelo Serviço, das 
vantagens dos banheiros, a distribuição dos modelos de facil constru- 
Eção e o premio instituído pela lei orçamentaria de 1913. A lista, 
abaixo publicada, confirma o asserto: 


Lista dos banheiros carrapaticidas examinados pelo pessoal do Serviço de Veterinaria 


Nome do creador Nome da propriedade Municipio Estado 
Dr. R. F. D. Junqueira. ..... Santa: Riitaç.. ap Rezendep tp oo Rio de Janeiro 
Dr. H. R. Villaça... ......... Cachoeirinha...... Juiz de Fóra....... Minas 
N.F. da S. Neves............ Veneza ER YEUSNeLisa 0000249000 Rio de Janeiro 
E AGBrandi. . tros de poto he jSo rola le todo Pedra Branca...... Além Parahyba.... Minas 
T. Ribeiro Assis... cc... Floresta... ......... Juiz de Fóra....... » 
DE EAN Cotrim o Campo-Bello....... Rezende RR RR Rio de Janeiro 
José M. Bernardes........... Do Campo-Bello... Ro APRE near e) » 
D. C. A. Magalhães.......... Ouro Fino......... Além Parahyba... Minas 
Conde de Nova Friburgo.... Gavião............. Cantagallo.3....... Rio de Janeiro 
Durisch & Cs.ec ces efosvop Fazenda Nacional. Santa Cruz........ Districto Federal 
Ratnos Pinto & C............ Barra do Ouro..... Além Parahyba.... Minas 
E. V. de Andrade... cc... Pavão.....cccces Barra Mansa...... Rio de Janeiro 


Ei PALONIL Le lato; fe bro fofo ofatodo e jo a Barra Alegre...... S.Paulo do Muriahé Minas 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 


235 


ça ÇA A a a 


Nome do creador Nome da propriodade Municipio Estado 
RE To META tica RRRPS te ao aja e ola Bella Alliança..... Ria SEM MMA raro Rio de Janeiro 
Dr. H. A. D. Guimarães..... Anno Bom......... Barra Mansa. ..... LAS.) » 
Ribeiro & Junqueira........ Pensylvania....... Leopoldina........ Minas 
José R. Junqueira............ INDESENT po D dc Oab » SABIA a » 
ENRIVE, R. Junqueira. ec se rc. Abahyba.. cc. DP AA AA esa ) 
PRESA. Antunes. tes. (ONEMUOSEL O dribla dd 00 PoOrena a o S. Paulo 
Eeicdes Waria, ss. Sen e toco! Palmeiras. Cruzeiro MA. ar per 
RER des: PINtO. cms cs escuro SAAE oo asa dom ide de id TR » » 
DER: E. Fleming... debora sora oo roer oi pro cada de) » » 
it JP: BrIittos. - er a pe EA Penedo. ho Riezeiide ERREI Rio de Janeiro 
O.M. V. de Andrade........ SantalClanamer Paranypaldo Sul 
IDERS S: E. Junquesta.. 2...) IMUSTEAAO 0 8 soolsa sao Barra do Pirahy... Diu) y 
IESPAS Duque. .... ER ST Cactos rar Dina Duarte. Minas 
G. A. Andrade... ...... cs... Campo Grande.... Passa Tempo...... » 
E Va TREE Cf io o) elo ta to sfalo jo oojoio » Sanita Clagat tre Cantapaillo E Rio de Janeiro 
E Xavier Botelho. ...ccsesv.s Ponte Alta......... Paga Mto, Di) » 
» » » SET ITENS Santa Cecilia...... DE PES rss a Ma ES AM dao Das) » 
NUCA Jiiniamientra ==») ie e eso Uzias o E copo ldiimark E Minas 
Dr. A. D. Junqueira......... avserClvlao veda oc ab Barra do Pirahy... Rio de Janeiro 
RR eite Pigto----scss e eso Bonquilhiam si. WE NCAoo sure Dos vo ES Ao » 
fi (Co MELABbiSRo ouoo DS aaa ecos TaloofO vs 0000000000 Carzenioiblas covapbas Minas 
Companhia C. Pastorís...... IMRUDENTAL o Soo gds cado Riezenidesm E Rio de Janeire 
Conipre eastorís do Brazil; Ubá o Vassouras... ...... Do) » 
RAS Garcia.» je) São Joaquim....... “DalNto coco púd o so do »» » 
Dt: JR. Peixoto”. » ce. o co» TE Santa Ceciliar Barra Mansa...... »o» » 
CIVIS E Letter =. “6 Eid IMAC E Além Parahyba... Minas 
» Do» DU sat povad o dpund do Destedo Aero » » DE » 
O. Vieira da Silva... ......... Dan commtere erre Rezetide... =. ema Rio de Janeiro 
E JE Cio Soares? -iejs cjeteinio voo) Sair area Ta Além Parahyba... Minas 
IG AS EC) Gofiles”- eco» cmo. Ser JOSÉ opopsasoas alle niçar E toa Rio de Janeiro 
I. F. Pires..... E CR SR Bom Retiro........ Ea Dates reto Minas 
Epic ele SAE oraparo é ensivrole o Cacfoetrar VESSONES opov ond Rio de Janeiro 
Io Ce EEeNtaS, 5.» oi cio o lojsto AS lodos cv eso or esa Sa ENE LDE »o» » 
SME, delAndrade:. secs». Egenho da Senra tao 7a ear o ooo ao Minas 
Dr. P. S. Bastos... +» Dina santa (Claraltict. .iTuizo der Róra s. ts » 
ER Botelkio/e ietote o)s ste rAolaio Constancia......... Além Parahyba... » 
J. Andrade & Irmãos........ DO PAO bi RR Juizide Hóral sc. » 
J. C. A. Gonçalves........ io N.S. da Piedade.. Barra Mansa...... Rio de Janeiro 
BE D. da Motta:....... cc. SEGA creditado ara Lima Duarte...... Minas 
D. Candido de Araujo....... Bôa Esperança.... Cantagallo......... Rio de Janeiro 
Do E Modesto Leal. cce s» Ponte Alta......... Barra do Pirahy... »o» » 
Monerat & Monerat......... PAMA zo Goto raso retal Sapata elo oleole Do n 
A SilvalCostar! .07s = oeiras oyo ”e Cachoeita... cr.» » Cianandloo o dao 00 db Minas 
A. C. Branco & Irmãos...... MS Pos sn a Além Parahyba... » 
JAR da Silva BROTtes seio isso sis E StivAdiO, | dao cJejado Batrbaceftlar» aeee » 
EF. M. Costa Cruz............ IICA go a Jog Dae Cataguazes,.. seje » 
Coronel 'P, Motta... «crus. Pouso Alegre...... Lima Duarte... .... » 
Dr. A. É. Branco... ...... PR CoONCelcãO eo Além Parahyba... » 
Dr. C. P. S. Fortes........... jMaliafo Jo iu Ro e ce Barbacena...» evo » 
Companhia Alliança......... Vasta A leote im Valemga.s: Setatetonreos Rio de Janeiro 
o PA BALLOS Seal. 00s » 0/0 /00010 0)» Bom Jesus...»..».. - Quixeramobim.... Ceará 
FP, P, Ferreira Gomes........ PRI nó da Gu Db bo » ES » 
3. P, Pinto Accioly...» cesso Bretatia ga eta cp » ESP » 
Nausto Candido,» es mes own» IRA Sera nagar vo ) Pad » 


A. A. Maranhão...... aval CAMLOTHIA 0050 «02 S. Gonçalo... cc...» Rio Grande do Norte 


236 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


SNL LL LL DS SS SS SS SDS SS SS SS SS a SS SS SS Sa VS SS SS ES SS AS 


Nome do creador Nome da propriedade Municipio Estado 
A. M. Lopes Cavalcanti...... Canto das Pedras... Sobral............. Ceará 
F. Porfirio de Britto......... Cuiyialo Ar ee pa Porto da Folha.... Sergipe 
Juvenal de Carvalho......... Sant'Anna......... Morada Nova...... Ceará 
Brazibp Gp pd ao Murungará........ Jaraguarahyva..... Paraná 
F. Gomes Leitão.......... «.. Santa Francisca... Cravinhos.......... S. Paulo 
F. Pereira Barreto........... Cabana Pastoril... Queluz............. Ro) » 
Luiz Seraphim.............. Bella Vistas: -..-... Piquete. os a) 
Manoel P. Horta,............ (CENAS 00 900050000 Pinheiros.......... » » 
Cantidio Camargo........... EO NAN TRE Cerquilho.......... » » 
DASH! Ata. o 00 e dae do op oade Santa Amelia...... alas cs pa Paraná 
M. Freitas Valle. ........... Size Ave greter seno Rio Grande do Sul 
Vicente J. da Maia.......... Umbiíl.sdcienpiotia É DER Po Srta » » » 
Luiz A. Palmeiro............ Santa Luiza......- NEN oe sd oops cce » » »» 
Ottoni Vallelar ipi der Candelaria... ...... Alegretes doe » » »» 
João Peró.- poe opa Santa Carmen..... Uruguayana....... » » » » 
I,. Gonçalves Chagas........ SM EIIDA é SORA o Dor Rossato EE RE » » »» 
Januario Chagas... .......... S. Lucas........... Savacenite » » ER) 
José Ferreira Leite.......... Primavera......... Passa Tempo...... Minas 
Americo Ferreira Leite...... Pedra Negra....... Oliver Rs ER » 
Olyntho F. Diniz............ Palmeiras.......... 1 vhs cbEtSR ante dra o » 
Urbano de Andrade......... Pitangueiras... .... RITA VOBO SO SOS bos ada » 
Dr.H. Sá Fortes............. Catavál espa Barbacena” - eq » 
Honorina da Cunha e Silva. Bôa Fé............. Juiz de Fóra....... » 
Aldino da Fonseca.......... Primavera......... Barra Mansa...... Rio de Janeiro 
; Ruiz Aida Cunhal nr. ds AQE o foqerTo e o JDEVbm els ssa scodoas Minas 
Gabriel F. Mé Junqueira.... Bôa Vista.......... Rezende RR Rio de Janeiro 
Antonio Ribeiro Pires....... Coqueiros ir Lima Duarte...... Minas 
Emmanuel Levy............ OR NAS Elo 5000006 Banamailfo efa foto S. Paulo 
Adolpho C. Gomes.......... E GÓES Porto da Folha.... Sergipe 
Ricardo Curvello............ 1 (gsvoacodoo Riachuelo pe » 
José Cordeiro de Almeida... =| dons Al Sacoiminagoscob cao Bahia 


Banheiros construidos pelo Ministerio da Agricultura 


Municipio de Caetité.......... Estado da Bahia 


» o JEQUISso ge 90 vovo » » » 

» a Quixadá. ob » do Ceará à 

» » Quixeramobim... » » , 

» DR Saad as » » » 

» » Campos Salles... » » » 

» » Canindé e » » » 

» »». Sobral, ostra ao » » » 

» » Ponta Grossa.... » » Paraná (Fazenda Modelo de Creação) 

» Bira yo eee » » Rio (Posto Zootechnico Federal) 

» de Vassouras. se » » » (Fazenda Modelo Santa Monica) 

» » Bello Horizonte.. » » de Minas (Posto de Observação de 
Bello Horizonte) 

» »  Bigúassiá. NE » de Santa Catharina 

» » Santo Amaro.... » » » » 


|) »  TaquaraS... cats » » » » 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA Da 


O movimento nos banheiros do Ceará, durante os mezes de 
agosto a dezembro do anno findo, foi de 1.537 cabeças, sendo: 


Ranieri Our da a ao ara O a a O 852 
» PRCaATDOS Salles po AMI D ltd. 481 
» DGE AR SD A aC ada lh, 204. 


A réde de banheiros officiaes necessarios a impedir a marcha das 
epizootias de tristeza, provenientes do gado originario do Estado do 
Piauhy, ficara completa quando se construirem banheiros em Tucuns, 
Gamelleira, Barra do Vento, S. José, Sobradinho, S. Gonçalo e Alto 
Alegre, na fronteira com o Piauhy, o que se torna urgente levar a 
effeito para mais eficaz e decisiva acção do Serviço. 

Os banheiros officiaes existentes foram construidos de accórdo 
com estudo prévio das principaes correntes de gado que percorrem 
os Estados, em suas marchas continuas para as grandes feiras e a esse 
plano obedece a collocação dos que ainda é mistér construir, tanto no 
Piauhy como na Bahia. | 

Tendo fracassado, por completo, as esperanças despertadas pela 
vaccina Ligniéres, empregada na Republica Argentina, para evitar o 
apparecimento da babesiose bovima ou tristeza, dirigiu o Serviço de 
Veterinaria as suas vistas para o methodo de immunização aconselhado 
pelos profissionaes Nutall e Hadwen e muito empregado nas colonias 
inglezas do sul da Africa pelo professor Stockmann, chefe do Serviço 
Veterinario da Inglaterra. 

O methodo de Nutall e Hadwen veiu resolver, de modo positivo, 
essa questão de capital interesse para o nosso paiz, empenhado em 
povoar os nossos campos de reproductores de raças finas, que melho- 
rem o gado nacional e tornem mais rendosa a exploração da pecuaria. 

Durante o anno findo foram immjunizados aqui 115 animaes 
importados, posteriormente enviados para os Estados da Bahia, Rio 
de Janeiro, Paranã e Districto Federal, não se tendo dado a morte 
de nem um delles pela tristeza, não obstante acharem-se em campos, 
não raro, infestados por esse mal. As Inspectorias de Porto Alegre, 
Uruguayana e Ceará immunizaram tambem varios reproductores 
vindos do extrangeiro, achando-se as dos outros Estados habilitadas 
a empregar o mesmo processo toda a vez que lhes solicitarem. 

O methodo que tem dado tal resultado consiste no systema de 
Nutall, modificado de accordo com as observações feitas pelo Serviço 
e que constituem objecto de trabalho scientifico publicado na Revista 
de Veterinaria e Zootechma deste Ministerio. Para o estudo e emprego 
desse methodo de immunização, o Serviço adquiriu abundante material 
com que obteve o esclarecimento completo da etiologia da tristeza nq 


238 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LL NAN NAN LL A RL LL RSRSRS LS SS SS SS SS AS SS SS SSL SS 


Brazil, resultando dahi a afirmação dos drs. Alcides Miranda e Paulo 
Parreiras Horta de que o parasita causador da tristeza, entre nós, 
não era o que fôra até então descripto por todos os scientistas que 
se occuparam deste assumpto, e sim uma especie nova, exclusivamente 
sul-americana, a que denominaram Babesia-australe. O estudo deta- 
lhado que fizeram a este respeito foi publicado na Revista de Vete- 
rnaria, acompanhado de uma estampa em que são reproduzidos os 
principaes aspectos do parasita, que se encontra no Brazil, no Uruguay 
e na Republica Argentina. 


Em virtude desses trabalhos sobre a etiologia da tristeza, o Comitê 
Organizador do X Congresso de Medicina Veterinaria, que se deve 
reunir em Londres, em agosto proximo, escolheu o dr. Parreiras 
Horta, chefe da secção technica do Serviço, para relator official de 
uma das theses que devem ser discutidas no Congresso, intitulada 
“Molestias transmittidas pelos carrapatos; sua classificação, prophy-. 
laxia e tratamento”. 


Attendendo a solicitações do prefeito de Nictheroy, esse Serviço 
designou dois de seus funccionarios para exercerem, durante alguns 
mezes do anno findo, em collaboração com a Directoria de Hygiene 
do Estado do Rio, a inspecção do leite dado ao consumo na referida 
cidade. Essa inspecção obedecia ao seguinte programma: 


1º — Policia veterinaria e inspecção do leite fraudado ou 
pathologico. | 

2º — Inspecção medica do pessoal entregue à exploração do com- 
mercio de leite. : 


3º — Verificação das condições de hygiene dos estabulos. 


4º — Verificação do asseio da ordenha e do modo pelo qual eram 
effectuadas as diversas manipulações feitas com o leite. 


5º — Verificação das condições do vasilhame de entrega e deposito, 
além da fiscalização da temperatura de conservação do leite. 


6º — Inspecção das forragens que servem de alimentação aos 
animaes. 


7º — Verificação das condições de transporte do leite. 


No correr desse serviço verificou-se que Nictheroy consome diaria-: 
mente 3.687 litros de leite, do qual mais da metade é procedente do 
interior do Estado e proveniente de vaccas sujeitas ao regimen do 
campo, em sua maior parte, situado nas zonas de Cantagallo e do 
ramal de Campos. A outra parte do leite consumido é colhido de vaccas 
estabuladas nas zonas urbanas e suburbanas da cidade. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 239 


AA AAA AA 


O quadro seguinte (*) demonstra os resultados desses exames 
e as occorrencias mais importantes, de fevereiro a setembro de 1913: 


MRE INES CONTOlAdOS Mamede po dis cab var ua abs 476 

ARE DUTA OS DON... ssa sctos dos R ag à 431 

) DEUSA CNO Ss Mao La a Dao a RA RR RG, peso 35 

DER DIE OLOÇICOS Soares tra os ee baia Voa 970 5 

» EUTUOL UEL 65 ro rÉ; É ae acc e PARE gre RAR 9 

pesscondemnadosU Ibi IA A 45 

Wuspeeseesa Veterinarias. 25d UA 1.040 

Vaccas em estado pathologico................ 19 
DE uninereulosas ps eps sl sd paleta 

DRE perculinizadas eos does euelorolodoncasra o 7 

DAREI Cera iCtas: Sorte rão o areias ceriaro io ado 19 

casei 150 Aclos da O 4 

> Inte ndletado tes e ste ei io o quo é a ara rá 2 

; uteis impostas e et sM o icms o 40 

ninaçÕões CHyersash:. sn estes Sion ZS; 

Neimocoe side animaes:*. A a. arg oi 7 

PDesinfecções., AROS o ERSRRSA NA ER nata 10 


Riqueza fundamental do leite consumido na cidade de Nictheroy e as variações de sua composição 


Maxima Minima 
IMiterita Sraxa... see si. Pa 55,0 % 35,0 % 
Sean rose nio e ro nico 65,0 % 45,0 % 
Daetose, MIA. DM rato] 55,0 % 37,0 % 
era. AI DOTE TIL 26. 860,0 % 850,0 % 
| %e 
* * 


Continúa a reinar enzooticamente em todos os Estados do Brazil 
o carbunculo symptomatico ou peste da manqueira. Actualmente, 
entretanto, com o emprego da vaccina que o Serviço distribue, em 
larga escala, só experimentam perdas os proprietarios que não tomam 
a precaução de vaccinar todos os animaes de suas fazendas. 
No decurso de 1913 foram distribuidas 420.395 dóses de vaccina, 
sendo grande parte applicada directamente pelos veterinarios e seus 
auxiliares, em zonas em que essa prevenção era totalmente desco- 
nhecida. Releva ponderar, porém, que, em muitos Estados, ainda é 
“difficil a applicação da vaccina, não só pela ignorancia dos fazendeiros 
com relação à essa prophylaxia, como ainda pela difficuldade de se 


(*) Este quadro demonstra apeias o serviço feito durante os oitos mezes 
acima, tendo todavia, continuado a ser executado até 31 de Dezembro de 1913. 
A tuberculinização teve início no correr deste ultimo mez. 


240 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


NL NANA NANA NANA ANA NA AA NL NL NL LNLS RLL LNLS LNLS TN RS NL LIS LL LL SS SS SS SS SIT 


( 


encontrar seringas em numero suficiente para todos os creadores. 
Durante o anno passado foram distribuidas 203 seringas para injecções, 
numero insignificante deante da necessidade da distribuição desse 
apparelho que, devido ao seu custo e à deficiencia da verba, não é ainda 
encontrado, com facilidade, no interior de certos Estados. 


Algumas pequenas epizootias de carbunculo bacteridiano foram 
assignaladas em 1913, nos Estados do Rio Grande do Sul, S. Paulo, 
Paraná, Mimas Geraes e Rio de Janeiro, além de casos esporadicos 
surgidos indistinctamente em quasi todos os Estados da Republica. 
O serviço de vaccinação intensivo, feito pelos veterinarios destacados 
por todos os fócos assignalados, conseguiu suffocar essas epizootias. 


A vaccina empregada é fabricada no Instituto Oswaldo Cruz, 
pelo processo classico das duas vaccinações, com intervallo de 15 dias, 
utilizando-se uma vaccina fraca e uma vaccina forte. Essa vaccina, 
pelas verificações que foram feitas pelo Serviço de Veterinaria, deu 
optimos resultados no Estado do Rio Grande do Sul, não succedendo 
o mesmo nos Estados do Rio, Minas e Districto Federal, o que levou 
o Serviço a promover uma modificação da vaccina, empregando-se uma 
injecção unica, na dóse de 2 cc. da vaccina fraca, isto é, quatro vezes 
mais energica do que a dóse antes empregada. Esta modificação acha-se 
sufficientemente sanccionada pelo bom resultado decorrente de seu 
emprego em mais de 6.000 animaes. 


Surgiu em 1913 a febre aphtosa, sob a fórma de uma epizootia 
que, partida do Triangulo Mineiro, se irradiou por S. Paulo, Paraná, 
Santa Catharina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro! CNCosEM 
O Estado que mais soffreu, com essa molestia, foi o Rio Grande do 
Sul, onde o inspector veterinario assignalou a perda de mais de 
“500.000 animaes. Tomadas pelo Serviço as providencias precisas 
emprehenderam-se varios estudos para a descoberta de um tratamento 
verdadeiramente efficaz contra esse mal. 


Iniciou-se no Districto Federal a luta contra o môrmo. Em diversas 
cocheiras foram malleinizados cavallos de todas as categorias e uma 
centena de muares, verificando-se que existe infelizmente na Capital 
Federal grande numero de animaes atacados, quer da fórma interna 
thronica, que só se revela pela acção da malleina, quer da fórma interna 
ratoria, clinicamente confirmada, quer da fórma cutanea (lamparão). 
A porcentagem das reacções positivas foi approximadamente de 25 Er 
o que demonstra a necessidade de uma boa lei de policia sanitaria 
animal, que permitta a suppressão dos animaes doentes. 

Nos Estados foram tambem assignalados alguns fócos, em que 
a acção do Serviço só se poude exercer de modo decisivo, graças ao 
apoio das auctoridades estadoaes e municipaes. 


SN] A o A E 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTRCHNIA 241 


NZNLNL NL ALL SS SS LS SS SSL SSL SSL SSIS SSIS SSIS SSIS 


“Considera-se, felizmente, extincta a grande epizootia de raiva, 
que, durante annos, reinou em Santa Catharina. Em todos os pontos 
do Estado, a que chegou a acção do Serviço de Veterinaria, foi veri- 
ficada a eliminação da molestia, estando actualmente o Estado com 
todo o seu littoral e a ilha de Santa Catharina completamente expur- 
gados de tão mortifera epizootia. 

No municipio de Blumenau, no logar denominado “Gaspar”, 
ainda se observam alguns casos de raiva epizootica, que não foram 
extinctos porque só tardiamente a municipalidade dessa cidade per- 
mittiu que se executasse a campanha de prophylaxia. O fóco de 
Blumenau está entregue à acção da Inspectoria Veterinaria do 
8º districto, não tendo sido possivel conservar a Commissão antirabica 
até sua completa extincção, em virtude da deficiencia da verba do 
corrente exercicio. E 

O tetano poucas vezes appareceu sob a fórma epizootica. O serviço 
de immunização preventiva, logo realizado, conseguiu jugular esses 
surtos epizooticos. Casos esporadicos são assignalados em todos os 
Estados do Brazil, tendo sido alguns delles tratados com muito bom 
resultado. 

Proseguem no Posto de Observação e Enfermaria Veterinaria 
de Bello Horizonte os trabalhos de fabricação de um sôro e vaccina 
contra a molestia que, sob o nome vulgar de batedeira, faz grandes 
estragos em quasi todas as creações de suinos. Em numerosas appli- 
cações feitas durante o anno, ficou comprovado o valor dos productos 
biologicos manipulados em Bello Horizonte, esperando-se que, com 
a terminação das installações desse Posto, possa a producção satisfazer 
as necessidades urgentes dos creadores. 

A violenta epizootia de strongilose pulmonar e intestinal que foi 
acompanhada e combatida pelo Serviço, em S. Paulo, em 1912, declinou 
sensivelmente em 1913. A grande secca observada neste anno tambem 
concorreu para esse resultado, perturbando, consideravelmente, a 
evolução dos embryões e ovos dos vermes intestinaes. Foram atacados 
mais de 30.000 animaes, sendo a mortalidade observada, para os vitellos, 
de 60 a 65º|º, e para os adultos, de 25 a 30º/º. O tratamento fez 
decrescer a mortalidade a o, tendo dado, em geral, bons resultados 
todos os vermifugos empregados. A essencia de therebentina ou mesmo 
a agua-raz foi o mais efficaz, sendo, na pratica, o mais aconselhavel, 
pelo seu baixo preço. 

Em virtude dessa epizootia, foram inspeccionados no interior 
69.107 animaes, em propriedades visitadas pelo veterinario doutor 
“Paulo Maugé. 
| A febre typhoide ou pleuro-pneumonia contagiosa dos cavallos 
causou, durante o anno, numerosas victimas, quer nesta capital, quer 


R.V. 31 


242 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


em S. Paulo. A evolução da molestia differe um pouco, no Brazil, 
da que se observa na Europa. Em S. Paulo, o dr. Paulo Maugé fez 
observações que o induziram a crer que o carrapato tem algum papel 
na disseminação dessa enfermidade. Hoje a epizootia está apparente- 
mente extincta. 

Molestias outras prenderam a attenção do Serviço de Veterinaria, 
em 1913, bastando citar a espiroquetose das gallinhas, a distomatose 
dos ovinos, a osteoporose, a actinomycose, etc. Não formaram, porém, 
fócos notaveis, razão por que não são aqui estudadas isoladamente. 


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Fornecem os adubos necessarios para 


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quer consulta verbal ou por escripto sobre 
o modo como devem ser applicados os 
adubos chímicos nas diversas culturas. 


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propriedades agricolas para ensinar pra- 


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ras sobre a adubação chimica a quem os | 
solicitar. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 243 


cá cad a a a DD DD DD DD) 


REGISTRO DE LAVRADORES E CRIADORES 


Modelo de requerimento para inscripção 


Sr. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio: 


F..., desejando inscrever-se no «Registro de Lavradores, Criadores 
e Profissionaes de Industrias Connexas » estabelecido nesse Ministerio, 
de accôrdo com a portaria de 21 de Setembro de 1909, apresenta, para 
esse fim, o documento (*) exigido pela mesma portaria e as inclusas 
informações (**) e pede-vos autorizeis sua inscripção. 


Pede deferimento. 


Estampilha 
de 
300 Teis 


(“) O documento referido é o que diz respeito ao imposto que paga ao Estado 
ou ao municipio como lavrador ou criador (art. 6º das inst.). 

A falta desse documento poderá ser supprimida por attestado do Presidente 
da Municipalidade, do Prefeito ou Agente Executivo ou de dois lavradores já 
inscriptos, devendo ser legalmente reconhecida qualquer das respectivas firmas 
(art. 7 das inst.). 

Qualquer dos documentos citados está sujeito ao sello da lei, isto é, 300 réis 
federal (art. 11 das inst.). 


(**) As informações, a que se refere o requerimento, devem ser assim pres- 
* tadas: 


244 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LTL aà a a a a a A a Aa SS a SS SS SS SS SS SS ISS Sa SS S S a 


PESOS SEDA Und d no Cs abrir E PASa nata at of elo a ER TO Bá sigo 


Denominação: da propriedade RT RR E a - 
ESTA. q) cio cn ao fare poa o COP o AR TOR ERR EN 
IMTLICIDÃO Ego «8, lrode o adora LS do RR pa DO RS 
Cidade, yillalou poyoação mais iproziiianr e 
E? propriar;Nomesdo proprietaniol. stamaM: . Da as 
EP arrendada? Nome dolproprretario. ER 
E” alugada ? nome do proprietario.......... 6 o ae RA 
Servida pela estrada; soci Ala an EM oe cabia E RED à sia caa 
Estação mais pro iadar Br Re ooo ne o po neo Ra ee ERRADO 
Meiostde comimibiiicação, PEL RR 50% 
Area totalieiqualidadeldasiterras rr a 
Area! Cultivadatisf az» CMS Ses SENT PRA EI Reta o 
Arca Ancuital ae a (gore nos Dog dr aros per Ds AU NE DSR SOS jo OE 
rea emipasta siena iodo on on none go oe RN NEN e Roe EN NOR RENA 
Area em Pimaitaçã Mp re a apoie eos pa AD de oo Roe o onto RE 
Genero ide produeção 2 Sadr o Ra 
| Médiajananar de produeção sp. cp e ronje R 


Se for lavrador 
ETA 


[ Numero de cabeças de gado, com designação de sexo... 


nm 
E | Suas especies a. Ma AD SRI to po RD E RAR 
SO Possne prados artiiciaesp a E 

= | Natureza das culturas forrageiras... ...c.c.. 200 coesa una 
É [| Rendimento por hectare, alqueire, etc... ......caec scans 


VACCINAS É OUTROS MEDICAMENTOS 


“Modelo de requerimento para reguisição de vacinas 


Sr. Director do Serviço de Veteriraria: | 
K...,| criador em... Estado de... | inscripto no Resistrolda 
Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas sob! 
n... letrai a fl.) do respectivo livro, possuindo 17 cabeças dl 
gado, pede-vos a remessa de... dóses de vaccina, visto estar o seu 


gado ameaçado da peste da manqueira. 
Pede deferimento. 


Estampilha 
le 
300 reis 


NoTA — Para requisição de sarnol ou qualquer outro medicamento serve estel 
mesmo modelo, fazendo, apenas, as indispensaveis modificações. 


os 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 245 


aà a 


CORLABOBRAÇÃO 


- 


ça ÇÃO ÃO aà Ag 


“SOBRE UM PROCESSO RAPIDO DE COLORAÇÃO DE PROTO- 


LOARIOS EM CORTES HISTOLOGICOS, PELA SOLUÇÃO 
DE GIBNSA 


Das modificações do primitivo pó de Jenner, é sem duvida por 
emquanto, o methodo de Giemsa o que fornece preparações mais 
distinctamente coloridas. Applicou-se durante algum tempo, restricto 
aos estregaços e às laminas de sangue, para estudos puramente histo- 
logicos e pesquizas de protozoarios e bacterias. A sua grande propa- 
ganda foi feita por Schandinn, quando o empregou para a coloração 
da iympha de productos syphiliticos e descobriu o “spirochoeta?, 
Este mico facto, basta para mostrar o grande valor dos processos 
de coloração, no estudo da etiologia das molestias infectuosas. 

Não é portanto, descabida de interesse, uma contribuição neste 
capitulo das sciencias 'experimentaes, embora importe ella em mma 
si” ples modificação de technica. O processo de coloração que propomos, 
nós o conseguimos quando procuramos colorir piroplasmas no sangue 
de um animal (bezerro Gersey), que havia morrido ha quatro horas. 
Como porém a morte se déra em estado agonico, não foi possivel 
encontrar sangue fluido no coração; havia coagulos, enchendo com- 
pletamente as cavidades, que aproveitamos, collocando-os em alcool 
methylico, | 

Depois de concluida a autopsia, feita pelo Dr. Herbster Pereira 
e por nós, foram lançados em formol fragmentos de figado, baço e 
rins, tendo-se o cuidado de fazer antes, esfregaços das mesmas vísceras. 
Nas laminas assim preparadas, a coloração habitual da solução de 
Giemsa, permíttin que fossem verificadas fórmas anulares de babesia, 
dentro das hematias e muito semelhantes às fórmas de schizontos 
novos, encontrados nos capillares cerebraes e no baço de individuos 
mortos de paludismo tropical, conforme verificação já feita pelo 
Dr. Parreiras Horta. 

A tentativa portanto de pesquiza no coagulo, era animadora, 
comauanto até aqui não conheçamos referencia a este processo de 
exame. Depois de uma hora de contacto com o alcool methylico, feram 
os pedaços de coagulo lançados no xylol renovado tres vezes de 
quinze em quinze minutos e incluidos em parafina. O sangue coagulado 
se presta admiravelmente para uma inclusão rapida, fixado previa- 
mente em alcool ethylico ou methylico. Quatro passagens em parafina 


246  MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


enovada de quarto em quarto de hora, sendo duas vezes de 38º e duas 
ezes em parafina de: 55º, são suficientes para a moldagem do bloco. 

im summa: da fixação à microtomiase gastam tres horas. Para a. 
oloração segundo o methodo original de Giemsa, applicado aos córtes 
stologicos, seriam necessarias mais vinte. e quatro horas e para a. 
oloração segundo o nosso precisio, mais quarenta minutos apenas, 
astariam. 

Antes de detalhar a modificação que pretendemos introduzir, 
ramos explicar como (Giemsa aconselha a coloração de córtes com: 
| materia corante por elle preparada. “ Pedaços de 5 mim são collo- 
ados em sublimado-alcool, segundo a formula de Schaudinn: solução. 
-oncentrada aquosa de sublimado duas partes, e uma parte de alcool. 
ibsoluto?.. (*) 

Depois de 24 horas estão fixados os fragmentos. Lavam-se em 
agua corrente e passam para a série alcoolica iodada, alcool absoluto, 
«ylol e parafina. Os córtes de 5 mm são depois de hydratados, tratados 
elo lugol, lavados e de novo tratados por uma solução à 0,5º/º de 
iyposulfito de sodio durante Io a 20 minutos, para o desappareci- 
nento completo das granulações de sublimado. Depois de bem lavados, 
olloca-se sobre os córtes a solução de Giemsa, durante 24 horas, 
vodendo-se renovar a coloração depois da primeira hora. 

Uma vez lavadas as preparações, faz-se a differenciação com as: 


seguintes misturas: 


po Neciona osccim alo sicom 

2 iAcetona 70 cem: xylol' 20 cem Ra 
= Aicetonal 30, cem, DeylolR7o cc pe 
4 — Xylol puro. 

5 — Fechar em oleo de cedro. 


] 


Toda esta série de operações implica em desperdício de tempo e 
le material, sem todavia se conseguir sempre bôas preparações. 
Conhecido o processo original, vejamos agora em que consiste 
1 nossa modificação. | 
“A primeira tentativa foi, como dissemos, a pesquiza do piro- 
olasma no coagulo fixado pelo alccol methylico. Os córtes finissimos 
“que obtivemos (2m.m.), foram hydratados como de costume, porém 
com agua distillada; em seguida, coloridos com a solução de Gremsa 
durante meia hora, preparada segundo a proporção habitual: uma 
zota da solução commercial e 1 c.c. de agua recentemente distillada, 
Os córtes se apresentam assim nitidamente coloridos sem super- 
coloração. Lavam-se em agua distallada e applica-se depois um 
processo de deshydratação mecanica muito simples e que os nao 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTRCHNIA 247 


a 


ag 


prejudica absolutamente. IE” esta a parte principal da technica. 
O excesso d'agua que existir em torno do preparado, enxuga-se com 
um panno e colloca-se sem a menor attricção sobre o córte, um pedaço 
de papel de filtro, exercendo-se sobre elle uma ligeira pressão 
mudando-se duas ou tres vezes de posição. O córte fica ligeiramente 
humido completando-se em seguida a deshydratação com xylol. 

Quando logo às primeiras gottas a preparação não fica completa- 
mente transparente, colloca-se sobre o córte embebido de xylol um 
pedaço de papel de filtro, deitando-se immediatamente novas gotas 
de xylol, para finalmente fechar-se a preparação em balsamo neutro. 
Vemos pois que se precisa apenas de papel de filtro e de xylol para 
a deshydratação. Não ha necessidade de differenciação porque o tempo 
de coloração não obriga a isso. 

Em quarenta minutos no maximo, se obtem uma boa preparação 
histopathologica colorida pela solução de Giemsa, por um processo 
economico, seguro e rapido. 


Aleixo de Vasconcellos. 


(*) Quando se fazem esfregaços para a fixação humida, aquece-se 
a mistura fixadora à 70º. | 


| 


248 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


ea a aa 


ENCEPHALITE CHRONICA COMPLICADA DE PACHYMENIN- 
CITE CEREBRAL E ESPINHAL OSSIFICANTE, NO. 


CAVALO 


A pachymeningite ossificante commum no cão é, tão rara nos 
equideos, que merece ser mencionada quando apparece no cavallo. 


Em Maio p. p. fui procurado, em Florianopolis, para examinar) 


um cavallo que, deitado desde dois dias, estava impossibilitado de se 


levantar. Encontrei o doente deitado em decubito lateral esquerdo, 


fortemente emaciado, principalmente na parte trazeira do corpo, onde. 


ja existiam muitas feridas provocadas pelo decubito prolongado. 
Tratava-se de um cavalio indigena, castrado, com 17 a 18 annos de: 
idade. Constatei o pulso accelerado e pequeno, a respiração curta e. 
accelerada, a 4emperatura geral normal, a cauda paralysada, o anus 
largamente aberto, os membros posteriores paresiados, porém, sensíveis. | 


Disseram-me que, durante os ultimos quinze dias, este animal | 
apresentára perturbações motoras do treno posterior, perturbações | 


essas que se accentuaram sempre mais até a occasião em que o animal 


Cahiu para não mais se levantar. Soube tambem que anteriormente, 
o cavallo tinha grande somnolencia, dormia em pé e cahia em, 


qualquer logar. 
Grassando, no Estado de Santa Catharina, a raiva nos grandes 


herbivoros, assim como o mal das cadeiras nos equideos, fui obrigado 


a aproveitar todos os elementos ao meu alcance para verificar se o 
caso constatado devia ser attribuido a uma ou outra dessas entidades 
morbidas. 


Julgando inutil e anti-economica qualquer intervenção tendente a 
conservar ou curar o animal, de accôrdo com o proprietario, sacri- 


fiquei-o e procedi immediatamente à autopsia, examinando com especial | 


attenção os centros nervosos. À caixa craneana estava exteriormente 
normal. Notei a ossificação completa da foice do cerebro. Estavam 
tambem ossificadas as granulações que, às vezes, se encontram nas 


faces lateracs da foice do cerebro, granulações essas impropriamente 


denominadas glandulas de Pacchioni. 


Verifiquei tambem a ossificação quasi total da tenda do cerebello. . 


Os ventriculos lateraes estavam fortemente dilatados e cheios de 
liquido citrino. 


Nos córtes da substancia cerebral encontrei varios fócos hemor- - 


rhagicos. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 2497 


al ça ça a a ÃO AÇÃO a AA AA aà 


Na região lombar, na face inferior da medulla, encontrei, na 
dura-mater, uma placa ossea de quatro centimetros de comprimento 
sobre um centimetro de largura. 

Esta placa ossea, comprimindo a medulla, provocava as pertur- 
bações motoras e a paralysia das partes posteriores do corpo. 

As inoculações em animaes de laboratorio e os exames microsco- 
picos excluiram a possibilidade da existencia da raiva e do mal de 
cadeiras. 

Estava, portanto, em presença de um caso de encephalite chronica 
ou “immobilidade” em consequencia à pachymeningite ossificante cere- 
bral e lombar e à hydropesia dos ventriculos lateraes. 

Florianopolis, Julho de 1914. 


Dr. Gaston Urbain, 


Medico Veterinario. 


R.v. 32 


250 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


RAÇA BOVINA MAREMMANA 


Em duas monographias publicadas nesta mesma “Revista de. 
Veterinaria e Zootechnia” illustrei duas raças bovinas da Italia que 
devem ser consideradas entre as primeirissimas do mundo — a raça 
romanhola (vencedora do grand-prixz na Exposição Internacional de 
Paris) e a raça de Val de Chiana, ambas, creio não enganar-me, 
destinadas a produzir resultados extraordinarios tambem no Brasil, 
quer reproduzidas puras, quer importadas para o melhoramento dos 
bovinos aqui existentes. 

Nenhum preconceito de campanilismo me induziu a afirmar o 
que aqui repito e sim a convicção formada pelo conhecimento adqui- 
rido mediante longa e constante pratica e ainda pelo estudo do 
ambrnte do antiquissimo berço dessas raças, do ambiente de sua 
origem mais recente, daquelle em que actualmente se criam, multi- | 
plicam e prosperam maravilhosamente, da sua estructura morphologica | 
e tendencias innatas ou determinadas pelo homem, em relação ao que 
é no actual momento o ambiente agricolo-zootechnico brasileiro. 

Admirador enthusiasta e sincero das já celebres raças bovinas 

da Europa, apezar disso não posso deixar de dizer uma vez por todas, 
que, em um ambiente como ainda é o Brasil agricola, as raças espe- 
cialisadas, quasi artificiaes, por assim dizer, creadas e formadas em 
ambientes frios e, se não frios, sempre extremamente humidos, não 
podem dar senão resultado pouco duradouro. 
As raças destinadas a triumphar em ambiente agricolo-zootechnico 
como o do Brasil são as que têm origem natural e de raça pura (a 
Schuytz, a Romanhola, a Simmenthal e a Chianina), que embora 
vivendo alguns mezes do anno na penuria, têm progredido esplendida- 
mente e continuam a progredir mais em virtude dos proprios dotes 
mirinsecos e naturaes do que por obra do homem. Em todo caso, só 
o futuro dirá se tenho razão. 

Agora proponho-me a fallar da raça maremmana, cujo conheci- 
mento, penso, póde interessar muito, porque delle se obtem idéa da 
grande maioria dos bovinos que povoam actualmente a parte léste 
da Europa, grande parte da Asia Occidental e da Asia Menor; esse 
conhecimento póde interessar tambem por outras razões que irei 
expondo. 

A raça bovina maremmana, dada por Sanson 

Origem e historia como pertencente ao B. T. Asiaticus, teve suas 
origens dos bovinos macroceros cinzento-escuros 

que, da Asia, seu centro de domesticação, foram trazidos para O 


Touro de raça Maremmana 


) Pi 
ca 


inc sá 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 251 


ça a ça A aà A aà AAA O 


“Sud-Est da Europa. Segundo Marchi, os dados morphologicos, physio- 


logicos, prehistoricos e historicos induzem a considerar a raça marem- 
mana como descendente directa dos macroceros ucranicos, introdu- 


zidos na Italia durante o VI seculo por Agilulfo, senhor dos 


longobardos. 

“Estes bovinos, de chifres longuissimos, de pello cinzento e cinzento- 
escuro, habitam ainda hoje uma extensa superficie: a Ucrania, a 
Podolia, Bessarabia, Rumania, Hungria, Transylvania, Bosnia, Dal- 
macia, grande parte da zona adriatica italiana, a maremma da baixada 
thirrena e uma bôa parte do Sul da Italia. A área geographica falla, 
portanto, a favor de sua difiusão, occorrida no Occidente com as 
invasões dos barbaros. ) 

A raça maremmana assim se chama porque 

Area geographica criada na Italia na maremma (baixada pantanosa) 

grossetana e romana. Ainda que na região de 

Grosseto e na de Roma a raça seja a mesma, não obstante, quem as 

observe attentamente relevará uma ou outra ligeira differença entre 
os bovinos das duas zonas. 

Os bovinos da maremma grossetana occupam a provincia de 
Grosseto e pequena parte da de Siena; os da maremma romana 
habitam toda a região do Lacio e a baixa Sabina (Umbria). 

O recenseamento de 1908 (não me consta a 

Dados estatisticos realização de outro posterior) indica que os 

bovinos de raça maremmana da provincia de 

Grosseto ascendem a 40.000 cabeças; os da provincia de Siena a 
20.000 e os do Lacio a 135.000, em cifras redondas. 

Este bovinos têm em geral fórmas 

Caracteres morphologicos vigorosas, de membros grossos e que 

demonstram no seu conjuncto caracteres 


“de força e resistencia excepcionaes. A cabeça, antes leve confrontada à 


massa do tronco, tem a fronte larga e plana e o sincipite que não 
projecta para traz; chifres robustos de differentes sinuosidades, 
dispostos com frequencia em fórma de lyra, como na maior parte das 
raças podolicas, de 60 a 80 cm. de comprimento nos touros e vaccas 
e muito mais nos bois. As pontas dos chifres distam entre si de 80 a 
130 cm.: olho vivaz, orelhas de mediana grandeza e moveis, focinho 
preto lustroso com margem clara. 

O pescoço é encorpado muitissimo musculoso e a barbella 
abundante. 

O trem anterior apresenta desenvolvimento nredeminante -— 
caracter que se póde chamar especifico das raças cujas aptidões ao 
trabalho e à producção da carne são superiores às lactiferas, nas quaes 
o trem posterior predomina, como, por exemplo, na raça hollandeza. 


252 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A cernelha é pronunciada, o thorax profundo, a linha dorso-| 
lombar perfeitissima, garupa um pouco declinante para traz. Os. 
aplombs são regulares, as articulações largas e fortes e unhas) 
robustissimas. 

A garupa, relativamente não muito desenvolvida é um dos defeitos 
característicos da raça. A pelle é espessa. A altura dos touros varia | 
de 1m,52 a Im,60; a das vaccas de 1m,42 a Im,55 approximadamente. 
; O pello é cinzento em suas varias gradações. Ha 
Pigmentação prevalencia do cinzento-escuro no contorno dos olhos, 

nas regiões do pescoço, das costas, do sacro, na face 
anterior dos antebraços e das canellas. E” preto nas margens das 
orelhas, nas orlas das palpebras, no focinho, na abobada palatina, na 
superficie superior da lingua, no pincel da cauda, na ponta do escroto 
e às vezes em todo elle; no anus, perineo, vulva, no terço superior | 
dos chifres, dos quaes as outras partes são de um branco-amarellado. 

Os vitellos, ao nascer, têm o pello fulvo, como todas as raças 
podolicas. | 

E” dificil encontrar uma raça bovina possuidora dos 

Aptidões requisitos da maremmana para o trabalho. Ella desenvolve 

enorme somma de energia motriz — de modo que fornece 

individuos de trabalho por excellencia. E” typo rustico e deve ser! 

osta entre as raças mais sobrias, frugaes, resistentissima às fadigas 

e às molestias. Supporta facilmente a fome e nutre-se de forragens 
grossewas, depreciadas. | 

Os bois iniciam a vida de trabalho aos tres annos de edade deixan- 
do-a dos dez a doze annos, edade em que, submettidos a melhor 
regimen alimentar, são preparados para o córte. 

A aptidão para a producção de carne — considerado o regimen 
de vida, os systemas de criação e de alimentação que têm conservado : 
à raça os caracteres da primitiva rusticidade — não póde ser a da 
romanhola e menos ainda a da chianina — antes fica muito longe 
desta. Apezar disso, o rendimento liquido em carne dos bovinos 
maremmanos, e embora mantidos em regimen inteiramente solto 
(bravio), varia de 47 a 55º|º; porém, logo que se lhe melhorem as 
condições de nutrição, esse rendimento alcança e supera 58º/º. | 

A” carne falta a ondulação especial (marezzatura), porque a 
gordura, em logar de depositar-se no tecido connectivo entre os feixes. 
de fibras musculares, accumula-se de preferencia no connectivo sub- 
cutaneo e ao redor dos rins. Mas o sabor dessas carnes, apezar da 
qualidade inferior das forragens, é sempre muito bom. 

Quanto à aptidão lactifera das vaccas não foram feitas experien- 
cias porque são muito rusticas e não é facil mungil-as; sabe-se que à 
porcentagem de gordura no leite é muito alta, variando de 5 a 6, 75 º|º. 


CUBULTIOILI SÍBI OP OTJSMA O BODBA 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 253 


a aà a ÇÃO AAA AAA AA 


| Oitenta por cento da população bovina marem- 
Eustema de criação mana é conservada no regimen inteiramente 
| livre, bravio, (brado), não tem agasalho, vivendo 
"sempre ao relento, nos prados naturaes ou pastos artificiaes ou nos 
bosques, quer nos grandes calores do verão, quer no rigido frio 
hibernal. 
Os pastos são divididos em reservas, onde a criação é deixada 
Fem liberdade por um tempo determinado. De regra, os bois ficam 
“em pastos separados das vaccas e touros; os vitellos desmammados, 
“por sua vez, tambem são separados. 


| Durante o inverno, os bovinos maremmanos, são juntos e reco- 
" lhidos nos bosques, onde lhes é fornecida uma pequena ração de 
— palha e feno, visto que os pastos são completamente insufficientes 
| para manter-lhes a vida. 

| A cobertura é feita de Maio a Setembro. Para cada grupo de 
" 80 à 100 vaccas destinam-se 4 ou 5 touros. Estes começam a monta 
aos 2  annos e conservam-se como reproductores até os 7. 

A primeira selecção dos machos destinados à reproducção é feita 
* quando estes se acham entre 7 e 8 mezes de edade; a segunda, que é 
* definitiva, realiza-se no seio dos primeiros quando attingem dois annos. 


As femeas, comtanto que não estejam defeituosas, são todas 
* guardadas para a reproducção, até a edade de 11 annos. 
g Esta raça tem um grande futuro nas zonas e paizes onde certas 
" molestias são endemicas e onde ha necessidade de muito trabalho; 
E porque para os trabalhos agricolas e industriaes é uma verdadeira 
machina, sendo muito resistente ao calor. 

Além disso, está-lhe reservado um grande futuro como machina 
: * productora de carne, dando-lhe abundante alimentação durante todo 
j anno e subtrahindo-a aos periodos de verdadeira fome, a que sempre 
À 


esteve sujeita até hoje. 
| O cruzamento com a raça chianina tem dado resultados discretos ; 
| deu-os optimos com a romanhola e com a Schwytz, especialmente 
* com esta ultima que tem um poder excepcional de refrescar o sangue 
; das outras raças bovinas. 

Esta raça, além dos motivos expostos, é interessante 
“Observações ainda por ter sido a primeira sobre que se iniciaram 

os estudos da malaria bovina (tristeza). 

Emquanto Cell, Marchiafava e Grassi aprofundavam e com- 
pletavam seus estudos sobre a malaria humana, que os tornaram 
celebres; outro sabio iniciou (pela primeira vez no mundo) os estudos 
sobre a uslsria bovina (tristeza), que naquelle tempo matava todos 
"os bovinos da baixada toscana e da região romana procedentes de 


Ao 


Eno + tam 


254 MINISTERIO DA AGRICILTDRA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LOL LO LD 


outras zonas e paizes, ao passo que a raça maremmana não estava. 
sujeita a essa molestia. Refiro-me a Oreste, o grande pathologista e. 
clinico que ainda é director da Escola Superior de Veterinaria, de. 
Napoles, o primeiro que estudou a malaria bovina e sobre ella | 
escreveu, demonstrando depois porque a raça maremmana era natural- . 
mente immune. Os estudos de Oreste foram continuados pelas escolas | 
inglezas, francezas e hungaras, em cujos paizes a molestia é endemica | 
e onde, a raça maremmana levada para melhorar as raças que com | 
ella têm a mesma antiga origem, não foi atacada daquella fórma de | 


malaria que, como é sabido, é sempre tão maligna. 


Dr. P. Foschini. 


Medico Veterinario 


Le ad 


; 
& 
E 


a 


RRCOG NESTA TFLUIDA 


— MURRAY 


Patente pelo processo especial do 
invento de 


SIR JAMES MURRAY 


Fabricas em Dublin e Rio de Janeiro 


Todas as familias devem estar providas 
deste precioso medicamento, que tantas vezes já preve- 
niu molestias graves, sendo tomado a tempo, para 
Indigestões, azia do 
estomago. dores de cabeça, 
alfecções gastro-intestinaes, 
jigado e febres em geral. 


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Por ser chimicamente pura a 


MAGNESIA DE MURRAY 


conserva-se indefinidamente e nunca se altera 


Hivitar as imitações 


256 MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


NATAL TN TN NL TN AA AS LAS SS LS OS LS SRS LS SS SSL SSL SS SSL LL 


apresentamos o quadro das migrações do azoto alimentício no corpo. 


dos animaes em experiencia, admittindo que cada um kilogramma de 


azoto ganho, corresponda à fixação de 30 grs. deste elemento. 


Duração | Peso mé-| Cres- Ázoto REPARTIÇÃO DO AZOTO CONSUMIDO Azoto fecal TeM 
Expe. ANNO dio cimento | consumido | | Kellner previa 
Eita diario | por 100 | Urina | Cresc. | Perdas | Fézes E 
CEL Ure | GS) BS) DG % % % | Keller 

Mo sad 1910 20 5o 750 | 97.60 | 26.36 | 46.16 | 10.86 | 16.62 4.99 | 233.06 
B... 1902 4I 69 806 | 122.03 | 45.16 | 28.60 16.80 9.36 0.84 | 1.016.29 
(Ditos ls e 1910 42 87 232 98.25 24.98 HO 35.21 28.11 14.81 89.80 
D... 1908 99 92 884 | 88.62 | 39.11 | 32.53 4.28 | 24.08 4.87 | 395.07 
Esse: 1807 37 Cb sto! | ÃO | also | diaço 2.34 3.49 [.93 | 339.60 
1 go 1907 39 128 mosn ongs | nn PasiRo 6.03 | 26.50 18.35 44.41 
GE 1903 55 136 e E Dio TO | ASS | 22NÊ 1 nooas |" 2059 14.63 43.13 
HS ses 1908 49 158 418 | 63.42 | 44.80 | 12.54 15:03 | 2757 16.18 71.26 
| (ER 1904 58 161 716 63.98 ASP | 20587 0.50 | 42.71 35.81 19.27 
| 1904 91 162 ISS Os dp AGO: | NÓ 7 RTIS PRRANTRSIAE 25.55 61.02 
RC s. 1912 77, 165 885 | 62.42 AO) | EST) 14.46 | 39.37 16.46 | 139.18 
| RR 1905 48 I7o 937 | 65.53 | 25.00 | 25.92 T2604H Ea 7804 22.36 65.65 
IEA A 1902 57 I9IT 1.026 | 45.03 15.12 35.81 0.81 48.26 22.15 117.85 

ERRO MEDIO...... 70.20 
N... 1906 84 203 946 | so.74 | 18.25] 27.57 7.48 46.75 24.90 87.75 
(Doro ao 1911 49 203 827 43.47 22.51 28.13 8.42 40.94 25.54 60.30 
ps: 1907 91 204 643 | 44.51 DMSTó || Arado Bote | Alia | qm) 45.06 
Q....... 1903 98 os 857 | 44.88 | 21.74 27.93 E1.20) || 2OBIS 25.65 52.55 
R... 1905 98 259 TO SONO) | E DSO 17-63 | 10:86 | 44-18 DI? 108.20 
Ssratios 1909 42 293 821 45.05 | 24.24 18.66 | 10.13 | 46.97 34.08 37.82 

ERRO MEDIO...... 65.27 
4 VER RR 1909 | 91 as 659 | 39.02 | 23.03 | 13.00 | no 168 b|| E a29 atas 46.88 
U.-: 19i2 | 49 407 755) 42.75]! 20.609) | 13:02"): 17.44 |5 48:85 | v3ma57 54.74 


ERRO MEDIO 


= === 


Deixando de lado a primeira edade, para a qual as differenças: 


são sensiveis, vemos que, em média, a proporção do azoto fecal excedeu: 


65.93 º|º das previsões das taboas de Kellner. 


REVISTA DE VETERINARIA o ZOOTECHNIA 257 


dd SS SD a DD DD LARA AA AA 


A differença das de Wolff se eleva a 75.04 Bia, 

Além do azoto excretado dos alimentos, as fézes contêm uma 
pequena quantidade fornecida pelo intestino, quantidade essa que não 
attinge à fornecida pelo intestino do homem; o proprio Kellner não 
avaliou essa fracção e até aqui ainda não podemos determinar a sua 
importancia. 

A escola dinamarqueza tem investigado depois de um estudo sobre 
a alimentação das vaccas leiteiras. 

Reprimimos a experiencia, de nossa parte e ainda assim não con- 
seguimos encontrar os mesmos algarismos, collocados em condições 
differentes das suas. 

Seria ocioso, a proposito das divergencias entre os nossos resul- 
tados e as taboas de Keliner, de fazer sobresahir o cuidado com que 
recolhemos o azoto das dejecções dos nossos animaes, visto como 
a menor negligencia de nossa parte, não teria tido outro resultado que 
o de diminuir a differença nas nossas experiencias. 

Do que resulta para nós, um facto muito claro. 

O valor em amido, attribuido por Kellner, aos alimentos que 
estudamos e que, para a maior parte se acham entre os mais empre- 
gados, não é exacto, porquanto a fracção para a qual o azoto contribue 
neste valor, é notavelmente muito elevada. 

O engano não se limita, todavia, aos principios de azoto; os 
nossos resultados, fornecem egualmente, a prova. 

* Com as rações que nos servimos, podemos constatar que uma 
mesma quantidade de principios nutritivos digeridos em um tempo 
dado, produz, nos animaes em experiencia, um accrescimo mais ou 
menos egual, pela relação, ao seu peso e à sua superficie. E” o que 
nos permitte formular a lei das despezas de crescimento. 

* Sios valores de amido, de Kellner, fossem reaes, todas as nossas 
rações possuiriam um valor de amido pouco differente; os seus 
effeitos seriam muito proximos. 

O seguinte quadro mostra, com effeito, que elle não o é. 

Para simplificar, damos em nossos calculos, o valor amido, attri- 


buido o coefficiente unico 2.27 em todas as graxas e contado como 


RV. 33 


258 MINISTERIO DA AGRICULIURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Na 


albuminoide todo o azoto digerido, o que não póde dar senão diffes 


renças insignificantes. 


- Valor / 
Duração | Edade Peso | Superfície | Cresci- DO RE ARM O Diferença sobre (amido) | 


ANNO mento |/—>—>—> A | as previsões | das unidades 

(dias) | (dias) | (kgs) | (ms) | (grs) deiegas % no “ag 
1903 escamas 55 IIO 136 2.56 E82 1.622 1.604 o I.II 
194 Monte ra Ro 49 143 14% 2.70 745 I.4%8 1.540 — 4.01 
TIO07E ie 8 feto 49 155 186 3.15 925 ET S49A 1.427 + 4.63 
190536 FI LIsER 48 157 170 2.97 937 1.547 1.608 — 8.76 
1908; rsss ger as 164 154 2.78 asim Eros, 1.201 +. 2,88 | 
OM hear o 30 Igo 218 3.51 783 1.320 To QU) + 1.%6 
GAL sor esa 49 | 95 205 Mudo 827 1962 1.359 + I.jo 
1900240. ts 84 208 203 2.34 946 1.468 1.497 — 1.94 
1909p- erra. 49 311 296 4.30 888 1.281 Ho Pet — — 0.77 
1909 91 431 379 5.06 769 1.128 POLO) +. 0.63 


Constata-se, neste quadro, as differenças de 25º/º entre o valor 
“nutritivo attribuido por Kellner às rações: que produziam quasi o 
mesmo resultado. | HA 

Poderiamos, sem duvida, ter essa averiguação; . entretanto, 08 
exemplos tomados isoladamente vão nos permittir demonstrar com 
maior precisão. | ] 

Em 1909, alimentamos, durante tres semanas e com 700 grs. de 
tortas de amendoim) e feno, à vontade, uma novilha cuja nutrição 
começamos a estudar alguns mezes depois. Ê 


O balanço diario, das tres semanas, pectabele net, -Se como se segu 


vr) Quantidade M. S. Ciuzas M. €. M. E. €. M. A. Valor (am 
CNQAS o 00 106) Oro O Gio 0.037 0.057 0:184 * 0:33 UMA 
JASNO vaso abro aa 6.947 6.009 255004 0.141 5 140755 0.606 a 
| 6.624 0,544) 0.198 4.939 0.943 | 2.268 
Urina... ci. SE 4.151 de azoto úrinario correspondem a... DEZ) 
Rézes iodo 1285 2.885 0.384 0.083 o SR 0.481 


ends to. 17.285 3.739: 6 160 200/1514 8/0020 Morpia 
| Br62nio tio. 544) BOIMOSI 989) 910,04 


Peso medio do animal 353 kilogrammas, superficie 4.83 metros 
e crescimento 571 grammas. 


REVISTA DE VETRRINARIA K EOOTEGRNIA, 259 


LNLS SAIA A a 2 


pezas. theoricas, do as regras, por nós propostas : 


EN “ Unidades 

Jo EUSLSNto! CO COLPO.. serias Mo” X 500 4,415 

E 2.9 Materiaes do crescimento,. 370 341 BU! 211 
em , o foto fo) o 

Es.» l Vo . 5 

R Ro Trabalho do crescimento... SBN ROO a A 1,008 


1,000 


À 


DAME a Pa O IA 

As despezas exactas não excederam as theoricas, senão em 32 lê 

E es em amido equivaliam a 60.94 º|º. | 

A “novilha recebeu, em seguida, durante ro semanas, uma certa 

nº Eae de batatas, depois beterraba e finalmente as duas juntas, 
LUI 


10 tempo. que supprimiamos as tortas E amendoim. O feno 


ou a ser dado, a vontade. 


Quantidade M. Ss... Cinzas M. G. HC. M. A. Valor (amido) 


dE A Re. : “ / M H 
sc: EP Were OS 360) 0.020 0.040 0.113 0.187 0.260 
ts GEAAl sl. 334 ROMS OL OO DA, ME NSS 1.456 
RR os rms 0,242 | 0.016 1.320 0.200 - 0.858 
Ri, q 4.543 Sm Gg OS Z 0.113 3.120 0.400 1.178 
' HE MANET QIG4TE SOUTO A SLOS7 1 -0:943 0, 5:3,952 
dé 5.758 de azoto urinario correspondem a... = 0.206 
Do erico 17.048 2.649 0.496 0.080 1.548 OE) 


17.048 4.168 O. ESA 0.090 4.109 0212 


De a anta 


7.417 Me OL TO PESE 0.743 


E E medio 389 kilogrammas, Er 5.15 metros e crescimento 


CEE | Unidades — 

RO Sustento do corpo: 220.2» MIS DA OSOMO Str2:515 
r 

208 : , ; 6 

E 2 Materiaes de crescimento... 3/0 X 346 

“A ; 6 
Rss: do crescimento... Sao q = E 1.821 

' CO VROBME UR 2 

RE aos tivos da ração : 

fg Unidades 
BRR O O 227 iss e: Mt a à CRC 204 
É Eid ratos de carbono... censuras em snes calmas 4.109 
RR oseno não achada... cics scores cemsnes manera Biz 


MROLElA dA ULÍNA...cccrrrros DRA e cid o a 206 


260 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


â 
[ 


As despezas reaes foram mais ou menos eguaes às nossas previsões, . 


Assim é, que, tanto num como no outro caso, o rendimento dos | 
principios nutritivos foi sensivelmente o mesmo. 
Depois que os valores amido se conservaram fixos, se elevavam 
no ultimo caso a 79.12º|º dos principios nutritivos, contra 60.94 º/º 
no primeiro. 
j 
Estes valores, se acham pois, confirmados pelos factos. 
Kellner, entretanto, faz a saccharose soffrer uma depreciação de | 
1/4, pois ella é consumida pelos ruminantes. | 


Resumiremos brevemente uma experiencia feita em IgI2, que. 
nos permitte adoptar uma opinião. | 

Uma novilha, cujo crescimento diario observamos constantemente, | 
após o seu nascimento, recebeu, durante tres semanas, uma alimentação. 
que comprehendia cerca de goo grammas de amido, fornecidos pela 
farinha de mandioca e de batata. O crescimento médio attingia, 
821 grammas. Sem tocar no resto da ração, substituimos os feculentos 
pelos assucares. Em um conjuncto de principios nutritivos de 1.273. 
gramimas por 1OO kilogrammas attingiram 400 grammas de assucar.. 
A ração se achava proporcionalmente inferior à precedente. 

Apezar disso, o accrescimo passou de 821 a 908 grammas ou. 
sejarro;72/0)P: 

Longe de confirmar o modo de ver de Kellner, sobre a diminuição 
do valor nutritivo do assucar, quando consumido pelos ruminantes, 
esta experiencia, prova antes o contrario. 

Por falta de espaço deixamos de publicar os resultados de outras 


experiencias que nos conduziram às mesmas conclusões. 


(Continúa). 


André Gouin. 
P. Andonard. 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 261 


ça aà a ça Rà ÃO aà A ÃO ÇÃO ÃO A ÃO ÃO A AA AO 


SELECÇÃO 


Em todas as industrias ruraes, tanto relativas à agricultura, como 
à pecuaria, a selecção se impõe como medida preventiva e de extra- 
ordinario alcance pratico. E” por meio da selecção das sementes que 
se consegue o aperfeiçoamento dos fructos e dos cereaes, o augmento 
sempre progressivo do peso das colheitas e a progressão crescente 
dos lucros. E' por meio da selecção que se obteve, se obtem e se 
obtera, em qualquer época, o aperfeiçoamento das raças de animaes 
domesticos, tirando-lhes ou attenuando-lhes os defeitos e elevando 
ao mais alto grão as suas qualidades productivas. 


Toda e qualquer cultura, quer vegetal quer animal, onde não 
se pratique com toda a intelligencia e deligencia a selecção, irá, de 
- geração em geração, retrocedendo, até attingir o mais completo 
depauperamento e extincção final. 

Esta lei tem uma influencia muito poderosa na avicultura; e o 
avicultor que a menosprezar, em breve prazo reconhecerá o seu erro 
e negligencia. 

Ouçamos o que acerca deste magno assumpto escreveu o grande 
Bakewel, o creador da zootechnia: — “Si se escolher para repro- 
“ductores aquelles especimens que apresentam bem desenvolvidas as 
propriedades particulares que se desejam e com os seus filhos se. 
segue o mesmo methodo, dirigindo ao mesmo tempo a educação, o 
regimen alimentício, o peso, os exercicios hygienicos e de gymnastica 
funccional, que contribuam para augmentar aquellas disposições 
naturaes nos individuos seleccionados, ao cabo de algumas gerações 
se terá formado uma nova casta, cujos caracteres serão muito supe- 
riores aos da raça primitiva”. 

Muitas das mais bellas e melhores raças do mundo, taes como 
a Cochinchina, a Langshan, a Mourisca, a Leghorn, a Hamburgo, etc., 
nada mais são que o producto de uma selecção intelligente e accurada. 
Assim, estas raças, elevadas pela selecção, voltarão ao seu estado 
primitivo se na sua cultura não proseguirem os mesmos methodos 


empregados, 


262 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMÉRCIO 


Felizmente, em nossos grandes aviarios, como v. g. a “Ascurra 
Basse-Cour”?, em Águas Herreas) Ino” Rio de Janeiro, que ese a 
contestação um aviario modelo e que muito honra o nosso paiz é a 
nossa classe de avicultores, a selecção é um dos problemas mais 
seriamente encarados, de que resulta serem as aves alli nascidas e 
criadas, superiores em typo, volume e belleza aos mais soberbos exem- 
plares importados dos mais celebres e afamados criadores estrangeiros, 

“Sem selecção, jamais poderemos criar qualquer cousa que preste. 


Jd. Wilson da Costa. 


Revista de Veterinaria e Zootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL DA DIRBGTORIA DO SERVIÇO DE VEMRIINARIA 


DO 
MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
* X Distribuição gratuita aos criadores do paiz que a solicitarem x + 
ACCEITAM-SE ANNUNCIOS 


Toda a correspondencia relativa á REVISTA DE VETERINARIA E ZQOTECHNIA, pedidos, 
reclamações, etc., devem ser dirigidos a Fernando Werneck, Caixa Postal n. 1678 


RIO DE JANEIRO »< BRAZIL 


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, Encyclopedia illustrada de publicação mensal, consagrada à agricultura, pecuaria, . 
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Director — JULIO ARSENIO BARBOSA. 
KRedactor — EDUARDO CoOTRIM FILHO. 
Secretario — KURICO DE OLIVEIRA SANTOS. 


x + ASSIGNATURA (PAGAMENTO ADEANTADO) . x 
Brazil.......-.. 126000 | Estrangeiro...... 1396000 
REDACÇÃO — RUA DO HOSPICIO, 184 (sosraDo). RIO DE JANEIRO” 
Envia-se exemplar specimen a todos que o solicitarem 


A Evolução Agricola O Pazendeiro 

Revista mensal de Agricultura, Industria 

REVISTA MENSAL , 

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DA LAVOURA, INDUSTRIA E COMMERCIO a É 
Director — Dr. Edmundo Navarro de Anz 
Director: Georges Lion dias: 

paes org ; Redactor-Chefe — Dr. A. Queiroz “Telles. 


Redactor-secretario — Octavio Vecchi. 


X X ASSIGNATURA ANNUAL XX X 
Editores proprietarios — Alongi & É. 


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Asse naturara nal Me T2000 
REDACÇÃO | Cinco assignaturas remettidas á 
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BOLETIM DA AGRICULTURA : Directoria da Agricultura — Secretaria da Agricultura. 
O CRIADOR PAULISTA : Caixa Postal 685 — Posto Zootechnico Dr. Carlos Botelho. 


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DOIDO SACO OSSO SPOO CONDENSADO 


Quatro consas de que nos devemos lembrar 
| À MACRINA DE ESCREVER REMINGION A amais afamada. O numero 


total destas machinas, em uso no mundo inteiro, excede de 700.000. 


4 À MACEINA REMINÇION-WABL para sommar e subtrahir. Permitte 


escrever e sommar ou subtrahir em uma só operação. Cabe incontesta- 
velmente o primeiro logar ás machinas desta categoria. 


à À MAGRINA DE CALCULAR TRIUMPRATOR a unica que se presta sa- 


tisfactoriamente para as exigencias das repartições publicas. Faz qual- 
' quer das quatro operações com uma méra volta de manivella. 


4 ARGRIVOS DE AL) º prova a A” prova de fe fogo e humidade. Não se MES e mer temer 


mais as destruições dos roedores. Esta casa tem todos os estylos e tama- 
nhos adoptados nos departamentos e archivos dos governos estrangeiros. 


CASA PRATT 


125, RUA DO OUVIDOR, 125 — Rio de Janeiro 


AGENCIAS E FILIAES EM TODOS OS ESTADOS | 


| 
| 


Peçam maiores esclarecimentos sobre os artigos acima mencionados. ei 


POIDOIDOAPOAIDSADSLIADIAIDOADOADOIDOADOADOALSADSIDLSADOSPOADOADOSDOA DOIDA 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 263 


E SA ce A 


Aa A ÃO A ÃO ÃO HAHA AS AAA AA AAA AO 


PELAS INSPECTORIAS 


1º Districto (Amazonas e Para”) 


Do Inspector Veterinario deste Districto a Directoria de Vete- 
rinaria acaba de receber o relatorio dos serviços effectuados durante 
o anno de I1913, do qual extrahimos os topicos capitaes. 

As epizootias mais graves occorridas no referido anno foram a de 
carbunculo em Vizeu e a de febre aphtosa em quasi toda a ilha 
de Marajó. 

Os serviços executados em Vizeu constaram de incineração dos 
cadaveres de animaes victimados pela molestia; queima dos campos 
onde se constituiram fócos, quando era possivel fazel-o; isolamento 
dos animaes doentes e suspeitos e a vaccinação dos animaes nos 
campos considerados não contaminados. Todas essas medidas produ- 
ziram os resultados desejados, pois até 30 de Junho desse anno não 
occorreu um unico caso de carbunculo na referida região. 

— Muito mais penosa e dificil foi a prophylaxia da febre aphtosa 
na ilha de Marajó, já pela penuria de meios de transporte, já pelas 
condições de impraticabilidade que offerecem os terrenos, alagados 
durante meio anno. Apezar disso, o pessoal da Inspectoria envidou 
os maiores esforços para debeliar o mal, o que só conseguiu no fim 
de um mez. | 

— Durante o mez de Maio deste anno o pessoal da Inspectoria 
vaccinou contra a manqueira 148 bezerros. | 

— O veterinario Dr. Miguel de Lima Mendes, em companhia 
do auxiliar, de 1º classe Agostinho Tavares Vianna, seguiu para 
a ilha de Marajó, no Estado do Pará, para inspeccionar rigorosamente 
as fazendas do “Carmo”, de D. Maria Chermont ; “Montenegro” e 
“Minas”, do Dr. Augusto Montenegro e “Egypto”, do Dr. Virgilio 
Sampaio, por terem sido condemnadas as rezes daquellas fazendas, 
remettidas para o Curro Modelo de Maguary; partindo para as 
fazendas “Montenegro” e “Minas”, teve occasião de examinar 40 rezes 
que naquella occasião eram exportadas para o referido Matadouro, 
encontrando apenas quatro vaccas, com ligeiros symptomas de febre 
aphtosa, estando as demais de perfeita saude, satisfazendo assim 
ao fim destinado: consumo publico. 


264 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMÉRCIO 


Ns 


Attribue ao modo de transporte do gado, em barcos e mal accom- + 
modado, o motivo. de chegarem as rezes ao Matadouro em mas) 
condições, bem como a falta de alimentação e de agua, durante tres, . 
quatro e mais dias. 

Na fazenda Santa Catharina, a molestia reinante era febre aphtosa ; 
o gado desta fazenda é um proucto do zebú mestiçado com gado 
creoulo. 


= So Sa 


Vaccinou 78 bezerros, contra a peste da manqueira e nos retiros 
Jacaré e Lago 7o, não tendo feito em maior numero, por estar o gado | 
muito distante. Examinou, rigorosamente, o gado da fazenda Monte- | 
negro, gado mestiço com o zebú, achando-o em boas condições, apezar. 
de viver dentro de banhados e perseguido por insectos, tendo feito 
embarcar 40 rezes para o Matadouro, que foram acceitas pelo medico, 

Tambem visitou as fazendas Carmo e Julahy, não tendo veri- 
ficado caso algum de molestia infecto-contagiosa, prestando serviços 


profissionaes reclamados por abcessos, febre traumatica, contusões e 
conjunctivite. 


2º Districto (Maranhão e Piauhy) 


O boletim sanitario de Maio accusa a distribuição de 250 dóses. 
de vaccina contra a manqueira e a vaccinação de 64 bezerros pelo 
pessoal da Inspectoria. Foram observados casos esporadicos de cães 
raivosos e foram effectuados serviços avulsos de pequena cirurgia 
e polyclinica. 

— No mez de Junho distribuiu a Inspectoria 1.500 dóses da 
referida vaccina e o pessoal vaccinou 10 bezerros. 

A tristeza existe enzooticamente em ambos os Estados. Foi obser- 
vado um caso de tetano em S. Luiz. No dia 10 de Junho, procedentes 
do Rio de Janeiro, foram examinados quatro bezerros e quatro vaccas, 
uma dellas de raça hollandeza, dois dos bezerros são de raça turina 
e um jersey, todos apresentavam apparencias de bôa saude. 


3º Districto (Ceara' e Rio Grande do Norte) 


No mez de Abril o veterinario desta Inspectoria foi ao municipio 
de Quixeramobim onde, por meio de conferencias publicas, aconselhou 
aos criadores presentes os meios de melhorar o gado e de tornar o seu 
commercio mais lucrativo; ensinou-lhes os rudimentos da sciencia da 
prophylaxia e os meios de obterem do Ministerio da Agricultura os 
auxilios que este proporciona. 


4º Districto (Pernambuco, Parahyba e Alagoas) 


Em ofício de 18 de Julho, o Inspector veterinario remetteu 
algumas informações das visitas feitas a feiras e mercados do Estado 


Es 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 265 


a a aa ÃO AO OO O AAA AAA ÃO 


de Pernambuco pelo pessoal da mesma Inspectoria. A mais importante 
e rica de todo o Estado é a da cidade de Victoria, outrora Santo 
Antão, a Sud-Oeste do Recife e servida pela Estrada de Ferro 
à Central de Pernambuco. Nella se realizam aos sabbados duas feiras, 
uma de todos os generos de alimentação e outra de animaes e que 
“se prolongam até os domingos, 
Na feira de animaes contam-se bellos especimens: da especie 
cavallar e magnificos typos de muares. Além desta, foram visitadas 
as feiras de Tigipió, Jaboatão e Areias, de pequena importancia. 


7º Districto (Uberaba) 


No bolctim do rez de Maio, esta Inspectoria informa que lhe 
consta a existencia da peste da manqueira nos municipios de Uberaba, 
Sacramento, Araxá, Fructal, Araguary, Villa Platina e outros pontos 

“do Triangulo Mineiro; o pessoal da Inspectoria vaccinou 558 cabeças 
de gado contra este mal. 

A febre aphtosa parece extincta no Triangulo; verificaram-se 
alguns casos de sarna escabiosa, tendo sido prescripta a prophylaxia 
e o tratamento. 

— Procedentes da villa de Amedabhad, provincia de Guzerat, 
India, em 27 de Junho desembarcaram na cidade de Uberaba 78 rezes 
da raça zebú pertencentes aos Srs. Clarindo Irineu de Miranda e 
otanislau Severino Soares. São 41 touros e 37''vaccas (duas da 
variedade Gyr), de dois a sete annos de edade e nove bezerros, dos 
quaes nasceram dois a bordo durante a travessia maritima. Todos 

“elles apparentavam bom estado de saude. 

— Por solicitação do Director da Fazenda Modelo de Criação 

de Uberaba, o veterinario da Inspectoria medicou uma vacca caracú 
“pertencente a mesma fazenda. O animal estava atacado de glossite 
e bicheiras em diversas partes anteriores da bocca. 

— No boletim mensal de Junho é accusada a existencia de varios 
fócos de carbunculo symptomatico em Frutal e Prata e alguns animaes 
atacados de sarna. 

— Do relatorio dos serviços realizados pela Inspectoria durante 
O primeiro semestre de 1914, destacamos os seguintes topicos: a raça 
predilecta pelos criadores do Triangulo Mineiro continúa a ser a zebú, 
das especies Guzerat e Nellore e em menor escala as de Isar e Gil. 

A criação de equinos prosegue animada, tendo sido introduzidos 
bons reproductores inglezes, anglo-arabes e platinos. A de asininos 
tambem está sendo vivamente melhorada com a introducção de repro- 
ductores hespanhões, e italianos em maior numero. A criação de 


266 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A 


suinos está sendo agora melhorada, depois dos optimos resultados 
e altos preços conseguidos por alguns productos da raça Berkshire, 
Parece que breve tomará grande desenvolvimento. 


A criação de aves finas tem tido tambem um disenivolviiea 
intenso. 


Os funccionarios da Inspectoria vaccinaram 2.602 bezerros contra 
a manqueira, e distribuíram 5.850 dóses de identica vaccina aos. 
diversos criadores e pela Directoria do Serviço foram remettidas a) 
criadores do Triangulo Mineiro 37.915 dóses. Foram effectuadas 730. 
castrações de novilhos e tres de equinos. 


— Resumo do relatorio apresentado ao Dr. Cantidiano de Almeida, . 
Inspector veterinario do 7º Districto, pelo veterinario Dr. Epaminondas. 
de Souza, sobre os serviços prestados nas fazendas Tijuco e IndayÃlh 
municipio de Uberaba, solicitados pelos respectivos proprietarios, 
Coroneis Manoel Borges e Zacharias Machado Borges. 


O motivo da requisição deste veterinario nas fazendas Indayá. 
e Tijuco, segundo o diagnostico por elle feito, foram os seguintes: 
Um caso de hepatite em um cavallo de sete annos, um caso de inflam-. 
mação em a perna direita de um cavallo de cinco annos, apresentando | 
uma synovite e engorgitamento dos tendões posteriores, atribuindo | 
a uma violenta contusão em consequencia de entorse em viagem, ou | 
de compressão entre corpos solidos. Um caso de melanose, apresen-. 
tando intensamente os tumores pretos pigmentaes debaixo da cauda. 
e ao redor do anus, tendo aconselhado o que julgou conveniente para 
obter a cura. 8 


Observou tambem úum caso de hernia abdominal, em uma vitella | 
e o engorgitamento da região abdominal circumvizinha ao penis em, 
um reproductor zebú, diagnosticando cryptogamo no sangue, dia-. 
gnostico que foi confirmado pelo exame microscopico, revelando o 
pseudo anaplasma nos globulos sanguíneos e fóra delles e apresença, 
de mycelios, disseminados no plasma, prescrevendo tratamento interno 
e externo e esperando que obtenha a cura. 


Nessas fazendas a peste da manqueira é enzootica, victimando, 
rebanhos de bezerros; observou tambem pouca intensidade nos ataques. 
de bernes, bicheiras e carrapatos. 


Notou depilações em alguns bovinos, não podendo asseverar 0 
diagnostico, por desconhecer as causas, podendo ser attribuidas | 
tinha tonsurante ou mycose, ou a ambas, tendo tambem observado. 
casos de mycose (pseudo-anaplasmas) de fórma anemica. 

Cita a predilecção que os criadores tem pelo zebú, por dar grande, 
interesse, chamando a attenção do Governo para aniquilar essa especie, 


E 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTRCHNIA 267 


ça a ça ÇÃO AAA 


de criação prejudicial ao desenvolvimento racional da pecuaria, verbe- 
rando os criadores que preterem o interesse futuro ao presente com 
a propagação do zebú tão mal reputado. 


8º Districto (Santa Catharina) 


No boletim sanitario de Abril, esta Inspectoria accusa a existencia 
da febre aphtosa nos municipios de Tubarão e Laguna e o reappare- 
cimento della em Biguassú. sta epizootia tem se apresentado de 
fórma benigna, excepto nos terneiros de menos de um mez, que 
morrem em maior proporção. O isolamento dos doentes, aconselhado 
como meio prophylatico, não é executado com o necessario rigor. 

A raiva grassava em Blumenau, Garcia, Brusque e já haviam 
apparecido casos novos em Biguassú. As medidas tomadas pelas 
autoridades locaes foram deficientes. O diagnostico foi feito mediante 
autopsias, injecções de substancia nervosa e analyses de urina. 
A Inspectoria projectava encetar a vaccinação anti-rabica dos animaes 
em Blumenau, tendo retardado o serviço pela difficuldade de preparar 


o material necessario para esse fim. 


Em Campo Alegre foi constatado um caso de pasteurellose bovina 
cujos symptomas principaes eram diarrhéa e tosse. Pela autopsia 
verificou-se a existencia de lesões hemorrhagicas no tubo digestivo 
e rins. O veterinario da Inspectoria, em seu relatorio sobre o caso, 
nota que a molestia é curiosa porque produz lesões de pneumo-enterite 
e os animaes não ficam immunizados depois da cura, que se realiza 
expontaneamente quando retirados das montanhas. Esta molestia 
merece, pois, um estudo bacteriologico acurado. 

Verificou ainda um, cavallo atacado de gourme, um de helmin- 


thiase, um de harper, um de eczema, dois de arthrite aguda dos 


joelhos e um de distensão do perfurante. 

— A Inspectoria constatou no mez de Maio alguns casos de 
carbunculo symptomatico nos municipios de Laguna e Tubarão. Contra 
esse mal foram vaccinados 99 bezerros pelo pessoal da Inspectoria 
e distribuidas mais 50 dóses a um criador da Laguna. 

A febre aphtosa foi verificada em Tubarão, Imaruhy e Laguna, 
com fórma benigna; terneiros ha, porém, que -ficam victimados. 
Os meios prophylacticos empregados têm sido a prohibição do transito 
de gado dos fócos para as zonas indemnes e vice-versa, 

A raiva, que grassava intensa em Brusque e Blumenau, parece ter 
cessado inteiramente em ambos os municipios, constando o reappa- 
recimento em Luiz Alves (municipio de Itajahy). À Inspectoria 
constatou ainda um fóco de pasteurellose na Laguna, um caso de mal 
de cadeiras, dois de gourme, um de febre typhoide, quatro de helmin- 


268 MINISTERIO DA AGRICUIL/IURA, INDUSTRIA E COMMÉRCIO 


NL NL a aà aa A LINLNLNL LNLS LNLS LL LS IA 


dn dm 


thiases em equinos e um fóco de cholera das gallinhas; para todos 
esses casos foi prescripta medicação ou prophylaxia adequada, tendo 
dado bons resultados na maioria dos casos. 

— No boletim sanitario de Junho a mesma Inspectoria aceusa o 
desapparecimento da febre aphtosa dos fócos antigos, apenas se veri- 
ficou uma vacca aphtosa no municipio de Florianopolis, procedente 
do continente. 

A raiva perdura em Blumenau e Luiz Alves em equideos, 
bovideos e cães; foram communicados 18 casos e soube-se haver 
pessoas mordidas de cães raivosos. As autoridades locaes nenhuma 
providencia tomaram. 

Além dos casos graves acima foram verificados um caso de 
sarna sarcoptica em um cavallo, cinco casos de febre typhoide dos 
cavallos, complicada de gourne, dois de helminthiases em. cavallos, 
um de coccidiose em uma vacca, dois cavallos com arthrite aguda, 
um com envenenamento por forragem deteriorada, sete casos de 
cholera das gallinhas e tres de diphteria das galinhas. 


9º Districto ( Goyaz ) 


Resumo do relatorio apresentado pelo Dr. Samuel Hardman, 
Inspector Veterinario do 9º Districto: 

Regressando de longa excursão, que fiz nas zonas sul e sul-éste 
do Estado de Goyaz, no proposito de não só colher informações, que 
me habilitem a agir, consciente, para auxiliar, o desenvolvimento e 
progresso da pecuaria em Goyaz, como tambem para tornar conhecido 
entre criadores dos logares percorridos o desejo deste Ministerio 
em lhes prestar os mais efficazes auxilios. | | 

Foram percorridas, de 24 de Janeiro a 25 de Março, 517 leguas, 
com grandes difficuldades em vista da enorme vastidão territorial, 
falha, por completo, de regulares vias de comimunicação. 

O problema da industria pastoril em Goyaz tem de ser resolvido 
por varias maneiras ow soluções, tantas quantas as zonas em que 
para este estudo convém, dividir o Estado. 

Differem tanto as condições, quer do criador, quer da criação, 
na uberrima e extensa faixa de terrenos, banhada pelo Paranahyba 
e seus affluentes e nas abruptas caatingas, encravadas entre o Tocantins 
e o territorio bahiano, que ao mais leigo em assumpto de tal ordem, 
se afigurará, sem esforço, a impossibilidade de equiparal-os, na distri- 
buição de quaesquer medidas inherentes à protecção da industria 
pastoril, e entretanto, são goyanos os dois trechos dos territorios, 
apresentados como paradigmas, ou antes, estão ambos adstrictos à 
9º circumscripção veterinaria. 


REVISTA DE VETERINARIA K ZOOTRCHNIA 269 


ni dada Sd Sea Da Do DD NM 


Bem sei que não póde ter o governo a pretenção de ser egual- 
mente util a todos os pontos do Estado, em alguns dos quaes é 
materialmente quasi impossivel levar os mais elementares 

Por Isso mesmo, desprezando as difficuldades e fadigas, parti no 
dia 24 de Janeiro de Catalão, atravessei em tres dias o rio S. Marcos, 
O maior afluente do Paranahyba, que separa a séde desta comarca do 
districto de Santo Antonio do Rio Verde, centro importante de 
criação pela bondade de seus campos, optimas aguadas e ausencia 
de epizootias. 


até 


recursos. 


| O districto de Rio Verde conta uns 10 criadores abastados, 
possuindo cada um mais de 1.000 rezes. 

A criação: de equinos cifra-se na criação de alguns exemplares 
que não chegam sequer para os trabalhos domesticos e a de porcos 
é mediocre. 


Foi convocada uma reunião de criadores na fazenda do Coronel 
Henrique da Veiga Jardim, comparecendo 30 interessados aos quaes 
foram expostas as vantagens e conveniencias de certos principios 
basicos do aperfeiçoamento da criação bovina, a necessidade de uma 
acção conjuncta de todos os interessados para a consecução do mesmo 
fim, mostrando-lhes as vantagens, que, sem onus algum, poderão 
obter, pondo-se em communicação constante com o Ministerio da 
Agricultura, directamente ou por intermedio da Inspectoria Vete- 
rinaria no Estado. 


Aproveitando a opportunidade concitei os presentes a organizarem 
uma associação que, sob a fórma de syndicato, gozasse dos favores 
que a lei concede a taes institutos. 


Acceito o alvitre, foi aprovado o projecto de estatutos organi- 
zados e eleita a primeira directoria do Syndicato Agricola e Pastoril 
de Santo Antonio do Rio Verde. 

Foram neste districto visitadas oito fazendas, feitas diversas 
operações de pequena cirurgia e praticadas vaccinações contra man- 
queira, etc. 

No dia 5 de Fevereiro achava-me na Serra dos Pilões; mas ahi 
para alcançar o municipio de Formosa, a ponto de percorrel-o nos 
vãos do Rio Preto e do Urucuya, era-me necessario, em vista do 
máu estado dos caminhos a léste, procurar a estrada de Paracatu, 
que, por se destinar ao serviço postal, é a que melhor se offerece 
aos viajantes, nas épocas chuvosas. 

Passando num trecho desse rico municipio mineiro, onde, tive 
opportunidade de observar o enorme esforço de alguns fazendeiros 
progressistas, possuindo muitos gado de grande peso, bello formato, 
criado em “invernadas” esplendidas de capim-gordura ou de jaraguá, 


m- 


270 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA É COMMERCIO 
SSL SSIS SSIS SACAS A ABRO AR 
so a 23 de Fevereiro pude galgar as primeiras etapas do grande 
planalto central do Brasil, zona de um futuro surprehendente, quando 
a viação ferrea que numa população dotada de competencia e acti- 
vidade explore convenientemente as grandes riquezas naturaes alli 
existentes. 

Eis-me em Formosa, a 2 de Março, já conhecendo grande parte 
das suas campinas ao levante. 

O municipio é um dos maiores e mais futurosos de Goyaz, tendo 
duas zonas completamente distinctas, sobretudo salientando quanto. 
aos recursos para manutenir e desenvolver a industria pastoril, que é 
a quasi exclusiva preoccupação dos seus habitantes. | 

Ao lado da grande “chapada” que é o portentoso divortium 
aquarum das tres maiores bacias hydrographicas do Brasil (Prata 
Amazonas e 5. Francisco), existem os vallões ou vãos do Rio Preto, 
do 5. Marcos e do Paraná, o que constitue recurso precioso para. 
o successo da criação. | 

Assim é que, durante a época das aguas (de Outubro a Março), 
o gado mantem-se nas baixadas, engordando rapidamente, com a 
exuberancia e variedade de pastagens, subindo, logo que começam. 
os fins de Abril, para as queimadas dos outeiros onde se conserva 
nutrido e sadio. 

A raça bovina, predominante em todo o municipio, é a “curra- 
leira” ou creoula, propriamente dita, criada à larga, na maior. pro- 
miscuidade de typos, quasi sem “custeio”, porquanto nem a “salga” 
se faz muito necessaria, pela existencia de “barreiros”. 

O curraleiro é pequenissimo, de fronte larga e curta, orelhas. 
redondas, olhos proeminentes e vivos, chifres curvados para a frente 
e convergentes, barbela insignificante, pello curto e macio, cauda 
despontada e fina, ossudo, pouco resistente às intemperies, não obstante 
a sua bi-secular adaptação a tal meio. 

No municipio de Formosa, não são muitas as molestias bovinas ; 
e em geral o gado é sadio e prospera, numa percentagem animadora | 
sobre os nascimentos. | 

“A-terrivel febre aphtosa nem todos annos apparece, e é sempre 
para alli importada pelas “boiadas carreiras” que fazem o transporte 
de mercadorias de Catalão para aquella cidade. 

Tambem não é muito commum a peste da manqueira, contra a 
qual agora é que vae ser iniciada a vaccinação. 

Graças à comsidencia de funccionarem umas missões catholicas 
em Formosa, durante a minha permanencia alli, pude não sômente 
entreter relações com muitos criadores, como tambem conseguir que 
houvesse grande assistencia de interessados, na conferencia que 


REVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 271 


Do et Se e a a ta Da a AD DD DD A 


realizei, no Paço Municipal daquella cidade aos 8 de Março, 
de que installei o Syndicato Agricola Pastoril de Formosa. 

Dahi dirigi-me para o municipio de Bomfim; se bem que menor 
que o de Catalão, Santa Luzia e Formosa, é rico pela fertilidade de 
seus terrenos de culturas, a bondade de seus campos, abundancia de 
aguadas, etc. 

A 21 de Março cheguei a Althamir, séde do municipio de egual 
nome; a; suas condições agricola e pastoril são quasi identicas ás 
de Formosa, sendo que, notei maior capricho por parte dos criadores 
para melhorarem o gado e as pastagens. 

Ahi tambem fundei um Syndicato Agro Pecuario, distribui vac- 
cinas e seringas. 

Em seguida percorri os municipios: Santa Luzia, antiga cidade 
Goyana, tradicional pelas explorações auriferas; Annapolis, Aracaty 
(antigo Boa Vista das Trahyras, municipio de Antas), Pyrenopolis, 
Campo Formoso, Cavalleiro e Ipanery, todos egualmente futurosos 
e empenhados no grande desenvolvimento de expansão da pecuaria. 


depois 


10º Districto ( Matto Grosso ) 


O Inspector deste Districto enviou o relatorio dos trabalhos 
realizados em 1913. 

Precede o relatorio um mappa do Estado de Matto Grosso. 

Esta Inspectoria foi primeiramente installada em Barranco 
Branco e mais tarde transferida para Campo Grande, em virtude da 
exposição feita dos inconvenientes da séde inicial e as vantagens da 
mudança: tem desde a installação lutado com dificuldades, que 
modificaram-se gradualmente, attendendo actualmente aos serviços a 
“que foi destinada. 

As boiadas vindas de Minas Geraes faziam ponto em Campo 
Grande, ahi concentrando-se, desenvolvendo a actividade na vida desta 
localidade de grande futuro. Sendo de clima ameno, terras ferteis, 
aguadas abundantes e nas proximidades da Estrada Noroéste, é incon- 
testavelmente o ponto de maior convergencia da Campanha Matto 
Grossense, onde se faz a troca dos productos do paiz, representados 
pelo gado, como graxa, etc. Para a respectiva installação a Inspectoria 
luctou com difficuldades diversas, já com transporte de mobiliario, 
que teve de supportar o transporte por lancha até Aquidauana e viagem 
de trinta e tantas leguas em carros de bois, em tempo chuvoso, mãos 
caminhos, rios cheios, devendo esperar a baixa e consumindo quatro 
mezes para a travessia. 

Depois de chegado o mobiliario, outras difficuldades surgiram: 
A Inspectoria sómente tinha uma sala cedida pela Camara Municipal 


r 


272 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


e do pessoal só havia o Inspector! Não vindo para Matto Grosso, 
nem auxiliares, nem veterinarios. A Camara Municipal, providenciava 
na reconstrucção de um predio para a respectiva séde. O Inspector 
fazia viagens em propaganda da Inspectoria, procurando estudar o. 
methodo de criar, transportes e consumo dos productos. Depois da 
chegada do veterinario Tineceiro Icibaci, iniciou-se a polyclinica, 
luctando sempre com outras difficuldades de correspondencia postal 
e telegraphica, recebendo telegrammas com 40 dias de atrazo. 

Havia tambem atrazo de recebimento de vencimentos e de contas 
a pagar de gastos. Modificando-se esta situação, pôde a Inspectoria 
entrar em relação com o centro em dez dias (via S. Paulo). 

Está hoje instalada em optimo predio, na Avenida Marechal 
Hermes, dispondo de duas salas, dois gabinetes, completamente mobi- 
liados, conforme a relação que juntou, tendo nos fundos um terreno 
onde se faz plantações de varias forragens, servindo de campo de 
demonstração, indicando aos visitantes e criadores as vantagens desta 
ou aquella forragem. Dá uma lista do expediente da Inspectoria no 
anno de 1913. Junta uma estatística do gado existente em 18 muni- 
cipios de Matto Grosso, demonstrando por elle que a unica industria 
pecuaria é o gado vaccum na zona do sul. 

O cavallar, e lanigero, são principalmente criados nessa zona, 
sendo o suino insufficiente para o abastecimento e necessidade do 
Estado. Sobre o ponto de vista pastoril, este grande Estado comporta 
tres divisões, em differentes condições, de clima, topographia, vege- 
tação e exploração de industria pastoril, são elles: 1º Districto do 
Norte, 1.100.000 kls. de área; 2º Districto do centro ao pantanal, com 
167.000 kls. situado no centro do Estado. Districto do Sul, 250.000 kls. 
O gado vaccum é originario do Paraguay e Argentina, tendo-se 
conservado livre de mestiçagem por muitos annos, denominando-se 
a raça Pantaneira, sendo hoje raro encontral-a pura. 

De Minas e S. Paulo veiu a raça Franqueira e China e de Minas 
o Zebú, encontrando-se o cruzamento dessas raças. A raça Zebú ha 
trinta annos é empregada como na zona do sul. As raças que predo- 
minam são: ao norte e nos pantanaes a Pantaneira, hoje já cruzada 
com a China, Franqueira e Caracú e ha trinta annos, com a Zebú. 
O mesmo se nota na zona essencialmente pastoril do sul. A criação 
do gado vaccum occupa o primeiro logar dos recursos de Matto 
Grosso, contribuindo em 1912 com uma média de 249:2648000 para 
a receita. À producção é de 300.000 cabeças por anno (dados officiaes), 
calculando-se em 4 sobre 2.483.000 o numero de vaccas em todo 
o Estado. 

As zonas Norte e pantanal, exportam sómente xarque, na do 
Sul o gado vae para os Estados de Minas e S. Paulo. Em 1913 foram 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA ana 


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“abatidos mais ou menos 100.000 cabeças para o consumo do Estado 
'e a exportação foi de 80.000. Pela estatistica evidencia-se que o Estado 
exporta o couro, xarque e gado vivo em proporção crescente de anno 
para anno. E” rudimentar a industria de carne. Sómente no Norte 
existem, algumas xarqueadas e uma fabrica de extracto solido de 
carne, que é exportado para a Emsdpa. 

Esse estabelecimento, situado no “Descalvado” pertence à “Societé 
Industrielle et Agricole du Brésil”, que possue uma fazenda de 
240 leguas quadradas, sendo 20 em territorio boliviano, apparelhada 
“com pastagens cercadas e diversos melhoramentos. Existem tambem 
as xarqueadas de Pindehival, do Triumpho, S. João de Cuyabá, Manga 
do Barão, Barranco Branco e Miranda, situadas em zona importante 
“a qualidade de gado. 


E” florescente a Empreza Extractiva e Pastoril do Brasil, que 
está sendo montada para uma capacidade de 250 rezes diarias, pos- 
suidora das melhores pastagens do pantanal. Para o Estado de Minas 
são exportadas, onde permanecem em invernadas refazendo-se da 
longa viagem, são conduzidas as rezes para a capital da Republica, 
“como procedentes desse Estado. Com a abertura da estrada de 
rodagem pela Companhia Viação S. Paulo, faz-se actualmente a 
exportação para S. Paulo e outros Estados. Pelo porto de Sant'Anna 
de Parnahyba sobre o rio do mesmo nome, no ponto onde se effectua 
a passagem para as invernadas mineiras, o rio tem de largura 
600 metros. Nessa travessia ha perdas de 2 º/º, No porto de Taboado 
é mais difficil a passagem. 

A Companhia Frigorifica de Barreto, cogita em melhorar este 
porto por meio de transporte a vapor. A exportação para S. Paulo 
é de 45 º|º annualmente. Para a Republica do Paraguay é em pequena 
escala. No anno de 1913 a exportação foi a seguinte: para Minas, 
40.000 cabeças; para S. Paulo, 10.000; para Paraguay, 6.000 cabeças. 
Este anno o total do gado exportado attingiu a 80.000 cabeças. 
As boiadas que atravessam por Sant'Anna de Parnahyba, Rio. Pardo 
e Sucuriú, fazem uma viagem de 80 leguas em 20 dias no minimo. 
As viagens são effectuadas em Agosto, Setembro e Outubro. O imposto 
estadoal é de 38000 por cabeça e para I914 está orçado em 58000 
para o boi e 7$000 para a vacca. 


Lacticínios — E” quasi nulla e descurada em todo o Estado, esta 
industria. 
» À manteiga é fabricada por um ou outro fazendeiro, em pequena 
escala e para uso particular. Egualmente, o queijo, é fabricado em 
pequena escala e de má qualidade. Ha vaccas de leite em todas as 
propriedades agricolas, mas tratadas á lei da natureza, produzindo 


R, V. 35 


Rd, a a fui cal As 


274 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIÁ E COMMERCIO 


apenas de um a tres litros diarios. Em Corumbá, por occasião das. 
enchentes do rio Paraguay, eleva-se a 38000 por litro. 

No sul do Estado o queijo custa 18500 por kilo. O animal cavallar: 
é criado principalmente na zona do sul, caleulando-se em 200.000 
cabeças. | 

No pantanal, a “peste de cadeiras” ataca em geral os animaes. 
E” ainda muito obscura a origem do cavallo neste Estado, parecendo 
procedentes, os primeiros das Republicas do Paraguay e Argentina, € 
dos Estados circumvizinhos, S. Paulo, Minas e Goyaz. Os municípios 
de Campo Grande, Bella Vista, Ponte Porão e Sant'Anna dg 
Parnahyba, criam animaes cavallares, porém pelo systema primitivo, 
soltos no campo e sem cuidados de melhoramentos. | 

Não exportam, sendo vendidos para outras zonas do mesmo 
Estado. Pelos característicos, parece que são mestiços tambem de, 
cavallos arabes. 


Criação de suínos — E” diminuta a criação de suinos neste: 
Estado, computando mais ou menos em 40.000 cabeças. Não ha raças 
bôas, em geral mestiços degenerados e de difficil engorda. Ha em 
geral falta de banha no Estado, importando essa mercadoria do Rio 
Grande do Sul. O toucinho custa 2$500 o kilo e a carne de porco 28000, 


Gado lanigero e caprino — E" deficientissima a criação do cars 
neiro, em escala diminuta é feita na zona do sul, Campo Grande, 
Ponte Porão e Bella Vista. Apezar de excellentes pastagens para 
esta criação, está muito descurada. A criação do caprino tambem 
é rara. Exportam couros desses animaes. Não vendem o leite das 
cabras e carneiros. 


Gallinaceos — Tambem não é extensiva a criação de gallinaceos. 
Sendo os ovos de preços altos. Alguns criadores, em pequeno numero; 
ja tem importado alguns specimens de bôas raças, apezar das dif. 
culdades de transporte. 


Inspecção sanitaria do gado importado — Do Estado de Minas, 
S. Paulo, Rio Grande do Sul e Paraguay são exportados e impor- 
tados sem inspecção sanitaria. Lembra a criação de um posto de 
observação em Corumba. 


Inspecção samitaria de carne e leite — Estã atrazadissimo neste 
ponto. Não ha installação de matadouro modelo, existindo em projecto 
um em Corumbá. O leite e carne são vendidos sem exame algum e 
muitas vezes em vasilhame improprio. Os preceitos de hygiene são 
desconhecidos dos fazendeiros e criadores. Sendo o territorio Matto: 
Grossense geralmente saudavel, as criações conservam-se fortes € 
resistentes. | 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTRCHNIA 275 
ERRA SANA NARA NA NA NA NEN ASSASSIN SÁ SS LAPA 


| Somente a zona do pantanal é doentia, sendo alli tambem o gado 

perseguido por mosquitos e outros insectos. A zona do norte ainda não 

é bem conhecida sobre as molestias reinantes. Na zona baixa, a “peste 
a: 2 

de cadeiras”, ataca os cavallos e muares, devastando as fazendas. 


Peste de cadeiras — Esta molestia flagella a zona baixa do 
pantanal, desde o Rio Apa até 16º de latitude norte e nas margens 
do S. Lourenço, Cuyabá, Taquary, Miranda e Aquidauna, São 
>. Luiz de. Caceres, em uma área de 170.000 kls. quadrados. Reina 
epizooticamente de Novembro a Maio, época das aguas. Examinado 
o sangue ao microscopio de alguns animaes atacados, observou uma 
especie de trypanosoma julgando ser o Elmassiani, transmittido por 
mutucas e outros insectos. Tem empregado o tartaro emetico como 
tratamento, sem resultado. 


Febre aphiosa — Esta molestia está generalizada, ataca de prefe- 
rencia o gado vaccum e suino. Desenvolve-se e propaga-se com maior 
intensidade nos annos chuvosos, determinando a morte de grande 
quantidade de gado, principalmente de bezerros. 


Carbunculo symptomatico — Está tambem generalizada em todos 
Os municípios, victimando grande numero de bezerros, como medida 
preventiva, os fazendeiros transportam os bezerros para as queimadas 
novas, no apparecimento da molestia. 

A Inspectoria recebeu este anno 2.000 dóses de vaccina, que 
foi empregada em grande numero de bezerros das fazendas proximas 
da Inspectoria, não tendo podido attender a todos os pedidos por 
falta de lympha, sendo necessario augmentar-se a remessa. 


Carbunculo bacteriano e môrmo — Estas duas molestias ainda não 
foram observadas pela Inspectoria, sendo entretanto informada por 
alguns criadores que tem grassado nos seus rebanhos. 


Tristeza ou piroplasmose — Desenvolve-se em geral em todo o 
Estado, sendo mais infectada a zona do pantanal. Já indicamos aos 
lavradores a construcção de banheiros carrapaticidas, mas em todo 
3 Estado nenhum foi construido, até agora. Em uma excursão que 
fez em Novembro deste anno em companhia do veterinario, até as 
margens do Ivinhema, nenhum caso foi observado, sabendo que ella 
manifesta-se de Março a Julho. As zonas mais infectadas são as 
dos rios Anhaduhy-Guassú, Anhaduhy-Mirim, Campos do Ivinhema e 
tambem em Cabeceira Limpa, Rondinha, Barrandadinho, Cabeceira 
de Forquilha, Atolado e Porto Alegre. 

Visitou a outra margem do Rio Anhaduhy e districto marginal 
do Rio Ivinhema. Esta epizootia não ataca os animaes cavallares, 
victimando o gado vaccum de ambos os sexos. E” conhecida por 


2176 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


peste de seccar. Segundo as estatisticas, poucas são as molestias 
contagiosas na zona de Campo Grande, que é geralmente saudavel. 
Encontra-se uma molestia unica com varias denominações devido à 
ignorancia dos lavradores de medicina veterinaria. Havendo climas 
diversos é possivel que se encontre tambem molestias completamente 
differentes. Sendo difficeis os meios de transporte e grandes as distan- 
cias a percorrer, limita-se a Inspectoria a percorrer as zonas mais 
vizinhas, que ainda assim fornecem serviço por longo prazo. 


Pretende breve percorrer a zona do norte. As molestias conta- 
giosas mais frequentes são: febre aphtosa, carbunculo symptomatico, 
diarrhéa dos bezerros, tristeza, peste de seccar e mal das cadeiras. 
“Não tendo tido tempo de pesquizar outras molestias que grassam, 
segundo consta. A pyroplasmose desenvolve-se mais nas zonas panta- 
nosas, atacando de preferencia as raças finas, importadas. A molestia 
vulgar da raça equina é a peste de cadeiras, privando a criação deste 
gado na zona do pantanal. A zona do sul é a melhor para a criação, 
dotada de extensissimos campos verdejantes, illimitados á vista, com 
bôas aguadas, com pastagens enriquecidas com as melhores qualidades 
de gramineas: capim mimoso, fresco, limão, felpudo, branco e gramma 
“nativa, reputando- os melhores campos do mundo e de excellente clima. 


Vias de communicação — A estrada de ferro Noroeste do Brasil 
quasi proxima do seu termo, vem prestar relevantes serviços de 
transporte. As communicações fluviaes são feitas pela Companhia. 
Viação de S. Paulo Matto Grosso, no rio Paraná e seus afluentes, | 
via Jupia e margem do Ivinhema. O Campo Grande é o municipio 
mais criador, este anno calcula-se em 500.000 rezes dentro do muni-. 
cipio e 80.000 equinos. A legua quadrada custava a quatro annos de, 
seis a oito contos de réis e hoje custa de 25:000$000 a 30 :0008000, | 
sendo difficil encontrar-se a venda, e isto pela facilidade que vae: 
offerecer em breve a viação. A Companhia Americana “The Brasil) 
Land Cattle and Packing Company”, ja possue nesta zona II leguas | 
quadradas e 15.000 cabeças de gado vaccum. Nesta zona, em geral, | 
cria-se 500.000 rezes por legua quadrada. Apezar do pouco cuidado 
dos fazendeiros na criação e cultivo das pastagens, tiram grande, 
resultado devido as condições naturaes. Em geral os fazendeiros . 
que possuem de 2.000 a 3.000 rezes, tem um a dois empregados, 
para tomar conta do gado, pela simplicidade do modo de criação. 


É Ex Di MEM 


O gado predominante é mestiço e ultimamente foi introduzido | 
o zebú, qué como é sabido não presta, em face das raças Hereford, | 
Durrham, etc., introduzidas no Rio Grande do Sul, desconhecendo | 
em geral os fazendeiros as vantagens do cruzamento das raças 
melhores, que ultimamente elles tem dificuldades de transporte, 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA DAT 


Os preços do gado regulam 55$000 a 588000 o boi 258000 a 
30$000 a vacca e 208000 os bezerros de um anno. 


12º Districto ((Uruguayana) 


Esta Inspectoria, em officio de 11 de Junho, informa à Directoria 
do Serviço de Veterinaria que durante os mezes de Março, Abril 
e Maio effectuou os trabalhos seguintes: 

Foram inspeccionados dois carneiros reproductores da raça 
“Romney-Marsh”, procedentes da Republica Oriental do Uruguay, 
importados pelo Sr. Adolpho Menna Barreto, com destino a este 
municipio; 1.700 animaes vaccuns mestiços “Durhan”, importados da 
Republica Argentina pelo Sr. Victor Alves de Oliveira; 12 carneiros 
reproductores “Romney-Marsh”, importados da Republica do Uruguay 
pelo Sr. Alcides Barbosa e seis animaes de egual raça e procedencia 
importados pelo Sr. Africo Rodrigues Sant' Anna ; 200 animaes vaccuns 
de cria, importados da Argentina pelo Sr. Felisberto Gonçalves; 
0999 vaccuns mestiços de cria e 31 equinos crioulos, importados deste 
ultimo paiz pelo Sr. Cincinato Jardim de Menezes e mais 21 pelo 
Sr. João Francisco Gonçalves. 

Durante o referido periodo foram vaccinados 34 terneiros da 
raça “Durhan” contra o carbunculo symptomatico, na fazenda do 
Sr. Leonidas Brasil e na do Dr. Antonio Carneiro Monteiro foram 
feitas 700 vaccinações contra essa molestia e 2.500 contra o carbunculo 
bacteridiano. 

Além do mencionado, foram visitadas diversas fazendas onde 
grassavam a lombriga e manqueira nas ovelhas, sendo indicados os 
tratamentos, curativos e respectiva prophylaxia; foram attendidos 
ainda diversos casos clínicos na campanha e na cidade de Uruguayana. 

De 23 a 27 de Maio o Inspector representou o Ministerio da 
Agricultura no Congresso da União dos Criadores e na Exposição 
pecuaria realizada na cidade de Santa Maria. 

Tendo occorrido alguns casos suspeitos de manqueira em gado 
da fazenda do Sr. Dr. Osorio de Almeida, Estação de Javary, o 
veterinario desta Directoria vaccinou contra essa molestia 40 novilhos 
e garrotes da referida fazenda. 


Inspectoria Veterinária do Estado do Rio de Janeiro 


Esta Inspectoria informa que durante o mez de Abril constatou 
27 fócos de carbunculo symptomatico nos quaes morreram 28 animaes ; 
esses fócos foram circumscriptos, vaccinando-se o gado das proximi- 
dades; para esse fim distribuiram-se 1.585 dóses de vaccina a quinze 
criadores. 


278 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Afim de dar a demonstração pratica dessa operação, o pessoal 
da Inspectoria vaccinou 138 animaes. 

Os municipios atacados foram os de S. João da Barra, Macahé, 
Campos, Santa Maria Magdalena, S. Fidelis e Itaperuna. 


Na cidade de Campos foram verificados pela malleina cinco 
casos de môórmo; aos respectivos proprietarios aconselhou-se que 
sacrificassem os equinos mormosos; um proprietario attendeu man- 
dando sacrificar dois animaes no valor de 150$000 cada um; os 
outros ficaram em rigoroso isolamento. 

Os criadores do municipio de Campos estavam reunindo as 
vaccas que fornecem leite à cidade desse nome afim de submettel-as 
à tuberculinização. 

Foram constatados alguns casos de febre aphtosa, aos quaes 
attendeu-se promptamente aconselhando o isolamento dos animaes 
atacados e tratando-os mediante soluções antisepticas. 


Nos trabalhos de polyclinica veterinaria foram constatados tres 
casos de polyarthrite em animaes que submettidos a tratamerito 
obtiveram optimos resultados. 

Continúa grassando a variola nas gallinhas produzindo grandes 
perdas na criação;: com muita frequencia apparecem casos de 
carbunculo symptomatico em bovinos não vaccinados. 


— Durante o mez de Maio a Inspectoria cerceou um fóco de 
carbunculo bacteridiano em S. Fidelis, fazendo vaccinar o gado das 
immediações contra essa molestia. Tambem foram constatados 19 fócos 
de carbunculo symptomatico com 25 animaes mortos nos municipios 
de Santa Thereza de Valença, Barra Mansa, Campos, S. João da 
Barra, Macahé, Itaperuna e S. Fidelis; para debelar esses fócos 


foram distribuidas a oito criadores 580 dóses de vaccina e o pessoal. 


da Inspectoria vaccinou 300 cabeças. 


Na cidade de Campos estava sendo malleinizado um muar que 
parece atacado de môrmo; no dia 1 de Junho devia ter sido iniciada 


a tuberculinização das vaccas que fornecem leite a esta ultima cidade.. 


No municipio de Magdalena verificou-se pela autopsia que 17 


porcos morreram envenenados pelo sulphato de cobre que havia sido, 


usado como formicida; devido a esta mesma causa succumbiram 
alguns gansos dos 22 envenenados. 

No municipio de Itaperuna deram-se oito casos de distoma 
hepatico; em S. Fidelis está sendo tratado um caso de osteo-malacia. 

— Em Junho o boletim accusa 21 fócos de carbunculo symptoma- 
tico em diversos municipios, tendo morrido mnelles 32 animaes. 
O pessoal da Inspectoria vaccinou 590 bezerros contra essa molestia 
e distribuiu 1.285 dóses. 


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o ecintados Cn di 


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4 


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| 


REVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 279 


Em varios districtos do municipio de Campos foram verificados 
seis casos de môrmo em tres muares e tres cavallares, aconselhou-se 
aos donos o sacrificio immediato desses animaes. 

Na cidade de Nictheroy estão sendo tuberculinizadas 470 vaccas. 

Em diversos municipios foram verificados seis casos esporadicos 
de febre aphtosa de fórma benigna. Dois casos de sarna estão sendo 
tratados mediante o sarnol; em Nictheroy occorreram tres casos de 
aborto epizootico em vaccas hollandezas estabuladas, tendo-lhes sido 
prestado os necessarios auxilios pelo veterinario da Inspectoria. 
A peste aviaria e o gôgo têm feito muitas victimas. 

A Inspectoria tem mantido um activo serviço de polyclinica. 


Inspectoria Veterinaria do Parana' 


Durante o mez de Junho distribuiu 320 dóses de vaccina contra 
a peste da manqueira e 80 litros de sarnol. 


Dependencia em Victoria 


O boletim sanitario de Junho assignala um fóco de carbunculo 
symptomatico em Piúma, tendo morrido seis animaes. Foi constatado 
um caso de sarna e um de pneumo-enterite dos porcos. | 

— O boletim de Julho accusa dois fócos de carbunculo sympto- 
matico com nove animaes mortos. O pessoal da dependencia vaccinou 
contra esta molestia 73 bezerros. 

Foram verificados ainda dois casos de pneumo-enterite infecciosa 
dos porcos, um de poly-arthrite do cavallo, duas vaccas com mamite 
e alguns casos de diarrhéa dos bezerros. 


280 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMEÉRCIO 


a 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


SRP APR PN ad Na Na f Na Nas 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 
secção atodas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade). 


ÊCOS “E“NOTICIAS 


ef Nata SR AR SPP N a N a N 


Estatistica pecuaria — Está se procedendo no Estado do Rio Grande do 
Sul ao recenseamento da população pecuaria. 

Para a apuração definitiva, aguarda a repartição respectiva as informações 
relativas aos municipios de Vaccaria, Bom Jesus, Porto Alegre, Pelotas, Rio 
Grande, S. José do Norte e S. Lourenço. 

A apuração já feita, em 62 municipios, dá o seguinte resultado, relativamente 


ao gado bovino : 


Annos Cabeças . Valor approximado 

1908: o en er 5.588.881 117.150: 465$000 

100954 E e e idea 5.859.495 199.606: 0858000 

TOLO pes sola 5.890.036 236.470: 8658000 

Eh a gar q, pg 5.905.825 280.343: 8358000 

ONDA direi dr E 6.119.779 351.006:975$000 E 
OS fit as Aa 6.390.667 462.378:921$000 


Leilão de animaes -— Nas cocheiras do Ministerio da Agricultura realizaram-se 
nos dias 30 de Junho passado e 21 do mez proximo findo, leilões de animaes | 
procedentes do Posto Zootechnico Federal, de Pinheiro. 

No primeiro leilão, excluidos dois cavallos, que não alcançaram preço equiva= 
lente, e um touro que adoeceu, o producto das vendas ascendeu a 12:80080C0 | 
resultado esse bastante animador. g 

O ultimo leilão, tambem bastante concorrido, produziu a somma de 11:850000,: 


ou nos dois leilões, 24:6508000. 

Ambos os actos tiveram regular concurrencia, tendo comparecido o Sr. Ministro | 
da Agricultura e grande numero de criadores. - 

Pecuaria em Minas — O governo do Estado importou no anuo passado so 
reproductores diversos, tendo despendido com essa importação 101:7239935. 

Por conta de importação de 1911, o Estado deverá receber da União 36: 2408000, j 
além do auxilio de 39:5004000 com que deve concorrer este Governo para paga- 


mento de animaes importados em 1912. 
r 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNIA 281 
AAA e rr pras 

— Existem no Estado de Minas diversos pequenos Postos Zootechnicos, 
mantidos e auxiliados pelo Governo e que muito têm concorrido para o melho- 
ramento da criação. 

No anno passado a despeza com estes postos montou a 46:157%871. 

— “Tem tido notavel incremento a distribuição da vaccina contra o carbunculo 
symptomatico ou peste da manqueira. 

Em 1913, o Estado despendeu 91:0008000 com esse serviço ; descontando-se, 
porém, a importancia de 46: 5404160, indemnizada pelos criadores, verifica-se que 
o Estado concorreu, de facto, com 44:4598840 para o custeio de tão importante 
serviço. 

Aos criadores do Estado foram cedidas, durante o anno passado, 363.595 
dóses de voccina, fornecidas pelo Instituto «Oswaldo Cruz», ou mais 103.855 
do que em 1912. 

— No intuito de dar combate efficaz á febre do Texas, tambem conhecida 
pelo nome de tristeza, tem o Governo do Estado auxiliado a construcção de 
tanques carrapaticidas para expurgo dos parasitas que infestam o gado, tendo 
despendido com esse auxílio, em 1913, a importancia de 6:250$000. 

Industria Pastoril em: S. Paulo — A mensagem do Presidente do Estado 
apresentada ao respectivo Congresso, em 14 de Julho passado, assim se refere 
á pecuaria : 


« Merece especial referencia o desenvolvimento que, ultimamente, tem alcan- 
cado no Estado a pecuaria, que tem elementos para se tornar, em futuro não 
remoto, industria de grandes proporções e constituir, juntamente com o café, a 
base de nossa riqueza. Não só pela exploração em larga escala nas regiões limitro- 
phes dos Estados vizinhos, onde se encontram vastas pastagens naturaes e 
artificiaes, como tambem pela producção limitada nas fazendas, onde a criação é 
necessaria para a manutenção das culturas diversas, está o Estado de S. Paulo em 
condições de offerecer vantagens incontestaveis a esta industria, que terá no porto 
de Santos o escoadouro natural e facil de seus productos, para os mercados da 
Europa, onde a carne vai se tornando escassa e cara e como problema de real 
magnitude, preoccupa já a attenção dos poderes publicos de diversos paizes. 

Ao governo não tem sido indifferente o esforço dos criadores paulistas e por 
todos os meios ao seu alcance procura animal-os e coadjuval-os. Ao mesmo tempo 
se preoccupa tambem com os diversos problemas que mais se relacionam com o 
assumpto, entre outros ccm o estudo dos meios de communicação e transporte 
(especialmente estradas de rodagem), entre as grandes zonas de criação e as 
invernadas e entre umas e outras e os mercados de consumo e com o estudo do 
aperfeiçoamento das raças de gado vaccum. 

A” iniciativa particular deve-se a fundação ultimamente, de grandes e impor- 
tantes estabelecimenios, destinados ao completo aproveitamento do gado e seus 
residuos. Dentre elles, pódem ser citados o matadouro frigorifico de Barretos, 
perfeitamente montado e que fornece diariamente carne a esta capital e a outras 
cidades; o «Caçapava Packing House», considerado tambem estabelecimento 
modelar no genero, que já abateu mais de 6.000 animaes. No bairro de Pinheiros, 
desta capital, está em construcção o grande estabelecimento frigorifico da The 
Continental Products Company». 

RV, 36 


» 


282 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


die e e Se SS di di a DD Dm e DD e e e e DD o 


— Dnrante o anno passado o Estado importou grande numero de animaes 


reproductores para os seus estabelecimentos e para particulares. 

— O Serviço de Veterinaria mantido pelo Estado tem sido bastante proveitoso 
aos criadores, não só na clinica do Posto Zootechnico Central, como por meio 
de consultas, conselhos e viagens a chamado dos interessados. 

— Com o concurso das municipalidades, foi organizado o serviço das estações 
de monta com o fim de facilitar, quanto possivel, o aproveitamento dos reprodu- 
ctores pelos criadores do Estado. 


— No Posto de Selecção do Gado Nacional, proseguem os trabalhos de melho- | 


ramento do gado indigena-caracá e môcho, tendo-se obtido já alguns característicos 
para a sua fixidez. 
— Existem em S. Paulo dous haras: «O Paulista», em 1913, primeiro anno 


de producção effectiva, apresentou productos de magníficos aspectos, bem superior | 


ao que se esperava para a primeira geração e o de Pindamonhangaba, que está, 


destinado a prestar ao Estado bons serviços na criação de um typo de cavailo 
nacional, que satisfaça os misteres que delle se exigem. 
Reproductores Zebú — À Inspectoria Veterinaria de Uberaba, Minas, exa- 


minou na fazenda do Coronel Ovidio Irineu de Miranda uma leva de reproductores | 


zebús, recentemente importados da India. 


Compõe-se ella de 17 touros, 42 vaccas e 12 novilhos, todos pertencentes ao | 


Sr. Armel de Miranda. 


São todos da raça Guzerath-Cancrege, havendo alguns misturados com Gill | 


e Nellore. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTRCHNIA 283 


AÇÃO ÃO 


BIBLIOGRAPHIA 


ET da da da dad Ta TA LT 


ALLEMANHA 


O Transatlantico — Revista mensal illustrada, de litteratura, arte e indus- 
Ra BerimitAnno 1, ns. 5 e 6, 1914. 


ARGENTINA 


Boletin Mensual del Museo Social Argentino — Buenos Ayres, Anno 
1I, ns. 27 a 32, Março a Agosto, 1914. 

Boletin del Ministerio de Agricultura — Buenos Ayres, Tomo XVII, 
ns. 3a 5, Março a Maio, 1914. 

Facultad de Agronomia y Veterinaria — E' este o titulo de uma bro- 
chura, fartamente illustrada, em que se faz o historico desse util estabeleci- 
mento, mostrando, ao mesmo tempo, a sua influencia no desenvolvimento e 
melhoramento da agricultura e da pecuaria no paiz. 

Revista de la Pacultad de Agronomia y Veterinaria — La Plata, 
oo Xi mo, 1914. 

Revista de la Liga Agraria — Buenos Ayres, Anno 18º, Tomo XVII, 
n. 5, Maio 1914. 


BELGICA 


Annales de Gembloux — Orgam dos engenheiros do Instituto Agricola do 
Estado, Bruxellas, Anno 24, Julho, 1914. 

Bulletin du Service de la Police Sanitaire des Animaux Domesti- 
ques — Bruxellas, ns. 11 e 12, Junho, 1914. 


ESTADOS UNIDOS 


Boletim da União Pan-Americana — Washington, Vol. VII, ns. 1a 3, 
Julho a Setembro, 1914. | 

Hacienda (La) — Buffalo, New-York. Revista mensal illustrada de agricul- 
tura, criação de gado e industrias ruraes— Vol. IX, ns. X e XI, Julho e 
Agosto, 1914. 


FRANÇA 


Annales de VInstitut Pasteur — Paris, Anno 28º, n. 6, Junho, 1914. 

Bulletin de la Société de Pathologie Exotique — Paris, Anno 17º, 
ne Ge 1, Julho e Agosto, 1914. 

Bulletin Mensuel de 1'Office de Renseignements Agricoles — Paris, 
Anno 13º, ns. 5 e $, Maio e Junho, 1914. 

Vie Agricola et Rurale (La) — Paris, Anno 2º, ns. 27 a 34, Junho e 
Julho, 1914. 


284  MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


104 aaa A a Sa a Sa a a a a a A SS Sa IS A AE a a A a Sa 


i HONDURAS 


Boletin de la Secretaria de Fomento, Obras Publicas y Agrical. 
tura — Publicação official. Tegucigalpa, Tomo III, n. 5, Maio, 1914, 


INTERIOR, 


Casa do Lavrador (A) — Publicação mensal da Secretaria da Agricultura do. 


Paraná, Anno 3º, ns. 3a 6, Março a Junho, 1914. 
Chacaras e Quintaes —S. Paulo, Anno V, Vol. X,nm. 1, Julho 1914. 
Criador Paulista (0) — Publicação da Secretaria da Agricultura, S. Paulo, 
Anno IX, ns. 84 e 85, Abrile Maio, 1914. 


Fazendeiro (0) — Revista mensal da Agricultura, Industria e Commercio, 


S. Paulo, Anno VII, ns. 6e 7, Junho e Julho, 1914. 


Laveura (A) Boletim da Sociedade Nacional de Agricultura. Rio de. 


Janeiro, Anno XVII, ns.la 4, Janeiro a Abril, 1914. 


Mensagem — Do Presidente do Estado de Minas ao Congresso do. 


Estado, 1914. 


Relatorio — Do Dr. Ernesto Luiz de Oliveira, Secretario da Agricultura do É 


Paraná, ao Presidente do Estado, 1914. 


Revista Medica de S. Paulo — Jornal Pratico de Medicina, Cirurgia e. 


Hygienne. S. Paulo, Anno XVII, n. 13, Julho, 1914. 
POTUGAL 


Revista de Medicina Veterinaria - Orgam da Sociedade Portugueza de | 


Medicina Veterinaria. Lisbôa, Anno 13º. ns. 147 a 149, Maioa Julho, 1914. 
URUGUAY 
Boletim n 11 — Dedicado a Cooperativas de Avicultura. Montevidéo, 1914. 


Campana (La) — Revista dedicada aos interesses ruraes. Montevidéo, Anno 


IV, ns. 88 e 89, Junho e julho, 1914. 
VENEZUELLA 


Vargas — Revista quinzenal de sciencias medicas y pharmaceuticas. Caracas, 


Anno V, n. 2, Junho, 1914. 


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MOON KING 5º 


DE SIR RICHARD COOPER 
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EXPOSIÇÃO REAL, [909 


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Serviço de Veterinaria do Ministerio da Agricltu 


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Nº. 5 


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“PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


DO 


PARTE OFFICIAL : 


Registro de Lavradores e Criadores... susnensasaaasiab o cnnioniae ienes sas eu 
WaCerIaS E QUILOS TICÓICAMETLOS casi e eralora is mio cia intao anita Gin aro eia ENS o 


COLLABORAÇÃO: 


Dr. Nicolau Athanassof......... AR 
Drs. André Gouin é P. Andouard.......... 


Henos dos capins gordura e jaraguá. 


Estudo do minimum de albuminoi- 
des necessarios para as differen- 


; tes especulações animaes........ 
A. Varin d' Ainvelle.. ......... depara Visita ao Haras Paulista............ 
William Frederico Cheston............... A escolha do gado leiteiro... ....,... 
Dr. Herbster Pereira... ............... - Cholera das gallinhas...... eia ein 
Dr. Paulo Maugé.......... Ge Mais uma observação clinica........ 


PELAS INSPECTORIAS ; 


Informações referentes aos districtos veterinarios, prestadas pelos 
TESDECtiIVOS INSpectores, Vic ias mena camas else o ella leao MARS LARA ARO San 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES............. A SN 


ÉCOS E NOTICIAS - 


Carbunculo verdadeiro — Exposição de Bagé — Feira de Sitio — Regis. 
tro de criadores e lavradores em Minas — Distribuição de vacci- 
nas — Transporte de gado em Minas.....cscccss oa Ra Do io atestar aaa a 


RIO DE JANEIRO 


Typographia do Ministerio da agricultura, Industria v Commercio 


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327 
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o uso do trocater 


Estas seringas, de 5,10 e 20º, modelo Casa MORENO, são as unicas usadas 
recommendadas pela Directoria do Serviço de Veterinaria do Ministerio 


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da Agricultura. 


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Installações completas de laboratorios de chimica, bacteriologia, etc., etc., a 


gaz, alcool, petroleo e electricidade. 
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Apparelhos especiaes de Gerber, para exame de leite, manteiga e queijo 
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de vapores de formol, pulverisadores, seringas para desinfecção, estufas, etc., etc. 
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ESTO ToPEs UT A AN EERER O 


REVISTA 


eterimaria e Zootechnia 


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" PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


DO 


erviço de Veterinaria do Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio 


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| TOMO IV -—-FASOCICULO VW 


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1914 


“REVISTA DE VETERINARIA E ZODTECHNI 


Publicação Official da Directoria do Serviço de Veterinaria 


DO 


MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


TA TT TI TIA TATA LA Lda La LATA 


Distribuição gratuita aos criadores do palz que a solicitarem 


PRP PN aa NaN PN MAM A PAP gay 


RIO DE JANEIRO & = Caixa Postal 1.678 * x BRAS 


A REDACÇÃO DA «REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 
EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


“ANNO IV H Outubro de r914 H N.5 


N 


EG EBD GIN 


Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inscripção. 


EARTE «OFEICIAL 


ASS SE SS ED 


REGISTRO DE LAVRADORES E CRIADORES 


Modelo de requerimento para inscripção 


Sr. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio: 


F..., desejando inscrever-se no «Registro de Lavradores, Criadores 
e Profissionaes de Industrias Connexas » estabelecido nesse Ministerio, 
e accôrdo com a portaria de 21 de Setembro de 1909, apresenta, para 
esse fim, o documento (*) exigido pela mesma portaria e as inclusas 
informações (**) e pede-vos autorizeis sua inscripção. 


Pede deferimento. 


Estampilha 
e 
300 reis 


A nes erp meoepery 


286 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTÍRIA É COMMERCIO 


LÃ a a 


(*) O documento referido é o que diz respeito ao imposto que paga ao Esta 
ou ao municipio como lavrador ou criador (art, 6º das inst.). | 
A falta desse documento poderá ser supprida por attestado do Presidente 
da Municipalidade, do Prefeito ou Agente Hxecutivo ou de dois lavradores já 
inscriptos, devendo ser legalmente reconhecida qualquer das Rep diaa firmas 


(art. 7 das inst.). 
Qualquer dos documentos citados está sujeito ao sello da lei, isto é, 300 réis 


federal Cart das ans | 
(**) As informações, a que se refere o requerimento, devem ser assim pres-. 


tadas: 


[ANDA a aro DOR Nos E ra qgen pane Sá oa 076 ala done SR ME Ra RE Reto 
Profissão Sil ccando aro. sigam ana PRE O E e o Não 
| Denominação da propriedade....... pace ToN EA ee opa 
| Estado. core DARE VEN E ROS CER 0/6 0 0.010 6 
MitinicipiorE Rr RR So 65 Jo o stadi da oo AR (ode Bino O bráio 
| Cidade, villa ou povoação mais proxima. FERRO vao 
E propria ? » Nomileldo proprietario RR Rr 
Ss E” arrendada? Nome do proprietario. PARE PERNA RR Ui 
E E alugada" moimeidorproprietarito Ear o E 
= Servida pela estrada edit: perito dos à cores are 
= Estação mais proxima SC ro ou q pt E ; 
A IMetoside 'comimunicação: RR nte piada ASR a Lorrotá 
| Area total e qualidade das terras... ...,... RO O RREREAS BRO E 
Area cultivada. ..... Ee PAD a Redes ar o va op 

| Area in emita Ee E o en aa 
Ameadem pastar a a RR E MS Oba o 6 
| eae ndatbasm e Ea GERA a assi ao be RODE Pon aos do 
Genero de produção. Mc ie ai e : 
| Média annyal de producção.. aq. ep Rg cp 
= [| Numero de cabeças de gado, com designação de sexo... 
= | Suas especies MM sm ds NE A Pp Boa 
É 4 Possue prados artificiaesa mm o RE AR TE 
& | Natureza das culturas forrageiras.. PR o Dao Us asa 
* | Rendimento por hectare, alqueire, eterr oa reeço  p 


VACCINAS E OUTROS MEDICAMENTOS. 


Modelo de requerimento para requisição de vaccinas 


Sr. Director do Serviço de Veterinaria: 

F..., criador em... Estado de..., inscripto no Registro E 
Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas sob 
n... letra... a À... do respectivo livro, possuindo... cabeças de 
gado, pede-vos a remessa de... dóses de vaccina, visto estar o sem 


gado ameaçado da peste da manqueira. 
Pede deferimento. 


Estampilha 
le | 
300 reis 


= 
Nora — Para requisição de sarnol ou qualquer outro medicamento serve este 
mesmo modelo, fazendo, apenas, as indispensaveis modificações, 


O 


SON RUFUS) 


(ANDROPOG 


CAPIM JARAGUÁ 


silos por hectare. 


tes o big Zé 


'ção ver 


*roduc 


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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 287 


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COLLABORAÇÃO 


da da TA TI TATA TATA] 


FENOS DOS CAPINS GORDURA E JARAGUA 


(Estudo comparativo de seu emprego na alimentação das vaccas leite'ras 


e seus efeitos sobre a secreção laciea e o peso dos animaes) 


Muitas pessoas, que desconhecem a Bromatologia, emittem 
frequentemente conselhos gratuitos sobre o valor alimentício desta 
ou daquella forragem, como adaptada ou favoravel à secreção do 
leite, sem que entretanto tenham a comprovar suas afirmativas 
quaesquer experiencias a respeito, judiciosamente feitas. Não é 
mesmo raro encontrar-se quem organize até listas inteiras, indicando 
determinadas forragens como especiaes para a producção de um leite 
aquoso, e outras como apropriadas à producção de um leite rico em 
materia gorda, etc. Mas, as divergencias neste sentido têem chegado 
a tal ponto que, às vezes, a mesma forragem é preconizada por uns 
como vantajosa à alimentação do gado leiteiro, ao passo que outros 
a aconselham para o gado de engorda. Já por varias vezes temos 
consultado os nossos criadores sobre os capins gordura e jaraguá, 
mas nem sempre são concordes as respostas obtidas. Eis por que nos 
resolvemos organizar uma experiencia, que nos permitta avaliar 
exactamente o valor de cada um destes fenos, preparados annualmente 
em grande quantidade para alimentação dos animaes deste estabeleci- 
mento, e assim prestar um pequeno serviço aos nossos criadores, que 
poderão tirar algum proveito pratico das nossas observações. 

E” incontestavel que entre as forragens nacionaes mais espa- 
lhadas aqui no centro do Brasil e que constituem a base da alimentação 
de todo o gado, merecendo por isso especial attenção, se acham o 
capim gordura (Melinis minutiflora) e o capim jaraguá (Andropogon 
rufus). Tanto um como o outro é consumido pelos animaes quer no 
pasto, directamente, quer" no estabulo, fenados, 


2SS MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


a aà LILLE SS SS SS SSL SL a A LA A A A A a a, 


Estas duas gramineas differem bastante uma da outra pelo seu 
aspecto, aroma, densidade e composição chimica, como tambem sob 
o ponto de vista da exigencia do terreno, contentando-se o gordura) 
com terrenos seccos e mais pobres, emquanto que o jaraguã exige! 
terrenos mais ricos e frescos. 

Segundo as analyses feitas no Instituto Agronomico de Cams 


pinas, é a seguinte a composição de 100 partes dos fenos destes capins: 


ii Mate- | Mate- Ncido 
A | Pro- | Mle | ria |Celly-| ria | Po- phos- | q. 

STRNAL Agua : E E E (al Ni 02 

DESIGNAÇÃO pe teina mM não | Jose |mine- | tassa pho- 

| | SNK | azota ral rico 
ins me e === ==€ = memso a E 7 == — — me mm 
Feno de gordura roxo............ 27.10) | 8.42 | 1.75 | 30,22) | 24520) | 185 22] |2ia87 Romero Foz 
nitio » DIATTCO E 16:54 | 6:33 | 1.67'| 38:97 | 27.58 | 6.91 | 27373 | 0,552) Hoiz5ob EEE 
IMé dilars ars erere rolo Ee SR IR pa 18.82 | 7.37 | 1.71 | 37.59| 25.93 | 8.56 | 2.380 | 0.484 | 0,250 AU 
Feno de jaraguá antes da flor.... | 18.95 | 5.78 | 1.01 | 33-82 |.30.92 | 9.52 | 1.697 | 0.442 | o 180 |... ... 
DE) » depois da flor.. | 10.12 | 4.66] 1.41 | 40.42 | 25.67 | 7.71 | 0.922 | 0.582 | 0.585 |.aacua 
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Examinando as analyses acima, notamos que o feno de gordura. 
é mais rico em materias azotadas e contém menos cellulose, ao passo. 
que o de jaraguá, mesmo colhido antes da flor, é mais, rico em 
cellulose. A relação nutritiva do de gordura é de 1:7, mais rico em 
materias azotadas, e a do de jaragua, é de 1:104, mais rico eia 
materias não azotadas. O exame da composição das cinzas mostra 
que o feno de jaraguá é mais rico em silica, sendo o de gordura 
rico em potassa e acido phosphorico. As mesmas analyses acima 
indicam-nos egualmente que o jaraguá fenado depois da floração é 
bem rico em cal e acido phosphorico, mas tambem muito rico em 
celulose. 

O numero de analyses destes capins, que possuimos, é pequeno 
ec por conseguinte as médias sobre as quaes nos podemos basear para 
o estudo das duas forragens é insuficiente; mas, mesmo assim, 
percebe-se que o feno de gordura parece ser, pela sua composição, 


de relação nutritiva estreita (1:7) mais proprio à alimentação do gado 


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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 289 


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leiteiro, emquanto que o de jaraguá, com relação nutritiva mais larga 
(1:10,4:a 1:15), é mais vantajoso ao gado de engorda e ao de 
trabalho. Nosso fim, sendo justamente estudar comparativamente, pela 
experiencia directa com os animaes, os effeitos de um e outro destes 
fenos sobre a secreção do leite e o peso dos mesmos animaes, satis- 
fazemo-nos por emquanto, com os dados fornecidos pelas analyses 
acima, não se fazendo mesmo mister de outras analyses, para o caso 
presente. 

Examimando-se esses dois fenos, é facil distinguir um do outro 
pelo simples aspecto exterior e aroma, pela côr e densidade, consti- 
tuindo ambos excellente forragem para o gado, principalmente quando 
os capins são cortados no momento da floração e fenados em boas 
condições. O valor do feno depende, como sabemos, além da pro- 
porção de principios nutritivos e sães mineraes, que elle contém, do 
seu aroma ou de seus principios especificos que estão em relação 
com as especies forrageiras, que o constituem, e de seu estado de 
conservação e edade. 

Sabemos tambem que o feno, devido à quantidade elevada de 
Emateria séecca e fibrosa, que encerra; serve de lastro aos «orgãos 
digestivos e actua sobre o organismo não sómente pelos seus prin- 
cipios nutritivos, como tambem pelos seus principios especificos, que 
exercem certa acção estimulante sobre as funcções digestivas dos 
orgãos. Basta aqui lembrarmos as experiencias do Dr. Fingerling e 
as a este respeito citadas pelo professor Kellner (*), para provarmos 
o effeito desses princípios especificos. Sua acção, pois, não póde ser 
negada, sabendo-se que pelo seu sabor elles agem não sómente sobre 
a mastigação, mas tambem exercem uma influencia sobre a alibilidade 
“dos princípios nutritivos contidos na forragem, provocando ainda uma 
“excitação do systema nervoso, circumstancia esta favoravel à secreção 
do leite. 

No caso presente, dificil seria attribuir-se o augmento ou a 
diminuição na secreção lactea exclusivamente a estes ou aquelles 
principios especificos contidos nos fenos que estudamos. Não foi este 
O nosso intuito: procuramos, em geral, saber qual dos dois fenos 


“mais favorecia a secreção lactea, quando imtroduzido na ração, na 


(*) Revisto de Veterinaria e Zootechnia, 1912, n. 2, tag. IlZ. 


R.'V. 37 


290 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


ÇA 


dóse de tres kilos, por dia e cabeça. Experiencias futuras talvez nos 
demonstrem que seja possivel attribuir alguma influencia exclusiva- 
mente ao aroma forte do capim gordura, no momento da floração, 
de todos nós tão bem conhecido. Por emquanto, limitamo-nos a saber, 
de um modo geral, quaes são os seus effeitos sobre a secreção lactea 
em comparação com o de jaraguá, sem entrarmos em indagação dos 
effeitos especificos, que possam actuar favoravelmente sobre a mesma 
secreção. 

A resolução de problemas dessa natureza não é possível fazer-se 
com simples exame do aspecto apresentado pelo feno, nem mesmo 
com as analyses chimicas mais completas, sem o concurso de expe- 
riencias directas com os animaes. E” por meio dessas experiencias 
bromatologicas, que se póde determinar o valor exacto de uma 
forragem e conhecer seus effeitos sobre este ou aquelle genero de 
producção. | 

A experiencia emprehendida neste Posto com os fenos dos capins 
gordura e jaraguã era inadiavel, em virtude da grande quantidade 
dessas duas forragens, que empregamos na alimentação do gado esta- 
bulado, merecendo ser repetida com as mesmas forragens, no estado 
verde. | : : 

Passemos agora a resumir o plano de nossa experiencia e os 
dados colhidos, dos quaes facil é deduzirem-se algumas conclusões 
praticas. | 


“I— PLANO DA EXPERIENCIA 


A experiencia, organizada no Posto Zootechnico Federal. em 
Pinheiro, e realizada sob a direcção do chefe e auxiliar da 4º secção, 
durou 80 dias, comprehendidos entre 1 de agosto e 19 de outubro 
de nona: 

Para este fim, foram escolhidas no nosso rebanho de gado leiteiro 
I2 vaccas, quasi todas no primeiro periodo de lactação e mais ou! 
menos da mesma edade, pois é justamente nesse periodo que ellas 
melhor podem reagir sobre as influencias, que podem ser attribuidas 
à alimentação. A producção média diaria, para cada cabeça, e a 
riqueza do leite antes do inicio da experiencia differiam pouco-de 
uma para a outfa. bia GE : 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA *- 291 


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As vaccas foram divididas em tres lotes eguaes, tendo cada um 
portanto uma. producção mais ou menos egual e os pesos médios de 
450, 425 e 335 kilos. A ordenha foi executada sempre pelos mesmos 
vaqueiros, duas vezes por dia: pela manhã, às 6 horas, e à tarde, 
às 4, sendo o leite pesado diariamente e tirando-se amostras para 
determinação da gordura, pelo methodo de Gerber. 

A experiencia foi dividida em quatro periodos de 20 dias cada 
um, pesando-se as vaccas no principio de cada periodo, para se 
conhecer o augmento ou a diminuição de peso. Os dados dessas 
pesadas acham-se consignados no quadro n. 1, figurando o augmento 
ou a diminuição resultantes para cada periodo nos quadros ns. 2 e 3. 

A experiencia, mesmo assim estabelecida em condições médias de 
uma exploração agricola bem organizada, com os meios de que nella 
se póde dispor, não deixou de satisfazer às exigencias de exactidão, 
tendo ainda para nós mais valor, porque foi feita sobre maior numero 
de animaes, obtendo-se assim dados directamente applicaveis na 
pratica. 


AS RAÇÕES EMPREGADAS 


Para a experiencia foram compostas tres rações, de accórdo com 
a productibilidade e o peso das vaccas, as quaes designamos pelas 
letras A, Be C. Estas rações, cuja composição damos nos quadros 
junto, differem apenas porque A contém tres kilos de feno de gordura, 
B, tres kilos de feno de jaraguá, sendo a ração C egual à ração A 
mais 10 kilos de milho forrageiro. Em taes condições era a seguinte 
a percentagem de agua e materia secca, que encerravam as forragens 


constitutivas da ração: 


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º de agua e 12.475 kilos de materia sêcca 


As vaccas recebiam agúa à discrição, durante toda a experiencia, 
havendo no estabulo bebedouros automaticos, para esse fim. À ração 
total era distribuída em quatro refeições, sendo A dada durante todo 
o 1º co 4º periodos;-B durante sómente o 2º periodo e C durante 
o 3º periodo. A ração C, que continha 10 kilos de milho fortageiro, 


292 MINISTERIO DA AGRICJLTUR A, INDI STRIA E COMMERCIO 


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rico em agua, veiu augmentar o total dos principios nutritivos e a 
percentagem. dagua, que passou de 55º|º para 63:3º/º. Tinhamos em 
vista constituir com ella um periodo intermediario, que permittisse 


evitar a passagem repentina de uma para outra ração e ao mesmo 


tempo nos certificarmos da sufficiencia ou insufficiencia da ração À, 


para o fim para que foi composta. 


RESULTADOS OESBINCADOS 


Os resultados observados no correr da experiencia acham-se 
consignados nos quadros ns. 2 € 3. 

A secreção lactea, como é sabido, não é constante desde-o prin- 
cipio até o fim da lactação ; para podermos, pois, verificar exactamente 
se as variações observadas eram, devidas à substituição do gordura 
pelo jaraguá no segundo periodo e a addição do milho forrageiro no 
terceiro, tivemos de calcular a producção para esses dois periodos, 
tomando em consideração a producção do 1º e do 4º, nos quaes a 
ração foi a mesma. Confrontando no 2º e 3º periodos as quantidades 
de leite obtidas com as calculadas facil é deduzir-se o augmento ou 
a diminuição da producção, que póde ser attribuido à mudança de 
forragem. 

Examinando-se o quadro n. 3, observa-se a diminuição na quan- 
tidade de leite, no segundo periodo, assim como na de manteiga. 
Neste periodo;* a “diminuição seral) “por'icabeca e por tia fole 
média de o kilos 485 de leite e 0.020 de manteiga. O peso vivo, 
durante este mesmo periodo, augmentou de 22 kilos 333, ou sejam, 
por dia e cabeça, 1 kilo 160. 

Durante o 3º periodo, em consequencia da engorda, nota-se ainda 
diminuição no leite e na manteiga, sendo o augmento de peso nelle 
de o kilos 404, por dia e cabeça. | 

Observa-se egualmente que a diminuição na producção do leite 
tor acompanhada de um augmento do peso, tendo essa diminuição 
sido tanto maior quanto foi o augmento de peso de cada, vacca. 

As temperaturas observadas durante a experiencia foram indi- 
cadas no graphico junto, apresentando uma oscillação de 4º.5, passando 
a média successivamente de 17º.3 para 180, 20º.8 e 21º.8, no ultimo 
periodo, 


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CONCLUSÃO 


Resumindo as observações feitas nesta experiencia, podemos 
tirar as seguintes conclusões : | 

1º. No primeiro periodo, durante o qual as vaccas foram alimen- 
tadas com a ração A, contendo tres kilos de feno de gordura, a 
— producção do leite manteve-se regular desde o principio até o fim, 
notando-se apenas um ligeiro augmento do peso das vaccas, de o kilos 
271, por dia e cabeça. 

2", No segundo periodo, durante o qual se substituiu o feno de 
gordura pelo de jaraguá, a diminuição diaria do leite, por cabeça, 
foi de o kilos 485, augmentando o peso das vaccas de 1 kilo 160, 
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3º. A addição do milho forrageiro ao terceiro periodo teve como 
effeito um ligeiro augmento da producção de leite. 


4º. O restabelecimento da ração no quarto periodo teve como 
consequencia o augmento da quantidade de leite e da percentagem de 
“manteiga, em detrimento do peso das vaccas. 


Desses dados, podemos deduzir que o feno de capim gordura, 
introduzido na ração das vaccas leiteiras na dóse de tres kilos, por 
dia e cabeça, exerce uma influencia favoravel sobre a secreção lactea 
e mantém o peso das vaccas. O feno de capim jaraguá, ao contrario, 
mostra-se inferior para a producção de leite, favorecendo, porém, 
a engorda e a manutenção do estado de boas carnes. Dahi resulta 
que seu emprego será melhor indicado para a alimentação dos animaes 
de engorda, de trabalho, ou das vaccas, cujo estado de magreza exige 
tal alimento. 

Os resultados dessa experiencia são bastante demonstrativos, o 
que nos anima a leval-os ao conhecimento dos nossos criadores, que, 
conforme o casso, poderão tirar bons proveitos com o emprego 


dos alimentos, que acabamos de estudar, na alimentação de 


seu gado. 


Pinheiro, 27 de março de I9IA4. 


N, Athanassof. 


294 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


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Resultados observados durante a experiencia relativa ao estudo comparativo 
Rendimento em leite, riqueza, 


2º PERIODO 
21 de Agosto a 9 de Setembro de 1913 


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SOMMA CERA E Ro 4840 1283.0 | 37.8 | 39.978 | 4905 TASSO GO) | ASÕOS | S17 
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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 


RO N. 1 


“Temos de gordura e de jaraguá ma alimentação das vacas leiteiras. 
ntidade de manteiga e peso vivo 


3º PERIODO 
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296 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO a 
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Resultado da experiencia realizada no Posto Zootechmico Federal em Pinheiro, mo periodo de | de Aeos 

na alimentação das vaccas leileiras, 


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Ri RedSPoll 2925 e 28 85.00 2.465 0.000 84.50] 84.668| - 0.168 2.535 2.59 
E RedEPoll ANS ao 27| 122.00 2.928) | 5.000) 93.00] 112. 198 —I9. 198 2.325, 2.96 
Seli/25 82705 RR 20] 97.00) 3.104)- 8.000) 90.00] 96.983] — 6.983 2.700). | 30 
Media periodica Re Rr 99.50) 2.923] + 3.250) 87.00] 96.421]— 9.421) 2.634] 3.03 
Mi diameliatia sq ci RE O 4.97) 0.116] 0.162] 4.35)  4.821l— 0.471 [o e 0.15 
Kollanideza, 28... cc. 100| 93.00 2.790] 0.000] 93.50] 107.820] —14.320] 3.085] 3.2% 
DI SONTAÇA Nado boBrD Evo do 50| 100.00 2.800/+13.000| 83.50) 102.000] — 18.500 2.505] 3.03 
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Hollancdeza gor e 2) 126.80 3-423| 110.000] 108.00] 109.600] — 1.600 2.700 3.22 
Mediaiperiodicas. ba ara e I12.90) 3.408] 6.750] 99.40) I15.140|—15.740] 2.972] 3.58 
Media arara ces rr Solda nd à bro 5.645] O.I7o|+ 0.338 4.97] 5.757]— 0.787] 0.148] ok 
Média geral periodica......lusceco 106.90] 3.331] 5.417] 94.67 I04.381]— 9.711 2.966] 3.36: 
Diminuiçãoou augmento 
geralidiario «essa rip o pets ade) PE o PROL - 0270odnoodao RI == 0.485). ejio ot oo ope 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 297 


Pd dd dd a A dd dd A dd dd a a da A A] 


19 de Outubro de 1913, com 12 vaceas leiteiras, para estudar o valor dos fenos de jaraguá e gordura 
eus efeitos sobre a secreção Jactea | 


3º PERIODO 4º PERIODO 
10 de Setembro a 29 de Setembro 50 de Setembro a 19 de Outubro 
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0.008| + 0.937 4.512 4.740]— 0,228 O. TAS O. 163/— o.01h|+ 0.937 4.400 0.153] — 0.562 


- 0.406|--25.000) 88,000| 89.668] — 1.665 3. 168 3.573]|— 0.405] ..v.suas 87.500 3.762) — TS.000 
- 0.060|+-10.000| 61.500] 84.336|— 2.836] 2.445 2.725|— 0.280|—I0.000| 84.006 2.856] — 10.000 
- 0.644|-+25.000| 75.500| 102.396] —26.896) 2,114 3.010|— 0.806]. e cuco. 92.500 28052] isor Pgict eo 
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- 0.401 +25.500] 85.750] 93.267|— 7.517 Do po) 3.147]|— 0,431] 2.500) 90.125 3.262] — 6,250 
= 0.020] + 1.275 4.287 4.663|— 0.375 0.154 0.157|— 0.022] + 0.125 4.506 0.163) — o.312 
|= 0.195|4+-25.000| 131.000] 122.640 + 8.360] 4.192] 3.77I|— 0.421|— 5.000] 137.500 ANO) isolar 
|. 0.527|-+27.000] 102.000] 104.000] — 2.000] 3.060] 3.265|— 0.205]... ..... 106.000 3.498] — 0,000 
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* 0.525|-|-20.000| 103.500| 118.200|—I4.'700 2.587 3.027|— 0.440] +-10.000| 101.000 2.828] — IO.0c0 
j- 0.610]-|-22.750] 118.875] II7.530|- 1.345 o Se 4.293|— 0.756|+- 3.000] 120.100 3.939] — 6.250 
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= 0.396] +-22.333] 93.291| 101.863]— 3.572 3.054 3.570)— o.5T6|-- 8.083] 99.408 3.427) — 7.916 
ERC ROS O TÃO ermeas ns ssa são EO TOO Po oia lo ais | ata téro valo» ess (Dol on avo becodo do —. 0.395 


298 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


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QUADRO N. 38 


Resumo dos resultados da experiencia consignados no quadro n. 2 


| 


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4º periodo... .... (27168 8000 5 io) foto ao ole iotetot o CoONLl noso sBdolodo 8 0006 482.500| 482.500|—1I.250 
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es 2º periodo......... 87.000] 96.421]|— 9.421 2.634 3.036|— 0.401| 338.250] 363.750! +25.500 
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4º periodo......... BO T25 este teisiaa o Pesaro raros a 5262) ein a rea 366.250) 360.000|-+ 6.750 
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Esto 
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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTRCHNIA 29 


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RAÇÃO -A 


Usada na experiencia com as vaccas leiteiras durante o periodo de | a 20 do Agosto 
e de 30 de Setembro a 19 de Outubro de 1913 


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Normas segundo o Professor Mallevre 
para vaccas de 420 kilos, peso vivo e 
uma producção diaria de leite até 10 
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Farelo de trigo... .......... 2 ks. 1.728 0.212 0.048 0.888 1.216 
EDA SFOSSOR ER = sofa dolo rodo 2) 1.756 O. 104 0.038 I.IIO |O 1.313 
Farello de algodão......... PAR 0.894 “o. 180 0.059 0.177 0.499 
Heno de alfalar se. id) 0.843 0.100 o.010 0.335 0.459 
Feno de gordura........... EU) 2.502 | O. 141 0.031 I.350 1.569 
Canna picada.......... ESTES So) 0.705 0.025 o. 010 0.415 0.465 
Capini angolar =. ce piel TOR; 2.327 0.230 0.040 I.c50 1.380 
SOME oricha ob open be oe 24 ) 10.755 0.992 0.236 5.325 6.901 125,9 
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Relação nutritiva..... NARA Reno dao aa o LB) 
Pesondarração, .. 20.0 saved EN cPRRa ro eos SP RP Zoo SA 
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Agua contida nas forragens............ a LO 2 AD DO VA 


300 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


E q Nm 


RAÇÃO-B 


Usada na experiencia com as vaccas leiteiras durante o periodo de 21 de Agosto 
à 9 de Setembro de 1913 


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Normas segundo o Professor Mallevre 
para vaccas de 420 kilos, peso vivo e 
uma producção diaria de leite até TO 
dos bio iiaa boo 9 bo mocoBa os uvodo 10.500 0.840 0.210 5.334 6.678 1.7,0 
Rarelo de trigo-= 0. Ls pilas: 1.728 0.212 0.048 0.888 I.218 
Rúbáa crossossf if a) 1.756 o. T04 * 0.038 I.IIO T.313 
Farelo de algodão. ........». E) 0.894 o. 180 0.059 Oo Gl] 0.499 
Reto de alfafal ist ata 0) 0.843 0.100 O.oIO 0.335 0.459 
Feno de jaraguá..... cce. Di) 2.430 0.124 o.0ol5 1.264 1.434 
Cannalpicadal o o forrar 5» 0.705 0.025 O.010 O.415 | . 0.465 
Capimianigolar Err IO» 2.327 0.230 0.040 1.050 1.380 
SOMIMA dif feio cotada 24 9 10,683 (Os | 0200 5.239 6.766 1:5,9 


Preço datação ANE ci unica ct o aa 6 MAES IS RES 
Relação anaBRaR AS 3 Ss) 
Besoida; ração Pe a irao os massa Emi Rena NopoROLE NC CARLERO) 
Materia Esceca di ca oo ogro INSS 


Agua contidalnas!forragems.. a cpf dna 13.871 aSS ps, 


cera ee e me e pe mmm 


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&ARNOL TRIPLE FLUIDO 
Vantagens economicas do banho com Sarnol : 


1º, mata todo o carrapato; 2º, não prejudica o animal; 3º, produz 
uma immunisação temporaria, isto é, com um certo numero de banhos 
(para o Brasil calculamos de 4a 6 no anno) obtem-se o ideal de ter o 
gado sempre limpo Ge carrapato, e provavelmente tambem do berne. 


SARNOL TRIPLE FLUIDO 
Eulatas den20revs iros, o litro. tes suo ana mens 1600 


=> 2222 SABÃO SARNOL TRIPLE =-====- 

Com os mesmos elementos do Fluido Sarnol Triple prepara-se o Sabão 
Sarnol Triple para matar, como aquelle, o carrapato, 
além do piolho e a sarna dos bovinos 
Chacaras de cultura de plantas: rua Haddock Lobo, 228 (deposito geral e cultura 
de palmeiras); rua Santa Alexandrina n. 134 (cultura de arvores 
fructiferas e roseiras) 

Deposito geral de plantas: RUA HADDOCK LOBO 223 — Villa Itala 6—3 
EICRITOFF, CARNEIRO LEÃO & €. I3 


“ADUBOS CHIMICOS 


Fernando | Hachradt & Comp. 


Representantes do KALISVNDICA?T, Alemanha 
o da United Thomaz Phosphate Works 


S. PAULO: Rua Alvares Penteado, 1ô-A 


CAIXA DO CORREIO, 948 


RIO DE JANEIRO: Rua da Alfandega, 99 


CAIXA DO CORREIO, 566 


—————— — e dop=s— ——— 


Fornecem os adubos necessarios para 
qualquer cultura e attendem a toda e qual- 
quer consulta verbal ou por escripto sobre 
o Modo como devem ser applícados os 
adubos chimicos nas diversas culturas. 


Propôem-se visitar gratuitamente as 
propriedades agricolas para ensinar pra- 
“ticamente a adubação chimica racional. 

Distribuem livros, folhetos e brochu- 
ras sobre a adubação chimica a quem os 
solicitar. | 


12 — II 
13 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTECHNICA 301 


RAÇÃO -G 


Usada na exporiencia com vaceas leiteiras durante o periodo de 10 a 29 de Setombro do 1913 


74] N 
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Normas segundo o role cr mm oo te 
para vaccas de 435 kilos, peso vivo e 
uma producção diaria de leite até Ioj 
litros no maximo........ccccsesress | 12.615 0.870 o. 6.916 NET) 


Rareloíde trilgo- - joio estojo 2 ks. 1.728 0.212 0.048 0.888 1.216 
ED A E OSS OD ojos toja o é e een oloão 2 q 1.756 O. I04 0.038 I.IIO 1919 
Farelo de algodão.......... TH) 0.894 0.180 0.059 0.177 0.499 
Feno de alfafa.............. Loo. 0.843 O. 100 O.0IO 0.335 0.459 
Feno de gordura........... 2) 2.502 0.141 0.031 1.350 1.569 
Canna Picada es der i pes é 5» 0.705 0.025 0.010 0.415 0.465 
Capim angola.............. IO » Dal 0.230 0.040 I.o50 1.380 
Milho forrageiro........... Io » 1.720 0.070 0.020 0.820 0.940 
PM O o as sus) ca] (rss 


RENAS FACÇÃO E bia vio SW oil ado lol iio eso lera pos e NA I2O | TÉIS 
Relação NNtEitiva- opta Vando dry ereto intao norton, pel 6 0 3] 
Pesa tação si o sr) Mes sold cololijoo 1I4kilos 
teias Seca ML MD. A o ID Deo CIZUAAS 


Amar contida mas forragens. ai vs no Zi ks, 525 63,3% 


302 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


ESTUDO DO MINIMUM DE ALBOMINOIDES NECESSARIOS 
PARA AS DIFFERENTES ESPECULAÇÕES ANIMARS 


(Dos amnaes do Congresso Internacional de Agricultura de Gand, 


em I9T3 
(Vide n. 4, Agosto de 1914) 


Do conjuncto das experiencias cujos resultados acabamos de 
fornecer, esta questão nos parece achar uma solução muito proxima 


da verdade no que se concerne aos bovideos no periodo de crescimento, 


Nesta época da vida, as necessidades da materia azotada são de 
duas especies: 

º-— Às exigencias das permutas organicas, que reclamam cada 
dia uma certa quantidade de azoto; 

2º -— O augmento do corpo, que fixa perto de 180 grammas de 
materia azotada por um kilogramma ganho. 

Quando a marcha do crescimento é feita em bôas condições, 
pode assegurar-se que a alimentação fornece ás pegando organicas, 
todo o azoto de que ella tem necessidade. 

As quantidads de azoto encontradas na urina nos esclarecem 
sobre a importancia dessas permutas. 

Pelo exposto no quadro vê-se que durante um periodo de 231 dias, 
os individuos marcados N. O. e Q. ganharam, em média, 877 grammas 
por dia, o que é bastante satisfactorio. Durante esse tempo, o azoto 
urinario equivalia para cada um delles, respectivamente, a 57 
grammas 8,61 grammas 5 e 61 grammas de proteina, por 100 kilos 
de seu peso. | 

As duas experiencias T e U, foram feitas sobre animaes de edade 
mais avançada ; em detrimento de 707 grammas, o azoto urinario 
correspondia sómente a 56 grammas 2 e 55 grammas 2 de proteina 
por 100-kilos. 

As precauções, que tomamos para toda a perda possivel de azoto, 
foram amplamente suficientes, visto que as amostras foram conser- 
vadas por mais de um anno ao abrigo de qualquer alteração. 


é Ci id 


REVISTA DK VETERINARIA E ZOOTRCHNIA 303 


a, 


a 


S1 fosse este o unico exemplo, teriamos hesitado em assignalar 


“os algarismos da experiencia M, feita em 1902, no fim das nossas 


pesquizas e onde as permutas organicas se limitaram a 42 grammas 
6 de albumina, com um ganho de 1.026 grammas por dia. | 

A experiencia T, de 1909, comprehende um periodo de 63 dias, 
na qual o augmento diario elevou-se a 936 gramimas ainda que as 
permutas não absorvessem senão 33 gramimas 1 de albumina, por 
100 kilos. 

Em outra experiencia, feita em 1912, vimos que essas permutas 
não consumiam senão 37 grammas 2 de proteina, ganhando o animal 
889 grammas por dia. 

Dessas experiencias, parece-nos resultar que, introduzindo nas 
rações 60: grammas de proteina digestivel, por 100 kilos do corpo, 
em vista das necessidades de suas permutas organicas, ter-se-hia exce- 
dido da importancia dessas necessidades. 

Addiccionando-se 180 gramimas de proteina digestivel, temos 
fornecido os elementos de um crescimento de 1.000 grammas, o que 
é raramente attingido. 


Para poder estabelecer agora as rações nas quaes a proteina 
digestivel se acha em proporção conveniente, torna-se necessario 
conhecer a importancia das necessidades alimentícias e a proporção 
na qual a proteina bruta é digerida. 

Sobre o primeiro ponto, as normas de Kellner não nos apresentam 
um guia exacto, pelo menos durante o periodo de crescimento. Elle 
guiou-se comparando os seus algarismos com os nossos resultados 
experimentaes. | 


EECMENTOS NUTRITIVO S-DIGEST IV EIS 


8 
Peso dos animaes necessarios segundo Kellener consumido na 


nossas experienciass Crescimento, 
150 kgs. 2 kgs. 154 0/º 1H oa AD E Sia ns: 
250º» 1 oba aio 1295 1563 448 S61 ») 
350.» 1 95p. 622 DEM LDO SG 69 lb 


Estabelecidos estes factos, facil se torna calcular as relações 
nutritivas que convém aos animaes em crescimento, tomando como 


objectivo um ganho diario de um kilogramma, 


304 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA R COMMEÉRCIO 
ATI RS RE RR RT o e TAROUCO UND O 

A importancia de sua ração não teve outra regra senão o seu 
appetite, visto que cada um consumiu feno à sua vontade. Nenhum 
mostrou-se capaz de absorver rações muito copiosas, como as que 
foram prescriptas por Kellner. 

Essas averiguações nos autorizam, estamos certos, a levar em 
conta os nossos proprios resultados, como os mais proximos da 
verdade. 

No que se refere à digestibilidade do azoto e comquanto não 
tivessemos recorrido senão a cerca de 20 alimentos durante os 1.446 
dias em que estabelecemos o balanço nutritivo, não pomos duvida em 
assignalar, em cada um desses alimentos, um coefficiente fixo de diges- 
tibilidade azotada. 

Ao que nos parece, a digestão azotada depende menos da natureza | 
dos alimentos que das necessidades do organismo, necessidades essas 
que variam conforme as diversas condições de vida. 

Segundo os nossos balanços, constatamos que os animaes em 
experiencia digeriram; o azoto dos seus alimentos, nas seguintes 
proporções : TRA 


Digestibilidade 


Peso dos animaes 
segundo Kellner 


Proporção digerida 


coa. 100 ilosrammas ne 70 O SS 96:84 “8 
IOI) a, T5O AE e o q 66.59 º|º 8315 10008 
ERia 200 Cd dire co bs aac do Gr RD : SOS Seis 76.688 88 
2a 2io a NeiS a oo Ep 48.54 º|º 72 SAR 
Sit é 00) ” + Penta. Zeo MS 72.35 IN 

400 HD eyes a a asia: En aABógi 8 66 :081ºE 


A diminuição no poder de digerir o azoto, que se accentúa com 
a edade, explica-se por si propria. Quanto mais joven é o animal e 
maior a sua força de crescimento, é elle obrigado a extrahir uma 
quantidade de azoto mais importante de uma somma de nutrição 
bem inferior a que elle absorverá em seguida. A natureza não Oo 
deixou desarmado em face desta necessidade. Ella lhe deu, então 
uma aptidão especial para digerir o azoto, que não mantém mais, 
desde que esta deixe de lhe ser indispensavel. 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 305 


aa a a, 


Todos os nossos animaes de experiencia realizaram ganhos 
superiores a esses, em vista dos quaes as normas de Kellner foram 


“estabelecidas. 
Peso dos animaes........ | 175 KGS. 225 KGS. 275 KGS. 400 KGS. 
RUPeTTiCIO usinas srs enero o AS INES O] 3 Mts. 58 4 Mts. 09 5 Mts. 25 
ISIS CISÃO) 
Não | Não Não Não 
Azotado Edo Azotado atado Azotado E otao Azotado Solado 
Materiaes do crescimento grs... 180 Igo 180 Igo 180 I90 180 190 
Trabalho de crescimento........|........ SAS eta cretrteças» TRAS DR ria do T:975) proa an 2.000 
Manutenção a razão de 60 grs. 
de proteina por 100 kilos e 
sobretudo em elementos não 
ETZO LA OST eos 5 é oboto SER ER I05.| 1.400 || 135 1.655 165 1.880 240 2.385 
285 | 2.465 315 | 2.970 345 | 3.445 420 | 4.575 
DIgestibilidade da proteina %...| 50.55 |........ ASPIRE AO nao qr 34.87 
Quantidade de proteina bruta 
MECESSAMEL oo novos cds bda dan ode 564 649 785 1.205 
Relação nutritiva.» csiiscoscoos Ia4.37 Iaa4.58 I aa4.39 Ia 3.80 


Estabelecemos o augmento diario de um kilogramma, para o 
animal de 400 kilos como para o de 175; ora, é natural que, com 
a edade, as necessidades do azoto diminuam. O nosso ultimo exemplo 
devia comportar mais que o necessario. 

De um modo geral e depois da desmama, uma ração, que com- 
prehende um de proteina bruta contra quatro de extractos não 


azotados, assegura completamente as necessidades do azoto no fim 
do crescimento. 


Todos nós somos levados a crer que as necessidades do renova- 
mento dos tecidos do corpo não são proporcionalmente mais elevados 


“na edade adulta dó que na juventude e que não é preciso senão 
R. V. 39 


306 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


pequena quantidade de azoto; todavia, os nossos estudos ainda não 


se estenderam aos adultos. Há 


Dahi se conclue que é perigoso emittir-se hypotheses para tomar 
a responsabilidade de uma conclusão qualquer referentes aos animaes 


adultos. 


A producção do leite absorve muito azoto; não ha duvida que 
a ração da vacca leiteira deve ser bastante nutritiva. Sobre este ponto, 
a questão de individualidade prima sobre todas as outras. A theoria 
não dará senão indicações vagas; a experiencia, ao contrario, deve 
decidir soberanamente. 


A vacca, sendo copiosamente nutrida, produz muito leite ? A addi- 
ção, aos seus alimentos, de um kilogramma de tortas super-azotadas, 
taes como as de amendoim ou as de algodão da America, permittirá 
levar-se em conta quasi immediatamente si o animal é mão leiteiro, 
e então a situação fica sem remedio; si o animal deixa de produzir 
leite, não é consequencia de uma nutrição insufficientemente provida. 
de azoto. | € | | 


A differença entre a producção dos dias precedentes e a quantidade 
de leite que se recolherá uma semana, depois de ter-se começado o 
emprego das tortas, distinguira, dentre as outras, os animaes que 
reclamam uma nutrição mais azotada. Quando essa differença fôr 
grande, será conveniente considerar a dóse de tortas em dois kilo- 
grammas e medir o leite uma segunda vez no fim de uma semana, 
pelo que poder-se-ha ver si um novo augmento da producção paga 
suficientemente a despesa. 


O periodo de lactação se prolonga tão differentemente de um 
animal a outro, que sómente a observação poderá indicar ao criador 
o momento em que o emprego das tortas deixará de ser benefico e, 
consequentemente, deverá ser extincto. 

Verifica-se que a excepção das vaccas leiteiras, depois da primeira 
edade, as necessidades das materias azotadas não são importantes. 

Resta examinar si uma ração rica em azoto se mostra mais 
vantajosa que uma outra em que a quantidade de azoto é menor. 

Revendo-se o quadro e as 14 experiencias EF a S, que compre; 
hendem um conjuncto de 934 dias, vemos que, nos oito casos em que 


REVISTA DE VE'ITERINARIA E ZOOTECHNIA 307 
RR NS O RS NTE IMIM SD 
o augmento passou de 800 grammas (898 em média), o azoto re) eitado 
na urina não correspondia senão a 23 grammas 85 por 100 kilos do 
peso do corpo, ainda que as seis outras, onde o augmento foi reduzido 
a 656 grammas, a proporção de azoto urinario elevou-se a 33 gram- 
mas 64. 

Segundo esses resultados, vê-se pois, claramente, que não ha 
nenhum interesse em prodigalisar o azoto. 


(Continía) | 


André Gouin 
P. Andouard 


308 MINISTERIO DA AGRICULIURA, INDUSTRIA E COMMERCÍIO 


10902 a a a 


VISITA AO HARAS PAULISTA 


Uma galopada ao sairmos das ultimas casas da cidade leva-nos 
a um planalto de onde a vista abrange em todas as direcções um 
horizonte de seis a sete leguas. 

Oriento-me. 

Atrás de nós, isto é, ao oéste, a linda cidade de Pindamonhangaba, 
dividida em duas partes: a parte alta, no planalto onde corre a linha 
da Estrada de Ferro de S. Paulo, e a parte construida em amphir 
theatro na declividade que vai chegar ao valle do rio Parahyba. 


Deante de nós, montanhas de uma altitude chegando a mil e mil 
e quinhentos metros. E”, ao sul e sudoeste, a Serra do Mar, ao nordéste 
a Serra da Mantiqueira. O Parahyba corre aos pés desta. 


Lembra o conjunto da paizagem certos cantos das regiões 
francezas do Jura. Para me fazer achar a semelhança mais empolgante, 
a viração que me toca no rosto está, neste quente dia de verão, fresca 
e viva, tal como o ar da montanha, factor de saude, estimulante de 
energia. A sensação é deliciosa. 

Com o ar e o sol, o logar contem um terceiro elemento de vida, 
a agua. Reparo logo sua presença em abundancia: ribeirões que 
serpeiam nas baixadas, nascentes que brotam em varios pontos. 


Eis ahi a reunião de excellentes condições climatericas e de vida, 
e pode-se dizer que foi isto o primeiro merito do fundador e director 
do Haras Paulista, o Sr. Conde R. de Grenaud, o ter sabido escolher, 
de modo tão feliz este local. Mas devia a minha visita, conforme o 
esperava, reservar-me muitos outros assumptos de admiração. 


Antes de começar a descripção da obra, resumirei o seu valor, 
dizendo que, perfeitamente concebida, assentada sobre bases certas e 
solidas, foi ella notavelmente bem executada. 


“Tem-se a impressão immediata disso mal transpondo a porta 
da entrada. Revela-se o reino do asseio, da ordem, e da disciplina, 
por mil indícios: excellente conservação dos predios, das estradas, 
e apresentação incensuravel do pessoal encontrado. 

A convite do meu hospede, encaminho-me em primeiro logar 
para os aposentos reaes, quero dizer, para o palacio dos garanhões, 
reis deste dominio, a “clé de voute” do edificio. 


e 
% 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 309 
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di di a Sd 


Tendo o Estado de S. Paulo tomado, em Julho de 1911, a 
importante decisão, que sempre lhe será e cada anno mais um título 
gloria, de crear o Haras Paulista, escolheu o Conde R. de Grenaud 
para a realisação desta obra, em virtude de suas eminentes qualidades 
de homem entendido em cousas hippicas, comprovadas na sua antiga 
profissão de official da cavallaria franceza. Elle então traçou e fez 
adoptar o seu plano para produzir e criar o cavallo de guerra, pura- 
mente nacional. 

- Lembro-o em duas palavras. A egua indigena, bem escolhida, é 
a base, o primeiro factor; o outro factor é o garanhão de raça 
importado. 

São 'estes garanhões, até esta data, em numero de seis no Haras 
Paulista: um puro sangue arabe, dois anglo-arabes, um anglo-bretão, 
um Norfolk-bretão e um bretão de Corlay. 

Sendo reconhecido que o cavallo brasileiro, actual. descendente 
dos cavallos trazidos à America do Sul pelos seus descobridores e 
primeiros exploradores, vai para quatro seculos, tem uma estirpe arabe, 
seu cruzamento com o arabe e o anglo-arabe é evidentemente o 
processo bem indicado para conseguir o rejuvenescimento do sangue 
que corre nas suas veias e encaminhal-o para o typo a fixar, o qual 
não deve e não póde ser senão o anglo-arabe brasileiro. 

Pergunto ao meu amigo de Grenaud para que esses bretões. 

“Hei de produzir, responde-me elle, o cavallo de guerra. Ora, 
tem este dois destinos: o serviço de cavalaria e o de artilharia. 
E” para este que julgo o garanhão bretão apto a dar resultados imme- 
diatos. E” interessante demonstral-o. Neste caso, as eguas, que devem 
ser cobertas pelo bretão, fazem o objecto de uma escolha muito 
delicada; o numero, aliás) não póde ser senão muito reduzido por 
emquanto. Accrescentarei que é apenas um ensaio, de modo algum 
podendo infirmar o principio, fóra de discussão, de que é o sangue 
arabe o primeiro a infundir aqui.” 

Passo a examinar os garanhões. Todos reunem as qualidades 
essenciaes de bons reproductores, fundadores de famílias e de raças: 
proporções harmoniosas, linhas regulares, membros solidos, aprumo 
bem estabelecido. 

Cada um delles chama depois a attenção pelas suas qualidades 
proprias. Meus olhos, habituados mais ao typo de cavallo da cavallaria 
ligeira, pairam com maior prazer deante de Va Vite, anglo-arabe 
Go º|º, por Prisme e Va Longtemps. Illustre origem: Prisme é um 
dos reproductores mais celebres e mais perfeitos de fórmas no sul 
da França. Seu filho é encantador, com um peito e aprumos deanteiros 
admiraveis, 


310 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
PEOPLE DADE SGD DELE GDGO RTP PL DEP LPURDELERUSRER 0etR 


O outro anglo-arabe, Itaxassou, por Fils de VAir e Saida, é 
antes notavel na linha do dorso, a cernelha e a garupa. 

O garanhão arabe, Abdul-Hamid, por Bagdalim, ex-Bagdad, e 
Miline, é admiravelmente atavico, com a bella cabeça expressiva, 
caracteristica de sua raça, proporções harmoniosas, que fazem não se 
de pela exiguidade relativa de sua altura, 1m,48. 

Inca, o Norfolk-bretão e Imbroglio, o trotador bretão de Corlay,: 
sao bonitos modelos da especie, mas o anglo-bretão Guezebet retem 
mais minha attenção pelo “brilhante” lextraordinario que possuk. 
Foi vencedor de corridas de steeple-chase. | 

Faz incontestavelmente este pequeno lote de cavallos, que se 
vai tornar, por uma parte, origem da grande familia cavallar brasileira, 
o mais legitimo elogio a quem o escolheu. Por isso, vê-se que tal 
missão não póde ser confiada senão ao homem experimentado e 
conhecedor do cavallo desde a infancia, desde sempre, quasi de 
imstincto. À sciencia assimilada pelo estudo theorico, como a golpe de 
martello, nunca fará adquirir a exactidão de vista dada pela natureza. 

A. casa. idos garanhões é digna delles E) deveras) el isto cs 
comprehende, o: predio mais luxuoso do Haras. Não se manifesta, 
todavia, este luxo por decorações e adornamentos. Achamos só o 
confortavel, bem entendido, conforme as regras de hygiene: altura 
de 12 metros, bôa largura, que permitte a bôa circulação do ar, boxes 
espaçosos, em numero de 20, com agua corrente. Póde esta cavalla- 
riça ser considerada como modelo no genero. 

Ao pé, uma construcção muito simples de fórma circular, genero 
paiol, é empregada ao mesmo tempo como picadeiro, onde se faz 
trabalho á guia comprida, e como logar para montada. A notar O 
engenhoso dispositivo em corredor destingdo à montada das eguas 
recalcitrantes. | 

A cavallariça dos garanhões occupa a parte mais alta do planalto. 
Estamos muito bem collocados para tomar uma idéa de conjunto 
da propriedade. | 

Varios predios apresentam-se à minha visita: um armazem de 
ferragens, a casa de morada do sub-director do Haras, a do chefe 
das cavallariças, o Sr. Travaux, antigo ferrador premiado na escola 
de cavallaria franceza de Saumur, e que pertenceu ao serviço do Haras 
de Madagascar; a enfermaria dos cavallos; a cavallariça das eguas. 
Voltarei a esta. 

Apresenta o terreno um aspecto suavemente ondulado, com 
duas ou tres depressões um pouco mais accentuadas. E”, em geral, 
descoberto e alguns arvoredos e um pequeno bosque fazem variada 
a paizagem. 


| 


E. A 


RRVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA é Seb! 


Pa aà ÇÃO ÇÃO aà ÃO ÃO Và a aà Sa a 


AR AO a 


HIAA . . , “ o da “4 . . 
Jem all as eguas e filhos à sua disposição um magnifico domínio 


“de cerca de 350' hectares. Viejo-os brincando, reunidos em grupos 
“ou isolados, formando na relva verde figuras moventes. 


Que encanto neste espectaculo para a alma do verdadeiro 


“apaixonado pelo cavallo. Basta-me, para percebel-o, o olhar de Gre- 
“naud. Elle vive intimamente com seus educandos. Todos os movi- 


mentos e posições delles contêm uma significação para elle. Escusado 


“é dizer que conhece os nomes de todos os pais, a idade e todas as 
“particularidades da existencia. 


Chegamos até os grupos, que foram aggregados de proposito 
em um cercado, afim de me tornar facil o exame. 
'* Tenho então o prazer de bem comprehender o modo porque a 


“obra encetada foi realizada até este momento le os resultados a 
“esperar para o futuro. Estou em presença do segundo elemento de 


base, as eguas indigenas e dos primeiros productos resultantes do 


“cruzamento com os garanhões importados. 


Foi no Estado de S. Paulo sómente que o Conde R. de Grenaud 
procurou e achou estas eguas, que sobem ao numero de 84. 

A. primeira impressão, ao velas, é de extrema surpresa. 
Pergunta-se a si mesmo como pôde ser arranjado um tão consideravel 
lote de animaes desse feitio. As amostras por mim encontradas, até 
então, de cavallos aborigenes, muito longe me deixaram de prever 
semelhante qualidade. 


Apresenta, pois, o cavallo indigena, habitualmente encontrado, 
aprumos e um dorso defeituoso, rins mal ligados; além de que possue 
altura muito diminuta. 7 

Apezar disso, deve ser a fórma, a matriz de onde ha de sair a 
raça cavallar brasileira. Por que ? 


Porque, tal como é, apresenta qualidades de rusticidade e de 
resistencia que o fazem sem rival para as grandes jornadas na roça, 
mesmo sob um grande peso, porque este ser definhado conserva em 
um canto do organismo uma parcellinha da herança deixada pelos 
antepassados; porque, embora empobrecido pelos padecimentos. e 
condições de bem estar insufhicientes, o sangue que lhe corre nas 
veias é o da mais nobre raça cavallar do orbe, a raca arabe. O cavallo 
typo brasileiro deve sair do cavallo indigena actual; será apenas, 
falando verdade, uma transformação deste. 


312 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LL SS aà a LL a a a 


Minha admiração, ao examinar o lote de eguas paulistas do 
Haras, veio de constatar quanto attenuados estavam os defeitos acima 
assignalados. Deixam ver todas de um modo mars ou menos sensivel, 
as qualidades capitaes exigidas da egua de cria: bom dorso e garupa, 
aprumos regulares, largura da bacia suficiente. A altura é tambem 
razoavel, de uma média de 1m,46. 

Na descoberta e na escolha de tal lote manifestaram-se de maneira 
absolutamente excepcional a competencia e o golpe de vista do 
Conde R. de Grenaud. E”, para os criadores particulares, a occasião 
de virem procurar no Haras Paulista um ensino que lhes ha de ser 
muito aproveitavel. Representam estas eguas, mais ou menos, O 
modelo que devem ter empenho em seleccionar. Reparem por isso, 
que o criador não deve deixar-se enganar por qualidades de brilhante 
muitas vezes ficticias, mas sim procurar as qualidaes solidas, 
primordiaes de estructura. 


Não apparece a sciencia hippica do director do Haras Paulista 
de modo menos ruidoso, quando se trata da apropriação de uns com 
os outros dos elementos reproductores de que dispunha. Ainda aqui, 
a tarefa era delicada. Apanhar os pontos de semelhança na estructura, 
as correntes de harmonia no conjuncto do organismo, que designam 
mais especialmente uma egua para a monta de tal garanhão, acha-se 
ao alcance só de quem conhece a fundo sua profissão de criador e, 
já o disse, menos por tel-a estudado em tratados de zootechnia do que 
por possuil-a em virtude de uma disposição particular dada pela 
natureza à feição de instincto. 


Traduz-se essa excellencia da escolha que tem determinado os 
cruzamentos pelos productos que tenho deante dos olhos. São perfeita- 
mente conformados, accusando geralmente bem a raça do pai. 
Os filhos de Guezebet e Va Vite, particularmente, se reconhecem 
facilmente. 


Mostra-me de Grenaud um poldro de oito a nove mezes pelo 
qual lhe foi feita uma proposta de compra pela importancia de 
Soosooo. O Haras Paulista dará de pressa, sendo assim e embora 
não sejam aquelles que delle se esperam logo, resultados materiaes 
Interessantes. 

O numero dos productos nascidos no Haras é, até esta data, 
de 67. Neste numero 25 procedem de eguas alheias ao estabelecimento 
e 42 de eguas pertencentes a elle, e 25 têm mais de um anno de idade. 
O numero de eguas montadas tinha sido de 65 e o nascimento 46; 
morreram quatro poldros. Isso dá, na somma para os productos 
Vivos, uma porcentagem de 74,19 º|º. 


REVISTA DR VETERINARIA E ZOOTRCHNIA 313 
LNLS SA ASAS RSA RAL A A AAA AAA AAA SA ASSIS SAAE O a q 


O regimen a que estão submettidas as eguas e seus productos é 
mixto, o de pabulação e estabulação. Permitte isto evitar as intem- 
pertes das estações, ao mesmo tempo que gozam das vantagens da 
. criação em plena liberdade de ar e de vida, que lhes offerece a área 
consideravel dos pastos. 

No que se refere a qualidade destes, não é uniforme. O fim 
almejado é um melhoramento geral pela plantação do capim Jaraguá, 
superior, segundo a opinião de Grenaud, a qualquer herva para 
alimentação do cavallo. Elle fornece um feno perfumado, que este 
come avidamente e representa, verde ou secco, um alimento essencial- 
mente reconstituinte. 

A grama de Pernambuco constitue tambem wúma excellente 
forragem, e parte do terreno é reservada à sua plantação. 

A respeito do capim gordura, tão apreciado para a criação da 
raça bovina e que compõe, por emquanto, a maior parte das pastagens 
do Haras Paulista, não é para ser regeitado, mas sua principal 
propriedade é nutrir os tecidos adiposos e, portanto, torna-se, 
sobretudo, util quando se trata de augmentar o peso dos animaes de 
engorda. Não é exctamente o caso, quando se fala da criação do ca- 
vallo, ao qual é preciso, antes de tudo, dar ossos, musculos e vigor. 

Aºs eguas está attribuido um supplemento de alimentação de 
tres kilos de milho por dia. 

Falei em regimen mixto. As eguas e filhos não ficam durante 
a noite nos pastos. Recolhem-se a uma vasta cavallarica, cuja 
construcção estava para ser acabada na época de minha visita e a 
respeito da qual não deixei de tecer os mais vivos encomios ao meu 
amigo de Grenaud. 

Soube alliar o confortavel à simplicidade, até à rusticidade, e, 
quando me foi dado conhecer a pequenez dos recursos de que dispunha 
para executar o plano, não lhe escondi minha admiração pelo seu 
espirito pratico. Sei outrosim, que alta approvação official lhe foi 
dada a respeito disso. 

Está disposta a cavallariça das reproductoras em fórma quadrada, 
comprehendendo boxes de cinco metros sobre quatro. Bonita, 
espaçosa, limpa e arejada. 

Cada animal habitua-se a se recolher à sua casa, onde o espera 
a ração de milho. Allj, sobretudo, familiariza-se o poldro com a 
presença do homem e assim é o principio da domesticidade e do 
adestramento. De facto, apparecem-me todos os poldros pouco bravios 


e doceis, 


RV, 40 


314 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
a a a NANA a A a A a A A AAA AA SS LS SS Sa as 


De dd da dá 


Ao Haras, propriamente dito, está ligada uma secção agricola. 

K” seu complemento obrigatorio, devendo o Haras retirar della 
todos os seus recursos alimentícios. Julguem, por isso, qual sua 
importancia no ponto de vista economico. Póde mesmo acontecer . 
que o estabelecimento agricola se torne ponto de rendas para a 
empresa. 

O sólo da propriedade, cuja superficie regula por cerca de 1.700 
hectares, é de qualidade geralmente mediocre, silico-argillosa, e 
mesmo em certos pontos, francamente argillo-silicoso, pouco rico em 
phosphatos. | | 

E*, diremos, um sólo regular. Sua pouca accidentação torna-o 
muito accessivel às machinas agricolas. 

O chefe da secção agricola, o Sr. Eduardo Maldonado, espirito 
culto, tão entendido agricultor, quão amavel cavalheiro, já conseguio 
aproveitar essa terra de uma fórma muito “interessante. A lavoura 
de milho, alfafa, arroz, canna de assucar, está tomando uma extensão 
cada anno mais consideravel, nos logares mais convenientes a 
cada uma. ; 

A mais importante, pela qualidade do consumo, a do milho, já 
oceupa este anno uma área de 74 hectares. Previrá largamente a 
colheita às necessidades, que não importam em menos de 9.000 
litros por mez. Este grão, sabe-se, está sendo usado aqui em 
substituição à aveia, a qual não póde ser considerada inferior sob 
o ponto de vista das qualidades nutritivas & reconstituintes. 

O arroz é cultivado, ainda em uma pequena escala, nas partes 
baixas, pequenos valles bem irrigados. Constituiria tambem um 
substituto da aveia, assim como isto se pratica no Extremo Oriente, 
onde, não descascado, toma o nome de paddy. 'Podavia, excessiva- 
mente rico em principios nutritivos, torna-se, por isso mesmo, muito 
quente e excitante e não convem dal-os aos poldros senão misturado 
com o milho, sendo este em maior quantidade. 

Merece a alfafa uma menção especial, como alimento. Sua 
riqueza excepcional em proteina fal-a 'indispensavel ao crescimento 
dos novos poldros. O ensaio de quatro hectares desta cultura, que 
eu vi, promette bons resultados. 

A canna de assucar convem, sobretudo, aos animaes de Serviço, 
especialmente aos muares, como fortificante e estimulante de energia. 

Não permittiriam as excellentes condições atmosphericas que 
salientei a cultura da aveia ? 

O Conde R. de Grenaud está estudando a questão. Seria para 


desejar que a producção na propriedade satisfizesse por si Só as Suas 
necessidades. 


REVISTA DE VETRRINARIA EK ZOOTECHNIA 315 


dd 


Falando verdade, seria a aveia, que é necessaria à alimentação 
dos garanhões, o unico producto a faltar, pois todos os outros, 
como acabamos de ver, alli se acham. 

A reforma dos pastos de que já falei, plantação de capim 
Jaraguá, capim gordura, e grama de Pernambuco, tambem faz parte, 
lembro-o apenas da obra consideravel, já executada pelo Sr. Eduardo 


Maldonado. 


pa 


* 


Chego ao fim de minha visita. Foi de certo, muito rapida e 
escaparam-me muitos detalhes interessantes; mas, foi bastante para 
dar uma idéa nitida do modo como a obra foi posta em execução 
do seu alcance e dos resulados que della se podem esperar. 

Não são estes, diga-se logo, dos immediatos. 

Não obstante o exemplo que citei de um poldro que foi objecto 
de uma proposta de compra por um preço avultado, não deve ser 
o Haras Paulista julgado como empreza financeira. 

Por força, em consequencia da valorização dos productos que 
dara e ensinará a criar, elle constituirá um principio de riqueza para 
o Estado ao qual cabe a gloria de iniciativa de sua fundação. Mas, 
o fim proprio de sua criação, de ordem muito mais alta, que é dotar 
o Brazil de uma raça cavallar nacional, fixar por conseguinte, defini- 
tivamente, o typo desta raça, só será attingido depois de alguns annos. 

Comprehendem que em materia de criação, certo praso é neces- 
sario para julgar-se o valor do systema adoptado. Offerecem os 
productos nascidos dos primeiros cruzamentos, apenas, interesse 
relativo; os da segunda, terceira e seguintes gerações, deixam 
apparecer a estabilidade das qualidades novas, introduzidas pela 
infusão do sangue estrangeiro. 

Eis a successão das etapes que levarão aqui á creação da raça 
cavallar nacional: 

1º — A? egua indigena se dará o garanhão de puro sangue arabe. 
Resultado : rejuvenescimento da raça, que é a mesma. 

2º — Aos productos desses cruzamentos, apresentando signaes de 
regenerescencia, se dará o garanhão anglo-arabe. Resultado: fixação 
das qualidades adquiridas. 

3º-— O puro sangue inglez, afinal, virá a partir da 3º geração, 
trazer sua contribuição, representada por mais volume, mais remate 
e tambem mais brilhante. 

Segundo este methodo, diga-se, não se corre o risco de mão exito. 
Já foi feita a experiencia com resultados concludentes. Elle é exacta- 


316 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


LNLS NL LNLS SSIS SSL SS SS AS SS SA A RSA RL RSRS RA RSA SA a E, 


mente o seguido em França, onde, nas regiões do sul Landes, 
Pyrineus, Tarbes, Camargue, se havia encontrado uma raça de 
cavallos apresentando certa analogia como a encontrada actualmente 
no Brasil. 

Ora, no praso de menos de meio seculo, creou-se lá a raça 
essencialmente franceza do anglo-arabe, chamada por Gayot o puro 
sangue francez, cujo elogio já não é preciso fazer e de que basta 
dizer que em toda a parte, na Allemanha, Austria, Italia, Grecia, 
nos Estados Unidos, se procura creal-a. 

Crearemos, portanto, o anglo-arabe-brasileiro, o Puro Sangue 
Brasileiro, e, assim, como já tive ensejo de dizer, e como me apraz 
repetir, não se vê razão alguma porque este não valha o anglo-arabe 
francez. 

O Haras Paulista terá traçado a via a seguir-se para este 
resultado. Nisso estará a sua maior honra. E” o principal papel que 
tem a desempenhar, por emquanto. Deve servir como modelo para 
tudo o que diz respeito à criação do cavallo. Não hesitem os criadores 
em ir procurar alli o ensino e a experiencia de que, muitas vezes, 
carecem. | 

Uma consideração que não é despida de importancia e que merece 
ser posta em destaque é o da escassez dos recursos de que dispoz o 
Conde R. de Grenaud. Nunca passou seu orçamento annual de 150 
contos de réis; foi reduzido no presente anno a 130. 

Hoi, realmente, mistér, para chegar aos resultados que estamos 
admirando, que elle juntasse à sua innegavel competencia profissional 
de criador uma sciencia pratica e administrativa consumada. 

Aos que nutrem pela “mais bella conquista do homem?” esta 
paixão, que nunca se apaga, aconselharei uma visita ao Haras Paulista. 
Aconselharei especialmente áquelles que se interessam pela orientação 
do cavallo no Brasil e têm tomado a peito seu futuro. 

Retirarão della informações e dados extremamente preciosos e 
a todos se proporcionará um prazer de rara essencia, realçado pelo 
encanto do acolhimento que lhes será feito pelo Conde R. de Grenaud. 
A todos se patenteará tambem o subido valor do monumento que 
este vem erigiindo à properidade e à gloria da Patria Brasileira. 


Rio de Janeiro, 20 de julho de 1914. 


R Conde A. Verin d"Ainvelle. 


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REVISTA DE VETHRINARIA E ZOOPECHNIA 347 


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À ESCOLHA DO GADO LEITEIRO 


Um fazendeiro caprichoso deve ter grande cuidado na escolha das 
suas vaccas para apurar um gado de qualirtade leiteira, pois tanto 
custa o sustento de uma vacca de má qualidade como o de uma bôa, 
dando esta, porém, um resultado que compensa o trabalho e a despeza 
com o trato que se lhe der: 

O primeiro cuidado deve ser em relação ao clima e as parti- 
cularidades do terreno da fazenda, para então escolher-se a raça de 
gado que esteja apropriada a taes condições. Assim, se o terreno tór 
montanhoso, convém um gado rustico, como o Schwiz, Simental, 
Escossez e outros, gado robusto, de pouco peso e acostumado às 
montanhas ; entretanto se o terreno fôr de' planície, convém um gado 
acostumado as vargens, comb Hollandez, Jersey, Devon, Shorthorn 
e outros. | ao e O 

A questão do clima é importante; pois sendo o nosso muito va- 
riado, não é conveniente trazer-se uma vacca de zona fria para uma 
zona quente, ou vice-versa. Uma vacca que faz esta mudança de clima 
levará muito tempo a se acostumar com as novas condições, fica 
magra, em geral, e diminue muito a sua producção de leite. 

Resolvido quaes as raças de gado que se adaptam melhor às 
particularidades de sua fazenda, o criador deve procurar entre estas 
raças qual a mais apropriada à sua industria. 

Tendo em vista a exportação do leite, convém um gado que o 
produza em quantidade; o gado Hollandez, por exemplo, que já está 
muito introduzido no nosso paiz, devido as suas propriedades leiteiras, 
preenche bem esse fm, ou o gado Shorthorn, que tambem produz 
muito leite. 

Mas, se o leite deve ser empregado na industria de lacticinios, 
a sua qualidade é de muito mais importancia que a quantidade, pois 
um litro de leite de uma vacca Jersey ou Guernsey póde conter mais 
manteiga que um litro e meio ou até dois litros de uma vacca Hol- 
landeza ou Ayreshire. 

O leite muito rico em gordura não convém ao exportador, pois 
este viajado, chega muitas vezes ao mercado alterado; convém, pois, 
ao fabricante de manteiga ou de queijo, escolher uma raça de gado 
que produza leite rico em gordura, e ao mesmo tempo abundante. 

Nestes ultimos annos a raça Jersey tem sido muito aperfeiçoada 
nos Estados Unidos da America do Norte, e existem agora vaccas 
dessa raça que dão leite em grande quantidade, e bastante rico em 
gordura. As raças Schwiz e Simental da Suissa dão leite de muito 


318 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


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bôa qualidade e: abundante. A raça Shorthorn, muito apreciada na 
Inglaterra, produz tambem bastante leite de bôa qualidade, tendo 
ainda a vantagem de ser um gado pesado, servindo assim não só 
para a producção de leite como tambem para o córte. O leite das 
vaccas da raça Devon é tambem muito rico, com elle é que se fabrica 
o afamado “Crême de Devonshire” 


Determinadas as raças de gado para sua fazenda, terá o criador 
de seleccionar as vaccas dessas raças, trabaibo esse de grande cmidado, 
tendo em vista as muitas particularidades individuaes, que têm as 
vaccas de uma mesma raça. 


O comprador de uma vacca deve em primeiro logar collocar-se 
ao lado das ancas do animal. Nesta posição elle deve observar o ubere 
e ver se este é alongado para frente, bem desenvolvido, tanto em 
altura como em largura, e tambem se tem uma saliencia bem pronun- 
ciada além dos quartos trazeiros; em segundo logar deve observar 
as têtas, que devem ser bem desenvolvidas e bastante separadas umas 
das outras; em terceiro logar, collocando-se então atraz do animal, 
observará a parte posterior deste, que a partir do encovador até a 
extremidade do ubere deve ser coberta de pello que seja em sentido 
opposto ao pello que cobre o resto do animal, formando um lasango, 
ou escudo; quanto mais alto e mais largo fôr este, melhor será a 
qualidade da vacca leiteira: os quartos trazeiros devem ser bem sepa- 
rados na parte superior, a espinha dorsal deve ser direita, não curva, 
e a veia do leite deve ser bastante desenvolvida e visivel; as ancas 
devem ser bem largas, devendo o corpo do animal ter mais largura 
nos membros posteriores do que na frente. 

O gado sendo escolhido e comprado, compete ao criador estudar 
as qualidades das suas vaccas individualmente. 


Para este fim é necessario ter uma balança pequena propria para 
pesar leite. O tirador de leite, depois da ordenha, despeja-o na balança, 
e toma nota do seu peso antes de mistural-o com outros leites. 

Em vez de balança, póde-se usar um balde graduado, proprio 
para medir leite, que dará o resultado em litros em vez de kilos, 
porém é muito preferivel e mais exacta a balança. 

O peso do leite de cada vacca deve ser escripturado em um livro, 
traçado, conforme o modelo annexo. 


Esse modelo indica a quantidade de leite que dá cada vacca por 
dia, ou se a vacca é ordenhada duas vezes por dia, a quantidade que 
ella dá de cada vez. No fimi da semana a folha é apurada, extrahindo 
do total a média do leite que a vacca produz por dia. Na columna das 
observações póde-se assentar quando a vacca deixou de dar leite, 
quando esteve com o touro, e outras notas de interesse. 


REVISTA DE VETREINARIA E ZOOTRCHNTA 319 


DA a a ça A A 


a aà a 


a ça ÇÃO a A AA A AO AO AA 


Por este meio o criador póde verificar a quantidade de leite 
produzido por cada vacca no anno, e o tempo que dura o seu periodo 
de lactação. 


No caso de ser o leite empregado na fabricação de manteiga, é 
necessario examinal-o para ver a sua qualidade. 


Este exame de leite é feito com facilidade e rapidez com um 
apparelho chamado o butyrometro”. O mais simples é o butyrometro 
do dr. Gerber. | | 


| À maneira de proceder é a seguinte: O butyrometro é um tubo 
de vidro, mais largo num terço do seu comprimento e bem estreito 
nos outros dois terços, tendo na parte estreita graduações de o a 90, 
e tendo uma entrada na parte larga; neste butyrometro collocam-se 
dez centimetros cubicos do leite, tendo-se cuidado de mistural-o bem. 
Isto é feito com uma pipeta de 11 centimetros cubicos, pois calcula-se 
que um centimetro cubico de leite fica collado nas paredes da pipeta. 


Ajunta-se então ao leite no butyrometro dez centimetros cubicos 
“de acido sulphurico, que deve ter uma densidade de 1.820, e em 
seguida um centimetro cubico de alcool amylico, com uma densidade 
de 0.815; o apparelho traz as pipetas necessarias para fazer estas 
edidas. Fecha-se depois o butyrometro com uma rolha de borracha, 
e agita-se bem o liquido até que toda a caseina fique desmanchada e o 
liquido tome uma côr uniforme. A acção chimica desenvolve bastante 
calor. 

Colloca-se depois o butyrometro no centrifugador com os outros 
butyrometros que estão sendo usados, pondo-os com as rolhas do lado 
“de fóra; toca-se a machina durante tres ou quatro minutos; reti- 
“ram-se, depois os butyrometros, segurando-se-os com a rolha para 
baixo, e averta-se a rolha até que a superficie do liquido toque na 
“marca “O” nas graduações no vidro, podendo então verificar exacta- 
mente até que ponto chega a camada de gordura, e lê-se na escala 
“graduada; este grão indica a percentagem de gordura que contém 
o leite. 

) Caso a gordura não se separe bem do liquido, será necessario 
Eiiocar o butyrometro de novo no centrifugador e tocar durante 
“mais um ou dois minutos. 

* Seo numero de ensaios fôr grande, será necessario pôr os buty- 
“rometros em banho-Maria a uma temperatura de 70ºC., antes de 
“collocal-os no centrifugador, para evitar o resfriamento do liquido. 


Este exame do leite é muito simples e muito exacto, e o tempo 
ue occupa é insignificante. 


320 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LNLNLNLSLNLLLRLL SSL LL LL SSL SSL LS SS RSS SS SRS SNS SS SSI A gm, 
Para obter um resultado exacto é necessario misturar bem todo 
leite tirado de uma vacca, pois o primeiro leite tirado é muito] 
fraco, sendo o ultimo leite muito rico em gordura. E 
Antigamente fazia-se uso do crêmometro no exame do leite.| 
Este apparelho consiste em um simples tubo de vidro graduado, onde 
liquido é depositado durante 24 horas para deixar subir a natal 
O resultado obtido é a percentagem de nata de leite, porém não muito! 
exacto, e este resultado não tem grande valor, visto que a percen-| 
tagem de nata não tem relação nenhuma com a percentagem de 
gordura. O crémometro, portanto, é muito pouco pao e E não! 
e muito usado. Enio | | 


o | | 

O fazendeiro por estes meios conhece a vacca que lhe estã dando 
mais lucro, e a vacca que não convém conservar. E assim póde tratar 
de sellecionar o seu gado, vendendo toda vacca que pelo, exame veri-, 
ficar, não preencher as condições necessarias para a prosperidade do) 
ramo: de industria que tiver escolhido. 


William Frederick Cheston. 


321 


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REVISTA DE YETRRINARIA E ZOOTECHNIA 


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CHOLERA DAS GALLINHAS 


Até bem pouco tempo, era crença geral que as epizootias reinantes, | 
que difficultavam a creação de aves no Rio de Janeiro, eram a diphteria | 
aviaria, a peste aviaria e a espiroquetose, sendo esta ultima esplanada | 
pelo Dr. Parreiras Horta, em artigo publicado em um dos numeros | 


desta revista, em I9IZ. 


Hoje já se póde dizer, com segurança, que tambem o cholera das | 


gallinhas vae se alastrando por toda a parte e vae sendo responsavel | 


ela grande mortandade de aves, aqui. 
I 8 ; 


Assim podemos afirmar porque tivemos a felicidade de isolar | 
o germen, em uma gallinha, morta de pouco tempo, pertencente ao | 
Dr. Bernardo Teixeira de Carvalho, collega e companheiro de repar- | 


tição. 


casa, à rua das Laranjeiras, começaram a morrer algumas gallinhas, 


vindas da rua Gonzaga Bastos e nas quaes foram verificados o mesmo. 


germen. 


para explicar uma invasão de espiroquetose. 

Parece, assim, que a terriyel epizootial vae com tendenciadl a 
espalhar-se, precisando uma medida efficaz, afim de difficultar a sãa 
marcha nociva. | 

O cholera das gallinhas, à colera der polh, cholera des poules, 
pasteurellose des poules, pasteurellosis avium, Gefiugelcholera, Gejli- 
geltyphoid, Hluhnercholera, Chickencholera, Fowelcholera, é uma mos 
lestia conhecida desde muito tempo e existe em quasi todos os paizes 
da Europa, na America do Norte, principalmente na California, e no 
Sul da Africa e no Chile, etc., e que se caracteriza por febre all 
grande séde, profusa diarrhéa, grande mortalidade, que é frequentes 
mente rapida. 

Em 1877 e 1878 Perroncito, na Italia, e Semmer, na Russia, estu 
dando a infecção, verificaram a presença de um germen tendo a fórma 
arrendondada. 

Shortly e Toussaint (1879) da “Toulouse Veterinary School”, 
confirmaram essas observações e demonstraram que o tal germaa era 
o unico causador da molestia. 

Em 1880, Pasteur estudou a molestia e isolou em culturas puras 
O mesmo microorganismo e foi nas pesquizas experimentaes sobre essa 


Temos tido noticias de outros gallinheiros, que estão sendo dizi- 
mados, onde não foram encontrados os argas, factores indispensaveis, 


Na mesma época em que procediamos tal verificação, em nossa | 


N 


J. Pinto. Photomicrographo 


Bacillo do cholera das gallinhas. 
Sangue do coração das aves victimadas por essa molestia. 


REVISTA DK VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 323 


a LS a Da a Aa a A 


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infecção que levou esse sabio à descoberta fundamental para a theoria 
da inmunidade, da attenuação dos virus e das vaccinações micror 
bianas. 

As fórmas clinicas da molestia podem-se dividir em: super-aguda, 
aguda e chronica. 

Na fórma super-aguda o animal, sem o menor vestígio de moles- 
REpiicade repente agitado é em scouida cão cm convilsões, para 
morrer dentro de poucas horas. 

Na fórma aguda, que é a mais commum, a molestia dura de um 
a tres dias, o animal fica triste, recusa toda a alimentação e apresenta 
desde logo uma diarrhéa profusa que se prolonga até os ultimos mo- 
mentos. A diarrhéa é muito fétida, tem colorido verde-amarellado, 
muitas vezes com traços de sangue. 

Do bico e nariz do animal sae em quantidade um liquido espesso. 

A crista em geral tem a cór arroxeada. 

“A fórma chronica é mais rara, durando, às vezes, algumas sema- 
nas. O animal tem diarrhéa. Frequentemente no curso da molestia, 
apparece um ou mais tumores articulares, dolorosos, que às vezes 
expontaneamente se abrem, dando sahida a um material caseoso, puru- 
lento e riquissimo em germens. 

O germen causador da molestia é denominado bacillus cholerae 
galimarum, bacillus avicida, pastewrelia avnim; pertence ao grupo 
dos das septicemias hemorrhgicas, cujos agentes são bacterias ovaes, 
immoveis, vacuolisadas, com coloração bipolar, que não dão esporos, 
nem fluidificam a gelatina. 


Já 


A este grupo pertencem, nos animaes, o cholera das gallinhas, 
a septicemia dos coelhos de Manguinhos, estudada pelo Dr. Parreiras 
Horta em sua these inaugural, a septicemia hemorragica dos bovinos 
(broncho pneumonia infecciosa de Nocard), a pleuroó pneumonia septica 
dos bezerros (entequé), o Barbone do Buífalo (Pasteurellose bufa- 
lorum), a septicemia dos sumos (produzida pelo bacillus suisepticus 
de Kruse), a pneumoenterite do carneiro, (certas fórmas de lombriz 
dos Argentinos,) a pneumonia contagiosa da cabra, a septicemia 
hemorragica dos gansos, de S. Paulo, estudada pelo Dr. Eduardo 
Marques, etc. 

O germen é um pequeno bastonete ovoide; nas culturas sobre 
gelose os diametros longitudinaes e transversaes, quas! que se 
equivalem, tendo o germen a apparencia de um cocus. 

O bacillo colore-se pelas córes da anilina, não toma o Gram, 
Os pólos acceitam melhor a materia corante que a parte central, o que 


324 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, INDUSÍRIA E COMMERCIO 


0 aa a aà a 


se observa muito bem, principalmente nos bacillos isolados do corpo 
do animal. 

Nas culturas em caldo os germens são maiores e se dispõem 
em cadeias. 

E” um bacilo immovel, sem cilios, porém com. movimentos 
moleculares, demais accentuados. Não da esporos. 

Cultiva-se facilmente em todos os meios: 


As culturas dão pequenas colonias, delicadas, transpa- 
rentes primeiramente e depois opacas e não liquefazem o meio. 


Gelose — As colonias são brancas; redondas, hyalinas e de pequeno 
crescimento. Nota-se na cultura uma consistencia mucilaginosa, havendo 
depois de pouco tempo uma adherencia accentuada ao meio e as colonias 
com difficuldade podem ser desligadas. 


Caldo — Dá uma ligeira turvação, depois de certo tempo forma-se 
um deposito granuloso e mucoso no fundo do tubo. 


Leite — Não coagula e nem modifica sua reacção; ha pouco 
desenvolvimento. 


Batata — O bacillo fórma uma camada delicada. 
Não dá indol. 


A toxina do germen são endotoxinas inteiramente ligadas ao 
corpo bacillar. O poder toxico que apresentam os caldos filtrados, 
vem das endotoxinas postas em liberdade pela desagregação e pela 
autolyse das bacterias. 

As culturas tidas ao abrigo do ar conservam a virulencia por 
muito tempo, mesmo por varios annos, ao passo que se attenua a 
virulencia pela exposição ao ar, devido à acção do oxygenio. 

O déseccamento e o aquecimento a 45º-soº produzem o mesmo 
effeito. 

O sangue do animal morto, doente ou a cultura, mesmo em 
quantidade minima, mata os animaes receptiveis, em menos de 24 horas. 

A infecção experimental é facilmente obtida na gallinha, perú, 
pombo, faisão, ganso, pato e a maior parte dos pequenos animaes. 

Os passaros não são só os animaes receptiveis, o carneiro, o 
cavallo, o coelho e os bovideos podem; ser infectados. Os coelhos tem 
tal receptividade que, nos paizes em que o seu desenvolvimento se 
torna um flagello, a ponto de constituir uma verdadeira praga, tem-se 
ensaiado destruil-os, contaminando-os com culturas virulentas de 
cholera das damos 

Além da contaminação natural nos gallinheiros, que se effectua 
por meio dos alimentos ingeridos de mistura com fézes dos animaes 


| 
REVISTA DE VETRRINARIA E ZOOTECHNIA 325 


1a a A ça ça 


doentes e pelos ferimentos da pelle e crista, a molestia póde ser 
transmittida, fazendo-se ingerir sangue ou fragmento de orgãos dos 
animaes mortos da molestia. 

Na glycerina conserva o germen muito bem a sua vitalidade. 
Uma porção de orgãos (Baço) de um animal morto da molestia, de 
mistura com glycerina, conserva a virulencia por mais de 60 dias. 

Felizmente, acha-se assentado que a carne do animal doente não 
produz malefícios accentuados para o homem. 

Os germens, penetrando no organismo ou por meio do apparelho 
digestivo ou por meio de uma solução de continuidade da pelle, se 
espalham com rapidez, matando por septicemia. 

Quando a infecção se dá pelo modo mais natural, pela ingestão, 
o apparecimento da molestia é um pouco mais demorado, porque os 
germens invadem em primeiro logar os lymphaticos para depois chegar 
a circulação geral. 

Diede, inoculando o virus subcutaneamente, verificou que depois 
de uma hora, todos os orgãos internos eram invadidos pelo germen. 

O quadro anatomo-pathologico da molestia não é muito cara- 
cteristico. 

As lesões são sobretudo accentuadas para o lado dos intestinos 
que apresentam signaes de uma enterite aguda: o epethelio acha-se 
por vezes dilacerado, os vasos dilatados e a mucosa com extravasões 
sanguíneas. Encontram-se exsudato nas cavidades serosas; o baço e 
figado estão geralmente augmentados. Ha por vezes no pulmão fócos 
de pneumonias. O pericardio contém ordinariamente um liquido 
ligeiramente turvo. No sangue como em todos os orgãos e exsudatos 
os germens pululam em grande quantidade. 

Nos casos chronicos encontram-se fócos caseosos disseminados por 
quasi todos os orgãos. 

Não temos nada de positivo para com segurança evitarmos a 
propagação do mal; os cuidados de isolamento do animal doente e de 
desinfecção das dejecções são medidas que logo se impõem. 

Ha a vaccinação com virus attenuados, expondo à acção do ar 
atmospherico uma cultura em caldo, afim de produzir a attenuação 
da virulencia que se perderá completamente no fim de dois mezes. 
Empregando culturas de diversos grãos de attenuação, Pasteur obteve 
duas vaccinas que innoculadas com, intervallo dariam resultados 
Satisfactorios. Faz-se uma primeira injecção de virus attenuados dando 
logar sómente a uma inflammação local e depois de 10 ou 12 dias, 
uma outra com virus exaltados. Este methodo não tem grandes 
vantagens praticas, é um processo demorado e de resultados pouco 
duradouros e demais a propagação da molestia se faz com tal rapidez 


326 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA É COMMÉRCIO 


que não deixa tempo para proceder-se com. aproveitamento. Ainda ha 
um inconveniente de não ser sempre facil attenuar-se o virus de um 
modo exacto. 

Ligniéres preconisa uma vaccina polyvalente por elle preparada. 
A serotherapia preventiva tem sido numerosas vezes tentada, porém, 
sem resultados animadores. 

A vaccina de Wright poderia tambem ser empregada como trata- 
mento curativo, porém, é, além de dispendiosa, pouco pratica e só em 
casos especiaes era justificada. 

O processo que naturalmente vem a calhar pela sua simplicidade 
e seu alto valor é o do virus sensibilisado, que poderá ser emprego 
tanto como preventivo como curativo. 

O Dr. A. Besresdka, professor do Instituto Pasteur, em seu 
artigo “De la vaccinotherapie par les virus sensibilisés”, tornou bem 
justificado o grande enthusiasmo que tal methodo vae despertando 


por toda a parte. 


Dr. Herbster Pereira 


Ajudante da Secção Technica 


REVISTA DK VEPRRINARIA E ZOOTECHNIA 327 


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“MAIS UMA OBSERVAÇÃO CLINICA 


Collecções purulentas após a febre aphtosa 


Temos tido muitas vezes occasião, eu e o Dr. Luiz Ribeiro, de 
observar um pouco em todo o Estado de S. Parlo, depois das diversas 
epidemias de febre aphtosa nos bovinos, que haviam della sido victimas, 
frequentes casos de abcessos intra musculares, principalmente 
nas coxas. | 

Esses abcessos, de evolução lenta, contendo às vezes de cinco a 
seis litros de pús, não pareciam incommodar muito os doentes. 
Ás vezes, sobretudo quando são mui desenvolvidos, provocam uma 
claudicação mais ou menos accentuada, occasionada unicamente pelo 
estorvo mecanico que trazem ás contracções musculares e ao escor- 
regamento dos diversos planos carnudos entre si nos diversos 
movimentos da locomoção. 


O que o prova é que desde que essas collecções purulentas sejam 
largamente abertas, o membro affectado recupera instantaneamente 
sua liberdade de acção. | 

Em geral, esses abcessos se formam: entre os musculos no tecido 
conjunctivo que os separa. Ás vezes se estendem muito profundamente 
em logar de se ostentarem para o exterior, porque a resistencia do 
tecido conjunctivo intra muscular à necrose é muito mais fraca do que 
a do derma. | 

Algumas vezes o pús, collectado no momento de chegar à pelle, 
encontra uma dessas resistentes aponevroses dos membros e diffunde-se 
em cima e em baixo da camada muscular externa. Isto permitte 
comprehender o volume consideravel dos abcessos, sua apparente 
lentidão em evoluir, as desordens muitas vezes consideraveis que 
provocam e a tumefacção enorme do membro atacado. 


Esses abcessos se encontram em outras partes do corpo, porém 
como o dizia eu, elles evoluem na maioria dos casos nos membros 
posteriores. 


Sempre nos pareceu se formarem na profundidade dos tecidos. 
Jamais podemos verificar lesões externas. O pús collectado no interior 
de membro procura abrir passagem atravez dos tecidos menos 
resistentes, dahi essas fusões purulentas profundas, contornando 
musculos e tecidos mais firmes. 


328 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


dd 


Quando é antiga, volumosa a collecção purulenta, o pús é branco 
amarellado, algumas vezes esverdiado, cremoso, porém liquido e 
sempre de odor infecto, sm generis. Encerra muitas vezes destroços 
de tecidos necrosados. 

Em geral, os animaes não parecem muito encommodados, ha 
pouca ou nenhuma febre, o appetite conservado bem como a lactação 
quando se trata de vaccas amamentando. 

Para a saúde do doente o prognostico não apresenta gravidade 
na maioria dos casos, sobretudo si o veterinario intervem logo. 
Todavia tratando-se de animaes destinados ao consumo publico o 
damno é maior. Uma côxa inteira, quando não mesmo todo o animal, 
torna-se muitas vezes inutilisavel. 

Seria digno da attenção dos inspectores de matadouros estes 
casos que, lhes passando despercebidos, podem vir a se revelarem 
nos açougues, contaminando de pús a carne quando retalhada. 

Póde mesmo se dar o facto no matadouro quando, ao tirarem o 
couro, venham a furar um grande abcesso, maduro, perto do derma, 
e um pús bem fétido se derramaráã pelo corpo do animal abatido, o 
que será, no minimo, cousa bem repugnante. A 

O tratamento desta affecção é dos mais simples. Basta abrir 
largamente o abcesso, sem temor de levar profundamente o bisturi 
que é às vezes justamente de extensão sufficiente para penetrar na 
cavidade purulenta. A applicação de um dreno ou mecha é quasi 
sempre necessario si o abcesso é profundo. Uma vez a bolsa purulenta 
esvasiada, basta nos dias subsequentes fazer-lhe uma ou duas vezes 
por dia injecções de uma solução de permanganato de potassio a 
1º/º 1.000. Basta velar para que não se feche o debridamento antes 
que a bolsa desappareça com a formação de tecidos de nova formação, 
senão se formaria nova collecção purulenta. 

Qual poderá ser a causa destes abcessos tão frequentes? Serão 
devidos a uma infecção secundaria, ao nivel das lesões aphtosas das 
unhas, progredindo lentamente emi marcha ascendente ao longo dos 
lymphaticos até algum ganglio profundo cuja abscedação dê inicio 
a esses abcessos? 

Deixamos a outros o cuidado de resolver o problema. 


Paulo Maugé 


Veterinario 


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-muscular. 


intra 


com um abcesso 


mada pela febre aphtosa, 


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C Caixa, 425 — S. PAULO 3 há 
Cocsese se se se se se) O e TO A 


CARBOLINA WERNECK 


Poderoso 6 tico desinfeolante nacional, premiado com O Grande Premio 
na Exposição Nacional de Hygiene de 1909 


Dentre o grande numero de desinfectantes que concorreram á Expo- 
sição, apenas dous mereceram o Grande Premio: a Carbolina Werneck e 
a Creolina de Pearson, producto estrangeiro, o que quer dizer que foram 
considerados perfeitamente eguaes, offerecendo--a -Carbolina Werneck 
maiores vantagens ao consumidor, pois o seu preço é muito inferior. 

Na industria pastoril ella tem prestado os melhores serviços como 
especifico para destruir completamente as bicheiras, bernes, e no trata: 
mento da febre aphtosa os seus effeitos são promptos | e satisfactorios. 

Os documentos abaixo transcriptos demonstram á evidencia o valor da 
Carbolina, e devemos assignalar mais o facto importante de ser a unica 
creolina nacional que tem dado resultados identicos á Creolina Pearson, no 
tratamento de bicheiras, conforme a opinião franca e sincera de distinctos 
criadores dos mais conhecidos no Brasi 


e SEE rr e 


PARECERES 


Não tendo tido tempo de fazer eu mesmo a analyse da rova amostra da Carbolina, 
que me enviou, encarregou- se deste trabalho um illustre chimico de Beriim, o Sr. Dr. Valer 
Kobeit. 

Como se verifica pelo resultado obtido, o seu producto continúa, como as amostras 
anteriores, a cujas analyses procedi pessoalmente, a ser de optima qualidade sendo elle 
mais rico em cresões do que a maior parte dos productos similares nacionaes e estran- 
'geiros que se encontram á venda nesta Capital. 

Com elevada estima e consideração sou de V. S. adm. .e amg. obr. — Dr. DANIEL 
HENNINGER, Lente Cathedratico da Escola Polytechnica. 


Nunca encontrei creolina; mesmo a de Pearson, que produzisse tão bons effeitos 
como o seu preparado. A Carbotina destróe rapidamente todos os vermes que apoquentam 
especialmente o gado vaceum.- Felicito-o por mais este triumpho sobre os similares 
estrangeiros. —Dr. PEDRO Connm HO PAES LEME. 


Nim. Sr. Vicente Werneck.—'Tenho a satisfação de commanaRHe que tenho 
feito uso em: minha fazenda de cultura e criação de diversas qualidades de creolina, 
para desinfectar e matar bicheiras das minhas criações suina, lanigera, cavallar e bovina ; 
nenhuma até hoje deu-me resultados da sua Carbolina, que, além de tudo, é excellente 
para matar bicheiras em poucos minutos, superior á Creolina de Pearson, que considerei 
melhor do que o mercurio, unico medicamento que até pouco tempo empreguei para 
esse fim. Portanto. posso garantir que a Carbolina é muito bom preparado e continuarei a 
preferil-o a qualquer outro conhecido. 

Apparecida, 8 de Julho de 1905.—M. U. LEMGRUBER. 


Experimentei com o maior interesse a sua Carbolina para matar as bicheiras no 
gado da minha fazenda e tenho hoje a satisfação de communicar-lhe que o resuitado 
excedeu á toda a expectativa. 

Posso garantir-lhe que, ainda não empreguei melhor producto para o fim de 
extinguir os vermes da vareja e afianço-lhe que a Creolina de Pearson não é melhor 
do que o seu producto. 

Felicitando-o calorosamente pelc resultado obtido com o seu excellente preparado, 
faço votos para a divulgação do seu producto e subscrevo-me com elevada estima e 
consideração. 

Campo Bello, 18 de Junho de 1905.— Seu affectuoso amigo obrigado— EDUARDO 
CoTRIM. 


“Tenho toda a satisfação em participar-lhe que, tenho empregado o seu desinfectante, 
Carbolina Werneck, no tratamento das bicheiras dos animaes e obtido em mais de um caso 
resultado verdadeiramente surprehendente. 

Além do meu testemunho pessoal sei que collegas e visinhos meus tambem têm 
colhido excellentes resultados com a applicação da Carbolina Werneck. 

Felicito-o pela confecção de um producto que vem prestar relevantissimo ser viço á 
Industria Pastoril pelos seus effeitos e modicidade de preços. 

Cantagallo, Fazenda de S. Joaquim, 29 de Junho de 1905.—Josê A. FONTAINHA 
SOBRINHO. 


| Deposito : PHARMAGIA E DROGARIA WERNEGK 
RUA DOS OURIVES N. Y = RIO DE JANEIRO 


| 6—4 
| I4 


REVISTA DE VENPERINÁRIA 8 ZOOTECHNIA 329 


PELAS INSPECTORIAS 


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2º Districto (Maranhão e Piauhy) 


No mez de Agosto, esta Inspectoria distribuiu a sete criadores 
1.200 dóses de vaccina contra a manqueira. 

— Em Julho foi verificado um fóco de carbunculo symptomatico 
em Caxias, Maranhão, onde morreram cinco bezerros; o criador que 
os perdeu, Sr. Raymundo Boavista, anteriormente havia feito vacci- 
nar um lote de bezerros em que não occorreu nenhum caso da 
molestia, em vista disso resolveu agora vaccinar todos os bezerros 
para o que a Inspectoria lhe forneceu 200 dóses de vaccina, e forne- 
cendo mais 300 a outros criadores. 

Tem sido feita activa propanganda contra a tuberculose bovina. 

Quer no Maranhão, quer no Piauhy existe enzooticamente a 
tristeza bovina. 


3º Districto (Ceara' e Rio Grande do Norte) 


A 24 de Agosto, o Inspector do Districto informava à Directoria 
que um veterinario havia feito uma viagem de inspecção através os 
municipios de Morada Nova, Limoeiro, Riacho do Sangue, Jaguaribe- 
Mirim, Icó e Iguatú, onde visitou 34 fazendas, effectuou 1.300 vacci- 
nações contra a peste da manqueira; realisou tres conferencias pu- 
blicas em Morada Nova, Icó e Limoeiro. 

Nas regiões percorridas registrou a existencia das seguintes epi- 
zootias: dourina nos equideos, manqueira nos bovinos e estrongylose, 
em todos os municipios reina a tristeza no estado enzootico. Em Ja- 
guaribe-Mirim e Iguatú relativamente aos annos anteriores o estado 
do gado em geral é bom, as pastagens são regulares e as aguadas 
abundantes. O carrapato cresce em numero extraordinario em todos 
os municipios. O percurso total da viagem foi de 1.344 kilometros, 
dos quaes 394 a cavallo. 


4º Districto (Pernambuco, Parahyba e Alagoas) 


Em Abril, esta Inspectoria distribuiu 190 dóses de vaccina contra 
a manqueira, tendo constatado tres fócos de carbunculo sympto- 
matico. 

KR, V, 42 


330 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


No boletim de Maio accusa a existencia de dois fócos dessa 
molestia, contra a qual forneceu 150 dóses de vaccina e o pessoal da 
Inspectoria vaccinou sete animaes. 


5º Districto (Bahia e Sergipe) 


O Inspector Veterinario deste Districto informa à Directoria do 
Serviço de Veterinaria que, durante os mezes de Junho e Julho, o 
pessoal da mesma Inspectoria effectuou os seguintes trabalhos : 

Tendo recebido denuncia de que na fazenda Matoin, municipio 
da capital da Bahia, propriedade do Dr. Domingos Cerqueira Lima, 
grassava uma epizootia, seguiram para esse logar um veterinario e 
um auxiliar, com o material indispensavel. 

Pela symptomatologia clinica, pelos dados da autopsia e pelo 
exame microscopico foi diagnosticado carbunculo hematico. Deante 
deste resultado procedeu-se á vaccinação anti-carbunculosa do gado 
das visinhanças desse fóco, tendo-se insistido antes na necessidade e 
vantagem da incineração das rezes mortas. Com a applicação destas 
providencias extinguiu-se o mal em seu inicio, pois até 13 de Agosto 
não se produziu mais caso algum. 

Além disso, na séde da Inspectoria foi tratado um vaqueiro da 
referida fazenda, que se infeccionou quando occupado em tirar o 
couro de uma rez carbunculosa. 

Em redor da pustula que, apresentava no ante-braço esquerdo, 
foram feitas cauterizações profundas, o que produziu excellente resul- 
tado, ficando o doente inteiramente bom. 

Os serviços da Inspectoria foram tambem requisitados pelo Ge- 
neral commandante da 7º região militar afim de, na Intendencia da 
Guerra, examinar um cavallo doente. O funccionario designado para 
esse fim encontrou o animal atacado de tetano e já em estado grave; 
não obstante tentou salval-o applicando-lhe injecções de sôro anti- 
tetanico mas improficuamente, pois vein a morrer poucas horas depois. 
Como medida preventiva effectuaram-se na cocheira rigorosa desin- 
fecções e fizeram-se injecções de sôro anti-tetanico em tres animaes 
mais sujeitos à infecção. 

Um veterinario percorreu o municipio de Feira de Sant'Anna, 
onde representou a Inspectoria numa exposição realizada pelo criador 
Theopompo de Almeida. Em quatro fazendas desse municipio vacci- 
nou 144 bezerros contra a manqueira ; em vista dos numerosos e insis- 
tentes pedidos, distribuiu a diversos criadores 650 dóses dessa vaccina. 

Em resumo: foram distribuidas 4.130 dóses de vaccina contra 
a manqueira e I.510 contra o carbunculo hematico interessando TÓ 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 331 


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municipios e 23 criadores; tres tubos de sóro anti-tetanico á Inten- 
dencia da Guerra da 7º Região Militar; consultas e chamados em esta- 
bulos da capital 38 e os veterinarios fizeram em objecto de serviço 
cinco excursões a diversos municipios. 

Em relatorio apresentado ao Inspector Veterinario, o veterinario 
informa que em Março vaccinou na fazenda do Sr. Dr. Adolpho de 
Cerqueira Lima, município de Curaçá, 564 animaes contra o carbun- 
culo symptomatico e 2.187 contra o carbunculo hematico. 


7º Districto (Uberaba) 


No mez de Julho apenas foram constatados alguns poucos casos 
de gourme, polmões e verminoses intestinaes. 

— Em data de 21 de Agosto o Inspector Veterinario informa que, 
na Fazenda Modelo de Criação, de Uberaba, vaccinou dez bezerros 
contra a manqueira e ensinou a um funccionario da mesma fazenda 
a maneira de vaccinar. 

Na propriedade do Sr. Godofredo do Nascimento, inspeccionou 
36 jumentos recem-chegados da Italia, procedentes da ilha de Pantel- 
leria, sendo 33 machos e tres femeas, de dois a seis annos, todos de 
cor preta, castanha ou tordilha. São todos muito bem conformados, 
bem desenvolvidos, muito sadios e produzem optima impressão. Com 
esta ultima leva, a criação de asininos ficará consideravelmente melho- 
rada nesta zona. j 

— Em ÁAgosto o pessoal da Inspectoria vaccinou dez animaes 
contra a manqueira; foram constatados casos de sarna, gourme, pol- 
mões, vermes em cavallos e diversos parasitas nas aves. 

— No boletim de Setembro está assignalada sensivel diminuição 
de fócos de manqueira, a existencia de um fóco de sarna para cujos 
animaes foi indicada a prophylaxia e tratamento e a dyphteria aviaria. 

— Em relatorios a parte o veterinario da Inspectoria informa ter 
attendido e medicado um animal zebú atacado de indigestão e outros 
animaes com molestias diversas. 


8º Districto (Santa Catharina) 


No mez de Julho foi assignalado um caso de carbunculo bacte- 
ridiano mo municipio de Florianopolis e um de peste da manqueira. 
O pessoal da Inspectoria vaccinou contra este ultimo morbus cinco 
bezerros. 

A febre aphtosa ainda persiste, mas tem decrescido de intensidade 
em alguns fócos antigos e desapparecido em outros; todavia, appa- 


332 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMÉRCIO 

LNLNLNSLN SSH SS SANS ALII LL LNLS LL LL NAL LNLS L ALL SL RLL RR RÃ LA E 
receram dois fócos novos em Urussanga e Blumenau. À epizootia 
conserva-se de fórma benigna, tendo sido aconselhado o isolamento e 
desinfecções. 


A epizootia de raiva grassa nos bovideos, equinos e caes nos 
municipios de Joinville, Blumenau e Itajahy; houve 17 casos e uma 
pessoa mordida; a Inspectoria aconselhou a suppressão de cães soltos, 
mas as autoridades locaes nenhuma providencia têm tomado. 


Foram ainda verificados dois casos de sarna sarcoptica, que é 
endemica em Florianopolis, tendo-se aconselhado lavagens anti-para- 
sitarias e isolamento dos animaes atacados. 


No Estado grassa enzooticamente a tristeza (pyroplasmose bovi- 
na) de que, pela observação clinica e microscopiça, foi constatado um 
caso grave em um animal importado da Republica Argentina. Sub- 
mettido à série de injecções intravenosas de azul de Trypan, o animal 
ficou curado. 


A Inspectoria acudiu ainda a cinco cavallos atacados de gourme, 
cinco de febre typhoide, seis cães de typho, de fórmas diversas, dois 
cavallos com helminthiases, um cachorro com oxynrus vermicularis; 
um cavallo com distensão dos tendões, dois com colicas, um com 
inappetencia, um com arthrite aguda, tres com intoxicação por for- 
ragem estragada, um burro com gastro-enterite, um com eczema, uma 
vacca com corpo estranho no tubo digestivo, um cachorro com lipoma 
na coxa, um com tetano, um com dartros humidos; gallinhas, dois 
casos de gota, tres de cholera e quatro de diphteria. 


— O boletim de Agosto accusa a continuação da febre aphtosa 
em Urussanga, benigna nos animaes adultos e mortifera nos terneiros 
e leitões; como meio prophylatico tem sido empregadas lavagens de 
agua de cal e a desinfecção dos logares. 


Além dos fócos de Blumenau e Brusque a raiva surgiu com 
intensidade em Paraty, municipio de São Francisco; em Florianopolis 
appareceram dois cães com essa molestia. As autoridades locaes ne- 
nhuma providencia tomaram. 


A babesiose e a anaplasmose bovina existem enzooticamente em 
todo o Estado, tendo occorrido um caso grave da primeira em um 
animal procedente da Argentina que, submettido ao processo immuni- 
zante pelo azul de Trypan, restabeleceu-se. 


Foram tratados ainda: um cavallo com typho, um de gourme e 
um com helminthiases; um cachorro com tumor cerebeloso e dois com 
helaminthiases e cinco terneiros tambem com parasitas intestinaes. 


REVISTA DE VERIERINARIA E ZOOTECHNIA 333 


in didi di din dn di dd di AA dd a A A 


Inspectoria Veterinoria de Campos 


No mez de Julho esta Inspectoria registrou 31 fócos de carbun- 
culo symptomatico, tendo morrido 32 animaes; o pessoal da Inspecto- 
ria vaccinou 160 cabeças e distribuiu ggo dóses de vaccina a 16 
criadores registrados. Foram mortos e enterrados quatro equinos 
pertencentes á prefeitura de Campos por se acharem atacados de 
mórmo. Occorreram dois casos de polyarthrite em dois muares aos 
quaes se prescreveu o tratamento apropriado. 

— Em Agosto occorreram 26 fócos de carbunculo symptomatico 
e 12 animaes mortos; o pessoal da Inspectoria vaccinou 100 cabeças 
e distribuiu 180 dóses de vaccina. 

Verificaram-se mais cinco casos de mórmo no municipio de 
Campos, onde grassa em larga escala. Recem-chegados de S. Paulo e 
importados de Monevidéo cinco bovinos foram atacados de babesiose ; 
tres morreram e dois foram submettidos a tratamento pelo sulfato de 
quinino ; outros casos de tristeza constatou o veterinario da Inspectoria 
em Santa Thereza de Valença e Barra do Pirahy. 

— Durante o mez de Setembro registraram-se 19 fócos de car- 
bunculo symptomatico ; o pessoal da Inspectoria vaccinou 671 cabeças 
e forneceu 160 dóses de vaccina. Foi sacrificado um animal môrmoso 
no valor de EEnRodo e nos gallinaceos tem grassado a enterite infe- 
ctuosa. 

O serviço de polyclinica foi intenso no municipio de Campos e 
bem assim o de inspecção em todo o Estado do Rio. | 


334 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


1 ) 
dr Nd Na Na Na Na MN Na Ng 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 
secção a todas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade), 


Vem qem 


ÉCOS E NOTICIAS 


LAC TA CT ARC dal Ja AT Ta ia 


Carbunculo verdadeiro — Ultimamente tem sido notificado a Directoria do 
Serviço de Veterinaria grandes fócos de carbunculo verdadeiro em diversas 
fazendas dos Estados do Rio, Minas e S. Paulo, nas zonas marginaes das Estradas 
de Ferro Central e Leopoldina. 

Tomando eim consideração essas notificações, a Directoria do Serviço tem 
feito verificar todos esses fócos por funccionarios do serviço, que têm procedido 
a muitas vaccinações com completo exito rara os criadores das zonas infectadas 
e extincção rapida da molestia. 

K' preciso, porém, que os senhores criadores, considerando a importancia 
do caso e a extensão do perigo a que está sujeito o seu gado, communiquem, 
com presteza, á Directoria do Serviço de Veterinaria, qualquer caso suspeito 
que venha a apparecer em seus campos, afim de se evitar o desenvolvimento 
de uma epizootia que póde trazer consideraveis prejuizos aos interessados. 

As vaccinações contra o carbunculo no mez corrente tem sido consideraveis, 
todas com o melhor resultado possivel. 

Exposição de Bagé — As vendas de animaes que figuraram nessa exposição, 
recentemente encerrada, attingiram a um total de mais de cem contos de réis. 

Além de tres touros « Duram » e de diversos touros nacionaes, cujos preços 
variaram entre um e quatro contos, foram vendidos pelos criadores Antonio da 
Costa & C., dous touros de raça « Hereford», um por seis e outro por quatro 
contos de réis. 

Feira de Sitio — Durante os mezes de Julho a Setembro foram vendidos 
na feira de gado dessa localidade 6.624 rezes, que importaram em 785:5368000. 

Registro de criadores e lavradores --- O governo de Minas vai crear na 
Secretaria da Agricultura do Estado um registro especial de lavradores e criadores 
á feição do já estabelecido pelo Governo Federal no Ministerio da Agricultura. 

Aos agricultores e criadores, que inscreverem suas propriedades agricolas 
e pastoris no referido registro, serão concedidos todos os favores consignados 
nas instrucções relativas ao transporte de gado e plantas, gratuitamente, mediante 
simples requerimento dirigido a Directoria de Agricultura. 


REVISTA DE VETFRINARIA E ZOOTECHNIA 335 


Distribuição de vaccinas — Durante o anno passado foram distribuidas 
pela Directoria do Serviço ás inspectorias veterinarias e aos criadores, em 
todo o territorio da Republica, 514.563 dózes de medicamentos diversos, assim 


discriminados : 
Dóses 

acena contra a pesteida manqueira....cceme ronco, o 420,395 

» JR Forcarbumento pacteridianor Mi. 85.528 

» po pa espirillose dastcallimbas ato e 2.180 

Sôro anti-tetanico........cecesesecensesenerenereneso 688 

DES TE PLoCOCCICO sui «Mig no ameno fe Lodo ae lo Ciao 6L q oo lo ao 158 

DR OD BACO. Razer ori siso ore E Dag) qdo Tina caia o jo Po EL sé 49 
Ritelilera So O RR OU A PP GL 452 
Tuberculina diluída, centimetro cubico.........,.... Dos lS) 


— A remessa ás Inspectorias e criadores no primeiro semestre, deste anno, foi : 


Dóses | 

Vaccina contra a peste da manqueira....... cs Bivolt 1484915 
»o » o carbunculo bacteridiano............ 37.210 

» pia tespirillose-das*callinhass. 27.0. 0... 1.120 

Eno ari estreptoCoCCico; so s/aizjalo o egoio avo jo, 0 aio aja Gg à jo 173 
pi contra a prieumonia dos suinos,..... cce csaaao 1.350 
PR NEI CERCO. e) mc cio ado o ae o o dd 6 quase a 8a oo e /õd 426 
MALTA a qreii PS RN CN RD ERA SP STR EO 633 
gliasoy OBO VE eo ue pro ARRENDAR 500 


— Além dessa distribuição, attendeu a diversas requisições de veterinarios 
feitas por criadores dos Estados do Rio, S. Paulo e Minas. 

Neste Estado, em fins de Setembro ultimo, um funccionario da Directoria 
vaccinou, em sete fazendas do municipio de S. José de Além Parahyba, 951 
cabeças de gado vaccum contra o carbunculo hematico, que tendia alastrar-se 
naquelle municipio. 

Transporte de gado — O Secretario da Agricultura do Estado de Minas acaba 
de fazer publicar as instr icções, regulando o transporte gratuito, nas estradas 
de ferro, de animaes reproductores. Esse transporte só será concedido para 
reproductores bovinos, cavallares, asininos, ovinos e suinos de bôa compleição, 
em perfeito estado de saúde e pertencentes á raças capazes de melhorar o gado 
existente na respectiva zona. 

Nenhum criador, porém, poderá obter transporte, dentro de um anno, para 
mais de dez animaes de cada especie. sendo condição essencial para o obtenção 
desse favor que os mesmos animaes não procedam de regiões onde reinem 
molestias contagiosas. 

Para que o criador possa gozar das vantagens concedidas pelas instrucções, 
a que nos virmos referindo, deverá elle fazer o seu, pedido, em requerimento 
devidamente sellado, dirigido ao Director da Agricultura e instruindo-o com os 
seguintes documentos, tambem sellados, de accôrdo com o regulamento do sello : 


“ 


336 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
O O ND O e e e e e dd di dd dd dd dd dd dd dd dd a dd a e DD SS 


a) attestado do collector, relativo ao pagamento do imposto territorial sobre 
a propriedade pastoril a que são destinados os animaes ; 

b) attestado do presidente da Camara do municipio onde reside o requerente, 
affirmando que o mesmo dispõe de bons recursos forrageiros e que tem, pelo 
menos, dez reproductores femininos ; 

c) attestado do presidente da Camara ou de outra autoridade competente, 
a juizo da Directoria da Agricultura, do municlpio de onde procedem os animaes, 
declarando a raça dos reproductores, sua edade, compleição e estado de saúde, 
com a declaração de que nos sessenta dias anteriores á compra não grassava na 
região nenhuma molestia contagiosa. | 

Segundo as mesmas instrucções a Directoria da Agricultura, quando entender 
conveniente, poderá exigir dos criadores, que gozarem dos favores concedidos 
pelo governo, informações relativas aos resultados obtidos dos reproductores 
animaes, perdendo o direito a novas concessões dos alludidos favores o criador 
que deixar de attender ás exigencias feitas naquelle sentido. 

Ficam dispensados de apresentar os documentos mencionados nas lettras 
À e B, acima referidas, os criadores que já uma vez os tenha apresentado a 
Directoria de Agricultura. 


pl! 


eta y 


TOURO DE CHIFRES CURTOS 
MOON KING 5º 


DE SIR RICHARD COOPER 
PRIMEIRO. 
EXPOSIÇÃO REAL, [909 


REMEDIO INFALLIVEL CONTRA 0d GARRAPATOS 


Oficialmente approvado pelo Governo dos E. U. da America 


PLS LS SAI 


Machinas e instrumentos agricolas, Separadores de leite e outros 
apparelhos para lacticinios 


BROMOLAC, HALKCA & C” 


Rio de Janeiro, &. Paulo, Bello Horizonte, Santos e Bahia 


tata 


PORTA ÃO DIREGTA D 


CASA MATRIZ 


BIRMINGHAM 
. E pa 


MPORTADORES pe GADO pERAÇA 


ELACTICINTOS 


95, RUA THEOPHILO OTTONI,95 


RIO DE JANEIRO. 


Tasha Nor tuf Ran TELA dn da AT LT dO TT dl A LL LL LA LAOL AOS A a el E AE a PEÃO Vad de Lo EL TEL La PE Lua LL Aa da da LT da AML Le AL PT da DPL [Sd OT dar O Lad PP Lol VP Lol PL ah Vo Lda Ta O EP A 
at tid Nadine oa A prai ic tio ie Dia nto Adi ai tio O O pit ta ni o O o iii a ot tonto 


RTIGOS VETERINARIOS 


PRA Nua PAM APR APP Na Nf Na Net AND A a CATRZRRAEADENDANDA NS Na Na PAGA PAGAR N GR AEN DE Na PNDANGA RCA ARANGANGANNARNRRIA ND! 


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| Ani ET rar To dE PR PR Ui prego celeste spofe tolo colando ca 
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cHonRDIE e ORIADEIRAS o A 


“ Dizeno 1914 


Pd a 


AA Sa 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 


Serge Veterinaria do india da Arica, ndugria e Commerc 


o SUMMARIO 


PARTE. OFFICIAL : 


H Registro de Lavradores e Criadores... .... +.» ia RA ale Daria te esti 
Mae cinus e quiros medicamentos. 4. Lais rninenho mr rs mena o lindinho 
COLLABORAÇÃO: 

Dr. Pauls ti F. Parreiras Horta. ......... A cara inchada ou osteoporose dos 

Em EUA OS o Nuno SLi ID 

Dr. Octavio Dupont....... ato pain» +» Uma experiencia de aclimação de 

gado europeu, no Paraná......... 

Dr. Mei pa Pta RD Da Ai A industria dos lacticinios........... 

Dr. Domingos Yanzelloti..........,.... Inspecção veterinaria...».....zememeo 

PELAS REVISTAS ; 

Recenseamento dos animaes na Hungria ETR ta Tb DIDI A ARA TUAS DN VR 369 
A inspecção da carne e o cinematoprapho:.....seecc cs paia enoabncusaa a72: 
CONSULTAS E INFORMAÇÕES.........ccccerscensreseeros BOATO 373 


ÉCOS E NOTICIAS : 


Despacho honroso — Fraudes no commercio da manteiga — Estatis- 
tica pecuaria — Carbunculo bacteridiano — Matança de gado.. 


BE 
| RIO DE JANEIRO 
Typographia do Ministerio da Agricultura, Industria v Commercio 


LOLA 


CARBOLINA WERNEGK 


Poderoso 6 unico desinfectante nacional, premiado com o Grande Premio 
a Exposição Nacionel de Hygiene de 1909 


Dentre o grande numero de desinfectantes que concorreram á Expo- 
sição, apenas dous mereceram o Grande Premio: a Carbolina Werneck e 
a Creolina de Pearson, producto estrangeiro, o que quer dizer que foram 
considerados perfeitamente eguaes, offerecendo a Carbolina Werneck 
maiores vantagens ao consumidor, pois o seu preço é muito inferior. 

Na industria pastoril ella tem prestado os melhores serviços como 
especifico para destruir completamente as bicheiras, bernes, e no trata- 
mento da febre aphtosa os seus effeitos são promptos e satisfactorios. 

Os documentos abaixo transcriptos demonstram á evidencia o valor da 
Carbolina, e devemos assignalar mais o facto importante de ser a unica 
creolina nacional que tem dado resultados identicos á Creolina Pearson, no 
tratamento de bicheiras, conforme a opinião franca e sincera de distinctos 
criadores dos mais conhecidos no Brasil. 


PARECERES 


Não tendo tido tempo de fazer eu mesmo a analyse da nova amostra da Carbolina, 
que me enviou, encarregou-se deste trabalho um illustre chimico de Berlim, o Sr. Dr. Valer 
Kobelt. 

Como se verifica pelo resultado obtido, o seu producto continúa, como as amostras 
anteriores, a cujas analyses procedi pessoalmente, a ser de optima qualidade sendo elle 
mais rico em cresóes do que a maior parte dos productos similares nacionaes e estran- 
geiros que se encontram á venda nesta Capital. 

Com elevada estima e consideração sou de V. S. adm. e amg. obr. — Dr. DANIEL 
HENNINGER, Lente Cathedratico da Escola Polytechnica. 


Nunca encontrei creolina, mesmo a de Pearson, que produzisse tão bons effeitos 
como o seu preparado. A Carbolina destróe rapidamente todos os vermes que apoquentam 
especialmente o gado vaccum. Felicito-o por mais este triumpho sobre os similares 
estrangeiros. —Dr. PEDRO GORDILHO PAES LEME. 


Nim. Sr. Vicente Werneck.—Tenho a satisfação de communicar-lhe que tenho 
feito uso em minha fazenda de cultura e criação de diversas qualidades de creolina, 
para desinfectar e matar bicheiras das minhas criações suina, lanigera, cavallar e bovina ; 
nenhuma até hoje deu-me resultados da sua Carbolina, que, além de tudo, é excellente 
para matar bicheiras em poucos minutos, superior á Creolina de Pearson, que considerei 
melhor do que o mercurio, unico medicamento que até pouco tempo empreguei para 
esse fim. Portanto. posso garantir que a Carbolina é muito bom preparado e continuarei a 
preferil-o a qualquer outro conhecido. 

Apparecida, 8 de Julho de 1905.—+M. U. LEMGRUBER. 


Experimentei com o maior interesse a sua Carbolina para matar as bicheiras no 
gado da minha fazenda e tenho hoje a satisfação de communicar-lhe que o resultado 
excedeu á toda a expectativa. 

Posso garantir-lhe que, ainda não empreguei melhor producto para o fim de 
extinguir os vermes da vareja e anca lhe que a Creolina de Pearson não é melhor 
do que o seu producto. : 

Felicitando-o calorosamente pelo resultado obtido com o seu excellente preparado, 
faço votos para a divulgação do cl esultado e subscrevo-me com elevada estima e 
consideração. / 

Campo Bello, 18 de Junho de /1905.— Seu affectuoso amigo obrigado—EDUARDO 
COTRIM. 


Tenho toda a satisfação em participar-lhe que, tenho empregado o seu desinfectante, 
Carbolina Werneck, no tratamento das bicheiras dos animaes e obtido em mais de um caso 
resultado verdadeiramente surprehendente. 

Além do meu testemunho pessoal sei que collegas e visinhos meus tambem têm 
colhido excellentes resultados com a applicação da Carbolina Werneck. 

Felicito-o pela confecção de um producto que vem prestar relevantissimo serviço á 
Industria Pastoril pelos seus effeitos e modicidade de preços. 

Cantagallo, Fazenda de S. Joaquim, 29 de Junho de 1905.—JosÊ A. FONTAINHA 


SOBRINHO 
Deposito : PHARMACIA E DROGARIA WERNEGK 
RUA DOS OURIVES N. Y7 — RIO Re 


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REVISTA 


etermaria e Zootechnia 


PUBLICAÇÃO OFFICIAL 
pio de Veterinaria do Ministerio la Agricultura, Tndustria e Commerci 


BEAEMBRO — 1914 


TOMO IV FASCICULO VI 


Typogtaphia do Ministerio da E Industria «e Commercio 


E 
- E Em AA quiere E e nietaind oittrilis a a hiamado ME) 
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REVISTA DE VETERIMARIA E ZOOTECKNIA 


Publicação Official da Directoria do Serviço de Veterinaria 


1 


DO 


JINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


In ZM Aa PR a PN a a PN a PN PN PN Na 


Distribuição gratuita aos criadores do palz que a solicitarem 


PRP AP NaN PN a NaN Ma A MM A PA APP 


RIO DE JANEIRO  * à Caixa Postal 1.678 * * BRASA 


A REDACÇÃO DA «REVISTA» NÃO SE RESPONSABILISA PELOS CONCEITOS 
EMITTIDOS EM ARTIGOS ASSIGNADOS POR SEUS COLLABORADORES 


“ANNO IV H — Dezembro de 1914 H N. 6 


- e 


EDS E EO E RAE ES 


Pedimos aos nossos leitores que nos communiquem 
sempre qualquer mudança de endereço, afim de evitar 
a interrupção no recebimento da «Revista», indicando, 
quando possivel, o numero de ordem de sua inscripção. 


BARTE.OPFRICIAL, 


SRS SS SS SDS Da 


“REGISTRO DE LAVRADORES E CRIADORES 


Modelo de requerimento para inscripção 


Sr. Ministro da Agricultura, Industria e Commercio: 


F.-., desejando inscrever-se no «Registro de Lavradores, Criadores 
Profissionaes de Industrias Connexas » estabelecido nesse Ministerio, 
e accôrdo com a portaria de 21 de Setembro de 1909, apresenta, para 
esse fim, o documento (*) exigido pela mesma portaria e as inclusas 
; ormações (**) e pede-vos autorizeis sua inscripção. 


Pede deferimento. 


Estampilha 
de 
300 Teis 


ER v. 43 


338 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LL SS DS SS DS LS AA a aa Aa aaa a a Aa a a Aa AA a SS SE 

(*) O documento referido é o que diz respeito ao imposto que paga ao Estado 
ou ao municipio como lavrador ou criador (art. 6º das inst.). 

A falta desse documento poderá ser supprida por attestado do Presidente 
da Municipalidade, do Prefeito ou Agente Executivo ou de dois lavradores já 
inscriptos, devendo ser legalmente reconhecida qualquer das respectivas firmas 
(art. 7 das inst.). A ig - E 

Qualquer dos documentos citados está sujeito ao sello da lei, isto é, 300 réis 
federal (art. 11 das inst.). | 

(**) As informações, a que se refere o requerimento, devem ser assim pres- 
tadas: 


[ 
JAPONESES EDS EA PS NS LTD GS GOO Sn asd go sara o ava e a poa 
| Denominaçãorda: propriedades - sejsfopi o e qorajo rca ee 
Estadio. Qi gercuaze pia on Rodo og g sa pe o E AR CER qa 
| Mini Cipioi ci. a proje o he cone aber PADEIRO Va 6 A Re PER ED a 
Cidade, villa ou povoação mais proxima............ SE 
| E propria? Nome do proprietario SP 
E arrendada? Nomeido proprietario E 
E? alúgadar nomeldo proprietario Er E 
servida pelarestrada a. ax peepatoqafo eoq rr CAR TO Co oca 
[Estação mais proximal er or. cetro ER ni ES 
Meios descommunicação-toilal soerom sos acabo! Ee 
| Area total. e qualidade das terrasp.. cm co e 
FArea cultivada. 42 cer e. o Niasdo Mes ieca note jo ESSE NR UR UR . 
| PArea incúulta (4. 00. OBS MICONSA OM OBA TIS 
FArreaném spastâgems;70-5D: orem > ovino char 
rArea em mattasS.. se Mesa pfoo corel Rc RD 
iGenero de produecãor. ci SR RE aE 
“Média annual de producção dn Re 


[ Numero de cabeças de gado, com designação de sexo... 
| Suas especies JAMMIL a Pr 
] Bossue prados artificiaes ae E Ra PS 

Natureza das enltaras forrageiras Sr RR 5 
| Rendimento por hectare alqueire etc 


VACOINAS E OUTROS MEDICAMENTOS 


Modelo de requerimento para requisição de vaccinas 


Se fôr lavrador 


e fôr criador 


S 


Sr. Director do Serviço de Veterinaria: 
F..., criador em... Estado de..., inscripto no Registro 
Lavradores, Criadores e Profissionaes de Industrias Connexas so 
n... letra... a fl... do respectivo livro, possuindo... cabeças d 
gado, pede-vos a remessa de... dóses de vaccina, visto estar o seu 
gado ameaçado da peste da manqueira. | Ss E 
Pede deferimento. 


| Estampilha [mood 


le 
300 reis 


Nora — Para requisição de sarnol ou qualquer outro medicamento serve est 
mesmo modelo, fazendo, apenas, as indispensaveis modificações. 


-e — 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 339 


COLLABORAÇÃO 


a MM PP PN, pa Pa pa PN 


A CARA-INCHADA OU OSTEOPOROSE DOS EQUIDROS 
(Micrococeus osteoporosi n. sp.) 


Em um paiz, como o Brasil, que necessita desenvolver em grande 
escala a criação de equideos, quer como magnificos meios de transporte, 
quer como elementos indispensaveis para sua defeza, têm sido nume- 
rosas as tentativas feitas pelos criadores com o fim de chegar a esse 
resultado. No meio dos maiores sacrifícios são encontradas, em varios 
Estados, criações de grande valor e nos ultimos annos se observa o 
apparecimento de productos nacionaes que honram sobremodo aos que 
se dedicarem à sua obtenção. São particularmente notaveis, sob o ponto 
de vista dos resultados obtidos, as criações de puro sangue inglez, 
ja se ostentando em nossos prados de corridas exemplares dignos de 
attenção, conforme se patenteia pelo estudo do que se vem notando 
nas ultimas exposições de poldros, promovidas pelo Jockey Club, con- 
forme já fizemos notar nas paginas desta Revista. Sobre todas essas 
iniciativas, porém, paira sempre o grande perigo do apparecimento da | 
cara-mchada ou osteoporose como elemento destruidor de esforços 
proveitosos, resultando dahi, não raro, o abandono completo de uma 
exploração digna dos maiores incentivos. 

Nos ultimos annos ou em virtude de uma melhor observação ou 
em virtude de maior disseminação da molestia, o facto é que os casos 
de cara-inchada têm sido assignalados por toda a parte, não poupando 
zonas do paiz, nem raças de animaes. 

Nesta Capital, principalmente, já se vão accentuando de tal modo 
os casos entre os animaes de corridas, que urge tratar de ser resolvida 
a questão, que tambem interessa fundamente aos proprietarios de 
animaes dos Estados do Rio, de Minas e S. Paulo, Estados de que 
possuimos elementos de informação mais completos. 

Temos observado que tanto os animaes do paiz, quanto os estran- 
geiros, são attingidos pelo mal, devendo ser destacada entre estes a 
grande receptividade que apresentam os jumentos. 

Pelo estudo dos casos de que temos conhecimentos, cada vez se 
torna mais funda em nosso espirito a convicção de que nos encontra- 


340 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


mos deante de uma molestia nitidamente contagiosa, opinião que 
tambem é patrocinada por autoridades da ordem de Carougeau, Thei- 
ler, Hutcheon, Robertson, Sourrel, Charon, Phiroux, ho estrangeiro 
e entre nós por Augusto Fomm, Carini, Paulo Maugé, etc. 


Resolvemos, por isso, dirigir nossas pesquizas principalmente no 
sentido de verificar qual o agente infeccioso que provocava a molestia 
e quaes as condições que favoreciam ou impediam sua acção patho- 
genica. 


Nossas investigações ainda se acham limitadas à primeira parte 
do programma e se resolvemos agora publicar as primeiras notas a 
respeito é porque pensamos já ter obtido alguns resultados interes- 
santes que permittem alimentar esperanças de proxima elucidação 
completa da etiologia de uma molestia que hoje preoccupa a quasi 
todas as nações, mas que, para nós, se constituiu em séria ameaça 
para o futuro de nossa criação equina. 


A cara-inchada ou esteoporose dos equideos, big-head dos ameri- 
canos, não é mais que uma osteite rareficante generalizada. Nada têm 
que ver com a osteomalacia, constituindo, como diz Carougeau, um 
typo morbido bem especial e particular aos equideos. 


Tendo dirigido nossas pesquizas para os ossos da cabeça do 
cavallos, ossos que em geral são os que apresentam as maiores alte- 
rações na fórma e no volume, conseguimos isolar um micro-organismo 
que, pelas condições especiaes que presidiram ao seu isolamento e 
pelas suas propriedades biologicas, nos parece ser o agente etiologico 
da molestia. RC 


Em um puro-sangue inglez, autopsiado por nós e pelos Drs. Char- 
les Conreur e Herbster Pereira no Posto Veterinario da rua General 
Canabarro, resolvemos serrar o maxillar superior justamente ao nivel 
de sua maior tumefação, retirando antes os dentes necessarios para 
que pudesse ser levada a effeito a operação. A superficie ossea posta 
a nú foi, depois, cutdadosamente queimada a thermo-cauterio, afim de 
serem destruídos todos os elementos de contaminação acarretados pela 
technica empregada; com uma seringa esterilizada fizemos uma pun- 
cção profunda na massa do tecido esponjoso, conseguindo recolher 
uma pequena porção de liquido que foi immediatamente semeada em 
tubos contendo caldo simples e glycerinado, agar simples e agar glyce- 
rinado. Collocados estes tubos em estufa a 37º observamos, dois dias 
depois, o apparecimento nos tubos de gelose giycerinada de um ligeiro 
pontilhado, constituido por pequenissimas colonias de um germen que 
se apresentava sob o aspecto de um micrococco. 


J. PINTO, photomicrographo 
MICROCOCUS OSTEOPOROSI 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 341 


A pobreza da cultura era, porém, de tal ordem que resolvemos 
proceder a novas sementeiras com o fim de augmentar o material que 
lograramos obter. Confessamos que foi com grande difficuldade que 
conseguimos manter vivo o germen isolado ; foi necessario acompanhar 
com a maior attenção o desenvolvimento das culturas e repical-as com 
pequenos intervallos; não raras vezes obtivemos cultura em um ou 
dous tubos, emquanto que os outros permaneciam estereis. Ficou 
assim patente a grande sensibilidade deste germen aos meios de cul- 
turas e sómente no fim de alguns mezes é que obtivemos as bellas 
culturas que hoje pódem ser observadas em nosso laboratorio. Aos 
poucos foi-se o germen habituando a esses meios e, durante os mezes 
que estivemos na Inglaterra devemos ao esforço do nosso distincto 
companheiro dr. IHerbster Pereira conservarmos perfeitas nossas 
culturas. Actualmente as culturas mais abundantes são obtidas nos 
meios que contenham liquido de ascite, sendo facil conservar boas cul- 
turas em gelose-ascite. 

Examinadas as culturas, verificamos se tratar de um pequeno 
cocco, immovel. Nos preparados feitos a fresco, em gotta pendente, 
os coccos se apresentam ora isolados, ora reunidos dous a dous, ora 
em grupos maiores. j 

Em preparados coloridos, verifica-se que são obtidas boas pre- 
parações com todas as colorações usuaes em bacteriologia, sendo prin- 
cipalmente notaveis pela sua nitidez as que são feitas com fuchsima 
diluída. 


O germen que estudamos não toma o Gram. 

As culturas feitas em caldo simples ou caldo glycerinado quasi 
não apresentam desenvolvimento apparente de germen; depois de 
varios dias de permanencia na estufa é vista no caldo uma ligeira 
opalecencia, que depois desapparece, notando-se então limpidez com- 
pleta do caldo e um pequeno deposito no fundo dos tubos de cultura. 

Em gelose inclinada tambem é muito pobre o desenvolvimento 
do micro-cocco, já sendo mais abundantes as culturas em gelose 
glycerinada e ainda mais as que são feitas em gelose-ascite. 


O aspecto das culturas em gelose-ascite é bastante característico : 
nota-se o apparecimento de grande numero de pequenas colonias que 
vão pouco além de certo augmento e que difficilmente enchem o meio 
de cultura, sendo quasi sempre possivel observar as colonias isoladas, 
a não ser que já tenha sido o microganismo perfeitamente habituado 
aos meios de cultura. 

Em batata não ha desenvolvimento apreciavel a olho nú, porque 
as colonias se confundem com o meio de cultura. 


342 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
As SUA fd op RO CR a e ORAR SRU Er O 

O aspecto das colonias em todos os differentes meios é sempre 
o mesmo ; as colonias são no começo regulares, redondas, ligeiramente 
amarelladas e formadas por uma camada unica de germens dispostos 
regularmente; mais tarde as bordas se tornam um pouco irregulares e 
nas colonias mais velhas se notam mesmo pequenas massas mais com- 
pactas de germens que dão a colonia em geral um aspecto interessante, 
pois ficam essas massas dispostas como pequenas ilhotas mais escuras 
no interior da colonia original. 

Não é possivel a menor confusão do nosso germen quer com o 
estaphylo-cocco, quer com o estreptococco; não só o aspecto morpho- 
logico e disposição do germen são muito differentes, como ainda as 
culturas são absolutamente diversas das culturas de estophylococco e 
apenas ligeiramente se approximam das do estreptococco. Além disso, 
conforme vimos, o nosso micrococco não toma o Gram, o que permitte 
uma differenciação immediata em relação a esses germens. 

Resolvemos, por todas essas observações, denominar Micrococcus 
osteoporosi ao germen que tinhamos em estudo. 

Afim de verificar a sua acção pathogenica fizemos inoculações em 
coelhos, inoculando sob o periosteo do maxilar superior, proximo a 
arcada dentaria, uma gotta de emulsão em agua physiologica de uma 
cultura em agar. No fm de um mez observamos: uma pequena ele- 
vação na parte inoculada e procedendo à autopsia dos coelhos vimos 
que. o, maxillar no ponto da inoculação e nas zonas mais proximas 
apresentava-se avermelhado, friavel e um pouco augmentado de vo- 
lume. Semeando o material dahi recolhido obtivemos o mesmo germen 
que haviamos inoculado. 

Ainda não fizemos inoculações em poldros, o que vamos realizar, 
pretendendo communicar em trabalho ulterior o resultado dessas ino- 
culações. | 

Acreditamos que, antes de nós, já o germen que acabamos de 
descrever fôra entrevisto por outros pesquizadores. - 

Pelos menos, no magnifico trabalho publicado sob o titulo de 
E'tude générale de POsteomalacie chez le Chéval, particulieremente a 
Madagascar, por Carougeau, chefe do serviço veterinario de haras 
e da criação em Madagascar, trabalho apparecido no n. 217, de 1 de 
Janeiro de 1912, na Révue Générale de Médicine Vétérinaire, ha 
referencia positiva a um germen que realmente pensamos ser o que 
isolamos aqui no Brasil. Assim é que, no capitulo destinado a pesquizas 
do microbio da osteomalacia, escreveu Carougeau: “Emfim, o maior 
numero de sementeiras ficou esteril ou deu um pequeno micrococco que 
me parece especial (o grypho é do autor). Este organismo, muito 


CAVALLO COM CARA INCHADA 


o 


CAVALLO COM CARA INCHADA 


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CAVALLO COM CARA INCHADA 


E an 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 343 


menor que o estaphylococco, apresenta-se frequentemente sob a fórma 
de diplococco. Não dá culturas senão extremamente pobres, desenhan- 
do-se em um espaço flou, apenas perceptivel sobre'a gelose e por 
uma opalecencia, apenas sensivel, no caldo. Apezar de muitas tenta- 
tivas, nunca consegui obter este germen com abundancia. A's repi- 
cagens são estereis. Ila necessidade de proseguir as pesquizas neste 
sentido, sendo preciso multiplicar os ensaios de culturas sobre meios 
variados, tomando como fonte de virus lesões de idade differente.” 

Vê-se, por ahi, que o germen, que ora descrevemos e do qual 
conseguimos culturas abundantes, passou pelas mãos de Carougeau e 
que os germens de Madagascar e do Brasil são provavelmente identi- 
cos. O que fez Carougeau desanimar foram as dificudades que se 
encontram nas primeiras culturas e que tambem tivemos de enfrentar. 
Hoje, conforme já vimos, essas dificuldades são muito menores desde 
que as sementeiras sejam feitas em meios contendo liquido de ascite. 

O professor Carini, do Instituto Pasteur de S. Paulo, em seu 
trabalho publicado em 1911 sob o titulo cara-mchada, nas paginas 
desta Revista, falla em um estaphylococco que isolou das costellas de 
um cavallo atacado da molestia, facto que se repetiu em dous outros 
animaes, dos quaes conseguiu isolar o germen, uma dessas vezes tendo 
sido retirado o estaphylococco de sangue do animal doente. Carini 
reconhece que a inconstancia com que encontrou o seu: germen, sua 
ausencia bem certa em lesões na phase de desenvolvimento, são certa- 
mente razões de muito valor para não acreditar no papel etiologico 
desses germens. 

' Já vimos em outro ponto que o germen que isolamos da cara- 
inchada não é um estaphylococco, devendo ser considerado como um 
microcotco. Não se trata, portanto, do germen visto por Carini, tendo 
o proprio Carougeau tambem isolado varias vezes em seus trabalhos 
estaphylococcos que não lhe mereceram attenção. 

Em nosso proximo trabalho sobre este mesmo assumpto, apresen- 
taremos o resultado das inoculações do Micrococcus Osteoporosi em 
poldros, e, caso estas inoculações nos permittam reproduzir experi- 
mentalmente a cara-inchada, tentaremos immediatamente os trabalhos 
de vaccinação que são os que interessam mais directamente aos cria- 
dores. Na mesma occasião publicaremos o estudo dos fócos de osteo- 
porose no Brasil, estudo pelo qual, desde já, podemos affirmar serem 
muito logicas as opiniões emittidas sobre o mechanismo da transmissão 
da molestia pelo saudoso Dr. Augusto Fomm. 

Dr. Paulo de F. Parreiras Horta 
Chefe da Secção Technica, 


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344 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


UMA EXPERIENCIA DE ACLIMAÇÃO DE GADO EUROPEU, 
NO PARANÁ 


Com o fim de estudar a acelimação do gado europeu no Paraná, 
o Sr. Ministro da Agricultura entregou à Fazenda Modelo de Ponta 
Grossa um lote de gado “Aberdeen-angus”, vindo da Inglaterra, com 
primeiro destino à exposição pecuaria de Bello Horizonte. 

O lote compunha-se de onze cabeças, assim repartidas: tres touros 
novos, seis novilhas, entre IS e 30 mezes, e duas vaccas, adultas. 

Uma novilha de 30 mezes succumbiu, logo após seu desembarque 
em Ponta Grossa, a um phlegmão superitoneal, com peritonite aguda 
genelarizada. Foi tambem verificada a tuberculose de alguns ganglios 
abdominaes. 

Ficaram então dez rezes, de todas as idades. Duas vaccas e duas 
novilhas estavam em gestação e em estado de excessiva gordura. 

Logo depois da chegada, foram os animaes infectados artificial- 
mente, apparecendo a piroplasmose, em todo o lote, entre o quinto e 
o vigesimo dia. 

Propositalmente uns receberam o azul de tripan, logo depois do 
apparecimento da febre e de piroplasmas no sangue (“Lofty”, “ElI- 
win”, “Myrthe”); um outro grupo, após um ataque de tres ou quatro 
dias (“Pride Alex Ricando?, d'Blackbimd? - cumaterceiro grupo não 
recebeu (“Magestic”?, ““Ristls”?, “Red-ensigne?”, “Mathilde”), isso no 
intuito de saber-se si a-immunidade adquirida naquelles tres casos 
apresentaria alguma differença. 


Fóra um caso de hemoglobinuria, a symptomatologia toda con- 
sistia em febre com presença de piroplasmas no sangue. 

Em todos os casos de administração de azul de tripan (que foi 
a dóse forte I50 cc. a 200 cc. a 1º|º), por via intravenosa, a acção 
foi decisiva e rapida: a temperatura tornando-se normal no prazo 
maximo de doze horas, a immunidade sendo forte, pois não temos 
a assignalar nenhuma recahida, devido a piroplasmas que resistiram 
ao tripanbleu. 

Tambem nada demonstrou que o momento da administração ou 
a não administração do tripan influe no grão da immunidade adquirida, 
devendo pois o especifico ser administrado, sem demora, para evitar 
todo mão successo, estragos ou lesões possiveis pelos parasitas do 
sangue nos casos de applicação tardia. 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNICA 345 


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Assim, a novilha “Blackbird” perdeu tres milhões de globulos 
vermelhos por mm3 de sangue sendo tripanbleu applicado só no 
quarto dia. | 

Logo depois, o gado foi solto no campo durante as horas mais 
amenas do dia, recebendo um regimen mixto e permanecendo em 
observação diaria. 

Passado o prazo de 27 dias após a infecção artificial, principiou 
nova febre alta, com symptomatologia grave. (V. Diag. Tempº., de 
Black?” Pete: 

A vacca- “Ruth”, em gestação, succumbiu em quatro dias, tendo 
o numero dos globulos cahido a 2.500.000 por mm3, no terceiro dia. 

O systema nervoso traduzia tristeza e prostração progressivas. 


O systema digestivo revelou, no princípio, inappetencia relativa, 
para tornar-se completa nos dois ultimos dias. As fezes mostraram-se 
diarrheicas, de côr amarellada, devido à grande porcentagem de 
pigmentos biliares, transformando-se logo ao contacto do ar, em 
verde escuro, quer dizer, à transformação de biluribina em biliverdina. 

O pulso fraco attingiu a 100, para subir a 120, e no fim tornar-se 
irregular e em seguida imperceptivel. 

À urina, muito concentrada, sempre sem hemoglobina, com traços 
de serina, causada pela nephrite concommittante, era escura devido 
aos pigmentos biliares. 

A respiração muito accelerada e entrecortada de inspirações 
profundas e gemidos. 

Um symptoma importante reside na pallidez das mucosas, tor- 
nando-se terrosas e amarellas (anemia e icterícia). 

O emmagrecimento é rapido, os tecidos tornam-se flacidos. 

O sangue descorando-se, perdendo em parte a viscosidade e a sua 
coagulabilidade, revelou no microscopio, pela coloração de Giemse, 
grande porcentagem de glogulos vermelhos, com pontos de chro- 
matina quasi sempre em numero de um ou dois, collocados na 
peripheria, que Theyler classificou e denominou Anaplasma Marginal. 


O poder hemolitico do parasita demonstrou-se muito intenso e 
rapido: descendo o numero dos globulos vermelhos a perto de 
2.000.000 por mm3 em poucos dias, trazendo um desequilibrio brusco 
nas propriedades physicas, chimicas e physiologicas do “meio interno”, 
associado a uma infecção profunda. 

Um tremor muscular, com resfriamento peripherico annunciava 
a morte. 

A autopsia tambem revelou tratar-se de casos muito agudos, 
seguindo-se de perto em virulencia os casos de “Lofty”. “Mathilde” 


R. V, 44 


346 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


e “Myrthe”, que succumbiram ao segundo ataque no verão, todas em 
gestação e em estado excessivo de gordura. 

As lesões são as de infecções graves, associadas à anemia e à 
ictericia. | 

O figado, augmentado de volume, com bordas arredondadas, 
tinha sempre a superficie do córte amarella, brilhante e anemica, e 
em estado de degenerescencia gordurosa. 


A visicula biliar continha bilis concentrada em excesso. 

O baço duplicado em espessura tinha a polpa molle e negra. 

Os rins congestionados na parte cortical tinham petechias (isso 
sobretudo no caso de “Ruth?). 


O pequeno conteúdo do intestino tinha grande proporção de ele- 
mentos colorantes de bilis. 


Não é raro encontrarem-se suffusões hemorraghicas superitonaes. 

O musculo cardiaco, degenerado, pallido e flacido. O pericardio. 
contendo petechias. | 

A musculatura, descorada e flacida (com rigidez. cadaverica 
diminuida). 

O cerebro, anemico e terroso. 

O sangue, muito pallido, corando-se de vermelho ao contacto do 
ar, coagulando-se lentamente, dando um “coagulum?” pequeno, sem 
consistencia. | 

Nos casos de morte rapida (“Ruth”? e “ Mathilde”), o aborto 
não se produziu, sendo esse o caso, desde que a molestia se prolonga 
cinco ou seis dias (“Pride Alex” re Lottyt): 


O diagnostico differencial no animal vivo é facil de fazer-se na 
piroplasmose: os anaplasmas, sendo bastante numerosos, mesmo nos 
casos pouco graves; tendo valor pathognomico da piroplasmose a 
hemoglobinuria quando exiiste. 


No cadaver, a origem da tumefacção do baço (lesão commum ás 
plasmoses e ao carbunculo bacteridiano) differencia-se microscopica- 
mente: ausencia ou presença da bacteridia; microscipicamente: no 
sangue, musculo, etc., e pelas inoculações nos animaes do laboratorio. 

Daquella experiencia de acclimação, embora seja sobre um 
pequeno numero, poder-se-hia concluir : 


1º, que pelo methodo de Nuttall bem applicado, a immunisação 
do gado europeu contra a piroplasmose é facil, sem perda, dando forte 
immunidade, mesmo sendo o animal adulto e em estado de gestação; 

2º, que toda .a difficuldade reside na anaplasmose, molestia grave 
sem tratamento especifico até agora; 


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REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 347 


3º, que nos casos de que nos occupamos um primeiro ataque de 
anaplasmose na primavera não impediu um segundo mais virulento 
em alguns animaes durante o verão; 

4º, que a gestação, coincidindo com um estado excessivo de gor- 
dura, parece-nos muito prejudicial á resistencia do animal contra “a 
anaplasmose”, o aborto complicando seriamente os casos, o que nos 
leva a preconisar a introducção de animaes novos (um anno, sobretudo 
as femeas), sendo o tempo necessario para a acclimação de cerca de 
nove mezes. Não ousamos dizer que os bovinos novos têm uma ana- 
plasmose benigna, mas luctam com mais facilidade do que os adultos 
que têm certo grão de obesidade, sobretudo nas raças de córte, ou os 
que estão em gestação. Por exemplo: o segundo ataque de “Ricardo”, 
que tinha um anno de idade, foi fortissimo e elle escapou; e 

5º, as tabellas de temperaturas demonstram que os animaes devem 
estar em observação diaria durante oito a nove mezes, tomando-se 
a temperatura pela manhã, explorando-se as mucosas, estabulando-se 
“immediatamente todo o animal que apresente mais de 39º, subtrahin- 
do-se elle aos raios do sol e á fadiga, dando-se alimentos de facil 
digestão. 

Com effeito, uma rez solta no campo, atacada de anaplasmose 
poderá difficilmente resistir. 

Como conclusão: o governo deve tornar obrigatoria a acclimação 
do gado europeu em estabelecimento sob a sua immediata direcção. 

Devemos procurar isolar a variedade benigna do anaplasma 
(variedade central isolada por Theyler). Não resta duvida que a nossa 
anaplasmose seja a mesma que a existente na Africa do Sul, porque 
ha uns quarenta annos atraz foram introduzidos bastantes reprodu- 
ctores da colonia do Cabo. Si essa variedade não fôr encontrada, será 
rasoavel mandar vir do laboratorio de Theyler uma rez portadora 
daquella variedade benigna. Mesmo sem procurar isso, aguardando 
escrupulosamente as prescripções acima citadas, podemos salvar 90º|º 
no Paraná. 


0. Dupont 


Medico, Veterinario da Fazenda-Modello 
de Creação, Ponta Grossa 


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MAJESTIC OF DENNE — 6 de Março de 1912 — Reproductor Polled 
Angus (preto) da Fazenda Modelo de Criação do Paraná 
Ponta Grossa 


RICARDO OF DENNE — 23 Janeiro 1913 — Reproductor Polled Angus 
(preto), filho de Prince Forth of Ballindalloch e Ruth 3 
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SOCIEDADE C. L SUISSA 


No Rio de Janeiro : 
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Patente pelo processo especial do 
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OIR JAMES MURRAY 


Fabricas em Dublin e Rio de Janeiro 


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Todas as familias devem estar providas 
deste precioso medicamento, que tantas vezes já preve- 


niu molestias graves, sendo tomado a tempo, para 


Indigestões. azia do 


estomago. dores de cabeca, 
ulfecções gastro-intestinaes, 
Jigado e febres em geral. 


= SEU EMPREGO FACILITA A ACÇÃO DO MEDICO == 


Por ser chimicamente pura a 


MAGNESIA DE MURRAY 


conserva-se indefinidamente e nunca se altera 


e 


Hivitar as imitações 


I2 — 9 
I3 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 349 


À INDUSTRIA DOS LAGTICINIOS 


O QUE E' O LEITE 


E o producto segregado pelas gladulas mamaes dos mamiferos 
femininos, no ultimo periodo da gestação e depois do parto, e cuja 
secreção se extende por um periodo de tempo mais ou menos 
demorado. 


A SECREÇÃO DO LEITE 


dão diversos os factores que contribuem para a proporção e 
qualidade do leite fornecido pelo gado: alguns factores são individuaes 
e dependem do temperamento do animal, do seu estado de saude, da 
raça a que pertence, da idade, etc.; outros dependem exclusivamente 
da alimentação, do clima, da estação, dos trabalhos a que se submetta. 
o individuo, etc. 


COMPOSIÇÃO CHIMICA 


O leite se compõe de diversas substancias, cujas proporções são 
variaveis nas diversas especies de mamiferos, como mostra o quadro 
seguinte: 


SUBSTANCIAS VACCA CABRA OVELHA 
| 
Maximas | Minimas Maximas Minimas Maximas Minimas 
% dos ap % % % 
He Foib fa eo DI cre E bia ho EO E À DR ERR PU ERRO ER RA A | 
91.5 85.3 89.2 | 82.2 85.6 82.4 
CASCITAPEEL: caró o ereyisiste dias ie. EE | 
5.0 2.0 ana 2.4 6.5 4.5 
PM ACENNÓ AL A pio cho ENTE RE AS e ED RR UR | 
0.6 0.5 | 1.6 I.0 0.7 0.6 
TIN AR pd oiii Me epnitaioto to ante ia ta a | | | 
| 6.5 HS t | 9.8 ol I0.3 4.0 
DESUSO 4 à nu E SRTA SP RO V À | | | 
E | S0h 2 o 4.5 3.7 5:0 3.3 
CT 1 Pe PE vidi NR RENA NR E 
0.9 0.7 0.5 0.4 I.I 0.6 


ota rabo oa aanao a aee e A Ca a maias 


As substancias citadas constituem os principaes componentes do 
leite, além dos quaes existem outros que lhe dao uma composição e 
uma constituição bastante complexas. 


350 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


d aqua é o componente maior do leite e a sua proporção frequen- 
temente é alterada pela natureza da alimentação; a caseina é um 
componente interessante do leite, porque, tratado por certos processos, 
dá origem ao queijo; a albumina tem a composição elementar igual 
à da clara do ovo; a manteiga é contida no leite em fórma de pequenas 
gottas, cujo numero é extraordinario; o assucar ou lactose está dissol- 
vido no leite; as cmsas ou substancias mineraes contidas no leite, 
mesmo sendo em pequenas proporções, têm um importante papel na 
alimentação dos filhos no periodo do alimento. 


PROPRIEDADES: BEVSICO CEIMICAS DONE 


O leite é levemente doce é o seu cheiro, apenas extrahido; lembra 
o da especie do animal que o forneceu, é branco e opaco e adhere' ao 
vidro; o seu peso especifico oscilla entre 1.020 e 1.033 approxima- 
damente. 

Em contacto com certas substancias o leite coagula, dando um 
precipitado de caseina; estas substancias capazes de coagular o leite 
são especialmente os acidos. 


COLASIRO 


E o liquido segregado pela glandula inamal alguns dias antes 
e logo após o parto e cuja composição differe sensivelmente do leite 
fornecido no periodo successivo. | 

Seus caracteres typicos são: cheiro desagradavel:; levemente 
salgado; consistencia viscosa e peso especifico, que se eleva até 
T.oSo. | 

O colastro, contendo certos e'ementos purgativos, é util pua a 
alimentação dos recem-nascidos, sob o duplice ponto de vista da 
alimentação e do medicamento. 

Esse primeiro leite de modo algum deve ser aproveitado na 
mdustria dos lacticinios, porque dá origem a alterações no processo 
fermentativo do leite. 


ALTERAÇÕES PATHOLOGICAS 


As alterações do leite podem ser devidas à infecção do animal ou 
podem mesmo ser devidas a causas posteriores à secreção. 

Além das alterações pathologicas contidas no leite devido a moles- 
tias internas do animal, outras alterações se manifestam, pela ingestão 
que os animaes fazem de certas substancias, que communicam ao 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 351 


O o dci cá dá di di 


leite certas propriedades nocivas à saude dos consumidores. As causas 
de alteração do leite, após a extracção, são igualmente mumerosas, 
sendo de toda a opportunidade o exame attencioso do gado e o maior 
asseio das vasilhas destinadas à conservação do leite. 

Os auctores estabelecem que as causas principaes das molestias e 
defeitos do leite são devidas especialmente : 

1º, à alimentação impropria, alimentos deteriorados ; 

2º, à agua ruim, impropria para bebida do gado e para a limpeza 
das vasilhas; 

3º, ao ambiente desfavoravel em que vive o gado, ar viciado; 

4º, à falta de asseio durante a extracção; 

5º, à permanencia do leite em ambiente quente e mal ventilado; 

6º, à conservação do leite quente, em vez de esfrial-o logo depois 
dalextracção; 

7º, à falta de asseio nas operações successivas do tratamento 

elite; 

8º, ao transporte improprio e defeituoso, e 

9º, ao gado doente, leite infecto. 

Quasi todas as causas citadas podem ser evitadas pelo criador ; 
salvo o caso de infecção pathologica no gado, o bom criador terá 
sempre ao seu alcance os meios praticos para que o producto seja 
são e apto para uma demorada conservação. 

O professor Gigli mui claramente resume as alterações do leite 
da seguinte fórma: 


( fespontaneas! ELLER Rr e leite azedo, etc. 


após a extracção...... d leite que contém substancias 
endentes da su ser- : é ã 

| FaGdoE es da sua conser mineraes ou outras devido á 

l falta de asseio do vasilhame. 
[É (leite de côr azulada, amarel- 


| lada, rosea. 


Alteraçã E : 
ErAÇEOS ] dependentes da alimentação... 4 leite amargp, etc. 
do q | leite que coagula com o aque- 
loita ( cimento, leite dustico. 


leite contendo principios or- 
ganicos aromaticos ou sub- 


stancias mineraes. 


dependentes dos medica- 
mentos 


leite inquiuado de pús, san- 
dependentes das molestias.... gue ou que contém micro- 
organismos. 


PRANSMISSÃO DAS MOLESTIAS 


O leite, mesmo quando é obtido de um animal são, póde conter 
os germens de perigosissimas molestias transmissiveis ao homem. 
Torna-se, por isso, de grande vantagem que o leite seja guardado em 
um ambiente são, afim de evitar que os germens disseminados no ar 
o possam inquinar. 


352 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Frequentemente o leite é o verdadeiro transmissor de certas moles- 
tias e, sem duvida, é utilissimo fervel-o e com mais forte razão quando 
não se conhece o animal do qual o leite foi extrahido. 


REACÇÃO CHIMICA DO LEITE 


Alguns auctores afirmam que o leite tem a reação acida, outros 
sustentam que essa reacção é alcalina. O que é certo é que o leite dos 
animaes carnivoros apresenta reacção acida, ao passo que o leite dos 
herbivoros tem reacção alcalina, E” util, porém, observar que a reacção 
póde ser differente, mesmo nos animaes da mesma especie e isto 
especialmente pela natureza da alimentação. 

Ha auctores, finalmente, que dizem ter o leite uma reacção am- 
phothera (alcalina e acida simultaneamente). 


NES NU RAIO 


O leite, devido à sua complexa composição, pôde e deve ser con- 
siderado um alimento completo, pois nelle estão contidos os grupos 
de principios, que constituem os elementos de grande valor, reunindo 
em si o poder nutritivo de todos os demais alimentos, porque, de 
facto, no leite encontram-se os quatro componentes geraes dos 
alimentos completos : 


substancias azotadas (caseína) 


graxas (manteiga) 


carbohydratos (assucar de leite ou lactose) 


substancias mineraes (saes das cinzas) 


O nosso organismo para produzir calor e força carece não sómente 
de substancias azotadas, ou só de assucar, gordura ou substancias 
mineraes, mas de uma alimentação mixta, na qual entrem em determn- 
nadas proporções os quatro grupos citados. No leite esses diversos 
grupos são contidos em doses bem proporcionadas, tornando o agra- 
davel liquido em precioso alimento. 


DIGESPIBILIDADE DO LEIDE 


A digestibilidade de um alimento é a relação que existe entre a 
quantidade de substancia absorvida e a quantidade da substancia 
expellida pelo organismo. O leite é digerido tão facilmente quanto a 


4 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 353 


carne ou pouco menos do que esta, quando crúa. O queijo é digerido 
mais facilmente do que o proprio leite. 

O leite crú, que póde ser um agente de transmissão de molestias, 
é digerido mais facilmente do que o leite fervido. 


FALSIFICAÇÕES 


A falsificação mais commum, para abusar da bôa-fé dos consu- 
midores, consiste em juntar agua ao leite. Alguns juntam-lhe, mesmo, 
farinha, amido, gommas, etc., afim de augmentar a densidade do 
liquido, do qual se extrahiu a manteiga, ou se lhe juntou agua, para 
augmentar o seu volume. 

; Outros falsificadores mais perigosos e venaes fazem uso de borax 
e outras drogas nocivas, afim de impedir o leite de se azedar. 


CAUSAS QUE MODIFICAM “A RM DO LEITE 
Ro 
Os diversos leites de animaes differentes ou mesmo de um só 
animal podem soffrer oscillações mais ou menos sensíveis e as causas 
dessas oscillações podem ser assim resumidas: 


o temperamento proprio do animal 
a raça á qual o animal pertence 
Sea a condição de saúde do individuo 
intrinsecas : : 
o tempo decorrido depois do parto 
a idade do animal 
Causas 4 a hora e o modo de extracção do leite. 
alimentação 
; clima 
extrinsecas ç 
| estação 
l ] temperatura. 


Fabrico da Manteiga 
NATA 


Quando se deixa o leite em repouso, observa-se que a sua super- 
ficie se cobre de uma materia espessa, unctuosa e agradavel e que é 
conhecida pelo nome de nata. 

“ssa substancia é composta de globulos, os quaes encerram o 
butyrum ou manteiga. 5 


R. V. 45 


354 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


em 


A separação da nata do leite se obtem de tres modos: 

1º, deixando o leite em repouso, na temperatura ordinaria ; 

2º, deixando o leite em repouso e baixando-lhe a temperatura; 
3º, fazendo a separação por meio da força centrifuga. 


DESCREMAÇÃO 'ORDINARIA 


A descremação ordinaria consiste cm deixar o leite em absoluto 
repouso, permnuttindo-se deste modo aos globulos emulsionados virem 
à superficie. 

Esta ascenção dos globulos à superficie é devida a serem elles mais 
leves do que o leite; porém essa separação nunca é completa, porque, 
mesmo depois de longo repouso, o leite ainda contém de 10 a 15º/º de 
materia graxa, 


DESCREMAÇÃO COM ABAIXAMENTO DE TEMPERATURA 


Deixando-se o leite em repouso e abaixando-se a temperatura, foi 
observado que a porcentagem da nata augmentava sensivelmente e 
houve quem affirmasse que após algumas horas a separação da nata 
do leite era completa. 


Mais tarde foi suggerido e usado o processo de esfriamento por 
meio de refrigerantes dos quaes se ideavam diversos modelos. 

Estes refrigerantes davam ao leite um abaixamento de tempera- 
tura até 4 ou 5º, porém na estação cálida foi aproveitada a agua com 
a sua temperatura ordinaria, a qual satisfazia perfeitamente ontim 
desejado. 


DESCREMAÇÃO CENTRIFUGA 


A descremação centrifuga resolveu o problema de uma separação 
completa da manteiga do leite. 

- Os apparelhos ou desnatadeiras centrifugas são construidos de 
modo que o leite inteiro, cahindo sobre uma lamina circular animada 
de grande velocidade, imprime ao liquido uma força de rotação. 

Ora, pela força centrifuga determina-se uma separação do corpo 
mais leve (manteiga) do resto do liquido, ficando a parte menos pesada 
no centro e em circulos concentricos conforme a sua densidade. 


As desnatadeiras centrifugas primitivas soffreram modificações 
profundas, ficando quasi de todo banidas as demais batedeiras de 
madeira, que, por sua vez, haviam tambem prestado relevantes serviços. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 355 


a 


La a aà 


Existem numerosos typos de desnatadeiras, sendo umas de mão 
e outras movidas com motores inanimados, das quaes se póde obter 
o desnatamento de mais de 2.000 litros de leite por hora. 


MNDAÇENS DAS DESNATADEIRAS: CENTRIPUGAS 


Estes admiraveis apparelhos offerecem especialmente as vantagens 
seguintes : 

1º, possibilidade de extrahir do leite a maior quantidade de man- 
teiga, a qual se eleva de 4 a 4.380 º|º, deixando apenas 1º|º de gordura, 
no residuo; 

2º, fazendo-se a centrifugação logo após a extracção do leite, a 
separação da manteiga é muito rapida e a nata póde ser posta em 
fermentação usando-se os fermentos seleccionados, emquanto que o 
leite magro ou descremado póde ser utilizado com vantagem na ali- 
mentação do homem ; 

3º, por meio da centrifugação póde-se obter uma nata bastante 
concentrada, de modo a se ter em um volume minimo o maximo da 
materia gordurosa do leite, economiisando-se força motriz no preparo 
da manteiga da nata e perde-se menos quantidade de leite magro, 
porque a nata, sendo concentrada, não dá sinão um insignificante 
residuo ; 

4º, a manteiga preparada com nata obtida da centrifuga é geral- 
mente superior e apresenta uma uniformidade de typo, de grande 
relevancia no commercio ; 

5º, as desnatadeiras centrifugas estimularam o espirito de aggre- 
miação dos productores, os quaes, associando-se, puderam, com grande 
vantagem, trabalhar em commum, transformando a materia prima em 
excellentes productos. 


CARACTERES DE UMA BOA DESNATADEIRA 


Uma boa desnatadeira deve apresentar os requisitos seguintes: 
1º, simplicidade de construcção e montagem ; 
“2º, facilidade de poder fazer a limpeza das suas partes internas; 

3º, solidez de todas as suas partes; 

4º, rotação regular, firmeza de apoio, sem causar choques durante 
o trabalho; 

5º, exigir o minimum de força motriz para o seu funccionamento ; 

6º, custo minimo relativo ao trabalho que produz ; 

7º, coefficiente maximo de extracção da materia graxa contida 
no leite; 


356 MINISTERIO DA AGRICILTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


NL a a a a a aa a A A a SS a SS SS SS SAS RSS a 


E o Ed do 


8º, possibilidade de graduar a relação entre o volume de nata e 
o de leite centrifugado, afim de se obter nata concentrada; 

9º, perdas minimas do producto e do residuo, e ' 

10º, facilidade na substituição das peças por outras sobresalentes. 


PREPARO DA MANTEIGA 


Quando se tiver obtido a nata com um dos methodos citados é 
preciso vatel-a para a separar do sôro que ainda contém. Para isso 
existem typos especiaes de batedeiras, as quaes podem ser de piston, 
de barril, verticaes ou de balanço. 

Com uma dessas batedeiras agita-se a nata, a qual deve oceupar 
uma metade da capacidade do apparelho. 

Devido à agitação da batedeira a materia gordurosa ou manteiga 
agelomera-se separando-se do sóro que se elimina por um furo do 
apparelho e lava-se com agua pura e fresca a manteiga separada, a 
qual é extrahida da batedeira, afim de ser amassada. 

Existem diversos typos de amassadores, sendo preferivel o amas- 
sador rotativo mecanico, porque faz trabalho rapido e perfeito. 

A temperatura mais favoravel para se amassar a manteiga é 
de 2 ou se 


PREPARO DAS FORMAS 


Estando a manteiga prompta, costuma-se dar-lhe uma fórma para 
ser posta no commercio; alguns preparam grandes pães de seis a oito 
kilos, outros preparam a manteiga em pequenas fórmas por meio de 
prensagem e ha, finalmente, quem costume preparal-a em pequenas 
latas e tambem em barris. 


COLORAÇÃO NDA: MANHMEICA 


Para satisfazer as exigencias dos mercados, costuma-se colorir a 
manteiga usando-se, para isso, pequenas doses de açafrão, urucuú, ete. 


ACETIFICAÇÃO DA MAN'TEIGA 


Muitos fabricantes julgam conveniente acetificar a nata, afim de 
augmentar o gosto e o aroma da manteiga e a operação consiste em 
misturar 4 nata, certa quantidade de leite azedo, deixando-se a misturar 
por 12 horas à temperatura de TO à 12º. 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 357 


ENLNLSL LL L LNLS LL LL 


Dá di dd 


Esta acetificação é devida à presença de alguns fermentos que se 
desenvolvem e se multiplicam na nata, modificando-a profundamente. 

Julgam alguns que a manteiga proveniente de nata doce, isto é 
não azeda, conserva-se melhor; porém está demonstrado que, quando 
a acetificação é feita com fermentos seleccionados, o producto con- 
serva-se por um periodo de tempo muito maior. 


CASEIFICAÇÃO 


O queijo é uma substancia alimentícia que se obtem por meio 
da coagulação do leite e cujo coagulo, preparado por processos diversos, 
constitue objecto de largo consumo pelo homem. 


OPERAÇÕES FUNDAMENTAES 


As operações fundamentaes da caseificação consistem : 
1º, na coagulação do leite; 

ar na subdivisão da coalhada” 

3º, no cozimento da coalhada ; 

ME RA Prensdsem 

5º, no salgamento, e 

6º, na cura dos queijos. 


1.º — Coagulação — A coagulação do leite é geralmente obtida 
usando-se uma substancia conhecida pelo nome de coalho, a qual é 
um reagente que se prepara com o 4º estomago dos ruminantes (abo- 
maso). Sob o ponto de vista scientifico o coalho é um fermento pro- 
duzido pela mucosa gastrica dos animaes, especialmente dos mamiferos, 
no periodo do aleitamento. 


Acham-se 'à venda uns coalhos liquidos, aliás de uso facil e que 
merecem consideração, quando houver certeza de que na sua compo- 
sição, nada entre de nocivo. 


A coagulação do leite às vezes é feita logo após a extracção, 
outras vezes é mais ou menos demorada e frequentemente extrahe-se 
do liquido primeiro a manteiga, transformando-se o leite em leite 
magro, para em seguida fazer a precipitação da caseina. 

E” preciso que a quantidade de coalho a usar não seja excessiva, 
afim de se evitar uma coagulação rapida, tornando-se o coagulo muito 
" compacto e de estructura defeituosa. 

2º -— Subdivisão da coalhada — Quando o coagulo tiver alcançado 
o grau de consistencia que se deseja, rompe-se a coalhada, facili- 
tando-se desse modo a separação do sôro. 


358 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
dd dd a mm Dc Dm 


T'endo-se reduzido a coalhada a pequenos fragmentos, côa-se em 
tecidos, separando-se os fragmentos caseosos do sôro. 


3.º — Cosimento — Algumas vezes, costuma-se levar ao fogo a 


coalhada com o sóro e esta operação merece cuidados, não se devendo 
exceder o aquecimento além de 60º. 

4.º — Prensagem — Para fazer uma boa separação dos fragmentos 
caseosos, deixa-se a massa nos tecidos que serviram de coador e desta 
fôrma colloca-se sobre um plano inclinado afim de deixar a massa o 
mais enxuta possivel. 

Obtida a massa em condição de ser manipulada, colloca-se em 
fôórmas, dando-se-lhe, deste modo, uma fórma estavel e favorecendo 
a formação de uma crosta resistente. 

Desta operação tira-se tambem a vantagem de se expellir uma 
certa quantidade de sóro, que estava contida na massa. 

5.º — Salgamento — Sómento os queijos destinados ao consumo 
immediato dispensam o salgamento. Além do mais os queijos salgados 
sao mais agradaveis e conservam-se por muito tempo. 

O salgamento póde ser feito de tres modos diversos: 

Iº, ou espalha-se sal na superficie; 

2º, ou se collocam os queijos em solução de sal (salmoura) ou, 
finalmente, póde-se misturar o sal à massa no momento do fabrico. 

Alguns preferem salgar os queijos alguns dias depois do fabrico, 
afim de que se possa iniciar o processo de fermentação da massa, que 
favorecera certamente a successiva maturação do producto. 

6.º— Cura ou maturação — Os queijos, quando não são consu- 
midos frescos, deixam-se por certo tempo em local appropriado afim 
de chegarem a um estado de perfeição, que varia para as diversas 
especies. 


CLASSIFICAÇÃO DOS QUEIJOS 


Os queijos pódem ser classificados sob diversos pontos de vista. 

Quanto à natureza do leite, os queijos se dividem em queijos 
magros, que são provenientes de leite descremado; queijos com leite 
não descremado e queijos de nata, aos quaes, além da substancia gor- 
durosa que possuem, ainda se lhes ajunta uma parte da nata dos leites 
descremados. 

Quanto à consistencia, os queijos podem ser molles e duros: os 
queijos molles são fabricados com leite inteiro, isto é, não descremado ,. 
os queijos duros são fabricados com leite inteiro, com leite em parte 
ou completamente descremado e a sua massa é quasi sempre cozida. 

Uma terceira categoria é devida à proveniencia do leite e então 
podem ser: queijos de vaccas, de ovelhas ou cabras e de bufalos. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 359 


“a 


O quadro seguinte esclarece a classificação: 


queijos magros 
quanto á natureza do leite » de leite não descremado 
queijos de nata 


| am frescos 
| queijos moles MD Da 
Queijos q quanto á consistencia 
comprimidos 
» duros À 
cozidos 
queijos de vacca 
| quanto á proveniencia « - de ovelha e de cabra 


HE » de bufalo. 


Pela classificação acima vê-se logo que existem numerosos typos 
de queijos, cujos caracteres são especiaes para cada um. 

Merecem especial menção o queijo de Brie e o de Neufchatel, 
que são molles, mas salgados; o de Chester, o de Glaucester, o hol- 
landez, o de Edam, o de Gruyére, que são de massa firme, submettidos 
à prensa; o queijo parmesão, que é feito com leite descremado e cujo 
uso é grande, mesmo entre nós, pelos italianos, que o utilizam como 
condimento no macarrão. 


COLORAÇÃO DOS QUEIJOS 


A coloração artificial dos queijos é usada raramente, utilizando-se 
nesse caso o açafrão (queijo hollandez). 

Entretanto, . frequentemente, os queijos apresentam-se coloridos, 
mas neste caso essa coloração é accidental e póde ser devida a diversas 
causas dependentes do vasilhame, das substancias ingeridas pelos 
animaes ou póde ser mesmo devido à molestia ou alteração do queijo. 


FALSIFICAÇÃO DOS QUEIJOS 


São raras as falsificações que os fabricantes fazem nesse pro- 
ducto. A mais commum é a substituição da materia graxa do leite 
(manteiga) por outras gorduras diversas. 

Outra falsificação commettida pelos fabricantes fraudulentos 
consiste em ajuntar amidos á massa que constitue o queijo. Certas 
vezes costumam injectar nos queijos frescos certas substancias corantes 
que tendem a imitar as manchas caracteristicas de certos aloe 
maduros. 7 0 


A | 1 o 
se ia PRP" Ita 1h) 


360 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Existem casos em que os queijos são nocivos à saude por con- 
terem saes metalicos como zinco, chumbo, estanho, etc., cuja pre- 
sença é devida às vasilhas que se usaram durante a mnufactura desses 
productos. 

Em primeiro logar lembramos que os residuos da caseificação 
aproveitados para o preparo de certos lacticinios pobres, extrahidos 
do sóro e este ultimo mesmo despido de tudo o que se pôde aproveitar, 
ainda constitue um excellente alimento para os porcos. 


PRODUCTOS SECUNDÁRIOS 


O leite, além do queijo e da manteiga, póde dar origem a diversos 
productos. | 

O leite, além de produzir os alimentos de que nos occupamos, 
póde ser utilizado para o fabrico de leite condensado, assim como para 
o do pó de leite, da farmha lactea e, finalmente, para o preparo dos 
liquidos fermentados conhecidos sob os nomes de Koomnys e Kefyr. 

O Koomnys é preparado com leite de egua e raramente com o 
de vacca; produz abundante espuma e tem gosto acido. 

E” muito usado na Russia. 

O Kefyr obtem-se pela fermentação do leite de vacca ou tambem 
do leite de cabra ou de ovelha, usando-se um certo fermento que lhe 
dá tambem, como no Koomnys, um gosto acido e agradavel. 


MOLESTIAS DOS QUEIJOS 


As causas das molestias ou alterações dos queijos podem ser 
devidas à qualidade do leite, à falta de asseio na manipulação, à falta 
de cuidado durante o periodo da maturação do producto, à influencia 
dos micro-organismos, etc. 

As molestias principaes são: a do queijo amargo, a podridão ou 
gangrena, as molestias parasitarias devido a acaros, a moscas, 
bolor, etc. | 


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REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 361 


LÃ AO A AAA 


INSPECÇÃO VETERINARIA 


Relatorio apresentado ao Dr. Thomaz Pompéo de Souza Brazil 
Filho, Inspector Veterinario do 3º Distrilcto, pelo veterinario Dr. Do- 
mingos Vanzelloti, sobre sua excursão aos municipios de Morada- 
Nova, Limoeiro, Riacho do Sangue, Jaguaribe-mirim, Icó e lguatú, 
de 20 de Junho proximo passado, a 6 de Julho corrente. 


EXCURSÃO 


Partindo desta séde no dia 20 de Junho proximo passado, acom- 
panhado do auxiliar de 2º classe, Antonio Cezar de Vasconcellos; 
chegamos a Quixadá no mesmo dia, seguindo à tarde para Morada- 
Nova, onde chegamos no dia seguinte ; deste municipio partimos a 
24 para Limoeiro, chegando à noite do mesmo dia; a 26, viajaváâmos 
para Riacho do Sangue alcançando-o a 27; proseguimos a 29 para 
Jaguaribe-mirim, onde chegamos à tarde, e no dia 1º de Julho logra- 
vámos Icó, onde permanecemos até 4 do corrente, quando partimos 
para Iguatú, de regresso à séde, por julgar concluida a commlissão 
que me havieis confiado, devido a impossibilidade allegada pelos 
criadores, de juntarem os gados soltos. 


ESTRADAS 


Como em anteriores relatorios sobre outras excursões vos hei 
informado, nos Municipios que ora percorri não encontrei vias publicas 
que mereçam o nome de estradas. Estas são traçadas através de invio 
mattagal, cerrado e baixo, tramado de hervaçaes que abrangem todo 
o caminho e o tornam quasi intransitavel. Os viajantes seguem, leguas 
e leguas, de um a um, por cima de barrancaes, atoleiros, pedregaes 
e paludes. Não existem nessas chamadas estradas vestigios de que 
algum dia, mesmo em épocas remotas, os poderes publicos se hajam 
interessado por essas vias de transporte, unicos escoadouros da pro- 
ducção agro-pecuaria da immensa, rica e fertil zona banhada farta- 
mente pelo Jaguaribe. | 


TRANSPORTES 


Como sempre a dificuldade dos transportes nos prejudicou o ser- 
viço, assim como nos privou de colher mais abundante material de 
estudos e experiencias. 


R. V. 46 


362 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


RECEPÇÃO NOS SERTÕES 


Com a gentileza habitual fomos recebidos nos sertões, notando 
porém, ainda os terriveis effeitos das acirradas luctas políticas que 
repercutiam em todas as relações sociaes e industriaes. 


ZOONOZES 


Saina psoroptica — Nos equinos de varias fazendas, em todos 
os municípios, grassa com intensidade. Aconselhei meios prophyla- 
cticos, e receitei. 

Ascaridiose — Nos equimos de varias fazendas tem feito algumas 
victimas o parasitismo intestinal das ascaridas. Aconselhei medidas 
hygienicas e prophylacticas, e receitei. 

Durina — Esta epizootia continúa a dizimar os solipedes, espe- 
cialmente os equinos, em todos os Municipios. | | 

Os meios prophylacticos de castração dos machos e matança das 
femeas, embora sejam systematicamente aconselhados, por serem 
actualmente os unicos praticamente utilisaveis neste Districto, não 
são praticados pelos criadores. 

Como agente therapeutico de relativa efficacia receitei o licor 
Donovan-Ferrari que de ha muito venho empregando com algum 
resultado. 


Babesioses — Nenhum caso constatei de visu, embora colhesse 
informações officiaes - de que grassava nos Municipios percorridos. 

As duas variedades morphologicas a pyroplasmose e anaplasmose, 
são entretanto as causas da epizootia que dizima horrivelmente a especie 
bovina deste Districto. j 

Strongiloze — Enorme é a mortandade dos ovinos e caprinos em 
toda a região percorrida. | 

Pesquizando clinicamente a causa dessa epizootia, só diagnostiquei 
baseado em material colhido a Strongiloze. Entretanto, creio outras 
infecções existem que dizimam os rebanhos, e cujos agentes etiologicos 
ainda são desconhecidos para nós. | 

No intuito de identificar a diarrhéa epizootica que grassa tão 
intensa e extensamente neste Districto, adquiri, por compra, uma cabra 
doente a qual autopsiei. 

Nos intestinos delgado e grosso, colhi numerosos exemplares de 
strongilus contortus. 

Tambem nos intestinos delgado e grosso, notei profusos nodulos 
pequenos, esphericos, alvacentos, e que, à pressão digital, extravasavam 


REVISTA DE VETERINAHIA E ZOOTECHNIA 363 


Da a ça a a AO 


do lado da mucosa uma substancia caseosa, cuja natureza não iden- 
tiiquei. Nos foliculos notei lesões mais esparsas, cobertas de sub-: 
stancia catarrhal amarelecida, e grande quantidade de mucus solto 
no intestino grosso. 

O aspecto característico dessas lesões, induz-me a crer na 
infecção parasitaria de um coccidio conjunctamente aos strongylus. 

Quanto aos demais organs, não observei ao exame macroscopico 
nada de anormal. 

Aguardo ainda o resultado do exame histologico do material que 
colhi para confirmação do meu diagnostico clinico. 

Entretanto, pelos symptomas ,da zoonoze, ao engendrar-se a 
hydremia (papeira dos sertanejos) que conduz o animal á cachexia, 
em que definha e morre, parece-me não ser estranho a tal estado 
algum parasita pathogeno do sangue ainda não identificado, e cuja 
etiologia por falta de material de estudos ainda não desvendamos, 
para resalva ao nosso criterio scientifico, e verdadeira identidade desta 
mortifera magrem caprina. 

Infecção cadaverica — No Municipio de Jaguaribe-mirim, corria 
o boato alarmante de que grassava o Carbunculo hematico nas fazendas 
da familia João Luiz. 

Para lá segui immediatamente, nada constando a respeito. 

Verifiquei apenas que dera margem ao boato, o seguinte facto: 


fôra encontrada morta uma vacca numa das fazendas, e Antonio 
Luiz tirára o couro do cadaver, conduzindo-o sobre um muar que 
nada soffrera; elle, porém, começãra a sentir dores agudas no braço 
direito e, após, se lhe manifestára uma infecção purulenta abrangendo 
todo o ante-braço direito, a qual cedeu com a applicação de antise- 
pticos e pomadas seccativas. E, só. | 

A meu vêr tratava-se do processo morbido de uma infecção 
cadaverica. 

Carbunculo symptomatico— E” a epizootia que mais intensa- 
mente e extensamente grassa no Estado, conforme as informações | 
que colhi na região percorrida. 

Grande é a mortalidade que constatei, cujos effeitos terriveis 
redundam no anniquillamento da maior parte da producção, talvez 
75 º|º: Felizmente os fazendeiros já vão comprehendendo a efficacia 
da vaccina usada pela Inspectoria, e se rendem ante a evidencia dos 
factos. Não obstante, ainda exigem, porém, a longa permanencia dos 
funccionarios nas localidades afim de reunirem os garrotes e bezerros, 
o que, aliás, pelo prévio aviso que recebem não se justifica, e só 
acarretaria prejuizos e despezas forçadas a este serviço. 


364 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Assim resolvi demorar-me nesta excursão, como nas anteriores, 
o tempo extrictamente necessario à immunização dos animaes que 
me eram apresentados, e cujos proprietarios se promptificavam. às 
necessidades dessa pratica. 

A vaccinação foi a seguinte — Municipio de Morada-Nova: na 
propriedade de Luiz José Nobre, 23 bezerros; na de Felix Rodrigues, 
19; na de Francisco Maia Filho, 14; na de Manoel Honorato Caval- 
cante, 27; na de Luiz Eduardo Girão, 29; na de Raymundo: Bida 
Silva, 13; na de Cypriano Maia, 15: na de José Rabello, 11; na de 
Antonio Conrado Girão, 25; sommando 195 vaccinações, feitas em 
bezerros e garrotes deste Municipio. 

Em Limoeiro visitâmos as propriedades seguintes, nas quaes 
vaccinamos: de José Nunes Guerreiro, 45; de Julio Albuquerque, 32; 
do Dr. Audalio Costa, 29; de Antonio Nogueira de Souza, 17: cuja 
somma attinge a 123 vaccinações em bezerros e garrotes. 

Na villa do Riacho do Sangue vaccinamos nas propriedades de 
Honorio José Botão, 39; Benigno Bezerra de Menezes, 23: Belarmino 
Rodrigues, 27; o que prefaz 89 vaccinações neste Municipio. 

Em Jaguaribe-mirim só conseguimos vaccinar nas propriedades: 
de Alvaro Nery da Silva, B/8 e Francisco Saraiva Leão, 21; sommando 
58 vaccinações. | Re 

Em Icó, as propriedades que visitamos e nas quaes vaccinamos, 
foram: de Manoel Roberto Alencar, 23; de Antonio Pereira Graça, 27; 
de José Guimarães Caminha, 39; cuja somma constata 169 vaccinações. 

Em Iguatú, vaccinamos de Antonio Corrêa, 29 bezerros. Além 
destas vaccinações, fizemos nas sédes de cada Municipio, outras a 
titulo de demonstração pratica do processo de itmmunização e propa- 
ganda deste serviço. Foram-nos trazidos pelos proprietarios os bezerros . 
que tinha cada um delles na zona urbana, cujo total prefaz uma cifra 
regular mas que era assás demorado annotallos em particular. 
Assim essa vaccinação foi: Morada-Nova, 109; Limoeiro, IA45; 
Riacho do Sangue, 93: Jaguaribe-mirim, 178; Icó, 105: Iguatú, 7. 
Sommam 637 vaccinações. 

Recapitulando, fizemos portanto 1.300 vaccinações nos seis Muni- 
cipios inspeccionados, tendo 36 propriedades ruraes. e 

Bronchite verminosa — Como consequencia a infecção parasitaria 
dos ovinos e caprinos, tambem esta zoonoze tem feito seu cortejo de 
victimas. | 


Apezar dos meios prophylacticos aconselhados quanto a stron- 
guloze e suas congeneres, não serem utilisados pelos criadores, pois 
lhes é, em parte, quasi impossivel essa pratica devido a criarem em 


REVISTA DE VRIERINARIA E ZOOTECHNIA 365 


Aos 


commum em campos abertos, insisti ainda, como sempre, para que 
assim procedessem imprescindivelmente. 

“ Ixodes — Já se vão dilsseminando pelos Municipios inspeccionados, 
principalmente Iguatu. 

Entretanto, não me foi dado constatar casos de Babesias, os quaes 
acredito em breve recrudecerão epizooticamente em seu caracter 
calamitoso. 

Infelizmente não dispomos de recursos financeiros para proseguir 
em obra de prophylaxia, como a contrucção de banheiros carrapati- 
“cidas para expurgo dos bovinos com transito obrigatorio nas vias de 
communicação inter-Municipios. 


Além destas zoonozes, outras, não enzooticas nem epizooticas, 
mas communs as varias especies animaes, constatei em todos os 
Municipios. 


ESTATISTICA E ECONOMIA 


Não me foi possivel colher dados officiaes referentes a população 
pecuaria dos Municipios inspeccionados. 

Assim o computo que fiz basea-se nas informações obtidas dos 
criadores e orça pelos seguintes numeros: Morada-Nova, bovinos 
10.000; equinos, 1.800; asininos e seus hybridos, 1.500; ovinos, 4.000; 
caprinos, 4.000. Limoeiro, bovinos 9.000; equinos, 800; asininos e seus 
hybridos, 700; ovinos, 2.500; caprinos, 2.000. Riacho do Sangue, 
bovinos, 8.000; equinos, 1.100; asininos e seus hybridos, 800; ovinos, 
2.800; caprinos, 1.500. Jaguaribe-mirim, bovinos, 12.000; equinos, 
2.000; asininos e seus hybridos, 1.800; ovinos, 6.000; caprinos, 3.500. 
Icô, bovinos, 10.000; equinos, 1.500; asininos e seus hybridos, 1.600; 
OVINOS, 5.000; caprinos, 2.000. Iguatú, bovinos, 8.000; equinos, 1.200; 
asininos e seus hybridos, 2.000; ovinos, 3.000; caprinos, 5.000. 


Quanto aos suthos, não consegui obter dados que me autorisem 
a emittir uma hypothese estatistica. Sua criação é, entretanto, feita 
nos Municipios que inspeccionei, com regular extensidade, e con- 
stitue um dos maiores factores economicos da população pobre. 

“Não ha porém, quem se interesse pela industria suina entre os 
fazendeiros, e aquelles que possuem varas de porcos deixam-nas soltas 
pelos campos refocilando nos lameiros, ou perambulando pelos mon- 
turos dos povoados. Cuidados hygienicos e veterinarios, não existem 
em absoluto para tal especie, entre os seus criadores. 

A producção agricola pastoril da região percorrida, soffre pro- 
fundamente com a carencia absoluta de vias ferreas, que dificulta 


366  MINISTRRIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 
LIGAS SIP SSIS PPA PRP PRO 2 
o transporte dos productos, anniquilando o commercio asphixiado 
em sua origem pela ausencia dos consumidores que não estabelecem 
a lei da offerta e da procura, firmativa do desenvolvimento agro- 
pecuario da região, e consequente accrescimo da importação de 
manufacturas. | 

Por falta de vias ferreas ou fluviaes que transportem a pro- 
ducção local, esta se restringe mais e mais, accentuando a crise os 
baixos preços de 408000 a cabeça vaccum; e desapparecem aos poucos 
os minguados capitaes reduzidos pela não applicação uns, e outros 
absorvidos em materiaes improductivos pela impossibilidade da 
exportação. 

Por estes factos a pobreza vae invadindo todos os lares, causando 
graves apprehensões para o futuro social-político de tão povoada e 
utilisavel extensão do territorio cearense. 


PASTAGENS 


Como as chuvas ainda continuavam, alongando a estação pluvial, 
notei as pastagens reverdecentes em varios tractos de cada Municipio, 
o que emprestava a paysagem um aspecto assás animador, encora- 
jandô os fazendeiros a compra de gados de engorda provenientes de 
outros Municipios visinhos, e até do Piauhy. 

Não observei, porém, em nehuma propriedade, quem se dedicasse 
ao plantio systematico de pastagens, ou ao cultivo de plantas forra- 
geiras, nem mesmo a ceifa dos capinzaes nativos para forragem na 
estação da secca que se approxima. 


AGUADAS pe 


Tambem devido as chuvas, os rios Jaguaribe e Salgado, e seus 
numerosos afluentes e confluentes, corriam com regular volume, pro- 
porcionando assim aos gados agua potavel de optima qualidade, da 
qual se utilisa tambem a população local. 


ESTADO SANITÁRIO 


ç 


A não serem os rebanhos de ruminantes, e lotes de solipedes 
attingidos pelas zoonozes que identifiquei, os demais apresentavam 
bom aspecto, e regular gordura, dando-me a impressão geral de uma 
safra promissora. 


REVISTA DE VETHRINARIA E ZOOTECHNIA 367 


PISCICULTURA 


E” uma industria muito lucrativa que os fazendeiros possuidores 
de açudes já exploram intensamente. 

E é bem significativa essa exploração, pois representa mais um 
ramo da actividade humana utilisado pelos sertanejos cearenses para 
minorar-lhês a calamidade da secca, além de augmentar-lhes os juros 
do capital empregado na açudagem. 

Devido a pesca, que é feita abundantemente em épocas determi- 
nadas, não ha accumulo de producção de peixes o que então preju- 
dicaria as qualidades chimicas da agua. 


AVICULTURA e a 


E” assás abundante a criação de gallinaceos, e outras aves aqua- 
ticas assim como de perús em toda a região. 

Não ha porém methodo algum, ou mesmo qualquer cuidado 
hygienico relativamente a esta industria, ainda muito rudimentar em 
seus delineamentos. Entretanto a população pobre já aufere regulares 
proventos com a sua exploração. 


CONFERENCIAS PUBLICAS 


No intuito de popularisar mais a propaganda da minha missão, 
realísei tres conferencias publicas na séde dos Municipios de Morada- 
Nova, Limoeiro e Icó. 

Em todas estiveram presentes numerosos criadores e commer- 
ciantes, representando-se tambem as autoridades locaes, que me honra- 
ram com a sua presença e suas gentilezas. 

Os assumptos que debati em cada uma foram: Babesioses e 
Ixodes; Durina; hygiene animal e prophylaxia. Expressei-me sempre 
em linguagem vulgar, adaptando à technologia os termos sertanejos, 
afim de facilitar ao auditorio a comprehensão dos meus ensinamentos. 

Satisfeitos retiraram-se todos após ouvir-me, e pelos calorosos 
cumprimentos de que fui alvo, supponho ter sido comprehendido. 


I 
ias! H - 


CONCLUSÕES FINAES. 1! | 


O auxiliar de 22 classe, Antonio Cezar de Vasconcellos que me 
acompanhou nesta excursão, desempenhou-se sempre com zelo e acti- 
vidade das incumbencias que teve. 


368 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Não logrei mais amplo desenvolvimento aos serviços que prestei 
na região percorrida, em parte devido a indifferença, e, por vezes, 
manifesta má vontade dos criadores, e por outra a escassez de material 
de estudos, difficilimo de obter ante a ingratidão do meio, adverso 
aos trabalhos profissionaes, pois os criadores, sempre desconfiados, 
exhimem-se ao nosso contacto julgando-nos, apezar dos documentos 
de identidade que levamos, sermos agentes do fisco espionando -os 
seus haveres para accrescer-lhes os onerosos tributos que pagam. 

Mas, apezar de tudo, creio que proficua foi em muito esta minha 
excursão de 1.344 kilometros, dos quaes 394 a cavallo por Municipios 
que desconheciamos, e onde os nossos esforços conseguiram um exito 
vantajoso no animo dos criadores que assim se relacionaram com os 
serviços desta Inspectoria, que V. S. dirige com o elevado criterio 
eminentemente scientifico e pratico, de profissional abalisado. 

Da exposição clara e conscienciosa que fiz neste relatorio, V. S. 
inferirá do merito e da utilidade desta excursão. 


Saude e Fraternidade. 


Fortaleza, 14 de Agosto de I9IA4. 


Dr. Domingos Vanzelloti 


Veterinario 


REVISTA DK VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 369 


PELAS REVISTAS 


ETA TIA Tea Tod ia Lda Lda TA 


RECENSEAMENTO DOS ANIMAES NA HUNGRIA 


ErFECTIVO DOS ANIMAES — Comparando-se o resultado do recen- 
seamento effectuado em 1911 com o realizado em 1895, verifica-se o 
seguinte: | 


Animaes 1895 1911 
BO ASR Reno cart aa Sae ARA a ap a fa aa cr 6.738.365 7.319.121 
Camallost paes mst p apareçam PS sda 2.308.457 2.351.481 
E TOSA Ma 0 Sta DES E Alo RR 23.855 20. 103 
JEILAMO Sn 0 0 sb dano gpa so god Und DasboBo o dobnbcos I.9II 1.850 
EO OO dr 6 RR ER Em E ERREI RR 7.330.343 7.580.446 
TICO S do te so te NERO PA BE PL Clo P OA ara Quo ia 8.122.682 8.548.204 
(DENSAS Da TE EE E NR 308.810 “426.981 


Raça BOVINA — À totalidade dos bovideos augmentou, de 1895 a 
IgII, na Ilungria propriamente dita, de 5.829.585 a 6.184.264 cabeças, 
ou mais 354. 79 cabeças; na Croacia-Slavonia, de 908.780 a 1.134.857 
cabeças, ou sejam mais 226.077 cabeças e em todo o reino da Hungria, 
de 6.738.365 a 7.319.121 cabeças. | 

RAÇA CAVALLAR — Esta raça, comprehendidos os cavallos do 
exercito commum, do exercito nacional e do corpo de gendarmes, 
apenas augmentou, de 1895 a I9II, em 43.024 cabeças. 

Não levando em conta os cavallos do exercito, o effectivo da raça 
cavallar, em todo o reino, naquelle periodo, elevou-se de 2.282.026 
a 2.320.271 cabeças, ou mais 38.243 cabeças. Este augmento deu-se, 
quasi exclusivamente, na Croacia-Slavonia, onde o effectivo augmen- 
tou de 37.558 cabeças. 

RAÇA ASININA — À criação de animaes desta raça diminuiu. O 
numero de jumentos decresceu, no intervallo de dois recenseamentos, 
de 23.855 a 20.103 cabeças, ou menos 3.752 cabeças. O effectivo de 


370 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


NANA NANA A AA A A ASA A AAA A A AS SS AS SS SSL INSS SS SNS SSL SL 


burros diminuiu tambem, de 1.911 a 1.850 cabeças, ou menos 61 ca- 
beças. 

A criação é sufficiente para o consumo do paiz, que exporta an- 
nualmente de 400 a 500 jumentos. 

RAÇA PORCINA — O effectivo destes animaes augmentou na Hun- 
gria de 7.330.343 a 7.580.446 cabeças, ou mais 250.103 cabeças. 

O recenseamento de 1911 fez distincção entre os porcos “à chair”, 
para carne e “à graisse”, para banha, sebo, etc. mas, os dados a isso 
relativos não podem ser acceitos, sinão sob reserva. Sobre a totali- 
dade desta raça, havia 6.091.025 porcos “à graisse” e 1.489.421 porcos 
e Pelganno: 

Os porcos “à chair” existem principalmente na Croacia-Slavonia. 

RAÇA OvVINA — (Os recenseamentos effectuados entre os annos de 
1869 e 1895 notaram um decresciimo constante e gradual no effectivo 
dos animaes desta raça; o recenseamento de I9TI accusa um augmento 
bem sensivel, representando, na Hungria propriamente dita, 170.935 
cabeças; na Croacia-Slavonia, 254.587 cabeças e em todo o reino da 
Hungria, 425.522 cabeças. 

Este accrescimo, pois, bem notavel, não é apparente e provém 
de que entre os annos de 1869 e 1895 os recenseamentos foram feitos 
no inverno, em uma estação, portanto, em que o effectivo desta raça é 
bem reduzido, ao passo que o de I191I, ao contrario, foi levado a effeito 
em Fevereiro, quando as ovelhas já haviam tido suas crias. Tendo em 
consideração este accrescimo annual, que se eleva para todo o reino 
da Hungria a 1.870.524 ovelhas, póde-se constatar que a diminuição 
gradual do numero de ovinos, notada em 1895, continuou desde aquel- 
la época. 

Além disso, ainda que o numero de animaes dessa raça diminuisse, 
esta diminuição é compensada pela melhora de sua qualidade. A cria- 
ção de animaes maiores, fornecendo mais carne, leite e lã tem augmen- 
tado bastante, de modo que o effectivo total é hoje menos importante 
do que era ha 15 annos. 

5.370.063 cabeças são das raças “raczka” e “czigaja”; 2.492.469 
cabeças são merinos e o resto, ou 685.672 cabeças, é de raça ingleza. 

RAÇA CAPRINA — O effectivo desta raça augmentou no reino, 
entre os annos de 1895 e I9II, de 308.810 a 426.981 cabeças; na Hun- 
gria, propriamente dita, de 286.392 a 331.383 cabeças e na Croacia- 
Slavonia, de 22.418 a 95.598 cabeças. | 

Convém notar, entretanto, que não só nesta como na raça ovina 
o augmento se explica, em parte, pelo facto de ter sido feito o recen- 
seamento de 1895 no outomno, emquanto que o de 1911 foi realisado 
na primavera. 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA er! 


aà A 


| 


EFFECTIVO DOS ANIMAES EM RELAÇÃO AO TERRITORIO E A” POPULAÇÃO 
— A proporção do effectivo dos animaes em relação ao territorio 
pouco melhorou, comparativamente ao anno de 1895; havia, para 100 
kilometros quadrados em todo reino: 


Animaes 1895 1911 

BOAS Ada sor cave ou bio à Mira BRL CiER E At E Ne 2.095 2.253 
(Cevalilos so do don bip Sd É Seo ASS a BE isa 716 724 
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CARNCIROS. AS ias AG di oo o A a 2.520 2.631 
Delorala E dra do MORRO DE Dri GR AS ORA RAS ARS Re A 96 | am 


Com relação ao effectivo dos animaes e o numero de habitantes, a 
situação, em I9II, é menos favoravel que a de 1895; o effectivo dos 
animaes não augmentou tanto quanto a população; havia no reino da 
Hungria, para mil habitantes: 


Animaes 1895 1911 


IBOGo 0 onboard dose nono do Ed use odio Bla 369. I 350.4 
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pao Ao o CO O Dub 0 O bode da Edo lp o db 401.5 362.9 
CRvcuE NE) do diarser mato b Davi onde E Eis pelo par 449.9 309.3 
CORE O UA O ici A ER RP PRI RR APRE 16.9 20.4 


co (Do" Bulletin Mensuel de VOgfice de Renseignements Agricoles, mn. T» 
Julho, 1914). 


372 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


A INSPECÇÃO DA CARNE É O CINEMATOGRAPHO 


E” sabido que depois do escandalo de Chicago, os Estados Unidos 
tentaram organisar um serviço de inspecção de carne. 

O cinematographo foi utilisado para tornar conhecido o modo de 
se fazer essa Inspecção. 

Um film de mais de 600 metros de comprimento mostra os inspe- 
ctores do Estado em trabalho. 

De aventaes brancos vemol-os lavarem as mãos e desinfectarem 
os escalpellos cada vez que tocam as carnes infectas. 

Esta demonstração cinematographica é feita para que o publico se 
certifique da perfeita organisação do exame da carne que é exposta à 
venda com a marca (U 5). 

O Governo despende com este serviço 15 milhões. 

Ha 2.400 veterinarios e assistentes e o serviço já está regular- 
mente installado em 238 cidades, que comprehendem 847 estabelecit 
mentos. 

Nestes ultimos seis annos foram inspeccionados 321 milhões de 
animaes; destruiram-se 900.000 carcassas inteiras e 4.500.000 partes de 
carcassas diversas. 


(De la Clinica Veterinaria, n. 17, de 15 de Setembro de 1914). 


REVISTA DE VETERINÁRIA E ZOOTECHNIA 373 


"CONSULTAS E INFORMAÇÕES 


UTIL TI TI TT La a] 


(A Revista de Veterinaria e Zootechnia responderá nesta 
secção atodas as consultas e pedidos de informações que lhe 
forem feitos sobre assumptos de sua especialidade), 


ÉCOS E NOTICIAS 


[a TT da Td TT TA TI Ta 


Despacho honroso — Publicando hoje o trabalho do Dr. Paulo Parreiras 
Horta, nosso companheiro de trabalho e chefe da Secção Technica do Serviço de 
Veterinaria, sobre «A cara inchada ou osteoporose dos equideos», nos é summa- 
mente agradavel transcrever nesta Revista o seguinte despacho, que o Sr. Mi- 
nistro da Agricultura deu no officio em que aquelle profissional apresentou a 
S. Ex. o referido trabalho : 

«Forneça-se ao Dr. Parreiras Horta o material de estudo de que preciza para 
seus trabalhos sobre «osteoporose» dos equideos. Dê-se publicidade aos resultados 
já colhidos, caso o autor não veja inconveniente nessa divulgação. Sejam regis- 
trados no livro de assentamentos dos funccionarios deste Ministerio o caloroso 
applauso e o louvor sem restricções a que fez jús o Dr. Parreiras Horta por sua 
bella iniciativa e seus brilhantes resultados.» 

— À proposito do mesmo trabalho recebeu ainda o Sr. Dr. Paulo Parreiras 
Horta as seguintes cartas: 

«A Directoria do Jockey-Club teve prazez em tomar conhecimento do artigo 
publicado hontem no Jornal do Commercio, sob o titulo «A cara inchada ou 
esteoporose dos equideos» e vos felicita pelos resultados obtidos com os esforços e 
estudos que despendestes, fazendo votos para que chegueis a um efficaz resultado, 
o que será de grande proveito para o maximo desenvolvimento do hippismo na- 
cional; offereço-vos todo o concurso que o Jockey-Club possa prestar nas inves- 
tigações para esse trabalho». 

Queira aceitar as seguranças de minha elevada consideração — Marciano de 
Aguiar Moreira, Presidente.» 

Do Sr. Linneu de Paula Machado: 

«Sinceras felicitações pela grande descoberta do terrivel microbio da molestia 
da «Cara inchada», que tem paralysado e causado grandes prejuizos á criação 
nacional. 

Frandes no commercio de manteiga — Sobre este momentoso assumpto 
o Sr. Ministro da Agricultura expediu os seguintes avisos: 

— Ao Sr. ministro da Justiça e Negocios Interiores: 

«Tendo resolvido nomear uma nova commissão para proceder a inquerito 
sobre fraudes que se têm verificado no commercio de manteiga, cabe-me declarar 


374 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


a V. Ex. que resolvi extinguir a commissão que até então estava encarregada do 
alludido inquerito. 

Cabe-me, outrosim, agradecer a V. Ex. o auxilio que prestou a este Ministerio 
o Dr. Manoel Venancio Campos da Paz, Inspector Sanitario, como membro da 
extincta commissão. 

Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. os meus protestos de 
subida estima e mui distincta consideração.» 

— Ao Sr. Dr. Mario Saraiva, chefe de secção de chimica do Posto Zootechnico 
Federal de Pinheiro: 

«Tendo este Ministerio deliberado abrir um inquerito sobre fraudes no com- 
mercio de manteiga, em virtude de reclamações de interessados, declaro-vos haver 
resolvido designar-vos para chefe de uma commissão que se encarregará das in- 
vestigações a respeito, apresentando, com a devida urgencia, as informações 
obtidas e suggerindo as providencias capazes de repi imir aquellas fraudes. 

Farão parte dessa commissão o Sr. Antonio de Castro Brown e o Dr. Ernani 
Pinto, este funccionario da Prefeitura do Districto Federal, devendo o Dr. Alcides 
Miranda, Director do Serviço de Veterinaria, acompanhar os trabalhos da dita 
commissão.» 

— ÀÃo Sr. Presidente do Estado de Minas Geraes: 

«Tendo sido nomeada uma nova commissão para proceder a inquerito sobre 
fraudes que se têm verificado no commercio de manteiga, tenho a honra de so- 
licitar a V. Ex. se digne de providenciar no sentido de serem remettidos a este 
Ministerio os dados que tiverem sido obtidos pelo Dr. Schaeffer sobre exames pro- 
cedidos no Laboratorio de Analyses de Bello Horizonte. 

Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. os meus protestos de 
subida estima e mui distincta consideração.» 

—Ao Sr. Prefeito do Districto Federal communicou tambem S. Ex. a nomeação 
da nova commissão para proceder a inquerito sobre fraudes de manteiga e solicitou 
a designação do Dr. Ernani Pinto para fazer parte da dita commissão. 

Outrosim, solicitou providencias no sentido de serem remettidos ao Minis- 
terio da Agricultura os dados que sobre o assumpto existirem no Laboratorio de 
Analyses do Districto Federal. 

— Ao Sr. Dr. Alcides Miranda, Director do Serviço de Veterinaria: 

«Tendo sido nomeada uma nova commissão para proceder a inquerito sobre 
fraudes que se têm verificado no commercio de manteiga, sob a presidencia do 
Dr. Mario Saraiva, chefe da secção de chimica do Posto Zootechnico Federal de 
Pinheiro, declaro-vos que resolvi incumbir-vos de verificar a execução do pro- 
gramma estabelecido para as investigações a que vai proceder a alludida com- 
missão.» 

Estatistica pecuaria — Segunda O relatorio do Inspector Veterinario do 
districto, existem no municipio de Ponta Grossa, Estado do Paraná, 25 fazendas 
de criar, cuja população pastoril está calculada em 12.515 cabeças, sendo gado 
vaccum, 9.663; cavallar, 1.542; muar, 365; suíno, 430; lanigero, 1.983; caprino, 6 
eaves, 2.640. 

Os reproductores das raças cavallar e bovina são em numero de 98, predomi- 
nando nesta ultima a raça zebá. 


+ TRE eta 


— IS 


REVISTA DE VETERINARIA E ZOOTECHNIA 375 


Carbunculo bacteridiano — Na fazenda «Progresso», municipio de Uru- 
guayana, de propriedade do Coronel Honorato Cunha, talvez o maior criador do 
Rio Grande do Sul, foram vaccinados em Novembro ultimo, contra o carbunculo 
bacteridiano, pelos funccionarios da Inspectoria Veterinaria, 6.351 animaes e 
contra o carbunculo symptomatico, 455 bovinos. 

A: totalidade dos animaes vacinados era de raça Hereford, verdadeiros typos 
de animaes para frigorificos. 

Matança de gado — Nos matadouros do Districto Federal foram abatidos 
de 1904 a 1913, 2.230.155 cabeças de gado, sendo : 


Annos Bois Vitellas Porcos Carneiros 

UG OA ei aero =fetaratano 4 o at vara 195227 Do SO 26.593 13.059 
USAS 0:06 0 en soda lan ora 146. 108 2.974 30.079 14.057 
EOOD) ego Tiga pato go age o Sr eroja (eia 160.898 1.426 26.715 12.758 
TO Oia penses topo o ea bad ace 148.605 613 22.511 15.996 
LO OS Le Rea atoa alo dd 130.208 TU) ARMOR 16.914 
LOGOMLERE de too Seje é: 172.534 6.038 30.985 15.649 
DOOR e Ainda de Bro vo tó jo à 182.891 DD) 37.294 16.283 
DOUTA Sen ee ot ares ai as I95.694 8.438 40.646 18.506 
OD Arte ess CEC 207.956 HoBzas 41.236 18.397 
LOS Re eee Ss coa ja oe 219.037 11.263 34.526 18.232 
1.703.158 53.340 313.606 159.851 


Vaccinação anti-carbuncuiosa — O Sr. Ministro da Agricultura recebeu 
dos Srs. João E. do Valie e Antonio José Martins, em nome da Camara Muni- 
cipal de Juiz de Fóra, o seguinte officio: 

«Exmo. Sr. — Reconhecendo a solicitude com que esse Ministerio se dignou 
attender ao pedido de varios criadores dos districtos de Vargem Grande e São 
Pedro de Alcantara, relativo á remessa de um profissional para o tratamento do 
gado atacado do carbunculo hemactico, nós, representantes destes dous districtos 
da Camara Municipal de Juiz de Fóra, vimos apresentar a V. Ex. os nossos agra- 
decimentos e os dos criadores attendidos, pelo grande beneficio que lhe foi pres. 
tado, tornando-os extensivos ao Sr. Dr. Camillo Boulte, encarregado da vacci- 
nação anti-carbunculosa, pelo cabal desempenho dado á sua missão.» 

Estas providencias foram tomadas pelo Sr. Dr. Edwiges de Queiroz, ex-Mi- 
nistro da Agricultura. 


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Materias do quarto volume 


ALBUMINOIDES NECESSARIOS PARA AS DIFFERENTES ESPECULAÇÕES 
ANIMAES (Estudo do minimum de)......... 
ALIMENTOS DO GADO (O valor productivo attribuido por Kellner aos 
principaes... corresponde ás observações da pratica ?) 
ANIMAES NA HUNGRIA (Recenseamento dos) 


co 0 0 0 00 0 0 0 0 » 0 06 


ASSIS NCIA, PASTEUR. sei esicw on as doe Ea S Nor Ao ES SIN o o SM cet o 
BANHEIROS CARRAPATICIDAS.. ......... fogao TE E DA a Ta A PV 
PUBLIOCRAPEIA - 2 cessão GNR ro eia aba ce ao rara Edo e No (Re das IS IG 280N e 


BIOLOGIA E ZOOTECHNIA GERAL (Assumptos de) 
CARA INCHADA OU OSTEOPOROSE DOS EQUIDEOS (A) 
CARBUNCULO BACTERIDIANO 


Ses 000 0 CUSCO, CO 0 0 0 0 00 a cas 000 0 0 0 0 4 0 406 


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CARNE E O CINEMATOGRAPHO (Inspecção da) 
CIENTE EB SOL JENTO) DADO la 1 6 p RR 
CIRURGIA VETERINARIA AVICOLA 


20000» vs 00 0 00 0 0 0 00 0 0 0 0 0 0 00 


COLORAÇÃO DE PROTOZOARIOS EM CORTES HISTOLOGICOS PELA SOLUÇÃO 

ENE VEIA SO are ti ProcêssO, dE). sera ne. cs encas sas nr araio o ola uh 
UE RITO TA MANTEIGA MM Erades 10 Ji o euere joe dm crosta ao iniog é eso o jo O sie ta bala 
CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINARIA (Decimo) 87, 


“oco Ono...“ 0 0 4 0 000 0 0 0 0 040 0 0 0 0 0 0 4 4 0 0 00 


ERR NSDE INFORIMAÇÕES! à. o sw so no sre sro siso 066 60 a aino 110, 166, 226 e 
IPRDRRRE ROD E E O SO 227 tis, 0 oo fo o) atol aa o) 10 6/10] 0) 0/0) 0/1060 SO JO] e lj0 (6/6 100 010 alo to] Boto (oi olio tala falho 
PE preso vip de oJro cos DNS pp PR 114, 167, 228, 280, 334 e 


ENCEPHALITE CHRONICA COMPLICADA DE PACHYMENINGITE CEREBRAL 
DOR IN ERA OSSTEICANHE, NO CAVALLO. - «sie an mioo suis vo os nc ol aio ereta allaio 
Esponja (O valor do emetico no tratamento da)... 


“eu co. 000 0 0 0 40 


RSI PECUÁRIA. co wu ne criralmnoo 800 mao aim 5 é FRA DAL O 2 Ue 
RREO NO NERO PECUARIA«) «. o dorms va velo o a E RP e SR ao 
DECUNDIDADE E ESTERILIDADE:. ..ccccns ao úiu PR RR as AA 
FEIRA DE TRES CORAÇÕES....... Mo obesos PPP Re 78 PA ERES ad vo AR 
GaDo (Matança do)......... Gata PEER Paio (6 NAN O e eo 


Pags. 


302 


299 
369 
117 
117 
283 
149 
339 
375 
117 
110 
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119 
214 


245 
373 


228 
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373 
373 


245 

65 
374 
116 
189 
116 
375 


378 MINISTERIO DA AGRICULTURA, INDUSTRIA E COMMERCIO 


Pags. 
GADO EUROPEU NO PARANÁ (Uma experiencia de acclimação de)...... 344 
(GADO PARA Corta (Commercio internacional dep Mu 110 
HoG-CHOLERA: (Epizootia, don ROME Ur dee da Pe RR 228 
HYvGIENE VETERINARIA BRASILEIRA (Assumptos de).........cccecerera 7 
INDUSERIA PASTORIL EMIS. BATO RREO sete suis Mato CR NR RR RR E 281 
INIMIGOS. DA AVICULIURA (OS) SALECRA So Det das SR Core | RR RN 49 
INSPECÇÃO: VETERINAIRIA! e (o atoio ava DAS at o RL ORA UR 361 
INSPEGIORIAS (Belas)... cr ars ap RR ARE RO aah A 98, 160, 221 e 263 
LACrICINTOS: (Industria de): cu lo cuotas CRU ND EA ada A Sul 
» Clndustrias' (co S) pa RR O AA RR 349 
LEILÃO DE SANIMAES:, o o io io posa GRAMADO TR A SO A EO 167 e 280 
LEIA EM NIiCrEEROY (Serviço definspecção do) 198 
MANOQUEIRA (Peste da) oa aa So Ao RE ADDED O 166 
MANDEIGA (Fraudes noicommereio da) Ca RR 313 
MATADOUROS AVICOLASM..0/ co. e jeto nto o MM NMEA Mao o UAU NO SS SAT E RE 115 
NAMBNYUVOS (Alproposito) do) tratamento do). nn 228 
NamByuvú (Contribuição ao tratamento pelo tryplanbau).............. 63 
NUIRTALIOSE/ DOS BQUIDEOS EM MENAS ME a O 3 
69 RB a 9 SOPRA O SU MO O do di 22 
PECUÁRIA EMPMINAS! Dial dr jefao ga o o cha SRS RR QUO DU TO 280 
PELAS REVISTAS Mest ia DS 110/e 369 
PESE DA MANO U ERIAL o Ro a ERRA RR PN ASP OS OESTE lo 166 
POTROS E POTRANCAS NACIONAES (A 222 exposição de).......eccccrees 119 
PROTOZOARIOS EM CÓRTES HISTOLOGICOS PELA SOLUÇÃO DE GIEMSA 
(Sobre um: processo de coloração de ut 245 
PSBUDO-PESTES| NO BRASH, (Contribuição ás ns tt 158 
PURO SANGUE ARABEAMÕ) oii raia RS Coro Gn E VADE 69 
RAÇA BOVINA MAREMMANA..... RE O spo o 156 250 
RAÇAS BOVINAS/ DA |SuUISSA (AS) cn a 21 e 167 
RAÇA BOVINA DO VAL DE! CHIANA (a aa 144 
RECENSEAMENTO DOS ANIMAMES NA FUNCRIA E na 369 
RECISPRO DE LAVRADORESHE/ CRIADORES. jo po 243 e 337 
SELECÇÃO sd. o dna a cr NR RA BO Do o doa GU O OO AVN D 255 
SERVIÇO DE VETERINARIA (Do Relatorio do Ministro)................. 233 
TRICOPELIGRA ro Mojo bot Pode No o A (od ARRASAR ES vd o RR RR 1 PR OND 226 
NRISTEZA NoMBRASIL| (Actiologia ida 115 
TRYPANOSOMIASES (Uma nova descoberta sobre a)...............ccec.. 55 
VACCAS LEITEIRAS ( Alimentação das) Mo 78 onde 174 
NAGEINA! (Distribuição de) nc 169 
VACEINA ANTI-CARBUNCULOSA! ij CD CDA E oo O UR RENO RE 375 
VACEINAS ENOQU/LROS MEDICAMENTOS ER ER 244 e 338 
ZEBO (Inqueritolsobre 0) cr setar o RR DT E A 122 
ZEBÚS (Reproductores)...... ai TS ao RO RPA CON Pa 7 ao SP o SORO 282 


TAM LOC Es 


DOS 


Autores do quarto volume 


Pags, 
E RR O MEN GTEL (DES!) iss do o gli celeá io Qatar asas o 63 
fio ETA TD DON IDEA DIC AD pira Ae RE DE UC PEGO O E RR 69 
ALEEROOo CERINSCECEAEA SR  A RC N RRR 22 
ALEIXO DE VASCONCELLOS (Dr.)..... A NÓ E RA RA RR 245 
Astro, Cria EP DS Sp DjO) DAS DI CN AR OPTAR DAR 255 e 302 
CAGREO JEÍNON oo RE PR GR OMR É o pa E NE A DL E 198 
DeLTnTEOE Ci paseaido prin ca OD) RR RR PR PR RNP RE 361 
Ton Tor Oiee CIDA o em RPPN PERENE - LONGO AR 248 
E A EN NOR Prof.) q ea E io balada o nreé oO a e aa a 06 08,0 110 
RR ne CAs tro e” EnvARDO CorrIM (Drs) 2d Macs cre sean eos pisa 1122, 
JEM me) Br A NocuUBIRA (Dr.)......... ATER 00 de ea RO 189 
PEER O AS OS IRA cus o a igo é é cuia rio acao dra alento ja a 10 0 6 a) er0 to 49 219 e 260 
LogrRTto Gs ito Dre dE RR PU O PR | 349 
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Create do, IDigu ou o ADE sa) PÉ ca E PR NPR TERRE NPR fe MP ORE RA 158 e 344 
E RD E AS ELO RAS (Dr). cito o setas oo clama oo Diva a 6 6/94 aióla 339 
PauLO F. PARREIRAS HORTA E ANTONIO SERAPIÃO DE FIGUEI- 

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ERR OSCEINT (Dr)... .ccudoica css ares wes sas saurs aaa o TAM Je 250 
RR ING ER (ELO! Demora sons nia as vens rama ga alia UR Te 149 
RR o ar PROL.) ao eta rain a aeiaira é end io a jalo o 0 ae oi o Gl Al a é 87 
CEDeg a FZ AMOR ASADG O ad SD O) (O DR (O Dc UR POPA PR OR 65 


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7 o uso do trocater 
ê Estas seringas, de 5,10 e 20º, modelo Casa MORENO, são as unicas usadas 
y e recommendadas pela Directoria do Serviço de Veterinaria do Ministerio 
. da Agricultura. 


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Caixas com comprimidos para exame de agua e urinas. 

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