CASTAGNA, Paulo. O ‘estilo antigo’ no Brasil, nos séculos XVIII e XIX. I COLÓQUIO INTERNACIONAL A MÚSICA NO BRASIL COLONIAL, Lisboa, 9-11 out. 2000. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.171-215. ISBN 972-666-076-9.
RESUMO. Esta comunicação representa uma sinopse da tese de doutorado defendida em marçode 2000 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (Brasil), aqual foi destinada ao estudo da música católica em estilo antigo presente em manuscritos musicaispreservados em acervos de dois estados brasileiros: São Paulo e Minas Gerais. Na referida tese,constatou-se que produção musical religiosa em São Paulo e Minas Gerais, nos séculos XVIII e XIX, temsido estudada a partir da concepção de que foram empregados estilos únicos em determinadas épocas eregiões. Nesse trabalho, contudo, foi possível demonstrar a existência, em acervos paulistas e mineiros demanuscritos musicais, de obras religiosas compostas em duas grandes categorias estilísticas, que aquireceberam as denominações históricas estilo antigo e estilo moderno. As composições em estilo antigo, produzidas e/ou copiadas nos séculos XVIII e XIX, exibem a manutenção de técnicas composicionais originárias da música renascentista européia (século XVI); as características de tais obras são contrastantes com as das obras em estilo moderno do mesmo período, que utilizam técnicas originárias da ópera, do madrigal e da música instrumental profana. Após um levantamento em dez acervos, foram descritas e estudadas cento e quarenta e cinco composições em estilo antigo, procurando-se compreender suas principais características e sua função na prática musical religiosa paulista e mineira desse período. Além de terem sido detectados três sistemas de notação musical e vários tipos de composição para a mesma função cerimonial, concluiu-se que o estilo antigo concentra-se em cópias sem indicação de autoria, principalmente destinadas à Semana Santa, e que este não foi utilizado, em São Paulo e Minas Gerais, como mera alternativa estética, mas sim como uma forma de respeito às prescrições litúrgicas. Por ainda possuírem função nas cerimônias católicas de tais regiões, também foram copiadas, nessa mesma época, composições em estilo antigo produzidas na Europa (especialmente em Portugal), em período anterior ao século XVIII.